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Bairro”
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e no “Salão de Festas Pedro Sertanejo”.
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Nesses espaços de sociabilidade
no bairro, comecei a perceber grupos juvenis com jaquetas pretas, coturnos ou tênis
cano longo, cabelos curtos ou espetados, calças pretas, correntes e alfinetes
pendurados nas roupas e pelo corpo, um visual surrado, rasgado e agressivo - eram
os “punks”.
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Apesar de não ter sido punk, meu contato com eles era estabelecido através
de amigos e vizinhos que aderiram ao movimento. No entanto, o que mais me
chamava atenção era o pequeno, mas crescente, engajamento do movimento punk
com o “anarquismo”.
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atestado, entre outras coisas, pelo uso em suas indumentárias
da letra “A” dentro de um círculo, significando “anarquia”
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e pela negação das
instituições (públicas ou privadas) que representam o poder.
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Sociedade Amigos do Bairro Parque São Rafael – Rua Clemente Falcão, nº 17. Parque São Rafael – Zona Leste de
São Paulo. No salão dessa entidade aconteciam vários eventos, tais como: festas de casamentos e de aniversários,
cursos (artes marciais, tricô, crochê, etc) e shows punks.
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Salão de festas Pedro Sertanejo – Rua Gruqueamas s/n. Parque São Rafael.
Único salão de baile do bairro, onde o forró varava noite adentro. De vez em quando, encontrávamos alguns punks
no salão. Atualmente, nesse local funciona uma igreja evangélica.
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Sobre a palavra punk, no Dicionário Eletrônico Aurélio Século XXI, temos a seguinte definição: Membro de
movimento não-conformista surgido na Inglaterra ao final dos anos 1970 que adota diversos sinais exteriores de
provocação, por completo desprezo aos valores estabelecidos pela sociedade.
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“Do ponto de vista histórico, o anarquismo é a doutrina que propõe uma crítica à sociedade vigente; uma visão da
sociedade ideal do futuro e os meios de passar de uma para a outra. [...] o anarquismo preocupa-se, basicamente, com
o homem e sua relação com a sociedade. Seu objetivo final é sempre a transformação da sociedade; sua atitude no
presente é sempre de condenação a essa sociedade, mesmo que essa condenação tenha origem numa visão
individualista sobre a natureza do homem; seu método é sempre de revolta social, seja ela violenta ou não”. In:
WOODCOCK, George. História das idéias e movimentos anarquistas – V. 9. 1: A idéia. Porto Alegre: L&PM,2002.
p. 7.
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“Na linguagem popular, anarquia é sinônimo de caos. [...] Anarchos, a palavra grega original, significa apenas
‘sem governante’ e, assim, a palavra anarquia pode ser usada tanto para expressar a condição negativa de ausência de
governo quanto à condição positiva de não haver governo por ser ele desnecessário à preservação da ordem”. In:
WOODCOCK, 2002. p.8.