109
mandato de cinco anos à frente da CBV.
98
Dirigindo a entidade, sustentado por sucessivos mandatos obtidos à custa de
mandados e liminares (os estatutos e a legislação esportiva previam a
impossibilidade de reeleições), Nuzman adiou o sonho de dirigir a FIVB, selando um
pacto com o presidente Ruben Acosta,
99
e assumiu o órgão máximo do esporte
olímpico nacional, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), no ano de 1995.
Não obstante, o dirigente analisou a importância de o Brasil ter um representante na
federação internacional da seguinte forma:
“Não basta uma equipe preparada só, eu acho que nós temos que ter
cuidado com outros setores e um deles é ter um dirigente num organismo
internacional. Isso pesa muito, da mesma maneira que é necessário ter uma
certa influência nas comissões de arbitragem, nas comissões de leis de
jogo, é muito importante isso”.
100
A cerimônia de posse de Nuzman aconteceu no dia 29 de junho de 1995, na
presidência do Comitê Olímpico Brasileiro no Rio de Janeiro, e foi considerada a
mais celebrada na história do COB. Entre presidentes de confederações, federações
estaduais, ex e atuais ministros e secretários de Estado, jornalistas e atletas de
várias modalidades e gerações, aproximadamente duzentas pessoas presenciaram
o evento, que registrou o seguinte relato:
[...] nada se compara à paciência do próprio Nuzman. Afinal, ele esperou 16
longos anos para sentar na cadeira de presidente do COB. Derrotado pelo
major Sílvio de Magalhães Padilha na eleição de 1979, quando já presidia a
Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), o advogado e ex-atleta olímpico,
hoje com 56 anos, atualizou a plataforma de campanha e chegou no Jockey
Clube falando em fazer do Brasil 'uma verdadeira potência olímpica'.
Nenhum dos presentes duvida disso, incluindo o presidente da Federação
Internacional de Futebol Associado (Fifa), João Havelange, que comandou
a solenidade. Pelo contrário. Todos acreditam que se Nuzman fizer no COB
o que fez na CBV, o esporte brasileiro só tem a ganhar. Receita: parceria
com empresas privadas e públicas na divulgação e patrocínio das mais
variadas modalidades esportivas, através do maior número possível de
competições. “Tudo para que o esporte amador desperte no brasileiro a
mesma paixão do futebol', salienta o novo presidente do COB. Nos projetos
98
FELIPPE, Heleni. Planejamento, estrutura. Mas a crise continua. Jornal da tarde, São Paulo, 10
ago. 1992.
99
Consta que, ao abster-se da direção da FIVB, Nuzman teria recebido de Acosta a presidência do
Conselho Mundial de Vôlei de Praia, instância responsável pela modernização e profissionalização
da modalidade – cf. Leitão, op. cit. p. 68.
100
NUZMAN, Carlos Arthur (Entrevista). Carlos Nuzman, o pai da matéria. Saque, São Paulo, nº 1, p
41, 1985.