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profunda no contexto organizacional da escola, articulada com a realidade social e
cultural do seu meio envolvente, pois que é um conceito intrinsecamente
relacionado com a criatividade, com a capacidade de produzir, de originar, de dar
existência. Significa inventar, criar a partir de um contexto social e cultural
existente, orientando-se para a mudança, preparando e antecipando o futuro. A
inovação refere-se, assim, à capacidade de produzir a eficácia e a excelência,
tendo a coragem de por em causa estruturas e práticas tradicionais. Inovar e criar
pressupõem, ao ser humano, ser capaz de enfrentar a realidade humana e social
complexa, indeterminada, imprevisível, em permanente mutação. A inovação é uma
necessidade para todos os intervenientes em educação, porque estes são um
grupo em permanente evolução, inseridos numa sociedade que, ela própria, se
modifica e se transforma.
Assim, para a UNESCO (1980) inovar é sempre entrar, mais ou menos, em
conflito com o sistema existente, é entrar em choque com as estruturas, os hábitos,
os preconceitos, a pura e simples inércia. Uma inovação, por modesta que seja,
rompe um equilíbrio, cria um estado de crise: estado de crise entre as várias
componentes do sistema e estado entre pessoas (UNESCO, 1980, p. 276-278).
A inovação nunca é um percurso pacífico, de amadurecimento individual ou
coletivo, mas, sim, um processo de ruptura com o antigo, com o habitual, com o
pré-estabelecido, com o previsível. No entanto, esta ruptura não significa negar ou
esquecer o passado e a tradição. Pelo contrário, é, muitas vezes, conhecendo bem
a tradição que se torna possível inovar realmente, como um processo dinâmico
gerador de equilíbrios e desequilíbrios, de movimentos e de resistências, de tensão
entre o antigo e o novo, entre o conhecido e o desconhecido, dividido entre as
convicções de uns e as visões prospectivas de outros. Este processo, e de resto
como qualquer outro, precisa de ser impulsionado, estimulado, motivado e apoiado
pelo líder da organização ou do contexto onde se desenvolve. Assim, entre as
várias condições que devem ser criadas nas organizações escolares para que as
inovações se desenvolvam, parece-nos que o clima organizacional e a cultura
escolar revelam um papel de suporte, de base, um sistema de apoio sócio-afetivo;
essencial para reduzir o medo, a insegurança e a resistência à mudança.
González (1988), referindo-se à inovação centrada na escola, afirma que: