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Quem puder pagar tem uma assistência melhor no sentido de ter
melhores equipamentos, melhores condições e quem depender do
subsídio do governo padece mais porque não há o repasse
adequado de verbas. É exatamente isso (M1).
O valor pago pelo SUS ao médico é muito pequeno, da consulta, da
cirurgia, o valor é mínimo. E hoje em dia todo mundo tem direito.
Quem tem dinheiro, quem não tem dinheiro, quem tem convênio,
quem não tem convênio. Se der qualquer complicação na cirurgia, o
que acontece no interior? Tem que ficar com o paciente 4, 5 dias
ganhando o mesmo valor pago pela cirurgia. Os médicos não
querem atender paciente do SUS e eu não tiro a razão deles,
independente de todo aspecto social, porque é a profissão deles é
que está em jogo (M2).
(...) Pelo governo e, pelo SUS não possuir hospitais no RS, e não
existir regulamentada uma profissão de médico no Estado RS, um
plano de cargos e salários, um plano de carreira no RS, então as
coisas são feitas de forma amadorística e todas elas improvisadas.
(...) Não existe, olhando do ponto de vista médico, uma profissão de
médico instituída. (...) Não existe um concurso para médico, não
existe um plano de cargos e salários. (...) Na prática não existe
dinheiro, não existe fundamentalmente políticas de saúde no País
que possam determinar a realização, ou a execução deste SUS
como fala a Constituição (MOC2).
Como se pode constatar nas falas M2; e MOC2, não foram previstas todas as
complexidades que a instituição do Sistema Único de Saúde (SUS) deveria atender
no cumprimento das suas diretrizes básicas legais. Sobre a imagem do SUS é
possível perceber outras dificuldades:
(...) Até 1988 existia o contribuinte dos sistemas previdenciários
públicos, a partir de 88 foi estendida a toda população a assistência
médica como direito de todos e dever do Estado. Porém, nunca
houve uma complementação, ou uma reposição dessa verba porque
existia uma massa laboral no País, ao redor de 16 milhões de
habitantes, naquela ocasião que contribuíam para os institutos. E de
repente, esta massa, que trabalhava passou a assumir o encargo de
toda assistência médica no País porque o Governo não colocou a
sua parte, deveriam ter redimensionado recursos (MOC2).
(...). Eu trabalho em um hospital particular, credenciado pelo SUS e
todo dia, TODO DIA, chegam camionetes e ônibus do interior, lá é
ambulatório, são procedimentos mais eletivos. Para se ter uma idéia;
às vezes as pessoas chegam com hérnia inguinal que poderiam ter
sido operadas no interior, às vezes chegam com sinais de pele, as
pessoas vêm de muito longe para serem atendidas porque no seu
local de origem não tem infra-estrutura nenhuma para o profissional
de saúde atender (...) É muito mais fácil as prefeituras que recebem
verba do Governo Federal, do Governo Estadual para investir,
investirem em comprar ambulâncias para trazer o paciente para