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RESUMO
Kalmar EMN. Avaliação da resistência do HIV-1 às drogas anti-
retrovirais em 150 pacientes em interrupção terapêutica por mais de
seis meses [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina , Universidade de
São Paulo; 2007. 181p.
INTRODUÇÃO: A mudança nos critérios de introdução das drogas anti-
retrovirais, assim como a dificuldade na manutenção da terapia anti-retroviral de
alta eficácia, tem levado à descontinuação da terapêutica por longo período de
tempo em alguns pacientes infectados pelo Vírus da Imunodeficiência Humana
Adquirida-Tipo 1 (HIV-1). O objetivo deste estudo foi a caracterização dos
fatores que levam à interrupção terapêutica e a avaliação da persistência da
resistência aos anti-retrovirais após a interrupção da terapia anti-retroviral.
MÉTODOS: Foram incluídos na pesquisa 150 pacientes de dois serviços de
atendimento ambulatorial de atenção a pacientes infectados pelo HIV-1 da
cidade de São Paulo, os quais se achavam em interrupção terapêutica havia
pelo menos 6 meses. Os pacientes foram submetidos a um questionário e
houve consulta aos prontuários. Foi realizada coleta de amostra de sangue para
teste de genotipagem. O DNA pró-viral foi amplificado e seqüenciado para a
região da protease e transcriptase reversa do vírus. As seqüências foram
analisadas por meio do algoritmo de Stanford, sendo consideradas resistentes
as amostras com resultado parcial ou completo de resistência a pelo menos
uma droga. RESULTADOS: Dos 150 pacientes, 137 tiveram DNA do HIV-1
amplificado e seqüenciado, sendo que 38 (27,7%) apresentaram cepas
resistentes. Entre os 38 pacientes com resistência, 29 (76,3%) apresentavam
mutações para os análogos nucleosídeos inibidores da transcriptase reversa, 15
(39,4%) para os não análogos nucleosídeos inibidores da transcriptase reversa,
e 5 (13,1%) para os inibidores da protease. A detectabilidade da carga viral
antes da interrupção terapêutica foi o único fator associado com a resistência do
vírus. Cento e dez (73,3%) pacientes suspenderam a medicação por orientação
médica. A principal causa das interrupções terapêuticas foram os efeitos
adversos para 58 (38,7%), seguida de 45 (30,0%) pacientes fora dos critérios
atuais de início da terapia e/ou boas condições clínico/laboratoriais, e baixa
adesão em 30 (20%). No ano anterior à pesquisa, 56 (37,3%) pacientes
relataram relação sexual desprotegida e 130 (86,7%) mais que 2 parceiros.
CONCLUSÕES: A freqüência de mutações de resistência revelou-se alta nesse
grupo de pacientes. Tais mutações parecem ter um fitness semelhante ao das
cepas selvagens, pois mesmo sem a pressão seletiva do medicamento por mais
de 6 meses, mantiveram-se como cepas majoritárias. O aumento da carga viral,
associado a comportamentos de risco, torna esses indivíduos uma fonte de
cepas resistentes para a população, reforçando a necessidade de atenção
especial para a prevenção da transmissão do HIV-1 nesse segmento de
pacientes.
Descritores: 1. HIV-1 2.Anti-retrovirais 3. Genótipo 4. Resistência viral a drogas
5.Anti-retrovirais/efeitos adversos