Merece ainda destaque o pequeno número de trabalhos sobre conceitos de
Física Moderna, pois embora esse tema não seja normalmente abordado no
ensino médio, o que pode ser justificado em grande parte pelas deficiências
formativas dos professores, a sua inclusão nos programas curriculares
certamente constituiria uma excelente maneira de possibilitar que os
estudantes compreendam diversos fenômenos e situações observadas em
seu dia a dia, uma vez que o emprego de equipamentos e tecnologias
modernas normalmente foram possibilitadas pela aplicação de
conhecimentos relacionados com esses tópicos, como o efeito fotoelétrico,
laser, entre outros (ARAÚJO; ABIB, 2003, p. 178).
Na primeira metade da década de 1990, propostas e trabalhos apresentados em diversos
encontros científicos nacionais e internacionais sobre ensino de Física (SNEF, EPEF,
RELAEF, REF, ENSEÑANZA, GIREP)
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levantaram discussões acerca das possíveis
inovações e tendências necessárias ao currículo do Ensino Médio (CARVALHO e
VANNUCCHI, 1995). Nesses encontros, começavam a se delinear as tentativas de inclusão
da FMC no currículo, deixando evidente a necessidade de a escola integrar-se ao mundo atual
e a de preparar o aluno para conviver em uma sociedade em que os conhecimentos científicos
e a capacidade de utilizar diferentes tecnologias são fundamentais.
Nesse sentido, a presente revisão busca verificar quais os aspectos destacados nas referências
consultadas, tais como: justificativas para a inserção da FMC no ensino de nível médio,
questões metodológicas e epistemológicas referentes ao ensino de FMC, concepções
alternativas de estudantes, temas de FMC apresentados como bibliografia de consulta para
professores de Ensino Médio, propostas testadas em sala de aula com apresentação de
resultados, livros didáticos que abordam tópicos de FMC etc. Tais vertentes têm gerado,
invariavelmente, discussões sobre a inserção da FMC no Ensino Médio.
Na literatura, encontramos inúmeras justificativas
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para a inserção de FMC no Ensino
Médio. Na Conferência Interamericana sobre Educação em Física (BAROJAS, apud
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SNEF: Simpósio Nacional de Ensino de Física, EPEF: Encontro de Pesquisadores em Ensino de Física,
RELAEF:Reunião Latino-Americana sobre Educação em Física, REFs: Reunión Nacional de Educación en la
Física , Revista Enseñanza de las Ciencias, GIREP: Groupe International de Recherche sur l’enseignement de la
Physique.
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Para Terrazzan (1994 apud OSTERMANN, 1999 a), a tendência de atualizar-se o currículo de Física justifica-
se pela influência crescente dos conteúdos contemporâneos para o entendimento do mundo criado pelo homem
atual, bem como a necessidade de formar um cidadão consciente e participativo que atue nesse mesmo mundo.
Gil et al. (1988 apud OSTERMANN, 1999
a) acreditam que o ensino de FMC a alunos secundaristas se reveste
de grande importância, uma vez que a introdução de conceitos atuais de Física pode contribuir para dar uma
imagem mais apropriada e produtiva dessa ciência e da própria natureza do trabalho científico.