A administração, após esse período de experiências rudimentares, onde embora possa
ter lidado com obras de porte considerável até mesmo para os padrões atuais, passou então a
receber contribuições metódicas de algumas instituições Destacam-se, entre elas, as
instituições Militares e a Igreja católica. O autor refere-se a diversos exemplos de
contribuição militar, entre eles, destaca-se o de Ciro, um governante grego.
Alguns trechos do seu discurso mostram que Ciro reconheceu a necessidade da
ordem, da colocação e uniformidade de ações. Foi um dos primeiros a praticar o
registro do estudo de movimentos, de layout e manipulação de materiais... (LÚCIA
DA SILVA, 2001).
Desde o começo a qualidade esteve presente nas organizações humanas, mas de
acordo com Meira & Ceron (2004), o conceito moderno de qualidade teve origem na
indústria, em sua administração, envolvendo nomes históricos como Fayol que estabeleceu as
cinco funções da administração; Taylor, considerado pai da administração científica; Shewart,
que foi o primeiro a introduzir métodos estatísticos para o controle da qualidade, assim como
seus discípulos Deming e Juran que utilizaram, expandiram e colocaram em evidência
diversos métodos e conceitos durante a Segunda Guerra Mundial, sendo que foram
disseminados por todo mundo no pós-guerra; Feigenbaum, que criou a sigla TQC (Total
Quality Control) ou Controle da Qualidade Total; Crosby que criou o conceito de Defeito
Zero, desviando o foco dos defeitos que até então era em máquinas e operações, para englobar
os recursos humanos, e uma infinidade de outros nomes mais recentes que receberam o título
de “gurus da qualidade”, através de incontáveis metodologias, programas, pacotes, softwares,
treinamentos, livros, cursos e outros materiais, todos baseados em princípios muito
semelhantes e com o mesmo objetivo: a qualidade.
Ao longo da história da qualidade, constata-se na literatura que desde sua criação ela
vem sofrendo períodos de expansão, intercalados com certa estagnação, avanços e crises
sucessivas. Segundo Hobbs (1976), o conceito de controle de qualidade de produtos não é
historicamente novo, tendo na verdade surgido de forma rudimentar praticamente junto com a
indústria, a partir da Revolução Industrial. Durante muito tempo foi realizado sob a forma
tradicional denominada “inspeção”. "Somente a partir de 1920, no entanto, é que se
desenvolveu o controle estatístico de qualidade, cuja aplicação vem se tornando generalizada
nos países industrializados". (HOBBS, 1976).
Hobbs (1976) ressalta que no sistema fabril, antes do desenvolvimento da indústria, a
manufatura era desempenhada por artesãos, que cuidavam desde o processo de escolha da
matéria prima, passando pelo processo de produção até o acabamento total da peça, cuja
qualidade dependia tão somente de sua própria habilidade. No entanto com o surgimento do
modelo industrial de produção, o trabalho foi subdividido progressivamente, chegando a um
ponto de serem utilizados diversos trabalhadores em funções distintas, para produzir
componentes que finalmente seriam reunidos (montados) por outros para somente então
resultar no produto final. Essa mudança deslocou o fator de qualidade, até então dependente
apenas da habilidade de um único trabalhador, para diversas outras instâncias, como as
máquinas e ferramentas, habilidades individuais dos especialistas, montadores e outros
trabalhadores. Por vezes, os componentes de um produto final eram produzidos em fábricas
diferentes, e até mesmo em cidades ou países diferentes, o que originou a necessidade de que
fossem intercambiáveis, ou seja, ficassem situadas dentro de um limite de variação de medida,
de densidade, dureza, elasticidade e outras características.
A introdução do calibre simples (“passa”), que envolve o conceito de limite de
tolerância, deu-se em 1840, enquanto o calibre de máximo e mínimo (“passa não
passa”) data de 1870. [...] compradores se recusavam a admitir a idéia de aceitar
10