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adotado no país. Apesar de não ser totalmente nova, manifesta-se na sociedade em
geral e especificamente no contexto escolar, de forma mais intensa e complexa,
prejudicando o processo educativo desenvolvido nas escolas, que passa a
necessitar da intervenção de outros profissionais na tentativa de equacioná-la.
O reconhecimento da presença desses elementos no universo escolar, por
si só, não constitui uma justificativa para a inserção dos assistentes sociais
nesta área. Sua inserção deve expressar uma das estratégias de
enfrentamento desta realidade na medida em que represente uma lógica
mais ampla de organização do trabalho coletivo na esfera da política
educacional, seja no interior das suas unidades educacionais, das unidades
gerenciais ou em articulação com outras políticas setoriais. Caso contrário,
estará implícito, nas defesas desta inserção, a presunção de que tais
problemas seriam exclusivos da atuação de um determinado profissional,
quando na verdade seu efetivo enfrentamento requer, na atualidade, não só
a atuação dos assistentes sociais, mas de um conjunto mais amplo de
profissionais especializados (Teixeira, 2005, p.18).
Constata-se que os educadores sozinhos não estão conseguindo dar conta
desses problemas, e há uma urgência histórica de enfrentamento dessas situações,
que se configuram em uma intervenção real e concreta, capaz de produzir
resultados reais que contribuam para que as unidades educacionais sejam capazes
de manter-se nos contornos de sua especificidade – a transmissão do conhecimento
acumulado historicamente pela humanidade, tanto na área científica como na
filosófica e cultural, posto pela pedagogia histórico-critíca.
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Se o Serviço Social possui na história os determinantes centrais do seu
significado social no âmbito do mundo do trabalho e das relações sociais,
sua análise na contemporaneidade pressupõe uma rigorosa apreensão da
totalidade concreta em termos da processualidade sócio-histórica e
econômica, que perpassa o universo institucional onde se desenvolvem as
práticas profissionais. Implica, sobretudo, considerar as contradições
advindas da dinâmica das relações sociais vigentes, enquanto expressão
dos antagonismos entre as classes sociais, reproduzidas inevitavelmente
nos espaços ocupacionais nos quais o Serviço Social encontra os seus
empregadores e cenários (Paiva e Mourão, 1999, p. 4).
Tal antagonismo, decorrente da ação recíproca entre as classes sociais, gera
uma atuação profissional necessariamente polarizada pelos interesses em disputa.
Conforme Iamamoto:
[...] ainda que dispondo de relativa autonomia na efetivação de seu trabalho,
o Assistente Social depende, na organização da atividade do Estado, da
empresa, de entidades não-governamentais que viabilizem aos usuários o
acesso a seus serviços, fornecem meios e recursos para sua realização,
estabelecem prioridades a serem cumpridas, interferem na definição de
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A expressão pedagogia histórico-crítica é utilizada por Saviani (1991, p. 95) para traduzir a passagem da
visão crítica mecanicista, crítica a-histórica, para a visão dialética, ou seja, visão histórico-crítica da educação. O
sentido básico da pedagogia histórico-crítica é a articulação de uma proposta pedagógica que tenha o
compromisso não apenas de manter a sociedade, mas de transformá-la com base na compreensão dos
condicionantes sociais e da visão de que a esta exerce determinação sobre a educação e, reciprocamente, a
educação interfere sobre a sociedade contribuindo para a sua transformação.