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Em contraposição aos estudos de Baumgarten, alguns estudiosos declararam reconhecer como
objetivo da arte não a beleza, mas o bem. Assim, Sulzer (apud TOLSTOI, 2002, p. 42) diz
que apenas aquilo que contém o bem pode ser reconhecido como belo e que o objetivo de toda
a humanidade é o bem-estar da vida social. Este é atingido por meio da educação do sentido
moral, e a arte deveria ser subserviente a esse objetivo. A beleza é o que evoca e educa esse
sentido, o do bem.
Na Alemanha, no século XVIII, surgiu uma teoria totalmente nova, a de Kant (apud
TOLSTOI, 2002, p. 45), que esclarece a essência do conceito de beleza e, portanto, também
de arte. A estética de Kant se baseia no seguinte: "o homem percebe a natureza fora dele e a si
mesmo na natureza. Na natureza, fora dele, ele busca a verdade; dentro de si mesmo, ele
busca o bem – a primeira é matéria da razão pura, a segunda, da razão prática: liberdade".
Além desses dois meios de percepção, segundo Kant, há o poder do julgamento que forma
juízos sem conceitos e produz prazer sem desejo. É esse poder que constitui a base do senso
estético. E, de acordo com Kant (apud TOLSTOI, 2002, p 45), "a beleza é, em sentido
subjetivo, aquilo que, sem conceitos e sem benefício prático, é geralmente e necessariamente
agradável". Enfim, o objetivo da arte, como defende Schiller (apud TOLSTOI, 2002, p 46),
seguidor de Kant, é a beleza cuja fonte é o prazer sem utilidade prática.
Depois de Kant e seus seguidores, Fichte (apud TOLSTOI, 2002, p.48) escreveu que a
consciência do belo é suscitada da seguinte forma: "o mundo – isto é, a natureza tem dois
lados: é o produto de nossa limitação e é também o produto de nossa atividade livre, ideal".
No primeiro juízo, o mundo é limitado. No segundo, é livre. No primeiro, todo o corpo é
limitado, distorcido, comprimido, restringido, e vemos feiúra; no segundo, vemos plenitude
interna, vitalidade, regeneração – vemos beleza. Assim, a feiúra ou a beleza de um objeto,
segundo Fichte (apud TOLSTOI, 2002, p. 48) depende do ponto de vista do contemplador.
Para Fichte (apud TOLSTOI, 2002) a arte é a manifestação da alma e pode implicar em
educação, não apenas da mente, que é o trabalho do estudioso, não apenas do coração, que é o
trabalho do pregador moral, mas do homem inteiro.
Segundo Hegel (apud TOLSTOI, 2002, p. 48)
Deus se manifesta na natureza e na arte sob a forma de beleza. Deus se expressa de