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com que tratava os alunos. O depoimento de Tobias Moscoso, um ex-aluno de
Escola
Entramos para o escritório. Isso me deu ainda mais coragem – era muito
parecido com o escritório do meu pai. A maior diferença estava em que
estava. Depois,
abrindo um largo caderno, em que havia uma lista de alunos, o Dr. Köpke,
imento
ão de hábitos de
observ
preparar para exames, ou de iludir a família com a promessa de ensinamento rápido
Primária Neutralidade – Instituto Henrique Köpke é bastante ilustrativo a esse
respeito:
Ah, velha casa da Real Grandeza. Um dia, meu pai, chegando da cidade,
avisou-me de que, depois do jantar, me levaria àquela casa, para
conversarmos com o diretor do Colégio, o Dr. João Köpke... Fomos, já
noite... Chegamos àquela casa grande, que eu conhecia de passagem...
Entramos pelo lado, empurrando um pesado portão de ferro, que dava para
o jardim, o jardim sombrio e quieto... Começamos então a subir, devagar,
uma escada de pedra, que por fora da casa conduzia ao sobrado... Quando
chegamos ao topo da escada – que me parecia, naquele tempo, enorme –
à luz do gás que iluminava o patamar, veio-nos ao encontro um homem,
que eu achei muito alto, alourado, calvo, com uma barba cerrada e longa,
esparramada pelo peito. O homem nos esperava e, depois de saudar meu
pai com um sorriso e um aperto de mão demorado, deu-me um abraço e
um beijo com que eu estava longe de contar. Era aquele o doutor Köpke,
era o homem de quem eu começava, já agora, a ter menos receio...
tinha, a um canto, um esqueleto, de pé, com a caveira rindo para a gente.
Não gostei muito, mas não disse nada. Então, ali, depois de um pequeno
exame em que o mestre me mandou ler e escrever algumas frases, fazer
contas e responder a meia dúzia de perguntas, o Dr. Köpke conversou
algum tempo com meu pai. E era no colo dele que eu
com a sua letra muito redonda, inscreveu ao fim dela o meu nome... Assim
começou a minha vida naquele colégio admirável... Mas, o que sempre tive,
desde o começo até o fim, foi uma admiração crescente pelo meu querido
Dr. Köpke: ah, às lições dele é que eu não faltava; sentia nelas – todos nós,
seus discípulos, o sentíamos – um imenso prazer, um interesse constante,
porque aquelas lições, ele as transformava num verdadeiro divert
para nós. Com ele, a gente aprendia sem fadiga. Mas, não eram só as
lições que me agradavam – era a sua maneira de tratar, era alguma coisa
muito boa que vinha dele. A coragem para perguntar uma ou outra coisa,
esperando as respostas que logo ele nos dava, com a sua voz forte, um
pouco metálica, que ainda me parece ouvir. (apud Meneses, 1984, p.32)
Quanto à educação mental, seria alcançada através do “desdobramento
harmônico, parelho e integral das forças cerebrais” (Escola Primária Neutralidade -
Instituto Henrique Köpke, 1888, p.9). De acordo com o diretor, isso se daria: pela
atenção ao exercício; pela seriação dos métodos; pela preparaç
ação, comparação e meditação.
Importante notar ainda quanto à educação mental que o diretor fez questão de
explicitar que o ensino fornecido no Instituto não teria por finalidade “o empenho de