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Tese apresentada à Divisão de Pós-Graduação do Instituto Tecnológico de
Aeronáutica como parte dos requisitos para a obtenção do título de
MESTRE EM CIÊNCIA no Curso de Pós-Graduação em Engenharia de
Infra-Estrutura Aeronáutica, Área de Infra-Estrutura de Transportes.
LUIZ ARMANDO STEINLE CAMARGO
AVALIAÇÃO E GESTÃO SUSTENTÁVEL DO USO DA
TERRA UTILIZANDO A METODOLOGIA “THREAT
IDENTIFICATION MODEL - TIM”
Tese aprovada em sua versão final pelos abaixo assinados:
Prof. Dr. WILSON CABRAL DE SOUSA JÚNIOR
Orientador
Prof. Dr. HOMERO SANTIAGO MACIEL
Chefe da Divisão de Pós-Graduação
Campo Montenegro
São José dos Campos, SP - Brasil
2005
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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Divisão Biblioteca Central do ITA/CTA
Camargo, Luiz Armando Steinle
Avaliação e Gestão Sustentável do Uso da Terra Utilizando a Metodologia “Threat Identification Model
– TIM” / Luiz Armando Steinle Camargo.
São José dos Campos, 2005.
160f
Tese de mestrado – Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica – Área de
Infra-Estrutura de Transportes -– Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2005. Orientador: Prof. Dr. Wilson
Cabral de Sousa Júnior.
Desenvolvimento sustentável. 2. TIM. 3. Uso da terra. I. Centro Técnico Aeroespacial.
Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica. II. Título
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CAMARGO, Luiz Armando Steinle. Avaliação e Gestão Sustentável do Uso da Terra
Utilizando a Metodologia “Threat Identification model – TIM”. 2005. 160f. Tese de mestrado
– Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Luiz Armando Steinle Camargo
TÍTULO DO TRABALHO
: Avaliação e Gestão Sustentável do Uso da Terra Utilizando a
Metodologia “Threat Identification Model – TIM”
TIPO DO TRABALHO/ANO: Tese / 2005
É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias desta tese
e para emprestar ou vender cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor
reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta tese pode ser reproduzida sem a
autorização do autor.
___________________________
Luiz Armando Steinle Camargo
Rua Eng. João Fonseca dos Santos, 123, apt.62, Vila Adyanna, São José dos Campos - SP CEP:
12243-620
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AVALIAÇÃO E GESTÃO SUSTENTÁVEL DO USO DA TERRA
UTILIZANDO A METODOLOGIA “THREAT IDENTIFICATION
MODEL - TIM”
LUIZ ARMANDO STEINLE CAMARGO
Composição da Banca Examinadora:
Prof. Dra. Maryangela Geimba de Lima
Presidente – ITA
Prof. Dr. Wilson Cabral de Sousa Júnior
Orientador – ITA
Prof. Dr. Antônio Roberto Formaggio
INPE
Prof. Dr. John Bernhard Kleba
ITA
Prof. Dr. Eugênio Vertamatti
ITA
ITA
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho
Aos meus queridos pais José Luiz e Tereza Cristina,
Aos meus irmãos Lucas Eduardo e Luciana Cristina,
À minha querida Tia Silvia Vós Steinle,
À minha noiva Glenda Peach e família (Glen e Bethy Peach)
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família (José Luiz, Tereza Cristina, Lucas, Luciana e tia Silvia) pela sólida
estrutura familiar, amparo, incentivos aos estudos e a quem eu devo tudo.
Agradeço ao grande amor da minha vida, Glenda Peach, por tudo que superamos juntos e pelo
apoio incondicional aos meus estudos. Agradeço também a Glen e Bethy Peach, pelos inúmeros
incentivos e apoios.
Agradeço ao meu orientador e amigo, Prof. Dr. Wilson Cabral de Sousa Júnior, pelas
oportunidades, incentivos, ensinamentos e confiança no meu trabalho.
Ao meu grande incentivador em geotecnologias, Prof. Fabiano Morelli (ITA), por toda atenção,
ajuda e companheirismo.
Agradeço ao Prof. Dr. Antônio Roberto Formaggio (INPE) pelo exemplo de educador, por seus
ensinamentos e por sua motivação em me ajudar neste estudo, o mesmo se estende aos outros
colegas do INPE.
Agradeço pela força dos amigos de infância no CTA Ivan Cabral, André Bezerra e Saulo David.
Agradeço aos colegas da pós-graduação do ITA e da equipe de pólo aquático, sobretudo ao
Renato Satoshi, Auner e ao Cristiano “Çaiqo”, pelos incentivos, compreensão e amizade.
Agradeço a CAPES pelo suporte financeiro, a Conservação Internacional do Brasil pelo
financiamento e auxílio ao projeto e ao ITA por toda infra-estrutura e apoio, sobretudo à Prof.
Dra. Maryangela.
Agradeço também a todos os demais que estiveram comigo durante essa fase de minha vida e que
não foram citados. Com certeza, todos estão no meu coração e na graça de nosso Deus.
RESUMO
Este trabalho objetivou a adequação e avaliação da metodologia “Threat Identification Model –
TIM”, desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Melbourne, Austrália. A idéia central
desse modelo é auxiliar os gestores para o planejamento do uso do solo ex ante à implantação das
atividades agrícolas. O modelo prevê a identificação de fontes de insustentabilidade no meio rural
através do cruzamento de matrizes de práticas agrícolas e ameaças ambientais, considerando os
níveis de relacionamento entre elas e a reversibilidade das ameaças. A análise das matrizes é
realizada por consultas a especialistas. As matrizes incorporam um atributo espacial, no caso o
tipo de solo, permitindo que os resultados possam ser espacializados com a utilização de um
Sistema de Informação Geográfica (SIG). Para o cumprimento do objetivo, o modelo foi aplicado
na região do município de Costa Rica, MS. Esse município está localizado na região de entorno
do Parque Nacional das Emas, GO, no âmbito do Corredor Ecológico Cerrado-Pantanal. A região
vem sofrendo fortes pressões antrópicas oriundas de atividades agrícolas, impactando o alcance
de patamares mínimos de sustentabilidade. Com a adequação e avaliação da metodologia foi
possível classificar o relacionamento entre 20 ameaças ambientais e 26 práticas agrícolas. As
práticas de preparo do solo com implementos de grade e a aplicação de defensivos químicos
foram as que tiveram pior desempenho, devido ao relacionamento “proibitivo” em relação a
diversas ameaças ambientais. Com a aplicação do TIM foi possível identificar as causas e origens
das fontes de insustentabilidade, especificamente para a região estudada. Contudo, conclui-se que
a adequação e a aplicação da metodologia não são tarefas triviais. O método possui algumas
limitações para sua reaplicação em outras localidades, como a dependência do nível de
informações do banco de dados, a necessidade de consultas a especialistas, as características das
atividades agrícolas e conseqüentes práticas adotadas, entre outros.
ABSTRACT
This work aimed the adaptation and evaluation of the Threat Identification Model - TIM
methodology, developed by researchers from the University of Melbourne in Australia. The main
idea of this model is to assist managers in the land use planning ex ante agricultural activities
implantation. The model predicts the identification of unsustainable sources in the agricultural
areas through the crossing of matrices of agricultural activities and environmental threats,
considering the relationship between them and their reversibility. The analysis is carried out
under the intervention of experts on those issues. The matrices incorporate spatial attributes, such
as the soil type, allowing the results to be inserted on a Geographic Information System (GIS).
The model was applied to the region of Costa Rica, MS. This city is located in the boarder of the
Emas’ National Park, inside the Cerrado-Pantanal Ecological Corridor. The region is suffering
strong pressure from the agricultural activities growth, impacting the goals to reach a minimum
level of sustainability. Since the adaptation of the methodology it has been possible to classify the
relationship between 20 environmental threats and 26 agricultural practices. Soil preparation
techniques using grating’s apparatus and the application of chemical defensives showed the worst
performance, due to the “prohibitive" status relative to several environmental threats. Also it has
been possible to identify the causes of the unsustainable sources in the studied region. However,
the adequacy and application of the methodology are not trivial tasks. It’s necessary to get a great
and consistent database on agricultural information in order to implement the model.
Furthermore, the interaction with experts could have no effectivity and the manipulation of the
matrices generates a great amount of data which gives complexity to that activitie.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................................. 17
2.1 MOVIMENTOS CONTESTADORES DO DESENVOLVIMENTO TRADICIONAL E O NOVO PARADIGMA DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
.......................................................................................................................... 17
2.2 O DESENVOLVIMENTO E A QUESTÃO MULTIDIMENSIONAL DA SUSTENTABILIDADE.................................... 21
2.3 AGRICULTURA SUSTENTÁVEL.................................................................................................................... 26
2.3.1 O modelo convencional agrícola e a “Revolução Verde”: conseqüências ambientais................................ 27
2.3.2 Agriculturas alternativas sustentáveis.......................................................................................................... 32
2.3.3 Agricultura familiar...................................................................................................................................... 35
2.3.4 Plantio Direto............................................................................................................................................... 36
2.3.5 Agroecologia ................................................................................................................................................ 41
3. DESENVOLVIMENTO RURAL E MEIO AMBIENTE NO CENTRO-OESTE................................ 44
3.1 PROCESSO DE COLONIZAÇÃO E INCENTIVOS DO GOVERNO ......................................................................... 44
3.2 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL........................................................................................................................ 46
3.2.1 Principais degradações ambientais no meio rural: origem e conseqüências............................................... 47
3.3 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E GESTÃO AMBIENTAL .................................................................................. 56
3.4 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS - SIG..................................................................................... 58
3.5 AVALIAÇÃO DE TERRAS PARA A AGRICULTURA......................................................................................... 61
3.6 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS..................................................................................................... 64
4. O MODELO TIM: “THREAT IDENTIFICATION MODEL”............................................................. 66
4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 66
4.2 PRINCIPAIS ETAPAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA TIM................................................ 69
4.2.1 Identificação e atribuição de pesos para as ameaças de uso e sustentabilidade ......................................... 69
4.2.2 Identificação das práticass de manejo.......................................................................................................... 70
4.2.3 Ponderação entre o relacionamento de manejo e ameaças para a sustentabilidade................................... 71
4.2.4 Aplicação da classificação das práticas e recomendações de manejo da terra........................................... 72
4.2.5 Identificação de ameaças secundárias potenciais........................................................................................ 72
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO DO MODELO TIM........................................................................................... 73
5. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................................................... 75
5.1 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.............................................................................................................. 75
5.2 MATERIAL CARTOGRÁFICO BÁSICO E DE SENSORIAMENTO REMOTO........................................................ 81
5.3 METODOLOGIA .......................................................................................................................................... 84
5.3.1 Coleta de Dados Secundários....................................................................................................................... 84
5.3.2 Coleta de Dados Primários .......................................................................................................................... 84
5.3.3 Elaboração dos Critérios para Classificação .............................................................................................. 89
5.3.4 Identificação das práticas agrícolas e das ameaças ambientais.................................................................. 94
5.3.5 Elaboração das Planilhas de Reversibilidade e de Relacionamento............................................................ 96
5.3.6 Participação de especialistas na aplicação dos critérios............................................................................. 97
5.3.7 Aplicação do critério “Grau de Reversibilidade” para as ameaças ambientais ......................................... 98
5.3.8 Aplicação do critério de “Grau de Relacionamento/Reversibilidade”........................................................ 99
5.3.9 Aplicação do critério de “Classificação das Práticas” ............................................................................. 101
5.3.10 Elaboração de Tabelas de Consulta........................................................................................................... 103
5.3.11 Criação do Sistema de Informação Geográfica (SIG)................................................................................ 104
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................................................. 106
6.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA COLETA DE DADOS .................................................................................. 106
6.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS MATRIZES DE CLASSIFICAÇÃO ............................................................... 110
6.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS PELO USO DO SIG........................................................................... 113
6.4 DISCUSSÕES SOBRE A ADAPTAÇÃO DO MODELO TIM............................................................................... 122
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................... 125
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................................. 129
APÊNDICE A – MAPA DE SOLOS: ENTORNO DO PARQUE NACIONAL DAS EMAS - GO................... 135
APÊNDICE B – CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS DE SOLOS DA REGIÃO............................................... 137
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO-MODELO APLICADO ............................................................................. 141
APÊNDICE D – LISTA DOS ESPECIALISTAS CONVIDADOS PARA A CONSULTORIA DO ESTUDO 143
APÊNDICE E – MATRIZ DE REVERSIBILIDADE DAS AMEAÇAS AMBIENTAIS ANALISADAS........ 144
APÊNDICE F – MATRIZ DE RELACIONAMENTO ENTRE PRÁTICAS AGRÍCOLAS E AMEAÇAS
AMBIENTAIS ...................................................................................................................................................... 145
APÊNDICE G – MATRIZ DE CLASSIFICAÇÃO ENTRE PRÁTICAS AGRÍCOLAS E AMEAÇAS
AMBIENTAIS ...................................................................................................................................................... 153
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Principais diferenças entre agricultura sustentável e convencional...........................28
Tabela 2- Comparativo entre os modelos de agricultura patronal e familiar ............................35
Tabela 3. Impactos indiretos do plantio direto ..........................................................................39
Tabela 4. As relações entre causas e efeitos no processo de erosão agrícola, na região do
Cerrado .......................................................................................................................................51
Tabela 5. Listas de cartas IBGE (1:100. 000) que cobrem o município....................................82
Tabela 6. Propriedades visitadas ...............................................................................................88
Tabela 7. Grau de reversibilidade..............................................................................................90
Tabela 8. Grau de relacionamento.............................................................................................92
Tabela 9. Critério de classificação das práticas.........................................................................92
Tabela 10. Opções de práticas agrícolas na área de estudo.......................................................95
Tabela 11. Ameaças ambientais com ocorrência na área de estudo..........................................95
Tabela 12. Exemplo de aplicação do grau de reversibilidade ...................................................98
Tabela 13. Matriz de relacionamento para os Latossolos Vermelhos .....................................100
Tabela 14. Matriz de classificação das práticas agrícolas para os Latossolos Vermelhos ......102
Tabela 15. Produtividade das culturas de Soja, Algodão e Milho, por hectare.......................108
Tabela 16. Investimento para o cultivo de Soja, Algodão e Milho, por hectare .....................108
Tabela 17. Grupo de práticas agrícolas classificadas em função das ameaças ambientais para
o solo do tipo: Latossolos Vermelhos.......................................................................................113
Tabela 18. Exemplos de práticas agrupadas em favoráveis e desfavoráveis para o tipo de solo
Latossolos Vermelhos ..............................................................................................................114
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Mapa de erosão do solo para um tipo de uso (LU5) na Bacia de Cristal Creek.
(SMITH, 1999)...........................................................................................................................74
Figura 2. Limites estaduais e o município de Costa Rica..........................................................77
Figura 3. Mapa dos municípios vizinhos a Costa Rica .............................................................77
Figura 4. Propriedades da área de estudo..................................................................................79
Figura 5. Marcas do processo erosivo na área de estudo. .........................................................80
Figura 6. Animais em área de plantio no entorno do Parque Nacional das Emas.....................81
Figura 7. Sobreposição de Imagem de Satélite, Cartas Topográficas e Limite Municipal de
Costa Rica, MS...........................................................................................................................83
Figura 8. Mapa das propriedades onde foram aplicados os questionários. ...............................88
Figura 9. Tabela de consulta, no ambiente do Microsoft Excel..............................................103
Figura 10. TIM: estrutura básica de consulta no ambiente do ArcMap..................................115
Figura 11. Tabela de consulta exportada para o ArcMap........................................................116
Figura 12. Sobreposição de imagem, mapa de tipo de solo e limite das propriedades, na região
do município de Costa Rica, MS..............................................................................................117
Figura 13. Exemplo de uma consulta no SIG para a prática de aração ou gradeamento. .......118
Figura 14. Visualização (região em vermelho) da consulta à prática "PS1", ameaça "EL" e
classificação "P". ......................................................................................................................119
Figura 15. Propriedades (contorno vermelho) que adotam a prática PS1 como preparo do solo
. .................................................................................................................................................120
Figura 16. Zoom nas propriedades que adotam a prática PS1 (contorno amarelo).................121
12
1. INTRODUÇÃO
A retrospectiva histórica de quase meio século mostra que o conceito desenvolvimento
significava crescimento econômico e que a conservação ambiental e a manutenção da
qualidade de vida eram consideradas incompatíveis com o modelo adotado à época.
Em verdade, o modelo de desenvolvimento econômico tradicional não contemplou
adequadamente as questões ambientais e sociais, gerando pressões sobre os recursos naturais
e os centros urbanos, trazendo conseqüências para o homem, como a degradação do meio
ambiente, a poluição, o êxodo rural etc.
Tais problemas provocaram uma reação de movimentos sociais, científicos e políticos-
ecológicos, que se intensificaram nas últimas décadas, ampliando o questionamento do
paradigma do desenvolvimento tradicional e levando ao surgimento do conceito de
desenvolvimento sustentável.
Os movimentos contestadores do modelo vigente manifestaram seus ideais, previsões,
soluções e perspectivas futuras, através de diversas publicações científicas e literárias e pela
realização de uma série de encontros ou fóruns, em diversas escalas, incluindo a mundial,
fortalecendo o debate em torno do novo paradigma de desenvolvimento sustentável.
Algumas publicações e movimentos merecem destaque nas discussões sobre
desenvolvimento e agricultura sustentáveis, como a “Primavera Silenciosa”, por Raquel
Carson, o “Relatório de Meadows”, a “Conferência de Estocolmo”, o relatório “Our common
future”, o “ECO-92”, entre outros.
13
No meio rural, muitos problemas de gestão de recursos naturais são resultados tanto do
uso indiscriminado de fertilizantes, água e defensivos, bem como, de desmatamento e de
técnicas de cultivos inadequadas para uma determinada localidade, tipo de solo ou clima.
Essas práticas, comuns no modelo convencional agrícola, geram uma série de impactos
negativos ao meio ambiente, como a perda de biodiversidade, o assoreamento, a perda de
solo, a contaminação da fauna, flora e humana, entre outros.
Alguns países, com o objetivo de melhorar as atividades econômicas de áreas agrícolas,
e que incorporam na gestão pública elementos para o desenvolvimento sustentável, além do
comprometimento social no uso da terra de modo geral, vêm desenvolvendo métodos de
avaliação e planejamento do uso do solo.
As metodologias em grande parte são derivações da “Plataforma de Avaliação da
Terra”, proposta pela FAO – “Food and Agriculture Organization” (FAO, 1976).
Essas metodologias de auxílio aos gestores do uso do solo visam um planejamento ex
ante das iniciativas e conseqüentemente propiciam a elaboração de metas, diretrizes e
estratégias para a ocupação e uso do solo, produzindo diferentes alternativas para o
Desenvolvimento Territorial Rural Sustentável (DTRS).
Atualmente, muitas dessas metodologias incorporam em sua estrutura o uso de
Geotecnologias, como por exemplo, as ferramentas de Geoprocessamento, Sensoriamento
Remoto, Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) e Sistema de Posicionamento Global
(GPS), onde é possível utilizá-las para a geração, avaliação e gerenciamento de uma
quantidade maior de informações, através de técnicas computacionais. Os dados que
armazenam essas informações podem ser georreferenciados, possibilitando sua visualização
espacial nas análises, evidenciando um ganho na qualidade dos resultados e nas próprias
análises ou nas interpretações visuais (SILVA, 2003); (CÂMARA & MEDEIROS, 1998).
14
Na Austrália, pesquisadores da Universidade de Melbourne
, desenvolveram o modelo
TIM - “Threat Identification Model” (SMITH, MCDONALD & THWAITES, 2000), que
utiliza geotecnologias, além de técnicas de suporte à tomada de decisão, para a geração de
informações que subsidiem a gestão territorial local.
O modelo TIM é baseado na identificação de fontes de insustentabilidade no meio rural,
estabelecida por meio de matrizes de riscos e de vulnerabilidades ambientais, auxiliando o
processo de planejamento do uso do solo para a agricultura em dois caminhos: identificando
índices ambientais relevantes para futuros lugares de desenvolvimento agrícola e definindo
condições para o uso do solo para a agricultura.
O modelo se apóia no “Princípio da Precaução”, cuja intenção é identificar e prevenir as
causas de sérios ou irreversíveis danos ambientais. A linha lógica de raciocínio é que o
conceito de sustentabilidade é mais difícil de se definir e que muitas vezes é mais fácil
identificar os aspectos do sistema que são insustentáveis do que os que são sustentáveis.
Os autores do modelo apontam algumas vantagens em relação aos modelos definidos
pela FAO, entre eles a “Identificação de Ameaças” e o estabelecimento das “Melhores
Práticas” adotadas numa determinada região (SMITH, MCDONALD & THWAITES, 2000).
Nesse sentido, o incentivo para o desenvolvimento de metodologias com o uso de novas
geotecnologias, como o TIM, é de suma importância para um melhor planejamento de
ocupação e de uso dos espaços físicos existentes, em prol do desenvolvimento sustentável e
seus benefícios sociais, econômicos, ambientais, culturais e políticos previstos.
O Brasil, como um país notório pela sua extensão territorial e pela riqueza em
biodiversidade e em florestas, necessita do desenvolvimento desses tipos de metodologias de
planejamento e ocupação do solo, para uma melhor gestão integrada dos espaços físicos,
principalmente para a aplicação em áreas sujeitas a problemas ambientais mais graves ou com
carência de infra-estrutura.
15
Alguns projetos
1
coordenados pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente) identificaram
e mapearam diversas áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição
de benefícios da biodiversidade brasileira, entre elas, o Corredor Ecológico Cerrado-Pantanal,
apontando a região como área prioritária de conservação (MMA/SBF, 2002).
O Parque Nacional das Emas (PNE) – GO, um dos vetores deste Corredor Ecológico,
encontra-se em área de grande pressão pela ampliação da fronteira de exploração econômica,
que tem gerado impactos significativos na região ao colocar em risco a conservação dos
recursos naturais em patamares mínimos sustentáveis.
Objetivando a promoção de metodologias para auxiliar gestores do uso do solo, foi
proposta a adequação e avaliação da metodologia TIM para estudos de sustentabilidade e
embasamento de políticas de uso e ocupação da terra, com aplicação no âmbito do Corredor
Ecológico Cerrado-Pantanal, numa escala local, no Município de Costa Rica, estado do Mato
Grosso do Sul (MS).
A área de estudo estabelecida está localizada na região de entorno do PNE, dentro do
limite municipal de Costa Rica, englobando diversas propriedades rurais da região. Essas
propriedades têm como principal característica a intensa atividade agrícola, com o cultivo de
grãos (soja e milho) e de algodão em larga escala e de com alto grau de mecanização. Tais
características gerais da região motivaram sua escolha como área de interesse para este
estudo.
Dessa forma, para o cumprimento do objetivo proposto e harmonia na colocação das
questões, o estudo foi dividido em três partes.
A primeira parte é composta pelos capítulos 2 e 3. O capítulo 2 constitui-se de uma
revisão bibliográfica sobres movimentos contestadores do modelo de desenvolvimento
1
Destaque para o PROBIO (Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica
Brasileira).
16
tradicional, do novo paradigma de desenvolvimento e agricultura sustentáveis e dos tipos e
técnicas de agricultura. O capítulo 3 retrata a questão do desenvolvimento rural e do meio
ambiente no âmbito do Centro-Oeste, em particular do bioma Cerrado, abordando as questões
relacionadas com a colonização desta região, a questão da degradação ambiental oriunda de
atividades agrícolas e as metodologias para o planejamento e avaliação do uso do solo.
A segunda parte deste trabalho apresenta, no capítulo 4, a descrição detalhada da
metodologia TIM, com suas principais etapas para o desenvolvimento e aplicação. No
capítulo 5, são apresentas as características da área de estudo, o material utilizado e a
metodologia para a adaptação e aplicação do TIM.
Por fim, a terceira parte é composta pelos capítulos 6 e 7, que abordam,
respectivamente, os resultados da aplicação da metodologia TIM e as considerações finais
sobre a adaptação do TIM.
17
2.1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Movimentos contestadores do desenvolvimento tradicional e o novo paradigma
de desenvolvimento sustentável
A ausência da incorporação das questões sociais e ambientais no modelo de crescimento
econômico adotado pelas nações capitalistas caracterizou negativamente o desenvolvimento
tradicional.
Esse fato resultou em constantes degradações do meio ambiente e conseqüentemente
ameaças ao homem, o que provocou reações de diversos movimentos sociais, científicos e
políticos-ecológicos, que questionavam o modelo adotado e as suas conseqüências sócio-
ambientais.
Essas reações sociais de questionamento do modelo intensificaram-se ao longo das
últimas décadas, ganhando formas, organização e importância, o que resultou em inúmeros
debates, estudos, publicações, novos ideais e conceitos que buscassem alternativas
contempladoras de um desenvolvimento pleno e justo para a humanidade e a natureza. Tais
movimentos surgiram em diversos países e em diferentes épocas, discutindo desde questões
locais até globais.
Segundo SOUZA (2000), o início das reações de conciliação entre o desenvolvimento e
a questão ambiental ocorreu com a publicação de trabalhos de renomados cientistas, por meio
do “Relatório de Meadows” ou “Limites do Crescimento”, pelo Clube de Roma, em 1971,
prevendo que, caso não houvesse uma intervenção rápida e vigorosa na redução de atividades
18
industriais com base no consumo de recursos naturais e no crescimento populacional, poderia
ocorrer uma calamidade global com fim previsto para quatro gerações.
Essas premissas de ‘crescimento zero’ e conclusões fatalistas foram baseadas em teses
neomalthusianas e com a elaboração de cálculos computacionais. Para CAVALCANTE
(1998), elas evidenciaram a existência de limites nos padrões de produção e consumo devido
ao crescimento demográfico.
Ao estabelecer uma seqüência cronológica dos fatos, EHLERS (1999) afirma que o real
início do questionamento da conciliação entre o desenvolvimento e o meio ambiente ocorreu
na verdade, com a publicação da “Primavera Silenciosa”, por Raquel Carson, em 1962, em
que o modelo convencional agrícola foi trazido à baila como sendo insustentável, evidenciado
pelo alto custo energético e seu potencial de degradação ambiental.
Essa citação também é compartilhada por CAVALCANTE (1998), que a coloca como o
primeiro grande questionamento do modelo econômico tradicional focado para os problemas
do meio rural, antes mesmo da própria discussão sobre os rumos do desenvolvimento adotado
na época, fato que só aconteceu efetivamente com a publicação do “Relatório de Meadows”
(1971).
Após a publicação do “Relatório de Meadows”, foi realizada pela UNESCO
(Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), em 1972, a
“Conferência de Estocolmo”, que introduziu a discussão sobre as dicotomias do modelo de
desenvolvimento em vigor e o meio ambiente (CAVALCANTE, 1998), acenando para as
necessidades e as possibilidades de promoção do desenvolvimento social e econômico
eqüitativo, seguindo pelo intermédio entre a crença da solução tecnológica para problemas
ambientais e o pessimismo “malthusiano” a respeito do esgotamento dos recursos naturais
(SACHS, 1993).
19
Na década de 1980, a discussão sobre a problemática ganhou maior popularidade e
interesse de diversos atores e setores da sociedade. Para SOUZA (2000), foi nesse período
que o conceito de desenvolvimento adquiriu um caráter multidimensional de
comprometimento pela sociedade em busca de melhorias e dentro de suas especificidades
locais.
Algumas das ações buscadas nesse período de contestação foram a formulação de
políticas para a integração do meio ambiente e as práticas de desenvolvimento, a explicitação
dos objetivos do desenvolvimento sustentável que direcionassem as práticas de
desenvolvimento e os estímulos para a substituição de processos poluidores por insumos
ambientalmente mais eficientes e adequados.
Em 1983, foi criada a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CMMAD), que pesquisou a situação econômica e de degradação ambiental da Terra, até o
ano de 1987, quando foi publicado o “Relatório Brundtland” ou Our commom future, em que
foram apresentados os princípios básicos para o conceito de desenvolvimento sustentável, que
prevê o atendimento das gerações presentes sem comprometer as gerações futuras por meio da
racionalização do uso dos recursos naturais (CMMAD, 1991).
Esse conceito de desenvolvimento sustentável, segundo SOUZA (2000), é limitado
pelos estágios de tecnologia e da organização social, da capacidade de absorção dos efeitos
das atividades humanas pela biosfera e pelas possibilidades da gestão ambiental articular
todos esses fatores.
Acrescenta ainda que a visão da interdependência entre o meio ambiente, o crescimento
econômico e o desenvolvimento revelou a amplitude global que os problemas poderiam
atingir, tais como a destruição dos habitats, a questão da biodiversidade e o efeito estufa.
No início da década de 1990, foi realizada a “Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento”, nomeada de “Eco-92”, com propostas baseadas no
20
produto do Relatório de Brundtland, que previam o reconhecimento da interdependência entre
o meio ambiente e o desenvolvimento como uma questão mundial.
Para SACHS (1993), o próprio título da Conferência já reconheceu esse relacionamento
entre as questões e a dimensão mundial do debate.
Dessa forma, a Eco-92 contou com a presença de 179 representantes com a intenção de
discutir o comprometimento de seus países com o conceito de desenvolvimento sustentável, o
que resultou na elaboração da chamada Agenda 21, formulada como uma lista de atividades a
serem seguidas para dar condições ao estabelecimento do desenvolvimento sustentável em
todo o mundo.
Como afirma BARBIERI (1997), a Agenda 21 é um plano de ação para alcançar os
objetivos do desenvolvimento sustentável por meio da consolidação de diversos relatórios,
tratados, protocolos e outros documentos elaborados durante décadas, na esfera da ONU.
Nesse sentido, SOUZA (2000) define a Agenda 21 como uma espécie de roteiro-guia da
humanidade para auxiliar na tomada de decisão provedora de um desenvolvimento que
contemple as questões ambientais, e que foi fruto de um grande esforço de negociação
internacional para a obtenção de um consenso normativo e de um programa de certa
operacionalidade para a humanidade rumo ao desenvolvimento sustentável.
Nesse contexto, cabe ressaltar que alguns países, como o Brasil, elaboraram sua própria
Agenda 21, baseado em suas especificidades locais e que, atualmente, as agendas estão sendo
elaboradas em níveis estaduais e até mesmo municipais.
Nos últimos anos, outros fatos importantes de progresso ocorreram em relação à
institucionalização da preocupação sobre o gerenciamento do meio ambiente, com a criação
de ministérios e agências voltadas exclusivamente para questões ligadas ao meio ambiente.
Acrescenta-se também a esse progresso o aumento da participação popular por diversos meios
e de organizações não governamentais (ONGs).
21
2.2
Visivelmente, as realizações desses eventos e de outras manifestações literário-
científicas resultaram numa grande e importante contribuição ao debate e reflexão teórica
sobre desenvolvimento sustentável e a relação entre o meio ambiente e o desenvolvimento,
evidenciando assim suas inter-relações.
Durante as décadas de 1970 e 1980 ocorreram consideráveis avanços conceituais e um
crescente aumento do nosso conhecimento sobre o funcionamento da biosfera e sobre os
possíveis ou iminentes riscos e ameaças à humanidade ou ao próprio meio ambiente.
Contudo, a questão de como e quais estratégias deveriam ser seguidas na transição para
esse modelo não são uniformes e muitas vezes conflitam nos interesses ou nas especificidades
locais.
A mudança de abordagem unidimensional para uma perspectiva multidimensional
envolve grandes discussões, mudanças e a elaboração de estratégias que envolvem o
comprometimento de diversos atores e, na prática, configuram como um grande desafio para o
estabelecimento do desenvolvimento sustentável.
Conforme cita SACHS (1993), um dos principais desafios de transição é o
reconhecimento de uma nova configuração política e a realização de trabalhos na direção da
institucionalização de uma democracia genuinamente participativa em todos os níveis: local
(rural e urbano), nacional e global.
O desenvolvimento e a questão multidimensional da sustentabilidade
Os eventos citados e outros que dão continuidade e aprofundamento às discussões
levantadas proporcionaram referência e base de reflexões para distintas contribuições teóricas,
mesmo com divergências conceituais, interpretativas ou em relação aos choques de interesses
locais.
22
Essas heterogeneidades demonstram a complexidade da questão e justificam o fato do
desenvolvimento sustentável ainda estar em debate. Contudo, é inegável que os eventos, como
o “Relatório de Brundtland” e a “ECO-92”, confirmaram que os princípios de sustentabilidade
não poderão mais ser ignorados ou negligenciados nos debates sócio-econômicos, em escala
local ou mundial e que a questão do desenvolvimento sustentável agora é o paradigma
dominante para o planejamento do desenvolvimento.
O mito de desenvolvimento, criado pelas Ciências Sociais, foi inspirado no conceito
biológico de evolução para o de desenvolvimento. Esta sinonímia mostrou-se incorreta,
porque o desenvolvimento convencional ou tradicional resultou em ameaças para os recursos
naturais e para a própria humanidade e esse tipo de evolução não foi previsto pelas Ciências
Biológicas, o que resultou na contestação desse paradigma e na reação de movimentos sociais,
políticos e ecológicos (GURGEL, 2001).
Mais uma vez, foi exatamente nas Ciências Biológicas que se buscou elementos para a
conceituação desse desenvolvimento baseado na sustentabilidade, para mitigar e corrigir
alguns problemas já identificados.
Assim, BARBIERI (1997:32) argumenta que “O conceito tradicional de
sustentabilidade tem sua origem nas Ciências Biológicas e aplica-se aos recursos renováveis,
principalmente os que podem se exaurir pela exploração descontrolada, como são os casos
dos cardumes de peixes e das espécies vegetais das florestas naturais. A sustentabilidade para
esse tipo de recursos apóia-se na idéia de que só é possível uma exploração permanente, se
esta restringir apenas ao incremento do período, geralmente um ciclo anual, de modo que seja
preservada a base inicial dos recursos”.
Na citação acima, o autor também destaca a visão biológica sobre a escala temporal de
sustentação, o que também foi observado por SOUZA (2000), quando afirma que, dentro do
conceito de sustentabilidade, visto como relação harmônica entre sistemas econômicos e
23
ecológicos, existe uma dependência da escala de espaço e tempo e que na escala temporal
existe um enorme descompasso entre os sistemas econômicos e ecológicos.
Nos sistemas ecológicos as mudanças são mais lentas. Nele a vida humana poderá
continuar indefinidamente, desde que a sociedade esteja em alerta aos efeitos das ações
antrópicas e que não se excedam os limites ecológicos dos sistemas que dão suporte à vida.
Nos sistemas econômicos, baseados no pragmatismo do modo de produção atual,
esperam-se cada vez mais respostas e modificações imediatas. Esse descompasso desafia, de
certo modo, a implementação do desenvolvimento sustentável.
Os desafios para a implementação do conceito de desenvolvimento sustentável esbarram
também no questionamento da intenção e amplitude da sustentabilidade, ou seja, a definição
do objetivo da capacidade de sustentabilidade: a que espécie – todas ou apenas a humana – se
destina; em que território – mundial ou local – será aplicada; o modo como será executada; e a
escala temporal a ser usada.
Esses questionamentos exemplificam a complexidade temática desse novo conceito de
desenvolvimento e evidenciam a necessidade da aproximação e intensificação de diversas
áreas do conhecimento científico, além da participação política.
Dessa forma, os questionamentos reforçam a necessidade do tratamento da temática
numa esfera maior, que vá além da relação do binômio econômico-ecológico, e que atinja
também as dimensões sociais, culturais, espaciais e políticas.
No ambiente rural, o emprego dessas dimensões de forma integrada e agregada ao
fortalecimento e promoção da ação coletiva identificada com um território é denominada de
Desenvolvimento Territorial Rural Sustentável (DTRS).
A questão multidimensional do desenvolvimento foi defendida por SACHS (1993)
quando considerou que cinco dimensões de sustentabilidade precisam ser levadas em conta,
de forma simultânea, para o planejamento do desenvolvimento: a social, a econômica, a
24
ecológica, a espacial e a cultural, cujos conceitos (segundo o próprio autor) foram sintetizados
e apresentados abaixo:
Sustentabilidade social - baseada na meta de justiça e eqüidade na distribuição de
renda e bens que reduza as desigualdades sociais entre os padrões de vida dos ricos e
dos pobres.
Sustentabilidade econômica - otimização da alocação e do gerenciamento dos
recursos e de um fluxo constante de investimentos, em que a eficiência econômica
esteja subordinada em termos macrossociais e da lucratividade microeconômica.
Sustentabilidade ecológica - melhorada pela utilização de ferramentas como:
- utilização da criatividade para uso do potencial de recursos dos ecossistemas com
mínimo de danos aos sistemas de sustento à vida;
- limitação do uso de fontes facilmente esgotáveis ou danosos ao meio ambiente pela
substituição por recursos ou produtos renováveis e que não agridam o meio ambiente;
- promoção da reciclagem e da conservação de energia e dos recursos para a redução do
volume de resíduos e da poluição e a autolimitação do consumo dos materiais;
- intensificação de pesquisas para a obtenção de tecnologias mais limpas e eficientes no
uso de recursos;
- normalização e estruturação institucional para a proteção ambiental.
Sustentabilidade espacial - conseguida por meio da proposta de equilíbrio da
configuração rural-urbana, da distribuição territorial populacional e de atividades
econômicas focadas em:
- redução de superconcentração metropolitana;
- proteção dos ecossistemas naturalmente mais frágeis, sujeitos a processos
descontrolados de colonização;
25
- modernização das técnicas de exploração, uso de pacotes tecnológicos adequados e
condições de crédito e acesso de mercado para a agricultura e na exploração agrícola;
- geração de empregos não-agrícolas nas áreas rurais, pela descentralização industrial e
com novas tecnologias para as atividades industriais de biomassa;
- proteção da biodiversidade mediante a criação de uma rede de reservas naturais e de
biosfera.
Sustentabilidade cultural – baseada na participação local popular na identificação de
suas raízes que resultem em mudanças e auxiliem no planejamento dentro de suas
especificidades locais, culturais e espaciais, principalmente nos sistemas agrícolas e
rurais.
Essa abordagem multidimensional e simultânea, sintetizada acima, evidencia as
diferenças entre o modelo de desenvolvimento tradicional e o sustentável.
O modelo de desenvolvimento sustentável com sua visão mais complexa e ramificada,
preocupada em atender simultaneamente diversas dimensões e que foca no conceito de
sustentabilidade, contempla de uma maneira mais ampla e eficaz o desenvolvimento,
considerando as especificidades e capacidades locais de promoverem sua evolução de maneira
responsável
2
e assim sustentável.
Dessa forma, buscou-se romper as bases do modelo tradicional, que despreza as
particularidades e a criatividade local, ao impor pacotes ou modelos que não são aplicáveis
2
O termo “responsável” empregado na citação advém de MENDES (1993:23): “o
desenvolvimento sustentável deve ser responsável. Sustentável porque responsável.
Responsável para com a natura e a cultura, para com o habitat e os seus habitantes.
Responsabilidade que caracteriza pelo reconhecimento de que a natureza é vulnerável, no
longo prazo, e que essa vulnerabilidade ameaça a própria condição global da vida humana e o
futuro distante, bem como a própria existência da espécie”.
26
2.3
em todas as localidades, principalmente aqueles que envolvem de forma mais direta as
dimensões ecológicas e sociais, conforme ocorrido na agricultura, com a transferência de
pacotes tecnológicos do Hemisfério Norte para os países do Hemisfério Sul.
Agricultura Sustentável
De fato, conforme foi apresentado, o questionamento da agricultura sustentável
antecedeu o próprio questionamento do desenvolvimento convencional com a publicação de
“Primavera Silenciosa” por Raquel Carson, em 1962.
A partir desse marco histórico desencadearam-se diversas manifestações e
questionamentos a respeito dos impactos sócio-ambientais do modelo convencional agrícola e
da Revolução Verde, o que culminou numa série de alternativas agrícolas, na busca por sanar
os problemas gerados. Esses questionamentos e manifestações foram similares ao que
ocorreram posteriormente em relação aos rumos sobre o desenvolvimento desejado.
EHLERS (1994) analisa que nos grandes debates sobre os rumos para o
desenvolvimento, também foram debatidos as questões rurais e os modos de produção
agrícola, o que originou dois novos paradigmas, o de desenvolvimento sustentável e da
agricultura sustentável.
Contudo, como afirma EHLERS (1999), o debate sobre agricultura sustentável e suas
alternativas só se fortaleceu a partir da década de 1980, por causa da insatisfação da opinião
pública dos países ricos com os impactos negativos causados pelo modelo de agricultura
convencional.
O pioneirismo no estabelecimento de pesquisas oficiais e de legislações ficou por conta,
na América, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e do Conselho
27
2.3.1
Nacional de Pesquisa (NRC) dos Estados Unidos e, na Europa, da “Food and Agriculture
Organization” (FAO), a partir de 1991.
O Conselho Nacional de Pesquisa (NCR, 1991, apud EHLERS, 1999), adotou como
conceito de agricultura sustentável aquela que incorpora a manutenção em longo prazo dos
recursos naturais e da produtividade agrícola; o mínimo de impactos adversos ao ambiente; os
retornos adequados aos produtores; a otimização da produção das culturas com o mínimo de
insumos químicos; a satisfação das necessidades humanas de alimentos e de renda; e o
atendimento das necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais.
A agricultura sustentável é definida por CARMO (1998), sob o prisma da concepção
física, como a capacidade da agricultura de manter a produtividade do solo, o que altera o
enfoque produtivo baseado na relação nutrição da planta-pragas-doenças, para o próprio solo
e nas suas reações às técnicas empregadas. A Tabela 1 apresenta um quadro comparativo
entre o que vem a ser a agricultura sustentável e a convencional.
O modelo convencional agrícola e a “Revolução Verde”: conseqüências
ambientais
De maneira geral, o modelo convencional agrícola é entendido como a consolidação do
padrão produtivo agrícola, caracterizado pelo uso intenso de insumos químicos, do uso de
sementes geneticamente modificadas, do emprego de maquinário pesado, do revolvimento
constante do solo por implementos de discos (grade aradora, grade niveladora e arado de
discos), do predomínio de monoculturas cultivadas em grandes áreas e da produção em
grande escala (EHLERS, 1999; LANDERS, 2001).
28
Tabela 1. Principais diferenças entre agricultura sustentável e convencional (CARMO, 1998)
Agricultura sustentável Agricultura convencional
Aspectos Tecnológicos
1. Adapta-se às diferentes condições regionais,
aproveitando ao máximo os recursos locais.
1. Desconsidera as condições locais, impondo
pacotes tecnológicos.
2. Atua considerando o agrossistema como um
todo, procurando antever as possíveis
conseqüências da adoção das técnicas. O manejo
do solo visa sua movimentação mínima,
conservando a fauna e a flora.
2. Atua diretamente sobre os indivíduos
produtivos, visando somente o aumento da
produção.
3. As práticas adotadas visam estimular a
atividade biológica do solo.
3. O manejo do solo, com intensa
movimentação, desconsidera sua atividade
orgânica e biológica.
Aspectos ecológicos
1. Grande diversificação. Policultura e/ou
culturas de rotação.
1. Pouca diversificação. Predominância de
monoculturas.
2. Integra, sustenta e intensifica as interações
biológicas.
2. Reduz e simplifica as interações biológicas.
3. Associação da produção animal à vegetal. 3. Sistemas poucos estáveis, com grande
possibilidade de desequilíbrios.
4. Agrossistemas formados por indivíduos de
potencial produtivo alto ou médio, e com
relativa resistência às variações das condições
ambientais.
4. Formado por indivíduos com alto potencial
produtivo, que necessita de condições especiais
para produzir e são altamente suscetíveis às
variações ambientais.
Aspectos socioeconômicos
1. Retorno econômico a médio e longo prazo,
com elevado objetivo social.
1. Rápido retorno econômico, com objetivo
social de classe.
2. Relação capital homem baixa 2. Maior relação capital homem.
3. Alta eficiência energética. Grande parte da
energia introduzida e produzida é reciclada.
3. Baixa eficiência energética. A maior parte
da energia gasta no processo produtivo é
introduzida e, em grande parte, dissipada.
4. Alimentos de alto valor biológico e sem
resíduos químicos.
4. Alimentos de menor valor biológico e com
resíduos químicos.
LANDERS (2001) destaca que no preparo do solo por plantio convencional (PC), muito
adotado pelo modelo convencional, ocorre a utilização de implementos a disco e de tratores
de grande potência mecânica.
O uso desses maquinários aumenta em muitas vezes a capacidade de causar danos à
estrutura do solo durante seu preparo, assim como o constante revolvimento do solo e a
predominância de monoculturas, com destaque para a soja, resultam numa acentuada
29
diminuição dos níveis de matéria orgânica e dos agregados estáveis do solo, o que pode
reduzir a eficiência dos adubos e a velocidade de infiltração da água no solo.
Segundo LANDERS (2001), o agricultor nunca respeita a exigência de preparo do solo
dentro dos limites de umidade adequados, o que poderia reduzir os danos físicos a um nível
tolerável.
Normalmente o agricultor procura plantar em meses chuvosos e preparar uma área
máxima para o plantio com uso de trator. O preparo convencional do solo nessas condições
favorece a ocorrência de uma compactação severa, logo abaixo do implemento, chamado “pé-
de-grade”, que impede o aprofundamento das raízes e principalmente a infiltração da água da
chuva no perfil do solo (LANDERS, 2001).
Outro fato comum é que o revolvimento excessivo do solo favorece a formação de
capas endurecidas de solo desestruturado, o que reduz a infiltração superficial da água e limita
a oxigenação e a emergência das plântulas.
Nesse processo, a água que não consegue infiltrar no solo passa a escoar pela superfície,
carregando terra, nutrientes e defensivos ativos para os recursos hídricos, onde provoca a
poluição e a contaminação da água com produtos químicos e o assoreamento pelo
carregamento de sedimentos de solo.
O processo composto pela desagregação, transporte e deposição dos solos é denominado
de erosão (SANTOS & CÂMARA, 2002).
LANDERS (2001:5) acrescenta também que “a extrema pulverização do solo, exigida
para incorporar herbicidas de soja antes do plantio, e a exposição da terra desprotegida às
chuvas torrenciais (freqüentemente excedendo a 100 mm/hora) aumentam os estragos da
erosão”.
O processo erosivo acarreta perdas diretas de produtividade do solo, como a perda da
população de plantas, a perda de fertilizantes e corretivos, a deposição de produtos de erosão
30
nos terraços e com o acúmulo de água estancada na lavoura, o que causa a asfixia de plantas.
Outro resultado desse processo é a diminuição do perfil do solo.
Os impactos ambientais causados pela agricultura convencional são provenientes da
adoção de práticas agrícolas inadequadas, que tiveram um grande incentivo para sua adoção a
partir da década de 1950.
O modelo convencional agrícola atual advém das premissas e diretrizes introduzidas
pelo movimento conhecido como Revolução Verde. Este movimento internacional foi
capitaneado pelos Estados Unidos, a partir dos anos 1950, durante o processo de
internacionalização do capitalismo, difundindo o padrão moderno de produção agrícola.
De uma maneira mais ampla, podemos discorrer sobre a Revolução Verde como uma
proposta de solução para a questão da fome no mundo, baseada no aumento do rendimento
dos grãos, o uso de insumos químicos (inseticidas, herbicidas e fungicidas etc), o uso de
sementes geneticamente modificadas e o emprego de maquinário pesado (EHLERS, 1994).
A melhoria das sementes modificadas geneticamente teve o intuito de prover uma
resposta com alto rendimento de produtividade às aplicações de altas doses de fertilizantes
químicos.
O emprego desses pacotes da Revolução Verde resultou, principalmente para os países
pobres ou aqueles em desenvolvimento econômico, na transferência de um pacote tecnológico
que não era totalmente adaptado para todas as localidades, devido suas características e
especificidades climáticas ou geofísicas (FRANCHINI et al, 2003).
Esse argumento é evidenciado com a observação dos danos causados ao meio ambiente,
principalmente em relação à aplicação desses modelos de agricultura convencionais, em
países tropicais e subtropicais úmidos, como ocorrido no Brasil.
Isso ocorreu pelo fato de que os ambientes tropicais e subtropicais úmidos possuem
intensa atividade biológica graças a maior disponibilidade de radiação solar, calor e água, que
31
aceleram a ciclagem de nutrientes, concentrando-os na biomassa, o que resulta em solos
altamente intemperizados, ácidos, pouco férteis e com baixos teores de matéria orgânica.
Nas regiões temperadas, a atividade biológica é menos intensa em razão das condições
de baixa temperatura e chuvas pouco intensas, o que resulta em solos pouco intemperizados,
férteis e com elevados teores de matéria orgânica.
Nessas condições é necessário deixar o solo mais exposto ao sol e revolvê-lo com maior
freqüência para acelerar a ciclagem de nutrientes. Assim sendo, podemos entender porque as
práticas promovidas no hemisfério norte são um verdadeiro desastre nas condições tropicais.
O revolvimento do solo acelera a ciclagem dos nutrientes e a queima da matéria
orgânica. As precipitações pluviais intensas sobre um solo exposto promovem a erosão e
perda de nutrientes, tornando-o cada vez mais pobre. O monocultivo proporciona um
desenvolvimento acelerado das pragas e doenças cujo ciclo nunca é quebrado, como ocorre
em regiões com neve e frio intenso (PRIMAVESI, 1990).
Isso acarreta um uso indiscriminado e incontrolável de agrotóxicos, que proporciona um
desequilíbrio ecológico intenso, o que aumenta o risco de contaminação dos agricultores,
consumidores e do próprio ambiente (EHLERS, 1999).
Resumidamente, algumas das principais conseqüências ambientais decorrentes da
agricultura convencional são a perda de fertilidade dos solos; a destruição florestal
(desmatamentos); a erosão superficial e laminar; a dilapidação do patrimônio genético e da
biodiversidade; a degradação dos recursos hídricos; e a contaminação dos solos, da água, da
fauna, flora, do homem do campo e dos alimentos.
Esses processos contribuem para a diminuição da produtividade do solo e implicam a
ocupação de mais terras para a produção de alimentos, ameaçando dessa forma as áreas de
proteção ambiental ou as reservas ambientais.
32
2.3.2
EHLERS (1994) destaca que, a partir dos anos de 1970, tornaram-se mais freqüentes os
casos de contaminação dos recursos hídricos, dos solos e de cadeias alimentares, incluindo os
animais, os alimentos e o próprio homem, provenientes do modelo convencional agrícola
adotado à época e da própria influência dos pacotes tecnológicos da Revolução Verde.
Cabe acrescentar nessa análise que o modelo empregado, com uso de maquinário
pesado e de cultivo em larga escala, contribuiu diretamente para a escassez da oferta de
emprego, para a concentração de terras nas mãos de poucos e para o êxodo rural.
Outro importante fator a destacar é que, a agricultura convencional moderna, fortemente
mediada pela questão da escala de produção e com mecanização intensiva, pressupõe a
necessidade de grandes áreas cultivadas e monoculturas, para que o modelo possa responder
economicamente ao capital aplicado, garantindo ao produtor o lucro certo. Porém com maior
vulnerabilidade às pragas e doenças e, portanto, com maior risco ambiental (CARMO, 1998).
As evidências relacionadas foram e são determinantes para o fomento das discussões
sobre os modelos adotados no meio rural, em virtude da insustentabilidade do status quo da
agricultura moderna.
Agriculturas alternativas sustentáveis
Assim como o desenvolvimento sustentável, a agricultura sustentável é um conceito
multidimensional, o que leva a uma gama de definições baseadas na percepção pessoal dos
conceitos de “agricultura” e “sustentabilidade”.
Segundo EHLERS (1999), a partir do “Relatório de Brundtland” discute-se agricultura
sustentável em duas linhas, uma conservadora e uma alternativa.
A primeira, com objetivo em curto prazo, visa à diminuição dos impactos nos recursos
naturais por meio da substituição de insumos químicos por biológicos e pela otimização de
33
racionalidade do modelo convencional, privilegiando dessa forma a sustentabilidade
ecológica.
A segunda visa não apenas dirimir os impactos ambientais, mas também apresentar
soluções para os atuais problemas do sistema alimentar, o que propicia condições para a
redução da fome e da miséria e também estabelece uma melhora da qualidade do meio
ambiente, da qualidade de vida dos agricultores e da sociedade, favorecendo uma perspectiva
mais abrangente, integrada e de longo prazo, focalizada na sustentabilidade rural e agrícola.
As discussões teóricas sobre a transição para uma agricultura sustentável, na trajetória
da sustentabilidade rural e agrícola, com padrões de produção e de comercialização
alternativas, apontam para a geração de benefícios diretos e indiretos, tais como, o aumento da
renda e a ocupação rural, a geração de produtos mais saudáveis e com maior valor agregado
(tanto para o mercado interno, como para o externo), a valorização das amenidades rurais, a
maior compatibilidade com as atividades não agrícolas, a melhor preservação dos
ecossistemas e a diminuição da pressão demográfica sobre os centros urbanos.
Em oposição ao padrão produtivo, principalmente com o uso de adubação química na
agricultura, ganharam força os movimentos “rebeldes”, denominados de “Agriculturas
Alternativas”, que, segundo EHLERS (1994), valorizavam o uso da matéria orgânica e de
outras práticas favoráveis aos processos biológicos, além do lado místico e religioso de
interpretação da natureza e do meio ambiente.
As quatros grandes vertentes dos movimentos “rebeldes” são apresentadas a seguir
conforme seus princípios básicos:
Agricultura biodinâmica: a propriedade agrícola deve ser entendida como um
organismo, deve existir o manejo de matéria orgânica e a reestimulação das “forças
naturais” do solo. Utiliza o calendário astrológico e prega a interação entre a
34
produção animal e a produção vegetal. Busca a harmonia e o equilíbrio da unidade
produtiva por meio das influências cósmicas.
Agricultura orgânica: utiliza os princípios da lógica científica - solo saudável resulta
em planta saudável - o que possibilita mais plantas resistentes a pragas e pestes. Sua
principal característica é a não utilização de produtos químicos no processo, que são
substituídos por rotação de culturas, realização de compostagem animal e vegetal e
pelo manejo de material orgânico.
Agricultura biológica: atende a proteção ambiental, qualidade dos alimentos e a
procura por fontes energéticas renováveis e o respeito à força (saúde) dos solos.
Parte do princípio de que primeiro deve-se tratar as plantas mal nutridas e doentes,
do que combater as pragas, apoiando-se no tripé: manejo dos solos, a fertilização e a
rotação de culturas. Muito similar à agricultura orgânica e à biodinâmica.
Agricultura natural: O princípio fundamental desta proposta é o de que as atividades
agrícolas devem respeitar as leis da natureza. A produção é realizada sem uso algum
de adubos, fertilizantes e agrotóxicos e admite apenas a incorporação de algumas
ervas e restos de culturas.
Apesar dessas agriculturas alternativas ocuparem um espaço marginal dentro do cenário
agropecuário mundial, em relação ao modelo convencional, pode-se afirmar que elas vêm
causando impactos positivos em diversos setores de pesquisa, despertando o interesse pela
busca de práticas culturais que melhorem a eficiência dos sistemas produtivos e diminuam os
impactos sobre o meio ambiente (EHLERS, 1994).
35
2.3.3
Agricultura familiar
Outra agricultura que visa a sustentabilidade não adquirida com o modelo convencional
de produção agrícola e que tem se destacado no cenário atual é a agricultura familiar.
O conceito de agricultura familiar envolve os seguintes elementos básicos: gestão
familiar, tempo de trabalho dedicado à propriedade e área do estabelecimento.
CARMO (1998), baseada no conceito de que a exploração familiar corresponde a uma
unidade de produção agrícola, onde propriedade e trabalho estão intimamente ligados à
família, apresenta como as três principais funções desse modelo de agricultura familiar: a
produção, o consumo e o acúmulo do patrimônio.
Nesse sentido, essas funções atribuem à exploração familiar uma lógica de
produção/reprodução, em que cada geração preocupa-se em assegurar um nível de vida
estável para o conjunto da família e para a reprodução dos meios de produção.
Outras características fundamentais da agricultura familiar seriam: a capacidade de
solucionar problemas, como o desemprego e a falta de ocupações para a mão-de-obra
desqualificada; a independência de pacotes tecnológicos, que gera impactos na balança
comercial; a capacidade de promover a diminuição da pressão migratória sobre os centros
urbanos (fixação do homem no campo); e a necessidade de encontrar meios de promover a
inclusão social e dinamização de regiões e áreas deprimidas.
Assim, essas características são apontadas como uns dos principais trunfos da
agricultura familiar para impulsionar a transição dos modelos atuais para um modelo de
agricultura sustentável, sobretudo em países como o Brasil (GURGEL, 2001).
Uma comparação do modelo de agricultura familiar em relação ao modelo patronal foi
apresentada na Tabela 2.
36
Tabela 2 - Comparativo entre os modelos de agricultura patronal e familiar
(FAO/INCRA, 1995)
Modelo Patronal Modelo Familiar
- Completa separação entre gestão e trabalho - Trabalho e gestão intimamente relacionados.
- Organização centralizada.
- Direção do processo produtivo assegurada
diretamente pelos proprietários.
- Ênfase na especialização. - Ênfase da diversificação.
- Ênfase em práticas agrícolas padronizáveis.
- Ênfase na durabilidade dos recursos e na
qualidade de vida.
- Trabalho assalariado predominante. - Trabalho assalariado complementar.
- Tecnologias dirigidas à eliminação das decisões
“de terreno” e de “de momento”.
- Decisões imediatas, adequadas ao alto grau de
imprevisibilidade do processo produtivo.
Segundo o estudo realizado pela FAO/INCRA (1995), na agricultura patronal são
necessários 60 hectares de terra para gerar um emprego, enquanto na agricultura familiar são
necessários apenas 9 hectares. O estudo apontou também que inúmeras são as vantagens do
modelo familiar em relação ao patronal, como por exemplo, a ênfase na diversificação e a
maior maleabilidade de seu processo decisório.
Essa vertente ganhou força política por ter sido inserida no documento de agricultura
sustentável da Agenda 21 brasileira, que previu a promoção de tecnologias, pesquisas e
capacitação destinada à agricultura familiar e à promoção do conhecimento agroecológico.
2.3.4 Plantio Direto
O plantio direto (PD) foi uma técnica introduzida no país no Rio Grande do Sul, no fim
da década de 1970 e posteriormente difundido por todo o país, como no Cerrado. Em relação
às técnicas convencionais de preparo e cultivo do solo, o PD apresentou práticas agronômicas
totalmente inovadoras, que movimentam menos o solo e permitem um eficiente controle da
erosão pela manutenção de uma cobertura vegetal morta sobre o solo (LANDERS, 2001).
37
O grande aumento na adoção e o destaque do PD podem ser interpretados, segundo
LANDERS (2001), como uma reação dos produtores à insustentabilidade econômica e física
do plantio convencional (PC).
Em relação à sustentabilidade física, PRIMAVESI (1990) menciona que o Plantio
Direto compreende um conjunto de técnicas integradas que visam melhorar as condições
ambientais (água-solo-clima), para explorar da melhor forma possível o potencial genético de
produção das culturas.
O PD possui três requisitos mínimos para sua adoção: o não revolvimento do solo, a
rotação de culturas e o uso de culturas de cobertura para formação de palhada, associada ao
manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas, sendo esse sistema
3
exigente de
adaptações locais.
LANDERS (2001) define como principais características básicas do plantio direto:
eliminação do uso de práticas agrícolas convencionais, como a aração e a gradagem,
reduzindo tanto a movimentação de máquinas sobre o solo como a pulverização da
estrutura física do solo;
criação de uma cobertura permanente de palha na superfície;
plantio com máquinas especializadas que cortam a palha para inserir
simultaneamente a semente e o adubo (racionalização do uso de insumos).
Nesse sentido, as funções da palha são: preservar a estrutura do solo contra o impacto
das chuvas; estabilizar a temperatura do solo, favorecendo os processos biológicos; manter a
umidade do solo ao reduzir a evaporação (efeito mulch); minimizar os efeitos de
3
Usualmente emprega-se o conceito de “sistema” à integração das práticas citadas, às
vezes denominados Sistemas de Plantio Direto (SPD).
38
escorrimentos superficiais; agir como reciclador de nutrientes (a decomposição aeróbica da
palha contribui para a melhoria da estrutura do solo) (LANDERS, 2001).
Uma forma de evidenciar os benefícios econômicos trazidos ao agricultor pela adoção
do PD é compará-lo com as práticas convencionais de preparo e cultivo do solo.
Quando feito isso, segundo LANDERS (2001), ficou evidente que a adoção do PD
implica ganhos econômicos e gerenciais, principalmente pelo fato de os custos diretos serem
potencialmente mais baixos do que no PC.
LANDERS (2001) mensurou os benefícios obtidos pela adoção do PD, por meio de
uma análise econômica, em relação a três estudos de casos em fazendas do Cerrado, uma em
situação irrigada, uma de sequeiro e a outra mista.
Nesse estudo, foi adotado um modelo de 20 anos, com o levantamento dos
investimentos, preços locais, custos diretos de produção e custos indiretos, de cada uma das
fazendas analisadas e com produtividades iguais para o PD e PC.
Os resultados da análise foram consistentes e comprovaram a pouca rentabilidade do PC
e a superioridade dos retornos do PD, em que foram calculadas as taxas internas de retorno
(TIR) entre 3% e 12%. Isso ocorreu em grande parte graças à redução do investimento inicial
em maquinaria e a sua posterior reposição.
Em relação ao valor presente líquido (VPL), as diferenças também foram significativas.
A folha de pagamento de pessoal apresentou uma redução, entre 25 e 41%, por causa da
diminuição no número de tratoristas necessários.
Na mesma análise dos resultados, LANDERS (2001) afirma que, considerando os
efeitos em médio prazo, as vantagens financeiras do PD aumentam expressivamente, o que foi
evidenciado pelos resultados de uma análise de sensibilidade que apontou para uma redução
de 20% na aplicação de adubo fosfático, de 33% em calcário, 1% em insumos não-erodidos,
39
33% em herbicidas dessecantes, 10% em custos operacionais de máquinas e um incremento
de 2% na produtividade de todas as culturas em PD.
A adoção do plantio direto, além dos benefícios econômicos demonstrados, resulta em
uma série de benefícios ambientais. Alguns dos principais impactos positivos ao meio
ambiente são, segundo LANDERS (2001), EMBRAPA (2004a) e EMBRAPA (2004b):
redução do escoamento superficial, do assoreamento em rios e reservatórios (estima-
se que o PD seja capaz de reduzir até cerca 90% da erosão laminar) e no custo de
tratamento de águas superficiais captadas para o uso doméstico;
eliminação da poluição dos rios com agrotóxicos, utilização de herbicidas
biodegradáveis e a redução do uso de adubos de fosfato;
redução na emissão de dióxido de carbono, com a absorção de cerca de 130 milhões
de toneladas de carbono atmosférico para cada 1% de incremento no teor de matéria
orgânica na camada superficial do solo, de 20 cm;
consumo de diesel menor (redução de 60% a 70%);
aumento da mesofauna e atividade microbiológica do solo;
recarregamento normal do lençol freático;
alta produtividade e sustentabilidade da agricultura.
Além dos positivos impactos diretos causados pela adoção PD descrito acima, existem
outros impactos indiretos provenientes dessa técnica. A Tabela 3 mostra o balanço positivo
dos impactos indiretos causados pela adoção do PD. Em itálico estão os impactos negativos.
A partir dessas evidências, sob a luz do meio ambiente, o PD mostrou-se como uma
potencial técnica minimizadora de impactos ambientais, ao resultar em ganhos econômicos
para o agricultor e sociedade e trazer benefícios para o meio ambiente como um todo.
40
Tabela 3. Impactos indiretos do plantio direto (LANDERS, 2001)
Receptores do impacto
Natureza
do impacto
Meio ambiente Sociedade Agricultor
Eliminação da
poluição dos rios
com agrotóxicos
Fauna e Flora aquáticas
favorecidas.
Melhor qualidade da água doméstica;
redução média
de 215% em tratamento de
água de superfície; maior
vida útil de represas e usinas
hidrelétricas (água e eletricidade mais
baratas).
Maior segurança contra poluição,
por reter os produtos químicos na
cultura onde foram aplicados.
Recarregamento normal
do lençol freático
Cursos d'água
perenizados.
Segurança no rendimento de
poços; redução de enchentes.
Mais água para os rebanhos e
irrigação em época crítica.
Presença permanente de
palha sobre o solo
Incremento acentuado
na atividade biológica
do solo, população de
microorganismos e
mesofauna.
Maior risco de fogo no
inverno.
Maior taxa de infiltração do solo;
menor acidificação e maior
aglutinação de partículas de solo
pelos produtos em decomposição
aeróbica dos resíduos das culturas;
incremento nos dias plantáveis de
30% a 100%.
Necessidade de aceiros contra
fogo.
Redução do escorrimento
superficial
Menos sedimentos nos
rios.
Redução sensível no custo
de manutenção de estradas de
terra; manutenção da
navegabilidade dos rios
com menos custo.
Elimina o custo de manutenção de
terraços e de replantio.
Utilização de herbicidas
biodegradáveis, com
meias-vidas mais curtas
que as de PPI e PRE
usadas no PC
Redução do risco
de poluição da
água com esses
herbicidas.
Segurança de qualidade da
água, do lençol freático
e de superfície.
Facilidade de controlar rias
plantas daninhas atualmente
problemáticas no PC.
Alta produtividade e
sustentabilidade da
agricultura
Máxima preservação
de áreas que seriam
ocupadas se a
produtividade e o
controle de erosão
fossem menores.
Alimentos mais baratos e
ambientalmente produzidos.
Maiores lucros; maior horizonte de
sustentabilidade da agricultura.
Consumo de diesel
70-75% menor
Menor emissão de
dióxido de carbono;
redução na utilização
de um combustível não-
renovável.
Redução de custo, operação menos
complexa e menos investimento em
maquinário.
Redução do uso de
adubos fosfáticos
Aumento da vida
útil das reservas
mundiais de fósforo.
Segurança alimentícia. Menores custos.
41
2.3.5
Agroecologia
Após a crise agrícola dos meados dos anos 80, com o aumento crescente dos custos de
produção e com uma maior conscientização dos impactos ambientais gerados pelo modelo
convencional ocorreram concretas mudanças no modelo agropecuário (OLIVEIRA, 2000).
Tais mudanças resultaram em alterações nos sistemas de produção, com uma
preocupação maior em se adotar práticas agrícolas menos impactantes ao meio ambiente e
pela transformação do paradigma técnico-produtivo. Algumas dessas práticas, segundo
PRIMAVESI (1990), são o controle integrado de pragas (MIP), o plantio direto, o manejo
conservacionistas dos solos e o emprego de resíduos orgânicos na fertilização dos solos.
As alterações nos sistemas de produção, segundo (OLIVEIRA, 2000: 43), “exigiram
mudanças no referencial teórico-metodológico dos estudos sobre a agricultura em direção à
multidisciplinaridade, envolvendo diferentes áreas do conhecimento, como a agronomia,
ecologia, educação, sociologia e economia”.
Como resultado, ocorreram importantes desdobramentos no âmbito da ciência e da
tecnologia, como foi o caso nos Estados Unidos, da agricultura regenerativa e da
agroecologia, com a “busca de fundamentação científica para suas propostas técnicas e, no
caso da agroecologia, com o firme propósito de valorizar os aspectos socioculturais da
produção agrícolas” (EHLERS, 1994: 252).
A agroecologia objetiva a restauração da “saúde ecológica” dos sistemas produtivos, a
manutenção da produtividade agrícola por meio da minimização dos impactos deletérios ao
ambiente e os retornos financeiros que possibilitem a redução da pobreza da população rural
dos países do terceiro mundo (OLIVEIRA, 2000).
ALTIERI (1998) busca uma abordagem multidisciplinar para o desenvolvimento de
técnicas que sejam capazes de conciliar as atividades agrícolas com a manutenção das
42
características naturais e ecológicas do ambiente, mediante adaptações das atividades
agrícolas ao meio em que são empregadas.
Dessa forma, os agrossistemas passam a ter uma mínima dependência aos insumos
químicos e ao trabalharem com práticas agrícolas capazes de interagir com o meio,
proporcionam, pelo sinergismo entre os componentes biológicos e a interação ecológica, a
fertilidade do solo, a proteção das plantas e a produtividade.
Assim, os agroecologistas buscam desenvolver sistemas produtivos social e
ambientalmente mais estáveis, incluindo em suas abordagens multidisciplinares os
conhecimentos das populações camponesas tradicionais e indígenas.
Nesse processo, temos como destaque a agricultura familiar, apresentada anteriormente
neste estudo, e as práticas agrícolas ecologicamente saudáveis.
Algumas características das práticas agrícolas, consideradas saudáveis ou
conservacionistas pela agroecologia, são citadas por OLIVEIRA (2000: 35):
i. conservação e regeneração dos recursos naturais através do controle da erosão, do uso
de espécies nativas, do controle fitossanitário pelos inimigos naturais e do manejo
racional dos recursos hídricos;
ii. manejo dos recursos produtivos no sentido da diversidade temporal (rotação de
culturas), espacial (policultivos, sistemas mistos de plantio/criação de animais),
genético (multilinhas) e regional;
iii. reciclagem de nutrientes e matéria orgânica (adubação verde e orgânica); e
iv. regulação biótica para proteção de cultivos e da saúde animal (controle natural,
inseticidas botânicos, produtos veterinários alternativos etc).
As soluções ou alternativas encontradas pela agroecologia foram baseadas na análise do
modelo agropecuário como um sistema ou conjunto de sistemas coordenados entre si e de
formas organizadas.
43
Traçando um paralelo a essa visão sistêmica, foi possível analisar metodologicamente o
meio rural, composto por um ou vários sistemas, como um instrumento de estudo da
sustentabilidade rural.
A viabilidade disso ocorre pelo fato do conceito de sistema abranger a idéia da interação
dinâmica e da interdependência de suas variáveis (mesmo que em muitas vezes isso pareça
não existir), com a busca por solução ou meta, cuja complexidade espaço-temporal entre as
dinâmicas sociais de produção e as características ambientais tenha sido levada em conta.
44
3.1
3. DESENVOLVIMENTO RURAL E MEIO AMBIENTE
NO CENTRO-OESTE
Processo de colonização e incentivos do governo
A região do Centro-Oeste foi alvo de políticas nacionais de forte incentivo à
colonização, integração e interiorização da economia, com auge entre o período de 1960 e
1970. Nas décadas de 1970 e 1980, com o incentivo à modernização agrícola, estabeleceram-
se nessa região importantes empresas agroindustriais de capitais nacionais e internacionais,
além de ocorrerem investimentos estatais em infra-estrutura, responsáveis pela modernização
das vias de transporte, da base energética e das telecomunicações, que praticamente eram
inexistentes nessa região (GUIMARÃES et al, 2002).
Os investimentos realizados durante esse período permitiram a consolidação de uma
infra-estrutura básica para o escoamento da produção agrícola, o desenvolvimento da
economia local e o desenvolvimento de algumas cidades.
Contudo, nas regiões mais afastadas dos grandes centros, as condições de escoamento e
desenvolvimento ainda são precárias, com grande carência de infra-estrutura básica
contempladora das atividades econômicas e das necessidades sociais.
Outro processo importante ocorrido nesse período foi o migratório, com a vinda dos
agricultores, principalmente da região Sul, em busca de novas terras e oportunidades, o que
consolidou a colonização da região Centro-Oeste.
45
Um dos resultados dessa colonização da região foi a concentração de terras nas mãos de
poucos e a adoção de modelos agrícolas excludentes, o que tem levado a outro processo
migratório, o do êxodo rural (MARTINE,1990).
Segundo SAWYER (2002), nas regiões do Cerrado onde ocorreram os fortes incentivos
ao desenvolvimento, o meio rural ficou cada vez mais ligado ao meio urbano, em virtude da
proximidade da malha urbana crescente, da circulação facilitada pela malha rodoviária, do
desenvolvimento das telecomunicações e da interconectividade das atividades rurais e
urbanas.
Além disso, deve-se levar em conta as combinações cada vez mais complexas entre o
urbano e o rural que se imbricam e interpenetram, surgindo atividades não agrícolas na área
rural, como também o uso dos serviços sociais urbanos por parte de moradores rurais
(SWAYER, 2002).
O principal fato decorrente das políticas de incentivo e processo de ocupação da região
Centro-Oeste foi o de o desenvolvimento atingido com as medidas adotadas não ter
contemplado de forma adequada as diretrizes básicas para um desenvolvimento sustentável,
principalmente na dimensão da sustentabilidade ambiental e social.
O setor rural é dividido entre a agricultura empresarial e a pequena produção
extrativista, sendo essa a que envolve a maior parte da população rural, que busca meios de
vida mais sustentáveis. Para esses pequenos produtores, os meios de vida sustentáveis
combinam agricultura e extrativismo, isto é, fazem o uso sustentável da biodiversidade. Já o
setor relacionado com a agricultura empresarial está focado exclusivamente no aumento da
produtividade e na maximização dos lucros, e nele freqüentemente são adotadas algumas
práticas e medidas insustentáveis, principalmente ao meio ambiente.
46
3.2
Segundo SATWER (2002), a diretriz básica para uma produção agropecuária
empresarial mais sustentável, seria a de estimular a sustentabilidade e desestimular a expansão
da fronteira agrícola, com o aumento a produtividade de áreas já abertas, mesmo que essa
intensificação gere algum sacrifício ambiental.
É mais difícil ver o meio ambiente como oportunidade em vez de restrição nas
atividades agrícolas, do que nas de indústria e serviços. No entanto, o esgotamento da
fronteira agrícola, a modernização da agricultura e a globalização do comércio sinalizam
novas tendências mais sustentáveis, como a rotação de culturas, agropecuária intensiva e
outras práticas que reduzam os riscos ambientais (SAWYER, 2002).
Frente a essas questões, deve-se buscar construir uma visão integrada que estabeleça
sinergismos positivos entre população, meio ambiente e desenvolvimento, e que evite a
degradação do ambiente e dos seres humanos, o que implica, necessariamente, mudar as
políticas públicas, contando com o esforço conjunto entre o poder público, a iniciativa privada
e as sociedades locais.
Degradação Ambiental
Há décadas o mundo sente os efeitos oriundos das degradações ambientais provenientes
de atividades antrópicas e que se manifestam nas mais diversas formas e intensidades.
A variável central determinante do grau de degradação ambiental é constituída pelos
padrões de produção e consumo característicos da industrialização, e pelo modelo de
desenvolvimento adotado.
Para MARTINE (1993), existe uma hierarquia dos severos problemas ambientais, com
graus diferenciados de gravidade, periculosidade e reversibilidade, para o futuro da
humanidade.
47
3.2.1
Os problemas do primeiro escalão seriam constituídos, sobretudo pelo efeito estufa, pela
depleção da camada de ozônio, pelo acúmulo de lixo tóxico, pela perda de biodiversidade e
pelo esgotamento de recursos não-renováveis, que implicam em danos irreversíveis e
irreparáveis para a humanidade e para a tecnologia existente (MARTINE, 1993).
Em um nível hierárquico abaixo desses problemas, encontram-se categorias de
problemas derivados do uso de tecnologias inadequadas, da má administração de recursos
naturais, do crescimento populacional ou de uma combinação dos fatores, tais como, a chuva
ácida, a desertificação, a erosão, a poluição do ar, as enchentes, o esgotamento dos recursos
hídricos, a contaminação radiativa etc (MARTINE, 1993).
Dessa forma, esses fenômenos são classificados como graves em si mesmos, localizados
espacialmente e suscetíveis de serem controlados e revertidos pela tecnologia disponível, num
prazo relativamente curto.
Na divisão hierárquica apresentada, segundo MARTINE (1993), os problemas
ambientais mais graves seriam de responsabilidade dos países desenvolvidos industrialmente,
enquanto os mais pobres entrariam enquadrados principalmente no segundo escalão de
degradação ambiental.
Principais degradações ambientais no meio rural: origem e conseqüências
No meio rural as principais degradações ambientais são oriundas do modelo de
agricultura, as quais estão relacionadas à adoção inadequada de práticas agrícolas e aos tipos
de manejo do solo.
Os processos de degradação da terra estão associados basicamente aos fatores edáficos
(que dizem respeito ao solo como meio de cultivo), climáticos e antrópicos (SANTOS et al,
48
2002). Estão relacionados com a diminuição da aptidão agrícola das terras e ocorrem em
locais onde a capacidade natural de auto-regulação dos sistemas tenha sido ultrapassada
(WEILL, 1999).
Os usos e manejos inadequados da terra, como o desmatamento indiscriminado, a
exploração acima da capacidade de suporte e o uso intensivo de grades de discos no preparo
do solo contribuem para aumentar a intensidade e a taxa do desenvolvimento dos processos
degradantes.
Um dos principais processos degradantes dos solos no Brasil é a erosão hídrica.
Segundo ARAÚJO (1994), a erosão hídrica é caracterizada pela ação das águas pluviais que
interagem com a matriz do solo, desagregando-a.
Segundo WEILL (1999), os principais fatores condicionantes da aceleração do processo
erosivo estão relacionados com o desmatamento ou remoção de cobertura vegetal original,
com o manejo impróprio de solos produtivos, com a exploração inadequada de terras
marginais, com a pressão de ocupação das terras por usos competitivos, com o uso intensivo
de áreas com elevado potencial natural de erosão e, sobretudo, com a falta de planejamento da
ocupação.
A erosão no meio rural provém, sobretudo, do preparo intensivo do solo, com o uso de
arados e grades de discos. PRIMAVESI (1990) afirma que, no meio rural, 95% dos problemas
de erosão estão relacionados com a má infiltração de água nos solos e que somente 5% estão
relacionados com a declividade.
O uso de implementos de preparo do solo expõe os solos revolvidos à ação do sol e da
chuva, promove a destruição de seus agregados e a formação de camadas compactadas, além
de causar um decréscimo da permeabilidade e infiltração da água e, em conseqüência, a
elevação das perdas do patrimônio solo (SANTOS et al, 2002).
49
As principais formas de expressão da erosão no meio rural são a laminar, os sulcos, as
ravinas e as voçorocas, e as classificações do tipo de erosão variam em função dos processos
formadores, da intensidade e da área a que atingem.
A erosão laminar é uma forma de erosão superficial, não muda muito o modelamento
original do relevo, atinge pouca profundidade, mas abrange grandes áreas. Promove a
remoção progressiva e uniforme dos horizontes superiores do solo, que são mais ricos em
matéria orgânica (WEILL, 1999; ARAÚJO, 1994).
Os sulcos, voçorocas e as ravinas são exemplos de erosão linear, resultantes da
concentração do escoamento da água superficial.
Os sulcos são pequenas incisões em forma de filetes muito rasos. As ravinas são sulcos
mais profundos que podem atingir o lençol freático. São provocadas pela ação erosiva da água
de escoamento superficial concentrado (INFANTI & FORNASSARI, 1998; ARAÚJO, 1994).
As voçorocas são ravinamentos de grandes dimensões, produtos da ação combinada das
águas do escoamento superficial e subterrâneo (INFANTI & FORNASSARI, 1998;
ARAÚJO, 1994).
A formação de um processo de erosão ocorre basicamente em três fases: desagregação,
transporte e deposição (SANTOS et al, 2002).
Na fase de transporte, as partículas do solo carreadas pela água à proporção da
pluviosidade e da declividade do terreno levam consigo os nutrientes e a matéria orgânica,
que dariam origem a substâncias coloidais de coesão dos solos e que fazem com que haja um
empobrecimento do solo e perda de seu potencial produtivo (BRAGA et al, 2004).
50
A deposição desses sedimentos nos recursos hídricos, carreados juntamente com dejetos
de agrotóxicos e de nutrientes sintéticos, origina outras degradações ambientais, por exemplo,
o assoreamento e a poluição ou contaminação dos recursos hídricos.
Para LANDERS (2001) a necessidade de preservar as terras de reserva e os enormes
custos diretos e indiretos da erosão determinaram uma mudança fundamental da tecnologia
mecanizada convencional, na tentativa de possibilitar a eliminação da erosão e suas
externalidades.
A Tabela 4 apresenta alguns problemas de erosão agrícola e a relação entre as causas,
efeitos e agentes envolvidos.
A perda de solos por processo erosivo laminar pode ser estimada com a aplicação da
Equação Universal de Perda de Solos (Universal Soil Loss Equation - USLE), formulada por
Wischmayer e Smith, em 1960.
A equação possibilita a estimativa da perda de solo anual, por unidade de área e tempo,
a partir da expressão:
A= R
x K x L x S x C x P
Onde:
A – perda anual de solo por unidade de área e tempo (t/ha ano);
R – fator de erosividade da chuva ou índice de erosão pela chuva;
K – fator de erodibilidade ou capacidade de o solo erodir-se em face de uma determinada
chuva;
L – fator de comprimento do declive;
S – fator do grau do declive;
C – fator de uso e manejo do solo;
P – fator de prática conservacionista.
51
Tabela 4. As relações entre causas e efeitos no processo de erosão agrícola, na região do Cerrado
(LANDERS, 2001)
Problema
Causas do
problema
Agentes
causadores
Efeitos
Agentes
receptores
Erosão do
solo na
área de
lavoura
Taxas de infiltração
do solo reduzidas
pela compactação
do solo
Monoculturas
Insuficiente
cobertura do solo
Práticas de controle
da erosão mal
dimensionadas
Agricultores
(pelo
revolvimento
excessivo do solo
e práticas
conservacionistas
inadequadas)
Perda de população de
plantas
Perda de nutrientes,
calcário e outros
insumos
Deposição de
sedimentos nos terraços
Perda de produtividade
Sulcos e voçorocas de
erosão
Elevação dos custos de
produção
Os próprios
agricultores
Externalidades geradas pela erosão do solo nas áreas agrícolas
Poluição
da água
Solutos e sólidos
em suspensão
Agricultores Assoreamento de rios,
lagos e represas
Elevação dos custos de
tratamento da água
Eutrofização dos rios
Redução da população
de peixes
Aumento no custo de
manutenção de usinas
hidrelétricas
Usinas
hidrelétricas
Pescadores
População a
jusante
Regime
hídrico
Redução na fase de
infiltração do solo
Agricultores Redução na taxa de
infiltração da chuva
Aumento do volume das
enchentes
Redução nos caudais dos
rios e rendimento de
poços durante estiagens
Redução da evaporação
do solo
População a
jusante
Os próprios
agricultores
Diversos estudos foram realizados com o intuito de aplicar a fórmula e para estimar os
valores de cada um dos fatores por meio de expressões empíricas, monogramas, quadros e
mapas. Dentre esses trabalhos, destacam-se os de SALVADOR (1989), BERTONI &
LOMBARDI NETO (1985) e WISCHMAYER & SMITH (1978).
A aplicação da USLE vem sendo muito utilizada com o uso de Sistemas de Informações
Geográficas (SIG) e técnicas de geoprocessamento, que permitem estimar a perda de solo por
52
erosão laminar, possibilitando contextualizar os resultados obtidos em função do uso e
ocupação das terras.
O geoprocessamento, na pesquisa, tem permitido um melhor gerenciamento de grandes
áreas com rapidez, precisão e a custos bem mais baixos quando comparados a levantamentos
feitos in loco (HELFER et al, 2003).
Na Bacia Hidrográfica do Alto Taquari, que abrange cidades do estado do Mato Grosso
do Sul e Mato Grosso, segundo estudo realizado por GALDINO et al (2003), que aplicou a
USLE com técnicas de geoprocessamento, estimou-se que, em 1994, o município de Costa
Rica - MS chegou a perder 98,3 t/ha ano, o município do Alto do Araguaia - MT, 144,8 t/ha
ano e o município de Alto do Taquari - MT, 104,3 t/ha ano, onde a estimativa média, que
considera o cálculo para toda a área da bacia, atingiu a marca de 70,39 t/ha ano, que
corresponde a um grau de erosão alto.
No Brasil, os prejuízos provenientes da erosão chegam à cifra de R$13,3 bilhões por
ano, valor parcial estimado em relação à depreciação da terra, o custo do tratamento de água
para consumo humano, o custo de manutenção de estradas e a reposição de reservatórios,
decorrente da perda anual da capacidade de armazenamento hídrico (SANTOS et al, 2002).
Os processos erosivos no meio rural ocorrem principalmente pelo revolvimento
excessivo do solo, contudo são também oriundos de outras práticas de manejo agrícolas, como
as queimadas e o cultivo de monoculturas.
As queimadas destroem as substâncias coloidais capazes de garantir uma certa coesão
do solo, enquanto a prática de monocultura sem reposição dos nutrientes esgota o solo, reduz
a produtividade primária e, conseqüentemente, a cobertura vegetal protetora.
53
A monocultura também modifica as propriedades físicas de resistência à erosão, pela
redução de húmus e demais frações com atividades coloidais e coesivas presentes (BRAGA et
al, 2004).
No meio rural, algumas medidas preventivas tomadas para o combate à erosão são pela
utilização de “práticas conservacionistas”, que permitem a exploração agrícola do solo sem
depurá-lo significativamente (BRAGA et al, 2004).
São exemplos de práticas conservacionistas: o preparo do solo para plantio em curva de
níveis; o terraceamento; estruturas que terminem em poços para infiltração das águas;
controle das voçorocas; preservação da vegetação nativa nas áreas de grande declive e nas
margens de água etc (BRAGA et al, 2004); (PRIMAVESI, 1990).
Outro processo degradante do solo é a perda de produtividade por adubação e correção
inadequada ou insuficiente dos solos, haja vista que alguns solos, por exemplo, os ácidos e os
pobres em fósforo, cálcio, magnésio ou com teores elevados de alumínio, manganês e ferro
necessitam da aplicação de fertilizantes e de correções para melhorarem sua eficiência
(SANTOS at al, 2002).
A correção da acidez do solo ocorre com a aplicação de calcário, que aplicado em
quantidades insuficientes, resulta numa menor eficiência dos fertilizantes, menor
produtividade das lavouras, menor renda para os agricultores, maior perda da capacidade
produtiva dos solos e, conseqüentemente, pressão sobre os recursos naturais (SANTOS et al,
2002).
A adição de fertilizantes ao solo visa atender à demanda de nutrientes das culturas, que
em ordem decrescente das quantidades exigidas pela planta, podem ser agrupados em:
macronutrientes principais (nitrogênio, fósforo, potássio), macronutrientes secundários
54
(cálcio, magnésio, enxofre) e os micronutrientes (ferro, manganês, cobre, zinco, boro,
molibdênio e cloro).
BRAGA et al (2004:141) afirmam que “como qualquer processo físico, químico e
biológico e mesmo quando o fertilizante é aplicado com o uso das melhores técnicas, a
eficiência nunca chega a cem por cento, e o excedente passa a incorporar-se ao solo, fixando-
se à sua porção sólida ou solubilizando-se e movimentando-se em conjunto com sua fração
líquida”.
Com isso, alguns fertilizantes podem ou fixar-se ao solo (em concentrações crescentes
poderão tornar o solo impróprio à agricultura) ou integrar-se ao corpos d’água, elevando seu
teor de concentração natural nas águas e ocasionando diferentes formas de poluição, como a
contaminação e a eutrofização.
Quando os teores atingem níveis tóxicos à fauna, à flora e ao homem, ocorre a
contaminação e quando ocorre a superfertilização das águas, ocorre a eutrofização, que é o
processo desencadeado pela produção de enormes quantidades de algas, que por competição,
eliminam muitas espécies aquáticas e restringem severamente os benefícios que podem ser
extraídos da água (BRAGA et al, 2004).
A poluição do solo rural pode ocorrer pelo uso de fertilizantes sintéticos e também pelo
uso de defensivos químicos, que são classificados em grupos e de acordo com o tipo de praga
que combatem: inseticidas, fungicidas, herbicidas etc.
O grande problema do uso dos defensivos é o seu comportamento no meio ambiente,
que podem ser disseminados na biosfera, por meio de fenômenos físicos ou pelas cadeias
alimentares, atingindo regiões além do desejado, contaminando os recursos naturais e os seres
vivos.
55
A disseminação na biosfera depende, além das condições físicas dos locais de aplicação,
do tipo de aplicação (aérea ou terrestre) e da precisão do maquinário de aplicação. E o grau de
contaminação dos defensivos está diretamente relacionado com a composição química e a
capacidade de se decompor no ambiente.
Dos principais grupos de defensivos, destacam-se os inseticidas a base de
organoclorados, como os heptacloros, os organofosforados e os cabamatos, os fungicidas à
base de sais de cobre e organomercuriais e os herbicidas com derivados do arsênico e do
ácido fenoxiacético (BRAGA et al, 2004).
A utilização de defensivos químicos de forma incorreta ou em grandes quantidades pode
resultar, dentre outras degradações, na contaminação das águas subterrâneas por lixiviação
dos compostos agroquímicos (WEILL, 1999).
Atualmente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) possui um sistema
de informações sobre agrotóxicos (SIA), na qual o usuário encontra todos os tipos de
informações essenciais dos principais defensivos químicos utilizados no Brasil como, por
exemplo, a classificação da periculosidade de cada produto em relação ao meio ambiente,
recomendações para aplicação e para armazenamento, composição química e marca comercial
(ANVISA/SIA, 2005).
Em razão da periculosidade dos agrotóxicos, muitas pragas têm sido combatidas por
meios biológicos em substituição a pesticidas, com o uso de predadores naturais,
microorganismos ou armadilhas.
Outra forma de combate é o manejo integrado de pragas, que visa controlá-las de modo
a minimizar as perdas econômicas por meio de sua redução populacional sem que seja preciso
eliminá-las completamente (BRAGA et al, 2004).
56
3.3
Cabe lembrar que o manejo integrado de pragas, de forma resumida, pode ser entendido
como a combinação de diversas técnicas ou métodos utilizados no plantio, como a rotação de
culturas, plantio em faixas, variedades resistentes e outras.
Além da poluição dos solos por defensivos e fertilizantes, uma outra forma de
degradação é a salinização, que pode ocorrer em virtude das as características dos solos
naturalmente mais susceptíveis, pela natureza do material, pelas condições climáticas ou
características do relevo.
A salinização pode ocorrer também pela ação antrópica, com o uso de irrigação na
exploração agrícola. Nesse caso, durante a irrigação, o nível de água (que contém sais em
solução) no solo se eleva e na ocorrência do processo de evaporação, o sal fica concentrado na
camada superior do solo (BRAGA et al, 2004).
Ao discutir o efeito da salinização pela irrigação, PRIMAVESI (1990:440) afirma que
“os problemas da água no solo dependem da relação entre a infiltração e evaporação. Se a
infiltração for maior, os solos são lixiviados e, com facilidade, se acidificam. Se a evaporação
predomina, ocorre o contrário, acumulam-se sais na camada superior dos solos e, com
facilidade, se salinizam”.
Planejamento ambiental e gestão ambiental
Uma forma de combate aos problemas ambientais no meio rural é o planejamento do
uso sustentável das terras e dos recursos naturais.
Segundo SANTOS (2004), entende-se como planejamento um processo contínuo que
envolve a coleta, organização e análise sistematizadas das informações, por meio de
57
procedimentos e métodos, para se chegar a decisões ou a escolhas acerca das melhores
alternativas para o aproveitamento dos recursos disponíveis.
O planejamento ambiental fundamenta-se na interação e integração dos sistemas que
compõem o ambiente, estabelecendo as relações entre os sistemas ecológicos e os processos
da sociedade. De acordo com LANNA (2000), o planejamento ambiental visa a promoção da
harmonização da oferta e do uso dos recursos ambientais no espaço e no tempo.
Para SANTOS (2004), é possível considerar o uso e ocupação das terras como um tema
básico para planejamento ambiental, já que ele retrata as atividades humanas que possam
significar pressão e impacto sobre elementos naturais.
Nesse sentido, pode-se afirmar que o planejamento ambiental e o planejamento do uso
das terras são complementares, sendo o primeiro a ampliação do segundo, com a inclusão das
considerações acerca dos impactos dos usos indicados sobre o ambiente físico e social
circundante (WEILL, 1999).
A função primordial do planejamento do uso da terra é guiar as decisões, de modo que a
alocação dos recursos naturais priorize seu melhor manejo possível e garanta,
simultaneamente, sua conservação.
Para a FAO (1995), o planejamento dos recursos e uso da terra é o processo de avaliação
das opções e subseqüente tomada de decisão a que precede a implementação da decisão ou
plano. Dessa forma, facilita a alocação da terra para os usos que promovam os melhores
benefícios de sustentabilidade.
Segundo SOUZA (2000), o planejamento está contido no sistema de gestão ambiental,
pois ele estrutura as diretrizes a serem seguidas pelos planos de ação e pela própria gestão
ambiental.
A gestão ambiental pode ser entendida como o conjunto de procedimentos que visam
conciliar o desenvolvimento com a qualidade ambiental.
58
3.4
LANNA (2000:5) define gestão ambiental como “o processo de articulação das ações
dos diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço com vistas a garantir a
adequação dos meios de exploração dos recursos ambientais - naturais, econômicos e sócio-
culturais - às especificidades do meio ambiente, com base em princípios e diretrizes
previamente acordados/definidos”.
Com base nessa definição, a gestão ambiental pode ser entendida como uma atividade
política focada na formulação de princípios e diretrizes, na estruturação de sistemas gerenciais
e na tomada de decisões e tem como objetivo final a promoção coordenada do inventário, uso,
controle, proteção e conservação do ambiente para atingir o objetivo estratégico do
desenvolvimento sustentável (LANNA, 2000).
A gestão ambiental, segundo SANTOS (2004), pode ser considerada como a integração
entre o planejamento, o gerenciamento e a política ambiental.
Dentro da concepção de gestão ambiental, SOUZA (2000) apresenta como etapas do
sistema: elaboração da caracterização ambiental e da atividade; realização de uma análise
ambiental; estudo e adoção de ações mitigadoras e proposição, instalação e operação de uma
rede de monitoramento.
Sistemas de Informações Geográficas - SIG
Os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) possuem diversas definições, que
foram sintetizadas por SILVA (2003:45) quando define que “os SIGs necessitam usar o meio
digital, portanto o uso intensivo da informática é imprescindível; deve existir uma base de
dados integrada, estes dados precisam estar geo-referenciados e com controle de erro; devem
conter funções de análises destes dados que variem de álgebra cumulativa (operação tipo
soma, subtração, multiplicação, divisão etc) até álgebra não cumulativa (operações lógicas)”.
59
O termo SIG está relacionado com os sistemas que efetuam tratamento computacional
de dados geográficos, que armazenam a geometria e os atributos dos dados que estão
georreferenciados - localizados na superfície terrestre e numa projeção cartográfica qualquer
(CÂMARA & MEDEIROS, 1998).
Dessa forma, os SIGs, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar banco de dados
georreferenciados, permitem a realização de análises complexas. Os SIGs permitem também a
automatização da produção de documentação cartográfica com a utilização de seus recursos
computacionais.
Atualmente existem em operação dezenas de SIGs criados para desempenhar diversas
funções. Podemos afirmar que o ponto em comum de todos eles é a capacidade de
desempenhar operações de sobreposição e consulta espacial.
SILVA (2003) divide como funções dos SIGs: a consulta, reclassificação, análise de
proximidade e de contigüidade, operações de superposição, análises algébricas não
cumulativas, análises algébricas cumulativas e análise de rede.
A função consulta é a mais básica e simples dos SIGs, consiste em “consultar” o banco
de dados e assim obter informações sobre a localização geográfica de qualquer dado espacial,
informações dos atributos correspondentes, comprimento de linhas, áreas, perímetros etc.
A função reclassificação permite que os usuários de um banco de dados produzam
informações espacializadas de acordo com seus interesses, otimizem a utilização dos dados
espaciais e integrem planos de informações (PIs), para atingir objetivos bem definidos.
A análise de proximidade é conhecida como operação de buffer ou análise de
corredores. O buffer gera subdivisões geográficas bidimensionais na forma de faixas, que
podem ser de forma simples (única faixa) ou múltipla (várias faixas).
60
Operações de superposição são funções muito utilizadas em SIG, em que diversos PIs
geo-referenciados podem ser superpostos por meio de operações de máscara (ou imposição),
colagem, comparação, associação e sincronização.
A operação de imposição ou máscara consiste na seleção de uma determinada área para
ser analisada e observada nos PIs de um projeto.
A colagem é uma operação de imposição de regiões geográficas de um determinado
mapa a outro mapa. Nessa operação as regiões são preservadas e os atributos mudam de
codificação sem alteração da qualidade.
A comparação entre mapas permite identificar e delimitar áreas com atributos idênticos.
Aquelas que ocupam a mesma região geográficas e atributos são preservadas.
A operação de associação gera áreas geo-referenciadas controladas por argumentos
estabelecidos previamente.
Por fim, a sincronização é uma operação em que, na superposição de mapas, ocorre a
intersecção de atributos, formando uma nova categoria independente (SILVA, 2003).
A operação de simultaneidade booleana de análises algébricas não cumulativas ou
lógicas utiliza os operadores clássicos tipo <NOT>, <AND>, <OR> e <XOR> para
estabelecer limites determinados a partir de informações consideradas falsas e verdadeiras. A
lógica permite a análise rápida de áreas e caso ocorra simultaneidade, conduzem a
desdobramentos operacionais.
As demais funções, como a análise de contigüidade (processos matemáticos baseados
em métodos de interpolação inverso do quadrado da distância, curvatura mínima, métodos
multiquadráticos e triangulação de Delaunay, e índices de autocorrelação, índice de Mora e
Geary), análises algébricas não cumulativas ou lógicas (simultaneidade booleana,
possibilidade fuzzy e probabilidade bayesiana), análises algébricas cumulativas (operações
tipo adição, subtração e divisão entre matrizes que correspondem ao arranjo dos dados
61
3.5
espaciais contidos em mapas geo-referenciados) e análise de rede (análises espaciais
quantitativas de elementos vetoriais) não são objetos deste estudo e por ora não foram
detalhadas.
Percebe-se que as inúmeras funções dos SIGs permitem a realização de dezenas de
operações e aplicações em diversas áreas, como no meio rural.
Tomemos por exemplo o planejamento agrícola de uma área ou microbacia hidrográfica.
ASSAD et al (1998) comprovaram o grande potencial de SIGs na integração de dados
geocodificados, a partir do cruzamento de vários PIs (mapa de solos, declividade, uso da terra
e vegetação original) referentes a microbacia estudada. Concluíram também que em pequenas
áreas, as principais vantagens, decorrentes da possibilidade de automatização de cruzamentos
complexos de informações, é a elevada precisão do produto final e a economia de tempo em
relação aos métodos tradicionais de análise, o que atesta a rapidez e precisão da utilização de
SIGs em análises que envolvam dados espaciais georreferenciados.
Avaliação de Terras para a agricultura
Uma prática muito antiga realizada desde os agricultores primitivos é a avaliação da
terra mediante a classificação de áreas em boas ou más, apropriadas ou não para determinados
fins, com base no conhecimento empírico e na estimativa de comportamento do trinômio
solo-planta-clima (ASSAD, HAMADA & CAVALIERI, 1998).
As metodologias de avaliação da terra são utilizadas para fornecer informações
necessárias sobre a sustentabilidade da terra e auxiliar na tomada de decisão sobre o
planejamento do uso da terra para a agricultura. As ferramentas se baseiam nos princípios de
sustentabilidade, isto é, consideram a avaliação pelo propósito econômico de uso da terra, as
62
conseqüências sociais para a população local e as conseqüências (benéficas ou adversas) para
o meio ambiente (FAO, 1976).
ASSAD, HAMADA & CAVALIERI (1998) afirmam que, de modo geral, as
metodologias podem ser dividas em dois grupos. Um grupo que visa à obtenção de uma
classificação da paisagem por intermédio da caracterização de um ou mais fatores e outro
grupo que classifica as paisagem a partir da estimativa de seu comportamento quando
utilizada para um fim específico.
Podemos enquadrar como metodologias para a avaliação da terra a Land System Survey,
a análise de paisagem e cartografia morfopedológicas.
A Land System Survey foi desenvolvida pela Commonwealth Scientifical and Industrial
Research Organization (CSIRO), na Austrália. A metodologia é baseada na descrição
fisionômica de paisagem, cujos resultados são apresentados pela descrição da região em
questão e por mapas de diferentes unidade naturais definidas (ASSAD, HAMADA &
CAVALIERI, 1998).
A análise de paisagem é baseada na observação dos diversos aspectos da natureza e de
sua interligação por relações casuais. Pode ser interpretada como a associação da ecologia à
descrição do meio físico natural, segundo a relação causa e efeito entre os fatores de clima,
relevo, vegetação e solos (ASSAD, HAMADA & CAVALIERI, 1998).
A cartografia morfopedológica tem por característica a concepção dinâmica do meio
ambiente natural e antropizado e consiste no conhecimento do meio físico por meio de sua
descrição e dinâmica. Permite a definição e a hierarquização das limitações que afetam o
manejo agrícola das terras (ASSAD, HAMADA & CAVALIERI, 1998).
Segundo SMITH (1999), essas ferramentas, de modo geral, não têm conduzido a uma
análise adequada de sustentabilidade do uso da terra. Os métodos seguidos não têm provido
informações suficientes para avaliar adequadamente a sustentabilidade dos sistemas agrícolas,
63
principalmente aqueles métodos que não consideram a sustentabilidade agrícola como um
conceito físico-sócio-econômico combinado e que não avaliam a questão multidimensional e
multi-escalar da natureza agrícola.
No Brasil, um dos sistemas de avaliação da aptidão agrícola de terras mais utilizado é o
Sistema FAO/Brasileiro de Aptidão Agrícola das Terras, criado no início da década de 1960.
O sistema foi muito inovador à época, pois incorporou na sua estrutura a avaliação da terra em
relação ao nível de manejo.
Segundo ASSAD, HAMADA & CAVALIERI (1998), o sistema considera a
possibilidade de reduzir a limitação ou as limitações do solo a partir da adoção de técnicas e
de capital, segundo graus de viabilidade compatíveis com o nível de manejo.
Na atual versão da metodologia, proposta por RAMALHO FILHO & BEEK (1995), a
estimativa das qualidades dos ecossistemas são realizadas a partir dos parâmetros: água,
nutrientes, oxigênio, mecanização e erosão.
A classificação das terras é dividida em quatro classes de aptidão: boa, regular, restrita e
inapta. Essa classificação é relativa a três níveis tecnológicos de manejo (baixo, médio, alto) e
a quatro tipos de utilização: lavoura, pastagem plantada, sivilcultura e pastagem natural.
A metodologia de aplicação desse sistema está baseada nos seguintes passos, conforme
ASSAD, HAMADA & CAVALIERI (1998:197):
a) listagem dos atributos do solo e do meio ambiente;
b) avaliação das potencialidades ao uso agrícola do solo e do meio ambiente em
termos de fertilidade, deficiência de água, deficiência de oxigênio,
susceptibilidade à erosão e impedimento à mecanização;
c) estimativa da melhoria dessas limitações conforme o nível de manejo
considerado; e
64
3.6
d) definição da classe de aptidão a partir do confronto das informações obtidas nos
itens (b) e (c) com um quadro-guia ou tabela de conversão climática.
A metodologia apresentada exige o cruzamento de inúmeras variáveis e está sujeita a
subjetividades nas estimativas de informações quantitativas ou qualitativas.
Dessa forma, por meio de SIGs, a complexidade e a dificuldade de trabalhar com dados
de formatos diferentes pode se tornar mais eficiente.
Os SIGs facilitam o trabalho de representação gráfica das classes e da atualização das
informações, além de minimizarem a complexidade e o grau de subjetividade de estimativas
por cruzamentos manuais.
Avaliação de impactos ambientais
Frente a necessidade de avaliação dos impactos ambientais provenientes de atividades
ou empreendimentos foram desenvolvidas algumas metodologias ao longo dos anos com o
intuito de dar maior objetividade aos resultados das avaliações, de forma que elas pudessem
ter aceitação e representatividade social e transformarem-se em instrumentos do processo de
tomada de decisões no licenciamento ambiental (BRAGA et al, 2004).
Podemos citar como instrumentos para a avaliação de impactos ambientais o “Estudo de
Impacto Ambiental – EIA” e o “Relatório de Impactos Ambientais – RIMA”, criados pela
resolução da CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), por meio da resolução n°
001/86.
Segundo o CONAMA, uma das atividades que dependem de EIA/RIMA para
licenciamento é a de “projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1000ha ou
menores, neste caso quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de
importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental”.
65
Por essa resolução, ficam definidos parâmetros de execução e redação da avaliação dos
impactos ambientais.
Alguns métodos foram adaptados para os fins de estudo de impacto ambiental, como:
Análise do Valor de Uso, Simulação Dinâmica de Sistemas e Análise de Custo-Benefício.
Outros foram desenvolvidos especialmente para a realização desses estudos, como a Análise
do Risco Ecológico. Algumas técnicas também foram empregadas como apoio à realização
dos estudos, como a: Lista de Checagem - “Checklist”, a Matriz de Interação, Redes de
Interação e “Overlay” ou sobreposição de dados gráficos (STROH et al, 1995).
O detalhamento desses métodos pode ser encontrado em: STROH et al (1995); MOTTA
(1998); LANNA (2000); NOGUEIRA et al (2000) e BRAGA et al (2004).
66
4.1
4. O MODELO TIM: “THREAT IDENTIFICATION
MODEL”
Introdução
Muitos países que incorporam na gestão pública elementos para o desenvolvimento
sustentável e o comprometimento social do uso da terra de modo geral, vêm desenvolvendo
métodos de avaliação e planejamento do uso do solo.
Tradicionalmente, os gestores e planejadores do uso da terra utilizam as “Plataforma de
Avaliação da Terra” da FAO
4
ou outros métodos similares. Estas metodologias de avaliação
são aplicadas para fornecerem as informações necessárias sobre a sustentabilidade da terra,
auxiliando-os nas tomadas de decisões sobre o planejamento do uso da terra para a
agricultura.
Esta plataforma se baseia nos princípios de sustentabilidade, isto é, consideram a
avaliação pelo propósito econômico de uso da terra, as conseqüências sociais para a
população local e as conseqüências (benéficas ou adversas) para o meio ambiente (FAO,
1976).
Segundo SMITH (1999), de modo geral essa plataforma não tem conduzido a uma
análise adequada de sustentabilidade do uso da terra. Os métodos seguidos não têm provido
informações suficientes para avaliar adequadamente a sustentabilidade dos sistemas agrícolas,
principalmente aqueles métodos que não consideram a sustentabilidade agrícola como sendo
4
Framework for Land Evaluation, FAO (Food and Agriculture Organization).
67
um conceito físico-sócio-econômico combinado e que não avaliam a questão
multidimensional e multi-escalar da natureza agrícola.
Na Austrália, uma das ferramentas criadas para melhorar os processos de avaliação e
planejamento do uso da terra é o TIM (Threat Identification Model). O modelo foi
desenvolvido para auxiliar os gestores de planejamento do uso do solo na identificação das
“melhores práticas” de manejo e tem sido utilizado para subsidiar iniciativas de perspectiva de
sustentabilidade.
Este modelo, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Melbourne, foi testado
com êxito numa localidade australiana, na sub-bacia hidrográfica do rio Crystal Creek, região
costeira no norte da Austrália.
As terras naquela bacia hidrográfica tinham um uso compartilhado entre atividades de
pastoreio em pastagens nativas e de pequenos pomares. Entretanto, a partir de uma análise
reducionista de um grupo de investidores, a qual apontou a região como de interesse à
expansão da indústria do açúcar, se estabeleceu uma mudança significativa no meio ambiente,
em conseqüência da nova atividade agrícola implantada.
O novo modelo agrícola adotado, monocultura da cana de açúcar, não se adequou
corretamente às características físicas e locais, o que resultou no surgimento de vários danos
ambientais na região.
Neste caso, a aplicação do modelo TIM permitiu ampliar o escopo de análise, apontando
usos potenciais bem diferentes do padrão recente adotado e identificando os fatores
causadores dos danos ambientais surgidos naquela localidade, apontando ainda, a necessidade
da realização de um idôneo planejamento, baseado em dados científicos e de conhecimento
local, como cruciais para o desenvolvimento sustentável agrícola para esta bacia hidrográfica
(SMITH, MCDONALD & THWAITES, 2000).
68
O modelo TIM é baseado na identificação de fontes de insustentabilidade no meio rural,
estabelecida por meio de matrizes de riscos e vulnerabilidades ambientais. O modelo se apóia
no “Princípio da Precaução”, cuja intenção é identificar e prevenir as causas de sérios ou
irreversíveis danos ambientais.
A linha lógica de raciocínio do modelo é que geralmente o conceito de sustentabilidade
é mais difícil de se definir e que em muitas vezes é mais fácil identificar os aspectos do
sistema que são insustentáveis do que os que são sustentáveis.
O TIM também utiliza técnicas de suporte à tomada de decisão e do uso de
Geotecnologias, como os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) e o Sistema de
Posicionamento Global (GPS), como ferramentas de suporte para as gerações de informações
que subsidiem a gestão territorial local.
Outra importante característica do TIM é a capacidade de poder auxiliar o processo de
planejamento do uso do solo para a agricultura em duas frentes, isto é, identificando índices
ambientais relevantes para futuros lugares de desenvolvimento agrícola e definindo condições
para o uso do solo na agricultura.
Sua implementação pode ser realizada inicialmente em grandes escalas (lotes ou
talhões) e depois, quando também são analisadas as informações sócio-econômicas, é possível
ampliar a visão para uma fazenda e ir crescendo até o ponto de analisar uma bacia
hidrográfica ou região.
As principais vantagens do modelo em relação às metodologias da FAO, segundo os
autores do modelo TIM, são:
(1) Sua aplicação pode ser realizada ex ante a implementação das práticas de manejo,
permitindo um direcionamento adequado do uso da terra, identificando e
prevenido problemas ambientais graves ou irreversíveis;
69
4.2
4.2.1
(2) Ele remove a necessidade de definir indicadores e critérios de avaliação de
sustentabilidade;
(3) Ele utiliza nosso conhecimento das causas e efeitos da degradação do solo e
quanto diferentes práticas de uso do solo influenciam nisso;
(4) Ele liga estes conhecimentos para definir as opções de manejo do solo (SMITH,
MCDONALD & THWAITES, 2000).
Dessa forma, o objetivo principal do TIM não é o de classificar o uso da terra como
sustentável ou insustentável, mas de ponderar aqueles aspectos de manejo do solo que podem
causar prováveis perdas irreversíveis ou de longo-tempo na produtividade da terra ou na
integridade ambiental.
Principais Etapas para o Desenvolvimento da Metodologia TIM
O modelo TIM possui cinco etapas principais, nas quais as ameaças para a
produtividade do solo e integridade ambiental, os dados dos recursos do solo e o
conhecimento do manejo do solo, estão ligados (SMITH, 1999).
A seguir serão apresentadas, resumidamente, cada uma das cinco etapas que compõem a
estruturação do modelo:
Identificação e atribuição de pesos para as ameaças de uso e sustentabilidade
Na primeira etapa ocorrem as avaliações dos atributos do solo, do clima, da vegetação e
da localização, gerando uma classificação de ameaças potenciais, através dos seguintes
procedimentos:
- Identificação das origens e efeitos de cada ameaça, no local ou fora deste;
70
4.2.2
- Identificação dos atributos que podem ser utilizados para avaliar a severidade de cada
ameaça na localidade;
- Ponderação de cada atributo identificado, em cada tipo de solo ou unidade de área,
definindo o potencial de cada uma das ameaças;
- Criação de uma matriz de ameaça potencial.
A matriz de ameaça potencial apresentará como resultado final as classificações das
ameaças em primárias e secundárias para cada unidade de terra. As ameaças primárias, que
são aquelas dominantes no local, são taxadas como moderadas (3), fortes (4) ou severas (5) e
as ameaças secundárias, que são as menos significativas, como negligenciáveis (1) ou
mínimas (2).
Identificação das práticas de manejo:
Essa segunda etapa é constituída pelo reconhecimento das atividades realizadas na área
de estudo, em cada uma das parcelas menores, como em talhões ou fazendas, sendo realizadas
pela:
- Identificação das práticas de manejo utilizadas na área de estudo, através da aplicação
de uma entrevista com os usuários locais, fazendeiros e gestores do uso da terra e;
- Utilização de um SIG contendo mapas de tipos de solo e de um Banco Digital de
Cadastro de Dados (BDCD) da área, instalados num computador portátil, como auxílio na
identificação das práticas.
Assim, são identificadas nos locais onde aplicadas as entrevistas, quais as práticas
específicas utilizadas na gestão de cada unidade de terra.
71
4.2.3
Ponderação entre o relacionamento de manejo e ameaças para a
sustentabilidade:
A terceira etapa constitui-se do desenvolvimento de uma matriz que apresente o
relacionamento entre as práticas de manejo e as ameaças, e a reversibilidade em função do
tempo de quaisquer degradações da terra causadas a partir de determinadas ameaças.
Para tanto, são realizados os seguintes procedimentos:
- Identificação dos relacionamentos de cada prática de manejo com as ameaças,
ponderando como relacionamento benéfico (B), relacionamento adverso (A) e sem
relacionamento(N). Os relacionamentos, benéficos e adversos, são subdivididos em categorias
de acordo com sua intensidade, classificados como fortemente (SB ou AS), moderadamente
(MB ou MA) e fracamente (WB ou WA)
5
;
- Identificação das ameaças quanto à possibilidade de reversibilidade por determinadas
práticas identificadas anteriormente. As ameaças são ponderadas como reversíveis (R) ou
irreversíveis (I). No caso de serem reversíveis, se o são em curto-prazo (S), médio-prazo (M)
ou em longo-prazo(L)
6
;
- Desenvolvimento de uma matriz R/R (Relacionamento/Reversibilidade) usando
técnicas de suporte à decisão.
A determinação da ponderação usada na matriz de decisão R/R pode ser realizada com o
auxílio dos mais diversos especialistas das áreas correspondentes.
5
As nomenclaturas SB, MB e WB vêem da origem dos conceitos em inglês, isto é, o de
strongly beneficial (SB), moderately beneficial (MB) e de weakly beneficial (WB), sendo que o
mesmo ocorre em relação ao conceito de adverso (Adverse).
6
Novamente, as nomenclaturas seguem o original em inglês, sendo S (short-term), M
(medium-term) e L (long-term).
72
4.2.4
4.2.5
Aplicação da classificação das práticas e recomendações de manejo da terra:
Na quarta etapa, os resultados obtidos na primeira etapa (ponderação de ameaças
potenciais) e da terceira etapa (Relacionamento/Reversibilidade) são usados para classificar as
práticas identificadas na segunda etapa, pelo seguinte procedimento:
- Cruzamento das matrizes para a identificação das “melhores práticas”, onde em função
da combinação da ponderação da matriz R/R, cada prática pode ser classificada como sendo
Neutra (N), Essencial (F1), Favorável (F2), Condicional (F3), Não-favorável (U) ou Proibitiva
(P).
Assim, utilizando esta classificação, as práticas de manejo podem ser classificadas em
relação às ameaças primárias de cada unidade de terra.
As práticas que são favoráveis ou condicionais para uma ou mais ameaças primárias
numa unidade de terra e que não são classificadas como não-favoráveis para nenhuma outra
ameaça nesta unidade, são conceituadas como práticas primárias (melhores práticas).
Os resultados da classificação das práticas podem ser usados como suporte na
elaboração de recomendações para a gestão da terra.
Identificação de ameaças secundárias potenciais:
A última etapa do TIM identifica as ameaças secundárias potenciais para o manejo da
terra. As ameaças secundárias potenciais resultam a partir da implementação das práticas
primárias, e são estas ameaças secundárias que são condicionais ou não favoráveis em relação
às respectivas práticas primárias.
73
4.3
Resultados e Discussão do Modelo TIM
O TIM pode ser implementado pela utilização dos recursos computacionais de um
gerenciador de banco de dados, por exemplo, o Microsoft Access, para gerar um Sistema de
Suporte à Tomada de Decisão para o planejamento do uso do solo.
Essa estrutura computacional permite sua ligação com um SIG, o que potencializa sua
utilidade no planejamento do uso do solo, pois este permite obter como resultados a
integração com outras informações espaciais e a geração de mapas.
Na aplicação original do modelo, a qual utilizou-se do procedimento descrito acima,
foram geradas 5 tabelas de saída (outputs tables), onde cada uma delas relacionavam as
práticas classificadas e suas respectivas ameaças ambientais, em cada unidade de terra. A
partir disso, cada uma das tabelas foi ligada à Tabela de Atributo do Mapa de Solo da Bacia
Hidrográfica estudada.
Com esse procedimento, é possível, desde que utilizando corretamente as tabelas no
ArcView, a produção de 5 tipos básicos de saídas para a avaliação da sustentabilidade no
manejo do solo:
1. Mapas de ameaças e atributos da terra;
2. Mapas de práticas favoráveis;
3. Mapas de práticas não favoráveis;
4. Mapas de práticas primárias ou “melhores práticas”;
5. Mapas de ameaças secundárias potenciais.
A Figura 1 ilustra um dos resultados espaciais possíveis do TIM, tendo sido gerado um
mapa de erosão do solo a partir dos resultados obtidos com a ponderação dessa ameaça por
tipo de solo, realizada na primeira etapa do modelo. Nesse caso, para cada tipo de solo, foi
74
atribuído um grau de potencial de erosão, em função das características físico-químicas e da
área de ocorrência (declividade) dos mesmos.
Cabe ressaltar que os resultados espaciais do TIM são gerados a partir das análises de
todas as matrizes elaboradas em cada uma das etapas, sendo que estas também são partes
constituintes dos resultados do modelo.
Os mapas resultantes deste modelo fornecem cenários que são incorporados nas análises
de insustentabilidade do meio envolvido, sendo possível deste modo uma visão espacial das
vulnerabilidades ambientais analisadas e até mesmo o estabelecimento de um cenário “ideal”,
onde fica possível planejar as ações necessárias para reverter o quadro “atual” de
insustentabilidade.
Figura 1. Mapa de erosão do solo para um tipo de uso (LU5) na Bacia de Cristal Creek.
(SMITH, 1999)
75
5.1
5. MATERIAL E MÉTODOS
Descrição da Área de Estudo
O projeto PROBIO (Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade
Biológica Brasileira), coordenado pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente), identificou e
mapeou diversas áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de
benefícios da biodiversidade brasileira, entre elas o Corredor Ecológico
7
Cerrado-Pantanal,
apontando a região como área prioritária de conservação.
Neste estudo, um dos subprojetos foi a “Ações Prioritárias para a Conservação da
Biodiversidade do Cerrado e do Pantanal”, onde, por indicação de especialistas, o bioma
Cerrado foi colocado como uma das 25 áreas mundialmente mais críticas, devido à sua
riqueza biológica e à alta pressão antrópica a qual vem sendo submetida (MMA/SBF, 2002).
O cenário diagnosticado pelo estudo reforça a necessidade da diversificação de
pesquisas para a conservação, que visem não somente a preservação de espécies, mas o
desenvolvimento de metodologias que contribuam para um melhor planejamento do uso e
7
A expressão “Corredores Ecológicos” denota o conceito de faixas de transição entre
dois biomas, no caso, o bioma Cerrado e o Pantanal. Sustentam ainda que essas áreas
necessitam de uma forte preservação ambiental devido sua importância para o ecossistema na
qual estão inseridos. Segundo a Lei nº 9.985/2000, nos termos do art. 2º, entende-se por
Corredores Ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades
de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota,
facilitando a dispersão de espécies e a re-colonização de áreas degradadas, bem como a
manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior
do que aquela das unidades individuais (VALERI & SENÔ, 2004).
76
ocupação desta importante região no cenário mundial, e que permitam estabelecer o
relacionamento entre as intensas atividades agrícolas e a degradação do meio ambiente,
identificando assim as fontes insustentáveis deste corredor.
Dentro deste contexto, a área de estudo escolhida é uma região de entorno do Parque
Nacional das Emas (PNE), um vetor do Corredor Ecológico Cerrado-Pantanal, apontado no
PROBIO como uma área extremamente prioritária para a intervenção no manejo do solo.
A área de estudo foi definida como sendo a região delimitada pelas propriedades do
entorno do PNE que estão dentro do limite municipal de Costa Rica, MS.
O PNE encontra-se em área de grande pressão pela ampliação da fronteira de exploração
econômica, que tem gerado impactos significativos na região ao colocar em risco a
conservação dos recursos naturais em patamares mínimos sustentáveis.
A região de entorno do parque engloba uma área dos municípios de Costa Rica – MS,
Mineiros – GO, Chapadão do Céu – GO, Serranópolis – GO e Alto do Taquari – MT e está
localizada entre os paralelos 17°45’ e 18°28’ de latitude Sul e os meridianos 53°38’ e
53°13’WGr.
Dos municípios, a região de Costa Rica foi o centro dos esforços deste estudo. Este
município, fundado em 1980, encontra-se numa altitude média de 640 metros (na região de
estudo, a altimetria varia de 600 a 1000 metros) e possui aproximadamente 15.000 habitantes.
Está localizado na divisa de três estados: Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso,
conforme ilustrado na Figura 2 e Figura 3.
O clima, relevo e vegetação são típicos do bioma Cerrado.
A precipitação média anual
fica entre 1600 e 1700 mm. A temperatura apresenta variação expressiva ao longo do ano,
aumentando rapidamente na primavera, mantendo-se elevada no verão e decaindo lentamente
a partir do início do outono. As médias máximas oscilam entre 30,4° e 31,7° C e as mínimas
entre 18° e 19° C, nos meses de junho/julho.
77
Figura 2. Limites estaduais e o município de Costa Rica
Figura 3. Mapa dos municípios vizinhos a Costa Rica
78
O período chuvoso estende-se de novembro a maio, cerca de 80% da chuva anual ocorre
neste período, com o auge em dezembro e janeiro. Curtos períodos de secas, chamados de
“veranicos”, com duração de cerca de 10 a 15 dias ou mais, podem ocorrer em meio a essa
estação, geralmente nos meses de janeiro a março, criando sérios problemas para a agricultura
(OLIVEIRA et al, 2003).
A vegetação é bastante diversificada, apresentando desde formas campestres bem
abertas, como os campos limpos de cerrado, até formas relativamente densas, florestais, como
os cerradões (limitados mais na região dentro do parque).
Encontram-se ainda fisionomias como a savana, campos sujos, campos cerrados e os
cerrados “sensu stricto”. A região apresenta também uma topografia suave, com grandes
chapadões e pequenas áreas de várzea, sem apresentar grandes declives (COUTINHO, 2004).
Os solos que ocorrem na área de estudo, segundo OLIVEIRA et al (2003), são:
Cambissolos Háplicos (Cambissolos);
Gleissolos Melânicos (Gleissolos);
Latossolos Amarelos (Latossolos Amarelos);
Latossolos Vermelhos (Latossolos Vermelho-Escuros);
Latossolos Vermelho-Amarelos (Latossolos Vermelho-Amarelos);
Neossolos Litólicos (Solos Litólicos);
Neossolos Quartzarênicos Órticos (Areias Quartzosas);
Organossolos Háplicos (Solos Orgânicos);
Plintossolos Pétricos (Solos Concrecionários Indiscriminados).
O apêndice A apresenta o mapa de tipos de solos para a região de entorno.
79
A caracterização de cada um destes solos foi detalhada no Apêndice B, onde são
apresentadas suas principais características, limitações ao uso agrícola, susceptibilidade à
erosão e área de ocorrência. Esses dados foram obtidos da pesquisa realizada por OLIVEIRA
et al (2003) e utilizados como instrumento de análise deste estudo.
Na área de estudo, que engloba diversas propriedades rurais da região (cerca de 45
propriedades), a principal fonte econômica é a intensa atividade agrícola, de produção em
larga escala e com alto grau de mecanização na lavoura, com o predomínio da monocultura de
grãos (soja e milho) e de algodão, nas regiões mais planas. Destaca-se também na região a
pecuária extensiva, em regiões de maior declividade. A Figura 4 apresenta as propriedades da
área de estudo.
Figura 4. Propriedades da área de estudo.
80
Apesar do grande volume em investimentos na agricultura, a região apresenta um
quadro crítico quanto à infra-estrutura de transporte, já que a região praticamente não possui
estradas asfaltadas ou obras mitigadoras de impactos ambientais, prejudicando o escoamento
da produção e o transporte local, além de contribuir para o agravamento de danos ambientais,
como a erosão e assoreamento.
A fotografia da Figura 5 ilustra um exemplo de erosão identificada na região,
proveniente de práticas agrícolas inadequadas e a falta de obras mitigadoras de danos
ambientais (na área superior da fotografia temos uma estrada de terra intermunicipal).
Figura 5. Marcas do processo erosivo na área de estudo.
81
Outro fator decorrente da falta de adoção de práticas agrícolas adequadas é a ocorrência
de processos erosivos na área de plantio e assoreamento nos recursos hídricos.
A contaminação da fauna e flora pelo uso de produtos agroquímicos é evidente na
região. Muitos animais saem da divisa do parque para alimentar nas plantações vizinhas,
podendo ser contaminados pela ingestão de grãos ou pela própria aplicação, via aérea, dos
defensivos químicos, muito comum na região. A fotografia da Figura 6 ilustra alguns animais
(Emas) alimentando em área de plantio no entorno do PNE e sujeitos à contaminação por
defensivos químicos.
Figura 6. Animais em área de plantio no entorno do Parque Nacional das Emas
82
5.2
Material Cartográfico Básico e de Sensoriamento Remoto
O material cartográfico de base utilizado na presente pesquisa corresponde a mapas e
levantamentos de várias procedências. Esses materiais foram utilizados para a construção de
uma base cartográfica da região de interesse em um Sistema de Informação Geográfica.
Foram utilizadas cartas topográficas da região, conforme a Tabela 5.
Tabela 5. Listas de cartas IBGE (1:100. 000) que cobrem o município.
Mir Folha Nome carta Tipo
2403 SE-22-Y-A- I SERRA DO TAQUARI Topográfica
2404 SE-22-Y-A- II BAUS Topográfica
2405 SE-22-Y-A-III PARQUE NACIONAL DAS EMAS Topográfica
2440 SE-22-Y-A- IV FIGUEIRAO Topográfica
2441 SE-22-Y-A- V COSTA RICA Topográfica
2442 SE-22-Y-A- VI CABECEIRAS DO APORE Topográfica
2478 SE-22-Y-C- II PARAISO Topográfica
2479 SE-22-Y-C-III ALTO SUCURIU Topográfica
Além das Cartas, foi digitalizado um mapa do tipo de solos, escala 1: 65.000, da região
do Entorno do PNE, entre os paralelos 17° 45’ e 18° 28’, latitude Sul e os meridianos 53° 38’
e 53° 13’WGr. O mapa original foi publicado em OLIVEIRA et al (2003) e digitalizado e
tratado para as análises deste estudo.
O produto de sensoriamento remoto utilizado para a realização deste trabalho foi uma
imagem orbital proveniente do sensor TM/Landsat órbita-ponto 224/73. A data de passagem é
do ano de 2001 e a imagem foi cedida pelo Núcleo Oreades de Geoprocessamento. Não foi
possível determinar o dia e mês de passagem devido à falta de maiores dados do fornecedor,
contudo a imagem não será utilizada para análises temporais ou outras análises, onde a data se
faz importante. As bandas espectrais utilizadas foram: 2, 3, 4, 5 e 7.
A Figura 7 ilustra a sobreposição da imagem, as cartas topográficas e o limite municipal
do Municipal de Costa Rica, MS.
83
Figura 7. Sobreposição de Imagem de Satélite, Cartas Topográficas e Limite Municipal de
Costa Rica, MS.
Os softwares utilizados nas atividades de Geoprocessamento e SIG foram: ESRI
ArcMap 8.3, ERDAS IMAGINE 8.6 e SPRING \ INPE versão 4.0.
Para a atividade de campo, foi utilizado um GPS (Global Position System), modelo
Garmim SRVY II, que faz parte do acervo do Laboratório de Geomática do ITA (Instituto
Tecnológico de Aeronáutica).
84
5.3
5.3.1
5.3.2
Planilhas eletrônicas foram criadas no Microsoft Excel e o gerenciamento do Banco de
Dados no Microsoft Access, as quais foram utilizadas para a implementação do modelo TIM.
Metodologia
A metodologia escolhida para o desenvolvimento deste estudo baseia-se no modelo
TIM. Para o cumprimento do objetivo deste trabalho, foi necessário adaptar o modelo às
condições locais e ao foco de interesse da análise pretendida.
Para tanto, foram realizadas algumas etapas metodológicas para a coleta de dados e o
estabelecimento e aplicação dos critérios de classificação das práticas agrícolas e dos riscos
ambientais, finalizando com a elaboração da Tabela de Consulta e um SIG. A seguir são
descritas as etapas realizadas.
Coleta de Dados Secundários
Após a definição da área de estudo, primeiramente foram coletados os dados
secundários (cartas topográficas, imagem de satélite, mapas pedológicos e outras informações
sobre atividades econômicas), citados no item 4.2. “Materiais Cartográficos e de
sensoriamento remoto” deste estudo.
Coleta de Dados Primários
Na segunda etapa foi realizada a atividade de campo para a coleta de dados primários,
qualitativos e quantitativos, da área de estudo. Nesta etapa, realizada simultaneamente por um
85
estudo da literatura, também foram identificadas as principais práticas agrícolas adotadas e as
ameaças ambientais com maiores ocorrências na região.
O dados de campo foram coletados a partir de quatro procedimentos: aplicação de um
questionário aos produtores locais, coleta de pontos espaciais com o uso de GPS, reunião com
atores locais e inspeção da situação ambiental local.
O questionário desenvolvido para esta etapa abordou as questões sociais, ambientais,
econômicas e as práticas e manejos do solo adotados na região, sendo estruturado da seguinte
forma:
-Dados de localização, tamanhos e logradouro das propriedades:
- Nome do proprietário;
- Nome da propriedade;
- Localização da propriedade;
- Logradouro;
- Referência espacial (latitude/longitude);
- Distância até a sede do município;
- Tamanho da propriedade.
-Dados da família do produtor/entrevistado:
- Produtor (proprietário, arrendatário, parceiro);
- Número de pessoas na família e idade;
- Local de residência (rural, urbana);
- Número de familiares trabalhando na propriedade e suas funções;
- Nível de escolaridade dos integrantes da família;
- Doenças na família;
- Origem e status da família (rural/urbana, proprietário/empregado);
- Expectativa dos filhos permanecerem no meio rural;
- Fontes de renda da família (rural e urbana);
- Fonte de água consumida (rio, mina, cacimba, poço, rede municipal);
- Atividades sociais;
- Qualidade de vida.
86
-Dados sobre os empregados e arrendatários/parceiros:
- Número de assalariados e de registrados;
- Local de residência (urbano, rural);
- Tipo de residência (aluguel, empréstimo);
- Divisão de trabalho (meeiros, parceiros, arrendatários);
- Número de profissionais e suas funções na propriedade.
-Dados das práticas agrícolas e manejo do solo, por cultura:
- Tipos de culturas;
- Técnicas de cultivo;
- Número de safras e período;
- Preparo do solo;
- Tipos de insumos;
- Controle de pragas;
- Irrigação/fonte;
- Tipos de veículos utilizados;
- Área de cultivo (máxima, mínima, ideal);
- Declividade (baixa, média, alta);
- Tipo de solo;
- Produtividade por hectare;
- Investimento por hectare.
-Dados sobre a produção:
- Tipos de financiamento;
- Local de aplicação dos financiamentos;
- Meio de escoamento da produção;
- Infra-estrutura de armazenamento da produção;
- Destino da produção (mercado interno/externo).
-Dados Ambientais:
- Práticas adversas ao meio;
- Práticas benéficas ao meio;
87
- Identificação de mudanças ambientais na propriedade e região;
- Medidas tomadas em relação às mudanças ambientais;
- Área de Reserva Legal.
O modelo do questionário aplicado, com as perguntas formuladas para a obtenção dos
dados de interesse, está apresentado no Apêndice C. Algumas perguntas do questionário
tiveram a finalidade de compor um banco de dados que não foi utilizado neste projeto de
pesquisa.
Das 45 propriedades mapeadas e passiveis de visitação, o questionário foi aplicado em
19 propriedades. Esse número reduzido de propriedades deve-se ao critério adotado para a
aplicação, realizado apenas onde existia a presença de respondente hábil (proprietário ou
gestor da propriedade). Dessa forma, nas demais propriedades, por não haver respondente
hábil, foram realizadas inspeções da situação local.
A Figura 8 mostra o mapa das propriedades onde foram aplicados os questionários
(região azul). É possível observar o Parque Nacional das Emas e os limites de algumas
fazendas da região (contorno amarelo) e na Tabela 6 são apresentadas as propriedades
analisadas e suas respectivas áreas.
Durante esta etapa, foram realizadas reuniões na cidade de Mineiros (GO), com
representantes das ONGs Núcleo Oréades de Geoprocessamento (parceiro para apoio local) e
da Conservação Internacional do Brasil (financiador deste estudo), e na cidade de Costa Rica
(MS), com representantes da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social e
Departamento de Turismo e Meio Ambiente de Costa Rica.
As reuniões promoveram um intercâmbio técnico-científico das problemáticas
encontradas na região, obtenção de informações, propósito do projeto, divulgação e
88
explicação do modelo TIM e o reconhecimento da infra-estrutura local. Dessa forma, as
reuniões foram consideradas como um dos procedimentos para a coleta de dados.
Parque Nacional das Emas
Figura 8. Mapa das propriedades onde foram aplicados os questionários.
Tabela 6. Propriedades visitadas.
Fazenda Área (ha) Fazenda Área (ha)
Planalto
17035
Bacuri 2800
São Paulo 8300 Santa Bárbara 2000
Reunidas Schlatter XIII 6000 Nhanduti 1520
Paraná 4840 Nova 1500
Agropecuária Dois Amigos 4000 Furnas do Indaiá 1000
Jato 4000 Brasão 900
Santo Antônio do Pontal 3800 Nova II 200
Santa Maria I, II e Invernadinh
a
3600 Santo Antônio 83
Romagna 3500 Nossa Sra Aparecida 78
Sucuriú 3100
Outro procedimento para a coleta de dados foi a inspeção da área de estudo e do PNE,
realizado durante as visitações das propriedades e do parque, onde diversos problemas
89
5.3.3
ambientais da região foram diagnosticados e as informações armazenadas no Banco de dados
deste estudo.
Elaboração dos Critérios para Classificação
O modelo TIM trabalha com alguns critérios de classificação que são aplicados durante
o desenvolvimento da metodologia. Estes critérios dão suporte à interpretação e análise dos
resultados dos relacionamentos entre as práticas agrícolas e as vulnerabilidades ambientais,
previstas neste modelo.
a) Grau de Reversibilidade:
O primeiro critério de classificação utilizado é o “Grau de Reversibilidade”, gerado a
partir da combinação de três fatores e suas respectivas variáveis, conforme apresentados
abaixo:
Tempo: Curto (CP), Médio (MP) e Longo Prazo (LP);
Técnica: Pouca (PT), Normal (NT) e Avançada, com necessidade do
desenvolvimento de novas tecnologias (AT);
Custo Direto: Baixo (BC), Médio (MC) e Alto (AC).
O fator Tempo refere-se ao período necessário para reverter o dano causado por uma
ameaça ambiental após sua ocorrência. O fator Técnica refere-se às técnicas existentes na
região para reverter a ameaça, novamente depois de ocorrida. Por fim, o fator Custo Direto,
refere-se ao custo para reverter o dano causado pela ameaça, sem considerar os fatores Tempo
e Técnica.
90
No critério adotado deste estudo, por ora não foi considerado o fator Custo Direto na
classificação da reversibilidade, já que o mesmo contempla indiretamente os outros dois
fatores (Tempo, Técnica). Dessa forma, a combinação das variáveis desses dois fatores resulta
no Grau de Reversibilidade das ameaças, conforme indicado na Tabela 7 abaixo:
Tabela 7. Grau de reversibilidade.
TEMPO TÉCNICA REVERSIBILIDADE
CP PT
ALTA (RA)
CP NT
MP PT, NT
LP PT, NT
MP AT
CP AT
LP AT
MÉDIA (RM)
BAIXA (RB)
Na combinação dos fatores, foi considerado que o fator Técnica Avançada (AT) é
dominante sobre o fator Tempo (CP, MP e LP), classificando qualquer combinação entre eles
com o grau de Reversibilidade Baixa (RB).
Ou seja, quaisquer ameaças que possam ser revertidas, seja qual for o tempo necessário
para isso, mas que exija o emprego de técnicas avançadas, que normalmente são de um custo
elevado e não atrativo para o produtor, serão consideradas como de baixa reversibilidade
(difíceis de se reverter) e ficarão sujeitas a uma análise mais rigorosa, devido aos prováveis
graves impactos ambientais gerados.
Assim, nesta análise foi considerado o baixo nível tecnológico da região,
impossibilitando e inviabilizando a reversão de qualquer ameaça pelo emprego de alta
tecnologia.
As ameaças reversíveis à Curto Prazo (CP) e com Pouca Técnica (PT) foram
classificadas como de Reversibilidade Alta (RA). As demais combinações foram classificadas
como Reversibilidade Média (RM).
91
O objetivo de se utilizar o Grau de Reversibilidade das ameaças é o de qualificar a
reversibilidade das ameaças que poderão se concretizar pela adoção de uma ou mais práticas
agrícolas inadequadas ou as que poderão ser prevenidas por práticas adequadas.
b) Classificação das Práticas:
O segundo critério utilizado é a “Classificação das Práticas”, determinado a partir da
relação entre os parâmetros de relacionamento das práticas agrícolas com as ameaças
ambientais e o Grau de Reversibilidade das ameaças ambientais, cuja interação dos dois
parâmetros é denominado de “Grau Relacionamento/Reversibilidade” ou “Taxa R/R”.
Ou seja, depois de se estabelecer a Taxa R/R, aplica-se o critério de Classificação das
Práticas.
Nesta etapa, as práticas agrícolas são relacionadas com as ameaças ambientais,
considerando o tipo ou natureza do “Grau Relacionamento” e em função do “Grau de
Reversibilidade” das ameaças.
O Grau de Relacionamento é definido como:
Benéfico (B), quando a prática previne, reduz ou reverte o desenvolvimento da
ameaça, podendo variar em Alto (BA) e Baixo (BB), dependendo da natureza do
relacionamento;
Adverso (A), quando a prática promove, aumenta ou facilita a ocorrência do
desenvolvimento da ameaça, variando em Alto (AA) e Baixo (AB), novamente,
dependendo da natureza do relacionamento;
Sem Relação ou neutra (N), quando a prática não previne, reduz ou reverte o
desenvolvimento da ameaça, nem promove, aumenta ou facilita a ocorrência dela, ou
até mesmo, simplesmente não tem qualquer correlação entre prática e ameaça.
92
A Tabela 8 ilustra a nomenclatura utilizada para o grau de relacionamento.
Tabela 8. Grau de relacionamento.
ÍNDICE
BA
BB
N
AA
AB
Adverso Baixo
RELACIONAMENTO
Benéfico Alto
Benéfico Baixo
Neutro ou sem relação
Adverso Alto
O Grau de Reversibilidade, conforme apresentado anteriormente, foi determinado como
Alta (RA), Média (RM) e Baixa (RB).
Com a combinação do Grau de Relacionamento com o Grau de Reversibilidade,
denominado Taxa R/R, foi estabelecido o seguinte critério para a Classificação das Práticas ,
conforme a Tabela 9:
Tabela 9. Critério de classificação das práticas.
CLASSIFICAÇÃO ÍNDICE
Prática Favorável
F
Prática Essencial
E
Prática Condicional
C
Prática Neutra
N
Prática Proibitiva
P
Prática Não-favorável
U
AARB
N
AARM, ABRM, ABRB
TAXA R/R
BARB
BARM, BARA, BBRA, BBRM, BBRB
AARA, ABRA
O critério de Classificação das Práticas baseia-se na premissa de que as práticas de
manejo do solo que previnem, reduzem ou revertem os desenvolvimentos de ameaças
ambientais numa determinada unidade de terra (Práticas Benéficas), são favoráveis ao manejo
adequado da área.
93
As práticas que promovem, aumentam ou facilitam o desenvolvimento de ameaças
ambientais numa determinada unidade de terra (Prática Adversas), são não-favoráveis no
manejo desta terra ou unidade, causando danos ambientais e até mesmo, reduzindo a
produtividade.
Dessa forma, com a aplicação do critério, cada prática agrícola poderá ser classificada
como Essencial (E), Favorável (F), Condicional (C), Não-favorável (U), Proibitiva (P) ou
Neutra (N), dependendo do tipo de relacionamento com as ameaças e da reversibilidade delas,
conforme explicado abaixo:
Prática Essencial (E) – são aquelas práticas que possuem um relacionamento altamente
benéfico na prevenção de ameaças com reversibilidade baixa ou irreversível. Estas
práticas são de uma categoria especial, sendo indispensáveis para a prevenção dos
danos ambientais de maior impacto ao meio ambiente.
Prática Favorável (F) – são aquelas práticas que possuem um relacionamento benéfico
alto ou baixo na prevenção das ameaças de reversibilidade média ou alta, ou aquelas
que têm um relacionamento baixo na prevenção das ameaças de reversibilidade média
ou baixa. As práticas favoráveis (F) junto com as essenciais (E) são consideradas
como as melhores práticas para prevenir degradações no meio rural.
Prática Condicional (C) – são aquelas práticas que possuem um relacionamento
adverso alto ou baixo na prevenção das ameaças de reversibilidade alta. Isto é, seu uso
requer melhor análise, pois apesar de adverso, as ameaças são de alta reversibilidade;
Prática Não favorável (U) – são aquelas práticas que possuem um relacionamento
adverso alto ou baixo na prevenção das ameaças de reversibilidade média, ou possuem
um relacionamento adverso baixo na prevenção das ameaças de baixa e média
reversibilidade.
94
5.3.4
Prática Proibitiva (P) – são aquelas práticas que possuem um relacionamento adverso
alto na prevenção das ameaças de baixa reversibilidade.
Prática Neutra (N) – são as práticas que não possuem nenhum relacionamento com as
ameaças.
Assim, coletados todos os dados necessários para o desenvolvimento da metodologia e
estabelecidos os critérios de classificação que são aplicados no decorrer do estudo, os
próximos passos foram a execução das etapas previstas para a estruturação do modelo TIM e
que estão apresentadas na seção seqüente.
Identificação das práticas agrícolas e das ameaças ambientais
Na área de estudo, as principais práticas agrícolas e as ameaças ambientais foram
identificadas pela realização das atividades de coleta de dados, de um estudo bibliográfico e
contou com o auxílio de especialistas de ciências agrária e meio ambiente.
Dessa forma, definiu-se como objeto de análise deste estudo as seguintes práticas
agrícolas (Tabela 10) adotadas na região, onde procurou-se estudar os impactos ambientais
das práticas agrícolas dos seguintes grupos principais: Preparo do solo; Drenagem superficial;
Irrigação; Rotação das culturas; Tipos de fertilizantes; Controle de plantas daninhas; Controle
de pragas e doenças; Meio de aplicação dos defensivos químicos; Tipo de transporte.
Utilizando a mesma metodologia para a identificação das práticas agrícolas, foram
determinadas quais as ameaças ambientais seriam utilizadas como objeto para as análises. As
ameaças ambientais englobam problemas causados pela degradação dos solos, dos recursos
hídricos e dos recursos naturais.
Na Tabela 11 são apresentadas as principais ameaças ambientais identificadas na região
de estudo.
95
Tabela 10. Opções de práticas agrícolas na área de estudo.
Código Prática de manejo do solo Código Prática de manejo do solo
PREPARO DO SOLO (PS) TIPOS DE FERTILIZANTES (F)
PS1
MINERAIS (QUÍMICOS) F1ARAÇÃO OU GRADEAMENTO
PS2 ORGÂNICOS F2DIRETO
PS3 SUBSOLAGEM MICRONUTRIENTES F3
PS4 TERRACEAMENTO BASE DE K, N e P F4
PS5 COBERTURA VEGETAL
CONTROLE DE PLANTAS (CP)
INTREGADO OU BIOLÓGICO
DRENAGEM SUPERFICIAL (DS) CP1
DS1 CURVA DE NÍVEL CP2 QUÍMICO (Roundup, Atrazine, Classic,...)
DRENAGEM PROFUNDA
DS2
DRENAGEM RASA
DS3 CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS (CD)
INTREGADO OU BIOLÓGICO
CD1
IRRIGAÇÃO (I)
CD2
QUÍMICO
I1
GOTEJAMENTO
I2
APLICAÇÃO - DEFENSIVO QUÍMICO (AD)
ASPERSÃO PIVOT CENTRAL OU CANHÃO
I3
INUNDAÇÃO PONTUAL AD1
AD2 AÉREA - POR TALHÃO OU UNIDADE
ROTAÇÃO (R)
AD3 TERRESTRE - POR TALHÃO OU UNIDADE
R1
ARAÇÃO E REPLANTIO
R2
ÁREA DE POUSIO
TRANSPORTE (T)
R3 SAFRINHA MAQUINÁRIO PESADO T1
Tabela 11. Ameaças ambientais com ocorrência na área de estudo.
Código
Ameaças Ambientais
Código
Ameaças Ambientais
AS
ASSOREAMENTO
PS
POLUIÇÃO/CONTAMINAÇÃO DOS SOLOS
TI
TAXA DE INFILTRAÇÃO DO SOLO
AC
ACIDIFICAÇÃO
SL
SALINIZAÇÃO
EC
ENCROSTAMENTO
AL
ALAGAMENTOS
CR
CARREGAMENTO DE NUTRIENTES OU
DEFENSIVOS
PH
POLUÃO - CONTAMINAÇÃO DOS RECURSOS
HÍDRICOS
PI
PERDA DE INSUMOS, NUTRIENTES OU
MATÉRIA ORGÂNICA
MH
MUDANÇAS NO REGIME (CICLO) HÍDRICO
PHF
PERDA DE HABITAT - FAUNA OU FLORA
EL
EROSÃO LINEAR - SULCO, RAVINA,
VOÇOROCA
PD
PROLIFERAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS
ES
EROSÃO LAMINAR
PP
PROLIFERAÇÃO DE DOENÇAS OU PRAGAS
CP
COMPACTAÇÃO
BN
PERDA DE BARREIRAS NATURAIS OU
MUDANÇAS NO RELEVO
DS
DESERTIFICAÇÃO
CF
CONTAMINAÇÃO DA FAUNA, FLORA OU
HUMANA
96
5.3.5
Na identificação das práticas e das ameaças ambientais, procurou-se adotar aquelas de
maior ocorrência na região, contando também com a indicação dos especialistas sobre quais
práticas e ameaças seriam as mais interessantes e relevantes para analisar neste estudo.
Com a conclusão desta importante etapa, foi possível identificar os objetos de análise e
assim, gerar pré-requisitos para a realização das etapas seguintes.
Elaboração das Planilhas de Reversibilidade e de Relacionamento
A identificação das práticas agrícolas e das ameaças ambientais permitiu a elaboração
das planilhas de relacionamento e de reversibilidade. As planilhas foram criadas no Microsoft
Excel e utilizaram os recursos de programação (funções) deste software.
Estas planilhas servem como suporte para as análises durante a aplicação dos critérios
de classificação previstos pela metodologia TIM e adaptadas neste estudo.
Para o preenchimento, as planilhas de relacionamento e a de reversibilidade foram
submetidas à análise de especialistas, consultados neste projeto.
A planilha de Reversibilidade foi gerada a partir da identificação das ameaças
ambientais e contém uma tabela de quatro colunas: i)Ameaças Ambientais; ii) Fator Tempo;
iii) Fator Técnica; iv) Reversibilidade.
A planilha de Relacionamento é uma matriz, onde no eixo cartesiano x (Linha) foram
listadas as ameaças ambientais e no eixo y (Coluna) as práticas agrícolas, de forma a
possibilitar a análise do relacionamento de todas as práticas com todas as ameaças
identificadas ou vice-versa.
Esse relacionamento ocorre em função dos tipos de solos e suas caracterizações, por isso
foram geradas nove matrizes, uma para cada tipo de solo. Em todas as matrizes, os elementos
(práticas e ameaças) são os mesmos, apenas as condições (características dos tipos de solo)
97
5.3.6
são diferentes, o que pode resultar em diferentes interpretações das práticas em relação as
ameaças.
As características de cada tipo do solo, descritas no Apêndice B, determinam os fatores
limitantes da relação entre as práticas e as ameaças. Esse parâmetro foi o único utilizado para
a análise.
Na elaboração das duas planilhas procurou-se montar uma estrutura de forma que o
trabalho de análise fosse explícito para os especialistas. Os processos de aplicação dos
critérios e os modelos das planilhas e matrizes estão descritos nas próximas etapas.
Participação de especialistas na aplicação dos critérios
As etapas seqüentes contaram com o auxílio de profissionais da área de ciência agrária e
meio ambiente do Instituto Tecnológico Aeroespacial (ITA), do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) e por engenheiros agrônomos autônomos. Outros profissionais
foram convidados a participar desta atividade, porém sem sucesso de adesão e sem
justificativas de recusa. Atribuiu-se à falta de adesão o calendário acadêmico e institucional,
além do grande conteúdo para análise.
O Apêndice D apresenta a lista de profissionais externos convidados para a realização
desta atividade. Contribuíram de forma expressiva para a aplicação dos critérios os
engenheiros agrônomos, Prof. Dr. Antônio Roberto Formaggio e Eng. Msc. Rogério Costa
Campos, ambos da Divisão de Sensoriamento Remoto do INPE.
Como o modelo utiliza o conhecimento local e científico para a realização das análises,
fizeram-se necessárias as consultas a esses especialistas. As divergências interpretativas dos
conceitos e teorias sobre o tema implicam em possíveis subjetividades dos resultados das
análises.
98
5.3.7 Aplicação do critério “Grau de Reversibilidade” para as ameaças ambientais
Primeiramente foi criada uma planilha para a aplicação do Grau de Reversibilidade
8
das
ameaças ambientais. Nesta planilha, pela resposta dos fatores tempo e técnica necessários
para se reverter cada uma das ameaças ambientais depois da sua instalação ou ocorrência, é
preenchido automaticamente pelo software, a coluna de Reversibilidade com a classificação
da ameaça, segundo a reversibilidade – Alta (RA), Média (RM), Baixa (RB). Para essa
operação foram automatizadas funções simples criadas no Microsoft Excel, baseada no
critério de reversibilidade adotado. Esta automatização da planilha para a aplicação do critério
grau de reversibilidade permite diversas análises interpretativas das ameaças.
A Tabela 12 apresenta um exemplo de aplicação dos critérios de reversibilidade à
algumas das ameaças ambientais analisadas neste estudo.
Tabela 12. Exemplo de aplicação do grau de reversibilidade.
AMEÇAS AMBIENTAIS TEMPO TÉCNICA REVERSIBILIDADE
Erosão linear (sulcos, ravinas, voçorocas)
LP AT
RB
Erosão laminar
MP NT
RM
Compactação
CP NT
RM
Desertificação
LP AT
RB
Poluição/contaminação dos solos
LP AT
RB
Acidificação
CP NT
RM
Encrostamento
CP NT
RM
Carregamento de nutrientes ou defensivos
LP AT
RB
8
Ver item 4.3.3. elaboração dos Critérios para classificação, seção a) Grau de
Reversibilidade.
99
5.3.8
Nesta tabela podemos observar, por exemplo, que a erosão linear, por ser considerada
uma ameaça que depois de instalada sua reversão é de longo prazo e que geralmente para
tanto necessita de grandes investimentos e técnicas avançadas, foi considerada pelos
especialistas como de reversibilidade baixa (RB).
Todas as ameaças apresentadas na Tabela 11 foram submetidas à análise e atribuídos os
graus de reversibilidade, em função do tempo e técnica, conforme apresentado no Apêndice
E.
Aplicação do critério de “Grau de Relacionamento/Reversibilidade”
A etapa de aplicação do critério de Grau de Relacionamento/Reversibilidade ou Taxa
R/R, foi dividida em duas partes. A primeira para a aplicação do grau de relacionamento entre
as práticas agrícolas e as ameaças ambientais e a segunda para a integrar a classificação do
grau de relacionamento com o de reversibilidade, resultando na Taxa R/R.
A aplicação do grau de relacionamento foi realizada pelo preenchimento das nove
matrizes (em função das características dos nove tipos de solos), divididas em nove planilhas
de relacionamento, de um arquivo criado no Microsoft Excel, novamente contando com a
análise de especialistas.
Nas matrizes, cada prática agrícola foi analisada isoladamente em relação a cada uma
das ameaças, sendo classificadas segundo o critério estabelecido.
A Tabela 13 exemplifica a aplicação do critério em algumas das práticas em relação as
ameaças, para a matriz do solo tipo: Latossolos Vermelhos. As legendas das práticas e das
ameaças estão nas Tabela 10 e Tabela 11, respectivamente. Para a legenda de relacionamento,
ver a Tabela 8.
100
Tabela 13. Matriz de relacionamento para os Latossolos Vermelhos.
EL ES CP DS PS AC EC CR PI
PS1
AB AB AB N N N N AB AB
PS2
BA BA BA BA BA AB N BA BA
PS3
BB BB BB N N N BB BB BB
PS4
BB BB BB N N N N BA BA
PS5
BA BA BA BB BA BB BB BA BA
PREPARO DO
SOLO
AMEAÇAS AMBIENTAIS
Analisando a matriz, identificou-se, por exemplo, que o preparo do solo por aração ou
gradeamento (PS1) tem um relacionamento adverso baixo (AB) para a ocorrência das
seguintes ameaças ambientais: Erosão linear (EL); Erosão superficial (ES); Compactação do
solo (CP); Carregamento de Nutrientes ou Defensivos (CR); e Perda de Insumos, nutrientes
ou matéria orgânica (PI). Enquanto que em relação às outras práticas, esses relacionamentos
variam de intensidade ou grau.
Por exemplo, a prática de plantio direto (PS2) foi analisada como tendo um
relacionamento benéfico alto para a prevenção da ameaça de ocorrer a erosão linear (EL). Isso
ocorre pelo fato que o plantio direto não revolve a terra para preparar o solo e que a prática de
gradear ou arar (PS1) uma terra favorece a formação da erosão linear, devido à quebra na
estrutura do solo por estes implementos agrícolas, a exposição do solo e à ação hídrica ou
eólica.
Neste sentido, podemos prever que a mesma heterogeneidade dos resultados obtidos
nesta matriz ocorra na análise das outras matrizes, já que neste estudo, o relacionamento é
estabelecido em função das características dos tipos de solos, justificando a diversidade de
respostas. Diferentes solos possuem diferentes limitações agrícolas e características físico-
químicas, portanto respondem de diversas formas às mesmas práticas adotadas numa
determinada localidade.
101
5.3.9
O exemplo da análise completa da matriz do tipo de solo, Latossolos Vermelhos,
encontra-se no Apêndice G., bem como dos demais solos analisados.
Aplicado o critério de grau de relacionamento nas nove matrizes, foi inserida neste
mesmo arquivo do Microsoft Excel, a planilha onde havia sido aplicado o critério de grau de
reversibilidade das ameaças ambientais. Dessa forma, no mesmo arquivo ficaram as nove
planilhas de relacionamento e a única de reversibilidade, onde foram integrados os critérios,
com auxílio do recurso do software de funções, e definidos assim os índices referentes à Taxa
R/R.
Essa integração foi utilizada como estratégia para o estabelecimento de uma arquitetura
no Microsoft Excel capaz de aplicar o próximo critério, o de “Classificação das Práticas”.
Este procedimento não resultou numa nova planilha, apenas numa formulação de uma função
do tipo “Se”.
Aplicação do critério de “Classificação das Práticas”
Com o estabelecimento da taxa R/R e montada a arquitetura de análise, foi possível
aplicar o critério de “Classificação das Práticas”.
Nesta etapa ocorreu uma divisão do arquivo principal em outros nove arquivos,
facilitando a análise separadamente por tipo de solo. Isso foi necessário, pois cada uma das
matrizes, ao aplicar o critério, resultaria em uma nova planilha. Assim o arquivo ficaria com
cerca de dezenove planilhas (uma de reversibilidade, nove de relacionamento e nove de
classificação das práticas).
Dessa forma, cada um dos arquivos ficou com três planilhas, uma de reversibilidade,
uma de relacionamento e outra de práticas classificadas. Exatamente como havia sido
102
desenvolvida a estrutura, a única diferença é que a análise ficou dividida por arquivos em
função do tipo de solo.
O critério de classificação das práticas foi aplicado a partir da função estabelecida para a
taxa R/R, ficando esta estrutura automatizada, ou seja, variando as análises da planilha de
relacionamento, a terceira planilha (práticas classificadas) automaticamente é reclassificada.
Esta arquitetura permite aos analistas trabalharem com diversas interpretações de suas
análises, podendo visualizar as mudanças ocorridas na classificação final, pela interpretação
dos relacionamentos.
Para o mesmo conjunto de práticas e ameaças apresentados na Tabela 13, foi aplicado o
critério de Classificação das Práticas. Os resultados da aplicação, para a matriz do solo tipo
Latossolos Vermelhos, estão apresentados na Tabela 14.
Tabela 14. Matriz de classificação das práticas agrícolas para os Latossolos Vermelhos.
EL ES CP DS PS AC EC CR PI
PS1
UUUNNNNUU
PS2
EFFEEUNEF
PS3
FFFNNNFFF
PS4
F F FNNNNEF
PS5
EFFFEFFEF
AMEAÇAS AMBIENTAIS
PREPARO DO
SOLO
Observa-se na matriz, após a aplicação do critério, que a prática de aração ou
gradeamento (PS1) foi classificada como uma prática não-favorável (U) para a prevenção da
erosão linear (EL), ao contrário das práticas de plantio direto (PS2) e de uso de Cobertura
Vegetal (PS5) que foram classificadas como essenciais (E) para a prevenção desta ameaça
ambiental.
O modelo completo da matriz de classificação das práticas agrícolas para os Latossolos
Vermelhos e demais tipos de solos estão apresentado no Apêndice G.
103
5.3.10 Elaboração de Tabelas de Consulta
Para a análise dos resultados, as matrizes de classificação das práticas foram transformadas
numa Tabela de Consulta (Figura 9), que utiliza os recursos computacionais de consulta do
programa Microsoft Excel.
Figura 9. Tabela de consulta, no ambiente do Microsoft Excel.
As matrizes de classificação das práticas foram transformadas em uma tabela principal.
Ao transformar as matrizes em tabela, foi possível criar uma estrutura de consulta, com a
utilização dos recursos computacionais do Microsoft Excel e outra para a exportação dos
resultados para o SIG.
104
5.3.11
Dessa forma, os resultados de todas as matrizes foram agrupados numa única tabela de
quatro colunas: Tipo de solo, Prática agrícola, Ameaça ambiental e Classificação. Aplicando o
recurso computacional “Filtro” do programa, pode-se de forma simples criar uma estrutura
capaz de realizar diversas consultas, a partir da combinação dos elementos de cada coluna.
Da Tabela de Consulta principal foi derivada uma outra tabela, com a inclusão de outras
colunas e com uma função de quantificar (contador) o número de ocorrência de cada prática
agrícola, para cada tipo de solo.
Assim, em cada tipo de solo, pôde-se saber, por exemplo, o comportamento de uma
determinada prática agrícola em relação às ameaças ambientais, pelo número de ocorrência da
sua classificação como práticas: favoráveis (F), essenciais (E), condicionais (C), neutras (N),
proibitivas (P) e não-favoráveis (U).
Essa tabela, denominada de Tabela de Consulta secundária e a tabela principal podem
ser utilizadas como suporte à tomada de decisões.
Criação do Sistema de Informação Geográfica (SIG)
Na criação do SIG, a tabela de consulta foi exportada, sem a utilização do recurso
“Filtro”, para o programa de Sistema de Informação Geográfica da ESRI, ArcMap 8.3.
Outras duas tabelas também foram exportadas, uma contendo as práticas agrícolas
adotadas por fazenda com cultivo de soja, dentre as visitadas e uma outra contendo o
agrupamento de todas as práticas classificadas como essenciais, favoráveis, proibitivas ou
não-favoráveis para cada tipo de solo. Essas tabelas foram relacionadas com os atributos
espaciais das “layers” de limites das propriedades e do tipo de solo.
Utilizando-se os recursos do programa, as tabelas por possuírem em uma de suas
colunas, dados em comum, como os atributos do tipo de solo e o identificador de objetos, elas
105
puderam ser relacionadas com os atributos espaciais da “layer” Tipos de Solos e dos Limites
das Propriedades.
Na mesma “layer” também foi realizada uma operação de intersecção entre os atributos
espaciais dos limites das propriedades e dos tipos de solos.
Dessa forma, qualquer tipo de consulta feita na tabela, agora no ambiente do ArcMap,
pôde ser visualizada em função da propriedade e tipo de solo.
O relacionamento das tabelas e das “layersconstituiu o arcabouço do SIG, onde a partir
disso foi possível realizar as consultas pretendidas.
Além da capacidade de espacialização dos resultados, o ambiente do SIG permitiu a
realização de outras formas de consultas, desde que selecionadas corretamente as tabelas
exportadas e utilizadas as funções de operações recorrentes.
106
6.1
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Análise dos resultados da coleta de dados
Conforme apresentado no capítulo anterior, uma das etapas básicas para a adaptação do
modelo TIM foi a etapa de coleta de dados realizada com a visitação do campo, a qual gerou
subsídios para o desenvolvimento do modelo e para a interpretação dos resultados.
A etapa de coleta de dados, que contou com a aplicação de um questionário, além da
identificação das práticas agrícolas e das ameaças ambientais, resultou num levantamento
sócio-econômico ambiental preliminar das 19 propriedades (onde foram aplicadas o
questionário) e um levantamento ambiental daquelas que somente foram inspecionadas.
Nesta fase foram identificadas as principais culturas agrícolas, com destaque para o
cultivo de soja, milho e algodão. A prática da pecuária extensiva também foi identificada,
normalmente em propriedades que possuem maiores declividades ou com maiores restrições
ao plantio de culturas mais exigentes.
O cultivo de soja foi identificado em 14 propriedades, o de milho em 11 e o de algodão
em 6, sendo que em algumas propriedades foram identificadas um ou mais tipos de cultura.
Para o cultivo de soja, cerca de 86% das propriedades adotam o plantio direto como
preparo do solo, para o de milho 91% e para o de algodão esse percentual cai a 67%. As
demais propriedades analisadas adotam o plantio convencional, praticando a aração ou
gradeamento como técnica de preparo do solo.
Todas as propriedades que adotam o plantio direto também adotam o uso de cobertura
vegetal como técnica de preparo do solo.
107
Outra prática identificada e muito freqüente na região foi a adoção da rotação por
safrinha, com o cultivo de trigo, milheto, sorgo e girassol. Também foi constada a adoção da
rotação por área de pousio e a rotação feita com aração e replantio, ou seja, sem área de
pousio.
Quanto às práticas de adubação, foi constatado o baixo uso de fertilizantes orgânicos e a
elevada utilização de micronutrientes e de fertilizantes a base de potássio, fósforo e
nitrogênio. A prática de calagem também foi constatada como muito comum nas
propriedades.
O controle de plantas daninhas e de pragas e pestes é feito em todas as propriedades pelo
uso de produtos químicos, somente 10% das propriedades adotam algum tipo de controle
biológico, ainda assim, de forma complementar ao uso dos defensivos químicos. Alguns dos
defensivos químicos identificados mais utilizados foram o Atrazina, Roundup, Classic e
outros derivados.
A aplicação desses defensivos químicos foi identificada com sendo por meio terrestre e
por meio aéreo, neste caso, com a utilização de aeronaves de pequeno porte. Não foi
constatada nenhuma ocorrência de aplicação pontual ou com técnicas de agricultura de
precisão. Também não foi identificado nas propriedades, nenhum tipo de banco de dados da
ocorrência de invasões e aplicações de defensivos.
A produtividade e o investimento médio por hectare das propriedades foi de 53 sacas
para a Soja, com investimento médio por hectare de R$ 1.200,00, a de Algodão de 293
arrobas, com investimento de R$ 3.750,00 e a do Milho de 115 sacas, com investimento de
R$ 1.200,00.
Cabe ressaltar que as informações desta análise foram fornecidas, via questionário, pelos
agricultores e não foram inspecionadas.
108
A Tabela 15 e a Tabela 16 ilustram, respectivamente, a produtividade e o investimento
nas culturas agrícolas, por hectare, das propriedades visitadas.
Tabela 15. Produtividade das culturas de Soja, Algodão e Milho, por hectare.
Produtividade Soja Algodão Milho
Unidade / ha sacas arrobas sacas
Mínima
42 280 132
dia 53 293 115
Máxima 60 315 150
Tabela 16. Investimento para o cultivo de Soja, Algodão e Milho, por hectare.
Investimento
Soja Algodão Milho
Unidade / ha
R$ R$ R$
Mínimo
1.050,00 3.600,00 1.456,00
dio 1.200,00 3.750,00 1.200,00
Máximo 1.500,00 3.900,00 1.800,00
Outro fator identificado na região foi a falta de infra-estrutura de transportes, já que a
maioria das estradas não possui nenhum tipo de obra mitigadora de impactos ambientais,
como de drenagem da água, bueiros ou canais de escoamento. Essas estradas geralmente são
de terra, onde ocorre um acúmulo muito grande de sedimentos que contribuem para o
assoreamento dos recursos hídricos e na dificuldade de trânsito para o escoamento da
produção na região.
Na área social, durante a aplicação do questionário, grande parte dos entrevistados
respondeu que uma das alternativas para melhorar sua qualidade de vida, seria o investimento
em infra-estrutura rodoviária, já que o trânsito local por essas estradas é muito difícil,
principalmente em épocas chuvosas.
109
Em relação às práticas agrícolas identificadas na região, elas compuseram a tabela de
Práticas Agrícolas, que foram cruzadas com a de Ameaças Ambientais, utilizadas na análise e
adaptação do modelo TIM.
Alguns dos resultados referentes ao diagnóstico ambiental realizado na etapa de campo
apontaram a relação de algumas fontes de insustentabilidade na região e foram incluídos na
análise deste estudo.
O uso de implementos agrícolas (grade aradora, grade niveladora e arado de discos)
contribui, na maioria das vezes, para o desenvolvimento de ameaças ambientais, como por
exemplo, a compactação e a redução da taxa de infiltração superficial do solo, o que limita o
aprofundamento das raízes e aumenta a velocidade de escoamento superficial da água e que
também promove o surgimento de processos erosivos, os quais desencadeiam uma série de
eventos degradantes do meio ambiente.
O alto consumo de fertilizantes químicos normalmente foi associado aos problemas de
erosão ou ao enfraquecimento físico-químico do solo. Quando isso ocorre, os solos
necessitam de dosagens maiores de fertilizantes para responderem com melhores rendimentos.
Assim, um solo degradado necessitará de aplicações em maiores quantidades de insumos para
sua regeneração ou para um melhor desempenho em produtividade.
Os tipos de aplicação e o alto consumo de defensivos químicos foram identificados
como os responsáveis diretos pela contaminação dos recursos hídricos, dos solos e da fauna e
flora da região, em especial para a região da borda interna e externa do Parque Nacional das
Emas.
Na borda interna do PNE, onde a biodiversidade é mais rica e estaria teoricamente mais
protegida por ser uma unidade de conservação, é impactada negativamente pelo uso abusivo
de defensivos químicos aplicados nas propriedades do entorno do parque, que são
aerotransportados pelos ventos ou dispersos pela aplicação aérea, ou mesmo com o consumo
110
6.2
de sementes contaminadas, pela fauna local, já que algumas espécies invadem as áreas de
plantio em busca de alimentos, como o caso dos veados e das emas e outras aves residentes na
região do PNE.
Dentre os agrotóxicos identificados na região, o de marca comercial Atrazina Nortox
500 SC foi considerado pela ANVISA/SAI (2005) como de classificação ambiental nível II,
ou seja, produto muito perigoso ao meio ambiente, com várias restrições e recomendações ao
seu uso e a sua aplicação terrestre. O produto da marca Roundup Original foi classificado
como nível III, ou seja, produto perigoso, com restrições ao uso e principalmente ao tipo de
aplicação aérea, com risco de contaminação dos recursos hídricos, flora, fauna e humana. O
da marca Classic também foi classificado como perigoso, de nível III, sendo considerado um
produto altamente móvel no meio ambiente e com algumas restrições ao uso e aplicação.
Análise dos resultados das matrizes de classificação
As matrizes das práticas classificadas em relação às ameaças ambientais para todos os
tipos de solos, apresentadas no Apêndice G, foram analisadas para a interpretação e análises
dos resultados.
No modelo, todos os resultados obtidos ficaram condicionados à interpretação por parte
dos especialistas e da habilidade ou do interesse do analista (gestor do planejamento e uso do
solo) em obter determinadas respostas das matrizes.
Dos 45 especialistas convidados para o preenchimento, 60% não responderam ao
convite, 15% responderam que não poderiam participar sob diversas justificativas e 25%
pediram o envio das planilhas. Dos 25% que aceitaram participar, apenas 27% preencheram
as planilhas. Portanto, dos 45 especialistas convidados, tivemos a participação de 5 (cinco)
especialistas e de mais três integrantes da equipe.
111
Analisando os resultados das matrizes, foi possível determinar que muitas das práticas
agrícolas mantiveram a uniformidade na classificação em relação a diferentes tipos de solos.
A esse resultado atribui-se o fato de que algumas práticas, independentes do tipo de solo na
qual são adotadas, mantiveram um padrão em relação às ameaças ambientais as quais estavam
relacionadas.
Isso ocorre porque as características principais das práticas, que podem ser favoráveis
ou desfavoráveis para diferentes tipos de solos, são predominantes ou independentes dos
locais de adoção.
Um exemplo dessa interpretação dos resultados uniformes foi evidenciado pelo
comportamento das práticas agrícolas de controle de plantas (CP), pragas e doenças (CD) e do
tipo de aplicação dos defensivos químicos (AD), onde se verificou que, independente do tipo
de solo, a adoção do controle de plantas daninhas por produtos químicos (CP2) é uma prática
proibitiva (P) em relação às ameaças de poluição ou contaminação dos recursos hídricos (PH),
poluição dos solos (PS) e da perda de habitat da fauna e da flora (PHF), e que é uma prática
não-favorável (U) em relação a contaminação da fauna, flora ou humana (CH).
Enquanto que o outro tipo de controle de plantas daninhas, realizado pelo manejo
integrado (utilizando várias técnicas integradas de cultivo) ou pelo controle biológico (CP1)
são práticas favoráveis (F) para a prevenção das ameaças de assoreamento (AS), redução da
taxa de infiltração do solo (TI) e para a poluição dos recursos hídricos (PH).
Atribui-se que esses resultados obtidos pela adoção dessa prática seja por causa da sua
integração com outras técnicas conservacionistas de cultivo e à adoção de defensivos
biológicos. Esta mesma prática (CP1) foi classificada como essencial (E) na prevenção da
ameaça de perda de habitat da fauna e flora (PHF) e para a contaminação da fauna, flora ou
humana (CF), independentemente do tipo de solo na qual foi adotada.
112
As formas de aplicação dos defensivos químicos (AD), por suas características gerais
predominantes de utilização, também mantiveram a uniformidade em relação ao tipo de solo.
O destaque para essa prática ficou por conta da aplicação aérea (AD2), que foi classificada
como proibitiva (P) para as ameaças de poluição dos recursos hídricos (PH), dos solos (PS),
de perda de habitat da fauna e da flora (PHF) e para a contaminação da fauna, flora ou
humana (CF). Evidenciando o efeito de dispersão dos defensivos que normalmente
extrapolam as fronteiras desejáveis de aplicação e contaminam grandes áreas ao seu redor,
como a fauna, a flora e os recursos naturais no entorno do PNE.
Outros relacionamentos puderam e podem ser interpretados através da análise completa
de todas as matrizes geradas, através da comparação de seus resultados, por tipo de solo.
Mesmo ocorrendo um quadro uniforme na classificação de algumas práticas, os resultados
confirmaram também variações no comportamento de algumas práticas em função do tipo de
solo, principalmente em relação às técnicas de preparo do solo (PS), irrigação (I), drenagem
(DS) e rotação (R).
Algumas variações no comportamento das práticas podem ser determinadas pela análise
de uma única matriz, identificando os relacionamentos de cada prática com diferentes
ameaças ambientais correspondentes.
Para tanto, como forma de discussão dos resultados, foi analisada separadamente apenas
a matriz do solo de maior ocorrência na região, a do Latossolos Vermelhos, apresentada na
íntegra no Apêndice G e de forma resumida a dois grupos de práticas, na Tabela 17.
Analisando o comportamento das práticas agrícolas e das ameaças ambientais, no
Latossolos Vermelhos, pôde-se estabelecer o quadro apresentado na Tabela 18, onde foram
analisadas e exemplificadas algumas das práticas, agrupadas em dois grupos: Favoráveis –
essenciais (E), favoráveis (F) e neutras (N), e Desfavoráveis – proibitivas (P), não-favoráveis
(U) e Condicionais (C).
113
Análises semelhantes à realizada para os Latossolos Vermelhos podem ser feitas a partir
da interpretação das matrizes do apêndice G ou pela utilização da Tabela de Consulta
principal ou secundária, criadas justamente para prover uma diversidade maior de opções de
análises.
Tabela 17. Grupo de práticas agrícolas classificadas em função das ameaças ambientais para o
solo do tipo: Latossolos Vermelhos.
Aração ou
gradeamento
(PS1)
Plantio
direto
(PS2)
Subsolagem
(PS3)
Terraceamento
(PS4)
Cobertura
Vegetal
(PS5)
Aração e
replantio
(R1)
Área de
pousio
(R2)
Safrinha
(R3)
Assoreamento (AS) U F F F F U F U
Taxa de infiltração do solo (TI) U F F F F U F U
Salinização (SL) N N N N N N N N
Alagamentos (AL) U F F F F N F N
Poluição dos recursos hídricos (PH) U E F F E N F N
Mudanças no regime hídrico (MH) U E F F E U F U
Erosão linear - sulcos, ravinas e voçorocas (EL) U E F F E U F U
Erosão laminar (ES) U F F F F U F U
Compactação (CP) U F F F F U F U
Desertificação (DS) N E N N F N F N
Poluão dos solos (PS) N E N N E N N N
Acidificão dos solos (AC) N U N N F N N N
Encrostamento (EC) N N F N F N N N
Carregamenos de nutrientes ou defensivos (CR) U E F E E U N U
Perda de insumo, nutriente ou matéria orgânica (PI) U F F F F U N U
Perda de Habitat - fauna ou flora (PH) U E U F E N N N
Proliferação de plantas daninhas (PD) C F C N F N N N
Proliferação de doenças ou pragas (PP) U F U N F N N N
Perda de barreira natural ou mudança no relevo (BN) N N N N N N N N
Contaminação da flora, fauna ou humana (CF) N N N N N N N N
Preparo do solo (PS) Rotação (R)
6.3 Análise dos resultados obtidos pelo uso do SIG
Uma vez montado o arcabouço do SIG, foram realizadas algumas consultas exemplares
aos dados utilizados no modelo. Muitas das consultas possíveis de se fazerem no SIG são
semelhantes às efetuadas na tabela de consulta, que fora criada no Microsoft Excel. A grande
diferença foi que no SIG, as informações relacionadas com atributos espaciais puderam ser
visualizadas (espacialização dos resultados).
O simples fato de todas as informações (práticas adotadas nas propriedades e os
relacionamentos entre as práticas e as ameaças) estarem ligadas aos atributos do tipo de solo e
114
do limite das fazendas, possibilitou que alguns resultados pudessem ser espacializados nas
análises.
Tabela 18. Exemplos de práticas agrupadas em favoráveis e desfavoráveis para o tipo de solo
Latossolos Vermelhos.
Práticas Favoráveis
As práticas de plantio direto (PS2), subsolagem (PS3), terraceamento (PS4), cobertura vegetal (PS5) e rotação com
área de pousio (R2) são favoráveis (F) para a prevenção da ameaça de assoreamento (AS) e da diminuiçào na taxa de
infiltração do solo (TI)
A prátrica de plantio direto (PS2) é essencial (E) para a preveão da poluição dos recursos hídricos (PH), mudaas do
regime drico (MH), erosão linear (EL), desertificação (DS), poluição dos solos (PS), carregamentos de nutrientes ou
defensivos
(
CR
)
e
p
erda de habitat
(
PH
)
.
A prática de cobertura vegetal (PS5) também é favorável (F) para a prevenção de alagamentos (AL), erosão laminar
(ES), compactação(CP), desertificação (DS), acidificação dos solos (AC), encrostamento dos solos (EC), perda de
insumos, nutrientes ou matéria orgânica (PI) e de proliferação de plantas daninhas (PD) e de doenças ou pragas (PP).
As práticas de cobertura vegetal (PS5), terraceamento (PS4) e plantio direto (PS2) o essenciais para a preveão do
corre
g
amentos de nutrientes ou defensivos
(
CR
)
.
A prática de rotação com área de pousio (R2) é favorável (F), por exemplo, para a prevenção das ameaças de
alagamentos (AL), erosão linear (EL),erosão laminar (ES), compactação do solo (CP) e desertificação (DS).
As práticas de aração ou gradeamento (PS1), aração e replantio (R1) e o transporte com maquirio pesado (T1), não
possuem nenhum relacionamento favorável (F) ou essencial (E) com qualquer tipo de ameaças.
Práticas de rotação como a aração e replantio (R1), área de posio (R2) e safrinha (R3) são neutras (N) em relação ao
encrostamento do solo
(
EC
)
.
A prática de curva de vel (DS1) é favorável (F) na prevenção da erosão linear (EL), erosão laminar (ES) e compctação
(
CP
)
.
Práticas Desfavoráveis
A prática de aração ou gradeamento (PS1) é não-favorável (U) para a prevenção das ameaças de assoreamento (AS),
redução da taxa de infiltração (TI), alagamentos (AL), erosão linear (EL), erosão laminar (ES), compactação (CP),
carregamentos de nutrientes ooou matéria orgânica (PI) e perda de habitat (PH).
A prática de uso de fertilizantes com minerais químicos, micronutrientes (F3) e a base de N, P, K (F4) o proibitivas
(
P
)
em relação a
p
oluição dos solos
(
PS
)
.
As práticas de aração ou gradeamento (PS1) e subsolagem (PS3) são condicionais (C) em relação a proliferação de
p
lantas daninhas
(
PP
)
.
A prática de controle de pragas e pestes (CD2) com o uso de produtos químicos é o-favorável (U) na prevenção da
contaminação da flora, fauna ou humana (CF).
As praticas de aplicação de defensivos químicos via aérea (AD2) e terrestre (AD3) são proibitivas (P) em relação as
ameaças de poluição dos solos (PS), perda de habitat (PH) e a contaminação da flora, fauna ou humana (CF).
A estrutura do SIG permite, ex ante, o planejamento do uso do solo. Para tanto, ampara-
se na tabela de consulta que, por sua vez, foi relacionada ao atributo espacial do tipo de solo,
possibilitando a determinação de como e onde certas práticas agrícolas interagem com as
115
ameaças ambientais e assim, planejando corretamente o manejo do uso do solo, antes mesmo
de qualquer prática seja adotada.
Outra possibilidade de aplicação do TIM é a análise ex post à adoção de práticas agrícolas,
pois sua estrutura permite que as fontes insustentáveis ao meio ambiente sejam detectadas
através do cruzamento das informações referentes às práticas agrícolas adotadas em cada
propriedade ou região e as suas classificações em relação às ameaças ambientais, por tipos de
solos. Podendo assim, terem os seus resultados de consultas espacializados.
A seguir, a Figura 10 mostra a estrutura do modelo TIM, criada no ambiente do ArcMap e
a Figura 11 mostra a tabela de consulta, exportada para o SIG.
Figura 10. TIM: estrutura básica de consulta no ambiente do ArcMap.
116
Na Figura 10 estão apresentadas algumas das tabelas exportadas para o SIG, como a
tabela de consulta (também apresentada na Figura 11) e a das práticas adotadas em cada
propriedade visitada. Na mesma figura temos a janela para a realização das consultas aos
atributos, denominada no programa de “Select by Attributes”.
Conforme discutido anteriormente, o modelo TIM possibilita a obtenção de inúmeros
resultados, dependendo dos tipos de análises realizadas.
Figura 11. Tabela de consulta exportada para o ArcMap.
Nesse sentido, como forma de apresentação dos resultados estabelecidos com o uso do
SIG, foram efetuadas algumas consultas de interesse.
A Figura 12 mostra a sobreposição da imagem de satélite, mapa dos solos e limites das
propriedades, na região do município de Costa Rica - MS, no entorno do PNE.
117
A Figura 13 mostra a estrutura de uma consulta ao SIG para a prática PS1 (Aração ou
Gradeamento) em relação a ameaça EL (Erosão Linear) e com a classificação P (Proibitiva),
utilizando a expressão:
"PRATICA" = 'PS1' AND "AMEACA" = 'EL' AND "CLASSIFICA" = 'P'
Figura 12. Sobreposição de imagem, mapa de tipo de solo e limite das propriedades, na
região do município de Costa Rica, MS.
O resultado espacial gerado pela consulta anterior, exibida na Figura 13, pode ser
melhor visualizada pela Figura 14 .
Cabe observar que nesta consulta, o fato da prática PS1 (aração ou gradeamento) ser
classificada como proibitiva em relação à ameaça EL (erosão linear) não exclui a
118
possibilidade de a mesma prática ter comportamentos (classificação) e espacializações
diversas em relação às outras ameaças ambientais.
No caso específico da prática PS1, sua adoção nas demais áreas foi considerada como
não-favorável (U) em relação à mesma ameaça ambiental. Confirmando a forte recomendação
da não adoção desta prática nesta região, principalmente na área classificada como proibitiva
(P) - região da figura em vermelho.
Figura 13. Exemplo de uma consulta no SIG para a prática de aração ou gradeamento.
O exemplo apresentado na Figura 14 representa uma das tantas análises necessárias e
possíveis no suporte à tomada de decisão para a realização de um planejamento, ex ante, do
manejo do solo.
119
Figura 14. Visualização (região em vermelho) da consulta à prática "PS1", ameaça
"EL" e classificação "P".
Novamente, utilizando-se da consulta às tabelas exportadas para o SIG, foi possível
verificar em quais propriedades se adotam a prática PS1, considerada como proibitiva ou não
favorável a uma séria de ameaças ambientais, como a Erosão linear, para todos os tipos de
solos.
A Figura 15 mostra as propriedades com o cultivo de soja visitadas (em azul claro) e as
propriedades (em azul claro e contorno vermelho) que adotam a prática agrícola PS1 (aração
ou gradeamento) para o preparo do solo.
Uma melhor visualização pôde ser apresentada na Figura 16, que mostra o cruzamento
da áreas onde a prática PS1 é proibitiva com o resultado da análise das propriedades
assinaladas na Figura 15.
120
Figura 15. Propriedades (contorno vermelho) que adotam a prática PS1 como preparo
do solo.
Na Figura 16, a área em azul claro representa as propriedades visitadas, a área em
vermelho representa a região onde PS1 é proibitiva à EL e as áreas de contorno amarelo
representam as propriedades que adotam a prática PS1.
A análise apresentada na figura acima demonstra uma outra possibilidade de aplicação
do TIM, que é a análise ex post à adoção de algumas práticas agrícolas, identificando as
fontes insustentáveis ao meio ambiente.
Na análise, as propriedades, Agropecuária 2 Amigos, Romagna e Santa Maria praticam
como técnica de preparo do solo, a prática de aração ou gradeamento (PS1). Sendo assim,
segundo a análise realizada, essas localidades correm o risco de ocorrência de erosão linear
121
(EL) e de outras ameaças que podem ser estabelecidas pela consulta aos outros
relacionamentos dessas práticas com as demais ameaças ambientais. A propriedade Paraná,
por também adotar a prática PS1, se enquadra nesse cenário insustentável, mesmo não tendo
seus limites na região “proibitiva” do mapa (área em vermelho).
Figura 16. Zoom nas propriedades que adotam a prática PS1 (contorno amarelo).
Cabe ressaltar, que nessa área em específico, existem muitas nascentes e recursos
hídricos, que podem ser impactados indiretamente pelo resultado dessa prática com a ameaça
de erosão linear, como por exemplo, com a ocorrência de assoreamento.
122
6.4
Procurou-se adotar, como forma de exemplo de consultas, a prática de aração ou
gradeamento (PS1) e a ameaça de erosão linear (EL) por elas despertarem grandes interesses
em estudos de sustentabilidade ambiental. Outras práticas e ameaças também podem ser
analisadas seguindo os mesmos padrões das análises realizadas.
Discussões sobre a adaptação do modelo TIM
A adaptação do modelo TIM foi necessária principalmente pela carência de dados
geofísicos e climáticos da região, o que interferiu consideravelmente na análise do
comportamento das ameaças ambientais na região de estudo.
Isso porque a falta de um banco de dados regional impossibilitou a análise das ameaças
em função das características físico-químicas dos solos, dos dados de micro-clima e da
vegetação da região. Essa análise permitiria, por exemplo, uma melhor interpretação da
ocorrência das ameaças ambientais, bem como sua distribuição espacial em função do tipo do
solo.
Contudo, a falta de tais informações foi suprida pela inspeção de campo (coleta de dados
primários) e a realização de um minucioso estudo literário, onde foi possível identificar quais
eram as principais ameaças ambientas ocorrentes, bem como quais as práticas agrícolas mais
adotadas na região.
O banco de dados gerado a partir do estudo realizado por OLIVEIRA et al (2003),
possibilitou a inclusão dos principais tipos de solos e suas características, para as análises dos
relacionamentos efetuados pelos especialistas. Esse banco foi fundamental para a realização
das análises e geração das informações.
A variação no comportamento das práticas em relação às ameaças ambientais ocorreu
principalmente pelo fator tipo de solo. Diferentes solos apresentaram diferentes características
123
físico-químicas e foram justamente esses fatores que implicaram, numa mesma propriedade
ou região, com diferentes tipos de solos, terem que adotar práticas agrícolas diferenciadas
umas das outras.
A Tabela de Consulta gerada a partir da matriz de “classificação das práticas” permitiu a
realização das análises no comportamento das práticas agrícolas em relação às ameaças
ambientais. Essa análise pode ser realizada pela combinação dos elementos das colunas da
tabela, permitindo as mais diversas consultas, dependendo das escolhas do gestor. Tais
perguntas podem ser, por exemplo:
- Qual a classificação de uma determinada prática com uma certa ameaça, num
determinado tipo de solo ou em todos os solos?
- Quais são as práticas que possuem uma determinada classificação com tal ameaça?
Como pode variar esse comportamento em função do tipo de solo?
- Tal prática tem uma determinada relação com quantas ameaças ambientais? Quais
seriam essas ameaças? Em que tipo de solo isso ocorre?
É importante salientar que a liberdade de combinação nas consultas permite analisar as
práticas ou as ameaças de forma isolada ou coletiva.
Assim, por exemplo, pode-se consultar especificamente qual o comportamento de uma
ou mais prática em relação a uma ou mais ameaça, dependendo da necessidade de análise.
Quanto maiores forem as possibilidades de análises, maiores serão os subsídios para a tomada
de decisão no planejamento do uso do solo.
A constante inexistência de banco de dados complexos no Brasil e a necessidade de
consulta a especialistas gera um grande entrave na aplicação do modelo.
Duas são as dificuldades principais da dependência do modelo em contar com
especialistas: a limitação de encontrar pessoas incentivadas e empenhadas para o
124
estabelecimento dos relacionamentos e a subjetividade das análises (que pode ser melhorada
aplicando-se, por exemplo, a técnica DELPHI de interação das respostas).
A dependência do conhecimento de diversos especialistas para o sucesso do correto
diagnóstico das fontes insustentáveis é um grande obstáculo para a aplicação do modelo TIM.
Ocorrendo dificuldades em se encontrar especialistas para o preenchimento das
matrizes, uma solução seria a realização de um workshop para discutir os critérios, os
relacionamentos e as reversibilidades das práticas agrícolas com as ameaças ambientais.
A falta de cooperação no compartilhamento de informações e dos dados técnico-
científicos, bem como as dificuldades em obter dados espaciais da região, influenciaram no
desempenho do modelo TIM.
Tal fato pode ser minimizado pela promoção do compartilhamento de dados
interinstitucionais, entre as universidades, Ongs e fundações que atuam na região. Outra
sugestão, para um melhor suporte nos estudos na região, é o fomento para a criação de banco
de dados da região e um acervo para estudos na área, por parte da gerencia do PNE ou órgãos
competentes.
125
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A estrutura de consulta revelou-se um eficaz instrumento de planejamento, onde sua
versatilidade em abordar diversos comportamentos, auxilia de forma objetiva os tomadores de
decisão do uso do solo.
O TIM integrou alguns dados dos recursos naturais e o conhecimento do manejo do
solo, promovendo sistema de suporte à decisão simples e prático com o objetivo de
planejamento sustentável do manejo do solo.
Os resultados do modelo apontaram que, para o caso específico desta região estudada,
existe um padrão bem uniforme entre as práticas agrícolas, tipo de solo e ameaças ambientais.
Em diferentes tipos de solos, a grande maioria das práticas apresentou o mesmo
comportamento em função da sua classificação. Esse quadro homogêneo confirma que as
práticas são favoráveis e desfavoráveis para o meio ambiente estão bem definidas. Algumas
variações ocorrem em função de características específicas de cada solo ou da própria prática.
Por ser uma região de entorno de um parque nacional, as atividades agrícolas dessa
região devem ter uma atenção reforçada em relação às questões ambientais. Neste caso, o
modelo foi capaz de identificar, isoladamente, a relação entre determinadas práticas agrícolas
e ameaças ambientais.
Essa preocupação em regiões de entorno a Unidades de Conservação é amparada pela
RESOLUÇÃO/CONAMA/N
° 013, de 06 de dezembro de 1990, em seu artigo 2°, que
estabelece “Nas áreas circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez
quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a biota deverá ser, obrigatoriamente,
licenciada pelo órgão ambiental competente”.
126
Nesse sentido, o TIM pôde identificar o relacionamento em função de vinte tipos de
ameaças ambientais, contribuindo para que a Resolução possa ser respeitada pelos produtores
locais.
Outro ponto favorável ao modelo é que a estrutura permitiu uma análise isolada do
comportamento de cada prática com específicas ameaças, o que contribui para a identificação
das fontes de insustentabilidade para o meio ambiente.
Outra conclusão do estudo foi que a reaplicação do modelo TIM em outras localidades,
como em bacias hidrográficas ou regiões, não é uma tarefa trivial. Isso ocorre porque o
modelo depende de bancos de dados que possuam informações referentes aos tipos de solos,
dados espaciais das propriedades e das áreas de plantio, além de um padrão de práticas
agrícolas para uma determinada cultura. O modelo depende também do comprometimento de
especialistas para o estabelecimento das informações.
Contudo, a estrutura do modelo baseada na identificação das práticas e das ameaças
ambientais de uma região, com a promoção de debates entre especialistas e atores locais, para
o estabelecimento de relacionamentos, segundo critérios previamente estabelecidos, e com o
objetivo de se estabelecer um padrão de sustentabilidade ou a identificação de fontes
insustentáveis, demonstra ser uma alternativa para análise de modelos de desenvolvimento
sustentável local, na dimensão ambiental.
Em assentamentos rurais, essa parte da metodologia TIM poderia ser utilizada na
promoção de rodadas de debates entre os assentados, sob a coordenação de especialistas,
definindo, ex ante, quais as fontes de insustentabilidade relacionadas às práticas agrícolas que
se pretendem adotar futuramente, para determinados cultivos. Isso permitiria elaborar, para
uma determinada região, um guia básico de boas práticas agrícolas para o meio ambiente.
127
O uso do SIG na aplicação do modelo TIM requer um conhecimento básico por parte do
usuário, para que as consultas sejam realizadas de maneira correta, suprindo a falta de
customização para a realização de consultas pré-definidas pelo modelo.
Outro fator limitante no uso do SIG é que a espacialização dos resultados (cenários) e a
geração dos mapas ficam dependentes diretamente do nível de informações sobre os atributos
locais, como a divisão das propriedades por talhões, a identificação de todas as práticas
adotadas em cada talhão, os tipos de cultivares, além das informações dos outros atributos,
como os geofísicos, geomorfológicos, do micro-clima e da vegetação e fauna local.
No caso deste estudo a elaboração dos mapas ficou limitada pelos fatores de tipo de
solos e dos limites das propriedades.
Concluímos que o conteúdo de informações requeridas torna a aplicação do modelo
TIM numa tarefa não muito trivial e dependente de uma série de fatores distintos.
Para a melhoria do modelo TIM, pretende-se realizar num estudo futuro a divisão das
áreas das propriedades em talhões e a re-aplicação do questionário, por unidade de talhão.
Pretende-se também, incorporar, com o uso de técnicas de geoprocessamento e de
imagens de satélites, outros fatores limitantes das práticas agrícolas e potencializadores de
ameaças ambientais, como a criação de um modelo numérico do terreno (MNT) e a
classificação do uso do solo, identificando as áreas sujeitas a desmatamento, de reservas
legais, cultivos, matas ciliares etc. Alguns indicadores econômicos tamm poderão ser
incorporados na análise dos resultados.
Outra pretensão será a de realizar a automatização das planilhas e das tabelas de
consultas do modelo criado no SIG, criando um ambiente de melhor operação.
Finalmente, espera-se com a conclusão desse trabalho, que o modelo TIM, mesmo com
suas limitações quanto à reaplicação em outras localidades, sirva de instrumento para
iniciativas locais de identificação das fontes insustentáveis da região, auxiliando para o
128
fortalecimento de ações dos atores locais e no embasamento de políticas para o
desenvolvimento sustentável local, em particular, no âmbito do entorno do Parque Nacional
das Emas.
129
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- ANEXOS -
135
Apêndice A – Mapa de Solos: Entorno do Parque Nacional das Emas - GO
136
Fonte: Adaptado de OLIVEIRA et al (2003).
137
Apêndice B – Caracterização dos tipos de solos da região
138
Apêndice BContinuação.
Tipos de solos
Limitações ao Uso Agrícola Susceptibilidade à Eroo Características Gerais Áreas de ocorrência
CAMBISSOLOS HÁPLICOS
(
Cambissolos
)
Limitações devido a baixa
fertilidade natural
Elevada erobilidade
Pequena diferenciação de horizontes Argila de atividade baixa
Limitações devido a pequena
profundidade do solo
Pequena profundidade Horizonte B incipiente Saturação de base distróficos
Limitações devido a
pedregosidade do solo
Elevados teores de silte Solos minerais não hidromóficos Saturação de bases baixa
Ocorrência em relevo declivoso Áreas de grande instabilidade
Textura franco-arenosa ou mais
argilosa
Alumínio trocável baixa
Nenhuma utilização para a
agricultura
Ocorrência de Sulco e Ravinas
Pode ocorrer presença de cascalhos Sem acumulo de argila
GLEISSOLOS MELÂNICOS
(Gleissolos)
Limitações decorrentes de
drenagem
Erobilildade variável
Natureza aluvionar Argila de atividade baixa
Limitaçãonoempregode
quinas agrícolas (condições de
drenagem)
Em locais inundáveis, possui
mesma condição de outros solos
de planícies de inundação
Ocorrência de solos distróficos e
presença do caráter plíntico (denota
condição intermediária para
Plintossolos)
Ocorrência em planícies de
inundação de córregos e rios
Necessidade de drenagem
artificial p/ viabilizar o uso
Nível de lençol freático alto Solos minerais hidromórficos Saturação de bases baixa
Caráter Plíntico - fator
extremamente limitante
Riscos de inundações frequentes Textura argilosa
Desenvolvimento a partir de
sedimentos aluvionares
Utilização restrita ao máximo
Alternância de períodos
submersos e secos
Horizonte A húmico
Estão ou foram cobertos por
vegetação campestre
LATOSSOLOS AMARELOS
(Latossolos Amarelos)
Solos bem drenados Pouca ocorrência na área
Horizonte B latossólico
Ocorrência em áreas mais
rebaixadas
Limitações: acidez elevada e
fertilidade natural baixa
V
ulnerabilidade razoável ao
desenvolvimento de ravinas e
vo
ç
orocas
Horiz. A tipo moderado
Associados a Latossolos
Vermelho-Amarelo
Correção de acidez, fertilidade e
controle de erosão
Textura argilosa
Boas condições físicas e relevo
plano ou suavemente ondulado
favorecem sua utilização
Deficiência de micronutrientes
Apresentam os caracteres distróficos
e plíntico
Concentra-se na bacia do rio
Sucuriú
Observões Gerais
OBS:
O caráter plíntico é um fator
extremamente limitante ao uso do solo,
visto que, em condição de drenagem
acentuada (artificial), endurecem
irreversivelmente, impermeabilizando o solo
internamente, o que pode trazer
conseqüências desastrosas ao meio
ambiente, o que faz com que seja mais
prudente, restringir ao máximo sua
utilização. A erodibilidade varia em razão de
fatores como textura, descontinuidade
litológicas, etc.
OBS:
As características físicas em geral
são muito favoráveis ao aproveitamento
agrícola, refletidas em boa drenagem
interna, boa aeração e ausência de
impedimentos físicos à mecanização e
penetração de raízes.
Sem limitações para diversas
culturas adaptadas ao clima da
região
Caráter plíntico - condiciona ou
restringe a drenagem: fator
agravante da sua vulnerabilidade
à erosão
Boa resistência à erosão
laminar
em razão da boa
permeabilidade interna
139
Apêndice BContinuação.
Tipos de solo
Limitações ao Uso Agrícola Susceptibilidade à Erosão Características Gerais Áreas de ocorncia
LATOSSOLOS VERMELHOS
(Latossolos Vermelho-Escuros)
Apresentam nos aspectos
químicos as principais limitações
ao uso agrícola
Solos de razoável resistência à
erosão de superfície (laminar e
sulcos)
Solos minerais, profundos, bastante
intemperizados
Principal substrato de toda a
produção agrícola regional
Necessidade de correções de
acidez e fertilização pesadas para
uma utiliza
ç
ão
p
lena
Boaresistênciaàerosão
superficial em condições naturais
Horizonte B latossólico
Baixa capacidade de retenção de
nutrientes
Manejo especial para quando da
aplicação de fertilizantes e
corretivos
Boa drenagem, sem ocorrência de
enxurradas na superfície do solo
Elevado grau de intemperismo,
valores de K muito baixos
Condições de relevo suave
ondulado e plano
Bom manejo em geral Baixa vulnerabilidade natural Caráter ácrico
Utilizados intensamente para a
produção de grãos e algodão
Ótimas condições físicas para
sua utilização nas mais
diversas culturas
Ocorncia de problemas de
erosão e compactação
Boa drenagem interna, elevada
porosidade e homogeneidade no
perfil
Plantio Direto para reduzir risco de
erosão e compactação
LATOSSOLOS VERMELHO-
AMARELOS
(Latossolos
Vermelho-Amarelos
)
Ausência de impedimentos
físicos à mecanização e
p
enetra
ç
ão de raízes
Boa resistência à erosão
superficial
em condições naturais
ou de bom mane
j
o
Solos profundos e bastantes
intemperizados
Textura argilosa e média, com
pouca ocorrência na área
Manejo adequado para correção
de acidez, fertilidade e controle de
erosão
Muito susceptíveis à erosão em
profundidade
- ravinas e
voçorocas
Boa drenagem, estrutura granular,
fragilidade estrutural
Associados a Latossolos
Vermelhos (caráter de
subdominância)
Horizonte B latossólico
Relevo suave ondulado ou plano
Boa aeração Deficiência de micronutrientes
Características químicas impoem
práticas de correção química -
calagem e adubação
Textura média - baixa retenção de
água e nutrientes aplicados
Acidez elevada e fertilidade
natural baixa
NEOSSOLOS LITÓLICOS
(Solos Litólicos)
Áreas mais apropriadas para a
preservação da flora e fauna
Altíssima susceptibilidade à
erosão
Solos minerais não hidromórficos,
pouco desenvolvidos
Pequena expressão na área de
estudo
Limitada pela pequena espessura
do solo
Ocorrência de substrato rochoso à
pequena profundidade
Horizonte A sobre rochas ou
Horiznonte C, muitos rasos ou rasos
Componente subdominantes junto
a Cambiossolos
Pela ocorrência de cascalhos e
fragmentos de rocha
Locais com maiores declividades
agravam a ocorrência de erosão
Textura variável e heterogênea Fase pedregosa muito comum
Pela grande susceptibilidade à
erosão
Agravado pela ocorrência em
relevo muito acidentado
Propriedade químicas distróficos
Locias de forte declividade, em
relevo do tipo forte ondulado
Observações Gerais
Utilização de práticas para
aumento de matéria orgânica,
maior retenção de água e
aplicação de nutrientes. Melhoria
da estrutura superficial
Compactação superficial - alta
mecanização - principlamente em
solos argilosos, facilita a erosão,
até mesmo ocorrência de erosão
eólica, além de reduzir a
produtividade
OBS:
O plantio direto, utilizado pela maioria
dos agricultores da região, resolveu em
parte o problema de erosão e compactação,
que deixou de pulverizar os solos
superficialmente e mesmo deixou de criar
os "pé de grade", extremamente nocivo ao
solo. Entretanto, o uso de máquinas
pesadas ainda promove uma compactção
ou um forte adensamento na porção
superficial dos solos.
OBS:
O uso intensivo deste solo e a
intensiva utilização de maquinários pesados
nas diversas fases da lavoura, associados
com a pulverização excessiva da camada
superficial dos mesmos, no caso do plantio
convencional, causam erosão e
compactação do solo, devido a baixa
vulnerabilidade natural. Uma alternativa de
minimizar esses impactos é a adoção do
plantio direto, que reduz estes riscos, porém
não elimina o adensamento do solo ou
compactação causado pelo uso de
maquinário pesado.
140
Apêndice B Continuação.
Tipos de solo
Limitações ao Uso Agrícola Susceptibilidade à Erosão Caractesticas Gerais Áreas de ocorrência
NEOSSOLOS
QUARTZARÊNICOS ÓRTICOS
(Areias Quartzosas)
Fortíssima limitação
:textura
arenosa condiciona baixa
retenção de umidade e nutrientes
aplicados
Grande potencial ao
desenvolvimento de erosão
profunda (voçorocas e ravinas)
Solos minerais arenosos, muito
pobres, baixo conteúdo de argila e
matéria orgânica
Locais de relevo plano a ondulado
Bem à fortemente drenados,
excessiva drenagem
Regime de dominância na região
Normalmente profundos ou muito
profundos
Ocorrem sob vegetação de
Cerrado
Textura nas classes areia e areia
branca até 2m de profundidade
Maior concentração nas regiões
leste e norte
Extrema pobreza de solos, troca
de cátions e saturação de base
muito baixas
Baixa fertilidade natural e
capacidade de retenção de água e
nutrientes
Posições de cotas menores em
relação ao topo das chapadas
ORGANOSSOLOS HÁPLICOS
(Solos Orgânicos)
Muito problemático e pouco
conhecido, importantes e
delicados ecossistemas
Em drenagem artificial, sujeito a
subsidência, risco de erosão
eólica
Solos pouco evoluídos, constituídos
por materiais orgânicos
Ocupam planícies de inundação
de rios e córregos ou áreas
deprimidas
Desaconselhado para o uso
a
g
rícola, muitas limita
ç
ões
Sujeito a endurecimento devido
práticas de drenagem
Ambientes mal a muito mal drenados
Ocorrem em condição de relevo
plano e regiões alagadiças
Uso para cultivo de arroz, pela
capacidade de renteção de água
e elevada troca catiônica
Podem ser destruídos por
drenagens má dimensiionadas
Solos fortemente ácidos, alta
capacidade de troca de cátions e
baixa saturação por bases
Sob vegetação natural de Campo
Hidrófilo de Várzea
Manejo adequado
importantíssimo, solo com mais
de 80% de água
Horizonte superficial do tipo hístico
Evitar qualquer tipo de inter-
venção sobre este tipo de solo
PLINTOSSOLOS PÉTRICOS
(Solos Concrecionários
Indiscriminados)
Bastantes susceptíveis à
erosão
Solos minerais, bem drenados
Ocorrem em relevos desde
ondulado a forte ondulado
Horizonte litoplíntico, cintínuo
Em áreas dispersas em toda a
área
Horizonte A tipo moderado
Ocorrência mais expressiva nos
bordos dos chapadões
Solos pobres, com baixa
saturação de bases
Fertilidade natural baixa, distróficos
Área apropriada para a
preservação de flora e fauna
Solos profundos, com horizontes Ac,
Bc e C
Observações Gerais
OBS: Solo muito pouco conhecido e com
ecossistema delicado. Em condição de
drenagem artificial podem ocorrer sérios
danos, como a interrupção da acumulação
de materia orgânica, desencadeando uma
série de alterações de ordem física e
bioquímica, que resultam em permanente e
irreversível rebaixamento da superfície do
solo (subsidência). Podem ocorrer também
a drenagem total, com secagem e perda de
volume, ocorrendo um endurecimento
irreversível da camada
Limitações decorrentes da grande
quantidade de concreções
lateríticas na massa do solo que
dificultam muito o uso de
máquinas agrícolas e penetração
de raízes
A grande quantidade de
concreções presentes na massa
do solo diminui em muito a sua
permeabilidade, o que é um fator
indutor dos processos erosivos
Uso mais razoável, com
limitações, para a preservação
da vegetação natural,
reflorestamento com espécies
pouco exigentes em nutrientes e
pastagens nativas
Em razão da constituição arenosa
com grãos soltos e fácil
desagregabilidade de seu material
constituinte
Erosão superficial também
verificada
em razão da grande
permeabilidade dos solos e
textura arenosa
Não são vulneráveias aos
processos de erosivos comuns
devido as características locais e
de constituição do material
141
Apêndice C – Questionário-modelo aplicado
Dados da família:
1) Quem é o produtor? (proprietário, arrendatário,parceiro)
2) Qual o número de pessoas na família? Adultos ( ) Crianças( ) Idosos ( )
3) Residem na propriedade rural? Sim ( ) Não ( )
4) Quantos familiares trabalham na propriedade e quais as funções que exercem?
5) Qual o nível de escolaridade dos integrantes da família? Possui filhos em idade escolar?
6) Doenças na família? Típicas do meio rural? Graves, crônicas?
7) A família era de origem agricultora? Os pais eram proprietários?
8) Expectativa de os filhos permanecerem no meio rural?
9) Possui outras fontes de renda? Quais? Alguma atividade econômica urbana?
10) Habitação: no.Quartos ( ) no.Banheiros ( ); Cozinha(tipo de energia):
11) Fonte de energia? Uso de lampião ( ), gerador ( ), querosene ( ), rede elétrica ( )
12) Equipamentos eletrônicos: Tv ( ), rádio ( ), computador ( ), máquina de lavar ( ), outros ( ), Quais?
13) Qual a origem da água consumida:Rio ( ), mina ( ), cacimba ( ), poço ( ), rede municipal ( ).
14) Qual o destino do esgoto: Rede de coleta ( ), fossas ( ), valas ( ), lançamento direto ( ), outros ( ),
Quais?
15) Quais atividades sociais comuns à família? O que costumam fazer nas horas de folga?
16) Para vcs, ter qualidade de vida significa ter o que?
Entrevista:
Data da entrevista: Local: Hora:
Nome da propriedade:
Nome do proprietário:
Reside na propriedade: ( )Sim ( ) Não
Localização da propriedade:
Endereço:
Referência:
Distância até a sede do município:
Tamanho da propriedade: ha
Nome do entrevistado:
Relação com o proprietário:
Empregados e arrendatários/parceiros:
17) Assalariados: Registrados:
18) Onde eles residem? Rural ( )Urbano( ). Na propriedade: empréstimo ( ) aluguel ( )
19) O trabalho é dividido entre parceiros, meeiros ou arrendatários na propriedade?Quantos são e qual
área ocupam?
20) Quais os profissionais que trabalham na propriedade e quais são suas funções? Existem algum
agronômo responsável? E veterinário?
142
Apêndice C: continuação.
Dados das práticas de manejo:
21) Qual é o produto(cultivo) principal da propriedade? E o secundário? Existe relação direta entre eles?
22) Existe a prática de agricultura de subsistência?
23) Quais são as técnicas de cultivo utilizadas?
24)
Qual o peodo de utilização do mesmo local para o cultivo de uma mesma cultura ou de culturas
diferentes?
25) Quais são as técnicas utilizadas de preparação do solo para o uso?
26) Quais os tipos de insumos utilizados ?
27) Quais são as fontes desses insumos? E como eles são adquiridos? (comprados, financiados,...)
28) Quais são as práticas de controle de pragas e pestes? Quais defensivos utilizam?
29) Quais são as técnicas de irrigação utilizadas e a origem da água utilizada?
30) Qual o meio de locomoção dentro da propriedade?
31) Quais são os veículos agrícolas utilizados na plantação? Qual o porte deles?
32) Existe uma rota fixa para a locomoção dentro da área de plantação e da propriedade?
Dados Ambientais:
33) Na sua fazenda, existe uma área de proteção ambiental (APA)? Qual é a área da APA?
34)
Na sua opinião, Vc aceitaria implantar um programa,do qual Vc fosse o tomador de decisão final e que
visasse
diminuir o desgaste do meio ambiente da sua propriedade, mantendo ou até mesmo aumentando a
sua produtividade?
35) Quais as práticas aplicadas na sua propriedadeVc acha que possa estar trazendo algum dano ao meio
ambiente ?
36) E quais são as que Vc considera benéficas ao meio ambiente?
37) Vc tem observado algumas mudanças ambientais significativas na sua propriedade ou região? Quais?
38) Foi adotado alguma medida em relação a essas mudanças? Quais?
39) Existem algumas espécies, vegetais ou animais ,que não se encontra mais na região? Desde quando?
Produção:
40) Qual a produção total por hectare ?
41) Quanto é investido por hectare?
42) Existe algum financiamento? De que tipo? De empresas privadas ou do governo? Como o
financiamento é aplicado na produção?
43) A produção é rentável? Existem perdas? De que tipo?
44) Qual o destino da produção? Mercado externo ou interno?
45) Os produtores da região são cooperados?
46) Como é fetio o escoamento da produção?
47) Existe algum tipo de armazenamento da produção? Como é feito?
OBS: Algumas perguntas não foram utilizadas como dados deste projeto.
143
Apêndice D – Lista dos especialistas convidados para a consultoria do estudo
Nome Instituição e-mail Área de atuação
Paulo Gustavo CI - Brasil p.prado@conservation.org.br Conservação ambiental
Dr. José Alexandre Mello Demattê CIAGRI jamdem[email protected]iagri.usp.br Pesquisador na área de solos e conservação
Dr. Lauro Charlet Pereira
CNPMA lauro@cnpma.embrapa.br Planejamento ambiental do estado de SP.
Enio Fraga da Silva
Embrapa/Solos eni[email protected]brapa.br Levantamento de solos e planejamento ambiental
Claudio Lucas Capeche
Embrapa/Solos capeche@cnps.embrapa.br Levantamento, manejo e conservação de solos
Mauro da Conceição
Embrapa/Solos m[email protected]brapa.br Manejo de solos
Aluísio Granato de Andrade
Embrapa/Solos alui[email protected]brapa.br Manejo de solos e física dos solos
José Ronaldo de Macedo Embrapa/Solos jrmac[email protected]brapa.br Manejo e conservação de solos
Pedro Luiz O. Almeida Machado Embrapa/Solos pedro@cnps.embrapa.br Manejo e fertilidade do solo
Braz Calderano Filho Embrapa/Solos [email protected]brapa.com Planejamento ambiental e levantamento de solos
Gerd Sparovek
Esalq/USP gsparove@esalq.usp.br Planejamento do uso da terra e conservão do solo
Sonia Maria Bergamasco
Feagri/Unicamp soni[email protected]amp.br Desenvolvimento rural sustentável
Angela Maria Feagri/Unicamp angel[email protected]camp.br Desenvolvimento rural sustentável
Andrea Leda R. O. Ojima Ferronorte andrealeda@hotmail.com Meio ambiente
Dra. Isabella Clerici de Maria
IAC icdmaria@iac.sp.gov.br Pesquisador na área de solos e conservação
Dr. Pedro Luiz Donzeli
IAC pdonzeli@iac.sp.gov.br Pesquisador na área de solos e conservação
Dr. Francisco de Paula Nogueira
IAC fpnog@iac.sp.gov.br Pesquisador na área de solos e conservação
Dr. João Bertoldo de Oliveira
IAC bertoldo@iac.sp.gov.br Planejamento ambiental do estado de SP
Dr. Jener Fernando Leite de Moraes
IAC jfmoraes@iac.sp.gov.br Planejamento ambiental do estado de SP
Dr. Rogério Teixeira Faria
IAPAR rtfari[email protected] Planejamento ambiental do estado de PR
MSc Eng. Rogério Costa Campos
INPE rogeri[email protected]npe.br Sensoriamento remoto agrícola
Dr. José Carlos Neves Epiphanio INPE epiphani@ltid.inpe.br Sensoriamento remoto agrícola
Antônio Formaggio INPE form[email protected]npe.br Sensoriamento remoto agrícola
Susanna M.V.B. Ulson Meio Ambiente sbul[email protected].br Meio ambiente
Lilian P. Vendrametto
Meio Ambiente lilianvendra@hotmail.com Meio ambiente
Adriana Ricci
Monsanto adriana.p.ricci@monsanto.com Meio ambiente
Watson Rogério de Azevedo
ONG [email protected]om Especialista em solos
Renato Moreira Oreades rmor[email protected] Eng. Agrônomo
Cinara Del Arco Sanches
Permancutura cinara_delarco@hotmail.com Permancultura
Prof. Dr. William Natale
Unesp/Joboti natale@fcav.unesp.br Planejamento do uso da terra e conservação do solo
Prof. Dr. Renato de Mello Prado
Unesp/Joboti rmprado@fcav.unesp.br Planejamento do uso da terra e conservão do solo
Prof. Dr. Marcílio Vieira Martins Filho
Unesp/Joboti mfilho@fcav.unesp.br Planejamento do uso da terra e conservação do solo
Prof. Dr. Mara Cristina Pessôa da Cruz
Unesp/Joboti mcpcruz@fcav.unesp.br Planejamento do uso da terra e conservação do solo
Prof. Dr. Manoel Evaristo Ferreira
Unesp/Joboti ferrei[email protected] Planejamento do uso da terra e conservação do solo
Prof. Dr. JoMarques Júnio
r
Unesp/Joboti marques@fcav.unesp.br Planejamento do uso da terra e conservão do solo
Prof. Dr. José Frederico Centurion
Unesp/Joboti jfcentu@fcav.unesp.br Planejamento do uso da terra e conservação do solo
Prof. Dr. José Eduardo Co
Unesp/Joboti cor[email protected]p.br Planejamento do uso da terra e conservação do solo
Prof. Dr. Itamar Andrioli
Unesp/Joboti itamar@fcav.unesp.br Planejamento do uso da terra e conservação do solo
Prof. Dr. Edson Luiz Mendes Coutinho
Unesp/Joboti coutinho@fcav.unesp.br Planejamento do uso da terra e conservação do solo
Prof. Dr. Célia Regina Paes Bueno
Unesp/Joboti crbueno@fcav.unesp.br Planejamento do uso da terra e conservão do solo
Dr. Hélio do Prado
USP heprado@iac.sp.gov.br Pesquisador na área de solos e conservação
Dr. Francisco Lombardi Neto
USP flombard@iac.br Planejamento ambiental do estado de SP
144
Apêndice E – Matriz de reversibilidade das ameaças ambientais analisadas
Tempo Técnica Reversibilidade
Assoreamento
MP NT
RM
Taxa de infiltração do solo
CP NT
RM
Salinização LP AT
RB
Alagamentos MP NT
RM
Poluição (contaminação)
MP AT
RB
Mudanças no regime (ciclo) hídrico - -
RB
Erosão linear (sulcos, ravinas, voçorocas) LP AT
RB
Erosão laminar MP NT
RM
Compactação CP NT
RM
Desertificação
LP AT
RB
Poluição (contaminação) LP AT
RB
Acidificação CP NT
RM
Encrostamento
CP NT
RM
Carregamento de nutrientes ou defensivos
LP AT
RB
Perda de insumos, nutrientes ou matéria orgânica
CP NT
RM
Perdas de habitats- fauna ou flora
LP AT
RB
Proliferação de plantas daninhas CP PT
RA
Proliferação de doenças ou pragas MP NT
RM
Perda de barreiras naturais ou mudanças no relevo LP AT
RB
Contaminação da Fauna, Flora ou Humana LP AT
RB
Solos
Recursos
Naturais
RISCOS
Recursos
Hídricos
Legenda:
TEMPO TÉCNICA REVERSIBILIDADE
CP PT ALTA (RA)
CP NT
MP PT, NT
LP PT, NT
MP AT
CP AT
LP AT
MÉDIA (RM)
BAIXA (RB)
145
Apêndice F - Matriz de relacionamento entre práticas agrícolas e ameaças
ambientais
146
Apêndice F: Continuação.
Matriz de relacionamento entre práticas agrícolas e ameaças ambientais. Tipo de solo: Latossolos Vermelhos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
AB AB N ABABABABABAB N N N N ABABABABAB N N
PS2
BA BA N BABABABABABABABAAB N BABABABABA N N
PS3
BB BB N BB BB BB BB BB BB N N N BB BB BB AB AB AB N N
PS4
BA BA N BBBBBBBBBBBB N N N N BABABB N N N N
PS5
BA BA N BABABABABABABBBABBBBBABABABABA N N
DS1
BB BB N BBBBBBBBBBBB N N N N BBBBBB N N N N
DS2
BB BB N BA AB BA BA BA N N N AA AA AA AA N N N N N
DS3
BB BB N BA AB BA BA BA N N N AA AA AA AA N N N N N
I1
N N BA BB AB AB N N N BA N N N AB AB N N N N N
I2
N NBANABABNNNBANNNABAANNNNN
I3
N AA N AA AB AA N N N BA N AA N AA AA N N N N N
R1
AB AB N N N AB AB AB AB N N N N AB AB N N N N N
R2
BBBBNBBBBBBBBBBBBBBNNNNNNNNNN
R3
AB AB N N N AB AB AB AB N N N N AB AB N N N N N
F1
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F2
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F3
N NABNAANNNNNAANNNNNNNNN
F4
N NAANAANNNNNAAABNNNNNNNN
CP1
BBBBNNBBNNNNNNNNNNBABABANBA
CP2
N NNNAANNNNNAANNNNAABBBBNAB
CD1
N NNNBANNNNNBANNNNBABABANBA
CD2
N NNNABNNNNNNNNNNAABANNAA
AD1
N NNNABNNNNNABNNNNABBBBBNAB
AD2
N NNNAANNNNNAANNNNAABBBBNAA
AD3
N NNNABNNNNNAANNNNAABBBBNAA
TRANSPORTE
T1
AB AB N ABABABABABAB N N N N ABAB N N N N N
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
147
Apêndice F: Continuação.
Matriz de relacionamento entre práticas agrícolas e ameaças ambientais. Tipo de solo: Cambissolos Háplicos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
AA AA N AA AA AB AA AA AA AB N N N AA AA AA AA AB N N
PS2
BA BA N BABABABABABABABAAB N BABABABABA N N
PS3
BB BA N BBBBBBAAAABAAB N N BBABABABABAB N N
PS4
BA BA N BB BA BB BA BA AB BB N N N BA BA BB N N N N
PS5
BA BA N BABABBBABABABBBABBBBBABABABABA N N
DS1
BA BA N BB BA BB BA BA AB BB N N N BA BA BB N N N N
DS2
BB BB N BA AB BA BA BA N N N AA AA AA AA N N N N N
DS3
BB BB N BA AB BA BA BA N N N AA AA AA AA N N N N N
I1
N N BA BB AB AB N N N BA N N N AB AB N N N N N
I2
N NBANABABNNNBANNNABAANNNNN
I3
N AA N AA AB AA N N N BA N AA N AA AA N N N N N
R1
AA AA N N N AA N N N AA N N N AB AB N N N N N
R2
BBBBNBBBBBBBBBBBBBBNNNNNNNNNN
R3
AA AA N N N AA N N N AA N N N AB AB N N N N N
F1
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N NAANAANNNNNAAABNNNNNNNN
CP1
BBBBNNBBNNNNNNNNNNBABABANBA
CP2
N NNNAANNNNNAANNNNAABBBBNAB
CD1
N NNNBANNNNNBANNNNBABABANBA
CD2
N NNNABNNNNNNNNNNAABANNAA
AD1
N NNNABNNNNNABNNNNABBBBBNAB
AD2
N NNNAANNNNNAANNNNAABBBBNAA
AD3
N NNNABNNNNNAANNNNAABBBBNAA
TRANSPORTE
T1
AA AA N AAAAAAAAAAAA N N N N AAAA N N N N N
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
148
Apêndice F: Continuação.
Matriz de relacionamento entre práticas agrícolas e ameaças ambientais. Tipo de solo: Gleissolos Melânicos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
AA AA N AA AA AB AA AA AA AB N N N AA AA AA AA AB N N
PS2
BA BA N BABABABABABABABAAB N BABABABABA N N
PS3
BB BA N BBBBBBAAAABAAB N N BBABABABABAB N N
PS4
BA BA N BB BA BB BA BA AB BB N N N BA BA BB N N N N
PS5
BA BA N BABABBBABABABBBABBBBBABABABABA N N
DS1
BA BA N BB BA BB BA BA AB BB N N N BA BA BB N N N N
DS2
BB BB N BA AB BA BA BA N N N AA AA AA AA N N N N N
DS3
BB BB N BA AB BA BA BA N N N AA AA AA AA N N N N N
I1
N N BA BB AB AB N N N BA N N N AB AB N N N N N
I2
N NBANABABNNNBANNNABAANNNNN
I3
N AA N AA AB AA N N N BA N AA N AA AA N N N N N
R1
AA AA N N N AA N N N AA N N N AB AB N N N N N
R2
BBBBNBBBBBBBBBBBBBBNNNNNNNNNN
R3
AA AA N N N AA N N N AA N N N AB AB N N N N N
F1
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F2
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F3
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F4
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CP1
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CP2
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CD1
N NNNBANNNNNBANNNNBABABANBA
CD2
N NNNABNNNNNNNNNNAABANNAA
AD1
N NNNABNNNNNABNNNNABBBBBNAB
AD2
N NNNAANNNNNAANNNNAABBBBNAA
AD3
N NNNABNNNNNAANNNNAABBBBNAA
TRANSPORTE
T1
AA AA N AAAAAAAAAAAA N N N N AAAA N N N N N
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
149
Apêndice F: Continuação.
Matriz de relacionamento entre práticas agrícolas e ameaças ambientais. Tipo de solo: Latossolos Vermelho Amarelos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
AB AB N ABABABABABAB N N N N ABABABABAB N N
PS2
BA BA N BABABABABABABABAAB N BABABABABA N N
PS3
BB BB N BB BB BB BB BB BB N N N BB BB BB AB AB AB N N
PS4
BA BA N BBBBBBBBBBBB N N N N BABABB N N N N
PS5
BA BA N BABABABABABABBBABBBBBABABABABA N N
DS1
BB BB N BBBBBBBBBBBB N N N N BBBBBB N N N N
DS2
BB BB N BA AB BA BA BA N N N AA AA AA AA N N N N N
DS3
BB BB N BA AB BA BA BA N N N AA AA AA AA N N N N N
I1
N N BA BB AB AB N N N BA N N N AB AB N N N N N
I2
N NBANABABNNNBANNNABAANNNNN
I3
N AA N AA AB AA N N N BA N AA N AA AA N N N N N
R1
AB AB N N N AB AB AB AB N N N N AB AB N N N N N
R2
BBBBNBBBBBBBBBBBBBBNNNNNNNNNN
R3
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F1
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N NAANAANNNNNAAABNNNNNNNN
CP1
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CP2
N NNNAANNNNNAANNNNAABBBBNAB
CD1
N NNNBANNNNNBANNNNBABABANBA
CD2
N NNNABNNNNNNNNNNAABANNAA
AD1
N NNNABNNNNNABNNNNABBBBBNAB
AD2
N NNNAANNNNNAANNNNAABBBBNAA
AD3
N NNNABNNNNNAANNNNAABBBBNAA
TRANSPORTE
T1
AB AB N ABABABABABAB N N N N ABAB N N N N N
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
150
Apêndice F: Continuação.
Matriz de relacionamento entre práticas agrícolas e ameaças ambientais. Tipo de solo: Neossolos: Quartzarênicos Órticos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
AA N N N N AB AA AA AB AB N N N AA AA AA AA AB N N
PS2
BA BA N BABABABABABABABAAB N BABABABABA N N
PS3
N NNNNNNNNNNNNNNNNNNN
PS4
BA BA N BB BA BB BA BA AB BB N N N BA BA BB N N N N
PS5
BA BA N BABABBBABABABBBABBBBBABABABABA N N
DS1
BA BA N BB BA BB BA BA AB BB N N N BA BA BB N N N N
DS2
N NNNNNNNNNNNNNNNNNNN
DS3
N NNNNNNNNNNNNNNNNNNN
I1
N N BA BB AB AB N N N BA N N N AB AB N N N N N
I2
N NBANABABNNNBANNNABAANNNNN
I3
N AA N AA AB AA N N N BA N AA N AA AA N N N N N
R1
AA AA N N N AA N N N AA N N N AB AB N N N N N
R2
BBBBNBBBBBBBBBBBBBBNNNNNNNNNN
R3
AA AA N N N AA N N N AA N N N AB AB N N N N N
F1
N NAANAANNNNNAAABNNNNNNNN
F2
NBANBAAANNNBABANABNNNNNNNN
F3
N NABNAANNNNNAANNNNNNNNN
F4
N NAANAANNNNNAAABNNNNNNNN
CP1
BBBBNNBBNNNNNNNNNNBABABANBA
CP2
N NNNAANNNNNAANNNNAABBBBNAB
CD1
N NNNBANNNNNBANNNNBABABANBA
CD2
N NNNABNNNNNNNNNNAABANNAA
AD1
N NNNABNNNNNABNNNNABBBBBNAB
AD2
N NNNAANNNNNAANNNNAABBBBNAA
AD3
N NNNABNNNNNAANNNNAABBBBNAA
TRANSPORTE
T1
AA AA N AAAAAAAAAAAA N N N N AAAA N N N N N
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
151
Apêndice F: Continuação.
Matriz de relacionamento entre práticas agrícolas e ameaças ambientais. Tipo de solo: Organossolos Háplicos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
AA AA N AA AA AB AA AA AA AB N N N AA AA AA AA AB N N
PS2
BA BA N BABABABABABABABAAB N BABABABABA N N
PS3
BB BA N BBBBBBAAAABAAB N N BBABABABABAB N N
PS4
BA BA N BB BA BB BA BA AB BB N N N BA BA BB N N N N
PS5
BA BA N BABABBBABABABBBABBBBBABABABABA N N
DS1
BA BA N BB BA BB BA BA AB BB N N N BA BA BB N N N N
DS2
BB BB N BA AB BA BA BA N N N AA AA AA AA N N N N N
DS3
BB BB N BA AB BA BA BA N N N AA AA AA AA N N N N N
I1
N N BA BB AB AB N N N BA N N N AB AB N N N N N
I2
N NBANABABNNNBANNNABAANNNNN
I3
N AA N AA AB AA N N N BA N AA N AA AA N N N N N
R1
AA AA N N N AA N N N AA N N N AB AB N N N N N
R2
BBBBNBBBBBBBBBBBBBBNNNNNNNNNN
R3
AA AA N N N AA N N N AA N N N AB AB N N N N N
F1
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F2
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F3
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F4
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CP1
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CP2
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CD1
N NNNBANNNNNBANNNNBABABANBA
CD2
N NNNABNNNNNNNNNNAABANNAA
AD1
N NNNABNNNNNABNNNNABBBBBNAB
AD2
N NNNAANNNNNAANNNNAABBBBNAA
AD3
N NNNABNNNNNAANNNNAABBBBNAA
TRANSPORTE
T1
AA AA N AAAAAAAAAAAA N N N N AAAA N N N N N
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
152
Apêndice F: Continuação.
Matriz de relacionamento entre práticas agrícolas e ameaças ambientais. Tipo de solo: Plintossolos Pétricos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
AA AA N AA AA AB AA AA AA AB N N N AA AA AA AA AB N N
PS2
BA BA N BABABABABABABABAAB N BABABABABA N N
PS3
BB BA N BBBBBBAAAABAAB N N BBABABABABAB N N
PS4
BA BA N BB BA BB BA BA AB BB N N N BA BA BB N N N N
PS5
BA BA N BABABBBABABABBBABBBBBABABABABA N N
DS1
BA BA N BB BA BB BA BA AB BB N N N BA BA BB N N N N
DS2
BB BB N BA AB BA BA BA N N N AA AA AA AA N N N N N
DS3
BB BB N BA AB BA BA BA N N N AA AA AA AA N N N N N
I1
N N BA BB AB AB N N N BA N N N AB AB N N N N N
I2
N NBANABABNNNBANNNABAANNNNN
I3
N AA N AA AB AA N N N BA N AA N AA AA N N N N N
R1
AA AA N N N AA N N N AA N N N AB AB N N N N N
R2
BBBBNBBBBBBBBBBBBBBNNNNNNNNNN
R3
AA AA N N N AA N N N AA N N N AB AB N N N N N
F1
N NAANAANNNNNAAABNNNNNNNN
F2
NBANBAAANNNBABANABNNNNNNNN
F3
N NABNAANNNNNAANNNNNNNNN
F4
N NAANAANNNNNAAABNNNNNNNN
CP1
BBBBNNBBNNNNNNNNNNBABABANBA
CP2
N NNNAANNNNNAANNNNAABBBBNAB
CD1
N NNNBANNNNNBANNNNBABABANBA
CD2
N NNNABNNNNNNNNNNAABANNAA
AD1
N NNNABNNNNNABNNNNABBBBBNAB
AD2
N NNNAANNNNNAANNNNAABBBBNAA
AD3
N NNNABNNNNNAANNNNAABBBBNAA
TRANSPORTE
T1
AA AA N AAAAAAAAAAAA N N N N AAAA N N N N N
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
153
Apêndice G – Matriz de classificação entre práticas agrícolas e ameaças
ambientais
154
Apêndice G: Continuação.
Matriz de classificação entre práticas agrícolas e ameaças ambientais. Tipo de solo: Cambissolos Háplicos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
U UNUPUPUUUNNNPUPCUNN
PS2
FFNFEEEFFEEUNEFEFFNN
PS3
F FNFFFPUFUNNFUUUCUNN
PS4
F FNFEFEFUFNNNEFFNNNN
PS5
F FNFEFEFFFEFFEFEFFNN
DS1
F FNFEFEFUFNNNEFFNNNN
DS2
F FNFUEEFNNNUUPUNNNNN
DS3
F FNFUEEFNNNUUPUNNNNN
I1
N NEFUUNNNENNNUUNNNNN
I2
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I3
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R1
U UNNNPNNNPNNNUUNNNNN
R2
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R3
U UNNNPNNNPNNNUUNNNNN
F1
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F3
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N NPNPNNNNNPUNNNNNNNN
CP1
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CP2
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CD1
N NNNENNNNNENNNNEFFNE
CD2
N NNNUNNNNNNNNNNPFNNP
AD1
N NNNUNNNNNUNNNNUFFNU
AD2
N NNNPNNNNNPNNNNPFFNP
AD3
N NNNUNNNNNPNNNNPFFNP
TRANSPORTE
T1
U UNUPPPUUNNNNPUNNNNN
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
155
Apêndice G: Continuação.
Matriz de classificação entre práticas agrícolas e ameaças ambientais. Tipo de solo: Gleissolos Melânicos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
U UNUPUPUUUNNNPUPCUNN
PS2
FFNFEEEFFEEUNEFEFFNN
PS3
F FNFFFPUFUNNFUUUCUNN
PS4
F FNFEFEFUFNNNEFFNNNN
PS5
F FNFEFEFFFEFFEFEFFNN
DS1
F FNFEFEFUFNNNEFFNNNN
DS2
F FNFUEEFNNNUUPUNNNNN
DS3
F FNFUEEFNNNUUPUNNNNN
I1
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I2
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I3
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R2
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R3
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CP1
F FNNFNNNNNNNNNNEFFNE
CP2
N NNNPNNNNNPNNNNPFFNU
CD1
N NNNENNNNNENNNNEFFNE
CD2
N NNNUNNNNNNNNNNPFNNP
AD1
N NNNUNNNNNUNNNNUFFNU
AD2
N NNNPNNNNNPNNNNPFFNP
AD3
N NNNUNNNNNPNNNNPFFNP
TRANSPORTE
T1
U UNUPPPUUNNNNPUNNNNN
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
156
Apêndice G: Continuação.
Matriz de classificação entre práticas agrícolas e ameaças ambientais. Tipo de solo: Latossolos Vermelhos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
U UNUUUUUUNNNNUUUCUNN
PS2
FFNFEEEFFEEUNEFEFFNN
PS3
F FNFFFFFFNNNFFFUCUNN
PS4
F FNFFFFFFNNNNEFFNNNN
PS5
F FNFEEEFFFEFFEFEFFNN
DS1
F FNFFFFFFNNNNFFFNNNN
DS2
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DS3
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N NUNPNNNNNPNNNNNNNNN
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CP1
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CP2
N NNNPNNNNNPNNNNPFFNU
CD1
N NNNENNNNNENNNNEFFNE
CD2
N NNNUNNNNNNNNNNPFNNP
AD1
N NNNUNNNNNUNNNNUFFNU
AD2
N NNNPNNNNNPNNNNPFFNP
AD3
N NNNUNNNNNPNNNNPFFNP
TRANSPORTE
T1
U UNUUUUUUNNNNUUNNNNN
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
157
Apêndice G: Continuação.
Matriz de classificação entre práticas agrícolas e ameaças ambientais. Tipo de solo: Latossolos Vermelho-Amarelos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
U UNUUUUUUNNNNUUUCUNN
PS2
FFNFEEEFFEEUNEFEFFNN
PS3
F FNFFFFFFNNNFFFUCUNN
PS4
F FNFFFFFFNNNNEFFNNNN
PS5
F FNFEEEFFFEFFEFEFFNN
DS1
F FNFFFFFFNNNNFFFNNNN
DS2
F FNFUEEFNNNUUPUNNNNN
DS3
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AD2
N NNNPNNNNNPNNNNPFFNP
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TRANSPORTE
T1
U UNUUUUUUNNNNUUNNNNN
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
158
Apêndice G: Continuação.
Matriz de classificação entre práticas agrícolas e ameaças ambientais. Tipo de solo: Neossolos Quartzarênicos Órticos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
U NNNNUPUUUNNNPUPCUNN
PS2
FFNFEEEFFEEUNEFEFFNN
PS3
N NNNNNNNNNNNNNNNNNNN
PS4
F FNFEFEFUFNNNEFFNNNN
PS5
F FNFEFEFFFEFFEFEFFNN
DS1
F FNFEFEFUFNNNEFFNNNN
DS2
N NNNNNNNNNNNNNNNNNNN
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CP2
N NNNPNNNNNPNNNNPFFNU
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N NNNENNNNNENNNNEFFNE
CD2
N NNNUNNNNNNNNNNPFNNP
AD1
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AD2
N NNNPNNNNNPNNNNPFFNP
AD3
N NNNUNNNNNPNNNNPFFNP
TRANSPORTE
T1
U UNUPPPUUNNNNPUNNNNN
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
159
Apêndice G: Continuação.
Matriz de classificação entre práticas agrícolas e ameaças ambientais. Tipo de solo: Organossolos Háplicos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
U UNUPUPUUUNNNPUPCUNN
PS2
FFNFEEEFFEEUNEFEFFNN
PS3
F FNFFFPUFUNNFUUUCUNN
PS4
F FNFEFEFUFNNNEFFNNNN
PS5
F FNFEFEFFFEFFEFEFFNN
DS1
F FNFEFEFUFNNNEFFNNNN
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N NUNPNNNNNPNNNNNNNNN
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CP1
F FNNFNNNNNNNNNNEFFNE
CP2
N NNNPNNNNNPNNNNPFFNU
CD1
N NNNENNNNNENNNNEFFNE
CD2
N NNNUNNNNNNNNNNPFNNP
AD1
N NNNUNNNNNUNNNNUFFNU
AD2
N NNNPNNNNNPNNNNPFFNP
AD3
N NNNUNNNNNPNNNNPFFNP
TRANSPORTE
T1
U UNUPPPUUNNNNPUNNNNN
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
160
Apêndice G: Continuação.
Matriz de classificação entre práticas agrícolas e ameaças ambientais Tipo de solo: Plintossolos Pétricos.
AS TI SL AL PH MH EL ES CP DS PS AC EC CR PI PHF PD PP BN CF
PS1
U UNUPUPUUUNNNPUPCUNN
PS2
FFNFEEEFFEEUNEFEFFNN
PS3
F FNFFFPUFUNNFUUUCUNN
PS4
F FNFEFEFUFNNNEFFNNNN
PS5
F FNFEFEFFFEFFEFEFFNN
DS1
F FNFEFEFUFNNNEFFNNNN
DS2
F FNFUEEFNNNUUPUNNNNN
DS3
F FNFUEEFNNNUUPUNNNNN
I1
N NEFUUNNNENNNUUNNNNN
I2
N NENUUNNNENNNUUNNNNN
I3
N UNUUPNNNENUNPUNNNNN
R1
U UNNNPNNNPNNNUUNNNNN
R2
F FNFFFFFFFNNNNNNNNNN
R3
U UNNNPNNNPNNNUUNNNNN
F1
N NPNPNNNNNPUNNNNNNNN
F2
N FNFPNNNFENUNNNNNNNN
F3
N NUNPNNNNNPNNNNNNNNN
F4
N NPNPNNNNNPUNNNNNNNN
CP1
F FNNFNNNNNNNNNNEFFNE
CP2
N NNNPNNNNNPNNNNPFFNU
CD1
N NNNENNNNNENNNNEFFNE
CD2
N NNNUNNNNNNNNNNPFNNP
AD1
N NNNUNNNNNUNNNNUFFNU
AD2
N NNNPNNNNNPNNNNPFFNP
AD3
N NNNUNNNNNPNNNNPFFNP
TRANSPORTE
T1
U UNUPPPUUNNNNPUNNNNN
PREPARO DO SOLO
DRENAGEM
SUPERFICIAL
IRRIGAÇÃO
ROTAÇÃO
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
CONTROLE DE PLANTAS
CONTROLE DE PRAGAS E
DOENÇAS
FORMA DE APLICAÇÃO-
DEFENSIVO QUÍMICO
Ameaças Ambientais
Recursos Hídricos Recursos NaturaisSolos
FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO
1.
CLASSIFICAÇÃO/TIPO
TM
2.
DATA
27 de junho de 2005
3.
DOCUMENTO N°
CTA/ITA-IEI/TM-006/2005
4.
N° DE PÁGINAS
160
5.
TÍTULO E SUBTÍTULO:
Avaliação e gestão sustentável do uso da terra utilizando a metodologia “Threat Identification Model -
TIM”
6.
AUTOR(ES):
Luiz Armando Steinle Camargo
7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):
Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica – ITA/IEI
8.
PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:
Desenvolvimento Sustentável, TIM, Uso da Terra
9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:
Recursos naturais; Desenvolvimento sustentável; Utilização do solo; Metodologia; Gestão ambiental;
Sistema de Informação Geográfica - SIG; Agricultura
10.
APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional
ITA, São José dos Campos, 2005, 160 páginas
11.
RESUMO:
Este trabalho objetivou a adequação e avaliação da metodologia “Threat Identification Model –TIM”,
desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Melbourne, Austrália. A idéia central desse modelo é
auxiliar os gestores para o planejamento do uso do solo ex ante a implantação das atividades agrícolas. O
modelo prevê a identificação de fontes insustentáveis no meio rural através do cruzamento de matrizes de
p
ráticas agrícolas e ameaças ambientais, considerando os níveis de relacionamento entre elas e a
reversibilidade das ameaças. A análise das matrizes é realizada por consultas a especialistas. As matrizes
incorporam um atributo espacial, no caso o tipo de solo,
p
ermitindo que os resultados possam ser
espacializados com a utilização de um Sistema de Informação Geográfica (SIG). Para o cumprimento do
objetivo, o modelo foi aplicado na região do município de Costa Rica, MS. Esse município está
localizado na região de entorno do Parque Nacional das Emas, GO, no âmbito do Corredor Ecológico
Cerrado-Pantanal. A região vem sofrendo fortes pressões antrópicas oriundas de atividades agrícolas,
impactando o alcance de patamares mínimos de sustentabilidade. Com a adequação e avaliação da
metodologia foi possível classificar o relacionamento entre 20 ameaças ambientais e 26 práticas
agrícolas. As práticas de preparo do solo com implementos de grade e a aplicação de defensivos
químicos foram as que tiveram pior desem
p
enho, devido ao relacionamento “proibitivo” em relação a
diversas ameaças ambientais. Com a aplicação do TIM foi possível identificar as causas e origens das
fontes insustentáveis especificamente para a região estudada. Contudo, conclui-se que a adequação e
aplicação da metodologia não é tarefa trivial. O método possui algumas limitações para sua reaplicação
em outras localidades, como a dependência do nível de informações do banco de dados, a necessidade de
consultas a especialistas, as características das atividades agrícolas e conseqüentes práticas adotadas,
entre outros.
12.
GRAU DE SIGILO:
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