Discussão 34
Um dispositivo mais preciso para fixar o endoscópio, de funcionamento
pneumático, e não mecânico, foi descrito por Arnholt, Mair (2002). Outros autores
preferem não utilizar o endoscópio de forma fixa (Heilman et al, 1997; Stamm et al,
2000; Har–El, 2005; Rudnik et al, 2005; Van Lindert, Grotenhuis, 2005; Santos,
Cunha Filho, 2006).
No presente trabalho não se utilizou o fixador, pois uma das maiores
vantagens do endoscópio está em sua mobilidade, permitindo rápida mudança de
posicionamento, sem a necessidade de soltá-lo e fixá-lo novamente. O mecanismo
de fixação pode não ser suficientemente preciso para segurar o endoscópio
exatamente no local desejado. Além disso, o endoscópio fornece uma visão
bidimensional (sem profundidade), e não tridimensional como o microscópio, o que é
visto por alguns como uma desvantagem (Jho, Carrau, 1997; De Divitiis,
Cappabianca, 2002). Uma das maneiras de se obter uma noção de profundidade
com o endoscópio é movimentando-o constantemente, para frente e para trás,
utilizando-se pontos fixos da anatomia da cavidade nasal como referência.
Outra desvantagem de se fixar o endoscópio, a nosso ver, é que ele pode
prejudicar a manipulação de instrumentos cirúrgicos utilizados pelo neurocirurgião.
Curetas e dissectores podem ser parcialmente guiados pelo contorno externo do
endoscópio em direções indesejadas; podem rodar sobre a ponta do mesmo e
causar movimentos abruptos.
De Divitiis, Cappabianca (2002), adeptos do acesso unilateral, utilizam, após
a abertura dos seios esfenoidais, um endoscópio mais longo (30 cm), próprio para
cistoscopia. Com este endoscópio fixo a um braço mecânico, o conflito entre ele e os
instrumentos é menor, pois a extremidade acoplada à câmera fica mais afastada do
paciente que as mãos do cirurgião.
Finalmente, por vezes é necessário limpar-se a ponta do endoscópio, que
pode embaçar ou ser bloqueada por sangue, e se o mesmo estiver fixo pode haver
considerável perda de tempo durante o procedimento cirúrgico. Um sistema de
limpeza da ponta do endoscópio, com irrigação de soro fisiológico e aspiração, é de
uso rotineiro por alguns autores, na tentativa de solucionar parcialmente este
problema (Jho, Carrau, 1997; Cappabianca et al, 1998; Alfieri, 1999; Cappabianca et
al, 2000; Jho, Alfieri, 2001; De Divitiis, Cappabianca, 2002; Cappabianca et al,
2002a; Cappabianca et al, 2002b; Cappabianca, De Divitiis, 2004; Cappabianca et
al, 2004a; Cappabianca et al, 2004b; Cappabianca et al, 2004c; Cavallo et al, 2004).