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2.4 DE CAMBERRA À CURITIBA DE AGACHE – 1941-1943
Curitiba entra no panorama mundial do urbanismo com o plano desenvolvido
pelo urbanista francês Alfred Donalt Agache
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, entre 1941 e1943. No seu currículo constavam
várias experiências urbanas e o 3° lugar no concurso internacional para a nova capital da
Austrália. Reps (s/d) fez a transcrição do concurso de Camberra, e a concepção para projeto
urbano de Agache deveria ser subsidiada em três questões fundamentais: “utilitarian, hygienic
e architecture and beauty”.
Em seu plano para Camberra, na questão do utilitarismo leva-se em conta as
condições do solo, as provisões contra as enchentes e a divisão de áreas: política e
administrativa, comercial, industrial, universitária, residencial e jogos e esportes em parques e
jardins, e complementa-se com importantes edifícios e monumentos. Sob o ponto de vista da
higiene, definem-se os espaços livres, as reservas florestais e os projetos de drenagem.
Reafirma-se a necessidade de setorização e a configuração dos gabaritos definindo as áreas
52 ALFRED HUBERT DONAT AGACHE nasceu em 1875, em Tours na França, e faleceu no dia 5 de maio de
1959, em Paris. Formou-se na Escola de Belas Artes de Paris, onde foi aluno de Ladoux, Architect Diplomé Para
Le
Gouvernment e Chevalier de la Légion d`Honneur, lecionou como titular da cátedra de História de Arte, no College
Libre des Sciences Sociales. Tornou-se consultor de diversas sociedades e um especialista na remodelação de
cidades
, com trabalhos na Europa, Américas do Sul e Norte. Em 1903, ganhou seu primeiro Concurso Internacional
para a Crítica da Capital da Austrália: Camberra. Nesse mesmo ano publicou La housing – question a Londres, um
estudo da habitação popular em Londres, editado por FIRMIN DIDOT. Publicou, em 1911, Lá cité jardim (Alliance
d`Hygiène Sociale) no Congresso de Roubaix. Em 1913 publicou Cités jardins et villes futures, pela Câmara de
Comércio de Nancy e em 1914 lançou sua obra La grande ville
, a que ele deu o subtítulo de Estude d`urbanisme –
Les documents du progrés, edição de Félix Alcan. Reconstruire nos cités détruites, Notions d`urbanismes
s`appliquant auxvilles, bourgs et villages, trata de urbanismo para ser usado após a guerra, editado pela Livraria
Armand Colin e em 1917, a coleção La construction moderne. Antes de vir ao Brasil, publicou, em 1923, Comment
on fait un plan de ville do volume Ou en es l`urbanisme. A partir de 1919 foi responsável, na Europa, pelos
seguintes planos: Plano de Urbanização de Paris, Plano de Urbanização de Dunquerque, Plano de Urbanização de
Poitiers, Plano de Urbanização de Dieppe, Plano de Urbanização de Orleans e o Plano de Urbanização de Lisboa.
Em 1927 veio ao Brasil pela primeira vez a convite do prefeito do Distrito Federal, Prado Júnior, para elaborar
estudos urbanísticos sobre a cidade do Rio de Janeiro. Assim, durante três anos, contratado pela PDF Agache
,
trabalhou na execução do projeto de remodelação do Rio de Janeiro. Em 1930 publicou o livro ¨Cidade do Rio de
Janeiro – Remodelação, extensão e embelezamento¨, editado pela Foyer Brésilien Editor, de Paris, plano que
constitui um marco no desenvolvimento do urbanismo da cidade do Rio de Janeiro. Em 1933, escreveu um artigo
para a Revista Municipal de Engenharia, também tratando do Plano de Remodelação da Cidade do Rio de Janeiro
de forma sintética. Em 1939, organizou a Exposição do Progresso Social na cidade de Lille e retornou ao Brasil,
onde auxiliou na elaboração de planos de embelezamento de várias capitais brasileiras. Nesse mesmo ano, fixou
residência no Brasil e colaborou como consultor técnico dos engenheiros Jerônimo e Abelardo Coimbra Bueno.
Participou na elaboração de várias capitais e cidades brasileiras: Curitiba, no estado do Paraná, Campos, Atafona e
São João da Barra, no estado do Rio de Janeiro, Vitória, no estado do Espírito Santo em colaboração ao Escritório
Otávio Catanhede, e em São Paulo, onde projetou Interlagos. Elaborou também os estudos do Parque Paisagístico
da Estância Balneária de Araxá, em Minas Gerais.
(Apud LEME, Maria Cristina da Silva (Coord.). Urbanismo no
Brasil, 18
95-1965. São Paulo: Nobel, 1999. p. 545-546).