116
equilíbrio de saber que você vai errar, que você pode errar, mas que você tem a certeza, a
verdade do seu lado, não que você esteja certo, mas sente muita segurança. E eu vivi esses
dez anos assim, crescendo enquanto pessoa, conversando comigo. E eu tive algumas amigas
muito boas, que precisavam de mim, que eu precisava delas também. E eu cresci tentando
superar algumas coisas, porque eu sou assim: eu sou difícil de segurar, não paro quieta, não
tem jeito, acho que eu era até hiperativa! [risos]. Mas eu corri Campinas, fui para a Catedral
conhecer o povo de lá e através do barzinho de Jesus [reunião de Jovens católicos],eu fui
conhecendo um monte de gente, criando laços, arrumei emprego pra pessoal lá do teatro.
Então eu não me prendia a um só grupo, eu me prendia a minha fé. Esse foi um período bom
de crescimento, de dor e sofrimento, mas de muitas alegrias também. E eu vi Deus assim,
uma experiência que você pode chamar de única, só minha, especial assim.
E durante muito tempo eu vivi assim, só eu e a minha irmã, e eu ficava preocupada quando
ela não ia a missa, ela assim: qualquer coisinha ela não queria ir, eu falava: não! vamos
mesmo assim, e meu irmão era mais novo, ele sempre ficava muito preso com meus pais e
não tinha vontade de ir à igreja. Ai eu levei minha irmã, e foi onde ela conheceu o marido
dela. Não ficou nem um tempo lá, já conheceu, já namorou já ta casada, e assim, foi pouco
tempo que ela ficou lá. Ai os momentos de festa na igreja era momento de festa realmente,
então foi no natal, e no dia 29 de dezembro eles começaram a namorar. Então no natal, na
véspera, dia 24 e 25 a gente ficava direto na igreja. Fica arrumando, fazia muita encenação,
era festa para gente, era uma alegria verdadeira pode estar festejando o nascimento de
Jesus. Então ficava aquele clima, sabe? aquele arzinho doce? E era assim muito bom. Mas ai
a minha irmã casou e ficou meio capenga, sabe? Tem dia que vai, dia que não vai, mas ela
não deixou a igreja, ela deixou a missa.
E depois disso a gente começou a formar uma comunidade de aliança, é tipo assim: tinha
alguns jovens de 15 ou 20 pessoas que estavam com vontade de caminhar juntos na fé, tinha
reunião em comum, tinha missa, e a gente ia sempre junto, era mais o pessoal da Renovação
[Renovação Carismática da Igreja Católica]. E ai, com o tempo, essas coisinhas foram
deteriorando [falando das diferenças de valores dentro do grupo], além disso, muita gente foi
fazer faculdade e já não davam mais tanta importância para o grupo, e as pessoas foram
saindo.
Eu tinha uma amiga que todos excluíam, e ela era sempre de bem com a vida, tudo sempre
estava bom pra ela, mas era assim, ao mesmo tempo em que tava tudo bom ela era meio
encrenqueira e mentirosa, era uma pessoa que a gente sempre tinha que ter um pé atrás,
sabe? Mas eu não gostava que ficassem discriminado ela, não gostava! e nunca gostei. È que