quantidade de excelentes jogadores. É difícil desconsiderar os traços culturais que cada
seleção leva pra campo. Traços presentes na maneira de torcer, organizar um time ou até
mesmo comemorar um gol. Porém, tais traços, não são determinantes para o surgimento de
um novo craque, já que este deve possuir características que o insere numa prática
globalizada. Possibilitando com isso o surgimento de bons jogadores em qualquer parte.
A trajetória do futebol brasileiro se inicia ainda nos primeiros anos do século XX.
A história das suas singularidades a partir do futebol carioca, a formação do seu enorme
público, a sua adoção com o esporte símbolo dos brasileiros, bem como, a participação da
imprensa esportiva, na espetacularização do futebol, são os objetivos desse trabalho
dividido em três partes: na primeira parte, procuramos mostrar as características culturais
do futebol brasileiro, que fornecem os elemento de sua diferenciação em relação ao resto do
mundo. Características que fizeram do futebol brasileiro o melhor do planeta. Nesta
primeira parte é feita uma interpretação a principal obra sobre o assunto, O negro no futebol
brasileiro, de Mário Filho. E como ele define o estilo de jogo do brasileiro através de uma
forte influência do sociólogo Gilberto Freyre. Ainda nessa primeira etapa, procuro
comparar essa análise mais personalista a aspectos universais como as diversas faces da
violência no esporte, através dos textos de Norbert Elias e Peter Gay.
O esporte moderno, afirma o sociólogo Norbert Elias, é uma expressão de uma
teoria maior por ele denominado de processo civilizador, como uma forma de violência
pacificada. Configurado pela dinâmica de uma partida de futebol, que se equilibra entre a
alegoria e a realidade da disputa entre os grupos uniformizados. Esta disputa traz em si a
emergência de “identidade” coletiva de aficionados, com suas bandeiras e camisas, ou
dentro dos clubes no embate entre os times. Em geral, a afirmação destas identidades se dá
mediante a diferenciação, o preconceito e o conflito. Todos controlados por uma espécie de
“parlamentarização” da pratica do jogo, que se homogeneíza através de suas regras.
A necessidade de regras claras não significa o controle total da prática. A
transgressão é uma constante nas partidas, não só das regras do jogo, mas, sobretudo, dos
padrões de civilidade por praticantes e espectadores. Rapidamente as barreiras que dividem
o fair play das agressões morais e físicas são rompidas.
Para Peter Gay, a agressividade responsável pela transposição destas barreiras é
inerente ao ser humano, que são incapazes de conter determinados impulsos agressivos.