de 1964: a versão e o fato, livro escrito pelo general Adolpho João de Paula Couto.
Segundo o autor, Brizola formou e comandou esses grupos dentro do seu partido, o PTB:
Em outubro de 1963, Brizola achava que o Brasil estava vivendo
momentos decisivos e que, rapidamente, se aproximava o desfecho
almejado. Sucessivamente, em 19 e 25 de outubro, fez pronunciamentos à
Nação, através dos microfones de uma cadeia de estações de rádio,
liderada Mayrink Veiga [...].
Nesses pronunciamentos, eivados [...] de metáforas e redundâncias,
Brizola conclamou o povo a organizar-se em grupos que, unidos, iriam
formar o ‘Exército Popular de Libertação’. Comparou esses grupos com
equipes de futebol, e os 11 ‘jogadores’seriam os ‘tijolos’para ‘construir o
nosso edifício’. Estavam lançados os Grupos dos Onze (G-11) que, em
sua cabeça megalomaníaca, seriam o seu exército particular. Os
documentos encontrados posteriormente nos arquivos pessoais de
Brizola, revelaram os planos para a formação dos G-11 e do Exército
Popular de Libertação. Como todo o discurso ‘brizolista’, esses
documentos possuíam uma linguagem incisiva, mas primária, dramática,
mas demagógica. O documento mais hilariante, se não fosse trágico, era o
das ‘Instruções Secretas’, assinadas por um ‘Comando Supremo de
Libertação Nacional’. Inicia-se por um ‘preâmbulo ultrasecreto’, onde
consigna que a morte pesaria sobre aqueles que revelassem os segredos
dos ‘Grupos dos Onze’. ‘O compromisso de resguardo deverá ser um
tanto solene, para impressionar o companheiro, devendo, antes, verificar
as idéias desse soldado dos G-11, a fim de que sejam selecionados ao
máximo, os autênticos e verdadeiros revolucionários, os destemerosos da
própria morte [...]’ (das Instruções Secretas). Os G-11 seriam a
‘vanguarda avançada do Movimento Revolucionário”, a exemplo da
‘Guarda Vermelha da Revolução Socialista de 1917 na União Soviética’.
Defendendo a tese de que ‘os fins justificam os meios’, faz veladas
ameaças sobre os futuros atos dos G-11: ‘em conseqüência, não nos
poderemos deter na procura de justificativas acadêmicas para atos que
possam vir a ser considerados, pela reação e pelos companheiros,
sentimentalistas, agressivos demais ou, até mesmo, injustificados’.”
[...] Sobre a tática a adotar pelos G-11, culminado as ações iniciais,
continuam as Instruções: “desses pontos e à sombra da massa humana,
deverão convergir os G-11 especializados em destruição e assaltos, já
comandando os companheiros e com outros se juntando pelas ruas e
avenidas, para o centro da cidade, vila ou distrito, de acordo com a
importância da localidade, depredando os estabelecimentos comerciais e
industriais, saqueando e incendiando os molotovs e outros materiais
inflamáveis, os edifícios públicos e os de empresas particulares.”
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A partir desse entendimento preliminar, é possível concluir que as prisões ocorridas
após o golpe de 64, deram-se em face da resistência que esses grupos poderiam oferecer ao
novo regime. De fato, o que se pode constatar nas entrevistas concedidas para o projeto
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COUTO, Adolpho João de Paula. A Revolução de 1964: a versão e o fato. Porto Alegre: Gente do Livre,
1999, p. 91,92.