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Estratégias para Erradicar a Rubéola no Caribe de Língua
Inglesa
Beryl Irons, MD, MPH, Merle J. Lewis, DrPH, Marceline Dahl-Regis, MD, MPH, Carlos
Castillo-Solórzano, MD, MPH, Peter A. Carrasco, MPH, e Ciro A. de Quadros, MD, MPH.
1
RESUMO
Objetivo. Este relatório apresenta as estratégias usadas para erradicar a rubéola na região
do Caribe e os desafios enfrentados.
Métodos. Através do sistema de vigilância para casos de sarampo que foi instituído em
todos os países na Comunidade Caribenha (CARICOM), 12 países confirmaram casos de
rubéola entre 1992 e 1996. As infecções por rubéola ocorreram em proporções epidêmicas em
6 países durante aquele período.
Resultados. Com base nos dados de prevalência da rubéola, a análise do ônus da rubéola-
síndrome da rubéola congênita (SRC), e o custo-efetividade da campanha em massa, o
Conselho de Desenvolvimento Social e Humano de CARICOM resolveu em 21 de abril de
1998, que todo esforço deveria ser feito para erradicar a rubéola, como também para prevenir
a ocorrência de novos casos de SRC até o final de 2000. Usando o modelo da Organização
Pan Americana de Saúde para a erradicação do sarampo, a CARICOM propôs e implementou
as principais estratégias para erradicação da rubéola e SRC, e as campanhas em massa contra
a rubéola foram realizadas em 18 países. A população alvo, a qual incluiu homens e mulheres
(na faixa etária de 20-40 anos), foi aproximadamente de 2.2 milhões.
Conclusão. Os principais desafios para a erradicação da rubéola são o alcance de alta
cobertura vacinal na população adulta e manutenção de um sistema de vigilância efetivo
capaz de detectar atividade de rubéola. (Am J Public Health, 2000:90:1545-1549).
O esforço para erradicação da varíola liderado pela Organização Mundial de Saúde nas
décadas de 1960 e 1970 alcançaram em 1980 sua meta de erradicação global dessa doença
incapacitante.
1
Essa façanha impeliu os médicos de saúde pública e a comunidade científica a
considerar a erradicação de outras doenças, tais como a poliomielite nas Américas até 1991 e
em todo o mundo até 2000
2
e sarampo nas Américas até 2000.
3
A Comunidade Caribenha (CARICOM), uma instituição constituída por chefes do governo e
outros conselhos ministeriais, é o principal fórum para o alcance do consenso nos manifestos
e políticas regionais. Em 1988, os ministros da saúde em CARICOM, que consiste de 13
estados independentes e 6 territórios caribenhos do Reino Unido além mar, conhecidos como
1
Beryl Irons é da Diivisão de Vacinas e Imunizações e Merle J. Lewis é da Divisão de Epidemiologia, Centro de
Epidemiologia do Caribe, Organização Pan Americana de Saúde, Porto de Espanha, Trinidad e Tobago.
Merceline Dajl-Regis é do Ministério da Saúde, Nassau, Bahamas. Carlos Castillo-Solórzano, Peter A. Carrasco,
e Ciro A. de Quadros são da Divisão de Vacinas e Imunizações, Organização Pan Americana de Saúde,
Washington, DC.
Solicitações de reimpressos devem ser enviadas a Ciro A. de Quadros, MD, MPH, Divisão de Vacinas e
Imunizações. Organização Pan Americana de Saúde, 525 23
rd
St NW, Washington, DC 20037 (e-mail:
Este artigo foi aceito em 28 de junho de 2000.
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Outubro de 2000, Vol. 90, No. 10 Jornal Americano de Saúde Pública
Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho
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Caribe de Língua Inglesa e Suriname, resolveram erradicar os casos nativos de sarampo de
seus países. Estes países, com uma população total de cerca de 6.7 milhões, estão dispersos
pela região caribenha, abrangendo mais de 3.500 km de Bermuda no norte, até a costa da
Guiana e Suriname.
A estratégia planejada pela Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) para a erradicação
do sarampo
3
incluiu o seguinte: (1) uma campanha de vacinação em massa (catch-up) tendo
como alvo todas as crianças com idade de 9 meses a 14 anos; (2) melhoria do sistema de
vigilância para monitoramento do progresso da erradicação do sarampo; (3) manutenção de
cobertura vacinal contra o sarampo de 95% em cada coorte de nascidos através dos serviços
de rotina; e (4) campanhas de seguimento contra o sarampo para evitar um acúmulo de
indivíduos suscetíveis.
Em maio de 1991, em resposta a uma resolução da CARICOM, a primeira das 4 propostas foi
implementada. Aproximadamente 1.8 milhões de crianças, representando 92.0% da população
alvo foram vacinados. As atividades desta campanha também aumentou a cobertura vacinal
contra o sarampo das coortes de nascidos em 1991. Houve um livre aumento de cobertura
vacinal nestes países entre 1991 e 1997 (Figura 1).
O Sistema de Vigilância da Erradicação do Sarampo, um sistema de vigilância melhorado
para o sarampo, foi também instituído fazendo do Caribe de Língua Inglesa e Suriname a
primeira sub-região nas Américas a comprometer-se e a implementar as atividades para
erradicação do sarampo.
Um total de 3.286 casos suspeitos de sarampo em 620 locais foram identificados de 1991 a
1997. Desses casos suspeitos, 3.179 casos foram descartados incluindo-se neste número 81
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casos de dengue e 620 casos de rubéola. Houve 107 casos confirmados de sarampo: 6 foram
confirmados laboratorialmente e 107 foram confirmados por critério clínico sem confirmação
laboratorial. Os casos confirmados de sarampo foram importados da América do Norte e
Europa e não ocorreram casos secundários.
A campanha de vacinação contra o sarampo de 1991, na qual uma vacina contra sarampo e
contra rubéola foi usada em 11 dos países participantes, foi provavelmente também
responsável em certo grau pelas baixas taxas de rubéola – menos de 2.0 casos por 100.000
pessoas registradas anualmente entre 1992 e 1995.
Este relatório apresenta as estratégias e desafios envolvendo a erradicação da rubéola.
Situação da Rubéola no Caribe de Língua Inglesa
Epidemias significativas de rubéola têm sido documentadas nos países Caribenhos desde a
década de 60, com casos de síndrome da rubéola congênita (SRC) sendo diagnosticada
seguintes a esses surtos. Grenada notificou 648 casos de rubéola em 1982, e Trinidad e
Tobago notificou 1.159 casos em 1983. Vinte casos de CRS, incluindo mortes súbitas, foram
documentados em Grenada entre abril de 1982 e junho de 1983.
4
Similarmente, em Trinidad e
Tobago, 20 neonatos de partos realizados no Hospital da Mulher Mt Hope entre novembro de
1982 e julho de 1993 foram diagnosticados como portadores de SRC.
5
O aumento dos números de notificações de rubéola foi também registrados em 1986, 1988,
1990, e 1996 (Figura 2). Iniciando em 1995, a renovação da atividade da rubéola foi
observada na Jamaica, onde 81 casos de rubéola foram confirmados laboratorialmente, para
uma taxa de incidência nacional de 3.3 casos por 100.000 pessoas. Em 1996, 672 casos de
rubéola foram notificados por toda parte da região, para uma taxa de incidência de 10.3 casos
por 100.000 pessoas. A maior proporção desses casos foi em Trinidad e Tobago (55.2%),
enquanto que as taxas de incidência mais altas foram registradas em Barbados e em Trinidad e
Tobago, com 39.5 e 28.1 casos por 100.000 pessoas, respectivamente. Em 1997, 603 casos de
rubéola foram notificados para uma taxa de incidência de 9.2 casos por 100.000 pessoas
(Figura 2).
Em 1997, uma taxa de incidência nacional – 30.4 casos por 100.000 pessoas – foi registrada
em Belize. A atividade significativa da rubéola foi primeiramente confirmada em Barbados
em 1995, seguido por Trinidad e Tobago em 1996 e Belize e Guiana em 1997.
A distribuição por idade dos casos de rubéola que foram confirmados por laboratório através
do Sistema de Vigilância da Erradicação do Sarampo revelou que 47.0% dos indivíduos
tinham menos de 15 anos e 53.0% eram maiores de 15 anos de idade. Os grupos etários com a
incidência mais alta foram 15 a 24 anos em 1996 e 5 a 14 anos em 1995 e 1997.
A proporção de homens para mulheres foi aproximadamente 1:1. Em Barbados, Jamaica e
Suriname, a proporção de homens para mulheres foi de 2:1, refletindo o resultado do
programa de rubéola pré puberdade para garotas nestes países, enquanto em Belize e Guiana
foi 1:2.
O ônus da rubéola para a saúde pública está relacionado ao risco de infecção em gestantes. O
melhor método de identificação da suscetibilidade a rubéola nesta população é o inquérito
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sorológico. Em 1 inquérito em Jamaica em 1968, 43.0% de mulheres urbanas e 51.0% de
mulheres rurais foram detectadas como suscetíveis a rubéola.
6
Estudos mais recentes realizados em Trinidad e Tobago (M.J. Lewis e G. Maynard, Ministério
da Saúde, Trinidad e Tobago, dados não publicados) em 1991 e 1992, indicaram que 46.4%
de uma amostra de 1.838 gestantes foram negativas para anticorpos da rubéola. Em outro
inquérito sorológico realizado nas Ilhas Virgens Britânicas (M.J. Lewis e I. Potter, Centro de
Epidemiologia Caribenho, dados não publicados) em 1996 e 1997, 31.0% das mulheres
gestantes foram detectadas como soronegativas para a rubéola no momento de seus partos. As
mulheres gestantes com menos de 20 anos de idade nas Ilhas Virgens Britânicas foram 7
vezes mais prováveis de serem imunes a rubéola que as mulheres com 20 anos e mais.
A situação de anticorpo para rubéola de gestantes, entretanto, é o melhor indicador substituto
do risco potencial de ocorrência de SRC em uma população, considerando que as medidas de
soroprevalência não estão temporalmente relacionadas com a incidência. Adicionalmente, é
conhecido que o risco atual de SRC é determinado não apenas pelas taxas de incidência da
rubéola entre mulheres em idade fértil, porém também pelos padrões de suscetibilidade e
fetilidade específicos a idade.
7
Síndrome da Rubéola Congênita
A Síndrome da Rubéola Congênita é uma doença notificável em 15 dos 19 países Caribenhos
de Língua Inglesa e Suriname, e todos os 19 países têm notificado casos para o Centro de
Epidemiologia da OPAS no Caribe (CAREC) desde a década de 1980. Em quase todos os
*Taxa/100.000 habitantes.
**Dados Preliminares
Nota: A Taxa é por 100.000 habitantes. Todos os dados para 1999 são
preliminares.
Fonte: Centro de Epidemiologia do Caribe, da Organização Mundial de Saúde.
FIGURA 2 - Casos de rubéola e taxas de incidência no Caribe de Língua Inglesa,
1982 – 1999.
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países da região, entretanto, a SRC não era anteriormente uma doença notificável e não fazia
parte da lista de notificação de doença transmissível no CAREC. Em 1996, uma equipe
multidisciplinar, interagência desenvolveu um protótipo de sistema de vigilância para SRC,
incluindo definição de caso, formulários de investigação de caso e notificação algorítmica,
que foi subseqüentemente disseminado para os países da região. Entre 1996 e 1997, 31 casos
de SRC foram notificados da Jamaica, Barbados, Trinidad e Tobago, Belize, Guiana,
Bahamas e Suriname, dos quais 28 foram diagnosticados em crianças de 12 meses de idade ou
mais jovens. As mães que tinham bebês com SRC estavam na faixa etária dos 14 aos 39 anos,
a maioria com 20 anos e mais. A distribuição etária materna de casos de SRC apoiou a
hipótese de que não tínhamos ainda incrementado a cobertura vacinal contra rubéola entre as
mulheres em idade fértil o suficiente para prevenir a SRC. Nosso uso de vacina contra
sarampo-caxumba-rubéola (MMR) é muito recente para demonstrar qualquer benefício
significativo das estratégias de vacinação de recém-nascidos. Adicionalmente, a infecção
dessas mulheres representa oportunidades perdidas significativas para a vacinação
imediatamente após o parto ou na visita pós-natal, vez que muitas dessas mulheres eram
multíparas.
Análise do Custo-Benefício da Rubéola/SRC
A SRC está associada com alta morbidade, mortalidade, e custo econômico. Os custos diretos
associados com esta patologia podem ser classificados como (1) altos custos para serviços
médicos e hospitalares, (2) custos de assistência por longo prazo, (3) custos assistenciais
institucionais, e (4) custos de assistência em educação especial.
Em 1997, foram realizados estudos de custos em alguns países para avaliar os custos
associados com a assistência de indivíduos com SRC. Na Guiana, um estudo baseado em
entrevista de prevalência de casos de SRC estimou que a média de custo de assistência por
criança com SRC, incluindo os custos indiretos, foi de $ 63.990 (todos os valores estão em
dólar americano). Este estudo também avaliou os custos totais do ônus da SRC na Guiana
pelo período de 1992 a 1997 como $ 1.9 milhões (K. Kandola e M. Collins-Harris), dados não
publicados, 1997). O Ministério da Saúde de Jamaica estimou que os custos diretos
associados com a assistência de uma criança com SRC poderiam ser da ordem de $ 13.483
por ano (M. Robinson e H. Chase, dados não publicados, 1997). O Ministério da Saúde de
Barbados determinou que o custo estimado de assistência por criança com SRC foi
aproximadamente de $50.000 (R. Kommu e H. Chase, dados não publicados, 1997). Também
constatou-se que na ausência de quaisquer iniciativas adicionais de vacinação, 105 casos de
SRC poderão ocorrer potencialmente durante o período de 1997 até 2012, resultando em
custos adicional por toda a vida de $5.2 milhões, comparados com um custo de $1.1 milhão
para uma iniciativa de erradicação.
8
Além disso, os dados gerados pelo estudo de custo realizado por cada delegação do país
participante do 14º Encontro de Gerentes do Programa Ampliado de Imunizações do Caribe
em 1997 indicaram que as campanhas em massa com vacina contendo o componente da
rubéola para eliminar o vírus da rubéola e SRC poderia elevar muito o custo-benefício na
maioria dos países do Caribe.
Para o Caribe de Língua Inglesa e Suriname, estimou-se que mesmo com as estratégias atuais
em alguns dos países, um total de 1.500 casos de SRC ocorrerão durante os próximos 15 anos.
Durante este período, os países que já utilizam vacina contendo o componente rubéola
experimentarão impacto limitado de suas estratégias existentes. As despesas com reabilitação
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e assistência de pacientes nestes casos, sem levar em consideração o sofrimento humano,
foram estimados em mais de $60 milhões para o mesmo período. A implementação da
estratégia para interromper a transmissão da rubéola e para prevenir a ocorrência de SRC
neste período custará aproximadamente $4.5 milhões. O custo-efetividade das campanhas em
massa foi estimado com média de $2.900 por caso de SRC prevenido. O impacto da infecção
congênita por rubéola é tão devastante e oneroso que os governos do Caribe de Língua Inglesa
foram estimulados pelo CAREC/OPAS, o conselho consultivo de saúde no CARICOM, e os
administradores médicos dos países a optarem pela prevenção e controle.
A Iniciativa CARICOM
Desde a implementação da resolução CARICOM de 1988 em maio de 1991, não ocorreram
casos nativos de sarampo nestes países, tornando esta sub-região a primeira a implementar as
atividades de eliminação do sarampo. Os esforços para eliminação do sarampo
consequentemente forneceram o modelo político e epidemiológico para o propósito da
eliminação da rubéola.
A rubéola e a SRC têm se mostrado claramente como constituinte do principal problema de
saúde pública, com impacto econômico bastante oneroso para o orçamento dos governos nos
países CARICOM. Esta informação vital foi apresentada ao Conselho de Desenvolvimento
Social e Humano da Comunidade Caribenha em 21 de abril de 1998, e o conselho
consequentemente aprovou a seguinte Resolução sobre Eliminação da Rubéola
9
:
Reconhecendo a importância dos recursos humanos para o desenvolvimento
continuado da comunidade Caribenha;
Cônscios de que a rubéola na gravidez aumenta o número de abortos e
natimortos, enquanto a síndrome da rubéola congênita eleva o número de
crianças com defeitos congênitos graves, tais como doença cardíaca congênita,
catarata, surdez, retardo mental e microcefalia;
Mais cônscios de que a transmissão continuada da rubéola resulta em casos de
síndrome da rubéola congênita dentro da comunidade com os custos
concomitantes para a assistência e reabilitação de crianças com síndrome da
rubéola congênita;
Cônscios de que os estudos sobre custo-benefício em vários países do Caribe
claramente indicam que o investimento na eliminação da rubéola trará
benefícios palpáveis num período de 5 anos, dado ao alto custo de assistência e
reabilitação de crianças com síndrome da rubéola congênita;
Observando que, não havendo implementação de um programa de erradicação,
existirá um número substancial de casos de síndrome da rubéola congênita
durante um período de 15 anos;
Observando mais que o custo do programa de erradicação é estimado em 7%
do custo para promoção de assistência e reabilitação para esses casos;
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Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho
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Resolve que todo esforço deverá ser feito para erradicar a rubéola e prevenir a
ocorrência de novos casos de síndrome da rubéola congênita na Comunidade
Caribenha até o final do ano 2000;
Impele a OPAS para coordenar a mobilização de recursos e apoio técnico para
esta finalidade.
A Estratégia
Duas principais estratégias de vacinação têm sido usadas em países desenvolvidos desde
1969. Os Estados Unidos usaram a vacinação em massa de crianças menores de 12 anos
seguida pelas vacinações de rotina de crianças após seu primeiro ano de vida. No Reino
Unido, o programa de vacinação teve como alvo as meninas na fase pré puberdade e mulheres
em idade fértil.
10
A vacina contra a rubéola foi introduzida em alguns países do Caribe de Língua Inglesa no
final da década de 1970 e início da década de 1980, seguindo a epidemia de rubéola no final
da década de 1970.
11,12
A vacina foi administrada principalmente em meninas na fase pré
puberdade em pelo menos 13 dos 19 países iniciais, porém a cobertura registrada foi
entretanto relativamente alta,
12
embora 14 dos países tenham introduzido uma vacina contra
sarampo e rubéola para cada coorte de nascido vivo antes de 1990.
O programa de erradicação da rubéola foi amparado pelo programa de erradicação do
sarampo e o uso da vacina MMR no calendário de imunização infantil. Com o modelo OPAS
para erradicação do sarampo como guia, estratégias similares foram propostas e
implementadas para rubéola e eliminação da SRC.
Resultados das Campanhas de Erradicação
Campanhas em Massa contra a Rubéola
Em resposta a situação emergente da rubéola e dentro do contexto de campanhas de
seguimento já planejadas contra o sarampo, as Bahamas realizaram uma campanha de
vacinação MMR em 1997, tendo como alvo a população na faixa etária de 4 a 40 anos. Esta
campanha teve 2 objetivos> a campanha de seguimento contra o sarampo e a redução do
número de pessoas suscetíveis a infecção pela rubéola, desta forma interrompendo a
transmissão do vírus da rubéola.
As Bahamas nos proporcionou nossa primeira experiência de uma campanha de vacinação em
massa contra a rubéola, a qual foi realizada de julho a dezembro de 1997. Tanto os homens
como as mulheres foram alvos, porque os homens, se não vacinados, manteriam uma
epidemia. A população alvo totalizou 153.180. A taxa de cobertura geral foi de 67.4%; para as
crianças com idade de 4 a 14 anos a taxa de cobertura foi de 96%.
As campanhas de vacinação em massa contra a rubéola foram realizadas em 5 países –
Bahamas, Dominica, Trinidad e Tobago. Montserrat e Guiana – com cobertura vacinal
variando de 67% a 90%. As atividades de catch-up ainda estão ocorrendo nestes países. As
atividades de campanha estão em progresso em outros 10 países (Anguilla, Antígua e
Barbuda, Barbados, Belize, Grenada, Jamaica, Saint Kitts-Nevis, Saint Vicent, Suriname e
Turks e Caicos). Estas campanhas têm buscado as populações de até 40 anos de idade em
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alguns países. A população alvo de aproximadamente 2.2 milhões inclui homens e mulheres.
Considerando que as campanhas do tipo catch-up contra o sarampo em 1991 alcançaram
cerca de 90% de cobertura na coorte alvo, alguns países acharam que deverão concentrar a
campanha no grupo etário maior; consequentemente, o grupo etário mais frequentemente
utilizado foi de 20 a 40 anos. Do total da população alvo de 2.2 milhões, 1.138.454 (52%) já
estão vacinados.
A vacina MMR (cepa Schwarz do sarampo, cepa da rubéola Winstar RA-27/3M, cepa da
caxumba Urabe) foi usada para vacinar 892.074 pessoas. A vacina contra a rubéola foi usada
em um país, a vacina contra sarampo/rubéola foi usada em 3 países e a vacina MMR em 10
países.
Práticas Seguras de Imunização
As orientações para as práticas seguras de imunização que foram usadas pelos trabalhadores
da saúde incluíram informação tais como práticas seguras de seringa e agulhas, registro de
eventos adversos e seu manejo, e vigilância para danos por agulha. Seringas descartáveis de
uso único foram e estão sendo usadas nas vacinações. Depósitos comerciais para material
biológico, garrafas de plástico, ou caixas de papelão foram usadas para coletar materiais
afiados e seringas, que tiveram como destino final na maioria das áreas em incineradores e em
outras áreas através da queima.
Os ferimentos acidentais por agulha foram notificados dor apenas 1 país. A política do
programa não recomenda o recapeamento de agulhas.
A vigilância e manejo dos eventos adversos e outros conceitos relacionados a vacina foram
estabelecidos: os eventos adversos foram mínimos. A maioria dos eventos notificados foi
parotidite (n=287), a qual ocorreu principalmente em adultos; representou 60% do total de
eventos notificados, com uma taxa de 32 notificações por 100.000 pessoas vacinadas. Os
outros eventos notificados incluíram febre, exantema, dor e rubor no local da injeção.
Não ocorreu notificação de casos de reação anafilática. Entretanto, ocorreram 6 casos de uma
“reação do tipo alergia”, que incluiu febre, exantema cutâneo ou pústula e edema de mãos,
braços e face; estes ocorreram dentro de 24 a 48 horas da vacinação.
Um caso de meningite asséptica (um evento adverso grave) foi identificado. Os sintomas e
sinais neste caso foram transitórios e não houve sequela.
Vigilância da Rubéola e SRC
Considerando que a informação sobre rubéola foi obtida através do Sistema de Vigilância da
Erradicação do Sarampo, o qual identifica qualquer doença febril e exantemática com teste de
laboratório, o Sistema de Vigilância de Erradicação do Sarampo foi capaz de detectar o vírus
da rubéola. Um grupo de trabalho consistindo de 16 participantes de 4 países e 2 agências
(CAREC/OPAS e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos)
desenvolveu orientações para a vigilância da rubéola e SRC, enfatizando a definição de caso e
os procedimentos laboratoriais. Eles além disso recomendaram um sistema de vigilância
integrado para o sarampo e a rubéola (expansão do atual sistema de vigilância de doença
febril e exantema para fornecer informação sobre rubéola). O propósito desta vigilância não é
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Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho
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necessariamente para detectar cada caso de infecção por rubéola, porém para saber quando e
onde o vírus da rubéola está circulando.
O sistema de vigilância da SRC foi refinado para aumentar o sistema de vigilância da rubéola.
O propósito primário da vigilância da SRC é documentar a ocorrência da doença e atuar como
um indicador complementar da circulação recente do vírus da rubéola na população.
Adicionalmente, o sistema de vigilância deve identificar soluções de continuidade na
estratégia de eliminação da rubéola.
Em 1998, o sistema confirmou 135 casos de rubéola (2 por 100.000 pessoas), 124 dos quais
foram em países que ainda não tinham iniciado a atividades de vacinação; 90 dos casos foram
no Suriname. Em 1999, 70 casos de rubéola foram confirmados. Não tivemos casos
confirmados daqueles países que completaram as atividades de vacinação.
De 1997 a 1999, 33 casos de SRC foram confirmados; 9 casos de SRC foram notificados em
1998 (3 nas Bahamas, 1 em Belize, 2 na Guiana, 1 na Jamaica e 2 em Trinidad e Tobago) e 2
em 1999 (ambos do Suriname).
Desafios Futuros
O principal desafio para a erradicação da rubéola no Caribe de Língua Inglesa e Suriname é
alcançar alta cobertura vacinal na população adulta. Aqueles países que ainda não alcançaram
planejam concluir a vacinação no ano 2000. Os eventos adversos não devem ser uma barreira
para a vacinação, a experiência ganha até agora com a vacinação de adultos tem indicado que
esses efeitos não são graves.
Como observado com o programa de erradicação do sarampo, a importação ainda
permanecerá uma ameaça para a reemergência de casos de sarampo ou rubéola. Os
trabalhadores em áreas de alto risco tais como saúde e turismo devem ser vacinados
adequadamente.
Uma grande parte do sucesso do sistema de vigilância combinado do sarampo-rubéola
derivará do Sistema de Vigilância da Erradicação do Sarampo. O qual já está estabelecido há
anos, permitindo os países a instituir o novo sistema com o mínimo de mudanças. A
suavidade e curta duração dos sinais e sintomas clínicos da infecção por rubéola apresentam
dificuldade para o diagnóstico e notificação da doença. Desta forma, ocorrerão desafios
associados com a acuracidade do diagnóstico clínico e alta incidência de infecção inaparente.
A manutenção de um sistema de vigilância efetivo com a habilidade de detectar a atividade da
rubéola será de importância suprema.
Um desafio para o sistema de vigilância é que a SRC é um evento raro, especialmente em
períodos não epidêmicos.
7
Os casos notificados de SRC entre 1996 e 1998 representam
apenas casos graves com múltiplos sinais e sintomas. A surdez unilateral, um defeito que
comumente ocorre isoladamente, pode não ser detectado na infância. Estas crianças infectadas
podem aparentar normalidade ao nascer. Em geral, os casos que resultam apenas na
deficiência da audição ou retardo mental, cuja manifestação ocorre no período pós natal, pode
não ser detectados por um sistema de vigilância de SRC. Entretanto, o número de casos de
SRC com manifestações pós natais podem igualar o número de casos de SRC com defeitos
detectados no período neonatal.
12
O sistema de vigilância dos casos de SRC é limitado a
crianças de até 1 ano de idade e desta forma não detectará a maioria dos defeitos da audição.
Outubro de 2000, Vol. 90, No. 10 Jornal Americano de Saúde Pública
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10
A confiança e a resposta ativa dos governos regionais, juntamente com a direção técnica,
recomendação e apoio da OPAS, tem sido os elementos chaves no sucesso da iniciativa.
Contribuintes
B. Irons e M.J. Lewis analisaram os dados e prepararam o primeiro esboço. M. Regis-Dahl
realizaram a análise do programa de Bahamas. C. Castillo-Solórzano e P.A. Carrasco
revisaram o esboço. C.A. de Quadros coordenou a implementação da estratégia e a preparação
do manuscrito.
Agradecimentos
Agradecemos ao governo, aos clínicos gerais e a população dos países envolvidos para
implementação da iniciativa de erradicação da rubéola com comprometimento e dedicação.
Agradecimentos especiais aos gerentes dos programas de imunizações pela coleta e
notificação de dados em padrão adequado e a March of Dimes que foi o apoio primário da
iniciativa.
Referências
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2. World Health Assembly. Global Eradication of Poliomyelitis by the Year 2000. Geneve,
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Outubro de 2000, Vol. 90, No. 10 Jornal Americano de Saúde Pública
Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho
11
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rubella syndrome (CRS) in developing countries, I: burden of disease from CRS. Bull World
Health Organ. 1997;75:55-68.
Este documento traduzido trata-se de uma contribuição da Coordenação Geral do
Programa Nacional de Imunizações – CGPNI/CENEPI/FUNASA/MS, a todos que se
dedicam às ações de imunizações.
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