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Presidente da República Federativa do Brasil
João Figueiredo
Ministro da Educação e Cultura
Esther de Figueiredo Ferraz
Secretário-Geral do MEC
Sérgio Mário Pasquali
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Anais
do
Seminário
Publicações
Periódicas
da Area
da Educação
Brasília(DF)-24 a 26 de agosto de 1983
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS
Diretora-Geral
Lena Castello Branco Ferreira Costa
Diretora de Estudos e Pesquisas
Nancy Ribeiro de Araújo e Silva
Diretor de Planejamento e Administração
Floriano Freitas Filho
Diretor de Documentação e Informação
Paulo de Tarso Cadetti
Coordenadora de Editoração e Divulgação
Vera Maria Arantes
S471a Seminário Publicações Periódicas da Área da Educação
(1983: Brasília)
Anais do Seminário Publicações Periódicas da Área da
Educação, 24 a 26 agosto de 1983. - Brasília: INEP, 1984.
97p.
1. Educação. 2. Periódicos. 3. Política de informação.
4. Seminário I. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais. II. Título.
CDU 37:05(063)
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS
EDUCACIONAIS
ANAIS DO SEMINÁRIO
PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS
DA ÁREA DA EDUCAÇÃO
BRASILIA (DF) - 24 a 26 de agosto de 1983
BRASILIA
1984
EQUIPE TÉCNICA
Editora-Assistente
Silvia Maria Galliac Saavedra
Assistente de Produção
Elisabeth Ramos Barros
Revisão
Catarina de Carvalho Guerra
Elisabeth Ramos Barros
Luzitano Garcia C. Filho
Capa e Diagramação
Ana Maria Boaventura
Comissão Organizadora do Seminário
Francisco Salatiel de Alencar Barbosa (Coordenador)
Ana Pais Ruas da Costa Campos Lídia Alvarenga
Neri Vera Maria Arantes
SUMÁRIO
APRESENTAO
ABERTURA
Pronunciamento da Profa. Lena Castello Branco Ferreira Costa, Diretora-Geral
do INEP.................................................................................................................................. 9
A COMUNICAÇÃO CIENTIFICA
Expansão da Informação Científica....................................................................................... 13
João Salvador Furtado
Comunicação Científica: o Periódico..................................................................................... 20
Gilda Maria Braga
POLITICA EDITORIAL
Política Editorial..................................................................................................................... 23
Roberto Amaral Vieira
Aspectos da Política Editorial ................................................................................................ 38
Lólio Lourenço de Oliveira
PROCESSO EDITORIAL
O Processo Editorial: a Experiência de Dados .................................................................... 43
Charles Pessanha
O Processo Editorial — um Depoimento ............................................................., . .............. 48
Lia Rosemberg
Normalização de Periódicos Científicos................................................................................ 53
Jeannette Marguerite Kremer
Sistema Internacional de Dados de Publicações Seriadas (ISDS)........................................ 58
Isaura M. Sardinha Di Martino
PROJETO GRÁFICO
Projeto Gráfico e Produção Gráfica: Relações de Interdependência.................................... 65
Newton Diniz de Andrade
FINANCIAMENTO E CUSTOS
Alguns Aspectos do Programa Setorial de Publicações em Ciência e Tecnologia . . 71
Roberval Cruz
CONCLUSÃO
Subsídios e Sugestões para um Programa de Estímulo e Apoio a Periódicos da
Área da Educação................................................................................................... 79
ENCERRAMENTO
Pronunciamento da Profa. Lena Castello Branco Ferreira Costa, Diretora-Geral
do INEP................................................................................................................. 87
Pronunciamento do Prof. Paulo de Tarso Carletti, Diretor de Documentação e
Informação do INEP.............................................................................................. 88
ANEXO
Participantes do Seminário .................................................................................... 91
APRESENTAÇÃO
No momento em que eram consolidadas as atividades da Diretoria de Documentação
e Informação, através da Coordenadoria do Sistema de Informações Bibliográficas em
Educação, Cultura e Desporto (COSIBE) e da Coordenadoria de Editoração e Divulga-
ção (COED), pareceu oportuno ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa-
cionais (INEP) promover o Seminário sobre "Publicações Periódicas da Área da Edu-
cação", realizado em Brasília nas dependências da Fundação Centro de Formação do
Servidor Público (FUNCEP), de 24 a 26 de agosto de 1983.
Assim, o INEP ampliava o leque de problemas que vêm merecendo especial atenção
do Programa de Estudos e Seminários, incentivando o intercâmbio entre cerca de 50
editores, bibliotecários, educadores e pesquisadores da Educação, interessados na temá-
tica da comunicação e divulgação de estudos e pesquisas educacionais através de publi-
cações periódicas.
Na verdade, é o INEP detentor de longa tradição editorial, cujos frutos mais significati-
vos são a quadragenària Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos e a Bibliografia
Brasileira de Educação, seguidas do bem-sucedido e recém-criado Em Aberto, dedicado
à discussão de questões emergentes nas áreas de atuação do MEC. Além disso, na quali-
dade de cabeça do Sistema de Informações Bibliográficas em Educação, Cultura e
Desporto (SIBE) do MEC, entra o INEP em constante contato com pesquisadores e
usuários do Centro de Informações Bibliográficas (CIBEC), chegando a captar nao pou-
cas questões suscitadas a respeito dos periódicos da área da Educação, como por exem-
plo: falta de regularidade nas edições e carência de normalização. Tais problemas difi-
cultam a inclusão de muitas informações no Banco Central de Referências do SIBE e
o seu rápido acesso.
Ao mesmo tempo que propiciava um clima de intercâmbio de experiências, o Seminá-
rio suscitou debates e questionamentos sobre os seguintes tópicos: Comunicação Cien-
tifica, Política Editorial, Processo Editorial, Projeto Gráfico e Financiamento e Custos.
Os presentes Anais apresentam os textos das comunicações e valiosos subsídios para
um Programa de Estímulo e Apoio aos Periódicos Brasileiros da Ares da Educação. Es-
tes subsídios, elaborados por um Grupo de Trabalho representativo dos 25 periódicos
participantes do Seminário, expressam sua síntese maior, pois — aprofundando as li-
nhas de ação do Programa Integrado de Educação (CNPq, INEP, CAPES, FINEP) -
sugerem medidas de financiamento a fim de que os periódicos tenham condições mi-
nimas de apresentação e regularidade, e possam transformar-se em canais de comunica-
ção da comunidade educacional brasileira.
Não se trata, portanto, de mais um relatório de atividades dando conta de uma rotineira
reunião burocrática, mas sim dos sinais da presença viva e atuante do INEP junto à
realidade editorial da área da Educação, de cujas dificuldades e perspectivas quis tor-
nar-se co-partícipe e solidário.
Francisco Salatiel de Alencar Barbosa
Coordenador do Seminário
ABERTURA
Pronunciamento da Profa.
Lena Castello Branco Ferreira Costa,
Diretora-Geral do INEP
Ê com satisfação que compareço à abertura do Seminário sobre Publicações Periódicas
da Área da Educação para trazer as minhas boas-vindas e as do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) aos participantes que, atendendo a convite
que lhes foi dirigido, aqui comparecem para trabalharmos em conjunto.
Como é do conhecimento de todos, o INEP mantém antiga tradição nos setores de
publicação e de documentação, coerentemente com as finalidades da própria Institui-
ção, órgão de pesquisa que é, desde as suas origens, no ¡i distante ano de 1937.
Ao longo de mais de quatro décadas de existência o Instituto Nacional de Estudos Pe-
dagógicos, em 1972 rebatizado com o nome de Instituto Nacional de Estudos e Pesqui-
sas Educacionais — mantida todavia a mesma sigla, INEP preocupou-se em assegurar
apoio às suas atividades, bem como aos trabalhos de pesquisa educacional em desenvol-
vimento no país.
A quase inexistência, então, de bibliotecas e mesmo de bibliografia especializada em
Educação em língua portuguesa fizeram com que as atividades de documentação e de
editoração do INEP fossem pioneiras nessas áreas.
A Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, que ora entra no seu 409 ano de existên-
cia, a Bibliografia Brasileira de Educação, as séries INEP, o Em Aberto, os Informativos,
Anais e publicações outras evidenciam a continuidade desse esforço, bem como a
capacidade de atualização do INEP, atento que está aos progressos da divulgação
científica, tanto no Brasil como no mundo.
De outra parte, os estudos relativos ao Thesaurus Brasileiro de Educação, visando à de-
finição da linguagem básica em Educação — instrumento imprescindível à automatiza-
ção que se pretende alcançar no setor de informações bibliográficas — iniciados sob o
patrocínio da UNESCO, prosseguem com interesse e competência, em trabalho in
terinstitucional que, sob a direção do INEP, conta com a participação, dentre outros,
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de di-
versos organismos do Ministério da Educação e Cultura.
Atuando em duas vertentes — a da Pesquisa e a da Documentação e Informação — o
INEP realiza a aproximação imprescindível entre investigação e conhecimento cientí-
fico, buscando, ao mesmo tempo, divulgar os resultados a que chegaram as pesquisas
príurarinnais
No desenvolvimento de qualquer ciência, no exercício da comunicação, essencial em
nosso país, o que se observa, todavia, ao lado da intermitencia das publicações especia-
lizadas, é a tendência manifesta por muitos pesquisadores no sentido de esgotarem a
investigação no próprio ato da pesquisa.
Como diz Claudio Moura Castro, há pesquisadores que não sabem escrever ou que não
confiam nos resultados a que chegaram seus trabalhos, e limitam-se à redação de ver-
sões preliminares, sempre para uso interno. Acentua-se assim a tendência à entropia,
que parece perseguir as chamadas comunidades científicas.
Desde quando foi inventada a escrita, pôde o homem realmente sobrepor-se aos de-
mais espécimens do reino animal, pois que já não lhe era necessário repetir em escala
individual todas as experiências de sua espécie.
Representando a culminância de longo processo que se iniciou com os primeiros sinais
cuneiformes e heroglíficos, a escrita nada mais é do que o aprisionamento de idéias a
símbolos, remontando à recolha de mitos, lendas e sagas, e renovando-se na atualidade
pelo registro do passado e do presente, em microfichas, fitas e disquetes que colocam, ao
alcance de todos, acervos os mais valiosos e os mais distantes no tempo e no espo.
Utilizando-se quase sempre de material perecível — do barro ao papiro, do pergami-
nho ao papel e à fita contam-nos autores antigos que a escrita, ao surgir, suscitou
dúvidas e resistências quanto ás possibilidades e virtualidades que lhe eram inerentes,
desde que ensejavam a perpetuidade dos fatos e das idéias. Os homens não mais serão
sábios, dizia-se, porquanto o que devem reter na memória será transferido à matéria e
eles já não se inclinarão a reter, com esforço, ou a evocar, com unção, os fastos dos
seus maiores.
A despeito desses temores, todavia, a escrita fez disseminar e multiplicar pensamentos,
propagar crenças, aproximar os povos. Foi e tem sido instrumento a serviço da beleza,
da filosofia, da religião e da ciência.
Hoje, quando novas tecnologias permitem-nos entrever novas culturas, na expressão
de Paperi, mais do que nunca faz-se mister conhecer o que se pensa e o que se realiza
nas searas da Educação.
A revolução científica que marcou assinaladamente o advento do homem moderno es-
teve condicionada, em seu desenvolvimento, à troca de experiências e de informações,
possibilitada peia descoberta da imprensa e pelo surgimento das linguagens próprias
de cada ciência. De outra parte, desenvolveram-se princípios e normas que passaram
a balizar a produção científica a partir de tecnologias específicas. Relativamente à
Educação, muitos de seus problemas de cientificidade ainda não foram superados,
como de resto também não o foram para as demais ciências do homem.
Mesmo na era da Cibernética e da Telemática, a linguagem da Educação permanece
imprecisa, dificultando a comunicação entre os estudiosos. Faz-se mister que pesqui-
sadores, educadores e cientistas sociais, voltados para a Educação, atentem para tais
limitações e procurem eliminá-las, a partir, exatamente, da divulgação e do intercâm-
Aqui estamos, Senhoras e Senhores, prezados colegas e participantes deste Seminário,
objetivando novas posturas mentais, que nos permitam o delineamento de atividades
benéficas à comunicação e ao intercâmbio das informações entre educadores e pesqui-
sadores educacionais. Seja por meio de publicações, lato sensu, seja por meio de infor-
mações bibliográficas, stricto sensu, o que se deseja é que o estudioso da Educação te-
nha ao seu alcance a possibilidade de valer-se do recurso de boas bibliotecas, bons pe-
riódicos e boas publicações.
Com esta finalidade, aqui nos reunimos e agradeço a presença de todos. Desejo um fe-
liz trabalho e que bons resultados sejam colhidos deste Seminário.
A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA
Expansão da Informação Científica*
João Salvador Furtado
Instituto de Botânica
NATUREZA DO PROBLEMA
Uma das exigências, em ciência, é a de que seus realizadores — os cientistas — divul-
guem, de maneira ampla e irrestrita, os produtos de seu trabalho. Para isso, os parti-
cipantes do ambiente científico passaram a valorizar dois tipos particulares de ativi-
dades: a apresentação de resultados de pesquisa, em congressos e outras reuniões
afins, e a publicação de textos que se convencionou denominar artigo científico.
Essencialmente, o artigo científico — também chamado de "publicação científica" —
transformou-se no indicador mais valorizado e, como tal, utilizado no sistema de as-
censão do cientista para efeito de promoção, reconhecimento e conquista de poder
em seu meio.
O artigo científico foi usado como base para a elaboração de "índices de citações",
através dos quais passaram a ser definidos os diferentes níveis de produtividade cien-
tífica, em bases internacionais e nacionais. Igualmente, o artigo científico passou a re-
presentar a chave de acesso aos restritos círculos da "frente internacional de pesquisa".
Pelas razões mencionadas, e por muitas outras que passaram a fazer parte da "cultura"
e da "sociologia" da ciência, o ato de publicar artigos científicos é, simultaneamente,
reivindicado pelos habitantes da "República da Ciência" e exigido, pelos pares, como
prova de efetiva atividade em pesquisa científica.
Os problemas que envolvem a produção, publicação e disseminação do artigo científi-
co, em seus aspectos de forma e conteúdo, são complexos e numerosos. As discussões
a respeito limitam-se, em geral, à maior ou menor dificuldade para sustentação das pu-
blicações — aqui entendidas como os veículos impressos que contêm os artigos cientí-
ficos. Este aspecto é, na realidade, a ponta de um enorme iceberg, representado por di-
ferentes processos de formulação de idéias, inovação de conhecimentos, codificação
de informações, transferência e recepção.
A predisposição para a compreensão dos problemas representa importante passo para o
aperfeiçoamento da capacidade de comunicação da ciência. Superá-los, constitui rele-
vante esforço para colocar a ciência em sua posição de dignificante acervo da herança
cultural.
* Pontos de vista do autor e nao, necessariamente, da instituição à qual pertence.
Entretanto, o exame de numerosas publicações, anais de congressos e outros textos
afins leva a indagações e a dúvidas. Quantos artigos são realmente científicos? Quantas
"comunicações", relatadas em reuniões, transformam-se em artigos científicos?
Afinal, qual deve ser a configuração do artigo científico?
Essencialmente, a publicação científica deve retratar produtos da ciência cuja torma e
conteúdo permitam que as técnicas, utilizadas pelos autores, possam ser repetidas por
todos os interessados e os procedimentos intelectuais — que levaram à formação dos
conceitos —, avaliados. Daí, a informação científica terá, na expressão mais inequívo-
ca que se possa imaginar, que exibir duas características fundamentais: a) constituir
informação primária, isto é, algo revelado pela primeira vez e pelo autor ou autores do
fato; e b) incluir novidade, ou seja, alguma coisa que ainda nao tenha sido descoberta
por outros.
Se os conceitos podem ser colocados com alguma facilidade, textualmente, a percep-
ção da abrangência é algo mais complexo e que merece exame mais atento. Talvez o
fato mais significativo é o de que tera que haver, enfaticamente, relação entre três
aspectos: a) a descoberta científica deve basear-se no emprego da metodologia cientí-
fica; b) a informação deve ser inovadora; e c) o conceito de conhecimento científico
tem que ser reconhecido.
Por isso, tentativas de aperfeiçoamento das publicações científicas terão que levar em
conta, de maneira essencial, a revisão dos artigos científicos quanto ao conteúdo.
Nesse momento, sera' preciso trazer à tona o corpo principal do iceberg. Parte dessa
proposta constitui o tema principal a ser apresentado em seguida.
INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA (C & T)
Conceitualmente, a informação representa a formação de juízos a respeito de dados,
¡solados ou agrupados, depois de tratados e analisados. Essencialmente, a informação,
em C&T, assume duas características, quanto à codificação: é verbal ou fisicamente
traduzida. Tanto em C, como em T, a entrada é feita através de informações verbal-
mente codificadas, em textos e discussões. As saídas revelam diferenças. A informação
científica principal é representada por novas informações verbalmente codificadas, ao
passo que, em tecnologia, a informação principal é fisicamente codificada em sistemas,
processos ou produtos, sendo a informação verbal um produto colateral.
As diferenças em codificação são acompanhadas por outras, quanto ao universo da in-
formação codificada. Aquela verbalmente traduzida circula através de discussões em
reuniões; de atividades de capacitação de recursos humanos (tanto nas salas de aula,
como por meio de manuais e outros textos); e de difusão. Na última condição encon-
tram-se os inúmeros tipos de boletins, publicações periódicas, textos referenciais e ou-
tras modalidades de material impresso, duplicado e distribuído. Na categoria de infor-
mações fisicamente codificadas são incluídos os equipamentos, os produtos, laborató-
rios, protótipos, plantas-piloto.
Por razões da proposta original de discussão, o assunto sera limitado às informações
científicas verbalmente codificadas pelo artigo científico. Porém, serão feitas consi-
derações a respeito de determinados aspectos da informação tecnológica, para com-
parações.
A ciência constitui um sistema hierárquico de conhecimentos acerca do homem e do
universo que o cerca. Baseia-se na observação, experimentação e lógica, com três fun-
ções básicas: a geração de cultura; a natureza educacional, por meio da qual o homem
aprende a pensar melhor; e a função operacional, destinada a resolução de problemas.
Por isso, os produtos da ciência poderão ser conhecimentos abstratos, verdades aplicá-
veis, métodos de aplicação ou de obtenção de resultados práticos.
A tecnologia constitui um conjunto de habilidades humanas para geração de bens e ser-
viços. A partir do emprego de conhecimentos científicos, foi possível racionalizar os
sistemas de produção.
Os serviços técnico-científicos representam outros tipos de habilidades, cujas funções
estão voltadas para a produção e difusão de ciência e tecnologìa. A publicação — isto
é, o ato de editorar e publicar os resultados da ciência — faz parte do conjunto de ser-
viços técnico-científicos.
NATUREZA DA INFORMAÇÃO CIENTIFICA
A origem do pensamento inovador é diferentemente interpretada. Para uns (Rocha e
Silva) depende de atitude descompromissada, informal e que admite "as coisas mais
malucas, para poder abrir caminho ou alguma brecha por onde prosseguir". Hara ou-
tros (Motoyama) requer a interdependência a fatos já conhecidos, como fruto da in-
teração entre o sujeito (ou instrumentos mentais, como teorias, métodos, linguagens)
e o objeto, isto é, a natureza, mediada por substrato técnico ou instrumentos de tra-
balho.
De qualquer forma, o conhecimento ou saber científico distingue-se dos demais tipos,
a saber: o popular, o filosófico e o religioso. Em sua essência, o conhecimento cientí-
fico (Lakatos & Marconi) é real, racional, objetivo, transcendente aos fatos, analítico,
claro, preciso, comunicável, verificável, dependente de investigação metódica, sistemá-
tico, acumulativo, falível, geral, explicativo, preditivo, aberto e útil.
A obtenção do conhecimento científico depende do uso adequado da metodologia
científica, como estrutura mental para a busca das informações. Fundamentalmente, a
metodologia baseia-se na própria concepção de método, enquanto conjunto de ativi-
dades sistematizadas, racionais, que, com maior segurança e economia, permite que os
objetivos sejam atingidos. Implica a concepção das idéias quanto à delimitação do pro-
blema, colocação do assunto, identificação de conhecimento e instrumentos, novas
idéias (determinadas por hipóteses, teorias ou técnicas); a busca de soluções; o trata-
mento das conseqüências dos resultados encontrados; a comprovação da solução ou a
reformulação dos conhecimentos existentes; a proposição de uma teoria unificadora
dos conhecimentos; e a doutrinação do leitor para a aceitação da teoria.
Das funções essenciais, na metodologia científica, a formulação de hipóteses é a ação
mais importante, senão a mais dificil. Provavelmente, as dificuldades para a realização
da busca do conhecimento científico tornam-se tanto mais agudas quanto menos cla-
ras forem as hipóteses criadas na tentativa de propor as relações entre fatos e fenô-
menos. Uma vez comprometida a base de reflexão indagativa, que serve para.estimu-
lar a busca do conhecimento científico, fica também fácil prever que o produto da
atividade científica — isto é, a informação incluída no artigo científico — poderá ser
prejudicada.
LIMITES À EXPANSÃO DA INFORMAÇÃO CIENTIFICA
Da mesma maneira que ocorre com outros tipos de informação, o conhecimento cien-
tífico esta' sujeito a fatores que afetam a codificação, pelos autores; a ampliação, sob
a responsabilidade da qualidade do texto; a transmissão, representada peia penetração
do veículo e circulação; e a recepção, dada peia aceitação e uso da informação pelos
leitores.
Em cada um dos diferentes níveis, surgem fatores que restringem a expansão da infor-
mação e, censeqüentemente, do conhecimento científico. São limitações provocadas
por componentes internos ou externos ao ambiente do próprio autor, mas que refletem
relações de causa e efeito.
Entre os fatores internos, ganham destaque três aspectos. A linguagem, em si, constitui
uma barreira, em virtude da ultra-especialização, da proliferação de ultraparticularida-
des das investigações científicas, do hermetismo dos termos e das construções semânti-
cas empregadas para a elaboração dos textos e da própria estruturação das informações.
A preparação do cientista para a elaboração de textos é outro tipo de fator limitante,
próprio da estrutura científica. No geral, não há maiores esforços no sentido de ser-lhe
oferecido treinamento para a seleção, geração e uso de informações. Não há certeza
inequívoca de que os fundamentos da metodologia científica sejam transmitidos, como
¡nstrumentos,para o aperfeiçoamento da prática da pesquisa científica e suas conse-
qüências na elaboração de informações que codifiquem, adequadamente, o produto da
ciência. Adicionalmente, o cientista, enquanto autor, não identifica outros usuários pa-
ra a informação por ele produzida, que não sejam colegas do mesmo campo, linha ou
temática, no geral ultra-especializada.
0 terceiro componente interno do ambiente científico a afetar a expansão da infor-
mação, refere-se à sociologia do cientista e ao sistema meritocratico institucionalizado.
Tudo resulta na compulsiva necessidade do cientista participar de eventos, apresentar
trabalhos, publicar e difundir, como parte de um processo que vai além da exigência
determinada pela natureza da ciência, da obrigação de desvendar os conhecimentos. Os
currículos devem ser elaborados. O sistema tende a inflacionar a situação, com sérios
danos, na medida em que as avaliações são, eminentemente, quantitativas.
Dos fatores externos, ganham destaque os resultantes da desinformação e despreparo
de parte da sociedade como um todo, em relação à ciência e seu papel, como bem cul-
tural, social e econòmico. Mais especificamente, a sociedade revela ambientes nos quais
as barreiras à expansão da informação científica ganham maiores dimensões. Trata-se
da competência profissional dos segmentos dominantes, em geral pouco afeitos à cien-
cia, da cultura do setor produtivo, que pouco ou quase nada da' de valor ao feito cien-
tífico; das dissonâncias que acabam sendo criadas peia configuração da imagem feita a
respeito do cientista como elemento desengajado da realidade sócio-econômica; e da
falta de espaço ou de suficiente conteúdo para informações científicas, nos veículos
da mídia popular.
As causas são complexas, mas algumas deverão merecer a atenção dos interessados em
ampliar a comunicação científica. Uma delas diz respeito aos próprios juízos, elabora-
dos por cientistas, que podem ser imperfeitos, imprecisos, incompletos ou, simples-
mente, mai elaborados. Como parte do processo, surge a insuficiência do siste-
ma de filtragem, criado pela própria comunidade científica e que deveria funcionar
antes da produção do texto contendo as informações científicas.
O problema da filtragem merece considerações adicionais, pelo amplo envolvimento de
segmentos nao necessariamente ligados ao científico. De fato, o sistema de filtros de
qualidade poderia eliminar os fatores restritivos da expansão da informação, na medi-
da em que: existisse suficiente massa crítica, para atuar como exigência de qualidade; e
condição de crítica, opiniões, pareceres e outros tipos de manifestações, a respeito das
informações elaboradas, notadamente no nível da editoração.
Surgem, portanto, conseqüências cujo controle se torna muito difícil, as quais dificul-
tam ou mesmo impedem a passagem do conhecimento científico entre áreas afins. A
situação assume maior complexidade, quando se pretende a utilização da informação
científica pelo ambiente tecnológico. Predomina a situação de grande "reservatório",
no qual as informações vão sendo acumuladas. Mecanismos de "pescaria" fazem com
que determinados conhecimentos atinjam interesses aplicativos e, por meio de
decisões político-econômicas, cheguem a aplicações como bens e serviços. Sociolo-
gicamente, os autores de ciência nao convivem com ambiente tecnológico e setor pro-
dutivo. Em linguagem e aspirações, a comunicação é deficitária.
O "reservatório" de informações vem crescendo, a taxas anuais da ordem de 4%. Os
registros não estão limitados a dados exclusivamente científicos, mas cobrem grande
espectro de assuntos que se relacionam ao que se convencionou denominar por ciência
e tecnologia.
Os números são assustadores. De apenas dois periódicos científicos em 1965, constata-
mos a existência de mais de 100 mil na década de 70, com tendência a atingir a casa do
milhão no ano 2000. No Brasil, levantamento feito sem grande rigor quanto à classifi-
cação de conteúdo indica a existência de quase 3 000 títulos.
Em 568 bases de dados examinadas, foram detectadas mais de 70 milhões de registros.
Entre 1960 e 1970, foram somados mais de 10 milhões de itens bibliográficos, em
apenas 2 400 títulos de periódicos.
Mas isso representa pouco em relação ao que é efetivamente impresso, uma vez que nu-
merosos veículos não são indexados nem incluídos nos sistemas automatizados para
armazenamento da informação técnico-científica.
A este fato deve ser agregado outro, representado peia própria limitação da comunica-
ção efetiva do cientista. Do saber total, apenas 1% é transmitido; 0,25% passa por fil-
tros de segurança politica, econômica e militar; 0,02% circula pelos jornais; e somente
0,01% é efetivamente assimilado peia sociedade. O mais revelador é que aproximada-
mente 80% da informação que chega aos níveis decisórios dos poderes político-admi-
nistrativos, nos quais os destinos econômicos da ciência são definidos, deriva da im-
prensa comum.
A situação brasileira não escapa da realidade do subdesenvolvimento, no que diz res-
peito aos problemas que afetam a produção e disseminação da informação científica,
através de veículos especializados. A estes, devem ser acrescidos os constrangimentos
comuns à informação científica que são verificados em plano universal. Quando exa-
minada a produção científica nacional, frente ao panorama internacional, as figuras
não são alentadoras.
MUDANÇAS
Um fato é ¡rretorqui'vel, em nfvel mundial: é mais fácil redescobrir alguma coisa ja' re-
latada na literatura, do que ser capaz de acessar as informações disponíveis a respeito
de determinado assunto.
São necessárias mudanças, sob vários pontos de vista. Uma diz respeito a valores,
consolidados em séculos de desempenho compartimentado. Outras correspondem à
aquisição de tecnologias mais efetivas para a busca de informações disponíveis. Isto
implica a preparação de profissionais habilitados para a busca, segundo procedimen-
tos apropriados às inúmeras fontes, já integradas em redes computadorizadas e que ope-
ram "em linha", via satélite e ao alcance do telefone ou do telex. No Brasil, o Sistema
Interdata ja' está em condições de contribuir com a nova tecnologia, embora ainda haja
carência de recursos humanos capazes de efetivar o elo entre o usuário s a fonte de
informação.
Há outros passos que não dependem, substancialmente, de tecnologias, nem de compe-
tências profissionais externas ao ambiente onde a ciência deva ser concebida e gerada.
Alguns passos irão, certamente, contribuir para a melhoria da situação. O autor da in-
formação deverá meditar sobre o fato de que o produto de seu trabalho, uma vez co-
dificado, teia que ingressar em sistemas de informação, cuja latitude é muitíssimo mais
ampla do que a comunidade que habita a ultra-especialização. Como tal, a informação
científica terá que atingir as organizações, de maneira estruturada e com objetivo de
atender as necessidades de grupos atuantes em ciência e tecnologia. Tais organizações,
de acordo com as tendências atuais, inclinam-se a validar sua presença mediante a arti-
culação interdisciplinar e transetorial.
Isso tudo leva-nos à conclusão de que a informação científica, para que possa ser útil
à sociedade, inclusive como bem cultural, passará a depender da existência de compe-
tências profissionais mais diversificadas do que a que segue determinados capítulos e
subcapítulos para redigir os resultados de protocolos experimentais.
Hoje, a informação científica faz parte do desenho de sistemas, com tendência a am-
pliar o impacto de sua significação, na medida em que os autores tiverem em mente
uma indagação fundamental: informação para quem e para quê? Somente assim pode-
rão ser gerados textos que contribuam para os parâmetros de essência, versatilidade,
oportunidade, aceitação, conteúdo e indicadores de qualidade dos recursos informa-
tivos, à disposição da sociedade.
Progressivamente, aumentam os desejos de utilização da informação científica como
indicador de produtividade; como fator multiplicativo, pelos reflexos que condiciona em
diversos ambientes; e como instrumento para definição de políticas específicas.
O artigo científico é, portanto, a ponta de um enorme iceberg. O entendimento do pró-
prio significado da ciência e o que deverá ser a natureza do conhecimento científico
representa importante mudança, para concepção de melhores idéias e, subseqüente-
mente, produção de textos com melhor conteúdo informativo.
A adoção da metodologia científica, como estruturação mental e instrumento para
ordenação do raciocínio, faz com que as informações tenham lógica e coerência, prin-
cipalmente ao identificar o problema, justificar o procedimento intelectual e justificar a
teorização e doutrinação, próprias da ciência. No conjunto, o artigo científico não
deveria ser retrato estático da realidade para o novo estágio do conhecimento, seja este
observacional ou experimental.
A produção do texto requer, portanto, procedimentos de duas ordens. Uma que está
diretamente relacionada à atividade reflexiva e indagativa que levou o autor a verificar
verdades ou falsidades, e a outra que corresponde a processos organizacionais e
mecânicos para a elaboração dos textos.
RESPONSABILIDADES
Essencialmente, é necessário melhorar o sistema de filtros de qualidade. Para isso, mui-
tos são responsáveis, tanto em níveis pessoais, como de instituições.
Cientistas devem preservar os valores que, por séculos, têm garantido a sustentação des-
sa comunidade, ao contrário da desagregação observada em outras subculturas. Mas,
terão que avaliar as expectativas e as conseqüências de uso das informações por eles
geradas.
Associações profissionais, especialmente as de caráter científico e tecnológico, terão
que intensificar os controles de qualidade, para a melhoria das publicações e das comu-
nicações em congressos, reuniões, cursos e outros tipos de codificação da ciência.
As instituições terão que suprir meios e serviços técnicos para a geração, produção e
difusão do conhecimento científico e das habilidades tecnológicas.
Editores terão que alargar os horizontes do conceito de publicação científica, dedican-
do maiores atenções ao conteúdo, antes que à forma e somente a esta, em última aná-
lise. Papel especial é destinado a editores mais experientes, que consigam estimular a
comunicação interdisciplinar e, sempre que possível, a que permeia diferentes setores
ou segmentos do ambiente tecnológico e produtivo.
Agências governamentais terão que aperfeiçoar seu papel de indutoras do desenvolvi-
mento, examinando o processo da publicação científica como fase tão importante —
senão mais necessária — quanto o apoio à realização de projetos científicos.
As transformações completar-se-ão com maior velocidade, na medida em que autores,
isto é, cientistas, instituições e governo assumirem, com maior compreensão, o entendi-
mento dos limites da ciência e adotarem a postura que de todos se espera. Quando isso
acontecer, o artigo científico será melhor espelho da ciência.
Comunicação Científica: o Periódico
Gilda Maria Braga
Instituto Brasileiro de Informação
em Ciência e Tecnologia (IBICT)
Parte do tempo dos cientistas — 30% a 50% — é gasto em comunicação. As modalida-
des de comunicação informal e formal são variadas, e podem ocorrer via conversa
frente a frente, conversa telefônica, troca de correspondência e toda uma gama de
material impresso — desde livros até artigos de periódicos, passando por relatórios de
congressos e de pesquisas, coleneas, etc.
Ziman
1
é enfático ao afirmar que atribui-se demasiada importância à comunicação
informal. Na verdade, o bate-papo, a conversa telefônica, a troca de pré-publicações
[pre-prints) constituem, via de regra, informação preliminar, ainda nao estabelecida co-
mo conhecimento científico "confiável". A comunicação informal é quase sempre oral,
dirigida a um pequeno grupo de colegas e representa uma pesquisa ainda nao
terminada. A medida que tais comunicações vão se repetindo, as idéias tomam forma,
os manuscritos vão melhorando até o trabalho atingir o ponto de ser formalizado
através da publicação em algum periódico. O tempo médio entre o início de uma
pesquisa e sua publicação como artigo oscila entre vinte e quatro a trinta meses, depen-
dendo da área de assunto.
O grande progresso da ciência nos últimos três séculos deve-se, em grande parte, ao fa-
to do ciclo da descoberta científica só completar-se quando seus resultados são publi-
cados — isto é, comunicados.
A comunicação científica envolve atos de escrever, registrar, publicar, disseminar, ad-
quirir, armazenar, organizar, controlar, identificar, 1er e assimilar, formando um fluxo
de transferência de informações do cientista-produtor para o cientista-consumidor.
Essa transferência é feita, essencialmente, por cientistas-autores, editores, periódicos,
bibliotecas, centros de informação, serviços de indexação/resumos, cientistas-usuários.
Essa formidável indústria da informação gasta, apenas nos Estados Unidos, cerca de
15 bilhões de dólares anualmente.
0 periódico - principal veículo da comunicação científica — nasceu em 1665, na
França (Journal des Sçavans) e na Inglaterra (Philosophical Transactions) para satis
fazer as necessidades de uma elite que já não se contentava com a comunicação feita
através dos colégios invisíveis ou dos livros. Daquela data em diante, o número de pe
riódicos vem crescendo cerca de 5% ao ano, dobrando aproximadamente a cada quin
ze anos.
1
ZIMAN, J. M. Information, communication, knowledge. Nature, 224:318-24, 1969.
Estima-se atualmente em cerca de 60 mil o número de periódicos científicos publica-
dos mundialmente. Os termos "¡mplosão", "explosão", "poluição" da informação
podem ser constantemente vistos na literatura especializada. Goffman
2
demonstrou
que tal crescimento é uma decorrência do aumento do número de autores e não de
um aumento de produtividade dos autores, em geral. Apesar desse crescimento, King
3
demonstrou que apenas 6% dos cientistas americanos publicaram algum artigo em
1977 — desses, 62% estavam ligados à universidade e possivelmente pressionados peia
política de "publicar ou perecer". Price
4
confirma os resultados de King, e estima que
apenas 10% dos autores produzem mais de 50% de todos os artigos. A produtividade
dos cientistas segue o princípio das distribuições hiperbólicas, onde poucos produzem
muito e muitos produzem pouco, apesar da média indicar que, em geral, um cientista
escreve, durante sua vida, três e meio artigos. O recorde de produtividade foi
provavelmente atingido pelo entomologista Theodore Dru Alison Cockerell (1866-
1948) cuja bibliografia inclui 3 904 documentos produzidos em sessenta e sete anos,
ou seja, cerca de dois documentos por semana.
O volume de literatura escrita é um indicador a mais da importância do periódico, e os
editores desempenham um papel fundamental no processo de comunicação. Os edito-
res de periódicos constituem o foco central para reunir resultados de pesquisa, revê-los
e editá-los (avaliá-los), prepará-los para distribuição; cabe-lhes ainda estabelecer uma
clientela para tal informação e ainda reproduzir e distribuir a informação para a clien-
tela estabelecida. Tais tarefas envolvem, nos Estados Unidos, cerca de 5 000 periódicos
científicos, 500 mil artigos e 2 milhões de cópias desses artigos — em média, 6 500 as-
sinaturas por periódico. É também parcialmente responsabilidade do editor assegurar
que o periódico cumpra suas três funções básicas: disseminação, arquivo, e a função
de carrear prestígio e reconhecimento aos autores. Tais funções só podem ser desempe-
nhadas plenamente se houver rigorosa avaliação dos originais submetidos à publicação
— e ha' grande número de ocorrências que demonstram graves falhas do sistema edito-
rial, que vem permitindo a divulgação de artigos de qualidade duvidosa, contendo in-
formações incorretas, resultados falseados, metodologia imprecisa, etc. Cabe ao editor
e ao corpo de avaliadores fazer com que o periódico atue como verdadeiro filtro de
qualidade, garantindo o equilíbrio do sistema de comunicação científica, ainda que tal
sistema sofra o impacto de recentes inovações tecnológicas, como a teleconferência e
o periódico eletrônico.
O processo de comunicação científica depende do sistema sódo-político-econômico-
cultural no qual está inserido. Tal processo já está caracterizado nos países desenvolvi-
dos. Nos países em desenvolvimento há ainda muito a identificar, delimitar, definir.
Essas tarefas são de complexidade tamanha que exigem a colaboração de todos os que
participam e atuam no processo de gerar, transmitir e usar o conhecimento científico.
Referências Bibliográficas
BRAGA, G. M. Electronic publications in developing countries: preparing for the future.
ASIS Proceedings, 19:356, 1982.
2
GOFFMAN, W. & WARREN, K. S. The ecology of medical literatures. American Journal of
Medicai Sciences, 263:267-73, 1972.
3
KING, D. et alii. Scientific journals in the United States. Stoudsburg, Hutchinson Rossa, 1981.
319p.
4
PRICE, D. Little science, big science. New York, Columbia University Press, 1965. 118p.
BRAGA, G. M. Informação, ciência, política científica: o pensamento de Derek de
Solla Price. Ciência da Informação, 3(2): 155-77, 1974.
CHERNIN, E. A worm's eye view of biomedical journals. Federation Proceedings,
34(2): 124-30, 1975.
GARVEY, W. D. Communication: the essence of science. Oxford, Pergamon Press,
1979. 332p.
POLÍTICA EDITORIAL
Politica Editorial
Roberto Amaral Vieira
Fundação Estadual de Engenharia
do Meio Ambiente (FEEMA)
A função de uma política é traçar linhas gerais, iluminar o caminho a ser percorrido,
aprofundado, por programas de trabalho que farão sua compatibilidade à ação con-
creta.
0 que seria uma política editorial?
A política editorial é um instrumento que estabelece os marcos, os objetivóse os ins-
trumentos de uma editora, seu conteúdo, e sua forma. A política editorial indica o que
editar, como editar, para quem editar. No universo de leitores estabelece seu segmento
preferencial e a mensagem que lhe é dirigida — vale dizer, seu programa editorial; a
decisão sobre o que editar envolve a decisão de como editar, para que haja perfeita
adequação entre a mensagem a ser transmitida (conteúdo editorial) e o público desti-
natario. A mensagem, além do conteúdo, é também forma, e esta guarda adequação
óbvia, seja com o que é transmitido (ou se pretende transmitir), seja com o perfil de
seu leitor. Vale dizer, a política editorial é também uma política de produção gráfica, e
é também uma política de custos gráficos. O processo, portanto, não é só editorial, ou
gráfico, ou de produção. O processo é uno. Mesmo a comercialização, digamos, a
política de comercialização, é especificidade da política editorial, comercializa-se se-
gundo a ótica editorial: por óbvio que o que é editado predetermina o que é vendido,
para quem é vendido e, por fim, como deve ser oferecido à venda, isto é, como é (se-
ria) vendido.
Uma política editorial, portanto, deve responder a questões como:
— o que editar
— como editar
— para quem editar
Como o público é uma soma de segmentos especializados, a fixação do conteúdo ou
conteúdos, preferencial ou preferenciais, é uma decisão de ordem política. Por exem-
plo: qual o papel editorial de uma instituição governamental? No campo da atividade
editorial. Estado e empresa privada podem desempenhar papéis indistintos? qual o
conceito de lucro, editorial, financeiro ou econômico que deve presidir a atividade
editorial? Qual o papel de uma editora pública ou privada em um país subdesenvolvido —
o Brasil, por exemplo, falido ou pré-falido, com altos niveis de analfabetismo e semi-
alfabetização, com baixo, baixíssimo índice de leitura, carente de tecnologia, prisio-
neiro de uma dívida externa irresponsável e desumana? Qual deve ser a preocupação
tematica de uma editora brasileira? Que relações ela deve estabelecer com a cultura
nacional?'Somos editores brasileiros ou editores de língua portuguesa? Nesse caso,
não seria de nosso ofício pensar em uma política editorial que contemplasse os paí-
ses africanos e asiáticos de língua portuguesa?
POLITICA EDITORIAL
O conceito de política editorial, objeto das presentes considerações, encara a produ-
ção editorial dentro do complexo gráfico-editorial, nele compreendidas todas as fases
de produção de um livro ou revista, desde a criação puramente intelectual do texto à
sua entrega ao mercado como produto final.
Entendendo o processo em sua globalidade e unicidade, isto é, como gráfico-editorial,
anulada portanto a visão particularista que enfatiza ora o aspecto editorial, ora o grá-
fico, podemos afirmar a inconveniência de qualquer planejamento que não considere
o produto final: livro ou revista. Em outras palavras, a seleção e análise dos originais,
e a partir daí o projeto editorial, devem levar em conta, ao lado de outros fatores, o
objeto da publicação, o público a que se destina, o conteúdo da informação, etc.
Assim, sugerimos como imprescindível a fixação de uma doutrina ou política editorial.
Diante da sua inexistência — quer da parte do Governo, quer dos editores em sua maio-
ria — muitas distorções são cometidas diariamente em prejuízo nao só da indústria
editorial, como especialmente da cultura do país. Ponto fundamental é a conceituação
do livro e a definição de seu papel em um país subdesenvolvido, o Brasil, por
exemplo. qual sua missão basica? Instruir? Transmitir informação? Entreter?
Partindo, por uma simples questão de método, do pressuposto de que seu escopo é
transmitir informações, reformulemos a pergunta: qual a política que deve presidir sua
apresentação gráfica? Acabamento em brochura (rústica), relativamente barato mas
também de menor duração, pois no século da tecnologia supõe-se curta a vida útil da
informação? Edições com tiragens elevadas, destinadas ao grande público? Livros de
melhor acabamento e maior durabilidade ainda que sujeitos a custos elevados?
Admitamos, tomando como princípio a realidade brasileira, uma política que considera
o livro como instrumento basilar do desenvolvimento cultural e, por força deste
conceito, objetive sua disseminação. Tal disseminação estaria obstaculizada pelo baixo
nível de renda da população consumidora, tornando impraticável a compra de livros e
periódicos/produção e venda em níveis industriais. Na impossibilidade de aumentar a
demanda, restaria sugerir meios visando à redução dos custos, ou seja, o barateamento
do preço de capa do livro, via nacionalização da produção, adequando-o ao limitado
poder aquisitivo do pequeno segmento de população compradora.
CUSTO GRÁFICO
O preço de venda de um livro resulta da equação custo gráfico-editorial versus tiragem.
Por custo gráfico entende-se o dispêndio com a produção industrial (gráfica, papel, re-
visão, ilustrações, artes-finais, clicheria ou fotolitos etc); no custo editorial são com-
putadas despesas como: preparação de originais, marcação e diagramação. Os direitos
autorais e o copyright raramente interferem na fixação do preço de capa. Sobre o eus-
to gráfico-editorial é projetada uma porcentagem mais ou menos aleatória (em regra
10%), destinada ao custeio de despesas de administração, armazenagem, fundo de co-
mércio, riscos, capital de giro, etc, chamada taxa de administração. O custo global
resulta do custo gráfico-editorial somado a essa taxa; quando dividido pelo total da ti-
ragem, oferece o custo unitário. O preço de venda é obtido pela multiplicação do custo
unitário por um índice teoricamente calculado com base em fatores de ordem eco-
nômica e em estimativas de mercado. 0 multiplicador mínimo (abaixo do qual o re-
sultado da vendagem dificilmente cobrirá as despesas) é uma variável entre 4 e 5; a queda
do preço unitário, freqüente nas segundas e seguintes tiragens, fornece às editoras a
possibilidade de utilização de índices mais elevados, 6 ou 7. Nas casas editoras que tra-
balham com algum planejamento, os livros a serem lançados têm usualmente o preço
de venda fixado com base no índice 5; o editor que assim procede investe na primeira
edição contando obter melhor margem de lucro nas tiragens subseqüentes. 0 funcio-
namento, a contento, de tal política implica a necessidade de a primeira tiragem re-
cuperar os investimentos, assegurada a existência de novas impressões, o que não é
seguro. A reimpressão, de um modo geral, aproveita a primeira edição (a regra quando
a primeira edição é tipografica é fotografar a primeira tiragem e imprimir a segunda em
offset) proporcionando um custo unitário mais baixo. O editor, assim, poderá lançar
mão de um índice mais alto, sem contudo majorar o preço de venda. O custo vai caindo
progressivamente à proporção que novas tiragens são lançadas.
Infelizmente, não estamos em face de regra vigente na indústria editorial brasileira. A
característica entre nós são pequenas tiragens, grande demora na comercialização e
poucas reedições. O notável intervalo entre as reedições ou novas tiragens, quando es-
tas ocorrem, torna impossível ou desaconselhável, como é o caso do livro técnico-cien-
tífico e, às vezes, do didático, a reimpressão, impondo uma segunda edição revista, re-
fundida, ampliada e, vale dizer, bastante onerada, impondo novos investimentos.
Temos, assim, que o editor, ao decidir-se pelo lançamento de um livro, deverá estar
seguro do lucro ou, pelo menos, da recuperação dos investimentos, já na primeira edi-
ção. A margem de risco, todavia, persiste em nível elevado; mesmo para essa vendagem
da primeira edição — um ano tratando-se de livro didático, dois para livro de texto co-
mum — não dispõe o editor de modelos científicos que lhe assegurem a antecipação
da resposta do mercado consumidor. Desconhece também fórmulas que — com as
exceções de praxe — estabeleçam, diante de um original, a distinção entre o encalhe
certo e o best seller.
DECOMPOSIÇÃO DO PREÇO DE VENDA
Como sabemos, encerrado o processo industrial de fabricação do livro, inicia-se um ou-
tro, o mais penoso: a comercialização, comumente por intermédio da rede "nacional
de distribuidores". Os distribuidores, firmas comerciais independentes do editor, rece-
bem as publicações em cotas prefixadas, nem sempre em conta-firme, pagamento num
prazo mínimo de 120 dias (ou 90 dias fora o mês), com desconto médio de 50% sobre
o preço de capa. Tratando-se de obras didáticas do 19 e 29 graus, o usual é a entrega
do livro, ao distribuidor, em consignação reduzida para 40% a percentagem do vendedor.
Correm por conta do editor as despesas com embalagem e geralmente são debitadas ao
distribuidor as de transporte.
Seguem-se as demais despesas, todas elas consideráveis, a começar pelos direitos auto-
rais. A norma brasileira estabelece o pagamento de 10% sobre o preço de capa, na me-
dida da vendagem.
Para realizar uma comercialização razoável, os editores sao obrigados a manter um es-
quema de vendedores pracistas e inspetores de vendas, cuja missão principal é estimular
as compras pelas livrarias e agentes, nos estados. Os vendedores, e principalmente os
inspetores, embora atuem mais fixamente no eixo Rio-São Paulo, precisam de, pelo
menos uma vez por ano, visitar todas as capitais. O regime de trabalho varia por em-
presa, sendo comum a existência de vínculo empregatício, remuneração mediante sa-
lário reduzido e percepção de comissões sobre as vendas, numa percentagem dificil-
mente inferior a 5%.
Ficamos com o dispêndio de 5% na impossibilidade de estimar diversas despesas como
viagens é outras.
Ao fornecer o pedido, o editor é obrigado a emitir uma duplicata e resgatá-la em banco
com o desconto mínimo de 10% ao mês. Não dispomos de estimativas de custos indire-
tos, como encalhe, faturas não honradas, devolução, perdas, juros de mora e outras.
Computados apenas os elementos conhecidos, temos, portanto, o preço de capa de-
composto como se segue :
Com o fator multiplicador 5, é evidente que a participação do custo gráfico no preço
de venda varia em função do índice multiplicador utilizado. Por exemplo: no multi-
plicador 4 a participação é de 25%; no multiplicador 5 a participação é de 20% e assim
progressivamente, caindo o peso do custo grá'fico à medida que aumenta o índice mul-
tiplicador.
Assim, o preço de venda aparece onerado em 95%, dando ao editor o saldo de 5% por
livro vendido e pago.
Para os efeitos desses cálculos, não foi considerada a amortização dos investimentos, a
saber, o custo do dinheiro a partir do início do dispêndio, o início e o fim do ressarci-
mento, cálculo factível apenas na análise de casos concretos. Os números encontrados
não representam saldo líquido, pois cumpre ainda ao editor custear, entre outras, as
seguintes despesas: distribuição promocional de exemplares, propaganda, embalagens,
armazenagem, custo do capital de giro, reinvestimentos, etc.
Soma-se à lenta e nem sempre certa recuperação do capital imobilizado o longo proces-
so de despesas iniciado imediatamente após a aprovação dos originais.
O PROCESSO EDITORIAL
O processo editorial começa, geralmente, com a chegada à editora dos originais, quase
sempre oferecidos pelo autor. Quando preparados a pedido e por encomenda do edi-
tor, presume-se que atendam a uma política editorial prefixada e estejam incluídos em
determinado programa; estima-se a existência de despesas anteriores como remunera-
ção do responsável coordenador da coleção, estudos de mercado e fixação de padrões
gra'f icos e, até mesmo, contrato de elaboração do livro, muitas vezes envolvendo ante-
cipação de direitos autorais. Seja em um caso, seja em outro, recebidos os originais, o
editor dá partida ao processo editorial, acionando os leitores, consultores ou expertos
ligados à empresa, aos quais cabe falar da qualidade do texto. Não desconhecendo, mas
simplesmente deixando de computar, por difícil estimativa, as despesas administrativas
anteriores, registremos como inicial o pagamento da leitura ou do parecer. Favorável,
procede-se à editoração propriamente dita. Após nunca menos de 30 dias nas
mãos dos consultores, os originais são liberados para publicação; abre-se o processo de
revisão do texto, marcação, diagramação, programação gráfica; suponhamos, num asso-
mo de otimismo, que o preparo dos manuscritos demande apenas 30 dias: temos, já
aí, 60 dias aos quais devemos acrescentar os necessários ao processo gráfico. Geral-
mente, limite internacional, um livro comum leva pelos menos 120 dias para ser
composto e impresso (casos há em que o prazo requerido se aproxima de um ano ou
mais), portanto, 180 dias entre o recebimento dos originais e sua publicação, se o pro-
cesso não sofrer interrupção alguma, tratando-se, relembre-se, de original ja' previsto
pelo programa de editora.
Recebida a tiragem, processa-se a distribuição aos agentes e livreiros de todo o país; até
finalizar as operações de faturamento de um terço da tiragem, a editora leva mais ou
menos 30 dias; concluído o faturamento (em geral 90 dias fora o mês), restam pelo
menos 120 dias para o início da arrecadação, na hipótese de venda em conta-firme.
Nas consignações, o faturamento, em geral, só se efetiva a partir da venda, pelo distri-
buidor. Vê-se, assim, que entre o recebimento dos originais — quando o editor começa
a gastar — e o pagamento da primeira fatura — quando o editor começa a ser reembol-
sado - são decorridos pelo menos 330 dias, no caso de originais brasileiros. Tratando--
se, porém, de tradução, o processo se completa em 550 dias. Explica-se: decidida a
edição — de acordo com o eventual parecer dos consultores — cumpre ao editor as
negociações, quase sempre lentas, com o editor do título original, visando à aquisição
dos direitos à publicação em português (copyright). Assinado o contrato, tem início a
tradução para qual é necessário, dependendo do texto e da capacidade do tradutor
profissional, cerca de três a seis meses; concluída, é necessariamente submetida à re-
visão de um especialista. Só após o último crivo — ou seja, gastos pelos menos 150 dias
— é entregue ao departamento editorial para a execução dos trabalhos já descritos ante-
riormente, e que exigem, como vimos, mais 330 dias.
O problema relativo às traduções, todavia, nao se resume na dilação do processo edi-
torial ou na simples antecipação do pagamento do copyright.
Diversos óbices dificultam a criação de um pensamento técnico-científico brasileiro.
Talvez se possa dizer que são poucos os estudos e as pesquisas de cientistas e técnicos
nacionais editados; ainda mais raro é atingirem o público a que se destinam. E mesmo
quando isso se registra, irrelevantes casos isolados, a má circulação da obra, as peque-
nas tiragens, os custos e preços altos concorrem para reduzir a distribuição e, portanto,
os benefícios dela decorrentes. 0 livro só cumpre o papel de veículo de cultura quan-
do, editado, circula.
Nas atuais circunstâncias, o livro brasileiro é uma aventura imprevisível: escrito, difi-
cilmente é editado, pois não tem venda garantida; editado e vendido, é consumido por
público restrito, fazendo da cultura um privilégio.
Em um mundo intercomunicante, as traduções desempenham um papel salutar. Mas
re' que distinguir a tradução indispensável da acidental. Cumpre verificar as reais pos-
sibilidades culturais de nossos técnicos e cientistas para identificar aquelas traduções
das quais podemos prescindir, e a seguir determinar, exatamente, na área técnico-cien-
tífica, as fronteiras entre o que devemos importar e o que devemos fazer, inclusive
porque toda cultura, para ter raízes sólidas, deve-se conformar ao terreno que lhe é
próprio, assumindo suas peculiaridades e satisfazendo suas necessidades.
O apelo às traduções, todavia, é ainda uma forma encontrada pelos editores para camu-
flar suas deficiências. Uma programação nacional exige uma série de atividades para as
quais grande número de editores não se sente habilitado. De saída, há de ser criado um
plano editorial, um programa de edições, importando a escolha de uma temática, de
títulos, de autores, etc. Decidida a temática, há que descobrir o original já elaborado,
ou o escritor capaz de elabora-lo. Há que acompanhar sua elaboração. A tradução dis-
pensa tudo isso: o editor estrangeiro ja' se incumbiu de tudo e, mais ainda, testou a
obra no mercado americano ou europeu. E entre nós também na área editorial vigora
um axioma simplista: se vendeu nos Estados Unidos venderá aqui também. Ao inverso,
se não vendeu aqui a culpa não foi do editor que escolheu errado, mas do mercado que
não reagiu... E o editor brasileiro recebe a tradução já cozinhada: todos os problemas
editoriais foram previamente solucionados; cumpre-lhe, apenas, proceder à tradução.
Tratando-se de obras infantis, as vantagens são ainda maiores, pois o editor brasileiro
ja' recebe o fotolito com as ilustrações cabendo-lhe tão-só inserir o texto em português.
Quanto mais esteja subordinada a um programa de traduções (ha' editores que se dizem
especializados em best sellers), mais fácil será a administração, produção e editoração.
Não estão, porém, esgotados os problemas relativos às traduções; estes invadem a área
de custos, onerando sensivelmente o preço de venda de nossos livros e periódicos. Um
dos mais sérios, por exemplo, é o referente à aquisição de direitos autorais no exterior.
A grande maioria das editoras brasileiras — exceção feita às especializadas em obras
jurídicas ou didáticas (em especial as destinadas aos cursos fundamental, de 19 e 29
graus) tem nas traduções cerca de 50% de seu movimento editorial. São várias as
questões levantadas a propósito, a primeira das quais é relativa ao custo dos direitos
autorais. Muitas vezes a simples transcrição de determinado artigo ou a tradução de um
estudo torna-se inviável diante dos direitos cobrados; originariamente caros e pagos
em dólar, são, quase sempre, inacessíveis ao editor médio brasileiro.
As publicações especializadas, particularmente as culturais, estão entre as que mais
padecem com isso. Suas tiragens, pequenas em geral, nao proporcionam recursos
suficientes para a publicação, em português e no Brasil, de original estrangeiro.
Se o escopo das traduções é suprir deficiência da nossa bibliografia, tem-se por óbvio
que sobre os temas versados inexiste texto nacional. A tradução encontra justificativa
em nossas fraturas culturais e atraso tecnológico e científico. Em outras palavras, à
ausência de uma doutrina própria, adotaremos a expressa no texto traduzido. Mas a
tradução não deve ser vista como fim, porém como meio. Se não provoca ou estimula
textos nacionais substitutivos, poderá ser lesiva aos interesses nacionais. Não se está
propondo uma política chauvinista de rompimento com a cultura estrangeira, é evi-
dente que a nossa será formada pelo acúmulo de experiência de toda a humanidade:
não tem sentido estarmos aqui pesquisando o que já foi descoberto ou repetindo expe-
riências, mas acumulando-as. O que sugerimos, como vital para nosso desenvolvimento,
é a formação de uma bibliografia nacional, mesmo a partir dos textos importados. As
traduções nunca devem ser literais, mas, sempre que possível, adaptadas ao entrecho
nacional e precedidas de uma introdução técnica de autoridade do próprio país.
Os elementos capazes de apontar os novos caminhos encontram-se na universidade
brasileira. E um desses caminhos pode ser o estabelecimento de convênios editoriais
com instituições universitárias. Em sua execução, elas contribuem com texto do seu
corpo docente e a editora com assessoramento técnico-editorial, assim entendido todo
o processo que engloba seleção, preparação de originais, diagramação, composição,
impressão, acabamento e até distribuição.
Os livros co-editaaos passam a aestinar-se a um pudico nacional, graças a esquemas de
distribuição que procuram evitar a concentração de edições nos estados de origem.
As tiragens maiores reduzem os custos e, conseqüentemente, os preços. A obra poderá
ser adquirida por maior número de leitores. Ademais, será permitida a difusão do pen-
samento regional que perderá, a longo prazo, o cunho fechado e exótico, na medida
em que participe de uma perspectiva integrada da cultura brasileira, no intercâmbio
entre idéias e informações em nivel nacional. Tal intercambio é o equivalente, em ter-
mos de nação, à troca de idéias entre especialistas e também à difusão, sem a qual mor-
re de asfixia toda a cultura.
Há, porém, programas de co-edições nos quais inexiste qualquer preocupação criadora.
São programas que se destinam exclusivamente ao barateamento do preço de capa, pa-
ra os quais os editores são atraídos seja pela concorrência, seja pela possibilidade de,
com a venda antecipada de exemplares, assegurar o retorno do capital investido. Nes-
ses programas, a obra selecionada pelo editor é submetida à entidade co-editora a qual,
aprovando-a, compromete-se a adquiri-la por determinado preço, mediante o compro-
misso do editor de vendê-la por um preço de capa fixado em comum, sempre inferior
àquele pelo qual a obra, sem a co-edição, seria vendida. Os preços são reduzidos numa
média de 30 a 40%. Aparentemente um bom negócio, a expectativa das co-edições
tem desestimulado a capacidade inventiva e criadora de nossos editores, os quais, em
grande número, trocaram seus programas pelos programas das entidades co-editoras.
Entendemos o livro como (relativamente) caro quando salientamos que seu custo não
está ao alcance da bolsa popular, ou seja, deve ser considerado caro na medida em que
é baixo o poder aquisitivo da população, inalterada a pobreza de nossa sociedade, con-
servando-se assim quase insignificante a parcela integrada no consumo cultural, o livro
permanecera' inacessível ao chamado "grande público". A maioria da população ainda
nao contribui para o produto nacional bruto, abstendo-se de participação no "bolo" da
riqueza do país limita-se ao consumo de subsistência. Seu orçamento, já esgotado
pelos bens de primeira necessidade, não comporta a inclusão de livros e revistas.
Ressalte-se, assim, que as grandes soluções para os problemas atuais do livro no Brasil
não estão ao dispor da indústria editorial. A crise reflete os conflitos gerais da so-
ciedade, notadamente pequena renda per capita e baixa escolaridade. Ao propiciar o
aumento de uma e outra, promoveremos tanto a melhoria do poder aquisitivo quanto o
alargamento da faixa consumidora de livros, tornando viável a única medida de que
dispõem os editores para garantir o "milagre" de livros e revistas mais baratos: o
aumento de suas respectivas tiragens.
Parece-nos dispensável demonstrar que tiragens destinadas a pequeno público são ne-
cessariamente pequenas.
Soluções ao Alcance do Editor
As soluções para muitos dos problemas com que se debatem presentemente os edito-
res brasileiros nao estão, todavia, a depender exclusivamente da atividade governamen-
tal. Se o grande desfecho, representado peia ampliação das tiragens, está à espera de
medidas como o combate ao analfabetismo, o aumento da escolaridade e da renda
per capita, resultando no alargamento do público ledor e na melhoria de seu poder
aquisitivo, podem os editores, procurando a racionalização de suas funções, contribuir
para diminuir os custos e aperfeiçoar a qualidade do livro.
Ao alcance dos editores está, por exemplo, a escolha do melhor original, do processo
gráfico mais conveniente, do formato e do acabamento mais econômico. Conditio sine qua
non, faz-se imperioso o ingresso das editoras na fase industrial de trabalho, abandonando
o amadorismo característico da grande maioria das empresas nacionais. Mutação que
implicará forçosamente a profissionalização de todos os setores e, portanto, a montagem
de equipes técnicas para seleção, revisão e normalização; copydesk quando necessário;
marcação e revisão de texto, possibilitando a remessa dos originais à gráfica em sua
feição definitiva; a escolha do processo de composição e impressão e do papel mais
convenientes, formato e acabamento mais adequados; a elaboração de ilustrações e capas
(artes-finais) com rapidez e economia; estudos técnicos e de mercado visando à melhor
gráfica; fornecimento de papel ao impressor, controlando o gasto e a qualidade do
produto. No seu conjunto, referidas medidas, objeto de estudo particular, implicam a
queda do custo gráfico, redução do consumo e melhor aproveitamento do papel e
execução mais rápida dos serviços. Em outras palavras: menor custo industrial, queda do
preço unitário e, finalmente, livro barato resultariam inúteis se a eles não se seguisse
intensa comercialização.
Infelizmente o grande obstáculo à implantação de planos tão óbvios e racionais reside na
inadequação de editores, gráficos e livreiros à realidade brasileira. Nossa sociedade es
saindo da fase patriarcal e tradicional para a modernizante, daí a situação crítica, vez que o
país, sem haver ingressado de todo nesse novo período, mas dele já participando,
conserva características conflitantes tanto dos valores culturais quanto do sistema
econômico tradicional e patriarcal, ao mesmo tempo que já adota métodos e valores
impostos peia modernização geral da sociedade.
Com relação aos gráficos e editores, o amadorismo remonta à sua própria história.
Originariamente, nasceram artesãos, amantes do livro e da cultura antes de se cons-
tituírem em homens de negócio. A edição era decidida ora porque o dono da editora
(quase sempre também gráfico) gostava do autor, ora porque simpatizava com o tema ou
considerava a obra importante. É evidente que esses métodos não poderiam sobreviver à
industrialização.
Na gráfica tradicional observa-se como característica a debilidade da infra-estrutura
administrativa, marcada pela carência de linha de produção, programação de custos,
conhecimento de mercado, apuração de produtividade e pesquisa de novas técnicas,
controle de qualidade, contabilidade industrial e de custos, assistência técnica, orga-
nização e métodos. Ainda entre as chamadas empresas de porte médio a grande, é dado
relevo à figura do dono, do gerente industrial, financeiro e de pessoal, do chefe das
oficinas, do vendedor, do comprador, do "engenheiro de produção e manutenção". Nas
empresas gráficas brasileiras médias nao há programas internos que visem á melhoria da
produtividade; para a promoção de simples operários a supervisores leva-se em conta tão-
somente o tempo de serviço na casa e a experiência demonstrada; novos operários ou
técnicos são contratados através de jornais; não há normas preestabelecidas para os
casos de promoção, que são estudados de per si. Não há estímulos ao aumento da
produtividade. Só recentemente começou-se a fazer uso do sistema creditício nacional; a
partir de 1965 deixou-se de recorrer á agiotagem como fonte única de financiamento de
suas necessidades de capital de giro, acicatados peia politica de crédito antiinflacionária
que tornou temerarios os fornecimentos de confiança, substituídos por duplicatas.
Crítica à Editora Tradicional
As inconveniencias do funcionamento da editora tradicional começam com o proces-
so de seleção do original.
0 editor faz-se simples intermediário entre a produção intelectual e o público a quem
fornecerá o livro. De saida, sua atitude é passiva. Nao interfere na escolha do tema,
ou em sua elaboração; limita-se a preparar e publicar o original que lhe foi apresentado,
às vezes, por mero acaso. O editor tradicional não descobriu as vantagens de encomen-
dar originais, numa época em que muitos já atingiram, mesmo no Brasil, a sofisti cação
de influir, até na elaboração do texto.
Recebidos os originais, surge a segunda deficiência: o processo de análise. É geralmen-
te o dono de uma editora nesses moldes, isto é, o homem que tem em suas mãos to-
das as funções de mando e de política, quem contrata a edição, decide a respeito da
apresentação gráfica e dos critérios de venda. Como nem sempre pode opinar sobre o
conteúdo, resolve sobre sua aceitação levando em conta indicadores aleatórios como
nome do autor, título e número de páginas. Raramente se apoia numa assessoria ou
num grupo de leitores aptos a dar parecer quanto à qualidade dos originais. A conve-
niência comercial, a capacidade de venda e outros fatores são sempre "apurados pelo
olho clínico" do editor. A pesquisa de mercado não vai além da consulta ao balconista
sobre a eventual procura de livros com a mesma temática.
Desconhece, também, operações importantíssimas como preparação do manuscrito
(revisão, normalização e demais etapas). Os originais entregues pelo autor são consi-
derados (ao mais das vezes por puro comodismo) como perfeitos, nao lhe cabendo ave-
riguar se há incongruências de estilo, cochilos de ortografia ou gramática ou mesmo
ausência de índices analíticos. A correção das mais graves deficiências é normalmente
transferida para o revisor tipográfico, a quem só deveria competir zelar peia fidelida-
de da composição ao original. A correção, em fase tão avançada, importa em custos
adicionais e retardo na produção.
Entregue o livro à gráfica, composto, procede-se à revisão tipográfica. 0 processo é
lento. Quando as provas chegam ao autor às vezes passou mais de um ano da elabora-
ção do original. No intervalo, ele estudou mais, reformulou conceitos e se acha no di
reito de modificar vários trechos, quando não se trata de simples descoberta de enga-
nos. Mas seus próprios erros permanecem, e por fim tanto o autor como o editor estão
fazendo vista grossa a falhas menos significativas, interessado que está o primeiro em
ver sua obra transformada em livro, e o último em livrar-se dos gastóse iniciar a venda.
Ambos, porém, estão razoavelmente tranqüilos desde que, à ausência de crédito, o edi-
tor transferiu ao gráfico o ônus do financiamento de seu programa editorial. Como vi-
mos, um livro ordinário necessita de 60 (prazo mínimo) a 180 (prazo médio) dias em
gráfica; desde a chegada dos originais, a gráfica começa a despender, mas somente fin-
do o processo e efetuado o faturamento, a 90/120 dias da data, é que será reembolsa-
da, vale dizer, 270/300 dias após o início de seus gastos. Assim se exaure qualquer
capital de giro.
Não será exagerado estimar em cerca de 30% a economia de custos gráficos resultan-
te da montagem de um sistema editorial.
Critérios de uma Editora Moderna
A pedra basilar da editora moderna é uma política editorial definida, onde se estabele-
ça nao só o campo de suas atividades como o tratamento gráfico-editorial das publica-
ções. Imaginemos a Editora X, que, por exemplo, restringe-se, em seu programa, à edi-
ção de obras de Ciências Sociais, nelas incluídas a Cibernética, Informática, Comunica-
ção, Documentação e Filologia. Optou pelo lançamento de obras básicas para a forma-
ção da cultura brasileira, sem permitir que as perspectivas comerciais sobrelevassem o
conteúdo da informação. Assim, a edição de um best seller será mero acaso, mas a do
texto, fundamental exigência da qual nao poderá arredar-se. Partindo daí, essa Editora
fez outra opção quanto ao tratamento gráfico: sem prejuízo da resolução anterior por
constantes pesquisas visando à melhoria do padrão gráfico-editorial dos livros e perió-
dicos brasileiros, decidiu-se por edições mais baratas, de maior acesso ao público a
que se destinam. Suas publicações primam, sem quebra da qualidade gráfica que osten-
tam, por uso parcimonioso de cores, abandono do acabamento cartonado ou encader-
nado peia brochura plastificada, formato americano, etc. Desta forma, jamais procura-
rá fazer economia reduzindo ilustrações, diminuindo a composição especial ou ado-
tando qualquer medida que, mesmo de leve, venha a influir ou prejudicar o texto ou
sua comunicação.
Conseqüência de sua política de constante aperfeiçoamento de novas técnicas ao lado
de permanente esforço por custos mais baixos, obriga-se a Editora a manter-se em dia
e adotar em sua produção as normas editoriais e de preparação de originais firmadas
peia Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), mas, cumpre-lhe, igualmente,
organizar e seguir seus próprios padrões. Por exemplo: os periódicos e livros editados
são normalizados segundo os critérios adotados pela sua Divisão Editorial; todos os
periódicos possuem ficha catalográfica e legenda bibliográfica, e os livros, a ficha. Ne-
nhum livro técnico pode ser editado sem índice analítico e os periódicos têm unifor-
mizadas suas seções. As orelhas e as quartas de capa são aproveitadas integralmente.
A paginação obedece a um número de cadernos certos.
Dependendo das características de cada editora, torna-se necessária a existência de
um conselho editorial ou de leitores com a finalidade de vigiar sua política e examinar
os originais candidatos à edição.
Com ou sem conselho editorial, nenhuma editora poderá funcionar se não possuir, com
autonomia profissional, um departamento incumbido, entre outras tarefas de: revisão
de originais, normalização, marcação, elaboração de projeto gráfico, escolha da tipolo-
gia e do processo de composição e impressão, execução ou aprovação de artes-finais de
ilustrações, capas e anúncios, execução de orçamentos gráficos e apuração de custos,
escolha de papel e controle de estocagem e revisão tipográfica. O livro deve ser entre-
gue a um especialista, o técnico de editoração. Trata-se de um profissional necessaria-
mente de nível universitário que alie aos conhecimentos de artes gráficas o domínio
do vernáculo. É, ao mesmo tempo, técnico gráfico porque há de conhecer todos os
processos gráficos, há de ser redator porque redigirá e "copidescará" textos, há de ser
tradutor porque deverá conhecer, pelo menos, o espanhol, o inglês e o francês de for-
ma a habilitar-se, tanto a analisar originais a serem traduzidos, como a traduzi-los.
Quanto mais investir nos originais, menos a editora estará despendendo na fase gráfica;
quanto mais os originais demorem na editoração, mais rápida e economicamente o li-
vro sairá da gráfica.
Respeitante à normalização dos originais, resultado da politica editorial referida, pri-
meira tarefa do departamento editorial, cumpre-nos algumas palavras de esclareci-
mento. Toda editora que se preza deve possuir suas próprias normas visando à padroniza-
ção do livro em função da criação de uma imagem empresarial, mas também em fun-
ção do barateamento dos custos e redução do tempo necessário à produção de um li-
vro. Assim, quando os originais forem entregues ao gráfico devem ir em sua feição
definitiva, imunes a qualquer modificação. A boa editora deve ter como norma, tanto
nos livros como nos periódicos, mas especialmente nos últimos, que os originais que
lhe são entregues representem a última versão. Não aceita, portanto, alegações do
autor que deseja fazer modificações na prova tipográfica. Recebidos os originais, são
trabalhados pelos técnicos de editoração, É a fase em que todas as dúvidas devem ser
levantadas: de conteúdo semântico e de ordem técnica; feitas as ilustrações, elabora-
dos os textos de orelhas e quarta de capa, executada a arte-final de capa, a diagrama-
ção do texto, etc. Apenas quando todo o material estiver pronto, serão os originais
remetidos ao gráfico. Na elaboração e seleção de todos eles o único juiz é o editor. As
revisões tipográficas são executadas pelos técnicos de editoração, cabendo a última
prova, já prova de página, ao autor, cumprindo-lhe vigiar se há correspondência entre
o texto dos originais e o da composição, sujeitando-se, naturalmente, às normas da
editora escolhida. Por fim, e eis um ponto relativo à política, não são permitidas
erratas: um livro não pode ter erro; se o tiver e ele for de monta a justificar a errata,
nao deve circular.
Entre o trabalho de preparação dos originais e sua elaboração gráfica, há uma fase
importantíssima, a do planejamento, quando são dimensionados todos os custos edi-
toriais. O planejamento decidirá, por exemplo, peia maior ou menor mancha tipográfi-
ca, pelo critério de aproveitamento das ilustrações, pelo formato BB ou AM, AA, etc;
especificará os papéis e antecipará o respectivo consumo; determinará o acabamento,
a saber, brochura, cartonagem, encadernação, capa sem prateação, plastificada ou en-
vernizada; e escolherá os processos de composição, quente ou fria, e de impressão ti-
pográfica, offset ou rotogravura, etc.
Comercialização
Os problemas com que se defrontam as editoras, oriundos das pequenas tiragens que
oneram os custos gráfico-editoriais, poderiam ser minimizados se à editoração se se-
guisse uma comercialização, ao menos racional. Não há exagero ao afirmarmos que as
deficiências da comercialização, exigindo custos operacionais altos e de difícil retorno,
são responsáveis, em boa dose, pelo chamado alto custo do livro brasileiro.
0 primeiro obstáculo resulta dos descontos sobre o preço de venda que o editor há de
conceder. É evidente que, ao estipular o preço de venda, ele está ciente do montante
das altas comissões que é obrigado a distribuir. Sem dúvida, fixaria um preço menor
se pudesse estimar descontos igualmente reduzidos.
Até os anos 40, os editores trabalhavam, em regra, diretamente com os livreiros. Se
obtinha descontos relativamente baixos, em média 30%, enfrentava como desvanta-
gens: a) difícil reposição de estoques, em face das distâncias; b) custos elevados de
transportes; e e) dificuldades na liquidação das faturas.
Apesar dos descontos concedidos, deparavam-se com problemas cada vez maiores
na arrecadação do seu faturamento, estimulados, por certo, pelas distâncias das pra-
cas e pelo pequeno vulto da dívida que desaconselhava, por antieconômica, a cobran-
ça direta. Reação contra os maus pagadores foi a instituição do inspetor de vendas,
de que se socorreu a maioria dos editores, atribuindo-lhe a incumbência de, uma vez
por ano, ao menos, a pretexto de fiscalizar as praças e incrementar as vendas, fazer
uma viagem por toda a costa, procedendo à cobrança dos débitos.
A ampliação da faixa de leitores, o fortalecimento do mercado livreiro, o crescimento
editorial e a constante necessidade de buscar custos mais razoáveis impuseram a
intervenção de mais um comerciante entre o editor e o leitor. Trata-se, no caso, do
distribuidor, elemento de ligação entre o livreiro, nos estados, e o editor, no eixo Rio-
São Paulo. Responsável peia comercialização em determinadas áreas — fixadas em
função de praças e às vezes abrangendo mais de um estado — os distribuidores são
representantes exclusivos do editor em sua respectiva zona. Em regra, trabalham em
consignação, com um desconto médio variante entre 40 e 55%. Cumpre-lhes abastecer
as livrarias de sua área.
A consignação se traduz no recebimento da mercadoria para a venda a terceiros (livra-
rias), assistindo ao consignatario o direito de devolução, ao cabo de um prazo fixo,
geralmente seis meses, do saldo ou encalhe, ou seja, da parte da mercadoria invendida.
A parte comercializada será faturada, a partir desta data, a prazo nunca inferior a 90
dias. Em alguns casos trata-se de pura consignação, sem faturamento, apenas notas
de fornecimento ou conferência; o faturamento far-se-á a partir da devolução; noutros
casos, há o faturamento, permanecendo, contudo, o distribuidor com direito à devolu-
ção de mercadorias nao vendidas, abrindo-lhe o editor uma nota de crédito no valor
da devolução. De uma forma ou de outra, o distribuidor fornece às livrarias em conta-
firme ou consignação, a um prazo sempre inferior ao que lhe é concedido pelo editor,
assegurando-se de que o pagamento àquele far-se-á após a prestação de contas do livrei-
ro. Alguns editores trabalham em regime de conta-firme, faturamento a 90 dias fora o
mês (o que de fato pode representar cerca de 120 dias), com descontos entre 50 e
60%. Mesmo assim, a conta-firme não anula a possibilidade de devolução de encalhe.
As vantagens oferecidas pelas distribuidoras (consignação, dúzia de 13, descontos de
40 a 60%, prazos de 120 dias, etc.) nao têm favorecido aos editores, quer na pon-
tualidade de seus pagamentos, quer no alargamento das áreas de vendas de livros.
As prestações de contas continuam penosas e os distribuidores se negam a fornecer
às livrarias do interior sob o pretexto de que estas nao liquidam seus débitos, mas
quando o editor as atende diretamente, em vista dessa recusa, recebe invariavelmen-
te a reclamação de que está reduzindo sua área de trabalho, invadindo território
privado.
Mesmo nas capitais, é pequeno o número de distribuidores, mas é geral a reclamação
quanto à baixa liquidez dos livreiros. Na maioria dos casos, todavia, o que se observa
é o estabelecimento dos distribuidores como livreiros, numa concorrência desleal aos
livreiros clássicos, que não dispõem dos mesmos descontos (em regra os livreiros
trabalham com descontos de 30 a 40% e os distribuidores de 40 a 60%). Em que me-
dida não sao os distribuidores os responsáveis peia crise dos livreiros?
Semelhante quadro conduz o mercado à grave distorção, que é a transformação dos
distribuidores em distribuidores-livreiros, ou seja, aqueles que possuem suas próprias
livrarias para venda direta ao público. Resulta daí concorrência desleal com o livreiro
e atitude incorreta com o editor, pois irá trabalhar, em sua livraria, com os descontos
e as vantagens que recebeu na qualidade de distribuidor. Infelizmente, os grandes distribuidores
no país, de norte a sul, são igualmente livreiros, não restando ao editor qualquer condição de
resistência. É fora de dúvida que, respeitadas as exceções, é muito mais interessante ao
distribuidor vender em sua casa diretamente ao público, recebendo pagamento à vista,
usufruindo do desconto médio de 50%, a fornecer ao livreiro, para pagamento em média a 90
dias e desconto variante entre 30 e 40%.
As deficiências da comercialização, todavia, não se esgotam no distribuidor.
Sua situação de privilégio não deve esconder a do livreiro; no interior são acusados de não
saldar os pagamentos; nas grandes cidades, de comercializar com o capital do editor.
Sistematicamente, os livreiros se recusam a fazer estoque, limitando-se a encomendar, quando
muito, a famosa dúzia de 13; em outras palavras, o livro é escondido, perdido na multidão de
milhares de volumes mai colocados e mal distribuídos, nas prateleiras. O leitor, para adquiri-lo,
deverá saber de sua existência, ter sem dúvida o nome do autor e o título, e, à imagem de quem
procura agulha no palheiro, descobri-lo no cipoal do estoque. Se apelar para a ajuda do
balconista, receberá, invariavelmente, respostas evasivas.
As livrarias são geralmente mal dispostas, sem nenhum atrativo, entulhadas, e os livros, por
isso, praticamente escondidos. Os balconistas estão despreparados, não conhecem seu
estoque, e o leitor não possui nenhum guia para localizar o título de que necessita. Há livreiros
que dispõem os livros segundo a editora, e assim reúnem, por exemplo. Teoria Microeconômica
e O Ensino Funcional da Datilografia na mesma estante, pelo simples fato de serem editados
pela Fundação Getúlio Vargas. Há os que arrumam segundo o autor, outros pelo assunto (aqui
são cometidas as mais hilariantes heresias), mas há até os que arrumam suas prateleiras
segundo o formato...
Infelizmente, nossas livrarias, em regra, não são instrumentos de venda de livros, mas locais
onde eles são comprados. Repetem-se nelas, na era da tecnologia e da televisão, dos cassetes
e dos vídeo-cassetes, os mesmos processos de venda que tornaram famosas as antigas
Franciso Alves e Garnier. Mudaram-se os tempos, os métodos, não.
As vantagens desfrutadas por livreiros e distribuidores podem se sumariadas como se segue:
a) maior margem de lucro — De saída, fica com a comercialização a maior e melhor fatia do
lucro, 30 a 40% ao livreiro, 20 a 30% ao distribuidor (dos 50/60% do distribuidor é que são
retiradas as comissões do livreiro), contra 10% do autor e uma média de 15% do editor;
b) inexistência de risco — Na maioria esmagadora dos casos, livreiros e distribuidores
trabalham sem risco, seja beneficiando-se da consignação, seja mediante a venda em
"conta-firme", que transforma em crédito a devolução dos livros não vendidos;
c) inexistência de despesas adicionais — Todo o ônus de divulgação da obra, catálogos, cartas
e circulares, anúncios, correm à conta do editor; mesmo os livros doados pelos distribuidores
e livreiros, nos estados, a professores, intelectuais, jornalistas, etc, são debitados ao editor;
d) inexistência de investimentos - Todos os ônus dos investimentos, e seus riscos, são
transferidos ao editor;
e) inexistência de capital de giro — Recebendo a obra já impressa e pronta para a venda,.o
livreiro tem condições ¡mediatas de comercialização, pelo que, para sua atividade, não
necessita sequer de capital de giro, indispensável ao editor, como vimos exaustivamente;
f) trabalha com capital alheio — O distribuidor, tanto quanto o livreiro, vende à vista o que
adquire a prazo, o que, em qualquer hipótese, é excelente negócio. Assim, armemos uma
hipótese: o distribuidor Joaquim, de Xique-Xique, recebeu, da Editora ABC, 100 livros, ao
preço de capa de Cr$ 20,00 e mediante o desconto de capa de 50% com direito a
faturamento a 120 dias. Em seguida procede a rios faturamentos com as livrarias de sua
área com as quais, digamos, distribui 60% de sua conta; nesse trabalho de distribuição levou
10 dias; nessa data aceita o faturamento ao editor a 120 dias e fatura contra a livraria a 60/90
dias com o desconto de 30%. Resultado, ganha no preço, absorvendo uma diferença de
desconto de 20% e ganha no prazo do faturamento 60/90 dias, durante os quais movimentará
o dinheiro do editor. Os restantes 40 livros — na hipótese o distribuidor só colocou 60% de
sua quota — são devolvidos ao editor. O livreiro, por seu turno, que adquiriu o livro para
pagamento no prazo de 60/90 dias, vende-o à vista. Os exemplares invendidos podem, na
maioria dos casos, ser restituidos ao distribuidor e transformados em crédito do livreiro. O
distribuidor, como vimos, tem sempre direito de devolução ao editor. Dai', o usual, em todo
país, ser, pelos livreiros, as aquisições mínimas de livros para lhes possibilitar a menor
margem de risco, como se verá. No eixo Rio-São Paulo, onde estão 90% das editoras, o
comum é a livraria ficar com um só exemplar e pedir sua reposição mediante venda do
primeiro; isto é, o lucro com a venda do primeiro financiando a aquisição do segundo.
Diante do sarcófago da comercialização em que se converteram as livrarias, os editores
procuraram, sem se deter em análise mais profunda, outras alternativas. A primeira delas foi a
edição de veículos de comercialização fora das livrarias, fascículos entre outros, postos à venda
em bancas; em seguida, a introdução do próprio livro nas bancas.
Sem embargo dos esforços ¡solados, infelizmente ainda irrelevantes, não estão preocupados,
quer distribuidores, quer livreiros, em inovar, em pesquisar métodos novos, em adotar, enfim,
uma política de vendas agressiva. Poucos se utilizam do crediário, pou^ quíssimos acreditam no
reembolso postal, a maioria desconhece a colaboração da imprensa, limitando-se a distribuir
alguns exemplares com os titulares da crítica literária, de público discutível, nao se dando ao
trabalho, sequer, de encaminhar suas publicações acompanhadas de um press release.
Algumas Saídas
Apesar das reações preconceituais de grande número de editores, o reembolso postal é um dos
mais importantes instrumentos de que dispõem não apenas para aumentar suas vendas, mas
igualmente para desbravar áreas virgens, nas quais não existe o distribuidor ou o livreiro. A idéia
da venda de livros nas farmácias e nas bancas de jornais não atingiu o escopo de abrir novas
frentes e alcançar os rincões mais distantes do hinterland, pois não resolveu o problema
fundamental das relações entre editor/vendedor. Que segurança teria o editor de que a
"Farmácia Esperança", de Goiás Velho, ou a "Drogaria Aurora", de Piripiri, no Piauí, pagariam
suas faturas? As bancas já estão pequenas para vender o crescente número de publicações
editadas diariamente. Ao problema de ordem física, somam-se outros, desde a necessidade de
rápida rotação de
exposição (um jornal demora horas na banca e uma revista no máximo quatro dias), às
condições de trabalho das bancas. A colocação de revistas ou livros em bancas não pode ser
feita diretamente pelo editor, mas por um dos distribuidores nacionais, que recebe a mercadoria
em consignação e a entrega nas mesmas bases às bancas. 0 desconto dado ao distribuidor
varia entre 45 e 60%. Para os títulos encontrados em bancas fora do Rio de Janeiro (e o objetivo
é atingir as cidades mais distantes), o distribuidor carece de um prazo de seis meses para
prestação de contas, assegurado o direito de devolução do encalhe, ou saldo, na sua
linguagem. O saldo é entregue ao editor, imprestável; tratando-se de bancas fora do eixo Rio-
São Paulo, podem ser restituidas ao editor apenas as capas. Para se ter uma idéia da perda,
basta lembrar que uma revista ou livro de boa vendagem deverá ter um reparte (volume
entregue às bancas), que represente mais ou menos o dobro do efetivamente vendido.
O reembolso postal, principalmente na medida em que se aperfeiçoa, reduz o número ainda
elevado de perdas e agiliza as prestações de contas, resultando em grande veículo para a
interiorização do livro. A união dos editores através de seu sindicato poderia elaborar um
catálogo comum para distribuição, peia Empresa de Correios e Telégrafos, por todas as suas
agências. Sem maiores custos, estaria resolvido o grande problema do reembolso, que é o
endereço do comprador potencial, a remessa de mala direta, etc. Em cada agência da ECT,
portanto, ao lado do comprador potencial, existiria, à sua disposição com indicações de como
acionar o reembolso, a relação de todos os livros e revistas disponíveis, com endereço do editor,
preço e prospecto para pedido. Cumpriria ao editor apenas uma campanha publicitária visando à
divulgação desse serviço, campanha tanto mais módica quanto maior o número de editores que
a custeasse.
Pessoal
A ausência de pessoal qualificado é o grande problema de editores, gráficos e livreiros e
dificilmente atingiremos níveis operacionais razoáveis enquanto as principais falhas nao forem
suprimidas. As deficiências de pessoal começam com o quadro de nível superior das editoras,
caracterizado peia ausência de consultores qualificados, poucos técnicos em condições de
coordenar coleções, deficiências quanto a programadores, analistas de mercado e de custos,
layoutmen, revisores, gráficos em geral — desde auxiliares de linotipistas a operadores de
computadores e balconistas.
Infelizmente, nem os editores, nem os gráficos, e muito menos os livreiros e distribuidores,
despertaram para a relação entre seus custos e a baixa produção ou pequena rentabilidade da
qualidade do trabalho oferecido por seus auxiliares. Assim, embora possam estar conscientes
das deficiências de pessoal, não se mostram dispostos a investir para superar os óbices.
Aspectos da Politica Editorial
Loilo Lourenço de Oliveira
Fundação Carlos Chagas
Participo deste Seminário como editor responsável de Cadernos de Pesquisa, revista
trimestral de estudos e pesquisas em Educação, publicada peia Fundação Carlos Chagas
(SP), instituição que desenvolve atividades de avaliação educacional e seleção de recur-
sos humanos, bem como realiza trabalhos de pesquisa e desenvolvimento na área da
Educação.
Embora desde sua constituição, em 1964, a pesquisa já fizesse parte dos objetivos da
Fundação, apenas em 1971 estruturou-se seu Departamento de Pesquisas Educacionais,
a partir de um grupo de pesquisadores então integrados na instituição para desenvolver
amplo programa de investigação.
Foi simultaneamente à criação desse departamento que se iniciou a publicação de Ca-
dernos de Pesquisa, concebido inicialmente como veículo de divulgação dos produtos
da atividade do grupo de pesquisadores da Fundação para outros centros e grupos
atuantes na mesma área. Em pouco tempo, os Cadernos de Pesquisa se tornaram co-
nhecidos nos meios educacionais e passaram a publicar também trabalhos de pesquisa-
dores e estudiosos externos à Fundação. A partir de 1975, adquiriram periodicidade re-
gular e, desde então, foram comercializados em todo o país.
A década de 70 foi um período de expansão da pesquisa educacional e o êxito obtido
com os Cadernos deve-se ao fato de que surgiram no momento preciso em que existia
lugar para uma revista ^ue divulgasse sistematicamente resultados de pesquisa. Havia
interesse crescente pelo produto de investigações, por parte dos decentes e técnicos in-
tegrantes de todo tipo e nível de órgãos e instituições envolvidas na ação educativa; e,
por outro lado, havia a necessidade de que os pesquisadores e docentes na área da Edu-
cação se atualizassem seguidamente em relação às preocupações temáticas, metodológi-
cas e teóricas dominantes na pesquisa, para enriquecimento do debate e da reflexão na
área acadêmica.
Como os Cadernos de Pesquisa, acredito que a maioria das revistas aqui representadas
são ligadas a uma instituição, universitária ou não, dedicada a atividades de pesquisa
e/ou ensino na área educacional. Em algum momento de sua existência, essa institui-
ção terá considerado importante publicar um periódico, provavelmente peia necessida-
de de pôr a público o produto do trabalho técnico e científico de seus integrantes, ou
peia preocupação de marcar de maneira permanente a participação da instituição nas
atividades da área.
Do mesmo modo, nos casos em que a publicação assim iniciada se tenha tornado uma
revista conhecida, regularmente publicada e com um corpo de leitores permanente, sa-
tisfatoriamente estável, acredito que a história de seu êxito se assemelhe ao que se deu
com os Cadernos de Pesquisa; isto é, que se deva antes a fatores externos que montam
um conjuntura favorável, do que a uma prévia e racional deliberação de atingir esse
resultado através de um plano de ação definido.
Acredito que esta é uma caracterização que se aplica à maioria das publicações periódi-
cas na área da Educação: são publicações institucionais, não empreendimentos autôno-
mos; editadas em geral por um dos integrantes da equipe técnica da instituição, com
pouco ou nenhum preparo para a atividade; dispondo de uma infra-estrutura mínima,
em geral difusa na instituição; distribuída com recursos "domésticos" da instituição, de
maneira freqüentemente ineficaz; e poucas vezes adequadamente comercializada, uma
vez que a instituição tende a subsidiá-la generosamente, nao esperando dela qualquer
retorno financeiro.
Nossas revistas realizam, porém, um trabalho de comunicação técnica e científica na
área, que deve ser respeitado. Mas fazem isso com boa dose de "amadorismo", ama-
dorismo esse que nos livra de alguns incômodos da organização burocrática, masque,
às vezes, nos dificulta conseguir um nível razoável de eficiência para atingir os objeti-
vos que nos propomos.
Creio, por isso, que uma preleção teórica sobre como seria começar uma revista na
área educacional não se casaria bem com o modo amador com que levamos a sério
nossas publicações. Ao invés de então procurar definir a viabilidade de uma nova pu-
blicação, será mais útil, talvez, levantar as dúvidas e dificuldades que temos para levar
adiante nossas problemáticas revistas e trocar idéias e experiências a respeito.
Fornecer material para essa troca de idéias, apenas isso é o que pretendo fazer aqui.
Uma primeira dúvida sobre a qual será interessante refletir é a de se não há um excesso
de publicações periódicas na área da Educação.
Uma revista educacional é um instrumento de disseminação de informação e conheci-
mento entre os profissionais da área, para aumentar sua competência em desempenhar
eficientemente suas funções direta ou indiretamente referentes à ação educativa. O ris-
co é o dela se transformar em alguma coisa que passe a valer por si mesma, e continue
a existir, mesmo que inútil.
Vejamos o problema do ângulo da produção acadêmica. Superestimando uma produ-
ção de artigos por parte de docentes/pesquisadores da área, teríamos o necessário para
ocupar apenas trinta e dois exemplares de revista por ano, o que equivale à edição de
oito revistas trimestrais. Há certamente bem mais do que oito revistas de educação de
nível acadêmico sendo publicadas no país, o que nos leva a pensar que muitas estarão
falhando em sua periodicidade, ou publicando trabalhos de qualidade duvidosa*. A ori-
* Informação prática no mesmo sentido é que a colaboração recebida pelos Cadernos de Pesquisa, que é uma
revista que tem motivos para ser muito procurada pelos autores, não lhe garante normalmente mais do que
três números de sobrevida, embora a seleção dos artigos nao seja excessivamente rigorosa, uma vez que
são aceitos para publicação cerca de 70% dos artigos recebidos.
gem institucional da maioria das revistas de educação, com possíveis motivações que
nada têm a ver com a viabilidade estudada de uma publicação que devesse enfrentar
o mercado competitivo, pode ser a causa do aparecimento e permanência de publica-
ções que nao enriquecem em nada a disseminação de conhecimento na área.
Essas considerações devem levar-nos a pensar nos objetivos que propusemos para nos-
sas revistas: não estaríamos desperdiçando recursos na produção de revistas inúteis,
uma vez que nao há produção acadêmica suficiente para utilizá-las como veículo de sua
divulgação?
Se olharmos o problema da perspectiva do outro extremo, não teremos panorama me-
lhor. O "consumo" de publicações periódicas é baixo: não é fácil verificar a posição de
uma revista "no mercado", especialmente porque, em geral, são amplamente distribuí-
das gratuitamente, o que pode resultar em tiragem grande, mas não significa que sejam
adequadamente consumidas. Posso dar informação precisa sobre os Cadernos de Pes-
quisa.
Periodico conhecido e prestigiado na área, teve, em 1981, 401 assinantes, quando o
número de professores mais o de alunos em programas de pós-gradução em Educação
atingiu a mais de 3 800 naquele ano. Em 1983, provavelmente atingiremos o número
de 450 assinantes (até o momento, são cerca de 370). Com alguma venda avulsa e re-
messa gratuita, distribuímos até agora, aproximadamente, 1 000 exemplares de nosso
número de maio último. A tiragem dos Cadernos de Pesquisa é de 1 500.
É possível, portanto, que nossos pressupostos estejam todos errados: pensar que pro-
fessores e alunos de pós-graduação devem ser leitores de nossas publicações talvez se-
ja um engano em nossa realidade educacional. O círculo acadêmico consumidor de re-
vistas técnico-científicas será talvez mais restrito, o que não permite que ocorra a de-
sejada expansão de demanda que sempre nos esforçamos por conseguir, sem êxito.
Talvez haja outros tipos de publicação — capazes de uma circulação mais ampla, que
leve os conhecimentos ao alcance de seus aplicadores no processo educativo — que
"traduzam" o que se cria em nível acadêmico para poder ser digerido e utilizado pelos
que estão no sistema educacional, na escola, na sala de aula, fazendo a educação.
Nesse caso, deveremos abandonar nossos "anseios de popularidade", pretendendo atingir
grande massa de educadores, e procurar fazer bem-feitas as nossas revistas: que sejam
boas revistas de acadêmicos para acadêmicos.
Nesse sentido, em que poderemos melhorar nosso trabalho editorial?
Quanto à orientação de nossas publicações, creio que temos importante papel a cum-
prir na seleção dos trabalhos a publicar. Publicar é cada vez mais imperativo nos meios
acadêmicos, numa dessas lamentáveis inversões de função: ao invés do indivíduo adquirir
ampla competência em sua área ou especialidade, por isso produzir trabalhos originais
e relevantes, e, tendo-os prontos, publicá-los mostrando assim sua capacidade, ele tende
a publicar o que quer que seja, para que a quantidade de publicações indique existência
de competência... Procedimento inútil perante o passar dos anos (¿ertamente a melhor
peneira que existe), mas extremamente útil diante da grosseira tela das burocracias
acadêmicas (currículos, memorial, etc), através da qual se passa sem raspão para a
glória rápida dos pergaminhos.
Papel importante de nossas publicações é compensar essa tendência enfatizando a exi-
gência de relevância científica, técnica e social dos trabalhos que aceitamos publicar.
Para isso, é preciso procurar sempre livrar-se da pressão inevitável do nome do velho
"medalhão", ou do "medalhão nascente"; da tendência a valorizar a metodologia ou a
teoria da moda fora da qual tudo parece superado; da ilusão de que obviedades, ou
mesmo tolices, possam tornar-se valiosas, se vestidas com o linguajar formal de uma
vazia "terminologia científica".
O editor da publicação pode conseguir boa colaboração para esse trabalho em uma
comissão editorial constituída de pessoas competentes, de linhas disciplinares e meto-
dológicas variadas e, se possivel, de várias origens institucionais: quando menos, aos
quatro ou cinco representantes da instituição que publica a revista, adicionar um ou
dois de fora. Essa comissão, não estando envolvida na rotina editorial, será uma senti-
nela sempre alerta às tendências enganadoras do meio acadêmico que porventura nos
escapem; e, ajudando a planejar sistematicamente a linha geral da revista e avaliando
os resultados de cada número, estará permitindo tecer uma orientação editorial resis-
tente, embora flexível. Esse trabalho geral da comissão deverá ser complementado peia
cuidadosa análise de cada artigo, o que é uma atividade formalmente a cargo do edi-
tor, ou editores, mas para a qual deve ser conseguida, sempre que necessária, a cola-
boração de um especialista que se disponha a dar seu parecer técnico sobre a qua-
lidade do trabalho.
Não vá esse fraseado fluente iludir-nos de que, formando uma comissão editorial, es-
ta funcione com facilidade. A colaboração honorífica para tarefas editoriais é uma das
mais difíceis de conseguir, e a organização e disciplina do trabalho nao é uma das
melhores qualidades dos intelectuais... Mas é preciso insistir porque, com todas as di-
ficuldades, os resultados tendem a ser mais positivos do que se trabalharmos sozinhos,
ou sob o pleno domínio da burocracia da instituição publicadora da revista.
Um último comentário, voltando a um tema do início, é sobre a necessidade de pro-
curarmos adquirir um comportamento mais profissional, o que não implica, obrigato-
riamente, complexas estruturas, nem grandes recursos adicionais. Mas acredito ser
preciso que, em todas as esferas do trabalho de edição de nossas revistas, procuremos
maximizar a eficiência, como se estivéssemos tocando um empreendimento que nao
tenha as vantagens do subsídio institucional ou o apoio de agências de financiamento:
agindo assim provavelmente estaremos mais tranqüilos para recebê-los, se necessário.
PROCESSO EDITORIAL
O Processo Editorial: a Experiencia de Dados
Charles Pessanha
Instituto Universitário de Pesquisas
do Rio de Janeiro (IUPERJ)
Dados — Revista de Ciências Sociais (ISSN 0011-5258), é uma publicação quadrimes-
tral do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), órgão de pes-
quisa e ensino de pós-graduação, nas áreas de Ciência Política e Sociologia.
Dados é publicada desde 1966. Até 1975 sua publicação foi extremamente irregular.
Com periodicidade semestral, apenas dez números (sendo um duplo, o 2/3) foram pu-
blicados. A partir de 1976 a periodicidade vem sendo mantida com rigor. Em 1977
Dados passa a ser publicada três vezes ao ano, tendo cumprido todas as edições, até
o presente momento, com regularidade e sem atrasos. Nesta fase, que tem início em
1976, foram publicados vinte e dois números, estando o vigésimo terceiro em processo
de produção editorial e com circulação prevista para novembro próximo. No momento
estão sendo efetuados planos para mudança na periodicidade para trimestral, cuja
implantação está prevista para o próximo ano.
As revistas publicadas até 1980 recebem uma numeração de um a vinte e dois. A partir
de então. Dados adotou o critério de volume anual, composto por três números
numerados consecutivamente. Este ano está sendo editado o volume 26, com uma ti-
ragem aproximada de 1 500 exemplares. A produção gráfica e a distribuição comercial
no Brasil e no exterior — incluindo vendas avulsas e por atacado, assinaturas nacionais
e internacionais — estão a cargo da Editora Campus.
Os artigos publicados em Dados são divulgados sob forma de reprodução dos sumários
ou publicação de resumos em: Actualidad B¡biografica Iberoamericana-ABC; Bulletin
Analytique de Documentation Politique, Economique et Sociale; Clase-Citas Lati-
noamericanas en Sociologia y Economia; Current Contents: Social & Behavioral Scien-
ces; Indice de Ciências Sociais; Social Sciences Citation Index e Sociological Abstracts.
Dados é publicada com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
A Política Editorial é interdisciplinar e pluralista. Dados está aberta a contribuições
acadêmicas e cientistas nacionais e estrangeiros na área de Ciências Sociais. Os artigos
publicados são, em sua maioria, memórias científicas originais, estudos recapitulati-
vos e ensaios ou resenhas bibliográficas. Eventualmente, Dados publica também no-
tas iniciais (work in progress), cartas e rejoinders. As regras e informações aos colabo-
radores são publicadas com destaque nos exemplares de Dados. Além dos trabalhos vo-
luntariamente enviados à Editoria de Dados, artigos ou ensaios bibliográficos são so-
licitados pelos editores ou indicados pelos membros dos Conselhos Editorial e Consul-
tivo, para serem submetidos à avaliação em Dados.
Desde 1980 que a política editorial de Dados tende a privilegiar a elaboração de núme-
ros temáticos. Assim, foram publicados Ciências Sociais, Democracia e Dependência
(Vol. 23, n.1); Presença do Estado na Economia (Vol. 24, n.1); Estado, Sindicato e
Trabalhadores (Vol. 24, n.2); América Latina (Vol. 25, n.2); Transição Social e Demo-
cracia (Vol. 26, n.1); Voto Distrital, Democracia e Participação Política (Vol. 26, n.2).
No momento, dois números temáticos encontram-se em preparação. Um, sobre Movi-
mento Operário, com edição prevista para o final do ano em curso; outro, sobre Histó-
ria Oral e História de Vida, com publicação prevista para o início do próximo ano.
A coleta de colaboração para os números temáticos é realizada de várias maneiras. Uma
delas é a reunião de vários trabalhos sobre o mesmo tema, cuja existência é do conhe-
cimento do editor que, simplesmente, reúne artigos que se encontram esparsos. Outra
maneira é trabalhar em conjunto com um membro do conselho editorial ou consultivo,
especialista em um determinado tema, que faz chegar ao editor um número de artigos
afins para publicação. Uma terceira maneira é a participação em congressos, seminá-
rios, encontros etc. Às vezes uma mesa de um determinado congresso fornece material
para edição de uma revista com um tema definido ou não.
Os mais importantes congressos, encontros, seminários, etc, internacionais, nacionais
ou regionais são muito importantes para coleta de material para publicação em revistas
acadêmicas. Para se ter uma idéia, grande parte dos artigos recentemente publicados,
ou a serem publicados nos próximos números de Dados, são oriundos de apresenta-
ções nos XII Congresso da Associação Internacional de Ciência Política, Rio de Janei-
ro, 1982; X Congresso Mundial de Sociologia, México, 1982; 69 Encontro da Associa-
ção Nacional de Pós-Graduação e Pesquisas em Ciências Sociais, Friburgo, 1982; Semi-
nário Conjunto IUPERJ e Mestrado em Ciências Sociais da UFBA, Rio. 1982; Seminá-
rio Conjunto IUPERJ-CEBRAP-IDESP, Regime Eleitoral e Transição Politica, Repre-
sentação Proporcional versus Voto Distrital, Rio, 1983; Laboratório sobre Movimento
Operário do IUPERJ e outros,
Os órgãos de direção e assessoramento de Dados são: A Editoria — compreendendo
os editores e os editores associados — e os Conselhos Editorial e Consultivo.
A Editoria é exercida por dois editores titulares. Ao editor cabe, em primeiro lugar, a
leitura prévia dos artigos enviados para publicação. Esta leitura visa estabelecer uma
primeira seleção que consiste em eliminar apenas os casos extremos, como:
1. artigos que tratam de disciplinas e/ou temas não abrangidos pelo escopo editorial
da Revista;
2. artigos que não obedecem critérios adotados peia Revista, como trabalhos muito
longos ou muito curtos, não inéditos, pouco desenvolvidos; e
3. trabalhos não enquadrados como científicos ou acadêmicos.
Cabe, também, ao editor, a tarefa de remeter o artigo aos referees (avaliadores ou ár-
bitros), do Conselho Editorial e do Conselho Consultivo. Cada artigo é enviado a, pelo
menos, dois avaliadores, de preferência um de cada Conselho. De posse da avaliação
dos referees, o editor decide e comunica ao autor a aceitação ou nao do trabalho, ou
solicita modificações no sentido de corrigir ou preencher falhas e lacunas registradas.
Além disso, são apontados aos autores possíveis erros — tipicos da redação de traba-
lhos científicos — como eventuais omissões nas citações de fontes: bibliografias, notas,
gráficos, tabelas, ilustrações.
Quando se trata de trabalho apresentado em língua estrangeira, cabe ainda ao editor
a procura de um tradutor especializado e conhecedor do assunto referido no artigo.
Além da tradução, o editor deve elaborar uma revisão técnica rigorosa, ou solicitá-la a
um membro de um dos conselhos ou a um editor associado, se a especialização do
trabalho assim o exigir. Esta revisão técnica objetiva, fundamentalmente, verificar os
seguintes pontos: se a tradução seguiu o texto original o mais fielmente possível, sem
ser necessariamente literal; se os termos técnicos ou científicos estão de acordo com a
terminologia comumente usada no Brasil; se as palavras ou conceitos, cuja tradução
não encontra correspondência exata em português ou no Brasil merecem comentários
adicionais, como Notas do Editor, Notas do Tradutor ou, ainda, um glossário de
termos técnicos.
Além da interação do editor com o autor, possível tradutor, editores associados, refe-
rees, existe, ainda, a interação com os responsáveis peia produção gráfica. 0 editor de-
ve participar, no mínimo, da última prova e da concessão do imprimatur. Ao editor
científico cabe, portanto, a responsabilidade final sobre o texto publicado, sob o as-
pecto formal, é claro.
Dados conta, ainda, na sua estrutura editorial, com um Conselho Editorial e um Conse-
lho Consultivo, ambos com a finalidade de proceder avaliação dos artigos encaminha-
dos para publicação. Aos membros desses conselhos cabe, ainda, a tarefa de propor
artigos e colaborar na elaboração de números temáticos.
0 Conselho Editorial é formado exclusivamente por professores pertencentes ao
IUPERJ, das áreas de Ciências Políticas e Sociologia. 0 Conselho Consultivo é com-
posto por professores dos mais importantes centros da pesquisa e pós-graduação em
Ciências Sociais, nas áreas de Antropologia, Ciência Política e Sociologia, como o
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC)
da Fundação Getúlio Vargas, o Instituto de Desenvolvimento Econômico-social do
Pará (IDESP), o Centro Brasileiro de Análises e Planejamento (CERAP), Centro de
Desenvolvimento do Comércio (CEDEC), Universidade Federal do Ceará (UFCE),
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campi-
nas (UNICAMP) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), (ver Anexo I)
A opinião do avaliador é geralmente baseada nos seguintes critérios:
qualidade e rigor dos argumentos apresentados;
validade dos dados apresentados; e
— a oportunidade e a relevância do artigo para a discussão do problema por ele abordado
na sua área de pesquisa.
Com base nos critérios explicitados, o avaliador é chamado a "aconselhar" o editor a:
rejeição pura e simples do artigo;
publicação sem revisão alguma;
publicação apenas após maiores modificações (que o referee/ava\iador deve especifi-
car); e
publicação após pequenas revisões ortográficas ou de estilo.
Os trabalhos são submetidos aos avaliadores de forma anônima. Os referees podem optar
peia publicidade, ou não, da autoria da sua avaliação. Entretanto, toda argumentação e
resposta dos autores é bem recebida e estimulada.
ANEXO I
Membros do Conselho Editorial de Dados*
Alexandre S. C. Barros Luiz Antonio Machado da Silva
Amaury de Souza (Editor) Luiz Werneck Vianna
Candido Mendes Maria Regina Soares de Lima
Carlos Hasenbalg Mario Brockmann Machado
Cesar Guimarães Neuma Aguiar
Charles Pessanha (Editor) Olavo Brasil de Lima Junior
Eli Diniz Renato Boschi
Elisa Pereira Reis Sérgio Abranches
Guillermo 0'Donnel Simon Schwartzman
José Murilo de Carvalho Wanderley Guilherme dos Santos
Licia Valladares
Membros do Conselho Consultivo de Dados
Antonio O.Cintra (Fund. João Pinheiro) Hélgio Trindade (UFRGS)
Aspasia A. de Camargo (CPDOC/FGV) Luiz Gonzaga de Souza Lima (PUC/RJ)
Bolivar Lamounier (PUC/SP e IDESP) MariadoCarmoC.deSouza(USPelDESP)
Carlos E. Martins (UNICAMP e CEBRAP) Octávio G.Velho(Museu Nacional/UFRJ)
Celso Lafer (USP e IDESP) Roberto da Matta (Museu Nacional/UFRJ)
Eduardo Diatay B. Menezes (UFCE) Roque de Barros Laraia (UnB)
Fábio Wanderley Reis (UFMG) Ruth Cardoso (USP)
Fernando Henrique Cardoso (CEBRAP) Silvio Marcelo Maranhão (PIMES/UFPE)
Francisco Weffort (USP e CEDEC) Wilmar Faria (CEBRAP)
* Todos os membros pertencem ao Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ).
O Processo Editorial — um Depoimento
Lia Rosemberg Associação Nacional de
Educação (ANDE)
A equipe editorial da Revista da ANDE já havia estabelecido a pauta do número seis
da publicação quando Dermeval Saviani e eu passamos a coordenar os trabalhos. Guio-
mar Namo de Mello e Teresa Roserley Neubauer da Silva tinham se afastado da edito-
ria-executiva porque estavam assumindo a Secretaria de Educação no Município de
São Paulo, como secretária e chefe de gabinete, respectivamente.
Uma vez definida a pauta era preciso pensar em coletar colaborações. O tema central
seria a administração do sistema educacional, especialmente as mudanças decorrentes
da ascensão aos governos estaduais de partidos de oposição.
Além disso, já fazia algum tempo que o pedido de financiamento havia sido encami-
nhado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A
verba deveria sair. Mas quando? Mistério! Quanto? Surpresa...
Mas os trabalhos já estavam iniciados e meu papel era levá-los à frente, reforçar a equi-
pe e encaminhar os originais à gráfica.
Começaram a chegar as respostas do pessoal convidado a escrever sobre o tema. Para
maior fidelidade, transcrevo trechos da Ata da 5? Reunião, realizada no dia 25 de maio
de 1983:
"Compareceram a esta reunião, realizada em casa de Lia, das 20:30 às 23:30 hs:
Cléa, Yara, Eny, Libâneo e Madza, além de Lia. (...) Os artigos lidos foram comen-
tados e entregues a Lia, entre eles a resenha de Rachel sobre O Fracasso do Ensino,
de Regis Farr. Madza informou que Hebe concordara em redigir o artigo sobre Con-
cursos, juntamente com Saura. Irá entregá-lo até o dia 10 de junho. Celso Ferreti,
convidado a escrever sobre eleições como forma de preenchimento no magistério,
não pôde aceitar, mas Lia já providenciou uma pessoa no Paraná (onde estão reali-
zando eleições para diretor), que irá fazer isso."
O diretor que iria escrever sobre "As relações democráticas na Escola" avisava que nao
iria poder colaborar conosco, pois estava às voltas com a discussão do Documento n9 1
da Secretaria de Educação de seu estado, sobre a Educação Democrática. Que pena!
Era importante registrar esse momento de reflexão a partir da vivência de um educador
engajado na escola e comprometido com uma visão democrática do sistema educacio-
nal. Quem poderia substituí-lo?
Libâneo sugere um outro companheiro, hoje em cargo importante na Secretaria de Educação de
Minas Gerais. O testemunho dele seria muito interessante. Aprovamos ¡mediatamente a
sugestão e o Libâneo ficou de contactar o colega mineiro.
E o artigo sobre concurso público para preenchimento de cargos? A discussão entre os
membros da equipe editorial parece interminável... Prolonga-se por três reuniões. A importância
e atualidade do tema estão fora de questão. As perguntas referem-se ao enfoque, destaque,
posicionamento, repercussão e autoria da matéria. "A Revista da ANDE é formadora de opinião.
Temos que tomar cuidado com as idéias que veicula-mos." "Temos todo o direito de abrir espaço
para a polêmica que permeia o ambiente educacional, hoje, com relação a esse assunto!" "Eu
tenho cá minhas dúvidas se essa discussão está presente no ambiente educacional mesmo ou
se é restrito aos gabinetes das secretarias de educação..." "Bem, uma coisa parece clara: não
temos consenso a respeito do assunto." "O caro colega acaba de descobrir o óbvio!"
De fato, o dissenso, saudável e estimulante, está presente nas reuniões da equipe, ao lado de
uma camaradagem sincera e de um elevado espirito democrático, o que nos leva sempre a
prolongar as discussões, ouvindo tudo o que cada um tem a dizer e buscando esclarecer as
concordâncias e as divergências a respeito de cada assunto. Claro que uma formação mais ou
menos comum e um posicionamento politico semelhante favorecem o encaminhamento das
conclusões. Creio não haver dúvidas: poderíamos fazer a Revista mais depressa, porém num
processo muito menos enriquecedor. O resultado? Vamos ter que esperar para saber.
No caso da matéria sobre Concurso, decidimos não publicá-la, depois de muitas — mas muitas!
— idas e vindas, envolvendo outras colaboradoras, possíveis autorase diversas substituições de
título.
0 colega mineiro, por sua vez, dizia que já havia mandado o artigo para a ANDE e que nós o
teríamos perdido. Grave acusação para uma equipe editorial: o extravio de originais, ainda que
compreensível, revela uma falta de coordenação que resulta em outros desastres mais sérios do
que a perda dos originais! Telefonemas angustiados a Belo Horizonte - "Ele nao está, está em
reunião, foi viajar, não vem hoje, está com o sr. Secretário..." — e, finalmente, a elucidação:
tínhamos recebido um outro artigo dele, meses atrás, para eventual publicação, e ele não tinha
compreendido bem do que se tratava agora. Um final feliz, mas que não evitou adiarmos o
fechamento da Revista, aguardando a nova matéria sobre as relações democráticas na escola.
Na verdade, havia outros motivos para o adiamento. O artigo sobre "Eleições na escola",
encomendado a um amigo paranaense, também à testa de um órgão público, estava atrasado,
mas prometido para a próxima segunda-feira. Tudo somado, era melhor aguardar.
Dispúnhamos de alguns bons artigos, já devidamente "copidescados", editados, prontos para
publicação. Ainda que não tivessem sido encomendados por sua relação com o tema central da
Revista, ajudavam a compor o número com as características desejadas. Havia também o artigo
do próprio Libâneo, bem-feito e muito elogiado por todos os que tinham feito a leitura crítica.
Sugestões de cortes e emendas absorvidas, ficou enxuto e bem arrumado, também prontinho
para ser impresso.
Mas... nem só de artigos vive a Revista. Existem as seções fixas, com linhas demarcató-rias
mais ou menos explícitas e intransponíveis. Mais ou menos...
A Revista da ANDE tem as seguintes seções fixas:
Depoimento: perfil de um educador, em forma de entrevista;
Fato e Análise: reportagem de cunho jornalístico, analisada por um educador;
Prática Docente: artigo relativo à atividade docente em sala de aula; e
Resenha: comentário sobre texto de Educação publicado recentemente.
O Depoimento estava resolvido, desde o início: Dermeval sugerira o nome de Durmeval Trigueiro
e nos passara um breve currículo, o suficiente para nos decidir. Era ele mesmo o educador do
número seis. 0 processo de entrevista foi também marcado por encontros e desencontros, mas
afinal conseguimos um belo depoimento, bastante grande, a pedir uma edição caprichada. Ou
seja, algumas horas de trabalho em cima do texto, para montar a matéria.
A seção Fato e Análise deu uma certa mão-de-obra, especialmente peia indefinição quanto ao
que colocar em Prática Docente. Havia uma reportagem sobre diretores de escolas públicas, em
preparação, mas não estávamos seguros quanto à seção em que ela caberia melhor. Podíamos
deixá-la em Prática Docente e incluir outra reportagem, esta sobre os Concursos, na seção Fato
e Análise. Como se vê, o assunto "concurso" voltava à baila... Retornemos às atas:
"Quanto a Fato e Análise, Madza colocou o seguinte dilema: apesar de já estar decidido, na
reunião anterior, que a seção versaria sobre o cotidiano dos diretores de escola
comprometidos com uma educação democrática, discussões posteriores ergueram a questão
de que um tema muito mais momentos seria o 'problema do concurso'. Tendo em vista que
as entrevistas com diretores já estavam feitas, Madza propôs que se terminasse esta matéria
e, em seguida, se fizesse uma outra sobre concursos. Com os dois textos em mãos, se
decidiria qual seria aproveitado no número seis e de que maneira.
Cléa defendeu a idéia de se colocar Concurso como tema de Fato e Análise, por esta ser
uma das seções mais vivas da Revista e pelo fato do número 6 ser lançado no segundo
semestre, quando irá ocorrer uma ampla discussão sobre o assunto.
Libâneo fez um encaminhamento a favor de se manter as entrevistas com os diretores, uma
vez que Fusari irá garantir uma análise aprofundada das relações democráticas na escola e o
problema de se manter o equilíbrio entre as reivindicações emergentes de participação e a
necessidade de impedir que esta mesma participação emperre o funcionamento da escola
em sua especificidade.
Lia propôs uma medida conciliatória: colocar Concurso em Fato e Análise e as entrevistas
com diretores em Prática Docente. Neste caso, Fusari contextuaría o material, fazendo uma
introdução e um comentário. A existência de artigos de cunho jornalístico assegura a leveza
da Revista, atrai o leitor de menor fôlego e serve como trampolim para matérias mais densas,
disse Lia. Cléa achou interessante a idéia de colocar Diretores em Prática Docente e disse
que gostaria muito de fazer uma reportagem sobre o tema Concurso. Poderia entrevistar
pessoas em diversas situações: por exemplo, o único aprovado no concurso de O. E., no Rio
de Janeiro, e alguém que
nao passou neste mesmo concurso; pessoas que passaram e foram barradas no exa-
me psicotécnico; pessoas que desde que se formaram nunca tiveram oportunidade
de fazer concurso, porque não houve, etc.
Libâneo manteve sua opinião de que deveri» ser conservada a entrevista com os di-
retores.
Yara observou que, se tivéssemos Prática Docente bem definida, não ficaríamos à
deriva quanto a Fato e Análise.
'Estamos enredados nesta questão' — disse Lia, manifestando o sentimento geral."
Acho importante esclarecer que esses flashes das nossas discussões foram selecionadas
para evidenciar as dificuldades do processo editorial e não representam a média,
mediana ou moda dessas discussões.
Fixamos o tema Diretores para Fato e Análise, destacamos Madza e Fusari para cuida-
rem disso e decidimos discutir os concursos com os leitores num próximo número,
quando tivéssemos mais clareza sobre o enfoque a ser dado. Por enquanto, tínhamos
conseguido duas matérias muito interessantes sobre a democratização da escola, e era
este o assunto que mais nos preocupava focalizar.
Para Prática Docente, reservamos uma homenagem à exuberante Ana Maria Pop-
povic, falecida tragicamente naqueles dias.
Com todas as seções resolvidas, os artigos encomendados em nossas mãos, restava
procurar os ilustradores, contactar o planejador visual e a gráfica.
O financiamento do CNPq foi recebido com uma salva de palmas e dois suspiros de
alívio. É verdade que só nos mandaram 30% do auxilio pedido, mas já aprendemos a
negociar com o responsável peia gráfica. Vai haver redução do custo. Somando-se a
isso os recursos conseguidos com a venda dos números anteriores, temos dinheiro
suficiente para imprimir este número. Assim, vamos em frente.
Mas isso nos coloca de novo a questão da autonomia financeira da Revista. O que nos
remete ao problema da distribuição, do preço de capa, do público-alvo. Estamos
atingindo nosso objetivo? A publicação está chegando àqueles para quem foi feita? E
a mensagem, é essa mesmo que desejamos passar?
A preocupação com esses assuntos é constante, faz parte do cotidiano dos editores da
Revista da ANDE. As respostas são difíceis mas a conclusão é sempre a mesma: temos
que continuar tentando. De qualquer forma, garantimos um espaço e não vamos abrir
mão dele.
Enquanto isso, Dermeval está lendo tudo, elaborando o editorial, abertura da Revista
e que deve traduzir o ponto de vista da equipe sobre aquele número. Há sempre uma
expectativa muito grande em relação ao editorial, pois cabe ao seu redator realizar a
síntese do pensamento grupai.
O diálogo com os ilustradores é extremamente importante, pois devemos fazer chegar
até eles uma idéia geral do artigo, ouvir suas sugestões, aceitá-las ou discutir mais um
pouco para esclarecê-la melhor e deixar o resultado final por conta do artista.
Um pouco complicado e trabalhoso é o processo de discussão com o planejador
visual. Também, nao é para menos: trata-se de conciliar duas linguagens para obter
maior clareza na transmissão da mensagem. qual o peso de cada matéria? Que desta-
que deve ser dado a cada artigo? Retornam à mente as discussões da equipe, e o fato
de ter discutido todos esses itens à exaustão facilita agora a passagem das idéias de to-
do um grupo através da coordenadora.
O editorial ficou pronto. Está uma beleza! Ainda falta fazer o índice e a capa.
Nesse momento — e só nesse momento — começa a se esboçar um sentimento de espe-
rança e alegria. Timidamente, mas caloroso. "Vai sair!"
Normalização de Periódicos Científicos
Jeannette Marguerite Kremer
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
IMPORTÂNCIA DA NORMALIZAÇÃO
Sem normalização nao haveria mercado para a maioria dos produtos comercializados,
pois as pessoas só querem adquirir aquilo que estão seguras de que poderão usar sem
grandes dificuldades. Os periódicos científicos nao fogem a essa regra, devendo aten-
der às exigências de seus usuários para sobreviver. Essas exigências incluem tanto o as-
pecto qualitativo dos artigos publicados, quanto os problemas da apresentação física
e periodicidade das publicações. Há, entretanto, casos de periódicos que são publicados
sem obedecer a nenhuma norma, mas esses sobrevivem apenas enquanto lhes faltar
concorrência, e dificilmente chegam a gozar de qualquer prestígio.
A falta de normalização em periódicos científicos pode constituir-se numa barreira à
comunicação da informação. Visando evitar essa barreira, já existem inúmeras normas
adotadas internacionalmente no campo das publicações, estabelecidas peia Internatio-
nal Organization for Standardization (ISO) e American National Standards Institute
(ANSI). No Brasil são utilizadas as normas da Associação Brasileira de Normas Técni-
cas (ABNT).
Os projetos de normas são elaborados por comissões de especialistas, e só são transfor-
mados em normas depois de terem sido devidamente testados e avaliados. Deve-se
ressaltar que o uso de normas técnicas tem caráter voluntário, e existem muitos edito-
res que usam normas próprias. Por melhores que possam ser as normas particulares, é
sempre mais prático adotar aquelas já existentes, principalmente quando se consideram
os problemas causados aos autores dos artigos. Autores mais produtivos costumam pu-
blicar em diversos periódicos, e não é cômodo para eles terem de mudar a apresentação
dos artigos cada vez que enviam uma colaboração para um periódico diferente.
Deve-se enfatizar que a não adoção de qualquer norma dificulta muito o processo edi-
torial, pois, neste caso, cada problema que ocorre tem de ser resolvido isoladamente, e é
difícil obter a credibilidade do público para uma publicação sem nenhuma uniformida-
de de apresentação.
APRESENTAÇAO DE PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS
A ABNT estabeleceu algumas normas sobre publicações periódicas de natureza técni-
co-científica, com o objetivo de facilitar o trabalho de editores e impressores e possibi-
litar ao usuário uma melhor utilização.
A NB-62 estabelece diretrizes sobre título, numeração de volumes, fascículos e pági-
nas, apresentação e conteúdo da capa e da fôlha de rosto, formato, suplemento e indi-
ce. Essas diretrizes, quando nao obedecidas, complicam a indexação dos periódicos, a
referenciação dos artigos, a organização dos periódicos nas bibliotecas, sua encaderna-
ção, e muitas vezes até mesmo sua identificação pelos usuários. Essa norma é comple-
mentada pela NB-85, sobre apresentação de sumários, e pela NB-124, sobre índice de
publicações.
É comum, em praticamente todas as bibliotecas que assinam periódicos científicos, os
serviços de reprografia de artigos. No caso de periódicos não existentes no local, os
usuários podem contar com vários serviços internacionais e, no Brasil, com o Programa
de Comutação Bibliográfica (COMUT) do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq)/lnstituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tec-
nologia (IBICT), conseqüentemente, muitos trabalhos, apesar de originalmente publica-
dos em periódicos, acabam sendo divulgados isoladamente, com o risco de ficar esquecida
sua origem. Por causa disso, é de grande importância a adoção da legenda bibliográfi-
ca (NB-83), que permite a identificação dos periódicos e dos artigos neles contidos.
Como essa legenda figura no rodapé da folha de rosto e de cada uma das páginas do
texto, ela ajuda a referenciação bibliográfica e a localização de páginas extraviadas, e
torna mais econômica a reprodução dos artigos.
Outro problema de normalização é a periodicidade. Os periódicos publicados irregular-
mente são um problema para seus assinantes, tanto particulares quanto institucionais,
como as bibliotecas, e para seus colaboradores. O controle da aquisição e a encaderna-
ção são dificultadas, e os artigos, quando finalmente são publicados, podem já estar
desatualizados.
APRESENTAÇAO DE ARTIGOS
Toda publicação científica deve obedecer a algumas normas de apresentação para que
a mensagem contida nos trabalhos não sofra ruídos, prejudicando sua compreensão
pelos leitores. São algumas regras que facilitam a tarefa tanto dos autores dos artigos
quanto dos editores e beneficiam principalmente aos leitores. O ideal seria que essas
normas já fossem apreendidas nas escolas, mas não é isso que acontece. O resultado é
que os editores têm de enfrentar sempre a difícil tarefa de rever todo o material que
lhes é submetido, e muitas vezes boas idéias e bons resultados de pesquisas ficam per-
didos por serem apresentados de maneira confusa e ilegível.
0 maior dos problemas é o do autor que não sabe escrever, o que dificilmente pode ser
solucionado pelos editores. Entretanto, um bom revisor de português pode algumas
vezes ajudar a salvar um trabalho científico, contanto que a parte científica do artigo
esteja correta. Mesmo os bons resultados deveriam ser sempre submetidos a uma revi-
são da redação por um especialista antes de serem publicados. 0 que se diz num artigo
é sem dúvida alguma o mais importante, mas as idéias podem ficar perdidas se o autor
nao souber expressá-las bem.
Além do problema da redação científica, que deve ser antes de tudo clara e sem ambi-
güidades, há ainda a dificuldade de como apresentar o trabalho, como deve ser dividi-
do, que partes deve conter. A NB-61 trata da apresentação de artigos de periódicos,
sendo complementada pela NB-88, sobre resumos, pela NB-66, referências bibliográ-
ficas, e pela NB-69, numeração progressiva das seções de um documento.
O resumo no inicio de um artigo fornece elementos que ajudam às pessoas a decidir
sobre a necessidade de leitura do texto, e podem mesmo dispensar essa leitura. A apre-
sentação do resumo traduzido no final do artigo facilita sua inclusão em índices e abs-
tracts publicados por serviços de indexação internacionais.
Deveria ser sempre exigido dos autores de artigos científicos a apresentação de referên-
cias bibliográficas dentro das normas, e de forma completa. Dificilmente um trabalho
científico é completamente original, sem se apoiar em outros autores. Esses autores
têm de ser então citados claramente, para que suas obras possam ser facilmente iden-
tificadas. Deve-se ressaltar que deixar de referenciar uma obra utilizada na elaboração
de um trabalho científico é cometer plágio.
Tabelas, gráficos, etc, devem ser elaborados de acordo com as diretrizes que podem ser
encontradas em manuais de estatística. As normas do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) podem ser adotadas, pois permitem uma boa visualização de da-
dos estatísticos.
A adoção de normas já existentes facilita a elaboração dos trabalhos pelos seus autores
e é de grande ajuda na árdua tarefa exercida pelos editores de publicações periódicas.
É recomendável que pelo menos uma vez por ano os periódicos publiquem, num dos
seus números, as suas instruções para autores de artigos, indicando todas as normas de
apresentação de trabalho que estes deverão seguir.
SELEÇÃO DE ARTIGOS PARA PUBLICAÇÃO
0 grande problema dos editores de periódicos científicos no Brasil provavelmente
ainda não é selecionar entre muitos os melhores artigos para publicação, mas tentar
obter artigos suficientes para manter um periódico. Ainda não chegou aqui o famoso
"publique ou pereça" comum em universidades americanas, onde professores que não
publicam trabalhos ficam sem emprego. Entretanto, essa idéia americana pode vir a
ser copiada aqui, já se notando mesmo alguns sinais disso, com o aumento de colabo-
radores em periódicos de algumas áreas. Um outro problema é que muitos dos melho-
res pesquisadores do país preferem publicar no exterior. Assim, é preciso procurar
atrair os autores brasileiros com periódicos que também possam garantir-lhes prestí-
gio, mesmo sem publicarem no exterior.
A seleção de artigos costuma ser feita só pelos membros do corpo editorial de um pe-
riódico, que nao podem evidentemente ser especialistas em todos os assuntos de uma
área de especialização. Uma idéia interessante é a adoção de um corpo de referees, que
são especialistas em diversos assuntos que compõem a área coberta por um periódico
e que podem estar dispersos pelo país ou mesmo estar no exterior. Esses especialistas
recebem cópias de artigos e opinam sobre sua qualidade, indicando se podem ou não
ser publicados. Nos países cientificamente mais adiantados esse modo de selecionar
artigos determina muitas vezes se um periódico é considerado sério ou de qualidade
mais baixa. É claro que bons pesquisadores só querem publicar em periódicos de gran-
de prestígio e se recusam a divulgar seus trabalhos onde qualquer autor medíocre con-
segue publicar também.
A adoção de normas de publicação é importante nessa etapa de seleção de trabalhos.
Sem critérios de comparação, tanto para qualidade científica como para apresentação
física de trabalhos, a tarefa de bem selecionar artigos torna-se impossível de ser reali-
zada.
NORMALIZAÇÃO E CONTROLE BIBLIOGRÁFICO
A adoção de normas técnicas afeta o processo de transferência da informação, facili-
tando a divulgação dos trabalhos publicados, pois é através delas que é possível a exis-
tência do controle bibliográfico.
0 grande problema em relação aos periódicos científicos é justamente esse controle bi-
bliográfico. Um usuário pode talvez acompanhar o que é publicado em uma ou duas
publicações periódicas, geralmente aquelas que ele assina, mas nao conseguirá acompa-
nhar tudo o que é publicado em todos os periódicos de sua área de interesse. Algumas
vezes esse usuário também terá de descobrir a evolução de um assunto dentro de um
determinado período de tempo retrospectivo. Essa tarefa será inviável se os artigos de
interesse potencial para ele não tiverem sido indexados.
Por outro lado, o corpo editorial de um periódico certamente deseja que sua publica-
ção seja amplamente conhecida e divulgada, não só no país como também no exterior.
Então, algumas medidas deverão ser tomadas.
Em primeiro lugar, um periódico que segue as normas técnicas de publicação é mais
simples de referenciar e divulgar. A introdução de alguns elementos como sumário em
cada fascículo, índice em cada volume e índices cumulativos de vários anos, facilita a
busca de determinados assuntos, autores ou artigos pelos usuários. Facilita também o
processo de encadernação dos periódicos nas bibliotecas e sua localização nas estantes.
Os resumos incluídos no início de cada artigo, e sua tradução para uma língua estran-
geira (de preferência inglês) no fim dos mesmos, permitem que o periódico seja incluí-
do em algum serviço de indexação nacional (se houver) e/ou internacional. Todo perió-
dico científico tem que se indexado, pois do contrário os artigos publicados ficarão
perdidos para a maior parte do seu público em potencial.
Para seus usuários, principalmente aqueles que se dedicam ao ensino e à pesquisa, é
muito mais fácil utilizar um periódico normalizado, principalmente se esse for também
indexado. 0 pesquisador pode encontrar facilmente o que deseja, consultando índices
ou abstracts publicados, ou mesmo fazer sua busca em alguma biblioteca, utilizando os
índices dos volumes ou os índices cumulativos do próprio periódico. Quando esses ins-
trumentos inexistem, a única solução para achar um artigo de interesse seria folhear
fascículo por fascículo, uma ocupação demorada e incômoda.
Quando urti periódico é indexado, há ainda a vantagem de poder ser divulgado mesmo
nas bibliotecas cujas coleções nao o incluem. Nesse caso, localizada uma referência, uma
cópia do artigo desejado poderá ser obtida através do COMUT, de algum serviço inter-
nacional, ou através de outra biblioteca.
A referenciação bibliográfica fica também facilitada pela normalização, principalmente
quando é incluída a legenda bibliográfica. Para o autor de um trabalho isso é muito im-
portante, pois fica muito mais fácil para ele compilar uma bibliografia. Assim, acaba-se
completando um verdadeiro círculo de uso de periódicos, pois se o trabalho desse
autor for publicado, e se as referências bibliográficas incluídas tiverem sido elaboradas
de forma clara, de acordo com a norma técnica correspondente, os leitores desse artigo
nao terão dificuldades em identificar e localizar os itens constantes da sua bibliografia.
Como se pode perceber, os instrumentos já existentes permitem um bom controle bi-
bliográfico e conseqüente divulgação de trabalhos publicados em periódicos científi-
cos.
Para tornar ainda mais eficiente o controle bibliográfico é utilizado o computador no
processamento da informação bibliográfica. Hoje já proliferam os sistemas on-line em
todas áreas, o primeiro dos quais foi o Medicai Analysis and Retrieval System On-Line
(MEDLINE) desenvolvido em 1967 na National Library of Medicine dos Estados Uni-
dos. Através dessas bases de dados a divulgação dos artigos de periódicos tornou-se
bastante eficiente. Essa eficiência não seria possivel se não fossem observadas algumas
normas técnicas, e os problemas ainda existentes são justamente causados porque di-
versos serviços de indexação usam normas diferentes. Infelizmente, apesar da existên-
cia das normas ISO, muitos paises insistem em ter várias normas nacionais, e os Esta-
dos Unidos não seguem nenhuma norma nacional única. No Brasil a ABNT centraliza
o esforço de normalização, o que é uma grande vantagem, pois evita estas dispersões
que não beneficiam a ninguém.
Para permitir ainda a perfeita identificação de um periódico, é importante que a abre-
viatura do seu titulo seja feita de acordo com a norma internacional correspondente,
e que ele seja codificado pelo International Standard Serial Number (ISSN). O ISSN
é um código numérico que identifica internacionalmente qualquer periódico incluí-
do no sistema. Os códigos são concedidos por centros nacionais (no Brasil é o IBICT),
e a administração central fica a cargo do International Seriais Data System do UNI-
SIST. Parte do sucesso do ISSN é devido ao fato de ser exigido pelo Serviço Postal
dos Estados Unidos desde 1978. A facilidade de identificação de um periódico é
principalmente importante na sua comercialização.
As normas técnicas muitas vezes deixam de ser usadas por não serem perfeitamente
divulgadas, ou então porque as pessoas costumam acreditar que são de difícil utiliza-
ção. Entretanto, cada profissão tem de seguir algumas normas, e os editores de perió-
dicos científicos não podem ser uma exceção, A normalização dos periódicos apresenta
grandes benefícios para os editores, impressores, autores de artigos, bibliotecas e lei-
tores, pois facilita a elaboração de um periódico e a sua divulgação.
Sistema Internacional de Dados
de Publicações Seriadas (ISDS)
Isaura M. Sardinha Di Martino
Instituto Brasileiro de Informação
em Ciência e Tecnologia (IBICT)
INTRODUÇÃO
Através do convênio firmado entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) e o Sistema Internacional de Dados sobre Publicações Seriadas (ISDS), o
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) desempenha a função de
Centro Nacional do ISDS para o Brasil.
ISDS
Antecedentes
O ISDS teve seu início a partir das investigações realizadas em 1967 pelo Conselho
Internacional de Organizações Científicas (ICSU) e pela UNESCO, visando estudar a viabilidade
de um sistema internacional de informação em ciência e tecnologia.
O resultado dessas pesquisas levou à proposta de um programa internacional que atuaria como
ponto focai de esforços cooperativos para o intercâmbio de informação em ciência e tecnologia,
que viria a ser conhecido como Sistema Mundial de Informação Científica (UNISIST).
Dentre o conjunto de propostas desenvolvidas, uma era relativa ao controle internacional de
publicações periódicas através de um sistema centralizado para a criação e a manutenção de
informação normalizada dentro do conceito de Controle Bibliográfico Universal (UBC).
O ISDS estabelecido de acordo com a estrutura de programas da UNISIST, hoje PGI (Programa
Geral de Informação da UNESCO), é uma rede internacional de centros operacionais,
responsáveis peia criação e manutenção de Banco de Dados, contendo informações essenciais
para identificação de publicações periódicas, de modo a atender as solicitações de países
participantes, organizações ou usuários pessoais.
Objetivos do ISDS
a) desenvolver e manter um registro internacional de publicações periódicas contendo toda a
informação necessária a identificação das mesmas;
b) definir e promover o uso de um código normalizado (ISSN) para identificação única
de cada publicação seriada;
c) facilitar a recuperação de informação científica e técnica nas publicações seriadas;
d) tornar esta informação disponível para todos os países, organizações ou usuários
individuais; e
e) estabelecer uma rede de comunicações entre bibliotecas, serviços de informação se-
cundária, editores de literatura periódica e organizações internacionais.
Estrutura do Sistema
O Sistema foi estabelecido em dois níveis: Centro Internacional e Centros Nacionais e
Regionais.
a) Centro Internacional — Estabelecido em Paris, pelo governo Francês e a UNESCO,
como uma agência central de operações do ISDS. Tem como função a criação e
manutenção do Arquivo Internacional de Dados sobre Publicações Periódicas e a
disseminação das informações contidas nesse arquivo. Devido ao grande número de
registros hemerográficos e as atividades de criação e manutenção do arquivo de da-
dos, desenvolve suas funções de maneira descentralizada, porém com a coordenação
centralizada. É responsável pela definição dos organismos nacionais que irão atuar
como Centros Nacionais e Regionais. Divulga os dados registrados no Arquivo atra-
vés do Bulletm de L'ISDS.
b) Centros Nacionais e Regionais — Têm como responsabilidade assegurar o controle
bibliográfico das publicações seriadas editadas em seu país. Os Centros Nacionais ou
Regionais têm como funções:
formar e manter em dia o arquivo de todas as publicações seriadas no país;
responder as consultas de usuários localizados em seu país e de outros centros do
ISDS;
contribuir para a formação e atualização dos arquivos dos Centros Internacionais
do ISDS;
colocar as informações existentes no Arquivo Nacional à disposição dos usuários
localizados em seu país e de outros centros do ISDS;
promover a utilização do Número Internacional Normalizado de Publicações Se-
riadas (ISSN); e
informar aos editores quais ISSN lhes foram atribuídos e como eles deverão utilizá-
los.
DEFINIÇÃO DE UM SERIADO
De acordo com os princípios do ISDS, um seriado pode ser definido como um tipo de
publicação que aparece em fascículos ou volumes, geralmente numerados cronológica
e/ou seqüencialmente, sem data prevista de término, podendo ser editado sob forma
impressa ou nao.
Seriados compreendem periódicos em geral, jornais, anuários (tais como relatórios,
anuários propriamente ditos, indicadores, etc), revistas técnicas ou cienti'ficas, atas,
anais, comunicações, memórias, de instituições científicas e séries monográficas.
Note-se que esta definição não inclui obras que, embora editadas em partes sucessivas,
têm um periodo predeterminado de existência.
ISSN
Origem
Dada a própria natureza das publicações periódicas, sujeitas tão freqüentemente a
mudança no título, periodicidade e formato, aliado ao sempre crescente número de
novas publicações, tornou-se necessário o estabelecimento de um código normaliza-
do para a identificação desse tipo de documento.
Cada vez mais, as entidades envolvidas com a edição e/ou distribuição de publicações
são compelidas ao uso de sistemas computadorizados, na medida em que a complexi-
dade e o volume do produto aumentam.
Essas tendências à automação e as implicações de implementos futuros envolvendo
o intercâmbio de informações sobre publicações periódicas entre sistemas computa-
dorizados, levaram à atribuição de um código numérico que identificasse concisa e
precisamente títulos específicos de publicações periódicas. Arquivos de computador
são de mais rápido acesso desde que seja usado um endereçamento numérico, o qual
simplifica a manipulação dos registros.
Várias possibilidades de codificação foram estudadas por um subcomitê estabelecido
em 1968 peia United States American Standards Institution/Z-39 Committee. A partir
desse estudo ficou evidenciado que um acordo internacional para uma codificação
normalizada seria vital e, conseqüentemente, o anteprojeto de norma americano foi
apresentado ao International Organization for Standardization Technical Committee
(ISO/TC 46). Posteriormente, um anteprojeto de norma para a criação do ISSN foi
divulgado peia ISO.
Vantagens da Utilização
O ISSN de um publicação seriada fará parte da mesma tanto quanto o seu título. Van-
tagens:
1. um único ISSN identificará um título em qualquer língua e em qualquer parte do
mundo, porque a toda publicação periódica editada será atribuído um único e defi-
nitivo número, de acordo com um esquema normalizado adotado internacional-
mente;
2. o ISSN possibilitará um método eficiente e econômico de troca de informações en-
tre editores e fornecedores, tornando os sistemas de distribuição mais rápidos e efi-
cientes;
3. o ISSN pode ser utilizado em bibliotecas para identificação de títulos, organização
do acervo, controle de recebimento, bem como na reclamação de números atrasados;
4. o ISSN poderá simplificar os serviços de empréstimo entre bibliotecas, a comuta-
ção hemerográfica e a organização e divulgação de catálogos coletivos; e
5. o ISSN, como um código de identificação numérico normalizado, se adapta perfei-
tamente a sistemas computadorizados, principalmente no que diz respeito à atualiza-
ção e interligações de arquivos, bem como à recuperação e transmissão de dados.
Estrutura
Um ISSN compõe-se de oito dígitos, e consiste em um número de sete dígitos, único
para cada título, acrescido de mais um de controle. Esses oito dígitos são impressos
em dois grupos de quatro separados por um hífen.
0 dígito de controle é um artifício utilizado como garantia que impede o computador
de aceitar um número incorretamente digitado. É calculado a partir dos outros sete dí-
gitos e é um dos meios mais eficientes de impedir erros de transcrição de números. 0
dígito de controle do ISSN é determinado por um cálculo que às vezes requer um che-
que dígito dez, que se usada aumentaria o código ISSN para nove dígitos. Para evitar
asse aumento, o algarismo romano X é usado nesses casos.
Para nao confundir com outros códigos possivelmente usados no mesmo documento,
mesmo que com outros fins (tais como ISBN), sempre que o código ISSN é indicado ou
impresso, deverá vir precedido peia sigla ISSN.
Uma vez atribuído a um título, esse código passa a pertencer definitivamente a esse
título, se corrente ou suspenso, e jamais é usado para outra publicação.
Como Usar
0 ISSN deve ser atribuído a:
a) cada título de seriado. O código ISSN, associado ao título-chave, estará ligado defi-
nitivamente ao seriado. O título-chave, determinado pelo Centro Nacional no mo-
mento da atribuição definitiva do ISSN, é derivado de informações contidas na pu-
blicação, de acordo com normas recomendadas pelo Centro Internacional;
b) cada suplemento corrente de um seriado. Suplementos publicados esporadicamente,
de forma não corrente, não levam um ISSN próprio;
c) cada seriado inserido em outro seriado ou uma subsérie, desde que com títulos pró-
prios; e
d) cada título de monografia seriada. Neste caso, cada volume individual de uma mo-
nografia seriada poderia ter também seu ISBN (International Standard Book Num-
ber).
Alterações no título da publicação, tais como: mudanças na ordem das palavras, no
nome da instituição editora quando esta faz parte do título, na ortografia da palavra,
etc., faz-se necessário a atribuição de um novo ISSN, e a comunicação imediata por
parte do editor ao IBICT.
Onde Imprimir
0 ISSN deverá ser impresso em cada fascículo do seriado, em posição destacada no
canto superior direito da capa e da folha de rosto.
O número deverá ser precedido peia sigla ISSN e impresso em dois grupos de quatro
dígitos separados por um hífen.
Se o seriado tiver um ISBN, bem como um ISSN (como certamente acontecerá no caso
das monografias seriadas) os dois números devem aparecer juntos, cada qual com seu
prefixo.
Como Divulgar
0 ISSN deverá aparecer, além de nos seriados, em anúncios de editoras, catálogos de
editores, etc, e em outras fontes onde informações sobre seriados normalmente são
divulgadas (Guias de Periódicos, CCN, etc).
Recomenda-se que o ISSN apareça imediatamente após ou abaixo do título anuncia-
do. 0 ISSN deve vir precedido do seu prefixo ISSN, sendo indicados todos os oito
dígitos.
Como Obter
Editores brasileiros podem participar do ISDS enviando ao IBICT, na qualidade de
Centro Nacional do ISDS, o formulário específico preenchido, acompanhado de um
exemplar da publicação ou fotocópia da capa, página de rosto do primeiro fascículo e
expediente.
O surgimento de novos seriados ou no caso de alteração de título, também deverá ser
comunicado ao IBICT. Com esse procedimento, o primeiro fascículo editado aparecerá
com o código ISSN, bem como os subseqüentes. O código ISSN pode ser reservado
num estágio de pré-publicação. Nesse caso, o Centro Nacional deve receber cópias das
provas tipográficas do primeiro número.
São óbvias as vantagens de uma identificação e codificação continuadas, asseguradas
peia atribuição do ISSN, desde o primeiro fascículo publicado de uma publicação
periódica.
O ISSN só poderá ser atribuído uma vez. Um ISSN anulado é retirado definitivamente
de circulação.
TlYULO-CHAVE
Para fins de controle, foi decidido a nível internacional que é indispensável eleger,
para cada publicação periódica, um título normalizado, denominado título-chave.
O título-chave é estabelecido pelo Centro Nacional do ISDS, responsável pelo regis-
tro do documento, e é retirado, prioritariamente, do título que aparece na página de
rosto da publicação.
O ISSN é parte inseparável do título-chave. Este título-chave é a forma de entrada do
título da publicação comumente aceita e é estabelecido no momento da atribuição do
código ISSN.
Quando as palavras do título como aparecem na publicação mudam a tal ponto que
exigem a determinação de um novo título-chave, um novo ISSN também deve ser
atribuído. Por conseguinte, o Centro Nacional deve ser imediatamente informado de
qualquer mudança ocorrida no título do seriado.
As mudanças que usualmente ocasionam atribuições de um novo título-chave e de
um novo ISSN, são as seguintes:
a) substantivos ou adjetivos substituídos, suprimidos ou anexados;
b) mudanças na ordem das palavras;
c) mudança do nome da instituição editora, quando parte do título-chave, seja ligada
gramaticalmente ou visualmente, bem como nas casas de títulos genéricos; e
d) mudança na ortografia das palavras, quando esta se efetua na primeira letra ou
modifica o sentido da palavra; e toda mudança de sigla e de iniciais.
Na decisão sobre a atribuição ou não de novos títulos-chave e ISSN, a palavra final
será sempre a do Centro Nacional.
DADOS SOBRE PUBLICAÇÕES SERIADAS NECESSÁRIOS PARA REGISTRO NO
ISDS E ATRIBUIÇÃO DE ISSN
Para que possa dar cumprimento a essas funções, o IBICT necessita receber dos edito-
res de seriados brasileiros informações completas e confiáveis sobre esses seriados.
Além de informações sobre o título, outros elementos são necessários ao preenchi-
mento das folhas de entrada do ISDS:
Data de início da publicação
— Data do término da publicação
Estado da publicação; corrente ou suspensa
— Periodicidade
— Tipo de publicação; periódico (exceto os jornais) jornais (diários), séries monográficas
Nível da publicação: Científica, Técnica, Divulgação
Número de classificação (CDD ou CDU)
Imprenta
Títulos anteriores
Títulos posteriores
Edições em outras línguas (Paralelas, Traduzidas)
Suplemento, Inserção
PROJETO GRAFICO
Projeto Gráfico e Produção Gráfica:
Relações de Interdependência
Newton Diniz de Andrade
Centro Nacional de Informação
Documental Agrícola (CENAGRI)
Os anos 60 e 70 caracterizaram-se, no Brasil, na área da Comunicação, por uma invul-
gar produção de textos voltados para a discussão e a análise da Comunicação. O Jorna-
lismo, o Livro,a História em Quadrinhos, a Fotonovela, o Rádio, a Televisão e a Comu-
nicação de Massa foram objetos de inúmeros estudos publicados em livros, em revistas
e em jornais. É dessa época a quase totalidade das contribuições mais importantes pro-
duzidas no Brasil e oferecidas ao estudo da mensagem impressa.
Foram lançados nos anos 60 e 70 os trabalhos de Antônio Houaiss (Elementos de Bi-
bliologia), Orlando da Costa Ferreira (Para Uma Introdução ao Estudo do Produto
Bibliográfico), Moacir Costa Lopes (A Situação do Escritor e do Livro no Brasil),
Osman Lins (Guerra Sem Testemunhas; o Escritor, Sua Condição e a Realidade So-
cil e Do Ideal e da Glória; Problemas Inculturais Brasileiros), Luiz Beltrão (Iniciação
â Filosofia do Jornalismo, A Imprensa Informativa, Jornalismo Interpretativo; Filoso-
fia e cnica), Ana Luisa Escorei (Brochura Brasileira: Objeto sem Projeto), Francisco
Cantero (Arte e Técnica da Imprensa Moderna), Roberto Átila Amaral Vieira (Reequi-
pamento da Indústria Tradicional; o Caso do Parque Gráfico Brasileiro, O Futuro da
Comunicação, Redução dos Custos Gráfico-Editoriais e A Comunicação de Massa e o
Direito à Informação).
A MENSAGEM IMPRESSA
ou, a Edição, Uma Técnica Cultural
Em 1967, duas grandes contribuições teóricas então oferecidas ao estudo do im-
presso bibliográfico se destacam: a obra de Abraham Antoine Moles, Sociodinâmica
da Cultura, editada na França peia Mouton & Compagnie e somente traduzida e edi-
tada entre nós em 1975, peia Editora Perspectiva, e a obra de Antônio Houaiss, Ele-
mentos da Bibliologia, editada pelo Instituto Nacional do Livro, do Ministério da
Educação e Cultura.
Ambas tiveram o grande mérito, dentre ¡números outros, de repensar, de reanalisar o
impresso bibliográfico: seu feiçoamento material e sua difusão no contexto social.
Em sua obra dedicada a uma análise exaustiva do livro, do original ao exemplar im-
presso, Antônio Houaiss, ao enfocar a edição, a conceitua como sendo "a atividade
organizada em forma de empresa para a publicação de livros", conceito ao qual podem
ser somadas algumas observações feitas por Abraham Antoine Moles em seu mencio-
nado trabalho:
"A edição é uma técnica cultural que se baseia na impressão tipográfica, portanto,
exclusivamente na cópia."
"A ação da edição sobre a massa, ao contrário da pintura, se funda em um princípio
quantitativo."
"As idéias só existem de fato quando impressas, e é a tarefa própria da edição impri-
mi-las e difundi-las."
"0 editor era, outrora, antes de mais nada impressor; agora é, antes de tudo, entre-
posto de cultura, difusor, e seu papel cresce com a multiplicidade de suas funções."
"O pensamento escrito e impresso representa um dos principais elementos da cultu-
ra. Põe em um molde comum as obras artísticas do pensamento — literatura, poesia
e etc. — e obras científicas; é o universo da palavra, preciso ou vago, semântico ou
estético."
Nas observações dos dois autores estão focalizadas, sem dúvida, as questões fundamen-
tais que envolvem a mensagem impressa, a edição: a organização da atividade
editorial, a produção gráfica do produto editorial, a importância da tiragem das obras
editadas, as funções da atividade editorial e o papel que cabe ao editor na sociedade
contemporânea.
A edição, que Abraham Antoine Moles diz constituir "um canal de difusão do pensa-
mento", comporta diversas etapas:
— a criação de idéias pelo autor;
— a formulação das idéias criadas pelo autor, que se traduz na elaboração de um ori-
ginal datilografado;
a decisão de edição da obra;
— a produção editorial, que comporta a edição de texto e o projeto gráfico;
— a produção gráfica;
a divulgação e a promoção;
— a distribuição e a comercialização.
O PROJETO GRÁFICO E A PRODUÇÃO GRÁFICA
O Projeto Gráfico (ou a Programação Visual) de uma obra pode ser entendido como
"o planejamento de um sisterna de linguagem coerente e uniforme, em todos os seus
aspectos visuais, para uma publicação", ou, ainda, como o define Ana Luisa Escorei,
"como uma forma específica de resolver os problemas colocados pelo impresso indus-
trial".
O Projeto Gráfico compreende diversas etapas:
escolha e decisão quanto ao formato da obra, à mancha tipográfica, à família do
tipo e ao corpo do tipo;
— escolha e decisão quanto ao tipo de capa, ao uso de cores, ao tipo de papel da capa;
escolha e decisão quanto à disposição de textos complementares à obra, à disposi-
ção de ilustrações, ao tipo de papel do miolo, à forma de composição, à forma de
impressão, à forma de acabamento e à tiragem da obra;
a diagramação;
— o cálculo do texto;
— a marcação tipográfica dos originais a serem compostos; e
— a apuração dos custos diretos da obra.
A produção gráfica de uma obra supõe a existência anterior de um projeto gráfico,
instante no qual todas as questões referentes à obra a ser editada serão colocadas para
análise e definição, dentre elas, os problemas de custo, as questões tecnológicas (ou seja,
de equipamento, de mão-de-obra especializada, etc), o perfil do leitor a quem ela se
destina (faixa cultural, faixa econômica etc). E o projeto gráfico de uma obra supõe
que sua produção gráfica dar-se-á nos moldes estabelecidos pelo programador visual,
mantidos, no mínimo, o padrão de qualidade exigido pelo projeto e as determinações
nele contidas.
Em outras palavras, existe entre o Projeto Gráfico e a Produção Gráfica ír, ia relação
de interdependência que não pode ser esquecida, em instante algum, pelos profissio-
nais que participam das duas atividades: um Projeto Gráfico jamais será viabilizado
sem que seja assegurada à obra objeto do projeto uma produção gráfica a sua altura,
e, do mesmo modo, a produção gráfica jamais obterá como produto final uma obra de
alto nível sem que lhe seja assegurado, antes, um projeto gráfico também de alto nível.
As relações de interdependência entre Projeto. Gráfico e Produção Gráfica envolvem
um universo denso e complexo e sua análise conduz, inevitavelmente, a algumas ques-
tões que vêm sendo colocadas, especialmente entre nós, no tocante à dependência
mútua dessas atividades.
Ana Luisa Escorei, designer e autora de Brochura Brasileira: Objeto Sem Projeto,
um dos mais instigantes trabalhos publicados entre nós nessa área, aponta algumas
dessas questões:
"0 trabalho do projetista gráfico é freqüentemente afetado por uma pseudo-racio-
nalização imposta peia indústria gráfico-editorial, e essa pseudo-racionalização visa,
sempre, muito mais a multiplicação de lucros do que o desejável aperfeiçoamento
do produto."
"A função de projetar costuma ser valorizada em detrimento da fur.ção de produzir,
tida como mais mecânica e dependente de decisões menos complexas."
Falta aos nossos profissionais da indústria editorial uma formação teórica e prática
adequada. Programadores visuais, diagramadores, capistas, paginadores, arte-finalis-
tas, ilustradores, revisores, redatores ressentem-se da inexistência de cursos,
estágios e treinamento que lhes possam dar, de uma maneira sistemática, o nível
desejado de formação profissional.
O Projeto Gráfico reúne a mesma complexidade de todos os outros elementos que inte-
gram a atividade editorial, e, como todos eles, carrega consigo a responsabilidade de
participação num projeto muito mais amplo: o de assegurar que o livro, a revista, o jor-
nal, o cartaz etc, se constituam efetivamente em veículos eficazes de divulgação das in-
formações neles contidas, possibilitando, assim, à atividade editorial participar de uma
das ações mais prementes e mais urgentes dos dias atuais: o estabelecimento de uma co-
O distanciamento que se tende a estabelecer entre Projeto Gráfico e Produção Grá-
fica será, certamente, danoso para o produto editorial: "o designer, desligado das
funções de produção, tenderá fatalmente a repetir-se em fórmulas, descuidando-se
do produto acabado"; o produtor gráfico, por sua vez, "desvinculado do projeto,
tenderá a estabelecer com ele uma relação fria e tecnicista."
"0 capista se caracteriza como um profissional típico da situação que a recente
industrialização brasileira propõe ao indivíduo com capacidade criadora, que, sem
formação teórico-técnica, tem, apesar disso, seu trabalho veiculado peia seriação me-
cânica."
"0 método de trabalho do capista é determinado peia baixa remuneração que lhe é
imposta e pelos prazos curtos a que freqüentemente tem que se submeter. Sua for-
mação, seja ela qual for, interfere em grau muito menor na constituição desse mé-
todo ou comportamento."
"Existe um comportamento comum a todo capista na condução e finalização do
trabalho, ditado mais pelas características e exigências do contexto onde atua do
que peia natureza do trabalho a que se dedica."
"0 editor se preocupa muito mais com a parte externa do produto, com a capa, do
que com o tratamento do miolo."
Às observações de Ana Luisa Escorei acrescentaríamos algumas outras:
O parque gráfico brasileiro continua sendo, infelizmente, na maioria dos casos, um
misto de indústria e de artesanato, no qual a habilidade e a criatividade do profissio-
nal são, ainda, o fator mais importante.
A figura do gráfico-artista, do gráfico-intelectual, que existiu entre nós há muitos
anos, já desapareceu. A automação estabelecida no parque gráfico brasileiro e a al-
ta rotatividade dos produtos gerados nas oficinas gráficas contribuíram para sua
extinção. Hoje, vivemos uma situação oposta. Com a setorização adotada nos par-
ques gráficos, perseguindo uma especialização dos diversos profissionais, ação por
sinal altamente louvável, tivemos o surgimento de uma figura que é o oposto do an-
tigo gráfico brasileiro: o profissional que entende profundamente de sua área, mas
de muito pouca coisa das demais. Indispensável dizer que um meio-termo seria o
preferível.
A grande questão diante da qual se coloca o Projeto Gráfico é a de sua inadiável inclusão no
contexto da informação, da comunicação, da arte, da economia, do leitor e da sociedade.
Pensar o Projeto Gráfico nao significa, apenas, pensar em suas relações de interdependência
com a Produção Gráfica, de maneira fria e tecnicista. Nem somente pensá-lo no universo da arte
pela arte.
municação ampla e efetiva entre os homens.
Por ocasião do V Seminário sobre Publicações Oficiais Brasileiras, realizado recente-
mente nesta cidade, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) teve a oportunidade
de apresentar aos participantes, em linhas gerais, o Programa Setorial de Publicações
em Ciência e Tecnologia, estabelecido em associação com o Conselho Nacional de De-
senvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Tendo sido implantado no início deste
ano, o Programa se preocupa com o apoio aos periódicos das várias áreas do conhe-
cimento, procurando dar-lhes melhor padrão editorial, difusão nacional e colocação in-
ternacional.
Agora, a Comissão Coordenadora do Seminário sobre Publicações Periódicas da Área da
Educação convidou a Financiadora para participar do evento, pelo que foi proposta a
reapresentação do tema, constando as diretrizes que serviram de base para justificar a
criação do Programa, bem como a relação dos periódicos apoiados, já em estágio de
recebimento de recursos ou em processo de formalização dos respectivos convênios.
FINANCIAMENTO E CUSTOS
Alguns Aspectos do Programa Setorial de
Publicações em Ciência e Tecnologia
Roberval Cruz
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP)
INTRODUÇÃO
A publicação dedicada à divulgação de resultados de ciência e tecnologia deve ser en-
tendida como instrumento de transferência. Nestas condições, a alocação de recursos
para publicações de revistas deve ser entendida dentro da seguinte ótica:
trata-se de investimento permanentemente correlacionado à própria atividade de ge-
ração de ciência e tecnologia e não componente à parte;
os pedidos de recursos por entidades editoras não devem ser encarados como solici-
tação de auxílios desvinculados do quadro geral de investimento e da política de
desenvolvimento em ciência e tecnologia;
— da mesma forma como se pretende estabelecer metas para a política de ciência e tec-
nologia, devem ser criadas metas para a transferência de informações; e
pelas mesmas razões que tornam necessário aperfeiçoar os instrumentos de execu-
ção de pesquisa e desenvolvimento experimental, também é necessário adotar idên-
tico raciocínio em relação ao aperfeiçoamento da transferência de resultados, em
sua codificação verbal, isto é, as publicações.
Nestas condições, a publicação de resultados de pesquisa e desenvolvimento experi-
mental faz parte da memória formal das realizações em ciência e tecnologia e registro
do nível de tradição cultural alcançado graças ao esforço real, no país, pela comunida-
de dedicada ao campo de atividades.
Conseqüentemente, é importante que exista espaço para a criação de Programa de
Publicações em Ciência e Tecnologia, composto de objetivos, metas, estratégias e in-
dicadores de qualidade e pertinência adequados. Um programa justificado na identifi-
cação de áreas prioritárias, coerentes com o plano geral de esforço em ciência e tecno-
logia.
Além dos pré-requisitos indicados, o Programa deverá ter indicadores específicos para
a natureza das atividades de publicação, que abrangem: forma e conteúdo do produto
informacional gerado; forma e conteúdo da publicação final, disseminada; mecanismos
de distribuição; instrumentos de acompanhamento e avaliação de desempenho; e recur-
sos de replanejamento.
O programa de publicações deve ser culturalmente incorporado junto às instituições
que atuam em ciência e tecnologia. Na medida em que seus parâmetros de qualidade e
pertinência forem sendo aperfeiçoados e os resultados de atividades de pesquisa e de-
senvolvimento progressivamente melhorados, as entidades irão fortalecendo seus pró-
prios conceitos de avaliação de desempenho.
O quadro nacional, relativo à produção de revistas e outros veículos especializados em
difusão de produtos informacionais em ciência e tecnologia, segundo publicação edita-
da pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), revela a
existência de 2 797 títulos de periódicos. Através de classificação, relativamente gros-
seira, em níve técnico (contendo mais de 50% de artigos não dedicados à ciência, isto
é, à inovação de conhecimento sobre a natureza), científico (mais de 50% de artigos
dedicados à ciência) e de divulgação (conteúdo destinado a comentários sobre ciência
e tecnologia, sem objetivos de transmissão de técnicas e conhecimentos científicos), foi
elaborada a tabela a seguir, que combina aqueles níveis classificatórios, com as entida-
des editoras.
Associações científicas
e tecnológicas 246 36 154 436
Governo 493 85 627 1205
Entidades de ensino 360 77 214 651
Empresa privada 241 06 116 363
Empresa pública 51 04 87 142
Total 1391 208 1198 2797
(Tabela produzida por técnicos do IBICT (1982): Simone Bastos, Suely Mafia, Matié Nogi & Themis
Gomes).
Apesar da imprecisão do processo classificatório, agravado pelo fato de que várias re-
vistas congregam temas inclufdos nos três ou em dois dos mencionados níveis, os nú-
meros permitem algumas considerações.
1. O Estado é grande estimulador e patrocinador da publicação em ciência e tecnolo-
gia, através de dotações orçamentárias ou por intermédio de auxílios;
2. a ação do Estado se dá por meio de instituições da administração direta e indireta,
inclusive as empresas públicas; e
3. o grande esforço na transferência de conhecimentos científicos está dividido entre
associações científicas e tecnológicas (que constituem corpos de representação so-
cial de geradores, porém sem quaisquer compromissos institucionais) e entidades de
governo, em grande parte mantidas pelo Estado.
Nestas condições a implantação de programa destinado à elevação da força de transfe-
rência de ciência e tecnologia, através de publicações, deverá levar em conta: a) nível
de cobertura (ou seja, se é de ciência ou de tecnologia, ou de ambos); e b) a entidade
patrocinadora.
Este aspecto é de grande importância, no que diz respeito aos seguintes componentes:
— autonomia técnico-científica e administrativa
— política editorial
— competência profissional
— abrangência do ternário ou objetivo dos produtos informacionais
cronogramas
— audiência
OBJETIVOS DO PROGRAMA
Elevação do nível de qualidade de forma e conteúdo de periódicos em ciência e tecno-
logia e aumento do nivel de divulgação da produção científica e tecnológica no Brasil
e no exterior.
METAS
1. elevar o estágio atual de revistas, já conhecidas no exterior, de maneira a torná-las
mais difundidas; e
2. elevar o estágio atual de qualidade e difusão de revistas pouco conhecidas no exte-
rior.
ESTRATÉGIAS
1. identificação de área do conhecimento ou de tecnologia prioritária;
2. identificação de revistas que difundem resultados de ciência e tecnologia nas áreas
prioritárias;
3. avaliação das condições atuais de periódicos selecionados, com base nas priorida-
des (definidas em seguida) e nos seguintes indicadores: nível de cobertura dos
temas, produção editorial e gráfica, distribuição, difusão nacional e internacional,
com base em indexação correspondente;
4. seleção de títulos de revistas com potencial de inclusão no programa;
5. definição de recomendações técnico-administrativas para publicações participantes
do programa;
6. estímulos à geração de propostas, por editores selecionados e outros que deseja-
rem participar do programa;
7. criação de grupos de assessoramento, para avaliação de propostas;
8. implementação do programa;
9. acompanhamento e avaliação; e
10. replanejamento.
PRIORIDADES
1. publicações técnico-científicas, contendo mais de 50% de seu conteúdo dedicado a
resultados de pesquisa científica, isto é, de inovação do conhecimento, através de
trabalho original (informação primária), baseado no emprego da técnica de pesquisa
e na metodologia científica:
parte dos recursos totais do programa será utilizada com publicações, nesta ca-
tegoria, editadas por associações científicas e tecnológicas, representativas de
segmentos da comunidade especializada, de atuação a nível nacional e que sejam
representantes de classe profissional; e
parte dos resultados totais será utilizada com publicações, nesta categoria, edita-
das por entidades de governo, da administração direta ou indireta e, sob condi-
ções especialíssimas, por empresas públicas.
2. publicações técnico-científicas, contendo mais de 50% de seu conteúdo dedicado a
resultados de utilização de conhecimento científico anteriormente divulgado, para
geração de técnicas de produção de bens e serviços, isto é, de tecnologia propria
mente dita:
parte dos recursos totais do Programa será utilizada com publicações, nesta cate-
goria, editadas por associações científicas e tecnológicas, representativas de seg-
mentos da comunidade especializada, de atuação a nível nacional e que sejam
representantes de classe profissional; e
parte dos recursos totais do Programa será utilizada com publicações, nesta cate-
goria, editadas por entidades de governo, da administração direta ou indireta e, sob
condições especialíssimas, por empresas públicas.
INDICADORES DE PERFIL
As publicações que participarem do Programa deverão revelar perfil técnico-científico
adequado, ou medidas deverão ser adotadas em relação a títulos selecionados, para que
possam garantir perfil apropriado, com base nos elementos mencionados a seguir.
Autonomia Técnico-científica a Administrativa
liberdade institucional, para evitar comprometimentos ideológicos externos, que
prejudiquem o conteúdo, em qualidade e pertinência;
liberdade administrativa, em relação a organizações governamentais ou privadas,
que favoreçam defesas contra tendência e comprometimentos de quaisquer espécies,
determinadas por grupos ou estruturas de poder;
— delegação de responsabilidades pelos pares, com respeito a critérios de competência
e livre escolha, impedindo privilégios de indivíduos ou grupos;
existência de política editorial desvinculada de instituições administrativas ou polí-
ticas, com especial referência a órgãos representativos de classe profissional ou de
entidades;
seleção de corpo de revisores técnico-científicos, com base em competência profis-
sional e mútuo respeito em relação aos autores; e
abertura ao aprimoramento, mediante sugestões de pares e outras origens, interessa
dos no assunto.
Qualidade de Política Editorial
— elevada conduta ética, em relação à publicação e seus colaboradores;
permanente preocupação em elevar o nível dos trabalhos, para participação na
"frente de pesquisa" internacional;
revisores capacitados e ecléticos, com educação, ética e respeito profissional aos
autores;
imparcialidade nos processos decisórios, com democracia, rapidez e elevado nível
profissional;
— crítica construtiva e educada; e
— normalização documental, a nível nacional e internacional.
Produção Gráfica
— qualidade em diagramação, tipologias, impressão;
esmero na reprodução de ilustração e tabelas; e
otimização de formato, tipo de papel, de impressão e acabamento.
Cronograma*
— regularidade de prazos;
pontualidade nas datas para distribuição; e
rapidez no tratamento dos textos originais.
Conteúdo
elevado padrão quanto à forma e estruturação dos textos; e
elevada qualidade informacional, do ponto de vista de correção e disseminação dos dados
incluídos.
Distribuição
área de cobertura institucional;
cobertura por campo do saber e da técnica; e
— indexadoras.
INSTRUMENTOS DE MUDANÇA
A implantação do Programa permitirá mudanças na qualidade e pertinência dos produtos
informacionais, desde que a implementação seja acompanhada dos seguintes instrumentos:
1. adotação das estratégias,
2. respeito às prioridades;
3. definição de modelo para elevação de perfil;
4. adoção de critérios para avaliação;
5. definição de modelo para revisão de textos;
6. treinamento em seleção, uso, produção e transferência de informações;
7. ampliação da disseminação, por doação a instituições estrategicamente importantes, no país
e no exterior; e
8. inserção em fontes indexadoras.
MODO DE AÇÃO
As solicitações para auxílio, feitas em formulários próprios, podem ser encaminhadas,
indistintamente, tanto para a FINEP, como para o CNPq. Em ambos os casos, são en-
caminhadas para a apreciação do Comitê Editorial do Conselho, do qual tomam parte
representantes da FINEP e da comunidade científica.
Após verificação e enquadramento, dentro das especificações comentadas anteriormente, os
processos são então transferidos à Financiadora, que tomará as providências necessárias à
formalização dos convênios, dentro de modelo operacional adotado peia empresa.
PERIÓDICOS APOIADOS PELO PROGRAMA SETORIAL DE PUBLICAÇÕES EM CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
Dentro da estratégia adotada e conforme recomendação do Comitê Editorial do CNPq são
listados os periódicos apoiados pelo Programa Setorial, agrupados por Área de Conhecimento:
Ciências Agrárias
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia (Fundação de Estudos e Pesquisas
em Medicina Veterinária e Zootecnia).
Revista Brasileira de Entomologia (Sociedade Brasileira de Entomologia).
Fitopatología Brasileira (Sociedade Brasileira de Fitopatología).
Ciências Biológicas
Brazilian Journal of Medicai and Biological Research (Associação Brasileira de Divulgação
Científica).
Revista Brasileira de Genética (Sociedade Brasileira de Genética).
Revista de Microbiologia (Sociedade Brasileira de Microbiologia).
Revista Brasileira de Zoologia (Sociedade Brasileira de Zoologia).
Ciências Exatas e da Terra
Revista Brasileira de Ciências Mecânicas (Associação Brasileira de Ciências Mecânicas).
Revista Brasileira de Física (Sociedade Brasileira de Física).
Revista Brasileira de Geociências (Sociedade Brasileira de Geologia).
Revista Brasileira de Geofísica (Sociedade Brasileira de Geofísica).
Revista de Matemática Aplicada e Computacional (Sociedade Brasileira de Matemática
Aplicada e Computacional).
— Química Nova (Sociedade Brasileira de Química).
Ciências Humanas e Sociais
Dados — Revista de Ciências Sociais (Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de
Janeiro).
Psicologia (Sociedade de Estudos Psicológicos).
Ciências da Saúde
Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (Instituto de Medicina Tro
pical de São Paulo).
CONCLUSÃO
Subsi'dios e Sugestões para
um Programa de Estímulo e Apoio a
Periódicos da Área da Educação*
Segundo o documento básico do Plano Integrado de Educação, constatase atualmente no pai's,
na área da Educação, a falta de mecanismos eficientes destinados à divulgação dos resultados
de pesquisas, estudos e experiências.
As publicações periódicas se mantêm com muita dificuldade e medidas integradas de
financiamento deveriam ser implementadas para que esses periódicos tivessem condições
mínimas de apresentação, cobertura e regularidade, de forma a poderem se constituir em canais
sistematizados de comunicação para uso da comunidade educacional brasileira.
Os periódicos, como veículo de comunicação científica, técnica e pedagógica de Educação,
precisam ser estimulados, de maneira efetiva e consistente, para que a informação seja
divulgada eficientemente entre os estudiosos dessa área e entre estes e os responsáveis pelo
planejamento e ação educacionais. Esse estímulo deverá atingir o produtor do conhecimento, o
editor do periódico e seu leitor.
É preciso que os que trabalham para o aumento do conhecimento e para o aprofundamento da
reflexão a respeito dos problemas educacionais do país, bem como os que atuam na
administração, no apoio técnico e na docência, se disponham a fazer circular rapidamente
relatos de seu trabalho sob a forma de artigos em periódicos; que instituições educacionais ou
organizações editoriais se dediquem a publicar periódicos de Educação, e que professores,
alunos, estudiosos, pesquisadores e técnicos, nas escolas, universidades e órgãos de
planejamento e ação, utilizem esses periódicos como instrumento privilegiado para a obtenção
de informação científica, tecnológica ou de prática educativa.
Para efeito de seleção de artigos de periódicos para serem indexados à Bibliografia Brasileira de
Educação — um dos produtos do Banco Central de Referências do Sistema de Informações
Bibliográficas em Educação (SIBE), administrado pelo INEP — foi levantada uma "lista básica de
periódicos da área da Educação". De acordo com essa lista cerca de 173 periódicos brasileiros
publicaram 1079 artigos de Educação no período de 1978 a 1980. Aparentemente esses
números indicam pujança e publicação de trabalhos da área.
* Documento final do Grupo de Trabalho constituído por Alberto Barbosa Viana, do Conselho
Editorial de Educação em Debate (UFCE); Lidia Alvarenga Neri, coordenadora do Sistema de
Informações Bibliográficas em Educação, Cultura e Desporto (INEP); Lólio Lourenço de Oli-
veira, editor de Cadernos de Pesquisa (FCC); Luis Antonio Marcuschi, do Conselho Editorial
de Ciência e Trópico; Nelly Ceres Ferreira, da Comissão Editorial de Intar-Ação (UFGO); e
Relinda Kohler, editora de Educar (UFPR).
a) por parte de instituições empregadoras, a vinculação da contratação, da manutenção
ou renovação do contrato, à publicação de certo número de artigos de qualidade; e
As conclusões desse Grupo de Trabalho, após as reuniões realizadas nos dias 15/08 e 18/11/83,
deram origem ao presente documento final constante de três partes distintas: 1) Subsídios
Gerais; 2) Sugestões para Operacionalização de um Programa de Estímulo e Apoio a Periódicos
da Área da Educação; e 3) Plano de Trabalho do GT.
Desses periódicos, aplicados critérios de produtividade (Neri & Alvarado) apenas 25 podem ser
considerados da área de Educação, sendo que dentre eles vários tiveram sua publicação inteira
ou temporariamente suspensa no período de 1980 a 1983.
A fragilidade dos periódicos e a dispersão dos artigos de importância para a Educação justificam
a presente proposta.
No estabelecimento das bases de um Programa de Apoio a Periódicos Brasileiros da Área da
Educação, para atendimento às necessidades dos especialistas da área, foi atribuído ao INEP,
uma das instituições encarregadas do "Plano Integrado"
1
, a tarefa de elaborar subsídios para seu
desenvolvimento.
Com essa finalidade o INEP decidiu promover esse Seminário, tendo por objetivo reunir um
grupo de profissionais responsáveis peia edição de periódicos brasileiros considerados os mais
produtivos da área, segundo estudo previamente realizado. Como recomendação ficou
estabelecida a criação de um Grupo de Trabalho para a elaboração de subsídios para um
Programa de Estímulo e Apoio a Periódicos da Área da Educação, composto de especialistas
indicados pelos participantes do Seminário.
SUBSIDIOS GERAIS
Formas de Estímulo e Apoio
Fomento à produção de artigos
Em diferentes situações deverão ser propostas, recomendadas, exigidas ou estabelecidas
medidas que incentivem o autor potencial de artigos a divulgar os resultados de seu trabalho. Por
exemplo:
b) valorização da produção de artigos nos concursos públicos.
Fomento à edição de periódicos
0 fomento à edição de periódicos dar-se-á mediante apoio financeiro para o que deve
rão ser considerados os seguintes aspectos:
a) identificação de instituições, centros de pesquisa, grupos de pesquisadores ou editoras
merecedores de apoio para a publicação de periódicos de educação; e
b) classificação de periódicos que tais entidades publicam ou pretedem publicar, conforme o
público alvo preferencial e o respectivo grau de consolidação.
1
PROGRAMA Integrado da Educação. Informativo 4, Brasília, INEP, 1982. p.7.
Fomento à difusão de periódicos
O fomento à difusão de periódicos dar-se-á mediante apoio à promoção, distribuição e
comercialização.
SUGESTÕES PARA OPERACIONALIZAÇÃO DE UM PROGRAMA DE ESTIMULO
E APOIO A PERIÓDICOS BRASILEIROS DA ÁREA DA EDUCAÇÃO
Introdução
A contribuição do Grupo de Trabalho aqui apresentada é de ordem geral, pois as deci-
sões quanto à organização de um Programa de Estímulo e Apoio a Periódicos da Área
da Educação deverão ser tomadas peia instituição que venha a gerir o programa a ser
criado.
Para a concessão de benefícios diretos do Programa deverão ser estabelecidos critérios
de qualificação dos periódicos para alocação dos recursos disponíveis. Entretanto, tor-
nar-se-á indispensável que os critérios sejam explicitados com toda a clareza e postos ao
alcance dos interessados; também é preciso cuidar para que a aplicação desses critérios
seja feita de maneira a não representar limitação da autonomia do periódico quanto à
sua orientação e atuação editorial. Nesse sentido a participação de um periódico nos
benefícios do programa não deve ser,a priori, definida pelo seu comportamento em fa-
ce de tal ou qual regra lhe seja imposta.
Objetivo
0 Programa de Estímulo e Apoio a Periódicos Brasileiros da Área da Educação tem co-
mo objetivo estimular a produção de conhecimento na área e apoiar a edição de perió-
dicos nacionais, estabelecendo como condição básica a adoção de medidas promoto-
ras do aperfeiçoamento desses veículos de comunicação formal.
Âmbito de Ação do Programa e Tipos de Periódicos
Embora o programa proposto tenha caráter permanente, o apoio concedido a cada
periódico deverá ter duração limitada, objetivando a gradativa auto-suficiência dos
mesmos.
Poderão ser apoiados instituições de ensino, centros de pesquisa, grupos de pesquisa-
dores e editores que tiverem tradição em publicação de periódicos de qualidade e se si-
tuarem na "Área da Educação", de acordo com o percentual de artigos publicados.
0 apoio pode ser dado tanto àqueles que mantenham uma periodicidade regular, como
aos que não a tenham mas apresentem a qualificação necessária, requerendo apenas
um impulso para sua consolidação.
Poderão também ser contemplados os periódicos emergentes, em especialidades ou
campos de estudos educacionais novos ou que venham a suprir lacunas em regiões geo-
gráficas desfavorecidas. Para tanto, os órgãos financiadores podem estabelecer comitês
de especialistas que analisem os projetos apresentados.
Tipos específicos de periódicos
Classificação por conteúdo
Periódicos Científicos — Aqueles que dedicam mais de 50% de seu conteúdo a artigos
assinados e resultantes de atividades de pesquisa. Esses artigos são caracterizados por sua
sistematicidade, metodologia e ineditismo, destinando-se basicamente à formação em nível de
pós-graduação, professores universitários, pesquisadores e administradores na área da
Educação;
Periódicos Técnicos — Aqueles que dedicam mais de 50% de seu conteúdo a artigos na forma
de ensaios, estudos, relatórios de reuniões, opiniões ou debates de especialistas em
determinados campos da Educação. Compreendem os destinados basicamente a professores e
administradores em todos os níveis; e
Periódicos de Divulgação e Prática Educativa — Os que dedicam mais de 50% de seu conteúdo
a planos de trabalho, planos de aula, relatórios de experiências da prática educativa, relatórios
de instituições, notícias e informes. Seriam aqueles voltados essencialmente para os educadores
em nível de pré-escola, 19 e 29 graus.
De acordo com pesquisa em andamento na Coordenadoria do SIBE/INEP, confirmado pelas
discussões do Seminário, os periódicos existentes no país pertencem, em sua grande maioria,
às categorias Científicos e Técnicos, destinando-se, portanto, a professores universitários,
alunos de pós-graduação, pesquisadores, administradores, políticos e estudiosos da educação
em seus aspectos históricos, sociológicos e científicos em geral, estando os professores,
principalmente os de 19 e 29 graus, desprovidos de instrumentos que atendam as suas
necessidades de atualização e enriquecimento da prática educativa e que possibilitem a
divulgação dos resultados de suas experiências.
Seria essa uma lacuna a ser considerada por qualquer programa de apoio na constituição de
seus parâmetros básicos de atendimento às necessidades do país em matéria de publicações
periódicas.
Para implementação desse apoio deverão ser definidos critérios e processos de avaliação
adequados à natureza específica de cada tipo de periódico.
Classificação por tempo de publicação
a) Periódicos existentes consolidados — Aqueles que tenham sido publicados:
por três anos, ou mais;
em mais de onze números; e
com periodicidade regular.
Supõe-se que os periódicos desta categoria, por disporem de recursos que lhes são re-
gularmente atribuídos pelas entidades que os editam e/ou por terem conseguido recursos
próprios por via de sua comercialização, têm pequeno risco de perecer. Pode ocorrer, no
entanto, necessidade de financiamento para superar dificuldade financeira circunstancial que
comprometa sua manutenção, ou para desenvolver algum projeto
de aperfeiçoamento de seu desempenho como veículo de divulgação científica, técni-
ca ou de divulgação e prática educativa.
b) Periódicos existentes incipientes — Aqueles que tenham sido publicados:
por menos de três anos;
em menos de doze números; e
com periodicidade irregular.
Supõe-se que os periódicos desta categoria ainda necessitam investir na qualidade edi-
torial e gráfica e na própria divulgação, para garantir sua manutenção. Poderão, por
isso, necessitar de recursos para promoção publicitária ou para custeio da produção do
período.
c) Periódicos a serem iniciados — Periódicos projetados, necessitando de recursos para
iniciar sua produção e lançamento no mercado. Os interessados devem assegurar a
existência dos requisitos mínimos estipulados pelo Programa, tais como os a seguir
exemplificados sobre o periódico, o pessoal e as instalações.
Condições para Participação no Programa
Apresentação de objetivos editoriais do periódico:
explicitação da natureza da matéria que se pretende divulgar e, complementarmen
te, do tipo de público que se pretende atingir.
Obediência aos requisitos mininos de apresentação para todos os tipos de periódicos,
ou seja, os técnicos, os científicos e os de divulgação e prática educativa:
folha de rosto
— expediente completo
legenda bibliográfica correta
2
— resumo
3
apresentação de sumário
numeração seqüencial das páginas do volume
referências bibliográficas contendo todos os elementos
4
2
ABNT. Legenda bibliográfica. NB 83.
3
ABNT. Resumos. NB 88.
4
ABNT. Referências Bibliográficas. NB66.
apresentação de índice anual
ISSN - Registro junto ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciências e Tecnologia (IBICT).
Registro do periódico em serviços secundários e bases de dados especializadas do Brasil e do
Exterior:
Brasil
Bibliografia Brasileira de Educação
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) Via N2
- Anexo I do MEC - 19 andar Caixa Postal 04/0366 70047 - Brasília-DF
Biblioteca Nacional
Av. Rio Branco, 219/39 20942
- Rio de Janeiro-RJ
Exterior
Resúmenes Analíticos en Educación
Centro de Investigación y Desarrollo de Ia Educación Erasmo
Escala, 1825 Casilla 13608 Santiago — Chile
Resources in Education
Educational Resources Information Center (ERIC) U. S.
Departament of Education Washington, DC - 20208
Bulletin Signaletique — Section 520 —
Sciences de l'Éducation
Centre Nacional de Ia Recherche Scientifique
Centre de Documentation Sciences Humaines
54 Bd. Raspail, BP 140
75260 - Paris - Cedex 06 - França
Education Index
H. W. Wilson Company
950 University Avenue
Bronx
New York- 10452-USA
Apresentação de cronograma editorial
Apresentação de programa de distribuição e comercialização
Comprovação de aspecto gráfico que favoreça o interesse e a leitura, tais como adequação do
papel e qualidade de composição, revisão, diagramação, impressão.
Apresentação de normas escritas de colaboração
Acompanhamento e Avaliação do Programa
Serão feitos anualmente em data anterior à programação de recursos para o exercício
seguinte, para que seja autorizada a dotação financeira ao periódico, mediante a apre-
sentação dos documentos e condições exigidos.
Outras Recomendações aos Editores de Periódicos
criar mecanismos de divulgação do periódico na comunidade nacional;
não restringir a colaboração somente a especialistas da instituição responsável pelo
periódico que deverá, também, conter artigos de autores vinculados a outras insti-
tuições congêneres;
— manter seção para divulgação de pesquisas em andamento na própria instituição e
em outras da região em que a instituição responsável se localize; e
apresentar mecanismos de feedback dos leitores para suporte às revisões anuais da
política editorial e estudos de avaliação pelo órgão coordenador do Programa como,
por exemplo, formulário de avaliação, na forma de encarte, no próprio periódico.
Referências Bibliográficas
FERREIRA, Nelly Ceres. Subsídios para elaboração do programa de apoio aos perió-
dicos da área de educação. Goiânia, Faculdade de Educação, s.d. 4p. dat.
MENDES, Rosa Emilia de Araújo. Sugestões propostas peia revista AMAE Educando
ao programa de estímulo e apoio a revistas científicas e técnico-pedagógicas na área
da educação. Belo Horizonte, AMAE, 1983. 4p. dat.
NERI, Lídia A. Programa de estímulo e apoio a periódicos brasileiros da área de edu-
cação; proposta baseada nos documentos básicos apresentados para estudo ao grupo
de trabalho originado no Seminário de Publicações Periódicas da Área da Educação.
Brasília, INEP, 1983. 8p. dat.
& URBIZAGASTEGUI ALVARADO, Ruben. Estudo de produtividade e ava
liação de periódicos brasileiros da área da educação. Brasília, INEP, 1983. 17p. dat.
OLIVEIRA, Lólio Lourenço. Programa de estímulo e apoio a revistas científicas na
área da educação. São Paulo, Fundação Carlos Chagas, 1982. 5p. dat.
ENCERRAMENTO
Pronunciamento da Profa.
Lena Castello Branco Ferreira Costa,
Diretora-Geral do INEP
Chegamos ao fim deste Seminário. Acompanhei os trabalhos através de relatos que me
foram feitos diariamente pelo prof. Paulo de Tarso Carletti, e quero me parabenizar
com todos pelo êxito e pelo bom nível dos trabalhos que aqui se desenrolaram.
É um encerramento muito simples. À oportunidade, faço votos de que as idéias aqui
lançadas — no bom sentido de sementes, presente na origem etmológica da palavra se-
minário, se me permite o prof. Ático Frota Vilas Boas da Mota, do IBECC — realmente
frutifiquem, e que as nossas publicações na área da Educação venham a adquirir aque-
le nível e aquela regularidade que nós todos almejamos.
Passo a palavra ao prof. Paulo de Tarso Carletti que certamente quererá se despedir dos
novos amigos. Antes de fazê-lo, gostaria ainda de ressaltar o trabalho desenvolvido peia
equipe do INEP, com destaque para o prof. Francisco Salatiel de Alencar Barbosa e
para as prof?s Lídia Alvarenga Neri e Vera Maria Arantes, enfim toda a equipe do
SIBE/CIBEC. A todos, o meu muito obrigada. 0 trabalho desse grupo foi fundamental
para o êxito deste Seminário e desejo deixar aqui registrado, portanto, o meu agradeci-
mento público.
Pronunciamento do Prof. Paulo de Tarso Carlleti,
Diretor de Documentação e Informação do INEP
Por ocasião do encerramento deste Seminário, gostaríamos de fazer uma colocação, re-
fletindo o significado e o alcance da decisão assumida por todos os participantes, no
sentido de constituir-se um grupo de trabalho que em breve lapso de tempo, pudesse
apresentar propostas concretas para a viabilização de um Programa de Apoio aos Pe-
riódicos na Área da Educação.
As discussões que precederam esta importante meta levantaram fundamentalmente o
problema básico da comunicação, imbricado nas questões da forma e dos processos
editoriais. O que seria mesmo a comunicação? Como se comunica? qual o seu conteú-
do? Até onde o agente pretende chegar? Em resposta a todos esses questionamentos,
o Seminário apresentou um universo o mais variado possível, ao tratar de diversos ti-
pos de publicações, desde as mais despretensiosas até aquelas que veiculam uma ex-
pressiva contribuição à ciência, ao saber e à arte de educar.
Na verdade, o mundo da comunicação — em seu sentido bem amplo — conduz-nos
sempre a alguma mudança de mentalidade, de comportamento, que os psicólogos e os
filósofos explicitam em termos da verdade daquilo que se quer comunicar. 0 problema
da verdade tem que ser considerado: de uma verdade que não está na cabeça de cada
um, mas daquela que se pauta por critérios, pela evidência de um objeto que está além
de nós, ao ser-nos oferecido e posto ao nosso alcance.
Essa colocação para o comunicador — gráfico ou editorial — é muito importante; não
no sentido que a publicação tenha necessariamente de ser impessoal, distante de pers-
pectivas também subjetivas. Contudo, temos de unir esse fator àquele outro da publica-
ção, ou seja, do significado daquilo que se transmite, à realidade (verdade) que ela quer
fazer circular entre as pessoas a fim de mudar, acrescentar ou somar-lhe algo mais.
Por tudo isso, entendemos que a contribuição deste Seminário para o desenvolvimento
futuro dos periódicos como veículos de comunicação científica, técnica e pedagógica
na área da Educação foi muito valiosa, principalmente pelo estímulo que veio trazer
não só aos produtores do conhecimento, mas também ao editor e aos conselhos edito-
riais, na busca de critérios e normas gerais de publicação.
E o INEP se sente feliz tanto pelo fato de ter proporcionado esta ocasião de encontro
aos profissionais responsáveis peia editoração de periódicos os mais produtivos da área
educacional no Brasil, como pelas perspectivas que ora se abrem à operacionalização dos
objetivos e metas através da atuação de um grupo de trabalho que se debruçará sobre os
problemas aqui levantados a fim de elaborar subsídios para um Programa de Apoio.
0 Seminário, no meu entender, foi extremamente rico nas avaliações a que submeteu o
setor de editoração da área educacional, sobretudo ao situar os materiais para levar
adiante projetos e empreendimentos de largo alcance. Tudo isso que faz parte da nossa
realidade e é também problema nosso, do INEP, tem de ser equacionado, tem de ser posto
em seus devidos termos, tem de ser formulado para se chegar a uma solução,
Agradeço, finalmente, a participação de todos os que acolheram tão bem o nosso convite,
bem como o esforço e a dedicação daqueles que colaboraram diretamente na organização,
coordenação e execução dos trabalhos. Além disso, em nome de nossa Diretora, coloco o
INEP à disposição de todos: sintam-se entre nós como se estivessem em suas próprias
casas.
Muito obrigado.
ANEXO
Participantes do Seminário
ALBERTO BARBOSA VIANA Universidade Federal
do Ceará — UFCE Revista "Educação em Debate"
End. resid.: Rua Joaquim Bastos, 484 60000
Fortaleza-CE - Tel. : (085) 227-7024
ANTONIO AGENOR BRIQUET DE LEMOS
Ministério da Saúde
Centro de Documentação
Esplanada dos Ministérios - Bloco G - Térreo
70058 Brasília-DF - Tel.: (061 ) 226-8282
ANTONIO MARCELO
Folha de S. Paulo
Editoria de Educação
End. resid.: Rua Monsenhor Manuel Vicente, 89 - casa 10 - Vila Mariana
04120 São Paulo-SP - Tel. : (011 ) 220-0011
ANTONIO PRÁXEDES
Ministério da Educação e Cultura
Coordenação de Comunicação Social
Esplanada dos Ministérios - Bloco L - 99 andar - sala 905
70047 Brasília-DF - Tel. : (061 ) 223-9297
ANTONIO PUHL
Associação de Educação Católica do Brasil
End. resid.: Av. Estácio de Sá, 29
20511 Niterói-RJ - Tel.: (021) 719-5773
ÁTICO FROTA VILAS BOAS DA MOTA
Instituto Brasileiro de Educação, Ciências e Cultura — IBECC
End. resid.: Rua Mário Portela, 161 - Bloco C - apto 102 - Laranjeiras
22241 Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (021) 263-9919 (residência)
BEATRIZ ALEXANDRINA DE MOURA FETIZON
Universidade de São Paulo — USP
End. resid.: Rua Albuquerque Lins, 634 - apt° 28 - Sta. Cecília
01230 São Paulo-SP - Tel. : (011 ) 825-3532 (residência)
BEATRIZ MARINA DANTAS DE ATHAYDE Secretaria de
Educação e Cultura de Mato Grosso Revista "Educação
em Mato Grosso" End. resid.: Rua das Cerejas, 493 -
Bosque da Saúde 78000 Cuiabá-MT - Tel.: (065) 321-
4108 (residência)
CÂNDIDA ROCILDADA MELO OLIVEIRA
Secretaria de Ensino de 19 e 29 Graus - SEPS
Assessoria Especial
Esplanada dos Ministérios - Bloco L - 59 andar - sala 522
70047 Brasília-DF - Tel.: (061 ) 223-8042 (residência)
CELESTE VELASCO TORQUATO
Revista "Tecnologia Educacional"
Conselho Editorial
End. resid.: Rua Tiradentes, 210 - Ingá
24210 Niterói-RJ - Tels. : (021 ) 551 -7295; 718-3462 (residência)
CHARLES PESSANHA
Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro — IUPERJ
"Dados" — Revista de Ciências Sociais
End. resid. : Estrada de Itaipu, 777 - Jardim Ubá
24000 Niterói-RJ -Tel.: (021) 286-0996
DAMIÃO RAMOS CAVALCANTI
Secretaria de Educação e Cultura da Paraíba
End. resid.: Rua das Trincheiras, 619 - Jaguaribe
58000 João Pessoa-PB - Tels. : (083) 221-8211 r. 123,221-3334 (residência)
EDUARDO BRITO DA CUNHA
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior — CAPES
Esplanada dos Ministérios - Bloco L - Anexo I - 49 andar - sala 411 70047
Brasília-DF -Tel.: (061) 225-2350
FLÁVIO GONÇALVES DA ROCHA CASTRO
Secretaria de Ensino de 19 e 29 Graus - SEPS
Editoração
End. resid.: SQS 410 - Bloco C - apt9 302
70276 Brasília-DF - Tel.: (061) 242-2765 (residência)
FRED JORDAN
Desenhista Gráfico
Caixa Postal 564 - Granja Viana
06700 Cotia-SP - Tel. : (011 ) 492-2694 (residência)
GETÚLIO PEREIRA CARVALHO
Ministério da Educação e Cultura
Secretaria Geral
Esplanada dos Ministérios - Bloco L - 7° andar - sala 706
70047 Brasília-DF
GILDA MARIA BRAGA
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia — IBICT
End. resid.: Rua Ribeiro de Almeida, 16
22240 Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (021) 275-6746
JADER DE MEDEIROS BRITO
Ministério da Educação e Cultura
End. resid.: Rua Siqueira Campos, 143 - Bloco A - apto 1503
22031 Rio de Janeiro-RJ
JEANNETTE MARGUERITE KREMER
Universidade Federal de Minas Gerais — UFMG
Escola de Biblioteconomia
End. resid.: Rua Eduardo Porto, 572 - Cidade Jardim
30000 Belo Horizonte-MG - Tel.: (031) 335-7073 (residência)
JOÃO SALVADOR FURTADO
Instituto de Botânica
End. resid.: Rua Getúlio Vargas Filho, 445
04318 São Paulo-SP - Tel.: (011) 275-0248 (residência)
LEILA CASTELO BRANCO
Senado Federal
Comissão Brasileira de Publicações Oficiais
Senado Federal - Anexo - 229 andar - Edições Técnicas
70000 Brasília-DF
LIA ROSEMBERG
Associação Nacional de Educação — ANDE
End. resid.: Rua Martinico Prado, 90 - apt° 14
01224 São Paulo-SP - Tel. : (011 ) 2206808 (residência)
LÓLIO LOURENÇO DE OLIVEIRA
Fundação Carlos Chagas
Cadernos de Pesquisa
End. resid.: Av. Près. Giovanni Gronchi, 2400
05651 São Paulo-SP - Tel. : (011 ) 241-7082 (residência)
LUCILIA HELENA GARCEZ
Secretaria de Ensino Superior — SESU
Esplanada dos Ministérios - Bloco L - 39 andar - sala 307
70047 Brasília-DF
LUIS ANTÔNIO MARCUSCHI
Revista "Ciência & Trópico"
Conselho Editorial
End. resid.: 17 de Agosto, 892 - apt9 1403
50000 Recife-PE - Tel.: (081) 268-5500 (residência)
LUIS FELIPE BAETA NEVES FLORES
Fundação Getúlio Vargas
Instituto de Estudos Avançados em Educação — IESAE
End. resid.: Rua Almirante Alexandrino, 1808 - subs. - apt
0
302
20241 Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (021) 252-3963 (residência)
MAGALY BELCHIOR DA MOTA
Universidade Federal Fluminense — UFF
Revista da Faculdade de Educação da UFF
End. resid.: Av. Rui Barbosa, 456 - Saco de S. Francisco
24250 Niterói-RJ - Tel. : (021 ) 711 -3431 (residência)
MÁRCIA MAGALHÃES AGUIAR
Secretaria de Ensino de 19 e 29 Graus - SEPS
Setor de Editoração e Intercâmbio
End. resid.: SON 308 - Bloco B - apt9 607
70000 Brasília-DF -Tel.: (061) 274-2140 (residência)
MARIA ALMEIDA SALLES TRAMONTI
Fundação Centro Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal para a Formação
Profissional - CENAFOR
Serviço de Informação
End. resid.: Rua Rodolfo Miranda, 636
01121 São Paulo-SP-Tel.: (011) 228-1922 (residência)
MARIA BEATRIZ MOREIRA LUCE
Revista Brasileira de Administração da Educação
End. resid.: Av. Cavalhada, 5205 - apt9 82
90000 Porto Alegre-RS -Tel.: (051) 248-1217 (residência)
MARIA CÉLIA BUENO
Revista "AMAE Educando"
End. resid.: Rua Benvinda de Carvalho, 263 - apt9 32 - Santo Antonio
30000 Belo Horizonte-MG - Tel.: (031) 221-7972 (residência)
MARIA DE LOURDES MORALES HORIGUELA
Universidade Estadual de São Paulo — UNESP
Revista "Didática"
End. resid.: Av. Carlos Gomes, 222
17500 Marília-SP - Tel.: (0144) 133-4589 (residência)
MARIA DIAS BICALHO
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária — EMBRAPA
End. resid.: SQS 203 - Bloco J - apt9 507
70000 Brasília-DF - Tel.: (061) 225-1677 (residência)
MARIA VIRGINIA DOS SANTOS SILVA
Universidade Federal de Santa Maria — UFSM
Revista do Centro de Educação da UFSM
End. resid.: Rua Quintino Bocaiúva, 366 - apto 602
97100 Santa Maria-RS - Tel.: (055) 221-8458 (residência)
MARIETA CRUZ DIAS TEIXEIRA
Universidade Federal de Goiás
Coordenação de Editoração
End. resid.: Av. Venerando de Freitas Borges - Q. 28 - Lote 16 - Setor Jaó
74000 Goiânia-GO - Tel.: (062) 261-5101 (residência)
MARILURDES FERRAZ
Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco
Grupo de Trabalho Editorial
End. resid.: Av. Visconde de Suassura, 874 - apt
0
602 - Boa Viata
50000 Recife-PE -Tel.: (081) 231-7159 (residência)
MILTON NOCETTI
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária — EMBRAPA
End. resid.: SON 313 - Bloco F - apt9 412
70000 Brasília-DF -Tel.: (061) 274-2902 (residência)
MIRIAN DALVA LIMA MARTINS
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária — EMBRAPA
Edifício Venâncio 2000 - Bloco B - subsolo
70333 Brasília-DF
NEWTON DINIZ DE ANDRADE
Centro Nacional de Informação Documental Agrícola — CENAGRI
Coordenação de Editoração
End. resid.:SQS 415- Bloco C - apt
o
111
70298 Brasília-DF - Tel.: (061) 243-5572 (residência)
NORMA MARQUÊS ELEUTÉRIO
Ministério da Educação e Cultura
Coordenação de Comunicação Social
Esplanada dos Ministérios - Bloco L - 99 andar - sala 910
70047 Brasília-DF -Tel.: (061) 223-2209 (residência)
OTACIANO NOGUEIRA
Universidade de Brasília — UnB
End. resid.: SQS 106 - Bloco J - apto 504
70345 Brasília-DF - Tel.: (061) 243-9278 (residência)
PAULO ALBUQUERQUE MELO Coordenação
Editorial do CNPq Av. W3 Norte - Quadra 507 -
Bloco B - 39 andar 70740 Brasília-DF -Tel.: (061)
273-2710
PIERRE HENRI LUCE
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nivel Superior — CAPES
Esplanada dos Ministérios - Bloco L - Anexo I - 49 andar - sala 409 70047
Brasília-DF - Tel.: (061) 225-1821 (residência)
RELINDA LOHLER
Universidade Federal do Paraná — UFPR
Departamento de Biblioteconomia
End. resid.: Rua Carlos de Carvalho, 1523 - apt
o
401
80000 Curitiba-PR - Tel.: (041) 224-1666 (residência)
ROBERTO AMARAL VIEIRA
Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente — FEEMA
End. resid.: Rua Marquês de São Vicente, 390 - apt
o
204 22451
Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (021) 234-0731 (residência)
ROBERVAL CRUZ
Financiadora de Estudos e Projetos — FINEP
End. resid.: Rua Monsenhor Marques, 550 — Jacarepaguá
22700 Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (021) 392-0577 (residência)
ROBSON ACHIAMÉ FERNANDES
Edições Achiamé
Conselho Editorial
End. resid.: Rua Itapurucá, 26 - apt° 602 - Tijuca
20541 Rio de Janeiro-RJ
ROSA EMI'LIA DE ARAÚJO MENDES
Associação Mineira de Administração Escolar — AMAE
End. resid.: Rua Esmaltina, 10 - apt
o
302
30000 Belo Horizonte-MG - Tel.: (031 ) 3463-804 (residência)
ROVILDO COSTA
Universidade Federal do Rio Grande do Sul — UFRS
Faculdade de Educação
Av. Paulo Gama, s/n - Bairro Bomfim
90000 Porto Alegre-RS
SUSANE BARROS CORRÊA
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC End.
resid.: Rua Toneleros, 89 - apt
o
801 - Copacabana 22030 Rio de
Janeiro-RJ - Tel.: (021) 257-5898 (residência)
TÂNIA GONÇALVES DE ARAÚJO
Universidade Federal Fluminense — UFF
Revista da Faculdade de Educação da UFF
End. resid.: Rua Dr. Paulo Alves, 117 - apto 202 - Niterói
24210 Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (021) 719-9009; 718-5680 (residência)
UBALDINO DANTAS MACHADO
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária — EMBRAPA
Departamento de Difusão de Tecnologia
Edifício Venâncio 2000 - 29 subsolo
70302 Brasília-DF - Tel.: (061) 226-4417 (residência)
WALTER ESTEVES GARCIA
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico — CNPq
End. resid.: SQS 102 - Bloco G - apt° 103
70000 Brasília-DF - Tel.: (061) 223-9580 (residência)
YONE SEPÚLVEDA CHASTINET
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia — IBICT
SCRN 708/709 - Bloco B - Loja 18 - n. 30
70740 Brasília-DF - Tel.: (061) 274-4424 (residência)
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais — INEP
Esplanada dos Ministérios - Bloco L - Anexo I - 1° andar 70047
Brasília-DF - Tel. : 224-1351
Lena Castello Branco Ferreira Costa (Diretora-Geral)
Paulo de Tarso Carletti (Diretor de Documentação e Informação)
Francisco Salatiel de Alencar Barbosa (Coordenador do Seminário)
Lídia Alvarenga Neri (Coordenadora do SIBE)
Vera Maria Arantes (Coordenadora de Editoração e Divulgação)
Ana Pais Ruas da Costa Campos
— Antônio Bezerra
Darcy Souto da Cunha
Norma Walderez Santos Pereira de Castro
Regina Maria Soares
Roberto C. Furtado
Rubem U. Alvarado
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