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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
WILSON DONIZETI FERNANDES
SÃO PAULO
2010
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Paulista
UNIP para a obtenção do título de mestre
em Engenharia de Produção.
A METROLOGIA COMO ELEMENTO
BÁSICO PARA A QUALIDADE
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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
A METROLOGIA COMO ELEMENTOSICO PARA A
QUALIDADE
WILSON DONIZETI FERNANDES
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Paulista UNIP como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre em Engenharia de
Produção
Área de concentração: Engenharia de Produção
Orientador: Profº Dr. Pedro Luiz de Oliveira Costa
Neto
SÃO PAULO
2010
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Fernandes, Wilson Donizeti
A metrologia como elemento básico para a qualidade / Wilson
Donizeti Fernandes – São Paulo, 2010.
266 f.:il. Color.
Dissertação (mestrado) – Apresentada ao Instituto de Ciências
Exatas e Tecnologia da Universidade Paulista, São Paulo, 2010.
Área de Concentração: Gestão de sistemas de operação
“Orientação: Prof. Dr. Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto”
1. Calibração. 2. Rastreabilidade. 3. Confiabilidade metrológica. 4.
Incerteza da medição. I. Título.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade DEDICATÓRIA
III
DEDICATÓRIA
À minha família, pela compreensão nos
momentos em que estive ausente. Aos
meus amigos, pelo apoio e incentivo
dados em cada etapa do curso.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade AGRADECIMENTOS
IV
AGRADECIMENTOS
Em especial, ao Prof. Dr. Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto, pela imensa
dedicação, paciência e sabedoria em suas orientações e aulas.
Ao Prof. Dr. Oduvaldo Vendrametto, pela seriedade demonstrada em todas as
fases do curso.
Ao gerente do Departamento de Automação Industrial, da Faculdade de
Tecnologia “Mariano Ferraz”, Senhor José Ricardo da Silva, pela colaboração e
grande incentivo.
A todo corpo docente do Programa de Mestrado da UNIP que, de alguma
forma, transmitiu ensinamentos e experiências importantes para a minha formação
profissional.
À bibliotecária do Senai, Dulceni Maria Paglione de Oliveira pelas importantes
orientações.
A todo Departamento Técnico SENAI que, em alguns momentos, proveu
subsídios para o desenvolvimento do meu trabalho.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade EPÍGRAFE
V
“Crescer significa mudar e mudar envolve
riscos, uma passagem do conhecido para
o desconhecido”
Autor desconhecido
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade RESUMO
VI
ÍNDICE
Resumo .............................................................................................................. XI
Abstract .............................................................................................................. X
Lista de Figuras ................................................................................................. XI
Lista de Quadros ............................................................................................... XIII
Lista de Gráficos ............................................................................................... XIV
Lista de Abreviaturas e Siglas ......................................................................... XV
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ...........................................................................
17
1.1 Apresentação do Trabalho............................................................................. 17
1.2 Justificativa ....................................................................................................
19
1.3 Objetivo Geral ............................................................................................... 21
1.3.1 Objetivos Específicos ................................................................................. 21
1.4 Metodologia ...................................................................................................
21
1.5 Estrutura ........................................................................................................
22
CAPÍTULO 2 – METROLOGIA ...........................................................................
25
2.1 Histórico da Metrologia ..................................................................................
25
2.1.1 Primeiras Medidas de Comprimento .......................................................... 25
2.1.2 Definição do Metro ..................................................................................... 29
2.1.3 A Convenção do Metro ...............................................................................
31
2.1.4 O Surgimento de Outras Unidades ............................................................ 35
2.2 Estrutura da Metrologia .............................................................................. 40
2.2.1 Estrutura Mundial da Metrologia ................................................................ 40
2.2.2 Estrutura Nacional da Metrologia ............................................................... 42
2.2.3 Acordos de Reconhecimento Mútuo .......................................................... 45
2.3 Sistema Internacional de Unidades – SI ....................................................... 47
2.3.1 Múltiplos e Submúltiplos das Unidades do SI ............................................ 50
2.4 Vertentes da Metrologia ................................................................................ 51
2.4.1 Metrologia Científica .................................................................................. 51
2.4.2 Metrologia Legal ........................................................................................ 53
2.4.3 Metrologia Industrial ................................................................................... 55
2.5 Como a Metrologia Chega ao Processo ....................................................... 57
2.5.1 Controle da Qualidade ............................................................................... 60
2.5.2 Erros de Medão ....................................................................................... 62
2.6 A Importância da Calibração ......................................................................... 66
2.7 Seleção de Sistemas de Medição ................................................................. 71
2.8 Confiabilidade Metrológica ............................................................................ 75
2.9 Incerteza da Medão e a Rastreabilidade .................................................... 80
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade RESUMO
VII
2.9.1 Conceitos de Incerteza da Medição ........................................................... 80
2.9.2 Conceitos de Rastreabilidade Metrológica .................................................
84
CAPÍTULO 3 – QUALIDADE ..............................................................................
88
3.1 Histórico da Qualidade .................................................................................. 88
3.2 Conceitos da Qualidade ................................................................................ 95
3.3 Abordagem Econômica da Qualidade ...........................................................
99
3.4 Qualidade e Produtividade ............................................................................ 106
3.5 Controle da Qualidade .................................................................................. 110
3.6 Qualidade em Serviços ................................................................................. 112
3.6.1 Classificação dos Serviços .........................................................................
116
3.6.2 Dimensões da Qualidade em Serviços ...................................................... 118
3.6.3 Clientes e Serviços .....................................................................................
120
3.7 Intercambiabilidade, Padronização e Normalização ..................................... 122
3.7.1 Intercambiabilidade .................................................................................... 122
3.7.2 Padronização e Normalização ................................................................... 125
3.8 Sistemas de Gestão da Qualidade ................................................................
129
3.8.1 Princípios da Gestão da Qualidade ............................................................
131
CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA ........................................................................
137
4.1 Metodologia da Pesquisa .............................................................................. 137
4.1.1 Métodos de Pesquisa .................................................................................
137
4.1.1.1 Pesquisa Qualitativa ................................................................................
137
4.1.1.2 Pesquisa Quantitativa ............................................................................. 138
4.1.1.3 Pesquisa Exploratória ............................................................................. 138
4.2 Técnicas de Pesquisa ................................................................................... 139
4.2.1 Pesquisa de Campo ................................................................................... 139
4.2.2 Pesquisa Bibliográfica ................................................................................ 140
4.2.3 Estudo de Caso ..........................................................................................
140
4.2.4 Pesquisa-Ação ........................................................................................... 141
4.2.5 Pesquisa Participante ................................................................................ 141
4.2.6 Entrevista ................................................................................................... 141
4.2.7 Questionário ............................................................................................... 142
4.3 Considerações sobre as amostras utilizadas ................................................
142
4.4 Delineamento da Presente Pesquisa ............................................................ 143
CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO ............................................................ 145
5.1 Pesquisa Junto à RBC .................................................................................. 145
5.1.1 Resultados da Pesquisa na RBC ............................................................... 145
5.2 Pesquisa Junto às Empresas ........................................................................
151
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade RESUMO
VIII
5.2.1 Resultado da Pesquisa nas Empresas ...................................................... 152
5.3 Considerações .............................................................................................. 174
5.4 Relacionamento entre as Dimensões da Qualidade e a Metrologia ............. 178
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO ............................................................................
181
6.1 Quanto ao Objetivo Geral ..............................................................................
181
6.2 Quanto aos Objetivos Específicos ................................................................ 182
6.3 Contribuições da Pesquisa e Considerações Finais ..................................... 184
6.4 Sugestões de Trabalhos Futuros .................................................................. 186
REFERÊNCIAS ...................................................................................................
188
ANEXOS.............................................................................................................. 196
Anexo A ...............................................................................................................
196
Anexo B ...............................................................................................................
198
Anexo C ...............................................................................................................
209
Anexo D ...............................................................................................................
211
Anexo E ...............................................................................................................
215
Anexo F ............................................................................................................... 219
Anexo G .............................................................................................................. 223
Anexo H ...............................................................................................................
226
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade RESUMO
IX
RESUMO
A Metrologia, definida como a ciência da medição, tem como foco principal prover
confiabilidade, credibilidade e universalidade às medidas. Como as medições estão
presentes, direta ou indiretamente, em quase todos os processos de produção
industrial de tomada de decisão, a abrangência da Metrologia é imensa, envolvendo
a indústria, o comércio, a saúde, a segurança, a defesa e o meio ambiente, entre
outros. Estima-se que cerca de 4 a 6% do PIB nacional dos países industrializados
sejam dedicados aos processos de medição. Um dos principais fatores de
competitividade das empresas produtoras de bens de consumo está no seu
processo produtivo. O objetivo principal deste trabalho foi pesquisar a interface entre
os conceitos, princípios e ferramentas da Qualidade e a prática da Metrologia,
buscando-se caracterizar a contribuição da Metrologia para se atingir a Qualidade
nos sistemas produtivos. Realizou-se uma pesquisa sobre a cultura metrológica
dentro das empresas e suas relações com a Qualidade na conformação de
produtos, com ênfase em três importantes elementos-chave da Metrologia: a
Calibração, a Rastreabilidade Metrológica e a Incerteza da Medição. Para tanto, foi
conduzida uma pesquisa por amostragem em dois universos: o das instituições
acreditadas pelo Inmetro, pertencentes à RBC – Rede Brasileira de Calibração,
mediante um questionário aberto respondido por especialistas, visando a
consolidação de conceitos, e o das empresas, mediante um questionário fechado
respondido por profissionais ligados às áreas de Metrologia e Qualidade. Este
segundo questionário, respondido por 60 entrevistados, mostrou que 55 das
empresas asseguram confiabilidade nas medições através da calibração.
Relacionado a esse resultado, 43% das empresas procuram a RBC para realizar a
calibração de seus instrumentos e sistemas de medição, o que reforça a importância
da Rastreabilidade Metrológica para as organizações. Em relação à Rastreabilidade
Metrológica, 45 dos pesquisados atribuíram a ela importância alta e muito alta. A
pesquisa também constatou o uso de diversas ferramentas usuais da Qualidade na
interface com as atividades da Metrologia, com destaque para o CEP Controle
Estatístico do Processo, o FMEA Failure Mode and Effect Analysis e o MSA
Mensurement Systems Analysis. Os resultados da pesquisa permitem inferir que a
utilização dos controles metrológicos confiáveis, denominados neste trabalho de
sistemas e instrumentos de medição, reduz os custos com trabalho e retrabalho e
influencia diretamente na qualidade dos produtos e serviços, além de agregar
credibilidade para as empresas que os adotam.
Palavras-chaves: Metrologia, Qualidade, Calibração, Rastreabilidade e Incerteza da
Medição.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade SUMÁRIO
X
ABSTRACT
Metrology, defined as the science of measurement, is focused to provide reliability,
credibility and universality of the measures. As the measurements are present,
directly or indirectly, in virtually all industrial production processes of decision making,
the scope of Metrology is immense, involving industry, trade, health, safety, defense
and environment, among others. It is estimated that approximately 4 to 6% of
national GDP of the industrialized countries are dedicated to the measurement
processes. One of the main factors affecting the competitiveness of companies
producing consumer goods is on its production process. In this context, the main
objective of this study was to investigate the interface between the concepts,
principles and tools of Quality and practice of Metrology, seeking to characterize the
contribution of Metrology to achieve Quality in production systems. Thus, we carried
out a research on the metrological culture within the company and its relationship to
Quality in the conformation of products, with emphasis on three important key
elements of Metrology: Calibration, Traceability and Metrological Uncertainty of
Measurement. For this, we conducted a survey sample into two realms: that of
institutions accredited by Inmetro belonging to RBC - Brazilian Calibration Network,
through an open questionnaire answered by specialists, aimed at consolidation of
concepts, and business, through a questionnaire Closed answered by professionals
from the areas of Metrology and Quality. This second questionnaire answered by 60
respondents, showed that 55 companies provide reliable measurements through
calibration. Related to this result, 43% of RBC companies seek to make a calibration
of their instruments and measuring systems, which reinforces the importance of
Metrological Traceability for organizations. Also with respect to Metrological
Traceability, 45 of those surveyed attributed high to it and very high importance. The
survey also found the use of several usual tools for Quality at the interface with the
activities of Metrology, notably the CEP - Statistical Process Control, FMEA - Failure
Mode and Effect Analysis and MSA - Mensurement Systems Analysis. The survey
results allow us to infer that the use of reliable metrological controls, called in this
work of systems and measuring instruments, reduces labor costs and rework and
thus directly influences the quality of products and services, and adds credibility to
the companies that adopt.
Keywords: Metrology, Quality, Calibration, Traceability and Uncertainty of
Measurement
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade LISTA DE FIGURAS
XI
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Padrões baseados nas dimensões do corpo ....................................
26
Figura 2 Cúbito Egípcio .................................................................................. 27
Figura 3 O côvado .......................................................................................... 28
Figura 4 Protótipo de bronze número 11 da jarda .......................................... 29
Figura 5 Detalhe da extremidade da barra protótipo de bronze número 11
da jarda
29
Figura 6 Protótipo 27 (em “X” do metro padrão)..............................................
31
Figura 7 mpada de vapor de criptônio 86 ................................................... 33
Figura 8 Laser estabilizado de hélio – neon ................................................... 34
Figura 9
Padrões de massa do Pound troy e Pound avoirdupois ...................
36
Figura 10
Protótipo do quilograma dos arquivos do BIPM ............................... 38
Figura 11
Protótipos de massa do quilograma utilizados pelo NIST na sua
divisão de produção de tecnologia
39
Figura 12
Estrutura Mundial da Metrologia .......................................................
41
Figura 13
Composição do Sinmetro ................................................................. 43
Figura 14
Composição do Conmetro ................................................................ 43
Figura 15
Estrutura Metrológica Brasileira ........................................................
45
Figura 16
As sete unidades de base do SI ....................................................... 48
Figura 17
Formação de unidades com símbolos e nomes especiais ............... 49
Figura 18
Áreas de atuação da Metrologia .......................................................
51
Figura 19
Interação da Metrologia com o processo produtivo ..........................
57
Figura 20
Hierarquia da Rastreabilidade .......................................................... 60
Figura 21
Erros sistemáticos e aleatórios .........................................................
64
Figura 22
Processo de melhoria contínua ocasionado pelo processo de
calibração
68
Figura 23
Graus de proteção IP ........................................................................
73
Figura 24
Agentes que exercem influência no resultado das medições ...........
77
Figura 25
Diagrama representativo do processo de medição e as fontes de
erros que afetam o resultado das medições
79
Figura 26
Zona de especificação diminuída devido à incerteza da medição ... 81
Figura 27
Zona de conformidade menor que a zona de especificação devido
à incerteza da medão
82
Figura 28
Metodologia para cálculo da incerteza da medição – ISO GUM ...... 84
Figura 29
Estabelecimento da Rastreabilidade Metrológica .............................
85
Figura 30
Caminhos para a obtenção da Rastreabilidade Metrológica ............ 86
Figura 31
Eras da Qualidade ............................................................................ 88
Figura 32
Relacionamento e consequências da Qualidade e Produtividade ... 107
Figura 33
Qualidade, Produtividade e Competitividade ....................................
109
Figura 34
Fluxo de entradas e saídas de uma empresa .................................. 120
Figura 35
Níveis de Normalização ....................................................................
128
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade LISTA DE FIGURAS
XII
Figura 36
Malha de controle dos processos de trabalho de uma organização 131
Figura 37
Ferramentas de interface entre a Metrologia e a Qualidade ............ 157
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade LISTA DE QUADROS
XIII
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Prefixos SI ...................................................................................... 50
Quadro 2 Custos da Qualidade ...................................................................... 100
Quadro 3 Principais aspectos físicos da percepção .......................................
115
Quadro 4 Dimensões de um processo de serviço ..........................................
117
Quadro 5 Dimensões da Qualidade ............................................................... 119
Quadro 6 Comparação entre as dimensões de Parasuraman e Garvin ........ 119
Quadro 7 Grandezas de base e unidades de base do SI .............................. 203
Quadro 8 Exemplos de unidades derivadas do SI, expressas a partir de ......
unidades de base
203
Quadro 9 Unidades fora do SI, ainda em uso ................................................ 204
Quadro 10 Unidades fora do SI, ainda em uso, cujo valor é obtido
experimentalmente
205
Quadro 11
Outras unidades fora do SI, ainda em uso ..................................... 205
Quadro 12 Unidades derivadas do CGS dotadas de nomes particulares ........
206
Quadro 13 Exemplos de outras unidades fora do SI ........................................
207
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade LISTA DE GRÁFICOS
XIV
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Número de colaboradores das empresas dos respondentes .........
152
Gráfico 2 Formação acadêmica dos respondentes ....................................... 153
Gráfico 3 Tempo de experiência dos respondentes ...................................... 153
Gráfico 4 Setores de trabalho dos respondentes .......................................... 154
Gráfico 5 Como a empresa assegura confiabilidade metrológica ..................
155
Gráfico 6 Ferramentas da Qualidade .............................................................
156
Gráfico 7 A importância da Metrologia ...........................................................
162
Gráfico 8 A Metrologia como fator de competitividade .................................. 162
Gráfico 9 Numero de empresas com laboratório de Metrologia .................... 164
Gráfico 10 Local de realização das calibrações ...............................................
165
Gráfico 11 Importância da calibração para as empresas .................................
165
Gráfico 12 Impacto da calibração nos sistemas produtivos .............................
166
Gráfico 13 Relação incerteza padrão/processo de medição ........................... 167
Gráfico 14 Importância da estimativa da incerteza da medição ...................... 167
Gráfico 15 Relacionamento entre Rastreabilidade e Qualidade ...................... 169
Gráfico 16 Influência da Rastreabilidade no controle de medidas ...................
170
Gráfico 17 Empresas com Sistemas de Gestão da Qualidade ........................
170
Gráfico 18 Máquinas de medição com alta exatidão no sistema produtivo ..... 172
Gráfico19 Critérios de escolha de sistemas e instrumentos de medição ....... 174
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
XV
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AIAG
Automotive Industry Action Group
AIST
Advanced Industrial Science Technology
APQP
Advanced Product Quality Planning
ASQ
American Society for Quality
ASQC
American Society for Quality Control
BIPM Bureau Internacional de Pesos e Medidas
CBAC Comitê Brasileiro de Avaliação da Conformidade
CBM Comitê Brasileiro de Metrologia
CBN Comitê Brasileiro de Normalização
CBR Comitê Brasileiro de Regulamentação
CCAB
Comitê de Codex Alimentarius do Brasil
CCQs Círculos de Controle de Qualidade
CCs Comitês Consultivos
CCU Comitê Consultivo das Unidades
CEP Controle Estatístico do Processo
CGPM Conferencia Geral de Pesos e Medidas
CGS Centímetro, Grama e Segundo
CIPM Comitê Internacional de Pesos e Medidas
CNI Confederação Nacional da Indústria
Conmetro Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
CPcon Comissão Permanente dos Consumidores
CWQC
Company Wide Quality Control
DIMCI Diretoria de Metrologia Científica e Industrial
DMAIC
Define-measure-analyse-improve-control
EA
European Accreditation
FMEA
Failure Mode and Effect Analysis
GT Grupos de Trabalho
GUM
Guide to the Expression of Uncertainty Measurement
IAF
International Accreditation Fórum
IDEC Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
IEC
International Electrotechnical Comission
ILAC
International Laboratory Accreditation Cooperation
INM Instituto Nacional de Metrologia
Inmetro Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
IP
Índex of Protection
Ipem Instituto de Pesos e Medidas
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
ISO
International Organization for Standardization
IT Intervalo de Tolerância
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
XVI
JUSE
Japanese Union of Scientists and Engineers
LIE Limite Inferior de Especificação
LSE Limite Superior de Especificação
MASP Metodologia de Análise e Solução de Problemas
MKS Metro, Quilograma e Segundo
MMC Máquina de Medir por Coordenadas
MRA
Mutual Recognition Agreement
MS Ministério da Saúde
MSA
Measurement System Analysis
NBR Normas Brasileiras
NIST
National Institute of Standards and Technology
OMC Organização Mundial do Comércio
OIML Organização Internacional de Metrologia Legal
PBAC Programa Brasileiro de Avaliação da Conformidade
PDCA
Plan, Do, Ckeck and Act
PIB Produto Interno Bruto
Pitce Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior
PNQ Prêmio Nacional da Qualidade
PPAP
Production Parts Approval Process
PTB
Physikalisch Technische Bundesanstalt
QFD
Quality Function Deployment
RBC Rede Brasileira de Calibração
RBLE Rede Brasileira de Metrologia Legal
RBMLQ-I Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade - Inmetro
Senai Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SI Sistema Internacional de Unidades
Sibratec Programa Sistema Brasileiro de Tecnologia
Sinmetro Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
SM Sistema de Medição
SWIPE
Standard, Workpiece, Instrument, Person and Environment
TQC
Total Quality Control
UIPPA União de Química Pura e Aplicada
UICPA União Internacional de Química Pura e Aplicada
VIM Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais de
Metrologia
5 W Cinco Porquês
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
17
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação do Trabalho
A busca pela confiabilidade e a exatidão dos processos de fabricação vem
ganhando cada vez mais espaço e importância dentro das empresas, impulsionada
por uma tendência natural do mercado e de seus consumidores, em busca de
produtos e serviços de qualidade e a preços acessíveis.
O binômio Qualidade e Produtividade, antes considerado contraditório, hoje
se completam como elementos para a Competitividade, segundo Costa Neto e
Canuto (2010), e com isso aspectos relativos à padronização de trabalhos e
calibração de equipamentos e instrumentos de medição tornam-se fundamentais nos
sistemas produtivos, pois conferem credibilidade às medições, realimentam a
melhoria contínua desses processos e facilitam o controle de características de
produtos e serviços. Um elevado nível de produtividade e excelência na qualidade
da produção de produtos e serviços pode ser alcançado se existir dentro da
organização consenso quanto à importância da Metrologia em relação à
produtividade e qualidade.
Sem a comprovação metrológica, não como garantir a confiabilidade dos
dados referentes ao controle das características determinantes da qualidade do
produto. Sua ausência, é por si razão suficiente para gerar descrédito no sistema
de gestão da qualidade da organização (CNI, 2009).
A Metrologia é um fator chave para a competitividade das empresas, pois
garante que a qualidade esteja presente em todas as fases de fabricação de um
produto, trazendo confiança a quem adquire e a quem comercializa o produto, e
contribui para a produtividade, por evitar erros, retrabalhos e inconsistências
dimensionais. Sua essência é assegurar exatidão aos processos produtivos na
indústria, qualquer que seja o campo de atuação.
Segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial - Inmetro (2009a), para o País, a Metrologia é reconhecida como o pilar
fundamental do crescimento e inovação tecnológica, além de favorecer a criação de
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
18
um ambiente favorável ao desenvolvimento científico e industrial. De acordo com o
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial Conmetro
(2008), no documento “Diretrizes Estratégicas para a Metrologia Brasileira 2008
2012”, estima-se que cerca de 4 a 6% do PIB nacional dos países industrializados
sejam dedicados aos processos de medição.
A indústria brasileira está em crescimento consistente, demandando maior
volume e maior qualidade dos serviços metrológicos. A inserção do Brasil no
mercado globalizado requer uma forte base metrológica para promover exportações
e barrar importações sem qualidade. A Metrologia viabiliza um subsídio ideal à
competitividade, além do crescimento da consciência da cidadania, o que aumenta a
demanda por serviços de qualidade relacionados com a saúde, a segurança e o
meio ambiente.
Outro aspecto, em que a metrologia tem papel estruturante, é o referente à
inovação, pois a infra-estrutura laboratorial metrológica existente, organizada em
suas diversas redes como ofertantes de serviços metrológicos com a qualidade
exigida pelo mercado, pode contribuir para o setor empresarial reduzindo custo e
tempo do desenvolvimento e avaliação das inovações. Esse esforço deve estar
alinhado com as demais políticas públicas de apoio ao desenvolvimento produtivo e
as questões transversais, como de tecnologia, financiamento, entre outras. Hoje o
Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial Sinmetro
conta com um braço executivo forte, no Inmetro, competente e respeitado, apoiado
pela Rede Brasileira de Calibração (RBC), assegurando uma oferta de serviços
metrológicos para sustentar, de forma diferenciada, o setor produtivo, agilizando os
processos de inovação nas empresas, além de validar etapas do processo de
desenvolvimento e minimizar riscos para as empresas. Torna-se fundamental o setor
produtivo conhecer a capacidade instalada dos serviços metrológicos no país, bem
como apontar suas reais necessidades, de forma a permitir a construção de políticas
e instrumentos blicos que fortaleçam o Sinmetro, dentro de um compromisso de
mecanismo de apoio efetivo à competitividade do setor produtivo brasileiro.
A universalização das unidades de medida usadas no Brasil é outra prática
que visa garantir padronização e confiabilidade das medições e promoção do
reconhecimento internacional, e a consequente rastreabilidade das medidas
realizadas na indústria aos padrões nacionais e internacionais de laboratórios de
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
19
calibração e ensaio, contribuindo, para o aumento da qualidade e competitividade do
produto nacional.
1.2 Justificativa
Segundo o Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais de
Metrologia VIM, a Metrologia, definida como a ciência da medição, tem como foco
principal prover confiabilidade, credibilidade, universalidade e qualidade às medidas.
Como as medições estão presentes, direta ou indiretamente, em quase todos os
processos de produção industrial de tomada de decisão, a abrangência da
metrologia é imensa, envolvendo a indústria, o comércio, a saúde, a segurança, a
defesa e o meio ambiente, entre outros. Os sistemas de controle metrológicos, por
sua vez, em qualquer área que estejam inseridos, acrescentam muitos benefícios
aos sistemas produtivos, reduzindo os custos com trabalho e retrabalho e
influenciando, diretamente, na qualidade dos produtos e serviços, além de agregar
credibilidade para as empresas que os adotam (INMETRO, 2007a).
Uma das razões principais para a elaboração deste projeto é a iniciativa do
governo brasileiro, que, percebendo o papel vital da Metrologia no desenvolvimento
do País e dando continuidade às ações iniciadas com a Política Industrial,
Tecnológica e de Comércio Exterior - Pitce e do Programa Sistema Brasileiro de
Tecnologia - Sibratec, em que a Metrologia tem papel estratégico no apoio à
competitividade do setor produtivo nacional, elaborou o documento citado
estabelecendo as Diretrizes Estratégicas para a Metrologia Brasileira 2008-2012,
atualizando conceitos e estratégias, bem como explicitando os desafios e as
orientações alinhadas às novas demandas para a Metrologia Brasileira
(CONMETRO, 2008)
Com a inserção do País num cenário internacional cada vez mais globalizado
e o acirramento da concorrência interna, o projeto de pesquisa busca evidenciar a
ligação entre Metrologia e Qualidade, e o papel decisivo da confiabilidade
metrológica, dado o seu enorme potencial para o aumento de produtividade e
melhoria da qualidade dos serviços. Sua importância é necessária para assegurar a
qualidade das medições, inclusive nos campos atuais da nanotecnologia,
metodologia seis sigma, área química, espacial e meio ambiente.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
20
Outra finalidade da pesquisa é mostrar a importância da Calibração, da
avaliação da Incerteza da Medição e da Rastreabilidade Metrológica, a maneira
como interagem com o processo de produção, fomentando a sistemática produtiva,
atribuindo aos produtos melhor valor agregado e qualidade de consumo no mercado
nacional. De maneira objetiva, a falta da calibração pode significar prejuízos
imensuráveis em produtos, processos, serviços e para a imagem da empresa. Sem
a calibração e devido à medição sem qualidade, o prejuízo pode ocorrer tanto por
parte do fornecedor, quanto por parte do comprador do produto. Por sua vez, a
calibração deve estar atrelada a padrões de referência com rastreabilidade. De
acordo com a norma NBR ISO 9000:2005, rastreabilidade é a capacidade de traçar
o histórico, a aplicação ou a localização de um item através de informações
previamente registradas”. Em outras palavras, a rastreabilidade, estabelece o quanto
a medição está em acordo com um valor de referência conhecido, ou a qual
distância de um valor verdadeiro se está reproduzindo essa medida. Tem-se, então,
a importância da incerteza dos resultados em todos os níveis de comparação, desde
a comparação inicial com o padrão primário, até o instrumento reproduzindo essa
medida diretamente no produto. Segundo o Guide to the Expression of Uncertainty in
Measurement, a incerteza da medão é um “parâmetro, associado ao resultado de
uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser
fundamentadamente atribuídos a um mensurando” (BIPM, 2008).
Outro objeto de estudo relevante refere-se à cultura metrológica dentro de
uma organização. Não se resume apenas a enormes investimentos em
equipamentos sofisticados e treinamento, como muitos pensam. Permite a geração
de lucros, dá maior confiabilidade, credibilidade e consequente competitividade das
empresas. Para Albertazzi & Souza (2008, p.129), “a manutenção da confiabilidade
metrológica de sistemas de medição é a principal motivação para a realização de
calibrações”. benefícios por toda parte: para o cidadão que consome o produto,
para aquele que produz e controla e, principalmente, para a economia de forma
ampla.
Dá-se ênfase, também, à ação reguladora da Metrologia na importação e
exportação de produtos, ora impedindo que produtos de baixa qualidade entrem no
País, ora reduzindo as barreiras técnicas comerciais para a entrada de produtos
nacionais em outros países (CNI, 2009).
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
21
Outro foco do estudo é a contribuição das ações empreendidas pelo Inmetro e
a rede de laboratórios (RBC) que o apoia, para a sustentação e adoção de práticas
reguladoras nas áreas da Metrologia Legal e Industrial para o atingimento da
excelência na produção de bens e de serviços (CONMETRO, 2008).
Todos esses aspectos, contêm importância suficiente para justificar a
realização da presente pesquisa, em que se busca incluir, na problemática da
Metrologia, os aspectos referentes à sua interface com a questão da Qualidade e
Produtividade como elementos para a Competitividade das empresas no mundo
globalizado.
1.3 Objetivo Geral
Pesquisar a interface entre os conceitos, princípios e ferramentas da
Qualidade e a prática da Metrologia, buscando identificar suas contribuições mais
significativas para a qualidade dos processos de produção.
1.3.1 Objetivos Específicos
- Caracterizar a importância das ferramentas da Qualidade na Metrologia;
- Caracterizar a importância da Rastreabilidade Metrológica na Confiabilidade dos
processos de produção;
- Caracterizar a importância da Metrologia para Qualidade de produtos e serviços;
- Contribuir para a divulgação da importância e das características da Metrologia.
1.4 Metodologia
A pesquisa é ancorada por uma ampla revisão bibliográfica, com o objetivo de
explanar e inter-relacionar as três vertentes da Metrologia: a Industrial, a Científica e
a Legal. Nesta seção metodológica, procura-se salientar e discutir as áreas de
atuação da Metrologia, os elementos-chave, que impactam na Qualidade de
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
22
sistemas produtivos e a importância da adoção do Sistema Internacional de
Unidades (SI) para o desenvolvimento do País.
Outro tema relacionado à Metrologia, a Qualidade, também é discutido.
Assim, caminha-se ao longo da dissertação relacionando o tema Metrologia a
aspectos da qualidade do processo de produção em que interfere.
Visando validar a pesquisa e colher informações da interação entre Metrologia
e Qualidade nos processos produtivos, realizou-se uma pesquisa qualitativa,
exploratória, utilizando-se dois questionários como ferramentas para a coleta de
dados.
A primeira fase da pesquisa foi realizada através de informações de
especialistas de quatro laboratórios acreditados pelo Inmetro, pertencentes à RBC,
da qual fazem parte um laboratório da rede Senai, dois laboratórios de empresas
fabricantes de sistemas e instrumentos de medição e do Instituto de Pesquisa
Tecnológicas do Estado de São Paulo IPT. Os questionários, com questões
abertas, foram enviados por e-mail para os especialistas opinarem sobre o tema.
Outro questionário, com questões fechadas, foi distribuído a profissionais
oriundos das áreas de Metrologia e Qualidade de 60 empresas.
1.5 Estrutura
Esta dissertação está estruturada em 6 capítulos.
O Capítulo 1 é a
apresentação do trabalho, com a definição dos objetivos, a
metodologia de
pesquisa utilizada e, uma breve visão da importância da Metrologia para o
desenvolvimento do País, sua interface com a Qualidade e Produtividade, além da
base de sustentação que significa para a competitividade das empresas.
No Capítulo 2, a proposta é conceituar Metrologia, com uma ampla revisão
bibliográfica, para uma melhor percepção da sua importância e abrangência. A
estrutura do capítulo 2 é apresentada a seguir.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
23
No Capítulo 3, a revisão bibliográfica é direcionada à Qualidade. A proposta, é
conceituar o tema a partir da visão dos especialistas da Qualidade e, ao final,
relacioná-lo à Metrologia e, por conseguinte, ao processo de fabricação. A
Qualidade é colocada como um fator de competitividade, focado no processo de
produção. Sua função converge para a redução de rejeitos, aumento da
produtividade e redução de custos operacionais. A estrutura do Capítulo 3 é
mostrada a seguir:
Sistema Internacional
de Unidades (SI)
Incerteza da Medição e
a Rastreabilidade
Estrutura da Metrologia
Vertentes da Metrologia
Como a Metrologia
Chega ao Processo
Seleção de Sistemas de
Medição
Confiabilidade
Metrológica
A Importância da
C
alibração
Histórico da Metrologia
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
24
No capítulo 4, define-se o processo de pesquisa empregado para o
encadeamento da dissertação. Inicialmente, é feita uma abordagem a respeito dos
aspectos conceituais da metodologia para a classificação da pesquisa, e no segundo
momento, são apresentadas as fases da pesquisa, o tipo de pesquisa utilizado e seu
delineamento final.
No Capítulo 5 são apresentados os resultados da pesquisa de campo. Os
dados foram obtidos em duas fases, com a aplicação de questionários. Na primeira
fase, as informações foram obtidas junto a especialistas da RBC. Na segunda fase,
as informações foram obtidas em empresas, de profissionais ligados às áreas de
Qualidade e Metrologia.
Por fim, no Capítulo 6, são apresentadas considerações finais sobre a
relevância da Metrologia para Qualidade, sendo, também, sugeridos alguns temas
para futuros trabalhos de pesquisa nesta área.
Histórico da Qualidade
Abordagem Econômica
da Qualidade
Qualidade e
Produtividade
Controle da Qualidade
Qualidade em Serviços
Intercambiabilidade,
Padronização e
Normalização
Sistemas de Gestão da
Qualidade
Conceitos da Qualidade
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
25
CAPÍTULO 2 - METROLOGIA
2.1 Histórico da Metrologia
2.1.1 Primeiras Medidas de Comprimento
A história da metrologia se confunde com a própria evolução do ser humano,
da mesma forma que a vida em grupo e a necessidade de comunicação levaram ao
desenvolvimento das primeiras formas de linguagem.
A história da humanidade, através de documentos e objetos encontrados em
pesquisas arqueológicas, mostra que mais de quatro milênios diversos povos
utilizavam procedimentos de medição na agricultura, no comércio, nas construções,
na coleta de impostos, nas heranças, nos rituais religiosos, nos calendários, nas
guerras, entre outros (VÁZQUEZ & GONZÁLEZ, 1998).
Com a evolução das primeiras formas de sociedade e a necessidade de
descrever fatos com números, desenvolveu-se, aos poucos, a capacidade de contar.
Contar animais, pessoas, alimentos ou armas o relatos das primeiras aplicações
com números. De acordo com Rozenberg (2006), é muito difícil identificar, na
história da civilização, a época em que o homem começou a medir. Com o contínuo
aprimoramento da civilização, tornou-se insuficiente, para algumas necessidades
cotidianas, a descrição da certas quantidades apenas por números. Segundo
Albertazzi & Souza (2008), era necessário acrescentar um elemento adicional aos
números para descrever de forma mais clara e precisa certas quantidades. O
número de passos que caracterizam uma distância, o número de cestos que
correspondem a uma certa produção de cereais ou o número de barris de vinho são
alguns exemplos de unidades que passaram a ser usadas com os números para
deixar a comunicação e as transações comerciais mais claras. Foram essas as
primeiras medições rudimentares.
Perde-se, na história da antiguidade, a preocupação do homem com a
medição e a construção dos instrumentos de medida das grandezas que, em
número crescente e aos poucos, foram se tornando objeto de seu interesse ou
curiosidade. Para Rozenberg (2006), é razoável admitir que as primeiras grandezas,
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
26
cujas medições foram feitas pelo homem tenham sido o comprimento, o volume, a
massa (confundida por muito tempo com o peso) e, o tempo, cujo transcorrer, nas
mais antigas civilizações, era avaliado pelo periodismo dos movimentos da Lua e do
Sol ao “redor da Terra”.
As unidades de medição primitivas estavam baseadas em partes do corpo
humano (Figura 1), referências universais, pois ficava fácil chegar-se a uma medida
que podia ser verificada por qualquer pessoa. Foi assim que surgiram medidas
padrão como a polegada, o palmo, o pé, a jarda, a braça e o passo, que,
inicialmente, não levavam em conta que as pessoas poderiam ter dimensões
diferentes nas partes do corpo (ROZENBERG, 2006).
Figura 1 – Padrões baseados nas dimensões do corpo.
Fonte: Fundação Roberto Marinho. Mecânica: metrologia, 1994.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
27
Existem registros de que as primeiras “soluções metrológicas” datem de 4800
a.C., período áureo da construção das pirâmides do Egito. O maior exemplo da
aplicação dos padrões metrológicos de comprimento ocorreu na construção da
pirâmide de Queops. O cúbito, surgido nesse período, é uma das unidades mais
antigas de medida de comprimento de que se tem notícia (ROZENBERG, 2006).
Para Suga (2008), a unidade de comprimento teve origem nas fontes prontamente
disponíveis: o comprimento de um pé ou de um braço estendido (braça). Essa
unidade era materializada por um padrão o “cúbito real” gravado numa barra de
granito (Figura 2, à esquerda), em relação ao qual eram aferidas as numerosas
réguas ou barras representativas dos “cúbitos” espalhados pelo reino.
Com o tempo, as barras passaram a ser construídas de madeira, para facilitar
o transporte. Como a madeira logo se gastava, foram gravados comprimentos
equivalentes a um cúbito-padrão nas paredes dos principais templos. Cada um
podia conferir periodicamente sua barra ou mesmo fazer outras, quando necessário.
O cúbito real (equivalente aproximadamente a 0,5 m) tinha vários
submúltiplos definidos de uma forma certamente vista como complicada, ou pelo
menos estranha, para quem está habituado ao uso do sistema decimal para definir
os submúltiplos de uma medida.
Figura 2 – Cúbito Egípcio.
Fonte: Fundação Roberto Marinho. Mecânica: metrologia, 1994.
De acordo com Suga (2008), o cúbito com aproximadamente 500 mm, era
subdividido em 28 partes iguais, cada uma das quais era de aproximadamente 18
mm, tendo como símbolo a forma de um olho. Hoje, são conhecidos vários cúbitos e
estes se enquadram em duas categorias de comprimento: um ligeiramente mais
curto e outro um pouco mais longo que os 500 mm. Os primeiros submúltiplos do
cúbito de que se tem conhecimento são o palmo, o dígito e o span. Comparando-os
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
28
às unidades do Sistema Internacional de Unidade, cada uma dessas unidades
media, aproximadamente:
- Cúbito = 523 mm
- Span = 229 mm
- Palmo = 76 mm
- Dígito = 18 mm
No Antigo Testamento, um dos registros mais antigos da história da
humanidade, relata-se, no Gênesis, que o Criador mandou Noé construir uma arca
com dimensões muito específica, medidas em côvados. O côvado era uma medida-
padrão da região onde Noé morava, equivalente a três palmos (Figura 3),
aproximadamente, 66 cm (VÁZQUEZ & GONZÁLEZ, 1998).
Figura 3 – O côvado.
Fonte: Fundação Roberto Marinho. Mecânica: metrologia, 1994.
Povos da antiguidade, a partir de 4000 anos a. C., como os egípcios, os
persas, os chineses e muitos outros, passaram a utilizar medições em várias
atividades. A medição servia para caracterizar quantitativamente a propriedade de
um objeto, comparando-a com a propriedade semelhante a um objeto padrão.
Estabelecia-se uma equivalência entre a propriedade do objeto e a propriedade de
certo “número” de objetos iguais ao tal do padrão de referência. Esse “número” seria
a medida da propriedade do objeto com relação ao padrão escolhido (ROZENBERG,
2006).
A jarda (standart yard), outra unidade de comprimento, foi definida no século
XIII, na Inglaterra, como sendo a distância da ponta do nariz do Rei Henrique I até o
polegar, mas só foi oficializada como unidade de comprimento em 1558 pela Rainha
Elizabeth. Em 1878, teve uma definição mais exata, e foi materializada em uma
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
29
barra de bronze (Figura 4), como sendo a distância entre os terminais de ouro de
uma barra de bronze, medida a 62° F (18° C). A jard a origem à polegada, usada
ainda hoje. Outros exemplos de unidades de medida, surgidas ao longo dos séculos,
são o “pé”, a “braça” e a “toesa”, todas com origens baseadas em dimensões do
corpo humano. Na Figura 5, são mostrados os detalhes de uma das extremidades
da barra protótipo de bronze número 11 da jarda (ROZENBERG, 2006).
Figura 4 - Protótipo de bronze número 11 da jarda.
Coleção pertencente ao Museu do NIST.
Fonte: NIST (2009).
Figura 5 – Detalhe da extremidade da barra protótipo de bronze número 11 da jarda.
Coleção pertencente ao Museu do NIST.
Fonte: NIST (2009).
2.1.2 Definição do Metro
No século XVII, na Europa, especificamente na França, procurou-se uma
forma de definir um padrão de comprimento que não dependesse das dimensões do
corpo humano. Segundo Rozenberg (2006), um padre de uma igreja de Lyon,
Gabriel Mouton, foi quem sugeriu a adoção, como unidade de comprimento, do
comprimento do arco de um meridiano terrestre subentendido, no centro da terra,
por um ângulo de 1’ (um minuto), a ser subdividido decimalmente. Apesar de seu
conteúdo inovador, a sugestão não frutificou. Foi uma das primeiras tentativas para
estabelecimento de um sistema universal de unidades. Por volta de 1790, um século
e meio depois, em pleno período da Revolução Francesa, um dos mais
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
30
proeminentes membros da Assembléia Nacional da França, Charles Maurice
Talleyrand, propôs o estabelecimento de um sistema de unidades definidos com
sólida base científica e despidas de qualquer conotação regionalista, podendo ser
adotado universalmente. O plano era elaborar um sistema de unidades baseado
num padrão da natureza, imutável e indiscutível. Como a natureza o pertence a
ninguém, tal padrão poderia ser aceito por todas as nações, inclusive a rival
Inglaterra, e se tornaria um sistema universal. A idéia foi entregue à Academia de
Ciências de Paris, que constituiu uma comissão de grandes expoentes da ciência
francesa, como Borda, Lagrange, Condorcet, Monge e Laplace, para o estudo do
assunto. Decidiu-se que o sistema em questão deveria seguir a lei decimal e ter
como unidade básica uma unidade de comprimento a ser definida como fração do
comprimento do meridiano terrestre. Por sugestão de Borda, essa unidade recebeu
o nome “metro” (do latim “metru”) e foi, então, definida como o comprimento de um
décimo de milionésimo do comprimento de um quarto de meridiano terrestre (medido
entre um polo e o equador terrestre). Para determinar o comprimento desse
segmento, medido sobre o meridiano passante por Dunquerque na França, e
Barcelona, na Espanha, foram designados dois astrônomos, Jean Delambre e Pierre
Méchain. Segundo Suga (2007), os dois astrônomos precisaram de sete anos para
efetuar a materialização do primeiro metro. Partiram de Paris em 1792, um em
direção o norte e o outro, para o sul. Utilizaram a cnica de triangulação, com o
instrumento conhecido como teodolito, ou círculo de repetição de Borda, para
efetuar a medição do meridiano.
Em 1837, foram refeitos os cálculos, obtendo-se valores ligeiramente
diferentes; por isso, a definição do metro foi alterada e passou a ser: o metro é a
distância medida à temperatura do gelo fundente, entre dois traços gravados em
uma barra de platina irradiada, depositada no Bureau Internacional des Poids et
Mesures (BIPM), e considerado o protótipo do metro pela Primeira Conferência
Geral de Pesos e Medidas (1ª CGPM), em 1889, esta barra estando à pressão
normal apoiada sobre roletes nos pontos de deflexão mínima (ROZENBERG, 2006).
Após a assinatura do Tratado do Metro em 1875, o Bureau Internacional de
Pesos e Medidas (BIPM) em Sèvres, França, fabricou 30 protótipos dos padrões
utilizando uma liga de platina-irídio. O cientista francês Henri Tresca propôs a
fabricação de um modelo com secção em “X” (Figura 6) para melhorar a rigidez da
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
31
barra. Uma das barras foi selecionada como o Metro Internacional. Os Estados
Unidos receberam o Protótipo Nacional do Metro de número 27 e de número 21 em
1890. Em 1893, Mendenhall declarou o Metro como padrão de comprimento,
permanecendo até 1960. A comparação entre o protótipo de número 27 e o Metro
Internacional produziu um provável erro de ± 0,04 µm. A provável incerteza do
comprimento do protótipo de número 27, à temperaturas entre 20 °C e 25 °C, foi
estimada pelo BIPM entre ± 0,1 µm e ± 0,2 µm (SUGA, 2007).
Figura 6 – Protótipo 27 (em “X”) do metro padrão.
Coleção do Museu do NIST.
Fonte: NIST (2009).
2.1.3 A Convenção do Metro
Decorrido quase um século da definição do primeiro metro, com um período
marcado por diversas guerras, como a Revolução Francesa e a guerra Franco-
Prussiana, iniciava-se no mundo um período de paz, em que diversas nações se
estabeleciam na Europa e nas Américas, e de importante globalização. Os
transportes marítimos e terrestres se tornavam mais seguros e econômicos, a
produção industrial incorporava novas fontes de energia, surgiram novas tecnologias
e processos de fabricação em rie, barateando os produtos devido a fatores de
escala, os todos de preservação de produtos perecíveis evoluíam. As
comunicações com o telégrafo elétrico e os cabos submarinos ligando Europa,
Américas e Ásia, tornavam as comunicações quase instantâneas. Estavam criadas
as demandas e as condições para se procurar estabelecer uma unificação global
das unidades de medida. O sucesso do Sistema Métrico Decimal criava uma clara
vantagem para que a França liderasse essa unificação. A França não perdeu a
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32
oportunidade e promoveu a assinatura de um "Tratado Diplomático"
Intergovernamental, visando a criação de diversos instrumentos para promover uma
unificação universal das medidas. Foi assinado, em 20 de maio de 1875, na Sala do
Relógio do Ministério das Relações Exteriores da França - Quai D’Orsay, o tratado
"La Convention du Mètre", ratificado por 17 nações, incluindo o Brasil, sendo o órgão
decisório ximo da Convenção do Metro a CGPM, cujos membros são os
delegados dos Estados Membros. Estabeleceu-se nesse tratado que seria criado um
laboratório, o BIPM, fato ocorrido em 1877, onde seriam mantidos os padrões
internacionais do metro e de outras grandezas de interesse, e seriam efetuadas
pesquisas e estudos pertinentes e criado um Comitê Internacional de Pesos e
Medidas (CIPM), formado por membros de países diferentes, signatários da CM,
eleitos pela CGPM. O CIPM está sob a autoridade da CGPM e é encarregado de
gerenciar os assuntos de interesse da Convenção do Metro entre duas CGPM. O
CIPM se reúne uma vez por ano no BIPM (BIPM, 2009b).
Com a evolução tecnológica das nações e através da realização de várias
pesquisas pelos membros do BIPM, sentiu-se a necessidade de definir com maior
exatidão o padrão de comprimento (metro).
Em 1960, uma nova definição foi adotada por convenção internacional,
baseada em uma constante natural. O metro passou a ser definido como sendo
1.670.763,73 comprimentos da onda da raia alaranjada da lâmpada de vapor de
criptônio 86. O novo metro foi definido em termos da luz monocromática emitida por
átomos eletricamente excitados do gás criptônio 86. O criptônio 86 é imerso em
nitrogênio líquido e sua luz é usada em um interferômetro para medir o comprimento
(Figura 7) (BIPM, 2009b).
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
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Figura 7 – Lâmpada de vapor de criptônio 86.
Coleção pertencente ao Museu do NIST.
Fonte: NIST (2009).
A definição do metro mais recente (1983) se baseia em uma constante
fundamental muito estudada e parece se manter invariável. Sua realização é bem
estabelecida, fornece bons resultados, e pode ser executada com relativa facilidade,
a baixo custo, em qualquer laboratório devidamente equipado. O metro foi
relacionado com a velocidade da luz no vácuo, definindo-o em função do tempo, isto
é, “o metro equivale à distância percorrida pela luz no cuo no intervalo de
1/299.792.458 s” (SUGA, 2007, p.28). O laser estabilizado de hélio-neon é apenas
uma de uma série de instrumentos que podem ser utilizados para realizar a unidade
básica de comprimento, mas é, de longe, o método predominante que tem sido
utilizado para preencher a lacuna entre a definição do metro e o mundo real das
medições tridimensionais.
A definição atual do metro fixou a velocidade da luz no vácuo em exatamente
299 792 458 m/s (metros por segundo). Quando a velocidade da luz é definida tendo
em conta esse valor, ele fornece uma exata relação entre a unidade de tempo e a
unidade de comprimento (SUGA, 2007).
A medição da frequência estabilizada do laser de Hélio-neon foi realizada pela
primeira vez no National Bureau of Standards, agora conhecido como Instituto
Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) em 1983, sendo reproduzidas tamm
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34
por outros organismos. As medições no NIST foram os primeiros passos para
demonstrar claramente a possibilidade de medições com alta exatidão utilizando a
frequência de luz laser visível (Figura 8) e uma importante motivação para a
redefinição do metro ocorrida em 1983. A vantagem da nova definição é a sua
universalidade, pois não é vinculada ao comprimento de onda de uma determinada
fonte de luz (NIST, 2009).
Figura 8 - Laser estabilizado de hélio-neon.
Fonte: NIST (2009).
De acordo com Suga (2007), a boa estabilidade do laser de hélio-neon e o
advento de técnicas adequadas para a medição da frequência de luz visível
conduziram a uma redução de 50 vezes na incerteza da realização do metro padrão
atual em relação à realização que fez uso da lâmpada de criptônio-86.
Muitas pessoas contribuíram para o desenvolvimento do laser estabilizado ao
longo dos últimos 25 anos. O laser mostrado na Figura 8 foi construído pelo Doutor
Jack Pedra, do NIST. A foto mostra o laser estabilizado (em primeiro plano), tal
como ele é usado para calibrar o comprimento de onda de um segundo laser de um
tipo que é normalmente utilizado para ultra-alta precisão em ambas as medições do
laboratório do NIST (NIST, 2009)
.
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35
2.1.4 O Surgimento de Outras Unidades
Considerando o período da Idade Média, entre o ano 500 e 1500 de nossa
era, as medições praticamente se restringiam ao comprimento/distância,
peso/massa, área, volume, ângulo e tempo. A ciência experimental estava em seus
primórdios e não gerava demandas. Uma iniciativa importante foi a de Carlos
Magno, Imperador de 768 a 784 D.C., do Sagrado Império Romano-Germânico,
envolvendo uma grande área da atual Europa Central. Apesar de ser analfabeto,
promoveu grandes reformas que incluíram a reforma monetária associada a uma
reforma do sistema de pesos. Estabeleceu a unidade monetária e de peso com o
nome "libra". Esse sistema de pesos/massa era baseado numa série de massas com
valores numa rie decrescente, em que cada uma tinha metade da massa da
anterior e ficou conhecido como "Pilha de Carlos Magno". O uso desse sistema era
obrigatório na região, e ficou em uso até o estabelecimento do quilograma às
vésperas do século XIX. As medições para estabelecer o valor da massa do
quilograma foram realizadas utilizando uma "Pilha de Carlos Magno" como
referência (ROZENBERG, 2006).
Outra unidade de que se tem conhecimento, surgida nos tempos dos faraós,
segundo Rozenberg (2006) foi o “kite”; os egípcios utilizavam a unidade para
medidas de massa, padronizadas por um bloco de granito. A essa unidade, cuja
magnitude ao longo da historia variou entre 4,5 g e 30 g, aproximadamente, eram
associadas algumas outras múltiplas de 10. Por exemplo: 10 kites equivaliam a 1
deben”, 10 debens representavam 1 sep”, e assim por diante. Há também a
hipótese de que alguns pequenos blocos cilíndricos de base côncava encontrados
no túmulo de Amreh, de massa aproximadamente igual a 13 gramas, teriam sido
utilizados, mais de 50 séculos, como padrões de “peso”. Quando se tratava de
medir grandes volumes, os egípcios recorriam ao “cúbito cúbito” (equivalente a cerca
de 140 litros) e a outras unidades, como o hin e o khar para a medição de
volumes menores.
Para a medida de tempo, com fundamento na sucessão periódica dos dias e
noites, os antigos mencionavam a duração do “dia” que, desde as mais antigas
civilizações pré-cristãs, era subdividido em 24 horas, cada uma com 60 minutos e
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36
cada minuto com 60 segundos, não obstante a indisponibilidade de instrumentos
para a medição de breves intervalos de tempo (ROZENBERG, 2006).
Segundo Rozenberg (2006), na história dos povos antigos registra-se o uso
de centenas, se não milhares de unidades diferentes pelos babilônicos, fenícios,
hebreus, gregos e romanos, algumas delas emprestadas ou baseadas nas adotadas
pelos egípcios. Numerosas outras, de emprego muito regionalizado, tiveram seu uso
registrado, às vezes muito vagamente, ao longo dos quase 20 séculos da era cristã.
Recentemente, até o inicio da década de 1970, os Estados Unidos adotavam o
pound(libra em português) como nome genérico para a unidade de massa. Na
Inglaterra, o pound assumia três outras unidades, nem sempre equivalentes com a
homônima:
a) o pound avoirdupois (libra), para pesagens comerciais comuns
(equivalente a cerca de 0,453 kg) subdividido em 16 “onças” de “grãos”, cada uma
totalizando, 7000 grãos;
b) o pound troy(libra troy), destinado à pesagem de metais a pedras
preciosas (equivalente a aproximadamente 0,373 kg), subdividido em 12 “onças troy”
de 480 “grãos” e totalizando, 5760 grãos;
c) o “pound apothecaries” (libra dos boticários) para a pesagem de drogas
e produtos farmacêuticos (também equivalente a aproximadamente 0,373 kg),
subdividido em 12 “onças apotecárias” cada uma constituída por 8 “dracmas”.
Na Figura 9, estão representados os padrões de massa pound troy (libra troy -
figura da direita) e pound avoirdupois (libra – figura da esquerda).
Figura 9 – Padrões de massa do Pound troy e Pound avoirdupois – NIST Museum Collection.
Fonte: NIST (2009).
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
37
O assunto unidades de medidas, com o advento das ciências físicas, ganhou,
a partir dos fins do século 17, conotações mais amplas em consequência dos
trabalhos de diversos cientistas como: Galileo, Newton, Hooke, Huyghens, Boyle,
Stevin, e muitos outros expoentes da ciência. O número de grandezas a medir
passou a se multiplicar rapidamente: velocidade, aceleração, intensidade de força,
quantidade de movimento, pressão, temperatura, energia e posteriormente,
intensidade luminosa, luminância, capacitância elétrica, indutância, fluxo luminoso,
etc., surgiram como novas grandezas físicas, cuja medição exigia a definição prévia
de uma unidade para cada uma delas. Com o reconhecimento da importância das
medidas físicas no estudo dos fenômenos naturais, ganhou crescente convicção a
necessidade da adoção universal de unidades bem definidas, indispensáveis à
manutenção de um sistema internacional ou inter-regional de comércio e trocas de
informações, particularmente de natureza técnica e científica. Um passo importante
nesse sentido foi dado ainda em fins do século XVIII, com a criação do Sistema
Métrico Decimal.
A criação do padrão de massa “quilograma” também foi fruto da mesma
Comissão Especial coordenada pela Academia de Ciências de Paris, que criou o
Sistema Métrico Decimal (ROZENBERG, 2006). Assim, além da unidade de
comprimento, foram definidas:
a) como unidade de massa, o “quilograma” – que era equivalente à massa de
um decímetro cúbico de água destilada, à temperatura em que sua densidade é
máxima (4°C);
b) como unidade de tempo, o “segundo” equivalente a 1/86400 da duração
do “dia solar médio”;
c) como unidade de área, o “are” equivalente à área de um quadrado, cujo
lado tem 10 metros de comprimento, e o “hectare”, um múltiplo do are, igual a 100
ares (igual a 10000 metros quadrados), unidade ainda em uso para medida de áreas
de terras para fins agrícolas;
d) como unidade de volume, o “estere” equivalente ao “volume de um cubo
cuja aresta tem 1 metro de comprimento”, para a medida de volumes de lenha e
outras, bem como o “litro”, igual ao volume de um cubo cuja aresta tem um
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
38
comprimento igual a um décimo de 1 metro de comprimento, para a medida de
volumes líquidos.
A comissão especial, depois de definir as unidades, determinou a construção
física dos padrões. Para representar o “metro”, como citado anteriormente, foi
construída uma barra de uma liga de platina e irídio. O “quilograma” passou a ser
representado por um cilindro de platina, cuja massa deveria ser igual a de 1
decímetro cúbico de água destilada, medido à temperatura de 4 °C (BIPM, 2009b).
O BIPM distribuiu 43 protótipos do quilograma feitos de platina-irídio para
diversos países, sob a forma de cilindros circulares com 39 mm de diâmetro e altura
com bordas ligeiramente arredondadas. Um desses protótipos foi selecionado como
o Quilograma dos Arquivos (Figura 10) ou Protótipo Internacional do Quilograma, e
agora é mantido no BIPM por ser considerado o mais exato dos protótipos. O
protótipo de 20 e de 4 foram recebidos pelos Estados Unidos em 1890. Após a
determinação de Mendenhall em 1893, o protótipo de 20 se tornou o principal
padrão nacional para todas as medições de massa. A sua massa em relação ao
Protótipo Internacional do quilograma foi relatada como 0,999.999.961 kg. Na
atualidade, o NIST é um dos mais conceituados Institutos Nacionais de Metrologia
do mundo (NIST, 2009).
Figura 10 – Protótipo do quilograma dos arquivos do BIPM.
Ao lado, ilustra-se em corte uma das cúpulas (em vácuo) que separam o padrão do ambiente.
Fotos pertencentes ao Museu do NIST.
Fonte: NIST (2009).
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39
Figura 11 - Protótipos de massa do quilograma utilizados pelo NIST na sua divisão de produção de
tecnologia. Fotos pertencentes ao Museu do NIST.
Fonte: NIST (2009).
O quilograma é a única unidade do SI, que ainda é definido por um artefato.
Segundo o BIPM (2009a), houve alteração em algumas micropartes do grama com
relação à massa de suas réplicas. Para o diretor do setor de massa do NIST,
Richard Davis, existe uma diferença de 50 microgramas. O diretor disse
desconhecer como esse fato se deu, uma vez que "o padrão e suas cópias se
guardam nas mesmas condições, foram construídos na mesma época e com os
mesmos materiais". O padrão data de 1889 e conserva-se em um pavilhão do BIPM,
na localidade francesa de vres, sob duas cúpulas de cristal seladas. Trata-se de
um objeto de 39 milímetros de diâmetro e igual altura, composto por 90% de platina
e 10% de irídio (NIST, 2009).
Devido a esse fato, o National Institute of Standards and Technology - NIST e
Physikalisch-Technische Bundesanstalt
-
PTB, Institutos Nacionais de Metrologia dos
Estados Unidos e da Alemanha, respectivamente, realizam pesquisas no sentido de
definir uma constate natural, que não sofra alteração devido à ação do tempo e que
uma maior exatidão para a realização de um novo “padrão do quilograma”.
existem duas constantes discutidas para o estabelecimento do novo padrão, a
Constante de Avogrado (mol) e a Constante de Planck (kg). Os pesquisadores do
NIST e PTB envolvidos no projeto esperam que na 24ª CGPM, em 2011, defina-se o
novo padrão do quilograma (PTB, 2010).
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40
2.2 Estrutura da Metrologia
2.2.1 Estrutura Mundial da Metrologia
A Convenção do Metro é um tratado diplomático que criou o Bureau
Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), uma organização intergovernamental, sob
a autoridade da Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM) e a supervisão do
Comitê Internacional de Pesos e Medidas (CIPM). As ações do BIPM, em matéria de
metrologia mundial, são direcionadas à procura de padrões de medição com
exatidão cada vez maior, além de variedade e diversidade, e a necessidade de
demonstrar a equivalência entre os padrões de medição nacionais. A Convenção foi
assinada em Paris em 1875 por representantes de dezessete países, estabelecendo
a fundação do BIPM e a forma como suas atividades devem ser financiadas e
geridas. A Convenção do Metro também criou uma estrutura organizacional
permanente dos Estados membros para agir em comum acordo sobre todos os
assuntos respeitantes às unidades de medida. A Convenção, ligeiramente
modificada em 1921, continua a ser uma base de um acordo internacional sobre as
unidades de medida. O BIPM tem, atualmente, cinquenta e quatro Estados-
Membros, incluindo todos os principais países industrializados (BIPM, 2009b).
A estrutura mundial da Metrologia, Figura 12, iniciada a partir da Convenção
do Metro, é constituída, no seu mais alto escalão, pela Conferência Geral de Pesos
e Medidas (CGPM) - formada por delegados dos governos dos Estados-membros e
observadores dos Associados da CGPM. A Conferência Geral recebe o relatório do
Comitê Internacional de Pesos e Medidas (CIPM), em trabalho realizado, que
discute e analisa as disposições necessárias para garantir a propagação e melhoria
do Sistema Internacional de Unidades (SI), que aprova os resultados das novas
determinações metrológicas fundamentais e diversas resoluções científicas de
âmbito internacional, e decide todas as questões importantes relativas à organização
e ao desenvolvimento do BIPM, incluindo as ações do BIPM para o próximo período
de quatro anos. O Comitê Internacional de Pesos e Medidas (CIPM) é composto por
18 membros de países diferentes e atua como autoridade científica internacional.
Convoca a CGPM e prepara as resoluções a serem submetidas à Conferência
Geral. A CGPM, atualmente, reúne-se em Paris a cada quatro anos. O último
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41
encontro da conferência - 23 ª reunião do CGPM - foi realizado em novembro de
2007. A 24ª conferência será realizada em 2011 (BIPM, 2009b).
. Em uma reunião realizada em Paris em 14 de outubro de 1999, os diretores
dos Institutos Nacionais de Metrologia (INM) de trinta e oito Estados-Membros do
BIPM e representantes de duas organizações internacionais assinaram um Acordo
de Reconhecimento Mútuo (CIPM MRA), para padrões nacionais de medição e de
calibração emitidos por INMs. Desde a assinatura do CIPM MRA, muitos países
através de seus INM, m aderido ao tratado. Esse Acordo de Reconhecimento
Mútuo é uma resposta à necessidade crescente de um regime aberto, transparente
e abrangente para dar aos usuários informações quantitativas confiáveis sobre a
comparabilidade dos serviços nacionais de metrologia e fornecer a base técnica
para acordos negociados no comércio internacional (BIPM, 2009c).
Figura 12 – Estrutura Mundial da Metrologia.
Fonte: BIPM (2009b).
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42
O Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) é um laboratório
internacional mantido com recursos de todos os países membros da Convenção do
Metro, e tem como missões principais, a conservação dos protótipos internacionais;
a intercomparação de padrões e a definição dos valores das constantes
fundamentais da física (CNI, 2009). Nos termos da Convenção do Metro, o BIPM
opera sob a supervisão exclusiva do CIPM, que retrata a autoridade da CGPM. O
CIPM criou uma série de Comitês Consultivos, reunindo especialistas de todo o
mundo em campos específicos, como consultores, nos domínios científico e técnico
(BIPM, 2009c).
2.2.2 Estrutura Nacional da Metrologia
Em razão da importância estratégica da Metrologia, tem sido observado, em
países desenvolvidos, certo grau de planejamento e coordenação de atividades, por
parte do Estado, principalmente em relação aos Institutos Nacionais de Metrologia.
No Brasil, o grande esforço estruturador da política industrial, envolvendo a
Metrologia, realizou-se nos anos 70, destacando-se medidas de planejamento e
coordenação que levaram à promulgação da Lei 5.966, de 11/12/1973, com a
criação do Sinmetro, que inclui o Conmetro como o colegiado interministerial do
mais alto nível, para traçar as políticas e diretrizes nacionais da metrologia,
normalização e qualidade industrial no País (INMETRO, 2009a).
O Sinmetro é um sistema constituído por entidades públicas e privadas que
exercem atividades relacionadas com a metrologia, normalização, qualidade
industrial e avaliação da conformidade. Dentre outras razões, o sistema foi instituído
para criar uma infraestrutura de serviços tecnológicos, capaz de avaliar a
conformidade de produtos, processos ou serviços. Apoiam esse sistema os
organismos de normalização, os laboratórios de metrologia científica e industrial, os
organismos acreditados e os institutos estaduais de metrologia legal e qualidade.
Essa estrutura (Figura 13) é formada para atender às necessidades da indústria, do
comércio, do governo, das entidades reguladoras e do consumidor (INMETRO,
2009a).
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43
Figura 13 – Composição do Sinmetro.
Fonte: Inmetro (2009a).
O Conmetro atua, na prática, no estabelecimento de políticas e diretrizes, por
meio de seus comitês técnicos assessores, e são abertos à sociedade pela
participação de entidades representativas das áreas acadêmica, industrial, comercial
e outras atividades interessadas na questão da metrologia, da normalização e da
qualidade no Brasil (INMETRO, 2009a). Na Figura 14, encontra-se a estrutura
resumida do Conmetro.
Figura 14 – Composição do Conmetro.
Fonte: Inmetro (2009a).
Com a função de ser o braço executor do Sinmetro, foi criado o Inmetro, como
órgão executivo das referidas políticas e diretrizes. O Inmetro estruturou-se e
desenvolveu-se segundo várias funções. O Inmetro atua com as seguintes
atribuições:
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44
Organismo Acreditador: o Inmetro é o único organismo acreditador
reconhecido no Sinmetro e internacionalmente acreditado como tal. O Brasil
segue o exemplo dos sistemas mais modernos, em que somente um
organismo acreditador por país ou economia é reconhecido e uma clara
separação entre as atividades de certificação e de acreditação;
Secretaria Executiva do Conmetro e dos seus comitês técnicos assessores;
Supervisão dos Organismos de Fiscalização: o Inmetro delega as atividades
de fiscalização nos campos da metrologia legal e dos produtos com
conformidade avaliada compulsoriamente pelas entidades da Rede Brasileira
de Metrologia Legal e Qualidade Inmetro (RBMLQ-I), que são os Institutos
de Pesos e Medidas (Ipem), presentes em todos os estados brasileiros.
Além dessas principais atividades, formalmente designadas pelo Conmetro, o
Inmetro exerce, no campo da avaliação da conformidade, as seguintes atividades:
a) Coordenar, junto ao Comitê Brasileiro de Avaliação da Conformidade
(CBAC), o estabelecimento do Programa Brasileiro de Avaliação da Conformidade
(PBAC), que confere uma abordagem estratégica a atividade de avaliação da
conformidade, com ênfase na identificação e priorização das demandas por
programas de Avaliação da Conformidade de produtos, processos ou serviços;
b) Desenvolver e implementar os Programas de Avaliação da Conformidade,
devidamente identificados e priorizados, ouvindo os diferentes segmentos da
sociedade brasileira;
c) Estabelecer regulamentos para produtos, processos ou serviços, em
caráter supletivo, ou seja, para os setores onde não haja uma autoridade
regulamentadora legalmente habilitada;
d) Estabelecer Programas de Verificação da Conformidade;
e) Desenvolver a atividade de orientação e incentivo à qualidade, objetivando
sensibilizar e/ou capacitar os diferentes segmentos da sociedade em relação à
atividade de Avaliação da Conformidade;
f) Coordenar a fiscalização no mercado dos produtos regulamentados e com
conformidade avaliada compulsoriamente.
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45
A Figura 15 apresenta uma estrutura simplificada dos organismos
metrológicos do Brasil.
Figura 15 – Estrutura Metrológica Brasileira.
Fonte: Inmetro (2009a).
2.2.3 Acordos de Reconhecimento Mútuo
Uma questão fortemente presente na pauta da metrologia e da avaliação da
conformidade é a implementação de acordos de reconhecimento mútuo na
acreditação de laboratórios, tendo inclusive reflexos nos fóruns que tratam das
relações comerciais internacionais. No entanto, apesar da importância dessa
discussão, existe ainda, pouca clareza sobre o que são esses acordos.
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46
É necessário esclarecer o uso do termo acordo” no contexto do
reconhecimento mútuo na acreditação de laboratórios. A expressão Mutual
Recognition Agreement – MRA”, segundo Donaldson (2002), há alguns anos é
utilizada somente para designar acordos entre governos, no nível dos órgãos
reguladores, com respeito a procedimentos e resultados de avaliação da
conformidade, enquanto a expressão Mutual Recognition Arrangement”- MRA é
utilizada para designar acordos firmados entre os organismos de avaliação da
conformidade e organismos de acreditação, sejam governamentais ou não. Esse
tipo de acordo estabelece compromissos para seus signatários em termos de
reconhecimento e aceitação, e promoção da aceitação em seus países, dos
resultados de calibração e ensaios produzidos pelos laboratórios acreditados pelos
signatários, entretanto, o impõe obrigações aos Governos de seus países em
termos de aceitação desses resultados pelos órgãos reguladores governamentais.
Essa diferenciação de terminologia pode ser observada já no corpo do acordo sobre
Barreiras Técnicas ao Comércio da Organização Mundial do comércio (OMC, 2009),
sendo melhor esclarecida na Segunda Revisão Trienal do Acordo sobre Barreiras
Técnicas ao Comércio e, mais recentemente, com a publicação do ISO/IEC Guide
68 (ISO, 2002).
Com a globalização dos mercados, torna-se imprescindível que a estrutura de
avaliação da conformidade de cada país alcance reconhecimento junto aos fóruns
internacionais competentes. Sem a "ferramenta" em questão, as empresas que
desejam se voltar para o mercado externo vão encontrar dificuldades, pois se
defrontarão com diferentes exigências em diferentes mercados (INMETRO, 2009c).
Para os exportadores dos países em desenvolvimento, onde muitas vezes
esses reconhecimentos o o conseguidos, essas exigências constituem uma
forma de barreira técnica. Os exportadores têm elevados custos extras, associados
a múltiplos ensaios e a ltiplas certificações, que reduzem suas margens de
competitividade. Os Acordos de Reconhecimento Mútuos (MRA) dos procedimentos
de avaliação da conformidade existem com o objetivo de evitar esses custos
adicionais, fazendo-se valer a máxima muito almejada: "testado uma vez, aceito
em qualquer lugar" (BIPM, 2009c).
Contudo, a obtenção desses reconhecimentos é muito difícil para os países
em desenvolvimento. Para alcançá-los, é essencial a promoção de programas de
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47
cooperação cnica que viabilizem a transferência de tecnologia e a experiência dos
países desenvolvidos. Somente através desses programas de cooperação técnica
torna-se possível dotar a infraestrutura de acreditação dos países em
desenvolvimento, como o Brasil, do necessário nível de confiança de seus
processos que lhes permitam buscar esses reconhecimentos internacionais
(INMETRO, 2009c).
Com o objetivo de facilitar as exportações brasileiras, o Inmetro tem
perseguido, continuamente, o reconhecimento das suas acreditações em vários
fóruns internacionais (cf. Anexo A).
2.3 Sistema Internacional de Unidades – SI
O desenvolvimento e a consolidação da cultura metrológica vêm-se
constituindo em uma estratégia permanente das organizações, uma vez que
resultam em ganhos de produtividade, qualidade dos produtos e serviços, redução
de custos e eliminação de desperdícios. A construção de um senso de cultura
metrológica não é tarefa simples, requer ações de longo prazo e depende não
apenas de treinamentos especializados, mas de uma ampla difusão dos valores da
qualidade em toda a sociedade (INMETRO, 2007a).
Com o contínuo desenvolvimento tecnológico mundial, exigiu-se a concepção
de um sistema de medidas universal, visando a redução de barreiras técnicas e
comerciais entre as nações. O Sistema Internacional de Unidade – SI, nasceu com a
missão de ser em todo o mundo, o idioma da ciência e da tecnologia, desde a sua
adoção em 1948, através de uma Resolução da Conférence Générale des Poids
et Mesures – CGPM (INMETRO, 2007b)
De acordo com o BIPM (2009a), o SI é um sistema vivo que evolui, e reflete
as atuais melhores práticas de medição. Tal como antes, esse sistema lista todas as
definições das unidades de base, unidades derivadas e especiais, além de todas as
resoluções e recomendações da CGPM e o Comité International des Poids et
Mesures – CIPM relativas ao Sistema Internacional de Unidades.
De acordo com o NIST (2008), no documento Guide for the Use of the
International System of Units”, o Sistema Internacional de Unidades - SI, é um
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48
moderno sistema métrico de medida. No domínio dos sistemas de medição
utilizados pela ciência, o SI está se tornando o principal deles, utilizado no mercado
internacional de comércio.
O BIPM foi criado pelo artigo 1º da Convenção do Metro, no dia 20 de maio de
1875, com a responsabilidade de estabelecer os fundamentos de um sistema de
medições, único e coerente, com abrangência mundial. Esse sistema, em constante
evolução, atualmente tem sete unidades de base (Figura 16). Em 1960, a 11ª CGPM
decidiu que ele deveria ser chamado de Sistema Internacional de Unidades, SI
(Système international dunités, SI) (BIPM, 2009b).
O SI não é estático, sofre mudanças constantes para acompanhar as
crescentes exigências mundiais demandadas pelas medições, em todos os níveis de
precisão, em todos os campos da ciência, da tecnologia e das atividades humanas.
Figura 16 – As sete unidades de base do SI.
Fonte: BIPM (2009b).
As sete unidades de base do SI fornecem as referências que permitem definir
todas suas unidades de medida. Com o progresso da ciência e com o
aprimoramento dos métodos de medição, torna-se necessário revisar e aprimorar
constantemente as suas definições. Quanto mais exatas forem as medições, maior
deve ser o cuidado para a realização das unidades de medida. As sete unidades de
base do SI permitem formar as unidades derivadas do SI (BIPM, 2009a).
De acordo com a publicação especial do NIST “Guide for the use of the
International System of Units” (2008), ainda são mencionadas no SI, além das
unidades de base e das unidades derivadas, outras unidades derivadas possuidoras
de nomes especiais e símbolos particulares. Uma síntese dessas unidades é
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49
apresentada na Figura 17, e de acordo com o NIST (2008), as unidades de base se
interligam através de linhas tracejadas ou linhas cheias para formar na coluna do
meio, as unidades derivadas com nomes especiais, ou na coluna à direita, para
formar as unidades com nomes e símbolos especiais. As interligações por linhas
tracejadas significam que a unidade interligada é o denominador, enquanto as
interligações por linhas cheias significam que a unidade é o numerador, na formação
da nova unidade. Como exemplo, pode-se citar a formação do símbolo da unidade
de aceleração - m/s
2
. Na formação dessa unidade, interligam-se o símbolo da
unidade de comprimento (m) linha cheia numerador ou multiplicação, e o
símbolo da unidade de tempo (s) linha tracejada denominador ou divisão. Esse
quadro apresenta apenas alguns exemplos utilizados para a formação de unidades
com nomes e símbolos especiais, existindo, muitas outras unidades e símbolos, que
fazem parte desse grupo, aplicados para se mensurar as mais diversas grandezas.
Figura 17 – Formação de unidades com símbolos e nomes especiais.
Fonte: NIST (2008).
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50
No Anexo B são encontradas as definições de todas as unidades de base do
SI, além de algumas tabelas de unidades derivadas e outras unidades ainda em uso
no atual Sistema Internacional de Unidades.
2.3.1 Múltiplos e Submúltiplos das Unidades do SI
a) Prefixos SI
A 11ª CGPM (1960) adotou uma série de prefixos e símbolos de prefixos para
formar os nomes e símbolos dos ltiplos e submúltiplos decimais das unidades SI
de 10
12
a 10
-12
. Os prefixos para 10
-15
e 10
-18
foram adicionados pela 12ª CGPM
(1964), 10
15
e 10
18
pela 15ª CGPM (1975) e 10
21
, 10
24
, 10
-21
, 10
-24
pela 19ª CGPM
(1991). Os prefixos e símbolos de prefixos adotados constam do Quadro 1
(INMETRO, 2007b).
Quadro 1 - Prefixos SI.
Fonte: Inmetro (2007b)
FATOR PREFIXO SÍMBOLO
FATOR PREFIXO
SÍMBOLO
10
24
10
21
10
18
10
15
10
12
10
9
10
6
10
3
10
2
10
1
yotta
zetta
exa
peta
tera
giga
mega
quilo
hecto
deca
Y
Z
E
P
T
G
M
k
h
da
10
-24
10
-21
10
-18
10
-15
10
-12
10
-9
10
-6
10
-3
10
-2
10
-1
deci
centi
mili
micro
nano
pico
femto
atto
zepto
yocto
d
c
m
µ
n
p
f
a
z
Y
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51
2.4 Vertentes da Metrologia
A Metrologia divide-se em três vertentes: a Científica, a Industrial e a Legal
(Figura 18).
Figura 18 – Áreas de atuação da Metrologia.
Fonte: O autor.
2.4.1 Metrologia Científica
A Metrologia Científica trata dos padrões de medição nacionais e
internacionais relacionados ao mais alto nível de qualidade metrológica, além de
relacionar-se com a pesquisa científica, constituindo-se através dos Institutos
Nacionais de Metrologia (INM), em locus do conhecimento metrológico e de
credibilidade, baseados na excelência em ciência e tecnologia (CNI, 2009).
É reconhecida, também como Metrologia Primária. Nos países
industrializados, observa-se um alto grau de centralização da metrologia primária em
uma única, ou em poucas instituições, com alta competência científica e grande
inserção no cenário internacional. Essa característica tem sido considerada como
uma condição fundamental para a maior eficiência e melhor gestão da Metrologia do
País, além de constituir um requisito básico para a proteção dos seus interesses e
das suas empresas nacionais. Dispor de competências e condições para promover,
permanente e intensamente, pesquisa científica e tecnológica de ponta tornou-se um
requisito essencial para qualquer Instituto Nacional de Metrologia posicionar-se na
Áreas da
Metrologia
Metrologia
Legal
Metrologia
Industrial
Metrologia
Científica
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52
fronteira do conhecimento, com credibilidade e respeitabilidade nacional e
internacional (CONMETRO, 2008).
Nessa linha se coloca, por exemplo, o PTB da Alemanha, quando diz em seus
documentos oficiais que “executa pesquisa fundamental e atividades de
desenvolvimento no campo da Metrologia como uma base para todas as tarefas que
lhe foram confiadas relacionadas com a determinação de constantes fundamentais,
realização, manutenção e disseminação das unidades do SI. Somente a própria
pesquisa fundamental, usando as tecnologias mais recentes, será capaz de
assegurar e expandir, a longo prazo, a nossa competência metrológica
mundialmente reconhecida” (CONMETRO, 2008, p.14).
Posição similar é assumida pela Academia de Ciências da França, que
declara: “Um laboratório de metrologia primária é, antes de tudo, um laboratório de
pesquisa. De fato, se a metrologia procede essencialmente da física (ainda que a
astronomia e a química tenham de ser consideradas), os objetivos da pesquisa são
dirigidos muito especialmente para a melhoria da precisão e exatidão das medidas.
Segue-se que a pesquisa fundamental e aplicada na física constitui a base do
progresso da metrologia. O engenheiro e o pesquisador em metrologia estão, pois,
na obrigação de acompanhar, no mais alto nível, os progressos da ciência e da
tecnologia, a fim de que possam aplicá-los aos progressos específicos da ciência da
medição que é a metrologia” (CONMETRO, 2008, p.14).
A Metrologia Científica fundamenta suas ações na busca incessante por
constantes fundamentais que materializem unidades de base cada vez mais exatas
e invariáveis. Essas ações, por sua vez, realimentarão o contínuo desenvolvimento
tecnológico e a cultura da inovação nos países e, com isso todos serão beneficiados
com produtos e serviços com maior qualidade.
A estrutura internacional da Metrologia Científica tem sua coordenação
exercida pelo sistema CGPM/CIPM/BIPM, e cada país signatário da Convenção do
Metro está representado por intermédio de seu INM (BIPM, 2009b).
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2.4.2 Metrologia Legal
A Metrologia Legal é a área da Metrologia relacionada às atividades
resultantes de exigências obrigatórias, referentes às medições, unidades de medida,
instrumentos de medição e métodos de medição, e são desenvolvidas por
organismos competentes. Provê os meios para transações justas e corretas, e a
proteção aos consumidores nacionais e internacionais, garantindo a estabilidade e a
competitividade nacional (INMETRO, 2009b).
De acordo com o documento “Diretrizes Estratégicas para a Metrologia
Brasileira 2008 2012” do Conmetro (2008), e, seguindo as recomendações da
International Organization of Legal Metrology OIML (2009), a Metrologia Legal é
uma função exclusiva do Estado. Consiste de um conjunto de procedimentos
técnicos, jurídicos e administrativos, estabelecidos por meio de dispositivos legais,
pelas autoridades públicas, visando garantir a qualidade das medições realizadas
nas operações comerciais e nos controles públicos relativos à saúde, ao meio
ambiente, à segurança, à proteção ao consumidor, entre outros.
Apoia-se na Metrologia Científica para obter referências apropriadas e
rastreabilidade aos padrões. Outro aspecto importante da Metrologia Legal está
relacionado ao comércio, com transações de produtos e serviços incluindo, muitas
vezes, a pesagem ou medição de quantidades e/ou qualidade do produto, tais como
os produtos pré-medidos. Nesse quesito a ação da Metrologia Legal é fundamental.
A importância, tanto para a sociedade quanto para o desenvolvimento da economia,
um poder de polícia administrativa para a Metrologia Legal, cujas leis buscam a
proteção de consumidores, empresas, educação, saúde e segurança para o cidadão
(INMETRO 2009b). A Metrologia Legal foca sua atenção em quatro direções
básicas:
desenvolver regulamentos técnicos metrológicos;
controlar e/ou avaliar a conformidade do instrumento regulamentado e as
atividades regulamentadas;
supervisionar os produtos e as atividades regulamentadas; e
prover a infraestrutura necessária para a rastreabilidade das medidas e
instrumentos de medição.
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A regulamentação das medições deve ser feita visando a proteção de
interesses dos indivíduos e empresas, proteção do interesse nacional, proteção da
saúde e segurança públicas e a reunião de requisitos para comércio internacional.
De acordo com o Inmetro (2009a), a garantia metrológica é o conjunto de
regulamentos, meios técnicos e operações necessárias para garantir a credibilidade
dos resultados das medições em Metrologia Legal. Tais medições resultantes das
atividades ligadas à Metrologia Legal requerem metodologias técnicas que sejam
legalmente aplicáveis. Conforme define Reché (2004), o controle metrológico legal é
entendido como o conjunto de atividades de Metrologia Legal, visando a garantia
metrológica e compreende:
- controle legal dos instrumentos de medição;
- a supervisão metrológica;
- a perícia metrológica.
De acordo com Reché (2004), o controle metrológico intervém em todo o
processo pelo qual um instrumento de medição passa, desde sua concepção ou
decisão de criação até a fase antes de seu descarte, podendo ser reparado ou
modificado. Tanto fabricantes quanto usuários devem considerar a regulamentação
metrológica pertinente ao instrumento de medição sob controle. O controle
metrológico intervém em alguns pontos no processo de fabricação e utilização desse
instrumento. Tal intervenção estratégica é fixada em legislação técnica, identificada
como:
- exigências legais para construção de instrumento;
- aprovação de modelo;
- verificação inicial;
- verificação subsequente;
- exigências para instalação;
- exigências ambientais;
- exigências para o operador
- exigências no reparo do instrumento
O regulamento técnico metrológico é expedido pelo governo federal. Os
regulamentos estabelecem as unidades de medida autorizadas, as exigências
técnicas e metrológicas, as exigências de marcação, de utilização e o controle
metrológico, que devem satisfazer os fabricantes, importadores e detentores dos
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instrumentos de medição a que se referem. Sua elaboração baseia-se, geralmente,
em recomendações da OIML e conta com a colaboração dos fabricantes dos
instrumentos de medão envolvidos, representados por suas entidades de classe e
entidades representativas dos consumidores através da participação nos Grupos de
Trabalho (GT) para o desenvolvimento de projetos de regulamentações
metrológicas. Esses grupos buscam tornar o processo de elaboração de
regulamentos técnicos metrológicos mais participativos, representativos e
transparentes, propor medidas relacionadas ao planejamento e implementação da
regulamentação metrológica. Os regulamentos técnicos metrológicos desenvolvidos
visam estabelecer a confiança nos resultados das medições. As atividades
realizadas com base nesses regulamentos apoiam as pesquisas e desenvolvimento
voltados à Metrologia Legal bem como protegem indivíduos e empresas de
possíveis abusos relacionados à medição (INMETRO 2009b).
2.4.3 Metrologia Industrial
As referências metrológicas de alta exatidão desenvolvidas pelos INM,
através da pesquisa científica, alcançam os setores produtivos e de serviços,
proporcionando às organizações progresso tecnológico com base no conhecimento
e na infraestrutura técnica de que dispõem. De acordo com o documento “Diretrizes
Estratégicas para a Metrologia Brasileira 2008 2012”, do Conmetro (2008),
algumas ações de Institutos Nacionais de Metrologia, como o PTB e o NIST, servem
de referência para as ações metrológicas brasileiras.
Na Alemanha, o PTB não apenas promove serviços e transferência de alta
tecnologia à indústria, sob diferentes formas (consultoria, co-participação em
projetos, publicações), como também participa de três “centros de competência”,
sendo um em nanotecnologia, e dispõe, de uma divisão voltada essencialmente para
atender às necessidades de engenharia de precisão das empresas (CONMETRO,
2008).
O NIST, nos Estados Unidos, vai além, oferecendo subsídios para os
negócios americanos e instituições de grau mais elevado de educação, tais como
laboratórios nacionais e institutos de pesquisas sem fins lucrativos para suportar,
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promover e acelerar a inovação no País por meio da pesquisa de alto risco e alta
recompensa, nas áreas críticas das necessidades nacionais (CONMETRO, 2008).
No Brasil, o Inmetro, órgão executivo da política metrológica do País, tem a
responsabilidade de manter as unidades fundamentais de medida no Brasil, garantir
a rastreabilidade aos padrões internacionais e disseminá-las, com seus ltiplos e
submúltiplos, até as indústrias. Essa disseminação se através da RBC,
prestadora de serviços de calibração, formada por um número próximo de 500
laboratórios de acreditados pelo Inmetro, espalhados por todo o território nacional
(CONMETRO, 2008).
Justifica-se a atuação da Metrologia Industrial na avaliação da conformidade
de produtos e serviços, e responsabilidade por medições em todas as fases da
cadeia de produção. Para que a produção de produtos se realize com qualidade,
com alto índice de produtividade e baixo índice de rejeitos, requer-se a utilização de
instrumentos com confiabilidade metrológica. A confiabilidade nas medições, por sua
vez, é conseguida através de instrumentos e sistemas de medição calibrados por
padrões da mais alta classe de medição com pequenas incertezas de medição.
A RBC apoia o Inmetro nos serviços de calibração, dando suporte aos
sistemas produtivos das empresas no Brasil. A organização que se utiliza desse
serviço alimenta sua competitividade no processo de produção, além de produzir
produtos com qualidade atestada internacionalmente, pois a medição dos produtos
tem rastreabilidade aos padrões primários do SI devido à participação do Inmetro no
MRA, com o objetivo de realizar comparações chaves entre os INM (comparações
entre INMs na reprodução de medições de constantes fundamentais e de padrões
com a mais alta classe de exatidão) de todo o mundo (CONMETRO, 2008).
Hoje, padrões de grande exatidão podem ser adquiridos facilmente. Nos EUA,
por exemplo, existem dezenas de empresas que dispõem de padrões quânticos.
Muitas organizações também possuem laser helio-Neon estabilizado para medição
de comprimento. Nesses casos, a empresa é capaz de reproduzir a unidade padrão
do SI. Esse fato reflete no seu sistema produtivo, tornando-a apta a produzir
tecnologia e inovação.
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2.5 Como a Metrologia Chega ao Processo
De acordo com o Inmetro (2007a), a Metrologia é a ciência da medição que
abrange todos os aspectos teóricos e práticos relativos às medições, qualquer que
seja a incerteza, em quaisquer campos da ciência ou tecnologia.
A Metrologia está presente em todas as fases do processo de produção, da
matéria-prima até o produto acabado (Figura 19). As medições são necessárias para
o controle dos limites de especificação de produtos e para possibilitar a fabricação
eficiente de características de produtos com custos aceitáveis para o consumo da
sociedade, convertendo-se em fator competitivo para que a empresa produtora do
bem possa competir no mercado com outras organizações concorrentes em
igualdade de condições (ALBERTAZZI & SOUSA, 2008).
A interação da Metrologia com o processo de produção se concretiza através
da utilização de instrumentos e sistemas de medição no Controle da Qualidade das
características de produtos. Essa interação influencia diretamente na qualidade e
produtividade dos sistemas produtivos, podendo afetar os resultados da produção de
duas maneiras: com baixos ou com altos índices de qualidade e produtividade.
Conhecer a procedência do sistema ou instrumento de medição é de vital
importância para a confiabilidade das medições. E confiança nas medições pode
ser conseguida quando os instrumentos e sistemas de medição estão calibrados.
Figura 19 – Interação da Metrologia com o processo produtivo.
Fonte: O autor.
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O Inmetro (2007a) aponta que quando calibrados, os sistemas de controles
metrológicos acrescentam benefícios aos sistemas produtivos, reduzem os custos
com trabalho e retrabalho e influenciam diretamente na qualidade dos produtos e
serviços, além de agregar credibilidade para as empresas que os adotam. Nesses
sistemas, especificamente, a aplicação da calibração e a avaliação da incerteza
conferem qualidade metrológica a instrumentos e padrões do processo de produção.
A calibração, definida pelo VIM, como o ”Conjunto de operações que estabelece,
sob condições especificadas, a relação entre os valores indicados por um
instrumento de medição ou sistema de medição ou valores representados por uma
medida materializada ou um material de referência, e os valores correspondentes
das grandezas estabelecidos por padrões” (INMETRO, 2007a, p.55), quando
aplicada de modo otimizado, oferece retorno financeiro, com geração de lucros,
maior confiabilidade, credibilidade e conseqüente competitividade das empresas.
Para Albertazzi & Sousa (2008), a manutenção da confiabilidade metrológica de
sistemas de medição é a principal motivação para a realização de calibrações.
benefícios por toda parte: para o cidadão que consome o produto, para aquele que
produz e controla e, principalmente, para a economia de forma ampla.
Como exemplo, para uma maior percepção da importância da calibração e
seu impacto econômico, basta imaginar uma montadora de veículos ou aviões
recebendo peças, que se encaixam umas nas outras fora de padrão, fornecidas por
empresas terceirizadas. Os prejuízos devido a retrabalho, atrasos de entrega,
multas, desperdício de material, seriam enormes para ambos os lados.
No caso da medição de vazão na transferência de custódia e nos controles de
processos industriais, a transferência do produto (que pode ser um combustível,
fluido lubrificante, produto de limpeza, água, etc), é equivalente a um volume de
dinheiro transferido de uma empresa a outra. Quanto mais exata é a medição,
menor é a margem de injustiça cometida com um dos lados, pois se a leitura do
medidor de vazão mostrar um valor maior do que o verdadeiro, comete-se uma
injustiça contra quem está comprando, na mesma proporção do seu erro. Num
sistema de abastecimento de combustível, isso pode representar milhares de reais
diariamente. Já no caso da utilização do medidor de vazão para aplicação em
controle de processos industriais, o erro de calibração vai impactar a qualidade do
produto final, pois, quanto maior o erro num processo de batelada, por exemplo,
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menor sea repetitividade do produto final e, por consequência, haverá desvios na
especificação do produto fabricado. Isso pode causar refugo, retrabalho ou mesmo
qualidade no produto final. Nota-se, através de exemplos simples, que a falta da
calibração pode significar prejuízos imensuráveis em produtos, processos, serviços
e para a imagem da empresa. Sem calibração e devido à medição sem qualidade, o
prejuízo pode ocorrer tanto por parte do fornecedor quanto por parte do comprador
do produto (PRADO FILHO, 2009).
A calibração, por sua vez, deve estar atrelada a padrões de referência com
rastreabilidade. A rastreabilidade é responsável pela garantia de que a grandeza em
processo de medição, ou controle, foi medida por um instrumento ou sistema de
medição calibrado por um padrão que tem rastreabilidade ao padrão primário do SI
de sua categoria, isto é, o quanto a medição está em acordo com um valor de
referência conhecido, ou a qual distância de um valor verdadeiro se está
reproduzindo essa medida. Tem-se, então, a importância da incerteza dos resultados
em todos os níveis de comparação, desde a comparação inicial com o padrão
primário, até o instrumento reproduzindo essa medida diretamente no produto.
Segundo o Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement, a incerteza da
medição é um “parâmetro, associado ao resultado de uma medição, que caracteriza
a dispersão dos valores que podem ser fundamentadamente atribuídos a um
mensurando” (BIPM, 2008, p.5). A seguir, na Figura 20, para se ilustrar a
rastreabilidade, é demonstrada a hierarquia dos padrões metrológicos, segundo a
Confederação Nacional das Indústrias (CNI, 2009).
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Figura 20 – Hierarquia da Rastreabilidade.
Fonte: Adaptado da CNI (2009).
A Metrologia é a base física da Qualidade e fundamental para a
competitividade das indústrias e desenvolvimento tecnológico do País, o sendo
obra do acaso que faz com que os países mais desenvolvidos do mundo invistam
cerca de 4% a 6% do PIB em operações metrológicas, e sim, a visão da importância
que essa ciência representa para seu desenvolvimento sustentável (CONMETRO,
2008).
2.5.1 Controle da Qualidade
Uma das operações fortemente relacionadas à Metrologia Industrial é o
controle da qualidade. Cada produto deve atender plenamente as especificações
técnicas definidas no projeto, de forma que possa cumprir com qualidade as funções
para as quais foi concebido. Segundo Albertazzi & Sousa (2008, p.279), o controle
da qualidade envolve um conjunto de operações de medição com função de
assegurar que os produtos fabricados por uma empresa atendam plenamente as
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especificações técnicas para serem introduzidos no mercado, sendo um requisito
fundamental para a sobrevivência de qualquer empresa”. Entretanto, quando o
controle da qualidade realiza uma medição, sabe-se que essa é apenas uma
estimativa aproximada do valor verdadeiro do mensurando. A apresentação do
resultado não será completa e, consequentemente, a confiabilidade da medição não
será satisfatória, se não vier acompanhado de indicações acerca dos valores que
razoavelmente podem ser atribuídos ao mensurando, ou seja, a incerteza associada
ao resultado da medição. De acordo BIPM (2008), a incerteza associada ao
resultado acresce uma idéia qualitativa à medição, pois não se consegue determinar
o valor verdadeiro de um mensurando devido à inexistência de condições perfeitas
de medição. Link (2007) declara que as imperfeições em instrumentos e sistemas de
medições, fatores ligados ao meio ambiente (ruídos, temperatura, vibrações,
pressão, umidade, etc) e erros ocasionados pelo próprio operador do instrumento ou
método utilizado para obtenção da medida afetam o valor das medições e
influenciam na incerteza do resultado da medição, impactando sua confiabilidade.
Diante da influência desses elementos, fica uma pergunta: se não existem
processos de medição perfeitos, como é possível assegurar que certo produto
atenda às especificações?
Quando os produtos são fabricados, as imperfeições estão sempre presentes.
Deve-se tomar o cuidado para manter as imperfeições dentro de limites toleráveis,
que não comprometam a funcionalidade do produto acabado. Tolerâncias
estabelecidas por projetistas o limites que as previsíveis imperfeições o devem
ultrapassar. Os projetistas definem as maiores tolerâncias possíveis, preservando a
qualidade com que o produto realiza a sua função e barateiam a produção, ou seja,
buscam um equilíbrio técnico-econômico (ALBERTAZZI & SOUSA, 2008).
Segundo Albertazzi & Sousa (2008), ao controlar uma característica de um
produto ou monitorar uma variável de um processo, deve-se escolher corretamente
o meio de medição, considerando como fatores primordiais a resolução, a incerteza
da medição e a capacidade de medição do instrumento ou processo de medição.
Segundo as recomendações do AIAG (2004), no manual de Measurement System
Analysis - MSA, na escolha do meio de medição, a resolução do instrumento ou
processo de medição deve ser de um décimo do campo de tolerância. Essa
determinação não segue qualquer regulamento ou norma, mas sim uma
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recomendação de segurança, devido à própria incerteza da medição que qualquer
instrumento carrega. Da mesma forma, deve-se também observar o histórico das
calibrações do meio de medição, assim como o padrão utilizado na sua última
calibração. Para Albertazzi & Sousa (2008), do ponto de vista técnico, quanto menor
a incerteza do padrão de calibração, melhor será o resultado encontrado. Porém,
quanto menor a incerteza do padrão, maior será o seu custo. Tenta-se, então,
buscar um equilíbrio técnico econômico para a situação. O ponto ideal dessa
equação é próximo da condição em que o padrão tenha uma incerteza de um
décimo da incerteza do meio a calibrar. Esse ponto ideal pode ser alterado,
dependendo de qual sistema de medição que será calibrado. Aceita-se que, numa
calibração, a incerteza do padrão seja de no mínimo um terço do meio a calibrar.
2.5.2 Erros de Medição
Os erros de indicação em sistemas de medir são inevitáveis e suas causas
podem ser atribuídas a dois fatores: o primeiro, são aqueles gerados por fatores
externos ligados ao meio ambiente (temperatura, pressão, umidade, ruídos, poeira,
flutuação de tensão de alimentação, etc.), e pela má definição do mensurando (erros
geométricos, deformação devido ao próprio peso, etc.). O segundo, são aqueles
gerados pelo instrumento de medição (erro de zero, erro de ganho, erro de
histerese, erro de paralaxe, entre outros) (LINK, 2007).
Idealmente, a indicação apresentada por um sistema de medição deve
corresponder ao valor verdadeiro do mensurando. Porém, por melhor que seja o
sistema de medição, por mais treinado que seja o operador do sistema de medição e
por mais controladas que sejam as condições ambientais, ainda assim, em maior ou
menor grau, o erro de medição estará presente. Segundo Albertazzi & Souza (2008,
p.39), ”indesejável, mas inevitável, o erro de medição não pode ser ignorado. Negar
a sua existência seria outro erro. Desde que sejam entendidas as causas e a
natureza do erro de medição, é possível conviver com ele e ainda obter informações
confiáveis de um processo de medição”.
Existem vários tipos de erros, mas o trabalho focou no esclarecimento dos
erros sistemáticos e os erros aleatórios, por afetarem a exatidão e a repetitividade
(precisão), elementos que devem ser bem caracterizados para a correta estimativa
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do cálculo da incerteza da medição. As respectivas definições para esses termos,
extraídas do VIM, estão a seguir (INMETRO, 2007a, p.28).
Exatidão “Grau de concordância entre o resultado de uma medição e um
valor verdadeiro do mensurando”
Repetitividade Grau de concordância entre os resultados de medições
sucessivas de um mesmo mensurando efetuadas sob as mesmas
condições de medição”.
Mesmas condições de medição (condições de repetitividade) incluem:
- mesmo procedimento de medição;
- mesmo observador;
- mesmo instrumento de medição, utilizado nas mesmas condições;
- mesmo local;
- repetição em curto período de tempo.
Para se entender os erros sistemáticos e os erros aleatórios, bem como
relacioná-los aos termos exatidão e repetitividade, faz-se uma analogia utilizando
alvos num teste de tiros.
Para um perfeito entendimento dos dois termos, usam-se quatro alvos e
quatro revólveres diferentes. O leitor deve relacionar o revólver a um instrumento de
medida e os alvos a uma medição que se deseja efetuar encontrando-se o seu valor
verdadeiro (o centro do alvo), para diferenciar os dois termos. A distância do atirador
é a mesma para os quatro alvos e apenas um atirador realizará os disparos em
intervalos curtos de tempo. No intervalo de cada disparo, a mira não poderá ser
ajustada (ALBERTAZZI & SOUSA, 2008).
Na Figura 21 estão apresentados os resultados, após a realização dos
disparos nos quatro alvos pelo atirador.
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Figura 21 – Erros sistemáticos e aleatórios.
Fonte: Adaptado de Albertazzi e Sousa (2008).
No alvo A, os disparos estão muito próximos uns dos outros, porém o ponto
médio dos tiros está distante do ponto central do alvo (ponto central do alvo pode ser
considerado como um valor verdadeiro que se quer atingir). Essa arma tem alta
repetitividade, pois os tiros estão bem próximos uns dos outros, e uma baixa
exatidão, pois o ponto médio dos disparos está distante do ponto central do alvo. No
alvo B, os tiros ficaram espalhados em torno do ponto central com grande dispersão
entre os disparos, caracterizando uma arma com alta exatidão, pois o ponto médio
dos disparos está muito próximo ao ponto central do alvo, e baixa repetitividade, pois
ficaram muito distantes uns dos outros. No alvo C, o resultado apontou para a arma
com menor qualidade, com baixa exatidão e baixa repetitividade, pois tanto o ponto
médio dos disparos está longe do ponto central do alvo, quanto os disparos estão
muito dispersos entre si. A arma que apresenta melhor qualidade é a que disparou
no alvo D, apresentando elevada exatidão e repetitividade. Relacionando o exercício
de tiros para a explicação dos erros sistemáticos e aleatórios, primeiramente deve-
se definir esses tipos de erros. De acordo com o VIM (INMETRO, 2007a, p.31):
Erro sistemático “Média que resultaria de um infinito número de
medições do mesmo mensurando, efetuadas sob condições de
repetitividade, menos o valor verdadeiro do mensurando”
Alvo A
Alvo
B
Alvo C
Alvo D
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65
Erro aleatório Resultado de uma medição menos a média que resultaria
de um infinito número de medições do mesmo mensurando efetuadas sob
condições de repetitividade”.
A diferença entre o ponto médio dos disparos de cada arma e o ponto central
do alvo (considerado como o valor verdadeiro que se quer atingir) é igual à
tendência da arma. De acordo com Albertazzi & Sousa (2008), a tendência é uma
estimativa ou aproximação do erro sistemático da arma. Para a determinação do
erro sistemático, seriam necessários infinitos disparos com a arma, condição
inviável. No caso, foi efetuado um número finito de disparos, uma estimativa do erro
sistemático. Para Oliveira (2008), em laboratórios de calibração, a determinação da
tendência de um instrumento ou sistema de medição é uma prática comum.
Determina-se a tendência do instrumento, efetuando-se sucessivas medições sob
condições de repetitividade e, em seguida, é feita a correção do instrumento,
eliminando-se sua tendência. Com relação ao erro aleatório, Albertazzi & Sousa
(2008) consideram como uma parcela do erro do instrumento, levando o instrumento
a uma imprevisibilidade nos seus resultados. Isso explica o porquê dos projéteis das
armas não acertarem o mesmo ponto ao se realizar vários disparos em condições
de repetitividade. Os erros aleatórios são devidos a fatores que não podem ser
corrigidos em um sistema de medição. Para Link (2000), exemplos desses erros são
atritos internos, flutuação de tensão em circuitos eletrônicos, fatores ambientais, etc.
De acordo com Albertazzi & Sousa (2008), o erro sistemático, por sua vez, é
previsível. Sabe-se, por exemplo, que se for feita uma medição de comprimento em
uma peça metálica com uma temperatura elevada, a indicação do instrumento de
medição estará acrescida de um valor que pode ser estimado, conhecendo-se o
coeficiente de expansão térmica do material do mensurando. Essa é modalidade de
erro previsível que pode ser corrigida. Quando se realiza a calibração de
instrumentos ou sistemas de medição, são levantados em toda a sua capacidade de
medição os erros devido a componentes sistemáticos (tendência) e a componentes
aleatórias. Determina-se, então, em seguida, a incerteza da medição do instrumento
ou sistema de medição.
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2.6 A Importância da Calibração
Sistemas de medição sempre apresentam erros. Em maior ou menor grau,
erros estarão sempre agindo, sejam eles originados internamente ao sistema de
medição ou decorrentes da ação de várias grandezas de influências externas (LINK,
2000).
Oliveira (2004) aponta que a qualidade principal de um instrumento ou padrão
de medição é a de medir com o mínimo erro, isto é, um instrumento de medição de
boa qualidade deve ser capaz de apresentar resultados com pequenos erros e, para
isso, seus princípios construtivos e operacionais devem ser projetados para
minimizar esses erros. Entretanto, por melhor que sejam as características de um
instrumento de medição, sempre apresentará erros de natureza sistemática e
aleatória. A perfeita caracterização desses erros é de grande importância para que o
resultado da medição possa ser determinado de maneira segura. A importância de
se conhecer os erros sistemáticos e aleatórios, apresentados nas condições em que
o sistema de medição é utilizado, é uma condição necessária para que os resultados
obtidos sejam confiáveis.
Com o uso, os instrumentos ou sistemas de medição degradam seu
desempenho ao longo do tempo. Para que a confiabilidade nos resultados das
medições seja mantida, os resultados das medições do instrumento ou sistema de
medição devem ser comparados periodicamente a valores de referência
estabelecidos por padrões de medição (ALBERTAZZI & SOUSA, 2008).
Para Albertazzi e Sousa (2008, p.127), “a forma usual de caracterizar o
desempenho metrológico de um sistema de medição é pelo procedimento
denominado calibração”. Segundo o Inmetro (2007a, p.55), a calibração pode ser
definida como:
“Conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a
relação entre os valores indicados por um instrumento de medição ou
sistema de medição ou valores representados por uma medida
materializada ou um material de referência, e os valores correspondentes
das grandezas estabelecidos por padrões”.
A calibração dos instrumentos ou sistemas de medição é um componente
importante na função qualidade do processo produtivo e uma oportunidade de
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melhoria contínua. O objetivo principal da calibração é verificar se a medida obtida
por um instrumento é compatível com o valor esperado e se o mesmo está
adequado para a atividade a que se destina; ou seja, dar confiabilidade metrológica
às medições efetuadas (OLIVEIRA, 2008).
A norma ISO 9001:2008 favorece o modelo de gerenciamento conhecido
como Ciclo PDCA, atribuído ao importante estatístico norteamericano William
Edwards Deming, tido como um dos principais gurus da Qualidade, embora,
conforme Costa Neto (2007), sua idealização seja devida a Walter Andrew
Shewhart, outro importante patrono do uso de métodos estatísticos no Controle da
Qualidade, sendo mais conhecido como introdutor dos gráficos de controle
estatísticos de processos, intensamente utilizados ainda hoje.
O ciclo PDCA (Planning = planejar; Do = fazer; Check = analisar a Act =
implementar) é o motor da melhoria contínua dentro das organizações.
Especificamente, para os sistemas produtivos, a norma ISO 9001:2008 no item 7.6,
preconiza que toda a instrumentação utilizada em mensurações no processo de
produção deve ser submetida a uma sistemática contínua de calibrações para
assegurar confiança e qualidade às medições efetuadas em toda a cadeia produtiva.
O processo de calibração é um autêntico ciclo PDCA (Figura 22), pois desde a
implantação de uma sistemática de planejamento e execução contínua de
calibrações de instrumentos e sistemas de medição, passando pela fase de medição
para verificação da conformidade do produto, aa análise crítica da direção para a
tomada de decisões, passa por todas as fases desse ciclo.
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Figura 22 – Processo de melhoria contínua ocasionado pelo processo de calibração.
Fonte – O autor.
Para Albertazzi e Sousa (2008), a indicação dada por um instrumento ou
sistema de medição ideal deve corresponder ao valor verdadeiro do mensurando.
Nos sistemas de medição reais, entretanto diferenças, e essas diferenças
podem ser estimadas pelo processo de calibração. Os valores de referência para a
calibração o estabelecidos por padrões de classe superior, isto é, meios de
medição de qualidade superior, cujo valor de referência é estabelecido com níveis
excelentes de incerteza. A seguir, de acordo com o VIM, é dada a definição para o
termo Padrão (INMETRO, 2007a, p.53).
Padrão:
“Medida materializada, instrumento de medição, material de referência ou
sistema de medição destinado a definir, realizar, conservar ou reproduzir
uma unidade ou um ou mais valores de uma grandeza para servir como
referência
O resultado de uma calibração permite tanto o estabelecimento dos valores
do mesurando para as indicações, como a determinação das correções a serem
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aplicadas. Uma calibração também pode determinar outras propriedades
metrológicas como, por exemplo, os efeitos das grandezas de influência sobre a
indicação, ou o comportamento metrológico do sistema de medão em condições
adversas de utilização (em temperaturas elevadas ou muito baixas, na ausência de
gravidade, sob forte radiação nuclear, etc) (ALBERTAZZI & SOUSA, 2008).
Para entender melhor o termo calibração, é necessário associá-lo ao termo
comparação, acrescentando que a comparação é feita com um certo nível de
confiança, conforme Costa Neto (2002), é a probabilidade de que um intervalo de
confiança, usado na estimação de determinado parâmetro populacional, contenha o
valor real desse parâmetro. Isto é, calibrar é estabelecer uma relação de
comparação a um padrão apropriado, a diferença encontrada estabelece o erro do
instrumento a calibrar com uma incerteza da medição associada a um nível de
confiança, normalmente de 95%.
Para Silva (2004), o estabelecimento de um sistema de comprovação
eficiente para a calibração é um fator indispensável e várias normas de caráter
internacional fornecem informações para tal fim, como é o caso das normas NBR
ISO 9001, NBR ISO/IEC 17025 e NBR ISO 10012.
O mesmo autor sugere um modelo interessante para entendimento da
importância da calibração nos sistemas produtivos. O modelo se baseia em sete
perguntas conhecidas como os “5 W e 2H”, termos que tem sua origem na língua
inglesa:
1) Why – Por que calibrar?
Calibrações periódicas de instrumentos e padrões asseguram incertezas
requeridas aos processos metrológicos, garantem rastreabilidade das medições e
reduzem os erros através das correções, o que gera melhorias na qualidade dos
resultados, aumentando a confiabilidade nas ações e decisões;
2) What – O que calibrar?
Apenas as características dos instrumentos que possam afetar a qualidade do
produto, assim como os próprios padrões utilizados no processo de calibração;
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70
3) When – Quando calibrar?
Antes de colocar em uso os instrumentos novos. Quando ocorrer sobrecarga,
quedas, mau uso ou desconfiança dos resultados de medição. Sempre após a
realização de manutenções. Periodicamente, em intervalos de tempo definidos pela
empresa, visando assegurar a qualidade das medições. Sempre após a realização
da ajustagem;
4) WhereOnde calibrar?
Nas próprias instalações da empresa ou em empresas que terceirizam esse
serviço;
5) Who – Quem calibrará?
Em função da demanda, pode-se recorrer a laboratórios pertencentes à Rede
Brasileira de Calibração - RBC, que o acreditados pelo INMETRO, ou, até mesmo
a laboratórios do exterior, desde que tenham rastreabilidade assegurada;
6) How – Como calibrar?
6a) Internamente, seguindo procedimentos de calibração elaborados pela
empresa para cada tipo de instrumento de medição, registrando os resultados da
calibração em formulários próprios denominados certificados de calibração;
6b) Externamente, contratando um laboratório que deverá emitir um
certificado de calibração em conformidade com os requisitos da norma NBR ISO/IEC
17025 (2005);
7) How much – Quanto custa calibrar?
Para que se estime com segurança o custo do investimento em calibrações é
muito importante fazer um levantamento dos custos envolvidos tanto no processo
interno quanto no externo. O resultado desse estudo pode apontar a necessidade de
efetuar calibrações periódicas dos instrumentos mais simples internamente, e a dos
mais complexos por terceiros.
O termo calibração é a linha que direciona as empresas à competitividade nos
seus processos produtivos. o existe espaço para produtos com baixa qualidade
devido à alta concorrência proporcionada pela globalização. Para Albertazzi e Sousa
(2008), a manutenção da qualidade por parte da empresa é uma questão crucial
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para sua sobrevivência, pois os consumidores têm muitas opções no mercado. A
qualidade de produtos tem de ser assegurada a qualquer custo, o que acontece
quando os sistemas de medição confiáveis forem utilizados no controle de qualidade
da produção. A construção da boa imagem de uma empresa junto aos consumidores
não acontece sem grande esforço, com seriedade e persistência. A destruição da
imagem, ao contrario, pode acontecer rápida e catastroficamente por um produto
problemático ou mal sucedido. A boa calibração dos instrumentos de medição é uma
condição necessária para a obtenção de qualidade, não sendo, entretanto,
suficiente, pois muitas outras recomendações provenientes dos princípios de Gestão
da Qualidade devem ser seguidas para esse fim.
2.7 Seleção de Sistemas de Medição
Para se escolher um sistema ou instrumento de medição adequado ao
controle de medidas de variáveis de um processo produtivo deve-se observar a
especificação explícita no projeto do produto. Observada a especificação, de acordo
com Albertazzi & Sousa (2008), a escolha deve recair em um instrumento que
atenda as exigências referentes a: campo de tolerância, faixa de medão,
resolução, velocidade de medição, nível de automação, etc, elementos, que se
deixados em segundo plano, podem resultar em escolhas inadequadas que
implicarão na oneração do sistema de produção da empresa.
Sistemas e instrumentos de medição devem trazer benefícios aos sistemas
produtivos, agregando vantagens em produtividade, confiabilidade e durabilidade,
fatores considerados como diferenciadores na hora da escolha. Uma escolha que
recai em máquina de medição rápida, como, por exemplo, uma quina de medir
por coordenadas MMC, reduz custos operacionais aumentando a produtividade.
Para Vázquez e González (1999), o uso da MMC melhora a eficiência da medição
em relação aos métodos convencionais de medição. No seminário “Redução de
Custos, Produtividade, Inovações em Tecnologia e Produtos” (2009), a empresa
Mitutoyo Sul Americana declarou que uma máquina de medir por coordenadas
(MMC) pode reduzir em até 10 vezes o tempo de medição em relação a métodos
convencionais de medição. outros benefícios, mostrando como o uso de
equipamentos tradicionais, tais como paquímetros ou micrômetros digitais com
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comunicação via wireless com um computador, podem facilitar o controle estatístico
do processo – CEP de um sistema produtivo, fazendo com que as ações corretivas e
a identificação de causas que afetam a estabilidade do processo sejam mais
eficazes. Para os especialistas da empresa Mitutoyo Sul Americana, o sistema de
medição também deve ser confiável, pois não basta saber medir, tem que medir
sabendo que está medindo certo. Assim, qualquer escolha deve ser provida de
confiabilidade metrológica, com instrumentos calibrados em laboratórios acreditados
pelo Inmetro com rastreabilidade metrológica a sistemas de medição com incertezas
menores.
Com relação à durabilidade, para Albertazzi & Sousa (2008) todo sistema ou
instrumento de medição deve ser criteriosamente escolhido de acordo com o meio
em que as medições serão efetuadas. Ambientes agressivos degradarão
instrumentos frágeis. Para os especialistas da empresa Mitutoyo Sul Americana,
sistemas e instrumentos de medição, quando não estão dentro de um laboratório de
calibração e ensaio, estão inseridos, na maioria das aplicações industriais, em
ambientes com poeira, em contato com líquidos, com variação de temperatura,
ruídos, vibração, radiação, choques, etc. Não considerar, na escolha do
equipamento, o ambiente em que as medições serão efetuadas é diminuir a vida útil
do instrumento ou sistema de medição. Como exemplo, cita-se a aplicação de um
instrumento de medição com eletrônica embarcada (paquímetro, micrômetro, relógio
comparador, etc) em um ambiente automatizado e em contato com fluidos de corte.
Se esse instrumento não possuir nível de proteção IP (índex of protection), seu
funcionamento estará comprometido. Os invólucros desses instrumentos são
designados por uma simbologia que é composta de uma sigla “IP, seguida de dois
dígitos, que classificam o grau de proteção do equipamento elétrico (Figura 23). O
primeiro dígito refere-se à proteção quanto à entrada de partículas sólidas e o
segundo, à proteção contra a entrada de líquidos no instrumento ou sistema de
medição. Em uma escala de 0 a 6 para partículas sólidas e de 0 a 8 para líquidos,
quanto maior a numeração, maior será a proteção contra esses elementos.
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73
Figura 23 – Graus de proteção IP.
Fonte: O autor.
Quanto à consideração dada aos itens declarados na especificação do projeto
(campo de tolerância, faixa de medição, exatidão, resolução, repetitividade, etc) para
a escolha do sistema ou instrumento de medição, para um mesmo mensurando, é
possível encontrar uma infinidade de sistemas de medição com diferenças tanto em
relação ao principio de operação como em relação ao nível de incerteza de medição
requerida. Quando se requer nível de automação ou a necessidade de acessórios
para o sistema ou instrumento de medição, os custos podem elevar-se
substancialmente. Para Albertazzi e Sousa (2008), essa diversidade de opções traz,
ao mesmo tempo, um conforto e um desconforto para o metrologista. Por um lado,
a oportunidade de que o processo de medição seja configurado de modo
otimizado para atender necessidades específicas. Por outro lado, com tantas opções
disponíveis, chegar à melhor escolha pode o ser uma tarefa muito simples. Sem
uma análise criteriosa, aumentam e muito as chances de que o metrologista
selecione um sistema de medição com características inadequadas ao processo de
medição.
De acordo com
Sereno e Sheremetieff (2007), p
ara a escolha do
instrumento adequado para qualquer processo produtivo, deve-se primeiramente
fazer uma análise desse processo. Uma pergunta inicial deve ser feita: “Qual a
exatidão requerida pelo processo?” A resposta é fundamental para escolha da
resolução do instrumento, de modo que o ocorra o que comumente é conhecido
como matar mosca com canhãoou "tentar matar elefante com estilingue", ou seja,
escolher um instrumento que apresente um resultado muito além do necessário ou
um que não conseguirá responder ao requerido pelo processo.
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74
Para Sereno e Sheremetieff (2007),
a resposta a essa pergunta deve ser
elaborada por um profissional que realmente conheça o impacto da grandeza a ser
medida, de forma que a escolha do instrumento não comprometa a qualidade final
requerida pelo produto. A exatidão deve ser tal que as variações possíveis de
indicação do instrumento ou padrão não afetem significativamente o processo. Por
exemplo, em um dado processo a temperatura deve ser controlada com 1 ºC de
exatidão, deve-se usar um termômetro com exatidão melhor que a requerida pelo
processo. Segundo Albertazzi e Sousa (2008), nas aplicações envolvendo Controle
da Qualidade, a incerteza de medição, resultante do processo de medição, deve ser
de um décimo do intervalo de tolerância.
O campo de tolerância também pode referendar uma boa escolha do sistema
ou instrumento de medição. Levando-se em conta o campo de tolerância, a
especificação do equipamento é feita dividindo-se o intervalo de tolerância por dez
(IT/10), de acordo com as recomendações de fabricantes de equipamentos de
medição, como a Mitutoyo Sul Americana e a Starret. A resolução do equipamento
selecionado deve ser menor ou igual ao valor obtido dessa relação. Entretanto,
recomendações mais rigorosas, como a da AIAG (2004), no Manual MSA, que
declara que a resolução deve ser de um décimo (1/10) da variabilidade do processo
de medição, estabelecida através de critérios de controle estatísticos. Para
Albertazzi & Sousa (2008) quando a escolha é baseada no campo de tolerância, a
resolução deve ser de um vinte ávos do campo de tolerância (1/20).
Outro elemento que orientará a definição do equipamento é a faixa de
medição do instrumento ou sistema de medição, também conhecida como
capacidade de medição. A faixa de medição deve cobrir todo o campo de tolerância
estabelecido no projeto, devendo ter intervalo superior ao campo de tolerância do
mensurando, prevendo-se a ocorrência de medidas que poderão estar abaixo ou
acima dos limites especificados no projeto (ALBERTAZZI & SOUSA, 2008).
A repetitividade também serve para orientar corretamente a escolha
adequada do equipamento de medição. Nas últimas versões do VIM, excluiu-se o
termo “Precisão”, colocando-se em seu lugar o termo “Repetitividade”.
De acordo com a definição dada na página 64, os termos expressam
dispersão dos resultados quando as mesmas condições de medição são
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respeitadas. Instrumentos com baixa repetitividade não são capazes de identificar
pequenas variações de medida com confiabilidade. Uma boa analogia para o
entendimento da repetitividade são os robôs industriais na operação de soldagem na
indústria automobilística. Os robôs especificados para os processos de soldagem
devem ter alta repetitividade, ou seja, nas operações de pontos de solda da carcaça
do carro ao chassi, pontos produzidos em condições idênticas (mesmas condições
de medição) devem estar próximos uns do outros. No caso de um robô com baixa
repetitividade, os pontos de solda efetuados seriam dispersos uns dos outros,
caracterizando o que anteriormente era denominado baixa precisão, tornando-se um
item que, se não observado, afetará a qualidade do produto final.
Procura-se dessa maneira dar uma visão geral sobre a escolha do sistema ou
instrumento de medição, ancorando-se apenas em aspectos técnicos. A análise da
escolha do equipamento deve também englobar outros elementos não citados no
texto, que não são objetivo deste estudo, tais como: velocidade de medição, taxa de
medição, nível de automação, recursos de processamento, necessidade de
treinamento, facilidade de assistência técnica e logística, prazos, dentre outros
(ALBERTAZZI E SOUZA, 2008).
2.8 Confiabilidade Metrológica
De acordo com Vuolo (1996), medir é o procedimento experimental pelo qual
o valor momentâneo de uma grandeza física (mensurando) é determinado como
uma aproximação do valor verdadeiro de uma unidade, estabelecida por um padrão
e reconhecida internacionalmente. A operação de medição é realizada por um
instrumento de medição ou por um sistema de medição.
Contudo, baseado no que diz Link (2000, p.15), na prática o resultado de
toda a medição é apenas um valor aproximado do valor verdadeiro do mensurando.
A apresentação do resultado não será completa e, conseqüentemente, a qualidade
da medição não será satisfatória, se este o vier acompanhado de indicações
acerca da dispersão dos valores que razoavelmente possam ser atribuídos ao
mensurando, isto é, a incerteza associada ao resultado da medição”. Segundo o
Inmetro (2007a, p.30), a definição desse termo é:
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76
Incerteza de medição:
“Parâmetro, associado ao resultado de uma medição, que caracteriza a
dispersão dos valores que podem ser fundamentadamente atribuídos a um
mensurando”.
Observações:
1) O parâmetro pode ser, por exemplo, um desvio padrão (ou um múltiplo
dele), ou a metade de um intervalo correspondente a um nível de confiança
estabelecido.
2) A incerteza de medição compreende, em geral, muitos componentes.
Alguns destes componentes podem ser estimados com base na distribuição
estatística dos resultados das séries de medições e podem ser
caracterizados por desvios padrão experimentais. Os outros componentes,
que também podem ser caracterizados por desvios padrão, são avaliados
por meio de distribuição de probabilidades assumidas, baseadas na
experiência ou em outras informações.
3) Entende-se que o resultado da medição é a melhor estimativa do valor do
mensurando, e que todos os componentes da incerteza, incluindo aqueles
resultantes dos efeitos sistemáticos, como os componentes associados com
correções e padrões de referência, contribuem para a dispersão.
O processo de medição compreende o instrumento envolvido na medição,
fatores que agem sobre ele e a análise e interpretação dos resultados gerados. Sob
esse aspecto, forma-se uma conjuntura que engloba não apenas o instrumento ou
sistema de medição, mas também outros elementos, que juntos geram dúvidas no
processo de medição. De acordo com a AIAG (2004) e Elshennawy & Zipin (1992),
no Manual Quality Engineering Handbook, todo processo de medição é impactado
por fontes de variações randômicas e sistemáticas. Essas variações geram dúvidas
no estabelecimento do valor do mensurando. A sigla SWIPE é usada para
representar cinco elementos básicos que afetam a exatidão de um processo de
medição (Standard, Workpiece, Instrument, Person e Environment), que significam
respectivamente; padrão, peça, instrumento, pessoa e ambiente. Esses elementos
juntos compõem um modelo genérico que introduz erros de naturezas distintas para
um sistema de medição completo. Dessa maneira, qualquer influência que afete
qualquer um dos cinco elementos básicos impactará no erro do processo de
medição. A seguir são dados alguns exemplos dessas influências.
Fatores que incorporam erros no processo de medição relacionados ao
padrão:
- rastreabilidade, intervalo de calibração, estabilidade, coeficiente de
expansão térmica...
Fatores que incorporam erros no processo de medição relacionados à
peça:
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77
- definição da geometria, propriedades elásticas, limpeza, deformações...
Fatores que incorporam erros no processo de medição relacionados ao
instrumento:
- erros geométricos, repetitividade, calibração, amplificação, sistema de
contato, paralaxe...
Fatores que incorporam erros no processo de medição relacionados à
pessoa (operador):
- treinamento, habilidades físicas, conhecimento, dedicação, honestidade...
Fatores que incorporam erros no processo de medição relacionados ao
ambiente:
- temperatura, vibrações, contaminações, gravidade, ruídos, umidade,
iluminação...
Na mesma linha do AIAG (2004), Oliveira (2008, p.34) diz que: “para a
realização de uma medição deve-se considerar os agentes que exercem influência
sobre a mesma, os chamados “5Ms” (mensurando, método, maquina, mão-de-obra
e meio ambiente)”. Na Figura 24, estão relacionados os agentes que exercem
influência no resultado de uma medição.
Figura 24 – Agentes que exercem influência no resultado das medições.
Fonte: Adaptado de Oliveira (2008).
Para a melhor estimativa de um mensurando, deve-se caracterizar o
mensurando ou objeto de medição. Quanto melhor a sua definição, menor será a
influência exercida no resultado da medição. O objeto a ser medido influi no
resultado de uma medição devido a não uniformidade de suas propriedades. Por
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78
isso, elementos como o processo de fabricação, as propriedades mecânicas
(dureza, acabamento superficial, resistência mecânica, composição química, etc.),
agregarão erros nos resultados efetuados por um sistema de medição (OLIVEIRA,
2008).
O instrumento ou sistema de medição é o responsável por quantificar a
característica do mensurando, podendo ser representado por uma simples escala
milimétrica até um sofisticado rugosímetro com traçador de gráficos. Tanto a escala
milimétrica inserirá erros na medição (erro de zero, imperfeição dos traços da
escala, etc.) como o sofisticado rugosímetro (erro de amplificação, folgas internas,
erro de software, histerese, etc).
Outro elemento dentro do processo de medição é o operador. O operador
deve ser muito bem treinado para a ação de medir. De acordo com Link (2000,
p.33), “o homem por sua natureza o é estável, diferenças no dia a dia e às
vezes variações maiores durante o mesmo dia”. O operador deve ter formação
adequada, experiência, discernimento, paciência, habilidades físicas e honestidade.
Para Oliveira (2008, p.37), “a coexistência destas características tem influência
significativa na confiabilidade do resultado da medição e, mesmo para um
profissional que detém todas essas características, há a necessidade de treinamento
continuo, da atualização e da interação com outros profissionais”.
De acordo com Link (2000), outra variável importante é o ambiente da
medição. Condições ambientais, como a temperatura, umidade relativa, pressão
atmosférica, nível de vibração, contaminação, iluminação, níveis de ruídos,
aceleração da gravidade, etc, inferem e geram erros no processo de medição.
Dentre os elementos citados, o maior vilão para o processo de medição é a
temperatura. Quanto maior o controle sobre essas grandezas, menor será o dano
causado à medição e maior será a confiança no resultado obtido.
O método de medição é outro componente importante no processo de
medição. Para se realizar uma medição, é necessário adotar um procedimento ou
roteiro, fundamentado em normas técnicas. Definem-se os passos para execução da
medição, indicando a melhor forma de tratar todas as variáveis que exercem
influência na medição, de maneira a se obter o resultado mais confiável possível
(OLIVEIRA, 2008).
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Para Link (2000), os erros de indicação de um instrumento são inevitáveis e,
de maneira simplificada, podem ser atribuídos a duas causas:
I – erros associados a causas externas:
São erros causados por elementos ligados ao meio ambiente (temperatura,
pressão, vibração, umidade do ar, poeira, variação de tensão elétrica, etc.).
II – erros associados ao instrumento de medição:
São erros devidos a razões construtivas dos instrumentos. São exemplos
desses erros: erro de zero, erro de ganho, erro de sensibilidade, histerese, deriva,
força de medição, erros geométricos do instrumento, etc.
Esses diferentes elementos que afetam a resposta de um processo de
medição aparecem superpostos ao valor verdadeiro de um mensurando. Logo, uma
expressão completa do resultado de uma medição inclui informações sobre a
incerteza de medição. Na Figura 25, é mostrado um diagrama ilustrando um
processo de medição e o relacionamento entre os fatores que afetam o resultado de
uma medição. Na ilustração, as fontes de erros são representadas por fatores
ambientais somados a fatores ligados ao instrumento ou sistema de medição, além
da influência do operador e do método adotado para a execução da medição. Todos
esses elementos reunidos irão afetar a incerteza da medição do mensurando. No
diagrama, a incerteza da medição é representada pela letra “U” (uncertainty in
measurement) extraída do Guide to the expression of uncertainty in measurement
(BIPM, 2008).
Figura 25 – Diagrama representativo do processo de medição e as fontes de erros que afetam o
resultado das medições.
Fonte: O autor
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80
Todo equipamento de medição deve ser confiável, pois não basta saber
medir, tem de medir sabendo que se está medindo certo. A calibração é o passo
inicial para se estabelecer a confiabilidade nas medidas fornecidas por instrumentos
ou sistemas de medição. Por sua vez, a calibração deve ser realizada em
laboratórios pertencentes à RBC, ou em outros laboratórios que tenham
rastreabilidade aos padrões primários do SI. Esse roteiro, quando seguido, confere
rastreabilidade metrológica às medições, além de fornecer informações seguras que
subsidiarão o processo de tomada de decisão referente a todos os equipamentos de
medição da organização, assegurando a confiabilidade, que todo sistema de
medição deve ter (OLIVEIRA, 2008).
2.9 Incerteza da Medição e a Rastreabilidade
2.9.1 Conceitos de Incerteza da Medição
Nos processos industriais, a garantia da qualidade é fundamentalmente
avaliada por resultados que não são reais, por não haver a possibilidade da
determinação de um valor de medição exato (OLIVEIRA, 2008). Em função disso é
necessário o estabelecimento de um intervalo em torno do resultado da medição que
possa abranger, com uma probabilidade específica, os valores que podem ser
atribuídos ao mensurando. Tal intervalo é chamado de Incerteza da Medição (BIPM,
2008).
A palavra “incerteza” leva à idéia da dúvida. Quando se efetua uma medição,
a incerteza não pode ser desconsiderada, pois é um critério que confere qualidade
ao processo de medição e estará sempre presente em qualquer processo de
medição. Segundo Oliveira (2008, p.97), “o que grande parte das organizações
ainda adotam atualmente é realizar a medição ou tomar a média aritmética de uma
série de medidas para uma da dimensão e, simplesmente, checar se o valor obtido
encontra-se na zona de especificação, desconsiderando completamente a faixa de
incerteza. Existem outras empresas que nem sequer aplicam as devidas correções
nos instrumentos de medição com o intuito de minimizar os erros sistemáticos”.
Para Link (1997), a incerteza é um valor oriundo da combinação de vários
componentes que podem ser estimados, baseando-se em uma distribuição
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estatística do resultado de uma série de medições, caracterizada pelo desvio padrão
experimental e através de distribuições de probabilidades assumidas, como, por
exemplo, a incerteza do padrão utilizado na comparação, a incerteza referente às
condições ambientais, a incerteza dos instrumentos ou sistemas de medição, a
incerteza devido à resolução de um instrumento analógico, etc. O desprezo ou
desconhecimento da existência da incerteza da medição gera descrédito ao
processo de medição. A norma ISO 14253-1 (1998), insere a incerteza da medição
na avaliação da conformidade de produtos, diminuindo a faixa de especificação
descrita no projeto dos produtos. A simples comparação da medida extraída do
instrumento ou sistema de medição com o campo de tolerância (especificação do
produto) não será o critério capaz de atestar a conformidade de produtos quanto à
avaliação de uma de suas características. Conforme demonstrado na Figura 26, a
incerteza afeta a especificação do projeto, diminuindo sua zona de aceitação. De
acordo com Oliveira (2008, p.99), “através da correta implementação desse modelo,
constata-se um sensível ganho na fabricação do produto de acordo com a
especificação, o que impacta no comércio e nas disputas”
Figura 26 – Zona de especificação diminuída devido à incerteza da medição.
Fonte: Adaptado da Norma ISO 14253-1(1998) - Geometrical Product Specifications (GPS).
Para um perfeito entendimento da figura, pode-se recorrer ao seguinte
exemplo: num processo de ensacamento do açúcar refinado, a massa de cada saco
deve ter segundo sua especificação 1000
10
±
g. O sistema de medição adotado
para a medição da massa do produto, uma balança digital instalada no chão de
fábrica com medição e alimentação automática dos produtos, conforme estabelecido
no processo de calibração, tem incerteza de medição de
2
±
g. Foi medida uma
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amostra de três produtos extraídos aleatoriamente do processo produtivo, obtendo-
se os seguintes valores: 991 g, 996 g e 1002 g. Todas as medidas estão dentro dos
limites de especificação do produto (LSE limite superior de especificação e LIE
limite inferior de especificação). A zona de especificação (campo de tolerância), que
é a diferença entre a maior medida possível (LSE) e a menor medida possível do
produto (LIE) é de 20 g. Se não observada a incerteza do processo de medição,
todas as medidas dos três sacos de açúcar são consideradas em conformidade com
a especificação, pois estão compreendidas entre 990 g e 1010 g. Por outro lado,
analisando as medidas e considerando a incerteza da medição, e ainda, pegando
como exemplo a medida mais próxima dos limites de especificação (991 g), verificar-
se-á que esta não está em conformidade, pois a mesma caiu numa região de dúvida
ou incerteza que o processo de medição carrega (Figura 27). O valor extraído da
balança é de 991
2
±
g devido à incerteza do processo de medição. Com isso o valor
verdadeiro do mensurando poderá cair no intervalo compreendido entre 889 g a 993
g, ou seja, não é possível afirmar se esta medida está boa ou fora da especificação.
Corre-se o risco da aprovação de produtos em não conformidade e da não
aprovação de produtos em conformidade.
Figura 27 – Zona de conformidade e zona de especificação devido à incerteza da medição.
Fonte: Adaptado da Norma ISO 14253-1(1998) - Geometrical Product Specifications (GPS).
Com a consideração da incerteza, a faixa de conformidade (antes faixa de
especificação) irá reduzir em duas vezes a incerteza da medição. Então a faixa de
conformidade será de: [20 g – (2 x IM)], onde IM é a incerteza da medição, passando
de 20 g (especificação) para 16 g com a consideração da incerteza. O campo de
conformidade agora é de 992 g a 1008 g. Todas as medidas que estiverem nesse
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intervalo são consideradas em conformidade. No caso das três medidas retiradas do
processo, 991 g não pode ser aprovada pelo Controle da Qualidade, enquanto as
medidas 996 g e 1002 g estão em conformidade, pois o passaram dos limites da
nova zona de conformidade estabelecida – 992 g a 1008 g.
Atualmente, existe um grande esforço para a uniformização de uma
metodologia para a expressão da incerteza da medição. De acordo com o BIPM
(2008), o ISO GUM é a referência que padroniza em nível mundial um método
universal para expressão dos resultados da incerteza da medição, visando a
interação entre mercados nas análises para garantia da qualidade. Os passos para a
determinação da incerteza da medição de qualquer sistema são os mesmos. Porém,
é necessário enfatizar que as grandezas de influência para cada processo são
distintas.
De acordo com Link (1997, p.10), “a incerteza do resultado de uma medição
pode ser avaliada por meios estatísticos, através da variação dos fatores dos quais
depende esse resultado. Isso, porém, não é possível na prática devido à limitação
de tempo e ao alto custo. Por isso, a incerteza do resultado da medição é avaliada
usando-se o modelo matemático que melhor descreva o processo de medição e
aplicando-se a lei da propagação dos erros”.
Link (1997, p.10) relata ainda Como o modelo matemático nem sempre é
completo nem todas as grandezas de influência estão presentes ou foram
considerados no modelo. As grandezas relevantes devem ser variadas, dentro de
limites aplicáveis, de maneira que a avaliação da incerteza possa ser baseada nos
resultados obtidos. Sempre que possível, o uso de modelos empíricos do processo
de medição baseados em dados obtidos a longo prazo, ou de padrões de
"verificação", ou de cartas de controle que indicam se uma medição está sob
controle, deve fazer parte do processo de se buscar valores confiáveis para a
incerteza. O modelo matemático deve ser revisado sempre que o valor obtido,
incluindo valores da mesma medida obtida de maneira independente, demonstrar
que o modelo está incompleto. Um modelo criteriosamente desenvolvido facilita,
sobremaneira, a obtenção de incertezas confiáveis e é parte importante do processo
de medição
.”
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
84
Na Figura 28, Oliveira (2008) descreve objetivamente os passos para cálculo
da incerteza da medição orientado pela metodologia descrita no Guide to the
Expression of Uncertainty in Measurement (BIPM, 2008).
Figura 28 – Metodologia para cálculo da incerteza da medição – ISO GUM.
Fonte: Adaptado de Oliveira (2008).
2.9.2 – Conceitos de Rastreabilidade Metrológica
Todo sistema de gestão de medição deve estabelecer mecanismos que
assegurem a rastreabilidade das medições às unidades padrão do SI. De acordo
com Oliveira (2008), a rastreabilidade é alcançada através de uma cadeia contínua
de calibrações dos padrões hierarquicamente superiores ao instrumento ou sistema
de medição a calibrar. Para Albertazzi & Sousa (2008), em cada comparação ou
calibração, o nível superior deve manter a regra 5:1 a 10:1 entre a incerteza do
equipamento de medição hierarquicamente inferior, em relação ao superior, isto é, a
Atribuição da distribuição
probabilística para cada
fonte de incerteza
Levantamento das fontes
de incerteza
Determinação dos
coeficientes de
sensi
bilidade
Determinação da incerteza
combinada
Determinação do número
de graus de liberdade
efetivos
Determinação do fator de
abrangência
Determinação da incerteza
expandida
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
85
incerteza do equipamento de medição superior deve ser de 5 a 10 vezes menor do
que a incerteza do inferior. Na Figura 29, é ilustrado como se estabelece a
rastreabilidade, mostrando as exigências de exatidão que devem ter os níveis
hierárquicos superiores para atender a necessidade de sistemas de medição quando
calibrado.
Figura 29 – Estabelecimento da Rastreabilidade Metrológica.
Fonte: O autor.
O conceito é comparar sucessivamente a incerteza da medição desde o
processo de medição utilizado no chão de fábrica até o topo hierárquico da cadeia
de rastreabilidade, ou seja, a definição dos padrões primários do Sistema
Internacional de Unidades - SI (OLIVEIRA, 2008).
Na pirâmide da Figura 29, SM é o sistema de medição e para calibrá-lo, a
incerteza do padrão (P) de classe superior é da ordem de um décimo da incerteza
do SM. Continuando o processo, o padrão P, por sua vez, também precisa de
calibração. Então, será necessário um padrão que tenha uma incerteza de um
décimo da incerteza do padrão P. Esse é o padrão da pirâmide chamado de PP que
também em um dado momento precisaser calibrado. Será necessário um padrão
PPP com incerteza de um décimo da incerteza do padrão PP. Esse contínuo
processo de calibração vai chegar até o SI. O espaço na pirâmide que contém um
ponto de interrogação foi colocado devido ao intenso processo de pesquisa no
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
86
campo da ciência realizado por importantes Laboratórios Nacionais de Metrologia
para o desenvolvimento de padrões primários cada vez mais exatos. Dentre esses
conceituados laboratórios estão o NIST, o PTB, AIST (Advanced Industrial Science
technology) do Japão e o próprio BIPM, que é o laboratório internacional de
Metrologia mantido por diversos países do globo. Para exemplificar a importância do
processo de pesquisa, atualmente esses organismos internacionais tentam
estabelecer uma constante natural que não varie para o estabelecimento do padrão
primário do “quilograma”, pois se trata do único padrão que não mudou desde sua
criação na 1ª CGPM. Esse contínuo aprimoramento dos padrões primários se reflete
nos processos produtivos dos Países. É por isso que Países considerados
desenvolvidos conseguem gerar e ser exportadores de tecnologias de última
geração, devido às melhorias proporcionadas por quinas cada vez mais exatas e
mais produtivas, possíveis por possuírem padrões da mais alta classe de
exatidão, como, por exemplo, o laser estabilizado de helion-neon, capaz de
reproduzir comprimentos com exatidão na faixa de nanômetros.
Na Figura 30 é apresentado um modelo básico com alguns caminhos para
obter a rastreabilidade de um instrumento ou sistema de medição.
Figura 30 – Caminhos para a obtenção da Rastreabilidade Metrológica.
Fonte: O autor.
BIPM
INM
I
nstituto
Nacional de
Metrologia
Equipamento
s
de medição da
inspeção
Laboratório
da empresa
RBC
Laboratório
externo
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPITULO 2 - METROLOGIA
87
Nesse modelo, a rastreabilidade é assegurada realizando-se a calibração do
instrumento ou sistema de medição em laboratórios que, além de possuírem
padrões rastreáveis a padrões primários do Sistema Internacional de Unidades - SI,
possuam também capacitação técnica e infraestrutura confiável para realização das
calibrações (ABNT, 2005b).
De acordo ainda com a Figura 30, verificam-se diferentes alternativas para a
obtenção da rastreabilidade das medições realizadas por um instrumento ou sistema
de medição. A rastreabilidade pode ser obtida por intermédio de um laboratório
dentro da empresa, desde que possua padrões rastreáveis ao SI. A calibração pode
ser realizada em laboratórios pertencentes à RBC, organismos com acreditação do
Inmetro, ou em outros órgãos, que podem ser laboratórios de outros países que
participam do MRA, possuam padrões rastreáveis a um Laboratório Nacional de
Metrologia, como por exemplo: Inmetro/Brasil, NIST/USA, PTB/Alemanha, etc.; no
caso da RBC não possuir o padrão para calibrar a grandeza solicitada.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
88
CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
3.1 Histórico da Qualidade
De acordo com Oliveira (2006), para se entender o conceito de Qualidade, é
necessário passear pela sua história, buscando interpretar esse conceito e sua
evolução à luz do ambiente produtivo vigente de cada época. De fato, a evolução da
qualidade passou por três grandes fases: era da inspeção, era do controle estatístico
e era da qualidade total, conforme a Figura 31.
Figura 31 – Eras da Qualidade.
Fonte: Oliveira (2006).
A essa figura, poder-se-ia acrescentar mais uma fase, correspondente à
atualidade, englobando comportamento ambiental, segurança e saúde no trabalho,
responsabilidade social e outras exigências ligadas à qualidade de vida.
Nos primórdios da era industrial e até meados do século XIX, quase tudo era
fabricado por artesãos, com a prática de procedimentos tradicionais e históricos. As
quantidades produzidas eram pequenas e havia participação do trabalhador em
praticamente todas as fases do processo. A inspeção era implementada segundo
critérios especificados pelo próprio artesão e sua pequena equipe de colaboradores.
Era um procedimento natural e corriqueiro (MARSHALL JUNIOR, 2006).
O artesão era um especialista que tinha domínio completo de todo o ciclo de
produção, desde a concepção do produto até o pós-venda. Nessa época, o cliente
estava próximo do artesão, explicitando suas necessidades, as quais o artesão
procurava atender, pois sabia que a comercialização de seus produtos dependia
muito da reputação de qualidade, que, naquele tempo, era comunicada boca a boca
pelos clientes satisfeitos. Conceitos importantes para a área de qualidade moderna,
como o de confiabilidade, conformidade, metrologia, tolerância e especificação,
ainda eram embrionários. Além disso, o foco do controle da qualidade era o produto,
feito via inspeção de todos os produtos pelo artesão, e não o processo. Esse
ERA DA INSPEÇÃO
ERA DO CONTROLE
ESTATÍSTICO
ERA D
A QUALIDADE
TOTAL
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
89
paradigma ainda encontrava eco no final do século XIX, quando a maior montadora
de automóveis, a Panhard e Levassor (P&L), montava seus veículos atendendo às
necessidades dos abastados clientes que a procuravam; não havia dois carros
iguais. Um grupo de artesãos altamente qualificado era responsável pela fabricação
de componentes e peças específicos e pela montagem do veículo e pelos testes, ou
seja, um processo semelhante à fabricação de um protótipo atualmente. Naquele
tempo, era comum ocorrer o “susto dimensional”, em que o tamanho de um veículo
diferia bastante de outro produzido sob o mesmo projeto, devido à necessidade de
ajuste nas peças feitas separadamente por diferentes artesãos, sem a utilização
adequada dos conceitos de qualidade mencionados. Nessa época, o carro era um
produto para poucos, como ter um avião ou um helicóptero hoje, e, embora alguns
fabricantes ainda produzissem carros dessa forma até a Primeira Guerra Mundial e
alguns ahoje, como o Rolls Royce, esse paradigma de produção foi abandonado
pela maioria das indústrias (CARVALHO, 2006).
A Revolução Industrial trouxe nova ordem produtiva, em que a customização
foi substituída pela padronização e produção em larga escala. A invenção de
máquinas projetadas para obter grande volume de produção e uma nova forma de
organização do trabalho permitiram alcançar a produção em massa. A produção em
massa encontrou na linha de montagem seu modelo ideal. O trabalho foi
fragmentado e os trabalhadores tinham domínio apenas de uma pequena fração do
trabalho, que era repetida várias vezes ao longo da jornada de trabalho. O modelo
de administração taylorista, ou Administração Científica, também retirou do
trabalhador as etapas de concepção e de planejamento. Surgiu a função do inspetor,
responsável pela qualidade dos produtos (CARVALHO, 2006).
Para Garvin (2002), a inspeção formal passou a ser necessária com o
surgimento da produção em massa e a necessidade de peças intercambiáveis.
As atividades de inspeção se transformaram rapidamente em um processo
independente e associado ao controle da qualidade. Em 1922, com a publicação da
obra The control of quality in manufacturing” (RADFORD, 1922), pela primeira vez a
qualidade foi vista como responsabilidade gerencial distinta e como função
independente. O livro chegou até a tratar de muitos princípios considerados centrais
no moderno controle da qualidade: a necessidade de conseguir a participação dos
projetistas logo no início das atividades associadas à qualidade, e a associação da
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
90
melhoria da qualidade com a maior produção e custos mais baixos. Seu enfoque
principal era a inspeção. A inspeção 100%, ou seja, a inspeção em todo o lote de
produção, se manteve inalterada durante muitos anos, apesar da necessidade de
aplicação, em diversos momentos, de inspeções parciais ou por amostragem, mas
sem metodologia estruturada nem procedimentos confiáveis (MARSHALL JUNIOR,
2006).
As necessidades dos clientes não eram direcionadoras à concepção do
produto. Da linha de montagem da Ford, no período de 1908 a 1927, saía apenas
um modelo, o Ford T - ou como conhecido: Ford Bigode - e em uma única cor, a
preta. Todavia, isso não foi empecilho para que esse produto se tornasse o carro do
século, chegando a 15 milhões de unidades vendidas. Pela primeira vez, o carro se
tornara um produto acessível à classe trabalhadora, mudando o conceito dessa
indústria, que investiu em capacidade para atender à demanda, que, então, era
maior que a oferta (CARVALHO et al., 2005).
Por outro lado, essa também foi uma época de grande evolução do conceito
de controle da qualidade, e Ford também teve papel importante nessa disciplina.
Imaginem o quão difícil era encaixar as peças na linha de montagem, sem que os
conceitos de especificação, tolerância e conformidade estivessem desenvolvidos.
Para viabilizar sua linha de montagem, Ford investiu muito na intercambialidade das
peças e na facilidade de ajustes, adotando um sistema padronizado de medida para
todas as peças. Como o modelo de linha de montagem se difundiu não só na
indústria automobilística, mas também em outros setores industriais, tornou-se
importante investir no desenvolvimento de áreas como a metrologia, sistema de
medidas e especificações, para garantir a intercambialidade das peças. Embora
nessa época, o foco do controle da qualidade ainda fosse a inspeção, se
encontravam elementos importantes do que viria a ser o conceito de qualidade que
priorizava uma abordagem voltada à produção e à conformidade (CARVALHO et al.,
2005).
Foi em 1924 que o conceito de controle da qualidade deu um novo salto,
quando Walter A. Shewhart criou os gráficos de controle, ao fundir conceitos de
estatística à realidade produtiva da empresa de telefonia Bell TelePhone
Laboratories. Shewhart também propôs o ciclo PDCA (plan-do-check-act), que
direcionaria as atividades de análise e solução de problema (GARVIN, 2002).
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
91
Na década de 1930, o controle da qualidade evoluiu bastante, com o
desenvolvimento do sistema de medidas, das ferramentas de controle estatístico do
processo e do surgimento de normas específicas para essa área. Surgiram técnicas
de amostragem, o que permitiu a introdução da inspeção por amostragem, que
reduziu as inspeções 100% (antes, geravam elevados custos indiretos). As normas
britânicas e americanas de controle estatístico da qualidade são também desse
período, British Standard BS 600 e American War Standarts, respectivamente. Foi
também nessa época que os experimentos de Elton Mayo e a Escola das Relações
Humanas começaram a questionar a alienação no trabalho e a importância da
participação do trabalhador. Esse trabalho pioneiro, aliado aos estudos de Maslow,
McGregor e Herzberg, nas décadas seguintes, sobre motivação humana, teve
grande influência nos programas de qualidade no período pós-guerra, em especial
na composição do modelo japonês (CARVALHO et al., 2005).
Por volta do final da II Guerra Mundial, a qualidade conquistara seu lugar e
passou a ser uma disciplina bem aceita no ambiente organizacional, com técnicas
específicas e resultados efetivos, com profissionais especializados e bem caracteri-
zados na especialidade. Em 1950, W. Edwards Deming, estatístico especialista em
qualidade, foi ao Japão, a convite da recém crida JUSE (Japanese Union of
Scientists and Engineers) com papel importante na área da qualidade, proferir
palestras para líderes industriais, tendo em vista a preocupação em reconstruir
aquele país, conquistar novos mercados e melhorar a reputação dos produtos
japoneses. A contribuição de Deming foi tão expressiva para o processo da
qualidade japonês que, em 1951, foi criado o prêmio Deming, em sua homenagem
(WALTON, 1992).
Em 1954, Joseph M. Juran visitou o Japão, introduzindo uma nova era no
controle da qualidade. Liderou a passagem de uma fase, em que as atividades
relativas à qualidade baseavam-se nos aspectos tecnológicos das bricas, para
uma nova. A preocupação com a qualidade passou a ser global e holística,
abarcando todos os aspectos do gerenciamento e toda a organização (MARSHALL
JUNIOR, 2006).
Nos Estados Unidos, a área de qualidade se consolidou. Em 1945, surgiu a
primeira associação de profissionais da área - a Society of Quality Enginers.
Posteriormente, foi fundada, em 1946, a American Society for Quality Control
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
92
(ASQC), atualmente American Society for Quality (ASQ), com a participação de
importantes nomes da área de qualidade, como Joseph M. Juran, que é membro
fundador (CARVALHO et al., 2005).
Foi na cada de 1950 que as primeiras associações da área da qualidade e
seu impacto nos custos foram tecidas e foi proposta a primeira abordagem
sistêmica. Em 1951, Juran lançou a publicação Plannning and Practices in Quality
Control, que apresentava um modelo que envolvia planejamento e apuração dos
custos da qualidade. Armand Feigenbaum foi o primeiro a tratar a qualidade de
forma sistêmica nas organizações, formulando o sistema de Controle da Qualidade
Total (TQC - Total Quality Control), que influenciaria fortemente o modelo proposto
pela lnternational Organization for Standardization (ISO), a série ISO 9000. No final
dessa década, em 1957, Philip B. Crosby lançou os elementos que criaram o
programa Zero Defeito, que foi muito popular na época, tanto em programas
militares como em empresas (CARVALHO et al., 2005).
Enquanto isso, no outro lado do mundo, o Japão lutava pela reconstrução no
período pós-guerra. Nesse peodo, como mencionado, dois importantes teóricos
da área da qualidade estiveram no Japão, W. Edwards Deming e Juran. Esses
teóricos influenciaram a criação do modelo japonês, mas também foram
influenciados por esse mesmo modelo. Deming, que exerceu forte influência na
criação do modelo japonês, tinha forte orientação estatística e foco no controle da
qualidade, mas em sua estada no Japão, incorporou aspectos relacionados à
participação dos trabalhadores e da alta gerência como fundamentais para a boa
Gestão da Qualidade. Foi criado em 1951, em homenagem a Deming, o Prêmio
Deming, que seria atribuído à empresa que mais se destacasse na área da
qualidade em cada ano. Só no final da década de 1980 surgiu um prêmio similar nos
Estados Unidos, o Prêmio Malcom Baldrige (1987), e posteriormente, na Europa, o
Prêmio Europeu da Qualidade (1991), e também no Brasil, Prêmio Nacional da
Qualidade - PNQ (1992) (CARVALHO et al., 2005).
O modelo japonês, Company Wide Quality Control - CWQC, que foi traduzido
no Brasil como Controle da Qualidade por toda a Empresa ou Controle da Qualidade
Amplo Empresarial, traria vários elementos novos à Gestão da Qualidade, que
seriam associados àqueles presentes no modelo ocidental (TQC). Vários teóricos
orientais tiveram também forte influência nesse novo modelo. Taiichi Ohno, um dos
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93
grandes idealizadores do modelo Toyota de produção, que ficaria conhecido como
produção enxuta ou lean production, influenciou a qualidade, sobretudo pela aversão
ao desperdício (ou muda, em japonês). Em sua luta contra o desperdício, um dos
alvos foi a eliminação da inspeção e, para tal, precisou devolver aos trabalhadores a
responsabilidade pela qualidade do que produziam, para que pudessem interromper
a produção assim que uma não-conformidade ocorresse no sistema, intervindo em
tempo real e evitando a produção de peças defeituosas. Além disso, Ohno reservava
um horário periodicamente para que os trabalhadores, em equipes, discutissem
melhorias no processo (CARVALHO et al., 2005).
O conceito de melhoria contínua era fundamental no modelo japonês na
busca da perfeição (kaizen), conforme advogado por Maasaki Imai. Outro elemento
importante no modelo japonês era o sistema de parcerias e alianças com
fornecedores. A seleção e o desenvolvimento dos fornecedores eram um fator
crítico para o sucesso das empresas japonesas, em que as redes de fornecimento,
conhecidas como keiretsu, apresentavam padrões de colaboração e parceria muito
diferenciados, com o conceito de qualidade assegurada. Shigeo Shingo, também,
colaborou para eliminação de desperdícios da qualidade com a proposição de
dispositivos à prova de erros (ou poka yoke, em japonês) e desperdício de tempos
de preparação, com seu modelo de troca rápida de ferramenta. Kaoru Ishikawa teve
importante papel no modelo japonês, contribuindo na formulação do CWCQ e na
difusão das sete ferramentas da qualidade, que viriam a ser amplamente utilizadas
pelos Círculos de Controles de Qualidade (CCQs), como ficaram conhecidos os
grupos de melhoria, atualmente ainda em uso em diversas organizações
(CARVALHO et al., 2005).
O sucesso do modelo japonês, que na década de 1970, mencionava a
aferição dos defeitos em partes por milhão, enquanto no Ocidente as métricas ainda
eram calculadas em porcentagens, provocou forte interesse nas organizações pelos
programas de qualidade. Nas décadas seguintes, os modelos TQC e CWQC foram
implementados com entusiasmo pelas empresas e se difundiram rapidamente. Na
década de 80, em uma economia cada vez mais globalizada, caracterizada pela
acirrada competitividade e por um ambiente altamente turbulento, a contínua busca
da eficácia fez emergir nas empresas a preocupação cada vez maior com a
qualidade dos seus produtos em relação ao mercado consumidor. Diversos países
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94
reúnem-se em blocos econômicos para somar esforços e se ajudar mutuamente, de
forma a poderem competir em condições melhores nos mercados mundiais. A
articulação econômica entre essas nações gera grande sinergia entre os
participantes, dando origem ao modelo normativo da ISO (International Organization
for Standardization, dentro da qual, em particular para a área de Gestão da
Qualidade, a série ISO 9000 e Sistemas de Garantia da Qualidade (CARVALHO et
al., 2005).
Para Carvalho et al. (2005), embora, em algumas situações, essa norma, que
é de caráter voluntário, pudesse ter sido utilizada como barreira técnica às
exportações, de maneira geral facilitou a relação entre clientes e fornecedores ao
longo da cadeia produtiva dispersa geograficamente. O processo de seleção de
fornecedores, utilizando essa norma como critério qualificador, eliminou os enormes
contingentes de auditores que as empresas mantinham, passando a utilizar as
certificações e as auditorias de terceira parte, credenciadas para esse fim. A ISO
9000 difundiu-se rapidamente, tornando-se um requisito de ingresso em muitas
cadeias produtivas, em especial a automobilística, que não tardou a criar diretrizes
adicionais, como a QS 9000, que convergiram para uma especificação técnica ISO
TS 16949, em 1999, para todo o setor. Em 2000, foi feita a terceira revisão da série,
ISO 9000:2000, que trouxe novos elementos, passando a adotar uma visão de
Gestão da Qualidade e não mais de garantia, introduzindo elementos da gestão por
processos, gestão por diretrizes e foco no cliente. Nova revisão dessa norma
ocorreu em 2008, contemplando principalmente alterações de forma.
Assim, chega-se a alguns elementos da Gestão da Qualidade moderna, que,
paradoxalmente, recupera alguns atributos da época artesanal, como a busca da
proximidade às demandas do cliente e maior customização, embora agora uma
customização em massa, ou seja, também com escala. No final da década de 1960,
Mizuno e Akao colaboraram para resgatar a proximidade com o cliente, propondo o
método QFD (Quality Function Deployment), ou Desdobramento da Função
Qualidade. Genichi Taguchi focou as atividades de projeto, como fundamentais para
a satisfação do cliente e para criação de uma qualidade robusta (robust quality).
Esse resgate da importância dos clientes e a percepção da qualidade como um
critério competitivo, passível de fornecer vantagem competitiva, trouxe alguns
teóricos da área de estratégia e administração para a área da qualidade, como
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
95
David Garvin, que, em seus trabalhos, discutiu o impacto estratégico da qualidade.
Também Akao tratou da importância do alinhamento estratégico da área da
qualidade com as estratégias do negócio, o que chamou de Hoshin Kanri ou
Strategic Policy Deployment, traduzido por Desdobramento das Diretrizes
(CARVALHO et al., 2005).
O programa mais recente de Gestão da Qualidade surgiu no final da década
de 1980, na Motorola, chamado Seis Sigma. Essa ferramenta se popularizou no
final do século passado e início do século XXI. Esse programa apresenta várias
características dos modelos anteriores, como o pensamento estatístico típico da
época de maior ênfase no controle da qualidade e na análise e solução de
problemas. No Seis Sigma, existe uma preocupação com o uso sistemático das
ferramentas estatísticas, seguindo um ciclo batizado de DMAIC (define-measure-
analyse-improve-control), sigla que representa as etapas de definir, medir, analisar,
melhorar e controlar, o que também remete ao ciclo PDCA. Esse método vai além
do pensamento estatístico, pois promove um alinhamento estratégico da qualidade,
desdobrada em projetos prioritários. Além disso, existe forte ênfase na relação
custo-benefício desses projetos, cujos ganhos, em algumas empresas, somam cifras
expressivas (ROTANDARO, 2008).
Essa breve revisão histórica busca traçar uma trajetória da evolução da
qualidade ao longo do último culo, lembrando que vários elementos de todos
esses anos estão presentes no dia-a-dia das empresas.
3.2 Conceitos da Qualidade
Atualmente, qualidade é a palavra-chave mais difundida e, ao mesmo tempo,
um termo de pouco entendimento no interior das organizações. Os próprios teóricos
da área reconhecem a dificuldade de se definir, precisamente, o que seja o atributo
qualidade de um produto. Essa dificuldade existe, principalmente, porque a
qualidade pode assumir diferentes significados para diferentes pessoas e situações,
dependendo se quem a observa é um consumidor, um produtor ou, ainda, um órgão
governamental. Dentro de uma organização, a qualidade também assume diferentes
significados para cada um dos setores da empresa: Marketing, Produção,
Assistência Técnica, Projetos, etc (TOLEDO, 1987).
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
96
Os conceitos de Qualidade apresentados pelos principais autores da área,
são os seguintes:
Juran (1974) associa qualidade à idéia de "adequação ao uso". Um produto
tem qualidade quando satisfaz às necessidades do usuário. A adequação ao uso é
determinada por aquelas características do produto que o usuário reconhece como
benéficas para ele.
Feigenbaun (1961) define qualidade como o conjunto de características do
produto, tanto de engenharia quanto de fabricação, que determinam o grau de
satisfação que proporciona ao consumidor, durante o seu uso.
Crosby (1984), por sua vez, define qualidade como "conformidade com
especificações".
As citações de outros autores basicamente repetem ou são variações das
definições apresentadas e, em geral, poderiam ser resumidas em: a qualidade de
um produto é o grau em que o mesmo satisfaz às exigências do consumidor
(TOLEDO, 1987).
Existe uma variedade de conceitos e definições de qualidade na literatura
especializada e em áreas afins. Segundo Garvin (2002), existem cinco abordagens
principais para a definição de qualidade: transcendental, baseada no produto,
baseada no usuário, baseada na produção e baseada no valor.
Transcendental
É uma condição de excelência que implica ótima qualidade, absoluta a
universalmente reconhecível. É uma propriedade simples e não analisável, que se
aprende a reconhecer somente através da experiência.
Baseada no Produto
A qualidade é definida como uma variável precisa e mensurável, e as
diferenças refletem-se nas características possuídas por um produto. Esse enfoque
leva a uma dimensão vertical ou hierarquizada da qualidade, para que os produtos
possam ser classificados segundo as suas características. Essa visão leva a dois
pontos fundamentais: primeiro, a qualidade é uma característica inerente aos pro-
dutos e pode ser avaliada objetivamente; segundo, uma qualidade melhor pode
ser obtida a custos maiores, uma vez que a qualidade reflete as características que
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
97
um produto contém, e, agregando valores, então os produtos com qualidade
superior serão mais caros.
Baseada no Usuário
Esse enfoque parte da premissa oposta de que "a qualidade está nos olhos
do observador/consumidor". A qualidade estaria associada a uma visão subjetiva,
baseada em preferências pessoais. Supõe-se que os bens que melhor satisfazem as
preferências do consumidor são aqueles considerados como tendo alta qualidade.
Esse enfoque levou ao conceito de "pontos ideais" e à visão econômica de que as
diferenças de qualidade são percebidas através de alterações na curva de demanda
do produto. Levou ainda ao conceito de "adequação ao uso", predominante na
literatura da área de qualidade:
Baseada na Produção
As definições baseadas na fabricação identificam a qualidade como
"conformidade com as especificações". Uma vez que uma especificação de projeto
tenha sido estabelecida, qualquer desvio significa redução na qualidade: identifica-
se excelência com o atendimento de especificações. Assim, um produto construído
em conformidade com as especificações seria considerado de boa qualidade,
independente do conteúdo da especificação. De acordo com o enfoque baseado na
fabricação, as melhorias na qualidade, que o equivalentes às reduções na
porcentagem de defeituosos, levam a custos menores, uma vez que prevenir a
ocorrência de defeitos é interpretado como sendo mais econômico do que seu
retrabalho.
Baseada no Valor
Define-se a qualidade em termos de custos e preços. Um produto de
qualidade é aquele que apresenta desempenho a um preço aceitável e/ou
conformidade a um custo aceitável. Assim, um produto extremamente caro, em
relação ao poder de compra do mercado, não importando quão bem feito ele o é,
não poderia ser considerado um produto de qualidade, pois teria poucos
compradores.
Outras definições podem ser enquadradas nas citadas, a partir de seus
aspectos preponderantes. Eventualmente, é possível perceber algum conflito entre
elas. Dependendo da área considerada, como por exemplo: marketing, vendas,
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
98
produção, etc, uma ou outra definição aplica-se melhor. O caminho mais seguro
para se definir qualidade em uma empresa é através de sua potica da qualidade,
que pode incluir mais de uma das abordagens indicadas.
Ainda para Garvin (2002), o conceito de qualidade pode ser desdobrado em
oito dimensões, elencadas a seguir:
desempenho - refere-se às características operacionais básicas do produto;
características - são as funções secundárias do produto, que suplementam
seu funcionamento básico;
confiabilidade - reflete a probabilidade de mau funcionamento de um
produto;
conformidade - refere-se ao grau em que o projeto e as características
operacionais de um produto estão de acordo com padrões pré-estabelecidos;
durabilidade - refere-se à vida útil de um produto, considerando suas
dimensões econômicas e técnicas;
atendimento - refere-se a rapidez, cortesia, facilidade de reparo ou
substituição;
estética - refere-se ao julgamento pessoal e ao reflexo das preferências
individuais;
qualidade percebida - refere-se à opinião subjetiva do usuário acerca do
produto.
A correta conceituação da qualidade, bem como a sua desagregação em
cada situação empresarial, pode ser a chave para se recorrer à qualidade como uma
estratégia de concorrência. O fator comum em quase todas as tentativas de se
conceituar a qualidade é a satisfação das necessidades do consumidor. Um produto
seria considerado qualitativamente correto, ou de "boa" qualidade, desde que
satisfizesse às necessidades do consumidor, independente do conteúdo dessa
qualidade. Nesse sentido, a qualidade seria um conceito relativo; em face da
subjetividade associada à satisfação de necessidades, e não uma propriedade
inerente que se afirma ou se nega de um produto. Para os autores, a qualidade
deixa de ser uma propriedade que os produtos têm ou não têm para estar associada
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
99
ao conceito de satisfação de necessidades. Com isso se justifica a existência de
diferentes níveis de qualidade associados aos produtos e, assim, de acordo com
esta lógica, um produto destituído de qualidade intrínseca seria considerado de
qualidade adequada para um consumidor pouco exigente em face de suas
limitações econômicas, culturais e sociais (TOLEDO, 1987).
3.3 Abordagem Econômica da Qualidade
De acordo com Paladini (1995), a utilização de unidades monetárias é uma
forma universal de expressar a análise de ações empresariais. A imensa maioria dos
resultados de atividades desenvolvidas em nível de processos produtivos pode ser
convertida para um padrão financeiro e, assim, pode-se ter uma linguagem única
para comparar vantagens, benefícios diretos ou indiretos, necessidades de
investimentos e custos na execução de atividades das mais diferentes naturezas.
Além da unicidade de interpretações, trata-se de uma linguagem de fácil acesso,
compreensão e de inegável relevância.
Todos esses aspectos são válidos, quando se analisa a questão da Qualidade
Total. São também extremamente úteis, que inserem a qualidade no contexto
global da organização. A análise da qualidade do ponto de vista econômico requer a
consideração de suas relações com todas as partes do sistema produtivo, única
forma de se medir seus benefícios e custos de modo efetivo; além disso, inclui a
qualidade no rol das preocupações usuais da administração operacional da
empresa, para quem o problema de custos é permanente. Existem especificidades
próprias na análise econômica da qualidade, como, por exemplo, o fato de que os
benefícios financeiros extrapolam os limites de sua área. Da mesma forma, a
determinação dos custos da qualidade deve considerar uma duplicidade de aspectos
atividades próprias da qualidade, em nível de controle, e também atividades
que envolvem áreas muito mais amplas da brica, como é o caso das ações na
área de conscientização da mão-de-obra para a importância da qualidade
(PALADINI, 1995).
Para um perfeito entendimento desse tipo de abordagem, os aspectos
econômicos da qualidade podem ser analisados em dois ambientes distintos: o
interno e o externo à empresa. A abordagem econômica da qualidade no ambiente
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100
interno está intimamente ligada à Metrologia e, assim, à importância que as
organizações dão à cultura metrológica. Os investimentos destinados a essa área
impactarão significativamente nos custos internos do processo produtivo. Sob esse
olhar, para Robles (1996), os custos da qualidade podem ser subdivididos em duas
macrocategorias: custos do controle e custos das falhas dos controles, como mostra
o Quadro 2.
Quadro 2 – Custos da Qualidade.
Fonte: Robles (1996).
Custos de Prevenção
Custos de Controle
Custos de Avaliação
Custos de Falhas Internas
Custos das Falhas dos Controles
Custos de Falhas Externas
Slack (1996) subdivide essas macrocategorias em: custos de prevenção e
de avaliação - ligados a atividades que visam prevenir a ocorrência de erros,
atuando na antecipação e no monitoramento dos processos - e custos de falhas
internas e de falhas externas - relacionados com os custos decorrentes do erro
ocorrido e que caracterizam, pelo menos de certa forma, um mau investimento nos
custos de controle, tendo em vista que esses dois macrogrupos são inversamente
proporcionais, ou seja, quanto mais se investe em prevenção e controle, menos
ocorrem falhas no processo produtivo. Na verdade, o bom gerenciamento desses
custos leva a um aumento de produtividade e ganhos relativos, na medida em que
ocorre aumento da qualidade e futuros erros podem ser previstos. Do ponto de vista
do ambiente interno, a qualidade está embutida na produção do produto.
Internamente, é na concepção do produto que a qualidade será percebida, refletindo
na sua produtividade e, por sua vez, nos seus custos produtivos.
Oliveira (2006) e Carvalho et al. (2005) consideram custos de produção os
Custos de Prevenção, de Avaliação e das Falhas Internas. Os custos de prevenção
incluem aquilo que se gasta durante a observação e identificação de problemas
antes da execução ou produção de determinado produto. De acordo com Carvalho
et. al (2005), os custos de prevenção são resultantes dos gastos associados às
medidas tomadas para planejar a qualidade, a fim de garantir que não ocorrerão
problemas. Também podem ser enquadrados nessa categoria quaisquer gastos
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101
decorrentes de ações que objetivem prevenir ou reduzir o risco de não-
conformidades ou defeitos, ou seja, podem ser considerados investimentos
requeridos para assegurar que não ocorram falhas nos processos. Em outras
palavras, visam prevenir a falta de qualidade em produtos e serviços.
Para Oliveira (2006), se por um lado, prevenir problemas tem um custo
adicional ao processo de produção, por outro, a solução após sua ocorrência pode
significar um custo muito maior. São exemplos desses custos: treinamento de
operadores de máquinas e equipamentos, análise de matéria-prima, atividades de
desenvolvimento de produtos, avaliação de fornecedores, etc.
De acordo com Rotandaro (2008), os custos de avaliação são referentes ao
controle da qualidade. Ocorrem quando os agentes envolvidos diretamente no
processo de produção checam a possibilidade da existência de problemas e erros,
que podem acontecer durante o processo de fabricação e/ou execução do produto
ou serviço. Nesse caso, algumas ferramentas de prevenção devem ser adotadas,
tais como: o Controle Estatístico do Processo (CEP), o MSA (Análise de Sistemas
de Medição), etc.
Segundo Carvalho et al. (2005), os custos de avaliação são aqueles
associados à verificação do nível da qualidade obtido pelo produto, isto é, são os
custos relativos às inspeções e aos ensaios requeridos para garantir que o produto
esteja em conformidade com as especificações e os requisitos de desempenho. Eles
representam os gastos para determinar o grau de conformidade dos produtos, ou
seja, são dispêndios com atividades desenvolvidas para identificação de unidades
ou componentes defeituosos antes da remessa do produto para os clientes. Na
grande maioria dos casos, a maior contribuição nos custos de avaliação são os
gastos com pessoal de inspeção, ensaios e testes. Outros elementos na categoria
de custos de avaliação são: área ocupada pelo controle da qualidade, auditoria
(regular) de produto, calibração de instrumentos de medição e controle, coleta,
análise e relato dos dados da qualidade, controles realizados em laboratório, custos
de verificação e revisão de projeto, serviços e materiais para inspeção e testes.
Os custos de falhas internas ocorrem na medida em que são detectados erros
na operação interna, como problemas com peças e materiais refugados ou
retrabalhados. Incluem, também, a perda de tempo durante o processo de produção,
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102
bem como a falta de concentração dos agentes envolvidos na solução dos erros
ocorridos. É necessário identificar os erros internos a partir de um controle rígido dos
fatores de produção utilizados no processo, bem como controlar o tempo de
desempenho das funções exercidas pelos agentes produtivos. A especialização e a
qualificação dos agentes envolvidos tornam-se importantes, na medida em que o
controle da qualidade, antes voltado somente para a questão dos materiais e
produtos, passa a envolver-se também com a qualificação da mão-de-obra
(OLIVEIRA, 2006).
Na mesma linha de Oliveira (2006), para Carvalho et al. (2005) os custos de
falhas internas são aqueles decorrentes da produção de peças defeituosas,
identificadas internamente na organização. São custos diretos ou indiretos,
decorrentes da falta de qualidade requerida, detectados antes de os produtos serem
expedidos. Exemplos típicos dos custos de falhas internas são: abertura e imple-
mentação de ações corretivas devido a refugo, custos de análise das falhas, defeitos
ou anomalias, desvalorização (diferença entre o preço de um produto de venda
normal e de preço reduzido devido a problemas de qualidade), horas extras para
recuperar atrasos gerados por problemas de qualidade, inspeção 100% para classi-
ficação, manutenção corretiva, paradas de produção devido a peças defeituosas,
reinspeção de lotes/estoques de produtos novos ou retrabalhados, reinspeção e
novos testes.
Para Toledo (1987), indo de encontro à analise de Costa Neto (2007) sobre o
conceito de qualidade baseada no processo, no ambiente interno, a qualidade
começa no projeto e é definida durante a fase de projeto do produto, sendo
estabelecida a partir de especificações de matéria-prima, desenho, desempenho,
etc. a qualidade de conformação é gerada ao longo do processo produtivo e
indica o grau de conformidade entre o produto obtido e as especificações de projeto.
Em nível da organização da produção e de seus sistemas de apoio (controle de
qualidade, manutenção, engenharia industrial, etc.), a preocupação com a qualidade
está voltada para a obtenção da qualidade de conformação. O fator qualidade de
conformação pode ser explorado não como meio de atender às exigências do
mercado consumidor, mas como fator de racionalização da produção e de elevação
dos lucros, ou seja, como meio a que a empresa poderá recorrer para reduzir
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103
custos. Isso ocorre, pois maior qualidade de conformação, representa menor custo
devido a perdas por refugos e retrabalho.
Moreira (1998) salienta a importância do conceito de “reação em cadeia”,
quando diz que a melhoria da qualidade traz baixa de custos devido à redução de
trabalho, dos erros, dos atrasos, dos empecilhos e proporciona, também, melhor uso
dos materiais e do tempo de utilização das máquinas, obtendo, por sua vez, o
aumento da produtividade, que gera aumento da participação do mercado em
função da melhoria da qualidade do produto e da possibilidade de oferecê-lo a um
preço mais baixo, possibilitando o incremento das chances de crescimento ou
mesmo de permanência da empresa no mercado.
Campos (1992), abordando o aspecto econômico da qualidade no ambiente
interno, cita o conceito da produtividade. Aumentar a produtividade é produzir cada
vez melhor com cada vez menos. Pode-se representar a produtividade como o
quociente entre o que a empresa produz e o que consome, ou seja, a relação entre
saídas produzidas e as entradas necessárias para produzir.
Costa Neto (2007), na mesma linha de Campos, diz que a produtividade é
determinada pela seguinte equação:
Campos (1992), ainda cita a importância da agregação de valor. Se a
empresa for capaz de agregar muito valor por um baixo custo, dominará o mercado,
pois os consumidores sempre procurarão o máximo “valor” pelo seu dinheiro. Esse
valor deve ser agregado ao menor custo (entrada). O custo representa os valores
que a organização retira da sociedade e aos quais agrega valor para essa mesma
sociedade. Substituindo na equação anterior, “resultados” por “valor produzido” e
“insumos” por “valor consumido” visualiza-se a produtividade como Taxa de Valor
Agregado. Quanto maior a produtividade de uma empresa, mais útil é para a
entradas
saídas
adeprodutivid =
insumos
resultados
adeprodutivid =
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104
sociedade, pois está atendendo às necessidades dos seus clientes a um baixo
custo. O seu lucro decorrente é um prêmio que a sociedade lhe paga pelo bom
serviço prestado e um sinal de que deve crescer e continuar a servir bem.
Em relação à abordagem econômica da qualidade relacionada ao ambiente
externo, focam-se aspectos que não estão ligados ao processo de fabricação do
produto, e sim, à visão do cliente, que é consumidor do produto. Um produto visto
pelo consumidor como de “má qualidade” incorrerá numa série de custos que afetará
a competitividade da organização (ROTANDARO, 2008).
De acordo com Oliveira (2006), esses custos ocorrem quando o produto ou
serviço defeituoso chega às mãos dos consumidores, ou seja, após sua entrega ao
mercado. Os consumidores são afetados em relação à confiança que têm no
produto ou serviço e, consequentemente, na empresa. Podem ocorrer, ainda,
quando a própria empresa disponibiliza no mercado um produto sem as
características ideais ou prometidas quanto a peso, tamanho, etc., o que leva à
necessidade de sua substituição. Essa ocorrência é detectada, normalmente, por
órgãos representantes do Inmetro, os Ipem Institutos de Pesos e Medidas
regionais, na área da Metrologia Legal, que fazem a fiscalização e defesa do
consumidor.
Para Carvalho et al. (2005), os custos de falhas externas são aqueles
associados aos produtos com falta de qualidade já expedidos pela empresa, ou seja,
os gastos relativos aos defeitos identificados pelos clientes ou ainda de posse dos
distribuidores (por exemplo, no estoque de peças das concessionárias de veículos).
Refletem gastos decorrentes de problemas que são identificados no campo.
Exemplos de elementos que pertencem a essa categoria são: custos de
investigação para descobrir a origem dos defeitos, gastos de devolução de produtos,
multas contratuais devido a problemas de qualidade, processamento de
reclamações (investigação e correção), processos judiciais acionados pelo cliente,
recolhimento do produto e recalls, reinspeções realizadas no cliente, reparos no
período de garantia (assistência técnica) e reparos feitos no campo.
Os custos de falhas externas são, geralmente, os de consequência mais
grave, pois o fabricante ou fornecedor do produto pode ter grandes perdas devido à
evasão de clientes, divulgação da qualidade do produto, gastos em atender o
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105
cliente, entre outros. Alguns clientes mais exigentes, como, por exemplo, as
montadoras automotivas, chegam a cobrar até o custo da área de trabalho para
realização de inspeção seletiva (separação de produtos defeituosos daqueles que
estão conforme especificação, por meio de inspeções 100%). Quando existe a
necessidade de que essa operação seja realizada na própria montadora, geralmente
o fornecedor envia seu pessoal para fazer a seleção das "peças boas". Nesses
casos, algumas montadoras cobram do fornecedor o espaço físico utilizado para que
os profissionais das autopeças realizem tal operação. Além desse tipo de problema,
existem custos difíceis de serem identificados e analisados, principalmente quando
não se conhece a origem do defeito. Essa análise demanda tempo e recursos
materiais e de pessoas para identificar o problema de modo a possibilitar sua
resolução. O consumo desses recursos são computados como custos devido à
falhas externas (CARVALHO et al., 2005).
Paladini (1995) cita, ainda, alguns exemplos de custos devido à má qualidade
que ocorrem no ambiente externo:
- Redução do preço pago pelo produto, pela necessidade de descontos a
serem concedidos (pela existência da qualidade inferior ao desejado) ou por danos à
imagem do produto.
- Custos decorrentes das ações de atenção às reclamações, concessão de
garantias extras, assistência técnica para reparos, retorno das peças à empresa
para conserto.
- Ações de reparo de imagem junto ao consumidor.
- Perda da confiança do consumidor e de futuros negócios.
- Perdas para a concorrência de faixas de mercado (prejuízos no prestígio da
empresa, moral abatida, relações difíceis com o mercado).
Nem todos estes ítens o de fácil determinação. Alguns, como a perda de
confiança por parte do consumidor, provocam danos, em geral, irrecuperáveis. É
difícil definir sua real magnitude.
Em contrapartida, Paladini (1995) considera que uma empresa que produz
com qualidade assegura as seguintes vantagens:
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106
maior participação no mercado consumidor, inclusive com o aumento de sua
faixa de participação;
estabilidade dos preços, que não depende de descontos dados a produtos
de qualidade inferior;
maior competitividade, evidenciada em concorrências e disputas por faixas
específicas de mercado;
consumidores com maiores níveis de fidelidade ao produto.
dois aspectos relevantes nesses elementos: maior volume de vendas e
maior segurança para a empresa. As vendas garantem a empresa hoje e a
segurança assegura a sobrevivência da empresa.
3.4 Qualidade e Produtividade
Uma questão bastante controvertida é a da relação entre qualidade e
produtividade. Tradicionalmente, a qualidade e a produtividade são consideradas
como inversamente correlacionadas, acreditando-se que um trabalho de alta
qualidade exige mais tempo e só poderia ocorrer às custas da produtividade. Assim,
para determinado processo seria possível melhorar a produtividade ou a qualidade e
não ambas ao mesmo tempo. Também é senso comum que elevar a qualidade de
conformação significa elevar os custos de produção em face das necessidades de
máquinas e equipamentos mais sofisticados e de maior precisão, mais horas de
trabalho, mão-de-obra mais qualificada, matérias-primas melhores e mais caras, etc.
Entretanto, esse senso comum não passa por uma análise criteriosa dos custos de
retrabalho e de refugo, o que, se considerado, provavelmente poderia levar a uma
conclusão inversa (TOLEDO, 1987).
Para Deming (1990), existe é um pouco de folclore. Reza o folclore que, nos
Estados Unidos, qualidade e produtividade são incompatíveis, que não se pode ter
ambos. Um gerente de fábrica lhe dirá que é uma coisa ou outra. Pela sua
experiência, se forçar a qualidade, a produtividade diminui; se forçar a produtividade,
a qualidade sofre. Essa será sua experiência, enquanto não souber o que é
qualidade nem como alcançá-Ia!
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107
Ele conseguiu uma resposta clara e concisa numa reunião com 22
funcionários da área de produção, todos representantes sindicais, em resposta a sua
pergunta: "Por que a produtividade aumenta à medida em que a qualidade
melhora?"
Ouvindo como resposta ao seu questionamento:
Menos retrabalho;
Não há tanto desperdício;
Para quem trabalha na produção, qualidade significa que seu desempenho o
satisfaz e que se orgulha de seu trabalho.
Para Deming (1990), a melhora da qualidade transfere o desperdício de
homens-hora e tempo quina para a fabricação de um bom produto e uma melhor
prestação de serviços. O resultado é uma reação em cadeia - custos mais baixos,
melhor posição competitiva, pessoas mais felizes no trabalho, empregos e mais
empregos. A Figura 32 apresenta essa relação.
Figura 32 – Relacionamento e conseqüências da Qualidade e Produtividade.
Fonte: Adaptado de Deming (1990).
Na Figura 32, o relacionamento entre a qualidade e produtividade se dá
através das atividades de conformação existentes no processo produtivo. A menor
ocorrência de retrabalho e o menor índice de erros nas atividades de controle e de
menos
retrabalho; menos
erros; menos atrasos;
melhor uso de
tempo/máquina e insumos
Melhor Produtividade
Melhor Qualidade
Captação de mercados
com melhor qualidade e
preços menores
Ampliação do mercado
de trabalho
Manutenção dos
negócios
Consequências da melhor Qualidade e P
rodutividade
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108
fabricação acarretarão uma reação em cadeia na produção, pois a matéria-prima
será melhor aproveitada, a relação homem/máquina será otimizada, assim como as
atividades de controle de qualidade. O número de refugos será pequeno, ocorrendo
a redução dos custos produtivos devido à melhora da qualidade e produtividade.
Essa reação em cadeia iniciada no processo produtivo alcançará o ambiente
externo, proporcionando à organização maior competitividade e a possibilidade de
manutenção dos negócios por maior tempo, devido à melhor qualidade de seus
produtos a menores custos produtivos. A organização terá lego financeiro para a
captação de novos mercados antes não explorados. Outro aspecto relevante nessa
reação em cadeia é a melhora do mercado de trabalho, pois mais produtos
colocados no mercado significam mais trabalho e investimento em máquinas e
equipamentos, impactando positivamente na necessidade de contratação de mão-
de-obra para suprir o processo de produção.
Existe estreita relação entre produtividade e qualidade, uma vez que melhor
qualidade de conformação significa maior porcentagem de itens dentro das
especificações e, a produtividade entendendo-a como medida a partir da
quantidade de itens considerados aprovados, em relação ao total de recursos
empregados - poderá ser maior, desde que essa melhoria da qualidade de
conformação não seja às custas de redução significativa na quantidade produzida.
Assim, uma estratégia de organização da produção criativa seria uma opção que
implicasse melhorar, ao mesmo tempo, tanto a produtividade como a qualidade
(TOLEDO, 1987).
Campos (1992) considera que a melhora da produtividade se através do
investimento em três elementos básicos e distintos que compõem uma organização
produtiva: o “hardware” - equipamentos e materiais que, para ser melhorado, é
necessário fazer "aporte de capital". Havendo capital, pode-se comprar qualquer
equipamento ou matéria-prima desejado e com isso melhorar a produtividade. O
impedimento é que nem sempre o capital é disponível. O segundo desses elementos
é o “software” - procedimentos e métodos para se fazer as coisas - é possível
melhorar os procedimentos ou métodos de uma organização através das pessoas.
Não é possível simplesmente comprar um procedimento sem que esse processo
passe pelas pessoas. As pessoas podem absorver ou desenvolver métodos ou
procedimentos. O terceiro elemento é o “humanware” ser humano - para melhorar
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109
o ser humano é necessário fazer "aporte de conhecimento". O conhecimento pode
ser levado às organizações de várias maneiras: pelo recrutamento de pessoas bem-
educadas (aqui entra o valor da educação básica fornecida ao indivíduo pela
sociedade), pela contínua educação dos empregados em cursos formais, pelo
autoaprendizado, pelo treinamento no trabalho, pela assistência técnica adquirida de
outras empresas (contato com pessoas de outras organizações), pelo contato com
consultores, etc. Considerando-se apenas os fatores internos de uma organização, a
produtividade pode ser aumentada pelo aporte de capital e pelo aporte de
conhecimento.
Campos (1992) ainda cita que um programa de qualidade e produtividade é
um programa de "aporte de conhecimento" e, para que ele seja realmente absorvido
pela empresa, é necessário tempo. Um programa de qualidade bem conduzido leva
algo em torno de cinco anos. É como se a empresa estivesse fazendo o seu "curso
superior". Os resultados são lentos e graduais, mas definitivos.
Costa Neto (2007) acrescenta mais um elemento na relação qualidade e
produtividade: a competitividade. Ser competitivo é ter produtividade. O que
realmente garante a sobrevivência das empresas é a garantia de sua
competivividade. Essas coisas estão todas interligadas: a garantia de sobrevivência
decorre da competitividade, a competitividade decorre da produtividade e esta da
qualidade, como mostra a Figura 33.
Figura 33 – Qualidade, Produtividade e Competitividade.
Fonte: Adaptado de Costa Neto (2007).
Na Figura 33, Costa Neto (2007) considera que para a empresa ser
competitiva, deve poder oferecer seus produtos ou serviços com a qualidade
esperada pelos clientes e com preços aceitáveis pelo mercado. Para ter preços
competitivos, a empresa deve ter custos compatíveis, o que exige produtividade no
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110
uso dos recursos de que dispõe. A figura ainda ressalta que Qualidade e
Produtividade são conceitos afins, um influindo no outro. Produzir com qualidade
implica produtividade e vice-versa, relação que nem sempre foi imaginada assim,
mormente quando o atendimento às especificações se conseguia pela inspeção de
produtos finais, levando a refugo ou a retrabalho dos itens não conformes. Coisa que
deveria ser do passado.
3.5 Controle da Qualidade
Uma das operações mais importantes da metrologia industrial é o Controle da
Qualidade. Cada produto deve atender plenamente as especificações técnicas
definidas pelo projetista, de forma que possa cumprir com qualidade as funções para
as quais foi desenhado. O controle da qualidade envolve um conjunto de operações
de medição desenhado para assegurar que apenas os produtos que atendam
plenamente as especificações técnicas sejam comercializados. A qualidade de
produtos ou serviços é um requisito fundamental para a sobrevivência de qualquer
empresa (TOLEDO, 1987).
De acordo com Paladini (1995), tradicionalmente, o Controle da Qualidade é
definido como uma função de controle e fiscalização na empresa. Esse conceito,
que não mais se sustenta, evoluiu para o de uma estrutura organizada, que visa
prevenir a ocorrência de defeitos na fabricação. Utiliza-se, habitualmente, o seguinte
conceito para definir “Controle da Qualidade”: sistema dinâmico e complexo que
envolve direta e indiretamente todos os setores da empresa, com o intuito de
melhorar e assegurar economicamente a qualidade do produto final.
Para Paladini (1995), o Controle de Qualidade não apenas constata defeitos,
mas pesquisa, analisa e previne sua ocorrência, isto é, estabelece, melhora e
assegura a qualidade do produto em níveis econômicos.
De acordo com Carvalho et al. (2005), o papel dos profissionais do Controle
da Qualidade se encontra bastante modificado comparado aos inspetores e
supervisores que compunham departamentos massivos da qualidade e eram
responsáveis por inspecionar e controlar a qualidade de todos os produtos da
empresa.
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111
Ainda persiste a necessidade da existência de uma estrutura para a
qualidade. Essa estrutura é responsável pelo gerenciamento e pela operação do
sistema da qualidade, seus procedimentos, documentos e métodos, que incluem
padrões para os produtos, política de qualidade e procedimentos padrão de
operação. Isso implica, também, uma estrutura eficiente para a elaboração de testes
e ensaios para a análise da qualidade de produtos. Além disso, uma estrutura para a
auditoria interna de sistemas da qualidade, para garantir e melhorar os sistemas
implementados e elaborar relatórios da qualidade para a gerência das funções mais
importantes do processo. Também implica prover capacitação e treinamento em
métodos de planejamento e controle da qualidade para outras áreas (HOERL, 1998).
Esses métodos incluem diversos tipos de ferramentas, dentre as quais se destacam
os gráficos de controle estatístico de processos, amplamente discutidos em Branco
Costa (2003).
De acordo com Carvalho et al. (2005), a diferença entre a abordagem atual e
a antiga consiste no fato de que cada departamento, seja ele de produção ou de
operação, passa a ser responsável pelo controle e qualidade dos produtos
fabricados, bem como dos produtos desenvolvidos. O departamento da qualidade é
responsável por prover a habilidade e os procedimentos necessários para que o
sistema funcione como um todo, ou seja, a qualidade passa a ter uma abordagem
que vai além do conhecimento trivial.
Por outro lado, cresce a importância do domínio de ferramentas e técnicas da
área da qualidade por todos na organização, pois o controle da qualidade, bem
como a análise e solução de problemas, fica a cargo dos donos do processo, ou
seja, do próprio departamento, que precisa estar capacitado para tal tarefa
(CARVALHO et al., 2005).
Com as novas abordagens da qualidade, como o programa Seis Sigma,
discutido em Rotandaro (2008), que são direcionadas para a apuração dos ganhos
de projetos de melhoria, surge a necessidade de maior integração entre a área de
qualidade e os demais departamentos da empresa, para que os ganhos advindos do
programa possam ser apurados com maior precisão. Como consequência, em lugar
de especialistas, a necessidade de profissionais da qualidade com uma visão
mais geral da empresa, que entendam os processos, para permitir tal integração
dentro da empresa.
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112
3.6 Qualidade em Serviços
Nos últimos anos, observou-se uma evolução do setor de serviços na
economia mundial, o que tem levado especialistas da área de gestão da qualidade a
desenvolver ferramentas e técnicas específicas para esse setor (CARVALHO et al.,
2005).
Serviço pode ser definido como a capacidade que uma experiência ou
qualquer outro fator tenha para satisfazer uma necessidade, resolver um problema
ou fornecer um benefício a alguém (ALBRECHT, 1992).
Kotler e Armstrong (1998b) definem serviços como um ato ou desempenho
intangível que uma parte pode oferecer a outra e não resulte na posse de nenhum
bem. Sua execução pode ou não estar ligada a um produto físico.
A qualidade aplicada ao setor de serviços está relacionada com o
fornecimento do produto “serviço” com qualidade superior aos clientes, proprietários
e funcionários. Com esse conceito, percebe-se que a análise não deve-se limitar aos
clientes externos. É necessário levar em consideração todos os indivíduos da cadeia
administrativa funcionários e administradores ressaltando a importância de cada
um na conquista do objetivo comum, que é a qualidade (OLIVEIRA, 2006).
Paladini (2000) salienta que a área de prestação de serviços envolve a
produção de serviços propriamente dita e a estruturação de métodos. Ao contrário
do caso industrial, não possibilidade aqui de se separar, com nitidez, o processo
produtivo da prestação de serviços ambos se confundem. No ambiente de
prestação de serviços, a gestão da qualidade centra-se na interação com o usuário.
É nesse processo interativo que a qualidade aparece.
Denton (1990) afirma que serviço é cultura, dessa forma ter qualidade
superior deve iniciar pelo topo. Quem tem esse conceito sabe que produtos com
qualidade, manutenção e boa administração interna influenciam a satisfação do
cliente de forma mais acentuada do que preços baixos ou promoções. Empregados
motivados, bem informados e atenciosos são ativos valiosos e são necessários,
caso os serviços devam ser melhorados. Serviço com qualidade inferior tem as suas
raízes em administração ruim.
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113
Albrecht (1992) afirma que as empresas centralizadas nos clientes o vêem
como ponto de partida, posto de escuta e árbitro final para tudo aquilo que fazem.
Essas empresas partem das necessidades e expectativas do cliente, os atributos
que são desejados e definidos pelos clientes. Desenvolvem e aperfeiçoam produtos
e serviços para satisfazê-las.
Segundo Slack et al. (2002), ao comprar um produto ou serviço, o cliente não
está simplesmente comprando um produto ou serviço, está comprando um conjunto
de benefícios esperados para atender suas necessidades e expectativas.
De acordo com Parasuraman et al. (2006), atingir qualidade em produtos e
serviços tornou-se preocupação central a partir da década de 1980. A qualidade em
bens tangíveis tem sido descrita e medida pelos estudos de marketing, enquanto a
dos serviços continua bastante indefinida e inexplorada.
Para Costa Neto (2007), a demanda por serviços cresce continuamente, daí
resultando na sua importância econômica crescente, devido a diversos fatores,
relacionados abaixo:
Automação industrial;
Urbanização;
Maior tempo de lazer;
Desejo de melhorar qualidade de vida;
Mudanças do perfil demográfico;
Mudanças sócio-econômicas;
Aumento da sofisticação dos consumidores;
Mudanças tecnológicas;
Suporte à manufatura;
Como diferencial competitivo;
Como geradores de lucro.
O mesmo autor destaca as seguintes características próprias dos serviços,
que levam a se distinguir a sua geração da produção de bens manufaturados:
Intangibilidade: o serviço é imaterial, não tem existência física;
Instantaneidade: como decorrência, o serviço não pode ser estocado, ocorre
no instante de sua prestação;
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114
Simultaneidade: sua produção se dá, em geral, ao mesmo tempo de seu
consumo;
Participação do cliente: em geral, necessita da presença física ou virtual do
cliente para a sua execução
Heterogeneidade: como decorrência, os serviços podem apresentar
múltiplas formas para serem prestados eficazmente.
Essa caracterizaçãoo difere significavelmente de Kotler (1998a), para quem
existem quatro características importantes na prestação de serviço:
Intangibilidade: diferentemente dos produtos, os serviços são intangíveis,
pois não podem ser vistos, provados, sentidos, ouvidos ou cheirados antes de serem
comprados;
Inseparabilidade: como os serviços são produzidos e consumidos
simultaneamente, são inseparáveis;
Variabilidade: os serviços são altamente variáveis, pois dependem de quem
os executa e de onde são prestados; e
Perecibilidade: essa característica diz respeito à impossibilidade dos
serviços serem estocados.
Ao se tratar de serviços, Juran (2002) destaca que a medição da qualidade
percebida pelo cliente envolve o tratamento recebido, o serviço prestado,
pontualidade.
Las Casas (2006) define qualidade em serviço como a capacidade de
proporcionar a satisfação do cliente. Essa satisfação é atingida quando o serviço
atende ou supera a expectativa do cliente. Empresas que buscam a excelência em
serviços primam por superar as expectativas do cliente. Parasuraman et al. (2006)
justificam esses pontos e ressaltam que os serviços não o objetos, mas são
prestados, envolvendo o desempenho dos prestadores. Devido a esse fato, é difícil
estabelecer especificações de fabricação precisa quanto a uma qualidade uniforme.
A percepção do cliente é a forma como o indivíduo percebe a qualidade do serviço.
Essa percepção varia conforme o tipo de pessoa. Além da percepção individual,
existem os estímulos físicos que podem influenciá-la, de acordo com o Quadro 3.
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115
Quadro 3 - Principais aspectos físicos da percepção.
Fonte: Las Casas, (2006).
Similaridade
O que é similar tende a ser visto como um
conjunto; um cliente que não goste do
atendimento de um garçom, por exemplo,
tende a julgar o restaurante como um todo.
Proximidade
Coisas próximas tendem a ser vistas como
única; por exemplo, um produto de uma
determinada marca que apresenta falha na
fabricação pode gerar rejeição em todos os
produtos da marca.
Continuidade
Uma sequência é percebida como fechada ou
óbvia. Essa visão se relaciona com a imagem
do serviço, se houver falha ou atraso em mais
de uma vez, a tendência é de que o cliente
associe que a falha ocorrerá.
A avaliação da qualidade dos serviços permite que as empresas conheçam as
percepções, as reações e as atitudes dos clientes em relação à entrega dos
serviços.
Parasuraman et al. (1988) distinguem cinco aspectos da qualidade em
serviço que são importantes na relação com clientes:
1) Confiabilidade capacidade de executar os serviços prometidos de maneira
confiável e precisa;
2) Tangibilidade a aparência das instalações, dos equipamentos, do pessoal e
do material de comunicação;
3) Sensibilidade conhecimento e cortesia por parte dos funcionários e habilidade
em transmitir confiança;
4) Empatia a atenção personalizada e o carinho individualizado que a empresa
proporciona a seus clientes;
5) Segurança – capacidade de transmitir confiança e confidencialidade.
Para Deming (1990), a satisfação do cliente em relação a qualquer serviço ou
item fabricado, medida por qualquer critério que seja, mostrará uma distribuição que
varia desde a insatisfação extrema até altamente satisfeito e exultante. Algumas
características da qualidade dos serviços são fáceis de quantificar e de medir.
Exatidão da documentação, velocidade de expedição, credibilidade do tempo de
entrega, cuidado no manuseio, cuidado no trânsito o características importantes
dos serviços, e são fáceis de medir.
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116
Conforme Juran (2002), para uma empresa obter um desempenho adequado
e satisfazer as necessidades do cliente, é necessária a medição e controle desse
desempenho. A medição da qualidade focada em serviços está diretamente
relacionada com a percepção direta do cliente. Um dos fatores principais é o
tratamento que esse cliente recebe antes, durante e após essa prestação do serviço.
No contato direto com o consumidor, exige-se cortesia, paciência, compreensão
simpática, espírito de solicitude, entre outros fatores que estão diretamente ligados
ao serviço e produtos envolvidos nesse contato.
A NBR ISO 9001:2008 conforme a ABNT (2008), define que a organização
deve planejar e realizar a produção e o fornecimento de serviços sob condições
controladas. Qualquer processo de produção que não possa ser controlado deve ser
validado, tomando as providências necessárias quando aplicáveis:
a) Critérios definidos para análise crítica e aprovação de pessoal;
b) Aprovação de equipamento e qualificação de pessoal;
c) Uso de métodos e procedimentos específicos;
d) Requisitos para registro; e,
e) Reavaliação.
A norma destaca a propriedade do cliente: a organização é responsável por
essa propriedade enquanto estiver sob seus cuidados. É necessário identificar,
verificar, proteger e salvaguardar a propriedade do cliente fornecida para uso ou
incorporação do produto. Caso qualquer propriedade de cliente seja perdida,
danificada ou considerada inadequada para uso, isso deve ser informado ao cliente
e devem ser mantidos registros.
3.6.1 Classificação dos Serviços
Denton (1990) afirma que as organizações fornecedoras de bons serviços
descobrem formas simples e inovadoras para manter a administração em sintonia
com os clientes e com o funcionamento diário dos negócios. A qualidade em
serviços está baseada na medição precisa dos desejos dos clientes através de uma
grande variedade de programas de realimentação, facilitando aos clientes informar-
lhes o que está certo e o que está errado.
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117
Silvestro et al. (1992) propõem a utilização de seis dimensões:
1) foco em pessoas ou equipamentos;
2) grau de contato com o cliente;
3) grau de personalização do serviço;
4) grau de julgamento pessoal dos funcionários;
5) foco no produto ou no processo;
6) front office ou back room como fonte de valor adicionado.
A partir dessas dimensões, os autores tipificam os serviços em três grandes
características representadas no Quadro 4.
Quadro 4 - Dimensões de um processo de serviço.
Fonte: Adaptado de Silvestro et al.(1992).
Serviços
Profissionais
Definidos como organizações de alto contato, onde os
clientes despendem tempo considerável no processo do
serviço. Esses serviços proporcionam altos níveis de
customização, sendo o processo do serviço altamente
adaptável para atender as necessidades individuais dos
clientes.
Exemplos: consultores de gestão, advogados, arquitetos,
cirurgiões, auditores, inspetores e segurança, alguns
serviços especiais na área de computadores, etc;
Serviços de
Massa
Processo de serviço que atende ao maior número de
clientes por unidade de tempo, são serviços pouco
personalizados, com alto grau de padronização de
operações e pouca customização.
Exemplos: transporte urbano, cartão de crédito,
supermercados, aeroportos, comunicações, emissora de
televisão, serviço de policia, etc;
Lojas de
Serviços
Processo intermediário contínuo entre os serviços
profissionais e os serviços de massa. Esse processo
caracteriza-se por um volume maior de clientes
processados por dia, como em hotéis, restaurantes, varejo
em geral e no atendimento a pessoa física em bancos.
Nesse caso o valor do serviço é gerado tanto no front
office (quarto e lobby dos hotéis, salão do restaurante e
balcão das lojas) como no back room (lavanderia e limpeza
de quartos em hotéis, cozinha de restaurantes e setor de
compras em lojas).
A Metrologia enquadra-se como um tipo de serviço profissional que pode ser
prestado de duas maneiras: a primeira, dentro da organização - quando a empresa
possui um laboratório para os serviços de calibração de instrumentos e sistemas de
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118
medição. Pode prestar serviços aos diversos setores da empresa, que são os
clientes do laboratório. A outra maneira se dá quando a empresa contrata um
laboratório fora da organização. O laboratório deverá pertencer à RBC, prestando os
serviços como uma empresa terceirizada. Em qualquer um dos casos, para a
garantia da confiabilidade dos serviços prestados e qualidade nas medições, os
laboratórios terão de ser acreditados pelo Inmetro, tendo assim assegurada a
rastreabilidade aos padrões pririos do SI.
Segundo Lovelock e Wright (2001), na produção dos serviços, os clientes
estão frequentemente envolvidos. Deve-se avaliar a natureza do processo, aos
quais os clientes podem ser expostos para garantir uma participação adequada. Um
processo é um método particular de operação ou uma série de ações, envolvendo
múltiplos passos que, muitas vezes, precisam acontecer em uma sequência
definida. Estes processos podem ser relativamente simples, envolvendo apenas
alguns passos, até atividades mais complexas compostas de várias etapas. Outro
ponto relevante é que um processo envolve a transformação de insumos em
produtos e os autores propõem uma classificação de serviços. Adotando uma visão
operacional, são classificados em dois grupos distintos: com base em ações
tangíveis, seja nos corpos das pessoas ou nos bens dos clientes; e em ações
intangíveis, nas mentes das pessoas ou em seus bens intangíveis.
3.6.2 Dimensões da Qualidade em Serviços
Parasuraman et al. (1988) destacam cinco fatores que podem representar a
percepção que os clientes têm dos serviços adquiridos:
1. Tangíveis - aparência das instalações físicas e do pessoal;
2. Confiabilidade - habilidade para executar o serviço conforme o prometido e de
forma acurada;
3. Presteza - boa vontade em ajudar os clientes e prestar serviços prontamente;
4. Garantia - conhecimento e cortesia dos empregados e sua habilidade de
transmitir confiança e responsabilidade;
5. Empatia - atenção individual dada aos clientes.
Esses autores também sugeriram um conjunto de dimensões da qualidade
dos serviços apresentadas no Quadro 5.
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119
Quadro 5 - Dimensões da Qualidade.
Fonte: Adaptado de Parasuraman et al. (1988).
Aspectos
Tangíveis
Aparência física de instalações, equipamentos, pessoas e materiais de
comunicação.
Confiabilidade
Capacidade de prestar o serviço prometido de forma confiável e precisa.
Responsabilidade
Disposição para ajudar o cliente e proporcionar com presteza um serviço.
Competência
Habilidades específicas para desempenhar um serviço.
Cortesia
Fineza, respeito, consideração e amabilidade no contato pessoal.
Credibilidade
Confiança, credibilidade, honestidade e integridade transmitidas pelo
prestador do serviço.
Segurança
Ausência de risco, perigo ou dúvida.
Acesso
Proximidade e facilidade de contato.
Comunicação
Manter o cliente informado de forma compreensível e escutá-lo.
Conhecimento do
cliente
Esforço para saber e atender suas necessidades.
Oliveira (2006) faz uma comparação entre as dimensões da qualidade
aplicadas a serviços de Parasuraman e Garvin, que é apresentada no Quadro 6.
Quadro 6 - Comparação entre as dimensões de Parasuraman e Garvin.
Fonte: Oliveira (2006).
DIMENSÕES DA QUALIDADE APLICADAS A SERVIÇOS
PARASURAMAN GARVIN
Aspectos Tangíveis
Desempenho, Características, Confiabilidade, Estética e Qualidade
Confiabilidade
Confiabilidade e Qualidade Percebida.
Responsabilidade
Desempenho, Confiabilidade, Conformidade e Qualidade Percebida.
Competência
Desempenho, Confiabilidade, Conformidade, Atendimento e Qualidade
Percebida.
Cortesia
Característica e Qualidade Percebida.
Credibilidade
Conformidade, Atendimento, Estética e Qualidade Percebida.
Segurança
Desempenho, Conformidade, Durabilidade e Qualidade Percebida.
Acesso
Qualidade Percebida
Comunicação
Característica, Atendimento e Qualidade Percebida.
Conhecimento do cliente
Desempenho, Atendimento e Qualidade Percebida.
No capítulo 5, item 5.4, são feitas, algumas considerações sobre o relacionamento
das Dimensões da Qualidade aplicadas a Serviços, apresentadas por Parasuraman
e Garvin, e a Metrologia.
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120
3.6.3 Clientes e Serviços
Definição de cliente:
É toda a pessoa ou organização impactada por algo que você faz. Não é
nunca uma única pessoa. Trata-se de um elenco de personagens, podendo o cliente
ser considerado como um processo. O que é feito e entregue ao cliente pode ser
algo tangível (um produto) ou intanvel (um serviço) (CERQUEIRA NETO, 1995).
Paladini (2007) diferencia “cliente” de “consumidor”, chamando de consumidor
aqueles que utilizam o produto hoje, enquanto os clientes são os que poderão
utilizar, ou não, o produto amanhã. Os consumidores são aqueles que dão
sustentabilidade à empresa, pois garantem a faixa de mercado hoje. Os clientes, por
sua vez, são aqueles que poderão vir a utilizar o produto da empresa. Por essa
razão, a empresa deverá direcionar todos os esforços, evoluindo continuamente a
sua linha produtos, para que os clientes se tornem consumidores. A transformação
do cliente em consumidor dá a idéia de competitividade da empresa. Assim, a
empresa dependerá dos consumidores para viver e dos clientes para sobreviver.
Costa Neto e Canuto (2010) associam a idéia de “cliente” ao fluxo de entradas
e saídas ocorridos nas empresas em seus processos (Figura 34).
Figura 34 – Fluxo de entradas e saídas de uma empresa.
Fonte: Costa Neto e Canuto (2010).
Enfatizam à existência de redes de empresas, umas fornecendo insumos para
outras, num grande emaranhado de inter-relações, até se chegar ao cliente final
propriamente dito, ou seja, as pessoas consumidoras dos produtos ou serviços
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121
oferecidos à venda. Muitas empresas clientes de seus fornecedores são, por sua
vez, fornecedores de seus clientes. Essas cadeias de empresas com atividades
inter-relacionadas visam um fluxo de produtos que vai da mais elementar matéria-
prima até os produtos ou serviços finais nos pontos de venda, onde são objeto do
interesse ou não dos potenciais compradores, ou seja, dos clientes finais ou
consumidores. Todo esse conjunto de atividades tem um custo que é o somatório de
todos os custos mais despesas necessárias para o funcionamento de todo esse
sistema, e, em última análise, quem paga todo esse custo e ainda gera uma margem
adicional que representa o lucro dessas empresas é o conjunto de clientes, aos
quais os produtos ou serviços vindos desse sistema são oferecidos.
Para Costa Neto e Canuto (2010), visto sob esse enfoque, o cliente é o
elemento mais importante de todo esse universo empresarial, pois é quem paga
todas as suas contas. Sendo assim, o cliente deve merecer toda atenção por parte
das empresas, seja ele o cliente final ou mesmo um cliente intermediário, esse
responsável pelo fluxo de capital e informações no sentido retroativo, ou seja, dos
clientes finais para os fornecedores. Existem cadeias semelhantes internamente nas
empresas de grande porte, com diversos processos funcionando como fornecedores
e clientes internos uns dos outros. Nesse caso, a motivação por bom atendimento
aos clientes não vem do desejo de ampliar fatias de mercado, mas da necessidade
do bom entrosamento desses processos e setores, obtido pela competente gestão
dos processos produtivos. Qualquer falha que possa ocorrer em qualquer um desses
processos resultará em algum tipo de problema para os processos clientes e se
propagará aos clientes dos clientes, amplificando a sua gravidade. A qualidade dos
processos deve ser perseguida desde o início como, por exemplo, mediante a
aquisição de matéria-prima perfeitamente de acordo com as especificações para seu
uso.
Feigenbaum (1994) define o perfil dos clientes e as suas expectativas em
relação ao ciclo de vida do produto ou serviço. Define os clientes como compradores
que esperam por melhorias nos produtos e serviços, exigindo níveis mais elevados
de desenvolvimentos científicos, cnicos e econômicos. As melhorias esperadas
estão relacionadas à saúde, alimentos, transportes, comunicação, fornecimento de
energia, etc. Com relação ao ciclo de vida dos produtos e serviços, o comprador
reconhece que o custo do ciclo de vida do produto ou serviço deve constituir sua
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122
preocupação maior em uma era de preços mais elevados. Assim, elementos como
assistência técnica e manutenção afetarão a vida do produto ou serviço.
Atualmente, o cliente tem dado atenção especial aos quesitos relacionados ao
meio ambiente. Por isso, a qualidade implicará desde a matéria-prima utilizada na
fabricação (se é reciclável) até os resíduos gerados e, se esses são tratados no
descarte para o meio ambiente ou não. Empresas que não têm uma política
preocupada com a preservação do meio ambiente sairão em desvantagem aos
olhos do cliente moderno (GIANNETTI E ALMEIDA, 2006).
3.7 Intercambiabilidade, Padronização e Normalização
3.7.1 Intercambiabilidade
EIi Whitney; considerado um dos precursores do sistema de produção em
massa, foi quem desenvolveu o conceito e os princípios da intercambiabilidade. O
que alavancou esse princípio foi a necessidade de padronização exigida pelo
advento da produção em massa. Neste esquema de produção, peças produzidas em
fábricas e localidades diferentes, geralmente, são reunidas na linha de montagem de
outra fábrica. Para que a montagem se faça sem transtorno, as peças de
determinado tipo devem ser “intercambiáveis”, ou seja, as características de
qualidade dessas peças devem estar dentro de uma faixa de variação que permita,
indiferentemente, montá-Ias com as demais do conjunto projetado, assegurando-se
que qualquer peça produzida possa ser combinada com qualquer conjunto
produzido. A produção de partes (peças) deve-se ter rigorosas especificações, de tal
forma que qualquer peça seja facilmente montada no produto do qual faz parte, bem
como em outros produtos similares (TOLEDO, 1987).
De acordo com Agostinho (1977), a intercambiabilidade é a possibilidade de
substituição de peças que fazem parte de um conjunto mecânico, sem a
necessidade de ajustes ou usinagens secundárias, mantendo-se a funcionalidade
para a qual foi projetado, por peças quaisquer de qualquer que seja o lote produzido.
Uma menor variedade de produtos é produzida e com isso, os custos de montagens
serão reduzidos e a substituição de componentes será, em geral, mais simples.
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123
De acordo com Toledo (1987), outros setores da indústria passaram a utilizar
o princípio de intercambiabilidade como, por exemplo, para a fabricação de relógios,
máquinas de costura, confecções, etc. O advento da indústria automobilística, dadas
as próprias características do produto e da produção, permitiu a utilização desse
princípio de forma integrada, com muito sucesso. Se não houvesse a possibilidade
da fabricação de peças e componentes com padrões rígidos de qualidade, estaria
inviabilizada a possibilidade de existirem linhas de montagem, pois se deve garantir
que esses itens se encaixarão perfeitamente em seu devido lugar sem a
necessidade de posteriores modificações para a submontagem ou montagem final
dos produtos. A possibilidade da intercambiabilidade está intimamente ligada às
tolerâncias, requerendo que cada peça ou subconjunto de um produto final seja feito
de acordo com as especificações definidas quanto às dimensões, forma ou
acabamento. As tolerâncias garantem que pequenas imperfeições originadas do
processo produtivo não afetem a funcionalidade do conjunto. Essas imperfeições,
impossíveis de serem eliminadas, devem ficar compreendidas dentro de “faixas
toleráveis”, conhecidas como campo de tolerâncias.
Tolerância pode ser entendida como uma faixa de desvio permissível da
medida nominal, dada na especificação do produto. Albertazzi & Souza (2008) a
definem como uma faixa de variação aceitável para um produto, definida de forma a
garantir a qualidade com que realiza a função para a qual foi desenhado.
De acordo com Agostinho (1977), existem três grupos de tolerâncias
utilizadas na indústria – as tolerâncias dimensionais, as tolerâncias geométricas e as
tolerâncias de superfície. Juntas e quando aplicadas de forma correta, garantem
funcionalidade aos conjuntos mecânicos. Nesse ponto, deve-se dar destaque à
importância da Metrologia no controle desses três grupos de tolerâncias.
As tolerâncias dimensionais estão relacionadas às dimensões da
característica produzida. De acordo com o Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial - SENAI (2000), estabelecem desvios ou variações aceitáveis da medida
nominal, entre os quais a característica produzida deve ficar para ser aprovada pelo
controle da qualidade. Como exemplo, pode-se citar um eixo que vai acoplar em um
rolamento, cuja especificação é 20 ±0,05 mm. Para que esse eixo seja aprovado,
sua medida efetiva, isto é, extraída do mostrador de um instrumento, terá de estar
dentro da faixa compreendida entre 19,95 mm a 20,05 mm. Um diâmetro abaixo de
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124
19,95 mm significa refugo, enquanto um diâmetro acima de 20,05 mm significa
retrabalho.
De acordo com Agostinho (1977), devido ao contínuo desenvolvimento
tecnológico atual e as exigências cada vez maiores da qualidade dos produtos, não
é mais possível dar atenção somente às tolerâncias dimensionais. Assim, aspectos
relacionados à forma do produto, ou seja, sua geometria, e também aspectos
relacionados ao seu acabamento superficial são fatores decisivos para a perfeita
funcionalidade e desempenho de um conjunto mecânico. Na maioria dos casos, as
peças ou conjuntos mecânicos são compostos de corpos geométricos ligados entre
si por superfícies de formatos simples, tais como superfícies planas, cilíndricas ou
cônicas. Durante a usinagem, na fabricação desses componentes, ocorrem desvios
de forma da superfície real em relação à teórica, estabelecida no projeto do produto.
Esses desvios se enquadram em duas categorias de erros: microgeométricos ou
macrogeométricos.
Erros ou desvios macrogeométricos e microgeométricos são uma herança do
processo produtivo. Esses desvios provêm de imperfeições de máquinas e outros
elementos utilizados na produção, tais como a falta de rigidez de máquinas-
ferramentas ou de um dispositivo, perda de corte de ferramentas, falta de
homogeneidade do material, vibrações, deformações devido a tratamento térmico,
rebolo utilizado na retificação da superfície, erros no barramento de máquinas, etc.
Para Vázquez & González (1999), exemplos desses erros são: ovalização ou
conicidade de superfícies cilíndricas, erros de retilineidade e planeza encontrados
em superfícies, desvios de coaxialidade em eixos, desvios de paralelismo, etc,
classificados como “macrogeométricos”, ou erros de geometria, e
“microgeométricos”, ou erros de acabamento superficial. De acordo com Agostinho
(1977), os erros microgeométricos, também conhecidos como rugosidade superficial,
são muito importantes quando fatores como lubrificação, carga, desgaste, redução
de atrito, etc, são aspectos impactantes na funcionalidade de conjuntos mecânicos.
Assim como nas tolerâncias dimensionais, essas imperfeições devem estar
compreendidas dentro das tolerâncias geométricas e de superfície estabelecidas na
especificação do projeto, para que esses desvios da forma ideal e de superfície ideal
dados no projeto, devido às rigorosas exincias atuais da qualidade, não afetem a
funcionalidade do conjunto.
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125
Os projetistas, na fase de desenvolvimento de um projeto, estabelecem as
especificações das características de cada parte constituinte do projeto para seu
perfeito funcionamento. Às vezes, é muito corriqueiro haver um perfeccionismo
exagerado, quando as tolerâncias estabelecidas são muito apertadas, tornando a
fabricação da característica excessivamente cara devido à necessidade de maior
tempo para a usinagem ou, também, à necessidade de maquinário mais sofisticado
para a produção do componente. O projetista, nessa fase, deve estabelecer a
máxima tolerância possível sem prejuízo na funcionalidade do conjunto mecânico.
Assim, consegue-se produzir o componente da forma mais econômica e rápida
possível, não afetando a intercambiabilidade do componente (AGOSTINHO, 1977).
3.7.2 Padronização e Normalização
De acordo com Toledo (1987), existe certa confusão quanto aos termos
padronização e normalização. A padronização, literalmente, significa o ato de
estabelecer padrões de referências, sejam de medidas ou de procedimentos, para
operações e atividades de caráter repetitivo. Dentro das atividades produtivas, a
padronização atua através de técnicas e princípios específicos, cujo objetivo final é a
racionalização das atividades de projeto e produção. Ao se projetar qualquer
produto, uma preocupação existente deve ser quanto à sua fabricação, uma vez que
os meios utilizados no projeto irão influenciar na sua produção. A padronização deve
ser encarada não quanto aos componentes e produtos acabados, mas também
quanto à produção e sua conexão com as atividades de projeto. Para Campos
(1992), a padronização deve ser vista, dentro da empresa, como algo que trará
melhorias em qualidade, custo, cumprimento de prazos, segurança, etc.
As atividades de padronização podem abranger vários níveis; os mais
importantes são: nível da empresa, nível nacional e nível internacional. Para
Campos (1992), na padronização em nível de empresa, procura-se uniformizar os
procedimentos de fabricação. Reunindo e treinando pessoas e discutindo métodos,
até assegurar que a execução do produto está de acordo com o que foi de
consenso. Uniformiza-se o uso de padrões para o processo de produção, para os
métodos de trabalho, para as especificações de material, componentes e produtos
acabados, no controle de variedade de peças, de itens de estoque e também na
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126
aplicação de medidas e unidades-padrões em nível de projeto do produto. Outra
forma de padronização dentro de uma empresa é adotada quando o fabricante, que
tinha uma diversidade muito grande de produtos, resolve adotar apenas alguns
modelos básicos. Com essa medida, seus custos irão diminuir e a produtividade irá
crescer, assim como os procedimentos de fabricação serão mais facilmente
assimilados pela equipe de produção, melhorando a qualidade dos produtos
produzidos.
Em nível nacional, a padronização atua como extensão das atividades da
empresa, procurando obter regras e normas aplicáveis a todas as empresas de um
País. São editadas por uma organização nacional reconhecida como autoridade
nesse campo. É o caso da ABNT no Brasil, DIN na Alemanha, AFNOR na França,
etc, de acordo com Toledo (1987). As mesmas razões para a padronização em nível
nacional podem ser aplicadas em nível internacional. Suas determinações são
preparadas em comissões mistas entre países, com o objetivo de padronizar
algumas medidas, como unidades de peso, de medida, tolerâncias, materiais,
embalagens etc., para facilitar a troca de produtos e conseguir componentes que
sejam intercambiáveis em várias utilizações. São exemplos a ISO (International
Organization for Standardization) e a IEC (International Electrotechnical Comission).
A padronização, também, tem função de regulamentação, aplicando-se não
aos produtos fabricados no País como, também, aos importados, orientando a
ação do Inmetro e de seus órgãos delegados nas fiscalizações empreendidas junto
ao comércio, em todo o território brasileiro, sujeitando os infratores a penalidades
pecuniárias, apreensão e interdição dos produtos, quando constatados quaisquer
desvios em relação às prescrições legais (INMETRO, 2009b).
a normalização, de acordo com Toledo (1987), consiste no instrumento, de
caráter obrigatório ou compulsório, que define a aplicação dos padrões. As normas,
de modo geral, fixam caractesticas, padrões de dimensões, pesos, processos e
incluem o estabelecimento de terminologias, símbolos, métodos de ensaio, regras
de utilização do produto, etc.
A normalização, segundo Vázquez & González (1998), é a atividade que
define as bases para o presente e o futuro, a fim de estabelecer uma ordem para o
benefício com o consenso de todos os participantes. Em resumo, a normalização é o
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127
processo de elaboração e aplicação de normas, que são instrumentos de
organização e gestão. É uma atividade fundamental no desenvolvimento econômico
de qualquer país. Como qualquer atividade científica e tecnológica, tem como
característica principal dar orientação e flexibilidade aos processos normativos para
que esses possam se adaptar a necessidades do momento e não constituir um
trabalho para o futuro. Em resumo, a normalização busca: Simplificação, Unificação
e Especificação.
Na mesma linha de raciocínio está Toledo (1987), ao citar que, entre os
objetivos principais da normalização, destacam-se: a simplificação e redução de
variedades, a intercambiabilidade, melhora dos níveis de qualidade de fabricação,
facilitar a comunicação entre fabricante e comprador, redução das variedades,
aumento da produtividade, promoção do comércio internacional, segurança para a
saúde humana, proteção dos consumidores, etc. A elaboração e aplicação das
normas deve ser uma obra de conjunto em que participem todos os setores
interessados: produtores, fornecedores, consumidores e governo. A normalização,
que teve sua origem vinculada a processos mecânicos, visando assegurar a
intercambiabilidade de componentes e a racionalização da produção, ampliou seu
espaço de atuação, estando presente nos mais variados ramos da atividade
humana.
Vázquez & González (1998) demonstram que a normalização é executada em
diferentes níveis de complexidade (Figura 35). Independentemente da importância
de cada nível, deve existir uma atuação harmônica e integrada, uma vez que os
objetivos da normalização são comuns.
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Figura 35 – Níveis de Normalização.
Fonte: O Autor.
Na Figura 35, a normalização é definida por grupos que podem ser em nível
internacional resultam da cooperação e acordos entre nações; em nível regional
as normas representam os interesses de nações independentes de um mesmo
continente; em nível nacional representam os interesses de governo, comunidade
cientifica e consumidores de um país; em nível de associação representam as
associações de entidades de um mesmo ramo; em nível de empresa orienta as
ações internas de uma organização; e em nível de indivíduo orienta as ações de
um determinado profissional.
No Brasil, a falta de normalização faz com que cada montadora de
automóveis, por exemplo, tenha uma especificação de aço, o que contribui para
reduzir a produtividade das siderúrgicas. Estima-se que cerca de 10.000 tipos de
parafusos estão em uso no país, cada um fruto de uma especificação técnica de um
usuário. Nos países desenvolvidos, esse número seria bastante inferior. Um
levantamento sobre rolamentos de rolos cônicos registrados nos estoques das três
maiores siderúrgicas brasileiras (Cosipa, CSN e Usiminas), realizado em 1978 pelo
NAI – Núcleo de Articulação com a Indústria, da Siderbrás, listou a existência de 927
diferentes rolamentos em estoque. Desses, apenas 4% eram comuns as três
empresas, enquanto 14% eram comuns a duas empresas. Constatou-se, assim, que
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
129
82% dos rolamentos eram exclusivos de cada empresa (TOLEDO, 1987).
Um aspecto importante é o inter-relacionamento entre a normalização, a
intercambiabilidade e a qualidade industrial. A. uniformização de processos e
métodos, a padronização de formatos e dimensões, a uniformização dos termos e
das especificações de materiais contribuem para garantir a intercambiabilidade, não
dentro de uma mesma brica, como também entre uma fábrica e outra e entre
Países. Também não se pode pensar em fabricar produtos de boa qualidade sem
possuir normas para as matérias-primas e peças, processos, embalagens, para
inspeção durante a fabricação, para ensaios e análise dos resultados, amostragens,
inspeção final, etc. Além disso, nos países em desenvolvimento, onde a maioria dos
consumidores não tem consciência dos aspectos da qualidade e exigências quanto
aos produtos que compram e geralmente com pequeno grau de organização e
participação na sociedade, a atividade de normalização nacional pode exercer
importante papel à medida que fixa níveis mínimos de qualidade e pode servir como
garantia de que os produtos atenderão à qualidade especificada. Nos países em
desenvolvimento, principalmente para efeito de exportação, é necessário não
somente que se eleve a qualidade dos produtos, mas também que se disponha de
normas que garantam e assegurem a obtenção da qualidade condizente com os
padrões internacionais. As atividades de padronização e normalização no Brasil
estão a cargo de órgãos como a ABNT e o Inmetro, vinculado ao Ministério da
Indústria e do Comércio (TOLEDO, 1987).
Finalmente, as atividades de normalização podem possuir também valor
estratégico e político, pois, além de envolverem aspectos de segurança, os textos
das normas técnicas podem, muitas vezes, se constituírem em instrumentos de
reserva de mercado para produtos e insumos.
3.8 Sistemas de Gestão da Qualidade
A rie de normas ISO 9000 é um conjunto de normas e diretrizes interna-
cionais para sistemas de gestão da qualidade. Desde sua primeira publicação, em
1987, tem obtido reputação mundial como a base para o estabelecimento de
sistemas de gestão da qualidade (MELLO, 2006).
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
130
A vasta maioria de normas ISO é altamente específica para um produto,
material ou processo particular. Contudo, tanto a norma ISO 9000 quanto a norma
ISO 14000 referente a sistemas de gestão ambiental são conhecidas como normas
genéricas de sistemas de gestão (MELLO, 2006).
Para Mello (2006), sistema de gestão refere-se àquilo que a organização
coloca em prática para gerenciar seus processos ou atividades. Os procedimentos
são normalmente aplicados em grandes organizações e compostos por instruções,
formulários ou registros documentados. Tais documentos contribuem para assegurar
que qualquer pessoa dentro da organização não esteja apenas fazendo seu trabalho
de seu jeito e exista um mínimo de ordem na forma como a organização conduz
seus negócios, de forma que tempo, dinheiro e outros recursos sejam utilizados
eficientemente. Para ser realmente eficiente, a organização pode gerenciar sua
atuação de forma sistêmica. Isso garante que nada importante seja esquecido e
todos estejam conscientes sobre quem é responsável para fazer o que, quando,
como, por que e onde.
Outra visão da Qualidade é dada por Maranhão (2006): assim como o homem
que possui os instintos prioritários de sobrevivência e procriação, as empresas, que
são constituídas por pessoas, acabam por herdar comportamento similar aos dos
homens. As organizações também possuem manifestações desses dois instintos
básicos, que podem ser interpretados da seguinte forma:
- sobrevivência está relacionada à competitividade;
- procriação está relacionada ao crescimento.
Segundo Maranhão (2006), administrar o presente e prever o futuro pode ser
significativamente facilitados caso a organização disponha de métodos eficazes de
gestão, comumente chamados de Sistemas de Gestão da Qualidade. Dentre os
Sistemas de Gestão da Qualidade, os mais experimentados e validados são os
baseados nas normas da série ISO 9000 (ISO 9000, ISO 9001, ISO 9004 e ISO
19011, esta última referente à execução de auditorias).
As organizações bem-sucedidas são aquelas que demonstram competência
para combinar alguns fatores: sabedoria em lidar com o presente e elaborar
razoáveis previsões para o futuro, lidar com novas regras de negócio e, sobretudo,
rapidamente se adaptar a elas, demonstrando flexibilidade. Quanto mais rápida for à
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
131
adaptação das organizações às suas novas respectivas condicionantes, melhor
sucedidas elas tenderão a ser. Em outras palavras, nada mais fazem do que
trabalhar com qualidade. A essência dessa lógica pode ser mostrada pela "malha de
controle" dos processos de trabalho das organizações (Figura 36).
Figura 36 – Malha de controle dos processos de trabalho de uma organização.
Fonte: adaptado de Maranhão (2006).
3.8.1 Princípios da Gestão da Qualidade
De acordo com a ABNT (2008), a norma ISO 9000:2008 apresenta oito
princípios de gestão da qualidade. Segundo a ABNT (2007), um princípio de gestão
da qualidade é uma crença ou regra fundamental e abrangente para conduzir e
operar uma organização, visando melhorar continuamente seu desempenho a longo
prazo, pela focalização nos clientes e, ao mesmo tempo, encaminhando as
necessidades de todas as partes interessadas.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
132
Com o advento da globalização, a gestão da qualidade tornou-se fundamental
para a liderança e para o aperfeiçoamento contínuo de todas as organizações. A
organização que aplica os oito princípios de gestão da qualidade traz benefícios
para clientes, acionistas, fornecedores, comunidades locais, ou seja, para a
sociedade em geral. (MELLO, 2006)
A seguir, em itálico, estão as definições dos oito princípios da Gestão da
Qualidade, de acordo com Mello (2006) e Maranhão (2006). Os dois autores, ainda,
fazem considerações referentes às aplicações e benefícios trazidos pela adoção
desses princípios pelas organizações.
1) Foco no Cliente
“As organizações dependem de seus clientes e, portanto, é
recomendável que atendam às necessidades atuais e futuras do
cliente a seus requisitos, e procurem exceder suas expectativas”.
O cliente é a matriz de tudo, uma vez que sem clientes não negócios. É
fundamental entender todas suas necessidades e expectativas relativas aos
produtos, prazo de entrega, preço, confiabilidade, etc. Devem-se estabelecer
ferramentas para mesurar a satisfação dos clientes e atuar sobre os resultados,
além de gerenciar o relacionamento com os mesmos.
Como benefícios, formulam-se estratégias e políticas para a gestão do
relacionamento com os clientes; os objetivos e metas da qualidade são direcionados
às necessidades e expectativas do cliente e consegue-se melhorar o gerenciamento
operacional e o potencial humano.
2) Liderança
“Líderes estabelecem a unidade de propósitos e o rumo da
organização. Convém que eles criem e mantenham um ambiente
interno, no qual as pessoas possam estar totalmente envolvidas no
propósito de atingir os objetivos da organização”.
A liderança é vista como o principal fundamento de sucesso de equipes. Se
liderança, então uma perspectiva de harmonia, de vida em sociedade. Sem
ela nenhum agrupamento se sustenta se for exposto a situações adversas. A
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
133
liderança tem de ser proativa e se estabelecer por meio de exemplos. Ela também é
fundamental para compreender e responder às mudanças no ambiente externo,
além de estabelecer uma visão clara do futuro da organização, e construir a
confiança e eliminar o medo.
Como benefícios, a empresa consegue estabelecer e comunicar a visão clara
do futuro por meio da formulação de estratégias e políticas. Essa visão, por sua vez,
é traduzida em objetivos e metas mensuráveis. As pessoas são envolvidas para
alcançar os objetivos da organização, além de motivar e capacitar a força de
trabalho.
3) Envolvimento das Pessoas
“Pessoas de todos os veis são a essência de uma organização e seu
total envolvimento possibilita que suas habilidades sejam usadas para
o benefício da organização”.
Esse princípio é consequência do princípio 2. As pessoas são engajadas
porque existe uma liderança que estabelece os objetivos comuns e promove a
motivação das pessoas na busca desse objetivo. Dessa forma, as pessoas aceitarão
a responsabilidade para a solução de problemas, buscando oportunidades para
alcançar melhorias e para aumentar suas competências. O conhecimento e a
experiência serão compartilhados em equipes e grupos, além do incentivo ao
espírito inovador e criativo na realização dos objetivos da organização.
Como benefícios, espera-se contribuir, efetivamente, para a melhoria das
estratégias e políticas da organização. Os funcionários estarão sempre envolvidos
em decisões apropriadas e em processos de melhoria, propiciando o
desenvolvimento e o crescimento do pessoal para o benefício da organização.
4) Abordagem de Processo
“Um resultado desejado é alcançado mais eficientemente quando as
atividades e os recursos relacionados são gerenciados como um
processo”.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
134
É preciso entender muito bem as atividades da empresa como processos, isto
é, a transformação de entradas em saídas com agregação de valor. Assim, é
importante a aplicação desse princípio para a perfeita definição do processo visando
alcançar o resultado desejado. É preciso estabelecer claramente a responsabilidade
e a autoridade para gerenciar-se o processo, além da identificação dos clientes
internos e externos, fornecedores e outras partes interessadas do processo.
Como benefícios, a utilização de processos definidos por toda a organização,
conduz a resultados mais previsíveis, com melhor uso dos recursos, tempos de ciclo
mais curtos e custos mais baixos. Consegue-se melhorar também o estabelecimento
de processos eficientes para a gestão de recursos humanos, como contratação,
educação e treinamento.
5) Abordagem Sistêmica para a Gestão
“Identificar, compreender e gerenciar os processos inter-relacionados
como um sistema contribui para a eficácia e a eficiência da
organização no sentido de esta atingir seus objetivos”.
Esse princípio é decorrente do princípio 4. É essencial que todos os
processos da organização estejam integrados, compreendendo as
interdependências entre os processos do sistema, e promovendo ferramentas para
melhorar continuamente o sistema por meio da mensuração e avaliação.
Como benefícios, criam-se planos desafiadores e abrangentes que ligam
funções e entradas de processos. São alinhados objetivos e metas de processos
individuais com os objetivos-chave da organização, além de permitir visão mais
ampla da eficácia de processos que conduz ao entendimento das causas de
problemas e oportunas ações de melhorias. Outro fator importante desse princípio é
que fornece melhor entendimento de papeis e responsabilidades para o alcance de
objetivos comuns, reduzindo barreiras funcionais e melhorando o trabalho em
equipe.
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135
6) Melhoria Contínua
“A melhoria contínua do desempenho global da organização deveria
ser um objetivo permanente”.
Esse princípio determina que tudo dentro da organização pode ser
melhorado. Isso decorre devido às necessidades dos clientes sempre evoluírem. A
organização deve melhorar continuamente seus produtos e processos para que em
nenhum momento seus clientes fiquem insatisfeitos.
Como benefícios, criam-se planos de negócios mais competitivos por meio da
integração da melhoria contínua com os planejamentos de negócios e estratégicos.
Adéquam-se os objetivos de melhorias desafiadoras e realistas, fornecendo os
recursos para alcançá-Ios, além da promoção de ferramentas, oportunidades e
estímulo a todas as pessoas da organização para melhorar produtos, processos e
sistemas.
7) Abordagem Factual para a Tomada de Decisão
“Decisões eficazes são baseadas na análise de dados e informações”.
Quantificar os resultados dos processos é a mais eficaz forma de eliminar a
subjetividade das avaliações. São necessários dados e fatos confiáveis e acessíveis
para uma perfeita avaliação dos resultados. O gerenciamento de indicadores
estabelecidos é a chave desse princípio. Na análise desses elementos, devem-se
usar métodos válidos para a perfeita compreensão e posterior processo de tomada
decisão.
Como benefícios, as estratégias baseadas em informações e dados
importantes são mais realistas e mais prováveis de serem alcançadas. São
utilizadas informações e dados comparativos relevantes para ajustar objetivos e
metas desafiadoras e realizadoras e consolida-se o uso de informações e dados
como base para a compreensão do desempenho de sistemas e processos, para
orientar as melhorias e prevenir problemas futuros.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 3 - QUALIDADE
136
8) Benefícios Mútuos nas Relações com os Fornecedores
“Uma organização e seus fornecedores são interdependentes, e uma
relação de benefícios mútuos aumenta a capacidade de ambos em
agregar valor”.
Esse princípio está pautado na relação cliente-fornecedor. A organização
buscará identificar e selecionar fornecedores-chave para o seu negócio,
estabelecendo relacionamentos que equilibrem ganhos de curto prazo com
considerações de longo prazo, para a organização e toda a sociedade. Criam-se
formas de comunicações claras e abertas, procurando iniciar a melhoria e os
desenvolvimentos de produtos, serviços e processos, conjuntamente.
Como benefícios, a organização tenderá a criar vantagem competitiva por
meio do desenvolvimento de alianças ou parcerias com fornecedores. Estabelecerá
objetivos e metas mais desafiadoras por meio do envolvimento e relacionamento
sistemático com os fornecedores, proporcionando produtos sem defeitos, nos prazos
combinados.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 4 - METODOLOGIA
137
CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA
4.1 Metodologia da Pesquisa
Este capítulo apresenta o processo da pesquisa empregado para o
encadeamento da dissertação. Inicialmente, é feita uma abordagem a respeito dos
aspectos conceituais da metodologia para a classificação da pesquisa e, no segundo
momento, são apresentadas as fases da pesquisa, o tipo de pesquisa utilizado e as
respectivas justificativas.
4.1.1 Métodos de Pesquisa
O todo, em pesquisa, no sentido mais geral, é a ordem que se deve impor
aos diferentes processos necessários para atingir um certo fim ou um resultado
desejado. Nas ciências, entende-se por método o conjunto de processos
empregados na investigação e na demonstração da verdade (CERVO, BERVIAN E
SILVA, 2007). O método define a escolha de procedimentos sistemáticos para a
descrição e explicação de fenômenos. O trabalho de pesquisa deve ser planejado e
executado de acordo com as normas requeridas por cada método de investigação.
Existem dois tipos básicos de metodologias de pesquisa quanto aos elementos
pesquisados: a metodologia de pesquisa qualitativa e a metodologia de pesquisa
quantitativa (OLIVEIRA, 2004).
4.1.1.1 Pesquisa Qualitativa
A pesquisa qualitativa requer várias articulações que devem ser estabelecidas
pelo investigador. Uma dessas diz respeito à relação entre a fundamentação teórica
em relação ao objeto a ser pesquisado e o campo que se pretende explorar. O
pesquisador escolherá os sujeitos que participarão da pesquisa, negociará todo
processo de pesquisa, estabelecerá as questões e os seus instrumentos de coleta
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 4 - METODOLOGIA
138
de dados. Dentre as técnicas de levantamento de dados mais utilizadas, destacam-
se: a entrevista aberta ou semi-estruturada e observação participante. Deve-se
reforçar que esse tipo de pesquisa tem preocupação maior com a qualidade dos
dados e não com a quantidade (MELLO, 2005). Para Oliveira (2004), a abordagem
qualitativa não emprega dados estatísticos como centro do processo de análise de
um problema, não tendo a pretensão de numerar ou medir unidades ou categorias
homogêneas.
4.1.1.2 Pesquisa Quantitativa
Segundo Oliveira (2004), a método quantitativo tem o propósito de quantificar
opiniões, dados, nas formas de coleta de informações, apoiando-se nas técnicas
estatísticas para validar o propósito da pesquisa. Para Mello (2005), caracteriza-se
pelo emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de informações,
quanto no seu tratamento por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples,
como percentual, média, desvio-padrão, coeficiente de correlação, às mais
complexas, como análise de variâncias, análise de regressão, entre outras. A
pesquisa quantitativa é utilizada quando o problema formulado tiver a intenção de
saber, por exemplo, qual a relação entre variáveis, qual a causa, qual o efeito ou
consequência, qual a incidência, qual a prevalência. Esse tipo de pesquisa é
apoiado por rígidos critérios estatísticos, utilizando-se a descrição matemática para a
validação de fatos. será verdadeiro aquilo que for empiricamente comprovado,
através do método das ciências naturais.
4.1.1.3 Pesquisa Exploratória
A pesquisa exploratória busca o levantamento de informações de um
determinado objeto, delimitando assim um campo de trabalho, mapeando as
condições de manifestação desse objeto (SEVERINO, 2007). De acordo com Cervo,
Bervian e Silva (2007), é o início do processo de pesquisa pela experiência e um
auxílio que traz a formulação de hipóteses significativas para futuras pesquisas.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 4 - METODOLOGIA
139
Com o objetivo de familiarizar-se com o fenômeno ou obter uma nova percepção
dele e descobrir novas idéias, a pesquisa exploratória não requer a elaboração de
hipóteses a serem testadas no trabalho, restringindo-se a definir objetivos e buscar
mais informações sobre determinado assunto em estudo.
A pesquisa exploratória realiza descrições precisas e quer descobrir as
relações existentes entre seus elementos componentes. Requer um planejamento
bastante flexível para possibilitar a consideração dos mais diversos aspectos de um
problema ou de uma situação (CERVO, BERVIAN E SILVA, 2007).
4.2 Técnicas de Pesquisa
As técnicas de pesquisa são os meios e instrumentos pelos quais se chega
aos dados a serem examinados. O conhecimento e a escolha adequada do tipo de
técnica a ser aplicada é de grande relevância para o sucesso do trabalho. A escolha
certa é aquela que recai sobre o procedimento de pesquisa que mais se adeque ao
problema que se deseja investigar.
As técnicas de pesquisa não são excludentes entre si. Pode haver,
dependendo do tipo de estudo e para um melhor resultado, uma combinação entre
os diversos tipos de técnicas de pesquisa (MELLO, 2005).
4.2.1 Pesquisa de Campo
De acordo com Severino (2007), na pesquisa de campo, a coleta de dados se
onde acontecem os fenômenos focalizados pela investigação, buscando-se os
dados a partir do contexto onde manisfestação deles. Existe uma relação direta
entre aquilo que se deseja conhecer e o espaço (delimitado pelo pesquisador) de
suas manifestações. Para Mello (2005), pode ser utilizada numa abordagem
qualitativa ou quantitativa, uma vez que a observação do pesquisador é exigida em
ambas as abordagens. Exige firmeza de objetivos e limites bem definidos no que diz
respeito à extensão da pesquisa e ao tempo disponível para a coleta de dados.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 4 - METODOLOGIA
140
4.2.2 Pesquisa Bibliográfica
Em oposição à pesquisa de campo, que lida com fontes em movimento, a
pesquisa bibliográfica lida com o caminho trilhado por outros pesquisadores,
tratando-se de uma técnica afinada com os propósitos da atividade de pesquisa
(MELLO, 2005). Segundo Lakatos (2001, p.56), a atividade de pesquisa “[...] permite
descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do
conhecimento”. Para Gil (2002), a pesquisa bibliográfica tem a vantagem de não
sofrer instabilidade. Os resultados obtidos não sofrem alterações, a não ser as
ocorridas no momento de contato na coleta de dados.
De acordo com Mello (2005), a técnica de pesquisa bibliográfica é utilizada
em conjunto com outras técnicas por fornecer aporte teórico às pesquisas
descritivas. Além desse fato, o pesquisador tem a vantagem de contar com nomes
de reconhecimento cientifico que legitimam as comprovações de hipóteses
levantadas no processo de investigação.
4.2.3 Estudo de Caso
A utilização do método do estudo de caso pode envolver tanto situações de
estudo de um único caso quanto situações de múltiplos casos (YIN, 2001).
Entretanto, para Mello (2005), indo ao encontro de Goldenberg (1997),
diferentemente das comparativas, a técnica de estudo de caso busca o
aprofundamento de um único fenômeno, adquirindo uma complexidade vertical em
torno de um único objeto. Pela flexibilidade da técnica, muitas vezes, é denominada
de exploratória.
Yin (2001) afirma que o fator predominante para a escolha da estratégia de
estudo de caso em contraposição ao uso de experimentos, levantamentos de dados,
pesquisa histórica, etc, é a consideração da forma de questão da pesquisa, do
controle exigido sobre eventos comportamentais e do foco sobre acontecimentos
contemporâneos ou não.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 4 - METODOLOGIA
141
4.2.4 Pesquisa-Ação
A pesquisa-ação é aquela que, além de compreender, visa intervir na
situação, com vistas a modificá-la (SEVERINO, 2007). Para Mello (2005), a
pesquisa-ação é a técnica de investigação científica, que pressupõe uma interação
entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa. Utiliza-se essa cnica quando se
procura a resposta a um problema para o qual não existe resposta pronta. As
questões, que originam a pesquisa, são oriundas de situações-problema vivenciadas
tanto pelo pesquisador, quanto pelos demais participantes. Thiollent (1992) a define
como o tipo de pesquisa com base empírica, que é realizada em estreita associação
com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo no qual os
pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
4.2.5 Pesquisa Participante
Esse tipo de pesquisa assemelha-se à pesquisa-ação no que diz respeito à
relação do pesquisador com o contexto de investigação (SEVERINO, 2007). No
entanto, ao contrário da pesquisa-ação, não espresa à busca de soluções para
problemas de origem da pesquisa. Outro elemento importante é que essa pesquisa
deve associar-se a outra técnica de investigação para melhorar seus indicadores
(MELLO, 2005). De acordo com Gil (2002, p.86), “[...] os pesquisadores devem
adotar preferencialmente técnicas qualitativas de coletas de dados e também uma
atitude positiva de escuta e de empatia. Isso pode implicar conviver com a
comunidade, partilhar o seu cotidiano [...]”.
4.2.6 Entrevista
De acordo com Severino (2007), essa técnica é aplicada em momento formal,
colocando frente a frente o pesquisador e a fonte de dados o entrevistado. Em
relação às perguntas, podem ser classificadas como parciais ou totalmente
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 4 - METODOLOGIA
142
estruturadas. No primeiro caso, deve-se ter um roteiro que servirá de orientação.
Para Mello (2005), no caso de entrevista totalmente estruturada, as perguntas são
formuladas antecipadamente e seguem um roteiro estabelecido. Deve-se levar
perguntas escritas e registrar as respostas, também por escrito ou através de um
gravador.
Fundamental para a eficácia da entrevista é a escolha das perguntas, a
clareza da linguagem utilizada, a pertinência da pergunta em relação ao assunto em
questão. As perguntas podem ser formuladas de forma direta ou indireta (MELLO,
2005).
4.2.7 Questionário
É a técnica mais utilizada em pesquisas. Formulando-se questões por escrito,
que, no conjunto, subsidiarão o resultado da pesquisa. Para Gil (2002), constitui-se
no meio mais rápido e barato de obtenção de informações, além de não exigir
treinamento de pessoal e garantir o anonimato. No entanto, mais do que na
entrevista, o pesquisado pode falsear a realidade, fornecendo respostas que julgar
ideais e não reais. O questionário pode ter perguntas abertas e/ou fechadas, ou
ainda, uma mistura de ambas, dependendo do assunto pesquisado. As perguntas
abertas exigem elaboração de respostas que expressam a opinião dos pesquisados.
as perguntas fechadas têm alternativas fixas de respostas, e as opções vêm
expressas no próprio questionário.
4.3 Considerações sobre as amostras utilizadas
A amostra de quatro especialistas de laboratórios acreditados pelo Inmetro
que responderam a um conjunto de questões abertas foi determinada em função da
disposição demonstrada em participar da pesquisa.
O uso de quatro questionários abertos está de acordo com uma observação
de Eisenhart apud Donaire (1997), referindo-se a estudos de casos múltiplos aqui
aplicada à tomada de opiniões múltiplas para quem “embora não haja um mero
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 4 - METODOLOGIA
143
ideal de casos, uma quantidade entre 4 e 10 costuma ser eficiente. Com menos de 4
casos, (...) a pesquisa pode ser inconsistente, (...) e em mais 10 casos fica muito
difícil lidar com a complexidade e quantidade das informações coletadas”.
Assim sendo, ao se conseguirem quatro especialistas dispostos a colaborar
com a pesquisa, julgou-se desnecessário buscar mais opiniões.
A segunda amostra, de profissionais das áreas de Metrologia e Qualidade de
60 empresas, teve a preocupação de contemplar um leque de empresas de porte
variável, conforme ilustrado no Gráfico 1, à pagina 152.
Isso posto, segue-se que as formas de amostragem utilizadas para compor
essas duas amostras são não probabilísticas e foram, respectivamente, a retirada
dos elementos prontamente acessíveis, e amostragem por escolha intencional, com
preocupação em estratificar os elementos por faixas de porte das empresas (COSTA
NETO, 2002).
A não realização da amostragem probabilística para a escolha dos elementos
participantes da amostra, conforme recomendado em Costa Neto (2002), pode ser
justificada no presente caso por duas razões:
- Por inviabilidade de se atingir todo o universo de entidades e pessoas a
serem pesquisadas;
- Por não haver pretensão de realizar inferência estatística a partir de dados,
limitando-se a discussão a uma análise qualitativa.
Mesmo com consciência de não haver realizado uma amostragem
probabilística para a escolha dos elementos da pesquisa, esse fato não invalida os
resultados apresentados na sequência do trabalho.
4.4 Delineamento da Presente Pesquisa
A pesquisa é ancorada por uma ampla revisão bibliográfica, com o objetivo de
explanar e inter-relacionar as três vertentes da Metrologia: a Industrial, a Científica e
a Legal. Ao longo de toda a seção metodológica, procura-se salientar e discutir as
áreas de atuação da Metrologia, a importância da adoção do Sistema Internacional
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 4 - METODOLOGIA
144
de Unidades (SI) para o desenvolvimento do País, assim como a influência da
Calibração, da Rastreabilidade Metrológica e Incerteza da medição para os sistemas
produtivos.
Outro tema relacionado à Metrologia, a Qualidade, também é discutido,
relacionando-se o tema Metrologia a aspectos da Qualidade do processo de
produção em que interfere.
Visando validar a pesquisa e colher informações da interação entre Metrologia
e Qualidade nos processos produtivos, realizou-se uma pesquisa qualitativa,
exploratória, utilizando-se dois questionários como ferramentas para a coleta de
dados.
A primeira fase da pesquisa foi realizada obtendo-se informações de
especialistas de quatro laboratórios acreditados pelo Inmetro, pertencentes à Rede
Brasileira de Calibração RBC, da qual fazem parte um laboratório da rede Senai,
dois laboratórios de empresas fabricantes de sistemas e instrumentos de medição e
do Instituto de Pesquisa Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT. Em relação ao
laboratório do IPT, colheu-se a opinião de um especialista que prestou seus serviços
ao Departamento de Metrologia Mecânica e Elétrica por mais de duas décadas.
Os questionários, com questões abertas, foram enviados por e-mail para os
especialistas opinarem sobre o tema da pesquisa.
Complementa-se a pesquisa com a aplicação de outro questionário, desta
vez, com questões fechadas, que foram distribuídos a profissionais oriundos das
áreas de Metrologia e Qualidade de 60 empresas.
Foram coletadas informações de amostras de empresas mediante uma rie
ordenada de perguntas sobre o tema objeto da pesquisa, respondidas por escrito
pelo informante. O questionário aplicado é objetivo, limitado em extensão,
acompanhado de instruções explicando o caráter de sua aplicação e a importância
da colaboração do informante.
No capítulo 5, estão transcritos os resultados mais importantes dos dois
questionários aplicados na pesquisa.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
145
CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
Neste capítulo, são mostrados os resultados da pesquisa de campo realizada
junto à Rede Brasileira de Calibração RBC e em empresas com sistemas
produtivos implementados. Objetivou-se, para validar o estudo, buscar a opinião de
especialistas da RBC e de profissionais ligados às áreas de Metrologia e Qualidade
dentro de organizações.
No primeiro caso, para a coleta de informações junto à RBC, foi utilizado um
questionário de 15 questões abertas (denominado questionário A), escolhendo-se
especialistas da área de Metrologia para responder às questões.
No segundo caso, utilizou-se um questionário de 15 questões fechadas
(denominado questionário B), escolhendo-se profissionais ligados à área de
Qualidade ou Metrologia de empresas do setor produtivo para responder às
questões.
5.1 Pesquisa Junto à RBC
5.1.1 Resultado da Pesquisa na RBC
A primeira etapa da pesquisa, realizada com especialistas da RBC, teve como
objetivo colher informações mais aprofundadas sobre o tema em estudo. Assim, foi
passado por e-mail um questionário (denominado Questionário A) como instrumento
para a coleta de informações. O modelo encontra-se no Anexo C.
A seguir, são apresentadas cada uma das questões do questionário e as
respectivas opiniões dos especialistas. A íntegra das respostas encontra-se nos
Anexos E, F, G e H. As empresas que concordaram em participar desta parte da
pesquisa foram: Starrett, Mitutoyo, Senai e IPT.
Questão1
quanto tempo vocês prestam serviços de calibração? Tem havido mudanças no que
diz respeito aos preços? A tecnologia para calibração está mais acessível, mais barata?
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O objetivo da questão nº 1 do questionário foi de desvendar o mito de que
todos os serviços relacionados à tecnologia de calibração têm preços elevados, e
tentar provar a atual acessibilidade dos serviços e das novas tecnologias de
calibração. De acordo com a resposta do especialista do laboratório da empresa
Starrett, a popularização da informática tende a tornar a os serviços de Metrologia
mais acessíveis e com uma tendência a queda de preços. Na mesma linha de
raciocínio, o especialista da empresa Mitutoyo diz que a tecnologia para calibração
está muito mais acessível e os meios modernos de informação e entidades de
divulgação são grandes agentes de multiplicação das informações e da tecnologia
de medição”. Dois dos laboratórios afirmam que a política de preços dos seus
serviços tem se mantido ou até caído.
Questão 2 Qual o papel da metrologia na organização?
Questão 3
Quais os benefícios que os controles metrológicos acrescentam aos sistemas
produtivos?
Questão 4 Quais são os resultados positivos da adoção de Técnicas Metrológicas?
As questões nº 2, 3 e 4 se complementam. Houve unanimidade nas respostas
dos especialistas em relação à qualidade do produto, ou seja, a Metrologia é
condição fundamental para garantir e melhorar a qualidade do produto.
O especialista da Mitutoyo foi além, afirmando que a “Metrologia é a alma do
produto” e também fundamental para assegurar qualidade metrológica dos padrões
e a rastreabilidade dos resultados das medições. Outros relatos importantes
mencionados pelos especialistas foram que a adoção de técnicas metrológicas
acrescenta valor à imagem do produto e da empresa, dão maior confiança no
controle produtivo, melhorando a gestão dos processos e reduz a porcentagem de
produtos refugados.
Questão 5 Qual a importância de se estimar a incerteza da medição?
A questão 5 apresentou diferentes pontos de vista dos especialistas com
relação ao tema incerteza da medição. O especialista do SENAI destaca que, para
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147
qualquer medição, o seu resultado deve vir acompanhado da incerteza do processo
da medição. O especialista da Mitutoyo afirma que a incerteza assegura que os
resultados apresentados por uma medição estejam dentro de expectativas
qualitativas do processo de medição. Já o pesquisado da Starrett diz que a incerteza
oferece condições de se avaliar a capacidade dos processos metrológicos.
Questão 6 Como é o relacionamento do laboratório com os clientes que o procuram?
A questão nº 6 procurou apresentar o nível de relacionamento entre clientes e
laboratórios de calibração. Na opinião do especialista da Starrett, o relacionamento é
mantido pela confiabilidade dos resultados dos serviços prestados. O especialista da
Mitutoyo atesta que o laboratório deve mostrar seriedade nos resultados por aquilo
que agrega de positivo ao produto do cliente. De acordo com o especialista do
SENAI, além de se cumprir os prazos estabelecidos, o laboratório deve preocupar-
se também em assessorar tecnicamente o cliente, pois, muitas vezes, o que é
requisitado pelo cliente não soluciona o seu problema por completo.
Questão 7 Como se dá a manutenção dos padrões mantidos por esse laboratório?
Questão 8 Como vocês determinam o período adequado de calibração para esses padrões?
As questões 7 e 8 apresentam os resultados da pesquisa referentes à
sistemática de manutenção e calibração de padrões dos laboratórios. Considerando
a opinião de três especialistas da RBC sobre a questão 7, que um dos
pesquisados não deu “pistas” de como realiza suas manutenções, a mesma é
importante para manter confiabilidade metrológica, realizada de forma planejada e
programada. Esses procedimentos são norteados pela própria experiência e de
outros laboratórios e recomendações de fabricantes e de normas.
Para a questão 8, três dos pesquisados seguem a mesma linha de
pensamento, adotando ferramentas estatísticas para se determinar o período da
calibração dos seus padrões e possíveis alterações, de acordo com a estabilidade
dimensional apresentada nas calibrações. Os mesmos também mencionaram a
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148
utilização da metodologia do MSA, assim como o estudo de estabilidade dimensional
e a experiência para se estimar corretamente esse período.
Na visão do especialista do IPT, não existe padronização quanto à
periodicidade das calibrações devido à grande quantidade de instrumentos e
padrões de uso diversificado nas empresas. A determinação do período é feita
baseada na frequência de utilização, cuidado no manuseio, limpeza do ambiente e
principalmente do histórico das calibrações anteriores.
Questão 9 O laboratório participa de atividades de pesquisa? Caso afirmativo, quais?
A questão 9 teve como objetivo buscar evidências que indiquem atividades
de pesquisa para o desenvolvimento de novas técnicas ou dispositivos de medição,
ou ainda, programas computacionais que permitam a realização de medições
fortemente integradas a processos automáticos de fabricação e apresentem maior
rapidez, menores incertezas de medição e influência do operador.
De acordo com o especialista da Mitutoyo, o laboratório participa de
atividades de pesquisas, através da melhoria e modernização de processos e
métodos de medição nas áreas dimensional e de dureza dos materiais.
Em relação aos outros pesquisados, um afirmou que o laboratório não
participa de atividades de pesquisas, enquanto os outros dois especialistas disseram
que não participam de atividades de pesquisa, mas sim, do desenvolvimento de
novos produtos.
Questão 10 Qual a importância da norma NBR ISO/IEC 17025 para o laboratório?
A questão 10 teve por finalidade revelar a importância de se cumprir os
requisitos estabelecidos na norma NBR ISO/IEC 17025:2005 para os laboratórios da
RBC.
De acordo com a opinião dos especialistas, além de credibilidade, norteia o
laboratório para uma padronização de seus serviços de calibração e rastreabilidade
metrológica, estabelecendo condições igualitárias e comparativas entre os níveis de
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149
laboratórios que a adotam. De acordo com um dos especialistas, a sua
implementação pode ser traduzida como um instrumento poderoso para a aceitação
dos serviços do laboratório”.
Questão 11
Qual é a maneira que a empresa garante que seus sistemas e instrumentos de
medição estejam medindo com confiabilidade metrológica?
A questão 11 objetivou verificar quais os caminhos adotados pelos
laboratórios para se alcançar a confiabilidade de seus sistemas e instrumentos de
medição utilizados para referenciar suas atividades de calibração.
De acordo com os especialistas, a atividade de calibração é o procedimento
essencial para a confiabilidade metrológica das medições. Ressaltam que, na
atividade de calibração, devem ser utilizados padrões rastreáveis aos padrões
nacionais. Para os pesquisados dos laboratórios da Starrett e Mitutoyo, além da
execução da calibração desses sistemas e instrumentos de medição, também são
necessárias comparações interlaboratoriais e interpessoais, para avaliação de
desempenho desses equipamentos.
Questão 12
Explique as formas existentes de medição dos impactos econômicos dos serviços de
calibração. Como esses impactos econômicos podem ser contabilizados?
A questão 12 objetivou tentar mensurar o retorno financeiro trazido pela
Metrologia para as empresas que usam tais serviços.
As opiniões dos pesquisados são diversificadas, constatando a dificuldade de
se contabilizar os ganhos financeiros obtidos pela aplicação da calibração, pois a
mesma está voltada para os ganhos de qualidade nos sistemas produtivos, e sabe-
se que qualidade é intangível, e logo, difícil de ser mensurada. De acordo com o
especialista da Starrett, o que vale é a fidelidade do cliente. Para o especialista que
prestou serviços ao IPT, uma das formas de se perceber os impactos econômicos é
contabilizar o crescimento em vendas de produtos e serviços. Para o especialista da
Mitutoyo, existem impactos positivos e negativos: os impactos positivos podem ser
tangíveis, quando percebidos pelos níveis de serviços prestados, e intangíveis,
quando referentes à imagem positiva da empresa e produto no mercado. Em relação
aos impactos negativos, estão divididos entre os custos da calibração dos sistemas
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150
e instrumentos e manutenção da estrutura metrológica. O especialista do SENAI,
declara que o retorno financeiro para a organização é imensamente maior que o
custo da calibração.
Questão 13
Em geral, quanto tempo leva para se perceber os benefícios da calibração no
orçamento da empresa que compra tais serviços?
O objetivo da questão nº 13 foi de estabelecer uma visão da percepção do
prazo em que podem ser sentidos os benefícios da calibração no orçamento da
organização.
Baseando-se nas respostas dos especialistas da RBC, pôde-se perceber
certa insegurança em relação à estimação desses prazos, que nas respostas dos
pesquisados não houve consenso algum quanto ao estabelecimento de um prazo de
percepção dos benefícios econômicos devido à calibração. Para a pergunta, foram
obtidas as mais variadas respostas, tais como: os benefícios são sentidos a médio
prazo, mas podendo ser longo dependendo do porte da organização e capital
investido; os benefícios são percebidos em prazo superior a um ano; os benefícios
inferidos são sentidos em curto prazo; ou ainda, “não consigo estimar o prazo para a
percepção dos benefícios”.
Questão 14
Sabe-se, que atualmente, tem havido crescimento na procura de serviços de
calibração por parte de pequenas e médias empresas. A que se deve este fato?
A questão nº 14 objetivou investigar os fatores que influenciam no
crescimento da procura de serviços de calibração pelas pequenas e médias
empresas.
Na visão de três especialistas, esse crescimento é reflexo da pressão dos
clientes, normalmente grandes empresas, que, devido a seus Sistemas de Gestão
da Qualidade, impõem certos pré-requisitos às pequenas empresas para se
adequarem como seus fornecedores. Na visão do especialista que prestou serviços
ao IPT, esse crescimento é fruto da melhoria contínua na qualidade dos produtos e
serviços devido à forte concorrência. Entretanto, uma das respostas, extraída da
opinião do especialista da Starrett, revela uma prática comum entre os usuários dos
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151
serviços de calibração. Segundo seus comentários, alguns usuários de serviços de
calibração não se importam com o que vai ser feito com o equipamento de medição,
mas sim, com o certificado de calibração emitido pelo laboratório, que vai ser
apresentado ao auditor em uma auditoria, encarando a calibração como um custo e
não um investimento.
Questão 15
A seu ver, no que diz respeito aos serviços de calibração, os clientes, valorizam mais
o documento comprobatório de conformidade ou a necessidade de reduzir os custos a
longo prazo?
A questão nº 15, que finaliza a primeira etapa da pesquisa, teve por finalidade
evidenciar, segundo o olhar da RBC, o que os usuários objetivam com a realização
do serviço de calibração.
Na visão dos especialistas da RBC, da mesma forma como ainda existem
empresas que encaram os serviços de calibração simplesmente para a obtenção do
documento comprobatório, necessitando desse serviço pela exigência do certificado
imposta por normas, também existem empresas sérias que buscam o serviço como
um diferencial em relação aos concorrentes, sabendo do valor agregado que obterão
no processo produtivo. Para o especialista da Starrett, o pior dos retratos é o de
empresas que, além de se preocuparem apenas com o certificado de calibração,
não se importam com os resultados da calibração. Instrumento calibrado não
significa instrumento bom para o uso.
5.2 Pesquisa Junto às Empresas
A segunda etapa da pesquisa realizada nas empresas foi direcionada aos
setores da Qualidade ou Metrologia, esperando, através das respostas de 60
respondentes, com um mínimo de conhecimento nessas áreas, resultados que
apontem para a relevância da Metrologia para a Qualidade dos sistemas produtivos.
Como ferramenta de coleta de informações, utilizou-se um questionário com
questões fechadas (Questionário B). O modelo de questionário aplicado encontra-se
no Anexo D.
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152
5.2.1 Resultado da Pesquisa nas Empresas
As informações referentes ao número de colaboradores das empresas que
participaram dessa etapa, assim como a formação do profissional, cargo e tempo de
experiência do respondente da pesquisa aparecem nos gráficos a seguir.
No Gráfico 1, são apresentados o número de colaboradores das empresas
dos respondentes da pesquisa. Na aplicação do questionário B, houve a
preocupação de contemplar empresas desde pequeno porte, da ordem de 50
colaboradores, até empresas de grande porte, tendo a maior delas 55000
colaboradores.
8
13
9
21
9
0
5
10
15
20
25
de 1 a 100
colaboradores
de 101 a 500
colaboradores
de 501 a 1000
colaboradores
acima de 1000
colaboradores
sem
informação
Número de colaboradores das empresas:
de 1 a 100
colaboradores
de 101 a 500
colaboradores
de 501 a 1000
colaboradores
acima de 1000
colaboradores
sem informação
Gráfico 1 – Número de colaboradores das empresas dos respondentes.
No Gráfico 2, é explicitada a formação acadêmica dos respondentes. De
acordo com a pesquisa, ainda predominam nas áreas da Qualidade e Metrologia
profissionais de nível médio, mas com um bom número de profissionais graduados.
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153
52%
36%
7%
0%
5%
vel médio
graduado
especialista
mestre
sem informação
Gráfico 2 – Formação acadêmica dos respondentes.
No Gráfico 3, são relatadas informações sobre a experiência dos
respondentes. Mesmo com formação acadêmica, as empresas procuram manter
em seus quadros funcionais os colaboradores ligados aos setores de Metrologia e
Qualidade.
6
7
17
9
17
4
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Tempo de experiência dos respondentes em Metrologia e Qualidade:
menos que 1 ano de experncia
de 1 a 2 anos de experncia
de 2 a 5 anos de experncia
de 5 a 10 anos de experncia
acima de 10 anos de experncia
sem informação
Gráfico 3 – Tempo de experiência dos respondentes.
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154
No Gráfico 4, são apresentados os setores de atuação dos profissionais
dentro das organizações.
32%
30%
18%
20%
metrologia
qualidade
miscelâneas
sem informação
Gráfico 4 – Setores de trabalho dos respondentes.
A seguir são apresentadas cada questão do questionário B, e,
respectivamente, os seus resultados.
Questão 1
Qual é a maneira que a empresa garante que seus sistemas e instrumentos de
medição estejam medindo com confiabilidade metrológica?
A intenção da questão 1 foi de elencar os métodos que as organizações
usam para garantir que as medições efetuadas nos sistemas produtivos sejam
confiáveis.
No Gráfico 5, são apresentados os resultados referentes a essa questão.
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Qual é a maneira que a empresa garante que seus sistemas e instrumentos de
medição estejam medindo com confiabilidade metrológica?
52
17
4
2
1
0
10
20
30
40
50
60
Verificação e
Calibração na
RBC
MSA -
Measurement
Systems Analysis
Capacitação de
colaboradores
Bom ambiente
de trabalho
Requisitos da
norma ISO TS
16949
Gráfico 5 – Como a empresa assegura confiabilidade metrológica
.
De acordo com o resultado apresentado, uma grande preocupação das
empresas com a confiabilidade das medições nos sistemas produtivos, pois dos 60
questionários respondidos, 55 respondentes afirmam que a maneira de assegurar
confiabilidade nas medições se através da calibração dos instrumentos e
sistemas de medição na RBC. Justificam-se essas respostas devido à exigência
cada vez maior para atendimento aos requisitos presentes nos escopos das normas
dos Sistemas de Gestão da Qualidade quanto à Rastreabilidade dos instrumentos e
sistemas de medição utilizados nos sistemas produtivos. Vinte e três respondentes
destacaram outros métodos para garantir confiabilidade nas medições. Além da
calibração efetuada na RBC, a metodologia do Manual MSA (Mensurement Analysis
System) também foi citada significativamente (17 vezes) como outro todo
bastante utilizado para garantir confiabilidade nas medições. Na aplicação da
metodologia do MSA, podem ser feitos ensaios de Linearidade, Repetitividade e
Reprodutibilidade, e Tendência de Sistemas de Medição. Quando é feita a análise
dos resultados da Linearidade ou Repetitividade e Reprodutibilidade, ou ainda, da
Tendência de Sistemas de Medição, caso os resultados não sejam satisfatórios, um
dos elementos que afetam esses resultados é a verificação da calibração dos
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156
instrumentos utilizados para a coleta das medições nos sistemas de produção, ou
seja, instrumentos não calibrados com certeza darão resultados não satisfatórios
para qualquer uma dessas análises. Aparecem ainda, nos resultados, duas citações
para um bom ambiente de trabalho e uma citação para atendimento aos requisitos
da norma ISO/TS 16949:2004.
Questão 2
A empresa faz uso de algum tipo de ferramenta da qualidade
para minimizar o índice de produtos não conformes de seu
sistema produtivo?
Sim Não
Se respondeu sim, quais?
A questão 2 foi utilizada para pesquisar as ferramentas da Qualidade que
fazem interface com a Metrologia. No Gráfico 6, estão registrados os resultados
obtidos. Quase todas as empresas participantes da pesquisa utilizam metodologias
ou ferramentas da Qualidade para reduzir os índices de produtos refugados de seus
sistemas produtivos.
7
49
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1 2
A empresa faz uso de algum tipo de ferramenta da qualidade para
minimizar o índice de produtos não conformes de seu sistema produtivo?
Não
Sim
Gráfico 6 – Ferramentas da Qualidade.
Dessas ferramentas, as mais citadas foram o Controle Estatístico do
Processo CEP (20), o FMEA (10), o MSA (10), o APQP - PPAP (8), os Planos de
Ação 8 D (6), os 5 W 2 H (6), o Diagrama de Ishikawa (6), o Ciclo PDCA (5), o
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157
Kaisen (4) e o Método de Análise de Solução de Problemas - MASP (4). Na Figura
37, é apresentado, através de um quadro baseado nos resultados da pesquisa,
como ocorre a interação entre a Metrologia e a Qualidade nos processos de
produção. Nessa figura, foram citadas apenas as ferramentas da Qualidade com
maior ocorrência na pesquisa. Para a aplicação de ferramentas como o CEP, o MSA
e o APQP PPAP, são necessárias medições no processo, ligando essas
metodologias à Ciência da Medição. as outras ferramentas citadas podem ser
aplicadas realizando-se medições no processo, como também em outros
procedimentos que não necessitam de medidas, mas que interferem no processo
produtivo.
Figura 37 – Ferramentas de interface entre a Metrologia e a Qualidade.
Na sequência apresentam-se resumidamente essas ferramentas, com
citação, em cada caso, de uma fonte de referência.
O Controle Estatístico de Processos CEP é uma ferramenta da qualidade
utilizada nas indústrias e nos processos produtivos com o objetivo de aumentar a
economia evitando desperdícios de matéria-prima, insumos e outros produtos de
industrialização, buscando a otimização de trabalhos e tornando as atividades
menos estressantes. Vale-se intensamente dos gráficos de controle desenvolvidos
por Walter Shewhart na década de 1920. Entretanto, mais do que uma ferramenta
estatística, o CEP é entendido como uma filosofia de gerenciamento e um conjunto
Metrologia
CEP
Diagrama de Ishikawa
MSA
FMEA
PPAP
APQP
Ciclo PDCA
Kaisen
MASP
Planos de Ação 8 D
5 W
Interfaces
Qualidade
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158
de cnicas e habilidades, originárias da Estatística e da Engenharia de Produção,
que visam garantir a estabilidade e a melhoria contínua de um processo de
produção. Em resumo, visa o controle e a melhoria do processo (MOURA, 1994).
O Diagrama de Ishikawa , também conhecido como "Diagrama de Causa e
Efeito" ou "Espinha-de-peixe", é uma ferramenta gráfica utilizada pela Administração
para o Gerenciamento e o Controle da Qualidade em processos diversos de
manipulação das fórmulas. Esse diagrama também é conhecido como 6M pois, em
sua estrutura, todos os tipos de problemas podem ser classificados como sendo de
seis tipos diferentes:
Método
Matéria-prima
Mão-de-obra
Máquinas
Medição
Meio ambiente
Esse sistema permite estruturar hierarquicamente as causas potenciais de
determinado problema ou oportunidade de melhoria, bem como seus efeitos sobre a
qualidade dos produtos. Permite, também, estruturar qualquer sistema que necessite
de resposta de forma gráfica e sintética (MOURA, 1994).
O Measurement Systems Analysis - MSA, além de ser exigido pelas
normas do setor automotivo, é indispensável para as empresas que buscam a
qualidade total e o controle dos seus processos. É, também, uma ferramenta
indispensável em trabalho de CEP, sendo uma importante etapa do APQP e do
PPAP, vistos a seguir. É importante para se garantir a consistência dos
controles nos processos de fabricação, sobretudo no recebimento, processo e
aprovação final. Os estudos de MSA objetivam avaliar a influência dos erros de
medição no resultado final das medições (AIAG, 2004).
O Failure Mode and Effect Analysis - FMEA, que traduzido significa Análise do
Tipo e Efeito de Falha, é uma metodologia que objetiva avaliar e minimizar riscos por
meio da análise das possíveis falhas (determinação da causa, efeito e risco de cada
tipo de falha) que podem ocorrer tanto no projeto quanto no processo de fabricação
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159
do produto, visando a implementação de ações para aumentar a confiabilidade (IQA,
2008).
O APQP-PPAP - Advanced Product Quality Planning (planejamento avançado
da qualidade do produto) - Production Parts Approval Process (processo de
aprovação de peças de produção), desenvolvido no final da década de 1980, por
uma comissão de experts das três maiores indústrias automobilísticas
norteamericanas: Ford, General Motors e Chrysler. Essa comissão investiu cinco
anos para analisar o então corrente estado de desenvolvimento e produção
automotiva nos Estados Unidos, Europa e especialmente no Japão. Os requisitos
para seus fornecedores são seguir os procedimentos e técnicas do APQP-PPAP,
serem auditados e certificados para a norma ISO/TS 16949:2004 (IQA, 2008 e
2009).
O processo APQP-PPAP da Automotive Industry Action Group - AIAG, que é
parte de uma série de documentos relacionados, atualizados e publicados pela
AIAG, base para a criação do processo de Plano de Controle, é o Conjunto de
Manuais da APQP. Os manuais incluem:
O Manual FMEA;
O Manual SPC (Statistical process control);
O Manual MSA (Measurement Systems Analysis);
O próprio Manual Production Part Approval Process (PPAP).
A Automotive Industry Action Group - AIAG é uma associação sem fins
lucrativos da indústria automativa, fundada em 1982.
O ciclo PDCA, já comentado no Capítulo 2, denominado ciclo de Shewhart ou
ciclo de Deming, é um ciclo de desenvolvimento que tem foco na melhoria contínua.
O PDCA foi introduzido no Japão após a guerra, idealizado por Shewhart e
divulgado por Deming, quem efetivamente o aplicou. Inicialmente, deu-se o uso para
estatística e métodos de amostragem. O ciclo de Deming tem por princípio tornar
mais claros e ágeis os processos envolvidos na execução da gestão, como, por
exemplo, na gestão da qualidade. O PDCA é aplicado para se atingir resultados
dentro de um sistema de gestão e pode ser utilizado em qualquer empresa de forma
a garantir o sucesso nos negócios, independentemente da área de atuação da
empresa. O ciclo começa pelo planejamento, em seguida a ação ou conjunto de
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
160
ações planejadas são executadas, checa-se se o que foi feito estava de acordo com
o planejado, constante e repetidamente (ciclicamente), e toma-se uma ação para
eliminar ou, ao menos, mitigar defeitos no produto ou na execução, ou ainda para
promover a melhoria do processo (MOURA, 1994).
O Kaisen é a expressão utilizada para definir o modelo japonês de gestão da
qualidade e significa melhoria contínua dos processos produtivos através da
introdução permanente de pequenos aperfeiçoamentos, que, apesar de baratas e de
fácil implementação, conduzem à redução de custos, melhoria da qualidade e/ou
aumento da produtividade e eficiência. O princípio base do Kaisen é incentivar os
colaboradores para, permanentemente, colocarem em questão os processos da
organização, a fim de identificar áreas de potencial melhoria. O Kaisen pode ser
aplicado a todos os processos no interior da organização como o layout da linha de
produção, as compras, os aprovisionamentos, os processos de controle da
qualidade, os processos de fabricação, os serviços ao cliente, entre muitos outros
(IMAI, 1994).
O MASP (Metodologia de Análise e Solução de Problemas) é um caminho
ordenado, composto de passos e sub-passos pré-definidos para a escolha de um
problema, análise de suas causas, determinação e planejamento de um conjunto de
ações, que consistem numa solução, verificação do resultado da solução e
realimentação do processo para a melhoria do aprendizado e da própria forma de
aplicação em ciclos posteriores. O MASP prescreve como um problema deve ser
resolvido e não como é resolvido, contrapondo dois modos de tomada de decisão
denominados de “modelo prescritivo” e “modelo descritivo” (IQA, 2006).
As etapas para implementação da MASP são:
a) Identificação do problema - definir claramente o problema e reconhecer sua
importância;
b) Observação - investigar as características espeficas do problema com uma
visão ampla e sob vários pontos de vista;
c) Análise - descobrir as causas fundamentais;
d) Plano de ação - conceber um plano para bloquear as causas fundamentais;
e) Ação - bloquear as causas fundamentais;
f) Verificação - verificar se o bloqueio foi efetivo.;
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161
g) Padronização - prevenir contra o reaparecimento do problema;
h) Conclusão - recapitular todo o processo de solução do problema para trabalho
futuro.
Os Planos de Ação 8 D são uma ferramenta utilizada como modelo para
tomada de ações corretivas e preventivas. Nesse modelo, as empresas utilizam os
seguintes passos para o processo de tomada decisão nas ações corretivas e
preventivas: identificação de não conformidades, formação de equipe, ações de
contenção, identificação das caudas básicas, identificação da ação, implementação
da ação, verificação da eficácia e aprovação (IQA, 2006).
Os 5 W ou “5 Porquês” é um formulário para execução e controle de tarefas
que atribui responsabilidades e determina as circunstâncias em que o trabalho
deverá ser realizado. Recebeu esse nome devido a primeira letra das palavras
inglesas: What (O que), Who (Quem), When (Quando), Where (Onde) e Why (Por
que). Trata-se de uma ferramenta utilizada para planejar a implementação de uma
solução, elaborada a partir das respostas aos 5 W
,
aos quais também se acrescenta
dois H, de How (Como) e How much (Quanto custa) (MARIANI et al., 2005).
De acordo com os resultados da pesquisa, fica evidente a interface que essas
ferramentas fazem com os sistemas metrológicos implantados nas industriais de
produção de bens de consumo. A implantação de quaisquer das ferramentas citadas
pelos respondentes da pesquisa é sempre motivada por melhorias esperadas no
processo de fabricação. É impossível não se falar em medidas quando se fala em
processo. Dessa forma, explica-se o relacionamento existente entre a Metrologia e
essas ferramentas usadas para melhoria da qualidade produtiva.
Questão 3 A importância atribuída à Metrologia dentro da empresa é:
Questão 4
Do ponto de vista da competitividade da empresa no atual mercado globalizado, a
importância da Metrologia é:
Nenhuma
Baixa
Média
Alta
Muito alta
As Questões
s
3 e 4 complementam-se. Os resultados do Gráfico 7
(referente à Questão 3) apontam para uma preocupação cada vez maior das
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162
empresas em relação à Metrologia, fato que pode ser explicado devido à sua
importância para a obtenção da conformidade dos produtos fabricados.
A importância da Metrologia dentro da sua empresa é:
0
2
13
22
23
0
5
10
15
20
25
Nenhuma
Baixa
dia
Alta
Muito alta
rie1
0 2 13 22 23
Nenhuma Baixa dia Alta Muito alta
Gráfico 7 – A importância da Metrologia.
O Gráfico 8 (referente à Questão 4) tem por função relacionar a Metrologia
com a competitividade das empresas. Analisando seus resultados, que mais de 90%
das empresas participantes da pesquisa atribuem à Metrologia importância alta ou
muito alta como fator de competitividade.
Do ponto de vista da competitividade da empresa no atual mercado
globalizado, a importância da Metrologia é:
2% 5%
5%
46%
42%
Nenhuma
Baixa
dia
Alta
Muito alta
Gráfico 8 – A Metrologia como fator de competitividade
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
163
Relacionando-se os resultados dos dois gráficos percebe-se que o impacto da
Metrologia na Qualidade dos produtos fabricados é muito grande, e desprezar a
ação da Metrologia nos processos produtivos ocasiona aumento no índice de
refugos produtivos, elevando os custos de produção, e também o preço final do
produto no mercado. Esse ciclo contínuo afetará a competitividade da empresa e,
por sua vez, sua sobrevivência. Quando uma empresa possui equipamentos ou
sistemas de medição que são calibrados periodicamente, com exatidão elevada e
baixa incerteza, isso reflete na fabricação de produtos em conformidade com as
especificações e com medidas próximas aos valores reais. Outro fator diz respeito à
possibilidade de desenvolvimento de novas tecnologias, ou seja, organizações que
possuem departamento de pesquisa e desenvolvimento conseguirão se destacar
e gerar novas tecnologias se possuírem máquinas e sistemas de medição com
níveis elevados de exatidão. Com isso, as empresas desenvolvedoras de produtos e
detentoras novas tecnologias passarão a dominar o mercado consumidor.
Questão 5 A empresa possui laboratório de metrologia? Sim Não
Caso responda “sim”, o laboratório é acreditado pelo Inmetro? Sim Não
Questão 6 A empresa calibra seus sistemas e instrumentos de medição em:
Laboratório interno
Rede brasileira de calibração - RBC
Outros laboratórios
Sem informação
Questão 7 A importância para a empresa de se calibrar instrumentos e sistemas de medição é:
Nenhuma
Baixa
Média
Alta
Muito alta
Questão 8 O impacto da calibração dos sistemas e instrumentos de medição no sistema produtivo
da empresa é:
Nenhum
Baixo
Médio
Alto
Muito alto
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
164
Os resultados apresentados nos Gráficos 9, 10, 11 e 12 (referente às
Questões
s
5, 6, 7 e 8) retratam os caminhos utilizados pelas empresas para
realização da calibração de seus sistemas e instrumentos de medição, a maneira
como obtêm a rastreabilidade metrológica aos padrões primários do SI e a
importância atribuída à calibração.
A empresa possui laboratório de Metrologia? O laboratório é acreditado
pelo Inmetro?
52
8
11
0
10
20
30
40
50
60
Sim o Com acreditação
do Inmetro
Sim
Não
Com acreditação do Inmetro
Gráfico 9 – Número de empresas com laboratórios de Metrologia.
Das 60 empresas que responderam à pesquisa, 52 empresas responderam
que possuem laboratório de metrologia, sendo 11 desses laboratórios acreditados
pelo Inmetro. Somente 8 empresas relataram não possuírem laboratório. Grandes
empresas são levadas, pela acirrada competitividade global, a acreditarem seus
laboratórios de metrologia. Essa decisão torna o processo de rastreabilidade
metrológica mais ágil, pois a empresa passa a deter seus próprios padrões de
medição e realizar as calibrações internamente, tanto dos sistemas e instrumentos
de medição quanto dos padrões de trabalho utilizados para a garantia da qualidade
das medições.
Dentre as empresas que possuem acreditação do Inmetro estão: Valeo,
Volkswagem, General Motors, Karmannghia, Senai, Ford, Continental e Petrobrás,
empresas com número de colaboradores acima de 1000, o que reforça, para esses
grandes conglomerados, a idéia de se produzir sempre com qualidade para domínio
dos seus segmentos de mercado.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
165
Foi possível, também, detectar que empresas que não possuem laboratório
de metrologia são empresas menores, com número de colaboradores inferior a 300.
Esse fato revela que empresas com menor poder aquisitivo ainda têm restrições
quanto ao investimento em Metrologia.
Fica evidente mais uma vez, a importância da RBC para a competitividade
das empresas que se utilizam desses serviços e, também, para o desenvolvimento
do País, pois o basta medir, tem de saber que se está medindo certo e com
qualidade.
A empresa calibra seus sistemas e instrumentos de medição em:
29%
43%
27%
1%
Laborario Interno
RBC
Outros Laboratórios
Sem Informação
Gráfico 10 – Local de realização das calibrações.
A importância para a empresa de se calibrar instrumentos e sistemas de
medição é:
0
4
6
30
20
0
5
10
15
20
25
30
35
Nenhuma Baixa dia Alta Muito alta
Nenhuma
Baixa
dia
Alta
Muito alta
Gráfico 11 – Importância da calibração para as empresas.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
166
O impacto da calibração dos sistemas e instrumentos de medição no
sistema produtivo da empresa é:
0%
8%
17%
48%
27%
Nenhuma
Baixa
dia
Alta
Muito alta
Gráfico 12 – Impacto da calibração nos sistemas produtivos.
Questão 9
Na operação de calibração de sistemas e instrumentos de medição, a relação entre a
incerteza do padrão e incerteza do instrumento adotada pela empresa é:
Observação: “U” significa uncertainty (incerteza).
3
U
10
U
4
U
20
U
5
U
Sem informação
Questão 10
A importância de se estimar a incerteza medição para o sistema produtivo da
empresa é:
Nenhuma
Baixa
Média
Alta
Muito alta
Os resultados extraídos dos Gráficos 13 e 14 (referentes às Questões
s
9 e
10) objetivam evidenciar a importância atribuída à incerteza da medição nos
processos produtivos.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
167
Na operação de calibração de instrumentos e sistemas de medição, a
relação entre a incerteza do padrão e a incerteza do processo de medição
adotada pela empresa é:
8
3
7
11
0
31
0
5
10
15
20
25
30
35
U/3
U
/
4
U
/
5
U
/
1
0
U
/
2
0
Sem
i
nfor
m
ã
o
U/3
U/4
U/5
U/10
U/20
Sem informação
Gráfico 13 – Relação incerteza do padrão/processo de medição.
A importância de se estimar a incerteza da medição para o sisitema
produtivo da empresa é:
0%
13%
23%
51%
13%
Nenhuma
Baixa
dia
Alta
Muito alta
Gráfico 14 – Importância da estimativa da incerteza da medição.
Analisando-se os resultados obtidos, mais de 50% dos profissionais da
qualidade questionados não têm informação sobre a relação entre incerteza do
padrão e incerteza do processo de medição para a calibração de instrumentos e
sistemas de medição. Dos 60 profissionais questionados, 31 responderam não ter
informação sobre a escolha dessa relação. Porém, ao contrário da falta informação
sobre essa relação, esses mesmos profissionais, que, quase na sua totalidade,
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
168
estão ligados à área da qualidade, têm consciência da importância desse critério
para a produção, atribuindo alta importância para o estabelecimento da estimativa
da incerteza da medição para os processos de produção.
As outras 29 respostas ficaram bem divididas, com as relações escolhidas
pelas empresas recaindo sobre U/3, U/5 e U/10. A justificativa para essas escolhas
depende do tipo de sistema ou instrumento de medição que a empresa emprega
para medições em seu sistema produtivo, pois quanto menor a incerteza do padrão
utilizado no processo de calibração, mais elevado é o seu valor para aquisição.
Empresas que possuem sistemas de medição com alta exatidão e baixa incerteza
em seu processo de medição, necessitarão de padrões de calibração com
baixíssimas incertezas, que, o caros. Nesse caso, a empresa optará por uma
relação menor para não onerar seu sistema de produção. Para Albertazzi & Souza
(2008), uma relação economicamente viável para as empresas é U/10. A escolha de
uma relação maior encarece o sistema produtivo, o que foi mostrado pela pesquisa,
já que nenhuma escolha recaiu na relação U/20.
Questão 11 O relacionamento existente entre a Rastreabilidade e a Qualidade é:
Nenhum
Baixo
Médio
Alto
Muito alto
Questão 12
Você acha que a Rastreabilidade Metrológica afeta o
controle de medidas de características de produtos?
Sim Não
Questão 13
A empresa possui alguma certificação relacionada a
sistemas de gestão da qualidade?
Sim Não
Se respondeu sim, como essa certificação influi nas ações metrológicas da empresa?
As conclusões sobre os resultados dos Gráficos 15, 16 e 17 (referentes às
Questões 11, 12 e 13) o justificadas pela crescente padronização exigida pelo
comércio internacional. A padronização é uma questão fundamental para a
viabilização do comércio internacional devido aos seguintes motivos: a grande
demanda por produtos que atendam as especificações relacionadas à saúde, ao
ambiente e à segurança das pessoas, e o atendimento aos requisitos cnicos. A
Metrologia também tem a função de facilitar comércio, diminuindo barreiras técnicas
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
169
entre os países e possibilitando que a competição entre empresas globalizadas
ocorra em bases mais transparentes e justas.
As organizações têm procurado implantar Sistemas de Gestão da Qualidade
de acordo com normas como, principalmente, as da rie NBR ISO 9000:2008 e
ISO/TS 16949:2004. Na área dos laboratórios de calibração e ensaio, o padrão
considerado adequado é a norma NBR ISO/IEC 17025:2005, que tem por objetivo
principal fornecer evidências pelas quais um laboratório pode demonstrar que opera
um sistema da qualidade e possui competência técnica para realizar os serviços de
calibração e de ensaio. Os laboratórios que possuem a acreditação do Inmetro
proporcionam a rastreabilidade metrológica, tornando-se, um atestado de garantia
de confiabilidade nas medões para as empresas que utilizam esses serviços.
Os resultados apresentados no Gráfico 15, em que 45 dos pesquisados
atribuem valor alto e muito alto (24 alto e 21 muito alto) para o relacionamento entre
a Rastreabilidade e a Qualidade, é o retrato da atual preocupação das organizações
para o atendimento dos requisitos exigidos pelas normas citadas acima. Assim, as
empresas estão cientes de que para participarem do mercado, principalmente o
internacional, deverão procurar por serviços que proporcionem rastreabilidade
metrológica, requisito fundamental para qualidade e participação no mercado
mundial.
O relacionamento entre a Rastreabilidade e a Qualidade é:
2
0
13
24
21
0
5
10
15
20
25
30
Nenhuma Baixa Média Alta Muito alta
Nenhuma
Baixa
Média
Alta
Muito alta
Gráfico 15 – Relacionamento entre Rastreabilidade e Qualidade
.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
170
Os Gráficos 16 e 17, com valores idênticos, apresentaram muita coerência
nos resultados, pois organizações que possuem algum tipo de certificação nos seus
sistemas de gestão da qualidade, são “forçadas” a atender os requisitos do cliente
para se manter no mercado. Em razão disso, em seus escopos são colocados
procedimentos para a sistemática de calibrações de sistemas e instrumentos de
medição que a empresa utiliza e para obtenção da Rastreabilidade Metrológica, que
são requisitos para atendimento das necessidades do cliente.
Você acha que a Rastreabilidade Metrológica afeta o controle de
medidas de caractesticas de produtos?
83%
17%
Sim
Não
Gráfico 16 – Influência da Rastreabilidade no controle de medidas.
A empresa possui alguma certificação relacionada a sistemas de geso da
qualidade?
83%
17%
Sim
o
Gráfico 17 – Empresas com Sistemas de Gestão da Qualidade.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
171
O complemento à Questão de 13 (resultados no Gráfico 17), com a
pergunta “Como essa certificação influi nas ações metrológicas da empresa”,
também retratou alguns depoimentos importantes, que fundamentam as conclusões
obtidas. O respondente da Bridgestone do Brasil, afirmou que as ações
metrológicas são fundamentadas nas necessidades do cliente”. o respondente do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPT relatou que as certificações obrigam o
atendimento dos requisitos gerenciais e técnicos do sistema de qualidade”
Resumidamente, os resultados dos três gráficos, principalmente o Gráfico 16,
em que 83% dos respondentes disseram que a rastreabilidade afeta o controle de
medidas, demonstra a percepção das vantagens que os usuários dos serviços de
laboratórios pertencentes à RBC obtêm, tais como: a garantia de que os serviços
são realizados conforme procedimentos reconhecidos internacionalmente; maior
confiança nos resultados; superação de possíveis barreiras técnicas para produtos
destinados à exportação e também podem servir como critério para a seleção de
fornecedores.
Questão 14
Na sua opinião, quando a empresa adquire uma sofisticada máquina de medição,
com elevada exatidão, o impacto no sistema produtivo é:
Nenhum
Baixo
Médio
Alto
Muito alto
Nos resultados apresentados no Gráfico 18 (referente à Questão 14), verifica-
se a influência dos avanços tecnológicos sobre toda a cadeia produtiva de uma
organização. Esta influência aparece nas áreas de projeto, desenvolvimento de
produto e produção, das organizações. A aquisição de equipamentos de medição
sofisticados com baixos valores de resolução e incerteza, como, por exemplo, as
máquinas de medição por coordenadas, é o recurso mais poderoso que a indústria
possui para o desenvolvimento dimensional de produtos, controle dimensional de
peças e melhoria da capacidade de processos. Em virtude da contínua redução dos
intervalos de tolerância e de os produtos possuírem um maior valor intrínseco, o
efeito de uma medição incorreta pode ser decisivo para a sobrevivência de uma
organização.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
172
0
7
12
28
13
0
5
10
15
20
25
30
Nenhuma Baixa dia Alta Muito alta
Na sua opinião, quando a empresa adquire uma sofisticada
máquina de medição, com elevada exatidão, o impacto no
sistema produtivo é:
Nenhuma
Baixa
dia
Alta
Muito alta
Gráfico 18 – Máquinas de medição com alta exatidão no sistema produtivo.
Os resultados apresentados no Gráfico 18, com 41 dos respondentes
atribuindo importância alta ou muito alta para o impacto da aquisição de máquinas
sofisticadas no sistema produtivo, podem ser justificados pelo benefício trazido por
esses equipamentos quando adquiridos e operados de maneira adequada.
Essas tecnologias agregam, além das funções básicas de medir, manter os
processos sob controle, evitar refugos, retrabalhos e perdas de qualidade, outros
benefícios significativos e vitais para sobrevivência da organização, tais como a
flexibilidade, operação informatizada e automatizada, intensa integração com outras
áreas da empresa, desenvolvimento de ferramental de produção com alto valor
agregado, aumento da produtividade, possibilitam melhor avaliação de fornecedores,
entre outros benefícios. Essas tecnologias influenciam aspectos como o tempo de
desenvolvimento de um produto, os custos de produção e desempenho funcional de
componentes, provendo para o processo decisório o fornecimento de informações
consistentes, que indiquem a ação corretiva a ser tomada para a solução de
eventuais desvios em qualquer das etapas produtivas. As consequências da
utilização de tecnologias ultrapassadas e com valores inadequados de exatidão são
a inevitável ocorrência de erros de medição que provocam atrasos, perdas de
material, problemas de qualidade e conflitos entre clientes e fornecedores; ou seja,
em última instância, comprometem a competitividade da empresa e de seus clientes
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
173
ou fornecedores. A partir dessa realidade e sabendo que as decisões são sempre
tomadas a partir de resultados de medições, pode-se, sem muito esforço de
imaginação, visualizar as perdas que podem ocorrer, se qualquer dessas decisões
for em cima de números pouco confiáveis.
A busca da eficiência nos processos e da qualidade de produtos passa,
necessariamente, por práticas de medição consistentes e ligadas de forma eficiente
a uma rede de informações da engenharia da qualidade, como forma de tornar o
ciclo decisório de otimização rápido e certeiro.
Questão 15
Para a escolha de sistemas e instrumentos de medição, o Controle de Qualidade
adota: (Observação: IT significa intervalo de tolerância)
5
IT
20
IT
10
IT
Sem informação
O último resultado desta pesquisa, apresentado no Gráfico 19 (referente à
Questão 15), retrata em parte a conscientização dos respondentes quanto à
influência da incerteza da medição nos resultados obtidos para os mensurandos em
todo processo de medição, que quase 50 % (28) dos respondentes selecionam
adequadamente a resolução de seus sistemas e instrumentos de medão dividindo
o intervalo de tolerância (IT) por 5 ou 10. Esse procedimento qualitativo deve ser
adotado como critério de seleção de sistemas e instrumentos de medição, pois
confrontar a incerteza do processo de medição e o campo de tolerância é muito
importante para a correta escolha do equipamento e seria inadmissível e
extremamente oneroso para a organização a utilização de um processo de medição
com incerteza da medição incompatível com o campo de tolerância da característica
a ser controlada.
Por outro lado, o resultado mais relevante e preocupante da pesquisa, em que
mais que 50 % (31) dos respondentes dizem o ter informação (sem informação)
quanto ao critério de seleção desses equipamentos de controle de medidas, revela
desconhecimento do estabelecimento do correto critério para escolha de sistemas e
instrumentos de medição. Esse fato constatado refletirá em constantes conflitos na
produção, com fornecedores e clientes, atrasos, além das perdas com retrabalho e
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
174
refugos, elevação dos custos de produção e perda de competitividade para a
organização.
11
17
1
31
0
5
10
15
20
25
30
35
IT/5 IT/10 IT/20 Sem
informação
Para a escolha de sistemas e instrumentos de medição, o Controle de
Qualidade adota:
IT/5
IT/10
IT/20
Sem informação
Gráfico 19 – Critério de escolha de sistemas e instrumentos de medição.
5.3 Considerações
Diante dos resultados obtidos na presente pesquisa, são apresentadas a
seguir, não para a totalidade das questões, considerações julgadas importantes pelo
autor.
Para as questões nº 2, 3 e 4, que são complementares, e questionam sobre o
papel, os benefícios e os resultados da adoção de técnicas metrológicas, a
Metrologia está presente em todas as fases da cadeia de produção de um produto e
uma medição incorreta pode significar prejuízos irreparáveis para a organização
como perda de produção, devolução de produtos, riscos de acidentes, indenizações
devido a processos jurídicos por danos morais e materiais, e o pior, clientes
insatisfeitos que optam pela concorrência.
Outro fator importante para as empresas diz respeito à calibração e
rastreabilidade metrológica. A calibração de sistemas e instrumentos de medição ou
padrões e a posterior obtenção da rastreabilidade metrológica, quando realizada em
laboratórios acreditados é item obrigatório presente nas normas ISO 9000:2008 e
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
175
ISO TS 16949:2004. O não atendimento desses procedimentos estabelecidos nas
referidas normas acarreta a exclusão da empresa como fornecedora de produtos
para as empresas que têm a norma estabelecida e, ainda, impossibilita a exportação
de produtos para países signatários do Acordo de Reconhecimento Mútuo MRA.
Nesse contexto, justificam-se os benefícios que a Metrologia pode trazer para os
processos produtivos e para a sobrevivência da organização.
Para a questão 5, sobre a importância do conhecimento da incerteza da
medição, o estabelecimento de baixos níveis de incerteza passa a ser um critério
qualitativo para o controle de medidas em qualquer fase da produção, pois a
incerteza é caracterizada como uma faixa de dúvida e é onde se espera encontrar o
valor verdadeiro de um mensurando. A estimativa do cálculo da incerteza da
medição passa a apoiar o processo de tomada de decisão, quando aprovar ou
rejeitar o resultado de uma medição implica sempre uma análise de risco e, quanto
menor a incerteza, menor será o risco de errar na decisão.
Com a evolução tecnológica atual, com quinas cada vez mais exatas e
repetitivas e o rigor das medidas estabelecidas em projetos com os campos de
tolerâncias cada vez mais apertados, fica claro que incertezas elevadas impactarão
negativamente no controle dessas medidas, gerando dúvidas sobre seus resultados.
Também é preciso mencionar que a incerteza diminui a faixa de especificação das
características controladas, então, incertezas maiores acarretarão perdas maiores
devido a resultados poucos confiáveis, impactando negativamente na
competitividade do setor de produção da organização. O lculo da incerteza da
medição deve ser entendido como uma ferramenta para o aprimoramento de
sistemas de medição, o que, justamente vem ao encontro das novas exigências da
NBR ISO/IEC 17025:2005 com respeito à melhoria contínua.
Para a questão 8, sobre o período de calibração dos padrões utilizados
pelos laboratórios, espera-se, dentro do período estabelecido para calibrações
sequenciais dos padrões, que os seus resultados sejam estáveis dentro de certos
limites estabelecidos, considerando-se a relação custo-benefício e fatores como:
extensão e severidade de uso e a exatidão pretendida pela medição, para se estimar
esses períodos. Ciclicamente, devem ser feitas análises críticas sobre o peodo de
calibração, verificando se é adequado, ou seja, se está curto demais, o que aumenta
os custos de calibração, ou se está extenso demais, impossibilitando ter
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
176
confiabilidade sobre a estabilidade do padrão. O período de calibração deve ser
determinado em função de uma análise de equilíbrio entre os riscos e custos, que
serão impactados pela calibração no setor produtivo da empresa.
Para a questão 9, sobre a participação do laboratório em atividades de
pesquisa, esta sustenta o desenvolvimento de novos produtos ou novas tecnologias
com alto valor agregado, resolvendo problemas industriais. Nesse contexto, a
Metrologia é de extrema importância para se obter informações confiáveis nas
investigações.
Para a questão 10, referente à importância da norma NBR ISO/IEC
17025:2005, verifica-se que a mesma evidencia a competência do laboratório,
traduzindo-se numa base universal para o estabelecimento e desenvolvimento dos
sistemas de gestão da qualidade em laboratórios, constituindo-se no passaporte
para a acreditação do laboratório junto ao Inmetro. O grande diferencial dessa
norma é a exigência clara da competência do pessoal do laboratório para realizar
atividades gerenciais ou técnicas. Além disso, a norma também simplifica a
comunicação entre clientes e fornecedores por meio de requisitos bem definidos.
Para a questão 11, sobre a garantia da confiabilidade metrológica nas
medições, a comprovação da sua confiabilidade nas medições é requisito que está
no escopo da norma NBR ISO/IEC 17025:2005, direcionada a laboratórios de
calibração, e da própria norma da ISO 9000:2008. A norma NBR ISO/IEC
17025:2005 passa a ser uma poderosa ferramenta padronizadora dos
procedimentos para a obtenção da confiabilidade metrológica, uniformizando os
caminhos para as atividades de calibração e rastreabilidade metrológica.
Para a questão 12, sobre os impactos econômicos dos serviços de
calibração, uma avaliação econômica desses serviços pode ser feita se
contabilizados os custos originados pela “falta de qualidade”, que ocorrem quando
os sistemas não conseguem cumprir requisitos técnicos, normativos, ou não
atendem às expectativas dos clientes, porque as calibrações foram feitas sem a
devida qualidade. Porém, sem considerar cifras, os impactos econômicos são
diretos, pois o principal objetivo da calibração é manter o sistema produtivo sob
controle, efetuando medições em todas as suas etapas, desde a chegada da
matéria-prima na expedição até o produto final pronto para ser embalado. O impacto
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177
dessas ações é percebido na redução de refugos, de perdas de matéria-prima e
menor necessidade de retrabalho. Um instrumento calibrado reduz perdas e custos,
resultando num maior controle econômico dentro da organização. A calibração é
importantíssima, que confere a qualidade metrológica aos sistemas e
instrumentos de medição usados no processo. Essas ações, quando aplicadas de
forma otimizada, oferecem um retorno muito maior que o financeiro, com geração de
lucros, maior confiabilidade, credibilidade e, conseqüente, competitividade das
empresas.
Para a questão nº 13, sobre o tempo para se perceber os benefícios da
calibração no orçamento da empresa, os benefícios são perceptíveis em curto prazo.
Uma empresa que nunca se preocupou com a calibração de sistemas e
instrumentos de medição, o que pode ser entendido, equipamentos de medição sem
comprovação metrológica, e que, por força da implementação de um Sistema de
Gestão da Qualidade, passa a fazer uso dos serviços de calibração em laboratórios
acreditados, percebe os benefícios financeiros da calibração no primeiro lote de
produtos ou serviços que forem entregues ao seu cliente. A calibração reflete em
conformidade e a conformidade reflete em menores perdas produtivas. Esse ciclo
traduz-se em menores custos produtivos, representando aumento de lucratividade, e
em maior competitividade dentro de um mercado cada vez mais exigente.
Para a questão 14, sobre o crescimento da procura de serviços de
calibração por pequenas e médias empresas, não somente os sistemas da
qualidade tornam compulsório o uso de serviços da calibração, mas também as
atuais políticas governamentais de proteção ao consumidor. O consumidor é
protegido pelo Inmetro, que, como agente de fiscalização, executa ações de
verificação da conformidade de produtos em estabelecimentos que os
comercializam, pois o consumidor, quando compra um produto na gôndola de um
supermercado ou quando abastece o veiculo, não tem instrumentos para atestar a
conformidade das especificações do produto que está adquirindo. A detecção de
uma não conformidade pode gerar pesadas penalizações para a empresa infratora.
Esse fato, somado à acirrada concorrência, faz com que as empresas recorram aos
serviços de comprovação metrológica para melhorar o controle das especificações
de seus produtos.
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178
Por fim, para a questão 15, que diz respeito à importância dada ao serviço
de calibração pelos clientes, cada vez mais existe a conscientização de aplicar-se o
sistema metrológico como uma ferramenta da qualidade e da redução de custos
para atingir a conformidade do produto final. Percebe-se maior tendência das
empresas em interpretar o documento de comprovação da calibração, avaliando os
resultados para otimização dos seus sistemas de medição e controle e dos seus
instrumentos e padrões de medição, objetivando maior qualidade de seus produtos.
5.4 Relacionamento entre as Dimensões da Qualidade e a Metrologia
A comparação dos dois autores, feita por Oliveira (2006), no Quadro 6, entre
as Dimensões da Qualidade aplicadas a Serviços busca trazer à luz um melhor
entendimento da cultura metrológica aplicada como “um serviço”. A seguir, são feitas
considerações importantes sobre a interface dessas dimensões com a Metrologia.
A maioria das dimensões da qualidade aplicadas a serviços, algumas com
mais intensidade que outras, dependem direta ou indiretamente de serviços
metrológicos. Dimensões da Qualidade, como as consideradas por Parasuraman
(1988) - Aspectos Tangíveis, Confiabilidade, Responsabilidade, Competência,
Credibilidade e Segurança comparadas às Dimensões de Garvin (2002) -
Desempenho, Características, Confiabilidade, Conformidade, Qualidade Percebida e
Durabilidade – são influenciadas pelos serviços prestados pela Metrologia.
A Metrologia tem imenso impacto na sociedade. Em cada companhia, instituto
ou outra organização comercial, conceitos como: segurança, eficiência,
confiabilidade e exatidão são de grande importância no projeto de sistemas, que têm
a função de garantir a qualidade do produto que é oferecido ao consumidor.
Exatidão nas medições e ensaios são partes essenciais do processo.
A Metrologia enquadra-se como um tipo de serviço profissional que pode
prestar seus serviços de duas maneiras: a primeira, dentro da organização - quando
a empresa possui um laboratório para os serviços de calibração de instrumentos e
sistemas de medição. Os serviços metrológicos destinam-se aos diversos setores da
empresa, que são os clientes do laboratório, impactando diretamente no processo
produtivo, na conformidade das características dos produtos da organização. Nesse
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
179
ponto, se percebe a interação entre alguns elementos relacionados por
Parasuraman (1988) e Garvin (2002) e a Metrologia, por exemplo, a Confiabilidade,
a Conformidade com as especificações e a Credibilidade.
A outra forma de serviço se estabelece quando a empresa contrata um
laboratório fora da organização. O laboratório deverá pertencer à RBC, prestando os
serviços como uma empresa terceirizada. Nesse relacionamento, o serviço da
Metrologia na visão do cliente (empresa) será avaliado considerando-se aspectos
relativos ao Atendimento, à Comunicação, à Competência do laboratório e à
Credibilidade, estabelecidos por Parasuraman (1998) e Garvin (2002). Em qualquer
um dos casos, para a garantia da confiabilidade dos serviços prestados e qualidade
nas medições, os laboratórios terão de ser acreditados pelo Inmetro, tendo assim
assegurada a rastreabilidade aos padrões primários do SI.
Pegando como exemplo os Aspectos Tangíveis e a Responsabilidade de
Parasuraman (1988), comparados a elementos como a Confiabilidade, a
Conformidade e o Desempenho de Garvin (2002), de que maneira esses requisitos
são percebidos pelo cliente e onde os serviços metrológicos impactam nesses
fatores?
A Metrologia inicia sua interface com essas Dimensões da Qualidade
aplicadas a serviços através da calibração. Através de um processo de calibração
sistemático, todos os sistemas e instrumentos de medição irão prover confiabilidade
às medições efetuadas durante toda a fase de concepção de um produto. O impacto
recairá na Conformidade dos produtos com as especificações estabelecidas nos
projetos. A Conformidade, por sua vez, impactaem outros elementos, como o
Desempenho, a Confiabilidade, a Segurança e as Características de produtos e
serviços, dentre os mais influenciados pela Metrologia. As Dimensões da Qualidade,
Conformidade e Confiabilidade dependem de sistemas e instrumentos de medição
calibrados e com rastreabilidade aos padrões primários do SI. Porém, essas
dimensões são difíceis de serem percebidas pelos clientes, pois estes não
acompanham o processo de produção de produtos e serviços.
Clientes consumidores não medem as especificações de produtos quando os
adquirem. Uma das maneiras de se perceber a Conformidade se quando são
realizadas fiscalizações de produtos e serviços pelo Inmetro, através do Ipem, em
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO
180
supermercados, postos de gasolina, na indústria e no comércio de uma maneira
geral. Nessas intervenções, o verificadas não somente a Conformidade e a
Característica de produtos e serviços, mas também fatores de Desempenho, de
Segurança e Confiabilidade, de Durabilidade, entre outros itens, dados por Garvin
(2002) e comparados a Aspectos Tangíveis, Confiabilidade, Responsabilidade,
Competência, Credibilidade e Segurança estabelecidos por Parasuraman (1998).
Nessas ações, comparam-se produtos e serviços de vários fabricantes, e os
resultados são demonstrados aos consumidores. Dessa forma, a observação dos
resultados apresentados pelo Inmetro se torna uma ferramenta poderosa que os
clientes devem prestigiar para a escolha de produtos e serviços em conformidade
com as especificações.
O serviço prestado pela Metrologia dentro de uma organização ocasiona uma
reação em cadeia no processo produtivo, e a confiabilidade dos processos de
medição acarreta a diminuição dos índices de refugos e aumento da produtividade.
Facilita, também, a ação de correção de falhas nos processos, demonstrando os
pontos a serem corrigidos ou melhorados, comportando-se como um ciclo de
melhoria contínua na Qualidade do processo produtivo. Como consequência, ocorre
um melhor aproveitamento de matéria-prima, de máquinas e mão-de-obra, e com
isso, redução de custos de produção, proporcionando condições de melhor
aplicação de recursos e investimentos em novas tecnologias produtivas que irão
alavancar a qualidade de produtos e serviços, resultando na satisfação dos clientes
pela qualidade percebida nos produtos e serviços ofertados e a consolidação da
empresa no mercado.
Controlar a fabricação de produtos com sistemas e instrumentos de medição
sem calibração trará como consequência a não conformidade do produto com as
especificações estabelecidas no projeto do produto, o que influenciará
negativamente em todos os elementos citados, além de acarretar enormes danos à
imagem da empresa que oferta esses produtos e serviço.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO
181
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO
As conclusões desta dissertação estão divididas em ts seções.
Primeiramente, é avaliado o atingimento dos objetivos propostos, em seguida,
listam-se as principais contribuições desta dissertação e considerações finais e,
por fim, as possibilidades de pesquisas futuras
relacionadas ao tema pesquisado
.
6.1 Quanto ao Objetivo Geral
Em relação ao objetivo geral do trabalho, foi realizada explanação exploratória
sobre o tema em questão, ancorada em um amplo referencial bibliográfico. Foi
possível identificar e diferenciar os seus elementos-chave que impactam na
qualidade dos sistemas.
Durante toda a explanação, procurou-se construir uma base teórica amparada
por fundamentos generalistas referentes à história da Metrologia e sua evolução ao
longo do tempo; a atual estrutura nacional e internacional da Metrologia foi
demonstrada; a padronização formalizada internacionalmente pelo Sistema
Internacional de Unidades – SI e pelo Vocabulário Internacional de Metrologia,
importante para universalização global de seus termos e especifidades. Seguiu-se a
revisão da literatura, passando-se de termos menos generalistas para mais
específicos da área metrológica, utilizados, rotineiramente, em sistemas produtivos,
fundamentais para a Qualidade e Competitividade das organizações. o
esclarecidos aspectos referentes ao Controle da Qualidade, mais precisamente os
aspectos relativos ao processo de medição.
O estudo fundamenta a importância do conhecimento do erro de medão e
as formas de minimização dos seus efeitos; o processo de calibração e sua
importância para a redução de custos produtivos pela redução de refugos; os
critérios para a seleção de sistemas e instrumentos de medição, que, de acordo com
os pesquisados das empresas, apresentou-se certo desconhecimento sobre como
escolher esses equipamentos; a Incerteza da Medição e a Rastreabilidade
Metrológica, fatores conseguidos através da Calibração em laboratórios acreditados
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO
182
pelo Inmetro que constituem o principal pilar da Confiabilidade Metrológica, muito
citada nesta dissertação.
No capitulo 3, fundamenta-se ordenadamente a revisão bibliográfica da
Qualidade, passando-se por aspectos históricos e conceituais da Qualidade,
relativos a uma abordagem econômica para os aspectos influenciados diretamente
pela cultura metrológica dentro das empresas com sistemas de produção
implementados. Procura-se relacionar Metrologia e Qualidade, caracterizando
Qualidade em Serviços e as Dimensões da Qualidade. De acordo com o que foi
exposto, muitas dessas características da Qualidade interagem com a Metrologia na
concepção de produtos nos processos produtivos.
Por fim, percebe-se nesses capítulos da fundamentação teórica que a cultura
metrológica é impulsionada pela padronização compulsória dos Sistemas de Gestão
da Qualidade.
A conclusão a respeito do Objetivo Geral desta pesquisa pode ser resumida
no argumento de que a prática da Metrologia e da Qualidade são indissociáveis e
fundamentais para melhorar a competitividade do processo produtivo, através do
ponto considerado mais significativo: conformidade com as especificações
estabelecidas no projeto do produto.
6.2 Quanto aos Objetivos Específicos
De acordo com os resultados apresentados em uma das fases da pesquisa
aplicada às empresas, foram explicitadas varias ferramentas da Qualidade, que
fazem interface com a prática da Metrologia. Dentre tais ferramentas destacaram-se
o CEP, o MSA, o FMEA e PPAP-APQP, todas amplamente difundidas, dentro de
grandes empresas, para a melhoria continuada da qualidade produtiva. Além
dessas, apareceram outras ferramentas bastante conhecidas nos meios produtivos
das organizações, tais como: o diagrama de Ishikawa, o Kaisen e o Ciclo PDCA, que
podem ser aplicadas associadas às práticas metrológicas para o processo de
melhoria da qualidade de sistemas produtivos.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO
183
O objetivo específico de “caracterizar a importância das ferramentas da
Qualidade na Metrologia” está justificado pela presença dessas ferramentas para
manter a competitividade no processo de produção.
Para a garantia da confiabilidade das medições, é imprescindível a realização
de um processo de comparação com os padrões, processo chamado de calibração,
que é um dos processos básicos de aplicação da Metrologia para assegurar a
qualidade dos sistemas produtivos. Sem a comprovação metrológica, não há como
garantir a confiabilidade dos dados referentes ao controle das características, que
determinam a qualidade do produto. Sua ausência, é, por si só, razão suficiente para
gerar descrédito no sistema de informação da qualidade da organização.
Assim, a partir das respostas obtidas através das questões 10 e 11 do
“questionário A”, justificam-se os objetivos de “caracterizar a importância da
Rastreabilidade Metrológica na Confiabilidade dos processos de produção” e
“caracterizar a importância da Metrologia para a Qualidade de produtos e serviços”,
pois a padronização dos serviços de calibração e a obtenção da Rastreabilidade
Metrológica em laboratórios da RBC, direcionada pela norma NBR ISO/IEC
17025:2005, possibilitam às empresas que se utilizam desses serviços assegurar
capacidade em obter resultados de acordo com todos e técnicas reconhecidos
nacional e internacionalmente, que a RBC utiliza padrões com Rastreabilidade às
referências metrológicas mundiais da mais alta exatidão, estabelecendo vínculo com
as unidades do Sistema Internacional de Unidades - SI e constituindo a base técnica
imprescindível ao livre comércio entre as áreas econômicas vigentes nos mercados
globalizados.
As justificativas para o objetivo específico “contribuir para a divulgação da
importância e das características da Metrologia”, são fundamentas nos parágrafos a
seguir.
Um processo produtivo deve estar, sempre que possível, fundamentado em
normas cnicas, procedimentos e/ou especificações, visando a obtenção de
produtos que satisfaçam às necessidades do mercado consumidor. Para que isso
ocorra dentro dos limites planejados, são realizadas medições das características
desde as matérias-primas, das variáveis do produto em transformação e das
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO
184
diversas etapas do processo. Estas afirmações são justificadas pelas questões 2 e 3
do “questionário A”.
O mercado consumidor, por sua vez, está cada vez mais exigente, buscando
qualidade e certificação de acordo com as normas técnicas e o Brasil está cada vez
mais inserido como provedor de produtos e serviços globais, estando já disseminada
entre o empresariado de todos os níveis, inclusive de médio e pequeno porte, a
necessidade de implementar processos de qualidade comprovada para ser
habilitado como fornecedor e, também, usufruir a vantagem de ter processos de
qualidade eficazes para diminuir custos de produção e ser mais competitivo, assim
como construir uma imagem confiável e ética de seu produto no mercado.
A globalização exige e faz que sejam colocados em prática os principais
objetivos da Metrologia, entre eles preservar a confiabilidade no sistema de medição
garantindo as especificações técnicas e regulamentais de normas existentes. A
norma NBR ISO/IEC 17025:2005 é um exemplo, direcionada à política de gestão
dos laboratórios, caracterizando muito bem os aspectos da qualidade. As afirmações
contidas nos dois parágrafos anteriores são justificadas pela questão 10 do
“questionário A”.
A Metrologia estimula a prática da melhoria contínua, pois reduz a
possibilidade de rejeição de produtos e gastos com a manutenção de equipamentos,
resguarda princípios éticos melhorando o nível de vida da população, assim como a
sua percepção e exigência por produtos e serviços de qualidade, preservação de
meio ambiente, segurança e saúde.
6.3 Contribuições da Pesquisa e Considerações Finais
Este trabalho procura apresentar contribuições para a Gestão da Qualidade e
para a Gestão da Produção, pormenorizadas a seguir.
Da forma como foi apresentado o trabalho, é possível perceber a maneira
como a Metrologia interage como a Padronização para a busca da qualidade
produtiva. Passando-se pelas antigas civilizações até os dias atuais, relata-se uma
intensa busca pela Padronização. A evolução da Padronização acompanhou a
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO
185
evolução da humanidade, alcançando, dessa forma, os sistemas produtivos das
organizações. Aprofundando a interdependência entre a Padronização e a
Metrologia, chega-se aos dias atuais, quando a globalização, embora por um lado
vista como prejudicial aos negócios de muitas empresas, impulsiona a busca pelo
aprimoramento contínuo da Qualidade, dando a oportunidade para as organizações
aperfeiçoarem seus sistemas produtivos e produtos, elevando a competitividade da
organização frente aos concorrentes.
A verdadeira finalidade vislumbrada pela Padronização é a Qualidade. Diante
desse elo, a presença da Metrologia o fortalece, auxiliando as organizações que
se utilizam dessa Ciência a conseguir os objetivos esperados.
Observando-se as respostas dos dois questionários aplicados na pesquisa,
pôde-se perceber uma forte preocupação das organizações com os quesitos
Padronização e Qualidade. Esse fato foi observado pela importância atribuída aos
controles metrológicos utilizados nas organizações. No questionário aberto, nas
respostas dos especialistas, houve unanimidade em relação ao quesito Qualidade
do produto, ou seja, os 4 especialistas responderam que o uso de sistemas e
instrumentos de medição calibrados faz da Metrologia uma condição fundamental
para garantir e melhorar a qualidade do produto, e também da imagem da empresa.
Outro resultado importante foi obtido no questionário fechado, respondido por 60
entrevistados. Em um dos questionamentos, 55 empresas afirmaram que asseguram
confiabilidade nas medições através da calibração. Relacionado a esse resultado,
43% das empresas realizam a calibração de seus instrumentos e sistemas de
medão na RBC, o que reforça a importância da Rastreabilidade Metrológica para
as organizações. Também com relação à Rastreabilidade Metrológica, 45 dos
pesquisados atribuíram a ela importância alta e muito alta.
Por outro lado, mais de 50% dos profissionais da Qualidade questionados não
têm informação sobre a relação entre a incerteza da medição do padrão e a
incerteza do processo de medição para a calibração de instrumentos e sistemas de
medão. Em geral, existe consciência dos profissionais da Metrologia nas empresas
em relação à sua importância, embora para alguns esses conceitos não estejam
bem consolidados. Não obstante, esses profissionais têm consciência da
importância desse critério para a produção, atribuindo alta importância para o
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO
186
estabelecimento da estimativa da incerteza da medição para o processo de
produção.
Diante dos números apresentados, pode-se perceber a atual preocupação
das organizações produtivas em relação à Qualidade final de seus produtos e a
exigência de Padronização imposta pela Competitividade entre as empresas.
6.4 Sugestões de Trabalhos Futuros
A fase da pesquisa exploratória qualitativa aplicada nas empresas e em
laboratórios da Rede Brasileira de Calibração revelou algumas lacunas que podem
constituir-se em oportunidades para futuros trabalhos de pesquisa.
No questionamento aplicado junto aos profissionais da Qualidade e de
Metrologia das empresas, ficaram expostas algumas carências de conhecimento
sobre alguns temas extremamente relevantes para a Qualidade na conformidade
produtiva das empresas. Uma sugestão está relacionada à Questão 9, do
questionário B, que respostas obtidas mostraram que mais de 50% dos
pesquisados não tem informação da melhor relação entre padrão e equipamento de
medão na operação de calibração. Assim, pode-se sugerir o desenvolvimento de
uma pesquisa voltada para a sistemática e critérios de calibração de sistemas,
instrumentos de medição e padrões e a aplicação de seus resultados na melhoria
contínua dos processos produtivos.
Além dessa sugestão de pesquisa, outra surge devido aos resultados obtidos
no questionário B, mais especificamente na Questão 15, retratando que mais de
50 % dos pesquisados não tem informação sobre o correto critério de escolha de
sistemas e instrumentos de medição. Isso vai em contrário à recomendação dos
fabricantes de equipamentos de medição, como a Mitutoyo, e alguns Manuais da
Qualidade, como o MSA, que recomendam que essa escolha se baseie em uma
comparação com o campo de tolerância da característica a ser controlada. Pode-se,
dessa maneira, sugerir como tema a criação de uma metodologia qualitativa
baseada na incerteza da medição de processos de medição da escolha correta de
sistemas e instrumentos de medição no controle de medidas de produtos.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO
187
Outro tema sugerido baseia-se no resultado da pesquisa junto à RBC
(questionário B). Assim, de acordo com o resultado obtido na Questão 15, pode-
se sugerir como temática a calibração e a importância da interpretação dos seus
resultados como apoio ao processo decisório da qualidade produtiva.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
196
ANEXOS
Anexo A
Acordos Internacionais de Reconhecimento Mútuo conseguidos pelo Inmetro:
a) International Accreditation Fórum - IAF
Fórum de reconhecimento multilateral de organismos credenciadores em
vários escopos, congregando, na atualidade, os 28 países mais industrializados do
mundo. Nas Américas, somente os EUA, o Canadá e o Brasil atingiram tal
reconhecimento.
O Inmetro conseguiu firmar este MRA em agosto de 1999, após um longo
processo de avaliação de seus procedimentos de acreditação, iniciado em 1995. Isto
significa, em síntese, que os certificados conferidos por organismos certificadores
credenciados pelo Inmetro aos sistemas de gestão da qualidade das empresas
brasileiras, à luz das Normas da série ISO-9000, passaram a ser aceitos
internacionalmente pelas empresas sediadas nos países signatários do referido
acordo.
b) International Laboratory Accreditation Cooperation ILAC
Fórum internacional que engloba os credenciadores de laboratórios de
calibração e ensaios.
O Brasil é o único país da América Latina a obter esse reconhecimento, ato
que se deu em novembro 2000. Tal fato conferiu aos certificados de calibração e aos
relatórios de ensaios realizados em laboratórios credenciados pelo Inmetro a sua
aceitação por todos os países que compõem aquele rum. Elimina-se, assim, a
repetição ou a reanálise nos países compradores, o que reduz custos, aumenta a
competitividade, significando, portanto, mais um importante apoio que o Inmetro
concede aos exportadores brasileiros.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
197
c) Bureau Internacional de Pesos e Medidas - BIPM
Fórum que congrega os organismos nacionais de metrologia científica e
industrial. Se um país exportador não dispuser de um sistema reconhecido de
medões e ensaios, poderá perder mercados, pois cada vez mais, nos países
desenvolvidos, as importações não são permitidas se não estiverem acompanhadas
de certificados reconhecidos de medições e ensaios. Este é um problema sério para
os países em desenvolvimento e em fase de transição.
O Inmetro obteve o reconhecimento dos seus padrões nacionais de medição
pelo CIPM em outubro de 1999, ato que alcançou igualmente, os certificados de
medão e de calibração emitidos por toda a RBC. O Brasil passou, assim, a
integrar, junto com outros 38 membros da Convenção do Metro, o seleto grupo de
países a merecer tal reconhecimento internacional.
d) European Accreditation - EA
Fórum que reconheceu o Inmetro, a partir de 30 de janeiro de 2001, como
instituição que credencia laboratórios dentro dos padrões internacionais. Tal feito,
atingido ainda por poucos países industrializados, conferiu um "salvo conduto" para
as exportações brasileiras para os países membros da União Européia.
O reconhecimento mútuo da EA atribui valor diferenciado aos certificados de
calibração e aos relatórios de ensaios emitidos por todos os laboratórios de
calibração credenciados pelo Inmetro. Isto implica numa reciprocidade de
aceitações, uma vez que os produtos testados em um país deverão beneficiar-se do
fácil acesso ao mercado externo dos países participantes deste acordo.
Adicionalmente, este reconhecimento elimina barreiras para os produtos brasileiros,
pois muitos importadores exigem serviços de calibração que possuam certificados
emitidos por laboratórios credenciados, cujos resultados estejam acompanhados das
declarações de incerteza de medição e, ainda, que estejam referenciados a padrões
nacionais que assegurem a sua rastreabilidade.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
198
Anexo B
Definições das Unidades de Base
Todas as definições das unidades de base a seguir, foram extraídas do documento
produzido pelo BIPM “
The International System of Units
(SI)” (BIPM, 2009a).
a) Unidade de Comprimento (metro)
A definição do metro é baseada no protótipo internacional em platina iridiada,
em vigor desde 1889, foi substituída na 11ª CGPM (1960) por uma outra definição
baseada no comprimento de onda de uma radiação do criptônio 86, com a finalidade
de aumentar a exatidão da realização do metro. A 17ª CGPM substituiu, em 1983,
essa última definição pela seguinte:
“O metro é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo
durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 de segundo.”
Essa definição tem o efeito de fixar a velocidade da luz em 299 792 458 m.s
-1
,
exatamente. O antigo protótipo internacional do metro, que fora sancionado pela 1ª
CGPM em 1889, é conservado no BIPM nas mesmas condições que foram fixadas
em 1889.
b) Unidade de Massa (quilograma)
O protótipo internacional do quilograma foi sancionado pela CGPM (1889)
ao declarar que:
“este protótipo será considerado doravante como unidade de massa”.
A CGPM (1901; CR, 70), para acabar com a ambigüidade que ainda
existia no uso corrente sobre o significado da palavra “peso”,
confirmou que: “O quilograma é a unidade de massa (e não de peso,
nem força); ele é igual à massa do protótipo internacional do
quilograma.”
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
199
Este protótipo internacional em platina iridiada é conservado no Bureau
Internacional, nas condições que foram fixadas pela 1ª CGPM em 1889.
c) Unidade de Tempo (segundo)
Primitivamente, o segundo, unidade de tempo era definido como a fração 1/86
400 do dia solar dio. A definição exata do “dia solar médio” fora deixada aos
cuidados dos astrônomos, porém os seus trabalhos demonstraram que o dia solar
médio não apresentava as garantias de exatidão requeridas, por causa das
irregularidades da rotação da Terra. Para conferir maior exatidão à definição da
unidade de tempo, a 11ª CGPM (1960) sancionou outra definição fornecida pela
União Astronômica Internacional, baseada no ano trópico. Na mesma época, as
pesquisas experimentais tinham já demonstrado que um padrão atômico de intervalo
de tempo, baseado numa transição entre dois níveis de energia de um átomo, ou de
uma molécula, poderia ser realizado e reproduzido com precisão muito superior.
Considerando que uma definição de alta exatidão para a unidade de tempo do
Sistema Internacional, o segundo, é indispensável para satisfazer às exigências da
alta metrologia, a 13ª CGPM (1967) decidiu substituir a definição do segundo pela
seguinte:
“O segundo é a duração de 9 192 631 770 períodos da radiação
correspondente à transição entre os dois níveis hiperfinos do estado
fundamental do átomo de césio 133”.
Na sessão de 1997, o Comitê Internacional confirmou que:
“Essa definição se refere a um átomo de césio em repouso, a uma
temperatura de 0 K.”
d) Unidade de Corrente Elétrica (ampère)
Diversas unidades elétricas, ditas internacionais, para a intensidade de
corrente elétrica e para a resistência, haviam sido introduzidas no Congresso
Internacional de Eletricidade, reunido em Chicago em 1893. As definições do
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
200
ampère “internacional” e do ohm “internacional” foram confirmadas pela Conferência
Internacional de Londres em 1908. Embora por ocasião da CGPM (1933) já fosse
evidente a opinião unânime no sentido de substituir estas unidades “internacionais”
por unidades ditas “absolutas”, a decisão formal de suprimir estas unidades
“internacionais” foi tomada somente pela CGPM (1948), que adotou para o
ampère, unidade de corrente elétrica, a seguinte definição:
“O ampère é a intensidade de uma corrente elétrica constante que,
mantida em dois condutores paralelos, retilíneos, de comprimento
infinito, de seção circular desprezível, e situados à distância de 1
metro entre si, no cuo, produz entre estes condutores uma força
igual a 2 x 10
-7
newton por metro de comprimento”.
A expressão “unidade MKS de força”, que figura no texto original, foi aqui
substituída por “newton”, denominação adotada pela 9ª CGPM (1948).
e) Unidade de Temperatura Termodinâmica (kelvin)
A definição da unidade de temperatura termodinâmica foi dada pela 10ª
CGPM (1954, que escolheu o ponto tríplice da água como ponto fixo fundamental,
atribuindo-lhe a temperatura de 273,16
o
K por definição. A 13ª CGPM (1967) adotou
o nome kelvin (símbolo K) em lugar de “grau kelvin” (símbolo
o
K) e formulou a
definição da unidade de temperatura termodinâmica, como se segue:
“O kelvin, unidade de temperatura termodinâmica, é a fração 1/273,16
da temperatura termodinâmica no ponto tríplice da água”.
A 13ª CGPM decidiu também que a unidade kelvin e seu símbolo K fossem
utilizados para expressar um intervalo ou uma diferença de temperatura.
Além da temperatura termodinâmica (símbolo T) expressa em kelvins, utiliza-
se, também, a temperatura Celsius (símbolo t), definida pela equação:
t = T - T
0
A unidade de temperatura Celsius é o grau Celsius, símbolo
o
C, igual à
unidade kelvin, por definição. Um intervalo ou uma diferença de temperatura pode
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
201
ser expressa tanto em kelvins quanto em graus Celsius (13ª CGPM, 1967-1968). O
valor numérico de uma temperatura Celsius t, expressa em graus Celsius, é dada
pela relação:
t/
o
C = T/K - 273,15
O kelvin e o grau Celsius são também as unidades da Escala Internacional de
Temperatura de 1990 adotada pelo Comitê Internacional em 1989, em sua
recomendação 5.
f) Unidade de Quantidade de Matéria (mol)
Desde a descoberta das leis fundamentais da química, utilizaram-se diversas
unidades denominadas, por exemplo, “átomo grama” ou “molécula grama”, para
especificar quantidades de diversos elementos ou compostos químicos. Estas
unidades eram estritamente ligadas aos “pesos atômicos” ou aos “pesos
moleculares”. Originalmente, os “pesos atômicos” eram referidos ao elemento
químico oxigênio (16 por convenção). Porém, enquanto os físicos separavam os
isótopos no espectrógrafo de massa e atribuíam o valor 16 a um dos isótopos de
oxigênio, os químicos atribuíam o mesmo valor à mistura (levemente variável) dos
isótopos 16, 17 e 18, que para eles constituía o elemento oxigênio natural. Um
acordo entre a União Internacional de Física Pura e Aplicada (UIPPA) e a União
Internacional de Química Pura e Aplicada (UICPA) resolveu esta dualidade em
1959-1960. Desde esta época, físicos e químicos concordam em atribuir o valor 12
ao isótopo 12 do carbono.
A escala unificada assim obtida os valores das “massas atômicas
relativas”. Faltava determinar a massa que corresponde à unidade de quantidade de
carbono 12. Por acordo internacional, esta massa foi fixada em 0,012 kg, e deu-se o
nome de mol (símbolo mol) à unidade da grandeza “quantidade de matéria”.
Aderindo à proposta da UIPPA, da UICPA e da ISO, o CIPM deu em 1967, e
confirmou em 1969, a seguinte definição do mol, que foi finalmente adotada pela 14ª
CGPM (1971):
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
202
1º) O mol é a quantidade de matéria de um sistema contendo tantas
entidades elementares quantos átomos existem em 0,012 quilograma
de carbono 12; seu símbolo é mol”.
2º) “Quando se utiliza o mol, as entidades elementares devem ser
especificadas, podendo ser átomos, moléculas, íons, elétrons, assim
como outras partículas, ou agrupamentos especificados de tais
partículas”.
Em 1980, o Comitê Internacional aprovou o relatório do CCU (1980), que
determinava:
Nesta definição, entende-se que se faz referência aos átomos de carbono 12
livres, em repouso e no seu estado fundamental.
g) Unidade de Intensidade Luminosa (candela)
As unidades de intensidade luminosa baseadas em padrões de chama ou
filamento incandescente, que eram usadas em diversos países, foram substituídas
em 1948 pela “vela nova”, que correspondia à luminância do emissor de radiação
Planck (corpo negro) à temperatura de solidificação da platina. Esta decisão
preparada pela Comissão Internacional de Iluminação e pelo CIPM, desde antes de
1937, foi tomada pelo Comitê Internacional em sua sessão de 1946. A CGPM
(1948) ratificou a decisão do Comitê e adotou novo nome internacional, candela
(símbolo cd), para designar a unidade de intensidade luminosa. Em 1967, a 13ª
CGPM modificou a definição de 1946. Em virtude das dificuldades experimentais da
realização do irradiador de Planck a temperaturas elevadas e das novas
possibilidades oferecidas pela radiometria, isto é, a medida de potência dos raios
ópticos, a 16ª CGPM adotou em 1979 a nova definição:
“A candela é a intensidade luminosa numa dada direção de uma fonte
que emite uma radiação monocromática de freqüência 540 x 10
12
hertz
e cuja intensidade energética nessa direção é 1/683 watt por
esterradiano”.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
203
As sete grandezas de base, apresentadas acima, que correspondem às sete
unidades de base, são: comprimento, massa, tempo, corrente elétrica, temperatura
termodinâmica, quantidade de substância e intensidade luminosa. As unidades de
base do Sistema Internacional estão reunidas no Quadro 7 com seus nomes e
símbolos, de acordo com as definições do Inmetro - Sistema Internacional de
Unidades (2007).
Quadro 7 - Grandezas de base e unidades de base do SI.
GRANDEZA DE BASE SÍMBOLO UNIDADE DE BASE SÍMBOLO
comprimento
l, h, r, x
metro m
massa
m
quilograma kg
tempo
t
segundo s
corrente elétrica
I, i
ampere A
temperatura termodinâmica
T
kelvin K
quantidade de matéria
n
mol mol
intensidade luminosa
I
v
candela cd
As unidades derivadas o unidades que podem ser expressas a partir das
unidades de base, utilizando símbolos matemáticos de multiplicação e de divisão.
Dentre essas unidades derivadas, diversas receberam nome especial e símbolo
particular, que podem ser utilizados, por sua vez, com os símbolos de outras
unidades de base ou derivadas para expressar unidades de outras grandezas. O
Quadro 8 fornece alguns exemplos de unidades derivadas expressas diretamente a
partir de unidades de base do SI (INMETRO, 2007b).
Quadro 8 - Exemplos de unidades derivadas SI, expressas a partir das unidades de base.
UNIDADE – SI
GRANDEZA
NOME SÍMBOLO
superfície metro quadrado m
2
volume metro cúbico m
3
velocidade metro por segundo m/s
aceleração metro por segundo ao quadrado m/s
2
número de ondas metro elevado à potência menos um m
-1
massa específica quilograma por metro cúbico kg/m
3
volume específico metro cúbico por quilograma m
3
/kg
densidade de corrente ampère por metro quadrado A/m
2
campo magnético ampère por metro A/m
concentração (de quantidade de matéria) mol por metro cúbico mol/m
3
luminância candela por metro quadrado cd/m
2
índice de refração (o número) um 1*
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204
Unidades em uso com o SI
O CIPM (1969) reconheceu que os usuários do SI terão necessidade de
empregar conjuntamente certas unidades que não fazem parte do Sistema
Internacional, porém estão amplamente difundidas. Estas unidades desempenham
papel tão importante que é necessário conservá-las para uso geral com o SI. Elas
figuram no Quadro 9, a seguir. A combinação de unidades deste quadro com
unidades SI, para formar unidades compostas, não deve ser praticada senão em
casos limitados, a fim de não perder as vantagens de coerência das unidades SI
(INMETRO, 2007b).
Quadro 9 - Unidades fora do SI, ainda em uso.
NOME SÍMBOLO VALOR EM UNIDADE DO SI
minuto
hora
(a)
dia
grau
(b)
minuto
segundo
litro
(c)
tonelada(
d), (e)
neper
(f), (h)
bel
(g), (h)
min
h
d
º
‘’
l, L
t
Np
B
1 min = 60 s
1 h = 60 min = 3.600 s
1 d = 24 h = 86.400 s
1º = (π /180) rad
1’ = (1/60)º = (π / 10 800) rad
1’’ = (1/60)’ = (π / 648 000) rad
1l = 1 dm
3
= 10
-3
m
3
1 t = 10
3
kg
1 Np = 1
1B = (1/2) ln 10 (Np)
(i)
Do mesmo modo é necessário admitir algumas outras unidades não
pertencentes ao Sistema Internacional, cujo uso é útil em domínios especializados
da pesquisa científica, pois seu valor (a ser expresso em unidades SI) tem de ser
obtido experimentalmente, portanto não é exatamente conhecido (Quadro 10).
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205
Quadro 10 - Unidades fora do SI, ainda em uso, cujo valor é obtido experimentalmente.
NOME SÍMBOLO DEFINIÇÃO VALOR EM UNIDADES DO SI
eletronvolt
(a)
unidade
(unificada)
de massa
atômica
unidade
astronômica
eV
u
ua
1 eletronvolt é a energia cinética adquirida por um elétron
atravessando uma diferença de potencial de 1 volt no vácuo:
1 eV = 1,602 19 x 10
-19
, aproximadamente;
A unidade de massa atômica unificada é igual à fração 1/12
da massa de um átomo do nuclídeo
12
C, livre, em repouso e
em estado fundamental. No domínio da bioquímica, a
unidade da massa atômica unificada é também chamada
dalton, símbolo Da. 1 u = 1,660 57 x 10
-27
kg,
aproximadamente;
d) A unidade astronômica é unidade de comprimento; seu
valor é, aproximadamente, igual à distância média entre a
Terra e o Sol. Essa unidade é tal que, quando utilizada para
descrever os movimentos dos corpos no Sistema Solar, a
constante gravitacional heliocêntrica é de (0,017 202 098
95)
2
ua
3
. d
-2
.
1 eV = 1,602 177 33 (49) (e) x 10
-19
J
1 u = 1,660 540 2 (10) (e) x 10
-27
kg
1 ua = 1,495 978 706 91 (30) (e) x
10
11
m
No quadro 10, os números entre parênteses indicam incertezas da medição.
No quadro 11, menciona outras unidades fora do SI utilizadas de maneira
corrente e com o SI, a fim de satisfazer às necessidades no campo comercial ou
jurídico, ou a interesses científicos particulares.
Quadro 11 - Outras unidades fora do SI, ainda em uso.
NOME SÍMBOLO VALOR EM UNIDADE DO SI
milha marítima
(a)
ångström
are
(b)
hectare
(b)
barn
(c)
bar
(d)
Å
a
b
bar
1 milha marítima = 1 852 m
1 milha marítima por hora = (1 852 / 3 600) m/s
1 Å = 0,1 nm = 10
-10
m
1 a = 1 dam
2
= 10
2
m
2
1ha = 1 hm
2
= 10
4
m
2
1 b = 100 fm
2
= 10
-28
m
2
1bar = 0,1 MPa = 100 kPa = 1000 hPa = 10
5
Pa
a) A milha é uma unidade especial utilizada na navegação marítima e aérea para
expressar distâncias. Este valor convencional foi adotado pela Primeira Convenção
Hidrográfica Internacional Extraordinária, Mônaco 1929, sob o nome de “milha
marítima internacional”. Não existe um símbolo que é consenso internacional.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
206
Originalmente, essa unidade foi escolhida porque uma milha marítima na superfície
da Terra subtende, aproximadamente, um minuto de ângulo no centro da Terra.
b) Estas unidades e seus símbolos foram adotados pelo Comitê Internacional em
1879, e são empregados para exprimir superfícies agrárias.
c) O barn é uma unidade usada na física nuclear para exprimir as “seções eficazes”.
d) O bar e seu símbolo estão incluídos na Resolução 7 da 9ª CGPM, (1948).
Outras Unidades fora do SI
Algumas unidades fora do SI continuam a ser empregadas ocasionalmente.
Algumas delas são importantes na interpretação de antigos textos científicos. Essas
unidades são mencionadas nos Quadros 10 e 11, mas é preferível evitar o seu uso.
O Quadro 12 fornece as relações entre as unidades do CGS e as unidades
SI. O quadro menciona as unidades do CGS com nomes especiais. No campo da
mecânica, o sistema de unidades do CGS se baseava em 3 grandezas de base e
suas unidades: o centímetro, o grama e o segundo. No campo da eletricidade e
magnetismo, as unidades foram também expressas em função dessas três unidades
de base. Como essas unidades podiam ser expressas de várias maneiras, vários
sistemas foram estabelecidos, como, por exemplo, o Sistema CGS Eletrostático, o
Sistema CGS Eletromagnético e o Sistema CGS de Gauss. Nesses três últimos
sistemas, o sistema de grandezas e o sistema de equações correspondentes são
diferentes daqueles que se utilizam com as unidades SI.
Quadro 12 - Unidades derivadas do CGS dotadas de nomes particulares.
NOME SÍMBOLO VALOR EM UNIDADE DO SI
erg
(a)
dina
(a)
poise
(a)
stokes
gauss
(b)
oersted
(b)
maxwell
(b)
stilb
(a)
phot
gal
(c)
erg
dyn
P
St
G
Oe
Mx
sb
ph
Gal
1 erg = 10
-7
J
1 dyn = 10
-5
N
1 P = 1 dyn.s/cm
2
= 0,1 Pa.s
1 St = 1 cm
2
/s = 10
-4
m
2
/s
1 G = 10
-4
T
1 Oe = (1000/4π) A/m
1 Mx = 10
-8
Wb
1 sb = 1 cd/cm
2
= 10
4
cd/m
2
1 ph = 10
4
lx
1 Gal = 1 cm/s
2
= 10
-2
m/s
2
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
207
a) Esta unidade e seu símbolo foram incluídos na Resolução 7 da 9ª CGPM (1948).
b) Esta unidade pertence ao Sistema CGS dito “eletromagnético” a três dimensões,
e não é estritamente comparável com a unidade correspondente do SI, que possui
quatro dimensões, quando se refere a grandezas mecânicas e elétricas.
c) O gal é uma unidade especial utilizada em geodésia e em geofísica para exprimir
a aceleração da gravidade.
O Quadro 13 se refere às unidades de uso corrente em antigos textos. É
preferível evitá-las nos textos atuais, para não se perder as vantagens do SI. Cada
vez que essas unidades são mencionadas num documento, é conveniente se indicar
sua equivalência com a unidade SI.
Quadro 13 - Exemplos de outras unidades fora do SI.
NOME SÍMBOLO VALOR EM UNIDADE DO SI
curie
(a)
roentgen
(b)
rad
(c,f)
rem
(d,f)
unidade X
(e)
gama
(f)
jansky
fermi
(f)
quilate métrico
(g)
torr
atmosfera normal
caloria
micron
(f)
Ci
R
rad
rem
γ
Jy
Torr
atm
(h)
cal
µ
(j)
1 Ci = 3,7 x 10
10
Bq
1 R = 2,58 x 10
-4
C/kg
1 rad = 1 cGy = 10
-2
Gy
1 rem = 1cSv = 10
-2
Sv
1 unidade X 1,002 x 10
-4
nm
1 γ = 1 nT = 10
-9
T
1 Jy = 10
-26
W.m
-2
Hz
-1
1 fermi = 1fm = 10
-15
m
1 quilate métrico = 200 mg = 2 x 10
-4
kg
1 Torr = (101 325/760) Pa
1 atm = 101 325 Pa
(i)
1µ = 1µm = 10
-6
m
a) O curie é uma unidade especial empregada em física nuclear para expressar a
atividade dos radionuclídios (12ª CGPM, 1964).
b) O roentgen é uma unidade especial empregada para exprimir a exposição às
radiações X ou
γ
.
c) O rad é uma unidade especial empregada para exprimir a dose absorvida das
radiações ionizantes. Quando houver risco de confusão no símbolo do radiano,
pode-se utilizar rd como símbolo do rad.
d) O rem é uma unidade especial empregada em radioproteção para exprimir o
equivalente de dose.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
208
e) A unidade X era empregada para exprimir comprimentos de onda dos raios X: sua
equivalência com a unidade SI é aproximada.
f) Essa unidade fora do SI é exatamente equivalente a um submúltiplo decimal de
uma unidade SI.
g) O quilate métrico foi adotado pela 4ª CGPM (1907) para o comércio de diamantes,
pérolas finas e pedras preciosas.
h) Resolução 4 da 10ª CGPM (1954). A designação “atmosfera normal” é admitida
para a pressão de referência de 101 325 Pa.
i) Várias calorias são adotadas para uso:
- Caloria dita 15
o
C:
1 cal
15
= 4,1855 J (valor adotado pelo CIPM em 1950);
- Caloria dita IT (International Table) 1 cal
IT
= 4,1868 J (5ª Conferência Internacional
sobre as Propriedades do Vapor, Londres, 1956);
- Caloria dita termodinâmica: 1 cal
th
= 4, 184 J
j) O micron e seu símbolo, que foram adotados pelo Comitê Internacional em 1879 e
novamente admitidos na Resolução 7 da 9ª CGPM (1948), foram eliminados pela
13ª CGPM (1967-1968).
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
209
Anexo C
QUESTIONÁRIO DE PESQUISAA” - MODELO
Este questionário tem por finalidade a coleta de informações para a realização
da pesquisa referente à Dissertação de Mestrado cujo tema é “A interface entre os
conceitos, princípios e ferramentas de qualidade e a prática da Metrologia” que se
apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Paulista – UNIP como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia de Produção.
Esperamos, com o resultado desta pesquisa, demonstrar às empresas a
relevância da Metrologia, tentando revelar sua interação com a Qualidade nos
sistemas de produção, suas interfaces e relacionamento com as ferramentas da
Qualidade adotadas para a melhoria dos sistemas produtivos.
Dessa forma, pedimos sua contribuição solicitando que você responda as 15
questões. Ressaltamos que os dados da empresa e do respondente serão
revelados se este concordar.
Nome:______________________________________________________________
1) Há quanto tempo vocês prestam serviços de calibração? Tem havido
mudanças no que diz respeito aos preços? A tecnologia para calibração está
mais acessível, mais barata?
2) Qual o papel da metrologia na organização?
3) Quais os benefícios que os controles metrológicos acrescentam aos sistemas
produtivos?
4) Quais são os resultados positivos da adoção de Técnicas Metrológicas?
5) Qual a importância de se estimar a incerteza da medição?
6) Como é o relacionamento do laboratório com os clientes que o procuram?
7) Como se dá a manutenção dos padrões mantidos por esse laboratório?
8) Como vocês determinam o período adequado de calibração para esses
padrões?
9) O laboratório participa de atividades de pesquisa? Caso afirmativo, quais?
10) Qual a importância da norma ISO-IEC 17025 para o laboratório?
11) Qual é a maneira que a empresa garante que seus sistemas e instrumentos
de medição estejam medindo com confiabilidade metrológica?
12) Explique as formas existentes de medição dos impactos econômicos dos
serviços de calibração. Como esses impactos econômicos podem ser
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
210
contabilizados?
13) Em geral, quanto tempo leva para se perceber os benefícios da calibração no
orçamento da empresa que compra tais serviços?
14) Sabe-se, que atualmente, tem havido crescimento na procura de serviços de
calibração por parte de pequenas e médias empresas. A que se deve este
fato?
15) A seu ver, no que diz respeito aos serviços de calibração, os clientes,
valorizam mais o documento comprobatório de conformidade ou a
necessidade de reduzir os custos a longo prazo?
Empresa/laboratório:
Setor/Departamento:___________________________________________________
Cargo:______________________________________________________________
Áreas da Metrologia em que o Laboratório atua: ________________________
Tempo de experiência na área de Metrologia Dimensional:
Menos que 1 ano
De 1 a 2 anos
De 2 a 5 anos
De 5 a 10 anos
Acima de 10 anos
Formação do respondente:
Nível médio
Graduado
Especialista
Mestre
Doutor
Deseja recebe os resultados dessa pesquisa?
Sim Não
Caso responda sim; informe seu e-mail:_______________________________
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
211
Anexo D
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA “B” - MODELO
Este questionário tem por finalidade a coleta de informações para a realização
da pesquisa referente à Dissertação de Mestrado cujo tema é
A interface entre os
conceitos, princípios e ferramentas de qualidade e a prática da Metrologia”
que será
apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Paulista – UNIP como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia de Produção.
Esperamos, com o resultado desta pesquisa, demonstrar às empresas a
relevância da Metrologia, tentando revelar sua interação com a Qualidade nos
sistemas de produção, suas interfaces e relacionamento com as ferramentas da
Qualidade adotadas para a melhoria dos sistemas produtivos. Dessa forma, pedimos
sua contribuição solicitando que você responda as 15 questões. Ressaltamos que os
dados da empresa e do respondente só serão revelados se este concordar.
Nome:
1) Qual é a maneira que a empresa garante que seus sistemas e instrumentos de
medão estejam medindo com confiabilidade metrológica?
2) A empresa faz uso de algum tipo de ferramenta da qualidade para minimizar o
índice de produtos não conformes de seu sistema produtivo?
Sim Não
Se respondeu sim, qual/quais?
3) A importância atribuída à Metrologia dentro da empresa é:
Nenhuma
Baixa
Média
Alta
Muito alta
4) Do ponto de vista da competitividade da empresa no atual mercado globalizado, a
importância da Metrologia é:
Nenhuma
Baixa
Média
Alta
Muito alta
5) A empresa possui laboratório de metrologia?
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
212
Sim Não
Caso responda “sim”; o laboratório é acreditado pelo Inmetro?
Sim Não
6) A empresa calibra seus sistemas e instrumentos de medição em:
Laboratório interno
Rede brasileira de calibração - RBC
Outros laboratórios
Sem informação
7) A importância para a empresa de se calibrar instrumentos e sistemas de medição
é:
Nenhuma
Baixa
Média
Alta
Muito alta
8) O impacto da calibração dos sistemas e instrumentos de medição no sistema
produtivo da empresa é:
Nenhum
Baixo
Médio
Alto
Muito alto
9) Na operação de calibração de sistemas e instrumentos de medição, a relação
entre a incerteza do padrão e incerteza do instrumento adotada pela empresa é:
Observação: “U” significa
uncertainty
(incerteza).
3
U
10
U
4
U
20
U
5
U
Sem informação
10) A importância de se estimar a incerteza medição para o sistema produtivo da
empresa é:
Nenhuma
Baixa
Média
Alta
Muito alta
11) O relacionamento existente entre a Rastreabilidade e a Qualidade é:
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
213
Nenhum
Baixo
Médio
Alto
Muito alto
12) Você acha que a Rastreabilidade Metrológica afeta o controle de medidas de
características de produtos?
Sim Não
13) A empresa possui alguma certificação relacionada a sistemas de gestão da
qualidade?
Sim Não
Se respondeu sim, como essa certificação influi nas ações metrológicas da
empresa?
14) Na sua opinião, quando a empresa adquire uma sofisticada máquina de
medão, com elevada exatidão, o impacto no sistema produtivo é:
Nenhum
Baixo
Médio
Alto
Muito alto
15) Para a escolha de sistemas e instrumentos de medição, o Controle de Qualidade
adota: (Observação: IT significa intervalo de tolerância)
5
IT
20
IT
10
IT
Sem informação
Empresa:____________________________________________________________
Número de colaboradores da empresa:____________________________________
Setor/Departamento:___________________________________________________
Cargo:______________________________________________________________
Tempo de experiência na área de Metrologia:
Menos que 1 ano
De 1 a 2 anos
De 2 a 5 anos
De 5 a 10 anos
Acima de 10 anos
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
214
Formação do respondente:
Nível médio
Graduado
Especialista
Mestre
Doutor
Deseja recebe os resultados dessa pesquisa?
Sim Não
Caso responda sim; informe seu e-mail:______________________________
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
215
Anexo E
QUESTIONÁRIO DE PESQUISAA” – RESPONDIDOS
Este questionário tem por finalidade a coleta de informações para a
realização da pesquisa referente à Dissertação de Mestrado cujo tema é “A
interface entre os conceitos, princípios e ferramentas de qualidade e a prática
da Metrologia” que será apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção da Universidade Paulista UNIP como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Produção.
Esperamos, com o resultado desta pesquisa, demonstrar às empresas a
relevância da Metrologia, tentando revelar sua interação com a Qualidade nos
sistemas de produção, suas interfaces e relacionamento com as ferramentas
da Qualidade adotadas para a melhoria dos sistemas produtivos.
Dessa forma, pedimos sua contribuição solicitando que você responda as
15 questões. Ressaltamos que os dados da empresa e do respondente
serão revelados se este concordar.
Nome: Claudio Murari
1) quanto tempo vocês prestam serviços de calibração? Tem havido
mudanças no que diz respeito aos preços? A tecnologia para calibração está
mais acessível, mais barata?
São 8 anos em prestação de serviços de calibração. Quanto a preços
encontramos hoje com um número maior de laboratórios oferecendo serviços
e dessa forma o preço tem se mantido ou até caído. Importante lembrar que a
concorrência tem sido em alguns casos desleal. Existem fabricantes de
instrumentos e equipamentos de calibração/medição ou laboratórios outros
que muitas vezes fazem o serviço praticando preços muito abaixo do mínimo
para subsistência da entidade. Porém de alguma maneira se mantém.
2) Qual o papel da metrologia na organização?
No SENAI a metrologia é parte do currículo das áreas industriais. Com
mais ou menos intensidade a metrologia se faz necessário na execução das
atividades de oficina e ainda na garantia da qualidade do produto gerado.
E falando dos laboratórios de prestação de serviços, foram criados para
atender principalmente empresas com dificuldades de acesso a um serviço
essencial na garantia da qualidade de seus produtos e assim gerando
oportunidade para essa empresa manter-se no mercado com produtos
aceitáveis e competitivos.
3) Quais os benefícios que os controles metrológicos acrescentam aos sistemas
produtivos?
Resposta na resposta 2.
4) Qual a importância de se estimar a incerteza da medição?
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
216
Importante destacar que não existe qualquer resultado de medição sem
estar acompanhado de sua incerteza.
Quando buscamos um instrumento/sistema de medição, com o objetivo de
executar uma medição, temos convicção de que existem algumas
interferências conhecidas que gerarão resultado diferente do que é realmente.
Dizemos então que se o valor diferente for identificado poderemos corrigir o
resultado da medição, porém sempre existirá uma parcela que restará
duvidas e nesse momento é adicionada como incerteza da medição.
5) Quais são os resultados positivos da adoção de Técnicas Metrológicas?
Principal - redução de refugos de objetos fabricados.
6) Como é o relacionamento do laboratório com os clientes que o procuram?
Procuramos atender dentro do prazo, informamos se o que esta sendo
requisitado por ele é realmente necessário, muitas vezes uma acessória
técnica vai dentro dessa solicitação de serviço.
7) Como se dá a manutenção dos padrões mantidos por esse laboratório?
Para manutenção dos equipamentos e padrões do laboratório precisamos
fazer limpeza, verificações e calibrações dentro de determinados períodos.
Procedemos com base em experiências próprias ou de outros laboratórios,
recomendações dos fabricantes ou ainda recomendações por normas.
8) Como vocês determinam o período adequado de calibração para esses
padrões?
Periodicidade entre calibrações é um trabalho que normalmente se inicia
tomando como referencia experiência de outros. Com o tempo podemos
determinar estatisticamente se o período utilizado pode ser expandido ou
reduzido. É importante destacar que poderemos aumentar desde que não
tenha tido variações significativa em seus últimos resultados das calibrações.
Se na segunda vez que o padrão for calibrado a variação for significativa
uma indicação que a periodicidade esta curta.
9) O laboratório participa de atividades de pesquisa? Caso afirmativo, quais?
Não
10) Qual a importância da norma ISO-IEC 17025 para o laboratório?
Norteia os laboratórios para que haja uniformidade nos trabalhos de
calibração e medição.
11) Qual é a maneira que a empresa garante que seus sistemas e instrumentos
de medição estejam medindo com confiabilidade metrológica?
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217
Além da calibração periodicamente, faz-se verificações entre calibrações
assegurando a manutenção dos resultados obtidos durante a calibração.
Caso não esteja conforme o sistema de medição ou os instrumentos deverão
passar por manutenção e nova calibração.
12) Explique as formas existentes de medição dos impactos econômicos dos
serviços de calibração. Como esses impactos econômicos podem ser
contabilizados?
O que se percebe é que o impacto ocasionado pelos serviços de
calibração é imensamente menor do que o custo da calibração.
13) Em geral, quanto tempo demora a se perceber os benefícios da calibração
no orçamento da empresa que compra tais serviços?
O prazo para essa percepção é médio desde que se faça com critério toda
a implantação do sistema (podendo ser longo). Depende principalmente do
tamanho da empresa e ainda da disponibilização de capital para implantação.
14) Sabe-se, que atualmente, tem havido crescimento na procura de serviços de
calibração por parte de pequenas e médias empresas. A que se deve este
fato?
Normalmente as pequenas e médias empresas são fornecedoras de
produtos para outras empresas maiores onde é exigido um controle dentro de
um sistema de qualidade assegurada com base em uma norma.
Seus trabalhos passam a serem aceitos a partir do momento que atendem a
exigência do sistema de qualidade de seus contratantes ou do mercado.
15) A seu ver, no que diz respeito aos serviços de calibração, os clientes,
valorizam mais o documento comprobatório de conformidade ou a
necessidade de reduzir os custos em longo prazo?
Percebe-se que muitos dos usuários ainda não conseguiram enxergar a
redução de custos em seu processo. Porém com o passar do tempo estarão
assentados nesse processo e então perceberão o bem feito desse serviço
dentro de seu processo produtivo.
Empresa/laboratório:
SENAI – Suiçlab
Áreas da Metrologia em que o laboratório atua:
Calibração - Metrologia Dimensional de Comprimento. Estamos por incluir
Pressão e Termometria
Tempo de experiência na área de Metrologia Dimensional:
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
218
Menos que 1 ano
De 1 a 2 anos
De 2 a 5 anos
De 5 a 10 anos
x
Acima de 10 anos
Formação do respondente:
Nível médio
Graduado
x
Especialista
Mestre
Doutor
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
219
Anexo F
QUESTIONÁRIO DE PESQUISAA” – RESPONDIDOS
Este questionário tem por finalidade a coleta de informações para a realização
da pesquisa referente à Dissertação de Mestrado cujo tema é “A interface entre
os conceitos, princípios e ferramentas de qualidade e a prática da Metrologia”
que será apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Paulista UNIP como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre em Engenharia de Produção.
Esperamos, com o resultado desta pesquisa, demonstrar às empresas a
relevância da Metrologia, tentando revelar sua interação com a Qualidade nos
sistemas de produção, suas interfaces e relacionamento com as ferramentas da
Qualidade adotadas para a melhoria dos sistemas produtivos.
Dessa forma, pedimos sua contribuição solicitando que você responda as 15
questões. Ressaltamos que os dados da empresa e do respondente serão
revelados se este concordar.
Nome: Marisa Ferraz Figueira Pereira
1) quanto tempo vocês prestam serviços de calibração? Tem havido
mudanças no que diz respeito aos preços? A tecnologia para calibração está
mais acessível, mais barata?
O serviço de calibração é oferecido desde a época em que “certificado de
calibração” chamava-se “certificado de aferição”, ou seja, mais de 50 anos.
Houve algumas mudanças no que se refere aos preços dos serviços de
calibração, por exemplo, pequenas automações possibilitam a redução do preço
de um determinado serviço, uma vez que o tempo gasto na calibração fica
reduzido. A tecnologia para calibração está mais disponível; alguns padrões
ficaram mais baratos, porém isso não é regra geral, ou seja, não pode ser
generalizado para todo serviço e para todas as grandezas.
2) Qual o papel da metrologia na organização?
Em minha opinião, o papel é importante, embora essa importância seja muito
pouco visível. Todos os resultados de ensaios relevantes que são realizados para
clientes têm real significado se os instrumentos ou as quinas utilizados
estiverem calibrados, garantindo o resultado apresentado. Como exemplo,
podemos citar o relatório do desabamento da construção do Metro em Pinheiros,
onde a confiabilidade de muitos dos resultados foi decorrente de serviços de
calibração feitos pelo Laboratório de Metrologia Mecânica.
3) Quais os benefícios que os controles metrológicos acrescentam aos sistemas
produtivos?
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220
Os principais são o menor índice de peças refugadas e a diminuição do
retrabalho.
4) Qual a importância de se estimar a incerteza da medição?
Todo resultado de medição deve estar acompanhado de uma incerteza. Ela
reflete a variação de valores que aquele resultado pode ter, dentro de um nível
de confiança. No caso de um instrumento de medição que apresenta erros
grandes e incertezas de resultados pequenas, os valores dos erros podem ser
corrigidos. No caso inverso, quando a incerteza dos resultados é maior que os
valores dos erros, a correção não pode ser feita. Essa análise somente é
possível quando as incertezas são apresentadas.
5) Quais são os resultados positivos da adoção de Técnicas Metrológicas?
O que são “técnicas metrológicas”? Seriam procedimentos de calibração?
6) Como é o relacionamento do laboratório com os clientes que o procuram?
A orientação foi sempre procurar um relacionamento amigável de forma a
entender aquilo que o cliente realmente precisa. Muitas vezes a terminologia e a
nomenclatura do cliente são diferentes da do laboratório, o que pode gerar
insatisfações e desentendimentos graves. A utilização de termos existentes no
VIM nem sempre é observada, muitas vezes até desconhecida. Por esse razão,
entregar o serviço mais adequado às necessidades do cliente deve ser uma
preocupação constante do laboratório.
7) Como se dá a manutenção dos padrões mantidos por esse laboratório?
A manutenção é feita normalmente pelo fabricante ou representante autorizado.
8) Como vocês determinam o período adequado de calibração para esses
padrões?
Na grandeza dimensional, por exemplo, devido à grande quantidade de
instrumentos e padrões de uso diversificado nas várias empresas, não uma
padronização quanto à periodicidade das calibrações. As normas existentes de
instrumentos de medição dimensional não tratam desse assunto. Nesse caso, a
determinação do período é feita baseada na freqüência de utilização, cuidado no
manuseio, limpeza do ambiente e principalmente do histórico das calibrações
anteriores. Evidentemente para a grande maioria dos padrões de referência
existe um tempo limite que não deve ser ultrapassado, independente de não ter
sido usado e estar muito bem acondicionado, que é utilizado de praxe nas
instituições internacionais e que tomamos como modelo. No caso de padrões de
força, por exemplo, a periodicidade está definida nas normas. Esses dois
exemplos estendem-se às particularidades das demais grandezas.
9) O laboratório participa de atividades de pesquisa? Caso afirmativo, quais?
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
221
Não exatamente de pesquisa, porém de desenvolvimento, sempre que surge
a oportunidade. Em um passado recente, por exemplo, nos envolvemos com um
projeto muito interessante, em parceria com o INMETRO que se intitulou
“Desenvolvimento, fabricação e certificação de corpos de prova padrão de
impacto”. Esses desenvolvimentos geralmente contam com o apoio financeiro
das agencias nacionais de fomento.
10) Qual a importância da norma ISO-IEC 17025 para o laboratório?
A importância da NBR ISO 17025 é grande uma vez que ela define os
parâmetros que um laboratório deve seguir para assegurar a exatidão e a
rastreabilidade das suas medições. A sua implementação pode ser traduzida
como um instrumento poderoso para a aceitação dos serviços do laboratório,
pelos clientes.
11) Qual é a maneira que a empresa garante que seus sistemas e instrumentos
de medição estejam medindo com confiabilidade metrológica?
Assegurando-se que os resultados das suas medições são rastreáveis aos
padrões nacionais. Isso abrange equipamento calibrado e em boas condições de
uso e observação dos fundamentos da prática de medição.
12) Explique as formas existentes de medição dos impactos econômicos dos
serviços de calibração. Como esses impactos econômicos podem ser
contabilizados?
Imagino que uma das formas possa ser pelo crescimento das vendas de
produtos ou serviços. A exportação de produtos também fica facilitada quando a
sua qualidade pode ser comprovada, decorrente de uma metrologia séria.
13) Em geral, quanto tempo demora para se perceber os benefícios da
calibração no orçamento da empresa que compra tais serviços?
Ao se estabelecer um sistema da qualidade, a primeira impressão é que além
de se utilizar um tempo enorme para a sua implantação, o dinheiro investido
pode ser considerado quase supérfluo. Entretanto, com o decorrer do tempo
nota-se que a documentação gerada contribui para facilitar a resolução de
problemas gerenciais e de organização do dia a dia, como também melhorar a
aceitação do produto/serviço por parte dos clientes, devido ao aumento de
confiança. Acredito que os benefícios sejam percebidos em prazo superior a um
ano.
14) Sabe-se, que atualmente, tem havido crescimento na procura de serviços de
calibração por parte de pequenas e médias empresas. A que se deve este
fato?
Deve-se à crescente concorrência existente. Vende mais quem apresentar o
produto mais confiável, por um preço justo.
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A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
222
15) A seu ver, no que diz respeito aos serviços de calibração, os clientes,
valorizam mais o documento comprobatório de conformidade ou a
necessidade de reduzir os custos a longo prazo?
O certificado de calibração não deve ter a conotação de documento
comprobatório de conformidade. Ele mostra ao usuário as condições de medição
do instrumento calibrado, como por exemplo, repetitividade, erro de exatidão,
histerese, erro de zero, entre outros. Instrumento calibrado não necessariamente
significa instrumento bom para uso! Este raciocínio aplica-se somente aos
instrumentos pertencentes ao âmbito da metrologia legal, para os quais é emitido
um documento denominado “Verificação”.
Voltando à pergunta, há clientes que se preocupam apenas com o certificado
de calibração, ou seja, apenas com o documento, não se importando com o
resultado da calibração ou a mesmo se ela foi ou não feita. O número de
clientes com esse perfil tende a diminuir em função da concorrência de produtos
com melhor qualidade.
Quanto aos clientes sérios, estes buscam serviços de calibração, a princípio,
como um diferencial em relação aos seus concorrentes. A posterior redução de
custos é uma conseqüência. Penso que a grande maioria enquadra-se neste
caso.
Empresa/laboratório: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo
Setor/ Departamento: Centro de Metrologia Mecânica e Elétrica / Laboratório de
Metrologia Mecânica
Cargo: Diretora
Áreas da Metrologia em que o laboratório atua: Dimensional, massa, força,
torque e dureza, pressão e temperatura
Tempo de experiência na área de Metrologia Dimensional:
Menos que 1 ano
De 1 a 2 anos
De 2 a 5 anos
De 5 a 10 anos
X
Acima de 10 anos
Formação do respondente:
Nível médio
Graduado
X
Especialista
Mestre
Doutor
Nota: As informações dadas se referem até julho de 2008, quando deixei de
ocupar o cargo de diretora do CME.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
223
Anexo G
QUESTIONÁRIO DE PESQUISAA” – RESPONDIDOS
Este questionário tem por finalidade a coleta de informações para a realização da
pesquisa referente à Dissertação de Mestrado cujo tema é
A interface entre os
conceitos, princípios e ferramentas de qualidade e a prática da Metrologia”
que será
apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Paulista – UNIP como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia de Produção.
Esperamos, com o resultado desta pesquisa, demonstrar às empresas a relevância
da Metrologia, tentando revelar sua interação com a Qualidade nos sistemas de
produção, suas interfaces e relacionamento com as ferramentas da Qualidade
adotadas para a melhoria dos sistemas produtivos.
Dessa forma, pedimos sua contribuição solicitando que você responda as 15
questões. Ressaltamos que os dados da empresa e do respondente serão
revelados se este concordar.
Nome:Antonio Sergio Conejero
1) Há quanto tempo vocês prestam serviços de calibração? Tem havido mudanças
no que diz respeito aos preços? A tecnologia para calibração está mais acessível,
mais barata?
17 anos. Temos mantido o mesmo preço 4 anos, deveremos reajusta-los
em breve. Sim a tecnologia para calibração esmuito mais acessível e os meios
modernos de informação e entidades de divulgação são grandes agentes de
multiplicação das informações e da tecnologia de medição. Quanto ao fator “mais
barato não acredito que houve aumento ou redução dos custos, apenas
adequações tecnológicas (equipamentos mais modernos) e custos compatíveis com
o custo benefício do serviço de calibração.
2) Qual o papel da metrologia na organização?
Na empresa que atuo, a Metrologia é a “alma do produto”, ou seja, é a condição
inicial para a qualidade do produto. A principal função é Garantir a Qualidade
metrológica dos padrões e equipamentos de medição da empresa, principalmente
assegurando a rastreabilidade dos resultados das medições.
3) Quais os benefícios que os controles metrológicos acrescentam aos sistemas
produtivos?
Nível de Qualidade apropriada, é a base do sucesso no mercado.
4) Qual a importância de se estimar a incerteza da medição?
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
224
Assegurar que os resultados apresentados por uma medição, estejam dentro das
expectativas qualitativas do processo.
5) Quais são os resultados positivos da adoção de Técnicas Metrológicas?
Agrega valor à imagem do produto e da empresa.
6) Como é o relacionamento do laboratório com os clientes que o procuram?
Além de sermos gratos ao cliente por ter nos escolhido, devemos demonstrar a
seriedade pelos resultados que o nosso serviço agrega ao produto do cliente.
7) Como se dá a manutenção dos padrões mantidos por esse laboratório?
De forma planejada e programada, mantemos planos de manutenção e
verificações periódicas mantendo a confiabilidade dos padrões.
8) Como vocês determinam o período adequado de calibração para esses padrões?
Baseados em nossa experiência e principalmente num custo benefício estimado
entre o “custo da calibração” e do “Risco/Criticidade” da não execução da calibração
em determinado período. Em outras palavras, se o risco de economizar algum custo
de calibração oferecer um Alto Risco e Alto Custo de reparação, optamos por um
período mais breve. Sistemicamente também adotamos acompanhamento do
histórico das calibrações e resultados de verificações periódicas dos
equipamentos/padrões, e obedecendo critérios iniciais poderemos alterar esses
períodos.
9) O laboratório participa de atividades de pesquisa? Caso afirmativo, quais?
Sim. Melhoria do processo de medição, modernização de meios e métodos de
medão na área Dimensional e Dureza.
10) Qual a importância da norma ISO-IEC 17025 para o laboratório?
Oferece uma organização sistematizadas às atividades do laboratório, também
estabelece condições igualitárias e comparativas entre os níveis de laboratórios que
a adotam e principalmente que são acreditados por órgão competente por
atendimento à esta.
11) Qual é a maneira que a empresa garante que seus sistemas e instrumentos de
medão estejam medindo com confiabilidade metrológica?
Por várias atividades :
- Assegurando a rastreabilidade a padrões nacionais e internacionais
- Por comparações interlaboratoriais,
- Por auditorias internas e de segunda e terceira parte,
- Por análises críticas periódicas
12) Explique as formas existentes de medição dos impactos econômicos dos
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
225
serviços de calibração. Como esses impactos econômicos podem ser
contabilizados?
Impactos negativos: custos de calibração e de manutenção da estrutura
metrológica, que em nosso caso é um custo de fabricação de nosso produto.
Impactos positivos: Valores percebidos pelos serviços disponibilizados
(tangíveis), e positivação da imagem da empresa e do produto (intangíveis).
13) Em geral, quanto tempo demora para se perceber os benefícios da calibração no
orçamento da empresa que compra tais serviços?
Não consigo avaliar essa questão. Alguns clientes possuem desde a primeira
calibração. Outros apenas desejam um papel para mostrar ao seu cliente que o
exige compulsoriamente.
14) Sabe-se, que atualmente, tem havido crescimento na procura de serviços de
calibração por parte de pequenas e médias empresas. A que se deve este fato?
O crescimento se deve à adoção da série de normas ISO 9000, desde 1987, e
exigido por grandes empresas (grande e importantes clientes). Em nossa empresa
esse conceito antecede o surgimento dessa série de normas pois era prática
normal.
15) A seu ver, no que diz respeito aos serviços de calibração, os clientes, valorizam
mais o documento comprobatório de conformidade ou a necessidade de reduzir os
custos a longo prazo?
Existem ambos aspectos. Incentivo os que valorizam (não apenas o documento
comprobatório) mas a qualidade e valor agregado ao instrumento/padrão calibrado,
que influencia diretamente na qualidade de seu produto. Portanto mais qualidade
gera mais lucro e produtividade.
Empresa/laboratório: Mitutoyo Sul americana Ltda
Setor/ Departamento: Garantia da qualidade
Cargo: Gerente de Divisão de Garantia da Qualidade
Áreas da Metrologia em que o laboratório atua: Dimensinal e Dureza
Tempo de experiência na área de Metrologia Dimensional:
Menos que 1 ano
De 1 a 2 anos
De 2 a 5 anos
De 5 a 10 anos
X
Acima de 10 anos
Formação do respondente:
Nível médio
Graduado
X
Especialista
Mestre
Doutor
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
226
Anexo H
QUESTIONÁRIO DE PESQUISAA” – RESPONDIDOS
Este questionário tem por finalidade a coleta de informações para a realização
da pesquisa referente à Dissertação de Mestrado cujo tema é “A interface entre
os conceitos, princípios e ferramentas de qualidade e a prática da Metrologia”
que será apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Paulista UNIP como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre em Engenharia de Produção.
Esperamos, com o resultado desta pesquisa, demonstrar às empresas a
relevância da Metrologia, tentando revelar sua interação com a Qualidade nos
sistemas de produção, suas interfaces e relacionamento com as ferramentas da
Qualidade adotadas para a melhoria dos sistemas produtivos.
Dessa forma, pedimos sua contribuição solicitando que você responda as 15
questões. Ressaltamos que os dados da empresa e do respondente serão
revelados se este concordar.
Nome: Sérgio Eduardo Cristofoletti
1) quanto tempo vocês prestam serviços de calibração? Tem havido
mudanças no que diz respeito aos preços? A tecnologia para calibração está
mais acessível, mais barata?
A Starrett através do seu Laboratório de Metrologia Dimensional
LaroyLab vem atuando no mercado desde de 1996. As variações de preço
seguem políticas da companhia. Com a popularização da informática e o
desenvolvimento tecnológico a tendência é de que a metrologia fique mais
acessível.
2) Qual o papel da metrologia na organização?
Fundamental sob o aspecto de melhoria na qualidade dos produtos.
3) Quais os benefícios que os controles metrológicos acrescentam aos sistemas
produtivos?
Melhoria na qualidade dos produtos.
4) Qual a importância de se estimar a incerteza da medição?
Oferece melhores condições de avaliação da capabilidade dos sistemas
metrológicos.
5) Quais são os resultados positivos da adoção de Técnicas Metrológicas?
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
227
Maior confiança no controle produtivo e melhor gestão dos processos.
6) Como é o relacionamento do laboratório com os clientes que o procuram?
Confiabilidade adquirida pelo alto grau de qualidade dos serviços
prestados.
7) Como se dá a manutenção dos padrões mantidos por esse laboratório?
O Laboratório tem autonomia total sobre os equipamentos que possui.
8) Como vocês determinam o período adequado de calibração para esses
padrões?
Feito estudo de estabilidade dimensional bem como o uso de ferramentas
estatísticas e MSA.
9) O laboratório participa de atividades de pesquisa? Caso afirmativo, quais?
O laboratório desempenha papel importante com a avaliação metrológica
de novos produtos.
10) Qual a importância da norma ISO-IEC 17025 para o laboratório?
Fornece credibilidade sob todos os aspectos.
11) Qual é a maneira que a empresa garante que seus sistemas e instrumentos
de medição estejam medindo com confiabilidade metrológica?
Mantém um programa permanente de avaliação de seu colaboradores,
através das comparações interpessoais e laboratoriais, além de avaliação de
desempenho de equipamentos.
12) Explique as formas existentes de medição dos impactos econômicos dos
serviços de calibração. Como esses impactos econômicos podem ser
contabilizados?
Qualidade é intangível, mas a fidelização do cliente é o verdadeiro
termômetro.
13) Em geral, quanto tempo demora para se perceber os benefícios da
calibração no orçamento da empresa que compra tais serviços?
O simples fato do cliente não ter que contratar um novo prestador de
serviço, e a fidelização do cliente para repetir o serviço dentro de um prazo
razoável, pode-se inferir que os benefícios são imediatos.
14) Sabe-se, que atualmente, tem havido crescimento na procura de serviços de
calibração por parte de pequenas e médias empresas. A que se deve este
fato?
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP - PPGEP
A Metrologia como elemento básico para a Qualidade ANEXOS
228
Pressão por parte dos seus clientes. O usuário de labs de metrologia em
geral não se importa com o que vai ser feito no instrumento, ou até mesmo se
vai ou o ser calibrado, por ele encarar que isto é um custo e o um
investimento, faz cotação e elege o mais barato e apresenta os certificados
para os auditores, que em muitas vezes não sabem ou desconhecem o
conteúdo de um certificado de calibração. CICLO VICIOSO.
15) A seu ver, no que diz respeito aos serviços de calibração, os clientes,
valorizam mais o documento comprobatório de conformidade ou a
necessidade de reduzir os custos a longo prazo?
Encaram como uma obrigação pra sair bem na auditoria.
Empresa/laboratório: Laboratório de Metrologia Dimensional LaroyLab -
Starrett
Setor/ Departamento: Laboratório de Metroliga Dimensional
Cargo: Supervisor de Serviços Metrológicos ao Cliente
Áreas da Metrologia em que o laboratório atua: Dimensional
Tempo de experiência na área de Metrologia Dimensional:
Menos que 1 ano
De 1 a 2 anos
De 2 a 5 anos
De 5 a 10 anos
X
Acima de 10 anos
Formação do respondente:
Nível médio
Graduado
Especialista
X
Mestre
Doutor
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