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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE LETRAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ESTUDOS LINGUÍSTICOS
Tatiana Martins Mendes
xico topomico de Diamantina:
ngua, cultura e meria
Belo Horizonte
2010
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xico topomico de Diamantina:
ngua, cultura e meria
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Estudos Linguísticos da Faculdade de Letras da
Universidade Federal de Minas Gerais, como parte dos
requisitos para a obtenção do grau de Mestre em
Linguística, elaborada sob a orientação da Professora
Doutora Maria Cândida Trindade Costa de Seabra.
Tatiana Martins Mendes
FALE – UFMG
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS
Belo Horizonte, junho de 2010.
Dissertação aprovada em 30 / 06 / 2010 pela Banca Examinadora constituída pelos
Professores Doutores:
____________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Cândida Trindade Costa de Seabra – UFMG
Orientadora
_____________________________________________________
Profa. Dra. Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick – USP
___________________________________________________
Profa. Dra. Carolina do Socorro Antunes Santos – UFMG
Para os estudiosos da língua falada
no Vale do Jequitinhonha.
Ao Gabriel, filho amado,
pelo carinho e apoio, sempre...
Para o meu pai, Tadeu Martins,
de quem ouço bons “causos” e para
minha mãe, Solange Mendes,
com quem compartilho risadas...
Homenagens especiais
À minha avó, Maria de Lourdes Alves,
quem primeiro me contou os encantos do Vale.
Ao Henrique Bernanos, anjo divino,
que enche de alegria minha alma.
Agradecimentos
A Deus, por tornar possível a minha existência e, com ela, este estudo;
À Profa. Dra. Maria Cândida Trindade Costa de Seabra, pela sua dedicação como
orientadora desta pesquisa, pelo constante incentivo e disposição à leitura crítica e construtiva
deste trabalho e, principalmente, pelo conhecimento compartilhado e pela agradável
companhia nos importantes eventos linguísticos;
À Profa. Dra. Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick, pelos cursos ministrados
na Faculdade de Letras FALE / UFMG, pela bibliografia indicada, essencial para a
realização deste estudo, pelo entusiasmo com que trata a pesquisa toponímica e pela sua
grande contribuição aos estudos realizados no Brasil;
À Profa. Dra. Carolina Antunes, grande incentivadora e colaboradora, que esteve
presente em algumas etapas da realização da pesquisa em Diamantina;
Aos meus tios Laurent e Diocélia, pelo apoio e por não medirem esforços ao
enviar de Paris as obras raras de Dauzat;
A Vladimir, irmão querido, pelo incentivo, amizade e carinho;
Ao Leandro, amigo carinhoso, que trouxe de Valência as obras de Haensch;
À Emanoela Cristina Lima, pela paciência e dedicação;
Aos meus informantes de Diamantina e dos seus distritos, cujos textos transcritos
constituíram os corpora deste trabalho e, especialmente, aos amigos Sérgio Antunes,
Serginho e Rommel Machado, o meu agradecimento pela presteza e cordialidade com que me
acolheram;
Ao Geraldo dos Anjos, pela preciosa ajuda técnica, pela arte da capa e por ceder,
gentilmente, algumas de suas fotos de Diamantina;
Aos amigos do Colégio São Miguel e da Universidade de Uberaba - UNIUBE e
aos meus queridos alunos, pela paciência e compreensão;
À Profa. Dra. Regina Lúcia Péret Dell’Isola pelo incentivo, bons conselhos,
confiança e carinho.
À Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, ao Programa de
Pós-Graduação, especialmente, aos professores Luiz Francisco Dias, Maria Antonieta Cohen,
e Sandra Bianchet por tornar possível a realização do Mestrado;
E a todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para a elaboração e
finalização desta pesquisa.
Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes.
(Isaac Newton)
RESUMO
Esta pesquisa objetiva o estudo dos topônimos do município de Diamantina e de seus
distritos, situados no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais, região que mantém
importância histórica por sua localização estratégica durante o período de exploração mineral
nos séculos XVIII e XIX. Os estudos toponímicos evidenciam traços da história sociocultural
constituição do espaço, processos de povoamento e cultura local divulgam características
do ambiente físico vegetação, hidrografia, geomorfologia, fauna, etc. e colaboram para a
memória do povo, pois os nomes de lugares, quando relacionados à língua, cultura e
sociedade, costumam ser genuínos registros de fatos pretéritos. O referencial teórico-
metodológico está estruturado nos conceitos defendidos por Dauzat (1926) e Dick (1990a,
1990b e 2004) e nas teorias sobre ambiente, elaboradas por Sapir (1969). Sob a luz da
sociolinguística, segundo o modelo laboviano, parte-se do presente e volta-se ao passado.
Primeiramente, observaram-se dados de língua falada coletados em entrevistas orais, em
seguida, consultaram-se mapas antigos para coletar dados da língua escrita e, finalmente,
foram comparados presente e passado, objetivando observar casos de variação, mudança ou
retenção linguísticas. Os resultados obtidos por meio da pesquisa mostram a predominância
dos nomes de lugares motivados por nomes de plantas, nomes geográficos e nomes de
pessoas. A pesquisa também revela um índice pouco significativo de casos de variação e
mudança linguísticas, mostrando que a toponímia na região é bastante conservadora.
Palavras-chave: língua, sociedade, toponímia, cultura, memória.
ABSTRACT
This research aims to study toponyms from the City of Diamantina and its districts, situated in
the valley of the Jequitinhonha river, a region of the State of Minas Gerais, Brazil. This region
is historically important due to its strategic location during the period mineral exploration
during the 18th and 19th centuries. Toponimic studies show traces of the local social and
cultural history, including constitution of space and settlement as well as vegetation,
hidrography, geomorphology, fauna, etc., and they also contribute to the preservation of the
memory of the people, since the names of places, when related to language, culture and
society, seem to be legitimate registers of past events. The theoretical and methodological is
based on concepts defended by Dauzat (1926) and Dick (1990a, 1990b, 2004) and on the
theories on environment elaborated by Sapir (1969). From a sociolinguistic perspective,
according to the Labovian model, the research should start at the present moment, expanding
towards the past. Firstly, data on vernacular language was collected in oral interviews; then
old maps were referred to for data on written language. The data on past and present elements
were then compared, aiming to examine cases of variations, changes, or linguistic retentions.
Results show the predominance of names of places based on the names of plants, names of
people and names of geographical elements. The research also shows a small number of cases
f variation and of linguistic changes, indicating that the local toponimic is quite conservative.
Key-words: langue, society, toponym, culture, memory.
ABREVIATURAS
A – Antroponímia
ADJ – Adjetivo
ADJ
pl
– Adjetivo plural
ADJ
sing
– Adjetivo singular
ADV – Advérbio
A.P.M. – Arquivo Público Mineiro
A
pl
– Artigo plural
A
sing
– Artigo singular
C. - Córrego
cf. – confira, conforme
E – Entrevista
F. – Fazenda
Hip. – Hipocorístico
L. – linha
N – nome simples
NC – nome composto
NC
f
– Nome Composto feminino
NC
m
– Nome Composto masculino
n/e – não encontrado
N
f
– Nome feminino
N
m
– Nome masculino
p. – página
Prep – Preposição
Pron – Pronome
Qv – Qualificativo
R., Ri. – Rio
S – Substantivo
S
pl
– Substantivo plural
S
sing
– Substantivo singular
T – Toponímia
V – Verbo
– Intersecção
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Nacionalidade dos escravos em Diamantina...........................................................53
Tabela 2 – Irmandades religiosas..............................................................................................58
Tabela 3 – Ocorrências toponímicas em Diamantina...............................................................74
Tabela 4 – Referentes geográficos..........................................................................................152
Tabela 5 – Quadro comparativo de Topônimos......................................................................155
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Identificação numérica e percentual dos topônimos em relação aos aspectos
físicos e antropoculturais........................................................................................................123
Gráfico 2 – Identificação numérica e percentual dos topônimos em relação sua taxionomia
antropocultural........................................................................................................................124
Gráfico 3 – Relação numérica e percentual dos topônimos de natureza física.......................127
Gráfico 4 – Gênero dos topônimos.........................................................................................147
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 – Localização geográfica do município de Diamantina...............................................43
Mapa 2 – Povos indígenas em Minas Gerais............................................................................44
Mapa 3 – Vale do Jequitinhonha...............................................................................................65
Mapa 4 – Alto do Jequitinhonha...............................................................................................65
Mapa 5 – Diamantina................................................................................................................65
Mapa 6 – Município de Diamantina.........................................................................................65
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Onomástica..............................................................................................................31
Figura 2 – Locais onde está localizado o Conglomerado Sopa..............................................126
LISTA DE FOTOS
Foto 1 – Diamantina..................................................................................................................19
Foto 2 – Comunidade................................................................................................................33
Foto 3 – Pedras retiradas do Garimpo Cavalo Morto, em Extração.........................................41
Foto 4 – Botocudos...................................................................................................................45
Foto 5 – Pintura Rupestre no Parque Biribiri............................................................................46
Foto 6 – Sacada em Diamantina...............................................................................................51
Foto 7 – Dança Folclórica: Chula.............................................................................................55
Foto 8 – Igreja Nossa Senhora do Rosário................................................................................57
Foto 9 – Casa de Chica da Silva (1763 a 1771)........................................................................60
Foto 10 – Canal do Mizael em Sopa.........................................................................................62
Foto 11 – Vista do Centro de Diamantina.................................................................................84
Foto 12 – Instituto Casa da Glória da UFMG...........................................................................86
Foto 13 – Conglomerado Sopa Brumadinho...........................................................................126
Foto 14 – Sopa........................................................................................................................126
Foto 15 – Garimpo..................................................................................................................126
Foto 16 – Diamantes retirados em Duas Barras......................................................................160
Sumário
Introdução ..............................................................................................................................17
Capítulo 1 – Língua, Léxico, Cultura ...................................................................................21
1.1.
L
ÍNGUA
:
REGISTRO SOCIOCULTURAL
...............................................................................21
1.2.
V
ARIAÇÃO
L
INGUÍSTICA
.................................................................................................21
1.3.
S
OCIOLINGUÍSTICA
..........................................................................................................23
1.4.
L
ÉXICO
:
NOMEAÇÃO E INTERAÇÃO SOCIAL
......................................................................24
1.5.
A
S
C
IÊNCIAS DO
L
ÉXICO
................................................................................................26
1.5.1. Lexicologia................................................................................................................27
1.5.2. Lexicografia...............................................................................................................29
1.6.
O
NOMÁSTICA
...................................................................................................................30
1.7.
T
OPONÍMIA
.......................................................................................................................32
1.7.1. Pesquisa toponímica .................................................................................................35
1.7.1.1. Pesquisa toponímica no Brasil..............................................................................38
1.7.1.1.1. Projeto ATEMIG.............................................................................................39
Capítulo 2 – Contexto sócio-histórico-cultural ...................................................................43
2.1.
PERÍODO PRÉ
-
DIAMANTÍFERO
..........................................................................................44
2.1.1. Primeiros visitantes..................................................................................................46
2.2.
P
ERÍODO DIAMANTÍFERO
.................................................................................................49
2.2.1. Os paulistas e os estrangeiros ..................................................................................49
2.2.2. Os negros .................................................................................................................52
2.2.2.1. Escravos...............................................................................................................52
2.2.2.2. Manifestações culturais........................................................................................54
2.2.2.3. Práticas religiosas ................................................................................................56
2.2.2.4. Resistência Linguística ........................................................................................59
2.2.2.5. Chica da Silva ......................................................................................................60
2.2.3. O tropeiro, o garimpeiro, o faiscador......................................................................61
2.3. Considerações ............................................................................................................62
Capítulo 3 – Procedimentos metodológicos..........................................................................64
3.1.
O
LOCAL DA ANÁLISE
.......................................................................................................64
3.2.
O
BJETIVOS E HIPÓTESES
..................................................................................................66
3.3.
M
ÉTODOS E PROCEDIMENTOS
..........................................................................................67
3.3.1. A coleta de dados orais ...........................................................................................67
3.3.1.1. A escolha dos informantes...................................................................................68
3.3.1.2. As transcrições......................................................................................................69
3.3.2. Os dados escritos .....................................................................................................71
3.3.3. Fichas lexicográficas................................................................................................73
3.3.3.1. As taxionomias toponímicas................................................................................79
3.3.3.1.1. Taxionomias de natureza física.........................................................................80
3.3.3.1.2. Taxionomias de natureza antropocultural.........................................................80
3.3.4. Macro e Microestrutura do glossário........................................................................82
3.3.4.1.Macroestrutura.........................................................................................................83
3.3.4.2. Microestrutura........................................................................................................83
Capítulo 4 - Apresentação e análise dos dados ....................................................................86
Capítulo 5 - Análise quantitativa e discussão dos resultados ...........................................122
5.1.
Q
UANTO À TAXIONOMIA
................................................................................................122
5.1.1. Natureza dos topônimos.........................................................................................122
5.1.2. Taxionomias registradas na região.........................................................................123
5.1.2.1. Toponímia Antropocultural.............................................................................123
5.1.2.1.1 Extração mineral e aglomeração humana na região.....................................125
5.1.2.2. Toponímia Física.............................................................................................127
5.2.
O
RIGEM DOS TOPÔNIMOS
...............................................................................................129
5.2.1. Quantificação total.................................................................................................131
5.3.
F
ORMA E GÊNERO DOS TOPÔNIMOS
................................................................................147
5.4.
Q
UANTO AO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS TOPÔNIMOS
................................................149
5.4.1. Derivação................................................................................................................149
5.4.1.1. O caso do -inho................................................................................................149
5.4.2. Composição.................................................................................................... .......150
5.4.3. Nomes expressos por frases............................................................................. ......151
5.4.4. Hibridismo..............................................................................................................151
5.5.
R
EFERENTES GEOGRÁFICOS
.........................................................................................152
5.5.1. Natureza..................................................................................................................152
5.5.2. Origem....................................................................................................................153
5.5.3. Forma e gênero ......................................................................................................154
5.5.4. Sufixo -ão......................................................................................................... .....154
5.6.
V
ARIAÇÃO E MUDANÇA TOPONÍMICA
..................................................................... .....154
5.6.1. Sobre a variação de topônimos......................................................................... .....157
5.6.2. Sobre a mudança toponímica........................................................................... ......159
Capítulo 6 - Glossário...........................................................................................................162
6.1.
A
PRESENTAÇÃO DOS VERBETES PELA FORMA SEMASIOLÓGICA
..................................162
6.2.
O
RGANIZAÇÃO DOS VERBETES PELA FORMA ONOMASIOLÓGICA
...................................202
Capítulo 7 - Considerações finais........................................................................................211
Referências ............................................................................................................................214
Anexos
*
*
Os textos que constituem os corpora deste trabalho encontram-se no CD-Rom em anexo.
Quando a noite a linda lua
Torna as pedras cor de prata
Diamantina sai à rua
Transformada em serenata
Seresteiros indomados
Dedilhando violões
Levam música aos ouvidos
E saudade aos corações.
A seresta apaixonada
Corre as ruas do Macau
Capistrana Cavalhada
São Francisco, Burgalhau
Essas ruas serpeantes
É tão fácil entendê-las
Descem doidas por diamantes
Sobem ávidas de estrelas.
O Itambé mesmo de longe
Ouve os sons quase em surdina
Ergue as mãos azuis de monge
E abençoe Diamantina
Se de um sonho nada resta
Só saudade, só, mais nada,
Como é linda uma seresta,
Numa noite enluarada.
(Pe. Celso de Carvalho)
17
Introdução
No âmbito dos estudos linguísticos, cultura e sociedade projetam-se a partir do
continuum das relações entre língua e comunidade, deixando transparecer, muitas vezes,
traços regionais, históricos e interculturais.
Sabemos que a identidade de uma comunidade é construída pelo sujeito, através
do uso da linguagem, entendida aqui como patrimônio simbólico e imaterial. A língua, na sua
função, constitui, pois, prática sócio-cultural humana e pode refletir a idiossincrasia regional.
O léxico, por sua vez, integra o sistema linguístico, expõe, nas suas acepções, marcas do saber
cultural e depreende um acervo de unidades significativas, essencialmente formado por nomes
e significados.
Assim sendo, o nome é referência para a edificação do espaço, da identidade e da
memória. Supõe-se que sua significação se dá no desdobramento das realizações humanas em
diferentes situações, no
processo intercultural e no intercâmbio de saberes sociais. Observa
Biderman (2001, p. 179),
Qualquer sistema xico é uma somatória de toda a experiência acumulada de uma
sociedade e do acervo da sua cultura através das idades, sendo que os membros
dessa sociedade funcionam como sujeitos-agentes, no processo de perpetuação e
reelaboração contínua do léxico de sua língua.
Acreditamos que a laboração investigativa sobre o nome de lugar ressalta em
significativo valor antropológico para os estudos linguísticos, porque propicia compreender
melhor a língua, o ambiente onde essa se encontra, seu contexto histórico e a população que a
detém, uma vez que o indivíduo, no ato da comunicação, dialoga com expectativas e
interesses, crenças e valores, assume o papel de verdadeiro ator social.
1
A importância do nome está na sua representatividade real, no seu vínculo à
rotina, na relevância do seu significado para o meio em que está firmado, na história que
resgata valores, ideais e realizações. O nome ou signo linguístico nasce de motivações
diversas e da característica singular ao seu objeto, explana Seabra (2006, p.139):
Em todas as partes do mundo, o homem faz uso de signos linguísticos que se
fundamentam em seu entorno vivencial, estimulados pela necessidade de nomear,
diferenciar e indicar. Utiliza-se, para isso, de variadas estruturas linguísticas que
combinam motivação, convenção e identificação, produtos psíquicos da história
sócio-político-cultural de um povo.
1
Cf. DURANTI, 2000, p. 21
18
A rede toponímica criada pelo homem configura partes da memória cultural,
política, social e econômica de uma comunidade, ainda que o topônimo, integrante dessa rede,
venha a ocorrer em outros espaços geográficos, o nome de lugar, em seu contexto físico ou
humano, depreende significado, reconhecimento e identidade do grupo que o detém. Ao falar
da disciplina que investiga os nomes de lugares, a Toponímia, Dick (1990a, p.15) destaca que
A variedade de nuances significativas que dão forma ao nome de lugar, e as
informações diversificadas delas extraídas, acabariam por tornar a matéria um
repositório de fatos culturais de amplitude considerável.
Este estudo tem por finalidade realizar pesquisa linguística com enfoque no léxico
toponímico de Diamantina, tendo como elementos norteadores a cultura local, o contexto
linguístico e histórico da formação humana e geográfica do município e, ainda, investigar a
permanência e a mutabilidade dos topônimos. Para isso valemo-nos de um corpus constituído
de 22 entrevistas gravadas em Diamantina e nos seus distritos, a saber: Conselheiro Mata,
Desembargador Otoni, Extração, Guinda, Inhaí, Mendanha, Planalto de Minas, São João da
Chapada, Senador Mourão, Sopa; do Banco de Dados do Projeto Atlas Toponímico do Estado
de Minas Gerais - ATEMIG, com sede na Faculdade de Letras da UFMG e, ainda, de cartas
geográficas de períodos pretéritos, séculos XVIII e XIX.
Apresentamos, a seguir, a estrutura da pesquisa realizada:
No capítulo 1, intitulado Língua, Léxico, Cultura, abordamos a língua como
registro sociocultural de uma comunidade, baseando-nos, sobretudo, em Sapir, Saussure,
Coseriu e em Labov - quando tratamos da variação linguística e da sociolinguística. Em
seguida, discorremos sobre o léxico, o ato de nomear um lugar e a interação social, apoiando-
nos, principalmente, em Biderman, Isquerdo e Seabra. Ao tratarmos das ciências do léxico
seguimos os teóricos Barbosa, Haensch e Matoré. Para tratar da onomástica, em especial da
toponímia, valemo-nos das teorias de Dauzat (1926) e Dick (1990a, 1990b e 2004).
No capítulo 2, Contexto sócio-histórico-cultural versamos sobre aspectos
culturais da região diamantinense. Destacamos os períodos pré-diamantíferos e diamantíferos,
os grupos étnicos e as atividades que mais caracterizam a cultura regional.
No capítulo 3, intitulado Procedimentos Metodológicos, abordamos a região
estudada, apresentamos os objetivos e hipóteses de nossa pesquisa, além dos métodos que
utilizamos. Explicitamos a pesquisa de campo, executada para levantamento dos dados,
detalhando os critérios adotados para transcrição das entrevistas e descrevendo a ficha
lexicográfica utilizada para análise dos dados. Apresentamos, também, informações sobre a
macro e microestrutura do glossário.
19
No capítulo 4, procedemos à Apresentação e análise dos dados, destacando os
nossos corpora: 1) topônimos coletados em 22 entrevistas com falantes moradores do
município de Diamantina. Essas entrevistas, parte fundamental dessa pesquisa, foram
transcritas, digitalizadas e enumeradas em linhas para melhor localização e consulta.
Encontram-se em CD-Rom, anexo a este volume. 2) Topônimos referentes ao município de
Diamantina, inscritos no banco de dados do Projeto ATEMIG. 3) Topônimos presentes em
cartas geográficas de períodos pretéritos. Esse material, coletado e catalogado em fichas
toponímicas, foi analisado de acordo com o modelo proposto em Dick (1990a, 1990b) e
Seabra (2004).
Realizamos no capítulo 5, Análise quantitativa e discussão dos resultados,
apresentando a análise linguística das taxionomias toponímicas, da origem, forma e gênero
das lexias estudadas, e ainda, questões de variação e manutenção linguísticas ocorridas.
No capítulo 6, apresentamos o Glossário, constituído a partir das lexias
selecionadas e analisadas nas fichas toponímicas. Os verbetes se encontram organizados pelos
métodos semasiológicos e onomasiológicos.
No último capítulo, em Considerações finais, retomamos aspectos principais,
discutidos anteriormente.
FOTO 1: Diamantina
Fonte: Geraldo dos Anjos
.
Olha como ela domina esses serros alcantis com seus ares senhoris, com seu
cofre de diamantes […] Salve, Atenas tão risonha e verde e saudosa Minas!
Rainha dessas colinas que banda o Jequitinhonha; Teu vassalo, ele nem sonha
quebrar-te o jugo real... E vem, a um leve sinal, com os seus rubis, com o seu
ouro, derramar no teu tesouro o seu tributo anual.
(LESSA apud MACHADO FILHO, 1970, p. 170.)
21
Capítulo 1 - Língua, Léxico, Toponímia
1.1. LÍNGUA: REGISTRO SOCIOCULTURAL
A língua, na sua expressividade oral e escrita, pode identificar um grupo porque
nela se inserem, além de marcas linguísticas, marcas sociais e culturais que caracterizam uma
região e sua comunidade. Para Sapir
2
a “língua se molda ao meio” e, dessa forma, organizada,
favorece a interação social e constrói realidades. Neste mesmo sentido, Bakhtin
3
crê que “o
princípio da linguagem parte do fato de que sua realidade fundamental é o fenômeno social da
interação verbal”. Para ele “tudo se reduz ao diálogo, à contraposição dialógica enquanto
centro. Tudo é meio, o diálogo é o fim. Uma só voz nada termina, nada resolve. Duas vozes
são o mínimo de vida.”
Apesar de nem sempre ser percebida como produto social e cultural por seus
falantes, a língua se evidencia por ser dinâmica, variável, complexa e instável. Acompanha,
de certa forma, as mudanças pelas quais a comunidade passa e está, em decorrência disso,
sempre em processo de construção, submetendo-se, continuadamente, à alterações e
influências de outras línguas. Nesse movimento, colabora para que a sociedade produza,
reproduza e transforme ideias e ideais, ou seja, a língua pode mudar uma sociedade e vice-
versa. É por isso que língua e sociedade não podem ser vistas, em um estudo linguístico-
cultural de maneira separada, ambas se completam, não como falar de uma sem citar a
outra.
Vilela
4
afirma: “se a língua é um elemento aglutinador da sociedade e da
comunidade – comunidade linguística é também um dos seus produtos mais genuínos.
Sociedade e língua estão constantemente a se intrometer uma com a outra, a marcarem-se sem
se demarcar.” Com isso, ele quer dizer que a sociedade exerce influência sobre a língua na
mesma proporção em que essa influencia a sociedade. A língua nessa condição torna-se,
portanto, registro sócio-cultural de uma região e da sociedade que nela se encontra.
1.2.
V
ARIAÇÃO LINGUÍSTICA
A linguagem vive através da diversidade, o que implica que a língua que usamos
está sujeita a variação. Entende-se por “variação linguística” os diferentes falares, entre
2
SAPIR apud OLIVEIRA, 1999, p.101.
3
BAKHTIN, 1978.
4
VILELA, 1997, p.40.
22
falantes de um idioma. Estando todas as línguas vivas sujeitas a fatores de mudança, a
variação que delas decorre integra a linguagem humana e pode ser estudada e descrita. No
entanto, só se pode estudar a variação se a relacionarmos com algo que consideremos,
minimamente, estável e homogêneo.
Essa incontestável relação entre língua e sociedade nem sempre foi determinante
nos estudos linguísticos, embora já tenha sido reconhecida há muito tempo por Saussure. Esse
pesquisador afirmava que a língua é um fato social, ao mesmo tempo em que reconhecia a
importância dos estudos dos fenômenos linguísticos externos. Mesmo assim, Saussure
privilegiou sempre, em seus estudos, o caráter formal e estrutural da língua.
Indo além da dicotomia saussureana, a linguística estruturalista europeia da
escola de Eugenio Coseriu –, utilizando o prefixo
-dia, estabeleceu rios campos de estudos da variação: diatopia, diastratia, diafasia e
diacronia. No que se refere a esses campos, cabe ressaltar que a variação diatópica estabelece
relação com o espaço geográfico, sendo marcante
em termos de pronúncia e de vocabulário; a
variação diastrática está condicionada às diferentes classes sociais (as variedades populares
são aquelas faladas pelas classes sociais menos favorecidas, enquanto as variedades cultas são
normalmente associadas às classes de maior prestígio social, constituindo a referência para a
norma culta. A variação de natureza social costuma apresentar diferenças significativas,
principalmente, em termos fonológicos e morfossintáticos); a variação diafásica se refere ao
discurso e suas peculiaridades: diferentes graus de formalidade do contexto de interlocução,
termos de maior ou menor conhecimento e proximidade entre os falantes; e a variação
diacrônica relata as diversas manifestações da língua através dos tempos.
A linguagem humana, simultaneamente una e ltipla, decompõe-se assim numa
rede de variedades que podem ser percebidas e estudadas nos veis morfológico (trata a
estrutura da ngua, sua formação e classificação), sintático (define a função que a palavra
exerce numa frase), semântico (identifica o sentido e o significado no contexto verbal), lexical
(estuda a palavra e define seu significado de acordo com o contexto de uso), discursivo, entre
outros.
Coseriu propôs, também, um avanço nos estudos da linguagem: vai do mais
concreto (fala, uso individual da norma) ao mais abstrato (língua, sistema funcional), ou seja,
expande a dicotomia saussureana, passando por um grau intermediário: a norma (uso coletivo
da língua). Em outras palavras, há, segundo esse linguista romeno, na língua, realizações
consagradas pelo uso e, portanto, normais em determinadas circunstâncias linguísticas,
previstas pelo sistema funcional. É à norma que nos prendemos de forma imediata, conforme
23
o grupo social de que fazemos parte e da região onde vivemos. A norma seria, assim, um
primeiro grau de abstração da fala. Considerando-se a língua (o sistema) um conjunto de
possibilidades abstratas, a norma seria então um conjunto de realizações concretas e de caráter
coletivo da língua.
Coseriu define o sistema como conjunto de liberdades e de possibilidades que se
abrem para um falar compreensível numa comunidade, colocando como secundário o caráter
de imposição: mais que impor-se ao indivíduo, o sistema se lhe oferece
5
. A norma, por sua
vez, como conjunto de realizações obrigatórias, consagradas e compartilhadas dentro dessa
mesma comunidade de falantes, assumiria um papel de tirano, de restrição:
O sistema é sistema de possibilidades, de coordenadas que indicam os caminhos
abertos e os caminhos fechados de um falar compreensível numa comunidade; a
norma, em troca, é um sistema de realizações obrigatórias, consagradas social e
culturalmente: não corresponde ao que se pode dizer, mas ao que já se disse e
tradicionalmente se diz na comunidade considerada. O sistema abrange as formas
ideais de realização duma ngua […] a norma, em troca, corresponde à fixação da
língua em moldes tradicionais; e neste sentido, precisamente, a norma representa a
todo momento o equilíbrio sincrônico (externo e interno) do sistema.
6
Cabe à Sociolinguística estudar essas possibilidades de realização da língua,
destacando os tipos de variação, tentando estabelecer correlações entre variáveis, fenômenos
linguísticos, norma e história social.
1.3. S
OCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística é a ciência que estuda a língua da perspectiva de sua estreita
ligação com a sociedade em que se origina. Se para certas vertentes da linguística, é possível
estudar a língua de forma autônoma, como entidade abstrata e independente de fatores sociais,
para a Sociolinguística, a língua existe enquanto interação social, criando-se e transformando-
se em função do contexto sócio-histórico.
Desenvolvida em grande parte por William Labov (1969, 1972, 1983), a
sociolinguística permitiu o estudo científico de fatos linguísticos excluídos, até então, do
campo dos estudos da linguagem, devido a sua diversidade e consequente dificuldade de
apreensão. Através de pesquisas de campo, a sociolinguística - inspirada no método
sociológico - registra, descreve e analisa sistematicamente diferentes falares, elegendo, assim,
a variedade linguística como seu objeto de estudo.
5
Cf. COSERIU, 1979, p. 74
6
Idem, p. 50.
24
Podemos afirmar que qualquer língua falada é representada por um conjunto de
variedades. “Língua e variação o insepaveis: a Sociolingstica encara a diversidade linguística
não como um problema, mas como uma qualidade constituída do femeno linguístico.
7
Sob dois pontos de vista, basicamente, realiza-se a pesquisa sociolinguística
laboviana: diacrônico e sincrônico. Do ponto de vista diacrônico (histórico), o pesquisador
estabelece ao menos dois momentos sucessivos de uma determinada língua, descrevendo-os e
distinguindo as variantes em desuso. Do ponto de vista sincrônico (mesmo plano temporal), o
pesquisador pode abordar seu objeto a partir de três pontos de vista: geográfico (ou diatópico),
social (ou diastrático) e estilístico (contextual ou diafásico).
Uma vez que a sociolinguística se ocupa do estudo de um tipo de variação
linguística, aquele que está dependente da dinâmica social, é frequente a sobreposição do seu
objeto de estudo com o de outras disciplinas, que também se ocupam da variação linguística,
ainda que em outros níveis, como é caso da dialetologia, da etnolinguística, da lexicologia.
1.4.
L
ÉXICO
:
NOMEAÇÃO E INTERAÇÃO SOCIAL
Oxico pode ser definido como o acervo de palavras de um determinado idioma, ou
seja, é todo o conjunto de palavras que as pessoas de uma determinada línguam à sua
disposição para expressar-se, oralmente ou por escrito. Por estar relacionado diretamente à vida
do homem, nomeando sua realidade, traduz o conhecimento que o ser humano vai adquirindo ao
longo de sua vida – sua perceão dos símbolos, valores, costumes; enfim, toda a prática inerente
à sua rotina e, por isso, pode ser considerado como o patrimônio vocabular de uma comunidade
linguística através de sua história, um acervo que é transmitido de geração para geração.
Esse inventário aberto de palavras disponíveis no idioma caracteriza-se pela
seleção e pelos empregos pessoais que o homem faz do léxico. Quanto maior for o
vocabulário do usuário, maior a possibilidade de escolha da palavra mais adequada ao seu
intento expressivo. Afirma Biderman (1998, p. 15) que,
no mundo contemporâneo, sobretudo, está ocorrendo um crescimento geométrico do
léxico português e das línguas modernas de modo geral, em virtude do gigantesco
progresso técnico e científico, da rapidez das mudanças sociais provocadas pela
frequência e intensidade das comunicações e da progressiva integração das culturas
e dos povos, bem como da atuação dos meios de comunicação de massa e das
telecomunicações.
7
Cf. ALKMIN, 2003, p.33.
25
Nessa perspectiva, a palavra se o instrumento linguístico que possibilitará a
interação entre falantes e, como unidade léxica
8
, permitirá o registro de mbolos, a noção de
espaço e cultura que detém a comunidade desse falante. Será a palavra também responsável
pelo contato desse grupo por possibilitar a comunicação, descrever fatos, nomear pessoas,
lugares e objetos, denunciar e enunciar acontecimentos e, essencialmente, testemunhar o ser
humano nas suas nomeações e intervenções ao longo do tempo.
Como afirmamos, língua, sociedade e cultura mantêm, sempre, vínculos
estreitos, o que implica em uma não homogeneidade linguística, que muitos fatores como a
diversidade geográfica e o processo de povoamento influenciam culturalmente a sociedade,
formando e agrupando comunidades linguísticas menores.
Refletindo sobre o “caldeirão étnico”, ou sobre a formação da sociedade
brasileira, na extensão territorial do Brasil e na influência que isso pode exercer sobre a
língua, pontua Isquerdo (1998, p. 225):
Fatores como a vasta extensão territorial do País e a grande complexidade de etnias,
de culturas e de línguas, de cuja soma e integração resultou a formação cultural e
linguística do povo brasileiro, todas as iniciativas de investigação e estudos no
domínio da língua materna m se mostrado ainda insuficientes frente à gama de
dados a serem levantados e estudados em todos os níveis de descrição linguística..
A língua, na sua expressividade, assume formas orais e escritas específicas
segundo o local, os habitantes e a situação de seu uso. Em cada ambiente, as palavras moldam
e são moldadas pelo discurso, perpassam o tempo, tornam-se “coletivas e anônimas”
9
,
caracterizando as diferentes comunidades linguísticas e, consequentemente, as sociedades.
Acrescenta Vilela
10
“se a língua é um elemento aglutinador da sociedade e da comunidade
comunidade linguística é também um dos seus produtos mais genuínos. Sociedade e língua
estão constantemente a intrometer-se uma com a outra, a marcarem-se sem se demarcar.” E é
no léxico que essas “marcações” são mais evidentes.
O léxico é dinâmico porque está atrelado à sociedade evolui e sofre variações e
mudanças em função da língua e da sociedade que a detém. É variável e mutável, tendo,
muitas vezes, sua forma “desgastada”, dado o fato de se encontrar sempre em constante uso.
Contudo, nem sempre percebemos tal fato, que sincronicamente não
conseguimos notar que palavras se tornam arcaicas, que outras são incorporadas, ou, ainda,
8
Cf. BIDERMAN, 2001, p. 99.
9
Cf. PIGLIA, 1991, p. 60.
10
VILELA, 1997, p.40.
26
que outras mudam seu sentido. O certo é que tudo isso ocorre de forma gradual, lenta e, por
isso, quase imperceptível.
É comum, também, em uma comunidade linguística, encontrar palavras que
estiveram em uso em épocas remotas e que, por razões diversas, permanecem nos dias atuais.
Esse fenômeno, conhecido como retenção linguística, leva-nos muitas vezes a um léxico
fossilizado, como o topônimo Gualacho, estudado por Seabra (2004, p. 325):
Gualacho parece ser um destes fósseis. Encravado em uma região que foi
“vasculhada” por sertanistas e portugueses, este topônimo vem se perpetuando na
zona do Carmo, através dos séculos e estendendo o seu nome a campos, fazendas e
lugarejos em entorno. A sua origem não é clara, pois se revela apenas nos vestígios
que deixou em nomes de lugares.
Segundo Seabra (op. cit.), a falta de registro das povoações anteriores, ou pré-
colombianas, ocasiona obstáculos para o rastreamento da trajetória de um léxico
fossilizado que se relacionou, com certeza, a um processo de nomeação motivado
por uma realidade hoje desconhecida.
Assim como a variação e a mudança, o fenômeno de retenção linguística exige um
olhar atento do pesquisador e não deve ser desprezado, que traduz a realidade de peodos
linguísticos pretéritos, incorporando fatos, culturas, decorrentes de interações sociais já extintas.
Entender, pois, a unidade léxica é fundamental para depreender a verdadeira
importância da palavra e do seu uso em diferentes sociedades.
1.5. A
S CIÊNCIAS DO LÉXICO
As ciências do léxico Lexicologia, Lexicografia e Terminologia m como
objeto de estudo a unidade básica da palavra e sua estrutura semântica: a Lexicologia estuda a
unidade lexical em seus aspectos formais e significativos; a Lexicografia trata das diferentes
formas de organização das palavras em dicionários; a Terminologia tem como objeto de
pesquisa o termo, ou seja, a palavra de uma área especializada, e também os modos de
organização dos termos em obras terminográficas.
Como o termo não é nosso objeto de estudo, nessa dissertação daremos enfoque
somente a duas dessas três áreas à Lexicologia e à Lexicografia. Essas duas disciplinas, de
modos distintos, têm como objeto de estudo a palavra ambas têm como principal finalidade
a descrição do léxico.
27
Para Krieger,
11
não sistema linguístico sem xico, e, consequentemente, não possibilidade de
vida em sociedade e tampouco de desenvolvimento humano. Assim sendo, é
importante oferecermos resultados, concretizados em produtos de informação sobre
aspectos da língua que, mais do que simples interesses, responderiam a necessidades
de consulta das sociedades, favorecendo a ampliação de uma consciência coletiva a
respeito de nosso potencial.
1.5.1. Lexicologia
A Lexicologia estuda a palavra e a sua estrutura semântica. Segundo Barbosa
12
,
Pode-se dizer que a lexicologia é o estudo cientifico do léxico, isto é, propõe-se a
estudar o universo de todas as palavras de uma ngua, vistas em sua estruturação,
funcionamento e mudança, cabendo-lhe, entre outras tarefas: definir conjuntos e
subconjuntos lexicais, examinar as relações do léxico de uma língua com o universo
natural, social e cultural; conceituar e delimitar a unidade lexical de base a lexia
bem como elaborar os modelos teóricos subjacentes às suas diferentes
denominações; abordar a palavra como um instrumento de construção e detecção de
uma “visão de mundo”, de uma ideologia, de um sistema de valores, como geradora
e reflexo de sistemas culturais; analisar e descrever as relações entre a expressão e o
conteúdo das palavras e os fenômenos daí decorrentes.
São palavras de Haensch (1982, p. 93, T.N.): “chamaremos ‘lexicologia’ à
descrição do léxico que se ocupa das estruturas e regularidades dentro da totalidade do léxico
de um sistema individual ou de um sistema coletivo
13
.” Dado seu caráter social, Georges
Matoré, nos seus estudos em Lexicologia Social, sugere o estudo da palavra como parte de
uma estrutura. Considera que,
não estando isolada, a palavra não pode dissociar-se em nenhum caso o grupo a que
pertence. As palavras no interior do grupo não têm todas o mesmo valor: constituem
uma estrutura hierarquizada. Esta estrutura é móvel; os movimentos a que obedecem
as palavras e os grupos de palavras têm uma maneira correlativa: um vocabulário é
um todo como a época que ele representa.
14
11
KRIEGER, 2008, p.161-175.
12
BARBOSA apud SEABRA, 2004, p. 36.
13
HAENSCH, 1982, p. 93. “llamaremos ‘lexicología’ a la descripción del xico que se ocupa de las estructuras
y regularidades dentro de la totalidad del léxico de un sistema individual o de un sistema colectivo.”
14
MATORÉ apud VIDOS, Disponível em: <http://www.filologia.org.br/pereira/textos/Vidos_vol_1.pdf>.
Acesso em: 30 abr. 2010. (p. 73, nota de rodapé).
28
Para Biderman
15
,
É a partir da palavra que as entidades da realidade podem ser identificadas e
nomeadas pelos seres humanos. A designação e a nomeação dessas realidades cria
um universo significativo revelado pela linguagem. A atividade de nomear resulta
do processo de categorização. Por sua vez, a categorização fundamenta-se na
capacidade de discriminação de traços distintivos entre os referentes percebidos ou
apreendidos pelo aparato sensitivo e cognitivo do homem. A esse processo segue-se
o ato de nomear. Por essa razão a categorização é o processo em que se baseia a
semântica de uma língua natural, por meio do qual o homem desenvolveu a
capacidade de associar palavras a conceitos.
A palavra, segundo a autora,
16
é uma “realidade dotada de poder”, “instituidora do
universo”, “vínculo de essência entre o nome e a coisa”. Ressalte-se que o homem é o
provedor desse vínculo e é com ele, especificamente, que se consegue adquirir expressão e
voz em uma sociedade.
A palavra revela vivências do seu usuário, expressa saberes linguísticos,
extralinguísticos e sócio-culturais, verbaliza aspectos geográficos e sicos, e, sobretudo, relata
fatos corriqueiros permitindo, dessa forma, que haja no jogo interlocutório, intermbio de
saberes e oportunidade de veicular dados adquiridos, retendo-os e/ou repassando-os conforme a
época, o momento e a sociedade à qual se encontra vinculada. Biderman
17
ressalta que
a linguagem surge com a palavra instituidora que abre ao ser o espaço para ele se
manifestar. Todas as culturas nascem de uma palavra criadora […] O que nós
homens somos e o que sabemos nasce dessa revelação primordial da palavra
criadora, do gesto divino de dizer.
A palavra, em geral, abrange o universo humano nas suas limitações, provoca a
prática discursiva e nominativa e expõe, no âmbito científico, suas complexidades. Ainda que
complexa, ajudará o indivíduo a compreender seu espaço e alhures por deter em sua estrutura
semântica elementos que revelam a linguagem e a sociedade. Para Isquerdo e Krieger
18
a palavra sempre foi mensageira de valores pessoais e sociais que traduzem a visão
de mundo do homem enquanto ser social; valendo-se dela o homem nomeia e
caracteriza o mundo que o rodeia, exerce seu poder sobre o universo natural e
antropocultural, registra e perpetua a cultura. Assim o léxico como repertório de
palavras das línguas naturais traduz o pensamento das diferentes sociedades no
decurso da história, razão por que estudar o léxico implica também resgatar a
cultura.
Em vista disso, acreditamos ser bastante produtivo, estudos lexicológicos que
levam em conta o aspecto social de uma comunidade
.
15
BIDERMAN. Artigo disponível em <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252006000200014
&script=sci_arttext.>.
16
Idem, 1998, p. 81.
17
BIDERMAN, 1998, p. 81.
18
ISQUERDO; KRIEGER, 2004, p.11.
29
1.5.2. Lexicografia
A Lexicografia consiste no estudo e na técnica de elaborar dicionários. O
dicionário tem como função essencial registrar, de forma geral, o léxico ou as palavras de uma
língua e assim tornar-se instrumento de consulta e referência dessa língua. De acordo com
Krieger & Finatto (2004, p. 47), “o denominado dicionário geral de língua consiste na
referência primeira do fazer lexicográfico na diversificada tipologia de obras dicionarísticas”.
Arte antiga de inventariar palavras e significados, a lexicografia como disciplina
linguística tem sido objeto de estudo na linguística contemporânea e tem se valido, cada vez
mais, dos ensinamentos da lexicologia. É o que nos dizem Krieger & Finatto (2004, p 48):
A lexicologia contribui muito para a tarefa lexicográfica, que não é pequena e
tampouco se reduz a uma atividade compilatória. Ao contrário, é um
empreendimento imenso, devendo o dicionarista realizar uma intensa pesquisa para
constituir a nomenclatura geral da obra, bem como chegar à estruturação dos
verbetes. Necessita buscar as unidades lexicais e analisar sua frequência no interior
dos discursos individuais e coletivos, do presente e do passado, para depois adentrar
no mundo da significação. E, então, aprender os valores significativos nucleares e
virtuais, explicitando-os por meio da definição, uma difícil e complexa equação
semântica, e construir a rede de acepções que uma mesma palavra pode comportar,
quando se realiza polissemicamente.
O crescente número de trabalhos elaborados com base em diferentes corpora
tem mostrado como, no mundo contemporâneo, essa ciência do léxico vem se expandindo.
Tal fato nos leva a concluir que “a crescente interface com a linguística de corpus é também
comprobatória da cientificidade que a lexicografia é capaz de alcançar.”
19
Trabalhar um
corpus elaborado com dados reais de língua reitera o uso que será feito da obra e,
seguramente, seu reconhecimento e valorização pelo grupo ou pela sociedade local.
Para a lexicografia contemporânea, qualquer que seja a proposta de estudo
lexicográfico, deve-se ficar atento a uma metodologia satisfatória, a uma proposta de macro e
microestrutura que dê conta do labor pretendido.
Conforme Welker (2004, p. 81), a macroestrutura “refere-se à maneira como o
conjunto de entradas é organizado nos diversos dicionários”, isto é, diz respeito à ordenação e
ao tratamento que se pretende dar aos verbetes, à sua disposição na obra, ao corpo do texto.
Sobre a microestrutura, maneira como cada verbete se organiza, discorre Sousa:
20
19
KRIEGER, 2006, p. 171.
20
José Martinez de Sousa. Diccionario de Lexicografia Práctica. Barcelona: Biblograf s/a,1995. (pág. 275)
Conjunto de informaciones ordenadas que en el artículo lexicográfico siguen a la entrada […]. La
microestructura afecta al artículo como unidad de estructuración del contenido léxico y a la descripción
lingüística, la colocación, disposición y separación de las acepciones, la disposición de los sintagmas y de la
fraseología, las subentradas, la separación entre los artículos, etc.
30
Conjunto de informações ordenadas que constitui a entrada do elemento
lexicográfico […]. A microestrutura estuda o verbete como unidade de estrutura de
conteúdo léxico e descrição linguística, trata a colocação, disposição e separação
das acepções, a disposição dos sintagmas e da fraseologia, as sub entradas, a
separação entre os seus elementos, etc.
Para Antunes e Mendes
21
“dados mais específicos constituem a microestrutura
da obra”, ou seja, informações que devem ser levadas em conta no “tratamento
lexicográfico” que se a um dicionário, glossário ou vocabulário, dentre essas não se pode
esquecer do fato de que “a relação entre ngua, cultura e sociedade é um dado significativo
para uma análise mais completa do fenômeno linguístico”.
Como já afirmamos, a seleção de palavras usadas em uma dada comunidade
revelam parte de sua identidade e de sua cultura, por isso quando propomos realizar um
estudo lexicológico de cunho social, a lexicografia torna-se uma grande aliada ao categorizar
esse léxico. De acordo com Haensch (1982, p. 19), “a lexicografia está baseada
fundamentalmente na comunicação que parte do valor intrínseco do vocabulário no processo
comunicacional, dos modos de uso e das situações de uso de uma unidade léxica dentro de
uma coletividade linguística
22
.”(TN) A prática lexicográfica está, portanto, diretamente
relacionada à prática linguística – à palavra como portadora de sentido.
1.6.
O
NOMÁSTICA
Integrando-se à lexicologia, a ciência onomástica contempla duas áreas de estudo:
a) a Antroponímia – disciplina que tem como objeto de estudo os nomes próprios individuais,
os nomes parentais ou sobrenomes e as alcunhas ou apelidos; b) a Toponímia disciplina que
tem como objeto de estudo a investigação do léxico toponímico, através da pesquisa dos
nomes próprios de lugares. Para Dick (1990, p. 178),
enquanto os topônimos definem e precisam os contornos de qualquer paisagem
terrestre, os antropônimos se referem, com exclusividade, à distinção dos indivíduos
entre si, no conjunto dos agrupamentos sociais, ao mesmo tempo que permitem e
possibilitam aos núcleos assim constituídos a aquisição de uma personalidade
vivenciada através da nominação de seus membros.
Toponímia e Antroponímia são, portanto, descritas por Dick
23
como “duas faces
de um mesmo rosto maior ou corpo maior, a Onomástica.”
21
ANTUNES, C. MENDES, M. T., 2008, p. 68.
22
HAENSCH, 1982, p. 19 “Un punto importante lo constituye la idea de una lexicografía basada
fundamentalmente en la comunicación y que parte del valor intrínseco del vocabulario en el proceso de la
comunicación, de los modos de uso y de las situaciones de uso de una unidad xica dentro de una colectividad
linguística.”
23
DICK apud CARVALHO, 2010, p. 20.
31
Demonstra essa mesma autora (1990, p. 19) que essas duas áreas se constituem
em campos semânticos de dimensões variáveis da Onomástica pessoa e lugar mas têm na
mesma uma relação de inclusão, uma vez que se encontram no onoma, em uma área de
intersecção, conforme se vê na figura mostrada a seguir:
TA
T= Toponímia
A= Antroponímia
TA= Intersecção
FIGURA 1
Onomástica.
Fonte: DICK, apud SEABRA, 2004, p. 38.
Para Dick, à Onostica interessa o nome distinto da palavra , pois se pressupõe
um nomeador e um nomeado, uma representação externa à qual ele se une: “o nomeador (sujeito,
emissor ou enunciador), o objeto nomeado (o espaço e suas subdivies conceptuais, que
incorpora a função referencial e sobre o qual recairá aão de nomear), o receptor (ou o
enunciatário, que recebe os efeitos da nomeação, na qualidade de sujeito passivo)
24
.
Essa linguísta ainda ressalta que as conceituações teóricas acerca da Toponímia e
da Antroponímia, ultrapassam em muito essas definições, pois, mais que um signo linguístico,
essas áreas detêm “verdadeiros registros do cotidiano, manifestado nas atitudes e posturas
sociais que, em certas circunstâncias, a não ser através deles, escaparia às gerações futuras.”
25
O estudo da onomástica seja através da Toponímia ou da Antroponímia
constitui, portanto, um excelente meio para tomarmos conhecimento dos usos e costumes dos
povos, do modus vivendi das comunidades linguísticas que ocuparam um determinado espaço:
24
DICK apud SEABRA, 2008, p. 1954.
25
DICK, 1990, p. 178.
32
Capazes, assim de preservar a memória coletiva, principalmente nas sociedades
ágrafas, onde sua importância é mais notável pela ausência de outras fontes de
análise, podem ser definidos como um outro modo de “simbolização da verdade”
26
O homem, como participante principal desse desenvolvimento, atua como
personagem, produzindo, elaborando, expressando, fomentando a produção linguística
cultural de um grupo, conscientemente ou não. Essa atividade linguístico-cultural
“padronizada enseja a elaboração de ‘campos conceituais’, correlatos, ilustrativos dessa
realidade objeto.”
27
Como nossa proposta nesta pesquisa é estudar o léxico toponímico do
município mineiro de Diamantina, daremos aqui enfoque à Toponímia dentro do universo da
ciência Onomástica.
1.7.
T
OPONÍMIA
Derivada dos termos de origem grega τόπος (tópos), lugar, e νοµα (ónoma),
nome, literalmente, o nome de um lugar, a Toponímia é uma disciplina linguística de caráter
científico que faz interface, principalmente, com a história, com a arqueologia, antropologia e
com a geografia.
Além de estudar os nomes de localidades (cidades, vilas, municípios, províncias,
países etc.), a Toponímia se ocupa dos nomes de rios e de outros cursos de água; dos nomes
dos montes e de outros relevos; enfim, estuda todos os nomes de lugares, sejam eles de
natureza física ou humana.
Na maior parte das vezes, esse nome é marcado ideologicamente por retratar a
visão do denominador em tempo e espaço determinados. Nesse caso, o uso da língua
ultrapassa a mera função nomenclatória; ela reflete o modo de viver de uma cultura e a
maneira de ela representar os seus valores.
Dentro dessa perspectiva, os estudos toponímicos levam à reflexão sobre a noção
de pertencimento. O povo tem consciência do seu espaço e nele se estabelece usando-o com
propriedade. O topônimo torna-se também propriedade desse grupo. Coromines (1965, p. 7)
defende que o topônimo é parte da herança de um grupo e como tal se constitui patrimônio
imaterial que deverá ser conservado e cuidado. Observa
26
DICK, 1990, p. 178.
27
Idem, p. 30.
33
O estudo dos nomes de lugar é uma das coisas que mais tem despertado a curiosidade dos
pesquisadores e dos leigos em geral. É natural que isso ocorra. Esses nomes constituem a
herança da qual somos proprietários, assim como a montanha que limita nosso horizonte,
ou o rio de onde tiramos água para irrigar, ou o povo, ou a cidade que nos viu nascer e que
amamos mais que qualquer outra, ou a região, o país ou o estado onde ocorre nossa vida
coletiva. Pode-se pensar por que o homem, um ser racional, se pergunta o porquê de todas
as coisas que e que sente não se perguntaria sobre o porquê desses nomes que todo
mundo tem frequentemente nos bios
28
FOTO 2: Comunidade
Fonte: Geraldo dos Anjos
Sobre a interdisciplinaridade que a toponímia propicia, Lillo (2002, p. 13) afirma
que “por um lado, isso é algo positivo porque a toponímia, ao se relacionar com outras
disciplinas, as complementa, ao mesmo tempo em que as tem como complemento”. Logo a
toponímia atua como suporte linguístico, pois é capaz de testemunhar o passado. Por outro
lado, Lillo aponta “o perigo em transformar a toponímia na “ciência da adivinhação”, quando
28
COROMINES, J. Estudis de toponímia catalana. Barcelona: Barcino, 1965 (v.2, p.7) El estudio de los
nombres de lugar es una de las cosas que más ha desvelado la curiosidad de los eruditos e incluso la del pueblo
en general. Es natural que sea así. Estos nombres se aplican a la heredad de la que somos propietarios, o a la
montaña que limita nuestro horizonte, o al río de donde extraemos el agua para el riego, o al pueblo o la ciudad
que nos ha visto nacer y que amamos por encima de cualquier otra, o a la comarca, el país o el estado donde está
enmarcada nuestra vida colectiva. ¿Puede pensarse que el hombre, que desde que tiene uso de razón se pregunta
el porqué de todas las cosas que ve y que siente, no se preguntaría sobre el porqué de estos nombres que todo el
mundo tiene continuamente en los labios”
34
o pesquisador, ao estudar os topônimos, volta-se somente para os significados dos nomes,
suas hipóteses e, às vezes, até em “fantásticos inventos”. Daí a importância de buscar entender
a origem e as motivações que levaram ao nome, resgatando assim o sentido desse nome; do
trabalho de campo, da necessidade da coleta e organização dos topônimos e da elaboração de
um acervo. Em relação a criar um acervo pode-se afirmar que este colaborará muito para as
gerações futuras. Conforme Dorion (1984, p.103),
Recordemos em primeiro lugar que a toponímia, do mesmo modo que outras
ciências humanas, se situa em uma dupla dimensão: a do espaço (denominada
também ‘função toponímica’) e a do tempo (a ‘memória toponímica’). Em
consequência, a toponímia tem uma relação essencial com a geografia (os nomes de
lugar constituem o vocabulário próprio dessa ciência) e com a história (entendendo
que os nomes são testemunho através do tempo, de uma forma determinada de
relação entre o homem e o lugar). Por outro lado o nome de lugar é um signo
linguístico e, como tal, interessa a semiologia. Assim mesmo é a expressão da
percepção de um comportamento, pelo que implica a psicologia - sobretudo a
psicologia social. Finalmente, a análise morfológica ou semântica do nome, tanto em
sua origem como em sua evolução posterior são objeto de estudo da linguística e da
psicolinguística, enquanto que a análise sintética ou sinóptica de grandes
contingentes de nomes fica para o campo da sociolinguística e pode desembocar nos
estudos propriamente sociológicos
29
.
Para Lillo (2002, p.13), as “peculiaridades linguísticas superposição de
camadas linguísticas, deformação fonética – refletem os resultados das invasões de sucessivos
povos que habitaram o lugar, das colonizações, ou seja, reflete parte da história da formação
de determinado grupo” Tal fato é muito importante para compreender o contexto no qual o
topônimo foi criado e entendendo isso se aprende mais da formação humana e linguística.
Dauzat (1926, p. 7) corrobora essa assertiva quando diz que “a toponímia, conjugada com a
história, indica ou revela os movimentos antigos dos povos, as migrações, as áreas de
colonização, as regiões onde um determinado grupo linguístico deixou suas marcas.
30
” Enfim,
é papel da toponímia conforme Rostaing (1961, p.7) “investigar a significação e a origem dos
29
DORION, H. Les relations entre la toponymie et les autres sciences humaines. 450 ans de noms de lieux
français en Amérique du Nord. Actes du Premier Congrès International sur la Toponymie Française de
l’Amerique du Nord (11-15 juillet de 1984). In. Les Publications du Québec. Québec. P. 103-108, 1986.
“Recordemos en primer lugar que la toponimia, del mismo modo que numerosas ciencias humanas, se inscribe
en una doble dimensión: la del espacio (denominada también ‘función toponímica’) y la del tiempo (la ‘memoria
toponímica’). En consecuencia, la toponimia tiene una relación esencial con la geografía (los nombres de lugar
constituyen el vocabulario propio de esta ciencia) y con la historia (puesto que los nombres son el testimonio, a
través del tiempo, de una forma determinada de relación entre el hombre y el lugar). Por otro lado el nombre de
lugar es un signo lingüístico y, como tal, interesa a la semiología. Asimismo es la expresión de la percepción de
un comportamiento, por lo que implica a la psicología -sobretodo a la psicología social. Finalmente, el análisis
morfológico o semántico del nombre, tanto en su origen como en su evolución posterior son objeto de estudio de
la lingüística y de la psicolingüística, mientras que el análisis sintético o sinóptico de grandes contingentes de
nombres queda para el campo de la sociolingüística y puede desembocar en estudios propiamente sociológicos”
(Dorion, 1984, p. 103).
30
DAUZAT, 1926, p. 7. “La toponymie, conjuguée avec l’histoire, indique ou precise les mouvements anciens
des peoples, les migrations, les aires de colonization, les régions où ”
35
nomes de lugares e também de estudar suas transformações
31
(tradução nossa), embora tal
tarefa seja, muitas vezes, difícil e bastante árdua, já que a motivação que levou o denominador
a nomear um determinado local encontra-se, com o passar dos anos, opaca.
Sobre esse tema discorre Seabra
32
:
A manutenção ou o apagamento do significado de topônimos leva-nos a refletir
sobre a organização informativa que os cerca. Sabemos que a referência não suscita
apenas problemas de sistemática e classificação as relações são muito mais
complexas do que uma relação biunívoca entre palavra e referente mas também
questões históricas e culturais, uma vez que no universo dos nomes de lugares
encontramos registros de um passado, de interesses e visão de mundo comuns de um
determinado povo. Por isso julgamos que falar de referência em Onomástica implica
falar em cultura, história e rede social.
De acordo com Ullmann (1964), todas as nguas contêm certas palavras
arbitrárias ou opacas, sem qualquer conexão entre som e sentido, e outras que, pelo menos em
certo grau, são motivadas e transparentes. No primeiro caso, o som é verdadeiramente o eco
de sentido: “o próprio referente é uma experiência acústica, mais ou menos rigorosamente
imitada pela estrutura fonética da palavra”
33
. No segundo, a carga semântica das palavras
pode modificar-se com a variação das leis internas no sistema linguístico e com as noções
próprias da realidade cultural que às palavras compete designar. Quanto às motivadas ressalte-
se que a motivação se relaciona aos sons, a estrutura morfológica e semântica da palavra.
Desse modo, podemos afirmar que compreender e descrever a linguagem supõe
não somente dar conta da competência do falante em geral, mas do uso concreto que o mesmo
faz em determinadas situações comunicativas.
1.7.
1.
Pesquisa toponímica
Como corpo disciplinar, o estudo toponímico foi iniciado na França, por volta de
1878. Teve como precursores August Longnon (1844-1911) que o inseriu pela primeira vez
nos seus estudos realizados na École Pratique des Hautes-Étudies e no Collège de France. A
obra Les noms de lieu de la France
34
, de sua autoria, foi publicada pelos seus alunos em 1912
e é relevante fonte de estudos sobre o tema. Com a morte de Longnon, Albert Dauzat (1877-
1955) retomou os estudos onomásticos, publicou Chronique de toponymie e, em 1938,
organizou o I Congresso Internacional de Toponímia e Antroponímia, que contou com a
31
ROSTAING, 1961, p.7 “rechercher la signification el l’origine des noms de lieux et aussi leurs
transformations”
32
SEABRA, 2006, p. 1957.
33
ULLMANN, 1964, p. 177.
34
Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=2iLxBp1TgboC&printsec=frontcover&source=gbs_v2_
summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em: abr. 2010.
36
participação de 21 países e teve como objetivo discussões práticas e metodológicas da
toponímia. Dauzat escreveu importantes obras defendendo que
esta ciência […] nos mostra como foi denominado, de acordo com a época e o meio
as vilas e os povos, as propriedades e os campos, os rios e as montanhas. Em suma,
nos permite compreender melhor a alma popular, suas tendências místicas ou
realistas, seus definitivos meios de expressão.
35
A escola francesa foi, portanto, responsável pela sistematização da
teoria toponímica.
Os seguidores de Dauzat criaram em 1960 a Société Française d’Onomastique
(NRO) que visava a favorecer o avanço da ciência no campo dos estudos toponímicos e
antroponímicos, coordenar os trabalhos de especialistas da área e construir um acervo dos
nomes próprios de lugares e de pessoas da França. Assim a pesquisa foi ampliada e
fortalecida. Em 1985 a Commision Nationale de Toponymie (CNT
36
), constituída por
estudiosos e especialistas da área, assim como o grupo anterior, foi fundada para colaborar
com a manutenção dos trabalhos, a conservação e o desenvolvimento dos estudos
toponímicos. O grupo atua ativamente propondo encontros, discussões e debates. Os seus
integrantes mantêm fortes relações com estudiosos da França, Quebec e outras regiões.
Na Espanha, existem muitos estudos que tratam as regiões. Ramón Menéndez
Pidal (1869-1968) filólogo, historiador, folclorista, estudioso do período medieval, criador da
Escuela Filológica Española e fundador da Revista de Filología Española colaborou com os
estudos toponímicos ao publicar a obra Toponímia prerrománica hispana, em 1953, e o artigo
Vocalismo en la toponímia ibérica. Francisco Rodriguez Adrados contribui com os seus
trabalhos La toponímia y el problema de las Ursprachen
37
(1969), Topônimos griegos en
Ibéria y Tartessos
38
(2000). Outro estudioso dessa ciência foi o lexicógrafo Joan Coromines
Vigneaux (1905 - 1997) que publicou Onomasticon Cataloniæ (1994), uma recompilação
etimológica de topônimos do âmbito do falante catalão, construída a partir de entrevistas
orais, projeto único na Europa e se divide em oito volumes, sendo que o oitavo foi publicado
após sua morte.
35
DAUZAT, 1971, p. 9. “esta ciencia […] nos enseña cómo se han designado, según las épocas y los medios las
villas y los pueblos, las propiedades y los campos, los ríos y las montañas. En suma, nos permite comprender
mejor el alma popular, sus tendencias místicas o realistas, sus medios de expresión en definitiva.”
36
Disponível em http://www.cnig.gouv.fr/Front/docs/cms/plaquette-presentation-cnt_124043926114018400.pdf,
Acesso em: abr. 2010.
37
ADRADOS, 1969, p. 209-219.
38
ADRADOS, 2000. v. 68, p. 1-18.
37
várias obras que relatam a toponímia das províncias espanholas, tais como as
de Antonio Llorente: Los topônimos españoles y su significado, publicado em Salamanca em
1990; José Ramón Morala: Objetivos y métodos en el estúdio de la toponímia
39
, em Burgos,
1994; Maximiano Trapero: com Para una teoría linguistica de la toponímia (estúdio de
toponímia canaria), em Las Palmas de Gran Canária, 1995 e Javier Terrado com Metodologia
de la investigación en toponímia, em Lérida, 1999.
Na Inglaterra pode-se citar o interessante estudo Place names and geography
40
(1957), de Henry Clifford Darby (1909-1992), esse pesquisador afirma que
Devemos acentuar que a afinidade entre toponímia e geografia não é uma questão
secundaria. Um autor como Allen Mawer alertou do perigo de uma aproximação
exclusivamente filológica, e destacou a importância de ter um conhecimento direto
tanto dos nomes como dos lugares. Ele mesmo escreveu que as conclusões do
filólogo deve estar relacionada com a realidade topográfica seja através de mapas, de
comprovações documentadas ou investigações específicas. É que, frequentemente, o
conhecimento do território nos dá a chave dos significados dos nomes
41
Muitos estudos da área da geografia abarcam a toponímia. inúmeros
trabalhos a respeito do tema. Na América do Sul, há vários projetos sendo desenvolvidos com
o objetivo de coleta e estudo do topônimo. O Instituto de Investigações Linguísticas da
Universidade de Costa Rica está com os projetos A toponímia indígena de Costa Rica e Atlas
Lnguístico-etnográfico de Costa Rica, ambos idealizados por Miguel Angel Quesada
Pacheco, também autor de Dicionário Histórico de Costa Rica
42
(1995c) e Pequeno Atlas
Linguístico de Costa Rica
43
(1992a), entre outros. Além de projetos, há teses como a de Josefa
Luisa Buffa intitulada Toponímia aborigen de Entre Rios
44
(1966). Obras como as do
paraguaio Dionísio M. Gonzáles Torres: Toponímia guarani y origen e história de pueblos en
Paraguay
45
(1995), do chileno Mário Bernales Lillo: Toponímia de Valdivia (1990) e do
39
MORALA, 1994, p. 57-80.
40
DARBY, 1957, p. 387-392.
41
Ibidem. p. 390-391 “Debemos subrayar que la afinidad entre toponimia y geografía no es una cuestión
secundaria. Un autor como Allen Mawer ya alerdel peligro de una aproximación exclusivamente filológica, y
destacó la importancia de tener un conocimiento directo tanto de los nombres como de los lugares. Él mismo
escribió que las conclusiones del filólogo deben ser siempre puestas en relación con la realidad topográfica; sea a
través de mapas, de comprobaciones en directo o de encuestas específicas. Y es que, frecuentemente, el
conocimiento del territorio nos da las claves del significado de los nombres”
42
PACHECO, 1995c.
43
PACHECO, XVIII, n.2, p. 85-189, 1992a.
44
BUFFA, J. L. Toponímia aborigen de Entre Ríos. 1966. 201f Orientador: Clemente Hernando Balmori. Tese
(Doutorado) Instituto de Filología de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación, Universidad
Nacional de la Plata, Buenos Aires. A obra foi publicada e tem como referência também BUFFA, J. L.
Toponímia aborigen de Entre Rios. 2ed. Entre Rios: Editorial de Entre Rios, 1999.
45
GONZÁLES TORRES, 1995.
38
argentino Esteban Erize: Toponímia Mapuche
46
(1988) contribuem para a documentação dos
nomes de origem indígena, porque envolvem ampla região dos respectivos países.
1.7.1.1.
Pesquisas toponímicas no Brasil
No Brasil, os estudos de Toponímia iniciaram-se sob uma perspectiva
etimológica de origem indígena tupi, com Theodoro Sampaio, Padre Lemos Barbosa e outros
seguidores. Já Levy Cardoso dedicou-se ao estudo da toponímia brasílica amazônica. Nessa
obra, Toponímia Brasílica, faz menção à descrição de Theodoro Sampaio, O Tupi e a
Geografia Nacional,
pela criteriosa análise a que foram submetidos os vocábulos, pela profundeza dos
conhecimentos tupis, pela seriedade de suas investigações, para cujo resultado não
faltaram nem as leituras das crônicas antigas e das antigas relações de viagens, nem
a consulta ao elemento histórico, a fim de descobrir a verdadeira grafia primitiva dos
vocábulos, para a perfeita elucidação de seu sentido e a rigorosa determinação de
sua etimologia.
47
No meio acadêmico, entre os precursores dos estudos toponímicos, encontram-se
o Prof. Dr. Plínio Ayrosa Galvão, autor da obra Estudos Tupinológicos, de 1967, e o Prof. Dr.
Carlos Drumond, com os livros Notas gerais sobre a ocorrência da partícula tyb, do Tupi-
Guarani, na toponímia brasileira, tese de doutorado de 1944, e a Contribuição do Bororô à
toponímia brasileira, 1965. Ambos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da
Universidade de São Paulo.
Orientada pelo professor Carlos Drumond, a Profa. Dra. Maria Vicentina de Paula
do Amaral Dick (FFLCH/USP) defendeu, em 1980, a tese A motivação toponímica: Princípios
teóricos e modelos taxionômicos publicada, em 1990, sob o tulo A motivação toponímica e a
realidade brasileira (Arquivo do Estado de
o Paulo). No prefácio dessa obra, Drumond
48
relata que esse estudo é de primordial importância pela inexistência de qualquer trabalho
semelhante no Brasil “Nenhum outro estudo de toponímia do Brasil reveste-se de tantas
qualidades como este, seja do ponto de vista estrutural como científico.”
Desde essa época, Dick vem se dedicando, na Universidade de São Paulo, aos
estudos toponímicos no Brasil, publicando artigos, participando de congressos e
desenvolvendo projetos de iniciação científica e orientações em nível de mestrado e
doutorado, coordenando grupos de pesquisa, disponibilizando novas linhas temáticas como a
46
ERIZE, 1988.
47
CARDOSO apud DICK, 1990, p. 4
48
DICK, 1990a, Prefácio.
39
Toponímia urbana, de feição nitidamente interdisciplinar, e a Antroponímia, em suas
modalidades técnicas, etno-sociais grupais e motivadoras.
49
Com a criação (1984) também pioneira e a efetivação (1989) de um curso de
pós-graduação em estudos onomásticos (Toponímia e Antroponímia) visando à formação de
um corpo próprio de pesquisadores, à semelhança do que ocorre em outras instituições
européias e americanas
50
, a Profa. Maria Vicentina pôde ampliar sua área de atuação, sendo
responsável pela formação de várias gerações de toponimistas. O trabalho da professora Drª
Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick é considerado como norteador e propulsor dos
estudos toponímicos em todo Brasil. Como resultado do seu estudo teórico-metodológico,
vários trabalhos de mestrado e doutorado foram concluídos e outros estão em andamento,
dentre eles o nosso.
Liderando o Projeto ATB – Atlas Toponímico do Brasil, Dick criou um grupo de
pesquisa, que abrange várias regiões brasileiras: ATESP Atlas Toponímico do Estado de
São Paulo, coordenado pela Profa. Dra. Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick; ATEMS
Atlas Toponímico do Mato Grosso do Sul, coordenado pela Profa. Dra. Aparecida Negri
Isquerdo; ATITO Atlas Toponímico do Tocantins, coordenado pela Profa. Dra. Karylleila
dos Santos Andrade; ATEMIG Atlas Toponímico do Estado de Minas Gerais, coordenado
pela Profa. Dra. Maria Cândida Trindade Costa de Seabra.
1.7.1.1.1. Projeto ATEMIG
O Projeto ATEMIG – Atlas Toponímico do Estado de Minas Gerais, coordenado
pela Profa. Dra. Maria Cândida Trindade Costa de Seabra, em desenvolvimento na Faculdade
de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, desde março de 2005, caracteriza-se
como uma variante regional do Projeto ATB Atlas Toponímico do Brasil, e tem como
objetivos específicos:
1. Constituir um corpus com todos os topônimos presentes nas cartas geográficas do
IBGE, correspondentes aos 853 municípios mineiros;
2. Catalogar e reconhecer remanescentes lexicais na rede toponímica mineira cuja
origem remonta a nomes portugueses, africanos, indígenas, dentre outros;
3. Classificar e analisar o padrão motivador dos nomes, resultante das diversas
tendências étnicas registradas (línguas indígenas, africanas e de imigração);
4. Buscar a influência das nguas em contato no território (fenômenos gramaticais e
semânticos);
5. Cartografar os nomes dos acidentes físicos e humanos do Estado de Minas Gerais;
49
Cf. DICK. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010340141994000300059&script=sci_
arttext. Acesso em: mai. 2010.
50
idem
40
6. Construir glossários toponímicos;
7. Realizar gravações orais com o objetivo de coletar outros topônimos que não
constam na rede toponímica oficial do estado.
51
Como primeira etapa dessa pesquisa, a equipe do Projeto realizou coleta
toponímica em todas as cartas geográficas correspondentes aos 853 municípios mineiros. Em
uma segunda etapa, catalogou e classificou todos esses nomes. Atualmente, esse banco de
dados está sendo revisado, mas vem contribuindo para as pesquisas toponímicas em
realização no estado.
Orientados pela coordenadora do Projeto ATEMIG, Profa. Maria Cândida, três
dissertações de mestrado foram defendidas, até o momento, dentro do âmbito desse Projeto, a
saber: O léxico toponímico nos domínios de Dona Joaquina de Pompéu, de Joara Maria de
Campos Menezes (2009); Hidronímia da região do Rio das Velhas: de Ouro Preto ao
Sumidouro, de Letícia Rodrigues Guimarães Mendes (2009); Língua e Cultura do Norte de
Minas: a toponímia do município de Montes Claros; de Mônica Emmanuelle Ferreira de
Carvalho (2010). Outras dissertações, assim como teses de doutorado e iniciações científicas,
encontram-se em andamento.
Há que se destacar, ainda, tendo como modelo norteador a teoria toponímica
proposta por Dick, a pesquisa de doutorado da Profa. Maria Cândida intitulada A formação e
a fixação da Língua Portuguesa em Minas: a toponímia da Região do Carmo, defendida em
2004, na UFMG (inédita). Mais recentemente, orientada pela Profa. Dick, a Profa. Maria
Cândida realizou, como pesquisa de pós-doutoramento na FFLCH/USP, o trabalho
Fitotoponímia Mineira (inédito).
Sobre a região do Vale do Jequitinhonha, área em que o município de Diamantina
se encontra inserido, o Projeto ATEMIG vem realizando estudos diversos, alguns,
publicados e aqui listados:
SEABRA, M. Cândida T. C. de. Toponímia do Vale: Passado e Presente. In: SOUZA,
João Valdir A. de.; HENRIQUES, Márcio S. (orgs.). Vale do Jequitinhonha:
Formação histórica, populações e movimentos. Belo Horizonte: UFMG/Proex, 2010.
(pág. 83 a 96)
SANTOS, Márcia M. D. SEABRA, M. Cândida T. C. de. Motivação Toponímica da
Comarca do Serro Frio: Estudo dos Registros Setecentistas e Oitocentistas em Mapas
da Capitania de Minas Gerais. In: Anais do III Simpósio Luso-Brasileiro de
51
SEABRA, 2006, v. 1, p. 1945-1952.
41
Cartografia histórica. Ouro Preto: Centro de Referência em Cartografia Histórica /
UFMG, 10 a 13 de novembro de 2009.
SEABRA, M. C. T. C. Atlas Toponímico do Estado de Minas Gerais - Brasil. In: XV
Congreso Internacional de la Associación de Linguística y Filología de América
Latina, 2008, Montevideo. Libro de Resúmenes. Montevideo : Alfal, 2008. v. 1.
MENDES, T. M.; SEABRA, M. C. T. C.. Fitotoponímia de Diamantina: resultados
parciais. In: Abralin em cena, 2008, Campo Grande/MS. Anais: Abralin em cena.
Campo Grande : Idéia, 2008.
MENDES, T. M.; SEABRA, M. C. T. C. Toponimia de Diamantina: lengua, cultura y
memória. In: ALFAL 2008, 2008, Montevidéu - Uruguai. ALFAL 2008. Montevidéu -
Uruguai : ALFAL, 2008.
ANTUNES, C. A litotoponímia no Vale do Jequitinhonha. In: ILEEL 2006.
Uberlândia/MG. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/ileel/artigos/artigo_389.
pdf>. Acesso em: abr. 2010.
No próximo capítulo, abordaremos aspectos sócio-histórico-culturais do município
de Diamantina e da região do Vale do Jequitinhonha, necessários para realizar
um estudo léxico-toponímico.
FOTO 3: Pedras retiradas do garimpo Cavalo Morto, em Extração
Fonte: Disponível em: <http://www.jaster.20m.com/Museum/Other/BR-MG.html>. Acesso em: 12 Mai. 2010.
Tudo é geografia, minério, minas, de muitos rios e ais. [...] Um rio traça seu
perfil no mapa de Minas [...] O país é de pedra. O espinhaço se ergue [...] Chica
da Silva [...] João Fernandes enlouquece diante dos diamantes [...] estamos
entrando no Vale. O Pico do Itambé é nossa bússola. [...] Tejuco, Biriri,
tropeiros, garimpeiros, marujos, caboclos [...] Vale de mil truques, espelhos,
xiquexiques, goles cachaça, [...] chapadas, [...] lavras,[...] artesãos, [...]
garimpeiros [...] teares [...] música do Jequitinhonha.
Ronald Claver
43
Capítulo 2 – Contexto sócio-histórico-cultural
Estudar a região onde se localiza o município de Diamantina é perceber um
espaço marcado por práticas sociais e discursivas, onde vários fatores promoveram, desde o
período colonial, uma rede de relações, que influenciaram o ato de nomeação desse território
mineiro, refletindo aspectos sócio-históricos da conquista, dos costumes, da ocupação e da
povoação regional.
Conhecida inicialmente como Arraial do Tijuco ou Tejuco, a cidade emancipou-se
do município do Serro em 1831, passando a se chamar Diamantina por causa do grande
volume de diamantes encontrados na região, pedras que eram extraídas em grandes
quantidades pela Coroa portuguesa, desde o século XVIII, período em que ocupou lugar de
destaque na economia mineira, devido à grande quantidade de riquezas minerais retiradas de
suas águas e solo.
O município, cuja população estimada em 2004
era de 44.238 habitantes, localiza-
se na Mesorregião do Jequitinhonha, estando a sede a 298 km de distância, por rodovia da
capital mineira, Belo Horizonte. A cidade de Diamantina, considerada pela UNESCO
Patrimônio Cultural da Humanidade, está situada a uma altitude de 1.280 m, emoldurada pela
Serra dos Cristais, na região do Alto Rio Jequitinhonha.
MAPA 1 - Localização geográfica do município de Diamantina
Fonte: Disponível em: <http://www.desvendar.com/imagens/cidades/Diamantina/mapa_sp_diamantina.gif>.
44
2.1.
P
ERÍODO PRÉ
-
DIAMANTÍFERO
Sabe-se que a região onde se localiza o município de Diamantina era habitada,
outrora, por índios de várias tribos pertencentes ao tronco linguístico Makro-jê. Os Puris,
moradores da rego, tinham, segundo Spix e Martius
52
“[…] o porte baixinho, o pardo-
avermelhado da pele, o cabelo negro de carvão, solto e desgrenhado, o formato desagradável da
cara larga, angulosa e os olhos pequenos, oblíquos […] o andar de passos curtos, esquivos.”
Sobre esses povos, mais conhecidos como botocudos, ressalta José (1965, p. 32)
que eles ocuparam várias áreas do território mineiro, dentre elas apontamos o espaço tijucano,
conforme podemos visualizar no mapa a seguir:
MAPA 2 - Povos indígenas em Minas Gerais
Fonte: JOSÉ, 1956, p. 32.
Nesse registro, os panhames, pertencentes à família dos Botocudos, estão pximos
à Diamantina. Os pojichás, segundo Vasconcelos
53
, descendiam dos antigos tapuyas e viviam
longe dos brancos eram agigantados, robustos, destemidos, frecheiros, grandes corredores e
extremamente ferozes. Os Botocudos nacnenuques, pojichás, gracnuns, quejaurins, machacalis,
52
SPIX e MARTIUS, apud SANTOS, 2004, p. 86.
53
VASCONCELOS apud JOSÉ, 1965, p. 32.
45
maconis e malalis povoadores de um e outro lado dos Rios Doce, Jequitinhonha e Mucuri
receberam esse nome de Marlière (frans que se dedicou, no Brasil, aos índios) porque esses
gentios ornavam os “beiços” e as orelhas com rodelas, os botoques, que eram feitos com
madeira
54
. Acrescenta o autor, “pouco ou nada se sabe a respeito da sua origem. Aceita-se como
provável a tese de que o gentio botocudo provém do “Homem Lagossantense
”.
FOTO 4 - Botocudos
Fonte: JOSÉ, 1965, p. 17.
Desses povos, comenta José (1965, p. 11) “as tribos mineiríndias, que povoaram
as extensas regiões onde se localiza o Estado de Minas Gerais, pertenciam, com raras
exceções, ao grupo ou tapuia [...].” o autor explica em nota de página o termo “Assim
se chamavam pela numerosa ocorrência do fonema g nos vocabulários deles. Coube a Martius
assinalar o fato e adotar a denominação gê.” Conceitua também o nome tapuia que segundo
ele é de origem tupi e significa bárbaro.
Ainda nos dias de hoje, próximo às cachoeiras do município de Diamantina,
pinturas rupestres, que registram aspectos da vida cotidiana dos primitivos habitantes dessa
região, são encontradas pelos visitantes atentos e curiosos. Essas pinturas retratam imagens
típicas da natureza desses índios, reforçando o espírito de caça do grupo que ali vivia.
54
Cf. JOSÉ, 1945, p.16.
46
FOTO 5 - Pintura Rupestre no Parque do Biribiri
Fonte: Acervo pessoal
Com a chegada do homem branco, interessado, sobretudo, na extração aurífera,
vão ocorrendo, paulatinamente, a dizimação e o afastamento desses nativos da região
diamantinense. Enfatiza Oiliam José (1965, p.163)
O contato das tribos indígenas com os brancos foi […] desastroso para elas como
blocos humanos, pois, em menos de um século de miscigenação, deixaram de
existir. […] Dispersaram-se ou morreram os indígenas de Minas Gerais e os grupos
por eles formados, mas não suas influências. Saint Hilaire […] assinalava […] essa
verdade histórico-antropológica: “Já tive muitas vezes a ocasião de notar, que por
toda parte onde existiram índios, os europeus, destruindo-os, adoptaram vários de
seus costumes e lhes tomaram muitas palavras da língua.
2.1.1. Primeiros visitantes
A História registra os nomes de Francisco Bruzza de Spinosa, castelhano, e João
de Azpilcueta Navarro, basco, como os primeiros homens brancos a adentrar, nos anos 1553 e
1554, cento e sessenta anos antes do povoamento do Arraial do Tijuco, o solo hoje conhecido
como Jequitinhonha. Supostamente foram eles os primeiros a descobrir e explorar os rios
Jequitinhonha, Pardo e Rio das Velhas. Nada encontraram em suas buscas; não povoaram a
região, tampouco deram informações sobre algum outro grupo que ali vivesse que não fossem
os indígenas. Informa Estebe Ormazabal
55
55
Disponível em: <http://www.euskonews.com/0337zbk/kosmo33701es.html>, no artigo João Aspicuelta-
Navarro (1522-1557).
47
Em 1553, o Rei D. João III ordenou ao Governador Geral Tomé de Souza que
explorasse as fontes do rio São Francisco. Após ser informados de que os espanhóis
haviam encontrado ouro e esmeraldas do outro lado das Tordesilhas, encomendaram a
expedição ao castelhano Francisco Bruzza/ Bruza/ Brueza de Espinosa/ Espinhosa
o Spinosa […] O Governador Geral Tomé de Sousa solicitou a ajuda de um sacerdote
ao Padre Manuel da Nóbrega, quem comunicou ao monarca português que o escolhido
era o Padre João Azpilcueta Navarro.
56
(tradução nossa)
Sobre esses primeiros visitantes não existem muitas informações. A respeito de
Navarro sabe-se que foi um jesuíta vindo do País Basco, no norte de Espanha, muito
envolvido em sua missão de catequizar índios e tido como eficiente mediador entre a cultura
do branco e a do índio. Era reconhecido por sua capacidade de interagir rapidamente com
esses povos e obter deles certa admiração, o que é de singular importância que, conforme
Ormazabal, ele, Navarro, era falante de uma língua algo parecida com a indígena. A língua
basca ou euskera, segundo o estudioso Luis Michelena
57
, era falada a cerca de 6000 a.C., e
foi a única de todas as línguas pré-indo-européias a resistir ao processo de aculturação
linguística imposto pelo tronco indo-europeu. Ressalta Ormazabal
58
Estamos certos de que o primeiro basco que chegou ao Brasil foi João de Azpilcueta
pelo seguinte: na primeira carta que enviou a Portugal o padre brega, diretor dos
jesuítas, a poucos meses de sua chegada (abril de 1549), conta com perplexidade
como Azpilcueta, a que chamavam Navarro pela dificuldade que encontravam ao
pronunciar seu nome, tinha mais facilidade que qualquer outro para se comunicar
com os índios, e pensava que podia ser devido a uma possível semelhança entre a
língua basca (euskara) e o abanheenga ou língua tupi. Fruto desse esforço, não
tardou em ganhar a confiança dos indígenas, muitos dos quais o consideravam uma
espécie de caraíba ou pajé (“bruxo” ou sábio).
59
(tradução nossa)
56
En 1553, el Rey D. João III ordenó al Gobernador General Tomé de Souza que explorara las fuentes del río
São Francisco. Habiendo siendo informados de que los españoles habían encontrado oro y esmeraldas al otro
lado del Tordesillas, encomendaron organizar la expedición al castellano Francisco Bruzza/ Bruza/ Brueza de
Espinosa/ Espinhosa o Spinosa […] El Gobernador General Tomé de Sousa solicitó la ayuda de un sacerdote al
Padre Manuel da Nobrega, quien comunicó al monarca portugués que el elegido era el Padre João Azpilcueta
Navarro.
57
Disponível em: <http://pt.wikipédia.org/wiki/L%C3%ADngua_basca>.
58
Disponível em <http://www.euskonews.com/0337zbk/kosmo33701es.html>.
59
Tenemos la certeza de que el primer vasco que se marchó a Brasil fue João de Azpilcueta por lo siguiente: en
la primera carta que enviara a Portugal el padre Nobrega, director de los jesuitas, a los pocos meses de su llegada
(abril de 1549), cuenta con perplejidad cómo Azpilcueta, al que llamaban Navarro por lo difícil que les resultaba
pronunciar su nombre, tenía más facilidad que ningún otro para comunicarse con los indios, y pensaba que podía
ser debido a un posible parecido entre el euskara y el abanheenga o lengua tupi. Fruto de este esfuerzo, no tardó
en ganarse la confianza de los indígenas, muchos de los cuales lo consideraban una especie de caraiba o pajé
(“brujo” o sabio).
48
O primeiro documento oficial dessa visita, uma carta escrita em 24 de junho de
1555, registrou o contato entre os visitantes europeus e os nativos brasileiros. Escreve Navarro
60
No outro dia nos fomos e passamos muitos despovoados especialmente um de vinte
e três jornadas por entre uns Índios que se chamam Tapuyas, que é uma geração de
Índios bestiaes e feros; porque andam pelos bosques, como manadas de veados, nús,
com os cabellos compridos como mulheres: a sua fala é mui Barbara e elles mui
carniceiros; trazem flechas ervadas e dão cabo de um homem num momento […].
Neste ermo passamos uma serra mui grande, que ocorre do norte para o meio dia e
nella achamos rochas mui altas de pedra marmore. Desta serra nascem muitos rios
caudaes: dois delles passamos que vão sahir ao mar entre Porto Seguro e Ilheos;
chama-se um Rio Grande, e outro Rio das Orinas.”
Sobre a importância de tentar entender as línguas indígenas,
disserta Max Muller
61
:
Para o selvagem, aquele que fala a sua língua é um seu parente, portanto, seu amigo..
Assim como para o selvagem aquele que fala a sua língua ele reputa de seu sangue, e
como tal, seu amigo, assim também julga que é inimigo aquele que não a fala.
Essas palavras assinalam o motivo real pelo qual os jesuítas e outros estrangeiros
tiveram interesse em aprender, estudar e ensinar o idioma dos nativos: precisavam fazer-se
amigos, buscar aproximação e informação. Contudo, não se importaram em registrar,
conservar ou valorizar a língua dos índios.
Destaca-se, também, entre os primeiros visitantes da região, o nome de Sebastião
Fernandes Tourinho, descendente do primeiro donatário da capitania de Porto Seguro, Pêro de
Campos Tourinho, que cruza a região em 1572 e é o primeiro a voltar com esmeraldas.
Em anos posteriores, outras expedições investiram no interior do Brasil, à procura de
pedras preciosas e de ouro. Com os paulistas à frente das empreitadas exploratórias, a rego de
Minas Gerais passa a ser alvo de exploração contínua. Segundo Costa (2004, p. 41),
Durante o século XVI e em boa parte do século XVII os novos habitantes do Brasil
limitaram-se à ocupação de sua costa, com efêmeras e episódicas incursões para o
interior em busca de metais e pedras preciosas ou para o aprisionamento de índios.
Apenas no último quartel dos Seiscentos verifica-se, por parte dos paulistas, um
novo e constante rumo de suas expedições no centro-sul em direção ao sertão, ao
desconhecido.
60
NAVARRO apud JOSÉ, 1965, p. 48.
61
MAX MULLER apud CAPELLE, [s.d.], p. 187
49
2.2.
P
ERÍODO
D
IAMANTÍFERO
Em 1729, a Coroa Portuguesa é comunicada, oficialmente, sobre a descoberta dos
diamantes. Diante de tal fato, surgem os primeiros sinais efetivos de prosperidade para o
Arraial do Tijuco.
2.2.1. Os paulistas e os estrangeiros
Conforme salientamos em 2.1.1., o Tijuco recebeu em seu território, nos séculos
XVI e XVII alguns desbravadores. Esses movimentos em direção ao interior do Brasil
aumentaram, sobremaneira, no século XVIII. Nesse período, intensificaram-se as Bandeiras,
oriundas de São Vicente e, posteriormente, os grupos que integraram comissões científicas, a
cargo do governo português. Entre esses últimos, destacam-se La Condaimine, A.R. Ferreira,
Spix e Martius, Castelneau, Agassiz, Orton, Brown. Todos esses investigadores contataram
índios, uns pacificamente, outros não.
A Bandeira de Fernão Dias Pais, que esteve no local em 1673, contribuiu para a
abertura dos chamados caminhos gerais para as Minas. Nessa empreitada, os bandeirantes
contavam com a ajuda dos índios tupi, oriundos do litoral brasileiro. Segundo Capelle
62
,
O movimento das bandeiras, agentes de civilização, está relacionado com os
indígenas: uma das finalidades dos bandeirantes era capturar os índios para
escravizá-los e, um dos resultados imediatos foi a mestiçagem racial (mamelucos)
seguida da mestiçagem cultural, pelo intercâmbio de usos e costumes. Aliás, se bem
que o tupi não tenha sido a língua oficial da bandeiras, como quer Teodoro Sampaio,
ela foi no entanto responsável pela riqueza e propriedade dos numerosos topônimos
descritivos da nossa geografia.
Orientados pelo Pico do Itambé, os exploradores seguiram até a confluência dos
rios Pururuca espécie de cascalho em ngua tupi
63
e o Rio Grande, encontrando ali o
Tijuco, que significa em tupi lameiro.
64
Sabe-se que, no Tijuco, os desbravadores, sedentos de riquezas não se
intimidavam diante dos perigos existentes nas matas, das fortes correntezas e dos precipícios.
Eram determinados e usavam de intuição para alcançar seus objetivos. Nesse sentido, Santos
(1976, p. 41) diz:
62
CAPELLE, 1980, p. 180.
63
Idem, p. 1090.
64
Cf. CUNHA, 1999, p. 289.
50
Eram homens ousados e intrépidos esses aventureiros que se embrenhavam pelos
sertões das Minas em busca do ouro; de vontade firme, pertinaz, inabalável. Cegos
pela ambição arrostavam os maiores perigos; não temiam o tempo […] e mais que
tudo o indômito e vingativo índio antropófago, que lhes devorava os prisioneiros, e
disputava-lhes o terreno palmo a palmo em guerra renhida e encarniçada. […]
vinham em corpos separados, ou companhias armadas que se chamavam bandeiras.
[…] Onde se achavam? Era preciso sabê-lo para não perderem o rumo. Mas não
traziam bússola, não possuíam relógio, não conheciam as estrelas: e para quê?
Olhavam para o Itambé, que se assoberbava sobranceiro no horizonte, com seu pico
sempre coroado de vapores, como o cone gigantesco de um vulcão extinto
perfurando as nuvens: era o farol granítico dos viajantes, era o centro de um círculo
de sessenta guas de diâmetro, que podiam resolver sem receio de se extraviarem.
(Anexo 2)
Os brancos tiveram, no início, dificuldades em se estabelecer na região em estudo
por causa da presença dos índios, com os quais lutaram e aprenderam suas estratégias de
sobrevivência. Guerrearam, com vantagem, porque possuíam armas de fogo e venciam com
facilidade os inimigos bravios que, por sua vez, em fuga, sofreram migrações sucessivas.
Supõe-se que os bandeirantes se apropriaram de muitos dos costumes, da cultura e não menos
dos nomes de lugares dados por eles. Explica Santos
(1976, p. 42),
eram homens meio bárbaros, quase desprendidos da sociedade, falando a
linguagem dos índios, adotando muitos dos seus costumes, seguindo muitas de suas
crenças, admirando a sua vida e procurando imitá-los. Muitas serras, muitos rios,
muitos lugares, que conhecemos com os nomes indígenas, foram batizados por eles.
Sobre a existência de qualquer vestígio linguístico em uma região cuja cultura foi
dizimada, destaca Dick (1990b, p. 21),
Os fatos mencionados serão suficientes, por certo, para ilustrar a comparação entre
as antigas expressões toponomásticas reveladoras, por vezes, como se disse, não
apenas dos característicos típicos de uma região, firmados na nomenclatura,
descritiva ou associativamente, como também das línguas porventura faladas no
local, em épocas anteriores – e as espécies animais e vegetais fossilizadas.
Com a descoberta de diamantes, o Arraial de Tijuco, por volta de 1734, foi
transformado em Centro Político Administrativo do Distrito de Diamantino, tornando-se
exclusividade da Coroa Portuguesa. De acordo com Saint-Hilaire (2004, p. 13),
Submetido a uma administração particular, fechado não somente aos estrangeiros,
mas ainda aos nacionais, o Distrito dos Diamantes forma como que um estado à
parte, no meio do vasto Império do Brasil. Esse distrito, um dos mais elevados da
Província de Minas, está encravado na comarca do Serro Frio. […] Rochedos
sobranceiros, altas montanhas, terrenos arenosos e estéreis, irrigados por um grande
número de riachos […], eis o que se nos apresenta no Distrito dos Diamantes; e é
nesses lugares selvagens que a natureza se contenta em esconder a preciosa pedra
que constitui para Portugal a fonte de tantas riquezas. […] Por um decreto de 8 de
fevereiro de 1730, os diamantes foram declarados propriedade real.
51
Para que o fisco fosse dinamizado, em 1739 foi estabelecido o Contrato, no qual
apenas o contratador poderia explorar as jazidas diamantíferas, ampliando a exploração de
garimpeiros que extraíam as mais belas e valiosas gemas. A intervenção da coroa na
exploração dos diamantes ocorreu em 1771, com a criação de um código de leis destinado ao
distrito denominado “Regimento Diamantino”. O livro ficou popularmente conhecido como
“livro de capa verde”. O arraial acabou se transformando em “Estado dentro do Estado” e, em
1831, foi elevado à categoria de Vila. Sete anos mais tarde, assumia o nome de Diamantina.
Os reflexos da atividade mineradora no município deixaram rastros expressivos na história,
arte e arquitetura e na cultura em geral da cidade.
FOTO 6 – Sacada em Diamantina
Fonte: Geraldo dos Anjos
52
2.2.2. Os negros
Com a exploração diamantífera, um número bastante expressivo de negros passa a
integrar a população emergente de Diamantina.
2.2.2.1. Escravos
A presença dos negros no Arraial do Tijuco se deu com a descoberta aurífera e
permaneceu com o surgimento administrativo da Intendência dos Diamantes. A maioria dos
escravos que chegavam ao lugarejo vinha da Bahia - o caminho que cruzavam detinha
características semelhantes ao ambiente africano e, por isso, chegavam saudáveis. No Rio de
Janeiro eram vendidos com preços menores, mas o percurso até a região diamantífera era
nocivo a sua saúde e provocava, constantemente, sua morte. Instalados no Arraial do Tijuco,
os africanos foram submetidos à escravidão e tiveram, ininterruptamente, papel fundamental
na extração de diamantes e em outras atividades indispensáveis para o bom desenvolvimento
da sociedade em expansão. Informa Saint-Hilaire (2004, p. 16) “todos os escravos ocupados
nos diversos serviços
65
pertencem a particulares que os alugam à administração. Houve tempo
em que seu número ascendeu a três mil.” Os contratadores tinham o número máximo de
escravos para laborar no serviço, mas isso não era muito controlado. Afirma Machado Filho
(1985, p. 18) que, tanto no primeiro, como nos subsequentes contratos, foi geral o abuso dos
contratadores, sendo que alguns deles chegaram a empregar mais de 4000 escravos nos
serviços.
De onde vinham? A origem exata desses escravos é duvidosa porque não foi
possível contatar os documentos originais, mas sabe-se que pertenciam a etnias diferentes. No
estudo de Nascimento (2003, p. 46), verificou-se no quadro de nacionalidade
66
de escravos na
região de Diamantina parte das diferentes nações que chegaram ao espaço mineiro.
65
Os lugares, segundo Saint-Hilaire (2004, p. 16), onde se extraem diamantes chamam-se serviços […] Os
diferentes serviços são dotados de carpinteiros, serralheiros etc., do mesmo nível dos feitores e tendo sob suas
ordens vários escravos”.
66
IPHAN 13ª Superintendência Regional / 16 ª Sub-regional II. Biblioteca Antônio Torres/Arquivo Cartorial
apud NASCIMENTO, 2003, p. 46
53
TABELA 1
NACIONALIDADES DOS ESCRAVOS EM DIAMANTINA
NAÇÕES AFRICANAS NÚMERO DE ESCRAVOS HOMENS MULHERES
Angola 70 55 15
Baia 1 1
Bamba 1 1
Banguela 72 64 8
Benguela 30 29 1
Barba 2 2
Baré 1 1
Cabinda 20 15 5
Cabra 42 31 11
Cabunda 1 1
Cafance 1 1
Camundaí 1 1
Camundongo 2 2
Casange 22 22
Cobu 3 3
Coirono 1 1
Congo 64 56 8
Crioulo 235 134 101
Fapa 1 1
Gomé 1 1
Ganguela 34 32 2
Guisamão 1 1
Hambá 1 1
Lada 2 2
Male 13 13
Malede 1 1
Mandinga 1 1
Maqui 2 2
Meçumbe 1 1
Mestiço 2 2
Migumbe 1 1
Mina 46 35 11
Mina Ayone 1 1
Moçambique 10 7 3
Mocumbe 1 1
Mogambe 2 2
Mogumbe 3 3
Mongol 1 1
Monjolo 6 6
Moquembe 2 2
Mucumbe 1 1
Mugambe 1 1
Mulato 33 16 17
Muleque 2 2
Mumbeé 1 1
Mumbueiro 2 2
Nagô 31 29 2
Nagore 1 1
Pardo 18 9 9
Quimeixa 1 1
Rebolo 39 37 2
Renuto 1 1
Sabá 1 1
Sabará 1 1
Sabareu 1 1
Sam Thomé 2 1 1
Soborcé 1 1
Tambu 1 1
Tapa 6 6
Timba 1 1
Timbu 2 2
Topa 1 1
Xambó 1 1
S/nacionalidade 63 50 13
Total 914 702 212
Fonte: Nascimento (2003, p. 46)
54
Esse quadro registra 63 nações africanas identificadas através de invenrios.
Certamente as marcas culturais eram fatores que colaboravam com a permanência e
sobrevivência da raça. Para Altuna
67
diante de tamanha aglomeração “de raças, sub-raças, clãs,
tribos, ciclos culturais, línguas e dialetos, tem-se a impressão de que é impossível em África
qualquer homogeneidade e que o parentesco primitivo se diluiu completamente.” Tantas
diferenças interferiram também na língua. Que língua falavam? Qual foi a cultura
predominante? Para Machado Filho (1985, p. 118) “nos primeiros tempos do arraial, os brancos
representavam fraca minoria. Eram, por isso, forçados a aprender o linguajar bárbaro. E
lentamente é que a língua de cultura superior veio a primar, como é normal”. A língua dos
escravos foi conservada através das cantigas, entendida como prática discursiva social e cultural
e era conhecida pelos falantes no período em que esse autor fez seus registros, como língua de
Angola, língua banguela e nagô. A respeito da aquisição da língua africana explana o autor:
feitores e vigias e donos de lavras precisavam aprender a língua banguela, para
entender os escravos e os fiscalizar. E é de notar que esses, seguindo o impulso
natural de que as gírias derivam, alteravam de propósito as palavras, ampliando-as
ou encurtando-as.
Assim, criavam novos itens léxicos – mostrando o poder da língua, confundindo o
feitor e, conscientemente ou não, provocando um movimento de resistência linguística.
2.2.2.2. Manifestações culturais
A presença de negros era percebida por suas manifestações sócio-culturais. Toda a
região de Diamantina tinha lavra e havia os escravos. Minerar era a função primordial para
a subsistência da Comarca. São João da Chapada, distrito de Diamantina, no auge da sua
existência e produção, recebeu em massa os povos africanos. Afirma Machado Filho
68
que o
negro, com suas cantigas, tornou-se o dono das primeiras casas do arraial, influindo
fortemente na economia, costumes e crendices. Sobre a forma como eram tratados, em
viagem ao local, em 1817, Saint Hilaire (2004, p. 16) registra,
Cada semana os negros recebem para sua alimentação um quarto de alqueire de
fubá, certa quantidade de feijão e um pouco de sal; a esses víveres ajunta-se ainda
um pedaço de fumo de rolo. […] Os negros comem três vezes por dia. Como
dispõem de muito pouco tempo durante o dia, são eles obrigados a cozinhar seus
alimentos à noite e às vezes não dispõem de outro combustível além de ervas secas.
[…] Obrigados a estar continuamente dentro da água durante o tempo da lavagem
do minério e consumindo alimentos pouco nutritivos, quase sempre frios e mal
cozidos, tornam-se pela debilidade do tubo intestinal, morosos e apáticos. Além
67
ALTUNA apud NASCIMENTO, 2003, p. 48.
68
Ibidem, p. 15.
55
disso, correm frequentemente o risco de serem esmagados pelas pedras que se
destacam das jazidas ou soterradas pelos desmoronamentos. Seu trabalho é contínuo
e penoso. Sempre sob as vistas dos feitores eles não podem gozar um instante de
repouso. Todavia quase todos preferem a extração dos diamantes ao serviço de seus
donos. O dinheiro que eles conseguem pelo furto de diamantes e a esperança que
nutrem de conseguir alforria […] são, sem dúvida, as causas principais dessa
preferência mas há ainda outras. Reunidos em grande número esses infelizes se
divertem em seus trabalhos; cantam em coro canções de suas terras.
Os negros, que começavam a trabalhar antes mesmo do nascer do sol, mantiveram na
rotina o costume da cantoria. Cantavam nos serviços cantigas especiais para todos os momentos
do dia, da noite e da madrugada. Essas cantigas, conhecidas como vissungos, são conforme
Queiroz
69
uma leitura nagô-iorubá dos cantos de tradição banto. Assinala Machado Filho
70
Das peculiaridades étnicas da população sanjoanense e do especial teor de vida
deriva a grande importância das cantigas de negros entoadas nas lavras. […] este
canto de trabalho ainda hoje são chamados vissungos. Pelo geral, dividem-se em
boiado, que é o solo, tirado pelo mestre sem acompanhamento nenhum, e o
dobrado, que é a resposta dos outros em coro, às vezes com acompanhamento de
ruídos feitos com os próprios instrumentos usados na tarefa. […] alguns patrões não
queriam saber das cantigas por causa do tempo que tomavam. Volta e meia, o
pessoal saía dançando, batendo em ritmo imperioso, carumbés e almocafres.
Atualmente, no terririo diamantino, há várias manifestações culturais: a dança
chula, a folia de reis, que acontece entre os dias 24 de dezembro a 6 de janeiro, a capoeira, a
sica instrumental com a Banda Musical Santa Cecília de o João da Chapada, entre outras
que o foram registradas. Durante o trabalho de coleta foi possível fotografar a dança Chula.
Muitos dos integrantes da comunidade afirmaram que a dança e as músicas foram ensinadas pelos
seus antepassados escravagistas. O canto e a daa, essencias para a expressão da cultura negra,
estão presentes na rotina dessa comunidade. Na foto a seguir observa-se a daa chula que é
realizada pelas mulheres. Os homens participam tocando os instrumentos e entoando as cantigas.
FOTO 7 - Dança Folclórica: Chula
Fonte: Acervo pessoal
69
Suplemento literário: Cantos Afro-descendentes Vissungos. Belo Horizonte, outubro de 2008. Edição especial.
Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais. p. 4
70
MACHADO FILHO, p. 1985:65-66.
56
Os estudiosos são unânimes em afirmar que eles, os negros, no tempo da
escravidão, ainda que em país estrangeiro e sob muita pressão, nunca deixaram de expressar
os seus costumes. Acreditamos que, com isso, a manifestação linguística decorrente desses
fatores foi preservada em alguns de seus elementos, principalmente em suas canções.
2.2.2.3. Práticas religiosas
Entre os negros, supersticiosos e adeptos às crendices, a religião era híbrida,
marcada pelo paganismo e cristianismo, intensamente praticados. Eles herdaram de seus
antepassados algumas práticas a saber: a dança aos deuses, cantoria, benzeções, batida de
tambores, rituais de feitiçaria, bem diferentes das propostas pela religião católica. Exerciam as
duas religiões, simultaneamente. Criavam nos sonhos e a eles davam significados segundo sua
vivência. Nesse sentido, ressalta-se aqui o valor dado ao boi e às suas partes. Sobre esse tema
referente ao totemismo do boi, registra Machado Filho (1985, p. 47)
Sonhar com um boi à distancia é diamante certo, mas demorado. Se ele aparece mais
perto, mostra que o diamante não tarda. Sairá na primeira lavagem, se a pessoa luta
com o boi durante o sonho. […] as numerosas crendices ligadas ao boi, todas elas
bantos, tem aqui força de sobrevivência totêmica. […] chifres de boi enfiados nas
cercas de roças e hortas, preservam-nas contra mau-olhado e coisa-feita. […] chá de
excremento bovino é um específico contra coqueluche e outros males. Queimar
estrume de boi à porta ou dentro das casas imuniza-as contra a entrada de doenças
ruins e feitiços. […] o felizardo que possuir uma “pedra de bucho,” pequena bola
consistente e esponjosa encontrada no “fato do boi, está munido de remédio eficaz
contra qualquer dor. Basta colocá-la no lugar afetado e a dor desaparece.
A respeito da prática da feitiçaria, tão comum e temida pelos negros e brancos por
sua ação prejudicial, informa esse autor, que ela pode ser dividida em “muamba”, coisa-feita,
mandinga de que é vítima a pessoa ou os seus bens (o gado que morre, a roça que não dá, o
serviço salgado, os negócios paralisados ou fracassados, etc.) sem que saiba qual o autor,
salvo por suspeitas ou revelações do curandeiro; e “mandraca” espécie de poder superior,
talvez hipnótico, que um indivíduo adquire, ou com o auxílio de orações fortes, “rezas
brabas”, ou “tomando parte” com o capeta. Em Quartel
71
havia muitos praticantes de
mandraca, os mandraqueiros; continua o autor: “o mandraqueiro tem poderes diretos e
sobrenaturais sobre as pessoas, objetos e até sobre elementos. […] por meio de cerimonial
adequado pode-se anular a ação do feiticeiro ou quebrar-lhe o encanto mágico.” Explica:
71
Vilarejo localizado no distrito de São João da Chapada em Diamantina
57
Basta que os interessados se reúnam, numa sexta-feira, em torno de um fogaréu
alimentado com palhas de alho, folhas de guiné, fumo de corda bem ruim, etc., e
para ali conduzam o feiticeiro, com quem aplicam um longo defumatório daquela
fumaça de cheiro nauseabundo, quebrando-lhe, depois, nas costas, uma porção de
ovos chocos e dando-lhe uma surra com “pau” de fumo. Consta que esse processo
foi largamente empregado em Quartel, quando a maioria do povo resolveu acabar
com os feiticeiros. Vivem ainda algumas negras velhas, outrora tidas como “caquis”,
que dizem, foram a ele submetidas. (cf. p. 47)
O autor traz, ainda, informações de práticas feiticeiras que “salgam um serviço”,
ou seja, torna improdutiva a terra explorada. O povo acreditava que o diamante poderia ser
transformado em cristal, ouro em carvão e, somente após sete anos, retomariam a composição
natural. Havia recurso para tirar o “sal”. Bastaria que, chegando junto ao prumo, o dono se
despisse inteiramente, apanhasse um ramo verde sem olhar para trás e, tendo-o molhado
n’água, fizesse aspersões, rodeando o serviço com os olhos fechados. Os cultos populares
ganham força quando a comunidade os reconhece e pratica, mas, diante do catolicismo e da
sua eficiente estratégia de persuasão, deliberada e organizada no contexto social, é quase
impossível a continuidade dos ritos africanos nas espontâneas manifestações religiosas. As
diferenças em conceber o Criador da humanidade e a forma com a qual se deve louvá-lo
tornam-se, portanto, evidentes, abrindo espaço para o catolicismo.
A religião católica exerceu influência sobre os negros, que se preocuparam em
testemunhar sua e, para isso, construíram, por volta de 1728, a primeira igreja de negros
escravos. A Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos possui uma única torre localizada ao
lado da nave; ostenta bonito frontão rococó e é uma das mais antigas igrejas da cidade.
Reformada em 1771, em 1779, recebeu na capela-mor a pintura de José Soares de Araújo e
tem, no seu interior, quase todos os santos negros.
FOTO 8 - Igreja Nossa Senhora do Rosário
Fonte: Geraldo dos Anjos
58
A prática religiosa foi incrementada e valorizada por expressões folclóricas
advindas de influências culturais vistas, por exemplo, na Festa do Divino e na Marujada, nos
Caboclinhos e nas Pastorinhas. As Irmandades
72
Religiosas de Diamantina do século XVIII
exerciam forte poder na população e fortalecia as diferenças sociais consequentes da distinção
de cor e presente no culto religioso. Veja a tabela que segue:
TABELA 2
IRMANDADES RELIGIOSAS
Irmandade Religiosa Possível ano de fundação
Santíssimo Sacramento 1713
Nossa Senhora do Rosário dos Pretos 1716
Nossa Senhora das Mercês (mulatos) 1735
Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo (brancos) 1761
São Benedito 1761
Arquiconfraria de São Francisco (brancos) 1768
Os negros eram religiosos, e a devoção ao Pai Maior estava presente nos
vissungos, sua cantoria. Retirados da obra de Machado Filho (1985, p. 73) são estas leituras
do Pai-Nosso, dito Pade-Nosso, que revelam o sincretismo linguístico, ou seja, os elementos
do português e do africano compartilham o mesmo espaço e religião. O canto é um pedido a
Deus para que abençoe o serviço e a comida.
I
Solo: Otê! Pade-Nosso cum Ave-Maria, securo câmera qui
t’Angananzambê, aiô..
Coro: Aiô!.. T’Angananzambê, aiô!..
Aiô!.. T’Angananzambê, aiô!..
É calunga qui tom’ossemá,
ê calunga qui tom’Anzambí, aiô!..
II
Ai! ai!ai!ai!
Pade-Nosso cum Ave-Maria,
qui tá Angananzambê-opungo.
Ei! dunduriê ê.
Os africanos, apesar de todos os obstáculos, conseguiram manter alguns de seus
costumes. Os quilombos, localizados em locais protegidos e distantes da cultura dominante,
teve papel importante na conservação de seus hábitos e crenças. em São João da Chapada
o autor
73
cita seis quilombos: Caiambolas, Maquemba, um outro perto do córrego da
Formiga, o quilombo de Antônio Moange, na Valvina, perto do morro do Macumba; um na
72
Disponível em: <http://www.gentree.org.br/artigos/irm-mg.htm>.
73
MACHADO FILHO, 1985, p.56.
59
Madalena e outro nos terrenos da fazenda de Bezerra. Os vissungos são os que mais retiveram
elementos reveladores da cultura trazida da África, e, entre esses elementos, os linguisticos.
2.2.2.4. Resistência linguística
Com as letras dos vissungos, foi possível perceber um processo de resistência
linguística quando, na sua rotina entre os seus familiares e amigos, os negros que
permaneciam na região de Diamantina, conservavam termos próprios da sua língua materna.
Desse movimento de interação oral resultaram vocábulos dos campos lexicais: religião,
folclore, sociogeográfico, culinária e étnico, fortalecendo, assim, o vínculo com a cultura dos
seus antepassados. Os estudos linguísticos revelam que a língua, no seu dinamismo, constitui
a memória e o testemunho de parte da trajetória de um povo. Em São João da Chapada,
registraram-se traços da língua banto, herdados dos antigos quilombolas. Para Castro,
74
vissungos recolhidos por Aires da Mata Machado Filho em São João da Chapada e
mais recentemente por Lúcia Nascimento
75
no município do Serro […] trata de
falares de base portuguesa lexicalizados por línguas do grupo banto […] falado em
Benguela, no Centro-Sul de Angola […] a denominação vissungo corresponde ao
substantivo umbundo ovissungo, plural de ocisungo, que significa louvores e ocorre
geralmente na expressão imba ovissungo, cantar, louvar, exaltar (cf. Daniel, 2002,
s/v.)
76
[…] à medida que a profundeza sincrônica revela uma antiguidade diacrônica,
essa influência (do banto) torna-se mais evidente pelo grande número de palavras do
banto completamente integrada ao sistema linguístico do português e de derivados
portugueses formados de uma mesma raiz banto por meio de prefixos ou sufixos,
tais como nleeke, menino, jovem, que derivou em moleque, e depois amolecar,
molequinho,molecote. Em outros casos, o lexema banto chega a substituir
completamente a palavra portuguesa equivalente, como caçula por benjamim,
corcunda por giba, moringa por bilha, marimbondo por vespa, cochilar por
dormitar, bunda por traseiro.
Diamantina e seu entorno manifestava a cultura negra! Bambá, Cafundós
77
,
Candonga
78
, Carimbo
79
, Macaco
80
, Maçorongo
81
são alguns exemplos da toponímia africana.
Era comum o quilombo nas serras, em locais de pouco acesso. Hoje em dia, o maior grupo de
negros se encontra em São João da Chapada e em Quartel do Indaiá.
74
CASTRO, 2008, p.7.
75
NASCIMENTO, 2003.
76
DANIEL, 2002.
77
Nomeia pasto.
78
Nomeia serra e lugar denominado.
79
Nomeia córrego.
80
Nomeia povoado e córrego.
81
Nomeia serra.
60
2.2.2.5. Chica da Silva
Amante do Contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira, o homem mais
famoso e rico de Diamantina no século XVIII, Chica da Silva alimenta o mito da negra que
vivia como rainha entre os brancos, ou seja, vivia conforme os padrões que a sociedade da
época impunha – frequentava a elite e todas as irmandades brancas do Tijuco; foi e – teve 15
filhos, 13 com João Fernandes de Oliveira. Todos os filhos tiveram a melhor educação da época
– os homens estudaram em Portugal, voltaram com o pai e receberam títulos de nobreza.
Na obra Memórias do Distrito Diamantina, Joaquim Felício dos Santos, primeiro
escritor a narrar fatos sobre essa negra, relata
82
Dominadora no Tijuco, com a influência e poder do amante, fazia alarde de um luxo
e grandeza, que deslumbravam as famílias mais ricas e importantes; quando por
exemplo ia às igrejas e então era a que se alardeavam grandezas coberta de
brilhantes e com uma magnificência real, acompanhavam-na doze mulatas
esplêndidamente trajadas: o lugar mais distinto do templo era-lhe reservado. Quem
pretendia um favor do Contratador a ela primeiramente devia dirigir-se na certeza de
ser atendido, se conseguia granjear-lhe a proteção. Os grandes, os nobres, que
vinham a Tijuco, os enfatuados de sua fidalguia, não se dedignavam de render-lhe
homenagem, curvavam-se a beijar a mão à amante de um vassalo do Rei. Tal é o
poder do dinheiro! Esse vassalo era milionário, e em todos os tempos o ouro foi
sempre o escolho, em que se quebrou o orgulho da fidalguia.
Na fala do povo, Chica da Silva era uma escrava alforriada e sedutora. Sua fama
de mandona, exigente e cruel corre, até hoje, por ruas e becos.
A casa que abrigou, em Diamantina, essa escrava, Francisca da Silva Oliveira, o
contratador João Fernandes de Oliveira e seus filhos, no período entre 1763 e 1771, é hoje
ponto de visitação e sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
FOTO 9 - Casa de Chica da Silva (1763 a 1771)
Fonte: Acervo pessoal
82
SANTOS, 1976, p.123
.
61
2.2.3. O tropeiro, o garimpeiro, o faiscador
Em Diamantina a maioria das atividades, quase todas de caráter oficial, era exercida,
no período diamantífero, pela Coroa Portuguesa; entre elas, destaca-se a de Contratador de
Diamantes ofício que deveria controlar entrada e saída de pessoas no Arraial do Tijuco, a
conduta da populão, a retirada de diamantes, a sua exploração, venda e exportão.
Havia, também, aqueles ofícios tidos como não-oficiais, destinados a atender as
necessidades do momento. Dentre esses ofícios, destaca-se a atividade do tropeiro, figura
marcante no contexto social, com sua tropa de burros responsável por prover a população
com alimentos, espécimes variados e notícias que eram trazidos e levados para várias cidades.
Outro ofício desse período, que merece destaque é o do garimpeiro. Vivendo do
garimpo de ouro, o garimpeiro inseria-se em locais de pouco acesso ou, outras vezes,
explorados; trabalhava em grupo sob o comando de um “dono de serviço”, fazendo jus a uma
parte do resultado alcançado com a apuração do Cascalho.
83
que tirava diamantes de lavras
pouco conhecidas. Grande parte da população exercia essa atividade. Santos (1976, p. 79)
descreve assim os garimpeiros desta época:
Garimpo era a mineração furtiva, clandestina do diamante, e o garimpeiro o que a
exercia. […] garimpeiro tornava-se muitas vezes aquele que obrigado a expatriar-se
ou a passar uma vida de misérias, porque com a proibição da mineração se lhe tirava
o único meio de subsistência, ia exercer uma indústria, a mineração clandestina, que
julgava um direito seu, injustamente usurpado;era aquele que, condenado a degredo
para o solo ardente africano, vendo sua família na miséria, por lhe terem sido
confiscados todos os bens, por qualquer arte ou casualidade escapava à punição e ia
homiziar-se nos profundos recônditos de nossas brenhas, de onde poderia talvez
oferecer algum auxílio à família, que fora obrigado a abandonar, e ver ainda a pátria,
filhos, parentes ou amigos, de quem se despedira para sempre;era finalmente o
audaz, intrépido e ambicioso aventureiro, que ia buscar fortuna nessa vida cheia de
riscos, perigos e emoções. o se confunda o garimpeiro com o bandido. Foragido,
perseguido sempre em luta com a sociedade, o garimpeiro vivia do trabalho do
garimpo, trabalho na verdade proibido pela lei - e era o seu único crime -,mas,
respeitava a vida os direitos, a propriedade de seus concidadãos.
Os garimpeiros mantinham sua atividade explorando os pontos mais escondidos e
iam se estabelecendo na sociedade. Essa prática é, até hoje, muito comum na região.
Atualmente a exploração de diamantes em Diamantina está proibida, mas os garimpeiros
alegam que a prática manual – sem bombas ainda é permitida. Nos distritos ainda se encontra,
com frequência, muitos garimpeiros em atividade.
Outro ofício bastante praticado desde o período em que a Coroa detinha o poder
de toda a economia é a de faiscador. Assume essa função aquela pessoa que mantém a sua
83
Disponível em: <http://www.minasdehistoria.blog.br/wp-content/arquivos/2008/02/os-garimpeiros-da-ficcao-
as-representacoes-literarias-mineiras-do-universo-do-garimpo-de-ouro-e-pedras-preciosas.pdf>.
62
vida com a retirada de ouro, em pequenas quantidades ou até encontrar grande quantidade do
produto. Vive daquilo que consegue angariar. É prática comum àqueles que retiram uma boa
pepita abrirem comércio para venda de produtos para a comunidade. A vida do faiscador é em
torno da exploração um dia é alegria e outros, dificuldades dificilmente se estabilizam
financeiramente. O nome faiscador designa aquele que minera sozinho e para isso faz uso de
instrumentos específicos tais como a bateia e o almocafre. Hoje em dia, não se faz muita
diferença entre o ofício de faiscador e o de garimpeiro – as funções se misturam.
2.3.
C
ONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, abordamos aspectos sócio-histórico-culturais da região de
Diamantina, necessários para que entendamos o “tecido cultural” que se construiu nessa parte
do território mineiro, oriundo de processos históricos em que atuaram índios, brancos e
negros, nesses últimos três séculos.
O próximo capítulo tratará dos procedimentos metodológicos.
FOTO 10: Canal do Mizael em Sopa
Fonte: Acervo pessoal
[...] Pois se algum dia ainda, alguém pensa ir ao “Campo dos Cristais”,
passeia-se um pouco mais, até o “Jequitinhonha”. Resiste mais do que o
bronze a “Cruz da Almas”, e atesta o sítio da “Acayaca”: Mil setecentos e
onze! Rio Grande passa a Vau correndo do lado leste, romance que não
termina, namorando o “Burgalhau”. Os campos de Diamantina cobertos de
sempre-vivas, deslumbando nossas vistas transformam-se em novas minas.
[…] Faz rasante em “Ybytyra”, vê as margens do “Ypiacica” nos esponsais
“Cajuby” teve a última “Tabyra”. “Yeppipo” desata a lenda de
“Cururupeba”, o bravo, pois a luta sabe a sangue com Portugal na tocaia.
Numa rasante bem baixa tenta ouvir “Membyapára” quando em frente a
“Grupiara” ressurgirá como um Templo! Foi o final dos Puris, nosso Índio,
nossa gente, povo mais bravo brioso não existe não nos Brasis.
(MOURÃO apud SANTOS, 2004, p. 61.)
64
Capítulo 3 – Procedimentos metodológicos
Neste capítulo explicitaremos os procedimentos metodológicos adotados durante a
elaboração desta dissertação que enfoca a toponímia coletada no município de Diamantina;
apresentaremos o local de análise, os objetivos e as hiteses que nortearam a pesquisa bem como
os critérios adotados para a constituição do corpus, a transcrão e o tratamento dos dados.
3.1. O LOCAL DA ANÁLISE
Incrustada no Vale do Jequitinhonha, umas das doze mesorregiões que integram o
Estado de Minas Gerais, composta por 51 municípios, mais especificamente no Alto do
Jequitinhonha, o município de Diamantina, conforme apresentamos no Capítulo 2, chamou a
atenção dos colonizadores quando, nessa terra, descobriram-se os diamantes
a maior lavra
de diamantes do mundo ocidental no culo XVIII,
aproximadamente, três milhões de
quilates. Tal descoberta resultou em grandes riquezas para a região, principalmente, no
período em que declinava o Ciclo do Ouro. O Ciclo do Diamante manteve, portanto, sua
exuberância por mais tempo. Ainda em 1831, ano em que o arraial passou a se chamar Vila
Diamantina, a extração e comércio de diamante originava grandes riquezas, abrigando a elite
mais requintada de Minas Gerais, enquanto as cidades do ouro amarguravam a exaustão de
suas jazidas.
No período em que esteve no Brasil (1816-1822), em visita ao Tijuco, o botânico
francês Saint-Hilaire assim registrou suas impressões da região:
Em toda província de Minas, encontrei homens dóceis, cheios de benevolência e
hospitalidade; e os habitantes do Tijuco não possuem em grau inferior estas
qualidades e nas primeiras classes da sociedade elas ainda são mais realçadas por
uma urbanidade sem afetação e pelo estilo da boa companhia. Encontrei no tijuco
mais ilustração que em todo o Brasil, mais gosto pela literatura e um amor mais vivo
pela instrução. (in Rev. A. P. M., XX, 115)
Percebe-se que, desde o passado, a cultura foi um dos pilares da sociedade
diamantinense, que preserva até hoje, em suas raízes, manifestações artísticas culturais,
com
traços sobreviventes da cultura indígena e da cultura negra.
Em nosso estudo, conforme apontamos na Indrodução deste trabalho,
destacamos o Vale do Jequinhonha, o Alto Jequitinhonha, a microrregião onde se localiza o
município de Diamantina.
65
Mapa 3 - Vale do Jequitinhonha Mapa 4 - Alto do Jequitinhonha Mapa 5- Diamantina
Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mesorregi%C3%A3o_do_Jequitinhonha>. Acesso em abr. 2010
Voltamos nossa atenção para as áreas rurais, povoados e distritos diamantinenses,
esses últimos Conselheiro Mata, Desembargador Otoni, Extração, Guinda, Inhaí,
Mendanha, Planalto de Minas, São João da Chapada, Senador Mourão e Sopa –, apontados
no mapa, mostrado a seguir:
MAPA 6 - Município de Diamantina
Fonte: Francisco de Abreu
84
84
ABREU apud KELLY, 2006, p. 11.
66
3.2.
O
BJETIVOS E HIPÓTESES
No capítulo anterior, mostramos que vários fatores influenciaram, desde o período
colonial, a cultura local do município de Diamantina. Cientes de que os locativos, mais
especificamente, os nomes de lugares, integram-se a essa cultura local, guardando
“memórias” de tempos pretéritos, uma vez que, a nomeação, conforme aponta Dick (1990, p.
29), increve-se como atividade bastante significativa ao homem, complementar, muitas vezes,
do perfeito entendimento da realidade circundante, realizamos um estudo toponímico nessa
região. Para atingir nosso propósito, tivemos como objetivos:
Realizar pesquisa de campo no município de Diamantina;
Transcrever as entrevistas gravadas nessa pesquisa de campo;
Buscar, no Banco de Dados do Projeto ATEMIG
85
, os topônimos do município de
Diamantina, oriundos de Cartas Geográficas do IBGE coletados e analisados por
membros desse Projeto;
Buscar e analisar, em Cartas Geográficas antigas, a toponímia dessa região;
Constituir, assim, um corpus com todos os topônimos presentes em Cartas
Geográficas, atuais e antigas, referentes ao município de Diamantina;
Analisar a toponímia coletada nessas gravações orais;
Catalogar os dados;
Estudar a origem dos topônimos;
Descrever sua estrutura morfológica;
Levantar aspectos sócio-culturais da região estudada para auxílio à análise do corpus;
Investigar casos de variação, mudança e retenção linguísticas após análises
sincrônicas e diacrônica, envolvendo dados de língua oral contemporânea, escrita
contemporânea e escrita antiga;
Construir um glossário da toponímia do município de Diamantina;
Acreditamos que, através da toponímia, pela manutenção de nomes de lugares,
teremos registrados elementos étnicos, históricos, linguísticos e culturais dos habitantes que
outrora viveram nessa região. Com isso, estaremos contribuindo para com o estudo sócio-
histórico não da língua portuguesa falada na região, mas, também, das línguas indígenas e
africanas, cujos traços se traduzem bastante representativos no município em destaque.
85
Inscrito na Câmara de Pesquisa da Faculdade de Letras da UFMG, coordenado pela Profa. Dra. Maria Cândida
Trindade Costa de Seabra.
67
3.3.
M
ÉTODOS E PROCEDIMENTOS
Nosso trabalho, que se insere na linha de variação e mudança, desenvolveu-se nos
moldes da linguística laboviana. Partimos do presente, realizando análise toponímica
sincrônica, fomos ao passado, em busca de dados pretéritos, presentes em fontes escritas
mapas e documentos e, posteriormente, confrontamos as duas sincronias, dados presentes e
pretéritos, realizando, portanto, análise diacrônica.
3.3.1. A coleta de dados orais
Com a finalidade de coletar topônimos comuns à comunidade diamantinense,
fomos a campo e realizamos 22 entrevistas na cidade de Diamantina e em seus distritos, a
saber: Conselheiro Mata, Desembargador Otoni, Extração, Guinda, Inhaí, Mendanha, Planalto
de Minas, São João da Chapada, Senador Mourão, Sopa; e, ainda, no lugarejo chamado
Biribiri – nos anos de 2008 e 2009.
Preocupamo-nos em entrevistar de uma a quatro pessoas em cada localidade. Para
essa tarefa, seguindo aconselhamento de Tarallo (1999, p. 27) que diz procure entrar na
comunidade através de terceiros, ou seja, de pessoas devidamente aceitas pela
comunidade, contamos com o acompanhamento de um morador do distrito de São João da
Chapada. Isso facilitou o nosso trabalho e nos aproximou mais dos nossos informantes, já que
as pessoas se sentiram mais à vontade.
Não partimos de um questionário previamente estabelecido, procurávamos,
sempre quando possível, manter um diálogo informal, mas sempre visando a conhecer a
toponímia local. Eram comuns questionamentos como: Como se chama esse lugar? E aquela
serra, qual é o seu nome? Conhece os rios da região? E esse povoado, o senhor sabe o
porquê desse nome? Tem alguma fazenda por aqui? E garimpo, tem algum por aqui? O que
significa esse nome? Sabendo que a cultura da região ainda é marcada por garimpos e lavras,
procurávamos nos orientar, em nossas conversas, por esses temas que valorizam a cultura
local.
68
3.3.1.1. A escolha dos informantes
Os informantes selecionados se adequaram, parcialmente, aos critérios do Projeto
Pelas Trilhas de Minas: as bandeiras e a língua nas Gerais
86
, utilizados em vários trabalhos
sobre a toponímia mineira, realizados na Faculdade de Letras da UFMG, dentre eles os de
Seabra (2004), Menezes (2009), Carvalho (2010), segundo o qual o entrevistado deve:
ter idade igual ou superior a 70 anos, independentemente de ser homem ou
mulher;
ter nascido e vivido a maior parte da vida na região que está sendo
estudada;
ser, preferencialmente, da zona rural;
ter baixa ou nenhuma escolaridade.
Acredita-se que esses requisitos mantêm um perfil do entrevistado que revela um
léxico bem próximo do vernacular.
Contamos com a colaboração de 37 informantes: Desses 11 não informaram seus
dados e 26 se caracterizaram por apresentarem os seguintes traços:
Quanto à escolaridade: 43,75% não completaram o ensino fundamental,
9,37% não têm escolaridade, ou seja, não chegaram a frequentar a escola,
3,12% possuem o ensino médio cursado no exército, 43,75% não
informaram a escolaridade.
Quanto à idade: 9,4% dos informantes tinham menos de 70 anos no ano
das entrevistas, 21,87% estavam na faixa entre 70 e 80 anos, 28,12%
tinham entre 80 e 90 anos, 3,12% estavam entre 90 e 100 anos, 37,5% não
informaram a idade.
Quanto ao sexo: 56,25% eram do sexo masculino e 43,75% do sexo
feminino.
Quanto à ocupação profissional: 34,37% eram garimpeiros, 12,5% donas
de casa, 4,5% domésticas, 4,5% marceneiros, 4,5% coreógrafas, 4,5%
auxiliares de serviços, 4,5% professoras e 4,5% bibliotecárias, 34,37% não
informaram a profissão.
86
Projeto que visava à descrição da língua contemporânea e caracterização do português rural de Minas Gerais
com o objetivo de se identificarem fenômenos lingüísticos que tivessem sido preservados em determinadas redes
sociais. Realização: 2002 a 2006. Faculdade de Letras/UFMG.
69
Algumas entrevistas contaram com mais de um informante, por isso, na contagem
geral, realizamos 22 entrevistas, distribuídas em locais diversos, abaixo arrolados:
5 em Diamantina (22,73 %), 2 em Curralinho (9,09%), 1 em Biribiri (4,5%), 1 em Sopa
(4,5%), 4 em São João da Chapada (18,18%), 1 em Guinda (4,5%), 1 em Conselheiro Mata
(4,5%), 1 em Planalto de Minas (4,5%), 2 em Desembargador Otoni (9,09%), 1 em Senador
Mourão (4,5%), 1 em Mendanha (4,5%), 2 em Inhaí (9,09%).
3.3.1.2. As transcrições
As entrevistas, depois de gravadas, foram transcritas, seguindo as regras
estabelecidas pela equipes dos Projetos Filologia Bandeirante
87
e Pelas Trilhas de Minas: as
Bandeiras e a Língua nas Gerais -, seguidas pelos trabalhos realizados por Seabra (2004),
Menezes (2009), Carvalho (2010). Não se trata de uma transcrição fonética, mas sim de uma
transcrição ortográfica. Essas transcrições, digitadas, formatadas e enumeradas, encontram-se,
no CD-Rom, anexo a este volume.
Procuramos, na medida do possível, observar as seguintes normas postuladas
pelos dois Projetos acima citados, que são:
a transcrição não pode ser sobrecarregada de símbolos;
deve ser adequada aos fins;
deve permitir a compreensão do significado do texto;
deve respeitar o vocábulo mórfico como unidade gráfica
88
;
deve facilitar ao leitor a criação de uma “imagem” do texto elaborado no plano da
oralidade
89
.
Sobre nossas transcrições, salientamos que:
1. Nem tudo será registrado, levando-se em consideração o que é categórico no
dialeto, o alçamento das postônicas não será marcado como:
angico = angicu
2. Serão registrados:
a) alçamento das pretônicas:
Jiquitionha = Jequitionha
87
Projeto interinstitucional (UFMG/USP/UFMT/UFGO) cujo objetivo inicial foi a coleta de dados lingüísticos
da fala de pessoas idosas tendo como eixo a rota da bandeira de 1674 de Fernão Dias. O objetivo ulterior era o da
identificação de arcaísmos em cotejo material do português medieval. Realização: 1998 a 2002. Faculdade de
Letras / UFMG.
88
FERREIRA NETO; RODRIGUES, 2000.
89
Ibidem
70
b) redução dos ditongos [ow], [ey] e [ay] será grafada ortograficamente como
pronunciada:
capuera = capoeira
riberão = ribeirão
passo, passô = passou
c) ausência do –r:
- no final dos verbos: falá = falar
- no meio dos nomes: dento = dentro
- no meio dos vocábulos: = pra; pimeiro = primeiro
d) ausência do –m final, desnasalização:
home = homem
e) prótese: as próteses serão marcadas ortograficamente, como pronunciadas:
alembrá = lembrar
f) supressão de consoantes, vogais ou sílabas finais será marcada com apóstrofo:
ma´= mas
o´tro = outro
g) paragoge:
flore = flor
h) iotização grafando com i:
vermeio = vermelho
i) epêntese – acréscimo de vogal no interior da palavra:
adevogado = advogado
j) aglutinação, com apóstrofo:
dex´eu = deixa eu
d´eu = de eu
l) pronomes ele, ela, eles, elas, eu, daquele, daquela, daqueles, daquelas, neles,
nelas e você serão grafados como realizados:
ocê = você
cê = você
ês = eles
és = elas
ê = ele
nês = neles
daquês = daqueles
71
daqués = daquelas
m) rotatização – transformação do l em r:
parmital = palmital
arto = alto
3. Indicações de:
hesitação, pausas longas ou raciocínio perdido: serão indicados com o sinal
de reticências[…];
pausas curtas: serão marcadas com vírgula [,];
sentenças declarativas ou conclusão de raciocínio: serão indicadas com o
sinal de ponto final [.];
sentenças com entonação de pergunta: serão indicadas com o sinal de
interrogação [?];
inaudível ou hipótese do que foi ouvido, parênteses simples: [()];
comentários: [(())];
sobreposição de fala: [{}];
discurso direto: [“ ”];
ênfase: maiúsculas [por NADA];
truncamento: barra [Deu/ dei aula];
pausa na entrevista: tracejado contínuo [--------].
Após a realização da tarefa de transcrição das 22 entrevistas, selecionamos 407
topônimos diamantinenses que passaram a constituir nosso corpus oral.
3.3.2. Os dados escritos
Os dados escritos contemporâneos foram extraídos do banco de dados do Projeto
ATEMIG – Atlas Toponímico do Estado de Minas Gerais, em desenvolvimento na Faculdade
de Letras da UFMG, desde março de 2005, coordenado pela Professora Doutora Maria
Cândida Trindade Costa de Seabra. Esse banco de dados, que vem sendo construído ao longo
desses anos, abriga toda a coleta toponímica, realizada em cartas geográficas do IBGE,
referente aos 853 municípios mineiros. Em 2006, integramos a esse Projeto como membro
voluntário, ajudando a coletar a toponímia do município de Diamantina - cerca de 580 nomes
de lugares. Lançamos mão, nessa pesquisa, dessa coleta toponímica, realizada em 6 cartas
topográficas que registram toda a área geográfica desse município.
72
1) Carta Topográfica Diamantina - Folha: SE 23 Z A III. Carta do Brasil Escala
1:100 000 / Primeira edição, 1977. Apoio suplementar e reambulação, 1975. IBGE. Secretaria
de Geodésia e Cartografia.
2) Carta Topográfica Curimataí - Folha: SE – 23 – X – C – VI. Carta do Brasil – Escala 1:100
000 / Primeira edição, 1977. Apoio suplementar e reambulação, 1975. IBGE. Secretaria de
Geodésia e Cartografia.
3) Carta Topográfica Carbonita - Folha: SE – 23 – X – D – IV. Carta do Brasil – Escala 1:100
000 / Primeira edição, 1977. Apoio suplementar e reambulação, 1975. IBGE. Secretaria de
Geodésia e Cartografia.
4) Carta Topográfica Itacambira - Folha: SE 23 X D I. Carta do Brasil Escala 1:100
000 / Primeira edição, 1977. Apoio suplementar e reambulação, 1975. IBGE. Secretaria de
Geodésia e Cartografia.
5) Carta Topográfica Rio Vermelho - Folha: SE 23 Z B I. Carta do Brasil Escala
1:100 000 / Primeira edição, 1977. Apoio suplementar e reambulação, 1975. IBGE. Secretaria
de Geodésia e Cartografia.
6) Carta Topográfica de Corinto - Folha: SE – 23 Z – A II. Carta do BrasilEscala 1:100
000 / Primeira edição, 1979. Apoio suplementar e reambulação, 1975. IBGE. Secretaria de
Geodésia e Cartografia.
Os dados da língua escrita que registram a forma pretérita dos topônimos foram
retirados de cartas topográficas e mapas do século XVIII, XIX. Foram utilizadas as seguintes
cartas:
Mapa I - Distrito dos Diamantes - Mapa da demarcação da terra que produz diamantes
- post 1729;
Mapa II - Carta Topográfica das Terras entremeyas do sertão e destrito do Serro Frio
com as novas minas dos diamantes - offerecida ao Eminentissimo Senhor Cardeal da
Mota. Por Jozeph Rodrigues de Oliveyra, capitão mandante dos dragões daquelle
Estado – 1731;
Mapa III - Mapas Regionais [MAPA da região entre os rios Jequitinhonha e Araçuaí].
(Região de Minas Novas, 16º. 30’- 18º S) Diogo Soares. ca. 1734/5
90
;
90
Conforme Mendes (2009, p. 77) Os mapas feitos entre 1734 e 1735 fazem parte da primeira demarcação das
terras diamantinas, que ficou a critérios de dois padres matemáticos, a saber, Diogo Soares e Domingos Capassi.
Pelo trabalho deles, foi feito o mapeamento de grandes partes do interior do Brasil, e determinadas ainda as
coordenadas geográficas de muitos lugares. Foi a base para o conhecimento topográfico do Brasil no século
XVIII.”
73
Mapa IV - Distrito dos Diamantes Carta Topográfica das Terras Diamantinas em que
se descrevem todos os Rios, corgos e lugares mais notáveis que nella se contem. Para
ver o ILLmo. Exmo. Senhor Marquez de Pombal do Conselho de Estado - ca. 1770;
Mapa V - Distrito dos Diamantes Mapa da Demarcação Diamantina – 1776;
Mapa VI - Mapa da Comarca do Serro Frio - 1778 - Acervo Arquivo Histórico do
Exército-RJ – José Joaquiim da Rocha Ofes anno 1778;
Mapa VII - Distrito dos Diamantes Mapa da demarcação Diamantina acrescentando
[A]THE ORIO PARDO. Feito por Antônio Pinto de Miranda – 1784;
Mapa VIII - Distrito dos Diamantes Demarcaçãm Diamantina. Com 18 legoas de
cumprimento, que fazem huma circunferencia de 51 Legoas - ca. 1787;
Mapa IX - Capitania Planta Geral da Capitania de Minas Geraes - ca. 1800;
Mapa X - Capitania - Carta Geographica da Capitania de Minas Geraes – 1804;
Mapa XI - Divisões Administrativas - Mappa da Freguesia da Villa do Principe que
contem á Nordeste a Applicação do Rio Preto: no Centro a Demarcação Diamantina,
encravada nesta, e em parte da Freguezia do Rio Vermelho ao Oriente; e a Sudeste o
Território da Villa do Principe, Itambé, Rio do Peixe e Guanhâs. Por C.L. Miranda em
Tejuco. – 1820;
Mapa X - Capitania Theil der neuen Karte der Capitania von Minas Geraes.
Aufgenommen von W. von ESCHWEGE. – 1821;
Mapa XI - Província Carta Chrographica da Provincia de Minas Geraes, coordenada e
dezenhada em vista dos Mappas chorographicos antigos e das observações mais
recentes de vários Engenheiros, por Ordem do ILLMO. e EXMO. Sr. Doutor
Francisco Diogo Pereira de Vasconcelos, Presidente desta Província. Por Frederico
Wagner. Ouro Preto. – 1855.
Além dessas cartas, lançamos mão de documentos, pesquisados na cidade de
Diamantina, nos seguintes locais: Biblioteca Antônio Torres, Biblioteca Professor Reinhardt
Pflug – localizada na Casa da Glória. Em Belo Horizonte, consultamos documentos no
Arquivo Público Mineiro e no Instituto de Geociências Aplicadas – IGA.
3.3.3. Fichas lexicográficas
Para catalogação dos dados levantados em nossos corpora, baseamo-nos na ficha
lexicográfica proposta por Dick (1990a), adaptada por Seabra (2004) e Mendes (2009). Essa
ficha, sugerida por Dick (1990a), é vista como um conjunto sistematizado de informações que
74
tem por finalidade a análise e a classificação do topônimo. Para nossos objetivos, adaptamos
nossa própria ficha desse modelo.
Cada um dos topônimos integrantes de nosso corpus oral foi catalogado e
classificado segundo essa tabela, modelo da ficha toponímica, preenchida por nós, mostrada a
seguir:
75
Cada topônimo coletado em nossas entrevistas foi catalogado segundo a estrutura
mostrada na gina anterior. Para a compreensão de cada item da ficha lexicográfica,
composta de nove colunas, seguem alguns esclarecimentos, da coluna esquerda para a direita:
As três primeiras colunas e as duas últimas referem-se aos dados coletados em
entrevistas orais. A quarta, a quinta e a sexta coluna referem-se a dados escritos, coletados em
cartas geográficas.
N
º
-
C
OLUNA
N
UMÉRICA
: além de enumerar, tem como função registrar o número total
de topônimos, na quantificação total.
AG
A
CIDENTE
G
EOGRÁFICO
: trata-se da natureza semântica da denominação, ou seja,
o vínculo entre o nome e o lugar. Divide-se em humanos e físicos. Ao acidente físico
está relacionada a geografia da região: rio, ribeirão, cachoeira, córrego, morro. ao
acidente humano, relacionam-se os lugares habitados pelo homem e as construções
por ele realizadas como cidade, distrito, povoado, fazenda, sítio, pequenas
propriedades, habitações isoladas no meio rural, pontes
91
.
T
OPÔNIMO
: registra o nome de lugar e suas variações fonéticas, coletados em
entrevistas orais.
E
STRUTURA
M
ORFOLÓGICA
: indica a classe gramatical, o gênero e o número de cada
um dos topônimos, agrupados em esquemas ou estruturas morfossintáticas, seguindo
modelo de Seabra (2004). Adotamos:
1. Para nomes simples:
a) Nm [Ssing] = Nome masculino [Substantivo singular]: Angico
b) Nm [Spl] = Nome masculino [Substantivo plural]: Cocais.
c) Nf [Ssing] = Nome feminino [Substantivo singular]: Inhacica.
d) Nf [Spl] = Nome feminino [ Substantivo plural]: Barreras.
2. Para nomes compostos:
2.1. Masculinos:
a) NCm [Ssing + Ssing] = Nome Composto masculino [Substantivo singular +
Substantivo singular]: Jão Perera.
b) NCm [Ssing + ADJsing] = Nome Composto masculino [Substantivo singular +
Adjetivo singular]: Rio Grande.
91
Cf. SEABRA, 2004.
76
c) NCm [ADJsing+Ssing] = Nome Composto masculino [Adjetivo singular + Substantivo
singular]: São Sebastião.
d) NCm [Qv+Ssing+Spl] = Nome Composto masculino [Qualificativo + Prenome ou
Apelido de família + Sobrenome ]: Senadô Modestino Gonçalves.
e) NCm [Qv + Ssing] = Nome Composto masculino [Qualificativo
92
+ prenome ou
apelido de família]: Dão João.
f) NCm [VERB + Ssing] = Nome Composto masculino [Verbo + Substantivo singular]:
Acaba Mundo.
g) NCm [Ssing + {Prep + Asing + Ssing}] = Nome Composto masculino [Substantivo
singular + {Preposição + Artigo singular + Substantivo singular}]: Cruzero do Cula.
h) NCm [ADJsing + Ssing + {Prep + Asing + Ssing}] = Nome Composto masculino
[Adjetivo singular + Substantivo singular + {Preposição + Artigo singular + Substantivo
singular}]: Santo Antônio do Itambé.
i) NCm [Ssing+Spl] = Nome Composto masculino [Substantivo singular + Substantivo
plural]: Olimpo Martins.
j) NCm [NUMsing + Spl] = Nome Composto masculino [Número singular + Substantivo
Plural]: Quatro Vinténs.
k) NCm [Ssing + {Prep + Apl + Ssing}] = Nome Composto masculino [ Substantivo
singular + {Preposição + Artigo plural + Substantivo singular}]: Arraiá dos Forro.
l) NCm [Ssing + {Prep + Apl + Spl}] = Nome Composto masculino [Substantivo singular
+ {Preposição + Artigo plural + Substantivo plural}]: Caminho dos Escravos.
m) NCm [Sing + Ssing + Ssing] = Nome Composto masculino [Substantivo singular +
Substantivo singular + Substantivo singular]: Antônio Augusto Neves..
n) NCm [ADV + {Prep + Pron + Ssing}] = Nome Composto masculino [Adverbio +
{Preposição + Pronome + Substantivo singular}]: Campo d´ o´tra banda.
o) NCm [ADV + {Prep + Asing + Ssing}] = Nome Composto masculino [Advérbio +
{Preposição + Artigo singular + Substantivo singular}]: Campo de Cima.
92
Utilizou-se, neste estudo, a nomenclatura proposta por PRADO MENDES (2000: 86) que optou pela
designação Qualificativo (Qv) para se referir, em seu trabalho, a títulos honoríficos.
77
p) NCm [ADV + ADJsing] = Nome Composto masculino [Advérbio + Adjetivo singular]:
Campo Alegre.
q) NCm [Ssing + {Prep + Asing + Spl}] = Nome Composto masculino [Substantivo
singular + {Preposição + Artigo singular + Substantivo plural}]: Planalto de Minas.
r) NCm [Ssing + NUMsing] = Nome Composto masculino [Substantivo singular +
Número singular]: Número Um.
s) NCm [Ssing + {Prep + Asing + Sing + Prep + Asing + Ssing}] = Nome Composto
masculino [Substantivo singular + {Preposição + Artigo singular + Preposição + Artigo
singular + Substantivo singular}]: Olho d’ Água da Pedra.
t) NCm [ADJsing + Spl] = Nome Composto masculino [Adjetivo singular + Substantivo
plural]: Sinhô Amintas.
u) NCm [NUMpl + Ssing] = Nome Composto masculino [Número plural + Substantivo
singular]: Três Corgo.
2.2. Femininos:
a) NCf [Ssing + ADJsing] = Nome Composto feminino [Substantivo singular + Adjetivo
singular]: Inhacica Pequena.
b) NCf [ADJsing + Ssing] = Nome Composto feminino [Adjetivo singular + Substantivo
singular]: Boa Vista.
c) NCf [NUMpl + Spl] = Nome Composto feminino [Número plural + Substantivo
plural]: Duas Pontes.
d) NCf [Ssing + {Prep + Asing + ADJsing + Ssing}] = Nome Composto feminino
[Substantivo singular + {Preposição + Artigo singular + Adjetivo singular + Substantivo
singular}]: Lapa do bom Jesus.
e) NCf [Ssing + Ssing] = Nome Composto feminino [Substantivo singular + Substantivo
singular]: Don’ Ana.
f) NCf [Spl + Ssing] = Nome Composto feminino [Substantivo plural + Susbtantivo
singular]: Mercês Diamantina.
g) NCf [Ssing + {Prep + Asing + Spl}] = Nome Composto feminino [Substantivo singular
+ Preposição + Artigo singular + Substantivo plural]: Tapera de Mercedis.
78
h) NCf [Ssing + {Prep + Apl + Ssing}] = Nome Composto feminino [Substantivo singular
+ Preposição + Artigo singular + Substantivo singular]: Cruz das Pedra.
i) NCf [Ssing + {Prep + Apl + Spl}] = Nome Composto feminino [Substantivo singular +
{Preposição + Artigo plural + Substantivo plural}]: Destilaria dos Diamantes.
j) NCf [Ssing + Spl] = Nome Composto feminino [Substantivo singular + Substantivo
plural]: Maria Nunes.
k) NCf [Ssing + {Prep + Asing + Ssing + Prep + Asing + Ssing}] = Nome Composto
feminino [Substantivo singular + {Preposição + Artigo singular + Substantivo singular +
Preposição + Artigo singular + Substantivo singular}]: Capoeira de Zé da Chica.
l) NCf [ADV + VERB] = Nome Composto feminino [Advérbio + Verrbo]: Sempre Viva.
No caso do topônimo analisado ser classificado como antropotopônimo –
classificação dada ao “nome de lugar” constituído a partir de designativos pessoais
classificamos:
1) Prenome para nome da pessoa;
2) Apelido de família para sobrenome;
3) Alcunha para apelido, podendo ser depreciativo ou não;
4) Hipocorístico para tratamento familiar carinhoso.
R
EGISTRO ESCRITO
: apresenta a ocorrência de formas toponímicas, em cartas
geográficas referentes aos séculos XIX e XVIII, objetivando recuperar o continuum
histórico do nome, como em: Diamantina < Tijuco < Arraial do Tijuco.
O
RIGEM
: buscamos obter a etimologia dos nomes. Para essa classificação, baseamo-
nos em Seabra (2004):
a) Origem portuguesa: estão inseridos nessa origem os nomes oriundos de Portugal,
pertencentes à língua portuguesa, que se mantiveram com a mesma significação em
território brasileiro.
b) Origem africana: segundo Câmara Jr. (1985, p. 44) são essencialmente empréstimos
lexicais com adaptação à fonologia e à morfologia portuguesa.” Consideramos
africanismos os topônimos cuja origem remetem ao continente africano, como os
topônimos Makemba, Bamba.
c) Origem indígena: seguimos Bueno (1998), Cunha (1978) e Gregório [s.d.].
79
d) Origem híbrida: quando o vocábulo é composto de elementos que provêm de línguas
diversas.
e) Estrangeirismo: segundo Câmara Jr. (op.cit: 111) são “empréstimos vocabulares não
integrados na língua nacional, revelando-se estrangeiros nos fonemas, na flexão e até
na grafia”.
f) n/e: Quando não foram encontradas informações suficientes para esclarecer a sua
origem, adotou-se a abreviatura n/e (não encontrado).
Para obter as informações quanto à origem, consultamos as seguintes obras:
Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de Antônio Geraldo da Cunha;
Novo Dicionário Eletrônico Aurélio, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira;
Dicionário Histórico das Palavras Portuguesas de Origem Tupi, de Antônio Geraldo
da Cunha;
Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro, de Yeda Pessoa de
Castro;
Dicionário etimológico de nomes e sobrenomes, de Rosário Farani Mansur Guérios;
Vocabulário tupi-guarani português, de Francisco da Silveira Bueno;
Dicionário Histórico Geográfico de Minas Gerais, de Waldemar de Almeida Barbosa;
T
AXIONOMIA
: nesse campo, registra-se a classificação toponímica, de acordo com as
taxes propostas por Dick (1990b), explicitadas em 3.3.3.1.
3.3.3.1. As taxionomias toponímicas
Os estudos sobre toponímia referentes ao projeto ATEMIG, mais específico os de
Seabra (2004), Menezes (2009), Mendes (2009), Carvalho (2010), seguem o modelo
taxionômico elaborado por Dick (1990b). Nesse modelo, adotam-se taxes que classificam o
nome de lugar, tendo em vista motivações relacionadas ao homem e ao seu ambiente físico,
social e cultural.
Essa autora distribui em 27 taxes a classificação dos topônimos, dividindo-os em
taxionomia de natureza física, constituída de 11 classes e taxionomia de natureza
antropocultural, que engloba 16 classes.
80
Em nossa coleta, encontramos 24 taxes, 189 de natureza física e 202 de natureza
antropocultural, a saber:
3.3.3.1.1. Taxionomias de natureza física
Astrotopônimos - refere-se a topônimos, cujos nomes remetem a corpos celestes, com
ou sem luz própria: Istrela
Cromotopônimos - topônimo relacionado à cor como, por exemplo, Pardão.
Dimensiotopônimos - é quando o topônimo se reveste do sentido de extensão,
comprimento, largura, dimensão, profundidade: Corgo Largo.
Fitotopônimos - são os topônimos relacionados a plantas, por exemplo, Acaiaca.
Geomorfotopônimos - refere ao relevo, seja no sentido de elevações ou depressões,
permite que se observem etapas sucessivas do povoamento brasileiro: Buracão.
Hidrotopônimos - relaciona-se aos cursos de água. Exemplos: Bica da C.
Litotopônimos - topônimos de índole mineral como Burgalhau, explica Cândida
(2004) “se se encontram revestidos de caráter sociocultural para a história do país,
alinham-se entre os sociotopônimos”.
Meteorotopônimos - remete a ideia de fenômenos produzidos na atmosfera terrestre,
entre eles, pode-se citar Dilúvio.
Morfotopônimos - Relativo aos topônimos cujo sentido lembra as formas
geométricas, tais como: Morro Redondo.
Zootopônimos – Relacionado a animais, como Carrapatinho.
3.3.3.1.2. Taxionomia de natureza antropocultural
Animotopônimos - recebe essa classificação quando a motivação toponímica abrange
áreas do psiquismo humano, indo além do meio físico. Tais nomes são: Paciência.
Antropotopônimos - são os nomes de lugares constituídos a partir de prenomes,
apelidos de família, hipocorísticos, alcunhas, ou pelo conjunto onomástico completo.
Caracterizam-se, principalmente, por nomear acidentes geográficos, evidenciando a
noção de posse: Raimundo Xisto.
81
Axiotopônimos - quando o antropotopônimo vem acrescido de um tulo, como
Senadô Mourão..
Corotopônimos - são os topônimos relativos a nomes de cidade, a países: Arábia.
Dirrematopônimo - são sintagmas toponímicios, expressões cristalizadas, ou seja,
sintagmas semantizados: Mãe Mina.
Ecotopônimos - inserem-se nessa categoria, os nomes relativos à habitação em geral
como Tapera de Mercedi.
Ergotopônimos - referem-se a elementos da cultura material do homem. Nessa
categoria estão somente os nomes que não deixaram transparentes a sua motivação:
Bateia.
Etnotopônimos - são os topônimos relativos a grupos étnicos, tribos isoladas ou não:
Gentio.
Hierotopônimos está relacionado a nomes sagrados de diferentes crenças, locais de
culto, membros religiosos, associações religiosas e datas relativas a esses fatos:
Salvador da Cruz. Apresenta duas subdivisões: hagiotopônimos e mitotopônimos.
Hagiotopônimos: inserem-se nessa categoria os topônimos referentes aos nomes de
santos e santas da religião católica romana: Santo Antônio do Itambé.
Mitotopônimos: topônimos referentes ou que recordam entidades mitológicas:
Fada.
Hodotopônimos: topônimos relativos aos caminhos, ao que liga, ou melhor, às vias de
comunicação rural e urbana: Ponte Pedra.
Numerotopônimos: Topônimos relativos a adjetivos e numerais: Quatro Vinténs.
Poliotopônimos: Referem-se às taxes relacionadas aos aglomerados populacionais,
tais como vilas, cidades, aldeias, povoados, etc.: Serra do Rio Vila Rica.
Sociotopônimos: Referem-se às atividades profissionais, aos locais de trabalho e aos
pontos de reunião de um grupo como praça, largo, etc. DICK inclui entre eles
também as ocorrências relativas a catas, lavras, garimpo: Cata do Teleço.
82
Somatopônimos: topônimos dotados de caráter metafórico e que têm seus nomes
interpretados como designativos em relação analógica às partes do corpo humano ou
do animal, tais como Olho de Sapo.
3.3.4. Macro e microestrutura do glossário
Um dos objetivos de nossa pesquisa é a elaboração de glossário, tendo como lema
ou entrada o topônimo coletado em entrevista oral. Para a estruturação e montagem dessa
etapa de nosso trabalho, assim como Mendes (2009), tomamos como base Haensch et al.
(1982), e Casares Sanchez (1995).
Para a elaboração de glossários ou dicionários, Haensch et al. (1982, p. 396)
postulam que:
Há quatro critérios que determinam de maneira decisiva a seleção de entradas de um
dicionário ou glossário, etc. A três, poderíamos chamar de fatores “externos”: sua
finalidade, (descritiva, normativa, etc), o grupo de usuários ao qual se destina,
(especialistas, tradutores, universitários, público culto, etecétera) e sua extensão. O
quarto, de índole “interna”, é o método de seleção de unidades léxicas segundo
princípios linguísticos, mas sempre de acordo com os outros três critérios
93
.
No nosso trabalho, objetivamos, com o glossário, possibilitar a pesquisa a outros
estudiosos da toponímia, interessados em dados linguísticos, formas presentes e pretéritas,
localização dos nomes e verificação de acidentes geográficos.
Como entrada, listamos todos os termos registrados em nosso corpus oral,
eliminando as repetições. Como esses nomes contemplam diferentes taxes toponímicas,
optamos por organizar nosso glossário pelo métodos semasiológico e onomasiológico. É uma
organização que, segundo Baldinger (apud HAENSCH et al., 1982, p.344), justifica-se,
porque se trabalha com a forma e com o conceito.
93
Hay cuatro critérios que determinan de manera decisiva la selección de entradas de um diccionario, glossário,
etc. A tres de ellos los podríamos llamar “externos”: su finalidad (descriptiva, normativa, etc.), el grupo de
usuários al que va destinado (especialistas, traductores, alumnos de bachillerato, público culto, etcétera) y su
extensión. El cuarto, de índole “interna”, es el método de selección de unidades léxicas según princípios
lingüísticos, pero siempre de acuerdo com los otros três critérios.
83
3.3.4.1. A macroestrutura
Seguindo, pois, os todos semasiológico e onomasiológico, ordenamos as entradas
em ordem alfabética, totalizando 407 verbetes. Posteriormente, agrupamos os topônimos em
taxes, de acordo com sua motivação, ou seja, pelo todo onomasiológico. Em nossa abordagem,
essa agrupação onomasiológica corresponde às taxes propostas por Dick (1990a), divididas por
meio de topônimos de natureza sica e antropocultural e, em cada taxe, ordenadas por meio da
ordem alfabética. Em Haensch et al. (1982, p.165) temos que “a idéia fundamental da agrupação
onomasiológica é a de levar em conta as associações que existem entre conteúdos, tanto desde o
ponto de vista da ngua como o das coisas”
94
. No caso dos trabalhos lexicográficos, postula o
autor, é preferível apresentar e estudar o vocabulário por meio de divisões, pois assim os
vobulos e termos correspondentes aparecem inter-relacionados.
3.3.4.2. A microestrutura
À microestrutura do glossário resultante de nossas pesquisas corresponde o
método semasiológico, que ordena as entradas por significantes. Para a construção das
definições e forma dos verbetes, seguimos o modelo usado por Seabra (2009)
95
e Mendes
(2009)
96
, adaptado para este trabalho, abaixo apresentado:
FORMA DO VERBETE
TOPÔNIMO Estrutura morfológica origem Taxionomia Definição Nomeia
Município/Distrito acidente geográfico .
abonação
retirada da transcrição das entrevistas.
(Identificação da entrevista (E:) e linha onde se encontra o trecho: ( L:) Registros orais e/ou escritos
quando encontrados.
Nessa proposta, utilizamos de informações apresentadas nas fichas
lexicográficas nos campos Topônimo, Estrutura morfológica, Origem, Taxionomia e Acidente
geográfico. Inserimos a Definição para cada termo e, no campo Outros registros se encontram
as formas pretéritas do nome, encontradas em mapas dos séculos XVIII a XIX. No campo
Nomeia, podem-se verificar os locais em que houve a ocorrência do nome e se são nomeados
com essa forma acidentes semelhantes ou diferentes. No que se refere à entrada dos verbetes,
94
La Idea fundamental dela agrupación onomasiológica es la de tener em cuenta las asociaciones que existem
entre contenidos, tanto desde el punto de vista de la lengua como desde el de las cosas.
95
Fitotoponímia Mineira.
96
MENDES, 2009.
84
optamos por colocá-la em caixa-alta e utilizarmos letra minúscula. Abaixo, segue um exemplo
completo da forma do verbete, retirado de nosso glossário:
C
AETÉ
-M
IRIM
NCm [Ssing+ADJsing] indígena (tupi) kaae’te + mi’rĩ Fitotopônimo.
Designação comum de diversas ervas nativas do Brasil. • Nomeia Distrito de Inhaí córrego, rio.
[...] os rios que nós temos aqui próximo é o rio Caeté-Mirim, que ocês pássaro por ele, acho que ele
tá nesse povoado, no segundo povoado que cês pássaro. (E.21, L.58). Registro escrito: Caetté Merim
(1731), Cayte-Merim (1734/5), Caetemerim (1770) Sumidouro do Rio Caeté Merim (1776), Caete
Meri (1778), Caeté Merim (1784), Caythemerim, Caithemeri, Cartemeri (1787) Ponte de, Cabeceiras
de Cartemeri (1787), Caetémerim (1804), Caite mirim (1800), Caeté Merim (1820), Caetemirim
(1855),Caeté Mirim (1862). Registro oral: Caeté-Merim, Cate-Merim.
Alguns dos topônimos encontrados e registrados nas fichas lexicográficas foram
omitidos do glossário pelo fato de não ser possível construir para eles uma definição, que
não encontramos sua signifcação. Foi o caso de Calumbi, Camu Camu, Coã, Cruz do Cula,
Cula, Cundinho, Decamão, Grisorte, Jequitinhonha, Jequitionha Branco, Jiquitionha Preto,
Lavus, Luizcarro Makemba, Mandirinha, Marimbero, Mechera, Morro do Calumbi, Queraçá,
Regralito e Ticó.
Também é importante ressaltar que tivemos registros em que, para um mesmo
topônimo, houve, ora a presença, ora a ausência das preposições de, do, da, como em Pasto
Açogue e Pasto do Açogue. Nesses casos, optamos por registrar, na quantificação total, uma
forma, por se referirem a um único pasto; de igual maneira nos verbetes do glossário foi
inserida a forma comum Açogue, pois não tratamos, na presente pesquisa, as distinções
semânticas para os dois registros.
Nos próximos capítulos, seguem a apresentação, a análise e a descrição dos dados.
FOTO 11: Instituto Casa da Glória da UFMG
Fonte: Disponível em: <http://www.diamantina.mg.gov.br/110/11025015.asp>. Acesso em: mai. 2010.
85
Vi semana santa e reza
Menina! Vi Diamantina
Eu vi Rosa na janela
Vi Olímpia, vi Sinhá
Eu vi folia de reis
Eu vi sabiá cantar
Vi Chica da Silva, eu vi
Vi Chico Rei lá no morro
Rebelião pra viver
Vi liberdade brilhar (...)
(Rubinho do Vale)
86
Capítulo 4 – Apresentação e análise dos dados
Conforme já apresentado, nossos dados orais foram coletados em entrevistas
realizadas no município de Diamantina. Ao todo selecionamos 407 topônimos para descrição
e análise linguística, apresentados em fichas lexicográficas, nas páginas seguintes.
FOTO 12: Vista do centro de Diamantina
Fonte: www.ufmg.br/.../diamantina_Eber_Faioli.jpg. Acesso em: mai. 2010
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
106
107
108
109
110
111
112
113
114
115
116
117
118
119
120
121
122
As tardes tuas todas elas são um encanto
Deste bendito recanto, onde eu me ufano de viver
As noites tuas, quando a própria natureza
Cai nos braços da tristeza
São repletas de harmonia
Nas próprias águas, que despendem das cascatas
Bailam em coro de serenatas Transbordando poesia
Cidade velha, centenária, extraordinária
Tua história é um cofre cheio de honrosas tradições
Pelo passado, o teu presente e a tua sorte
Bem merece que te chamem a princesa cá do norte
Quando a noite vem caindo no horizonte
Lá na serra, lá no monte O cruzeiro se ilumina
E como símbolo de fé da nossa gente
Ele abençoa docemente Os filhos teus, ó Diamantina.
(Hermes P. Leão e Genaro Cruz)
123
Capítulo 5 – Análise quantitativa e discussão dos resultados
Como demonstrado no capítulo 4, o nosso corpus está constituído de 407
topônimos retirados das entrevistas orais e submetido a uma análise orientada pelas hipóteses
mencionadas no Capítulo 3 deste estudo. Após classificação morfológica, etimológica,
taxionômica e levantamento de registros antigos dos topônimos encontrados em cartas
geográficas, passemos à análise qualitativa e quantitativa do conjunto dos dados.
Pretende-se, neste capítulo, identificar, comparar e discutir os resultados
alcançados por meio de 04 gráficos que trazem os valores numéricos e percentuais,
acreditando-se fornecer informações mais concretas de cunho linguístico-histórico-cultural.
5.1. Quanto à taxionomia
Os dados analisados fornecerão informações relacionadas à natureza, às
taxionomias registradas na região, à origem, à forma e ao gênero.
5.1.1. Natureza dos topônimos
Entre os objetivos apresentados está o de seguir a classificação taxionômica dos
topônimos dos acidentes físico-geográficos, conforme modelo adotado por Dick (1990a, p.31-
34). Para Dick os topônimos podem ser de natureza física ou antropocultural. Na análise
realizada, predomina o segundo grupo, como se pode verificar: de um total de 407 topônimos,
201 são de natureza antropocultural, perfazendo 49% do total dos nomes. Tomando-se como
referência a natureza física soma 192 topônimos que representam 47% do total de dados
coletados conforme o gráfico 1, apresentado a seguir.
124
GRÁFICO 1 – Identificação numérica e percentual dos topônimos
em relação à natureza física e antropocultural
Da soma total 14 topônimos não foram classificados porque não encontramos o
seu registro nos dicionários consultados. São eles: Camu-camu, Cula, Cundinho, Grisorte,
Jequitionha, Jiquitionha Branco, Jiquitionha Preto, Lavus, Makemba, Mandirinha, Mechera,
Queraçá, Regralito e Ticó.
A recorrência e análise de cada taxionomia serão apresentadas no item a seguir,
pois, a apresentação desses gráficos estabelece apenas a produtividade de cada categoria
separadamente.
5.1.2. Taxionomias registradas na região
5.1.2.1. Toponímia Antropocultural
Como visto anteriormente a análise do gráfico 01 mostrou a predominância de
topônimos de natureza antropocultural. Da relação proposta por Dick (1990a, p. 32-34)
encontramos em nosso corpus 14 das 16 taxes sugeridas: Animotopônimo, Antropotopônimo,
Axiotopônimo, Corotopônimo, Dirrematotopônimo, Ecotopônimo, Ergotopônimo,
Etnotopônimo, Hierotopônimo: Hagiotopônimo e Mitotopônimo, Hodotopônimo,
Numerotopônimo, Poliotopônimo, Sociotopônimo, Somatotopônimo. o encontramos em
nossa pesquisa topônimos pertencentes às classes: Cronotopônimo e Historiotopônimo (Cf.
tópico 3.3.3.1.).
125
A antropotoponímia fornece um número bastante expressivo na região, somando
42 ocorrências, totalizando 21,3% conforme mostra o gráfico 2.
5
(2,5%)
33
(16,3%)
2
(1,0%)
8
(4,0%)
1
(0,5%)
5
(2,5%)
29
(14,4%)
42
(21,3%)
11
(5,4%)
5
(2,5%)
10
(4,9%)
2
(1,0%)
21
(10,4%)
2
(1,0%)
10
(4,9%)
15
(7,4%)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
A
nim
o
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Socio
Somato
GRÁFICO 2 – Identificação numérica e percentual dos topônimos em relação a sua taxionomia antropocultural.
Os 33 sociotopônimos encontrados aparecem em segundo lugar, totalizando 16,3%
das ocorrências. Em terceiro lugar estão os animotopônimos com 29 ocorrências, ou seja,
14,4%. Na sequência estão os ergotopônimos com 21 ocorrências representando 10,4% do
todo. Em quinto lugar estão os hierotopônimos com 15 ocorrências e percentual de 7,4%. Em
sexto lugar aparecem os axiotopônimos com 11 ocorrências ou 5,4%. Em sétimo lugar estão
os hagiotopônimos e os dirrematotopônimos com 10 ocorrências cada um ou 4,9%. Os
numerotopônimos ocupam o oitavo lugar com 8 ocorrências ou 4%. Ocupam o nono lugar, os
corotopônimos, os hodotopônimos e os somatotopônimos com 5 ocorrências cada e
percentual de 2,5%. Em décimo lugar estão os ecotopônimos, os etnotopônimos e os
poliotopônimos com 2 ocorrências cada ou 1% da soma total. Em décimo primeiro lugar
aparecem os mitotopônimos com uma ocorrência e percentual de 0,5%.
126
5.1.2.1.1 Extração mineral e aglomeração humana na região
A localização de Diamantina na Serra do Espinhaço, tio geológico formado por
rochas metassedimentares de natureza conglomerática e Galho do Miguel propiciou a
ocorrência de diamantes. Do seu surgimento, em 1729, até os dias atuais foram extraídos
cerca de 40% do total dessa gema produzida no Brasil. A extração mineral tem sido realizada
ininterruptamente, de forma rudimentar, sendo essa atividade ainda um meio de subsistência
para a população local.
A predominância do antropotopônimo revela a atuação do homem no local
marcada pela busca do crescimento econômico e a necessidade do trabalho em equipe, e aí os
sociotopônimos apareceram. Os animotopônimos caracterizam os elementos inerentes à
cultura humana. E os diamantes e todo o seu arsenal de exploração fazem parte dessa cultura.
Os diamantes dessa região ficam incrustados em rochas do tipo Conglomerado
Sopa Brumadinho conhecidas, simplesmente, por Sopa. Esse tipo de formação geológica foi
descoberta em 1850. A origem desse nome é bastante controvertida, havendo diversas
concepções a respeito da mesma, segundo Chaves & Filho
97
Uma delas tem como base o fato de que a rocha, após seu desmonte hidráulico,
quando acumulada nas “catas” abertas pelos garimpeiros costuma efervescer, ou
“ferver”, na linguagem local, como uma sopa. Outra hipótese é a de que, em
algumas áreas a matriz do conglomerado é muito micácea, sendo, por sua cor verde,
inicialmente confundida como talcosa por geólogos sul-africanos que atuaram em
Diamantina na década de 1920. Como tal matriz era escorregadia, esses geólogos
chamaram tal rocha de soapstone ou simplificadamente soap (sabão), que foi
adaptado pelo linguajar garimpeiro para sopa. Uma terceira versão, mais simplista,
acredita que o termo tem sua origem no aspecto caótico e variado apresentado pelos
seixos do conglomerado, que quando cortado pode assemelhar-se a uma sopa de
muitos ingredientes.
lavras em vários distritos. Ressaltaremos aqui os mais visados. Em o João
da Chapada, onde apareceram os primeiros diamantes, a 25 km a noroeste de Diamantina se
localizam as lavras do Duro, do Barro (33), Sapé (363), Cafundó (62), Campo Sampaio (347),
Laje (215), Painera (275) e Prainha (317). Desses nomes somente o primeiro não apareceu em
nossas entrevistas.
A 10 km a oeste de Diamantina está Sopa-Guinda, onde se enormes tios de
conglomerados Sopa. As mais conhecidas lavras são Boa Vista (44), Brumadinho (52),
Caldeirões (64), Califórnia (65), Canal do Mizael (77), Cavalo Morto (103), Cundinho (135),
Damásio (142), Lavrados (220), Lavrinha (221) e Mugongo (263). Tem a lavra Diamante
Vermelho, única dessa região que não foi registrada. Nessa localidade há vários locais
97
Chaves & Filho. Disponível em: <http://ig.unb.br/sigep/sitio036/sitio036.pdf>. Acesso em: mai. 2010.
127
abandonados pelos garimpeiros, resquícios de rios, marcas de erosões, profundas marcas
deixadas pelo garimpo e vários exemplares da rocha “Sopa-Brumadinho”. No anexo deste
trabalho um pequeno vídeo feito na lavra Canal do Mizael documentando o estado em que
se encontra o local. A foto a seguir foi tirada em um dos inúmeros garimpos abandonados.
FOTO 13: Conglomerado Sopa Brumadinho FOTO 14: Sopa
Fonte: Acervo pessoal Fonte: Acervo pessoal
Extração, a 15 km a leste, popularmente conhecido por Curralinho, famoso pelo
diamante de 64, 4 ct encontrado em 1954, tem as lavras Laje (215), Ribeirão do Inferno (186),
Boa Vista (44), Serrinha (371), Cavalo Morto (103), Pedro (407), Catadim (98) e
Mumbuca (264).
Na figura a seguir, observamos a localização de algumas das lavras aqui citadas.
FIGURA 2: locais onde está localizado o Conglomerado Sopa
Fonte: CHAVES;SVISERO, 1993.
128
5.1.2.2.Toponímia Física
Quanto aos topônimos de natureza física registramos 47% da soma total. Dick
(1990a, p. 31) apresenta 11 taxionomias das quais 10 foram encontradas em nossos dados. A
taxe que não apareceu foi a referente aos cardinotopônimos. A quantificação numérica e
percentual dos topônimos estudados estão no gráfico 3, explicado a seguir.
GRÁFICO 3 – Relação numérica e percentual dos topônimos de natureza física.
Em primeiro lugar temos os fitotopônimos com 54 ocorrências gerando um
percentual de 28,1%. Em segundo os geomorfotopônimos com 42 ocorrências ou 21,9%. Em
terceiro lugar os zootopônimos com 29 ocorrências ou 15,1%. Em quarto estão os
litotopônimos com 29 ocorrências ou 15,1%. Em quinto aparecem os Hidrotopônimos, 19
ocorrências ou 9,9%. Em sexto os cromotopônimos com 7 ocorrências ou 3,6%. Em sétimo
lugar estão os dimensiotopônimos com 5 ocorrências ou 2,6%. No oitavo lugar os
morfotopônimos aparecem com 4 ocorrências ou 2,2%. Em nono, surgem os
meteorotopônimos com 2 ocorrências ou 1,0% e em décimo lugar está o astrotopônimo com
uma ocorrência e percentual de 0,5%.
Sobre a análise das taxionomias física e antropocultural observamos que o
fitotopônimo ocupou o primero lugar, com 54 ocorrências, seguido de geomorfotopônimo e
antropotopônimo, com 42 ocorrências cada um. Eles também apareceram em outros trabalhos
sobre a toponímia de Minas Gerais. Carvalho (2010) em seu estudo sobre a região de Montes
129
Claros registrou a ocorrência de 34 fitotopônimos em primeiro lugar e os geomorfotopônimos
e antropotopônimos, com 27 ocorrências cada, dividindo o segundo lugar. Menezes (2009), ao
estudar a região de Pitangui, Pompéu e Papagaios, também observou os fitotopônimos em
primeiro lugar de ocorrência e os geomorfotopônimos em segundo. Mendes (2009), em seu
trabalho sobre a Hidronímia da região do Rio das Velhas, também constatou a fitotoponímia
como predominante em seu corpus. Seabra (2004), ao estudar a toponímia na Região do
Carmo área muito disputada pelo homem no século XVIII constatou a predominância de
antropotopônimos em seu trabalho.
A fitotoponímia evidencia componentes vegetais relevantes que identificam o
espaço geográfico. Segundo Dick (1990a, p.31), na sua teoria terminológica, essa taxe se
classifica como “topônimos de natureza física, aqueles de índole vegetal, espontânea, em sua
individualidade e em conjunto da mesma espécie”. Em Diamantina, segundo a Carta de
Carbonita
98
, o lugar denominado Arroz e, na Carta de Diamantina encontramos o córrego
Arrozal. Entende-se como Lugar Denominado espaço de convivência. A autora segue com a
definição de fitotopônimo afirmando que o mesmo pode ser de espécies diferentes”, como
serra Mato Virgem errego Pindaíba. E, ainda, “de formações não espontâneas individuais
e em conjunto” tais como córrego Palmito e córrego Palmital. Importante relembrar que os
topônimos são referências de eventos sociais que traz à tona a memória de um grupo e das
características desse grupo.
O primeiro grupo a se formar no local, como mostrado no capítulo 2, foi o
indígena. A predominância da fitotoponímia, seguida pela geomorfotoponímia e
zootoponímia abre espaço para refletirmos sobre o ato de nomear e motivação inspirada nos
elementos inerentes ao ambiente. Os topônimos indígenas que apareceram na nossa análise
nomeiam plantas como Acaiaca, Amendoim, Buriti, Peroba, Pindaíba, nomeiam as formas,
como por exemplo, Toca e animais como Gambá, Guará, Tamanduá, Urubu.
Alguns topônimos apresentaram variação. O topônimo Inhaí teve como primeira
grafia mynhahy-mery coletado na Carta Topográfica de 1731
99
. Durante as entrevistas,
realizadas em Diamantina e distritos, nenhum falante citou tal nome. Observamos
que na carta de 1784
100
aparece a forma corrompida Inhaý, em 1787 aparece “Corgo do
98
CARTA TOPOGRÁFICA
das Terras entremeyas do sertão e destrito do SERRO FRIO com as novas minas dos
diamantes. Offerecida ao Eminentissimo SENHOR CARDEAL DA MOTA. Por Jozeph Rodrigues de Oliveyra,
capitão mandante dos dragões daquelle Estado – 1731.
99
DISTRITO DOS DIAMANTES MAPA DA DEMARCAÇÃO DIAMANTINA ACRESCENTANDO [A]THE ORIO
PARDO
. Feito por Antônio Pinto de Miranda – 1784.
100
Distrito dos Diamantes Demarcaçãm Diamantina. Com 18 legoas de cumprimento, que fazem huma
circunferencia de 51 Legoas - ca. 1787.
130
Inhahy” e “Arrayal do Inhahy”, retomando o h. Em 1800 registrou-se Inhahi, trocando o y
pelo i. Em 1804 aparece grafada como é conhecida hoje pelos falantes da comunidade
“Inhai”. Em 1820
101
observou-se “Inhay”. Em 1821
102
a ocorrência “Inhahi” retoma o h e o i.
Para Mattos e Silva (1991)
103
Nada ou quase nada se perde tudo se transforma e é observando o passado que se
podem recuperar surpresas que o presente, com frequência, nos faz. Para umas
perplexidades que a variação sincrônica levanta, um rápido olhar sobre a história
passada esclarece.
Com a toponímia é possível observar o passado, recuperar formas antigas e
estudar o presente acompanhando o movimento linguístico do signo toponímico.
5.2. Origem dos topônimos
Quanto à origem dos nomes a região investigada apresenta 182 ocorrências, cerca
de 44% de nomes cuja origem é português < latim, exemplos: Agulha, Amizade, Barbada.
Essa predominância se justifica pelo processo de formação linguística que o Brasil se
submeteu após a colonização portuguesa. Além desses topônimos, destacamos:
10 dos topônimos do corpus são de base pré-românica – Exemplo: Barra,
Desbarranque.
03 dos topônimos são de base catalana – Exemplo: Ilha, Paio.
04 dos topônimos são de base castelhana – Exemplo: Mañana, Batatal.
05 dos topônimos são de origem francesa – Exemplo: Borges, Begônia.
04 dos topônimos são de origem italiana – Exemplo: Bruna, Jisuína.
01 dos topônimos é de origem provençal – Exemplo: Pataca
67 topônimos são de origem não românica:
01 céltico – Exemplo: Coimbra.
04 gregos – Exemplo: Armintas.
04 hebraicos – Exemplo: Mizael.
01 germânico – Exemplo: Barão.
03 arábicos – Exemplo: Arábia.
101
DIVISÕES ADMINISTRATIVAS
Mappa da Freguesia da Villa do Principe que contem á Nordeste a
Applicação do Rio Preto: no Centro a Demarcação Diamantina, encravada nesta, e em parte da Freguezia do Rio
Vermelho ao Oriente; e a Ssueste o Território da Villa do Principe, Itambé, Rio do Peixe e Guanhâs. Por C.L.
Miranda em Tejuco. – 1820.
102
CAPITANIA
Theil der neuen Karte der Capitania von Minas Geraes. Aufgenommen von W. von
ESCHWEGE
.
– 1821.
103
MATTOS E SILVA
, 1991, p. 13-14.
131
01 aramaico – Exemplo: Tumé.
01 inglês – Exemplo: Arminton.
01 malaio – Exemplo: Painera.
35 indígenas – Exemplos: Buriti, Inhaí, Inhacica, Jequitionha, Tijuco.
16 africanos – Exemplos: Candonga, Makemba.
83 dos topônimos apresentaram formação híbrida:
01 céltico + românico – Exemplo: Minas Serrinha.
02 pré-românico + românico – Exemplo: Barro Vermei’.
01 românico + pré-românico – Exemplo: Duas Barras.
01 românico + hebraico + origem incerta – Exemplo: São João da Chapada.
01 românico + hebraico + não encontrado Exemplo: São Miguel do
Jequitinhonha.
01 árabe + românico – Exemplo: Bairro da Serra.
02 românico + céltico – Exemplo: Lagoa da Canga.
06 românico + hebraico – Exemplo: Canal do Mizael.
02 românico + gótico – Exemplo: Campo d’ o’tra banda.
05 românico + grego – Exemplo: Raimundo Xisto.
01 românico + persa – Exemplo: Serra Azul.
11 românico + românico – Exemplo: Santo Pastel.
01 românico + germânico – Exemplo: Paulo Afonso.
02 românico + africano – Exemplo: Tromba d’ Anta.
07 românico + indígena – Exemplo: Quarté do Indaiá.
04 românico + origem incerta – Exemplo: Olho de Sapo.
02 românico + não encontrado – Exemplo: Cruz do Cula.
01 siríaco + românico – Exemplo: Tadeu Rocha.
04 hebraico + românico – Exemplo: Zé Pedro.
01 hebraico + indígena – Exemplo: Zé Paraná.
01 germânico + românico – Exemplo: Alberto Mota
02 grego + românico – Exemplo: Olimpo Martins.
01 indígena + grego – Exemplo: Capoeira do Calixto.
05 indígena + românico – Exemplo: Itambé do Serro.
01 indígena + hebraico + românico – Exemplo: Capoeira de Zé da Chica.
10 origem incerta + românica – Exemplo: Vargem da Rema.
01 origem incerta + não encontrado – Exemplo: Morro do Cula
132
03 origem incerta + indígena – Exemplo: Arraial do Tijuco.
01 não encontrado + origem incerta: Draquiara do Brejo.
01 não encontrado + românico: Jequitinhonha Preto.
01 não encontrado + germânico: Jequitinhonha Branco.
27 topônimos não foram classificados, pois possuíam origem controvertida,
desconhecida ou incerta. Exemplos: Angico, Bateia, Cachamorra.
23 topônimos não foram encontrados nos dicionários pesquisados. Exemplos:
Calumbi, Coã, Camu-Camu, Grisorte.
5.2.1 Quantificação total
Africano: 16
Árabe: 3
Aramaico: 1
Castelhano: 4
Catalão: 3
Céltico: 1
Italiano: 4
Francês: 5
Inglês: 1
Germânico: 1
Grego: 4
Hebraico: 4
Híbrida: 83
Indígena: 35
Malaio: 1
Não encontrados: 23
Origem incerta: 27
Português < Latim: 180
Pré-românica: 10
Provençal: 1
133
A seguir apresentaremos a descrição pormenorizada sobre a origem dos topônimos
estudados neste trabalho.
1. Topônimos de origem pré-românica
Barra [“origem pré-romana. Relacionam-se neste verbete uma série de
vocábulos etimologicamente correlacionados.” (CUNHA, 1987, p. 100)]
Barrage [barr- + -age {base pré-românica + sufixo francês} (CUNHA,
1987, p. 100)]
Barrerão [barr- + -erão {base pré-românica + sufixo português -ão}
(CUNHA, 1987, p. 100)]
Barreras [barr- + -eras {base pré-românica + sufixo românico -eira}
(CUNHA, 1987, p. 100)]
Barrero [barr- + -ero {base pré-românica + sufixo românico -eiro}
(CUNHA, 1987, p. 100)]
Barririm [barr-+-irim {base pré-românica + sufixo português -inho}
(CUNHA, 1987, p. 100)]
Barro [“origem pré-romana. Relacionam-se neste verbete uma série de
vocábulos etimologicamente correlacionados.” (CUNHA, 1987, p. 100)]
Carrasco < carrasca
Carrascão < carrasca
Desbarranque [-des + barranco {prefixo românico -des + base pré-
românica}(Novo Aurélio - Século XXI, versão 3.0)]
2. Topônimos de origem românica
2.1 Português < Latim
Abadia <
104
abbatĭa
Acaba mundo < capŭt + mŭndus
Água verde < ăqua + viride
Agulha < acūcula
Antônio < Antonius
Antônio Augusto Neves < Antonius + Augustus + Neves
104
O sinal < significa “origina-se de”
134
Amizade < amīcĭtātem
Areão < arēal
Areia < arēna
Ave < avis
Barbada < barba-ae
Baxadão < bassiare +aumentativo português -ão
Bixiga < vessīca
Boa Vista < bŏna + vĭdēre
Boi pintado < bŏvem + pǐnctāre
Boquerão < bǔccam
Brumadinho < bruma
Burro ~burro < burrus
Cachuera < coctǐō-ōnis
Caldeirão < caldus
Caldeirões < caldus
Camarinha < caměra
Caminho dos escravos < cammīnus + sclavus
Campina < campus
Campinas < campus
Campo Alegre < campus + alěcris
Campo de Baixo < campus + bassus
Canal Califórnia < canālis + californium
Canavial < canna
Canto da Serra < cantus + serrārre
Capelinha < cappělla
Capetinha < capa
Casa da Fazenda < casa + facěnda
Casado < casa
Catadim < captāre + diminutivo português -inho
Cativo < captīvāre
Cavaca Pardo < cava + pardus
Cavalim < caballus + diminutivo português -inho
Cavalo < caballus
Cavalo Morto < caballus + mǒrtǔus
135
Cavera < calvārǐa
Cavirinha < calvārǐa
Colônia < colōnus
Coluna < columna
Conselhero < consǐlǐāre
Consolação < consolatione
Contenda < contentǐō-ōnis
Criminoso ~ quiminoso < crīminōsus
Cristal < crystallum
Cristais < crystallum
Cruz das Pedra < crux crǔcis + petra-ae
Cruzerim < crux crǔcis
Cruzero < crux crǔcis
Damásio < Damasus
Destilaria dos Diamantes < destillāre + diamas –antis
Desimbargadô Otoni < Imbarricāre + Ottone
Diamantina < diamante + sufixo latino -ina
Dilúvio < diluuǐum
Doce < dǔlcis
Dois Irmão < duo + germānus
Dona < dǒmǐnāre
Duas Pontes < duo +pōns pontis
Espinho < spīnus-ūs
Expedito < Expeditus
Fada < fāta
Faustim < Faustim
Fazenda < facěnda
Forquilha < fũrca
Furado < forāre
Gaio < galleus
Galheiros < galleus
Galinhero < gallina
Gentio < genetivu
Grande < grandis
136
Grilo < grillus
Guarda-Mor < guardāre
Inferno < infernus
Ingenho < ǐngěnǐum
Iscarro < screare
Istrela < stēlla –ae
Ixtração < extrahěre
Ixtrema< Stremo
Jatobá < ietaï’ua
Lagoa Grande < lǎcus + grandis
Lamarão < lama + aumentativo português -ão
Lapa do Bom Jesus < lapa + bǒnus bǒna
Largo < largus
Largo Passa Quatro < largus + passāre + quattǔor
Lavrados < laboratīvus
Lavrinha < laborare + diminutivo português -inha
Leitão < lacto –ōnis
Limpo < limpǐdus
Manso < mansus
Mão Torta < mănus + tortu
Maravilha < mirabilǐa
Marco < Marcus
Massa < Massa
Mercês < Mērcēs –ēdis
Mercês Diamantina < Mērcēs –ēdis + diamante + sufixo grego -ina
Monte de Extração < Monte + Extractione
Milho Verde
<
mīlĭum + vĭrĭdis
Monteiros < Monteiro
Número Um < numěrus + ūnus
Olaria < ōlla –ae
Olho d’Água < ŏcŭlus -ī + ǎqua
Olho d’Água da Pedra < ŏcŭlus -ī + ǎqua + petra –ae
Ouro < aurum – ī
Paciência < pǎtǐentǐa
137
Palha < palěa –ae
Pão de Santo Antônio < pānis –e + sanctus + Antonius
Pardão < pardus
Pardim < pardus
Pardo < pardus
Pard’ Grande < pardus + grandis
Pard’ Piqueno < pardus + pequeno
Parmitá < palma –ae
Parmito < palma –ae
Pasmá < pasmus
Passa Treis < pāssus + trēs
Pasto < pastus –ūs
Pau de Fruta < pālus –ī + frūctus
Pecado < peccāttum
Pecadim < peccāttum + diminutivo português -inho
Pedra < petra -ae
Pedra do Cavalinho < petra -ae + caballus
Pedra Minina < petra -ae + menīa
Pedra Redonda < petra -ae + rětŭndus
Pelada < pĭllus
Pinheiro < pīnus –ī
Pinheiros < pīnus –ī
Piolho < pedŭcŭlus
Planalto < plānus
Pombas < palŭmba –ae
Ponte Pedra < pōns pontis + petra –ae
Ponte Queimada < pōns pontis + cremāre
Povoação < pŏpŭlāre
Praia < plagia
Prainha < plagia
Prata < platta
Prego < plǐcāre
Preto < prettus
Quatro Viténs < quattŭor + vigintīvǐrīōrum
138
Quebra-Pé < crepāre + pes pědis
Reberão < rīpa
Reberãozim < rīpa
Redondo < rětŭndus
Riacho das Vara < rīvus –ī + vāra
Riacho Fundo < rīvus –ī + fundus
Rio Grande < rīvus –ī + grandis
Ri Paldo < rīvus –ī + pardus
Rio Preto < rīvus + prettus
Rodiadô < rhodium
Saborosa < sǎpōrōsus
Salvador da Cruz < salvātǐōōnis
Sampaio < Sanctus Pelagius
Santa Cruz < Sanctus + Cruz
Santa Colônia < sanctus + < colōnĭa
Santana < Sant’ana
Santana da Divisa < Sant’ana + Divisare
Santo Antônio < Sanctus + Antonius
São Domingo < Sanctus + Dominicus
São Francisco < Sanctus + Franciscus
São Sebastião < Sanctus + Sebastianus
Sempre Viva < Sempe + Vivere
Senadô Modestino Gonçalves < Sěnātor -ōris + Modestus +Gonçálvez
Senadô Morão < Sěnātor –ōris + Mourão
Seu Mota < Forma apocopada de Senhor Seu + Mota
Sirrinha < serra + diminutivo português –inha
Tenda < tenta
Terra Alta < těrra + altus
Tigre < tigris -is
Treis Corgo < trēs + corrugus
Valus < vallus –ī
Vaquejadô < vaca
Vareda < verēda
Veado < vēnātus –ūs
139
Vea < větŭlus
Verde < vǐrǐdis
Vigia < vigǐlāre
Última Fonte < ultĭmus + fons –tis
2.2 Catalão
Ilha < illa
Paió < pallol
Quarté < quarter
2.3 Castelhano
Batatal < batata
Gutiérrez < Gutierre
Manhana < mañana
Salite < salitre
2.4 Francês
Begônia < begônia
Borge < Bourges
Contage < comptage
Sopa < soupe
Guinda < Guinder
2.5 Italiano
Bruna < Bruna
Duduca < Eduardo
Jisuína < Gesuína
Sentinela < sentinèlla
2.6 Provençal
Pataca < pataca
3. Topônimos de origem não românica
3.1 Céltico
Coimbra < conimbriga
3.2 Grego
Amintas < Amyntas
Cocais < kókkos
140
Telécio < Telesphóros
Tumazinho < Tomás
3.3 Hebraico
Carmo < karmel
João Miguel < Lehohanan + Mikka
Manu < Manuel < Emanuel
Mizael < Mishael
3.4 Germânico
Barão < Baro
3.5 Arábico
Açogue < as-ōq
Arábia < `arabîya
Limera
<
līmā
3.6 Aramaico
Tumé < To’ma
3.7 Inglês
Armintom < Hamilton
3.8 Malaio
Painera < panni
4. Topônimos de origem indígena
4.1 Tupi
Acaiaca < akaia’ka
Amendoim < manu’ui
Araçuaí < ara + açoi + y
Biribiri < biribiri
Bocaiúva < bocayúva
Buriti < burity < mïrï’tï
Caeté-Merim < kaae’te + mi’rĩ
Capimpuba < ka’pii + puųa
Capuerão < ko’pųera
Curumataí < curumataí
Cutia < aku’ti
Gambá < guá-mbá
141
Guará < ua’ra
Indaiá < ima’ia
Inhacica < inhã
Inhaí < inhã
Itambé < ita’me
Jiqui < ieke’i
Mandapuçá < manapuçá < mandupussá
Muriçoca < muri’soka
Mumbuca < mu’ɱuka
Mubuquinha < mu’ɱuka + diminutivo português -inha
Paraná < pará-nã
Peroba < ïpe´roųa
Pindaíba < pina´ïųa
Pindaibal < pina´ïųa
Puba < puba
Pururuca < poro´roka
Sapé < iasa’pe
Tamanduá < tamanu’a
Tejucana < tu´įuka
Tijuco < tu´įuka
Toca < oca
Tucaia < to´kaįa
Urubu < uru´ ųu
5. Topônimos de origem africana
Bambá < mbamba (quimbundo)
Cafundó < (ka)mfundu (quimbundo)
Candonga < kabonga (quimbundo)
Canjica < canjica (banto)
Carimbo < ka’rimu (quimbundo)
Guiné < guiné
Macaco < makaaku (banto)
Macaquim < makaaku (banto)
Makemba < Maquemba (banto)
142
Mendanha < menganha (banto)
Moçorongo < muçurungar (banto)
Monjolão < monjolo (banto)
Mugongo < mungongo (banto)
Quiabero < quiabo < Kyambo (banto)
Quilombo < kilombo (banto)
Tabúa < tàbú (yorubá)
6. Topônimos de origem incerta:
Angico
Arturo
Bateia
Beco do Morro
Brejo
Buraco
Buracão
Cachamorra
Califórnia
Carrapato
Carrapatinho
Caxão
Chapada
Chapadão
Coquero
Coruja
Criolo
Curral
Curralim
Gangorra
Laje
Moça
Morrão
Morrim
Retiro
143
Tabúa
Vage
7. Topônimos de origem híbrida:
7.1. Céltico + Românico
Minas Sirrinha = mina (céltico) + serra (português<latim) + diminutivo
–inha
7.2. Pré-românico + Românico
Barro quebrado = barro (pré-românico) + crepāre (latim)
Barro Vermei’= barro (pré-românico)+ vĕrmĭcŭlus (latim)\
7.3. Românico + Pre-românico
Duas Barras = duo (latim) + barra (pré-românico)
7.4. Românico + Hebraico + Origem incerta
São João da Chapada = Sanctus (latim) + Lehohanan (hebraico) +
Chapada (origem incerta)
7.5. Românico + Hebraico + Não encontrado
São Miguel do Jequitinhonha = Sanctus (latim) + Mikha (hebraico) +
Jequitinhonha (n/e)
7.6. Árabe + Românico
Bairro da Serra = barri (árabe) + sěrra –ae (latim)
7.7. Românico + Céltico
Lagoa da Canga = lăcus (latim) + cambĭca (céltico)
Planalto de Minas = plănus (latim) + mina (céltico)
7.8. Românico + Hebraico
Canal do Mizael = Canālis (latim) + Mishael (hebraico)
Cruz do Jirimia = crux crǔcis (português) + Lirmeiahu (hebraico)
Dão João = Donum-i (latim) + Lehohanan (hebraico)
Don’Ana = Dǒmǐnāre (português)+ Hanah (hebraico)
São João = Sanctus (latim) + Lehohanan (hebraico)
São José = Sanctus (latim) + Iosseph (hebraico)
7.9. Românico + Gótico
Vila Rica = Vīlla (português) + Reiks (gótico)
Campo d’ o’tra banda = campus +alter (latim) + bandwa (gótico)
7.10. Românico + Grego
144
Campo de Cima = campus (latim) + kyma (grego)
Cata do Teleço = captāre (latim)+ Telesphóros (grego)
Intendente Câmara = Intendant (francês) + Kamára (grego)
Lagoa de Lino = lăcus (Latim) + Línos (grego)
Raimundo Xisto = Raimondo (italiano) + Xystós (grego)
7.11. Românico + Persa
Serra Azul = Serrāre (latim) + läžwärd (persa)
7.12. Românico + Românico
Chico Chaves = Chico (espanhol) + Chávias (português)
Chifre quebrado = chifle (castelhano)+ crepāre
Dois Tostão = duo (português) +teston (francês)
Ispinhaço de Minas = spīna (português) + mine (francês)
Jadir Orlandi = Jáder (português) + Orlando (italiano)
Lagoa Seca = lăcus (latim) + secca (italiano)
Mãe Mina = Mater -tris (latim) + Mine (francês)
Pedra do Guinda = petra -ae (latim) + Guinder (francês)
Pedra da Sopa = petra -ae (latim) + soupe (francês)
Santo Pastel = Sanctus (latim) + pastel (francês)
São Bento = Sanctus (latim) + Bêeito (francês)
7.13. Românico + Germânico
Paulo Afonso = Paulus (latim) + Alfons (germânico)
7.14. Românico + Africano
Ferro de Ingomá = ferrum –i (latim) + ngoma (quimbundo)
Tromba d’Anta = trombétta (italiano) + lamt (africano)
7.15. Românico + Indígena
Cruz do Acaiaca = crux crǔcis (português) + akaįa’ka (tupi)
Pau de Araçá = pālus –ī (latim) + ara´sa (tupi)
Pico do Itambé = piccare (latim) + Ita’me (tupi)
Quarté do Indaiá = quarter (catalão) + andá -yá (tupi)
Quarté Merim = quarter (catalão) + mi’rĭ (tupi)
Santo Antônio do Itambé = Sanctus + Antonius (latim) + Ita’me (tupi)
Vila Sabiá = vīlla (latim ) + saųi´a (indígena)
7.16. Românico + Origem incerta
Bica da Coã = beccu (latim)+ coã (origem incerta)
145
Conselheiro Mata = Consǐlǐāre (português) + Mata (origem incerta)
Olho de Sapo = ŏcŭlus -ī (latim) + sapo (origem incerta)
Pé do Morro = pés pědis (latim) + morro (origem incerta)
7.17. Românico + Não encontrado
Cruz do Cula = crux crǔcis (português) + Cula (origem incerta)
Sinhô Armintas = Sěnǐor + Armintas (n/e)
7.18. Siríaco + Românico
Tadeu Rocha = Tadeu (Siríaco) + Roche (francês)
7.19. Hebraico + Românico
Jão Borco = Lehohanan (hebraico) + Bosco (português)
Zé Pedro = Zé hipocorístico de José Iosseph (hebraico) + Petrus (latim)
Jão Perera = Lehohanan (hebraico) + Pirum-ī (latim)
Maria Nunes = Miryám (hebraico) + Núnez (português)
7.20. Hebraico + Indígena
Zé Paraná = Zé hipocorístico de José Iosseph (hebraico) + Pará-nã (tupi)
7.21. Germânico + Românico
Alberto Mota = Albrecht (germânico ) + Mota (português)
7.22. Grego + Românico
Dirceu Mota = Dirkaios (grego) + Mota (português)
Olimpo Martins = O’lympos (grego) + Martinici (latim)
7.23. Indígena + Grego
Capoeira do Calixto = ko’pųera (tupi) + Kállistos (grego)
7.24. Indígena + Românico
Capão Grosso = kaa’paū (tupi) + grǒssus (latim)
Inhacica Grande = inha (tupi) + grandis (português)
Inhacica Pequena = inha (tupi) + pitinnu (latim)
Itambé do Serro = Ita’me (tupi) + Cirru (latim)
Tapera de Mercedis = tape’ra (tupi) + Mērcēs –ēdis (latim)
7.25. Indígena + Hebraico + Românico
Capoeira de da Chica = ko’pųera (tupi) + hipocorístico de José
Iosseph (hebraico) Zé + hipocorísitico de Franciscus (latim) Chico
7.26. Origem incerta + Românico:
Arraiá dos Forro = arraial (origem incerta) + forro < feurre (francês)
Brejo Grande = brejo (origem incerta) + grandis (português)
146
Curral Grande = curral (origem incerta) + grandis (português)
Morro do Chapéu = morro (origem incerta) + chapel (francês)
Morro do Marco = morro (origem incerta) + marca (português)
Morro do O’ro = morro (origem incerta) + aurum –ī (latim)
Ranca Rabo = ranca (origem incerta) + rāpum –ī (latim)
Vargem do Cuelho = vargem (origem incerta) + cunīcŭlus –i (latim)
Varge do Pau = varge (origem incerta) + pālus –ī (latim)
Vargem da Rema = vargem (origem incerta) + rēmus –ī (latim)
7.28. Origem incerta + Não encontrado
Morro do Cula = morro (origem incerta) + Cula (n/e)
7.29. Origem incerta + Indígena
Arraial do Tijuco = arraial (origem incerta)+ Tijuco < tu’įuka (tupi)
Coquero do Buriti = coquero (origem incerta) + mïrï’tï (tupi)
Morro do Calumbi = morro (origem incerta) + caá-r-umby (Calumbi)
7.30. Não encontrado + Origem incerta
Braquiara do brejo = Braquiara (n/e) + brejo (Origem incerta)
7.31. Não encontrado + Românico
Jiquitionha Preto = jiquitionha (n/e) + prettus (latim)
7.32. Não encontrado + Germânico
Jiquitionha Branco = jiquitionha (n/e) + blanck (germânico)
8. Não encontrados / não classificados
Burgalhau
Calumbi
Camu-Camu
Coã
Cula
Cundinho
Dacamão
Draquiara ~ Braquiara
Draquiarão ~ Braquiarão
Draquiarinha ~ Braquiarinha
Grisorte
Japonês
147
Jiquitionha
Lavus
Luizcarro
Mandirinha
Marimbero
Marzangana
Mechera
Queraçá
Regralito
Ticó
Tombadô
FOTO 15: Garimpo
Fonte: Disponível em: http://www.asminasgerais.com.br/arquivos/ /115/arq_676.jpg.
148
5.3. Forma e gênero dos topônimos
Quanto ao gênero dos topônimos, conforme pode ser visto, a seguir, no gráfico 4,
em que são mostrados dados numéricos e percentuais do total dos nomes analisados, houve a
predominância dos nomes masculinos com 271 ocorrências, entre formas simples e
compostas, o que representa um percentual de 67% da soma total. Os nomes femininos
somam 136 ocorrências o que equivale a 33% dessa contabilidade.
271
(67%)
136
( 33%)
Nm + NCm
Nf + NCf
GRÁFICO 4: Gênero dos topônimos
Dentre os topônimos do gênero masculino encontramos 154 ocorrências simples e
no singular estruturado Nm [Ssing], 10 ocorrências no plural com o formato Nm [Spl]. Entre
os nomes compostos temos as seguintes classificações morfológicas:
18 ocorrências NCm [Ssing+Ssing]
01 ocorrência NCm [Ssing+Ssing+Ssing]
02 ocorrências NCm [Ssing+Spl]
01 ocorrência NCm [ADJsing+Spl]
01 ocorrência NCm [Qv+Ssing+Ssing+Spl]
04 ocorrências NCm [VERB+Ssing]
19 ocorrências NCm [Ssing+ADJsing]
02 ocorrências NCm [ADV+ADJsing]
02 ocorrências NCm [ADV+{Prep+Asing+Ssing}]
149
23 ocorrências NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}]
02 ocorrências NCm [Ssing+{Prep+Asing+Spl}]
02 ocorrências NCm [Ssing+{Prep+Apl+Ssing}]
01 ocorrência NCm [Ssing+{Prep+Apl+Spl}]
01 ocorrência NCm [ADV+{Prep+Asing+Pron+Ssing+Ssing}]
05 ocorrências NCm [ADJsing+Ssing+{Prep+Asing+Ssing}]
01 ocorrência NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing+Prep+Asing+Ssing}]
04 ocorrência NCm [Qv+Ssing]]
01 ocorrência NCm [Ssing+NUMsing]
01 ocorrência NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing+Ssing}]
01 ocorrência NCm [VERB+NUMsing]
01 ocorrência NCm [NUMsing+Spl]
03 ocorrências NCm [NUMpl+Ssing]
10 ocorrências NCm [ADJsing+Ssing]
01 ocorrência NCm [NUMsing+Ssing]
Já os nomes femininos apresentam 91 ocorrências na forma de Nf [Ssing] e 04 na
forma de Nf [Spl]. Em um número menor com 41 ocorrências, os nomes compostos femininos
distribuem-se nas estruturas:
03 ocorrências NCf [Ssing+Ssing]
01 ocorrência NCf [Ssing+Spl]
02 ocorrências NCf [Spl+Ssing]
09 ocorrências NCf [Ssing+ADJsing]
03 ocorrência NCf [ADJsing+Ssing]
14 ocorrências NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}]
01 ocorrência NCf [Ssing+{Prep+Asing+Spl}]
02 ocorrência NCf [Ssing+{Prep+Apl+Ssing}]
01 ocorrência NCf [Ssing+Ssing+NUMsing]
01 ocorrência NCf [NUMsing+Ssing]
01 ocorrência NCf [Ssing+NUMsing]
02 ocorrências NCf [NUMpl+Spl]
01 ocorrência NCf [ADV+VERB]
150
5.4. Quanto aos processos de formação dos topônimos
O processo de formação dos topônimos é o mesmo que sucede a qualquer palavra, ou seja,
revela propriedade morfológica, sintática e semântica. Entre os processos que originam os
topônimos destacamos o de derivação, composição e hibridismo que discutiremos a seguir.
5.4.1. Derivação
A derivação se constrói com a adição de um afixo (sufixo ou prefixo) a uma base
ou radical para a formação de uma palavra. Afirma Seabra (2004, p. 312) “combinando o
princípio da derivação sufixal, a língua portuguesa pode criar com maior facilidade
substantivos novos com base em adjetivos ou nos próprios substantivos, constituindo uma
fonte quase inesgotável de inovação lexical”.
A respeito desse processo convém destacar os 06 nomes terminados em –ado(a).
São eles Barbada, derivado do topônimo luso Barba, Barbada é um topônimo brasileiro,
formado pelo processo de derivação sufixal; Casado é particípio do verbo casar; Chapada é a
forma substantivada de Chapado. Furado, particípio do verbo furar. Derivado do topônimo
luso lavra, Lavrado é considerado também um topônimo brasileiro. Pelada é forma
substantivada do adjetivo pelado.
Salientamos, também, os substantivos terminados em - ero, - era, - eiro, - eros e
eira, são 13 ocorrências, a saber: Barreras, Barrero, Capoeira, Cavera, Coquero, Coquero do
Buriti, Cruzeiro do Cula, Cruzero, Galheiros, Galinheiro, Painera, Pinheiro, Quiabero; em -
ã/ - ão/ - ões, obtivemos 18 ocorrências: Areão, Barão, Barrerão, Baxadão, Buracão,
Caldeirão, Caldeirões, Capão, Capuerão, Caxão, Chapadão, Draquiarão, Ixtração,
Monjolão, Morrão, Pardão, Povoação, Reberão. Registramos também 08 ocorrências de
formação de palavras por meio do sufixo - al, -á, Arraial, Batatal, Canavial, Cristal, Curral,
Curral Grande, Parmitá, Pindaibal.
5.4.1.1. O caso do -inho
O diminutivo -inho (-im, -inha, -inhos) apresentou-se, também, bastante
significativo, com 22 ocorrências: Barririm, Brumadinho, Capelinha, Carrapatinho, Catadim,
Cavalinho, Cavirinha, Cruzerim, Cundinho, Faustim, Lavrinha, Macaquim, Mandirinha,
Morrim, Morrinhos, Mubuquinha, Pardim, Pecadim, Prainha, Reberãozim, Sirrinha,
151
Tumazinho. Ressalta-se que o diminutivo é próprio do falar mineiro, caracteriza a identidade
linguística de Minas Gerais. Seabra (2004) em seu estudo toponímico na região do Carmo
encontrou 06 ocorrências; Menezes (2009), em seu trabalho sobre a toponímia na região de
Pitangui, Pompéu e Papagaios, registrou também 06 ocorrências, Carvalho (2010) em sua
pesquisa toponímica em Montes Claros registrou 09 ocorrências.
O uso do aumentativo e do diminutivo sugere explicitar a dimensão do lugar
nomeado como, por exemplo, o topônimo Morro, Morrão e Morrinho.
5.4.2. Composição
Esse processo se faz com a junção de duas ou mais classes de palavras e visa dar
ênfase ao núcleo da formação. Encontramos as seguintes formas:
a) Substantivo + adjetivo: Com número mais expressivo temos 26 ocorrências, destaca-
se as 06 composições fitotoponímicas Caeté-Mirim, Campo Alegre, Capão Grosso,
Inhacica Grande, Inhacica Pequena, Milho Verde; Na sequência estão as 05
composições litotoponímicas Barro Quebrado, Barro Vermei’, Brejo Grande, Pedra
Minina, Pedra Redonda, 04 composições hidrotoponímicas Água Verde, Lagoa
Grande, Lagoa Seca, Rio Preto, 02 composições zootoponímicas Boi Pintado, Cavalo
Morto, 02 composições dirrematotoponímicas Chifre Quebrado, Mão Torta, 02
composições de taxes não classificadas/não encontradas Jiquitionha Preto, Jiquitionha
Branco, 02 composições cromotoponímicas Pard’Grande, Pard’ Piqueno, 01
composição sociotoponímica Curral Grande e 02 composições geomorfotoponímicas
Serra Azul e Terra Alta.
b) Adjetivo + substantivo: Nesta formação registram-se 16 composições: 14
hagiotopônimos Salvador da Cruz, Santa Cruz, Santa Colônia, Santana da Divisa,
Santo Antônio, Santo Antônio do Itambé, São Bento, São Domingo, São Francisco,
São João, São João da Chapada, São José, São Miguel do Jequitinhonha, São
Sebastião e 02 animotopônimos Santo Pastel e Boa Vista.
c) Verbo + substantivo: A forma verbal, utilizada para formar esses vocábulos, é
comumente a pessoa do presente do singular, do modo indicativo ou do imperativo.
Acaba Mundo = expressão lexical cristalizada, de formação luso.
Ranca Rabo = expressão lexical cristalizada, de formação híbrida.
d) Substantivo + de + substantivo: Também registramos este tipo de composição, em que
um substantivo está subordinado a outro. Entre os 39 exemplos que se seguem,
152
predominam nitidamente os nomes de natureza física: Arraia dos Forro, Arraial do
Tijuco, Bairro da Serra, Beco do Morro, Bica da Coã, Caminho dos Escravos, Campo
de Baixo, Campo de Cima, Canto da Serra, Casa da Fazenda, Coquero do Buriti,
Cruz das Pedra, Cruz do Acaiaca, Cruzeiro do Cula, Destilaria dos diamantes,
Draquiara do Brejo, Ferro de Ingomá, Ispinhaço de Minas, Itambé do Serro, Lagoa
da Canga, Monte de Extração, Morro do Calumbi, Morro do Chapéu, Morro do Cula,
Morro do Marco, Morro d’ O’ro, Olho d’ Água, Olho de Sapo, Pau de Araçá, Pau de
Fruta, Pedra da Sopa, Pedra do Cavalinho, Pico do Itambé, Planalto de Minas,
Quarté do Indaiá, Riacho das Vara, Tapera de Mercedis, Tromba D’Anta, Vargem do
Cuelho, Varde do Pau, Vargem da Rema.
e) Substantivo + substantivo: das 23 ocorrências, 17 são antropotopônimos Alberto Mota,
Antônio Augusto, Chico Chaves, Conselheiro Mata, Dão João, Dirceu Mota, Don’
Ana, Jão Borco, Jão Perera, Mãe Mina, Maria Nunes, Mercês Diamantina, Paulo
Afonso, Seu Mota, Tadeu Rocha, Paraná e Pedro, 05 são numerotopônimos
Dois Irmão, Dois Tostão, Duas Barras, Duas Pontes, Quatro Viténs e 01
dirrematotopônimo Passa treis.
5.4.3. Nomes expressos por frases
As expressões substantivas da língua são comuns em qualquer região. As
encontradas neste estudo são constituídas por frases do tipo verbo (no imperativo) + nome (no
acusativo), como as apresentadas no item c Acaba Mundo e Ranca Rabo. Citamos também as
categorias de larga escala de composição Lapa do Bom Jesus, Campo d’ o’tra banda, Largo
Passa Quatro, Olho d’Agua da Pedra, Pão de Santo Antonio, São João da Chapada.
5.4.4. Hibridismo
Na seção que trata da origem dos topônimos mostramos que 83 formações
híbridas. As construções variaram muito. Obteve-se 01 céltico + românico Exemplo: Minas
Serrinha. 02 pré-românico + românico – Exemplo: Barro Vermei’. 01 românico + pré-
românico – Exemplo: Duas Barras. 01 românico + hebraico + origem incerta – Exemplo: São
João da Chapada. 01 românico + hebraico + não encontrado Exemplo: São Miguel do
Jequitinhonha. 01 árabe + românico Exemplo: Bairro da Serra. 02 românico + céltico
Exemplo: Lagoa da Canga. 06 românico + hebraico Exemplo: Canal do Mizael. 02
românico + gótico Exemplo: Campo d’ o’tra banda. 05 românico + grego Exemplo:
153
Raimundo Xisto. 01 românico + persa Exemplo: Serra Azul. 11 românico + românico
Exemplo: Santo Pastel. 01 românico + árabe Exemplo: Raial dos Forros. 01 românico +
germânico – Exemplo: Paulo Afonso. 02 românico + africano – Exemplo: Tromba d’ Anta. 07
românico + indígena – Exemplo: Quarté do Indaiá. 03 românico + origem incerta – Exemplo:
Olho de Sapo. 03 românico + não encontrado – Exemplo: Cruz do Cula. 01 siríaco +
românico – Exemplo: Tadeu Rocha. 04 hebraico + românico – Exemplo: Zé Pedro. 01
hebraico + indígena Exemplo: Zé Paraná. 01 germânico + românico Exemplo: Alberto
Mota. 02 grego + românico Exemplo: Olimpo Martins. 01 indígena + grego Exemplo:
Capoeira do Calixto. 05 indígena + românico Exemplo: Itambé do Serro. 01 indígena +
hebraico + românico Exemplo: Capoeira de da Chica. 09 origem incerta + românica
Exemplo: Vargem da Rema. 01 origem incerta + não encontrado Exemplo: Morro do Cula.
03 origem incerta + indígena Exemplo: Arraial do Tijuco. 01 não encontrado + origem
incerta: Draquiara do Brejo. 01 não encontrado + românico: Jequitinhonha Preto. 01 não
encontrado + germânico: Jequitinhonha Branco.
5.5. Referentes geográficos
5.5.1. Natureza
Os 40 referentes geográficos que compõem nossos dados dividem-se em físicos
e antropoculturais conforme tabela 4. Desses 19 são de natureza física e 21 de
natureza antropocultural.
TABELA 4
REFERENTES GEOGRÁFICOS
Referentes geográficos de natureza
física
Referentes geográficos de natureza
antropocultural
Alto ~ arto Arraial ~ raiá
Bica Beco do
Buquerão Capela, Capelinha
Capão, Capão dos Chácara dos
Campina Curral
Campo, campo de Distrito
Conglomerado Estrada
Córrego~corgo, córrego de, corgos do Fazenda do
154
Gruta, Grota Garimpo
Lajeado do Igreja
Mato do, Mata do Largo do
Monte Lavra
Morro Lavrado do
Pedra, Pedra do Lugar denominado
105
Reberão do Mina
Rio ~ ri, ri da, ri do Pasto
Serra, Serra do, Serra das Ponte da
Tabuleiro Povoado
Vertente Quartel ~ Quarté
Roça
Sítio, Sítio do
5.5.2. Origem
Quanto à origem dos referentes geográficos físicos, identificamos a predominância
da origem portuguesa: são 15 nomes portugueses (latim) a saber: Alto ~arto < altu, Bica <
beccu, Buqueirão < bucca + sufixo - eiro + -ão, Campina < campu + sufixo -ina, Campo <
campu, Conglomerado < conglomerare, Córrego ~ corgo < corrugu, Mato < matta, Monte <
monte, Pedra < petra, Reberão < riba + sufixo -eira + -ão, Rio < rivu, Serra < serra,
Tabulero < tabula + sufixo -eiro, Vertente < vertente; 01 nome de origem indígena (tupi)
Capão < caapuã; 01 nome de origem italiana Gruta / Grota < grotta e 02 de origem incerta
Lajeado e Morro.
A respeito dos referentes geográficos antropoculturais, apresentamos 21
ocorrências entre as quais 14 de origem portuguesa (latim) Arraia ~ raiá < real, Beco < via +
sufixo -eco, Capela < cappella, Distrito < districtu, Estrada < Strata, Igreja < ecclesia, Largo
< largu, Lavra < laborare, Lavrado < laborare, Lugar denominado < locale + denominare,
Pasto < pastu, Ponte < ponte, Povoado < populu, Roça < ruptus; 01 indígena (quíchua)
Chácara < chacra, 01 de origem espanhola Fazenda < facienda, 01 de origem francesa
Garimpo < grimper, 01 de origem celta Mina < mine, 01 de origem catalana Quartel ~ quarté
< quarter e 02 de origem controvertida Curral, Sítio.
105
O termo Lugar denominado é usado pelo Instituto de Geociências Aplicadas - IGA para especificar lugares
onde há fluxo humano podendo ser ponto de encontro, local de trabalho ou lazer.
155
5.5.3. Forma e gênero
Nos 19 referentes geográficos físicos analisados, o gênero masculino predomina:
são 13 ocorrências, os nomes femininos somam 06 ocorrências. Entre os nomes,
masculinos e femininos, todos têm formas simples. Alguns, além da forma simples
apresentam a construção composta NCm [Ssing + {Prep+Asing}] Campo de, Córrego do,
Ribeirão do, Ri do, 01 NCf [Ssing + {Prep+Asing}] Pedra do, 01 NCm [Ssing+{Prep+Apl}]
Capão dos, 01 NCm [Spl+{Prep+Asing}] Corgos do, 01 NCf [Ssing+{Prep+Apl}] Serra das.
Os 21 referentes geográficos antropoculturais se dividem em 12 ocorrências
masculinas e 09 femininas. 13 apresentam formas simples e os outros 07 se subdividem nas
formas compostas NCf [Ssing+{Prep+Apl}] Chácara dos, NCm [Ssing+{Prep+Asing}]
Largo do, Sítio do, Lavrado do, NCm [Ssing+Ssing] Lugar Denominado, NCf
[Ssing+{Prep+Asing}] Fazenda do, Ponte da.
5.5.4. Sufixo -ão
Os referentes geográficos físicos assim como os outros topônimos pesquisados
admitem o grau aumentativo, acrecentando-se à forma normal o sufixo -ão. Em nossos dados,
três casos de topônimos formados pela derivação sufixal -ão: Capuerão, Carrascão e
Caxão. Tanto no primeiro caso quanto no segundo o aumentativo utilizado pelo nomeador
parece ter o objetivo de reforçar a dimensão do lugar.
5.6.
V
ARIAÇÃO E MUDANÇA TOPONÍMICA
Considerando o dinamismo da língua quaisquer signos linguísticos assim como os
nomes de lugares estão sujeitos a manutenção, variação e mudança ao longo do tempo, que
língua e sociedade encontram-se sempre em construção. Para Seabra (2008a, p.1957):
No universo onomástico de uma determinada região, nomes de lugares que o
referencialmente identificáveis por pessoas que fazem parte de redes sociais afins. Isso
ocorre porque tais nomes podem ser facilmente reconhecíveis pela cultura local,
permanecendo registrados na memória dos membros daquela comunidade o os
chamados arquivos permanentes. Outras vezes, percebe-se, na mesma comunidade
uma impermeabilidade em muitos de seus tonimos – tratam-se dos arquivos opacos.
Com o objetivo de investigar o reconhecimento desse nome e o que ele pode
representar na memória da comunidade que buscamos identificar a variação, mudança e/ou
retenção linguísticas. A tabela, a seguir, resume os dados toponímicos coletados, apresentando, na
coluna da esquerda, os topônimos observados nas entrevistas orais, que sofreram alteração e, na
coluna da direita, a forma escrita nos documentos antigos expostos no item 3.3.2. Para esta tabela
156
optamos pela análise baseada nos mapas do culo XVIII e XIX.
A partir da exposição desses
dados serão observados os fenômenos de variação e mudança na toponímia em questão. As
informações apresentadas nessa tabela constam das fichas taxonômicas, mas aqui se
encontram sistematizadas entre formas presente e pretérita.
TABELA 5
QUADRO COMPARATIVO DE TOPÔNIMOS
Topônimo atual
(língua oral contemporânea)
Topônimo registrado na língua escrita (Mapas)
Acaba Mundo ~ Caba Mundo Acaba Mundo (1855, 1862, 1873).
Água Verde Ágoas Verdes (1820).
Angico Anjicos (1778), Angicos (1788).
Araçuaí
Arassuahi (1820), Arassuahy grande (1821), Arasuahy (1731),
Arassuadi, Arassuay grande, Arassuay pequeno (1734/5),
Araçuaí Arasuaí (1788).
Corgo da Areia Riberam da Area (1729), Ribeirão da Area (1770), R. da Areya,
Ribeiraõ da Arêa, Riacho d. Area (1776), Area (1784), Ribeiraõ
da Area (1787).
Barra Barras (1787), Barra do Nuno (1787).
Barreras Barreiras (1821)
Barro Barros (1776)
Batatal ~ Batatá Batatal (1770, 1776, 1784, 1787)
Bixiga Bexiga (1820)
Buriti Buriti (1804), Boriti (1820), Buriti (1821), Buretiz (1778),
Buritis (1734/5), Buritil (1770).
Caeté-Mirim ~ Caeté-Merim ~ Caté-
Merim
Caeté Mirim (1862), Caetemirim (1855), Caeté Merim (1820),
Caetémerim (1804), Caite mirim (1800), Caythemerim,
Caithemeri, Cartemeri (1787)Caeté Merim (1784), Caete Meri
(1778 , Caeté Merim (1776), Caetemerim (1770), Cayte-Merim
(1734/5), Caetté Merim (1731).
Cachamorr’ ~ Cachamorra
Cachaporra (1776, 1784), Chaporra (1787).
Cachuera Caxoeira (1800), Caxoeira (1820), Caxoeira (1821)
Cafundó Cafundós (1729), Cafundo (1734/5), Cafundó (1776, 1784),
Cafundós (1787)
Caldeirões Caldeiroens (1787)
Calumbi Calumbis (1820)
Carimbo Carimbos (1784)
Cavera Caveira (1734/5, 1770)
Chapada Chapada (1800, 1804), Chapada (1820) Arraial Freguesia e
Destacamento Chapada (1855), Chapada (1734/5) Chapada
(1778), Chapada (1787), Array de.
Chapada (1788).
Cocais Cocaes (1770) Cabeceiras do Rio dos Cocais pequeno, Cocais
grande (1776), Coquaes (1787).
Contage ~ Contagem Contage (1734/5, 1770) Riacho do Contage do Rebello (1776),
Contagem do Cabello (1784) LD. Contagem do Ret. (1787).
Cristais Cristaes (1770, 1776), Cristais (1784), Christtaes (1787).
Curralim Curralinho (1804), Corralinho, Corra linho (1734/5),
Carralinho (1770), Curralinho (1778, 1784), Corralinho (1787),
corgo do Curralinho (1788).
Curumataí Curmatatahi (1800), Curimataí (1804), Corimatai (1820),
Curimatahi (1821), Curimatahi (1862), Curimatahy (1873),
157
Coromataý (1734/5), Curmatai (1778), Cormatai (1788).
Forquilha ~ Furquilha Forquilha (1800, 1804,1820, 1821), Forquilha (1787), Fraquilha
(1778), Forquilha (1776).
Gaio Gaia (1778)
Galheiros Galheiro (1800, 1804, 1821), Galheiro (1776) Serra do
Galheiro Gouvea (1778), Galheiro (1784) serra de Galheiro
(1788).
Guarda-Mor Guarda (1734/5).
Indaiá Andaia (1820), Arraial Freguesia Andaia (1821).
Ingenho Ingenho (1731), Engenº. (1734/5)
Inhacica Inhacica (1800, 1804), Inha(x ou n)cica (1820)
106
, Inharica
(1821)
Inhacica (1776, 1778, 1788, 1849, 1855, 1862).
Inhacica Grande Inhancica Grande (1820), Inhachica Grande (1770), Inhacica
Grande (1784).
Inhacica Pequena Inhancica Pequeno (1820), Inhachica Pequeno (1770)
Inhaí Inhahi (1800), Inhai (1804), Inhay (1820) Destacamento Inhahi
(1821), Inhaý (1776), Inhay, Inhaý Grande, Inhaý Pequeno
(1734/5), Myinhahy+meri, (1729).
Ixtrema Estrema (1804, 1821, 1855), Estrema (1778), Ertrema (1788)
Jequitinhonha ~ Jiquitinhonha ~
Jiquitionha
Jiq’tionha ~ Jequitionha
Juaquetinhonha (1800), Giquitinhonha (1804), Giquitinhonha
(1820), Jequetinhonha (1821), Gequetinhonha (1862),
Gequitinhonha (1873), Jequetinhonha (1788), Giquitinhonha
(1787), Guequitinhonha (1787), Gequitinhonha do Campo,
Gequitinhonha, Jaquetinhonha (1784), Gequitinhonha (1776),
Jaquitinhonha, Jaquitinhonha do Campo (1770), Giquito. do
Mato, Giquitinhonha do Campo (1734/5), Jatiquinhana (1731),
Jequitinhonha (1729).
Laje ~ laj Lageas (1729), Lages (1734/5, 1770, 1776), Lage (1784), Lage
(1787)
Lavrinha Lavrinhas (1849), Lavrinha (1804), Lavrinhas (1800), Lavrinha
(1778, 1788).
Macaco ~ Macacos Macacos (1821, 1734/5, 1770), Macaco (1784).
Manso Manso (1873, 1862), Manço (1804, 1821), Manso (1800, 1770,
1776, 1778, 1784, 1787), Manço (1788).
Marimbeiro ~ Marimbero ~ Marimero Marimbeiro (1862, 1873).
Milho Verde Milho Verde (1820), Verde Milho (1731), Milho Verde (1776,
1784, 1787).
Morrim ~ Morrinhos Morrinhos (1787, 1778), Morinhos (1776), Murinhos (1729),
Morrinhos (1770).
Mumbuca ~ Mubuca Mombuça (1734/5)
Olho d’Água ~ Olhos d’Água ~ Zói
d’Agua
Olhos d’ Água
Paiol ~ Pa Paiol (1820), Payor (1734/5).
Paraná Paranná (1821)
Parmitá Palmito (1821, 1787, 1784, 1776, 1770, 1734/5)
Pindaíba Pindaíbas (1862, 1820), Pindahibas (1787), Pindaíbas (1776,
1770), Pindahiba (1784)
Riacho Fundo Riacho Fundo (1821, 1787), Riaxo Fundo (1778), Riacho Fundo
(1770)
Tabua ~ Tabu Tabua (1804) e Tabûs (1778)
Tamanduá Tamandoá (1787)
Tijuco Tejuco (1800), Tijuco (1804), Tejuco (1820) Arraial Freguesia e
Destacamento Tejuco (1821), Tijuco (1729, 1731), Tojuco
(1734/5), Tejuco (1778, 1784, 1787, 1788)
Tombadô Tombados (1821)
Tromba D’Anta Anta (1804), Trombadanta (1770).
106
O nome pode ser Inhancica ou Inhaxica, com n ou x . A palavra está pouco legível na carta pesquisada.
158
Tucaia Tocaiós (1804), Tucaió (1778), Tocayo (1788).
Varge ~ Vargem ~ Vage ~ Vagem Várgeas (1770)
Velhas ~ Vea Velhas (1800), Vellas (1788), Velhas (1778).
Conforme os dados das Tabelas 3 (p. 87-120) e 5 (p. 155-157) o corpus desta
pesquisa confirma uma das hipóteses a respeito da toponímia registrada a partir das
entrevistas orais. Dos 407 topônimos presentes em nosso corpus, 220 não foram localizados
em registros escritos. Com relação à variação, mudança e retenção linguística, observou-se
que 108 topônimos apresentaram algum tipo de variação. Em 08 topônimos, detectou-se
mudança, ou seja, desaparecimento total de formações linguísticas.
5.6.1. Sobre a variação de topônimos
Os topônimos, como parte integrante da língua oral e escrita usada em certa
comunidade, sofrem as variações decorrentes da prática linguística. Essas variações
costumam ser de ordem analógica, fonética, morfossintática, lexical e, ainda, ocorrer nas
chamadas reduções ou elipses
107
.
Os 59 topônimos elencados na Tabela 5 se subclassificam em rias taxes tais
como animotopônimo, com 2 ocorrências, antropotopônimo, com 2 ocorrências,
axiotopônimo, com 01 ocorrência, corotopônimo, com 01 ocorrência, dimensiotopônimo, com
01 ocorrência, dirrematotopônimo, com 1 ocorrência, ergotopônimo, com 3 ocorrências,
fitotopônimo, com 13 ocorrências, geomorfotopônimo, com 08 ocorrências, hidrotopônimo,
com 06 ocorrências, litotopônimo, com 05 ocorrências, morfotopônimo, com 01 ocorrência,
sociotopônimo, com 5 ocorrências, somatotopônimo, com 2 ocorrências e zootopônimo, com
05 ocorrências. Contando, como foi mostrado anteriormente, com um grande número de
fitotopônimos que assim como as outras taxes não são imunes às transformações, pode-se
arrolar, na região estudada, topônimos que sofreram alterações, influenciados pela língua
falada ou pela perda da referência denominativa. Neste estudo a análise dos nomes
apresentados nas tabelas 3 e 5 revelou casos de variação:
I. Fonética
107
Sobre a elipse em topônimos, afirma DAUZAT (1926: 59) “Il n’est pás nécessaire que ce composé soit
encore compris: il suffit qu’un de sés éléments, généralement le premier, ait pris une place preponderante pour
qu’il suffise à évoquer le lieu à lui Seul.[...] E exemplifica: Lutetia Parisiorum, civitas de Parisiis, puis
Parisiis, Paris.”
159
a) Os metaplasmos de subtração e de adição, que ocorrem quando um ou mais fonemas
desaparecem ou são acrescentados no vocábulo, foram verificados em alguns dados.
1. Aférese ou perda de um ou mais fonemas do início da palavra: Caba Mundo < Acaba
Mundo, Ranca Rabo < Arranca Rabo.
2. Apócope ou desaparecimento de uma ou mais fonemas no final do vocábulo: Angico <
Angicos, Barro < Barros, Cafundó < Cafundós, Calumbi < Calumbis, Contage < Contagem,
Curralim < Curralinho, Galheiro < Galheiros, Olho d’ Água < Olhos d’ Água, Palmitá <
Palmtal.
2. Síncope ou queda de um ou mais fonemas do interior do vocábulo: Barreras < Barreiras,
Cachuera < Caxoeira, Cavera < Caveira.
3. Paragoge, caso de metaplasmo em que há adição de fonema: Guarda-Mor < Guarda.
4. Epêntese, acréscimo de fonema no interior do vocábulo: Quiminoso < criminoso.
b) Iotização, mudança da palatal para a semivogal: Agulia < Agulha, Barro Vermeio < Barro
Vermelho.
c) Rotatização, mudança do L para o R: Parmitá < Palmital, Parmito < Palmito.
d) Degeneração: Quatro Viténs < Quatroviteins, Tromba d’Anta < Trombadanta
e) Elevação ou abaixamento da vogal pretónica ou postónica: Bixiga < Bexiga, Buriti <
Boriti, Caeté-Merim < Caeté Mirim, Ingenho < Engenho, Ixtrema < Estrema ~ Ertrema,
Furquilha ~ Forquilha < Forquilha, Reberão < Riberão, Tijuco < Tejuco.
II. Gráfica
a) Alteração gráfica: Água Verde < Ágoas Verdes, Angico < Anjicos, Araçuaí < Arassuahi
~Arassuahy, Cachamorra < Cachaporra, Jequitinhonha < Gequitinhonha ~ Gequetinhonha
~ Jequetinhonha Juaquetinhonha ~ Giquitinhonha ~ Giquitinhonha ~ Jequetinhonha, Zói d’
Água ~ Olhos d’ Água < Olhos d’ Ágoa, Manso < Manço, Mumbuca < Mombuça.
III. Morfossintática
a) Algumas expressões perderam a preposição de indicativo de elemento onomástico de
referência ou origem. É o caso de topônimos como Corgo Batatal < Corgo do Batatal
b) Ausência da marca de plural: Água Verde < Ágoas Verdes, Lavrinha < Lavrinhas, Tucaia
< Tocaiós, .
III. Lexical
a) A oscilação no emprego de um ou outro topônimo ocorreu, com mais frequência nos nomes
dos distritos porque a comunidade ainda reconhece e divulga o nome anterior, são eles
160
Curralinho ~ Extração, Mercês ~ Senador Modestino Gonçalves; Chapada ~ São João da
Chapada, Campinas ~Senador Mourão, Varas ~Conselheiro Mata.
IV. Redução ou elipse
a) Redução do nome ou elipse refere-se aos nomes compostos, quando o falante julga
suficiente adotar somente um dos elementos da composição. Exemplos: Chapada < Arraial
Freguesia e Destacamento Chapada, Milho Verde < Arraial Freguesia e Destacamento,
Quarté < Quartel dos Soldados.
Dentre as 108 variações detectadas na análise, 60 são de ordem fonética, 16 são
ortográficas, 10 sofrem variação morfossintática, 11 são lexicais e 11 estão entre os casos de
redução ou elipse.
5.6.2. Sobre a mudança toponímica
A mudança de nome de lugar, segundo Dauzat (1926: 45) pode ser espontânea e
sistemática. A mudança espontânea se dá na língua após invasões ou conquistas de um
território. a mudança sistemática independe de conquistas, evoca em geral o nome de um
soberano ou autoridades de uma região e é imposta com o objetivo de homenagear alguém.
Diamantina guarda em seu registro a mudança dos nomes dos seus distritos que
ocorreu nos anos 1920, 1923, 1943 e 1962. Os dados indicativos de mudança apontam 06
ocorrências de mudança espontânea com substituição parcial dos itens léxicos e 8 ocorrências
de mudança sistemática.
I. Mudança espontânea
a) Por substituição parcial dos itens léxicos
1. Ri Pard’ Grande < Pallagem do Rio Pardo Grande < Cabeceira do Rio Pardo
Grande
2. Ri Pard’ Pequeno < Cabeceiras do Rio Pardo Pequeno
3. Pico do Itambé < Morro do Destacamento Itambé
4. Quarté < Quartel dos Soldados
5. Riacho Fundo < Vale Fundo
6. Corgo da Areia < Ribeiro da Area da Chapada < Ribeiraõ da Area < Riacho da
Area.
II. Mudança sistemática
161
1. Diamantina < Arraial do Tijuco
2. São João da Chapada < Chapada
3. Conselheiro Mata < Varas
4. Extração < Curralinho
5. Senador Mourão < Campinas < Pindaíbas
6. Senador Modestino Gonçalves < Mercês de Diamantina
7. Desembargador Otoni < Galinheiro
8. Planalto de Minas < Contagem
FOTO 14: Diamantes retirados em Duas Barras
Fonte: Disponível em: <http.zzidoro.blogspot.com>. Acesso em: mai. 2010.
Após quantificação e análise dos dados passemos ao Capítulo 6, no qual
apresentamos o glossário.
(...)Como pode um peixe vivo
Viver fora da água fria?
Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua,
Sem a tua companhia (... )
(Milton Nascimento)
163
Capítulo 6 - Glossário
6.1. Apresentação dos verbetes pela forma Semasiológica
Este glossário está constituído de 384 verbetes, cada um deles estruturados
com a entrada, que é o nome do acidente, em seguida sua classificação morfológica, sua
origem e sua classificação taxionômica. Para cada acidente foi criada uma definição, e,
na sequência, é possível conhecer a que tipo de acidente esse nome corresponde: se
córrego, serra, fazenda, garimpo e, ainda em qual localidade esse nome aparece que
englobamos Diamantina e seus distritos. Por último, como fechamento do verbete, os
registros e os anos em que foram encontrados nos mapas pretéritos e atuais cada nome
pesquisado. Não constam da listagem os 23 nomes não classificados ou não
encontrados: Calumbi, Camu-camu, Coã, Cruz do Cula, Cula, Cundinho, Dacamão,
Grisorte, Jequitinhonha, Jequitinhonha Branco, Jequitinhonha Preto, Lavus, Luizcarro,
Makemba, Mandirinha, Marimbero, Marzangana, Mechera, Morro do Calumbi, Morro
do Cula, Queraçá, Regralito, Ticó.
Abaixo o Glossário, composto por verbetes de A a Z, de acordo com os
registros feitos.
A
ABADIA
Nf [Ssing] português < latim Hierotopônimo. Residência de religiosos, mosteiro.
Nomeia Distrito de Desembargador Otoni povoado, fazenda e lugar denominado. [...] é
num é longe não, na Ebadia, viu falano na Ebadia? (E. 18, L. 10). Registro escrito:
Abadia (1820) • Registro oral (variante): Ebadia.
ACABA MUNDO
NCm [VERB + Ssing] português < latim+latim Dirrematotopônimo.
Expressão que identifica uma região distante do centro urbano e/ou comercial. Nomeia
Distrito de Extração povoado, rio e ponte. [...] é por aqui, a gente passa pelo Acaba mundo
e vai prá lá, né? (E. 1, L. 237). Registro escrito: Caba Mundo, Acaba mundo (1855), Acaba
mundo (1862), Acaba mundo (1873). • Registro oral: Caba Mundo
ACAIACA
Nm [Ssing] indígena (Tupi) akaia’ka Fitotopônimo. Árvore da família das
terebintáceas. Nomeia Município de Diamantina região do Rio Grande lugar. [...]
Acaiaca é o nome de uma tribo aqui. (E.3, l. 256) // Agora essa tribo tinha uma... eu não
sei...uma índia... algo sobre uma índia... eu não entendo bem não... ou falar assim [...] (E. 3, L.
258).
AÇOUGUE
Nm [Ssing] português < árabe Sociotopônimo. Local onde é feito o
armazenamento e a venda de carnes vermelhas e brancas. Nomeia Distrito de Conselheiro
164
Mata lugar, serra e pasto. [...] Açogue, ali na Serra do Açogue tem a cachoera das Fada,
tem ali a cachoera das Fada, agora tem a cachoera de Telécio. (E. 15, L. 68).
ÁGUA VERDE
NCf [Ssing + ADJsing] português < latim Hidrotopônimo. • Água de
coloração esverdeada Nomeia Distrito de Senador Mourão lugar, fazenda e córrego.
[...] é Corgo da Cachuera, o Água Verde, agora pra cá tem corgo Capão Grosso, né? (E. 19, L.
131). • Registro escrito: Ágoas Verdes (1820).
AGULHA
Nf [Ssing] português < latim Morfotopônimo. Lascas de minerais finas e
pontiagudas Nomeia Distrito de Conselheiro Mata lugar e serra. A Serra das Agulia
antigamente tinha um garimpo lá com a agulia, (que ês vende ela) são agulia de garimpo. (E.
19, L. 51 e 53). • Registro oral: Agulia
ALBERTO MOTA
NCm [Ssing + Ssing] português < germânico + português < latim
Antropotopônimo. Nome próprio. Nomeia Município de Diamantina rio e pasto É,
perto do rio... tem pasto, é só pasto Alberto Mota (E. 3, L. 95).
ANGICO
Nf [Ssing] português < origem controvertida Fitotopônimo. Árvore do gênero
piptadenia, originária da América tropical, cuja madeira é de boa aceitação no mercado. •
Nomeia Município de Diamantina lugar e rio. [...] de nome eu não sei direito não, mas
tem o rio do Angico, tem o rio da Sopa... (E.1, L.10) • Registro escrito: Angicos (1788), Anjicos
(1778).
ANTÔNIO
Nm [Ssing] português < latim Antropotopônimo. Nome próprio. Nomeia
Distrito de Extração – curral. [...] não, num tinha não, era assim, tinha o currá lá embaxo que
era de [...] de[...] Antonio. (E.6, L. 263).
ANTÔNIO AUGUSTO NEVES
NCm [Ssing + Ssing + Ssing] português < latim
antropotopônimo. Nome próprio. Nomeia Município de Diamantina – lugar. [...] tinha o
seu Armintas, era fazendeiro, tinha pasto esse pasto todo aqui era dele, Armintas e tinha aqui o
Antônio Augusto Neves, ali onde tinha o menininho era dele essa terrada toda era dele...Aqui
tudo era pastão, não tinha nada, depois de 50 que foi nascendo a cidade nova. (E. 3, L. 105).
AMENDOIM
Nm [Ssing] Indígena (tupi) manu’ui Fitotopônimo. • Planta herbácea da
família das leguminosas, fruto dessa planta. Nomeia Município de Diamantina lugar e
ribeirão. [...] mudaram pra prestar homenagem a uma pessoa que eles nem cunhicia... O João
tinha uma fazenda aí perto, chama Amendoim. (E.5, L. 73).
AMIZADE
Nf [Ssing] português < latim Animotopônimo. Simpatia, carinho e estima por
alguém. • Nomeia Distrito de Inhaí ponte. [...] aquela ponte é ponte da Amizade, o foi
da época, foi João Antunes que fez [...]. (E.21, L.9).
ARÁBIA
Nf [Ssing] português < árabe Corotopônimo. País localizado no sul da Ásia,
entre o Mar Vermelho e o Golfo Pérsico. Nomeia Distrito de São João da Chapada
córrego, rio e serra. [...] do Jão Borco, e tem o Corgo da Arábia...e tem o Corgo do Burro que
eu te informei que acharam o burro morto [...]. (E.10, L.284).
ARAÇUAÍ
Nm [Ssing] indígena ara+açoi+y Hidrotopônimo. Possível expressão criada
por índios para indicar a presença de araras grandes no rio. Nomeia Distrito de Senador
Mourão –rio, lugar e cidade. Meu pai chegô a ir em Araçuaí de tropa, de cavalo, cê cunhece?
É aí pra baxo. (E.19, L.365). • Registro escrito: Arasuahy (1734), Arassuadi, Arassuaý grande e
pequeno (1734/5), Araçuaí, Arasuai (1788), Arassuahi (1820), Arassuahy grande (1821).
ARRAIÁ DOS FORROS
NCm [Ssing+{Prep+Apl+Ssing}] português < origem controversa +
francês • Sociotopônimo.• Possível acampamento de negros alforriados. • Nomeia Distrito de
Mendanha córrego. [...] é Arraiá dos Forro porque depois que passava o corgo subia um ia
pra saí na Maria Nunes nesse lugá, né? Então o lugá que ês passava assim ês chamava de
Arraiá dos Forro . (E.20, L.20).
165
ARRAIAL DO TIJUCO
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < origem controversa +
tupi (tu’įuka) Sociotopônimo.• Nome anterior de Diamantina. Nomeia Município de
Diamantina – córrego. Aqui era o antigo Arraial do Tijuco. (E.20, L.20).
AREÃO
Nm [Ssing] português < latim Litotopônimo.• Areia grossa, de cor parda,
misturada com terra e cascalho. Nomeia Distrito de Mendanha lugar, largo. [...] de
primero os carro vinha, discia aqui pur cima, passava no fundo do Areão e sartava esse corgo,
depois fizero uma ponte lá na descida do o’tro corgo lá. (E.20, L.9).
AREIA
Nf [Ssing] português < latim Litotopônimo.• Substância mineral, encontrada
geralmente em grânulos, decorrente de erosões rochosas. Nomeia Distrito de Planalto de
Minas córrego. [...] é, Barririm, mais i riba chama corgo da Areia, onde minha irmã
mora. (E.16, L. 251) Registro escrito: Area (1729), Ribeirão da Area (1770), R. da Areya,
Ribeiraõ da Área, Riacho da Area (1776), Area (1784), Riberaõ da Area (1787), Ribeiro da
Area da Chapada, Área (1821).
ARTURO
Nm [Ssing] português < origem controversa Antropotopônimo.• Nome
proveniente de Artur que, segundo Guérios (1994, p. 63), significa “o que tem os cabelos
eriçados ou vigilante da Ursa ou pedra”. • Nomeia Distrito de São João da Chapada – lugar.
[...] no Arturo ele é chamado corgo da Arábia e na cabicera tem outro [,] o corgo da Jisuína
(E.10, L. 422).
ARMINTAS
Nm [Ssing] português < grego Antropotopônimo.• Nome grego que significa,
segundo Guérios (1981, p.56), “o resistente, o defensor”. • Nomeia Município de Diamantina
pasto. Armintas e tinha aqui o Antônio Augusto Neves, ali onde tinha o menininho era dele
essa terrada toda era dele... Aqui tudo era pastão, não tinha nada, depois de 50 que foi
nascendo acidade nova. (E.3, L. 105).
ARMINTOM
Nm [Ssing] português < inglês Antropotopônimo.• Sobrenome inglês,
conforme Guérios (1981, p.139), “aldeia fortificada ou aldeia da montanha”. • Nomeia
Distrito de Conselheiro Mata – fazenda. [...] tem a fazenda do Armintom aqui que... num sei o
nome, a Fazenda Riacho das Vara [...] aquela ali. (E.15, L. 216).
AVE
Nf [Ssing] português < latim Zootopônimo.• Denominação comum a pássaro
Nomeia Distrito de o João da Chapada serra. [...] tem Ponte Queimada e bem
embaxo tem serra das Ave. (E.10, L. 743).
B
B
AIRRO DA
S
ERRA
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < árabe + português <
latim Sociotopônimo. Povoado, lugarejo ou localidade próximo a uma cadeia de montanhas.
Nomeia Município de Diamantina lugar. [...] Bairro da Serra que veno aí! (E.4,
L. 180).
B
AMBÁ
Nm [Ssing] português < africano (do quimbundo mbamba) Fitotopônimo. Erva
espinhosa conforme Balbach
108
([s.d.], p. 110) de folhas verde-amareladas e fruto aderente ao
cálice, pálido e marcado com traços verde-escuros, quando maduro é amarelo ou vermelho.
Contém uma massa branca [...] muito doce, usada para tirar manhcas da pele e na urticária.
Nomeia Distrito de Sopa córrego. [...] e o outro chama do Bambá [...] não sei o que
significa... prá nós aqui tem uma flor, uma árvore que folhas verde e flor branca ês fala que
chama Bambá, mas isso a gente num tem, como é que a gente diz, cientificamente [...]. (E.9, L.
267).
108
BALBACH, A. As plantas curam. Itaquaquecetuba: EDEL, S/D.
166
B
ARÃO
Nm [Ssing] português < germânico Axiotopônimo.• Título de nobreza concedido
ao homem notável pelo seu valor, posição e riqueza. Nomeia Município de Diamantina
fazenda. [...] lembro da serra do Barão, lugar que a gente ia fazê passei´, tem o´tras
serra aí... passou muito tempo que eu não sei, não lembro mais como chamava, que
povoano muito, muito povoado na serra, ixtendeno pra serra toda, de baixo da serra (E.4, L.
176).
B
ARBADA
Nf [Ssing] português < latim Animotopônimo.• Relaciona-se com qualquer
competição e sua vitória. • Nomeia Distrito de Senador Mourão – lugar. [...] chama
Limpos, tem um lugá que chama Barbada [...]. (E.19, L. 707).
B
ARRA
Nf [Ssing] português < pré-românico Geomorfopônimo.• Desembocadura, foz ou
encontro de rios ou mares. Nomeia Distrito de Senador Mourão lugar. [...] tem até uma
fazenda até, ali ao lado de Buracão, que eu falano, nasce um córrego, em baixo ele da
barra com outro, né? Vira um só, cujo o nome chama Barra até [...]. (E.19, L. 134). • Registro
escrito: Barras (1787), Barra do Nuno (1787), Barra (1820).
B
ARRAGE
Nf [Ssing] português < pré-românico (barro) + sufixo português -agem
Ergotopônimo.• Obstrução construída para impedir o fluxo natural de rios e córregos,
represando-os. Nomeia Distrito de Curralinho lugar. aquele corgo ali antigamente,
agora que mudaro o nome porque pôs Barrage, né? num tinha aquela barrage nova, ali
chamava Corgo da Tenda. (E.7, L. 432).
B
ARRERÃO
Nm [Ssing] português < pré-românico (barro) + sufixos portugueses -agem + -
ão Geomorfotopônimo.• Nos estudos geomorfológicos, a Formação Barreiras constitui parte
do sítio geológio do Vale do Jequitinhonha, é possível que o morro conhecido como Barrerão
seja da Formação Barreiras. Nomeia Distrito de Desembargador Otoni morro. [...]
porque era um povoaduzim, el´foi comprano tudo, quase que lá... é tudo del´ agora, é onde
que era o Barrerão.(E.18, L. 136).
B
ARRERAS
Nf [Spl] português < pré-românico (barro) + sufixo português -eira
Geomorfotopônimo.• Tipo de formação geológica de morros, rochas e falésias que integram a
paisagem por onde passaram ou passam águas marinhas. • Nomeia Distrito de Inhaí – lugar.
[...] porque era onde tinha uma bica, aonde o povo todo panhava a água, lavava vasia. Lavava
a ropa, tudo era nesse corgo que ia, a rede de água [...] lá chama Barreras [...] Barreras tem
uma fazenda [...]. (E.22, L. 158).
B
ARRERO
Nf [Ssing] português < pré-românico (barro) + sufixo português -eiro
Litotopônimo.• Solo úmido e resvaladiço, local onde mistura de terra e água. Nomeia
Distrito de São João da Chapada – lugar, lavra. [...] perto de (?) casa mermo é tanto nome que
tem... de ro... ês fala qu´é uns nome diferente.. tem lavra [...] Tem Barrero, que é perto de
Macaquim [...]. (E.10, L. 197).
B
ARRIRIM
Nm [Ssing] português < pré-românico (barro) + diminutivo português -inho
Litotopônimo.• Formação geológica de pequeno porte. Nomeia Distrito de Planalto de
Minas Serra. Ali chama Barririm mais i riba chama Corgo da Areia, onde minha irmã
mora [...] não! Barririm é dessa grota prá lá, tem uma grota ali, ó lá a antena, de lá cê vê até o
Capuerão. (E.16, L. 249).
B
ARRO
Nm [Ssing] português < pré-românico (barro) Litotopônimo Terra muito úmida
que forma barreiros. Substância úmida e argilosa típica de lavras em uso. Nomeia Distrito
de São João da Chapada Córrego, rio, lavra. Informante 1: chama é Barro... (( risos))
Corgo do São Jão não, [...]. (E.10, L.663) // Informante 3: mas pra baxo é Corgo do São
Jão... O Barro é pin... esse lavrado todo aí é Barro [...]. (E.10 , L. 664)
B
ARRO
Q
UEBRADO
NCm [Ssing+ADJsing] português < pré-românico (barro) + português
< latim Litotopônimo.• Barro de textura de fácil esfarelamento. Nomeia Distrito de
Planalto de Minas lugar. [...] é um pirigo disgramado [...] como é que eu fazê? [“O sinhô
deve, pricisa comunicá a prefeitura”] [((falando dos lugares))] Planalto, aqui mais imbaxo
167
Vareda, Quebra-Pé, Barro Vermei’, Barro Quebrado, Ixtrema { depois Baxadão [...]. (E.16 , L.
235).
B
ARRO
V
ERMEI
NCm [Ssing+ADJsing] português < pré-românico (barro) + português <
latim Litotopônimo.• Barro que adquire coloração mais escura devido à composição da terra.
Nomeia Distrito de Planalto de Minas lugar. [...] chama Barro Vermei’ ele pra lá,
trabaiano lá, na roça, sofreno, é formado Draquiarão, tem os dois Draquiara [...]. (E.16 , L.
176).
B
ATATAL
Nm [Ssing] português < espanhol + sufixo português -al Fitotopônimo.• Nome
dado à plantação do tubérculo comestível “batata”. • Nomeia Distrito de Conselheiro Mata
lugar, córrego, rio. [...] agora dentro desse aí [...] o Ri Pardo lá do Batatá pra cima... lugá que
chama Bruna [...] daí pra cima eu num sei (?) Até lá eu sei o afluente, o rio... o Buriti entra no
Ri Pardo Piqueno e tem aqui o Batatal que nasce logo ali perto da cabeceira do nosso ri aqui,
nós temo o nosso ri aqui que chama Riacho das Vea [...]. (E.15, L.9). Registro escrito: Batatal
(1770, 1776, 1784, 1787), corgo Batatal (1787), Rio Batatal (1800). Registro oral: Batatá.
B
ATEIA
Nf [Ssing] português < origem controversa Ergotopônimo Instrumento usado
para lavagem do ouro e diamantes. Gamela. Nomeia Distrito de Desembargador Otoni
ribeirão. [...] onde morei tem o Reberão do Amendoim, tem o reberão, o reberão do Bateia,
tem o ((trote de cavalo, o informante cumprimenta o peão que passa)) que tem ali ond’nós morô
é Jão Perera, Reberão de Jão Perera, tudo tem cachoera [...] (E.17, L.31).
B
AXADÃO
Nm [Ssing] português < latim baixar + sufixo -ada + aumentativo -ão
Geomorfotopônimo Planície localizada entre as montanhas Nomeia Distrito de Planalto
de Minas – lugar. [...] cês pega essa linha aqui e vai direto ao Baxadão. (E.16, L.128).
B
EGÔNIA
Nf [Ssing] português < francês Fitotopônimo.• Planta da família das
begoniáceas, conhecida pela beleza das suas flores e folhas. Nomeia Município de
Diamantina córrego, lugar. Chuva! Muita chuva, então a gente ispera o ri inchê, a inchente
vem e rebenta e a gente tem que saí, teve uma época que aconteceu isso comigo né? É! Agora
otro dia eu fui mais um colega meu foi lá no... no... na tal de Begônia, onde passa muitos desses
rios... ingraçado... tem um que chama Córrego do Ouro lá na Begônia [...]. (E.1, L.63).
B
ECO DO
M
ORRO
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim + origem
controversa • Hodotopônimo.• Local estreito, de difícil acesso. • Nomeia Distrito de
Conselheiro Mata – serra. [...] tem Beco do Morro e Tapera de Mercedis. (E.15, L.336).
B
ICA DA
C
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim + origem controversa
Hidrotopônimo. • Fonte de água pura e potável visitada pela ave Coã. Nomeia Distrito de
Mendanha – lugar, bica. [...] a gente sobe toda vida, passa uma estrada estreitinha, né? De um
lado e de o’tro até chegá nessa bica, então todo mundo busca água de be[...] e água
potável panha lá, nós do lado de todo mundo ia [...] é:é chama a Bica da Coã. (E.20,
L.191).
B
IRIBIRI
Nm [Ssing] indígena (tupi) biribiri Dimensiotopônimo • Dimensão formada entre
montanhas com aparência semelhante ao de um buraco fundo. Nomeia Município de
Diamantina lugar, rio, serra. [...] Biribiri [...] Por que esse nome? Não sei [,] Biribiri? Não
sei [,] você sabe que nunca me interessei por isso? Biribiri porque Biribiri [...]. (E.3, L.77).
Registro escrito: Biriri (1770), Barra do Bribiri(1776, 1784), Rio Berberi (1787). Registro oral:
Biribiri ~ Bibiri ~ Bribiri ~ Brimbiri.
B
IXIGA
Nf [Ssing] português < latim Somatotopônimo. Reservatório situado na parte
inferior do abdome que recebe a urina vinda dos ureteres, lançando-a na uretra. Nomeia
Município de Inhaí – lugar, roça. [...] Bixiga [...] porque lá não tem água, então chama Bixiga
já tinha o nome. (E.22, L.189)
B
OA
V
ISTA
NCf [ADJsing+Ssing] português < latim Animotopônimo.• Refere-se a locais
em que se tem uma vista privilegiadas da redondezas. • Nomeia Município de Diamantina
fazenda, corgo, lavra, povoado. [...] Aí perto nesse chamado Gruta Dilúvio [,], otra hora cá pu
168
lado da Boa Vista pra cá... Uns lugares aí, fomo também em Boa Vista com as minina,
inclusive de cantoria que também cantava. (E.4, L.143). Registro escrito: Boa Vista (1788,
1804).
B
OCAIÚVA
Nf [Ssing] indígena (tupi) bocayúva Fitotopônimo.• Árvore da família das
Palmeiras de fruto doce. Nomeia Município de Diamantina lugar. Nessa região aí, do
Mendanha [...] tem mineração[...] ocê deve ter vindo por aí, ? Passou por Mendanha, ponto
do Mendanha, passou por Bocaiúva? Você veio por onde? Belo Horizonte? Por dentro? (E.5,
L.76).
B
OI
P
INTADO
NCm [Ssing+ADJsing] português < latim Zootopônimo.• Alusão ao
folclore. Boi feito para brincar nas festas folclóricas. • Nomeia Distrito de Conselheiro Mata
serra. [...] Ponte Pedra, Pau de Araçá, (Salva Despesa), Treis Corgo, Boi Pintado, Boi
Pintado... é... Vargem,... vai Campo de Cima, Campo de Baxo, (Campo d´o´tra Banda),
Coquero, Cruzerim, Tapera de Merxês. (E.15, L.324).
B
OQUERÃO
Nm [Ssing] português < latim Geomorfotopônimo.• Ruptura, abertura ou
garganta na serra onde corre o rio. • Nomeia Distrito de Inhaí – lugar. Boqueirão também é
um lugar. (E.22, L.146).
B
ORGE
Nm [Ssing] português < francês Antropotopônimo.• Sobrenome português.
Nomeia Distrito de São João da Chapada – lugar. É uma que tem uma lapa lá em cima, ela
chama lapa do Borge. (E.10, L.811).
B
RAQUIARA
Nf [Ssing] português < n/e • Fitotopônimo • Capim vigoroso da família
Decumbens, Brachiaria ou Brachiarinha. Usado no pasto e produção de feno. Nomeia
Distrito de Planalto de Minas – Pasto. [...] chama Barro Vermei’ ele tá pra lá, trabaiano lá, na
roça, sofreno, é formado Draquiarão, tem os dois Draquiara. (E.16, L.176). Registro oral:
Draquiara.
B
RAQUIARA DO
B
REJO
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < n/e + origem
controversa Fitotopônimo Capim vigoroso e agressivo, localizado em ambiente aquoso.
Nomeia Distrito de Planalto de Minas – Pasto. [...] Braquiara do Brejo ninguém tem só eu,
todo mundo tá pegano (?)((barulho de moto)). (E.16, L.169) // Draquiara do Brejo se quisé i lá
oiá, ninguém tem. (E.16, L.169) Registro oral: Draquiara.
B
RAQUIARÃO
Nf [Ssing] português < n/e Fitotopônimo Tipo de capim da família
Brachiaria. Nomeia Distrito de Planalto de Minas Pasto. [...] tem o Draquiarão, e o
Draquiarinha, esse é pequeno, lá é do campo [...]. (E.16, L.183). • Registro oral: Draquiarão.
B
RAQUIARINHA
Nf [Ssing] português < n/e Fitotopônimo Tipo de capim da família do
braquiara. Nomeia Distrito de Planalto de Minas Pasto. [...] e o Draquiarinha, esse é
pequeno, lá é do campo [...]. (E.16, L.183). • Registro oral: Draquiarinha.
B
REJO
Nm [Ssing] português < origem controversa • Litotopônimo.• Lugar úmido, próximo
às nascentes e olhos d’ água. Nomeia Distrito de Planalto de Minas sitio. o meu mesm’
ali, o meu tem (qu’eu declaro todo ano) o meu sitiozim chama sítio Brejo. (E.16, L.164).
B
REJO
G
RANDE
NCm [Ssing+ADJsing] português < origem controversa + português <
latim Litotopônimo.• Grande terreno pantanoso, encharcado. • Nomeia Distrito de
Senador Mourão lugar. o lugá chama Varge do Pau, Valo, Brejo Grande. (E.19, L.470).
Outro registro: Brejo Grande (1778).
B
RUMADINHO
Nm [Ssing] português < Latim Geomorfotopônimo.• Conglomerado ou
tipo de rocha de onde são retirados os diamantes. Nomeia Distrito de Sopa rio, lavra.
[...] e ali também tem o coglomerado. quan[do] você vei você passô mais uma vertente
dispois que você passa do Guinda aquilo ali chama Brumadim. (E.09, L.175).
B
RUNA
Nf [Ssing] português < italiano Antropotopônimo Nome italiano que significa
luzente ou brilhante. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata
lugar. [...] do Batatá pra
cima [,] lugá que chama Bruna [...]. (E.15, L.9). • Registro escrito: Braúna (1776).
169
B
URACO
Nm [Ssing] português < origem controversa Geomorfotopônimo Cova, vala,
toca. Nomeia Distrito de Inhaí fazenda. [...] que a gente cunhece é fazenda do Buraco
(E.21, L.73). Registro escrito: Buraco (1770, 1776, 1787), Corgo do Buraco (1784).
B
URACÃO
Nm [Ssing] português < origem controversa + sufixo português -ão
Geomorfotopônimo Toca, cova, vala de grande extensão. Nomeia Distrito de Senador
Mourão lugar, córrego. [...] chama Buracão o lugá, é um buracão mesmo [...]. (E.19, L.35).
Registro escrito: Buraco (1770, 1776, 1787), Corgo do Buraco (1784).
B
URGALHAU
Nm [Ssing] português < n/e Litotopônimo.• Seixos ou cascalhos. Nomeia
Município de Diamantina – Rio. [...] começou no Burgalhau. (E.3, L.54).
B
URITI
Nm [Ssing] indígena (tupi) burity < mïrï’tï Fitotopônimo Palmeira de fruto
amarelo. Fruto dessa palmeira. • Nomeia Distrito de Conselheiro Mata – lugar, rio, córrego.
[...] tem o Buriti, num sei se ainda tem, o Buriti, Dois Irmão tem dois morro igualzim, Três
Corgos, que tem três corgo. (E.15, L.349). Registro escrito: Buritis (1734/5), Buritil (1770),
Córrego do Buretiz (1778), Buriti (1804), Boriti (1820), Buriti (1821).
B
URRO
Nm [Ssing] português < latim Zootopônimo Mamífero também conhecido como
jumento, jegue. • Nomeia Distrito de São João da Chapada – córrego, rio. [...] uai [,] o que
[,] era a antiga istrada de carr’ que discia numa serra, né? Chama ri do Burro. (E.10, L.24).
Registro oral: Borro.
C
C
ACHAMORRA
Nf [Ssing] português < origem controvertida Ergotopônimo O mesmo
que cachaporra, cacete. Nomeia Distrito de Inhaí Povoado. [...] você conversou com um
senhor que é de Cachamorra quando eu cheguei. (E.22, L.130). Registro esrito: Cachaporra
(1776, 1784), Rio Chaporra (1787). • Registro oral: Cachamorr’.
C
ACHUERA
Nf [Ssing] português < latim Hidrotopônimo Queda d’ água. Nomeia
Distrito de Senador Mourão – Córrego, lugar. [...] é corgo da Cachuera, o Água Verde, agora
pra tem corgo Capão Grosso, né? (E.19, L.131). Registro escrito: Caxoeirinha (1788),
Caxoeira (1800), Caxoeira (1820), Caxoeira (1821).
C
AETÉ
-M
IRIM
NCm [Ssing+ADJsing] indígena (tupi) kaae’te + mi’rĩ Fitotopônimo.
Designação comum de diversas ervas nativas do Brasil. • Nomeia Distrito de Inhaí –
Córrego, rio. [...] os rios que nós temos aqui próximo é o rio Caeté-Mirim, que ocês pássaro
por ele, acho que ele tá nesse povoado, no segundo povoado que cês pássaro. (E.21, L.58).
Registro escrito: Caetté Merim (1731), Cayte-Merim (1734/5), Caetemerim (1770) Sumidouro
do Rio Caeté Merim (1776), Caete Meri (1778), Caeté Merim (1784), Caythemerim,
Caithemeri, Cartemeri (1787) Ponte de, Cabeceiras de Cartemeri (1787), Caetémerim (1804),
Caite mirim (1800), Caeté Merim (1820), Caetemirim (1855),Caeté Mirim (1862). Registro
oral: Caeté-Merim, Cate-Merim.
C
AFUNDÓ
Nm [Ssing] português < africanismo (Quimbundo) (ka)mfundu • Animotopônimo
Lugar distante e de difícil acesso. Nomeia Distrito de São João da Chapada Lavra,
pasto. [...] Cafundó, lugá que chama São Francisco, tem um lugá que tinha muita madera.
(E.12, L.138). Registro escrito: Cafundós (1729), Cafundo (1734/5), Cafundó (1776, 1784),
corgo Cafundós (1787).
170
C
ALDEIRÃO
Nm [Ssing] português < latim Geomorfotopônimo Escavação nas rochas,
feita pelas águas, na qual se encontra ouro e diamante. Nomeia Distrito de São João da
Chapada Córrego. Calderão é quase entrano na Sopa. (E.10, L.607). Registro escrito:
Caldeirão (1770).
C
ALDEIRÕES
Nm [Spl] português < latim • Geomorfotopônimo • O mesmo que Caldeirão. •
Nomeia Distrito de Sopa– Córrego. [...] é o nome Caldeirões é porque pelo que a água
passá na pedra forma umas panela nela [...]. (E.9, L.223). Registro escrito: Caldeiroens
(1787).
C
ALIFÓRNIA
Nf [Ssing] português < inglês Corotopônimo Fonte de riquezas. Nomeia
Distrito de Sopa – Lavra, lugar. [...] onde é que o Califórnia? [...] É onde nós
conversamo com aquela senhora.. (E.9, L.727-729).
C
AMARINHA
Nf [Ssing] português < latim Sociotopônimo Esconderijo Nomeia
Distrito de Planalto de Minas lugar. [...] Camarinha, veno ali detrás lá, ali chama
Camarinha, tudo tem nome [...]. (E.16, L.112).
C
AMINHO DOS
E
SCRAVO
NCm [Ssing + {Prep+Apl+Ssing}] português < latim
Hodotopônimo Passagem, estrada ou rota por onde os escravos transitavam ou trabalhavam.
Nomeia Município de Diamantina – lugar, estrada [...] Tivemo em Datas, lá na região, aqui
a gente fica num vai [...] vai [...] vai [...]. São João da Chapada, né? A gente organizô, aqui
prá cá também, no Caminho dos Escravo, nos organizamos. (E.4, L.153).
C
AMPINA
Nf [Ssing] português < latim • Fitotopônimo • Campo extenso, pouco acidentado.
Nomeia Distrito de Senador Mourão lugar. [...] vai em vários lugares, vamo
supor de gente que morô aqui, o povo que cunheceu aqui vô é pra Campina, inda fala
Campina, é poca gente. (E.19, L.29).
C
AMPINAS
Nf [Spl] português < latim Fitotopônimo O mesmo que campina. Nomeia
Distrito de Senador Mourão – lugar. [...] aqui ieu sei o nome desses trem aí tudo, essa serra
aí é Campinas mesmo, né?. (E.19, L.55).
C
AMPO
A
LEGRE
NCm [ADV+ADJsing] português < latim Fitotopônimo. Extensão de
terra sem mata com poucas árvores, ambiente agradável. Nomeia Distrito de Sopa – lugar.
[...] Eu falei com ele que sô Juão conhece muita história aí por esse lado aí do Sô Juão, Buriti,
Campo Alegre [...]. (E.9, L.518). • Registro escrito: Campo Alegre (1734, 1820).
C
AMPO DE
B
AXO
NCm [ADV+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim Fitotopônimo.
Extensão de terra sem mata com poucas árvores, posicionado geograficamente em uma região
mais baixa. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata serra. [...] Ponte Pedra, Pau de
Araçá, (Salva Despesa), Treis Corgo, Boi Pintado, Boi Pintado[,] é [...] Vargem [,] vai Campo
de Cima, Campo de Baxo, Campo o´tra Banda, Coquero, Cruzerim, Tapera de Merxês[...].
(E.15, L.324).
C
AMPO DE
C
IMA
NCm [ADV+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim + grego
Fitotopônimo. Extensão de terra sem mata com poucas árvores, posicionado geograficamente
em uma região mais alta. • Nomeia Distrito de Conselheiro Mata – serra. [...] Ponte Pedra,
Pau de Araçá, (Salva Despesa), Treis Corgo, Boi Pintado, Boi Pintado[,] é [...] Vargem[,] vai
Campo de Cima, Campo de Baxo, Campo d´o´tra Banda, Coquero, Cruzerim, Tapera de
Merxês [...]. (E.15, L.324).
C
AMPO D
O’
TRA
B
ANDA
NCm [ADV+{Prep+Asing+Pron+Ssing+Ssing}] português <
latim + origem incerta Fitotopônimo Extensão de terra sem mata com poucas árvores,
próximo a outro campo. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata
Serra. [...] Ponte Pedra,
171
Pau de Araçá, (Salva Despesa), Treis Corgo, Boi Pintado, Boi Pintado[,] é [...] Vargem[,] vai
Campo de Cima, Campo de Baxo, Campo d´o´tra Banda, Coquero, Cruzerim, Tapera de
Merxês (E.15, L.324).
C
ANAL
C
ALIFÓRNIA
NCm [Ssing+Ssing] português < latim Ergotopônimo Excavação
feita para a extração mineral por compania inglesa. Nomeia Distrito de Sopa garimpo.
Ali é o Canal Califórnia. (E.9, L.401).
C
ANAL DO
M
IZAEL
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim + hebraico
Ergotopônimo Local de exploração mineral. Nomeia Distrito de Sopa garimpo. [...] e
aqui é o Mizael, o Canal do Mizael (E.9, L.719).
C
ANAVIAL
Nm [Ssing] português < latim Fitotopônimo Plantação de canas, lugar que
crescem canas. Nomeia Distrito de Senador Mourão lugar, povoado. [...] cai[,] nele
cai[,] o corgo Lavrinha, cai o Capimpub’ cai o corgo do Canavial, cai nesse lugá, que eu num
tô sabeno o nome dele aqui [...]. (E.19, L.601).
C
ANDONGA
Nm [Ssing] português < africano (quimbundo) Kabonga Animotopônimo
Fuxico, contrabando Nomeia Distrito de Conselheiro Mata serra, lugar [...] Candonga
significa que o povo fala aqui é fuxico, né? (E.15, L.63).
C
ANJICA
Nf [Ssing] português < africano (banto) Fitotopônimo Papa feita com milho
branco. Nomeia Distrito de Senador Mourão lugar. [...] é, perto de Rio Manso [,] Tumé
mais pra cá, mas tudo é pertim um lugá do o’tro, Canjica e Tumé tão os dois no mesmo
lugá. (E.19, L.721).
C
ANTO DA
S
ERRA
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim • Animotopônimo
• Lugar visitado com frequência. • Nomeia Distrito de Conselheiro Mata pasto. [...] Vai...
vai... no Alto dos Curral, tem aqui a Pasto da Pindaíba que é hoje Japonês, tem ali o Riacho
Fundo, Vargem da Rema, é pasto, Vargem do Cuelho, (Canto) da Serra [...]. (E.15, L.103).
C
APÃO
G
ROSSO
NCm [Ssing+ADJsing] indígena (tupi) kaa’paū + português < latim
Fitotopônimo • Moita de mato. • Nomeia Distrito de Senador Mourão – corgo, fazenda. [...]
é Corgo da Cachuera, o Água Verde, agora pra cá tem corgo Capão Grosso, né? (E.19, L.132).
Registro escrito: Capão Grosso (1778) Capam (1787), Capão Grosso (1804, 1820, 1821, 1849,
1873).
C
APELINHA
Nf [Ssing] português < latim Hierotopônimo Diminutivo de capela.
Nomeia Distrito de Desembargador Otoni – Lugar. [...] pai é de Capelinha (E.18, L.68).
C
APETINHA
Nm [Ssing] português < latim • Hierotopônimo • Diminutivo de capeta.
Criança traquinas. Nomeia Distrito de Inhaí Córrego. [...] pra pro o’tro lado do
córrego chama (Córrego do Capetinha), esse córrego ele desce aí, las nas (barrera) ele desce,
esse córrego aí chama Córrego do Capetinha, é porque era onde tinha uma bica, aonde o povo
todo panhava a água, lavava vasia. Lavava a ropa, tudo era nesse corgo que ia, a rede de água
[...] (E.21, L.156).
C
APIMPUBA
Nm [Ssing] indígena (tupi) ka’pii + puųa Fitotopônimo •. Espécie de mato
Nomeia Distrito de Senador Mourão Córrego. [...] num sei, ês pusero esse nome
Capimpubo nasce uma aguinha ali, vai desceno, vai cresceno, em baxo cai o’tro corgo nele,
cai o Corgo Lavrinha, cai o Corgo da Boa Vista, cai... nele cai... o corgo Lavrinha, cai o
Capimpub’cai o Corgo do Canavial, cai nesse lugá, que eu num tô sabeno o nome dele aqui, lá
em baxo ele junta ês da o nome de Reberão e em baxo o nome de São Domingo [...] (E.19,
L.599).
172
C
APOEIRA DO
C
ALIXTO
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] indígena (tupi) ko’pųera +
português < grego Fitotopônimo Mato ralo, matagal em propriedade privada. Nomeia
Distrito de Sopa lugar. [...] Capoeira de Calixto é mato, tem o nome de capoeira, aqueles
mato ralo assim na[,] é um matagalzim [...]. (E.9, L.744).
C
APOEIRA DE
Z
É DA
C
HICA
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing+Prep+Asing+Ssing}]
indígena (tupi) ko’pųera + português < hebraico • Fitotopônimo • Mato ralo, matagal. •
Nomeia Distrito de Sopa lugar. [...] Capoeira de de Chica [...] filho da dona Chica.
(E.9, L.756-758).
C
APUERÃO
Nm [Ssing] indígena (tupi) ko’pųera + aumentativo português -ão.
Fitotopônimo O mesmo que capoeira. Nomeia Distrito de Planalto de Minas serra,
córrego, lugar. [...] Capuerão é ali por detrás, sobe ali ó, ali chama Camarinha aquele buraco
lá, tá veno, num tá? (E.16, L.107).
C
ARIMBO
Nm [Ssing] português < africano (quimbundo)
ka’rimu. Ergotopônimo •
Instrumento de metal ou madeira usado para marcar seres vivos ou inanimados. Nomeia
Município de Diamantina córrego. [...] é! Córrego do Carimbo. (E.1, L.251). Registro
escrito: Carimbos (1784).
C
ARMO
Nm [Ssing] português < hebraico.Hagiotopônimo Prenome de caráter religioso,
que remete à Nossa Senhora do Carmo. • Nomeia Município de Diamantina – lugar, igreja.
[...] Aonde tem uma igreja em Diamantina, a Igreja do Carmo. (E.1, L.491).
C
ARRAPATO
Nm [Ssing] português < origem incerta. Zootopônimo Ectoparasita de
vertebrados terrestres. Nomeia Município de Diamantina rrego. [...] A quase todo
distrito... quando muito carrapato às vezes os moradores põe Carrapato, nome de
Carrapato, quando um lugar menor, passa ser vizinho põe Carrapatinho.. (E.5, L.102).
Registro histórico: Carrapato (1821).
C
ARRAPATINHO
Nm [Ssing] português < origem incerta. Zootopônimo Diminutivo de
carrapatinho. Nomeia Município de Diamantina córrego. [...] A quase todo distrito...
quando muito carrapato às vezes os moradores põe Carrapato, nome de Carrapato, quando
um lugar menor, passa ser vizinho põe Carrapatinho.. (E.5, L.102).
C
ARRASCO
Nm [Ssing] português < pré-românico.Animotopônimo • Mesmo que algoz. •
Nomeia Distrito de São João da Chapada lugar. [...] Uai as serra [,] [...]é que vai
pro Carrasco, Carrascão é a Serra do Gaio, até de Diamantina você um pedacim do pico
dela [...]. (E.10, L.62).
C
ARRASCÃO
Nm [Ssing] português < pré-românico + sufixo português -ão.
Animotopônimo • Mesmo que carrasco. • Nomeia Distrito de São João da Chapada – lugar.
[...] Uai as serra lá... (barulho) Tem a Serra que é do[...] é que vai pro Carrasco,
Carrascão, é a Serra do Gaio, até de Diamantina você um pedacim do pico dela [...].
(E.10, L.62).
C
ASA DA
F
AZENDA
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim Ecotopônimo
O mesmo que sítio. Nomeia Distrito de São João da Chapada lugar. Era fazenda, Casa
da Fazenda, era uma casa tão descontrolada...podia ser uma casa muito boa [,] mas [,] diz que
ele preocupava era só com o gado [...]. (E.10, L.222).
C
ASADO
Nm [Ssing] português < latim. Animotopônimo O mesmo que unido. Nomeia
Distrito de São João da Chapada campo. Pedrelina morô ali no Campo dos Casado [...].
(E.13, L.13).
173
C
ATA DO
T
ELEÇO
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim + Grego.
Sociotopônimo Lavra, garimpo, lugar de extração mineral (cristais, diamantes ou ouro).
Nomeia Distrito de Conselheiro Mata garimpo. Ele tinha uma (cata) de cristal em
1945 trabaiano sozim, lá num tinha muié, num tinha fi, num tinha familha, era istrangero,
trabaiano (?) ficô morano e chama Cata do Teleço depois el´foi pra Sopa, garimpá [...].
(E.15, L.76).
C
ATADIM
Nm [Ssing] português < latim + diminutivo -inho. Sociotopônimo O mesmo
que cata, lavra, garimpo.• Nomeia Disttrito de Extração lugar. [...] nisso o pessoá tava
tirano muito diamante lá e ês preguntaro o pessoal daqui, o pessoá de fora: ah! como é que é lá
o silviço docês? Ah! lá é só catá diamante, ficô co[m] nome de Catadim [...]. (E.6, L.590).
C
ATIVO
Nm [Ssing] português < latim. Animotopônimo Local onde era castigado o
escravo fujão. Nomeia Distrito de São João da Chapada lugar. [...] Cativo, ô moço se
você achá o buraco é justamente cirtinho o jeito d’ pessoa aonde ês marrava, levava a corda
assim, ó... jogava a corda e pegava no o’t[r]o ponto assim[,] agora eu[,] [“ocê prá corrê
agora[,]] pega as duas ponta dela e inrolava nas mão [...]. (E.12, L.320).
C
AVACA
P
ARDO
NCm [Ssing+ADJsing] português < latim. • Ergotopônimo • Local onde se
reuniam os militares. Nomeia Município de Diamantina lugar. [...] agora fora disso
também nós fizemo um passei´ muito bom com as pastorinha também... chama Cavaca parda( ),
era um ambiente dos militares, intão nós fizemo esse passei´ também, muito bom, fora
disso a gente dá uns passeim aí por fora, já tivemo em Belo Horizonte [...]. (E.4, L.137).
C
AVALINHO
Nm [Ssing] português < latim. Zootopônimo Nomeia serra com o formato
de um cavalo. Nomeia Município de Diamantina (Biribiri) serra, pedra. [...] é/é ali do
lado é Cavalim. (E.8, L.83). • Registro oral: Cavalim.
C
AVALO
Nm [Ssing] português < latim. Zootopônimo Mamífero da família
perissodáctilo. Nomeia Distrito de Guinda córrego. (córrego) do Cavalo, Córrego do
Guinda. (E.14, L.66).
C
AVALO
M
ORTO
NCm [Ssing+ADJsing] português < latim. Zootopônimo • Mamífero da
família perissodáctilo sem vida. • Nomeia Distrito de Extração – garimpo, lugar. [...] e tem
uma o’tra também que eles trata de... eu não sei se ( o seu Francian) de Cavalo Morto, tinha
compania lá também [...]. (E.6, L.34).
C
AVERA
Nf [Ssing] português < latim. Somatotopônimo Esqueleto da cabeça. Nomeia
Distrito de Senador Mourão fazenda. [...] tem o’tra fazenda qu’eu num sei o nome...
também tem Cavera, nome até esquisito, né? [...]. (E.19, L.258). Registro escrito: Caveira
(1734/5), Córrego do Caveira, Pasto da Caveira (1770).
C
AVIRINHA
Nf [Ssing] português < latim + diminutivo -inha. • Somatotopônimo • O mesmo
que caveira. Nomeia Distrito de Senador Mourão fazenda, lugar. [...] Cavirinha, num
sei, desde que me intendo por gente chama Cavirinha [...]. (E.19, L.79). Registro escrito:
Caveira (1734/5), Córrego do Caveira, Pasto da Caveira (1770).
C
AXÃO
Nm [Ssing] português < origem incerta. Ergotopônimo Mesa de trabalho do
garimpeiro ou do faiscador. Nomeia Distrito de Inhaí Córrego. [...] Corgo do Caxão
fica, fica justamente nesse povoado, Corgo do Caxão é lá onde mora P. [...]. (E.21, L.124).
C
HAPADA
Nf [Ssing] português < origem incerta. Geomorfotopônimo Planície, com
pouca ou nenhuma vegetação. Nomeia Distrito de São João da Chapada lugar. [...]
criada aqui na Chapada[,] é [,] esse home é que sabe de trem merm’ tudo quanto há dos antigo
el’sabe, ele dá (?) daqui. [...]. (E.12, L.266).
174
C
HAPADÃO
Nf [Ssing] português < origem incerta + aumentativo português -ão.
Geomorfotopônimo O mesmo que Chapada. • Nomeia Distrito de Senador Mourão – lugar.
[...]tem Lagoa Seca, tem Lagoa Seca, tem Agulia, Chapadão, tem um monte de nome
demais. (?) daqui. [...]. (E.19, L.222).
C
HICO
C
HAVES
NCm [Ssing+Spl] português < espanhol (hipocorístico de Francisco) +
latim. • Antropotopônimo • O nome Francisco, segundo Guérios (1981, p. 91) por influência dos
negros africanos recebeu como hipocorístico Chico ou Xico. Chaves é sobrenome português.
Nomeia Distrito de Sopa – fazenda. [...] Fazenda do Chico Chaves Ele mora em
Diamantina[,] se você quiser ir [,] é falar com ele e ele ordem pro porteiro lá. [...].
(E.9, L.623).
C
HIFRE
Q
UEBRADO
NCm [Ssing+ADJsing] português < latim. Dirrematopônimo •
Apêndice duro e recurvo, localizada na cabeça de alguns animais machos, rompido. Nomeia
Distrito de São João da Chapada – Fazenda. Informante 2: Tem uma aqui na frente, eu nem
sei o nome da fazendinha ali cê sabe? Informante 3: Chifre Quebrado. (E.10, L.691).
C
OCAIS
Nm [Spl] português < Grego. Fitotopônimo • Coqueiral. Nomeia Distrito de
Inhaí Lugar. [...] depois de Cocais vem Quebrá-Pé, né? Quebra-Pé, Tumazinho, antes de
Quebra-Pé, Tumazinho. [...]. (E.21, L.112). Registro escrito: Cocaes (1770), Cabeceiras do
Rio dos Cocais Pequeno, Cocais Grande (1776), Corgo dos Coquaes (1787).
C
OIMBRA
Nm [Ssing] português < grego. Fitotopônimo Sobrenome português que,
segundo Guérios (1981, p. 94) significa fortaleza ou castelo. Nomeia Distrito de Senador
Mourão Lugar. [...] Capelinha, ( ) Turmalina, Itamarandiba... Mercês... isso tudo era
Diamantina, depois ( ) Campo Verde, Sete Lagoas... ia pr’aqueles lado lá, mas com tropa. ( )
chegou em Diamantina e não conseguiu vendé o tocim que ele levô, né? Viu que o toicim inda
tava bom, foi pra Coimbra. (E.19, L.362). Registro escrito: Cocaes (1770), Cabeceiras do Rio
dos Cocais Pequeno, Cocais Grande (1776), Corgo dos Coquaes (1787).
C
OLÔNIA
Nf [Ssing] português < latim. Sociotopônimo Região ou território controlado
por um estado dominador e povoado por emigrantes e povos nativos. Nomeia Distrito de
Sopa Lugar, córrego. [...] chama Córrego da Colônia que aonde era, cuja a berada desse
córrego morava os colonos que trabalhava na fazenda. (E.9, L.261).
C
OLUNA
Nf [Ssing] português < latim. Ergotopônimo Estrutura que sustentação a
outra estrutura. Nomeia Distrito de Extração Lugar. [...] bem pra lá de Rio V[er]melho
de.. que eu levei um gado na fazenda lá, perto de Coluna, tem a fazenda a gente desce
longe pra ir em Pedra Minina, pois é... Pedra Minina acho que cai na, tem istrada de carro
que saí no Mendanha. (E.7, L.151).
C
ONSELHERO
Nm [Ssing] português < latim. Axiotopônimo • Membro de um conselho.
Nomeia Distrito de Conselheiro Mata Lugar. [...] povoado é aqui, Conselhero e fora
daqui é Rudiadô, ?. (E.15, L.112).
C
ONSELHERO
M
ATA
Nm [Qv+Ssing] português < latim. Axiotopônimo Conselheiro
com sobrenome português. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata lugar. [...] tinha um
home em Diamantina muito importante Conselhero, Conxelhero dava conselho a todo mundo e
ele era bom conselhero e ele era da familha Mata Machado Conselhero Mata, antão foi esse {
nome aqui. (E.15, L.187).
C
ONSOLAÇÃO
Nf [Ssing] português < latim. Hierotopônimo Ato ou efeito de consolar,
pessoa que consola. Nomeia Município de Diamantina – lugar, capela. [...] É! Antes eu
fazia, né com aquelas pissoa voluntária, também a benefício da construção de uma capela, com
175
o nome de Capela da Consolação, a gente trabalhô muito mesmo, ganhava dinheiro bom
mesmo para ajudá, o dinheiro era reservado e entregue ao vigário. (E.4, L.72).
C
ONTAGEM
Nf [Ssing] português < francês. Sociotopônimo Ato ou operação de contar.
Nomeia lugar nos distritos de Planalto de Minas e de Conselheiro Mata. • Nomeia Distrito de
Planalto de Minas – lugar, fazenda. [...] aqui antigamente, é no princípio chamava fazenda da
Contagem, é do meu avô, { foi pussiano num pagô imposto o povo era bobo, então tomô de nós
prá nós herdero sobrô poco, tem documento no Foro iscrito com letra de pena moiada no/na
(caneta). (E.16, L.50). Registro escrito: Contage (1734/5, 1770), Riacho do Contage do
Rebello (1776), Contagem do Cabello (1784), Contagem do Retiro (1787). Registro oral:
Contage.
C
ONTENDA
Nf [Ssing] português < espanhol. Sociotopônimo • Debate, disputa para
conseguir algo. Nomeia Distrito de São João da Chapada lugar. [...] Contenda (?) tem
casa lá [...] (E.10, L.206).
C
OQUERO
Nm [Ssing] português < origem incerta. Fitotopônimo Espécie de palmeira
que tem como fruto o coco. Nomeia Distrito de São João da Chapada lugar, serra. [...]
agora tem Serra dos Veado, Serra de Coquero é a mesma serra é que ela tem dois nome é que
ela tem dois pedaço. (E.12, L.70).
C
OQUERO DO
B
URITI
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < origem incerta +
indígena (tupi)
mïrï’tï
. Fitotopônimo Espécie de palmeira que tem como fruto buriti, fruto
comestível, doce e de tonalidade amarela. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata lugar.
[...] a mesma serra, Coquero do Buriti. (E.15, L.338).
C
ORUJA
Nf [Ssing] português < origem incerta. Zootopônimo Ave da espécie
estrigiforme de hábitos noturnos. Nomeia Distrito de Inhaí córrego. [...] eu num sei por
que tem esse nome o corgo da Coruja. (E.22, L.213).
C
RIMINOSO
Nm [Ssing] português < latim. Animotopônimo Aquele que pratica crimes,
deliquente, réu. Nomeia Distrito de Desembargador Otoni morro. [...] Morro do Grilo,
Morro do... vem T. pra ajudá a lembrá, qu´eu isqueço. Lembro mas num... Morro do Grilo,
morro do Quiminoso. (E.18, L.28). Registro oral: Quiminoso.
C
RIOLO
Nm [Ssing] origem incerta. Dirrematotopônimo • Negro. Nomeia Distrito de
Extração lugar. [...] é bonita merm´, e agora vai carro, vai tudo agora, tem um ônibus ai
que faz a lotação aqui que vem ai três vezes por semana que ele fica é lá, pra de Caba
Mundo ainda lá na mata dos criolo que ele vai [...] (E.7, L.174).
C
RISTAL
Nm [Ssing] português < latim. Litotopônimo Mineral composto por quartzo,
podendo ser transparente ou fosco, incolor ou de tonalidades rosada, amarelada, vermelha, etc..
• Nomeia Distrito de Conselheiro Mata – lugar. [...] eu criei minha vida rodano, fora daqui
eu fiquei sete ano, mas eu vivia aqui, de 15 em 15 dias eu vinha aqui (?) fui administrá fazenda,
lá foi patrão meu, cá no Cristal, sabe qual foi o cunhecimento que ele tomô de mim? [...] El’ (?)
essa fazenda com dinhero que passô na nossa mão, ele tirava cristal amarelo, citrine [...]
dava ele de duas cô, amarelo da da flô de algudão e vermelho da de fogo [...]. (E.15,
L.389-393-400).
C
RISTAIS
Nm [Spl] português < latim. Litotopônimo Plural de cristal. Nomeia
Distrito de Sopa lugar, serra, cachoeira. [...] Aquela serra ali? [...] Serra dos Cristais. (E.9,
L.435-438). Registro escrito: Cristaes (1770, 1776), Córrrego dos Cristais (1784), Christtaes
(1787).
176
C
RUZ DAS PEDRA
NCf [Ssing+{Prep+Apl+Ssing}] português < latim. Hierotopônimo
Objeto localizado entre pedras, no alto da serra, que se apresenta como duas hastes que se
cortam perpendicularmente; simboliza o cristianismo e faz alusão à morte de Cristo no madeiro.
• Nomeia Distrito de Inhaí – sítio. [...] acho que é da Cruz das Pedra [...]. (E.21, L.80).
C
RUZ DO
A
CAIACA
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim + indígena (tupi)
akaįa’ka. • Hierotopônimo • Cruz situada em local onde, segundo a lenda da origem dos
diamantes, tinha a àrvore da família terebintáceas, conhecida como Acaiaca. • Nomeia
Município de Diamantina lugar. [...] Agora essa tribo tinha uma... eu não sei...uma índia...
algo sobre uma índia... eu não entendo bem não... ou falar assim... Ali perto do Bom Jesus tinha
uma cruz, ali acho que foi essa índia que morreu ali... porquê que foi mesmo... sei que lá,
Cruz do Acaiaca... tem a cruz... [...]. (E.3, L.258).
C
RUZ DO
J
IRIMIA
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim + hebraico.
Hierotopônimo Cruz situada na divisa de fazenda de propriedade de Jeremias, nome hebraico
que significa, segundo Guérios (1981, p.151), “Javé é exaltado”. • Nomeia Distrito de
Planalto de Minas lugar. [...] é uma fazenda... ela pega a fazenda pega naquel’ pontá lá no
morro do Calumbi é ixplicado no documento Pontá do Morro do Calumbi, Lajead’ da Lagoa
Grande, que uma lagoa que tem aqui em baxo prá ali, meu sobrinho mora lá, Lajead’da
Lagoa Grande, Lagoa de (Lino), Lajeado da Lagoa da Canga que tem aqui, Pontá dos Zói
d’Água que aquel’ lag’ lá, de passa Cuz do Jirimia, tudo no documento. (E.16, L.58).
Registro escrito: Cuz do Jirimia.
C
RUZERIM
Nm [Ssing] português < latim Hierotopônimo Forma diminutiva de cruz.
Nomeia Distrito de Conselheiro Mata Serra. [...] Ponte Pedra, Pau de Araçá, (Salva
Despesa), Treis Corgo, Boi Pintado, Boi Pintado... é... Vargem,... vai Campo de Cima, Campo
de Baxo, (Campo d´o´tra Banda), Coquero, Cruzerim, Tapera de Merxês. (E.15, L.325-438).
C
RUZERO
Nm [Ssing] português < latim Hierotopônimo Local que possui ou é marcado
por uma cruz. Nomeia Distrito de Inhaí Serra. [...] isso é... quando eu nasci ixistia
essas serra aí Morro do Chapéu, Serra de Santana, Morro do Cruzeiro. (E.21, L.49).
C
URRAL
Nm [Ssing] português < latim Sociotopônimo Local onde se ajunta o gado, ou
se reúne as vacas para a ordenha. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata Alto, serra. [...]
do Gentil, tem Pasto do Tombadô, né? Arto dos Curral, que ino lá naquela serra. (E.15, L.97).
C
URRAL
G
RANDE
NCm [Ssing+ADJsing] português < latim Sociotopônimo Local de
extensão maior onde se ajunta o gado, ou se reúne as vacas para a ordenha. • Nomeia Distrito
de São João da Chapada Lugar. [...] Curral Grande é na Laje um buraco... um buraco... um
buraco [...] lugá que surrava a negrada. (E.13, L.312-314).
C
URRALIM
Nm [Ssing] português < latim.+ diminutivo -inho Sociotopônimo Pequeno
curral. Nomeia Distrito de Extração Distrito, lugar. [...] é, Curralim porque a gente
acustumô, né? (E.7, L.314). Registro escrito: Corralinho, Corra linho (1734/5), Carralinho
(1770), Córrego do Curralinho (1788). Registro oral: Curralinho, Curralim.
C
URUMATAÍ
Nm [Ssing] indígena (tupi) curimatá+y Hidrotopônimo Rio dos curimatãs,
peixe de água doce. Nomeia Distrito de São João da Chapada Lugar. [...] bem pra cima
das Lajes, Lamarão já é virando para Curumataí. (E.10, L.122). Registro escrito: Rio
Coromataý (1734/5), Curmatai (1778), Passagem de Cormatai (1788), Curmatatahi (1800),
Curimataí (1804), Fazenda, Rio Corimatai (1820), Curimatahi (1821), Curimatahi (1862),
Curimatahy (1873).
177
C
UTIA
Nf [Ssing] indígena (tupi) aku’ti Zootopônimo Mamífero do gênero dasyprocta.
Nomeia Distrito de Conselhero Mata fazenda. [...] Olhos D´Água dava a fazenda Cutia
onde os dois rios junta. (E.15, L.410).
D
D
AMÁSIO
Nm [Ssing] português < latim Antropotopônimo Nome derivado da forma
latina Damasus que, conforme Guérios (1981, 99) significa domador, vencedor. Nomeia
Distrito de Sopa Garimpo, lugar. [...] e lá:a chama Damásio. Do o´tro lado também foro
ingleses. E tem a Boa Vista que já é do o´tro lado de Diamantina. (E.9, L.409).
D
ÃO
J
ÃO
NCm [Qv+Ssing] português < latim + hebraico Axiotopônimo • O qualificativo
“Dom” é usado no Brasil para o tratamento aos dignatários da igreja católica. João é nome
hebraico, significa, segundo Guérios (1981, p. 151), “cheio de graças”. Nomeia Distrito de
Desembargador Otoni – Córrego. [...] acho que é Dão Jão que esse corgo daqui chama. (E.18,
L.263).
D
ESEMBARGADOR
O
TONI
NCm [Qv+Ssing] português < latim Axiotopônimo Juiz do
Tribunal de Justiça ou Apelação cujo sobrenome é Otoni. Nomeia Distrito de
Desembargador Otoni Distrito, lugar. [...] Desimbargadô Otoni.[...] é por causa do/do... é
que agora num sei! Com certeza el´fez alguma coisa pra aqui, né? (E.18, L.328-329).
D
ESTILARIA DOS
D
IAMANTES
NCf [Ssing+{Prep+Apl+Ssing}] português < latim
Sociotopônimo Usina de álcool. Nomeia Distrito de Senador Mourão Fazenda, lugar.
[...] é fazenda, né? (pusero otro nome lá, mas é faxenda, calcário eles pusero o nome de
fazenda, né? aqui na frente mudaro o nome que tinha pra Destilaria dos Diamante. (E.19,
L.154).
D
IAMANTINA
Nf [Ssing] português < latim + sufixo ina Litotopônimo Nome derivado
da forma latina Diamante, significa, segundo Guérios (1981, 103) indomável, duro. Nomeia
Distrito de Senador Mourão Município, lugar. [...] tropero era aquele que comprava
rapadura, feijão, toicinho, ele levava pra Diamantina, né? Diamantina que era chefe disso
tudo, ele levava pra lá, né? (E.19, L.357).
D
ILÚVIO
Nm [Ssing] português < latim Meteorotopônimo Muita chuva, inundação.
Nomeia Município de Diamantina Gruta. [...] perto, nesse chamado gruta Dilúvio ( ),
otra hora pu lado da Boa Vista, pra cá... Uns lugares aí, fomo também em Boa Vista
com as minina, inclusive de cantoria que também cantava [...] (E.4, L.142).
D
IRCEU MOTA
NCm [Ssing+Ssing] português < grego + português < latim
Antropotopônimo Dirceu, segundo Guérios (1981, p.103), é adjetival masculino de Dirce,
nome de uma ninfa. Já Mota, para esse autor (1981, p. 181) significa “conjunto de muros, torres,
fossas ou cavas que defendiam ou aformoseavam uma casa de campo”. • Nomeia Município
de Diamantina Lugar, pasto. Informante1: É porque, você sabe aonde é o pasto do seu
Mota? Pesquisadora: Pasto do seu Mota? Informante: o de Dirceu Mota. (E.1, L.93).
D
ESBARRANCO
Nm [Ssing] português < pré-romano Geomorfotopônimo Excavação
profunda. Nomeia Distrito de Inhaí Lugar. [...] Disbarranco, vai tê Tumazim, essa
parte aí [...] (E.22, L.150).
178
D
OCE
Nm [Ssing] português < latim Animotopônimo Que não é salgado. Nomeia
Distrito de Sopa lugar. [...] E você olha um pico de serra que tem chamado Pico do
Itambé, que a gente inxerga daqui as águas que corre pra lá, vai para orio Doce [...] (E.9,
L.303).
D
OIS
I
RMÃO
NCm [NUMpl+Ssing] português < latim • Numerotopônimo • Região onde há
dois morros iguais. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata lugar. [...] tem o Buriti, num
sei se ainda tem, o Buriti, Dois Irmão tem dois morro igualzim, Três Corgos, que tem três
corgo, { é Pau de Araçá porque tinha o pau de araçá [...] (E.15, L.349).
D
OIS
T
OSTÃO
NCm [NUMpl+Ssing] português < latim + francês Numerotopônimo
Moeda antiga do Brasil, um tostão era o mesmo que cem réis. Nomeia Distrito de São Jo
da Chapada lugar. [...] Informante 1: [...] Isso eu num sei. arguma geração de pode
ixplicá. Informante 2: Dois Tostão esse é difícil, né? (E.10, L.55).
D
ONA
Nf [Ssing] português < latim Axiotopônimo O qualificativo “Dona” é bastante
utilizada no Brasil e representa o tratamento respeitoso atribuído a mulheres casadas ou mais
velhas . • Nomeia Distrito de Inhaí – campo. [...] é! Campo da Dona, Pinheiro, Biribiri até
sair em Diamantina. (E.21, L.108).
D
ONA
A
NA
NCf [Ssing+Ssing] português < latim + Hebraico Axiotopônimo O
qualificativo “Dona” é bastante utilizada no Brasil e representa o tratamento respeitoso atribuído
a mulheres casadas ou mais velhas . Ana, nome hebraico, significa, segundo Guérios (1994, p.
65), graça. Nomeia Distrito de Extração serra. [...] eu num sei porque... lá... viveu...
meu pai trabalhava lá novo, el´ falav´ isso... lá chamava Serra da Don´Ana. Por ca’sa que que
é eu num sei não, co[m] poco morô argum moradô lá... alguma Dona que chamava Don´Ana,
né?. (E.7, L.216).
D
UAS
B
ARRAS
NCf [NUMpl+Spl] português < latim + pré-românico Numerotopônimo
Duas formações de banco de areia e sedimentos trazidos pelas águas. Nomeia Distrito de
Senador Mourão Lugar. [...] tem Água Verde que vai lá, tem Duas Barras, ( ) tem o’tro que
chama Inhacica Grande, Inhacica Pequena, quer dizê tudo ês bota um nome, (os nome que ês
pusero, né?) um agoa um corgo menor, Inhacica Pequena, o o’tro o corgo maior, Inhacica
Grande, um lugá muito bonito, né? ( ) danado! (E.19, L.267). Registro escrito: Duas Barras
(1770), Córrego das Duas Barras (1788).
D
UAS
P
ONTES
NCf [NUMpl+Spl] português < latim Numerotopônimo Córrego com
duas passagens, estruturas feitas em metal ou madeira. Nomeia Município de Diamantina
(Biribiri) Córrego. Pesquisadora: Algum córrego? Informante: Duas pontes. (E.8, L.107-
108). • Registro escrito: Fazenda Duas Pontes (1820)
D
UDUCA
Nf [Ssing] português < italiano Antropotopônimo Hipocorísico de Eduardo.
Nomeia Distrito de São João da Chapada – Fazenda. Pesquisadora: Algum córrego?
Informante: Duduca. (E.11, L. 133).
E
E
SPINHO
Nm [Ssing] português < latim Fitotopônimo • Parte rígida localizada no caule ou
folha de algumas plantas que em contato com seres vivos podem provocar coceira ou irritação. •
179
Nomeia Distrito de São João da Chapada morro. Tem Morro do Espinho, tem muito
Espinho. (E.10, L. 207). • Registro escrito: Espinho (1862, 1821)
E
XPEDITO
Nm [Ssing] português < latim Antropotopônimo Nome derivado da forma
latina Expeditus. Significa, para Guérios (1994, p.159), pronto, disposto. Nomeia Distrito
de São João da Chapada morro. perto do Expedito, deve ter um carrasco . (E.10, L.
210).
F
F
ADA
Nf [Ssing] português < latim Mitotopônimo Personalidade mítica. Nomeia
Distrito de Conselheiro Mata morro. Açogue, ali na Serra do Açogue tem a Cachoera das
Fada, tem ali a Cachoera das Fada, agora tem a Cachoera de Telécio. (E.15, L. 68).
F
AUSTIM
Nm [Ssing] português < latim Antropotopônimo Nome derivado da forma
Faustinus, diminutivo de Faustus, que significa, conforme Guérios (1994, p. 153), “faustoso,
feliz, venturoso, ditoso. • Nomeia Distrito de Inhaí – córrego. [...] tem o Corgo do Faustim
(), mas esse corgo tem o nome porque morô um (homenzim) que chamava Faustim então a
gente até pra num confudi diz Corgo do Faustim. (E.22, L. 214).
F
AZENDA
Nf [Ssing] português < latim • Sociotopônimo • Estabelecimento rural destinado à
lavoura ou à criação de animais. • Nomeia Distrito de São João da Chapada – rio. Agora lá
em baixo onde tem a ponte de que... que entra...na comunidade de Macacos, chama é Ri da
Fazenda porque tinha u’a fazenda, a fazenda... a fazenda era até... morava lá... era até o avô
da minha mãe. (E.10, L. 31).
F
ERRO DE
I
NGOMÁ
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim Ergotopônimo
Instrumento com base de metal usado para passar ou engomar roupas. • Nomeia Distrito de
Sopa Pedra. Lugar. Tem a Pedra número Um, essa Pedra do Cavalinho, tem o Ferro de
Ingomá, mas essa os pedradores já quebraro, quebraro. (E.9, L. 599).
F
ILIZARDA
Nf [Ssing] português < latim Animotopônimo • Muito alegre, feliz, contente •
Nomeia Distrito de Sopa Serra. [...] tem a Serra da Filizarda que tem nome, Serra do
Maçorongo [...]. (E.9, L. 452).
F
ORQUILHA
Nf [Ssing] português < latim • Ergotopônimo • Pequeno forcado de três pontas.
Nomeia Distrito de Conselheiro Mata Fazenda, lugar. Tromba D´Anta, o Ri Pard´
Piquen´ nasce ali, antão o Ri Pard’ Grande nasce no Campo S(X)ampaio e o Ri Pard’
Piquen’ nasce aqui na Tromba d´Anta, e o Ri Pard’ Grande corre por e o piqueno corre por
ali e vão incontrá imbaxo desceno de (?) por ês fazê isso aqui é o nome, Fazenda da
Furquilha.. (E.15, L. 2). • Registro escrito: Forquilha (1776), Fraquilha (1778), Forquilha
(1787, 1800, 1804, 1820, 1821). • Registro oral: Furquilha.
F
URADO
Nm [Ssing] português < latim Morfotopônimo Que possui furo, buraco ou
rasgo. • Nomeia Distrito de Desembargador Otoni – morro, lugar. [...] Morro do Criminoso,
Morro do Grilo, também num lembrano ((risos)) que tem tanto morro, Morro do Furado
[...]. (E.18, L. 141).
180
G
G
AIO
Nm [Ssing] português < latim Geomorfotopônimo Formação rochosa “Galho do
Miguel”. Nomeia Distrito de São João da Chapada serra, vertente, lugar. [...] vai lá pro
Carrasco, Carrascão é a Serra do Gaio, até de Diamantina você um pedacim do pico
dela. [...]. (E.10, L. 63). • Registro histórico: Gaia (1778).
G
ALHEIROS
Nm [Spl] português < latim Zootopônimo Veado de chifres grandes.
Nomeia Município de Diamantina – lugar. [...] É! Galheiros é por causa do veado, né? É o
Veado Galheiros, aquele que tem os chifres na cabeça, então tem a região deles. [...]. (E.5, L.
108). • Registro histórico: Serra do Galheiro (1776), Galheiro Gouvea (1778), Serra de Galheiro
(1784), Galheiro (1788, 1800, 1804, 1821).
G
ALINHEIRO
Nm [Ssing] português < latim Zootopônimo Lugar destinado a alojar
galinhas. Nome anterior do distrito Desembargador Otoni Nomeia Distrito de
Desembargador Otoni lugar. [...] ficô esse nome de Galinhero e Planarto chamava é
Contage [...]. (E.18, L. 321).
G
AMBÁ
Nm [Ssing] indígena (tupi) guá-mbá Zootopônimo Mamífero do gênero
didelphis. Nomeia Distrito de São João da Chapada – lugar. [...] Tem na região lá... é até
apertado, a serra de um lado e otro chama Gambá e inda ixisti. [...]. (E.10, L. 349).
G
ANGORRA
Nf [Ssing] português < origem incerta Ergotopônimo Engenho que serve
para socar arroz. Nomeia Distrito de Planalto de Minas serra, alto. [...] o Arto da
Gangorra daqui vê a antena lá, de lá cês vê o Capuerão tá atrás daquela serra se subi lá i riba
[...]. (E.16, L. 103) // [...] o povo conta mas isso eu num acredito não, num tinha esse negócio
que era de i pra cidade, né? A gangorra, ês tinha a gangorra que era de socá arroz, café... e o
povo conta que a gangorra cantava assim: de dia e noite o sinhô num dá discans´, noite e dia o
sinhô num dá discanso ((risos)) eu sei que era mintira, a gangorra é é duas (roda) de pilão, né?
por causa da água... batia no pilão subia e a o´t[r]a discia essa eu já vi mas num foitambém
não. (E.18, L. 174).
G
ENTIO
Nm [Ssing] português < espanhol • Etnotopônimo Nome dado, no Brasil, a povos
indígenas e africanos. • Nomeia Distrito de São João da Chapada – lugar. [...] era
propriedade [,] da Forquilha, ficê demorano dimais tomó posse, os possero tomô posse, tomô
conta, desses[,] possero eu tomei posse de 5 e agora o ano passado eu vendi, nesse Marco aqui
de uns tempo eu vendi pra ês, o Marco, tem aqui imbaxo pasto da Ponte Pedra, pasto do
Gentio. [...]. (E.15, L.91).
G
RANDE
Nm [Ssing] português < latim Dimensiotopônimo Relativo `a extensão e
volume. • Nomeia Município de Diamantina – rio, córrego, serra. [...]
Ah! Foi muito bom,
a gente vai até no certo ponto que eles trabalhava mesmo, né? Minerava, tudo muito
bom, muito especial
[,]
Num tem (curcuito) circuito de sombra, um lugá onde a gente
possa ficar, num tem um [curcuito]circuito de passeio demora não, tem até na
semana santa eles faz via sacra, saino
[,]
num sei aonde, sei que eles faz
[,]
um
ambiente muito bom
[,]
pra quem gosta [...] Hoje a gente cunhece o que não acabo [...] é
o rio Grande, Pururuca, Prata, Rio da Prata, tem um otro corgo mas não sei mas
aonde e otros, otros mais... mas o que a gente sabe diritinho é esses daí é Rio Grande,
Pururuca e Prata onde as pessoa ia lavá ropa, tem um certo lugá, que já jogaro
intulho, tão atrapalhano tudo, tão acabano com tudo, vai acabá mesmo! Do jeito que a
181
gente veno como o mundo vai, vai longe, não.
[...]. (E.4, L.159). Registro escrito:
Rio Grande (1778).
G
RILO
Nm [Ssing] português < latim • Zootopônimo • Inseto ortóptero e grilóideo.
Nomeia Distrito de Desembargador Otoni– morro, grota. [...] Morro do Grilo, Morro do...
vem cá T. pra ajudá a lembrá, qu´eu isqueço. Lembro mas num [...]. (E.18, L.28).
G
UARÁ
Nm [Ssing] indígena (ua’ra) Zootopônimo Ave de penas vermelhas
frequentadoras da foz. Mamífero canídeo, lobo. Nomeia Distrito de Mendanha – córrego.
[...] quando a água da Coã tava poca, o corgo pra lavá ropa as veze tava sujo, ? Os home
trabaiano, né? Sujava a água, né? Ia lavá ropa lá no Guará [...]. (E.20, L.230).
G
UARDA
-M
OR
NCm [Ssing+Ssing] português < latim Axiotopônimo Patente militar.
Nomeia Distrito de São João da Chapada córrego, serra, lugar. [...] são os nomes que
tem... cada lugarejo tem ( ), tem as casas, é Paiol, é Guarda-Mor, Quebra-Pé [...]. (E.12,
L.122). • Registro escrito: Guarda (1734/5)
G
UINDA
Nm [Ssing] português < francês Ergotopônimo Instrumento para levantar peso
ou corda desse instrumento. Sobrenome de escravo Nomeia Distrito de Guinda Distrito,
córrego, serra, lugar. [...] é o tal João Guinda, Manel Guinda, tinha o apilido de Guinda, não,
tinha o sobrinome de Guinda, então Guinda é sobrinome de um iscravo! [...]. (E.14, L.47).
Registro escrito: Guinda (1770, 1776).
G
UINÉ
Nm [Ssing] português < africano guiné Corotopônimo Nome que designa países
da África (Guiné Conacri, Guiné Bissau e Guiné Equatorial) Nomeia Distrito de São João
da Chapada – lugar. [...] Guiné é aqui. [...]. (E.10, L.329).
G
UTIÉRREZ
Nm [Ssing] português < espanhol Antropotopônimo Sobrenome espanhol,
significa, segundo Guérios (1981, p. 137), pouco ou pequeno. Nomeia Distrito de Senador
Mourão lugar. [...] é igual acampamento, né? Aqui é Gutierrez, [...] muita casa boa [...].
(E.19, L.447).
I
I
LHA
Nf [Ssing] português < catalão Geomorfotopônimo Espaço de terra isolado
Nomeia Distrito de Desembargador Otoni – lugar. Informante 1: muita gente achava que lá
tinha tesoro, viu? Vinha muita gente aí procurá tesoro no/lá tinha o Cruzero, esse Cruzero num
sei se de não, vinha muita gente procurá tisoro, deu muito, era muito rico tinha muito
ouro a Ilha [...] a Ilha tinha igreja, tinha sobrado, tinha o povo que morava [...] Informante
2: é na Ilha tinha até poco tempo a igrejinha [...] Pesquisadora: é uma ilha mesmo no meio
do rio? Informante 2: não! É o nome, chama Ilha que eles pusero. [...]. (E.18, L.155-164) .
I
NDAIÁ
Nm [Ssing] indígena ima’ia Fitotopônimo Palmeira da subfamília cocosoídea de
frutos grandes ou pequenos que vive em sociedade compacta. Nomeia Distrito de
Desembargador Otoni lugar. [...] O Quartel de Indaiá, Indaiá é por causa dos coco, né?
[...]. (E.13, L.53). Registro escrito: Andaia (1820), Arraial Freguesia Andaia (1821).
I
NFERNO
Nm [Ssing] português < latim Animotopônimo Sofrimento, martírio. Nomeia
Distrito de Extração ribeirão, garimpo. [...] bah! eu num sei, né? Da ida/da idade da
iscravatura... chama Reberão do Inferno mas num sei porque foi não, viu? [...]. (E.7, L.9).
Registro escrito: Ribeiraõ do Inferno (1729), Emferno (1731), Riberam do Inferno (1770),
Inferno (1776, 1784) Cabeceiras do Ribeiraõ do Inferno (1787), Ribeirão do Inferno (1820).
182
I
NGENHO
Nm [Ssing] português < latim • Sociotopônimo • Máquina, instrumento ou
aparelho usado para facilitar um serviço. Nomeia Distrito de Inhaí fazenda, lugar. [...]
aqui antes teve () chama a Fazenda do Ingenho justamente porque teve, num é do meu
tempo, mas já ixistia um ingenho aonde eles, eles tiravam pedras, minérios, né? (E.21, L.147).
Registro escrito: Ingenho (1731), Engenho (1734/5)
I
NHACICA
Nf [Ssing] indígena (tupi) Ynhā-yca Fitotopônimo Planta do gênero das
acácias. Nomeia Distrito de Senador Mourão – fazenda, lugar, serra, córrego. [...] o nome
é Fazenda Inhacica que tem... passa o Jiquitionha, tem diversos corgo, tem Água
Verde que vai lá, tem Duas Barras, ( ) tem o’tro que chama Inhacica Grande, Inhacica
Pequena, quer dizê tudo ês bota um nome, (os nome que ês pusero, né?) um agoa um corgo
menor, Inhacica Pequena, o o’tro o corgo maior, Inhacica Grande [...]. (E.19, L.266).
Registro escrito: Inhacica (1776, 1778, 1788),
Inhacica (1800, 1804), Inha(x ou n)cica (1820),
Inharica (1821), Inhacica (1849, 1855, 1862).
I
NHACICA
G
RANDE
NCf [Ssing+ADJsing] indígena (tupi) Ynhā-yca + português < latim
Fitotopônimo • Nome dado ao córrego de proporção maior que o córrego Inhacica. • Nomeia
Distrito de Senador Mourão – córrego. [...] o nome é Fazenda Inhacica que lá tem... lá passa
o Jiquitionha, lá tem diversos corgo, tem Água Verde que vai lá, tem Duas Barras, ( ) tem o’tro
que chama Inhacica Grande, Inhacica Pequena, quer dizê tudo ês bota um nome, (os nome que
ês pusero, né?) um agoa um corgo menor, Inhacica Pequena, o o’tro o corgo maior, Inhacica
Grande [...]. (E.19, L.266). Registro escrito: Inhancica Grande (1820).
I
NHACICA
P
EQUENA
NCf [Ssing+ADJsing] indígena (tupi) Ynhā-yca + português < latim
Fitotopônimo • Nome dado ao córrego de proporção menor que o córrego Inhacica. • Nomeia
Distrito de Senador Mourão – córrego. [...] o nome é Fazenda Inhacica que lá tem... lá passa
o Jiquitionha, lá tem diversos corgo, tem Água Verde que vai lá, tem Duas Barras, ( ) tem o’tro
que chama Inhacica Grande, Inhacica Pequena, quer dizê tudo ês bota um nome, (os nome que
ês pusero, né?) um agoa um corgo menor, Inhacica Pequena, o o’tro o corgo maior, Inhacica
Grande [...] (E.19, L.266). Registro escrito: Inhancica Pequeno (1820), Córrego Inhachica
Pequeno (1770).
I
NHAÍ
Nm [Ssing] indígena (tupi) inhā Hidrotopônimo Água que corre. Nomeia
Distrito de Inhaí Distrito, rio. [...] desde que eu nasci ixistia esse nome Inhaí, eles
dizem que é nome indígena, né? Significa... Água ruim, alguma coisa por ou água boa, água
viva [...]. (E.21, L.21). Registro escrito: Myinhahy+meri (1729), Inhay, Inhaý Grande, Inhaý
Pequeno (1734/5), Inhaý (1776), Inhai (1778), Inhaý (1784), corgo do Inhahy (1787) Arrayal do
Inhahy (1787), Inhahi (1800), Inhai (1804), Inhay (1820) Destacamento Inhahi (1821).
I
NTENDENTE
C
ÂMARA
NCm [Qv+Ssing] português < francês + grego Axiotopônimo
Pessoa responsável pelos encargos financeiros e administração dos mesmos cujo sobrenome é
Câmara. Nomeia Distrito de Sopa Fazenda. Que agora lavraro e onde você extraiu
não coloca mais. Então ficou/ chama Rio dos Caldeirões e aqui tem... aqui inda tem as ruínas
da/da Fazenda do Intendente Câmara chama Chácara dos Caldeirões [...]. (E.9, L.234).
I
SCARRO
Nm [Ssing] português < latim • Animotopônimo • Substância ou matéria expelida.
Nomeia Distrito de São João da Chapada Lugar. O’tro o Iscarro é subindo dos Quarté
cá pra São João [...]. (E.10, L.51).
I
SPINHAÇO DE
M
INAS
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Spl}] português < latim + francês
Geomorfotopônimo • Cordilheira ou cadeia montanhosa que se estende pelos estados da Bahia e
Minas Gerais. Nomeia Distrito de Sopa Lugar. [...] é outra coisa, no período da
chuva você num consegue atravessá ele não porque é uma corredera muito forte, né? Porque
aqui é ((tosse)) Ispinhaço de Minas, essa região aqui [...]. (E.9, L.281).
I
STRELA
Nf [Ssing] português < latim Astrotopônimo Astro luminoso. Nomeia
Distrito de Planalto de Minas – Povoado. [...] Depois mais imbaxo, bem baxo tem um
povoadozim que chama Istrela já caino... nesse lugar, lá tem iscola [...]. (E.16, L30).
183
I
TAMBÉ
Nm [Ssing] indígena itá-aimbé Litotopônimo Pedra pontiaguda. Nomeia
Distrito de São João da Chapada Serra, pico. [...] e você olha um pico de serra que tem lá,
chamado Pico do Itambé que a gente inxerga daqui as águas que corre pra lá já vai para o Rio
Doce. [...]. (E.10, L. 303).
I
TAMBÉ DO
S
ERRO
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] indígena itá-aimbé + português <
latim Litotopônimo • Pedra pontiaguda localizada em região próxima a Diamantina. Nomeia
Distrito de São João da Chapada Serra. [...] a do Itambé que a gente vê... Itambé do
Serro [...]. (E.10, L. 682).
I
XTRAÇÃO
Nm [Ssing] português < latim Sociotopônimo • Local onde é feita a retirada de
pedras, ouro ou minério. Denomina distrito de Diamantina • Nomeia Distrito de Curralinho –
Serra. [...] mas o nome mesmo daqui... é que ficô Curralim por muitos anos, num sabe? E
depois já passou para Ixtração [...]. (E.6, L. 177).
I
XTREMA
Nm [Ssing] português < latim Dimensiotopônimo • Situado em uma extremidade
ou ponto afastado Nomeia Distrito de Planalto de Minas Lugar. [...] é um pirigo
disgramado (?) como é que eu fazê? O sinhô deve, pricisa comunicá a prefeitura... ((falando
dos lugares)) Planalto, aqui mais imbaxo Vareda, Quebra-Pé, Barro Vermei’, Barro Quebrado,
Ixtrema { depois Baxadão [...]. (E.16, L. 235).
J
J
ADIR
O
RLANDI
NCm [Ssing+Ssing] português < latim + italiano Antropotopônimo
Nome de pessoa Nomeia Município de Diamantina Chácara. [...] Informante1: Eu
trabaiava (?) numa chácara lá... Pesquisadora: Tinha nome a chácara? Informante 1: Tinha o
nome do dono da chácara...[...] Jadir Orlandi [...]. (E.2, L.25-29).
J
ATOBÁ
Nm [Ssing] português < latim Fitotopônimo Árvore da família das leguminosas
• Nomeia Distrito de Conselheiro Mata – Rio. [...] o rio Jiquitionha tá distante o mais perto
chama Jatobá [...]. (E.15, L.208).
J
ÃO
B
ORCO
NCm [Ssing+Ssing] português < hebraico + catalão Antropotopônimo
Nome de pessoa Nomeia Distrito de São João da Chapada Córrego. [...] tem os corgo,
né? Num dexa de nome não... Corgo dos Macaco, tem...Corgo do Jão Borco [...]. (E.10,
L.279).
J
ÃO
P
ERERA
NCm [Ssing+Ssing] português < latim • Antropotopônimo • Nome de pessoa
Nomeia Distrito de Desembargador Otoni Córrego, ribeirão. [...] onde morei tem o
Reberão do Amendoim, tem o reberão, o Reberão do Bateia, tem o ((trote de cavalo, o
informante cumprimenta o peão que passa)) que tem ali ond’nós morô é Jão Perera, Reberão
de Jão Perera, tudo tem cachoera [...]. (E.17, L.31).
JA
PONÊS
Nm [Ssing] português < n/e Etnotopônimo Que nasceu no Japão. Nome atual
de Pasto da Pindaíba. • Nomeia Distrito de Conselheiro Mata – Lugar. [...] tem aqui o Pasto
da Pindaíba que é hoje Japonês, tem ali o Riacho Fundo, Vargem da Rema, é pasto, Vargem do
Cuelho [...]. (E.15, L.102).
J
IQUI
Nm [Ssing] indígena (tupi) įeke’i Ergotopônimo Armadilha usada na pesca para
apanhar peixes. • Nomeia Distrito de Sopa – Serra. Então você vai ver coisas mesmo... lá é
que tem serras mesmo. Tem Serra do Pasmar, Serra do Jiqui, tem a Serra do Tigre, a gente
inxerga daqui. [...]. (E.9, L.464).
184
J
ISUÍNA
Nf [Ssing] português < italiano Antropotopônimo Nome derivado de Jesus.
Nomeia Distrito de São João da Chapada Córrego. No Arturo ele é chamado Corgo da
Arábia e na cabicera tem outro... o Corgo da Jisuína. [...]. (E.10, L.424).
J
OÃO
M
IGUEL
NCf [Ssing+Ssing] português < hebraico Antropotopônimo Nome de
pessoa. • Nomeia Distrito de Conselheiro Mata Fazenda. [...] tem aqui João Miguel, num
sei que nome que tem (?) depois de Monjolo tem (?) passô a pertencê Monjolo, num pertence a
Conselhero Mata, né? intão é isso aí. (E.15, L.213).
L
L
AGOA DA
C
ANGA
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < românico + céltico
Hidrotopônimo • Pequeno lago pantanoso ou não. Canga é instrumento de madeira do arado ou
carro de boi usado para prender as cabeças dos bois • Nomeia Distrito de Planalto de Minas –
Lajeado. [...] Lagoa de (Lino), Lajeado da Lagoa da Canga que tem aqui, Pontá dos Zói
d’Água que aquel’ lag’ lá, de lá passa Cuz do Jirimia, tudo no documento. (E.16, L.61).
L
AGOA DE
L
INO
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim + grego
Hidrotopônimo Pequeno lago pantanoso ou não pertencente à propriedade privada. Canga é
instrumento de madeira do arado ou carro de boi usado para prender as cabeças dos bois
Nomeia Distrito de Planalto de Minas Lugar. [...] Lagoa de Lino, Lajeado da Lagoa da
Canga que tem aqui, Pontá dos Zói d’Água que aquel’ lag’ lá, de passa Cuz do Jirimia, tudo
no documento. (E.16, L.61).
L
AGOA
G
RANDE
NCf [Ssing+ADJsing] português < latim Hidrotopônimo Lago de
proporções maiores que o comum. • Nomeia Distrito de Planalto de Minas – Lajeado. [...] é
uma fazenda... ela pega a fazenda pega naquel’ pontá lá no morro do Calumbi é ixplicado no
documento, Pontá do Morro do Calumbi, Lajead’ da Lagoa Grande, que uma lagoa que tem
aqui em baxo prá lá ali, meu sobrinho mora lá, Lajead’da Lagoa Grande. (E.16, L.58).
L
AGOA
S
ECA
NCf [Ssing+ADJsing] português < latim Hidrotopônimo Pequeno lago
cujas águas baixaram ou sofreram a ação da seca. Nomeia Distrito de Senador Mourão
Rio. E a Lagoa Seca,(que é o nome desse rio, né?), a Lagoa Seca, Chapadão, Agulha, ?
(E.19, L.217).
L
AJE
Nf [Ssing] português < origem incerta Litotopônimo Pedra lisa, chata e larga, de
grandes dimensões. Nomeia Distrito de São João da Chapada Córrego, lugar, garimpo.
é o lugar que chamava as Laje, né? É um lugar que desce, mas i cima chama Lamarão...
(E.10, L.116). Registro escrito: Lageas (1729), Lages (1734/5, 1770, 1776), Corgo da Laje
(1784, 1787).
L
AMARÃO
Nm [Ssing] português < latim Litotopônimo Lamaçal. Nomeia Distrito
de São João da Chapada – Córrego, lugar, garimpo. [...] bem pra cima das lajes, Lamarãoé
virando para Curumataí [...]. (E. 10, L. 122).
L
APA DO
B
OM
J
ESUS
NCf [Ssing+{Prep+Asing+ADJsing+Ssing}] português < latim
Geomorfotopônimo Grande pedra que forma um abrigo ao ressair do rochedo, em local que
homenageia Jesus. Nomeia Distrito de Senador Mourão Pedra, lavra, lugar. [...] é que
vai desceno aí, lavra ( ) na Lapa do Bom Jesus... a serra aqui e a de cá, a de Mercês de
Araçuaí, né? Aí le vai, depois vai ino acaba. (E. 19, L. 578).
L
ARGO
Nf [Ssing] português < latim Dimensiotopônimo Lugar extenso. Nomeia
Distrito de Mendanha Lugar, córrego Onde a gente mora tem, tem ali o Largo, depois tem o
185
corgo que passa i diante, de primero os carro vinha, discia aqui pur cima, passava no fundo
do Areão e sartava esse corgo, depois fizero uma ponte na descida do o’tro corgo lá, então
eles pararo de passá por aí, né?. (E. 20, L. 8).
L
ARGO
P
ASSA
Q
UATRO
NCf [Ssing+Ssing+Ssing] português < latim • Dimensiotopônimo
Lugar extenso. Nomeia Distrito de Sopa Lugar, córrego. [...] tanto que esse lugarzim
aqui chama Largo Passa Quatro. (E. 9, L. 484).
L
AVRADOS
Nm [Spl] português < latim Geomorfotopônimo Relativo ao processo de
extração de ouro ou diamante. • Nomeia Distrito de Sopa lugar, garimpo. [...] Lavrados é
onde tem essa cor assim ó. (E. 9, L. 772).
L
AVRINHA
Nm [Ssing] português < latim Sociotopônimo • Local de trabalho onde se lavra
ouro ou diamante. Nomeia Distrito de Desembargador Otoni lugar, córrego, garimpo
[...] porque Lavrinha foi muito rica, viu?. (E. 18, L. 204). Lavrinha (1778,1788), Lavrinhas
(1800), Lavrinha (1804), Lavrinhas (1849)
L
IMERA
Nf [Ssing] português < árabe Fitotopônimo Árvore da família das rutáceas,
cítrica que produz o fruto lima. • Nomeia Distrito de Inhaí lugar. [...] tem Limera tem um
pé de Lima antigo, ele num morrre. (E. 22, L. 201).
L
EITÃO
Nm [Ssing] português < latim Zootopônimo Filhote de porco quando ainda se
encontra amamentando; porco de pequeno tamanho. • Nomeia Distrito de Senador Mourão –
fazenda. [...] tem Limera tem um pé de Lima antigo, ele num morrre. (E. 19, L. 201).
L
IMPO
Nm [Ssing] português < latim Animotopônimo Sem sujeira, transparente,
agradável, sem mata ou matagal. Nomeia Distrito de Inhaí lugar, campo. Pesquisadora:
a senhora sabe algum nome? Informante: Tem Campo Limpo. (E. 22, L. 194-195). Registro
oral: Limpos.
M
M
ACACO
Nm [Ssing] português < africano (banto) makaaku Zootopônimo Primata.
Nomeia Distrito de São João da Chapada povoado, corgo. Agora em baixo onde tem a
ponte de que... que entra...na comunidade de Macacos, chama é Ri da Fazenda porque tinha
u’a fazenda [...] (E. 10, L. 31). Macacos (1734/5, 1770), Macaco (1784), Serra do Macaco
(1787), Macacos (1821).
M
ACAQUIM
Nm [Ssing] português < africano (banto) makaaku Zootopônimo
Diminutivo de macaco. • Nomeia Distrito de São João da Chapada – povoado, corgo. [...] o
povoado chama Macaquim [...] (E. 10, L. 345).
M
ÃE
M
INA
NCf [Ssing+Ssing] português < latim+francês Dirrematopônimo • Nascente. •
Nomeia Distrito de Sopa – serra. [...] e a serra Ma... Mãe Mina, e Mina é aqui ó mas eu
num sei porquê chama também não. [...] (E. 9, L.184).
M
ANDAPUÇÁ
Nm [Ssing] indígena (tupi) manapuçá < mandupussá Fitotopônimo •
Árvore. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata lugar. [...] Mandapuxá é uma arve que
dá fruta no campo, né? [...] (E. 15, L.355). Registro oral: Mandapuxá.
M
ANHANA
Nf [Ssing] português < castelhano mañana • Meteorotopônimo • Primeiras horas
do dia. Nomeia Distrito de Inhaí
lugar. [...] eu cunheço Manhana, cunheci o lugá
mas eu num sei o motivo [,] Disbarranco ? (E. 22, L.14).
186
M
ANSO
Nm [ADJsing] português < latim • Animotopônimo Sereno, pacífico, sem
agressividade. Nomeia Distrito de Senador Mourão rio, lugar. [...] Marimero é no Rio
Manso? [...] (E. 19, L.624). Registros escritos: Manso (1770, 1776), Manso (1778, 1784),
Manso (1787), Manço (1788), Manso (1800), Manço (1804, 1821), Manso (1862), Rio Manso
(1873).
M
ANU
Nm [Ssing] português < hebraico Antropotopônimo Hipocorístico de Manuel ou
Manuela Nomeia Distrito de Inhaí Fazenda. [...] é fazenda também, Manu é muito
bonito, é grande? (E. 22, L.176).
M
ÃO TORTA
NCf [Ssing+ADJsing] português < latim Dirrematotopônimo Membro com
alguma deformidade. Nomeia Distrito de Planalto de Minas povoado. [...] depois mais
embaxo tem um patrimoniozim pequeno que chama Mão Torta, até vou prá lá hoje à tarde. (E.
16, L.12).
M
ARAVILHA
Nf [Ssing] português < latim Fitotopônimo Planta herbácea. Nomeia
Município de Diamantina lugar. [...] Capão Maravilha, tem o Milho Verde, bastante local,
Ribeirão do Inferno, nesse eu até estive lá. (E. 1, L.227). Registros escritos:Corgo Maravilha
(1787).
M
ARCO
Nm [Ssing] português < latim Ergotopônimo Sinal de demarcação. Nomeia
Município de Diamantina lugar. [...] a serra chama Treis Corgos, serra pra lá... serra...
Morro do Marco tem ali. (E. 15, L.47).
M
ARIA
N
UNES
NCf [Ssing+Spl] português < hebraico + português < latim
Antropotopônimo • Nome de pessoa. • Nomeia Distrito de Senador Mourão – povoado. [...]
tem até uma ponte pá passá para Maria Nunes. (E. 19, L.538).
M
ASSA
Nf [Ssing] português < latim Litotopônimo • Nome de rocha. Nomeia Distrito
de Sopa – lugar. [...] então essa é a história.... e a Sopa como no começo da extração tanto do
ouro como do Diamante eles mineravam, extraía o minério nos leito do rio, dos aluviões do rio
e dipois eles discubriro essa vila que deu o nome de Sopa, nós aqui chamamos de Massa.. (E. 9,
L.131).
M
ENDANHA
Nf [Ssing] português < africano (banto) menganha Sociotopônimo • Lugar de
escravos. Nomeia Distrito de Mendanha distrito, serra, córrego, lugar. [...] Mendanha
eu não sei porquê eles dero, eu sei que aqui ês falava que Mendanha era lugá de iscravos. (E.
20, L.43). Registro escrito: Córrego do Mendanha (1770, 1776), Mendanha (1784, 1787),
Mendanha (1821, 1849, 1855, 1862, 1873).
M
ERCÊS
Nf [Spl] português < Latim Antropotopônimo Nome de pessoa. Nomeia
Distrito de Senador Mourão serra, lugar. [...] Capelinha, ( ) Turmalina, Itamarandiba...
Mercês... isso tudo era Diamantina, depois ( ) Campo Verde, Sete Lagoas... ia pr’aqueles
lado lá, mas com tropa. ( ) chegou em Diamantina (E. 20, L.43). Registro escrito: Córrego do
Mendanha (1770, 1776), Mendanha (1784, 1787), Mendanha (1821, 1849, 1855, 1862, 1873).
M
ERCÊS
D
IAMANTINA
NCf [Spl+Ssing] português < Latim Antropotopônimo Nome de
pessoa + nome de município. Nomeia Município de Diamantina –lugar. [...] a política,
né? Toda cidade tem uma... o povo tem preferência, ? Mudam às vez o política, a política
presta homenagem a político... ( ) Por exemplo aqui perto tem uma cidade, chama Senadô
Modestino Gonçalves, os político que pusero, chamava lá, a cidade, tinha o nome de Mercês
Diamantina. (E. 5, L68).
M
ILHO
V
ERDE
NCm [Ssing+ADJsing] português < Latim Fitotopônimo • Lugarejo
próximo à cidade de Diamantina. Nomeia Município de Diamantina lugar. [...] Capão
Maravilha, tem o Milho Verde... bastante local... Ribeirão do Inferno, nesse eu até estive lá. (E.
1, L.227). Registro Verde Milho (1731), Milho Verde (1776, 1784, 1787),
Milho Verde
(1820), Arraial Freguesia e Destacamento Milho Verde (1873).
M
INAS
S
IRRINHA
NCf [Spl+Ssing] português < céltico + português < Latim+diminutivo -
inha Sociotopônimo Lavra de Diamante. Nomeia Município de Diamantina lugar.
187
[...] Informante 1: dos garimpo... Daqui da Sirrinha era... Como é que o nome dos da Sirrinha?
Informante 2: eu acho que era Minas Sirrinha
. (E.6, L.23-25).
M
IZAEL
Nm [Ssing] português < hebraico Antropotopônimo Nome de pessoa, significa,
segundo Guérios (1981, p. 179) “quem é que é Deus?”. Nomeia Distrito de Sopa lugar.
[...] Foro os tropero que truxero e o moço que garimpava nesse local, que chamava Mizael
pidiu que eles dexasse a imagem aqui [...] (E.9, L.391).
M
OÇA
Nf [Ssing] português < origem incerta Antropotopônimo Jovem. Nomeia
Distrito de Inhaí serra. [...] tem Serra das Moça e Serra do Veado, o do Veado os iscravo ()
desenhô o ( ) do veado e tá lá [...] (E.22, L.55).
M
OÇORONGO
Nm [Ssing] português < africano (banto) muçurunga Zootopônimo •
Mosquito. Nomeia Distrito de Sopa serra. [...] tinha um tipo de mosquito que eles
pusero o nome de Moçorongo agora num sei deve ser africano, de origem africana [...] (E. 9, L.
539). Registro oral: Maçorongo, muçurungo.
M
ONJOLÃO
Nm [Ssing] português < africano (banto) monjolo + aumentativo português -ão
Ergotopônimo Engenho primitivo de grande proporção, movido pela força da água e que se
destinava a pilar o milho. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata lugar. [...] olha lá o
Monjolão tá logo ali o Monjolão. [...] (E.15, L.381).
M
ONTE DE EXTRAÇÃO
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim
Geomorfotopônimo Local onde são extraídas as gemas minerais. . Nomeia Município de
Diamantina – lugar. As que dança com a gente é lá do Monte de Extração, foi Lena que pediu
pra i, pra uma alegria no café no Beco, pediu i uma vez, pegô todo mundo gostô e
gosta até hoje das minina, né?. (E.4, L. 98).
M
ONTEIRO
Nm [Ssing] português < latim Antropotopônimo • Sobrenome português,
significa para Guérios (1981, p. 179) “caçador dos montes, guarda da mata”. Nomeia
Distrito de Inhaí fazenda. [...] a minha mesmo chama Fazenda dos Monteiros. [...] (E.21,
L.68).
M
ORR
Ã
O
Nm [Ssing] português < origem incerta + aumentativo português -ão
Geomorfotopônimo Monte. Nomeia Distrito de Desembargador Otoni lugar. [...] aqui
vai... aqui perto, lá na frente tem um morro chama, como é que ele chama gente? Morro grande
não! É... Morrão, Morrão fica na frente dessa istrada aqui, confronte uma fazendinha que tem
aqui na frente chama Morrão. [...] (E.17, L.5).
M
ORRIM
Nm [Ssing] português < origem incerta + diminutivo português -inho
Geomorfotopônimo Pequeno monte. Nomeia Distrito de São João da Chapada lugar,
povoado, garimpo. [...]tem o corgo antes de pegar a subida e depois dos Morrim tem o corgo
[...] e istrada de Morrim passa em Calderão [...]. (E.10, L.597-609). Registro escrito:
Murinhos (1729), Morrinhos (1770), Morinhos (1776), Morrinhos (1778), Morrinhos (1787)
Registro oral: Morrinhos.
M
ORRO DO
C
HAPÉU
Nm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < origem incerta +
francês Geomorfotopônimo Monte cuja forma se assemelha a de um chapéu. Nomeia
Distrito de Inhaí serra. [...] isso é... quando eu nasci ixistia essas serra Morro do
Chapéu, Serra de Santana, Morro do Cruzeiro [...]. (E.21, L. 49).
M
ORRO DO MARCO
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < origem incerta +
português < latim Geomorfotopônimo Monte com demarcação geográfica. Nomeia
Distrito de Conselheiro Mata serra. [...] aqui tem as S(x)erra do Muriçoca, aqui perto da
gente, a serra chama Treis Corgos, serra pra lá... Serra Morro do Marco tem ali [...]. (E.15,
L.46).
M
ORRO DO
O’
RO
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < origem incerta +
português < latim Geomorfotopônimo • Monte cuja formação geológica possui ouro.
Nomeia Distrito de Inhaí
serra. Pesquisadora: e esse nome Inhaí, sabe o porquê? Não? E
serra, a senhora conhece alguma serra por aqui, algum morro? ((ruído de criança)) Informante:
188
Morro do O’ro. Pesquisadora: Morro do Ouro? Tinha muito ouro lá? Informante: morro do,
tinha.... tem a serra [...]. (E.22, L. 29-34).
M
UMBUCA
Nm [Ssing] indígena (tupi)
mu’ɱuka • Zootopônimo • Inseto, mosquito. •
Nomeia Distrito de Extração garimpo, lugar. [...] é também otra coisa... Eu até conheci
muita gente da Mumbuca, tem Mumbuca [...]. (E.6, L. 618). Registro escrito: Mombuça
(1734/5)
M
UMBUQUINHA
Nm [Ssing] indígena (tupi) mu’ɱuka + diminutivo -inha Zootopônimo
Inseto, mosquitinho. Nomeia Distrito de Extração lugar. [...] tem Mumbuquinha e
desce por ai abaxo aí! Tem... ô T. cê chegô, né? {Boa de contá história aqui [...]. (E.6, L. 618).
M
UNGONGO
Nm [Ssing] português < africano Animotopônimo Varíola. Nomeia
Distrito de Guinda serra, lavra. Informante: é uma lavra i cima mas agora tudo cheio
d’água... ês pruveita pra nadá, tem uma praia muito bunita de areia branqui:inha [...]
Pesquisadora: e chama mum... Mongongu? Informante: Mungongo, num sei porque tem
esse nome [...]. (E.14, L. 58-61). Registro oral: Mugongo
M
URIÇOCA
Nf [Ssing] indígena muri´soka Zootopônimo • Mosquito. Nomeia Distrito
de Conselheiro Mata serra. [...] aqui tem as s(x)erra do Muriçoca, aqui perto da gente
[...]. (E.15, L.46).
N
N
ÚMERO UM
NCf [Ssing+NUMsing] português < latim Numerotopônimo Categoria
numérica. Nomeia Distrito de Sopa serra. [...] tem a pedra Número Um [...]. (E.9,
L.599).
O
O
LARIA
Nf [Ssing] português < latim Sociotopônimo Fábrica em que são produzidos
utensílios de barro para uso culinário (panelas, utensílios de cozinha), para uso nas construções
(tijolos, telhas e manilhas) e para artigos de decoração. Nomeia Distrito de São João da
Chapada sitio, lugar. [...] meu sitim lá chama e o lugá chama Olaria [...]. (E.12, L.150).
Registro escrito: Olaria (1734/5)
O
LIMPIO
M
ARTINS
NCm [Ssing+Spl] português < grego + português < latim
Antropotopônimo • Nome de pessoa. Nomeia Distrito de Extração –lugar. [...] agora esse
lugá aqui de primero, aqui chamava Olimpio Martins [...]. (E.6, L.575). Registro escrito:
Martins (1821)
O
LHO D
ÁGUA
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim Hidrotopônimo
Nascente de água no solo, minadouro. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata lugar,
fazenda, serra. [...] Olhos D´Água dava a fazenda Cutia onde os dois rios junta [...]. (E.15,
L.410).
189
O
LHO D
ÁGUA DA PEDRA
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing+Prep+Asing+Ssing}] português
< latim Hidrotopônimo Nascente de água localizada entre pedras ou próxima a elas.
Nomeia Distrito de Senador Mourão – Rio. [...] é que o rio nasce na pedra Olho d’Água da
Pedra [...]. (E.19, L.561).
O
LHO DE
S
APO
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim Somatotopônimo
Pedra com o formato parecido aos olhos de um sapo. Nomeia Distrito de Sopa lugar,
pedra. [...] e as pedras de lá que chama o conglomerado nós aqui chamamos de Olho de Sapo
[...]. (E.9, L.135).
O
URO
Nm [Ssing] português < latim Litotopônimo Metal precioso de cor amarela,
maleável, pesado e dúctil. Nomeia Município de Diamantina córrego. [...] na tal de
Begônia, onde passa muitos desses rios [,] ingraçado[,] tem um que chama Córrego do Ouro
na Begônia [...]. (E.1, L.65).
Registro escrito: C. do Ouro. (1729), Ouro (1770), Ribeiraõ do
Ouro (1778), Ouro (1787).
P
P
ACIÊNCIA
Nf [Ssing] português < latim Animotopônimo • Refere-se a quem espera com
calma o que tarda, longanimidade. Nomeia Município de Diamantina –lugar, beco. [...]
também um veio também que mora no beco do Paciência, i cima lá, naquela região lá, o
rapaz vendia e alugava pasto. Tratava porco, tropero, vinha muita tropa pr’ aqui pro mercado.
[...]. (E.3, L.25). Registro escrito: Paciência (1770) Pacien (cia) (1784), Paciência (1787).
P
AINERA
Nf [Ssing] português < malaiala panni Fitotopônimo Árvore da família das
bombacáceas. Nomeia Distrito de São João da Chapada –garimpo. [...] Essa época não,
deva ter argum que cunheceu os documento deve... purque lá era tudo documentado... esse J. da
S. M. diz que ia no Rio fazer inventário dos documentos, depois dessa Painera aí, que teve essa
discoberta das Painera, né? que falecido Totó era... falecido Totó era tiquetagem (?) de G. de
Totó, de Mercês, M. J. ((risos)) cunhece a M. G., né? É tudo da família de lá. [...]. (E.10,
L.484).
P
AIOL
Nf [Ssing] português < catalão Sociotopônimo Lugar destinado ao
armazenamento de armas e munições. Nomeia Distrito de Inhaí –povoado. [...] são os
nomes que tem... cada lugarejo tem [,], tem as casas, é Paiol, é Guarda-Mor, Quebra-Pé. [...].
(E.21, L.122). • Registro escrito: Payor (1734/5), Paiol (1820). • Registro oral: Paió.
P
ALHA
Nf [Ssing] português < latim Fitotopônimo • Haste seca de gramíneas utilizada para
forragem ou artesanato. • Nomeia Município de Diamantina –rio. [...] tinha uma porção de
minério... rio Prata, Jequitinhonha, Santo Pastel ( ) que vai até o Rio da Palha [...]. (E.5, L.94).
P
ÃO DE
S
ANTO ANTÔNIO
NCm [Ssing+ {Prep+Asing+Ssing+Ssing}] português < latim
Ergotopônimo Nome dado ao asilo localizado em Diamantina. Homenageia. Nomeia
Município de Diamantina –lugar. [...] a Capela e o carrinho, carregado, que ficô muito pesado
as pessoa carrega, né? Então botei [,] lá corqué coisa pode chamá [,] falá na Capela,
feita por tal de P. C. S. e o apelido é de P. “Soin”, ele apusentô [,] e passó pro Pão de Santo
Antônio [,] prá toma conta de lá, lá tem algumas coisa dele também [...]. (E.4, L.77).
P
ARANÁ
Nm [Ssing] indígena (tupi) Pará-nã Corotopônimo Nome de estado brasileiro.
Braço de rio. • Nomeia Distrito de Inhaí – lugar. [...] Informante 1: lá no Paraná,
né?Informante 2: é no Paraná! no Mendanha, cês pássaro no Mendanha?[...]. (E.21, L.127-
128). • Registro escrito: Paranna (1821)
190
P
ARDÃO
Nm [Ssing] português < latim+ aumentativo -ão. Cromotopônimo Tonalidade
de cor intensa entre o preto e o branco. • Nomeia Município de Diamantina – rio. [...] tem ri
Pardo, ri Pardim e ri Pardão [...]. (E.1, L.36).
P
ARDIM
Nm [Ssing] português < latim + diminutivo -inho Cromotopônimo Pouca
tonalidade de cor entre o preto e o branco. Rio de dimensão menor que o rio Pardo. • Nomeia
Município de Diamantina –rio. [...] tem ri Pardo, ri Pardim e ri Pardão [...]. (E.1, L.36).
P
ARDO
Nm [Ssing] português < latim Cromotopônimo Tonalidade de cor entre o preto e
o branco. Rio de dimensão menor que o rio Pardo. Nomeia Município de Diamantina – rio.
[...] tem ri Pardo, ri Pardim e ri Pardão [...]. (E.1, L.36). Registro escrito: Pardo (1729,
1734/5, 1770, 1778, 1788, 1800, 1855, 1862).
P
ARD
G
RANDE
NCm [Ssing+ADJsing] português < latim • Cromotopônimo • tonalidade de
cor entre o preto e o branco. Rio de grande dimensão • Nomeia Distrito de Conselheiro Mata
–rio. [...] antão o ri Pard’ Grande nasce no Campo S(X)ampaio e o ri Pard’ Piquen’ nasce
aqui na Tromba d´Anta, e o ri Pard’ Grande corre por e o piqueno corre por ali e vão
incontrá lá imbaxo desceno de (?) por ês fazê isso aqui é o nome, Fazenda da Furquilha. (E.15,
L.2).
P
ARDO
P
IQUENO
NCm [Ssing+ADJsing] português < latim Cromotopônimo tonalidade
de cor entre o preto e o branco. Rio de pequena dimensão. • Nomeia Distrito de Conselheiro
Mata –rio. [...] antão o ri Pard’ Grande nasce no Campo S(X)ampaio e o ri Pard’ Piquen
nasce aqui na Tromba d´Anta, e o ri Pard’ Grande corre por e o piqueno corre por ali e vão
incontrá lá imbaxo desceno de (?) por ês fazê isso aqui é o nome, Fazenda da Furquilha. (E.15,
L.2). •
P
ARMITÁ
Nm [Ssing] português < latim • Fitotopônimo • Plantação de palmito. • Nomeia
Distrito de Mendanha –córrego. [...] Parmitá, (desde aquele) corgo eu cunheço mas num sei
{o nome dele não. [...]. (E.20, L.2). • Registro escrito: Palmito (1821)
P
ARMITO
Nm [Ssing] português < latim Fitotopônimo • Gomo longo e macio do caule das
palmeiras. Nomeia Distrito de São João da Chapada lugar, córrego. [...] pai prantava
arroz, feijão... e a gente rompia assim passava um serroitim que el` nos levava e o dela
assim chama mato do Parmito, é...o dela mermo, a mesma vertente, eu mesmo andei
tanto de um lado dela como de otro... A merma vertente, S., que ela tem de um lado ela tem do
otro [...]. (E.20, L.94).
P
ASMÁ
Nm [Ssing] português < latim Animotopônimo Admirar. Nomeia Distrito de
Sopa – serra. [...] tem Serra do Pasmá [...]. (E.20, L.465).
P
ASSA
T
RÊS
NCm [V
ERB
+N
UM
sing] português < latim Dirrematopônimo Expressão
usada para designar o número de vezes que era necessário passar de um lugar para outro.
Nomeia Distrito de Conselheiro Mata lugar. [...] Informante: então ela tem treis nome:
Buquerão Ramundo Xisto para o nosso cunhecimento... Buquerão da Istiva, {Passa Treis [...].
(E.15, L.31).
P
ASTO
Nm [Ssing] português < latim Sociotopônimo Área destinada a alimentação do
gado, que tenha sido roçada ou queimada. Nomeia Distrito de Extração serra. [...] tem
até uma que é Serra do Pasto [...] é, do lado de cá, ó! [...]. (E.7, L.207-209).
P
ATACA
Nf [Ssing] português < provençal Ergotopônimo • Antiga moeda brasileira,
cunhada em prata, cujo valor não era alto. Nomeia Município de Diamantina lugar. [...]
eu não sei porque, desde que nós mudou pra lá era Quatro Viténs... Uma chama Quatro Viténs,
a outra chama... Pataca [...]. (E.7, L.207-209).
P
AU DE
A
RAÇÁ
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim + indígena ara’sa
Fitotopônimo Árvore da família das mirtáceas, cujo fruto é muito apreciado. Nomeia
Distrito de Conselheiro Mata – lugar, serra. [...] Ponte Pedra, Pau de Araçá, (Salva Despesa),
Treis Corgo, Boi Pintado [...]. (E.15, L.324).
191
P
AU DE
F
RUTA
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim Fitotopônimo
Árvore cujo fruto se assemelha a um pedaço de pau, é muito apreciado. • Nomeia Distrito de
Guinda – lugar, serra. [...] é! Pau de Fruta, mas é bem pra lá [...]. (E.14, L.14).
P
AULO
A
FONSO
NCm [Ssing+Ssing] português < latim + germânico Antropotopônimo
Nome de pessoa Nomeia Distrito de Sopa cachoeira. [...] baxo da Cachoera Paulo
Afonso é por esses lado aqui [...]. (E.9, L.375).
P
É DO
M
ORRO
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim + origem incerta
Somatotopônimo Local próximo ao monte ou morro. Nomeia Distrito de Desembargador
Otoni lugar, fazenda. [...] lembro dês contano, né? tinha igreja, o cemitério era lá, num
tinha cemitério aqui, tinha no do Morro, chamava, chama é do Morro, dexô vários
meus irmão, meus sobrinho, tem umas fazendinha por [...]. (E.18, L.104). Registro oral:
do Morro (1778, 1788, 1800, 1804, 1820, 1821)
P
ECADO
Nm [Ssing] português < latim • Animotopônimo • Ação contra os princípios
cristianos. Nomeia Distrito de Sopa barra, rio. [...] a gente num tem condições de saber
se a origem é isso aí. Então o... a Colônia e o Bambá forma o Corgo do Pecadim que vai
desaguar no Rio dos Caldeirões, onde ele deságua no outro rio ( ) barra do Pecado. Mas
quando a gente fala Rios aqui a água passa num cano dessa grussura assim não é riiiio igual é
no Amazonas [...]. (E.9, L.271).
P
ECADINHO
Nm [Ssing] português < latim + diminutivo -inho Animotopônimo Pequena
atitude contra os princípios cristianos. • Nomeia Distrito de Sopa – córrego [...] a gente num
tem condições de saber se a origem é isso aí. Então o... a Colônia e o Bambá forma o corgo do
Pecadim que vai desaguar no Rio dos Caldeirões, lá onde ele deságua no outro rio ( ) barra do
Pecado. Mas quando a gente fala Rios aqui a água passa num cano dessa grussura assim não é
rio igual é no Amazonas [...]. (E.9, L.271). Registro oral: Pecadim.
P
EDRA
Nm [Ssing] português < latim Litotopônimo Mineral duro e sólido, rocha.
Nomeia Distrito de Sopa rio, ribeirão [...] na Sopa também tem o rio das Pedra, ri das
Pedra e na ponte lá tem o ri da Sopa também, né? [...]. (E.9, L.70). Registro oral: Pedras
Registro escrito: Pedras (1729, 1731, 1770, 1776, 1778, 1784), Cabeceira do Rio das Pedras
(1787), Rio das Pedras (1821).
P
EDRA DA
S
OPA
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim + francês
Litotopônimo Relativo ao conglomerado Sopa-Brumadinho encontrado nesse distrito.
Nomeia Distrito de Sopa rio. [...] então você vê esse córrego que tem... quan’o desce
aqui... o primero tem até o poço artesiano esse ali chama também ri das Pedra da Sopa [...].
(E.9, L.205).
P
EDRA DO CAVALINHO
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português <latim • Litotopônimo
Pedra com o formato do dorso de um cavalo. Nomeia Distrito de Sopa lugar, pedra.
[...] e hoje essa pedra... chama Pedra do Cavalinho, cavalo [...] é dessa pedra, todo minino
que passa lá gosta de montá. Num tem fotografia não, mas tem um amigo meu que vai mandá
umas. (E.9, L.580-584).
P
EDRA DO
G
UINDA
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim + francês
Litotopônimo Relativo ao conglomerado Sopa-Brumadinho encontrado nesse distrito.
Nomeia Distrito de Guinda rio. [...] ri das Pedra do Guinda ... Acho que ele nasceu
também no ri das Pedra [...]. (E.14, L.70).
P
EDRA
M
ENINA
NCf [Ssing+Ssing] português < latim • Litotopônimo • Relativo ao tamanho
do mineral. Nomeia Distrito de Extração lugar. Informante: Pedra Minina, agora...
vai Felício dos Santos [...]Pesquisadora: Pedra Menina é nome de lugar? Informante: é nome do
lugar [...]. (E.7, L.144-146).
P
EDRA
R
EDONDA
NCf [Ssing+ADJsing] português < latim Litotopônimo Relativo ao
formato da pedra. Nomeia Distrito de São João da Chapada
Serra. [...] ali é a Pedra
Redonda [...]. (E.10, L.449).
192
P
ELADA
Nf [Ssing] português < latim Animotopônimo • Descoberta, desprotegida. •
Nomeia Distrito de Mendanha – Serra. Informante: Serra Pelada Informante: Serra Pelada
não é por aqui [...]. (E.22, L.45-46).
P
EROBA
Nf [Ssing] Indígena (tupi)
ïpe´roųa Fitotopônimo Árvores das famílias das
apocináceas e bignoniácea, possuem madeira de boa qualidade. Nomeia Distrito de São
João da Chapada Serra. [...] tem um lugá que tinha muita madera, sabe, né?Já sabe,
né? Muita madera de lei, madera boa chama Peroba [...]. (E.12, L.138).
P
ICO DO
I
TAMBÉ
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim+ indígena (tupi)
ita’me • Geomorfotopônimo • Pico de serra. Nomeia Distrito de Sopa lugar. [...] e você
olha um pico de serra que tem lá chamado Pico do Itambé que a gente inxerga daqui as águas
que corre pra lá já vai para o rio Doce [...]. (E.9, L.303).
P
INDAÍBA
Nf [Ssing] indígena (tupi)
pina´ïųa Fitotopônimo Planta da família das
estiracáceas que nasce em lugares úmidos e nos fornece a “árvore do anzol”. Nomeia
Distrito de Senador Mourão – lugar. [...] é! Tinha o nome de Pindaíba, era Corgo do
Pindaíba, antes [...]. (E.19, L.611). Registro escrito: Pindaíbas (1770, 1776) Córrego das
Pindahiba (1784), Pindahibas (1787), fazenda Pindaíbas (1820). Pindaíba (1862).
P
INDAÍBAL
Nm [Ssing] indígena (tupi)
pina´ïųa Fitotopônimo Plantação de pindaíbas.
Nomeia Distrito de Senador Mourão lugar. [...] aqui era o Pindaibal, ainda lembro um
bucado de pindaíba aí [...]. (E.19, L.644).
P
INHEIRO
Nm [Ssing] português < latim • Fitotopônimo • Árvore do gênero pinus. • Nomeia
Distrito de Inhaí – rio, povoado, capão. [...] Campo da Dona, Pinheiro, Biribiri até sair em
Diamantina [...]. (E.21, L.108). Registro escrito: Pinheiro (1770), Penhero (1776), Rio
Pinheiro (1787, 1820).
P
INHEIROS
Nm [Spl] português < latim Fitotopônimo Plural de pinheiro. Nomeia
Distrito de Sopa lugar. [...] na frente é tombado pelo patrimônio, lá naquela serra lá!
Ali tem um lugá chamado Pinheiros, já ouviu falá ? [...]. (E.9, L.431).
P
IOLHO
Nm [Ssing] português < latim Zootopônimo • Inseto ectoparasita, hematófago, que
pode se hospedar em animais e humanos. Nomeia Distrito de Inhaí fazenda. [...] a
fazenda dos Piolho, são os nome das fazenda que tem aqui [...]. (E.22, L.77).
P
LANALTO
Nm [Ssing] português < latim • Geomorfotopônimo • Grande extensão de
terreno plano. • Nomeia Distrito de Planalto de Minas fazenda. [...] é um pirigo
disgramado (?) como é que eu fazê? O sinhô deve, pricisa comunicá a prefeitura... ((falando
dos lugares)) Planalto, aqui mais imbaxo Vareda, Quebra-Pé, Barro Vermei’, Barro Quebrado,
Ixtrema { depois Baxadão [...]. (E.16, L.235). Registro oral: Planarto
P
LANALTO DE
M
INAS
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Spl}] português < latim + céltico
Geomorfotopônimo Grande extensão de terreno plano localizado próximo à cidade de
Diamantina. Nomeia Distrito de Planalto de Minas fazenda. [...] é/é tudo é de Planalto
de Minas de/é de Diamantina [...]. (E.16, L.241).
P
OMBAS
Nf [Spl] português < latim Zootopônimo Ave da família columbiformes.
Nomeia Distrito de São João da Chapada – vargem, lugar. [...] Informante 3: cê falô: vô tirá
o carro... tinha uma praca... Pesquisadora: Han... Informante 3: Ali que é vargem das Pomba.
(E.10, L.622).Registro escrito: Corgo das Pombas (1787).
P
ONTE
P
EDRA
NCf [Ssing+Ssing] português < latim Hodotopônimo Construção feita de
pedras com objetivo de ligar dois lugares, separados por água ou depressão de terreno. • Nomeia
Distrito de Conselheiro Mata – pasto, lugar. [...] tem aqui imbaxo pasto da Ponte Pedra [...]
(E.15, L.94).
P
ONTE
Q
UEIMADA
NCf [Ssing+ADJsing] português < latim Hodotopônimo Construção
feita de para unir dois lugares, separados por meio de água ou depressão de terreno, à qual foi
ateado o fogo. Nomeia Distrito de São João da Chapada
sítio. [...] ah! Não! Fazenda
193
aqui perto... tem sitio, aqui tem uma fazenda aqui, aliás é um sitizim aqui, aqu’ chama Ponte
Quemada [...] (E.10, L.423).
P
OVOAÇÃO
Nf [Ssing] português < latim Sociotopônimo Moradores de uma determinada
região. Nomeia Município de Diamantina córrego. Informante 1: Não! Até passei
perto, sabe? Tem o rio do Acaba Mundo. Pesquisadora: Córrego da .... Informante 1: da
Povoação Pesquisadora: É lá no Angico? Informante 1: É! Todos os dois. (E.1, L.243).
P
RAIA
Nf [Ssing] português < latim Geomorfotopônimo Região banhada por água doce
ou salgada. Nomeia Distrito de Extração córrego. [...] vê... tem esse... chama corgo
da Praia. (E.7, L.430).
P
RAINHA
Nf [Ssing] português < latim • Geomorfotopônimo • Forma diminutiva de “praia”,
pequena região banhada por água doce ou salgada. • Nomeia Distrito de São João da
Chapada – garimpo. [...] garimpo da Prainha, han? Pois é! (garimpei nele). (E.12, L.281).
P
RATA
Nf [Ssing] português < latim Litotopônimo Metal nobre, resistente à oxidação,
utilizado para cunhar moedas, jóias, utensílios para cozinha, entre outros. Nomeia
Município de Diamantina – rio, lugar. [...] Prata, rio da Prata, tem um otro corgo mas não sei
mas aonde e otros, otros mais... mas o que a gente sabe diritinho é esses daí é Rio Grande,
Pururuca e Prata onde as pessoa ia lavá ropa, tem um certo lugá, que já jogaro intulho, tão
atrapalhano tudo, tão acabano com tudo, vai acabá mesmo! Do jeito que a gente tá veno como
o mundo lá vai, vai longe, não
.
. (E.4, L.164).
P
REGO
Nm [Ssing] português < latim Ergotopônimo Haste metálica usada para fixar
extremidades. Nomeia Distrito de Senador Mourão lugar. [...] tem lugá que chama
Retiro, tem Prego também ocês viero de Desembargadô cês pássaro, né?. (E.19, L.494).
P
RETO
Nm [Ssing] português < latim Cromotopônimo Cor mais escura entre todas,
negro. • Nomeia Distrito de Senador Mourão – lugar. [...] e do lado de lá tem o rio Preto, e
o Mercês, né? (E.19, L.529). • Registro escrito: Preto (1734/5, 1778, 1788, 1800, 1804, 1873).
P
UBA
Nf [Ssing] indígena (tupi) puba • Animotopônimo • Mole, fermentado, podre. •
Nomeia Distrito de Inhaí lugar, fazenda. [...] eu sei que tem um lugar que chama Puba,
né? Aquela fazendinha, né? Chama Puba (E.21, L.173).
P
URURUCA
Nf [Ssing] indígena (tupi) poro’roka • Fitotopônimo • Diz-se do fruto do
coqueiro, coco tenro ou endurecido. Nomeia Município de Diamantina lugar. [...] eu
num sei purque/qui tinha... até sei é que tinha um moço( ) chamado G. Pururuca, Pururuca,
pusero o nome dele. Agora porque é Pururuca eu não sou capaz de falá o purquê é rio
Pururuca. Vamo no Pururuca lavá ropa, nós mesmo fomo, em casa nós fomo muito lá
com baciada de ropa pá lava porque que era rio limpo hoje já quase num tem mais nada... (E.4,
L.184).
Q
Q
UARTEL
Nm [Ssing] português < catalão Sociotopônimo Local cercado ou murado
vigiado e protegido pela guarda local.. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata lugar,
povoado. [...] aqui no Quartel [,] gente do garimpo [...] tinha uma (cata) de cristal [...] (E.15,
L.75). • Registro oral: Quarté, Quartel, Quartéis.
Q
UARTÉ DO INDAIÁ
NCm [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < catalão
Sociotopônimo Quartel identificação pela plantação das palmeiras da família Attalea.
194
Nomeia Distrito de o João da Chapada lugar, fazenda. [...]o pessoal dele que é de
Quarté, mas eu mixia no Quarté, também, a família da gente inda mora até hoje. (E.10,
L.13). • Registro escrito: Quartel dos soldados (1770), Quartel Velho (1770), Córrego do
Quartel (1770), Quartel (1804, 1821), Antigo Quartel (1862).
Q
UARTÉ
M
ERIM
NCm [Ssing+ADJsing] português < catalão + indígena mi´rĩ
Sociotopônimo • Pequeno quartel; Rio que passa nesse local. Nomeia Distrito de São João
da Chapada – lugar, povoado. [...] Informante 3: tem um tanto de ri lá, ri do Caté Merim, ?
Pesquisadora: a senhora sabe o porquê desse nome? Informante 3: ês pôs Quarté Merim
agora num sei que que é, né? [...] (E.13, L.62). • Registro oral: Caté Merim, Quarté Merim.
Q
UATRO
V
INTÉNS
NCm [NUMsing+Spl] português < latim • Numerotopônimo Relativo a
quantidade de dinheiro. Nomeia Município de Diamantina rio, lugar. [...] eu não sei
porquê, desde que nós mudou pra era Quatro Viténs... Uma chama Quatro Viténs, a outra
chama... Pataca [...] (E.2, L.62). Registro escrito: Quatro Vinténs (1770), Quatrovinteins
(1776, 1784)..
Q
UEBRA
P
É
NCm [VERB+Ssing] português < latim Dirrematotopônimo Expressão que
pode estar relacionada `a presença de obstáculos numa travessia • Nomeia Distrito de
Planalto de Minas povoado. [...] esse de num tem nem iscola, os minino istudá vem aqui
ou no Quebra-pé que é outro povoado que tem [...] (E.16, L.22). Registro escrito: Quebra-Pé
(1787).
Q
UIABERO
Nm [Ssing] português < africano kyambo • Fitotopônimo • Plantação de quiabos.
Nomeia Distrito de São João da Chapada lugar, serra. [...] ah! Igual que tem lá... é
dentro mesm´do Guarda-Mor, mas lá tem Serra do Quiabero [...] foi um lugá que meu avô
plantava, ele plantava lá e ficô co[m] nome de Quiabero (E.12, L.79-85).
Q
UILOMBO
Nm [Ssing] português < africano kilombo Sociotopônimo Lugar localizado
no meio da mata ou entre pedras que abrigava negros fujões. Nomeia Distrito de São João
da Chapada – lugar, serra. [...] a Serra do Quilombo, Serra do Quilombo é aonde ês escundia
os iscravo, né? (E.14, L.16). Registro escrito: Quilombo (1821).
R
R
AIMUNDO
X
ISTO
NCm [Ssing+Ssing] português < italiano+ grego Antropotopônimo
Nome de pessoa. • Nomeia Distrito de Conselheiro Mata – lugar, boqueirão. [...] ali
antigamente, no tempo da (juriprudencia) de Diamantina (?) animal carguero, né? Carguero
que carregava tomó (?) tem treis nome ((passarinho cantando)), lá tinha um moço que
chamava Raimundo Xisto, tinha o nome buquerão Ramundo Xisto [...]. (E.15, L.17).
R
ANCA
-R
ABO
NCm [VERB+Ssing] português < latim Dirrematotopônimo Expressão
usada para designar cansaço. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata serra. [...] Ranca
Rabo [...] é:é sabe o porquê? É que é muito acidentado, o povo intão diz: i:i pra subi aí, é
expressão dês, i ranca o rabo! [...]. (E.15, L.332-341).
R
EBERÃO
Nm [Ssing] português < latim Hidrotopônimo Curso de água menor que um
rio. Nomeia Distrito de Extração – lugar. [...] dizem que foi uma mulhé (diz que era) num
sei se era do Reberão, desse lado aí... diz que ela vinha aqui [...]. (E.6, L.167). Registro
escrito: Ribeiraõ (1821).
R
EBERÃOZIM
Nm [Ssing] português < latim + diminutivo -inho Hidrotopônimo Forma
diminutiva de “ribeirão”, curso de água menor que um rio. Nomeia Distrito de Planalto de
195
Minas córrego, povoado. [...] dizem que foi uma mulhé (diz que era) num sei se era do
Reberão, desse lado aí... diz que ela vinha aqui [...]. (E.6, L.167).
R
EDONDO
Nm [Ssing] português < latim Morfotopônimo Forma circular. Nomeia
Distrito de São João da Chapada morro. [...] Era nos campos, né? Serra do Urubu, do
morro Redondo, tinha mermo o morro Redondo que ês falava, morro Redondo, vinha pu
lado que desce pro sertão é nas Laje, né? [...]. (E.10, L.113).
R
ETIRO
Nm [Ssing] português < origem desconhecida Sociotopônimo Lugar afastado
utilizado para descanso e reclusão. Nomeia Distrito de Senador Mourão lugar. [...] tem
lugá que chama Retiro, tem Prego também ocês viero de Desembargadô cês pássaro, né? [...].
(E.10, L.494). Registro escrito: Retiro (1770), Córrego do Retiro (1778, 1788). Registro oral:
Ritiro.
R
IACHO DAS
V
ARA
NCm [Ssing+{Prep+Apl+Ssing}] português < latim Hidrotopônimo
Pequeno rio, de águas não muito profundas, permeado de ramos finos e flexíveis. Varas, nome
anterior de Conselheiro Mata. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata fazenda. [...] aqui
chamava Riacho das Vara, falá com xê... quando era municipo de Diamantina era tudo a
caval´ esse povo que vinha, viajano de longe [...]. (E.15, L.119) // [...] a Fazenda Riacho das
Vara, (?) aquela ali [...]. (E15, L. 216).
R
IACHO
F
UNDO
NCm [Ssing+ADJsing] português < latim Hidrotopônimo Pequeno rio
de águas profundas. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata fazenda, pasto, serra. [...] as
fazenda aqui, tem (?) a fazenda Riacho Fundo [...]. (E.15, L. 211). Registro escrito: Riacho
Fundo (1770), Riaxo Fundo (1778), Riacho Fundo (1787), Valle Fundo (1821), Riacho Fundo
(1821), Riacho Fundo (1849).
R
IO
G
RANDE
NCm [Ssing+ADJsing] português < latim Hidrotopônimo Curso de água
natural de grande extensão. Nomeia Município de Diamantina serra, córrego. [...] tudo
serra do Rio Grande, tem a serra do Mendanha, tem lá perto do Jequitinhonha [...]. (E.3, L.
110).
R
I
P
ALDO
NCm [Ssing+Ssing] português < latim Hidrotopônimo Curso de água natural
de grande extensão. • Nomeia Distrito de São João da Chapada – campo. [...] Pesquisadora:
ah! No campo e como é que chamava esse campo? Informante: campo do Ri Paldo [...]. (E11,
L. 38-40).
R
I
P
RETO
NCm [Ssing+ADJsing] português < latim Hidrotopônimo Curso de água
natural de cor escura. Nomeia Distrito de São João da Chapada campo. [...] tem uns
córregos, tem o córrego do Rio Preto, tem num sei mais o quê ( ) Rio Inhaí [...]. (E.22, L.113).
R
ODIADÔ
Nm [Ssing] português < latim Sociotopônimo Percorrer em volta, contornar.
Nomeia Distrito de Conselheiro Mata lugar. [...] esse povo que vinha, viajano de longe
gente (?) ó alojava ali no Rodiadô, era mato intão aquela turma que vinha de camelo e animal
pra Diamantina punha um pra rodiá a criação pra num sumi no mato, rodeá aí tomó o nome
Rodeadô [...]. (E.15, L.120). • Registro oral: Rodeadô.
S
S
ABOROSA
Nf [Ssing] português < latim Animotopônimo Sabor agradável, gostoso.
Nomeia Distrito de Desembargador Otoni lugar. [...] o lugá que chama Saborosa mas o
corgo deve ser a mesma coisa, né? [...]. (E.18, L.272). • Registro oral: Rodeadô.
196
S
ALITRE
Nm [Ssing] português < castelhano Litotopônimo Nitrato de sódio utilizado
para fazer explosivos. Nomeia Distrito de Extração serra. [...] é/é/é ali acho que chama
a/ês pusero Serra do Salite ali porque diz que antigamente deu muito salit´ ali. Pesquisadora: O
senhor sabe o que é isso, Salitre ? Informante: o salite é uma coisa de fazê materiá ixplosivo,
né? {Pólvora aquês trem [...]. (E.7, L.129). • Registro oral: Salit’, Salite.
S
ALVADÔ DA
C
RUZ
NCm [ADJsing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim
Hierotopônimo • Aquele que salva; Jesus. Nomeia Distrito de Extração lugar. [...] e... o
Largo toda vida ês falô o Largo, agora ês pusero o nome, não agora num tem nome, tem nada
N.? Tem Salvadô da Cruz, né? O Salvadô foi mas cosa de... e/e... Agora esse lugá aqui de
primero, aqui chamava Olimpio Martins [...]. (E.6, L.574).
S
AMPAIO
Nm [Ssing] português < latim • Antropotopônimo • Sobrenome português.
Nomeia Distrito de São João da Chapada lugar, campo, lavra. [...] Informante: é o nome
do lugá, né? Pesquisadora: e esse nome Sampaio, o senhor sabe de onde vem? Informante: não,
o rio? Pesquisadora: não, esse nome Sampaio, campo do Sampaio. Informante: não! não!
campo do Sampaio só fala assim e pronto... é a mesma coisa falá fazenda do Sampaio.
Pesquisadora: ((risos)) bom e tem a fazenda do Sampaio aqui também? ((risos)) Informante:
não, tem a fazenda do Caeté Merim dentro disso [...]. (E.11, L.53-60). Registro oral:
Sampai’, S(x)ampaio.
S
ANTA
C
RUZ
NCf [ADJsing+Ssing}] português < latim Hierotopônimo Sinal da Cruz.
Nomeia Distrito de São João da Chapada – lugar. [...] perto do Sapé, que a gente que passá
pra i no Santa Cruz, pra ir no Quiabero passa na Santa Cruz e pirtim [...]. (E.12, L.219).
• Registro escrito: S. Cruz (1770), Córrego de Santa Cruz (1778), Santa Crus (1788), Santa Cruz
(1800)
S
ANTA
C
OLÔNIA
NCf [ADJsing+Ssing}] português < latim Animotopônimo Ambiente
agradável. Nomeia Distrito de Mendanha serra. [...] Pesquisadora: [((risos))] a senhora
foi? Informante: até lá na Santa Colônia não, né? Já passei perto pra i pra Diamantina a
[...]. (E.20, L.29-30).
S
ANTANA
Nf [Ssing] português < latim Animotopônimo O mesmo que Santa Ana.
Nomeia Distrito de Inhaí serra. Ali tinha um cruzero, ali também. Desde que eu nasci
tinha o cruzero ali muito antigo mas rai’ispatiele lá, rai’ispatifô assim, caiu rai’ ( ) aquela
o’tra serra na frente lá chama serra de Santana, é o nome da nossa padroera aqui, segundo o
conto dos antigo, né? Mas isso é lenda, né?A Nossa Senhora de Santana foi achada lá, né? [...].
(E.21, L.37).
S
ANTANA DA
D
IVISA
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim Hierotopônimo
Fronteira ou Divisa de uma região. Nomeia Distrito de Planalto de Minas lugar. [...]
depois do Baxadão, Santana da Divisa [...]. (E.16, L.239).
S
ANTO
A
NTÔNIO
NCm [ADJsing+Ssing] português < latim Hagiotopônimo Prenome,
que alude a um dos santos mais populares da tradição católica, padroeiro dos pobres,
necessitados e também considerado como casamenteiro. • Nomeia Distrito de Senador
Mourão lugar. [...] e viemo pr’aqui por causa da iscola, né? viu que aqui num tem nada
aqui, né? Tem um rio (que é até ) é um mistério ( planta num da nada, né?) então por causa do
o’ro, aqui formou isso, aqui num tem o’tra coisa pra ser formado, né? E o ( povo) foi mudando
pra aqui e foi movimentano, né? (lá é) Santo Antônio e tem também Capuerão, tem até uma
fazenda ês fala Capuerão [...]. (E.19, L.250). Registro escrito: Córrego de Santo Antônio
(1770) S. Antonio (1776), Sto. Antonio (1784), S. Antonio, Corgo de Sto. Antônio (1787), S.
Antonio (1788), Sto. Antonio (1820, 1821).
S
ANTO
A
NTÔNIO DO
I
TAMBÉ
NCm [ADJsing+Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português <
latim + indígena itá’me Hagiotopônimo Santo padroeiro da região. Um dos santos mais
populares da tradição católica, padroeiro dos pobres, necessitados e também considerado como
casamenteiro. Nomeia Distrito de Extração
lugar. [...] pra Santo Antônio do Itambé...
197
daí ieu/eu fiquei uns tempos lá e dipois eu quis levá ela pra lá e ês num quisero ir, ai eu num (?)
também, depois vim embora, eu ficava mexeno com fazenda lá [...]. (E.7, L.41).
S
ANTO
P
ASTEL
NCm [ADJsing+Ssing] português < latim + francês Animotopônimo
Relativo ao sabor agradável do alimento. Nomeia Município de Diamantina lugar. [...]
tinha uma porção de minério... rio Prata, Jequitinhonha, Santo Pastel ( ) que vai até o rio da
Palha [...]. (E.5, L.94).
S
ÃO
B
ENTO
NCm [ADJsing+Ssing] português < latim Hagiotopônimo Prenome, que
remete ao santo padroeiro dos afro-americanos e dos negros. Nomeia Distrito de São João
da Chapada povoado. [...] chama São Bento e tem um o´t[r]o povoado e como tá mudano
tudo pono istrada de istudo minino, né? [...]. (E.12, L.102). Registro escrito: S. Bento
(1821).
S
ÃO
D
OMINGO
NCm [ADJsing+Ssing] português < latim + francês Hagiotopônimo
Santo de devoção da região. Nomeia Distrito de Senador Mourão campo, ribeirão.. [...]
tem o nome de.... depois em baxo tem o nome de... sei que em baxo ês o nome de
é....como é o nome dele é... sei que em baxo ês dão o nome de reberão São Domingo [...].
(E.19, L.590). • Registro escrito: S. Dom. os. (1778), S. Domingos (1788).
S
ÃO
F
RANCISCO
NCm [ADJsing+Ssing] português < latim + francês Hagiotopônimo
Prenome, que remete ao santo padroeiro dos animais. Nomeia Distrito de São João da
Chapada lugar, pasro, rio. [...] lugá que chama São Francisco, tem um lugá que tinha
muita madera, sabe, né? sabe, né? Muita madera de lei, madera boa chama Peroba [...].
(E.12, L.140).
S
ÃO
J
ÃO
NCm [ADJsing+Ssing] português < latim + hebraico Hagiotopônimo Prenome,
que, segundo a tradição católica, remete a João, um dos discípulos mais amados de Jesus.
Nomeia Distrito de o João da Chapada córrego. [...] mas pra baxo é corgo do São
Jão [...]. (E.10, L.664). Registro escrito: Rio S. Joaõ (1778), S’Joaõ (1729, 1734/5, 1770),
Corgo de S. Joaõ.
S
ÃO
J
OÃO DA
C
HAPADA
NCm [ADJsing+Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < latim +
hebraico+ origem incerta Hagiotopônimo Local que recebe o nome do santo de devoção,
São João, um dos discípulos mais amados de Jesus. Nome de distrito de Diamantina. Nomeia
Distrito de Sopa– lugar. [...] agora no Jão da Chapada era tipo quilombo, tem uma
parte que foi quilombo, você desceno, chega no Jão da Chapada, você vai no Quartel
d’ Indaiá. Pesquisadora: Olha vou me informar. Informante: O pessde lá é muito reservado,
raça negra mesmo, num tem mistura de jeito ninhum. Eles... eu já trabalhei lá... fiquei amigo de
alguns, mas ês são muito reser... ês às vezi nem recebe a gente. As casa de palha de coquero
ranha chão assim, tudo terra batida bem limpinho, tem moinho praticamente independente [...].
(E.9, L.323-330). • Registro oral: São Jão, Sô Jão da Chapada
S
ÃO
J
OSÉ
NCm [ADJsing+Ssing] português < latim + hebraico Hagiotopônimo Santo
protetor das famílias e dos trabalhadores. Nomeia Distrito de Senador Mourão lugar.
[...] tem São José que é logo ali, pertim [...]. (E.19, L.84).
S
ÃO
M
IGUEL DO
J
EQUITINHONHA
NCm [ADJsing+Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português
< latim + hebraico + n/e • Hagiotopônimo • Santo de devoção da região nomeada. • Nomeia
Município de Diamantina lugar. [...] Morei nas margens dele, meu quarto, em São Miguel
de Jequitinhonha era separado por uma rua e numa das enchentes a água banhô meu quarto
[...]. (E.5, L.32).
S
ÃO
S
EBASTIÃO
NCm [ADJsing+Ssing] português < latim Hagiotopônimo Prenome que
remete ao mártir Sebastião, que segundo a tradição católica, é invocado contra a peste e contra
os inimigos da religião. • Nomeia Distrito de Senador Mourão – lugar, campina. [...] aquela
campina lá porque tudo que tá aí fora era campina, né? Então pusero campina de São
Sebastião [...]. (E.19, L.84).
198
S
APÉ
Nm [Ssing] indígena iassa’ pe Fitotopônimo Capim. Nomeia Distrito de São
João da Chapada garimpo. [...] Sapé é onde nós garimpa, onde eu garimpo, nós como é que
chama? É Sapé, lá nós tem até um acampamentuzim nosso no caso quando é tempo do
garimpo, né? [...]. (E.12, L.214).
S
EMPRE
V
IVA
NCf [ADV+VERB] português < latim Dirrematotopônimo Expressão que
caracteriza a flor de uma espécie de planta não lenhosa, da família da compostas muito usada
para adornos. Nomeia Distrito de São João da Chapada lugar, parque. [...] uai, mas
dizem, isso o povo, muita gente, eu nunca iscutei ieu já panhei lá na Sempre Viva no pé dela e
num iscutei isso não, mas o povo fala que no mês de agosto que ela istronda, cês viram
falar nisso? [...]. (E.10, L.73).
S
ENADÔ
M
ODESTINO
G
ONÇALVES
NCm [Qv+Ssing+Spl] português < latim
Axiotopônimo Nome de senador brasileiro. Nomeia Município de Diamantina– lugar.
[...] a política, né? Toda cidade tem uma... o povo tem preferência, né? Mudam às vez o
política, a política presta homenagem a político... ( ) Por exemplo aqui perto tem uma cidade,
chama Senadô Modestino Gonçalves, os político que pusero [...]. (E.5, L.68).
S
ENADÔ
M
ORÃO
NCm [Qv+Ssing] português < latim Axiotopônimo Nome de senador
brasileiro. • Nomeia Distrito de Desembargador Otoni lugar, distrito. [...] mas esse tempo
todo era tão dificir mea fia, pai mar mãe morô em Senadô Morão, conhece, né? [...].
(E.18, L.79).
S
ENTINELA
Nf [Ssing] português <italiano Sociotopônimo Que ou quem se encontra
atento. • Nomeia Município de Diamantina –rio. [...] uma tochona de pata, rabo e tudo[,] vi
aqui e vi na Sentinela [...]. (E.1, L.139). Registro escrito: Córrego da Sentinela (1770, 1776),
Cabeceiras da Sentinela (1787).
S
ERRA
A
ZUL
NCf [Ssing+ADJsing] português <latim Geomorfotopônimo Relativo ao
maciço Serra Azul . Nomeia Distrito de Extração lugar. [... ]vinha de/de Rio Vermelho,
Serra Azul [...]. (E.7, L.139).
S
EU
M
OTA
NCm [ADJsing+Ssing] português <latim • Antropotopônimo • Tratamento
respeitoso dispensado a um certo homem. • Nomeia Município de Diamantina lugar, pasto
[... ] é porque, você sabe aonde é o pasto do Seu Mota? [...]. (E.1, L.93).
S
INHÔ
A
MINTAS
NCm [ADJsing+Spl] português <latim Antropotopônimo Tratamento
respeitoso dispensado a um certo homem. • Nomeia Município de Diamantina –lugar, pasto
[... ] é porque, você sabe aonde é o pasto do Seu Mota? [...]. (E.1, L.93).
S
ERRINHA
Nf [Ssing] português <latim+ diminutivo português -inha • Geomorfotopônimo •
Forma diminutiva de “serra”, cadeia de montanhas com picos. • Nomeia Distrito de Extração
–lugar, lavra, serra, corgo.[... ] de garimpo pra de diamante, tinha compania de Sirrinha pra
Diamante também, tinha aqui outra companhia piquena no Cavalo Morto , lá chamava Cavalo
Morto [...]. (E.7, L.269). Registro oral: Sirrinha.
S
OPA
Nf [Ssing] português <francês Litotopônimo Conglomerado Sopa Brumadinho.
Nomeia Distrito de Extração –lugar, lavra, serra, corgo.[... ] Esse nome Sopa tem duas
versões, uma versão é de um senhor... aqui ixistia algumas casas e um senhor chegô aqui e no
meio da rua ele arrumô uma... ele fez um fogãozim de pedra e pôs uma panela com pedra
dentro, umas pedras redonda que chama cascalho. E/e... Desculpa mas a mulher é muito
curiosa, uma senhora de/dona de casa chegô e falô: O que o senhor está, fazeno aqui no
meio da rua cozinhano aqui, né? - istranho que ele era. Ele disse assim: fazeno uma sopa
de pedra. ela falô: mas o senhor faz sopa de pedra? Ele falô assim: Não! Eu fazeno a
sopa, botei as pedra no fogo agora se tiver uma batatinha... quarqué uma coisa.... alguma
batata doce ou uma mandioca aí...fica bom. a dona falô assim: eu pegá pro sinhô, eu
tenho mandioca foi pegô a mandioca, deu sal. a o´tra dona chegô deu carne seca e
quand´ foi no finzim assim ele já tinha uma sopa de vários legumes que as senhoras deram, né?
[...]. (E.9, L.39).
199
T
TA
BÚA
Nf [Ssing] português <africano (yorubá) tàbú Morfotopônimo Plano. Nomeia
Distrito de Inhaí –lugar.[... ] Tabu é um lugarejo também [...] os moradores de lá ( ),
acabano [...]. (E.22, L.153-155). Registro oral: Tabu. Registro escrito: Tabûs (1778),
Tabua (1804).
T
ADEU
R
OCHA
NCm [Ssing+Ssing] português < siríaco + francês Antropotopônimo
Nome de pessoa. Nomeia Distrito de Desembargador Otoni –fazenda.[... ] aqui num tem
não, ali mesmo tem a fazenda de Tadeu Rocha mesmo, o povo fala é Fazenda de Tadeu Rocha
mesmo [...]. (E.18, L.127).
T
AMANDUÁ
Nf [Ssing] indígena (tupi) tamanu’a Zootopônimo Mamífero que possui
focinho longo e tubular, língua longa e pegajosa, grandes garras nas patas anteriores, utilizadas
para abrir formigueiros e cupinzeiros, animais dos quais se alimenta. Nomeia Distrito de
São João da Chapada –córrego. [...] agora otro que tem lá ino pro Parque chama
Tamanduá [...]. (E.10, L.33). Registro escrito: Corgo do Tamandoá (1787).
T
APERA DE
M
ERCEDIS
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Spl}] indígena (tupi) tape’ra + português
< latima Ecotopônimo Casa, terreno ou habitação de propriedade de alguém que tenha sido
invadido pelo mato. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata –serra.[...] tem Beco do Morro
e Tapera de Mercedi [...]..(E.10, L.33). Registro escrito: Tapera (1778, 1788, 1804). Registro
oral: Tapera de Mer(x)ês.
T
EJUCANA
Nf [Ssing] indígena (tupi) tu´įuka Sociotopônimo Local de trabalho, lavra.
Nomeia Distrito de Desembargador Otoni córrego.[...] ó (?) tem muita gente aqui que
trabaiô na Tejucana, trabaiô tirano diamante, sofrero muito que ês discunfiava que ês tirava...
robava, né? [...]. (E.18, L.197). Registro oral: Tijucana.
T
ELÉCIO
Nm [Ssing] português < grego Antropotopônimo Nome grego que segundo
Guérios (1981, p. 235) significa o que leva (phoros) a bom fim (telos).”. Nomeia Distrito
de Conselheiro Mata lugar, cachoeira. [...] muito bonito. As cachoera do Teléço, chama
Teleço eu fala esse home é um istrangero, ele tinha um garimpo lembro quando
el´garimpava lá, el´tinha o nome Telécio num sei qual era o sobrenome del´ele era istrnagero e
el´garimpava e por conta del´garimpá lá, a cahoera é bunita vai vê por conta dele
garimpano lá ês fala cachoera do Teleço ele até pegô esse nome cachoera do Telécio igual teve
uma (?) de cristal aqui no Quartel (?) gente do garimpo [...]. (E.15, L. 71). Registro oral:
Teleço.
T
ENDA
Nf [Ssing] português < não encontrado • Ergotopônimo • Barraca de acampamento ou
venda de produtos. • Nomeia Distrito de Extração – córrego.[...] ês fala corgo da Tenda [...].
(E.6, L.62).
T
ERRA
A
LTA
NCf [Ssing+ADJsing] português < latim Geomorfotopônimo Monte ou
chapada de grande extensão vertical ou elevado. • Nomeia Distrito de Sopa – córrego, canal.
Pesquisadora: aqui é canal da Terra Alta? Informante: canal da Terra Alta.Pesquisadora: Era
água que passava lá? Informante: é a terra é muito alta, o garimpeiro para tirá o cascalho tinha
que ir a terra muito alta [...]. (E.9, L.734).
T
IGRE
Nm [Ssing] português < latim Zootopônimo Mamífero carnívero do sudeste
Asiático e da Sibéria. • Nomeia Distrito de Sopa – serra.[...] nem sei... chama Tigre... Tigre
é nome de um animal, né? Agora... i que pusero o nome lá [...] aqui tem uma onça que é pintada
[...]. (E.9, L.467-472). Registro escrito: Corgo dos Tigres (1787).
200
T
IJUCO
Nm [Ssing] Indígena (tupi) Tu´įuka Litotopônimo Barro de cor escura, lameiro,
atoleiro. Nomeia Município de Diamantina rio, córrego, lugar.[...] no livro que eu li
falava que é os é... Bandeirantes, né? Que os Bandeirante vieram e desceram e quando eles
tava lá mexeno nessa lama preta que era cheia de ouro, foi dado o nome de Tijuco, antes
não foi o Arraial não, foi Tijuco porque dava muito ouro, um negócio assim [...]. (E.1, L.82).
Registro escrito: Tijuco (1729, 1731), Rio, Lugar Tojuco (1734/5), Tejuco (1778, 1784, 1787,
1788), Tejuco (1800), Tijuco (1804), Tejuco (1820) Arraial Freguesia e Destacamento Tejuco
(1821).
T
OCA
Nf [Ssing] Indígena (tupi) oca Geomorfotopônimo Abrigo, esconderijo, refúgio.
Nomeia Município de Diamantina –córrego. [...]Eu fui lá, muito bonito, tem uma
cachoeira, umas planta maravilhosa [...]. (E.2, L.68).
T
OMBADÔ
Nm [Ssing] português < não encontrado Geomorfotopônimo • Morro em forma
de tabuleiro. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata pasto, lugar.[...] as qu´eu disse pra
você, as do Riacho Fundo, e aqui pro lado do Tombadô [...]. (E.15, L284). Registro escrito:
Tombados (1821).
T
RÊS
C
ORGO
NCm [NUMsing+Ssing] português < latim Numerotopônimo Serra por
onde passam três córregos. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata serra. [...] a serra
chama Treis Corgo, serra pra lá. [...]. (E.15, L.46).
T
ROMBA
D’
A
NTA
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < italiano + africano lamt
Geomorfotopônimo • Diz respeito ao formato da serra. Nomeia Distrito de Sopa serra.
Informante: e aonde eu trabalho chama Tromba Anta. Pesquisadora: E por que tem esse
nome Tromba D`Anta? Informante: porque parece... a Anta quando sai da água põe aquele
focim pra fora assim [...]. (E.9, L.457). Registro escrito: Trombadanta (1770), Riacho D’Anta
(1804).
T
UCAIA
Nf [Ssing] indígena (tupi) to’kaia • Animotopônimo • Emboscada, espreita ao
inimigo. • Nomeia Distrito de Conselheiro Mata – serra, lugar.[...] Tucaia, é de tucaiá, né?
dizem que tem alguns robava diamante em Diamantina e curria [...]. (E.15, L.126).
T
UMAZINHO
Nm [Ssing] português < grego Antropotopônimo Forma diminutiva de
Tomás. Nomeia Distrito de Inhaí lugar –.[...] depois de Cocais vem Quebrá-Pé, né?
Quebra-Pé, Tumazinho, antes de Quebra-Pé, Tumazinho [...]. (E.21, L.112).
T
UMÉ
Nm [Ssing] português < aramaico Antropotopônimo Nome de pessoa. Nomeia
Distrito de Senador Mourão lugar –.[...] e na frente tem Tumé, é um lugarzim assim
também, cê num passô nele, não! [...]. (E.19, L.88).
U
U
RUBU
Nm [Ssing] indígena uru´ ųu Zootopônimo Ave de rapina, de cor negra, que se
alimenta unicamente de carne putrefada. • Nomeia Distrito de São João da Chapada – serra –
.[...] era lá nos campos, né? Serra do Urubu, do morro Redondo [...]. (E.10, L.113).
Ú
LTIMA
F
ONTE
NCf [NUMsing+Ssing] português < latim • Numerotopônimo • Relacionado
a ordem de descoberta. • Nomeia Distrito de Extração– serra –.[...]Última Fonte, era muito
bonita [...] hoje em dia num tem mais nada [...] por causa do garimpo (E.6, L.76-80).
201
V
V
ALUS
Nm [Spl] português < latim Geomorfotopônimo Relacionado à forma. Furos
naturais em solo ou rocha ou feitos pelo homem Nomeia Distrito de Senador Mourão
fazenda, corrego –.[...] é que tinha muito valu botô o nome de Valu, né? Naquele tempo ês
cercava a fazenda é com valo, fazia aquês valu fundo, né? Era tipo um ri fundo, era seca dês,
né? Num dava pá trabaiá, né? [...]. (E.19, L.476).
V
AQUEJADÔ
Nm [Ssing] português < latim Sociotopônimo Local onde os vaqueiros
trabalham • Nomeia Distrito de Planalto de Minas fazenda, córrego. [...] corgo do
Vaquejaô [...] é esse nome é antigo... sô vei’, ricibi dos meus pais então... e todo documento tem
[...]. (E.16, L.4-6).
V
AREDA
Nf [Ssing] português < latim Hodotopônimo • Senda, caminho, clareira. • Nomeia
Distrito de Planalto de Minas lugar –.[...] aqui mais imbaxo Vareda [...]. (E.16, L.236).
Registro escrito: Vareda (1778, 1788).
V
ARGEM
Nf [Ssing] português < origem obscura Geomorfotopônimo Terreno baixo e
plano que margeia um rio ou lago• Nomeia Distrito de Inhaí lugar –.[...] os povoado que
nós temos aqui perto aqui pra baxo chama Varge [...]. (E.21, L.25). Registro escrito: Córrego
das Vargeas (1770). • Registro oral: Varge, Vage, Vagem.
V
ARGEM DO
C
UELHO
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < origem
obscura+latim Geomorfotopônimo Terreno baixo e plano que margeia um rio ou lago em
cujas águas presença de coelho• Nomeia Distrito de Conselheiro Mata lugar –.[...] é
pasto, Vargem do Cuelho [...]. (E.15, L.103).
V
ARGEM DO
P
AU
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < origem obscura+latim
Geomorfotopônimo Terreno baixo e plano que margeia um rio ou lago, e se destaca pela
plantação em seu entorno Nomeia Distrito de Senador Mourão – lugar –. [...] Brejo
Grande, Varge do Pau, Valo [...]. (E.19, L.471).
V
ARGEM DA
R
EMA
NCf [Ssing+{Prep+Asing+Ssing}] português < origem obscura+latim
Geomorfotopônimo Terreno baixo e plano que margeia um rio ou lago, onde é possível deixar
os remos. Nomeia Distrito de Conselheiro Mata pasto –.[...] tem ali o Riacho Fundo,
Vargem da Rema, é pasto, Vargem do Cuelho [...]. (E.15, L.103).
V
EADO
Nm [Ssing] português < latim Zootopônimo Animal da família dos cervídeos
comum à região. Nomeia Distrito de Inhaí lugar –. [...] serra do Veado [...] tem uns
desenhos feitos pelos iscravos [...]. (E.23, L.49-51).
V
ELHAS
Nf [Spl] português < latim Antropotopônimo Mulher idosa, avançada em anos.
Nomeia Distrito de Conselheiro Mata lugar –.[...] riacho das Velha, ele nasce ali onde
cês passam no Buquerão da Istiva ... o:o lugá chama [...]. (E.15, L.14). Registro escrito: Rio
das Velhas (1778), Rio das Vellas (1788), Rio das Velhas (1800). Registro oral: Vea, Velha.
V
ERDE
Nm [Ssing] português < latim Cromotopônimo • Cor própria das folhas das árvores
e da maioria das ervas. Distrito de Senador Mourão campo –.[...] depois ( ) campo Verde
[...]. (E.19, L.363).Registro escrito: Verde (1729, 1734/5, 1778), Morro, Rio Verde (1788).
V
IGIA
Nf [Ssing] português < latim Animotopônimo O que observa, o que presta atenção
ao movimento. Distrito de Guinda serra –.[...] serra da Vigia [...]é que quand´ fazia assim
pra ês é que vinha a puliça ês curria aqui por dentro... tinha um sinhô que chamava Teófilo um
home altão mixia/matava boi, né? Chegava a puliça: ocê num sabe quem mexeu no Guinda
não? Não, sei na:ao. Era ele e ele ficava bem queto. [...]. (E.14, L.5-9).
202
V
ILA
R
ICA
NCf [Ssing+ADJsing] português < latim+gótico Poliotopônimo Moradia,
habitação com estrutura econômica privilegiada. Distrito de Senador Mourão campo –.[...]
não, aqui... {tem a serra do Vila Rica essa aqui [...]. (E.6, L.154).
V
ILA
S
ABIÁ
NCf [Ssing+Ssing] português < latim+indígena (tupi) saųi´a Poliotopônimo
Moradia, habitação onde há presença constante do pássaro sabiá. Distrito de Diamantina
lugar –.[...]Bairro da Serra, Vila Sabiá [...]. (E.4, L.182).
Z
Z
É
P
ARANÁ
NCm [Ssing+Ssing] português < latim+indígena (tupi) pará-nã
Antropotopônimo • Hipocorístico de José, seguido de nome de Estado brasileiro . Distrito de
Mendanha – fazenda –.[...] tem sítio...todo mundo lá conhece como fazenda do Zé Paraná [...].
(E.20, L.261).
Z
É
P
EDRO
NCm [Ssing+Ssing] português < latim+indígena (tupi) pará-nã
Antropotopônimo Hipocorístico de José, seguido do nome Pedro. Distrito de Extração
garimpo, mina, lugar.[...] mas o que a gente sabe o nome assim é Pedro, deve ser algum
antigo que tinha lá, né? (E.6, L.614).
203
6.2. Organização dos verbetes pela forma Onomasiológica
Apresentamos na seção anterior a forma Semasiológica e, nesta, nos dedicamos a
forma onomasiológica. Esta classificação insere cada verbete em campos específicos de
significados.
Os nomes não encontrados e/ou não classificados foram organizados em seção
especialmente destinada a eles.
ORGANIZAÇÃO DOS VERBETES EM CAMPOS ONOMASIOLÓGICOS
SEGUNDO SUAS CLASSIFICAÇÕES TAXIONÔMICAS
1. ANIMOTOPÔNIMOS
1. Amizade
2. Barbada
3. Boa Vista
4. Brumadinho
5. Cafundó
6. Candonga
7. Canto da Serra
8. Carrasco
9. Carrascão
10. Casado
11. Cativo
12.Criminoso~Quiminoso
13. Doce
14. Filizarda
15. Inferno
16. Iscarro
17. Limpo ~ Limpos
18. Manso
19.Mugongo ~ Mungongu
20. Paciência
21. Pasmá
22. Pecado
23. Pecadim ~ Pecadinho
24. Pelada
25. Puba
26. Saborosa
27. Santa Colônia
28. Santo Pastel
29. Tucaia
TOTAL: 29
2. ANTROPOTOPÔNIMO
1. Alberto Mota
2. Antônio
3. Antônio Augusto
Neves
4. Arturo
5. Armintas
6. Armintom
7. Borge
8. Bruna
9. Chico Chaves
10. Damásio
11. Dirceu Mota
12. Duduca
13. Expedito
14. Faustim
15. Gutiérrez
16. Jadir Orlandi
17. Jão Borco
204
18. Jão Perera
19. Jisuína
20. João Miguel
21. Luizcarro
22. Manu
23. Maria Nunes
24. Marimbero~Marimero
25. Mercês
26. Mercês Diamantina
27. Mizael
28. Moça
29. Monteiros~Montero
30. Olimpo Martins
31. Paulo Afonso
32. Raimundo Xisto
33. Sampai’~Sampaio
34. Seu Mota
35. Sinhô Amintas
36. Tadeu Rocha
37. Telécio~Teleço
38. Tumazinho
39. Tomé
40. Velhas~Vea
41. Zé Paraná
42. Zé Pedro
TOTAL: 42
3. ASTROTOPÔNIMO
1. Istrela
TOTAL: 01
4. AXIOTOPÔNIMO
1. Barão
2. Conselhero
3.Conselheiro Mata
4. Dão João
5. Desembargador Otoni
6. Campo da Dona
7. Don’ Ana
8. Guarda-Mor
9. Senador Modestino
Gonçalves
10. Senador Mourão
11. Intendente Câmara
TOTAL: 11
5. COROTOPÔNIMO
1. Arábia
2. Califórnia
3. Coimbra
4. Guiné
5. Paraná
TOTAL: 05
6. CROMOTOPÔNIMO
1.Pardão
2. Pardim
3. Pardo
4. Pard’ Grande
5. Pard’ Pequeno
6. Preto
205
7. Verde
TOTAL: 07
7. DIMENSIOTOPÔNIMO
1. Biribiri ~Bribiri
2. Grande
3. Ixtrema
4. Largo
5. Largo Passa Quatro
TOTAL: 05
8. DIRREMATOTOPÔNIMO
1. Acaba Mundo ~ Caba
Mundo
2. Chifre quebrado
3. Criolo
4. Dacamão ~ Decamão
5. Mãe Mina
6. Mão Torta
7. Passa Treis
8. Quebra Pé
9. Ranca Rabo
10. Sempre Viva
TOTAL: 10
9. ECOTOPÔNIMO
1. Tapera de Mercedi ~
Tapera de Mercês
2. Casa da Fazenda
TOTAL: 02
10. ERGOTOPÔNIMO
1. Barrage
2. Bateia
3. Cachamorr’ ~ Cachamorra
4. Canal Califórnia
5. Canal do Mizael
6. Carimbo
7. Cavaca Pardo
8. Caixão
9. Coluna
10. Ferro de Ingomá
11. Forquilha ~ Furquilha
12. Gangorra
13. Guinda
14. Jiqui
15. Marco
16. Marzangana
17. Monjolão
18. Pão de Santo Antônio
19. Pataca
20. Prego
21. Tenda
206
TOTAL: 21
11. ETNOTOPÔNIMO
1. Gentio 2. Japonês
TOTAL: 02
12. FITOTOPÔNIMO
1. Acaiaca
2. Angico
3. Amendoim
4. Bambá
5. Batatal ~ Batatá
6. Begônia
7. Bocaiúva
8. Braquiara do Brejo
9. Buriti
10. Caeté-Mirim
11. Calumbi
12. Campina
13. Campinas
14. Campo Alegre
15. Campo de Baixo
16. Campo de Cima
17. Campo de O’tra
Banda
18. Canavial
19. Canjica
20. Capão Grosso
21. Capimpuba~
Capimpubo
22. Capoeira do Calixto
23. Capoeira de Zé da
Chica
24. Capuerão
25. Cocais
26. Coquero
27. Coquero do Buriti
28. Draquiara
29. Draquiarão
30. Draquiarinha
31. Espinho
32. Indaiá
33. Inhacica
34. Inhacica Grande
35. Inhacica Pequena
36. Jatobá
37. Limera
38. Mandapuçá ~
Mandapuxá
39. Maravilha
40. Milho Verde
41. Painera
42. Palha
43. Parmitá
44. Parmito
45. Pau de Araçá
46. Pau de Fruta
47. Peroba
48. Pindaíba
49. Pindaibal
50. Pinheiro
51. Pinheiros
52. Pururuca
53. Quiabero
54. Sapé
TOTAL: 54
13. GEOMORFOTOPÔNIMO
1. Barra 2. Barrerão 3. Barreras
207
4. Baxadão
5. Boquerão
6. Buraco
7. Buracão
8. Caldeirão
9. Caldeirões
10. Chapada
11. Chapadão
12. Disbarranco
13. Gaio
14. Ilha
15. Ispinhaço de Minas
16. Lapa do Bom Jesus
17. Lavrados ~ Lavrado
18. Monte de Extração
19. Morrão
20. Morrim ~ Morrinhos
21. Morro do Calumbi
22. Morro do Chapéu
23. Morro do Cula
24. Morro do Marco
25. Morro do O’ro
26. Pico do Itambé
27. Planalto
28. Planalto de Minas
29. Praia
30. Prainha
31. Serra Azul
32. Serrinha ~ Sirrinha
33. Sopa
34. Terra Alta
35. Toca
36. Tombadô
37. Tromba D’ Anta
38. Valus
39. Varge ~Vargem
40. Vargem do Cuelho
41. Varge do Pau
42. Vargem da Rema
TOTAL: 42
14. HAGIOTOPÔNIMO
1. Santo Antônio
2. Santo Antônio do
Itambé
3.São Bento
4. São Domingo
5. São Francisco
6. São João
7. São João da Chapada
8. São José
9. São Miguel do
Jequitinhonha
10. São Sebastião
TOTAL: 10
15. HIDROTOPÔNIMO
1. Água Verde
2. Araçuaí
3. Bica da Coã
4. Cachuera
5. Curumataí
6. Inhaí
7. Lagoa da Canga
8. Lagoa de Lino
9. Lagoa Grande
10. Lagoa Seca
11. Olhos d’Água ~ Zói
d’ Água
12. Olho d’ Água da
Pedra
13. Reberão
14. Reberãozim
15. Riacho das Vara
16. Riacho Fundo
17. Rio Grande
18. Ri Paldo
19. Rio Preto
TOTAL: 19
208
16. HIEROTOPÔNIMO
1. Abadia ~ Ebadia
2. Capelinha
3. Capetinha
4. Carmo
5. Consolação
6. Cruz das Pedra.
7. Cruz do Acaiaca
8. Cruz do Cula
9. Cruz do Jirimia
10. Cruzerim
11. Cruzero
12. Salvador da Cruz
13. Santa Cruz
14. Santana
15. Santana da Divisa
TOTAL: 15
17. HODOTOPÔNIMO
1. Beco do Morro
2. Vareda
3. Ponte Queimada
4. Ponte Pedra
5. Caminho dos Escravos
TOTAL: 05
18. LITOTOPÔNIMO
1. Areão
2. Areia
3. Barrero
4. Barririm
5. Barro
6. Barro Vermei’
7. Barro Quebrado
8. Brejo
9. Brejo Grande
10. Burgalhau
11. Cristal
12. Cristais
13. Diamantina
14. Itambé
15. Itambé do Serro
16. Laje
17. Lamarão
18. Massa
19. Ouro
20. Pedra ~ Pedras
21. Pedra do Cavalinho
22. Pedra do Guinda
23. Pedra da Sopa
24. Pedra Minina
25. Pedra Redonda
26. Prata
27. Salitre
28. Sopa
29. Tijuco
TOTAL: 29
19. METEOROTOPÔNIMO
1. Manhana 2. Dilúvio
TOTAL: 02
209
20. MORFOTOPÔNIMO
1. Agulha ~ Agulia
2. Tabúa
3. Redondo
4. Furado
TOTAL: 04
21. MITOTOPÔNIMO
1. Fada
TOTAL: 01
22. NUMEROTOPÔNIMO
1. Dois Irmão
2. Dois Tostão
3. Duas Barras
4. Duas Pontes
5. Treis Corgo
6. Quatro Vintéins
7. Número Um
8. Última Fonte
TOTAL: 08
22. POLIOTOPÔNIMO
1. Vila Rica 2. Vila Sabiá
TOTAL: 02
23. SOCIOTOPÔNIMO
1. Açogue
2. Arraiá dos Forro
3. Arraial do Tijuco
4. Bairro da Serra
5. Camarinha
6. Cata do Teleço
7. Catadim
8. Colônia
9. Contagem
10. Contenda
11. Curral
12. Curral Grande
13. Curralinho
14. Destilaria dos
Diamantes
15. Fazenda
16. Ingenho
17. Ixtração
18. Lavrinha
19. Mendanha
20. Minas Sirrinha
21. Olaria
22. Paió ~ Paiol
23. Pasto
24. Povoação
25. Quarté
26. Quarté do Indaiá
210
27. Quarté Merim
28. Quilombo
29. Retiro ~ Ritiro
30. Rodiadô ~ Rodeadô
31. Sentinela
32. Tejucana ~ Tijucana
33. Vaquejadô
TOTAL: 33
23. SOMATOPÔNIMO
1. Bixiga
2. Cavera
3. Cavirinha
4. Olho de Sapo
5. Pé do Morro
TOTAL: 05
24. ZOOTOPÔNIMO
1. Ave
2. Boi Pintado
3. Burro
4. Carrapato
5. Carrapatinho
6. Cavalim ~ Cavalinho
7. Cavalo
8. Cavalo Morto
9. Coã
10. Coruja
11. Cutia
12. Galheiros
13. Galinhero
14. Gambá
15. Grilo
16. Guará
17. Leitão
18. Macaco ~Macacos
19. Macaquim
20. Moçorongo~
Muçurungo
21. Mumbuca ~ Mubuca
22. Mubuquinha
23. Muriçoca
24. Piolho
25. Pombas
26. Tamanduá
27. Tigre
28. Urubu
29. Veado
TOTAL: 29
25. NÃO ENCONTRADOS
1. Camu-Camu
2. Cula
3. Cundinho
4. Grisorte ~ Grisort’
5. Jiquitionha
6. Jiquitionha Preto
7. Jiquitionha Branco
8. Lavus
9. Makemba
10. Mandirinha
11. Mechera
12. Queraçá
13. Regralito
14. Ticó
TOTAL: 14
Vi semana santa e reza
Menina! Vi Diamantina
Eu vi Rosa na janela
Vi Olímpia, vi Sinhá
Eu vi folia de reis
Eu vi sabiá cantar
Vi Chica da Silva, eu vi
Vi Chico Rei lá no morro
Rebelião pra viver
Vi liberdade brilhar
(Rubinho do Vale)
212
Capítulo 7 – Considerações finais
Adotando como premissa que o estudo toponímico é um meio de investigação linguística
muito eficaz para identificar reminiscências lexicais relacionadas à sociedade, à história e à cultura
local de uma comunidade, tivemos como objetivo principal, neste trabalho, realizar análise de
topônimos coletados no município de Diamantina, localizado no Vale do Jequitinhonha, no
estado de Minas Gerais. No decorrer da pesquisa, íamos comprovando essa “verdade”, que
a região revelou um espaço marcado por práticas sociais e discursivas relacionadas à atividade
ininterrupta de mineração, base da economia local, desde o século XVIII.
A fim de ter uma amostra que correspondesse à realidade toponímica da região
estudada, realizamos pesquisa de campo, no município de Diamantina, pautando-nos em
pressupostos teóricos metodógicos preestabelecidos. Gravamos 22 entrevistas, transcrevemos
todas elas. Esse material que pode ser conferido no CD-Rom que se encontra anexado a essa
dissertação foi o ponto de partida para a nossa análise linguística.
Na Introdução deste trabalho enfocamos as relações entre língua e comunidade,
destacando os estudos toponímicos.
No Capítulo 1, Língua, Léxico, Cultura, abordamos os pressupostos teóricos que
embasam um estudo toponímico, nas vertentes sincrônica e diacrônica. Estudamos a língua,
como registro sócio-cultural, o léxico como nomeação e interação social, discutimos as
ciências do léxico e sua valorosa contribuição para os estudos culturais, antropológicos e para
os nossos trabalhos. Tecemos considerações sobre os estudos toponímicos realizados,
principalmente no Brasil e no âmbito do ATB e suas variantes regionais.
O Capítulo 2 abordou o Contexto sócio-histórico-cultural que envolveu
Diamantina no seu período inicial de formação, quando da descoberta do ouro e em 1729 do
diamante. Ressaltamos aspectos que colaboraram para compreender o ato de nomeação e a
motivação toponímica tais como: os resquícios da cultura indígena, a presença de
estrangeiros, a função dos negros, a imposição da Coroa Portuguesa nas questões econômicas
e as condutas socias, expressas no Livro da Capa Verde, que deveriam ser seguidas pela
população da época
Os Procedimentos metodológicos, expostos no Capítulo 3, elucidaram o
referencial teórico necessário para uma pesquisa toponímica, abrangendo o léxico e a sua
relação com a língua, a cultura e memória de uma sociedade.
Para estudarmos a língua, cultura e fatos oriundos da memória da região
propusemo-nos partir do presente, seguindo orientação laboviana (1974) e, nos moldes da
213
linguística histórica e da sociolinguística, entrevistamos moradores da região a fim de
coletarmos topônimos para posterior análise, enquanto observávamos o reconhecimento e a
história desses nomes de lugares em relatos contados por nossos informantes. Em um segundo
momento, com os dados selecionados 407 topônimos voltamo-nos para a análise
comparativa dos dados, confrontando-os com topônimos coletados de cartas geográficas dos
séculos XVIII, XIX, XX. Para fundamentação teórica da Toponímia apoiamo-nos em Dauzat
(1926) e Dick (1990). Para a construção do glossário, adotamos metodologia sugerida por
Haensch (1982) e Barbosa (2001)
O Capítulo 4 Apresentação e análise dos dados os 407 topônimos coletados
nas entrevistas orais foram sistematizados em fichas lexicográficas criadas a partir do modelo
exposto por Dick (1990a). Os topônimos estão elencados em ordem alfabética, descritos
(situados em relação ao município e acidente a que pertencem), analisados (através das cartas
topográficas e de mapas antigos), classificados (quanto a sua taxionomia, origem, estrutura
morfológica), contextualizados (indicação das entrevistas onde ocorrem os topônimos) e
contados (número de ocorrência e variações).
Realizamos, no Capítulo 5, a Análise quantitativa e discussão dos resultados.
Aqui todos os topônimos foram organizados e quantificados, apresentando, através de
gráficos e tabelas, resultados de análise das fichas toponímicas.
Construímos, no Capítulo 6, um Glossário toponímico, a partir dos dados
retirados do nosso corpus oral. Em um primeiro momento organizamos os topônimos pelo
critério onomasiológico e, no segundo momento, pelo critério semasiológico. Com isso,
pudemos verificar que a toponímia da região, onde hoje se localiza o município de
Diamantina, reflete a cultura e a história local, presente em seus quase trezentos anos de
relações humanas e, é claro, ambientais.
Esperamos que com esta dissertação, intitulada Léxico toponímico de Diamantina:
lingua, cultura e memória, possamos contribuir com os estudos linguisticos brasileiros, mais
particularmente, com a descrição toponímica que vem sendo realizada em Minas Gerais pela
equipe de trabalho do Projeto ATEMIG Atlas Toponímico de Minas Gerais; variante regional
do ATB Atlas Topomico do Brasil.
No meio do meu caminho sempre haverá uma pedra
Plantarei a minha casa numa cidade de pedra
Itamarandiba, pedra corrida, pedra miúda rolando sem vida
Como é miúda e quase sem brilho a vida do povo que mora no Vale
No caminho dessa cidade passarás por Turmalina
Sonharás com Pedra Azul, viverás em Diamantina
No caminho dessa cidade as mulheres são morenas
Os homens serão felizes como se fossem meninos
(Milton Nascimento e Fernando Brant)
215
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