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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
LABORATÓRIO DE ESTUDOS DO COMPORTAMENTO HUMANO
MARILIZ VASCONCELLOS
Análise das topografias de controle de estímulos envolvidas em
escolhas de acordo com o modelo em indivíduos com Síndrome de
Down
São Carlos
2009
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
LABORATÓRIO DE ESTUDOS DO COMPORTAMENTO HUMANO
MARILIZ VASCONCELLOS
Análise das topografias de controle de estímulos envolvidas em
escolhas de acordo com o modelo em indivíduos com Síndrome de
Down
1
Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação em
Educação Especial como parte dos requisitos
para a obtenção do grau de Doutor em
Educação Especial
Área de concentração: Indivíduo especial
Orientador: Prof. Júlio César Coelho de Rose
São Carlos
2009
1
Este projeto contou com o apoio da Capes.
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária/UFSCar
V331at
Vasconcellos, Mariliz.
Análise das topografias de controle de estímulos
envolvidas em escolhas de acordo com o modelo em
indivíduos com Síndrome de Down / Mariliz Vasconcellos. --
São Carlos : UFSCar, 2010.
78 f.
Tese (Doutorado) -- Universidade Federal de São Carlos,
2009.
1. Down, Síndrome de. 2. Equivalência de estímulos. 3.
Controle de estímulos. 4. Máscara. 5. Treino nodular. I.
Título.
CDD: 371.928 (20
a
)
Banca Examinadora da Tese de
Mariliz
Vasconcellos
Prof. Dr. Julio Cbsar Coelho de Rose
(UFSCar)
Profa. Dra.
Camila Domeniconi
(UFSCar)
Profa. Dra. Aline Roberta Aceituno da Costa
(UFSCar)
Profa. Dra. Maria Martha Costa Hiibner
(USPI SP)
Prof.
Dr. Paulo Sergio Teixeira do Prado
(UNESPIMARILIA)
Ass.
I
\
Ass.
Ass.
Agradecimentos
Ofereço minha gratidão ao Júlio, por ter me ensinado tanto ao longo de todos esses
anos,
À minha amada mãe, companheira apaixonada e entusiasmada por cada despertar
dos seus filhos, peço a bênção,
Ao Paulo Ferreira, amigo, anjo da guarda, irmão de alma, desejo todo o universo de
gratidão,
Ao meu pai, “grande amor da vida”,
À Aline Roberta,
À Deisy de Souza,
À Quel, Dani X e Dani U,
À Elza e Avelino do PPGEEs,
Ao meu mestre budista, Ikeda sensei,
Aos participantes do estudo
Vocês sempre viverão em meu coração.
“...Pois as coisas findas,
Muito mais que lindas,
Essas ficarão”
Drummond
Vasconcellos, M.(2009). Análise das topografias de controle de estímulos envolvidas em escolhas de
acordo com o modelo em indivíduos com Síndrome de Down. Tese de doutorado. Programa de Pós
Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos, São Paulo.
RESUMO
A formação de classes de estímulos equivalentes é um fenômeno psicológico que possui
características importantes para a experimentação de processos relacionados à aquisição do
comportamento simbólico. Esse tipo de comportamento tem sido alvo de uma grande variedade de
estudos contemporâneos que tem demonstrado, inclusive, a possibilidade desse tipo de abordagem
em gerar repertórios comportamentais simbólicos com base no ensino de apenas algumas relações
entre estímulos. É de fundamental importância investigar os parâmetros que aperfeiçoam o
estabelecimento das classes de estímulos equivalentes desejadas pelo pesquisador, ao definirem o
comportamento instalado por meio do procedimento de matching-to-sample (MTS). Estudos da área
verificaram amplamente que, após o treino de A1B1 e B1C1, há emergência de algumas relações,
tais como, B1A1, C1B1, A1C1 e C1A1, que demonstram, respectivamente, as propriedades de
reflexividade, simetria, transitividade e equivalência. Um dos parâmetros que determinam a
efetividade de um procedimento na formação de classes é o tipo de relação de controle exercido em
tentativas de emparelhamento com o modelo. A partir disso, o presente estudo teve como objetivo
identificar o papel de tipos específicos de treino de discriminações condicionais no estabelecimento
de relações de controle por seleção e rejeição. Participaram do estudo dois jovens com síndrome de
Down. O treino consistiu em sessões de MTS com e sem máscara, aonde houve treinos dos tipos não
nodular, com um estímulo apresentando função única de modelo ou de comparação exclusivamente,
e houve também treino do tipo nodular, caracterizado por estímulos com dupla função, ou seja,
modelo e comparação simultaneamente. Os testes de verificação das relações de controle
estabelecidas na linha de base foram feitos após o treino não nodular, em seguida, após o treino
nodular, e só então os testes de verificação de emergência comportamental foi aplicado. Duas
estruturas envolveram tentativas com máscara, enquanto as outras duas estruturas constituíram-se
de tentativas sem máscara. O desenho experimental foi especificamente planejado para que, o treino
de uma estrutura de treino com máscara ocorresse quase simultaneamente com o de uma estrutura
sem máscara. Desse modo, evitou-se o papel de variáveis históricas indesejáveis para a inferência
derivada da comparação do desempenho nos dois tipos diferentes de estruturas e tentativas. Os
resultados mostraram, de um modo geral, que o procedimento de treino empregado foi bastante
eficiente no ensino e formação de classes, o que dificultou, inclusive, a comparação da maior
efetividade do procedimento com ou sem uso de máscara no treino das relações condicionais.
Sugere-se que o estudo, embora extenso no que diz respeito ao ensino e teste de relações,
considerando ainda o tipo de população envolvida, seja replicado com um número maior de
participantes para que a generalidade dos dados seja avaliada.
Palavras-chave: Equivalência de estímulos, Controle de estímulos, estímulos nodais, máscara,
comportamento simbólico, síndrome de Down
Vasconcellos, M. Analysis of topographies of stimuli control related to choice according to model in
individuals with Down syndrome
ABSTRACT
The formation of equivalent stimuli classes is a psychological phenomenon that has important
characteristics for the experimentation of processes involving symbolic behavior acquisition. This kind
of behavior has been the target of a wide variety of contemporary studies which have also
demonstrated the possibility of such approach to generate symbolic behavioral repertoires based only
on the teaching of some relations between stimuli. It is vital to investigate the parameters that optimize
the establishment of equivalent stimuli classes desired by the researcher when defining the behavior
to be installed through the procedure of matching-to-sample (MTS). Studies in the area have widely
shown that after training A1B1 and B1C1, there is an emergency of some relations, such as B1A1,
C1B1, A1C1 and C1A1, which demonstrate, respectively, the properties of reflexivity, symmetry,
transitivity and equivalence. One of the parameters that determine the effectiveness of a procedure on
class formation is the type of control relation exercised by the comparison stimuli in MTS attempts.
Therefore, the present study aimed to identify the role of specific types of training of conditional
discriminations in the establishment of relations of control for selection and rejection. Study
participants were two teenagers with Down syndrome. The training consisted on MTS sessions with
and without mask in two training types: non-nodular and nodular. The former occurred by presenting
stimuli which function was either model or comparison only, and the latter was characterized by
presenting stimuli with dual function, i.e. model and comparison simultaneously. Verification testing of
the control relations established at baseline was made after non-nodular training and after nodular
training, and only then verification testing of behavioral emergency was made. Two stimuli sets
involved attempts with mask, while other two consisted of attempts without a mask. The experiment
was specifically designed in a way that the training of a stimuli set with mask has occurred almost
simultaneously with the training of a stimuli set without mask. Thus, the influence of historical
undesirable variables was avoided on deductions made from performance comparison of the two
different attempts (with or without mask). Results demonstrated, generally, that the training procedure
used was very effective in teaching and formation of classes, what made difficult even to compare the
greater effectiveness of the procedures with or without use of mask in the training of conditional
relations. It is suggested the replication of this study, with a larger number of participants of this same
population, so that it is possible to evaluate the data generality.
Key words: Equivalence relations, stimulus control, nodal stimulus, mask, symbolic behavior, Down
syndrome.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................7
2. MÉTODO....................................................................................................21
2.1. Participantes..............................................................................21
2.2. Aspectos éticos ........................................................................22
2.3. Ambiente experimental ............................................................22
2.4. Materiais e equipamento do estudo .........................................23
2.5. Consequências diferenciais .....................................................23
2.6. Procedimentos experimentais .................................................26
2.6.1. Tipos de estímulos.....................................................26
2.6.2. Tipos de tentativas.....................................................26
2.6.3. Instruções dadas aos participantes...........................29
2.6.4. Delineamento experimental.......................................30
3. RESULTADOS.........................................................................................45
3.1 Pré treino.................................................................................45
3.2 Sessões experimentais............................................................47
4. DISCUSSÃO............................................................................................66
REFERÊNCIAS.............................................................................................73
ANEXO 1: Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) .................77
7
INTRODUÇÃO
O presente estudo faz parte de um conjunto de pesquisas direcionadas à
investigação sistemática das variáveis responsáveis pelo estabelecimento e
manutenção do controle de estímulos do comportamento operante complexo
(Cuming & Berryman, 1965; Ray & Sidman, 1970; Sidman, 1971; Sidman & Tailby;
1982, Sidman, 1994). A investigação situa-se, mais especificamente, em um ramo
de investigação do controle de estímulos, especialmente preocupado com os tipos
de controle estabelecidos pelos estímulos discriminativos em situações de
discriminação complexa, condicional, como as tradicionalmente caracterizadas como
situações de escolha de acordo com o modelo (do inglês matching-to-sample ou,
simplesmente, MTS).
O objetivo fundamental desse tipo de pesquisa tem sido compreender os
aspectos do comportamento humano relacionados à função das variáveis
ambientais situacionais (imediatas) e complexas sobre o comportamento humano.
Tais estudos estendem a configuração de eventos discriminativos considerados na
determinação da resposta operante. Segundo a literatura que subsidia esse
trabalho, os eventos situacionais podem controlar o comportamento em um
paradigma de discriminação simples (Skinner, 1938; Terrace, 1963a, 1963b),
discriminação condicional (Lashley, 1938; Cuming & Berryman, 1965; Ray &
Sidman, 1970) ou, até mesmo, de controle contextual em discriminações
condicionais de segunda ordem (Bush, Sidman, & de Rose, 1989; Sidman, 2000).
A discriminação condicional é aquela em que o controle discriminativo simples
é condicional a outro estímulo. O que isso significa? Em poucas palavras, que a
probabilidade da resposta sob controle de um determinado estímulo discriminativo
depende, ainda, de um estímulo adicional. Esse tipo de relação de controle pode ser
traduzido, logicamente, como uma relação do tipo “se x então y” envolvendo dois
estímulos no controle da resposta operante. Por exemplo, “se o estímulo condicional
A estiver presente, então B é um estímulo discriminativo” para a resposta R. Por
outro lado, “se o estímulo condicional C estiver presente, B não é um estímulo
discriminativo” para a resposta R. Geralmente, temos ainda algo do tipo “se o
estímulo condicional C estiver presente, D é um estímulo discriminativo” para a
resposta R. Esse tipo de relação de controle demonstra que uma resposta pode
estar sob o controle de contingências bastante complexas.
8
A tradicional contingência de três termos, concebida por Skinner (1938),
envolve o estímulo discriminativo, a resposta e o estímulo reforçador.
Diferentemente, a discriminação condicional configura-se como uma contingência
composta por: estímulo condicional, estímulo discriminativo, resposta e estímulo
reforçador. Por essa razão, diz-se que o controle discriminativo simples envolve uma
contingência de três termos, ao mesmo tempo em que o controle discriminativo
condicional envolve uma contingência de quatro termos (Sidman, 1994, 2000). O
termo adicional, o chamado “estímulo condicional”, define qual contingência de três
termos estará operando no controle do responder do organismo (Sidman, 1994,
2000).
A preocupação dos estudiosos concentra-se, de um modo geral, no
entendimento da forma como as variáveis determinam o comportamento simbólico
(Sidman, 1971, 1994, 2000; Sidman, Rauzin, Lazar, Cunninham, Tailby & Carrigan,
1982; Sidman & Tailby, 1982) que emerge do ensino específico de um conjunto de
discriminações condicionais. A grande vantagem dessa abordagem, que teve sua
origem nos estudos iniciais de Sidman (1971) e colaboradores (Sidman & Cresson,
1973; Sidman, Cresson, & Wilson-Morris, 1974), é a possibilidade de uma
investigação experimental sistemática do comportamento simbólico. Para dizer que
um estímulo é símbolo para um outro é necessário demonstrar esse estímulo como
sendo membro de uma mesma classe de equivalência.
Essa abordagem de estudo do comportamento simbólico têm como prioridade
a identificação das variáveis que determinam a emergência comportamental a partir
do ensino de discriminações condicionais. Em outras palavras, por meio do ensino
direto de algumas discriminações condicionais envolvendo, por exemplo, as relações
AB (ou seja, entre os estímulos condicional A e discriminativo B) e BC, obtêm-se,
geralmente, o responder em relações não treinadas envolvendo os mesmos pares
de estímulos. Nesse caso, é comum na área, que se verifique a emergência das
relações BA, CB, AC e CA. Desse ponto, temos a segunda grande vantagem desse
modelo experimental do comportamento simbólico: a possibilidade da emergência
de discriminações condicionais com base no ensino direto de apenas algumas.
Infere-se, assim, que essa emergência comportamental ocorre devido à formação de
classes de estímulos equivalentes compostas pelos estímulos discriminativos e
condicionais envolvidos (Sidman, 1994).
9
Sidman e colaboradores (Sidman et al., 1982; Sidman & Tailby, 1982)
emprestaram conceitos da teoria dos conjuntos - reflexividade, simetria e
transitividade. Esses conceitos vieram a atender a necessidade de critérios que
ajudassem a sistematizar os dados obtidos em pesquisas anteriores com
procedimentos semelhantes (Sidman, 1971; Sidman & Cresson, 1973 e Sidman,
Cresson & Wilson-Morris, 1974) e a estabelecer um modelo para a análise das
questões teóricas e práticas mencionadas acima.
O procedimento básico utilizado nesses estudos consiste no ensino, em
tarefas de discriminação condicional do tipo "matching-to-sample" (escolha de
acordo com o modelo), de relações pré-requisito entre os estímulos pertencentes a
uma classe equivalente. Por exemplo, em uma estrutura mínima de treino e teste de
equivalência, podemos considerar seis estímulos, que chamaremos de A1, A2, B1,
B2, C1 e C2, em que a letra representa o conjunto a que os estímulos pertencem (A,
B ou C) e o número indica a classe equivalente em potencial da qual se espera que
eles farão parte (1 ou 2). Ensinam-se as relações pré-requisito A1B1, A2B2, B1C1 e
B2C2 e espera-se, como vastamente ilustrado pela literatura (Sidman & Tailby,
1982), a emergência de relações condicionais no repertório do indivíduo que
indiquem o aparecimento de relações entre estímulos que não foram treinadas
(B1A1, B2A2, C1B1, C2B2, A1C1, A2C2, C1A1 e C2A2).
É na verificação das relações emergentes que os conceitos emprestados da
teoria dos conjuntos tornam-se fundamentais. O desempenho satisfatório em
relações representativas de reflexividade, simetria e transitividade indica a existência
de classes de estímulos equivalentes (A1B1C1 e A2B2C2 no exemplo acima)
envolvendo os conjuntos de estímulos A, B e C. Reflexividade é a relação definida
como aquela existente entre um estímulo como modelo e ele mesmo como escolha
(A1A1, A2A2, B1B1, B2B2, C1C1 e C2C2). Simetria é uma relação inversa à
treinada (B1A1, B2A2, C1B1 e C2B2). Transitividade é uma relação, não treinada
anteriormente, entre dois estímulos relacionados a um terceiro, (A1C1 e A2C2). Uma
quarta relação, representada no exemplo acima por C1A1 e C2A2, refere-se a uma
combinação de transitividade e simetria, algumas vezes denominada de “relação de
equivalência” (Sidman, 1994).
Em síntese, essas tarefas se caracterizam pelo emparelhamento de dois ou
mais estímulos modelos com dois ou mais estímulos de comparação. Dessa forma,
10
em cada tentativa com o modelo A
N
uma resposta ao estímulo de comparação B
N
é
considerada correta e usualmente seguida por conseqüências diferenciais
reforçadoras. outras respostas para outras comparações são consideradas
incorretas e não são seguidas pelo estímulo reforçador.
Com o objetivo de discutir de forma mais didática a consideração das diversas
variáveis atuantes sobre um dado comportamento, a Figura 1, apresentada abaixo,
ilustra com um exemplo, a preocupação dos estudiosos em diferenciar a topografia e
a função de respostas em situações de discriminação condicional. Nesta figura, o
indivíduo está aparentemente emitindo o mesmo comportamento em uma tarefa de
MTS, ou seja, escolhendo o estímulo de comparação correto. Ocorre, contudo, que
as relações de controle podem ser diferentes:
Figura 1. Diagrama ilustrativo de respostas com topografias similares mas com
funções diferentes. No quadro a esquerda, a seta indica que o indivíduo aprendeu
que o modelo “vai” com o estímulo à direita, no qual ele deve responder. No quadro
a direita, o indivíduo aprendeu que o modelo “não vai” com o estímulo da esquerda,
e por isso escolhe o estímulo da direita. Note que as duas relações não são
incompatíveis e podem, portanto, se sobrepôr .
É possível observar na Figura 1 que embora aparentemente o indivíduo esteja
emitindo respostas de mesma topografia, ou seja, escolhendo o mesmo estímulo de
comparação perante o modelo, o seu responder está sob controle de diferentes
funções, que no quadro à esquerda ele escolhe o estímulo discriminativo
considerado correto para o modelo e no quadro à direita, ele rejeita o estímulo
11
discriminativo considerado incorreto para o modelo. Vale notar também que o
indivíduo pode estar sujeito aos dois tipos de controle, o que significa que ele pode
selecionar o correto e ao mesmo tempo rejeitar o incorreto para o dado modelo.
Segundo Johnson e Sidman (1993), ao comportamento discriminativo que fica
em função estímulo de comparação correto, -se o nome de comportamento
emitido por relação modelo-S+, e ao comportamento discriminativo que fica em
função do estímulo de comparação incorreto, nomeia-se comportamento mantido
pela relação de controle modelo-S-. Nesse estudo anteriormente citado, os autores
ilustraram como respostas de mesma topografia podem ter, apesar da semelhança
estrutural, funções diferentes, envolvendo diferentes variáveis independentes ou,
como é o caso, diferentes controles discriminativos. Para isso, Johnson e Sidman
criaram um procedimento experimental em que relações de controle modelo-S+
foram induzidas, de modo que, para o mesmo modelo, eram apresentadas várias
comparações incorretas (S-) em diferentes tentativas e a comparação correta (S+)
era mantida. Eles também induziram relações modelo-S- mantendo a comparação
incorreta e aumentando o número de estímulos novos, cujo valor era de comparação
correta ou S+. Os resultados apontaram que em ocasiões em que as relações
induzidas eram baseadas em relações do tipo modelo-S+, os testes de equivalência
mostraram o aparecimento das relações emergentes, quando foram induzidas
relações modelo-S-, os testes de equivalência mostraram que as classes previstas
não foram formadas.
Portanto os resultados de Johnson e Sidman (1993) permitem dizer que
relações condicionais estabelecidas pelo modelo e seu estímulo de comparação
correto são necessárias à formação de equivalência. No entanto, as variáveis
envolvidas no estabelecimento das relações condicionais são inúmeras e na
tentativa de assegurar uma melhor verificação dessas relações de controle
estabelecidas na linha de base de discriminações condicionais, foi criado um
procedimento especial, denominado de procedimento da máscara ou do “estímulo
único” . Esse procedimento foi inicialmente desenvolvido por Mcllvane, Withstandley
e Stoddard (1984) em um estudo com 4 homens severamente retardados que foram
expostos a um programa de fading in de um quadrado negro que encobria
progressivamente um dos estímulos de comparação disponíveis perante um dado
modelo, em tentativas de MTS. Esse quadrado podia ter a função de S+ em algumas
tentativas, e de S- em outras.
12
O quadrado funcionou diferencialmente como estímulo de comparação
correto ou incorreto, na presença de cada modelo. As tentativas do procedimento de
estímulo de comparação único, tinham como função verificar o controle
discriminativo sobre o estímulo de comparação exposto perante o estímulo modelo
apresentado, de forma que o responder do indivíduo estivesse baseado em relações
entre o estímulo de comparação e o modelo.
É possível dizer que no procedimento da máscara ou do “estímulo único”, a
máscara tinha função de estímulo de comparação, no entanto, ela é “não
informativa”, já que seu valor de estímulo de comparação correto ou incorreto, é
determinada apenas pela combinação do modelo e o estímulo de comparação que a
acompanha, durante a tentativa. Mas sua vantagem metodológica é demonstrada no
fato dela não introduzir estímulos novos, o que simplifica a análise das relações de
controle.
O presente estudo utilizou o recurso da máscara ou do “estímulo único”, que
consistiu em cobrir com a máscara um estímulo de comparação correto ou incorreto
para cada modelo. O responder para a máscara era ensinado em um treino inicial.
Nesse treino a máscara era introduzida gradualmente sobre um dos estímulos de
escolha, em um procedimento denominado de fading in da máscara, que é o mesmo
processo descrito anteriormente e que foi feito por Mcllvane, Withstandley e
Stoddard (1984). Ao longo de um número pré determinado de tentativas, a máscara,
inicialmente um quadrado cinza ou preto bem pequeno, era superposta sobre um
dos estímulos de escolha. Ao longo das tentativas o seu tamanho era
gradativamente aumentado até que cobria uma das figuras completamente.
Dentro desse contexto de investigação é que se insere o estudo de Kato, de
Rose e Faleiros (2008). Kato e colaboradores treinaram discriminações condicionais
e utilizaram a máscara apenas em testes de verificação das relações de controle de
linha de base. O objetivo da verificação das relações de controle estabelecidas na
linha de base era identificar as variáveis que determinaram a emissão das respostas
e estabelecer inferências entre essas variáveis e a formação de equivalência de
estímulos.
Como mencionado anteriormente, Johnson e Sidman (1993) afirmaram que
relações de controle estabelecidas em comportamentos de linha de base, do tipo
modelo-S+, são necessárias à formação de equivalência entre estímulos, e que
relações do tipo modelo-S- não possibilitariam a formação de classes emergentes
13
consistentes com o objetivo do experimentador. Porém, Kato e colaboradores (2008)
verificaram em seus estudos, que indivíduos que formaram relações do tipo modelo-
S+ e modelo-S-, na linha de base, apresentam formação de classes prontamente.
aqueles que não apresentaram ambas as relações tiveram menor probabilidade de
formar as classes planejadas. Kato e colaboradores se utilizaram do recurso do uso
de máscara para testar as relações estabelecidas na linha de base.
Seguindo essa linha de estudo, para aumentar o controle experimental
estabelecido na linha de base, de Rose, Hidalgo e Vasconcellos (2000) utilizaram o
procedimento de máscara no treino de linha de base das discriminações
condicionais. Esse trabalho diferiu dos estudos anteriores porque utilizou a máscara
no treino de linha de base, enquanto estudos anteriores treinaram discriminações
condicionais com um modelo e dois estímulos de comparação e a máscara era
utilizada apenas em testes de verificação das relações de controle da linha de base.
O intuito do uso de máscara desde o início era garantir a relação de controle
desejada pelo experimentador e verificar, subseqüentemente, seu efeito sobre a
emergência comportamental.
No estudo de de Rose et al. (2000), foram treinadas as relações AB, BC e CD
com 2 tipos de treino diferentes, a saber, Treino 1 e Treino 2. O Treino 1 pretendia
garantir a aprendizagem de linha de base baseada na relação modelo-S+ e modelo-
S- em todas as relações (AB, BC, CD). Nesse treino, para cada estímulo modelo, o
estímulo de comparação correto (S+) era apresentado em 50% das tentativas e o
comparação incorreto (S-) em 50% das tentativas. Já o Treino 2 foi feito para
garantir relações de controle apenas do tipo modelo-S- no treino de uma das
relações, neste caso, BC, em todas as tentativas, e nas demais relações treinadas,
AB e CD, pretendia-se ensinar relações modelo S+ e modelo-S-, exatamente como
foi feito no Treino 1. Assim o intuito do Treino 2 era induzir relações por rejeição na
relação BC, de maneira que o acesso à aprendizagem dos estímulos de
comparação corretos nessa relação não seria possível e, portanto, não seria
esperada a formação de classes de equivalência. Os resultados apontaram que
sempre que o Treino 1 foi utilizado, os sujeitos formaram classes prontamente, mas
no Treino 2, surpreendentemente, alguns participantes formaram equivalência. Para
compreensão do que havia ocorrido, testes de verificação das relações de controle
de linha base foram aplicados, e esses testes mostraram que os indivíduos que
formaram classe com o Treino 2 tinham estabelecido relação modelo-S+. Uma
14
hipótese formulada para esses resultados foi de que os participantes que haviam
formado equivalência com o Treino 2 estabeleceram um responder condicional
generalizado, pois aprenderam que o estímulo incorreto para um dado modelo era
necessariamente o correto para o outro modelo.
Dando prosseguimento a esses estudos, Vasconcellos (2003) fez um estudo
em que treinou relações AB, BC, CD dispostas em Treinos do tipo 1 e 2 descritos
anteriormente no estudo de de Rose et al. (2000). Vale ressaltar que os dois treinos
usados no estudo de Vasconcellos (2003) foram exatamente iguais àqueles
utilizados no estudo de de Rose et al. (2000), e foram dispostos para dois
participantes. Além disso, foi adicionada uma sonda de verificação de linha de base
composta pelo estímulo modelo, a comparação correta ou incorreta para um dado
modelo, um estímulo novo e uma máscara. Assim, por exemplo, em uma tentativa,
para um modelo A
1,
eram dispostos seu estímulo de comparação correto B
1
, a
máscara e um estímulo novo (N
1
), e em outra tentativa, o mesmo estímulo modelo
A
1
, a comparação incorreta B
2
, a máscara e outro estímulo novo (N
2
). Esse teste
possibilitou verificar que se o desempenho do participante perante tentativas com o
modelo A
1,
comparação correta B
1
, a máscara e um estímulo novo (N
1
), o indivíduo
escolhesse B
1
, seria possível inferir que ele ficou sob controle do estímulo de
comparação correto perante o modelo. No entanto se o participante escolhesse a
máscara ou o estímulo novo (N
1
), seria possível dizer que ele não sabia escolher o
estímulo de comparação correto. nas outras tentativas que continham modelo A
1
,
a comparação incorreta B
2
, a máscara e outro estímulo novo (N
2
), por exemplo, e o
participante escolhesse B
2
, seria indicativo de ele escolheu a comparação incorreta,
mas se ele escolhesse a máscara ou o estímulo novo (N
2
), poderia significar controle
por rejeição nas tentativas em que o incorreto estivesse presente, mas também
poderia indicar seleção da máscara, e não rejeição do estímulo incorreto, o que
gerava um resultado ambíguo.
O estudo de Vasconcellos (2003) também aplicou um teste que sondou
relações de equivalência. Os resultados de um dos participantes sugeriram um baixo
desempenho nos testes que mediram equivalência dos conjuntos de estímulos
treinados e inconsistência quanto à escolha dos estímulos de comparação corretos e
incorretos para o modelo, detectados na sonda de verificação de linha de base.
os resultados de outra participante, mostraram uma linha de base bem estabelecida,
detectada na sonda de verificação de linha de base, e formação de equivalência do
15
conjunto de estímulos treinados. Essa última participante formou classes de
equivalência, no treino programado para induzir relações de controle por rejeição,
assim como havia ocorrido no estudo de de Rose et al. (2000), e a análise dos
dados dela mostrou que ela estabeleceu um responder sob controle das variáveis
semelhantes àquela do estudo imediatamente citado.
O trabalho de Arantes (2006) deu continuidade aos estudos anteriores, e
buscou controlar melhor as variáveis, tentando eliminar a possibilidade de formação
de classes por relações de controle modelo-S+ em treinos programados para induzir
relações modelo-S-, quando relações AB, BC e CD foram treinadas cada uma, com
dois modelos e dois estímulos de comparação.
Assim, Arantes utilizou três conjuntos de estímulos (ex. no treino da relação
AB, treina-se A
1
B
1,
A
2
B
2,
A
3
B
3
) ao invés de dois conjuntos (ex. no treino da relação
AB, treina-se A
1
B
1,
A
2
B
2
) como havia sido feito nos estudos anteriores já citados. Os
resultados observados nesse estudo apontaram que as sessões de treino tiveram
que se repetir diversas vezes até obtenção do critério. Possíveis explicações para
isso devem-se ao fato do ptreino não ter sido amplamente eficaz em treinar os
repertórios solicitados posteriormente. Este problema poderia ser corrigido
extendendo-se o número de relações incluídas no pré-treino. Outra explicação
possível dos erros recorrentes nos treinos experimentais pode ser o fato de terem
sido usados apenas dois estímulos modelo e comparações no pré- treino, enquanto
que na fase experimental eram utilizados três modelos e três comparações. Porém,
depois de adquirida a linha de base, foi verificada formação de relações emergentes
quando o treino que induziu controle por seleção foi feito, replicando os resultados
de de Rose et al. (2000), embora em Arantes tenha havido emergência atrasada
para alguns participantes, enquanto que no estudo de de Rose, a formação de
classes foi imediata. Essa diferença parece corroborar também a inferência de que o
desempenho foi inferior nos treinos dos participantes de Arantes.
Outro resultado importante desse estudo foi a o ocorrência da “indução”
das relações modelo-S+, no treino que foi programado para que apenas controles
por rejeição (modelo-S-) ocorressem. Isso é decorrente da aplicação do treino com
três estímulos modelo e três comparações, no qual, ao contrário do treino com dois
modelos e dois comparações, a determinação de que um estímulo de comparação é
incorreto para um dado modelo não basta para determiná-lo como correto para o
outro modelo. Se o número de modelos e comparações é 3, o estímulo de
16
comparação incorreto para um modelo poderá ser o correto para um ou outro dos
dois modelos restantes.
No estudo de Arantes (2006), quando o treino foi programado apenas para
instalar controles por rejeição, não houve formação de classes equivalentes,
confirmando os dados de Kato e colaboradores (2008) e Johnson e Sidman (1993)
quanto à não formação de classes aonde há apenas relações de controle por
rejeição. Os testes das relações de controle estabelecidas na linha de base que
foram aplicados, mostraram realmente que os sujeitos não sabiam selecionar o
estímulo correto para um dado modelo nas relações BC, que foram programadas
para controle exclusivo por rejeição.
Grisante (2007) prosseguiu a investigação dos fenômenos até agora descritos
e manteve a utilização da máscara nos treinos de discriminação condicional,
buscando induzir relações de controle por seleção e por rejeição em crianças pré
escolares e indivíduos com Síndrome de Down. Vale lembrar que indivíduos com
Síndrome de Down não tinham sido, até esse momento, uma população estudada
com esse procedimento.
Além disso, Grisante (2007) procurou investigar se as relações de controle
obtidas na linha de base coincidiam com aquelas planejadas pelo experimentador.
As sondas da verificação das relações de controle estabelecidas na linha de base
foram diferentes daquelas usadas por Vasconcellos (2003), que eram compostas
pelo estímulo modelo, o estímulo de comparação correto ou incorreto para um dado
modelo, um estímulo novo e uma máscara, pois essa sonda apresentou resultados
ambíguos, já que: 1) permitia que a escolha da máscara ou do estímulo novo
pudesse ser interpretada como controle por rejeição nas tentativas em que o
incorreto estivesse presente, e 2) também poderia indicar seleção da máscara, e
não rejeição do estímulo incorreto. Assim, essa sonda não gerava tanto controle
experimental quanto pretendido.
A partir disso, Grisante (2007) estabeleceu sondas de relação de controle
compostas por estímulos modelo e por duas alternativas de escolha, sendo um
estímulo correto e um estímulo novo, que substituía a máscara. Isso pode ser
ilustrado no exemplo em que havia o modelo A
1
, a comparação correta B
1
e um
estímulo novo N
1
, de modo que se o participante escolhesse S+ (B
1
), seria indicativo
de que ele estaria sob controle de seleção, já se ele escolhesse N
1
, significaria que
ele não sabia escolher o correto para o modelo, permitindo a conclusão de que não
17
havia controle por seleção. A configuração do outro tipo de tentativa consistia no
modelo A
1
, a comparação incorreta B
2
e um estímulo novo N
2
, e caso o participante
escolhesse o estímulo novo, isso poderia indicar controle por rejeição do incorreto.
No estudo de Grisante (2007), houve dois experimentos diferentes,
denominados de Estudo 1 e Estudo 2. No Estudo 1 foram treinadas as relações AB,
BC, CD envolvendo três conjuntos de estímulos visuais abstratos com pré escolares,
e no Estudo 2 foram treinadas as relações AB e BC com dois conjuntos de
estímulos, para uma criança e um adolescente com Síndrome de Down. Nos dois
estudos anteriormente citados, os tipos de relações treinadas foram por seleção e
por rejeição, com teste das relações emergentes e testes das relações de
verificação de linha de base.
No Estudo 1, uma das participantes mostrou emergência das relações com
distância de 1 nódulo, o que significa que ela apresentou relações emergentes a
partir do treino direto entre AB, BC, por exemplo, com emergência das relações AC
(transitividade), e CA (equivalência). Essa participante apresentou controle por
seleção e por rejeição nos testes de verificação das relações estabelecidas na linha
de base. a outra participante do estudo não apresentou emergência das relações
testadas, e mostrou controle de estímulos inconsistente nas sondas de verificação
de relações de controle. No Estudo 2, nenhum participante demonstrou emergência
das relações esperadas e as sondas das relações de linha de base mostraram
inconsistência das relações de controle. Os resultados de Grisante possibilitaram
verificar que quando os resultados da sonda de relações de controle mostraram que
havia controle por seleção e por rejeição, observou-se formação de equivalência, no
entanto, quando os resultados das sondas de relações de controle foram
inconsistentes, não foi detectada formação de equivalência por parte dos
participantes envolvidos na pesquisa.
É possível ainda analisar que os resultados de Grisante (2007) estão de
acordo com a hipótese de Carrigan e Sidman (1992), de que a variabilidade
encontrada nos estudos de equivalência de estímulos pode ser explicada pela
aprendizagem de diferentes relações de controle durante o treino, e também ilustram
que o teste de relações de controle estabelecidas na linha de base parece eficiente
em identificar as diferentes variáveis que determinam o comportamento dos
indivíduos envolvidos nesses estudos.
18
Essa trajetória descrita aaqui situa o presente estudo em uma linha de
pesquisa que tem evoluído, em sua investigação, no sentido de modificações
sistemáticas no procedimento empregado. Esta linha iniciou-se com o estudo de
Kato e colaboradores (2008), que utilizou a máscara para investigar relações de
controle por seleção ou rejeiçao apresentadas na linha de base, verificando também
sua interface com a produção de classes de equivalência. Porém, Kato e
colaboradores usaram dois conjuntos de estímulos no treino das relações de linha
de base, assim como de Rose et al. (2000) e Vasconcellos (2003), e essa
quantidade de conjuntos de estímulos utilizada possibilitava a formação de controle
por seleção mesmo em procedimentos que buscavam induzir apenas controle por
rejeição, pois com dois modelos e dois estímulos de comparação, o comparação
incorreto para um modelo é necessariamente correto para o outro modelo. Assim
tanto Arantes (2006) quanto Grisante (2007) produziram um treino com utilização da
máscara, mas como três ao invés de dois conjuntos de estímulos, com objetivo de
evitar que o estímulo correto para um modelo pudesse ser determinado a partir do
incorreto para outro. Além disso, o teste de verificação das relações estabelecidas
na linha de base que utilizava máscara, aplicados por Kato e colaboradores; de
Rose et al. (2000); e Vasconcellos (2003) foi avaliado como produtor de possíveis
confusões na identificação das relações de controle estabelecidas pelos
participantes, como anteriormente mencionado, e foi modificado no estudo de
Grisante (2007) por um teste sem uso de máscara, que produziu dados mais
fidedignos.
Assim foi possível contextualizar o estudo em questão, como fazendo parte
de uma ampla gama de estudos que fazem parte da área de equivalência de
estímulos, e assim como os demais estudos anteriormente descritos, busca
identificar as variáveis que controlam o responder em tarefas de MTS e,
conseqüentemente, o seu papel na emergência comportamental simbólica. Vale
ressaltar, ainda, o tipo de população investigada nesse estudo, que se trata de
indivíduos com necessidades especiais, mais especificamente Síndrome de Down.
A síndrome de Down é considerada uma desordem cromossômica,
denominada como trissomia do cromossomo 21, cuja freqüência é de 1:750
nascidos vivos, segundo Capone (2004).
Os portadores podem apresentar características tais como: hipotonia, baixa
estatura, mãos pequenas e largas com prega palmar única, face larga e achatada,
19
olhos distantes um do outro, língua projetada para fora da boca, cardiopatia
congênita, comprometimento no desenvolvimento da linguagem, dentre outras
características, como aponta Schwartzman (1999). Entretanto, não necessariamente
todos os portadores desta síndrome apresentam essas características, mas a
deficiência mental é a única característica presente em todos os casos (Antonarakis
et al., 2004).
Como foi colocado por Grisante (2007), tarefas de discriminação condicional
como aquelas descritas nos estudos anteriores, que usaram máscara no treino das
relações de linha de base, não haviam sido feitas, até então, com populações com
necessidades especiais. Mas no trabalho de Grisante, houve estudos iniciais com
Síndrome de Down. O presente estudo continua a analisar, com esta população, as
relações de controle em linha de base de discriminação condicional e a formação de
equivalência.
A importância desse tipo de estudo com Síndrome de Down, é a busca da
melhor compreensão das relações de controle envolvidas na aprendizagem desses
indivíduos, suas semelhanças e diferenças em relação às pessoas com
desenvolvimento típico, para melhor possibilidade de delineamento de
procedimentos de ensino que favoreçam sua aprendizagem. O objetivo final dessas
pesquisas é poder contribuir para o planejamento de melhores condições de ensino
para indivíduos com necessidades especiais.
O estudo objetivou, dentre outras coisas, treinar inicialmente discriminações
condicionais em relações modelo-S+ e modelo-S-, com ou sem uso da máscara,
com intuito inicial de verificar as relações de controle de estímulos estabelecidas e
observar se o treino sem máscara produz efeitos diferentes com relação ao treino
feito com máscara. Para isso foi delineado um programa experimental em que
procedimentos de emparelhamento com o modelo foram ensinados, inicialmente em
arranjo não nodular, ou seja, em um arranjo no qual o treino inicial era feito com
estímulos modelo e comparações corretas e incorretas, em um formato em que cada
estímulo tinha inicialmente apenas função de estímulo modelo, ou de estímulo de
comparação, exclusivamente (ex. A1 é modelo para B1 e B1 é apenas comparação
de A1; C1 é apenas modelo para D1 e D1 é comparação de C1).
Após tal treino não nodular, os participantes foram submetidos às sondas de
verificação de controle de estímulos de linha de base, cuja função era identificar se
as relações de controle tinham sido estabelecidas por seleção, rejeição, ou ambas.
20
A função da inserção dessa sonda nesse momento foi verificar as relações
aprendidas na linha de base inicial, e assim identificar a aprendizagem dos
participantes antes do ensino de novas relações e do teste das relações
emergentes.
Dando prosseguimento ao programa experimental, foram ensinados
procedimentos de emparelhamento com o modelo em arranjo com nódulos, que
significa arranjo em que um estímulo apresenta mais de uma função, ou seja, pode
ter função de estímulo modelo e de estímulo de comparação ao mesmo tempo. Tal
treino nodular pode ser exemplificado da seguinte forma: um estímulo funcionava
como comparação para um dado modelo (ex. B
1
como comparação do modelo A
1
) e
também funcionava como modelo para outro estímulo comparação (B
1
como modelo
de C
1
).
Dessa forma, no treino nodular, relações de equivalência eram testadas tanto
após o treino sem máscara quanto após treino com máscara. Os estímulos treinados
sem máscara eram diferentes daqueles treinados com máscara.
A questão que se coloca é: tal procedimento possibilitaria identificar se
discriminações condicionais treinadas sem máscara teriam maior probabilidade de
levar à formação de classes equivalentes, ou se o treino com máscara teria maior
chance de produzir relações emergentes, como os estudos prévios sugerem?
Esse trabalho objetivou também verificar a eficácia da sonda de controle de
estímulos de linha de base que havia sido utilizada por Grisante (2007), além de
buscar dados adicionais para estimar se as relações de controle (por seleção ou por
rejeição) estabelecidas no treino são, de fato, pré-requisito comportamental para
formação de equivalência (Johnson & Sidman, 1993), e se as relações de controle
por seleção são condições suficientes para formação de equivalência.
O desenho experimental foi especificamente planejado para que o treino de
uma relação com máscara ocorresse sucessivamente ao treino de uma relação sem
máscara, e assim seria possível verificar o efeito da inclusão da máscara sobre as
relações de controle na linha de base e sobre a formação de equivalência.
21
1. MÉTODO
2.1 Participantes
Participaram do estudo cinco pessoas, sendo dois garotos e três garotas,
referidos no texto pelos nomes fictícios “Caio”, “Beto”, “Ana”, “Kátia” e “Vera”.
No início do experimento, Caio e Beto tinham respectivamente 16 e 14 anos
de idade, e Ana, Kátia e Vera, apresentavam sucessivamente 23, 19 e 18 anos.
Podemos considerar que o nível de alfabetização deles era reduzido, e isso foi
testado em sala de aula pelas professoras dos participantes, a partir da solicitação
da pesquisadora a respeito do nível de escolaridade deles. Eles não apresentavam
bem estabelecidos, em seus repertórios, os comportamentos textuais de ler palavras
impressas (por exemplo, não liam palavras como “casa”, “bala”, dentre tantas outras,
típicas do ensino da primeira rie do ensino fundamental), nem de escrever
corretamente palavras, tais como aquelas anteriormente citadas, nem quando
ditadas e nem mesmo copiando-as. Apesar disso, sabiam escrever seus próprios
nomes, embora com alguma dificuldade. Os participantes estudavam em um nível
escolar inferior à primeira série do ensino fundamental.
Informação adicional a respeito dos participantes foi obtida por meio do
diagnóstico realizado por neurologistas da cidade em que residiam. Na ficha
cadastral da escola de Caio, Beto e Vera constava, de acordo com a Classificação
de Transtornos Mentais e do Comportamento da Classificação Internacional das
Doenças 10ª edição (CID-10), Síndrome de Down (Q90), sem nenhuma outra
especificação. Por sua vez, a classificação correspondente à Ana, também em
referência à CID-10, foi de Síndrome de Down (Q90) e de problemas visuais (ela
usava óculos com 5 graus de miopia). Kátia era classificada por neurologistas,
segundo esse mesmo manual, como portadora de autismo associado com retardo
mental leve (F84-0 e F70).
Os participantes eram estudantes de uma escola especialmente preparada
para alunos com necessidades especiais, situada na periferia da cidade.
Caio e Beto apresentavam, com bastante freqüência, comportamentos
esportivos e sociais, e eram constantemente elogiados pela professora como sendo
alunos inteligentes e que se enquadravam entre os mais bem sucedidos de suas
salas de aula.
22
Ana, Kátia e Vera não apresentavam comportamentos esportivos, mas
possuíam um desenvolvido repertório de socialização. As professoras delas também
as descreviam como boas alunas.
2.2 Aspectos Éticos
Esse estudo foi elaborado para investigar os processos comportamentais
envolvidos na aprendizagem de indivíduos com necessidades educacionais
especiais, o que justifica a escolha de participantes com tais características,
vulneráveis no sentido que descreve a Resolução CNS 196/96 (Ministério da
Saúde).
Antes de iniciado o procedimento, foi redigido um protocolo em que se
esclareciam os aspectos relevantes à apreciação ética pelo Comitê de Ética em
Pesquisa com Humanos da Universidade Federal de São Carlos. Após a aprovação
do protocolo pelo referido comitê, teve início a execução do projeto.
Visando um esclarecimento adicional a respeito dos aspectos éticos da
pesquisa, encontra-se em anexo (Apêndice 1), o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido empregado pela experimentadora para obtenção da autorização pelos
responsáveis. Cabe salientar que a autorização pelos responsáveis o excluiu que
os participantes fossem, por sua vez, esclarecidos e questionados a respeito do
consentimento para participação, no limite das suas respectivas capacidades,
conforme descreve a Resolução CNS 196/96 (Ministério da Saúde).
É importante ressaltar que os tanto os participantes da pesquisa quanto seus
pais, foram avisados ao longo de todo o experimento, que poderiam retirar seu
consentimento quando sentissem vontade, e que eles não eram obrigados a realizar
nenhuma atividade que não lhes fosse confortável. Também eram avisados de que
mesmo que iniciassem uma sessão experimental, poderiam interrompê-la, por
qualquer motivo que lhes fosse relevante.
2.3 Ambiente Experimental
O procedimento experimental foi realizado em uma sala de aula da instituição
em que os participantes estudavam. A sala tinha a medida de 3,5 x 2 m., 7 mesas de
estudo e 7 cadeiras, uma mesa maior utilizada pela professora e uma cadeira
destinada a ela. Não havia janela na sala. A sala era utilizada para coleta de dados
23
experimentais somente quando não era empregada para outro uso, ou seja, quando
não havia aula.
O computador empregado no procedimento experimental era colocado sobre
uma das mesas da sala em que as sessões foram conduzidas, em posição que
facilitasse a visualização e manuseio pelos participantes.
2.4 Materiais e Equipamentos do estudo
Foi utilizado um microcomputador notebook Apple Macintosh Powerbook com
monitor colorido de 14 polegadas. O programa utilizado foi o MTS, versão 11.6.7
(Dube & Hiris, 1999). O programa, além de apresentar os estímulos
sistematicamente, como programado pelo experimentador, efetuava o registro das
respostas de escolha emitidas pelos participantes e a apresentação das
conseqüências diferenciais para respostas corretas e incorretas.
Os estímulos visuais eram apresentados em cinco “janelas” de 5,6 x 5,6 cm.,
situadas em 5 posições da tela do monitor (centro, e nos quatro cantos: à esquerda
superior e inferior e à direita superior e inferior).
As figuras foram desenhadas em preto sobre fundo branco.
Os estímulos utilizados eram figuras bidimensionais, em sua maioria,
desconhecidas, com exceção das figuras de sol, lua, uva e pêra que foram utilizadas
apenas no início do ptreino. Todos os demais estímulos utilizados no pré-treino e
nas sessões experimentais eram desconhecidos (figuras abstratas).
2.5 Conseqüências Diferenciais
As Conseqüências diferenciais foram de três tipos:
1) apresentação de estrelas coloridas com som, própria do programa
computacional empregado,
2) reforçadores materiais, incluindo comestíveis e outros brindes,
identificados pelo experimentador, como veremos a seguir, e
3) tela escura com duração de dois segundos.
Contingências de obtenção de consequências do tipo 1
A apresentação de estrelas coloridas com som, própria do programa
computacional empregado, era produzida pelo participante em sessões
24
programadas para treinar os estímulos envolvidos no procedimento experimental
desse estudo. Esse tipo de consequência seguia todas as respostas de escolha do
estímulo de comparação correto, exceto em tentativas sem conseqüências
diferenciais, que eram feitas em sessões de teste de equivalência de estímulos e em
sessões de teste das relações de controle estabelecidas na linha de base.
Contingências de obtenção de consequências do tipo 2
Para a obtenção dos estímulos mencionados no item 2 logo acima, e que
poderiam ter valor reforçador para os participantes, o experimentador fazia
levantamentos constantes ao longo da coleta de dados, para descobrir quais
estímulos seriam, possivelmente, mais reforçadores para os comportamentos dos
participantes. Inicialmente, as professoras dos participantes foram questionadas a
esse respeito. A partir do relato delas, a experimentadora programou um material em
que fotografias desses estímulos ficavam dispostas. Em seguida, esse material era
levado para a escola e era solicitado aos participantes que apontassem quais
estímulos, dentre aqueles dispostos, eram os seus preferidos. Além disso, o
experimentador conversava com os participantes e solicitava a descrição deles
sobre possíveis presentes que eles gostariam de ganhar e, ainda, se havia
preferência desses presentes com relação àqueles disponíveis nas fotos. Tudo isso
era anotado pelo experimentador.
Os reforçadores incluíam desde estímulos comestíveis até outros presentes
selecionados pelos participantes, tais como maquiagem, acessórios de times de
futebol, dentre outros.
Os presentes eram dados de forma contingente à emissão dos
comportamentos dos participantes. Para isso, a experimentadora esclarecia
verbalmente quais comportamentos dos participantes eram necessários para obtê-
los. Além disso a experimentadora era consistente em consequenciar os
comportamentos dos participantes, de acordo com as regras previamente descritas
por ela. Vale ressaltar que as regras dadas aos indivíduos do estudo, poderiam ser
informadas a cada sessão feita ou quantas vezes se julgasse necessário, tendo em
vista que os participantes poderiam apresentar falta de esclarecimento das
contingências em vigor.
25
Vale ressaltar que havia diferenças na entrega de presentes com relação às
sessões feitas com e sem consequências diferenciais.
Blocos de tentativas com consequências diferenciais:
a. Consequenciação comestível durante a sessão:
- cada tentativa correta da sessão feita, resultava em um ponto, e esses
pontos eram trocados por reforçadores comestíveis em um esquema de
reforçamento intermitente do tipo razão variável (VR), com média de 5 acertos.
b. Consequenciação após sessão feita:
- a somatória de pontos de cada sessão feita (por exemplo, uma sessão com
32 tentativas gerava no máximo, 32 pontos) poderia ser acumulada, de forma que
várias sessões aumentavam o número de pontos obtidos. Essa soma poderia gerar
até três diferentes presentes, cujo valor em pontos seguia a ordem do menos
preferido, com menor número de pontos, ao mais pretendido, com maior número de
pontos.
Assim, por exemplo, se o participante tivesse pontuação entre 26 a 32, ele
poderia ganhar um adesivo do seu time de futebol. Se fizesse entre 33 a 45 pontos,
poderia ganhar uma caneta e chaveiro do seu time; de 46 a 55 pontos, poderia
ganhar uma camiseta do time. Era possível, portanto, que o participante escolhesse
dentre 3 presentes. Para obter os presentes mais reforçadores era necessário
acumular pontos em duas ou mais sessões.
O objetivo desse esquema de consequenciação era que o participante
pudesse acumular diferentes reforçadores por ele anteriormente descritos, de forma
que pudesse ganhar vários deles, e assim, a variável motivacional era
constantemente avaliada e manipulada para que o participante pudesse manter seu
interesse em participar da pesquisa.
Sessões sem consequências diferenciais:
Nas sessões de teste de verificação das relações de controle de estímulos de
linha de base, sessões de revisão de linha base e teste de relações emergentes que
não tinham consequências diferenciais que sinalizasse erro ou acerto nas tentativas,
o participante recebia um presente não comestível e avaliado como tendo alto valor
reforçador previamente, ao término da sessão.
26
Contingências de obtenção de consequências do tipo 3:
Uma tela escura com duração de dois segundos seguia todas as tentativas
em que o participante errasse em suas escolhas, exceto em tentativas sem
conseqüências diferenciais.
2.6 Procedimentos Experimentais
2.6.1 Tipos de Estímulos
Os estímulos experimentais foram figuras de contorno preto sobre fundo
branco, nas dimensões aproximadas de 5cm
2
. Tais estímulos serão designados
alfanumericamente ao longo desse texto (por exemplo, A1, B1, C2, D1, etc). Foram
empregadas figuras familiares e figuras sem sentido para a maioria das pessoas da
comunidade verbal pertencente ao estudo.
A Figura 2 ilustra alguns dos estímulos usados no experimento.
2.6.2 Tipos de Tentativas
O procedimento consistiu em tarefas de escolha de acordo com o modelo
simultâneo (matching-to-sample simultâneo ou, simplesmente, MTS). Procurando
evitar o excesso de repetição no texto utilizaremos, para designação de “tarefas de
escolha de acordo com o modelo”, somente a sigla MTS. Nesse tipo de tarefa, a
tentativa se iniciava com a exibição do estímulo modelo no centro da tela. Quando o
27
estímulo era clicado, apareciam outros dois estímulos nas janelas periféricas da tela,
sendo que apenas um dos dois estímulos laterais era considerado correto para
determinado estímulo modelo. O estímulo modelo permanecia no centro da tela,
concomitantemente à apresentação dos estímulos de comparação. Esse tipo de
tentativa é geralmente designado como “matching simultâneo”, e seu objetivo é
ensinar ao participante a tarefa de que perante um estímulo modelo (ou condicional)
e dois estímulos de comparação, apenas um dos dois comparações presentes, é o
estímulo correto para o dado modelo, de acordo com a definição dada pelo
experimentador. Acrescentamos ainda que o estímulo de comparação ou de
escolha definido como correto para determinado estímulo modelo era aquele com a
mesma designação numérica. Por exemplo, B1 seria o correto para A1, ao invés de
B2, exibido simultaneamente. Em algumas fases do pré-treino (descrito
posteriormente), foram apresentadas tentativas em que era apresentado apenas um
estímulo em uma das janelas laterais, e o participante deveria clicar o mouse sobre
ele. Após um bloco de tais tentativas, era introduzido o estímulo modelo na janela
central, e o participante deveria clicar sobre ele, para produzir um único estímulo
apresentado em uma das janelas laterais, e ao clicar sobre este estímulo o
participante produzia as conseqüências diferenciais. Após um bloco destas
tentativas, era introduzido o segundo estímulo de comparação.
MTS com conseqüências diferenciais:
Nesse tipo de tentativa, quando o participante clicava sobre o estímulo de
comparação designado como correto, era apresentada conseqüência do tipo 1. A
conseqüência programada para respostas de clicar sobre o estímulo designado
como incorreto era a do tipo 3.
MTS sem conseqüências diferenciais:
Para este tipo de tentativa, não foram programadas conseqüências
diferenciais para as respostas dos participantes.
MTS com fading in de máscara e conseqüências diferenciais:
Neste tipo de tentativa, um dos dois estímulos laterais aparecia inicialmente
com uma pequena mancha cinza. Em diferentes tentativas, ora a mancha encobria o
28
estímulo correto, ora o incorreto, de forma que os dois estímulos de comparação
eram encobertos quase aleatoriamente ao longo das tentativas. Essa mancha cobria
apenas parcialmente o estímulo que permanecia, portanto, visível. No decorrer da
sessão, a mancha cinza aumentava gradativamente de tamanho até que passava a
cobrir totalmente um dos estímulos de comparação. Então, a cada resposta de
escolha ao modelo, os dois estímulos de comparação apareciam alternadamente
com a mancha que passava daí em diante a ser acompanhada por uma pequena
máscara preta. A máscara encobria o estímulo parcialmente no início de sua
utilização no procedimento. A máscara aumentava gradativamente ao longo das
tentativas, até que se tornava uma scara ocultando completamente o estímulo
comparação. Finalmente, ao clicar sobre o estímulo modelo, apareciam um estímulo
comparação em forma bidimensional e uma máscara completamente preta- cobrindo
ora o estímulo de comparação definido como correto, ora o incorreto.
A Figura 3 ilustra parte do procedimento de fading in da máscara.
O processo total de fading in da máscara contempla várias tentativas até que
a máscara passe a ficar disposta em sua forma completa. No entanto, a Figura 3
não demonstra o processo completo de fading in, pois apresenta apenas três passos
dentre todos, mas tal Figura possibilita visualizar parte do processo de fading. Vale
ressaltar que a Figura mostra apenas o estímulo de comparação encoberto, mas as
tentativas possuem sempre o estímulo modelo, o estímulo de comparação que não
apresenta máscara e o estímulo de comparação encoberto pela máscara.
29
MTS com máscara e conseqüências diferenciais:
Neste tipo de tentativa, a máscara era apresentada em sua forma completa,
desde o início. O participante deveria clicar sobre um dos estímulos de comparação,
máscara ou figura, para dar prosseguimento à tentativa. Respostas de clicar sobre o
estímulo designado como incorreto geravam a conseqüência diferencial do tipo 3,
antes do prosseguimento da sessão.
MTS sem máscara, com conseqüências diferenciais e com dica atrasada:
Esse tipo de tentativa se caracterizou pela utilização da variável temporal para
o ensino da habilidade requerida, para alguns participantes que não conseguiam
compreender a tarefa de MTS simultâneo. No procedimento de dica atrasada
(Touchete, 1971), um estímulo modelo era apresentado e o estímulo de comparação
correto aparecia após o participante clicar sobre o modelo, mas o outro estímulo de
comparação (incorreto) aparecia inicialmente por um período de tempo muito curto e
então desaparecia. À medida que o indivíduo emitisse respostas corretas ao
estímulo de comparação, o intervalo de tempo ía se modificando de uma tentativa a
outra (ao longo de 16 tentativas) de forma que a apresentação do estímulo de
comparação incorreto aumentava de duração a cada resposta correta ou diminuía
após cada erro, até o estímulo de comparação incorreto ficar, assim como o correto,
disposto até o participante emitir a resposta de escolha.
2.6.3 Instruções dadas aos participantes
Os participantes, como explicitado anteriormente, não apresentavam um
repertório verbal muito elaborado. Porém, podiam entender as instruções em
linguagem simples e acessível, fornecidas pela experimentadora. Geralmente, as
instruções foram:
Para início de sessão de treino: “Você vai participar de um jogo no computador. Se
você acertar, estrelas e uma música aparecerão no computador. Se você errar, a
tela ficará preta.”
Para inicio de sessão de teste: “Agora, o computador não vai mais dizer se você
está certo ou se está errado. Sendo assim, as estrelas e a música não aparecerão
30
no computador nessa sessão. Mas, se você fizer a sessão até o fim, ganhará o
presente que havia escolhido antes da sessão começar”.
Para interrupção da sessão, caso o participante sentisse desconforto ou ocorresse
qualquer outro problema com o mesmo: “Caso você se sinta mal, cansado, ou com
vontade de encerrar a sessão, me diga, que então nós paramos, certo? Não quero
que você jogue, caso tenha algum problema acontecendo com você”.
Para combinar o acesso dos participantes aos presentes (estímulos reforçadores):
“Cada tentativa que você acertar no jogo, se tornará 1 ponto, e o total de pontos
somados ao final da sessão, poderá ser trocado por presentes que você já escolheu.
Quanto mais pontos você fizer no total, melhor será o seu presente”.
2.6.4 Delineamento Experimental
A seguir, veremos a seqüência das fases experimentais do estudo, que se
constituíram de sessões, por sua vez, compostas por blocos de tentativas dos tipos
descritos nas seções precedentes.
Pré-treino:
Essa primeira fase teve como objetivo instalar o repertório básico para o
responder dos participantes, em tentativas de escolha de acordo com o modelo
(MTS), com e sem máscara. Para tanto, a seguinte seqüência foi executada:
O pré treino se iniciava com um bloco de 8 tentativas, envolvendo um estímulo
desconhecido (G1), que aparecia em apenas uma das quatro janelas laterais da tela
(não aparecia nunca na janela central). O critério, nesse caso, o simples responder
ao estímulo em oito tentativas, levaria ao fim da sessão.
Em seguida aparecia um bloco de tentativas que envolviam primeiramente um
estímulo desconhecido (G1), cuja função era servir de modelo para um outro
estímulo comparação também desconhecido (S1). Essa sessão foi programada para
que o participante aprendesse a clicar em um estímulo central para,
subseqüentemente, clicar no estímulo de comparação presente em uma das janelas
do canto da tela. O critério, nesse caso, o simples responder ao estímulo de
comparação após responder ao estímulo modelo, levaria ao fim da sessão.
31
Todas as tentativas subsequentes de pré treino foram arranjadas de maneira
que os estímulos de comparação que eram S
D
e S
para o modelo em questão, em
seguida tornavam-se, respectivamente, S
e S
D
para o outro modelo
subsequentemente apresentado
.
Então era disponibilizado um bloco de tentativas de discriminação condicional,
que envolviam primeiramente um estímulo conhecido (sol) cuja função era servir de
modelo para um dos dois estímulos de comparação conhecidos (lua e pêra). A
função deste bloco de tentativas era de que o participante aprendesse a selecionar
um estímulo de comparação específico (lua), dentre os dois comparações
disponíveis (lua e pêra). Logo em seguida havia um bloco de tentativas quase
aleatórias, e contrabalançadas em relação a estímulo e posição, de discriminação
condicional, em que dois estímulos conhecidos (sol e uva) serviriam como modelos
para dois estímulos de comparação conhecidos (lua e pêra). O objetivo era que o
participante aprendesse a selecionar um estímulo de comparação específico, dentre
as duas comparações disponíveis, perante dois estímulos modelo diferentes. Para
isso, o participante deveria escolher o estímulo de comparação lua para o modelo
sol, e o estímulo de comparação pêra para o modelo uva.
A etapa subsequente de pré treino era feita de forma que um estímulo
desconhecido (J1) serviria como modelo, para apresentação de dois estímulos de
comparação também desconhecidos (K1, K2), de modo que apenas um estímulo era
o correto para o modelo em questão e em seguida, um outro estímulo desconhecido
(J2) serviria como modelo, para apresentação de dois estímulos de comparação
também desconhecidos (K1, K2), de modo que apenas um estímulo era o correto
para o modelo em questão.
Em seguida havia um bloco de tentativas randômicas, mas contrabalançadas,
de MTS com fading in de scara e conseqüências diferenciais com os mesmos
estímulos modelo e comparações empregados nas tentativas imediatamente
anteriores (J1,J2, e K1,K2). Logo, aparecia um bloco de tentativas nuna sequência
quase aleatória e contrabalançada de MTS com a scara completa e com
conseqüências diferenciais, empregando os mesmos estímulos empregados no
fading in de máscara.
32
Em todas as sessões de pré-treino, respostas sobre o estímulo considerado
correto geravam conseqüências do tipo 1 para o participante, e respostas sobre o
estímulo considerado incorreto geravam conseqüências do tipo 3. É possível dizer
também que cada conseqüência diferencial (1 ou 3) foi contingente a cada resposta
emitida, na proporção um para um, cujo esquema de reforçamento é denominado
de reforçamento contínuo (CRF).
Critérios de aprendizagem nas sessões de pré treino:
O critério de aprendizagem de cada bloco de tentativas de pré-treino era a
ocorrência de, no máximo, um erro. Se o participante tivesse mais de um erro na
sessão, esse mesmo bloco era repetido, mas com uma sequência diferente de
tentativas. O número máximo de vezes que o mesmo bloco podia aparecer era igual
a três. Caso o participante não atingisse o critério de aprendizagem por três
repetições do bloco, a sessão era então encerrada. Contudo, se o participante
tivesse apenas um erro durante cada um dos tipos bloco em vigor, ele era submetido
aos blocos subseqüentes do pré-treino.
Pré-treino remediativo:
O objetivo do pré treino remediativo foi complementar, quando necessário, o
pré-treino padrão. Nesse sentido, foi necessário intervir com o pré treino remediativo
quando o pré treino padrão não foi suficiente para o estabelecimento do
desempenho necessário dos participantes em tarefas típicas de MTS (Cuming &
Berryman, 1965).
Essa seqüência foi programada para ensinar os indivíduos que não aprenderam
as respostas requeridas no pré-treino inicial.
A seguir, está descrita a seqüências de blocos do pré-treino remediativo:
Iniciava-se a partir de tentativas apresentando um estímulo conhecido (sol), em
uma das janelas laterais. Nesse caso, infere-se que o participante precisaria
discriminar o estímulo para clicá-lo, uma vez que ele aparecia em apenas uma das
quatro janelas laterais da tela (não aparecia nunca na janela central). O critério,
nesse caso, o simples responder ao estímulo, levaria ao fim da apresentação desse
bloco de tentativas.
33
Em seguida havia tentativas de tarefas de discriminação condicional sem
máscara e com conseqüências diferenciais, que envolviam primeiramente um
estímulo conhecido (sol), cuja função era servir de modelo para um outro estímulo
comparação também conhecido (lua). Essa sessão foi programada para que o
participante aprendesse a selecionar um estímulo de comparação perante um
estímulo modelo. O critério, nesse caso, o simples responder ao estímulo de
comparação perante o estímulo modelo, levaria ao fim da sessão.
As próximas tentativas envolviam o estímulo sol e dois estímulos de
comparação conhecidos (lua e pêra), ao invés de um único estímulo, como descrito
no passo imediatamente anterior. A função desse bloco era de que o participante
aprendesse a selecionar um estímulo de comparação específico (lua), dentre os dois
comparações disponíveis (lua e pêra) perante o estímulo modelo (sol).
Em seguida havia treino em que dois estímulos conhecidos (sol e uva)
ficavam disponíveis como modelos para dois estímulos de comparação (lua e pêra).
O objetivo era que o participante aprendesse a selecionar um estímulo de
comparação específico, dentre os dois comparações disponíveis, dependendo de
qual dos dois estímulos modelo diferentes estavam disponíveis. Para isso, o
participante deveria escolher o estímulo de comparação lua para o modelo sol, e o
estímulo de comparação pêra para o modelo uva. Esse bloco constou de 16
tentativas, nas quais foi utilizado o recurso de dica atrasada, descrito no item 2.6.2.
E então os estímulos desconhecidos (T1, T2) foram dispostos como modelos
perante estímulos também desconhecidos como estímulos de comparação (U1, U2)
e o ensino da máscara era introduzido com fading in e conseqüências diferenciais
com os mesmos estímulos modelo e comparações desconhecidos, anteriormente
descritos, e em seguida, havia o mesmo treino anterior, mas com a máscara
apresentada em sua forma completa, como estímulo de comparação.
Critérios de aprendizagem nas sessões de Pré-treino remediativo:
O critério de aprendizagem de cada bloco era a ocorrência de, no máximo,
um erro. Se o participante tivesse mais de um erro no bloco, esse mesmo bloco era
repetido, mas com diferente ordem de tentativas. O número ximo de vezes que o
34
mesmo bloco podia aparecer era igual a três. Caso o participante não atingisse o
critério de aprendizagem por três repetições do bloco, a sessão era então encerrada.
Treino experimental:
As sessões experimentais foram compostas por blocos de tentativas de MTS,
como as previamente descritas, em formato de treino e teste.
Blocos de treino foram arranjados conforme seqüências específicas de blocos
de tentativas envolvendo diferentes estímulos, com conseqüências diferenciais.
Blocos de teste, por outro lado, foram seqüências de tentativas em que não havia
conseqüências diferenciais, e foram de dois tipos, a saber, sondas de verificação
das relações de controle da linha de base e sondas de equivalência.
Após o pré treino feito por Caio, e pré treino inicial e remediativo feitos por
Ana, esses dois participantes passaram por blocos de “treino não nodular”, e em
seguida foram submetidos a blocos de verificação das relações de controle
estabelecidas na linha de base. Após essa verificação, havia “treino nodular” e por
fim, eram feitas sessões de sonda de equivalência.
A estrutura, ou seja, a quantidade de tentativas, sequência de apresentação
das tentativas e os critérios de aprendizagem exigidos ao longo do experimento,
serão descritos no item seguinte dessa seção.
Estrutura das sessões de treino:
As denominações atribuídas às relações treinadas nesse estudo foram: AB,
CD, EF, GH e XY, WZ, MN, PQ. A sequência de apresentação dos blocos de
tentativas dessas relações nos “treinos não nodulares” pode ser ilustrada no
exemplo do treino da relação AB, aonde, no primeiro bloco, o estímulo modelo A1
era apresentado 8 vezes seguidas perante os estímulos de comparação B1 e B2, e
em seguida o modelo A2 era apresentado em 8 tentativas sucessivas perante os
mesmos estímulos de comparação. No próximo bloco, o modelo A1 aparecia por 3
vezes seguidas perante tais estímulos de comparação, e o modelo A2 aparecia por
3 vezes seguidas perante as mesmas comparações. Esse esquema de 3 repetições
de aparição de cada modelo perante suas comparações se repetia mais uma vez,
totalizando 12 tentativas. Então, no próximo bloco, havia 16 tentativas em sequência
randômica, de apresentação dos modelos A1 e A2 perante as comparações B1 e
35
B2, com consequências diferenciais. No bloco seguinte eram disponibilizadas mais
16 tentativas em ordem randômica, sem consequências diferenciais, em que os
modelos A1 e A2 eram dispostos perante as comparações B1 e B2.
A partir daí eram inseridos 2 blocos de 16 tentativas randômicas de sonda de
verificação das relações de controle de linha de base. O primeiro desses blocos era
composto por tentativas, em sequência randômica, em que o estímulo modelo A1
ficava disponível perante o comparação correto B1, e um estímulo novo (N1), ou o
mesmo modelo A1 ficava disponível perante seu estímulo de comparação incorreto,
B2, e outro estímulo novo, N2. No segundo bloco destas sondas de verificação das
relações de controle da linha de base, o estímulo modelo A2, aparecia perante o
comparação correto B2, e um estímulo novo (N3), ou o mesmo modelo A2 ficava
disponível perante seu estímulo de comparação incorreto, B1, e outro estímulo novo,
N4 .
Essa mesma sequência do treino AB, seguida por sonda de verificação de
relações de controle na linha de base, era feita em seguida com as relações CD, EF
e GH para a participante Ana. Com relação ao participante Caio, houve uma única
diferença no treino de suas relações AB, CD, EF, GH com relação ao treino de Ana,
pois para ele foi inserido um bloco imediatamente antes da apresentação do bloco
em ordem randômica, com consequência diferencial, aonde houve apresentação de
um bloco de treino com 16 tentativas, com duas apresentações seguidas de cada
estímulo modelo perante os estímulos de comparação. Com exceção desse bloco
específico, todas as outras sequências de treino foram as mesmas para os dois
participantes.
É importante ressaltar que as denominações alfanuméricas atribuídas aos
estímulos foram arbitrárias, e poderiam ter sido adotadas nomeações distintas. Os
estímulos foram nomeados dentro de dois grupos, sendo um grupo, “AB, CD, EF,
GH” e um segundo grupo de estímulos, “XY, WZ, MN, PQ”. Dentro desses grupos de
estímulos, o treino se dava da seguinte forma:
No grupo “AB, CD, EF, GH”, treinava-se primeiramente a relação AB sem
máscara. Em seguida era treinada a relação CD com máscara. Depois a relação EF
era treinada sem máscara, e em seguida treinava-se a relação GH com uso de
máscara.
De modo análogo para o grupo de estímulos “XY, WZ, MN, PQ”, iniciava-se o treino
da relação XY sem máscara. Depois era treinada a relação WZ com máscara. Em
36
seguida treinava-se a relação MN sem máscara, e logo havia o treino da relação PQ
com máscara.
É possível notar as sequências de apresentação de blocos dos treinos não
nodulares” acima citados, nas Tabelas 1 e 2.
Tabela 1- Seqüência de “treino não nodular” programada para Ana nas relações
AB,CD, EF, GH e para Caio nas relações XY, WZ, MN, PQ.
1) BLOCO DE 8 (16 tentativas)
2) BLOCO DE 3 (12 tentativas)
3) BLOCO RANDÔMICO (16 tentativas)
4) BLOCO RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL (16 tentativas)
5) SONDA de verificação de linha de base (SEM
CONSEQUÊNCIA)- (16 tentativas)
6) SONDA de verificação de linha de base (SEM
CONSEQUÊNCIA)- (16 tentativas)
Tabela 2- Seqüência de “treino não nodular” programada para Caio nas relações
AB, CD, EF, GH
1) BLOCO DE 8 (16 tentativas)
2) BLOCO DE 3 (12 tentativas)
3) BLOCO DE 2 (16 tentativas)
4) BLOCO RANDÔMICO (16 tentativas)
5) BLOCO RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL (16 tentativas)
6) SONDA de verificação de linha de base (SEM
CONSEQUÊNCIA)- (16 tentativas)
7) SONDA de verificação de linha de base (SEM
CONSEQUÊNCIA)- (16 tentativas)
37
Após o “treino não nodular” e as sondas de verificação das relações de
controle de linha de base, foi feito o “treino nodular”.
Inicialmente, fez-se o treino nodular AB-EF, sem máscara. A relação AB foi
revisada em um bloco de 16 tentativas em sequência randômica, depois EF também
foi revisada em um bloco de 16 tentativas em ordem randômica. Em seguida foi
conduzido um bloco de 32 tentativas, agrupando AB e EF em ordem randômica. O
bloco seguinte apresentava uma nova relação, BE, que foi ensinada com o mesmo
procedimento usado para ensinar as relações no treino não nodular, esquematizado
na Tabela 1. No bloco seguinte, as relações AB, EF, BE eram revisadas
randomicamente em 24 tentativas com consequência diferencial. No bloco seguinte
essas mesmas relações eram revisadas em sequência randômica de 24 tentativas,
sem conseqüência diferencial. Em seguida, eram feitas duas sessões de sonda das
relações equivalentes EA. Cada sessão era composta por 32 tentativas sem
consequência diferencial, com 16 tentativas de revisão das relações treinadas na
linha de base (AB, EF, BE) e 16 tentativas da nova relação, EA. Todas essas
relações eram apresentadas em ordem randômica e as relações de revisão de linha
de base eram misturadas com as relações de equivalência.
Em seguida, foi feito de modo semelhante, duas sessões de sonda da relação
de equivalência FA.
A seqüência dos blocos que compuseram o treino nodular está descrita na
Tabela 3.
38
Tabela 3- Seqüência de “treino nodular” AB-EF e CD-GH.
1) AB RANDÔMICO (16 tentativas)
2) EF RANDÔMICO (16 tentativas)
3) AB+EF RANDÔMICO (32 tentativas)
4) BE BLOCO DE 8 (16 tentativas)
5) BE BLOCO DE 3 (12 tentativas)
6) BE BLOCO RANDÔMICO (16 tentativas)
7) BE BLOCO RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL (16 tentativas)
8) AB+EF+BE RANDÔMICO ( 24 tentativas)
9) AB+EF+BE BLOCO RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL (24 tentativas)
10) SONDA EA (32 tentativas)
11) SONDA EA (32 tentativas)
12) SONDA FA (32 tentativas)
13) SONDA FA (32 tentativas)
Posteriormente, houve, de modo análogo, o treino nodular CD-GH, com
máscara, seguido de sondas de equivalência GC e HC.
Para o participante Caio, foi feito o treino do grupo de estímulos “XY, WZ, MN,
PQ” de forma similar a todas as etapas de treino que foram feitas para o grupo de
estímulos “AB, CD, EF, GH”, ou seja, foi feito treino não nodular, em seguida foram
feitas sondas de verificação das relações de controle de linha de base. Logo eram
treinadas relações nodulares e por último eram feitas sondas de equivalência para
as relações “XY, WZ, MN, PQ”.
É possível ilustrar o treino experimental anteriormente descrito, em detalhes
de sequências, fases experimentais e relações condicionais utilizadas através das
Tabelas 4 e 5.
39
Tabela 4- Sequência de fases de treinos e testes e relações condicionais
AB, CD, EF, GH utilizadas no estudo
SEQUÊNCIA
FASES
RELAÇÕES
CONDICIONAIS
QUANTIDADE
TOTAL DE
TENTATIVAS
1
2
TREINO não
nodular
SONDA de linha
de base
AB
AB
60
32
1
2
TREINO não
nodular
SONDA de linha
de base
CD
CD
60
32
1
2
TREINO não
nodular
SONDA de linha
de base
EF
EF
60
32
1
2
TREINO não
nodular
SONDA de linha
de base
GH
GH
60
32
3
TREINO nodular
AB
EF
AB+EF
BE
AB+EF+BE
16
16
32
60
48
4
SONDA DE
EQUIVALÊNCIA
EA
EA
FA
FA
32
32
32
32
3
TREINO nodular
CD
GH
CD+GH
DG
CD+GH+DG
16
16
32
60
48
4
SONDA DE
EQUIVALÊNCIA
GC
GC
HC
HC
32
32
32
32
40
Tabela 5- Sequência de fases de treinos e testes e relações condicionais
XY,WZ,MN,PQ utizadas no estudo
SEQUÊNCIA
FASES
RELAÇÕES
CONDICIONAIS
QUANTIDADE
TOTAL DE
TENTATIVAS
1
2
TREINO não
nodular
SONDA de linha de
base
XY
XY
60
32
1
2
TREINO não
nodular
SONDA de linha de
base
WZ
WZ
60
32
1
2
TREINO não
nodular
SONDA de linha de
base
MN
MN
60
32
1
2
TREINO não
nodular
SONDA de linha de
base
PQ
PQ
60
32
3
TREINO nodular
XY
MN
XY+MN
YM
XY+MN+YM
16
16
32
60
48
4
SONDA DE
EQUIVALÊNCIA
MX
MX
NX
NX
32
32
32
32
3
TREINO nodular
WZ
PQ
WZ+PQ
ZP
WZ+PQ+ZP
16
16
32
60
48
4
SONDA DE
EQUIVALÊNCIA
PW
PW
QW
QW
32
32
32
32
41
Adicionalmente, com o objetivo de esclarecer um pouco mais a estrutura de
treino e teste empregada no estudo, apresentamos na Figura 4, um esquema geral
de todas as relações envolvidas:
Figura 4. A figura representa a estrutura de treino e teste de equivalência das
classes de estímulos. As letras indicam conjuntos de estímulos. Por exemplo, A
representa o conjunto formado por A1 e A2. As setas indicam a direção de treino
(setas cheias) ou teste (setas tracejadas), apontando do estímulo modelo (estímulo
condicional) ao estímulo comparação (estímulo discriminativo). Por exemplo, a seta
entre X e Y indica a relação de treino X1Y1 e X2Y2. A numeração indica a ordem de
treino ou teste das relações e, por fim, o quadrado tracejado representa as
estruturas de treino que empregaram a máscara como um dos estímulos
comparação (ex. treino W1Z1 e W2Z2).
Critérios para mudança de seqüências de blocos de tentativas experimentais ou
para suspensão da sessão:
42
A passagem de um bloco de tentativas a outro, dentro de um mesmo tipo de
sessão, deu-se segundo critérios estipulados previamente à experimentação, como
foi dito. Considerou-se que no máximo um erro seria tolerado para passagem a
um bloco seguinte. Caso contrário, o bloco seria repetido (com arranjo diferente de
tentativas), no máximo por duas vezes. Se o participante não alcançasse o critério
nesses três blocos consecutivos, (duas repetições do mesmo bloco), retornaria para
o bloco anterior.
Ilustrando, se Caio, por exemplo, não alcançasse o critério no primeiro bloco
do treino não nodular envolvendo a relação A1B1, teria mais um bloco de 8
tentativas de A1B1. Se, ainda assim, não alcançasse o critério, faria mais um bloco
de 8 tentativas de A1B1. Finalmente, se após essas duas repetições do bloco de 8
tentativas de A1B1, não alcançasse o critério, retornaria para o bloco anterior. Casos
excepcionais, em que não havia bloco anterior, levavam à interrupção da sessão,
para repetição subseqüente. Se, mesmo após uma repetição da sessão, o critério
não fosse alcançado, o participante retornaria para a sessão anterior.
As sessões de teste de verificação das relações de linha de base e das
relações emergentes não tinham critério de acerto, e eram realizadas duas vezes,
com arranjo diferente de seqüência de tentativas, afim de se ter dados mais
fidedignos do comportamento do participante.
As sessões eram suspensas quando o participante demonstrava desconforto,
ou não respondia nas tentativas, distraindo-se com qualquer outra coisa, diferente
do procedimento. Nesses casos, a experimentadora instruía, com frases do tipo:
“ Caio, você quer continuar a sessão depois?”
Sessões experimentais:
A seguir segue a apresentação da seqüência das sessões experimentais
pelas quais passaram ambos os participantes, Caio e Ana. Sessões de treino
incluíram tentativas com consequências diferenciais, como vimos. Por outro lado,
sessões de teste não apresentaram conseqüências diferenciais em nenhuma
tentativa.
1) Treino MTS sem máscara e relações A1B1 e A2B2;
2) Teste MTS sem scara e sem conseqüências diferenciais, com as
relações A1B1, A2B2;
43
3) Treino MTS com máscara e relações C1D1 e C2D2;
4) Teste MTS sem scara e sem conseqüências diferenciais, com as
relações C1D1, C2D2;
5) Treino MTS sem máscara e relações E1F1 e E2F2;
6) Teste MTS sem scara e sem conseqüências diferenciais, com as
relações E1F1, E2F2;
7) Treino MTS com máscara e relações G1H1 e G2H2;
8) Teste MTS sem scara e sem conseqüências diferenciais, com as
relações G1H1 e G2H2;
9) Treino MTS sem máscara, com e sem conseqüências diferenciais e
relações A1B1, A2B2, E1F1, E2F2, B1E1, B2E2;
10) Teste MTS sem máscara e sem conseqüências diferenciais, com as
relações A1B1, A2B2, E1F1, E2F2, B1E1, B2E2;
11) Treino MTS com máscara, com e sem conseqüências diferenciais e
relações C1D1, C2D2, G1H1, G2H2, D1G1, D2G2;
12) Teste MTS com e sem máscara, e sem conseqüências diferenciais, com
as relações C1D1, C2D2, G1H1, G2H2, D1G1, D2G2;
13) Treino MTS sem máscara e relações X1Y1 e X2Y2;
14) Teste MTS sem máscara e sem conseqüências diferenciais, com as
relações X1Y1, X2Y2;
15) Treino MTS com máscara e relações W1Z1 e W2Z2;
16) Teste MTS sem máscara e sem conseqüências diferenciais, com as
relações W1Z1, W2Z2;
17) Treino MTS sem máscara e relações M1N1 e M2N2;
18) Teste MTS sem máscara e sem conseqüências diferenciais, e relações
M1N1 e M2N2;
19) Treino MTS com máscara e relações P1Q1 e P2Q2;
20) Teste MTS sem máscara e sem conseqüências diferenciais, e relações
P1Q1 e P2Q2;
21) Treino MTS sem máscara, com e sem conseqüências diferenciais e
relações X1Y1, X2Y2, M1N1, M2N2, Y1M1, Y2M2;
22) Teste MTS sem máscara, sem conseqüências diferenciais e relações
X1Y1, X2Y2, M1N1, M2N2, Y1M1, Y2M2;
44
23) Treino MTS com máscara, com e sem conseqüências diferenciais e
relações W1Z1, W2Z2, P1Q1, P2Q2, Z1P1, Z2P2;
24) Teste MTS com e sem scara, sem conseqüências diferenciais e
relações W1Z1, W2Z2, P1Q1, P2Q2, P1Z1, P2Z2.
É importante ressaltar que no treino 7 da relação GH (com máscara), a
participante Ana não aprendeu a escolher o estímulo de comparação correto para o
modelo em questão, e então foi preciso estabelecer um procedimento adicional
dessa relação para que a participante pudesse adquirir o repertório necessário
nessa etapa do experimento. Para isso, foi introduzida uma alternativa de ensino da
máscara, em que ela era colocada inicialmente em poucas tentativas, sempre com
os mesmos estímulos de comparação (H1 e H2) e em seguida era colocada em
forma crescente de aparição, ou seja, aparecia progressivamente em mais
tentativas. Para isso foi feita a seguinte estrutura de treino dos estímulos:
- Dentro de um bloco de vinte tentativas, sendo dez tentativas com cada
modelo, inicialmente o modelo G1 aparecia com os comparações H1 e H2 durante
quatro vezes seguidas e a máscara era colocada sobre um desses dois
comparações, por uma vez. Assim a seqüência era de 4 tentativas sem máscara e
uma com máscara até a vigésima tentativa.
-Dentro de um bloco de doze tentativas, havia três tentativas com máscara e
uma sem, até a décima segunda tentativa.
- Bloco com máscara em todas as tentativas era reintroduzido.
À partir daí a relação GH era novamente treinada seguindo a seqüência que
foi mostrada na Tabela 1.
45
2. RESULTADOS
3.1 Pré-treino
Cinco participantes fizeram parte do pré-treino, mas nem todos prosseguiram
no estudo. Dois deles, Ana e Caio, passaram por essa fase e prosseguiram na
execução dos treinos experimentais. Os outros três participantes, Beto, Kátia e Vera,
foram submetidos ao pré-treino e não continuaram no estudo.
Kátia e Vera emitiram comportamento consistente com o controle de
estímulos almejado pelo experimentador no início do ensino das discriminações
condicionais com um estímulo modelo e dois estímulos de comparação, tanto com
estímulos modelo e estímulos comparações conhecidos, quanto com estímulos
desconhecidos. Mas ambas as participantes erraram com alta incidência quando
havia dois estímulos modelo, ao invés de 1 apenas, e dois estímulos de comparação
disponíveis.
A partir desses resultados, estabeleceu-se um pré-treino remediativo para que
elas pudessem aprender a tarefa de resposta discriminativa sucessiva aos dois
modelos. Tal pré-treino, como foi descrito na seção Método, utilizou o recurso “dica
atrasada” (Touchette, 1971). No entanto, o pré-treino remediativo também não foi
suficiente para que Kátia e Vera pudessem aprender as respostas requeridas, pois a
proporção de erros delas ainda foi muito alta. Elas erraram consistentemente a
tarefa de escolha de um estímulo de comparação correto, dentre os dois
apresentados, perante um estímulo modelo, dentre os dois disponíveis. Isso significa
que as duas participantes tinham dificuldades na aprendizagem de discriminação
simultânea entre os estímulos de comparação, e de discriminação sucessiva entre
os estímulos modelo, mesmo quando o recurso de dica atrasada, cuja função foi
facilitar o ensino dessas discriminações, foi utilizado.
Quanto ao participante Beto, quando foi exposto às tarefas de discriminação
com um estímulo modelo e dois estímulos de comparação, teve índice de acertos de
100%, e quando submetido à tarefa MTS composta por dois estímulos modelo e dois
estímulos de comparação, também acertou em 100% das tentativas, diferentemente
de Kátia e Vera. Subsequentemente quando foi exposto ao MTS com fading in de
máscara, ele respondeu corretamente, mas a partir do momento em que a máscara
foi introduzida em sua forma completa, ele passou a errar, tendo desempenho de
46
41,6%. Por isso, foi executado um pré-treino remediativo, afim de treinar os
repertórios exigidos nessa condição do experimento, que foi a condição
especificamente relacionada à escolha da máscara como estímulo de comparação,
já que ele apresentou distribuição de escolhas inconsistentes ou instáveis com
relação à máscara no primeiro pré-treino.
No pré treino remediativo, Beto acertou 93,75% em média em todas as
etapas, acertando consistentemente inclusive, no fading in de máscara e uso da
máscara em sua forma completa. Dessa forma, ele pareceu apto a prosseguir no
experimento. No entanto, a partir desse momento ele começou a ter problemas
cardíacos e foi submetido a tratamento médico. Por essa razão, Beto ausentou-se
da escola e deixou de participar do estudo.
Em suma, os participantes que fizeram o pré-treino e prosseguiram em todas
as demais condições experimentais, foram apenas Ana e Caio.
A participante Ana fez o pré-treino remediativo, e apresentou erros
semelhantes aos de Beto, pois suas dificuldades estavam relacionadas às tarefas de
MTS com uso de máscara, já que tinha índice médio de 41,7% de acertos nesse tipo
de tentativa. Por essa razão, Ana também passou pelo pré-treino remediativo. Nessa
parte do procedimento, ela obteve proporção de acerto de 100%. Após essa etapa,
ela passou para as sessões experimentais descritas no Método.
Com relação a Caio, vale ressaltar que ele foi o único participante que não
passou pelo pré-treino remediativo, pois acertou consistentemente todas as sessões
do pré-treino inicial, exibindo um repertório consistente de respostas de escolha em
tarefas de MTS. Esse participante prosseguiu, portanto, assim como Ana, para as
fases subseqüentes do estudo.
O desempenho de todos participantes acima citados está representado na
Figura 5, que mostra a porcentagem média de acertos em todas as sessões do pré-
treino inicial e do pré-treino remediativo.
47
Figura 5: A figura apresenta o percentual de acertos de todos os participantes
nas sessões de pré-treino (barras mais claras) e de pré-treino remediativo (barras
mais escuras). Como explicitado no texto, o participante Caio não precisou de pré-
treino remediativo, razão pela qual não se apresenta o dado correspondente.
A Figura 5 mostra que apenas Ana, Caio e Beto tiveram desempenho
satisfatório para dar prosseguimento ao experimento, já que as demais participantes
apresentavam muitos erros, e não demonstraram, portanto, um repertório suficiente
de escolha em tarefas MTS com dois estímulos modelo e dois estímulos de
comparação para participarem das sessões subsequentes.
3.2 Sessões Experimentais
Participante Ana
Ana passou por treinos das relações AB/CD/EF/GH.
As relações AB e EF foram treinadas sem máscara, e as relações CD e GH,
com máscara. Inicialmente, essas relações tiveram esquema de treino “não nodular”.
No treino “não nodular” sem máscara nas relações A1B1 e A2B2, Ana
apresentou índice de acerto de 100% em todas as seqüências de blocos de treino.
Nas sondas de verificação das relações de controle na linha de base, ela também
teve 100% de acerto.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Katia
Beto
Viviane
Ana
Caio
Pré treino
P. treino remediativo
Porcentagem de acerto
Participantes
48
No treino “não nodular” com máscara das relações C1D1 e C2D2, ela
apresentou erros na escolha da máscara como estímulo de comparação, apenas
inicialmente. Seu desempenho teve o seguinte padrão de respostas: quando a
máscara foi apresentada mediante 8 apresentações seguidas de cada modelo, ela
apresentou 100% de acerto, mas quando a seqüência caiu de 8 para 3 modelos
sucessivamente apresentados, ela teve alguns erros. Pelos critérios programados
para submissão às tentativas, o indivíduo poderia ter apenas um erro, caso contrário
o bloco anterior era novamente disponibilizado e o sujeito teria de responder a ele
novamente. Assim segundo esses critérios, Ana passou pelo bloco de 3 tentativas
seguidas de cada modelo novamente, e nessa reapresentação do bloco, ela
aumentou a freqüência de acertos, passando assim para as demais sequências
previstas (ver Tabela 6).
Nas sondas de verificação das relações de controle na linha de base das
relações C1D1, C2D2, ela teve 2 erros na primeira apresentação, mas na segunda,
teve 100% de acerto, mostrando escolhas de seleção do estímulo correto e rejeição
do estímulo incorreto.
No treino “não nodular” sem máscara nas relações E1F1 e E2F2 ela teve alta
taxa de acertos, tendo unicamente 1 erro na quarta sessão de treino, atingindo os
critérios de aprendizagem esperados em cada bloco de tentativas. Nas sondas de
verificação das relações de controle na linha de base das relações EF, ela teve
100% de acerto (ver Tabela 6).
A Tabela 6 mostra os resultados de Ana, sessão a sessão, nos treinos “não
nodulares” AB, CD e EF.
49
Tabela 6: Desempenho de Ana nos treinos das relações AB, EF sem máscara e CD
com máscara.
CONDIÇÃO
EXPERIMENTAL
BLOCO DE TENTATIVAS
DE
ACERTOS
%
1-Treino AB sem
máscara
8 consecutivas com cada modelo
16/16
100
3 consecutivas com cada modelo
12/12
100
Randômico
16/16
100
Randômico sem conseqüência
16/16
100
Sonda de
verificação AB
-
16/16
100
Sonda de
verificação AB
-
16/16
100
2-Treino CD com
máscara
8 consecutivas com cada modelo
16/16
100
3 consecutivas com cada modelo
9/12
75
3 consecutivas com cada modelo
11/12
91,6
Randômico
16/16
100
Randômico sem conseqüência
16/16
100
Sonda de
verificação CD
-
14/16
87,5
Sonda de
verificação CD
-
16/16
100
3-Treino EF sem
máscara
8 consecutivas com cada modelo
16/16
100
3 consecutivas com cada modelo
12/12
100
Randômico
16/16
100
Randômico sem conseqüência
15/16
93,75
Sonda de
verificação EF
-
16/16
100
Sonda de
verificação EF
-
16/16
100
50
Essa Tabela descreve o desempenho da participante nos treinos e sondas de
verificação de linha de base, aonde é possível notar o número de acertos da
participante, dentre o total de tentativas por sessão, e o quanto esses acertos
equivalem em porcentagem.
No treino “não nodular” com máscara das relações G1H1 e G2H2, Ana
apresentou erros desde o primeiro bloco de treino. O bloco foi reapresentado por 2
vezes em uma sessão e mais 2 vezes em outra sessão, feitas no mesmo dia. Em
todos os blocos, ela errou de forma progressiva. Vale ressaltar que ela escolheu
repetir essas sessões mesmo cometendo erros, pois a própria participante insistia
que teria bom desempenho, e que isso possibilitaria que ela tivesse acesso ao
estímulo reforçador que ela havia escolhido antes da sessão (ela ganharia o
presente somente se tivesse alto índice de acertos na sessão e isso foi previamente
acordado com ela, conforme descrito na seção Método).
Os resultados apresentados perante o treino da relação GH estão
apresentados na Tabela 7.
Tabela 7: Desempenho de Ana na primeira apresentação de treino da relação GH
com máscara
CONDIÇÃO
EXPERIMENTAL
BLOCO DE TENTATIVAS
DE
ACERTOS
%
Treino GH com
máscara
8 consecutivas com cada modelo
12/16
75
8 consecutivas com cada modelo
10/16
62,5
8 consecutivas com cada modelo
9/16
56,25
8 consecutivas com cada modelo
7/16
43,75
À partir do desempenho desta participante no Treino MTS com máscara e
relações G1H1 e G2H2, que pôde ser observado na Tabela 7, foi inserido um
procedimento adicional para possível ensino da utilização da máscara. Esse
procedimento consistiu na inserção da máscara inicialmente em poucas tentativas,
sempre com os mesmos estímulos (G1H1, G2H2), e em seguida a scara foi
colocada em mais tentativas, até que aparecesse em todas as tentativas
apresentadas. A seqüência utilizada em tal procedimento se encontra disponível na
seção Método.
51
Foi possível notar que, a partir da introdução do procedimento adicional, a
participante passou a acertar consistentemente, atingindo todos os critérios de
aprendizagem exigidos.
Após o uso do procedimento adicional, a estrutura das sessões originalmente
programadas para a relação GH, foi novamente inserida, e a participante respondeu,
apresentando alto índice de acerto (ver tabela 8). Na sonda de verificação das
relações de controle da linha de base dessa relação, ela apresentou 100% de
acerto.
Tabela 8: Desempenho de Ana na segunda apresentação de treino da relação GH
com máscara
Treino GH com
procedim. Adicional
4 tentativas sem máscara e
uma com máscara
20/20
100
Treino GH com
procedim. Adicional
2 tentativas sem máscara e
uma com máscara (4 vezes
consecutivas)
12/12
100
Treino GH com
máscara
8 consecutivas com cada
modelo
15/16
93,75
3 consecutivas com cada
modelo
12/12
100
Randômico
15/16
93,75
Randômico sem
conseqüência
16/16
100
Sonda de
verificação GH
-
16/16
100
Sonda de
verificação GH
-
16/16
100
Os resultados dela no treino da relação GH com máscara apontado na Tabela
8, após treino adicional da máscara, mostraram índice de acerto esperado no
experimento e as sondas de verificação das relações de controle de linha de base,
na relação GH, mostraram que as topografias de controle de estímulos programadas
(seleção e rejeição) foram alcançadas.
52
Como foi programado no experimento, após os treinos “não nodulares” de
cada uma das relações (AB, CD, EF, GH) e após as sondas das relações de
controle de estímulos estabelecidas na linha de base, foram aplicados treinos de
relações nodulares.
Inicialmente, Ana passou pelo treino nodular sem máscara, com e sem
conseqüências diferenciais das relações A1B1, A2B2, E1F1, E2F2, B1F1 e B2F2,
atingindo índices de acerto estipulados no experimento. Nas sondas de equivalência
EA e FA ela apresentou 100% de acerto também. É possível observar o
desempenho passo a passo dessas relações acima descritas na Tabela 9.
Tabela 9: Resultados da participante Ana nas discriminações condicionais
nodulares SEM USO DE MÁSCARA ABEF e sondas de equivalência
CONDIÇÃO
EXPERIMENTAL
BLOCO DE TENTATIVAS
Nº DE
ACERTOS
%
AB
RANDÔMICO
16/16
100
EF
RANDÔMICO
15/16
93,75
AB+EF
RANDÔMICO
16/16
100
BE
8 consecutivas com cada modelo
16/16
100
BE
3 consecutivas com cada modelo
12/12
100
BE
RANDÔMICO
16/16
100
BE
RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL
15/16
93,75
AB+EF+BE
RANDÔMICO
24/24
100
AB+EF+BE
RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL
24/24
100
Sonda EA
-
32/32
100
Sonda EA
-
32/32
100
Sonda FA
-
32/32
100
Sonda FA
-
32/32
100
Essa Tabela descreve o desempenho da participante nos treinos e sondas de
equivalência, aonde é possível notar seu mero de acertos, dentre o total de
53
tentativas por sessão, e o quanto os acertos equivalem em porcentagem. Vale
analisar que as Tabelas 6 e 8 apontaram alto índice de escolhas corretas nos treinos
MTS e nas sondas de verificação de linha de base das relações AB e EF, e isso
parece ter assegurado alta margem de acertos no treino nodular subsequente (AB-
EF) e nas sondas de equivalência.
Com relação ao treino nodular com máscara, com e sem conseqüências
diferenciais e relações C1D1, C2D2, G1H1, G2H2, D1G1, D2G2, a participante teve
um erro quando as relações foram agrupadas (CD+GH). Em seguida, Ana passou
pelo treino da nova relação, DG, e apresentou dois erros no primeiro bloco de
tentativas, mas logo atingiu os critérios estipulados ao longo do treino dessa relação.
Em seguida ela passou pela revisão das relações CD+GH+DG com e sem
conseqüência diferencial, acertando 100% das tentativas.
Na sonda da relação emergente GC, ela apresentou um erro na primeira
sonda, e nenhum erro na segunda, o que mostrou que ela aprendeu a relação GC,
que não foi treinada diretamente. No teste da relação HC, Ana teve 100% de acerto
nas primeira e segunda sondas testadas.
É possível observar o desempenho passo a passo dessas relações acima
descritas, na tabela 10.
54
Tabela 10: Resultados da participante Ana nas discriminações condicionais
nodulares COM USO DE MÁSCARA CDGH e sondas de equivalência
CONDIÇÃO
EXPERIMENTAL
BLOCO DE TENTATIVAS
DE
ACERTOS
%
CD
GH
CD+GH
DG
DG
DG
DG
CD+GH+DG
CD+GH+DG
Sonda GC
Sonda GC
Sonda HC
Sonda HC
RANDÔMICO
RANDÔMICO
RANDÔMICO
8 consecutivas com cada modelo
8 consecutivas com cada modelo
3 consecutivas com cada modelo
RANDÔMICO
RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL
RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL
-
-
-
-
16/16
16/16
31/32
14/16
16/16
12/12
15/16
15/16
24/24
31/32
32/32
32/32
32/32
100
100
96,8
87,5
100
100
93,75
93,75
100
96,8
100
100
100
Essa Tabela descreve o desempenho da participante nos treinos e sondas de
equivalência, aonde é possível notar o mero de acertos de Ana, dentre o total de
tentativas por sessão, e o quanto os acertos equivalem em porcentagem.
Participante Caio
Caio passou pelo treino das relações AB/CD/EF/GH e das relações
XY/WZ/MN/PQ.
Os seus resultados no treino “não nodular” sem máscara nas relações A1B1 e
A2B2, mostraram que ele atingiu os critérios de aprendizagem exigidos no
experimento, e nas sondas de verificação das relações de controle de linha de base,
55
com as mesmas relações, ele teve dois erros na primeira sessão e nenhum erro na
segunda sessão.
Na relação do tipo “não nodular” sem máscara E1F1 e E2F2 o desempenho
de Caio foi idêntico ao anterior, atingindo os critérios exigidos no experimento e com
100% de acerto tanto no treino das relações EF quanto nas sondas de verificação
das relações de controle de linha de base. A Tabela 11 mostra o desempenho dele
sessão a sessão.
Tabela 11 : Resultados do participante Caio nas discriminações condicionais
isoladas sem máscara ABEF e sondas controle
CONDIÇÃO
EXPERIMENTAL
BLOCO DE TENTATIVAS
Nº DE
ACERTOS
%
1-Treino AB sem
máscara
Sonda de
verificação AB
Sonda de
verificação AB
2- Treino EF sem
máscara
Sonda de
verificação EF
Sonda de
verificação EF
8 consecutivas com cada modelo
3 consecutivas com cada modelo
2 consecutivas com cada modelo
Randômico (sessão abortada)
Randômico sem conseqüência
diferencial
-
-
8 consecutivas com cada modelo
3 consecutivas com cada modelo
2 consecutivas com cada modelo
Randômico
Randômico sem conseqüência
diferencial
-
-
15/16
12/12
16/16
8/8
16/16
14/16
16/16
16/16
11/12
16/16
16/16
16/16
16/16
16/16
93,75
100
100
100
100
87,5
100
100
91,6
100
100
100
100
100
56
Essa Tabela descreve o desempenho do participante nos treinos e nas
sondas de verificação de linha de base aonde é possível notar o número de acertos
dele, dentre o total de tentativas a cada sessão.
No treino “não nodular” com máscara nas relações C1D1 e C2D2, o
desempenho de Caio foi semelhante aos desempenhos anteriormente mencionados
nos treinos das relações AB e EF, e nas sondas de verificação das relações de
controle de linha de base com essas mesmas relações, ele apresentou um erro na
primeira sessão, e na segunda sessão, nenhum erro.
Nas relações G1H1 e G2H2, o participante teve 100% de acerto no primeiro
bloco de treino, e 100% no segundo, no entanto, este bloco foi abortado por
solicitação do participante. Na próxima sessão, o bloco anteriormente abortado foi
retreinado, e Caio apresentou apenas um erro, o que possibilitou que ele passasse
para o próximo bloco programado, no qual ele teve dois erros. Em seguida, ele teve
100% de acerto no último bloco de treino, e 100% nas duas sondas de verificação
de linha de base. O desempenho dele sessão a sessão, está ilustrado na Tabela 12.
57
Tabela 12: Resultados do participante Caio nas discriminações condicionais
isoladas com máscara CDGH e sondas controle
CONDIÇÃO
EXPERIMENTAL
BLOCO DE TENTATIVAS
Nº DE
ACERTOS
%
1-Treino CD
com máscara
Sonda de
verificação CD
Sonda de
verificação CD
2- Treino GH
com máscara
Sonda de
verificação GH
Sonda de
verificação GH
8 consecutivas com cada modelo
8 consecutivas com cada modelo
3 consecutivas com cada modelo
2 consecutivas com cada modelo
Randômico
Randômico sem conseqüência
diferencial
-
-
8 consecutivas com cada modelo
3 consecutivas com cada modelo (ses.
abortada)
3 consecutivas com cada modelo
Randômico
Randômico
Randômico sem conseqüência
diferencial
-
-
15/16
16/16
12/12
15/16
16/16
16/16
15/16
16/16
16/16
6/6
11/12
14/16
16/16
16/16
16/16
16/16
93,75
100
100
91,6
100
100
93,75
100
100
100
91,6
87,5
100
100
100
100
A média de acertos do participante Caio nos treinos “não nodulares” e nas
sondas de verificação de linha de base está apontada na Figura 6.
58
Fig.6: Média de desempenho de Caio nas relações AB/CD/EF/GH e nas sondas de
verificação das relações de controle de linha de base.
É possível analisar pela Figura 6 que o participante teve alto índice de acertos
nos treinos MTS feitos com e sem uso de máscara, e nas sondas de verificação de
linha de base feitas em todos os arranjos de estímulos programados (AB, CD, EF,
GH).
Após os treinos não nodulares de cada uma das relações (AB, CD, EF, GH) e
após os testes das relações de controle de estímulos estabelecidas na linha de
base, foram aplicados treinos nodulares.
Caio passou pelo treino nodular das relações A1B1, A2B2, E1F1, E2F2,
B1F1, B2F2, atingindo os índices de acerto estipulados no experimento. Na sonda
de equivalência da relação EA ele apresentou 100% de acerto, e teve o mesmo
resultado nos dois blocos da relação FA. Tais desempenhos estão descritos de
forma mais detalhada na Tabela 13.
Porcentagem de acerto
59
Tabela 13 : Resultados da participante Caio nas discriminações condicionais
nodulares SEM USO DE MÁSCARA ABEF e sondas de equivalência
CONDIÇÃO
EXPERIMENTAL
BLOCO DE TENTATIVAS
Nº DE
ACERTOS
%
AB
EF
AB+EF
BE
BE
BE
AB+EF+BE
Sonda EA
Sonda EA
Sonda FA
Sonda FA
RANDÔMICO
RANDÔMICO
RANDÔMICO
8 consecutivas com cada modelo
3 consecutivas com cada modelo
2 consecutivas com cada modelo
RANDÔMICO
-
-
-
-
15/16
16/16
24/24
16/16
12/12
16/16
24/24
32/32
32/32
32/32
32/32
93,75
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
Essa Tabela descreve o desempenho do participante nos treinos e sondas de
equivalência, aonde é possível notar o número de acertos dele, dentre o total de
tentativas por sessão, e o quanto os acertos equivalem em porcentagem.
No treino nodular com máscara, das relações C1D1, C2D2, G1H1, G2H2,
D1G1, D2G2, todos os critérios de acertos exigidos foram estabelecidos, mas nas
sondas de equivalência, o participante teve vários erros em GC, atingindo 75% de
acerto, e na relação HC, 71,8% de acerto. Os dois índices são considerados
insuficientes para verificação das relações emergentes. O seu desempenho em cada
relação condicional está explicitado na Tabela 14.
60
Tabela 14: Resultados da participante Caio nas discriminações condicionais
nodulares COM USO DE MÁSCARA CDGH e sondas de equivalência
CONDIÇÃO
EXPERIMENTAL
BLOCO DE TENTATIVAS
Nº DE
ACERTOS
%
CD
GH
CD+GH
DG
CD+GH+DG
Sonda GC
Sonda GC
Sonda HC
Sonda HC
RANDÔMICO
RANDÔMICO
RANDÔMICO
8 consecutivas com cada modelo
3 consecutivas com cada modelo
2 consecutivas com cada modelo
RANDÔMICO
RANDÔMICO
-
-
-
-
15/16
16/16
32/32
15/16
12/12
16/16
16/16
30/30
24/32
24/32
23/32
23/32
93,75
100
100
93,75
100
100
100
100
75
75
71,8
71,8
Essa Tabela descreve o desempenho de Caio nos treinos e sondas de
equivalência, aonde é possível notar o número de acertos dele, dentre o total de
tentativas por sessão, e o quanto os acertos equivalem em porcentagem.
No treino das relações XY, WZ, MN, PQ, as relações treinadas sem máscara
foram XY e MN, e com máscara WZ e PQ.
No treino “não nodular” sem máscara nas relações X1Y1 e X2Y2 seu
desempenho foi de dois erros na apresentação do primeiro bloco de tentativas.
Como ele não alcançou o critério de acertos esperado, a sessão foi reapresentada, e
ele teve um erro, o que possibilitou que prosseguisse respondendo na seqüência de
blocos subseqüentes, aonde houve alto índice de acertos. O mesmo ocorreu na
sonda de verificação das relações de controle da linha de base com essas mesmas
relações, aonde teve 100% de acerto.
61
Os resultados de Caio no treino “não nodular” sem máscara de M1N1 e M2N2
foram de 100% de acerto e na sonda de verificação das relações de controle da
linha de base também não houve erros.
A tabela 15 mostra o desempenho de Caio sessão por sessão nas relações
XY, MN.
Tabela 15 : Resultados do participante Caio nas discriminações condicionais
isoladas XYMN sondas controle
CONDIÇÃO
EXPERIMENTAL
BLOCO DE TENTATIVAS
Nº DE
ACERTOS
%
1-Treino XY sem
máscara
Sonda de
verificação XY
Sonda de
verificação XY
8 consecutivas com cada modelo
8 consecutivas com cada modelo
3 consecutivas com cada modelo
RANDÔMICO
RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL (16 tentativas)
-
-
14/16
15/16
12/12
16/16
16/16
16/16
16/16
87,5
93,75
100
100
100
100
100
2-Treino MN sem
máscara
Sonda de
verificação MN
Sonda de
verificação MN
8 consecutivas com cada modelo
3 consecutivas com cada modelo
RANDÔMICO
RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL
-
-
16/16
12/12
16/16
16/16
16/16
16/16
100
100
100
100
100
100
No treino “não nodular” sem máscara das relações W1Z1 e W2Z2 Caio atingiu
todos os critérios exigidos. E na sonda de verificação das relações de controle da
linha de base dessas relações teve 100% de acerto.
62
No treino “não nodular” com máscara de P1Q1 e P2Q2, o participante teve
quatro erros na apresentação do primeiro bloco de tentativas, mas nas
apresentações subseqüentes, e na sonda de verificação das relações de controle da
linha de base, ele não apresentou mais erros.
A Tabela 16 mostra o desempenho dele sessão por sessão das relações WZ
e PQ com uso de máscara.
Tabela 16 : Resultados do participante Caio nas discriminações condicionais
isoladas XYMN sondas controle WZPQ.
CONDIÇÃO
EXPERIMENTAL
BLOCO DE TENTATIVAS
Nº DE
ACERTOS
%
1-Treino WZ sem
máscara
Sonda de
verificação WZ
Sonda de
verificação WZ
2-Treino PQ sem
máscara
Sonda de
verificação PQ
Sonda de
verificação PQ
8 consecutivas com cada modelo
3 consecutivas com cada modelo
RANDÔMICO
RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL
-
-
8 consecutivas com cada modelo
8 consecutivas com cada modelo
3 consecutivas com cada modelo
RANDÔMICO
RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL
-
-
15/16
12/12
16/16
16/16
16/16
16/16
12/16
16/16
12/12
16/16
16/16
16/16
16/16
93,75
100
100
100
100
100
75
100
100
100
100
100
100
63
A Figura 7 mostra o total de desempenho de Caio no treino sem máscara e
com máscara das relações XY, MN, WZ, PQ e nas sondas de verificação das
relações de controle da linha de base dessas relações.
Figura 7: A figura apresenta o percentual de acertos de todos os participantes
nas sessões de pré-treino (barras mais claras) e de pré-treino adicional (barras mais
escuras).
É possível analisar pela Figura 7 que o participante teve alto índice de acertos
nos treinos MTS feitos com e sem uso de máscara, e nas sondas de verificação das
relações de controle estabelecidas na linha de base em todos os arranjos de
estímulos programados (XY, WZ, MN, PQ).
No desempenho do treino nodular XYMN, Caio passou pelo treino MTS sem
máscara, e relações X1Y1, X2Y2, M1N1, M2N2, Y1M1, Y2M2, aonde teve 100% de
acerto. Nas sondas de equivalência da relação MX, ele teve 1 erro na primeira
sessão e nenhum na segunda, e na sonda da relação NX teve 100% de acerto. Os
desempenho acima citados estão demonstrados na Tabela 17.
64
Tabela 17: Resultados do participante Caio nas discriminações condicionais
nodulares XYMN SEM USO DE MÁSCARA e sondas de equivalência
CONDIÇÃO
EXPERIMENTAL
BLOCO DE TENTATIVAS
Nº DE
ACERTOS
%
XY
MN
XYMN
YM
XY/MN/YM
XY/MN/YM
SONDA MX
SONDA MX
SONDA NX
SONDA NX
RANDÔMICO
RANDÔMICO
RANDÔMICO
8 consecutivas com cada modelo
3 consecutivas com cada modelo
RANDÔMICO
RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
RANDÔMICO
RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
-
-
-
16/16
16/16
16/16
16/16
12/12
15/16
16/16
24/24
23/24
31/32
32/32
32/32
32/32
100
100
100
100
100
93,75
100
100
95,83
96,8
100
100
100
Com relação ao treino nodular das relações W1Z1, W2Z2, P1Q1, P2Q2,
Z1P1, Z2P2, o participante teve um erro na revisão da relação WZ, o que mostra
que ele atingiu o critério de acertos admitido no experimento, e isso possibilitou que
ele passasse para a revisão da relação PQ. No primeiro bloco de tentativas de
revisão de PQ, ele apresentou três erros, e portanto foi submetido novamente à
revisão do mesmo bloco de tentativas anteriormente citado. Na segunda
apresentação desse bloco, teve 100% de acerto. Quando Caio foi exposto à revisão
de WZ+PQ, teve 100% de acerto novamente.
No treino da nova relação (ZP) o participante atingiu todos os critérios de
desempenho exigidos no experimento, incluindo a revisão de WZ+PQ+ZP.
65
No teste de equivalência PW e QW é possível analisar que Caio formou as
classes esperadas.
A Tabela 18 mostra o desempenho dele nas relações WZ, PQ e os resultados
dos testes de equivalência.
Tabela 18: Resultados do participante Caio nas discriminações condicionais
nodulares COM USO DE MÁSCARA WZPQ e sondas de equivalência
CONDIÇÃO
EXPERIMENTAL
BLOCO DE TENTATIVAS
DE
ACERTOS
%
WZ
PQ
WZPQ
ZP
XY/WZ/ZP
SONDA PW
SONDA PW
SONDA QW
SONDA QW
RANDÔMICO
RANDÔMICO
RANDÔMICO
RANDÔMICO
RANDÔMICO
8 consecutivas com cada modelo
3 consecutivas com cada modelo
RANDÔMICO
RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL
RANDÔMICO
RANDÔMICO SEM CONSEQUÊNCIA
DIFERENCIAL
-
-
-
15/16
13/16
16/16
16/16
16/16
15/16
12/12
15/16
16/16
23/24
24/24
31/32
32/32
31/32
32/32
93,75
81,25
100
100
100
93,75
100
93,75
100
95,8
100
96,8
100
96,8
100
66
3. Discussão
O presente estudo foi conduzido para investigar algumas das variáveis de
controle determinantes do responder em tentativas de MTS, inclusive os seus efeitos
sobre a emergência comportamental definida segundo o paradigma de equivalência
de estímulos (Sidman, 1994, 2000). Nesse sentido, foi uma extensão de estudos
anteriores (Kato, 1999; de Rose et al, 2000; Grisante, 2007; Arantes, 2006;
Vasconcellos, 2003). Vejamos, em maior detalhe, como o presente estudo se insere
nessa seqüência investigativa.
Foi empregado o mesmo teste de verificação de relações de controle na linha
de base utilizado por Grisante (2007). Como já mencionado, a sonda utilizada
anteriormente por Vasconcellos (2003) disponibilizava dois tipos de tentativas para o
participante. Em um tipo de tentativa, para cada modelo apresentado, havia o
estímulo de comparação correto, a máscara e um estímulo novo (N1). No outro tipo
de tentativa, para cada modelo apresentado, havia o estímulo de comparação
incorreto, a máscara e um outro estímulo novo (N2). No entanto nesses dois tipos de
tentativas, tanto a escolha da máscara quanto do estímulo novo poderiam ser
interpretadas como controle por rejeição, nas tentativas em que o estímulo incorreto
estivesse presente, e a escolha da máscara poderia indicar ainda seleção dela e não
necessariamente rejeição do estímulo incorreto. Por isso, Grisante (2007) produziu
uma nova sonda com objetivo de estabelecer maior rigor experimental, afim de obter
mais clareza sobre o responder do indivíduo. Nesse sentido, sua sonda foi composta
por duas alternativas de escolha apenas, ao invés de três: um tipo de tentativa
apresentava um estímulo correto e um estímulo novo (N1); outro tipo de tentativa
apresentava um estímulo incorreto e outro estímulo novo (N2) como comparações.
Assim, seria possível acessar o conhecimento do participante acerca do estímulo de
comparação correto na tentativa em que ele estava presente, e diante do estímulo
incorreto, a escolha do estímulo novo (N2) poderia ser interpretada como rejeição ao
estímulo de comparação incorreto.
O presente trabalho também prosseguiu a aplicação do procedimento de uso
da máscara no treino de escolha de acordo com o modelo, em indivíduos com
síndrome de Down. Como analisado na Introdução, esses indivíduos não haviam
sido investigados com tal procedimento antes do estudo de Grisante (2007), que
67
salientava a importância da continuidade, com essa população, da investigação das
relações de controle de estímulos envolvidas em tarefas de MTS. No entanto, os
resultados de Grisante diferiram daqueles obtidos no presente estudo, pois
indivíduos dessa mesma população não apresentaram formação de classes de
estímulos equivalentes no trabalho anterior. Entretanto, no presente estudo, foi
possível verificar a formação de classes de estímulos equivalentes na maior parte
das relações testadas. A partir disso, é relevante investigar quais variáveis levaram à
formação de classes de estímulos equivalentes.
Grisante (2007) inseriu a sonda de verificação das relações de controle de
linha de base apenas uma vez, e após as relações de equivalência serem sondadas.
No presente estudo, ao contrário, tal teste foi aplicado antes das sondas de
equivalência, e por duas vezes, ou seja, após o treino não nodular, e em seguida
após treino nodular. após essas duas aplicações da sonda de verificação de
relações de controle é que houve teste das relações de equivalência. Isso pode
apontar que se a formação de relações de equivalência é produto da aprendizagem
obtida na linha de base, talvez seja realmente interessante aplicar testes de
verificação dessas relações logo após os treinos, para apenas em seguida testar as
relações emergentes, pois isso poderia possibilitar melhor verificação e garantia das
relações pré-requisito para formação de classes, que são as relações de controle
estabelecidas no treino.
Outro aspecto a ser investigado, é o fato de que no presente estudo, houve
quantitativamente maior exposição às sondas de verificação das relações de
controle de linha de base, que são feitas em extinção (sem consequências
diferenciais), do que nos estudos anteriores (ex. Grisante, 2007; Arantes, 2006). A
partir disso, podemos conjecturar que a exposição maior dos participantes a
tentativas em extinção, tenha gerado um repertório mais eficaz para responder
nesse tipo de tentativa, e que isso possa ter se generalizado para as sondas de
equivalência, que também foram aplicadas em extinção, com tentativas de linha de
base misturadas com tentativas de novas relações. A maior experiência dos
participantes com sondas conduzidas em extinção pode ter facilitado a emergência
das relações não treinadas.
68
Outra variável que também pode ter sido responsável pelos resultados de
emergência comportamental dos indivíduos desse estudo em detrimento daqueles
investigados no estudo de Grisante (2007) pode ter sido o alto número de tentativas
de treino feitas no presente estudo em comparação com Grisante. No presente
estudo foi feito treino em arranjo não nodular, e em seguida, treino em arranjo
nodular, e em Grisante todo o treino experimental foi feito apenas com arranjos
nodulares.
Outro aspecto a ser enfatizado diz respeito a alguns dados específicos do
pré-treino da participante Ana. Ela apresentou dificuldade na aprendizagem inicial do
uso da scara como estímulo de comparação e, por isso, em seguida passou pelo
pré treino remediativo com novo treino de fading in de máscara até o ensino da
mesma em sua forma completa. Mas mesmo que essa participante tenha atingido
critérios de aprendizagem exigidos no pré treino com uso de máscara, ela teve
posteriormente, dificuldades em responder em tentativas com máscara na relação
GH (G
1
H
1
, G
2
H
2
), e por isso foi necessário inserir um treino adicional de máscara
nessa relação, para que ela aprendesse a responder nesse tipo de tentativa. O
participante Beto teve dificuldades semelhantes na aprendizagem do uso da
máscara, no pré-treino inicial, sendo submetido ao pré-treino remediativo. Como
Ana, Beto também aprendeu, aparentemente, a responder à máscara, mas precisou
interromper sua participação por motivo de saúde. Dificuldades semelhantes
também foram apontadas em participantes dos estudos de Vasconcellos (2003) e
Grisante (2007). Esses problemas na aprendizagem do uso da máscara podem
apontar a utilidade de um ensino mais eficaz e minucioso da máscara na etapa de
pré-treino.
Outro aspecto interessante, a ser notado nos dados de Ana, são relativos ao
padrão comportamental que ela apresentou perante tarefas em que teve dificuldades
em responder. Isso ocorreu no treino da relação GH, aonde a apresentação repetida
do mesmo bloco, em que ela teve dificuldade em aprender, aumentou seu número
de erros, do primeiro até o quarto bloco sucessivamente apresentados. Esses dados
foram compatíveis com as discussões de Stoddard, de Rose e McIlvane (1986), de
que erros repetidos em tarefas podem prejudicar o desempenho subseqüente. Isso
poderia ser evitado, ao se verificar que logo no início dos erros, as sessões em que
as dificuldades foram apresentadas, deveriam ser interrompidas e recursos
remediativos deveriam ser adotados prontamente.
69
Há outro aspecto interessante a ser analisado nos resultados apresentados
pelos participantes Ana e Beto no pré treino inicial. Estes dois participantes não
aprenderam a tarefa de discriminação condicional requerida em tentativas de MTS
com estímulos desconhecidos, mas em seguida, com a introdução do pré treino
remediativo, os participantes aprenderam a tarefa de discriminação condicional
solicitada no experimento. A diferença dos dois tipos de pré treino foi referente às
classes de estímulos usadas em cada um deles, pois no pré treino inicial foram
usados estímulos desconhecidos, e no pré treino remediativo, os estímulos eram
conhecidos pelos participantes, tais como, frutas e astros (ex. o sol servia de
estímulo modelo para o estímulo de comparação lua, enquanto uva servia de
estímulo modelo para o estímulo de comparação pêra). O treino que utiliza estímulos
conhecidos de uma mesma classe, e que foi utilizado no pré treino remediativo, foi
denominado “treino temático” por Pilgrim, Jackson e Galizio (2000). Os resultados
destes autores mostraram que tal treino facilita a aquisição de matching arbitrário.
Os mesmos resultados obtidos por Pilgrim e colaboradores foram também
encontrados no presente estudo.
Com relação à participante Ana, é possível ver nos seus resultados, a
replicação dos resultados anteriores (Kato, 1999; de Rose, et al, 2000; Vasconcellos,
2003; Arantes, 2006; Grisante, 2007) de que relações de controle modelo-S+ o
necessárias à formação de equivalência, que ela formou classes de estímulos
equivalentes quando foi exposta aos treinos do tipo modelo-S+ nas relações AB-EF
e CD-GH, que foram todas as relações treinadas.
Com relação ao participante Caio, é possível dizer que houve a mesma
replicação na maior parte das relações treinadas (AB-EF, XY-MN, WZ-PQ), em que
ele mostrou equivalência e relações de controle modelo-S+ nas sondas de
verificação de linha de base. No entanto, no treino das relações CD-GH, ele teve alto
índice de acertos nas tentativas treinadas, e alta taxa de acertos também nas
sondas de verificação das relações de controle de linha de base (praticamente teve
100% de acertos), mas os resultados nas sondas de equivalência não mostraram
emergência nas duas relações testadas. Não é possível explicar claramente esse
resultado, mas uma variável externa ao experimento e que pode ter tido alguma
interferência sobre os resultados apresentados, foi a possível influência de um
reforçador poderoso fornecido ao participante no dia da aplicação das sessões de
sondas de equivalência, pois esse reforçador foi previamente solicitado pelo
70
participante, como sendo um dos presentes mais desejados por ele, e o mesmo
ganharia tal presente, ao final da sessão. Dado isso, ele parece ter emitido alta
frequência de “comportamentos impacientes”, tais como, alta frequência de levantar-
se e sentar-se sucessivamente, muitas emissões de gritos eufóricos durante a
sessão, e perguntas sobre o presente ao longo de toda sessão. Assim é possível
inferir que a expectativa de acesso ao reforçador tenha interferido na atenção do
participante, ou seja, as variáveis em vigor nessa sessão podem ter afetado o
controle de estímulos envolvidos nas respostas aos testes de equivalência
programados. Isso nos mostra a importância da análise das muitas variáveis
vigentes nas situações experimentais, e a necessidade de cuidado e controle
experimentais constantes por parte dos pesquisadores.
Vale analisar ainda que um dos objetivos dessa pesquisa foi investigar se o
procedimento com utilização da máscara no treino de linha de base, seria mais
eficaz ou não, em ensinar discriminações condicionais que pudessem formar
relações complexas, tais como as relações emergentes, pois segundo Mcllvane,
Withstandley e Stoddard, (1984), a utilização do procedimento de máscara pode ser
mais eficiente em produzir um responder mais acurado ao estímulo de comparação
perante o modelo. Os resultados de Kato et al (2008) apóiam essa hipótese, já que
vários participantes de seu estudo, que passaram por treinos de relações
condicionais sem máscara, não formaram as classes equivalentes esperadas, e
quando testados nas sondas de verificação das relações de controle de linha de
base, não apresentaram domínio de ambas as relações modelo-S+ e modelo-S-.
No entanto os resultados do presente estudo foram surpreendentes, já que
mostraram, de um modo geral, que os participantes que passaram pelos treinos com
ou sem máscara, mostraram nas sondas de verificação das relações de controle de
linha de base, relações de controle modelo-S+ e modelo-S-, e apresentaram
formação de classes de estímulos equivalentes na maior parte das relações
testadas. Esses resultados, portanto, não confirmam a hipótese subjacente aos
trabalhos de de Rose e colaboradores (2000), Vasconcellos (2003), Arantes (2006) e
Grisante (2007), de que o treino com máscara seria mais eficaz do que o treino sem
máscara para produzir emergência de relações de equivalência, por garantir na linha
de base os dois tipos de relação de controle, modelo-S+ e modelo-S-. No presente
71
estudo, relações modelo-S+ e modelo-S- foram produzidas tanto no treino com
máscara quanto no treino sem máscara.
É possível levantar algumas hipóteses que expliquem as diferenças
encontradas nos resultados de Kato et al (2008) e no presente estudo, lembrando
resumidamente que no estudo de Kato, o treino das relações condicionais foram
feitas totalmente sem máscara e o único tipo de treino feito foi nodular, além disso, a
máscara só foi utilizada nas sondas de verificação das relações de controle de linha
de base, que foram aplicadas somente após as sondas de equivalência. Já no
presente trabalho, o treino das relações condicionais de linha de base intercalou
treino com uso da máscara e treino sem uso da máscara, e houve dois tipos de
treino, sendo um tipo não nodular e outro tipo, nodular. As sondas de verificação das
relações de controle de linha de base foram aplicadas após treino não nodular e em
seguida, após treino nodular,e nessas sondas, a máscara não foi utilizada. Como já
foi dito, os resultados do presente estudo indicam que os participantes mostraram
relações modelo-S+ e modelo-S- e formação de classes equivalentes, tanto em
treino com máscara quanto em treino sem máscara. Vejamos algumas
considerações que possibilitem explicar porque tanto o treino com máscara quanto o
treino sem máscara foram eficazes no presente estudo:
1) No presente estudo, os participantes foram expostos repetidamente às sondas de
verificação das relações de controle de linha de base, e isso pode ter contribuído
para que esses participantes atentassem tanto para o estímulo de comparação
correto quanto o incorreto perante o modelo, e estendido essa aprendizagem para o
treino de linha de base sem máscara. De outro modo, o estudo de Kato et al (2008)
não apresentou tais sondas repetidamente, pois elas foram aplicadas em menor
quantidade e apenas na última etapa do experimento, que foi após as sondas de
equivalência.
2) No pré treino feito no presente estudo o ensino da escolha da máscara como
estímulo de comparação foi feito gradualmente, no processo de fading in da
máscara. O ensino da escolha da máscara desde o pré treino pode ter levado os
participantes a adquirirem as relações modelo-S+ e modelo-S- desde o início do
experimento, e esse desempenho pode ter se generalizado para as condições de
treino sem máscara. Com relação ao pré treino de Kato et al. (2008), não houve
ensino gradual do uso da máscara, pois a mesma foi inserida apenas nas sondas de
72
verificação das relações de controle de linha de base, que como já foi citado
anteriormente, foram aplicadas apenas após as sondas de equivalência.
Se o presente estudo não mostrou diferença nos resultados produzidos pelos
treinos com e sem máscara, é possível conjecturar que o uso da máscara tenha sido
desnecessário no treino das discriminações condicionais de linha de base nos
estudos anteriores, tais como, de Rose et al (2000), Vasconcellos (2003), Arantes
(2006), Grisante (2007). Mas para verificar essa possibilidade seria necessário
replicar esses estudos, controlando a variável uso da máscara, para ter dados que
elucidem esse aspecto.
Assim pode-se sugerir que a replicação desse estudo com um número maior
de participantes é importante, para que a generalidade dos dados seja avaliada.
73
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76
Vasconcellos, M. (2003). Aprendizagem relacional em crianças com baixo
desempenho escolar. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de São
Carlos, Programa de Pós Graduação em Educação Especial.
77
ANEXO 1
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
A criança sob sua responsabilidade legal está sendo convidada a participar da pesquisa
“Aprendizagem Relacional em População com Transtorno Invasivo do Desenvolvimento”.
A criança foi selecionada para receber esse convite por fazer parte de população portadora de
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento. Ela é uma pessoa importante para o estudo em questão
pois o estudo é significativo na descoberta de métodos eficazes que possam beneficiá-la. Lembre-
se, no entanto, que a participação dela não é obrigatória.
Além disso, tendo aceitado o convite, a qualquer momento ela poderá desistir de participar e
retirar o seu consentimento, sem que isso afete a relação dela com o pesquisador.
O objetivo deste estudo é o de investigar métodos adequados e confiáveis de ensino que
possam otimizar a aprendizagem da população em questão, permitindo ainda um maior
entendimento dos processos envolvidos na aprendizagem de relações simbólicas por parte da
população com Transtorno Invasivo do Desenvolvimento. Entende-se por relações simbólicas as
relações entre estímulos presentes na linguagem, como palavras, e estímulos do dia-a-dia da
criança, como cadeira, lápis, etc.
Essa pesquisa faz parte de um projeto de doutorado do Programa de Pós graduação em
Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos (PPGEEs-UFSCar) que visa estudar
como se estabelece a aprendizagem de indivíduos com Transtorno Invasivo no Desenvolvimento.
Portanto, o objetivo da pesquisa é identificar variáveis que expliquem o processo de
aprendizagem dessa população. A aplicação prática da pesquisa se dá no sentido de poder
proporcionar ambientes de ensino mais favoráveis e adequados a essa população. Para isso é
importante que a criança participe de sessões feitas em um computador respondendo a algumas
tarefas durante 3 dias na semana, com duração média de 30 minutos cada sessão. Participar das
tarefas consistirá em tocar figuras apresentadas na tela do computador, que é sensível ao toque.
Cada sessão feita pelo participante possibilitará que a criança tenha acesso a jogos educativos e
interativos disponíveis no próprio computador.
Os riscos relacionados com a participação são: possível cansaço decorrente das sessões de
treino de estímulos no computador. O experimentador estará atento a quaisquer indicativos de
cansaço, para interromper a sessão.
Os benefícios relacionados com a participação são: contribuição para melhor compreensão
das causas responsáveis pela aprendizagem da população portadora de Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento.
As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidenciais, uma vez que asseguramos
o sigilo total sobre a participação da criança.
Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação. Assim, todas as
informações obtidas nas sessões de treino com estímulos arbitrários não passarão por divulgação
com relação ao nome dos participantes, identificação de bairro ou cidade de moradia, e nome da
clínica de atendimento da qual o participante é cliente. Somente serão divulgadas informações
relativas ao desempenho dos participantes nas sessões utilizadas no experimento.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador
principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e participação da criança, agora ou a
qualquer momento.
______________________________________
Pesquisadora: Mariliz Vasconcellos
Rua Apiacás, 579 ap. 21. São Paulo- S.P. Tel. 011-3864-7501
78
Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de participação na pesquisa e
concordo em autorizar a participação da criança.
O pesquisador me informou que o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa em Seres Humanos da UFSCar que funciona na Pró-Reitoria de Pós-
Graduação e Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos, localizada na Rodovia
Washington Luiz, Km. 235 - Caixa Postal 676 - CEP 13.565-905 - São Carlos - SP
Brasil. Fone (16) 3351-8110. Endereço eletrônico: [email protected]
Local e data
_________________________________________
Pai/Mãe ou Responsável Legal
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