penúria, mas se atender à recente guerra que sofreu, à facilidade de subsistir
de deficiente indústria, a par de outros cômodos, à vocação particular que
requer o magistério, não será difícil reconhecer a causa deste mal (GIOLO,
1999, p. 225).
Com relação aos professores temos a presença do ideal da necessidade de
se ter vocação para o magistério, tema defendido durante todo o Período Imperial. Em
certos momentos, esqueciam da falta de prédios públicos para servir de escolas,
salários indignos, carência de material didático, etc. Carências que sofria, inclusive, a
aula de ensino mútuo da capital da Província, dirigida pelo professor Coruja. Como
podemos observar pelo ofício dirigido ao Presidente da Província, Manoel Antonio
Galvão, em 26 de novembro de 1832
Ilmo. e Exmo.sr.
Os alunos da Escola de Ensino Mútuo desta Capital, que está sob minha
direção, já chegam ao número de cento e quarenta, e são os que admitem a
casa, pelo pouco cômodo que ela oferece; vejo-me portanto nas
circunstâncias de não receber mais meninos, apesar de que quotidianamente
haja uma falta considerável, que sendo alternada, alguns há que saem,e
retiram-se por muito tempo, sem participarem motivo algum, contando-se com
eles no estado efetivo da matricula, e ocupando lugares , que podem ser
substituídos por outros. Se V. Ex.ª determinar sem causa participada, para
assim poderem ser admitidos outros, eu o farei.
A V. Ex.ª não é estranho o estado de desmoralização, a que tem chegado a
juventude desta época, e por isso rogo a V. Ex.ª haja de me iluminar com as
suas conspícuas medidas, a fim de que inteiramente não se perca a parte
dela, de que me está encarregada a sua instrução elementar, e como desta
depende, saírem bons ou maus cidadãos; motivos porque rogo a V. Ex.ª me
diga, se devo lançar fora da escola aqueles, que pelas suas incorrigíveis
condutas possam ser prejudiciais entre outros bem morigerados, pois que
sendo a maior parte dos meus alunos filhos de gente pobre, que nem ao
menos lhes dá os princípios de boa moral, acostumados portanto a uma vida
corrupta, não fazendo caso algum dos castigos morais , ordenados pelo
Método Lancastrino, recusando sofrê-los muitas vezes, porque têm cabal
certeza de não serem os seus delitos punidos com castigos físicos, cuja
insubordinação não só exemplifica aos de boa índole, mas até causa a maior
confusão e alarido em uma casa, onde o seu maquinismo, e boa
administração depende do maior silêncio.
A falta, que experimento, de exemplares de leitura é considerável, porque os
poucos folhetos, de que fui fornecido, estão interinamente incapazes, não só
pela encadernação, como também tendo cada menino de ler o seu, não
podiam chegar para todos, se alguns não conservassem, uns Catecismos de
Montpellier, de que faziam uso no tempo de meu antecessor, e alguns deles
têm deixado de os trazer, por saberem que a Nação deve fornecer todo o
necessário para uma aula. Com semelhante falta, senhor, não pode um
Professor promover o adiantamento de seus discípulos, e instruí-los
mutuamente.
Eu pedi poucos livros, julgando que, um serviria para uma classe, e suprisse
a falta dos exemplares; mas é impossível pela pequenez do tipo, porque se
uma classe de sete meninos ler um só livro na distância precisamente de
cinco, ou seis palmos há de infalivelmente arruinar a vista.
Para se evitar isso, e como aqui há Imprensas, pode-se mandar imprimir
algumas obras úteis, ainda mesmo pequenas, com propriedade para o