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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
João Carlos Matarezi
APLICAÇÃO DO ENSAIO DE EDDY CURRENT
PHASED ARRAY EM COMPONENTES
AEROESPACIAIS
Taubaté – SP
2009
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João Carlos Matarezi
APLICAÇÃO DO ENSAIO DE EDDY CURRENT
PHASED ARRAY EM COMPONENTES
AEROESPACIAIS
Dissertação apresentada para obtenção do
Título de Mestre pelo curso de Engenharia
Mecânica do Departamento de Engenharia
Mecânica da Universidade de Taubaté.
Área de Concentração: Produção Mecânica.
Orientador: Prof. Dr. José Rubens de Camargo.
Taubaté – SP
2009
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JOÃO CARLOS MATAREZI
APLICAÇÃO DO ENSAIO DE EDDY CURRENT PHASED ARRAY EM
COMPONENTES AEROESPACIAIS
Dissertação apresentada para obtenção do Título de
Mestre pelo curso de Engenharia Mecânica do
Departamento de Engenharia Mecânica da
Universidade de Taubaté.
Área de Concentração: Produção Mecânica
.
Data: _________________
Resultado: _________________
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. José Rubens de Camargo Universidade de Taubaté
Assinatura _______________________________________________
Prof. Dr. Gilberto Walter Arenas Miranda Universidade de Taubaté
Assinatura _______________________________________________
Prof. Dr. Sergio Rebello Ferreira DCTA/IFI
Assinatura _______________________________________________
Dedico este trabalho aos meus pais, à minha esposa que
não está mais entre nós, e aos meus filhos Guilherme,
Marina e Camila.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que sempre me municia de forças para me manter firme nos meus
propósitos.
Ao meu orientador, Prof. Dr. José Rubens de Camargo, pelo apoio e dedicação na
orientação. Seu conhecimento e a sua experiência foram fundamentais para a conclusão deste
trabalho.
À Universidade de Taubaté, pelo alto nível do curso e dos professores.
Ao Instituto de Fomento e Coordenação Industrial – IFI, que me ofereceu todas as
condições para a realização do mestrado.
À Agência Espacial Brasileira – AEB, por apoiar financeiramente a realização do curso.
À Ligia, pela ajuda e carinho, ao Eduardo Mineiro, Eng. Antonio Carlos, José Maria
Cavalcanti e todos que me apoiaram na realização deste trabalho.
A educação faz com que as pessoas sejam fáceis de guiar,
mas difíceis de arrastar, fáceis de governar, mas
impossíveis de escravizar”
Henry Peter
RESUMO
Na área de Ensaios Não Destrutivos, o ensaio por eddy current (correntes parasitas) é uma
técnica eletromagnética largamente utilizada nas indústrias aeroespacial, nuclear e
petroquímica. Esse ensaio detecta descontinuidades superficiais e subsuperficiais, prevenindo
acidentes. A técnica phased array surgiu para suprir carências, como o enorme tempo gasto
para execução do ensaio em materiais de geometria complexa e falta de registro do ensaio.
Essa técnica, já bastante utilizada em outros países, ainda é pouco utilizada no Brasil, por não
haver estudos que comprovem a viabilidade econômica, os níveis de detectabilidade de
descontinuidades e a confiabilidade dos resultados. Este trabalho tem como objetivo comparar
as técnicas do ensaio por Correntes Parasitas convencional com a técnica por phased array,
em materiais e peças especificamente utilizados no setor aeronáutico e espacial. Foram
selecionadas amostras de materiais e peças, para que pudessem ser aplicadas ambas as
técnicas e comparados os resultados. Foi realizado um levantamento bibliográfico das
principais normas e especificações utilizadas neste segmento, para verificar a compatibilidade
dos métodos. Para atender ao objetivo deste trabalho, foram realizados sete experimentos,
variando o material e as técnicas. Após a realização dos ensaios, observou-se uma grande
redução de tempo na execução do ensaio, com consequente redução de custos e maior
detectabilidade das descontinuidades, com o uso da técnica por phased array. Portanto,
baseado nos resultados encontrados, pode-se afirmar que a técnica por phased array pode ser
utilizada neste segmento, com vantagens sobre a técnica convencional.
Palavras-chave: Correntes parasitas. Ensaios não-destrutivos. Aeroespacial.
ABSTRACT
In the area of nondestructive testing, eddy current testing is an electromagnetic
technique widely used in aerospace, nuclear and petrochemical industries. This test detects
surface and subsurface discontinuities, preventing accidents. Phased array technique has
emerged to fill in the gaps, as the enormous time spent implementing the test of large parts or
complex geometry and lack of trial registration. This technique, already widely used in others
countries, is not used in Brazil, there is no studies proving the economic viability, levels of
detectability of discontinuities and reliability of the results. This study aims to compare the
conventional technique by eddy current testing with phased array technique, in particular
materials and parts used in aeronautics and space sector. Samples of materials and parts were
prepared, so that could be applied both techniques and compared the results. A literature
survey of the main standards and specifications for this segment was conducted to verify the
compatibility of the methods. To meet the objective of this work, seven experiments were
performed, varying the material and techniques. After the tests, there was a significant time
reduction with the use of phased array technique, costs reduction and increased detectability
of discontinuities. Based on the results, it can be said that phased array technique can be used
in this segment, with advantages over the conventional technique.
Keywords: Eddy current. Nondestructive testings. Aerospace.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Correntes parasitas produzidas por uma bobina superficial..................... 26
Figura 2- Sentido das descontinuidades detectadas pelo ensaio.............................. 27
Figura 3- Circuito elétrico........................................................................................ 29
Figura 4- Plotagem da voltagem (CA) e corrente.................................................... 29
Figura 5- Relação entre a resistência, reatância e impedância................................. 30
Figura 6- Blocos de referência................................................................................. 32
Figura 7- Relação da condutividade elétrica com a profundidade de penetração.... 33
Figura 8- Curvas de magnetização........................................................................... 35
Figura 9- Relação da permeabilidade magnética com a profundidade de
penetração.................................................................................................
36
Figura 10-
Comparação da distância sonda peça com a profundidade de
penetração.................................................................................................
37
Figura 11-
Efeito lift off no diagrama do plano de impedância.................................
38
Figura 12-
Profundidade de penetração padrão.........................................................
40
Figura 13-
Tipos de sondas superficiais.....................................................................
41
Figura 14- Bobina de superfície................................................................................. 41
Figura 15- Bobina interna.......................................................................................... 41
Figura 16- Bobina externa..........................................................................................
42
Figura 17- Bobinas simples absoluta e diferencial.................................................... 43
Figura 18- Bobina dupla absoluta.............................................................................. 44
Figura 19- Bobina dupla diferencial.......................................................................... 44
Figura 20- Bobina dupla diferencial e padrão............................................................
45
Figura 21- Relação da frequência com a profundidade de penetração...................... 46
Figura 22- Funções dos equipamentos de correntes parasitas................................... 48
Figura 23- Circuito ponte com resistência e reatância variáveis............................... 49
Figura 24- Padrão de calibração – bloco de referência.............................................. 53
Figura 25- Representação das curvas na tela do equipamento...................................
56
Figura 26- Respostas de trincas de diferentes profundidades.................................... 57
Figura 27- Tipos de inclusões.................................................................................... 58
Figura 28- Trinca localizada na ZTA......................................................................... 58
Figura 29- Tipos de porosidade................................................................................. 59
Figura 30- Imagem de varredura típica de corrosão.................................................. 60
Figura 31- Corrosão ao pitting................................................................................... 61
Figura 32- Comparação da varredura convencional e por phased array................... 63
Figura 33- Efeito do multiplexador............................................................................ 64
Figura 34- Sonda com o efeito multiplexador........................................................... 64
Figura 35 Padrão de alumínio, utilizado para calibração do equipamento............... 65
Figura 36- Parte inferior do padrão, com as trincas a partir dos rebites.................... 66
Figura 37- Sonda convencional simples e sonda phased array múltipla...................
67
Figura 38- Equipamento digital de correntes parasitas.............................................. 68
Figura 39- Equipamento com a imagem das indicações de corrosões....................... 69
Figura 40- Imagem C Scan........................................................................................ 70
Figura 41- Sonda flexível array................................................................................. 71
Figura 42- Sonda para detecção de corrosão............................................................. 72
Figura 43- Sonda rotativa automática para furos....................................................... 72
Figura 44- Fluxograma das etapas de ensaio............................................................. 77
Figura 45- Fuselagem de aeronave............................................................................ 83
Figura 46- Detecção de corrosão pela técnica convencional..................................... 84
Figura 47- Detecção de corrosão pela técnica phased array..................................... 84
Figura 48- Amostra de grafite do foguete.................................................................. 86
Figura 49- Ensaio por phased array da amostra de grafite........................................ 87
Figura 50- Adaptador do motor aeronáutico Lycoming............................................ 88
Figura 51- Trincas detectadas pelo ensaio por líquido penetrante............................. 89
Figura 52- Calibração do equipamento com a utilização do padrão.......................... 90
Figura 53- Ensaio por phased array no adaptador..................................................... 91
Figura 54- Ensaio do adaptador, com a representação das trincas na tela................. 92
Figura 55- Registro da representação da imagem das trincas.................................... 92
Figura 56- Garfo do trem de pouso da aeronave Xavante......................................... 94
Figura 57- Utilização da sonda rotativa no ensaio de furos....................................... 95
Figura 58- Localização das trincas no furo do trem de pouso................................... 95
Figura 59- Ensaio phased array no garfo do trem de pouso......................................
96
Figura 60- Furos de fixação do trem de pouso...........................................................
97
Figura 61- Resultado da representação das trincas na tela do equipamento............. 97
Figura 62- Empena vertical da aeronave Xavante..................................................... 99
Figura 63- Equipamento, sonda e padrão no ensaio da empena vertical................... 99
Figura 64- Sonda array com encoder, utilizada para o ensaio.................................. 100
Figura 65- Equipamento phased array com a indicação dos rebites......................... 101
Figura 66- Empena do foguete VSB 30..................................................................... 102
Figura 67- Ensaio convencional na empena do foguete, com as trincas....................
103
Figura 68- Ensaio phased array na empena do foguete.............................................
103
Figura 69- Processo de solda por junção...................................................................
104
Figura 70- Solda por junção (FSW)........................................................................... 105
Figura 71- Corpo de prova FSW com as descontinuidades............. ......................... 106
Figura 72- Indicação das descontinuidades na tela do equipamento......................... 107
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Resistividade e condutividade dos metais e ligas.............................. 32
Tabela 2 Classificação dos valores da frequência............................................ 47
Tabela 3 Valores da frequência em função dos tipos de materiais................... 47
Tabela 4 Materiais e ligas dos corpos de prova................................................ 78
Tabela 5 Composição química e tratamento térmico....................................... 78
Tabela 6 Corpos de prova ensaiados................................................................ 79
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ABENDI
ABNT
AEB
Associação Brasileira de Ensaios Não-Destrutivos e Inspeção
Associação Brasileira de Normas Técnicas
Agencia Espacial Brasileira
AMS Aerospace Material Specification
ANAC Agencia Nacional de Aviação Civil
ASM American Society for Metals
ASNT
CA
COMAER
American Society for Nondestructive Testing
Corrente alternada
Comando da Aeronáutica
DCTA Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial
ECA Eddy current array
EMBRAER Empresa Brasileira de Aeronáutica
END
FAA
FAB
Ensaios Não-Destrutivos
Federal Aviation Administration
Força Aérea Brasileira
FSW
GE
Hp
Hs
IACS
Friction stir welding
General Eletric
Campo magnético primário
Campo magnético secundário
International Annealed Copper Standard
IAE Instituto de Aeronáutica e Espaço
IFI Instituto de Fomento e Coordenação Industrial
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial
ISO International Organization for Standardization
Mol Quantidade de matéria
NASA National Aeronautics and Space Administration
NBR
POD
R
SI
TO
VLS
VSB
XL
ZTA
m
Norma Brasileira
Probability of detection
Resistência elétrica
Sistema Internacional de Unidades
Technical Order
Veículo Lançador de Satélite
Veículo de sondagem Booster
Reatância indutiva
Zona termicamente afetada
Metro
kg Quilograma
A Ampere
ºC
K
B
H
Z
ρ
Graus Celsius
Kelvin
Indução magnética
Intensidade do campo magnético
Impedância
Resistividade
Ohm
Hz Hertz
σ
δ
f
µ
Sigma
Profundidade
Frequência
Permeabilidade magnética
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 19
1.1 Justificativa.................................................................................................. 20
1.2 Objetivos...................................................................................................... 20
1.3 Estrutura do trabalho.................................................................................... 21
2 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................... 22
2.1 Ensaios não-destrutivos................................................................................ 22
2.1.1 Ensaios mais comuns................................................................................... 22
2.1.2 Qualificação de pessoal na área de END..................................................... 22
2.2 Ensaio por correntes parasitas..................................................................... 24
2.2.1 Histórico...................................................................................................... 24
2.2.2 Fundamento do método................................................................................ 25
2.2.2.1 Vantagens do método .................................................................................. 27
2.2.2.2 Limitações do método.................................................................................. 28
2.2.3 Variáveis principais do ensaio..................................................................... 28
2.2.3.1 Indução......................................................................................................... 28
2.2.3.2 Impedância................................................................................................... 30
2.2.3.3 Condutividade elétrica................................................................................. 31
2.2.3.3.1 Padrões de condutividade............................................................................ 32
2.2.3.3.2 Fatores que afetam a condutividade............................................................ 33
2.2.3.3.3 Efeito da condutividade nas correntes parasitas.......................................... 33
2.2.3.4 Permeabilidade magnética........................................................................... 34
2.2.3.5 Acoplamento magnético.............................................................................. 36
2.2.3.5.1 Efeito sonda peça - lift off........................................................................... 36
2.2.3.5.2 Fator de enchimento – fill factor................................................................. 38
2.2.3.5.3 Efeito de borda – edge effect....................................................................... 39
2.2.3.5.4 Efeito pelicular – skin effect........................................................................ 39
2.2.4 Tipos de sondas e bobinas............................................................................ 40
2.2.4.1 Classificação das sondas.............................................................................. 41
2.2.4.2 Bobinas......................................................................................................... 42
2.2.4.3 Arranjo das bobinas...................................................................................... 43
2.2.5 Seleção da frequência do ensaio...................................................................
45
2.2.6 Instrumentação............................................................................................. 47
2.2.7 Aplicações do ensaio.................................................................................... 49
2.2.7.1 Medição de condutividade............................................................................ 49
2.2.7.2 Medição de espessura de camadas............................................................... 49
2.2.7.3 Medição de espessura de materiais não-condutores..................................... 50
2.2.7.4 Diferenciação de materiais........................................................................... 50
2.2.7.5 Detecção de descontinuidades...................................................................... 50
2.2.7.6 Dureza .......................................................................................................... 50
2.2.8 Calibração..................................................................................................... 50
2.2.8.1 Padrões..........................................................................................................
52
2.2.8.2 Considerações sobre os padrões................................................................... 53
2.2.9 Prática do ensaio convencional.....................................................................
54
2.2.10 Segurança......................................................................................................
55
2.2.11 Descontinuidades detectáveis pelo ensaio.................................................... 55
2.2.11.1 Aparência das descontinuidades................................................................... 57
2.2.11.2 Tipos de descontinuidades detectáveis pelo ensaio...................................... 57
2.2.12 Aplicações do ensaio em aeronaves............................................................. 61
2.2.12.1 Ensaios em estruturas de aeronaves..............................................................
61
2.2.12.2 Ensaios em componentes de motores aeronáuticos...................................... 61
2.3 Técnica por phased array............................................................................. 62
2.3.1 Efeito do multiplexador................................................................................ 63
2.3.2 Utilização de padrões....................................................................................
64
2.3.3 Vantagens da técnica por phased array........................................................
66
2.3.4 Equipamentos............................................................................................... 67
2.3.5 Imagem C Scan.............................................................................................
69
2.3.6 Tipos de sondas............................................................................................ 71
2.3.7 Probabilidade de detecção de descontinuidades........................................... 72
2.3.8 Registros....................................................................................................... 73
3 PROPOSIÇÃO............................................................................................. 75
3.1 Análise de custo e viabilidade econômica do ensaio....................................
76
4 MATERIAIS E MÉTODOS.........................................................................
77
4.1 Planejamento experimental...........................................................................
77
4.2 Materiais...................................................................................................... 78
4.3 Corpos de prova........................................................................................... 79
4.3.1 Descrição das peças e materiais................................................................... 79
4.3.2 Descontinuidades artificiais......................................................................... 81
4.4 Métodos....................................................................................................... 82
4.4.1 Técnica convencional................................................................................... 82
4.4.2 Técnica por phased array........................................................................... 82
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 83
5.1 Experiência 1 – Fuselagem de aeronave...................................................... 83
5.1.1 Técnica convencional................................................................................... 83
5.1.2 Técnica por phased array............................................................................ 84
5.1.3 Comparação das técnicas............................................................................. 85
5.2 Experiência 2 – Amostra de grafite da tubeira do VLS............................... 85
5.2.1 Técnica convencional................................................................................... 86
5.2.2 Técnica por phased array............................................................................ 86
5.2.3 Comparação das técnicas............................................................................. 87
5.3 Experiência 3 – Adaptador do motor aeronáutico Lycoming...................... 87
5.3.1 Técnica convencional................................................................................... 88
5.3.2 Técnica por phased array............................................................................ 89
5.3.3 Comparação das técnicas............................................................................. 93
5.4 Experiência 4 – Garfo do trem de pouso...................................................... 93
5.4.1 Técnica convencional................................................................................... 94
5.4.2 Técnica por phased array............................................................................ 96
5.4.3 Comparação das técnicas............................................................................. 98
5.5 Experiência 5 – Empena vertical da aeronave Xavante............................... 98
5.5.1 Técnica convencional................................................................................... 99
5.5.2 Técnica por phased array............................................................................ 100
5.5.3 Comparação das técnicas............................................................................. 101
5.6 Experiência 6 – Empena do foguete VSB 30............................................... 101
5.6.1 Técnica convencional................................................................................... 102
5.6.2 Técnica por phased array............................................................................. 103
5.6.3 Comparação das técnicas............................................................................. 104
5.7 Experiência 7 – Solda por junção...................................................................
104
5.7.1 Técnica convencional..................................................................................... 105
5.7.2 Técnica por phased array...............................................................................
106
5.7.3 Comparação das técnicas............................................................................... 107
5.8 Resultados...................................................................................................... 107
5.8.1 Técnica convencional..................................................................................... 108
5.8.2 Técnica por phased array............................................................................... 108
6 CONCLUSÕES..............................................................................................
109
REFERÊNCIAS............................................................................................. 111
19
1 INTRODUÇÃO
Os ensaios não-destrutivos (END) foram desenvolvidos no final do século XVII. No
Congresso Mundial de END, realizado no ano de 2000 em Roma, Itália, foi estabelecido o
ano de 1900 como sendo o marco inicial dos ensaios não-destrutivos, e nesse evento foi
comemorado o primeiro centenário.
Os END são técnicas utilizadas na inspeção de materiais e equipamentos, sem afetar o
funcionamento normal e sem danificá-los, sendo executados em todas as etapas de fabricação,
montagem e manutenção.
Constituem uma das principais ferramentas empregadas no controle da qualidade de
materiais e produtos, contribuindo para a garantia da qualidade, redução de custos e para o
aumento da confiabilidade da inspeção (ABENDI, 2009).
A manutenção aeronáutica é uma atividade que possui características peculiares. As
técnicas de manutenção preventiva, corretiva e de modificações e reparos em aeronaves têm
evoluído com o tempo, tornando-se cada vez mais complexas, principalmente na manutenção
de motores. Os ensaios não-destrutivos têm evoluído no mercado aeronáutico mundial de
forma sistemática, sendo que não hoje uma peça constante de uma aeronave e que possa
afetar a segurança de voo, sem um ensaio (ANAC, 2005).
O ensaio por correntes parasitas inicialmente foi pouco utilizado, se comparado a outros
ensaios, tais como radiografia industrial ou líquido penetrante. Devido à necessidade cada vez
maior de não permitir que uma peça contenha descontinuidades prejudiciais ao seu
funcionamento, foram desenvolvidos equipamentos para atender as necessidades de todos os
processos de fabricação e manutenção, inclusive com tamanhos reduzidos para o trabalho de
campo.
Hoje, o ensaio é amplamente utilizado, principalmente em oficinas de manutenção de
aeronaves e motores, devido à facilidade de operação, mas apresenta limitações, como o
tempo elevado de ensaio para peças maiores, tendo em vista que as sondas de varredura são
pontuais, e é necessária uma grande habilidade do operador, devido ao fato que os
equipamentos não têm disponibilidade de registro.
A técnica por phased array (arranjo de fases), inicialmente utilizada para antenas e para
o ensaio por ultrassom, foi também desenvolvida para ser aplicada ao ensaio por correntes
20
parasitas. Novas sondas foram desenvolvidas, proporcionando maior velocidade de varredura
e possibilidade de registro do ensaio.
O ensaio de tubos com costura, durante o processo de fabricação é apenas uma das
grandes aplicações do método, principalmente com equipamentos automáticos.
Podem ser detectadas descontinuidades de pequeno cumprimento, de até 0,5 mm e
largura de 0,3 mm.
Com o uso de sondas internas rotativas, a sensibilidade e a resolução do ensaio se
apresentam bem maiores.
1.1 Justificativa
A técnica de ensaio por phased array foi um grande avanço no desenvolvimento do
ensaio, que proporcionou maior confiabilidade e rapidez, graças ao desenvolvimento de novas
sondas, ao aumento da capacidade de armazenamento de dados, possibilitando a geração de
registros e redução enorme no tempo de inspeção, facilitando o trabalho do inspetor e
reduzindo o tempo da aeronave em solo.
É necessário saber se esse método pode ser aplicado no setor aeroespacial, de acordo
com as normas aplicáveis e se os resultados são confiáveis, iguais ou melhores do que a
técnica convencional.
1.2 Objetivos
Os objetivos do ensaio são basicamente garantir a qualidade dos materiais, com o
menor custo, fornecer informações sobre as descontinuidades e corrigir o processo de
fabricação. Essas descontinuidades podem causar danos muitas vezes irreparáveis, como a
queda de uma aeronave (DCTA/IFI, 2006a).
Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivos da utilização do equipamento
por phased array:
1- Verificar a aplicabilidade do método no setor aeroespacial, em materiais utilizados
em aeronaves e foguetes;
2- Verificar a sensibilidade do ensaio, para detecção de pequenas descontinuidades e
o poder de resolução para verificação de descontinuidades muito próximas umas
das outras, ou próximas a bordas e a redução do tempo de ensaio;
21
3- Medir o tempo gasto para execução do ensaio convencional e comparar com a
nova técnica, que possui sondas de maior dimensão.
1.3 Estrutura do trabalho
O presente trabalho foi organizado para a sua apresentação nos seguintes capítulos:
Capítulo 1 – Introdução
Esse capítulo é composto por uma apresentação dos ensaios não-destrutivos, do ensaio
por correntes parasitas efetuado pela técnica convencional e da nova técnica phased array, as
justificativas, objetivos e os resultados esperados.
Capítulo 2 – Revisão da literatura
Este capítulo apresenta a fundamentação teórica da dissertação, necessária para a
realização do ensaio por correntes parasitas convencional, a necessidade de qualificação e
certificação do pessoal envolvido com o ensaio, o fundamento do método, as variáveis e a
teoria da técnica phased array.
Capítulo 3 – Proposição
É apresentada a proposta de comparação do ensaio convencional com a nova técnica
desenvolvida, para verificação da sua utilização no setor aeroespacial e uma análise de custo e
viabilidade econômica.
Capítulo 4 – Materiais e métodos
São apresentados o planejamento experimental, os materiais utilizados no setor
aeronáutico e espacial, os corpos de prova selecionados e a descrição das técnicas de ensaio
utilizadas.
Capítulo 5 – Resultados e discussão
Neste capítulo é apresentado o resultado das sete experiências efetuadas com as
amostras selecionadas de materiais aeronáuticos e espaciais, para execução do ensaio em
ambas as técnicas e uma discussão sobre esses resultados.
Capítulo 6 – Conclusões
A dissertação é finalizada com as conclusões relativas ao trabalho desenvolvido e
sugestões para trabalhos futuros, tendo em vista que a técnica apresentada é muito recente e
poucos equipamentos estão disponíveis no Brasil.
22
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Ensaios Não-Destrutivos
Os ensaios não-destrutivos (END) são parte integrante de um sistema de gestão da
qualidade. São ensaios realizados em materiais e peças, sem destruí-las, não interferindo na
utilização futura das mesmas.
Em alguns casos, os ensaios podem ser realizados durante o pleno funcionamento dos
equipamentos, o que torna a operação bastante ágil e de baixo custo.
Os ensaios devem ser realizados com pessoal treinado, qualificado e certificado. Os
ensaios não-destrutivos o largamente utilizados nos setores petroquímico, nuclear,
automobilístico, naval, siderúrgico, aeroespacial e na medicina.
Na indústria são realizados para detectar descontinuidades na prevenção de acidentes,
principalmente no setor aeroespacial, onde os erros são mais ainda inaceitáveis. Uma
descontinuidade como uma trinca, imperceptível a olho nu em uma peça de motor de avião ou
na sua estrutura, se não for detectada por meio de um ensaio, pode causar sérios danos.
A seleção do ensaio depende de uma série de fatores, tais como: tipo de material,
acabamento, processo de fabricação, descontinuidades esperadas, etc.(DCTA/IFI, 2006a).
2.1.1 END mais comuns
Os ensaios mais utilizados na área industrial são: líquido penetrante, partículas
magnéticas, ultrassom, radiografia industrial e correntes parasitas. Um ensaio complementa o
outro, tendo em vista as aplicações inerentes a cada ensaio.
Os ensaios por radiação penetrante e ultrassom são mais utilizados para detecção de
descontinuidades internas. Os ensaios por partículas magnéticas e correntes parasitas detectam
descontinuidades superficiais e subsuperficiais. O ensaio por líquido penetrante detecta
descontinuidades superficiais.
2.1.2 Qualificação de pessoal na área de END
Todo o pessoal que atua na área de END deve ser formalmente treinado, qualificado e
certificado. Os organismos de qualificação existentes no Brasil são o Departamento de
23
Ciência e Tecnologia Aeroespacial/Instituto de Fomento e Coordenação Industrial
(DCTA/IFI), pertencente ao Comando da Aeronáutica (COMAER) e a Associação Brasileira
de Ensaios Não-Destrutivos e Inspeção - ABENDI.
No setor aeronáutico, a fase de qualificação é aquela em que o profissional, após o
treinamento teórico e prático, é submetido a exames, com a finalidade de verificar a
habilidade, o conhecimento e a aptidão do candidato. Essa fase é de responsabilidade do
DCTA/IFI, elo executivo do sistema de segurança de voo, que coordena a qualificação da
totalidade dos profissionais do mercado da aviação civil brasileira (ANAC, 2005).
A norma utilizada para a qualificação de pessoal no setor aeroespacial é a NAS 410,
Certification & Qualification of Nondestructive Test Personnel, para todos os países que
possuem acordo com o Federal Administration Aviation (FAA), dos Estados Unidos.
A qualificação pode ser obtida em três níveis:
- Nível 1 - o indivíduo deve ter habilidades e conhecimento para ensaiar e realizar ajustes de
equipamento.
- Nível 2 - o indivíduo deve ter habilidades e conhecimento para ajustar e calibrar
equipamentos, conduzir ensaios, interpretar e avaliar para aceitação e rejeição.
- Nível 3 - o indivíduo deve ter habilidades e conhecimento para interpretar códigos, normas e
outros documentos contratuais que controlem o método, conforme utilizado pelo empregador,
ser capaz de selecionar o método e a técnica para um ensaio específico, aprovar
procedimentos e ter conhecimento geral de todos os outros métodos de END (NAS 410,
2008).
Após a qualificação, deve ser efetuada a certificação, que é a declaração escrita por um
empregador, indicando que um indivíduo atende aos requisitos da norma. A qualificação e a
certificação têm a validade de 5 anos (NAS 410, 2008).
Outras normas são utilizadas, tais como a Recommended Practice SNT TC 1A que,
desde 1966, quando foi emitida, é considerada a primeira a padronizar a qualificação de
pessoal, e a NBR ISO 9712 Nondestructive Testing Qualification and Certification of
Personnel, utilizada para qualificação e certificação do setor petroquímico, pela Abendi.
A prática recomendada estabelece a estrutura geral para um programa de qualificação e
certificação de pessoal. O documento fornece a educação recomendada, experiência e
treinamento requeridos para os diferentes métodos de ensaio (SNT - TC-1A, 2006).
24
2.2 Ensaios por Correntes Parasitas.
2.2.1 Histórico
O ensaio por correntes parasitas baseia-se na lei de indução eletromagnética
desenvolvida por Michael Faraday.
A corrente elétrica é definida como o movimento dos elétrons através de um condutor.
Um condutor é qualquer material capaz de conduzir corrente elétrica. Alguns materiais
são condutores, outros não. Isso depende da estrutura dos átomos do material (ASNT-E.T.B.,
2006).
O eletromagnetismo surgiu em 1820, quando Orsted (Hans Christian Orsted) conseguiu
provar experimentalmente que quando uma corrente elétrica passava ao longo de um fio,
surgia um campo magnético ao seu redor (ELETROMAGNETISMO, 2009).
André-Marie Ampere, em 1821, esclareceu o efeito de uma corrente sobre um imã e o
efeito oposto.
Em 1879, outro cientista, chamado D.E. Huges registrou mudanças nas propriedades de
uma bobina, quando colocada em contacto com metais de diferentes condutividades e
permeabilidades. Dessa forma, foi possível detectar diferenças de condutividade elétrica, de
permeabilidade magnética, de temperatura, de tratamento térmico e tamanho dos objetos
próximos às bobinas balanceadas e calibradas, usando um fone de ouvido como detector, por
meio de um sistema de correntes parasitas.
As correntes parasitas o também chamadas de correntes de eddy, por terem a forma
de redemoinho, turbilhão, ou correntes de Foucault. Jean Bernard Leon Foucault nasceu em
Paris em 1819 e construiu o pêndulo de Foucault, para demonstrar a rotação da Terra. Ele
observou que, quando um disco de cobre era colocado entre os pólos de um magneto, era
preciso mais força para fazê-lo girar do que quando não havia o magneto, devido ao
surgimento de correntes parasitas no interior do metal, produzidas pela variação do fluxo.
Michael Faraday, químico inglês, em 1831, iniciou suas pesquisas argumentando que se
uma corrente num fio produzia efeitos magnéticos conforme Ampere havia demonstrado, o
inverso poderia ser verdadeiro, ou seja, um efeito magnético poderia produzir uma corrente
elétrica. Faraday provou que uma corrente que varia a sua intensidade em função do tempo,
ao passar por uma espira, induz uma corrente elétrica numa espira adjacente. Isso é chamado
de indução eletromagnética (ASNT-E.T.B., 2006).
25
Em 1864, James Clerk Maxwell apresentou as equações chamadas de Maxwell, que
descrevem as interações eletromagnéticas, dando uma base teórica ao método.
Em 1926, H.E. Kranz desenvolveu um instrumento de correntes parasitas para medir
espessuras de paredes em metais condutores elétricos (ELETROMAGNETISMO, 2009).
Pierre Curie e Jaques Curie anunciaram a descoberta de um importante fenômeno, a
piezoeletricidade, que é a eletricidade produzida pela tensão nos cristais. Observaram também
que quando um material ferromagnético era aquecido acima de uma dada temperatura, ele
perdia suas propriedades magnéticas, que ficou conhecida como temperatura Curie (770
o
C).
Os primeiros equipamentos comerciais foram desenvolvidos entre 1950 e 1960, por
Frederich Forster, para atender inicialmente a indústria aeronáutica e nuclear. Foi introduzido
o conceito de análise do plano de impedâncias, amplamente utilizado até hoje (ASNT-E.T.B.,
2006).
2.2.2 – Fundamento do método
O ensaio por correntes parasitas é o processo de induzir pequenas correntes elétricas em
um material condutor de eletricidade, observando-se as mudanças nos efeitos causados pelas
correntes sobre os campos magnéticos.
Quando uma corrente elétrica flui através de um fio, forma um campo magnético ao seu
redor. O campo magnético é representado pelas linhas de força magnética. A direção do
campo magnético ou linhas de força ao redor do fio depende da direção do fluxo da corrente
através do fio (MIL HDBK 728/2, 1992).
Essa relação direta é chamada de regra da mão direita. Quando uma barra é mantida
pela mão direita, a corrente elétrica passará pela barra no sentido longitudinal do dedo
polegar, enquanto o campo magnético será formado na direção dos demais dedos, no sentido
circular à barra.
O ensaio por correntes parasitas é bastante similar à técnica de aquecimento por
indução. Ambas as técnicas dependem do princípio da indução eletromagnética para induzir
correntes parasitas numa peça dentro ou nas proximidades de uma ou mais bobinas de
indução. O aquecimento é consequência das perdas produzidas pelo fluxo de correntes
parasitas na peça (MIL HDBK 728/2, 1992).
Existem algumas diferenças entre ambas as técnicas. Uma delas está nos níveis de
potência utilizados. Para a cnica de aquecimento por indução, são utilizadas potências bem
mais elevadas do que no ensaio por correntes parasitas. Outra diferença está nos tipos de
26
bobina. No aquecimento por indução, a bobina possui apenas um campo primário, enquanto
que, no ensaio, a bobina é composta pelos campos primário e secundário (BLITZ, 1997).
O ensaio por correntes parasitas é aplicado principalmente na detecção de
descontinuidades em materiais ferrosos e não-ferrosos, mas possibilita também a
determinação de certas características físicas dos materiais, tais como:
- medição de espessura de camada;
- condutividade elétrica;
- permeabilidade magnética;
- diferenciação de metais quanto à composição química, dureza, microestrutura e tratamento
térmico (ABENDI, 2008).
As variações nas características do material produzem uma variação no fluxo de
correntes parasitas e como consequência, uma variação do campo secundário (H
S
), do campo
resultante (H
P
-H
S
), da impedância e da tensão induzida na bobina.
A peça a ser ensaiada é colocada dentro de uma bobina, ou em contato com uma sonda,
pela qual circula corrente alternada (corrente de excitação). Nas proximidades da bobina, é
gerado um campo eletromagnético chamado de campo primário (H
P
), o qual induz um fluxo
de correntes parasitas na peça ensaiada, conforme apresentado na Figura 1.
As correntes parasitas geram um segundo campo eletromagnético, chamado secundário
(H
S
), com sentido contrário ao primário. O campo magnético resultante é igual a Hp-Hs = 0
(DCTA/IFI, 2006a).
A descontinuidade provoca uma distorção do fluxo de correntes parasitas (ASNT-
N.T.H.,2004).
CA
Hp
Descontinuidade
Hs
Figura 1 – Correntes parasitas produzidas por uma bobina superficial (ASNT-N.T.H., 2004)
27
A intensidade do campo Hp depende da intensidade do campo de excitação primário.
A intensidade do campo H
S
depende da condutividade elétrica, da permeabilidade magnética,
das características geométricas do material e da frequência da corrente de excitação.
A varredura em uma superfície da peça ou material deve favorecer a detecção das
possíveis descontinuidades. A localização das descontinuidades deve estar em um sentido que
interrompa o fluxo das correntes parasitas. A Figura 2 apresenta o sentido das
descontinuidades que podem ser detectadas pelo ensaio.
Descontinuidades paralelas ao caminho das correntes não causam interrupção e não
podem ser detectadas (DCTA/IFI, 2006b).
Figura 2 – Sentido das descontinuidades detectadas pelo ensaio (GE, 2009)
2.2.2.1 Vantagens do método
- Ótima sensibilidade na detecção de descontinuidades superficiais;
- Usado para metais ferrosos e não-ferrosos;
- Resultados imediatos das descontinuidades;
- Não é necessário contato direto entre a sonda e a superfície da peça;
- Não há necessidade de material de consumo;
- Alto grau de automatização, com maiores velocidades de ensaio;
- Não exige preparação superficial rigorosa;
- Não é necessária a remoção de camadas de tinta.
Trinca detectada
Trinca paralela – não detectada
28
2.2.2.2 Limitações do método
- Aplicável somente em materiais condutores de eletricidade;
- A profundidade de penetração do ensaio é limitada;
- Em várias aplicações, o resultado é qualitativo, não quantitativo;
- De acordo com o tipo de equipamento, o investimento inicial é elevado;
- Para alcançar resultados seguros, é necessária grande habilidade do operador (DCTA/IFI,
2006a).
As ligas de alumínio para utilização aeroespacial são largamente utilizadas, devido ao
seu baixo peso, e utilizadas inclusive em estruturas consideradas críticas, que requerem
rigoroso controle durante a fabricação. O ensaio por correntes parasitas assegura:
- que cada parte do material é feita de uma liga específica de alumínio;
- que as propriedades resultantes da composição química e do tratamento térmico das ligas
são as requeridas para a aplicação específica; e
- que pela condutividade elétrica seja possível verificar propriedades das ligas que tenham
sido alteradas como consequência de processos térmicos.
Desde o início dos anos 60, fabricantes de estruturas de aeronaves têm utilizado o ensaio para
detecção de pequenas trincas superficiais, com equipamentos de baixa frequência (10 kHz a 1
MHz). Estudos mais recentes provaram que esse ensaio é mais sensível do que o ensaio por
Raios X, para detectar trincas de fadiga localizadas em regiões subsuperficiais dos materiais,
com baixa frequência (100 Hz a 10 kHz). Hoje são utilizadas frequências mais baixas ainda,
em torno de 60 Hz, e os tamanhos das sondas foram enormemente reduzidos
(ASNT-N.T.H.,
2004)
.
2.2.3 Variáveis principais do ensaio
2.2.3.1 Indução
O campo magnético criado por cada espira do fio em uma bobina induz uma corrente
em todas as outras espiras da mesma bobina. Esse efeito é chamado de indução e se opõe à
corrente original.
A Figura 3 apresenta uma fonte de corrente alternada, conectada a uma bobina simples.
Um voltímetro mede a voltagem aplicada e um amperímetro mede a passagem da corrente por
meio da bobina.
29
Figura 3 - Circuito elétrico (DCTA/IFI, 2006b)
Se os valores instantâneos de voltagem e corrente são plotados em um gráfico, a
corrente tem um atraso no tempo, em comparação com a voltagem. O valor mais alto da
corrente não ocorre ao mesmo tempo do valor mais alto da voltagem. Dessa maneira, a
indução ou indutância afeta a relação entre voltagem e corrente, conforme apresentado na
Figura 4 (HARVEY, 1995).
Figura 4 - Plotagem da voltagem (CA) e corrente (MIL HDBK 728/2, 1992)
Essa propriedade é chamada reatância indutiva, que é a oposição a mudanças no fluxo
da corrente alternada e é função direta da frequência da mesma. Se a frequência aumenta, a
reatância indutiva aumenta e a corrente através da bobina se reduz, diminuindo a intensidade
do campo magnético da bobina (ASNT-E.T.B., 2006).
Voltagem
M A X 0° 90° 180° 270° 360 90° 180°
_
Corrente
30
Algumas resistências estão presentes em todos os circuitos. O próprio fio oferece
resistência, que limita a quantidade de corrente no circuito. Para fios de dimensões diferentes,
a resistência aumenta com o comprimento e diminui quando a seção transversal aumenta.
Materiais diferentes com as mesmas dimensões físicas têm resistências diferentes. O
recíproco da resistividade é chamado de condutividade. A temperatura afeta diretamente a
condutividade. Quando a temperatura diminui, a condutividade diminui (GOLDEMBERG,
1998).
A resistência não é a única variável que afeta o fluxo de corrente. A impedância,
designada pela letra Z, é o nome dado à combinação de todas as propriedades que restringem
ou limitam o fluxo de corrente através do circuito (BLITZ, 1997).
2.2.3.2 Impedância
Em um circuito de corrente alternada, a impedância é a oposição total ao fluxo da
corrente através do circuito. A unidade é o ohm, representada pela letra “Z”.
Quando uma corrente alternada circula por uma bobina, duas oposições ao fluxo de
corrente, que são a resistência elétrica do arame (R) e a reatância indutiva (XL), representada
na Figura 5.
Figura 5 - Relação entre a resistência, reatância e impedância (TECHNICAL ORDER, 2007).
A impedância é uma quantidade vetorial cujos vetores formam um ângulo de 90
0
,
formando um retângulo e a diagonal de canto a canto representa a impedância (ASNT-E.T.B.,
2006).
Aplicando-se o teorema de Pitágoras, obtêm-se:
Z
2
= R
2
+ XL
2
Z = ( R
2
+ XL
2
) (1)
31
A letra θ (teta) representa o ângulo de fase de 45
0
do vetor impedância (ASNT-
E.T.B., 2006).
2.2.3.3 Condutividade elétrica
É a facilidade do material em conduzir corrente elétrica, ou seja, o número de amperes
da corrente que vai fluir através do material, quando uma voltagem é aplicada no material.
Bons condutores de eletricidade não têm elétrons fortemente ligados às ligações atômicas da
estrutura e são relativamente livres para se movimentarem através do material.
Cada material tem uma condutividade elétrica específica, baseada na habilidade dos
elétrons em mover–se através das ligações sem obstrução.
Todos os materiais apresentam certa resistência ao fluxo de corrente elétrica. Com base
nisso, os materiais podem ser classificados em: isolantes, semicondutores e condutores.
Os materiais que possuem a mais alta resistividade são classificados como isolantes. Os
materiais que possuem resistividade intermediária são classificados como semicondutores. Os
condutores, que são a maioria dos metais, são de grande interesse no ensaio, pois sua
aplicação possibilita a medição da condutividade elétrica, em termos de porcentagem IACS -
International Annealed Copper Standard (Norma Internacional de Cobre Recozido). Essa
norma de condutividade elétrica atribui um valor de 100% IACS à condutividade do cobre
recozido puro a uma temperatura de 20
o
C (ABNT NBR 8859, 2005).
O símbolo para a condutividade é o σ (sigma), e a unidade é expressa em % IACS. Os
outros metais e suas ligas são porcentagens desse material de referência.
A resistividade é definida como a habilidade do material de resistir ao fluxo da corrente.
A unidade da corrente é expressa em microohm.cm ou ohm.cm.10
-6.
A condutividade e a resistividade trabalham em oposição uma à outra (ASNT-E.T.B.,
2006).
Na Tabela 1, são indicados os valores da resistividade e da condutividade elétrica em %
IACS de diversos metais e ligas.
Diferenças na condutividade de materiais diferentes são detectadas pelo ensaio por
correntes parasitas, devido ao efeito que a condutividade do material tem sobre o campo
magnético e na excitação da bobina (ASNT-E.T.B., 2006).
Bons condutores incluem o cobre e a prata. Maus condutores incluem o níquel e o aço.
Não condutores incluem a madeira e o vidro.
32
Tabela 1 – Resistividade e condutividade dos metais e ligas (ASNT-N.T.H., 2004)
2.2.3.3.1 Padrões de condutividade
Padrões são utilizados para a verificação da condutividade ou a sua variação nos
materiais em ensaio. Todos os padrões são calibrados a uma temperatura de 20
0
C e a uma
frequência de 60 kHz. Esses padrões são os normalmente utilizados na indústria aeroespacial.
Os blocos são fornecidos com certificado de calibração e devem ser recalibrados
periodicamente.
A Figura 6 apresenta alguns tipos de blocos de referência para verificação de
condutividade, do fabricante GE.
igura 06 – Blocos de referência (GE, 2009).
Figura 6 – Blocos de referência (GE, 2009)
MATERIAL
RESISTIVIDADE
(ohm x cm.10
-6
)
CONDUTIVIDADE
(% IACS)
Latão 6.90 25.00
Alumínio (99.9) 2.65 64.94
Alumínio 2024-T4 5.20 30.00
Cobre recozido 1.72 100.00
Ouro 2.46 70.00
Prata 1,6 108,00
Chumbo 20.77 8.30
Magnésio (99%) 4.47 38.60
Aço Inox 316 74.00 2.50
Aço Carbono 20.00 8.6
Ferro puro 9,58 18,00
Bronze recozido 3,92 44,00
33
As aplicações da condutividade são:
- identificação de ligas e verificações;
- verificação do tratamento térmico durante a fabricação;
- detecção de mudanças na composição do material;
- variação dos materiais; e
- medição de condutividade elétrica dos materiais, durante a produção (DCTA/IFI, 2006b).
2.2.3.3.2 Fatores que afetam a condutividade:
- composição química;
- tratamento térmico (variação na microestrutura, tamanho de grão, dureza e tensões
residuais);
- processos de conformação a frio;
- temperatura (quanto maior a temperatura, menor a condutividade); e
- descontinuidades que provocam a diminuição da condutividade (DCTA/IFI, 2006b).
2.2.3.3.3 Efeito da condutividade nas correntes parasitas
A distribuição e a intensidade das correntes parasitas em materiais não-ferromagnéticos
são fortemente afetadas pela condutividade, conforme apresentado na Figura 7.
Figura 7 - Relação da condutividade elétrica com a profundidade de penetração
(TECHNICAL ORDER, 2007).
34
Variando o campo magnético de uma intensidade e frequência especificada, o campo
penetra no condutor elétrico, gerando correntes parasitas na superfície do condutor. A
magnitude da corrente, imediatamente abaixo da superfície, depende da condutividade do
material.
Em materiais de boa condutividade, fortes correntes parasitas são geradas na
superfície e é formado um forte campo magnético secundário, opondo-se ao campo magnético
primário aplicado. Portanto, em bons condutores, fortes correntes são formadas próximas à
superfície, mas sua intensidade se reduz rapidamente com a profundidade. Em maus
condutores, fracas correntes parasitas são geradas próximas à superfície, mas ocorrem com
magnitude apreciável em maiores profundidades (GATINEU, 1996).
2.2.3.4 Permeabilidade magnética
É a relação entre a indução (quando a alteração simétrica em relação a zero for de
caráter cíclico) e a alteração correspondente na força de magnetização.
A permeabilidade, representada pela letra “µ, é afetada pela composição química,
microestrutura e tamanho de grão.
É a capacidade que um material possui em conduzir linhas de fluxo magnético, ou seja,
é a facilidade com que o material é magnetizado.
A permeabilidade magnética relativa, representada por µr, é um número admensional,
que indica quantas vezes a permeabilidade magnética de um material é maior que a do vácuo.
Os materiais são classificados em três tipos: ferromagnéticos, paramagnéticos e
diamagnéticos.
O material ferromagnético é o que geralmente exibe o fenômeno da histerese e
saturação, cuja permeabilidade é dependente da força de magnetização (ABNT NBR 8859,
2005).
Os materiais ferromagnéticos, tais como o ferro, níquel, cobalto e suas ligas são
fortemente atraídos por um ímã e o valor de µr é bem superior a 1. O µr do ferro é 100
(DCTA/IFI, 2006a).
Os materiais paramagnéticos, tais como o alumínio, cromo, magnésio e estanho são os
materiais cuja permeabilidade relativa é ligeiramente maior que a unidade, sendo
praticamente independente da força de magnetização (ABNT NBR 8859, 2005).
35
Os materiais paramagnéticos são fracamente atraídos por ímã. A permeabilidade
magnética é aproximadamente igual a 1 (µr ~ 1) (DCTA/IFI, 2006b).
Os materiais diamagnéticos, tais como o cobre, mercúrio e o zinco, são os materiais
cuja permeabilidade relativa é ligeiramente menor que a unidade, sendo praticamente
independente da força de magnetização (ABNT NBR 8859, 2005).
Os materiais diamagnéticos são fracamente repelidos por um ímã (µr <1).
A permeabilidade magnética é definida como:
B (2)
H
onde B é a indução magnética ou densidade do fluxo e H é a intensidade do campo
magnético.
A Figura 8 apresenta a curva de magnetização com a relação existente entre a
intensidade do campo magnético aplicado na peça e a densidade do fluxo induzido nela.
Quanto maior a intensidade, maior a densidade, mas até certo ponto.
A velocidade de crescimento diminui, e por mais que aumente H, não há aumento de B,
até chegar ao ponto de saturação (DCTA/IFI, 2006b).
Saturação
B
Fe
Ni
H
Figura 8 – Curvas de magnetização (MIL HDBK 728/2, 1992)
As correntes parasitas são induzidas por campos magnéticos variáveis. A
permeabilidade magnética do material ensaiado influencia fortemente a resposta das correntes
parasitas. Consequentemente, as técnicas e condições utilizadas para ensaiar materiais
magnéticos diferem dos usados para materiais não-magnéticos. Os mesmos fatores que podem
influenciar a condutividade elétrica podem influenciar a permeabilidade magnética (MIL
HDBK 728/2, 1992).
µ
=
36
Quanto maior a permeabilidade magnética, maior o fluxo de correntes parasitas,
conforme a Figura 9.
Para o ensaio por Correntes Parasitas, é necessário saturar o material. Para essa
finalidade, é aplicada uma corrente contínua ao material, até que o aumento da corrente não
acarrete em aumento do campo magnético, estando o material saturado (ASNT-N.T.H.,
2004).
Figura 9 – Relação da permeabilidade magnética com a profundidade de penetração
(ASNT-N.T.H., 2004).
2.2.3.5 Acoplamento magnético
A peça é acoplada à sonda por meio do campo eletromagnético induzido. A distância
sonda-peça (lift-off) e o fator de enchimento (fill-factor) definem o acoplamento magnético
para os casos de ensaios com sondas e bobinas, respectivamente.
2.2.3.5.1 Efeito sonda peça – lift off
É o efeito observado devido à mudança no acoplamento entre o objeto ensaiado e a
sonda ou bobina, sempre que a distância entre eles é variada.
Quando uma bobina é suspensa no ar, produzirá algum tipo de indicação, mesmo sem
material condutor nas proximidades. Essa indicação varia, à medida que a sonda é aproximada
37
da superfície do material condutor. A maior variação é obtida quando a sonda encosta na
peça, conforme apresentado na Figura 10.
Esse efeito é tão pronunciado que pequenas variações no espaçamento (a partir de 20
mícrons) podem provocar o mascaramento de uma indicação produzida por outra variável de
interesse primário (ASNT-N.T.H., 2004).
F
igura 10 – Comparação da distância sonda peça com a profundidade de penetração
(ASNT-N.T.H., 2004)
É necessário manter uma relação constante entre o tamanho e a forma da sonda e da
peça. Isso torna muito difícil e complicado o ensaio de peças com geometria complexa. Para
eliminar ou compensar esse efeito, alguns equipamentos possuem sondas com molas, para
manter a distância constante (DCTA/IFI, 2006b).
Embora o efeito da distância sonda peça possa dificultar o ensaio em determinadas
aplicações, pode ser de utilidade para medição de camadas não-condutivas (tintas e camadas
anodizadas), sobre metais condutores. Quando a sonda está em contacto com a superfície não
condutiva, a espessura é uma medida direta da distância sonda-peça.
A Figura 11 apresenta o efeito lift off no diagrama do plano de impedância. Quando a
bobina é suspensa no ar, o valor da impedância é do ponto 1, que é igual a zero. À medida que
se aproxima da superfície, vai tomando o valor das linhas pontilhadas no sentido de baixo
38
para cima, até atingir o ponto 2 e a curva cheia que é a condutividade elétrica do material
(ASM, 1992).
Fig. 11- Efeito lift off no diagrama do plano de impedância (ASNT-N.T.H., 2004)
2.2.3.5.2 Fator de enchimento – fill factor
É a relação entre a área da seção transversal da peça e a área da seção transversal
efetiva do núcleo da bobina envolvente primária (diâmetro externo da forma da bobina, e não
o diâmetro interno adjacente à peça) (ABNT NBR 8859, 2005).
Na bobina, o acoplamento magnético é definido pelo fator de enchimento, o qual indica
o quanto a peça preenche a bobina. Da mesma maneira que o efeito da distância sonda-peça
produz variações na impedância, diversos fatores de enchimento produzem variações
pronunciadas na impedância da bobina.
O fator de enchimento é definido por:
onde Dem é o diâmetro externo do material e Dib é o diâmetro interno da bobina. Para
aplicação em bobinas internas, a fórmula é o inverso.
O fator de enchimento pode ser definido como teórico e real.
Dem
2
Dib
Nt
=
(3)
39
O fator de enchimento é sempre um número menor do que 1. Quanto mais próximo de 1
for o resultado, mais sensível e preciso é o ensaio.
Para aplicações, tais como diferenciação de materiais quanto à composição química,
tratamento térmico ou dureza, podem ser utilizados valores de Nt bem menores.
O fator de enchimento varia a impedância da bobina e pode ser utilizado como um
método para controlar o diâmetro externo dos materiais cilíndricos, tais como barras, tubos ou
arames (ASM, 1992).
2.2.3.5.3 Efeito de borda – edge effect
No ensaio eletromagnético, é o distúrbio do campo magnético e das correntes parasitas,
em virtude da proximidade de uma mudança abrupta na geometria da peça (borda). Esse
efeito geralmente provoca um mascaramento das descontinuidades existentes dentro da região
(ABNT NBR 8859:2005).
Quando a sonda se aproxima da borda da peça, ocorre uma distorção do fluxo de
correntes parasitas como consequência da diferença de permeabilidade e condutividade. Essa
distorção produz uma falsa indicação, como se fosse a representação de uma trinca larga ou
um furo e prejudica a detecção de outras descontinuidades que podem estar presentes. Quanto
menor for o diâmetro da bobina, menor será o efeito de borda (ASNT-E.T.B., 2006).
2.2.3.5.4 Efeito pelicular – skin effect
Fenômeno segundo o qual a profundidade de penetração da corrente elétrica em um
condutor diminui com o aumento da frequência da corrente. Para frequências muito elevadas,
o fluxo de corrente é limitado a uma camada externa e extremamente fina do condutor (ABNT
NBR 8859:2005).
A espessura da peça também produz mudanças no fluxo de correntes parasitas. O fluxo
é maior na superfície em contato com a sonda e diminui até chegar a zero no interior da peça.
A profundidade de penetração padrão é onde a densidade das correntes parasitas é
reduzida a aproximadamente 37% da densidade na superfície.
A profundidade de penetração padrão é uma função da frequência do ensaio e varia de
acordo com o material, devido a diferentes condutividades elétricas.
Quanto maior a profundidade de penetração, menor a sensibilidade de detecção de
descontinuidades (ASNT-E.T.B., 2006).
40
A Figura 12 apresenta um gráfico da densidade das correntes parasitas, em função da
profundidade de penetração, que é dada em múltiplos de profundidade padrão de penetração.
1.20
1.00
0.80
0.60
0.40
0.20
0
0 1 2 3 4 5 6
Unidade de Profundidade
Figura 12 - Profundidade de penetração padrão (ASM, 1992).
2.2.4 – Tipos de sondas e bobinas
O tamanho e a forma das bobinas definem a capacidade de resolução do ensaio. A
escolha da bobina é um dos mais importantes fatores para o sucesso do ensaio.
A bobina é formada por uma ou mais espiras de condutor, que produzem um campo
magnético, quando este condutor é atravessado por uma corrente elétrica (ABNT NBR
8859:2005).
A sonda é uma pequena bobina ou conjunto de pequenas bobinas, colocadas sobre a
superfície a ser examinada, ou próxima a essa superfície. É uma bobina e a respectiva carcaça
de proteção. Pode ter diferentes formas geométricas, de acordo com o objeto a ser ensaiado
(ABNT NBR 8859, 2005).
A Figura 13 apresenta dois tipos de sondas superficiais, do fabricante Olympus.
Densidade de correntes parasitas na superfície
Profundidade de
penetração padrão
41
Figura 13 – Tipos de sondas superficiais (OLYMPUS, 2008)
A Figura 14 apresenta a configuração de uma bobina de superfície.
Figura 14 - Bobina de superfície (ASNT-E.T.B., 2006)
2.2.4.1 Classificação das sondas
As sondas ou bobinas são classificadas em internas e externas. A bobina interna é usada
para ensaios dos diâmetros internos de materiais, tais como furos ou tubos.
A Figura 15 apresenta a configuração de uma bobina interna.
Figura 15 - Bobina interna (TECHNICAL ORDER, 2007)
Pode ser inserida no interior do tubo, para verificação de descontinuidades e variações
de espessura. Essa bobina induz correntes que envolvem a superfície interna do tubo ao redor
da bobina. Para furos são utilizadas bobinas rotativas manuais ou automáticas.
42
A bobina externa, também chamada de envolvente ou circunferencial, é usada para a
verificação das superfícies externas dos materiais que estão envolvidos pela bobina. A Figura
16 apresenta a configuração de uma bobina externa.
A bobina é usada manualmente para superfícies planas e para o ensaio automático de
material cilíndrico.
Figura 16 - Bobina externa (ASNT-E.T.B., 2006)
Para material cilíndrico a sonda tem maior sensibilidade, mas limita a velocidade do
ensaio. Pode ser necessária a utilização de duas ou mais sondas para um dado ensaio.
As bobinas externas apresentam maior sensibilidade quando a descontinuidade é
longitudinal, perpendicular ao fluxo de correntes parasitas. No processo de fabricação de
barras, tubos e arames, a maioria das descontinuidades é longitudinal.
Quando desejamos detectar descontinuidades transversais planas, devemos usar uma
sonda rotativa. Nesse caso, podem ser detectadas descontinuidades superficiais (ASNT-
E.T.B., 2006).
2.2.4.2. Bobinas
As bobinas podem ser simples ou duplas. Para as bobinas simples, o mesmo
enrolamento utilizado para induzir as correntes parasitas no material é também usado para
captar a mudança de impedância.
Podem ser utilizadas na diferenciação de materiais quanto à composição química,
dureza, tratamento térmico, etc..
Nesse caso, podem ser usadas uma ou duas bobinas. Para duas bobinas, uma envolve o
padrão ou a peça de referência e a outra o material.
As bobinas duplas possuem dois enrolamentos, o primário, onde circula a corrente de
excitação, e o secundário, que capta a mudança no fluxo de correntes parasitas no material.
43
O enrolamento secundário fica sempre mais próximo à superfície do material. Para
bobinas externas, o primário é enrolado sobre o secundário. Para internas, o secundário é
enrolado sobre o primário (DCTA/IFI, 2006b).
2.2.4.3 Arranjo das bobinas
As bobinas simples e duplas podem ser absolutas ou diferenciais.
A Figura 17 apresenta as configurações das bobinas simples absoluta e diferencial,
com a passagem de uma corrente alternada.
Figura 17 – Bobinas simples absoluta e diferencial (TECHNICAL ORDER, 2007).
As bobinas absolutas respondem a todas as propriedades elétricas ou magnéticas, ou
ambas, detectadas de uma região da peça, através de um ensaio eletromagnético, sem
comparação com outra seção da peça, ou com outra peça (ABNT NBR 8859, 2005).
As absolutas são as mais simples disponíveis e mais largamente utilizadas. São usadas
na diferenciação de material (composição química, dureza, tratamento térmico, etc.),
conforme apresentada na Figura 18. Não são indicadas para detecção de descontinuidades, por
serem sensíveis a variações localizadas.
As bobinas diferenciais eliminam esse problema. Detectam mudanças na impedância do
material e eliminam o problema de sensibilidade a variações. O secundário tem dois
enrolamentos em série e em oposição que comparam duas seções do material. Se ambas as
seções apresentam as mesmas características, as impedâncias serão iguais, e a saída é zero. Se
existir uma diferença ou descontinuidade numa das seções, haverá diferença de impedância e
indicação do equipamento (TECHNICAL ORDER, 2007).
INDICADOR
CA
C
CA
INDICADOR
44
As bobinas diferenciais são duas ou mais bobinas conectadas eletricamente em
oposição de série, de modo que qualquer condição elétrica ou magnética, ou ambas, que não
sejam comuns às áreas da peça que estiverem sendo examinadas, ou entre um corpo de prova
e um padrão, provoquem um desbalanceamento do sistema e, por consequência, produzam
uma indicação (ABNT NBR 8859, 2005).
Figura – 18 Bobina dupla absoluta (TECHNICAL ORDER, 2007)
A Figura 19 apresenta a configuração de uma bobina dupla diferencial.
Figura 19 – Bobina dupla diferencial (TECHNICAL ORDER, 2007)
Se existir uma diferença ou descontinuidade numa das seções, haverá diferença de
impedância e consequente indicação no equipamento.
CA
INDICADOR
INDICADOR
CA
C
45
A Figura 20 apresenta a ilustração de uma bobina dupla diferencial, utilizada
juntamente com um padrão para inspeção.
Figura 20 – Bobina dupla diferencial e padrão (TECHNICAL ORDER, 2007)
2.2.5 Seleção da frequência do ensaio
A frequência de uma corrente alternada é definida pelo número de ciclos da corrente
que ocorre em um segundo. A sua unidade é o hertz (ASNT E.T. B, 2006).
A variação do campo magnético é a mesma da corrente alternada na bobina. A
magnitude das correntes induzidas na superfície da peça cresce na proporção da variação da
frequência do campo.
Quanto maior for a frequência, maior é a intensidade das correntes na superfície e
menor é a profundidade de penetração no material.
A Figura 21 apresenta a relação da frequência com a profundidade de penetração. As
frequências usualmente utilizadas estão situadas na faixa de 100 Hz a 6 MHz.
A seleção da frequência depende dos seguintes fatores:
- espessura do material;
- profundidade de penetração desejada;
- sensibilidade desejada; e
- tipo de aplicação, para detecção de descontinuidades, diferenciação de materiais, etc
(ASNT-N.T.H., 2004).
Peça em inspeção
INSPEÇÃO
CA
Indicador
Padrão
46
Figura 21 – Relação da freqüência com a profundidade de penetração (ASNT-N.T.H., 2004)
A seleção da frequência é sempre um compromisso entre a profundidade de
penetração e a sensibilidade desejada. Quanto maior for a frequência, maior a sensibilidade
do ensaio para detecção de pequenas trincas superficiais e menor a profundidade de
penetração.
A frequência máxima é dada pela fórmula:
ρ
F max = ____________________ (4)
4 π
2
r.δ
2
ρ = resistividade = 72 ·. cm. 10
-6
(dado de tabela)
µr = 1
δ = profundidade
Para descontinuidades superficiais, devemos utilizar altas frequências.
47
Alguns equipamentos mais antigos, como os analógicos, não possuem a seleção da
frequência por valores, mas por faixas chamadas de baixa, média ou alta. A Tabela 2
apresenta os valores de cada faixa utilizada para o ensaio (ASNT-E.T.B., 2006).
Tabela 2 – Classificação dos valores da freqüência (GE, 2009)
Faixa de freqüência Classificação
100 Hz a 20 kHz Baixa
Acima de 20 kHz a 40 kHz Média
Acima de 40 kHz Alta
A frequência a ser utilizada no ensaio é determinada em função do material a ser
ensaiado e da localização da descontinuidade, se na superfície, com valores mais altos, ou
na subsuperfície, com valores menores.
A Tabela 3 apresenta alguns valores estabelecidos de frequência, de acordo com o
tipo de material, localização das descontinuidades e medição de condutividade.
Tabela 3 – Valores da freqüência em função dos tipos de materiais (DCTA/IFI, 2006b)
Material ou localização Frequência
Alumínio 50 a 500 kHz
Aço 500 kHz a 1 MHz
Medição de condutividade 100 kHz
Descontinuidades superficiais 100 kHz a 2 MHz
Descontinuidades subsuperficiais 100 Hz a 50 kHz
2.2.6 - Instrumentação
Os equipamentos de correntes parasitas estão disponíveis em diversos modelos e tipos.
Todos são similares no princípio, mas variam nas funções e nos acessórios. Todos os
equipamentos têm alguns métodos de detecção da mudança da impedância da bobina.
48
O circuito eletrônico é que varia de equipamento para equipamento. Um circuito básico
consiste de uma fonte de corrente alternada que é dirigida à bobina.
Um voltímetro é conectado através da bobina para medir a voltagem. Quando a bobina
é posicionada sobre ou próximo a uma peça, a impedância sofre uma mudança. Essa mudança
é refletida na leitura do medidor.
A maioria dos equipamentos realiza as funções de acordo com a Figura 22. O gerador
fornece a corrente de excitação.
A modulação ou mudança do sinal ocorre no campo eletromagnético, produzido pela
sonda e pela peça.
Figura 22 – Funções dos equipamentos de correntes parasitas (ASNT-E.T.B., 2006)
O processamento do sinal é feito por circuitos de compensação ou balanceamento,
filtros para melhorar a relação sinal/ruído, amplificadores e circuitos de detecção de
amplitude.
O circuito ponte é muito utilizado nos equipamentos portáteis, tais como medidores de
condutividade elétrica, detectores de descontinuidades, etc..
As impedâncias Z1 e Z2 são iguais e de valor constante. A impedância Z4 é a sonda.
Colocada a sonda sobre a peça ou no padrão, o circuito é balanceado pela impedância variável
Z3, para se obter uma saída igual a zero.
Balanceado o circuito, conforme apresentado na Figura 23, pode ser iniciado o ensaio
com as varreduras sobre a superfície (ASNT-E.T.B., 2006).
49
Z1 Z2
INDICADOR
DETECTOR
Z3
Z4
PEÇA
Figura 23 - Circuito ponte com resistência e reatância variáveis (DCTA/IFI, 2006b).
Se a peça for igual ao padrão, a saída será zero, se for diferente (apresentar uma
descontinuidade ou outro tipo de material), a saída será diferente de zero (ASNT-E.T.B.,
2006).
2.2.7 – Aplicações do ensaio
O ensaio por correntes parasitas não se limita à detecção de descontinuidades. Possui
aplicações diversas, de grande auxílio nas linhas de produção, descritas a seguir:
2.2.7.1 - Medição de condutividade
Para a medição de condutividade elétrica e diferenciação de materiais o-magnéticos,
os equipamentos utilizados são normalmente portáteis, com frequência fixa de 100 kHz.
Esta aplicação é somente para materiais não-magnéticos. Os materiais ferromagnéticos
apresentam uma variável que é a permeabilidade magnética, que torna impossível a
determinação exata da condutividade.
Como o valor da permeabilidade dos materiais não-magnéticos é igual a 1 e os
equipamentos operam com frequência fixa, a profundidade de penetração depende da
condutividade elétrica.
2.2.7.2 - Medição de espessura de camadas
Para a medição de camadas não condutivas sobre metais condutores não-magnéticos, é
utilizado o efeito lift off.
50
Ex.: Camada de anodização, verniz, plástico sobre alumínio, cobre, latão, etc..
Podem também ser medidas camadas não-magnéticas sobre materiais magnéticos.
Ex.: Camadas de tinta, plásticos, cromo, cádmio, borracha, vernizes, papel, esmalte, etc..
2.2.7.3 - Medição de espessura de materiais não-condutores
O material não-condutor é colocado sobre uma chapa de material condutor. Ao colocar
a sonda sobre ele, a espessura será igual à distância da sonda até a superfície do material
condutor. Pode ser utilizado o efeito lift off, até aproximadamente 50 mm de espessura.
2.2.7.4 - Diferenciação de materiais
Com a utilização de duas sondas, se os materiais são iguais, não tensão de saída no
secundário. Se os materiais são diferentes, a tensão de saída será proporcional à diferença
entre ambas.
Com a utilização de uma sonda, é colocada a peça padrão na bobina e posteriormente
na peça em ensaio. Pela análise do gráfico, é verificada se há diferença.
2.2.7.5 - Detecção de descontinuidades
Descontinuidades tais como trincas, inclusões e corrosão podem ser detectadas na
superfície ou na subsuperfície dos materiais e peças, pelo desbalanceamento do circuito ponte.
2.2.7.6 Dureza
É a verificação da homogeneidade de tratamento térmico. Quando um metal ou liga é
submetido a um tratamento térmico, a dureza aumenta ou diminui, dependendo do material,
que também afeta a condutividade e a permeabilidade do material.
A variação indesejada do tratamento térmico é detectada pelo ensaio por Correntes
Parasitas (DCTA/IFI, 2006b).
2.2.8 Calibração
Calibração é o conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a
relação entre valores indicados por um instrumento de medição ou sistema de medição de
51
valores, representados por uma medida materializada de um material de referência e os
valores correspondentes das grandezas estabelecidas (ABNT NBR 8859, 2005).
A metrologia fornece as técnicas que permitem que grandezas sejam corretamente
verificadas. Incorpora–se, como função essencial e indispensável a todo e qualquer sistema
que executa medidas. É por esta razão que o claro entendimento aos conceitos de medição e
do significado das medidas tem sido constantemente expandidos e aperfeiçoados,
incorporando ao domínio dos valores medidos os erros existentes e a incerteza das medidas.
Realizar ensaios não-destrutivos é essencialmente medir. Do ponto de vista técnico e na
maioria dos casos, quando realizamos um ensaio utilizando equipamentos que forneçam
resultados, estamos medindo e esperamos que a medição envolvida tenha exatidão e que
apresente as características de precisão, repetibilidade e reprodutividade necessária para
assegurar a qualidade dos mesmos.
A precisão estabelece o quanto um equipamento de ensaio é capaz de reproduzir um
valor obtido numa medição, mesmo que ele não esteja correto.
Exatidão é a capacidade que o equipamento de ensaio tem de fornecer um resultado
correto ou que, após várias medições de um mesmo ponto, nos fornece um valor médio
próximo do real, mesmo apresentando uma baixa precisão.
Tolerância é a diferença entre os valores máximos e mínimos admissíveis para uma
medida.
Calibrar um equipamento ou instrumento é comparar, em condições controladas de
laboratório e utilizando procedimentos validados, os resultados das medidas apresentadas por
este equipamento, com relação aos valores apresentados por padrões de referência de elevada
confiabilidade, exclusivamente utilizados para esta finalidade (ROSSI, 2009).
Padrão é a referência física usada como base para comparação ou calibração. Um
conceito que tenha sido estabelecido por uma autoridade ou um cliente, ou mediante um
acordo, para servir como modelo ou regra na medição da qualidade, ou no estabelecimento de
práticas ou procedimentos (ABNT NBR 8859, 2005).
Os padrões devem ser metrologicamente superiores aos instrumentos a calibrar. A mão-
de-obra deve ser especializada e treinada para a atividade de calibração. Essa atividade é
diferente da atividade de verificar se os equipamentos utilizados estão operando corretamente,
antes do início das operações, pela verificação do desempenho operacional. O nome para este
caso é ajuste, do inglês set up.
A calibração é fruto de uma política que objetiva assegurar resultados confiáveis das
medições dos ensaios realizados. Deve ser executada periodicamente sempre que algum
52
equipamento for submetido à manutenção ou reparo, para garantir a rastreabilidade das
medições.
A utilização da metodologia de probabilidade de detecção de descontinuidades (POD)
tem sido cada vez mais usada para melhoria nos métodos e na redução de riscos.
Equipamentos de ensaios têm influência direta sobre essa probabilidade (ROSSI, 2009).
2.2.8.1 Padrões
São utilizados para ajustar a sensibilidade do equipamento para vários parâmetros dos
materiais a serem ensaiados, tais como descontinuidades, variação de permeabilidade e outras
condições do material.
O desenvolvimento e uso dos padrões de referência requerem uma completa
compreensão do ensaio a ser realizado (DCTA/IFI, 2006b).
Os padrões usados para ajustar a sensibilidade devem estar livres de indicações que
possam interferir com o ensaio e devem ser da mesma liga e tratamento térmico do produto a
ser ensaiado. Devem ter suficiente comprimento para permitir uma varredura adequada das
descontinuidades artificiais, que forneçam uma boa resolução de sinal. A Figura 24 apresenta
um padrão chamado de bloco de referência, do fabricante General Eletric (GE, 2009).
As descontinuidades artificiais desenvolvidas para elaboração do padrão podem ser
com profundidades variadas, ou passantes. Em alguns casos, uma própria parte da peça pode
ser utilizada como padrão. As descontinuidades artificiais superficiais, quando não for
especificada a dimensão da descontinuidade no documento de engenharia, devem ser de 5 mm
de cumprimento por 0,75 mm de profundidade. Outras dimensões são permitidas em função
da padronização, desde que a sensibilidade estabelecida durante o ajuste operacional detecte a
descontinuidade acima especificada (ABNT NBR 15548, 2008).
Descontinuidades artificiais são descontinuidades de referência, tais como furos, rasgos
ou entalhes, introduzidos em um padrão de referência, para proporcionar, com precisão, níveis
de sensibilidade reproduzíveis para o equipamento de ensaio eletromagnético (ABNT NBR
8859, 2005).
Blocos de referência são disponibilizados para utilização com os equipamentos de
ensaio por correntes parasitas, para a obtenção dos corretos níveis de sensibilidade, durante a
calibração e ensaio (GE, 2009).
O padrão do fabricante GE apresenta quatro tipos de materiais de ensaio, ferro,
alumínio, titânio e aço inoxidável, com rasgos de 0,2 mm, 0,5 mm e 1,0 mm. O padrão do
53
fabricante Elotest apresenta os quatro tipos de materiais em um único bloco, com as mesmas
dimensões dos rasgos.
,
Figura 24 – Padrão de calibração – bloco de referência (GE, 2009)
2.2.8.2 Considerações sobre os padrões
As considerações sobre os padrões incluem:
a- o material a ser ensaiado;
b- tamanho e forma do material;
c- tipos de descontinuidades;
d- meios de produzir descontinuidades artificiais;
e- indicações relevantes que podem ser encontradas;
f- capacidades e limitações do equipamento; e
g- critério para análise das indicações relevantes.
Muitos tipos de descontinuidades artificiais podem ser produzidos. A utilização desses
padrões deve corresponder às descontinuidades reais esperadas. Por exemplo: para detecção
de descontinuidades transversais, utiliza-se um bloco com entalhe transversal.
Os blocos de referência podem ser construídos para verificação de condutividade,
espessura de camada, detecção de descontinuidades, etc..
Os equipamentos de correntes parasitas devem ser verificados muitas vezes durante o
ensaio quanto à calibração e devidos ajustes, com os padrões estabelecidos em um
procedimento escrito (ASNT-E.T.B., 2006).
54
Os padrões e os ensaios devem estar de acordo com o Sistema Internacional de
Unidades (SI), que é o sistema oficialmente adotado no Brasil, para expressar as unidades das
grandezas e atender aos propósitos das medições.
O SI está fundamentado em sete unidades de base e as unidades derivativas. As
unidades de base são consideradas independentes do ponto de vista dimensional e utilizadas
para medir as grandezas indicadas que são:
- comprimento – metro (m);
- massa – quilograma (kg);
- tempo – segundo (s);
- intensidade de corrente elétrica – ampere (A);
- temperatura termodinâmica – kelvin (K);
- quantidade de matéria – mol (mol);
- intensidade luminosa – candela (cd).
Algumas unidades derivativas do SI são apresentadas abaixo, utilizadas para os ensaios
eletromagnéticos:
- temperatura – t (ºC);
- frequência – hertz (Hz);
- resistência elétrica – ohm () (ABNT NBR ISO 1000, 2006).
Para a correta calibração, é necessário efetuar a repetitividade dos resultados de
medição.
A repetitividade é o grau de concordância entre os resultados de medições sucessivas de
um mesmo objeto de medição, efetuadas sob as mesmas condições de medição (VIM, 2007).
2.2.9 Prática do ensaio convencional
A maioria dos metais utilizados na engenharia são ligas formadas pela adição de um ou
mais metais ao metal base, para se conseguir as propriedades desejadas e aumentar a
resistência à deformação. Essa adição é usualmente efetuada durante a fundição. A
condutividade de um metal pode aumentar ou diminuir de acordo com as ligas formadas.
Alguns elementos de liga têm um efeito maior na condutividade do que outros.
Geralmente átomos que diferem muito em tamanho e distribuição dos elétrons comparados ao
metal base causam grande diminuição de condutividade.
55
Tendo em vista que o ensaio por correntes parasitas é aplicado a materiais condutores
de eletricidade, deve-se dar especial atenção à composição química das peças a serem
ensaiadas.
Todo ensaio por correntes parasitas requer os seguintes parâmetros:
- Um equipamento apropriado para seleção da freqüência necessária;
- As sondas superficiais, envolventes ou de furos, de acordo com os tipos de peças;
- Padrões para calibração e ajuste do equipamento e do ensaio;
- Ter uma idéia da localização, tamanho e tipo das descontinuidades esperadas;
- Um procedimento escrito com o critério de aceitação/rejeição; e
- Um operador qualificado para compreender e interpretar o resultado (TECHNICAL
ORDER, 2007).
2.2.10 Segurança
A segurança do pessoal que executa ensaio envolve as normas de segurança da
própria organização.
A maioria dos equipamentos de correntes parasitas requer uma fonte externa de
energia elétrica. Devem ser observados procedimentos relativos ao manuseio dos cabos, sua
manutenção e seu uso. Cabos danificados ou que estejam posicionados em locais de
passagem de pessoal podem ocasionar a queda do equipamento, provocando danos que
devem ser evitados (MIL HDBK 728/2, 1992).
2.2.11 – Descontinuidades detectáveis pelo ensaio
Qualquer interrupção que altere de forma significativa a continuidade do fluxo das
correntes parasitas é chamada de descontinuidade e pode ser detectada pelo ensaio, desde que
localizada na superfície ou na subsuperfície do material ensaiado.
Descontinuidade é a interrupção na estrutura física ou configuração de um objeto em
ensaio.
Defeito é a descontinuidade cujo tamanho, forma, orientação ou localização é
prejudicial ao uso do material, ou que excede o critério de aceitação/rejeição de uma
especificação aplicável. Algumas descontinuidades não excedem as especificações e não são
consideradas defeitos (ASNT-E.T.B., 2006).
56
Descontinuidades abertas à superfície são mais facilmente detectadas do que
descontinuidades subsuperficiais.
No caso de utilização de sondas internas ou externas, são mais facilmente detectadas
descontinuidades superficiais longitudinais e radiais. À medida que aumenta a profundidade
das descontinuidades, mais difícil é a detecção. Dependendo do tipo e tamanho da
descontinuidade, do tipo de material e do equipamento utilizado, a profundidade máxima
pode chegar a 12,7mm da superfície, embora o mais comum seja até 5 mm (ASNT-E.T.B.,
2006).
Sensibilidade é a capacidade de encontrar as descontinuidades mais difíceis de serem
detectadas, com referência ao tamanho e tipo (TECHNICAL ORDER, 2007).
Para ensaios manuais, a Figura 25 apresenta a tela de um equipamento digital, com as
curvas no plano de impedância de um material não magnético, contendo várias
descontinuidades.
O ponto A representa a impedância do material sem descontinuidade. A trinca
subsuperficial, além de apresentar uma amplitude menor do que a superficial, tem ângulo de
fase diferente.
Figura 24 – Curvas no plano de impedância de um material não magnético (CTA,
Figura 25 – Representação das curvas na tela do equipamento (DCTA/IFI, 2006b)
A Figura 26 apresenta a tela de um equipamento quando uma sonda passa inicialmente
na superfície da peça e por trincas artificiais de diferentes profundidades. A amplitude e a fase
de resposta variam de acordo com cada profundidade da trinca (GE, 2009).
57
Figura 26 – Respostas de trincas de diferentes profundidades (GE, 2009)
2.2.11.1 Aparência das descontinuidades
As descontinuidades o quaisquer variações na homogeneidade de uma peça ou
material, tanto em sua estrutura como em sua forma. Os critérios de aceitação são definidos
por meio da análise da influência que a descontinuidade terá sobre a utilização do material ou
do equipamento, ou por normas especificadas pelo cliente.
As descontinuidades podem ser atribuídas a diferentes causas. Elas podem ocorrer
durante o próprio processo de fabricação do material (por exemplo: durante a fundição),
durante o processamento (durante a laminação, forjamento, usinagem, etc.), ou durante o uso
do equipamento em serviço por aplicação de esforços mecânicos ou corrosão (ABENDI,
2009).
2.2.11.2 – Tipos de descontinuidades detectáveis pelo ensaio
a) Inclusões
Concentrações de material metálico ou não-metálico estranhos à fusão, tais como gases
ou escória, aprisionados durante o processo de soldagem ou fundição. São partículas
arredondadas ou alongadas, que podem surgir internamente ou na superfície do material. Não
são considerados prejudiciais se relativamente pequenos e bem dispersos e se não estiverem
localizados em filetes, furos ou bordas. Se aparecerem em forma de grupamentos, alongadas
ou largas, podem ser prejudiciais (MIL HDBK 728/2, 1992).
A Figura 27 apresenta quatro tipos de inclusões de escória, que são de material não-
metálico retido na zona fundida de um cordão de solda:
a) alinhadas
58
b) dispersas
c) isolada
d) agrupadas
Figura 27 – Tipos de inclusões (ABNT/ONS-58, 2009)
b) Trincas
São descontinuidades de propagação contínua, produzidas por rupturas no metal sob
tensão mecânica ou ação química a quente ou a frio. A Figura 28 apresenta uma trinca na
zona termicamente afetada (ZTA), de um cordão de solda.
São caracterizadas por uma extremidade aguda e seu comprimento. Devido ao fato da
trinca ser considerada como grave defeito de fabricação ou de serviço, é considerada crítica e
deve-se ter uma atenção especial para a sua detecção (MIL HDBK 728/2, 1992).
Figura 28 - Trinca localizada na ZTA (SILVA; PARANHOS, 2003)
59
c) Trincas por fadiga
São usualmente causadas por cargas cíclicas repetitivas em uma estrutura. Pontos de
concentração de tensão como furos ou rasgos são áreas de grande concentração de tensão,
onde a trinca por fadiga se inicia. Propagam-se usualmente normal à direção da máxima
tensão aplicada (TECHNICAL ORDER, 2007).
d) Porosidade de gás
Os poros, usualmente de forma redonda, são decorrentes dos gases aprisionados e não
eliminados durante o vazamento e solidificação do material nos processos de fundição e
soldagem. Os gases tendem a escapar facilmente para a atmosfera enquanto a liga permanecer
no estado líquido. Com a solidificação, alguns desses gases ficam aprisionados no interior da
peça ou na sua superfície, na forma de bolhas (MIL HDBK 927/2, 1992).
A porosidade é o conjunto de poros distribuídos de maneira uniforme, porém não
alinhados. A porosidade pode ocorrer de forma uniformemente distribuída, em grupos,
alinhada ou como porosidade vermiforme (NERIS, 2008), conforme apresentado na Figura
29.
a) Porosidade
b) Porosidade agrupada
c) porosidade alinhada
Figura 29 - Tipos de porosidade no cordão de solda (NERIS, 2008)
a)
b)
c)
60
e) Corrosão
A corrosão é um tipo de deterioração facilmente encontrada em materiais metálicos. O
aço oxida quando em contacto com gases nocivos, íons de hidrogênio ou umidade. Um dos
tipos mais normalmente encontrados é a corrosão ao pitting (ASNT-E.T.B., 2006).
A corrosão consiste na deterioração dos materiais pela ação química ou eletrolítica do
meio, podendo estar ou não associada a esforços mecânicos. Pode incidir em diversos tipos de
materiais, sejam metálicos ou não-metálicos (FERREIRA, 2007).
A Figura 30 apresenta a forma de corrosão entre camadas
Figura 30 - Imagem de varredura típica de corrosão (GE, 2009)
f) Corrosão ao pitting
Um dos tipos de descontinuidade mais normalmente encontrados é a corrosão ao
pitting, que significa furo ou orifício. Também é chamada de corrosão alveolar.
As correntes utilizadas na medição do campo de correntes alternadas são mais
fortemente perturbadas por descontinuidades planares, entretanto, a corrosão ao pitting
também causa perturbação ao fluxo da corrente e podem ser detectadas. O grau de
perturbação da corrente é muito menor do que de uma trinca de mesma profundidade e
tamanho. A Figura 31 apresenta um exemplo desse tipo de corrosão localizada.
61
Figura 31 – Corrosão ao pitting (CIMM, 2009)
Numa varredura essa descontinuidade tem a aparência de uma trinca rasa (ASNT-
E.T.B., 2006)
2.2.11 Aplicações do ensaio em aeronaves
Os ensaios por correntes parasitas são largamente aplicados em estruturas e
componentes de motores de aeronaves.
2.2.12.1 Ensaios em estruturas de aeronaves
Fabricantes de aeronaves e de estruturas de aeronaves utilizam a técnica de correntes
parasitas para detecção de trincas, desde o início dos anos 1960. Os equipamentos foram
projetados para detectar pequenas trincas superficiais.
Por volta de 1973, estudos comprovaram que o ensaio por correntes parasitas é mais
sensível do que o ensaio radiográfico para detectar trincas de fadiga. Durante as manutenções
das aeronaves, a detecção de corrosão e sua extensão em estruturas são facilmente verificadas.
2.2.12.2 Ensaios em componentes de motores aeronáuticos
O ensaio é muito utilizado na detecção de descontinuidades superficiais. A Força Aérea
dos Estados Unidos e os fabricantes americanos de motores aeronáuticos utilizam
equipamentos automáticos para assegurar que os componentes críticos não contenham
descontinuidades rejeitáveis.
62
Componentes de motores de aeronaves militares são ensaiados na fabricação, para
assegurar que as peças estejam livres de pequenas descontinuidades em zonas críticas.
Normalmente são ensaiados rotores, palhetas de turbina e tubos sujeitos à corrosão, difíceis de
serem verificados por outros ensaios (ASNT-E.T.B., 2006).
2.3 Técnica por phased array
O ensaio por correntes parasitas foi desenvolvido para aplicação da tecnologia de
phased array, inicialmente utilizada somente para o ensaio de ultrassom.
Devido à técnica ser a mesma para ambos os ensaios, os equipamentos desenvolvidos
são também utilizados para ambos os ensaios, com módulos específicos para ultrassom e para
correntes parasitas. Um ensaio complementa o outro, pois o de correntes parasitas detecta
descontinuidades superficiais e subsuperficiais e o ultrassom detecta descontinuidades
principalmente internas, ultrapassando 600 mm de profundidade.
Nesse caso, o conhecimento operacional, a experiência e a habilidade do operador se
tornam fatores primordiais (GE, 2009).
Essa técnica foi inicialmente utilizada pela indústria nuclear, na inspeção de tubulações.
Aos poucos, passou a ser utilizada em todas as áreas de fabricação e manutenção,
principalmente a petroquímica e aeroespacial. É uma extensão da técnica convencional do
ensaio.
Esse rápido interesse na utilização levou ao grande desenvolvimento da técnica e dos
equipamentos, para adaptação a todos os tipos de materiais e peças, desde que condutores de
eletricidade.
Essa tecnologia permitiu que diversos sensores fossem posicionados lado a lado em
uma única sonda. Esses sensores são eletronicamente excitados e alterações das correntes
parasitas no material ou na peça são medidas. A aquisição de dados é possível por meio do
emprego de multiplexadores, evitando indutância mútua entre os sensores individuais
(LAMARRE; GOLDBERGER, 2007).
A Figura 32 apresenta uma comparação entre uma varredura típica de um equipamento
convencional, de um elemento e uma varredura por phased array, com uma sonda de 32
elementos.
Podem ser coordenadas eletronicamente múltiplas bobinas de correntes parasitas
simultaneamente. Cada bobina individual na sonda produz um sinal relativo à fase e
amplitude da estrutura sob ensaio. Esses dados são referenciados para uma posição e tempo e
63
representados graficamente como uma imagem em C Scan. Isso representa uma enorme
economia de tempo no ensaio e maior sensibilidade de detecção no resultado.
Figura 32 – Comparação da varredura convencional e por phased array (GE, 2009)
É largamente utilizada para o ensaio em barras, chapas, tubos, superfícies planas,
fuselagem, rodas e estruturas de aeronaves, peças com formas geométricas complexas,
inclusive para detecção de descontinuidades em serviço (GE, 2009).
2.3.1 Efeito do multiplexador
Um multiplexador ou seletor de dados é um circuito lógico que aceita várias entradas de
dados digitais e seleciona apenas uma das entradas, em qualquer instante, para ser a saída.
Tem como aplicações principais a seleção de dados, operações sequenciais e encaminhamento
de dados.
O multiplexador efetua o processo onde múltiplos sinais de mensagem analógica o
combinados em um sinal digital sobre um meio compartilhado, conforme apresentado na
Figura 33.
Quando os dados das correntes parasitas phased array passam por um multiplexador, as
bobinas individuais são excitadas em diferentes tempos, permitindo ao sistema excitar todas
as bobinas da sonda, sem excitar quaisquer duas bobinas adjacentes ao mesmo tempo
(SILVA, 2008).
Sonda convencional Sonda phased array
64
Figura 33 - Efeito do multiplexador (OLYMPUS, 2008)
A indutância mútua, que é o acoplamento magnético entre bobinas próximas, é um
efeito indesejável no ensaio, por induzir corrente em uma bobina pela mudança do fluxo
magnético da outra bobina próxima. Esse efeito é minimizado com o uso de um sistema de
multiplexadores, que cuidadosamente programa o momento exato que cada bobina é excitada
para transmitir o seu sinal de correntes parasitas. Os sinais passam por um arranjo para serem
visualizados como uma imagem, conforme apresentado na Figura 34.
O multiplexador funciona como um scanner, que permite um aumento na sensibilidade
da bobina, por meio da redução da indutância mútua, e uma redução do nível de ruído
(OLYMPUS, 2008).
Figura 34 – Sonda com o efeito multiplexador (GE, 2009)
2.3.2 Utilização de padrões
Os padrões são fundamentais para o ajuste e a calibração dos equipamentos e
estabelecimento da sensibilidade das sondas phased array.
65
A Figura 35 apresenta um padrão de alumínio do fabricante Olympus, RD Tech modelo
CD-402040, para verificação do efeito lift off (faixa roxa), entalhes (faixas centrais), trincas
(rebites superiores) e corrosão (rebites inferiores).
O operador efetua uma varredura no padrão contendo descontinuidades conhecidas,
para gerar o mesmo sinal para cada canal. Normalmente a descontinuidade conhecida pode
ser um entalhe raso e longo, transversal ao padrão. O operador ajusta o ganho e a rotação de
cada canal, de tal modo que a mesma resposta de fase e amplitude seja obtida para todos os
canais (GE, 2009).
A calibração também pode ser efetuada na própria peça a ser ensaiada, ou com uma
peça que contenha descontinuidades, estabelecida como padrão no procedimento específico.
Figura 35 – Padrão de alumínio para calibração do equipamento (OLYMPUS, 2008)
A Figura 36 apresenta a parte inferior do padrão para a detecção de trincas de 6
tamanhos e profundidades diferentes.
66
Figura 36 – Parte inferior do padrão com as trincas à partir dos rebites (OLYMPUS, 2008)
2.3.3 Vantagens da técnica por phased array
Essa tecnologia, quando comparada ao ensaio convencional, proporciona os seguintes
benefícios:
- redução enorme do tempo de ensaio, com o aumento da velocidade de varredura;
- em uma única varredura é inspecionada uma larga área superficial, reduzindo os custos
consideravelmente, conforme apresentado na Figura 37;
- redução na complexidade mecânica dos sistemas de varredura ou de sistemas automatizados;
- uma simples varredura manual é suficiente;
- proporciona visão cartográfica em tempo real da região inspecionada, facilitando a
interpretação dos resultados;
- adapta-se bem a peças com forma geométrica complexa;
- melhora a confiabilidade e a probabilidade de detecção de descontinuidades (POD)
(LAMARRE; GOLDBERGER, 2007);
- melhor confiabilidade do ensaio, como resultado da imagem C Scan, inclusive para detecção
de pequenas descontinuidades como pontos de corrosão;
- a preparação superficial é nima, ao contrário de outros ensaios que requerem limpeza
completa da superfície;
- não é necessário remover camadas de tinta da superfície a ser ensaiada;
67
- alta resolução do ensaio;
- armazenamento de todos os registros referentes à região inspecionada;
- o ensaio pode ser realizado com monitoramento por alarme, baseado no sistema “passa não
passa” (go no go). A descontinuidade que excede o critério de aceitação estabelecido por
norma faz soar o alarme pré ajustado e a peça é segregada; e
- a sensibilidade do ensaio permite detectar poros de até 0,25 mm de diâmetro por 0,125 mm
de profundidade. São detectadas trincas de 0,5 mm de cumprimento por 0,1 mm de
profundidade (OLYMPUS, 2008).
Figura 37 – Sonda convencional simples e sonda phased array múltipla (OLYMPUS, 2008).
2.3.4 Equipamentos
Os equipamentos são normalmente portáteis e alimentados por eletricidade e bateria.
Podem ser encontrados módulos phased array utilizados para os ensaios por ultrassom e por
correntes parasitas. A faixa de frequência operacional é entre 20 Hz e 6 MHz, com opção do
uso de várias frequências simultâneas na sonda. Sensores de deslocamento podem ser usados
junto à sonda. Podem ser arquivadas as informações (OLYMPUS, 2008).
A Figura 38 apresenta um equipamento digital portátil, com variação de frequência,
para detecção de descontinuidades, medição de condutividade elétrica e de camadas, marca
Elotest, modelo M2 – V3, do fabricante Rohmann GmbH, utilizado para execução dos ensaios
no laboratório do DCTA/IFI.
Equipamentos foram desenvolvidos para atividades específicas, como por exemplo, a
detecção de corrosão nas aeronaves A 330 e A 340 da Airbus, com o equipamento Olympus
Omniscan ECA e a respectiva sonda, localizada entre a primeira camada e o painel acústico.
Nesse caso, normalmente é utilizada uma sonda de 32 elementos e frequência de 50
kHz, para atingir uma profundidade de 2 mm abaixo da superfície.
Bobina simples - lenta Bobina múltipla - rápida
68
Figura 38 – Equipamento digital de correntes parasitas (POLIMETER, 2009).
A Figura 39 apresenta um equipamento Olympus phased array com a imagem das
corrosões. À direita da tela, são visualizados os pontos de corrosão ao redor dos rebites de
uma fuselagem de aeronave. Na mesma tela, é apresentado no lado esquerdo superior o plano
de impedância e no inferior a imagem em forma de “tira de registro”.
São também apresentadas duas imagens ampliadas da tela, com pontos de corrosão.
Uma sonda convencional para inspeção de 12 m
2
levaria 9 horas, enquanto que uma
sonda com arranjo de elementos phased array leva 1 hora. Essa técnica apresenta boa
repetitividade e confiabilidade.
A imagem por C Scan proporciona facilidade de detecção de pequenas corrosões
localizadas em grandes superfícies (LAMARRE; GOLDBERGER, 2007).
69
Figura 39 - Equipamento com a imagem das indicações de corrosões (LAMARRE;
GOLDBERGER, 2007)
Os equipamentos modernos emitem relatório de ensaio, que podem ser encaminhados
por meio eletrônico, discutidos e armazenados.
Os equipamentos devem ser capazes de induzir corrente parasita em um condutor e
detectar a alteração na corrente. Devem também ser capazes de identificar ou compensar o lift
off (ABNT NBR 15548, 2008).
Todos os canais do grupo são calibrados simultaneamente, cada canal tendo seu próprio
ganho e rotação.
Os parâmetros são automaticamente ajustados quando a sonda é conectada.
2.3.5 Imagem C Scan
Equipamentos foram projetados para permitir a imagem em C Scan, que é um
mapeamento em cores, em duas dimensões da superfície a ser ensaiada. As informações de
cada uma das bobinas são registradas e permanecem disponíveis no plano de impedância.
A Figura 40 apresenta uma representação em C Scan, que é a imagem com código de
cores correspondentes às amplitudes dos sinais de correntes parasitas. O eixo horizontal
70
representa o eixo da direção de deslocamento da sonda e o eixo vertical o eixo da sonda. A
imagem em C Scan representa a posição da descontinuidade e a sua gravidade (GE, 2009).
A representação em C Scan fornece uma vista plana da peça ou material sendo
ensaiado. A localização e tamanho das áreas contendo descontinuidades que causam reflexão
em uma determinada amplitude são indicados na apresentação C Scan (AMS-STD-2154,
2005).
Na técnica por phased array, vários sensores são montados lado a lado na mesma
sonda. A reprodução das informações representa um papel importante no emprego dessa
técnica. A informação de cada uma das bobinas é registrada e permanece disponível no plano
de impedância. A sonda é deslocada por cima das descontinuidades e cada bobina produz um
sinal de correntes parasitas. A representação em C Scan é a imagem com código de cores
correspondentes às amplitudes dos sinais de correntes parasitas.
Em juntas soldadas de alumínio para o setor aeroespacial, pode-se detectar falta de
penetração na raiz das juntas em uma única varredura, em curto espaço de tempo, além de
identificar as áreas que tenham grande probabilidade de presença de camadas de óxido
(LAMARRE; GOLDBERGER, 2007).
As sondas para o ensaio por Phased Array podem ser otimizadas para uma aplicação
específica, alterando-se a configuração das bobinas e sua forma geométrica. Podem ser
construídos diferentes tipos de sondas como absoluta em ponte, diferencial em ponte, absoluta
em reflexão, diferencial em reflexão, transmissoras e receptoras, blindadas ou diferenciais
eixos em cruz.
Figura 16 – Tipos de varredura convencional e array
Figura 40 – Imagem C Scan (LAMARRE; GOLDBERGER, 2007)
SONDA DESCONTINUIDADES IMAGEM C SCAN
71
2.3.6 Tipos de sondas
Uma sonda phased array pode ser otimizada para uma aplicação específica, alterando-
se a configuração das bobinas e sua forma geométrica. Podem ser construídos diferentes tipos
de sondas como absoluta em ponte, diferencial em ponte, absoluta em reflexão, diferencial em
reflexão, transmissoras-receptoras, blindadas ou diferenciais eixos em cruz.
Sondas podem ser projetadas para detectar uma descontinuidade específica ou atender
a uma forma geométrica específica de uma peça. As sondas são também chamadas de probes,
termo em inglês muito utilizado.
Sondas são disponíveis para detecção de descontinuidades superficiais, como trincas e
microfissuras, ou descontinuidades subsuperficiais, como trincas em estruturas de
multicamadas ou corrosão.
As sondas podem ser gidas ou semirígidas. Configurações permitem operações com
sondas de até 32 elementos. No caso de utilização de um multiplexador externo, pode–se ter
até 64 elementos (LAMARRE; GOLDBERGER, 2007).
Para aplicação em tubulações e outras superfícies arredondadas, foi desenvolvida uma
sonda com material flexível para aplicação da técnica por phased array, que se adapta à
superfície a ser ensaiada. A Figura 41 apresenta uma sonda flexível FLXECA, do fabricante
GE. Os elementos são posicionados em locais de contacto direto com o material (GE, 2009).
Figura 41 - Sonda flexível array (GE, 2009)
Existem sondas específicas para detecção de corrosão. A Figura 42 apresenta uma
sonda array do fabricante Olympus, modelo SAA-096-L60-016, de 16 elementos, com
resolução de 3,5 mm e detecção de corrosão com penetração de 3 a 6 mm.
72
Figura 42 - Sonda para detecção de corrosão (OLYMPUS, 2008)
Sondas rotativas podem ser usadas para detecção de descontinuidades localizadas no
interior de furos. Podem ser manuais ou automáticas que possuem um motor para dar a
rotação necessária para a varredura (GE, 2009). A Figura 43 apresenta uma sonda automática
para essa finalidade, do fabricante GE.
Figura 43 - Sonda rotativa automática para furos (GE, 2009)
Durante a execução de ensaio de furos, o incremento na varredura deve ser tal que a
descontinuidade de referência no bloco padrão aplicável seja varrida pelo menos duas vezes.
A cada aumento de profundidade, é exigida uma varredura de 360º (ABNT NBR 15548,
2008).
2.3.7 Probabilidade de detecção de descontinuidades
A probabilidade de detecção de descontinuidades é conhecida em inglês pela sigla
POD.
73
As curvas POD avaliam a confiabilidade do ensaio nas técnicas manual e automática.
Para se chegar a um resultado confiável, nas duas técnicas são utilizados vários inspetores
qualificados e amostras com diferentes tipos de descontinuidades.
O fator humano ainda é a maior causa de falhas na detecção de descontinuidades em
ensaios que dependem mais da habilidade do operador, tais como o ultrassom e correntes
parasitas. Até os mais bem treinados e experientes cometem erros. A solução para a anulação
da influência humana e consequente aumento da capacidade de detecção e confiabilidade do
ensaio é a implementação de sistemas automatizados.
Em alguns casos, a POD no ensaio manual chega a 70% para detecção das
descontinuidades menores de 2 mm. Para o ensaio automático é de 100%.
No ensaio por correntes parasitas, as sondas são pontuais e necessitam diversas
varreduras. No ensaio por phased array, por dispor de vários elementos que trabalham
simultaneamente e com tamanhos variados, que chegam a 100 mm, aumenta
significativamente a probabilidade de detecção. Caso haja a necessidade de mais de uma
varredura devido ao tamanho da peça ou material, normalmente é efetuada uma sobreposição
de cerca de 10% sobre a varredura anterior, garantindo que o ensaio seja completo.
A sonda flexível, utilizada para superfícies arredondadas, aumenta significativamente a
probabilidade de detecção de descontinuidades, tendo em vista a sua utilização ser idêntica à
da sonda plana (SOUZA; RABELLO; CARVALHO, 2009).
2.3.8 Registros
Os equipamentos desenvolvidos para a técnica por phased array utilizam um suporte e
um sistema de varredura (scanner) mecânico para mover uma sonda de correntes parasitas
através de uma área específica e utilizam um instrumento de registro do ensaio.
O registro pode ser efetuado de várias maneiras. Os equipamentos mais modernos
fornecem meios de armazenar informações em meio eletrônico. Essa é uma vantagem muito
grande, onde o tempo de execução do ensaio é fundamental, pois o mesmo pode ser realizado
rapidamente, e a informação é armazenada em meio apropriado, para análises posteriores ou
encaminhamento imediato, por meio da internet, para análise, discussão e tomada de ações.
Para a seleção do meio adequado do registro do resultado do ensaio, alguns fatores
devem ser levados em conta, tais como a impedância que pode ocorrer entre o equipamento e
o instrumento de registro e o tempo de resposta.
74
Os instrumentos de registro oferecem todas as informações referentes ao ensaio, em
meio físico (papel) ou eletrônico. Normalmente dispõe de todas as informações referentes a
um relatório de ensaio, tais como o nome da empresa, cliente, data, nome e qualificação do
operador, detalhes da peça a ser ensaiada, dados do equipamento, utilização de filtros para
eliminação de ruídos, condições de calibração antes, durante e após o ensaio e os dados da
inspeção com os resultados finais (GE, 2009).
75
3 PROPOSIÇÃO
Foram selecionados corpos-de-prova de peças e materiais condutores de eletricidade,
com descontinuidades superficiais e subsuperficiais, para aplicação de ambas as técnicas e
posterior comparação dos resultados. As comparações foram efetuadas quanto a
detectabilidade das descontinuidades mais comuns ao ensaio, tempo gasto, poder de resolução
e viabilidade econômica.
A detectabilidade ou sensibilidade é a capacidade do ensaio em perceber variações
mínimas, tais como uma fina descontinuidade.
O poder de resolução é a capacidade do ensaio em detectar pequenas descontinuidades
muito próximas entre si.
Os parâmetros analisados foram:
- aceitação desta técnica pelas principais normas aplicáveis, desenvolvidas pelas
principais associações de normalização internacionais;
- verificação do poder de resolução, para detecção de descontinuidades muito
próximas;
- comparação das técnicas para a detectabilidade de descontinuidades superficiais e
subsuperficiais, por variação da frequência do equipamento de ensaio; e
- medição do tempo gasto para a realização do ensaio em cada técnica.
Para verificar se a técnica por phased array pode ser aplicada no segmento
aeroespacial, foi realizado um levantamento bibliográfico das principais normas utilizadas na
execução do ensaio por correntes parasitas no setor aeroespacial, aplicadas para a fabricação e
manutenção de componentes e motores (MIL HDBK 728/2, 1992; ABNT NBR 8859, 2005;
Technical Order Navair 33B-1-1, 2007; NAS 410, 2008; ANAC 3146, 2005; ASM
Handbook, 1992 e ASTM).
Avanços no microprocessamento, nos computadores e na automação têm grandemente
afetado os equipamentos utilizados para o ensaio de correntes parasitas. Os dados reais
obtidos são essencialmente os mesmos, mas a facilidade de ajuste e o armazenamento dos
dados têm sido bastante aperfeiçoados. O armazenamento era limitado à retenção da imagem
na tela de fósforo, mas o armazenamento digital é ilimitado (MIL-HDBK-728/2, 1992).
76
Os equipamentos digitais utilizam os mesmos princípios básicos do ensaio
convencional. As sondas modernas utilizadas na técnica por phased array possuem um
número maior de elementos agrupados na mesma sonda, tudo de acordo com as normas.
Para a realização dos ensaios, foram utilizados os equipamentos Elotest M2 Rohmann,
Pulsec da GE e Omniscan MX da Olympus.
3.1 Análise de custo e viabilidade econômica do ensaio
Todos os equipamentos e acessórios são importados. No Brasil empresas
representantes dos fabricantes, tais como a GE e a Olympus, que importam equipamentos sob
encomenda.
Os novos equipamentos lançados no mercado incorporaram a possibilidade de
utilização da técnica por phased array. A diferença está na aquisição das sondas, que podem
ser as convencionais ou por phased array.
A diferença de custo é muito grande. Uma sonda convencional custa em média US$
100,00. Uma sonda por phased array custa em média US$ 1.000,00, portanto, dez vezes mais.
A sonda completa com encoder, que gera a informação sobre o posicionamento na peça
durante o ensaio, custa aproximadamente US$ 2.000,00. A aquisição desse equipamento e
sondas se justifica principalmente para empresas que tenham alta produção de peças a serem
ensaiadas, com grande redução de tempo.
Para o ensaio de pequenas quantidades de peça, é também justificável o investimento,
tendo em vista a redução do tempo de parada em solo da aeronave para manutenção, ou pela
utilização do pessoal qualificado efetuando o ensaio, que, após a conclusão, pode efetuar
outras atividades. Em um ensaio convencional de rodas de aeronaves, onde são ensaiadas 120
rodas/dia, o trabalho realizado em 8 horas é reduzido para 1:27 horas utilizando a técnica por
phased array. A economia diária é de US$ 100, 95, com um aumento médio de produção de
ensaio de seis vezes.
Em um ano de trabalho diário de 8 horas, obtém-se uma economia de US$ 36.846,75.
De um total de 15 rodas/h ensaiadas com o método convencional, chega-se a ensaiar
90 rodas/h com a técnica por phased array (GE, 2009).
.
77
4- MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Planejamento experimental
Para a comparação das técnicas do ensaio convencional e por phased array, foi
elaborado um fluxograma definindo as principais etapas realizadas neste trabalho, conforme
mostrado na Figura 44.
Figura 44 - Fluxograma das etapas do ensaio
INÍCIO
Desconti-
nuidades?
Corpos de Prova
Comparação das
Técnicas
Geração de
Descontinuidades
Tempo
Registro
Detectabilidade
Poder de Resolução
Ensaio
convencional
Ensaio por
phased array
Métodos
Conclusão FIM
Sim
Não
Fuselagem
Amostra de Grafite
Adaptador
Garfo do Trem de Pouso
Empena Vertical
Empena do Foguete
Solda por junção
Ensaios Auxiliares
Líquido Penetrante
Visual
Análise dos Resultados
78
4.2 Materiais
Para o desenvolvimento do presente trabalho, foram utilizados materiais e peças de
aeronaves militares e de foguetes desenvolvidos pelo Comando da Aeronáutica (COMAER),
de diferentes composições químicas, espessuras e formas geométricas.
A Tabela 4 apresenta os materiais e ligas utilizados nos experimentos.
Tabela 4 - Materiais e ligas dos corpos de prova
Corpo de prova Material Liga
1 alumínio 2014
2 grafite -
3 alumínio 2014
4 alumínio 7075
5 alumínio 2014
6 alumínio 2024
7 alumínio 2024
A composição química das ligas de alumínio e o tipo de tratamento térmico são os
descritos na Tabela 5, com os valores em porcentagem.
Tabela 5 – Composição química e tratamento térmico
Liga Composição química
Tratamento térmico
2014 Cobre–4,5
Silício–0,85 Manganês-0,80
Magnésio-0,50 T 6
2024 Cobre–4,4
Magnésio-1,5
Manganês-0,62
Ferro–0,16 T 3
7075 Zinco–5,6
Magnésio-2,5
Cobre–1,6 Cromo–0,23 T 6
79
4.3 Corpos de prova
Neste trabalho, foram preparados sete corpos de prova para conseguir uma abrangência
de todos os parâmetros necessários ao ensaio, conforme descritos na Tabela 6.
Tabela 6 – Descrição dos corpos de prova ensaiados
Número Tipo de peça ou material
1 Fuselagem de aeronave – corrosão
2 Grafite da tubeira do foguete - trincas
3 Adaptador de motor convencional aeronáutico - trincas
4 Garfo do trem de pouso de aeronave militar - trincas
5 Empena vertical – tempo do ensaio
6 Empena de foguete – trincas
7 Solda por junção - trincas
4.3.1 Descrição das peças e materiais
Corpo de prova n
o
1 Fuselagem de aeronave, pertencente à GE da Inglaterra, de alumínio
liga 2014, contendo furação para fixação de rebites.
Corpo de prova n
o
2 – Amostra de grafite da tubeira do Veículo Lançador de Satélite (VLS).
A grafite corresponde a uma das três formas alotrópicas do carbono. As outras são o
carbono amorfo e o diamante. É composta unicamente por átomos de carbono. É mole,
facilmente desgastável, de boa condutividade elétrica e muito resistente ao calor.
Existem compostos cuja composição é a mesma da grafite, mas com o arranjo
molecular mais unido e são mais resistentes, como o ferro e o diamante (ALVES, 2009).
Corpo de prova n
o
3 – Adaptador pertencente ao motor aeronáutico Lycoming.
Adaptador usinado a partir de uma liga de alumínio 2014 T6. A liga 2014 tem como
componentes principais o cobre e o silício. Essa liga é largamente empregada na indústria
aeronáutica , quando o fator resistência/peso for fundamental, como é o caso das aeronaves.
80
A designação T6 da liga de alumínio significa um tratamento térmico solubilizado e
envelhecido artificialmente. A solubilização consiste em aquecer o material a uma
temperatura bem elevada, próxima do ponto de fusão. O envelhecimento artificial é o
resfriamento em uma temperatura bem mais baixa e tempo prolongado.
Esse tratamento provoca aumento de dureza e consequente resistência às camadas
superficiais (DUTRA, 2003).
Corpo de prova n
o
4 – Garfo do trem de pouso.
Garfo de alumínio forjado, da aeronave militar de treinamento T-25 - Universal. As
ligas de alumínio para aplicação no setor aeronáutico normalmente são das famílias 2XXX,
onde o cobre é o principal elemento de liga e 7XXX, onde o zinco é o principal elemento de
liga.
A liga utilizada para esse material é a 7075 T6, com altos índices de resistência
mecânica e tenacidade, forjada a temperaturas entre 400 e 530 ºC, cujos principais elementos
da composição química são o zinco, magnésio, cobre e cromo. O tratamento térmico T6 é o
processo de solubilização e envelhecimento artificial. (SILVA, 2001).
Corpo de prova n
o
5 – Empena vertical de aeronave militar.
Empena de estabilização vertical da aeronave AT 26 - Xavante, da Força Aérea
Brasileira, de liga de alumínio 2014 T6, É uma aeronave de ataque de solo e treinamento.
Corpo de prova n° 6 – Empena do foguete VSB 30.
Empena de estabilização do primeiro estágio do foguete, de alumínio, liga 2024. Essa
liga permite boa usinabilidade, alta resistência mecânica e é muito utilizada em peças de
aviões, veículos e máquinas submetidas a altas tensões (BANCZEK et al., 2008).
O foguete VSB 30 - veículo de sondagem booster, é um foguete bi estágio, pertencente
ao projeto Cumã II, desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), organização
pertencente ao DCTA, em conjunto com a Agência Espacial Brasileira (AEB). Tem por
objetivo transportar cargas úteis científicas e tecnológicas, de até 400 kg, para experimentos
na faixa de 270 km de altitude. Possui um jogo de 3 empenas em cada estágio e propulsores
sólidos nos 2 estágios (DCTA, 2008).
81
Corpo de prova nº 7 – Solda por junção
Junta de alumínio liga 2024, tratamento térmico T3, com uma solda por junção. Esse
material está em desenvolvimento para ser utilizado em estruturas de aeronaves, inclusive na
Embraer.
A solda por junção ou fricção no estado sólido, cujo nome técnico é friction stir
welding, - FSW, foi patenteada em 1993 na Inglaterra e vem sendo aplicada com muitas
vantagens para as ligas de alumínio, eliminando problemas que ocorrem com os processos
convencionais à fusão. As partes devem estar fixadas contra uma barra de fundo. Uma
ferramenta cilíndrica arredondada com um pino perfilado, em movimento de rotação, penetra
levemente na área de união entre as juntas encostadas topo a topo. O calor gerado pela fricção
entre a ferramenta e a peça permite que ela amoleça sem atingir o ponto de fusão e se
desloque transversalmente ao longo da linha de solda. O material em estado plástico é
transferido para a linha de arrastamento do pino, e forjado pelo contacto do perfil do pino e do
topo da ferramenta (SOLDAGEM E INSPEÇÃO, 2004).
A aplicação desse tipo de solda no setor aeroespacial evoluiu rapidamente. É utilizada nos
tanques externos dos foguetes da NASA e no Airbus 380. Esse avanço se deve ao
desenvolvimento do pino retrátil, por engenheiros da National Aeronautics and Space
Administration-NASA e da Boeing (MENDEZ; EAGAR, 2002)
4.3.2 Descontinuidades artificiais
Nesse trabalho, foi adotado um procedimento para criação de descontinuidades
artificiais, quando necessárias, obedecendo a seguinte sequência:
1- Demarcação do local onde as descontinuidades seriam efetuadas;
2- Marcação por furação de uma amostra, para verificação da detecção da profundidade
de penetração do ensaio;
3- Aquecimento de uma amostra e resfriamento em água à temperatura ambiente, para
surgimento de trincas térmicas;
4- Riscos efetuados em uma amostra, com um bisturi cirúrgico, ou por eletroerosão, para
simular finas descontinuidades superficiais;
5- Execução do ensaio por líquido penetrante, para demarcação e registro das
descontinuidades superficiais.
82
O ensaio por líquido penetrante foi executado no laboratório do DCTA/IFI, utilizando
um equipamento estacionário, com produtos da marca Metal Chek, para obtenção da
visualização das trincas.
4.4 Método
Nesse trabalho foram utilizadas duas técnicas do ensaio por correntes parasitas. A
técnica convencional e a técnica por phased array.
4.4.1 Técnica convencional
Os ensaios para a técnica convencional foram realizados no laboratório do DCTA/IFI e
na empresa WDT Engenharia, localizada no Rio de Janeiro. As amostras foram ensaiadas com
os equipamentos Elotest M2 Rohmann, Omniscan MX da Olympus e Pulsec da GE, com
sondas convencionais.
Foram efetuados relatórios contendo os resultados dos ensaios e a localização das
descontinuidades de cada amostra.
4.4.2 Técnica por phased array
Os ensaios foram realizados no laboratório do DCTA/IFI, na empresa WDT Engenharia
e na Embraer São José dos Campos, nas mesmas amostras ensaiadas pela técnica
convencional.
Os equipamentos e acessórios utilizados foram o modelo Pulsec, da GE e o modelo
OmniScan MX da Olympus.
No Brasil, poucos equipamentos estão disponíveis para execução dos ensaios.
83
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os ensaios foram realizados nos corpos de prova, aplicando-se as duas técnicas,
convencional e por phased array. Para a técnica convencional, foram identificadas todas as
descontinuidades e mapeadas quanto ao tamanho e forma, para constarem dos relatórios de
ensaio.
Para a técnica phased array, as imagens dos resultados dos ensaios foram arquivadas e
posteriormente foram efetuadas as comparações dos resultados, quanto à detectabilidade das
descontinuidades, poder de resolução e tempo de execução do ensaio.
A seguir, serão apresentados os resultados e as discussões para as sete experiências
realizadas.
5.1 Experiência 1 – Fuselagem de aeronave
Foi efetuado o ensaio para detecção, mapeamento e tamanho dos pontos de corrosão da
parte de fuselagem de aeronave, com furação para rebites. As dimensões são de 100 X 50 mm
e espessura de 12 mm, conforme apresentado na Figura 45.
Figura 45 – Fuselagem de aeronave
5.1.1 Técnica convencional
Foi utilizado o equipamento Pulsec, do fabricante GE, utilizando uma sonda GE
convencional para metal não-ferroso, de baixa frequência. Esse equipamento permite a
utilização de sondas convencionais de qualquer marca. Os registros podem ser obtidos para
ambas as técnicas.
A Figura 46 apresenta o registro do ensaio emitido pelo equipamento. Foi detectada
uma região de corrosão, definida pela cor azul, com a maior dimensão horizontal de 22,5 mm,
por 28,5 mm da maior dimensão vertical. Parte dessa corrosão se apresentou visível a olho nu.
84
Figura 46 - Detecção de corrosão pela técnica convencional (GE, 2009)
5.1.2 Técnica por phased array
A Figura 47 apresenta o resultado do ensaio da mesma fuselagem, com o mesmo
equipamento digital. Foi utilizada uma sonda phased array de 32 elementos do fabricante GE.
Para o ensaio por phased array, somente sondas da mesma marca do fabricante do
equipamento podem ser utilizadas.
Foi encontrada uma região de corrosão, definida pela cor azul, bem mais nítida do que
no método convencional. No lugar de uma única área de corrosão, foram detectadas quatro
regiões distintas, sendo de dimensões máximas de 21 X 16,5 mm, 12 mm, 6 mm e 6 mm.
Figura 47 - Detecção de corrosão pela técnica phased array (GE, 2009)
85
Essa nova formação altera significativamente o resultado do ensaio, tendo em vista a
área menor da corrosão, localizada em quatro regiões distintas e não em uma única.
O poder de resolução obtido, que é a capacidade de detectar descontinuidades muito
próximas umas das outras, é muito maior do que na técnica convencional.
O critério de aceitação é definido pelo cliente, estabelecido em procedimentos escritos
ou nos pedidos de execução do ensaio, encaminhado normalmente junto com os materiais a
serem ensaiados.
As normas estabelecem os ensaios por correntes parasitas em toda a fuselagem de uma
aeronave, para verificação de trincas ao redor dos rebites e algumas regiões para detecção de
corrosão
5.1.3 Comparação das técnicas
Comparando-se os resultados, o poder de resolução resultante do ensaio pela técnica
por phased array foi superior ao resultado obtido pela técnica convencional. Houve um ganho
considerável na nitidez da imagem e localização das áreas de corrosão. O poder de resolução
obtido pela técnica phased array foi superior à técnica convencional, alterando
significativamente o resultado do ensaio.
5.2 Experiência 2 – Amostra de grafite da tubeira do VLS
As descontinuidades mais comuns que ocorrem nesse material são trincas na região
subsuperficial. Foram desenvolvidas descontinuidades artificiais na amostra, para verificação
da detectabilidade de descontinuidades em diferentes profundidades, na região subsuperficial
do material, simulando trincas.
Foram efetuados 4 furos de 3 mm de diâmetro, na face inferior do material. Os furos
ficaram a uma distância de 1 mm, 2 mm, 2,5 mm e 3 mm da superfície de varredura.
Os ensaios foram efetuados somente pela superfície sem os furos, pois o interesse é na
região subsuperficial.
A Figura 48 apresenta a amostra vista pela face inferior.
86
Figura 48 – Amostra de grafite do foguete
5.2.1 Técnica convencional
O ensaio foi realizado com o equipamento Elotest M2 LS, com a sonda PEN 925-5,
convencional, de baixa frequência.
A calibração foi efetuada na própria peça, por não existir um bloco padrão de referência
para esse tipo de material.
A seguir, foi utilizado o equipamento Omniscan MX da Olympus, com a mesma sonda
PEN 925-5 Elotest. Novamente foi efetuada a calibração no próprio material.
As varreduras foram efetuadas nos sentidos horizontal e vertical.
O resultado das varreduras de ambos os equipamentos foi a detecção dos furos de 1,0
mm, 2,0 mm e 2,5 mm. Não foi detectado o furo de 3,0 mm.
5.2.2 Técnica por phased array
Foi utilizado o equipamento Omniscan MX da Olympus, com uma sonda array RD
Tech 067.005.032, de 32 elementos, de baixa frequência.
87
A calibração foi efetuada na própria peça, mas apresentou alguma dificuldade, pelo
tamanho da sonda, de 100 X 55 mm, em função do tamanho da peça, conforme apresentado
na Figura 49.
Com o equipamento calibrado, foi efetuada uma única varredura, no sentido horizontal,
e detectados os furos de 1,0 mm, 2,0 mm e 2,5 mm. Não foi detectado o furo de 3,0 mm.
Figura 49 – Ensaio por phased array da amostra de grafite
5.2.3 Comparação das técnicas
A detectabilidade foi a mesma em ambas as técnicas. O furo de 3,0 mm não foi
detectado em ambos os casos, por estar localizado mais internamente, muito abaixo do valor
de profundidade padrão, onde a densidade das correntes parasitas é reduzida a
aproximadamente 37% da densidade da superfície. A profundidade de penetração é uma
limitação do ensaio para ambas as técnicas.
A técnica por phased array apresentou a mesma sensibilidade de detecção da técnica
convencional.
88
5.3 Experiência 3 – Adaptador do motor aeronáutico Lycoming
O tipo mais comum de descontinuidade que ocorre no adaptador de alumínio, conforme
apresentado na Figura 50, é a trinca superficial na região interna.
Figura 50 – Adaptador do motor aeronáutico Lycoming
5.3.1 Técnica convencional
A calibração e o ensaio foram realizados com o equipamento Elotest M2 LS, sonda
PEN 925-5, convencional, de baixa frequência.
Foram efetuadas varreduras em todas as superfícies. Como a peça apresenta muitos
cantos e dobras, foi utilizada a menor sonda disponível, para minimizar o efeito de borda,
descrito em 2.2.3.5.3. Mesmo assim, não foi possível efetuar uma varredura total.
Foram encontradas quatro trincas. A trinca na direção vertical possui 12 mm e as trincas
na direção horizontal possuem dimensão de 19 mm, 36 mm (passante) e 21 mm.
Para visualização, visto que o ensaio não possui registro, foi efetuado um ensaio por
líquido penetrante visível, lavável com água, modelo VP 30 e revelador não aquoso modelo D
70, ambos do fabricante Metal Chek. Esse ensaio, cujo resultado é apresentado na Figura 51,
89
serviu para a confirmação do tamanho das descontinuidades, principalmente na curva, tendo
em vista o efeito de borda. A trinca vertical é parcialmente visível a olho nu.
Figura 51 – Trincas detectadas pelo ensaio por líquido penetrante
5.3.2 Técnica por phased array
Foi utilizado o equipamento Omniscan MX da Olympus, com uma sonda array RD
Tech 067.005.032, de 32 elementos, de baixa frequência.
A calibração foi efetuada com o bloco padrão de alumínio CD 402040-B, S/N
02061335, do fabricante Olympus, conforme apresentado na Figura 52, para detecção de
trincas e corrosão.
Foram encontradas quatro trincas. A trinca na direção vertical possui 12 mm e as trincas
na direção horizontal possuem dimensão de 19 mm, 36 mm (passante) e 21 mm.
90
Figura 52 – Calibração do equipamento com a utilização do padrão.
A Figura 53 apresenta o ensaio do adaptador, em uma das posições sobre a sonda, com
a localização das trincas marcadas a caneta, na cor azul.
Foi possível efetuar uma melhor varredura da peça, com o efeito de borda menor do que
o encontrado na cnica convencional. A sonda com 32 elementos, mesmo com uma parte
fora das dimensões da peça, conseguiu detectar as descontinuidades.
91
Figura 53 – Ensaio por phased array no adaptador
O equipamento detectou as trincas e apresentou uma representação na tela, conforme
apresentado na Figura 54, com as faixas horizontais nas cores laranja e amarelo, em uma
única varredura. Esse resultado foi registrado e arquivado, pois o equipamento possui um
cartão de memória. São encontrados no mercado cartões de grande capacidade de arquivo,
para até 5.000 pontos de ensaios.
A possibilidade de registro do ensaio é um diferencial muito grande em relação à
técnica convencional. O registro com a imagem das descontinuidades foi arquivado na própria
unidade do equipamento e foi posteriormente transferido para um computador e um pen drive.
92
Figura 54 – Ensaio do adaptador, com a representação das trincas na tela
A imagem do registro é apresentada na Figura 55 e pode ser editada para melhor
visualização das descontinuidades na tela, quanto ao brilho, contraste e tamanho.
Figura 55 – Registro da representação da imagem das trincas
93
Pode também ser encaminhada por meio eletrônico para análise do resultado, pelo nível
3 responsável pela emissão do relatório de ensaio e pelo cliente.
5.3.3 Comparação das técnicas
O resultado foi o mesmo para ambas as técnicas, quanto à localização e dimensão das
trincas. O ensaio por líquido penetrante foi efetuado para confirmação e visualização da
imagem, por estarem as trincas localizadas em uma região que provoca o efeito de borda,
dificultando a interpretação dos resultados pela técnica convencional.
A detectabilidade das descontinuidades no ensaio por phased array foi a mesma que da
técnica convencional, mas apresentou grandes vantagens, devido à forma geométrica da peça
ensaiada, podendo ser efetuada a varredura em toda a superfície da peça.
O registro do ensaio na técnica phased array foi muito vantajoso para a análise de cada
descontinuidade, devido à localização muito próxima uma da outra e na mesma região da
peça. O registro das imagens é uma grande vantagem da técnica, mas o arquivamento das
imagens e a transferência de dados necessitam treinamento e habilidade do operador.
Esse treinamento pode ser efetuado com a utilização do bloco padrão para execução do
ensaio, por apresentar descontinuidades conhecidas.
5.4 Experiência 4 - Garfo do trem de pouso
O ensaio foi realizado no garfo do trem de pouso de liga de alumínio da aeronave T 25 -
Universal, conforme apresentado na Figura 56, para a detecção de trincas superficiais e
subsuperficiais ao redor e no interior dos furos, de acordo com a exigência das normas e
procedimentos específicos de manutenção de aeronaves.
94
Figura 56 – Garfo do trem de pouso
da aeronave T 25 - Universal
5.4.1 Técnica convencional
O ensaio foi realizado com o equipamento Elotest M2 LS, sonda PEN 925-5,
convencional, de baixa frequência.
A calibração do equipamento para realização do ensaio foi efetuada com o padrão de
alumínio Elotest.
Foram efetuadas varreduras em todas as superfícies dos furos. Foi utilizada uma sonda
rotativa automática Elotest, para verificação do interior dos furos, conforme apresentado na
Figura 57.
95
Figura 57 – Utilização da sonda rotativa no ensaio dos furos
Foram encontradas 3 trincas na superfície do furo apresentado na Figura 58. Foi
efetuada uma marcação à tinta, para melhor visualização das trincas.
Figura 58 – Localização das trincas no furo do trem de pouso
As dimensões das trincas são de 4 mm na posição vertical, 6,0 mm e 6,5 mm na posição
horizontal.
96
5.4.2 Técnica por phased array
Foi utilizado o equipamento Omniscan MX da Olympus, com uma sonda array RD
Tech 067.005.032, de 32 elementos.
Foram encontradas 3 trincas na superfície do mesmo furo detectado pelo ensaio
convencional. As dimensões das trincas são de 4 mm na posição vertical, 6,0 mm e 6,5 mm na
posição horizontal.
A Figura 59 apresenta o ensaio em uma das posições da sonda sobre a peça, no furo
com as trincas.
Figura 59 – Ensaio phased array no garfo do trem de pouso
Devido ao tamanho da sonda phased array, houve dificuldade de acesso à superfície de
alguns furos. Não foi possível verificar a parte interna dos furos. Foi necessário utilizar uma
sonda rotativa convencional para essa finalidade. Também não foi possível ensaiar os furos
das aletas de fixação do trem de pouso na parte interior, conforme apresentado na Figura 60.
Para complemento do ensaio foi utilizada uma sonda convencional PEN 925-5 Elotest.
97
Figura 60 – Furos de fixação do trem de pouso
A Figura 61 apresenta o resultado do ensaio com a representação das trincas na tela do
equipamento. Foi efetuado o registro para análise.
.
Figura 61 – Resultado da representação das trincas na tela do equipamento
98
5.4.3 Comparação das técnicas
Ambas as técnicas apresentaram o mesmo resultado quanto à detectabilidade e tamanho
das descontinuidades.
O ensaio pela técnica convencional foi efetuado em todos os furos, sem dificuldade. A
técnica por phased array não permitiu que fosse efetuada uma varredura total, devido à forma
geométrica da peça e ao tamanho da sonda. Houve dificuldade na região de alguns furos e
uma limitação do ensaio em áreas importantes, ao redor de furos, que tinham que ser
inspecionados. Para cumprir o requisito da norma, foi necessária a utilização combinada das
duas técnicas de ensaio, com uma sonda phased array e duas sondas convencionais.
Esse fato não gerou grande dificuldade, pois o equipamento utilizado permite a
utilização de sondas convencionais.
5.5 Experiência 5 - Empena vertical da aeronave Xavante
Empena de estabilização vertical da aeronave Xavante, material de liga de alumínio,
com dimensões de 0,75 m de largura por 1,56 m de altura, conforme apresentado na Figura
62. Possui uma camada de tinta sobre toda a superfície.
Foi efetuado o ensaio para verificação do tempo gasto para a varredura 100% na
detecção de corrosão nas superfícies e ao redor de todos os 436 rebites de cada lado.
O ensaio por correntes parasitas tem como maior utilização a verificação de trincas de
estruturas de aeronaves, ao redor de rebites e furos. Essas trincas são usualmente geradas por
fadiga ou corrosão do material. O progresso dessas trincas é lento no estágio inicial. A
detecção nesse estágio previne a ruptura do material. Ensaios são solicitados para até 100%
dos rebites de uma aeronave, podendo levar alguns dias para a sua conclusão (TECHNICAL
ORDER, 2007).
99
Figura 62 - Empena vertical da aeronave Xavante
5.5.1 Técnica convencional
Foi utilizado o equipamento digital Elotest M2 LS, com uma sonda PEN 925-5, de
freqüência na faixa de 50 a 500 kHz. A frequência utilizada para o ensaio foi de 40 kHz.
O padrão utilizado foi o de alumínio Elotest, conforme apresentado na Figura 63.
Figura 63 – Equipamento, sonda e padrão do ensaio da empena vertical
100
Tendo em vista o tamanho da peça, a velocidade de varredura foi ajustada em média a
cada 15 minutos de ensaio, com o padrão. A ponta da sonda foi protegida com fita crepe. As
varreduras foram efetuadas no sentido horizontal, vertical e ao redor de todos os rebites.
O tempo gasto para o lado direito foi de 1 hora e 50 minutos e para o lado esquerdo foi
de 1 hora e 40 minutos, totalizando 3,5 horas.
5.5.2 Técnica por phased array
Foi utilizado o equipamento Omniscan MX da Olympus, com uma sonda array RD
Tech 067.005.032, de 32 elementos, de baixa frequência, com encoder SXA-270, apresentado
na Figura 64.
A varredura foi efetuada no sentido horizontal.
Para a calibração do sistema e determinação da velocidade de varredura padrão, foram
efetuadas experiências utilizando o padrão de alumínio. A velocidade de varredura padrão é a
que consegue detectar as descontinuidades no padrão, de acordo com a habilidade de cada
operador. Foi efetuado um teste de aumento de velocidade, tendo em vista a grande área a ser
ensaiada. O equipamento detectou as descontinuidades com menor nitidez, pois o
processamento da imagem não acompanha o aumento da velocidade. A velocidade
selecionada foi determinada para obter um aumento na sensibilidade de detecção, com o
processamento de imagem compatível.
Figura 64 – Sonda array com encoder, utilizada para o ensaio (OLYMPUS, 2008)
A Figura 65 apresenta a indicação dos rebites na tela do equipamento. Foi necessário o
tempo de 11 minutos para a execução da varredura de cada lado da empena, totalizando 22
minutos.
101
Figura 65 – Equipamento phased array com a indicação dos rebites
5.5.3 Comparação das técnicas
Os tempos para realização das cnicas foram significativamente diferentes. Com a
técnica phased array, o ensaio teve a duração de 22 minutos. A técnica convencional teve a
duração de 3,5 horas (210 minutos), cerca de 10 vezes mais do que o valor obtido pela técnica
phased array. Essa vantagem é fundamental para a execução do ensaio, tendo em vista o
custo da mão-de-obra especializada e a redução do tempo de permanência da aeronave em
solo.
5.6 Experiência 6 – Empena do foguete VSB 30
Empena de alumínio, com rebites no mesmo nível do material, sem ressaltos. As
descontinuidades que podem ocorrer são trincas ao redor dos rebites. A empena tem 60 cm de
largura por 50 cm de altura, conforme apresentada na Figura 66.
Foram retirados diversos rebites para o desenvolvimento de trincas artificiais na saída
dos furos. Posteriormente, foram colocados novos rebites, idênticos aos originais.
102
Figura 66 – Empena do foguete VSB 30
5.6.1 Técnica convencional
Foi utilizado o equipamento digital Elotest M2 LS, com uma sonda PEN 925-5, de
frequência na faixa de 50 a 500 kHz. A frequência utilizada para o ensaio foi de 40 kHz. O
padrão utilizado foi o de alumínio, marca Elotest.
Foi efetuada uma varredura ao redor dos rebites de cada lado da empena. Foram
encontradas duas trincas superficiais entre rebites, com dimensão de 34,5 mm de
cumprimento cada uma. A Figura 67 apresenta o ensaio com o equipamento digital e as
marcas das trincas entre os rebites, na cor vermelha, juntamente com a sonda e o bloco
padrão.
103
Figura 67 – Ensaio convencional na empena do foguete, com as trincas
5.6.2 Técnica por phased array
Foi utilizado o equipamento Omniscan MX da Olympus, com uma sonda array RD
Tech 067.005.032, de 32 elementos, de baixa frequência. A Figura 68 apresenta a sonda
phased array com o encoder, durante o ensaio.
Figura 68 – Ensaio phased array na empena do fo
guete
104
Foi efetuada uma varredura no sentido horizontal de ambos os lados da empena. Foram
encontradas duas trincas superficiais entre os mesmos rebites da técnica convencional, com
dimensão de 34,5 mm de cumprimento cada uma.
Foi encontrada uma trinca de 4 mm, abaixo da primeira trinca encontrada, com início
no mesmo ponto e final com 2 mm de distância da primeira trinca de 34,5 mm.
5.6.3 Comparação das técnicas
A detectabilidade das descontinuidades foi superior com a utilização da técnica por
phased array. As trincas maiores foram detectadas igualmente, mas a menor, por estar
localizada muito próxima da maior, não foi detectada pela técnica convencional, por
apresentar um poder de resolução menor.
5.7 Experiência 7 - Solda por junção ( FSW)
A solda por junção foi desenvolvida com a fixação das partes a serem unidas e a
passagem da ferramenta cilíndrica em movimento de rotação, para uma leve penetração na
área de união, conforme apresentado na Figura 69. O calor gerado permitiu a fusão.
Figura 69 – Processo de solda por junção (MENDEZ; EAGAR, 2002)
Foi efetuado o ensaio em uma chapa de alumínio de 1,3 mm de espessura, com solda
por junção, conforme apresentada na Figura 70. Foram desenvolvidas três trincas artificiais
105
por eletroerosão na superfície da solda, sendo duas no sentido transversal e uma no sentido
longitudinal da solda.
As trincas foram desenvolvidas com um tamanho mínimo, para verificação da
sensibilidade de detecção.
Figura 70 – Solda por junção (FSW)
5.7.1 Técnica convencional
Foi utilizado o equipamento digital Elotest M2 LS, com uma sonda PEN 925-5, de
frequência na faixa de 50 a 500 kHz. A frequência utilizada para o ensaio foi de 60 kHz. O
padrão utilizado foi o de alumínio marca Elotest.
A Figura 71 apresenta o corpo de prova com descontinuidades.
106
Figura 71 – Corpo de prova FSW, com as descontinuidades
Foram efetuadas duas varreduras, uma no sentido longitudinal ao cordão de solda e uma
no sentido transversal. Tendo em vista a falta de experiência em ensaiar esse tipo de solda e
pelo tamanho mínimo das descontinuidades esperadas, foi efetuada mais uma varredura nos
dois sentidos, com uma velocidade menor e sempre comparando com o padrão, para
confirmar o mapeamento completo da região da solda.
Foram encontradas duas trincas transversais de 2 mm e 3 mm cada, e uma trinca
longitudinal de 2 mm.
5.7.2 Técnica por phased array
Foi utilizado o equipamento Omniscan MX da Olympus, com uma sonda array RD
Tech SBBR – 022-300-032, de 32 elementos, mini de 20 mm de cumprimento e frequência de
300 kHz. A calibração para o alumínio estava gravada na memória do equipamento. A Figura
72 apresenta a visualização do cordão de solda, com duas trincas na tela do equipamento.
107
Figura 72 – Indicação das descontinuidades na tela do equipamento.
Foi efetuada uma varredura no sentido longitudinal ao cordão de solda. Foram
encontradas duas trincas transversais de 2 mm e 3 mm cada, e uma trinca longitudinal de
2 mm.
A sonda mini array permitiu grande facilidade na varredura e foi utilizada com maior
velocidade. A apresentação do resultado na tela, a possibilidade de congelamento e ajuste de
imagem e a gravação das imagens foram fundamentais no resultado final, pois as trincas o
pequenas e em sentidos opostos, com boa probabilidade de detecção.
5.7.3 Comparação das técnicas
Os resultados obtidos pela técnica por phased array para ambas as técnicas foram os
mesmos, quanto à detectabilidade e tamanho das trincas. A técnica convencional apresentou
menor probabilidade de detecção, exigindo maior experiência e atenção do inspetor, devido
ao fato de as trincas serem de pequenas dimensões.
A técnica por phased array apresentou grande facilidade e rapidez de varredura,
principalmente com os recursos que o equipamento tem disponível, como a visualização da
imagem na tela e o registro que permanece arquivado.
108
5.8 Resultados
Vantagens e desvantagens da técnica convencional e por phased array.
5.8.1 – Técnica convencional
Vantagens:
- baixo custo das sondas;
- simplicidade do uso;
- requer somente um equipamento normal; e
- sondas podem ser projetadas para atingir cantos vivos.
Desvantagens:
- as sondas possuem características de análise limitadas;
- baixa probabilidade de detecção (POD);
- requer sistema automatizado para grandes varreduras; e
- consome enorme tempo para inspeção de grandes superfícies.
5.8.2 – Técnica por phased array
Vantagens:
- alta probabilidade de detecção (POD), aumentando a produtividade e a qualidade;
- redução enorme do tempo de inspeção;
- reduz a necessidade de automações complexas;
- possibilidade de registros de todos os resultados dos ensaios; e
- possibilidade de visualização e encaminhamento de resultados por computador.
Desvantagens:
- alto custo do equipamento e das sondas; e
- difícil acesso a regiões de forma geométrica complexa.
109
6 CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos pelas técnicas dos ensaios convencional e phased
array, pode-se concluir:
1- As normas e especificações do segmento aeroespacial permitem o uso da técnica phased
array;
2- A detectabilidade das descontinuidades pela técnica phased array alcançou os mesmos
resultados da técnica convencional e em alguns casos até superiores, inclusive para
descontinuidades localizadas em diferentes profundidades. As sondas com maior número de
elementos permitem que se obtenha uma probabilidade de detecção de descontinuidades
maior do que na cnica convencional, com um efeito de borda muito menor, possibilitando
uma área maior de varredura;
3- O poder de resolução da técnica phased array foi superior à técnica convencional,
apresentado na detecção de corrosão;
4- A rapidez do ensaio é o ponto mais vantajoso da técnica phased array, chegando a ser dez
vezes maior do que na técnica convencional;
5- A possibilidade de registro do ensaio é uma grande vantagem da aplicação da técnica
phased array. As normas não citam essa técnica, mas permitem o registro e o armazenamento
eletrônico dos resultados;
6- O alto custo do equipamento, das sondas e a forma geométrica de algumas peças são uma
limitação da técnica phased array;
7- A técnica phased array pode ser empregada no segmento de aeronáutica e espaço, com
grandes vantagens sobre a técnica convencional.
110
Sugestões para trabalhos futuros
Sugere-se para trabalhos futuros:
Estudo completo para aquisição e automatização do equipamento phased array.
Análise de todos os tipos de sondas para o ensaio de peças com formas
geométricas complexas, para melhor desenvolvimento das utilizações e limitações.
Estudos para o desenvolvimento de sondas phased array menores, que possam ser
adaptadas a regiões de difícil acesso.
Efetuar um estudo detalhado dos módulos de ensaio por correntes parasitas phased
array e por ultrassom, para verificação dos pontos comuns, tendo em vista que o
equipamento básico é o mesmo.
111
REFERÊNCIAS
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