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PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
ÁREA DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS
Curso de Mestrado Acadêmico em Nanociências
Daniel de Azevedo Ferrony
DESENVOLVIMENTO DE UMA FORMULAÇÃO SEMI-SÓLIDA CONTENDO
NANOCÁPSULAS DE DEXAMETASONA: ESTUDO DE ESTABILIDADE E
AVALIAÇÃO DA LIBERAÇÃO “IN VITRO”
Santa Maria, RS
2009
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Daniel de Azevedo Ferrony
DESENVOLVIMENTO DE UMA FORMULAÇÃO SEMI-SÓLIDA CONTENDO
NANOCÁPSULAS DE DEXAMETASONA: ESTUDO DE ESTABILIDADE E
AVALIAÇÃO DA LIBERAÇÃO “IN VITRO”
Dissertação de Mestrado realizada sob a orientação da Professora Doutora Marta Palma
Alves, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nanociências em preenchimento dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em Nanociências.
Orientadora: Profª. Drª. Marta Palma Alves
Santa Maria, RS
2009
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Daniel de Azevedo Ferrony
DESENVOLVIMENTO DE UMA FORMULAÇÃO SEMI-SÓLIDA CONTENDO
NANOCÁPSULAS DE DEXAMETASONA: ESTUDO DE ESTABILIDADE E
AVALIAÇÃO DA LIBERAÇÃO “IN VITRO”
Dissertação de Mestrado realizada sob a orientação da Professora Doutora Marta Palma
Alves, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nanociências em preenchimento
dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Nanociências.
Drª Marta Palma Alves – Orientadora (UNIFRA)
Dr. Ruy Carlos Ruver Beck (UFSM)
Dr. Sergio Roberto Mortari (UNIFRA)
Santa Maria, ....... de ........................ de 2009
RESUMO
Anti-inflamatórios corticosteróides são largamente utilizados para o tratamento tópico
de lesões, que muitas vezes requerem tratamento prolongado, aumentando o risco de
efeitos colaterais. Este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de uma
formulação semi-sólida de uso tópico contendo dexametasona na forma
nanoencapsulada (CGNCDEXA), para o tratamento da psoríase. Para tanto, após o
desenvolvimento da formulação semi-sólida e a incorporação das nanocápsulas
contendo dexametasona, foram realizados estudos de estabilidade e de liberação do
fármaco. As amostras foram armazenadas à temperatura de 40 °C (±2° C) e 75% UR
(±5%) por 150 dias. Estas foram analisadas em intervalos de 1 mês com relação às
características organolépticas, pH, viscosidade, espalhabilidade e teor do princípio
ativo. Para a realização dos estudos de liberação foram utilizadas células de Franz
modificadas. Todos os parâmetros determinados foram comparados com formulações
contendo o fármaco na forma livre. As características organolépticas do CGNCDEXA
mantiveram-se estáveis por um período de 60 dias. Para as formulações contendo o
fármaco na forma livre, as alterações foram perceptíveis a partir do primeiro mês de
análise. Alterações nas características organolépticas foram observadas para ambas as
formulações, sendo mais intensas nas formulações contendo o fármaco na forma livre.
Os valores de pH para ambas as formulações foram mantidos em torno de 6,0 ao final
de 150 dias de experimento. As formulações de CGNCDEXA apresentaram
comportamento reológico pseudoplástico, enquanto as formulações semi-sólidas
contendo o fármaco na forma livre (CGDEXA) apresentaram comportamento plástico.
Os valores de viscosidade da formulação de CGNCDEXA apresentaram diferença
significativa (p0,05) em relação aos seus valores iniciais (7416 mPa) e após 150 dias
(2315 mPa). Os valores de viscosidade da formulação de CGDEXA também
apresentaram diferença significativa (p0,05) em relação aos seus valores iniciais
(12730 mPa) e finais, após 150 dias (3170 mPa) de análise. Os valores de
espalhabilidade da formulação de CGNCDEXA não apresentaram diferença
significativa (p0,05) em relação aos seus valores iniciais (6184 mm
2
) e finais (6408
mm
2
). No entanto, para formulação de CGDEXA foi observada diferença significativa
(p0,05) em relação aos seus valores iniciais (4364 mm
2
) e finais (6467 mm
2
) de
espalhabilidade. A concentração de dexametasona diminuiu para ambas as formulações
durante os 150 dias de experimento. Através das análises térmicas (DSC e TG) foi
possível evidenciar a fusão da dexametasona, quando esta encontrava-se incorporada na
formulação de creme gel na forma livre. No entanto, a análise térmica da formulação de
creme gel contendo dexametasona na forma nanoencapsulada, não evidenciou sua
fusão. O fluxo de liberação e a concentração total de dexametasona liberada para as
formulações de CGNCDEXA foram significativamente menores (p0,05) do que a
formulação contendo o fármaco na forma livre, sugerindo desta forma, uma liberação
mais lenta da dexametasona nanoencapsulada. Através dos resultados, pode-se concluir
que a incorporação das nanocápsulas de dexametasona em uma formulação de creme-
gel contendo componentes emolientes apresentou características físico-químicas
adequadas, representando viabilidade para preparação deste tipo de formulação.
Palavras-chave: dexametasona, nanocápsulas, estabilidade, liberação, psoríase.
ABSTRACT
Anti-inflammatory, corticosteroids are largely applied for the lesion topical treatment,
which many times require treatment for a prolonged period increasing the risks of
collateral damage. This work has as its objective the development of a semi-solid
formulation of topical use containing dexamethasone in the nanoencapsulated
(CGNCDEXA), for the psoriases treatment. For that, after the development of a semi-
solid formulation and the incorporation of dexamethasone nanocapsules, stability
studies were carried out, thermical analysis, a releasing studies of the drug. The
samples were stored at 40°C 2°C) and 75% UR (±5%) for 150 days, being analyzed
in intervals of 30 days concerning the organoleptic characteristics, pH, viscosity,
spreading and drug. For the releasing studies modified Franz cells were used. All the
analyzed parameters were compared to formulations containing the free form drug. The
CGNCDEXA organoleptical characteristics remained stable for a period of 60 days.
For the formulation containing the free drug, the alterations were noticeable from the
first month of analysis. Organoleptical characteristic alterations were observed for both
formulations, being more intense in the formulation containing the free form drug. The
pH values for both formulations were kept around 6.0 at the end of 150 days of
experiment. The CGNCDEXA formulations presented pseudoplastic rheological
behavior, while the semi-solid formulation containing the free form drug (CGDEXA)
presented plastic behavior. The viscosity values of the formulation of CGNCDEXA
presented significant difference (p0,05) in relation to its initial values (7416 mPa) and
after 150 days (2315 mPa). The viscosity values of the CGDEXA formulation also
presented significant differences (p0,05) in relation to the initial values (12730 mPa)
and final, after 150 days (3170 mPa) of analysis. The spreading values of the
formulation of CGNCDEXA did not present significant difference (p0,05) in relation
to its initial values (6184 mm²) and final (6408 mm²). However, for the CGDEXA
formulation was observed a significant difference (p0,05) in relation to its initial
values (4364 mm²) and final (6467 mm²) of spreading. The dexamethasone
concentration decreased for both formulations during the 150 days of experiment.
Through the thermical analysis (DSC and TG) it was possible to evidence the
dexamethasone fusion, when it was found in the free form incorporated in the gel cream
formulation. However, the thermical analysis of the gel cream formulation containing
dexamethasone in the nanoencapsuled, did not evidence its fusion indicating a drug
protection by the nanostructured system. The releasing flow and the total
dexamethasone concentration released for the CGNCDEXA formulations were
significantly smaller (p0,05)than the formulations containing a free form drug, thus
suggesting, a slower release of the nonencapsuled dexamethasone. Through the results,
it is possible to conclude that the dexamethasone nanocapsule corporation in a gel
cream formulation containing emollient components presented proper physical-
chemical characteristics, representing viability for the preparation of this kind of
formulation.
Key Words: Dexamethasone, nanocapsule, stability, realeasing, psoriases.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Composição das suspensões de nanocápsulas, contendo dexametasona .......38
Tabela 2 - Composição do creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona ...........41
Tabela 3 – Formulação do creme base ...........................................................................41
Tabela 4 - Curva analítica usada para determinação da dexametasona nas formulações
semi-sólidas ....................................................................................................................46
Tabela 5 - Curva analítica para determinação da dexametasona nos estudos de liberação
“in vitro” .........................................................................................................................47
Tabela 6 - Parâmetros referentes à aparência, cor e odor das formulações, contendo
dexametasona na forma livre (CGDEXA) e nanoencapsulada (CGNCDEXA), durante
150 dias de análise ..........................................................................................................61
Tabela 7 Valores de pH do creme gel, contendo dexametasona na forma livre
(CGDEXA) e nanoencapsulada (CGNCDEXA) durante 150 dias de análises (n=3) ....63
Tabela 8 Valores referentes ao índice de plasticidade (n) e coeficiente de consistência
(K) para as formulações de creme gel com o fármaco nanoestruturado e ponto de fluidez
para as formulações contendo o fármaco na forma livre (n=3) ......................................65
Tabela 9 - Valores de viscosidade, apresentados pelo creme gel, contendo a forma livre
(CGDEXA) e nanoencapsulada (CGNCDEXA) de dexametasona (n=3) ......................67
Tabela 10 - Valores de espalhabilidade apresentado pelo creme gel, contendo a forma
livre (CGDEXA) e nanoencapsulada (CGNCDEXA) de dexametasona (n=3) .............70
Tabela 11 – Valores referentes à construção da curva analítica da dexametasona (n=3) 73
Tabela 12 Análise de variância (ANOVA) correspondente às absorbâncias obtidas na
determinação da curva analítica de dexametasona .........................................................74
Tabela 13 Valores referentes ao doseamento da dexametasona, incorporada nas
formulações semi-sólidas para forma nanoencapsulada e livre (n=3) ............................75
Tabela 14 Valores referentes à construção da curva analítica para o teste de liberação
(n=3) ...............................................................................................................................77
Tabela 15 Análise de variância (ANOVA) correspondente às absorbâncias obtidas na
determinação da curva analítica de dexametasona .........................................................78
Tabela 16 Valores de fluxo, concentração total, coeficiente de regressão e coeficiente
de permeabilidade das formulações de creme gel contendo nanocápsulas de
dexametasona (CGNCDEXA), creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona com
adição de acetonitrila (CGNCDEXA C/ACN) e creme gel contendo dexametasona na
forma livre (CGDEXA) (n=6) ........................................................................................80
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Psoríase do couro cabeludo. Densas escamas cobrindo uma parte ou todo o
couro cabeludo são altamente característicos da psoríase (HABIF, 2005) ........................23
Figura 2 Psoríase em placas. As placas crônicas são vermelhas-foscas e cobertas de
escamas. Tendem a permanecer em tamanho e em posição fixas por longos períodos
(HABIF, 2005) ...................................................................................................................23
Figura 3 – Psoríase em placas. Apresentação clássica. As placas vermelhas espessas têm
uma borda bem definida e escamas prateadas aderentes (HABIF, 2005) ..........................23
Figura 4 - Comparação entre os componentes histológicos de uma placa psoriática com
a pele normal (LOWES et al., 2007) ..................................................................................25
Figura 5 - Estrutura química da dexametasona (GOODMAN & GILMAN, 2006) ...........31
Figura 6 Representação gráfica de nanopartículas e nanoesferas poliméricas: a)
fármaco dissolvido no núcleo oleoso das nanocápsulas; b) fármaco adsorvido à parede
polimérica das nanocápsulas; c) fármaco retido na matriz polimérica das nanoesferas; d)
fármaco adsorvido ou disperso molecularmente na matriz polimérica das nanoesferas
(SCHAFFAZICK, et al., 2003) ..........................................................................................34
Figura 7 - Distribuição do diâmetro médio das suspensões de nanocápsulas contendo
dexametasona ......................................................................................................................49
Figura 8 - Potencial zeta apresentado pelas suspensões de nanocápsulas contendo
dexametasona ......................................................................................................................50
Figura 9 Curva termogravimétrica para a dexametasona. Taxa de aquecimento 10
°C/min, sob fluxo de nitrogênio .........................................................................................51
Figura 10 Curva termogravimétrica da formulação de creme gel contendo
dexametasona livre (CGDEXA). Taxa de aquecimento 10 °C/min, sob fluxo de
nitrogênio ............................................................................................................................52
Figura 11 Curva termogravimétrica da suspensão de nanocápsulas de dexametasona.
Taxa de aquecimento 10 °C/min, sob fluxo de nitrogênio .................................................53
Figura 12 Termograma da formulação de creme gel contendo nanocápsulas de
dexametasona. Taxa de aquecimento 10 °C/min, sob fluxo de nitrogênio ........................53
Figura 13 - Calorimetria diferencial exploratória da formulação de creme gel contendo o
fármaco na forma livre, na forma nanoencapsulada, da formulação de creme gel base e
da dexametasona. Taxa de aquecimento 10 °C/min, sob fluxo de nitrogênio ....................55
Figura 14 - Diâmetro médio apresentado pela suspensão das nanocápsulas contendo
dexametasona incorporadas no creme gel ..........................................................................57
Figura 15 - Diâmetro médio das partículas apresentado pela base de creme gel sem a
incorporação da dexametasona ...........................................................................................57
Figura 16 - Diâmetro médio apresentado pela formulação de creme gel contendo
nanocápsulas de dexametasona após 150 dias de experimento ..........................................58
Figura 17 - Potencial zeta apresentado pelas nanocápsulas de dexametasona
incorporadas no creme gel ..................................................................................................59
Figura 18 - Potencial zeta apresentado pelas nanocápsulas de dexametasona
incorporadas no creme gel após 150 dias de experimentos ................................................60
Figura 19 Formulações semi-sólidas, contendo dexametasona na forma livre (A) e na
forma nanoencapsulada (B), após 48 horas de preparação .................................................61
Figura 20 - Comportamento do CGDEXA durante os 150 dias de análise, referente às
amostras mantidas em estufa sob temperatura de 40° C e 75% UR ...................................62
Figura 21- Comportamento do CGNCDEXA durante os 150 dias de análise, referente as
amostras mantidas em estufa sob temperatura de 40° C e 75% UR ...................................62
Figura 22 - Valores de pH para as formulações de CGDEXA e CGNCDEXA durante os
150 dias de experimento .....................................................................................................64
Figura 23 Reograma das amostras, contendo nanocápsulas de dexametasona,
referentes aos valores iniciais e após 150 dias de experimento ..........................................66
Figura 24 Reograma das amostras, contendo dexametasona na forma livre referentes
aos valores inicias e após 150 dias de experimento ............................................................66
Figura 25 Viscosidade versus taxa de cisalhamento referentes ao creme gel, contendo
dexametasona na forma de nanocápsulas (CGNCDEXA), relativo aos valores iniciais e
após 150 dias de experimento à temperatura de 40° C e 75% UR .....................................68
Figura 26 - Viscosidade versus taxa de cisalhamento referentes ao creme gel, contendo
dexametasona na forma livre (CGDEXA), relativo aos valores iniciais e após 150 dias
de experimento à temperatura de 40° C e 75% UR ............................................................68
Figura 27 Comparação entre os valores de viscosidade das amostras, contendo
dexametasona na forma nanoencapsulada (CGNCDEXA) e livre (CGDEXA) referentes
aos valores iniciais e após 150 dias de experimento ..........................................................70
Figura 28 – Espalhabilidade inicial e após 150 dias de análises para o CGDEXA ............71
Figura 29 – Espalhabilidade inicial e após 150 dias de análises para o CGNCDEXA ......71
Figura 30 Espalhabilidade inicial e após 150 dias de análises para as formulações de
CGDEXA e CGNCDEXA ..................................................................................................72
Figura 31 – Representação gráfica da curva analítica da dexametasona ............................73
Figura 32 – Cromatograma do creme gel, contendo nanocápsulas de dexametasona
(CGNCDEXA) ...................................................................................................................75
Figura 33 – Cromatograma do creme gel, contendo nanocápsulas sem dexametasona .....75
Figura 34 Comparação do teor de dexametasona nas formulações, contendo
dexametasona na forma livre e nanoencapsulada, durante o período de análise (150
dias), à temperatura de 40° C .............................................................................................76
Figura 35 Representação gráfica da curva analítica da dexametasona, utilizada para a
realização dos estudos de liberação ....................................................................................78
Figura 36 - Liberação da dexametasona do creme gel na forma livre (CGDEXA),
nanoencapsulada (CGNCDEXA) e com adição de acetonitrila à solução receptora
(CGNCDEXA C/ACN) ......................................................................................................81
Figura 37 Liberação da dexametasona do creme gel na forma nanoencapsulada
(CGNCDEXA) e na forma livre (CGDEXA) ....................................................................81
Figura 38 Liberação da dexametasona do creme gel na forma livre (CGDEXA) e na
forma nanoencapsulada tratada com acetonitrila (CGNCDEXA C/ACN) ........................82
Figura 39 Liberação da dexametasona na forma nanoencapsulada e com adição de
acetonitrila ..........................................................................................................................82
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACN – Acetonitrila;
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária;
CGDEXA – Creme gel contendo dexametasona na forma livre;
CGNCDEXA – Creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona;
CGNCDEXA C/ACN – Creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona contendo
acetonitrila;
CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência;
DP – Desvio Padrão;
DPR – Desvio Padrão Relativo;
DSC – Calorimetria Exploratória Diferencial;
PDI – Índice de polidispersão;
RE – Resolução;
TG – Análises Termogravimétricas;
UR – Umidade Relativa.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................15
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................18
2.1 PELE .........................................................................................................................18
2.1.1 Epiderme ................................................................................................................19
2.1.2 Derme ....................................................................................................................20
2.1.3 Hipoderme .............................................................................................................20
2.2 ADMINISTRAÇÃO TÓPICA DE FÁRMACOS ....................................................20
2.3 PSORÍASE ...............................................................................................................22
2.3.1 Tipos de psoríase ...................................................................................................26
2.3.1.1 Psoríase crônica em placas .................................................................................26
2.3.1.2 Psoríase gutata ....................................................................................................26
2.3.1.3 Psoríase invertida ou flexural .............................................................................27
2.3.1.4 Psoríase eritrodérmica ........................................................................................27
2.3.1.5 Psoríase pustular ................................................................................................27
2.3.1.6 Psoríase ungueal .................................................................................................27
2.3.1.7 Artrite psoríatica .................................................................................................28
2.4 Corticóides tópicos para o tratamento da psoríase ...................................................28
2.4.1 Glicocorticóides .....................................................................................................29
2.4.1.1 Dexametasona .....................................................................................................31
2.5 SISTEMAS NANOESTRUTURADOS PARA ADMINISTRAÇÃO DE
FÁRMACOS ..................................................................................................................32
2.6 NANOPARTÍCULAS POLIMÉRICAS ..................................................................34
2.7 LIBERAÇÃO E PENETRAÇÃO CUTÂNEA ........................................................35
3 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................37
3.1 MATERIAIS ............................................................................................................37
3.1.1 Matéria-prima, solventes e outros materiais ..........................................................37
3.1.2 Equipamentos e materiais de laboratório ..............................................................37
3.2 MÉTODO .................................................................................................................38
3.2.1 Preparação das suspensões, contendo nanocápsulas de dexametasona .................38
3.2.2 Avaliação físico-química das suspensões de nanocápsulas, contendo
dexametasona ..................................................................................................................39
3.2.2.1 Determinação do pH ...........................................................................................39
3.2.2.2 Distribuição do diâmetro médio das partículas e índice de polidispersão ..........40
3.2.2.3 Potêncial Zeta .....................................................................................................40
3.2.2.4 Análises térmicas (DSC e TG) ...........................................................................40
3.2.3 Preparação das formulações semi-sólidas contendo nanocápsulas de dexametasona
.........................................................................................................................................40
3.2.3.1 Creme gel ............................................................................................................40
3.2.3.2 Creme base .........................................................................................................41
3.2.4 Determinação do diâmetro médio das partículas após a incorporação nas bases
semi-sólidas ....................................................................................................................42
3.2.5 Determinação do potencial zeta após a incorporação nas bases semi-sólidas .......42
3.2.6 Estudo de estabilidade das bases semi-sólidas, contendo dexametasona na forma
nanoencapsulada e na forma livre ..................................................................................42
3.2.6.1 Determinação das características organolépticas das formulações contendo
dexametasona na forma livre e nanoencapsulada ...........................................................43
3.2.6.2 Determinação do pH das formulações, contendo dexametasona na forma livre e
nanoencapsulada .............................................................................................................43
3.2.6.3 Avaliação das características reológicas das formulações semi-sólidas, contendo
dexametasona na forma livre e nanoencapsulada ...........................................................43
3.2.6.4 Determinação da espalhabilidade das formulações semi-sólidas, contendo
dexametasona na forma livre e nanoencapsulada ...........................................................44
3.2.6.5 Doseamento das formulações semi-sólidas, contendo dexametasona na forma
livre e nanoencapsulada ..................................................................................................44
3.2.6.5.1 Construção da curva analítica ..........................................................................45
3.2.7 Estudos de liberação “in vitro” ..............................................................................46
3.2.8 Construção da curva analítica para realização dos estudos de liberação ...............47
3.3 ANÁLISES ESTATÍSTICAS DOS RESULTADOS ..............................................47
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..............................................................................48
4.1 AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS SUSPENSÕES DE NANOCÁPSULAS,
CONTENDO DEXAMETASONA ................................................................................48
4.1.1 Determinação do pH ..............................................................................................48
4.1.2 Determinação do diâmetro médio e índice de polidispersão das nanopartículas ..48
4.1.3 Determinação do potencial zeta .............................................................................49
4.1.4 Análises térmicas ...................................................................................................50
4.1.4.1Análises termogravimétrica – TG ........................................................................51
4.1.4.1.1 TG da dexametasona .......................................................................................51
4.1.4.1.2 TG da formulação semi-sólida com dexametasona livre .................................52
4.1.4.1.3 TG da suspensão com nanocápsulas de dexametasona ...................................52
4.1.4.1.4 TG da formulação com a dexametasona nanoencapsulada .............................53
4.1.4.2 Análise calorimétrica diferencial (DSC) ............................................................54
4.2 DESENVOLVIMENTO DA FORMULAÇÃO SEMI-SÓLIDA PARA A
INCORPORAÇÃO DO FÁRMACO .............................................................................55
4.3 DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO DIO DAS NANOPARTÍCULAS DE
DEXAMETASONA, INCORPORADAS NAS BASES SEMI-SÓLIDAS ..................56
4.4 DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL ZETA DAS NANOPARTÍCULAS DE
DEXAMETASONA INCORPORADAS NAS BASES SEMI-SÓLIDAS ...................59
4.5 ESTUDO DE ESTABILIDADE DAS BASES SEMI-SÓLIDAS, CONTENDO
DEXAMETASONA NA FORMA NANOENCAPSULADA E NA FORMA LIVRE .60
4.5.1 Determinação das características organolépticas ..................................................60
4.5.2 Determinação do pH ..............................................................................................63
4.5.3 Determinação da viscosidade e espalhabilidade das formulações semi-sólidas,
contendo dexametasona na forma livre e nanoencapsulada ...........................................64
4.5.3.1 Viscosidade .........................................................................................................64
4.5.3.2 Espalhabilidade ...................................................................................................70
4.5.4 Doseamento das formulações semi-sólidas, contendo dexametasona na forma livre
e nanoencapsulada ..........................................................................................................73
4.5.4.1 Construção da curva analítica .............................................................................73
4.6 ESTUDOS DE LIBERAÇÃO “IN VITRO” ............................................................77
4.6.1 Construção da curva analítica para os estudos de liberação da dexametasona .....77
5 CONCLUSÕES ...........................................................................................................85
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................88
1 INTRODUÇÃO
A psoríase é uma doença inflamatória crônica de pele que afeta igualmente, homens e
mulheres em cerca de 1 a 3% da população mundial. Aproximadamente 30 a 40% dos adultos
com psoríase apresentam o início dos sintomas antes dos 16 anos de idade (SUKHATME,
2009). Essa dermatose emerge da interação de uma base genética (herança poligênica), fatores
ambientais e psicológicos (AZULAY, 1997; FITZPATRICK et al., 1997).
Apesar de apresentar evolução benigna, a psoríase determina um importante impacto
na qualidade de vida dos pacientes, interferindo em suas atividades diárias, nas relações
sociais e interpessoais ou, ainda, atuando sobre aspectos psicossociais (KRUEGER et al.,
2000; ARRUDA e MORAES, 2001; CORDORO, 2008).
Muitos agentes tópicos estão disponíveis para o tratamento dessa doença, mas
nenhuma das medicações tópicas é previsivelmente efetiva. Todos os pacientes requerem
tratamento prolongado para obterem alivio, o qual frequentemente é temporário, dessa forma,
a adesão é um problema e os pacientes ficam desestimulados pelo tratamento moderadamente
efetivo que dura semanas ou meses.
Os corticosteróides são uma classe de hormônios esteróides, produzidos pelas
glândulas supra-renais, onde a dexametasona apresenta-se como exemplo de análogo sintético
desse grupo, utilizado principalmente devido à sua atividade antiinflamatória e
imunossupressora (SILVA, 2006; FOX, MERK e BICKERS, 2006).
Quando usados topicamente, além de sua ação antiinflamatória, exercem atividade
antimitótica. Dessa forma, os corticosteróides tópicos podem ser utilizados como agentes de
primeira escolha no tratamento de alguns tipos de psoríase, promovendo uma diminuição da
multiplicação celular e menor formação das camadas de queratina (MARTINDALE, 1999;
SILVA, 2006).
Entretanto seu uso prolongado pode induzir efeitos adversos (algumas vezes
irreversíveis) como exacerbação das lesões, afinamento da pele, estrias, telangiectasias,
hipopigmentação, e efeito rebote após a interrupção do tratamento (MARTINDALE, 1999;
FUCHS, WANNMACHER e FERREIRA, 2006; JOSSE et al., 2009). O efeito rebote ocorre
frequentemente após a interrupção abrupta do tratamento tópico prolongado. Dessa forma,
antes da suspensão do mesmo, faz-se necessário a instituição de esquema terapêutico
intermitente ou a substituição por agentes de menor atividade, objetivando a diminuição dos
sintomas de retirada (FUCHS, WANNMACHER e FERREIRA, 2006).
16
A pele é um órgão que desempenha diversas funções, devido à arquitetura e às
propriedades químicas e biológicas de suas várias estruturas. É um órgão dinâmico, dotado de
grande capacidade renovadora e de reparação, bem como de certo grau de impermeabilidade.
Apresenta como função vital a conservação da homeostasia, além de função sensorial e de
defesa contra agressões físicas, químicas e biológicas (SAMPAIO e RIVITTI, 2001).
A camada córnea é a camada mais externa do organismo e, devido às suas
propriedades, desempenha um papel fundamental em relação à função protetora da pele,
servindo como meio de comunicação entre o organismo e o meio exterior. Além da proteção
mecânica a camada rnea apresenta impermeabilidade relativa à água e eletrólitos, evitando
perdas hídricas e eletrolíticas, mantendo a homeostasia do indivíduo, bem como limitando a
penetração de substâncias exógenas (SAMPAIO e RIVITTI, 2001; HUANG et al., 2005;
AZULAY e AZULAY, 2006; PARDEIKE, HOMMOS e MÜLLER, 2009).
Atualmente existe um grande interesse na liberação seletiva de fármacos, em vista
disso, sistemas carreadores têm sido bastante estudados com objetivo de melhorar a
seletividade e eficiência das formulações. Dentre estes, incluem-se os sistemas coloidais
transportadores de fármacos, principalmente representados pelas nanopartículas poliméricas,
lipossomas, emulsões submicrométricas e complexos lipídicos Uma liberação sustentada do
fármaco poderá suprir a pele por um período de tempo mais prolongado, podendo-se,
também, considerar que um tratamento no local da inflamação poderá reduzir a absorção
sistêmica e os efeitos colaterais (MONACO, 2000; CABRAL, 2004; SCHMALTZ, DOS
SANTOS e GUTERRES, 2005; GUTERRES, BENVENUTTI e POHLMANN, 2006).
As nanopartículas poliméricas apresentam diâmetro inferior a m e seu termo inclui
as nanocápsulas e nanoesferas, as quais diferem entre si segundo sua composição e
organização estrutural (SCHAFFAZICK et al., 2003). As nanocápsulas possuem uma parede
polimérica disposta em torno de um núcleo oleoso onde o rmaco se encontra dissolvido ou
então adsorvido à sua parede polimérica. as nanoesferas são formadas por uma matriz
polimérica e não apresentam óleo na sua composição. Neste caso, o fármaco pode encontrar-
se retido ou disperso em sua matriz polimérica (SCHAFFAZICK et al., 2003; GUTERRES,
BENVENUTTI e POHLMANN, 2006).
O uso desses sistemas permite o aumento da especificidade do fármaco, elevando sua
concentração nos locais onde sua ação farmacológica é requerida. Dessa forma, pode-se evitar
o acúmulo de fármacos em tecidos inespecíficos, e consequentemente, diminuir a ocorrência
de efeitos tóxicos nesses locais. Além disso, o aumento da ão terapêutica do fármaco pode
também contribuir para uma diminuição da dose administrada com consequente diminuição
17
de seus efeitos colaterais (SCHAFFAZICK et al., 2003; GUTERRES, BENVENUTTI e
POHLMANN, 2006).
Investigações têm evidenciado que as nanopartículas apresentam a tendência de
acumularem-se em tecidos inflamados, podendo-se, desta forma, abrir novas perspectivas para
atuação de fármacos anti-inflamatórios ou antibióticos em áreas inflamadas (KREUTER,
1994).
Assim, de acordo com o que foi exposto, este trabalho tem como objetivo principal
desenvolver uma formulação semi-sólida tópica com características emolientes contendo
nanocápsulas de dexametasona para o tratamento da psoríase. Além de, preparar, caracterizar
e realizar estudos de estabilidade com as formulações de creme-gel, contendo nanocápsulas de
dexametasona, comparando-as com a forma livre do ativo. Da mesma maneira, realizar
estudos de liberação “in vitro”, utilizando membranas de acetato de celulose em células de
difusão tipo Franz, para avaliação do comportamento da cedência da dexametasona a partir
deste tipo de sistema.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 PELE
A pele é um órgão de grande extensão e importância no organismo humano, sendo
responsável por diversas funções como: proteção física, nutrição, pigmentação,
termorregulação, transpiração, perspiração, defesa, absorção e percepção sensorial através dos
elementos do sistema nervoso, situados na derme (DE SOUZA, 2004; HUANG, 2005;
AZULAY e AZULAY, 2006). Participam, também, de diversas funções biológicas como a
resposta inflamatória e imune, crescimento piloso, cicatrização e síntese de vitamina D
(HEGEDUS et al., 2006).
A via tópica é considerada uma via atrativa para administração de substâncias, pois,
além de ser uma rota não invasiva, pode evitar a degradação de vários fármacos. Caracteriza-
se não como uma via para terapia local, mas também uma via para que fármacos alcancem
efeitos regionais ou sistêmicos (ASBILL e MICHINIAK, 2000; MIYAZAKI et al., 2003).
Dessa forma, apresenta-se como uma via acessível para administração de substâncias, devido
aos problemas associados com outras rotas de administração, como a via oral e a parenteral
(ASBILL e MICHINIAK, 2000; FOLDVARI, 2000; KORTING, MEHNERT e KORTING,
2007). O exemplo, mais comum é com o uso de anti-inflamatórios não esteróides
administrados por via oral, os quais podem apresentar efeitos colaterais gastrointestinais,
sendo diminuídos através da administração tópica dos mesmos (PARDEIKE, HOMMOS e
MÜLLER, 2009).
A pele é um órgão dinâmico que tem características de permeabilidade dependentes de
fatores, tais como, (1) espessura do extrato córneo; (2) integridade do extrato córneo; (3)
hidratação do estrato córneo; (4) coeficiente de partição da substância entre veículo e estrato
córneo; (5) aplicação de promotores de permeabilidade. Os fatores 1 e 2 são manifestados em
função da idade, do sexo, da raça e da região corporal. Os fatores 3 e 5 estão presentes quando
a formulação ou as condições de tratamento são alteradas. O fator 4 é decorrente da lipofilia
ou solubilidade relativa da substância entre o estrato córneo e o veículo (TAUBER, 1989).
A pele humana compõe-se de três camadas de tecidos: a epiderme celular, estratificada
e avascular; a derme subjacente de tecido conectivo e a hipoderme constituída pela gordura
subcutânea (BARRY, 2005; HUANG et al., 2005).
19
2.1.1 Epiderme
A epiderme é constituída por várias camadas de queratinócitos em diferentes estágios
de diferenciação celular, além de conter melanócitos, células de Langerhans (importantes na
resposta imune) e células de Merkel (envolvidas na percepção sensorial) (ASBILL e
MICHINIAK, 2000; FOLDVARI, 2000).
Os queratinócitos são responsáveis por, pelo menos, 80% das células epidérmicas,
dispostos lado a lado e apresentam uma constante renovação. O alto índice de multiplicação
de sua camada basal fornece células que vão gradativamente se modificando e migrando para
a superfície formando a camada espinhosa ou de Malpighi. A seguir, essas células passam por
um rápido estágio, em que apresentam o citoplasma mais basofílico e granuloso, a camada
granulosa e transformam-se, subitamente, em células anucleadas (corneócitos), sendo então
eliminadas para o meio ambiente através da camada córnea, a camada mais externa da pele
(AZULAY e AZULAY, 2006). Essa diferenciação demora em torno de duas semanas para
pessoas jovens, e em torno de 37 dias para pessoas com idade maior que 50 anos
(LEONARDI, MARTINS e KUREBAYASHI, 2004).
O estrato córneo é a camada mais externa da epiderme, sendo formado por 10-15
camadas de corneócitos, envolvidos por lipídios extracelulares, apresentando uma espessura
que varia entre 10-20 µm. Devido à sua elevada organização estrutural e hidrofobicidade, o
estrato córneo atua como a principal barreira para a penetração de substâncias aplicadas
topicamente, mas também atua como um reservatório para formulações aplicadas por esta via
(FERNANDEZ et al., 2000; FOLDVARI, 2000; LEONARDI, MARTINS e
KUREBAYASHI, 2004; KORTING, MEHNERT e KORTING, 2007; PARDEIKE,
HOMMOS e MÜLLER, 2009).
O grau de hidratação do estrato córneo é também um fator bastante importante para
determinação da taxa de absorção percutânea de um determinado fármaco (ALVES, 2006). A
pele, prejudicada por algum tipo de doença, torna-se mais permeável à água, sendo que na
presença de psoríase, por exemplo, pode chegar a ser dez vezes mais permeável que em
condições normais (DE SOUZA, 2004).
No caso de lesões em que a integridade está comprometida e sua arquitetura se mostra
alterada, a pele não desempenha mais o papel de barreira protetora, e o excipiente não precisa
ter afinidades com as matérias graxas.
20
2.1.2 Derme
A composição da derme envolve tecido conjuntivo denso composto por células, como
fibroblastos granulócitos e macrófagos. Também é formada por macromoléculas sintetizadas
pelos fibroblastos, as quais constituem a matriz extracelular, formada por colágeno, elastina,
glicosaminoglicanas e glicoproteínas de estrutura. Nessa camada da pele, estão presentes as
raízes dos pelos, as glândulas, terminações nervosas, vasos sanguíneos e linfáticos
(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999; FOLDVARI, 2000; LEONARDI, MARTINS e
KUREBAYASHI, 2004).
2.1.3 Hipoderme
A hipoderme, também conhecida como gordura subcutânea, funciona como
amortecedor mecânico e barreira térmica, a qual sintetiza e estoca rapidamente substâncias
energéticas prontamente disponíveis (BARRY, 2005). É um tecido subcutâneo que une a
derme aos órgãos profundos. É formada por tecido conjuntivo adiposo de espessura muito
variável conforme sua localização. Desempenha função de termogênese e energética, ou seja,
quando necessário, através da lipólise, os ácidos graxos são liberados rapidamente. Isso
acontece, que a gordura é essencial na homeostermia, além de desempenhar função
mecânica de amortecimento, sobretudo nos órgãos internos (HERNANDEZ e MERCIER-
FRESNEL, 1999).
2.2 ADMINISTRAÇÃO TÓPICA DE FÁRMACOS
Existem alguns aspectos importantes que devem ser considerados na seleção de um
veículo tópico, tais como, a solubilidade do agente ativo no veículo; a velocidade com que o
agente é liberado do veículo; a capacidade do veículo de hidratar o estrato córneo; a
estabilidade do agente terapêutico no veículo e as interações químicas e físicas entre o
veículo, o estrato córneo e o agente ativo. Tradicionalmente, os veículos têm sido
considerados inertes do ponto de vista farmacológico, entretanto, devido às suas propriedades
físicas peculiares, muitos podem ser terapeuticamente benéficos. Como exemplo, pode-se
citar que a capacidade do veículo em retardar a evaporação da superfície da pele é menor nas
tinturas e curativos úmidos e maior nas pomadas e cremes (ROBERTSON e MAIBACH,
2007).
21
Atualmente existe um grande interesse no desenvolvimento de formulações tópicas.
Estas preparações são capazes de liberar o fármaco no sítio de ação, ou seja, no local
inflamado, minimizando efeitos sistêmicos adversos, devido a sua baixa concentração
plasmática (ROVENSKY et al., 2003; PARDEIKE, HOMMOS e MÜLLER, 2009). Estas
formulações incluem cremes, géis e sistemas mais complexos, utilizando uma gama de
fármacos como, por exemplo, os anti-inflamatórios corticosteróides.
Em casos especiais, como na inflamação crônica com descamação, exemplo a
psoríase, a mesma pode ser tratada de modo mais adequado, com preparações mais
lubrificantes como cremes e pomadas, constituídos por substâncias que apresentem
características hidratantes e emolientes. Ainda, cremes são frequentemente utilizados como
veículos em placas psoriáticas exsudativas, bem como em áreas flexurais (HUANG et al.,
2005).
A eficácia terapêutica de um fármaco aplicado na pele depende principalmente de sua
habilidade de penetração, podendo assim exercer a atividade farmacológica desejada.
Considerando que a maioria dos fármacos possui propriedades físico-químicas inadequadas
para penetrar efetivamente na pele, foram desenvolvidas ao longo dos anos, diferentes
estratégias para aumentar a permeação de substâncias através da mesma (BONINA et al.,
2001).
Os principais passos envolvidos na absorção percutânea, incluem o estabelecimento de
um gradiente de concentração que gera a força motriz para o movimento do fármaco através
da pele; a liberação do fármaco do seu veículo (coeficiente de partição) e a difusão do
fármaco através das camadas da pele(coeficiente de difusão). As características ideais de um
fármaco tópico incluem baixa massa molecular (600Da), solubilidade adequada em óleo e
água, bem como um alto coeficiente de partição (BARRY, 2004).
A maior limitação dos fármacos para liberação transdérmica é a própria pele, que age
como uma barreira, prevenindo a entrada de moléculas estranhas e impedindo a saída de
substâncias endógenas. A principal barreira para penetração através da pele, é exercida pela
camada mais superficial, o estrato córneo e sua compacta estrutura (KALIA e GUY, 2001;
MORGANTI et al., 2001; MOSER et al., 2001; HUANG, 2005). A função de barreira
também é ajudada pela atividade metabólica da pele, embora a capacidade de
biotransformação seja consideravelmente mais baixa na pele do que no intestino ou fígado
(SUHONEN, BOUWSTRA e URTTI, 1999).
A permeação de substâncias através da pele pode ocorrer por difusão do ativo através
da epiderme intacta ou através dos apêndices da pele como, por exemplo, os folículos pilosos
22
e glândulas sudoríparas. Entretanto cabe ressaltar que, devido à pequena porcentagem da
superfície total da pele ocupada pelos seus anexos, a penetração de ativos por esta via é
considerada pequena por alguns autores (LEONARDI, MARTINS e KUREBAYASHI,
2004).
Considerando a epiderme intacta, o ativo pode permear entre os queratinócitos ou
através deles. No meio transcelular, o ativo tem que atravessar os queratinócitos e, depois,
difundir-se também entre os lipídeos. Dessa forma, o meio intercelular é o maior determinante
para a permeação cutânea (LEONARDI, MARTINS e KUREBAYASHI, 2004). Qualquer
agressão na pele que remova água, lipídios ou proteínas da epiderme, pode alterar sua
integridade e comprometer sua função (HABIF, 2005). Dessa forma, a penetração de
substâncias aumenta várias vezes na pele inflamada, como por exemplo, na dermatite atópica.
Nas doenças esfoliativas graves, como a psoríase eritrodérmica, parece haver pouca barreira à
penetração desses agentes (ROBERTSON e MAIBACH, 2007).
O gel-creme é uma emulsão cuja fase aquosa está previamente gelificada pelo
polímero hidrófilo gelificante. Os agentes gelificantes, empregados na formação do gel-
creme, são usualmente os mesmos utilizados para obtenção de um hidrogel, como por
exemplo, carbopol (carbomer) e natrosol (FERREIRA, BRANDÃO e SILVA, 2002;
FERNANDEZ-MONTES, 2005; MARTINI, 2005).
2.3 PSORÍASE
A psoríase é uma doença inflamatória crônica a qual acomete a pele, com grande
polimorfismo de expressão clínica (MARTINS, ARRUDA e MUGNAINI, 2004). Apresenta
causa desconhecida e faz parte do grupo de doenças Pápulo-Escamosas, devido às
características clínicas de sua lesão primária (HABIF, 2005). Afeta comumente as regiões do
couro cabeludo, joelhos, cotovelos e tronco (figura 1 a 3).
As lesões podem permanecer localizadas ou tornarem-se generalizadas com o tempo
(LOWES et al., 2007; SUKHATME e GOTTLIEB, 2009). Estudos têm relatado o
aparecimento precoce de lesões no sexo feminino, mas este fato não é universalmente
observado (FARBER e NALL, 1998; RAYCHAUDHURI e GROSS, 2000).
23
Figura 1 – Psoríase do couro cabeludo. Densas escamas cobrindo uma parte ou todo o couro
cabeludo são altamente característicos da psoríase (HABIF, 2005)
Figura 2 – Psoríase em placas. As placas crônicas são vermelhas-foscas e cobertas de
escamas. Tendem a permanecer em tamanho e em posição fixas por longos períodos (HABIF,
2005)
Figura 3 – Psoríase em placas. Apresentação clássica. As placas vermelhas espessas têm uma
borda bem definida e escamas prateadas aderentes (HABIF, 2005)
24
Não existem evidências da presença de diferenças morfológicas na psoríase entre
homens e mulheres (FARBER e NALL, 1998). Acredita-se que o fator genético exerça um
papel fundamental no desenvolvimento da psoríase. Estima-se que aproximadamente 40% dos
indivíduos que sofrem de psoríase tenham um parente em primeiro grau que tenha a doença
(RICHARDSON e GELFAND, 2008).
A psoríase é considerada uma doença não contagiosa que apresenta diversas formas e
vários níveis de severidade (DOS SANTOS et al., 2005). Pode aparecer em qualquer idade,
sendo que a doença de início tardio tende a ser mais leve. O aparecimento de lesões
psoriáticas, logo após o nascimento, está relacionado à maior gravidade e antecedentes
familiares (HABIF, 2005). Durante muito tempo, foi aceita como causa primária da doença, a
hiperproliferação ceratinocítica associada à diferenciação epidérmica anormal, entretanto,
com os avanços em biologia molecular e imunologia descobriu-se que sua causa é bem mais
complexa (FARBER e NALL, 1998; RICHARDSON e GELFAND, 2008).
A psoríase é mediada por linfócitos T e células dendríticas ativadas encontradas nas
placas psoriáticas. Estas células liberam citocinas pró-inflamatórias como fator de necrose
tumoral (TNF)-alpha, interleucinas (17, 23) e interferon gama que desencadeiam a liberação
de outras citocinas conduzindo a hiperproliferação dos queratinócitos (SUKHATAME, 2009).
Dessa forma, a psoríase é caracterizada como uma dermatose inflamatória imunomodulada
por resposta tipo 1, pois superexpressão das citocinas Th1 pró-inflamatórias com
deficiência relativa de citocinas Th2 (DOS SANTOS et al., 2005).
Os linfócitos T desempenham papel importante no desencadeamento e manutenção da
inflamação. Sua expressão clínica ocorre quando uma reação imunológica induzida por
linfócitos T se desenvolve na pele do paciente (MARTINS, ARRUDA e MUGNAINI, 2004).
Em 1978, as células T e os macrófagos foram identificados como as principais células
do infiltrado inflamatório dérmico da psoríase. A partir de 1983, o fenótipo das células T foi
identificado, CD4+ e CD8+, assim como o aumento das células dendríticas na derme
(CARNEIRO et al., 2005). Existem evidências, indicando que a psoríase é imunologicamente
mediada, como a resposta terapêutica a medicamentos imunossupressores, transferência da
doença através do transplante de medula óssea em humanos e de células T purificadas de pele
humana pré-psoriática em ratos e a presença de modificações nos receptores de células T de
pele psoriática (FARBER e NALL, 1998).
Essa reação imunológica pode ser desencadeada por fatores ambientais, combinados,
como por exemplo, estresse, infecções e determinados tipos de medicamentos como o lítio.
25
O exame histológico da placa de psoríase (figura 4) demonstra alterações como o
espessamento da epiderme e vasodilatação dos vasos sanguíneos da derme. Além disso,
embora a pele normal apresente um número notável de células de defesa residentes, nas lesões
psoriáticas observa-se um aumento do número de leucócitos. (DOS SANTOS et al., 2005;
LOWES et al., 2007).
Figura 4 - Comparação entre os componentes histológicos de uma placa psoriática com a pele
normal (LOWES et al., 2007)
Microscopicamente, observa-se o alongamento de pontes intercelulares com um
encurtamento do tempo de trânsito do queratinócito epidérmico, devido a uma diminuição da
monofosfato de guanosina cíclico (ALLEN Jr., 2001).
O aumento na velocidade de crescimento e do ciclo celular leva ao acúmulo de células
na superfície do corpo, sendo que estas células não descamam suficientemente. Enquanto as
células de uma pele saudável amadurecem entre 28 e 30 dias, uma célula psoriática pode
amadurecer em apenas 3 a 4 dias e atingir a camada superficial da pele, acumulando-se e
formando lesões avermelhadas com escamas em relevo (DOS SANTOS et al., 2005). A
descamação e a consequente perda da função barreira da pele, ocorre devido à falha dos
26
corneócitos psoriáticos em empilhar-se normalmente e secretar lipídios extracelulares para
que ocorra a adesão entre eles (LOWES et al., 2007).
2.3.1 Tipos de psoríase
A psoríase possui várias apresentações clínicas, as lesões típicas são
eritematoescamosas, de limites bem precisos com halo periférico claro e escamas geralmente
argênticas. Dependendo da apresentação clínica, as lesões podem sofrer variações em seu
tamanho, morfologia e localização no organismo. As alterações histológicas da pele são
idênticas nas suas diferentes formas clínicas (LOWES et al., 2007).
A sua apresentação clínica subdivide-se em vários tipos, sendo: psoríase crônica em
placas, gutata, invertida ou flexural, eritrodérmica, pustular, ungueal e a artrite psoriásica.
2.3.1.1 Psoríase crônica em placas
Psoríase crônica em placas é constituída por placas crônicas não inflamatórias, bem
definidas, sendo a apresentação mais comum da psoríase. As lesões podem surgir em qualquer
local da superfície cutânea. Elas aumentam até certo tamanho e então tendem a permanecer
estáveis por meses ou anos. Uma mácula temporária marrom, branca ou vermelha permanece
quando a placa melhora (HABIF, 2005).
2.3.1.2 Psoríase gutata
Psoríase gutata, é um tipo de psoríase caracterizada por lesões pequenas (0,5 a 1,5 cm
de diâmetro), geralmente pouco descamativas, localizadas em região superior de tronco e
extremidades proximais dos membros e, algumas vezes, do couro cabeludo. Geralmente as
lesões da psoríase em gota não estão cobertas por escamas e não são tão finas como as placas
psoriáticas. Essa forma é característica em crianças e adultos jovens, geralmente precedida de
um quadro infeccioso, estreptocócico ou viral de garganta. Ocorre regressão no período de
semanas a meses, às vezes, sem necessidade de tratamento (LINDEN e WEINSTEIN, 1999;
CHRISTOPHERS e MROWIETZ, 1999; PETERS, WEISSMAN e GILL, 2000; ARRUDA,
CAMPBELL e TAKAHASHI , 2001; LOWES et al., 2007).
27
2.3.1.3 Psoríase invertida ou flexural
Psoríase inversa ou flexural é comumente encontrada nas axilas, peito e ao redor de
dobras da pele como nos órgãos genitais e nádegas. O aspecto é seco e liso, avermelhado e
inflamado, não apresenta escamas. Ela é facilmente irritável por atrito e suor, sendo mais
comum em pacientes com excesso de peso (ALLEN Jr., 2001).
2.3.1.4 Psoríase eritrodérmica
Psoríase eritrodérmica é o tipo menos comum da doença, acometendo 75% ou mais da
superfície corpórea, com descamação fina, podendo levar à perda abundante de proteínas,
dificuldade para manutenção da temperatura corporal e perda excessiva de fluidos
(ARRUDA, CAMPBELL e TAKAHASHI , 2001).
2.3.1.5 Psoríase pustular
- psoríase Pustular é caracterizada por lesões pustulosas sobre base eritemato-
inflamatória, podendo ser dividida em três subtipos:
- psoríase pustulosa generalizada, a qual evolui em surtos com febre no início do
quadro e aparecimento súbito de erupção pustulosa disseminada, evoluindo para eritrodermia;
- psoríase pustulosa anular, forma rara, na qual as lesões são anulares ou circinadas,
semelhantes às do impetigo herpetiforme, que é uma forma de psoríase pustulosa da gravidez;
- psoríase pustulosa localizada (PPL) onde diferenciam-se a PPL palmoplantar e
acrodermatite contínua de Halopeau, na qual comprometimento da região distal dos dedos
das mãos e pés, podendo haver destruição da lâmina ungueal e até comprometimento ósseo
(CHRISTOPHERS e MROWIETZ, 1999; ARRUDA, CAMPBELL e TAKAHASHI, 2001).
2.3.1.6 Psoríase ungueal
A psoríase ungueal raramente ocorre isoladamente. Está presente em 10 a 80% dos
pacientes acometidos pelos diversos tipos de psoríase. Ocorre mais frequentemente nas unhas
dos dedos das mãos do que dos pés, apresentam a onicólise, depressões, hiperqueratose
subungueal, alterações de cor ou estrias longitudinais ou transversais (SHAW, 1998;
PETERS, WEISSMAN e GILL, 2000; ARRUDA, CAMPBELL e TAKAHASHI , 2001).
28
2.3.1.7 Artrite psoríatica
A artrite psoriática pode ser desenvolvida por 10 a 30% dos pacientes acometidos pela
psoríase. Os sintomas podem incluir rigidez, dor, inchaço, sensibilidade das articulações e
tecidos moles, redução dos movimentos, rigidez matutina e cansaço. As articulações que
geralmente são afetadas incluem os pulsos, joelhos, tornozelo, costas e pescoço. Acomete
igualmente homens e mulheres, ocorrendo geralmente entre 30 a 50 anos (LINDEN e
WEINSTEIN, 1999).
2.4 Corticóides tópicos para o tratamento da psoríase
Corticóides continuam entre os agentes de primeira linha no tratamento tópico da
psoríase em todas as faixas etárias (CORDORO, 2008).
O tratamento vai depender do tipo de psoríase, da extensão do quadro e também de
fatores como idade, ocupação, e condições gerais de saúde (SAMPAIO e RIVITTI, 2001). A
terapia envolve a redução da velocidade de proliferação da epiderme, a diminuição da
inflamação dérmica e da resposta imunológica. A aplicação tópica de cremes, pomadas,
loções e spray com corticóides, é o tratamento mais utilizado (DOS SANTOS et al., 2005).
Os cremes e pomadas com ão hidratante, contendo componentes oleosos ou
emolientes, auxiliam na hidratação e sensação tátil da pele e, ainda, reduzem a descamação e
a irritação (DOS SANTOS et al., 2005; ALTCHEK et al., 2006).
Em indivíduos, onde a área da superfície do corpo envolvida pelas lesões corresponde
a menos de 5%, é comum iniciar com tratamento tópico, exceto nos casos onde esse tipo de
tratamento não tenha obtido sucesso anteriormente ou se a psoríase for debilitante ao local
atingido (LEBWOHL, 2004; MENTER et al., 2009).
Nos casos em que é atingida de 5 a 10% da superfície corporal, o dermatologista
costuma receitar algum tratamento tópico, que, dependendo do caso, pode ser acrescido da
fototerapia ou de medicações orais. Nos pacientes, onde um envolvimento de mais de 10%
da superfície corporal, somente a terapia tópica pode não ser suficiente, mas poderá ser de
ajuda à fototerapia ou à terapia sistêmica (LEBWOHL, 2004, ALTCHEK, 2006).
A severidade da psoríase pode ser agravada por lesões e irritação da pele, exposição
solar, estresse e ansiedade, alguns medicamentos, infecções e dieta.
Para pacientes com placas localizadas e incipientes, podem ser prescritos
corticosteróides tópicos potentes ou de baixa ou média potência; também é possível usar
29
medicamentos que não sejam corticosteróides, como calcipotriol ou tazaroteno (LEBWOHL,
2004). A psoríase com envolvimento localizado geralmente é responsiva somente a
corticosteróides de maior potência como o propionato de clobetasol (0,05%) e betametasona
dipropionato (0,05%) ou valerato (0,1%), considerandos agentes de maior eficácia em seu
tratamento tópico (FUCHS, WANNMACHER e FERREIRA, 2006).
O tratamento com corticóides pode apresentar alguns efeitos adversos como: atrofias
da pele, aparecimento de telangiectasias, víbices e púrpura (SAMPAIO e RIVITTI, 2001). A
face e os pontos intertriginosos são as áreas mais suscetíveis a efeitos colaterais cutâneos
provocados pelos corticosteróides tópicos. Dessa forma, corticóides fluorados, que
apresentam modificações químicas afim de que haja um aumento na sua potência devem ser
evitados para o tratamento destas regiões (DOS SANTOS et al., 2005; ALTCHEK et al.,
2006; FOX, MERK e BICKERS, 2006).
Algumas áreas limitadas podem necessitar de tratamentos alternativos. Por exemplo, o
envolvimento das palmas das mãos e plantas dos pés pode ser debilitante e sabe-se que essas
áreas são difíceis de tratar. Psoríase pustular das palmas das mãos e plantas dos pés
respondem apenas ocasionalmente à terapia tópica. Embora as palmas das mãos e plantas dos
pés constituam pequena percentagem da área da superfície corporal, pode justificar-se o
tratamento com medicamentos orais ou com fototerapia (LEBWOHL, 2004).
2.4.1 Glicocorticóides
Os corticosteróides são fármacos amplamente utilizados como efetivos e potentes anti-
inflamatórios (figura 5). Dividem-se em glicocorticóides e mineralocorticóides. Ambos os
grupos possuem ação sobre a retenção de sódio e água como sobre o metabolismo
intermediário.
A predominância de um ou outro desses efeitos é que os caracteriza. O principal
exemplo de glicocorticóide endógeno nos seres humanos é o cortisol (hidrocortisona),
enquanto a aldosterona é o principal mineralocorticóide (SILVA, 2006; FOX, MERK e
BICKERS, 2006).
Glicocorticóides são os mais eficazes antiinflamórios disponíveis, suplantando os não-
esteróides, promovem melhora sistemática de uma série de manifestações clínicas, sem afetar
a evolução da doença básica. Ao lado de esperados benefícios, risco de potenciais efeitos
adversos, observados numa variedade de tecidos orgânicos, na dependência de doses
empregadas e, sobretudo, na duração do tratamento. Em uso agudo, são geralmente bem
30
tolerados. No tratamento prolongado, surgem efeitos adversos como: acne, hipertensão,
predisposição maior às infecções microbianas, micóticas e virais, diabetes, úlcera gastro
intestinal, inibição do crescimento, osteoporose, entre outros (FOX, MERK e BICKERS,
2006).
A hidrocortisona é o protótipo dos glicocorticóides, e sua estrutura básica é a mesma
de todos os esteróides, caracterizando-se pelo núcleo ciclopentanoperidrofenantreno.
Alterações nas moléculas da hidrocortisona e da cortisona deram origem aos compostos
glicocorticóides atuais, com potente atividade antinflamatória e com menor capacidade de
retenção de sódio (SILVA, 2006).
Os glicocorticóides possuem diferenças em relação à sua atividade antiinflamatória,
dependendo de suas características químicas. Por exemplo, para atingir a atividade
antiinflamatória de uma molécula de dexametasona são necessárias 5,3 moléculas de metil
prednisolona, ou então, 26,7 moléculas de hidrocorticosona, sugerindo, dessa maneira que a
dexametasona apresenta uma potência antiinflamatória superior aos demais glicorticóides
(SUN et al., 2007).
Sua eficácia terapêutica baseia-se primariamente na sua atividade antiinflamatória,
mas podem também exercer efeitos antimitóticos no caso da psoríase e outras doenças
dermatológicas associadas a um aumento da renovação celular (SILVA, 2006).
Os efeitos anti-inflamatórios são decorrentes da estimulação da biossíntese da proteína
lipomodulina que por sua vez, inibe a ação enzimática da fosfolipase A
2
. Deste modo é
impedida a liberação de ácido araquidônico e em conseqüência, não se formam seus
metabólitos, como prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos, que são mediadores da
inflamação (KOROLKOVAS e DE FRANÇA, 2001; LIONZO, 2006).
Os glicocorticóides determinam menor ocorrência de efeitos sistêmicos se usados
em doses adequadas e por períodos não-prolongados, e reduzem radicalmente as
manifestações da inflamação. Propriedade que resulta de seus efeitos profundos sobre a
concentração, distribuição e função dos leucócitos periféricos, bem como dos seus efeitos
supressores sobre as citocinas e quimiocinas inflamatórias e outros mediadores da inflamação.
Independente de sua causa, a inflamação caracteriza-se pelo extravasamento e pela infiltração
dos leucócitos no tecido afetado. Além de seus efeitos sobre a função leucocitária, os
glicocorticóides influenciam a resposta inflamatória ao reduzir a síntese de prostaglandinas,
leucotrienos e fator de ativação de plaquetas, que resulta da ativação da fosfolipase A2. Por
fim, os glicocorticóides reduzem a expressão da ciclooxigenase-2, a forma induzível dessa
31
enzima, nas células inflamatórias, diminuindo a formação de prostaglandina (ROBERTSON e
MAIBACH, 2007).
Os corticosteróides, quando usados topicamente, exercem ação antiinflamatória e
antimitótica. A ação antiinflamatória obedece aos mecanismos básicos descritos para o uso
sistêmico. Os corticosteróides, principalmente os halogenados onde a dexametasona se
enquadra como exemplo, reduzem o número de mitoses, o que os torna úteis no tratamento da
psoríase pela diminuição da multiplicação celular e menor formação de camadas de queratina
(SILVA, 2006; ROBERTSON e MAIBACH, 2007).
2.4.1.1 Dexametasona
A dexametasona (figura 5) é um esteróide, derivado do núcleo
ciclopentanoidrofenantreno que apresenta atividade glicocorticóide e antiinflamatória.
Apresenta massa molar de 392,47 g/mol. É um derivado fluorado da prednisolona e isômero
da betametasona podendo ser caracterizada como um cristalino branco ou quase branco e
inodoro, praticamente insolúvel em água; facilmente solúvel em etanol, acetona, dioxano e
metanol; levemente solúvel em clorofórmio; muito solúvel em éter. Apresenta ponto de fusão
entre 268° e 271° com decomposição. Sua solubilidade em água é de 1 mg/ml e seu
coeficiente de partição octanol-tampão fosfato pH 7,4 a 37°C é de 1,33 (KOROLKOVAS e
DE FRANÇA, 2001; MARTINDALE, 1996; EINMAHL et al., 1999; MOFFAT,
OSSELTON e WIDDOP, 2004)
Figura 5 - Estrutura química da dexametasona (GOODMAN & GILMAN, 2006)
A dexametasona é um exemplo de análogo sintético de ação prolongada, com duração
da atividade biológica maior que 48 horas e atividade glicocorticóide 30 vezes superior à
hidrocortisona (SILVA, 2006). Apresenta estabilidade “in vitro”, sendo apropriada para
utilização em sistemas de liberação de fármacos de ação prolongada (SUN, at al., 2007).
32
A dexametasona apresenta-se de 4 formas diferentes: na forma de acetato de
dexametasona, isocotinato de dexametasona, fosfato sódico e tebutato (MOFFAT,
OSSELTON e WIDDOP, 2004).
A dexametasona apresenta a maior potência dentre os glicorticóides de ação sistêmica
(KOROLKOVAS e DE FRANÇA, 2001). Entretanto seu uso contínuo, na forma sistêmica
e/ou tópica apresenta algumas desvantagens como o surgimento de efeitos indesejáveis (FOX,
MERK e BICKERS, 2006; JOSSE et al., 2009).
Levando-se em consideração os efeitos apresentados por esse fármaco, alguns estudos
estão sendo desenvolvidos com o objetivo de aumentar a eficácia da dexametasona e
consequentemente, diminuir os seus efeitos adversos, bem como, a obtenção de sistemas de
liberação prolongada.
Beck e colaboradores (2003) realizaram o desenvolvimento e a caracterização de
formulações de nanopartículas (poly (DL-lactide) e poly (ε-caprolactona) contendo
dexametasona. Avaliaram ainda, a atividade antiinflamatória em ratos, através da inibição da
formação do granuloma e inibição de edema de pato de rato, induzida por caragenina. Os
autores observaram, uma melhora significativa na atividade farmacológica da dexametasona
encapsuladadas em nanoesferas, em relação a formulação comercial (Decadron
®
) contendo o
fármaco na forma livre.
Cascone e colaboradores (2002) realizaram a incorporação de nanopartículas de
PLGA contendo dexametasona em hidrogéis com álcool polivinílico e dextrano, com o
objetivo de avaliar o mecanismo de liberação do fármaco encapsulado nas nanopartículas.
Através deste estudo foi observado que a dexametasona foi liberada das nanopartículas de
PLGA seguindo um mecanismo de difusão controlado. Além disto, verificaram que a
presença de dextrano nos hidrogéis permitiu a liberação de uma quantidade maior de
dexametasona em comparação aos hidrogéis sem a presença de dextrano (CASCONE et al.,
2002).
2.5 SISTEMAS NANOESTRUTURADOS PARA ADMINISTRAÇÃO DE FÁRMACOS
Nos últimos anos, sistemas utilizando nanopartículas poliméricas têm sido utilizados
como uma das estratégias mais promissoras para a liberação de fármacos a sítios específicos
de ação (ALVES et al., 2007).
O desenvolvimento ou a alteração de protótipos químicos, visando um aumento da
afinidade do fármaco sobre a pele pode ser um processo laborioso e limitado. Desta forma, a
33
associação do fármaco a um sistema que permita a alteração ou adequação de suas
propriedades, sem modificar seu mecanismo de ação, parece ser uma alternativa considerável
para contornar esse problema. Nesse sentido, o desenvolvimento de sistemas para vetorização
de fármacos, através de sistemas nanoestruturados, estão sendo propostos com o intuito de
controlar a liberação do fármaco em seu sítio ativo, aumentar sua especificidade e diminuir
seus efeitos colaterais através da redução da dose administrada. Dentre estes sistemas
nanoestruturados, encontram-se os carreadores coloidais, os quais têm sido propostos para
liberação de fármacos na pele e no estrato córneo de uma forma mais específica. Desta forma,
polímeros biodegradáveis na forma de partículas coloidais, têm sido estudados para aplicação
em terapias antitumorais, antimicrobianas, e antiinflamatória tópica, injetável e oftálmica
(COUVREUR, DUBERNET, PUISIEUX 1995; YOKOYAMA, OKANO, 1996;
GIUNCHEDI et al., 1999; PINTO, ANDREMONT e COUVREUR., 2000; TUNÇAI et al.,
2000; KIM e LEE., 2001; SHAFFAZICK et al., 2003; GUTERRES, BENVENUTTI e
POHLMANN 2007).
A vetorização de um fármaco permite a sua liberação em sítios fisiológicos específicos
como órgãos, tecidos ou células, onde a atividade farmacológica é requerida. O
direcionamento do fármaco a sítios específicos evita seu acúmulo em tecidos onde sua ação
não é requerida, contribuindo para uma redução de efeitos colaterais e promovendo índices
terapêuticos mais adequados (YOKOYAMA e OKANO, 1996; GUTERRES, BENVENUTTI
e POHLMANN, 2006). Esses sistemas têm sido extensivamente estudados para administração
oral e parenteral, podendo, também, serem utilizados para liberação de vários fármacos
através da pele (JALÓN et al., 2001).
Liberação imediata, bem como a liberação sustentada, tem sido relatada para
suspensões de nanopartículas lipídicas sólidas (NPLS). Nos últimos anos, também os
lipossomas foram bastante estudados, porém sua estabilidade é questionável e frequentemente
outros tipos de carreadores têm sido testados para controlar melhor a liberação de fármacos
(PINTO, ANDREMONT e COUVREUR, 2000). Devido à natureza polimérica das
nanopartículas, as mesmas podem ser mais estáveis do que os lipossomas em fluidos
biológicos e durante a armazenagem (MÜLLER, MÄDER e GOHLA, 2000).
Para aplicação dérmica, ambas as características são interessantes, a liberação imediata
pode ser útil para melhorar a penetração de uma substância. A liberação sustentada é
importante para substâncias ativas, que possam causar irritação em concentrações altas ou que
devam suprir a pele por um período prolongado de tempo (JENNING, SCHÄFER e GOHLA,
2000).
34
Por outro lado, um grande número de fármacos apresenta pouca solubilidade ou
instabilidade em meio aquoso, fatores que podem levar a problemas na formulação. Neste
sentido, as nanopartículas poliméricas podem proteger moléculas lábeis e melhorar a ação de
fármacos com problemas de solubilidade (LEGRAND et al., 1999).
2.6 NANOPARTÍCULAS POLIMÉRICAS
Nanopartículas poliméricas são sistemas coloidais, medindo em torno de 10 nm a 1000
nm e tamanho similar aos lipossomas, apresentando melhor estabilidade que estes, durante a
estocagem como “in vivo”. As nanopartículas podem consistir de uma matriz polimérica
(nanoesferas) ou de um sistema reservatório oleoso envolvido por uma parede polimérica
(nanocápsulas) (BARRAT, 2000) (figura 6). Podem, também, ser constituídas, por um
sistema emulsionado, consistindo de uma fase dispersa (óleo) em uma fase contínua (água),
estabilizada por emulsionantes (nanoemulsão) (KAN et al., 1999).
Figura 6 – Representação gráfica de nanopartículas e nanoesferas poliméricas: a) fármaco
dissolvido no núcleo oleoso das nanocápsulas; b) fármaco adsorvido à parede polimérica das
nanocápsulas; c) fármaco retido na matriz polimérica das nanoesferas; d) fármaco adsorvido
ou disperso molecularmente na matriz polimérica das nanoesferas (SCHAFFAZICK, et al.,
2003)
Polímeros biodegradáveis vem sendo estudados para a aplicação na área
farmacológica. Como exemplo destes, podemos citar a poli(ε-caprolactona), que é um
poliéster alifático bastante hidrofóbico, que apresenta uma velocidade de degradação lenta.
Desta forma, tem sido empregado no preparo de nanocápsulas e para o desenvolvimento de
sistemas de liberação prolongada (ROSA, PENTEADO e CALIL, 2000; FIALHO e CUNHA
Jr., 2007).
As formas de associação das formas ativas a esses sistemas coloidais dependem da
natureza química dos fármacos, assim como da composição química dos sistemas. Nas
35
nanoesferas os fármacos podem encontrar-se retido ou molecularmente disperso na matriz,
enquanto que, nas nanocápsulas, os fármacos estarão distribuídos na vesícula ou adsorvidos
em sua parede polimérica (SCHAFFAZICK et al., 2003).
Os métodos de preparação de nanopartículas poliméricas podem ser classificados em
dois tipos: os métodos de polimerização in situ de monômeros dispersos (cianoacrilatos de
alquila) e os métodos baseados na precipitação de polímeros pré-formados tais como
poli(ácido lático), poli (ácido lático-co-ácido glicólico), poli(ε-caprolactona) e copolímeros do
ácido metacrílico e de um éster acrílico ou metacrílico. Os dois tipos de métodos podem
originar tanto nanoesferas quanto nanocápsulas (LAMPRECHT et al., 1999; TUNÇAY et al.,
2000; PINTO, ANDREMONT e COUVREUR, 2000; SHAFFAZICK et al., 2003;
GUTERRES, BENVENUTTI e POHLMANN, 2006).
A adequada caracterização das nanopartículas é um pré-requisito importante para o
controle de qualidade de produtos. Devido à natureza coloidal destes sistemas, dificuldades
técnicas são encontradas na sua caracterização físico-química. Esta caracterização envolve
parâmetros como: distribuição de tamanho da partícula, potencial zeta (determinação da carga
de superfície), análises morfológicas, determinação da quantidade de fármaco (total,
associado e livre), determinação do peso molecular, estudos de estabilidade (efeitos de
estocagem em função do tempo), caracterização estrutural e cinética de liberação
(GUTERRES et al., 1995; SHAFFAZICK et al., 2003; GUTERRES, BENVENUTTI e
POHLMANN, 2006).
2.7 LIBERAÇÃO E PENETRAÇÃO CUTÂNEA
Análises farmacocinéticas de liberação “in vitro”, a partir de sistemas
nanoestruturados, têm contribuído enormemente para o entendimento sistemático e
quantitativo de fármacos vetorizados. Uma otimização do sistema, baseada nessas avaliações
de liberação, deveria ser determinada para cada caso, ou seja, para cada fármaco em estudo
(ALVES et al., 2007)
Durante décadas a pele tem sido utilizada como via de administração de substâncias
dermatologicamente ativas, onde as moléculas do fármaco difundem-se para o tecido alvo
para produzir seus efeitos terapêuticos (ZULLI, 2007). A distribuição de uma molécula ativa
na pele é, principalmente, função das propriedades físico-químicas do fármaco, do veículo e
ainda das propriedades fisiológicas do sistema biológico (PINTO, ANDREMONT e
COUVREUR, 2000; ZULLI, 2007; PARDEIKE, HOMMOS e MÜLLER, 2009). Modelos
36
matemáticos estão sendo crescentemente aplicados para predizer a penetração percutânea,
baseado em propriedades físico-químicas de ativos e veículos (PUGH, ROBERTS e
HADGRAFT, 1996; SCHNEIDER et al., 1996; CRONIN et al., 1999).
Estudos de permeação “in vitro” são essenciais para avaliar o comportamento do
fármaco na pele e através da pele. Efetivamente, três parâmetros principais precisam ser
considerados: (1) o tipo de membrana que seusada para avaliar a permeação do fármaco;
(2) o modelo matemático que será utilizado para caracterizar a permeação do fármaco na pele;
e (3) o modelo da célula de difusão que será adotado para realização do estudo (KATTAN,
ASBILL e HAIDAR, 2000).
A aplicação de técnicas biofísicas para monitorar a permeabilidade da pele, permitem
uma melhor compreensão dos mecanismos de absorção em nível molecular. Este
conhecimento pode ser usado para melhorar o desempenho de medicamentos dérmicos e
transdérmicos associados a promotores de absorção ou a formas vetorizadas. Com esses
dados, poderia ser possível comparar os resultados da via dérmica e transdérmica com os
resultados alcançados pela via oral. Com esta possibilidade, o desenvolvimento deste tipo de
sistema deverá com certeza, obter maior êxito (HADGRAFT, 1999). É importante também,
que todos estes fatores físico-químicos, sejam relacionados com a atividade desempenhada
por esses fármacos “in vivo”.
37
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 MATERIAIS
3.1.1 Matéria-prima, solventes e outros materiais
Dexametasona (Base) – Henrifarma;
Poli(ε-caprolactona)
w
M
= 80000 – Sigma-Aldrich;
Monooleato de sorbitano (Span 80) – Sigma;
Polissorbato 80 (Tween 80
®
) – Sigma-Aldrich;
Triglicerídios de ácidos cáprico/caprílico (Miglyol 810
®
) – Via Farma;
Carbopol 940
®
(polímero de ácido acrílico) – Henrifarma;
Trietanolamina – Via Farma;
Imidazolinidil uréia –Alpha Química;
Cera autoemulsionante aniônica – Galena;
Álcool cetílico – Alpha Química;
Glicerina – Alpha Química;
Oleato de decila (Cetiol V
®
) – Alpha Química;
Óleo de Rosa Mosqueta – Galena;
Acetona P.A – Nuclear;
Acetonitrila grau CLAE - J.T.Baker;
Água Milli-Q
®
;
Hidróxido de sódio – Nuclear;
Fosfato de potássio – Synth;
Tampão pH 4,0;
Tampão pH 7,0;
Membrana 0,45 µm – Millipore;
Membrana de acetato de celulose 0,45 µm – Sartorius Stedim biotech.
3.1.2 Equipamentos e materiais de laboratório
Evaporador rotatório 801 – Fisatom;
Balança analítica AX 200 – Shimadzu;
38
Cromatógrafo líquido de Alta Eficiência CLAE - Cromatógrafo líquido Young Lin
Instrument, modelo YL9100 CLAE System, equipado com bomba modelo YL9110,
detector com comprimento de onda variável UV/VIS modelo YL9160;
Coluna cromatográfica - Lichropher
®
100 RP – 18, 250 mm, 4,0 mm, 5 µm) – Merck;
Lavadora Ultra-sônica – Unique;
Centrífuga TDL80-2B – Centribio;
Câmara climática TE 4001 – Tecnal;
Potenciômetro – Digimed;
Placas de vidro (espalhabilidade);
Viscosímetro rotacional – RV DV-1+ Brookfield;
Aparato vertical de célula de Franz – Adaptado;
Zetasizer
®
- Nano-ZS - Malvern.
3.2 MÉTODO
3.2.1 Preparação das suspensões contendo nanocápsulas de dexametasona
As nanopartículas foram preparadas através do método de nanoprecipitação de
polímeros pré-formados (FESSI et al., 1989), utilizando-se a dexametasona como fármaco na
sua forma base, em uma concentração final de 0,5 mg/ml de suspensão. As nanocápsulas,
contendo dexametasona foram desenvolvidas e caracterizadas por Friedrich e colaboradores
(2008), utilizando, para isso, os componentes descritos na tabela 1.
Tabela 1- Composição das suspensões de nanocápsulas, contendo dexametasona
Fase orgânica (%)
Triglicerídeos de ácidos cáprico e caprílico 3,30
Monooleato de sorbitano 0,776
Poli(ε-caprolactona)
1,0
Acetona 267,0
Dexametasona 0,05
Fase aquosa
Polissorbato 80 0,776
Água destilada 533,0
39
Os componentes da fase orgânica foram pesados e colocados em um béquer, sendo
mantidos sob agitação magnética em banho-maria (temperatura de 40 ºC), até sua total
dissolução. A fase orgânica foi vertida com auxílio de um funil, na fase aquosa, também sob
agitação magnética em banho-maria a 40 ºC.
Após a suspensão formada foi mantida sob agitação magnética em banho-maria por
10 minutos e levada ao evaporador rotatório para a eliminação do solvente orgânico e ajuste
da concentração final de dexametasona em 0,5mg/ml de suspensão. Seguindo o mesmo
procedimento, foi realizada a preparação de nanocápsulas brancas sem a adição de
dexametasona.
3.2.2 Avaliação físico-química das suspensões de nanocápsulas, contendo dexametasona
As suspensões contendo nanocápsulas, foram caracterizadas anteriormente por
Friedrich e colaboradores (2008). No presente trabalho, os testes de caracterização foram
realizados com o objetivo de comparação com as suspensões previamente desenvolvidas. As
suspensões, contendo as nanocápsulas de dexametasona foram analisadas com relação à
distribuição do diâmetro médio das partículas, índice de polidispersão, potencial zeta, pH e
análises térmicas, compreendendo Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) e
Termogravimetria (TG).
3.2.2.1 Determinação do pH
A determinação do pH foi realizada em potenciômetro calibrado com solução tampão
pH 4,0 e 7,0 diretamente nas suspensões. Os resultados foram expressos pela média das três
determinações.
3.2.2.2 Distribuição do diâmetro médio das partículas e índice de polidispersão
As determinações de distribuição do diâmetro médio e do índice de polidispersão das
nanopartículas em suspensão foram realizadas através de espalhamento de luz dinâmico
(Zetasizer
®
Nanoseries, Malvern Instruments). As suspensões foram diluídas 500 vezes (v/v)
em água Milli-Q
®
e os resultados foram determinados através da média de três repetições
(MÜLLER et al., 2001). Primeiramente, as análises foram realizadas na Faculdade de
Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) e, no decorrer do
40
experimento, as análises foram repetidas em decorrência da aquisição do equipamento no
Laboratório de Nanotecnologia da UNIFRA.
3.2.2.3 Potêncial Zeta
O potencial zeta das suspensões de nanocápsulas foi obtido através de eletroforese
(Zetasizer
®
Nanoseries, Malvern Instruments). Essa determinação foi realizada após diluição
de 500 vezes (v/v) das suspensões de nanocápsulas em solução de NaCl 10 mM previamente
filtrada através de membrana com porosidade de 0,45 µm (MÜLLER et al., 2001). Os
resultados foram obtidos através da média de três determinações. As análises foram realizadas
Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) e repetidas,
posteriormente no Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) em decorrência da aquisição
do equipamento.
3.2.2.4 Análises térmicas (DSC e TG)
As análises foram realizadas, usando equipamento STA 409C (Luxx)-Netzsch com
temperatura inicial de 30 ºC e temperatura final de 350 ºC com taxa de aquecimento de 10
ºC/min sob atmosfera de nitrogênio com fluxo de 100 cm
3
/min
-1
em cadinho padrão de
alumínio com tampa, com geometria circular.
Foram realizadas análises térmicas, incluindo Calorimetria Exploratória diferencial
(DSC) da dexametasona matéria-prima, das formulações contendo dexametanona na forma
livre e nanoencapsulada e formulação de creme gel base. As análises de Termogravimetria
(TG) foram realizadas para as amostras de dexametasona matéria-prima, da suspensão
contendo nanocápsulas de dexametasona, formulação de creme gel base, além das
formulações semi-sólidas (creme gel) contendo o fármaco livre e nanoencapsulado.
Essas análises foram realizadas no Laboratório de Física Aplicada da Universidade
Federal do Ceará – UFC.
3.2.3 Preparação das formulações semi-sólidas contendo nanocápsulas de dexametasona
3.2.3.1 Creme gel
Os componentes utilizados na preparação do creme gel, contendo nanocápsulas de
dexametasona estão descritos na tabela 2.
41
Tabela 2 - Composição do creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona
Componentes Quantidades (%)
Creme Base 10,0
Carbopol 940
®
0,3
Trietanolamina 99% 0,2
Imidazolinidil uréia a 30% 4,0
Suspensão de nanocápsulas contendo dexametasona (0,5mg/ml) 85,5
O creme gel foi preparado substituindo-se a água pela suspensão de nanocápsulas
contendo dexametasona. O creme base foi disperso com a suspensão de nanocápsulas
contendo dexametasona. Essa dispersão foi adicionada sob homogeneização ao carbopol 940
®
previamente triturado. A esta dispersão foi adicionada a trietanolamina e a imidazolidinil
uréia. A concentração teórica final de dexametasona na formulação foi de 0,42 mg/g de creme
gel.
Com objetivo de comparar os resultados entre o fármaco nanoestruturado ou não,
foram preparados veículos com a incorporação da dexametasona na forma livre. Nesta
formulação, a dexametasona foi dispersa em monooleato de sorbitano e polissorbato 80, para
posterior incorporação no creme gel. A concentração final teórica obtida foi de 0,42mg/g de
creme gel. Todas as formulações semi-sólidas foram preparadas em triplicata.
3.2.3.2 Creme base
Os componentes utilizados para preparação do creme base estão descritos na tabela
3.
Tabela 3 – Formulação do creme base
Fase Componentes %
FO Álcool cetílico 2,5
FO Cera autoemulsionante aniônica 24,0
FA Glicerina 5,0
FO Oleato de decila 6,0
FO Óleo de Rosa Mosqueta 6,0
FF Imidazolinidil uréia a 30% 2,0
FA Água destilada q.s.p 100
FO = Fase oleosa; FF = Fase Final; FA = Fase Aquosa
42
O creme base foi preparado segundo a técnica usual para preparação de emulsões. Os
constituintes foram divididos de acordo com a hidro ou lipossolubilidade. As duas fases foram
aquecidas independentemente a aproximadamente 70 ºC, com uma diferença de temperatura
em torno de 5 ºC entre as fases. Após a fusão dos componentes oleosos, a fase aquosa foi
adicionada lentamente sobre a fase oleosa, sob agitação, até total resfriamento. A
imidazolinidil uréia foi adicionada na fase final, após resfriamento do creme.
3.2.4 Determinação do diâmetro médio das partículas após a incorporação nas bases semi-
sólidas
A determinação do diâmetro médio e da polidispersão das nanocápsulas
incorporadas no veículo semi-sólido foi realizada através de espalhamento de luz dinâmico.
As amostras de creme gel, contendo nanocápsulas de dexametasona foram diluídas 500 vezes
(m/v) em água Milli-Q
®
. Posteriormente as soluções foram homogeneizadas em vórtex até
sua completa homogeneização. Os resultados foram obtidos através da média de três
repetições (MARCHIORI, 2008).
3.2.5 Determinação do potencial zeta após a incorporação nas bases semi-sólidas
O Potencial Zeta das formulações contendo suspensões de nanocápsulas foi obtido
através de eletroforese (Zetasizer
®
Nanoseries, Malvern Instruments). Essa determinação foi
realizada após diluição de 500 vezes (m/v) das formulações contendo as suspensões de
nanocápsulas em solução de NaCl 10 mM previamente filtrada através de membrana com
0,45 µm. Posteriormente as soluções foram homogeneizadas em vórtex até sua completa
homogeneização. Os resultados foram obtidos através da média de três determinações.
3.2.6 Estudo de estabilidade das bases semi-sólidas, contendo dexametasona na forma
nanoencapsulada e na forma livre
As amostras submetidas ao estudo de estabilidade foram armazenadas em
temperatura de 40 °C 2 °C) e 75% UR 5%) (BRASIL, 2005). Os parâmetros analisados
foram: características organolépticas (aparência, cor e odor), pH, teor, espalhabilidade e
viscosidade. Os testes foram aplicados nas formulações, contendo dexametasona na forma
43
nanoencapsulada e na forma livre. As leituras foram realizadas de 30 em 30 dias por um
período de 150 dias.
3.2.6.1 Determinação das características organolépticas das formulações contendo
dexametasona na forma livre e nanoencapsulada
As características físicas, ou seja, aparência, cor e odor, apresentadas pelas amostras
foram observadas visualmente e comparadas com as amostras armazenadas em temperatura
ambiente, as quais foram consideradas como padrão. A amostra foi classificada segundo os
seguintes critérios (ALVES, 1996):
1. condições normais, satisfatórias;
2. ligeira mudança de algum aspecto relativo à aparência, cor e odor da amostra;
3. incorporação de ar, início do desenvolvimento de coloração ou odor,
principalmente em termos de rancificação;
4. início de separação de fases da amostra, notável coloração, produto com odor
alterado;
5. fases separadas, produto fortemente corado e/ou com odor desagradável.
3.2.6.2 Determinação do pH das formulações, contendo dexametasona na forma livre e
nanoencapsulada
Para a determinação do pH das formulações semi-sólidas, foi utilizado um
potenciômetro calibrado com solução tampão pH 4,0 e 7,0. As leituras foram realizadas
diretamente nas formulações semi-sólidas, a cada 30 dias, por um período de 150 dias.
3.2.6.3 Avaliação das características reológicas das formulações semi-sólidas, contendo
dexametasona na forma livre e nanoencapsulada
As características reológicas das formulações semi-sólidas foram avaliadas com
auxilio de um viscosímetro rotacional Brookfield, modelo RV DVI+ com 10 velocidades.
A construção dos reogramas foi feita através da representação gráfica da taxa de
cisalhamento, em função da tensão de cisalhamento. O comportamento reológico foi
acompanhado ainda em função da relação entre a viscosidade em função da taxa de
44
cisalhamento. As análises foram realizadas em triplicada e as leituras foram feitas a cada 30
dias por um período de 150 dias.
3.2.6.4 Determinação da espalhabilidade das formulações semi-sólidas, contendo
dexametasona na forma livre e nanoencapsulada
Para a determinação da espalhabilidade, empregou-se a metodologia proposta por
Münzel, Buechi e Schultz e colaboradores (1959), modificada por Knorst em 1991 (DE
PAULA, et al., 1998).
Foi empregada uma placa-molde circular de vidro (diâmetro = 20 cm; espessura = 0,2
cm), com orifício central de 1,2 cm de diâmetro, que foi colocada sobre placa-suporte de
vidro (20 cm X 20 cm). Sob essas placas, foi posicionado uma folha de papel milimetrado. A
amostra foi introduzida no orifício da placa e a superfície nivelada com espátula; após, a
placa-molde foi cuidadosamente retirada. Sobre a amostra, foi colocada uma placa de vidro de
peso pré-determinado. Após 1 minuto, foi calculada a superfície abrangida através da medida
do diâmetro em duas posições opostas, com posterior cálculo do diâmetro médio. Esse
procedimento foi repetido, acrescentando-se novas placas, em intervalos de 1 minuto e
registrando-se, após cada determinação, a superfície abrangida. A espalhabilidade (Ei),
determinada a 25 ºC, foi calculada através da equação abaixo:
Ei = (d
2
.π)/4
Onde:
Ei = espalhabilidade da amostra para peso i (mm
2
)
d = diâmetro médio (mm)
Os valores da espalhabilidade em função dos pesos adicionados foram determinados
através de 3 medições, calculando-se a média entre elas. As análises foram realizadas em
triplicada e as leituras foram feitas a cada 30 dias por um período de 150 dias.
3.2.6.5 Doseamento das formulações semi-sólidas, contendo dexametasona na forma livre e
nanoencapsulada
A determinação do teor de dexametasona nas formulações semi-sólidas foi realizada
para as amostras de creme gel, contendo dexametasona tanto na forma livre, como na forma
nanoencapsulada. As medidas foram realizadas a cada 30 dias por um período de 150 dias
com amostras armazenadas conforme item 3.2.5.
45
Foram pesados 1,20 gramas de cada formulação, contendo nanocápsulas de
dexametasona e transferidas para um balão volumétrico de 25 ml, sendo a cápsula lavada com
acetonitrila (ACN). As amostras foram colocadas no ultrasom, durante 5 minutos e o volume
dos balões completados com ACN. As amostras foram transferidas para um tubo de ensaio e
centrifugadas por 10 minutos, com uma rotação de 3500 rpm. No final do processo, as
amostras foram filtradas com papel filtro e membrana 0,45 µm Millipore
®
.
As análises foram realizadas por Cromatografia líquida de alta eficiência, (CLAE),
através da adaptação da metodologia de Beck e colaboradores (2003) para quantificação da
dexametasona nas nanocápsulas. Utilizou-se um cromatógrafo líquido YL-Clarity, modelo
YL9100 CLAE System, equipado com bomba modelo YL9110, detector com comprimento
de onda variável UV/VIS modelo YL9160, Coluna cromatográfica - Lichropher
®
100 RP – 18
(250 mm, 4,0 mm, 5 µm) – Merck.
A fase móvel utilizada foi constituída de ACN e água na proporção de 45:55 (v/v) e
fluxo de 1,0 ml por minuto. O volume de injeção utilizado foi de 20 µl e as amostras foram
analisadas em um comprimento de onda de 238,5 nm.
Alguns parâmetros de validação, como linearidade, repetibilidade, especificidade,
limite de quantificação e detecção foram realizados para confirmar a capacidade de
quantificação da dexametasona encapsulada incorporada no creme gel.
Os resultados obtidos, através das áreas dos picos, foram aplicados na curva de
calibração e calculados através da equação da reta. O teor de dexametasona em cada amostra
foi expresso em µg/ml e porcentagem (%).
3.2.6.5.1 Construção da curva analítica
Para construção da curva analítica, foi pesado o equivalente a 25 mg de
dexametasona, sendo o volume completado com acetonitrila em um balão volumétrico de
100 ml. A partir desta solução (250µg/ml), a curva analítica foi construída nas concentrações
de 5, 10, 20, 30 e 40 µg/ml, utilizando-se acetonitrila como solvente. O procedimento foi
realizado em triplicata. Na tabela 4, encontram-se as diluições e as concentrações finais de
dexametasona, empregadas na curva analítica.
46
Tabela 4 - Curva analítica usada para determinação da dexametasona nas formulações semi-
sólidas
Balão
(25 ml)
Solução padrão (250µg/ml)
(ml)
Concentração
(µ
µµ
µg/ml)
1 0,5 5
2 1,0 10
3 2,0 20
4 3,0 30
5 4,0 40
As áreas médias, correspondentes a três determinações para cada diluição de
dexametasona, foram plotadas no eixo das ordenadas e as concentrações (µg/ml), no eixo das
abscissas.
3.2.7 Estudos de liberação “in vitro”
Os estudos de liberação “in vitro” foram realizados, utilizando-se uma célula de
difusão vertical do tipo Franz com um compartimento receptor com capacidade em torno de
6,0 mL e uma área de difusão de 3,14 cm
2
(FRANZ, 1975; VENTER et al., 2001; ALVES et
al., 2007).
Para realização dos experimentos de liberação, foram utilizadas membranas de
acetato de celulose com poros de 45 µm da Millipore
®
. As membranas foram previamente
hidratadas com água destilada durante 24 horas. A membrana foi colocada em contato com
uma solução receptora, constituída por tampão fosfato pH 7,4. Este meio foi mantido em
banho-maria a 37 °C, circulando água pelo compartimento inferior, sendo este,
constantemente agitado com uma barra magnética, coberta com teflon. As amostras foram
colocadas na parte superior da membrana (0,5 g) e, em intervalos pré-determinados de tempo
(a cada 1 hora por um período de 8 horas), foram coletados 2 ml da solução receptora. A cada
retirada da solução receptora, 2 ml foram recolocadas no compartimento receptor. A alíquota
coletada foi analisada em cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) conforme
condições descritas no item 3.2.5.5. A determinação da concentração e o fluxo de liberação da
dexametasona foram determinados para as formulações semi-sólidas contendo o fármaco na
forma livre e nanocencapsulada.
47
Para análise de cada formulação, 6 células de difusão tipo Franz foram utilizadas,
obtendo-se desta forma seis repetições.
3.2.8 Construção da curva analítica para realização dos estudos de liberação
Para construção da curva analítica, foi pesado o equivalente a 25mg de
dexametasona, sendo o volume completado com acetonitrila (ACN), em um balão
volumétrico de 25 ml. Desta solução, foi transferido 1 ml para um balão volumétrico de 100
ml e completado com ACN. A partir desta solução, a curva analítica foi construída nas
concentrações de 1,0; 2,0; 3,0; 5,0 e 10,0 µg/ml, utilizando-se ACN como solvente. O
procedimento foi realizado em triplicata.
Na tabela 5, encontram-se as diluições e as concentrações finais de dexametasona
empregadas na curva analítica.
Tabela 5 - Curva analítica para determinação da dexametasona nos estudos de liberação “in
vitro”
Balão
(10 ml)
Solução padrão (10 µ
µµ
µg/ml)
(ml)
Concentração
(µ
µµ
µg/ml)
1 1 1
2 2 2
3 3 3
4 5 5
5 10 10
A determinação do teor foi realizada por cromatografia líquida de alta eficiência,
seguindo as condições descritas no item 3.2.5.5. A média das áreas, correspondentes a três
determinações para cada diluição de dexametasona, foram plotadas no eixo das ordenadas e as
concentrações (µg/ml), no eixo das abscissas.
3.3 ANÁLISES ESTATÍSTICAS DOS RESULTADOS
A metodologia estatística dos dados incluiu análise descritiva de variáveis como a
média, desvio padrão, coeficiente de variação, estudos de correlação, regressão linear simples
e análise de variância (ANOVA), teste de Tukey, considerando-se veis de significância de
0,05.
48
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS SUSPENSÕES DE NANOCÁPSULAS,
CONTENDO DEXAMETASONA
As características físico-químicas foram avaliadas através das determinações de pH,
distribuição do diâmetro médio das partículas, índice de polidispersão, potencial zeta e análise
térmica incluindo, Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) e Técnicas de
Termogravimetria (TG).
4.1.1 Determinação do pH
O monitoramento do valor do pH é uma ferramenta importante para avaliar a
estabilidade das suspensões, visto que uma diminuição deste valor pode indicar degradação do
polímero ou de algum outro componente, ou difusão do fármaco para o meio aquoso
(GUTERRES et al., 1995).
No presente estudo o valor médio de pH para a suspensão, contendo dexametasona foi
de 4,8 (±0,1) inferior ao encontrado por Friedrich e colaboradores (2008), o qual foi
determinado em torno de 5,3. Apesar desta diferença, estes valores encontram-se dentro da
faixa ácida, observada por Marchiori (2008). Esta diferença provavelmente pode ser atribuída
à procedência das matérias-primas utilizadas em ambos os experimentos.
Considera-se, desta forma, que os valores de pH, levemente ácidos, apresentados pelas
suspensões coloidais, encontram-se coerentes para este tipo de sistema e, na faixa de pH
utilizados em formulações para uso tópico (ALVES et al., 2007).
4.1.2 Determinação do diâmetro médio e índice de polidispersão das nanopartículas
Primeiramente, as análises foram realizadas na Faculdade de Farmácia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde a suspensão apresentou diâmetro
médio em torno de 259,6 nm 3,0) e índice de polidispersão inferior a 0,2, indicando, dessa
forma, homogeneidade na distribuição do tamanho das partículas. Estes dados formam
repetidos na UNIFRA, após a aquisição do equipamento (Zetasizer
®
), onde obteve-se um
diâmetro médio de 278,8 (± 3,7) e índice de polidispersão de 0,19 (± 0,01) (figura 7).
49
Figura 7 - Distribuição do diâmetro médio das suspensões de nanocápsulas contendo
dexametasona
Os resultados obtidos, neste experimento, apresentaram valores próximos aos
encontrados anteriormente por Friedrich e colaboradores (2008) e Marchiori (2008), os quais
foram de 253nm 3,0) e 201nm 6,0) para o diâmetro médio das partículas, e índice de
polidispersão em torno de 0,23 e 0,11 respectivamente.
Considera-se, desta forma, que o diâmetro médio das partículas apresenta-se adequado
para aplicação tópica, visto que, para formulações cosméticas ou farmacêuticas, recomenda-se
tamanho inferior a 600 nm (VERMA et al., 2003).
4.1.3 Determinação do potencial zeta
As análises referentes ao potencial zeta das suspensões de dexametasona apresentaram
valores em torno de -11 mV (figura 8). Estes valores foram superiores aos encontrados por
Marchiori (2008), a qual referiu resultados em torno de -5,73 mV. Esses valores estão de
acordo com a literatura, que descreve a presença de cargas negativas para suspensões
preparadas com poli (ε-caprolactona) justificando-se este potencial pelos grupamentos ésteres
presentes no polímero (MÜLLER et al., 2001). Domingues e colaboradores (2008) realizou
estudos com nanocápsulas poliméricas de poli (ε-caprolactona) contendo indometacina e
observou um potencial zeta negativo em torno de 24 mV. Ainda, Paese (2008) em seu
estudo com nanocápsulas de benzofenona-3, utilizando poli (ε-caprolactona) como polímero,
obteve valores de potencial zeta em torno de -9,5 mV.
No presente estudo, os valores encontrados são considerados adequados para a
manutenção do sistema sem agregação e precipitação das nanoestruturas, isto ocorre devido à
50
repulsão eletrostática que as mesmas apresenta, resultantes da densidade de carga de
superfície (SCHAFFAZICK et al., 2003).
Figura 8 - Potencial zeta apresentado pelas suspensões de nanocápsulas contendo
dexametasona
4.1.4 Análises térmicas
A análise térmica é constituída por técnicas analíticas que investigam o
comportamento de amostras em função da temperatura. Quando submetida a uma variação
térmica, uma dada substância pode sofrer alterações físicas e/ou químicas, reagir com os
componentes do meio ambiente, perder água de cristalização, etc., sendo que muitas dessas
transformações são acompanhadas pela perda ou absorção de energia calorífica (CASSIMIRO
et al., 2000).
As técnicas termoanalíticas possuem grande importância na área cosmética e de
medicamentos, devido à grande variedade de aplicações. Elas podem ser empregadas em
diferentes aplicações, como: identificação e análise da pureza de materiais; determinação de
temperaturas e entalpias características de mudanças de estados físicos (fusão e vaporização);
transformações de fases e reações e avaliação da cinética de decomposição térmica.
Essas técnicas, não são apenas um método qualitativo, mas também, quantitativo e
cinético. Quando empregadas para caracterização de materiais de síntese, apresentam como
vantagens menor tempo de ensaio e utilização de uma pequena quantidade de amostra
(CAMMENGA e EPPLE 1995; DA SILVA, DE PAULA e MATOS, 2007).
A calorimetria de varredura diferencial (DSC) foi desenvolvida pela Perkin Elmer nos
Estados Unidos e foi a primeira técnica a ser chamada de calorimetria de varredura
diferencial. Através desta técnica, mede-se a energia necessária para manter nula a diferença
51
de temperatura entre a amostra e um material de referência em função da temperatura ou do
tempo (VOGEL et al., 2000; DA SILVA, DE PAULA e MATOS, 2007).
A Termogravimetria (TG) é uma técnica em que se mede a mudança de peso (massa)
de uma substância em função da temperatura ou tempo sob determinadas condições
atmosféricas. Os experimentos são executados por meio de uma termobalança de elevada
sensibilidade, reprodutibilidade e resposta rápida às variações de massa. As curvas obtidas
através deste experimento, fornecem informações relativas à composição e estabilidade
térmica da amostra, dos produtos intermediários e do resíduo formado (VOGEL et al., 2000;
DA SILVA, DE PAULA e MATOS, 2007).
No presente trabalho, a análise térmica foi realizada utilizando técnicas de
termogravimetria (TG) e análise calorimétrica exploratória (DSC). Estas técnicas foram
utilizadas para avaliar a evolução dos processos de perda de água e decomposição das
suspensões e formulações com a dexametasona livre e na forma de nanocápsulas.
4.1.4.1Análises termogravimétrica – TG
4.1.4.1.1 TG da dexametasona
Na Figura 9, observa-se que a partir de 260° C, ocorre um processo de perda de massa
do fármaco. Este processo que ocorre na região de fusão da dexametasona pode ser associado
a sua decomposição, que ocorre simultaneamente com a sua fusão (MOFFAT, OSSELTON e
WIDDOP, 2004). Na região de temperatura entre 260 a 350 °C ocorre uma perda de massa da
ordem de 20%.
Figura 9 – Curva termogravimétrica para a dexametasona. Taxa de aquecimento 10 °C/min,
sob fluxo de nitrogênio
52
4.1.4.1.2 TG da formulação semi-sólida com dexametasona livre
A formulação de creme gel contendo dexametasona na forma livre (CGDEXA)
apresenta um processo de perda de massa que inicia em torno de 75 °C e está relacionado à
evaporação da água e de outros produtos voláteis contidos na formulação (Figura 10).
A evaporação da água a pressões ambiente ocorre em temperaturas da ordem de 100
°C, entretanto, o início a 75°C pode ser explicado considerando-se que a medida de TG foi
realizada sob fluxo de nitrogênio (100 cm
3
/min
-1
).
Ainda verifica-se que dos 90% de perda inicial de massa da formulação (CGDEXA),
apenas 9% correspondem à perda em temperaturas menores que 100 °C. Além disso, o
termograma permite observar a ocorrência de uma perda de massa com início a partir de
260°C associada à decomposição de dexametasona.
Figura 10 – Curva termogravimétrica da formulação de creme gel contendo dexametasona
livre (CGDEXA). Taxa de aquecimento 10 °C/min, sob fluxo de nitrogênio
4.1.4.1.3 TG da suspensão com nanocápsulas de dexametasona
A suspensão contendo as nanocápsulas de dexametasona, conforme a resposta
apresentada na Figura 11, mostra uma perda de água e de componentes voláteis a partir de 50
°C. Até a temperatura de 100 °C, cerca de 8% da massa é perdida. Até 175°C o sistema perde
até 50% da massa.
Não foi observado qualquer decréscimo após 200 °C relativo à decomposição da
dexametasona.
53
Figura 11 – Curva termogravimétrica da suspensão de nanocápsulas de dexametasona. Taxa
de aquecimento 10 °C/min, sob fluxo de nitrogênio
4.1.4.1.4 TG da formulação com a dexametasona nanoencapsulada
Observa-se no termograma da Figura 12 que a formulação de CGNCDEXA
apresentou perda de água, bem como de outros de seus componentes voláteis. Da mesma
forma que a suspensão contendo nanocápsulas de dexametasona, não foi evidenciada no
termograma, a decomposição da dexametasona. Há um deslocamento do início do processo de
perda de água e dos voláteis para 75 °C quando comparado com a suspensão contendo
nanocápsulas de dexametasona provavelmente devido à maior intensidade na interação da
água com os componentes da formulação. A perda total de até 80% da massa é estendida até
250 °C quando comparada com os dados das Figuras 10 (formulação com dexametasona
livre) e 11 (suspensão de nanocápsulas com dexametasona), indicando que os componentes
apresentam interação mais forte, dificultando a retirada de água e outros componentes voláteis
da formulação.
Figura 12 – Termograma da formulação de creme gel contendo nanocápsulas de
dexametasona. Taxa de aquecimento 10 °C/min, sob fluxo de nitrogênio
54
4.1.4.2 Análise calorimétrica diferencial (DSC)
Com o auxílio da calorimetria diferencial exploratória da dexametasona (figura 13), é
possível visualizar o inicio do processo endotérmico de fusão a uma temperatura em torno de
268 °C, seguido de um processo exotérmico de decomposição. Estes valores encontram-se de
acordo com a literatura que descreve que a fusão da dexametasona ocorre em uma faixa de
temperatura entre 268 °C e 271 °C, seguida da decomposição.
O primeiro pico de decaimento, observado no DSC da formulação de creme gel base,
pode ser associado à evaporação de um composto volátil do óleo de rosa mosqueta que
volatiliza na região em torno de 70 °C. A volatilização desse composto também pode ser
observada nas outras formulações analisadas, porém, com menor intensidade. A formulação
base apresenta em torno de 54,5% de água em sua composição. A dessorção dessa água pode
ser visualizada no DSC, onde na região próxima e logo após 100 °C, o DSC apresenta um
fluxo de calor endotérmico até próximo dos 120 °C. Não foram observados picos na faixa de
temperatura relativa à fusão e decomposição da dexametasona.
Em relação ao DSC da formulação contendo a dexametasona na forma livre, observa-
se um início com decaimento que acentua-se até em torno de 127 °C, indicando a dessorção
de água e outros constituintes voláteis da formulação. Na faixa de temperatura relativa à fusão
da dexametasona, observa-se um processo endotérmico com absorção de energia
evidenciando a fusão do fármaco. A análise térmica de DSC da formulação contendo
dexametasona na forma nanoencapsulada não evidenciou processos térmicos na região de
fusão da dexametasona.
Comparando os gráficos de DSC das formulações analisadas é possível observar que a
formulação contendo a dexametasona na forma livre apresentou maior entalpia. A entalpia é a
integral do fluxo de calor com a temperatura, portanto a área sob as curvas. Este fato pode ser
explicado em razão de que a formulação de creme gel contendo o fármaco na forma livre,
contém uma maior quantidade de água em relação às outras formulações analisadas.
55
Figura 13 - Calorimetria diferencial exploratória da formulação de creme gel contendo o
fármaco na forma livre, na forma nanoencapsulada, da formulação de creme gel base e da
dexametasona. Taxa de aquecimento 10 °C/min, sob fluxo de nitrogênio
4.2 DESENVOLVIMENTO DA FORMULAÇÃO SEMI-SÓLIDA PARA A
INCORPORAÇÃO DO FÁRMACO
A resposta farmacológica de fármacos, aplicados na pele, é determinada por algumas
variáveis, dentre elas, a diferença de permeabilidade das regiões corporais, favorecendo ou
diminuindo a penetração do fármaco; o gradiente de concentração do fármaco; o esquema
posológico, visto que, devido às suas propriedades, a pele pode atuar como reservatório para
muitos fármacos; o veículo, que pode favorecer a capacidade de penetração do ativo na
epiderme; e a oclusão, a qual permite um contato íntimo da substância ativa e seu veículo com
a pele, podendo aumentar a eficácia do fármaco (FOX, MERK e BICKERS, 2006).
Com base nesses dados, no presente estudo, uma formulação de creme gel foi
desenvolvida com a finalidade de atender as necessidades de lesões dermatológicas que
apresentam a necessidade de hidratação, emoliência, diminuição da perda transepidérmica de
água, remoção das escamas e controle da inflamação. Desta forma, o creme gel foi formulado,
CGDEXA
Dexametasona
Creme base
CGNCDEXA
56
contendo dexametasona como ativo principal, utilizado em função da sua atividade
antiinflamatória e imunossupressora.
O óleo de rosa mosqueta foi empregado para atender a necessidade de emoliência das
lesões e auxiliar na remoção das escamas acumuladas nas mesmas. O óleo de rosa mosqueta é
obtido da semente de Rosa aff. rubiginosa e rico em ácidos graxos insaturados como ácido
oléico (16%), linoléico (41%) e linolénico (39%). Possui acentuado poder regenerador de
tecidos, sendo, desta forma, utilizado em vários processos dermatológicos, incluindo a
psoríase (BATISTUZZO, MASAYUKI e YUKIKO, 2000).
No presente trabalho, além do desenvolvimento de uma formulação com
características emolientes, sistemas nanoestruturados foram incorporados na mesma.
A encapsulação do antinflamatório em sistemas poliméricos, como nanocápsulas,
busca otimizar a ação deste, permitindo uma liberação controlada/sustentada do fármaco,
diminuindo os seus efeitos colaterais e, ainda, promover uma diminuição na perda
transepidérmica de água, através do possível efeito oclusivo, apresentado pelas mesmas.
O comportamento das formulações tópicas, contendo fármacos na sua forma
tradicional (livre) já é conhecido e estudado por vários autores.
A incorporação de um fármaco nanoestruturado em uma base semi-sólida com
características para atender às necessidades específicas trata-se de um processo com
características inovadoras. Dessa forma faz-se necessária a realização de estudos que
permitam avaliar a viabilidade e a estabilidade desta formulação. Através destes estudos é
possível obter informações que indiquem o comportamento e o grau de estabilidade relativa
do produto, nas diversas condições que possa ser submetido, desde a fabricação até o término
de sua validade (BRASIL, 2004).
4.3 DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO MÉDIO DAS NANOPARTÍCULAS DE
DEXAMETASONA, INCORPORADAS NAS BASES SEMI-SÓLIDAS
Para determinação do diâmetro médio e do índice de polidispersão das nanocápsulas
de dexametasona, incorporadas no creme gel, as amostras foram diluídas 500 vezes (m:v) em
água MilliQ
®
. Os valores do diâmetro e índice de polidispersão, para as nanocápsulas
incorporadas no creme gel (figura 14), foram de 270,33 nm (±1,27) e 0,236 (±0,01),
respectivamente. Estes valores foram semelhantes aos apresentados pela suspensão de
dexametasona antes de serem incorporadas nas formulações semi-sólidas. Desta forma, o
veículo (creme gel) mostrou-se adequado para a incorporação das suspensões de nanocápsulas
57
de dexametasona visto que o diâmetro das mesmas foi mantido sem sofrer alterações
significativas.
Para o creme base (figura 15), sem a incorporação dos nanocarreadores, foram
observadas partículas em torno de 625,20 nm (±26,40), com índice de polidispersão de 0,898
(±0,06), respectivamente. Nesse caso, o índice de polidispersão elevado serve como
parâmetro para demonstrar presença de diferentes populações de partículas dentro da
formulação.
Figura 14 - Diâmetro médio apresentado pela suspensão das nanocápsulas contendo
dexametasona incorporadas no creme gel
Figura 15 - Diâmetro médio das partículas apresentado pela base de creme gel sem a
incorporação da dexametasona
58
Avaliou-se ainda, o diâmetro das nanopartículas contendo dexametasona incorporadas
nas formulações após 150 dias de experimento. Foi observando que o diâmetro destas
nanopartículas ficaram em torno de 299,4 nm e índice de polidispersão de 0,39. O valor
encontrado apresenta diferença significativa em relação ao diâmetro obtido logo após a
incorporação da suspensão de nanocápsulas de dexametasona na formulação de creme gel
(figura 16).
Figura 16 - Diâmetro médio apresentado pela formulação de creme gel contendo
nanocápsulas de dexametasona após 150 dias de experimento
Apesar da diferença estatística observada entre esses valores, os diâmetros das
nanocápsulas de dexametasona mantiveram-se dentro dos limites aceitáveis para formulações
de uso tópico.
O aumento do diâmetro das nanopartículas, observado na formulação de CGNCDEXA
após 150 dias de experimento de estabilidade, pode estar associado à agregação de moléculas
de água, presentes na formulação de creme gel, à estrutura polimérica das nanocápsulas. Essa
agregação provoca um aumento de seu volume (efeito swelling), com consequente aumento
de seu diâmetro.
59
4.4 DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL ZETA DAS NANOPARTÍCULAS DE
DEXAMETASONA INCORPORADAS NAS BASES SEMI-SÓLIDAS
As amostras de creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona apresentaram
potencial zeta de aproximadamente -35 mV (figura 17), sendo este valor semelhante ao
observado por Marchiori (2008) em amostras de gel hidrofílico contendo nanocápsulas de
dexametasona.
Os valores de potencial zeta encontrados para o creme gel com a suspensão foram
maiores que os obtidos para as suspensões de nanocápsulas de dexametasona. Valores de
potencial zeta elevados sugerem maior estabilidade do sistema, pois a repulsão entre as
partículas previne o fenômeno de agregação. Desta forma os valores de potencial zeta
encontrados apresentam-se adequados para permitir que as nanocápsulas incorporadas no
creme gel mantenham-se sem agregação.
Figura 17 - Potencial zeta apresentado pelas nanocápsulas de dexametasona incorporadas no
creme gel
Foi analisado ainda, o potencial zeta das formulações de creme gel contendo
nanocápsulas de dexametasona após 150 dias de experimento para verificar possíveis
alterações de seus valores. Observou-se através desta análise valores de potencial zeta em
torno de -62,58 mV (figura 18).
Este aumento da carga negativa do potencial zeta, observado após a incorporação da
suspensão na formulação de creme gel e após os 150 dias de experimento, pode estar
relacionado com a presença de água na formulação de creme gel. A molécula de água
60
apresenta um pólo negativo em sua estrutura química. Desta forma, quando em contato com o
polímero pode sofrer agregação e contribuir para um aumento da carga negativa das
nanopartículas.
Figura 18 - Potencial zeta apresentado pelas nanocápsulas de dexametasona incorporadas no
creme gel após 150 dias de experimentos
4.5 ESTUDO DE ESTABILIDADE DAS BASES SEMI-SÓLIDAS, CONTENDO
DEXAMETASONA NA FORMA NANOENCAPSULADA E NA FORMA LIVRE
No presente estudo, as formulações foram realizadas em triplicata e submetidas a
testes de estabilidade acelerada, com umidade e temperatura controladas, 40° C (± 2°) e 75%
UR (± 5%) (BRASIL, 2005), onde os critérios a seguir foram avaliados.
4.5.1 Determinação das características organolépticas
As formulações, contendo dexametasona na forma nanoencapsulada e na forma livre
foram avaliadas por um período de 150 dias. Os parâmetros analisados encontram-se descritos
na tabela 6.
As determinações foram realizadas pela observação visual em relação à aparência e
cor, e verificação do odor.
61
Tabela 6 - Parâmetros referentes à aparência, cor e odor das formulações, contendo
dexametasona na forma livre (CGDEXA) e nanoencapsulada (CGNCDEXA), durante 150
dias de análise
Aparência Cor Odor
Dias CGNCDEXA
CGDEXA CGNCDEXA
CGDEXA
CGNCDEXA
CGDEXA
2 1 1 1 1 1 1
30 1 1 1 1 1 1
60 1 2 1 2 1 2
90 1 3 2 3 2 3
120 2 3 3 4 3 4
150 2 4 3 5 3 5
1. Condições normais, satisfatórias.
2. Ligeira mudança de algum aspecto relativo à aparência, cor e odor da amostra.
3. Incorporação de ar, início do desenvolvimento de coloração e/ou odor, principalmente em termos de
rancificação.
4. Início de separação de fases da amostra, notável coloração, produto com odor alterado.
5. Fases separadas, produto fortemente corado e/ou com odor desagradável.
Inicialmente o aspecto das formulações, contendo dexametasona, apresentaram-se de
forma distinta. A formulação de CGDEXA apresentou um aspecto caseoso, diferente da
formulação de CGNCDEXA onde foi observado um aspecto mais homogêneo (figura 19).
Figura 19 – Formulações semi-sólidas, contendo dexametasona na forma livre (A) e na forma
nanoencapsulada (B), após 48 horas de preparação
As amostras, contendo dexametasona na sua forma livre, apresentaram alterações em
relação à aparência, cor e odor (figura 20). Estas alterações foram observadas a partir do 60°
dia do início dos estudos de estabilidade. As formulações apresentaram uma diminuição da
consistência, acentuando-se no decorrer do experimento. Em relação à cor, foram observadas
alterações após 60 dias de análise, intensificando-se ao longo dos estudos de estabilidade. Foi
observado ainda, odor característico de rancificação a partir de 60 dias de análise,
intensificando-se no decorrer do ensaio.
A
B
62
Figura 20 - Comportamento do CGDEXA durante os 150 dias de análise, referente às
amostras mantidas em estufa sob temperatura de 40° C e 75% UR
Para as formulações de CGNCDEXA, as alterações só foram observadas a partir de 90
dias de análises (tabela 6), sendo menos intensas do que nas formulações com o rmaco na
forma livre.
Em relação à aparência foi observada uma diminuição gradativa da consistência a
partir de 120 dias de análise. As alterações na cor foram observadas a partir de 90 dias, onde
foi verificada a presença de uma tonalidade amarelada, diferente da original (branca), como
pode ser observado na figura 21. Da mesma forma, após 90 dias foi observada uma ligeira
mudança no odor e, após 120 dias, o início de odor rancificado.
Figura 21- Comportamento do CGNCDEXA durante os 150 dias de análise, referente as
amostras mantidas em estufa sob temperatura de 40° C e 75% UR
De acordo com os resultados descritos na tabela 6, figuras 20 e 21, observa-se que as
características organolépticas de ambas as formulações do creme gel (CGDEXA e
CGNCDEXA) sofreram alterações durante o período testado. A formulação, contendo o
fármaco na forma nanoencapsulada, manteve as características organolépticas por um período
de tempo maior que a formulação, contendo o fármaco na forma livre. Indicando desta forma,
que as nanocápsulas podem estar promovendo uma proteção maior do fármaco, frente às
alterações referentes à aparência, cor e odor.
30 dias
60 dias
90 dias
120 dias
150 dias
30
dias
60 dias
90 dias
120 dias
15
0 dias
63
A literatura vem referindo este tipo de comportamento protetor, atribuído aos sistemas
carreadores. Em um estudo realizado por Shah e colaboradores (2007), os autores avaliaram a
fotoestabilidade da tretinoína, incorporada em nanopartículas lipídicas sólidas, quando
comparadas com sua forma livre. Os resultados obtidos demonstraram que as nanopartículas
lipídicas sólidas, contendo tretinoína promoveram uma diminuição de sua fotodegradação
quando comparadas à forma livre. Portanto, o aumento da fotoestabilidade da tretinoína,
quando incorporada na forma de nanopartícula lipídica sólida, pode ser explicado por uma
possível proteção contra a luz exercida pela sua matriz lipídica onde o fármaco se encontrava
disperso.
4.5.2 Determinação do pH
A tabela 7 apresenta os resultados de pH referentes às formulações de creme gel,
contendo dexametasona na forma nanencapsulada e livre.
Tabela 7Valores de pH do creme gel, contendo dexametasona na forma livre (CGDEXA) e
nanoencapsulada (CGNCDEXA) durante 150 dias de análises (n=3)
Tempo
CGNCDEXA CGDEXA
Dias pH ± DP pH ± DP
2 7,7 ± 0,01 7,1 ± 0,01
30 6,8 ± 0,10 7,0 ± 0,02
60 6,8 ± 0,02 6,9 ± 0,03
90 6,4 ± 0,06 6,6 ± 0,02
120 6,3 ± 0,04 6,3 ± 0,04
150 6,1 ± 0,01 6,1 ± 0,03
Através dos valores apresentados na tabela 7 e figura 22, pode-se observar que no
presente estudo ocorreu diminuição nos valores de pH para ambas as formulações
(CGNCDEXA e CGDEXA). As amostras apresentaram diferença significativa (p0,05) entre
os resultados, quando comparadas aos valores no período inicial e final do experimento.
Apesar da diferença verificada, esses valores não representam experimentalmente, uma
alteração relevante e encontram-se dentro dos limites para formulações de uso tópico.
64
1
2
3
4
5
6
7
8
2 30 60 90 120 150
Tempo (dias)
Valores de pH
CGDEXA CGNCDEXA
Figura 22 - Valores de pH para as formulações de CGDEXA e CGNCDEXA durante
os 150 dias de experimento
Marchiori (2008) realizou a incorporação de nanocápsulas de dexametasona em um
hidrogel e obteve valores de pH em torno de 5,74 0,19). O valor encontrado permaneceu
inalterado após um mês de armazenamento a 40 °C, mantendo-se dentro dos limites
estabelecidos para formulações de uso tópico.
Em estudos anteriores, realizados com nanopartículas poliméricas contendo
diclofenaco incorporado em diferentes veículos os autores perceberam uma diminuição dos
valores de pH (MILÃO, 2001). Dentre as possíveis causas estaria a degradação do polímero, o
qual não pode ser justificada no presente trabalho, pois também houve diminuição do pH, na
formulação de creme gel contendo fármaco livre.
A pele apresenta um pH levemente ácido, o qual atua como proteção bacteriana e
fungicida. Dessa forma, as formulações de uso tópico devem obedecer a uma faixa específica
com relação aos valores de pH os quais devem ficar no limite entre 3 e 10, pois, do contrário
podem provocar alterações no pH da pele, permitindo a exposição desta a agentes
sensibilizantes (LEONARDI, GASPAR e CAMPOS, 2002).
4.5.3 Determinação da viscosidade e espalhabilidade das formulações semi-sólidas, contendo
dexametasona na forma livre e nanoencapsulada
4.5.3.1 Viscosidade
A reologia é o estudo das propriedades de fluxo e deformação da matéria, sendo que,
na área farmacêutica, torna-se indispensável para a compreensão de diferentes fenômenos
como viscosidade, espalhabilidade, elasticidade e fluidez. A compreensão adequada dos
65
materiais farmacêuticos, permite o entendimento de diferentes processos tecnológicos
permitindo uma maior eficácia no desenvolvimento e desempenho das formas farmacêuticas
(MARTIN, 1993; LACHMAN, LIEBERMAN e KANING, 2001; NETZ e ORTEGA, 2002;
MARRIOTT, 2005; ALLEN Jr., POPOVICH e ANSEL, 2007).
O estudo das características reológicas dos materiais sólidos, líquidos e semi-sólidos
permite classificá-los em newtonianos e não-newtonianos, dependendo de suas propriedades
de fluxo. O fluxo newtoniano é caracterizado pela viscosidade constante, independente da
força de cisalhamento aplicada. O fluxo não newtoniano não apresenta relação linear entre a
tensão de cisalhamento aplicada e sua taxa de cisalhamento. Neste último, inclui-se o fluxo
plástico, pseudoplástico e dilatante. (NETZ e ORTEGA, 2002; MARRIOT, 2005; ALLEN Jr.,
POPOVICH e ANSEL, 2007).
Nos sistemas não newtonianos plásticos, é necessária a presença de uma força de
cedência prévia capaz de ultrapassar as forças internas e destruir a estrutura do material para
que ocorra a sua fluidez. O comportamento não-newtoniano pseudoplástico não apresenta
ponto de cedência, apresentando fluxo quando a força é aplicada. Materiais que exibem esse
comportamento não apresentam, portanto, um valor unívoco que possa ser considerado
característico (MARRIOT, 2005; ALLEN Jr., POPOVICH e ANSEL, 2007).
Através da análise das características reológicas das formulações de CGNCDEXA e
CGDEXA (figuras 23, 24), pode-se verificar que ambas as formulações apresentaram fluxo
não-newtoniano. As formulações, contendo o fármaco na forma nanoencapsulada
apresentaram comportamento pseudoplástico (n<1), seguindo o modelo de Ostwald. Para as
formulações contendo o fármaco na forma livre as formulações semi-sólidas apresentam
comportamento plástico (tabela 8).
Tabela 8 Valores referentes ao índice de plasticidade (n) e coeficiente de consistência (K)
para as formulações de creme gel com o rmaco nanoestruturado e ponto de fluidez para as
formulações contendo o fármaco na forma livre (n=3)
Tempo CGNCDEXA CGDEXA
N K Ponto de fluidez
2 dias 0,295 67452,80 5,862
30 dias 0,154 125892,54 5,275
60 dias 0,183 87700,08 5,174
90 dias 0,124 72110,75 6,139
120 dias 0,114 69183,10 6,028
150 dias 0,123 31915,38 4,098
n= índice de plasticidade;
K= coeficiente de consistência.
66
Figura 23 – Reograma das amostras, contendo nanocápsulas de dexametasona, referentes aos
valores iniciais e após 150 dias de experimento
Figura 24 – Reograma das amostras, contendo dexametasona na forma livre referentes aos
valores inicias e após 150 dias de experimento
Alves e colaboradores (2007) realizaram estudos sobre o comportamento reológico de
formulações semi-sólidas (hidrogéis), contendo nanopartículas poliméricas (nanocápsulas,
nanoesferas) e nanoemulsões, contendo nimesulida. Esses sistemas semi-sólidos apresentaram
comportamento não newtoniano pseudoplástico, indicando que a adição de nanopartículas não
modificou as características reológicas da formulação do gel hidrofílico.
67
O mesmo foi observado por Siqueira (2008), em que, nanocápsulas de benzofenona-3
foram incorporadas a hidrogéis de natrosol. Nesse estudo, foi possível observar que a adição
das nanopartículas poliméricas ao hidrogel de natrosol não apresentou alteração no
comportamento reológico. Dessa forma, o comportamento pseudoplástico, originalmente
conferido ao natrosol, foi mantido. Este comportamento não newtoniano pseudoplástico ainda
foi observado por Paese (2008), que incorporou nanocápsulas de benzofenona-3 em hidrogéis
de carbopol 940
®
.
O comportamento pseudoplástico surge nas soluções de polímeros e na maioria dos
sistemas semi-sólidos que contenham esses componentes, em consequência da existência de
interações intermoleculares entre as cadeias de polímeros (LACHMAN, LIEBERMAN e
KANIG, 2001).
A tabela 9 apresenta os resultados referentes aos valores de viscosidade, para as
formulações semi-sólidas (creme-gel), contendo dexametasona na forma livre (CGDEXA) e
na forma nanoencapsulada (CGNCDEXA).
Tabela 9 - Valores de viscosidade, apresentados pelo creme gel, contendo a forma livre
(CGDEXA) e nanoencapsulada (CGNCDEXA) de dexametasona (n=3)
Tempo
(dias)
CGNCDEXA CGDEXA
Viscosidade* (mPa.s) ± DP
Viscosidade* (mPa.s) ± DP
2 7416 ± 1009 12730 ± 99
30 9370 ± 509 9006 ± 905
60 7276 ± 236 6860 ± 2262
90 5356 ± 427 7540 ± 2064
120 4803 ± 586 6450 ± 2786
150 2315 ± 219 3170 ± 1004
De acordo com as leituras de viscosidade apresentados na tabela 9, observa-se uma
diminuição nos valores de viscosidade para ambas as formulações durante os 150 dias de
experimento. Para a amostra de CGNCDEXA, os valores de viscosidade apresentaram
diferença significativa (p0,05) em relação aos valores iniciais (7416 mPa.s ± 1009) após 150
dias de análise (2315 mPa.s ± 219). O mesmo pode ser observado para a amostra de
CGDEXA em que os valores iniciais obtidos foram de 12730 mPa.s (±99) e os finais de 3170
mPa.s (±1004).
68
Através dos resultados descritos na tabela 9 e figuras 25 e 26, pôde-se observar uma
diminuição acentuada da viscosidade para ambas as formulações (CGNCDEXA e CGDEXA),
principalmente no último mês de análise. Esse comportamento pode ser justificado pela perda
da estabilidade das formulações, o que vem corroborar os resultados apresentados com
relação às características organolépticas.
Figura 25 – Viscosidade versus taxa de cisalhamento referentes ao creme gel, contendo
dexametasona na forma de nanocápsulas (CGNCDEXA), relativo aos valores iniciais e após
150 dias de experimento à temperatura de 40° C e 75% UR
Figura 26 - Viscosidade versus taxa de cisalhamento referentes ao creme gel, contendo
dexametasona na forma livre (CGDEXA), relativo aos valores iniciais e após 150 dias de
experimento à temperatura de 40° C e 75% UR
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
0 5 10 15 20 25
Taxa de cisalhamento (s
-1
)
Viscosidade (mPa.s)
2 dias CGDEXA 150 dias CGDEXA
0 20
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
0 5 10 15 20 25
Taxa de cisalhamento (s
-1
)
Viscosidade (mPa.s)
2 dias CGNCDEXA 150 dias CGNCDEXA
0 20
69
Analisando-se a estabilidade entre as formulações, com relação à viscosidade,
observa-se que o creme gel contendo dexametasona na forma livre, apresentou uma
diminuição mais acentuada de seus valores (tabela 9 e figura 26) em relação à mesma
formulação, contendo dexametasona na forma nanoencapsulada. Embora, após 150 dias de
experimento, as formulações de creme gel, contendo dexametasona na forma livre e
nanoencapsulada, não apresentaram diferença significativa (p0,05) em relação à viscosidade
final (figura 27).
As duas formulações tiveram seus valores de viscosidade diminuídos ao longo do
experimento, não podendo-se atribuir este fenômeno ao sistema nanoestruturado e sim as
características do veículo.
Figura 27 – Comparação entre os valores de viscosidade das amostras, contendo
dexametasona na forma nanoencapsulada (CGNCDEXA) e livre (CGDEXA) referentes aos
valores iniciais e após 150 dias de experimento
Em função dos resultados encontrados sugere-se que a concentração do agente
espessante seja aumentada ou que outras opções de gelificantes (como natrosol ou carbopol
ultrez), ou substâncias com maior ponto de fusão sejam testadas.
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
0 5 10 15 20 25
Taxa de cisalhamento (s
-1
)
Viscosidade (mPa.s)
2 dias CGDEXA 150 dias CGDEXA
2 dias CGNCDEXA 150 dias CGNCDEXA
0 20
70
4.5.3.2 Espalhabilidade
O teste de espalhabilidade tem como objetivo constatar se as formulações estudadas
mantêm seus valores de espalhabilidade, sob as condições de armazenamento estabelecidas,
durante o período de tempo analisado.
No presente estudo, a espalhabilidade das amostras foi determinada e acompanhada
em relação à estabilidade, durante 150 dias de análises, e submetidos à temperatura de 40° C e
75% UR. Da mesma forma, foram comparadas a espalhabilidade do creme gel, contendo
nanocápsulas de dexametasona em relação à mesma formulação contendo o fármaco na forma
livre. Essa comparação foi realizada para verificar se a presença das nanocápsulas poderia
influenciar a espalhabilidade do creme gel.
A tabela 10 apresenta os valores de espalhabilidade para as formulações, contendo
dexametasona na forma nanoencapsulada (CGNCDEXA) e livre (CGDEXA).
Tabela 10 - Valores de espalhabilidade apresentado pelo creme gel, contendo a forma livre
(CGDEXA) e nanoencapsulada (CGNCDEXA) de dexametasona (n=3)
Tempo
(dias)
CGNCDEXA CGDEXA
Espalhabilidade (mm
2
) ± DP Espalhabilidade (mm
2
) ± DP
2 6184 ± 147 4364 ± 425
30 5951 ± 340 4457 ± 775
60 5407 ± 558 5535 ± 777
90 6148 ± 656 5527 ± 1052
120 6330 ± 849 6429 ± 1588
150 6408 ± 737 6467 ± 750
De acordo com os valores encontrados (tabela 10 e figura 30), observa-se que a
espalhabilidade do CGNCDEXA manteve os valores inalterados durante todo o período de
análise. Para o creme gel, na forma nanoencapsulada, os valores iniciais (6184 mm
2
± 147) de
espalhabilidade mantiveram-se estáveis em relação aos finais (6408 mm
2
± 737) não
apresentando diferença significativa entre os mesmos (p0,05).
Em relação ao CGDEXA, observou-se um aumento da espalhabilidade quando
comparados aos valores iniciais (4364 mm
2
± 425) e finais (6467 mm
2
± 750), apresentando
diferença estatisticamente significativa entre eles (p0,05). O comportamento das
71
formulações de CGDEXA e CGNCDEXA, pode ser observado nas figuras 28 e 29
respectivamente.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 100 200 300 400
Peso das placas (g)
Ei (mm
2
)
2 dias CGDEXA 150 dias CGDEXA
Figura 28 – Espalhabilidade inicial e após 150 dias de análises para o CGDEXA
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 100 200 300 400
Peso das placas (g)
Ei (mm
2
)
2 dias CGNCDEXA 150 dias CGNCDEXA
Figura 29 – Espalhabilidade inicial e após 150 dias de análises para o CGNCDEXA
Quando as duas formulações (CGNCDEXA e CGDEXA) foram comparadas, pôde-se
observar uma diferença entre ambas as amostras. A formulação de CGNCDEXA apresenta
uma melhor estabilidade física em relação ao CGDEXA, o qual teve um aumento da
espalhabilidade no decorrer do experimento (tabela 10 e figura 30).
72
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 100 200 300 400
Peso das placas (g)
Ei (mm
2
)
2 dias CGDEXA 150 dias CGDEXA
2 dias CGNCDEXA 150 dias CGNCDEXA
Figura 30 – Espalhabilidade inicial e após 150 dias de análises para as formulações de
CGDEXA e CGNCDEXA
Marchiori (2008) realizou a avaliação da espalhabilidade de um gel de carbopol,
contendo dexametasona na forma livre e nanoencapsulada. Com este estudo, a autora
observou que a presença das nanopartículas nos géis não provocou alteração na
espalhabilidade do hidrogel quando comparada com a espalhabilidade do gel contendo
fármaco na forma livre.
Observa-se ainda, no presente estudo, uma correlação entre os valores de viscosidade e
espalhabilidade das formulações, contendo dexametasona na forma livre (CGDEXA). À
medida que os valores de viscosidade diminuem, ocorre um aumento dos valores de
espalhabilidade. No entanto, as formulações, contendo dexametasona na forma
nanoencapsulada não apresentaram esse comportamento, mantendo seus valores de
espalhabilidade independentemente da diminuição da viscosidade, não apresentando
linearidade entre esses dois parâmetros.
Ambas as formulações apresentaram comportamentos reológicos diferentes. Dessa
forma, pode-se indicar que a incorporação do sistema nanoestruturado à formulação semi-
sólida de creme gel contribuiu para a modificação do comportamento, através de possíveis
interações produzidas entre os componentes da base semi-sólida e as nanocápsulas, contendo
dexametasona.
73
4.5.4 Doseamento das formulações semi-sólidas, contendo dexametasona na forma livre e
nanoencapsulada
4.5.4.1 Construção da curva analítica
A tabela 11 apresenta as áreas referentes às diferentes concentrações de dexametasona,
determinada por cromatografia líquida de alta eficiência, em um comprimento de onda de
238,5 nm. As amostras foram analisadas seguindo metodologia modificada e previamente
validada por Beck e colaboradores (2003). Dessa forma, apenas os parâmetros de linearidade,
precisão, e especificidade foram validados.
Tabela 11 – Valores referentes à construção da curva analítica da dexametasona (n=3)
Concentração
(µ
µµ
µg/ml)
Áreas
Médias ±
±±
± DP
DPR
(%)
5 198,896
211,408
206,588
205,631 ± 6,31 3,07
10 394,512
399,634
407,072
400,406 ± 6,31 1,58
20 839,048
817,551
826,113
827,571 ± 10,82 1,31
30 1237,115
1230,504
1245,975
1237,865 ± 7,76 0,63
40 1648,980
1653,918
1659,569
1654,156 ± 5,30 0,32
y = 41,521x - 6,8255
R
2
= 0,9999
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Concentração g/ml)
Área
Figura 31 – Representação gráfica da curva analítica da dexametasona
Os valores foram tratados estatisticamente, através da análise de variância ANOVA
e encontram-se descritos na tabela 12.
74
Tabela 12 Análise de variância (ANOVA) correspondente às absorbâncias obtidas na
determinação da curva analítica de dexametasona
FONTE DE
VARIAÇÃO
Gl
SOMA DOS
QUADRADOS
QUADRADO
MÉDIO
F.C FT
Entre amostras 4 4241433,3139731 1060358,3284933
11155,10310*
4,53
Regressão linear 1 4241121,6058571 4241121,6058571
44617,1332* 5,99
Desvio de
linearidade 3 311,7081159 103,9027053 1,09307** 4,76
Resíduo 6 570,3353807 95,0558968
Total 14
4242003,649
*significativo para p0,05
**não significativo para p0,05
A curva analítica da dexametasona (figura 31) apresentou regressão linear significativa
(p0,05), não havendo desvio significativo da linearidade (p0,05). A equação da reta para o
método foi: y = 41,521x – 6,8255; onde x é a concentração em µg/ml e y a área, apresentando
um coeficiente de correlação de 0,9999.
Através dos resultados obtidos, é possível demonstrar que a curva pode ser utilizada
para a interpolação de valores experimentais, visando à determinação quantitativa de
dexametasona.
Os parâmetros de validação determinados apresentaram linearidade, exibindo um
coeficiente de correlação superior aos limites preconizados de 0,99. O método demonstrou
especificidade, uma vez que não houve interferência de nenhum excipiente da formulação na
quantificação da dexametasona no comprimento de onda de 238,5 nm (figuras 32 e 33).
O método demonstrou precisão adequada uma vez que apresentou um DPR de 2,60%
e 2,49% para repetibilidade e precisão intermediária respectivamente. Os limites de detecção
e quantificação encontrados foram de 0,179 µg/ml e 0,597 µg/ml respectivamente, indicando,
dessa forma, uma boa sensibilidade do método.
75
Figura 32 – Cromatograma do creme gel, contendo nanocápsulas de dexametasona
(CGNCDEXA)
Figura 33 – Cromatograma do creme gel, contendo nanocápsulas sem dexametasona
A tabela 13 apresenta os valores referentes ao doseamento da dexametasona nas
formulações de creme gel, para forma nanoencapsulada (CGNCDEXA) e para forma livre
(CGDEXA).
Tabela 13 – Valores referentes ao doseamento da dexametasona, incorporada nas formulações
semi-sólidas para forma nanoencapsulada e livre (n=3)
Dias
CGNCDEXA CGDEXA
Teor (µg/ml)
± DP
Teor (%)
± DP
Teor (µg/ml)
± DP
Teor (%)
± DP
2 18,93 ± 0,55 94,68 ± 2,74
a
20,03 ± 0,41
100,14 ± 2,04
a
30 18,80 ± 0,52 93,99 ± 2,64
ab
18,09 ± 0,13
89,17 ± 0,68
ab
60 18,64 ± 0,90 93,21 ± 4,52
abc
18,17 ± 0,58
88,60 ± 2,14
bc
90 15,47 ± 0,30 77,35 ± 1,51
d
17,75 ± 0,98
88,74 ± 4,93
bcd
120 14,43 ± 0,09 72,15 ± 0,44
d
17,19 ± 0,06
85,97 ± 0,31
bcd
150 13,32 ± 0,55 66,00 ± 2,76
e
13,74 ± 0,85
68,68 ± 4,27
e
a-b-c-d-e: as médias com letras diferentes dentro da mesma coluna apresentaram diferença significativa entre si
(p0,05) de acordo com o teste Tukey
De acordo com o teor de dexametasona, encontrado na formulação de creme gel,
contendo dexametasona na forma nanoencapsulada (CGNCDEXA) e na forma livre
76
(CGDEXA), pode-se observar que uma diminuição da concentração, em ambas as
formulações durante o período do experimento.
Em relação aos valores iniciais de teor (94,68%) para a formulação de CGNCDEXA,
pode-se observar que, a partir de 90 dias, o teor caiu abaixo de 90%, acentuando-se por todo o
período de análise.
Para a formulação de CGDEXA (100,14%), essa alteração foi visível após 30 dias de
análise, apresentando, nesse período, um teor de 89,17%.
Desta forma, a análise dos teores (%) das formulações de CGNCDEXA e CGDEXA,
permite indicar que as nanocápsulas podem estar exercendo uma ação protetora frente ao
fármaco, permitindo a manutenção de seus teores acima de 90% por um período superior em
relação à formulação contendo o fármaco livre (tabela 13 e figura 34).
Marchiori (2008) realizou estudos de estabilidade com a dexametasona na forma
nanoencapsulada e incorporada a um gel hidrofílico. As amostras foram armazenadas a uma
temperatura de 40 °C por um período de um mês. A autora concluiu, com esse estudo que o
teor de dexametasona, tanto na forma nanoencapsulada como na forma livre, foi mantido
durante o período testado. Indicando que os sistemas nanoestruturados foram capazes de
manter o teor de dexametasona quando incorporadas ao veículo hidrofílico, durante 30 dias.
A análise para determinação do teor de dexametasona, realizada em intervalos de 30
dias, não permitiu uma visualização precisa do início da diminuição da concentração do
fármaco. Dessa forma, a realização das leituras, em intervalos menores, é sugerida, para um
melhor acompanhamento do comportamento e interações entre o fármaco, o nanocarreador e
o veículo. Principalmente em função dos estudos realizados com nanocarreadores neste tipo
de veículo serem muito recentes.
0
20
40
60
80
100
120
2 30 60 90 120 150
Tempo (dias)
Concentração (%)
CGNCDEXA CGDEXA
Figura 34 – Comparação do teor de dexametasona nas formulações, contendo dexametasona
na forma livre e nanoencapsulada, durante o período de análise (150 dias), à temperatura de
40° C
77
Analisando-se as características organolépticas das formulações contendo a
dexametasona, tanto na forma nanoencapsulada como na forma livre e ainda o teor da
dexametasona nestas formulações, observa-se que as alterações em relação a estes parâmetros
devem ser otimizadas.
Sugere-se, portanto, a adição de agentes antioxidantes que poderiam contribuir para
uma melhor manutenção da estabilidade da formulação. O Tinogard
®
é um exemplo de
antioxidante que pode ser utilizado, pois apresenta vantagens em relação ao BHT, como a
manutenção da coloração das formulações.
4.6 ESTUDOS DE LIBERAÇÃO “IN VITRO”
Para a realização destes estudos foi realizada a avaliação da liberação “in vitro” e a
determinação do fluxo de liberação da dexametasona incorporada no CGNCDEXA E
CGDEXA, utilizando acetato de celulose (0,45 µm) como membrana.
4.6.1 Construção da curva analítica para os estudos de liberação da dexametasona
Os valores referentes às áreas obtidas por CLAE correspondentes à concentração de
dexametasona em cada diluição estão descritos na tabela 14.
Tabela 14 – Valores referentes à construção da curva analítica para o teste de liberação (n=3)
Concentração
(µ
µµ
µg/ml)
Áreas
Médias ±
±±
± DP
DPR (%)
1 48,226 53,229 47,338 49,598 (±6,40) 6,40
2 85,375 92,477 104,259 94,037 (±10,14) 10,14
3 125,996 136,888 137,181 133,355 (±4,78) 4,78
5 217,856 217,821 211,802 215,826 (±1,61) 1,61
10 438,895 436,046 444,908 439,950 (±1,03) 1,03
78
y = 43,282x + 4,7668
R
2
= 0,9995
0
100
200
300
400
500
0 2 4 6 8 10 12
Concentração (µg/ml)
Área
Figura 35 – Representação gráfica da curva analítica da dexametasona, utilizada para a
realização dos estudos de liberação
Os valores foram tratados estatisticamente, através da análise de variância ANOVA
e encontram-se descritos na tabela 15.
Tabela 15 Análise de variância (ANOVA) correspondente às absorbâncias obtidas na
determinação da curva analítica de dexametasona
FONTE DE
VARIAÇÃO gl
SOMA DOS
QUADRADOS
QUADRADO
MÉDIO F.C FT
Entre amostras 4 285638,3985317 71409,5996329 1228,96799* 4,53
Regressão linear 1 285501,8530217 285501,8530217 4913,5220* 5,99
Desvio de
linearidade 3 136,5455100 45,5151700 0,78332** 4,76
Resíduo 6 348,6320240 58,1053373
Total 14
285987,0306
*Significicativo para p0,05;
**Não significativo para p0,05
A curva analítica da dexametasona (figura 35) apresentou regressão linear significativa
(p0,05), não havendo desvio significativo da linearidade (p0,05). A equação da reta para o
método foi: y = 43,2821x + 4,7668; onde x é a concentração em µg/ml e y, a área,
apresentando um coeficiente de correlação de 0,9995.
Através dos resultados obtidos, é possível demonstrar que a curva pode ser utilizada
para a interpolação de valores experimentais, visando à determinação quantitativa de
dexametasona nas concentrações correspondente de 1 a 10 µg/ml.
Os estudos de liberação são de fundamental importância para determinação do
comportamento do fármaco em relação ao veículo e ao sistema no qual se encontra
79
incorporado, permitindo verificar, inclusive, a existência de interação entre o ativo e os
componentes da formulação.
O desenvolvimento de formulações, que permitam a liberação controlada de fármacos
em sítios específicos, visando à diminuição de efeitos tóxicos e/ou aumento do índice
terapêutico, tem recebido grande atenção nos últimos anos (FARREL e HEAKETH, 2003;
KAWASHIMA, 2001).
O princípio básico do sistema de liberação é a presença de compostos biodegradáveis
que, através da ação de fatores físicos e químicos (pH, temperatura, ão enzimática, etc.),
presentes em sistemas biológicos como a pele, permitem que frações pré-determinadas do
composto farmacológico ativo, sejam liberadas lentamente no organismo (CABRAL, 2004).
A liberação controlada de fármacos apresenta diversas vantagens em relação aos
sistemas convencionais, dentre eles, a liberação progressiva e sustentada do ativo, redução do
número de aplicações e consequentemente diminuição de reações adversas e efeitos
colaterais, aumentando a segurança de ação do mesmo. A liberação sustentada é importante
para substâncias ativas, potencialmente irritantes, em concentrações elevadas ou que devam
suprir a pele por um período de tempo prolongado (JENNING, SCHÄFER e GOHLA, 2000).
O método de liberação “in vitro”, utilizando membranas artificiais como, por exemplo,
acetato de celulose, e silicone contendo miristato de isopropila, permitem a simulação dos
lipídeos intercelulares do estrato córneo (BARRY in AULTON, 2005).
Os ensaios de liberação “in vitro”, utilizando lulas de Franz são bastante utilizados
devido ao seu baixo custo, boa reprodutibilidade de resultados, realização do experimento em
pequeno espaço de tempo, quando comparados com outras técnicas, além de ser um método
simples e facilmente controlado em condições experimentais (LEVEQUE et al., 2003;
LEONARDI, MARTINS e KUREBAYASHI, 2004; BARRY, 2005; DE ANTONIO, 2007).
Levando-se em consideração a importância de uma liberação controlada de fármacos,
este estudo teve como um dos objetivos avaliar a liberação da dexametasona incorporada no
creme gel contendo o ativo na forma nanoencapsulada e na forma livre.
Estes estudos tiveram o intuito de verificar se os sistemas nanoestruturados,
apresentam comportamento de liberação diferente, com relação ao fármaco livre. Para tanto,
os estudos de liberação foram realizados, utilizando-se células de difusão do tipo Franz,
dividida em dois compartimentos e sendo utilizado como membrana acetato de celulose
(0,45µm). A solução receptora foi constituída de tampão fosfato 7,4. As coletas foram
realizadas em intervalos de 1 hora, por um período de 8 horas. As amostras coletadas foram
analisadas em cromatografia líquida de alta eficiência. Uma parte dessas amostras coletadas
80
foram tratadas com acetonitrila (ACN), solvente utilizado para permitir o rompimento da
parede polimérica das nanocápsulas e, dessa forma, realizar a quantificação da dexametasona,
que, por ventura, venha a atravessar a membrana sem destruição da nanocápsula.
A tabela 16 apresenta os valores de fluxo g/cm
2
/h), concentração total g/cm
2
)
permeada, coeficiente de regressão e coeficiente de permeabilidade para formulações de
creme gel, contendo dexametasona na forma nanoencapsulada (CGNCDEXA) e na forma
livre (CGDEXA).
Tabela 16 Valores de fluxo, concentração total, coeficiente de regressão e coeficiente de
permeabilidade das formulações de creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona
(CGNCDEXA), creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona com adição de
acetonitrila (CGNCDEXA C/ACN) e creme gel contendo dexametasona na forma livre
(CGDEXA) (n=6)
Formulação
Fluxo
g/cm
2
/h)
Concentração
total (µg/cm
2
)
*
Coeficiente
de regressão
(R
2
)
Coeficiente de
permeabilidade
(Kp)
CGNCDEXA
2,205 ± 0,63
b
21,338 ± 4,13
b
0,957 0,101
CGNCDEXA
C/ACN
2,902 ± 0,57
ab
27,265 ± 4,33
ab
0,962 0,106
CGDEXA 3,354 ± 0,23
a
31,863 ± 2,02
a
0,968 0,105
*concentração total permeada no período máximo de 8 horas.
a-b: as médias com as letras diferentes dentro da mesma coluna apresentam diferença significativa entre si
(p0,05) de acordo com o teste de Tukey.
Através da análise estatística dos dados de fluxo e concentração total (tabela 16, figura
36), verificou-se diferença significativa (p0,05) entre os valores das formulações de
CGDEXA, CGNCDEXA e CGNCDEXA tratada com acetonitrila.
Pode-se observar que o fluxo de liberação da dexametasona foi de 2,205 µg/cm
2
/h para
o fármaco na forma nanoencapsulada, de 2,902 µg/cm
2
/h para o fármaco na forma
nanoencapsulada, tratada com acetonitrila e de 3,354 µg/cm
2
/h para o fármaco na forma livre.
Analisando-se estatisticamente esses resultados, observa-se que há diferença significativa
(p0,05) quando se compara o fluxo de liberação do CGDEXA com o CGNCDEXA. Ao
comparar o CGDEXA com o CGNCDEXA tratada com acetonitrila, não foi observada
diferença significativa (p0,05) entre os valores de fluxo. Para as formulações de
CGNCDEXA tratadas com e sem acetonitrila (ACN), não foi observado diferença
significativa entre os valores (p
0,05).
81
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (horas)
Concentração liberada (µg/cm
2
)
CGNCDEXA CGNCDEXA C/ACN CGDEXA
Figura 36 - Liberação da dexametasona do creme gel na forma livre (CGDEXA),
nanoencapsulada (CGNCDEXA) e com adição de acetonitrila à solução receptora
(CGNCDEXA C/ACN)
Observa-se através destes valores que a dexametasona na forma livre apresentou um
fluxo de liberação em torno de 34% superior ao apresentado pela dexametasona na forma
nanoencapsulada (figura 37).
0
10
20
30
40
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (horas)
Concentração liberada (µg/cm
2
)
CGNCDEXA CGDEXA
Figura 37 – Liberação da dexametasona do creme gel na forma nanoencapsulada
(CGNCDEXA) e na forma livre (CGDEXA)
Quando a comparação é feita entre a dexametasona livre e a nanoencapsulada, porém
esta última tratada com acetonitrila, o fluxo fica em torno de 13% superior para a preparação
com o fármaco livre (figura 38). Isso demonstra que a presença do solvente (ACN) aumentou
a liberação do fármaco, visto que sua ação provoca o rompimento da parede polimérica das
nanocápsulas, permitindo uma maior liberação do ativo que estava encapsulado.
82
0
10
20
30
40
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (horas)
Concentração liberada (µg/cm
2
)
CGNCDEXA C/ACN CGDEXA
Figura 38 – Liberação da dexametasona do creme gel na forma livre (CGDEXA) e na forma
nanoencapsulada tratada com acetonitrila (CGNCDEXA C/ACN)
Analisando-se estatisticamente os valores de fluxo entre as formulações de
CGNCDEXA com CGNCDEXA C/ ACN (figura 39), não foi observado diferença
significativa entre ambas (p0,05), porém, a presença do solvente (ACN), permitiu um
aumento da liberação do fármaco em torno de 24%.
Observa-se ainda que a concentração total de dexametasona liberada foi de 21,338
µg/cm
2
para o rmaco na forma nanoencapsulada, de 27,265 µg/cm
2
para o fármaco na
forma nanoencapsulada, tratada com acetonitrila e de 31,863 µg/cm
2
para o fármaco na forma
livre.
0
5
10
15
20
25
30
35
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (horas)
Concentração liberada (µg/cm
2
)
CGNCDEXA CGNCDEXA C/ACN
Figura 39 – Liberação da dexametasona na forma nanoencapsulada e com adição de
acetonitrila
83
A semelhança do perfil de liberação da dexametasona, entre sua forma
nanoencapsulda e livre, observada na primeira hora do experimento pode ser decorrente da
liberação do fármaco da superfície das nanocápsulas.
Neste sentido, Ferranti e colaboradores (1999) realizaram estudos de liberação “in
vitro” a partir de nanocápsulas de primidona, avaliando seu perfil de liberação em meio
gástrico e intestinal, simulando pH 1,25 e 7,4 respectivamente. Nesse experimento foram
comparados os perfis de liberação do fármaco na forma livre e nanoencapsulada. Os autores
verificaram, que após 8 horas de experimento, 100% da primidona na forma livre foi liberada,
enquanto que o mesmo fármaco na forma nanoencapsulada liberou 76% (pH 7,4) e 83% (pH
1,25).
Jenning e colaboradores (2000) avaliaram o perfil de liberação da vitamina A,
associada à nanopartículas lipídicas sólidas (SLN). Estes pesquisadores utilizaram célula de
difusão de Franz para avaliar o perfil de liberação da vitamina A incorporada à nanopartículas
lipídicas sólidas e à formulações semi-sólidas como géis e cremes por um período de 24
horas. A dispersão de nanopartículas lipídicas sólidas, contendo vitamina, A apresentou um
perfil de liberação controlado nas primeiras 6 horas de estudo, e após esse período (12-24hs)
sofreu um aumento em sua taxa de liberação. No entanto, quando as SLN contendo vitamina
A foram incorporadas em formulações como cremes e géis, foi observada uma liberação
controlada entre 12 e 18 horas aproximadamente. Dessa forma, foi possível observar que a
liberação controlada da vitamina A, associada à SLN, foi mantida após sua incorporação em
formulações semi-sólidas (géis e cremes), além de contribuir para uma liberação sustentada
do fármaco.
No presente estudo, observa-se que a concentração total de dexametasona liberada ao
final das 8 horas de análise foi maior na formulação, contendo o fármaco na forma livre,
apresentando uma liberação de 15,17% da quantidade total de dexametasona a ser liberada. A
formulação, contendo dexametasona nanoencapsulada apresentou uma liberação de 10,16%
da quantidade total do fármaco, e, quando a mesma foi tratada com acetonitrila, esta liberação
foi de 12,98%. Este fato pode ser explicado pela possível interação do fármaco com o
polímero, quando o mesmo encontra-se na forma nanoencapsulada.
Através dos valores de liberação da dexametasona pode-se observar que a mesma está
sendo liberada do veículo, tanto na forma livre como na forma nanoencapsulada, entretanto,
na formulação contendo nanocápsulas de dexametasona, parte da dexametasona encontra-se
nanoencapsulada.
84
Houve diferença significativa em relação à concentração total de dexametasona
liberada entre as formulações de CGDEXA e CGNCDEXA. Entretanto, quando adicionada
ACN à solução receptora do ensaio com a formulação de CGNCDEXA, observa-se um
aumento da concentração de dexametasona liberada até um valor semelhante à observada na
formulação contendo o fármaco na forma livre.
Portanto, pode-se sugerir que as nanocápsulas de dexametasona são liberadas em um
fluxo e concentração semelhante à forma livre, porém, a liberação da dexametasona de dentro
das nanopartículas para o meio ocorre de maneira mais lenta, sugerindo uma liberação mais
gradual.
Este comportamento vem ao encontro de um estudo “in vivo” realizado por Brum
(2008), onde as formulações testadas no presente trabalho foram utilizadas para avaliação da
atividade da NTPDase de linfócitos na dermatite de contato induzida por níquel. Para esse
estudo foram utilizados ratos wistar, os quais, após a indução da dermatite de contato, foram
tratados com as formulações de CGDEXA e CGNCDEXA. A avaliação histopatológica das
lesões induzidas nas orelhas das ratas foram avaliadas e demonstraram que no grupo tratado
com dexametasona livre ocorreram áreas de atrofia com diminuição do estrato Malpighiano e
áreas de preservação dos anexos da epiderme. No entanto, no grupo tratado com
dexametasona nanoencapsulada foram observadas áreas de atrofia mais acentuadas,
apresentando, apenas duas camadas de estrato Malpighiniano e uma diminuição do número de
folículos pilosos e de vasos sanguíneos. Os resultados indicaram um possível efeito
reservatório das nanocápsulas de dexametasona na pele dos ratos, permitindo uma maior ação
do fármaco e consequentemente uma maior atrofia em relação à formulação contendo o
fármaco na forma livre, sendo necessário a realização de novos testes com espaçamentos
maiores entre as doses aplicadas.
85
5 CONCLUSÕES
A incorporação de uma suspensão, contendo nanocápsulas de dexametasona em uma
formulação semi-sólida de creme gel, apresentou características físico-químicas
adequadas, representando viabilidade farmacotécnica.
As suspensões, contendo nanocápsulas de dexametasona, apresentaram diâmetro
médio de partícula inferior a 300 nm, índice de polidispersão menores que 0,2,
potencial zeta de -11 mV e valores de pH em torno de 4,8 (±0,1).
O potencial zeta das nanopartículas de dexametasona apresentou um aumento após sua
incorporação no creme gel e após 150 dias de experimento.
A formulação do creme gel, contendo nanocápsulas de dexametasona (CGNCDEXA)
mantiveram suas características organolépticas por um período superior as do creme
gel com o fármaco na forma livre (CGDEXA). As nanocápsulas podem estar
exercendo uma influência, com relação à interação do fármaco com o veículo,
protegendo o ativo por um período maior de tempo.
Ambas as formulações estudadas apresentaram resultados de pH satisfatórios (entre 6
e 7) durante todo o período de análise (150 dias), sendo que os valores permaneceram
dentro dos níveis indicados para formulações de uso tópico.
Tanto as formulações semi-sólidas, contendo nanocápsulas de dexametasona como o
fármaco na forma livre, apresentaram um fluxo não-newtoniano. As formulações,
contendo o fármaco na forma livre (CGDEXA) apresentaram comportamento plástico.
O comportamento das formulações semi-sólidas foi influenciado pela inclusão dos
86
nanocareadores, em virtude de que a formulação contendo dexametasona na forma
nanoestruturada (CGNCDEXA), apresentou comportamento pseudoplástico (n<1). Os
valores de viscosidade apresentaram diminuição no decorrer do experimento, para
ambas as formulações.
A formulação, contendo o fármaco na forma livre (CGDEXA), apresentou um
aumento significativo (p0,05) para os valores de espalhabilidade, no decorrer do
experimento. A formulação, contendo o fármaco na forma nanoencapsulada
(CGNCDEXA), manteve a mesma espalhabilidade durante todo o período de análise.
Ambas as formulações semi-sólidas (CGNCDEXA e CGDEXA) apresentaram
diminuição na concentração de dexametasona no decorrer do experimento. A
formulação, contendo o fármaco na forma nanoencapsulada (CGNCDEXA)
apresentou um teor abaixo de 90% após 90 dias de análise, com subsequente queda
após esse período. A formulação, contendo a dexametasona livre (CGDEXA),
apresentou um teor abaixo de 90% logo após 30 dias de experimento. Devido ao fato
de que as formulações, contendo o fármaco na forma nanoencapsulada
(CGNCDEXA), mantiveram seus teores acima de 90% por um período maior do que o
observado para forma livre, pode-se concluir que as nanocápsulas estariam exercendo
um efeito estabilizante.
A incorporação do fármaco na forma nanoencapsulada modificou os parâmetros de
liberação com relação ao fluxo e à concentração total de dexametasona liberada. As
formulações de CGDEXA apresentaram concentração total e fluxo de liberação maior
que a formulação, contendo o fármaco na forma nanoencapsulada (CGNCDEXA),
sugerindo uma liberação controlada do ativo.
87
As formulações, contendo dexametasona na forma nanoencapsulada (CGNCDEXA)
tratadas com acetonitrila, apresentaram um aumento de aproximadamente 24% no
fluxo da dexametasona liberada em relação a mesma forma sem a adição do solvente.
Esses resultados sugerem que as nanopartículas estejam sendo liberadas do veículo
tanto na forma livre como na forma nanoencapsulada.
Apesar da viabilidade tecnológica da formulação, alguns estudos referentes ao sistema
espessante e anti-oxidante tornam-se necessários.
88
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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