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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
UNIDADE ACADÊMICA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
LISÂNGELA DA SILVA ANTONINI
DESAFIOS ENFRENTADOS POR PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
DO SETOR DE SOFTWARE NOS PROCESSOS DE EDUCAÇÃO
CORPORATIVA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
SÃO LEOPOLDO
2009
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Lisângela da Silva Antonini
DESAFIOS ENFRENTADOS POR PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
DO SETOR DE SOFTWARE NOS PROCESSOS DE EDUCAÇÃO
CORPORATIVA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
Dissertação apresentada como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre,
pelo Programa de Pós-Graduação em
Administração da Universidade do Vale
do Rio dos Sinos.
Orientadora: Profa. Dra. Amarolinda
Zanela Saccol
São Leopoldo
2009
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Catalogação na Publicação:
Bibliotecário Vladimir Luciano Pinto - CRB 10/1112
L769d Antonini, Lisângela da Silva
Desafios enfrentados por pequenas e médias empresas do
setor de software nos processos de educação corporativa : um
estudo exploratório / Lisângela da Silva Antonini. 2009.
196 f. : il., 30 cm.
Dissertação (mestrado) -- Universidade do Vale do Rio dos
Sinos, Programa de Pós-Graduação em Administração, 2009.
“Orientação: Profª. Drª. Amarolinda Zanela Saccol”.
1. Educação corporativa. 2. Pequenas e médias empresas.
3. Setor de software. I. Título.
CDU 658:001.12
Lisângela da Silva Antonini
DESAFIOS ENFRENTADOS POR PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
DO SETOR DE SOFTWARE NOS PROCESSOS DE EDUCAÇÃO
CORPORATIVA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
Dissertação apresentada como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre,
pelo Programa de Pós-Graduação em
Administração da Universidade do Vale
do Rio dos Sinos.
Aprovado em 13 de julho de 2009.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________
Profa. Dra. Yeda Swirski de Souza UNISINOS
_________________________________________________________________
Profa. Dra. Cláudia Cristina Bitencourt UNISINOS
_________________________________________________________________
Grace Vieira Becker - PUCRS
Dedico este trabalho a meus pais Hélio e Marlene
pelo apoio incondicional aos propósitos da minha vida.
Amo vocês!
AGRADECIMENTOS
Em especial quero agradecer primeiramente a Deus, pois sem Ele nada é
possível.
Entretanto, este trabalho possuiu incentivo constante de muitos amigos
queridos. Assim, agradeço:
A meus irmãos Fernando, Silvana e Lizandréa pelo apoio e incentivo
constantes, mesmo apesar da distância geográfica;
À Magali e ao Sérgio, primos queridos, que sempre estiveram perto de mim
nesta caminhada;
Ao Tio Neno e à Tia Julieta pelo carinho a mim dispensado;
Às minhas sobrinhas queridas: Marina, Maitê e Júlia, com amor;
Ao apoio do Senac RS, especialmente ao Diretor Regional Sr. José Paulo da
Rosa, pelo incentivo constante na minha vida profissional e pela crença no meu
potencial. Obrigada, de coração!
À professora Amarolinda Zanella Saccol que ampliou meus horizontes de
conhecimentos. Obrigada pela confiança e principalmente pela paciência;
À Inara, colega do Mestrado, que se transformou em uma grande amiga;
À Márcia Angélica, amiga e colega de trabalho, que sempre tinha uma palavra
amiga para me encorajar nos momentos mais difíceis;
À Bernardete que mais do que colega, amiga para sempre!
À Michele, prima querida, que me auxiliou muito na transcrição dos dados
para esta pesquisa. Obrigada pelo apoio amigo e por ser extremamente profissional;
Às professoras Yeda e Cláudia pelos conselhos na banca de qualificação
deste trabalho;
À empresa de software que abriu suas portas para a realização da pesquisa
para este trabalho. Obrigada pela confiança em mim depositada.
Às Entidades Setoriais: SEPRORGS, UNITEC/POLO UNISINOS, SOFTSUL,
TECNOPUC, meu agradecimento especial pela participação fundamental na
composição dos dados do setor de software e serviços que compuseram esta
pesquisa.
Por fim, o meu agradecimento a todos os amigos e colegas de trabalho que,
de uma forma ou outra, impulsionaram a realização deste estudo.
“Uma organização é um corpo de pensamentos
pensados por pensadores.”
(Karl Weick)
RESUMO
O setor de software e serviços é considerado estratégico para o desenvolvimento
nacional, sendo uma das prioridades da política industrial do Governo Federal.
Dentro deste cenário, é necessário que as organizações desenvolvam atividades de
capacitação profissional observando especificidades da própria empresa alinhadas
com as estratégias corporativas de acordo com o conceito de educação corporativa,
no qual as ações de capacitação e desenvolvimento profissional dos colaboradores
são alinhadas aos objetivos da empresa. Ao explorar a literatura sobre educação
corporativa no setor de software e serviços foram localizadas poucas referências que
relatem os desafios enfrentados por pequenas e médias empresas relativos a
processos desta ordem, e também sobre o desenvolvimento de lideranças com o
intuito de uma maior profissionalização da gestão em empresas do setor de
software.
Com essa motivação, a pesquisa teve o objetivo de identificar e analisar os desafios
enfrentados por pequenas e médias empresas do setor de software e serviços
associados, no Brasil, no processo de educação corporativa. A pesquisa visou,
ainda, identificar as características do setor pesquisado em relação à qualificação
profissional demandada dos seus profissionais; identificar, na literatura, modelos ou
práticas de educação corporativa que sejam adequados à realidade das empresas e
do setor pesquisado; além de discutir, com base nos dados coletados, possíveis
soluções para a problemática abordada e propor uma agenda de pesquisas futuras.
A pesquisa foi desenvolvida com base em duas fontes de informação.
Primeiramente, foi utilizado o método de pesquisa-ação em uma média empresa,
localizada na cidade de São Leopoldo, na região do Vale do Rio dos Sinos, no
Estado do Rio Grande do Sul. Todavia, a coleta de dados desse cenário único
remeteu à necessidade de maior apropriação de conhecimentos sobre o setor de
software e serviços, fazendo com que o horizonte de pesquisa fosse ampliado para a
perspectiva de quatro Entidades Setoriais, junto às quais realizou-se entrevistas com
seus respectivos diretores, a fim de compreender com maior profundidade o
contexto do objeto de pesquisa em questão.
7
. Dentre os principais resultados alcançados com este estudo destaca-se a pouca
utilização de projetos de educação corporativa pelas pequenas e médias empresas
(PME’s) do setor de software devido à carência de informações ou a conhecimentos
específicos que viabilizassem a ampliação deste tipo de atividade. A partir da
pesquisa realizada, verificou-se a existência, na internet, de variados softwares livres
ou softwares comerciais que poderão ser utilizados, através da Educação a
Distância (EAD), com o objetivo de proporcionar educação corporativa personalizada
para as empresas (colaboradores e cadeia de valor), por meio de comunidades de
prática.
Palavras-Chave: Setor de Software e Serviços. Pequenas e Médias Empresas.
Educação Corporativa.
ABSTRACT
The software and service sector is considered strategic for the national development,
being one of the priorities of the political industrialist of the Federal Government.
Inside this setting, it is necessary that the organizations develop activities of
professional qualification observing specificities of the own company aligned with the
corporate strategies according to the concept of corporate education, in which the
actions of qualification and professional development of the collaborators are aligned
with the objectives of the company. When exploring the literature about corporate
education in the sector of software and service few references that relate the
challenges faced by small and medium companies regarding processes of this order,
and also about the development of leaderships with the aim of a bigger
professionalization of the management in companies of the software sector were
located.
With that motivation, the research had the objective of identifying and analyzing the
challenges faced by small and medium companies of the software and associated
service sector, in Brazil, in the process of corporate education. The research still
aimed at identifying the characteristics of the researched sector, regarding the
professional qualification required on the professionals; identifying in the literature,
models or practices of corporate education adequate to the reality of the companies
and of the researched sector; besides of discussing, based in the collected data,
possible solutions for the approached problematic and propose an agenda for future
researches.
The research was developed based on two information sources. First, it was utilized
the approach of research-action in a medium company, located in the city of São
Leopoldo, in the region of the Vale do Rio do Sinos, in the State of Rio Grande do
Sul. However, the data collection of that unique setting remitted to the need of a
bigger appropriation of knowledge about the software and service sector, making the
horizon of research to be extended for the perspective of four Sector Entities, with
which interviews with their respective directors were carried out, in order to
understand deeper the context of the object of the research in question.
9
Among the main results achieved with this study the little corporate education
projects utilization by the small and medium companies (PME’s) of the software
sector was highlighted due to the lack of information or to specific knowledge that
made feasible the enlargement of this kind of activity. From the carried out research,
the existence, in the internet, of varied free software or commercial software was
verified; such softwares can be used, through the Distance Education (EAD), with the
objective of providing customized corporate education for the companies
(collaborators and value chain), through communities of practice.
Keywords: Software and Service Sector. Small and Medium Companies. Corporate
Education.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Principais componentes da aprendizagem baseada no desempenho......29
Figura 2 - Educação Corporativa: conectividade & competitividade............................31
Figura 3 - Educação corporativa: articulando os conceitos de competências,...........32
gestão do conhecimento e aprendizagem........................................................................32
Figura 4 - Integrações contínuas de trabalho e conhecimento .....................................48
Figura 5 - Posição do Brasil no Mercado Mundial de Software ....................................56
Figura 6 - Porcentagem de softwares criados no Brasil.................................................56
Figura 7 - Quantidade de empresas de software no Brasil............................................57
Figura 8 - Quantidade de Micro e Pequenas Empresas de Software no Brasil.........57
Figura 9 - Representação dos quatro ciclos básicos de investigação-ação...............77
Figura 10 - Competências profissionais desejáveis......................................................118
Figura 11 - Desdobramento competência pessoal........................................................119
Figura 12 - Competências profissionais desejáveis na competência relacionada ao
trabalho em equipe.............................................................................................................120
Figura 13 - Desdobramento da competência funcional descrita para o cargo
“Técnicos”.............................................................................................................................121
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Análise do cenário atual do setor de TIC no Brasil.....................................59
Quadro 2 - Políticas governamentais quanto a formação de RH em software...........71
Quadro 3 - Características dos dois principais paradigmas de pesquisa....................74
Quadro 4 Procedimento analítico geral adotado para a análise dos dados
qualitativos .............................................................................................................................88
Quadro 5 Características do setor de software............................................................97
Quadro 6 Comparação entre o perfil atual e o perfil desejado dos profissionais do
setor de software.................................................................................................................101
Quadro 7 Características da gestão de recursos humanos no setor de software.102
Quadro 8 Análise do desenvolvimento de Educação Corporativa..........................106
Quadro 9 Síntese das principais características e dos processos de gestão na
empresa pesquisada..........................................................................................................114
Quadro 10 Características da Gestão de Pessoas na empresa pesquisada........125
Quadro 11 Educação Corporativa na empresa pesquisada....................................131
Quadro 12 Principais resultados encontrados na pesquisa.....................................140
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuição de cursos de Computação no Brasil.........................................67
LISTA DE SIGLAS
ABES Associação Brasileira de Empresas de Software
EAD Educação a Distância
CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
CMMI Capability Maturity Model Integration
IR Imposto de Renda
ISO International Organization for Standardization
PJ Pessoa Jurídica
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia
MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MPS.BR Melhoria de Processos do Software Brasileiro
PDP Plano de Desenvolvimento Produtivo
PPR Plano de Participação de Resultados
RH Recursos Humanos
SEBRAE Serviço de Apoio à Micro e Pequenas Empresas
SEPRORGS Sindicato das Empresas de Processamento de Dados e Informática
do Rio Grande do Sul
SOFTEX Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro
STI Secretaria de Tecnologia Industrial
TI Tecnologia de Informação
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................16
1.1 Tema e problema de pesquisa..............................................................................................19
1.2 Delimitação do estudo e termos empregados ........................................................................20
1.3 Objetivos..............................................................................................................................21
1.3.1 Objetivo geral.................................................................................................................................................................21
1.3.2 Objetivos específicos:....................................................................................................................................................21
1.4 Justificativa..........................................................................................................................22
2 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................25
2.1 Gestão estratégica de pessoas ...............................................................................................25
2.2 Educação corporativa..........................................................................................................27
2.2.1 Conceito de Educação Corporativa.............................................................................................................................28
2.3 Desenvolvimento de competências........................................................................................34
2.3.1 O que são competências?..............................................................................................................................................34
2.3.2 Gestão de competências................................................................................................................................................39
2.3.3 Processo de desenvolvimento de competências........................................................................................................40
2.4 Comunidades de Prática (CoP) ............................................................................................43
2.4.1 Conceito de Comunidades de Prática .........................................................................................................................44
2.4.2 Tecnologias para apoiar comunidades de prática.....................................................................................................45
2.5 Setor de software e serviços associados ................................................................................54
2.5.1 Dados sobre o setor de software no Brasil.................................................................................................................54
2.5.2 Grau de profissionalização e características de gestão das pequenas e médias empresas de software ...........61
2.5.3 Perfil da qualificação profissional do setor de software no Brasil.........................................................................64
3 METODOLOGIA DA PESQUISA...................................................................................73
3.1 Delineamento da pesquisa....................................................................................................73
3.2 Unidades de análise..............................................................................................................77
3.2.1 A empresa pesquisada...................................................................................................................................................78
3.3 Técnicas de coleta de dados..................................................................................................79
3.4 Técnicas de análise dos dados...............................................................................................85
4 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................................91
4.1 Análise das entrevistas com representantes de entidades do setor de software .....................91
4.1.1 Características gerais do setor de software e serviços associados.........................................................................91
4.1.2 Recursos humanos no setor de software e serviços associados..............................................................................97
4.1.3 Educação corporativa no setor de software ............................................................................................................103
4.2 Análise dos dados da pesquisa-ação ...................................................................................107
4.2.1 Dados da etapa de diagnóstico..................................................................................................................................107
4.2.1.1 Características da empresa e seu processo de gestão (geral)..........108
4.2.1.2 Gestão de pessoas na empresa pesquisada.........................................115
4.2.1.3 Educação Corporativa na empresa pesquisada....................................126
4.2.2 Dados da etapa de proposição / intervenção...........................................................................................................132
4.2.2.1. O desenvolvimento do projeto.................................................................133
4.2.2.2. Comunidades de Prática e o Portal de Integração..............................135
15
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................139
GLOSSÁRIO .......................................................................................................................146
REFERÊNCIAS...................................................................................................................147
1 INTRODUÇÃO
O avanço da tecnologia, e consequentemente da ciência como um todo, traz
consigo conhecimentos e realidades que proporcionam novos paradigmas
econômicos, sociais e culturais gerando mudanças de comportamento e de
posicionamento das pessoas e das organizações (MORIN, 2005; GIDDENS, 2000).
Nesse sentido, a construção do conhecimento nas organizações perpassa por
vários conceitos e níveis de entendimento por parte de todos os sujeitos envolvidos,
trazendo para dentro delas a cultura própria de cada indivíduo através do
compartilhamento de experiências que proporcionará novos conhecimentos e
culturas que gerarão novos comportamentos e atitudes na sociedade (SANDBERG;
DALL’ALBA, 2005).
O ritmo frenético do mercado imposto às organizações atualmente exige
posicionamentos dinâmicos a fim de que as mesmas busquem soluções ágeis e que
as difiram de outras empresas no mundo globalizado (CHOO, 2006; MEISTER,
1999). Possuir um planejamento a curto, médio e de longo prazo com ações que
valorizem, impulsionem e elaborem ambientes de criação e inovação de ideias,
conhecimentos, produtos e serviços com profissionais capacitados atualmente é um
dos desafios das organizações através de ferramentas que possam proporcionar
visão sistêmica sobre o contexto da empresa gerando desta forma significado ao
trabalho desenvolvido (CHOO, 2006; MEISTER, 1999; DALL’ALBA E SANDBERG,
1997).
A necessidade de atualização do capital intelectual das empresas é
extremamente importante para a sobrevivência das mesmas no mercado global,
podendo caracterizar, assim, uma fonte de vantagem competitiva (MEISTER, 1999;
EBOLI, 2004; COVEY, 2003), pois o desenvolvimento e a retenção do capital
intelectual tende a ser a um investimento em relação ao custo de reestruturação de
uma nova equipe de trabalho na empresa, além de ser um diferencial positivo em
relação à concorrência do mercado, visto que uma equipe coesa, conhecedora de
suas atribuições, fornece competências essenciais para o desenvolvimento da
missão da organização, o que nos remete ao conceito de Educação Corporativa no
qual as ações de capacitação e desenvolvimento profissional dos colaboradores são
alinhadas aos objetivos da empresa, ou seja, todo o planejamento de treinamento e
17
desenvolvimento das competências profissionais dos colaboradores é planejado de
acordo com os objetivos estratégicos e resultados esperados pela organização.
Segundo dados publicados no relatório sobre as atividades de Educação
Corporativa no Brasil (AGUIAR, 2006), as iniciativas de educação corporativa estão
sendo mapeadas desde 2004, com o objetivo de conhecer o universo de empresas
brasileiras que estariam utilizando a metodologia de educação corporativa como
desenvolvimento de competências profissionais dos trabalhadores voltados para a
estratégia e resultados desejados pela organização.
Nesse estudo o universo de empresas brasileiras que utilizam a educação
corporativa, conforme relatório, ampliou de 29 para 41 organizações respondentes à
pesquisa (AGUIAR, 2006). Deste universo, o relatório afirma que existiam no
máximo 100 empresas participantes de metodologias de educação corporativa no
país.
De acordo com o relatório da Secretaria da Tecnologia Industrial, “[...] a
amostra de 41 empresas seria capaz de fornecer subsídios úteis para a identificação
de problemas associados ao estudo das iniciativas de educação corporativa no
Brasil.” (AGUIAR, 2006, p. 30).
Exige-se cada vez mais das pessoas, em todos os níveis hierárquicos, uma
postura voltada ao autodesenvolvimento e à aprendizagem contínua. Para
criar esse novo perfil as empresas precisarão implantar sistemas
educacionais que privilegiem o desenvolvimento de atitudes, posturas e
habilidades, e não apenas a aquisição de conhecimentos técnicos e
instrumentais. (EBOLI, 2004, p.37).
A formação da competência profissional numa perspectiva de compreender o
trabalhador como um ser integral, que precisa ter conhecimentos técnicos,
habilidades e atitudes (ZARIFIAN, 2003; LE BORTEF, 2003), é um dos desafios
enfrentados por empresas de base tecnológica, cujo ambiente evolui rápido e
constantemente.
Esse cenário se aplica especialmente ao setor de software e serviços
associados, para o qual a qualificação dos profissionais é condição essencial para a
permanência das empresas no mercado mundial, uma vez que no Brasil o setor de
software está sendo considerado estratégico no que se refere ao desenvolvimento
18
nacional, sendo uma das prioridades da política industrial do Governo Federal
(BRASIL, 2003).
Nesse sentido, um dos principais obstáculos para crescimento do setor de
software e serviços é a carência de profissionais qualificados (IDGNow, 2007), não
só em termos de conhecimentos técnicos, mas de habilidades e atitudes que estão
no centro do conceito de competências profissionais que envolvem, em linhas
gerais, a tomada de iniciativa e responsabilidade do indivíduo em situações
profissionais com as quais se confronta, uma inteligência prática nas situações que
se apoiam em conhecimentos adquiridos e os transformam à medida que a
diversidade das situações aumenta. (ZARIFIAN, 2003).
De acordo com Programa de Desenvolvimento Produtivo - PDP, elaborado
pelo Governo Federal por intermédio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio (BRASIL, 2008c), o mercado de software, dado o investimento que está
sendo planejado para os próximos dois anos, está em fase de crescimento e
consequentemente gerando uma significativa quantidade de vagas de emprego.
Entretanto, a preocupação consiste na formação dos profissionais para o
preenchimento de vagas abertas, pois, mesmo com a criação de vários cursos de
tecnologia nos últimos anos, o atendimento da demanda das empresas não é
suficientemente atendido, seja pela falta de garantia quanto à formação dos cursos
superiores ou pelo avanço constante da área de tecnologia que nem sempre é
acompanhada pelas universidades (BRASIL, 2008c). Sendo assim, a formação
superior não atende necessariamente às expectativas e especificidades das
empresas, abrindo espaço para a educação corporativa.
Conforme Associação Brasileira de Empresas de Software (2008), no
Relatório sobre o Mercado Brasileiro de Software Panorama e Tendências 2008, o
mercado brasileiro de software e serviços ocupou, em 2007, a 12ª posição no
mercado mundial, tendo mobilizado aproximadamente 11,12 bilhões de dólares,
equivalente a 0,86% do PIB brasileiro. Desse total, foram movimentados 4,19 bilhões
em software, representando perto de 1,6% do mercado mundial. Os restantes 6,93
bilhões foram movimentados em serviços relacionados.
O cenário de 2007, segundo Associação Brasileira de Empresas de Software,
2008, indicava um crescimento médio anual do setor de software e serviços superior
a 10% até 2010. Também em 2007, a participação de programas de computador
desenvolvidos no país atingiu 33,6% do total do mercado brasileiro de software,
19
confirmando a importante tendência de crescimento que vinha sendo apontada
desde 2004, quando a participação era de 27%, e que poderá superar os 40% até o
final da década 2010. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE
SOFTWARE, 2008). Este último indicador corrobora com as estratégias apontadas
pelo Programa de Desenvolvimento Produtivo que estimulam as Empresas de
software a exportar nos próximos anos.
Ainda de acordo com Associação Brasileira de Empresas de Software, 2008,
em 2007, o mercado de software foi composto por 7.937 empresas dedicadas ao
desenvolvimento, produção e distribuição de software e de prestação de serviços.
Das empresas que atuam no desenvolvimento e produção de software, 94% são
classificadas como micro e pequenas empresas.
Dentro deste cenário, é necessário que as organizações desenvolvam
atividades de capacitação profissional, observando especificidades da própria
empresa, e alinhem as estratégias corporativas de acordo com o conceito de
educação corporativa. Isto é, as ações de capacitação e desenvolvimento
profissional dos colaboradores devem ser alinhadas aos objetivos da empresa; todo
o programa de treinamento e desenvolvimento das competências profissionais dos
colaboradores deveria ser planejado de acordo com os objetivos estratégicos e
resultados esperados pela organização (MEISTER, 1999; EBOLI, 2004).
1.1 Tema e problema de pesquisa
Ao explorar a literatura sobre educação corporativa no setor de software e
serviços, foram localizadas poucas referências que relatam os desafios enfrentados
por pequenas e médias empresas no que se refere a projetos desta ordem, como
também sobre o desenvolvimento de lideranças para uma maior profissionalização
da gestão em empresas do setor de software. Outro tema pertinente para a pesquisa
é o desenvolvimento de competências profissionais dos trabalhadores do setor de
software e serviços, especificamente da área técnica.
Observou-se, na análise dos trabalhos publicados, que a maioria dos estudos
acadêmicos apresentados até o momento estão voltados para a compreensão do
setor de software e serviços como um todo, através de estudos setoriais. Também
20
constatou-se que ainda são poucos os estudos acadêmicos com o objetivo de
pesquisar as nuances que compõem a gestão em nível empresarial no que tange,
especialmente, a gestão de recursos humanos e formação de pessoas, e
principalmente, no que se refere a educação corporativa em nível organizacional.
Nesse sentido, a necessidade de capacitar continuamente os profissionais
que atuam no setor de software e serviços, devido às mudanças constantes que a
área impõe, é um dos desafios apontados como prioritários para impulsionar a
competitividade do setor.
É nesta perspectiva que esta dissertação tem o objetivo de contribuir na
busca de conhecimentos para tentar responder à seguinte questão: quais são os
desafios enfrentados por pequenas e médias empresas do setor de software,
no Brasil, no processo de educação corporativa?
1.2 Delimitação do estudo e termos empregados
A pesquisa foi desenvolvida observando a realidade das pequenas e médias
empresas (PME’s) de software, conforme características descritas pelo Serviço de
Apoio a Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e de acordo com o número de
funcionários destas organizações. São consideradas pequenas empresas aquelas
que possuem de dez a 49 colaboradores, e médias empresas aquelas que possuem
de 50 até 99 funcionários (SEBRAE, 2007).
Para tanto, foram investigadas informações e dados que abordam a forma
pela qual a pequena e a média empresa realizam a gestão estratégica e do negócio,
a gestão de pessoas, processos de educação corporativa e comunicação interna
nessas organizações.
Quanto ao conceito de educação corporativa, são observados termos que se
confundem na literatura: Educação Corporativa e Universidade Corporativa. A
expressão Universidade Corporativa (MEISTER, 1999) compreende uma ferramenta
ou metodologia que compõe a educação corporativa, visto que neste espaço são
desenvolvidas ações de educação continuada dos trabalhadores conforme
planejamento da empresa.
21
Segundo Meister (1999), Educação Corporativa é um conjunto de ações que
proporciona o desenvolvimento de competências profissionais dos trabalhadores,
tendo como foco a realização de atividades de maneira continuada, dentre elas a
metodologia de universidade corporativa, como fomentador das estratégias
organizacionais com foco para o resultado (MEISTER, 1999; EBOLI, 2004). Para
esta pesquisa, adotou-se o conceito de educação corporativa conforme ações de
educação continuada de trabalhadores com foco para o resultado estabelecido pela
estratégia da organização. (MEISTER, 1999; EBOLI, 2004).
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Identificar e analisar os desafios enfrentados por pequenas e médias
empresas do setor de software e serviços associados, no Brasil, no processo de
educação corporativa.
1.3.2 Objetivos específicos:
a) identificar as características do setor pesquisado em relação à
qualificação profissional demandada dos seus profissionais;
b) identificar e analisar os desafios para a educação corporativa enfrentados
no setor pesquisado;
c) identificar, na literatura, modelos ou práticas de educação corporativa que
sejam adequadas à realidade das empresas e do setor pesquisado;
d) discutir, com base nos dados coletados, possíveis soluções para a
problemática abordada e propor uma agenda de pesquisas futuras sobre
a mesma.
22
Para o desenvolvimento do estudo proposto, como também para o
atendimento aos objetivos estabelecidos, adotou-se a metodologia de pesquisa-ação
em uma empresa de porte médio pertencente ao setor de software e serviços, além
de entrevistas com representantes de Entidades Setoriais, conforme será detalhado
no capítulo 4 - Metodologia.
1.4 Justificativa
A pesquisa foi motivada por uma carência de estudos acadêmicos no Brasil
sobre a qualificação de profissionais e empresas do setor de software e serviços
associados. Esse fato é preocupante se considerados o crescimento do setor, o
avanço e a complexidade que os profissionais enfrentam no dia-a-dia de trabalho.
No que diz respeito à bibliografia, verificou-se a carência de estudos acadêmicos
com foco em gestão (de forma geral) e gestão de recursos humanos (de forma
particular) nas empresas do setor de software. Diante de tal contexto, justifica-se o
estudo ora proposto, uma vez que existe a necessidade de uma gestão
profissionalizada e qualificada para atender às necessidades e complexidades da
qualificação dos profissionais e empresas da área, vinculados a uma visão
estratégica de educação corporativa (KAPLAN; NORTON, 2000; MINTZBERG,
2000; MEISTER, 1999; EBOLI, 2004).
Ao realizar a presente pesquisa, determinou-se como objetivo geral identificar
e analisar os desafios enfrentados pelas PME’s do setor de software no Brasil haja
vista a participação dessas empresas no mercado brasileiro e mundial. Conforme
investimentos do governo federal na consolidação dessas empresas, o presente
estudo visa contribuir com conhecimentos relativos à melhor organização dos
processos de gestão e de recursos humanos focados na estratégia de
competitividade e conquista de mercado do setor.
A identificação das características do setor de software, por meio desta
pesquisa, em relação à qualificação profissional demandada, tende a contribuir em
relação ao mapeamento das atividades desenvolvidas no que tange aos desafios
enfrentados pelas empresas quanto à educação corporativa e quanto à gestão de
recursos humanos, especialmente no que se refere a uma política de
23
desenvolvimento e retenção de profissionais em contrapartida ao turnover, visto que
neste setor o mercado demanda profissionais qualificados e de difícil retenção
devido a altos salários e oportunidades de crescimento profissional (COVEY, 2003;
DALL’ALBA; SANDBERG, 1996; MEISTER, 1999; EBOLI, 2004).
De acordo com os dados da consultoria de negócios em tecnologia
International Data Corporation (IDC), até 2009 serão geradas 15 mil vagas de
empregos para profissionais que atuam em desenvolvimento de software no Brasil, o
que fortalece o cenário de alteração destes trabalhadores entre as empresas do
setor, uma vez que há uma limitação de oferta de novos profissionais devido à falta
de mão-de-obra qualificada.
Para dar suporte a esta análise, o trabalho se propõe a identificar, na
literatura, modelos ou práticas de educação corporativa que sejam adequadas à
realidade das empresas e do setor de software, visto a especificidade enfrentada
quanto à dinamicidade do mercado.
Nesse sentido, esta pesquisa pretende auxiliar as empresas do setor de
software e serviços associados, fornecendo elementos teóricos e práticos que
subsidiem as práticas de gestão estratégica e de educação corporativa visando
proporcionar uma efetiva qualificação profissional dos colaboradores, numa
perspectiva de desenvolvimento de competências e de aprendizagem contínua.
Para tal, esta dissertação está estruturada observando-se cinco capítulos:
Capítulo 1 Introdução já apresentada.
Capítulo 2 Referencial teórico por meio da reflexão sobre os temas
fundamentais desta pesquisa: Gestão Estratégica de Pessoas, Educação
Corporativa, Desenvolvimento de Competências Profissionais, Comunidades de
Prática e uma Análise do Setor de Software através de dados publicados pertinentes
ao setor no Brasil, tais como o grau de profissionalização e características de
gestão, bem como perfil da qualificação profissional.
Capítulo 3 Procedimentos Metodológicos. Neste capítulo serão apresenta-
dos o contexto de pesquisa e as técnicas utilizadas quanto à coleta e à análise dos
dados.
Capítulo 4 Neste capítulo serão apresentados os resultados provenientes
das análises dos dados obtidos quando da realização das entrevistas com as
Entidades Setoriais e o desenvolvimento da pesquisa-ação na empresa pesquisada.
24
Capítulo 5 Por fim, este capítulo tem o objetivo de apresentar as conclusões
e limitações da pesquisa, bem como recomendações para a universidade, empresas
além de sugestões de temas para trabalhos futuros.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para que se possa fazer uma leitura mais consistente do foco desta pesquisa,
o referencial teórico que compõe este trabalho foi organizado observando a seguinte
sequência:
Primeiramente será abordada a concepção de Gestão Estratégica de
Pessoas, no intuito de apresentar uma visão abrangente desta área, verificando
como as empresas estão se adaptando às tendências de administração de recursos
humanos voltados para a gestão de competências.
A seguir, serão apresentados os conceitos de Educação Corporativa como
estratégia para o Desenvolvimento de Competências profissionais, foco deste
trabalho. Na seção 2.4 será abordado o conceito de Comunidades de Prática como
uma das possíveis estratégias de educação corporativa para o Setor de Software e
Serviços.
2.1 Gestão estratégica de pessoas
A gestão de pessoas tem passado por várias mudanças na última década
quanto ao foco de atuação da administração de recursos humanos e quanto à sua
representatividade junto às organizações (ALBUQUERQUE; FISCHER, 2000),
devido a uma dicotomia: a área de recursos humanos (RH) possui o papel de apoio
aos administradores ou é vista como elemento estratégico para as organizações?
De acordo com Albuquerque e Oliveira (2001, p. 13), a gestão de pessoas
passou a ter “[...] um novo conceito quanto à administração de recursos humanos,
criando um novo sistema, no qual essa gestão passa a ser desenvolvida por meio do
conceito de competência profissional”, isto é, o indivíduo é compreendido pela
capacidade que possui em articular conhecimentos técnicos, habilidades e atitudes
com as atividades que realiza (LE BOTERF, 2003; ZARIFIAN, 2003), dando sentido
ao trabalho desenvolvido na empresa (SANDBERG; DALL´ALBA, 1997).
Essa gestão por competências profissionais, segundo Albuquerque e Oliveira
(2001), substitui a estrutura de gestão de pessoas baseada em modelos de divisão
26
de trabalho por cargos apresentados por Taylor (2006), por um modelo baseado nas
competências individuais proposto por Zarifian (2003), no qual são definidas funções
a partir das competências essenciais determinadas pela empresa, considerando a
participação dos trabalhadores de fundamental importância para a implementação
da estratégia organizacional e para a criação de vantagem competitiva (LAWLER III,
1998 apud ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2001).
A crescente utilização da noção de “competência” no ambiente empresarial
brasileiro tem renovado o interesse sobre esse conceito. Seja sob uma
perspectiva mais estratégica (competências organizacionais, competências
essenciais), seja sob uma configuração mais específica de práticas
associadas à gestão de pessoas (seleção, desenvolvimento, avaliação e
remuneração por competências), o que é certo é que a noção de
competência tem aparecido como importante referência dentre os princípios
e práticas de gestão no Brasil. (RUAS, 2005, p. 36)
Conforme a pesquisa DELPHI RH 2010 - Tendências em Gestão de Pessoas
nas empresas, realizada por Albuquerque e Fischer (2000), a gestão de pessoas é
um processo contínuo e estratégico e que utiliza o modelo de gestão por
competências, sendo o mesmo validado por 96% das empresas pesquisadas.
Albuquerque e Oliveira (2001) afirmam que as pessoas devem ser vistas
como agentes de transformação, parceiros do desenvolvimento da empresa. Nesse
sentido, a gestão de pessoas deve ser compreendida como articulação de
estratégias para atrair, desenvolver e reter profissionais necessários para o
desenvolvimento das atividades de trabalho das organizações.
Compreender as pessoas como parte da estratégia da organização é um dos
desafios das empresas atualmente. Para Mintzberg (2000, p. 196), “a formação de
estratégia é um processo de interação social, baseado nas crenças e nas
interpretações comuns aos membros de uma organização”, ou seja, para que os
objetivos organizacionais sejam alcançados as pessoas que compõem a estratégia
necessitam estar ciente da sua participação e do desenvolvimento por ela
promovido:
27
Um indivíduo adquire essas crenças (estratégia) através de um processo de
aculturação ou socialização, o qual é em grande parte tácito e não-verbal,
embora seja, às vezes, reforçado por uma doutrina mais formal.
(MINTZBERG, 2000, p. 197).
Portanto, desenvolver e capacitar as pessoas para o conhecimento da
estratégia organizacional favorece a ampliação da visão sistêmica do trabalhador
quanto ao sentido de seu trabalho em relação ao todo da organização e consolida a
atuação dos trabalhadores sob a orientação da missão, visão e princípios cultuados
pela empresa.
A pesquisa DELPHI 2010, realizada por Albuquerque e Fischer (2000), já
apontava a tendência de 96% das empresas pesquisadas em utilizar metodologias
de educação corporativa para atender processos de desenvolvimento de pessoas
com foco para a estratégia organizacional.
Nesse contexto, Eboli (2004) afirma que a educação corporativa pode ser
apresentada como uma ferramenta utilizada na gestão de pessoas como elemento
estratégico para desenvolvimento das competências profissionais e organizacionais,
alinhando os objetivos da empresa com os resultados que se pretende alcançar,
fortalecendo, desta forma, a competência organizacional e gerando uma visão
coletiva da empresa em relação ao foco do negócio.
Na seção a seguir, o conceito de educação corporativa será apresentado com
maior profundidade de acordo com a visão das autoras Eboli (2004) e Meister
(1999). Serão abordadas também práticas e tecnologias utilizadas para o
desenvolvimento dessa metodologia de capacitação nas empresas voltadas para o
desenvolvimento das pessoas.
2.2 Educação corporativa
Essa seção tem o objetivo de discutir o conceito de educação corporativa
como ferramenta para o desenvolvimento de competências profissionais e
organizacionais.
28
2.2.1 Conceito de Educação Corporativa
Entende-se por educação corporativa a concretização de ações educacionais
que a empresa desenvolve a fim de assegurar que todos os participantes da cadeia
de valor (funcionários, parceiros, fornecedores, clientes) possam desenvolver as
competências profissionais necessárias voltadas para a concretização da estratégia
organizacional, o foco do negócio (MEISTER, 1999).
Para Meister (1999), há uma mudança de paradigma referente à
aprendizagem corporativa, passando o processo de ensino e aprendizagem do
trabalhador de espectador para promotor do seu próprio conhecimento, no qual o
foco do treinamento passa a ser o alinhamento entre a necessidade de
conhecimentos a serem aprendidos com a aplicação dos mesmos na prática do
trabalho, dando sentido à aprendizagem através da interação social e de atividades
que promovam a educação continuada dos trabalhadores (MEISTER, 1999;
DALL’ALBA; SANDBERG, 1996; EBOLI, 2004).
De acordo com o pensamento de Vygotsky (1987), a interação é entendida
como a troca de conhecimentos que os indivíduos realizam por meio de uma relação
social. Ou seja, na educação corporativa, os participantes que fazem parte do grupo
têm a oportunidade trocar conhecimentos e experiências que poderão contribuir para
o crescimento dos demais.
O conceito de educação corporativa, conforme Meister (1999), visa
proporcionar aprendizagem de uma maneira compartilhada, auxiliando as
organizações a compreenderem melhor o sentido do trabalho aliado ao
conhecimento construído no decorrer dos estudos realizados, para o qual é
transferido o conceito de departamento de treinamento para o conceito de educação
corporativa (Figura 1):
29
Departamento de
Treinamento
Educação
Corporativa
Reativo Foco Pró-ativo
Fragmentada & Descentralizada Organização Coesa & centralizada
Tático Alcance Estratégico
Pouco/Nenhum Endosso/Responsabilidade Administração e funcionários
Instrutor Apresentação Experiência com várias tecnologias
Diretor de Treinamento Responsável Gerentes de Unidades de Negócios
Público-alvo amplo/profundidade
limitada
Audiência
Currículo personalizado por
famílias de cargo
Inscrições abertas Inscrições Aprendizagem no momento certo
Aumento das qualificações
profissionais
Resultado
Aumento no desempenho do
trabalho
Opera como função administrativa Operação
Opera como Unidade de Negócios
(centro de custos)
“Vá para o treinamento” Imagem
“Universidade como metáfora de
aprendizado”.
Ditado pelo departamento de
treinamento
Marketing Venda sob consulta
Figura 1 Principais componentes da aprendizagem baseada no desempenho.
Fonte: Meister (1999).
Entretanto, Meister (1999) afirma que a força principal que impulsiona os
projetos de educação corporativa está na liderança executiva, pois é por intermédio
do incentivo constante e na crença do desenvolvimento contínuo que os resultados
acontecem. O fato de oportunizar capacitações formais aos trabalhadores de todos
os níveis da empresa, principalmente no que se refere aos elementos estratégicos
valores, crenças e na cultura organizacional , visam à garantia da disseminação do
conhecimento a fim de promover a estratégia da organização e proporcionar aos
funcionários um conhecimento mais amplo e aprofundado do contexto no qual a
empresa opera (MEISTER, 1999; DALL’ALBA; SANDBERG, 1996).
Para Eboli (2004), a educação pode ser compreendida como uma ação
prática, experiência e realidade vivida. Esse mesmo processo, somado com a
interação social (VYGOTSKY, 1987), proporciona aos trabalhadores uma maior
abrangência de conhecimentos compartilhados, visto que o perfil profissional
desejado atualmente é aquele em que o indivíduo apresente competências,
30
habilidades e atitudes por meio de ações pró-ativas e com a capacidade de resolver
problemas e perceber oportunidades de crescimento e inovação.
Este perfil moderno, segundo Eboli (2004), é o perfil desejado para os
profissionais das empresas para as quais são definidas competências pessoais em
que o individuo seja capaz de manter-se informado, ser participativo, dinâmico e
corajoso, independente, autônomo, aberto a mudanças e à aprendizagem contínua.
Ainda segundo Eboli (2004), a capacidade pessoal do indivíduo é válvula
propulsora para a aprendizagem, uma vez que a motivação para sua própria
autoaprendizagem e autotransformação é o princípio para as mudanças no contexto
que vivencia de forma que as ações que promove sejam integradas e
interconectadas em todas as esferas da interação, ou seja, na organização onde
trabalha, na sociedade e com os indivíduos (EBOLI, 2004; VIGOTSKY, 1987).
Nesse sentido, Eboli (2004) apresenta, na figura 2, os elementos
fundamentais para a fomentação da educação corporativa nas organizações sob a
óptica das empresas, da gestão de pessoas e do indivíduo. Nela é possível
visualizar a importância dada às três dimensões: empresa, gestão de pessoas e
indivíduos, já que as empresas necessitam valorizar a disseminação da estratégia
organizacional e o foco para o resultado, tendo sido, dessa forma, desenvolvidas as
competências empresariais.
Na segunda linha da figura 2, o foco é a gestão de pessoas por meio da
importância da promoção da identidade cultural da organização, com foco para a
atuação e avaliação por competências profissionais. A terceira linha da figura
enfatiza a importância do ser humano como indivíduo seus sonhos e perspectivas.
Para Eboli (2004) a interação entre os três elementos visa à conectividade de
interesses dos três elementos, gerando, consequentemente, a competitividade dos
atores envolvidos. Um elemento fortalece a ação do outro.
[...] as organizações precisam consolidar e disseminar seus valores e
princípios básicos de forma consistente, para que eles sejam incorporados
pelas pessoas, tornando-se norteadores de seu comportamento e
permitindo o direcionamento entre objetivos e valores individuais e
organizacionais, construindo-se, assim, a identidade cultural. (EBOLI, 2004,
p. 43).
31
Figura 2 - Educação Corporativa: conectividade & competitividade.
Fonte: Eboli (2004).
Para tanto, Eboli (2004) considera importante a estruturação de um sistema
que proporcione ações, no qual a área de gestão de pessoas seja vista como
elemento estratégico da organização e não mero apoio da direção da empresa.
Essa área tem a incumbência de proporcionar momentos de aprendizagem coletiva
e individual, por meio da escolha das melhores práticas e tecnologias, as quais
devem estar em sintonia com a realidade da empresa, principalmente em relação ao
cumprimento dos objetivos de capacitar os trabalhadores na visão sistêmica e para a
conquista dos resultados esperados.
Eboli (2004) afirma que existe a aproximação entre o conceito de educação
corporativa e o conceito de gestão por competências devido à forma prática de
interação entre os dois conceitos. De acordo com a autora, é por meio da interação
entre esses dois conceitos macros que a empresa construirá suas competências
críticas, as quais a diferenciará estrategicamente no mercado (Figura 3).
Visão
Missão
Estratégias
IdEntidades
Cultural
Objetivos e
Sonhos
Individuais
Competências
Empresariais
Atuação por
Competência
Competências
Humanas
Resultados do
Negócio
Métrica dos
Resultados
Performance
Individual
Conectividade &Competitividade
32
Figura 3 Educação corporativa: articulando os conceitos de competências, gestão do conhecimento e
aprendizagem.
Fonte: EBOLI, 2004, p. 52.
Na visão de Eboli (2004), não é por coincidência que as empresas estejam
investindo em gestão de competências e gestão do conhecimento. Segundo ela, a
competitividade do mercado é superior às expectativas da organização. Isso gera a
necessidade de educação continuada dos profissionais para encontrar alternativas
de inovação com vistas à manutenção/sobrevivência da empresa no segmento em
que atua.
A competência, conforme explicita Eboli (2004), é composta pela
conectividade entre o saber fazer articulação de conhecimentos, conceitos e
teorias; o poder fazer habilidades e capacidade para colocar em prática os
conhecimentos; e o querer fazer atitudes, posturas e ações na criação de uma
cultura organizacional propícia para a educação corporativa.
Nesse sentido, a educação corporativa está sendo difundida nos últimos anos
por intermédio de diferentes tipos de atividades, sejam elas presenciais, por meio de
treinamentos, fóruns, cursos, palestras ou via Educação a Distância (EAD). Segundo
Educação Corporativa
Para aumentar a competitividade e o valor de mercado da empresa por meio do
aumento do valor das pessoas.
Por que fazer?
Educação
Corporativa
O que fazer? Como fazer?
Estimular e potencializar a
inteligência empresarial
Instalar mentalidade de atitude
de aprendizagem contínua em
todos os níveis: empresa,
lideranças e pessoas.
33
Meister (1999), as tecnologias que podem contribuir para o processo de ensino e de
aprendizagem organizacional são:
a) aprendizagem via satélite: a aprendizagem via satélite permite treinar
um grande número de funcionários em um período menor de tempo. O
treinamento poderá ocorrer simultaneamente alcançando diferentes
localizações geográficas e permite interação em tempo real com os
instrutores do treinamento;
b) aprendizagem multimídia: a aprendizagem multimídia consiste em
oferecer soluções para que os ambientes de trabalho, por meio do
computador que o funcionário utiliza, tornem-se espaço de
aprendizagem com a utilização de ferramentas como vídeos, áudios,
gráficos, animações que possam facilitar sua aprendizagem;
c) tecnologias de aprendizagem cooperativa: as tecnologias de
aprendizagem cooperativa consistem na utilização de softwares ou
banco de dados, nos quais os profissionais compartilham
conhecimentos e desafios a serem superados. Nesses ambientes, a
cooperação e a troca de experiências são de fundamental importância,
uma vez que as dúvidas e sucessos são fonte de crescimento e
evolução do conhecimento. Nesse sentido, o conceito desta tecnologia
vem ao encontro do conceito de Comunidades de Prática, o qual será
apresentado posteriormente, no item 2.4;
d) Banco de dados de conhecimento da intranet: os bancos de dados de
conhecimento “permitem aos trabalhadores comunicar e compartilhar
informações e conselhos virtualmente, pela internet” (MEISTER, 1999,
p.147), com o objetivo de aperfeiçoar a prática da empresa,
solucionando problemas atuais e minimizando problemas futuros;
e) Aprendizagem via web: a aprendizagem via internet consiste em
proporcionar um ambiente de aprendizagem exclusivo, que atenda a
necessidade da organização na web, a fim de facilitar a pesquisa on-
line, o compartilhamento de experiências de sucesso, armazenar dicas e
ferramentas que poderão ser utilizadas de maneira coletiva pelos
participantes do treinamento. As atualizações do conhecimento são
constantes, já que as ferramentas são utilizadas em tempo real;
34
f) Campus virtual: o campus virtual consiste em um ambiente virtual de
aprendizagem, mas em tempo real, usando a intranet ou internet para
oferecer programas educativos e informações adaptadas às
necessidades do aluno.
A educação corporativa tem o objetivo de aperfeiçoar as competências
organizacionais e individuais dos profissionais a fim de consolidar a estratégia da
empresa.
Entretanto, para que isso ocorra de forma efetiva, Eboli (2004) afirma que o
mapeamento das competências organizacionais e individuais é essencial para o
aprendizado corporativo.
A seção a seguir tem o objetivo de discutir o conceito de desenvolvimento de
competências e a sua contribuição para a educação corporativa.
2.3 Desenvolvimento de competências
A crescente utilização do termo competência no contexto empresarial tem
renovado constantemente o interesse pelo tema, visto que o perfil profissional dos
trabalhadores atualmente é a gestão de pessoas neste enfoque, no qual são
priorizadas as definições de papéis de cada profissional em relação aos objetivos da
organização.
2.3.1 O que são competências?
Competência (s. f.) vem do latim Competentia e significa “colocar em prática o
que se sabe, em um determinado contexto” (SHIGUNOV NETO; DENCKER;
CAMPOS, 2006, p. 97). Nesse sentido, competência é a habilidade de transpor para
a prática diária do trabalho o conhecimento adquirido por meio da experiência de
vida de modo a promover novos conhecimentos e atitudes que favoreçam o
aprendizado pessoal e, consequentemente, da organização.
35
De acordo com a Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI,
UNESCO (2006), o avanço tecnológico exige novas formas de atuação das pessoas
e, inevitavelmente, necessita do aperfeiçoamento das qualificações para atender às
mudanças provenientes deste contexto.
Um dos primeiros desafios encontrados no mundo globalizado são a
adaptação e a constante reinvenção das empresas frente ao cenário mundial de
competitividade e concorrência empresarial, que para o setor de software e serviços
ultrapassa fronteiras físicas, ou seja, o e-commerce exige dessas organizações
competências de conhecer além a si próprio, mas também os concorrentes de sua
localidade e de outros países de maneira virtual.
Para Le Bortef (2003), a competência pode ser classificada em três níveis que
se complementam: a individual, a coletiva e a organizacional.
A competência individual caracteriza-se “pelos conhecimentos, habilidades,
qualidades, experiências, capacidades cognitivas, recursos emocionais ”[...] de cada
pessoa”. (LE BORTEF, 2003, p. 12).
competência coletiva caracteriza-se pela “articulação e sinergia entre as
competências individuais e as redes híbridas de competências (pessoas,
equipamentos, sinais, etc.).” (LE BORTEF, 2003, p. 14).
Por fim, a competência organizacional “é o resultado da combinação das
competências dos indivíduos, de seu profissionalismo e das competências coletivas
das unidades e equipes.” (LE BORTEF, 2003, p. 13).
Le Bortef (2003) afirma, ainda, que competência não é um acúmulo de
conhecimentos, mas sim um saber combinatório dos elementos que a constituem, ou
seja, a essência da competência está em saber articular esses elementos perante as
situações complexas do cotidiano, sejam elas em nível individual, coletivo ou
organizacional. (LE BORTEF, 2003 ; EBOLI, 2004).
De acordo com Le Bortef (2003), Zarifian (2003) e Dall’Alba e Sandberg
(1996), o desenvolvimento profissional é uma obrigação do indivíduo e também da
empresa. Para cada autor uma visão sobre o conceito é proposta, não havendo
consenso sobre uma definição única, o que amplia as possibilidades de estudo e
discussão sobre o tema.
Enquanto que para Le Bortef (2003) a competência profissional provém do
indivíduo, Zarifian (2003) afirma que a competência é resultado da articulação de
conhecimentos e experiências. Já segundo Dall’Alba e Sandberg (1996), a
36
competência é resultado da articulação de conhecimentos com a prática diária do
trabalho.
A competência profissional é uma combinação de conhecimentos, de saber-
fazer, de experiências e comportamentos que se exercem em um contexto
preciso. Ela é constatada quando de sua utilização em situação profissional
a partir da qual é passível de avaliação. Compete então à empresa
identificá-la, avaliá-la, validá-la e fazê-la evoluir (ZARIFIAN, 2001, p. 66).
O profissional reconhecido como competente é aquele que sabe agir com
competência.“ (LE BORTEF, 2003, p.11). [...] o profissional deve não
somente saber executar o que é prescrito, mas deve saber ir além do
prescrito.” (LE BORTEF, 2003, p.38).
A noção de competência é construída a partir do significado do trabalho.
(SANDBERG; DALL’ALBA, 2005).
Nesse sentido, o perfil profissional que as organizações buscam no mercado
está relacionado basicamente no comportamento que o indivíduo apresenta quanto
à adversidade do cotidiano do trabalho.
Cada vez mais as empresas valorizam um perfil profissional cujas atitudes e
habilidades favoreçam a estratégia da organização, ou seja, profissionais que
tenham atitudes pró-ativas. Profissionais que auxiliem as organizações a terem uma
postura criativa e inovadora, deixando, muitas vezes, o conhecimento técnico em
segundo plano, uma vez que o mesmo poderá ser desenvolvido pela própria
organização no decorrer do tempo de trabalho do indivíduo na empresa.
O desafio de colocar os conceitos de competências na prática é outro grande
elemento a ser discutido no decorrer deste estudo, pois aproximar as expectativas
dos profissionais às expectativas da empresa é criar uma nova cultura
organizacional (EBOLI, 2004; SANDBERG; DALL’ALBA, 1996).
Para Meister (1999), as empresas atualmente buscam diagnosticar nos
trabalhadores competências essenciais que venham ao encontro das estratégias
organizacionais e que os indivíduos demonstrem flexibilidade, comunicação,
abertura a mudanças e ao aprendizado contínuo. De acordo com a autora, algumas
competências podem ser destacadas:
37
a) aprendendo a aprender:
Os trabalhadores de hoje necessitam aplicar o conhecimento existente a
novas situações, esclarecendo dúvidas, pensando criativamente para
gerar novas oportunidades de melhoria e novas opções. Espera-se que o
indivíduo tenha a capacidade de retirar, de cada experiência,
aprendizagens contínuas, incorporando-as na sua vida pessoal e
profissional. (MEISTER, 1999).
b) comunicação e colaboração:
No cenário atual, trabalhar em equipe é essencial. Sendo assim, as
competências da comunicação e da colaboração não são mais tidas como
um diferencial competitivo do bom profissional, mas sim vistas como
habilidades necessárias. Tais competências devem estar bem
desenvolvidas “a fim de compartilhar boas práticas em toda a organização
e se relacionar com clientes, fornecedores e principais integrantes da
cadeia de valor.” (MEISTER, 1999, p. 14).
c) raciocínio criativo e resolução de problemas:
A rapidez e a agilidade no atendimento de demandas para proporcionar
resposta rápida ao cliente e ao mercado estão fazendo com que os
profissionais desenvolvam habilidades, como pensar criativamente em
busca de alternativas, e solucionem problemas com autonomia e
liderança. “Esse tipo de ambiente requer que os funcionários ultrapassem
os dados superficiais para criar soluções inovadoras para problemas
inesperados.” (MEISTER, 1999, p. 14).
d) conhecimento tecnológico:
O mundo globalizado trouxe novos desafios para os profissionais e
empresas no cenário do século XXI. Estar atento às novas tecnologias e
acompanhar as mudanças são essenciais para a contínua integração do
indivíduo no ambiente virtual que hoje se apresenta. A rede de
computadores proporciona contatos com o mundo todo, e a empresa para
se manter viva no mercado competitivo busca se atualizar no sentido de
encontrar novas oportunidades de negócio e crescimento sustentável. O
profissional que compreende essa nova lógica compartilha conhecimentos
e cresce em parceria com sua rede de relacionamentos. “A ênfase está
38
em usar um equipamento de informação que o conecte com os membros
de suas equipes ao redor do mundo.” (MEISTER, 1999, p. 14).
e) conhecimentos de negócios globais:
Como já comentado, a globalização do mercado desafiou os profissionais
a conhecerem as culturas mundiais a fim de compreenderem as diferentes
formas de relacionamento entre as pessoas. No conhecimento de
negócios não é nada diferente, pois abrir novas oportunidades ou
consolidar ações requer habilidade de conhecer a cultura local em que a
empresa deseja atuar, a fim de agregar valor para a organização e atender
aos requisitos legais e comerciais dos países com os quais se pretende
trabalhar.
f) desenvolvimento de liderança:
A organização do século XXI, encoraja todos os colaboradores da
empresa a serem “agentes ativos de mudança, em lugar de receptores
passivos de instruções.” (MEISTER, 1999, p. 15). Para a autora a
liderança executiva é inspiradora dos liderados e proporciona formas para
que os colaboradores compartilhem responsabilidades e sinalizem
melhorias e mudanças para a organização.
g) autogerenciamento da carreira:
Segundo Meister (1999), os profissionais necessitam compreender que é
importante autogerenciarem suas carreiras a fim de atenderem às
necessidades do mercado atual e do futuro. “A capacidade de gerenciar a
própria carreira é agora considerada uma competência adquirida e
necessária para todas as outras competências exigidas no ambiente dos
negócios.” (MEISTER, 1999, p. 16).
Tratadas algumas questões referentes ao conceito de competências, a
subseção a seguir tem o propósito de discutir o tema de gestão de competências e
os desafios encontrados pelas empresas na prática cotidiana do trabalho.
39
2.3.2 Gestão de competências
A abordagem de gestão de competências dentro de uma organização começa
a ganhar valor a partir do momento em que a empresa incorpora uma visão
sistêmica sobre a inter-relação do capital intelectual (indivíduos) associado aos
outros elementos administrativos da organização (gestão de processos, gestão de
infraestrutura, gestão financeira, gestão mercadológica, etc).
Para Bitencourt (2001), a gestão de competências trata-se de uma
abordagem dinâmica, a qual privilegia um conjunto de fatores que pode ser
compreendido como:
Um processo contínuo e articulado de formação e desenvolvimento de
conhecimentos, habilidades e atitudes de gestores a partir da interação com
outras pessoas no ambiente de trabalho, tendo em vista o aprimoramento
de sua capacitação, podendo, dessa forma, adicionar valor às atividades da
organização e da sociedade. (BITENCOURT, 2001, p. 30).
Nesse sentido, a prioridade está na associação das competências
profissionais de cada trabalhador com a competência da organização, visto que o
conhecimento compartilhado favorece a evolução de saberes e conhecimentos
mútuos (DALL’ALBA; SANDBERG, 1996; VYGOTSKY, 1987).
De acordo com Bitencourt (2001), o ponto fundamental do desenvolvimento
de competência está na diferenciação do saber-fazer para o saber-agir. Isto é, está
na apropriação do conhecimento por parte do indivíduo, já que é a partir deste
instante que a articulação de seus conhecimentos irá interagir com as necessidades
da organização.
A capacidade de mapear as competências críticas da organização é o grande
ponto desta abordagem, ou seja, encontrar formas de verificar os elementos
necessários que precisam de aperfeiçoamento para que possam garantir a
competência essencial da empresa.
Já segundo Eboli (2004), para que a educação corporativa auxilie no
desenvolvimento de competências individuais e organizacionais é importante que os
profissionais estejam envolvidos e motivados para o processo de aprendizagem.
40
Para tanto, é importante um ambiente propício para a aprendizagem, para a
disseminação de conhecimentos e de valores organizacionais.
O desafio de desenvolver competências profissionais e organizacionais e
oportunizar consistência de ação nas empresas é o tema de discussão da próxima
subseção.
2.3.3 Processo de desenvolvimento de competências
No atual contexto socioeconômico, os recursos intangíveis tornaram-se a
principal fonte de vantagem competitiva para as empresas. A exigência de novas
ferramentas, que descrevam o conhecimento organizacional por meio de estratégias
como diferencial competitivo e que sejam criadoras de valor, é essencial para as
empresas que atuam no mercado globalizado.
Sendo assim, o desenvolvimento de competências profissionais como
diferencial competitivo na empresa, com uma perspectiva de oportunizar valor
agregado aos sujeitos envolvidos no processo (empresa e profissionais), tem como
objetivo interligar dois fatores importantes para qualquer organização: aumento de
produção com baixo custo de investimento fortalecendo a cultura, e a identidade
organizacional (EBOLI, 2004; MEISTER, 1999).
Segundo o Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos, (2007, p.
20), “as pessoas ao aprenderem utilizam o conhecimento adquirido em outros
cenários vivenciados numa dinâmica de transferência de conhecimentos.” Isto é, ao
assimilarem o conhecimento, utilizam-no em outros espaços a fim de
contextualizarem o saber aprendido em relação às ações que presenciam e/ou
executam. Segundo o Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos (2007), a
tecnologia emergente está sendo utilizada como ferramenta para que as pessoas
intensifiquem seu processo de aprendizagem.
Os estudos de psicologia social, de psicologia cognitiva e de antropologia
evidenciam que toda aprendizagem acontece em cenários que apresentam
conjuntos específicos de norma e expectativas culturais e sociais, e que
esses cenários influenciam a aprendizagem e a transferência de
maneira.(CONSELHO NACIONAL DE PESQUISA DOS ESTADOS
UNIDOS, 2007, p.20).
41
Dall’Alba e Sandberg (1996) apresentam uma estrutura para o
desenvolvimento de competências de modo que o indivíduo tenha uma
compreensão circular sobre o aperfeiçoamento ou aprofundamento das experiências
e conhecimentos vivenciados. Para os autores, o círculo refere-se a relações
dialéticas entre parte todo; o todo só pode ser entendido pelo domínio das partes,
e as partes só podem ser entendidas em relação ao todo.
Nesse contexto, o pré-entendimento sobre o trabalho que o indivíduo
desempenhará, irá auxiliá-lo na compreensão do contexto social no qual está
inserido e vice e versa, fazendo com que haja sentido entre as ações que executa
em relação às atividades e o ambiente em que atua. Portanto, o círculo tem
relevância tanto para uma nova forma de vivenciar a prática quanto para o
aprofundamento de uma prática já conhecida pelo indivíduo.
Ainda conforme Sandberg e Dall’Alba (2005, p. 8), “a essência do trabalho
está no sentido da compreensão que o indivíduo tem sobre sua ação e o resultado
que ele proporciona à organização”, isto é, compreendendo sua importância para a
organização, o indivíduo terá consciência de qual é sua participação em
produtividade e competitividade para a empresa da qual faz parte.
Todavia, para que haja a concretização do círculo para o desenvolvimento da
competência, o indivíduo precisa vivenciar algumas etapas, sendo que uma das
mais importantes é o diálogo reflexivo, no qual a troca entre seus pares fará com que
reavalie sua prática profissional e encontre novas formas de crescimento
(DALL’ALBA; SANDBERG, 1997; EBOLI, 2004).
Sandberg e Dall’Alba (2005, p. 9) afirmam que o objetivo dessa ação é
proporcionar reforço ou renovação das competências por meio da reflexão, sem a
qual não há possibilidade de questionar a circularidade e, consequentemente, o
aprofundamento e a ampliação da competência.
Reflexão é uma condição básica para o desenvolvimento de competência e
esta acontece principalmente de maneira circular, porque o
desenvolvimento de algo é baseado numa pré-compreensão já existente
através da experiência vivenciada pelo indivíduo. (SANDBERG;
DALL’ALBA, 2005, p. 9).
42
De acordo com Dall’Alba e Sandberg (1996), refletir não é uma ação comum
para as pessoas, pois requer distanciamento e autoavaliação de atitudes e
conhecimentos. Entretanto, somente agindo desta forma o indivíduo avaliará e
analisará claramente as situações vivenciadas e compreenderá as mudanças
necessárias para o melhor desenvolvimento das competências desenvolvidas.
Nesse sentido, Bengtsson (1993), apud Dall’Alba e Sandberg (1996), atesta
que a reflexão possui três formas básicas:
a) autorreflexão,
b) diálogo reflexivo;
c) pesquisa.
A autorreflexão significa avaliar seu próprio desempenho. O diálogo reflexivo
propõe o aumento da consciência da compreensão do indivíduo mediante a
competência do seu trabalho. Para Dall’Alba e Sandberg (1996), o diálogo reflexivo
é muito importante, uma vez que a possibilidade de construção coletiva favorece o
crescimento de todos os indivíduos envolvidos no processo, ampliando, desta forma,
a aprendizagem organizacional.
A pesquisa, conforme Dall’Alba e Sandberg (1996), é um elemento
fundamental para proporcionar novos conhecimentos e interligá-los à experiência
vivida, gerando, assim, um ciclo de inovação para novas descobertas e
aprendizagens individuais e coletivas. Um elemento fundamental para que aconteça
o diálogo reflexivo e a pesquisa, segundo Dall’Alba e Sandberg (1996), é a pergunta
que possibilite uma diversidade de investigações e discussões dialéticas gerando,
portanto, novos conhecimentos.
Dentro desse contexto, a capacidade de aprender aliada aos desafios que
poderão ser proporcionados pela educação corporativa para o desenvolvimento
profissional dos indivíduos possibilitará o desenvolvimento de competências dos
trabalhadores, conforme as necessidades exigidas pelo mercado atual (EBOLI,
2004; MEISTER, 1999).
Segundo Meister (1999), a tecnologia educacional proporciona novas
maneiras de aprender e ensinar favorecendo a construção do conhecimento e o
desenvolvimento de competências quer individuais, quer coletivas haja vista que
a validade do conhecimento está cada vez menor devido à velocidade e à
43
disseminação de informações que geram novas descobertas, necessitando o
aperfeiçoamento contínuo dos profissionais em relação ao mundo que os cerca.
Estar atento a essas novas tecnologias e possuir atitudes de aprendizagem e
aperfeiçoamento contínuos é imprescindível para os trabalhadores e para as
empresas de hoje e do futuro que desejam criar um diferencial competitivo. Nesse
sentido, tanto a responsabilidade da gestão de pessoas quanto a escolha das
metodologias para a capacitação de seus trabalhadores aumenta na mesma
proporção quando da escolha da estratégia de desenvolver e em reter estes
profissionais. Ou seja, para promover a educação corporativa de maneira satisfatória
é importante que a área de recursos humanos conheça o público com quem interage
a fim de integrar as necessidades de desenvolvimento com as expectativas da
organização e dos trabalhadores.
Desenvolver competências profissionais exige um esforço contínuo de ação e
reflexão, de forma que haja interação entre os sujeitos envolvidos nesse processo.
Nesse sentido, um conceito teórico que ajuda a elucidar formas de aprendizagem e
de desenvolvimento de competências no ambiente corporativo, especialmente no
que se refere ao setor de software e serviços é o conceito de Comunidades de
Prática que será discutido na seção que segue.
2.4 Comunidades de Prática (CoP)
Devido à abertura do mercado internacional no setor de software, após a
reserva de mercado a partir de 2000, as empresas de software entraram num
momento de extrema competição, na qual a busca desenfreada por clientes e
mercados tornou-se constante para que conseguissem sobreviver neste contexto
altamente competitivo, já que além da concorrência local surge também a
concorrência virtual, através do e-commerce. (SOFTEX, 2002).
Assim, a gestão de pessoas é novamente desafiada a selecionar,
desenvolver, reter e remunerar profissionais (ALBUQUERQUE; FISCHER, 2000),
atendendo tanto às expectativas das empresas e quanto de seus funcionários, de
modo a cumprir um papel de parceria no sentido de encontrar estratégias que se
adaptem às constantes mudanças que ocorrem no mercado globalizado.
44
Dada a realidade e a especificidade do setor de software e serviços, uma
metodologia já usualmente utilizada pelos profissionais é a aprendizagem por
intermédio de Comunidades de Prática, nas quais os trabalhadores têm a
oportunidade de criar soluções para problemas decorrentes do trabalho de maneira
coletiva em que, por meio do compartilhamento de experiências, os participantes da
comunidade aprendem de forma colaborativa e promovem a inovação e a criação de
novos conhecimentos (BROWN; DUGUID, 1991).
A inserção desta seção no referencial teórico tem como objetivo discutir a
importância das Comunidades de Prática como estratégia de aprendizagem e de
desenvolvimento de competências para o setor de software, possibilitando a
articulação de conhecimentos na perspectiva de um ambiente de colaboração entre
os participantes.
2.4.1 Conceito de Comunidades de Prática
A Comunidade de prática compreende um grupo de pessoas que procuram
gerar novos conhecimentos por meio da solução de problemas do cotidiano do
trabalho (BROW; DUGUID, 1991; WENGER, 1998). Ou seja, as comunidades de
práticas são ambientes de discussão e reflexão que possibilitam a investigação de
temas pertinentes, nas quais os profissionais debatem possibilidades de resolução
de problemas com o intuito de melhorar a prática diária do trabalhador e
consequentemente da empresa. Essas comunidades são caracterizadas através de
três elementos fundamentais, que a seguir serão descritos individualmente: domínio,
comunidade e prática (BROWN; DUGUID, 1991; WENGER, 1998).
45
a) Domínio: “capacidade de envolvimento e interesse dos participantes em
um tema para investigação.” (GROPP; TAVARES, 2006, p. 53).
b) Comunidade: “capacidade de agregar pessoas com o foco principal de
compartilhar conhecimentos.” (BROWN; DUGUID, 1991; WENGER, 1998).
Para Wenger (2001), a principal ênfase se dá no interesse comum e nas
discussões que ajudam um ao outro numa relação de construção mútua
de conhecimento de maneira colaborativa.
c) Prática: execução, por parte dos membros da comunidade, das ações e
soluções criadas pela comunidade de forma colaborativa. Segundo
(BROWN; DUGUID, 1991; WENGER, 1998), “a prática significa
fundamentalmente a compreensão do trabalho, gerando uma cultura
própria da organização.”
De acordo com Wenger (1998; p.3), essa cultura poderá ser percebida
quando “[...] os recursos são compartilhados por meio de experiências, histórias,
modos de resolução de um determinado problema através de uma prática
compartilhada de conhecimentos.”
Segundo Brown e Duguid (1991, p. 55) “trabalho, aprendizagem e inovação
para prosperar coletivamente depende da interligação entre os três, na teoria e na
prática, de maneira mais próxima, de forma mais realista, e mais reflexiva.”
As comunidades de prática, nesse sentido, constituem ambientes de
aprendizagem virtuais ou não que auxiliam os profissionais a compreenderem o
sentido de seu trabalho encontrando alternativas de melhoria para o mesmo.
(BROWN; DUGUID, 1991; WENGER, 1998).
2.4.2 Tecnologias para apoiar comunidades de prática
As comunidades de prática têm como essência a compreensão de que todos
os participantes envolvidos aprendem juntos e compartilham resultados de maneira
colaborativa, ou seja, os resultados serão positivos se houver retorno para o próprio
trabalhador, para o grupo e para a empresa (BROWN; DUGUID, 1991; WENGER,
1998; DALL’ALBA; SANDBERG, 1996).
46
Sendo assim, há uma aproximação entre os conceitos apresentados por
Dall’Alba e Sandberg (1996) e Brown e Duguid (1991) ao afirmarem que os
trabalhadores aprendem quando interagem socialmente e de maneira colaborativa
com a comunidade da qual participam, e que “a prática é fundamental para a
compreensão do trabalho” (BROWN; DUGUID, 1991, p. 41).
Para Dall’Alba e Sandberg (1996), as competências profissionais do
trabalhador são desenvolvidas quando o ciclo virtuoso de aprendizagem
autorreflexão, diálogo reflexivo e pesquisa interagem fazendo com que os
trabalhadores aproximem teoria e prática dando sentido ao trabalho que executam
(vide seção 2.3.3).
De acordo com Brown e Duguid (1991), as comunidades de prática são
importantes espaços para formação contínua e para a inovação do trabalho, pois a
realidade colocada na prática proporciona um melhor conhecimento dos fatos
podendo minimizá-los ou maximizá-los determinando, desta forma, o sucesso ou o
fracasso da organização. Essa realidade instável está presente no setor de software
e serviços, uma vez que as mudanças e inovações de produtos e serviços são
constantes, exigindo das empresas e dos profissionais uma formação permanente.
Conforme Wenger (2001, p. 5), “as tecnologias de informação e comunicação
(TICs) existentes atualmente favorecem a criação de comunidades de prática
orientadas dentro das organizações por meio da internet.” Segundo Wenger (1998),
as plataformas tecnológicas para comunidades de prática apresentam três
elementos essenciais:
a) Linguagem e visualização que sejam facilmente entendidas pelas
pessoas;
b) Facilidade de integração do software que será utilizado para a
comunidade de prática com outros softwares utilizados pela empresa;
c) Plataformas acessíveis e abertas para possíveis customizações a fim de
atender às necessidades individuais de cada organização.
Lévy (1999) afirma que a cibercultura promovida pelas tecnologias de
aprendizagem na internet favorecem a criação de comunidades virtuais e a
inteligência coletiva. Lévy (1999) conceitua o ciberespaço como um local onde as
47
pessoas compartilham experiências, conhecimentos, informações, relações sociais
com o objetivo de promover uma nova cultura organizacional.
Em conformidade com as afirmações de Lévy (1999), Wenger (1998)
apresenta um mapeamento de softwares existentes na internet que possibilitam a
criação de comunidades de prática, as quais favorecem a criação de educação
corporativa (EBOLI, 2004) nas empresas. Esses softwares foram subdivididos em
oito categorias (figura 4) que serão descritas na sequência para uma melhor
entendimento da sua utilização:
1. Portais de conhecimento: Este sistema é considerado essencial para
organizações que pretendem criar espaços de gestão do conhecimento
entre seus colaboradores e assim proporcionar espaços de educação
corporativa como diferencial competitivo perante o mercado. Os portais
têm o objetivo de proporcionar um espaço para que os profissionais
possam ter acesso ao conhecimento por meio de comunidades de prática
podendo compartilhar conhecimentos e práticas afins, com o objetivo de
aperfeiçoarem suas atividades de trabalho, sanando dúvidas ou propondo
experiências positivas aos participantes. Nos portais, segundo Wenger
(2001), “é pretendido que os participantes possam publicar seus trabalhos,
projetos, suas equipes de trabalho e outras fontes de informação, e assim
difundir o trabalho e a administração de conhecimento.” (WENGER, 2001,
p. 11).
Características típicas dos portais de conhecimento, de acordo com Wenger
(2001, p. 11):
portal customizado com a cultura da organização;
administração de visões múltiplas sobre fontes pertinentes de
informação;
ferramentas de pesquisa;
notificação de participação e espaços para conversação;
capacidade de administração de projeto e estudo das relações entre
os participantes envolvidos.
São exemplos de portais de gestão do conhecimento: Infoworkspace
(http://www.ezenia.com) e Alumni (http://www.gestum.com.br/site/alumni).
Figura 4 Integrações contínuas de trabalho e conhecimento
Fonte: Wenger (2001)
2. Espaços para projeto on-line: Estes sistemas preveem um espaço
on-line para uma equipe de projeto administrar um trabalho. Conforme
Wenger (2001, p. 15), os espaços para projeto on-line “focalizam na
administração do projeto, programação de tarefa e administração dos
documentos relacionados aos projetos.”
Esses sistemas têm como características típicas:
a) administração do espaço virtual de trabalho (sociedade, direitos de
acesso, customização dos projetos);
b) cronograma de execução do projeto e estrutura para administração
baseada no cronograma previsto (quantidade de participantes
responsáveis, controle de acesso);
c) estrutura para administração do projeto com status de
desenvolvimento;
d) estrutura para administração das tarefas (a tarefa em si, tarefas
programadas, bem como seu monitoramento);
e) estrutura para compartilhar documentos relacionados ao projeto;
f) ferramentas de pesquisa;
g) controle de entrada e saída do sistema;
h) controle da versão atualizada do projeto;
i) notificação de eventos e publicação de eventos;
j) mudanças relacionadas ao desenvolvimento do projeto;
k) espaços para discussão dos temas relacionados ao projeto;
l) gerenciamento da informação de forma imediata por meio de
mensagens eletrônicas aos participantes;
m) conscientização da importância da participação dos responsáveis pelo
projeto através da emissão de opinião;
n) definição das ações por intermédio de votos.
Como exemplos de portais para projetos on-line existem: QuickPLace
(http://www.tallard.com.br/lotus/quickplace.htm) e Virtualteams
(http://www.managementhelp.org/grp_skll/virtual/virtual.htm).
50
3. Comunidades virtuais na internet: Estes sistemas apoiam a criação de
comunidades virtuais com o objetivo de gerenciar o conhecimento e
proporcionar interação entre os participantes. É um dos sistemas mais
utilizados pelas organizações atualmente para criação de comunidades de
prática na internet devido à infraestrutura tecnológica e à consistência de
agregação de participantes. Para Wenger (2001, p. 18), “estes sistemas
normalmente têm capacidades de atendimento de comunidades um pouco
mais completas que os sistemas de grupo de discussão, pois focam na
interação, [...] porém frequentemente faltam repositórios sofisticados para
documentos.”
Características típicas das comunidades:
a) identificação dos participantes, diretórios, e perfis;
b) espaço para discussão assíncrona, bate-papo;
c) visualizador de presença, mensagens imediatas;
d) ferramentas de avaliação;
e) customização de espaço de comunidade;
f) espaço para criação de sub-comunidades;
g) estrutura propícia para e-commerce;
h) calendário de eventos;
i) análise de atividade;
j) ferramentas de administração e criação de produtos.
Entre os exemplos de softwares e plataformas que apoiam comunidades
virtuais na internet estão: Peoplelink (http://www.peoplelink.com/next) e Moodle
(http://moodle.org).
4. Conversação on-line através de grupos de discussão: Segundo
Wenger (2001, p. 23), “o foco desses sistemas está quase exclusivamente
em interações sociáveis, normalmente por ferramentas de discussão
assíncronas. Entretanto, na maioria dos casos isto é aumentado com
capacidades de conversa, visualizador de presença e leitura de
mensagens imediatas.” Como no caso anterior, Wenger (2001) afirma que
esses sistemas de grupos de discussão geralmente não possuem boa
51
estrutura para armazenamento de documento e instalação de ferramentas
para pesquisa de arquivos e uploaded. Conforme Wenger (2001, p. 23), as
conversações on-line para grupos de discussão são muito utilizadas por
empresas que desejam criar as comunidades de prática.
São características típicas dessa conversação:
a) espaços de conversação assíncronos;
b) indicação e controle de acessos dos participantes, quantificando os
novos acessos do mesmo participante;
c) marcador de páginas para mensagens;
d) possibilidade de criação de subtópicos;
e) registro e visualização dos perfis de usuário públicos;
f) seleção de preferências de usuário;
g) instalações de navegação entre tópicos;
h) upload de arquivo, administração do usuário para editar e/ou excluir
arquivos;
i) ferramentas de pesquisa para acessar discussão;
j) apoio para e-mail;
k) capacidade de autenticação simples dos usuários;
São portais que favorecem a criação de grupos de discussão: Egroups
(http://br.groups.yahoo.com) e Ichat
(http://support.apple.com/kb/HT2515?viewlocale=pt_BR&locale=pt_BR).
5. Interações síncronas - espaços de reunião on-line: Estes sistemas
dispõem de espaço para interações síncronas a distância para grupos
interativos pequenos e audiências grandes. Utilizam-se frequentemente de
uma combinação de mídia incluindo áudio e vídeo, com a possibilidade de
interação dos usuários mesmo a distância através dessas ferramentas.
Para Wenger (2001, p. 28), “a maioria dos sistemas de conferência pode
ser incorporado a outras ferramentas de sistema como um único evento.”
52
Características típicas:
a) estrutura para apresentação dos recursos multimídias;
b) ferramentas para discussão e debates ao vivo;
c) monitor que proporciona a participação dos participantes;
d) visualização dos participantes através do acesso dos usuários;
e) ferramentas para gravação dos debates a fim de gerar arquivo;
f) relatórios de frequência dos usuários.
Alguns dos softwares que favorecem espaços para reuniões on-line são:
SameTime (http://www-01.ibm.com/software/br/lotus/products/sametime/index.shtml)
e Ichat (http://support.apple.com/kb/HT2515?viewlocale=pt_BR&locale=pt_BR).
6. Espaços de aprendizagem: Estes sistemas preveem espaço para
atividades educacionais e treinamento dos funcionários recém contratados
pela empresa. Geralmente os espaços de aprendizagem possuem
ferramentas de interação como debates, bate-papo, inserção de perfis de
usuário, notificações através de mensagens, recursos multimídias e
ferramentas de pesquisa.
De acordo com Wenger (2001, p. 32), “as interações podem possibilitar aos
usuários dois tipos de conteúdo nos espaços de aprendizagem: conteúdo da própria
apresentação da comunidade e o conteúdo gerado pelos participantes”. Exemplos:
Alumni (http://www.gestum.com.br/site/alumni) e LRN (http://www.dotlrn.org).
7. Troca de conhecimento técnico: Para Wenger (2001, p. 35), “os
sistemas nesta seção têm o objetivo de proporcionar acesso mais
sofisticado aos conhecimentos técnicos.” Segundo o autor, a troca de
conhecimento técnico visa formular uma comunidade, cujo tema esteja
relacionado à discussão técnica sobre determinado tema de interesse do
grupo participante. Exemplos: ASK ME (http://www.askme.com) e Clerity
(http://www.clerity.com).
53
8. Repositórios de conhecimento: Segundo Wenger (2001, p. 39), as
“comunidades de prática produzem vários documentos e outros artefatos
de conhecimento que podem ser postos de forma eletrônica e que
precisam ser administrados efetivamente” a fim de proporcionarem um
banco de dados sobre os temas tratados e debatidos. A troca de
conhecimento favorece a disseminação de informações e experiências no
sentido do compartilhamento e proporciona melhores condições de
alinhamento quanto ao sentido do trabalho que está sendo executado
pelos participantes da comunidade. Exemplos de portais e softwares: Wiki
(http://www.wiki.com) e Oracle
(http://www.oracle.com/database/index.html).
Para Brown e Duguid (1991, p. 40), “o trabalho, a aprendizagem e a inovação
estão intimamente ligados e relacionados com a atividade humana”, o que favorece
a criação de Comunidades de Prática haja vista a integração que ocorre entre os
participantes produzindo novos conhecimentos e idéias inovadoras (BROWN e
DUGUID, 1991; WENGER, 1998).
De acordo com Eboli (2004), a educação corporativa é um convite para
aprendizagem contínua e, para que os objetivos propostos sejam alcançados, é
necessário proporcionar ambientes favoráveis aos participantes.
Após a análise teórica sobre educação corporativa e desenvolvimento de
competências, o trabalho adota como pressuposto que a utilização das
Comunidades de Prática em atividades de educação corporativa pode vir a facilitar a
integração dos profissionais do setor de software e serviços em um ambiente já
conhecido (ciberespaço), favorecendo a criação de uma cultura de aprendizagem
contínua, seja ela individual ou principalmente coletiva, em busca do conhecimento e
da qualificação, despertando e estimulando a postura do autodesenvolvimento entre
os profissionais deste setor.
Esse pressuposto será posteriormente discutido em relação aos dados
coletados e analisados nesta pesquisa.
Para que haja maior entendimento das especificidades do setor de software e
de serviços associados, a próxima seção tem o objetivo de analisar o contexto em
que foi realizado este estudo e os desafios enfrentados pelas empresas que o
compõe.
54
2.5 Setor de software e serviços associados
O desenvolvimento de software destaca-se dentre as demais atividades do
setor de tecnologia de informática pelo seu extraordinário crescimento. O
software está presente em todos os setores da economia, sendo um
determinante geral da produtividade e da eficiência (BRASIL, 2007).
De acordo com Brasil (2007), o setor de software é composto pela indústria
de software, cujo objetivo é prover programas de informática que auxiliem na
eficiência e na eficácia da produção de produtos e serviços de forma geral,
baseados na construção do conhecimento e no gerenciamento da informação.
Rosalino (2006, p. 35) define a indústria de software como o “conjunto de
empresas (públicas ou privadas), voltadas primordialmente ao desenvolvimento e
comercialização de soluções em software, na forma de serviços, software
desenvolvido sob encomenda, ou software comercializado como produto acabado”
De acordo com Gutierres e Alexandre (2004, p. 5), software pode ser definido
como um “conjunto de instruções e dados que permitem a um computador a
realização de tarefas previamente programadas, seja por uma máquina (hardware)
ou outros softwares”.
2.5.1 Dados sobre o setor de software no Brasil
Para a composição desta seção foram pesquisados dados setoriais
publicados em instituições e órgãos governamentais que agem fomentação de
pequenas e médias empresas que atuam na comercialização de software.
Segundo o relatório anual da Associação para Promoção da Excelência do
Software Brasileiro (SOFTEX, 2002), a indústria de software no Brasil apresenta
uma história recente, podendo ser dividida em dois períodos: antes de 1990, em um
contexto de substituição de importações no qual as políticas industriais nos anos de
1970 e 1980 seguiram uma estratégia de reserva de mercado para hardware; e após
1990, período em que o governo brasileiro iniciou a implantação de várias ações a
55
fim de resgatar espaços comerciais por meio da fomentação de empresas de
software e serviços, conforme afirmações no relatório da SOFTEX (2002, p.18), “a
indústria nacional foi, em grande parte, isolada do dinamismo do mercado
internacional de informática, que estava explodindo nos anos 80 e no qual as
empresas brasileiras não tinham condições de competir.
A partir de 1990, após a elaboração e implantação de políticas públicas de
liberação das importações, favorecendo uma maior integração da economia
brasileira com o mercado internacional, aconteceu “a abertura do país para
empresas multinacionais produzirem no Brasil e de programas de fomento para as
empresas locais se desenvolverem, [...] observando o contexto de competição
global.” (SOFTEX, 2002, p. 19)
Como marco para essa mudança, destaca-se a implementação da Lei nº
8.248/91, cujo objetivo era o estabelecimento de mecanismos alternativos para
preservar a produção local e as atividades de pesquisa, como também o
desenvolvimento interno na indústria de informática. Essa lei foi modificada pela Lei
nº 10.176/01, a qual manteve os mesmos princípios, mas modificou os percentuais
de aplicação dos incentivos e fez outras orientações para o setor de informática.
Atualmente, o setor de informática e tecnologia sofre novas ameaças de
possíveis aumentos da carga tributária e revisão de concessões fiscais devido à
revisão da Lei nº 10.176/01 que está tramitando no Congresso Nacional (BRASIL,
2004). Tal fato está sendo acompanhado pelas Entidades Setoriais de maneira
participativa participativa a fim de resistir a mudanças que possam dificultar o
crescimento do setor de software e serviços nos próximos anos, o que poderá
impactar na geração de emprego e renda no país, vindo de encontro às expectativas
de crescimento do setor em nível mundial. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESA
DE SOFTWARE, 2008).
Segundo o relatório da SOFTEX (2002), o Brasil era o 7º mercado de software
no mundo. Atualmente, conforme dados da Associação Brasileira de Empresas de
Software (2008), o Brasil ocupou em 2007 a 12ª posição no mercado mundial, tendo
movimentado aproximadamente 11,12 bilhões de dólares, o equivalente a 0,86% do
PIB brasileiro no ano.
56
Posição no mercado Mundial
15
12
13
12
0
2
4
6
8
10
12
14
16
2004 2005 2006 2007
Posição no mercado Mundial
Figura 5 - Posição do Brasil no Mercado Mundial de Software.
Fonte: Associação Brasileira de Empresa de Software (2008).
Deste total, foram movimentados 4,19 bilhões em software, representando
cerca de 1,6% do mercado mundial. Os 6,93 bilhões restantes foram movimentados
em serviços relacionados. Estudos apontam para um crescimento médio anual
superior a 10% até 2010.
Segundo perspectivas e tendências da ABES, em 2007 a participação de
programas de computador desenvolvidos no país atingiu 33,6 % do total do mercado
brasileiro de software, confirmando a importante tendência de crescimento que vinha
sendo apontada desde 2004, quando a participação era de 27%, e que poderá
superar os 40% até o final da década (figura 6).
Softwares criados no país
27%
34%
32,50%
33,60%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
2004 2005 2006 2007
Softwares criados no país
Figura 6 - Porcentagem de softwares criados no Brasil
Fonte: Associação Brasileira de Empresa de Software (2008)
Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Software (2008), o
mercado de software e serviços é alimentado por 7.937 empresas dedicadas ao
desenvolvimento, produção e distribuição de software e de prestação de serviços
57
(Figura 7). Daquelas que atuam no desenvolvimento e produção de software 94%
são classificadas como micro e pequenas empresas (Figuras 7 e 8). (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE EMPRESAS DE SOFTWARE , 2008).
Quantidade de Empresas de software no Brasil
7.700
7.760
7.818
7.937
7.550
7.600
7.650
7.700
7.750
7.800
7.850
7.900
7.950
8.000
2004 2005 2006 2007
Quantidade de Empresas de
software no Brasil
Figura 7 - Quantidade de empresas de software no Brasil
Fonte: Associação Brasileira de Empresa de Software (2008).
Quantidade de MPEs no Brasil
7238
7294,4
7348,92
7460,78
7100
7150
7200
7250
7300
7350
7400
7450
7500
2004 2005 2006 2007
Quantidade de MPEs no Brasil
Figura 8 - Quantidade de Micro e Pequenas Empresas de Software no Brasil
Fonte: Associação Brasileira de Empresa de Software (2008).
O segmento de modelo de negócio de software é dividido em três grupos:
produtos de software, serviços de software e software embarcado.(GUTIERREZ;
ALEXANDRE, 2004; SOFTEX, 2002). Os produtos de software são aqueles
softwares utilizados cotidianamente pelas pessoas e empresas. São
subclassificados em outras três categorias: infraestrutura
1
, ferramentas
2
e
aplicativos
3
. (GUTIERREZ; ALEXANDRE, 2004).
Os serviços de software estão associados ao desenvolvimento
customizado de software para dar apoio às atividades e processos desenvolvidos
1
Responsável pelo controle e acesso aos recursos de hardware do sistema [...] e pela realização de funções
básicas, permitindo a execução de todos os outros softwares. (GUTIERREZ; ALEXANDRE, 2004, p. 7).
2
São conjuntos de programas que auxiliam a construção de outros programas e aplicações. (idem, p. 9).
3
São destinados à execução de uma determinada tarefa pelo usuário. (idem, p. 11).
58
nas organizações. Exigem conhecimentos técnicos dos profissionais desta área,
pois os serviços compreendem a manutenção das máquinas, desenvolvimento de
aplicativos (software sob encomenda), consultoria, treinamento de usuários,
suporte técnico, dentre outras atividades correlacionadas. (GUTIERREZ;
ALEXANDRE, 2004).
Já o software embarcado é aquele que funciona em conjunto com uma
máquina (eletrônica ou similar) fazendo parte integrante do produto. “Caracteriza-
se como embarcado [...] visto que não é percebido, nem tratado separadamente
do produto ao qual está integrado” (GUTIERREZ; ALEXANDRE, 2004, p.16).
De acordo com a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), lançada
pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) em 12 de maio
de 2008, o Brasil está promovendo ações estratégicas com a visão de futuro até
2010 com o objetivo de oportunizar sustentabilidade ao atual ciclo de expansão
do país (BRASIL, 2008c). Dentro desse objetivo, são destacadas quatro
estratégias, dentre as quais, e ao encontro desta pesquisa, estão o fortalecimento
das MPE’s e a ampliação do número destas empresas como exportadoras.
Neste contexto, destacam-se os Programas Mobilizadores em Áreas
Estratégicas para o país nos quais a Tecnologia de Informação e Comunicação
(TIC) está contemplada com as descrições, metas e desafios, explicados no
Quadro 1, conforme segue:
59
Estratégias: Focalização, conquista de mercados e diferenciação.
Objetivo: Posicionar o Brasil como produtor e exportador relevante de software e serviços de TI.
Situação atual Metas Desafios Gestão do programa
Exportações limitadas:
Us$ 800 milhões em
2007 (exportações
mundiais: US$ 36
bilhões).
Ampliar a inserção
internacional.
Mercado doméstico: Us$
9 bilhões, crescendo 5%
a.a.
Exportações: Us$ 3,5
bilhões em 2010.
Incrementar o
investimento em
capacidade tecnológica.
Baixa participação de
empresas brasileiras de
tecnologia nacional no
mercado interno.
100.000 novos empregos
formais até 2010.
Fortalecer empresas
brasileiras de tecnologia
nacional apoiando
consolidação
empresarial.
Oferta fragmentada, com
grande número de
MPE’s.
Serviços de TI:
consolidação de dois
grupos ou empresas de
tecnologia nacional com
faturamento superior a
R$ 1 bilhão.
Consolidar e fortalecer a
marca “Brazil IT”.
Janela de oportunidade
para conquista de parcela
do mercado de Offshore
MCT/MDIC
Quadro 1 - Análise do cenário atual do setor de TIC no Brasil.
Fonte: BRASIL, 2008c.
Segundo as estratégias acima descritas pelo Programa de Desenvolvimento
Produtivo (PDP), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio pretende
posicionar o Brasil como importador e exportador de softwares e serviços e
fortalecer a atividade comercial das Micro e Pequenas Empresas Brasileiras, visto
que atualmente elas atuam de maneira fragmentada e sem muita representatividade
comercial (BRASIL, 2008c).
De acordo com as metas estabelecidas por este projeto, 100.000 novos
empregos deverão ser produzidos como resultados dessas iniciativas até 2010. Para
o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (BRASIL, 2008c), a expansão
das pequenas e médias empresas (PME’s) e a abertura do mercado de tecnologia
em nível mundial fará com que haja aumento da competitividade do setor.
60
Para que os desafios sejam conquistados e cumpram as metas estabelecidas,
o governo brasileiro está desenvolvendo, nos últimos anos, iniciativas que
contemplam a evolução da área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC),
conforme descrito pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC)
(BRASIL, 2008c). Dentre as iniciativas destacam-se ações que mobilizem e
fomentem novas possibilidades de geração de emprego e renda para apoiar o
crescimento sustentável e a evolução da participação brasileira no mercado de
software em nível mundial.
Como já comentado anteriormente, dentre as iniciativas acima descritas, esta
pesquisa procurou buscar dados quanto à formação de recursos humanos para o
setor de software e serviços associados, bem como compreender as dificuldades
enfrentadas pelas MPE’s neste foco de atuação, dada a raridade de estudos
acadêmicos no Brasil sobre esse tema.
Para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Brasil (2008c), o
Programa de Desenvolvimento Produtivo (PDP) possui medidas de atuação
referentes à formação de recursos humanos. Conforme dados do programa, há
previsão da criação de um sistema de credenciamento dos Programas Acelerados
de Capacitação de Pessoal para efeito de concessão fiscal, cujo objetivo é promover
a capacitação de recursos humanos. Esta iniciativa está sob responsabilidade do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT),
Ministério da Educação (MEC), Ministério da Fazenda (MF) (BRASIL, 2008c).
De acordo com Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (2008), em
documentado norteador publicado com relação ao PDP, o programa de capacitação
profissional para o setor de software e serviços prevê a redução da base de cálculo
do IR e da CSLL, proporcionando, assim, incentivo ao setor.
Além desta iniciativa de isenção fiscal, outra frente de trabalho do PDP/MDIC
diz respeito à formação de recursos humanos em TI nos cursos superiores. Essa
ação, que está sob responsabilidade do MCT, MEC e MDIC, prevê que o governo
federal apóie as universidades e entidades formadoras de recursos humanos no
sentido de revisar as grades curriculares dos cursos superiores e outras demandas
de formação profissional (BRASIL, 2008c).
Conforme dados publicados em Brasil (2008c), o Programa de
Desenvolvimento Produtivo (PDP) prevê desdobramentos de ações a partir de
grupos de trabalho definidos. Dentre as diversas ações previstas, foi realizada pelo
61
setor de TI/Software e Serviços Associados uma primeira reunião de trabalho sobre
a temática em novembro do ano de 2008, com o objetivo de avaliar as necessidades
do setor e promover ações futuras (BRASIL, 2008c).
Para promover um conhecimento mais abrangente do setor de software e
serviços associados, a subseção a seguir tem o objetivo de discutir quais são as
características das PMEs que atuam neste mercado.
2.5.2 Grau de profissionalização e características de gestão das pequenas e médias
empresas de software
Esta subseção tem como objetivo discutir o grau de profissionalização e as
características de gestão das pequenas e médias empresas de software,
observando os seguintes elementos: liderança e estrutura organizacional,
estratégias adotadas e planejamento estratégico.
Segundo a caracterização elaborada pelo Serviço de Apoio a Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE), são definidas como pequenas empresas aquelas
que possuem de 10 a 49 funcionários e as médias empresas aquelas organizações
que possuem de 50 a 99 funcionários. O setor de software faz parte do setor de
serviços, conforme segmentação de mercado elaborado pelo SEBRAE. (SEBRAE,
2007).
De acordo com o relatório da SOFTEX (2002, p. 38):
[...] a maior parte das empresas de software caracteriza-se por
organizações criadas por empreendedores, geralmente profissionais
técnicos da área de engenharia ou informática que buscam responder a
demandas na área de tecnologia, atendendo a uma oportunidade de
mercado.
A capacidade de gestão das empresas na amostra pesquisada apresenta
uma grande variabilidade. Quase duas mil pessoas atuam na área de
gestão das empresas. As empresas médias são aquelas que possuem o
maior índice de pessoal alocado em gestão sobre o efetivo total (CLT).
Enquanto a média de efetivos em gestão é de 102 na grande empresa,
esse valor cai linearmente para 15 na pequena e para 2 na micro empresa.
Nota-se o elevado percentual de efetivos em gestão sobre o total de
efetivos nas empresas de porte micro e média. Na micro esse elevado
índice explica-se pelo fato de que a empresa ainda possui um pequeno
62
número de efetivo total, sendo na maioria os próprios fundadores que
realizam as funções de gestão independentemente de sua formação. No
caso da média possivelmente há uma ausência de reestruturação em seus
recursos humanos, característico de seu estágio de crescimento. (SOFTEX,
2002, p. 43).
Nesse sentido, o relatório apresenta a preocupação quanto à gestão
profissionalizada da liderança executiva visto que os empreendedores, geralmente,
não possuem a formação administrativa para a gestão do negócio, pois em sua
maioria são profissionais da área de informática e tecnologia (conhecimento técnico
específico).
Em muitos casos observados, a busca de uma visão estratégica mais
completa para o crescimento leva sócios fundadores, com diversidade de
formações e experiências, a buscar um parceiro financeiro adicional que
acelere e dê maior coerência ao modelo de negócios. A entrada de um
advisor externo, seja da universidade, seja um capitalista de risco, tem
auxiliado a empresa a dar foco no negócio, aprimorar o modelo de negócio
e reorientar a estratégia de crescimento. (SOFTEX, 2002, p. 53).
Conforme a SOFTEX (2002, p. 13), as PME’s de software atuam fortemente
na comercialização de produtos e serviços, “[...] os modelos de negócios com maior
frequência são os de software embarcado/componentes de software e serviços de
alto valor adicionado, seguidos de produtos customizáveis.”
Empresas fundadas por empreendedores geralmente começaram com
licença/distribuição de produto estrangeiro; poucas, em período mais
recente, surgiram a partir da identificação de oportunidade de mercado, e
menos ainda com base em tecnologia desenvolvida internamente. As
empresas médias e algumas pequenas geralmente buscam produtizar seu
negócio, a partir da experiência adquirida com o desenvolvimento de
software customizado em um nicho horizontal ou em um mercado vertical.
(SOFTEX, 2002, p. 53).
Segundo o mesmo relatório, existe uma distinção fundamental entre produto e
serviço em softwares. Enquanto a prestação de serviços favorece à empresa um
rendimento maior devido ao valor agregado que proporciona, a comercialização de
63
produtos de software proporciona uma pequena rentabilidade devido aos custos de
aquisição dos produtos (SOFTEX, 2002).
Outra distinção refere-se à estrutura de gestão e de relacionamento com o
mercado. De acordo com dados publicados no relatório da SOFTEX (2002), as
empresas de serviços de software trabalham observando a realidade de cada cliente
e as necessidades específicas do projeto, o que exige uma organização de
processos eficaz para o cumprimento do contrato estabelecido. Já a empresa de
software focada na comercialização de produto necessita operacionalizar uma
estratégia objetiva para a oferta que corresponda às necessidades de seus clientes.
Geralmente a empresa que vende a licença do produto, associa um trabalho de
customização conforme a demanda do cliente, favorecendo um maior valor
agregado ao produto adquirido com a contratação dos serviços de manutenção e
suporte (SOFTEX, 2002).
Outro aspecto destacado quanto às características da gestão das PME’s é a
estratégia que as mesmas adotam para a permanência no mercado. Segundo
SOFTEX (2002), em alguns casos há fusões de empresas com o objetivo de
manterem-se competitivas no mercado:
Foi observado que aquelas empresas que entraram com certo atraso em
um novo mercado vinculado ou que adotaram uma nova
tecnologia/linguagem vêm buscando a aquisição de competência via
compra de uma empresa menor. Para fazer face ao aumento da
concorrência de empresas com produtos estrangeiros em suas faixas de
mercado alvo tradicionais, empresas nacionais de ERPs têm adquirido
firmas com competências e produtos em áreas complementares (CRM, E-
business, BI etc.). Outras, buscando uma expansão geográfica em seus
mercados alvos, por meio da expansão de canais de vendas e distribuição,
têm multiplicado as parcerias de negócios ou adquirido empresas em novas
regiões de expansão. (SOFTEX, 2002, p. 53).
Conforme relatado anteriormente, as PME’s atuam fortemente no segmento
de softwares de produtos e serviços. Quando iniciam um processo de crescimento,
geralmente buscam incentivos governamentais com o objetivo de manterem-se no
mercado em um processo de modernização e conquista de novos mercados, o que
pode ser constatado pelo relatório da SOFTEX (2002):
64
[...] o capital de risco público e programas governamentais (Prosoft) têm tido
um papel importante na modernização da gestão e na orientação
estratégica para o crescimento das empresas. A quase totalidade das
empresas buscou ou foi buscada para ter um financiamento externo,
mostrando que o setor tem atraído a atenção de investidores (SOFTEX,
2002, p. 53).
Segundo SOFTEX (2002, p. 53), “uma grande parcela de empresas,
principalmente aquelas que buscam se internacionalizar, recebem investimentos de
capital de risco ou participaram ativamente de negociações com tais investidores.”
Para dar prosseguimento nas ações estratégicas das PME’s, um desafio .a ser
enfrentado cotidianamente é a captação, desenvolvimento e retenção de
profissionais para darem seguimento aos propósitos maiores da organização.
Segundo dados da SOFTEX (2002), as grandes empresas de software pela
capilaridade de produtos e mercados em que atuam geralmente subcontratam mão
de obra especializada para contratos de offshore, desestruturando, muitas vezes, as
empresas menores.
2.5.3 Perfil da qualificação profissional do setor de software no Brasil
De acordo com o Programa de Desenvolvimento Produtivo (BRASIL, 2008c),
a formação de recursos humanos é essencial para o avanço das empresas do setor
de software, haja vista a expansão dos negócios da área, sendo, dessa forma, de
extrema importância o aperfeiçoamento das competências dos profissionais que já
atuam no setor, bem como para executar ações que possibilitem a melhoria dos
atuais cursos de formação técnica e de nível superior que visem à ampliação do
número de profissionais com perfil para atuar neste mercado. (BRASIL, 2008c;
SOFTEX, 2006).
65
[...] foi estabelecida (no PDP) uma meta para micro e pequenas empresas
(MPE's). Entre as alternativas possíveis, optou-se por uma meta de
participação das MPE's nas exportações brasileiras, que é utilizada como
síntese da competitividade das empresas, da sua capacidade de
sobrevivência e de seu potencial de crescimento, considerando-se que,
quando as MPE's se habilitam a competir no mercado externo, obtém-se um
maior índice de formalização, muitas delas se engajam em atividades
inovativas para conquistar mercados e se espera aumentos do faturamento
e de geração de emprego. (BRASIL, 2008c).
Na estrutura do Programa de Desenvolvimento Produtivo (BRASIL, 2008c)
são apresentadas duas iniciativas que visam à Formação de Recursos Humanos em
TI:
a) Montagem de sistema de credenciamento dos Programas Acelerados de
Capacitação Pessoal para efeito da concessão de benefícios fiscais,
coordenado de forma integrada pelos Ministérios do Trabalho e Emprego
(MTE), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Ministério da Educação
(MEC) e Ministério da Fazenda (MF);
b) a instituição do Programa Nacional de Formação de Recursos Humanos
em TI coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT),
Ministério da Educação (MEC) e Ministério do Desenvolvimento Indústria e
Comércio (MDIC), cujo objetivo é qualificar profissionais para o
atendimento da demanda de produtos e serviços que o mercado
globalizado requer atualmente (BRASIL, 2008c) uma vez que os cursos de
formação em informática atuais não dão base de sustentação para a
atuação dos profissionais do setor, isto é:
i) o currículo (dos cursos de graduação) é fortemente baseado em
Matemática [e Física]. ii) bases fracas especialmente de matemática no
Ensino Médio iii) a duração dos cursos de graduação (4 a 5 anos) é período
suficiente para mudança de paradigmas (de tecnologias no setor). iv)
atualização técnica dos professores costuma não acontecer. v) cursos não-
formais oferecem boa colocação no mercado: Cisco, Microsoft, Oracle, IBM,
Sun/Java, Linux LPI, Adobe, etc. [...]. vi) professores evitam ensinar
tecnologias. vii) é preciso aliar prática durante o curso, caso contrário os
formandos necessitarão de treinamento ou autoestudo antes de se
tornarem produtivos no mercado de trabalho (MORGADO, 2008).
66
De acordo com Morgado (2008), a formação profissional técnica está
defasada em relação às necessidades e ao ritmo do mercado global. A mudança na
área de tecnologia é muito ágil e as universidades, por sua vez, demoram certo
tempo para atualizarem seus currículos de curso, abrindo margem para que as
empresas produtoras dos softwares criem cursos de formação para as certificações
técnicas por produto.
Dentro desta perspectiva, para Morgado (2008), o setor de software e
serviços apresenta um gap de formação profissional entre a relação teoria e prática,
já que o profissional após a conclusão do curso necessita realizar cursos específicos
e autoestudo para o conhecimento técnico de produtos e serviços para que possa
ter acesso mais rápido ao mercado de trabalho.
Neste sentido, os estágios extracurriculares são reconhecidos como uma
porta de acesso ao mercado de trabalho nesta área, uma vez que o profissional já
tem acesso a tecnologias inovadoras oferecidas pelo mercado em detrimento à
universidade, que está em fase de conhecimento das novas técnicas e produtos.
Essa problemática é perceptível quando as Entidades Setoriais apresentam a
necessidade de atuar junto aos órgãos governamentais a fim de encontrar
alternativas para a melhoria da qualificação profissional dos profissionais desta área,
minimizando este gap de conhecimento entre a teoria (proveniente das
universidades) e a prática (proveniente do mercado).
A Sociedade Brasileira de Computação (SBC) (2008), apresenta uma análise
das estatísticas referentes aos cursos superiores de computação no Brasil por meio
dos resultados do Censo realizado pelo INEP/MEC em 2006. Neste relatório é
possível visualizar que em 2005 havia seis modalidades específicas de cursos
oferecidas na área: Ciência da Computação, Engenharia de Computação, Sistemas
de informação, Licenciatura em Computação, cursos de tecnologia e cursos
sequenciais de formação específica, totalizando a oferta em 1.690 cursos oferecidos
no país.
Em 2006 é percebido um avanço na ordem de 4,38%, no total de cursos
oferecidos, tendo ênfase o aumento nas modalidades de cursos Superiores de
Tecnologia, de duração entre 2 a 3 anos, com um percentual de 38,61%, cursos de
Sistemas de Informação (28,17%) e Ciência da Computação (17,29%), conforme
panorama previsto para aquele ano. Esta oferta de cursos de formação profissional
em nível superior se dá a partir do momento em que houve maior abertura e
67
aprovação de Instituições de Ensino Superior no país, cujo objetivo era o acesso aos
cursos de nível superior.
Modalidade de Cursos 2005 2006 Evolução
Panorama 2006
Ciência da Computação 284 305 7,39% 17,29%
Engenharia de Computação 72 77 6,94% 4,37%
Sistemas de Informação 467 497 6,42% 28,17%
Licenciatura em Computação 75 70 -6,67% 3,97%
Tecnólogo 667 681 2,10% 38,61%
Outros 62 82 32,26% 4,65%
Sequenciais de Formação Específica 63 52 -17,46% 2,95%
Total 1690 1764 4,38% 100,00%
Tabela 1 - Distribuição de cursos de Computação no Brasil.
Fonte: Sociedade Brasileira de Computação, 2008.
O aumento dos cursos de tecnologia vem ao encontro da expectativa quanto
à formação de profissionais para determinadas áreas de conhecimento que possuem
escassez de profissionais, como é o caso de analistas de sistemas, desenvolvedores
e programadores de computação. Entretanto, a expansão muito rápida desta nova
modalidade de curso superior gerou uma nova crise referente à qualidade dos
cursos oferecidos.
Considerando-se a presente escassez de profissionais no setor de software e
a qualidade dos cursos oferecidos no país, a SOFTEX (2006) elaborou um programa
de Formação de Capital Humano em Software (FCHS), a pedido do Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT), a fim de “aumentar a competitividade e a presença de
empresas nacionais nos mercados local e global, em estreita aderência aos objetos
e as metas da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE)
4
para
o setor de software” (SOFTEX, 2006, p. 7).
O principal objetivo deste programa era estruturar:
Um conjunto de ações de curto, médio e longo prazo para promover o
aumento quantitativo e qualitativo dos profissionais de desenvolvimento de
software no Brasil, adequando o perfil de formação em todos os níveis às
demandas de mercado atuais e futuras (SOFTEX, 2006, p. 11).
4
A Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) visa promover ações estratégicas
para o desenvolvimento da indústria e diversos setores no país.
68
Em agosto de 2005, foi produzido e exposto ao CATI (Comitê Assessor do
Fundo Setorial de Tecnologia da Informação) um documento apresentando
uma análise da escassez de capital humano em desenvolvimento de
software no Brasil. Este documento apresentou um dimensionamento atual
desta escassez e uma projeção para os próximos sete anos (2006-2012). O
estudo identificou que existiam à época 17 mil vagas de trabalho não
preenchidas na indústria nacional de software, número crescente face à
demanda representada pelo crescimento do setor de software
mundialmente. O estudo também analisou a quantidade de profissionais
que será necessária para que a indústria nacional atinja a meta da PITCE
de 2% do mercado mundial de desenvolvimento de software até 2012.
Nesta análise, as projeções apontam que, mantendo as condições atuais da
formação de profissionais da área, faltarão 213 mil profissionais para suprir
a demanda das empresas (SOFTEX, 2006, p. 7).
Para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), há uma expectativa por
parte das empresas quanto à seleção de profissionais que estejam capacitados e
que possuam competências profissionais (conhecimentos, habilidades e atitudes)
(LE BORTEF, 2003; ZARIFIAN, 2003) capazes de atender às demandas que surgem
cotidianamente devido à flexibilidade e à abrangência de atuação do setor.
No Programa de Formação de Capital Humano em Software (FCHS), a
SOFTEX (2006, p. 12) “sugere a realização de cinco módulos de cursos a fim de
qualificar a mão de obra do setor de software e serviços de maneira emergencial e
atender às demandas de competitividade do setor até o final do programa, em
2012.”
Os módulos foram organizados observando os seguintes temas:
a) reciclagem e reeducação;
b) formação técnica e superior;
c) atração de talentos;
d) formação de parcerias;
e) gestão integrada.
Para esta dissertação, os módulos de reciclagem e reeducação e de
formação técnica e superior vem ao encontro do tema pesquisado e, portanto,
recebem ênfase neste estudo. Segundo dados apresentados no Programa de
Formação de Capital Humano em Software (FCHS), os módulos descritos
anteriormente podem ser assim definidos:
69
O Módulo Reciclagem e Reeducação (RR) define ações capazes de
produzir resultados concretos em termos de formação de capital humano
para atender à demanda atual e direta das empresas. Sua ênfase é em
processos de formação de curta duração (4 a 12 meses) capazes de
reeducar profissionais de outras áreas em software ou adequar a formação
de profissionais da área de informática para a demanda das empresas.
O Módulo de Formação Técnica e Superior (FTS) tem como meta definir
projetos e ações para suprir a demanda qualificada de professores
(especialistas, mestres e doutores), além de propor a adequação dos
currículos de formação técnica e superior que serão responsáveis pela
formação de capital humano em um horizonte de médio ou longo prazo,
causando impacto mais significativo nos resultados finalísticos a partir de
2008. (SOFTEX, 2006, p. 12).
A metodologia descrita no programa de formação desenvolvido pela SOFTEX
(2006) prevê atividades presenciais ou a distância com vivência prática no ambiente
de trabalho ou em laboratórios de aprendizagem como forma de auxiliar a
aprendizagem.
Como já mencionado anteriormente, as comunidades de prática já existem,
mesmo que informalmente, com frequência no setor de software e serviços (vide
seção 2.4), uma vez que favorecem a qualificação dos profissionais do setor de
software através da inovação e aprendizagem contínuas e colaborativas.
[...] uma comunidade de prática envolve muito mais do que conhecimento
técnico ou habilidades relacionadas ao desenvolvimento de tarefas. É a
maneira como se organiza em torno de uma área específica de
conhecimento ou atividade que desenvolve um senso de identidade entre
seus membros. (GROPP; TAVARES, 2006, p. 53).
Um exemplo de CoPs na área são sites e fóruns online, onde os profissionais
trocam experiências e dicas sobre como resolver problemas no dia-a-dia de trabalho,
por exemplo, no Brasil: http://www.babooforum.com.br/forum/index.php;
http://www.pcforum.com.br/; http://br-linux.org.
Outra realidade desafiante às empresas de software é a visão de que a
gestão de recursos humanos, dada a especificidade do setor, não é vista como
estratégica e sim área de apoio e frequentemente terceirizada, o que dificulta o
desenvolvimento de políticas de seleção, desenvolvimento e retenção de talentos
para as empresas de software. (SOFTEX, 2002). Como já mencionado
anteriormente, as PME’s geralmente são geridas pelo proprietário que possui
70
formação específica na área de computação ou área a fim, não possuindo
conhecimentos específicos de gestão. (SOFTEX, 2002).
O Programa de Formação de Capital Humano em software também prevê
capacitações que visam ao gerenciamento de projetos por meio de um Módulo
Avançado com 24h de estudo sobre Gerenciamento de Riscos (8h), Gerenciamento
de Qualidade (8h), Gerenciamento de Recursos Humanos (4h), Gerenciamento de
Comunicação (4h) e Gerenciamento de Contratações (4h) a fim de profissionalizar a
gestão das empresas de software (SOFTEX, 2006).
Outra ação governamental existente atualmente é o Programa de Estímulo ao
Setor de Software e Serviços, através da Política de Software e Serviços (BRASIL,
2007a), cujo objetivo também é “elevar a competitividade e a capacidade produtiva
do setor de software e serviços correlatos para ampliar a participação das empresas
brasileiras nos mercados interno e externo” por meio de ações de formação e
capacitação de recursos humanos, promoção de melhores práticas entre as
empresas participantes, estratégias que visem à consolidação das informações
sobre o setor, incentivo aos segmentos emergentes e ao fomento da Pesquisa &
Desenvolvimento, incremento da competitividade do setor e fortalecimento do
mercado nacional.
Dentro dessa perspectiva, o programa prevê incentivo de bolsas de estudos
em cursos de pós-graduação (scricto sensu e lato sensu), formação de profissionais
em nível técnico e superior, Residência & Extensão, Reciclagem & Reeducação.
Segundo o programa, em 2009, dez mil profissionais serão capacitados com
recursos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) devido à assinatura de um
acordo de Cooperação Técnica assinado entre os Ministérios em novembro de 2008.
(BRASIL, 2007b) (Quadro 3).
71
Ação Governamental Objetivo Prazo de
Execução
Responsável
Montagem de
sistema de
credenciamento
dos Programas
Acelerados de
Capacitação
Pessoal.
Conceder
benefícios fiscais
para as empresas
de software e
serviços.
2008-2010 Ministérios do
Trabalho e
Emprego (MTE),
da Ciência e
Tecnologia
(MCT), da
Educação (MEC)
e da Fazenda
(MF)
Programa de
Desenvolvimento
Produtivo
Criação do
Programa Nacional
de Formação de
Recursos Humanos
em TI
Qualificar
profissionais para
o atendimento da
demanda de
produtos e
serviços.
2008-2010 Ministério da
Ciência e
Tecnologia
(MCT), Ministério
da Educação
(MEC) e
Ministério do
Desenvolvimento
Indústria e
Comércio
(MDIC)
Programa de Formação de Capital
Humano em Software (FCHS)
Estruturar ações
de curto, médio e
longo prazo para
promover o
aumento
quantitativo e
qualitativo dos
profissionais de
desenvolvimento
de software no
Brasil, adequando
o perfil de
formação em
todos os níveis às
demandas de
mercado atuais e
futuras.
2006-2012 SOFTEX e
Ministério da
Ciência e
Tecnologia
(MCT).
Programa de
Estímulo ao Setor
de Software e
Serviços
Política de Software
e Serviços
Elevar a
competitividade e
a capacidade
produtiva do setor
de software e
serviços
correlatos, para
ampliar a
participação das
empresas
brasileiras nos
mercados: interno
e externo.
2007 2010 SEPIN/MCT
Quadro 2 - Políticas governamentais quanto a formação de RH em software
Fonte: Dados da pesquisadora, 2009.
72
A participação efetiva das Entidades Setoriais na discussão das políticas de
desenvolvimento de profissionais para o setor de software e serviços vem se
tornando uma prática mais presente, haja vista que nos sites e publicações das
Associações, Sindicatos e demais entidades são temas cotidianos apresentados a
fim de encontrar soluções para as problemáticas levantadas no setor.
Da mesma forma, conforme foi demonstrado nesta seção, o governo está
ciente e planeja ações para estimular a capacitação dos profissionais e empresas do
setor, visando ao aumento de competitividade nesse mercado. No entanto, verificou-
se, ao menos até o momento, a ausência de estudos acadêmicos que abordassem,
diretamente, a questão da capacitação profissional no setor de software e serviços
associados no Brasil, especialmente em relação às ações internas às empresas
especialmente em relação a processos de Educação Corporativa.
A relevância do tema pesquisado e a falta de referencial acadêmico para
aprofundamento do tema em questão motivaram a busca de dados para a
compreensão dos desafios enfrentados pelas pequenas e médias empresas do setor
de software e serviços nos processos de Educação Corporativa e formação de
pessoas.
O capítulo a seguir tem o objetivo de apresentar a metodologia utilizada para
a compreensão do objeto de pesquisa a que se refere esta dissertação.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Neste capítulo será apresentada e discutida a metodologia escolhida para o
desenvolvimento deste estudo. O capítulo está estruturado observando o
delineamento da pesquisa por meio do aporte teórico, da apresentação das
unidades de pesquisa (empresa e Entidades Setoriais) e de como foram conduzidas
e escolhidas as técnicas de coleta e de análise dos dados.
3.1 Delineamento da pesquisa
A metodologia pode ser vista como conhecimento geral e habilidade que
são necessários ao pesquisador para se orientar no processo de
investigação, tomar decisões oportunas, selecionar conceitos, hipóteses,
técnicas e dados coletados. (THIOLLENT, 2007, p. 28).
A palavra pesquisa vem do latim perquirere, averiguar, e significa ato ou efeito
de pesquisar; indagar; investigar. É um processo de perguntas e investigação, cujo
objetivo é o aprofundamento do conhecimento sobre determinado assunto ou tema
pertinente. Tem como características seguir uma linha sistemática e metódica a fim
de percorrer fontes de dados relevantes que auxilie a maior abrangência do cenário
a ser pesquisado (COLLIS; HUSSEY, 2005).
Para o desenvolvimento de uma pesquisa, a escolha da metodologia é de
suma importância, visto que é ela quem vai delinear o caminho que será percorrido
pelo pesquisador na coleta de dados para o melhor entendimento do problema que
motivou a pesquisa. Para tanto, ao planejar o projeto de pesquisa são adotados
paradigmas que darão suporte conceitual ao estudo a fim de possibilitar consistência
aos temas abordados (COLLIS; HUSSEY, 2005).
De acordo com Kuhn (1962, p. 13), os paradigmas são “realizações científicas
universalmente reconhecidas que, por certo tempo, fornecem problemas e soluções-
modelo para uma comunidade de profissionais”.
Para Collis e Hussey (2005), existem dois principais tipos de paradigmas: os
positivistas e os fenomenológicos. O paradigma positivista “baseia-se na crença de
74
que o estudo do comportamento humano deve ser conduzido da mesma maneira
que os estudos são conduzidos nas ciências naturais” (COLLIS; HUSSEY, 2005, p.
59), ou seja, “compreende a procura de fatos ou das causas através de um
raciocínio lógico, rígido, objetivo e baseado em experiência de precisão.” (COLLIS;
HUSSEY, 2005, p. 58).
Já o paradigma fenomenológico procura compreender “[...] um fenômeno, ou
seja, fatos ou ocorrências que aparecem e são percebidos, especialmente
relacionados ao problema de pesquisa em questão.” (COLLIS; HUSSEY, 2005, p.
59). Esse paradigma procura entender o comportamento humano a partir da
estrutura de referência do participante, ou seja, a interferência que este indivíduo faz
na sua inter-relação com o meio que o cerca. (COLLIS; HUSSEY, 2005).
No quadro 3, podem ser visualizadas as características que definem e
diferenciam cada paradigma de pesquisa abordado anteriormente:
Paradigma Positivista Paradigma Fenomenológico
Tende a produzir dados quantitativos Tende a produzir dados qualitativos
Usa amostras grandes Usa amostras pequenas
Interessa-se por testes de hipóteses Interessa-se pela geração de teorias
Os dados são altamente específicos e precisos Os dados são plenos de significados e subjetivos
A localização é artificial A localização é natural
A confiabilidade é alta A confiabilidade é baixa
A validade é baixa A validade é alta
Generaliza de amostra para população Generaliza de um cenário para outro
Quadro 3 - Características dos dois principais paradigmas de pesquisa.
Fonte: Collis e Hussey (2005).
De acordo com Collis e Hussey (2005), o método fenomenológico possibilita
que a investigação possa criar uma nova teoria para explicar os fenômenos ou
descrever diferentes padrões que aparecem com os dados coletados, ou seja, o
paradigma fenomenológico tende a se interessar pela profundidade dos dados
coletados com o objetivo de compreender o contexto e generalizar a partir de um
cenário para outro.
Esta pesquisa caracteriza-se por pertencer à área de ciências sociais, cujo
objeto de estudo foi um cenário determinado, composto por fatos específicos,
75
localizado em uma determinada empresa e em determinado setor. A coleta de dados
desse cenário único remeteu à necessidade de maior apropriação de conhecimentos
sobre o setor de software e serviços, fazendo com que o horizonte de pesquisa
fosse ampliado para a perspectiva das Entidades setoriais a fim de compreender
com maior profundidade o contexto do objeto de pesquisa em questão.
Sendo assim, este estudo caracteriza-se por uma abordagem fenomenológica
com a utilização do método de pesquisa-ação, por tratar-se de uma abordagem que
“presume que o mundo social está em mudança contínua, e que o pesquisador e a
pesquisa propriamente dita são parte dessa mudança”. (COLLIS; HUSSEY, 2005, p.
71).
É importante que se reconheça a pesquisa-ação como um dos inúmeros
tipos de investigação-ação, que é um termo genérico para qualquer
processo que siga um ciclo no qual se aprimora a prática pela oscilação
sistemática entre agir no campo da prática e investigar a respeito dela.
Planeja-se, implementa-se, descreve-se e avalia-se uma mudança para a
melhora de sua prática, aprendendo mais, no correr do processo, tanto a
respeito da prática quanto da própria investigação. (TRIPP, 2005, p. 445).
Para Tripp (2005), a pesquisa-ação é uma forma de investigação-ação que
utiliza técnicas de pesquisa para informar a ação que se decide tomar para melhorar
a prática da pesquisa. Caracteriza-se por ser inovadora, contínua, pró-ativa
estrategicamente, participativa, intervencionista, problematizada, deliberada,
documentada, compreendida e disseminada aos participantes. Para Tripp (2005, p.
449), a pesquisa-ação deve ser compreendida como um “processo no qual os
pesquisadores coletam evidências a respeito de suas práticas e pressupostos
críticos, crenças e valores subjacentes a elas”.
Segundo Thiollent (2007), a pesquisa-ação pode ser assim entendida:
Pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é
concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a
resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os
participantes representativos da situação ou problema estão envolvidos de
modo cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 2007, p.16).
76
De acordo com Tripp (2005), a pesquisa-ação compreende três pressupostos:
contexto, meios e finalidade do estudo. O contexto é um ambiente favorável para a
criação de temas para pesquisas. Devido à flexibilidade e à mudança constante,
uma pesquisa-ação em um determinado contexto considerar o momento para o qual
o estudo fora realizado. Os meios sugerem a compreensão profunda dos aspectos
que compreendem o contexto de pesquisa e se os mesmos sofreram algum tipo de
mudança no decorrer e após o desenvolvimento do processo nos fatos iniciais e na
percepção das pessoas e das próprias práticas que não se havia pensado em
mudar. A finalidade, por sua vez, compreende o processo de disseminação e
publicação dos dados coletados e analisados quanto ao contexto pesquisado e
quais melhorias serão obtidas em decorrência ao processo de pesquisa, o que
possibilitará o desencadeamento de uma pesquisa-ação.
Segundo Tripp (2005), a pesquisa-ação é um método que possibilita a
melhora contínua da prática, visto que estimula a reflexão e o refinamento das
ações. Para o autor, a pesquisa-ação possui quatro ciclos interativos de
investigação-ação: planejar para melhorar a prática, agir para implantar a melhora
planejada, monitorar e descrever os efeitos da ação, avaliar os resultados da ação.
[...] na pesquisa-ação, frequentemente se produzirão dados sobre os efeitos
de uma mudança da prática durante a implementação (mediante
observação, por exemplo) e ambos antes e depois da implementação
(como quando se utiliza um método pré/pós para monitorar os efeitos de
uma mudança. (TRIPP, 2005, p. 453).
O processo de pesquisa-ação, de acordo com Tripp (2005), começa quando
do reconhecimento de uma situação ou fato que favoreça a pesquisa por meio das
práticas atuais dos participantes envolvidos. A partir de então, o ciclo de
investigação-ação começa a girar de forma interativa, de modo incremental, ou seja,
“a pesquisa-ação, como uma forma de investigação-ação, é um processo corrente,
repetitivo, no qual o que se alcança em cada ciclo fornece o ponto de partida para
mais melhora no seguinte”. (TRIPP, 2005, p. 454).
Nessa perspectiva, a pesquisa-ação motiva a reflexão e a participação dos
envolvidos a fim de promover a cooperação e a colaboração de todos na resolução e
na busca dos resultados em razão da coletividade.
77
Figura 9 - Representação dos quatro ciclos básicos de investigação-ação.
Fonte: Tripp (2005).
Conforme Tripp (2005, p. 455), a “pesquisa-ação é mais eficiente quando se
expande como uma rede (vertical ou horizontalmente) por toda a organização,
embora [...] isso poucas vezes se consiga”. Para o autor, a pesquisa-ação é
produtora de conhecimento baseado na prática e tem o objetivo de incorporar as
produções que realiza ao mundo acadêmico, interligando a prática à teoria,
subsidiando, desta forma, a produção de conhecimento.
3.2 Unidades de análise
Num paradigma fenomenológico, a pesquisa costuma ser realizada em
campo, ou seja, por intermédio da participação real no próprio local do objeto de
estudo. De acordo com Collis e Hussey (2005, p. 63), “em projetos de pesquisa em
administração geralmente se usa o local de trabalho, e o pesquisador costuma não
tentar controlar nenhum aspecto do fenômeno”, tendo uma participação de maneira
imparcial da compreensão dos fenômenos apresentados.
Este estudo, caracterizado como fenomenológico (Seção 3.1), tem como
objetivo buscar a profundidade do dado coletado e desta forma apresentar subsídios
que favoreçam um melhor entendimento do objeto de pesquisa. A pesquisa adotou
como unidade de análise uma média empresa do setor de software e serviços, cujo
recorte de validação das informações obtidas necessitou de uma maior
78
compreensão do setor, o que foi realizado através de entrevistas qualitativas junto a
quatro Entidades Setoriais (COLLINS; HUSSEY, 2005).
Este estudo foi desenvolvido observando-se duas fases:
a) pesquisa-ação em uma empresa caracterizada como média empresa do
setor de software e serviços, segundo os critérios do SEBRAE (2007),
localizada na região do Vale do Rio dos Sinos/RS. Esta etapa foi
realizada com base em demandas existentes na empresa pesquisada.
Esta fase caracterizou-se por um caráter interativo, pois ao final de cada
etapa da pesquisa-ação eram feitas reuniões com os representantes da
empresa pesquisada, obtendo-se feedback, o qual contribuía para a
continuidade do estudo, possibilitando novos caminhos e enriquecendo,
desta forma, a coleta de dados e os resultados obtidos.
b) entrevistas com representantes de quatro Entidades Setoriais a fim
de compreender o contexto de pesquisa. Ao visualizar os desafios
enfrentados pela empresa pesquisada (na fase de pesquisa-ação), a
necessitou-se de uma visão abrangente e aprofundada quanto à
realidade das empresas do setor de software e também quanto às
necessidades do setor em relação à educação corporativa. Para sanar
essa necessidade, realizou-se um levantamento junto às Entidades
Setoriais, nas quais foram realizadas entrevistas com seus respectivos
diretores (04 entidades ao todo como será explicado na sequência).
3.2.1 A empresa pesquisada
A empresa pesquisada fornece softwares para projetos de automação
industrial, basicamente programas para manufatura. A sede localiza-se na região sul
do país, no Estado do Rio Grande do Sul, no Vale do Rio dos Sinos.
Na época da pesquisa, possuía 95 funcionários, sendo que a maior parte dos
colaboradores profissionais da área técnica (48 pessoas). Também compunham o
quadro funcional: gerentes de área, vendedores, auxiliares administrativos e
secretárias.
79
No mercado há 18 anos, a companhia estava em processo de ampliação de
sua atuação. Contava com escritórios em mais cinco localidades do Brasil (além da
sede no Rio Grande do Sul): Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e duas filiais no
estado de São Paulo.
A subseção a seguir tem o objetivo de apresentar como foram selecionadas
as técnicas de coleta de dados para o desenvolvimento deste estudo.
3.3 Técnicas de coleta de dados
A técnica de coleta de dados, no paradigma fenomenológico, tem a
preocupação de captar o maior número de informações possíveis para a
compreensão do objeto de pesquisa, pois a profundidade e a qualidade das
informações farão a diferença no momento da análise do problema de pesquisa.
De acordo com Collis e Hussey (2005, p. 23), “[...] para casos cujo resultado
da pesquisa está relacionado a resolver um determinado problema ou a fazer uma
contribuição geral para o conhecimento”, sugere-se a realização de uma pesquisa
aplicada. “A Pesquisa Aplicada é aquela que foi projetada para aplicar suas
descobertas a um problema específico existente.” (COLLINS; HUSSEY, 2005, p. 27),
ou seja, “projetado para encontrar uma maneira eficaz de motivar uma mudança
consciente em um ambiente parcialmente estruturado.” (COLLIS; HUSSEY, 2005, p.
71).
A presente pesquisa surgiu da necessidade da própria empresa pesquisada,
uma vez que a mesma estava enfrentando problemas internos quanto à
formalização de metodologias de capacitação e treinamentos de seus
colaboradores.
A partir de uma reunião inicial realizada no mês de janeiro de 2008 com
docentes do curso de Mestrado em Administração foi proposto um projeto de
pesquisa-ação (Apêndice A) para a avaliação da empresa, com o propósito de
realizar um diagnóstico sobre as dificuldades que a empresa estava enfrentando, e
propor possíveis soluções para a melhoria da comunicação interna e metodologias
de capacitação dos trabalhadores. O encontro para aprovação do projeto foi
80
realizado no mês de março de 2008 e teve a participação do gerente técnico e de
um dos coordenadores de projetos da área técnica da empresa.
O projeto de realização da pesquisa-ação contemplava duas etapas de
desenvolvimento: um diagnóstico a ser realizado entre os meses de março a agosto
de 2008 e a proposição de ações e de possíveis soluções para os problemas
demandados pela empresa de agosto/2008 a janeiro/2009.
Em relação à etapa de coleta de dados para o desenvolvimento do
diagnóstico sobre os problemas demandados pela empresa foram realizadas três
reuniões de preparação. Esses encontros com o colaborador determinado pela
empresa (coordenador de projetos da área técnica), nos meses de março a abril de
2008, tinham como objetivo acompanhar a execução do trabalho e orientar a
pesquisadora quanto à seleção dos colaboradores que seriam entrevistados.
Durante essas reuniões com o colaborador da empresa, a pesquisadora teve acesso
tanto à documentação interna quanto ao contato com diversos membros da
empresa, compreendendo suas características e funcionamento.
Foram coletados dados através da análise de documentos contendo
informações gerais sobre a empresa (histórico, estratégia do negócio, política da
qualidade, processos de gestão de pessoas, organograma, formulário de avaliação
de desempenho de colaboradores; todos revisados no mês de julho de 2008) e
documentos mais específicos relacionados aos processos de comunicação interna,
como acesso à intranet, manual do colaborador, apresentação (slides) da área
técnica utilizada pelo gerente técnico para apresentação da nova estrutura interna
do setor realizada na reunião dos profissionais do setor em fevereiro de 2008.
Nesses encontros semanais também foram visualizados os quadros de missão,
visão e princípios, que estavam expostos na sala de reuniões do segundo andar da
sede da empresa.
Para o desenvolvimento do diagnóstico na empresa, a coleta de dados
ocorreu no período entre os meses de abril a agosto de 2008. Além da coleta de
dados descrita anteriormente, foram realizadas dezoito (18) entrevistas com roteiro
semiestruturado com colaboradores da empresa pesquisada: gestores,
colaboradores-chave e colaboradores em nível operacional (conforme roteiros de
entrevista nos Apêndices B e C). Essas entrevistas aconteceram individualmente e
tiveram como tempo médio de duração 50 minutos. As entrevistas foram gravadas e
posteriormente transcritas para análise de conteúdo.
81
Também foram agendadas três entrevistas com colaboradores do escritório
da filial de Santa Catarina a fim de coletar dados quanto às dificuldades encontradas
por esses profissionais devido à distância geográfica da sede da empresa.
Foram pré-agendadas, inicialmente, 21 entrevistas (considerando o total de
95 colaboradores) que compunham a empresa no período de realização da
pesquisa, observando o organograma da empresa e garantindo para que, pelo
menos, um representante de cada nível fosse entrevistado. Entretanto, foram
efetivadas 18 entrevistas sendo que as três entrevistas não realizadas foram de
profissionais distantes da sede. Apenas um (1) participante da filial Santa Catarina
foi entrevistado, a distância, pela pesquisadora.
As 18 entrevistas foram realizadas conforme desdobramento a seguir:
a) etapa gestores: 1 diretor-proprietário e 4 gerentes = 5 participantes;
b) etapa colaboradores-chave: 5 participantes;
c) etapa colaboradores operacionais da sede e das filiais: 3 auxiliares
administrativos, 2 técnicos e 3 agentes comerciais = 8 participantes.
Segundo Flick (2004), as entrevistas com roteiros semiestruturados têm o
objetivo de possibilitar um diálogo aberto para que os entrevistados tenham a
liberdade de contribuir além das expectativas das perguntas previamente
elaboradas, de acordo com o problema de pesquisa a ser abordado.
A entrevista centralizada no problema, conforme Flick (2004), possui três
características:
a) centralização no problema orientando o pesquisador para um fato social
relevante;
b) orientação do objeto a fim de que o subsídio da escolha do método seja
alinhado ao objeto de estudo;
c) orientação do processo de pesquisa a fim de que o desenvolvimento do
estudo atenda os objetivo de compreensão dos problemas a serem pesquisados.
(FLICK, 2004).
Nesta perspectiva, as entrevistas tiveram o objetivo de perguntar aos
entrevistados o que faziam, sentiam e pensavam sobre o problema. Para um maior
82
conhecimento da empresa, foram elencados quatro elementos de análise na coleta
de dados e compreensão dos problemas apontados pela empresa:
a) Elemento de análise 1 - Estratégia Organizacional: análise dos
subelementos referentes à ocupação, atividades de trabalho, estratégia
competitiva, visão de futuro, identidades, cultura organizacional, avaliação
interna pontos fortes e fracos, avaliação externa oportunidades e
ameaças, comunicação interna e organização interna.
b) Elemento de análise 2 - Gestão de Recursos Humanos: análise dos
subelementos referentes a desenvolvimento profissional, indicadores
estratégicos, perfil profissional, seleção de profissionais,
comprometimento, gestão de recursos humanos, mapeamento de perfil
profissional, avaliação de desempenho.
c) Elemento de análise 3 - Educação Corporativa: análise dos subelementos
referentes à capacitação profissional, identificação de treinamento,
estrutura, ferramentas e tecnologias para capacitação e treinamento
profissional.
d) Elemento de análise 4 - Comunicação Interna: análise dos subelementos
referentes a ferramentas que favoreçam a comunicação interna, canais de
comunicação, análise dos pontos fortes e fracos, interação entre os
setores, garantia da disseminação da informação.
Para compor o cenário da pesquisa, foram igualmente realizadas visitas com
caráter de observação e acompanhamento de processos in loco, conforme datas e
horários previamente combinados com a empresa. Esse processo aconteceu entre
os meses de março a agosto de 2008, em encontros semanais, na maioria das
vezes nas sextas-feiras à tarde, perfazendo aproximadamente 76 horas de inserção
da pesquisadora dentro da empresa.
A pesquisa-ação, de acordo com Tripp (2005), prevê um planejamento
interligado aos demais ciclos interativos (Seção 3.1) do desenvolvimento do método,
no qual são organizadas as etapas a serem perpassadas para que haja uma
captação das informações e dos dados da pesquisa. Nesse planejamento são
descritas as intenções do pesquisador e o reconhecimento do contexto de pesquisa,
83
observando a situação ou o fato a ser pesquisado; a compreensão dos participantes
e de suas práticas profissionais; a intencionalidade e o foco temático da pesquisa.
Após a realização do diagnóstico dos problemas com o destaque das
oportunidades de melhoria, sintomas e possíveis causas, o qual foi entregue à
empresa em setembro de 2008 através de um relatório confidencial, o diretor-
presidente da mesma solicitou novo encontro com o grupo gerencial, a fim de que,
em conjunto com a equipe, o diagnóstico fosse discutido e, a partir disso, fossem
feitas propostas ações de melhoria para os fatos diagnosticados.
Na sequência, foi agendada nova reunião para outubro de 2008 com o grupo
gerencial para avaliar a matriz SWOT com os dados do diagnóstico e com o
mapeamento das forças, fraquezas, ameaças e oportunidades que, na época, a
empresa enfrentava em relação ao mercado no qual atuava. Essa matriz SWOT teve
como objetivo, no diagnóstico, auxiliar a compreensão dos demais elementos de
análise que foram pesquisados no decorrer do estudo (gestão de recursos humanos
na empresa, educação corporativa e comunicação interna), possibilitando uma visão
sistêmica da organização. É importante ressaltar que ela foi destacada na reunião,
dentre as informações levantadas no diagnóstico, atendendo a uma sugestão do
diretor-presidente da empresa.
Desse encontro com a equipe gerencial, após a discussão do grupo, foram
determinadas ações de melhoria para a comunicação interna por meio de um projeto
piloto de integração como uma das primeiras ações para a implantação da educação
corporativa na empresa. (Seção 4.2.2).
Os dados coletados para a elaboração do projeto piloto de integração
(Apêndice G) auxiliaram no melhor entendimento de possíveis ações de educação
corporativa por empresas do setor de software e serviços quanto a iniciativas de
promoção de educação corporativa.
Para auxiliar na elaboração do projeto piloto de integração e no projeto de
educação corporativa, foram realizadas pesquisas bibliográficas e de benchmarks.
Tais pesquisas visaram subsidiar a empresa pesquisada com possíveis práticas
referentes a processos de aprendizagem, especialmente de capacitação de
funcionários, bem como apresentar um leque de opções de ferramentas de TI que
pudessem apoiar a educação corporativa, especialmente ferramentas para EAD que
colaborassem para a melhoria da comunicação, integração e capacitação de
funcionários das filiais e da matriz.
84
Em fevereiro de 2009, foi entregue o relatório desenvolvido pela pesquisadora
com a proposição de alternativas quanto a projetos de educação corporativa
(Apêndice I).
Com o objetivo de discutir o relatório enviado anteriormente com as possíveis
propostas de ferramentas de educação corporativa, em março de 2009, foi realizada
nova reunião com a responsável pela área de recursos humanos da empresa
pesquisada e com o colaborador designado para acompanhar a pesquisa-ação.
Essa reunião possibilitou a coleta de novos dados na composição deste estudo, a
fim de validar as informações pertinentes ao tema proposto por esta pesquisa e
possibilitar a adoção de uma estratégia de educação corporativa na empresa,
observando-se sua realidade, bem como uma solução que se adaptasse às suas
características, necessidades e recursos.
3.3.1 Coleta de dados nas entidades setoriais
Para validação externa e complementação de resultados obtidos pela
pesquisa-ação realizada na empresa, foram realizadas entrevistas com
representantes de Entidades Setoriais do setor de software, buscando verificar até
que ponto os desafios enfrentados pela empresa em seus processos de educação
corporativa correspondiam a desafios também enfrentados por outras PME’s do
setor.
Esta necessidade surgiu a partir de uma reunião realizada com o diretor da
empresa pesquisada após feedback recebido do mesmo quando da entrega do
diagnóstico realizado na empresa (primeira etapa da pesquisa-ação). Neste
encontro, verificou a necessidade e a importância de ampliar a lente de pesquisa
para validar as informações coletadas no final da etapa de diagnóstico a fim de
conhecer com mais consistência as necessidade e realidade do setor de software e
serviços.
As entrevistas com os representantes das Entidades Setoriais aconteceram
posteriormente ao início do projeto de pesquisa-ação. Essas entrevistas
aconteceram individualmente, com média de duração de 50 min, entre os meses de
setembro a dezembro de 2008 (veja roteiros de entrevista utilizados nos Apêndices
85
D e E). As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas para análise de
conteúdo.
Os roteiros de entrevista utilizados para os representantes das Entidades
Setoriais seguiram uma linha de raciocínio semelhante à adotada em relação à
empresa pesquisada, através de entrevistas semiestruturadas, com os seguintes
elementos de análise: Estratégias das PME’s do setor de software e serviços
associados (de maneira geral), Gestão de Recursos Humanos nas PME’s do setor
de software e quais são as atividades e desafios enfrentados por essas empresas
nos seus processos de Educação Corporativa.
Foram entrevistados quatro gestores (um em cada uma) das seguintes
Entidades Setoriais:
a) SEPRORGS;
b) TecnoPUC;
c) UNITEC/Polo Unisinos;
d) SoftSul.
Além dessas Entidades incluídas na pesquisa, também foram feitos contatos
com as seguintes Entidades Setoriais: ASSESPRO Associação das Empresas
Brasileiras de TI, Software e Internet; ABES Associação Brasileira de Empresas de
software; Sucesu Sociedade dos Usuários de Informática e Telecomunicações do
RS e Polo de Informática de Caxias do Sul, com o objetivo de agendar entrevistas, o
que não ocorreu devido a compromissos de agenda dos gestores.
3.4 Técnicas de análise dos dados
A pesquisa fenomenológica possui características próprias (conforme seção
3.1) quanto à organização e à estruturação dos processos de pesquisa. Nesse
sentido, a confiabilidade e a validade do estudo são compreendidas como fatores
preponderantes da análise.
De acordo com Collis e Hussey (2005, p. 63), entende-se por confiabilidade
“[...] se as descobertas da pesquisa poderão ser repetidas em outros cenários de
86
pesquisa semelhantes” e se as evidências e as conclusões se mantiverem depois de
um exame minucioso, só então a pesquisa poderá ser considerada confiável. Dito
isto, as técnicas utilizadas para análise dos dados desta pesquisa foram: a análise
de conteúdo, segundo Bardin (1995) e através do Procedimento Analítico Geral para
Dados Qualitativos, proposto por Miles e Huberman (1994).
De acordo com Bardin (1995, p. 38), “a análise de conteúdo é um conjunto de
técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e
objetivos de descrição de conteúdo das mensagens”. O autor afirma que a análise
de conteúdo necessita, para conseguir um resultado satisfatório, da definição do
campo de atuação para que as intenções e objetivos propostos sejam alcançados.
A análise de conteúdo, conforme Bardin (1995), trabalha com evidências
exibidas através dos elementos apresentados na coleta de dados.
Nesta pesquisa foram analisados os conteúdos das entrevistas realizadas na
empresa e nas Entidades Setoriais e os documentos coletados no decorrer da
pesquisa (Seção 3.3). De acordo com Rocha e Deusdará (2005, p. 307), a análise
de conteúdo “preconiza alcançar uma pretensa significação profunda, um sentido
estável, conferido pelo locutor no próprio ato de produção do texto”.
Bardin (1995) afirma que a análise de conteúdo necessita ser
cuidadosamente conduzida através de três etapas:
a) pré-análise;
b) a exploração do material;
c) o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.
Na etapa de pré-análise são organizadas as ações para a escolha dos
documentos a serem submetidos à análise e à elaboração de elementos que
fundamentem a interpretação final dos dados coletados. De acordo com Bardin
(1995, p. 96), “a pré-análise tem como objetivo a organização, embora ela própria
seja composta por atividades não estruturadas, abertas, por oposição à exploração
sistemática dos documentos”.
No decorrer da pré-análise foram realizadas as atividades de leitura dos
documentos com o objetivo de estabelecer um primeiro contato com os dados e
assim conhecer o conteúdo contido nos mesmos. A escolha dos documentos a
serem analisados se dá a priori ou por determinação do universo a ser pesquisado
87
(BARDIN, 1995). No caso desta pesquisa, o material analisado partiu do princípio do
problema a ser pesquisado: desafios enfrentados pelas pequenas e médias
empresas do setor de software e serviços nos processos de educação corporativa.
A partir do momento em que o universo de pesquisa foi demarcado, o
“corpus” da pesquisa está constituído (BARDIN, 1995) para que sejam iniciados os
procedimentos de análise geral dos dados qualitativos, segundo Miles e Huberman
(1994 apud COLLIS e HUSSEY, 2005) que se caracteriza “[...] pela rigorosidade
metódica e pelos processos sistemáticos requisitados.” (COLLIS; HUSSEY, 2005, p.
246).
Na análise dos dados foram realizados os processos de
a) redução dos dados;
b) estruturação e redução antecipada de dados;
c) apresentação dos resultados obtidos (COLLIS; HUSSEY, 1997), a fim de
compor um cenário da empresa pesquisada em relação aos problemas e desafios
enfrentados nos processos de educação corporativa, bem como esses dados foram
comparados e complementados com os dados coletados das Entidades Setoriais.
A redução dos dados é uma forma de organizar e descartar as informações
obtidas de tal maneira que se possa chegar a conclusões finais e verificá-las. De
acordo com Bardin (1995), essa ação é considerada a regra da exaustividade, na
qual são considerados todos os elementos que compõem o cenário a ser analisado
(regra da representatividade) para que numa ação de seleção de dados sejam
descartados os dados desnecessários.
Na estruturação dos dados, as informações coletadas passam por um
processo no qual a sua inserção passa a ter uma organização própria, possibilitando
a verificação dos construtos preexistentes e que suscitaram a pesquisa ou a criação
de novos construtos que surgiram no decorrer da pesquisa. Segundo Bardin (1995,
p. 98), “os documentos retidos devem ser homogêneos e obedecer aos critérios
definidos - (regra da homogeneidade)”.
A redução antecipada de dados compõe a segunda fase, conforme Collis e
Hussey (2005), pois o pesquisador poderá já possuir uma linha teórica e,
consequentemente, descartar dados que não estejam ao encontro do objeto de
pesquisa. Nesse caso, de acordo com Bardin (1995, p. 98), a análise de conteúdo
está na regra da pertinência, em que os “documentos retidos devem ser adequados
88
como fonte de informação, de modo a corresponderem ao objetivo que suscita a
análise”
A apresentação gráfica dos dados, segundo Collins e Hussey (2005), é a
consequência dos resultados obtidos pela coleta de dados, os quais poderão ser
mais bem compreendidos se forem apresentados de maneira gráfica e visivelmente
legíveis.
Miles e Huberman (1994) afirmam que o Procedimento Geral de Análise
Qualitativa é composto por passos que reproduzem as fases acima descritas como:
a) o registro diário para que se possa realizar o conhecimento do cenário
global e do conteúdo dos dados coletados;
b) a redução dos dados para a posterior codificação dos construtos a serem
verificados;
c) a análise dos conteúdos para verificação das informações e redação dos
resultados verificados.
No quadro abaixo, são apresentadas as fases realizadas para o
desdobramento da análise do conteúdo dos dados referentes a este estudo:
1. Todas as notas de campo foram transformadas em alguma forma de registro escrito.
(Apêndice F)
2. Assegurou-se de que qualquer material coletado em entrevistas, observações ou
documentos originais fosse devidamente citado. A referência indicou quem estava
envolvido, a data e a hora, as circunstâncias que levaram à coleta dos dados e as
possíveis implicações para a pesquisa. (Apêndice F)
3. Destinou-se um código específico, ou seja, um elemento de análise para cada tema
pesquisado. (vide roteiros no Apêndice B)
4. As descobertas foram redigidas, cotidianamente, através de registros. (Apêndice F)
5. Utilizaram-se os registros para formar generalizações com as quais se podiam confrontar
teorias existentes ou formar uma nova teoria sobre o elemento analisado. (Apêndice I)
6. Refinaram-se os dados coletados até ter a certeza de que as generalizações que
surgiram eram suficientemente consistentes para enfrentar a análise de teorias
existentes ou a formulação de uma nova teoria. (Apêndice I)
Quadro 4 Procedimento analítico geral adotado para a análise dos dados qualitativos
Fonte: Elaborado pela autora com base em Collis e Hussey, 2005.
89
No decorrer da coleta de dados foram registradas todas as notas de campo,
individualmente, com a identificação “registro de pesquisa n
o
?”, com data, atividade,
fato ocorrido, implicações para a pesquisa com o objetivo de assegurar que o
material coletado em entrevistas, observações ou documentos originais seria
devidamente citado (Apêndice F).
Foram destacados elementos de análise para pesquisa, tais como:
a) estratégia;
b) gestão de recursos humanos;
c) educação corporativa;
d) comunicação interna (somente para a empresa pesquisada) para que os
dados coletados fossem relacionados aos conceitos pesquisados.
Os elementos de análise permitiram que os dados fossem armazenados
rapidamente localizados e reorganizados de várias maneiras proporcionando uma
melhor interpretação dos dados coletados (Apêndice B). (COLLIS; HUSSEY, 1997).
No decorrer da pesquisa-ação foram redigidas, cotidianamente, as
descobertas através de anotações pessoais, transcrição e análise posterior das
entrevistas, com intuito de compor os dois relatórios enviados para a empresa
pesquisada.
O primeiro relatório continha o diagnóstico dos problemas destacados pela
empresa e com proposição de melhorias (relatório confidencial).
Já o segundo relatório entregue à empresa pesquisada continha referencial
teórico e prático, especialmente o estado da arte sobre projetos e processos de
educação corporativa, a identificação e estudo de benchmarks de empresas do setor
software que desenvolvem atividades de educação corporativa, bem como a análise
de soluções, ferramentas, metodologias e tecnologias disponíveis no mercado sobre
o tema em questão. (Apêndice I).
Esses dois relatórios foram apresentados à empresa, e a pesquisadora
recebeu feedback sobre a pertinência das informações e possibilidades de
implementação das sugestões na prática diária do trabalho na empresa.
Os retornos e comentários recebidos da empresa em cada etapa foram
fundamentais para a compreensão do tema de pesquisa, e podem ser destacados
90
como a característica mais marcante no processo de pesquisa (característica própria
do método de pesquisa-ação).
O capítulo a seguir tem o objetivo de apresentar os dados provenientes das
análises de conteúdo referentes ao problema de pesquisa abordado neste estudo.
4 ANÁLISE DOS DADOS
Esta seção tem o objetivo de analisar os dados coletados no decorrer da
pesquisa. Embora a pesquisa-ação tenha sido a primeira etapa deste trabalho, esta
seção iniciará a análise dos dados provenientes das Entidades Setoriais, pois a
visão mais ampla do setor de software proporcionará um melhor entendimento do
problema de pesquisa.
Após a visão macro dos dados através da lente das Entidades Setoriais,
serão analisados os dados coletados na pesquisa-ação realizada na empresa
pesquisada.
4.1 Análise das entrevistas com representantes de entidades do setor de
software
Os dados a seguir apresentados foram organizados em três subseções:
características gerais do setor de software e serviços associados, gestão de
recursos humanos e educação corporativa.
No decorrer da análise dos dados, as Entidades participantes serão
caracterizadas como Entidades 1, Entidades 2, Entidades 3 e Entidades 4, no intuito
de diferenciar, caso necessário, suas opiniões e contribuições para este estudo.
4.1.1 Características gerais do setor de software e serviços associados
Conforme dados revelados pelas entrevistas, as pequenas e médias
empresas (PME’s) atuam, na sua maioria, no modelo de negócios de produtos
descrito por Gutierrez e Alexandre (2004) (Seção 2.5.1). Ou seja, comercializam
produtos de softwares, prestam serviços de manutenção, suporte e consultoria em
software e software embarcado.
92
Segundo dados colhidos nas entrevistas setoriais, de uma maneira geral,
algumas características podem ser definidas para as pequenas e médias empresas
(PME’s) do setor de software e serviços:
a) são empresas criadas por empreendedores, geralmente profissionais com
conhecimento específico nas áreas de informática e tecnologia;
b) iniciam suas atividades com uma equipe pequena (três a cinco pessoas),
geralmente na comercialização de produtos de software e na prestação de
serviços de manutenção de hardware, serviços de suporte e consultoria;
c) apresentam uma dependência extrema de profissionais especialistas
(técnicos da área) para criação e manutenção de projetos de software;
d) geralmente os trabalhadores são técnicos em informática, em início de
carreira e atuam como estagiários;
e) atuam em todas as áreas da informática. Quando há uma definição de
foco, as PME’s fazem bem a competência central baseada na tecnologia
que é seu “carro-chefe”.
Se eu for traçar um perfil das pequenas e médias empresas pelo que a
gente vê não só aqui pelo parque, mas com interações com empresas com
outros endereços, em geral elas fazem bem, tem uma competência central
baseada naquela tecnologia que é o carro-chefe delas [...].
(ENTREVISTADO ENTIDADE 2, dezembro, 2008).
A gestão das PME’s acontece, geralmente, através do proprietário do
negócio. O perfil da liderança destaca-se pela inovação e empreendedorismo nato
do empresário, corroborando com os dados apresentados no relatório da SOFTEX
(2002). Segundo os entrevistados das Entidades 1 e 2, em geral, o empresário de
tecnologia possui um conjunto de certezas; pensa ter domínio da gestão de seu
negócio, visto que é superior o conhecimento que possui quanto à tecnologia que
trabalha e é o que o diferencia no mercado.
Todos os entrevistados das quatro entidades setoriais afirmaram que
geralmente os empreendedores do setor de software são técnicos da área de
tecnologia, o que os impossibilita muitas vezes de conhecer formas especializadas
de gerenciar seu próprio negócio. Esta afirmação vem ao encontro do relatório da
93
SOFTEX (2002), quando apresenta as características de gestão das empresas de
software.
De acordo com o entrevistado da Entidade 2, a necessidade da
profissionalização da gestão só acontece quando a empresa chega numa fronteira
de crescimento: de micro para pequena empresa ou de pequena para média
empresa:
[...] em geral o empresário de tecnologia, se ele está empreendendo, ele é
um cara que tem um perfil de certa independência. Ele tem um conjunto
grande de certeza, então ele sabe tudo. Ele sabe tudo daquilo que é da
tecnologia que ele conhece, mas ele pensa que sabe tudo dessas outras
coisas que eu citei (marketing, vendas, contratação de pessoal,
administração) que são as laterais ao negócio principal da empresa, mas
que podem ajudá-la a crescer mais rápido ou ser um empecilho para ela
crescer de uma forma adequada. [...]. (ENTREVISTADO ENTIDADE 2,
dezembro, 2008).
[...] Então é um setor formado por empresas jovens. Essas empresas, por
sua vez, em grande maioria dos sócios são jovens também. E então, são
pessoas que muitas vezes não tem anos e anos de experiência de vida ou
profissional, acho que é o meu caso. Tenho 34 anos, [...] e por isso mesmo
muitas vezes os desafios das empresas não são os técnicos porque são
pessoas que são “up to date”, que estão atualizadas, têm um conhecimento
técnico enorme, e o calcanhar de Aquiles muitas vezes são os
conhecimentos de gestão. Então eu acho que aí se apresenta de uma
forma muito feliz, o próprio PGQP (Programa Gaúcho de Qualidade e
Produtividade) que é uma ferramenta de gestão que as empresas
conseguem incorporar a custos baixíssimos e que se fossem contratar
consultorias e tudo mais, terão os valores bastante elevados. Então eu diria
como são empresas que primam e exercem a excelência em soluções
tecnológicas. Mas ainda têm dificuldades, muitas vezes gerenciais e
administrativas [...]. (ENTREVISTADO ENTIDADE 1, agosto de 2008).
No relatório da SOFTEX (2002), a constatação também confirma esta
característica na qual a liderança executiva, através de uma estratégia de gestão,
procura auxílio de novos sócios especialistas em conhecimentos de economia de
risco para que possa aprimorar a gestão administrativa de suas empresas (SOFTEX,
2002).
Ao abordar a maturidade dos processos de gestão, as MPE’s apresentam
características comuns como o foco em atividades comerciais através de ações de
venda e comercialização de produtos e serviços, deixando para segundo plano os
processos e gestão relacionada aos recursos humanos e marketing, uma vez que
94
esses processos não são vistos como estratégicos, em geral, pelas empresas.
Segundo os entrevistados das Entidades 2 e 3, o nível de profissionalização das
PME’s quanto à gestão pode ser definido como baixo para as pequenas empresas, e
médio para as médias empresas.
[...] (Quanto ao nível de gestão das PME’s) Das pequenas é baixo, na
minha visão é sem discussão, é muito baixo eu diria. Das que a gente
possa classificar de média, é médio. É muito comum a gente ver essas
pequenas que o cara tem dois anos de vida e já atuou em meia dúzia de
coisas diferentes. Isso quer dizer que ele nem sequer tem um foco. E então,
se ele nem sequer tem um foco, quanto mais um plano para ir pra algum
lugar, não tem nenhum norte. Como é que eu vou ter um mapa para ir pra
algum lugar que eu nem sei qual é [...]. (ENTREVISTADO ENTIDADE 2,
dezembro, 2008).
Para os entrevistados das Entidades 1, 2 e 3, os processos de planejamento
e gestão estratégica das empresas em geral não acontecem de maneira metódica.
Geralmente as pequenas empresas não possuem um foco de negócio delineado
devido à ausência de um exercício sistemático de planejamento. Como necessitam
sobreviver no mercado, atendem a todas as demandas que surgem gerando um
posicionamento de atendimento ao cliente de maneira generalista, sem determinar,
por vezes, sua competência essencial.
Eu considero que, quando eu não tenho foco, eu não tenho exercício
sistemático de planejamento, e quando eu não tenho exercício sistemático
de planejamento, eu não tenho questões de RH a que eu me referi no início.
Isso me gera uma porção de... (silêncio), me gera um estilo de tocar um
negócio à moda bombeiro, - Ah, deu um fogo ali, a gente vai lá e apaga [...].
(ENTREVISTADO ENTIDADE 2, dezembro, 2008).
[...] (Desafios a serem enfrentados pelas PME´s) liderança, planejamento
estratégico, plano de negócios, esses aspectos, monitoramento e definição
dos indicadores, visão de futuro... Esses aspectos às vezes são deixados
de lado, mas passam por diversas outras coisas, quero dizer
relacionamento do próprio cliente, formalização dessas coisas.
(ENTREVISTADO ENTIDADE 3, dezembro, 2008).
Outra característica presente nas PME’s é a ausência, na sua maioria, de
políticas de qualidade relacionadas a Normas Internacionais de Qualidade.
95
Geralmente as PME’s preocupam-se com as certificações por produtos proporcionadas
pelas indústrias de software para que possam alavancar as atividades de prestação de
serviços em software. Nem sempre possuem padrões internos de qualidade e , quando os
têm, nem sempre demonstram muita preocupação com as certificações internacionais de
processos internos como a ISO, por exemplo. Há uma preocupação por certificações
internacionais do setor como a CMMI
5
, quando a empresa inicia processos de
internacionalização, devido à exigência do mercado.
Segundo o entrevistado da Entidade 2, o Brasil possui processos e modelos de
padrão de qualidade próprios que não seguem, necessariamente, os padrões
internacionais. Aos olhos do mercado, a não adoção de processos de qualidade
internacional desqualifica as pequenas e médias empresas brasileiras para a exportação.
De acordo com o entrevistado, a importância da adoção dos padrões de qualidade
internacional é essencial devido ao grau de maturidade e à evolução de cada empresa,
demonstrando, assim, sua gestão profissionalizada.
A política nacional de criar um “selo” para as empresas do setor poderá auxiliar na
profissionalização da gestão. Porém, ao iniciar um processo de internacionalização, a
empresa necessariamente precisa obter as certificações internacionais para atender aos
requisitos do mercado.
[...] o que está acontecendo agora é que na medida em que as empresas
brasileiras estão indo colocar a ‘cara’ para exportar e ouvindo de seus potenciais
compradores de software: “qual é o CMMI que você está certificado?” E os
empresários tentam explicar que tem uma coisa local (certificação) e a conversa
não evolui, as empresas voltam e perguntam para nós: “Como a gente faz pra fazer
um projeto para passar do MPS - nível ‘X’ para o CMMI nível ‘Y’?”. Aí as empresas
pagam duas vezes, ou seja, pagam mais uma vez e meia e ainda têm o esforço
que vão ter que fazer para essa migração. Aí são iguais (as certificações)? Mas se
fossem iguais você receberia dois certificados, o que não acontece. Tem que
passar por uma outra avaliação, outro método diferente, requisitos diferentes... Tu
tens que ter uma base de projetos para analisar dentro da outra avaliação e isso
não é um coisa de dias. Leva de três a seis meses para fazer essa migração se
você estiver com todas os requisitos, tiver bonitinho na moldura e isso custa
dinheiro. Então, a equivalência na prática ela é uma falácia, mas ela é colocada
amplamente. E esse movimento que
a gente vê de empresas tentando pular do nível F ou G no MPS
6
para o nível dois
do CMMI é uma [silêncio]. Só nós temos hoje três clientes nessa situação,
empresas que estão pulando de um lado para o outro, no MPS para o CMMI
5
A CMMI - Capability Maturity Model Integration - procura estabelecer um modelo único para o
processo de melhoria corporativo, integrando diferentes modelos e disciplinas para o setor de
software e serviços. Fonte: SEI, 2009.
6
O MPS.BR ou Melhoria de Processos do Software Brasileiro é um movimento para a melhoria e
um modelo de qualidade de processo voltada para a realidade do mercado de pequenas e médias
empresas de desenvolvimento de software no Brasil. Fonte: SOFTEX, 2007.
96
justamente porque em algum momento ela foi tentar vender (seus produtos e
serviços) e ouviu essa questão. (ENTREVISTADO ENTIDADE 2, dezembro,2008).
Alguns mercados mundiais não são regulamentados, como na Ásia e no leste
europeu, o que favorece uma deslealdade entre as empresas do setor. Hoje se pode
afirmar que software é uma commodities, pois todas as empresas do setor, no
mundo inteiro, podem produzir e atender às demandas em todos os locais do
planeta.
Conforme dados colhidos nas entrevistas, as empresas de software
costumam concorrer baseadas no preço praticado de produtos e serviços quanto
aos requisitos mínimos de qualidade do processo ou pela certificação de produtos.
No que tange aos serviços de manutenção, as empresas locais geralmente dominam
o mercado local. Já os produtos de software apresentam uma concorrência em nível
internacional, especialmente no que se refere aos pacotes de software.
Segundo os entrevistados das Entidades 1, 2 e 3, desde que as empresas
globais começaram a chegar ao Brasil, a mão de obra ficou mais cara devido ao
reflexo da globalização do mercado. As empresas brasileiras começaram a exportar
mais, e os clientes começaram a olhar as empresas internas com o mesmo afinco
com que observavam as empresas do exterior. A competitividade fez com que as
margens de retorno encolhessem e os negócios ficassem cada vez mais instáveis.
[...] (quanto à rotatividade de profissionais) É porque é uma combinação
explosiva, é salário alto, muita vaga em aberto. Então, pra suprir as vagas,
tu não tens as pessoas no mercado. Então tem que aumentar o salário pra
que as pessoas saiam do seu emprego e venham para o novo desafio. Só
que hoje as pessoas saem do A para ir para o B e amanhã elas saem do B
para voltar ao A. (ENTREVISTADO ENTIDADE 1, agosto de 2008).
97
Características do Setor de Software
Empresas criadas por empreendedores, geralmente profissionais com conhecimento
específico nas áreas de informática e tecnologia.
Iniciam suas atividades com uma equipe pequena (3 a 5 pessoas), geralmente na
comercialização de produtos de software e na prestação de serviços de manutenção de
hardware, serviços de suporte e consultoria.
Apresentam uma dependência extrema de profissionais especialistas (técnicos da área)
para criação e manutenção de projetos de software.
Geralmente os trabalhadores são técnicos em informática em início de carreira e atuam
como estagiários.
Atuam em todas as áreas da informática de forma generalista.
Quando há uma definição de foco, as PME’s fazem bem a competência central baseada
na tecnologia que é seu “carro-chefe”.
Quadro 5 Características do setor de software.
Fonte: Dados da pesquisa, 2009.
A gestão de recursos humanos no setor de software e serviços, conforme
resultados desta pesquisa, ainda está em fase primária de desenvolvimento. Desta
forma, a seção a seguir tem o objetivo de aprofundar os dados colhidos no decorrer
deste estudo sobre esse enfoque.
4.1.2 Recursos humanos no setor de software e serviços associados
Através da globalização e do acesso à internet, as empresas do setor de
software e serviços conseguiram posicionar-se de forma a atender um mercado em
expansão, não apenas localmente, mas também com a possibilidade de atender
clientes globalmente, o que favoreceu, conforme dados na época da pesquisa, um
aumento de contratação de profissionais.
De acordo com os entrevistados das Entidades 2 e 3, quase na sua
totalidade, as PME’s não possuem um plano de desenvolvimento de recursos
humanos aliado ao plano de desenvolvimento dos negócios. Isso gera um
comportamento instável das ações que desenvolvem no mercado, visto que não há
uma normalidade em suas atividades, ou seja, a inconstância e a substituição
98
frequente da equipe favorece a perda das práticas de trabalho, necessitando de um
recomeçar constante, o que afeta os resultados dos produtos e serviços prestados
pelas PME´s e, consequentemente, a qualidade do trabalho ofertado.
Segundo os entrevistados das Entidades 2 e 3, é algo raro ter um profissional
de recursos humanos como elemento estratégico na gestão das pequenas e médias
empresas. Geralmente é o proprietário quem faz todos os processos de seleção,
contratação, desenvolvimento (se for o caso) e administração de pessoal.
Olha... eu diria que com menos de vinte funcionários é difícil ter (profissional
de recursos humanos). É raríssimo alguém que não seja o dono que acabe
fazendo esses processos de seleção, promoção, desligamento, ou seja, é
ele quem decide, quem entra, quem sobe, quem sai. Sem ter um suporte de
alguém de RH, à medida que elas vão passando de vinte e poucos
[funcionários] para trinta e poucos funcionários começa a aparecer.
(ENTREVISTADO ENTIDADE 2, dezembro, 2008).
A ausência de um planejamento de recursos humanos, aliada à falta de
gestão de carreira dos profissionais, e o excesso de oferta para contratação de
profissionais técnicos são elementos que afetam diretamente a administração das
PME’s (SOFTEX, 2002), conforme já relatado na seção 4.1.1 deste estudo.
Entretanto, segundo os entrevistados das Entidades 1, 2, 3 e 4, quando as
empresas visualizam como diferencial competitivo considerar a gestão de recursos
humanos como área estratégica, é possível organizar ações e indicadores que
possibilitam acompanhar a evolução do aprendizado organizacional de forma a
visualizar a criação de uma cultura própria que a diferencia de outras organizações.
Assim, é possível reconhecer em seus profissionais a forma de trabalho, já que os
mesmos conhecem as necessidades da empresa e de seus clientes e visualizam as
oportunidades de crescimento para si próprio e para a organização.
[...] quando a gente está falando de empresas que investem em capacitação
para os seus colaboradores, quando já estão um pouco mais consolidadas
(em educação corporativa), elas começam a ter algum estilo, cultura,
conjunto de procedimentos, (silêncio) seu jeito de fazer, e aí, além do
treinamento formal da tecnologia que a empresa usa e comercializa, ela
também vai fazer algum tipo de capacitação no seu jeito de funcionar que
transcende questões do tipo ‘Aqui a gente trabalha de tal a tal hora’
(ENTREVISTADO ENTIDADE 2, dezembro de 2008).
99
Dentro deste contexto, os dados desta pesquisa revelam um cenário no qual
a gestão de recursos humanos não é vista, ainda, como algo estratégico para
atender às demandas de trabalho que surgem nas pequenas e médias empresas de
software. A gestão de recursos humanos acontece de maneira informal, na qual o
proprietário assume o papel de recrutador de profissionais para atender às
necessidades emergenciais da empresa. Essa característica também é enfatizada
pelo relatório da SOFTEX (2002) e reforçada na fala de um dos entrevistados:
[...] é uma questão de atitude. Eu acho que a educação corporativa tem que
integrar essas diversas visões, quer dizer, eu não posso imaginar que o
técnico sentado na frente do computador, um programador, fique
simplesmente de cabeça baixa programando, fazendo a parte dele e todos
os funcionários sem conhecer o todo do negócio, do business, todo o
ambiente ao seu entorno. Este técnico não vai ter qualificação suficiente
para atender a resposta que essa empresa tem que dar ao mercado. E
então, é um desafio que começa lá na alta gerência de como irão
disseminar esses conceitos, estruturar sua equipe e motivá-la.
(ENTREVISTADO ENTIDADE 3, dezembro, 2008).
Uma ameaça presente nos últimos tempos para as PME’s de software é o
fato de as grandes corporações possuírem contratos de offshore alterando, dessa
forma, o ritmo da contratação de profissionais da área de tecnologia. Essa
movimentação brusca acontece devido a demandas emergenciais de contratantes
que alteram o mercado para produzirem resultados em um curto espaço de tempo.
Segundo o entrevistado da Entidade 2, quando uma grande empresa assume
algum contrato desta natureza offshore, ela demanda em um curto espaço de tempo
uma necessidade grande de profissionais, retirando a força de trabalho das PME’s e
ocasionando uma turbulência no setor. Com o intuito de minimizar esse impacto, as
PME’s utilizam estratégias para a retenção de talentos ofertando benefícios
(celulares, cursos de capacitação) ou oportunidades de sociedade na empresa aos
colaboradores essenciais para o desenvolvimento do negócio.
Eu tenho visto duas estratégias: uma que não é de fácil implementação
devido aos escassos recursos econômicos que as PME’S possuem, que é
oferecer um pacote de benefícios laterais - oferecem celulares, cursos de
capacitação. Uma segunda opção, que não é aplicada a todos os
100
colaboradores, é uma participação na empresa àquela pessoa considerada
chave para o negócio. Isso a gente tem visto e não é uma receita que se
aplique a ‘rodo’, mas tem servido para reter bons profissionais que também
tem algum perfil empreendedor. Essa é uma estratégia que eu considero
inteligente, porém tem uma aplicação restrita devido à sua própria natureza.
(ENTREVISTADO ENTIDADE 2, dezembro, 2008).
O campo de atuação dos profissionais do setor de software atualmente está
interligado aos conhecimentos de tecnologia com práticas que englobam linguagens
de programação, bases de dados, elaboração de ferramentas, criação de
plataformas e padrões, elaboração e revisão de processos e a gestão da qualidade
de software. De acordo com os entrevistados das Entidades 1, 2 e 3, existem um
perfil real e um perfil desejável de profissional que atua no setor.
O perfil real (vide quadro 8) destaca-se por possuir jovens desenvolvedores e
programadores de sistemas com formação técnica. Muitos desses profissionais são
formados por escolas técnicas de nível médio e são absorvidos pelo mercado de
trabalho como estagiários; o que corrobora com os dados apresentados pelo
Programa de Formação de Capital Humano em Software desenvolvido pela
SOFTEX (2006), quando da necessidade de aperfeiçoar a profissionalização dos
trabalhadores do setor. Para os entrevistados das Entidades 1, 2, 3 e 4, é comum
encontrar alunos de graduação com experiência no setor de software. Eles se
caracterizam por já atuarem no setor como estagiários ou profissionais da área.
Já o perfil profissional desejável (vide quadro 8) pelas empresas de software é
aquele que contempla uma maior abrangência de conhecimentos técnicos, de modo
que o profissional possua uma visão ampla do trabalho, pois já atua ou atuou na
área, e que seja capaz de escolher alguma especialidade para focar suas atividades.
Também são desejáveis habilidades e atitudes de trabalho em equipe: saber
perguntar e ouvir, ter boa comunicação verbal e escrita, capacidade de interação
com seus pares, ser solucionador de problemas, além de ter a capacidade de saber
aprender e desaprender constantemente, o que também corrobora com os dados
apresentados pelo Programa de Capacitação desenvolvido pela SOFTEX (2006).
101
De uma forma geral eu diria: tem que ser alguém que tenha uma boa
qualificação técnica, mas só isso não é suficiente. Tem que ser uma pessoa
que tenha uma formação suficientemente boa pra ter uma visão sistêmica
da organização em que atua e do cliente. (ENTREVISTADO ENTIDADE 1,
agosto de 2008).
Outra característica importante e também excludente para o mercado de
tecnologia é o fato de que o profissional desta área necessita falar fluentemente
duas línguas (sua língua materna e o inglês). Em alguns casos, conforme dados
colhidos, o profissional ainda necessitará ter conhecimento da língua pátria da
empresa para a qual presta serviço, completando o total de três línguas obrigatórias
para a execução de seu trabalho.
[...] praticamente cem por cento do pessoal que trabalha aqui (na Entidade
4) é exigido um conhecimento de inglês. (ENTREVISTADO ENTIDADE 4,
dezembro, 2008).
Profissional do setor de software
Perfil Atual
- é uma pessoa jovem (com idade entre 16 a 25
anos);
- Possui formação técnica de nível médio;
- Geralmente é desenvolvedor de software e
prestador de serviços de suporte e consultoria;
- Atua como estagiário ou possui contrato como
profissional terceirizado;
- Geralmente possui certificações por produtos;
- Possui fluência no inglês.
Perfil Desejado
- Ter, no mínimo, formação técnica de nível
médio em Informática;
- Possuir visão ampla do trabalho;
- Ter fluência em inglês;
- Possuir abrangência de conhecimento
técnico;
- Possuir, preferencialmente, certificações
por produtos;
- Ser especialista em uma área técnica;
- Possuir habilidade de trabalho em equipe;
- Ser solucionador de problemas;
- Ter boa comunicação oral e escrita;
- Ser capaz de reaprender constantemente.
Quadro 6 Comparação entre o perfil atual e o perfil desejado dos profissionais do setor de software.
Fonte: Dados da pesquisa.
De acordo com o entrevistado da Entidade 2, a autogestão da carreira, na
qual a elaboração do itinerário de formação profissional é de responsabilidade
individual e não mais somente da empresa, está muito presente atualmente devido à
importância dada pelos profissionais em realizar cursos para o aprimoramento
profissional. Cursos de certificação em produtos de softwares específicos são
exemplos de qualificação profissional buscadas por esses profissionais. Nesse
102
sentido, essa constatação coincide com as colocações de Morgado (2008) quanto à
necessidade de aperfeiçoamento e atualização das grades curriculares dos cursos
de formação em informática e áreas afins.
A informática é uma parede de limo, se você parar, escorrega para baixo. A
tecnologia evolui rápido demais e os conceitos são desaprendidos e
novamente aprendidos. (ENTREVISTADO ENTIDADE 2, dezembro de 2008).
Para os entrevistados das Entidades 2 e 3, a caracterização acima quanto à
gestão de recursos humanos no setor de software não é uma realidade somente
gaúcha, ressalvando as questões culturais de cada localidade. Conforme dados
apresentados, uma das poucas diferenças pontuais em diversos estados brasileiros
é o turnover do setor. Segundo os dados apresentados pelos entrevistados, no Rio
Grande do Sul, o índice gira em torno de 15 a 20%, sendo menor do que no estado
de São Paulo, por exemplo, onde o mercado é mais aquecido.
Características da gestão de recursos humanos no Setor de Software
Geralmente as pequenas e médias empresas do setor de software não possuem
uma área de recursos humanos.
São raras as PME’s que possuem um profissional responsável pela área de
recursos humanos.
Os processos de recrutamento e seleção, admissão, desenvolvimento, retenção e
desligamento de profissionais são realizados, geralmente, pelo proprietário da
PME.
Há uma prática constante de troca de empresas devido à falta de recursos
humanos qualificados no setor, gerando instabilidade na empresa e quebra na
continuidade dos projetos que estão sendo desenvolvidos.
Geralmente não há uma política de gestão de recursos humanos nas PME’s com
indicadores, planos de ação específicos para o desenvolvimento de competências
profissionais.
As PME’s estão desenvolvendo estratégias específicas para retenção de
profissionais nas empresas.
Existe um perfil atual e um perfil desejado de competências profissionais para
contratação de trabalhadores para atuar no setor de software.
Quadro 7 Características da gestão de recursos humanos no setor de software.
Fonte: Dados da pesquisa, 2009.
103
A necessidade de aperfeiçoamento profissional e do desenvolvimento de
competências, conforme destacado anteriormente, é um dos desafios enfrentados
pelas empresas do setor atualmente. Na subseção a seguir, o tema educação
corporativa no setor de software tem o propósito de refletir sobre essa questão.
4.1.3 Educação corporativa no setor de software
Segundo os entrevistados das Entidades Setoriais 2 e 3, o conceito de
educação corporativa como capacitação continuada de trabalhadores com foco na
estratégia da empresa ainda é pouco ou quase nunca utilizado nas PME’s do setor
de software.
[...] a gente percebe o seguinte: as empresas em via de regra ainda
percebem essas questões (educação corporativa) como um custo e não
como investimento. Então, falta maturidade de processo, inteligência
competitiva, inteligência comercial, a questão de olhar o todo.
(ENTREVISTADO ENTIDADE 3, dezembro, 2008).
De acordo com os resultados dos dados deste estudo, pode-se afirmar que as
pequenas e médias empresas do setor de software, na sua maioria, não adotam
uma estratégia ou metodologias de educação corporativa, conforme o conceito
proposto por Meister (1999) e Eboli (2004) devido ao desconhecimento do mesmo.
Eu penso que esta é uma carência (sobre desenvolvimento de Educação
Corporativa em PME’s de software). Com certeza não é um privilégio dessa
empresa na qual vocês estão trabalhando. Atualmente, a tecnologia de
informação, as pessoas têm que estar alinhadas, integradas ao business da
organização. Os processos têm que estar definidos claramente. Então, eu
entendo o seguinte: nós temos também um passo anterior à educação
corporativa, que passa por submeter equipes à capacitação e à melhoria de
processos. Uma empresa que não investe hoje em processo de gestão da
inovação, ela corre o sério risco de perder a competitividade e vir a falir
rapidamente. (ENTREVISTADO ENTIDADE 3, dezembro, 2008).
104
Ainda é muito presente nas PME’s o conceito de treinamento para a atividade
fim da empresa devido às suas necessidades específicas. Uma realidade também,
conforme afirmação dos entrevistados, é a integração de novos colaboradores. Essa
integração acontece, geralmente, por intermédio do monitoramento e
assessoramento do profissional mais antigo da empresa, corroborando com o
conceito de Comunidades de Prática (CoP) descrito por BROWN e DUGUID (1991)
e WENGER, (1998).
Segundo o entrevistado da Entidade 2, quando esse treinamento acontece é
porque a empresa está tendo pouca demanda de serviço. Caso contrário, o mesmo
não acontece, pois o foco é a produção de projetos e a aquisição de receita para a
empresa.
Para os entrevistados das Entidades 2 e 3, geralmente as PME’s contratam
profissionais já capacitados para a tecnologia, produto ou serviço sobre o qual a
empresa deseja atuar, a fim de não ter necessidade de investimento em qualificação
e desenvolvimento profissional.
[...] o que eu tenho visto nas PME’s é que eles contratam pessoas que
conheçam a tecnologia que as empresas usam. Isso é dentro de um
conjunto de estratégias de minimizar custos. Se a pessoa não conhece
exatamente a tecnologia, a empresa usa o que a gente apelida de ‘tática
espírita’ - encosta-se a alguém e o cara aprende pelo encosto. O novo
colaborador fica junto com o profissional que entende por duas semanas
trabalhando [...] e pretensiosamente aprenderá. Pouco se vê as pequenas
(empresas) investindo em treinamento. (ENTREVISTADO ENTIDADE 2,
dezembro, 2008).
Conforme dados provenientes das entrevistas com as Entidades setoriais 1, 2
e 3, a educação corporativa inicia com ações de treinamentos relacionadas à
integração, foco do negócio da empresa, atitudes e comportamentos desejáveis pela
empresa, como postura ética e trabalho em equipe, em empresas de médio porte
acima de 60 funcionários, quando já existem profissionais de recursos humanos
exclusivos para encaminhar atividades que visem ao atendimento de uma política de
desenvolvimento dos profissionais, pois as mesmas tendem a ter recursos
financeiros específicos para este fim.
105
[...] das empresas que tiverem mais de quarenta (funcionários) a Direção irá
começar a se preocupar em realizar ações de educação corporativa. Até lá
isso não existe (educação corporativa). A partir de sessenta funcionários, as
empresas vão começar a fazer isso. Neste estágio, geralmente a empresa
já chegou a um tamanho em que tem capacidade de investir, se tiver visão
(de negócio), é claro... Já sofreu tanto com o vai e vem da equipe que tem a
capacidade, a necessidade de estabelecer uma cultura, uma prática
continuada de educação corporativa que gere uma cara organizacional,
uma cultura própria da empresa. (ENTREVISTADO ENTIDADE 2,
dezembro, 2008).
Quando as empresas começam a ter sua cultura própria, naturalmente
surgem demandas de capacitação institucional formalizada e com uma visão
sistêmica da própria empresa (elaboração de procedimentos, processos, padrões de
atendimento) a fim de disseminar seus processos aos colaboradores.
De acordo com os entrevistados das Entidades 2 e 3, geralmente as médias
empresas já possuem um orçamento financeiro que favorece o desenvolvimento de
projeto de educação corporativa. Entretanto, caso a empresa necessite de recursos
para algum outro projeto que demande novos esforços corporativos, as áreas de
marketing, vendas, qualidade e educação corporativa são as primeiras a sentirem
diretamente o impacto do corte deste orçamento:
[...] nessas empresas tudo é muito instável. [...] quando ocorre qualquer
descontinuidade de projeto, os primeiros projetos que ‘bailam’ são esses
que tem a ver com educação corporativa, junto com os de qualidade e o
terceiro, talvez, tenha a ver com os de divulgação de marketing.
(ENTREVISTADO ENTIDADE 2, dezembro, 2008).
Segundo os entrevistados das Entidades 1 e 3, a demanda por cursos a
distância (EAD) está passando por iniciativas de implantação e aceitação por parte
das empresas e profissionais, em um estágio inicial. O foco do treinamento ainda é
presencial devido à barreira cultural e, geralmente, pela falta de conhecimento e
experiências anteriores com ensino a distância por parte dos participantes.
O e-learning, hoje está mais presente nesse processo. [...] É um incentivo
para que o profissional procure diversificar aquela capacitação. As
empresas quando provocam essa capacitação em suas equipes, elas
procuram normalmente cursos promocionais, algo ali em volta, alguma
106
coisa assim, até porque há um momento para você fazer dinâmica, integrar
a equipe e isso é muito importante. Daí você cobra, trabalha, integra e
capacita. (ENTREVISTADO ENTIDADE 3, dezembro, 2008).
Para os entrevistados das Entidades setoriais 2 e 3, as universidades não
atendem, com a agilidade esperada, em torno de 30 a 50% dos casos de demandas
de capacitação emergencial de profissionais. Essa demanda é suprida geralmente
por fornecedores de software com o oferecimento de cursos de cerificação oficiais
em e por escolas de formação profissional que acompanham com maior agilidade a
mudança de paradigma do mercado.
Educação Corporativa em PME’s de Software
O conceito de Educação Corporativa nas PME’s ainda não é conhecido e aplicado
na sua totalidade.
Nas Pequenas Empresas, com até 40 funcionários, não são comuns ações de
Educação Corporativa. Existem algumas ações de treinamento eventuais, em
casos específicos, conforme demanda da empresa.
Os profissionais geralmente contratados para atuar nas PME’s são aqueles já
capacitados na tecnologia que é foco de negócio da empresa.
Geralmente as capacitações e treinamentos internos de integração de novos
colaboradores para as PME’s são realizadas pelos profissionais mais antigos e
que possuem maior conhecimento do negócio da empresa, sendo os mesmos
monitores dos profissionais recém contratados.
Nas Médias Empresas, a partir de 60 funcionários, já é possível encontrar algum
tipo de projeto de Educação Corporativa com o objetivo de trabalhar a cultura da
empresa. Entretanto, ainda não são projetos prioritários.
As capacitações em EAD realizadas pelas PME’s estão em fase de maturação.
Ainda são utilizadas, preferencialmente, atividades presenciais com o objetivo de
integrar a equipe de colaboradores da empresa.
As universidades não atendem, com a agilidade esperada, às demandas de
capacitação emergencial de profissionais. Essa demanda é suprida geralmente por
fornecedores de software com o oferecimento de cursos de cerificação oficiais em
e por escolas de formação profissional que acompanham com maior agilidade a
mudança de paradigma do mercado.
Quadro 8 Análise do desenvolvimento de Educação Corporativa.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2009.
107
Na sequência serão analisados os dados provenientes da etapa da pesquisa-
ação realizada em uma média empresa do setor de software localizada no Vale do
Rio dos Sinos, São Leopoldo, Rio Grande do Sul.
4.2 Análise dos dados da pesquisa-ação
Esta seção tem como objetivo analisar os dados coletados na pesquisa-ação
realizada na empresa de software e serviços, conforme caracterização descrita na
seção 3.2.1 deste documento.
A análise está organizada observando a seguinte estrutura:
a) dados da etapa de diagnóstico com o detalhamento das características
da empresa e seus processos de gestão (geral), gestão de recursos
humanos e educação corporativa;
b) descrição dos dados provenientes da intervenção quanto ao projeto de
educação corporativa elaborado com a participação de representantes da
área de recursos humanos da empresa pesquisada.
4.2.1 Dados da etapa de diagnóstico
Esta subseção tem o objetivo de descrever as características da empresa e
os processos de gestão geral, gestão de recursos humanos e educação corporativa
nela existentes quando do início da pesquisa-ação. Para esta subseção, os
entrevistados na empresa serão apresentados pelo setor em que atuavam no
momento da entrevista.
108
4.2.1.1 Características da empresa e seu processo de gestão (geral)
A empresa pesquisada é considerada Média Empresa conforme
caracterização elaborada pelo SEBRAE (2007). Na época da pesquisa, possuía em
seu quadro funcional cerca de 90 funcionários.
De propriedade privada, após 17 anos de atividade individual, em 2006, a
empresa pesquisada fundiu-se com outra, criando um empreendimento de
abrangência nacional. Seu foco do negócio era a comercialização de softwares para
projetos mecânicos e elétricos, geração de programas para manufatura e
gerenciamento de documentos com o objetivo de auxiliar seus clientes a alcançarem
maior produtividade e eficiência nos produtos e serviços por elas prestados.
No mercado há 18 anos, na época da pesquisa, a companhia estava em
processo de ampliação de sua atuação. Contava com escritórios em mais cinco
localidades do Brasil: além da sede no Rio Grande do Sul, possuía escritórios nos
estados de Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
Visando a uma melhor compreensão dos elementos de análise pesquisados
(Estratégia Organizacional, Gestão de Recursos Humanos, Educação Corporativa e
Comunicação Interna - seção 3.3) e uma visão sistêmica da organização, foi
sugerido aos colaboradores entrevistados que realizassem uma análise destacando
em quatro quadrantes os pontos fortes e fracos do ambiente interno da empresa; e
as oportunidades e ameaças enfrentadas com relação ao ambiente, de acordo com
suas percepções.
O resultado dessas percepções foi apresentado, no mês de setembro de
2008, à Diretoria da empresa como parte do diagnóstico realizado entre os meses de
março a julho de 2008 (Fase 1 da pesquisa ação) em reunião confidencial entre a
pesquisadora, a professora orientadora e o sócio fundador, através da matriz SWOT
de acordo com as declarações dos entrevistados. Os dados foram organizados na
referida matriz, sem ordem de importância, conforme poderá ser visualizado a
seguir.
Os resultados apresentados foram analisados minuciosamente ponto a ponto
e, de acordo com a Diretoria da empresa, os dados foram considerados, quase na
sua totalidade, como pertinentes conforme sua percepção. Foram indicados como
principais pontos fortes da empresa:
109
a) clima organizacional interno positivo;
b) interação direta entre gerências e colaboradores;
c) fácil acesso ao diretor geral por parte dos colaboradores;
d) aperfeiçoamento constante dos profissionais da área técnica;
e) boa estrutura de atendimento ao cliente;
f) qualidade dos produtos e serviços oferecidos;
g) profissionais qualificados;
h) conhecimento dos técnicos gera valor agregado ao cliente;
i) empresa inovadora e flexível;
j) prestação de serviço diferenciada com customização de software
diretamente para as necessidades do cliente.
A análise SWOT também indicou uma série de necessidades de melhorias,
características de uma empresa que ainda está crescendo e se profissionalizando,
tais como:
a) atividades rotineiras e operacionais nas mãos de pessoas que são
estratégicas;
b) ferramentas de sistema que ainda não se conversam;
c) falta de uma política de retenção de capital intelectual;
d) pouca propaganda dos produtos oferecidos com a marca da empresa;
e) pesquisa mercadológica em desenvolvimento e falta de fontes de pesquisa
confiáveis para análise de mercado;
f) falta de uma política de desenvolvimento de pessoas por meio de um
plano de capacitação individual ou uma metodologia para educação
corporativa;
g) surgimento de demandas prioritárias e urgentes que não oportunizam um
planejamento a curto, médio ou de longo prazo na área técnica;
h) falta de interação entre algumas áreas da empresa, muitas vezes a
interação acontece entre algumas pessoas;
i) comunicação interna deficiente.
A empresa organizava seu sistema de trabalho em cinco setores: diretoria,
gerência administrativa, gerência técnica, gerência comercial e gerência de
110
marketing. Na diretoria, um sócio fundador comandava a empresa através das
quatro gerências citadas anteriormente.
O organograma da empresa era organizado de forma vertical, com a Diretoria
como primeiro nível. Em segundo nível estavam alocadas as gerências. Essas
possuíam ramificações horizontais para comportar as coordenações técnicas (3º
nível) e os colaboradores operacionais (4º nível), da matriz e dos escritórios
regionais.
Como estava em fase de crescimento e ampliação de sua atuação no país, a
empresa apresentava uma preocupação quanto à disseminação das informações
diárias da organização aos colaboradores da sede e dos escritórios regionais.
Existe uma porta de entrada de todos estes escritórios porque é um desafio
gerenciar e manter todo mundo no mesmo nível, não só no nível de
conhecimento de performance, mas também de troca de informacão entre o
escritório e a matriz. Aqui (na matriz) tudo é mais fácil, mas quem está lá na
ponta, a gente tem que garantir que a informação chegue precisa e mais
rápida possível diante de alguma diretriz, entendeu? (ENTREVISTADO
SETOR COMERCIAL, abril, 2008).
A empresa utilizava um sistema de Business Inteligence (BI) para
gerenciamento dos processos internos e análise de resultados através de
indicadores. Também utilizava como metodologia de análise de mercado a
participação em feiras da área de Tecnologia de Informação (TI). Segundo
informações da Diretoria da empresa, essa foi a forma mais consistente adotada
para pesquisa de mercado, visto que não havia, até aquele momento, outras fontes
de informações que indicassem dados precisos sobre o setor de software no Brasil.
Para a maioria dos entrevistados, as características que melhor definiam a
identidade da empresa pesquisada eram a dinamicidade, a inovação, o
empreendedorismo, a flexibilidade e a jovialidade. Esta capacidade de se adaptar
auxiliava no reposicionamento da empresa para acompanhar as demandas que
surgiam em relação ao mercado mutável em que atuava, o que está em consonância
com a afirmação da SOFTEX (2002) e de Gutierrez & Alexandre (2004) quanto às
formas de atuação de boa parte das pequenas e médias empresas de software.
A empresa, no decorrer de sua existência, passou por diversos momentos de
reposicionamento e reestruturação interna. Segundo a maioria dos entrevistados, um
111
marco histórico foi a troca de fornecedor de software, ocorrido em 2006, favorecendo
a abertura no mercado e uma maior captação de clientes.
Participei de todo o processo evolutivo (da empresa), vamos dizer assim.
Houve algumas decisões importantes, principalmente há dois anos. Foi
quanto à decisão de troca de um dos fornecedores que teve um impacto
bastante grande dentro do nosso contexto. Largamos um fornecedor de 15
anos, por um software que julgamos que seria mais adequado para a
empresa. A postura que a gente tem aqui dentro é de inovação constante.
Em dois anos a gente recuperou todo o investimento, foi um negócio bem
bacana! (ENTREVISTADO SETOR ADMINISTRATIVO, maio, 2008).
Com o aumento das vendas, a empresa necessitou ampliar seu quadro
funcional e se reestruturar geograficamente para o melhor atendimento dos clientes,
tendo que ampliar a capacidade instalada para acomodar os novos colaboradores.
[...] pra você ter uma noção como a empresa evoluiu: eram 2, 3 pessoas no
início. Aí passamos a ter 10 pessoas no total da empresa. A partir de uns
5,6 anos de vida, só a área técnica já tinha 10 pessoas. Há 6 anos a área
técnica estava por volta de 15 a 17 pessoas. Atualmente estamos com 48
pessoas, só na área técnica. (ENTREVISTADO SETOR TÉCNICO, abril,
2008).
Quanto à gestão organizacional, a empresa pesquisada possuía mapeamento
de processos internos, resultado da implantação da norma ISO 9001/2000, ocorrida
em 1998. De acordo com os entrevistados da área técnica e comercial, a empresa
foi certificada em 1998, resultado de um estudo de quatro anos que proporcionou a
definição de processos e procedimentos internos que eram utilizados até o período
desta pesquisa.
Foi o fato de que em 1994, nós iniciamos um trabalho com o pessoal do
SEBRAE para colocarmos a certificação da ISO 9001. Era um grupo de
empresas de software. Tinham umas 10 empresas, isto era muito novo no
mercado, principalmente para software, uma vez que esta era uma coisa
muito voltada para a parte de produção e não tinha nada a ver com
prestação de serviços. Nós estudamos de 1994 a 1998, quando nós
efetivamente fomos certificados. Foram estruturados e definidos nossos
processos. [...] Eu acho assim, a certificação de 1998 mapeou nossos
custos e fez com que a gente criasse procedimentos que até hoje são
melhorados. (ENTREVISTADO ÁREA COMERCIAL, maio, 2008).
112
Porém, a continuidade da Certificação da Norma ISO 9001/2000 foi
descartada pela empresa posteriormente à sua implantação devido às auditorias de
recertificação estarem exigindo dela requisitos que não vinham ao encontro da
expectativa da organização, fazendo com que o programa fosse abortado. Segundo
a Diretoria e as Gerências entrevistadas, as auditorias de recertificação faziam com
que houvesse a necessidade de profissionais específicos para esta atividade
necessitando de tempo exclusivo para manter o padrão da certificação e não
necessariamente para a melhoria dos processos internos, objetivo da empresa.
Assim como este padrão de gestão, a empresa também iniciou estudos
internos para a elaboração do mapeamento estratégico através da metodologia do
BSC Balanced Scorecard, difundido por Kaplan & Norton (1996). Entretanto, esse
projeto também estava em fase de reestruturação e aprendizado.
Nós estamos com o trabalho de BSC iniciado, que por circunstâncias
internas está ‘congelado’ por certo tempo porque não progrediu e nós
estamos em busca disso. Existem áreas onde os indicadores são muito
fáceis. Na área comercial, por exemplo, o indicador do vendedor é o que ele
vendeu. [...] Nós acabamos de implementar na nossa área de suporte
técnico alguns indicadores, como a quantidade de chamados de um mesmo
cliente. Isso vai para o nosso banco de dados e é tabulado. Então, nós
estamos no caminho, mas não estamos no ponto ideal. (ENTREVISTADO
DIRETORIA, maio, 2008).
Quanto à gestão de clientes, a empresa possuía uma gerência de marketing,
cuja ação principal era o marketing ativo com o objetivo de captar e fidelizar os
clientes. De acordo com os entrevistados do setor, a empresa mapeava possíveis
clientes através do foco do negócio, ou seja, projetos mecânicos e elétricos, nos
quais profissionais internos faziam contato com as empresas clientes e agendavam
visitas dos vendedores para apresentação da empresa pesquisada.
Além desta estratégia de captação, com abordagem direcionada, a empresa
também participava de feiras setoriais a fim de se manter visível no mercado e criar
oportunidades de negócio.
113
Quando eu entrei aqui, o marketing fazia propaganda e organizava as feiras
das quais a empresa iria participar. Então, desde que eu entrei, está sendo
muito mais forte esta ação para tentar levantar a área de informação do
mercado. Temos indicadores, por exemplo: A feira se pagou ou não?
Quanto gerou de negócio? Quantos eram novos clientes? Ou eram clientes
existentes que vieram mais pra tomar uma cerveja no fim do dia? Depois é
distribuir por vendedor e por região. [...] São coisas tão básicas, mas que
antes não tinha ninguém focado para fazer. (ENTREVISTADO ÁREA DE
MARKETING, junho, 2008).
As ações para garantir a satisfação do cliente estavam em processo de
reelaboração. De acordo com a gerência de marketing, a expectativa desta atividade
era compreender a necessidade do cliente e aprimorar os processos internos da
empresa.
A pesquisa de satisfação que eu quero implantar aqui não é em um
momento do ano ou em dois momentos do ano, ela acontece no dia a dia.
Então, como é tudo pelo sistema, tu vais receber um e-mail: satisfeito ou
insatisfeito, e tu vais clicar ali e vais abrir uma caixinha. Se tu quiseres
comentar, tu comentas. Ou você está satisfeito ou não. Se tu marcares
insatisfeito, eu vou te ligar: E aí, como é que foi, o que aconteceu? A gente
vai tentar colocar isso de volta para a equipe, para o vendedor, para o
técnico que fez o atendimento do chamado e para o gerente comercial. O
que a gente pode oferecer ao cliente? Qual a tua obrigação pra mudar a tua
insatisfação perante ao cliente? (ENTREVISTADO ÁREA DE MARKETING,
junho, 2008).
Principais Características e Processos de Gestão
A empresa pesquisada é caracterizada como média empresa, de acordo com os critérios do
SEBRAE (2007).
Atuava na comercialização de softwares (pacote) e prestação de serviços.
Possuía uma identidade própria, de acordo com seus colaboradores: inovadora, flexível,
empreendedora, jovial.
Atuava em cinco estados brasileiros; Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas
Gerais e São Paulo.
Estava em fase de ampliação de atuação no mercado, o que exigia contratação de novos
profissionais e aumento do grau de profissionalização da gestão.
Devido ao crescimento da empresa e à abertura de filiais em outros estados, estava
preocupada quanto à garantia da disseminação das informações cotidianas entre a matriz e
as filiais.
Era gerida pelo sócio-fundador e por cinco gerentes de área: (administrativo, técnico,
comercial (2) e marketing).
O sistema de trabalho era organizado através de organograma vertical com ramificações
Continua...
Continua...
114
horizontais.
A gestão da empresa estava
baseada na gestão de processos.
Estava em fase de reorganização do mapeamento estratégico através da metodologia do
BSC Balanced Scorecard.
Realizava leitura de contexto através da participação em feiras setoriais.
A gestão de clientes era baseada em estratégias de captação e fidelização de clientes e
estava em fase de revisão dos procedimentos de pesquisa de satisfação.
Quadro 9 Síntese das principais características e dos processos de gestão na empresa pesquisada.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2009.
De acordo com a maioria dos entrevistados, a empresa pesquisada, por
caracterizar-se como empreendedora e inovadora, estava em constante
reformulação interna devido à necessidade de acompanhar o mercado de software e
de tecnologia como um todo. A falta de continuidade de alguns projetos corporativos,
dentre eles a permanência da Certificação da ISO 9001/2000 e a implantação da
metodologia do BSC, segundo a maioria dos entrevistados, poderia ser uma das
razões das dificuldades de comunicação interna entre os escritórios da empresa,
pois foi verificado que havia dificuldades em manter a clareza, para todos os
funcionários da empresa, quanto ao seu posicionamento estratégico, sua estrutura
organizacional, seu sistema de trabalho e a definição dos papéis das principais
lideranças (gerências e coordenações). Nesse sentido, havia a preocupação em
disseminar as informações entre a matriz e as filiais, uma vez que a firmeza dos
propósitos da organização por meio da missão, visão e princípios organizacionais e
a consolidação das metodologias de gestão de processo e de qualidade podem
afetar diretamente a maneira como gerir projetos e metas corporativas.
Sendo assim, o objetivo da subseção a seguir, é apresentar como eram
conduzidos os processos de gestão de pessoas, desenvolvidos pela empresa
pesquisada no período em que foi realizado este estudo.
Continuação
115
4.2.1.2 Gestão de pessoas na empresa pesquisada
No organograma interno, o setor de recursos humanos da empresa
pesquisada fazia parte da gerência administrativa. Era composto por uma
colaboradora que desenvolvia as atividades de administração, recrutamento e
seleção, treinamento e desenvolvimento de pessoas.
A responsável pelo setor havia sido contratada recentemente (havia
aproximadamente quatro meses), pois anteriormente essas atividades eram
desenvolvidas pela gerência administrativa por intermédio da distribuição de tarefas
entre os colaboradores da área e de uma empresa terceirizada, responsável por dar
suporte nos processos de administração de pessoal (folha de pagamento e
benefícios).
[...] a empresa ainda não tem todos os sistemas de RH bem definidos.
Ainda está sendo feito. Por exemplo, agora criei nosso treinamento de
integração e um manual de integração. Então, todo esse processo da
entrada do funcionário, a entrevista de acompanhamento, eu criei.
Começou a existir a partir da minha entrada. Também criei uma entrevista
de desligamento para nós termos uma ferramenta para avaliar como está
sendo a estada destas pessoas aqui dentro. Então, no momento que a
pessoa sai, a gente tem um feedback e, com isso, já pode buscar algumas
melhorias. (ENTREVISTADO ÁREA ADMINISTRATIVA - RECURSOS
HUMANOS, abril, 2008).
Conforme diagnóstico realizado, os processos de gestão de pessoas não
estavam claramente definidos e a área de recursos humanos estava em fase de
reorganização, elaboração e revisão de documentos, a fim de alinhar e
profissionalizar as práticas de trabalho.
De acordo com a responsável da área de recursos humanos, até a sua
admissão, as atividades de recrutamento e seleção, desenvolvimento e capacitação
de profissionais estavam sendo desenvolvidas pelas gerências de cada área, de
maneira descentralizada.
Na percepção da maioria dos entrevistados, havia uma expectativa de
melhoria nos serviços prestados pela área de recursos humanos devido à efetivação
da profissional responsável, especialmente quanto à contratação de pessoas
116
relacionadas ao perfil desejado pela empresa e aos processos de desenvolvimento
profissional.
Obviamente a (nova colega do RH) [...] manja muito mais do que eu. Vamos
ver se a gente profissionaliza esta área, porque aí vai minimizar bastante as
despesas. A gente gasta seis, sete, oito meses... um ano pra deixar o cara
(funcionário) mais ou menos e ter confiança para passar as atividades e
fazer um trabalho dentro de um certo padrão. (ENTREVISTADO ÁREA
COMERCIAL, maio, 2008).
A empresa estava em fase de implantação de diversos processos de gestão
de recursos humanos. Ainda não havia indicadores que monitorassem os resultados
referentes aos processos de gestão de pessoas (indicadores tais como: quantidade
de hora/treinamento por colaborador, percentual de turnover, de satisfação do
colaborador através de pesquisa de clima), nos sentido de obter dados para o
levantamento e correção de metas e reposicionamento das ações internas.
[...] a minha idéia é estar até o final do ano com a avaliação e os perfis
estruturados e verificar qual a estrutura da empresa com relação à
possibilidade ter uma política de carreira. A questão é: tudo isto deve estar
embasado numa análise de investimentos. (ENTREVISTADO ÁREA DE
RECURSOS HUMANOS, maio, 2008).
Segundo a maioria dos entrevistados em nível gerencial e coordenações, a
empresa estava em fase de implantação de uma política de gestão de recursos
humanos formalizada como referência quanto aos perfis profissionais de seus
colaboradores.
Até aquele momento a empresa ainda não possuía um documento norteador
neste sentido, no qual fossem descritas competências, habilidades e atitudes
pertinentes a cada cargo, bem como a atribuição que seria desenvolvida na
empresa. Conforme a maioria dos entrevistados, para algumas contratações ainda
partia-se do feeling do gestor, sendo a admissão realizada de maneira informal.
117
Na prática não temos um referencial para contratação, está se montando de
novo. Já teve, mas estão se montando de novo esses perfis, temos o perfil
básico: ter curso técnico, desejável possuir o inglês, ter espírito de equipe,
força de vontade, dinamicidade. [...] No mais é feeling. (ENTREVISTADO
ÁREA TÉCNICA, maio, 2008).
Entretanto, para o desenvolvimento da avaliação de desempenho dos atuais
colaboradores, a empresa apresentou um novo formulário (Figura 10) com a
especificação das competências profissionais para cada cargo existente, o qual seria
disseminado a partir do mês de julho de 2008.
A gente tem uma avaliação que é uma avaliação de desempenho, né? Só
que essa avaliação, ela tem uma idéia muito boa. Só que a meu ver, ela
peca num sentido. Ela não está vinculada a nenhum perfil. Ela é uma
avaliação solta, digamos assim. Qual é a minha idéia? A primeira avaliação
a gente vai fazer como ela é feita até hoje. Até porque eu entrei agora e
temos que fazer a primeira avaliação. Mas a avaliação do final do ano, eu
vou criar perfis para cada função para que a gente use o perfil como base
da avaliação. A partir do momento em que a gente tiver esses perfis,
também vamos usar esses perfis para estar recrutando pessoas no
mercado. E ter um perfil mais definido para cada atividade.
(ENTREVISTADO ÁREA ADMINISTRATIVA RECURSOS HUMANOS,
abril, 2008).
A expectativa dos colaboradores era muito positiva quanto a esse novo ciclo
de avaliação de desempenho, pois o diálogo com o superior imediato e o feedback
proveniente deste encontro favoreceria a melhoria contínua do trabalhador e da
empresa. Todavia, como este ciclo estava reiniciando com uma nova metodologia de
trabalho, ainda não eram capazes de avaliar consistentemente sua eficácia.
No formulário da avaliação de desempenho Ciclo 2008 (figura 10), a empresa
apresentava competências profissionais desejáveis para os colaboradores,
observando-se habilidades e competências pessoais, de equipe e funcional que
abrangiam a todos os funcionários. Os desdobramentos das competências pessoais
e de equipe eram comuns a todos os cargos da empresa. As perguntas referentes à
competência funcional diferenciavam-se conforme a atribuição que o colaborador
executava na ação diária do seu trabalho.
No desdobramento do formulário (figura 11, 12 e 13), o colaborador respondia
a questões previamente elaboradas, observando a escala que variava entre as
118
opções “sempre”, “muitas vezes”, “com frequência”, “poucas vezes” ou “nunca”. Para
cada opção era destacado um peso, sendo que a opção “sempre” possuía a
pontuação máxima (5 pontos) em contrapartida com a opção “nunca”, com peso 1.
Para cada opção também eram apresentados percentuais de performance por
item avaliado, conforme coluna 4 do formulário. (figura 10).
Figura 10 Competências profissionais desejáveis.
Fonte: RH da Empresa (2008).
Na competência pessoal eram avaliadas as habilidades de comunicação oral
e escrita, clareza e objetividade, apresentação pessoal, pontualidade e uso do
uniforme. Para cada item o peso da pontuação era de 5 (cinco) pontos, distribuídos
em 6 (seis) competências, totalizando 30 (trinta) pontos. Várias atitudes e
habilidades eram enfatizadas na competência pessoal, dentre elas pontualidade,
disciplina (através do uso do uniforme, por exemplo), higiene pessoal e habilidades
de comunicação oral e escrita.
119
Figura 11 Desdobramento competência pessoal.
Fonte: RH da Empresa (2008).
Na competência de equipe, a empresa enfatizava sua prioridade quanto à
capacidade do colaborador em trabalhar em equipe, observando-se os seguintes
elementos: compartilhamento e troca de informações, utilização dos recursos
disponíveis, relacionamento interpessoal, comprometimento com o resultado final,
superação das expectativas. (figura 12). Nessa avaliação o peso da pontuação era
de 6 (seis) pontos, distribuídos em 5 (cinco) competências, segundo detalhado
anteriormente, totalizando (30) trinta pontos.
No desdobramento do formulário referente à competência de equipe, eram
destacadas atitudes e habilidades que visavam à complementaridade do todo da
organização por meio do comprometimento com os resultados finais da empresa,
com as pessoas que compõem a equipe (relacionamento interpessoal) observando
as diretrizes estratégicas da empresa.
As perguntas realizadas aos colaboradores: “Demonstra envolvimento com as
atividades da empresa?”, “Colabora nos projetos a seres implantados?”, “Usa toda a
sua experiência e capacidade profissional para alavancar novos negócios?”,
“Executa atividades norteadas pelas diretrizes de Missão, Visão e Valores da
empresa?”, “Realiza as metas e atividades dentro dos prazos estabelecidos?” são
exemplos da importância dada pela empresa no que diz respeito ao envolvimento do
colaborador nas atividades organizacionais.
120
Figura 12 Competências profissionais desejáveis na competência relacionada ao trabalho em equipe.
Fonte: RH da empresa (2008).
Conforme citado anteriormente, as competências pessoais e de equipe eram
perguntas comuns a todos os cargos. Já a competência funcional visava avaliar o
desempenho de cada profissional de acordo com a função por ele executada na
empresa.
O formulário a seguir (Figura 13) apresenta os elementos que compunham a
avaliação de desempenho de um profissional que trabalhava na área técnica da
empresa. No formulário podem ser visualizados os conhecimentos, as habilidades e
as atitudes desejáveis pela empresa com relação esses profissionais.
Para a competência funcional dos profissionais da área técnica eram
avaliadas as competências relacionadas à capacidade de organização e
planejamento, volume de trabalho, certificações, capacidade técnica e língua
inglesa. A avaliação seguia o mesmo padrão da avaliação citada anteriormente,
porém com peso maior em cada competência: 8 (oito) pontos distribuídos em 5
(cinco) competências, totalizando 40 (quarenta) pontos nesta fase.
Nesta fase da avaliação a ênfase dada pela empresa era o conhecimento
técnico do profissional quanto à atribuição desenvolvida por ele no dia a dia do
trabalho, o que pode ser percebido pelos seguintes questionamentos: “Possui
domínio das ferramentas necessárias ao trabalho?”, “Possui base teórica adequada
para a realização das tarefas?”, “Procura se aperfeiçoar, assistindo a cursos,
palestras, etc?”, “Consegue converter o conhecimento em resultados?”, “Estás
empenhado em melhorar o seu conhecimento em Inglês?”, “Como?”.
121
Figura 13 Desdobramento da competência funcional descrita para o cargo “Técnicos”.
Fonte: RH da empresa (2008).
Para a maioria dos entrevistados, o perfil profissional desejável do
colaborador da empresa estava pautado na competência comportamental (atitudes e
valores) aliado ao conhecimento técnico. Dentre as características necessárias ao
colaborador, a maioria dos entrevistados apontou a necessidade de
comprometimento, flexibilidade, vontade de aprender, gosto pelo estudo e pela
pesquisa, honestidade, comunicação fluente, empreendedorismo, ética, iniciativa,
pró-atividade como essenciais para colaborador da empresa pesquisada. No que se
refere ao conhecimento técnico, inglês foi considerado fundamental, além de
conhecimento específico requerido pela vaga pretendida.
Olha pensando numa pessoa ideal para a empresa... é fundamental:
comprometimento, flexibilidade, agilidade é muito importante, e buscar
aprendizado, atualização constantemente; é isso que nós buscamos num
profissional. [...] A pessoa tem que ter o gosto por pesquisar, estudar, enfim,
envolver-se é muito importante. (ENTREVISTADO ÁREA ADMINISTRATIVA
RECURSOS HUMANOS, abril, 2008).
(Quanto ao perfil do colaborador da empresa) Em primeiro lugar (silêncio) e
com o tempo a gente vai entendendo que é o comprometimento. Então, por
exemplo, em um currículo que eu vejo que a pessoa passou um ano ou seis
meses em cada empresa, eu posso ver que algum problema a pessoa deve
ter ou porque a empresa mandou embora por competência ou porque a
pessoa enjoa. (ENTREVISTADO ÁREA TÉCNICA DESENVOLVIMENTO,
maio, 2008).
122
A maior parte dos entrevistados declarou que um ponto de melhoria é a
sincronia de informações sobre a empresa, desde o colaborador recém contratado
até os funcionários mais antigos. Até a contratação da nova responsável da área de
recursos humanos, a integração do novo colaborador acontecia de maneira
diferenciada conforme a necessidade do cargo, não possuindo uma programação
padrão quando se referisse à empresa como um todo, o que dificultava o
fortalecimento da cultura organizacional e uma visão sistêmica por parte de cada
colaborador. Enquanto um colaborador administrativo demorava em média uma
semana para receber os treinamentos iniciais, os vendedores, por sua vez,
demoravam de 30 a 45 dias para conhecerem suas atribuições.
Bom, vou falar da área comercial. Todo cara contratado passa um mês aqui
(na matriz). É treinado em todos os sistemas, fala com todas as pessoas, é
treinado dentro destas políticas, dos procedimentos de como a empresa
funciona. É realizado um treinamento de oratória e aí, depois, conforme o
estágio dessa pessoa contratada, a gente viabiliza treinamentos específicos
de venda. (ENTREVISTADO ÁREA COMERCIAL, maio, 2008).
Segundo relatado anteriormente, após a contratação da nova responsável
pelo RH, começou-se a sistematizar o treinamento de integração na empresa com o
objetivo de alinhar as informações e conhecimentos corporativos. Essa atividade
passou a ser comum a todos os novos contratados que recebiam uma cópia
atualizada do Manual do Colaborador da empresa, no qual podiam encontrar as
normas éticas, regras de conduta desejáveis para o colaborador.
A segunda etapa da integração era elaborada pela gerência à qual pertencia
o novo colaborador para que o profissional tivesse acesso aos conhecimentos
específicos da função para qual havia sido contratado.
O Manual (do Colaborador) tem como objetivo apresentar a todos (os
funcionários) os valores e princípios prezados pela empresa. Ele deve ser
lido integralmente e deve fazer parte do seu dia-a-dia, para esclarecer
dúvidas e auxiliar na execução de suas tarefas. (MANUAL DO
COLABORADOR, 2008, p.1).
123
Quanto aos processos de desenvolvimento de competências profissionais dos
funcionários, a empresa realizava atividades isoladas conforme a necessidade e o
cargo do colaborador. As atividades com maior continuidade estavam interligadas
aos treinamentos para as áreas técnica e comercial.
Tem áreas que precisam de reciclagem constante porque o bicho-homem é
acomodado. Então, na área comercial, sempre tem treinamento e na área
técnica tem que ter treinamento porque a tecnologia muda e isso nem é
decisão minha. É porque tem que ser e é (as áreas citadas) o coração da
casa e não tem como passar ao largo disso. (ENTREVISTADO
DIRETORIA, junho, 2008).
Segundo a totalidade dos entrevistados, um dos pontos fortes da organização
era o clima interno de trabalho voltado para a parceria, para a autonomia da ação e
para momentos de confraternização que aconteciam, quase que semanalmente, no
salão de festas da empresa.
Ao refletirem sobre o tema comprometimento com a empresa, a maioria dos
entrevistados focou suas percepções no perfil profissional do colaborador e na
consciência da participação do trabalho nos resultados da empresa, visto que o nível
de comprometimento dependia de cada pessoa. Entretanto apontaram que o clima
interno, as oportunidades de crescimento, a liberdade de ação, a flexibilidade eram
pontos relevantes para que o nível de comprometimento existisse.
A primeira qualidade que eu notei na empresa, quando eu vim trabalhar
aqui, foi o ambiente de trabalho. É um ambiente bem descontraído,
entendeu? Você tem acesso ao dono da empresa facilmente. As pessoas
interagem. Os gerentes interagem com os estagiários, entendeu? É uma
empresa que oferece todos os recursos para se trabalhar. Eu lá (filial) estou
numa terra desconhecida, não tenho do que me queixar, estou sempre bem
assessorado. (ENTREVISTADO ÁREA COMERCIAL VENDEDOR, junho,
2008).
[...] acho que é esse espírito que a gente tem, de marcar jantas, de
convivência fora do horário de trabalho. [...] Mas é onde as coisas
acontecem. Onde a gente para para conversar sobre o dia a dia, né? Então,
eu acho que esse é um diferencial, assim. (ENTREVISTADO ÁREA DE
MARKETING, abril, 2008).
124
Uma das preocupações mais pontuadas pela empresa pesquisada
relacionava-se à dificuldade em reter os colaboradores, pois, conforme os dados
analisados no período de quatro meses, a média de turnover da empresa foi de
15,38%. De acordo com alguns entrevistados em nível gerencial e recursos
humanos, a empresa ao longo dos anos vem desenvolvendo estratégias de retenção
do capital intelectual por meio da valorização salarial e promoção através de
oportunidades internas de trabalho.
Bom, uma delas é remunerar conforme o mercado (ao ser questionado
sobre retenção do capital intelectual). O que eu posso dizer é que
comparando com as empresas similares, nossa empresa paga muito bem.
[...] eu acho que o próprio clima interno da empresa contribui bastante para
isso, porque a pessoa visualiza o seu valor. Tem a própria participação de
resultados e as oportunidades que surgem. Então você tem aquela pirâmide
das necessidades humanas, e obviamente os benefícios que a empresa
oferece hoje não tem nada a ver com os benefícios de cinco ou seis anos
atrás e também a gente sabe que isso deve ser constantemente reavaliado.
(ENTREVISTADO DIRETORIA, junho, 2008).
O quadro a seguir apresenta uma síntese dos principais aspectos relativos à
gestão de pessoas na empresa.
125
Características da Gestão de Pessoas na Empresa Pesquisada
A área de recursos humanos era uma subárea na gerência administrativa
A subárea de recursos humanos estava em fase de reestruturação.
Os processos da gestão de recursos humanos não estavam claramente definidos.
Não havia uma política de gestão de pessoas na empresa com indicadores e
projetos definidos com ações a curto, médio ou de longo prazo.
Até a contratação do novo profissional para a área de recursos humanos, as
gerências faziam os processos de recrutamento, seleção e desenvolvimento dos
colaboradores de suas áreas.
Não havia um documento norteador para contratação de novos colaboradores
com a descrição do perfil profissional, atribuições e competências profissionais
desejáveis pela empresa.
A empresa possuía uma metodologia de avaliação de desempenho profissional
que passaria, no ano de 2008, pelo 2º Ciclo de Implantação entre os
colaboradores com o objetivo de aperfeiçoar o processo de gestão de pessoas.
As competências profissionais desejáveis pela empresa estavam descritas na
avaliação de desempenho dos colaboradores.
A competência funcional possuía maior peso na avaliação de desempenho.
Entretanto as atitudes comportamentais eram preponderantes no momento da
contratação dos novos profissionais.
A metodologia de integração dos novos contratados foi uma das primeiras ações
da gestão de recursos humanos com o objetivo de alinhar as informações e o
conhecimento sobre a empresa.
O clima interno de descontração e integração entre os funcionários é o diferencial
da empresa na opinião da totalidade dos colaboradores.
As atividades de treinamento e capacitação de profissionais estavam focadas nas
áreas técnica e comercial devido à natureza do negócio da empresa.
A empresa estava atenta quanto à elaboração das estratégias para a retenção dos
profissionais considerados estratégicos, porém não possui uma política instituída.
Quadro 10 Características da Gestão de Pessoas na empresa pesquisada.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2009.
A inexistência de políticas formais para a gestão de recursos humanos nas
PME’s de software (apontadas por alguns dos entrevistados das Entidades Setoriais)
pode ser verificada na empresa pesquisada
Segundo os dados provenientes da pesquisa-ação e das entrevistas com as
Entidades Setoriais, pode-se perceber a inexistência de uma política de plano de
carreira com o objetivo de reter os talentos internos, o que reforça que a gestão de
recursos humanos nas PME’s do setor de software e serviços, em geral, ainda está
em fase de profissionalização.
126
O fato de que a maioria dos profissionais contratados pela empresa
pesquisada eram jovens de 25 a 36 anos, em média; geralmente com formação
técnica de nível médio e com a primeira oportunidade de emprego, seja como
estagiário ou com contrato efetivo, confirma os dados apresentados pela Entidade 2.
Quanto à retenção de profissionais na área da informática, uma das
preocupações apontadas pela empresa pesquisada, o setor de software no Rio
Grande do Sul costuma ter um índice médio de 10% de rotatividade de pessoal,
conforme dados do SEPRORGS (2008). Sendo assim, o índice da empresa
(15,38%) no período de quatro meses poderia ser considerado normal, uma vez que
o mercado possui características próprias como guerra de salários e quantidade
restrita de profissionais no setor, favorecendo a rotatividade entre as empresas. Esta
afirmação também vem ao encontro do relatório elaborado pela SOFTEX (2002).
Na subseção a seguir, são analisados os dados referentes à Educação
Corporativa em relação à empresa pesquisada.
4.2.1.3 Educação Corporativa na empresa pesquisada
Segundo Meister (1999), a Educação Corporativa tem como objetivo capacitar
funcionários de uma empresa com o intuito de concretizar resultados consistentes,
alinhados com a estratégia da organização.
Nesse sentido, a empresa pesquisada ainda estava em busca de uma
metodologia que possibilitasse formalizar as ações desenvolvidas e impulsionasse a
realização de um diagnóstico preciso das necessidades de treinamento de seus
colaboradores. O conceito de educação corporativa, até então não era conhecido.
Todo o esforço de desenvolvimento de pessoas estava voltado apenas para a visão
do treinamento individualizado sem observar o contexto do trabalho e as
necessidades da empresa.
A empresa propõe um plano de ação para os treinamentos. A questão é
que o plano de ação tem que estar mais bem estruturado, hoje ele não é
formalizado. (ENTREVISTADO ÁREA ADMINISTRATIVA RECURSOS
HUMANOS, abril, 2008).
127
Segundo os entrevistados, a empresa era vista externamente por seus
clientes como “solucionadora de problemas”, necessitando de profissionais
constantemente atualizados. Sendo assim, o perfil técnico e comportamental do
colaborador era visto como diferencial competitivo para a organização. Entretanto, a
ausência de políticas de desenvolvimento de competências profissionais e
planejamento sistemático de capacitações para os colaboradores da empresa e a
falta de registro histórico das capacitações realizadas puderam ser percebidos
através do relato da maioria dos entrevistados.
Os entrevistados operacionais, coordenadores e gerências afirmaram que as
capacitações partiam do feeling dos gestores e que vários treinamentos que
aconteciam no decorrer do ano eram focados apenas na área técnica e comercial,
ficando desprotegidas as áreas administrativas, de marketing e secretaria.
[...] atualmente (as necessidades de treinamento) são diagnosticadas no dia
a dia pelo próprio gestor através do feedback que ele tem do técnico que de
repente vai a um cliente e não consegue solucionar o problema. Outra
forma de diagnosticar é na própria avaliação (de desempenho).
(ENTREVISTADO ÁREA ADMINISTRATIVA RECURSOS HUMANOS,
abril, 2008).
Conforme os entrevistados em nível operacional, coordenadores e gerências,
não havia uma disseminação da metodologia utilizada para o incentivo de
capacitações internas, pois a área de recursos humanos ainda não possuía uma
normalização das regras sobre essa atividade. Dessa forma, a falta de clareza das
informações gerava interpretações variadas, bem como desperdício de recursos,
uma vez que os treinamentos poderiam ser oferecidos a profissionais que logo
deixariam a empresa por novas oportunidades de trabalho, ocasionando a perda do
capital intelectual.
Temos muito pouco treinamento. Os funcionários novos são treinados
basicamente quando eles iniciam e, a partir disso, treinamentos só a longo
tempo, conforme a necessidade. (ENTREVISTADO ÁREA TÉCNICA,
DESENVOLVIMENTO, junho, 2008).
128
Primeiro dividimos o nível de treinamento (dos técnicos). Então as coisas
(atualmente) estão se transformando em mais processos formais do que
informais. O que antes era um processo informal, mas que era realizado na
prática. É assim que a pessoa era ensinada, digamos assim, era imersa
naquela forma de trabalho e ao longo do tempo era orientada para fazer
assim ou de outra forma. Só que o cara ia lá e fazia diferente e errava.
(ENTREVISTADO ÁREA TÉCNICA, abril, 2008).
Práticas e treinamento? (silêncio) No nosso setor a gente faz treinamento
quando as pessoas entram, né! [...] Fora isso quando tem alguma demanda,
quando necessita. (ENTREVISTADO ÁREA ADMINISTRATIVA, maio,
2008).
A empresa vai lá e faz o curso de inglês. O que eu estou colocando é que a
gente tem que vender isso melhor. Se a gente tem um plano de ação, e
está capacitando, nós temos que realmente dizer que nós podemos isso
para as pessoas saberem que a gente está investindo nos colaboradores.
Daqui um pouco passa em branco e parece que não foi feito investimento
nenhum, não é? (ENTREVISTADO ÁREA ADMINISTRATIVA
RECURSOS HUMANOS, abril, 2008).
Segundo a maioria dos entrevistados, a empresa valorizava atitudes e
comportamentos dos colaboradores que visassem à autonomia e à
responsabilidade. Competências, como iniciativa, liderança e resolução de
problemas, eram consideradas necessárias para os colaboradores da empresa.
Entretanto, essa cultura própria gerava um choque de realidade aos novos
funcionários, especialmente quando do período de adaptação e integração na
empresa.
Segundo quatro entrevistados da área técnica, os novos colaboradores, ao
serem admitidos, ficavam surpresos com esta realidade. Eles se deparavam com um
ritmo frenético de inovações e necessidades de mudanças constantes, exigindo
comportamentos próprios de iniciativa e pró-atividade, o que fazia com que o novo
colaborador se afastasse em um curto período de tempo não atendendo à
expectativa da empresa de permanência no trabalho.
Prioridades surgem, planos mudam... coisas assim do gênero. Mas, de fato,
é isso. A pessoa quando entra aqui, ela não conhece esse funcionamento.
A maioria (dos funcionários da empresa) diz que não, mas muitas das
pessoas que entram aqui, elas não entendem essa maneira de como as
coisas estão organizadas, porque isso não está escrito em lugar nenhum.
[...] Isso é uma cultura da empresa. Então, as pessoas que conseguem
entrar nesse ritmo e entendem isso, trabalham para empresa.
(ENTREVISTADO ÁREA TÉCNICA, DESENVOLVIMENTO, Julho, 2008).
129
A ineficiência do processo de integração de novos colaboradores pode ser
verificada devido à falta de uma metodologia definida que atendesse à disseminação
dos elementos que compunham a estratégia da empresa (missão, visão, princípios,
política da qualidade, de gestão de clientes, de pessoas) e o compartilhamento de
informações dos pontos essenciais valorizados pela mesma quanto à forma de
desempenho das atividades do colaborador: comportamento e conhecimento
técnico.
Eu não sei até que ponto isso está claro na intranet (falando da visão
estratégica da empresa e política da qualidade). Não sei, acho que não. Eu
não sei te dizer se o pessoal tem nítida essa visão de aonde nós queremos
chegar, nossas metas. Eu não sei o quanto isso é nítido pra todos eles,
talvez seja muito nítido para os vendedores, mas não sei se para o resto da
empresa existe essa mesma cultura de entender como funciona, de ter isso
realmente claro, esse conhecimento mais estratégico. (ENTREVISTADO
ÁREA ADMINISTRATIVA RECURSOS HUMANOS, abril, 2008).
A empresa realizava anualmente encontros corporativos com o objetivo de
motivar os colaboradores e proporcionar estratégias que possibilitassem a
disseminação do conhecimento através da visão sistêmica da organização. Para a
maioria dos entrevistados, nesse encontro motivacional, os colaboradores que
participavam tinham a oportunidade de fortalecer vínculos entre colegas e
aprofundar conhecimentos acerca da cultura da empresa.
Entretanto, nos últimos dois anos, devido ao crescimento da empresa, esses
encontros estavam focados na participação dos profissionais da área comercial com
a participação de representantes de outras áreas, o que dificultava a disseminação
do conhecimento para todo o quadro funcional, visto que não havia a garantia do
repasse de conhecimento aos demais.
E isso já é cultural, uma vez por ano a gente coloca toda a empresa num
hotel por três a quatro dias e alinha estratégias. Então tinha uma parte de
carga que era estratégica e uma parte que era por competência. Esse ano
nós não pegamos cem por cento (100%) da empresa porque foi por áreas e
por grupos de afinidades e era um grupo maior. Talvez tenha sido cinquenta
por cento (50%) da empresa. (ENTREVISTADO DIRETORIA, junho, 2008).
130
Conforme relatado na seção 4.2.1.1, o diagnóstico produzido como parte
inicial deste estudo (fase 1 da pesquisa ação) foi inicialmente entregue à Diretoria
da empresa em reunião confidencial realizada em setembro de 2008. Na ocasião, os
dados foram analisados minuciosamente ponto a ponto. Após a validação das
informações, a Direção, então, solicitou à pesquisadora que agendasse novo
encontro com as gerências da empresa para apresentar o quadro síntese da matriz
SWOT, elaborado com os resultados do diagnóstico, a fim de que as lideranças
pudessem contribuir na solução dos problemas levantados.
Posteriormente, na reunião de análise do diagnóstico com as gerências da
empresa, ocorrida em setembro de 2008, foram analisados os quadrantes da matriz
SWOT e foi determinado que o ponto fundamental para encaminhar soluções
emergenciais era a melhoria da comunicação interna através de uma metodologia
que abrangesse todos os colaboradores da empresa.
Sendo assim, a partir desse encontro, a pesquisadora sugeriu aos gerentes
da empresa ações de educação corporativa com o objetivo de capacitar os
colaboradores de forma alinhada com a estratégia da organização. Para isso, foi
combinado com os gerentes presentes que um projeto piloto voltado para um ponto
crítico da educação corporativa, integração e adaptação dos novos colaboradores na
empresa, seria elaborado. Mais do que isso, mesmo os funcionários que já
trabalhavam na empresa também deveriam passar por esse programa de integração
para dirimir lacunas de comunicação e promover a reciclagem profissional quanto a
informações básicas sobre a empresa.
Atendendo a esta necessidade, foi elaborado um projeto piloto de educação
corporativa, cujo nome ficou estabelecido como “Portal de Integração”, voltado à
garantia da disseminação do conhecimento organizacional entre todos os
colaboradores através de uma plataforma de Educação a Distância. O detalhamento
desse projeto será apresentado posteriormente na seção 4.2.2.
131
A Educação Corporativa na empresa pesquisada
A empresa pesquisada não tinha conhecimento do conceito de Educação
Corporativa.
A empresa estava à procura de uma metodologia de treinamento para unificar as
informações diárias para os colaboradores.
A empresa era vista pelos clientes externos como solucionadora de problemas e
que possuía em seu quadro de colaboradores, profissionais qualificados para o
atendimento das suas demandas.
A empresa diagnosticava as necessidades de treinamento por meio dos feedbacks
dos técnicos, no caso da área técnica, devido aos problemas não solucionados
nas empresas clientes.
Geralmente a fonte de informação para o diagnóstico de treinamentos era o
feedback proveniente dos ciclos de avaliação de desempenho do colaborador.
Os treinamentos dos colaboradores eram definidos através do feeling dos
gestores, a partir do desempenho apresentado pelos profissionais na rotina do
trabalho.
Os treinamentos sistemáticos para atualização de conhecimento eram focados
nas áreas Técnica e Comercial.
Os colaboradores tinham uma rotina de treinamento quando eram admitidos na
empresa através de uma integração, na qual eram apresentadas as informações
da empresa e o Manual do Colaborador (vide seção 4.2.1.1).
A continuidade dos treinamentos, no decorrer do ano, para os demais
colaboradores, era feita através de demanda específica, orientada pelas
gerências.
Não havia uma formalização e disseminação referente à metodologia adotada pela
empresa quanto a políticas de desenvolvimento de competências profissionais.
A metodologia de integração utilizada pela empresa não estava atendendo às
necessidades dos colaboradores quanto à eficácia da comunicação interna.
A empresa priorizava, na contratação, profissionais que possuíssem conhecimento
técnico e pró-atividade no ambiente de trabalho.
A cultura organizacional caracterizava-se por mudanças constantes e um ritmo
frenético de trabalho, exigindo dos profissionais uma reorganização constante de
suas atividades de trabalho.
A empresa realizava formalmente um único encontro anual, com parte da equipe,
para planejamento e avaliação de metas organizacionais.
Quadro 11 Educação Corporativa na empresa pesquisada.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2009.
Ao concluir os dados analisados nesta subseção, foi possível observar que os
projetos de educação corporativa estão intimamente ligados às ações desenvolvidas
pelas áreas de gestão de pessoas. Nesse sentido, e em consonância com as
afirmações das autoras Meister (1997) e Eboli (2004), compreender a gestão de
132
pessoas como elemento estratégico da organização é de fundamental importância
para o êxito da empresa. A profissionalização da gestão de pessoas aliada a uma
clara definição da estrutura organizacional e a definição de papéis dos
colaboradores afeta significativamente no desenvolvimento de políticas de
administração, desenvolvimento e retenção de profissionais e, consequentemente,
nos resultados da organização, visto que um eterno recomeçar na formação de
equipes possui um alto custo de investimento para as empresas.
De acordo com as Entidades Setoriais 1, 2 e 3, as pequenas e médias
empresas de software não possuem, na sua maioria, conhecimentos relacionados à
proposição de projetos de educação corporativa devido à falta de recursos
financeiros para investimento e por preferirem um perfil de contratação de
profissionais já certificados e qualificados para o exercício de suas atividades de
trabalho (vide seção 4.1.3.).
No caso da empresa pesquisada, a necessidade de unificação da informação
e o aprimoramento da comunicação interna foram os fatores preponderantes para
que a diretoria incentivasse o início das primeiras ações de educação corporativa.
Assim, a subseção a seguir tem o objetivo de descrever as atividades
realizadas quanto ao planejamento do projeto piloto do ‘Portal de Integração’
atendendo à expectativa de realização do referido projeto.
4.2.2 Dados da etapa de proposição / intervenção
De acordo com o relato descrito na seção anterior, esta subseção apresenta o
planejamento do projeto piloto do Portal de Integração para os colaboradores da
empresa pesquisada como ponto de partida para a implementação de ações de
educação corporativa.
133
4.2.2.1. O desenvolvimento do projeto
Conforme sugerido na reunião gerencial realizada em setembro de 2008, a
elaboração do projeto piloto Portal de Integração (Apêndice H) compõe a primeira
ação da empresa pesquisada quanto à caracterização de atividades de educação
corporativa.
Para a elaboração deste projeto foram realizadas quatro reuniões presenciais
com a responsável pela área de recursos humanos da empresa para alinhar e
planejar ações quanto ao projeto do Portal de Integração, além de diálogos pelo
skype® e troca de e-mails, para o qual o objetivo do trabalho ficou assim
estabelecido: “Elaborar um espaço de aprendizagem corporativa a fim de oportunizar
a melhoria da comunicação interna para organização quanto ao fluxo de
informações pertinentes à visão sistêmica da empresa”.
No dia 6/10/2008, foram validadas as ações iniciais para dar prosseguimento
ao projeto (apêndice H), para o qual foi estabelecido que a área de desenvolvimento
interno da empresa, por intermédio de seus técnicos e programadores, organizariam
um hyperlink na aba “colaborador,” localizada na intranet da empresa, para que
fosse organizado um local adequado como repositório de dados de cada área.
Após esta definição, a responsável pela área de recursos humanos realizou
um levantamento de dados com todas as gerências com o objetivo de definir quais
eram os elementos essenciais que deveriam ser publicados no roteiro do Portal de
Integração. (Apêndice G).
No dia 22 de outubro de 2008, foi apresentado o primeiro esboço do projeto
piloto Portal de Integração (Apêndice H) com a descrição das atividades,
responsáveis, benefícios, prazos, investimentos, forma de monitoramento do
desempenho para atender às expectativas de melhoria dos problemas de
comunicação interna, tornando a integração de colaboradores mais efetiva.
O Portal de Integração também foi elaborado com a intenção de promover
uma visão sistêmica da empresa por parte dos colaboradores. Assim, foi
estabelecido um roteiro com os elementos essenciais que deveriam compor o Portal,
atendendo dessa forma à visão estratégica da organização (Apêndice G).
No roteiro foram descritas “páginas” que seriam os hyperlinks nos quais os
colaboradores deveriam navegar para compreender o todo da organização.
134
A página de início do Portal de Integração seria composta por:
a) orientações iniciais sobre o Portal;
b) relato do Diretor da empresa com a mensagem de boas vindas aos
participantes da atividade.
Na sequência constariam:
c) história da empresa através do vídeo institucional;
d) política da qualidade;
e) apresentação e definições quanto aos produtos e serviços prestados pela
empresa;
f) apresentação das Unidades de Negócio através do mapa do Brasil,
localizando cada escritório geograficamente;
g) apresentação do sistema de trabalho por meio do organograma atualizado
com um link para cada área, na qual estariam descritas as atividades,
serviços prestados e os nomes dos colaboradores com suas funções;
h) espaço reservado para publicação de fotos com os momentos de
confraternização e o dia-a-dia da empresa como local de convivência;
i) publicação do Manual do Colaborador e do Código de Ética com as
informações gerais para o andamento do trabalho;
j) orientações pertinentes aos ciclos de Avaliação de Desempenho;
k) apresentação do Vocabulário próprio da empresa.
O roteiro acima foi apresentado ao setor de desenvolvimento interno de
sistemas para a criação dos hyperlinks e páginas e, segundo análise técnica inicial
do coordenador da área, o projeto piloto necessitaria da aprovação do Diretor para
dar início ao processo.
Com o objetivo de manter a individualidade de cada gerência e respeitando as
especificidades de cada área de trabalho, o Portal de Integração foi elaborado com o
objetivo de ser um facilitador do processo de integração dos colaboradores. Sendo
assim, ficou estabelecido que as gerências permanecessem com a mesma
metodologia de apoio aos novos colaboradores, dando suporte e atenção
individualizada quanto às especificidades de cada área.
135
O Portal de Integração foi caracterizado, portanto, em duas fases: inicialmente
o colaborador conheceria a empresa como um todo e num segundo momento seria
capacitado junto às atribuições de seu cargo com o acompanhamento da gerência à
qual pertencia.
Com o objetivo de unificar as informações de maneira emergencial, o projeto
de integração (Apêndice G) estabeleceu que, indiferentemente do tempo de atuação
na empresa ou cargo, inicialmente todos os colaboradores seriam capacitados
conforme o novo roteiro estabelecido pelo projeto do Portal de Integração para que
houvesse a disseminação e atualização das informações essenciais sobre a
empresa. Estabelecer a relação entre a estratégia da organização com o papel que
o colaborador desenvolve é essencial para que o mesmo se sinta comprometido
com os objetivos da empresa.
O Portal de Integração foi baseado em tecnologias existentes no mercado
para o qual foram pesquisados softwares livres e plataformas de EAD com o objetivo
de sugerir recursos para que a empresa pudesse optar, quando do desenvolvimento
do mesmo. (Apêndice I).
Nesse sentido, buscou-se sugerir ferramentas que estivessem alinhadas às
características da empresa e, ao mesmo tempo, que se aproveitassem recursos
mais avançados de ferramentas já utilizadas internamente (por exemplo, a
ferramenta SKYPE® já largamente utilizada para comunicação interna).
Na subseção a seguir, serão detalhados os passos desenvolvidos quanto à
sugestão de softwares e plataformas de EAD que poderiam auxiliar a empresa na
implantação das primeiras ações de educação corporativa, de modo que todos os
seus colaboradores (nas diversas filiais) pudessem ser capacitados de forma
homogênea.
4.2.2.2. Comunidades de Prática e o Portal de Integração
A metodologia selecionada para suportar o projeto piloto de educação
corporativa (Seção 4.2.2.1) foi baseado no conceito de Comunidades de Prática
(CoP), estabelecido por Brown e Duguid (1991) e Wenger (1998).
136
Com o objetivo de sensibilizar para a prática do projeto Portal de Integração,
foi elaborado um relatório (Apêndice I) com sugestões de softwares livres e
plataformas de EAD a fim de proporcionar elementos para que a empresa
pesquisada pudesse optar quanto à escolha daquela ferramenta que fosse mais ao
encontro de suas necessidades.
Neste relatório, nosso objetivo foi de destacar benchmarks para a empresa
pesquisada, proporcionando um referencial comparativo de boas práticas de
educação corporativa, e de fazer uma análise das empresas de TI que mais se
assemelhavam com sua forma de atuação, a fim de apresentar exemplos que
pudessem ser incorporados para o desenvolvimento de pessoas, conforme as
necessidades e peculiaridades da empresa pesquisada.
A apresentação deste segundo relatório (apêndice I) aconteceu em março de
2009, após o mesmo ter sido enviado antecipadamente para a empresa para que a
pessoa responsável da área de recursos humanos pudesse avaliar o documento e
propor críticas ao mesmo. O encontro contou com a presença da pesquisadora, da
professora orientadora deste estudo, da nova profissional responsável pela área de
recursos humanos e pelo colaborador da área técnica, o contato inicial da
pesquisadora quando do início dos trabalhos de coleta de dados.
De acordo com os representantes da empresa, a apresentação do segundo
relatório proporcionou uma visão consistente quanto às possibilidades de práticas de
educação corporativa para que a empresa pesquisada pudesse dar continuidade ao
projeto piloto do Portal de Integração e para atividades de capacitação corporativa
em geral que pudessem ser desenvolvidas na sequência.
Também foi destacado pelos representantes da empresa que as ferramentas
e os dois dos softwares sugeridos no relatório eram adequados aos propósitos da
empresa e que a ferramenta TalkAndWrite® (software incluso na ferramenta de
comunicação SKYPE®) e o Moodle® seriam avaliados com maior detalhamento pela
área técnica e de desenvolvimento da empresa, a fim de uma futura implantação,
pois a utilização do Skype® já era bastante disseminado entre os colaboradores da
empresa, o que auxiliaria na sua implantação.
Uma ferramenta apresentada à empresa, e considerada como bastante
interessante pelos seus representantes, foi o ambiente Moodle® para educação a
distância, devido à sua diversidade de opções e abertura que o mesmo possui para
as formas de criação, visto que poderia ser implementado pelos próprios
137
profissionais da empresa e por tratar-se de um software livre, cujo custo de
implementação seria baixo.
O encerramento desta pesquisa ocorreu em março de 2009, na reunião de
apresentação do Relatório 2, referente aos conceitos-chave e estratégicos sobre
educação corporativa, à identificação e estudo de benchmarks no setor de atuação
da empresa (TI/software) e à análise de soluções, ferramentas, metodologias e/ou
tecnologias disponíveis no mercado para que a empresa pudesse implementar o
projeto piloto Portal de Integração e outras iniciativas de educação corporativa.
Neste encontro, os representantes da empresa fizeram a avaliação do
trabalho realizado pela pesquisadora entre os meses de março/2008 a março/2009.
De acordo com os representantes da empresa, o estudo realizado auxiliou a
todos quanto à ampliação da visão sobre as formas de capacitação dos
colaboradores, especialmente sobre o conceito de Educação Corporativa, até então
desconhecido formalmente e não discutido no contexto interno da empresa.
Também foi destacada a forma de realização da pesquisa, na qual o retorno
sobre as necessidades de melhoria da empresa pesquisada foi apontado sempre
com a presença de sugestões e críticas construtivas para que houvesse
possibilidades de implementação de projetos futuros.
Quando da conclusão de pesquisa na empresa (reunião final), foi mencionado
que a profissional de recursos humanos, que havia atuado como facilitadora na
elaboração do projeto piloto de capacitação corporativa havia saído da empresa, e
que os processos de gestão de recursos humanos haviam sido designados à outra
pessoa responsável (que estava presente na reunião final).
Com isso, até o final da atuação da pesquisadora na empresa, o projeto piloto
não havia sido ainda implementado, porém os representantes da empresa,
presentes na última reunião, reforçaram que ainda se estava em busca da melhoria
e formalização de tais processos, bem como de seus processos de gestão de forma
geral.
Alguns fatores foram apontados como dificultadores dos projetos que visam a
essas melhorias (inclusive o projeto piloto). O primeiro fator apontado foi que, devido
à crise econômica mundial, que teve início no período final da pesquisa, a empresa
estava revendo suas prioridades de investimento e não havia realizado nenhuma
nova contratação. A estrutura interna da empresa é bastante enxuta e, diante desse
quadro, os gestores reforçaram a dificuldade em manter os processos do dia-a-dia
138
em desenvolvimento, ao mesmo tempo em que precisavam ser reservados tempo e
pessoal para desenvolver os projetos de melhoria de gestão, incluindo os de
capacitação corporativa.
Essa realidade precisa ser considerada como um elemento importante do
estudo, pois reflete o contexto atual de uma empresa pertencente ao setor
pesquisado, cujos desafios enfrentados também podem se estender a outras
empresas de perfil semelhante.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os dados deste estudo, muitos são os desafios enfrentados
pelas PME’s do setor de software e serviços associados em seus processos de
educação corporativa. O quadro 12, a seguir, sintetiza os principais resultados da
pesquisa quanto à identificação desses desafios, os quais serão debatidos na
sequência.
Principais resultados da Pesquisa
Necessidade da atualização constante dos conhecimentos dos profissionais e da empresa como
um todo no sentido de acompanhar e até mesmo antever tendências de negócios no setor.
As PME’s, quase na sua totalidade, não possuem recursos financeiros para investimento em
gestão de recursos humanos.
As PME’s, na sua maioria, não possuem um exercício sistemático de planejamento com ações
que permitam mapear perspectivas de futuro para a empresa e para o desenvolvimento dos
profissionais.
As PME’s, quase na sua totalidade não promovem a educação corporativa na empresa por falta
de conhecimento sobre o tema e também por falta de recursos financeiros e de pessoal
capacitado para condução do projeto.
Foi constatada a importância de políticas de desenvolvimento de competências (profissionais e
organizacionais) para as PME’s, no sentido de organizá-las quanto ao direcionamento estratégico
e a preservação do capital intelectual.
As comunidades de prática acontecem de maneira informal no ambiente de trabalho dos
profissionais do setor de software e serviços associados.
Existem na internet variados softwares livres ou softwares comerciais (Apêndice I) que podem ser
utilizados, inclusive para suportar atividades via EAD, com o objetivo de apoiar atividades de
educação corporativa personalizada para as empresas (colaboradores e cadeia de valor),
inclusive através de comunidades de prática.
A participação efetiva da alta administração é necessária para a realização dos projetos de
educação corporativa nas empresas.
Para que as ações de aprimoramento do negócio sejam atendidas, as empresas necessitam
qualificar melhor as lideranças numa perspectiva de gestão profissionalizada.
As PME’s ainda percebem a gestão de recursos humanos como setor de apoio e não como
elemento estratégico da empresa, o que é preocupante devido às características do trabalho do
setor, basicamente ancorado em um trabalho de conhecimento, cujo capital intelectual é o maior
valor que a empresa possui, pois está baseado praticamente no talento humano.
A presença das universidades é muito esperada para a resolutividade dos problemas enfrentados
pelas empresas no cotidiano do trabalho, especialmente para aquelas que estão localizadas nos
Polos de Informática.
A universidade ainda não supre as necessidades atuais de formação de profissionais devido ao
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fato de o currículo dos cursos superiores oferecidos estarem defasados em relação ao mercado
de tecnologia atual.
Quanto aos temas para pesquisas futuras sugere-se: 1) o desenvolvimento de competências
profissionais dos trabalhadores do setor de software e serviços através de ferramentas de
educação à distância (EAD), 2) o grau de profissionalização dos líderes das empresas do setor
de software, 3) o grau de maturidade das empresas de software a fim de compreender o ciclo de
vida das empresas e a linha tênue que divide a pequena empresa da média empresa, 4)
acompanhar, na prática, aquelas empresas que viabilizarem projetos através do Programa de
Desenvolvimento Produtivo (PDP) do governo federal e verificar quais resultados foram obtidos
após a implementação desses projetos.
Quadro 12 Principais resultados encontrados na pesquisa.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2009.
Primeiramente, fica evidente a necessidade de atualização constante de
conhecimentos dos profissionais e da empresa como um todo no sentido de
acompanhar e até mesmo antever tendências de negócios a fim de sobreviver nesse
mercado altamente competitivo.
A falta de recursos financeiros para investimento em gestão de recursos
humanos, o conhecimento limitado quanto à administração do negócio e a ausência
de planejamento sistemático com ações que permitam mapear perspectivas de
futuro e indicadores para avaliação de desempenho são elementos presentes como
características de gestão das PME’s do setor, que, por decorrência, influenciam as
possibilidades de se promover a educação corporativa. Esta constatação vem ao
encontro das afirmações das quatro Entidades Setoriais entrevistadas e de
publicações oficiais como o relatório da SOFTEX (2002), além de ser corroborada
por dados levantados junto à empresa pesquisada.
Conforme dados provenientes da literatura, muitas das grandes empresas já
estão atuando sob a ótica da educação corporativa desde o final do século XX, pois
a visão de médio e de longo prazo é a competitividade e a consistência de suas
ações no mercado (AGUIAR, 2006). Entretanto, a partir dos dados levantados nesta
pesquisa, pode-se perceber que o conceito de educação corporativa não está ainda
disseminado entre as pequenas e médias empresas (PME’s) do setor de software no
contexto brasileiro devido à carência de informações ou a conhecimentos
específicos que viabilizem a aplicação de estratégias desta ordem.
Conforme descrito no decorrer desta pesquisa, a elaboração de uma política
de desenvolvimento de competências (profissionais e organizacionais), através da
educação corporativa (EBOLI, 2004; MEISTER, 1999), poderá auxiliar as PME’s, no
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sentido de organizá-las quanto ao direcionamento estratégico e ao desenvolvimento
das pessoas para a execução da estratégia. Para Eboli (2004) e Meister (1999), a
educação corporativa também envolve qualificação e desenvolvimento dos parceiros
e fornecedores da empresa, formando uma cadeia de valor (e de aprendizagem)
forte e unificada.
A aprendizagem organizacional (SENGE, 1990), associada ao
desenvolvimento de competências profissionais (SANDBERG; DALL’ALBA, 2005; LE
BORTEF, 2003), que pode ser promovida com uma estratégia de educação
corporativa (EBOLI, 2004; MEISTER, 1999) pode trazer benefícios para a
coletividade que compõe a organização.
Após a análise teórica sobre educação corporativa e desenvolvimento de
competências, o trabalho adotou como pressuposto que a utilização das
Comunidades de Prática em atividades de educação corporativa pode vir a facilitar a
integração dos profissionais do setor de software e serviços em um ambiente já
conhecido (ciberespaço), favorecendo a criação de uma cultura de aprendizagem
contínua, seja ela individual ou principalmente coletiva, em busca do conhecimento e
da qualificação, despertando e estimulando a postura do autodesenvolvimento entre
os profissionais deste setor. Sendo assim, como estratégia de educação corporativa
foi proposto nesta pesquisa, na etapa de pesquisa-ação, a disseminação do conceito
de comunidades de prática, pois as mesmas já acontecem de maneira informal no
ambiente de trabalho dos profissionais do setor de software e serviços associados.
Conforme descrito no capítulo 2.5, as comunidades de práticas são ambientes
de discussão e reflexão que possibilitam a investigação de temas pertinentes, onde
os profissionais debatem possibilidades de resolução de problemas com o intuito de
melhorar a prática diária do trabalhador e, consequentemente, da empresa,
ajudando a preservar o capital intelectual da mesma.
Como possíveis ferramentas de TI que possam apoiar uma estratégia de
educação corporativa, verificou-se, a partir da pesquisa realizada, a existência de
variados softwares livres ou softwares comerciais (Apêndice I) que podem ser
utilizados, inclusive para suportar atividades via EAD, com o objetivo de apoiar
atividades de educação corporativa personalizada para as empresas (colaboradores
e cadeia de valor), através de comunidades de prática (WENGER, 1998).
A escolha do software e a customização dos temas e módulos dos cursos
personalizados favorecem o fortalecimento da cultura da empresa gerando uma
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aprendizagem contínua e colaborativa, em que os ambientes virtuais, através de
comunidades de prática, auxiliam na disseminação dos valores e dos elementos
estratégicos da organização, indiferentemente do tempo de trabalho ou distância
geográfica, promovendo a educação continuada e a troca de experiências entre as
pessoas.
Nesse sentido, percebe-se cada vez mais a necessidade de aprendizado
organizacional em relação à educação corporativa. Entretanto, nada disso é possível
se a alta administração não possuir uma participação efetiva, pois, sem a orientação
necessária e o incentivo para o planejamento sistemático e para a elaboração e
implementação dos projetos os resultados esperados não acontecerão.
Conforme verificado no decorrer desta pesquisa, o turnover e a rotatividade
dos profissionais que atuam no setor de software e serviços são elevados, o que
leva a considerar que as empresas do setor estão na busca contínua por
profissionais qualificados. Uma política de retenção de talentos através de ações de
valorização salarial e desenvolvimento de competências aliado a processos de
educação continuada, como a educação corporativa, poderão auxiliar na percepção
do profissional de que o mesmo está envolvido em ações de crescimento e evolução
profissional enquanto estiver na empresa em que atua.
Para que as ações de aprimoramento do negócio sejam atendidas, as
empresas necessitam qualificar melhor as lideranças numa perspectiva de gestão
profissionalizada, observando as mais diferentes nuances que compõem a gestão
de empresa (administração, pessoas, marketing, comercial, financeira, etc.). De
acordo com os dados coletados nesta pesquisa, as PME’s ainda percebem a gestão
de recursos humanos como setor de apoio e não como elemento estratégico da
empresa, o que é preocupante devido às características do trabalho do setor,
basicamente ancorado em um trabalho de conhecimento, cujo capital intelectual é o
maior valor que a empresa possui, pois está baseado praticamente no talento
humano.
Assim, a partir dos resultados da pesquisa, é possível elencar elementos a
serem considerados pelas PME’s do setor pesquisado e também se pode identificar
elementos a serem considerados também por outras instituições com elas
envolvidas, a começar pelas próprias universidades.
Os dados apresentados por esta pesquisa demonstraram que a presença das
universidades é muito esperada para a resolutividade dos problemas enfrentados
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pelas empresas no cotidiano do trabalho, especialmente para aquelas que estão
localizadas nos Polos de Informática. Entretanto, para os entrevistados das
Entidades Setoriais e também para o diretor-proprietário da empresa pesquisada, a
universidade ainda não supre as necessidades atuais de formação de profissionais
devido ao fato de o currículo dos cursos oferecidos estarem defasados em relação
ao mercado de tecnologia atual.
Esta constatação vem ao encontro dos dados ratificados pelo Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
(MDIC), quando da publicação de dois programas de aceleração de crescimento do
país: Programa de Desenvolvimento Produtivo (PDP) (BRASIL, 2008c) e Programa
de Formação de Capital Humano em Software (SOFTEX, 2006), devido às ações
que foram planejadas para a promoção de novos profissionais que atendam às
demandas de mercado do setor de software e serviços.
De acordo com os entrevistados das Entidades Setoriais, os empresários do
setor de software têm a percepção de que as universidades não possuem a mesma
agilidade que o mercado de tecnologia e, desta forma, não atendem às
necessidades das PME’s quanto à profissionalização de colaboradores e
profissionais em geral nos casos de cursos emergenciais para o acompanhamento
da evolução tecnológica, também apontado por Morgado, 2008.
Nesse sentido, sugere-se que as universidades desenvolvam um diálogo mais
efetivo com as PME’s do setor de software, buscando atender, desta forma, aos
requisitos de agilidade na formação profissional, elaboração de novos cursos
conforme a expectativa das empresas quanto à formação profissional para o
atendimento das demandas específicas do setor de software e serviços. Essa
afirmação também é corroborada por Morgado (2008).
De acordo com o Programa de Formação em Capital Humano em Software
(SOFTEX, 2006), os currículos dos cursos superiores estão defasados em relação
ao perfil profissional desejado pelas empresas e pelo mercado. Esta reflexão está
sendo desenvolvida pelas Entidades Setoriais do Setor de Software em reuniões
com a presença de órgãos governamentais (MEC, MCT) como uma das ações
previstas pelo Programa de Desenvolvimento Produtivo (PDP) através de grupos de
trabalhos direcionados a cada tema estabelecido (BRASIL, 2008c). Para que haja
uma avaliação mais consistente, as competências profissionais (conhecimentos,
habilidades e atitudes) estão sendo avaliadas como parte do contexto do perfil
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desejado para profissionais do setor de software e serviços associados. A revisão
dos currículos dos cursos superiores e a aproximação da relação teoria e prática dos
cursos é um ponto fundamental de discussão para o aprimoramento do perfil destes
profissionais no país.
Conforme reflexões anteriores, a implantação da educação corporativa exige
das empresas cuidados especiais para que possam atender aos objetivos propostos
de capacitar os trabalhadores para a compreensão da missão, visão e objetivos
estratégicos da empresa, levando em consideração as competências individuais,
num processo dinâmico de ensino e de aprendizagem.
Quanto às sugestões para pesquisas futuras, o foco inicial deste estudo
estava relacionado ao desenvolvimento de competências profissionais dos
trabalhadores do setor de software e serviços através de ferramentas de educação à
distância (EAD). Porém, no decorrer da pesquisa, o tema anteriormente proposto foi
sendo ampliado e aprofundado devido ao fato de que outros temas de caráter mais
estratégico foram sendo identificados no decorrer da caminhada.
Sendo assim, a realização de uma pesquisa na qual o foco seja o
desenvolvimento de competências profissionais dos trabalhadores do setor de
software devido à evolução da tecnologia cotidianamente é um tema rico de
perspectivas de descobertas e aprendizagens. A escassez de mão de obra
qualificada para este setor suscita pontos a serem pesquisados quanto à
rotatividade de profissionais, benefícios e salários para a manutenção do capital
intelectual na empresa e a formação profissional proporcionada pelas universidades
em contraponto com a necessidade do mercado.
O grau de profissionalização dos líderes das empresas do setor de software
também é um tema rico para estudos futuros, uma vez que foi evidenciada, nos
dados coletados, a importância da capacitação da liderança com relação aos
processos de gestão administrativa que compõe o negócio. O perfil, geralmente do
proprietário da PME, é de um profissional empreendedor com conhecimento técnico
e específico do setor. Nesta mesma perspectiva, sugere-se um estudo sobre as
grades curriculares dos cursos superiores de informática em relação ao temas de
empreendedorismo e gestão de negócios.
Outro tema possível de pesquisa está relacionado ao grau de maturidade das
empresas de software a fim de compreender o ciclo de vida das empresas e a linha
tênue que divide a pequena empresa da média empresa. Verificou-se que estas
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organizações não possuem o hábito de um planejamento sistemático com planos de
ação que possibilitem uma gestão consistente com dados e indicadores.
O Programa de Desenvolvimento Produtivo (PDP), Brasil (2008c) apresenta,
na sua estrutura de apresentação, uma ação específica relacionada a incentivos
fiscais para as empresas que realizarem projetos que integrem a área de recursos
humanos como ações estratégicas para o desenvolvimento do negócio das PME’s.
Assim, sugerem-se estudos futuros de novas pesquisas para acompanhar, na
prática, aquelas empresas que viabilizarem projetos desta natureza e verificar quais
resultados foram obtidos após a implementação desses projetos.
Quanto às limitações do estudo, foram enfrentadas algumas dificuldades de
acesso a dados já descritos no capítulo de metodologia (Capítulo 3). Além dessas
limitações cabe ressaltar que o estudo não foi exaustivo, isto é, acessou (mesmo
que em profundidade) apenas uma única empresa (PME) pertencente ao setor,
assim como alguns dos representantes das Entidades Setoriais. Essas limitações,
devido a tempo e acesso a dados, precisam ser levadas em conta em relação ao
trabalho. Nesse sentido, sugerem-se outros estudos sobre a temática pesquisada
em outras empresas pertencentes ao setor, e envolvendo outros atores ou
instituições a ele relacionadas.
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GLOSSÁRIO
Assíncrona: processo de comunicação no qual as mensagens emitidas por uma
pessoa são recebidas e respondidas mais tarde por outras pessoas.
Gap: espaço aberto devido à comparação das habilidades da pessoa com as
habilidades exigidas para o trabalho que lhe será atribuído.
Síncrona: processo de comunicação no qual as mensagens emitidas por uma
pessoa são imediatamente recebidas e respondidas por outras pessoas.
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156
APÊNDICE A - PROJETO DE PESQUISA APLICADA - INTERAÇÃO
UNIVERSIDADE-EMPRESA
EMPRESA : XXXXXXX
1 APRESENTAÇÃO
A proposta de trabalho a seguir apresentada tem o objetivo de desenvolver um
diagnóstico e propor alternativas de melhorias para demandas específicas apresentadas
pela empresa XXXXXXXX no que se aos seus processos de comunicação interna,
treinamento e capacitação de colaboradores.
2 DEMANDA IDENTIFICADA
A empresa XXXXXX necessita melhorar a efetividade da comunicação interna
junto aos seus colaboradores.
A empresa necessita avaliar/repensar a efetividade das suas práticas de
treinamento e capacitação interna, especialmente em relação aos treinamentos
ou capacitações realizados à distância.
A distância geográfica entre as filiais da empresa e seus representantes está
ocasionando dificuldades quanto a treinamentos e disseminação/atualização de
informações na empresa.
3 OBJETIVOS DO PROJETO
Realizar um diagnóstico procurando conhecer as causas das dificuldades
enfrentadas quanto às práticas de aprendizagem adotadas pela empresa.
Indicar (a partir do diagnóstico realizado) possibilidades de educação corporativa que
atendam às necessidades da empresa, no que se refere a treinamento interno e
157
capacitação de colaboradores, especialmente considerando as possibilidades e
possíveis oportunidades da modalidade EAD (Educação à Distância).
4 METODOLOGIA
Será realizado um Estudo de Caso na empresa, compreendendo duas etapas:
Uma etapa de diagnóstico (atendendo ao objetivo 1);
Uma etapa de identificação e apresentação, para a empresa, de possibilidades
metodologias, ferramentas, políticas para a melhoria das suas práticas de
aprendizagem, mais especificamente, nos seus processos de comunicação interna,
treinamento e capacitação de colaboradores.
Na etapa de diagnóstico estão previstas como formas de coleta de dados estão a
análise de documentos contendo dados gerais sobre a empresa (histórico, estratégia,
cultura, processos de gestão de pessoas, etc.) e documentos mais específicos relacionados
aos processos de comunicação interna, treinamento e capacitação de colaboradores.
Também são previstas entrevista com gestores e colaboradores-chave para o foco do
trabalho. Serão igualmente realizadas visitas com caráter de observação e
acompanhamento de processos in loco, conforme datas e horários a serem previamente
combinados com a empresa.
Na etapa de proposição de alternativas de melhoria, o trabalho consistirá em um
levantamento de possibilidades em termos de metodologias, ferramentas e práticas de
aprendizagem e de treinamento/capacitação internas nas seguintes fontes:
Referencial teórico, especialmente o estado-da-arte sobre o assunto tratado;
Identificação e estudo de benchmarks no setor de atuação da empresa (TI/software);
Análise de soluções, ferramentas, metodologias e tecnologias disponíveis no
mercado.
158
5 DELIVERABLES DO PROJETO
Um diagnóstico aprofundado sobre os problemas elencados na demanda identificada
na empresa (item 2 deste documento)
Proposição de possíveis soluções ou encaminhamentos para os problemas
diagnosticados.
6 PREMISSAS DO PROJETO
Para que o projeto seja realizado, é essencial que a empresa comprometa-se a
disponibilizar os dados de diagnóstico, em forma de documentos internos e horários
disponíveis para entrevistas e demais conversações que sejam necessárias,
mediante agendamento prévio, guardando coerência com a disponibilidade de tempo
tanto da empresa quanto da equipe de trabalho.
É fundamental que a empresa indique um colaborador que seja referência de contato
com a Equipe de Desenvolvimento do Projeto.
Por se tratar de um projeto de pesquisa aplicada (e não um trabalho de consultoria),
planeja-se que os dados do Estudo de Caso, que compreende este projeto, façam
parte da dissertação de mestrado da aluna Lisângela da Silva Antonini. Entretanto, a
empresa tem o direito de vetar a divulgação do seu nome se assim o desejar, nesse
caso, o Estudo de Caso será relatado sem dados que permitam a identificação da
empresa pesquisada.
Qualquer tipo de publicação do Estudo de Caso (em forma de artigo científico ou
outras formas de divulgação) só irá ocorrer mediante autorização da empresa.
7 EXCLUSÕES DE ESCOPO
Não estão incluídos no escopo deste projeto:
Indicar uma melhor solução específica para a empresa na busca das melhorias de
processos esperadas. O trabalho irá apresentar um leque de opções e possíveis
159
práticas referentes a processos de aprendizagem (especialmente de
treinamento/capacitação de funcionários), e a partir disso, a empresa irá verificar a
sua adequação ou qual a solução é mais indicada de acordo com suas
características, necessidades e recursos;
Embora a questão da comunicação interna tenha sido apontada como muito
relevante, o trabalho a ser realizado terá foco nos conceitos de aprendizagem
organizacional, treinamento e capacitação de colaboradores, uma vez que a equipe
tem formação e experiência na área de Administração, e não na área de
Comunicação;
Não estão incluídas atividades de execução ou implementação das possibilidades de
soluções a serem apontadas pelo projeto.
8. CRONOGRAMA
2008
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Elaboração e aprovação do
Projeto
Fase 1 DIAGNÓSTICO
Coleta e análise de documentos
internos
Entrevistas com gestores e
colaboradores
Análise dos dados coletados
Apresentação de relatório de
diagnóstico e validação do
mesmo com a empresa
Fase 2 IDENTIFICAÇÃO E PROPOSIÇÃO DE ENCAMINHAMENTOS E SOLUÇÕES
Análise teórica, de benchmarks,
metodologias e ferramentas
disponíveis no mercado
Apresentação de proposta para
discussão com a empresa
Apresentação do relatório final do
projeto à empresa
160
9 EQUIPE ENVOLVIDA NO DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
EXECUÇÃO: Lisângela da Silva Antonini - Mestranda em Administração Unisinos;
SUPERVISÃO: Profa. Dra. Amarolinda Zanela Saccol Programa de Pós
Graduação em Administração UNISINOS.
10 SUGESTÃO DE HORÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO NA
EMPRESA
Sugestão de dia da semana/horário preferencial para atividades a serem agendadas
previamente: Sextas-feiras, das 14h às 18h30.
161
APÊNDICE B - Entrevista semi-estruturada direcionada ao grupo de
gerencial, colaboradores chave e colaboradores operacionais
Dados do entrevistado
Nome:
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino Idade:
Cargo: Tempo na
empresa:
Formação: Ensino Médio: ( ) Incompleto ( ) Concluído
Curso Técnico: ( ) Incompleto ( ) Concluído. Em ________________
Curso Superior: ( ) Incompleto ( ) Concluído. Em ________________
Pós-graduação: ( ) Incompleto ( ) Concluído. Em _______________
Outros. Qual? ________________________________________________
Elemento de análise: Estratégia
Qual seu cargo na empresa?
Descreva, por favor, as atividades de trabalho que o Sr.. desenvolve na empresa.
Na sua opinião, de que forma a EMPRESA cresceu e conquistou mercado?
E para o futuro, quais são as ações previstas para a consolidação da EMPRESA?
Na sua opinião, quais características melhor definem a idEntidades da EMPRESA?
Você poderia explicar as razões pelas quais a empresa foi estruturada (divisão das
áreas conforme organograma) da forma como se encontra hoje?
Realizando uma análise estratégica da empresa, o que o senhor destacaria como:
Seus pontos fortes e fracos atualmente (especialmente perante o mercado)
Oportunidades e ameaças que hoje ela enfrenta?
Qual o posicionamento estratégico que seu setor representa para a empresa? Como
ele é constituído?
Elemento de análise: Gestão de Recursos Humanos
Em um dos princípios destacados pela empresa está: “contribuir para o
aperfeiçoamento do potencial humano é uma das nossas preocupações
permanentes”;
Que ações estão sendo pensadas para atingir este objetivo?;
Há indicadores que monitoram este princípio? O senhor poderia listar as
características básicas desejáveis para os funcionários da EMPRESA?;
162
A empresa segue algum referencial para a seleção dos profissionais que irão atuar
na empresa?;
Na sua percepção, o que faz com que um funcionário se comprometa com a
EMPRESA?;
Como o senhor avalia, de forma geral, a gestão de recursos humanos na empresa
(pontos fortes e fracos)?;
Seu setor possui um planejamento a curto, médio e/ou a longo prazo para os
profissionais que atuam na EMPRESA?;
O Sr. tem conhecimento se a empresa realiza algum mapeamento dos perfis de seus
colaboradores? Se sim, como este processo acontece?;
Os colaboradores realizam avaliações de desempenho e feedbacks com os gestores
imediatos? O Sr.. poderia descrever como isso acontece e com que freqüência?
Elemento de análise: Educação Corporativa
Quais práticas de treinamento são utilizadas pela empresa?;
Como a empresa diagnostica as necessidades de educação corporativa?
Elemento de análise: Comunicação interna
Quais as ferramentas utilizadas para o incentivo da comunicação interna?;
Na sua opinião, quais são os pontos fortes e pontos fracos da comunicação interna
na EMPRESA?;
Como o Sr.. avalia a interação entre os setores da empresa?;
De que forma a EMPRESA procura garantir que a mesma informação circule entre
todas as filiais e a matriz?;
Na sua opinião os canais de comunicação utilizados atualmente pela EMPRESA são
adequados? Por que?;
A EMPRESA possui uma estrutura de capacitação de clientes que adquirem seus
produtos e serviços. Essa estrutura também é disponibilizada para a educação
interna?;
Quais as ferramentas e tecnologias utilizadas para a capacitação interna?
163
APÊNDICE C - Entrevista semi-estruturada direcionada a Diretoria
Dados do entrevistado:
Nome:
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino Idade:
Cargo: Tempo na empresa:
Formação: Ensino Médio: ( ) Incompleto ( ) Concluído
Curso Técnico: ( ) Incompleto ( ) Concluído. Em ________________
Curso Superior: ( ) Incompleto ( ) Concluído. Em ________________
Pós-graduação: ( ) Incompleto ( ) Concluído. Em _______________
Outros. Qual? ________________________________________________
Elemento de análise: Estratégia
Seu cargo na empresa é diretor-presidente. Descreva, por favor, as atividades de
trabalho que o Sr.. desenvolve na empresa?;
O Sr.. poderia falar sobre a trajetória da empresa, em termos de desenvolvimento,
desde a sua fundação? De que forma ela cresceu e conquistou mercado?;
Quais características melhor definem a identidade da EMPRESA?;
Você poderia explicar as razões pelas quais a empresa foi estruturada da forma
como se encontra hoje?;
Realizando uma análise estratégica da empresa, o que o senhor destacaria como;
Seus pontos fortes e fracos atualmente (especialmente perante o mercado)
Oportunidades e ameaças que hoje ela enfrenta?
Como a empresa avalia as necessidades do mercado?
Elemento de análise: Gestão de Recursos Humanos
Em um dos princípios destacados pela empresa está: “contribuir para o
aperfeiçoamento do potencial humano é uma das nossas preocupações permanentes”.
Diante disso:
Como a empresa vem desenvolvendo esta intenção?
Há indicadores que monitoram este princípio?
Que ações estão sendo pensadas para atingir este objetivo?
164
Há algum setor na empresa designado para desenvolver estas ações?
Quais características melhor definem o perfil do empregado típico da EMPRESA?
A empresa realiza algum mapeamento dos perfis de seus colaboradores?
A Diretoria possui um planejamento a curto, médio e longo prazo para os
profissionais que atuam na EMPRESA?
O senhor poderia listar as características básicas desejáveis para os funcionários da
EMPRESA? Quais as capacidades básicas que, na sua percepção, todos os
funcionários de modo geral, deveriam ter?
A empresa segue algum referencial para a seleção dos profissionais que irão atuar
na empresa?
Na sua percepção, o que faz com que um funcionário se comprometa com a
EMPRESA?
Como o senhor avalia, de forma geral, a gestão de recursos humanos na empresa
(pontos fortes e fracos)?
Existe uma política de desenvolvimento de competências dos profissionais?
Como o Sr.. definiria um profissional do mercado de software?
Que competências essenciais este profissional precisa apresentar ou desenvolver
para atuar no setor de software?
Elemento de análise: Educação Corporativa
Quais práticas de treinamento são utilizadas pela empresa?
Como são realizadas as capacitações dos novos colaboradores da empresa?
Como a empresa diagnostica as necessidades de educação corporativa?
Elemento de análise: comunicação interna
Como o Sr. avalia a comunicação interna da empresa?
Na sua opinião os canais de comunicação utilizados atualmente pela EMPRESA são
adequados?
165
APÊNDICE D - Entrevista semi-estruturada direcionada ao SEPRORGS
Dados do entrevistado:
Nome:
Sexo: ( ) masculino Idade:
Cargo: Tempo de gestão
Formação:
Elemento de análise: Estratégia
Como o Sr. definiria o mercado de software?
Fazendo uma análise estratégica do mercado de software, como o Sr.. avalia o
mercado de software do RS atualmente? Quais pontos fortes e fracos e quais as
oportunidades e ameaças que o Sr. destacaria?
Quais características melhor definem a idEntidades de uma empresa de software?
Como o Sindicato acompanha e avalia as necessidades do mercado de software?
Existe alguma metodologia elaborada para um diagnóstico preciso?
Elemento de análise: Gestão de Recursos Humanos
Como o Sr.. definiria um profissional do mercado de software? Quais características
melhor definem o perfil do profissional de TI?
A Diretoria acompanha as necessidades de desenvolvimento dos profissionais de
TI/software? De que forma?
Quais as ações que o Sindicato possui a curto, médio ou a longo prazo para o
reconhecimento das competências dos profissionais de TI ?
O sindicato possui algum indicador de acompanhamento de turnover de profissional
que atuam no mercado de TI?
O Sr.. poderia nos informar quais as dificuldades ou facilidades encontradas pelas
empresas quanto aos profissionais de TI referente ao desenvolvimento de
competências profissionais?
O Sr. tem conhecimento de empresas que realizam mapeamento dos perfis de seus
colaboradores?
166
Elemento de análise: Desenvolvimento de competência profissional
O Sr. tem conhecimento se existe uma política de desenvolvimento de competências
dos profissionais dos colaboradores que atuam na área de TI?
Que competências essenciais este profissional precisa apresentar ou desenvolver
para atuar no setor de software?
Elemento de análise: Educação Corporativa
Conforme jornal do sindicato a área de e-learning no RS vem ganhando espaço entre
as empresas. O Sr. poderia nos contextualizar quando iniciou este processo em
nosso estado e qual a tendência para os próximos anos?
Existem muitas empresas no RS que estejam atuando em e-learning aliada a
educação corporativa?
Quais práticas de treinamento são utilizadas pelas empresa?
Como as empresas diagnosticam as necessidades de educação corporativa?
167
APÊNDICE E - Entrevista semi-estruturada com representantes de entidades
do setor de software
Instituição: _____________________________________________
Data: __________________________
Cargo do representante: ___________________________________________
Elemento de análise: Características gerais do setor de software/serviços associados
Quais são as principais características do setor de software/serviços associados
atualmente?
Quais características melhor definem a identidade de uma PME
7
do setor de
software/serviços associados?
De forma geral, qual o grau de profissionalização em termos de GESTÃO das PMEs
do setor de software/serviços associados?
De forma geral qual o grau de maturidade quanto a:
§ Estratégia/planejamento estratégico;
§ Organização/Estrutura organizacional;
§ Direção/liderança;
§ Controle organizacional.
Quais são os principais desafios de gestão enfrentados por essas empresas?
Elemento de análise: Recursos Humanos no setor de software/serviços associados
Quais características melhor definem (de maneira geral) o perfil ATUAL dos
profissionais do setor de software/serviços associados?
Quais são, de forma geral, as competências (que envolvem conhecimentos,
habilidades e atitudes) DESEJADAS pelas empresas em relação aos
profissionais do setor de software/serviços associados?
7
Definidas como: pequenas empresas = 10 a 49 funcionários; médias empresas = 50 a 99
funcionários (Fonte: Sebrae/Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
168
Quais são as principais características do mercado de mão de obra no setor de
software/serviços associados, atualmente?
Quais são as principais características da gestão de recursos humanos nas
PMEs pertencentes ao setor de software/serviços associados?
Quais são os principais desafios enfrentados na gestão de recursos humanos
nessas PMEs?
Elemento de análise: Educação Corporativa no setor de software
Quais são as principais necessidades de qualificação dos profissionais nas
PMEs do setor de software/serviços associados, atualmente?
Quais práticas de qualificação profissionais são mais utilizadas atualmente
pelas empresas do setor de software/serviços associados?
Quais são os principais desafios enfrentados pelas empresas do setor de
software nos seus processos de educação corporativa, compreendendo-se o
conceito de Educação Corporativa como o desenvolvimento contínuo de
competências (tanto individuais quanto coletivas) dos profissionais de acordo
com os objetivos e a estratégia organizacional?
169
APÊNDICE F - Registro de Pesquisa
ATIVIDADE:
DATA:
HORÁRIO:
PARTICIPANTES:
ANOTAÇÕES DA PESQUISADORA:
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
170
APÊNDICE G - Roteiro para Projeto de Integração de Colaboradores
Conforme descrito na segunda ação do projeto, foi elaborado um roteiro para
posterior análise das ferramentas de EAD que poderiam suportar as necessidades de
interação e metodologia de desenvolvimento da educação corporativa que está em fase de
implementação.
No dia 22/10/2008, após analisar a documentação enviada pelos gestores e avaliar
as metodologias já utilizadas sugeriu-se a elaboração de um roteiro de capacitação cujo
objetivo inicial era a integração dos novos e antigos colaboradores da empresa pesquisada
quanto a sua política de qualidade e visão sistêmica da empresa.
Página 1: Apresentação com o objetivo do projeto
Página 2: Boas Vindas! Vídeo com um depoimento do Diretor geral.
Página 3: A História da Empresa - Vídeo institucional
Página 4: Política da Qualidade
Página 5: Definições quanto aos produtos e serviços prestados pela empresa
Página 6: Apresentação das Unidades de Negócio através do mapa do Brasil localizando
cada escritório.
Página 7: Nosso sistema de trabalho Visão Sistêmica através da apresentação do
organograma atualizado com link para cada área, na qual estarão descritas as atividades,
serviços prestados e os nomes dos colaboradores com suas funções.
Página 8: Espaço para as fotos de confraternização e local de convivência
Página 9: Manual do Colaborador e Código de Ética com as informações gerais para o
andamento do trabalho.
Página 10: Avaliação de Desempenho
Página 11: Vocabulário
O roteiro acima apresentado foi apresentado ao setor de desenvolvimento interno
para criação e segundo análise técnica inicial do coordenador da área o projeto necessitaria
da aprovação do Diretor para dar início ao processo.
Decidiu-se então que momentaneamente as informações de cada área seriam
publicadas num único repositório no link “colaboradores” do sistema interno a fim de que as
informações pertinentes aos conhecimentos básicos dos colaboradores para iniciar suas
atividades de trabalho estariam disponíveis a todos os interessados.
APÊNDICE H - Projeto Piloto do Portal de Integração
(O quê?)
Descrição da ação
(Pra que?) Justificativa e
benefícios
(Quem?)
Respons.
(Quan
do?)
Priori
dade
(Onde?)
Que
área?
(Como?)
Atividades necessárias para
implementar.
(Quanto
custa?)
Investiment
o
Indicador
Criação do Projeto de integração
Formalizar informação institucional
para novos colaboradores
Colaborador sentir-se melhor
integrado a empresa e iniciar seus
trabalhos com
Maior segurança.
RH Até
06/10/
2008
Todas
as áreas
Levantamento das
informações passadas aos
colaboradores
Definição de tudo que deve
ser passado aos
colaboradores
Distribuição de
responsabilidades no projeto
Hora RH
Hora gestor
Margem de erro
em processos de
uso geral (rel.
Despesas)
Re-trabalho
Como identificar
erros e registrar?
Elaboração de um roteiro que
possibilite a criação de um
caminho a ser seguido para a
criação do curso em EAD.
Para organização e agilidade do
projeto
Para definição dos responsáveis por
cada etapa e prazos
RH/Lisang
ela
Até
22/10/
2008
Sede Divisão das informações
levantadas em etapas de
forma a obter melhor
compreensão dos processos
Hora RH
A definir
Elaboração de um roteiro para
apresentação sistêmica da
empresa (missão, visão,
princípios, sistema de trabalho,
política da qualidade,
responsabilidades
organizacionais)
Comunicar e formalizar tudo que é
institucional para os colaboradores,
deixando claro também regras de
conduta.
RH Até
novem
bro/20
08
Todas
as áreas
Utilizar o material
disponibilizado na Integração
e Manual do colaborador
complementando o que for
necessário
Hora RH
A definir
Elaboração de um roteiro sobre
princípios éticos e normas de
conduta dos colaboradores na
empresa.
Disseminar os valores prezados pela
empresa.
RH A
definir
Todas
as áreas
Utilizar o material
disponibilizado na Integração
e Manual do colaborador
complementando o que for
necessário
Hora RH
Hora gestor
A definir
Levantamento das necessidades
de cada área sobre comunicação
interna
O que cada área tem dificuldade de
comunicar e que deve ser do
conhecimento de todos
Gestores
e RH
A
definir
Todas
as áreas
Levantamento de todas as
dificuldades de comunicação
entre as áreas por parte do
gestor
Formalização das mesmas
para toda a empresa
Hora RH
Hora gestor
A definir
Levantar as necessidades
técnicas para criação do curso
em EAD.
Elaboração de capacitação
específica
Gestores
e RH
A
definir
Todas
as áreas
conform
e
especiali
dades
Análise de pré requisitos do
projeto;
Análise de horas para
desenvolver as etapas
Sistema
necessário
Tempo e
recursos
humanos
necessários
A definir
Desenvolvimento do roteiro em
EAD.
Capacitação dos colaboradores RH A
definir
Área
Técnica/
Desenv
olviment
o
Verificar as necessidades de
infra-estrutura para
desenvolvimento com a área
técnica.
Hora RH
Hora gestor
Hora
técnicos
A definir
Continua...
172
Interno
Teste do curso em EAD projeto
piloto com uma das áreas.
Validar funcionalidade e aplicação do
curso
RH A
definir
Todas
as áreas
Selecionar colaboradores
para participar do curso e
buscar opinião dos mesmos
Hora RH
Hora gestor
Hora
colaborador
Acerto colaborador
dos exercícios
propostos pelo
curso
Apresentação do projeto piloto do
portal de integração para a
direção e corpo gerencial
Validação dos temas e organização
da metodologia do curso
RH A
definir
Todas
as áreas
Através de Reunião com o
grupo gerencial.
Hora RH
Hora gestor
A definir
Iniciar as capacitações com os
colaboradores
Desenvolvimento de competências
profissionais e organizacionais.
RH A
definir
Todas
as áreas
Organizando grupos a fins. Hora RH
Hora gestor
Hora
colaborador
Avaliação da etapa de
implementação do projeto com os
colaboradores novos e antigos da
empresa.
Redefinir ações e implantar novos
módulos conforme análise de
necessidades.
RH A
definir
Todas
as áreas
Após a conclusão do curso. Hora RH
Hora gestor
Hora
colaborador
Continuação
APÊNDICE I - Projeto de Pesquisa Aplicada - Interação
Universidade-Empresa
EMPRESA: XXXXXXX
- Fase Dois -
APRESENTAÇÃO
De acordo com os objetivos da proposta de trabalho desenvolvida na XXXXXX, a
segunda etapa do projeto de pesquisa está interligada à proposição de alternativas de
melhorias quanto aos pontos diagnosticados nas entrevistas realizadas no período entre
abril a agosto de 2008.
O presente relatório tem como objetivo subsidiar a empresa pesquisada com um
leque de opções de ferramentas de EAD e possíveis práticas referentes a processos de
aprendizagem, especialmente de treinamento ou capacitação de funcionários. Após a
análise deste documento a XXXXXX poderá visualizar possíveis propostas de ferramentas
que estejam ao encontro de sua realidade e optar por uma solução que melhor se adapte às
suas características, necessidades e recursos.
O relatório a seguir está levando em consideração os seguintes aspectos:
a) Conceitos-chave/estratégicos, considerando o estado-da-arte sobre o assunto
tratado.
b) Identificação e estudo de benchmarks no setor de atuação da empresa
(TI/software).
c) Análise de soluções, ferramentas, metodologias e/ou tecnologias disponíveis no
mercado.
CONCEITOS-CHAVE ESTRATÉGICOS SOBRE EDUCAÇÃO CORPORATIVA
No decorrer do trabalho realizado na XXXXXX pode-se perceber a preocupação do
grupo gerencial quanto às necessidades de treinamento e alinhamento estratégico,
174
especialmente quanto aos aspectos referentes a comunicação interna e a consolidação da
cultura da empresa em todos os escritórios que a mesma possui no país.
Após a realização da pesquisa observou-se que os dados comprovaram a
necessidade de um direcionamento da empresa quanto a uma metodologia de integração
dos colaboradores e conhecimentos de todos nas estratégias da empresa, favorecendo
desta forma a visão sistêmica da organização e a busca de resultados. Acredita-se que a
partir da implantação de um projeto de educação corporativa a empresa poderá implementar
várias ações que poderão vir a sanar alguns “pontos de dor” que hoje se apresentam como
comunicação ineficaz, não conhecimento sistêmico da empresa por parte dos colaboradores
da matriz e das filiais, necessidade de retenção e falta de desenvolvimento de profissionais
numa perspectiva de gestão de recursos humanos baseada em competências profissionais.
De acordo com Meister (1999, p.12) entende-se por Educação Corporativa a
concretização de ações educacionais que a empresa desenvolve a fim de assegurar que
todos os participantes da cadeia de valor (funcionários, parceiros, fornecedores, clientes)
possam ter acesso às informações e gerar conhecimentos que favoreçam o sucesso da
organização. Neste sentido, a aprendizagem corporativa e individual dos profissionais está
vinculada cuidadosamente às necessidades estratégicas da empresa. Para a autora, as
empresas atualmente buscam possibilidades de aprendizagem contínua a fim de sustentar a
vantagem competitiva através de um desempenho no qual possa conquistar seu espaço no
mercado em que atua.
O pensamento de Meister (1999) corrobora com a percepção de que o entendimento
da organização como um todo favorece o alinhamento estratégico da empresa e a
comunicação interna fazendo com que os trabalhadores desempenhem suas funções tendo
a clareza de quais os objetivos que deverão ser alcançados no decorrer do desenvolvimento
de suas atividades de trabalho. Neste sentido, as definições das ações estratégicas são
essenciais para a elaboração de um projeto de educação corporativa, pois é a partir da
sustentação destas ações que incluem visão sistêmica, posicionamento estratégico, análise
de mercado, contratação e retenção de profissionais qualificados que a organização poderá
proporcionar um caminho consistente para todos os envolvidos da organização.
Ao relacionar esse conceito de educação corporativa com as preocupações da
XXXXXX, pode-se perceber que existem oportunidades de melhorias quanto à clareza sobre
a real missão ou foco da empresa como revenda de software ou prestadora de serviços
customizados na área de engenharia e quanto à estrutura organizacional; e a necessidade
de dar continuidade aos projetos internos de melhoria de gestão como é o caso da
certificação ISO 9001:2000 e da elaboração do mapeamento estratégico através da
metodologia do BSC Balanced Scorecard. Ao elaborar o projeto de educação corporativa
a empresa poderá enfatizar um módulo de aprendizagem sobre sua compreensão quanto a
175
visão estratégia corporativa abordando vários elementos prioritários como: histórico
da organização, missão, visão, princípios, mapeamento estratégico, visão de futuro,
política da qualidade, visto que desta forma os elementos acima citados estarão
sendo comunicados a todos os colaboradores e parceiros de maneira formal,
deixando claro o que se deseja da atuação de cada colaborador que compõe a
cadeia de valor.
Segundo Meister (1999, p.13 -16) as empresas atualmente buscam
colaboradores com competências essenciais que possam gerar resultados positivos
para as organizações, são elas:
Competência 1 - Aprendendo a aprender: Os trabalhadores de hoje
necessitam aplicar o conhecimento existente e construído ao longo do tempo a novas
situações, tendo capacidade de resolver problemas, esclarecer dúvidas, pensar
criativamente com o intuito de gerar novas oportunidades de melhoria e novas
opções de produtos e serviços..
Competência 2 - Comunicação e colaboração: A habilidade de trabalhar em
equipe é essencial e deve estar bem desenvolvida pelos colaboradores e pela
empresa.
Competência 3 - Raciocínio criativo e resolução de problemas: relaciona-
se com rapidez e a agilidade no atendimento de demandas para proporcionar
resposta rápida ao cliente e ao mercado
Competência 4 - Conhecimento tecnológico: Estar atento às novas
tecnologias e acompanhar as mudanças é uma atitude essencial para a contínua
integração do colaborador da empresa no ambiente virtual que hoje vivemos.
Competência 5 - Conhecimentos de negócios globais: Esta competência
requer uma habilidade organizacional de leitura de mercado e de mundo visto que
vivemos atualmente em mundo globalizado, bem como de cada profissional em
conhecer a cultura local onde a empresa deseja.
Competência 6 - Desenvolvimento de liderança: a liderança na Era do
Conhecimento está interligada a autoridade moral que é fonte de inspiração,
princípios, confiança e valores aos liderados e desta maneira poderá proporcionar
formas para que os colaboradores compartilhem responsabilidades e sinalizem
melhorias e mudanças para a organização. (COVEY, 2008).
Competência 7 - Autogerenciamento da carreira: Os profissionais
necessitam compreender que é importante autogerenciarem suas carreiras a fim de
atenderem as necessidades do mercado atual e do futuro.
176
De acordo com as preocupações apresentadas pela XXXXXX, quando do
início deste trabalho de pesquisa, e através de seus Princípios
8
, a Educação Corporativa
vem ao encontro de proporcionar várias ferramentas e metodologias para a execução de
seus objetivos através de uma visão sistêmica da organização de forma consistente e
segura fazendo com sua cultura organizacional e seu capital intelectual aprimore-se e
perpetuem.
IDENTIFICAÇÃO DE BENCHMARKS
O objetivo desta seção é fazer uma análise das empresas de TI que se assemelham
com a XXXXXX a fim de apresentar exemplos que possam ser incorporados para o
desenvolvimento de pessoas conforme a necessidade da empresa pesquisada.
De acordo com o Sindicato de Empresas de Informática do Estado do Rio Grande do
Sul (SEPRORGS), em entrevista em agosto de 2008, quando perguntado ao entrevistado se
teria conhecimento de nomes de empresas de TI/software que tivessem projetos de
educação corporativa desenvolvido internamente, foi informado que o mesmo não teria
conhecimento, pelo menos até o momento, de nenhuma empresa associada que tivesse tal
atividade sendo desenvolvida, especialmente em micro e pequenas empresas da área.
Sendo assim, a XXXXXX, ao implantar um projeto de educação corporativa poderá
vir a ser uma empresa vanguardista na gestão de recursos humanos, sendo benchmark
para outras empresas do setor de software/engenharia, e assim atender suas necessidades
de melhoria interna quanto ao desenvolvimento e retenção de profissionais.
Na literatura referente ao tema, Eboli (2004) apresenta sete princípios sobre a
implantação de projetos de educação corporativa citando exemplos de empresas que estão
atentas a este contexto de aprendizagem organizacional no qual educar para o trabalho
inclui também “o desenvolvimento de atitudes, postura e habilidades, e não apenas a
aquisição de conhecimento técnico e instrumental” e apresenta exemplos de atividades que
são desenvolvidas na rotina do trabalho. (EBOLI, 2004, p.37).
8
Princípios XXXXXX:
- Prosperar e evoluir continuamente, fornecendo produtos e serviços que contribuam para o sucesso
de nossos clientes.
- Fornecer e desenvolver soluções inovadoras e tecnologicamente avançadas.
- Ser ético e honesto em todos os nossos relacionamentos.
- Estabelecer parcerias para fornecer soluções completas aos nossos clientes.
- Promover o crescimento pessoal e profissional de nossos colaboradores.
1
77
No caso de empresas de TI/Software o desafio ainda pode ser considerado maior,
visto que a tecnologia no mundo globalizado costuma ser renovado constantemente, o que
faz com que os profissionais da área tenham que se manter atualizados e principalmente
apresentar uma postura pró-ativa em relação a temas de sua área com uma visão futurista
abrindo caminhos para o processo de construção do conhecimento.
Ao pesquisar benchmarks na área de TI/softwares foi localizado na internet o caso
de uma empresa de Novo Hamburgo, RS, que a seguir será apresentado para análise:
O Caso CIGAM SOFTWARE DE GESTÃO
Ao pesquisar empresas de software no Rio Grande do Sul, verificou-se a existência
da empresa CIGAM software de gestão que apresenta em seu site um projeto de
educação corporativa. Esta é uma empresa que possui semelhança com atividades
desenvolvidas pela XXXXXX, visto a comercialização de software e treinamentos de clientes
para a utilização de seus produtos e serviços.
De acordo com as informações publicadas no site, a justificativa deste processo de
educação corporativa está aliada à necessidade de desenvolver um sistema de
aprendizagem que permita à organização atingir seus objetivos estratégicos, pois também
possuem filiais e postos de vendas em todo país e no exterior. Segundo dados publicados
no site http://www.cigam.com.br/ucc, a Universidade Corporativa CIGAM UCC surgiu
para direcionar e alinhar as ações de educação corporativa com o objetivo de desenvolver e
aprimorar constantemente as competências técnicas, humanas e organizacionais
contribuindo desta forma na qualificação profissional e pessoal dos profissionais da REDE
CIGAM, estendendo o processo de ensino-aprendizagem e disseminando o seu
conhecimento empresarial aos seus clientes, fornecedores e sociedade em geral”. (CIGAM,
2008).
Os cursos são realizados periodicamente para os colaboradores da empresa
observando-se o calendário e as necessidades provenientes do dia-a-dia. As atividades são
realizadas através da metodologia de ensino presencial, quando são realizados
treinamentos técnicos e conceituais dos módulos do ERP CIGAM.
178
Figura 1- Portal Universidade Corporativa CIGAM
Fonte: http://www.cigam.com.br/ucc/index.php (2008)
A empresa afirma que a UCC oferece por meio da Educação a Distância (EAD) -
cigam.stope.com.br - a possibilidade de educação continuada através da internet
desenvolvendo e aprimorando as competências profissionais através da Trilha de
Conhecimento visando a qualificação e a certificação profissional de seus colaboradores.
Os grupos de aprendizagem são motivados a participarem de comunidades virtuais, fóruns
de debates, Chat’s a fim de compartilharem conhecimentos.
Figura 2 - E-Learning CIGAM
Fonte: http://www.cigam.stope.com.br (2008).
179
Conforme publicado no site, os treinamentos oferecidos podem ser de curta ou longa
duração, que poderão ser desenvolvidos via EAD. A CIGAM - Software de Gestão utiliza o
ambiente virtual ALUMNI
9
V3. Em cada treinamento há a explicação do que será trabalhado
na capacitação, isto é, quais os objetivos, requisitos de acesso, público alvo, materiais
disponíveis e custo. A seguir, seguem dois cursos apresentados no site
www.cigam.stope.com.br:
1) Treinamento Introdução ao Ambiente ERP CIGAM e10:
Este treinamento apresenta o ambiente ERP CIGAM e10, demonstrando como
utilizar e navegar pelos menus.
Carga horária: 3 horas
Objetivo: O objetivo é familiarizar o participante com o ambiente do ERP, permitindo,
desta forma, que se possa encontrar facilmente o recurso que deseja e acessar rapidamente
os modos de operação e demais ferramentas.
Público Alvo: Técnicos/colaboradores da Rede CIGAM; Usuários/colaboradores dos
clientes CIGAM.
Pré-requisitos: Como aprender online usando o ALUMNI, Treinamento ERP CIGAM
e Introdução ao Ambiente ERP CIGAM 8i.
Material Disponível: Texto descritivo contendo telas do sistema; Fórum e biblioteca.
Valor: 50,00
2) Como aprender on-line usando o ALUMNI - V.3
Pré-requisito para utilização do ambiente de aprendizado online CIGAM.
Carga horária: 4 horas
Objetivo: Qualificar o participante na utilização e navegabilidade no ambiente de
aprendizagem de EaD, da CIGAM Corporativa.
Público Alvo: Profissionais que desejam conhecer o ERP CIGAM, oriundo do
universo acadêmico; Técnicos/colaboradores da Rede CIGAM; Usuários/Colaboradores do
Cliente CIGAM.
Pré-requisitos: Estar cadastrado no ambiente do EaD CIGAM
Material Disponível: No treinamento.
Valor: R$ 0,00
9
O software ALUMNI é gerenciado pela empresa Gestum. Maiores informações podem ser
encontradas através do site http://www.gestum.com.br/index.jsp.
180
Segundo dados publicados no Portal da Universidade Corporativa CIGAM, a
Certificação Profissional CIGAM faz parte de um programa de certificação profissional da
própria empresa que visa qualificar e validar os conhecimentos e as habilidades dos
profissionais e usuários do Software ERP CIGAM. Este programa é chamado de Trilha de
Conhecimento CIGAM, cujo objetivo é promover melhores condições de atendimento às
necessidades dos clientes, tendo a garantia que todos os colaboradores estão capacitados
dentro das normas da empresa e assegurando que a necessidade do cliente será atendida.
Este programa também é aberto à comunidade em geral, podendo outros usuários
inscrever-se através do “fale conosco” da empresa.
Figura 3 - Programa de Certificação CIGAM.
Fonte: http://www.cigam.com.br/ucc/trilha.htm (2008).
EDUCACAO CORPORATIVA POR COMUNIDADES DE PRÁTICA
A Educação Corporativa está sendo difundida nos últimos anos através de diferentes
tipos de atividades presenciais ou à distância. Nestes casos, são apresentadas algumas
metodologias e tecnologias que podem contribuir para o processo de ensino e de
aprendizagem organizacional.
Nesta área, dois autores discutem e apresentam conceitos quanto a metodologias e
ferramentas que possibilitam o desenvolvimento da educação corporativa nas empresas
com o propósito de aprimorar a aprendizagem organizacional: Meister (1999) e Wenger
(2001). Suas contribuições são pautadas em desenvolver as competências profissionais dos
trabalhadores através de tecnologias de aprendizagem que possibilitem a educação
181
continuada dos trabalhadores numa perspectiva de atender a estratégia organizacional e a
busca de resultados para a empresa.
Estas metodologias de educação corporativa corroboram no sentido de manter o
profissional atualizado visto que o tempo referente a validade do conhecimento atualmente é
muito pequena, ficando obsoleto muito rapidamente devido à velocidade da informação e a
disseminação de novos conhecimentos, necessitando o aperfeiçoamento contínuo.
Dentro deste contexto, a educação corporativa poderá sanar várias dificuldades que
hoje a XXXXXX vem apresentando devido ao crescimento que obteve nos últimos anos e a
sua expansão pelo país. Obter registros e históricos das capacitações realizadas é um dos
desafios que se pretende solucionar através de um roteiro e criação de projetos de
treinamentos e capacitações focados nas áreas que compõem o organograma da empresa:
área administrativa, marketing, técnica e comercial organizando comunidades de prática
(CoP’s) que tenham como objetivo aperfeiçoar os processos internos e tornar a
comunicação interna eficaz.
COMUNIDADES DE PRÁTICA
Como a XXXXXX atua na área da tecnologia de informação, uma metodologia que
poderá auxiliar a empresa na solução de suas dificuldades quanto à comunicação interna e
aprendizagem organizacional está voltada à ênfase de Comunidades de Prática (CoP’s)
que já acontecem de maneira informal na empresa, seja em capacitações através de
monitoria de colaboradores mais antigos aos colaboradores mais novos, seja na
participação de fóruns de debates com o objetivo de sanar dificuldades encontradas no
decorrer do trabalho ou na criação de novas idéias.
Para Wenger (2001) uma comunidade de prática pode ser conceituada como um
grupo de pessoas que procuram gerar novos conhecimentos e assim proporcionam sentido
entre as atividades desenvolvidas no trabalho diário e a aprendizagem desenvolvida
cooperativamente na própria empresa. Segundo o autor, as comunidades de prática podem
ser criadas no ambiente de trabalho com o intuito de melhorar a prática diária do trabalhador
e conseqüentemente da empresa. São caracterizadas através de três elementos
fundamentais, que a seguir serão descritos individualmente: domínio, comunidade e prática.
1. Domínio: Segundo as autoras Gropp e Tavares (2006, p. 53) essa característica
envolve o interesse dos participantes em um tema comum. Ex.: A área administrativa da
XXXXXX está percebendo várias dificuldades quanto ao processo de emissão de ordens de
serviço (OS) por parte dos vendedores em virtude de informações incompletas. A partir da
182
criação de uma comunidade de prática sobre um tema que vem impactando
significativamente em todos os setores, pode-se sugerir a revisão do processo de emissão
da OS para que o procedimento seja mais eficaz e mais ágil.
2. Comunidade: Esta característica apresenta a importância dos relacionamentos
entre os participantes com o foco principal em compartilhar conhecimentos. Para Wenger
(2001) a principal ênfase se dá no interesse comum e nas discussões que ajudam um ao
outro numa relação de construção mútua. Ex.: A partir da abertura de uma comunidade de
prática que tenha o objetivo de sanar um determinado problema interno, todos os envolvidos
são convidados a participar e sugerir melhorias que gerem resultados para todos
fortalecendo a política da qualidade da empresa e retomando projetos anteriores que estão
suspensos neste momento.
3 Prática: Para Wenger (2001) a característica referente à prática demora um
determinado tempo para ser percebida por todos os participantes, pois depende da
internalização de todos os membros da comunidade quanto aos processos desenvolvidos
pela própria comunidade e posterior aceite de todos para que seja colocada efetivamente na
ação diária de maneira concreta e natural, gerando desta forma uma cultura própria.
Segundo o autor, esta cultura poderá ser percebida quando os recursos são compartilhados
através de experiências, histórias, modos de resolução de um determinado problema
através de uma prática compartilhada de conhecimentos. (WENGER, 2001, p. 3).
3.1 Tecnologias para apoiar comunidades de prática
As comunidades de prática tem como essência a compreensão que todos os
participantes envolvidos aprendem juntos e compartilham resultados de maneira
cooperativa, ou seja, os resultados serão positivos se houve retornos para o próprio
colaborador, para o grupo e para a empresa.
Para Wenger (2001, p. 8) o mercado de tecnologias para comunidades de prática
ainda está em fase de criação. Já existem alguns softwares e plataformas de TI que
atendem algumas das características citadas anteriormente. Segundo o autor as
plataformas tecnológicas para comunidades de prática deveriam apresentar três elementos
essenciais:
Linguagem e visualização que sejam facilmente entendidas pelas pessoas.
Facilidade de integração do software que será utilizado para a CoP com outros
softwares utilizados pela empresa.
Plataformas acessíveis e abertas para possíveis customizações para atender as
necessidades individuais de cada organização.
183
A seguir Wenger (2001) apresenta um mapeamento elaborado sobre as plataformas
de TI que existem no mercado e nomes dos produtos que atendem o requisito analisado
através das oito categorias elencadas pelo próprio autor:
Figura 4 Mapeamento de softwares e plataformas de TI para o desenvolvimento de Comunidades de Prática (CoP’s)
Fonte: Wenger (2001)
1. Portais de conhecimento: Este sistema é considerado essencial para
organizações que pretendem criar espaços de gestão do conhecimento entre seus
colaboradores e assim proporcionar espaços de educação corporativa como diferencial
competitivo. Ex.: Infoworkspace (http://www.ezenia.com) e Alumni
(http://www.gestum.com.br/site/alumni).
2. Espaços para projeto on-line: Segundo Wenger (2001, p. 15) os espaços para
projeto on-line “focalizam em administração de projeto, programação de tarefa, e
administração dos documentos relacionados aos projetos”. Exemplo de softwares:
QuickPLace (http://www.tallard.com.br/lotus/quickplace.htm) e Virtualteams
(http://www.managementhelp.org/grp_skll/virtual/virtual.htm).
3. Comunidades virtuais na internet: Estes sistemas apóiam a criação de
comunidades virtuais com o objetivo de gerenciar o conhecimento e proporcionar interação
entre os participantes. Ex.: Peoplelink (http://www.peoplelink.com/next) e Moodle
(http://moodle.org).
4. Grupos de discussão on-line: Segundo Wenger (2001, p. 23) “o foco destes
sistemas está quase exclusivamente em interações sociais, normalmente por ferramentas
de discussão assíncronas, visualizador de presença e leitura de mensagens
imediatamente”. Para Wenger (2001, p. 23) as conversações on-line para grupos de
discussão são muito utilizadas por empresas que desejam criar as comunidades de prática.
Ex.: Egroups (http://br.groups.yahoo.com) e Ichat
(http://support.apple.com/kb/HT2515?viewlocale=pt_BR&locale=pt_BR).
5. Interações síncronas: Estes sistemas dispõem espaço para interações síncronas
à distância. Usam freqüentemente uma combinação de mídia incluindo áudio e vídeo, com a
possibilidade de interação dos usuários mesmo à distância através destas ferramentas. Ex.:
SameTime(http://www-01.ibm.com/software/br/lotus/products/sametime/index.shtml) e Ichat
(http://support.apple.com/kb/HT2515?viewlocale=pt_BR&locale=pt_BR).
6. Espaços de aprendizagem: Estes sistemas prevêem espaço para atividades
educacionais e para treinar os funcionários recém contratados pela empresa. Geralmente os
espaços de aprendizagem possuem ferramentas de interação como espaços para debate,
bate-papo, inserção de perfis de usuário, notificações através de mensagens, recursos
multimídias e ferramentas de pesquisa. Ex.: Alumni (http://www.gestum.com.br/site/alumni) e
.LRN (http://www.dotlrn.org).
7. Troca de conhecimento técnico: A troca de conhecimento técnico tem o objetivo
de formular uma comunidade cujo tema esteja relacionado à discussão técnica sobre
determinado tema de interesse do grupo participante. Ex.: ASK ME (www.askme.com) e
Clerity (www.clerity.com).
186
8. Repositórios de conhecimento: Para Wenger (2001, p. 39) as “comunidades de
prática produzem vários documentos e outros artefatos de conhecimento que podem ser
postos de forma eletrônica e que precisam ser administrados efetivamente” a fim de
proporcionarem um banco de dados sobre os temas tratados e debatidos. Ex.: Wiki
(www.wiki.com) e Oracle (http://www.oracle.com/database/index.html).
A comunidade de prática através dos recursos tecnológicos oferecidos tende a
oferecer um ambiente já conhecido para os profissionais de TI, sendo desta forma mais fácil
para que os mesmos possam adaptar-se com a linguagem utilizada pela EAD e assim
possam exercitar seus conhecimentos e capacitar-se para o trabalho.
A seguir segue a sugestão de dois softwares que poderão auxiliar na tomada de
decisão quando da escolha por parte da XXXXXX quanto a sua plataforma de TI que apóie
seu projeto de educação corporativa:
TalkAndWrite
Apresentação TalkAndWrite é um software de interação em tempo real, que funciona como plug-in do
Skype. Simula a interação de duas pessoas trabalhando, lado a lado, sobre um mesmo
documento. Permite que os usuários possam escrever ou desenhar à mão livre, apagar,
grifar, inserir texto sobre o documento e, ao mesmo tempo, conversar pelo Skype.
Principais
ferramentas
Permite que os usuários conversem, façam alterações simultaneamente em um
documento e visualizem essas mesmas ações em tempo real. É possível apontar,
escrever, desenhar, apagar, grifar e digitar sobre qualquer documento, de qualquer
extensão e utilizar o vídeo através do Skype.
Custos Licença através de mercado. É gratuito para usuários do Skype.
Site oficial http://www.talkandwrite.com.br/portugues/index.php
a) A capacitação pode ser personalizada e interativa retendo a atenção e propiciando
um melhor aprendizado aos usuários. O software também permite que se façam
apresentações à distância a grandes públicos, como se estivessem em um mesmo auditório.
Possibilita apresentar uma seqüência de documentos, fazer anotações instantâneas sobre
eles, apontar, apagar, grifar, conversar.
187
Figura 5 Tela de treinamentos do TalkAndWrite
b) Promove uma interação efetiva entre aluno e educador, proporcionando um
ambiente de aprendizagem dinâmico, motivante e mais individualizado. Tanto aluno quanto
educador conversam em tempo real, abrem documentos, apontam algum ponto, escrevem,
grifam, apagam, como se realmente estivessem lado a lado.
Figura 6 Tela para Educação a Distância
188
O software apresentado pode auxiliar na construção de comunidade de práticas,
aumentando a produtividade e auxiliando na redução de custos para solucionar problemas,
criar novos produtos e campanhas ou melhorar projetos.
ASK ME
Apresentação O AskMe é um software que proporciona integração e criação de uma rede de relacionamentos
entre os usuários de uma determinada comunidade de prática. Proporciona pesquisas, trocas de
conhecimentos. Permite que os documentos existentes possam ser aproveitados nas
comunidades e sejam visualizados pelos usuário identificados.
O ASKME apresenta como principal benefício a possibilidade dos usuários terem um espaço para
discutir a solução de problemas da empresa.
Principais
recursos
O ASKMe oferece várias ferramentas para os usuários:
Troca de conhecimento entre os usuários, favorecendo o conhecimento compartilhado.
Capacidades de pesquisa avançada, discussões e troca de documentos.
Interação com sistema de e-mail, assegurando a rede de conhecimento.
Automatização de processos internos.
Criação de perfis de usuários especialistas em determinados temas baseados na autorização de
acesso aos documentos da empresa.
Habilitação de ciclos de revisão de qualidade para transferência de informação crítica empresarial
para todos os usuários.
O software inclui apoio para fóruns de discussão.
O AskMe suporta feeds RSS, para que os usuários possam ver o conteúdo mais recente das suas
comunidades.
Permite aos gestores criarem comunidades abertas ou privadas para discussão de temas e
solução de problemas.
Custos Software de mercado.
Site oficial www.askme.com
A figura a seguir é apresentada no site www.askme.com como exemplo de solução
de problemas em uma indústria, no qual os colaboradores da mesma participaram na
solução do problema:
189
Figura 7 Tela do ASKME
Figura 8 Apresentação dos recursos do software
190
Figura 9 Discussão de uma comunidade de prática
Moodle
Apresentação Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment - Moodle é um software
livre, de apoio à aprendizagem, executado num ambiente virtual através de um trabalho
colaborativo. Constitui-se em um sistema de administração de atividades educacionais
destinado à criação de comunidades on-line, em ambientes virtuais voltados para a
aprendizagem colaborativa.
Principais recursos O Moodle oferece:
Ferramenta para fórum de discussão apoiada num modelo de pedagogia construtivista
social.
E-mail e envio de mensagens com anexos, imagem ou URL.
chats
Ferramenta de escrita colaborativa (wikis)
Repositório de materiais didáticos
Instrumentos de avaliação diversos (questionários, projetos, tarefas, etc.)
Link para um arquivo ou site.
Custos Gratuito
Site oficial www.moodle.com.br
191
Figura 10 Discussão de uma comunidade no ambiente virtual de aprendizagem.
CONCLUSÃO
A elaboração de uma política de educação corporativa poderá sanar as dificuldades
encontradas pela empresa oportunizando uma visão sistêmica e conhecimento estratégico
da mesma por parte de todos os colaboradores e parceiros que compõem sua cadeia de
valor.
A partir da pesquisa realizada verificou-se a existência na internet de variados
softwares livres ou softwares comerciais que poderão ser utilizados com o objetivo de
proporcionar educação corporativa personalizada para as empresas.
A partir da escolha do software e da aprovação dos módulos e cursos, as atividades
que comporão a educação corporativa poderão ser utilizadas por todos os colaboradores a
fim de iniciar o projeto piloto de (re)conhecimento da empresa e compreensão dos valores e
metas organizacionais. Esta ação inicial visa atender as necessidades de melhoria da
comunicação interna bem como o melhor conhecimento das estratégias corporativas da
empresa conforme roteiro que também está em fase de elaboração com a participação da
pesquisadora.
Sugere-se que a área de Recursos Humanos em parceria com o Núcleo de
Desenvolvimento Interno da empresa avalie as possibilidades apresentadas a fim de
verificar qual delas melhor atende as expectativas da empresa em razão do projeto de
educação corporativa que está em fase de elaboração. Atualmente a área de Recursos
Humanos está desenvolvendo um roteiro de educação corporativa, tendo como foco um
módulo de integração dos colaboradores, no qual estão sendo depositadas todas as
informações pertinentes as diversas áreas que compõem o organograma da empresa no SU
(Sistema Único), no link “colaboradores”.
Sugere-se que a XXXXXX possa definir em um segundo momento, os demais
públicos-alvos da educação corporativa, a fim de atender toda sua cadeia de valor, pois
conforme visualizado no decorrer da coleta de dados a empresa possui diversos clientes e
parceiros-chave que vem ao encontro de suas estratégias competitivas, que em tese
necessitariam conhecer os objetivos estratégicos da organização.
193
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Educação Corporativa. Disponível em:
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