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de Sebastião Armando, Leonardo Boff, Ivone Gebara e José Comblin, que são figuras
representativas dessa vertente teológica.
Em 21 de novembro de 1987, ele foi ordenado Diácono, partindo logo em seguida para
o Estado do Pará, onde realizou um estágio durante 7 meses, na Prelazia de Óbidos. Foi um
período de intensa atividade pastoral. Neste período Frei Jerônimo ministrou cursos de
capacitação para 435 agentes de pastoral das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
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Abordando a ação de Frei Jerônimo nas CEB’s, a capacitação ofertada por ele visava
suprir a escassez de sacerdotes, que era uma das carências dessa região de difícil acesso. O
curso ministrado tinha por objetivo conscientizar politicamente a comunidade através da
abordagem da Teologia da Libertação.
A paróquia em que atuava tinha 28.704 km², 76 comunidades ribeirinhas. O percurso
da matriz até a última comunidade era realizado em 7 horas de viagem. Neste período
trabalhou com os índios Tiriós, na fronteira do Brasil com o Suriname. Atendeu inúmeras
comunidades ribeirinhas, realizando casamentos e batizados em cerimônias coletivas.
Estudantes Católicos (UNEC) do Peru e da Juventude Universitária Católica (JUC) do Brasil que vivenciavam o
auge de sua vivência integrada de fé e participação (BARBOSA, 2007). A expressão “Teologia da Libertação”
foi forjada pelo sacerdote peruano Gustavo Gutierrez. A ele se deve a sistematização escrita de suas primeiras
intuições. No ano de 1971, publicou o livro Teologia da Libertação, que se tornou uma referência dessa doutrina
por apresentar os elementos fundamentais dessa metodologia que se espalharia por toda América Latina.
Segundo Aquino (2007), a Teologia da Libertação contou com a adesão majoritária de católicos pertencentes às
Comunidades Eclesiais de Base. Devido a expressividade alcançada a partir dos anos de 1980, o Cardeal Joseph
Ratzinger (atual Papa Bento XVI) escreveu o artigo “Eu vos explico a teologia da Libertação” alertando sobre o
perigo dessa influência. Para ele, essa perspectiva teológica é concebida como uma nova hermenêutica da fé
cristã, na qual perpassa uma compreensão do cristianismo em sua totalidade, que conduz a uma práxis de
libertação. Por ser esse um conceito político, ela é vista por Ratzinger como norteadora da ação política dos
cristãos. Nisso consiste um dos perigos apontados pelo Cardeal: ela apresenta a libertação como uma conquista
política, e não como resultado da ação redentora de Jesus, o "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo"
(Jo1,29). Ainda na visão do Cardeal, a ênfase na dimensão política da fé faz com que alguns desvalorizem a
celebração da Missa, que passa a ser apreciada como uma celebração de mobilização política. A oração é
desvalorizada, assim como outras práticas espirituais tradicionais, tais como: a confissão, a Eucaristia, o terço e a
adoração ao Santíssimo. O reino de Deus, um conceito chave da Teologia da Libertação, é qualificado como
deturpado, por ser concebido a luz de uma hermenêutica marxista.
19. A propósito das CEB’s, de acordo com Betto (1998), são pequenos grupos organizados em volta da paróquia
seja na zona rural ou urbana, por iniciativa de leigos, padres ou bispos. São denominadas de comunidades por
serem formadas por pessoas que tem a mesma fé, que pertencem a mesma igreja e que moram na mesma região.
Seus membros agem motivados pela fé, vivendo em uma comu-união em torno de seus problemas
(sobrevivência, moradia, lutas por melhores condições de vida e anseios e esperanças libertadoras). Por serem
congregadas na Igreja, como núcleos básico de fieis, são nomeadas de eclesiais e por serem constituídas por
classes populares (donas de casas, operários, subempregados, aposentados, jovens e pobres moradores da
periferia e zona rural) levam a alcunha de base.