[...] no sentido mais amplo, ele se refere a um sistema de comunicação eletrônica
global que reúne os humanos e os computadores em uma relação simbiótica que
cresce exponencialmente graças à comunicação interativa. Trata-se, portanto, de
um espaço informacional, no qual os dados são configurados de tal modo que o
usuário pode acessar, movimentar e trocar informação com um incontável
número de outros usuários. (SANTAELLA, 2004, p.45)
A linguagem hipermídia, por sua vez, é caracterizada pela hibridização de
linguagens, processos sígnicos, códigos e mídias, pela mistura de sentidos que é capaz de
produzir na mesma medida em que o receptor interage com ela de maneira mútua ou
reativa
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(PRIMO, 2000), cooperando em sua realização. Santaella (2004) descreve esse
receptor como o leitor imersivo
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, que navega por dados informacionais híbridos próprios
da hipermídia, como sons, imagens, textos. George Landow (1997) define essa combinação
de dados – textos compostos em blocos de palavras, ou imagens, unidos eletronicamente
por diversos caminhos, cadeias ou trilhas sem fim – perpetuamente inacabados,
indistintamente como hipermídia ou hipertexto, uma vez que denotam um meio
informacional que une informação verbal e não-verbal. O termo hipertexto, utilizado pela
primeira vez por Theodor Nelson na década de 1960, refere-se a um modelo de texto
eletrônico, uma nova tecnologia de informação e um modo de publicação.
Além de potencializar a combinação de todas essas linguagens, a digitalização
permite a organização reticular dos fluxos informacionais em arquiteturas hipertextuais, de
estrutura não-seqüencial, multidimensional, que dá suporte às infinitas opções de um leitor
imersivo. O hipertexto informático é uma matriz de textos potenciais, que hierarquiza e
seleciona áreas do sentido, conecta o texto a outros documentos (LÉVY, 1996). Quebra a
linearidade, própria da linguagem verbal impressa, em unidades ou módulos de
informação.
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Alex Primo (2000) propõe o estudo da interatividade em ambientes informáticos sob a perspectiva da interação
mútua e reativa. Para o autor, há diferenças entre o que é “interativo” e o que é “reativo”. Uma interação reativa não
seria interativa, uma vez que se caracteriza por uma forte roteirização e programação fechada, demasiado determinista.
Já a interação mútua deve abarcar a possibilidade de resposta autônoma criativa e não prevista da audiência.
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Santaella (2004) descreve a existência de três tipos de leitores com modelos cognitivos diferentes. O primeiro seria o
leitor contemplativo, meditativo da era do livro impresso e da imagem expositiva, fixa. O segundo seria o leitor do
mundo em movimento, dinâmico, um leitor que nasceu com a Revolução Industrial, com a explosão do jornal, com o
universo reprodutivo da fotografia e do cinema. O terceiro leitor, citado acima, seria o leitor imersivo, que conecta-se
entre nós e nexos, num roteiro multilinear, multisseqüencial e labiríntico, potencializado pela hipermídia.