Download PDF
ads:
1
REINALDO FARIAS PAIVA DE LUCENA
A HIPÓTESE DA APARÊNCIA ECOLÓGICA PODERIA
EXPLICAR A IMPORTÂNCIA LOCAL DE RECURSOS
VEGETAIS EM UMA ÁREA DE CAATINGA?
RECIFE
2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
REINALDO FARIAS PAIVA DE LUCENA
A HIPÓTESE DA APARÊNCIA ECOLÓGICA PODERIA
EXPLICAR A IMPORTÂNCIA LOCAL DE RECURSOS
VEGETAIS EM UMA ÁREA DE CAATINGA?
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Botânica da
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Mestre
em Botânica.
Orientador:
Prof. Dr. Ulysses Paulino de
Albuquerque
Co-Orientadora:
Profa. Dr
a
Elcida de Lima Araújo
RECIFE
2005
ads:
3
A HIPÓTESE DA APARÊNCIA ECOLÓGICA PODERIA
EXPLICAR A IMPORTÂNCIA LOCAL DE RECURSOS
VEGETAIS EM UMA ÁREA DE CAATINGA?
REINALDO FARIAS PAIVA DE LUCENA
Dissertação de Mestrado avaliada e aprovada pela banca examinadora:
Orientador: ____________________________________________________
Dr. Ulysses Paulino de Albuquerque
Presidente / UFRPE
Examinadores:
___________________________________________________
Dra. Ana Lícia Patriota Feliciano
Titular / UFRPE
_____________________________________________________
Dra. Laíse de Holanda Cavalcanti Andrade
Titular / UFPE
___________________________________________________
Dra. Suzene Izídio da Silva
Titular / UFRPE
___________________________________________________
Dra. Maria Jesus Nogueira Rodal
Suplente / UFRPE
Data de aprovação: / / 2005
Recife
2005
4
“O verdadeiro sábio avalia claramente o quanto ainda ignora e se torna desde logo
humilde e simples, condescendente e honesto.”
CAIO MIRANDA
“Um homem sensato é aquele que não aplica apenas teorias, mas também os
ensinamentos derivados das experiências da vida”.
TOLEDO (1992)
“Acreditamos que os povos tradicionais, se tiverem as informações necessárias e a
posição de parceiros com direitos iguais, serão capazes de construir seu próprio futuro.
Uma das grandes lições que aprendemos como etnobotânicos é que as plantas
influenciaram profundamente a condição humana. É nossa profunda esperança que a
riqueza do uso das plantas nativas e a dignidade dos sistemas de conhecimento
tradicional não somente continuem a fazer parte da cultura em que se desenvolveram
mas que cada vez mais fecundem nossa própria cultura”
(BALICK & COX, 1996:208) apud (DIEGUES, 2000)
5
Dedico este trabalho a Nosso Senhor Jesus Cristo
e a Nossa Senhora de Fátima.
6
AGRADECIMENTOS
Á Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade
Federal Rural de Pernambuco, por ter me proporcionado a oportunidade de realizar este
trabalho.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
concessão da bolsa de estudo.
Aos meus orientadores, Prof. Dr. Ulysses Paulino de Albuquerque e Profa. Dra.
Elcida de Lima Araújo, pela orientação, amizade, ensinamentos e compreensão.
Aos meus pais e irmãos por todo apoio efetivo e afetivo.
Aos meus companheiros de pesquisa do Laboratório de Etnobotânica Aplicada
(LEA), por toda colaboração na realização do trabalho de campo, assim como por todo
apoio moral e emotivo.
À Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA), unidade Caruaru, na
pessoa do coordenador senhor diretor Jair Pereira, pelo apoio logístico e permissão para a
realização do estudo no fragmento de mata.
A Fátima Lucena, Ana P. S. Gomes, Fátima Agra, Maria Bernadete da Costa e
Silva, André Laurênio e Iranildo Melo, pela identificação de parte do material botânico.
A todos aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta para a realização
desta pesquisa.
Aos informantes da comunidade Riachão de Malhada de Pedra, município de
Caruaru (Nordeste do Brasil), sem os quais este trabalho não teria sido realizado.
7
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Padrões de uso da diversidade florestal
Hipótese da transparência ecológica: o caso de plantas medicinais
REFERÊNCIAS
MANUSCRITO: O valor de uso de plantas lenhosas da caatinga explica a sua
disponibilidade local?
Resumo
Introdução
Material e Métodos
Contexto regional e local de trabalho
Comunidade estudada
Amostragem da vegetação
Inventário etnobotânico
Análise dos dados
Resultados
Riqueza de usos e de espécies
Valor de Uso e Aparência Ecológica
Discussão
Importância relativa x disponibilidade
Valoração de espécies por homens e mulheres
Importância relativa de uma espécie x pressão extrativista
Implicações para a conservação
Conclusões
Agradecimentos
Referências
Pág.
13
16
17
23
27
33
34
35
37
37
39
40
41
42
43
43
46
50
50
52
53
54
56
56
56
8
ANEXOS
Anexo I: Normas da revista Biodiversity and Conservation
Anexo II: Formulário Básico
79
80
90
9
LISTA DE FIGURAS
Pág
Figura 1: Representação esquemática da aplicação da hipótese da evidência ao
uso de plantas medicinais. A seta indica aumento no número de espécies
selecionadas culturalmente.
LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO
Figura 1: Local de trabalho no município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do
Brasil).
Figura 2: Distribuição da riqueza de espécies nas categorias de uso segundo a
utilização pela comunidade de Riachão de Malhada de Pedra, município de
Caruaru (Pernambuco, Nordeste do Brasil).
Figura 3: Número de usos por espécie segundo a utilização pela comunidade de
Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do
Brasil).
Figura 4: Partes das plantas citadas pela comunidade de Riachão de Malhada de
Pedra, município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do Brasil).
Figura 5: Correlação entre valor de uso e número de indivíduos com sinais de
corte seletivo na área de mata distante 2km da comunidade de Riachão de
Malhada de Pedra, município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do Brasil).
Figura 6: Correlação entre valor de uso e número de indivíduos com sinais de
corte seletivo na área de mata adjacente à comunidade de Riachão de Malhada
de Pedra, município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do Brasil).
Figura 7: Distribuição do percentual de espécies citadas por classe de valor de
uso na comunidade de Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru
(Pernambuco, Nordeste do Brasil).
24
63
64
64
65
66
66
67
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Resumo do teste de Kruskal-Wallis com base na relação da importância
relativa e classes de compostos químicos, estratégias de vida e hábito das espécies
coletadas para o estudo dos critérios de uso e seleção de plantas medicinais em
florestas estacionais secas (caatinga), no Nordeste do Brasil. (Fonte: Almeida et al.,
2004).
LISTA DE TABELAS DO ARTIGO
Tabela 1: Táxons utilizados pela comunidade Riachão de Malhada de Pedra, Caruaru,
distante 2km da comunidade. A2 = área da mata adjacente.
Tabela 2: Plantas lenhosas, com DNS 3cm usadas pela comunidade rural de
Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do
Brasil). Categoria de uso: Al = alimentação; Cb = combustível; Ct = construção; Fr =
forragem; Me = medicinal; Ot = outros; Tc = tecnologia; Vt = veterinária. Partes da
planta: Ca = casca; Eb = embrião; Ec = entrecasca; Fl = flor; Fo = folha; Fr = fruto;
La = látex; Ma = madeira; Ra = raiz; Re = resina; Se = semente; Tp = toda as partes.
Tabela 3: Número de espécies e citações de uso por categoria utilitária registrados na
comunidade de Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru (Pernambuco,
Nordeste do Brasil).
Tabela 4: Espécies lenhosas, com DNS 3cm, usadas na comunidade rural de
Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do
Brasil). Resultados dos parâmetros fitossociológicos e do valor de uso de cada
espécie, onde A1 = área florestal localizada distante 2km da comunidade de Riachão
de Malhada de Pedra, e A2 = área florestal localizada adjacente à comunidade de
Riachão de Malhada de Pedra. VU = valor de uso. VI = valor de importância.
Pág.
26
68
69
72
73
11
Tabela 5: Número de citações e valor de uso das espécies lenhosas, com DNS 3cm
usadas na comunidade rural de Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru
(Pernambuco, Nordeste do Brasil). VU = valor de uso.
Tabela 6: Valor de uso médio por categoria utilitária registrada na comunidade de
Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do
Brasil).
76
78
12
RESUMO
O presente trabalho visou identificar as relações entre uma comunidade rural e
os recursos da vegetação lenhosa nativa de um fragmento florestal no domínio da
caatinga, no município de Caruaru (Nordeste do Brasil). Foram realizados
levantamentos para o estudo do conhecimento botânico local por meio de observação
participante, turnê guiada e entrevistas semi-estruturadas. Parcelas amostrais semi-
permanentes foram lançadas em duas áreas do fragmento, uma distante 2km e uma
adjacente à comunidade, para caracterização da vegetação lenhosa, com coleta de dados
para posterior cálculo de abundância e dominância ecológica, e de material botânico
para identificação. Paralelamente, testou-se a hipótese de que a disponibilidade de um
recurso (“aparência”) relaciona-se com a sua importância relativa (designada por meio
do valor de uso). Os 98 informantes reconhecem usos para 32 espécies lenhosas na área
distante e 34 na área adjacente à comunidade, distribuídas em oito categorias de uso:
combustível, construção, medicinal, alimentação, forragem, tecnologia, veterinário e
outros usos. Os produtos madeireiros da vegetação concentram a maior riqueza de
espécies e citações de uso. Embora os homens e as mulheres tendam a atribuir valores
de usos similares para as espécies, os homens atribuem maiores valores, principalmente
às relacionadas aos usos madeireiros. A parte da planta mais utilizada foi a madeira
seguida da casca do caule. A aparência explica, de forma pouco expressiva, o valor de
uso das plantas nas categorias medicinal, construção, combustível e tecnologia.
13
ABSTRACT
The present work aimed to identify the relations between a rural community and
the resources of native wood vegetation of a fragment forest pertaining to the caatinga
domain, in the municipality of Caruaru (Northeastern of Brazil). Surveys were carried
out to study the local botanical knowledge through observation, guided tdur and semi-
structured interviews. Semi-permanent sampling parcels were done in two areas of the
forest, one of those 2 km far from the community and the other adjacent to it, to
characterize the wood vegetation, with data samplings to further calculation of
abundance, ecological dominance and botanical material to identification. At the same
time, it was tested the hypothesis that the availability of a resource (“apparency”) is
related to the relative importance (established by the use value). The 98 informants
recognize the use of 32 wood species from the far area and 34 in the area adjacent to the
community, distributed in eight categories of use: fuel, building, medicinal, food,
fodder, technology, veterinary and other uses. The wood products of the vegetation
concentrate the great part of species richness and citations of use. Even though men and
women have attributed similar use values to the species, men attribute higher values,
mainly those related to the use of wood. The most used part of the plant was the wood
followed by the bark. The “apparency” explains, but only to a low degree all use-value
of plant in medicinal, building, fuel and technology categories.
14
INTRODUÇÃO
As discussões sobre a conservação da diversidade biológica têm,
historicamente, se concentrado nas florestas úmidas, ficando à margem as chamadas
florestas secas (cerrado e caatinga), somado aos poucos estudos sobre o uso e manejo
dos recursos vegetais em tais regiões (ALBUQUERQUE, 2004). Tabarelli e Vicente
(2002) atribuem essa situação ao frágil conhecimento que a ciência possui das florestas
secas, sobretudo a caatinga. Segundo esses autores, essa situação coloca a caatinga fora
do cenário nacional e internacional no que se refere às ações prioritárias de conservação
da diversidade biológica, evidenciando a sua ausência em projetos de conservação de
respaldo mundial, como por exemplo, as Reservas da Biosfera, The Global Two
Hundred Conservation Priorities (World Wildlife Foundation) e Conserving
Biodiversity Hotspots (Conservation International).
Considerando a marcante heterogeneidade da caatinga, e os processos de
degradação, Velloso et al. (2002) sugerem a divisão deste bioma em oito ecorregiões
nomeadas como: 1 - Complexo do Campo Maior, 2 - Complexo Ibiapaba–Araripe; 3 -
Depressão Sertaneja Setentrional, 4 - Planalto da Borborema, 5 - Depressão Sertaneja
Meridional, 6 - Dunas de São Francisco, 7 - Complexo da Chapada Diamantina e 8 -
Raso da Catarina. A degradação dessas ecorregiões corresponde a 50% (1), 60-70% (2),
50-60% (3), 90% (4), 20% (6), 30-40% (8); e as ecorregiões 5 e 7 não dispõem ainda de
uma porcentagem de degradação bem definida (VELOSO et al., 2002). Mesmo com
esses altos índices de degradação, são poucos os estudos relacionados ao uso dos
recursos vegetais da caatinga. Além disso, pouco se conhece sobre o modo como as
populações locais usam e manejam esses recursos. De acordo com Albuquerque e
Andrade (2002), a maioria dos trabalhos realizados se preocuparam apenas em catalogar
15
os recursos úteis, sem uma maior atenção com a forma com que as populações locais os
percebem e manejam. Há, também, um fator preocupante: várias espécies sofrem uma
forte pressão de uso, principalmente as que apresentam propriedades medicinais, que
além de serem consumidas localmente, são comercializadas para atender a demanda
regional ou até mesmo nacional (ALBUQUERQUE e ANDRADE, 2002).
Na década de 90, Phillips e Gentry (1993a,b), na tentativa de explicar a
importância cultural das espécies vegetais, testaram a hipótese da aparência ecológica
proposta por Rhoades e Cates (1976) e por Feeny (1976) para explicar a relação entre
herbívoros e plantas. Segundo os autores, espécies mais abundantes são fáceis de serem
visualizadas e, portanto, de serem incorporadas aos sistemas de usos de povos locais
(PHILLIPS e GENTRY, 1993a,b). A hipótese foi sendo corroborada em vários estudos
realizados em florestas úmidas (PAZ y MINÕ et al., 1991; MUTCHNICK e
McCARTHY, 1997; GALEANO, 2000). Todavia, uma primeira tentativa de avaliar tal
hipótese em uma área de caatinga mostrou que não existem evidências claras para
aceitá-la, ressaltando-se a necessidade de estudos complementares para esse bioma
(ALBUQUERQUE, 2001), visto que é o de maior extensão no Nordeste brasileiro;
apresenta um elevado contingente populacional; abriga grande diversidade de tipos
fisionômicos e de espécies vegetais, as quais apresentam um diversificado potencial
econômico e, que vem sendo explorado de forma desordenada resultando em extensas
áreas degradadas (SAMPAIO, 2002).
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi aplicar a hipótese da aparência
ecológica na avaliação da importância relativa de recursos vegetais em uma área de
caatinga, no município de Caruaru, estado de Pernambuco. Os dados obtidos na
presente pesquisa, em conjunto com os de estudos já realizados, poderão contribuir para
caracterizar padrões de uso dos recursos, dando condições à formulação de planos de
16
manejo e conservação. Estes deverão buscar apoio junto às comunidades locais,
atendendo as necessidades de preservação das espécies nativas da caatinga, bem como
fornecendo alternativas para suprir as necessidades dessas comunidades.
17
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nas últimas décadas a ciência vem acumulando uma grande quantidade de
informação sobre o uso dos recursos vegetais nas florestas tropicais, apesar do pobre
conhecimento sobre os padrões gerais de uso desses recursos o que limita a
possibilidade de fazer generalizações, tendo em vista propósitos de conservação ou de
aproveitamento sustentável. A base de dados disponível na atualidade é pobre para tirar
conclusões razoáveis sobre os padrões de uso? Talvez o problema resulte em
sistematizar essas informações para identificar os padrões, com o desenvolvimento ou
apoio de teorias que possam ajudar a interpretar e explicar alguns fenômenos. Phillips e
Gentry (1993a,b) manifestavam esse tipo de preocupação ao discutirem as
implicações e o perfil da pesquisa etnobotânica, enfatizando a grande subjetividade das
análises empregadas.
A preocupação dos investigadores em avaliar o grau de importância dos recursos
vegetais para uma comunidade está presente em diversos trabalhos, alguns deles
propondo uma grande variedade de cnicas (PHILLIPS, 1996; SILVA e
ALBUQUERQUE, 2004). Phillips e Gentry (1993a,b) propuseram o Valor de Uso,
técnica quantitativa baseada no consenso dos informantes, para testar hipóteses em
etnobotânica. Uma hipótese interessante levantada pelos autores está associada à
disponibilidade do recurso e a sua importância relativa local. Uma planta, por estar mais
disponível na natureza, seria por conseqüência mais importante culturalmente? Esta
pergunta deriva de uma variante da hipótese da aparência ecológica (também
conhecida como hipótese da transparência ecológica ou hipótese da evidência). Esta
hipótese, surgida no seio das discussões sobre herbivoria, postula em linhas gerais que
plantas mais facilmente encontradas por herbívoros (plantas “evidentes”) enquanto
18
outras não (não-evidentes), avaliando como as defesas das plantas ecologicamente se
distribuem contra a herbivoria.
Padrões de uso da diversidade florestal
Um dos primeiros testes para a hipótese da aparência, aplicada a uma pergunta
etnobotânica, foi realizado por Phillips e Gentry (1993a,b), a partir de uma predição
simples relacionando uso e abundância: as plantas encontradas facilmente oferecem
uma maior possibilidade para as populações locais experimentarem e aprenderem os
seus usos, por outro lado, a espécie mais acessível apresenta uma probabilidade maior
de ser aprendida culturalmente (PHILLIPS e GENTRY, 1993a), com isso o
conhecimento de seus usos pode se perpetuar.
Posteriormente, vários pesquisadores têm acrescido evidências que corroboram a
idéia inicial de Phillips e Gentry (1993a). Galeano (2000), estudando os Afroamericanos
na Colômbia, buscou elucidar os fatores determinantes para o uso das árvores. Para isto,
baseou-se na técnica usada por Phillips e Gentry (1993a,b), acrescentando uma análise
de regressão linear para verificar a relação existente entre o valor de uso das famílias e
das espécies com a sua respectiva abundância. Galeano (2000) reforça a hipótese da
aparência ao mostrar que o valor de uso de algumas famílias e espécies está diretamente
relacionado com a abundância, concluindo que as espécies e famílias que apresentaram
um elevado valor de uso, em oposição a sua abundância, podem ser gradualmente
dizimadas por conta da coleta destrutiva. Relações entre o uso de táxons, a abundância e
importância ecológica, têm sido encontradas para plantas arbóreas na Amazônia
Peruana (PHILLIPS e GENTRY, 1993a,b), e para lianas da Amazônia Equatoriana
(PAZ y MINÕ et al., 1991).
19
Outras pesquisas procuraram relacionar o uso de uma espécie com a sua
abundância, sem contudo, testar predições específicas. Mutchnick e McCarthy (1997)
direcionaram os seus estudos para a análise da relação existente entre usos de espécies
vegetais e populações locais na Guatemala. Buscaram documentar, quantificar e
comparar estatisticamente os usos mais freqüentes atribuídos às espécies arbóreas, e
analisar o potencial econômico baseando-se em observações de uso nas populações
locais, sendo complementadas por outras nas empresas comerciais da região. Os dados
obtidos pelos autores em uma das comunidades estudadas parecem apoiar a hipótese da
aparência.
Um estudo sobre a ecologia das plantas medicinais foi realizado por Caniago e
Siebert (1998) na Indonésia, onde buscaram averiguar as implicações decorrentes da
comercialização das plantas e a aculturação do saber local com relação ao uso de
espécies com propriedades medicinais. Para isto, analisaram a abundância destas plantas
em oito diferentes tipos vegetacionais, como também o nível de conhecimento sobre
elas a partir de parâmetros relacionados a idade e sexo na população. Os autores relatam
que a abundância nas matas é intensamente comprometida pelo processo da exploração
madeireira indiscriminada, e que as espécies medicinais predominam em florestas
secundárias velhas, seguida pelas matas ciliares e florestas primárias, sendo menos
representativas nas matas exploradas. Os resultados oferecidos no trabalho são
importantes para o manejo e conservação dos recursos medicinais das florestas
tropicais, visto que as áreas exploradas intensamente comprometem a permanência
duradoura da flora medicinal.
Torre-Cuadros e Islebe (2003), estudando os Maias, no México, avaliaram a
forma como as pessoas diferenciavam e classificavam diferentes tipos vegetacionais.
Examinaram o uso de cada espécie com o tipo de vegetação, calculando o valor de uso
20
proposto por Phillips e Gentry (1993a,b). Além disso, avaliaram a composição,
abundância e distribuição das árvores e palmeiras nesses tipos de vegetação, testando a
relação do valor de índice de importância de cada espécie com o seu valor de uso. De
acordo com as entrevistas, verificaram que o uso dos recursos está associado com a
acessibilidade (85,7%), e com a aparência morfológica (80,9%), e algumas vezes pela
troca de informações entre os moradores (38,2%). A análise da regressão evidenciou
existir fraca relação entre valor de uso de cada espécie com sua disponibilidade,
expressa pelo valor de importância. Os autores, baseando-se na relação entre
importância cultural de cada espécie com a sua disponibilidade, concluíram que essa
relação tem duas implicações: (1) nem todas as espécies são usadas de acordo com a sua
disponibilidade, e (2) o uso real e o uso cognitivo do recurso podem gerar impactos
positivos e negativos para a sustentabilidade.
Uma forma de gerar impactos positivos para a sustentabilidade dos recursos
vegetais é a utilização de um vasto grupo de espécies dominantes, as quais permitem o
aproveitamento de acordo com a abundância do recurso, determinando acesso fácil e
eficiente (TACHER et al., 2002). Esta forma de aproveitamento sinaliza para uma
perspectiva conservacionista, visto que reduz o risco para as espécies com menor
abundância e que são relativamente raras. Nesse sentido, Tacher et al. (2002) estudaram
a importância estrutural e a relação sucessional das espécies utilizadas localmente,
tomando como pressuposto os resultados de outros trabalhos realizados no sudeste
mexicano. Baseados nesses trabalhos separaram 25% das espécies com um alto valor de
importância estrutural, relacionando-as com as utilizadas pela população local. Segundo
os autores, a comparação da vegetação primária e secundária sugere uma diferença na
preferência de uso, uma vez que nas florestas primárias predominam espécies arbóreas,
contrapondo a presença mais forte de herbáceas e arbustos nas florestas secundárias.
21
Cunha (2004), em seu estudo com moradores rurais do município de Rio
Formoso, uma área de Mata Atlântica, Nordeste do Brasil, buscou registrar o
conhecimento dos moradores dessa área com relação às espécies lenhosas úteis. Em
seguida, analisou a relação existente entre as espécies disponíveis no fragmento de mata
e a sua importância relativa. A identificação das espécies mais importantes localmente
foi realizada através do valor de uso. Todas as espécies encontradas no levantamento
florístico foram reconhecidas como úteis. Quando comparados os parâmetros ecológicos
com o valor de uso, encontrou uma relação significativa, mas fraca, em relação à
freqüência relativa e ao índice de valor de importância, contudo a relação com a
densidade relativa não se apresentou significativa.
Um fator alarmante é a grande pressão de uso sobre as espécies madeireiras,
evidenciando a possibilidade de extinção local dessas espécies (CUNHA, 2004). Este
fato foi confirmado pela preferência local pelo uso da madeira em relação às outras
partes vegetais. Outro estudo, também realizado na mata Atlântica Nordestina, não
encontrou evidências da relação entre uso e disponibilidade do recurso (FERRAZ et al.,
2002). Apesar disso, as autoras mencionam o uso intensivo de espécies portadoras de
valor comercial, o que, de certa forma, contribui para a diminuição da diversidade
dessas espécies.
Uma abordagem relacionada com a importância cultural de um recurso vegetal e
a sua disponibilidade foi realizada por Lawrence et al. (2005). Os autores sugeriram que
a “aparência” do recurso está mais fortemente ligada à dominância ecológica (área
basal) do que a sua abundância. Reuniram técnicas quantitativas e qualitativas para
explorar as diferenças nos valores de usos entre homens e mulheres, e entre
comunidades indígenas e imigrantes, além do efeito do contexto geográfico e
econômico. Observou-se uma relação relativamente alta entre valor de uso e aparência
22
das espécies na categoria madeira para construção. Contudo, com a retirada das duas
espécies mais importantes desta categoria, essa relação tornou-se mais fraca. A relação
positiva entre aparência e valor de uso de uma espécie pode trazer conseqüências
negativas para as espécies aparentes, pois à medida que as mesmas tendem a receber por
parte das comunidades um alto valor de uso, podem ter a sua abundância na floresta
ameaçada pela constante procura e pressão de uso doméstico ou comercial
(LAWRENCE et al., 2005). Desta forma, essas espécies correm o risco de serem
extintas localmente. Os autores sugeriram que o valor de uso das espécies não é
absoluto, podendo variar de ano para ano, e de acordo com as influências das
circunstâncias.
Os trabalhos aqui comentados evidenciam como estão avançados os estudos
relacionados com o uso dos recursos vegetais em florestas úmidas, envolvendo desde
teste de hipóteses a trabalhos comparativos e descritivos. Além disso, ressaltam como as
populações locais têm se apropriado desses recursos, com uma estreita ligação entre
abundância e uso, como descrito especialmente nos trabalhos de Galeano (2000) e
Mutchnick e McCarthy (1997). Contudo, os estudos relacionados ao teste da hipótese da
aparência e ao uso dos recursos vegetais em florestas tropicais secas ainda são escassos.
Elementos contraditórios parecem surgir quando a hipótese é testada nas
florestas secas. Albuquerque et al. (2005) testaram a hipótese em uma área de caatinga
no estado de Pernambuco (Brasil). Partiram do pressuposto que as espécies mais
abundantes teriam maior importância local, e como calcularam o valor de uso como
medida de importância relativa (PHILLIPS e GENTRY, 1993a,b), admitiram que a
importância ou valor de uma espécie é dada pela multiplicidade de usos. Ao aplicar a
abordagem que trabalhos anteriores adotaram, não encontraram significativa relação
23
entre abundância e uso do recurso, verificando que as espécies mais importantes
localmente são justamente as mais raras ou vulneráveis.
Em outro estudo, Silva e Albuquerque (2005), em uma escala regional,
analisaram o conjunto das plantas medicinais lenhosas de seis áreas de caatinga. A
medida de importância relativa usada foi a proposta por Bennett e Prance (2000) que se
baseia no número de usos e propriedades terapêuticas atribuídas às espécies, uma vez
que o estudo não envolveu diretamente comunidades locais, tendo os usos sido
registrados por meio de dados secundários. Os autores encontraram que a importância
relativa está negativamente correlacionada com a densidade relativa e a freqüência
relativa.
Ainda no domínio da caatinga, Ferraz (2004) buscou identificar as relações
existentes entre os recursos vegetais lenhosos e as comunidades rurais, em área de mata
ciliar, além de verificar a existência de relação entre importância relativa de uma
espécie e a sua disponibilidade. Através da correlação entre o valor de uso e os
parâmetros de disponibilidade (abundância, freqüência, dominância e índice de valor de
importância), Ferraz (2004) considerou que as correlações foram nulas, ou seja, não
relação entre valor de uso de uma espécie e sua disponibilidade. Os seus resultados são
similares aos encontrados por Albuquerque et al. (2005) na comparação do valor de uso
das espécies com a disponibilidade, reforçando a idéia de que nas florestas secas a
relação uso e disponibilidade de um recurso, diferem da relação encontrada nas florestas
úmidas.
Fica evidente a importância desses dados quando se pretende subsidiar propostas
de manejo e conservação de recursos florestais. Todavia, falta muito por descobrir a
cerca dos padrões de uso da diversidade nas florestas tropicais. Isto também implica
numa discussão sobre os instrumentos e pressupostos que o utilizados (implícita ou
24
explicitamente) para testar essas hipóteses. No caso aqui evidenciado da hipótese da
aparência, os dados coletados em florestas secas não a corroboram da mesma maneira
que os resultados encontrados em florestas úmidas, como exemplo os trabalhos de
Galeano (2000) e Phillips e Gentry (1993a,b). Esses autores evidenciam uma relação
positiva entre a importância local de um recurso vegetal e a sua disponibilidade na
floresta. As implicações são extremamente interessantes se isso se mostrar como um
padrão. Além disso, alguns desdobramentos que merecem olhares mais atenciosos,
quando se considera, por exemplo, os dados de Phillips e Gentry (1993a,b).
Hipótese da transparência ecológica: o caso de plantas medicinais
Uma boa parte dos trabalhos envolvendo a hipótese da transparência, enfocaram
as plantas medicinais. Nesse sentido, esses trabalhos serão discutidos aqui para ilustrar
as principais descobertas.
As plantas medicinais são um aspecto importante da terapia tradicional usada
por comunidades locais (SEQUEIRA, 1994; HERSCH-MARTINEZ, 1995). Estudos
etnobotânicos documentaram o uso de plantas medicinais por diversas comunidades,
revelando um número expressivo de espécies usadas de forma tradicional para as mais
diversas finalidades (MILLIKEN, 1997; MILLIKEN e ALBERT, 1997), além de serem
componentes de drogas industrializadas. Conseqüentemente, as florestas tropicais são
consideradas um repositório importante de recursos, em especial de plantas de interesse
farmacológico.
Para ter uma idéia, Mendelsohn e Balick (1995) sugerem que aproximadamente
750.000 extratos potenciais podem ser obtidos das plantas superiores de florestas
tropicais do mundo. Assim, discute-se que esta é uma das razões mais importantes para
25
proteger as florestas tropicais. Apesar disso, dados contraditórios m sugerido que as
florestas primárias não são a fonte mais importante de plantas medicinais, uma vez que
estudos realizados em diferentes partes do mundo têm encontrado que populações locais
conhecem maior número de plantas oriundas de vegetação secundária e zonas
antropogênicas (Figura 1). Vários pesquisadores têm chamado atenção para o uso de
plantas medicinais nas regiões tropicais, discutindo diferentes hipóteses para explicar os
padrões de uso encontrados (VOEKS, 1996; STEPP e MOERMAN, 2001). As
informações atualmente disponíveis evidenciam o papel da forma de vida das plantas e
da bioquímica ecológica sobre o uso e conhecimento local de recursos medicinais.
Stepp e Moerman (2001), por exemplo, observaram uma alta freqüência de ervas como
medicinais em rias partes do mundo, sugerindo que tal preferência possa estar
relacionada com aspectos químicos e ecológicos.
Figura 1: Representação esquemática da aplicação da hipótese da evidência ao uso de
plantas medicinais. A seta indica aumento no número de espécies selecionadas
culturalmente.
Como explicação, sugerem as teorias da evidência (transparência) e da
disponibilidade de recursos inicialmente empregadas no contexto dos estudos de
Florestas
Primárias
Florestas
Secundárias
Zonas
Antropogênicas
26
herbivoria. Praticamente ambas têm em comum algumas predições. Por exemplo, Feeny
(1976) considera que existem dois tipos de estratégias de defesa química contra
herbívoros nas plantas. A primeira encontrada nas espécies “evidentes”, que produzem
metabólitos de alto peso molecular, reduzindo a digestibilidade, mas não apresentam
alta toxicidade. A segunda estratégia observadas nas espécies “não evidentes” que
produzem compostos biologicamente ativos, tóxicos em pequenas quantidades, com
baixos pesos moleculares (FEENY, 1976; COLEY et al., 1985).
Como visto, a mesma hipótese permite testar várias predições. Se no item
anterior viu-se a sua aplicação no contexto de comunidades vegetais com uso de
ferramentas ecológicas, agora se vislumbra uma perspectiva química para o seu teste.
Almeida et al. (2004) realizou um estudo com a flora usada como medicinal em uma
ampla região do semi-árido nordestino. A partir de uma seleção das plantas nativas
usadas como medicinais, processaram-se testes fitoquímicos. Para testar a hipótese,
consideraram que as espécies mais importantes localmente deveriam ser ervas, também
se esperando encontrar nestas maiores percentuais de compostos considerados
fortemente bioativos (conforme preconiza a predição da hipótese em sua originalidade).
A Tabela 1 resume os dados encontrados. Neste caso, também foi usado como medida
de importância relativa a sugerida por Bennett e Prance (2000). Para cada planta
calculou-se a sua importância que foi então relacionada com as categorias detalhadas na
Tabela 1, tendo as médias sido comparadas pelo teste de Kruskal-Wallis. Concluiu-se,
então, que a importância relativa de uma planta independe das categorias testadas.
Os dados obtidos na caatinga não apoiam as predições da hipótese. De fato,
muitos trabalhos têm explicitado o quanto as plantas herbáceas se destacam em
diferentes floras mundiais (STEPP e MOERMAN, 2001), com abordagens que validam
essas idéias com dados de campo (VOEKS, 1996). Ainda que pareçam existir diferenças
27
que apontam para a grande importância relativa das ervas, estes dados devem ser
tomados com cautela. Com efeito, tais conclusões têm chegado por meio de diferentes
procedimentos metodológicos e referenciais teóricos, razão pela qual nem todos os
resultados obtidos são comparáveis. Por exemplo, apesar de Voeks (1996) e
Albuquerque et al. (2005) terem usado amostragem de vegetação para comparar fontes
de oferta de recursos, e terem concluído pela maior importância relativa de zonas
antropogênicas, o que apóia as idéias expostas anteriormente, os últimos verificaram
que mesmo tais zonas tendo um número relativamente maior de plantas medicinais, as
pessoas preferem usar as plantas arbóreas da vegetação nativa. No trabalho de Voeks
(1996) a idéia de preferência se confunde com a de oferta do recurso que são conceitos
distintos (ALBUQUERQUE et al., 2005).
Tabela 1. Resumo do teste de Kruskal-Wallis com base na relação da importância
relativa e classes de compostos químicos, estratégias de vida e hábito das espécies
coletadas para o estudo dos critérios de uso e seleção de plantas medicinais em florestas
estacionais secas (caatinga), no Nordeste do Brasil. (Fonte: ALMEIDA et al., 2004).
Média/desvio padrão Teste de Kruskal-Wallis
Hábito
H = 3,69
p = 0,158
Ervas
0,59 ± 0,31
Arbustos
0,96 ± 0,55
Árvores
0,81 ± 0,37
Parte da planta
H = 0,567
p = 0,451
Folha
0,85 ± 0,50
Caule
0,66 ± 0,24
Classes de
compostos
H = 0,321
p = 0,956
Fenóis
0,78 ± 0,42
Taninos
0,86 ± 0,49
Alcalóides
0,78 ± 0,10
Triterpenos
0,79 ± 0,45
Quinonas
0,76 ± 0,41
28
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, U.P. Uso, manejo e conservação de florestas tropicais numa
perspectiva etnobotânica: o caso da caatinga no estado de Pernambuco. Tese
(Doutorado), Universidade Federal de Pernambuco. Biologia Vegetal, Recife,
Pernambuco, 2001.
ALBUQUERQUE, U.P. Etnobotânica aplicada à conservação da biodiversidade. In:
Albuquerque, U.P. e Lucena, R.F.P. (org). Métodos e técnicas na pesquisa
etnobotânica. p.139-158. 2004.
ALBUQUERQUE, U.P. e ANDRADE, L.H.C. Conhecimento botânico tradicional e
conservação em uma área de caatinga no estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Acta
Botanica Brasilica, v.16, n.3. p.273-285. 2002.
ALBUQUERQUE, U.P.; SILVA, A.C.O. e ANDRADE, L.H.C. Use of plant resources in a
seasonal dry forest (northeastern Brazil). Acta Botanica Brasilica, v. 19. 2005.
ALMEIDA, C.F.C.B.R.; SILVA, T.C.L.; AMORIM, E.L.C.; MAIA, M.B.S. e
ALBUQUERQUE, U.P. Life strategy and chemical composition as predictors of the
selection of medicinal plants from the caatinga (Northeast Brazil). Journal of Arid
Environments. (disponível on line) 2004.
BENNETT, B.C. e PRANCE, G.T. Introduced plants in the indigenous pharmacopoeia of
Northern South America. Economic Botany, v.54, n.1, p.90-102. 2000.
29
CANIAGO, I. e SIEBERT, S.F. Medicinal plant ecology, knowledge and conservation
in Kalimantan, Indonésia. Economic Botany, v.52, n.3, p.229 – 250. 1998.
COLEY, P.D.; BRYANT, J.P. e CHAPIN, F.S. Resource availability and plant anti-
herbivore defense. Science, v.230, p.895-899. 1985.
CUNHA, L.V.F.C. Etnobotânica nordestina: um estudo em comunidade rural do
município de Rio Formoso, Pernambuco, Brasil. Dissertação (Mestrado), Universidade
Federal de Pernambuco, Biologia Vegetal. Recife, Pernambuco, 2004.
FEENY, P. Plant apparency and chemical defense. In: WALLACE, J. W. e NANSEL,
R.L. (eds.). Biological Interactions Between Plants and Insects. Recent Advances in
Phytochemistry. v.10, p.1–40. Plenum Press, New York. 1976.
FERRAZ, J.S.F. Uso e diversidade da vegetação lenhosa as margens do Riacho do
Navio município de Floresta (PE). Dissertação (Mestrado) Universidade Federal
Rural de Pernambuco, PPGCF. Ciências Florestais. Recife, Pernambuco, 2004.
FERRAZ, E.M.N.; SILVA, S.I.; ARAÚJO, E.L. e MELO, A.L. Espécies lenhosas de
interesse econômico na Mata Atlântica de Pernambuco: distribuição e relação entre
formas de uso e abundância das populações. In: TABARELLI, M. e SILVA, J. M. C.
(orgs.). Diagnóstico da Biodiversidade de Pernambuco. Livro 2. Secretária de Ciência,
Tecnologia e Meio Ambiente. Fundação Joaquim Nabuco. Editora Massangana, Recife,
Pernambuco. p. 689-696. 722p. 2002.
30
GALEANO, G. Forest use at the Pacific Coast of Chocó, Colômbia: a quantitative
approach. Economic Botany, v.54, n.3, p. 358-376, 2000.
HERSCH-MARTÍNEZ, P. Commercialization of wild medicinal plants from southwest
Puebla, Mexico. Economic Botany, v.49, p.197-206. 1995.
LAWRENCE A.; PHILLIPS O.L.; REATEGUI A.; LOPEZ M.; ROSE S., WOOD D. e
FARFAN, A. J. Local values for harvested forest plants in Madre de Dios, Peru: towards a
more contextualised interpretation of quantitative ethnobotanical data. Biodiversity and
Conservation 14: 45-79. 2005.
MENDELSOHN, R. e BALICK, M.J. The value of undiscovered pharmaceuticals in
tropical forests. Economic Botany, v.49, p.223-228. 1995.
MILLIKEN, W. Traditional anti-malarial medicine in Roraima, Brazil. Economic Botany,
v.51, p.212-237. 1997.
MILLIKEN, W. e ALBERT, B. The use of medicinal plants by the Yanomami indians of
Brazil, Part II. Economic Botany, v.51, p.264-278. 1997.
MUTCHNICK, P.A. e McCARTHY, B.C. An ethnobotanical analysis of the tree species
common to the subtropical moist forest of the Peten, Guatemala. Economic Botany, v.51,
n.2. p.158-183. 1997.
31
PAZ y MINÕ,G.; BALSLEV, H.; VALENCIA, R. e MENA, P. Lianas utilizadas por
los indígenas Siona-Secoya de la Amazonía del Ecuador. Reportes Técnicos 1.
Ecociencia, Quito, Ecuador, 1991.
PHILLIPS, O. Some quantitative methods for analyzing ethnobotanical knowledge. In:
ALEXIADES, M.N. (ed.), Selected guidelines for ethnobotanical research: a field
manual. New York: New York Botanical Garden. p.171-197, 1996.
PHILLIPS, O. e GENTRY, A.H. The useful plants of Tambopata, Peru: I. Statistical
hypotheses test with new quantitative technique. Economic Botany. v.47, n.1, p.15-32.
1993a.
PHILLIPS, O. e GENTRY, A.H. The useful plants of Tambopata, Peru: II. Additional
hypothesis testing in quantitative ethnobotany. Economic Botany. v.47, n.1. p.33-43.
1993b.
RHOADES, D.F. e CATES, R.G. Toward a general theory of plant antiherbivore
chemistry. In: WALLACE, J.W. & NANSEL, R.L. (eds.). Biological interactions between
plants and insects. Recent Advances in Phytochemistry. v.10. p.169 – 213, 1976.
SAMPAIO, E.V.S.B. Uso das plantas da caatinga. In: SAMPAIO, E.V.S.B.;
GIULIETTI, A.M.; VIRGÍNIO, J. e GAMARRA-ROJAS, C.F.L. (eds.). Vegetação e
Flora da caatinga. APNE – CNIP. p.49-90. 176p. 2002.
32
SEQUEIRA, V. Medicinal plants and conservation in São Tomé. Biodiversity and
Conservation, v.3, p.910-926. 1994.
SILVA, A.C.O. e ALBUQUERQUE, U.P. Woody medicinal plants of the caatinga in
the state of Pernambuco (northeast Brazil). Acta Botanica Brasílica, v. 19, 2005.
SILVA, V.A. e ALBUQUERQUE, U.P. Técnicas para análise de dados etnobotânicos. In:
Albuquerque, U.P. e Lucena, R.F.P. (org.) Métodos e técnicas na pesquisa etnobotânica.
p.63-88. 2004.
STEPP, J.R. e MOERMAN, D.E. The importance of weeds in ethnopharmacology.
Journal of Ethnopharmacology, v.75, p.19-23. 2001.
TABARELLI, M e VICENTE, A. Lacunas de conhecimento sobre plantas lenhosas da
caatinga. In: SAMPAIO, E.V.S.B.; GIULIETTI, A.M.; VIRGÍNIO, J. e GAMARRA-
ROJAS, C.F.L. (eds). Vegetação e flora da caatinga. APNE CNIP. p.25-41. 176p.
2002.
TACHER, S.I.L.; RIVERA, R.A.; ROMERO, M.M.M. e FERNÁNDEZ, A.D.
Caracterización del uso tradicional de la flora espontánea en la comunidad Lacandona da
Lacanhá, Chiapas, México. Interciência. v.27, n.10, p.512-520, 2002.
TORRE-CUADROS, M.A. e ISLEBE, G.A. Traditional ecological knowledge and use of
vegetation in southeastern Mexico: a case study from Solferino, Quintana Roo.
Biodiversity and Conservation. v.12, p.2455-2476. 2003.
33
VELLOSO, A.L.; SAMPAIO, E.V.S.B. e PAREYN, F.G.C. Ecorregiões propostas para
o bioma Caatinga. Associação Plantas do Nordeste; Instituto de Conservação Ambiental
The Nature Conservancy do Brasil. Recife, Pernambuco, 2002.
VOEKS, R.A. Tropical forest healers and habitat preference. Economic Botany. v.50, n.4,
p.381-400. 1996.
34
MANUSCRITO
O VALOR DE USO DE PLANTAS LENHOSAS DA CAATINGA EXPLICA A
SUA DISPONIBILIDADE LOCAL?
REINALDO FARIAS PAIVA DE LUCENA
1
, ULYSSES PAULINO DE
ALBUQUERQUE
1*
e ELCIDA DE LIMA ARAÚJO
2
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Biologia, Área de
Botânica.
1
Laboratório de Etnobotânica Aplicada.
2
Laboratório de Ecologia Vegetal dos
Ecossistemas Nordestinos. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n. Dois Irmãos, Recife,
Pernambuco, Brasil. *Autor para correspondência (e-mail: [email protected])
Trabalho a ser submetido ao periódico Biodiversity and Conservation. Normas no
Anexo I.
35
O VALOR DE USO DE PLANTAS LENHOSAS DA CAATINGA EXPLICA A
SUA DISPONIBILIDADE LOCAL?
REINALDO FARIAS PAIVA DE LUCENA
1
, ULYSSES PAULINO DE
ALBUQUERQUE
1*
e ELCIDA DE LIMA ARAÚJO
2
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Biologia, Área de
Botânica.
1
Laboratório de Etnobotânica Aplicada.
2
Laboratório de Ecologia Vegetal dos
Ecossistemas Nordestinos. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n. Dois Irmãos, Recife,
Pernambuco, Brasil. *Autor para correspondência (e-mail: [email protected])
Palavras-chave: etnobotânica quantitativa, florestas tropicais, caatinga, aparência
ecológica, biodiversidade, valor de uso, populações locais.
Resumo. Investigou-se os usos dados à vegetação lenhosa de uma área de caatinga
(Nordeste do Brasil) por uma comunidade rural habitando o seu entorno. Obteve-se
informações sobre as espécies com diâmetro no nível do solo 3 cm, registradas em
100 parcelas, totalizando uma área de 1 ha. Adicionalmente, testou-se a hipótese de que
a importância relativa de uma planta, medida pelo seu valor de uso, tem relação com a
sua “aparência” (medida em termos de abundância e dominância ecológica). A
aparência explica, de forma pouco expressiva, o valor de uso das plantas nas categorias
medicinal, construção, combustível e tecnologia. Os usos mais importantes estão
relacionados com a extração de madeira para fins energéticos e de construção.
36
Introdução
Nos últimos anos, tem-se presenciado um expressivo aumento nos estudos
etnobotânicos sobre o uso e a disponibilidade das espécies vegetais das florestas
tropicais, pois em seus domínios muitos recursos com um alto potencial econômico,
os quais vão desde sementes e frutos para aplicação terapêutica, a madeiras para a
construção civil (Aguilar e Condit 2001; Tacher et al. 2002). O uso da maioria desses
recursos permanece sem uma devida documentação, fato este em parte explicado pela
sua utilização local, ficando fora do cenário comercial em nível nacional e internacional
(Aguilar e Condit 2001; Johnston e Colquhoun 1996). Além disso, o conhecimento
sobre os usos de muitas dessas espécies pode se perder ao longo dos anos pela constante
transformação cultural que as populações locais vêm sofrendo (Shanley e Rosa 2004).
Em função disso, vários trabalhos têm procurado documentar as percepções locais sobre
o uso e a disponibilidade de plantas, tendo em mente propósitos de conservação (Sheikh
et al. 2002; Kristensen e Balslev 2003; Lykke et al. 2004).
Ao longo dos anos, em especial a partir da década de 90, houve um forte
incremento nas abordagens quantitativas em etnobotânica, com a proposição de
diferentes técnicas para testar hipóteses sobre o uso e conhecimento de plantas nas
regiões tropicais (Voeks 1996; Salick et al. 1999; Luoga et al. 2000; Ladio e Lozada
2004; Torre-Cuadros e Islebe 2003). Talvez um dos trabalhos mais importantes nesse
sentido, e que influenciou pesquisas em diferentes partes do mundo, foi o de Phillips e
Gentry (1993a,b). Uma das hipóteses levantadas pelos autores diz respeito à relação das
populações locais com os recursos vegetais disponíveis nos fragmentos de florestas do
seu entorno. Propuseram, então, o valor de uso para analisar a importância relativa de
uma determinada espécie, e a relação dessa medida com a disponibilidade local de
recursos.
37
Com base na hipótese da aparência ecológica proposta por Rhoades e Cates
(1976) e por Feeny (1976) na tentativa de avaliar a forma como as defesas das plantas
ecologicamente se distribuíam contra a herbivoria, Phillips e Gentry (1993a,b) tentaram
analisar essa relação trazendo para a realidade da interação das pessoas com os recursos
vegetais. Nessa hipótese da aparência, a planta é vista como um recurso, o herbívoro
como um consumidor, e a percepção do recurso como um fator que direciona o
comportamento do consumidor. Assim, os etnobotânicos extrapolaram as idéias
anteriores considerando que as pessoas assumem a condição de consumidores,
marcando um diferencial em seus estudos, uma vez que recentemente têm abordado
mais do que a descrição da relação existente entre pessoas e plantas (Luoga et al. 2000;
Johnston e Colquhoun 1996; Hanazaki et al. 2000; Begossi et al. 2002), passando a
realização de trabalhos vinculados a um teste de hipótese (Lykke 2000), atendendo a um
antigo clamor de especialistas na área (Phillips e Gentry 1993a,b).
Os pressupostos da hipótese da aparência envolvem duas questões básicas, uma
evidenciando a facilidade com que os herbívoros encontram os vegetais, e a outra
mostrando os custos envolvidos no processo de defesa. Em linhas gerais, a hipótese
considera que: a) na vegetação existem grupos biológicos de plantas que dificilmente
são encontrados pelos herbívoros, sendo chamados plantas "não aparentes". Neste grupo
enquadram-se plantas herbáceas (principalmente as de pequeno porte) e as que se
encontram em estágios iniciais de sucessão ecológica; b) existem grupos biológicos
formados por plantas visualizadas com facilidade pelos herbívoros, por estarem
disponíveis facilmente no tempo e espaço, sendo chamadas de plantas “aparentes”.
Neste grupo encontram-se as plantas lenhosas, perenes e que normalmente são
dominantes no ecossistema. As plantas consideradas “não aparentes” apresentam um
sistema de defesa diferente das “aparentes” (Coley et al. 1985). As segundas investem
38
em defesas quantitativas contra os herbívoros, como no emprego de taninos na defesa
das folhas. Já nas primeiras, o investimento é qualitativo em compostos que ocorrem em
pequenas concentrações, mas que são muito ativos.
É preciso considerar que as estratégias de uso dos recursos naturais das pessoas
habitando regiões áridas e semi-áridas são diferentes, pois estas precisam contornar as
limitações e dificuldades ambientais, principalmente as associadas com a
disponibilidade de água. O presente estudo está direcionado, entre outras coisas, para o
teste dessa hipótese em uma comunidade rural no semi-árido do Nordeste do Brasil.
Desde que a maioria dos estudos envolvendo a questão concentra-se em florestas
úmidas, ficando as florestas secas, especialmente a caatinga, desprovidas de uma
atenção mais especial (Albuquerque e Andrade 2002a,b).
Neste trabalho hipotetizou-se que: 1) a importância relativa de uma planta na
caatinga, medida pelo seu valor de uso, tem relação com a sua “aparência(medida em
termos de abundância e dominância ecológica); 2) homens e mulheres tendem a valorar
distintamente as plantas localmente disponíveis; 3) uma forte relação entre a
importância relativa de uma espécie com a pressão extrativista exercida sobre ela.
Material e Métodos
Contexto regional e local de trabalho
O município de Caruaru situa-se no Agreste Central de Pernambuco, com a
fisionomia de caatinga de agreste, a 8º14'19" de latitude e 35º55'17" de longitude,
distante 136 km de Recife, Capital do Estado (Caruaru O Portal 2003). Limita-se ao
Norte com Toritama, Vertentes e Frei Miguelinho; ao Sul com Altinho e Agrestina; ao
Oeste com Brejo da Madre de Deus e São Caetano e ao Leste com Bezerros e Riacho
das Almas (Caruaru – O Portal 2003). Apresenta uma população total de 253.634
39
habitantes, uma área territorial de 926,1 km
2
, densidade demográfica de 273,3 hab/ km
2
,
e uma renda per capita mensal de R$ 160,52. Encontra-se em 13° lugar no ranking
Estadual, com uma esperança de vida ao nascer de 67,35 anos (Síntese de indicadores
municipais 2000 in: http://www.fidem.pe.gov.br, acessado em 2003). É banhado pela
bacia do Rio Capibaribe e Ipojuca, possuindo clima semi-árido quente, com temperatura
média de 22
o
C, e pluviosidade média anual em torno dos 609 mm, com chuvas
concentradas nos meses de Junho e Julho (Caruaru – O Portal 2003).
O estudo realizou-se na Estação Experimental da Empresa Pernambucana de
Pesquisa Agropecuária (IPA), a 8°14’18” S e 35°55’20” W, com altitude de 537 m
(Figura 1), média pluviométrica de 674,4mm anuais referente aos últimos 42 anos.
(Alcoforado Filho et al. 2003; Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária 2003).
O IPA está localizado no povoado de Malhada de Pedra, a 9 km noroeste da cidade de
Caruaru na Rodovia PE 095, com uma área total de 190 ha, sendo 20 ha de mata. No
IPA se realizam pesquisas com culturas regionais, silvicultura e melhoramento animal.
(Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária 2003).
Em 0,6 ha da mata, registrou-se 105 espécies, distribuídas em 43 famílias,
incluindo ervas, cipós, subarbustos, arbustos e árvores (Alcoforado Filho et al. 2003).
As famílias mais representativas são Euphorbiaceae com 13 sp., Mimosaceae com 9 sp.,
Fabaceae com 7 sp., Asteraceae e Myrtaceae com 4 sp. cada uma. A altura média dos
indivíduos é em torno de 4,70 m e a máxima de 19 m. o diâmetro médio é de 7,2 cm
e o máximo de 47 cm. Alcoforado Filho et al. (2003) evidenciou que o fato da área
pertencer a uma estação de pesquisa estadual, não interfere no corte seletivo que vem
ocorrendo para algumas espécies vegetais, as quais são de grande utilidade para a
população das comunidades vizinhas, como por exemplo, Caesalpinia pyramidalis Tul.,
Solanum sp., Myracrodruon urundeuva (Engl.) Fr. All. e Anadenanthera colubrina
40
(Vell.) Brenan. Algumas dessas espécies, como Caesalpinia pyramidalis Tul. e Croton
blanchetianus Baill., são utilizadas realmente na produção de lenha e carvão (Araújo
1998).
Comunidade estudada
A comunidade escolhida para este estudo se enquadra dentro do conceito de
“sertanejos/vaqueiros” que se encontram historicamente distribuídos desde o agreste até
a região semi-árida da caatinga, apresentando-se também no cerrado, caracterizando-se
pelas atividades pastoris e agrícolas, predominando a agricultura de subsistência
(Diegues e Arruda 2001). A comunidade de Riachão de Malhada de Pedra, pertencente
ao Distrito de Malhada de Pedra, se localiza nas proximidades do fragmento de mata do
IPA, em Caruaru PE (Figura 1), prevalecendo a pecuária bovina e a agricultura de
subsistência, principalmente cultivo do milho e do feijão. Uma parte da vegetação da
área foi derrubada para dar lugar às pastagens e a produção de lenha e carvão.
A água potável é obtida uma vez por semana, aos domingos, através de um
chafariz municipal sediado no povoado de Malhada de Pedra. Uma fonte de renda para
os moradores dessa comunidade é o trabalho oferecido no IPA e nas fazendas maiores.
Outra fonte é o transporte de passageiros para Caruaru e cidades vizinhas.
As crianças e os adolescentes se deslocam para a comunidade de Serra Velha
para estudar na escola municipal de ensino fundamental e médio. Posteriormente,
passam a freqüentar as escolas de Caruaru, sendo transportadas por um ônibus fornecido
pela prefeitura. A comunidade divide-se em aglomerados e sítios mais afastados. Na
parte central da comunidade de Riachão concentram-se bares, sorveteria, telefone
público e uma Igreja Católica. A maioria dos moradores da comunidade é seguidora da
religião católica.
41
Amostragem da vegetação
Duas áreas do fragmento de mata, localizado no IPA, foram demarcadas, cada
uma com 50 parcelas contíguas e semi-permanentes de 10m x 10m, totalizando 100
parcelas, perfazendo uma área total de 1 ha. Essas parcelas foram voltadas para o
interior da mata buscando desta forma minimizar o efeito de borda, adotando-se a
distância de 10m da mesma. Uma das áreas está localizada distante da comunidade em
aproximadamente 2km, e a outra situa-se nas suas adjacências.
Foram levantados todos os indivíduos lenhosos, exceto cactos e cipós, que
apresentaram um diâmetro do caule no nível do solo (DNS) igual ou superior a 3 cm
(Araújo e Ferraz 2004). Além do DNS, foi anotada a altura de cada indivíduo, os quais
foram catalogados em vivos e mortos, toco (o corte é feito em uma altura igual ou
inferior a um metro do nível do solo), cortados (o corte é feito em uma altura superior a
um metro do nível do solo), parcialmente cortados (apenas uma parte da árvore foi
cortada). Esta categorização objetivou adquirir informações sobre ações antrópicas no
fragmento, permitindo visualizar in loco as espécies mais exploradas.
Os parâmetros fitossociológicos de densidade, dominância, freqüência, valor de
importância e área basal foram analisados de acordo com Araújo e Ferraz (2004), onde
a Densidade Relativa (DRt, %), representada em porcentagem, foi estimada pelo
número de indivíduos de um determinado táxon com relação ao total de indivíduos
amostrados. Freqüência Relativa (FRt, %) foi estimada com base na porcentagem da
FAt em relação à Freqüência Total (FT, %), que representa o somatório de todas as
freqüências absolutas. A Dominância Relativa (DoRt, %) representou a porcentagem de
DoA com relação ao somatório das dominâncias absolutas do táxon (DoT).
As espécies coletadas foram identificadas com a ajuda de chaves analíticas e
pela comparação com o material depositado no herbário Vasconcelos Sobrinho
42
(PEUFR) da Universidade Federal Rural de Pernambuco, e por consulta a especialistas.
Depois de montadas, as exsicatas foram incorporadas ao acervo do herbário PEUFR.
Inventário etnobotânico
Os dados etnobotânicos, necessários ao teste das hipóteses, foram
coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas, realizadas de janeiro de 2003 a
julho de 2004, visitando-se 98 das 117 residências da comunidade, pois em algumas o
responsável se negou a participar da pesquisa e outras encontravam-se fechadas. As
pessoas entrevistadas foram as responsáveis pela residência na ocasião da visita,
independente do sexo ou idade. Com a impossibilidade da realização da entrevista na
primeira visita, foram realizadas outras duas visitas. Mesmo assim, algumas casas
ficaram fora da amostragem. Foram entrevistados 98 informantes, sendo 55 homens,
com idade variando de 17 a 81 anos, e 43 mulheres, com idade variando de 19 a 83
anos.
O formulário (ANEXO II) (Albuquerque e Lucena 2004b), abordou perguntas
referentes ao conhecimento dos informantes sobre o uso das plantas da região (Phillips e
Gentry 1993a,b; Mutchnick e McCarthy 1997; Albuquerque e Andrade 2002a,b;
Gomez-Beloz 2002; Amorozo 2002), bem como dados sócio-econômicos, com
perguntas referentes à escolaridade, idade, atividade ocupacional, renda mensal,
composição familiar, tempo de residência e estado civil. Buscou-se evitar a influência
direta de outras pessoas durante a entrevista para que as informações fornecidas fossem
mais confiáveis. Para isto, realizaram-se entrevistas individuais, na medida do possível
(Phillips e Gentry 1993a). As informações foram enriquecidas com a utilização de
outras técnicas investigativas, a observação participante e turnê guiada (Albuquerque e
Lucena 2004a,b).
43
A observação participante consistiu no acompanhamento das atividades diárias
dos moradores, evitando interferir nas mesmas. Foi realizada por meio de um período de
internamento de 30 dias na comunidade nos meses de julho de 2003 e janeiro de 2004.
Essa técnica permitiu elucidar fatos que durante as entrevistas não ficaram totalmente
esclarecidos (Albuquerque e Lucena 2004b). Além disso, foi escolhido um informante
principal como referencial para complementar e testar as informações. O informante
principal foi selecionado por meio de conversas informais com os moradores, aos quais
solicitou-se a indicação de um conhecedor das plantas da região (Albuquerque e Lucena
2004b).
Concomitantemente às entrevistas, foi realizada a técnica da turnê guiada,
consistindo na ida ao campo com um ou mais informantes para o conhecimento in loco
das plantas citadas, e para a coleta de material para a identificação científica
(Albuquerque e Lucena 2004a).
As plantas citadas nas entrevistas foram incluídas em categorias de uso
selecionadas e adaptadas de Phillips e Gentry (1993b) e Galeano (2000). Em cada
categoria de uso foram incluídas subcategorias, as quais foram definidas com mais
precisão e objetividade com o andamento das entrevistas. As categorias o: tecnologia,
medicinal, alimentação, construção, combustível, forragem, veterinária e outros. Dentro
da categoria “outros” foram incluídas as espécies citadas para aplicações mágico-
religiosas, veneno, higiene pessoal.
Análise dos dados
Para cada espécie, família e categorias de uso calculou-se, respectivamente, o
seu valor de uso pelas fórmulas VU = U
i
/n, VU
f
= VU/n
f
, e VU
c
= VU/n
c
,
descritas por Rossato et al. (1999) e Silva e Albuquerque (2004), onde: U
i
= número de
usos mencionados por cada informante, n = número total de informantes, VU = valor de
44
uso de cada espécie na família, n
f
= número
de espécies na família, VU
c
= valor de uso
de cada espécie na categoria, N
c
= número
de espécies na categoria.
Empregou-se o teste G de Williams (Sokal e Rholf 1995) para comparar a
riqueza de táxons entre as duas áreas. Os números de espécies e citações de uso por
categoria utilitária foram comparados pelo teste de qui-quadrado (
2
χ
), em vel de 5%
de probabilidade, empregado também para comparar a riqueza de usos e espécies entre
produtos madeireiros e não-madeireiros. Diferenças nos valores de uso atribuídos às
espécies por homens e mulheres e entre categorias de uso, foram comparadas pelo teste
de Kruskal-Wallis (Sokal e Rholf 1995). A aparência” foi testada para espécies,
famílias, categorias de uso e classes de corte seletivo, entre as duas áreas, por meio do
coeficiente de correlação linear de Pearson (Sokal e Rholf 1995). Combinou-se o Valor
de Importância (VI) com o Valor de Uso (Torre-Cuadros e Islebe 2003), para avaliar,
por meio do coeficiente de correlação linear de Pearson, a ordenação das famílias
quando comparadas pelos índices tomados isoladamente.
Resultados
Riqueza de usos e de espécies
A área da mata localizada distando 2km da comunidade apresenta-se melhor
preservada, com maior riqueza de famílias do que a área adjacente, sendo a família
Euphorbiaceae dominante, o que é explicado pelo grande número de indivíduos de
Croton blanchetianus Baill. Já a área mais próxima da comunidade encontra-se
fortemente antropizada, sendo mais dominante a família Mimosaceae, não pelo elevado
número de indivíduos de uma espécie, como ocorreu com a Euphorbiaceae na parte
distante, mas pelo número de espécies encontradas nas parcelas dessa área (7 spp). A
evidência de uma maior devastação nesta área pode estar relacionada à facilidade que a
comunidade têm para obter as plantas.
45
Registraram-se 32 espécies (30 úteis) na área distante da comunidade,
pertencendo a 26 gêneros e 16 famílias, e na área adjacente 34 espécies (31 úteis), 25
gêneros e 16 famílias. Essas diferenças entre as áreas não são significativas (p > 0,05;
Tabela 1). Usando o coeficiente de Jaccard, verificou-se que a similaridade entre a
totalidade da flora das áreas foi de 57%. Considerando as espécies úteis, a similaridade
foi maior (65%). Do total das espécies lenhosas registradas neste trabalho, e no
levantamento de Alcoforado Filho et al. (2003) no mesmo fragmento, verificou-se uma
forte correlação entre riqueza total e riqueza de espécies úteis por família botânica (r =
0,89, p < 0,001).
Das 36 espécies úteis inventariadas em ambas as áreas, 28 foram agrupadas na
categoria combustível, 26 na categoria construção, 22 na categoria outros, 21 na
categoria medicinal, 15 na categoria tecnologia, 14 na categoria forragem, 7 na
categoria veterinária e 5 na categoria alimentação (Figura 2; Tabela 2). Registrou-se um
total de 1.428 usos, sendo que a média de uso por espécie foi de 5,4. A categoria que
apresentou o maior número de citações de uso foi combustível (29,1%), seguido pelas
categorias construção (27,4%), medicinal (22,1%), tecnologia (9,2%), outros (7,5%),
forragem (1,9%), alimentação (1,6%) e veterinária (1,2%) (Tabela 3).
Comparando-se as categorias de uso a partir do número de espécies e de
citações, observou-se que as categorias medicinal, combustível, construção e tecnologia
se destacaram em relação as demais, ora em mero de espécies, ora em número de
citações de uso (Tabela 2 e Tabela 5), sendo essas diferenças significativas (p < 0,001).
Esses dados reforçam a importância dos produtos madeireiros para a
comunidade, bem como da forte pressão sobre as espécies encontradas no fragmento. O
número de usos madeireiros (944, 34 spp.) é significativamente superior (
2
χ
= 3,93,
p<0.05) aos usos não-madeireiros (484, 29 spp.).
46
A maioria das espécies (21) apresentaram de 1 a 5 usos, como por exemplo
Chorisia glaziovii (O. Kuntze) E. Santos, Clusia sp., Manihot cf. dichotoma Ule e
Lantana camara L. Doze espécies apresentaram de 6 a 10 usos, como Eugenia uvalha
Camb. e Zizyphus joazeiro Mart. (Figura 3). As espécies mais versáteis, quanto ao
número de usos foram Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam e Schinopsis
brasiliensis Engler, com 13 e 12 usos, respectivamente. Além disso, essas espécies
ofertam para a comunidade uma grande variedade de partes utilizáveis, ambas
apresentando cinco partes disponíveis, principalmente as oriundas do caule. Contudo,
alguns dos usos atribuídos a Schinopsis brasiliensis Engler têm sido paulatinamente
substituídos por madeiras obtidas do comércio proveniente de Belém.
A espécie mais versátil em relação às partes utilizadas foi Caesalpinia
pyramidalis Tul., disponibilizando para o uso a sua casca, flor, folha, madeira, raiz e a
“todas as partes”. Esses usos se distribuem em quatro categorias, sendo elas forragem,
construção, medicinal e outros usos. Seguida por ela, com cinco partes utilizadas,
Croton blanchetianus Baill. (7 categorias de uso), Myracroduon urundeuva (Engl.) Fr.
All. (6 categorias de uso), Schinopsis brasiliensis Engler (6 categorias de uso),
Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet, Anadenanthera colubrina (Vell.)
Brenam e Myrciaria sp., ambas em 5 categorias de uso. Mesmo sendo a espécie mais
versátil, Caesalpinia pyramidalis Tul. não se encontra entre as espécies com maior
número de citações de uso.
A madeira é a parte da planta mais utilizada pela comunidade (68,17%), seguida
da casca do caule (20,74%) e das folhas (4,7%) (Figura 4). Juntos, os produtos obtidos
do caule totalizam 90,2% de todas as citações, incluindo-se aqui resina e látex. Esse
dado reforça o destaque que as categorias combustível, construção e tecnologia recebem
na comunidade (Figura 4).
47
As espécies mais citadas foram Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam (261
citações), Myracroduon urundeuva (Engl.) Fr. All. (182 citações), Schinopsis
brasiliensis Engl. (136 citações) e Caesalpinia pyramidalis Tul. (119 citações).
Essas espécies têm em comum o fato de estarem presentes em mais de cinco
categorias de uso, destacando-se a aplicação nas categorias construção, combustível e
medicinal. Comparando as citações de homens e mulheres, configura-se semelhante
ordenação das espécies. A análise de correlação corrobora essa afirmativa ao revelar
que as espécies com maior número de citações também foram entre homens e mulheres
(r = 0,96, p < 0,001).
Valor de Uso e Aparência Ecológica
Os dados obtidos no inventário florístico realizado na área do fragmento distante
da comunidade mostraram uma densidade total de 2.452 indivíduos, índice de Shannon
& Wiener (H’) de 2,414 nats/ind. e equabilidade (J) de 0,697. Na área adjacente a
comunidade, encontrou-se 1.882 indivíduos, índice de Shannon & Wiener (H’) de 2,898
nats/ind. e eqüabilidade (J) de 0,822. Entre as espécies mais importantes na área
localizada distante da comunidade, destacam-se em relação ao VI (valor de
importância), Croton blanchetianus Baill. (81,42), Caesalpinia pyramidalis Tul.
(45,28), Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam (20,15), Capsicum parvifolium
Sendtm (16,02), Cordia globosa (Jacq.) Humb., Bompl. & Kunth (14,53) e Piptadenia
stipulacea (Benth.) Ducke (11,99) (Tabela 4). na área adjacente, as espécies mais
importantes com relação ao VI foram Caesalpinia pyramidalis Tul. (36,49), Capsicum
parvifolium Sendtm. (25,54), Capparis hastata L. (20,68), Schinopsis brasiliensis
Engler (18,67) e Acacia sp. (16,55) (Tabela 4). Todas essas espécies são
predominantemente usadas como combustível e em construções rurais.
48
As duas áreas diferem entre si em termos de composição e estrutura, destacando
o fato de que a área da mata adjacente à comunidade apresenta um estado de
conservação pior do que a área distante, em função da facilidade de acesso. Em termos
gerais, isso pode ser exemplificado em relação a duas espécies, Anadenanthera
colubrina (Vell.) Brenam e Myracroduon urundeuva (Engl.) Fr. All., que apresentam
respectivamente 152 e 39 indivíduos na área distante e 55 e 2 indivíduos na área
adjacente. Um outro exemplo é o de Cordia trichotoma (Vel.) Arráb. ex Steud., que
apresentou todos os sete indivíduos com sinal de uso, provavelmente para a fabricação
de artefatos.
Para testar se a “aparência” das espécies tem relação com o seu valor de uso, foi
feita a análise de correlação, considerando parâmetros de abundância e dominância
ecológica, a qual evidenciou uma associação fraca entre freqüência relativa e valor de
uso para as espécies encontradas na área distante da comunidade (r = 0,43; p < 0,05). Já
na área adjacente, as correlações podem ser consideradas nulas. Fazendo esta mesma
análise considerando cada categoria de uso isoladamente, os resultados mostram-se
interessantes. Em ambas as áreas, na categoria medicinal evidenciou-se uma forte
correlação entre freqüência relativa e valor de uso (área distante: r = 0,62, p < 0,05; área
adjacente: r = 0,56, p < 0,05). Na área adjacente, houve uma correlação positiva entre
área basal e valor de uso nas categorias combustível (r = 0,40, p < 0,05), tecnologia (r =
0,57, p < 0,05) e construção (r = 0,39, p < 0,05). Também não existe relação entre o
valor de uso das espécies com o número de indivíduos com sinais de corte seletivo em
ambas as áreas do fragmento (Figuras 5 e 6).
As espécies com maior valor de uso foram Myracroduon urundeuva (Engl.) Fr.
All. (1,85), Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam (2,66), Schinopsis brasiliensis
Engler (1,38) e Caesalpinia pyramidalis Tul. (1,21). M. urundeuva (Engl.) Fr. All.
49
apresentou um baixo VI na área adjacente a comunidade. Com exceção dessas espécies,
as que apresentaram um elevado VI nas duas áreas, tiveram um VU baixo, a exemplo de
Croton blanchetianus Baill. e Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.
A Tabela 5 evidencia os valores de uso atribuídos às espécies por homens e
mulheres. Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam (VU homem = 3,11; VU mulher =
2,30), Myracroduon urundeuva (Engl.) Fr. All. (VU homem = 1,93; VU mulher = 1,80),
Schinopsis brasiliensis Engler (VU homem = 1,86; VU mulher = 1,01) e Caesalpinia
pyramidalis Tul. (VU homem = 1,51; VU mulher = 0,98), apresentaram um alto valor
de uso. Contudo, Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud e Croton blanchetianus Baill.
foram altamente valoradas pelos homens (1,04). Este fato pode estar relacionado à
presença destas espécies nas categorias construção e combustível, geralmente de
domínio masculino. Lippia sp., Clusia sp. e Acacia sp. não apresentaram citação por
parte das mulheres, o que pode ser explicado pelo fato de estarem mais relacionadas aos
usos madeireiros. Em média, os homens atribuíram maiores (0,54) valores de uso para
as espécies do que as mulheres (0,31), sendo tais diferenças estatisticamente
significantes pelo teste de Kruskal-Wallis (H = 7,62, p < 0,05). Apesar disso, os valores
de uso atribuídos por homens e mulheres encontram-se fortemente correlacionados (r =
0,96, p < 0,0001).
A distribuição das espécies por classe de valor de uso está representada na
Figura 7. Foram estabelecidas seis classes de valor de uso, com amplitude de intervalo
0,5. A maioria, 78,7%, das espécies se encontram na classe 1, e 11% na classe de 2.
Apenas Myracroduon urundeuva (Engl.) Fr. All. teve o valor de uso 1,85 incluído no
intervalo da classe 4; e Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam tem valor de uso 2,66
na classe 6. Nenhuma espécie apresentou valor de uso no intervalo de classe 5 (Figura
7).
50
A contribuição do valor de uso médio por categoria revela que a categoria
veterinária tem a maior média de uso (0,96), seguida por forragem (0,67), medicinal
(0,56), construção e outros (ambas com 0,54), tecnologia (0,50), combustível (0,48), e
por último alimentação com 0,30. Apesar dessas diferenças, o teste de Kruskal-Wallis
mostrou não serem as mesmas significativas. Provavelmente, esse fato se deve a
presença das espécies com maior valor de uso em todas as categorias, o que
homogeneizou os dados (Tabela 6).
As famílias que apresentaram maiores valores para a freqüência relativa, na área
distante da comunidade, foram Caesalpiniaceae e Euphorbiaceae (ambas com 12,72) e
Mimosaceae com 12,21. Na área adjacente, a família Mimosaceae e Solanaceae, ambas
com 12,01, foram as mais freqüentes, seguidas por Malpighiaceae (11,76) e
Caesalpiniaceae (11,52). Porém as famílias com maior valor de uso foram
Anacardiaceae (1,62) e Rhamnaceae (0,81) (Tabela 4). Combinando o valor de uso com
o valor de importância para fazer o ordenamento das famílias, observou-se que as
famílias com maior valor de uso permaneceram em destaque. Contudo, famílias como a
Euphorbiaceae se destacaram neste ordenamento, e famílias com alto valor de uso,
como a Rhamnaceae, ficaram em posição inferior (Tabela 4). Não há correlação entre o
valor de uso de uma família e o seu índice de valor de importância. A combinação do
valor de uso com o valor de importância, mostrou-se interessante uma vez que, para
ambas as áreas, verificou-se uma expressiva e significativa correlação entre a ordenação
das espécies pelo seu valor de uso e pelo índice combinado (VU x VI) (área distante: r =
0,66, p< 0,01; área adjacente: r = 0,75, p< 0,001), como também, entre o índice
combinado e valor de importância (área distante: r = 0,69, p< 0,001; área adjacente: r =
0,72, p = 0,001).
51
Discussão
Importância relativa x disponibilidade
Phillips e Gentry (1993b) argumentam que plantas lenhosas que possuem
populações de alta densidade, sendo freqüentes, grandes ou de crescimento rápido, têm
suas chances aumentadas significativamente como plantas úteis. Dito de outro modo,
plantas mais freqüentes proporcionariam as pessoas mais chances de usá-las. Assim,
uma predição simples, seria encontrar que as plantas mais abundantes teriam maior
importância relativa. Essa relação entre importância relativa, medida pelo seu valor de
uso, com a disponibilidade local de plantas úteis tem sido encontrada em diferentes
partes do mundo, para árvores na Amazônia peruana (Phillips e Gentry 1993b) e
Colômbia (Galeano 2000), e para lianas da Amazônia equatoriana (Paz y Miño et al.
1991). Todavia, outros trabalhos não têm encontrado relações tão expressivas, como as
anteriores.
Torre-Cuadros e Islebe (2003) encontraram uma fraca relação entre valor de uso
e disponibilidade (medida pelo índice de valor de importância) em diferentes tipos de
vegetação, similar ao observado por Cunha (2004) em um fragmento de mata atlântica
no Nordeste do Brasil. No presente trabalho, na área distante da comunidade os dados
reforçam os resultados de Torre-Cuadros e Islebe (2003), ao encontrar-se uma fraca
relação entre freqüência relativa e valor de uso. Já na área adjacente à comunidade, onde
se acreditava que a relação seria mais forte, as correlações podem ser consideradas
nulas, semelhante ao encontrado por Ferraz (2004) em fragmentos de mata ciliar no
semi-árido do estado de Pernambuco.
Esses resultados evidenciam que mesmo em um fragmento, considerando duas
áreas relativamente próximas umas das outras, a relação entre valor de uso e
disponibilidade varia. Hipotetiza-se que isso seja devido à heterogeneidade florístico-
52
estrutural do fragmento, uma vez que na área distante algumas espécies, em especial as
que oferecem produtos não-madeireiros, são mais abundantes. Assim, concordando com
Galeano (2000), os fatores ecológicos que podem influenciar o uso dos táxons podem
ser usados para avaliar o impacto do uso na população desses mesmos táxons.
Por outro lado, Lawrence et al. (2005) sugerem que a aparência está mais
fortemente relacionada a medidas de dominância ecológica, como área basal,
encontrando uma forte relação na categoria madeira para construção. Todavia, retirando
as espécies pertencentes a esta categoria, a relação torna-se fraca. Quando se testou aqui
a relação considerando categorias de uso, verificou-se que existe uma expressiva
correlação com a categoria medicinal (em ambas as áreas) com respeito à freqüência
relativa, bem como com as categorias construção, combustível e tecnologia relacionadas
à área basal (apenas na área próxima à comunidade). Este aparente padrão de espécies
de grande porte serem mais úteis na oferta de produtos madeireiros (face às categorias
que se destacaram), pode ser de fato conseqüência de sua aparência. Parece que para as
plantas medicinais a freqüência com que são encontradas é mais importante, do que a
sua dominância, como ocorre com as espécies madeireiras, pois estas são escolhidas
pelo seu lenho desenvolvido.
Como explicar os padrões encontrados? Phillips e Gentry (1993b) sugerem, com
base na idéia de Balée (1989) sobre manipulação histórica da vegetação, que as próprias
comunidades poderiam ter favorecido a abundância de espécies desejadas. Todavia, no
caso aqui estudado, essa idéia não parece plausível: 1) pelo dinamismo da comunidade
com as migrações; 2) pelo fragmento de mata ser uma área preservada; 3) pelo pouco
interesse das novas gerações em aprender sobre os usos dos recursos disponíveis.
Hipotetiza-se que o padrão resulta da adaptação do grupo humano a uma
condição particular do ambiente, tendo aprendido a usar as plantas mais disponíveis. Em
53
contrapartida, fatores culturais determinam a qualidade desse uso, pois nem sempre uma
espécie mais abundante é a mais importante. Este fato foi encontrado neste estudo com
Caesalpinia pyramidalis Tul., que se apresentou como a espécie mais abundante,
contudo obtendo um baixo valor de uso.
Para testes futuros com a hipótese torna-se necessário a análise por categorias de
uso, abrangendo uma área amostral representativa da vegetação, bem como levando em
consideração medidas de dominância ecológica.
Valoração de espécies por homens e mulheres
Em média, os homens atribuíram maiores valores de uso para as espécies do que
as mulheres, embora os valores atribuídos estejam correlacionados. Isto pode ser
explicado pelo fato dos homens terem citado muitos usos madeireiros, os quais são
normalmente de domínio masculino. Luoga et al. (2000) verificaram que os homens
demonstravam mais conhecimentos de alguns usos particulares das espécies, em
oposição ao pouco conhecimento das mulheres. Contudo, houve diferença
significativa para as espécies relacionadas à produção de carvão, que se trata de uma
categoria de uso de domínio masculino. Essas diferenças podem indicar um maior grau
de especialização dos homens nos trabalhos que utilizam as espécies arbóreas, e as
mulheres com espécies herbáceas, notadamente usadas para fins medicinais (Luoga et
al. 2000). Parece existir um padrão relacionando a especialização de saberes entre
homens e mulheres. Os primeiros com domínio de produtos madeireiros, e as segundas
de produtos não madeireiros, em especial plantas frutíferas e medicinais (Taita 2003).
Lawrence et al. (2005) comentaram que na retirada de plantas da mata para fins
comerciais, existe um consenso entre homens e mulheres, contudo esse consenso acaba
quando se especifica qual parte da planta é economicamente mais importante, pois os
homens citam a madeira, e as mulheres frutos e outros usos não-madeireiros.
54
Dependendo da região, o conhecimento sobre a utilização de recursos vegetais
pode variar consideravelmente entre homens e mulheres, ora sendo semelhantes, ora
sendo distintos. Matavele e Habib (2000) encontraram um conhecimento similar entre
homens e mulheres, principalmente com relação ao uso de plantas medicinais. Mas, em
outros trabalhos, pode-se ver que os homens detêm um conhecimento maior do que as
mulheres não das espécies madeireiras, mas também das não-madeireiras. Lacuna-
Richman (2004) procura explicar a diferença considerando que seja devido aos homens
fazerem incursões constantes à floresta, que as mulheres ficam responsáveis pela
manutenção e cuidados do lar. Figueredo et al. (1993) também evidenciam que as
mulheres apresentam um conhecimento distinto dos homens, contudo, essa diferença se
dá, principalmente com relação ao uso de plantas medicinais.
De um modo geral, a manutenção do conhecimento sobres as espécies lenhosas
úteis na comunidade de Riachão de Malhada de Pedra é valioso, tanto para os homens
como para as mulheres. Esse saber tem conseguido superar as barreiras impostas pela
evolução cultural das zonas rurais e pelo constante êxodo rural. Os informantes na
comunidade têm a preocupação de transmitir o conhecimento sobre o uso dos recursos
vegetais para a descendência atual. Enquanto em Riachão de Malhada de Pedra, o
conhecimento parece ter perdurado através das gerações, em outras comunidades o
conhecimento e o uso das espécies vegetais úteis tem diminuído ao longo do tempo,
devido a fatores como crescimento do comércio madeireiro, grau de urbanização e
modernização e acesso a meios formais de comunicação (Nolan e Robbins 1999; Luoga
et al. 2000; Shanley e Rosa 2004).
Importância relativa de uma espécie x pressão extrativista
Não se encontrou relação com o valor de uso e categorias de extração seletiva. O
maior número de árvores cortadas encontravam-se na categoria combustível e
55
tecnologia. Galeano (2000) encontrou que mais da metade dos troncos encontrados em
seu inventário florestal foram destinados a aplicações tecnológicas, e 25% destinados a
combustível, mas especificamente como lenha, e apenas 9% destinado à construção.
Luoga et al. (2000) consideram que as espécies utilizadas como combustível não sofrem
forte pressão de uso, pois as pessoas utilizam apenas ramos destas ou indivíduos mortos.
Isto não se aplica ao que foi encontrada na área de estudo, em que os indivíduos de
Croton blanchetianus Baill. (cf. Araújo 1998) são totalmente ou parcialmente cortados
para fins energéticos. Esta prática é altamente destrutiva e compromete a estrutura das
populações, com impactos negativos sobre a vegetação (Tabuti et al. 2003). Todavia,
uma avaliação dos impactos reais requer um estudo mais profundo sobre as espécies em
questão, bem como dos padrões de coleta e utilização.
Implicações para a conservação
Observou-se uma forte correlação entre riqueza total e riqueza de espécies úteis
por família. Porém estudos mais profundos necessitam ser dirigidos no sentido de testar
se de fato as espécies úteis são uma função da biodiversidade total (cf. Salick et al.
1999). Apesar dessa diversidade de espécies, uma minoria tem valor de uso maior que
1, sendo este um padrão encontrado em diferentes estudos (Mutchnich e McCarthy,
1997; Luoga et al. 2000; Galeano 2000; Cunha 2004; Ferraz 2004). Neste aspecto
destacaram-se as seguintes espécies: Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam,
Myracroduon urundeuva (Engl.) Fr. All., Schinopsis brasiliensis Engl. e Caesalpinia
pyramidalis Tul., marcadamente versáteis pela presença em várias categorias de uso. A
interpretação desse dado, em função de pressões seletivas sobre a vegetação, precisa ser
tomadas com cautela, pois o fato de uma planta ter grande valor de uso não implica,
necessariamente, em uso corrente (Silva e Albuquerque 2004). É o caso de Schinopsis
brasiliensis Engler que teve grande citação de usos, mas que não é correntemente usada
56
para a maioria deles. Neste caso é preciso uma distinção entre uso real e uso cognitivo
(Torre-Cuadros e Islebe 2003).
Como encontrado em outros estudos que se concentraram em plantas lenhosas
(Galeano 2000; Cunha 2004; Mutchnick e MacCarthy 1997; Tacher et al. 2002), as
categorias combustível e construção foram as mais importantes em riqueza de espécies e
em número de citações. Isso poderia indicar grande impacto sobre a vegetação nativa.
No entanto, o impacto sobre as espécies depende da forma de coleta, se destrutiva ou
não (Luoga et al. 2000). Na área pesquisada, embora se necessite de um estudo
direcionado diretamente à questão, pode-se perceber que espécies como Capparis
hastata L. parecem ser usadas sustentavelmente, enquanto que Croton blanchetianus
Baill. e Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. mostram sinais de coleta altamente
destrutiva. Na comunidade, os usos madeireiros concentram 88,8% de todas as citações,
sugerindo forte pressão local que necessita ser avaliada para fins de manejo e
conservação. Finalmente, na comunidade todos os usos são voltados para a subsistência,
com pouca contribuição para o comércio.
Ações voltadas para o manejo e conservação dos recursos na área devem passar
pela colaboração com a comunidade, levando em consideração as especificidades do
conhecimento de homens e mulheres, bem como as características das espécies usadas.
Um bom exemplo da atenção especial, que é dada pela comunidade, sobre algumas
espécies é o de Amburana cearensis (Arr. Cam.) A.C. Smith. (cumaru ou imburana de
cheiro), representada por apenas um único indivíduo no fragmento, mas que segundo
especialistas locais, e que é protegida devido ao seu valor como planta medicinal.
57
Conclusões
A comunidade de Riachão de Malhada de Pedra detém expressivo conhecimento
sobre o uso das espécies lenhosas, uma vez que reconhecem a utilidade da maioria
delas. Esses se destinam quase que exclusivamente para atender as necessidades locais,
sendo raro o atendimento a demandas externas. A relação entre importância relativa de
um recurso e a sua disponibilidade apresenta as seguintes implicações: 1) as espécies
com maior valor de uso são altamente versáteis com a disponibilidade variando em
função da área de coleta; 2) os homens e as mulheres devem ser considerados em
programas de conservação e manejo da biodiversidade, dado a especificidade dos
saberes, estas últimas principalmente no que se refere a produtos florestais não-
madeireiros; 3) a grande demanda pelos produtos florestais madeireiros pode
comprometer a estrutura das populações de plantas importantes, sendo necessário
direcionar estudos específicos para avaliar objetivamente a questão.
Agradecimentos
À estação experimental da Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária
(IPA) em Caruaru, estado de Pernambuco, na pessoa do coordenador senhor diretor Jair
Pereira, pelo apoio logístico; ao CNPq/FACEPE, pelo apoio financeiro dado a Ulysses
Paulino de Albuquerque pelo edital Primeiros Projetos; à Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa fornecida ao
primeiro autor; aos informantes da comunidade estudada, pelo acolhimento e solicitude.
Referências Bibliográficas
Aguilar S. e Condit R. 2001. Use of native tree species by an hispanic community in
Panama. Economic Botany 55: 223-235.
58
Albuquerque U.P. e Andrade L.H.C. 2002a. Conhecimento botânico tradicional e
conservação em uma área de caatinga no Estado de Pernambuco, Nordeste do
Brasil. Acta Botanica Brasilica 16: 273-285.
Albuquerque U.P. e Andrade L.H.C. 2002b. Uso de recursos vegetais da caatinga: o
caso do agreste do estado de Pernambuco (Nordeste do Brasil). Interciência 27:
336-345.
Albuquerque U.P. e Lucena R.F.P. 2004a. Seleção e escolha dos informantes. In:
Albuquerque U.P. e Lucena R.F.P. (org) Métodos e técnicas na pesquisa
etnobotânica. p.19-35.
Albuquerque U.P. e Lucena R.F.P. 2004b. Métodos e técnicas para a coleta de dados.
In: Albuquerque U.P. e Lucena R.F.P. (org) Métodos e técnicas na pesquisa
etnobotânica. p.37-62.
Alcoforado-Filho F.G.; Sampaio, E.V.S.B. e Rodal M.J.N. 2003. Florística e
fitossociologia de um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa arbórea em
Caruaru, Pernambuco. Acta Botanica Brasilica 17: 287-303.
Amorozo M.C. M. 2002. Uso e diversidade de plantas medicinais em Santo Antônio do
Leverger, MT, Brasil. Acta Botanica Brasilica
16: 189-203.
Araújo E.L. 1998. Aspectos da dinâmica populacional de duas espécies em floresta
tropical seca (caatinga), Nordeste do Brasil. Tese (Doutorado), Universidade
Estadual de Campinas, Campinas – São Paulo.
Araújo E.L. e Ferraz E.M.N. 2004. Amostragem da vegetação e índices de diversidade.
In: Albuquerque U.P. e Lucena R.F.P. (org) Métodos e técnicas na pesquisa
etnobotânica. p.89-137.
Balée W. 1989. The culture of Amazonian forests. Advances in Economic Botany 7:63-
71.
59
Begossi A.; Hanazaki N. e Tamashiro J.Y. 2002. Medicinal Plants in the Atlantic Forest
(Brazil): Knowledge, Use, and Conservation. Human Ecology 30: 281-299.
Caruaru O Portal. 2003. Disponível em: http://www.caruaru.com.br/geografia.htm.
Acessado em: 01 out.
Coley P.D.; Bryant J.P. e Chapin F.S. 1985. Resource availability and plant anti-
herbivore defense. Science, 230: 895-899.
Cunha L.V.F.C. 2004. Etnobotânica Nordestina: um estudo em comunidade rural do
município de Rio Formoso, Pernambuco, Brasil. Dissertação (Mestrado)
Universidade Federal de Pernambuco, CCB. Biologia Vegetal. Recife - Pernambuco.
Diegues A.C. e Arruda R.S.V. (org). 2001. Saberes Tradicionais e Biodiversidade no
Brasil. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. São Paulo: USP, Biodiversidade – 4.
Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária. 2003. Disponível em: http:
//www.ipa.br. Acessado em: 05 out.
Feeny P. 1976. Plant Apparency and Chemical Defense. In: Wallace J.W. e Nansel R.
L. (eds). Biological Interactions Between Plants and Insects. Recent Advances in
Phytochemistry 10:1– 40. Plenum Press, New York.
Ferraz J.S.F. 2004. Uso e diversidade da vegetação lenhosa as margens do Riacho do
Navio município de Floresta (PE). Dissertação (Mestrado) Universidade Federal
Rural de Pernambuco, PPGCF. Engenharia Florestal. Recife - Pernambuco.
Figueiredo G.M.; Leitão-Filho H.F. e Begossi A. 1993. Ethnobotany of atlantic Forest
coastal communities: diversity of plant uses in Gamboa (Itacuruçá Island, Brazil).
Human Ecology 21: 419-430.
Galeano G. 2000. Forest use at the Pacific Coast of Chocó, Colômbia: a quantitative
approach. Economic Botany 54: 358-376.
60
Gomez-Beloz A. 2002. Plant use knowledge of the Winikina Warao: the case for
questionnaires in ethnobotany. Economic Botany 56: 231-241.
Hanazaki N.; Tamashiro J.Y.; Leitão-Filho H.F. e Begossi A. 2000. Diversity of plant
uses in two Caiçaras communities from the Atantic Forest coast, Brazil. Biodiversity
and Conservation 9: 597-615.
Johnston M. e Colquhoun A. 1996. Preliminary ethnobotanical survey of Kurupukari:
na ameridian settlement of Central Guyana. Economic Botany 50: 182-194.
Kristensen M. e Balslev H. 2003. Perceptions, use and availability of woody plants
among the Gourounsi in Burkina Faso. Biodiversity and Conservation 12: 1715-
1739.
Lacuna-Richman C. 2004. Subsistence strategies of an indigenous minority in the
Philippines: nonwood forest product use by Tagbanua of Narra, Palawan. Economic
Botany 58: 266-285.
Ladio A.H. e Lozanda M. 2004. Patterns of use and knowledge of wild edible plants in
distinct ecological environments: a case study of a Mapuche community from
northwestern Patagonia. Biodiversity and Conservation 13: 1153-1173.
Lawrence A.; Phillips O.L.; Reategui A.; Lopez M.; Rose S., Wood D. e Farfan, A. J.
2005. Local values for harvested forest plants in Madre de Dios, Peru: towards a
more contextualised interpretation of quantitative ethnobotanical data. Biodiversity
and Conservation 14: 45-79.
Luoga E.J.; Witkowski E.T.F. e Balkwill K. 2000. Differential utilization and
ethnobotany of trees in Kitulanghalo Forest Reserve and surrounding communal
lands, Eastern Tanzania. Economic Botany 54: 328-343.
61
Lykke A.M. 2000. Local perceptions of vegetation change and priorities for
conservation of woody-savana vegetation in Senegal. Journal of Environmental
Management 59: 107-120.
Lykke A. M.; Kristensen M.K. e Ganaba S. 2004. Valuation of local use and dynamics
of 56 woody species in the Sahel. Biodiversity and Conservation 13: 1961-1990.
Matavele J. e Habib M. 2000. Ethnobotany in Cabo Delgado, Mozambique: use of
medicinal plants. Environment, Development ans Sustainnability 2: 227-234.
Mutchnick P.A. e McCarthy B.C. 1997. An ethnobotanical analysis of the tree species
common to the subtropical moist forests of the Petén, Guatemala. Economic Botany
51: 158-183.
Nolan J.M. e Robbins M.C. 1999. Cultural conservation of medicinal plant use in the
Ozarks. Human Organization 58: 67-72.
Paz y Minõ G.; Balslev H.; Valencia R. e Mena P. 1991. Lianas utilizadas por los
indígenas Siona-Secoya de la Amazonía del Ecuador. Reportes Técnicos 1.
Ecociencia, Quito, Ecuador.
Phillips O. e Gentry A.H. 1993a. The useful plants of Tambopata, Peru: I. Statistical
hypothesis tests with a new quantitative technique. Economic Botany 47: 15-32.
Phillips O. e Gentry A.H. 1993b. The useful plants of Tambopata, Peru: II. Additional
hypothesis testing in quantitative ethnobotany. Economic Botany 47: 33-43.
Rhoades D.F. e Cates R.G. 1976. Toward a General Theory of Plant Antiherbivore
Chemistry. In: Wallace, J. W. e Nansel, R. L. (eds). Biological Interactions Between
Plants and Insects. Recent Advances in Phytochemistry 10: 169 – 213
Rossato S.C.; Leitão-Filho H.F. e Begossi A. 1999. Ethnobotay of Caiçaras of the
Atlantic Forest Coast (Brazil). Economic Botany 53: 387– 395.
62
Salick J.; Biun A.; Martin G.; Apin L. e Beaman R. 1999. Whence useful plants? A
direct relationship between biodiversity and useful plants among the Dusun of Mt.
Kinabalau. Biodiversity and Conservation 8: 797-818.
Shanley P. e Rosa N. 2004. Eroding knowledge: an ethnobotanical inventory in eastern
Amazonia`s logging frontier. Economic Botany 58: 135-160.
Sheikh K.; Ahmad T. e Khan M.A. 2002. Use, exploitation and prospects for
conservation: people and plant biodiversity of Naltar Valley, northwestern
Karakorums, Pakistan. Biodiversity and Conservation 11: 715-742.
Silva V.A. e Albuquerque U.P. 2004. Técnicas para análise de dados etnobotânicos. In:
In: Albuquerque U.P. e Lucena R.F.P. (org) Métodos e técnicas na pesquisa
etnobotânica. p.63-88.
Síntese de Indicadores Municipais. 2003. Fundação de Desenvolvimento Municipal
FIDEM. Disponível em: http://www.fidem.pe.gov.br. 2000. Acessado em: 01 out.
Sokal R.R. e Rholf F.G. 1995. Biometry. New York: Freeman and Company
Tabuti J.R.S.; Dhillon S.S. e Lye K.A. 2003. Firewood use in Bulamogi County,
Uganda: species selection, harvesting and consumption patterns. Biomass and
Bioenergy, 25: 581-596.
Tacher S.I.L.; Rivera R.A.; Romero M. M. M. e Fernández A.D. 2002. Caracterización
del uso tradicional de la flora espontánea en la comunidad Lacandona da Lacanhá,
Chiapas, México. Interciência 27: 512-520.
Taita P. 2003. Use of woody plants by locals in Mare aux Hippopotames Biosphere
reserve in western Burkina Faso. Biodiversity and Conservation 12: 1205-1217.
Torre-Cuadros M.A. e Islebe G.A. 2003. Traditional ecological knowledge and use of
vegetation in southeastern Mexico: a case study from Solferino, Quintana Roo.
Biodiversity and Conservation 12: 2455-2476.
63
Voeks, R.A. 1996. Tropical forest healers and habitat preference. Economic Botany 50:
381-400.
64
Figura 1: Local de trabalho no município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do Brasil).
Riachão de Malhada
de Pedra
65
28
26
21
15
14
7
5
22
0 10 20 30
Combustível
Construção
Medicinal
Tecnologia
Forragem
Etnoveterinário
Alimentação
Outros
Categoria de uso
Riqueza de espécies
Figura 2: Distribuição da riqueza de espécies nas categorias de uso segundo a utilização
pela comunidade de Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru (Pernambuco,
Nordeste do Brasil).
21
12
3
0
5
10
15
20
25
1 a 5 6 a 10 11 a 15
Número de usos por espécie
Número de espécies
Figura 3: Número de usos por espécie segundo a utilização pela comunidade de Riachão
de Malhada de Pedra, município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do Brasil).
13
0
10
20
30
40
50
60
70
Percentual usado
68.1 20.7 4.7 2.6 1 0.9 0.6 0.6 0.4 0.2 0.1 0.07
Madeira Casca Folha Fruto Flor Látex Semente
Todas as
partes
Entrecasc
a
Raíz Resina Embrião
Figura 4: Partes das plantas citadas pela comunidade de Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do Brasil).
13
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0 1 2 3
Valor de Uso
Número de Indivíduos
Toco ( r = 0,46; p>0,05)
Cortado (r = 0,22; p>0,05)
Parcialmente cortado (r = 0,30; p>0,05)
Figura 5: Correlação entre valor de uso e número de indivíduos com sinais de corte
seletivo na área de mata distante 2 km da comunidade de Riachão de Malhada de Pedra,
município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do Brasil).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 1 2 3
Valor de Uso
Número de Indíviduos
Toco (r = 0,33; p>0.05)
Cortado (r = 0,21; p>0,05)
Figura 6: Correlação entre valor de uso e número de indivíduos com sinais de corte
seletivo na área de mata adjacente à comunidade de Riachão de Malhada de Pedra,
município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do Brasil).
14
78.7
11
5.6
2.7 2.7
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0-0,5
0,6-1
1,1-1,5
1,6-2
2,1-2,5
2,6-3
Classe de valor de uso
Porcentagem
Figura 7: Distribuição do percentual de espécies citadas por classe de valor de uso na
comunidade de Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru (Pernambuco,
Nordeste do Brasil).
15
Tabela 1: Táxons utilizados pela comunidade Riachão de Malhada de Pedra, Caruaru,
Pernambuco, Nordeste do Brasil. A1 = área da mata localizada distante 2km da
comunidade. A2 = área da mata adjacente.
Táxon Registro*
Táxons Úteis**
A1 A2 A1 A2
Famílias 16 16 14 14
Gêneros 26 25 24 22
Espécies 32 34 30 31
* G= 0,074, p> 0,05; ** G= 0,09, p> 0,05
73
Tabela 2: Plantas lenhosas, com DNS 3cm usadas pela comunidade rural de Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru
(Pernambuco, Nordeste do Brasil). Categoria de uso: Al = alimentação; Cb = combustível; Ct = construção; Fr = forragem; Me= medicinal; Ot =
outros; Tc = tecnologia, Vt = veterinária. Partes da planta: Ca = casca; Eb = embrião; Ec = entrecasca; Fl = flor; Fo = folha; Fr = fruto; La =
látex; Ma = madeira; Ra = raiz; Re = resina; Se = semente; Tp = toda as partes.
Família
Espécie
Nome
Vernacular
Registro
PEUFR
Usos Partes da Planta
Anacardiaceae
Myracroduon urundeuva (Engl.) Fr. All.
Schinopsis brasiliensis Engl.
Aroeira
Brauna
Cb, Ct, Fr, Me, Ot, Vt
Cb, Ct, Fr, Me, Ot, Tc
Ca, Ec, Fo, Ma, Ra
Ca, Ec , Fr, Ma, Re
Bombacaceae
Chorisia glaziovii (O. Kuntze) E. Santos
Barriguda
Me, Ot
Fo, Fr
Boraginaceae
Cordia trichotoma (Vel.) Arráb. ex Steud.
Cordia globosa (Jacq.) Humb., Bompl. &
Kunth
Frei Jorge
Maria Preta
44266
44238
Cb, Ct, Ot, Tc
Cb, Ct, Ot
Ma
Ma
Burseraceae
Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet
Umburana
43840
Cb, Ct, Fr, Me, Ot, Tc
Fo, Fr, La, Ma, Tp
Caesalpiniaceae
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.
Caesalpinia pyramidalis Tul.
Mororó
Catingueira
43839
44239
Cb, Ct, Me
Cb, Ct, Me, Ot
Fl, Fo, Ma
Ca, Fl, Fo, Ma, Ra, Tp
Capparaceae
Capparis jacobinae Moric.
Capparis hastata L.
Incó
Feijão-de-boi
43823
43822
Al, Cb, Fr, Me, Tc
Cb, Ct, Fr, Tc
Ca, Fr, Ma
Fo, Ma
74
Continuação
Clusiaceae
Clusia sp.
Gameleira
Cb, Ot
Ma
Euphorbiaceae
Croton argyroglossum Baill.
Croton blanchetianus Baill.
Croton rhamnifolius Kunth.
Jatropha curcas L.
Jatropha mollissima (Pohl) Baill.
Manihot cf. dichotoma Ule
Sapium sp.
Sebastiana jacobinensis (Mull. Arg.) Mull. Arg.
Velame Branco
Marmeleiro
Velame
Pinhão Manso
Pinhão Brabo
Maniçoba
Burra Leiteira
Leiteiro
44267
43833
43804
43838
43809
43816
44245
Cb, Me
Cb, Ct, Fr, Me, Ot, Tc, Vt
Cb, Ct, Fr, Me, Ot, Tc
Etv, Me, Ot
Ct, Me, Ot, Vt
Ct, Ot
Ct, Fr, Ot
Cb, Ct, Me, Tc
Ca, Fo, Ma, RA
Ca, Fo, Ma, Ra, Se
Ca, Fo, Ma, Se
Eb, Ma, Se, Tp
La, Ma, Se, Tp
Fl, Fo, Ma
Fr, La, Ma
Ca, Ma
Malpighiaceae
Malpighiaceae 1
Rama Branca
Cb, Ct, Tc
Ma
Meliaceae
Cedrela odorata L.
Cedro
44265
Ct, Me, Ot, Tc
Ca, Ma, Tp
Mimosaceae
Acacia sp.
Acacia farnesiana (L.) Willd.
Acacia paniculata Willd.
Acacia piauhienses Benth.
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam
Parapiptadenia sp.
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke
Rapadura
Jurema Branca
Unha-de-gato
Calombi Branco
Angico
Miguel Correia
Calombi
44262
43811
44241
43824
44268
Cb
Cb, Ct, Me, Ot
Cb, Fr, Ot
Cb, Ct, Ot
Cb, Ct, Fr, Me, Ot, Tc, Vt
Cb, Ct, Ot
Cb, Ct, Fr
Ma
MA
Ec, Fo, Ma
Ma
Ca, Ec, Fo, Fr, Ma
Ma, Tp
Fo, Ma
Myrtaceae
Eugenia sp.
Eugenia uvalha Camb.
Myrciaria sp.
Batinga
Ubaia
Jaboticaba
Al, Cb, Ct, Fr
Al, Cb, Ct, Fr, Tc
Cb, Ct, Fr, Me, Tc
Fr, Ma
Fr, Ma
Ca, Ec, Fl, Fr, Ma
75
Continuação
Nyctaginaceae
Guapira laxa (Netto) Furlan
Piranha
44264
Ct, Etv, Me, Ot
Ca, Fo, Ma
Rhamnaceae
Zizyphus joazeiro Mart.
Juá
Al, Cb, Ct, Me, Vt
Ca, Fo, Fr, Ma
Solanaceae
Capsicum parvifolium Sendtm.
Pimentinha
43844
Cb, Fr, Tc
Fl, Fr, Ma, Se
Verbenaceae
Lantana camara L.
Lippia sp.
Chumbinho
Camarazinha
43851
Cb, Me
Me, Tc
Fl, Fo, Ma, Se
Fl, Ma
76
Tabela 3: Número de espécies e citações de uso por categoria utilitária registrados na
comunidade de Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru (Pernambuco,
Nordeste do Brasil).
Categoria de uso Nº de Espécies Nº de Citações (%)
Alimentação 5 23 (1,6)
Combustível 28 416 (29,1)
Construção 26 392 (27,4)
Veterinária 7 17 (1,2)
Forragem 14 27 (1,9)
Medicinal 21 316 (22,1)
Tecnologia 15 131 (9,2)
Outros 22 106 (7,5)
2
χ
= 69.29, p < 0,001
77
Tabela 4: Espécies lenhosas, com DNS 3cm, usadas na comunidade rural de Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru
(Pernambuco, Nordeste do Brasil). Resultados dos parâmetros fitossociológicos e do valor de uso de cada espécie, onde A1 = área florestal
localizada distante 2km da comunidade de Riachão de Malhada de Pedra, e A2 = área florestal localizada adjacente à comunidade de Riachão de
Malhada de Pedra. VU = valor de uso. VI = valor de importância.
Família
VU
Geral
Densidade
Relativa
Dominância
Relativa
Freqüência
Relativa
VI
Área Basal
VI x VU
Espécie A1 A2 A1 A2 A1 A2 A1 A2 A1 A2 A1 A2
Anacardiaceae
Myracroduon urundeuva
(Engl.) Fr. All.
Schinopsis brasiliensis Engl.
1,62
1,85
1,38
2,00
1,59
0,41
0,96
0,11
0,85
6,28
3,27
3,02
15,34
0,11
15,24
8,40
4,73
1,58
3,92
0,34
2,59
16,68
9,58
5,00
20,22
0,56
18,67
1,47
0,76
0,71
3,41
0,02
3,39
27,02 32,75
Bombacaceae
Chorisia glaziovii (O. Kuntze)
E. Santos
0,10
0,10
0,16
0,16
-
-
0,67
0,67
-
-
0,76
0,53
-
-
1,59
1,36
-
-
0,15
0,15
-
-
0,15 -
Boraginaceae
Cordia trichotoma (Vel.)
Arráb. ex Steud.
Cordia globosa (Jacq.)
Humb., Bompl. & Kunth
0,19
0,30
0,08
6,53
-
6,53
2,02
0,37
1,65
2,40
-
2,40
0,59
0,16
0,43
8,14
-
5,60
4,41
1,03
2,59
17,07
-
14,53
7,02
1,57
4,66
0,56
-
0,56
0,13
0,03
0,09
3,24 1,33
Burseraceae
Commiphora leptophloeos
(Mart.) J. B. Gillet
0,50
0,5
1,67
1,67
2,50
2,50
2,75
2,75
4,76
4,76
7,12
4,90
6,13
4,31
11,55
9,33
13,38
11,57
0,64
0,64
1,05
1,05
5,75 6,69
Caesalpiniaceae
Bauhinia cheilantha (Bong.)
Steud.
Caesalpinia pyramidalis Tul.
0,99
0,78
1,21
16,07
3,96
12,11
14,45
3,72
10,73
26,86
2,45
24,41
19,74
2,08
17,65
12,72
3,85
8,76
11,52
4,31
8,10
55,65
10,26
45,28
45,71
10,11
36,49
6,32
0,57
5,74
4,39
0,46
3,92
55,09 45,25
Capparaceae
Capparis jacobinae Moric.
Capparis hastata L.
0,40
0,12
0,68
0,57
0,12
0,45
8,34
0,48
7,86
0,79
0,05
0,75
6,52
0,43
6,09
2,54
0,35
1,58
9,56
1,03
6,72
3,91
0,52
2,77
24,42
1,94
20,68
0,18
0,01
0,17
1,45
0,09
1,35
1,56 9,76
78
Continuação
Clusiaceae
Clusia sp.
0,02
0,02
0,04
0,04
-
-
0,12
0,12
-
-
0,25
0,18
-
-
0,41
0,33
-
-
0,02
0,02
-
-
0,0082
-
Euphorbiaceae
Croton argyroglossum Baill.
Croton blanchetianus Baill.
Croton rhamnifolius Kunth.
Jatropha curcas L.
Jatropha mollissima (Pohl)
Baill.
Manihot cf. dichotoma Ule
Sapium sp.
Sebastiana jacobinensis (Mull.
Arg.) Mull. Arg.
0,23
0,08
0,75
0,18
0,10
0,34
0,08
0,30
0,05
40,74
-
35,97
-
0,08
1,71
0,20
1,63
1,14
14,08
4,57
4,41
0,32
-
0,16
-
1,01
3,51
39,10
-
36,69
-
0,02
0,46
0,11
1,18
0,64
8,57
1,87
3,62
0,12
-
0,03
-
0,96
1,45
12,72
-
8,76
-
0,35
4,90
0,88
4,55
2,63
10,29
2,07
2,59
1,03
-
0,34
-
2,07
3,62
92,56
-
81,42
-
0,45
7,08
1,19
7,36
4,41
32,90
8,51
10,61
1,48
-
0,53
-
4,04
8,58
9,20
-
8,64
-
0,005
0,10
0,02
0,27
0,15
1,90
0,41
0,80
0,02
-
0,007
-
0,21
0,32
21,28
7,56
Malpighiaceae
Malpighiaceae 1
0,12
0,12
3,71
3,71
15,94
15,94
2,323
2,32
8,91
8,91
7,12
4,90
11,76
8,28
13,16
10,93
36,61
33,13
0,54
0,54
1,98
1,98
1,57 4,39
Meliaceae
Cedrela odorata L.
0,22
0,22
-
-
0,16
0,16
-
-
0,50
0,50
-
-
0,74
0,52
-
-
1,39
1,17
-
-
0,11
- 0,30
Mimosaceae
Acacia sp.
Acacia farnesiana (L.) Willd.
Acacia paniculata Willd.
Acacia piauhienses Benth.
Anadenanthera colubrina
(Vell.) Brenam
Parapiptadenia sp.
Piptadenia stipulacea (Benth.)
Ducke
0,56
0,03
0,15
0,23
0,42
2,66
0,08
0,38
15,09
4,28
0,24
-
0,37
6,20
0,24
3,75
24,71
6,59
3,72
1,33
2,50
2,92
5,53
2,13
10,98
2,76
0,43
-
0,21
6,60
0,11
0,88
22,93
5,82
5,01
0,78
1,28
4,40
4,94
0,70
12,21
2,80
1,05
-
1,40
7,36
0,35
7,36
12,01
4,14
4,31
2,76
4,48
2,93
3,62
4,31
38,29
9,84
1,72
-
1,97
20,15
0,71
11,99
59,65
16,55
13,04
4,86
8,26
10,25
14,09
7,13
2,58
0,64
0,10
-
0,04
1,55
0,02
0,20
5,10
1,29
1,11
0,17
0,28
0,97
1,10
0,15
21,44 33,40
2,54
79
Myrtaceae
Eugenia sp.
Eugenia uvalha Camb.
Myrciaria sp.
0,18
0,08
0,19
0,29
3,26
3,22
-
0,04
2,34
1,06
1,01
0,27
2,83
2,82
-
0,00
4,67
3,27
1,04
0,36
8,40
5,78
-
0,18
7,11
2,24
2,59
0,86
14,49
11,83
-
0,22
14,12
6,58
4,64
1,49
0,66
0,66
-
0,0008
1,03
0,72
0,23
0,07
2,60
Nyctaginaceae
Guapira laxa (Netto) Furlan
0,19
0,19
0,20
0,20
1,28
1,28
0,14
0,14
0,45
0,45
1,02
0,70
4,41
3,10
1,37
1,05
6,14
4,83
0,03
0,03
0,10
0,10
0,26 1,16
Rhamnaceae
Zizyphus joazeiro Mart.
0,81
0,81
-
-
0,05
0,05
-
-
0,09
0,09
-
-
0,25
0,17
-
-
0,39
0,31
-
-
0,01
0,01
-
0,20
Solanaceae
Capsicum parvifolium Sendtm.
0,09
0,09
6,40
6,40
11,26
11,26
2,97
2,97
5,83
5,83
9,67
6,65
12,01
8,45
19,04
16,02
29,11
25,54
0,69
0,69
1,29
1,29
1,71 2,61
Verbenaceae
Lantana camara L.
Lippia sp.
0,08
0,13
0,03
2,37
1,22
0,33
1,49
-
-
1,18
0,54
0,17
0,45
-
-
5,34
2,63
0,70
4,90
-
-
8,89
4,39
1,20
6,84
-
-
0,27
0,12
0,04
0,09
-
-
0,71 0,54
81
Tabela 5: Número de citações e valor de uso das espécies lenhosas, com DNS 3cm usadas na comunidade rural de Riachão de Malhada de
Pedra, município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do Brasil). VU = valor de uso.
Família
Totais
Citações
Homem
Mulher
Total
VU
Homem
Mulher
Espécie
Anacardiaceae
Myracroduon urundeuva (Engl.) Fr. All.
Schinopsis brasiliensis Engl.
182
136
83
80
99
56
1,85
1,38
1,93
1,86
1,80
1,01
Bombacaceae
Chorisia glaziovii (O. Kuntze) E. Santos
10
6
4
0.10
0,13
0,07
Boraginaceae
Cordia trichotoma (Vel.) Arráb. ex Steud.
Cordia globosa (Jacq.) Humb., Bompl. & Kunth.
30
8
14
5
16
3
0,30
0,08
0,32
0,11
0,29
0,05
Burseraceae
Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet
49
30
19
0,5
0,69
0,34
Caesalpiniaceae
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.
Caesalpinia pyramidalis Tul.
77
119
45
65
32
54
0,78
1,21
1,04
1,51
0,58
0,98
Capparaceae
Capparis jacobinae Moric.
Capparis hastata L.
12
11
1
0,12
0,68
0,25
0,93
0,01
0,49
Clusiaceae
Clusia sp.
2
2
0
0,02
0,04
0,00
Euphorbiaceae
Croton argyroglossum Baill.
Croton blanchetianus Baill.
Croton rhamnifolius Kunth.
Jatropha curcas L.
8
74
18
10
8
46
11
7
0
28
7
3
0,08
0,75
0,18
0,10
0,18
1,06
0,25
0,16
0,00
0,50
0,12
0,05
82
Continuação
Jatropha mollissima (Pohl) Baill.
Manihot cf. dichotoma Ule
Sapium sp.
Sebastiana jacobinensis (Mull. Arg.) Mull. Arg.
34
8
30
5
16
4
21
4
18
4
9
1
0,34
0,08
0,30
0,05
0,37
0,09
0,48
0,09
0,32
0,07
0,16
0,01
Malpighiaceae
Malpighiaceae 1
12
11
1
0,12
0,25
0,01
Meliaceae
Cedrela odorata L.
22
15
7
0,22
0,34
0,12
Mimosaceae
Acacia sp.
Acacia farnesiana (L.) Willd.
Acacia paniculata Willd.
Acacia piauhienses Benth.
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam
Parapiptadenia sp.
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke
3
15
23
42
261
8
38
2
12
14
24
134
6
22
1
3
9
18
127
2
16
0,03
0,15
0,23
0,42
2,66
0,08
0,38
0,04
0,27
0,32
0,55
3,11
0,13
0,51
0,01
0,05
0,16
0,32
2,30
0,003
0,29
Myrtaceae
Eugenia sp.
Eugenia uvalha Camb.
Myrciaria sp.
8
19
29
7
18
21
1
1
8
0,08
0,19
0,29
0,16
0,41
0,48
0,01
0,01
0,14
Nyctaginaceae
Guapira laxa (Netto) Furlan
19
10
9
0,19
0,23
0,16
Rhamnaceae
Zizyphus joazeiro Mart.
80
39
41
0,81
0,90
0,74
Solanaceae
Capsicum parvifolium Sendtm.
9
5
4
0,09
0,11
0,07
Verbenaceae
Lantana camara L.
Lippia sp.
13
3
8
3
5
0
0,13
0,03
0,18
0,06
0,09
0,00
69
Tabela 6: Valor de uso médio por categoria utilitária registrada na comunidade de
Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru (Pernambuco, Nordeste do Brasil).
Categorias
de uso*
Valor de Uso
Média
±
Desvio
Padrão
Nº de
Espécies
Espécies que se destacam
Alimentação 0,30 ± 0,29 5 Zizyphus joazeiro.
Combustível 0,48 ± 0,62 28 Myracroduon urundeuva,
Schinopsis brasiliensis e
Caesalpinia pyramidalis.
Construção 0,54 ± 0,62 26 Anadenanthera colubrina,
Myracroduon urundeuva e
Schinopsis brasiliensis.
Veterinária 0,96 ± 0,95 7 Anadenanthera colubrina.
Forragem 0,67 ± 0,77 14 Anadenanthera colubrina,
Myracroduon urundeuva e
Schinopsis brasiliensis.
Medicinal 0,56 ± 0,69 21 Anadenanthera colubrina,
Myracroduon urundeuva e
Schinopsis brasiliensis.
Tecnologia 0,50 ± 0,69 15 Anadenanthera colubrina e
Schinopsis brasiliensis.
Outros 0,54 ± 0,67 22 Anadenanthera colubrina,
Myracroduon urundeuva e
Caesalpinia pyramidalis.
*As diferenças entre as categorias não são significativas pelo teste de Kruskal-Wallis a 5% de
probabilidade.
69
ANEXOS
70
ANEXO I
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DA REVISTA
Biodiversity and Conservation
Manuscript submission
Kluwer Academic Publishers request the submission of manuscripts and figures
in electronic form in addition to a hard-copy printout. The preferred storage medium for
yourelectronic manuscript is a 3 1/2 inch diskette. Please label your diskette properly,
givingexact details on the name(s) of the file(s), the operating system and software
used.Always save your electronic manuscript in the word processor format that you
use;conversions to other formats and versions tend to be imperfect. In general, use as
fewformatting codes as possible. For safety‘s sake, you should always retain a backup
copyof your file(s). After acceptance, please make absolutely sure that you send the
latest(i.e., revised) version of your manuscript, both as hard-copy printout and on
diskette (submission in electronic form of the final version of your article is
compulsory).
Kluwer Academic Publishers prefer articles submitted in word processing
packagessuch as MS Word,WordPerfect, etc. running under operating systems MS
DOS, Windows and Apple Macintosh, or in the file format LaTeX. Articles submitted
in other software programs can also be accepted. For submission in LaTeX, Kluwer
Academic Publishers have developed a Kluwer LaTeX class file, which can be
downloaded from: http://www.wkap.nl/authors/jrnlstylefiles/
Use of this class file is highly recommended. Do not use versions downloaded from
other sites. Technical support is available at: tex[email protected]. If you are not familiar
with TeX/LaTeX, the class file will be of no use to you. In that case, submit your article
in a common word processor format.
71
For the purpose of reviewing (authors may suggest the names/addresses of up to
3 persons who might be appropriate reviewers of their article), articles for publication
should be submitted as hardcopy printout (in triplicate - please provide 2 sets of original
figures and 1 set of copies) and on diskette to:
Journals Editorial Office, Biodiversity and Conservation, P.O. Box 990, 3300 AZ Dordrecht, The
Netherlands, Fax: +31-78-6576904.
The journal also publishes Editorials, Comments and Research notes. These
types of articles should be submitted to the Journals Editorial Office in the usual way,
but authors should clearly indicate that they are Editorials, Comments or Research
notes.
Manuscript Presentation
The journal‘s language is English. British English or American English spelling
andterminology may be used, but either one should be followed consistently throughout
thearticle. Manuscripts should be printed or typewritten on A4 or US Letter bond
paper,one side only, leaving adequate margins on all sides to allow reviewers‘ remarks.
Pleasedouble-space all material, including notes and references. Quotations of more
than 40words should be set off clearly, either by indenting the left-hand margin or by
using asmaller typeface. Use double quotation marks for direct quotations and single
quotationmarks for quotations within quotations and for words or phrases used in a
special sense.
Number the pages consecutively with the first page containing:
running head (shortened title); title; author(s) ; affiliation(s); full address for correspondence,
including telephone and fax number and e-mail address
72
Abstract
Please provide a short abstract of 100 to 250 words. The abstract should not contain
anyundefined abbreviations or unspecified references.
Key words
Please provide 5 to 10 key words or short phrases in alphabetical order.
Abbreviations
Abbreviations and their explanations should be collected in a list.
Symbols and units
Please use the recommended SI units.
Nomenclature
The correct names of organisms conforming with the international rules of
nomenclaturemust be used. Descriptions of new taxa should not be submitted unless a
specimen hasbeen deposited in a recognized collection and it is designated as a type
strain in the paper.Biodiversity and Conservation uses the same conventions for the
genetics nomenclature of bacteria, viruses, transposable elements, plasmids and
restriction enzymes as the American Society for Microbiology journals.
Figures and tables
Submission of electronic figures
In addition to two hard-copy printouts of figures, authors are requested to supply
theelectronic versions of figures in either Encapsulated PostScript (EPS) or TIFF
format.Many other formats, e.g., Microsoft Postscript, PiCT (Macintosh) and WMF
(Windows), cannot be used and the hard copy will be scanned instead.
73
Figures should be saved in separate files without their captions, which should
beincluded with the text of the article. Files should be named according to DOS
conventions, e.g., ‘figure1.eps‘. For vector graphics, EPS is the preferred format.
Linesshould not be thinner than 0.25 pts and in-fill patterns and screens should have a
densityof at least 10%. Font-related problems can be avoided by using standard fonts
such asTimes Roman and Helvetica. For bitmapped graphics, TIFF is the preferred
format butEPS is also acceptable. The following resolutions are optimal: black-and-
white linefigures - 600-1200 dpi; line figures with some grey or coloured lines - 600
dpi; photographs - 300 dpi; screen dumps - leave as is. Higher resolutions will not
improve outputquality but will only increase file size, which may cause problems with
printing; lowerresolutions may compromise output quality. Please try to provide
artwork that approximately fits within the typeset area of the journal. Especially
screened originals, i.e.originals with grey areas, may suffer badly from reduction by
more than 10-15%.
AVOIDING PROBLEMS WITH EPS GRAPHICS
Please always check whether the figures print correctly to a PostScript printer in
areasonable amount of time. If they do not, simplify your figures or use a
differentgraphics program. If EPS export does not produce acceptable output, try to
create an EPS file with theprinter driver (see below). This option is unavailable with the
Microsoft driver forWindows NT, so if you run Windows NT, get the Adobe driver
from the Adobe site(www.adobe.com). If EPS export is not an option, e.g., because
you rely on OLE and cannot createseparate files for your graphics, it may help us if you
simply provide a PostScript dumpof the entire document.
HOW TO SET UP FOR EPS AND POSTSCRIPT DUMPS UNDER WINDOWS
74
Create a printer entry specifically for this purpose: install the printer ‘Apple
LaserwriterPlus‘ and specify ‘FILE‘ as printer port. Each time you send something to
the ‘printer‘you will be asked for a filename. This file will be the EPS file or PostScript
dump that wecan use. The EPS export option can be found under the PostScript tab.
EPS export should beused only for single-page documents. For printing a document of
several pages, select‘Optimise for portability‘ instead. The option ‘Download header
with each job‘ shouldbe checked.
Submission of hard-copy figures
If no electronic versions of figures are available, submit only high-quality
artwork thatcan be reproduced as is, i.e., without any part having to be redrawn or re-
typeset. Theletter size of any text in the figures must be large enough to allow for
reduction.Photographs should be in black-and-white on glossy paper. If a figure
contains colour,make absolutely clear whether it should be printed in black-and-white or
in colour. Figures that are to be printed in black-and-white should not be submitted in
colour.Authors will be charged for reproducing figures in colour. Each figure and table
should be numbered and mentioned in the text. The approximate position of figures and
tables should be indicated in the margin of the manuscript. On the reverse side of each
figure, the name of the (first) author and the figure number should be written in pencil;
the top of the figure should be clearly indicated. Figures and tables should be placed at
the end of the manuscript following the Reference section. Each figure and table should
be accompanied by an explanatory legend. The figurelegends should be grouped and
placed on a separate page. Figures are not returned tothe author unless specifically
requested.
75
In tables, footnotes are preferable to long explanatory material in either the
headingor body of the table. Such explanatory footnotes, identified by superscript
letters,should be placed immediately below the table.
Section headings
First-, second-, third-, and fourth-order headings should be clearly
distinguishable butnot numbered.
Appendices
Supplementary material should be collected in an Appendix and placed before
the Notesand Reference sections.
Notes
Please use endnotes rather than footnotes. Notes should be indicated by
consecutivesuperscript numbers in the text and listed at the end of the article before the
References.A source reference note should be indicated by means of an asterisk after the
title. Thisnote should be placed at the bottom of the first page.
Cross-referencing
In the text, a reference identified by means of an author‘s name should be
followed by thedate of the reference in parentheses and page number(s) where
appropriate. When thereare more than two authors, only the first author‘s name should
be mentioned, followedby et al.‘. In the event that an author cited has had two or more
works published duringthe same year, the reference, both in the text and in the reference
list, should be identifiedby a lower case letter like ‘a‘ and ‘b‘ after the date to
distinguish the works.
76
Examples:
Winograd (1986, p. 204); (Winograd 1986a, b); (Winograd 1986; Flores et al. 1988); (Bullen and Bennett
1990)
Acknowledgements
Acknowledgements of people, grants, funds, etc. should be placed in a separate
sectionbefore the References.
References
References to books, journal articles, articles in collections and conference or
workshopproceedings, and technical reports should be listed at the end of the article in
alphabetical order. Articles in preparation or articles submitted for publication,
unpublishedobservations, personal communications, etc. should not be included in the
reference listbut should only be mentioned in the article text (e.g., T. Moore, personal
communication). References to books should include the author‘s name; year of
publication; title; pagenumbers where appropriate; publisher; place of publication, in the
order given in theexample below.
Struhsaker T.T. 1997. Ecology of an African Rain Forest. University Press of
Florida,Gainesville, Florida
References to articles in an edited collection should include the author‘s name;
year ofpublication; article title; editor‘s name; title of collection; first and last page
numbers;publisher; place of publication, in the order given in the example below.
Banage W.B. and Visser S.A. 1967 Micro-organisms and nematodes from a virgin
bushsite in Uganda. In: Graff O and Satchell J.E. (eds), Progress in Soil Zoology, pp 93-
125.North-Holland, Amsterdam, pp. 93-125.
77
References to articles in conference proceedings should include the author‘s
name;year of publication; article title; editor‘s name (if any); title of proceedings; first
and lastpage numbers; place and date of conference; publisher and/or organization from
whichthe proceedings can be obtained; place of publication, in the order given in the
examplebelow.
Stewart J.M. 1992. Subsidence in cultivated peatlands. In: Aminuddin B.Y. (ed),
TropicalPear, Proceedings of International Symposium on Tropical Peatland, Kuching,
Sarawak, Malaysia, 6-10 May 1991, pp 199-200. Malaysia Agricultural Research
Development Institute & Department of Agriculture, Sarawak, Malaysia, pp. 199-200.
References to articles in periodicals should include the author‘s name; year of
publication; article title; full title of periodical; volume number (issue number where
appropriate); first and last page numbers, in the order given in the example below.
Swaine M.D., Lieberman D. and Putz F.E. 1987. The dynamics of tree populations in
tropical forests: a review. Journal of Tropical Ecology 3: 359-366.
References to technical reports or doctoral dissertations should include the
author‘sname; year of publication; title of report or dissertation; institution; location of
insti-tution, in the order given in the example below.
Dranzoa C. 1995. Bird populations in unlogged and logged forests of Kibale
forestnational park, Uganda. Ph.D. thesis, Makerere University, Kampala.
Proofs
Proofs will be sent to the corresponding author. One corrected proof, together
with theoriginal, edited manuscript, should be returned to the Publisher within three
days ofreceipt by mail (airmail overseas).
78
Offprints
Fifty offprints of each article will be provided free of charge. Additional
offprintscan be ordered by means of an offprint order form supplied with the proofs.
Page charges and colour figures
No page charges are levied on authors or their institutions. Colour figures are
publishedat the author‘s expense only.
Copyright
Authors will be asked, upon acceptance of an article, to transfer copyright of the
articleto the Publisher. This will ensure the widest possible dissemination of
information undercopyright laws.
Permissions
It is the responsibility of the author to obtain written permission for a quotation
fromunpublished material, or for all quotations in excess of 250 words in one extract or
500words in total from any work still in copyright, and for the reprinting of figures,
tablesor poems from unpublished or copyrighted material.
Springer Open Choice
In addition to the normal publication process (whereby an article is submitted to
the journal and access to that article is granted to customers who have purchased a
subscription), Springer now provides an alternative publishing option: Springer Open
Choice. A Springer Open Choice article receives all the benefits of a regular
subscription-based article, but in addition is made available publicly through Springers
online platform SpringerLink. To publish via Springer Open Choice, upon acceptance
please visit www.springeronline.com/openchoice to complete the relevant order form
and provide the required payment information. Payment must be received in full before
79
publication or articles will publish as regular subscription-model articles. We regret that
Springer Open Choice cannot be ordered for published articles.
Additional information
Additional information can be obtained from:
Biodiversity and Conservation
Kluwer Academic Publishers
P.O. Box 17
3300 AA Dordrecht
The Netherlands
Fax: +31-78-6576254
Internet: http://www.wkap.nl
80
ANEXO II
Formulário Básico
1 – Nome completo
2 – Apelido
3- Sexo
4 – Ocupação
5 – Estado civil
6 – Local de nascimento
7 – Tempo de moradia
8 – Procedência (caso seja de outro lugar)
9 – Renda mensal
10 – Plantas que conhece da mata
11 – Plantas que apresentam utilidade
12 – Como adquiriu o conhecimento do uso dessas plantas
13 – Uso das plantas e suas especificidades
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo