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HENRIQUE MARTINS ROCHA
FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO NO PROCESSO
DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
Tese apresentada à Faculdade de
Engenharia do Campus de
Guaratinguetá, Universidade
Estadual Paulista, para a obtenção
do título de Doutor em Engenharia
Mecânica na área de Transmissão e
Conversão de Energia.
Orientador: Prof. Dr. Mauricio Cesar Delamaro
Co-orientador: Prof. Dr. Heitor Luiz Murat de Meirelles Quintella
Guaratinguetá
2009
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R672f
Rocha, Henrique Martins
Fatores críticos de sucesso no processo de
desenvolvimento de produtos / Henrique Martins Rocha -
Guaratinguetá : [s.n.], 2009
276 f.: il.
Bibliografia: f. 245-272
Tese (Doutorado) Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, 2009
Orientador: Prof. Dr. Maurício César Delamaro
Co-orientador: Prof. Dr. Heitor Luiz Murat de Meirelles
Quintella
1. Veículos a motor I. Título
CDU 629.7
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DADOS CURRICULARES
HENRIQUE MARTINS ROCHA
NASCIMENTO 11.05.1960 – RIO DE JANEIRO / RJ
FILIAÇÃO Aristides Rocha Filho
Maria José Martins Rocha
1978/1982 Curso de Graduação
Faculdade de Engenharia – Universidade do Estado do
Rio de Janeiro
2001/2002 Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial, nível
lato sensu, na Fundação Getúlio Vargas
2002/2003 Curso de Pós-Graduação em Finanças Empresariais,
nível lato sensu, na Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro
2003/2005 Curso de Pós-Graduação em Sistemas de Gestão, nível
de Mestrado, na Universidade Federal Fluminense
2006/2009 Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica,
nível de Doutorado na Faculdade de Engenharia do
Campus de Guaratinguetá da UNESP
À minha esposa Ligia, por seu amor e por me fazer ver que somos donos de nosso
destino e que, portanto, não existe o impossível.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Fernando Marins, pela gentil acolhida na FEG e pelo voto de
confiança dado.
Ao meu amigo Uálison, por mais uma vez descobrir os novos caminhos e me
incentivar a segui-lo.
Ao orientador, Prof. Dr. Maurício Delamaro, pela confiança e suporte prestado.
Ao co-orientador, Prof. Dr. Heitor Quintella, pela nova oportunidade de repetir o
sucesso.
E a minha amada esposa, Ligia, por fazer parte de minha vida.
.
“The only limit to our realization of
tomorrow will be our doubts of today”
Franklin D. Roosevelt
“Tudo no mundo é estranho e é maravilhoso
para um par de pupilas bem abertas”
José Ortega Y Gasset
“Um homem que ousa desperdiçar uma hora
do tempo, não descobriu o valor da vida”
Charles Darwin
ROCHA, H. M. Fatores críticos de sucesso no processo de desenvolvimento de
produtos. 2009. 275f. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) Faculdade de
Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista,
Guaratinguetá, 2009.
RESUMO
Este estudo buscou identificar os fatores críticos de sucesso dos processos de
desenvolvimento de produtos na indústria automotiva situada na região Sul-
fluminense. Os referenciais teóricos utilizados são os fatores críticos de sucesso de
Rockart. Partindo da literatura existente sobre o assunto e das deduções obtidas por
prognósticos, foram identificados oito fatores críticos de sucesso. Estes foram
avaliados por meio de pesquisa, na forma de entrevistas e questionários (método
Delphi) em duas montadoras instaladas na citada região. Utilizando o método
hipotético-dedutivo, os resultados foram testados estatisticamente e pelo método da
lógica paraconsistente. Sete fatores foram considerados críticos para os processos de
desenvolvimento de produtos: gerenciamento de custos e orçamentos; gerenciamento
do tempo e prazos; posicionamento estratégico definido para o produto; atendimento
das necessidades dos clientes; alinhamento organizacional; características do time de
desenvolvimento; e processos de trabalho estabelecidos pelas organizações para o
desenvolvimento de seus novos produtos.
PALAVRAS-CHAVE: fatores críticos de sucesso, veículos automotivos,
desenvolvimento de produtos
ROCHA, H. M. Critical success factors for product development processes. 2009.
275f. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia do
Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2009.
ABSTRACT
This research purported to identify the critical success factors for the product
development process used by the automotive industry in southern Rio de Janeiro state,
Brazil. The theoretical referential used in this research was Rockart’s critical success
factors. Having the existing literature about the subject and prognostic deductions as
start points for this study, eight critical success factors have been identified and
evaluated through research interviews and questionnaires applied in two automaker
plants in the Southern State of Rio de Janeiro, Brazil. Through the hypothetical-
deductive method, results have been statistical tested and also submitted to the
paraconsistent logic evaluation. Seven success factors have been considered critical:
management of costs and budgets, deadlines and time management, product strategic
positioning, customer needs fulfillment, organizational alignment, characteristics of
the development team, and work processes established by the organizations for new
product development.
KEYWORDS: critical success factors, automotive vehicles, product development
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Estrutura lógica da pesquisa ..............................................................22
FIGURA 2 – Autoveículos produzidos no Brasil ....................................................27
FIGURA 3 – Empresas associadas à ANFAVEA – Unidades industriais ..............29
FIGURA 4 – O processo da pesquisa ......................................................................32
FIGURA 5 – O processo da pesquisa (detalhe com refinamento da questão).........37
FIGURA 6 – Fatores de sucesso no desenvolvimento de novos produtos ..............46
FIGURA 7 – Indicadores de medidas de sucesso em DP ........................................ 48
FIGURA 8 – Indicadores genéricos de PDP ...........................................................56
FIGURA 9 – Condicionantes de sucesso ................................................................57
FIGURA 10 – FCS pesquisados x propostos como hipóteses .................................69
FIGURA 11 – Algumas definições de FCS ............................................................72
FIGURA 12 – Hierarquia dos FCS .........................................................................79
FIGURA 13 – Etapas do processo de desenvolvimento de novos produtos............84
FIGURA 14 – Processo de desenvolvimento de novos produtos ...........................116
FIGURA 15 – Comparação entre países .................................................................117
FIGURA 16 – Estratégias de redução e extensão da vida útil de produtos .............121
FIGURA 17 – Funil de decisões ..............................................................................135
FIGURA 18 – Retorno dos investimentos por estágio de desenvolvimento............136
FIGURA 19 – Custos de desenvolvimento e influência no custo total....................137
FIGURA 20 – Planejamento estratégico e planejamento de produto ......................138
FIGURA 21 – Representação da estratégia da empresa...........................................138
FIGURA 22 – Etapas do processo de planejamento do produto..............................139
FIGURA 23 – Relações de causa e efeito na especificação de oportunidade..........140
FIGURA 24 – Modelo para criação de valor no ciclo de vida.................................148
FIGURA 25 – Matriz de mudança produto-processo ..............................................150
FIGURA 26 – Descritores do planejamento da pesquisa.........................................158
FIGURA 27 – Esquematização completa do método .............................................. 162
FIGURA 28 – Esquema do método adaptado para a pesquisa.................................163
FIGURA 29 – Relações entre FCS...........................................................................173
FIGURA 30 – Processo dos FCS .............................................................................178
FIGURA 31 – Exemplo do teste Kolmogorov-Smirnov..........................................192
FIGURA 32 – Representação cartesiana de µ1 e µ2................................................192
FIGURA 33 – Divisão do QUPC em regiões...........................................................193
FIGURA 34 – QUPC................................................................................................194
FIGURA 35 – Esquema de aplicação dos operadores OR e AND ..........................198
FIGURA 36 – Método completo..............................................................................204
FIGURA 37 – FCS deduzidos x coletados (empresa de veículos de passeio).........213
FIGURA 38 – FCS deduzidos x coletados (empresa de caminhões e ônibus) ........214
FIGURA 39 – QUPC para empresa de veículos de passeio.....................................219
FIGURA 40 – QUPC para empresa de caminhões e ônibus....................................220
FIGURA 41 – QUPC para empresa de veículos de passeio.....................................225
FIGURA 42 – QUPC para empresa de caminhões e ônibus....................................225
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Produção de autoveículos .................................................................28
TABELA 2 – Medidas utilizadas para medição de PDPs........................................49
TABELA 3 – Principais critérios de sucesso (freqüência de citação) .....................58
TABELA 4 – CSF por região – Austrália/Nova Zelândia ......................................92
TABELA 5 – CSF por região - Europa.................................................................... 93
TABELA 6 – CSF por região – América do Norte .................................................93
TABELA 7 – CSF por região - India ......................................................................93
TABELA 8 – FCS ordenados ..................................................................................96
TABELA 9 – Valores críticos para teste de sinais ..................................................187
TABELA 10 – Valores críticos de D na prova de Kolmogorov-Smirnov...............190
TABELA 11 – Graus de crença e descrença............................................................197
TABELA 12 – Exemplo de cálculo de crença e descrença intragrupo ...................199
TABELA 13 – Exemplo de cálculo de crença e descrença entregrupo ................... 199
TABELA 14 – Exemplo de tabela de contingência 2 x 2 .......................................200
TABELA 15 – Valores de χ2 ..................................................................................201
TABELA 16 – Exemplo de classificação para duas amostras ................................202
TABELA 17 – Valores críticos de U para Mann-Whitney com n
1
= 8 e n
2
= 11....202
TABELA 18 – Exemplo de tabulação para teste KS ...............................................203
TABELA 19 – Valores críticos de D para KS com m = 8 e n =11..........................204
TABELA 20 – Dados da questão 1 (empresa de veículos de passeio) ...................214
TABELA 21 – Dados da questão 1 (empresa de caminhões e ônibus).................... 215
TABELA 22 – Teste de sinais (empresa de veículos de passeio)............................216
TABELA 23 – Teste de sinais (empresa de caminhões e ônibus) ...........................216
TABELA 24 – Tratamento de dados pelo KS (empresa de veículos de passeio)....217
TABELA 25 – Tratamento de dados pelo KS (empresa de caminhões e ônibus) ...218
TABELA 26 – µ1 e µ2 (empresa de veículos de passeio) .......................................218
TABELA 27 – µ1 e µ2 (empresa de caminhões e ônibus).......................................219
TABELA 28 – Dados da 2ª rodada Delphi (empresa de veículos de passeio).........221
TABELA 29 – Dados da 2ª rodada Delphi (empresa de caminhões e ônibus)........ 221
TABELA 30 – Teste de sinais (empresa de veículos de passeio)............................222
TABELA 31 – Teste de sinais (empresa de caminhões e ônibus) ...........................222
TABELA 32 – Teste KS para 2ª rodada Delphi (empresa de caminhões e ônibus) 223
TABELA 33 – µ1 e µ2 (empresa de veículos de passeio) ......................................224
TABELA 34 – µ1 e µ2 (empresa de caminhões e ônibus) .....................................224
TABELA 35 – Dados da 3ª rodada Delphi (empresa de veículos de passeio) ........226
TABELA 36 – Dados da 3ª rodada Delphi (empresa de caminhões e ônibus)........226
TABELA 37 – Teste de sinais FCS8 (3ª rodada)..................................................... 226
TABELA 38 – Cálculo dos quartis (empresa de veículos de passeio) ....................227
TABELA 39 – Cálculo dos quartis (empresa de caminhões e ônibus) ...................227
TABELA 40 – µ1 e µ2 (empresa de veículos de passeio) ......................................227
TABELA 41 – µ1 e µ2 (empresa de caminhões e ônibus) .....................................228
TABELA 42 – Compilação da respostas conjuntas.................................................228
TABELA 43 – Fatores da tabela de contingência ...................................................228
TABELA 44 – Teste Mann-Whitney U ..................................................................229
TABELA 45 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS1 ..................................... 230
TABELA 46 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS2 .....................................230
TABELA 47 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS3 .....................................230
TABELA 48 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS4 .....................................231
TABELA 49 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS5 .....................................231
TABELA 50 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS6 ..................................... 231
TABELA 51 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS7 .....................................231
TABELA 52 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS8 .....................................231
LISTA DE SIGLAS
ANFAVEA -
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotivos
CAD -
Computer- aided Design
CKD -
Complete Knock-down
CMM -
Capability Maturity Model
CMMI -
Capability Maturity Model Integration
DP -
Desenvolvimento de Produtos
FCS -
Fatores Críticos de Sucesso
FEA -
Finite Element Analysis
FENABRAVE -
Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores
FER -
Faculdade de Engenharia de Resende
GM -
General Motors
IES -
Instituição de Ensino Superior
JIT -
Just in Time
ML -
Maturity Level
OICA -
Organisation Internationale des Constructeurs D'automobiles
PDMA -
Product Development and Management Association
PDP -
Processo de Desenvolvimento de Produtos
P&D -
Pesquisa e Desenvolvimento
PIB -
Produto Interno Bruto
QFD -
Quality Function Deployment
QUPC
-
Quadrado Unitário no Plano Cartesiano
SOD -
Schéma Opérationnel de Développement
TOR -
Teoria das Opções Reais
LISTA DE SÍMBOLOS
µ
1
-
Grau de crença
µ
2
-
Grau de descrença
T
-
Inconsistente
V -
Verdadeiro
F -
Falso
-
Indefinido
T
v
-
Inconsistente tendendo ao Verdadeiro
T
f
-
Inconsistente tendendo ao Falso
v
-
Indefinido tendendo ao Verdadeiro
f
-
Indefinido tendendo ao Falso
Qv
T
-
Quase Verdadeiro tendendo ao Inconsistente
Qf
T
-
Quase Falso tendendo ao Inconsistente
Qv
-
Quase Verdadeiro tendendo ao Indefinido
Qf
-
Quase Falso tendendo ao Indefinido
F
-
Falso tendendo ao Indefinido
V
-
Verdadeiro tendendo ao Indefinido
F
T
-
Falso tendendo ao Inconsistente
V
T
-
Verdadeiro tendendo ao Inconsistente
Qf
-
Quase Falso
Qv
-
Quase verdadeiro
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SIGLAS
LISTA DE SÍMBOLOS
1 INTRODUÇÃO
.......................................................................................17
1.1 ESTRUTURA LÓGICA. ..............................................................................21
1.2 HISTÓRICO..................................................................................................22
1.3 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ........................................30
1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA.......................................................................39
1.5 EMPRESA PESQUISADAS.........................................................................40
1.6 PREMISSAS .................................................................................................43
1.7 HIPÓTESES..................................................................................................44
2 REFERENCIAL TEÓRICO
..............................................................70
2.1 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO.........................................................70
2.1.1 Introdução....................................................................................................70
2.1.2 Definições......................................................................................................71
2.1.3 Histórico .......................................................................................................73
2.1.4 Dimensões dos FCS......................................................................................75
2.1.5 Hierarquia dos FCS.....................................................................................78
2.1.6 Aplicações dos FCS......................................................................................79
2.1.7 FCS no planejamento empresarial.............................................................80
2.2 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS .......................81
3 REVISÃO DE LITERATURA
...........................................................85
3.1 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO.........................................................85
3.2 DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS...................................................96
4 MÉTODOS DA PESQUISA
...............................................................158
4.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA.............................................................158
4.2 MÉTODO DA ABORDAGEM ....................................................................161
4.3 ANÁLISE DAS HIPÓTESES.......................................................................164
4.4. TESTE DA IMPORTÂNCIA........................................................................165
4.5 TESTE DE NECESSIDADE ........................................................................166
4.6 TESTE DAS HIPÓTESES............................................................................166
4.7 EMPRESAS ALVO DE PESQUISA............................................................168
4.7.1 População / Universo...................................................................................169
4.7.2 Amostra ........................................................................................................169
4.8 COLETA DE DADOS ..................................................................................169
4.8.1 Escalas de medidas ......................................................................................183
4.9 PRÉ-TESTE DO QUESTIONÁRIO.............................................................184
4.10 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS..............................................185
4.10.1 Avaliação do valor da mediana..................................................................186
4.10.2 Grau de confiança da mediana...................................................................186
4.10.3 Grau de importância dos FCS....................................................................188
4.10.4 Grau de crença/descrença na mediana......................................................191
4.10.5 Comparação dos resultados nas duas empresas.......................................200
4.10.6 Teste da mediana.........................................................................................200
4.10.7 Teste Mann-Whitney U...............................................................................201
4.10.8 Teste Kolmogorov-Smirnov........................................................................203
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
.........................................................206
5.1 FASE EXPLORATÓRIA..............................................................................206
5.1.1 Dados coletados (FCS) na empresa de veículos de passeio......................206
5.1.2 Dados coletados (FCS) na empresa de caminhões e ônibus ....................210
5.2 TABULAÇÃO DOS DADOS........................................................................212
5.3 TESTES..........................................................................................................215
5.4 SEGUNDA RODADA DELPHI....................................................................221
5.5 TESTES NA SEGUNDA RODADA DELPHI..............................................222
5.6 TERCEIRA RODADA DELPHI...................................................................226
5.7 TESTES NA TERCEIRA RODADA DELPHI.............................................226
5.8 COMPARAÇÃO ENTRE AS DUAS EMPRESAS......................................228
5.9 MÉTODOS ESTATÍSTICOS PARA COMPARAÇÃO ...............................228
5.10 ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................................................232
5.11 VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES..............................................................235
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
........................................240
6.1 SOLUÇÃO DO PROBLEMA........................................................................240
6.2 CONCLUSÕES..............................................................................................241
6.3 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ...............................................243
REFERÊNCIAS
.................................................................................................245
APÊNDICES
........................................................................................................273
1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo são estabelecidas as informações básicas sobre a pesquisa, sua
abrangência, estrutura, objetivos e justificativas, bem como se provê informações
gerais sobre o tema “Processo de Desenvolvimento de Produtos” e sobre a indústria
automotiva.
De acordo com Silva (2001), para ser fonte de competitividade, o processo de
desenvolvimento de produtos (PDP) precisa ser eficiente e eficaz, sendo necessária a
utilização de metodologias e técnicas capazes de proporcionar tais atributos.
Foco de atenção na literatura acadêmica e empresarial (ARAUJO JUNIOR,
2000; SENANAYAKE; LITTLE, 2001; TESCH; KLOPPENBORG; STEMMER,
2003), o PDP é uma atividade estratégica ligada ao atendimento das necessidades do
consumidor (ARIYACHANDRA; FROLICK, 2008; BROWNING; FRICKE;
NEGELE, 2006; RABECHINI JR.; CARVALHO; LAURINDO, 2002; VAN KLEEF,
2006; VAN KLEEF; VAN TRIJP; LUNING, 2005) e demais partes envolvidas
(LEHMANN, 2006): identificar seus desejos e necessidades e responder com produtos
inovadores, bem projetados e executados (KOUFTEROS; MARCOULIDES, 2006;
MAY-PLUMLEE; LITTLE, 2006), com características de desempenho, custo e
distribuição adequadas (PUGH, 1996; MUNDIM et al., 2002), exige das empresas o
uso de PDPs que integrem e alinhem seus recursos, de forma estruturada e única para
as necessidades da organização, em que ferramentas e métodos distintos são utilizados
(AKCA; ILAS, 2005; CALANTONE; VICKERY; DROGE, 1995; JUN; SUH, 2008;
ROZENFELD; SCALICE; AMARAL, 2005; ROZENFELD et al., 2006; SOBEK II;
LIKER; WARD, 1998; YADAY; GOEL, 2008).
Para Calantone, Vickery e Droge (1995) e Cooper (1994a) e Shulman (2003),
novos produtos são fator primordial nos resultados financeiros e de mercado das
organizações. Estudos do PDMA (Product Development and Management
Association) indicaram que, dentre as empresas inovadoras com melhor desempenho,
49% das vendas eram de produtos lançados nos últimos cinco anos (DI BENEDETTO,
1999, apud SEGISMUNDO; MIGUEL, 2008). Tais achados corroboram com os
levantamentos feitos por Van Kleef (2006).
18
No ambiente competitivo do atual momento, é exigido que as organizações
trabalhem com altíssimo grau de eficiência, otimizando os recursos existentes, de
forma a alcançar e manter uma posição estratégica frente à pressão dos competidores e
do mercado (DELAMARO; ROCHA, 2006; LAM; CHIN, 2005; TAKEUCHI;
NONAKA, 1986). São diversas as razões para tal (IBM, 2005; KNOWLEDGE,
2008a; SCHMENNER; TATIKONDA, 2005; VAN KLEEF, 2006):
Aumento da pressão competitiva, por conta dos avanços tecnológicos,
desregulamentação e globalização;
Consumidores cada vez mais exigentes e informados, os quais têm necessidades,
expectativas e gostos que mudam rapidamente;
Polarização crescente do comportamento dos consumidores entre produtos de
massa e de luxo;
Explosão na variedade de produtos;
Ciclos de vida de produtos cada vez mais curtos, devido às demandas de
consumidores;
Aumento dos custos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D);
Tempo para lançamentos (Time-to-Market) cada vez menores;
Aumento crescente nas exigências de desempenho, junto à forte pressão para
redução nos preços; e
O agravante sobre fatores anteriores, por conta da atual crise financeira e estrutural
mundial.
Especificamente, no setor automotivo, são cada vez maiores as exigências de
qualidade, flexibilidade, desempenho logístico, redução de custos, junto às
transformações tecnológicas dos produtos (ARBIX; VEIGA, 2003; ZACHARIA;
MENTZER, 2007).
As montadoras são portadoras e canalizadoras de investimentos de capital e são
também agentes de um inédito reordenamento da produção global (ARBIX; VEIGA,
2003). Em 2006, quase 70 milhões de veículos foram produzidos no mundo (OICA,
2006), consumindo para isso mais de um trilhão de dólares e empregando cerca de
quatro milhões de trabalhadores na produção direta e cerca de 16 milhões envolvidos
19
em autopeças, vendas e serviços em todo o mundo (ARBIX; VEIGA, 2003). Em 2007,
os cálculos da OICA indicaram 73 milhões de unidades vendidas, com mais de 1
bilhão de veículos em circulação, sendo 30 milhões em países emergentes (CHADE,
2008; FROTA, 2008).
Os números da ANFAVEA (2008) para o Brasil, no ano de 2007, indicam uma
frota de mais de 20 milhões de carros, mais de três milhões de comerciais leves, cerca
de um milhão e meio de caminhões e mais de 400 mil ônibus. Segundo Kuazaqui e
Faria (2008), a frota de veículos no país cresce em ritmo exponencial: apesar da crise
econômica do final do ano de 2008, a venda de veículos (automóveis, comerciais
leves, caminhões, ônibus, motocicletas e implementos rodoviários) no ano foi cerca de
14% superior ao de 2007 (FENABRAVE, 2009), alcançando o volume de 2,82
milhões de veículos (STELZER, 2009).
Pelo seu porte, as macrodecisões das montadoras quase sempre tocam nos
alicerces das economias nacionais e regionais, interferindo no crescimento econômico,
no comércio internacional, na mudança tecnológica, nas exportações, no emprego e na
distribuição de renda (CALARGE et al., 2008).
O automóvel, produto que marcou o século XX como uma das expressões mais
claras dos avanços tecnológicos, foi e é vetor de inovação e de difusão de novas
tecnologias de produtos e de processos. Essas mudanças incluem novos materiais e
soluções de engenharia, implicando em alterações nas estruturas de custos dos
produtos e novas demandas para os fornecedores da cadeia automotiva. Conforme
Alvarez, Proença e Andérez (2002), a fabricação automotiva foi a principal
responsável pela evolução dos sistemas de produção: as formas pelas quais se
organizaram a produção e o trabalho humano passam necessariamente pelo eixo
central do desenvolvimento dessa indústria, desde a introdução por Henry Ford das
esteiras rolantes e postos de trabalho, com tarefas, partes e ferramentas repetitivas,
dando início à produção em série (QUINTELLA, 2000), passando pela Produção
Enxuta e o Just-in-time da Toyota (CORREA, 2004).
Segundo Alvarez, Proença e Andérez (2002), o segmento automotivo inclui,
além da fabricação de automóveis, a produção de utilitários, ônibus e caminhões. Pelos
mesmos autores, o deslocamento da produção para os países emergentes impõe
20
questões importantes com relação à capacidade de desenvolvimento e a integração
desses mercados do ponto de vista das companhias: as preocupações com a utilização
dos ativos e a manutenção da rentabilidade das firmas emergem com destaque em um
cenário no qual a geração de valor para o acionista tem assumido importância
crescente na gestão dos negócios. No caso brasileiro, com a abertura do mercado aos
automóveis estrangeiros, tanto os fabricantes como os comerciantes desse mercado,
iniciaram um processo de adaptação a condições totalmente diferente das que existiam
anteriormente (OS FORNECEDORES, 2004). Alvarez, Proença e Andérez (2002) e
Guarniere et al. (2008) citam que o Brasil possui hoje unidades de produção de todos
os principais grupos mundiais do segmento automotivo: oito dos dez maiores
fabricantes de comerciais leves e cinco dos maiores grupos montadores de caminhões,
sendo um dos países com maior diversidade de marcas de automóveis produzidas no
mundo. O país ocupa a posição em quantidade de fabricantes de autoveículos no
mundo, junto à Índia e México, sendo superados somente pela China (OICA, 2008). A
produção em 2007 alcançou 2.977.150 unidades, entre automóveis e veículos
comerciais, com um total de exportações de 789.379 veículos (ANFAVEA, 2008).
Tais cenários justificam o foco do estudo nesta indústria, pelo seu porte e
relevância, especificamente no aspecto do desenvolvimento de seus novos produtos.
Clark e Fujimoto (1991) defendem que a estratégia de produto de uma empresa e
como ela se organiza e gerencia o desenvolvimento determinarão como o produto se
portará no mercado: a maneira como esta realiza o desenvolvimento, sua velocidade,
eficiência e qualidade do trabalho irá determinar a competitividade do produto. A
obtenção e manutenção de elevados níveis de desempenho em qualidade e
produtividade é mandatória para a sobrevivência nesse competitivo e dinâmico setor,
sendo barreiras para entrada no mesmo, o não atendimento aos requisitos mínimos de
qualidade e falta de profissionalização, o que está ocasionando nas organizações e nas
sociedades mudanças radicais, alterando não só a forma de administrar a empresa, mas
também as exigências dos clientes com relação à qualidade dos seus produtos
(ALVAREZ; PROENÇA; ANDÉREZ, 2002).
Segundo Dias e Salerno (2003), as competências desenvolvidas no período do
mercado fechado no Brasil permitiram o desenvolvimento dos primeiros produtos
21
“locais”, baseados em plataformas existentes: a Brasília e o Gol. Nos últimos anos,
foram desenvolvidos localmente modelos de sucesso de mercado como EcoSport
(Ford), Celta e Meriva (GM), Pálio (parcialmente desenvolvido no Brasil pela Fiat), o
Polo Sedan (desenvolvido sob a responsabilidade da engenharia brasileira, para os
mercados de Brasil, China e África do Sul) e o Fox da Volkswagen (DIAS;
SALERNO, 2003; CARVALHO, 2003; CONSONI, 2004; SCHIBUOLA, 2004;
SORIMA NETO; GRINBAUM, 2004). De acordo com Segismundo e Miguel (2008),
as unidades locais m se tornando cada vez menos dependentes das matrizes no
desenvolvimento de seus produtos.
Cabe, portanto explorar o desenvolvimento de produtos, os quais são
caracterizados como projetos - definidos como um esforço temporário empreendido
para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo (PMI, 2000) -, possuindo um
início e um final definido, sendo este ultimo alcançado quando os objetivos do projeto
tiverem sido atingidos (ou seja, a geração de um produto ou serviço continuado, o qual
servirá como fonte de receita para a organização), quando se tornar claro que os
objetivos do projeto não serão ou não poderão ser atingidos (situação na qual a
empresa sofrerá o impacto do não retorno dos investimentos feitos até aquele momento
em desenvolvimento), ou quando não existir mais a necessidade do projeto e ele for
encerrado (ROCHA; OLIVEIRA; DELAMARO, 2008). Constitui-se em um conjunto
de atividades estruturadas com alto grau de risco e incertezas, dificuldade para mudar
decisões iniciais, criação de grande volume de informações e interações
(SEGISMUNDO; MIGUEL, 2008; VAN KLEEF, 2006). Busca-se, no presente
estudo, identificar e validar os fatores críticos de sucesso no processo de
desenvolvimento de produtos, delimitando-se a pesquisa à indústria automotiva
instalada na região Sul Fluminense.
1.1. ESTRUTURA LÓGICA
A estrutura lógica da tese é apresentada na Figura 1, na qual pode ser visto que os
Capítulos 2 e 3 são os pilares técnicos para a discussão central – que ocorre no
Capítulo 5 – a qual é concluída no Capítulo 6.
22
Figura 1 – Estrutura lógica da pesquisa
1.2. HISTÓRICO
O automóvel surgiu no fim do século XVII, sendo as fábricas responsáveis pela
parte mecânica somente: estrutura, carroceria e integração eram invariavelmente
desenvolvidas por fabricantes de carroças (WOOD, 1998), que entregavam modelos
únicos e customizados. Segundo o autor, o primeiro Motor Show Internacional,
INTRODUÇÃO
(Capítulo 1)
Estrutura lógica;
Histórico;
Formulação da Situação Problema;
Objetivos da pesquisa;
Empresas pesquisadas;
Premissas; e
Hipóteses.
REFERENCIAL TEÓRICO
(Capítulo 2)
Fatores Críticos de Sucesso; e
Processo de Desenvolvimento de
Produtos.
REVISÃO DE
LITERATURA
(Capítulo 3)
Fatores Críticos de Sucesso; e
Processo de Desenvolvimento de
Produtos.
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
(Capítulo 5)
Tabulação de Dados;
Testes;
Análise dos Resultados.
METODOLOGIA
(Capítulo 4)
Classificação da Pesquisa;
Método de Abordagem;
Análise das Hipóteses;
Validação das Hipóteses;
Empresas Alvo da Pesquisa;
Coleta de Dados;
Pré-teste do questionário; e
Tratamento e Análise dos dados.
CONCLUSÕES E
RECOMENDAÇÕES
(Capítulo 6)
Solução do Problema;
Verificação das Hipóteses;
Conclusões;
Sugestões para Futuros Estudos.
23
ocorrido em Berlim em 1897, foi a primeira oportunidade destes fabricantes de
carroças motorizadas apresentarem ao público as suas criações em um grande evento.
A grande mudança neste mercado ocorreu nos anos 20, com a saída dos fabricantes de
carroças e seus processos artesanais e produtos únicos, substituídos pelos modelos de
produção em massa, com o uso de o estampado (WOOD, 1998). A esta adiciona-se
também a criação da primeira linha de montagem automotiva por Henry Ford (1863-
1947) e seu sócio James Couzens (1872-1936), que revolucionou a indústria moderna,
garantindo qualidade, preço baixo e volume superior à concorrência (PIMENTA,
2004), conforme citado no Livro do Automóvel (1981):
Em 1908, o primeiro modelo T da Ford, o Tin Lizzie, foi produzido pela
primeira verdadeira linha de montagem do Mundo, passando desde então a
participar na história do século XX. A partir desse momento, os automóveis,
o automobilismo e a sociedade iriam sofrer uma grande transformação.
O modelo T foi notável sob todos os aspectos. A sua produção durou
dezenove anos, tendo sido fabricados 15 007 003 automóveis desse modelo
entre Outubro de 1908 e Maio de 1927. A Ford Motor Company estava de
tal modo voltada para a fabricação do Tin Lizzie que, quando cessou a
montagem deste modelo, teve de encerrar a sua fábrica durante seis meses, a
fim de preparar as instalações para o sucessor do modelo T, o modelo A.
O processo industrial de Henry Ford serviu de padrão para a produção em
grande escala dos nossos dias. Ford introduziu a primeira linha de
montagem rolante do Mundo e novas técnicas de fabricação, como a
fundição dos blocos do cilindro numa peça, com uma cabeça dos
cilindros separada, o que diminuía custo e o tempo de produção. Conservou
sempre a simplicidade das linhas dos modelos, que nunca sofreram grandes
alterações, sendo todavia de excepcional qualidade os materiais utilizados.
Segundo Alvarez, Proença e Andérez (2002) e Krajewski, Ritzman e Malhotra
(2009), a história da produção automotiva no Brasil iniciou-se pouco depois, quando
em 1919 e 1925, a Ford e a General Motors iniciaram, respectivamente, suas
operações de montagem no País, em regime de CKD.
24
Mas o fascínio do brasileiro pelo automóvel tem origem muito antes, no final
do século 19 [...], período em que surgiam maravilhas como a luz elétrica,
fotografia, telégrafo sem fio, rádio, telefone, gramofone, balões dirigíveis,
cinema, bonde elétrico, motores de combustão interna. Muitos tinham
ouvido falar em automóveis no Brasil do século 19, lido a respeito ou
sonhado com eles. Mas o primeiro encontro com essa máquina fascinante -
cuja produção consolidaria a indústria do Brasil e transformaria seu destino -
aconteceu em São Paulo em 1893. O primeiro automóvel a rodar no País foi
um Peugeot, comprado em Paris. A máquina fez um giro pela rua Direita, no
então refinado Centro de São Paulo. O orgulhoso chauffer era o engenheiro
brasileiro Henrique Dumont, milionário produtor de ca na região de
Ribeirão Preto, SP, pai do jovem Alberto que, treze anos depois, em 1906
[...] se tornaria o Pai da Aviação.
Em 1903 São Paulo tinha seis carros, mas no ano seguinte assistiria ao
primeiro boom do setor: a frota paulistana cresceria quase catorze vezes e
explodiria em impressionantes 83 veículos [...].
1950 - A Volkswagen importa o primeiro Fusca para testar sua aceitação no
Brasil. Com motor 1200 e alavanca de câmbio no painel com três marchas, o
carro foi vendido ao paulistano Rodolfo Maerz por Cr$ 59,7 mil, mais Cr$ 1
mil 493 em selos. (ANFAVEA, 2006c, p.94-95).
A demanda reprimida do pós-guerra impulsionou o crescimento das importações
de veículos de passageiros e comerciais, o que levou o Governo a implementar
restrições alfandegárias crescentes, com vistas ao equilíbrio na balança de pagamentos.
Os veículos tinham enorme peso nas importações: em 1951 representavam 15,1% dos
US$ 1,1 bilhão que o País gastava no mercado externo (ANFAVEA, 2006c).
Importava-se 100 mil veículos/ano, 60% caminhões, além de autopeças,
superando em valor o que o Brasil gastava com petróleo e trigo. As
previsões apontavam para crescimento do setor de 11% ao ano, significando
cerca de 650 mil caminhões novos importados até 1960. À luz destes
números o governo Vargas, empenhado em política nacionalista restringe as
importações. Em março de 1952 cria a Subcomissão de Jipes, Tratores,
Caminhões e Automóveis, ligada à Comissão de Desenvolvimento
Industrial. O almirante Lúcio Meira, defensor da produção de veículos
25
nacionais, preside a comissão, considerada embrião da indústria automotiva
(ANFAVEA, 2006c, p.96-97).
A fabricação local teve então início, com a instalação de operações locais em
1953 da Volkswagen, Mercedes e Willys-Overland (ALVAREZ; PROENÇA;
ANDÉREZ, 2002; KRAJEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009).
A indústria automobilística Brasileira nasceu com o caminhão. De 1957,
quando a indústria foi criada, a 1960, os automóveis trafegaram na rabeira da
estatística: dos 321,1 mil veículos fabricados no período, 48,10% eram
caminhões, 35% utilitários e 16% automóveis (ANFAVEA, 2006e, p.136).
A Romi-Isetta [...], lançada em setembro de 1956, é considerado o primeiro
automóvel brasileiro, com 70% de nacionalização [...]. Acumulou três mil
unidades produzidas e deu emprego a 1,2 mil pessoas em Santa Bárbara
d'Oeste, SP, até ser tirada de linha em 1959 (ANFAVEA, 2006d, p.132).
De acordo com as regras estabelecidas pelo GEIA, Grupo Executivo da
Indústria Automobilística, e admitido pela maioria dos historiadores, a
camioneta DKW-Vemag [...] foi o primeiro veículo convencional brasileiro.
Fabricado em 19 de novembro de 1956, em São Paulo, tinha 60% de
nacionalização em peso o conceito atual considera o valor [...]. A
camioneta originou o primeiro automóvel brasileiro, o sedã DKW Vemag
para seis passageiros, em 1958 [...]. O Simca Chambord, de 1959, foi o
primeiro sedã com a clássica arquitetura de motor dianteiro e tração traseira,
seguido em 1960 pelo FNM 2000 JK [...]. O Ford Galaxie, em 1966, causou
rebuliço por se tornar o primeiro automóvel sem defasagem com relação ao
modelo em produção no país de origem. E 1968 foi um bom ano, com o
lançamento do Chevrolet Opala, do Ford Corcel e do VW 1600 [...]. João
Gurgel foi o responsável, em 1988, pelo primeiro e único subcompacto
brasileiro completo, o BR 800, resultado do ambicioso projeto Carro
Econômico Nacional. A empresa fundada em 1975 sobreviveu por vinte
anos (ANFAVEA, 2006b, p.86-88).
A Kombi foi o primeiro veículo produzido pela Volkswagen, com cerca de 50%
das peças produzidas no país, sendo lançado em 1959 o Fusca, o qual, dois anos depois
era produzido com 95% de peças nacionais. A fabricação de automóveis foi dominada
26
pela Willys-Overland até 1965, sendo então ultrapassada pela Volkswagen: em 1968, a
mesma alcançou a participação de 76% no mercado de automóveis de passageiros. Na
década de 60, a Volkswagen, Ford e GM passaram a dominar a produção local de
automóveis, enquanto Toyota e Mercedes mantiveram a produção de caminhões e
utilitários. Em 1976 instalou-se a Fiat Automóveis em Betim, Minas Gerais, e a Volvo
instalou instalou-se no Paraná em 1977, iniciando em 1978 a montagem de caminhões
e fabricação de componentes (ALVAREZ; PROENÇA; ANDÉREZ, 2002;
KRAJEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009). Também os ônibus tiveram
participação relevante na história da indústria automobilística Nacional:
O Brasil é o maior fabricante mundial de ônibus, tendo fechado 2005 com a
produção de 35.266 unidades, das quais 27.860 de ônibus urbanos, resultado
22,6% maior que o de 2004. A história do ônibus no Brasil começa em 1837,
com a chegada ao Rio de Janeiro de ônibus de dois andares, importado da
França e, naturalmente, puxado por burros. No ano seguinte ali seria fundada
a primeira empresa de transporte coletivo do País, a Companhia de Omnibus
[...]. Mas em 1923 o Rio veria sua primeira empresa regular de ônibus, e
São Paulo no ano seguinte. No Brasil a fabricação artesanal do primeiro
ônibus é atribuída aos imigrantes italianos e irmãos Luiz e Fortunato Grassi.
Em 1904 eles fabricavam carruagens em São Paulo e em 1911 encarroçaram
o chassis de um Ford Modelo T, produzindo o que é considerado o primeiro
ônibus brasileiro [...].
Em 1932 a General Motors lança o primeiro ônibus com carroceria fabricada
no Brasil [...]. Mas a primeira indústria produtora de ônibus nacionais a
entrar nos registros da Anfavea é a Fábrica Nacional de Motores [...]. A
empresa de economia mista, controlada pelo governo federal, lança em 1951
o primeiro ônibus FNM, antes do caminhão, que viria um ano depois, com
84% do seu peso nacionalizado [...]. A CMTC chegou a ter frota de
cinqüenta desses ônibus- reboque [...].
a Mercedes-Benz começa a produzir em 1958 e revoluciona o mercado
lançando o ônibus O-321 [...], que saía de fábrica encarroçado. Tinha
motor traseiro, o que o tornava mais silencioso, e design moderno para a
época [...]. Em 1958 é a vez da Scania-Vabis vender 138 chassis de ônibus
com 56,7% de nacionalização. A Volkswagen chegaria ao mercado de
27
ônibus 29 anos depois, em 1987, depois de o Grupo Volkswagen ter
adquirido 67% do controle da Chrysler Motors do Brasil, em 1979 [...]. .
A Volvo chega ao Brasil em 1933 importando carros, ônibus e caminhões.
Nos anos 70 instala fábrica no País [...]. Em 1979 monta seu primeiro
veículo, um chassi de ônibus B 58 [...]. Em 1997, dez anos depois da entrada
da Volkswagen Caminhões e Ônibus surge a Agrale e três anos depois a
Iveco, empresa do Grupo Fiat (ANFAVEA, 2006e, p. 144-148).
Conforme Vigeani e Veiga (1997) apud Alvarez, Proença e Andérez (2002), a
produção local aumentou quase dez vezes entre 1959 e 1974, alcançando a marca de
905 mil veículos, o que representava mais de 65% da produção sul-americana.
Responsável por cerca de 20% do PIB Industrial (ANFAVEA, 2008), o setor
automotivo teve investimentos significativos entre 1994 e 2007: US$38,5 bilhões, o
que aumentou para os atuais 3,85 milhões de autoveículos por ano a capacidade
instalada no País (ANFAVEA, 2006a, 2008), inclusive se deslocando do foco
exclusivo do estado de São Paulo. O levantamento dos fabricantes e produtos pode ser
visto na Figura 2.
Produto
Empresa
Automóveis Comerciais leves
Caminhões Ônibus
Agrale x x x
Fiat x x
Ford x x x
General Motors x x
Honda x
Hyundai x
International x
Iveco x x x
Karmann-Ghia x
Mercedes-Benz x x x
Mitsubishi x
Nissan x
Peugeot Citroën x x
Renault x x
Scania x x
Toyota x
Volkswagen x x
Volkswagen Caminhões e
Ônibus x x
Volvo x x
Figura 2 - Autoveículos produzidos no Brasil
Fonte: ANFAVEA (2008)
28
O Brasil está colocado como o 7
o
maior produtor de veículos do mundo (dados
de 2007, conforme Tabela 1): 1,5 milhão de empregos são gerados em toda a cadeia
produtiva, em 200 mil empresas que atuam no setor – de montadoras a lojas de
autopeças (ALERIGI JR., 2008; CORRÊA, 2004). São 49 diferentes plantas
industriais, distribuídas por oito estados e 26 municípios, como pode ser observado na
Figura 3, além de 500 autopeças e 4.100 concessionárias (ANFAVEA, 2008).
Tabela 1 - Produção de autoveículos
Posição País Produção (em milhares)
1
Japão 11.596
2
Estados Unidos 10.781
3
China 8.882
4
Alemanha 6.213
5
Coreia do Sul 4.086
6
França 3.019
7
BRASIL 2.977
8
Espanha 2.890
9
Canadá 2.578
10
Índia 2.307
11
México 2.095
12
Reino Unido 1.750
13
Rússia 1.660
14
Itália 1.284
15
Tailândia 1.238
16
Turquia 1.099
17
Irã 997
18
Republica Tcheca 939
19
Bélgica 844
20
Polônia 785
21
Argentina 545
22
África do Sul 534
23
Indonésia 419
24
Malásia 413
25
Suécia 366
26
Austrália 335
-
Outros 2.470
TOTAL 73.102
Fonte: ANFAVEA (2008)
29
EMPRESA
UNIDADES INDUSTRIAIS /
OUTRAS
PRODUTOS / SERVIÇOS
Canoas - RS Tratores de rodas, retro escavadeiras
Santa Rosa - RS Colheitadeiras, plataformas de corte
AGCO
Ibirubá - RS
Plantadeiras, semeadeiras, plataformas de
milho (Sfil)
Caxias do Sul - RS
Tratores de rodas, motores, beneficiamento
de componentes
Caxias do Sul - RS Comerciais leves, caminhões, ônibus
Caxias do Sul - RS Componentes automotivos
Agrale
Caxias do Sul - RS (Agrale
Montadora)
Caminhões International (montagem)
Caterpillar Piracicaba - SP
Tratores de esteiras, moto niveladoras,
compactadores, escavadeiras hidráulicas,
retro escavadeiras, carregadeiras de rodas,
geradores de energia elétrica, carregadeiras
subterrâneas
Curitiba - PR (Case IH, New
Holland)
Tratores de rodas, colheitadeiras
Piracicaba - SP (Case IH) Colheitadeiras, plantadeiras, pulverizadores
Contagem - MG (Case CE, New
Holland2)
Retro escavadeiras, pás-carregadeiras, moto
niveladoras, tratores de esteiras, escavadeiras
hidráulicas
CNH
Itu - SP Central de distribuição de peças
Betim - MG Automóveis, comerciais leves
Betim - MG Motores
Fiat
Campo Largo - PR Motores
Camaçari - BA Automóveis, comerciais leves
Horizonte - CE Comerciais leves (Troller4)
São Bernardo do Campo - SP Automóveis, comerciais leves, caminhões
Taubaté - SP Componentes, motores, transmissões
Ford
Tatuí - SP Campo de provas
São Caetano do Sul - SP Automóveis, comerciais leves
São José dos Campos - SP
Automóveis, comerciais leves, fundição,
preparação de CKD para exportação, motores
e transmissões
Mogi das Cruzes - SP
Componentes estampados, centro de
distribuição de peças
Gravataí - RS Automóveis
Indaiatuba - SP Campo de provas (Cruz Alta)
General Motors
Sorocaba - SP Centro de distribuição de peças
Honda Sumaré - SP Automóveis
Hyundai Anápolis - GO Comerciais leves
International Caxias do Sul - RS 1 Caminhões
Iveco Sete Lagoas - MG
Comerciais leves, caminhões, ônibus,
motores
Horizontina - RS
Tratores de rodas, colheitadeiras de grãos,
plantadeiras, plataformas de milho
Catalão - GO Colheitadeiras de cana-de-açúcar
John Deere
Montenegro - RS Tratores de rodas
Karmann-Ghia São Bernardo do Campo - SP
Autoveículos (montagem), carrocerias,
conjuntos e subconjuntos, estamparia,
ferramentaria, dispositivos, protótipos
Komatsu Suzano - SP
Tratores de esteiras, escavadeiras hidráulicas,
pás-carregadeiras, moto niveladoras, fundição
Mercedes-Benz
São Bernardo do Campo - SP Caminhões, ônibus, motores, eixos, câmbios
30
Campinas - SP Remanufatura de peças, pós-vendas
Juiz de Fora - MG Automóveis
Mitsubishi Catalão - GO Comerciais leves
Nissan
São José dos Pinhais - PR (Fáb.
Curitiba Veículos Utilitários)
Comerciais leves (Nissan, Renault)
Porto Real - RJ Automóveis, comerciais leves
Peugeot Citroën
Porto Real - RJ Motores
Complexo Industrial Ayrton Senna:
São José dos Pinhais - PR (Fáb.
Curitiba Veíc. de Passeio)
Automóveis
São José dos Pinhais - PR (Fáb.
Curitiba Motores)
Motores
São José dos Pinhais - PR (Fáb.
Curitiba Veículos Utilitários)
Comerciais leves (Renault, Nissan)
Renault
São Paulo - SP Renault Design América Latina
Scania São Bernardo do Campo - SP Caminhões, ônibus, motores
São Bernardo do Campo - SP Autopeças
Indaiatuba - SP Automóveis
Toyota
Guaíba - RS Centro de distribuição de veículos
Valtra Mogi das Cruzes - SP Tratores de rodas, colheitadeiras
São Bernardo do Campo - SP
(Fábrica Anchieta)
Automóveis, comerciais leves
Taubaté - SP Automóveis
São Carlos - SP Motores
Volkswagen
São José dos Pinhais - PR
(Volkswagen/Audi)
Automóveis, comerciais leves
Volkswagen Caminhões
e Ônibus
Resende - RJ Caminhões, chassis de ônibus
Volvo Curitiba - PR
Caminhões, cabines de caminhões, chassis de
ônibus, motores
Volvo CE Latin
America
Pederneiras - SP
Caminhões articulados, pás-carregadeiras,
minicarregadeiras, moto niveladoras,
escavadeiras, skid steers
Figura 3 - Empresas associadas à ANFAVEA - Unidades industriais
Fonte: adaptado de ANFAVEA (2008)
1.3. FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA
de se considerar o PDP como sendo um investimento: as organizações
buscarão desenvolver novos produtos para que estes permitam manter a receita e o
fluxo de caixa favorável após o declínio dos produtos atualmente comercializados,
conforme conceito do ciclo de vida do produto, largamente estudado por diversos
autores (BAXTER, 2003; BURKHART, 2001; CANTIZANI FILHO, 2004; HAX;
MAJLUF, 1983; KEPPLER, 1996; KOTLER, 1996; MATTAR; SANTOS, 2003;
PORTER, 1986; SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002; VERNON, 1966). Ao
lançar-se determinado produto num momento no futuro, projeta-se a receita que
passará a ser gerada pelas vendas deste, bem como custos e despesas envolvidas.
31
Utilizando-se critérios diversos de avaliação financeira (payback, VPL, análise de
sensibilidade, etc.), a organização avaliará a viabilidade e interesse no investimento
para o desenvolvimento do produto (NORRIE, 2006; ROCHA, 2002a; 2002b; 2003a;
2003b; VAN KLEEF, 2006). Conforme Miller (1993), a fase de projeto representa
somente 5% dos custos totais do desenvolvimento de um produto, mas fixam 70% dos
custos operacionais.
No entanto, conforme Hollis e Pugh (1990), a mortalidade, desde a ideia sica
até se chegar a um produto lucrativo, é de 95%. Segundo Baxter (2003), de cada dez
ideias sobre novos produtos, três serão desenvolvidas, 1,3 será lançada no mercado e
apenas uma será lucrativa, conforme pesquisa realizada junto a 500 empresas nos anos
90 pelo Design Council da Inglaterra. Tal pesquisa mostrou que somente 45% das
empresas conseguiam manter os custos de produção dentro das previsões e que
somente 49% conseguiam lançar seus produtos no tempo programado: em média, os
produtos custavam 13% acima do orçado e eram lançados com seis meses de atraso.
Zwikael e Globerson (2006) estudaram os FCS junto a 282 gerentes de projeto,
buscando responder a questão de por que da elevada taxa de falhas em projetos, apesar
da vasta literatura sobre os FCS nestes, concluindo que os mesmos são muito
genéricos, não auxiliando os gerentes nos seus processos decisórios. Ou ainda, como
citado por King e Burguess (2006), os diversos estudos sobre FCS geram listas de
fatores, mas preveem poucos direcionamentos.
O estudo de Van Kleef (2006) identificou que as taxas de falha ou insucesso no
desenvolvimento de novos produtos variaram entre 25 e 67%, justificando pesquisas
para identificar as razões de sucesso e de falha.
A partir deste cenário, identifica-se a situação problema do alto índice de
insucessos no desenvolvimento de produtos, gerando dificuldade na garantia de
sustentabilidade financeira e continuidade nos negócios para as organizações. De
acordo com Norrie (2006), a pesquisa deve considerar tanto aspectos teóricos como
práticos relacionados ao problema identificado.
Seguindo-se o modelo desenvolvido por Cooper e Schindler (2003), o qual pode
ser observado na Figura 4, define-se a questão do problema. A presente pesquisa busca
contribuir para a identificação das causas de sucesso e insucesso nos PDPs e, desta
32
forma, a questão da mesma pode ser estabelecida nos seguintes termos: “Quais são as
áreas e atividades em desenvolvimento de produtos que as organizações devem
dedicar maior foco e atenção gerencial, além de utilizar as melhores práticas e
processos, de forma a reduzir o risco e o índice de falhas e insucessos, tornando o
processo mais robusto e previsível?
Figura 4 - O processo da pesquisa
Fonte: adaptado de Cooper e Schindler (2003)
Seguindo ainda o modelo de Cooper e Schindler (2003), a questão da presente
pesquisa seria “Quais são os fatores críticos de sucesso nos processos de
desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Brasil?”.
Analisando a citada questão, o refino previsto no modelo ocorre principalmente
por avaliação da adequação, alinhamento com as necessidades e interesses das partes
envolvidas e viabilidade da pesquisa. Para tanto, faz-se necessário identificar as
justificativas para a escolha do tema e da situação problema. O presente trabalho torna-
se justificável pelos seguintes motivos:
Ordem Pessoal: a presente pesquisa irá contribuir para o desenvolvimento acadêmico e
profissional do autor, que atuou na área de Desenvolvimento de produtos e
Gerenciamento de Programas Industriais e leciona em cursos de nível superior de
33
Engenharia e Administração, em disciplinas como Desenvolvimento de Produtos,
Gerenciamento de Projetos, Projeto da Fábrica e do Produto, dentre outras. Sendo
assim, o tema proposto proporcionará uma integração dos conceitos e modelos teóricos
com a experiência profissional do autor.
O constante fracasso dos projetos de desenvolvimento de produtos nas empresas,
as razões que levaram a esta situação e o ambiente competitivo das mesmas são de
interesse do pesquisador. A realização de um trabalho que promova a integração de
conceitos e modelos teóricos de estratégias empresariais com a experiência
profissional do indivíduo é bastante gratificante, pessoal e profissionalmente, uma vez
que, por meio do uso de testes e análise de métodos propostos por autores diversos,
por outros estudos e as adaptações feitas pelo próprio pesquisador, leva a cabo
contribuições ao tema, permitindo o desenvolvimento da sua capacidade
profissional/acadêmica.
Ordem Teórica: com o objetivo de gerar produtos de qualidade, as montadoras cada
vez mais investem em modelos para obter controle de seus processos e evoluir em
direção a uma cultura de excelência de engenharia e gestão.
Tendo como referencial teórico os fatores críticos de sucesso, este trabalho
pretende contribuir para demonstrar a aplicabilidade do modelo a um dos segmentos
da indústria nacional e contribuir para a consolidação de sua efetividade.
Ordem Prática: a identificação dos fatores críticos de sucesso do processo de
desenvolvimento de produtos na indústria automotiva permitirá que as empresas se
aperfeiçoem na entrega de produtos que garantam bons resultados e continuidade de
negócio, pois permitirá uma política inovadora na entrega dos seus produtos como
uma vantagem competitiva, o que coloca a empresa numa posição de destaque no seu
nicho de mercado.
Ordem Contextual: apesar de toda a evolução tecnológica, muitos problemas ainda
persistem quanto à condução e implementação de projetos e desenvolvimento de
produtos, principalmente quanto a prazos, custos e satisfação dos usuários.
34
As empresas estão cada vez mais exigentes e com os recursos financeiros mais
limitados. É possível observar que muitas empresas não estão tentando melhorar o seu
processo de desenvolvimento de produto ao investir grandes somas de dinheiro em
tecnologia, buscando somente produtividade.
Por outro lado, estudos para implantação de processos de melhoria da qualidade
são contribuições ao aperfeiçoamento do processo de desenvolvimento de produto,
buscando refino dos mesmos, o que vem sendo abordado por diversos autores.
Ordem Institucional: a eficácia no desenvolvimento de novos produtos tornou-se uma
arma estratégica para posicionar as empresas em condições de competir num mercado
acirrado, em termos de concorrência, dada a importância que o tema tem merecido e o
seu rápido crescimento. Isto tem levado as Universidades a darem uma nova vertente
aos seus programas de curso, incluindo disciplinas no campo de Desenvolvimento de
Produtos e Serviços, Gerenciamento de Projetos e Qualidade, preparando seus alunos
para um mercado de trabalho cada vez mais competitivo.
Este estudo pretende contribuir para o progresso da pesquisa voltada a área de
desenvolvimento de produtos, na qual o autor vem atuando como pesquisador e
estudante nos seguintes projetos/linhas de pesquisa:
Desenvolvimento de Novos Produtos, da Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho - UNESP;
Fatores Humanos e Tecnológicos e Competitividade, da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro - UERJ.
O autor tem desenvolvido diversos trabalhos na área de fatores críticos de
sucesso, projetos, indústria automotiva e PDP (DELAMARO; ROCHA, 2006;
ROCHA, 2002a; 2002b; 2003a; 2003b; 2004a; 2004b; OLIVEIRA; ROCHA, 2005;
OLIVEIRA; MARINS; ROCHA, 2006; QUINTELLA; ROCHA; ALVES, 2005,
2006; QUINTELLA; ROCHA; MOTTA, 2005; QUINTELLA; ROCHA; COSTA,
2005; QUINTELLA; GOMES; ROCHA, 2006; QUINTELLA; ROCHA, 2005a,
2005b, 2006a, 2006b, 2007; ROCHA; DELAMARO, 2007a, 2007b; ROCHA;
35
OLIVEIRA; DELAMARO, 2008), como continuidade de sua pesquisa de Mestrado
(ROCHA, 2005).
Aliado a isso, o autor atua como coordenador do curso de Engenharia de
Produção habilitação Automotiva, da Faculdade de Engenharia de Resende (FER), na
cidade de Resende/RJ, curso que foi desenvolvido para atender as necessidades de
mercado do Polo Automotivo da região Sul-fluminense, conforme constante no
Projeto Pedagógico do citado curso:
foi iniciado em decorrência do interesse da Volkswagen Caminhões e
Ônibus e de outras montadoras e consorciadas, sediada no município de
Resende e seus arredores, em criar um curso de Engenharia que focasse a
gestão dos processos da cadeia de produção da indústria automotiva. Neste
sentido, a empresa Volkswagen Caminhões e Ônibus fez um primeiro
contato com a Faculdade de Engenharia de Resende - FER para desenvolver
e implantar um Curso de Engenharia de Produção habilitação Automotiva.
Coube a AEDB - FER viabilizar a estrutura acadêmica, o suporte
laboratorial para as disciplinas de conteúdos básicos [...] e, em particular, à
Volkswagen o apoio laboratorial às disciplinas de conteúdo profissional e
profissionais específicas [...].
Cabe notar que na definição dos conteúdos das disciplinas Profissionais
Específicas houve forte entrosamento entre o corpo técnico da Volkswagen,
outras montadoras e suas consorciadas e o corpo docente da FER [...] através
de seus engenheiros, visando conhecimento e habilidades desejadas ao
futuro profissional engenheiro de produção (AEDB, 2008a, p.3).
Por conta da parceria Empresa-Escola existente exemplo de movimento
crescente no País (BURGARDT, 2007) -, diversos projetos são desenvolvidos pela
citada instituição junto às montadoras da região, quais sejam: uma empresa de
caminhões e ônibus e outra de veículos de passeio. Além do curso de graduação, foram
desenvolvidos também cursos de pós-graduação na área (AEDB, 2007),
desenvolvimento conjunto de veículos (AEDB, 2008b, 2008c), instalação de
laboratórios (AEDB, 2008d), desenvolvimento de treinamentos específicos, etc.
36
Durante o desenvolvimento da presente pesquisa, em reuniões de trabalho, as
montadoras instaladas na região Sul-fluminense, estabeleceram necessidades de
profissionais específicos. A atual necessidade colocada pelos parceiros junto à FER diz
respeito ao desenvolvimento de competências nos alunos e egressos do citado curso na
área de desenvolvimento de produtos: ainda que o momento atual apresente elevados
níveis de incerteza pela crise financeira e estrutural mundial, a qual tem mostrado seus
efeitos sobre a indústria automotiva (INAMPUDI; SATPATHY; SINGH, 2008;
KNOWLEDGE, 2008a, 2008b), aliado à crescente ameaça dos veículos chineses
(BONINI; OPPENHEIM, 2008; BROOKE, 2008; CARNEY, 2008; FRITZ, 2008;
GAO, 2008; GEHM, 2008; JUSKO, 2008; KUBO, 2008; SHARP, 2008) e as
mudanças que começam a serem percebidos nestes mercados, quanto à eficiência
energética, combustíveis alternativos, veículos híbridos, contrastando fortemente com
a percepção de valor de automóveis de luxo, que predominou por tantos anos
(ANURIT; NEWMAN; CHANSAKAR, 1999; BYUN; DEVANEY, 2006), bem como
a possibilidade de completa reestruturação da indústria, por meio de fusões e novos
entrantes, as montadoras entendem a necessidade imediata de desenvolver novos
produtos de forma ágil, eficiente e eficaz, com os estudantes e profissionais de
engenharia de produção atuando de forma mais ampla, conciliando a criatividade e
abstração necessárias ao desenho dos produtos com o conhecimento técnico referente à
manufaturabilidade dos mesmos, perfil do profissional colocado pelas montadoras
como sendo sua necessidade atual.
Cabe salientar o alinhamento de tal necessidade com o conceito levantado em
1965, em palestra proferida na I Semana da Engenharia de Produção: na mesma foram
discutidas as fronteiras da Engenharia de Produção e suas nuances, desde a Engenharia
de Manutenção, Construção, passando por Projeto, Desenvolvimento até a Ciência
Pura e Aplicada (LEMES, 2004). Semelhante abordagem foi discutida por Denton
(1996), em estudo do The Design Council and Royal Academy of Engineering no
Reino Unido, junto a especialistas em desenvolvimento de produtos e professores de
12 Universidades.
Tal situação reforçou a delimitação da pesquisa estabelecida quanto ao PDP das
montadoras de veículos. No entanto, a necessidade identificada das montadoras
37
parceiras da Instituição de Ensino, em buscar formas de aprimorar o desenvolvimento
de seus produtos, mostrou ser adequado restringir ainda mais a abrangência da
pesquisa: ainda que o Universo das montadoras instaladas no Brasil seja bastante
vasto, optou-se, pelo cenário exposto, em estudar o somente as montadoras
instaladas no Polo Automotivo da região: a empresa de caminhões e ônibus e a de
veículos de passeio. Ainda que atuem em segmentos diferentes (veículos comerciais e
de passeio, respectivamente), estudos anteriores já identificaram fortes pontos em
comum entre as mesmas, sendo as diferenças estudadas e compreendidas, conforme
relatado por Quintella, Rocha e Alves (2005) e Quintella e Rocha (2007), permitindo
que a pesquisa possa ser desenvolvida em terreno conhecido.
Tal delimitação atende ao passo previsto no modelo de Cooper e Schindler
(2003), quanto a refinar a questão da pesquisa, conforme exposto na Figura 5, a qual
passa a ser então “Quais são os fatores críticos de sucesso nos processos de
desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo Automotivo da região
Sul-fluminese?”.
Alto índice de insucesso no DP,
gerando dificuldade na garantia de
sustentabilidade financeira e
continuidade nos negócios para as
organizações.
Quais são as áreas e atividades em DP
que as organizações devem dedicar
maior foco e atenção gerencial, além
de utilizar as melhores práticas e
processos, de forma a reduzir o risco e
índice de falhas e insucessos, tornando
o produto mais robusto e previsível?
Quais são os FCS nos PDPs das
montadoras instaladas no Brasil?
Quais são os FCS nos PDPs das
montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense?
Figura 5 – O processo da pesquisa (detalhe com refinamento da questão)
Fonte: Autoria própria, com base no modelo de Cooper e Schindler (2003)
38
Justifica-se também a escolha de tais montadoras pela relevância das mesmas: a
empresa de caminhões e ônibus é tema de estudo de diversos autores (ABREU;
BEYNON; RAMALHO, 2000; ABREU et al., 1999; BALDWIN; CLARK, 1997;
BEYNON; RAMALHO, 1999; CAMARGO; LEMOS, 2008; CAMUFFO, 2002;
CARRINCAZEAUX; LUNG, 1997; CARVALHO, 1997; COLLINS; BECHLER;
PIRES, 1997; CORREA, 2001; KUBO; SILVA; LIMA, 2006; MARX;
ZILBOVICIUS; SALERNO, 1997; OLIVEIRA; MARINS; ROCHA, 2006;
OLIVEIRA; ROCHA, 2005; PIRES, 1998, 2002; RESENDE et al., 2002; SALERNO;
DIAS; ZILBOVICIUS, 1999; SALERNO; DORAN; HILL, 2009; SALERNO;
ZILBOVICIUS, 1997), por conta de seu modelo de Consórcio Modular, no qual os
parceiros da empresa mãe (chamados modulistas) atuam diretamente na linha de
montagem do produto final, dividindo não o espaço físico, mas também
responsabilidades. Única fábrica de caminhões do grupo no mundo, foi vendida por
1,175 bilhão de euros para o grupo M.A.N. AG, um dos maiores fabricantes de
caminhões e ônibus do mundo, com faturamento anual de € 14 bilhões, mais de 50 mil
empregados, tendo em seu portfólio também motores diesel, compressores e turbinas
(VOLKSWAGEN, 2008).
A empresa francesa de veículos de passeio foi uma das montadoras a se instalar
no país no período “pós-Fiat” e vem ganhando participação de mercado de forma
robusta: em 2007, apesar da forte concorrência, consolidou sua posição como a quinta
maior montadora do país em apenas sete anos de atividade (PSA, 2008), superada
somente pela Volkswagen, Fiat, GM e Ford, estando à frente da Renault (também
francesa) e Honda (ANFAVEA, 2008), sendo, portanto uma das montadoras instaladas
no país de maior sucesso. A unidade industrial localizada no município de Porto
Real/RJ é uma das 14 do grupo em funcionamento no mundo, presente em todos os
continentes (OICA, 2008).
39
1.4. OBJETIVOS DA PESQUISA
De acordo com Norrie (2006), a pesquisa deve buscar responder questões em
quatro áreas (relevância, legitimidade, efetividade e eficiência) sobre a solução
proposta para o problema:
Questões sobre relevância:
A solução é apropriada para a situação problema?
O problema é de natureza universal ou seletiva?
necessidade de novas políticas, procedimentos ou ferramentas para suportar a
solução?
O problema é uniforme ao longo de toda a organização?
Questões sobre legitimidade:
A solução é legal e ética?
A solução tem consequências organizacionais ou sociais não intencionais?
Quais são as consequências da implementação da solução na organização?
Questões sobre efetividade:
A solução é correta?
A solução pode ser implementada sem maiores rupturas?
Questões sobre eficiência:
A solução usa eficientemente os recursos disponíveis?
Ela requer recursos, competências ou habilidades novas ou únicas para
implementação?
Existe soluções mais eficientes?
Propõem-se desta forma pesquisar junto às citadas montadoras os fatores críticos
de sucesso no processo de desenvolvimento de seus produtos, com a contribuição
40
esperada sendo a de identificar práticas, ferramentas, técnicas, métodos e mecanismos
que permitam aumentar a chance de sucesso nos novos produtos e que possam ser
replicados em outras organizações. Os objetivos da pesquisa podem ser descritos da
seguinte forma:
Objetivo Geral: Identificar os fatores críticos de sucesso dos processos de
desenvolvimento de produtos utilizados pelas montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminese.
Objetivos específicos:
1. Identificar FCS em PDP e projetos em geral, com base na literatura existente;
2. Identificar os FCS em PDP, com base nos julgamentos de especialistas nas
empresas estudadas;
3. Comparar FCS em PDP constantes na literatura com FCS propostos por
especialistas;
4. Validar os FCS;
5. Comparar os FCS validados pelas companhias estudadas.
1.5. EMPRESAS PESQUISADAS
A fábrica do segmento automóveis, localizada no município de Porto Real/RJ, do
grupo automobilístico de origem francesa com operações em 150 países e 207.800
colaboradores, o qual vendeu em todo o mundo 3.428.400 veículos no ano de 2007,
faturando € 60,6 bilhões, foi inaugurada em fevereiro de 2001. Produzindo em 3
turnos, conta com quatro unidades de produção: chaparia, pintura, montagem e
motores (esta última inaugurada em março 2002), numa área construída de 175.120 m
2
em terreno de 2 milhões de m
2
e população aproximada de 3.900 pessoas, produziu em
2007, 114.500 veículos (13.000 exportados), dentre os modelos 206, 206SW, 207,
207SW e 207 Passion, o C3, o novo C3 e o Xsara Picasso, e 161.000 motores (62.300
exportados). A empresa alcançou no ano de 2007 a posição de quinta maior montadora
do país e no ano de 2008 foram alcançados dois marcos pela unidade estudada:
41
500.000 veículos (em março) e 500.000 motores (em abril) produzidos. Na fábrica de
motores são produzidos os propulsores 1.4l e 1.6l flex-fuel e a gasolina. Em setembro
de 2008 foram finalizadas as obras do Prédio de Usinagem da unidade (PONTICEL,
2008; PSA, 2008).
Seu processo de desenvolvimento contém quatro macro-fases:
Mise en Projet (desenvolvimento do projeto) - voltada ao desenvolvimento da
arquitetura e conceito, a qual não é feita ainda no Brasil;
Avance de Phase Programmée (avanço à fase programada) - inicia-se pelas
reuniões de estratégia de produtos, envolvendo representantes de sua sede na
Europa, com as áreas locais de Estratégia, Marcas (responsável pelas vendas) e
Marketing (responsável pelo estudo mercadológico);
Phase Préliminaire et Phase de Développement (fase preliminar e fase de
desenvolvimento) - à partir das oportunidades identificadas, desdobra-se a
estratégia de lançamento de um modelo existente (no mundo), adequando-o
às condições do mercado brasileiro, nas denominadas reuniões de Planning
com a Marca, em processo interativo (loopings). Os aspectos cnicos dessas
adequações são verificados por meio de “validades veiculares” (testes de
Engenharia) e, se aprovadas, devem ser validadas por Marketing e Marcas; e
Phase Industrielle (fase industrial).
A fábrica de caminhões e ônibus iniciou suas atividades em 1995 em unidade
provisória, passando à unidade definitiva em 1996, numa área de 1 milhão de m
2
,
sendo 135.000 m
2
construídos. Com uma população de 4.728 pessoas e capacidade de
produção de 300 unidades por dia, produz atualmente cerca de 230 unidades/dia,
dentre 23 diferentes modelos (mercado local e exportação), num total de 214
configurações (dados de outubro de 2008). Por conta do alto nível de customização
exigido neste mercado, a empresa mantém parceria com Empresa de menor porte,
dedicada ao desenvolvimento de protótipos e modelos especiais de veículos.
A equipe voltada ao desenvolvimento de produtos atua de forma matricial:
funcionalmente atuam as gerências de Powertrain (com funções de aplicação e teste,
desenho de motores e desenho de transmissão), Chassis (com as funções de suspensão,
42
direção e freio e eixos), Carroceria e Acabamento e, por último, Eletrônica.
Transversalmenteas gerências de Conceituação (subdividida em conceito de ônibus
e caminhões, veículos especiais e simulação), Veículo Completo, responsável pela
liberação dos produtos (com as funções Durabilidade, Engenharia do Cliente,
Avaliação de Veículos Especiais, Digital Mockup, Homologação e Documentação) e
Gerenciamento de Programas, a qual coordena Vendas, Manufatura, Compras, etc., no
gerenciamento do tempo, custo, escopo, etc. dos projetos. Os inputs desta gerência
alimentam o planejamento estratégico da Companhia.
Seu processo de desenvolvimento de produtos inicia-se pelo QFD (Quality
Function Deployment - Desdobramento da função da qualidade), a partir de inputs da
área de Vendas, a qual faz constante análise da concorrência, sinalizando áreas e
negócios potenciais de atração no mercado. O Departamento de Conceituação faz
então prospecções direcionadas no mercado, junto aos principais frotistas e
autônomos. Questionamentos feitos nesta atividade poderiam ser exemplificados como
sendo:
O que você mais gosta no seu produto?
O que você menos gosta no seu produto?
Você compraria um produto se ele fosse desta forma?
Etc.
Inputs internos dos times multifuncionais (Qualidade, Manufatura, Finanças,
Logística, Pós-vendas, Compras e Desenvolvimento), quanto a, por exemplo,
reclamações sobre corrosão, necessidade de troca de óleo e outros fatores
operacionais, são também compilados e analisados pelo grupo de Conceituação.
Paralelamente, são avaliadas e monitoradas as deliberações a respeito da legislação do
produto (por exemplo, carga máxima, limites de emissão de poluentes, ruído, etc.),
tratando-se de atividade de suma importância por expor novos nichos e restrições ao
desenvolvimento de produtos. As prospecções de mercado e legislação são
constantemente cruzadas com as estratégias definidas para a empresa, de forma a
delinear ações e prioridades organizacionais.
43
Definido o conceito, passa-se ao desenvolvimento, com maciça utilização de
aplicativos CAD (atualmente utilizando CATIA) e FEA (na plataforma I-DEAS) e
deste desenvolve-se o primeiro protótipo. Este se prestará ao benchmarking
comparativo com produtos da concorrência e também à aquisição de dados (cooling,
ruído, consumo, etc.). Clientes são chamados novamente para compor o Conselho
Consultivo (Customer Approach) para avaliarem, opinarem e validarem conceitos,
atendimento a requisitos, etc. Em alguns casos, produtos pré-lançamento o
disponibilizados a clientes para uso (na forma de comodato), caracterizando-se
importante fonte de feedback para a Engenharia.
Avançando no PDP, inicia-se a construção de protótipos de engenharia, para
avaliação de conceito, dimensional, material e processo. Ou seja, são protótipos
ferramentados e utilizando componentes já em composição e configuração de
produção, ainda que possam ser utilizadas ferramentas de uso temporário, de baixo
volume/vida útil (denominadas LVTP low volume production tool), as quais devem
atender as necessidades de produção a três meses após o lançamento). Tais
protótipos são então utilizados nos testes de Engenharia e, quando da
aprovação/liberação, é dada a autorização para iniciar-se a produção.
Em todos esses passos, o PDP é gerenciado por avaliações (assessments) em
pontos específicos (milestones) das diversas fases (phase gates). Desvios e problemas
são gerenciados nas avaliações e definidos planos de ação e contramedidas. Prazos
para etapas são pré-definidos e adaptados às necessidades e complexidade de cada
projeto.
1.6. PREMISSAS
Para a realização da pesquisa foi adotada a premissa de que os Fatores Críticos de
Sucesso (FCS) são um instrumento empírico válido para o planejamento estratégico
empresarial, principalmente nas etapas de identificação e especificação das demandas
de informação e desempenho. A adoção de tal premissa se baseou nos resultados de
estudos similares em outras áreas de negócio (AGUIAR, 2006; BRÄNNBACK et al.,
2004; DURÇO, 2002; FREUNDT, 1997; KHANDELWAL; FERGUSON, 1999;
44
KING; BURGUESS, 2006; LAM; CHIN, 2005; MATTHEWS, 2008; MELLO, 2006;
MORIYAMA, 2001; OLIVEIRA, 2006; QUINTELLA, PELICCIONE, 2006;
QUINTELLA; RODRIGUES, 2005; QUINTELLA; SELLES, 2003; QUINTELLA;
SELLES; COLOMBARETI, 2005; QUINTELLA; SIQUARA; ORNELLAS, 2004;
QUINTELLA; TOLEDO, 2001; QUINTELLA; VIANNA, 2001; VAN VEEN-
DIRKS; WIJN, 2002; VERSTRAETE, 2000).
Os Fatores Críticos de Sucesso representam os aspectos fundamentais para a
obtenção de sucesso nos negócios que, por sua natureza endógena à organização,
possam ser gerenciáveis, ou sejam, os que podem ser controlados e alterados por ações
diretas da empresa. Um grande número de pesquisadores, consultores e executivos têm
utilizado esta ferramenta nos processos de desenvolvimento de planejamento
estratégico, como ponto de partida para a aplicação de novas metodologias de controle
e gestão empresarial (CARALLI, 2004).
1.7. HIPÓTESES
A elaboração das hipóteses buscou fundamentar-se no conhecimento existente
sobre o assunto. Desta forma, recorreu-se à literatura relacionada aos fatores críticos
de sucesso nos PDPs e projetos em geral, conforme relatado a seguir.
Krishnan e Ulrich (2001), em extensa pesquisa sobre decisões em PDP, listaram
os seguintes fatores críticos de sucesso: preço e posicionamento do produto,
identificação e atendimento das necessidades dos clientes, alinhamento organizacional,
características do time, otimização do desempenho e criatividade no gerenciamento do
projeto. Meybodi (2003) listou ainda qualidade, tempo, competência e custos,
enquanto Quintella e Osório (2002) e Shenhar et al. (2001) identificaram como
dimensões de sucesso de projetos, o cumprimento de prazos e orçamentos, qualidade
do produto e geração de receita. Johne e Snelson (1988) citam como sub-atividades
operacionais críticas para sucesso no desenvolvimento de produtos os testes realizados
na empresa, os realizados junto aos consumidores, os dos meios produtivos e os de
mercado para comercialização.
45
Cooper e Kleinschmidt (2007) estabeleceram nove fatores de sucesso no
desenvolvimento de novos produtos, com especial relevância nos quatro primeiros:
Processo de alta qualidade para definição de novos produtos: clara definição de
atividades, escopo, pontos de decisão e implementação;
Estratégia de novos produtos para a unidade;
Recursos suficientes em termos de pessoal e orçamento aprovados;
Previsão de investimento em P&D como percentagem das vendas;
Times de projeto de alta qualidade;
Envolvimento e compromisso da alta gerência com o desenvolvimento de
novos produtos;
Cultura de inovação;
Organizações multifuncionais dos times de projeto; e
Responsabilidade da alta gerência com os resultados dos novos produtos.
Costa Júnior e Silva (2003) pesquisaram os fatores de fracasso no PDP,
identificando o mau planejamento, mau gerenciamento, conceito ruim, execução,
mau uso da pesquisa e tecnologia ruim. Cooper (1994b), Crow (2005) e Valeriano
(1998) destacam que as revisões de projeto são instrumentos essenciais. Mais
recentemente, Valambrini (2008) destacou a importância da correta gestão das
atividades de criação, armazenagem, distribuição, utilização e descarte de dados e
informações, para geração do conhecimento organizacional e, consequentemente, da
eficácia dos processos de tomada de decisão corporativos. Reforçando tal conceito,
encontramos Andrade, Monti e Silva (2008), que citam que na denominada “indústria
da mobilidade” (automobilística, náutica, aeroespacial e agrícola), o planejamento do
produto é o tipo mais comum de roadmap de tecnologia e inclui mais de uma geração
de produtos.
Além destes, conforme Baxter (2003), estudos realizados nas cadas de 80 e 90
na Inglaterra, Estados Unidos e Canadá, envolvendo mais de 14 mil novos produtos
em cerca de mil empresas, analisaram o processo de desenvolvimento de projetos de
produtos, para saber como foram feitos e se isso teria alguma relação com seu
desempenho comercial. O gráfico na Figura 6 apresenta os principais fatores de
46
sucesso no desenvolvimento de novos produtos, mostrando, para cada fator, o número
de vezes que o produto tem mais chances de sucesso do que os produtos sem essa
característica (fator).
Tais fatores corroboram com os achados de Van Kleef (2006), que indicaram que
as empresas que fazem uso maciço de “atividades pré-desenvolvimento”, como, por
exemplo, definição de mercado e identificação das necessidades dos consumidores,
tem uma taxa de sucesso maior que o dobro das que utilizam poucas dessas atividades
(73% vs. 29%), justificando o investimento feito, o qual é, em média, 1,75 vezes (em
termos de homem-hora) maior nas primeiras. Para o mesmo autor, o sucesso do DP
está intimamente ligado ao atendimento das necessidades dos consumidores, à
quantidade e qualidade das ideias sobre novos produtos, enquanto a principal falha
ocorre pela não utilização adequada dos achados das pesquisas feitas junto aos
consumidores.
Fatores de Sucesso no
Desenvolvimento de
Novos Produtos
5,3
3,3
2,8
2,7
2,5
2,4
2,3
0
1
2
3
4
5
6
Chances de sucesso dos novos produtos
(número de vezes)
Vistos pelos consumidor como
tendo mais valor
Características bem especificadas
antes do desenvolvimento -
funções, tamanhos, potências, etc.
Equipe técnica talhada para as
necessidades de desenvolvimento
Grande nível de cooperão entre
pessoal técnico e de Marketing
Alta qualidade nas atividades
técnicas
Estudos de viabilidade técnica e
ecomica antes do
desenvolvimento
Funções de Marketing e vendas
entrosadas com a equipe de
desenvolvimento
Figura 6 - Fatores de sucesso no desenvolvimento de novos produtos
Fonte: Baxter (2003)
47
Takeuchi e Nonaka (1986) destacaram o risco no desenvolvimento de produtos
com o que eles denominaram “síndrome da mesa ao lado” (next bench syndrome), que
seria o hábito de desenvolver produtos perguntando ao colega ao lado que tipo de
produto ele gostaria, pois isso levaria possivelmente a não atender requerimentos do
mercado. Os mesmos autores identificaram seis características do PDP de
organizações líderes no Japão:
Instabilidade incorporada (built-in instability): projetos são solicitados aos times
com pouco detalhamento operacional, estabelecendo, no entanto, direcionamento
estratégico, objetivos e metas desafiadoras e liberdade de ação, gerando elementos
de tensão entre os componentes;
Times de projeto auto-organizados: times criam sua própria ordem dinâmica,
tomando iniciativas e assumindo riscos e, em certo ponto, estabelecendo com
autonomia conceitos e objetivos próprios;
Fases sobrepostas de desenvolvimento: a sobreposição (overlapping) de
atividades, agilizando o processo e tornando a disseminação das informações e
conhecimento mais efetivas;
Multiaprendizado: aprendizado ocorre em múltiplos níveis (individual, grupal e
corporativo) e múltiplas funções, devido à interação entre partes envolvidas e
proximidade às fontes externas de informação;
Controle “sutil”: ainda que empowered, times são gerenciados por meio da seleção
dos envolvidos e suas personalidades (por exemplo, o balanço entre membros mais
conservadores junto ao resto do grupo), incentivo a um ambiente aberto, sistemas
de reconhecimento e recompensa para desempenho grupal, tolerância e
antecipação aos erros, etc.; e
Transferência de aprendizado: forte movimento para disseminar o conhecimento
acumulado ao longo dos diversos níveis, funções e também para outros elementos
externos ao grupo (por exemplo, outros times).
Gil (2001); Keller (2008); King e Burgess (2006); Laseter e Ramdas (2001);
Sobrero e Roberts (2001) e Von Corswant, Wynstra e Wetzel (2003) relataram que o
conhecimento dos fornecedores está disponível e pode contribuir significativamente
48
para o processo de desenvolver, produzir e qualificar produtos, sendo que o
envolvimento destes nas fases iniciais do projeto é possível para profissionais
experientes, de forma a dividir e alavancar seu conhecimento. A pesquisa indicou
também que, ainda que as necessidades críticas do desenvolvimento pelos clientes
sejam as datas de entrega, confiabilidade de performance e a permanência dentro dos
limites orçados, os mesmos querem liberdade para modificações durante o processo de
desenvolvimento, desde que, simultaneamente, sejam atendidas estas necessidades.
Griffin e Page (1993) levantaram os indicadores utilizados por acadêmicos e
empresas, que resultaram em 16 indicadores de medidas de sucesso em
desenvolvimento de produtos, apresentados na Figura 7.
Aceitação do consumidor Desempenho financeiro Produto Empresa
• Aceitação do
consumidor;
• Satisfação do
consumidor;
• Metas de vendas;
• Crescimento de vendas;
Metas de participação de
mercado;
Metas de unidades
vendidas.
Tempo de retorno de
investimento;
Atingimento das
margens;
Atingimento das metas
de lucratividade;
Taxa de retorno e
retorno sobre
investimento (ROI).
Custo de
desenvolvimento;
Lançamento no
tempo planejado;
Nível de desempenho
do produto;
Diretrizes de
qualidade atingidas;
• Velocidade de
lançamento do produto.
• % de vendas dos
novos produtos.
Figura 7 - Indicadores de medidas de sucesso em DP
Fonte: adaptado de Griffin e Page (1993)
Enquanto Thomke e Hippel (2002) defendem que o envolvimento do cliente no
processo é elemento que usualmente leva à redução do tempotambém defendido por
Hippel e Katz (2002) , Witzenburg (2003) destaca o uso de simulações também
proposto por Oxberry (2002) e Versprille (2001) – e de testes de subconjuntos e
subsistemas separadamente, de forma a antecipar as respostas do produto final, como
ocorrido no Global Vehicle Development Process da GM, em que reduziu-se o tempo
entre a aprovação do conceito e o início da produção de 48 meses para 18-24 meses,
permitindo adequação mais rápida às necessidades de alteração ou validação de
tecnologia e ampliando a confiabilidade do produto e do próprio PDP.
Driva, Pawar e Menon (2000) apontaram as medidas mais utilizadas nas
empresas para medição de desempenho de processos de desenvolvimento de produtos,
conforme mostrado na Tabela 2.
49
Tabela 2 - Medidas utilizadas para medição de PDPs
Medidas % de uso
Custo total do projeto 71
Desenvolvimento no tempo planejado 61
Custo real x custo orçado 60
Tempo real x planejado 58
Tempo de lançamento ao mercado 57
Teste de campo visando a produção 54
Análise de lucratividade projetada 51
Tempo de desenvolvimento do fornecedor 49
Razões para falha no mercado 46
Aprovação dos protótipos nos testes de segurança 45
Orçamento de P&D como percentual de vendas 43
Tempo gasto em cada fase do desenvolvimento 42
Metas de qualidade do produto atingidas 39
Lucro real x previsto nos produtos 35
Fonte: Driva, Pawar e Menon (2000)
Baxter (2003) recomenda o estabelecimento de metas claras, concisas,
específicas e verificáveis ao longo do PDP e que o processo seja estruturado de forma
a "afunilar as decisões", mantendo baixo comprometimento financeiro inicial devido
ao alto risco e incerteza existente –, até que, com a maturação do desenvolvimento e
consequente diminuição do risco, passe-se a efetuar investimentos de maior porte
(protótipos, ferramentas de produção, etc.). O estudo de Rozenes, Vitner e Spraggett
(2006) indicou também metas claras, suporte gerencial, mecanismos de controle e
comunicação como sendo primordiais para o sucesso de projetos.
Rozenfeld e Amaral (1999) estudaram modelos para desenvolvimento de
produtos e identificaram fatores condicionantes nestes, tal como o grau de inovação do
projeto, estrutura de mercado, direcionamento estratégico e dimensões da qualidade do
produto. Gantewerker e Manoski (2003a) definem ainda quatro categorias nas quais os
membros de desenvolvimento devem buscar a proposição de sucesso, durante o
avanço do projeto: posicionamento estratégico, interesse do cliente, viabilidade
econômica, viabilidade técnica e segurança / aspectos legais.
Silva (2001) comenta que a adoção das melhores práticas nem sempre levará a
empresa a um desempenho superior, pois “a melhor prática pode o ser adequada, ou
mais adaptada às necessidades especificas dos ambientes externo e interno da
organização ou ser mal interpretada”. O autor compilou as contribuições no que
chamou de “concepção moderna do processo de desenvolvimento de produtos”,
50
apresentadas por diversos autores (CORREA, 1994; CORREA; GIANESI, 1994;
HAUSER; CLAUSING, 1988; JURAN, 1988; ROSENTHAL, 1990; SULLIVAN,
1986; TAKEUCHI; NONAKA, 1986; TELLIS; GOLDER, 1997; ZITT;
BASSECOULARD, 1998). São elas:
1. Redução de custos;
2. Melhoria da qualidade;
3. Redução do prazo de desenvolvimento;
4. Aumento da flexibilidade;
5. Aumento da confiabilidade;
6. Aprendizado;
7. Redução do custo de oportunidade;
8. Transformação da cultura organizacional;
9. Ampliação do ciclo de vida;
10. Aumento da participação no mercado;
11. Aumento na margem de lucro; e
12. Melhoria da imagem.
Estudo realizado nos EUA por Baker, Murphy e Fisher (1983), a partir do
levantamento de 650 projetos, identificou dois fatores-chave para o alcance de sucesso
nos empreendimentos: (1) estruturas organizacionais apropriadas; e (2) mecanismos de
planejamento e controle adequados. Os mesmos autores estudaram o conceito de
sucesso percebido quando notaram, em sua pesquisa, que projetos que não atingiram
suas metas originais de custo, prazo e qualidade não eram, necessariamente,
percebidos como projetos fracassados pelas pessoas envolvidas em seu
desenvolvimento. Assim, o sucesso de um projeto está ligado à percepção que os
envolvidos (stakeholders) m do sucesso/fracasso do projeto, identificados nos
seguintes elementos:
Elementos que afetam, simultaneamente, a percepção de sucesso e de fracasso:
Comprometimento da equipe com as metas;
Estimativas iniciais de custo precisas;
51
Competências da equipe de projeto adequadas;
Disponibilidade de recursos financeiros adequados para a conclusão;
Técnicas de planejamento e controle adequadas;
Mínimas dificuldades de inicialização;
Orientação à tarefa;
Ausência de burocracia;
Gerente de projeto presente; e
Critérios de sucesso claramente estabelecidos.
Elementos que afetam a percepção de sucesso:
Feedback frequente da organização mãe;
Feedback frequente do cliente;
Uso sensato de técnicas de rede;
Disponibilidade de estratégias de reserva.
Estrutura organizacional adequada da equipe de projeto;
Procedimentos de controle adequados, especialmente para tratar com as
mudanças;
Participação da equipe de projeto na elaboração dos cronogramas e dos
orçamentos;
Organização mãe flexível;
Organização mãe comprometida com os prazos estabelecidos;
Entusiasmo da organização mãe;
Organização mãe comprometida com os orçamentos estabelecidos;
Organização mãe comprometida com as metas técnicas estabelecidas;
Interesse da organização mãe com o desenvolvimento de competências
internas;
Gerente de projeto comprometido com os prazos estabelecidos;
Gerente de projeto comprometido com os orçamentos estabelecidos;
Gerente de projeto comprometido com as metas técnicas estabelecidas;
Cliente comprometido com os prazos estabelecidos;
52
Cliente comprometido com os orçamentos estabelecidos;
Cliente comprometido com as metas técnicas estabelecidas;
Apoio público entusiasmado;
Ausência de obstáculos legais; e
Número reduzido de agentes públicos e governamentais.
Elementos que afetam a percepção de fracasso:
Insuficiente uso de relatórios de posição e progresso;
Uso superficial de relatórios de posição e progresso;
Gerente de projetos com habilidades administrativas inadequadas;
Gerente de projetos com habilidades humanas inadequadas;
Gerente de projetos com habilidades técnicas inadequadas;
Gerente de projetos com poder de influência insuficiente;
Gerente de projetos com autoridade insuficiente;
Cliente com poder de influência insuficiente;
Baixa coordenação com o cliente;
Falta de apoio do cliente;
Desinteresse do cliente com critérios orçamentários;
Falta de participação da equipe do projeto no processo e decisão;
Falta de participação da equipe do projeto na resolução dos principais
problemas;
Estrutura excessivamente rígida dentro da equipe de projeto;
Insegurança com o cargo dentro da equipe;
Falta de espírito de equipe e comprometimento da equipe de projeto;
Organização mãe (executante) estável, não dinâmica, falta de mudanças
estratégias;
Coordenação ruim com a organização mãe;
Falta de apoio da organização mãe;
Relacionamento ruim com a organização mãe;
Novo "tipo" de projeto;
53
Projeto com complexidade maior aos que a organização já executou;
Falta de recursos no inicio do projeto;
Incapacidade em estabilizar, precocemente, as especificações;
Inabilidade nas etapas de encerramento;
Cronogramas de projeto irreais;
Procedimentos de mudanças inadequados;
Relacionamento ruim com o poder público; e
Opinião pública desfavorável.
Da mesma forma, o conceito de sucesso utilizado por Dvir et al. (1998) possui
duas dimensões: benefícios percebidos pelo consumidor e cumprimento de metas de
projeto (design), o que sugere, também, uma divisão do conceito de sucesso na medida
em que os benefícios percebidos pelo consumidor podem ser avaliados após algum
tempo de uso do produto do projeto, ao contrário do cumprimento das especificações,
que pode ser avaliado durante o desenvolvimento e ao término do projeto. Similares
achados existem no estudo de Pinto e Slevin (1988), os quais apresentam uma
definição de desempenho de projetos que considera tanto os aspectos internos como os
externos. Segundo eles, os aspectos internos são: Custo, Prazo e Qualidade
(atendimento às especificações técnicas), enquanto os aspectos externos são: Uso,
Satisfação e Eficácia.
De acordo com Cooke-Davies (2002), o sucesso de um projeto não pode ser
medido antes de o projeto estar completo, enquanto o desempenho do projeto pode ser
medido ao longo de sua vida. Em pesquisa junto a mais de 70 organizações na Europa,
Austrália e América do Norte, o autor segmentou os FCS para gerenciamento do
projeto, para sucesso do projeto e fatores direcionadores, listados a seguir.
Para sucesso no gerenciamento do projeto:
1. Adequação de toda a companhia nos conceitos de gerenciamento de riscos;
2. Maturidade do processo para designação de responsabilidades sobre riscos;
3. Adequação da manutenção de registros de risco;
4. Adequação do plano atualizado de gerenciamento de riscos;
54
5. Adequação da documentação de responsabilidades organizacionais do projeto;
6. Manter duração do projeto (ou fase dele) o mais baixo possível dos três anos (um
ano é o melhor);
7. Permitir mudanças de escopo somente por meio de um processo de controle de
mudanças maduro;
8. Manter integridade do sistema de medidas de desempenho definido (baseline).
Para sucesso do projeto, que o autor considera tratar-se de um aspecto mais
complicado, por envolver “controles de segunda ordem”, foi identificado:
9. A existência de um processo gerencial e de benefícios mútuos que envolva a
cooperação das funções de gerenciamento de projetos e gerenciamento funcional.
E os denominados “fatores diferenciadores” inferidos foram:
10. Práticas de gerenciamento de portfólio e de programas que permitam à empresa
alocar recursos em projetos alinhados com a estratégia corporativa e objetivos de
negócio;
11. Um conjunto de métricas sobre projetos, programas e portfólio que permita
sinalizar a direção, provendo feedback sobre o desempenho e antecipar sucessos
futuros, de tal forma que projetos, portfólios e decisões corporativas possam estar
alinhados;
12. Aprendizado pela experiência em projetos, combinando conhecimento explícito e
tácito, de forma a encorajar os envolvidos no aprendizado num processo de melhoria
contínua em processos e práticas de gerenciamento de projetos.
Baccarini (1999) utiliza também dois conceitos distintos de desempenho: sucesso
da gestão do projeto (visão de processo) e sucesso do produto (visão de produto). O
sucesso do processo está ligado aos aspectos clássicos de desempenho (prazo, custo e
especificações de qualidade técnica), satisfação dos stakeholders com o
desenvolvimento e a qualidade do processo de gestão. Isso leva a critérios de
desempenho como:
55
Antecipar requisitos, atender as necessidades do projeto, uso eficiente de
recursos;
Comunicação e resolução precoce de ocorrências;
Coordenação eficaz, relação entre os stakeholders, espírito de equipe, tomada
de decisão participativa e consensual;
Mudanças de escopo mínimas, ausência de distúrbios na organização (processo
de trabalho e cultura);
Conclusão completa do projeto, ausência de problemas s-encerramento,
identificação e resolução de problemas durante a execução do projeto.
Segundo o autor, o sucesso do produto é avaliado por meio de critérios do tipo:
Atingir os objetivos organizacionais estratégicos do comprador/ patrocinador
do projeto;
Satisfazer as necessidades dos usuários: atender aos propósitos, ser adequado
ao uso; e
Satisfazer as necessidades dos demais stakeholders do produto do projeto.
Silva (2001) propôs o quadro de indicadores, mostrado na Figura 8, que
estabelece inicialmente os indicadores de desempenho do processo de
desenvolvimento de produtos, tendo como fundamentação nos modelos Operating
Profit Through Time and Investment Management OPTIM - de Sullivan
1
, Matriz de
Medição de Desempenho - MMD - de Keegan, Eiler e Jones
2
, Strategic Measurement,
Analysis and Reporting Technique – SMART - de Cross e Lynch
3
, Performance
Measurement Questionnaire - PMQ - de Diexon et al, apud Mcmann e Nanni
4
,
Balanced Scorecard - BSC - de Norton e Kaplan (1997); Modelo de Medição de
1
OPTIM: Linking Cost, Time, and Quality. Quality Progress, American Society for Quality, Milwaukee, v.19,
n.4, p.52-55, Apr. 1986.
2
Are your Performance Measures Obsolete? Management Accounting Quarterly, Institute of Management
Accountants, NJ, n.1, p. 45-50, June 1989.
3
Managing the Corporate Warriors. Quality Progress, American Society for Quality, Milwaukee, v.23, n.4, p.54-
59, Apr. 1990.
4
Is your Company Really Measuring Performance? Management Accounting Quarterly, Institute of
Management Accountants, Montvale, n.1, p. 55-58, Nov. 1994.
56
Desempenho por Processo - MMDP - de DeToni e Tonchia
5
, Zigon Performance
Group - ZPG - de Zigon
6
, European Network for Advanced Performance Studies
ENAPS - de Bradley e Jordan
7
e a abordagem estratégica de Griffin e Page
8
.
Financeiros Não financeiros
Resultado
Participação no mercado;
% da receita gerada por novos
produtos;
Receita de novos produtos;
Meta de lucro;
IRR / ROI;
Crescimento da receita oriunda
de novos produtos;
Custo das devoluções de novos
produtos;
Valor dos pedidos dos novos
produtos oriundos de novos
clientes.
Satisfação do cliente;
Vantagem competitiva;
Aceitação do cliente;
Confiabilidade;
Número de reclamações devido à qualidade do projeto;
Tempo para desenvolvimento de novos produtos;
Número de novos produtos;
Número de novos clientes com pedidos de novos produtos;
Pontualidade na entrega de novos produtos;
Relação dos novos produtos com total de produtos;
Participação de componentes recicláveis.
Meios
Fluxo de recursos (investimento
e tempo);
% da receita investido no
processo de desenvolvimento de
novos produtos;
Gastos com o desenvolvimento
de novos produtos;
Custo do protótipo.
Tempo para desenvolvimento do protótipo;
Número de não conformidades nos lotes piloto;
Taxa de redução de peças;
Taxa interna de não conformidade de novos produtos;
Custo de não conformidade interna de novos produtos;
Qualificação dos funcionários que atuam no
desenvolvimento de produtos;
Rotatividade dos envolvidos no processo de
desenvolvimento de novos produtos;
Performance dos fornecedores que participam do
desenvolvimento de novos produtos;
Número de componentes padrão nos novos produtos;
Mudanças no projeto para atender a capacidade do processo;
Competências de gestão do processo de desenvolvimento de
produtos.
Figura 8 - Indicadores genéricos do PDP
Fonte: Silva (2001)
No estudo de Zwikael e Globerson (2006) foram identificados os seguintes FCS
para projetos:
Definição das atividades a serem executadas no projeto;
Desenvolvimento do cronograma;
5
Lean Organization, Management by Process and Performance Measurement. International Journal of
Operations & Production Management, MCB University Press, v. 16, n. 2, p. 221-236, 1996.
6
How to Measure Employee Performance. HRMagazine, Society for Human Resource Management,
Alexandria, Virginia, n. 4, p. 65-70, 1998.
7
ENAPS Business Model. Journal of Product Innovation Management, Elsevier Science, Adelaide University,
Adelaide, AS, n. 8, p. 68-74, 1996.
8
PDMA Success Measurement Project: Recommended Measures for Product Development Success and Failure.
Journal of Product Innovation Management, New York, n. 13, p. 478-496, 1996.
57
Planejamento organizacional;
Contratação/alocação de pessoal;
Planejamento da comunicação; e
Desenvolvimento do plano do projeto.
Gantewerker e Manoski (2003a; 2003b) expõem que a falha nas avaliações de
viabilidade dos projetos "cria uma fundação fraca para o projeto, levando normalmente
a interações múltiplas e significativo retrabalho" e defendem a quebra do
desenvolvimento em fases da mesma forma que Ulrich e Eppinger (2000) para, ao
avaliarem-se cada fase, "filtrar projetos e eliminar os que não serão bem sucedidos no
mercado", num processo de afunilamento.
Gemuenden e Lechler (1997) relacionaram os condicionantes de desempenho e
sucesso dos projetos, conforme mostrado na Figura 9.
Categorias Dimensões Descrição
Alta Administração
Inclui o suporte direto, bem como o interesse em um projeto
individual
Gerente de Projetos Refere-se à autoridade formal do gerente do projeto
Pessoas
Equipe do projeto Refere-se à capacitação técnica e o perfil social da equipe
Participação
Refere-se ao envolvimento da equipe do projeto nos
processos decisórios
Informação / Comunicação
Descreve o sistema formal de informação, bem como a
eficácia da organização
Atividades
Planejamento e controle Refere-se à eficácia do planejamento e do controle
Conflito Diz respeito tanto à intensidade como o tipo de conflito
Barreiras
Mudanças nos objetivos do
projeto
Refere-se à extensão, importância e a frequência das
mudanças
Eficiência Uso racional dos recursos
Eficácia Cumprimento das metas estabelecidas
Sucesso
Sucesso social O impacto dos resultados do projeto na sociedade
Figura 9 – Condicionantes de sucesso
Fonte: Gemuenden e Lechler (1997)
Van Kleef, Van Trijp e Luning (2005) citam que incorporar a “voz do cliente”
nos estágios iniciais do PDP é um FCS para o desenvolvimento de novos produtos.
Wateridge (1998), pesquisando na área de sistemas de informação, identificou critérios
utilizados para avaliar o desempenho de projetos, conforme mostrado na Tabela 3.
58
Tabela 3 – Principais critérios de sucesso (frequência de citação)
Usuários Gerentes de projetos Tipos de
projetos
Critérios % Critérios %
Atender aos requisitos dos usuários 96 Atender aos requisitos dos usuários 81
Contentamento dos usuários 69 Cumprimento do orçamento 71
Atender ao seu propósito 65 Cumprimento de prazos 71
Cumprimento do orçamento 62 Sucesso comercial 60
Todos
Cumprimento de prazos 58 Atender ao seu propósito 60
Atender aos requisitos dos usuários 96 Atender aos requisitos dos usuários 86
Contentamento dos usuários 71 Sucesso comercial 71
Cumprimento do orçamento 71 Atingir as metas de qualidade 67
Cumprimento de prazos 67 Cumprimento do orçamento 62
Projetos de
sucesso
Atender ao seu propósito 57 Atender ao seu propósito 62
Atender aos requisitos dos usuários 100 Cumprimento do orçamento 83
Atender ao seu propósito 100 Cumprimento de prazos 78
Contentamento dos usuários 67 Atender aos requisitos dos usuários 78
Contentamento da equipe 67 Sucesso comercial 61
Projetos
fracassados
Sucesso comercial 67 Atingir as metas de qualidade 56
Fonte: Wateridge (1998)
de se levar em conta que os problemas de projeto nem sempre apresentam as
mesmas exigências e, portanto, os mesmos métodos de solução. No entanto, infere-se a
existência de fatores críticos de sucesso nos processos de desenvolvimento de
produtos, com base nos autores citados. Os FCS apontados pelos diversos autores
contêm similaridades e propõem-se o agrupamento dos mesmos, de forma a inferir,
baseado na literatura consultada, um conjunto de FCS para os PDPs, os quais servirão
de base para a evolução da presente pesquisa. Propõem-se os seguintes FCS:
1. Gerenciamento de custos e orçamentos – baseado nos seguintes FCS apontados:
Custos (PINTO; SLEVIN, 1988; BACCARINI, 1999; MEYBODI, 2003);
Custo de desenvolvimento (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Gastos com o desenvolvimento de novos produtos (SILVA, 2001);
Custo total do projeto (DRIVA; PAWAR; MENON, 2000);
Custo real x custo orçado (DRIVA; PAWAR; MENON, 2000);
Custo do protótipo (SILVA, 2001);
Cumprimento de orçamentos (WATERIDGE, 1998; SHENHAR et al.; 2001;
QUINTELLA; OSÓRIO, 2002);
Permanência dentro dos limites orçados (GIL, 2001);
Geração de receita (SHENHAR et al.; 2001; QUINTELLA; OSÓRIO, 2002);
59
Tempo de retorno de investimento (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Taxa de retorno e retorno sobre investimento (ROI) (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Atingimento das margens (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Atingimento das metas de lucratividade (GRIFFIN; PAGE, 1993); e
Lucro real x previsto nos produtos (DRIVA; PAWAR; MENON, 2000).
2. Gerenciamento do tempo e prazos – baseado nos seguintes FCS apontados:
Tempo (MEYBODI, 2003);
Cumprimento prazos (PINTO; SLEVIN, 1988; BACCARINI, 1999; WATERIDGE,
1998; SHENHAR et al.; 2001; QUINTELLA; OSÓRIO, 2002);
Datas de entrega (GIL, 2001);
Lançamento no tempo planejado (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Desenvolvimento no tempo planejado (DRIVA; PAWAR; MENON, 2000);
Tempo real x tempo planejado (DRIVA; PAWAR; MENON, 2000);
Velocidade de lançamento do produto (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Tempo de lançamento no mercado (DRIVA; PAWAR; MENON, 2000);
Tempo para desenvolvimento do protótipo (SILVA, 2001);
Tempo do desenvolvimento do fornecedor (DRIVA; PAWAR; MENON, 2000);
Tempo gasto em cada fase do desenvolvimento (DRIVA; PAWAR; MENON,
2000);
Desenvolvimento do cronograma (ZWIKAEL; GLOBERSON, 2006); e
Manter duração do projeto (ou fase dele) o mais baixo possível dos três anos
(COOKE-DAVIES, 2002).
3. Posicionamento do produto – baseado nos seguintes FCS apontados:
Posicionamento do produto (KRISHNAN; ULRICH, 2001);
Preço (KRISHNAN; ULRICH, 2001);
Processo de alta qualidade para definição de novos produtos (COOPER;
KLEINSCHMIDT, 2007);
Estratégia de novos produtos para a unidade (COOPER; KLEINSCHMIDT, 2007);
60
Direcionamento estratégico (ROZENFELD; AMARAL, 1999);
Posicionamento estratégico (GANTEWERKER; MANOSKI, 2003a);
Bom uso da pesquisa (COSTA JUNIOR; SILVA, 2003);
Características bem especificadas antes do desenvolvimento (BAXTER, 2003);
Dimensões de qualidade do produto (ROZENFELD; AMARAL, 1999);
Grau de inovação do projeto (ROZENFELD; AMARAL, 1999);
Mudanças no projeto para atender a capacidade do processo (SILVA, 2001); e
Práticas de gerenciamento de portfólio e de programas que permitam à empresa
alocar recursos em projetos alinhados com a estratégia corporativa e objetivos de
negócio (COOKE-DAVIES, 2002).
4. Atendimento às necessidades dos clientes – baseado nos seguintes FCS apontados:
Atender aos requisitos dos usuários (WATERIDGE, 1998);
Identificação e atendimento das necessidades dos clientes (KRISHNAN; ULRICH,
2001);
Satisfazer as necessidades dos usuários: atender aos propósitos, ser adequado ao uso
(BACCARINI, 1999);
Entender as necessidades dos consumidores e o uso adequado dos achados das
pesquisas junto a estes (VAN KLEEF, 2006);
Antecipar requisitos e atender as necessidades do projeto (BACCARINI, 1999);
Satisfação dos stakeholders com o desenvolvimento (BACCARINI, 1999;
LENMANN, 2006);
Interesse do cliente (GANTEWERKER; MANOSKI, 2003a);
o usar somente informações internas (síndrome da mesa ao lado) no
levantamento de gostos do mercado (TAKEUCHI; NONAKA, 1986);
Benefícios percebidos pelo consumidor (DVIR et al., 1998);
Qualidade (MEYBODI, 2003);
Qualidade do produto (SHENHAR et al.; 2001; QUINTELLA; OSÓRIO, 2002);
Atingir as metas de qualidade (WATERIDGE, 1998);
Especificações de qualidade técnica (BACCARINI, 1999);
61
Confiabilidade de desempenho (GIL, 2001);
Testes realizados junto aos consumidores (JOHNE; SNELSON, 1988);
Testes de mercado para comercialização (JOHNE; SNELSON, 1988);
Bom conceito (COSTA JUNIOR; SILVA, 2003);
Boa tecnologia (COSTA JUNIOR; SILVA, 2003);
Produtos vistos pelos consumidores como tendo mais valor (BAXTER, 2003);
Uso, satisfação, eficácia (PINTO; SLEVIN, 1988)
Aceitação do consumidor (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Satisfação do consumidor (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Contentamento dos usuários (WATERIDGE, 1998);
Nível de desempenho do produto (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Diretrizes de qualidade atingidas (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Metas de vendas (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Crescimento de vendas (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Sucesso comercial (WATERIDGE, 1998);
Metas de participação de mercado (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Metas de unidades de venda (GRIFFIN; PAGE, 1993);
% de vendas dos novos produtos (GRIFFIN; PAGE, 1993);
Razões para falha no mercado (DRIVA; PAWAR; MENON, 2000);
Metas de qualidade do produto atingidas (DRIVA; PAWAR; MENON, 2000);
Atendimento às especificações técnicas (PINTO; SLEVIN, 1988);
Aprovação dos protótipos nos testes de segurança (DRIVA; PAWAR; MENON,
2000);
Liberdade para modificação durante o PDP, desde que atendidas necessidades (GIL,
2001); e
Extensão, importância e frequência das mudanças nos objetivos do projeto
(GEMUENDEN; LECHLER, 1997).
62
5. Alinhamento organizacional – baseado nos seguintes FCS apontados:
Atingir os objetivos organizacionais estratégicos do comprador/ patrocinador do
projeto (BACCARINI, 1999);
Satisfazer as necessidades dos demais stakeholders do produto do projeto
(BACCARINI, 1999);
Alinhamento organizacional (KRISHNAN; ULRICH, 2001);
Otimização do desempenho (KRISHNAN; ULRICH, 2001);
Uso racional/eficiente de recursos (GEMUENDEN; LECHLER, 1997;
BACCARINI, 1999);
Clara definição de atividades, escopo, pontos de decisão e implementação
(COOPER, KLEINSCHMIDT, 2007);
Definição das atividades a serem executadas no projeto (ZWIKAEL;
GLOBERSON, 2006);
Metas claras, concisas, especificáveis e verificáveis (BAXTER, 2003);
Metas claras (ROZENES; VITNER; SPRAGGETT, 2006);
Recursos suficientes em termos de pessoal e orçamento aprovados (COOPER;
KLEINSCHMIDT, 2007);
Gerenciamento de conflitos (GEMUENDEN; LECHLER, 1997);
Resolução precoce de ocorrências (BACCARINI, 1999);
Cumprimentos de metas do projeto (design) (DVIR et al., 1998);
Cumprimento de metas estabelecidas (GEMUENDEN; LECHLER, 1997);
Previsão de investimento em P&D como percentagem das vendas (COOPER;
KLEINSCHMIDT, 2007);
Orçamento de P&D como percentual de vendas (DRIVA; PAWAR; MENON,
2000);
% da receita investido no processo de desenvolvimento de novos produtos (SILVA,
2001);
Fluxo de recursos (investimento e tempo) (SILVA, 2001);
Envolvimento e compromisso da alta gerência com o desenvolvimento de novos
produtos (COOPER; KLEINSCHMIDT, 2007);
63
Interesse da Alta Administração em um projeto individual (GEMUENDEN;
LECHLER, 1997);
Envolvimento da equipe do projeto nos processos decisórios (GEMUENDEN;
LECHLER, 1997);
Responsabilidade da alta gerência com os resultados dos novos produtos
(COOPER; KLEINSCHMIDT, 2007);
Suporte direto da Alta Administração (GEMUENDEN; LECHLER, 1997);
Bom gerenciamento (COSTA JUNIOR; SILVA, 2003);
Boa execução (COSTA JUNIOR; SILVA, 2003);
Grande nível de cooperação entre pessoal técnico e de Marketing (BAXTER, 2003);
Funções de Marketing e Vendas entrosadas com a equipe de desenvolvimento
(BAXTER, 2003);
Multiaprendizado (TAKEUCHI; NONAKA, 1986);
Comunicação (BACCARINI, 1999; ROZENES; VITNER; SPRAGGETT, 2006);
Sistema formal de informações e eficácia da organização (GEMUENDEN;
LECHLER, 1997);
Planejamento da comunicação (ZWIKAEL; GLOBERSON, 2006);
Taxa interna de não conformidade de novos produtos (SILVA, 2001);
Custo de não conformidade interna de novos produtos (SILVA, 2001);
mero de não conformidades nos lotes piloto (SILVA, 2001);
Impacto dos resultados do projeto na Sociedade (GEMUENDEN; LECHLER,
1997);
Adequação de toda a companhia nos conceitos de gerenciamento de riscos
(COOKE-DAVIES, 2002);
Maturidade do processo para designação de responsabilidades sobre riscos
(COOKE-DAVIES, 2002);
Adequação da documentação de responsabilidades organizacionais do projeto
(COOKE-DAVIES, 2002); e
Um conjunto de métricas sobre projetos, programas e portfólio que permita sinalizar
a direção, provendo feedback sobre o desempenho e antecipar sucessos futuros, de
64
tal forma que projetos, portfólios e decisões corporativas possam estar alinhados
(COOKE-DAVIES, 2002).
6. Características do time de desenvolvimento baseado nos seguintes FCS
apontados:
Características do time (KRISHNAN; ULRICH, 2001);
Criatividade no gerenciamento do projeto (KRISHNAN; ULRICH, 2001);
Competência (MEYBODI, 2003);
Times de projeto de alta qualidade (COOPER; KLEINSCHMIDT, 2007);
Qualificação dos funcionários que atuam no desenvolvimento de produtos (SILVA,
2001);
Competências de gestão do processo de desenvolvimento de produtos (SILVA,
2001);
Capacitação técnica e o perfil social da equipe (GEMUENDEN; LECHLER, 1997);
Alta qualidade nas atividades técnicas (BAXTER, 2003);
Cultura de inovação (COOPER; KLEINSCHMIDT, 2007);
Quantidade e qualidade das ideias sobre novos produtos (VAN KLEEF, 2006);
Organizações multifuncionais dos times de projeto (COOPER; KLEINSCHMIDT,
2007);
Equipe técnica talhada para as necessidades de desenvolvimento (BAXTER, 2003);
Times de projeto auto-organizados (TAKEUCHI; NONAKA, 1986);
Transferência de aprendizado (TAKEUCHI; NONAKA, 1986);
Rotatividade dos envolvidos no processo de desenvolvimento de novos produtos
(SILVA, 2001);
Performance dos fornecedores que participam do desenvolvimento de novos
produtos (SILVA, 2001);
Contentamento da equipe (WATERIDGE, 1998);
Planejamento organizacional (ZWIKAEL; GLOBERSON, 2006); e
Contratação/alocação de pessoal (ZWIKAEL; GLOBERSON, 2006).
65
7. Processos de trabalho (PDP) – baseado nos seguintes FCS apontados:
Conclusão completa do projeto, ausência de problemas s-encerramento,
identificação e resolução de problemas durante a execução do projeto
(BACCARINI, 1999);
Qualidade do processo de gestão (BACCARINI, 1999);
Estudos de viabilidade técnica e econômica antes do desenvolvimento (BAXTER,
2003);
Viabilidade técnica (GANTEWERKER; MANOSKI, 2003a);
Viabilidade econômica (GANTEWERKER; MANOSKI, 2003a);
Análise da lucratividade projetada (DRIVA; PAWAR; MENON, 2000);
Quebra do desenvolvimento em fases (ULRICH; EPPINGER, 2000;
GANTEWERKER; MANOSKI, 2003a, 2003b)
Fases sobrepostas de desenvolvimento (TAKEUCHI; NONAKA, 1986);
Revisões de projeto (COOPER, 1994b; VALERIANO, 1998; CROW, 2005);
Testes de campo visando a produção (DRIVA; PAWAR; MENON, 2000);
Testes realizados na empresa (JOHNE; SNELSON, 1988);
Testes realizados nos meios produtivos (JOHNE; SNELSON, 1988);
Bom planejamento (COSTA JUNIOR; SILVA, 2003);
Desenvolvimento do plano do projeto (ZWIKAEL; GLOBERSON, 2006);
Mudanças de escopo mínimas, ausência de distúrbios na organização (processo de
trabalho e cultura) (BACCARINI, 1999);
Roadmap de tecnologia (ANDRADE, MONTI e SILVA, 2008);
Envolvimento dos clientes no PDP (THOMKE; HIPPEL, 2002; HIPPEL; KATZ,
2002);
Uso de simulações (VERSPRILLE, 2001; OXBERRY, 2002; WITZENBURG,
2003);
Segurança e aspectos legais (GANTEWERKER; MANOSKI, 2003a);
Taxa de redução de peças (SILVA, 2001);
mero de componentes padrão nos novos produtos (SILVA, 2001);
Adequação da manutenção de registros de risco (COOKE-DAVIES, 2002);
66
Adequação do plano atualizado de gerenciamento de riscos (COOKE-DAVIES,
2002);
Permitir mudanças de escopo somente por meio de um processo de controle de
mudanças maduro (COOKE-DAVIES, 2002); e
Manter integridade do sistema de medidas de desempenho definido (baseline)
(COOKE-DAVIES, 2002).
8. Gerenciamento organizacional e ambiente – baseado nos seguintes FCS apontados:
Coordenação eficaz, relação entre os stakeholders, espírito de equipe, tomada de
decisão participativa e consensual (BACCARINI, 1999);
Estruturas organizacionais apropriadas (BAKER; MURPHY; FISHER, 1983);
Autoridade formal do gerente do projeto (GEMUENDEN; LECHLER, 1997);
Gestão das atividades de criação, armazenagem, distribuição, utilização e descarte
de dados e informações (VALAMBRINI, 2008);
Projetos com direcionamento estratégico, objetivos e metas desafiadoras e liberdade
de ação para o time (empowerment) (TAKEUCHI; NONAKA, 1986);
Incentivo a um ambiente aberto, sistemas de reconhecimento e recompensa para
desempenho grupal, tolerância e antecipação aos erros, etc. (TAKEUCHI;
NONAKA, 1986);
Suporte gerencial (ROZENES; VITNER; SPRAGGETT, 2006);
Mecanismos de planejamento e controle adequados (BAKER; MURPHY; FISHER,
1983);
Mecanismos de controle (ROZENES; VITNER; SPRAGGETT, 2006);
Eficácia do planejamento e do controle (GEMUENDEN; LECHLER, 1997);
A existência de um processo gerencial e de benefícios mútuos que envolva a
cooperação das funções de gerenciamento de projetos e gerenciamento funcional
(COOKE-DAVIES, 2002); e
Aprendizado pela experiência em projetos, combinando conhecimento explícito e
tácito, de forma a encorajar os envolvidos no aprendizado num processo de
67
melhoria contínua em processos e práticas de gerenciamento de projetos (COOKE-
DAVIES, 2002).
Desta forma, as hipóteses da presente pesquisa, deduzidas a partir da compilação
dos FCS nos PDPs são:
Hipótese I - O gerenciamento de custos e orçamentos é um fator crítico de sucesso
para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
Hipótese II - O gerenciamento do tempo e prazos é um fator crítico de sucesso para os
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
Hipótese III - O posicionamento estratégico definido para o produto é um fator crítico
de sucesso para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras
instaladas no Polo Automotivo da região Sul-fluminense.
Hipótese IV - O atendimento às necessidades dos clientes é um fator crítico de
sucesso para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas
no Polo Automotivo da região Sul-fluminense.
Hipótese V - O alinhamento organizacional é um fator crítico de sucesso para os
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
Hipótese VI As características do time de desenvolvimento é um fator crítico de
sucesso para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas
no Polo Automotivo da região Sul-fluminense.
Hipótese VII Os processos de trabalho estabelecidos pelas organizações para o
desenvolvimento de seus novos produtos é um fator crítico de sucesso para os
68
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
Hipótese VIII – O gerenciamento organizacional e do ambiente de trabalho é um fator
crítico de sucesso para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras
instaladas no Polo Automotivo da região Sul-fluminense.
A consolidação dos FCS apontados pelos diversos autores e a correlação dos
mesmos com os FCS inferidos, os quais servem de base para as hipóteses da presente
pesquisa é mostrada na Figura 10.
Conclui-se este capítulo, no qual foi apresentada a estrutura da pesquisa sobre
processos de desenvolvimentos de produtos na indústria automotiva, suas
delimitações, estrutura da pesquisa, bem como a situação problema que originou o
estudo, objetivos, justificativas e hipóteses. O capítulo que se segue apresentará os
referenciais teóricos da presente pesquisa, quais sejam, os fatores críticos de sucesso e
os processos de desenvolvimento de produtos.
69
FCS propostos
FCS pesquisados
Gerenciamento de custos e orçamentos
Gerenciamento do tempo e prazos
Posicionamento estratégico
Atendimento às necessidades
Alinhamento organizacional
Características do time
Processos de trabalho
Gerenciamento organizacional
Baker, Murphy e Fisher (1983)
Takeuchi e Nonaka (1986)
Johne e Snelson (1988)
Pinto e Slevin (1988)
Griffin e Page (1993)
Cooper (1994)
Gemueden e Lechler (1997)
Dvir et al. (1998)
Valeriano (1998)
Wateridge (1998)
Baccarini (1999)
Rozenfeld e Amaral (1999)
Driva, Pawar e Menon (2000)
Ulrich e Eppinger (2000)
Gil (2001)
Krishnan e Ulrich (2001)
Shenhar et al. (2001)
Silva (2001)
Versprille (2001)
Cooke-Davies (2002)
Hippel e Katz (2002)
Oxberry (2002)
Quintella e Osório (2002)
Thomke e Hippel (2002)
Baxter (2003)
Costa Júnior e Silva (2003)
Ganterwerker e Manoski (2003)
Meybodi (2003)
Witzenburg (2003)
Crow (2005)
Lenmann (2006)
Rozenes, Vitner e Spraggett (2006)
Van Kleef (2006)
Zwikael e Globerson (2006)
Cooper e Kleinschmidt (2007)
Andrade, Monti e Silva (2008)
Valambrini (2008)
Figura 10 – FCS pesquisados x propostos como hipóteses
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo são abordados os referenciais teóricos utilizados para o
desenvolvimento e análise do tema. Os referenciais presentes nessa tese são: Fatores
Críticos de Sucesso e Processo de Desenvolvimento de Produtos.
2.1. FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO
Segundo Rockart (2001), apud Osório (2003), muitos são os fatores que influem
no desempenho de uma empresa. Entretanto, apenas alguns poucos respondem pela
maioria das possibilidades de seu sucesso: entre três e seis, conforme estabelecido por
alguns autores (AAKER, 1989; ANTHONY; DEARDEN; VANCIL, 1972; DANIEL,
1961). Esses poucos fatores são básicos e vitais para a empresa e, por isso, são
denominados fatores críticos de sucesso - FCS.
2.1.1. Introdução
Conforme Forster e Rockart (1989), o conceito de fatores críticos de sucesso é
utilizado muito tempo: Aristóteles expressou a ideia de que os líderes deviam criar
poucas e simples metas para suas organizações e ressaltou que as organizações que
assim o fizeram, obtiveram melhores resultados do que as que não o fizeram. Da
mesma forma, o Barão Von Clausewitz, escrevendo ao staff sobre os princípios da
guerra, definiu um deles como sendo a “concentração de forças”: segundo ele, os
“maus generais” pulverizavam suas forças pelo campo de batalha, enquanto os “bons
generais”, de forma a garantir a vitória, concentravam suas forças nas poucas batalhas
críticas que precisavam ser vencidas. Forster e Rockart (1989) citam ainda que Peter
Drucker, no início da década de 70, em seu livro The Effective Executive, citava que os
executivos de sucesso focavam seu tempo e energia num pequeno número de
problemas críticos ou oportunidades.
Rockart (1979) enfatiza que, tão importante quanto a determinação das metas que
o gerente deseja atingir, é a determinação, de forma consciente e explícita, da estrutura
71
básica de variáveis que poderá influenciar o sucesso ou fracasso no atingimento das
metas. Estas variáveis são os FCS. Rockart (1979) defende que a maioria dos gerentes
utiliza o conceito de FCS, mesmo que implicitamente. No entanto, uma vez
explicitados os FCS, as prioridades gerenciais e a alocação de recursos, especialmente
o tempo, poderão ser mais corretamente definidos. Os FCS são áreas de maior
importância para um gerente em particular, de uma determinada divisão da empresa,
em um determinado período no tempo.
2.1.2. Definições
Fatores críticos de sucesso definem as áreas de desempenho que o essenciais
para a organização completar sua missão. Desta forma, qualquer atividade ou
iniciativa que a organização toma, deve assegurar consistente alto desempenho nessas
áreas; caso contrário, a organização pode não completá-la, de acordo com Caralli
(2004). Rockart (1978) define os Fatores Críticos de Sucesso como algumas áreas de
atividade-chave, cujos resultados favoráveis são absolutamente necessários para os
gerentes atingirem seus objetivos. Resultados satisfatórios nestas áreas irão assegurar
uma performance competitiva de sucesso tanto para os indivíduos como para os
departamentos e organizações. Segundo Matt (2001), apud Osório (2003), os FCS são
variáveis essenciais na adequabilidade do planejamento estratégico, na obtenção do
alto desempenho organizacional e na aplicação eficiente de recursos, sendo a sua
gestão adequada um dos requisitos fundamentais para o êxito empresarial.
Bullen e Rockart (1981) proveram um sumário de definições de FCS:
Áreas-chaves de atividades nas quais os resultados favoráveis são
absolutamente necessários para alcance das metas;
Áreas-chaves aonde tudo deve funcionar bem para o negócio prosperar;
Fatores que são críticos para o sucesso da organização;
Áreas-chaves de atividades que devem receber constante e cuidadosa atenção
da gerência; e
Um mero relativamente pequeno de assuntos verdadeiramente importantes,
nos quais um gerente deve focar sua atenção.
72
Verstraete (2000) compilou definições na literatura sobre FCS, conforme
mostrado na Figura 11.
Autor(es)
Citação Definição
Hofer e
Schendel
Strategy Formulation:
Analytical Concepts,
West Publishing,
1978
Os FCS são as variáveis graças às quais a gerência pode
influenciar, por sua decisão, de forma significativa, a posição
de cada firma em uma indústria. Esses fatores variam
geralmente de uma indústria para outra, mas no interior de uma
indústria em particular, eles derivam da interação de dois tipos
de variáveis: as características econômicas e tecnológicas do
setor e as armas competitivas sobre as quais diferentes firmas
do setor construíram suas estratégias.
Boynton e
Zmud
An assessment of
critical success factor,
Sloan management
Review Summer, 25,
4. p.17-27, 1984
FCS é o nome das coisas que devem andar bem para assegurar
o sucesso de uma organização ou de um gerente; as
competências em que a necessidade de atenção especial e
constante para obter alta performance.
Leidecker
e Bruno
Identifying and Using
Critical Success
Factors, Long Range
Planning, 17 (1) 1984
FCS são as características, condições ou variáveis que, se
corretamente seguidas, mantidas e geradas, podem ter um
impacto significativo sobre o sucesso de uma firma de um
determinado setor.
Bouquin Le Contrôle de
Gestion, PUF, 1994
São chamados FCS a tudo sobre o que a empresa conta para
atingir seus objetivos de longo prazo de resistir às forças do
setor investigado (as cinco forças da tipologia de Porter) para
ser competitiva em seu grupo estratégico e não submeter-se à
concorrência de outros grupos. Ou, ao contrário, se viável,
preparar a passagem para outro grupo. Os FCS podem aparecer
de duas formas:
Barreiras que conferem à empresa uma vantagem
competitiva; e
Performances críticas que, sem dar à empresa uma
vantagem distinta, lhe permite propor uma oferta genérica de
resultados conforme seus objetivos, performance tal que, sua
insuficiência ou sua degradação, levará à eliminação da firma
ou comprometimento de sua posição.
Kœnig Management
Stratégique, Vision,
Manoeneuvre et
Tactiques, Nathan,
1990
Elementos constituintes do êxito em um setor, durante um
período de sua história.
Atamer &
Calori
Diagnostic et
Décisions
Stratégiques, Dunod,
1993
Um FCS é um elemento de oferta que tem valor para os clientes
(usuários, distribuidores, especificadores) e um conhecimento
e/ou vantagem de custo essencial em uma cadeia de concepção
– produção – e distribuição do produto (ou serviço) que permite
criar uma vantagem competitiva.
Stratégor Interréditions, 1993 Elementos sobre os quais se fundamenta prioritariamente a
concorrência, correspondente às competências que são
necessárias controlar para ter performance
Figura 11 – Algumas definições de FCS
Fonte: Adaptado de Verstraete (2000)
73
2.1.3. Histórico
O conceito de identificar e aplicar os FCS para os problemas de negócios não é
um revolucionário novo campo de trabalho, tendo sido apresentado na literatura
gerencial por Daniel (1961), ao sugerir que, para ser efetivo e evitar o excesso de
informações, o sistema de informações de uma organização deve estar focado nos
fatores que determinam o sucesso da organização. John Fralick Rockart, diretor do
Center for Information Systems Research da Sloan School of Management -
Massachusetts Institute of Technology - expandiu o trabalho de Daniel no
desenvolvimento dos fatores críticos de sucesso: em seu estudo, Rockart (1978) citou a
existência de quatro diferentes abordagens para determinar as necessidades de
informação dos executivos:
Método por produto – pouca atenção nas reais necessidades do executivo chefe:
os sistemas de informação são desenvolvidos com foco nos sistemas
operacionais necessários à burocracia da organização folha de pagamento,
contas a pagar, inventário, etc.;
Abordagem nula defende a ideia de que, como os relatórios gerados pelo
método por produto não m utilidade, os executivos chefes devem depender de
informações verbais geradas por conselheiros;
Método de indicadores-chaves baseado na coleta das informações
indicadores-chaves da “saúde” da organização, geração de relatórios de
exceção dos indicadores em que a performance difere significativamente dos
resultados esperados e a expansão contínua melhores, mais baratos e mais
flexíveis – de técnicas gráficas e de visualização dos resultados; e
Método de estudo completo uma grande quantidade de executivos é
questionada sobre seu ambiente, objetivos, decisões-chave e as necessidades de
informação resultantes, compilados na forma matricial de interações, de forma a
desenvolver o entendimento completo do negócio e das informações necessárias
para gerenciar o mesmo, que são comparadas com o sistema de informações
existente na organização. Os sistemas necessários para prover as informações
que não estão disponíveis são então listados e priorizados.
74
Rockart (1978) cita que todas estas abordagens têm vantagens e desvantagens: no
método por produto, o processamento é rápido, mas gera isolamento das informações
que podem ser necessárias aos executivos. A abordagem nula flexibilidade e
agilidade num ambiente mutável e diversificado, mas põe muito foco na relação com
as pessoas e subestima o controle gerencial da organização. O método de indicadores-
chave é objetivo, quantificável e capaz de ser armazenado em bases computacionais,
mas usualmente resulta em indicadores com forte foco financeiro somente. O método
de estudo completo permite identificar lacunas, mas é caro, demorado e a quantidade
de informações geradas é excessiva. Com base nesta análise, Rockart (1978) propõe a
utilização de uma quinta abordagem, na tentativa de sanar alguns dos problemas
citados, intitulada “Fatores Críticos de Sucesso” ou FCS.
Ainda que os conceitos dos FCS tenham sido publicados por Rockart em 1978,
por se tratar de documentação de limitada abrangência (Working paper), estes
alcançaram ampla visibilidade no meio empresarial no artigo intitulado “Chief
Executives Define Their Own Data Needs” da Harvard Business Review, em 1979.
Desde então, o método dos FCS é cada vez mais utilizado pelas organizações, com um
grande mero de artigos e publicações sobre o método: em 1989, Forster e Rockart
reportavam mais de 200 papers publicados sobre o assunto, com o conceito e usos dos
FCS sendo explorados e expandidos de diversas formas.
Não existem algoritmos definidos para ajudar os gerentes a encontrar seus FCS.
O método desenvolvido por Rockart (1978; 1979) é um método empírico baseado em
entrevistas, que provê técnicas estruturadas que podem ser usadas por entrevistadores
na identificação dos FCS e na determinação das informações necessárias aos gerentes.
Cada gerente tem a liberdade de escolher seus FCS, que são posteriormente
confrontados para verificação das interseções: o que é ou não é um FCS para algum
gerente em particular é um julgamento subjetivo e requer alguma reflexão. Os
resultados obtidos a partir das entrevistas com os gerentes poderão ser utilizados no
planejamento e construção de sistemas de informação gerenciais. Muito embora
Rockart tenha enfatizado a entrevista com os gerentes da organização como método de
identificação dos FCS, ele afirma que podem ser necessárias informações externas na
sua determinação: informações sobre a estrutura de mercado, sobre a percepção dos
75
clientes e tendências identificadas em alguma característica podem ser relevantes.
Muitos FCS exigem ainda a coordenação de muitos grupos de dados dispersos pela
organização.
O procedimento apresentado por Bullen e Rockart (1981) consiste nos seguintes
passos:
1. Conduzir entrevistas com os principais gerentes para identificação dos FCS
de cada um;
2. Analisar os resultados obtidos de cada entrevista. Os FCS de cada gerente
devem ser mapeados, com o objetivo de identificar os FCS em comum, ou
que tenham sido levantados por mais de um gerente. A intercessão dos FCS
dos gerentes de alto nível deverá ser o conjunto de FCS da organização;
3. Cada um dos FCS identificados para a organização indicará uma ou mais
bases de dados ou sistemas de processamento de dados que deverão ser
priorizados no processo de desenvolvimento dos sistemas de informação;
4. As informações que os gerentes necessitam, obtidas a partir dos FCS,
deverão ser introduzidas no processo de planejamento regular dos sistemas
de informação.
Conforme Rockart (1979), os gerentes devem ter as informações apropriadas que
os permitam determinar se os acontecimentos estão indo suficientemente bem em cada
área que é entendida como um FCS, devendo responder prontamente a eventos e/ou
exceções que ocorram neles (LIU; LU, 2003). Como pode ser extremamente
dispendioso a construção de bases de dados individuais para cada um dos executivos, a
utilização do método dos FCS facilita o desenvolvimento do sistema de informações.
2.1.4. Dimensões dos FCS
Os FCS podem ser classificados de acordo com três dimensões principais, que
são: internos ou externos, de monitoração ou de construção-adaptação, e de acordo
com suas fontes:
76
FCS Internos e Externos - a principal característica dos FCS internos é que eles tratam
de assuntos e situações que estão na esfera de influência e controle dos gerentes. Os
externos, entretanto, estão relacionados a situações geralmente sob menor controle dos
gerentes. Por exemplo, a disponibilidade ou preço de uma matéria prima é um FCS
externo.
FCS de Monitoração ou de Construção-Adaptação - os gerentes que estão orientados
para resultados operacionais investem um esforço considerável na busca e
acompanhamento da performance da organização. FCS de monitoração envolvem o
exame minucioso de situações existentes. Tais FCS incluem performance real versus
orçamento, custo de produto, taxa de turnover, etc. Já os gerentes que não estão
diretamente envolvidos nas operações do dia a dia, gastam mais tempo na construção
ou adaptação. Estas pessoas são orientadas ao planejamento e seu principal objetivo é
implementar programas de mudança para adaptação da organização a novas situações.
Exemplos desses FCS são esforços de treinamento ou programas de desenvolvimento
de novos produtos.
Fontes dos Fatores Críticos de Sucesso - Rockart (1978, 1979) considera que os FCS
estão relacionados às situações particulares de cada gerente, e que certamente irão
diferir de um gerente para outro de acordo com a sua localização na hierarquia da
organização. Os FCS também podem variar com mudanças no ambiente da indústria,
ou com problemas ou oportunidades de cada gerente. Os FCS não são um conjunto
padrão de medidas, algumas vezes chamado de “indicadores chave”, que podem ser
aplicados em todas as divisões da empresa. Os FCS se originam de cinco fontes
principais:
a) Da Indústria: Cada indústria possui um conjunto de FCS determinados por suas
características. Cada empresa da indústria deve prestar atenção a estes fatores;
b) Posição da Indústria e Estratégia Competitiva: Cada empresa em uma
determinada indústria ocupa uma posição individual, determinada por sua
história e estratégia competitiva adotada. Esta posição da empresa dentro da
indústria determina alguns FCS. Como exemplo, uma micro empresa quase
77
sempre estará preocupada em proteger seu nicho de mercado dentro da
indústria. Semelhantemente, em uma indústria dominada por uma empresa
majoritária, um FCS para as demais empresas deverá ser o entendimento das
estratégias da empresa líder e os possíveis impactos;
c) Fatores Ambientais: Os fatores ambientais são aqueles sobre os quais a
organização tem pouco controle. Duas fontes ambientais de FCS muito óbvias
são as flutuações na economia e mudanças na política nacional. Algumas
empresas são sensíveis a fatores como tendências populacionais, mudanças
regulatórias, variações nas fontes de energia e outros - fatores sobre os quais a
empresa não pode exercer gestão direta são aqueles relativos ao ambiente no
qual a empresa está inserida, como por exemplo, legislação ambiental e
tributária, e desempenho da economia global, nacional e do setor no qual a
empresa esteja inserida.
d) Fatores Temporais: Estes são os fatores que se tornam críticos para a empresa
em um período de tempo em particular devido a algum acontecimento
extraordinário. Por exemplo, a perda de um grande número de executivos em
uma empresa pode gerar um FCS de curto prazo “reconstruir grupo de
executivos”. Conforme Khandelwal e Ferguson (1999), o “Bug do Ano 2000”
foi um exemplo de um FCS temporal: o gerenciamento apropriado dele era
essencial para o sucesso de uma organização por um período de tempo, após o
qual, ele deixa de ser crítico. Por outro lado, o planejamento estratégico de TI é
um exemplo de um FCS contínuo (não-temporal), já que os planos de TI
precisam ser atualizados regularmente para o sucesso da organização; e
e) Posição Gerencial: Cada gerência funcional tem um conjunto de FCS genéricos
associados. Por exemplo, quase todos os gerentes de produção estão
preocupados com a qualidade do produto.
78
2.1.5. Hierarquia dos FCS
Com relação à natureza hierárquica, os FCS podem ser enquadrados em um dos
quatro níveis: FCS da Indústria, FCS da Empresa, FCS das sub-organizações (ou
departamentos) e FCS dos indivíduos.
FCS do Segmento Industrial - os FCS da indústria afetam cada organização no
desenvolvimento de suas estratégias, objetivos e metas. Nenhuma empresa pode se dar
ao luxo de desenvolver uma estratégia que não seja direcionada aos principais FCS da
indústria.
FCS da Empresa/Corporação - sucessivamente, as estratégias, objetivos e metas da
organização levam ao desenvolvimento de um conjunto de FCS para a corporação, de
acordo com suas circunstâncias específicas. Os FCS da corporação servem como
entrada para a determinação dos FCS para cada sub-organização (ou departamento). O
processo continua pelos diversos níveis hierárquicos existentes na organização.
FCS das Sub-Organizações ou Departamentos - cada sub-organização é afetada, no
desenvolvimento de suas estratégias, objetivos, metas e FCS, pelo seu ambiente
particular e características temporais, assim como pelas estratégias, etc. do nível
organizacional imediatamente superior.
FCS dos Indivíduos - os gerentes de cada vel organizacional também possuem seus
FCS individuais, que dependem fortemente do seu papel na organização e de fatores
temporais, e menos fortemente das características da indústria e ambientais.
Em resumo, os FCS da indústria influenciam fortemente os FCS de cada
empresa (organização). Os FCS das empresas têm um papel significante na
determinação dos FCS do CEO e outros executivos de alto vel da empresa. Cada
executivo, entretanto, terá os seus FCS individuais, dependendo de seu papel e
responsabilidades na empresa. Esta influência top-downé repetida a cada nível sub-
79
organizacional, como pode ser observado na Figura 12: tanto quanto metas e objetivos,
os FCS aparecem em vários níveis na hierarquia gerencial.
Figura 12 - Hierarquias dos FCS
Fonte: adaptado de Bullen e Rockart (1981)
2.1.6. Aplicações dos FCS
Caralli (2004) cita que uma pesquisa sobre o uso dos FCS no programa de
gerenciamento do Governo dos Estados Unidos identificou seu uso em:
Identificação dos principais problemas da gerência sênior;
Auxílio no desenvolvimento de planos estratégicos;
FCS do Segmento
Industrial
FCS da Empresa
EMPRESA
Estratégias,
Objetivos e Metas
FCS do
Departamento
DEPARTAMENTOS
Estratégias, Objetivos
e Metas
FCS dos Indivíduos
INDIVÍDUOS
Metas
Fatores Ambientais
Fatores Temporais
Posição Gerencial
80
Identificação das áreas-chave em cada fase do ciclo de vida de projetos e das
principais causas de falhas de projeto;
Avaliar a confiabilidade do sistema de informações;
Identificar riscos e oportunidades de negócios; e
Medir a produtividade das pessoas.
De acordo com Jenster, apud Osório (2003), em um estudo realizado entre 128
fábricas, aquelas com maior ROE (Return on Equity):
1. Identificaram formalmente seus FCS;
2. Utilizavam os FCS na monitoração e implementação da estratégia; e
3. Utilizavam relatórios integrados e sistemas de informação.
Outras empresas descobriram que os FCS, quando formalmente identificados,
informam implicitamente aos gerentes de alto nível as prioridades e direcionam o
esforço da organização. Tendo este cenário para interpretação das prioridades e
premissas, os empregados estarão mais capacitados na execução de um planejamento a
longo prazo.
2.1.7. FCS no planejamento empresarial
Existem muitas possibilidades de uso dos FCS no planejamento. Por exemplo, os
FCS da Indústria podem ser utilizados na determinação da estratégia da Empresa,
conforme Bullen e Rockart (1981). Da mesma maneira, os FCS da Empresa e
departamentos são inputs significativos para o processo de planejamento de curto
prazo. Já os FCS dos indivíduos são úteis na elaboração de planos de ação anuais.
Ainda no nível gerencial individual, os FCS são úteis no planejamento. Após a
determinação das metas de cada gerente, a definição dos FCS levará a um
aperfeiçoamento na alocação de recursos, que poderão ser direcionados para
programas e atividades com ênfase nas áreas críticas.
De acordo com Van Veen-Dirks e Wijn (2002) e Brosseau, apud Osório (2003),
a aplicação do conceito de FCS na implementação estratégica incorpora uma nova
81
ferramenta analítica para ajudar os gerentes na descoberta das áreas de negócio que
devem ser analisadas e, consequentemente, dos projetos a selecionar.
2.2. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
Em muitas organizações, os projetos frequentemente atrasam excessivamente e
gastam o dobro do orçamento planejado (SIEGEL et al., 1990). Em tais casos, a
organização frequentemente não está provendo a infra-estrutura e o suporte
necessários para ajudar os projetos a evitarem esses problemas. Em um contexto de
múltiplas opções tecnológicas, crescente exigência dos clientes, limitações do corpo
técnico em relação às ferramentas, seja pela busca do conhecimento que ainda não
domina – neste caso, implicando nos custos e no aumento da duração dos projetos – ou
pela tentativa de adaptar a solução encontrada à tecnologia que domina, o sucesso dos
produtos automotivos está fortemente influenciado pelos processos que são usados em
seu desenvolvimento.
Segundo Baxter (2003), o processo de lançamento de novos produtos, sejam eles
automotivos ou de qualquer outro segmento, envolve uma série de etapas que devem
ser planejadas, implementadas e controladas de forma a minimizar os riscos de
insucesso e, portanto, devem ser baseadas em informações consistentes e objetivos
claramente definidos, os quais envolvem diversos interesses e habilidades como:
Os consumidores desejam novidades, melhores produtos, a preços razoáveis;
Os vendedores desejam diferenciação e vantagens competitivas;
Os engenheiros de produção desejam simplicidade na fabricação e facilidade
de montagem;
Os designers gostariam de experimentar novos materiais, processos e soluções
formais; e
Os empresários querem poucos investimentos e retorno rápido do capital.
Norton e Kaplan (1997) defendem a ideia de que, no desenvolvimento de
produtos, é preferível que um novo produto ou a extensão de um produto antigo
represente uma melhoria radical das opções atuais, que capturem novos clientes e
82
mercados, e não se limitem a substituir as vendas dos produtos existentes. Tal conceito
complementa a afirmação de Baxter (2003) de que “deve-se estabelecer um
compromisso entre os fatores que adicionam valor ao produto e aqueles que provocam
aumento de custo”.
Para subsidiar o planejamento no desenvolvimento de novos produtos, é
necessária uma segmentação de mercado, que constitui etapa laboriosa e crítica do
processo, pois permite identificação dos segmentos nos quais maior defasagem no
atendimento e que prioritariamente devem ser focalizados, além daqueles mais
intensivos em tecnologia, para os quais torna-se crítico o processo de desenvolvimento
de novos produtos.
No setor industrial, observa-se que uma série de variáveis, não abordadas pelo
marketing de bens de consumo, tem fundamental importância nos critérios de
segmentação de mercado, tais como o destino final do produto, seu impacto ambiental
e na saúde ocupacional dos trabalhadores e as exigências de qualidade decorrentes de
inovações tecnológicas.
A competição cada vez mais acirrada entre organizações, nações e blocos
econômicos, aliada a um alto grau de exigência de consumidores, exige que, além de
se viabilizarem financeiramente, as organizações apresentem qualidade. a economia
global em que vivemos obriga cada organização a estabelecer novas parcerias e
disputar mercado não apenas com organizações vizinhas, mas com o mundo todo.
Conforme Corrêa (2004), para as grandes montadoras, definir onde serão produzidos
seus próximos carros é um jogo, em que ganha quem ocupar melhor suas unidades,
reduzir seus custos e estiver em mercados com potencial de crescimento.
Nesta economia, as empresas não hesitam em se desfazer das unidades de
negócios que não estão diretamente ligadas a sua atividade central ou de especialidade.
Em vez de crescer verticalmente, as empresas passam a estar mais focadas em seu
negócio central, realçando seus pontos fortes e vantagens competitivas. Estabelecem-
se parcerias e associações com outras empresas, para reforçar estas posições de
mercado ou atuar em novos segmentos. Nesse processo chamado terceirização
(outsourcing), é que as funções são executadas com mais eficácia por outras empresas
(SHIOZAWA, 1993, apud OSÓRIO, 2003). Existem empresas de sucesso fabricando
83
produtos, nos quais tiveram pouca ou nenhuma participação nos respectivos projetos
(BAXTER, 2003).
A vantagem competitiva de uma empresa na economia globalizada está
diretamente relacionada com sua capacidade de introduzir novos produtos no mercado
e que estes produtos venham a atrair a atenção (MUNDIM et al., 2002) e sejam
adquiridos pelos clientes, os quais remuneram os investimentos feitos pela empresa
(QUINTELLA; ROCHA, 2006b; ROCHA, 2005). Uma das dificuldades encontradas
pelas organizações nesse cenário é o gerenciamento integrado do processo de
desenvolvimento destes produtos, que devem ser tecnologicamente atualizados, com
características de desempenho, custo e distribuição condizentes com o atual vel de
exigência dos consumidores (MUNDIM et al., 2002).
Autores diversos (ABDULLA; RAMLY, 2007; CLARK; FUJIMOTO, 1991;
CLARK; WHEELWRIGHT, 1993; COOPER, 1994b; CRAWFORD, 1997;
GANTEWERKER; MANOSKI, 2003a; GRUENWALD, 1994; HATCH; URBAN,
1974; HISRICH; PETERS, 1978; KALPIC; BERNUS, 2002; KOTLER;
ARMSTRONG, 1999; MATTAR; SANTOS, 2003; PUGH, 1996; ROZENFELD;
AMARAL, 1999; ROZENFELD et al., 2006; SEMENIK; BAMOSSY, 1996;
URBAN; HAUSER; 1993, WILSON; KENNEDY; TRAMMELL, 1996) criaram
modelos para PDP nas últimas décadas (SEGISMUNDO; MIGUEL, 2008) e
estabelecem etapas nestes processos que abordam em maior ou menor grau estes
aspectos. Algumas dessas visões e etapas consideradas estão listadas na Figura 13.
Foram apresentados neste capítulo os referenciais teóricos utilizados na pesquisa:
Fatores Críticos de Sucesso e Processo de Desenvolvimento de Produtos. O capítulo
seguinte explora a literatura existente sobre tais referenciais, apontando estudos,
pesquisas e conclusões de diversos autores.
Kotler e
Armstrong
Wilson, Kennedy
e Trammell
Gruenwald Hisrich e Peter Crawford Urban e
Hauser
Semenik e
Bamossy
Mattar e Santos
1. Geração de ideias
2. Triagem de ideias
3. Desenvolvimento
e teste de conceitos
4. Desenvolvimento
da estratégia de
marketing
5. Análise comercial
6. Desenvolvimento
de produto
7. Teste de mercado
8. Comercialização
1. Geração de ideias
2. Ideias sobre as
necessidades futuras
dos consumidores
3. Seleção e
desenvolvimento da
tecnologia do
produto
4. Seleção e
desenvolvimento da
tecnologia de
processo de produção
5. Definições finais
do produto e do
projeto
6. Preparação da
comercialização e
distribuição do
produto
7. Projeto e avaliação
do produto
8. Projeto do sistema
de fabricação
9. Fabricação,
entrega e uso do
produto
1. Busca de
oportunidades
2. Concepção
3. Desenvolvimento
de proto-produto
4. Pesquisa e
desenvolvimento do
produto
5. Plano de
marketing
6. Teste de mercado
7. Introdução
efetiva
1. Estágio de ideias
2. Desenvolvimento
da u
3. Estágio de
conceito total
4. Estágio de teste
do conceito
5. Informações e
estudos de mercado
6. Desenvolvimento
do produto
7. Testes de
mercado e/ou
pesquisas de
marketing
8. Plano de mercado
9. Comercialização
1. Planejamento
estratégico
2. Geração do
conceito
3. Avaliação pré-
técnica
4. Desenvolvimento
técnico
5. Comercialização
1. Identificação
da oportunidade
2. Planejamento
3. Teste
4. Introdução
5. Gerenciamento
do ciclo de vida
1. Identificação das
oportunidades
2. Geração das
ideias
3. Julgamento de
ideias sobre novos
produtos
4. Desenvolvimento
e testes de produtos
5. Análise comercial
6. Planejamento
estratégico de
marketing
1. Levantamento de
oportunidades para novos
produtos
2. Levantamento de ideias
para novos produtos
3. Análise preliminar da
viabilidade das
oportunidades
4. Desenvolvimento de
propostas de novos
produtos e testes de
conceito
5. Análise de viabilidade
6. Desenvolvimento do
produto
7. Realização de pesquisas
e testes de mercado
8. Preparação do plano de
marketing do novo produto
9. Produção,
comercialização e
distribuição
10. Acompanhamento,
controle, correções e
ajustes
Figura 13 - Etapas do processo de desenvolvimento de novos produtos
Fonte: adaptado de Mattar e Santos (2003)
3. REVISÃO DE LITERATURA
Neste capítulo foi realizada a revisão de literatura pertinente ao tema da presente
tese e seus referenciais teóricos. São abordados artigos que representam apenas uma
parcela da vasta literatura existente.
3.1. FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO
Siquara (2003) e Quintella, Siquara e Ornellas (2004) buscaram identificar e
validar os Fatores Críticos de Sucesso que se aplicam ao lançamento de solventes
industriais. Para coleta dos dados foi utilizada uma amostra não probabilística
intencional, formada pelas indústrias que representavam mais de 80% do consumo
nacional de solventes nos 24 meses que antecediam a pesquisa, junto aos principais
produtores e distribuidores de solventes industriais derivados do petróleo e das
entidades representativas dos principais segmentos industriais que utilizam estes
solventes como insumos e entidade reguladora do setor.
Os resultados obtidos das questões, que apuram a ordem de priorização dos FCS
segundo a visão dos respondentes, após sua tabulação, foram submetidos ao teste de
Kolmogorov-Smirnov. Concluiu-se da existência de três Fatores Críticos de Sucesso
no lançamento de novos solventes industriais: atendimento às necessidades do
segmento, garantia de suprimento e preço acessível.
O objetivo do trabalho de Durço (2002) foi identificar a relação existente entre as
ordenações de importância de fatores críticos de sucesso do start-up de empresas de
pesquisa de marketing, atribuídas por uma amostra de seus clientes com as atribuídas
por uma amostra de seus executivos.
As amostras da pesquisa foram constituídas por um conjunto de 32 clientes de
pesquisa de marketing e por um conjunto de 34 executivos de empresas de pesquisa de
marketing que operavam no mercado nacional entre jun. e nov. de 2001. A amostra de
executivos foi formada com a participação de um executivo por empresa.
86
Após a tabulação dos dados coletados, o coeficiente de correlação de postos de
Spearman - Rs foi selecionado como instrumento para a análise das ordenações, em
decorrência de seu atendimento às seguintes condicionantes do problema:
a) a escala empregada para medir as variáveis foi a ordinal, escala de ordenação
forçada;
b) as variáveis estudadas eram independentes, não havia relação de dependência
entre os fatores de sucesso pesquisados;
c) a análise aplicada ao trabalho foi descritiva, e buscou medir a correlação entre os
fatores críticos de sucesso;
d) o nível de conhecimento da população de onde foi extraída a amostra enquadrou-
se como não paramétrico; e
e) para a obtenção do grau de relacionamento dos fatores, as variáveis foram
medidas aos pares.
A análise dos dados coletados permitiu inferir que os fatores críticos de sucesso
do start-up de empresas de pesquisa de marketing eram:
A confiabilidade de suas pesquisas;
Sua estratégia de preços;
Sua capacitação tecnológica;
A percepção da qualidade de seus produtos (pesquisas) como adequada;
A capacidade para elevar sua receita, proporcionalmente, mais do que sua
despesa;
A propaganda de seus produtos; e
Sua disponibilidade de mão-de-obra especializada.
Freundt (1997) buscou identificar as variáveis que são percebidas pelas franquias
de sucesso, como críticas ao desempenho superior de seus negócios. Para isso, foram
ouvidas 18 empresas localizadas nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, que
adotavam em 1997 o sistema de franchising no setor de vestuário. As duas cidades
totalizavam 96 empresas operando com franchising à época. Do total, 29 foram
87
consideradas como empresas de sucesso. Dentre as 29, 18 foram entrevistadas, sendo
quatro do Rio e quatorze de São Paulo. A pesquisa buscou responder a duas perguntas:
a) Quais atributos o considerados os mais importantes para o sucesso de um
empreendimento de franquia, pelos principais executivos de empresas de
desempenho superior, do setor de vestuário?
b) Quais o as dimensões (fatores de sucesso) identificadas a partir da avaliação
pelos franqueadores de um conjunto de atributos que influem no sucesso de
empreendimento de franquia?
As respostas foram tratadas estatisticamente, com base em frequências relativas e
absolutas. Nas perguntas fechadas, os atributos percebidos pelos entrevistados como
críticos para o sucesso de empreendimentos de franchising foram tratados por meio da
utilização da análise de cluster. O método de cluster utilizado, Ward, com base na
hierarquização de valores, viabilizou a ordenação dos 83 atributos iniciais em sete
grupos de atributos relativamente similares e homogêneos. Na tabulação e análise dos
dados, foram considerados críticos apenas os atributos que obtiveram média superior a
nove na avaliação dos entrevistados.
Sete fatores foram identificados como críticos para o sucesso de uma franquia do
ramo de vestuário: layout da loja, marca, processo de seleção de franqueados,
supervisão dos franqueados, treinamento dos franqueados, localização da loja definida
pelo franqueador e capacidade de operacionalização das unidades franqueadas.
O objetivo dos trabalhos de Toledo (2000) e Quintella e Toledo (2001) foi a
comparação dos Fatores Críticos de Sucesso no start-up de uma Franquia, com o
instrumento analítico proposto por Porter denominado Ciclo de Vida do Produto. A
amostra constou de: 15 franqueados das lojas da BR Mania; 415 consumidores dessas
lojas; e quatro executivos de gerência de lojas, com poderes de decisão.
Foram estabelecidas quatro hipóteses:
a) O comportamento dos consumidores sofre modificações em função de
alterações no produto;
b) A qualidade do produto é fator determinante para o start-up de lojas de
conveniência;
88
c) A estratégia de marketing é um fator decisivo para o desenvolvimento de
serviços prestados pela BR aos seus franqueados; e
d) Margens e preços altos são fatores determinantes do mercado para o start-up
de uma loja de conveniência.
Como tratamento de dados, os autores usaram a média aritmética resultante dos
valores atribuídos como respostas às perguntas do questionário e adotaram o índice de
70% como indicativo de aprovação das hipóteses. O trabalho mostrou que “o
comportamento dos compradores poderá sofrer modificações em função de alterações
no produto. A qualidade do produto poderá ser fator determinante do mercado para o
start-up de lojas de conveniência, a estratégia de marketing poderá ser fator decisivo
para o desenvolvimento dos serviços prestados pela BR Mania aos franqueados, e
margens e preços altos não devem ser fatores determinantes do mercado para o start-
up de uma loja de conveniência”.
Ao final de seu trabalho, concluíram que:
O comportamento dos compradores poderá sofrer modificações em função de
alterações no produto;
A qualidade do produto poderá ser fator determinante do mercado para o start-
up de lojas de conveniência;
A estratégia de marketing poderá ser fator decisivo para o desenvolvimento dos
serviços prestados pela BR aos franqueados; e
Margens e preços altos não devem ser fatores determinantes do mercado para o
start-up de uma loja de conveniência.
O trabalho de Moriyama (2001) teve como objetivo identificar os fatores de
sucesso e insucesso na gestão de pequenas empresas. Foi feito o cruzamento de dados
obtidos por duas fontes de pesquisa.
A primeira foi a revisão bibliográfica e levantamento dos fatores de sucesso e
insucesso apontados por alguns autores. A segunda foi o estudo de casos, por meio de
entrevistas, com pequenos empresários do setor metal-mecânico de São Carlos,
identificando também os fatores de sucesso e de insucesso empresarial. A partir das
89
fontes bibliográficas estudadas, chegou-se aos fatores críticos de sucesso: Planejar
imagem institucional; Estabelecer o controle financeiro; Conhecer os custos;
Administrar bem os funcionários; Controlar qualidade; Observar legislação.
Os estudos de Quintella e Vianna (2001) e Vianna (2002) tiveram como objetivo
identificar os fatores críticos de sucesso do start-up de redes de aprendizado no setor
de petróleo. O estudo baseou-se no modelo de Porter (1986), Estratégia Competitiva:
Técnicas para Análise de Indústrias e da Concorrência; e no de Blake e Mouton
9
, o
Novo Grid Gerencial.
O estudo identificou que são fatores críticos de sucesso para o start-up de redes
de aprendizado no setor de petróleo: “oportunidade de realizar benchmarking;
credibilidade da organização coordenadora; grupo inicial significativo, com empresas
de médio e grande porte; padronização nas atividades; oferta de novos serviços e
modificação nos serviços da Rede; reuniões frequentes; e representantes das empresas
com estilo de liderança 9,9”.
No trabalho sobre Fatores Críticos de Sucesso para Comércio Móvel de Charles,
Monodee e Nurek (2000), foi levado em consideração o ponto de vista das diversas
empresas participantes da indústria de comunicação móvel. O foco da pesquisa foi os
aspectos de segurança relacionados ao m-commerce (mobile commerce: comércio
móvel). A pesquisa também determinou um conjunto de fatores críticos de sucesso
para o comércio móvel: integridade da interface, segurança, velocidade e eficiência,
interoperabilidade, disponibilidade da tecnologia, disponibilidade de infraestrutura
móvel.
O objetivo do ensaio de Verstraete (2000) foi estudar, conceitualizar e definir as
diferenças entre fatores críticos de sucesso e fatores estratégicos de risco. Defende a
necessidade dessa conceitualização pela banalização do termo “fatores críticos de
sucesso”, a qual não é independente da banalização do termo “sucesso”.
Segundo ao autor, ainda que a estrutura das empresas tenha mudado
significativamente (principalmente após a guerra mundial), por conta da crescente
força, diversificação e internacionalização dos mercados, os sistemas de informação
permaneceram estáticos. As mudanças organizacionais fizeram surgir novas medidas,
9
BLAKE, R. R.; MOUTON, J. S. O novo grid gerencial. São Paulo: Pioneira, 1984.
90
responsabilidades e autoridades de decisão, que precisam de novas formas de
informações, tanto externas - notadamente sobre ambiente político, social e
competitivo - quanto internas de forma a analisar as forças e fraquezas da empresa.
Com base neste pressuposto, o autor discorre sobre os conceitos de Daniel e Rockart
sobre FCS e acrescenta que “o encurtamento do ciclo de vida dos produtos não ocorre
sem a aceleração das mudanças em todos os veis da linha hierárquica” e a
disponibilização da informação pode confirmar os “pressupostos estratégicos”,
anunciar uma mudança não antecipada e “colocar em evidência novos fatores críticos
de sucesso”.
Para o autor, existem duas formas de identificação dos FCS: a forma analítica
racional, focalizado geralmente na análise da concorrência, estrutura do setor, cadeia
de valor, ciclo de vida, análise de portfólio, benchmarking, etc. - e a forma heurística
que toma vantagem da intuição, imaginação e representatividade dos atores,
julgamento de especialistas, análise de campo de forças, árvores de decisão, análise
morfológica, brainstorming, analogias, cenários prospectivos, etc.
quanto aos denominados fatores estratégicos de risco (FSR), o autor
identificou como resultantes “da característica especulativa da estratégia” – que devem
conduzir ao estabelecimento dos procedimentos de alerta e à redução da eficácia da
estratégia, especificamente pelo “risco de agência”, com base nas divergências de
interesses inicialmente existentes daqueles do gerente local. Segundo o mesmo, os
FSR se distinguem dos FCS por não serem controláveis, tanto temporariamente como
não temporariamente.
Verstraete (2000) cita que, para a administração eficaz, faz-se necessário
identificar as prioridades, com base nas percepções, mas que a dificuldade reside em
dois pontos:
Articular as prioridades do hoje” (a gestão do cotidiano) com as prioridades
do “amanhã” (a formulação estratégica do que está por vir); e
A confusão entre FCS e prioridade: o indivíduo tende a relaxar sua atenção
sobre os fatores que crê serem controláveis e esse fator deixa de ser sua
prioridade, o que pode representar um risco.
91
Com base nisso, o autor passa a denominar FCS de uma empresa durante um
período como sendo “todos os elementos que são susceptíveis de controle e que são
reconhecidos como tendo um peso importante para a realização de um projeto” e que o
sucesso é a “realização do projeto”. Define tamm FSR de uma empresa durante um
período como sendo “todos os elementos que não são susceptíveis de controle e que
são reconhecidos como tendo um peso importante para a realização de um projeto” e
que o risco é do projeto não se realizar.
Com base nas descrições estabelecidas e na diferenciação dos termos proposta
(FCS e FSR), o autor propõe a utilização de um vocabulário no plano acadêmico,
universitário, de consultores e praticantes.
O objetivo do trabalho de Khandelwal e Ferguson (1999) foi identificar os
problemas de TI e medir sua criticidade em diferentes regiões geográficas, sendo
identificados os FCS deste setor na América do Norte, Europa, Austrália / Nova
Zelândia e Índia.
Segundo os autores, “um sistema que funciona adequadamente em um país pode
ser uma falha total em outro”, visto que “os gerentes em diferentes regiões geográficas
se deparam com diferentes tipos de problemas de TI”. Após discorrer sobre os
fundamentos dos FCS e sua hierarquia (da indústria, da corporação, das sub-
organizações ou departamentos e dos indivíduos), os mesmos defenderam a ideia de
que ”este conceito pode ser expandido para incorporar regiões geográficas do planeta”.
Defenderam também que os FCS podem ser utilizados para medir a maturidade de
uma organização, indústria ou região geográfica: baseado na temporalidade dos FCS e
na teoria dos estágios de Nolan, os autores defendem que “relacionando os FCS de
uma organização com as características de um modelo de maturidade, é possível
estabelecer a maturidade da organização”, com base na premissa e que “organizações
mais maduras terão FCS diferentes das menos maduras, modificando-os ao longo de
seu crescimento”.
A teoria citada baseia-se na percepção dos “erros” do passado, que o “sintomas
naturais de crescimento e são sentidos por todas as empresas, conduzindo ao
desenvolvimento trazido às funções na sua maturidade atual”. Segundo os autores,
novas circunstâncias requerem novas práticas de gerenciamento e “se práticas
92
desatualizadas são mantidas após o período em que são apropriadas, vão ocorrer
decisões erradas”. Esse fenômeno de mudanças que uma empresa ou função
experimenta com seu crescimento, da nascimento à maturidade, é definido pelo
conceito de estágios de crescimento: ao invés de evolução, a transformação do negócio
ocorre por meio da destruição criativa, no qual cada período de evolução é seguido por
um período de estabilidade, que por sua vez é seguido por descontinuidade e revolução
antes do início de uma nova era.
Para coletar os dados de um grande número de gerentes, dispersos em diferentes
regiões geográficas, os autores desenvolveram uma rie de constructos, de forma a
cobrir todas as necessidades do grupo. Tais constructos, que segundo os autores, foram
identificados com base em vasta literatura sobre tópicos de TI e pesquisas ocorridas
nos Estados Unidos, Europa e Austrália, foram então colocados em um questionário,
enviado aos respondes, para que estes avaliassem a criticidade dos mesmos, numa
escala Likert de 1 a 4, quais sejam: Crítico para este ano; Importante para este ano;
Bom para este ano; e Não requerido para este ano. Alternativamente, indicaram se
haviam alcançado o estágio desejado em cada FCS.
Foi também provido espaço para inclusão de FCS adicionais pelos respondentes,
caso considerassem adequado, além de serem solicitados a selecionar os cinco FCS
mais importantes, listando-os em sequência.
O número total de respostas foi de 339 (América do Norte), 120 (Europa), 186
(Austrália / Nova Zelândia) e 69 (Índia), num mix de organizações de diversos
tamanhos e áreas de atuação: construção, comércio, mineração, educação, finanças,
seguros, Conselhos locais, saúde, manufaturas, revendedores, serviços e distribuição.
Os FCS, listados em ordem de importância por região são apresentados nas Tabelas 4
a 7.
Tabela 4 – CSF por região – Austrália / Nova Zelândia
CSF de TI - Austrália e Nova Zelândia
1 Alinhamento do sistema de informações com objetivos organizacionais
2 Desenvolvimento do plano estratégico de TI
3 Plano de ações para desastres
4 Integração de sistemas
5 Gerenciamento de serviços para usuário final
6 Desenvolvimento da arquitetura da informação
7 Habilidades técnicas no staff de sistemas de informações
Fonte: Khandelwal e Ferguson (1999)
93
Tabela 5 – CSF por região – Europa
CSF de TI - Europa
1 Alinhamento do sistema de informações com objetivos organizacionais
2 Sistemas distribuídos
3 Disponibilidade de informações para usuários
4 Redução dos custos dos sistemas de informação
5 Ligações com organizações externas
6 Desenvolvimento da arquitetura da informação
7 Reengenharia dos processos de negócios
Fonte: Khandelwal e Ferguson (1999)
Tabela 6 – CSF por região – América do Norte
CSF de TI – América do Norte
1 Alinhamento do sistema de informações com objetivos organizacionais
2 Disponibilidade de informações para usuários
3 Uso de tecnologias emergentes
4 IT para vantagem significativa ou competitiva
5 Ligações com organizações externas
6 Integração de sistemas
7 Gerenciamento dos recursos humanos de sistemas de informações
Fonte: Khandelwal e Ferguson (1999)
Tabela 7 – CSF por região – Índia
CSF de TI - Índia
1 Alinhamento do sistema de informações com objetivos organizacionais
2 Gerenciamento de serviços para usuário final
3 Alinhamento do sistema de informações com objetivos organizacionais
4 Habilidades técnicas no staff de sistemas de informações
5 Gerenciamento dos recursos humanos de sistemas de informações
6 IT para vantagem significativa ou competitiva
7 Qualidade do desenvolvimento de sistemas
Fonte: Khandelwal e Ferguson (1999)
O mapeamento dos FCS por região, quando comparado com os estágios de
crescimento, após outras investigações, revelou que existem diferenças no nível de
maturidade de TI em organizações em diferentes regiões geográficas.
Os autores concluem que as organizações não são estáticas: elas passam por
ciclos de evolução e revolução, a caminho do crescimento e que, “o entendimento do
processo de crescimento organizacional e maturidade é essencial para o gerenciamento
apropriado da tecnologia da informação”. Citam também que os FCS proveem uma
medição aceitável para determinar as necessidades da gerência em qualquer nível e,
por conta disso, podem ser usados como ferramenta para determinar o nível de
maturidade das organizações de TI.
94
O trabalho de Brännback et al. (2004) foi estudar os fatores críticos de sucesso e
crescimento empresarial no contexto da dinâmica do ciclo de vida dos negócios, com
foco no lançamento de novos produtos especificamente produtos alimentícios:
massas. As hipóteses da pesquisa foram:
1. Os FCS são diferentes para diferentes estágios do ciclo de vida da empresa;
2. Os FCS são diferentes, dependendo da estratégia de crescimento;
3. Os FCS são diferentes, dependendo do produto; e
4. Os FCS são diferentes, dependendo da experiência gerencial.
Os autores definem estratégias de crescimento como os meios para atingir as
metas de crescimento, além das metas em si e discorrem sobre pesquisas prévias sobre
fatores críticos de sucesso e ciclo de vida de produto. Concluíram também que “os
FCS são implicitamente ligados ao conceito de ciclo de vida, concluindo-se que os
FCS dependerão da situação da empresa”.
Foram estabelecidos dois grupos de um total de 119 respondentes, de forma a
refletir as diferenças na percepção gerencial:
1. Grupo 1 – 86 estudantes de duas escolas de negócios na Finlândia; e
2. Grupo 2 – 33 gerentes experientes de uma indústria de gêneros alimentícios;
Foram avaliados dois tipos de produtos:
1. Produto 1 – Massa orgânica (500 g) vendida a um preço 20% superior à
média; e
2. Produto 2 – Massa pronta (500 g), também vendida a um preço 20% superior.
Por último, foram estabelecidas três diferentes estratégias de crescimento:
1. Estratégia 1 – Sem crescimento (controle);
2. Estratégia 2 - Crescimento anual de 20% na participação de mercado, por um
período de cinco anos, independente da rentabilidade; e
3. Estratégia 3 - Crescimento anual de 20% no lucro, por um período de cinco
anos.
95
Cada respondente teve somente um produto e uma estratégia para avaliação no
questionário, sendo solicitado a avaliar uma lista com 21 FCS, dos quais deveriam
escolher os cinco mais importantes e ordenar estes cinco escolhidos. Tais escolhas se
repetiam para três diferentes fases do ciclo de vida no questionário: Start up,
Crescimento e Maturidade. Os FCS listados foram:
1. Contínua inovação do produto;
2. Orientação para o cliente;
3. Serviço ao cliente;
4. Produção eficiente e flexível;
5. Empreendedorismo;
6. Recursos financeiros;
7. Boas relações com distribuidores;
8. Conhecimento do negócio;
9. Localização;
10. Baixo preço / alto valor oferecido;
11. Produção de baixo custo;
12. Participação no mercado;
13. Reconhecimento do nome / marca;
14. Habilidades de marketing;
15. Pioneirismo / primeiro entrante;
16. Características do produto;
17. Reputação de qualidade;
18. Segmentação / foco;
19. Planejamento de curto prazo;
20. Porte / localização da distribuição;
21. Metas estratégicas.
Os dados foram analisados utilizando um modelo logit expandido do software
STATA 8.2, baseado em regressão logit, bastante utilizado na literatura econômica, e
os resultados encontrados indicaram que existem diferenças entre as diferentes fases
96
do ciclo de vida (hipótese I), existe para o grupo de gerentes experientes, diferença
significativa dos FCS, dependendo da estratégia, ao passo que, no caso de estudantes,
esta diferença foi significativa quando a comparação ocorre entre a estratégia de
crescimento zero e a estratégia de crescimento de participação no mercado (hipótese
II), existe diferença nos FCS, dependendo do produto, somente para o grupo de
gerentes experientes, mas não para os estudantes (hipótese III) e existe diferença de
percepção de estratégias de crescimento nos dois grupos, provavelmente baseado na
experiência e nos mapas cognitivos que resultam desta experiência (hipótese IV).
O sumário dos resultados (cinco FCS ordenados por importância) por grupo,
por produto e por estratégia pode ser visto na Tabela 8.
Tabela 8 – FCS ordenados
Grupo Estratégia Produto Start up Crescimento Maturidade
Sem crescimento - 6,2,8,18,7 17,2,7,13,4 17,7,13,2,3
Market share - 6,2,8,7,15 13,7,2,17,1 1,13,17,7,2
Estudantes
Lucro - 2, 8, 6, 7,16 2, 17, 7, 13,10 17, 1, 13, 7,10
1 8,7,2,6,16 17,7,2,8,13 17,1,7,13,2
Sem crescimento
2 8,2,7,6,3 8,2,7,17,4 17,1,7,2,8
1 16,8,14,3,2 14,16,13,17,3 1,17,14,10,3
Market share
2 8,16,14,3,2 8,14,2,4,3 4,1,10,14,3
1 14,2,8,16,7 14,7,2,6,17 14,1,7,17,2
Gerentes
Lucro
2 14,8,2,7,15 2,14,4,7,8 4,14,2,1,7
Fonte: Brännback et al (2004)
3.2. DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
O trabalho de Dias e Salerno (2003), baseado na tese de doutorado de Dias, sob
orientação do Professor Mário Salerno, buscou identificar as razões pelas quais as
empresas de capital estrangeiro integram suas subsidiárias nas atividades de
desenvolvimento de seus produtos globais, utilizando por base três estudos de caso em
montadoras de veículos com subsidiárias no Brasil. O trabalho parte da premissa de
que existem hoje diferentes estratégias de divisão e localização de atividades de
desenvolvimento tecnológico e de projeto de produto: ao lado de estratégias de
concentração dessas atividades nas matrizes, coexistem estratégias de maior integração
de subsidiárias e empresas brasileiras no projeto de produtos.
97
Os autores defendem que, no fim dos anos 1980 e inicio dos 1990, vários setores
industriais, dentre eles o automotivo, foram confrontados com o conceito do "produto
global", originalmente um produto concebido para produção e comercialização em
vários mercados do mundo simultaneamente, sem alteração de suas características,
tendo como pressuposto sico a homogeneização de gostos, preferências e condições
de uso nos diversos mercados aos quais ele se destina. Subjacente a esse conceito está
uma “racionalidade ligada a economias de escala no projeto e na produção (caso a
fabricação dos produtos seja centralizada), dado que tais atividades serão realizadas
apenas uma vez para um volume elevado de produtos comercializados”. Contudo, o
conceito original do produto global acabou sendo modificado, porque a condição de
homogeneização dos mercados não se verificou na prática: culturas, gostos,
preferências, condições econômicas permaneceram diferentes entre os diversos
mercados, em especial entre os mercados de países desenvolvidos e países em
desenvolvimento. Segundo os autores, surgiu então um conceito "alternativo" de
produto global, que diz respeito a um produto concebido para “atender a mercados de
um determinado bloco de países, que possuem certas características em comum”; um
exemplo típico no setor automotivo, que vem se configurando como uma tendência
forte, é o "produto para países emergentes": países da América Latina e do Leste
Europeu, China, Índia e África do Sul. Ainda assim, a adoção deste conceito gerou
consequências para o processo de desenvolvimento de produtos, particularmente no
que se refere à divisão internacional do trabalho de desenvolvimento, ou seja, a
integração, ou não, de diversas unidades de uma empresa transnacional no processo de
desenvolvimento de produtos globais e a forma como tal integração ocorre.
Citam os autores que, quando as montadoras transnacionais de veículos de
passeio instaladas no Brasil adotaram o conceito de produto global no inicio dos anos
1990, observou-se que muitas delas centralizaram suas atividades de desenvolvimento
de produtos globais nas matrizes, uma vez que a dispersão da engenharia nas diversas
unidades era aparentemente desnecessária (pois o produto seria concebido uma vez
visando os vários mercados) e contraproducente (devido principalmente à duplicação
de estrutura - equipamentos e mão-de-obra e a um eventual maior tempo de
deslocamento dos engenheiros entre as unidades, aumentando o tempo de
98
desenvolvimento). O estudo mostra que é possível observar diferenças nas estruturas
para desenvolvimento de produtos globais nas subsidiárias, no caso do setor
automotivo brasileiro – algumas mais descentralizadas que outras.
A fim de explicar as razões pelas quais as empresas descentralizam suas
atividades e a forma como elas o fazem, foram elaboradas três hipóteses principais:
1. A organização do desenvolvimento de produtos globais é estabelecida, de um
lado, segundo uma racionalização que procura tornar a corporação como um todo
mais eficiente do ponto de vista de critérios de performance relacionados à
elevação de sua lucratividade, tais como custos, qualidade, flexibilidade de
resposta a mudanças, variedade de produtos oferecidos e inovação incorporada
nesses produtos; de outro lado, o processo de estabelecimento da estrutura
organizacional de desenvolvimento de produtos globais sofre influência das
relações de poder existentes entre atores internos à corporação (por exemplo,
centros de projeto e filiais), que buscam nesse processo satisfazer a seus
interesses particulares (por exemplo, a sobrevivência em longo prazo da filial);
2. As ações de agentes externos à empresa influenciam a configuração espacial de
desenvolvimento de produtos globais, desde que elas contribuam positivamente
para o desempenho da corporação; e
3. A organização das atividades de desenvolvimento de produtos globais é definida
também por características intrínsecas ao projeto de desenvolvimento de
produtos. Tal hipótese desdobrou-se então em três outras hipóteses derivativas:
a) Se a filial participar do projeto, essa participação tende a ocorrer nas
instalações da matriz (ou centro de projeto), caso o projeto esteja em suas
fases iniciais (concepção e planejamento). Ao contrário, ela tende a
descentralizar-se em direção às instalações da subsidiária em questão se o
projeto estiver em suas fases finais (projeto detalhado e projeto de processo);
b) Sabendo-se que o projeto de produtos no setor automotivo dirige-se cada
vez mais a um processo que distingue o projeto de plataformas (isto é, as
partes centrais do veículo comuns a modelos de uma mesma família) dos
projetos de derivativos, ocorrerá mais integração das filiais no projeto de
derivativos em termos de número de horas de engenharia da filial com
99
relação ao número total de horas de engenharia para o derivativo em questão;
e ocorrerá mais descentralização em direção às instalações da subsidiária
também para derivativos o local de projetos das plataformas tende a ser as
matrizes, ainda que com a participação de profissionais das filiais; e
c) O projeto em módulos facilita a descentralização do desenvolvimento e a
integração de subsidiárias brasileiras, que se encarregarão total ou
parcialmente do projeto de um módulo com relação ao qual detém alguma
competência. A responsabilidade do gerenciamento do projeto como um todo
(ou seja, o gerenciamento da interface entre módulos) fica na matriz, ou no
centro de projeto.
Os resultados apontam que a decisão sobre integrar ou não a engenharia
brasileira nas atividades de desenvolvimento de produtos globais de área transnacional
relaciona-se à estratégia competitiva da corporação para os diferentes segmentos do
mercado em que atua, aos atributos que as subsidiárias apresentam e que são
considerados relevantes para a estratégia competitiva ao relacionamento entre matriz e
subsidiárias, que permite que tais atributos sejam reconhecidos e legitimados, e a ações
de agentes externos à empresa que, se percebidas como contribuidoras para a
estratégia competitiva, podem promover a descentralização das atividades de
desenvolvimento de produtos globais ou, ao contrário, centralizá-las na matriz.
O trabalho de Dias e Salerno (2003) mostra também que a forma da divisão
internacional do trabalho nas atividades de desenvolvimento de produtos globais es
relacionada às fases do processo de desenvolvimento de produtos e à adoção de
políticas de produto, tais como o uso de plataformas e derivativos e o projeto modular.
As conclusões e validações das hipóteses mostraram que:
1. O envolvimento da filial brasileira no desenvolvimento de produtos globais varia
conforme os diferentes nichos de mercado, sendo maior para o segmento de
entrada, que é o principal segmento no Brasil e o segmento aonde são necessárias
mais adaptações;
2. Os principais motivos para integrar a engenharia local nos projetos são adequar o
produto às condições e preferências locais incluindo-se ai a questão do
100
barateamento do produto;
3. A integração da engenharia brasileira e a descentralização do desenvolvimento
afetam/tendem a afetar positivamente critérios competitivos importantes para
esse segmento, como preço (via redução de custos) e agilidade no
desenvolvimento, devido à necessidade de mais adaptações nesse segmento;
4. Entre os atributos que foram encontrados para diferenciar o Brasil das demais
filiais com relação ao desenvolvimento de produtos, está uma grande experiência
em identificar as necessidades de adaptações e projetá-las, em especial no que se
refere às reduções de custo no produto final, sem que a imagem do produto junto
ao mercado sofra muito;
5. A experiência de engenharia somente pode ser adquirida ao longo da trajetória da
unidade, alimentando um círculo virtuoso no qual a participação em projetos
aumenta a experiência, que aumenta a participação em projetos;
6. Além da experiência em engenharia, a mão-de-obra brasileira para projeto tem
salários mais baixos do que a mão-de-obra das matrizes ou centros de projeto,
localizadas nos países centrais;
7. A importância da filial mais poder no momento da decisão sobre qual filial
realizará atividades de desenvolvimento: não em termos de experiência em
projeto, mas em importância de mercado e poder de negociação;
8. Algumas atitudes de atores externos acabam por indiretamente gerar
desenvolvimento local, como o incentivo a veículos propulsionados por motores
de 1000 cilindradas, que gerou uma atividade local de desenvolvimento ou
adaptação desses motores, e o incentivo ao uso de combustível alternativo;
9. Indiretamente foram afetados também por algumas políticas públicas realizadas
na década de 90, como as Câmaras Setoriais, o Regime Automotivo e acordos
internacionais específicos para o setor, que proporcionam um aumento no volume
de vendas nacionais e um aumento nas exportações (ou seja, aumento da
importância das filiais brasileiras), ao lado do aumento da concorrência interna
com a chegada de novas montadoras;
10. As filiais das corporações procuram atrair para si as atividades de
desenvolvimento de produtos globais, aumentando a capacitação de seus
101
funcionários, procurando realizar parcerias com institutos de pesquisas locais e
buscando financiamentos locais para tais atividades (incluindo compra de
equipamentos e instalações de laboratórios);
11. A participação da engenharia brasileira no desenvolvimento de produtos foi
maior nas fases finais do projeto (ocorrendo, inclusive, nas instalações
brasileiras) e no desenvolvimento de derivativos. De qualquer forma, uma
preocupação em envolver a engenharia brasileira no projeto desde as etapas
iniciais, ou seja, a concepção e o planejamento. A lógica é levar em consideração
as demandas locais desde o início, diminuindo necessidades de adaptação /
modificações posteriores que acarretam maior custo e tempo de
desenvolvimento;
12. Existe a divisão do produto em alguns módulos que são desenvolvidos por
fornecedores – isto é, equipes diferentes, pertencentes a empresas diferentes:
montadora e fornecedores. A existência de divisão em módulos no co-design
aponta para a possível validade da hipótese derivativa de que o projeto modular
facilita a descentralização entre empresas. A divisão em plataformas e derivativos
parece ser uma forma mais plausível de divisão internacional do trabalho entre
matriz e subsidiárias do que a divisão em módulos; e
13. O aumento das atividades locais de desenvolvimento de produtos com
consequências em termos de transferência e aumento de capacitação tecnológica
local para todo o setor não depende somente da vontade das matrizes, mas pode
ser estimulado por ações locais das filiais e também de atores externos locais
(governos, sindicatos, institutos de pesquisa, universidades), que podem fornecer
às subsidiárias melhores condições de reivindicar a descentralização de tais
atividades.
O trabalho de Ellison et al. (1995) foi reportar as atividades ocorridas nos anos
90 na indústria automotiva, com base em estudo similar sobre os anos 80, no que tange
o desenvolvimento de produtos e sistemas de gerenciamento de projetos. A questão
central foi se a performance no desenvolvimento de novos produtos convergiu por
entre as firmas da indústria automotiva. Foram estudados 25 projetos de 19
102
companhias. O número de organizações de design foi de 22, que alguns fabricantes
tinham mais de um centro de desenvolvimento de produtos. Foram utilizados
questionários para coletar dados sobre a complexidade dos projetos, a performance dos
mesmos, a organização do time de desenvolvimento e o gerente de projetos, além de
entrevistas com os membros dos times, para coletar informações suplementares.
Os resultados do trabalho mostraram o início de uma convergência no
gerenciamento de projetos individuais. Além disso, constataram:
1. Significantes ganhos das firmas nos Estados Unidos e Europa em termos de
lead time e produtividade;
2. Maior uso de fornecedores no processo de desenvolvimento em firmas nos
Estados Unidos;
3. Ampla adoção dos princípios de engenharia simultânea nas firmas nos estados
Unidos;
4. Uma notória mudança nos Estados Unidos e Europa na direção de maior peso
em sistemas de gestão de projetos; e
5. A continuação do peso deste mesmo aspecto em firmas japonesas, em
conjunção com um movimento de gerenciamento de múltiplos projetos.
Os autores defendem ainda que “mudanças sistemáticas no processo de
desenvolvimento são inicialmente muito caras, mas são então seguidas por um período
de melhoria rápida de performance”.
O estudo de Sturgeon e Florida (1997) buscou identificar o panorama geográfico
emergente na produção automotiva mundial. Segundo os autores, todos os fabricantes
entrevistados estavam criando plataformas globais na busca da melhoria do produto e
dos processos padronizados, de tal forma que plataformas globais fossem
customizadas para se adequar às condições locais de mercado nos diversos países. A
mola principal de tais ações era a forte internacionalização das operações, “em busca
de novos mercados e menores custos de produção”.
Os autores compilaram também as melhores práticas identificadas pelos
fabricantes, que denotou certo consenso entre os participantes da pesquisa no que
103
tange o que seria melhor para criar eficiência e flexibilidade em escala global na
organização, as quais foram:
Reconhecer requerimentos únicos dos mercados;
Desenvolver veículos que podem ser customizados para os vários mercados;
Manufaturar localmente;
Construir fábricas menores, flexíveis e expansíveis;
Contratar seletivamente e construir lealdade da força de trabalho;
Atrair os fornecedores para as localidades das novas fábricas;
Transferir o que é aprendido em um lugar para outro; e
Mover as pessoas de um local para outro.
Além destas, algumas tendências foram também identificadas na pesquisa:
Modularidade na linha final;
Fabricação enxuta; e
Aumento da terceirização.
O artigo de Camuffo (2002) estuda o desenvolvimento de um “carro mundial” - o
Fiat Palio, que é uma família de modelos com plataforma comum, especificamente
concebido para grandes mercados emergentes, comercializado em 32 países baseado
na pesquisa executada em seis países (Itália, Brasil, Polônia, Turquia, Argentina e
Índia), a qual descreve as estratégias e busca analisar como a relação de globalização,
terceirização e modularidade apresentam importância no desenvolvimento e
manufatura de veículos automotivos. Os dados foram coletados pelo autor em
questionários aplicados em fábricas e entrevistas (aproximadamente 150 horas) com
gerentes da Fiat na sua sede e em diferentes unidades ao redor do mundo. As questões
da pesquisa foram:
1. A abordagem de “carro mundial” representa uma estratégia robusta e sustentável?
2. Existe relação entre globalização, terceirização e modularidade na indústria
automotiva?
104
3. Estes conceitos podem ser usados para mapear os desenvolvimentos futuros e
transformações na estrutura de contratos da indústria automotiva?
Segundo o autor, nos grandes mercados, como América do Norte, Europa e
Japão, a maturidade prevalecente faz com que tais mercados estejam calcados na
demanda de substituição, ao invés da expansão. Novas demandas e mercados
crescentes são encontrados somente em países emergentes, como Brasil, Índia, China e
outros como México e países do Leste Europeu. Isso tem gerado o desenho da
indústria automotiva mundial, em que montadoras abrem novas fábricas nestes países
e levam consigo seus fornecedores. As razões para tal movimentação são:
1. Modelos produzidos e comercializados na América do Norte, Europa e Japão
nem sempre se encaixam nas necessidades dos clientes dos mercados
emergentes;
2. Os governos dos países emergentes criaram barreiras e incentivos no mercado
automotivo, de forma a dificultar importações e favorecer investimentos diretos
de grandes companhias multinacionais;
3. Localizar as operações próximas ao alvo de mercado representa uma vantagem
em termos de marketing, vendas e logística; e
4. As diferenças de custos entre países (especialmente de mão-de-obra) o
usualmente o altas que podem, por si só, ser uma razão para localizar a
produção fora do país de origem.
O autor cita ainda que os fabricantes de automóveis têm de gerenciar a busca pela
eficiência que basicamente deriva da economia de escala, aumento de padronização,
exploração das diferenças de preços e transferência de conhecimento pela organização
e a necessidade de adaptar seus produtos e processos para as condições locais e
preferências dos consumidores que residem em países diversos, caracterizados pela
diversidade estrutural (mobilidade, estradas, preço de combustíveis, etc.) e social
(renda, nível de urbanização, cultura, etc.).
Estes fatores levam ao cenário nesta indústria, em que os fornecedores passam a
ter maior importância no projeto das peças, desenvolvimento de tecnologia e, algumas
105
vezes, montagens; e os fabricantes tendem a focar suas atividades, estreitando o
escopo das operações que gerenciam, de forma a “reduzir os riscos de investimento,
responder com mais flexibilidade às alterações de volumes, agilizar o lançamento de
novos modelos, facilitar a renovação de equipamentos, minimizar os impactos de
emprego e custos sociais no caso de crise”. Há de se destacar que, conforme citado por
Camuffo, “há uma vantagem em não fazer investimentos de larga escala em
automação nos países com mão-de-obra barata”.
O autor destaca ainda que o uso das ferramentas de e-business (B2C e B2B) na
cadeia de fornecimento tem facilitado estas estratégias, além de permitir a redução de
custos e dos riscos de investimentos e, provavelmente permitirá no futuro a
customização maciça e build-to-order. Mas, ao mesmo tempo, aumenta a
complexidade no desenvolvimento dos projetos e tecnologias envolvidas. A proposta
para reduzir a complexidade é por meio da utilização da modularização, que pode
ocorrer de três formas:
Modularidade no design com a decomposição do sistema em módulos, uma
arquitetura que define de que sistemas esses módulos farão parte e quais serão
suas funções, interfaces que descrevem em detalhes como os módulos
interagem e padrões para testar a conformidade dos módulos e sua performance;
Modularidade em manufatura design de produtos e conceitos de design das
fábricas que facilitem à produção conseguir atingir os requerimentos de
variedade de produtos, fluxo de produção, custo e qualidade; e
Modularidade na organização em muitos casos, diferentes fábricas do mesmo
fabricante tendem a seguir as mesmas tecnologias e formato organizacional
utilizado em uma fábrica “piloto”, de forma a conseguir vantagens de economia
de escala, facilidades de aprendizado e tornar mais fácil, rápido e barato o start-
up dos produtos.
O estudo de caso mostrou que produzir e vender em diferentes locais um “carro
mundial” representa uma estratégia inovativa e sustentável, baseada num processo de
sistemático de transferência de conhecimento. O estudo identificou as novas relações
106
entre globalização, terceirização e modularização e como estas afetam a divisão
internacional do trabalho nesta indústria.
O estudo de Cusumano e Nokeaba (1990) examinou as maiores variáveis no
processo de desenvolvimento de produtos automotivos durante os anos 1985-1990 e
ofereceu um modelo de medição de desenvolvimento de produto. Conforme os
autores, “a excelência em manufatura é útil somente se as empresas puderem entregar
produtos que os clientes querem comprar”. Desta forma, o estudo destaca o esforço da
indústria japonesa em não somente serem eficientes na manufatura, mas também em
desenhar e desenvolver um crescente número de produtos atrativos e tecnicamente
sofisticados, gerando desta forma participações expressivas no mercado mundial. Foi
assumida pelos autores a existência de relações causais em que:
A estratégia do produto determina a agenda de desenvolvimento do produto
e, desta forma, os requerimentos de ação;
Os requerimentos de ação afetam diretamente ou indiretamente a estrutura e
processos que a empresa usa para organizar e gerenciar o desenvolvimento
do produto; e
A estratégia de produto, os requerimentos de ação, a estrutura de
gerenciamento e processos para projetos individuais, direta ou
indiretamente, afetam a performance do projeto e as respostas de mercado
dos produtos.
Os autores propõem que as medições de desenvolvimento de produto sejam feitas
por três pontos de vantagem interconectados:
Estratégia de produto incluindo ai o conceito do produto, que estabelece o
segmento de preço (luxo versus econômico), tamanho do modelo, nível de
inovação ou sofisticação tecnológica, além da estratégia de projeto, que
inclui a complexidade do projeto e o escopo do mesmo;
Estrutura de projeto e processo (organização e gerenciamento) inclui a
organização interna e gerenciamento do desenvolvimento do produto, bem
como recursos externos; e
107
Performance de produto e projeto, considerando os seguintes tipos de
variáveis:
Entradas horas trabalhadas por veículo, custo unitário, valor
agregado por empregado, horas de engenharia e tempo total de
desenvolvimento;
Saídas qualidade de design (“tudo que é visível ou perceptível ao
cliente, como performance técnica, estilo, etc.”), manufaturabilidade
do design (eficiência do desenho, sob o ponto de vista da organização
de produção) e número total de produtos as empresas lançaram ou
renovaram em certo período de tempo;
Mercado participação e crescimento de participação de mercado e
rentabilidade por unidade.
Os autores ressaltaram que cada dia de atraso na indústria automotiva tem o custo
estimado de cerca de US$1M em lucros perdidos, concluindo então que as companhias
que conseguissem lançar seus produtos não mais que quatro ou cinco meses mais
rapidamente que seus competidores tinham um potencial de lucros adicionais de
centenas de milhões de dólares. Destacaram também que os fabricantes japoneses
apresentavam maior produtividade no processo de desenvolvimento, em termos de
horas de engenharia, sendo também mais dependentes dos fornecedores do que as
empresas americanas ou europeias: segundo o estudo, o maior envolvimento dos
fornecedores está correlacionado com cerca de 1/3 da vantagem em horas de
engenharia, bem como quatro a cinco meses da vantagem no tempo de
desenvolvimento. Há de se destacar o comentário dos autores de que “ciclos de vida de
produtos mais curtos criam uma vantagem para as empresas mais rápidas, que podem
mais rapidamente e largamente expandir suas linhas de produtos, além de introduzir
novas tecnologias e melhor gerenciar os requerimentos dos consumidores, que mudam
de tempos em tempos”.
O tempo de desenvolvimento mais curto das empresas japonesas mostrou ocorrer
também devido à sobreposição de atividades, aliado a um bom processo de
comunicação, caracterizado por um controle reduzido (loose) da alta gerência, com
108
metas simples e desafiadoras estabelecidas por estes, além de atividades informais
entre várias funções. Segundo os autores, estas abordagens pareciam “encorajar a
coordenação entre as diferentes funções ou fases do desenvolvimento do produto, bem
como um alto nível de criatividade e motivação entre os membros do projeto”. Como
resultado, os times eram altamente flexíveis e capacitados a aprender rapidamente e
responder às necessidades do mercado, reduzindo o total de horas de engenharia.
Conforme citado pelos autores, “os automóveis contém milhares de componentes e
requerem centenas de fornecedores, além de muitos anos para desenvolver e preparar
para produção em massa, apresentando muito tempo e muitas oportunidades para o
erro, bem como mudança de gosto dos consumidores e ação dos competidores”.
O estudo mostrou também evidências de que uma maior qualidade de design
afeta positivamente a performance de mercado. Indicou também que o preço é um dos
fatores mais importantes nos quais os fabricantes em grande volume competem e que
os que são especializados em modelos top, alcançam vantagens competitivas por meio
da performance funcional e a manutenção desta mostrou ser a principal prioridade
destes fabricantes.
Os autores concluíram ainda que “se a empresa deseja um equilíbrio de
excelência técnica com manufaturabilidade”, será improvável que isso ocorra sem “um
design bastante maduro de produto e processo de manufatura ou algum tipo de
organização que combine pessoas com expertise tanto em design como produção em
massa”.
O objetivo do trabalho de Valeri (2000) foi apresentar o conceito de revisão de
fases do processo de desenvolvimento do produto com sua caracterização detalhada
as etapas que o compõem, os times que atuam no processo, a forma da tomada de
decisão e os critérios utilizados para a avaliação dos resultados. Segundo o autor,
“passou-se a considerar nessas revisões os aspectos de negócio e estratégicos,
estabelecendo-se critérios bem definidos para a sua realização” e “diversas empresas
vêm buscando a melhoria de seus processos de desenvolvimento de produtos, com o
objetivo de lançar produtos com maior rapidez, qualidade e menores custos”.
O autor cita que a primeira geração de revisão de fases de projeto foi
desenvolvida nos anos 60 pela NASA, num processo denominado NASA’s PPP
109
(Phased Project Planning), que consistia em um padrão elaborado e detalhado para
trabalho com fornecedores e colaboradores de vários projetos. Usado posteriormente
pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para o desenvolvimento de armas
com seus fornecedores, separava o desenvolvimento de produtos em fases discretas, ao
final das quais ocorriam revisões gerenciais, onde eram verificados se certos pré-
requisitos haviam sido atingidos, sem os quais o projeto não poderia ser continuado,
sendo o método um sistema de medição e controle.
As perguntas da pesquisa foram:
1. Quais são as características determinantes de um processo de revisão de fases
no processo de desenvolvimento de produtos?
2. Como acontece a aplicação prática do processo de revisão de fases no
processo de desenvolvimento de produtos?
A pesquisa, ocorrida numa empresa multinacional de desenvolvimento e
fabricação de caminhões e automóveis, foi caracterizada como descritiva, com o
método de pesquisa de campo e estudo de caso e aplicada a observação participante,
utilizou as seguintes técnicas para coleta de dados no campo:
Análise documental;
Realização de entrevistas semi-estruturadas; e
Diário de pesquisa.
Segundo o autor, as decisões nos gateways dependem da situação de cada
deliverable ou seu grau de maturidade, que deve ir de encontro aos critérios de
passagem do gateway. As decisões possíveis e as tarefas subsequentes são:
Sim: o projeto foi aprovado em todos os critérios de passagem e segue sem
problemas.
Sim condicional: existem algumas anomalias em critérios que não comprometem o
projeto de maneira geral, continuando assim o projeto sujeito a planos de ação para
os problemas encontrados. Assim devem ser definidos o plano de ação, os
responsáveis, os prazos e os recursos destinados.
110
Não: os problemas encontrados esbarram em critérios que comprometem o
andamento do projeto de maneira geral, sendo necessária a parada do projeto e
remarcação de um novo gateway como o mesmo conteúdo. As tarefas são: definir
um plano de recuperação, que deve conter o plano de ação, os responsáveis e data de
conclusão e data da revisão do gateway.
E as decisões de continuidade podem ser:
Continua. O projeto está OK e segue sem problemas. Geralmente esta decisão é uma
ratificação do "sim" sugerido pelo projeto;
Continua condicional. Algumas pendências precisam ser resolvidas, porém estas não
atrapalham o desempenho do projeto como um todo. É aprovado o plano de ação
proposto para resolver estas pendências. É geralmente a ratificação do "sim
condicional" sugerido pelo projeto;
Repete gateway. As pendências são de extrema importância e apresentam um reflexo
significativo no desempenho global do projeto. É aprovado um plano de recuperação
para o projeto. É geralmente a ratificação do "não" sugerido pelo projeto;
Congela. Esta decisão ocorre geralmente por motivos estratégicos e consiste na
paralisação de todas as atividades do projeto para possível retomada posterior. O
bom andamento do projeto e a decisão sugerida apresentam pouca influência nesta
decisão;
Matar. Consiste em encerrar todas as atividades do projeto. Esta decisão pode ser
tomada quando o projeto não cumpre os critérios de avaliação ou se não cumpre
satisfatoriamente os critérios de passagem.
111
As conclusões finais do autor foram, analisando os resultados do trabalho, que a
empresa está próxima das práticas mais atuais, considerando-se o processo teórico de
revisão de fases.
O artigo de Boyer e Freyssenet (1999) estudou os aspectos de produção enxuta e
globalização no mercado de automóveis, analisando as características e mudanças
ocorridas nessa indústria desde os anos 70 até o final do século passado. A questão da
pesquisa foi: “a produção enxuta e a globalização são condições necessárias para o
sucesso futuro das empresas na indústria de automóveis, conforme afirmado por
numerosos comentaristas e especialistas, ou é possível identificar diversos caminhos
possíveis?”
Segundo os autores, os modelos industriais no setor automotivo foram rentáveis e
tiveram sucesso no período de 1974 a 1992, quando se modificaram. Os mesmos eram
baseados na combinação de seis estratégias de rentabilidade:
1. Economia de escala;
2. Diversidade de suprimento;
3. Qualidade do produto;
4. Inovações comerciais;
5. Flexibilidade produtiva; e
6. Redução de custo com volume constante.
As empresas que tiveram os melhores e mais estáveis resultados de rentabilidade
neste período foram a Volkswagen, Toyota e Honda, tendo cada uma delas suas
estratégias de lucro, política de produtos, organização produtiva, relações com os
empregados e compromisso de governança corporativa. A Volkswagen estabilizou a
estratégia de lucro com ênfase no “volume e diversidade”. Enquanto a Toyota deu
prioridade à “redução permanente de custo com volume constante”, inventando um
sistema de produção para tal - o modelo Toyota - a Honda focou na “inovação e
flexibilidade”, criando seu próprio modelo industrial. O ponto comum entre as três
organizações foi a escolha da governança corporativa, com compromisso entre os
principais atores, permitindo que a política do produto, organização produtiva e
112
relações com os empregados fossem correntes com as estratégias de rentabilidade
escolhidas.
Enquanto isso, todas as outras empresas desta indústria sofreram pelo menos uma
grande crise financeira, porque suas estratégias de lucro não eram compatíveis com o
ambiente (Ford, GM, Chrysler, Fiat, Renault, PSA, Mazda e Mitsubishi) e/ou porque
suas políticas de produto, organizações produtivas e relações com os empregados o
coincidiram e/ou não foram coerentes com a estratégia adotada (Nissan, Mazda,
Mitsubishi).
O modelo de “volume e diversidade” ficou desacreditado pela recessão, mas a
adoção de plataformas comuns, os efeitos da comercialização de uma grande gama de
produtos, as margens de produtos com qualidade superior à média (com uma pequena
diferença a maior no preço), junto ao ganho de mercado (por aumento da participação
e/ou expansão para outras regiões), permitiu a sustentabilidade da estratégia: a
Volkswagen fez isso ao aumentar a comunalidade de seus modelos com a Audi, além
de adquirir a Seat e Skoda (que lhe deram uma maior participação de mercado) e fazer
acordos com os sindicatos para proteger empregos ao privilegiar a mobilidade interna
e versatilidade dos empregados.
Quanto à Toyota e sua ênfase em “redução permanente de custo com volume
constante”, aplicada mesmo em períodos de crescimento, foi vista pelos autores como
uma postura fortemente recomendada: “tudo pode mudar de forma inesperada; a falha
de um modelo, um erro de gerenciamento, variações da taxa de câmbio e alterações
sociais e políticas são sempre possíveis”. Os autores destacam que os empregados e os
fornecedores foram parceiros importantes nesta estratégia, via cessões, contribuições e
participações de formas diversas, mas, no entanto, o modelo esteve próximo ao
esgotamento quando as dificuldades de recrutamento num mercado tenso durante a
“bolha de consumo” e tensões com os fornecedores levaram a empresa a adotar
modelos mais tradicionais de participação e remuneração das partes envolvidas.
O modelo da Honda (“inovação e flexibilidade”) buscava a resposta às
expectativas latentes ou às novas demandas emergentes com lançamentos com
personalidade ou particularidades marcantes quando comparados aos outros”. Tais
lançamentos eram seguidos pelos competidores, mas permitiam à Honda o
113
posicionamento rentável de iniciantes de mercado. No entanto, o risco era elevado
(não satisfação de expectativas, superestimativa do volume, etc.), razão pela qual a
Honda desenvolveu um modelo que minimizava estes riscos, com as ideias e
inovações passando por crivos mais tradicionais de negócio, além de forte participação
do pessoal de vendas nas etapas de desenvolvimento. A Honda também sofreu com a
“bolha de consumo”, porém de maneira diversa: com foco excessivo em modelos
luxuosos e esportivos, negligenciou o desenvolvimento de minivans e utilitários
esportivos, que se mostraram mais tarde um grande filão de mercado.
No início dos anos 90, o mercado automotivo mundial se modificou, com a
“redução da distância entre os competidores”. Segundo os autores, “a demanda por
automóveis se transformou quantitativamente, qualitativamente e geograficamente,
fazendo com que as empresas reconsiderassem suas estratégias de lucro”, além das
relações com a mão-de-obra. GM, Fiat, Nissan, PSA, Ford, Chrysler, Mitsubishi,
Renault e Rover são algumas das empresas citadas pelos autores como exemplos de
organizações que se redesenharam estrategicamente.
Para o futuro, os autores procuram traçar alguns cenários e premissas:
A hipótese de homogeneização das expectativas dos consumidores e das
condições de competição é altamente improvável, por conta das diferenças
culturais;
A comunalização de plataformas para modelos regionais que atendam o
mesmo segmento garantirá a economia de escala necessária à estratégia de
“volume e diversidade”, mas contém em seus pressupostos, uma distribuição
de renda mais homogênea;
A estratégia de “redução permanente de custos com volume constante”
mostra-se como a melhor para uma situação de incerteza e instabilidade;
Quanto à estratégia de “inovação e flexibilidade”, é viável, desde que as
empresas sejam capazes de desenvolver e produzir veículos inovadores,
adaptados à nova composição social que se desenha em diferentes regiões, ao
invés de tentar vender seus produtos desenvolvidos em suas sedes - por
todo o mundo.
114
O artigo de Hatch e Urban (1974) estudou a combinação de técnicas qualitativas
e quantitativas de pesquisa de mercado com modelos da ciência de gerenciamento num
processo estruturado de desenvolvimento de produtos. Segundo os mesmos, a gerência
tem a responsabilidade de “desenvolver uma organização e estrutura que permita a
inovação brotar e criar uma atmosfera de empreendedorismo, para que o crescimento
rentável possa ser alcançado através de novos produtos”, junto à redução dos riscos
inerentes a qualquer inovação.
Segundo os autores, as organizações não são criativas, gastando 95% da energia
corporativa para manter processos estabelecidos. Mesmo na área de desenvolvimento
de novos produtos, a maior parte do tempo e energia é gasta em rotinas operacionais,
ao invés de concentrar-se em desenvolver novas ideias, sendo requerido portanto um
“processo para desenvolvimento de novos produtos para gerenciar a criatividade e
incentivar a inovação”. Citam ainda, conforme pesquisa em 1968 da empresa Booz-
Allen & Hamilton que “por todas as indústrias, 33% dos novos produtos lançados no
mercado falham e 70% dos recursos gastos no desenvolvimento, teste e introdução,
são gastos em produtos que não tem sucesso no mercado”.
Ainda que publicado mais de trinta anos, o artigo destacava os fatores que
caracterizariam a dificuldade do processo de desenvolvimento de produtos no final da
década de 70 e ao longo da década de 80, os quais são bastante atuais:
Os mercados sendo saturados com diversos produtos alternativos;
Mais empresas estão pesquisando em áreas fora de suas operações correntes;
As empresas estão estabelecendo compromissos de crescimento pelo
desenvolvimento de produtos;
Rápidas mudanças na tecnologia estão reduzindo os ciclos de vida dos produtos,
o que reduz o tempo no qual os projetos devem apresentar seu payback;
Estão aumentando as barreiras ambientais de governos, consumidores e
trabalhadores;
O custo de capital está aumentando; e
A falta de recursos críticos para novos produtos vem se acelerando.
115
Os autores propuseram um processo de trabalho, composto de cinco passos
sequenciais: geração da ideia, verificação, refinamento e avaliação, teste e lançamento
nacional. Segundo os mesmos, a diferença dos modelos então existentes era a
integração das técnicas tradicionais de pesquisa de mercado qualitativas e
quantitativas com modelos da ciência de gerenciamento nos pontos de decisão do
processo – go/no-go que criava uma “sinergia dinâmica que maximiza a criatividade,
reduz o risco de falha do produto e gera uma representativa previsão de vendas e
rentabilidade”. Tal modelo, mostrado na Figura 14, foi utilizado num estudo de caso
de uma indústria de bens de consumo, a qual apresentava todas as características
citadas como dificuldades na área de desenvolvimento de produtos.
Segundo os autores, a sinergia entre metodologias da ciência de gerenciamento
com um grupo de foco resultou na criação de um conceito revolucionário de produto,
ao dar a esse grupo um novo entendimento do mercado, que foi confirmado por
entrevistas posteriores ao desenvolvimento: a meta passou a ser “criar um novo
negócio e performance de rentabilidade e não somente criar um outro produto”. No
estudo de caso, o processo gerou mais de vinte conceitos de produto, que após a etapa
de verificação resultou em quatro produtos, sendo um deles lançado com sucesso. Os
autores destacam que, ao longo de todo o processo, o cumprimento das etapas e testes
previstos levou à:
Interação de pensamentos divergentes, que criou um alto nível de entendimento
da dinâmica do mercado e identificação e exploração de oportunidades de
negócio;
Canalização dos esforços criativos, que usualmente são difíceis de gerenciar;
Redução sistemática dos riscos, ao encorajar o movimento criativo enquanto
mantém uma disciplina de racionalidade;
Redução também dos riscos inerentes das decisões baseadas em previsões
(forecasts), por meio do uso de ferramentas de teste e simulação de mercado; e
Unificação dos esforços da organização para o desenvolvimento de novos
produtos, por conta da definição gradativa das variáveis de desenvolvimento e
desdobramento das mesmas pelos envolvidos.
116
Modelos da ciência de
Gerenciamento
Técnicas tradicionais de pesquisa
de mercado
Geração da ideia
Análise de estrutura e
segmentação do mercado
Sinergia
Definição de categoria,
Brainstorming e Grupos de
discussão de consumidores
Go No go
Verificação
Modelo de repetição e teste Sinergia Teste de conceitos em larga escala
Go No go
Refinamento e
avaliação
Mapeamento perceptual de
execução do conceito e teste de
uso e Simulação de mercado em
laboratório
Sinergia
Teste copiado (copy testing) e Teste
de uso do produto em casa
Go No go
Teste
Modelo de teste de mercado Sinergia Teste de mercado
Lançamento
Figura 14 – Processo de desenvolvimento de novos produtos
Fonte: adaptado de Hatch e Urban (1974)
O artigo de Mukherjee e Sastry (1996) buscou fazer uma análise comparativa da
indústria automotiva de quatro países (Coreia, Brasil, China e Índia) e identificar
alguns fatores que parecem levar a uma melhor performance. Os autores citam que a
evolução desta indústria é influenciada por uma série de fatores:
1. Políticas e legislações governamentais;
2. Infraestrutura de estradas e rodovias
3. Nível de tecnologia e capabilidade de manufatura;
4. Estrutura de fornecedores;
5. Capacidade de desenvolvimento de produtos;
6. Sensibilidade dos consumidores ao preço; e
7. Custos de operações de montagem.
Segundo os mesmos, todos estes fatores tem tido um peso bastante grande na
evolução da indústria automotiva nos países emergentes. Em especial, com a relação à
indústria brasileira, os mesmos citam que:
117
A despeito de aspectos culturais como o distanciamento do poder e uma
estrutura autoritária que inibe a difusão da manufatura enxuta, a indústria
brasileira tem sido capaz de fazer uso de mão-de-obra motivada e treinada
para inserir a aceitação de abordagens da manufatura enxuta, como times de
trabalho, treinamento, participação, envolvimento e compromisso da força
de trabalho, aumento da comunicação e descentralização, ênfase em
atividades de solução de problemas, redução de inspetores de qualidade e
estruturas organizacionais mais planas, através do corte de níveis gerenciais
e de supervisão. Os resultados são redução de inventário, tempo de ciclo e
defeitos, com aumento de produtividade.
Algumas diferenças apontadas pelos autores entre os países são mostradas na
Figura 15.
Coreia Brasil China Índia
Evolução
CKD produção em
massa de um modelo;
Exportação;
Criando habilidades
em desenvolvimento
de produtos
Substituição de
importações;
Crescimento e
entrada de 4
multinacionais
controle gerencial
externo
Indústria altamente
fragmentada;
Consolidação;
Joint ventures com
controle
multinacional;
Crescimento
Regulamentação
governamental;
Crescimento;
Entrada de 13
multinacionais;
Controle gerencial
externo;
Desregulamentação
Principais
produtos
Médio volume Compactos Compactos Compactos
Desenv. de
novos
produtos
Existe capacidade,
porém não
acompanhada por
fornecedores
Falta capacidade
local
Baixa capacidade
local
Exceto pela Telco,
falta capacidade local
Controle
gerencial
Com companhias
coreanas
Com multinacionais Com multinacionais Normalmente com
multinacionais
Manufatura
enxuta
Em adoção gradual Movimento no
sentido de adoção
Marginal Marginal
Metas da
estratégia de
tecnologia
Tornar-se de classe
mundial;
Investindo
pesadamente em
R&D
Facilitar crescimento
e eficiência;
Baixos investimentos
em R&D
Atingir necessidades
domésticas;
Estratégia de
recuperação
Facilitar crescimento;
Baixos investimentos
em P&D
Fornecedores
Movendo-se na
direção do status de
classe mundial;
Alguns capazes de
desenvolver produtos
próprios
Estruturando-se para
produção enxuta;
Obtendo
capabilidades de
design
Crescendo
rapidamente por meio
de joint ventures
Crescendo
rapidamente por meio
de joint ventures
Atuação do
governo
Facilita investimentos
externos e atualização
de infra-estrutura
tecnológica;
Disciplina e suporte à
indústria
Tarifas flutuantes,
controle de preços,
pesada taxação,
exceto para
“populares”
Obtendo tecnologia e
preparação gerencial
por meio de joint
ventures
Restrita a taxas;
Não há política clara
Figura 15 – Comparação entre países
Fonte: Mukherjee e Sastry (1996)
118
Os autores concluem que, ainda que por conta das incertezas, não fosse possível
precisar o futuro individual de cada empresa, as multinacionais vinham introduzindo
com sucesso modelos nestes mercados e que, com a estagnação dos mercados
desenvolvidos e a enorme adição de capacidade de produção nos mercados
emergentes, o monopólio das nações desenvolvidas poderia ser erodido, ainda que os
mesmos continuassem a dominar o desenvolvimento de produtos.
O objetivo do trabalho de Mantovani e Gomes (2003) foi estabelecer as
correlações existentes entre os estágios do processo criativo com os diferentes estágios
e níveis do processo de planejamento de produto, “induzindo a uma proposta de
universalização da linguagem”.
Segundo os autores, a criatividade é baseada “no relacionamento com o processo
de tentativas e erros”, e o pensamento criativo na “ativação de conexões mentais que
continuam até que surja a combinação certa ou até que o pensador desista”. Com base
neste pensamento, os autores buscam conciliar o aspecto da criatividade no processo
de desenvolvimento de produtos e citam que “a transformação do pensamento
produtivo em Produtos, está no âmago de profissionais inseridos no contexto do
desenvolvimento de produtos industriais”. Ao avaliar estudos de diversos autores,
Mantovani e Gomes concluíram que o processo criativo pode ser dividido em etapas,
assim como o planejamento do produto, e que as conexões o possíveis de serem
feitas entre os mesmos.
Os objetivos do trabalho de Cheng (2003), baseado em um programa de
pesquisa-ação sobre aplicações de QFD em empresas brasileiras foram:
1) Salientar as características metodológicas de QFD, de uma forma
estruturada, trazendo um esquema analítico tridimensional (fenômeno de
interesse, características metodológicas manifestas e características
metodológicas subjacentes); e
2) Apresentar um guia para aplicação do método QFD em processos de
intervenção, com capacidade de efetuar o diagnóstico do contexto e
circunscrever a situação-problema com aspectos operacionais.
Baseado em pesquisa bibliográfica, o autor constatou que:
119
O método QFD é reconhecido pela literatura acadêmica como um método
importante no campo da Gestão de Desenvolvimento de Produto;
O QFD é largamente conhecido e tem sido amplamente aplicado no
desenvolvimento de uma larga diversidade de produtos no mundo; e
Existe uma comunidade ativa de QFD, composta por praticantes de empresas,
consultores e acadêmicos, que estudam e refletem sobre o método em vários
cantos do globo.
Quanto à guia para intervenção, o autor trabalhou basicamente com três aspectos:
o objetivo de entender o motivo por trás da solicitação da intervenção, o contexto do
sistema de desenvolvimento de produtos no qual o método QFD seusado e o papel
no processo de desenvolvimento de produto.
Com relação à operacionalização do QFD, o autor trabalhou a resposta para o
objetivo do uso do QFD, como o modelo conceitual deve ser formulado e como as
tabelas e matrizes devem ser desdobradas e preenchidas.
O objetivo do trabalho de Ramos (2001) foi fornecer informações práticas sobre
como identificar as fases do ciclo de vida nas quais o produto apresenta os maiores
impactos ambientais, bem como as estratégias que podem ser utilizadas para melhoria
da performance ambiental dos produtos em cada uma dessas fases. Os objetivos
específicos foram:
Destacar o papel dos produtos e objetos que fazem parte do cotidiano atual,
como protagonistas dos problemas ambientais enfrentados pela sociedade;
Esclarecer as responsabilidades e as possibilidades de atuação dos designers
com relação à redução de impactos ambientais dos produtos, para profissionais
e estudantes da área;
Apresentar estratégias que facilitem a utilização e aplicação de requisitos
ambientais no Design de produtos;
Desenvolver procedimentos para aplicação de estratégias de redução de
impactos ambientais de produtos no processo de projeto; e
Aplicar a proposta no projeto de um produto.
120
O trabalho foi caracterizado pelo autor como pesquisa exploratória, por meio de
levantamento de informações bibliográficas e entrevistas o estruturadas com
profissionais da área de projetos, além de estudo de caso, com a inclusão de aspectos
ambientais no desenvolvimento do projeto de um produto. A questão a ser respondida
foi colocada como sendo “Estão os designers preparados para melhorar a performance
ambiental dos produtos que desenvolvem?” e a hipótese de que “a definição clara das
estratégias e procedimento de projeto, que consideram explicitamente aspectos e
impactos ambientais, pode contribuir no processo de criação e desenvolvimento de
produtos mais corretos do ponto de vista ambiental”.
Foram apontadas as seguintes causas para o aumento dos impactos ambientais:
Crescimento populacional;
Crescimento da renda per capita; e
Impacto ambiental por unidade produzida.
Segundo o autor, Graedel e Allenby
10
estabeleceram uma equação para tal
impacto:
Estresse ambiental = População x PIB x Impacto ambiental
Pessoa unidade do PIB
A avaliação do autor é de que o crescimento populacional deve cessar em algum
momento, enquanto o PIB/pessoa tende a aumentar. Desta forma, a proposta é de que a
variável a ser atacada para redução é a do impacto ambiental por unidade produzida.
As alternativas propostas para atuação do design na redução de impactos ambientais,
com base no artigo de Manzini
11
, acontecem em três níveis:
1. Redesign ecológico de produtos existentes, atuando no ciclo de vida do
produto, melhorando a sua eficiência em termos de consumo de material e
energia e simplificando a sua reciclagem ou destino final;
2. Design de novos produtos ou serviços individuais, substituindo os atuais,
10
Industrial Ecology, New Jersey: Prentice Hall, 1995.
11
A utopia ecológica do projeto, Design e interiores, São Paulo, n. 22, p 90-95, jan. 1991.
121
buscando a criação de produtos mais favoráveis do ponto de vista ecológico; e
3. Sugestão de novos cenários ambientais correspondentes a novos estilos de
vida.
O autor apresenta alguns exemplos de estratégias de redução e extensão da vida
útil de produtos, conforme Figura 16.
Estratégias Exemplos
Redução do uso de recursos naturais
Simplificação da forma;
Agrupar funções;
Evitar superdimensionamento;
Diminuir volume;
Diminuir peso;
Diminuir uso de água;
Usar materiais abundantes.
Redução do uso de energia
Reduzir energia na fabricação;
Reduzir energia na utilização do produto;
Reduzir energia no transporte;
Usar fontes de energia alternativas.
Redução
Redução de resíduos
Usar materiais reciclados;
Usar materiais vindos de fontes abundantes;
Evitar material que produza emissões tóxicas.
Aumentar a durabilidade
Facilitar a manutenção;
Facilitar a substituição de peças;
Incentivar mudanças culturais.
Projetar para reuso
Na mesma função;
Em outras funções.
Projetar para remanufatura
Facilitar desmontagem;
Prever atualizações tecnológicas;
Projetar intercâmbio de peças.
Projetar para reciclagem
Facilitar desmontagem;
Identificar diferentes materiais;
Agregar valor estético aos materiais reciclados.
Extensão da vida útil
Planejar final da vida útil dos
materiais / produtos
Utilizar materiais biodegradáveis em produtos de vida útil
breve;
Utilizar materiais que possam ser incinerados para a
geração de energia, sem que produzam emissões tóxicas.
Figura 16 - Estratégias de redução e extensão da vida útil de produtos
Fonte: Ramos (2001)
Como conclusão do trabalho, o autor expôs que “pesquisar quais são as reais
necessidades do usuário e desenvolver produtos que atendam essas necessidades com
o menor impacto ambiental deve ser um dos objetivos de qualquer projeto”. Além
disso, ressaltou a necessidade da interpretação abrangente destas necessidades, e não
somente as necessidades funcionais: “as qualidades estéticas do produto também
122
devem ser consideradas, pois elas também são componentes da qualidade de vida”.
O objetivo do trabalho de Besora (1998) foi, partindo da inovação em produtos,
definir e implementar o projeto em empresas Latino-americanas, como um caminho de
desenvolvimento competitivo. Segundo o autor, o trabalho buscava estabelecer um
caminho para o desenvolvimento de empresas de diversos portes, baseado no projeto
de produtos especificamente sobre a inovação em projetos que se mostra como um
espaço ocupado somente pelas grandes empresas que utilizam tecnologia avançada. Os
objetivos específicos eram:
Definir o termo “inovar”, aplicado a produtos;
Mostrar o projeto de produtos como base de aplicação de estratégias
competitivas;
Definir a onipresença do projeto na empresa e que relação tem com os demais
departamentos; e
Definir linhas básicas para integrar a projeto à empresa.
O trabalho, que teve como hipótese geral “a inovação é o caminho de geração de
vantagens competitivas e de desenvolvimento de estratégias nas empresas”, foi
baseado nas seguintes hipóteses de trabalho:
a) H1: A inovação não é necessariamente de raiz tecnológica (entendido como
tecnologia aplicada): esta pode ser de uso, de estética, de linguagem ou de
outros tipos.
b) H2: A estratégia genérica regula o desenvolvimento de produtos e este se
revela como um elemento crítico para a aplicação e posterior aplicação da
estratégia.
c) H3: A geração de novas respostas às necessidades é fruto da interação entre
usuários e projetistas, no momento do desenvolvimento de produtos.
d) H4: Com o projeto realizado num grupo multidisciplinar, em diferentes
etapas do mesmo, determinadas disciplinas têm preponderância sobre o
resto.
123
O autor cita Makavrousky
12
, ao listar como podem ser divididas as funções do
produto, na sua relação com o usuário. São elas:
Função prática;
Função estética;
Função indicativa;
Função simbólica.
Csillag
13
também é citado, para definir, seguindo a linha funcionalista, o que
seriam os pontos de um objeto com “bom design”:
1. Elevada utilidade prática;
2. Segurança suficiente;
3. Longa vida e robustez;
4. Adequação ergonômica;
5. Independência técnica e formal;
6. Relação com o meio;
7. Não contaminante para o meio ambiente; e
8. Visualização de seu uso.
O autor ressaltou, com base no estudo de Cooper
14
, as vantagens e desvantagens
das pequenas e médias empresas para desenvolver novos produtos de menor custo que
as grandes empresas. São elas:
Vantagens:
Profissionais com maior capacidade de reação que os de grandes empresas;
Atitude em matéria de custos e senso de urgência;
Facilidade de comunicação e coordenação entre o pessoal de projeto, da fábrica
e comercial.
12
Escritos sobre Estética e Semiótica da Arte, Barcelona: Editora Gili, 1977.
13
Análise de Valor, São Paulo: Atlas, 1995.
124
Desvantagens:
Falta de experiência, enquanto as grandes empresas têm acumulado muitos
projetos de pesquisa e desenvolvimento, dos quais extraem experiências e
conclusões;
Falta de especialistas, que, em determinados campos, são imprescindíveis.
Por conta disso, o autor propõe que as pequenas e médias empresas devam
buscar atividades de inovação, concentrando-se no desenvolvimento de produtos
destinados a mercados específicos, sendo sua principal fonte de mudanças, a
habilidade para alcançar a tecnologia que dispõem, bem como, mudar a mentalidade
de confiar exclusivamente nos meios internos da empresa e dar um enfoque mais
equilibrado no uso também de meios externos, inclusive alianças estratégicas. O autor
destaca também, com base no conceito da cadeia de valor de Porter
15
, a necessidade de
coordenar adequadamente as atividades, de forma a reduzir o tempo total requerido
para executá-las. As conclusões pontuais do autor foram:
É necessário que os dirigentes das empresas tomem consciência de que os produtos
são adquiridos por algo além de sua função básica, existindo outras funções que
criam valor para o usuário;
As diferentes funções que um produto possui o caminhos para explorar a
inovação, eliminando a ideia de que a inovação é somente tecnologia aplicada;
Pelo projeto de produtos, a empresa pode executar as estratégias genéricas que a
mesma seleciona para seu posicionamento no mercado. Se comporta também
como um elemento de transmissão destas às diferentes áreas da empresa;
A atividade de projeto se pode transformar para a empresa num elemento para
obtenção de vantagens competitivas, sempre que sua atividade se estruture em
tempo, forma e espaço; e
A interação e boa disposição dos profissionais de diferentes áreas que atuam no
projeto de produtos são fundamentais para desenvolvê-lo com sucesso.
14
Pequeñas empresas pueden investigar con más eficacia que las grandes, Harvard – Deusto: USA, 1980.
15
Vantagem Competitiva: Criando e Sustentando um Desempenho Superior. Rio de Janeiro: Campus, 1989
125
Sua conclusão final é a de que o futuro da atividade de projeto não está nas ações
isoladas, mas sim em achar o melhor caminho do consenso, participação e discussão
das disciplinas de marketing, design e engenharia, para que a empresa satisfaça as
necessidades dos clientes.
O objetivo do trabalho de Carpes Júnior (2004) foi apresentar as possibilidades
para utilização dos elementos estéticos em produtos e tecer recomendações para o
projeto estético dos produtos. A importância do estudo foi fundamentada no fato,
segundo o autor, de que a estética ser a primeira característica observada pelo
consumidor num produto em exposição, contribuindo decisivamente para a venda”.
Segundo o autor, a palavra estética vem do grego aisthesis”, que significa
percepção sensorial, resultante do processo visual e de conscientização. Ressaltou
também o aspecto de “valor” percebido consumidor: além do valor do uso do produto,
destaca-se também o valor estético importância dada pelo consumidor aos atributos
estéticos do produto, como cores, formas e texturas, entre outros atributos percebidos
pelos sentidos e o valor simbólico caracterizado pela identificação do produto com
o contexto e atributos sociais, religiosos, econômicos, associados à classe social,
econômica e religiosa ao qual o consumidor pertence. Concluiu que “a estética
desperta a atenção para a compra, enquanto a funcionalidade garante a consistência do
produto” e, por conta disso, “deve haver uma relação harmônica entre elas”.
O autor diferencia os conceitos de estética e estilo, sendo o primeiro “a percepção
visual do produto, com seus elementos”, enquanto o segundo é “a combinação de
elementos visuais, dentro de uma frequência de distribuição que expressem
características distinguíveis que denotam o projetista, o fabricante, a época, a cultura
ou a localização em que aquele produto foi produzido”. Afirmou ainda que “o estilo do
produto deve chamar a atenção por ser agradável e desejável” e recomendou que, se
um novo produto for um reprojeto de um produto já existente, deve preservar “a
identidade visual do antecessor, possibilitando o reconhecimento visual pelos
compradores habituais e, consequentemente, a compra”. Recomendou também fazer o
benchmarking do estilo, “observando quais são as cores, materiais, acabamentos
superficiais, detalhes, formas que são observados nos concorrentes e podem ser
126
incorporados ao produto”, pois tendências para o estilo podem ser evidenciadas desta
forma.
Nas conclusões finais, salientou que “um bom projeto estético é evidenciado
através da atratividade, que advém do uso equilibrado de leis de percepção, de regras
para estética e o uso de cores, dentre outras”, e que, “para garantir uma posição
diferenciada à frente dos concorrentes, muitas vezes o projetista será induzido a inovar
no estilo de seus produtos, criando uma ruptura com antigos estilos, o que ocasionará
um aumento da complexidade. A fuga de padrões estéticos conhecidos ou a surpresa
pode tornar o produto extremamente atrativo”.
O objetivo do trabalho de Tonioli (2003) foi explorar a forma como a integração
entre as atividades de desenvolvimento de produtos e do gerenciamento da cadeia de
suprimentos pode ser uma fonte de diferenciação e de que forma ela exerce influência
sobre o papel desempenhado pelo Engenheiro de Produto. Explorou também a
importância dos sistemas de informação nesse processo.
O autor destacou a evolução do processo de desenvolvimento de produtos dentro
das empresas, passando de uma atividade operacional e ampliando seu escopo ao
abranger atividades estratégicas que envolvem outros departamentos ligados à
necessidade de atendimento dos desejos do consumidor, como marketing e vendas.
Indicou também a utilização de times multifuncionais de engenharia simultânea como
a próxima evolução a se concretizar e, pelo fato de que cada vez mais se migrará para
um modelo de produção flexível, baseado em uma rede de empresas interdependentes,
com a desintegração vertical de processos. Indicou também a necessidade do
envolvimento do pessoal de desenvolvimento de produtos com o pessoal de
gerenciamento da cadeia de suprimentos.
A importância para as empresas da integração entre essas duas atividades foi
também inferida a partir do cruzamento dos indicadores de sucesso de ambas e a
verificação de que, em muitos casos, um indicador de sucesso para o processo de
desenvolvimento de produtos está relacionado a resultados provenientes das atividades
de gerenciamento da cadeia de suprimentos, ou vice-versa.
Sistemas de informação, segundo o autor, têm papel fundamental, tanto na
coordenação das informações relativas ao produto quanto na coordenação das
127
informações relativas aos processos interdepartamentais ou entre empresas. Da mesma
forma, destacou o impacto das atividades do engenheiro de produto, com a alteração
da abrangência de suas atividades, o qual, segundo o autor, deve fazer parte do
processo das empresas de perseguir a integração entre os processos de negócio citados,
como forte fator de diferenciação estratégica.
O objetivo do trabalho de Estorilio (2003) foi desenvolver um método de apoio
para suportar estudos de processos de engenharia, especificamente aqueles
desenvolvidos por engenheiros ao projetarem um produto industrial complexo
definido pelo autor como “produtos que demandam algum tipo de energia externa para
cumprir o seu objetivo funcional e que envolvem muitos componentes que interagem
entre si”, sendo a questão básica da pesquisa, “Como o método Análise Ergonômica
do Trabalho e outros conceitos de ergonomia podem contribuir com as abordagens
clássicas, visando compor um método que seja útil para esclarecer a dinâmica do
trabalho de projetar produtos, objetivando melhorar o desempenho desse tipo de
processo?”
O trabalho foi baseado nas seguintes hipóteses:
a) H1: Por meio dos métodos convencionais, utilizados para esclarecer o
trabalho dos engenheiros durante o desenvolvimento de um produto, obtêm-
se apenas uma visão abstrata do processo, não sendo suficiente para mostrar
as relações desencadeadas entre os engenheiros quando os mesmos
executam as tarefas.
b) H2: A falta de compreensão do nível operacional desencadeado durante o
desenvolvimento do produto não permite identificar com precisão os
problemas decorrentes da evolução do processo, nem as suas respectivas
causas.
c) H3: Por meio da análise das tarefas efetivamente realizadas pelo grupo de
trabalho, é possível compreender as relações existentes entre os atores
atuantes na etapa de projeto, facilitando assim a identificação dos
problemas decorrentes da evolução do desenvolvimento do produto e de
suas respectivas causas, possibilitando uma intervenção corretiva.
d) H4: O esclarecimento das relações estabelecidas entre os engenheiros
128
durante o projeto do produto contribui com a reestruturação do processo,
com o objetivo de promover uma melhor integração do grupo de trabalho e
otimizar o desenvolvimento do produto, melhorando assim o seu
desempenho.
e) H5: Os estudos citados nas duas hipóteses anteriores servem de base para a
reestruturação do processo de desenvolvimento, incluindo a inserção
sustentada de recursos tecnológicos de apoio ao projeto do produto, o que
também reflete na melhoria do desempenho do desenvolvimento do
produto.
f) H6: Considerando que o método “Análise Ergonômica do Trabalho” e
outros conceitos da ergonomia têm o seu foco direcionado para o que o
funcionário necessita realizar para que o trabalho prescrito aconteça, essas
abordagens podem contribuir para melhorar o potencial das abordagens
clássicas, ajudando a promover um melhor esclarecimento da dinâmica do
processo de desenvolvimento de produtos.
g) H7: Os conceitos descritos acima, somado a alguns existentes, são
adequados para compor um método que possa ser utilizado para apoiar os
analistas do trabalho durante a busca pelo esclarecimento do processo
desencadeado por engenheiros, ao projetarem um produto industrial
complexo.
Para coleta dos dados que serviram como base para avaliação das hipóteses
acima, o autor analisou dois estudos realizados em empresas desenvolvedoras de
produtos complexos: um em uma empresa brasileira de grande porte e o outro junto a
uma empresa inglesa de médio porte.
O método proposto foi aplicado em apenas uma amostra do processo na empresa
brasileira, devido ao tamanho da mesma, à limitação do tempo e ao fato de ter sido
desenvolvido por apenas um analista. na empresa inglesa, pelo seu menor porte e a
participação de quatro analistas, permitiu que o processo fosse completo, envolvendo a
etapa de projeto, engenharia de processo de fabricação e manufatura. Em ambos os
129
casos, os dados foram levantados por meio de entrevistas com as partes envolvidas nos
diversos níveis das organizações.
Foi feita uma interpretação quantitativa e qualitativa dos dados resultantes na
forma de tabelas, utilizando-se procedimentos estatísticos para tratamento dos dados
obtidos, quando possível e pertinente, e uma análise qualitativa confrontando-se com o
referencial teórico utilizado.
Após os levantamentos feitos pelo autor por meio das entrevistas, foram
mapeados os processos em ambas as empresas e utilizado o processo proposto para
identificação das ações necessárias à melhoria da performance do desenvolvimento de
produtos, sendo obtidas as seguintes avaliações:
A capacidade do método para esclarecer a dinâmica operacional do trabalho
desencadeado pelos engenheiros ao projetarem um produto;
O nível de visibilidade obtido foi suficiente para compreender o fluxo de
trabalho, possibilitando a identificação dos problemas a eles inerentes e
algumas de suas causas;
Foi possível identificar algumas falhas quanto à transmissão de informações
entre os diversos funcionários envolvidos com a situação de trabalho
estudada e detectar os problemas de integração;
Foi também possível sugerir correções para os processos estudados,
melhorando a consistência da etapa do projeto do produto, o fluxo de
informação e a integração do grupo;
O autor concluiu que as diretrizes do método “Análise Ergonômica do
Trabalho”, somadas a outros conceitos da ergonomia, contribuíram
significativamente para que a realidade operacional desse tipo de trabalho
fosse esclarecida.
O objetivo do trabalho de Silva (2002) foi propor um modelo de avaliação de
gestão do conhecimento no processo de desenvolvimento de produtos, modelo este que
foi aplicado e validado em um estudo de caso na indústria automobilística. A questão
que o trabalho buscou responder foi “Como pode ser estruturada uma forma de
avaliação de gerenciamento do conhecimento no desenvolvimento de produtos, que
130
faça uso das conversões do conhecimento e das dimensões desse processo?”, tendo os
seguintes objetivos:
Verificar a existência de relacionamentos entre as dimensões do processo de
desenvolvimento de produtos com as conversões do conhecimento, tanto em
estudos teóricos como em ambientes práticos (reais) de desenvolvimento de
produtos;
Construir um modelo para avaliar a gestão do conhecimento no processo de
desenvolvimento de produtos, modelo este baseados nos referidos
relacionamentos entre dimensões e conversões;
Testar e viabilizar a aplicação prática do modelo de avaliação por meio da
tradução dos relacionamentos entre dimensões e conversões, representados pelas
hipóteses e melhores práticas, em sentenças com significados e conteúdos mais
próximos da realidade do desenvolvimento de produtos das empresas, ordenadas
em uma estrutura adequada; e
Contribuir com uma revisão crítica das abordagens teóricas que envolvem a
gestão do conhecimento e desenvolvimento de produtos, indicando lacunas que
necessitam ser mais detalhadamente investigadas nestes dois campos teóricos.
A pesquisa foi caracterizada pelo autor como sendo aplicada, com alguns
elementos de pesquisa exploratória e reduzidos elementos de pesquisa explicativa,
qualitativa, descritiva, empregando essencialmente o método hipotético-dedutivo,
sendo escolhido um estudo de caso de forma não probabilística e intencional e
utilizando um questionário semi-fechado, aplicado por meio de entrevistas
estruturadas, como principais instrumentos de pesquisa escolhidos. O trabalho foi
baseado nas seguintes hipóteses:
a) H1: Considerando que as dimensões “Estratégia”, “Organização”,
“Atividades / Informações” e “Recursos” estruturam e orientam o processo
de desenvolvimento de produtos, a investigação de como seus conhecimentos
são manuseados ou trabalhados deve permitir que se entenda e avalie a
gestão do conhecimento em todo o processo;
b) H2: Existem relacionamentos entre as dimensões do desenvolvimento de
131
produtos com as conversões do conhecimento, conversões estas que podem
ocorrer entre dois formatos complementares do conhecimento, o tácito
inerente a uma pessoa – e o explícito – possível de se representar.
No estudo de caso foram entrevistadas dez pessoas, amostra que não é
numericamente ou estatisticamente representativa da população, mas que, segundo o
autor, constitui-se “representativa da diversidade de competências / habilidades das
pessoas envolvidas ou relacionadas com o desenvolvimento de produtos da empresa”.
Fez uso de questionários com a escala Likert para avaliação dos critérios de
importância e presença, bem como avaliação das conversões do conhecimento.
Após a análise dos resultados, o autor constatou que “as conversões do
conhecimento podem ser avaliadas no processo de desenvolvimento de produtos, por
intermédio da existência de hipóteses e melhores práticas”, assim como foi possível
demonstrar que “as dimensões do desenvolvimento de produtos contribuem para essa
avaliação, ao darem constituição e consistência à visão de processo no
desenvolvimento de produtos, permitindo que as hipóteses e melhores práticas sejam
mapeadas e situadas ao longo deste processo”.
O objetivo do trabalho de Gil (2001) foi estudar o valor que o conhecimento de
fornecedores especializados trás no início do projeto e como e quando estes devem ser
envolvidos no projeto, sendo construído numa pesquisa empírica em uma indústria de
semicondutores. As questões que o trabalho buscou responder foram:
Que contribuições o conhecimento de fornecedores especializados trás no início
do projeto?
Que variáveis de performance podem ser estabelecidas para avaliar o impacto
dessas contribuições para o processo de desenvolvimento do produto, para
manufatura dos componentes e para o processo produtivo?
De que forma poderia o envolvimento de fornecedores especializados criar valor
para a organização?
De que forma poderia esse envolvimento afetar a performance de qualidade da
definição do projeto?
Como devem ser os fornecedores especializados envolvidos no processo de
132
desenvolvimento do produto?
De que forma poderia esse envolvimento diferir (por exemplo, quanto ao tempo e
contribuição) para diferentes áreas de especialização e para diferentes
fornecedores?
Que ferramentas podem ser desenvolvidas para suportar o envolvimento de
fornecedores especializados nas fases iniciais do projeto?
A pesquisa consistiu de uma série de 85 entrevistas individuais com pessoas
envolvidas no processo de desenvolvimento (projeto e construção) de um fabricante de
semicondutores, a Industrial Design Corporation (IDC), localizada em Portland,
Oregon:
Foram entrevistados projetistas para identificar a decisões críticas que são
tomadas nas fases iniciais dos projetos, que informações eles preferem ter antes
da tomada dessas decisões, a sequência e duração das atividades de
desenvolvimento e a troca de informações entre os projetistas;
Foram entrevistados em seguida, fornecedores especializados na área de
semicondutores, de forma a identificar o valor do envolvimento destes nas fases
iniciais do projeto e as instâncias deste valor; e
A seguir, foram entrevistados os representantes dos acionistas, de forma a
identificar os fatores que estes mais valorizavam no processo de desenvolvimento
de produtos e aprender sobre a imprevisibilidade do mercado de semicondutores.
Com as informações coletadas, foram geradas simulações em computador, para
explorar as questões da pesquisa sobre o valor do envolvimento dos fornecedores
especializados nas fases iniciais do projeto, de quando estabelecer compromissos de
desenvolvimento em um ambiente de imprevisibilidade, integrando então o modelo de
simulação com funções de compras, construção piloto e manufatura. Foram então
estabelecidas variáveis de performance para avaliar as consequências do envolvimento
de fornecedores especializados nas fases iniciais de desenvolvimento.
133
Como conclusão, o autor ressalta a necessidade de distinguir envolvimento de
compromisso nas fases iniciais do projeto, por conta dos benefícios esperados do
primeiro versus os potenciais impactos do último.
Em seu livro, Baxter (2003) não estabelece um método único para o
desenvolvimento de novos produtos, mas simplesmente uma “estrutura para o
gerenciamento do projeto do produto”, por meio da elaboração de quadros,
denominados “ferramentas” de projeto, as quais condensam as principais etapas do
processo de desenvolvimento de novos produtos. Tais ferramentas são caracterizadas
por:
Fazer uma abordagem sistemática do problema de desenvolvimento de novos
produtos;
Propor metodologias para o desenvolvimento de novos produtos fortemente
orientadas para o mercado; e
Apresentar técnicas para estimular a criatividade na busca de soluções
inovadoras
As 34 ferramentas listadas por Baxter são:
1 Conceitos-chave de desenvolvimento de produtos;
2 Conceitos-chave do estilo;
3 Etapas da criatividade;
4 Brainstorming;
5 Sinética;
6 Brainwriting;
7 Análise paramétrica;
8 Análise do problema;
9 Anotações coletivas;
10 Análise morfológica;
11 MESCRAI (modifique, elimine, substitua, combine, rearranje, adapte e
inverta);
12 Analogias;
13 Votação;
134
14 Clichês e provérbios;
15 Avaliação FISP (Fases Integradas de Solução de Problemas);
16 Conceitos-chave sobre planejamento estratégico;
17 Análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças;
18 Análise política, econômica, social e tecnológica;
19 Painel de consumidores;
20 Análise de maturidade do produto;
21 Análise dos concorrentes;
22 Auditoria de risco de produtos;
23 A equipe de projeto;
24 Conceitos-chave das especificações de oportunidade;
25 Método Delphi;
26 Pesquisas das necessidades de mercado;
27 Especificação da oportunidade;
28 Conceitos-chave do projeto conceitual;
29 Análise das funções do produto;
30 Análise do ciclo de vida do produto;
31 Conceitos-chave do planejamento do produto;
32 Especificação do projeto;
33 Conceitos-chave da configuração; e
34 Análise das falhas.
Tais ferramentas não serão detalhadas integralmente nesta pesquisa. No entanto,
alguns conceitos específicos, diretamente correlacionados ao presente trabalho são
destacados:
Os novos produtos são desenvolvidos para o consumidor;
O desenvolvimento de novos produtos é um problema a ser resolvido, exigindo
metodologia adequada para sua solução (deve ser resolvido por etapas e deve
seguir especificações e requisitos para sua solução);
Requer maior investimento nos estágios iniciais do desenvolvimento.
135
Baxter (2003) propõe o uso do denominado “funil de decisões” que pode ser
observado na Figura 17 -, de forma a desenvolver os projetos de novos produtos,
partindo-se de situações de alto risco e incerteza que caracterizam esses processos -
pelo desconhecimento do resultado final, como será feito, quanto custará e qual será o
grau de aceitação do consumidor e mantendo baixo comprometimento financeiro
neste ponto, até que, com a maturação do desenvolvimento e consequente diminuição
do risco, passe-se a ter maior tranquilidade em investimentos de maior porte, como
protótipos, ferramentas de produção, etc. No citado funil de decisões, que caracteriza
as variações de risco e incerteza ao longo do processo de desenvolvimento de
produtos, as formas retangulares representam as alternativas possíveis, enquanto as
formas arredondadas representam as decisões durante a seleção de alternativas.
Figura 17 - Funil de decisões
Fonte: Baxter (2003)
INOVAR: SIM OU NÃO?
TODAS AS OPORTUNIDADES DE INOVAÇÃO POSSÍVEIS
TODAS OS PRODUTOS POSSÍVEIS
TODOS OS CONCEITOS POSSÍVEIS
TODAS AS CONFIGURAÇÕES POSSÍVEIS
TODOS OS DETALHES POSSÍVEIS
NOVO PRODUTO
MELHOR OPORTUNIDADE DE
ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS
MELHOR OPORTUNIDADE DE
MELHOR CONCEITO
MELHOR CONFIGURAÇÃO
PROTÓTIPO
ALTO RISCO, GRANDE INCERTEZA
BAIXO RISCO, MÍNIMA INCERTEZA
136
Ainda que o comprometimento financeiro inicial seja menor, isso não significa
que deva ser dada menos atenção a estas etapas: pelo contrário, pela sua influência no
resultado final, é necessário que o investimento seja adequado, devido à alavancagem
que um bom resultado inicial vai causar ao produto, como pode ser observado na
Figura 18: conforme Baxter (2003), “a chave do sucesso no desenvolvimento consiste
em investir mais tempo e talento durante os estágios iniciais, quando custa pouco”.
Figura 18 - Retorno dos investimentos por estágio de desenvolvimento
Fonte: adaptado de Baxter (2003)
Tais proporções encontram paralelo também nos estudos de Miller (1993),
segundo o qual a fase de projeto representa somente 5% dos custos totais do
desenvolvimento de um produto, mas fixam 70% dos custos operacionais. A
representação gráfica da comparação dos custos percentuais de desenvolvimento com
os custos da operação é mostrada na Figura 19.
Segundo Baxter (2003), para o desenvolvimento das estratégias da empresa e
desenvolvimento de produtos, há quatro questões fundamentais a serem respondidas:
1. Onde estamos?
2. Para onde vamos?
3. Como chegaremos lá?
4. Como saberemos se chegamos lá?
Retorno dos Investimentos por Estágio de
Desenvolvimento
0 1 2 3 4 5 6
Produção
Atividades pré-prodão
Estratégia de Fabricação
Métodos de Fabricão
Projeto Conceitual
137
Figura 19 - Custos de desenvolvimento e influência no custo total
Fonte: adaptado de Miller (1993)
Tais perguntas são respondidas por meio da missão da empresa, sua visão e
objetivos, sua estratégia corporativa e a implementação desta estratégia:
Missão da empresa é a razão da existência da organização, sendo uma
sentença que descreve um conjunto de atividades e em que nível a organização
deve se empenhar para alcançar sua visão;
Visão da empresa - é a declaração clara e concisa da direção que ela pretende
evoluir e o que ela pretende alcançar, correspondendo a uma visão de futuro;
Objetivos da empresa metas específicas de mudanças pretendidas, geralmente
em termos gerais (por exemplo, crescimento do faturamento, aumento da
margem de lucros, conquista de novos mercados, etc.);
Estratégia - é um termo que deriva do grego
στρατεγοσ
- ‘strategos’ (que
significa general ou magistrado ou comandante em chefe militar) pelo latim
strategia (QUINTELLA, 2004). Ela explicita o caminho que a empresa deve
seguir para alcançar os seus objetivos, podendo referir-se a qualquer aspecto
dos negócios, incluindo o desenvolvimento de produtos;
Implementação da estratégia apresenta as ações que devem ser desenvolvidas
pelas pessoas ou grupos responsáveis, a fim de atingir os objetivos estratégicos.
0
10
20
30
40
50
60
70
Projeto Materiais o de Obra Instalações
Comparação entre Custos de Desenvolvimento e
Influência no Custo Total (Miller)
Operação
Desenvolvimento
138
Da mesma forma, o planejamento estratégico do desenvolvimento do produto
deve indicar quais são os produtos a serem desenvolvidos para atender os objetivos da
empresa, tratando-se, portanto, de um dos componentes do planejamento corporativo.
Baxter (2003) mostra a correlação dos conceitos de estratégia da empresa e de
planejamento de desenvolvimento do produto, conforme apresentado na Figura 20.
Estratégia da Empresa
Missão da empresa
Estratégia de desenvolvimento
do produto
Objetivos da empresa
Objetivos do desenvolvimento de
produtos
Estratégia da empresa
Estratégia do desenvolvimento de
produtos
Implementação
Implementação
Figura 20 - Planejamento estratégico e planejamento de produto
Fonte: adaptado de Baxter (2003)
E a estratégia da empresa pode ser considerada como uma ponte de ligação dos
negócios atuais e a sua visão futura, sendo as fronteiras desse espaço representadas
pelos fatores que restringem a escolha das alternativas estratégicas, como: pessoal,
dinheiro, tempo, conhecimentos, habilidades e demais recursos produtivos, conforme
defende Baxter (2003), estando representado na Figura 21.
Figura 21 - Representação da estratégia da empresa
Fonte: Baxter (2003)
Negócios
existentes
Pessoal
Estratégia da empresa
Missão e objetivos da
empresa
Dinheiro Tempo
Conhecimentos Habilidades Rec. Produtivos
139
Segundo o autor, quatro etapas no processo de planejamento do produto:
inicialmente é traçada a orientação geral do planejamento do produto e estabelecidos
seus objetivos. Em seguida, é dada a partida para o desenvolvimento do produto
específico e um período de pesquisa e análise das oportunidades e restrições, ao
final do qual, o produto proposto é especificado e justificado, conforme mostrado na
Figura 22.
Figura 22- Etapas do processo de planejamento do produto
Fonte: Baxter (2003)
A especificação da oportunidade procura comprometer a administração da
empresa a dar continuidade ao desenvolvimento do produto. Ela é composta de um
resumo da oportunidade comercial do novo produto e uma justificativa comercial
dessa oportunidade, como mostrado na Figura 23.
Estratégia de inovação do produto
Início do desenvolvimento de um produto específico
Pesquisa e análise das oportunidades e restrições
Especificação da oportunidade
Especificação do projeto
Compromisso comercial
Compromisso técnico
140
Figura 23 - Relação de causa e efeito na especificação de oportunidade
Fonte: baseado em Baxter (2003)
A especificação de oportunidade, como um todo, precisa descrever todos os
fatores que determinarão o sucesso comercial do produto, como, por exemplo, preço e
aparência. No entanto, conforme Baxter (2003), a especificação de oportunidade não
precisa fazer uma listagem exaustiva de todos os aspectos do novo produto: basta
cobrir os principais fatores que contribuirão para torná-lo um sucesso de mercado.
A separação entre a especificação de oportunidade e a especificação do projeto
apresenta muitas vantagens:
O foco da atenção é dirigido aos objetivos comerciais do novo produto, antes de
começar seu desenvolvimento;
Pode-se hierarquizar o processo de decisão: a Administração superior aprovará
os objetivos comerciais – descritos na especificação de oportunidade – enquanto
os aspectos técnicos contidos na especificação do projeto são delegados à
equipe de desenvolvimento do produto;
Pode-se estabelecer um equilíbrio entre a qualidade e a criação: as
Especificação de oportunidade é descrita e justificada em termos
comerciais
Oportunidade de negócios apresenta perspectiva de lucros para a
empresa
Devem ser vendidos produtos em quantidade suficiente para amortizar
custos de desenvolvimento e custos fixos
Para vender, deve ser oferecida nítida vantagem aos consumidores,
sobre os produtos existentes
Para se diferenciar, os produtos devem ter vantagens sobre seus
concorrentes, com clara diferenciação perante os consumidores
141
especificações técnicas poderão ser modificadas, desde que não prejudiquem os
objetivos comerciais;
A especificação de oportunidade o precisa entrar em detalhes sobre a forma
ou função do produto, enquanto a especificação do projeto deve conter detalhes
suficientes para o designer saber se o produto desenvolvido atende aos objetivos
propostos;
A especificação do produto pode ser elaborada numa etapa posterior à da
aprovação da especificação de oportunidade.
Outro trabalho a ser citado é o de Moraes (2004), cujo objetivo foi averiguar os
efeitos da maturidade em gestão de projetos da organização executante sobre a relação
entre condicionantes de desempenho e o desempenho dos projetos de software. Os
objetivos intermediários e específicos foram:
1. Adotar uma definição de desempenho de projetos de software e indicadores para
sua mensuração;
2. Adotar um modelo de condicionantes de desempenho e indicadores para sua
mensuração; e
3. Adotar um conceito de maturidade em gestão de projetos, procedimentos para
mensurá-lo e criar grupos de organizações executantes com níveis de maturidade
semelhantes.
As hipóteses estabelecidas pelo autor foram:
1. O desempenho dos projetos de software está relacionado com um conjunto de
condicionantes caracterizados pela natureza e pelo contexto em que o projeto é
realizado; e
2. A maturidade da organização executante em gestão de projetos afeta a relação
entre o desempenho do projeto e seus condicionantes de desempenho.
O autor cita uma pesquisa de 1996, feita no Reino Unido, em que apenas 1% dos
projetos de software é concluído dentro da meta original de custo, prazo e qualidade, e
que cerca de 25% dos projetos nunca são concluídos. Foi feita uma revisão teórica dos
142
estudos sobre sucesso de projetos, condicionantes de seu desempenho e modelos de
maturidade, e uma pesquisa de campo para buscar evidências empíricas dos possíveis
condicionantes e de seu comportamento em função do nível de maturidade do processo
de gestão de desenvolvimento. O autor cita que “se a natureza do projeto é suficiente
para a adoção de modelos de ciclo de vida distintos, é razoável supor que ela também
possa ter alguma relação com o papel da maturidade em gestão de projetos nas
organizações”.
O autor identifica certa unanimidade em relação à inclusão do cumprimento de
prazos e orçamentos dentro de uma definição de critério de sucesso em projetos de
tecnologia da informação. Discorreu também sobre o conceito multidimensional em
desempenho de projetos: segundo o mesmo, é incompleta a visão de desempenho de
projeto associada, estritamente, ao cumprimento das metas originais de prazo, custo e
qualidade.
A análise fatorial das variáveis de desempenho apresentou uma alta
correspondência com o modelo adotado: foram identificadas duas dimensões do
desempenho: eficiência do projeto - ligado ao cumprimento do prazo e do cronograma,
e satisfação dos usuários - ligada ao desempenho técnico e ao impacto no usuário.
A análise fatorial sobre os processos de gestão de projetos levou à formação de
dois fatores: gestão de terceiros - que agrupa os processos de área de gestão de
aquisições e a gestão interna - que agrupou os demais processos de gestão. Esses
fatores foram utilizados em uma posterior análise de cluster para agrupar os projetos
em função da maturidade da organização executante. Assim, foram criados dois
grupos: maturidade superior, com os projetos das organizações com maior maturidade
tanto na gestão de terceiros como na gestão interna; e maturidade inferior, com
projetos de organizações com menor maturidade em gestão de projetos.
A análise fatorial dos condicionantes do desempenho não incorporou duas
variáveis - "incerteza tecnológica" e "apoio da alta administração" - que aparecem na
literatura de forma recorrente como condicionantes de desempenho. Isso ocorreu
porque o comportamento dessas variáveis teve, dentro da amostra, pouco em comum
com o comportamento das demais variáveis. Dada a importância dessas duas variáveis
na literatura, elas foram mantidas nas análises posteriores.
143
Assim o conjunto dos condicionantes de desempenho considerado foi composto,
além das variáveis isoladas "incerteza tecnológica" e "apoio da alta administração",
dos fatores: "equipe do projeto", que caracteriza o perfil dos elementos da equipe de
desenvolvimento; "gerente do projeto", que caracteriza o perfil do gerente do projeto,
"usuários", composta de variáveis relacionadas ao perfil dos usuários do projeto; e
"tamanho do projeto", que indica o tamanho do projeto em termos do código fonte e
do número de pessoas envolvidas.
A análise da relação entre os condicionantes de desempenho e o desempenho dos
projetos nos dois grupos formados em função da maturidade da organização
executante em gestão de projetos, levou à aceitação das duas hipóteses da pesquisa. A
análise canônica, feita em seguida, também mostrou indicações na direção da
aceitação das hipóteses.
Os condicionantes de desempenho "gerente do projeto", "incerteza tecnológica" e
"apoio da alta administração" se mostraram mais relevantes para o desempenho dos
projetos nas organizações com menor maturidade do que nas que m uma maturidade
superior. Algumas razões possíveis para esse resultado podem ser apresentadas. Nas
organizações maduras, a estabilidade dos processos de gestão leva a um apoio da alta
administração mais intenso e regular, o que toma o desempenho dos projetos menos
dependente dos demais fatores.
Conforme o autor, a incerteza tecnológica foi o único elemento condicionante
inversamente relacionado com o desempenho dos projetos: a incerteza tecnológica tem
um impacto negativo sobre o desempenho do projeto. Se comparado com os demais
condicionantes, a incerteza tecnológica possui uma influência menor sobre o
desempenho. O gerente de projeto, que nas organizações com menor maturidade é o
condicionante de maior influência sobre o desempenho, tem importância relativa
menor nas organizações mais maduras. Nessas organizações (com maturidade
superior), o apoio da alta administração e o envolvimento dos usuários tem influência
maior no desempenho de seus projetos.
A análise canônica revelou que a ação do conjunto dos condicionantes sobre as
dimensões de desempenho varia em função da maturidade em gestão de projetos. Nas
organizações de menor maturidade, a ação dos condicionantes é mais intensa sobre a
144
dimensão 'impacto no usuário', e nas organizações mais maduras a ão dos
condicionantes é maior na dimensão 'eficiência do projeto'.
Esse resultado, semelhante ao obtido na análise bivariada, também leva na
direção da aceitação das hipóteses da tese de que a maturidade afeta a relação entre os
condicionantes de desempenho e o desempenho dos projetos de software
O trabalho de Epelbaum (2004) buscou analisar a influência da gestão ambiental
no sucesso e competitividade empresarial, investigando o grau de correlação e os
fatores que a modificam. Para tanto, foram analisados os autores que estudaram estas
correlações e também foram identificados os indicadores de sucesso empresarial e as
estratégias competitivas consagradas na literatura, assim como variáveis e ferramentas
ambientais relevantes ao sucesso empresarial. Pelo fato de parte da pesquisa ter sido
focada na indústria automotiva brasileira, alguns pontos de destaque, relacionados com
a presente pesquisa merecem ser citados. O autor esclarece que tal setor foi escolhido
pelas seguintes razões:
O setor representa um dos pilares da sociedade moderna e da produção em
massa;
Trata-se de uma das maiores cadeias mundiais em termos de faturamento
(lembrando que boa parte da cadeia petrolífera está associada à automotiva),
onde algumas das empresas encabeçam a lista das maiores empresas mundiais
(ex. GM, Daimler-Chrysler e Ford);
É responsável por grandes impactos ambientais, principalmente no ciclo de
vida de seus produtos (poluição do ar, consumo de petróleo, efeito estufa,
etc.);
Representa um grande impacto na cadeia de fornecimento, através dos vários
requisitos de qualidade automotiva e meio ambiente aos fornecedores;
Nota-se um acentuado crescimento de requisitos ambientais com relação ao
produto e ao pós-uso, como reciclagem de peças após a vida útil, redução dos
padrões de emissão para o ar e exigências de veículos com emissão zero na
Califórnia/EUA; e
É um setor emblemático com relação à introdução de novas técnicas
gerenciais;
145
Trata-se de uma indústria madura, de capital intensivo, com taxas de
crescimento anual em torno de 2%;
As montadoras utilizam a escala para ganhar competitividade, porém
resultando em excesso de oferta de veículos (em torno de 30%).
Segundo o autor, na luta pela participação de mercado, “as vantagens
competitivas são temporárias, ressaltando-se o papel estratégico da inovação na
redução de custos e diferenciação de produtos, de modo a atrair os clientes e aumentar
a participação de mercado”. Em função das informações coletadas pelo autor, o
mesmo considerou os indicadores de sucesso empresarial primordiais para o setor
como sendo:
Crescimento de receitas pela necessidade competitiva, demandando para isto a
atração do cliente;
Considerando o grande efeito da cadeia automobilística sobre a economia e a
grande visibilidade perante as partes interessadas, vale comentar o papel da
imagem da empresa, como suporte para a venda;
Eficiência operacional, num setor altamente dependente do custo para tentar
manter as margens de lucro;
Acesso ao capital, para financiar os altos investimentos necessários; e
Inovação, essencial para o desenvolvimento de novos modelos e produtos
tecnologicamente melhores, porém com custos menores de produção e do
veiculo final.
O objetivo do trabalho de Sandes (2003) foi apresentar e discutir, a partir de um
estudo de caso conduzido em uma indústria calçadista nacional, o processo tradicional
de desenvolvimento de produtos e, a partir da análise e identificação das principais
fases e pontos críticos do processo tradicional e de uma pesquisa bibliográfica focada
na identificação do estado da arte na engenharia e desenvolvimento de produtos,
apresentar um modelo geral aplicado pela Toyota Motor Company (“lean
development”).
Segundo o autor, os produtos japoneses primam pela extrema cautela junto à sua
146
equipe de desenvolvimento de produto, desde a entrada de novos engenheiros, os quais
passam anos conhecendo os vários departamentos da fábrica, como também, os
engenheiros mais experientes, que são transferidos por um mês a cada ano para outras
áreas funcionais, como vendas e suprimento, para assegurar-lhes maior sensibilidade.
Cita ainda que as companhias que dominam o projeto “enxuto” apresentam vantagem
competitiva, pois podem ampliar sua variedade de produtos e/ou obter uma maior taxa
de renovação do mix de produtos, atingindo mais efetivamente os diferentes
segmentos do mercado: a exemplo dos ciclos de produção, que contém as atividades
que efetivamente agregam valor chamadas de transformação ou conversão - e
existem também as que não agregam valor - gerando desperdício, o autor cita que,
também nos processos de desenvolvimentos de produtos, essas atividades ocorrem,
sendo necessário “otimizar as atividades de conversão e reduzir ou eliminar as que não
agregam valor, tornando possível um trabalho melhor, mais rápido e com menor
esforço”. Nos fluxos e atividades envolvidas especificamente com o processo de
desenvolvimento, Ward
16
pôde identificar algumas perdas existentes no processo:
Dispersão: Perda relativa à construção de novas "curvas de aprendizagem" a
cada processo, requerendo requalificação e perdendo-se conhecimentos e know-
how adquiridos;
Handoff (isentar-se da responsabilidade): A dissociação entre o conhecimento, a
responsabilidade e a ação, ou seja, a existência de um processo linear onde um
agente ou uma atividade se "exclui" de toda e qualquer responsabilidade; e
Wishful Thinking (mentalidade otimista): Seleção prematura, experimentação e
questionamentos inadequados. Os processos tradicionais frequentemente tomam
decisão sem base em dados.
O projeto enxuto permite uma aproximação maior entre o setor de pesquisa e
desenvolvimento e a engenharia de produto, significando uma pida introdução de
inovações tecnológicas nos novos modelos, com menor comprometimento da
confiabilidade do produto final e sua manufaturabilidade, que pode ser aproveitado
para expandir rapidamente a gama de produtos e/ou renovar os produtos existentes.
147
O autor cita ainda as pesquisas de Womack et al
17
, Shingo
18
e Womack e Jones
19
para tecer um raciocínio lógico sobre o desenvolvimento da indústria automobilística
mundial e seu transbordamento de práticas de gestão: no final do século XIX, a
indústria estava atingindo um patamar tecnológico e econômico, quando Henry Ford
implantou novas técnicas de produção que reduziram os custos, aumentando ao mesmo
tempo a qualidade do produto. Ford denominou o seu sistema de produção em massa.
Segundo Shingo, o objetivo da produção em massa americana é reduzir o custo de
mão-de-obra por unidade, assim como os custos totais, aliviando o ônus causado pela
depreciação. A demanda estimulada pelos baixos preços de venda cria um ciclo de
produção e vendas em massa. O conceito-chave da produção em massa não residia em
uma linha de montagem continua. Segundo Womack e Jones, consistia na completa e
consistente intercambiabilidade das peças e na facilidade de ajustá-las entre si. Antes
da introdução da linha contínua, Ford tinha reduzido o ciclo de tarefa médio de um
montador de 514 para 2,3 minutos, passando para a metade após a introdução da linha
continua de produção. A Ford procurou verticalizar-se totalmente, produzindo todos os
componentes dentro da própria empresa. A consequência direta foi a introdução, em
larga escala, de um sistema de controle altamente burocratizado, sem soluções
imediatas. Alfred Sloan, da General Motors, anos mais tarde, foi capaz de resolver o
impasse da Ford. Sloan dividiu a empresa em unidades de negócio, implantando um
rígido sistema de controle e criou funções na área de finanças e marketing. Por
décadas, o sistema criado por Ford e aperfeiçoado por Sloan funcionou perfeitamente e
as empresas americanas dominaram o mercado de automóveis. Três grandes empresas
- Ford, GM e Chrysler - eram responsáveis por 95% de todas as vendas, de acordo com
Womack et al
20
.
O artigo de Stanke e Murman (2002) examinou o conceito de valor no ciclo de
vida, que deriva das abordagens de análise e gerenciamento de valor, custo ao longo
do ciclo de vida e engenharia de sistemas. No mesmo foram analisados os estudos de
16
O Sistema de Desenvolvimento Enxuto. Lean Enterprise Institute, Apostila do curso Lean Development, 2002.
17
A Máquina que Mudou o Mundo, 16
ª
edição, Rio de Janeiro: Campus, 1992.
18
O Sistema Toyota de Produção: do Ponto de Vista da Engenharia de Produção, Porto Alegre: Bookman, 1996.
19
A Mentalidade Enxuta nas Empresas: Elimine o Desperdício e Crie Riqueza, 7
ª
edição, Rio de Janeiro:
Campus, 1998.
20
A Máquina que Mudou o Mundo, 16 ed., Rio de Janeiro: Campus, 1992.
148
caso de quatro modelos: F/A-18E/F, JAS 39 Gripen, F-16C/D e B-777, para os quais
foram identificados níveis de maturidade em criação de valor.
Conforme os autores, um modelo de criação de valor no ciclo de vida é composto
de três fases: identificação do valor, proposição de valor e entrega do valor, como pode
ser observado na Figura 24.
Os autores citam que, no nível empresarial, “a criação de valor para todos os
stakeholders requer a consideração do ciclo de vida completo” e que, desta forma, uma
abordagem holística se faz necessária, mais abrangente que os aspectos isolados de
análise e gerenciamento de valor, custo ao longo do ciclo de vida e engenharia de
sistemas. Sua definição do melhor valor no ciclo de vida foi dada da seguinte forma:
“uma expectativa balanceada das partes envolvidas para uma performance efetiva do
sistema (qualidade, custo e prazo) e os riscos associados de entregar o melhor valor
possível pela inteira vida do sistema”.
Para avaliação do nível de maturidade, no qual os autores se basearam nos cinco
níveis do CMM (Inicial, Repetível, Definido, Gerenciado e Em otimização), os
mesmos avaliaram seis atributos de criação de valor:
1. Perspectiva holística – considerando o sistema completo e todo o ciclo de vida do
sistema;
2. Fatores operacionais utilização de times multifuncionais e também times
cruzados;
3. Requerimentos e medidas identificação e integração dos custos do ciclo de
vida;
Identificação
de valor
Proposição de
valor
Entrega do
valor
Dinâmico e interativo
Achar valor para
stakeholder
Desenvolver e concordar
com a abordagem
Executar conforme
prometido
Figura 24 – Modelo para criação de valor no ciclo de vida
Fonte: Stanke e Murman (2002
149
4. Ferramentas e métodos dentre elas, gerenciamento de riscos, uso da tecnologia
da informação, etc.;
5. Relações na empresa relações colaborativas em torno de objetivos comuns é
um fator chave na criação de valor; a forma que os indivíduos dividem
informações, concordam com tarefas e metas e gerenciam conflitos são alguns
dos itens levados em consideração; e
6. Liderança e gerenciamento como são sustentados valores, integridade, visões e
abrangência de ações, enquanto são alcançadas as metas estabelecidas pela
organização.
Os autores citam que a combinação das ações de criação de valor por nível de
maturidade sugeriu haver uma relação dos mesmos com estratégias de sucesso para
desenvolvimento de produtos, desenvolvimento de sistemas e gerenciamento de
programas.
Pine (1994) explorou o conceito de estabilidade dinâmica, introduzido no Brasil
pela IBM e pela Harvard Business School, que é uma ferramenta que proporciona uma
metodologia para estratégias empresariais, classificadas em quatro grandes categorias:
inovação, produção em massa, melhoria contínua e customização maciça.
O modelo é construído a partir de uma matriz, cujas dimensões são produto e
processo, que por sua vez admitem variações comuns: estabilidade e dinâmica O
cruzamento das dimensões com as variações resultam em quatro categorias de
organização produtiva, a saber: produção em massa, invenção, melhoria contínua e
customização maciça. Cada categoria possui características próprias de estratégia,
organização, automação, informação e de atendimento ao mercado. Embora as
categorias não sejam precisas e suas fronteiras não sejam de fácil delineamento no
campo prático, têm se mostrado de grande utilidade como referência na tomada de
decisões. O modelo abrange quatro categorias de organizações produtivas, segundo os
cruzamentos das variáveis produto e processo, conforme a Figura 25.
150
Customização
em massa
Produção em
m assa
Melhoria
Continua
Invenção
Estável Dinâmico
Estável
Dinâmico
MUDANÇAS NO PROCESSO
MUDANÇAS NO PRODUTO
M ATRIZ DE M UDANÇA PRODUTO-PROCESSO
Customização
em massa
Produção em
m assa
Melhoria
Continua
Invenção
Estável Dinâmico
Estável
Dinâmico
MUDANÇAS NO PROCESSO
MUDANÇAS NO PRODUTO
M ATRIZ DE M UDANÇA PRODUTO-PROCESSO
Figura 25 - Matriz de mudança produto-processo
Fonte: Pine (1994).
Este modelo propõe o cruzamento destas quatro categorias, classificando as
empresas no quadrante “produção em massa” empresas que possuem processos e
produtos estáveis no quadrante “invenção empresas que possuem processos e
produtos dinâmicos – no quadrante “melhoria contínua” - empresas que possuem
processos dinâmicos e produtos estáveis, e finalmente, no quadrante “customização
maciça” – empresas que possuem processos estáveis e produtos dinâmicos.
No quadrante “produção em massa”, a vantagem competitiva e a lucratividade
estão baseadas na redução de custos, alcançada pela eficiência máxima de capital
investido e dos recursos humanos treinados, utilizados para atingir produções
padronizadas. Segundo Pine (1994), as empresas que estão neste quadrante gostam de
permanecer nesta condição estável, pesquisando, de forma gradativa, novos produtos
para produzir em larga escala. Esporadicamente, realizam incursões no quadrante
invenção.
No quadrante “invenção”, em função da necessidade de constantes inovações nos
processos, observa-se a necessidade de contar com recursos humanos altamente
especializados, com capacidade de exploração de novas ideias, alta habilidade e pouco
compromisso com custos de produção. As empresas que competem neste quadrante
descentralizam suas decisões e definem poucas regras.
151
No quadrante “melhoria contínua”, a principal meta é melhorar a performance
operacional da produção e a gerência dos processos, de forma rápida e a baixo custo.
Neste quadrante são observados especialistas trabalhando naturalmente em processo
de permanente colaboração, onde as melhorias de processos são contínuas e
implementadas. Acontecem as micro transformações pequenas e sucessivas ações de
melhoria. As regras e procedimentos da empresa são concebidos pelas pessoas que
irão executá-las.
No quadrante customização maciça, a principal característica é a capacidade de
produção rápida e variada, aliada ao baixo custo. Neste quadrante observa-se uma
habilidade em se atender à grande parcela de consumidores por meio da grande
variedade de produtos e inovações. Aqui, parte-se da premissa de que os recursos
humanos possuem larga experiência e conhecimento dos processos, causando um
aumento de eficiência.
Os quatro quadrantes propostos por Pine surgiram em função das observações de
que, atualmente, as demandas e condições de competição diferem bastante das
condições da “produção em massa” e da “invenção”. Atualmente, com os clientes
gerando cada vez mais demandas imprevisíveis (imediatas e de baixo custo), observa-
se que, para o atendimento de tais demandas, as organizações tendem a se localizar nos
quadrantes da “melhoria contínua” e “customização maciça”, voltadas para diferentes
condições de produto e processo. Tal estratégia é o que Pine denomina de estabilidade
dinâmica, que será a estratégia de competição para o século 21.
O modelo de estabilidade dinâmica foi concebido como ferramenta para o
entendimento do cenário competitivo, influenciado pela globalização, não mais
suportado pelas formas tradicionais de administração dos negócios e da produção em
massa. Apesar da existência de vários modelos para análise de competitividade e apoio
às empresas, o modelo de estabilidade dinâmica se estabeleceu como instrumento de
análise e posicionamento estratégico para um ambiente de rápida mudança e de
competitividade que não possuem nenhuma previsibilidade.
Gantewerker e Manoski (2003b) expõem a importância estratégica contida no
processo de desenvolvimento de produtos, principalmente nos estágios iniciais destes.
Segundo os autores, a direção estratégica da organização e as avaliações de viabilidade
152
dos projetos são a base fundamental que trazem foco e clareza nos objetivos. Além
disso, as atividades desenvolvidas nas fases iniciais, ainda que extremamente
relevantes, são menos intensas do que no final, podendo a maioria ser executada, de
acordo com Gantewerker e Manoski (2003a), “no papel, na biblioteca ou no
computador”.
Meybodi (2003) discute o uso dos princípios do just-in-time de manufatura na
melhoria dos processos de desenvolvimento de produtos: gerar o que é necessário, na
quantidade que se necessita e no momento exato, com eliminação de resíduos e
respeito pelas pessoas. Encontrando similaridade nos fatores chave entre o processo
usual de produção e o processo sequencial de desenvolvimento de produtos, enquanto
similaridades são também encontradas entre o JIT e a chamada Engenharia
Simultânea, o estudo em 51 organizações mostrou que as companhias que adotam os
princípios destes últimos, desenvolvem produtos com qualidade 61% melhor, 52%
menos tempo de desenvolvimento, 38% menos custo de desenvolvimento, 33% menos
custo de manufatura e introduzem novos produtos 71% mais frequentemente que
companhias tradicionais (MEYBODI, 2003). O autor defende ainda a utilização de
uma organização hierarquicamente achatada (flat), composta por elementos
multifuncionais e com poder de decisão para o desenvolvimento de produtos, de forma
a “quebrar as barreiras, substituídas pela comunicação e cooperação legítima”.
Achados e propostas semelhantes são apresentadas por Ceryno e Possamai (2008)
quanto ao uso dos princípios de manufatura enxuta no PDP.
Hippel e Katz (2002) defendem que, pelo fato “ter um custo muito alto para as
firmas, entender bem e profundamente as necessidades dos usuários” e que as
pesquisas convencionais de mercado somente conseguem “arranhar a superfície”, faz-
se necessário a quebra deste paradigma e “passar aos próprios usuários as tarefas
relacionadas às suas necessidades, após equipá-los com ferramentas adequadas para
inovação”, utilizadas hoje maciçamente no desenvolvimento, por exemplo, de
componentes e circuitos eletrônicos, mas também com forte crescimento na área de
alimentos.
Krishnan e Bhattacharya (2002) por sua vez, desenvolveram um estudo
abordando o desenvolvimento de produtos na situação de incerteza tecnológica, ou
153
seja, a decisão entre utilizar uma tecnologia robusta e comprovada ou optar pela
seleção de uma tecnologia ainda incerta, porém com possibilidade de alavancagem
competitiva do produto. Por meio do uso de fórmulas estocásticas, os autores
desenvolveram modelos que permitem avaliar, com base nas variáveis margens
esperadas pelo uso da nova tecnologia, impacto pelo atraso do desenvolvimento,
demanda esperada, custo e tempo total esperado, estabelecer o ponto ótimo para
decisão de tecnologia, permitindo minimizar os riscos e maximizar o valor esperado
no processo de desenvolvimento do produto, permitindo inclusive a avaliação de
redundância no desenvolvimento (tecnologia comprovada e nova tecnologia), pesando
o acréscimo de custo em comparação com o respectivo aumento de valor esperado, via
também redução de riscos. Modelos estocásticos para melhoria dos PDPs foram
também desenvolvidos por Adler et al. (1995), Bhuiyan, Gerwin e Thomson (2004),
Kleyner (2005) e Lee e Suh (2008).
A pesquisa de Hales (1991), feita pela empresa Booz-Allen & Hamilton em
1968, 1982 e 1990, enfocando o processo de desenvolvimento de produtos junto a 189
companhias norte-americanas, apresentou os seguintes resultados comparativos:
Embora as organizações tenham implementado práticas melhores, a taxa média
de sucesso dos novos produtos reduziu-se, de 67% em 1962 para 65% em 1982,
58% em 1990 e 49% em 1996. Identificam-se como causas desse declínio, pelo
menos em parte, o aumento da concorrência e a inércia das mudanças no
processo de desenvolvimento de produtos;
A média das vendas dos produtos introduzidos nos últimos cinco anos
respondia respectivamente por 32% das vendas total em 1962, 38% em 1982,
41% em 1990 e 56% em 1996. Esses dados sustentam que a pressão
competitiva força as organizações a se preocuparem como processo de
desenvolvimento de novos produtos;
As ações de melhorias que não conduziram aos resultados esperados, que eram
em média 58% em 1982, 62% em 1990 e 69% em 1996. Isso sugere que ou
iniciativas erradas foram implementadas, ou o passo de implementação das
melhorias estava muito lento para manter o ritmo das mudanças do mercado.
154
Em todo caso, melhorar o processo de desenvolvimento de produtos permanece
crucial para aumentar a taxa de sucesso de novos produtos.
Silva e Peçanha (2003) indicaram as seguintes contribuições diretas da moderna
concepção do PDP, ou seja, de abordagem o mecanicista, ao contrário da
tradicional, com trabalho sequencial, departamentalizado e estrutura hierárquica:
Redução de custos, por maiores investimentos nas fases iniciais que geram
ganhos ao longo do desenvolvimento;
Melhoria da qualidade, com maior probabilidade do produto ter características
definitivas já no início de sua produção;
Redução do prazo de desenvolvimento, pela melhoria da comunicação,
redução de retrabalhos e engenharia simultânea;
Aumento de flexibilidade, podendo responder rapidamente às mudanças nos
projetos, a partir das necessidades dos clientes; e
Aumento da confiabilidade do produto e do projeto, minimizando os riscos de
fracasso e assegurando o cronograma estabelecido.
Há, no entanto de se destacar que Silva e Peçanha (2003, p.4) dão ênfase no
aspecto da moderna concepção do PDP permitir decisões mais cedo, antecipadas:
“quanto mais tardia uma alteração, maior o custos envolvido para realizá-la. Portanto,
maior a economia gerada ao antecipá-la” e “a redução de [...] modificações tardias
aumenta a probabilidade de que o produto saia da manufatura com suas características
definitivas logo no início da produção”.
MacCormack, Verganti e Iansiti (2001) trouxeram uma nova abordagem ao tema,
ao desafiar o paradigma de que projetos efetivos são caracterizados por uma estrutura
que minimiza as mudanças, com base na estabilidade do conceito e tecnologia.
Segundo os autores, a incerteza e o ambiente dinâmico representam desafios
fundamentais para os modelos aceitos de desenvolvimento de novos produtos. Os
mesmos propõem maiores investimentos no desenvolvimento da arquitetura, junto ao
constante feedback durante as diversas fases de desenvolvimento (com possíveis
alterações advindas destes) e possibilidade constante de flexibilidade no produto,
155
resultam em melhores projetos e produtos desenvolvidos. O conceito básico por trás
do estudo em questão indica que tais práticas são realmente vantajosas em ambientes
altamente mutáveis, desde que se utilizem conceitos de intercambialidade tecnológica
em plataformas e arquiteturas robustas, visto que, segundo os autores, diversos
excelentes projetos (julgados pela qualidade do produto final) sofreram fortes
alterações de projeto nas fases finais de desenvolvimento, por meio do uso de um
modelo flexível em um ambiente que apresenta altos níveis de incerteza.
Da mesma forma, conforme Ferreira e Alcântara (2008), “a remodelagem do
produto e do processo, a fim de retardar o ponto de diferenciação do produto para mais
próximo da demanda, aumentam a flexibilidade para lidar com as variações do
mercado”, conceito também defendido por Chen e Iyigun (2004). E as simulações
geradas por Gil (2001) mostraram que o compromisso nas fases iniciais, ainda que
eficientes na compressão da duração do projeto, trazem uma adição de custo e faz o
processo de desenvolvimento ser menos confiável, tornando-o menos previsível em
termos de duração e recursos necessários. Ao contrário, a postergação do
desenvolvimento do conceito, de forma a permitir a “acomodação” do conceito antes
do compromisso, mostrou-se uma estratégia eficiente.
A tomada de decisões durante o projeto requer que as opções existentes possam
ser avaliadas quanto aos valores esperados e os riscos envolvidos, visto que maiores
riscos só serão aceitos caso exista a expectativa de um maior retorno (ROCHA;
DELAMARO, 2007a; ROCHA; OLIVEIRA; DELAMARO, 2008). Este conceito
pode ser explicado pelo modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model), discutido por
diversos autores (GITMAN; MADURA, 2003; HOJI, 2004; ROSS; WESTERFIELD;
JORDAN, 2000), em que o fator de desconto a ser utilizado no cálculo do valor
presente líquido (VPL) leva em consideração a existência do risco. Nos projetos, no
entanto, a variação do retorno exigido não tem uma relação linear com a medida de
risco, visto que sempre existirá a decisão de continuar ou não o desenvolvimento de
um projeto, durante as avaliações das fases. Santos e Pamplona (2005, p.239)
abordaram este aspecto:
156
Em mercados caracterizados por mudança, incerteza e interações
competitivas, a realização dos fluxos de caixa previstos numa análise irá
provavelmente diferir do que se esperava inicialmente pela administração. À
medida que novas informações chegam e a incerteza sobre as condições de
mercado e o futuro fluxo de caixa é gradualmente mais bem compreendida, a
administração pode ter uma flexibilidade valiosa para alterar sua estratégia
operacional para capitalizar oportunidades futuras favoráveis ou diminuir
perdas.
Com a existência de tais aspectos, o modelo do CAPM torna-se inadequado, o
que levaria à utilização de modelos estocásticos para mensuração do retorno e risco no
processo de tomada de decisão. Como alternativas para análise, cita-se o modelo de
Black & Scholes e o modelo binomial, utilizados no mercado de opções (financeiro).
No entanto, todas essas metodologias assumem um envolvimento passivo do
administrador (FIGUEIREDO NETO; MANFRINATO; CREPALDI, 2003;
MACEDO, 1998). Conforme Santos (2001, p.30), “projetos que podem ser alterados
(ou mesmo abandonados) diante de condições adversas, oferecem menos risco,
especialmente se parte do investimento puder ser recuperado”. Da mesma forma,
Minardi (2004, p.21) cita que “a flexibilidade gerencial é uma possibilidade, mas não
obrigação de alterar um projeto em diferentes etapas de sua vida útil operacional”.
Neste aspecto, autores diversos propõem o uso da teoria de opções reais (TOR)
(BROBOUSKI et al., 2004; CASTRO, 2000; DEZEN, 2001; GUSTAFSSON, 2005;
GUSTAFSSON; SALO, 2005; MARTINEZ, 1998; PINTO; MONTEZANO, 2005;
SAITO; SCHIOZER; CASTRO, 2000; SANTOS, 2004): baseada nos contratos de
opções de compra e venda existentes no mercado financeiro, as opções reais (opções
sobre ativos não negociados no mercado) tornam-se um aliado poderoso no processo
decisório.
Gamba e Micalizzi (2004) e Sadowsky (2005) referenciaram a utilização da TOR
em projetos com fases de pesquisa e investimento em produção somente, a exemplo de
outras obras que estudaram a TOR para P&D (AKEN; NAGEL, 2004; ALESII, 2004;
CHEN; IYIGUN, 2004; DAVILA, 2000; DIAS, 2005; GRENADIER, 2005;
HEIRMAN; CLARYSSE, 2004; KAMRAD; ORD, 2003; KOK; HILLEBRAND;
157
BIEMANS, 2002; KORT; MURTO; PAWLINA, 2004; LIN; HERBST, 2003;
MARINS; AMARO SOBRINHO; BATISTA JUNIOR, 2005; 2006; NAU, 1998;
OSTROVSKY; SCHARZ, 2005; SANTOS, 2001; SANTOS; PAMPLONA, 2005;
SILVA et al., 2004; WESSELER, 2002), enquanto Keizer e Vos (2003) descrevem um
método para identificar, mensurar e gerenciar os riscos em desenvolvimento de
produtos, porém sem explicitar o processo de tomada de decisões quanto às opções
existentes. Santiago e Bifano (2005, p.270), descreveram a utilização da TOR no
projeto de um oftalmoscópio de varredura laser, mostrando como o mesmo “pode ser
gerenciado pela estimativa do seu valor e determinando as ações gerenciais ótimas a
serem tomadas a cada fase de revisão do PDP”, abordando a “resolução da incerteza
ao longo do ciclo de vida do desenvolvimento do produto, ao lidar com fatores
técnicos, de mercado e de custo conjuntamente”.
Conclui-se assim o presente capítulo, no qual foram apresentados estudos
diversos, na forma de artigos, livros, relatórios, dissertações e teses sobre o tema da
presente pesquisa e seus referenciais teóricos. Apresenta-se no capítulo seguinte o
método da pesquisa executada pelo autor, que buscou expandir o conhecimento
existente, ou seja, os referenciais teóricos e literatura existente sobre os assuntos FCS e
PDP.
4. MÉTODOS DA PESQUISA
A presente pesquisa constitui-se em um aprofundamento da pesquisa de
Mestrado do autor (ROCHA, 2005), a qual foi voltada à identificação e validação dos
fatores críticos de sucesso do lançamento de veículos automotivos e a maturidade de
seus processos de desenvolvimento de produtos. Neste capítulo é apresentada a citada
pesquisa: sua classificação, métodos, processos, passos e instrumentos utilizados.
4.1. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
Diferentes autores apresentam formas distintas de classificação das pesquisas
científico-acadêmicas (LAKATOS; MARCONI, 1991; MAGALHÃES, 2005;
MARCONI; LAKATOS, 1996, 2004; SANTOS, 2003; SILVA; MENEZES, 2001;
VERGARA, 2005, 2006). Na presente pesquisa optou-se por utilizar a classificação
estabelecida por Cooper e Schindler (2003) para manter o alinhamento com os autores
que desenvolveram o modelo de pesquisa utilizado (vide figura 2) e pela segmentação
detalhada por eles estabelecida, com oito descritores. A classificação desenvolvida
pelos autores pode ser vista na Figura 26.
CATEGORIA OPÇÕES
O grau em que as questões da pesquisa foram
cristalizadas
Estudo exploratório;
Estudo formal
O método de coleta de dados
Monitoramento;
Interrogação/comunicação
O poder do pesquisador de produzir efeitos nas
variáveis que estão sendo estudadas
Experimental;
Ex post facto
O objetivo do estudo
Descritivo;
Causal
A dimensão do tempo
Transversal;
Longitudinal
O escopo do tópico amplitude e profundidade - do
tema
Caso;
Estudo estatístico
O ambiente da pesquisa
Ambiente de campo;
Pesquisa de laboratório;
Simulação
As percepções das pessoas sobre a atividade de pesquisa
Rotina real;
Rotina modificada
Figura 26 - Descritores do planejamento da pesquisa
Fonte: Cooper e Schindler (2003)
159
Com base na classificação apresentada, o presente estudo pode ser caracterizado
como:
Exploratório e formal as atividades iniciais da pesquisa a caracterizam
como exploratória, por servir de base para a formulação do problema,
aumentar a familiaridade do pesquisador com o ambiente, clarificar
conceitos e descobrir as futuras tarefas da pesquisa. O estudo formal
começa aonde estas terminam, “envolvendo procedimentos precisos e
especificação de fontes de dados” (COOPER; SCHINDLER, 2003, p.128);
Interrogação/comunicação pelo fato do pesquisador questionar pessoas e
coletar as respostas por meios pessoais ou impessoais, os quais serão
detalhados mais adiante;
Ex post facto devido ao pesquisador não ter controle sobre as variáveis,
no sentido de poder manipulá-las, podendo tão somente “relatar o que
aconteceu ou o que está acontecendo” (COOPER; SCHINDLER, 2003,
p.128);
Descritivo e causal – conforme descrito por Cooper e Schindler (2003,
p.129), ao se buscar descobrir “quem, o que, onde, quando ou quanto”,
trata-se de um estudo descritivo, visto que buscou-se identificar e validar os
FCS do PDP na indústria automotiva Nacional na opinião/percepção dos
especialistas consultados. No entanto, em método que será explicado mais
adiante, buscou-se também respaldar tais achados em relatos de sucesso e
falhas que justificassem as percepções coletadas, considera-se o estudo
também causal, ao buscar-se saber “por que”, ou seja, “como uma variável
produz mudanças em outras” (COOPER; SCHINDLER, 2003, p.128);
Transversal feito uma vez, representando um instantâneo de um
determinado momento, ao contrário dos estudos longitudinais, que são
realizados em um período maior e têm como vantagem poder acompanhar
mudanças com o decorrer do tempo, de acordo com Cooper e Schindler
(2003). Segundo os autores, para assegurar alguns benefícios do estudo
longitudinal em um estudo transversal, de se trabalhar com
160
questionamentos inteligentes das atitudes passadas, histórico e expectativas
futuras, devendo as respostas serem interpretadas com cuidado. Tal rigor foi
estabelecido por meio do cruzamento das respostas, a resubmissão dos
achados a todos os participantes em busca do consenso e também pelas
justificativas das opiniões nos relatos, conforme citado anteriormente.
Buscou-se desta forma dar maior robustez à pesquisa e aos achados
advindos da mesma;
Caso – a presente pesquisa pode ser caracterizada primariamente como
“caso” por colocar
mais ênfase em uma análise contextual completa de poucos fatos ou
condições e sua inter-relações (...). Uma ênfase em detalhes fornece
informações valiosas para a solução de problemas, avaliação e estratégia
(...), obtido de fontes múltiplas de informação (COOPER; SCHINDLER,
2003, p.130).
Não se classifica também como estudo estatístico, ainda que algumas
análises e inferências sejam feitas, pelo fato de não tentar “captar as
características de uma população ao fazer inferências das características de
uma amostra” (COOPER; SCHINDLER, 2003, p.130);
Em ambiente de campo – ou seja, sob condições ambientais reais;
Rotina real Como a utilidade de uma pesquisa pode ser reduzida quando
os envolvidos sabem da pesquisa (COOPER; SCHINDLER, 2003), buscou-
se minimizar os impactos dessa situação, pois a possibilidade de
respostas distorcidas, causadas pelo grau de motivação do entrevistado,
preocupação em não transmitir uma avaliação ruim de si próprio ou de sua
empresa, ou a inadequação do instrumento de coleta de dados. Buscou-se
reduzir as potenciais distorções por meio do contato anterior às entrevistas e
ao envio e preenchimento do questionário, quando se ressaltou a
importância da imparcialidade e do sigilo da pesquisa. Nesta oportunidade,
testou-se também a confiança do respondente quanto ao fato de estar
capacitado a prover as respostas/avaliações solicitadas. Procurou-se evitar
161
exercer qualquer influência sobre os respondentes, de modo a não
influenciar suas respostas e efetuou-se pré-teste do questionário (dois
integrantes do universo pesquisado), buscando-se aperfeiçoá-lo e reduzir as
falhas de entendimento.
4.2. MÉTODO DE ABORDAGEM
O método de abordagem utilizado para a presente pesquisa foi o método
hipotético-dedutivo, o qual, segundo Lakatos e Marconi (1991), se inicia pela
percepção de uma lacuna nos conhecimentos, acerca da qual se formulam as hipóteses
e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos
abrangidos pela hipótese. No citado método, de acordo com Magalhães (2005, p. 205):
as conjecturas (hipóteses ou teorias) que resolvem um problema devem ser
testadas, procurando mostrar que são falsas quando confrontadas com a
experiência, isto é, com sua base empírica [...]. Se não forem refutadas, as
conjecturas estarão corroboradas, provisoriamente aceitas.
A escolha deste método baseou-se em três fatores:
1. Natureza do fenômeno a ser investigado: o método dedutivo parte de
generalizações aceitas do todo para casos concretos, que estão inseridos
na generalização. Ou seja, parte de enunciados gerais, as premissas, para
chegar a uma conclusão particular;
2. Objetivo da pesquisa: esta pesquisa analisa o problema a partir de
premissas que tiveram sua validade testada por meio dos instrumentos e
levantamento de dados, num processo inverso ao do método indutivo; e
3. Recursos disponíveis: as generalizações foram empregadas por se tratar de
um campo com base bibliográfica ainda restrita e pela dificuldade de se
relacionar o trabalho a outro método de pesquisa.
A representação do método pode ser vista nas Figuras 27 e 28.
162
Figura 27 - Esquematização completa do método
Fonte: Adaptado de Lakatos e Marconi (1991)
Conhecimento Prévio
Teorias Existentes
Lacuna, Contradição ou Problema
Conjecturas, Soluções ou Hipóteses
Consequências Falseáveis
Enunciados Deduzidos
Técnicas de Falseabilidade
Testagem
Análise dos Resultados
Avaliação das Conjecturas, Soluções ou Hipóteses
Refutação
(Reje
i
ção)
Corroboração
(Não Rejeição)
Nova Teoria
Nova Lacuna, Contradição ou Problema
163
Conjecturas, soluções ou hipóteses:
Hipótese I - O gerenciamento de custos e orçamentos é um FCS para os PDPs das montadoras
instaladas no Polo Automotivo da região Sul-fluminense.
Hipótese II – Idem para o gerenciamento do tempo e prazos.
Hipótese III – Idem para o posicionamento estratégico definido para o produto.
Hipótese IV – Idem para o atendimento às necessidades dos clientes.
Hipótese V – Idem para o alinhamento organizacional.
Hipótese VI – Idem para as características do time de desenvolvimento.
Hipótese VII Idem para os processos de trabalho estabelecidos pelas organizações para o
desenvolvimento de seus novos produtos.
Hipótese VIII
Idem para o gerenciamento organizacional e do ambiente de trabalho.
Conhecimento prévio e teorias existentes:
FCS e PDP
Lacuna, contradição ou problema:
Quais são os Fatores críticos de sucesso nos PDPs das montadoras na região Sul-fluminense?
Consequências falseáveis, enunciados deduzidos
Se as hipóteses formuladas não forem verdadeiras, será possível concluir que outros são os fatores
críticos de sucesso no processo de desenvolvimento de produtos nas empresas estudadas.
Técnicas de falseabilidade:
Hipóteses nulas, que contradizem as descritas anteriormente.
Testagem
Entrevistas e questionários direcionados a tipos específicos de respondentes (executivos da área de
desenvolvimento de produtos). Realizado um pré-teste para avaliação da clareza, adequação e o
tempo necessário para o preenchimento dos instrumentos formulados.
Análise dos resultados
Os dados colhidos na pesquisa de campo serão analisados por meio de método estatístico.
Avaliação das conjecturas, soluções e hipóteses
Refutação (rejeição)
Quando hipóteses não
forem aceitas no teste de
falseabilidade
Corroboração (não rejeição)
O
critério usado para a corroboração será o oposto ao adotado na refutação.
Nova Teoria
A partir da análise dos dados podem ser elaborada, ou não, uma nova teoria.
Nova lacuna, contradição ou problema
Serão apontadas as lacunas, contradições ou problemas
encontrados, e sugeridos caminhos para sua pesquisa.
Figura 28 - Esquema do método adaptado para a pesquisa
Fonte: Adaptado de Lakatos e Marconi (1991)
164
O universo da pesquisa, limitado por conta da delimitação do tema, é formado
por gerentes diretamente relacionados ao DP nas montadoras citadas. A amostra
empregada pode ser classificada como uma amostra não-probabilística por julgamento.
Buscou-se incluir na amostra os principais atores representativos do universo em
questão. O mero total de sujeitos da amostra é de 19, sendo 11 na empresa de
veículos de passeio e oito na empresa de caminhões e ônibus.
O critério de seleção dos gerentes de produto escolhidos foi dos que trabalharam
diretamente na atividade de desenvolvimento de produtos automotivos. Isto garante
uma alta qualificação e significância na amostra. Como só estes poucos gerentes
definem a operacionalização da estratégia de desenvolvimento dos novos produtos,
cobriu-se assim, apenas o reduzido, mas importante, conjunto chave de envolvidos nos
PDPs. Deixou-se propositadamente de fora entrevistas extensivas com técnicos,
inspetores, projetistas, apesar de se saber que eles têm uma influência sobre os PDPs,
para manter alinhamento com o método desenvolvido por Rockart (1978; 1979; 2002)
para identificação e validação dos FCS.
4.3. ANÁLISE DAS HIPÓTESES
Foram desenvolvidas oito hipóteses como solução provisória para o problema.
Elas buscam estabelecer, a partir da seleção entre os prognósticos feitos a partir da
literatura existente, quais são os fatores críticos de sucesso no processo de
desenvolvimento de produtos nas empresas estudadas. Estas hipóteses são testadas, e
então refutadas ou corroboradas.
H1 - O gerenciamento de custos e orçamentos é um fator crítico de sucesso para os
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
H2 - O gerenciamento do tempo e prazos é um fator crítico de sucesso para os
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
165
H3 - O posicionamento estratégico definido para o produto é um fator crítico de
sucesso para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas
no Polo Automotivo da região Sul-fluminense.
H4 - O atendimento às necessidades dos clientes é um fator crítico de sucesso para os
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
H5 - O alinhamento organizacional é um fator crítico de sucesso para os processos de
desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo Automotivo da região
Sul-fluminense.
H6 As características do time de desenvolvimento é um fator crítico de sucesso para
os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
H7 Os processos de trabalho estabelecidos pelas organizações para o
desenvolvimento de seus novos produtos é um fator crítico de sucesso para os
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
H8 O gerenciamento organizacional e do ambiente de trabalho é um fator crítico de
sucesso para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas
no Polo Automotivo da região Sul-fluminense.
4.4. TESTE DE IMPORTÂNCIA
As hipóteses citadas foram formuladas pelas seguintes razões, tendo por base os
conceitos de Kerlinger, apud Lakatos e Marconi (1991):
166
São instrumentos de trabalho da teoria, pois novas hipóteses podem delas ser
deduzidas;
Podem ser testadas e julgadas como provavelmente verdadeiras ou falsas;
Constituem instrumentos poderosos para o avanço da ciência, pois sua
comprovação requer que se tornem independentes dos valores e opiniões dos
indivíduos;
Dirigem a investigação, indicando ao investigador o que procurar ou o que
pesquisar;
Pelo fato de serem comumente formulações regionais gerais, permitem ao
pesquisador deduzir manifestações empíricas específicas, com elas
correlacionadas;
Desenvolvem o conhecimento cientifico, auxiliando ao investigador a confirmar
(ou não) sua teoria; e
Incorporam a teoria (ou parte dela) em forma testável ou quase testável.
4.5. TESTE DE NECESSIDADE
As hipóteses da presente pesquisa mostram-se necessárias pelo fato de que,
baseado nos conceitos de Bunge, apud Lakatos e Marconi (1991):
Buscam resumir e generalizar os resultados de investigações;
Buscam interpretar generalizações anteriores;
Buscam justificar e fundamentar os prognósticos;
Planeja-se um experimento ou investigação para a obtenção de mais dados; e
Pretende-se submeter uma "conjectura" à comprovação.
4.6. TESTES DAS HIPÓTESES
Segundo Mattar (1996), uma vez selecionadas as hipóteses importantes a serem
testadas, o próximo passo é a coleta de dados empíricos que, analisados, permitirão
mantê-las ou rejeitá-las. Para poder atingir ao objetivo de manutenção, revisão ou
167
rejeição de determinada hipótese, é necessário ter-se procedimentos bem definidos e
objetivos para a realização do teste, que compreendem:
1. Estabelecer a hipótese nula (H
0
) e a hipótese alternativa (H
1
), tendo em
vista a hipótese da pesquisa;
2. Selecionar o teste estatístico adequado à situação;
3. Estabelecer um nível de significância;
4. Determinar ou assumir a distribuição amostral da prova estatística sob a
hipótese nula (H
0
);
5. Com base em 1, 2, 3 e 4, definir a região de rejeição da hipótese nula
(H
0
);
6. Calcular o valor da prova estatística a partir dos dados da(s) amostra(s);
7. Tomar a decisão quanto à aceitação ou rejeição da hipótese nula (H
0
).
A hipótese nula é usualmente formulada com o objetivo expresso de ser rejeitada.
A hipótese alternativa (H
n
) é o oposto a H
n0
e corresponde à hipótese do projeto de
pesquisa. As hipóteses a serem testadas são exatamente as hipóteses nulas. Foram
definidas as seguintes hipóteses nulas a partir das hipóteses elaboradas:
H1
0
- O gerenciamento de custos e orçamentos não é um fator crítico de sucesso para
os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
H2
0
- O gerenciamento do tempo e prazos não é um fator crítico de sucesso para os
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
H3
0
- O posicionamento estratégico definido para o produto não é um fator crítico de
sucesso para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas
no Polo Automotivo da região Sul-fluminense.
168
H4
0
- O atendimento às necessidades dos clientes não é um fator crítico de sucesso
para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
H5
0
- O alinhamento organizacional não é um fator crítico de sucesso para os
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
H6
0
As características do time de desenvolvimento o é um fator crítico de sucesso
para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
H7
0
Os processos de trabalho estabelecidos pelas organizações para o
desenvolvimento de seus novos produtos não é um fator crítico de sucesso para os
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
H8
0
O gerenciamento organizacional e do ambiente de trabalho não é um fator
crítico de sucesso para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras
instaladas no Polo Automotivo da região Sul-fluminense.
A escolha do teste estatístico a ser aplicado num teste de hipóteses depende de
vários fatores que serão abordados no item 4.10 (Tratamento e Análise dos Dados).
4.7. EMPRESAS ALVO DE PESQUISA
Para a obtenção de um estudo mais completo sobre o problema apresentado neste
trabalho seria necessário fazer a pesquisa em outras empresas. No entanto, devido às
restrições de tempo, custo e número de pessoas envolvidas, além da necessidade de
adequação na formação dos profissionais a serem preparados para atuar na área de
169
desenvolvimento de produtos pela IES a qual o pesquisador está vinculado, optou-se
por delimitar a pesquisa às montadoras instaladas na região Sul Fluminense.
Para responder este questionamento foram escolhidas a empresa de veículos de
passeio e a empresa de caminhões e ônibus, as quais mantêm unidades produtivas
localizadas na região de atuação profissional do autor da presente pesquisa.
4.7.1. População / Universo
Baseado na definição da Vergara (2006) sobre o universo da pesquisa como
sendo “um conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo), que
possuem as características que serão objeto de estudo”, adotou-se como universo da
presente pesquisa o formado pelas empresas de veículos automotivos instaladas na
região Sul-fluminense, que tenham atividades de desenvolvimento de produtos em
território nacional (montadoras).
4.7.2. Amostra
Segundo Vergara (2006), a amostra é uma parte do universo (população),
escolhida segundo algum critério de representatividade. Neste trabalho foi adotada a
amostragem não probabilística, que é aquela em que a seleção dos elementos da
população para compor a amostra depende, ao menos em parte, do julgamento do
pesquisador. A amostragem foi ainda por conveniência, devido à necessidade e
importância de ouvir como respondentes executivos de montadoras instaladas na
região delimitada.
4.8. COLETA DE DADOS
Com relação ao objetivo do presente trabalho, que é a identificação dos FCS no
lançamento de veículos automotivos, realizou-se uma coleta de dados nas seguintes
fontes, por meio de questionários direcionados:
170
Gerentes envolvidos nas atividades de desenvolvimento de produtos
das montadoras de veículos automotivos instaladas na região Sul-
fluminense, especificamente a empresa de veículos de passeio e a
empresa de caminhões e ônibus.
O método de obtenção de dados aplicado a esta pesquisa é o método da
comunicação, o qual consiste no questionamento, oral ou escrito, dos respondentes
para a obtenção do dado desejado, que será fornecido por declaração, verbal ou escrita,
do próprio.
A coleta de dados na fase inicial nesta pesquisa foi feita por meio de entrevistas
com especialistas, conforme processo estabelecido por Bullen e Rockart (1981) e
Rockart (2002), o qual consiste em três passos:
1 - Workshop introdutório consistindo de apresentações de 30-45 minutos sobre
os conceitos sobre FCS e passos do estudo, com apresentação de exemplos e
esclarecimento de dúvidas. Segundo Rockart (2002) este workshop se presta também a
envolver e obter compromisso do time sênior de gerentes, além de permitir que o
pesquisador conheça melhor o time com que vai trabalhar: entender a organização,
missão, papéis (como percebidos pelos mesmos), metas e objetivos (BULLEN;
ROCKART, 1981).
O workshop ocorreu separadamente nas duas empresas estudadas, tendo se
iniciado com a apresentação da pesquisa de Mestrado do autor e os artigos dela
derivados (QUINTELLA; ROCHA, 2005a, 2005b, 2006a, 2006b, 2007;
QUINTELLA; ROCHA; ALVES, 2005, 2006; QUINTELLA; ROCHA; COSTA,
2005; QUINTELLA; ROCHA; MOTTA, 2005; ROCHA, 2005), visto que a mesma
abordava pesquisas e achados referentes justamente às empresas pesquisadas, sendo,
portanto de interesse dos gestores, e tratava de temas relacionados ao estudo: FCS e
PDP. Substituiu-se assim o passo proposto por Bullen e Rockart (1981) e Rockart
(2002) que previa a leitura prévia do artigo Chief Executives Define Their Own Data
Needs” de Rockart (1979), o qual expressa conceitos e utilizações dos FCS.
171
Especificamente no que tange os FCS na indústria automotiva, resgata-se a
seguir trechos da citada dissertação (ROCHA, 2005, p.46-48), os quais foram expostos
na apresentação e serão úteis nas análises feitas posteriormente.
Daniel (1961) [...] e Bullen e Rockart (1981) listaram “estilo”, “uma
organização eficiente de concessionárias” e “severo controle de custos de
manufatura” como sendo os fatores críticos de sucesso da indústria
automotiva americana. Rockart, em seu artigo A New Approach to Defining
the Chief Executive’s Information Needs, de 1978, adicionou a esses fatores
críticos de sucesso, a adequação à regulamentação de consumo de energia.
Bullen & Rockart (1981) utilizaram “Imagem”, no lugar de Estilo” nos
fatores críticos de sucesso da mesma indústria. A explicação está na ideia da
temporalidade dos FCS fatores temporais que são motivados por
alterações econômicas, políticas, sociais ou de condições competitivas como
um todo:
O estilo era um fator crítico de sucesso no início dos anos 60 para
toda e qualquer companhia da indústria automotiva. Conforme
Bullen & Rockart (1981), os americanos sempre foram altamente
influenciados pelo estilo, na decisão de compra de automóveis;
Os representantes diretos dos fabricantes de automóveis com os
clientes sempre foram as concessionárias. Não somente a venda
inicial dependia fortemente da qualidade dos mesmos, mas também
os contatos seguintes, via serviços, num constante reforço de
relacionamento, afetando as futuras compras de automóveis pelos
clientes;
Conforme Daniel (1961) [...], como o preço era ditado
primeiramente pela competição, o lucro por veículo e,
consequentemente os ganhos de cada companhia tem forte
influência pelo controle de custos: quanto mais eficiente a produção
e a linha de montagem, maiores os ganhos;
Em 1976/77, a adequação à regulamentação de consumo de energia
tornou-se FCS na indústria, por conta dos padrões governamentais
impostos para controle de poluição;
Após o impacto inicial da crise do petróleo em 1973/74, o
consumidor americano voltou a ser atraído pelos automóveis de
grande porte: conforme Bullen e Rockart (1981), enquanto as
172
fábricas de compactos da Ford, GM e Chrysler eram fechadas em
1976/77, as que produziam veículos maiores dobravam os turnos de
produção, de forma a acompanhar a demanda. Essa situação se
reverteu quando, em 1978, ocorreu a segunda crise do petróleo,
levando a maioria dos consumidores a ver seus automóveis como um
meio eficiente de transporte e não mais como algo que projetasse,
através do estilo, a personalidade do proprietário. A partir dos anos
80, a “imagempassou a substituir o “estilo” nos FCS da indústria
automotiva americana: procurando manter e fortalecer a imagem de
qualidade e eficiência de combustíveis, os fabricantes americanos
passaram também a buscar passar a imagem de eficiência e
confiabilidade, que era percebida pelos consumidores somente nos
veículos importados. A imagem agora passada combinava eficiência,
confiabilidade, facilidade de manutenção e patriotismo (BULLEN;
ROCKART, 1981) [...].
A Figura 29 mostra o exemplo da hierarquia dos FCS na indústria
automotiva americana, conforme os estudos de Daniel (1961), apud Bullen
& Rockart (1981) e Rockart (1978). Cada companhia incluiu os FCS da
indústria como parte de sua própria lista de FCS, adicionando cada uma os
FCS que surgem de sua abordagem particular ou posição ocupada na
indústria: a AMC, com sua divisão JEEP era líder no segmento de “tração
nas 4 rodas”, com grande parcela de seus lucros vindos daí, o que fazia com
que a manutenção da liderança neste nicho de mercado fosse um dos FCS da
AMC. Por outro lado, a Chrysler que passava por problemas de caixa, tinha
uma necessidade imediata temporal – de obter caixa para manter suas
linhas em funcionamento. Enquanto isso, a Ford e GM escolhiam enfrentar a
competição dos veículos importados, ao desenvolver novas linhas de
automóveis leves, econômicos e de tração dianteira. O desdobramento dos
FCS da Chrysler mostra a adição de três grupos de FCS de indivíduos,
conforme pode ser visto na mesma figura:
173
FCS da indústria automotiva americana
Imagem;
Qualidade do sistema de concessionárias;
Controle de custos; e
Enquadramento nos padrões de energia
FCS - Ford:
FCS - Chrysler:
FCS - GM:
FCS - AMC
“Carro mundial”;
Imagem;
Qualidade do
sistema de
concessionárias;
Controle de custos;
Enquadramento nos
padrões de energia.
Fluxo de caixa;
Imagem;
Qualidade do
sistema de
concessionárias;
Controle de custos;
Enquadramento nos
padrões de energia.
Modelo “J”;
Imagem;
Qualidade do
sistema de
concessionárias;
Controle de custos;
Enquadramento nos
padrões de energia.
Segmento “tração
nas 4”;
Imagem;
Qualidade do
sistema de
concessionárias;
Controle de custos;
Enquadramento nos
padrões de energia.
Gerente de Marketing
Gerente de
Manufatura
Gerente de Sistemas
de Informação
Aumento imediato
de vendas;
Imagem local;
Pessoal;
Etc.
Custo;
Qualidade;
Inventário;
Etc.
Serviço;
Comunicação;
Pessoal;
Adaptação ao novo
ambiente;
Etc.
Figura 29 - Relações entre FCS
Fonte: Rocha (2005), adaptado de Bullen e Rockart (1981)
Os resultados dos estudos de 2003 e 2004 que culminaram na citada pesquisa de
Mestrado sobre FCS foram também apresentados, sendo que os mesmos podem ser
vistos no trecho a seguir.
Hipótese I: Os Fatores Críticos de Sucesso para a indústria americana,
definidos por Daniel e Rockart nos anos 1960-80 são válidos para o
momento atual da indústria automotiva nacional.
Pelos resultados obtidos, podemos concluir que a Hipótese I foi considerada
plausível, pois os três Fatores Críticos de Sucesso definidos por Daniel e
Rockart nos anos 1960-80 foram validados pelos respondentes do segmento
industrial que tem como processo crítico o lançamento de veículos
automotores.
Questões-chave:
a) A imagem do produto (qualidade, eficiência e estilo) é um fator crítico de
sucesso no lançamento de novos veículos automotores?
174
Resposta: Sim, a imagem do produto foi validada como fator crítico de
sucesso no lançamento de veículos automotores em ambas as organizações
pesquisadas.
b) Uma organização eficiente de concessionárias é um fator crítico de
sucesso no lançamento de novos veículos automotores?
Resposta: Sim, uma organização eficiente de concessionárias foi validada
como fator crítico de sucesso no lançamento de veículos automotores em
ambas as organizações pesquisadas.
21
c) Um severo controle de custos de manufatura é um fator crítico de sucesso
no lançamento de novos veículos automotores?
Resposta: Sim, validou-se um severo controle de custos de manufatura como
um fator crítico de sucesso no lançamento de veículos automotores em
ambas as organizações pesquisadas.
Hipótese II: Estratégias de Marketing com foco na percepção de valor pelos
consumidores (estilo, imagem e organização eficiente de concessionárias) é
um fator crítico de sucesso no lançamento de novos veículos automotores.
Pelos resultados obtidos, pôde-se concluir que a Hipótese II foi considerada
plausível, pois este fator, deduzido a partir dos prognósticos de Porter (1986)
no modelo de ciclo de vida de produto para análise estratégica de indústrias
na fase de start-up, foi validado pelos respondentes como sendo crítico para
o sucesso no lançamento de veículos automotores.
Questão-chave: Estratégias de Marketing com foco na percepção de valor
pelos consumidores é um fator crítico de sucesso no lançamento de novos
veículos automotores?
Resposta: Sim, estratégias de marketing com foco na percepção de valor
pelos consumidores foi validado como fator crítico de sucesso no
lançamento de veículos automotores em ambas as organizações pesquisadas
[...].
Existe na percepção dos respondentes do segmento estudado da indústria
automotiva – algum outro fator considerado como crítico de sucesso no
lançamento de novos veículos automotores, além dos deduzidos dos
prognósticos de Porter e dos estudos de Daniel e Rockart?
Resposta: Não, pois as sugestões de inclusão estavam, de alguma forma,
inseridas nos fatores sugeridos, variando apenas na sua redação e/ou estando
implícitas nestes (QUINTELLA; ROCHA; ALVES, 2005, p.343-344).
175
Cabe ressaltar que a Hipótese III, “Um método adequado para o desenvolvimento
de produtos, com a utilização das melhores práticas para excelência em custos,
qualidade e prazo, e que possa capturar as necessidades dos consumidores, para que
estas sejam atendidas via o produto oferecido, é um fator crítico de sucesso no
lançamento de novos veículos automotores”, foi validada por somente uma das
empresas, a de caminhões e ônibus, ao que os autores inferiram que a diferença de
percepções se devia a:
enquanto a empresa do segmento automóveis trabalha na identificação de
modelos que atendam às necessidades do mercado brasileiro e utiliza a
produção em massa e padronização como forma de alavancagem de seus
resultados, restando aos consumidores poucas opções de individualização
dos produtos exceto por cores e opcionais escolhidos –, a outra empresa,
voltada ao fornecimento de caminhões e ônibus, trabalha com diversas
opções de fornecimento, além das diversas customizações que esse mercado
exige, tornando-se muito mais próxima e óbvia a interação existente entre as
necessidades dos consumidores e o produto que é desenvolvido e oferecido
por esta organização (QUINTELLA; ROCHA; ALVES, 2005, p.345).
No que tange a identificação do nível de maturidade (Maturity Level ML) do
PDP, na qual se considerou os critérios do Capability Maturity Model Integration das
empresas estudadas, foram também apresentados os resultados da pesquisa, cujo
trecho pode ser visto a seguir.
Conclui-se que os PDPs das organizações estudadas, segundo a visão de seus
executivos, são equivalentes ao ML2 do CMMI, entendido como sendo um
processo “planejado, executado, medido, controlado e com as práticas
existentes mantidas, mesmo nos momentos de crise, podendo repetir a
experiência para novos projetos”. No entanto, os respondentes indicaram que
o processo existente não pôde ser caracterizado como integrado e
estruturado, nem operar dentro de limites estabelecidos, havendo campo
21
Estudo de Caideco, Mitchke e Ark (2007) apontam a forte influência das concessionárias, destacando os FCS
para estas como sendo os processos gerenciais, foco na melhoria do serviço e planejamento junto aos fabricantes.
176
suficiente – no entendimento dos próprios executivos – para aprimoramento
e refinamento.
Tais achados estão alinhados com os insights da pesquisa exploratória, que
indicaram a existência de práticas não alinhadas por um processo integrado
(processos satélite). O atingimento do ML3 caracterizaria um PDP definido,
ou seja, “caracterizado e compreendido, descrito na forma de padrões,
procedimentos, ferramentas e métodos”. Recomenda-se, pois que ambas as
organizações busquem estabelecer PDPs que integrem as diversas práticas e
ferramentas existentes (hoje utilizadas de forma isolada), para torná-los mais
completos, abrangentes e potentes para alavancar os resultados de mercado e
financeiros da própria organização.
A observação detalhada dos resultados da pesquisa identifica a existência de
diferenças significativas de percepção de maturidade no PDP dentre os
respondentes. A razão pode ser a dificuldade de visibilidade e entendimento
do processo pelas partes envolvidas: apesar das ferramentas e práticas hoje
estabelecidas, não existe um processo integrado, que envolva áreas
funcionais e de projeto (transversais) das organizações em um modelo único,
alinhando recursos e esforços para o desenvolvimento de novos produtos,
padronizando ferramentas, métodos, processos e práticas a serem utilizadas
por pessoas em funções predefinidas, em momentos específicos. Sugere-se o
imediato investimento no desenvolvimento deste PDP, seguido de ações para
o desdobramento do mesmo pelas partes envolvidas (internas e externas),
por meio de maciço treinamento e acompanhamento da Alta Direção via
checkpoints/milestones (QUINTELLA; ROCHA, 2006a, p.206-208).
Ao final deste bloco de apresentações, apresentou-se a proposta da presente
pesquisa, seus objetivos e contribuição esperada. Por conta da apresentação dos
resultados da pesquisa anterior, junto com a apresentação dos conceitos de FCS, o
tempo total do Workshop foi de cerca de 60-70 minutos e, a partir do mesmo foram
planejadas as entrevistas individuais com os gestores, segundo passo do processo
definido por Bullen e Rockart (1981) e Rockart (2002).
2 Entrevistas com gestores e outros colaboradores-chave, por meio das quais é
desenvolvido pelo pesquisador/facilitador o grupo de FCS a serem usados como ponto
inicial nas etapas que se seguem do processo. Ainda que tais entrevistas pudessem ser
177
coletivas, Rockart (2002) recomenda que sejam individuais para minimizar as
respostas “politicamente corretas”, que poderiam ocultar importantes informações e
por evitar tendências à concordância com deres presentes. Optou-se também pelas
entrevistas individuais para que, ainda que consumindo maior tempo total, fosse
possível entrevistar todos os indivíduos designados, à conveniência de cada um deles:
pelo elevado mero de pessoas envolvidas, seria provável que alguns elementos-
chave não pudessem comparecer às reuniões, devido a conflitos de agenda.
O método proposto por Bullen e Rockart (1981) prevê que a postura do
pesquisador durante nas entrevistas não seja passiva, limitando-se a coletar opiniões.
Ao contrário, recomenda uma postura proativa, na qual o entrevistado é motivado,
questionado e sugestões e perguntas são feitas, inclusive para evitar que os
entrevistados se fixem em um tipo de FCS (por exemplo, destacando somente FCS
internos, sem abordar aspectos externos) ou que o mesmo FCS seja abordado/discutido
de diferentes formas, cabendo ao pesquisador propor a agregação dos mesmos.
Estudos prévios por parte do pesquisador devem capacitá-lo a questionar por áreas
relevantes que o entrevistado pode não ter mencionado, sem, no entanto, tentar
persuadir o entrevistado a incluir outros FCS se isso não for apropriado. Ou seja, o
pesquisador deve auxiliar, mas não ser diretivo, nem indicar julgamento de sua parte
(BULLEN; ROCKART, 1981). Por conta de tal recomendação, os FCS
prognosticados anteriormente (hipóteses) o foram sugeridos pelo pesquisador aos
entrevistados durante contato com estes.
Houve acentuada dispersão no tempo das entrevistas, com algumas consumadas
em pouco mais de 30 minutos, até o máximo de 2h30min, não sendo buscado pelo
pesquisador atingir o tempo previsto por Rockart (2002) para as mesmas: de 1 h a
1h30min, visto que isso iria contra os conceitos descritos no parágrafo anterior, ao
buscar-se extrair mais FCS do que os indicados pelos entrevistados, além de estancar
fontes mais ricas de informação (no caso de entrevistas mais longas), como as que, em
alguns casos, houve apresentações de dados e informações Corporativas na forma de
slides e relatórios. Além disso, informações que poderiam neste passo serem
entendidas como excessivas ou excedentes, foram capturadas como aspectos
relevantes de passos seguintes da pesquisa, na qual se previa a justificativa das
178
escolhas dos FCS, ao serem relatados casos de sucesso e falhas (vide objetivos
específicos da pesquisa), a exemplo da pesquisa desenvolvida por Smulders (2001).
3 Workshop de foco - a partir da lista inicial de FCS, o método previsto por
Rockart (2002) prevê a apresentação da mesma em um workshop de foco, nos quais
seriam debatidos os achados, de forma a serem definidos os FCS da organização e o
grupo de ações advindas de tais constatações. Tal workshop, segundo o autor, seria
dividido em três partes: discussão, concordância e desenvolvimento de ões, de tal
forma que se completasse a análise, verificação, pesquisa, interpretação e
implementação de ações e contra-medidas na organização, conforme mostrado na
Figura 30.
Figura 30 - Processo dos FCS
Fonte: adaptado de Rockart (2002)
Worshop inicial
Apresentação dos
conceitos e processos de
FCS
Entrevistas individuais
Visões individuais dos
FCS: ~ 20 executivos (1
a 1-1/2h cada)
Workshop de foco
FCS debatidos (1 dia
com gerentes) e
programa de ações
desenvolvido
Ações, programas e projetos
Provê foco no que deve
ser feito para avanço em
áreas críticas
FCS
Conclusão do workshop
179
No entanto, como o pesquisador não é colaborador direto ou consultor junto às
empresas pesquisadas, não é prevista a execução, pelo menos até o momento atual, do
workshop de foco, visto exigir atividades além das previstas no modelo de Cooper e
Schindler (2003). Além disso, as etapas finais do citado workshop preveem o
desdobramento dos FCS em ações, estabelecimento de medidas para o sucesso,
responsabilidades, alterações no sistema de informações e implicações orçamentárias
(ROCKART, 2002), estando, portanto fora do escopo da presente pesquisa.
Outro aspecto a ser analisado foi levantado pelo próprio Rockart (2002): segundo
o mesmo, os FCS coletados nas entrevistas não são aceitos por todos os membros,
pelos seguintes fatores:
Algumas informações são novas para alguns participantes;
Alguns participantes estão envolvidos em atividades que, ainda que
críticas para eles, não são listadas pelos demais como FCS;
Pode haver alguma mudança de percepção de foco do dia a dia na
organização, além vieses do poder de alguns indivíduos; e
A discussão pode levar a profundas mudanças em como os gestores
enxergam o negócio (o que implicaria até mesmo em mudanças de
cunho estratégico).
Ou seja, a presente pesquisa, após o planejamento e execução da mesma (coleta e
interpretação de dados), prevê tão somente o relato dos achados (conclusões e
recomendações), o qual ocorre na forma da tese de doutorado, bem como publicações
de artigos e/ou relatórios, cabendo às organizações o estabelecimento das ações de
cunho estratégico que julgarem adequadas com base nos achados da mesma.
Por conta destes fatores, os quais exigiriam um nível de envolvimento e
participação do pesquisador na organização além da prevista, acordada e mesmo
autorizada, decidiu-se buscar uma forma diferenciada para identificação dos FCS da
organização, com foco em seus PDPs. De forma o poder analisar as opiniões dos
especialistas selecionados, optou-se pelo uso do método Delphi, tratado como uma
customização do método proposto por Rockart (2002), solução também adotada por
Wallace (1983). Ao invés do workshop de foco, buscar-se-á o consenso por meio deste
180
instrumento, o qual se insere nos chamados métodos prospectivos, de cunho
qualitativo (GRISI; BRITO, 2003).
Scott (1998) e Linstone e Turrof (2002) definem Delphi como sendo um método
para estruturar o processo de comunicação de um grupo, de tal forma que o mesmo
possa, de forma integrada, lidar com problemas complexos, próprio para situações
como:
Quando o problema não se presta a técnicas analíticas precisas, mas se beneficia
de julgamentos subjetivos numa base coletiva;
Quando a quantidade de indivíduos necessária é maior do que a que pode
interagir efetivamente face a face, sendo inviáveis reuniões frequentes com todos.
Tais aspectos justificam a escolha de tal método para a continuidade da pesquisa.
Okoli e Pawlowski (2004) citam ainda que o método se presta a investigar questões de
alta incerteza e especulação. Além destes, as características do método apontadas por
Vergara (2005, p. 174), nas quais destaca-se: “o fato de que o anonimato reduz a
influência de um determinado especialista sobre outros e a relutância do respondente
em desfazer-se de posições assumidas” e “possibilita a reconsideração individual de
opiniões”, corroboram com a escolha deste método.
Segundo Wright e Giovinazzo (2000), Baxter (2003), Okoli e Pawlowski (2004),
Vergara (2005) e Chtioui (2007), o método Delphi foi desenvolvido por Olaf Helmer e
Norman Dalker, pesquisadores da Rand Corporation, na década de 50 e foi aplicado
pela primeira vez para se obter consenso entre especialistas sobre a ameaça nuclear da
União Soviética contra os Estados Unidos. O modelo Delphi coleta as opiniões de um
grupo de especialistas, por meio de um questionário estruturado, em rodadas
sucessivas: o primeiro questionário costuma abranger os aspectos gerais, para obter um
posicionamento inicial dos participantes. O segundo questionário, elaborado a partir
das respostas do primeiro, destina-se a clarear e expandir alguns tópicos, identificar
áreas de concordâncias e discordâncias e uma primeira tentativa para estabelecer as
prioridades. No terceiro questionário busca-se estabelecer consenso sobre os tópicos
levantados e determinar qual a melhor solução / resposta. E comum os participantes
serem solicitados a votar em alternativas na segunda e terceira rodada. Segundo
181
Vergara (2005, p. 177), “poderão ser realizadas quantas rodadas forem necessárias
para que a divergência de opiniões entre os especialistas tenha se reduzido a um nível
que se considere satisfatório. São necessárias no mínimo duas e em geral, no máximo
cinco”. de se destacar que a fase inicial do workshop e entrevistas individuais para
identificação dos FCS substituíram o questionário inicial, exploratório. Desta forma, a
expectativa era de que houvessem de uma a quatro rodadas de Delphi para obtenção do
consenso total ou parcial entre os especialistas.
Muitas vezes, os especialistas selecionados são grandes autoridades sobre o
assunto e dificilmente poderiam ser reunidos em uma sessão conjunta. Assim, o
método foi desenvolvido para consulta postal, com os participantes enviando as
respostas por escrito. No modelo original, os participantes não se conheciam entre si e
era garantido o anonimato dos mesmos. Pode haver redução dos custos de pesquisa,
eliminando-se os questionários e materiais impressos, bem como despesas
relacionadas aos serviços de correios (Delphi eletrônico) (VERGARA, 2005).
Okoli e Pawlowski (2004) destacam a importância da escolha dos especialistas
neste processo, sendo um dos requerimentos mais críticos para o sucesso da pesquisa,
uma vez que o método não depende de amostras estatísticas que visam ser
representativas de qualquer população, dependendo sim do conhecimento dos
especialistas sobre aspectos relacionados à pesquisa. Segundo os autores, a população
em geral, ou uma parcela dela, usualmente o tem conhecimento suficiente para lidar
adequadamente com as questões que são colocadas neste tipo de pesquisa.
Algumas características e forma de uso do método, apontadas por Vergara (2005,
p. 174-175) são listadas a seguir, caracterizando a adequação do mesmo aos métodos e
passos utilizados na presente pesquisa:
“Procede-se a uma revisão de literatura pertinente ao problema de investigação e
escolhe(m)-se a(s) orientação(ões) teórica(s) que dará(ao) suporte ao estudo”, o
que foi feito pela identificação da situação problema e estudos anteriormente
apontados;
“Seleciona-se um grupo de especialistas no assunto, tendo o cuidado de que,
individualmente, sejam diferentes em termos de status, autoridade formal e
filiação a grupos”, o que foi atendido com base na seleção dos respondentes, uma
182
amostra classificada como não-probabilística por julgamento, dentro da
delimitação do estudo às empresas citadas;
“Há maior possibilidade de introduzir vieses na pesquisa, pois a seleção de
especialistas é prejudicada pelo acesso de um elevado número de pessoas ao site,
cabendo ao próprio pesquisado a tarefa de definir se é especialista ou não no
assunto (Delphi eletrônico)”, o que foi eliminado pela identificação prévia da
população dos respondentes pela Alta Gerência, composta por indivíduos
envolvidos diretamente nos PDPs das empresas pesquisadas, todos com larga
experiência e vivência no assunto;
“Pede-se-lhes que apoiem suas respostas quantitativas com justificativas
qualitativas” e “relacionam-se as justificativas às respostas quantitativas”, o que
permite o alinhamento do método com os objetivos específicos da pesquisa,
especificamente, ao compilar casos de sucesso e ocorrências de insucessos na
visão dos key-players em DP nas organizações estudadas”; e
“Confrontam-se os resultados obtidos com a(s) teoria(s) que deu(ram) suporte à
investigação”, o que é feito pelo cruzamento de referenciais teóricos diversos
quando da compilação e análise dos resultados de cada rodada, além do fato de que
os achados finais serão confrontados com os FCS prognosticados para
corroboração ou refutação das hipóteses desenvolvidas.
A partir da análise dos instrumentos de coleta e dos métodos de avaliação dos
mesmos (MATTAR, 1996), foi desenvolvido um modelo de questionário, com o qual
recolheram-se as informações necessárias ao desenvolvimento do trabalho. A coleta de
dados nesta fase da pesquisa foi realizada por meio da aplicação de questionário
autopreenchido, ou seja, o questionário lido e preenchido diretamente pelos
pesquisados. A opção pelo questionário autopreenchido, ao invés de entrevistas, se
deve principalmente ao tempo de aplicação e custo envolvido, que no caso de
entrevistas seriam muito altos. Atende também as recomendações de Okoli e
Pawlowski (2004) de que os questionários utilizados no método Delphi possam ser
preenchidos rapidamente.
183
Os questionários, após contato prévio (durante entrevistas), foram enviados e
recebidos por e-mail. No contato inicial com os respondentes, foi solicitada a
colaboração no desenvolvimento da pesquisa por meio do preenchimento do
questionário. Todos os participantes foram informados sobre a característica científica
e acadêmica da pesquisa e sobre seu propósito, o que reforça a característica de não
disfarce do instrumento. Um instrumento disfarçado é aquele que não permite
nenhuma transparência sobre os propósitos da pesquisa
4.8.1. Escalas de medidas
Segundo Mattar (1996), a atitude em relação a um objeto, organização, pessoa,
fato ou situação é expressa de forma direcional e pode ser avaliada por meio de coleta
da manifestação de sentimentos a favor, contra ou neutros. As escalas de auto-relato
22
são as mais utilizadas para medir atitudes em função de sua facilidade de aplicação e
de análise e a seu baixo custo.
A escala escolhida para o instrumento desta pesquisa foi a escala somatória ou
escala Likert, que é uma escala indireta, ao combinar um conjunto de respostas dos
entrevistados em relação ao objeto em questão para determinar qual a sua posição na
escala de atitude desenvolvida: proposta por Rensis Likert em 1932, compreende uma
série de afirmações relacionadas com o objeto pesquisado. Os respondentes são
solicitados, não a concordarem ou discordarem das afirmações, mas também a
informarem qual seu grau de concordância/discordância. A cada célula de resposta é
atribuído um número que reflete a direção da atitude do respondente em relação a cada
afirmação. A pontuação total da atitude de cada respondente é dada pela somatória das
pontuações obtidas para cada afirmação. Conforme Cooper e Schindler (2003), “como
o número de tais escalas tem apenas um significado de classificação, a mensuração
apropriada da tendência central é a mediana”, enquanto “uma medida percentual ou
quartil revela a dispersão”. Este aspecto é corroborado por diversos outros autores
22
Auto-relato é a técnica mais utilizada em pesquisa de Marketing para a medição de atitudes. Esta técnica
consiste em solicitar às pessoas que respondam a um questionário com questões a respeito de suas atitudes -
Mattar (1996, p. 93).
184
(HASSEGAWA, 2002; HOEL, 1984; LEVIN, 1987; MATTAR, 1996; SIEGEL, 1981;
SIEGEL, S.; CASTELLAN JR., 2006). A escala Likert foi utilizada na primeira
questão do questionário.
As afirmações foram baseadas nas hipóteses. Seguindo as orientações do Okoli e
Pawlowski (2004), cada fator (hipótese) era colocado de forma simples, resumida, para
se testar o grau de concordância dos respondentes como FCS proposto.
O questionário continha ainda uma segunda questão, na qual era oferecida a
possibilidade de receber um sumário com os resultados finais da pesquisa, caso o
respondente indicasse seu desejo de recebê-lo.
4.9. PRÉ-TESTE DO QUESTIONÁRIO
O pré-teste do instrumento busca verificar:
1. Se os termos utilizados nas perguntas são de compreensão dos
respondentes;
2. Se as perguntas estão sendo entendidas como deveriam ser;
3. Se a sequência das perguntas está correta;
4. Se não há objeções na obtenção das respostas;
5. O tempo demandado no seu preenchimento.
Segundo Mattar (1996), após ter sido construído o primeiro rascunho do
instrumento de coleta de dados (questionário), deve-se proceder a inúmeras revisões.
Uma vez concluída a revisão, este pode ser considerado pronto para ser pré-testado. O
pré-teste do instrumento consiste em saber como ele se comporta numa situação real
de coleta de dados e, para tanto, o mesmo foi submetido a dois respondentes
integrantes do universo.
Não houve qualquer questionamento ou dúvida dos respondentes sobre o
questionário em si. No entanto, percebeu-se que os mesmos tiveram alguma
dificuldade no julgamento sobre os Fatores Críticos de Sucesso: após explorar a
dificuldade junto aos respondentes, foi percebido que a mesma ocorreu primariamente
pelo fato do desconhecimento do conceito de FCS, bem como a não leitura do
185
parágrafo que antecede as perguntas que se presta a dar uma breve explicação sobre
o que são os FCS. Desta forma, sem que fosse detectada a necessidade de alteração no
questionário por este motivo, decidiu-se, antes da submissão dos questionários, fazer
uma nova breve explanação para cada um dos respondentes sobre os conceitos de FCS,
mesmo existindo uma descrição sobre o assunto no próprio questionário.
4.10. TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
Após a elaboração das hipóteses nulas, o próximo passo proposto por Mattar
(1996) para validação das hipóteses é a seleção do teste estatístico adequado à
situação. A escolha do teste estatístico a ser aplicado depende de vários fatores:
A primeira escolha a ser feita, dependendo da escala dos dados ou da
disponibilidade ou o de dados da população, é entre testes paramétricos ou não
paramétricos.
A segunda escolha a ser feita ocorre quando houver mais de um tipo de teste que
possa ser aplicado à situação. Dentre várias alternativas de escolha de testes, deverá
ser escolhido aquele que tiver o maior poder, ou seja, aquele que apresentar a maior
probabilidade de rejeição de H
0
quando falsa.
Uma terceira escolha deverá ser feita tendo em vista o tipo de escala em que os
dados foram medidos. Haverá diferentes testes a serem aplicados, se os dados forem
nominais ou ordinais.
Finalmente, uma quarta escolha deverá ocorrer quando se tratar de apenas uma
amostra, duas amostras relacionadas e não relacionadas, ou várias amostras
relacionadas e não relacionadas. Segundo Mattar (1996), o conceito de relacionamento
entre amostras diz respeito a se a escolha de um elemento para fazer parte da amostra
interfere na probabilidade de escolha de outro ou se o resultado da avaliação de
qualquer elemento da amostra possa ter interferido na avaliação de outro.
Para cada uma das hipóteses foi criada uma afirmação, na qual se testava o grau
de concordância do respondente (p/ex: “O gerenciamento de custos e orçamentos é um
FCS para os PDPs”), devendo o mesmo escolher “discordo totalmente”, “discordo
parcialmente”, “não concordo nem discordo”, “concordo parcialmente” ou “concordo
186
totalmente”, numa escala de 1 a 5, como pode ser observado no Apêndice A
(questionário da pesquisa Delphi). As respostas compiladas são então tratadas
estatisticamente, calculando-se a mediana das respostas e, a partir deste ponto, prevê-
se uma série de testes:
4.10.1. Avaliação do valor da mediana
Como a escala Likert utilizada prevê dois níveis de rejeição (1 e 2), um nível
neutro (3) e dois níveis de concordância (4 e 5), infere-se que medianas inferiores a 3
caracterizariam a rejeição dos FCS propostos, ou seja, a aceitação das H
0
s.
4.10.2. Grau de confiança da mediana
Para avaliar a confiança na mediana encontrada (ou seja, a confiança de que a
mesma não é inferior a 3, a determinado grau de significância), utiliza-se o teste de
sinais: conforme Triola (1999, p.498), “podemos aplicar o teste de sinais a uma
afirmação sobre a mediana de uma única população”, enquanto Hoel (1984) cita que é
possível testar valores de mediana por meio do teste do sinal, restringindo, no entanto,
a variáveis contínuas. Como Siegel (1981) admite que numa escala ordinal, com suas
categorias discretas, um continuum de resultados possíveis ainda que, por conta
da “falta de precisão do aparelhamento de mensuração”, não se distinga as pequenas
diferenças que realmente existem entre as observações -, utilizou-se tal teste na
presente pesquisa. Conforme Triola (1999), o processo a ser seguido é composto dos
seguintes passos:
1) Atribuir sinais positivos e negativos, tendo como base a diferença destes
para o valor de referência na presente pesquisa, trata-se do valor três,
estabelecido como pontuação mínima para caracterizar a aceitação do FCS;
2) Descarte dos valores zero;
3) Compilação do número de vezes que o sinal menos frequente ocorre –
identificado como “xe do número total combinado de sinais positivos e
negativos – identificado como “n”;
187
4) Comparação de “x” com a expectativa de ocorrências do valor de referência
no caso da presente pesquisa, o “x” deveria ser indicativo das respostas
com pontuação menor do que três
23
;
5) Caso “x” não corresponda às expectativas, o teste se encerra, caracterizando
a ocorrência da situação diversa do que era esperado o que seria, no caso
da presente pesquisa, encontrar uma mediana menor do que três;
6) Se a expectativa se confirmar, há de avaliar se o resultado é estatisticamente
representativo, dentro de determinado grau de significância: para amostras
de até 25 elementos, verifica-se o valor crítico tabelado para aceitação /
corroboração, conforme a Tabela 9;
Tabela 9 – Valores críticos para o teste de sinais
α (bicaudal)
n
0,01 0,02 0,05 0,10
5 - - - 0
6 - - 0 0
7 - 0 0 0
8 0 0 0 1
9 0 0 1 1
10 0 0 1 1
11 0 1 1 2
12 1 1 2 2
13 1 1 2 3
14 1 2 2 3
15 2 2 3 3
16 2 2 3 4
17 2 3 4 4
18 3 3 4 5
19 3 4 4 5
20 3 4 5 5
21 4 4 5 6
22 4 5 5 6
23 4 5 6 7
24 5 5 6 7
25 5 6 7 7
Fonte: adaptado de Triola (1999)
7) Para valores maiores do que 25, utilizar a estatística “z”: conforme Siegel
(1981), a distribuição amostral para prova de sinais tem distribuição
23
Conforme Triola (1999, p.495), “não há como apoiar uma afirmativa de ρ > 0,5 com qualquer proporção
amostral menor do que 0,5”.
188
aproximadamente normal para N>25, permitindo o uso da estatística “z”
com correção de continuidades, conforme a fórmula apresentada a seguir:
z = ( x + 0.5 ) – ( n / 2) (1)
n
1/2
/2
4.10.3. Comparação da importância dos FCS
Ainda que não seja o escopo da presente pesquisa criar qualquer hierarquia ou
escala de importância dos FCS, mas tão somente identificá-los e validá-los, prevê-se
um teste para avaliar a existência de diferenças significativas entre eles, segundo a
opinião dos respondentes, o que ocorreria no caso da aceitação/validação de alguns e
rejeição de outros.
Para o método estatístico (não paramétrico), as escalas de medição utilizadas para
os dados (ordinais) e o mero de amostras e o seu relacionamento, utilizou-se o teste
Kolmogorov-Smirnov, sugerido por Mattar (1996) para tal situação, por “tirar proveito
da natureza ordinal da informação” e por não exigir frequências mínimas.
Conforme Hoel (1984) e Guimarães e Cabral (1998), o método de Kolmogorov-
Smirnov foi apresentado inicialmente por dois matemáticos russos, Andrey
Nikolaevich Kolmogorov e Vladimir Ivanovich Smirnov, e o mesmo consiste em usar
uma amostra ordenada para construir uma função degrau, na qual faz-se a análise de
proximidade (ou de ajuste) com relação à função de distribuição populacional. A
estatística que se denota por D corresponde ao supremo da diferença em valor absoluto
entre S
0
(x) função de distribuição acumulada empírica ou da amostra e F
0
(x)
função de distribuição populacional acumulada que é admitida em H
0
quando são
considerados todos os valores possíveis da variável x (GUIMARÃES; CABRAL,
1998; SIEGEL, 1981), conforme a notação simbólica a seguir:
D = |S
0
(x) – F
0
(x)| (2)
189
Desta forma, conforme Siegel (1981), o teste Kolmogorov-Smirnov determina se
“os valores da amostra podem razoavelmente ser considerados como provenientes de
uma população” com determinada distribuição teórica e isso é feito determinando-se o
ponto em que essas duas distribuições teórica e observada acusam maior
divergência. Na presente pesquisa buscou-se, por meio da utilização do teste
Kolmogorov-Smirnov, verificar se existe diferenciação entre os FCS avaliados pelos
respondentes: a distribuição teórica, caso não houvesse diferenciação entre eles, seria a
de valores aproximadamente iguais para os FCS e a distribuição acumulada teórica
seria representada graficamente por uma linha reta (função linear). A aplicação do
método é feita em etapas conforme o roteiro a seguir:
1) Ordenação dos FCS em ordem decrescente de pontuação absoluta (pa).
pa = Σ pontos (FCS)
2) Cálculo da pontuação relativa que representa o percentual de pontos de cada fator
em relação ao total de pontos (pr).
pr = pa / pt
3) Cálculo da pontuação relativa acumulada que representa o percentual acumulado,
a cada fator, em relação ao total de pontos (pra).
pra = Σ pa
4) Cálculo da pontuação relativa teórica que representa o percentual teórico de
pontos de cada fator, considerando-se a hipótese de não haver percepção
diferenciada pelos respondentes (prt).
prt = 1 / 8 (oito FCS)
5) Cálculo da pontuação relativa acumulada teórica que representa o percentual
teórico acumulado, a cada fator, em relação ao total de pontos, considerando-se a
hipótese de não haver percepção diferenciada pelos respondentes (prta).
prta = Σ prt
6) Cálculo da diferença entre a pontuação real e teórica que representa a diferença
entre percentuais acumulados observados e percentuais acumulados teóricos, a
cada fator ().
D = pra - prta
190
7) Comparação entre o valor da diferença máxima acumulada, com o valor tabelado
(vide Tabela 10) para o número de componentes da amostra e grau de
significância, conforme mostrado no exemplo da Figura 31.
Tabela 10 – Valores críticos de D na prova de Kolmogorov-Smirnov
Nível de significância para D máximo
Tamanho da
amostra (N)
0,2 0,15 0,1 0,05 0,01
1 0,900 0,925 0,950 0,975 0,995
2 0,684 0,726 0,776 0,842 0,929
3 0,565 0,597 0,642 0,708 0,828
4 0,494 0,525 0,564 0,624 0,733
5 0,446 0,474 0,510 0,565 0,669
6 0,410 0,436 0,470 0,521 0,618
7 0,381 0,405 0,438 0,486 0,577
8 0,358 0,381 0,411 0,457 0,543
9 0,339 0,360 0,388 0,432 0,514
10 0,322 0,342 0,368 0,410 0,490
11 0,307 0,326 0,352 0,391 0,468
12 0,295 0,313 0,338 0,375 0,450
13 0,284 0,302 0,325 0,361 0,433
14 0,274 0,292 0,314 0,349 0,418
15 0,266 0,283 0,304 0,338 0,404
16 0,258 0,274 0,295 0,328 0,392
17 0,250 0,266 0,286 0,318 0,381
18 0,244 0,259 0,278 0,309 0,371
19 0,237 0,252 0,272 0,301 0,363
20 0,231 0,246 0,264 0,294 0,356
25 0,21 0,22 0,24 0,27 0,32
30 0,19 0,2 0,22 0,24 0,29
35 0,18 0,19 0,21 0,23 0,27
Mais de 35 1,07/N
1/2
1,14/N
1/2
1,22/N
1/2
1,36/N
1/2
1,63/N
1/2
Fonte: Massey (1951), apud Siegel (1981)
Te ste Kolmogorov-Smirnov (e xemplo)
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
A B C D E F G H
Fa tore s
Freqüência
A m os tra
Teórica
D
Figura 31 – Exemplo do teste Kolmogorov-Smirnov
Fonte: ROCHA (2005)
191
8) A referência à distribuição amostral indica se uma diferença máxima pode ser
atribuída ao acaso. Se a divergência não for superior ao D da Tabela 10, a mesma
pode ser não pertinente e atribuída ao acaso, indicando a não diferenciação entre
os FCS.
Conforme Mattar (1996), este teste é relativamente simples na aplicação, mas
bastante poderoso como ferramenta para identificação de resultados que sejam
estatisticamente significativos, ou seja, que efetivamente possam ser validados.
4.10.4. Grau de crença/descrença na mediana
Completa-se a avaliação das medianas, ou seja, da aceitação/rejeição dos FCS
propostos por meio da utilização da lógica paraconsistente, a qual é utilizada no
tratamento de base de dados que contenham inconsistências/contradições, bastante
utilizada em Ciências da Computação e Inteligência Artificial (CARVALHO, 2002;
PRIEST; TANAKA, 2004).
Sendo a escolha (identificação) e validação dos FCS um processo subjetivo,
trata-se de um conhecimento incerto, sendo “aquele que é discutível e ao qual,
normalmente, associamos uma medida de incerteza que descreva de algum modo
crenças para as quais existem certas evidências de apoio” (DA COSTA et al., 1999).
O método consiste em estabelecer proposições e parametrizá-las de forma a
poder “isolar os fatores de maior influência nas decisões e, por meio de especialistas,
obter anotações para esses fatores, atribuindo-lhes um grau de crença 1) e um grau
de descrença 2)” (CARVALHO, 2002), como valores independentes, que podem
variam de 0% a 100%, ou seja, de 0 a 1. Tais fatores, colocados num gráfico
cartesiano, mostram uma região em que se inserem todas as possibilidades de crença e
descrença, conforme visto na Figura 32.
192
Figura 32 – Representação cartesiana de µ1 e µ2
Neste modelo, percebe-se que o ponto (1,0) caracterizaria 100% de crença e 0%
de descrença sobre um determinado aspecto, enquanto o ponto (0,1) caracterizaria total
descrença. o também importantes os pontos (0,0) e (1,1): o primeiro, por não haver
crença ou descrença sobre determinado aspecto, caracterizaria total indeterminação, ao
passo que o segundo representaria um paradoxo de 100% de crença e 100% de
descrença, ou seja, plena contradição de opiniões, ou inconsistência das mesmas.
Conforme Carvalho (2002), tais situações representam, respectivamente, a máxima
indeterminação, com graus de crença e descrença nulos (não se crê e nem se descrê) e
de máxima inconsistência, com graus de crença e descrença máximos (crê piamente e
descrê piamente, ao mesmo tempo).
Obviamente, as diagonais (0,1)(1,0) e (0,0)(1,1) representariam respectivamente
a variação do grau de certeza (crença) e contradição.
O modelo prevê não somente os extremos, mas também regiões intermediárias e,
desta forma, segmenta-se tais regiões com base na proximidade dos extremos, no
modelo denominado para-analisador ou Quadrado Unitário no Plano Cartesiano –
QUPC, como pode ser visto na Figura 33. Tais regiões auxiliam no processo decisório,
ao levar em consideração, pelo posicionamento, os aspectos de crença e descrença
simultaneamente.
µ1
µ2
(1,1)
(1,0)
(0,1)
(0,0)
193
Figura 33 – Divisão do QUPC em regiões
Fonte: adaptado de Da Costa et al. (1999)
De modo prático, um sistema paraconsistente funciona da seguinte forma:
1) Se existir um alto grau de contradição, não existe consistência quanto ao
achado, portanto deve-se buscar novas evidências.
2) Se existir um baixo grau de contradição, pode-se formular a conclusão desde
que se tenha um alto grau de certeza.
A simbologia adotada na lógica paraconsistente é a seguinte (CARVALHO,
2002, 2006):
T
-
Inconsistente
V -
Verdadeiro
F -
Falso
-
Indefinido
-
Tendendo
QV -
Quase Verdadeiro
QF -
Quase Falso
(0, 1)
(0,1/2)
(0, 0)
(1/2, 0) (1, 0)
(1,1/2)
(1/2, 1)
(1, 1)
µ
C
µ
E
A
JF
K H
GL
I
B D
194
Desta forma, o QUPC passa a ser representado com tais símbolos na
identificação das áreas, como pode ser observado na Figura 34:
Figura 34 – QUPC
Fonte: Adaptado de Carvalho (2002)
Silva Filho (1999, p.13-16) apresentou alguns exemplos de situações em que,
além da certeza, lida-se também com contradições e indeterminações, como forma de
“demonstrar que a Lógica Paraconsistente pode ser aplicada para modelar
conhecimentos por meio de procura de evidências de tal forma que os resultados
obtidos são aproximados do raciocínio humano”, os quais são relatados a seguir:
Numa reunião de condomínio, para decidir uma reforma no prédio nem
sempre as opiniões dos condôminos são unânimes. Se sempre houvesse
unanimidade, facilitaria em muito a decisão do síndico. Alguns querem a
Grau de Certeza
Grau de Contradição
Totalmente
Verdadeiro
+ 1
+ 1
Totalmente
Inconsistente
Totalmente
Indeterminado
-1
-1
Totalmente
Falso
µ1
µ1µ1
µ1-Grau de crença
µ
µµ
µ2 -Grau de descrença
A= (0,0)
B= (0,1) C= (1,1)
D= (1,0)
V
SCC =
½
V
ICCT =
-½
V
ICC =
-½
V
SCCT =
½
QF
T T
F
F
QF
V QV
T
V
QV
T
TInconsistente;
-Indeterminado; F Falso; V Verdadeiro; QV Quase Verdadeiro; QF -Quase Falso;
V
SCC
Valor superior de controle de certeza; V
SCCt
Valor superior de controle de contradição;
V
ICC
Valor inferior de controle de certeza; V
ICCt
Valor inferior de controle de contradição
Grau de Certeza
Grau de Contradição
Totalmente
Verdadeiro
+ 1
+ 1
Totalmente
Inconsistente
Totalmente
Indeterminado
-1
-1
Totalmente
Falso
µ1
µ1µ1
µ1-Grau de crença
µ
µµ
µ2 -Grau de descrença
A= (0,0)
B= (0,1) C= (1,1)
D= (1,0)
V
SCC =
½
V
ICCT =
-½
V
ICC =
-½
V
SCCT =
½
QF
T T
F
F
QF
V QV
T
V
QV
T
TInconsistente;
-Indeterminado; F Falso; V Verdadeiro; QV Quase Verdadeiro; QF -Quase Falso;
V
SCC
Valor superior de controle de certeza; V
SCCt
Valor superior de controle de contradição;
V
ICC
Valor inferior de controle de certeza; V
ICCt
Valor inferior de controle de contradição
195
reforma, outros não, gerando contradições. Outros nem mesmo tem opinião
formada, gerando indefinições. A análise detalhada de todas as opiniões,
contraditórias, indefinidas, contra e a favor pode originar buscas de outras
informações para gerar uma decisão de aceitação ou não da reforma do
prédio. A decisão tomada vai ser baseada nas evidências trazidas pelas
diferentes opiniões. [...]
Um administrador, chefe de uma equipe, que tem a missão de promover um
dos seus funcionários deve avaliar várias informações antes de deferir o
pedido. As informações provavelmente virão de várias fontes: departamento
pessoal, chefia direta, colegas de trabalho, etc. É de prever-se que estas
informações vindas de rias fontes podem ser conflitantes, imprecisas,
totalmente favoráveis ou ainda totalmente contrárias. Compete ao
administrador a análise destas múltiplas informações para tomar uma decisão
de deferimento ou indeferimento. Com todas as informações o administrador
pode ainda considerar as informações insuficientes ou então totalmente
contraditórias, neste caso, novas informações deverão ser buscadas. [...]
Um operário que atravessa uma sala para realizar um determinado serviço
em uma indústria pode ter seus óculos inesperadamente embaçados pela
poluição ou vapor. Sua atitude mais provável é parar e fazer a limpeza em
suas lentes para depois seguir em frente.
Este é um caso típico de indefinição nas informações. O operário foi
impedido de avançar por falta de informações oriundas de seus sensores da
visão sobre o ambiente. Por outro lado o operário pode, ao atravessar a sala
na obscuridade, se deparar com uma porta de vidro que emita reflexo da luz
ambiental, confundindo a sua passagem pelo ambiente. Este é um caso típico
de inconsistência porque as informações foram detectadas pelos seus
sensores da visão com duplo sentido. O comportamento normal do operário
é parar, olhar mais atentamente. Caso seja necessário deve modificar o
ângulo de visão se deslocando de lado para diminuir o efeito reflexivo,
somente quando tiver certeza, vai desviar da porta de vidro e seguir em
frente.
Como foi visto nos três exemplos anteriores, uma das principais
características do comportamento humano é tomar decisões conforme os
estímulos recebidos representados por várias informações. Estas informações
quando comparadas entre si podem ser contraditórias. Em muitas situações
as informações são provenientes das variações do seu meio-ambiente,
captadas pelos sentidos. Na realidade, as variações das condições ambientais
196
são muitas, e às vezes inesperadas, resultando em estímulos quase sempre
contraditórios. Face a isto, é necessário a utilização de uma Lógica que
contemple todas estas variações e não apenas duas como faz a Lógica
tradicional ou Clássica. Portanto, fica claro que algumas situações onde a
Lógica Clássica é incapaz de tratar adequadamente os sinais lógicos
envolvidos. [...]
Uma pessoa que está prestes a atravessar uma região pantanosa recebe uma
informação visual de que o solo é firme. Esta informação tem como base a
aparência da vegetação rasteira à sua frente. Esta informação vinda dos seus
sensores da visão um grau de crença elevado à afirmativa: “pode pisar no
solo sem perigo”. Não obstante, com o auxílio de um pequeno galho de
árvore testa a dureza do solo e verifica que o mesmo não é tão firme como
parecia.
Neste exemplo, o teste com os sensores do tato indicou um grau de crença
menor do que o obtido pelos sensores da visão. Podemos atribuir
arbitrariamente um valor médio de grau de crença da afirmativa: “pode pisar
no solo sem perigo”.
Estas duas informações constituem um grau de conflito que a faria ficar com
certa dúvida, quanto à decisão de avançar ou não. A atitude mais óbvia a
tomar é procurar novas informações ou evidências que podem aumentar ou
diminuir o valor do grau de crença que foi atribuído as duas primeiras
medições. A procura de novas evidências como: efetuar novos testes com o
galho, jogar uma pedra, etc., vai fazer variar o valor do grau de
credibilidade. Percebendo que as informações ainda não são suficientes,
portanto, consideradas indefinidas, é provável que esta pessoa avançar
com cautela e fazer novas medições buscando outras evidências que a
ajudem na tomada de decisão. A conclusão destas novas medições pode ser
um aumento no valor do grau de credibilidade para 100% o que a faria
avançar com toda confiança, sem nenhum temor. Por outro lado, a conclusão
pode ser uma diminuição no valor do grau de credibilidade obrigando-a a
procurar outro caminho.
Para analisar as respostas sobre concordância sobre os FCS, estabeleceu-se uma
escala baseada nos estudos de Aguiar (2005) e Toledo (2005): o primeiro, ao utilizar
uma escala de 1 a 5 no questionário de sua pesquisa, estabeleceu divisões iguais para
os graus de crença, variando de 0,00 a 1,00. o segundo, numa escala de sete níveis,
197
estabeleceu o valor zero para o grau de crença e de descrença na medida intermediária;
adotou também zero para a descrença nos valores favoráveis (ou seja, na metade
superior da escala) e zero para crença nos valores desfavoráveis (ou seja, na metade
inferior da escala. Desta forma, a escala adotada na presente pesquisa, a partir das
respostas, foi estabelecida como sendo:
Tabela 11 – Graus de crença e descrença
ESCALA
Discordo
totalmente
Discordo
parcialmente
Não concordo
nem discordo
Concordo
parcialmente
Concordo
totalmente
1 2 3 4 5
µ1 = 0,00
µ2 = 1,00
µ1 = 0,00
µ2 = 0,75
µ1 = 0,00
µ2 = 0,00
µ1 = 0,75
µ2 = 0,00
µ1 = 1,00
µ2 = 0,00
As medidas de graus de crença e descrença são obtidas por meio do cruzamento
das informações de especialistas: ao serem aplicadas as “técnicas de maximização
(OR) e de minimização (AND)”, obtém-se o resultado, que é “analisado a luz do
quadrado unitário do plano cartesiano real”. Ou seja, se o resultado ocorrer numa
região de muita definição, quais sejam, próximo de (1,0) ou (0,1), pode-se “tomar uma
decisão, a favor ou contra. Mas se isso não acontecer, novas pesquisas são
recomendadas, para se confirmar ou não a indefinição” (CARVALHO, 2002).
Os operadores OR e AND correspondem às ideias de disjunção e conjunção na
Lógica Clássica e as regras de aplicação a duas ou mais anotações são,
respectivamente, de maximização e de minimização. Ou, conforme Carvalho (2002):
1; µ2) OR (λ1; λ2) = (Máx {µ1, λ1}; Máx {µ2, λ2}) (3)
1; µ2) AND (λ1; λ2) = (Mín {µ1, λ1}; Mín {µ2, λ2}) (4)
O autor estabelece ainda que, o que se faz, ao se projetar uma análise de uma
situação real é separar os itens pesquisados em grupos, de tal forma que:
A existência de um item de cada grupo com condição favorável seja
suficiente para se considerar o resultado da pesquisa satisfatório;
198
Haja tantos grupos quanto for o número mínimo de itens que devem ter
condições favoráveis para se considerar o resultado da pesquisa satisfatório.
Feita a divisão, aplica-se o operador OR dentro de cada grupo (intragrupos) e,
depois, o operador AND entre os resultados obtidos nos grupos (entregrupos),
conforme mostrado na Figura 35.
GRUPO B
Especialista 1 Especialista 2
OR
D (
µ
1D
;
µ
2D
)
GRUPO A
Especialista 1 Especialista 2
OR
C (
µ
1C
;
µ
2C
)
PARA
-
ANALISADOR
AND
(
µ
1R
;
µ
2R
)
Figura 35 – Esquema de aplicação dos operadores OR e AND
Fonte: Carvalho (2002)
Os grupos, para cada empresa, foram divididos tendo como base a forma de
atuação dos especialistas: ainda que todos estivessem ligados diretamente aos PDPs, os
especialistas que atuavam funcionalmente pertenceriam a um grupo, enquanto os que
atuavam transversalmente pertenceriam a outro. Desta forma, dos 11 especialistas da
empresa de veículos de passeio, sete compuseram um grupo (com dois responsáveis
por projeto, dois responsáveis técnicos, dois responsáveis por planejamento e um
responsável por lançamento) e os outros quatro (dois responsáveis por Qualidade, um
responsável por protótipos e um responsável por pequenos projetos), o outro grupo. Na
199
empresa de caminhões e ônibus, os oito especialistas foram divididos em dois grupos
iguais: os gerentes de Powertrain, Chassis, Carroceria/acabamento e Eletrônica,
compondo um grupo, e os gerentes de Conceituação, Veículo Completo,
Gerenciamento de Projetos e o Diretor de Engenharia compondo o segundo grupo.
Cabe ressaltar que os citados profissionais cobrem totalmente a gama do corpo
gerencial das empresas estudadas, no que tange seu direto envolvimento com as
atividades de PDP, caracterizando a relevância da amostra. Na empresa de caminhões
e ônibus, os oito especialistas representam a totalidade do corpo gerencial da área de
engenharia de produto da empresa, enquanto na empresa de veículos de passeio, os 11
especialistas consultados, em uma estrutura matricial, cobriam os gerentes diretamente
envolvidos em DP, nos três projetos em andamento na época da pesquisa.
As notas dadas por cada pesquisado quanto a sua concordância para cada FCS
proposto eram compiladas junto aos componentes de seu grupo, utilizando a escala da
Tabela 11, por meio da utilização do operador OR, como no exemplo na Tabela 12.
Tabela 12 – Exemplo de cálculo de crença e descrença intragrupo
RESPONDENTES
R1 R2 R3 R4 GRUPO 1
Nota FCS 2 5 3 4 -
µ1 0,00 1,00 0,00 0,75 1,00
µ2 0,75 0,00 0,00 0,00 0,75
Seguindo os passos previstos na Figura 33, faz-se então o cruzamento
entregrupos, utilizando-se o operador AND, como mostrado no exemplo da Tabela 13.
Tabela 13 – Exemplo de cálculo de crença e descrença entregrupo
GRUPOS 1 2 RESULTADO
µ1 1,00 0,75 0,75
µ2 0,75 0,00 0,00
O resultado (no exemplo, µ1 = 0,75 e µ2 = 0,00) é então analisado no QUPC,
estando, nesta situação do exemplo, caracterizado como “totalmente verdadeiro” (vide
Figuras 33 e 34).
200
4.10.5. Comparação dos resultados das duas empresas
Analisadas as respostas (medianas/FCS) de cada empresa, prevê-se comparar
também os resultados entre elas, ou seja, se diferença entre as mesmas. Para tanto,
com base na escala de mensuração utilizada (ordinal) nos testes não-paramétricos para
duas amostras não relacionadas, Mattar (1996) estabelece os seguintes testes de
inferência: mediana, Mann-Whitney U e Kolmogorov-Smirnov.
4.10.6. Teste da mediana
O teste da mediana permite verificar se diferença significativa entre as
medianas de duas amostras não relacionadas. Seu poder-eficiência varia de 95% a
63%, dependendo do tamanho da amostra (SIEGEL; CASTELLAN JR, 2006). Os
passos previstos por Mattar (1996, p.99-100) para este teste são:
Definir H
0
como não havendo diferenças entre as medianas das duas
amostras;
Definir o nível de confiabilidade α para a realização do teste;
Calcular a mediana do conjunto das duas amostras;
Montar tabela de contingência do tipo 2 x 2, com as classificações maiores
ou maiores que a mediana, como no exemplo da Tabela 14;
Tabela 14 – Exemplo de tabela de contingência 2 x 2
Amostra 1 Amostra 2 Total
Maior que mediana a b a + b
Menor que mediana c d c + d
Total a + c b + d a + b + c + d
Fonte: adaptado de Mattar (1996)
Calcular o valor do qui-quadrado com os dados da tabela, usando a seguinte
fórmula
24
:
24
“n” representa o total (somatório) das duas amostras analisadas.
201
χ
2
= n (|ad – bc| - n/2)
2
(5)
(a + b)(c + d)(a + c)(b + d)
Identificar o valor limite (de rejeição) do qui-quadrado na Tabela 15;
Comparar o qui-quadrado calculado com o tabelado: se o calculado for
maior ou igual ao tabelado, rejeitar H
0
.
Tabela 15 – Valores de χ2
α
0,10 0,05 0,02 0,01 0,001
χ2
2,71 3,84 5,41 6,64 10,83
Fonte: adaptado de Siegel e Castellan Jr. (2006)
4.10.7. Teste Mann-Whitney U
De acordo com Mattar (1996), o teste Mann-Witney U é um dos testes não
paramétricos mais poderosos, podendo ser utilizado para verificar se duas amostras
não relacionadas (independentes), com variáveis ordinais, são significativamente
diferentes em relação a determinada variável. Segundo o autor, tal teste é utilizado
como alternativa ao teste paramétrico t, quando os dados estão em escala ordinal. Os
passos previstos pelo autor para este teste são:
Definir H
0
como não havendo diferença entre as amostras (ou seja, as
amostras têm a mesma distribuição);
Definir o nível de confiabilidade α para a realização do teste;
Ordenar os valores das amostras e classificar, conjuntamente, as pontuações
obtidas pelos dois grupos, sendo 1 para a menor pontuação, e sucessivamente
até n para a maior pontuação, conforme mostrado no exemplo da Tabela 16
(conforme o autor, assumir para as observações coincidentes a média das
classificações coincidentes);
Estabelecer n
1
(número de casos das observações ordenadas do grupo 1), n
2
(número de casos das observações ordenadas do grupo 2) e n (n = n
1
+ n
2
);
202
Calcular R
1
e R
2
, respectivamente, o somatório das classificações conjuntas
do grupo 1 e do grupo 2. No exemplo da Tabela 16, U
1
seria igual à soma de
1, 2, 5 e 8, enquanto U
2
seria a soma de 3, 4, 6 e 7;
Calcular U1 e U2, pelas seguintes fórmulas
25
:
U
1
= n
1
n
2
+ n
1
[(n
1
+ 1)]/2 – R
1
(6)
U
2
= n
1
n
2
+ n
2
[(n
2
+ 1)]/2 – R
2
(7)
Tabela 16 – Exemplo de classificação para duas amostras
Classificação Amostra 1 Amostra 2
1 17
2 20
3 25
4 28
5 29
6 30
7 32
8 36
Fonte: adaptado de Mattar (1996)
Identificar o menor valor entre U
1
e U
2
: este será o valor de comparação (U),
a ser usado na testagem de H
0
;
Identificar a região de rejeição de H
0
, ao nível de confiabilidade determinado,
pelas tabelas de Autre (1954) apud O’Toole (1964) e Siegel (1981), cujos
valores podem ser encontrados na Tabela 17, na qual são mostrados os
valores para n
1
= 8 e n
2
= 11, com base no número de respondentes de cada
empresa estudada: se o U calculado for menor que o tabelado, rejeita-se H
0
.
Tabela 17 – Valores críticos de U para Mann-Withney com n
1
= 8 e n
2
=11
α (bilateral)
0,002 0,01 0,02 0,05 0,10
U
crítico
8 13 15 19 23
Fonte: adaptado de Auble (1953) apud O’Toole (1964) e Siegel (1981)
203
4.10.8. Teste Kolmogorov-Smirnov
Como no teste para uma amostra, o teste de Kolmogorov-Smirnov para duas
amostras é um teste de aderência, no qual se compara diretamente as distribuições
observadas (enquanto no de uma amostra, se compara com uma distribuição teórica).
É, portanto um teste de hipóteses cuja H
0
é que não diferenças significativas entre
as duas distribuições observadas. De acordo com Siegel e Castellano Jr. (2006), seu
poder eficiência, quando comparado com o teste t é em torno de 95% para pequenas
amostras, decrescendo levemente com o aumento do tamanho da amostra. Os passos
previstos por Mattar (1996, p.105-106) e Siegel e Castellan Jr. (2006, p.169-172) para
este teste são:
Definir H
0
como não havendo diferença entre as distribuições observadas;
Definir o nível de significância α para realizar o teste;
Tabular os dados observados em intervalos iguais e os mais numerosos
possíveis para cada uma das amostras individualmente. Calcular as
frequências acumuladas relativas de todos os intervalos para as duas amostras;
Subtrair as frequências acumuladas relativas de uma amostra em relação à
outra, como mostrado no exemplo na Tabela 18, com os dados da Tabela 16;
Tabela 18 – Exemplo da tabulação para teste KS
Frequências acumuladas
Intervalo
Amostra 1 Amostra 2
Diferença
15 a 20 0,25 0,00 0,25
21 a 25 0,50 0,25 0,25
26 a 30 0,75 0,75 0,00
31 a 35 0,75 1,00 0,25
36 a 40 1,00 1,00 0,00
Fonte: adaptado de Mattar (1996)
Identificar a maior diferença (no exemplo, o valor é “0,25”);
25
Cabe ressaltar que U
1
+ U
2
= n
1
. n
2
204
Identificar a região de rejeição de H
0
, na Tabela 19
26
, ao nível de
confiabilidade determinado: se o valor calculado for maior que o tabelado,
rejeita-se H
0
.
Tabela 19 – Valores críticos de D para KS com m = 8 e n =11
α (bilateral) D
crítico
0,01 0,727
0,05 0,602
0,10 0,545
Fonte: adaptado de Person e Hartley (1972) apud Siegel e Castellan Jr. (2006)
Completa-se assim a análise proposta para os dados coletados. A representação
gráfica do processo completo pode ser visto na Figura 36.
Foram apresentados neste capítulo a estrutura da pesquisa, sua classificação,
métodos, passos e instrumentos utilizados. O capítulo que o segue mostrará os
26
A tabela original é apresentada na forma m.n.D
m,n
. Desta forma, a Tabela 19 foi elaborada dividindo-se os
valores da tabela original por 88 (8 x 11).
Lógica paraconsistente
Verificar consistência na
corroboração/refutação
das hipóteses
Análise estatística
Mediana, teste de
sinais, teste de
Kolmogorov-
Smirnov
Workshop inicial
Apresentação dos
conceitos e processos de
FCS
Entrevistas individuais
Visões individuais dos
executivos sobre FCS
Delphi
Rodadas sucessivas:
busca do consenso
Formulação
das questões
Submissão e
coleta
Comparação entre empresas
Teste da mediana, teste
de Mann-Whitney U,
teste de Kolmogorov-
Smirnov
Figura 36 – Método completo
205
resultados obtidos pela utilização de tais métodos, bem como serão analisados e
discutidos tais resultados.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo o apresentados os resultados obtidos da pesquisa. Os mesmos
são analisados e discutidos.
5.1. FASE EXPLORATÓRIA
As informações foram coletadas e analisadas, inicialmente, separadamente para
cada organização estudada. Foram coletadas as informações referentes à primeira
rodada da pesquisa nas montadoras estudadas, ou seja, as entrevistas exploratórias para
levantamento dos FCS, conforme método proposto por Rockart (2002). A seguir
podem ser vistos os achados desta fase, referentes aos FCS indicados pelos
respondentes, junto a alguns comentários que suportaram tais afirmações.
5.1.1. Dados coletados (FCS) na empresa de veículos de passeio
1. Ter pessoal dedicado - Pessoal dedicado aos projetos, ao invés de atuarem em
uma organização matricial: numa organização matricial pode haver conflitos de
interesses e prioridades;
2. Definição da estratégia de famílias/produtos - Avaliar o peso e rentabilidade de
cada modelo (local) na composição total dos resultados da empresa (Global):
definir novos produtos com grande contribuição para desenvolvimento; pensar
global, agir local, definir famílias e pensar na contribuição global; Entender
bem o mercado e trabalhar com diferentes países: o concentrar e depender
exclusivamente de um país;
3. Reduzir opções/diversificação qual seria o produto de larga escala em volume
e que não tenha tantas opções? Havia a estratégia de lançar o maior mero de
produtos no mercado, mas a tendência agora é simplificar e produzir o que
lucro; reduzir diversidade e simplificar as opções existentes; linha dedicada a
um só produto, reduzindo necessidade de flexibilidade;
207
4. Adequação do processo de desenvolvimento do produto - Analisar
características únicas/específicas do projeto e verificar como ele se adéqua ao
SOD; como criar metodologia de desenvolvimento para cada cultura? Explorar
os modelos de sucesso e insucesso para alavancar o que é bom e podar o que
não é; Fornecedores têm condições de atender prazos previstos como padrão?
5. Adequação ao mercado local - Buscar entender o que o cliente quer, ao invés de
assumir que se sabe o que ele deseja e o que é bom para ele; adaptação do
produto com base no conhecimento do mercado; focar no que o cliente quer e
não necessariamente na tecnologia; não é possível simplesmente copiar: trazer o
que existe sem adaptar adequadamente; É preciso saber e entender a
importância dos fatores e características para os clientes do mercado local;
Visão tem que ser para área geográfica e não global: dimensão mundial e ação
local; Conhecer bem o mercado, mesmo que desenvolvimento seja remoto (ex:
Japão); Perceber o vel de empatia do cliente com seu produto; Atender
expectativas de mercado; adaptar o estilo francês (estilo, diversidade de
opções/gama de produtos e bom acabamento são diferenciais) ao mercado do
Brasil; Clínicas: o que o cliente espera daqui a 3 anos; manter a percepção de
valor que existe no cliente;
6. Nacionalização - Como parte da adaptação dos produtos existentes (por
exemplo, na Matriz) às condições locais, é necessário a nacionalização de
itens/componentes, a exemplo do que concorrência já faz há anos: precisa
nacionalizar mais; fazer integração local, com o crescimento do Euro;
7. Adequação à empresa - Tentar moldar as atividades/produto ao que o cliente
quer, de acordo com as competências, capacidades e interesses da empresa (não
é pura e simplesmente fazer o que o cliente quer); o portfólio é factível? Quais
recursos a empresa dispõe? Se for o caso, fazer nova Planta; Melhorar a taxa de
acerto: se investe muito em projetos que não dão certo;
8. Pós-venda - Investir na pós-venda: não adianta “produzir bem” e ter falhas nas
concessionárias; se necessário, investir menos no processo de desenvolvimento
de produtos para investir mais na “outra ponta”: Call Centers, concessionárias,
etc.; entre o fim do projeto e o início da comercialização, a Engenharia precisa
208
“vender” bem o produto: os clientes esperam certas informações técnicas e
Marketing e vendas não concordam ou não estão preparados;
9. Estabilidade de processos - Ter estabilidade nos processos: desde o SOD,
seguindo por práticas utilizadas, práticas gerenciais, etc.; Não é possível cada
projeto ser desenvolvido de uma forma diferente, sem que sequer se aprenda
com os erros e/ou se replique os passos que funcionaram bem;
10. Gerenciamento do escopo do produto - Ter escopo do produto bem definido e
não haver mudanças/modificações (“congelar”) durante desenvolvimento;
requerimentos surgidos ao longo do desenvolvimento (por exemplo, um novo
acessório ou nova tecnologia/inovação) deveriam ser tratados como outro
projeto, de tal forma que não impactasse negativamente no projeto em
andamento; Congelar definições/informações no momento certo;
11. Método e disciplina - Não improvisar: utilizar metodologia estruturada e
cumprir compromissos; processos e datas m de ser cumpridos: não
maturidade para quantificar os impactos do “jeitinho brasileiro”; Falhas ao se
deixar “as coisas para a última hora” (por indisciplina e/ou gerenciamento da
carga de trabalho); sem disciplina, não há capacidade de convergência dos
recursos: gera ciclo vicioso, com soluções improvisadas e caras; demandas
precisam ser atendidas e priorizadas em bases sólidas e não por reação; não
olhar “superficialmente” o projeto: as equipes precisam detalhar recursos e
capacidades, para que possam se capacitar e cumprir compromissos e saberem o
que tem de ser feito a cada fase; Deliverables bem definidos e que tem de
ocorrer nas datas previstas; Cumprimento das datas do planejamento de
desenvolvimento: todos têm de saber o que fazer; consciência dos impactos que
os atrasos causam: é melhor prever um teste adicional do que ter impacto
financeiro por conta de atrasos;
12. Benchmarking - Levantar o que a concorrência faz, entender e aplicar o que for
adequado; Explorar bem os produtos da própria empresa e buscar melhorá-los
(exemplo: expectativa quanto a C3 versus expectativa quanto ao 207);
13. Imagem “brasileira” - Investir na imagem institucional, de forma que passe a
ser reconhecida como “uma montadora brasileira”, a exemplo da VW, Ford,
209
GM e Fiat: hoje a percepção do mercado é de que a empresa é “estrangeira: é
vista como “elitizada”; Não podem errar porque não m o “peso da marca”
como a VW
14. Gerenciamento da comunicação escopo e outras informações precisam ser
disseminados ao longo da cadeia do desenvolvimento do produto: todos
precisam saber exatamente o que está construindo e não ter uma visão limitada;
muitas áreas envolvidas e ambiente mutável: sistemas de informações para
saber o que comunicar, para quem, etc.: se não houver registro do que foi
acordado, informações valiosas são perdidas, não podendo ficar “na cabeça das
pessoas”;
15. Gerenciamento da inovação tornar produtos dos concorrentes obsoletos: se
ocorrer ao contrário, os impactos são severos; É necessário fazer constante
prospecção tecnológica; gerenciar adequadamente o risco da inovação: se não
tiver capacidade para desenvolver produto por conta da inovação, severos
impactos; É preciso saber o que o cliente pode esperar disso: será vantagem
competitiva?; Alguns stakeholders não têm a prática do uso da inovação, o que
pode comprometer o desenvolvimento dos produtos; mesmo com FMEA é
difícil o gerenciamento com novas tecnologias, pelo desconhecimento: novos
problemas vão ser vistos e conhecidos somente mais tarde; fornecedores m
domínio da tecnologia nova ou serão outro fator de risco?; risco na
definição das funções do produto, na falta do conhecimento sobre a inovação e
na realização do produto (processos da planta e/ou dos fornecedores podem
lidar com a nova tecnologia?); portfólio de inovações é diferente do portfólio de
produtos;
16. Explorar oportunidades na crise explorar as oportunidades que surgem por
conta da atual crise mundial: mercados distintos m características próprias e
serão afetados de forma diferente, surgindo oportunidades
17. Time-to-market tempo reduzido entre a “ideia” e a disponibilização para o
cliente; produtos que fogem ao “padrão”, não serão sucesso; impacto no atraso
é muito grande, principalmente quando produto visa substituir antecessor que
está em declínio; mercado sabe quando se planeja substituição (exemplo,
210
vazamento de informações para revistas especializadas) e quando esta não
ocorre quando previsto, há frustração/desapontamento;
18. Gerenciamento da cadeia de suprimento reduzir prazos na cadeia de
suprimento: Fornecedores conseguem acompanhar? Avaliar se eles são
flexíveis o suficiente; co-desenvolvimento é uma tendência, mas é difícil
aplicar no Brasil e na China, por conta das competências necessárias (em alguns
mercados, a empresa está retomando atividades);
19. Engenharia – utilizar FMEA, 6-sigma, etc., para aprofundar análises; ver o todo
e o somente aspectos isolados; “engenheirar” bem, não tratando de forma
empírica;
20. Qualificação da mão-de-obra Universidades não se atualizaram/adaptaram às
necessidades de hoje: houve “guinada” quanto a sistemas de produção, mas não
em desenvolvimento de projetos; lacuna clara, com alunos muito teóricos; é
preciso prover ensinamentos gerais, mas que possibilitem o aperfeiçoamento no
que o aluno vai trabalhar (aspectos mais práticos); formar competências nos
processos da empresa, principalmente pelo fato de ter se instalado em uma
região na qual não havia formação na área automotiva: importante por alinhar
recursos;
21. Integração sinergia entre departamentos, colaboração, cooperação e
comunicação;
22. Gestão ambiental número de rejeitos no processo produtivo, reciclagem do
produto, sustentabilidade, Design para reciclagem (já existe na Europa e é
aplicado no Brasil, sem impactos nos custos), consumo de energia, etc.
5.1.2. Dados coletados (FCS) na empresa de caminhões e ônibus
1. Qualidade leva mais tempo que as outras montadoras, porque é reconhecida
pela Qualidade: sabe que é assim e acha que é certo; a certificação do produto é
de responsabilidade da Engenharia, enquanto a certificação do processo é da
Qualidade;
211
2. Gerenciamento do tempo TTM (time-to-market); 36 meses para projetos
completos (sem cabine nova, motor, etc.), ou seja, novo produto, mas não nova
família; a Toyota aproveita muito o que existe (p/ex: aproveita carroceria e
troca powertrain, etc.); a tomada de decisão é um dos fatores mais críticos:
processo muito lento; como fazer toda a certificação para melhorar o TTM e ser
mais confiável? Caminho crítico; vulnerabilidade pelo não cumprimento de
prazos; quando datas são inegociáveis (p/ex: mudança na legislação), pode
colocar fora do negócio;
3. Fornecedores a Toyota começa a trabalhar mais cedo com fornecedores e,
com isso, ganha tempo;
4. Gerenciamento das informações – Japoneses gerenciam melhor as informações,
gerenciando melhor o tempo e agregando mais valor; muita inércia, devido à
lentidão na informação; lições aprendidas: fundamental ter bom Data bank;
5. Estrutura organizacional era por projeto e agora é por componente (chassis,
powertrain, etc.); ter time de conceito transversal é ponto crítico que pode ser
melhorado; estrutura do time é FCS;
6. Identificação das características do produto antes do desenvolvimento qual a
necessidade do mercado, qual o nicho; um frotista não é referencial; por que
não tem Inteligência de Mercado? Cliente não é especialista no produto;
Business Intelligence é um FCS; conceito nasce certo nas etapas iniciais: se
falha, começam as mudanças de escopo; explorar todos os cenários possíveis:
tomadas de decisão estratégicas; “menos você não quer, mais você não
precisa”; veículos especiais (caminhão de lixo, de bebidas, etc.); pesquisa de
combustível alternativo; produto “verde”: processos, desperdício, reciclagem;
às vezes o cliente não sabe o que precisa;
7. Adequação à realidade nacional condições das rodovias; Europa: máximo de
40 Ton; Brasil: máximo de 74 Ton; 3,75 milhões de empregos na área de
transporte de cargas; idade média da frota (17 anos); análise da concorrência
(tonelagem); o projeto não é para os engenheiros; monitorar a legislação, para
oportunidades de novas faixas de produto; consumo de combustível é prioritário
(principalmente para ônibus); qualidade do combustível vs. legislação de
212
emissão de poluentes; desenvolver produtos conforme mercado precisa:
aprenderam porque precisavam ser self funded; Mercedes trás o que é lançado
lá fora e adapta; houve dificuldade quando processos foram impostos;
8. Escopo do projeto conceito; investir muito no começo; japoneses gastam
muito no pré-desenvolvimento: investir no conhecimento do produto
(amadurece antes de gastar dinheiro); posicionamento estratégico é a base;
9. Características do time – competências; complexidade do produto; treinar novas
pessoas demora muito; falta de mão-de-obra no mercado; turnover muito
grande; excelentes bombeiros”: tínhamos de ser mais proativos e não reativos;
quando muda escopo, tenta nova saída, trabalha com o que tem.
5.2. TABULAÇÃO DOS DADOS
Os dados (FCS) foram confrontados com os oito FCS deduzidos a partir da
pesquisa bibliográfica, os quais serviram de base para a elaboração das hipóteses. Em
uma análise semântica, poderia se afirmar que os FCS propostos pelos respondentes
das empresas já estariam englobados nos FCS previamente identificados, apresentando
diferenças apenas na redação e/ou por estarem implícitos em algum(ns) dos FCS
deduzidos, conforme mostrado nos quadros das Figura 37 e 38, em que os FCS foram
listados de forma abreviada.
Constatou-se, portanto que, até este momento, os FCS obtidos por meio da
pesquisa bibliográfica eram pertinentes (não rejeitados) como FCS para o PDP nas
empresas estudadas. Há de se notar que a consolidação dos FCS obtidos anteriormente,
de tal forma que os mesmos, categorizados, sirvam de base para os questionários da
rodada do método Delphi, atendem os passos previstos por Okoli e Pawlowski (2004)
para a aplicação deste método.
A testagem ocorreria, conforme previsto, por meio da submissão dos
questionários aos respondentes, buscando se verificar a concordância dos mesmos com
os oito FCS inferidos.
213
FCS deduzidos
FCS propostos pelos respondentes
Gerenciamento de custos e orçamentos
Gerenciamento do tempo e prazos
Posicionamento estratégico
Atendimento às necessidades
Alinhamento organizacional
Características do time
Processos de trabalho
Gerenciamento organizacional
Ter pessoal dedicado 1
Definição da estratégia de famílias/produtos 1 1 1
Reduzir opções/diversificação 1 1 1
Adequação do processo de desenvolvimento do produto
1 1
Adequação ao mercado local 1 1
Nacionalização 1 1
Adequação à empresa 1 1 1
Pós-venda 1 1 1 1 1
Estabilidade de processos 1
Gerenciamento do escopo do produto 1 1 1
Método e disciplina 1 1 1 1
Benchmarking 1 1 1 1
Imagem “brasileira” 1
Gerenciamento da comunicação 1 1
Gerenciamento da inovação 1 1 1
Explorar oportunidades na crise 1 1 1
Time-to-market 1 1
Gerenciamento da cadeia de suprimento 1
Engenharia 1 1 1 1
Qualificação da mão-de-obra 1
Integração 1 1 1
Gestão ambiental 1 1
Figura 37 – FCS deduzidos x coletados (empresa de veículos de passeio)
214
FCS deduzidos
FCS propostos pelos respondentes
Gerenciamento de custos e orçamentos
Gerenciamento do tempo e prazos
Posicionamento estratégico
Atendimento às necessidades
Alinhamento organizacional
Características do time
Processos de trabalho
Gerenciamento organizacional
Qualidade
Gerenciamento do tempo
Fornecedores
Gerenciamento das informações
Estrutura organizacional
Identificação das características do produto
Adequação à realidade nacional
Escopo do projeto
Características do time
Figura 38 – FCS deduzidos x coletados (empresa de caminhões e ônibus)
O resultado da tabulação dos dados da questão no. 1 do questionário, que tem
como objetivo verificar o grau de concordância por parte dos respondentes com os
FCS, é apresentado nas Tabelas 20 e 21. Os números mostrados representam as
respostas com base na escala Likert utilizada (vide questionário utilizado, no Apêndice
A), enquanto os FCS foram apresentados de forma simplificada (FCS1, FCS2, etc.),
representando os FCS das oito hipóteses da presente pesquisa. Os respondentes estão
agrupados (G1 e G2), conforme previsto na análise da lógica paraconsistente a ser
executada.
Tabela 20 – Dados da questão 1 (empresa de veículos de passeio)
RESPONDENTES
G1 G2
Medianas
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9 R10 R11 G1 G2 Geral
FCS1
4 3 3 5 4 3 3 3 2 3 3 3,5 3 3
FCS2
3 5 3 5 4 4 5 3 5 4 5 4 4 4
FCS3
3 4 4 3 3 4 5 4 3 5 5 3,5 4 4
FCS4
3 5 5 4 4 5 5 5 3 4 5 4,5 5 5
FCS5
5 3 4 3 4 5 5 4 5 5 4 3,5 5 4
FCS6
2 4 5 5 4 2 4 3 4 3 4 4,5 4 4
FCS7
3 5 4 3 3 3 3 4 4 4 3 3,5 3 3
FCS8
4 1 5 2 4 2 4 4 5 3 3 3 4 4
215
Tabela 21 – Dados da questão 1 (empresa de caminhões e ônibus)
RESPONDENTES
G1 G2
Medianas
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 G1 G2 Geral
FCS1
2 5 4 5 2 4 4 4
4,5 4 4
FCS2
2 5 5 4 5 5 5 5
4,5 5 5
FCS3
5 4 3 3 4 4 5 5
3,5 4,5 4
FCS4
4 5 4 5 5 5 5 4
4,5 5 5
FCS5
4 3 4 4 4 3 4 4
4 4 4
FCS6
4 4 4 5 2 3 5 4
4 3,5 4
FCS7
4 3 4 3 5 4 4 4
3,5 4 4
FCS8
4 4 4 3 5 3 3 2
4 3 3,5
5.3. TESTES
Foi feita uma interpretação quantitativa e qualitativa dos dados resultantes na
forma de tabelas, utilizando-se procedimentos estatísticos para tratamento dos dados
obtidos, quando possível e pertinente, e uma análise qualitativa confrontando-se com o
referencial teórico utilizado. O teste utilizado e os resultados serão apresentados a
seguir.
Os resultados obtidos na questão que apura o grau de concordância dos
respondentes com os FCS apresentados, após sua tabulação, tiveram sua mediana
calculada. Como pode ser observado na Tabela 20, nenhum dos FCS teve uma
mediana inferior a “3”, que caracterizava a opinião de “não concordo nem discordo”,
em nenhuma das empresas pesquisadas: na empresa de veículos de passeio, somente o
FCS1 (gerenciamento de custo e orçamentos) e FCS7 (processos de trabalho
estabelecidos pelas organizações para o desenvolvimento de seus produtos) tiveram
como mediana esta posição ”neutra”, com os demais FCS com mediana superior a este
valor, sendo que o FCS4 (atendimento às necessidades dos clientes) obteve a
pontuação máxima. Na empresa de caminhões e ônibus, tiveram pontuação máxima os
FCS 2 e 4.
Tais resultados foram então submetidos ao teste de sinais, de forma a se avaliar o
grau de confiança na mediana encontrada, conforme processo definido no capítulo
anterior. Os valores maiores e menores que 3”, bem como os valores x e n e os
216
valores críticos correspondentes (com base na Tabela 9) são vistos na Tabelas 22 e
23
27
.
Tabela 22 – Teste de sinais (empresa de veículos de passeio)
Respostas
>3 <3
Compara com
expectativa
x n Valor crítico
FCS1 3 1 Ok 1 4 -
FCS2 8 0 Ok 0 8 0 (α = 1%)
FCS3 7 0 Ok 0 7 0 (α = 1%)
FCS4 9 0 Ok 0 9 0 (α = 1%)
FCS5 9 0 Ok 0 9 0 (α = 1%)
FCS6 7 2 Ok 2 9 1 (α = 1%)
FCS7 5 0 Ok 0 5 0 (α = 10%)
FCS8 6 3 Ok 3 9 1 (α = 10%)
Tabela 23 – Teste de sinais (empresa de caminhões e ônibus)
Respostas
>3 <3
Compara com
expectativa
x n Valor crítico
FCS1 6 2 Ok 2 8 1 (α = 10%)
FCS2 7 1 Ok 1 8 1 (α = 10%)
FCS3 6 0 Ok 0 6 0 (α = 5%)
FCS4 8 0 Ok 0 8 0 (α = 1%)
FCS5 6 0 Ok 0 6 0 (α = 5%)
FCS6 6 1 Ok 1 7 0 (α = 10%)
FCS7 6 0 Ok 0 6 0 (α = 5%)
FCS8 4 1 Ok 1 5 0 (α = 10%)
Como se testa a situação da mediana ser maior ou igual a três, tem-se como H
0
a
mediana ser inferior a esse valor. Pelo teste de sinais, se o “x” for menor ou igual ao
valor crítico, rejeita-se H
0
. Como pode ser observado na Tabela 22, não foi possível
fazer qualquer inferência quanto ao FCS1, visto não ser possível obter uma região
crítica (TRIOLA, 1999), com base nos valores da Tabela 9. Pela mesma razão, no
FCS7, foi possível rejeitar H
0
, mas somente a um grau de significância de 10%. Por
estas razões, aliadas ao fato que a mediana destes FCS foi de somente “3”, os mesmos
foram selecionados para a segunda rodada Delphi nesta empresa, junto ao FCS8, no
qual, apesar de ter uma mediana de “4”, não foi possível rejeitar a H
0
deste FCS,
mesmo a um grau de significância de 10%.
Na Tabela 23, tratando-se de uma amostra menor, resultou em valores críticos
mais severos. Como pode ser observado, não foi possível rejeitar H
0
nos FCS 1, 6 e 8,
217
mesmo utilizando graus de significância de menor exigência (10%), devendo os
mesmos serem novamente avaliados na segunda rodada do método Delphi. Além
destes, como no FCS 2 a rejeição de H
0
ocorreria também a este grau, decidiu-se
por incluí-lo também na rodada.
Seguiu-se então o teste de Kolmogorov-Smirnov. As Tabelas 24 e 25 mostram os
resultados referentes à questão no 1, com os FCS agora ordenados pelo resultado
obtido no conjunto da amostra. Na Tabela 24, como a diferença máxima acumulada
(D=0,056) é menor do que o valor tabelado / calculado (D=0,307) para uma amostra
de 11 componentes e grau de significância (α=0,20)
28
, observa-se que não
diferenciação entre os Fatores Críticos de Sucesso segundo a visão dos respondentes,
sendo a diferença na pontuação atribuída ao acaso. Por conta disso, nenhum FCS foi
selecionado para a segunda rodada do Delphi, ainda que os selecionados por conta do
teste anterior permanecessem.
O mesmo aconteceu com a empresa de caminhões e ônibus: a diferença máxima
acumulada (D=0,049) é menor do que o valor tabelado / calculado (D=0,358) para
uma amostra de oito componentes, ao mesmo grau de significância (nenhum FCS
adicional foi selecionado).
Tabela 24 – Tratamento de dados pelo KS (empresa de veículos de passeio)
FCS
Pontuação
absoluta
pa
Pontuação
relativa
pr=pa/pt
Pontuação
relativa
acumulada
pra
Pontuação
relativa
teórica
prt=1/8
Pontuação
relativa
acumulada
teórica
prta=Σ
ΣΣ
Σprt
FCS4 5
0,161 0,160 0,125 0,036
FCS2 4
0,129 0,290 0,250 0,040
FCS3 4
0,129 0,419 0,375 0,044
FCS5 4
0,129 0,548 0,500 0,048
FCS6 4
0,129 0,677 0,625 0,052
FCS8 4
0,129 0,806 0,750 0,056
FCS1 3
0,097 0,903 0,875 0,028
FCS7 3
0,097 1,000 1,000 0,000
Total de pontos 31 1,000
27
Os diferentes valores de α mostrados nas tabelas indicam os níveis de significância mais severos em que era
possível rejeitar H
0
.
28
O menor grau de significância foi selecionado, visto que o mesmo indicaria como aceitável ou comprovada
uma faixa mais estreita de diferença entre a distribuição teórica e coletada, enquanto um grau de significância
maior exigiria a existência de maiores diferenças para confirmação da diferença entre os fatores. De qualquer
forma, mesmo um critério menos restritivo (menor grau de significância) não foi indicada a existência de
diferença entre os fatores.
218
Tabela 25 – Tratamento de dados pelo KS (empresa de caminhões e ônibus)
FCS
Pontuação
absoluta
pa
Pontuação
relativa
pr=pa/pt
Pontuação
relativa
acumulada
pra
Pontuação
relativa
teórica
prt=1/8
Pontuação
relativa
acumulada
teórica
prta=Σ
ΣΣ
Σprt
FCS2
5 0,149 0,149 0,125 0,024
FCS4
5 0,149 0,299 0,250 0,049
FCS1
4 0,119 0,418 0,375 0,043
FCS3
4 0,119 0,537 0,500 0,037
FCS5
4 0,119 0,657 0,625 0,032
FCS6
4 0,119 0,776 0,750 0,026
FCS7
4 0,119 0,896 0,875 0,021
FCS8
3,5 0,104 1,000 1,000 0,000
Total de pontos 33,5 1,000
Deu-se então início ao teste pelo método da lógica paraconsistente. Inicialmente
as notas dadas pelos respondentes foram convertidas nos graus de crença e descrença,
presentes na Tabela 11. Os valores convertidos são mostrados nas Tabelas 26 e 27.
Calculou-se então os graus de crença intragrupo, com o uso do operador OR
(maximização), e entregrupo, com o operador AND (minimização). Em seguida foram
plotados os resultados de crença e descrença para cada FCS, de cada uma das
empresas estudadas, no QUPC, como pode ser visto nas Figuras 39 e 40.
Tabela 26 – µ1 e µ2 (empresa de veículos de passeio)
RESPONDENTES
G1 G2
Grupos
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9 R10 R11
G1
(OR)
G2
(OR)
Grupo
(AND)
0,75 0 0 1 0,75 0 0 0 0 0 0
1 0,75 0,75
FCS1
0 0 0 0 0 0 0 0 0,75 0 0
0 0,75 0
0 1 0 1 0,75 0,75 1 0 1 0,75 1
1 1 1
FCS2
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0 0,75 0,75 0 0 0,75 1 0,75 0 1 1
0,75 1 0,75
FCS3
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0 1 1 0,75 0,75 1 1 1 0 0,75 1
1 1 1
FCS4
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
1 0 0,75 0 0,75 1 1 0,75 1 1 0,75
1 1 1
FCS5
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0 0,75 1 1 0,75 0 0,75 0 0,75 0 0,75
1 0,75 0,75
FCS6
0,75 0 0 0 0 0,75 0 0 0 0 0
0,75 0,75 0,75
0 1 0,75 0 0 0 0 0,75 0,75 0,75 0
1 0,75 0,75
FCS7
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0,75 0 1 0 0,75 0 0,75 0,75 1 0 0
1 1 1
FCS8
0 1 0 0,75 0 0,75 0 0 0 0 0
1 0,75 0,75
219
Tabela 27 – µ1 e µ2 (empresa de caminhões e ônibus)
RESPONDENTES
G1
G2
Grupos
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
G1
(OR)
G2
(OR)
Grupo
(AND)
0 1 0,75 1
0 0,75 0,75 0,75
1 0,75 0,75
FCS1
0,75 0 0 0 0,75 0 0 0
0,75 0,75 0,75
0 1 1 0,75
1 1 1 1
1 1 1
FCS2
0,75 0 0 0 0 0 0 0
0,75 0 0
1 0,75 0 0
0,75 0,75 1 1
1 1 1
FCS3
0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0,75 1 0,75 1
1 1 1 0,75
1 1 1
FCS4
0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0,75 0 0,75 0,75
0,75 0 0,75 0,75
0,75 0,75 0,75
FCS5
0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0,75 0,75 0,75 1
0 0 1 0,75
1 1 1
FCS6
0 0 0 0 0,75 0 0 0
0 0,75 0
0,75 0 0,75 0
1 0,75 0,75 0,75
0,75 1 0,75
FCS7
0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0,75 0,75 0,75 0
1 0 0 0
0,75 1 0,75
FCS8
0 0 0 0 0 0 0 0,75
0 0,75 0
Figura 39 – QUPC para empresa de veículos de passeio
QUPC
0
0,5
1
0 0,5 1
Grau de certeza
Grau de descrença
FCS 6
FCS 8
FCS 1, 3, 7 FCS 2, 4, 5
220
QUPC
0
0,5
1
0 0,5 1
Grau de certeza
Grau de descrença
Como pode ser observado no QUPC da Figura 39, referente à empresa de
veículos de passeio, os FCS 1, 2, 3, 4, 5 e 7 se localizaram na região “Totalmente
verdadeiro” do para-analisador, enquanto o FCS8, na região “Totalmente
inconsistente”, razão para selecionar este FCS para a segunda rodada do Delphi nesta
empresa (note-se que este FCS havia sido selecionado para tal rodada, por conta dos
resultados obtidos no teste de sinais da mediana). O FCS6 se localizou exatamente na
fronteira entre “Totalmente inconsistente”, “Inconsistente tendendo a falso” e
“Inconsistente tendendo a verdadeiro”. De acordo com Carvalho (2002, p.45), “há a
possibilidade de ajustarmos o instrumento de análise conforme a necessidade e
exigência de cada caso”, o que pode ser feito, segundo o autor, deslocando-se a linha
limite de inconsistência. Tal deslocamento, mesmo marginal, ampliaria a região de
inconsistência, fazendo com que o FCS6 pudesse ser considerado também
“Totalmente inconsistente”, levando à inclusão do mesmo também na segunda rodada
do Delphi para esta empresa.
O mesmo aconteceu com o FCS 1 da empresa de caminhões e ônibus, como pode
ser observado no QUPC da Figura 40, corroborando com os resultados do teste de
Figura 40 – QUPC para empresa de caminhões e ônibus
FCS 5, 7, 8 FCS 2, 3, 4, 6
FCS 1
221
sinais que haviam levado à decisão de incluir este FCs na próxima rodada do método
Delphi. Cabe destacar que os demais FCS se localizaram na região “Totalmente
verdadeiro”, não havendo nenhuma ação a ser tomada quanto a eles.
5.4. SEGUNDA RODADA DELPHI
Buscando-se o consenso, iniciou-se então a segunda rodada do método Delphi.
Os resultados da primeira rodada, separados por empresa, foram enviados aos
especialistas, junto com o novo questionário, o qual continha tão somente os FCS que
foram selecionados a partir da análise dos resultados da rodada anterior, ou seja, para a
empresa de veículos de passeio, os FCS 1, 6, 7 e 8 (vide apêndice B), e para a empresa
de caminhões e ônibus, os FCS 1, 2, 6 e 8 (vide apêndice C). Foram também enviados
os comentários referentes a cada um dos oito FCS, a partir da reclassificação dos
comentários obtidos na fase exploratória (itens 5.1.1 e 5.1.2) nos FCS propostos,
conforme Figuras 37 e 38.
O resultado da tabulação dos dados é apresentado nas Tabelas 28 e 29.
Novamente os respondentes estão agrupados (G1 e G2) para a análise pela lógica
paraconsistente.
Tabela 28 – Dados da 2ª rodada Delphi (empresa de veículos de passeio)
RESPONDENTES
G1 G2
Medianas
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9 R10 R11 G1 G2 Geral
FCS1
4 4 4 5
4 3 5 4 3 3 5
4 4 4
FCS6
4 4 5 5
4 3 4 3 4 3 4
4,5 4 4
FCS7
3 5 4 3
4 3 4 4 4 4 4
3,5 4 4
FCS8
4 2 5 3
4 4 4 4 5 3 3
3,5 4 4
Tabela 29 – Dados da 2ª rodada Delphi (empresa de caminhões e ônibus)
RESPONDENTES
G1 G2
Medianas
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 G1 G2 Geral
FCS1
3 5 4 5 3 4 4 4
4,5 4 4
FCS2
3 5 5 4 5 5 5 5
4,5 5 5
FCS6
4 4 4 5 3 3 5 4
4 3,5 4
FCS8
4 4 4 3 5 3 3 2
4 3 3,5
222
5.5. TESTES NA SEGUNDA RODADA DELPHI
Como pode ser observado na Tabela 28, todos os FCS apresentados tiveram
mediana “4”, que caracterizava a opinião de “concordo parcialmente”. Na empresa de
caminhões e ônibus, os FCS 1 e 2 obtiveram também a mediana “4”, enquanto o FCS2
obteve o valor máximo (5), que caracteriza plena concordância. o FCS8 obteve
mediana 3,5, ficando, portanto entre “concordo parcialmente” e “não concordo nem
discordo”.
A exemplo da rodada anterior, esses resultados foram submetidos ao teste de
sinais, para avaliar o grau de confiança na mediana encontrada. Os valores maiores e
menores que “3”, bem como os valores x e n e os valores críticos correspondentes
(com base na Tabela 9) são vistos nas Tabelas 30 e 31. Os diferentes valores de α
mostrados nas tabelas indicam os veis de significância mais severos em que era
possível rejeitar H
0
.
Tabela 30 – Teste de sinais (empresa de veículos de passeio)
Respostas
>3 <3
Compara com
expectativa
x n
Valor crítico
(α = 1%)
FCS1 8 0 Ok 0 8 0
FCS6 8 0 Ok 0 8 0
FCS7 8 0 Ok 0 8 0
FCS8 7 1 Ok 1 8 0
Tabela 31 – Teste de sinais (empresa de caminhões e ônibus)
Respostas
>3 <3
Compara com
expectativa
x n Valor crítico
FCS1 6 0 Ok 0 6 0 (α = 5%)
FCS2 7 0 Ok 0 7 0 (α = 2%)
FCS6 6 0 Ok 0 6 0 (α = 5%)
FCS8 4 1 Ok 1 5 0 (α = 10%)
Como pode ser observado na Tabela 30, nos FCS 1, 6 e 7 foi possível rejeitar H
0
,
sendo portanto aceitos tais FCS. No caso do FCS8, seria possível rejeitar H
0
a um
grau de significância de 10%, sendo tal FCS selecionado para a terceira rodada Delphi
nesta empresa.
223
Na Tabela 31, pode-se observar que foi possível rejeitar H
0
nos FCS 1, 2 e 6,
validando tais FCS. o FCS8 não pôde ter a H
0
rejeitada, sendo então selecionado, a
exemplo da empresa de veículos de passeio, para a rodada seguinte do método Delphi.
Como as medianas da empresa de veículos de passeio obtidas nessa rodada foram
iguais para todos os FCS, não se procedeu com o teste de Kolmogorov-Smirnov, visto
que a distribuição teórica coincidiria com a acumulada e, consequentemente, a
diferença seria zero em todos os FCS, rejeitando-se, portanto H
0
, corroborando com o
resultado da rodada anterior quanto à não diferenciação entre os FCS. No entanto, a
exemplo da rodada anterior, manteve-se o FCS selecionado pelo teste de sinais para
uma próxima rodada. Para a empresa de caminhões e ônibus, como as medianas foram
diferentes, deu-se continuidade ao teste. A Tabela 32 mostra os resultados, com os
FCS ordenados pelo resultado obtido no conjunto da amostra.
Como a diferença máxima acumulada (D=0,295) é menor do que o valor
tabelado / calculado (D=0,358) para uma amostra de oito componentes e grau de
significância (α=0,20), nenhum FCS adicional foi selecionado para a terceira rodada
do Delphi.
Tabela 32 – Teste KS para a 2ª rodada Delphi (empresa de caminhões e ônibus)
FCS
Pontuação
absoluta
pa
Pontuação
relativa
pr=pa/pt
Pontuação
relativa
acumulada
pra
Pontuação
relativa
teórica
prt=1/4
Pontuação
relativa
acumulada
teórica
prta=Σ
ΣΣ
Σprt
FCS2
5 0,303 0,303 0,125 0,178
FCS1
4 0,242 0,545 0,250 0,295
FCS6
4 0,242 0,788 0,750 0,038
FCS8
3,5 0,212 1,000 1,000 0,000
Total de pontos 16,5 1,000
Feito o teste pela lógica paraconsistente, novamente as notas dadas pelos
respondentes foram convertidas nos graus de crença e descrença, presentes na Tabela
11, como pode ser visto nas Tabelas 33 e 34, plotando os resultados de crença e
descrença para cada FCS no QUPC, como pode ser visto nas Figuras 41 e 42.
Como pode ser observado nos QUPCs das Figuras 41 e 42, todos os FCS se
localizaram na região “Totalmente verdadeiro” do para-analisador. Desta forma,
224
nenhum FCS adicional foi selecionado para a próxima rodada, permanecendo tão
somente o FCS8, identificado no teste de sinais.
Tabela 33 – µ1 e µ2 (empresa de veículos de passeio)
RESPONDENTES
G1 G2
Grupos
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9 R10 R11
G1
(OR)
G2
(OR)
Grupo
(AND)
0,75 0,75 0,75 1 0,75 0 1 0,75 0 0 1
1 1 1
FCS1
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0,75 0,75 1 1 0,75 0 0,75 0 0,75 0 0,75
1 0,75 0,75
FCS6
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0 1 0,75 0 0,75 0 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75
1 0,75 0,75
FCS7
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0,75 0 1 0 0,75 0,75 0,75 0,75 1 0 0
1 1 1
FCS8
0 0,75 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0,75 0 0
Tabela 34 – µ1 e µ2 (empresa de caminhões e ônibus)
RESPONDENTES
G1 G2
Grupos
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 G1 (OR) G2 (OR) Geral (AND)
0 1 0,75 1 0 0,75 0,75 0,75
1 0,75 0,75
FCS1
0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0 1 1 0,75 1 1 1 1
1 1 1
FCS2
0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0,75 0,75 0,75 1 0 0 1 0,75
1 1 1
FCS6
0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0
0,75 0,75 0,75 0 1 0 0 0
0,75 1 0,75
FCS8
0 0 0 0 0 0 0 0,75
0 0,75 0
225
QUPC
0
0,5
1
0 0,5 1
Grau de certeza
Grau de descrença
Figura 41 – QUPC para empresa de veículos de passeio
QUPC
0
0,5
1
0 0,5 1
Grau de certeza
Grau de descrença
Figura 42 – QUPC para empresa de caminhões e ônibus
FCS 6, 7 FCS 1, 8
FCS 1, 8 FCS 2, 6
226
5.6. TERCEIRA RODADA DELPHI
Para esta rodada, como tratava-se de somente um FCS (FCS8) a ser analisado,
não foi criado novo questionário: foi enviado simplesmente mensagem textual por e-
mail para os especialistas, citando o FCS sobre o qual deveria expressar a opinião
(grau de concordância). Novamente foram enviados os resultados da rodada anterior e
os comentários específicos do FCS em questão para os especialistas.
O resultado da tabulação dos dados é apresentado nas Tabelas 35 e 36.
Tabela 35 – Dados da 3ª rodada Delphi (empresa de veículos de passeio)
RESPONDENTES
G1 G2
Medianas
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9 R10 R11 G1 G2 Geral
FCS8
3 2 4 3
4 4 4 4 5 4 3
3 4 4
Tabela 36 – Dados da 3ª rodada Delphi (empresa de caminhões e ônibus)
RESPONDENTES
G1 G2
Medianas
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 G1 G2 Geral
FCS8
4 4 4 3 5 3 3 3 4 3 3,5
5.7. TESTES NA TERCEIRA RODADA DELPHI
As medianas para o FCS8 permaneceram as mesmas da rodada anterior, ainda
que tenham havido alterações nas notas dadas por alguns respondentes, em ambas as
empresas. No teste de sinais, como pode ser visto na Tabela 37, os resultados
permaneceram os mesmos para a empresa de veículos de passeio, enquanto na
empresa de caminhões e ônibus, não foi possível, mais uma vez, rejeitar H
0
, tendo em
vista não ser possível estabelecer um valor crítico para n = 4 (vide Tabela 9).
Tabela 37 – Teste de sinais FCS8 (3ª rodada)
Respostas
>3 <3
Compara com
expectativa
x n
Valor crítico
(α = 10%)
Veículos de passeio 7 1 Ok 1 8 1
Caminhões e Ônibus
4 0 Ok 0 4 -
227
De acordo com Kendall et al. (1992) apud Kubo (2008), caso o indicador de
consenso não se altere em duas rodadas, é pouco provável que ocorra em rodadas
subsequentes. Também, Cardoso et al. (2005) estabelece como critério de consenso a
diferença entre o primeiro e terceiro quartis inferior a 25% do intervalo máximo entre
as alternativas. Como as perguntas referentes à concordância com os FCS ofereciam
alternativas de resposta de 1 a 5, a diferença considerada entre os quartis deveria ser
inferior a 1,25 para que fosse considerado consenso na resposta. Como pode ser
observado nas Tabelas 38 e 39, a diferença entre os quartis foi de “1” em ambas as
empresas. Desta forma, foi tomada a decisão de se encerrar as rodadas do método
Delphi, dando continuidade, no entanto, às análises desta última rodada.
Tabela 38 – Cálculo dos quartis (empresa de vculos de passeio)
RESPONDENTES Quartis
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9 R10 R11
1 3
FCS8
3 2 4 3 4 4 4 4 5 4 3 3 4 1
Tabela 39 – Cálculo dos quartis (empresa de caminhões e ônibus)
RESPONDENTES
Quartis
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 1 3
FCS8
4 4 4 3 5 3 3 3 3 4 1
O teste de Kolmogorov-Smirnov não se aplica, visto estar sendo analisado
somente um FCS. No teste pela lógica paraconsistente, os resultados podem ser visto
nas Tabelas 40 e 41. Nas mesmas percebe-se que os valores de crença e descrença para
ambas as empresas foram, respectivamente, 0,75 e zero, caracterizando tratar-se da
situação “Totalmente verdadeiro”.
Tabela 40 – µ1 e µ2 (empresa de veículos de passeio)
RESPONDENTES
G1 G2
Grupos
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9 R10 R11
G1
(OR)
G2
(OR)
Grupo
(AND)
0 0 0,75 0 0,75 0,75 0,75 0,75 1 0,75 0
0,75 1 0,75
FCS8
0 0,75 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0,75 0 0
228
Tabela 41 – µ1 e µ2 (empresa de caminhões e ônibus)
RESPONDENTES
G1 G2
Medianas
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 G1 G2 Geral
0,75 0,75 0,75 0 1 0 0 0 0,75
1 0,75
FCS8
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5.8. COMPARAÇÃO ENTRE AS DUAS EMPRESAS
Para comparar os resultados das duas empresas estudadas, testando a existência
de diferenças entre as respostas, foram compiladas inicialmente as notas dadas
conjuntamente para cada um dos oito FCS, considerando-se sempre a última rodada
em que cada FCS foi avaliado. Tais resultados, junto à mediana geral são mostrados na
Tabela 42.
Tabela 42 – Compilação das respostas conjuntas
Veículos de passeio Caminhões e ônibus
FCS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1 2 3 4 5 6 7 8
Med
FCS1 4 4 4 5 4 3 5 4 3 3 5 3 5 4 5 3 4 4 4 4
FCS2 3 5 3 5 4 4 5 3 5 4 5 3 5 5 4 5 5 5 5 5
FCS3 3 4 4 3 3 4 5 4 3 5 5 5 4 3 3 4 4 5 5 4
FCS4 3 5 5 4 4 5 5 5 3 4 5 4 5 4 5 5 5 5 4 5
FCS5 5 3 4 3 4 5 5 4 5 5 4 4 3 4 4 4 3 4 4 4
FCS6 4 4 5 5 4 3 4 3 4 3 4 4 4 4 5 3 3 5 4 4
FCS7 3 5 4 3 4 3 4 4 4 4 4 4 3 4 3 5 4 4 4 4
FCS8 3 2 4 3 4 4 4 4 5 4 3 4 4 4 3 5 3 3 3 4
5.9. MÉTODOS ESTATÍSTICOS PARA COMPARAÇÃO
Para o teste da mediana, foram identificados os fatores de cálculo a”, b”, “c” e
“d”, permitindo calcular χ2 (vide item 4.8.6) para testar H
0
(qual seja: não há diferença
entre as medianas das duas amostras), como pode ser observado na Tabela 43.
Tabela 43 – Fatores da tabela de contingência
a b c d a + b c + d a + c b + d χ2
FCS1 3 2 3 2 5 5 6 4 2,86
FCS2 0 0 6 0 0 6 6 0 -
FCS3 3 3 4 3 6 7 7 6 0,46
FCS4 0 0 5 0 0 5 5 0 -
FCS5 5 0 2 0 5 2 7 0 -
FCS6 2 5 3 5 7 8 5 10 0,14
FCS7 1 1 3 1 2 4 4 2 16,70
FCS8 1 1 4 1 2 5 5 2 8,03
229
Não foi possível calcular o χ2 para todos os FCS: quando pelo menos um dos
fatores “a + b”, “c + d”, “a + c”, ou “b + d” era zero, o denominador da fórmula de
cálculo se tornava também zero, inviabilizando o cálculo, conforme ocorrido nos FCS
2, 4 e 5. Tais FCS ficaram, portanto, fora desta análise.
Analisando os demais FCS, constata-se que, pela Tabela 15, H
0
é aceita para os
FCS 3 e 6, visto que o valor calculado é menor do que o tabelado. Ou seja, não
diferenças significativas entre as amostras para estes dois FCS. Rejeita-se, no entanto
H
0
para os FCS 1 (para α = 10%), FCS 7 (para α = 0,1%) e FCS 8 (para α = 1%). Ou
seja, ao grau de significância indicado, não é possível inferir que não haja diferenças
entre as duas amostras, no que tange estes FCS.
Para o teste seguinte, o Mann-Whitney U, os valores encontrados para cada FCS
foram ordenados conjuntamente, conforme previsto no item 4.10.7, e os valores
coincidentes foram substituídos pela média das classificações coincidentes, como pode
ser observado na Tabela 44. Estabelecendo o primeiro grupo como sendo da empresa
de caminhões e ônibus e o segundo como o da empresa de veículos de passeio, temos
n
1
= 8 e n
2
= 11. Foram então calculados n, R
1
, R
2
, U
1
, U
2
e U, como pode ser visto na
mesma Tabela, na qual as empresas estão identificadas de forma abreviada como CO e
VP, para “caminhões e ônibus” e “veículos de passeio”, respectivamente.
Tabela 44 – Teste Mann-Whitney U
FCS1 FCS2 FCS3 FCS4 FCS5 FCS6 FCS7 FCS8
#
CO VP CO VP CO VP CO VP CO VP CO VP CO VP CO VP
1 3 6 3,5 6 3 2,5 1,5 1,5
2 3 6 3,5 6 3 2,5 1,5 1,5
3 3 6 3,5 6 3 2,5 3 7
4 3 6 3,5 6 3 2,5 9 7
5 3 6 3,5 6 3 9,5 9 7
6 10 6 3,5 6 10,5 9,5 9 7
7 10 6 10 6 10,5 9,5 9 7
8 10 6 10 6 10,5 9,5 9 7
9 10 6 10 6 10,5 9,5 9 7
10 10 6 10 6 10,5 9,5 9 7
11 10 6 10 6 10,5 9,5 9 7
12 10 13,5 10 14,5 10,5 9,5 9 15
13 10 13,5 10 14,5 10,5 9,5 9 15
14 10 13,5 16,5 14,5 10,5 9,5 9 15
15 17 13,5 16,5 14,5 10,5 17 17 15
16 17 17,5 16,5 14,5 17,5 17 17 15
17 17 17,5 16,5 14,5 17,5 17 17 15
18 17 17,5 16,5 18,5 17,5 17 17 15
19 17 17,5 16,5 18,5 17,5 17 17 19
R1
80 67 73,5 73,5 98 77 74,5 82,5
R2
110 123 116,5 116,5 92 113 115,5 107,5
U1
44 57 50,5 50,5 26 47 49,5 41,5
U2
44 31 37,5 37,5 62 41 38,5 46,5
U
44 31 37,5 37,5 26 41 38,5 41,5
230
Como pode ser observado na tabela, nenhum valor de U, para qualquer FCS foi
menor do que os valores tabelados (vide Tabela 17). Desta forma, nenhuma H
0
pode
ser rejeitada, ou seja, há diferenças significativas entre as duas amostras.
Para o teste de Kolmogorov-Smirnov foram estabelecidos quatro intervalos
iguais para tabulação dos dados: de 1,1 a 2; de 2,1 a 3; de 3,1 a 4 e de 4,1 a 5. O teste
se torna mais poderoso, o quanto maior for a quantidade de intervalos (SIEGEL;
CASTELLAN JR., 2006). No entanto, como os dados de entrada são referentes às
respostas dos questionários, que continham uma escala de 1 a 5, essa foi a melhor
divisão possível. Foram então tabuladas as informações, conforme previsto no item
4.10.8. Os valores tabulados, bem como as pontuações relativas acumuladas (entre a
empresa de veículos de passeio VP, e a de caminhões e ônibus – CO) e as diferenças
destas para cada FCS podem ser vistas nas Tabelas 45 a 52.
Tabela 45 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS 1
Frequência absoluta Frequência relativa acumulada
INTERVALO
VP CO VP CO
Diferença
1,1 a 2,0 0 0 0,000 0,000 0,000
2,1 a 3,0 3 2 0,273 0,250 0,023
3,1 a 4,0 5 4 0,727 0,750 0,023
4,1 a 5,0 3 2 1,000 1,000 0,000
TOTAL 11 8
Tabela 46 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS 2
Frequência absoluta Frequência relativa acumulada
INTERVALO
VP CO VP CO
Diferença
1,1 a 2,0 0 0 0,000 0,000 0,000
2,1 a 3,0 3 1 0,273 0,125 0,148
3,1 a 4,0 3 1 0,545 0,250 0,295
4,1 a 5,0 5 6 1,000 1,000 0,000
TOTAL 11 8
Tabela 47 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS 3
Frequência absoluta Frequência relativa acumulada
INTERVALO
VP CO VP CO
Diferença
1,1 a 2,0 0 0 0,000 0,000 0,000
2,1 a 3,0 4 2 0,364 0,250 0,114
3,1 a 4,0 4 3 0,727 0,625 0,102
4,1 a 5,0 3 3 1,000 1,000 0,000
TOTAL 11 8
231
Tabela 48 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS 4
Frequência absoluta Frequência relativa acumulada
INTERVALO
VP CO VP CO
Diferença
1,1 a 2,0 0 0 0,000 0,000 0,000
2,1 a 3,0 2 0 0,182 0,000 0,182
3,1 a 4,0 3 3 0,455 0,375 0,080
4,1 a 5,0 6 5 1,000 1,000 0,000
TOTAL 11 8
Tabela 49 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS 5
Frequência absoluta Frequência relativa acumulada
INTERVALO
VP CO VP CO
Diferença
1,1 a 2,0 0 0 0,000 0,000 0,000
2,1 a 3,0 2 2 0,182 0,250 0,068
3,1 a 4,0 4 6 0,545 1,000 0,455
4,1 a 5,0 5 0 1,000 1,000 0,000
TOTAL 11 8
Tabela 50 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS 6
Frequência absoluta Frequência relativa acumulada
INTERVALO
VP CO VP CO
Diferença
1,1 a 2,0 0 0 0,000 0,000 0,000
2,1 a 3,0 3 2 0,273 0,250 0,023
3,1 a 4,0 6 4 0,818 0,750 0,068
4,1 a 5,0 2 2 1,000 1,000 0,000
TOTAL 11 8
Tabela 51 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS 7
Frequência absoluta Frequência relativa acumulada
INTERVALO
VP CO VP CO
Diferença
1,1 a 2,0 0 0 0,000 0,000 0,000
2,1 a 3,0 3 2 0,273 0,250 0,023
3,1 a 4,0 7 5 0,909 0,875 0,034
4,1 a 5,0 1 1 1,000 1,000 0,000
TOTAL 11 8
Tabela 52 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para FCS 8
Frequência absoluta Frequência relativa acumulada
INTERVALO
VP CO VP CO
Diferença
1,1 a 2,0 1 0 0,091 0,000 0,091
2,1 a 3,0 3 4 0,364 0,500 0,136
3,1 a 4,0 6 3 0,909 0,875 0,034
4,1 a 5,0 1 1 1,000 1,000 0,000
TOTAL 11 8
Como pode ser observado nas Tabelas 45 a 52, em nenhum dos FCS houve a
ocorrência de valores de diferença em frequência relativa acumulada superior aos
valores tabelados (vide Tabela 19), o que leva à não rejeição de H
0
para qualquer dos
FCS, resultado que conflita com os achados no teste de Mann-Whitney U. de se
232
destacar que estes dois testes (Mann-Whitney U e Kolmogorov-Smirnov) são mais
poderosos que o teste das medianas, no qual haviam sido rejeitadas H
0
para três FCS,
no entanto, pelo reduzido mero de intervalos utilizados no teste de Kolmogorov-
Smirnov, por conta da escala utilizada para as respostas, seu poder tornou-se reduzido.
5.10. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Com relação aos dados tabulados e os testes executados, podem ser feitas
algumas observações relativas a cada grupo de respondentes, com objetivo de
enriquecer os resultados obtidos na pesquisa de campo em alguns casos sendo de
caráter meramente qualitativo, por conta de tendências indicadas, não havendo o
objetivo de fazer inferências quantitativas.
A pesquisa bibliográfica identificou inúmeros FCS, os quais foram consolidados
em oito (gerenciamento de custos e orçamentos, gerenciamento do tempo e prazos,
posicionamento estratégico definido para o produto, atendimento das necessidades dos
clientes, alinhamento organizacional, características do time de desenvolvimento,
processos de trabalho estabelecidos pelas organizações para o desenvolvimento de
seus novos produtos e gerenciamento organizacional e do ambiente de trabalho), os
quais, para efeito de facilitar o uso de planilhas e gráficos diversos, passaram a ser
denominados FCS1, FCS2, etc.
Em seguida foram entrevistados especialistas em desenvolvimento de produtos
nas empresas estudadas, visando obter dos mesmos as percepções sobre quais seriam
os FCS nesta área de atuação, conforme método estabelecido por Bullen e Rockart
(1981) e Rockart (2002).
Cruzaram-se então as informações destas duas fontes: identificados os oito
potenciais FCS nos PDP, tendo como base a pesquisa bibliográfica, foi feita a
comparação dos mesmos com os FCS propostos pelos respondentes durante as
entrevistas. Verificou-se que, salvo diferenças meramente semânticas, os FCS
propostos pelos entrevistados eram cobertos pelos FCS deduzidos a partir da
pesquisa bibliográfica.
233
Tais FCS serviram então de base para a continuidade da pesquisa, adotando-se os
mesmos como hipóteses. Desta forma, a resposta provisória (ou seja, a qual deveria
ainda ser testada) à questão da pesquisa (“quais são os fatores críticos de sucesso nos
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense?”) seriam os oito FCS deduzidos na pesquisa
bibliográfica.
Submetidos os questionários, após a tabulação das respostas, iniciou-se a análise
dos dados. Primeiramente, constatou-se que nenhum dos oito FCS apresentou mediana
inferior à “3” nas empresas estudadas, situação que caracterizaria a rejeição ao FCS
proposto pelos respondentes. Na empresa de veículos de passeio, os FCS 1 e 7
obtiveram “3” como mediana (caracterizando a situação de “não concordo nem
discordo”, enquanto os demais obtiveram valores superiores (que caracteriza a
concordância/aceitação do FCS proposto). Na empresa de caminhões e ônibus,
somente o FCS 8 obteve mediana “3,5”, sendo uma posição intermediária entre não
concordo nem discordo” e “concordo parcialmente”.
Os dados coletados e tabulados passaram então a ser avaliados estatisticamente:
iniciou-se com o teste de sinais, no qual, para a empresa de veículos de passeio não
houve validação dos FCS 1, 7 e 8 (ou seja, não houve rejeição da hipótese nula). Na
empresa de caminhões e ônibus, não ocorreu a validação dos FCS 1, 2, 6 e 8. Em
seguida, feito o teste de Kolmogorov-Smirnov para cada uma das amostras, não foi
possível inferir diferenças entre os oito FCS, de acordo com a percepção dos
respondentes.
Dando continuidade aos testes, os dados foram então avaliados pela ótica da
lógica paraconsistente para cada FCS, em cada uma das empresas. Na empresa de
veículos de passeio, as notas dos FCS 1, 2, 3, 4, 5 e 7 caracterizaram-se como
“Totalmente verdadeiro”, enquanto os FCS 6 e 8 caracterizaram-se com “Totalmente
inconsistente”. Desta forma, com base nos resultados do teste de sinais e a lógica
paraconsistente, os FCS 1, 6, 7 e 8 da empresa de veículos de passeio foram
selecionados para uma segunda rodada de questionários, seguindo os passos do
método Delphi, em que se busca o consenso entre os especialistas.
234
Na empresa de caminhões e ônibus, somente o FCS 1 foi caracterizado como
“Totalmente inconsistente”, enquanto os demais enquadraram-se como “Totalmente
verdadeiro”. Assim sendo, os FCS 1, 2, 6 e 8 compuseram os itens a serem testados
para esta empresa na segunda rodada do Delphi.
As respostas da segunda rodada foram submetidas aos mesmos testes, sendo que,
no teste de sinais, não foi validado o FCS 8 em nenhuma das empresas (a hipótese nula
foi rejeitada nos demais FCS), o que levou à seleção do mesmo para mais uma rodada
do Delphi.
O teste de Kolmogorov-Smirnov foi aplicado somente na empresa de caminhões
e ônibus, visto que as medianas da empresa de veículos de passeio obtidas nessa
rodada foram iguais para todos os FCS. Com base no resultado do teste, nenhum FCS
adicional foi selecionado para a próxima rodada do Delphi.
Utilizando a lógica paraconsistente para os resultados desta segunda rodada,
obteve-se “Totalmente verdadeiropara todos os FCS, em ambas as empresas. Desta
forma, a terceira rodada do método Delphi avaliaria tão somente o FCS 8, por conta
dos resultados do teste de sinais.
Na terceira rodada do Delphi, refeitos os testes da mediana e da lógica
paraconsistente, não houve mudança nos resultados do FCS 8, quando comparados
com a segunda rodada. Avaliou-se então a diferença entre o primeiro e terceiro quartis
das respostas sobre este FCS, ficando a diferença dentro dos limites aceitáveis para
que se pudesse considerar consenso, dando-se por encerrado o processo Delphi. O
teste de Kolmogorov-Smirnov não se aplicaria a esta rodada, visto tratar-se de somente
um FCS.
Desta forma, concluiu-se que os FCS 1 a 7 foram validados, enquanto o FCS 8
não pôde ser validado (ainda que, na empresa de veículos de passeio, pudesse ser
validado se α = 10%).
Quando a comparação foi feita entre as duas empresas, constatou-se pelo teste
das medianas, o haver diferença significativa entre as duas empresas para os FCS 3
e 6 (observe-se que a mediana para ambas foi “4”). para os FCS 1, 7 e 8, não é
235
possível inferir que não exista diferença
29
, ao passo que, para os FCS 2, 4 e 5, o
método não permitiu extrair qualquer conclusão. os testes de Mann-Whitney U e
Kolmogorov-Smirnov apresentaram resultados conflitantes: pelo primeiro,
diferenças significativas entre as duas amostras, enquanto no segundo, tal diferença
não foi considerada significativa, talvez pelo reduzido número de intervalos que se
utilizou.
5.11. VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES
A metodologia aplicada se baseia no teste de falseabilidade das hipóteses
levantadas, por meio do método da hipótese nula, ou seja, pela aplicação de testes
estatísticos adequados à natureza das variáveis e da amostra analisada, de forma a
verificar-se o grau de significância dos resultados obtidos.
Assim, cada fator crítico de sucesso do processo de desenvolvimento de
produtos, deduzidos com base na pesquisa bibliográfica, foi avaliado segundo a visão
de gerentes diretamente ligados às atividades de desenvolvimento de novos produtos
de duas montadoras de veículos da região Sul Fluminense e, a partir dos resultados
coletados no campo, tabulados e tratados de forma estatística adequada, cada hipótese
foi testada.
Desta forma, pôde-se analisar, validando ou refutando, cada hipótese levantada.
A seguir, estão relacionadas cada uma das hipóteses, junto à sua análise, com
validação ou refutação.
Hipótese I - O gerenciamento de custos e orçamentos é um fator crítico de sucesso
para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
Pelos resultados obtidos, pode-se observar que a Hipótese I foi considerada
plausível, pois foram propostos FCS pelos respondentes que estavam alinhados e/ou
29
Observe-se que nos FCS1 e 7, a mediana foi a mesma para as duas empresas (“4”). No entanto, o teste em
questão compara não somente as medianas entre si, mas a composição de todos os valores das amostras.
236
implícitos neste FCS (definição da estratégia de famílias/produtos, reduzir
opções/diversificação, nacionalização, benchmarking, explorar oportunidades na crise,
fornecedores e adequação à realidade nacional), além de ter sido validado pelos
respondentes como sendo crítico para o processo de desenvolvimento de produtos.
Hipótese II - O gerenciamento do tempo e prazos é um fator crítico de sucesso para os
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
Pelos resultados obtidos, pôde-se observar que a Hipótese II foi considerada
plausível, pois foram propostos FCS pelos respondentes que estavam alinhados e/ou
implícitos neste FCS (time-to-market, gerenciamento do tempo, fornecedores), além de
ter sido validado pelos respondentes como sendo crítico para o processo de
desenvolvimento de produtos.
Hipótese III - O posicionamento estratégico definido para o produto é um fator crítico
de sucesso para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras
instaladas no Polo Automotivo da região Sul-fluminense.
Pelos resultados obtidos, pôde-se observar que a Hipótese III foi considerada
plausível, pois foram propostos FCS pelos respondentes que estavam alinhados e/ou
implícitos neste FCS (definição da estratégia de famílias/produtos, reduzir
opções/diversificação, adequação ao mercado local, adequação à empresa,
gerenciamento do escopo do produto, benchmarking, imagem “brasileira”,
gerenciamento da inovação, explorar oportunidades na crise, gestão ambiental,
qualidade e identificação das características do produto), além de ter sido validado
pelos respondentes como sendo crítico para o processo de desenvolvimento de
produtos.
237
Hipótese IV - O atendimento às necessidades dos clientes é um fator crítico de
sucesso para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas
no Polo Automotivo da região Sul-fluminense.
Pelos resultados obtidos, pôde-se observar que a Hipótese IV foi considerada
plausível, pois foram propostos FCS pelos respondentes que estavam alinhados e/ou
implícitos neste FCS (definição da estratégia de famílias/produtos, reduzir
opções/diversificação, adequação do processo de desenvolvimento do produto,
adequação ao mercado local, pós-venda, gerenciamento do escopo do produto,
benchmarking, gerenciamento da inovação, explorar oportunidades na crise,
engenharia, gestão ambiental, adequação à realidade nacional e escopo do projeto),
além de ter sido validado pelos respondentes como sendo crítico para o processo de
desenvolvimento de produtos.
Hipótese V - O alinhamento organizacional é um fator crítico de sucesso para os
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
Pelos resultados obtidos, pôde-se observar que a Hipótese V foi considerada
plausível, pois foram propostos FCS pelos respondentes que estavam alinhados e/ou
implícitos neste FCS (ter pessoal dedicado, nacionalização, adequação à empresa, pós-
venda, método e disciplina, gerenciamento da comunicação, gerenciamento da cadeia
de suprimento, engenharia, integração, fornecedores, estrutura organizacional e
características do time), além de ter sido validado pelos respondentes como sendo
crítico para o processo de desenvolvimento de produtos.
Hipótese VI As características do time de desenvolvimento é um fator crítico de
sucesso para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas
no Polo Automotivo da região Sul-fluminense.
238
Pelos resultados obtidos, pôde-se observar que a Hipótese VI foi considerada
plausível, pois foram propostos FCS pelos respondentes que estavam alinhados e/ou
implícitos neste FCS (pós-venda, método e disciplina, Engenharia, qualificação da
mão-de-obra e características do time), além de ter sido validado pelos respondentes
como sendo crítico para o processo de desenvolvimento de produtos.
Hipótese VII Os processos de trabalho estabelecidos pelas organizações para o
desenvolvimento de seus novos produtos é um fator crítico de sucesso para os
processos de desenvolvimento de produtos das montadoras instaladas no Polo
Automotivo da região Sul-fluminense.
Pelos resultados obtidos, pôde-se observar que a Hipótese VII foi considerada
plausível, pois foram propostos FCS pelos respondentes que estavam alinhados e/ou
implícitos neste FCS (adequação do processo de desenvolvimento do produto,
adequação à empresa, pós-venda, estabilidade de processos, gerenciamento do escopo
do produto, método e disciplina, benchmarking, gerenciamento da comunicação,
gerenciamento da inovação, time-to-market, engenharia e integração), além de ter sido
validado pelos respondentes como sendo crítico para o processo de desenvolvimento
de produtos.
Hipótese VIII – O gerenciamento organizacional e do ambiente de trabalho é um fator
crítico de sucesso para os processos de desenvolvimento de produtos das montadoras
instaladas no Polo Automotivo da região Sul-fluminense.
Pelos resultados obtidos, pôde-se observar que a Hipótese VIII não foi
considerada plausível, pois, ainda que tenham sido propostos FCS pelos respondentes
que estavam alinhados e/ou implícitos neste FCS (pós-venda, método e disciplina,
integração, fornecedores, gerenciamento das informações e características do time),
mas este não foi validado pelos respondentes como sendo crítico para o processo de
desenvolvimento de produtos.
239
Conclui-se este Capítulo, no qual foram apresentados os resultados obtidos da
pesquisa. Os mesmos são analisados e discutidos, qualitativamente e
quantitativamente, por meio dos testes estabelecidos no capítulo anterior. A partir de
tais análises, são geradas conclusões e recomendações, as quais são abordadas no
capítulo seguinte.
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Neste capítulo são apresentadas as conclusões da tese desenvolvida e as
recomendações para possíveis desdobramentos do presente trabalho em estudos
futuros, a partir da análise dos resultados obtidos na pesquisa.
Com base na premissa constante no Capítulo 1 - Fatores Críticos de Sucesso
(FCS) são um instrumento empírico válido para o planejamento estratégico
empresarial, principalmente nas etapas de identificação e especificação das demandas
de informação e desempenho - e nos resultados da pesquisa executada, pode-se
estabelecer as seguintes análises quanto ao problema da pesquisa, hipóteses utilizadas
e conclusões:
6.1. SOLUÇÃO DO PROBLEMA
No Capítulo 1, o problema foi estabelecido da seguinte forma: “o alto índice de
insucessos no desenvolvimento de produtos, gerando dificuldade na garantia de
sustentabilidade financeira e continuidade nos negócios para as organizações”.
Após análise estatística dos resultados obtidos em cada questão do questionário,
verificou-se que sete seriam as áreas críticas, nas quais os gerentes deveriam focar
maior atenção e priorizar, se necessário, a alocação de recursos, por tratarem-se de
áreas críticas para o sucesso do processo de desenvolvimento de produtos. Ou seja, as
áreas de negócio/ação nas quais resultados favoráveis são absolutamente necessários,
sob o risco das organizações não conseguirem completar a contento as atividades a que
se propõem. Estas áreas, fatores críticos de sucesso, são:
Gerenciamento de custos e orçamentos;
Gerenciamento do tempo e prazos;
Posicionamento estratégico definido para o produto;
Atendimento das necessidades dos clientes;
Alinhamento organizacional;
Características do time de desenvolvimento; e
241
Processos de trabalho estabelecidos pelas organizações para o
desenvolvimento de seus novos produtos.
6.2. CONCLUSÕES
Após a verificação de cada hipótese, pôde ser feita uma análise dos resultados
com relação à contextualização do problema e, a partir desta análise, fazer inferências
sobre as percepções dos executivos das montadoras, ou seja, do segmento em estudo.
Pode-se, a partir dos resultados encontrados, concluir que:
No caso de processos de desenvolvimento de produtos, os fatores de sucesso
considerados efetivamente críticos pelos executivos das montadoras ligados
diretamente a esta atividade são:
Gerenciamento de custos e orçamentos;
Gerenciamento do tempo e prazos;
Posicionamento estratégico definido para o produto;
Atendimento das necessidades dos clientes;
Alinhamento organizacional;
Características do time de desenvolvimento; e
Processos de trabalho estabelecidos pelas organizações para o
desenvolvimento de seus novos produtos.
Os Fatores Críticos de Sucesso identificados corroboram a tendência de um foco
cada vez maior no mercado consumidor, sem perder de vista outras partes
envolvidas (stakeholders), direcionando todas as ações e decisões da organização
na identificação das necessidades destes e na exposição a estes de como o produto
desenvolvido pela organização tem a capacidade de satisfazer as necessidades e
anseios dos envolvidos;
O outro Fator Crítico de Sucesso, não validado pelos respondentes, foi o
gerenciamento organizacional e do ambiente de trabalho;
242
Este fator pode ser entendido como complementar aos anteriores: primeiramente, o
gerenciamento organizacional vai dar a sustentação necessária ao desenvolvimento
de produtos que venha a atender os anseios e necessidades do mercado consumidor
e, desta forma, gerar a percepção de valor nestes, além das outras partes
envolvidas. Este valor percebido pode ser alavancado por meio do adequado
aspecto de custos, prazos e posicionamento estratégico. Da mesma forma, o
gerenciamento organizacional tem efeito direto sobre o alinhamento dos recursos
da organização e forte influência no gerenciamento do item e suas características;
De qualquer forma, cabe ressaltar que o FCS gerenciamento organizacional e do
ambiente de trabalho não chegou a ser rejeitado pelos respondentes, havendo
concordância parcial sobre o mesmo em ambas as empresas estudadas. No entanto
houve certa dispersão no grau de concordância/discordância quanto ao julgamento
do mesmo ser ou não um fator crítico de sucesso no processo de desenvolvimento
de produtos;
Não foi possível traçar um diagnóstico completo sobre haver ou não diferença entre
as opiniões nas duas empresas, visto que diferentes testes apontaram resultados
contraditórios;
de se destacar que, na opinião dos próprios especialistas consultados, o
questionamento sobre os fatores que seriam críticos no PDP, versus os que seriam
tão somente “importantes”, os levou a pensar de forma mais estratégica nas
atividades que merecem mais atenção, tendo o poder de fazê-los “pensar fora da
caixa”. Na opinião dos especialistas, as demandas diárias neste tipo de atividade,
usualmente dificultam análises deste tipo, tendo sido proveitoso para eles a
participação na pesquisa, independente dos resultados que surgissem dela;
O uso de metodologia baseada em tratamento estatístico é fundamental para a
validação dos resultados e identificação dos fatores que efetivamente têm peso no
processo de tomada de decisão dos principais players de um segmento.
243
6.3. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
A pesquisa sobre os Fatores Críticos de Sucesso no Processo de
Desenvolvimento de Produtos não se esgota neste trabalho, havendo vários outros
aspectos que são passíveis de uma investigação mais aprofundada. A seguir, são feitas
algumas sugestões de futuros estudos, que podem complementar e aprofundar o
trabalho aqui apresentado, na forma de novas questões a serem respondidas, em função
dos FCS identificados e de metodologias para desenvolvimento de novos produtos:
Quais são os fatores críticos de sucesso no processo de desenvolvimento de
produtos, segundo a visão dos executivos de outras montadoras instaladas no País,
abrangendo outras regiões além da Sul Fluminense?
Os fatores críticos de sucesso no processo de desenvolvimento de produtos, da área
automotiva são os mesmos de outras área de negócio?
E na área de serviços, há alguma similaridade? Quais são as diferenças?
alguma hierarquia entre os FCS identificados? Existe diferença de importância
entre eles?
Existe correlação entre os FCS identificados? Existe relação de causa e efeito entre
os FCS?
Como as organizações fazem o desdobramento hierárquico dos fatores críticos de
sucesso da indústria, identificando os FCS da organização, dos departamentos e
dos indivíduos?
Quais as perspectivas de mudança nos fatores críticos de sucesso nessa indústria,
por conta das alterações socioeconômicas e culturais no mercado brasileiro e
mundial, bem como por conta da evolução tecnológica de novos materiais e
política/preocupações com o meio ambiente?
Quais são as metodologias de desenvolvimento de produtos existentes e quais os
benefícios que as organizações usufruem por conta da utilização dos mesmos? Qual
o peso e correlação entre eles?
Quais as melhores práticas que podem ser identificadas nessas metodologias e
como elas podem ser replicadas em outras organizações?
244
Como conciliar o investimento inicial no desenvolvimento de novos veículos
automotivos com a necessidade de oferta de produtos customizados e com preços
acessíveis aos clientes?
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APÊNDICES
A – Questionário da pesquisa de campo (rodada inicial);
B - Questionário da pesquisa de campo (segunda rodada – empresa de veículos de
passeio);
C - Questionário da pesquisa de campo (segunda rodada – empresa de caminhões e
ônibus).
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