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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Programa de Pós-Graduação em Veterinária
Dissertação
Associação entre a ocorrência de algumas enfermidades reprodutivas e o
desempenho reprodutivo e produtivo de quatro rebanhos leiteiros da raça
Holandês
Virgílio Balduíno Scheid Filho
Pelotas, Agosto de 2007
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VIRGÍLIO BALDUÍNO SCHEID FILHO
ASSOCIAÇÃO ENTRE A OCORRÊNCIA DE ALGUMAS ENFERMIDADES
REPRODUTIVAS E O DESEMPENHO REPRODUTIVO E PRODUTIVO DE
QUATRO REBANHOS LEITEIROS DA RAÇA HOLANDÊS.
Dissertação apresentada à Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Pelotas, sob orientação do Prof. PhD. Thomaz Lucia
Júnior, como parte das exigências do programa de Pós
Graduação em Veterinária, área de concentração em
Reprodução Animal, para a obtenção do Título de
Mestre em Ciências (M.Sc.)
Comitê de orientação:
Prof. PhD. Thomaz Lucia Júnior (DPA/ FV / UFPel)
Prof. Dr. Cláudio Dias Timm (DMVP / FV / UFPel)
Pelotas, 2007.
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Banca examinadora:
Prof. PhD. Thomaz Lucia Júnior (DPA/ FV / UFPel)
Prof. PhD. João Carlos Deschamps (DPA / FV / UFPel)
Prof. Dr. Marcio Nunes Corrêa (DCV / FV / UFPel)
Porf. Dr. Rogério Folha Bermudes (DPA / FZ / UFSM)
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação a todos que acreditaram e
auxiliaram para que esta pudesse ter sido concluída.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a todos que acreditaram e me apoiaram no decorrer
do período de Mestrado.
Agradeço ao meu orientador Thomaz Lucia Júnior e co-orientador Cláudio
Dias Timm, que não mediram esforços no auxilio necessário para o desenvolvimento
deste trabalho.
Aos amigos Eugênio Roberto Costa e Moisés João Zotti, pelo
companheirismo e compreensão.
Ao grupo de ovinos, que me acolheu no período de Mestrado, em especial
aos amigos Gustavo Gastal, Jean Amaral, Rafael Ulguim, Carine Corccini e Raquel
Schiavon.
Ao professor João Carlos Deschamps, pelos ensinamentos e diretrizes de
trabalho a mim passadas.
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e ao Programa de Pós-Graduação
em Medicina Veterinária (PPGMV).
A empresa Policlínica Pioneiros por disponibilizar o material necessário para a
execução desta dissertação, em especial, ao Médico Veterinário Hilton pela
confiança depositada em mim.
A CAPES pela disponibilização da bolsa de estudo.
Por fim, agradeço a Sandra Vieira de Moura que, sem dúvida nenhuma, foi o
principal alicerce para que eu pudesse terminar este trabalho.
RESUMO
Scheid Filho, Virgílio Balduíno. Associação entre a ocorrência de algumas
enfermidades reprodutivas e o desempenho reprodutivo e produtivo de quatro
rebanhos leiteiros da raça holandês. 2007. Dissertação (Mestrado) - Programa de
Pós- Graduação em Veterinária. Universidade Federal de Pelotas.
O desempenho reprodutivo é o maior fator limitante para que a produção de leite
seja uma atividade economicamente eficiente. O objetivo deste estudo foi avaliar a
associação entre a ocorrência clínica de algumas enfermidades e o desempenho
reprodutivo e produtivo de quatro rebanhos leiteiros da raça Holandês, localizados
nos municípios de Castro e Carambeí (PR). Um estudo observacional foi realizado a
partir da pesquisa de índices de desempenho destes plantéis, entre março a
setembro de 2006, compreendendo partos ocorridos durante o período de março de
2004 a outubro de 2006. Indicadores de desempenho como os intervalos entre
partos, parto-concepção (IPC) e a produção diária de leite (PDL), foram avaliados
para as quatro propriedades, em função do número de inseminações artificiais
(NOIA), número de partos (NP), número de ocorrências clínicas (ND), ocorrência de
mastite, metrite e retenção de membranas fetais. O IPC foi mais longo em vacas que
apresentaram três ou mais ocorrências clínicas do que naquelas que o foram
acometidas por doenças e em função do aumento no número de IA (P < 0,001), mas
foi 24,1 dias mais curto nas vacas acometidas por retenção de membranas fetais do
que nas vacas
não acometidas (P = 0,0263). As vacas acometidas por mastite
clínica, até os 60 dias pós-parto, apresentaram IPC mais curto que aquelas com
mastite após os 60 dias pós-parto (P < 0.001). A ocorrência de mastite não foi
influenciada pela ocorrência tanto de metrite, quanto de retenção de membranas
fetais (P > 0,05). Porém, a ocorrência de retenção de membranas fetais foi
associada com a ocorrência de metrite (P < 0,001). A PDL das vacas com três ou
mais ocorrências clínicas foi superior (P < 0,001) às observadas para as vacas sem
ocorrências clínicas ou com apenas uma ocorrência, mas as vacas que não
apresentaram ocorrências clínica apresentaram PDL inferior a todas as outras
categorias (P < 0,001).
Palavras-chave: Desempenho reprodutivo, doenças clínicas, vacas leiteiras.
ABSTRACT
Scheid Filho, Virgílio Balduíno. Association among the occurrence of some
reproductive diseases and reproductive performance and milk production in
four Holstein dairy herds. 2007. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-
Graduação em Veterinária. Universidade Federal de Pelotas
Reproductive performance is a key factor for the economical success of dairy
production. The objective of this study was to evaluate the association between the
occurrence of diseases and the reproductive performance and milk production in four
Holstein dairy herds from Castro and Carambeí (PR). An observational study was
conducted through database research during the period between March and October
2006, including data corresponding to calvings occurred from March, 2004 to
October, 2006. Performance parameters such as calving and calving-conception
(CCI) intervals and the daily milk production (DMP) were evaluated as a function of
herds, number of artificial inseminations (AI), number of calvings, number of clinical
occurrences, and occurrence of mastitis, metritis and retention of fetal membranes.
The CCI was longer for cows presenting three or more clinical occurrences than for
those having no clinical occurrence and also with increased number of AI (P <
0.0001). Such interval was 24.1 days shorter for cows that presented retained fetal
membranes than for those that did not present such condition (P = 0.0263). The CCI
for cows presenting clinical mastitis up to 60 days post-partum was shorter than for
those presenting mastitis after such period (P < 0.0001). The occurrence of clinical
mastitis was influenced by neither the occurrence of metritis nor of retention of fetal
membranes (P > 0.05). However, the occurrence of retention of fetal membranes
was associated with metritis occurrence (P < 0.0001). The DMP observed for cows
diagnosed with three or more clinical occurrences was higher (P < 0.0001) than for
those with only one occurrence or no diagnosis, although the cows that were not
diagnosed with any clinical occurrence presented the lowest DMP (P < 0.0001).
Key words: Reproductive performance, diseases, dairy herds,.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Médias para intervalo entre partos (IP) e número de dias em lactação
(DEL) em função do número de inseminações artificiais....................................... 39
FIGURA 2 Média para o intervalo entre partos (IP), número de dias em lactação
(DEL) e intervalo parto-concepção (IPC) em função da ordem de parto............... 40
FIGURA 3 Intervalo parto-concepção em função do número de inseminações
artificiais (médias diferem por pelo menos P < 0,001)........................................... 42
FIGURA 4 Intervalo parto-concepção em função da primeira ocorrência de mastite
no pós-parto (médias diferem por pelo menos P < 0,001)..................................... 42
FIGURA 5 Médias da produção diária de leite em função do número de
ocorrências clínicas................................................................................................ 44
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Distribuição de freqüências para ocorrências clínicas em vacas leiteiras
de quatro plantéis da raça Holandês...................................................................... 36
TABELA 2 - Distribuição de freqüências para o número de ocorrências clínicas em
vacas leiteiras de quatro plantéis da raça Holandês.............................................. 37
TABELA 3 - Número de ocorrências clínicas por propriedade............................. 37
TABELA 4 - Freqüência de ocorrência da primeira mastite clínica pós-parto...... 37
TABELA 5 - Estatísticas descritivas para o intervalo entre partos e número de dias
em lactação em vacas leiteiras de quatro plantéis da raça Holandês.................... 38
TABELA 6 - Estatísticas descritivas para os intervalos entre partos e parto-
concepção e número de dias em lactação, em função da ocorrência de mastite,
metrite e retenção de membranas fetais................................................................ 40
TABELA 7 - Estatísticas descritivas para a produção de leite em função da
ocorrência de mastite, metrite e retenção de membranas fetais............................ 41
SUMÁRIO
RESUMO...................................................................................................................
ABSTRACT...............................................................................................................
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................
LISTA DE TABELAS................................................................................................
SUMÁRIO..................................................................................................................
1 INTRODUÇÃO GERAL.......................................................................................
2 ARTIGO 1............................................................................................................
RESUMO...............................................................................................................
ABSTRACT...........................................................................................................
INTRODUÇÃO......................................................................................................
Associação entre a ocorrência de enfermidades e o desempenho reprodutivo...
Associação entre a ocorrência de mastite e o desempenho reprodutivo..............
Associação entre a ocorrência de metrite e o desempenho reprodutivo..............
Associação entre a ocorrência de retenção de membranas fetais e o
desempenho reprodutivo...........................................................................................
Conclusão..............................................................................................................
Referências...........................................................................................................
3 ARTIGO 2...........................................................................................................
Resumo.................................................................................................................
Abstract.................................................................................................................
Introdução.............................................................................................................
Materiais e Métodos..............................................................................................
Resultados............................................................................................................
Discussão..............................................................................................................
Conclusão..............................................................................................................
Referências...........................................................................................................
4 CONCLUSÃO GERAL........................................................................................
5 REFERÊNCIAS...................................................................................................
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1 INTRODUÇÃO GERAL
A produção de leite no Brasil vem aumentando consistentemente, gerando a
necessidade de incrementar sua produtividade através da tecnificação da cadeia. No
ano de 2004, houve uma mudança no patamar da produção leiteira, pois o Brasil
passou de importador para exportado de leite (IBGE, 2007). Os produtores mais
especializados investem em tecnologia, usufruem das vantagens da economia de
escala e diferenciam seu produto, recebendo mais remuneração em função do maior
volume produzido e melhor qualidade do seu produto. Os produtores com este perfil
se concentram em bacias leiteiras tradicionais, em Minas Gerais (Triângulo
Mineiro/Alto Paranaíba e Região Sul/Sudoeste), sul de Goiás, São Paulo, Paraná,
Noroeste do Rio Grande do Sul e Oeste de Santa Catarina (HOTT & CARVALHO,
2007). No ano de 2004, o município de Castro (PR) foi o maior produtor de leite do
Brasil, atingindo a marca de 117 milhões de litros, correspondendo a 0,5% da
produção nacional (CARVALHO et al., 2006).
O estudo do desempenho reprodutivo é fundamental para auxiliar a tomada
de decisões junto aos produtores, possibilitando a identificação de pontos de
estrangulamento da cadeia produtiva de leite. O desempenho reprodutivo pode ser
medido através dos intervalos entre: partos; parto-primeiro estro; parto-primeiro
serviço e parto-concepção (MACMILLAN, 1992). Autores como Gröhn et al (1995),
Rajala-Schultz & Gröhn (1998), Klaas et al. (2004), Maizon et al. (2004), Gilbert et al.
(2005) e Huszenicza et al. (2005), avaliaram as relações existentes entre o
desempenho reprodutivo de bovinos de aptidão leiteira e a ocorrência de
enfermidades clínicas.
A ocorrência de doenças é frequentemente associada com perdas
econômicas derivadas da diminuição da produção de leite, porém é difícil estimar o
quanto estas são associadas com o desempenho reprodutivo. No Brasil, existe uma
carência de estudos consistentes focados no impacto de enfermidades freqüentes
em plantéis leiteiros sobre a ocorrência de falhas reprodutivas. Este trabalho
descreve a ocorrência de algumas enfermidades (mastite, metrite e retenção de
membranas fetais) em um grupo de plantéis leiteiros de produção intensiva,
avaliando o efeito destas enfermidades sobre indicadores de produção de leite e
desempenho reprodutivo em fêmeas bovinas de aptidão leiteira.
11
2.0 ARTIGO 1
Desempenho reprodutivo em plantéis bovinos de aptidão leiteira, em função da
ocorrência de algumas enfermidades reprodutivas.
Virgílio Balduíno Scheid Filho, Raquel Schiavon Schiavon, Gustavo Desire Antunes
Gastal, Cláudio Dias Timm, Thomaz Lucia Jr.
Resumo
A avaliação dos parâmetros reprodutivos é de grande importância para a otimização
da produtividade de rebanhos leiteiros. Esta revisão discute os principais indicadores
de desempenho reprodutivo em sistemas de produção de leite, avaliando a sua
associação com a ocorrência de algumas enfermidades reprodutivas. O parâmetro
reprodutivo mais utilizado é o intervalo entre partos, porém outros intervalos também
podem ser considerados, tais como: parto-primeiro estro; parto-primeiro serviço; e
parto-concepção. O desempenho reprodutivo de rebanhos leiteiros pode sofrer
interferência negativa de algumas enfermidades como: retenção de membranas
fetais; metrite e mastite. A mastite é considerada a doença de maior impacto
econômico em rebanhos leiteiros no mundo inteiro, podendo ser relacionada a
diminuição do desempenho reprodutivo. O efeito da mastite sobre o desempenho
reprodutivo pode se refletir no aumento dos intervalos entre partos, parto-concepção
e parto-primeiro serviço, em função de atraso na ovulação, encurtamento da fase
luteal e ocorrência de perdas gestacionais precoces. A metrite tem seu maior efeito
sobre o intervalo parto concepção, promovendo atraso no estabelecimento da nova
gestação. A retenção de membranas fetais pode atrasar a primeira ovulação pós-
parto e influenciar a ocorrência de anestro pós-parto. O efeito direto da retenção de
membranas fetais é controverso, pois pode ser associado somente a infecções
secundárias.
Palavras-chave: desempenho reprodutivo, doenças clínicas, vacas leiteiras.
13
Abstract
The evaluation of reproductive parameters is of great importance for optimizing
productivity in dairy herds. This review discusses the main indicators of reproductive
performance in dairy production systems and evaluates their association with the
occurrence of some reproductive diseases. Although the calving interval is the most
important parameter used to evaluate reproductive efficiency, other intervals are also
relevant, such as: calving-first estrus; calving-first service; and calving-conception
intervals. The reproductive performance in dairy herds may be influenced by some
diseases such as: retention of fetal membranes; metritis; and mastitis. Mastitis is the
disease having the highest economic impact in dairy herds and may be associated
with impaired reproductive performance. The effect of mastitis on reproductive
performance may lead to increased calving interval and calving-conception interval
as a function of occurrence of many manifestations of reproductive failure, such as
delayed ovulation, short luteal phase of the estrous cycle and abortions. Metritis
affects the calving-conception interval mainly by delaying the establishment of a new
gestation. Retention of fetal membranes can delay the occurrence of the ovulation
post-partum, influencing the occurrence of post-partum anestrus. However, the effect
of retention of fetal membranes on reproductive performance is controversial, since it
may indirectly mediated by secondary infections.
Key words: Dairy herds, diseases, reproductive performance.
14
Introdução
A avaliação dos parâmetros reprodutivos é de grande importância para a
otimização da produtividade de rebanhos leiteiros. O parâmetro reprodutivo mais
utilizado é o intervalo entre partos, porém outros intervalos como parto-primeiro
estro, parto-primeiro serviço e parto-concepção podem ser de grande valia na
avaliação do desempenho reprodutivo de bovinos de aptidão leiteira (MACMILLAN,
1992). Rebanhos com alta produção leiteira podem ter um desempenho reprodutivo
otimizado, em função da busca de melhorias relacionadas à alimentação, manejo
reprodutivo e padrão sanitário (THATCHER et al., 2002). Por outro lado, o
desempenho reprodutivo de rebanhos leiteiros pode sofrer interferência negativa de
algumas enfermidades. Estas manifestações clínicas podem afetar a produtividade
de vacas de aptidão leiteira a partir de três situações: redução no desempenho
reprodutivo; redução na expectativa de vida produtiva (com aumento no risco de
seleção para descarte) e queda na produtividade leiteira (RAJALA-SCHULTZ &
GRÖHN, 1998). Manifestações clínicas tais como distocias, natimortalidade,
retenção de membranas fetais, metrite e mastite podem causar efeito negativo sobre
o desempenho reprodutivo de bovinos leiteiros (MAIZON et al, 2004), interferindo
direta ou indiretamente na seleção de animais para descarte (RAJALA-SCHULTZ &
GRÖHN, 1999). Esta revisão discute os principais indicadores de desempenho
reprodutivo em sistemas de produção de leite, avaliando a sua associação com a
ocorrência de algumas enfermidades reprodutivas, como mastite, metrite e retenção
de membranas fetais .
Desempenho reprodutivo em plantéis leiteiros
O desempenho reprodutivo pode ser considerado como fator limitante para
que a produção de leite se torne uma atividade econômica eficiente. O intervalo
entre partos é o parâmetro mais usado como indicador do desempenho reprodutivo
e produtivo de rebanhos leiteiros, mas outros intervalos também podem ser
considerados, tais como: parto-primeiro estro; parto-primeiro serviço e parto-
concepção (MACMILLAN, 1992). Um intervalo entre partos de 365 dias pode ser
considerado como ideal, mas alguns modelos econômicos mais apropriados,
consideram um intervalo mais longo como aceitável, entre 13 e 13,5 meses
15
(MACMILLAN, 1992). Por outro lado, Nebel & Mcgilliard (1993) defendem que um
intervalo entre partos de 13 a 13,5 meses somente seria economicamente viável
para vacas com produção leiteira acima de 13.500 kg. No entanto, para o sistema de
produção leiteira dos Estados Unidos, apesar da fertilidade alta ser considerada um
ponto crítico pontual em rebanhos leiteiros, este também é um importante fator de
longo prazo, pois seu sistema é focado em vacas com maior longevidade
(WASHBURN et al., 2002).
O uso do intervalo entre partos como indicador de eficiência reprodutiva
apresenta limitações, pois somente os animais que sobrevivem até a próxima
lactação têm o intervalo avaliado. Seguindo este critério, animais descartados por
possuírem problemas graves de fertilidade, não seriam considerados na avaliação
da eficiência reprodutiva. Portanto, avaliações precisas de eficiência reprodutiva
devem focar, em conjunto, no intervalo entre partos e estimativas de sobrevivência
das vacas, da lactação atual até a próxima (OLORI et al., 2002).
Nos Estados Unidos, a produção de leite aumentou significativamente entre
os anos de 1990 e 2000, em rebanhos leiteiros de alta produção, tendo como
prováveis causas o progresso genético, melhorias na nutrição e nos métodos de
gestão, bem como avanços em biotecnologia (WASHBURN et al., 2002).
Simultaneamente a estas mudanças, houve uma diminuição no desempenho
reprodutivo e na fertilidade das vacas destinadas a produção leiteira (RAJALA-
SCHULTZ & FRAZER, 2003). Uma associação desfavorável foi identificada entre a
produção de leite e a duração do intervalo parto-concepção (ABDALLAH &
MCDANIEL, 2000), o que indica que a seleção genética foi direcionada,
principalmente, para características de rendimento, porém acompanhada de redução
na fertilidade das vacas. Rajala-Schultz, & Frazer (2003) descreveram que a
eficiência reprodutiva de vacas leiteiras de alta produção seria inversamente
proporcional à produção de leite e ao intervalo entre partos, o que seria
conseqüência do manejo aplicado a estas vacas de alta produção. Portanto,
rebanhos leiteiros de alta produção apresentam, muitas vezes, intervalo parto-
concepção mais prolongado do que aqueles com menor produção (DHALIWAL et al.,
1996). Estratégias de manejo de caráter administrativo também seriam responsáveis
pela redução no número de dias em aberto em rebanhos da raça Holandês com alta
produção (WASHBURN et al., 2002). Assim, a redução da fertilidade pode ser
16
conseqüência da combinação de variações fisiológicas e de medidas de gestão,
diminuindo o desempenho reprodutivo de rebanhos leiteiros (LUCY, 2001).
O intervalo parto-concepção é um parâmetro de grande importância na
avaliação da eficiência reprodutiva de rebanhos leiteiros. Um intervalo parto-
concepção de 50 dias é considerado ideal, porém um intervalo menor que 110 dias
é, muitas vezes, considerado aceitável (WEAVER, 1992). Vários fatores podem
afetar a duração do intervalo parto-concepção em vacas leiteiras, gerando perdas
econômicas à atividade. Alnimer et al (2002) descreveram que, devido ao estresse
calórico durante o verão, o intervalo parto-concepção seria aumentado quando
comparado com o período de inverno, atingindo 175 dias, o que seria acima do
recomendado por Weaver (1992). Shrestha et al (2004) relatam que, em plantéis da
raça Holandês com alta produção, vacas com ciclos estrais anormais durante o
período pós-parto apresentaram intervalos parto-primeira inseminação e parto-
concepção maiores do que as com ciclos normais (93 e 155 dias e 67 e 95 dias,
respectivamente).
Fatores como condição corporal, idade e raça também influenciam o período
de anestro pós-parto. Outro fator importante é a herdabilidade do intervalo entre o
parto e o início da atividade luteal, que seria maior do que a herdabilidade de outros
parâmetros tradicionalmente usados para estimar fertilidade (MCNAUGHTON et al,
2007). O intervalo entre o parto e o início da atividade luteal pode ser associado com
a taxa de concepção ao primeiro serviço e com o intervalo parto-concepção
(DARWASH et al., 1997). O prolongamento desse intervalo poderá retardar a
concepção ao primeiro serviço, o que, posteriormente, se refletirá sobre o intervalo
parto-concepção. Segundo Rajala-Schultz, & Frazer (2003), entre os anos de 1990 e
1998, houve um aumento gradativo do intervalo parto-concepção em plantéis
americanos, sendo que, em 1990, este intervalo era 14 dias mais curto em relação
ao ano de 1998. O tamanho da propriedade também deve ser considerado, pois
propriedades pequenas e médias apresentaram intervalo parto-concepção maiores
(dois e três dias, respectivamente) do que propriedades de grande porte, não
havendo associação do nível de produção de leite com o intervalo parto-concepção.
Rocha et al (2001) ainda ressaltam o efeito da ordem de parto, pois o intervalo parto-
concepção em vacas de primeira parto (176,9 dias) foi mais longo do que o
observado para vacas com 4-5 partos (148,1 dias).
17
Associação entre a ocorrência de enfermidades e o desempenho reprodutivo
A ocorrência de enfermidades clínicas desempenha papel importante na
eficiência reprodutiva de rebanhos leiteiros, podendo ser associada com queda na
produção de leite, atraso na concepção e aumento no número de dias em aberto, o
que aumentaria a probabilidade de descarte nas vacas com estas condições, em
comparação com as que estejam gestando (RAJALA-SCHULTZ & GRÖHN, 1999).
Dentre as enfermidades que podem apresentar efeito sobre a função reprodutiva,
serão enfatizadas aquelas com maior impacto potencial sobre o desempenho
reprodutivo, como mastite, metrite e retenção de membranas fetais
Associação entre a ocorrência de mastite e o desempenho reprodutivo
A mastite é definida como um processo inflamatório da glândula mamária,
caracterizado como um mecanismo de defesa contra infecções por microorganismos
e suas toxinas. A mastite pode ser causada por diferentes tipos de agentes
microbianos, tais como: bactérias, micoplasmas, leveduras, fungos e, em raras
ocasiões, vírus. Entretanto, as bactérias são, certamente, os agentes, com maior
freqüência, responsáveis por infecções intramamárias em vacas leiteiras (PHILPOT
& NICHERSON, 2002).
Apesar dos esforços despendidos ao longo das últimas décadas para o
controle da mastite em rebanhos leiteiros, esta enfermidade permanece como uma
das doenças bacterianas predominantes dentro do período pós-parto em vacas
leiteiras, em sistemas de produção tecnificados. Nas últimas décadas, a maioria dos
casos de mastite no período peri-parto era causada por bactérias Gram-positivas,
como Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae. Devido à implantação de
programas de controle da mastite, com descarte de animais com infecções
intramamárias crônicas e com uso geral de tratamento de vacas secas com
antimicrobianos, as perdas relacionadas a mastites estafilocócicas têm diminuído em
rebanhos leiteiros bem administrados. Em função disso, foi observado um aumento
na freqüência de mastite devido a outros microorganismos, como os agentes
ambientais (coliformes fecais e Streptococcus uberis e S. dysgalactiae) e patógenos
secundários (Staphilococcus coagulase negativa) (HUSZENICZA et al., 2004).
18
A mastite é considerada a doença de maior impacto econômico em
rebanhos leiteiros no mundo inteiro, causando sérios prejuízos econômicos tanto ao
produtor de leite quanto à indústria de laticínios, pois suas perdas são duas vezes
maiores do que as perdas relacionadas a problemas reprodutivos (LARANJA, 1994;
PHILPOT & NICHERSON, 2002). No Brasil, não existem estimativas precisas sobre
os prejuízos econômicos causados pela mastite. No entanto, a prevalência da
mastite clínica, aparentemente, é bastante variável no Brasil, dependendo de fatores
como a região, o sistema de produção e o manejo adotado para o controle da
mastite em cada propriedade. No estado do Paraná, estimativas de prevalência de
mastite clínica em vacas primíparas estariam entre 10,2% (LAFFRANCHI et al.,
2001) e 20,5% (PARGO et al., 1998). Na região de Pirassununga-SP, a freqüência
de mastite clínica foi estimada em 7,5%, em um levantamento com duração de dois
meses (BUENO et al., 2002). Na região de Pelotas-RS, a freqüência de mastite,
durante um ano, foi estimada em 57,0% (GONZALEZ et al., 2004).
A ocorrência de mastite pode ser relacionada com vários parâmetros da
eficiência reprodutiva. Vacas que apresentaram mastite subclínica, na lactação
anterior, possuem menor chance de concepção no primeiro serviço, em comparação
com vacas não acometidas pela enfermidade (COELHO et al., 2004). Estas vacas,
se acometidas no inicio da lactação, também poderão ter o intervalo parto-primeiro
serviço prolongado. As perdas reprodutivas relacionadas à mastite subclínica podem
ser atribuídas ao fato de que, nestes casos, dificilmente é realizado tratamento,
sendo tratados somente os animais acometidos por mastite clínica (HUSZENICZA et
al., 2005). Outras condições como atraso na ocorrência da primeira ovulação, menor
freqüência de expressão de estro, encurtamento da fase luteal ou prolongamento da
fase folicular do ciclo estral também podem ser atribuídas à ocorrência de mastite
por bactérias Gram-negativas (KLAASA et al, 2004; HUSZENICZA et al., 2005).
Huszenicza et al. (2004) cita que uma infecção experimental de patógenos Gram-
negativos e administração intramamária de endotoxinas, podem induzir intensa
liberação de citocinas e prostaglandina de ação luteolítica (Prostaglandina F2α). As
endotoxinas ainda possuem ação sobre a secreção de hormônios gonadotróficos e
diretamente sobre o folículo dominante, diminuindo o pico pré-ovulatório do
hormônio luteinizante e causando degeneração de folículos dominantes.
Ainda que a associação entre a ocorrência de mastite e o desempenho
reprodutivo o esteja totalmente elucidada, é conhecido o efeito desta condição
19
sobre o padrão de secreção hormonal e o desenvolvimento folicular, uma vez que a
inflamação da glândula mamária estimula a liberação de substâncias inibidoras da
expressão de receptores para gonadotrofinas (MOORE et al., 1991). Embora a
membrana exterior de patógenos mamíticos gram-positivos o contenha
endotoxinas, esta possui camadas de mucopeptideos (peptideoglicanos), que
possuem capacidade de induzir processos piréticos e estimular produção de
citocinas, que são mediadores inflamatórios com ação direta sobre a função do
corpo lúteo (HUSZENICZA et al., 2004). Em condições fisiológicas, a luteólise é
desencadeada a partir de episódios de liberação de prostaglandina F2α pelo
endométrio, que alcança o corpo lúteo através de mecanismo de contra corrente,
pelo contato entre a veia uterina e a artéria ovariana, atuando em associação com
peptídeos vasoativos e citocinas. A prostaglandina F2α induz uma rápida redução no
fluxo sanguíneo do corpo lúteo, que é associada à ocorrência de luteólise (BERISHA
& SCHAMS, 2005). No entanto, o principal mecanismo associado à perda de função
das lulas luteais ocorre por apoptose, mediada por citocinas produzidas por
macrófagos e linfócitos presentes no tecido luteal, cuja função é estimulada pela
prostaglandina F2α (NEUVIANS et al, 2004). A ação das citocinas liberadas
durantes quadros clínicos de mastite induz o processo de luteólise, ocorrendo
redução na concentração plasmática de progesterona, o que compromete a
manutenção da gestação, acarretando maior freqüência de perdas embrionárias e
fetais em vacas leiteiras (BERISHA & SCHAMS, 2005; BARKER, 1998). Quadros
clínicos de mastite até os 45 dias de gestação são associados com maior chance de
ocorrência de aborto, em comparação com casos clínicos diagnosticados após 90
dias de gestação, pois neste período o corpo teo é a única fonte de progesterona
para a manutenção da prenhez (RISCO et al., 1999).
Associação entre a ocorrência de metrite e o desempenho reprodutivo
A metrite é um processo inflamatório que envolve toda a parede uterina
(JAINUDEEN & HAFEZ, 1995). Em vacas de aptidão leiteira, as infecções uterinas
pós-parto ocorrem, habitualmente, como seqüelas de distocias e de retenção de
membranas fetais.
O risco de ocorrência de metrite pode ser aumentado em função das
características do manejo empregado em cada propriedade. Vacas mantidas em
20
pastagens, no verão, apresentam menor risco de ocorrência de metrite do que vacas
mantidas em confinamento e vacas das raças de menor porte (Jersey) também
podem apresentar menor risco de ocorrência de metrite do que vacas das raças de
maior porte (Holandês), desde que não sejam acometidas por retenção de
membranas fetais no período pós-parto (BRUUN et al., 2002).
Os principais agentes causadores de metrite são: Streptococcus spp,
Escherichia coli, Corynebacterium spp., Staphylococcus spp., Pseudomonas
aeruginosa e Klebsiella pneumoniae (SOARES & RIET-CORREA, 2003). Segundo
Jainudeen & Hafez (1995), entre as varias bactérias que causam metrite, o
Actinomyces pyogenes é a de maior ocorrência em vacas de aptidão leiteira,
podendo agir em sinergismo com outras bactérias, causando infecções graves.
Nos EUA, a prevalência de metrite subclínica está em torno de 21,0% em
vacas com três ou mais lactações, enquanto que vacas com um e dois partos
apresentam prevalências inferiores (12,0% e 13,0%, respectivamente) (GILBERT et
al, 2005).
O efeito da metrite sobre a eficiência reprodutiva ocorre em função de
contaminação e inflamação do útero, o que impede a implantação de nova gestação.
Em um estudo conduzido no Canadá (LEBLANC et al., 2002), a taxa de concepção
em vacas acometidas por metrite foi reduzida em 27,0%, quando comparada com a
taxa observada em vacas não acometidas, o que correspondeu a um aumento de 21
dias no intervalo parto-concepção. Neste estudo, foram observadas associações
significativas entre a ocorrência de metrite clínica e vários parâmetros de eficiência
reprodutiva. Em comparação com vacas sem diagnóstico clínico, as vacas com
metrite clínica tiveram atraso na primeira inseminação artificial, taxa de concepção
ao primeiro serviço inferior em 8,0%, taxa de concepção aos 120 dias de pós-parto
inferior em 13,9% e 27 dias em aberto a mais.
A ocorrência de metrite pode ser associada à taxa de prenhez durante o
período pós-parto. Em trabalho desenvolvido por Gilbert et al
(
2005), vacas com
menos de 100 dias de pós-parto e sem ocorrência de metrite apresentaram taxas de
prenhez de 43,0%, enquanto a taxa de prenhez nas vacas acometidas de metrite
clínica foi somente de 16,0%. Em vacas com mais de 200 dias de pós-parto, aquelas
acometidas pela enfermidade apresentaram taxa de prenhez de 8,0%, enquanto que
as vacas sem metrite apresentaram 36,0%. Ainda, o intervalo parto-primeiro serviço
nas vacas com metrite foi de 101 dias, contra 80 dias nas não acometidas, que
21
também necessitaram menos serviços por concepção. Infecções uterinas graves
podem ter efeitos negativos sobre a atividade ovariana, podendo levar à redução na
fase luteal de vacas acometidas pela enfermidade em até 56% dos casos (MATEUS
et al., 2002).
No Brasil, um estudo conduzido em São Carlos-SP, avaliando quatro
rebanhos da raça Holandês, não detectou efeito da presença de contaminação intra-
uterina sobre o desempenho reprodutivo. Neste estudo, muitas vacas foram
examinadas com menos de 60 dias s-parto, e, portanto, podem ter se recuperado
sem que tenha ocorrido efeito negativo sobre a sua eficiência reprodutiva futura
(VASCONCELOS et al., 2000).
Associação entre a ocorrência de retenção de membranas fetais e o
desempenho reprodutivo
A retenção de membranas fetais é caracterizada por falha na expulsão das
membranas fetais durante a terceira fase do trabalho de parto. A retenção de
membranas fetais é considerada como patológica 12 horas após o parto, ocorrendo
primariamente em função de inércia uterina ou inflamação da placenta, o que resulta
na falha dos envoltórios fetais em se destacarem das carúnculas uterinas
(JAINUDEEN & HAFEZ, 1995). Esta é uma complicação pós-parto comum em
ruminantes, particularmente em bovinos, sendo mais freqüente em bovinos de leite
do que em bovinos de corte. Em vacas de aptidão leiteira, a prevalência registrada
pode variar entre 8 e 12%, após a expulsão espontânea de terneiros únicos
(JAINUDEEN & HAFEZ, 1995). Em estudo realizado por Leite et al (2001), avaliando
registros reprodutivos de 350 vacas da raça Holandês, acumulado durante 24 anos,
foram descritos 132 casos de retenção de membranas fetais em 1.129 partos
(11,2%). A ocorrência de partos gemelares ou distocias, o nascimento de terneiros
machos, deficiência de selênio e vitaminas E e A, e duração prolongada da gestação
podem ser citados como fatores predisponentes de retenção de membranas fetais
(SEGUIN & TROEDSSON, 2006).
Segundo Jainudeen & Hafez (1995), o aparecimento do primeiro corpo lúteo
funcional, após o parto, pode ser retardado em 20 dias, em função da ocorrência de
retenção de membranas fetais, o que poderia trazer efeitos posteriores sobre a
eficiência reprodutiva. Leite et al. (2001) não relataram efeito significativo da
22
retenção de membranas fetais sobre o incremento dos intervalos entre partos e
parto-concepção. Entretanto, existem relatos de que vacas que não apresentaram
retenção de membranas fetais após o parto tiveram período de anestro mais curto,
no período do inverno (MARQUES et al., 1993).
Ainda que a retenção de membranas fetais possa ser considerada como
uma causa de infecções uterinas secundárias, controvérsias sobre seu efeito
direto sobre a eficiência reprodutiva. Seguin & Troedsson (2006) relatam que, não
havendo infecção secundária (metrite e/ou endometrite), dificilmente haveria
conseqüências sobre a eficiência reprodutiva.
Conclusão
O estudo do desempenho reprodutivo tem grande importância na otimização
da eficiência produtiva de rebanhos leiteiros, na qual a avaliação dos parâmetros
reprodutivos é fundamental para a detecção de pontos de estrangulamento.
Enfermidades como mastite, metrite e retenção de membranas fetais podem
interferir no desempenho reprodutivo de rebanhos leiteiros, causando efeito
negativo, principalmente, sobre o intervalo parto-concepção. Maiores estudos devem
ser desenvolvidos com foco nos efeitos causados por enfermidades sobre o
desempenho reprodutivo de plantéis leiteiros, visando reduzir perdas relacionadas a
estas enfermidades, principalmente no Brasil.
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28
3.0 Artigo 2.
Associação entre a ocorrência de algumas enfermidades reprodutivas e o
desempenho reprodutivo e produtivo de quatro rebanhos leiteiros da raça
holandês
Virgílio Balduíno Scheid Filho, Raquel Schiavon Schiavon, Gustavo Desire Antunes
Gastal, Cláudio Dias Timm, Thomaz Lucia Jr.
Resumo
O objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre a ocorrência de enfermidades
clínicas e o desempenho reprodutivo e produtivo de rebanhos leiteiros da raça
Holandês. O estudo foi realizado em quatro rebanhos leiteiros da raça Holandês, nos
municípios de Castro e Carambeí (PR). Foram coletados os seguinte dados de
desempenho individual de cada vaca: data do último parto; data da última
inseminação artificial (IA); número de parto; número de IA utilizadas no último
acasalamento; ocorrência de diagnósticos clínicos de mastite, metrite e retenção de
membranas fetais e produção de leite diária (PDL). As dias para intervalos entre
partos, intervalo parto-concepção (IPC) e PDL foram comparadas em função das
diferentes propriedades, do número de IA, partos e ocorrência clínicas, bem como
em função da ocorrência de mastite, metrite e retenção de membranas fetais. As
vacas acometidas por três ou mais ocorrências clínicas apresentaram IPC mais
longo que as vacas que não foram acometidas por qualquer ocorrência clínica (P <
0,001). O IPC se prolongou em função do número de IA (P < 0,001). Em vacas que
apresentaram retenção de membranas fetais, o IPC foi 24,1 dias mais curto do que
nas vacas
que não apresentaram esta condição (P = 0,0263). As vacas acometidas
por mastite clínica aos 60 dias de pós-parto apresentaram IPC mais curto do que
aquelas com mastites após este período (P < 0,001). Vacas que apresentaram
retenção de membranas fetais também apresentaram freqüência significativa de
ocorrência de metrite (P < 0,001). A PDL das vacas que apresentaram três ou mais
ocorrências clínicas foi superior (P < 0,001) à das vacas que apresentaram apenas
uma ou nenhuma ocorrência, ainda que estas últimas tenham apresentado PDL
inferior a todas as outras categorias (P < 0,001). A ocorrência de retenção de fetais
teve associação positiva com o IPC e aparentemente seria um fator de risco para a
ocorrência de metrite.
Palavras-chave: desempenho reprodutivo, doenças clínicas, vacas de leite.
30
Abstract
The objective of this study is to evaluate the association between the occurrence of
some reproductive diseases and the reproductive performance and milk production of
Holstein dairy herds. The study was conducted in four Holstein dairy herds located in
Castro and Carambeí (PR), after collection of individual reproductive records dates of
last calving date, last artificial insemination (AI), number of calvings, AI and clinical
occurrences, occurrence of mastitis, metritis and retention of fetal membranes and
daily milk production (DMP). Means for calving interval, calving-conception interval
(CCI) and DMP were compared across herds, number of AI, calvings and clinical
occurrences, occurrence of mastitis, metritis and retention of fetal membranes. The
CCI for cows presenting three or more clinical occurrences was longer than for those
without clinical occurrences (P < 0.001). The CCI was prolonged as the number of AI
increased (P < 0.001) and was 24.1 days shorter in cows presenting retention of fetal
membranes in comparison with those that did not present this condition (P = 0.0263).
Cows having clinical mastitis by up to 60 days post-partum had shorter CCI than
those having mastitis after that period (P < 0.001). Cows presenting retention of fetal
membranes also presented high frequency of metritis (P < 0.001). The DMP for cows
with three or more clinical occurrences was higher than for those presenting one or
none (P < 0.001), although the latter presented the lowest DMP across categories (P
< 0.001). Retention of fetal membranes influenced positively the duration of the IPC
and appears to be a risk factor for metritis.
Palavras-chave: dairy herds, reproductive performance, diseases.
31
Introdução
O desempenho reprodutivo é um dos principais fatores a serem avaliados
em rebanhos leiteiros. A baixa fertilidade reduz a lucratividade, diminuindo a
produção de leite e o número de partos por vaca por ano (MAIZON et al, 2004). O
estudo do desempenho reprodutivo também possui papel importante no
conhecimento dos pontos de estrangulamento da produção leiteira. Estudos
realizados em sistemas de produção leiteira podem apresentar dificuldades em sua
execução, em função da carência de banco de dados eficientes e do uso de
ferramentas estatísticas pouco sofisticadas
(GRÖHN & RAJALA-SCHULTZ, 2000).
Nos EUA, a produção de leite aumentou significativamente entre 1990 e 2000, em
rebanhos leiteiros de alta produção, tendo como prováveis causas o progresso
genético, melhorias na nutrição e nos métodos de gestão, bem como avanços em
biotecnologia (WASHBURN et al., 2002), mas poucos estudos no Brasil
comparando o desempenho reprodutivo ao longo das ultimas décadas. Rajala-
Schultz & Frazer (2003), em estudo realizado nos EUA, concluíram que, na última
década, o intervalo entre partos e o intervalo parto-concepção se prolongaram, o
número de dias até o primeiro serviço e de serviços por concepção aumentaram, e a
taxa de concepção ao primeiro serviço diminuiu. Uma associação desfavorável foi
identificada entre a produção de leite e a duração do intervalo parto-concepção
(ABDALLAH & MCDANIEL, 2000), o que indica que a seleção genética foi
direcionada, principalmente, para características de rendimento, porém
acompanhada de redução na fertilidade das vacas.
Outro fator importante a ser considerado é o estado sanitário, que é
determinante para a produção, desempenho reprodutivo e longevidade de animais
(
OLTENACU
et al, 1998
)
. Vários estudos epidemiológicos foram desenvolvidos
focando a associação entre a ocorrência de enfermidades e o desempenho
reprodutivo de vacas de aptidão leiteira (GRÖHN et al, 1995; RAJALA-SCHULTZ &
GRÖHN, 1998; KLAAS et al, 2004; MAIZON et al, 2004; GILBERT et al, 2005;
HUSZENICZA et al, 2005). Afecções clínicas como retenção de membranas fetais,
metrite e mastite podem ser relacionadas com o desempenho reprodutivo de vacas
de aptidão leiteira, interferindo na duração do intervalo entre partos, número de dias
em aberto e na eficiência reprodutiva. Estas doenças também podem afetar a
produtividade de vacas leiteiras reduzindo o seu rendimento de leite (RAJALA-
32
SCHULTZ & GRÖHN, 1998; HUSZENICZA et al., 2005). O objetivo deste estudo foi
avaliar a associação entre a ocorrência de mastite, metrite e retenção de
membranas fetais e o desempenho reprodutivo e produtivo de rebanhos leiteiros da
raça Holandês.
Materiais e Métodos
O estudo foi realizado a partir de dados coletados junto à empresa de
consultoria Policlínica Pioneiros®, responsável pelo atendimento de propriedades
nos municípios de Castro e Carambeí (PR), situados em latitudes de 24°47'24.40"S,
longitude de 50°0'15.01"W e latitude 24°55'60.00"S e longitude 50°4'60.00"W,
respectivamente. A coleta de dados ocorreu entre março a setembro de 2006,
compreendendo partos ocorridos durante o período de setembro de 2004 a
setembro de 2006.
Foram avaliados quatro rebanhos leiteiros, constituídos de animais da raça
Holandês. As propriedades 1, 2, 3 e 4 possuíam 202, 270, 322 e 180 vacas,
respectivamente. Nestes rebanhos, todas as vacas eram mantidas em sistema
confinado (free-stall), sendo alimentadas três vezes ao dia, à base de ração e
silagem feita de milho e/ou sorgo, conforme recomendações do NRC (2003). O
manejo alimentar dos animais considerava três grupos, em função da média diária
de produção leiteira: vacas recém paridas e em final de lactação; vacas com
produção abaixo de 30 kg/leite/dia e vacas com produção maior ou igual a 30
kg/leite/dia. Eram realizadas duas ordenhas diárias, de manhã e à tarde, com
intervalos de 12 horas.
Em todos os quatro rebanhos, todas as fêmeas eram acasaladas através de
inseminação artificial (IA). O diagnóstico de gestação era conduzido através de ultra-
sonografia, por via trans-retal, com o uso de transdutor linear (Aloka® 5,0 mHz) aos
25 dias de gestação. Os animais eram vacinados contra brucelose, IBR, BVD,
leptospirose, clostridioses, carbúnculo hemático, febre aftosa e mastite. Eram
realizados testes para detecção de tuberculose e brucelose a cada seis meses. Para
o controle da mastite eram realizadas, desinfecção pré e s-ordenha, teste da
caneca de fundo preto e contagem mensal de células somáticas.
Para a condução deste trabalho, foram coletados os seguintes dados de
desempenho individual de cada vaca: data do último parto; data da última IA;
33
número de partos; número de IA utilizadas no último acasalamento; data e razão
atribuída para o descarte (em caso de descarte); ocorrência de casos clínicos de
mastite, metrite e retenção de membranas fetais diagnosticados durante o período e
produção diária de leite durante o período. A análise dos dados considerou 813
vacas em lactação: 175 (21,5%) na propriedade 1; 218 (26,8%) na propriedade 2;
256 (31,5%) na propriedade 3 e 164 (20,2%) na propriedade 4. Os dados foram
registrados no sistema de gerenciamento Prodap® e, posteriormente, exportados
para o formato de planilhas eletrônicas (Excel®).
O intervalo entre partos foi calculado a partir da diferença entre as datas dos
dois últimos partos. O intervalo parto-concepção (IPC) foi calculado a partir da data
da última IA, subtraída da data do último parto, considerando somente as vacas que
apresentaram diagnóstico positivo de gestação, ao exame de ultrassonografia. O
número de dias em lactação foi calculado considerando a diferença entre a data do
último parto e a data da última coleta de dados (30 de setembro de 2006).
A produção diária média de leite (PDL) foi calculada a partir dos dados de
controle leiteiro dos 12 meses entre outubro 2005 e setembro de 2006,
apresentando intervalo médio de 30 ± 2 dias entre as coletas, incluindo 661 vacas.
Destes dados, foram extraídos os valores de pico de lactação, considerando o maior
valor observado no segundo, terceiro ou quarto controle leiteiro pós-parto. Este
cálculo não incluiu vacas que apresentavam apenas um controle leiteiro pós-parto.
Os valores de pico de lactação foram inseridos na fórmula: PDL = (Valor de pico de
lactação X 200)/ 305, adaptada de Garcia et al. (2006), para o cálculo de PDL
individual para cada vaca. A PDL foi categorizada em: 26,3 kg/leite/dia; e menor
que 26,3 kg/leite/dia, com base no valor médio observado para todas as vacas
avaliadas.
O diagnóstico de mastite foi baseado na presença de grumos no leite,
através do teste da caneca de fundo preto. No diagnóstico de retenção de
membranas fetais, foram caracterizadas como casos as vacas que apresentaram
envoltórios fetais retidos por mais de 12 horas pós-parto, mediante visualização. O
diagnóstico de metrite considerou como casos as vacas que apresentaram
corrimento purulento ou muco-purulento através da vulva, com presença de
conteúdo líquido no útero, identificado no exame de ultrassonografia por via trans-
retal. Casos clínicos de outras enfermidades diagnosticados durante o período
também foram registrados, incluindo: pneumonia; cetose; hipocalcemia; abortos;
34
cistos ovarianos; doenças podais; indigestão simples; deslocamento de abomaso e
edema de úbere. Os dados referentes à retenção de membranas fetais e mastite
foram obtidos através de diagnóstico clínico dos produtores, seguindo orientação
prévia prestada pelos veterinários da Policlínica Pioneiros®, que foram responsáveis
pelos demais diagnósticos clínicos.
O número total de diagnósticos de doenças considerou todos os casos
clínicos diagnosticados durante o período avaliado, incluindo aqueles animais que
apresentaram mais do que um diagnóstico clínico de mastite. Esta variável foi
categorizada em: 0; 1; 2 e 3 ou mais. No entanto, a análise individual da ocorrência
de mastite considerou somente o primeiro diagnóstico desta enfermidade. Após
observação da distribuição de freqüências das ocorrências de mastite dentro do
período do IPC, esta ocorrência foi categorizada em função do número de dias de
ocorrência em: até 60 dias; 61-120 dias e >120 dias. Não foram avaliados casos em
que o diagnóstico da mastite ocorreu fora do IPC. Para as demais enfermidades,
também foi considerada apenas a primeira ocorrência.
Foram geradas estatísticas descritivas para intervalo entre partos, IPC, dias
em lactação, PDL, e número de ocorrências clínicas, partos e de IA. O número de IA
foi categorizado em: 0; 1; 2; 3 e 4 ou mais, e o número de partos foi categorizado
em: 1; 2; 3; 4 e 5 ou mais.
Foram geradas médias para intervalo entre partos, IPC e dias em lactação
em função das diferentes propriedades, número de IA e de partos, PDL e da
ocorrência de enfermidades. Modelos de análise de variância foram gerados para
avaliar a variação do IPC e da PDL em função das diversas potenciais variáveis
independentes mencionadas acima, bem como de possíveis interações entre estas.
Em função de não apresentar distribuição normal, a variável IPC foi transformada
para a escala logarítmica. Esta análise o considerou 88 vacas que não
apresentavam valores para IPC e 17 vacas para as quais não houve registro do
número de IA. As comparações entre médias foram realizadas pelo teste LSD.
A associação entre a ocorrência de diferentes enfermidades foi avaliada pelo
teste de Qui-quadrado. Todas as análises estatísticas foram conduzidas com o uso
do programa Statistix
(2003).
35
Resultados
A Tabela 1 apresenta a distribuição de freqüência das ocorrências clínicas
diagnosticadas nos quatro rebanhos da raça Holandês. De um total de 675 eventos
registrados, os casos clínicos de mastite, metrite e retenção de membranas fetais
totalizaram 72,1% do total de ocorrências clínicas. Considerando todas as vacas
avaliadas no período, 317 delas não tiveram nenhuma ocorrência clínica
diagnosticada no período, no entanto, mais de 30% das vacas apresentaram pelo
menos dois diagnósticos durante o período analisado (Tabela 2). A freqüência de
ocorrências clínicas por propriedade está descrita na Tabela 3.
Tabela 1: Distribuição de freqüências para ocorrências clínicas em vacas leiteiras de
quatro plantéis da raça Holandês
Diagnóstico n Freqüência (%)
Mastite 298 36,7
Metrite 104 12,8
Retenção de membranas fetais 85 10,5
Indigestão simples 47 5,8
Deslocamento de abomaso 38 4,7
Lesões nos cascos 38 4,7
Cetose 18 2,2
Cistos ovarianos 18 2,2
Aborto 18 2,2
Hipocalcemia 11 1,4
Total 675 100,0
36
Tabela 2: Distribuição de freqüências para o número de ocorrências clínicas em
vacas leiteiras de quatro plantéis da raça Holandês.
Ocorrências clínicas n Freqüência (%)
0 317 39,0
1 243 29,9
2 129 15,9
3 ou mais 124 15,3
Tabela 3: Número de ocorrências clínicas por propriedade
Propriedade
Ocorrências cínicas
0 1 2 3 ou mais
n (%) n (%) n (%) n (%)
1 103 31,1 56 23,4 14 11,5 4 3,3
2 69 20,8 57 23,8 42 34,4 48 39,7
3 95 28,7 85 35,6 43 35,2 33 27,3
4 64 19,3 41 17,2 23 18,9 36 29,8
Total 331 40,7 239 29,4 122 15 121 14,9
A freqüência de ocorrência da primeira mastite clínica no período pós-parto
está mostrada na Tabela 4.
Tabela 4: Freqüência de ocorrência da primeira mastite clínica pós-parto
Período de ocorrência Ocorrência da primeira mastite clínica
n (%)
Sem mastite 455 64,3
Mastite fora do IPC* 127 17,9
Até 60 dias de IPC 56 7,9
60 – 120 dias de IPC 39 5,5
> 120 dias de IPC 31 4,4
Total 708 100,0
*Intervalo parto-concepção.
37
As médias para o intervalo entre partos e para o número de dias em lactação
são mostradas na Tabela 5. As vacas da Propriedade 1 apresentaram o intervalo
entre partos maior do que 470 dias e menos de 260 dias em lactação durante o
período avaliado.
Tabela 5: Estatísticas descritivas para o intervalo entre partos e número de dias em
lactação em vacas leiteiras de quatro plantéis da raça Holandês
Propriedade Intervalo entre partos (dias) Lactação (dias)
N Média ± DP n Média ± DP
1 117 476,7 ± 112,7 175 255,8 ± 183,1
2 137 419,6 ± 80,8 218 264,0 ± 135,8
3 168 412,3 ± 61,6 256 265,1 ± 142,5
4 155 459,5 ± 112,9 164 301,3 ± 156,6
Total 577 813
Na Figura 1 o apresentadas as médias para o intervalo entre partos e
número de dias em lactação em função do número de IA. Ainda que um maior
número de IA aparentemente esteja associado a um aumento no número de dias em
lactação, parece não haver influência sobre o intervalo entre partos.
Com relação ao número de partos, as 813 vacas avaliadas foram
categorizadas como: 1 parto (33,1%); 2 partos (25,0%); 3 partos (14,1%); 4 partos
(15,7%) e 5 ou mais partos (12,1%). O número de IA se distribuiu da seguinte
maneira: 214 vacas sem IA (26,3%); 224 vacas com uma IA (27,6%); 114 com duas
IA (17,7%); 89 com três IA (10,9%) e 142 com quatro ou mais IA (17,5%).
Foram avaliados 505 IPC, com média igual a 157,4 dias. As vacas de
primeira cria apresentaram um intervalo entre partos numericamente mais longo, em
comparação com as vacas com dois ou mais partos (Figura 2). Por outro lado, o IPC
foi numericamente mais longo em vacas de primeiro e segundo partos, enquanto
que o número de dias em lactação parece ser maior nos dois primeiros partos,
decrescendo a partir do terceiro parto (Figura 2).
38
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 1 2 3 4 ou mais
Número de Inseminões Artificiais
Dias
IP DEL
Figura 1: Médias para intervalo entre partos (IP) e número de dias em lactação
(DEL) em função do número de inseminações artificiais
As médias para o intervalo entre partos, IPC e número de dias em lactação
em função da ocorrência de mastite, metrite e retenção de membranas fetais são
mostradas na Tabela 6. As vacas não acometidas por retenção de membranas fetais
apresentaram o IPC mais longo do que as vacas que foram acometidas por esta
ocorrência clínica. Porém, o intervalo entre partos e o número de dias em lactação
apresentaram pouca variação em função destas ocorrências clínicas.
Considerando todas as vacas, a produção média de leite foi igual a 26,5
kg/vaca/dia. A produção média das propriedades 1, 2, 3 e 4, foi igual a: 25,2; 23,1;
28,2 e 26 kg/vaca/dia, respectivamente. A distribuição da PDL em função da
ocorrência de mastite, metrite e retenção de membranas fetais está mostrada na
Tabela 7.
39
200
250
300
350
400
450
500
1 2 3 4 5 ou mais
Ordem de Partos
Intervalo entre parots e dias em lactação
(dias)
100
110
120
130
140
150
160
170
180
190
200
Intervalo parto-concepção (dias)
IP DEL IPC
Figura 2: Média para o intervalo entre partos (IP), número de dias em lactação (DEL)
e intervalo parto-concepção (IPC) em função da ordem de parto.
Tabela 6: Estatísticas descritivas para intervalos entre partos e parto-concepção e
dias em lactação, em função da ocorrência de enfermidades.
Intervalo parto-
concepção (dias)
Intervalo entre partos
(dias)
Lactação (dias)
n Média ± DP* n Média ± DP N Média ± DP
Mastite
Sim 174
162,5 ± 93,8 237 440,5 ± 92,0 298
275,5 ± 151,6
Não
331
154,8 ± 90,7 340 439,3 ± 99,6 515
267,0 ± 155,2
Metrite
Sim 69 161,3 ± 86,8 74 446,8 ± 99,6 104
260,5 ± 131,9
Não
104
156,8 ± 92,6 503 438,8 ± 96,0 709
271,5 ± 156,8
Retenção de membranas fetais
Sim 59 129,0 ± 56,0 56 437,4 ± 86,1 85 259,5 ± 142,6
Não
446
161,2 ± 94,9 521 440,0 ± 97,6 728
271,4 ± 155,2
* Desvio padrão
40
Tabela 7: Estatísticas descritivas para a produção de leite em função da ocorrência
de mastite, metrite e retenção de membranas fetais
Variável Produção de leite (kg/vaca/dia)
n Média ± DP
Mastite
Sim 270 27,5 ± 5,9
Não 454 25,7 ± 5,3
Metrite
Sim 98 25,2 ± 5,2
Não 626 26,6 ± 5,6
Retenção de membranas fetais
Sim 73 24,4 ± 4,9
Não 651 26,6 ± 5,6
O IPC foi influenciado pelos efeitos de: propriedade; ocorrência de retenção
de membranas fetais; número de ocorrências clínicas; número de IA e ocorrência de
mastite pós-parto. Os demais efeitos testados não foram significativos (P > 0,05).
O IPC da propriedade 1 (184,3 dias) foi maior (P = 0,002) do que os
intervalos observados nas propriedades 2, 3 e 4 (147,7, 155,2 e 162,3 dias,
respectivamente). O IPC das vacas acometidas por três ou mais ocorrências clínicas
(178,9 dias) foi mais longo (P = 0,0226) do que o das vacas não acometidas por
ocorrências clínicas (148,9 dias), mas os intervalos das vacas com uma ou duas
ocorrências clínicas (166,3 e 155,5 dias, respectivamente) não diferiram entre si,
nem em relação aos demais intervalos (P > 0,05). O IPC foi mais prolongado (P <
0,001) na medida em que o número de IA aumentou (Figura 3).
O IPC para as vacas acometidas por retenção de membranas fetais (150,3
dias) foi 24,1 dias mais curto (P = 0,0263), em comparação com o IPC observado
nas vacas
não acometidas por esta enfermidade.
O IPC das vacas acometidas por mastite após 120 dias pós-parto (212,1
dias) foi mais longo (P < 0,001) do que os observados para qualquer outra categoria
(Figura 4). Os IPC observados em vacas não acometidas por mastite (147,7 dias) ou
acometidas entre os 61-120 dias pós-parto (149,8 dias) foram similares (P > 0,05),
porém mais longos (P < 0,001) do que os intervalos observados nas vacas
acometidas por mastite até 60 dias pós-parto (129,9 dias).
41
c
b
a
d
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3 4 ou mais
Número de IA
Intervalo parto-concepção (dias)
Figura 3: Intervalo parto-concepção em função do número de inseminações artificiais
(médias diferem por pelo menos P < 0,001).
c
a
b
b
0
50
100
150
200
250
SemMastite A 60 d 61-120 d > 120 d
Ocorrência da primeira mastite pós-parto
Intervalo parto-concepção (dias)
Figura 4: Intervalo parto-concepção em função da primeira ocorrência de mastite no
pós-parto (médias diferem por pelo menos P < 0,001).
Não houve diferença em relação à ocorrência de mastite em função da
ocorrência tanto de metrite, quanto de retenção de membranas fetais (P > 0,05). A
4
2
freqüência de mastite em vacas com ou sem diagnóstico de metrite foi exatamente a
mesma (12,8%), sendo que somente 38 vacas foram acometidas por mastite e
metrite durante o período. As freqüências de mastite em vacas com ou sem
diagnóstico de retenção de membranas fetais também foram muito semelhantes
(10,5% e 10,4%, respectivamente), e apenas 31 vacas tiveram ambos os
diagnósticos. Porém, a ocorrência de retenção de membranas fetais foi associada
com a ocorrência de metrite (P < 0,001), pois a freqüência de metrite em vacas com
retenção de membranas fetais (34,1%) foi maior do que a observada em vacas que
não apresentaram retenção de membranas fetais (10,3%).
A PDL foi influenciada pelos seguintes efeitos: propriedade; ocorrência de
retenção de membranas fetais e número de ocorrências clínicas. Os demais efeitos
testados não foram significativos (P > 0,05).
A PDL da propriedade 3 (28,2 kg) foi superior à observada nas demais
propriedades (P < 0,001). No entanto, as dias de PDL das propriedades 1 e 4
(25,3 e 26,0 kg, respectivamente) não diferiram (P > 0,05), mas foram maiores do
que a média da propriedade 2 (23,1 kg).
A PDL das vacas acometidas por retenção de membranas fetais (24,1 kg) foi
inferior (P < 0,001) a observada nas vacas não acometidas (27,2 kg).
A PDL das vacas com três ou mais ocorrências clínicas foi superior (P <
0,001) às observadas para as vacas sem ocorrências clínicas ou com apenas uma
ocorrência clínica (Figura 5). No entanto, vacas que não apresentaram ocorrência
clínica tiveram produção inferior a todas as outras categorias (P < 0,001). A PDL das
vacas que apresentaram duas ou mais ocorrências não diferiu da produção das
vacas que apresentaram três ou mais ocorrências ou apenas uma ocorrência clínica
(P > 0,05).
4
3
a
ab
b
c
23,0
23,5
24,0
24,5
25,0
25,5
26,0
26,5
27,0
27,5
0 1 2 3 ou mais
Número de ocorrências clínicas
Produção de leite (kg/vaca/dia)
Figura 5: Médias da produção diária de leite em função do número de ocorrências
clínicas.
Discussão
A ocorrência de doenças clínicas levantada no presente estudo apresentou
efeito significativo, quando relacionada ao IPC e PDL. As vacas que foram
acometidas por três ou mais ocorrências clínicas tiveram o IPC mais longo que
vacas com menor número de ocorrências e vacas com maior PDL também foram
acometidas por mais enfermidades clínicas. Rajala-Schultz & Gröhn (1999) citam
que a ocorrência de doenças causa efeito sobre a fertilidade das vacas e, por
conseqüência, aumenta o IPC. Animais que forem acometidos por doenças que
causam comprometimento sistêmico, podem ter o IPC prolongado pelos efeitos
causados pela liberação de endotoxinas para a corrente sanguínea, tais como
mastite e a metrite. Huszenicza et al (2005), revisando o efeito da mastite sobre a
função ovariana de vacas de aptidão leiteira, citam que, experimentalmente, a
administração de endotoxinas ou sua absorção através do útero infectado,
estimulam a produção de prostaglandina F2
α
e que esta é capaz de causar luteólise
prematura do corpo lúteo, bem como a mastite através do úbere. Outra ação das
endotoxinas é sobre o mecanismo de secreção de hormônios gonadotróficos
(MOORE et al., 1991). A ocorrência de mastite e metrite, em processos agudos,
4
4
podem causar diminuição da ingestão de alimentos através do estímulo da produção
de citocinas, fator de necrose tumoral e interleucinas, bem como através da
liberação de lipopolissacarídeos por bactérias gram-negativas (INGVARTSEN &
ANDERSEN, 2000). Portanto, com a diminuição da ingestão de alimentos, o balanço
energético negativo deverá ser acentuado e/ou prolongado, o que poderá afetar o
IPC. No presente estudo, não foi verificada associação direta da ocorrência de
mastite e metrite sobre o IPC, porém a freqüência de ambas as enfermidades em
conjunto correspondeu a 49,5% das ocorrências clínicas levantadas. Apenas a
primeira ocorrência da mastite foi verificada, o tendo sido consideradas repetidas
ocorrências desta enfermidade para o mesmo animal, bem como o período de sua
ocorrência. Assim, é possível que os animais acometidos por mastite durante
períodos longos, ou que tenham apresentado mais de uma ocorrência clínica
possam ter seu IPC prolongado, o que poderia justificar o aumento do IPC
observado em animas com três ou mais ocorrências clínicas. Outra justificativa para
o prolongamento no IPC, quando relacionado à ocorrência de enfermidades, poderia
ser a relação entre a produção de leite e a exigência metabólica, pois animais com
maior produção são mais exigidos em termos metabólicos e, por conseqüência, mais
suscetíveis a doenças e a apresentarem IPC prolongado. Durante o início da
lactação, as vacas passam por um estado de balanço energético negativo e suas
reservas de gordura são destinadas para a lactação, manutenção e crescimento,
com menor prioridade para a função reprodutiva (MWAANGA & JANOWSKI, 2000).
Endocrinologicamente, o intervalo entre parto-primeiro estro, bem como a taxa de
prenhez, são alterados quando vacas são sujeitas a reduzida ingestão de nutrientes,
sendo esta alteração, refletida em perda de peso corporal e redução na atividade
ovariana. Simultaneamente, pode ocorrer maior produção de corpos cetônicos, que
ficariam acumulados no sangue e nos tecidos por um período mais longo em vacas
com alta produção de leite, resultando em um quadro de cetose que pode causar
redução no uso de energia, prejudicando a fertilidade destes animais. Porém, a
cetose pode surgir a partir de quadros de diminuição de apetite causados por
doenças primárias como metrite, mastite ou deslocamento de abomaso (MWAANGA
& JANOWSKI, 2000). Portanto, animais podem apresentar um IPC prolongado
devido á ocorrência de doenças, através da interferência sobre o balanço energético
negativo.
4
5
A prevalência de retenção de membranas fetais registrada no presente
estudo (10,5%) está de acordo com os resultados encontrados por Leite et al (2001),
que relataram uma prevalência de 11,2%, em um levantamento de 24 anos, em uma
propriedade direcionada para atividades de pesquisa. Entre os possíveis fatores
predisponentes para a retenção de membranas fetais, podem ser citados a
ocorrência de distocias, partos gemelares e o nascimento de terneiros machos,
duração prolongada da gestação, bem como deficiência de selênio e vitaminas E e A
(SEGUIN &TROEDSSON 2006). Segundo Jainudeen & Hafez (1995), a ocorrência
de retenção de membranas fetais pode estar associada a um atraso de 20 dias no
aparecimento do primeiro corpo lúteo funcional após o parto, comprometendo o
desempenho reprodutivo. Por outro lado, Leite et al. (2001) não relataram efeito da
retenção de membranas fetais sobre o aumento do IPC ou do intervalo entre partos.
No presente estudo, as vacas com diagnóstico de retenção de membranas fetais
apresentaram IPC mais curto, o que pode ser atribuído à terapia usada no período
pós-parto, nos rebanhos avaliados. Nestes rebanhos, eram utilizados oxitetraciclina
e análogos de prostaglandina F2
α
, por via parenteral, em todas as vacas
acometidas por retenção de membranas fetais. Ainda que a retenção de membranas
fetais possa ser considerada como uma causa de infecções uterinas secundárias,
controvérsias em relação ao efeito direto desta enfermidade sobre o desempenho
reprodutivo. Segundo Königsson et al (2001), a utilização de oxitetraciclina não teria
efeito direto sobre as membranas fetais retidas, mas atuaria como um fator de
prevenção para infecções sistêmicas, não permitindo que o animal perdesse o
apetite e que mantivesse a ingestão normal de alimentos. As vacas com
comprometimento sistêmico podem diminuir a ingestão de alimentos, retardando o
equilíbrio do balanço energético, o que poderia influenciar o seu desempenho
reprodutivo (KÖNIGSSON et al, 2001). Por sua vez, a utilização de análogos de
prostaglandina F2
α
tem efeito sobre a contração uterina, promovendo um aumento
na contratilidade uterina pós-parto (GONZÁLEZ, 2002) e auxiliando no
desprendimento dos envoltórios fetais (HORTA, 1995). Este fator pode acelerar a
involução uterina, permitindo que o útero esteja apto a conceber em um período
mais curto, o que pode favorecer o desempenho reprodutivo pela redução no IPC.
Ainda, em função do seu efeito luteolítico, os análogos da prostaglandina F2
α
teriam
efeito favorável em vacas que apresentem persistência do corpo lúteo após o parto,
4
6
o que pode ter reflexo sobre a redução no seu IPC (GONZÁLEZ, 2002). Portanto, a
utilização da terapia com antibióticos e análogos de prostaglandina F2
α
talvez possa
ser implantada como uma prática de manejo preventiva para todos os animais, logo
após o parto. Porém, necessidade de estudos mais detalhados neste sentido,
não apenas para comprovar seu efeito positivo sobre o desempenho reprodutivo de
vacas leiteiras, mas também para estabelecer a viabilidade econômica da
implantação desta terapia.
A prevalência de mastite clínica constatada neste estudo (36,7%) foi similar
a descrita por Oliveira (2004), em um estudo realizado em Piracicaba-SP.
Entretanto, em um estudo similar, na região de Pelotas-RS, em algumas
propriedades, a freqüência de mastite clínica foi estimada em 57%, durante um ano
de levantamento (GONZALEZ et al., 2004). Esta variação na freqüência de mastite
clínica em diferentes regiões, provavelmente, pode ser atribuída às diferentes
práticas de manejo adotadas em diferentes sistemas de criação. Neste estudo, o IPC
mais curto foi observado para as vacas com ocorrência de mastite clínica aos 60
dias s-parto, o que sugere que estas vacas se recuperaram desta afecção clínica,
sem ter o seu desempenho reprodutivo afetado. Entretanto, se for considerado que a
involução uterina ocorre até os 60 dias de pós-parto, os potenciais efeitos da
ocorrência de mastite nesse período podem ter sido mascarados, quando
relacionados ao desempenho reprodutivo. Moore et al. (1991) descrevem a
associação entre a ocorrência de mastite e o padrão de secreção hormonal e
desenvolvimento folicular, salientando que a inflamação da glândula mamária
estimula a liberação de substâncias inibidoras da expressão de receptores para
gonadotrofinas. Segundo Huszenicza et al. (2005), vacas que forem acometidas por
mastite clínica no inicio da lactação, poderão ter o intervalo parto-primeiro serviço
prolongado, porém, no presente estudo, não foi possível avaliar o efeito da mastite
clínica sobre este intervalo. Outras condições, como atraso na ocorrência da
primeira ovulação, menor freqüência de expressão de estro, encurtamento da fase
luteal ou prolongamento da fase folicular do ciclo estral, também podem ser
atribuídas à ocorrência de mastite por bactérias gram-negativas (KLAAS et al, 2004;
HUSZENICZA et al., 2005). Outro fator importante relatado por Risco et al. (1999) é
a ocorrência de quadros clínicos de mastite até os 45 dias de gestação, associados
a maior chance de ocorrência de aborto, em comparação com casos clínicos
diagnosticados após 90 dias de gestação, pois neste período o corpo lúteo seria a
4
7
única fonte de progesterona para a manutenção da prenhez. No presente estudo,
não foi possível avaliar o efeito da ocorrência de mastite sobre as perdas
gestacionais precoces, entretanto seria importante a realização de estudos focados
no intervalo entre estros, através dos quais talvez fosse possível avaliar o real efeito
da ocorrência de mastite clínica sobre perdas gestacionais precoces.
A freqüência de metrite observada neste estudo (12,8%) está de acordo com
os resultados descritos na literatura, os quais se encontram dentro de um intervalo
bastante variável, de 2,2 a 37,3% (KELTON et al., 1998; OLIVEIRA, 2004; GILBERT
et al, 2005). Esta variação pode ser justificada em função dos fatores
predisponentes para esta condição, entre os quais os principais seriam a ocorrência
de retenção de membranas fetais e distocias (JAINUDEEN & HAFEZ, 1995).
Em
estudo realizado por Bruun et al (2002), foi verificado que vacas que apresentaram
retenção de membranas fetais tiveram maior probabilidade de ocorrência de metrite
do que as o acometidas pela enfermidade. Assim, a retenção de membranas
fetais poderia ser um fator de risco para a ocorrência de metrite, pois as membranas
retidas seriam um meio favorável para o crescimento bacteriano. No entanto, neste
estudo não foi verificada associação entre a ocorrência de metrite e o desempenho
reprodutivo, ainda que tenha sido observada associação entre a ocorrência de
retenção de membranas fetais e metrite. LeBlanc et al. (2002) relataram um aumento
do IPC da ordem de 21 dias em vacas acometidas por metrite. As vacas que foram
acometidas por retenção de membranas fetais tiveram IPC mais curto que as vacas
não acometidas, o que pode ter sido o fator determinante para a ausência de
associação entre metrite e desempenho reprodutivo, pois 34,1% das vacas que
apresentaram retenção de membranas fetais também foram acometidas por metrite.
O IPC foi diretamente relacionado ao número de IA, sendo mais longo em
vacas com maior número de IA. Porém, o número de IA não foi associado com a
produção de leite. No entanto, Lopez et al (2004) mencionam que vacas com maior
produção de leite apresentam expressão de estro menos intensa e por menos
tempo, em comparação com vacas com menor produção de leite, o que é atribuído à
maior demanda metabólica. Em função de seu metabolismo mais acelerado, as
vacas com maior produção de leite apresentam metabolização mais intensa de
estradiol na circulação, o que pode interferir em sua fertilidade e expressão de estro
(BUTLER, 2000; LOPEZ et al, 2004), também podendo ocorrer formação de folículos
maiores e de baixa qualidade (LOPEZ et al, 2004). Portanto, o prolongamento no
4
8
IPC em vacas com maior número de IA ocorreria em função do metabolismo
acelerado de vacas com maior produção de leite.
Quanto as demais ocorrências clínicas, a freqüência de deslocamentos de
abomaso (4,7%) é consistente com a literatura, considerando que um trabalho de
revisão sobre este assunto relata que essa freqüência pode variar entre 0 e 7%
(STEVEN et al., 2003). A ocorrência de hipocalcemia está de acordo com a
freqüência de 1,6% relatada por Gröhn et al. (1995). No entanto, as freqüências de
cetose (2,2%) e lesões nos cascos (4,7%) são numericamente inferiores aos valores
relatados por Detilleux et al. (1994), para cetose (6,3%) e por Oliveira (2004), para
lesões de casco (14,4%). As freqüências observadas para a ocorrência de cistos
ovarianos (2.2%) são numericamente inferiores aos valores entre 10% e 13%,
relatados em um trabalho de revisão por Garverick (1997). A freqüência de abortos
observada neste estudo (2,2%) é numericamente mais baixa que a freqüência de
4,4% descrita por Leite et al (2001). No entanto, esta freqüência foi descrita em um
estudo que avaliou um único rebanho durante 24 anos. A freqüência de indigestão
simples (5,8%) foi numericamente menor que a encontrada por Ziguer et al (2007)
no Rio Grande do Sul (9,6%), que sugerem que a diversidade de alimentação seja
um fator predisponente para a ocorrência desta enfermidade.
Conclusões
O número de ocorrências clínicas teve influência sobre o intervalo parto-
concepção, pois animais com três ou mais ocorrências clínicas apresentaram o
intervalo parto-concepção mais longo que os animais com menos ocorrências.
Vacas acometidas por retenção de membranas fetais apresentaram intervalo parto-
concepção mais curto do que as não acometidas. A ocorrência de mastite clínica
não apresentou efeito sobre o intervalo parto-concepção.
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53
4.0 CONCLUSÃO GERAL
Animas com maior número de ocorrências clínicas apresentaram o intervalo
parto-concepção mais longo e maior produção de leite. Os animais que foram
acometidos por retenção de membranas fetais apresentaram o intervalo parto-
concepção mais curto. A retenção de membranas fetais foi um fator predisponente
para a ocorrência de metrite. A ocorrência de mastite não interferiu sobre o intervalo
parto-concepção. O intervalo parto-concepção se prolongou em função do aumento
no número de inseminações artificiais.
5.0 REFERÊNCIAS
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