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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Instituto de Ciências Biológicas
ADDA DANIELA LIMA FIGUEIREDO
Estudo Farmacognóstico e Avaliação
Antimicrobiana de Richardia brasiliensis
Gomez (Rubiaceae)
GOIÂNIA
2005
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ADDA DANIELA LIMA FIGUEIREDO
Estudo Farmacognóstico e Avaliação
Antimicrobiana de Richardia brasiliensis
Gomez (Rubiaceae)
ORIENTADOR: Prof. Dr. José Realino de Paula
GOIÂNIA
2005
Dissertação de mestrado apresentada ao programa
de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular
do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade
Federal de Goiás como quesito parcial para obtenção
do título de Mestre em Biologia.
Área de Concentração: Fisiologia Vegetal
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“Não passo pela vida...
Bom mesmo é ir a LUTA com determinação.
Abraçar a vida e viver com PAIXÃO.
Perder com CLASSE e vencer com OUSADIA,
porque o mundo pertence a quem se atreve E
a VIDA é muito para ser insignificante!"
(Charles Chaplin)
4
DEDICATÓRIA
A DEUS que me possibilitou a dádiva, em especial, de ser mãe ...
E
Ao meu filho Marco Túlio, razão do meu viver...
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me permitir viver e apreciar mais um momento tão especial.
Ao Marco Túlio por existir... que sentido teria a minha vida sem esse príncipe?
Aos meus pais, por todo amor e apoio ao longo de toda a minha vida, sendo pessoas
simplesmente MARAVILHOSAS.
Aos meus irmãos que são minhas grandes paixões... minha vida.
A Dri e a que vieram a somar a minha família, sendo pessoas indispensáveis
e insubstituíveis. Amo vocês muuuuuito!!!
Ao meu orientador Prof. José Realino que é uma pessoa espetacular e um grande
orientador. Muito obrigada pelos maravilhosos dois anos de ensinamentos,
dedicação e paciência.
A Profª Maria Teresa Freitas Bara que acompanhou de perto estes dois anos de
mestrado da maneira mais participativa e afetuosa possível. Professora, muitíssimo
obrigada por tudo... a senhora realmente foi um mais um anjo que Deus colocou em
minha vida.
A Profª Fabiana Cristina Pimenta que me auxiliou no fim desta caminhada, com
toda disposição, paciência e sabedoria, e a quem eu sou eternamente grata pelos
ensinamentos.
A Profª Maria Helena Resende e ao Profº Heleno Dias Ferreira pela honra de me
transmitirem seus conhecimentos.
A Marília e a Keila que se mostraram amigas tão especiais: companheiras,
divertidas, solidárias, compreensivas e sábias. Obrigada por estarem comigo nestes
dois últimos anos de minha vida, em especial pelo apoio e amizade nestes últimos
meses.
6
Aos amigos de laboratório, Renan, Maria do Carmo, Paula, Sirley, Lucy, Dna.
Clélia, pelos momentos de diversão e de muito trabalho e, em especial, pela
paciência e companheirismo.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular
pelos conhecimentos transmitidos, pelo brilhantismo, pelo grande apoio e amizade
dedicadas. Em especial a Profº Eliane S. Seraphin que será sempre para mim, o
exemplo de uma pessoa ética, uma excelente profissional e uma grande amiga.
Muito obrigada!!!
A todos os meus amigos, em especial a Sandra e a Kaysmer, que são pessoas
apaixonantes (minhas irmãzinhas, mais velha e mais nova respectivamente), por me
ajudarem a crescer enquanto pessoa, a aproveitar os bons momentos e superar as
crises. Amo vocês!!!
7
LISTA DE FIGURAS
APRESENTAÇÃO GERAL
Figura 1- 2: Richardia brasiliensis Gomez no Horto de Plantas Medicinais da Faculdade de
Farmácia da Universidade Federal de Goiás. 1- Aspecto geral. 2- Detalhe das folhas e
inflorescência.......................................................................................................................19
Capítulo 01: ESTUDO FARMACOGNÓSTICO DA PARTE AÉREA DE Richardia
brasiliensis GOMEZ (RUBIACEAE)
Figura 1 - 4: Cortes paradérmicos das folhas de Richardia brasiliensis Gomez. 1-
Epiderme superior com estômatos paracíticos e células epidérmicas de parede sinuosa. 2-
Tricoma tector unicelular de parede verrucosa na epiderme superior. 3- Epiderme inferior
com estômatos paracíticos e células epidérmicas com parede ondeada. 4- Tricoma tector
unicelular de parede verrucosa na epiderme inferior (C.E .– célula epidérmica; Tr –
tricoma; Es – estômato).......................................................................................................31
Figura 5 - 7: Secção transversal da internervura no terço médio inferior da folha de
Richardia brasiliensis Gomez. 5- Detalhe do parênquima paliçádico, epiderme unisseriada
e parênquima lacunoso. 6- Feixes vasculares entre parênquima palicádico e parênquima
lacunoso. 7- Idioblastos contendo ráfides no parênquima lacunoso (Tr tricoma; P.p.
parênquima paliçádico; P.l. – parênquima lacunoso; Ep – epiderme; Epi – epiderme
inferior; F.v. – feixe vascular).............................................................................................32
Figura 8 - 9: Secção transversal da nervura principal e borda mediana da folha de
Richardia brasiliensis Gomez. 8- Aspecto geral da nervura principal. 9- Detalhe do feixe
vascular central (FVC feixe vascular central; FVL feixe vascular lateral; Epi
epiderme inferior; Xi xilema; Fl floema; Pc parênquima
clorofiliano)..........................................................................................................................33
8
Figura 10 - 11: Secção transversal do pecíolo de Richardia brasiliensis Gomez. 10-
Aspecto geral do pecíolo. 11- Detalhe do feixe vascular central (Fv Feixa vascular; Fvl
feixe vascular lateral; Xi xilema; Fl floema; Epi epiderme inferior; Tr tricoma; Cl
colênquima)..........................................................................................................................34
Figura 12 - 14: Secção transversal do caule em crescimento secundário de Richardia
brasiliensis Gomez. 12- Aspecto geral do caule. 13- Detalhe da epiderme apresentando
estômato e base de tricoma tector. 14- Detalhe do feixe vascular central (Est estômato;
Cse câmara sub-estmática; Tr tricoma; Ep epiderme; Pc parênquima cortical; Xi
xilema; Fl – floema; Pm – parênquima medular).................................................................35
Figura 15 - 16: Microscopia de da parte aérea de Richardia brasiliensis Gomez. 15-
Tricoma tector unicelular de parede verrucosa. 16- Ráfides de oxalato de
cálcio....................................................................................................................................36
Capítulo 02: ANATOMIA E PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DA RAIZ DE
Richardia brasiliensis Gomez (RUBIACEAE)
Figura 1: Detalhe das raízes de Richardia brasiliensis Gomez no Horto de Plantas
Medicinais da UFG..............................................................................................................45
Figura 2 - 4: Secção transversal da raiz principal em crescimento secundário de Richardia
brasiliensis Gomez. 2- Aspecto geral do súber. 3- Idioblastos contendo ráfides na região
parenquimática. 4- Detalhe do feixe vascular central (Su súber; Id idioblasto; Xi
xilema; Fl– floema).............................................................................................................51
Figura 5 - 6: Microscopia de das raízes de Richardia brasiliensis Gomez. 5- Ráfides de
oxalato de cálcio. 6- Grãos de amido e ráfides em luz polarizada (Rf – ráfide; GA – grão de
amido)..................................................................................................................................52
9
LISTA DE TABELAS
Capítulo 03: AVALIAÇÃO ANTIMICROBIANA DAS PARTES AÉREA E RAÍZES
DE Richardia brasiliensis GOMEZ (RUBIACEAE)
Tabela I: Procedência das cepas bacterianas e de Candida
albicans................................................................................................................................60
Tabela II: Atividade antimicrobiana do extrato etanólico bruto das partes aéreas e da raiz
de Richardia brasiliensis Gomez (Rubiaceae) frente a diferentes
microrganismos....................................................................................................................65
10
RESUMO
Richardia brasiliensis Gomez é uma planta invasora utilizada popularmente como
expectorante, emético e diaforético através de infuso ou decocto da raiz. O presente
trabalho objetivou caracterizar anatomicamente, realizar densidade estomática e análise
fitoquímica das partes reas e das raízes, a fim de fornecer subsídios farmacognósticos ao
controle de qualidade da droga vegetal e taxonômicos a família. A folha é anfiestomática
apresentando nas epidermes superior e inferior, estômatos paracíticos e tricomas tectores
unicelulares de paredes verrucosas. A nervura principal apresenta feixe vascular colateral.
O pecíolo possui feixe vascular em forma de arco e dois pequenos feixes vasculares
laterais. Já a secção transversal do caule em crescimento secundário apresenta aspecto
quadrangular. Na microscopia de das partes aéreas observou-se a presença de ráfides de
oxalato de cálcio e fragmentos de feixes vasculares com espessamento em anel. A raiz
principal em crescimento secundário, apresenta súber com várias camadas de células,
parênquima cortical com grande quantidade de grãos-de-amido e idioblastos contendo
ráfides de oxalato de cálcio. Na prospecção fitoquímica das raízes verificou-se a presença
de cumarina, resina, esteróides e triterpenóides. na prospecção fitoquímica, verificou-se
a presença de metabólitos secundários como: cumarinas, flavonóides, alcalóides, resina,
esteróides e triterpenóides. Além disso, o presente trabalho objetivou estudar a atividade
antibacteriana do extrato etanólico bruto, das partes aéreas e das raízes através da
determinação da concentração inibitória mínima (CIM) para 24 cepas bacterianas e
Candida albicans. A semeadura das culturas de microrganismos ocorreu com o auxílio do
inoculador de Steers. O extrato etanólico bruto da parte aérea de R. brasiliensis apresentou
potencial antimicrobiano superior ao extrato etanólico bruto da parte subterrânea.
Enterobacter cloacae FT 505 e as diferentes cepas de Staphylococcus aureus
demonstraram ser menos sensíveis ao extrato etanólico bruto das raízes que o extrato
etanólico bruto da parte aérea.
11
ABSTRACT
Richardia brasiliensis Gomez is a weeds used as expectorant, emetic and popularly
diaphoretic through infusion or decocta of the root. The present work objectified to
characterize the anatomy, stomatal density and to realize the phytochemical screening of
the aerial parts and the roots, in order to supply the pharmacognostic to quality control of
the plant drug and taxonomic subsidies to the family. The leaf is anphystomatic, presenting
both epidermis, paracytic stomata and unicellular non-glandular trichome costed by a
papillose cuticle. The midrib presents collateral vascular bundle. Petiole possess vascular
bundle in arc form and two small lateral. Already the transversal section of stem in
secondary growth presents quadrangular aspect. In the microscopy analysis of power of the
aerial part it was observed presence of raphides calcium oxalate and fragments of vascular
bundles with increase in ring. The main root in secondary growth, presents to suber with
some layers of cells, cortical parenchyma with great amount of grain-of-starches and
idioblasts with raphides calcium oxalate. In the phytochemical screening in the roots were
detected coumarin, resin, steroid and triterpenoid. In the phytochemical screening, of the
aereal parts were detected: coumarins, flavonoids, alkaloids, resin, steroids and
triterpenoids. This work aims to study too of the antibacterial activity of the crude
ethanolic extract of the aereal parts and roots this plant. The minimal inibitory
concentration (MIC) for twnty four bacterium and Candida albicans. The microrganisms
culture were inoculated by the steers inoculater. The crude ethanolic extract of the aereal
parts were more active as roots extract. Enterobacter cloacae FT 505 and the differents
Staphylococcus aureus culture were less sensible is root ethanolic extract as aereal parts
extract.
12
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO GERAL.
CONSIDERAÇÕES GERAIS.............................................................................................18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................22
CAPÍTULO 01:
ESTUDO FARMACOGNÓSTICO DA PARTE AÉREA DE
Richardia brasiliensis GOMEZ (RUBIACEAE)
INTRODUÇÃO....................................................................................................................25
MATERIAIS MÉTODOS....................................................................................................27
Material vegetal....................................................................................................................27
Caracterização anatômica.....................................................................................................27
Contagem estomática...........................................................................................................28
Prospecção fitoquímica........................................................................................................28
Determinação de cinzas totais, insolúveis em ácido e teor de umidade...............................28
Determinação de Flavonóides Totais...................................................................................29
RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................................30
Descrição anatômica.............................................................................................................30
Prospecção fitoquímica........................................................................................................39
Doseamento de flavonóides totais........................................................................................39
Determinação de umidade, cinzas totais e insolúveis em ácido...........................................39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................41
CAPÍTULO 02:
ANATOMIA E PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DA RAIZ DE
Richardia brasiliensis Gomez (RUBIACEAE)
INTRODUÇÃO....................................................................................................................46
MATERIAIS MÉTODOS....................................................................................................48
13
Material vegetal....................................................................................................................48
Caracterização anatômica.....................................................................................................49
Prospecção fitoquímica........................................................................................................49
Determinação de cinzas totais..............................................................................................50
Determinação de cinzas insolúveis em ácido.......................................................................50
Determinação do teor de umidade........................................................................................51
RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................................52
Descrição anatômica.............................................................................................................52
Análise fitoquímica..............................................................................................................52
Determinação do teor de cinzas totais, insolúveis e teor de umidade..................................55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................56
CAPÍTULO 03: AVALIAÇÃO ANTIMICROBIANA DA PARTE AÉREA E
RAÍZES DE Richardia brasiliensis GOMEZ (RUBIACEAE)
INTRODUÇÃO....................................................................................................................59
MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................61
Coleta do material vegetal....................................................................................................59
Preparação do extrato etanólico bruto..................................................................................59
Microrganismos utilizados...................................................................................................59
Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)...................................................62
RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................................65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................68
CONCLUSÕES GERAIS..................................................................................................70
16
Ata de defesa
17
APRESENTAÇÃO GERAL
18
CONSIDERAÇÕES GERAIS
A família Rubiaceae compreende cerca de aproximadamente 7.000 espécies, sendo
portanto, uma das maiores famílias de angiospermas. Dentre os representantes desta
família, tem-se um grupo de plantas de porte herbáceo que crescem espontaneamente em
todos os solos agrícolas, campos ou terrenos baldios (Joly, 1993) e que quase sempre se
comportam como indesejáveis, denominadas como “plantas daninhas”. Estas plantas são
designadas também como plantas ruderais, plantas silvestres, mato, inço, plantas invasoras
e ervas daninhas (Lorenzi, 1991).
Richardia brasiliensis Gomez (Figura 1) é uma Rubiaceae invasora bastante
freqüente principalmente lavouras anuais, pomares, cafezais, culturas perenes, jardins e
terrenos baldios (Lorenzi, 1991), nas quais promove intensa interferência competitiva,
especialmente no início do ciclo das culturas de verão (Kissmann & Groth, 1994; Ruedell,
2000). Esta espécie é de difícil controle por herbicidas de manejo e pós-emergentes, como
verificado por Pitelli (1991) no sistema de plantio direto na região sul do Brasil. Além de
apresentar efeitos inibitórios drásticos na germinação e desenvolvimento de pepino e arroz
(Salvati, 1988).
As plantas invasoras são competidoras eficientes por água, luz e nutrientes,
diminuindo a produtividade de certas culturas, além de poderem interferir diretamente no
crescimento de culturas e na comunidade microbiana através de inibição química,
conhecida como alelopatia (Alves, 1992). A grande habilidade das plantas daninhas quanto
à sobrevivência é atribuída aos mecanismos desenvolvidos pela natureza, como: grande
agressividade competitiva, alta produção de sementes (em especial as espécies anuais),
facilidade de dispersão das sementes e grande longevidade das sementes. Desta forma, as
plantas daninhas interferem na agricultura, na pecuária, na eficiência agrícola e na vida do
homem, causando maiores ou menores transtornos (Lorenzi, 1991).
Richardia brasiliensis, conhecida como poaia-branca, poaia-do-campo ou
simplesmente poaia, é uma planta anual, herbácea, prostada, ramificada, de caule
densamente hirsuto, medindo 20-50 cm de comprimento, além de apresentar grande vigor
vegetativo cobrindo completamente o solo infestado a semelhança de um tapete (Lorenzi,
1991). Suas folhas são simples e opostas, observando-se a presença de estípulas
interpeciolares. O pecíolo é curto ou quase ausente, o limbo foliar apresenta forma ovada a
19
lanceolada, de coloração verde-escura com tênue pilosidade na face ventral e sobre as
nervuras na face dorsal (Rosseto et al., 1997). De acordo com Lorenzi (1991), suas
inflorescências são brancas, terminais em glomérulos achatados, com 10-15 mm de
diâmetro, protegidos por um invólucro de 2-6 brácteas semelhantes a folhas, sendo o fruto
uma cápsula oboval-trígona, de 2-4mm de comprimento.
R. brasiliensis é uma espécie nativa da América do Sul, sendo encontrada desde a
Cordilheira dos Andes até a Costa Atlântica. No Brasil, tem vasta distribuição geográfica,
com maior ocorrência em regiões agrícolas do Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Esta planta é
mais comum nos solos com boa umidade, mas não encharcados, além de ser estimulada em
presença de boa iluminação e em solos de vegetação menos densa (Lorenzi, 1984).
Além da importância econômica relacionada às culturas agrícolas, a poaia é
utilizada na medicina popular como expectorante, emético e diaforético através de infuso
ou decocto da raiz (Grandi et al., 1989). Sabe-se que o conhecimento de plantas medicinais
simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos
étnicos. Desta forma, têm-se relato do uso de plantas no tratamento e na cura de
enfermidades desde 5000
a 45000 a. C (Rocha & Silva, 1961). Ainda hoje nas regiões mais
pobres do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras, as plantas medicinais são
comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais
residenciais (Maciel et al., 2002).
A nível mundial, a terapia medicinal vem crescendo notadamente nestes últimos
anos, com uma renda aproximada de 22 milhões de dólares por ano (Yunes et al., 2001).
Este aumento crescente na busca por terapias medicinais, em especial as plantas
medicinais, é devido especialmente a facilidade na obtenção dos espécimes, o baixo custo
e crença popular de que tudo que é natural é inofensivo (Rates, 1996). Entretanto, pouco se
sabe sobre os constituintes de certas plantas e os riscos que podem acarretar à saúde, e o
uso indiscriminado de plantas medicinais sem o respaldo científico, tem sido causa de
intoxicações, atribuídas aos efeitos conhecidos da planta ou ainda pelo uso da espécie
errada (Simões et al., 1995). Segundo Farnsworth & Soerjato (1985), das 119 substâncias
químicas extraídas de plantas e usadas na medicina, 74% foram descobertas através do
conhecimento popular.
Neste contexto, o Brasil seria privilegiado, pois é detentor de aproximadamente um
terço da flora mundial. Entretanto, a maioria dos fitoterápicos fabricados pela indústria
nacional, está fundamentada somente no uso popular das plantas sem nenhuma
comprovação pré-clínica, não podendo, portanto, ser competitivo a nível nacional e muito
20
menos internacionalmente, ficando atrás inclusive de países menos desenvolvidos
tecnologicamente (Yunes et al., 2001).
Devido a importância de Richardia brasiliensis Gomez, o presente trabalho
objetivou a caracterização anatômica, a prospecção fitoquímica e qualidade e pureza da
droga, das partes aéreas e das raízes, obtidas no sentido de obter dados padrões para
identificação da matéria-prima (droga vegetal). Além de propor a realização da avaliação
antimicrobiana a partir do extrato etanólico bruto das partes aéreas e da raiz, subsidiando
futuros estudos de atividades biológicas.
21
A
B
Figura 1: Richardia brasiliensis Gomez no Horto de Plantas Medicinais da Faculdade de
Farmácia da Universidade Federal de Goiás. A- Aspecto geral. B- Detalhe das folhas e
inflorescência.
22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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nacional sobre manejo de plantas daninhas em hortaliças. Botucatu: Faculdade de
Ciências Agronômicas, v.1, p.19-43, 1992.
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desenvolvimento dos cerrados: manejo e conservação dos recursos naturais
renováveis. Brasília: FURNATURA/ IBAMA, 11-25 p., 1992.
Farnsworth, N. R. & Soerjato, D. D. Potential consequence of plant extintion in the United
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Felfini, J. M. Padrões de diversidade do cerrado do centro-oeste brasileiro. In: Araújo, E.
L. et al. (eds.) Biodiversidade, conservação e uso sustentável da flora do Brasil. Recife:
UFRPE. 62-67 p., 2002.
Grandi, T. S. M.; Trindade, J. A.; Pinto, M. J. F.; Ferreira, L. L. & Catella, A. C. Plantas
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Joly, A. B. Botânica: Introdução à taxonomia vegetal. São Paulo: Companhia Editora
Nacional. 11ª. ed. 777 p., 1993.
Ker, J. C. & Resende, M. Recursos edáficos dos cerrados: ocorrência e potencial. In:
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Kissmann, K. & Groth, D. Plantas Infestantes e Nocivas. São Paulo: Basf Brasileira, 603
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Lorenzi, H. Considerações sobre plantas daninhas no plantio direto. In: Plantio direto.
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Lorenzi, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas, tóxicas e
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Macedo, J. Prospectives for the rational use of the Brazilian Cerrados for food production.
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23
Maciel, M. A. M.; Pinto, A. C.; Veiga Jr.; Grunberg, N. & Echevarria, A. Plantas
medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Quím. Nova. v. 25, n. 3, p. 429-
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Pitelli, R. A. Weed-soybean interference studies in Brazil. In: Cooping, L. G.; Green, M.
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Ribeiro, J. F. & Walter, B. M. T. Fitofisionomias do bioma cerrado. In: Sano, S. M. &
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Rocha e Silva, M. Fundamentos da Farmacologia e suas aplicações terapêuticas. Rio
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Rosseto, R. R.; Pitelli, R. L. C. M. & Pitelli, R. A. Estimativa da área foliar de plantas
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Simões, C. M. O.; Mentz, L. A. M.; Schenkel, E. P.; Irgang, B. E. & Stehmann, J. R.
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Yunes, R. A.; Pedrosa, R. C. & Filho, V. C. Fármacos e fitoterápicos: a necessidade do
desenvolvimento da indústria de fitoterápicos e fitofármacos no Brasil. Quím. Nova. v. 24,
n. 1, p. 147-152, 2001.
24
CAPÍTULO 01:
ESTUDO FARMACOGNÓSTICO DA PARTE AÉREA
DE Richardia brasiliensis GOMEZ (RUBIACEAE)
25
INTRODUÇÃO
O uso de plantas medicinais em terapias depende dentre outros fatores do controle
de sua qualidade. Desde a década de 30 se discute o problema da qualidade dos
fitoterápicos e plantas medicinais, ainda assim a qualidade das drogas vegetais
comercializadas hoje é preocupante (Batistic et al., 1989). Não há no país dados científicos
abrangentes sobre o uso de plantas medicinais, nem um controle eficaz da qualidade destes
produtos (Coelho, 2001).
Para análise de uma droga vegetal deve-se levar em conta: a identificação,
verificação da pureza e a avaliação dos princípios ativos (Oliveira et al., 1991). No Brasil,
onde a utilização de plantas medicinais ocupa lugar de destaque no uso popular, este tem
como origem os conhecimentos indígenas, dos escravos e imigrantes (Santos Filho, 1991).
Richardia brasiliensis Gomez é uma planta invasora utilizada popularmente como
expectorante, emético e diaforético através de infuso ou decocto da raiz (Grandi et al.,
1989), sendo bastante freqüente em lavouras anuais, pomares, cafezais, culturas perenes,
jardins e terrenos baldios (Lorenzi, 1991), nas quais promove intensa interferência
competitiva, especialmente no início do ciclo das culturas de verão (Kissmann & Groth,
1994). Esta espécie é de difícil controle por herbicidas de manejo e pós-emergentes, como
verificado por Pitelli (1991) no sistema de plantio direto na região sul do Brasil. A
presença desta planta em hortas apresenta efeitos inibitórios drásticos na germinação e
desenvolvimento de pepino e arroz (Salvati, 1988).
R. brasiliensis também conhecida como poaia-branca, poaia-do-campo ou
simplesmente poaia, é uma planta anual, herbácea, prostada, ramificada, de caule
densamente hirsuto, medindo 20-50 cm de comprimento, além de apresentar grande vigor
vegetativo cobrindo completamente o solo colonizando a semelhança de um tapete
(Lorenzi, 1991).
26
A espécie é nativa da América do Sul, sendo encontrada desde a Cordilheira dos
Andes até a Costa Atlântica. No Brasil, tem vasta distribuição geográfica, com maior
ocorrência em regiões agrícolas do Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Esta planta é mais comum
nos solos mesotróficos medianos a leves, com boa umidade, mas não encharcados, além de
terem seu crescimento estimulado em presença de boa iluminação e em solos de vegetação
menos densa (Lorenzi, 1984).
Este trabalho objetivou a aquisição de conhecimentos farmacognósticos, através da
caracterização anatômica e prospecção fitoquímica, da parte aérea de Richardia
brasiliensis Gomez, com intuito de fornecer subsídios a estudos futuros relacionados às
possíveis propriedades medicinais da espécie.
27
MATERIAIS E MÉTODOS
Material vegetal
Amostras de plantas adultas de Richardia brasiliensis foram coletados no Horto de
Plantas Medicinais da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG),
em Goiânia, Goiás (altitude de 768 m, 16º40`33,3” S e 49º14`39,5” W). Exsicatas foram
depositadas no herbário da UFG, sob registro de nº. UFG/27.226. O material vegetal foi
lavado em água corrente e parte deste, material ainda fresco foi utilizado para a realização
do estudo anatômico, o restante foi dessecado em estufa com circulação forçada de ar
(modelo FABBE PRIMAR) a 40ºC, para em seguida ser moído em moinho de facas
(Tipo WILLYE modelo TE-650, marca TECNAL) até a forma de pó, utilizado na
prospecção fitoquímica e microscopia de pó.
Caracterização anatômica
Após a lavagem do material fresco, fragmentos do caule, pecíolo e lâmina foliar
(regiões basal, mediana e apical) foram retirados com auxílio de lâmina ou bisturi e fixados
FPA 70 (formaldeído, ácido propiônico e etanol) e posteriormente armazenados em etanol
70%.
Para a caracterização anatômica das folhas foram realizados cortes histológicos,
transversais e paradérmicos, à mão livre em diferentes regiões: bordos (ápice, base e
mediana), nervura principal e pecíolo.
Os cortes histológicos foram submetidos à dupla coloração com azul de
alcian/safranina, baseada na metodologia adaptada de Kraus & Arduin (1997), e coloração
de Etzold (Etzold, 1993). A microscopia de foi realizada colocando uma pequena
quantidade de material pulverizado entre lâmina e lamínula contendo uma gota de
Reagente de Steinmetz (Costa, 2001). As fotomicrografias referentes às estruturas
28
anatômicas foram feitas em microscópio óptico (modelo ZEISS-AXIOSKOP), filme
Kodacolor asa 100. As escalas referentes às ilustrações foram obtidas nas mesmas
condições ópticas.
Contagem estomática
A contagem estomática foi realizada na região mediana da folha de R. brasiliensis
tanto na epiderme superior quanto na inferior. Essa metodologia foi empregada utilizando-
se cortes paradérmicos de ambas as faces e analisando o material em microscópio óptico
(modelo ZEISS-AXIOSKOP), acoplado a câmara clara, de acordo com a técnica de
Labouriau et al. (1961).
Prospecção fitoquímica
Os testes de prospecção fitoquímica foram realizados após a secagem do material
vegetal em estufa (modelo FABBE – PRIMAR) por 72 horas, sendo em seguida moído em
um moinho para que então se inicie a prospecção fitoquímica qualitativa baseada em
metodologias adaptadas de Costa (2001) e Matos (1988), para os seguintes metabólitos
secundários: heterosídeos antraquinônicos, esteróides e triterpenóides, heterosídeos
flavonóides, heterosídeos saponínicos, taninos, alcalóides, cumarinas e resina.
Determinação do teor de cinzas totais, insolúveis em ácido e teor de umidade
Foi adotado o método farmacopéico (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988) na
determinação do teor de cinzas totais e insolúveis em ácido, e no teor de umidade. Os
testes para de determinação do teor de cinzas totais, insolúveis em ácido e teor de umidade
foram realizados em triplicata.
29
Doseamento de Flavonóides Totais
O doseamento de flavonóides totais foi realizado em triplicata, utilizando-se do
método farmacopéico (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2002).
30
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Descrição anatômica
A folha de Richardia brasiliensis é anfiestomática com estômatos paracíticos
(Figuras 1 e 3), cuja densidade estomática é de 68,43 mm
2
para a epiderme superior e
116,25 mm
2
para epiderme inferior. Gavilanes (1999) estudando uma planta invasora de
áreas cultivadas e de pastagem (Gomphrena celosioides) registrou que a densidade
estomática é de 252 por mm
2
e 193 por mm
2
, para as epidermes adaxial e abaxial
respectivamente. Em espécies invasoras é muito comum a presença de folhas
anfiestomática como observado por Procópio et al. (2003) em vinte das dezenove espécies
estudadas. Essas características podem representar um aumento na taxa fotossintética,
que as trocas gasosas podem ser realizadas pelas duas faces da folha e, portanto, quanto
maior for a área estomática útil, a maior possibilidade de adaptação da espécie ao ambiente
(Moot et al. 1982). Estômatos paracíticos também foram descritos por Alves (2004) em
Rudgea viburnoides (Rubiaceae), demonstrando ser este o tipo mais comum para a família
Rubiaceae (Metcalfe & Chalke, 1950).
As células epidérmicas de R. brasiliensis apresentam paredes onduladas a sinuosas,
da mesma forma que as células epidérmicas da face abaxial das folhas de Palicourea
longepedunculata apresentam contorno sinuoso, enquanto as da face adaxial têm contorno
liso a levemente ondulado (Pereira et al., 2003).
Tricomas tectores unicelulares de paredes verrucosas foram são encontrados em
poaia (Figuras 2 e 4). A presença de tricomas tectores unisseriados de parede verrucosas,
também foi observada por Salatino et al. (1986), para Tocoyena formosa, e por Nascimento
et al. (1996), para Bathysa stipulata. A função dos tricomas tectores depende do órgão
onde se encontram, de sua morfologia, de sua densidade e até mesmo de sua orientação,
isto é, do ângulo de inclinação. Eles são densamente distribuídos em folhas e caules e
podem servir como uma barreira mecânica contra temperaturas extremas, alta intensidade
31
luminosa, perda excessiva de água, entre outros fatores (Werker, 2000). Assim, a presença
de tricomas em R. brasiliensis é uma característica que evidencia a adaptabilidade desta
espécie a ambientes hostis, como áreas degradadas de cerrado. Essas estruturas reduzem a
perda de água na transpiração, mas mantém a assimilação de gás carbônico por manter a
atmosfera saturada em vapor de água em torno da folha (Fahn & Cutter, 1992). Em outras
espécies invasoras pode-se também observar a presença de numerosos tricomas, como em
Solanum viarum (joá-bravo), Bidens pilosa (picão-preto), Conyza bonariensis (buva),
Leonotis nepetaefolia (cordão-de-frade) (Procópio et al., 2003).
Richardia brasiliensis apresentou numerosos idioblastos contendo ráfides (Figura
7), referidos também por Lersten (1974) para espécies de Rubiaceae. Já os coléteres, que
são estruturas comuns na família (Barros, 1959; Lersten, 1974), não foram registrados na
espécie em estudo.
Em secção transversal as epidermes adaxial e abaxial apresentam-se unisseriadas,
com células de tamanhos variados (Figura 5). O mesofilo é dorsiventral com parênquima
paliçádico formado por duas camadas de células e parênquima lacunoso constituído por em
média seis camadas de células com disposição compacta (Figura 5). Idioblastos com
ráfides de oxalato de lcio são freqüentes no parênquima lacunoso (Figura 7) e feixes
vasculares de menor porte com elementos com espessamento em anel (Figura 6).
A nervura central apresenta epiderme abaxial e adaxial unisseriadas (Figura 8). O
feixe vascular é do tipo colateral aberto e, em contato com o floema foi registrado
esclerênquima, com paredes celulares não lignificadas (Figura 9). Esaú (1976) afirma que
nem sempre a lignina está presente na parede secundária que compõe o esclerênquima,
como também foi registrado por Delaporte et al. (2002) em folhas de Alteranthera
brasiliana, uma planta invasora.
32
O pecíolo apresenta epiderme superior e inferior unisseriada com tricomas tectores
unisseriados com paredes verrucosas (Figura 10). Feixe vascular central colateral em forma
de arco (Figura 11), observando-se dois feixes vasculares laterais (Figura 10), conforme
descrito por Metcalfe & Chalke (1950) para Rubiaceae. Vieira (1988) descreveu a presença
de um feixe mediano em forma de arco, com as extremidades fortemente fletidas em
Tocoyena bullata (Rubiaceae).
A secção transversal do caule em crescimento secundário apresenta aspecto
quadrangular (Figura 12), também verificado em outras plantas herbáceas de caráter
medicinal, como em Melissa officinalis e Lippia alba (Ferreira et al., 2003). A epiderme é
unisseriada contendo tricomas tectores unicelulares e estômatos, parênquima cortical com
células isodiamétricas com tamanhos variados e feixe vascular central circular anfiflóico e
parênquima medular central com células isodiamétricas com tamanhos variados (Figuras
13 e 14).
Na microscopia de da parte aérea observou-se a presença de ráfides de oxalato
de lcio (Figura 16), fragmentos de epiderme contendo estômatos e tricoma tector
unicelular com paredes verrucosas (Figura 15).
33
1
2
3
4
Figura 1 - 4: Cortes paradérmicos das folhas de Richardia brasiliensis Gomez. 1-
Epiderme superior com estômatos paracíticos e células epidérmicas de parede sinuosa. 2-
Tricoma tector unicelular de parede verrucosa na epiderme superior. 3- Epiderme inferior
com estômatos paracíticos e células epidérmicas com parede sinuosa. 4- Tricoma tector
unicelular de parede verrucosa na epiderme inferior (C.E .– célula epidérmica; Tr –
tricoma; Es – estômato).
34
5
6
7
Figura 5 - 7: Secção transversal da internervura no terço médio inferior da folha de
Richardia brasiliensis Gomez. 5- Detalhe do parênquima paliçádico, epiderme unisseriada
e parênquima lacunoso. 6- Feixes vasculares entre parênquima paliçádico e parênquima
lacunoso. 7- Idioblastos contendo ráfides no parênquima lacunoso (P.p. – parênquima
paliçádico; P.l. parênquima lacunoso; Eps – epiderme superior; Epi epiderme inferior;
F.v. – feixe vascular; Rf - ráfides).
.
35
8 9
Figura 8 - 9: Secção transversal da nervura principal da folha de Richardia brasiliensis
Gomez. 8- Aspecto geral da nervura principal. 9- Detalhe do feixe vascular central (Fv -
feixe vascular; Epi – epiderme inferior; Eps – epiderme superior; Xi – xilema; Fl –
floema).
36
10
11
Figura 10 - 11: Secção transversal do pecíolo de Richardia brasiliensis Gomez. 10-
Aspecto geral do pecíolo. 11- Detalhe do feixe vascular central (Fv feixe vascular; Fl
feixe vascular lateral; Xi – xilema; Fl – floema; Ep – epiderme; Tr – tricoma).
37
12
13
14
Figura 12 - 14: Secção transversal do caule em crescimento secundário de Richardia
brasiliensis Gomez. 12- Aspecto geral do caule. 13- Detalhe da epiderme apresentando
estômato a base de um tricoma tector. 14- Detalhe do feixe vascular central (FVC feixe
vascular central; Es estômato; Cse câmara sub-estomática; Tr tricoma; Ep
epiderme; Pc – parênquima cortical; Xi – xilema; Fl – floema; Pm – parênquima medular).
38
15
16
Figura 15 - 16: Microscopia de da parte aérea de Richardia brasiliensis Gomez. 15-
Tricoma tector unicelular de parede verrucosa. 16- Ráfides de oxalato de cálcio (Tr
tricoma; Rf – ráfides).
39
Prospecção fitoquímica
Na prospecção fitoquímica da parte aérea verificou-se a presença de cumarinas,
flavonóides, esteróides e triterpenóides, alcalóides e resina, não se detectando a presença
de saponinas, heterosídeos antraquinônicos e taninos. A prospecção fitoquímica com
presença de alcalóides, flavonóides, esteróides e triterpenóides na parte aérea também foi
detectada em Symphytum officinale (Toledo et al., 2003). Já para Vanillosmopsis
erythropappa a ausência de alcalóides e presença de taninos e saponinas são fatores que
diferem dos metabólitos secundários encontrados em poaia (Souza et al., 2003).
Doseamento de flavonóides
A porcentagem de flavonóides totais para R. brasiliensis é de 0,37%, sendo um
índice próximo ao de plantas medicinais de grande uso popular como Ginkgo biloba
(Ginkgoaceae) e Calendula officinales, que possuem flavonóides totais nas porcentagens
de 0,5 e 0,4, respectivamente (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2002; Simões et al., 2003;
OMS, 1999). Segundo Simões et al. (2003) os flavonóides podem apresentar efeito
mutagênico, antitumoral, anti-hemorrágico, hormanais, antimicrobiano, entre outras
atividades.
Determinação de umidade, cinzas totais e insolúveis em ácido
A determinação de umidade foi em média 11,3% para as amostras analisadas de
poaia, estando o valor encontrado dentro das normas estipuladas pelas Farmacopéias, que
fica entre 8 e 14%. O teor de cinzas totais e insolúveis fornece informações sobre
substâncias inorgânicas presentes na matéria-prima vegetal. Valores acima dos
característicos indicam adulteração e/ou contaminação por material inorgânico como areia
40
e/ou lica (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988). O teor de cinzas totais foi de 14,05%
e a de cinzas insolúveis foi de 1,846%.
41
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45
Capítulo 02:
ANATOMIA E PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DA
RAIZ DE Richardia brasiliensis Gomez (RUBIACEAE)
46
INTRODUÇÃO
Desde a década de 30 se discute o problema da qualidade dos fitoterápicos e plantas
medicinais, ainda assim a qualidade das drogas vegetais comercializadas hoje é
preocupante (Batistic et al., 1989). Não no país dados científicos abrangentes sobre o
uso de plantas medicinais, nem um controle eficaz da qualidade destes produtos (Coelho,
2001).
Para análise de uma droga vegetal deve-se levar em conta: a identificação,
verificação da pureza e a avaliação dos princípios ativos (Oliveira et al., 1991). No Brasil,
onde a utilização de plantas medicinais ocupa lugar de destaque no uso popular, este tem
como origem os conhecimentos indígenas, dos escravos e imigrantes (Santos Filho, 1991).
A família Rubiaceae compreende cerca de aproximadamente 7.000 espécies, sendo
portanto, uma das maiores famílias de angiospermas. Dentre os representantes desta
família, tem-se um grupo de plantas de porte herbáceo que crescem espontaneamente em
todos os solos agrícolas, campos ou terrenos baldios (Joly, 1993) e que quase sempre se
comportam como indesejáveis, sendo denominado como “plantas daninhas”. Estas plantas
são designadas também como plantas ruderais, plantas silvestres, mato, inço, plantas
invasoras e ervas daninhas (lorenzi, 1991).
Richardia brasiliensis Gomez, conhecida como poaia-branca, poaia-do-campo ou
simplesmente poaia (Figura 1), é uma invasora bastante freqüente em lavouras anuais,
pomares, cafezais, culturas perenes, jardins e terrenos baldios (Lorenzi, 1991), o qual
promove intensa interferência competitiva, especialmente no início do ciclo das culturas
de verão (Kissmann & Groth, 1994; Ruedell, 2000).
47
A
B
Figura 1: Aspecto geral (A) e detalhe das raízes (B) de Richardia brasiliensis Gomez
coletada no Horto de Plantas Medicinais da FF/UFG.
48
R. brasiliensis é uma planta anual, herbácea, prostada, ramificada, de caule
densamente hirsudo, medindo 20-50 cm de comprimento, além de apresentar grande vigor
vegetativo cobrindo completamente o solo infestado a semelhança de um tapete (Lorenzi,
1991). Suas folhas são simples e opostas, observando-se a presença de estípulas
interpeciolares. O pecíolo é curto ou quase ausente, o limbo foliar apresenta forma ovada a
lanceolada, de coloração verde-escura com tênue pilosidade na face ventral e sobre as
nervuras na face dorsal (Rosseto et al., 1997). De acordo com LORENZI (1991), suas
inflorescências são brancas, terminais em glomérulos achatados, com 10-15mm de
diâmetro, protegidos por um invólucro de 2-6 brácteas semelhantes a folhas, sendo o fruto
uma cápsula oboval-trígona, de 2-4mm de comprimento.
Além da importância econômica relacionada às culturas agrícolas, a poaia é
utilizada popularmente como expectorante, emético e diaforético através de infuso ou
decocto da raiz (Grandi et al., 1989).
A finalidade deste trabalho foi a aquisição de aspectos farmacognósticos dessa
planta medicinal, através da caracterização anatômica e prospecção fitoquímica da raiz de
Richardia brasiliensis Gomez.
MATERIAIS E MÉTODOS
Material vegetal
Plantas adultas de Richardia brasiliensis Gomez foram coletadas no Horto de
Plantas Medicinais da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG),
Campus I, em Goiânia, Goiás (altitude de 768m, 16º40`33,3” S e 49¨14`39,5” W), onde as
raízes foram separadas e lavadas em água corrente. O material botânico foi identificado
pelo Profº Dr. José Realino de Paula (Faculdade de Farmácia UFG) e a exsicata foi
depositada no Herbário da UFG sob 27.226. Parte do material ainda fresco foi utilizado
49
para a realização do estudo anatômico, e o restante foi dessecado em estufa com circulação
forçada de ar (modelo FABBE PRIMAR) a 40ºC, para em seguida ser moído em moinho
de facas (Tipo WILLYE modelo TE-650, marca TECNAL) até a forma de pó, sendo este
utilizado na prospecção fitoquímica e na microscopia do pó.
Caracterização anatômica
Após a lavagem do material fresco, fragmentos com cerca de 1cm de comprimento
foram extraídos da raiz principal e raízes laterais, com auxílio de lâmina ou bisturi e
colocados em frascos, previamente identificados, contendo a solução de formaldeído, ácido
propiônico e etanol 70% (v/v) (FPA) como fixador. Após três dias o FPA foi substituído
por etanol 70% (v/v).
Cortes histológicos transversais dos fragmentos de raízes foram realizados a mão-
livre e submetidos à dupla coloração, azul de alcian/safranina (Kraus & Arduin, 1997), e
aos reagentes de Etzold (Etzold, 1993) e Steinmetz (Costa, 2001). Após coloração o
material vegetal foi transferido para lâminas contendo glicerina aquosa e recobertos com
lamínula para análise em microscópio óptico. A microscopia de foi realizada
submetendo o material pulverizado ao Reagente de Steinmetz (Costa, 2001). As análises e
fotomicrografias referentes às estruturas anatômicas foram feitas em microscópio óptico
(modelo ZEISS-AXIOSKOP), filme Kodacolor asa 100.
Prospecção fitoquímica
Os testes de prospecção fitoquímica foram realizados em triplicata, baseados em
metodologias adaptadas de Costa (2001) e Matos (1988). As pesquisas das classes de
substâncias do metabolismo secundário foram realizadas através de reações gerais:
heterosídeos antraquinônicos (reação de Borntraeger), esteróides e triterpenóides (reagente
50
Liebermann-Burchard, reação de Keller-Killiani, do núcleo esteroidal e de Kedde),
flavonóides (reação de shinoda, oxalo-bórica, com ácido sulfúrico concentrado, com
hidróxidos alcalinos, com cloreto de alumínio e com cloreto férrico), saponinas (índice de
espuma), taninos (reação com gelatina, com alcalóides, com sais metálicos e com
hidróxidos alcalinos), alcalóides (reativo de Mayer, de Dragendorff, de Bouchardat, de
Bertrand, de Hager e ácido tânico), cumarinas (reação com NaOH 1N) e a presença de
resina (turvação do extrato etanólico com adição de água).
Determinação do teor de cinzas totais
Em três cadinhos previamente calcinados, resfriados e pesados foram colocadas 3
g da amostra em pó, carbonizado em bico de Bunsen e incinerado à 450ºC, durante duas
horas em mufla (EDG Equipamentos - modelo 3000), até a obtenção de cinzas brancas. Os
cadinhos foram resfriados em dessecador e, em seguida, pesados. Foi calculada a
porcentagem de cinzas em relação à amostra seca ao ar (FARMACOPÉIA BRASILEIRA,
1998).
Determinação do teor de cinzas insolúveis em ácido
O resíduo obtido na determinação de cinzas totais foi fervido durante cinco minutos
com 20 mL de ácido clorídrico SR em cadinho coberto com vidro de relógio. Após este
período, o vidro de relógio foi lavado com 5mL de água quente e a mesma foi reunida ao
conteúdo do cadinho. A solução do cadinho foi filtrada sobre papel de filtro quantitativo e
acrescentada água quente até que o filtrado se tornasse neutro. O papel de filtro contendo o
resíduo foi transferido para o cadinho original, e carbonizado sobre bico de Bunsen. Em
seguida, o material foi incinerado a cerca de 500.ºC por 1 hora, em mufla. Após serem
resfriados em dessecador, os cadinhos com as amostras foram pesadas. Foi calculada a
51
porcentagem de cinzas insolúveis em ácido em relação à droga seca ao ar
(FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1998).
Determinação do teor de umidade
O método para determinação do teor de umidade foi o gravimétrico. Em três pesa-
filtros previamente dessecados em estufa a 100-105.ºC, por 30 minutos, resfriados e
pesados, foi colocado 2g da amostra em pó. Essa amostra foi dessecada em estufa
(FANEM - modelo 002 CB) a 100-105.ºC, durante 5 horas. Os pesa-filtros foram
resfriados em dessecador e pesados. A dessecação se manteve em intervalos de 1 hora,
sendo os pesa-filtros pesados com a amostra a cada período. O ensaio foi concluído quando
duas pesagens sucessivas dos pesa-filtros não diferiram entre si por mais de 5mg. Foi
calculada a porcentagem de água em relação à droga seca ao ar (FARMACOPÉIA
BRASILEIRA, 1998).
52
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Descrição anatômica
A raiz principal em crescimento secundário apresenta súber com várias camadas de
células, parênquima cortical com grande quantidade de grãos de amidos, esféricos e de
tamanhos variados (Figura 2), assim como em Jacaranda decurrens (Oliveira et al., 2003),
uma espécie também de uso medicinal. Além disso, poaia possui idioblastos contendo
ráfides de oxalato de cálcio (Figura 3), floema externo ao xilema com raios
parenquimáticos unisseriados. Xilema central contendo vasos de grande calibre isolados ou
em grupo de dois ou três, e raios parenquimáticos unisseriados (Figura 4). As raízes
laterais em crescimento primário apresentam epiderme unisseriada, parênquima cortical
com células de conteúdo fenólico, feixe vascular central com floema externo ao xilema.
Na microscopia do das raízes registrou-se a presença de ráfides de oxalato de
cálcio isolados ou agrupados, grãos de amido esféricos com hilo puntiforme ou linear,
isolados ou agrupados em dois ou três (Figura 5 e 6), e fragmentos de feixe vascular.
Prospecção fitoquímica
Na prospecção fitoquímica da parte subterrânea detectou-se a presença de
cumarinas, resinas e esteróides e triterpenóides, não se detectando a presença de saponinas,
heterosídeos antraquinônicos, taninos, alcalóides e flavonóides nas amostras analisadas. No
estudo com as raízes de Jacaranda decurrens (Oliveira et al., 2003), uma espécie de uso
medicinal, se detectou a presença de cumarinas, resinas e esteróides, assim como para as
amostras de raízes de poaia.
53
2
3
4
Figura 2 - 4: Secção transversal da raiz principal em crescimento secundário de Richardia
brasiliensis Gomez. 2- Aspecto geral do súber. 3- Idioblastos contendo ráfides na região
parenquimática. 4- Detalhe do feixe vascular central (Su súber; Gr grãos-de-amido; Rf
- ráfides; Xi – xilema; Fl – floema).
54
5
6
Figura 5 - 6: Microscopia de das raízes de Richardia brasiliensis Gomez. 5- Ráfides de
oxalato de cálcio. 6- Grãos de amido e ráfides em luz polarizada (Rf ráfide; Gr grão de
amido).
55
Determinação do teor de cinzas totais, insolúveis e teor de umidade
O teor de umidade é de 10,3% . O de cinzas totais foi de 7,85% e a de cinzas
insolúveis foi de 0,6%. O teor de umidade está de acordo com o preconizado pelas
farmacopéias que permitem uma variação de 8 a 14%. O teor de cinzas totais e insolúveis
fornecem informações sobre substâncias inorgânicas presentes na matéria-prima vegetal.
Valores acima dos encontrados indicam adulteração e/ou contaminação por material
inorgânico como areia e/ou sílica (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988).
56
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1908.
58
Capítulo 03:
AVALIAÇÃO ANTIMICROBIANA DA PARTE
AÉREA E RAÍZES DE Richardia brasiliensis GOMEZ
(RUBIACEAE)
59
INTRODUÇÃO
Richardia brasiliensis Gomez, conhecida como poaia-branca, poaia-do-campo ou
simplesmente poaia, é uma planta invasora nativa da América do Sul, sendo encontrada
desde a Cordilheira dos Andes até a Costa Atlântica. No Brasil, tem vasta distribuição
geográfica, com maior ocorrência em regiões agrícolas do Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Esta planta é mais comum nos solos com boa umidade, mas não encharcados, além de ser
estimulada em presença de boa iluminação e em solos de vegetação menos densa
(Lorenzi, 1984).
R. brasiliensis é bastante freqüente em lavouras anuais, pomares, cafezais, culturas
perenes, jardins e terrenos baldios (Lorenzi, 1991), nas quais promove intensa
interferência competitiva, especialmente no início do ciclo das culturas de verão
(Kissmann & Groth, 1994; Ruedell, 2000). Esta erva-daninha é uma espécie de difícil
controle por herbicidas de manejo e pós-emergentes, como verificado por Pitelli (1991)
no sistema de plantio direto na região sul do Brasil. Pode também provocar efeitos
inibitórios drásticos na germinação e desenvolvimento de pepino e arroz (Salvati, 1988).
É uma planta anual, herbácea, prostada, ramificada, de caule densamente hirsuto,
medindo 20-50cm de comprimento, além de apresentar grande vigor vegetativo cobrindo
completamente o solo infestado a semelhança de um tapete (Lorenzi, 1991). Suas folhas
são simples e opostas, observando-se a presença de estípulas interpeciolares. O pecíolo é
curto ou quase ausente, o limbo foliar apresenta forma ovada a lanceolada, de coloração
verde-escura com tênue pilosidade na face ventral e sobre as nervuras na face dorsal
(Rosseto et al., 1997). De acordo com Lorenzi (1991), suas inflorescências são brancas,
terminais em glomérulos achatados, com 10-15mm de diâmetro, protegidos por um
invólucro de 2-6 brácteas semelhantes a folhas, sendo o fruto uma cápsula oboval-trígona,
de 2-4mm de comprimento.
60
Além da importância econômica relacionada às culturas agrícolas, a poaia é
utilizada popularmente como expectorante, emético e diaforético através de infuso ou
decocto da raiz (Grandi et al., 1989).
O presente trabalho objetivou estudar a atividade antimicrobiana do extrato
etanólico bruto, da parte aérea e raízes, de Richardia brasiliensis Gomez através da
determinação da concentração inibitória mínima (CIM).
61
MATERIAIS E MÉTODOS
Coleta do material vegetal
Plantas adultas de Richardia brasiliensis Gomez foram coletadas no Horto de
Plantas Medicinais da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG),
Campus I, em Goiânia, Goiás (altitude de 768m, 16º40`33,3”S e 49¨14`39,5” W). Neste
local, o material vegetal foi dividido em partes aéreas (folhas e caule) e subterrânea (raiz),
sendo em seguida lavados em água corrente. O material botânico foi identificado pelo
Profº Dr. José Realino de Paula (Faculdade de Farmácia – UFG) e a exsicata foi depositada
no Herbário da UFG sob nº 27.226.
Preparação do extrato etanólico bruto
O material botânico foi dessecado em estufa com ventilação forçada de ar (modelo
FABBE PRIMAR) a 40ºC e, em seguida, triturado em moinho de facas (Tipo WILLYE
modelo TE-650, marca TECNAL).
De acordo com metodologias adaptadas de Ferri (1996), o material pulverizado foi
submetido a um processo de maceração a frio, por no mínimo, três dias, com agitação
ocasional, utilizando etanol 95% P.A. na proporção 1g/5mL, como líquido extrator. Após a
maceração foi realizada a filtração e o extrato obtido foi concentrado em evaporador
rotativo em temperatura inferior a 40ºC.
Microrganismos utilizados
Para a avaliação da atividade antimicrobiana dos extratos etanólicos bruto das
partes aéreas e raízes de Richardia brasiliensis, foram utilizados microrganismos padrão e
62
isolados clínicos cedidas pelo do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública
(IPTSP)/UFG e outras instituições como apresentado na Tabela I.
Os microrganismos foram repicados em ágar Mueller-Hinton e incubadas a 37°C
por 24h antes do experimento. Para o preparo do inóculo, as culturas de cada
microrganismo foram transferidas para tubos de ensaio contendo 2 mL de salina estéril até
a obtenção de uma turbidez equivalente a escala 1,0 de MacFarland. Foram produzidas
duas placas controle contendo cada uma apenas agar Mueller-Hinton.
A triagem da atividade antimicrobiana dos extratos foi realizada conforme
recomendado pelo National Committee for Clinical Laboratory Standard (NCCLS, 2000)
atualmente designado de CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute).
63
Tabela I: Microrganismos padrão e isolados clínicos utilizados e procedência.
Microrganismos Procedência
Staphylococcus aureus ATCC 25923
Staphylococcus aureus ATCC 29737
Staphylococcus aureus Isolado clínico da FFRP
Staphylococcus aureus 7+ Isolado clínico da FFRP
Rhodococcus equi ATCC 9341
Micrococcus luteus ATCC 25923
Micrococcus roseus Isolado clínico IPTSP/UFG
Escherichia coli ATCC 8739
Escherichia coli ATCC 11229
Escherichia coli ATCC 25922
Agrobacterium tumefaciens ATCC 333970/C58
Salmonella choleraesuis ATCC 10708
Salmonella typhymurium ATCC 14028
Salmonella sp. Isolado clínico IPTSP/UFG
Enterobacter aerogenes ATCC 13048
Enterobacter cloacae FT 502 Isolado clínico do LEMC-EPM-UFP
E. cloacae FT 505 Isolado clínico do LEMC-EPM-UFP
Serratia marcescens ATCC 14756
Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027
Clostridium sporogenes ATCC 11437
Bacillus cereus ATCC 14579
Bacillus subtilis ATCC 007
Bacillus subtilis ATCC 6633
Bacillus stearotermophilus ATCC 1262
Candida albicans ATCC 10231
ATCC: American Type Culture Coletion.
FFRP: Faculdade de Farmácia de Ribeirão Preto/USP.
LEMC-EPM-UFP: Laboratório Especial de Microbiologia Clínica Escola paulista de
Medicina.
64
Determinação da Concentração Inibitória Mínima
A concentração inibitória mínima (CIM) ao crescimento microbiano é determinada
pela menor concentração de extrato capaz de inibir a multiplicação dos microrganismos
analisados.
Para a determinação da CIM, foi pesado 476 mg do extrato etanólico bruto, para as
amostras da parte aérea e raízes, em tubo de ensaio esterilizado, sendo este dissolvido em 2
mL de etanol 95% e realizada diluições seriadas obtendo-se as concentrações 11,9; 5,95;
2,975; 1,487; 0,743 e 0,371 mg/mL. Em seguida, foram adicionados 19mL de ágar
Mueller-Hinton aos tubos, sendo então, submetidos à agitação em rtex e vertidos em
placa de Petri estéril até sua solidificação. Suspensões microbianas foram realizadas para
os 25 microrganismos selecionados com turbidez equivalente a metade da escala 1,0 de
MacFarland. Após a solidificação do meio foi realizada a semeadura das culturas de
microrganismos com a utilização do inoculador de Steers (Steers, 1959). As placas foram
incubadas a 37°C por um período de 24 h, após o qual a leitura foi realizada. Os ensaios
foram realizados em quadruplicatas (NCCLS, 2001).
65
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O extrato etanólico bruto da parte rea de Richardia brasiliensis apresentou
potencial antimicrobiano superior ao extrato etanólico bruto das raízes, em 19 das 25 cepas
estudadas (Tabela II). A prospecção fitoquímica das raízes detectou apenas metabólicos
secundários como esteróides e triterpenóides, resina e cumarina, além destes, a parte aérea
apresenta também alcalóides e flavonóides (Figueiredo et al., 2005 unpublished
observations) o que possivelmente explica a maior atividade antimicrobiana de seu extrato.
Alcalóides são encontrados em diversas espécies medicinais de Rubiaceae, como
em Psychotria ipecacuanha, Uncaria tomentosa, Cinchona spp. (Alves et al., 2004), e de
acordo com Khan & Omoloso (2003), Sarcocephalus coadunatus (Rubiaceae), possui
alcalóides isolados para a espécie e apresenta um bom espectro na atividade antimicrobiana
para as diferentes frações de seu extrato metanólico.
Linhagens isoladas de Palicourea longiflora, um representante da família
Rubiaceae tóxica a alimentação de bovinos, apresentam ação antibiótica para as linhagens-
teste de Bacillus sp., B. subtilis, Staphylococcus aureus e Escherichia coli (Souza et al.
2004).
Flavonóides isolados, em diversas plantas de uso medicinal, como 7`,4`-diidróxi-5-
metóxi-flavona, 4`, 2, 4-tri-diidroxi-6-metóxi-chalcona e um tipo de quercetina são
comprovadamente agentes antimicrobianos, além de exercerem outras atividades
biológicas como, por exemplo, antitumoral, antiinflamatória e antiviral (Simões et al.,.
2003).
A naftoquinona plumbagina, substância extraída das raízes de Plumbago scandens,
é o provável componente que explica a atividade antibacteriana, capaz de inibir
completamente o crescimento de S. aureus e C. albicans, entretanto não agindo sobre
66
bactérias gram negativas como E. coli e S. typhymurium (Paiva et al., 2003). O extrato
etanólico bruto das partes aérea e subterrânea de R. brasiliensis levou a uma inibição
completa de E. coli e S. typhymurium em concentrações relativamente pequenas com CIM
de 0,743 mg/mL, sendo o mesmo para C. albicans e 11,9mg/mL para S. aureus.
A maior ou menor sensibilidade de microrganismos ao extrato de plantas
medicinais podem ter resultados bastante diversificados. Cepas de S. aureus e E. cloacae
FT 505 foram os microrganismos menos sensíveis ao extrato etanólico bruto das raízes de
R. brasiliensis. Ferreira et al. (2004) demonstraram que frações do extrato de Drosera
montana var. montana e D. communis levam a uma maior sensibilidade de bactérias como
S. aureus e C. albicans e a resistência das bactérias gram-negativas testadas, como P.
aeruginosa, E. coli e S. choleraesuis. Já Nakamura et al. (1999), observaram que no óleo
essencial extraído das folhas de Ocimum gratissimum (Labiatae) uma maior atividade
antibacteriana em S. aureus do que nas demais bactérias testadas.
Os testes antibacterianos com os extratos etanólicos bruto de R. brasiliensis para as
partes aéreas e da raiz demonstraram ser eficazes em pequenas concentrações. Isolamentos
de metabólitos secundários como os alcalóides e flavonóides presente nas partes aéreas e,
esteróides e triterpenóides presente nas raízes, seguidos de novos testes microbiológicos e
de atividade biológica poderiam fornecer maiores dados a produção e controle da droga
vegetal.
67
Tabela II: Atividade antimicrobiana do extrato etanólico bruto das partes aéreas e da raiz
de Richardia brasiliensis Gomez (Rubiaceae) frente a diferentes microrganismos (G:
reação gram bacteriana; L: levedura; CIM: Concentração Inibitória Mínima.)
Microrganismos
CIM (mg/mL)
Parte aérea Raiz
Staphylococcus aureus ATCC 29737 G + 0,743 11,9
Staphylococcus aureus G + 0,371 11,9
Staphylococcus aureus ATCC 25923 G + 0,371 11,9
Staphylococcus aureus 7+ G + 0,371 11,9
Rhodococcus equi ATCC 6939 G + 0,371 11,9
Micrococcus luteus ATCC 9341 G + 0,371 0,743
Micrococcus roseus G + 0,371 1,487
Clostridium sporogenes ATCC 11437 G + 0,371 1,487
Escherichia coli ATCC 25922 G - 0,371 0,743
Escherichia coli ATCC 8739 G - 0,743 0,743
Escherichia coli ATCC 11229 G - 0,743 0,743
Agrobacterium tumefaciens ATCC 333970/C58 G - 0,743 0,743
Salmonella choleraesuis ATCC 10708 G - 0,371 0,743
Salmonella typhymurium ATCC 14028 G - 0,371 0,743
Salmonella sp. G - 0,371 0,743
FT 502 Enterobacter cloacae G - 0,743 1,487
FT 505 E. cloacae G - 0,371 11,9
Enterobacter aerogenes ATCC 13048 G - 0,371 0,743
Serratia marcescens ATCC 14756 G - 0,371 0,743
Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027 G - 0,743 0,743
Bacillus stearo termophilus ATCC 1262 G + 0,743 0,743
Bacillus subtilis ATCC 6633 G + 0,743 5,95
Bacillus subtilis ATCC 007 G + 0,743 0,743
Bacillus cereus ATCC 14579 G + 0,371 1,487
Candida albicans ATCC 10231 L 0,743 0,743
68
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CONCLUSÕES GERAIS
A caracterização microscópica das partes aéreas e das raízes de Richardia
brasiliensis Gomez juntamente com a prospecção fitoquímica, teor de umidade, cinzas
totais e insolúveis em ácido, forneceram dados padrões importantes na diagnose da droga
vegetal. Estes parâmetros poderão ser utilizados no controle de qualidade de amostras que
podem vir a serem comercializadas.
O extrato etanólico bruto mostrou-se eficaz no controle do crescimento
antimicrobiano, através da determinação das concentrações inibitórias mínimas em
pequenas concentrações. Além disso, o espectro de atividade antimicrobiana dos extratos
melhor para o material da parte aérea.
Estes estudos além de fornecerem importantes conhecimentos básicos sobre a
espécie, embasam novos estudos, como o isolamento de substâncias responsáveis pela
atividade antimicrobiana e de atividade biológica, para a confecção e controle da droga
vegetal.
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