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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
JOSÉ RAMALHO TORRES
CONTROLE DO PROCESSO DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS
EM FACHADAS DE EDIFÍCIOS: ESTUDO MULTICASO
JOÃO PESSOA - PB
2007
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CONTROLE DO PROCESSO DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS
EM FACHADAS DE EDIFÍCIOS: ESTUDO MULTICASO
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JOSÉ RAMALHO TORRES
CONTROLE DO PROCESSO DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS
EM FACHADAS DE EDIFÍCIOS: ESTUDO MULTICASO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Federal da Paraíba, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Engenharia de Produção.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Bernadete Fernandes Vieira de Melo
JOÃO PESSOA-PB
2007
T689c Torres, José Ramalho
Controle do processo de revestimentos cerâmicos em fachadas de
edifícios: estudo multicaso / José Ramalho Torres - João Pessoa: UFPB,
2007.
127f.: il.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Bernadete Fernandes Vieira de
Melo
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) -
Universidade Federal da Paraíba - Centro de Tecnologia – PPGEP.
1. Revestimentos Cerâmicos 2. Controle de processo 3. Construção
Civil I. Título.
CDU: 666.3 (043)
JOSÉ RAMALHO TORRES
CONTROLE DO PROCESSO DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS
EM FACHADAS DE EDIFÍCIOS: ESTUDO MULTICASO
Dissertação julgada e aprovada em ____ de _____de _______ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção no Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal da Paraíba.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria Bernadete Fernandes Vieira de Melo
Universidade Federal da Paraíba
Orientador
____________________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria do Socorro Márcia Lopes Souto
Universidade Federal da Paraíba
Examinador
_____________________________________________
Prof.ª Dr.ª Aurélia Altemira Acuña Idrogo
Universidade Federal da Paraíba
Examinador
_________________________________
Prof. Dr. José de Paula Barros Neto
Examinador Externo
AGRADECIMENTOS
Os meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que colaboraram com este
trabalho de pesquisa, especialmente:
a minha orientadora Professora doutora Maria Bernadete Fernandes Vieira de
Melo, pela sua orientação, dedicação e incentivo constantes.
A todos os professores de pós-graduação da Engenharia de Produção, da
Universidade Federal da Paraíba, em especial, as professoras doutoras Márcia Souto, Aurélia
e Lourdinha, que também acreditaram no meu desempenho, possibilitando este desafio para
ampliar meus conhecimentos.
A todos os meus colegas do Curso, em especial ao Raimundo Albuquerque,
que sempre compartilhou a cada momento dos problemas e das soluções, como também pelo
apoio nas idas e vindas à UFPB.
Em especial, a minha mulher, Waldiza, e aos meus filhos Ana Carolina e Davi,
que tanto contribuíram para este trabalho ser concretizado.
Aos meus familiares - pai, mãe, sogra, irmãs, cunhados, cunhadas, sobrinhos e
sobrinhas - pelo apoio e o encorajamento para o desenvolvimento desta pesquisa.
A Deus, por toda a benção recebida em minha vida, pelas oportunidades
surgidas e pela força dada, quando foi preciso.
Ao NUTEC e a todos os que compõem esta Instituição, pela possibilidade
concedida para a realização deste curso de mestrado.
Ao meu amigo Roney Sérgio e a todos da Dimat – Divisão de Materiais do
NUTEC, pelo apoio espontâneo concedido em virtudes de minhas ausências do trabalho.
Ao Prof. Orlando e a todos os amigos da Gerência da Construção Civil do
Centro de Federal de Educação Tecnológica do Ceará, pelo incentivo e apoio, principalmente
no ajustes do meu horário de sala de aula, que viabilizava a minha ida à UFPb.
Agradeço aos professores mestres Aldo de Almeida e Thiago Francelino, da
Universidade Federal do Ceará, pelo incentivo e apoio prestados, de grande importância para
a conclusão deste trabalho.
A Prof.ª mestra Lúcia Barbosa, da Universidade de Fortaleza, pelo estimulo e
apoio prestado.
A todos os amigos e colegas que, direta ou indiretamente, incentivaram e
contribuíram para que este ensaio fosse realizado.
RESUMO
O crescente número de patologias encontradas em revestimentos cerâmicos de
fachada (RCF) ocasiona grande preocupação na comunidade técnica de Fortaleza. Tendo em
vista elucidar e prestar alguns esclarecimentos quanto aos problemas encontrados nos RCF, o
presente trabalho retrata uma pesquisa voltada para averiguar as técnicas de produção e como
realmente ocorre o controle da execução de fachadas com placas cerâmicas na cidade de
Fortaleza e quais as dificuldades encontradas para realização destes controles.
O trabalho tem por objetivo principal: verificar como acontece o controle de
processo na execução de revestimentos cerâmicos em fachadas de edifícios, na cidade de
Fortaleza, e como objetivos específicos: conhecer o processo de execução de revestimentos
cerâmicos em fachadas, implementado pelas empresas construtoras e diagnosticar os controles
de processo empregados na execução de revestimentos cerâmicos, na cidade de Fortaleza.
Para atingir os objetivos ora descritos, trilhou-se por caminhos que conduzissem a
um aprofundamento dos conhecimentos, abordando aspectos compreendidos desde a evolução
da indústria da construção civil, passando pelos aspectos técnicos do sistema de revestimento
cerâmico de fachada e por conceitos de qualidade, controle e processo, findando em realizar
dois estudos que retratassem a execução dos RCF’s em edifícios na cidade de Fortaleza.
A metodologia utilizada na pesquisa foi o estudo multicaso, considerando que as
características da pesquisa convergiam para tal tipo de estudo.
Toda a reflexão amealhada ao longo do trabalho originou diversas contribuições
para o campo teórico e para o terreno técnico. Na seara teórica, ressaltaram-se definições,
ponderações e compilação de informações para o caso específico aqui tratado. Já na área
técnica, pode-se observar uma série de contribuições baseadas na reflexão da fundamentação
teórica, como o fluxograma de atividade de execução de revestimento cerâmico de fachada e
o procedimento operacional-padrão da execução do RCF, bem como as recomendações
técnicas.
Uma das contribuições mais relevantes deste trabalho foi mostrar como executam
os RCF em Fortaleza, mostrando a inexistência de controle na realização desta etapa de obra.
Constatou-se nas empresas pesquisadas, um interesse de se realizar o controle das etapas
construtivas do RCF, considerando que algumas inspeções eram realizadas no decorrer das
atividades, no entanto, não se registravam os resultados, dificultando desta maneira a
rastreabilidade e a compilação de informações para melhorias futuras. Desta forma, foi
verificada a necessidade de se realizar um controle mais apurado que pudesse ser efetivado
gradualmente nas diversas fases de execução do RCF.
Por fim, são propostas algumas recomendações técnicas para o controle do
processo de execução do RCF, bem como sugestões para novos trabalhos, com vistas a
colaborar para a solução de problemas patológicos apresentados em atividades do gênero.
Palavras-chave: Revestimentos Cerâmicos. Controle de Processo. Construção Civil.
ABSTRACT
The increasing number of patologies found in Ceramic coatings of façade (RCF)
has caused to great concern in the community technique of Fortaleza. In view of elucidating
and giving some clarifications to the problems found in the RCF the present work portraies a
research to inquire to the production techniques and as the control of the execution of façades
with ceramic plates in the city of Fortaleza really occurs and which the difficulties found for
accomplishment of these controls.
The work has for main objective: to verify as the control of process in the ceramic
coating execution happens in façades of buildings, in the city of Fortaleza and as specific
objective: To know the execution proceeding of ceramic coatings in façades, implemented for
the construction companies and to diagnosis the used controls of process in the ceramic
coating execution, in the city of Fortaleza.
To reach the above described objectives, it was trod for ways that lead to a
deepening of the knowledge approaching aspects understood since the evolution of the
industry of the civil construction passing for the technical aspects of the ceramic coating
system of façade and for concepts of quality, has controlled and process, ending in carrying
through two studies that portraied the execution of the RCF's in buildings in the city of
Fortaleza.
The methodology used in the research was the multicase study in view of that the
characteristics of the research converged to such type of study.
All the reflection hoarded to the work originated in diverse contributions for the
theoretical field and the technical field. In the theoretical field, definitions, balances and
compilation of information for the specific case treated here had been standed out. No longer
technical field can be observed a series of contributions based on the reflection of the
theoretical recital as the flowchart of activity of ceramic coating execution of façade; the
Operational Procedure Standard of the Execution of the RCF and the technical
recommendations.
One of the most excellent contributions of this work was to show as the execution
of the RCF in Fortaleza is carried through, showing the inexistence of control in the execution
of this stage of workmanship. It was evidenced in the searched companies, an interest of
carrying through the control of the constructive stages of the RCF, in view of that some
inspections were carried through in elapsing of the services, however did not register the
gotten results making it difficult in this way the rastreability and the compilation of
information for future improvements. So it was verified the necessity through a more refined
control that could be accomplished gradually in the diverse phases of execution of the RCF.
Finally, some techinical recommendations are proposed for the control of the
execution proceeding of the RCF, as well as suggestions for new works in view of
collaborating for the solution of presented pathological problems in activities of the sort.
Keywords: Ceramic Coatings. Control of Process. Civil Construction.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Etapas para produção de obras.................................................................................13
Figura 2 - Esquema da estrutura da dissertação .......................................................................21
Figura 3 - Sistema de produção................................................................................................26
Figura 4 - Sistema de produção da construção.........................................................................27
Figura 5 - Etapas para produção de obras.................................................................................28
Figura 6 - Base, camadas e componentes constituintes dos RCF.............................................32
Figura 7 - Fluxograma de atividade de execução de revestimento cerâmico de fachada.........47
Figura 8 - Descida dos arames..................................................................................................56
Figura 9 - Bases do controle, segundo Miyuauchi ...................................................................65
Figura 10 - Conceito de processo .............................................................................................65
Figura 11 - Diagrama de Ishikawa ...........................................................................................66
Figura 12 - Ciclo PDCA...........................................................................................................68
Figura 13 - Funcionamento conjugado dos ciclos PDCA e SDCA..........................................69
Figura 14 - Fluxograma do procedimento operacional-padrão (POP) baseado na
fundamentação teórica...........................................................................................70
Figura 15 - Seqüência de fotos que mostram a colocação da tela sem fixação........................86
Figura 16 - Fluxograma das atividades de execução do RCF da Empresa A...........................88
Figura 17 - Fluxograma das atividades de execução do RCF da Empresa B...........................96
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Revestimento externo em edifícios de padrões médio e alto .................................15
Quadro 2 - Camadas e matérias constituintes de RCF .............................................................32
Quadro 3 - Classificação genérica das placas cerâmicas para revestimentos em função da
capacidade de absorção de água ............................................................................34
Quadro 4 - Classificação das placas cerâmicas para revestimento em função da capacidade
de absorção de água...............................................................................................34
Quadro 5 - Requisitos de argamassa colante............................................................................42
Quadro 6 - Tipos de argamassa de rejuntamento e ambientes para aplicação .........................44
Quadro 7 - Tipos de argamassa de rejuntamento e requisitos mínimos ...................................44
Quadro 8 - Exigências da NR 6 voltadas às condições dos trabalhos em fachadas .................49
Quadro 9 - Ferramentas e equipamentos para assentamento de placas cerâmicas...................51
Quadro 10 - Prazos a observar, segundo as normas brasileiras................................................54
Quadro 11 - Descrição do procedimento operacional-padrão (POP) baseado na Figura 14....71
Quadro 12 - Situações relevantes para diferentes estratégias de pesquisa ...............................74
Quadro 13 - Método de estudo de caso ....................................................................................76
Quadro 14 - Tipos de projetos para estudos de caso ................................................................77
Quadro 15 - Estrutura metodológica da pesquisa.....................................................................78
Quadro 16 - Classificação do porte da empresa segundo o IBGE............................................80
Quadro 17 - Classificação das empresas construtoras no subsetor de edificações atuantes
no Município de Fortaleza registradas no SINDICATO.....................................81
Quadro 18 - Variáveis e indicadores do sistema de revestimento cerâmico de fachada..........82
Quadro 19 - Estratégias gerais e analíticas específicas para analisar os dados. .......................83
Quadro 20 - Procedimento operacional-padrão da empresa “A” .............................................92
Quadro 21 - Procedimento operacional-padrão da empresa “B” .............................................99
Quadro 22 - Quadro comparativo dos estudos de caso das Empresas “A” e “B” ..................101
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................11
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS.................................................................................11
1.2 DEFINIÇÃO DO TEMA .........................................................................................12
1.3 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO......................................................................17
1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA .................................................................................19
1.4.1 Objetivo Geral ..........................................................................................................19
1.4.2 Objetivos Específicos................................................................................................20
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO.......................................................................20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................22
2.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................22
2.2 A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL.........................................................22
2.2.1 Considerações Gerais...............................................................................................22
2.2.2 Sistema de Produção da Construção ......................................................................26
2.3 REVESTIMENTO CERÂMICO DE FACHADA - RCF.....................................31
2.3.1 Materiais para o RCF ..............................................................................................33
2.3.1.1 Placas Cerâmicas para RCF....................................................................................33
2.3.1.1.1 Características e propriedades................................................................................34
2.3.1.2 Materiais constituintes das argamassas .................................................................36
2.3.1.3 Argamassas do Revestimento Cerâmico de Fachadas - RCF...............................38
2.3.1.3.1 Argamassa de Chapisco ...........................................................................................38
2.3.1.3.2 Argamassa para substrato do RCF ........................................................................39
2.3.1.3.3 Argamassa adesiva ...................................................................................................41
2.3.1.3.4 Argamassa para rejuntamento................................................................................43
2.3.1.4 Selantes......................................................................................................................45
2.3.2 Processo de Execução do Revestimento Cerâmico de Fachada - RCF................45
2.3.2.1 Equipamentos e Ferramentas..................................................................................48
2.3.2.1.1 Equipamentos de Proteção ......................................................................................48
2.3.2.1.2 Equipamentos e Ferramentas para a Produção ....................................................51
2.3.2.2 Considerações sobre Serviços Preliminares...........................................................53
2.3.2.3 Preparação da Base..................................................................................................54
2.3.2.4 Execução do Emboço................................................................................................55
2.3.2.5 Assentamento das Placas Cerâmicas ......................................................................58
2.3.2.6 Execução do Rejuntamento .....................................................................................59
2.3.2.7 Tratamento das Juntas de Movimentação .............................................................60
2.3.2.8 Limpeza .....................................................................................................................60
2.4 CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL..............................................................61
2.4.1 Qualidade ..................................................................................................................61
2.4.2 Controle da Qualidade Total (TQC) ......................................................................62
2.4.3 Controle de Processo................................................................................................64
2.4.3.1 Conceito de Controle................................................................................................64
2.4.3.2 Conceito de Processo................................................................................................65
2.4.3.3 Conceito de Controle de Processo...........................................................................66
2.5 CONCLUSÃO SOBRE A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................72
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..........................................................74
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO.....................................................................74
3.2 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS .................................................................79
3.3 IDENTIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS E INDICADORES .................................81
3.4 PROCESSO DE ANÁLISE DE DADOS................................................................83
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................84
4.1 RESULTADOS OBTIDOS NA EMPRESA A ......................................................84
4.1.1 No Escritório da Empresa “A”................................................................................84
4.1.2 No Canteiro de Obra da Empresa “A” ..................................................................85
4.2 RESULTADOS OBTIDOS NA EMPRESA “B”...................................................93
4.2.1 No Escritório da Empresa “B”................................................................................93
4.2.2 No Canteiro de Obras da Empresa “B” .................................................................94
4.2.3 Quadro Comparativo das observações dos Estudos de Caso das Empresas
“A”e “B”..................................................................................................................100
4.3 CONCLUSÃO E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS ......................102
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ..............................................................103
5.1 CONCLUSÃO ........................................................................................................103
5.2 RECOMENDAÇÕES ............................................................................................105
5.2.1 Recomendações Técnicas.......................................................................................105
5.2.2 Sugestões para Novos Trabalhos...........................................................................110
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................112
APÊNDICE A – Roteiro da entrevista a nível estratégico................................................119
APÊNDICE B – Roteiro de entrevista a nível operacional...............................................124
APÊNDICE C – Roteiro da Observação do Processo de Execução do RCF ..................127
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
A indústria da construção civil caracteriza-se por aspectos que a diferem das
outras indústrias de transformação, por exemplo, a absorção, pelas construtoras, de mão-de-
obra de baixa formação técnica, composta de operários vítimas do êxodo rural, sem um
mínimo de exigência de formação profissional, que, associada ao absenteísmo e à
rotatividade, afetam a qualidade e produtividade do setor.
Segundo Picchi (1993), a indústria da construção civil apresenta relativo atraso,
comparando-se com outros tipos de indústria, como a metal-mecânica e a indústria têxtil, no
que se refere ao gerenciamento, em particular, racionalização e incremento de produtividade
dos processos produtivos. Apesar disso, a da qualidade na construção civil de edifícios recebe
uma atenção crescente, abrindo e conquistando cada vez mais espaço, sendo assim um objeto
de iniciativas de programas de melhoria.
Esse setor de atividade tem como objetivo a efetivação de idéias expostas em
projetos para a realização das obras de infra-estrutura e superestrutura que miram o
desempenho, crescimento e desenvolvimento dos demais setores produtivos.
Quanto ao campo de atuação, a indústria da construção civil divide-se em três
subsetores: edificações, construção pesada e montagem industrial. O subsetor de edificações é
representado pela construção de edifícios, realização de partes de obras ou serviços
complementares do processo edificativo. Já o subsetor de construção pesada tem como
principais atividades a construção de infra-estrutura viária, urbana e industrial, obras d’arte e
de saneamento, barragens e hidroelétricas. Por fim, o subsetor de montagem industrial
envolve atividades de montagem de estruturas para instalação de indústrias, sistemas de
geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, de sistemas de telecomunicações e
sistemas de exploração de recursos (SENAI, 1995).
O subsetor de edificações, objeto de referência deste ensaio, desempenha
atividade caracterizada pela carência de padronização de técnicas no processo de produção,
havendo intenso parcelamento das atividades produtivas, não se registrando maior introdução
de máquinas e equipamentos.
A execução de edificações no Brasil caracteriza-se pelo emprego de processo
construtivo tradicional, fundamentado no uso intensivo da mão-de-obra, baixa mecanização,
12
com elevados desperdícios de mão-de-obra, material e tempo, dispersão e subjetividade nas
decisões, descontinuidades e fragmentação da obra (SABBATINI apud BARROS, 1996).
Entende Barros (1996) que esse processo construtivo tradicional é caracterizado,
ainda, por uma atividade de projeto também tradicional; isto é, o projeto é voltado apenas para
o produto e não para a produção, levando a que, muitas vezes, as decisões de grande
repercussão técnica e econômica sejam tomadas de maneira subjetiva, no momento da
produção, perdendo-se praticamente todo o potencial de racionalização que poderia ter sido
imprimido à produção do edifício. Algumas empresas, porém, estão despertando para a
necessidade de investir, principalmente em racionalização de processos. E isso já se observa
em alguns dos processos do sistema construtivo como um todo.
1.2 DEFINIÇÃO DO TEMA
Diversas pesquisas foram realizadas no que se refere às melhorias na
administração das organizações. Novas filosofias de gerenciamento são utilizadas com o
intuito de trazer os dois pilares do sistema Toyota de produção - a qualidade e a produtividade
- para dentro das organizações. Alguns autores, como Rother e Harris (2002) e Rother e
Shook (1999) retrataram aspectos da filosofia Lean, que busca implantar as idéias
fundamentais da administração japonesa nas empresas, principalmente ocidentais. No ramo da
Engenharia de Civil, são realizadas pesquisas voltadas aos aspectos da produção, com o
intuito de trazer melhorias aos processos e aplicar a racionalização de recursos e a
maximização da produtividade. Neste sentido, os trabalhos de Barros et al., (2005); Bulhões
et al. (2003); Heineck et al. (2001); Isatto et al. (2000); Koskela et al. (2000); Miranda et al.
(2003); Pichi et al (2003) e Formoso et al (1998) trazem inúmeras contribuições para a
adaptação da filosofia Lean à construção civil, denominada de Lean Construction.
Percebe-se, no entanto, que os inúmeros trabalhos publicados, ressaltando a
melhoria dos processos pela racionalização, levam em consideração, muitas vezes, estudos
relacionados à melhoria dos índices de produtividade e redução dos custos antes e durante a
execução dos processos construtivos, não tomando na devida conta os problemas ocasionados
após a entrega dos serviços, tais como as patologias apresentadas nos revestimentos cerâmicos
de fachada (RCF). O estudo da gestão da produção em obras deve levar em consideração o
sistema construtivo como um todo, isto é, as informações sobre a qualidade percebida após a
13
entrega do produto final devem ser retornadas, para que se atue na melhoria do produto,
eliminando assim as falhas e concebendo produtos cada vez melhores.
Em Fortaleza, pode-se estimar que a maioria das obras que possuem
revestimentos cerâmicos de fachada apresenta algum tipo de patologia, destacando-se as
seguintes: peças cerâmicas visivelmente mal assentadas; aparecimento de manchas; desgaste
na superfície das peças cerâmicas, alguns até bastante precoces; aspecto inchado da fachada e
descolamento das peças cerâmicas. Este último evento constitui um dos mais lesivos
problemas porque, além do revestimento perder sua função básica - impedir a passagem de
água - a queda da cerâmica pode submeter a risco a vida humana. Neste tocante, diversos
questionamentos podem ser realizados: a causa está no elemento cerâmico? Ou está no
substrato? Ou no projeto? Ou na metodologia executiva? Ou na ausência do controle do
processo construtivo?
A causa de uma patologia pode ser interpretada como um procedimento
inadequado, adotado durante o processo construtivo, que provocou deficiência no
desempenho esperado. Em virtude de todos os problemas, ou melhor, das patologias descritas,
percebe-se a importância da realização do controle de processo de produção do RCF, com o
objetivo de reduzi-las.
Em se tratando de processo de produção, Helene e Terzian (1992) informam que
na construção civil pode haver quatro etapas: planejamento, projeto, fabricação de materiais e
componentes fora do canteiro de obras e a de execução propriamente dita. Na execução da
obra, o seu desenvolvimento ocorre conforme ilustra a Figura 1.
Figura 1 – Etapas para produção de obras
Fonte: Souza et al (1995)
ETAPAS PARA PRODUÇÃO DE OBRAS
Locação da obra
Fundações
Estruturas
Alvenaria de vedação
Instalações hidráulicas
Instalações elétricas
Impermeabilização
Esquadrias
Revestimentos internos
Revestimentos externos
Pinturas
Forros
Coberturas
Limpeza
14
Pesquisas recentes ressaltam a importância das avaliações pós-ocupação (IMAI;
FAVORETO, 2002; FREITAS; HEINECK, 2001) no que diz respeito à percepção do cliente
final quanto a diversas variáveis, como: aparência externa, conforto térmico, serviço de apoio,
lazer, etc. Existe, no entanto, uma carência de dados e pesquisa que mostrem uma avaliação
pós-ocupação com um enfoque para os problemas patológicos das edificações, isto é,
informações que retratem a qualidade final das diversas etapas de produção da edificação.
Desta forma poder-se-ía fechar o circulo do projeto, partindo-se para um circulo de melhoria.
Os revestimentos cerâmicos externos, foco deste trabalho, apresentam-se como
preferência do mercado consumidor em praticamente todas as cidades litorâneas. Muitas
vezes, os aspectos culturais associam a utilização dos revestimentos cerâmicos de fachada ao
próprio padrão de qualidade da construção.
Seja com base em sua importância econômica, ou em sua participação no
mercado, os revestimentos de fachada ocupam uma posição de destaque. Moraes (1997)
acentua que, na cidade de São Paulo, cerca de 50% dos edifícios destinados à habitação e
perto de 40% das obras comerciais de médio/alto padrão empregam revestimentos cerâmicos
nas fachadas. Há evidências de que na cidade de Fortaleza, em bairros de classe média e
média alta, a maioria dos edifícios possua parcial ou integralmente revestimentos cerâmicos
em fachadas.
As empresas de Fortaleza que constroem edifícios de médio / alto padrão têm por
tradição, e até por exigência do mercado, revestir as fachadas desses edifícios com placas
cerâmicas, objetivando a satisfação do cliente. Cavalcante (2002) apresenta critérios para a
formação do valor de edifícios residenciais na cidade de Fortaleza. A pesquisa inicia-se com
30 variáveis e, após diversas interações para ajustar o modelo, este encontra uma equação
1
composta por 6 variáveis representativas do critério de formação de preço. Tal modelo foi
testado em alguns imóveis para verificar sua consistência, o qual apresentou 2% de variação
média do preço determinado no modelo e do preço real de venda do imóvel. Este fato reforça
a grande importância conferida ao revestimento externo de fachada no que diz respeito à
valorização do imóvel.
1
P=608,082.At + 378,169.Hu – 1299,749.Ii + 12332.Rcer + 97420,468.Lbm – 6165,356.La. (P=preço à vista
em reais; At=área total, medida em metros quadrados; Hu=altura da unidade, medida em metros; Ii=idade do
imóvel, medida em anos; Rcer=revestimento externo em cerâmica, se o prédio possuir, é igual a 1, se não
possuir, é igual a 0; Lbm=localização na avenida Beira-Mar; se o prédio estiver na avenida Beira-Mar, é igual a
1, se não estiver é igual a 0 e La=localização na Aldeota; se o imóvel estiver na Aldeota é igual a 1, se não
estiver, é igual a 0.
15
A NBR 12.721 (ABNT, 1992) define edifícios de padrão médio (normal) e alto
com relação ao revestimento externo de fachada, conforme Quadro 1.
Revestimento Externo Padrão Alto Padrão Médio
Fachada principal Chapisco, emboço, granito e
cerâmica.
Chapisco, emboço e pastilha
esmaltada.
Fachada secundária Cerâmica esmaltada Chapisco, reboco e pintura
texturizada
Quadro 1 - Revestimento externo em edifícios de padrões médio e alto
Fonte: ABNT (1992)
Medeiros (1999) define revestimento cerâmico de fachada de edifícios (RCF)
como “um conjunto monolítico de camadas (inclusive o emboço de substrato) aderidas à base
suportante da fachada do edifício (alvenaria ou estrutura), cuja capa exterior é constituída de
placas cerâmicas, assentas e rejuntadas com argamassa ou material adesivo”. Esses
revestimentos, além da função de tornar mais belas as edificações, têm por finalidade
principal fazer as fachadas estanques à água.
As camadas que formam um RCF são constituídas de base ou suporte (concreto
armado ou alvenaria), preparação da base (chapisco), substrato (emboço), assentamento ou
fixação da placa cerâmica.
Embora sejam largamente empregados no Brasil, os revestimentos cerâmicos
necessitam de melhorias e evolução tecnológica, no que diz respeito ao controle do processo
de execução de fachadas. Tem-se como exemplo a grande incidência de problemas
patológicos na cidade de Fortaleza.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), entidade normalizadora no
plano nacional, regulamenta as especificações de materiais e processos executivos. Na área
em estudo, existem as normas NBR 7200, NBR 13749 e NBR 13755, que não contemplam a
abrangência do trabalho com relação aos procedimentos executivos. Pode-se garantir que a
normalização de parâmetro de desempenho é considerada insuficiente.
As empresas de construção civil, em Fortaleza, apesar de disporem de algumas
informações técnicas e procedimentos tecnológicos (normas técnicas, apostilhas de cursos,
entre outros), ainda não são capazes de executar, de forma geral, revestimentos cerâmicos em
fachadas com a plena convicção de que estes funcionarão adequadamente durante a vida útil
da edificação.
16
Na compreensão de Campos (1992), controlar é saber localizar o problema,
analisar o processo, padronizar e estabelecer itens de controle de tal forma que o problema
nunca mais ocorra.
Calegare (1985) comenta que os processos de produção, instalação e operação que
afetam a qualidade devem ser controlados, obedecendo-se aos requisitos e critérios
especificados ou recomendados.
Esse controle é necessário não só porque se trata de um processo produtivo, mas
também pelas mudanças ocorrentes nas etapas que precedem a construção, como as
modificações na fabricação de componentes e materiais (peças cerâmicas e argamassas) e a
evolução na concepção de projetos de estrutura, que interfere diretamente no desempenho das
fachadas.
No controle do processo do revestimento cerâmico de fachadas de edifício, devem
ser verificados os seguintes itens:
preparação da base;
definição do plano de revestimento;
taliscamento;
locação dos arames;
produção da argamassa de revestimento;
aplicação e sarrafeamento da argamassa;
execução do reforço do revestimento;
acabamento do emboço;
fixação da cerâmica;
execução de juntas de movimentação;
aplicação da argamassa de rejuntamento; e
limpeza.
Deficiência no controle de execução pode causar patologias no revestimento,
dentre outras, as dos tipos: descolamento do chapisco com a estrutura; descolamento do
emboço com o chapisco; descolamento da placa cerâmica; não-utilização de juntas de
movimentação e de dessolidarização. Se a base estiver suja ou ressecada, o revestimento terá
dificuldades em aderir à superfície. O mesmo pode ocorrer no caso da argamassa ser lançada
com pouca força, pois o material não preenche adequadamente os poros da base, como
também a aplicação de uma camada com espessura muito grossa.
17
As empresas do setor da construção civil têm procuram melhorar suas atividades,
aplicando os conceitos da qualidade e inovações de produtos e processos, como o
gerenciamento dos processos produtivos, com a finalidade de amenizar o índice de
desperdícios, reduzir custos e, principalmente aumentar a produtividade e a competitividade.
Não se tem atentado, no entanto, para os problemas gerados pela não-qualidade após a
conclusão das obras. No caso particular do presente trabalho, pode-se observar, por meio das
patologias encontradas nos RCF’s, que suas causas fundamentais ocorrem durante a produção
dos RCF’s.
Em vista do exposto, percebeu-se a necessidade de realizar uma pesquisa nos
canteiros de obras no Município de Fortaleza para averiguar as técnicas de produção e como
realmente ocorre o controle da execução de fachadas com peças cerâmicas e quais as
dificuldades encontradas para realização desse controle, o que já ocorre em outros segmentos
industriais.
Nesta perspectiva, a questão que norteou o presente trabalho foi: Como se
realizam os controles de processo empregados na execução de revestimentos cerâmicos
em fachadas de edifícios no Município de Fortaleza?
1.3 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO
A indústria da construção civil (ICC) é uma das mais importantes no setor
industrial, pois desempenha papel bastante representativo no complexo socioeconômico do
Brasil. No aspecto social caracteriza-se como sendo um dos gêneros da indústria que mais
emprega no País, correspondendo a 5,6 % da mão-de-obra ocupada direta (CBIC, 2006).
Segundo o Construbusiness (2003), a cadeia produtiva da construção civil é
responsável por 15,5 % do PIB do Brasil e a ICC por 9,1%. A indústria da construção civil é,
isoladamente, a maior fonte de empregos diretos, possui elevado e crescente poder
multiplicador da demanda e constitui a mais poderosa fonte indutora de empregos e renda.
Portanto, em principio, justifica-se maior atenção para o setor.
A indústria da construção civil representa 20 % do PIB do Ceará, 57 % do PIB do
setor secundário cearense, e empregou 7,13 % da força de trabalho ocupada em 1998 e,
mesmo com a recessão de 1999, empregou 5,51 % da mão-de-obra ativa do Estado, ou seja,
cerca de 210 mil pessoas dos 3,8 milhões de trabalhadores. Portanto a construção civil direta e
18
indiretamente contribuiu com cerca de 800 mil empregos em 1999 no Ceará, isto é,
aproximadamente 22 % da população empregada do Estado neste ano (IPECE, 2004).
A ICC é considerada grande potência na oferta de empregos. Conforme dados do
Sinduscon-CE
2
(2006), Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará, o
nível educacional destes trabalhadores é muito baixo. Os dados revelam que 46,95 % dos
trabalhadores entrevistados concluíram até a quarta série do Ensino Fundamental.
No Estado Ceará o subsetor de edificações é o que mais se destaca, haja vista que,
das 140 empresas cadastradas junto ao Sinduscon-CE, em 2004, 90 desenvolvem suas
atividades exclusivamente no subsetor de edificações. Ainda segundo este órgão, foram
construídos, no ano de 2003, 68 empreendimentos, perfazendo uma quantidade de 1960
unidades habitacionais.
Em vista do exposto, percebe-se que 65% das empresas de construção atuam no
subsetor de edificações. Como visto anteriormente, muitos dos edifícios de Fortaleza têm suas
fachadas revestidas com cerâmicas e, na pós-ocupação, observa-se a ocorrência de problemas
freqüentes, tais como: peças cerâmicas visivelmente mal assentadas; aparecimento de
manchas; desgaste na superfície das peças cerâmicas, alguns até bastante precoces; aspecto
inchado da fachada e descolamento das peças cerâmicas. O descolamento de peças cerâmicas
constitui um dos mais lesivos problemas porque, além do revestimento perder sua função
básica, que é de impedir a passagem de água, pode provocar perdas materiais, como danos em
automóveis e, mais gravemente, submeter a risco a vida humana.
Todas essas patologias decorrem da falta de conhecimento sistematizado sobre as
propriedades das partes que compõem a fachada e acerca das técnicas adequadas para
construí-la. Mediante as inúmeras patologias apresentadas nos RCF’s, supõe-se que as
empresas não dispõem de uma metodologia satisfatória para que as fachadas dos edifícios por
ela construídas tenham a qualidade esperada.
Apesar da existência de normas técnicas brasileiras para os materiais utilizados, e
até mesmo para o procedimento de execução das fachadas compostas de peças cerâmicas,
percebe-se que há um vazio entre tal documentação e a execução propriamente dita.
O aumento da inovação tecnológica na área de materiais causa impactos
significativos na forma de aplicação e uso de novos produtos na construção civil,
particularmente na execução de revestimento cerâmico de fachada. O RCF constitui um
sistema composto de subtecnologias com metodologias próprias.
2
Esta informação foi obtida em entrevista com o presidente do SINDUSCON-CE, no dia 15/03/2006.
19
Neste sistema de fachadas, estão integrados vários materiais: cerâmicas para o
revestimento; argamassa aditivada com polímeros para assentamento e rejuntamento; cimento
e areia para emboço e selantes para juntas. O uso de materiais tão diversos demanda um maior
controle em cada material.
Alguns destes materiais, embora tradicionalmente utilizados, apresentam
novidades em suas propriedades em função das modificações no processo de fabricação. Cabe
perguntar: os construtores estão cientes dessas modificações? E, mais importante, eles fizeram
as devidas adequações? Os insucessos, as patologias indicam que não.
A causa de uma patologia pode ser interpretada como um procedimento
inadequado, adotado durante o processo construtivo, que provocou deficiência no
desempenho esperado. Por exemplo, no descolamento do revestimento cerâmico ocorrido na
camada de argamassa colante, a origem dessa patologia pode estar atrelada ao controle do
processo de produção, em virtude das falhas de aplicação do operário, ou do próprio material,
em decorrência da sua capacidade de aderência deficiente.
Em virtude de todos os problemas, ou melhor, das patologias descritas, percebe-se
a importância da realização do controle de processo da execução do RCF, com o objetivo de
reduzi-las. As patologias de RCF são difíceis de recuperar e requerem custos elevados.
Quando se manifestam visualmente, já ocorre o comprometimento de sua integridade e estes
custos podem suplantar os custos da execução original. Estima-se que este controle não seja
realizado na sua plenitude, porque se traduz na realização do controle de recebimento de
materiais e serviços, bem como da produção.
O presente trabalho se justifica pela importância do estudo a que se propôs, o qual
servirá para demonstrar a necessidade de implementar um controle de execução de
revestimentos cerâmicos de fachada, empregando a tecnologia em curso para a produção,
objetivando-se garantir a qualidade e a durabilidade, além de eliminar ou diminuir os custos
de retrabalho e desperdícios de materiais.
1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA
1.4.1 Objetivo Geral
Verificar como acontece o controle de processo na execução de revestimentos
cerâmicos em fachadas de edifícios, na cidade de Fortaleza-Ceará - Brasil.
20
1.4.2 Objetivos Específicos
9 Conhecer o processo de execução de revestimentos cerâmicos em fachadas,
implementado pelas empresas construtoras; e
9 diagnosticar os controles de processo empregados na execução de
revestimentos cerâmicos, na cidade de Fortaleza.
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Este trabalho compõe-se de cinco capítulos, estruturados conforme as explicações
a seguir.
O primeiro é constituído pelas Considerações Gerais, que fornecem uma visão
global do tema do trabalho; Definição do Tema, que trata da apresentação de problematização
da pesquisa; Justificativa do Trabalho, onde são ressaltadas a importância do tema abordado,
e os Objetivos Geral e Específicos, que esclarecem as diretrizes para a realização do trabalho.
No segundo módulo encontra-se a fundamentação teórica, que apresenta o estado
da arte nos diversos assuntos abordados no trabalho. Os temas tratados são: A indústria da
construção civil; Os revestimentos cerâmicos de fachadas de edifícios e O controle da
qualidade total.
No terceiro segmento, é abordada a metodologia de pesquisa utilizada no
experimento. Apresentam-se a caracterização do estudo, a técnica de coleta de dados e a
identificação das variáveis e indicadores a serem utilizados.
O quarto capítulo é subdividido em duas partes, a primeira das quais mostra o
estudo de multicaso, caracterizando as empresas e o seu ambiente interno. Na segunda parte,
mostram-se a análise e a conclusão das informações.
No quinto e último segmento encontram-se as conclusões e as recomendações. A
primeira, conclui o trabalho, analisando as informações estratificadas da literatura
comparando-as com as informações obtidas no estudo de caso. A segunda parte apresenta
recomendações de cunho técnico e de possibilidades para novos trabalhos.
A seqüência lógica encontra-se esquematizada na Figura 2, a qual mostra as
etapas para a realização do trabalho.
21
Figura 2 - Esquema da estrutura da Dissertação
Fonte: Elaboração pessoal
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Æ Definição do Tema
Æ Justificativa do Trabalho
Æ Objetivos da Pesquisa
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Æ Indústria da Const. Civil
Æ Rev. Cerâmicos de Fachadas
Æ Controle da Qualidade Total
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Æ Caracterização do Estudo
Æ Coleta de Dados
Æ Variáveis e Indicadores
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Æ Estudo de casos
Æ Caracterização das empresas
Æ Análise das inf. obtidas
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Æ Confronto: Teoria x Casos
Æ Recomendações Técnicas
Æ Recomendações Novos Trab.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 INTRODUÇÃO
O corpo central do trabalho científico é a fundamentação teórica, isto é, na lição
de Melo (2001), o conhecimento e a reflexão sobre o estado da arte são de primordial
importância para a realização eficiente de qualquer trabalho de pesquisa, uma vez que as
contribuições teóricas dão suporte e estruturam as investigações cientificas.
Neste contexto, de elevado grau de importância da reflexão da literatura na
elaboração de um trabalho científico, este capítulo está dividido em cinco partes:
Este item apresenta uma visão geral sobre o conteúdo dos demais.
A segunda parte trata da indústria da construção civil, fornecendo seus aspectos
relevantes e adentrando o aspecto geral do sistema de produção da construção.
A terceira parte mostra uma reflexão sobre os revestimentos cerâmicos de fachada
(RCF), pormenorizando os diversos elementos que os compõem, como também trata de seu
processo executivo, dos equipamentos de proteção e ferramentas para a produção. Nesta parte,
obtêm-se informações relevantes quanto aos intervalos de controle dos indicadores do RCF
descritos na literatura.
A quarta parte trata do controle da qualidade total, realizando uma reflexão sobre
qualidade, controle, processo e acerca de ferramentas da gestão como os ciclos PDCA e
SDCA para a manutenção do nível de qualidade esperada.
Na quinta parte, aglomeram-se as informações relevantes dos intervalos e
índices de controle de indicadores obtidos na literatura sobre RCF (terceira parte) com os
conceitos de controle de processo para a qualidade (quarta parte), inseridos no âmbito da
indústria da construção civil (segunda parte), com o intuito de se formular diretrizes a respeito
da fundamentação teórica dos assuntos tratados neste trabalho.
2.2 A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
2.2.1 Considerações Gerais
A indústria da construção civil (ICC) tem importância fundamental para o
desenvolvimento tanto social como econômico do País. A importância econômica reflete-se
23
na participação de cerca de 18,4 % do PIB brasileiro e nos níveis de atividade da indústria de
fornecedores ao longo de todo a cadeia produtiva (CBIC
3
, 2006).
Sua relevância é dada quer seja pelo número de empregos, como pela utilidade de
seus produtos, pelo volume de capital envolvido etc., como informa o sítio oficial da Câmara
Brasileira da Indústria da Construção
3
(2006).
Na indústria da construção civil em geral.
Participa com 18,4% do PIB nacional (cerca de R$ 287,152 bilhões);
contribui com 68,4% dos investimentos totais do País;
oferece 12.142 milhões de empregos na economia nacional;
possui baixo coeficiente de importação (10,5% dos insumos importados); e
existem 118.993 construtoras no País das quais 94% são micro e pequenas
empresas.
Na indústria da construção civil no subsetor imobiliário.
Participa com 2,84% do PIB nacional;
em 2004, criou riqueza na economia no valor de R$ 44,915 bilhões;
é responsável por 35,7% do PIB da construção e por 25,6% do PIB do
macrossetor da construção;
oferta 1.406.407 empregos diretos na economia; 2.118.681 diretos e
indiretos e 2.948.343 diretos, indiretos e induzidos;
participa com 44,7% dos salários pagos na Construção e com 1,3% do total
dos salários pagos na economia nacional;
possui baixo coeficiente de importação: 1,93% dos insumos importados;
paga impostos no valor de 9,62% do seu PIB (correspondentes a 4,36% do
PIB nacional);
existem 62.991 empresas de edificações (residenciais, comerciais,
industriais e de serviços);
aproximadamente 94% é de micro e pequenas empresas, que empregam até
49 trabalhadores; e
a produtividade do segmento de edificações (valor adicionado / pessoal
ocupado) é de R$ 24.198,32.
3
Informação obtida no sítio oficial da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (www.cbicdados.com.br) no
dia 20/11/06 às 23:00.
24
A ICC é alvo ao longo das décadas, de uma série de modificações, como a
racionalização de algumas etapas do processo produtivo e a evolução de alguns materiais de
construção.
Os produtos da ICC podem ser divididos em três campos de atuação: edificações,
construção pesada e montagem industrial. De acordo com o Estudo Setorial da Construção
Civil, realizado pelo SENAI (1995), os subsetores apresentam-se da seguinte forma:
o subsetor de edificações tem como atividades principais a construção de
edifícios, a realização de partes de obras por especialização em uma fase do
processo edificativo e ainda a execução de etapas complementares à edificação;
no subsetor da construção pesada, estão incluídas as construções de infra-
estrutura viária, urbana e industrial; obras estruturais, obras d’arte e de
saneamento; barragens hidroelétricas e usinas atômicas; e
a montagem industrial envolve a montagem de estruturas para instalação de
industriais; de sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica;
de sistemas de telecomunicações e de sistemas de exploração de recursos naturais.
O subsetor de edificações diferencia–se internamente segundo o tipo de atividade
desenvolvida pelas empresas e segundo o tipo de edificação produzida. Segundo Farah (apud
FALCÃO, 2001), as empresas, conforme os tipos de atividade desenvolvida, podem ser: i)
responsáveis pela atividade de incorporação; ii) responsáveis pela construção de edificações;
iii) especializadas na execução de determinadas etapas da obra; e iv) responsáveis por
atividades complementares. Quanto ao tipo de edifícios, podem-se destacar as seguintes
categorias de obras: habitacionais, comerciais, administrativas, de caráter industrial e
esportivas.
A indústria de edificações caracteriza-se por ser tradicionalmente fragmentada,
pois nenhuma empresa possui uma parcela de mercado significativa nem influencia
fortemente o resultado da indústria (PORTER apud BARROS NETO, 1999). Para corroborar
esta afirmação de que o subsetor de edificações é fragmentado, têm-se os dados do Estudo
Setorial da Construção Civil, realizado pelo SENAI (1995), segundo o qual 57,92 % das
empresas podem ser consideradas como microempresas; 32,96 % pequenas; 7,46 % médias e
apenas 1,13 % grandes.
Além das características de fragmentação do subsetor de edificações mencionadas
há pouco, pode-se aludir às causas para esta fragmentação (PORTER apud BARROS NETO,
1999) e caracterizá-las na construção de edificações: possui baixas barreiras de entrada,
25
aumentando a rivalidade entre os concorrentes, porém não disputa em preço; os fornecedores
têm grande poder de barganha, pois constituem um setor oligopolizado nos insumos básicos
para a construção; já os clientes possuem também algum poder, visto que as prestações para
pagamento do imóvel absorvem grande parcela de sua renda e, conseqüentemente, a escolha
tende a ser seletiva; e quanto à ameaça de produtos substitutos, não existe substituto de
moradia.
Segundo Melo (2001), o subsetor de edificações é caracterizado pela ausência de
padronização de processo de produção, no qual não só as edificações são diferentes umas das
outras, como os ambientes de trabalho se alteram permanentemente. O processo de produção
não se destacou ainda de seus fatores humanos, ou seja, uma quantidade enorme de operários
com pouca qualificação subdivide as funções motora e operacional; a força do servente
alimenta a operação manual do pedreiro, carpinteiro, armador ou qualquer outro.
Com respeito à contratação de mão-de-obra, Melo (2001) anota que as
construtoras adotam formas que variam de uma empresa para outra e às vezes até acontecem
simultaneamente na mesma empresa. As empresas escolhem o tipo de contratação mais
adequado para sua situação, objetivo ou meta empresarial. Os seguintes critérios determinam
esta variação:
operários contratados diretamente pela própria empresa – há continuidade na
prestação de serviços, subordinação do empregado ao empregador e pagamento de
salário, sendo denominado “mão-de-obra da própria construtora”;
operários pertencentes a sub-empreiteiras para fornecimento de mão-de-obra –
trabalhador registrado por uma empresa prestadora de serviços que presta serviços
no estabelecimento de outra; e
contratação de empresas especializadas em determinadas serviços ou etapas do
processo – neste caso, o processo é denominado de terceirização.
Constatam-se nos canteiros de obras do subsetor de edificações, por trabalhar com
grande quantidade de sub-empreiteiros e fornecedores de porte, capacidade técnica e
conhecimento administrativo diferenciado e heterogêneo. Isto provoca uma variedade na
qualidade dos produtos e dos serviços, dificultando o gerenciamento dos empreendimentos e
tornando-se necessária a montagem de uma equipe considerável para acompanhar a
qualidade, os prazos e as quantidades de entrega dos materiais e serviços.
Atualmente, há uma tendência, na construção de edificações, à subcontratação da
mão-de-obra. Esta situação surgiu em função do aumento da complexidade e variabilidade
26
crescente das operações, fazendo com que as empresas procurassem transferir o par
variabilidade-complexibilidade para outros agentes do canteiro: seja para indústrias, por meio
da produção fora do canteiro; seja fazendo apelo à sub-empreitada. (CARDOSO apud
BARROS NETO, 1999).
É necessário por parte das construtoras que definam critérios de escolha de
fornecedores e seu processo de avaliação. Para isso, elas estão utilizando algumas estratégias:
definição de critérios rigorosos de seleção e avaliação de fornecedores; redução do número de
fornecedores e empreiteiros mediante parcerias duradouras; e desenvolvimento de
fornecedores de sistemas, que passaram a entregar partes da obra (BARROS NETO, 1999).
As empresas trabalham na busca de melhora a qualificação da mão-de-obra e
simultaneamente investem em novas tecnologias, procurando, principalmente, reduzir o
número de operações e transferir o conhecimento do operário para o sistema construtivo. Da
mesma forma, ocorre um crescente investimento em programas de qualidade (certificação
NBR ISO 9000, PBQP-H), procurando ordenar, entre outras coisas, o sistema de produção.
2.2.2 Sistema de Produção da Construção
Sistema de Produção, segundo Moreira (1993), é o conjunto de atividades e
operações inter-relacionadas envolvidas na produção de bens ou serviços, tendo como
elementos constituintes fundamentais: os insumos, o processo de conversão, os produtos e/ou
serviços e o subsistema de controle (vide Figura 3).
Figura 3 - Sistema de Produção
Fonte: Moreira (1993)
Processo
de
Convero
Insumos
Produtos
e/ou
serviços
Influências e Restrições
Subsistema de Controle
27
Todo o sistema compõe-se de três elementos básicos, as entradas (insumos), as
saídas (produtos e/ou serviços) e as funções de transformação (processo de conversão).
O sistema de produção da construção, consoante Melo (2001), é o conjunto de
atividades e operações interdependentes que, inter-relacionadas, resultam na produção de
obras e serviços de Engenharia e Arquitetura. O Sistema de Produção recebe influências e
restrições do ambiente no qual está inserido, tais como: política governamental, condições
econômicas gerais do País, empresas concorrentes, cultura etc.
A Figura 4 ilustra o funcionamento do sistema de produção da construção, onde
os insumos significam os elementos de entrada: projetos, materiais de construção, máquinas e
equipamentos e força de trabalho; e os produtos: obras e serviços de Engenharia e Arquitetura
que representam a saída.
Figura 4 - Sistema de Produção da Construção
Fonte: Adaptado a partir de Melo (2001) e Moreira (1993)
Os insumos respondem por parte significativa do custo das obras e têm reflexos
na produtividade dos serviços e no desempenho do produto final.
Os projetos refletem em todo o processo construtivo e no produto final, pois este
define detalhes construtivos, procedimentos executivos e especificações.
Influências e Restrições
Projetos
Materiais de
construção
Máquinas e
equipamentos
Força de
trabalho
Insumos Produtos
Processo
Construtivo
Obras e
serviços
de
Engenharia e
Arquitetura
Controle do
Processo
28
Os materiais de construção, na perspectiva de Silva (1985), são todos os corpos,
objetos ou substâncias usados em qualquer obra de Engenharia. Podem apresentar-se de forma
natural (argila, água), industrializada (cimento) ou como componentes.
Com relação aos instrumentos de trabalho (máquinas e equipamentos), o setor
emprega muitas ferramentas manuais como picaretas, pás, colher de pedreiro, régua de
alumínio, gerica etc, bem como máquinas - betoneiras, centrais de concreto, vibradores, gruas,
escavadeiras, serras elétricas e outras. O subsetor de edificações se caracteriza por apresentar
um baixo grau de mecanização, enquanto o subsetor de construção pesada e montagem
industrial pssui elevado grau de mecanização.
O trabalhador da construção civil no subsetor de edificações possui baixos índices
educacionais, podendo-se encontrar diversos trabalhadores analfabetos. O fato de não possuir
educação de base acarreta algumas dificuldades, como: entendimento de cursos e palestras,
por exemplo, sobre segurança no trabalho, qualidade, limpeza etc. Este quadro, no entanto,
começa se reverter, pois algumas empresas construtoras fornecem possibilidade de
alfabetização dentro dos canteiros de obras, elevando, desta forma, o grau instrucional de seus
funcionários.
O processo de produção de obras de edificações é constituído por uma série de
etapas, que ocorrem de modo seqüencial, conforme ilustra a Figura 5.
Figura 5 - Etapas para produção de obras
Fonte: Souza et al (1995)
A execução dessas etapas construtivas demanda a realização de atividades
consideravelmente diversificadas entre si e envolve também a utilização de materiais diversos
ETAPAS PARA PRODUÇÃO DE OBRAS
Locação da obra
Fundações
Estruturas
Alvenaria de vedação
Instalações hidráulicas
Instalações elétricas
Impermeabilização
Esquadrias
Revestimentos internos
Revestimentos externos
Pinturas
Forros
Coberturas
Lim
p
eza
29
e componentes. Logo, existem vários processos ocorrendo ao longo da construção de uma
edificação, dos quais participam trabalhadores com qualificações e atribuições distintas. Pode-
se mencionar como exemplo a etapa de estrutura de concreto armado, composta das
atividades de montagens de formas, de armaduras, colocação das instalações elétricas e
concretagem, executadas, respectivamente, por carpinteiros, armadores, eletricistas e
pedreiros.
Na etapa de revestimentos externos de uma edificação, são apresentados diversos
tipos, tais como:
revestimento argamassado;
revestimento mono capa;
revestimento de placas de rocha com dispositivo de fixação;
revestimento de placas de rocha colocadas com argamassa;
cortinas de vidro; e
Revestimento cerâmico de fachada aderido e não aderido.
Este processo de execução do sistema de produtivo da construção se desenvolve
no local de entrega do produto ao consumidor, o que movimenta é o canteiro de obras
(fábrica).
Melo (apud MELO, 2001) apresenta a seguinte classificação, sob o ponto de vista
das características técnicas do processo das edificações:
tradicional – caracteriza-se pelo uso intensivo da mão-de-obra e emprego de
materiais como barro, pedra e madeira, com base em métodos rudimentares;
convencional – utiliza materiais como cimento, tijolo, ferro e madeira. É
caracterizado pelo uso das rotinas de especificações de materiais e serviços, com grande
número de tarefas acessíveis ao nível de qualificação da maioria dos operários;
convencional racionalizado – utiliza materiais e técnicas semelhantes aos
empregados no processo convencional, distinguindo-se deste por utilizar recursos como
projetos mais detalhados, técnicas de programação, especificações adequadas de materiais e
normas de trabalho, uso mais intensivo de subcontratados, substituição da mão-de-obra por
equipamentos auxiliares e utilização de elementos pré-fabricados; e
industrializado – caracteriza-se pela utilização de insumos mais elaborados, de
valor agregado maior e equipamentos mais complexos. Distinguem-se dois tipos de processo
industrializado - o do tipo aberto, que usa na montagem da obra elementos fabricados por
várias empresas independentes; e o do tipo fechado, que utiliza elementos fabricados pela
própria empresa construtora.
30
O controle de processo é a forma de garantir que os padrões estabelecidos pelos
projetos e os procedimentos de execução sejam seguidos. Este controle deve ser realizado
antes, durante e depois de concluído o produto, incluindo todas as etapas de execução.
Para a realização do controle de execução é imprescindível que existam
documentos, tais como instruções de trabalho e procedimentos.
Quanto ao produto final, as obras ou os serviços de engenharia se apresentam nas
formas de edifícios residenciais, comerciais ou industriais; pavimentação, pontes, metrô,
viaduto etc e são todos utilitários.
Pode-se mencionar como características do produto da ICC:
único – a grande parte do produto oriundo da construção civil é quase ou
totalmente único na vida do usuário;
grande porte – por possuir grandes dimensões, o produto deverá ser produzido
no local de uso;
complexo – por ser um produto com grandes variações de etapa, como
limpeza do terreno, fundações, alvenaria, instalações, acabamento entre outros, demandando
uma variabilidade de mão-de-obra especializada, fornecedores de materiais, com exigências e
tolerância de fabricação diferente, obrigando a um grande esforço no gerenciamento das
atividades; e
caro – em virtude das características mencionadas anteriormente, o produto
torna-se um produto caro e, para obtê-lo, o consumidor necessita de um financiamento.
A construção civil pode ser caracterizada como uma indústria de caráter nômade.
O produto permanece em lugar fixo durante a sua fabricação enquanto os materiais, máquinas
e mão-de-obra são conduzidos para o ambiente onde o produto está sendo produzido. Desta
forma, os grupos de trabalho devem movimentar-se em torno do produto, adicionando
componentes até que o produto final esteja concluído. Após a sua produção, permanece no
local onde foi fabricado, sendo que as instalações de produção e a mão-de-obra são
desmobilizadas. Essa é uma característica da construção civil.
31
2.3 REVESTIMENTO CERÂMICO DE FACHADA - RCF
Os revestimentos cerâmicos tradicionais trabalham completamente aderidos sobre
bases e substratos que lhe servem de suporte, razão pela qual são chamados de aderidos,
enquanto os não aderidos empregam dispositivos metálicos para fixação das placas à base,
existindo um vazio entre elas. Os revestimentos cerâmicos de fachada aderidos constituem o
objeto de estudo deste trabalho, em cuja definição proposta pela NBR 13.755 (ABNT, 1996a),
que define revestimento cerâmico de fachada (RCF) como sendo “um conjunto de camadas
superpostas e intimamente ligadas, constituído pela estrutura-suporte, alvenarias, camadas
sucessivas de argamassas e revestimento final, cuja função é proteger a edificação da ação de
chuva, umidade, agentes atmosférico, desgaste mecânico oriundo da ação conjunta do vento e
partículas sólidas, bem como dar acabamento estético.”
Para Medeiros (1999) “O Revestimento Cerâmico de Fachada de Edifícios (RCF)
é um conjunto monolítico de camadas (inclusive o emboço de substrato) aderidas à base
suportante da fachada do edifício (alvenaria ou estrutura), cuja capa exterior é constituída de
placas cerâmicas, assentadas e rejuntadas com argamassa ou material adesivo”.
Para efeito do presente trabalho, idealizou-se uma definição para o RCF a partir
da reflexão das duas definições, citadas anteriormente, e da experiência profissional do autor.
Tal definição do RCF pode ser descrita como:
Um conjunto de camadas superpostas e intimamente ligadas, constituído pela
estrutura-suporte, alvenarias ou concreto, pela camada de preparação da base, chapisco, por
camadas sucessivas de argamassas, pelo revestimento cerâmico, assentado e rejuntado, cuja
função é proteger a edificação da chuva, umidade, agentes atmosféricos, desgastes mecânicos
oriundo da ação conjunta do vento e partículas sólidas, bem como dar acabamento estético.
Os RCF são constituídos de placa cerâmica; substrato, constituído da camada de
argamassa de emboço; argamassa adesiva (colante) e rejuntamento. A base ou suporte do
RCF é constituído de estrutura de concreto e de alvenaria. O Quadro 2 traz os materiais
constituintes das camadas do RCF enquanto na Figura 6 são apresentadas estas camadas
esquematicamente.
32
Quadro 2 - Camadas e matérias constituintes de RCF
Fonte: Elaboração pessoal
Cada uma das camadas deve apresentar características particulares, no sentido de
conferir ao revestimento, ou melhor, a edificação, as condições para se obter um desempenho
aceitável.
Figura 6 - Base, camadas e componentes constituintes dos RCF
Fonte: Elaboração pessoal
MATERIAIS CONSTITUINTES DENOMINAÇÃO DA CAMADA
Concreto armado
Alvenaria de blocos cerâmicos
Alvenaria de blocos de concreto BASE OU SUPORTE
Alvenaria de blocos de concreto celular
Alvenaria de blocos sílico-calcários
Argamassa de cimento e areia, com ou sem adesivo
(chapisco)
PREPARAÇÃO DA BASE
Argamassa de cimento, areia, com adição ou não de cal
e aditivos químicos.
SUBSTRATO
Argamassa adesiva à base de cimento, areia, com
adição de um ou mais aditivos químicos (argamassa
colante)
ASSENTAMENTO OU FIXAÇÃO
Placa cerâmica e argamassa de rejuntamento à base de
cimento, areia, com adição de um ou mais aditivos
químicos.
CERÂMICA
Placa cerâmica
Preparação da
base - chapisco
Lim. de profundidade
Junta de trabalho
Selante
Argamassa de
rejunte
Argamassa de
emboço
(substrato)
Argamassa adesiv
a
(colante)
Base de
concreto
Encunhamento
Base de
alvenaria
33
Embora as camadas de base e preparação da base estejam ilustradas na Figura 6,
elas não constituem parte do RCF, mas têm importância fundamental no desempenho deste
sistema. Com efeito, é necessário que também sejam executadas seguindo técnicas
construtivas adequadas.
2.3.1 Materiais para o RCF
2.3.1.1 Placas Cerâmicas para RCF
A placa cerâmica é o principal material que caracteriza o RCF e concede-lhe uma
série de características que o habilitará ao uso em fachadas. Elas contribuem de modo
importante para a definição da estética do empreendimento. O material cerâmico confere
propriedades básicas para as fachadas, como resistência à penetração da água e facilidade de
limpeza.
A norma NBR 13816 (ABNT, 1997a) define placa cerâmica como o “material
composto de argila e outras matérias-primas inorgânicas, geralmente utilizadas para revestir
pisos e paredes, sendo conformadas por extrusão (representada pela letra A) ou prensagem
(representada pela letra B), podendo ser conformadas por outros processos (representados
pela letra C). As placas são então secadas e queimadas à temperatura de sinterização. Podem
ser esmaltadas, em correspondência aos símbolos GL (glazed) ou UGL, (unglazed), conforme
ISO 13.006. As placas são incombustíveis e não são afetadas pela luz.”
No Brasil, chamam-se azulejos as placas cerâmicas para uso em paredes e o termo
ladrilho é mais utilizado para os revestimentos de piso.
As placas cerâmicas empregadas para revestimento podem ser classificadas por
diversas maneiras, por exemplo: esmaltadas e não esmaltadas, para classificá-las pela
existência do vidrado na face a ser exposta; prensadas e extrudadas, para indicar o processo de
fabricação empregado na sua produção. A propriedade mais utilizada, contudo, para as
classificações presentes na normalização é a absorção de água pelas placas.
As placas cerâmicas podem ser classificadas de diversos modos, tendo como base
a capacidade de absorção de água. No Quadro 3 apresenta-se uma classificação genérica
usada na prática.
34
Quadro 3 - Classificação genérica das placas cerâmicas para revestimentos em função da capacidade de
absorção de água
Fonte: Anfacer (1998)
O Quadro 4 apresenta a classificação das placas cerâmicas segundo a norma
brasileira NBR 13.817 (ABNT, 1997b).
GRUPO DE ABSORÇÃO DE ÁGUA
PROCESSO DE
CONFORMAÇÃO
Grupo I
Ab 3 %
Grupo IIa
3 % < Ab 6 %
Grupo IIb
6 % < Ab 10 %
Grupo III
Ab 10 %
A
EXTRUDADO
Grupo AI Grupo AIIa Grupo AIIb Grupo AIII
Grupo BIa
B
PRENSADO A SECO
Grupo BIb
Grupo BIIa Grupo BIIb Grupo AIII
C
OUTROS PROCESSOS
Grupo CI Grupo CIIa Grupo CIIb Grupo CIII
Quadro 4 - Classificação das placas cerâmicas para revestimento em função da capacidade de absorção de água
Fonte: ABNT (1997a)
2.3.1.1.1 Características e propriedades
Conforme evoca Medeiros (1999), o revestimento cerâmico apresenta uma série
de vantagens quando aplicado em fachadas, tais como:
não propaga fogo;
tem elevada impermeabilidade;
possui baixa higroscopicidade;
não provoca diferença de potencial;
não é radioativo;
não produz eletricidade estática;
é excelente isolamento; e
DENOMINAÇÃO / CLASSIFICAÇÃO ABSORÇÃO DE ÁGUA
Porcelana / porcelanato 0 a 0,5 %
Grês cerâmico 0,5 a 3 %
Semigrês 3 a 6 %
Semiporoso 6 a 10 %
Poroso Maior que 10 %
35
apresenta custo final, em geral, compatível com benefícios, principalmente
com relação à manutenção durante a vida útil.
A absorção total dos revestimentos cerâmicos para o RCF deve ser baixa para
restringir as movimentações higroscópicas a que o revestimento está sujeito. A norma
brasileira NBR 13.818 (ABNT, 1997c) não determina um parâmetro específico para a
absorção total das placas cerâmicas para uso em fachadas. Esta norma classifica as placas
cerâmicas em quatro categorias (I, IIa, IIb, e III) em função do grau de absorção, como
apresentado no Quadro 6. Segundo Bauer (1995), a ANFACER recomenda que peças
cerâmicas a serem utilizadas em RCF atendam a um valor de absorção menor do que 5,0 %
para uso em revestimento externo.
Os materiais cerâmicos são alvos de expansão por umidade que, dependendo da
intensidade, pode levar ao longo do tempo à fadiga da sua microestrutura. A NBR 13.818
(ABNT, 1997c) inclui no seu texto normativo a explicação de que “a maioria das placas
cerâmicas esmaltadas ou não, tem expansão por umidade negligenciável, a qual não contribui
para os problemas dos revestimentos cerâmicos quando são corretamente fixadas. Porém, com
práticas de fixação insatisfatórias ou em certas condições climáticas, expansão por umidade
acima de 0,6 % (0,6 mm/m) pode contribuir para os problemas”. Esta norma não define o que
são práticas de fixação insatisfatórias e certas condições climáticas.
A aderência da placa cerâmica e a argamassa colante são objeto de interferência
com a capacidade de absorção de água. Quando do emprego de placas com absorção muita
baixa, é conveniente contar não apenas com a aderência mecânica, mas também com
aderência química, em virtude do baixo teor de poros da placa, que não será suficiente para a
penetração da pasta de cimento e garantir a sua estabilidade.
As placas cerâmicas apresentam limitações quanto à variação dimensional
(dimensões, empenamento e esquadro) de modo a prejudicar o seu assentamento. A norma
brasileira NBR 13.818 (ABNT, 1997c) estabelece o limite de mais ou menos 1 % para as
variações dimensionas de seus lados, como também para o empenamento das faces e arestas.
Conforme Medeiros (1999), quanto maiores forem as placas, maiores serão os
movimentos em virtude da ação da temperatura. Por isso é fundamental considerar este fato
na escolha das placas, nas argamassas adesivas e juntas de movimentação. Estes movimentos
também podem ser influenciados pelas características das placas, como cor, textura, brilho,
área e espessura.
36
2.3.1.2 Materiais constituintes das argamassas
Podem-se mencionar como elementos constituintes para a produção das
argamassas os seguintes materiais:
a) cimento
O cimento tem como papel principal, nas argamassas, aglutinar os agregados e
conferir propriedades resistentes.
Todos os tipos de cimento podem ser empregados na produção de argamassas,
desde que dosados adequadamente. A dosagem leva em conta as características próprias de
cada tipo de cimento.
Quando do recebimento e aceitação, o produto deverá estar em conformidade com
as normas técnicas, como também não devem ser aceitos os cimentos entregues em sacos
rasgados, molhados ou avariados durante o transporte, empedrados ou com prazo de validade
vencido e sacos que apresentem uma variação de massa superior a 2 % em cada saco (ABNT,
1991).
b) Cal
A cal hidratada empregada em argamassas mistas (argamassa de cimento e cal)
melhora a capacidade de retenção de água, contribui para a hidratação do cimento, tem boa
capacidade de absorver deformações e melhora a sua trabalhabilidade.
A aceitação da cal hidratada para a produção de argamassas mistas está vinculada
ao atendimento dos requisitos da norma NBR 7175:2003 – Cal hidratada para argamassas –
Requisitos. Não devem ser recebidas sacarias rasgadas, molhadas ou avariadas durante o
transporte (ABNT, 2003a).
Quando do recebimento e aceitação, a cal deverá estar em conformidade com as
normas técnicas, como também não devem ser aceitos sacos de cal entregues em sacos
rasgados, molhados ou avariados durante o transporte, empedrados ou com prazo de validade
vencido e sacos que apresentem uma variação de massa superior a 2 % em cada saco (ABNT,
2003a).
c) Areia
Segundo a ABNT (1996a), os agregados miúdos destinados à produção de
argamassas devem satisfazer às seguintes condições:
37
a) estar conforme a NBR 7211:2005 – agregados para concreto –
especificação.
b) ter dimensão máxima característica do agregado conforme a seguir:
menor ou igual a 4,8 mm (malha 4) para argamassa de chapisco;
menor ou igual a 2,4 mm (malha 8) para argamassas utilizadas nas camadas
de emboço;
menor ou igual a 0,30 mm (malha 50) para o rejuntamento do
assentamento, com largura maior do que 5 mm.
Os agregados devem ser estocados em compartimentos ou baías identificadas pela
natureza e classificação granulométrica.
O agregado miúdo tem como função nas argamassas: o controle da retração,
redução do custo e propriedades resistentes.
Quando do recebimento dos agregados no canteiro da obra, devem ser verificados
visualmente a granulometria, cheiro, cor, existência de matéria orgânica, torrões de argila, ou
qualquer outra contaminação, rejeitando-se o lote conforme os critérios das normas e
especificações técnicas.
d) Água
A água destinada ao preparo das argamassas deve ser protegida de contaminação,
isenta de teores prejudiciais de substâncias estranhas e atender ao disposto na norma NM 137:
97 – argamassa e concreto - água para amassamento e cura de argamassa e concreto de
cimento portland.
A água tem como função promover a reação de hidratação ou do endurecimento
do aglomerante, homogeneização da mistura e conferir trabalhabilidade das argamassas.
e) Aditivos
Aditivo é um produto adicionado, em pequena quantidade, para modificar uma ou
mais propriedades das argamassas no estado fresco ou endurecido e expresso em porcentagem
do aglomerante.
38
2.3.1.3 Argamassas do Revestimento Cerâmico de Fachadas - RCF
Neste item serão versados os tipos de argamassa para a produção do revestimento
cerâmico de fachadas, que são as argamassas de chapisco, para substrato do RCF, adesiva e
de rejuntamento.
2.3.1.3.1 Argamassa de Chapisco
A ABCP (2002) considera a argamassa de chapisco como uma camada de
preparo de base, constituída de mistura de cimento, areia e aditivos, aplicada de forma
contínua ou descontinua, com a finalidade de uniformizar a superfície quanto à absorção e
melhorar a aderência do revestimento à base.
A base é o elemento da obra em que se apóia o RCF, podendo apresentar
diferentes características, dependendo do material de que é constituída, como alvenaria de
blocos de concreto, blocos cerâmicos, estrutura de concreto etc.
Com o objetivo de homogeneizar a capacidade de sucção de água - que
propicia a microancoragem - e a rugosidade superficial da base - que contribui para a
macroancoragem - emprega-se o chapisco, não como uma camada de revestimento, mas como
uma preparação da base (ABNT, 1998). Com esteio nestes dados, é habitual aplicar um
chapisco “fechado” sobre as estruturas de concreto, conferindo melhor rugosidade superficial,
e um chapisco “ralo” nos blocos cerâmicos ou de concreto, controlando a sua sede veemente
por água.
O chapisco pode ser realizado mediante vários processos, sendo:
convencional – consiste de uma argamassa fluída lançada sobre a base,
utilizando-se uma colher de pedreiro;
desempenado – compreende de uma argamassa industrializada,
ordinariamente executada sobre estrutura de concreto e aplicada com uma
desempenadeira denteada; e
rolado – é uma argamassa fluida, aplicada tanto sobre estrutura como na
alvenaria, empregando-se rolo de pintura para textura acrílica.
Normalmente é aplicado no traço em massa de 1:3 (cimento e areia média).
Quando empregado sobre as alvenarias e quando utilizado sobre estruturas de concreto, pode
39
ser adicionada emulsão de polímeros dos tipos PVAC, acrílicos e estirênicos, com o objetivo
de melhorar a aderência, em virtude da superfície lisa da estrutura e da baixa porosidade do
concreto. Atualmente se verifica crescente emprego das argamassas industrializada para
chapisco na execução dos RCF’s.
Candia e Franco (1998) desenvolveram um trabalho sobre a influência do tipo
de base e do tipo de preparo da base (chapisco) na resistência de aderência. Segundo eles, as
duas principais características da base que influenciam nessa propriedade são a capacidade
inicial de sucção de água (IRA) e a rugosidade superficial. Concluíram também que, para as
bases de alvenaria de blocos cerâmicos e de estrutura de concreto, é sempre necessário efetuar
o preparo da base com a argamassa de chapisco, enquanto os blocos de concreto apresentam
características adequadas para oferecer boa aderência ao revestimento, mesmo sem aplicação
do chapisco.
2.3.1.3.2 Argamassa para substrato do RCF
Neste trabalho, a argamassa para substrato do RCF será identificada como
argamassa de emboço, ou melhor, emboço. A ABCP (2002) considera emboço uma camada
de revestimento executada para cobrir e regularizar a superfície da base com ou sem chapisco,
propiciando uma superfície que permita receber outra camada de reboco ou de revestimento
decorativo, ou que se constitua no acabamento final.
Medeiros (1999) enfatiza a noção de que a argamassa de emboço deve possuir
uma resistência de aderência à base compatível com os esforços a que estará sujeita,
suportando a camada de cerâmica aderida a ela sem despegar. É importante considerar na
produção do emboço a sua resistência de aderência à base e a sua resistência superficial ao
arrancamento.
A ABNT (1996a) recomenda o traço em volumes aparentes, variando na
proporção de 1 : 0,5 : 5 a 1 : 2 : 8 de cimento, cal e areia, considerando a areia úmida.
Também prescreve que as argamassas industrializadas para emboço de RCF devem possuir
desempenho equivalente às produzidas com estes traços, seguindo as diretrizes constantes da
NBR 7200 (ABNT, 1998). Esta norma recomenda que sejam tomados os seguintes cuidados
na preparação da argamassa de emboço:
a empregar mistura mecânica, observar tempo de mistura de 3 a 5 min;
descansar a argamassa intermediária (cal : areia) por no mínimo 16 horas;
40
quando armazenada a mistura de cal e areia, estas devem ser mantidas
permanentemente úmidas para evitar a formação de grumos de
homogeneização difícil;
tempo de utilização de no máximo 2 horas e 30 minutos (para locais com
temperatura acima de 30ºC ou UR (umidade relativa do ar) inferior a 50%
reduzir este tempo para 1 hora e 30 minutos);
O valor mínimo de resistência de aderência com relação à interface emboço
(substrato) e a base é de 0,3 MPa. Este valor é o especificado pela norma NBR 13.749
(ABNT, 1996b).
Sabbatini et al. (1997) citam várias propriedades que a argamassa de emboço deve
possuir para atender as solicitações de uso, tais como: trabalhabilidade, capacidade de
aderência, resistência mecânica, capacidade de absorver deformações, durabilidade.
A trabalhabilidade é a mais subjetiva. Define a sua habilidade de fluir ou espalhar-
se em toda a área da base, por suas saliências e protuberâncias. Portanto, ela determina a
intimidade do contato entre a argamassa e o substrato, afetando assim a capacidade de
aderência (CARASEK, 1996).
Uma vez definido o traço, a verificação da trabalhabilidade é realizada com a
experiência do trabalhador. Ele ajusta a argamassa com mais ou menos água para que
apresente uma consistência adequada para ser aplicada.
A capacidade de aderência do emboço à base é a propriedade que permite a
camada resistir aos esforços de tração e de cisalhamento. A trabalhabilidade, os
procedimentos de aplicação e as características da base interferem significativamente nesta
propriedade.
A capacidade de absorver deformações é uma propriedade equacionada pela
resistência à tração e ao módulo de deformação do revestimento. Esta propriedade permite o
revestimento se deformar sem ruptura ou através de microfissuras imperceptíveis, oriundas de
pequenas deformações (SABATTINI et al., 1997).
Então, a resistência mecânica e a capacidade de absorver deformações devem ser
analisadas de forma conjunta, pois são inversamente proporcionais, como mostra a equação:
ξ = σ / E
ξ – deformação unitária (mm/m)
σ – tensão (MPa)
E – módulo de deformação (GPa)
41
As argamassas de emboço produzidas com material cimentício, não têm um
comportamento inteiramente flexível, como propagam alguns fabricantes. Na realidade,
existem componentes que podem reduzir a sua rigidez, de forma que as microfissuras
oriundas das solicitações sejam em grande quantidade, ou melhor, diluídas, as quais não
comprometem o desempenho do revestimento. Nas argamassas fortes, ou melhor, rígidas, os
esforços necessários para partir as ligações internas são maiores, ocasionando fissuras de
maior tamanho e indesejadas ao revestimento (SABATTINI et al. 1997)
A fissuração da argamassa de emboço é uma situação que deve ser evitada, uma
vez que interfere na capacidade de aderência, por ficar comprometido o entorno da região
fissurada. Então, um acréscimo no consumo de cimento e, conseqüentemente, um aumento na
resistência mecânica não permitem a obtenção de uma argamassa com bom desempenho,
razão por que se deve produzir uma argamassa que concilie a resistência dos esforços
solicitantes com um baixo módulo de deformação para não comprometer a aderência do
emboço à base.
Just (2001) entende como, outro efeito influente a retração por secagem, a qual
ocasiona a redução do volume da argamassa e conseqüentes tensões de tração e compressão
nas camadas do revestimento.
A durabilidade é a capacidade de manter o desempenho de suas funções ao longo
do tempo, dependendo de todas as propriedades já citadas.
2.3.1.3.3 Argamassa adesiva
A aplicação da placa cerâmica sobre o emboço é realizada mediante de um
material adesivo que tem por finalidade manter essas camadas unidas, conhecida como
argamassa adesiva. Entre os materiais adesivos, encontram-se as argamassas tradicionais, as
argamassas adesivas industrializadas, denominada de argamassa colante, e os adesivos
orgânicos ou colas.
As argamassas tradicionais são aquelas preparadas no canteiro da obra a partir de
uma mistura de cimento Portland, com adição ou não de cal hidratada, aditivos e areia. Estas
argamassas, junto com as pastas de cimento puro, eram a alternativa para o assentamento de
revestimentos cerâmicos até o surgimento das argamassas adesivas industrializadas. Estas
argamassas prestam-se à aderência de materiais com superfícies porosas por meio do
endurecimento do cimento Portland (MEDEIROS, 1999).
42
No momento atual, as argamassas adesivas industrializadas são as mais
empregadas para a execução do RCF.
A norma brasileira NBR 14.081 (ABNT, 2004) denomina as argamassas adesivas
de argamassas colantes, definindo-as como “produto industrializado, no estado seco,
compostos de cimento Portland, agregados minerais e aditivos químicos, que, quando
misturados com a água, forma uma massa viscosa, plástica e aderente, empregada no
assentamento de placas cerâmicas para revestimento”.
A diferença fundamental entre as argamassas adesivas das argamassas tradicionais
é a capacidade de retenção de água, permitindo que o material seja aplicado em uma
espessura fina, sem perder para o substrato ou para o ar a água necessária à hidratação do
cimento Portland.
A norma brasileira NBR 14.081 (ABNT, 2004) classifica a argamassa adesiva em
quatro tipos, com a seguinte designação:
tipo AC I – argamassa típica para uso interno, com exceção daqueles aplicados
em saunas, churrasqueiras estufas e outros revestimentos especiais;
tipo AC II – argamassa para uso interno e externo;
tipo AC III – argamassa que apresenta aderência superior em relação às
argamassas do tipo AC I e AC II; e
tipo E – argamassa colante industrializada dos tipos I, II, III, com tempo em
aberto estendido.
No caso de fachadas, as argamassas colantes do tipo II devem absorver os
esforços decorrentes de flutuações térmicas e higrotérmicas, da ação de chuva e vento, quando
empregadas placas cerâmicas com capacidade de absorção de água superior a 0,5 %. No caso
de placas com absorção inferior a 0,5 % de capacidade de absorção de água, deve-se empregar
argamassa colante do tipo AC III ou tipo AC III-E. O Quadro 5 apresenta a classificação e as
exigências mecânicas da norma brasileira.
Quadro 5 - Requisitos de argamassa colante
Fonte: ABNT (2004)
Argamassa colante industrializada Propriedade Método de
ensaio
Unidade
I II III E
Tempo em aberto NBR 14083 min
15 20 20
Resistência de aderência aos 28
dias em:
cura normal
cura submersa em água
cura em estufa
NBR 14084
MPa
MPa
MPa
0,5
0,5
-
0,5
0,5
0,5
1,0
1,0
1,0
Deslizamento NBR 14085 mm
0,7 0,7 0,7
Argamassa do tipo
I, II e III, com
tempo em aberto
estendido em no
mínimo 10 min do
especificado nesta
tabela.
43
A capacidade de aderência é a principal propriedade das argamassas adesivas. Ela
é função do teor de absorção da placa cerâmica, das características do substrato, condições
ambientais e da mão-de-obra.
A capacidade de retenção de água é uma propriedade da argamassa colante
associada ao tempo em aberto de uma argamassa, que é o período decorrido desde a extensão
da argamassa no substrato até o momento em que ela não apresenta capacidade de aderência
satisfatória à placa cerâmica.
Sabbatini e Barros (1990), com Medeiros (1999), abordam as vantagens que as
argamassas adesivas proporcionam sobre as tradicionais:
grande potencial de aderência;
maior produtividade na execução dos etapas;
possibilidade de um controle mais efetivo;
menor consumo de material;
as fases de execução é mais uniformizado; e
maior possibilidade de adequação às necessidades de projeto.
Os adesivos orgânicos ou colas para a fixação de placas cerâmicas diferenciam-se
dos anteriores, por não terem cimento na sua composição. São compostos de resinas orgânicas
e cargas minerais e denominados em função do tipo de resina de:
a) pastas de resina – constituídas basicamente de adesivos sintéticos,
principalmente as resinas vinílicas e acrílicas;
b) resinas de reação – adesivos que possuem desempenho superior a todos os
materiais de fixação, geralmente constituídos de dois componentes, um adesivo e um
catalisador (TCA apud MEDEIROS, 1999).
2.3.1.3.4 Argamassa para rejuntamento
As argamassas para rejuntamento são de fundamental importância para a
durabilidade do RCF. As argamassas industrializadas para rejuntamento são constituídas
basicamente de cimento Portland, cinza ou branco e, agregados inertes e aditivos químicos,
que melhoram as suas propriedades.
Estas argamassas podem ser produzidas no canteiro de obras ou industrializadas.
As argamassas simples, de cimento e areia, são produzidas no canteiro da obra, não sendo
recomendadas em razão da sua grande rigidez e do alto módulo de deformação. As
44
industrializadas têm como características aumentar a capacidade de aderência, melhorar a
capacidade de absorver deformações e conferir hidrofugacidade.
Existem ainda materiais para rejuntamento à base de resinas epóxi ou furânica,
fornecidas em partes separadas, composta de pigmentos e cargas minerais, endurecedor e
adesivo.
Medeiros (1999) cita as três características básicas que deve conter uma
argamassa para rejuntamento, mencionadas na norma BS 53 85 Part 2 (BSI, 1991):
boa trabalhabilidade;
baixa retração; e
boa aderência às bordas das juntas de assentamento.
Ressalta ainda a capacidade de absorver deformação sem fissurar, bem como
apresentar resistência ao crescimento de fungos.
A norma brasileira NBR 14.992 (ABNT, 2003b) estabelece as características
exigíveis para o recebimento das argamassas para rejuntamento e apresenta os métodos de
ensaios, como também divide as argamassas para rejuntamento em dois tipos, conforme o
Quadro 6, e especifica alguns requisitos mínimos (Quadro 7).
AMBIENTES TIPO I TIPO II
Ambientes internos e piscinas X X
Ambientes externos (fachadas) X
Ambientes externos (pisos) X
Ambientes não residenciais Cons. fabricante
Quadro 6 - Tipos de argamassa para rejuntamento e ambientes para aplicação
Fonte ABNT (2003b)
Propriedades Unidade Idade de ensaio Tipo I Tipo II
Retenção de água (mm) 10 min 75 65
Variação dimensional (mm/m) 7 dias 2,00 2,00
Resistência à compressão (MPa) 14 dias 8,0 10,0
Resistência à tração na flexão (MPa) 7 dias 2,0 3,0
Absorção de água por capilaridade
aos 300 min
(g/cm
2
) 28 dias 0,60 0,30
Permeabilidade aos 240 min (cm
3
) 28 dias 2,0 1,0
Quadro 7 - Tipos de argamassa para rejuntamento e requisitos mínimos
Fonte ABNT (2003b)
45
2.3.1.4 Selantes
Os materiais utilizados nas juntas de movimentação, juntas de dessolidarização e
juntas estruturais compreendem os materiais de enchimento e os materiais de vedação,
denominados de selantes. A NBR 13.755 (ABNT, 1996a) recomenda selantes à base de
elastômeros, como poliuretano, polissulfeto, silicone etc.
O selante deve conferir às juntas do RCF um dos requisitos mais importante, que
é a estanqueidade, no entanto, devem ser consideradas, também, flexibilidade, durabilidade e
aderência.
Para que o selante mantenha seu desempenho, é necessário que permaneça
aderido e conservar suas propriedades. No caso de fachada, a durabilidade é uma propriedade
fundamental. A ação do tempo sobre os selantes do RCF pode provocar fenômenos de
microfissuração e enrugamento, ação originada das condições climáticas, a efeitos da
evaporação do solvente e radiação ultravioleta do Sol. Na cidade de Fortaleza, os efeitos da
radiação UV são intensivos. Verifica-se nessa cidade, que alguns selantes apresentam
enrugamento e perda de aderência ao longo do tempo.
Um aspecto importante relativo ao selante é o fato de que, quando de sua
aplicação, não deve ocorrer nenhuma interação com o material de enchimento, sob pena de
ele romper na ligação com uma das cerâmicas (MEDEIROS, 1999). Caso ocorra essa
aderência, o material de enchimento fixará o selante, não permitindo o seu máximo de
alongamento.
Em virtude disto, é que são empregados bastões de polietileno expandido como
material de enchimento, pelo fato de serem inertes, evitando a adesão do selante no fundo da
junta, como também limitando a profundidade do selante.
No Brasil não há normas de especificação e de controle para os selantes, a respeito
de suas propriedades, induzindo os construtores a empregarem produtos importados ou às
vezes embalados no Brasil, não se adequando aos fatores de exposição encontrados no
Território nacional, bastante divergentes.
2.3.2 Processo de Execução do Revestimento Cerâmico de Fachada - RCF
Neste tópico será abordado o processo de execução do RCF, englobando as
seguintes atividades:
equipamentos e ferramentas para a produção;
46
considerações sobre serviços preliminares;
preparação da base;
execução do emboço;
assentamento das placas cerâmicas;
execução do rejuntamento;
tratamento das juntas; e
limpeza.
Na Figura 7, apresenta-se um fluxograma ilustrativo da seqüência típica de
execução do revestimento de fachada. Vale salientar que o seqüenciamento pode ser objeto de
algumas alterações em virtude das peculiaridades da obra em execução.
47
Transporte Vertical Ascendente
Limpeza da base e eliminação de irregularidades
Fixação da alvenaria de fachadas
Locação dos arames
Inspeção
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Transporte Vertical Descendente
Lavagem da estrutura
Chapiscamento da estrutura
Execução do mapeamento da fachada
Inspeção
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Transporte Vertical Ascendente
Taliscamento
Chapiscamento da alvenaria
Inspeção
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Transporte Vertical Descendente
Execução do emboço com tela
Corte das juntas
Inspeção
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Transporte Vertical Ascendente
Inspeção do emboço
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Transporte Vertical Descendente
Assentamento das placas cerâmicas
Limpeza das juntas de assentamento
Inspeção
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Transporte Vertical Ascendente
Execução do rejuntamento
Limpeza do rejuntamento
Limpeza das juntas de movimentação
Inspeção
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Transporte Vertical Descendente
Verificação do rejuntamento
Limpeza das placas cerâmicas
Tratamento da junta de movimentação
Inspeção
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Legenda
Atividade (Operação) Inspeção
Transporte Esperas
Estocagem
4 CICLO
1 CICLO
2 CICLO
Fluxograma de atividade de execução de revestimento cerâmico de fachada
3 CICLO
Figura 7 - Fluxograma de atividade de execução de revestimento cerâmico de fachada
Fonte: Elaboração pessoal
48
O objetivo do esquema apresentado na Figura 7 não é o de mostrar um
diagrama de processos completo, isto é, um diagrama que indica todas as etapas, como
atividade, transporte, inspeção, espera e estocagem para a melhoria de produtividade, fluxos
e/ou fatores ergonômicos, mas possui a intenção de ilustrar como deve se comportar um
fluxograma de atividade de execução de revestimento cerâmico de fachada.
2.3.2.1 Equipamentos e Ferramentas
Nesta secção, mencionam-se os equipamentos de proteção e as ferramentas para a
produção do assentamento de placas cerâmicas.
2.3.2.1.1 Equipamentos de Proteção
Como o presente relatório de pesquisa trata de revestimentos cerâmicos de
fachadas, não se há de negligenciar os itens de segurança do trabalho. Por isso, abordar-se-á
sobre segurança nesta secção.
Visando a demonstrar a da representatividade de acidentes fatais de trabalhos na
indústria da construção civil (ICC) comparando com às demais atividades econômicas, pode-
se apoiar sobre as estatísticas publicadas em 2003 pelo Ministério do Trabalho e Emprego,
que indicam a ICC como responsável por 25% das mortes ocorridas a trabalhadores formais,
no Ceará, em 2003.
A indústria da construção civil, ainda que apresente grandes avanços, ainda
continua com graves problemas na segurança do trabalho. Neste sentido, o cumprimento de
duas normas
4
se faz de fundamental importância, são elas: NR 6 (Equipamentos de Proteção
Individual) e NR 18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Industrial da Construção
Civil).
Em seguida serão mostrados os pontos essenciais destas normas ligados às
atividades de revestimentos cerâmicos aplicados em fachadas de edifícios.
4
Estas duas normas estão em constante atualização e as podem ser encontradas gratuitamente no sítio:
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/Legislacao/Normas/
(pesquisado dia 10/04/06 às 10:30)
49
A NR 06 trata dos equipamentos de proteção individual para os diversos tipos de
trabalho, seja na indústria da construção civil ou nos demais tipos de indústrias. Esta Norma
define o EPI (Equipamento de Proteção Individual) como sendo: “Todo dispositivo ou
produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos
suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho” (NR 6, item 6.1, 2003).
As informações necessárias da NR 06, no que diz respeito aos trabalhos em
fachadas, foram extraídas e relatadas no Quadro 8.
Exigências da NR 6 voltadas para as condições dos trabalhos em fachadas
Obrigações da
Empresa
Fornecer gratuitamente EPI adequado ao risco em perfeito estado de
conservação e funcionamento
Cabe ao empregador
Quanto ao EPI
Adquirir o adequado ao risco de cada atividade; exigir seu
uso; fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional
competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; orientar e
treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação;
substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica
e comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.
Cabe ao Empregado
Quanto ao EPI
Usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;
responsabilizar-se pela guarda e conservação; comunicar ao
empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso
e cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.
EPI necessários para
a atividade de
revestimento em
fachadas de edifícios
Capacete, Capuz, Óculos, Protetor Facial, Manga, Calçado, Calça,
Dispositivo trava-quedas e Cinturão.
Quadro 8 - Exigências da NR 6 voltadas as condições dos trabalhos em fachadas
Fonte: (NR 6, 2003)
A NR 18, que trata das Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Industria da
Construção Civil, é específica para este tipo de indústria e regulamenta os diversos aspectos,
de condições e meio ambiente de trabalho, que se podem encontrar na indústria da construção
civil.
Não faz parte do escopo deste ensaio atentar para itens da NR 18, como
dimensionamento de canteiro (refeitórios, banheiros etc), formação de CIPA, dentre outras
atividades. Ater-se-á ao item da NR 18, que trata de medidas de proteção contra quedas de
altura e andaimes (itens 18.13, 18.15 e 18.23), as quais estão intrinsecamente ligadas às
atividades de revestimento em fachadas. Em seguida, são apresentados alguns itens retirados
da referida norma que possuem relação direta com o tema abordado nesta dissertação.
¾ É obrigatória a instalação de proteção coletiva onde houver risco de queda de
trabalhadores ou de projeção de materiais;
50
¾ a proteção contra quedas, quando constituída de anteparos rígidos, em sistema
de guarda-corpo e rodapé, deve atender aos seguintes requisitos;
9 ser construída com altura de 1,20m (um metro e vinte centímetros) para o
travessão superior e 0,70m (setenta centímetros) para o travessão
intermediário;
9 ter rodapé com altura de 0,20m (vinte centímetros);
9 ter vãos entre travessas preenchidas com tela ou outro dispositivo que
garanta o fechamento seguro da abertura;
¾ a empresa é obrigada a fornecer aos trabalhadores, gratuitamente, EPI
adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento,
consoante as disposições contidas na NR 6 - Equipamento de Proteção
Individual – EPI;
¾ o cinto de segurança tipo pára-quedista deve ser utilizado em atividades a
mais de 2,00m (dois metros) de altura do piso, nas quais haja risco de queda
do trabalhador. Deve ser dotado de dispositivo trava-quedas e estar ligado a
cabo de segurança independente da estrutura do andaime. Os cintos de
segurança tipo abdominal e tipo pára-quedista devem possuir argolas e
mosquetões de aço forjado, ilhoses de material não-ferroso e fivela de aço
forjado ou material de resistência e durabilidade equivalentes;
¾ dentre os diversos tipos de andaimes, plataformas e cadeiras, os
equipamentos mais comumente utilizados nas obras em Fortaleza são:
9 os andaimes suspensos para execução de revestimentos nas fachadas de
edifícios;
9 os andaimes fachadeiros em execução de revestimentos nas fachadas de
edifícios (não são muito comuns);
9 as plataformas por cremalheiras utilizadas na execução de
revestimentos nas fachadas de edifícios (existem algumas construtoras
em Fortaleza que estão utilizando este sistema, mas não é comum); e
9 as cadeiras suspensas para a realização de pequenos reparos e
manutenções esporádicas.
Nas obras que fizeram parte do estudo multicaso deste trabalho, o equipamento
utilizado é o andaime suspenso, popularmente conhecido por balancim.
51
2.3.2.1.2 Equipamentos e Ferramentas para a Produção
Antes da execução do assentamento do revestimento, entretanto, é necessário
realizar a limpeza da base. Para isto, podem ser empregadas as seguintes ferramentas:
marreta, talhadeira, escovas de aço acopladas a serra elétrica. Para a execução das camadas
argamassas de chapisco e emboço, são usados prumo, colher de pedreiro, esquadro,
mangueira de nível, pistola finca-pino, desempenadeira de madeira, misturador de argamassa,
réguas de alumínio de 2m, trena e metro articulado.
Para a execução do assentamento das placas cerâmicas devem ser empregadas as
seguintes ferramentas, conforme apresentado no Quadro 9.
ATIVIDADES DO ASSENTAMENTO DE PLACAS
CERÂMICAS.
FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS
Limpeza da base de assentamento Desempenadeira metálica com lado liso para
raspagem do emboço; escova com cerdas de aço e
lavadora de pressão.
Preparo da argamassa colante e de rejuntamento Colher de pedreiro; furadeira (máximo de 500 RPM);
extensão elétrica; haste helicoidal para misturar
argamassa; balde plástico para mistura da argamassa
ou argamassadeira elétrica.
Cortes das peças Riscador manual de sapata com rodel de tungstênio;
equipamento de corte elétrico do tipo serra de
mármore com 13.000 rpm.
Assentamento Lápis de carpinteiro; linha de nylon; mangueira de
nível; régua de alumino de 2m; broxa; esquadro
metálico; trena; metro, masseira metálica,
desempenadeira denteada e martelo de borracha.
Rejuntamento Desempenadeira de borracha; esponja não abrasiva e
panos secos.
Quadro 9 – Ferramentas e equipamentos para assentamento de placas cerâmicas
Fonte: Elaboração pessoal
Ao longo do tempo, são desenvolvidas ferramentas desde desempenadeiras
metálicas adequadas ao tipo de assentamento, até equipamento elétrico para homogeneização
de argamassa.
Considera-se ferramenta mais essencial para a execução do RCF a
desempenadeira denteada. Existem no mercado diversos tipos de desempenadeira denteada.
52
A aquisição da desempenadeira correta para o tipo de aplicação que será executado deve
obedecer a critérios, como a forma e profundidade dos dentes. Esta escolha deve ser
conduzida, principalmente, em função do tipo de placa cerâmica a ser empregada. O uso da
desempenadeira errada acarretará problemas futuros, que podem culminar com o
desprendimento do revestimento cerâmico.
A função principal da desempenadeira é a obtenção de espessuras constantes da
camada de assentamento, permitindo um espalhamento completo no tardoz (verso) da placa
cerâmica.
A norma brasileira NBR 13.755 (ABNT, 1996a) cita as seguintes características
da desempenadeira denteada de aço:
corpo em chapa de aço com espessura de cerca de 0,5 mm
dimensões do corpo: 11 cm x 28 cm;
dentes quadrados de 06 ou 08 cm de altura, em dois lados adjacentes; e
cabo preso por rebites.
A argamassa colante, segundo a NBR 13.755 (ABNT, 1996a), pode ser preparada
por processo manual ou mecânico. Recomenda-se, preferencialmente, o empregado de
processo mecânico, por meio de misturadores elétricos, em virtude do grau de dificuldade de
homogeneizar a argamassa pelo processo manual, principalmente a argamassa colante do tipo
III, por possuír maiores teores de polímeros.
Segundo Medeiros (1999), os misturadores elétricos de hastes helicoidais
acionadas por furadeira elétrica e misturador de base fixa e haste planetária apresentam
eficiência adequada para a mistura de argamassas adesivas, permitindo, além da
homogeneização satisfatória, a incorporação de vazios na forma de microbolhas provocadas
pelos aditivos incorporadores de ar.
Com relação ao transporte de pessoas e materiais quando da execução do RCF,
empregam-se plataformas de trabalho, montadas provisoriamente na região da fachada dos
edifícios. Estas plataformas podem ser de dois tipos: andaimes fixos e móveis ou suspensos.
Os fixos são chamados de fachadeiros e os móveis ou suspensos de balancins.
O assoalho das plataformas de trabalho dos andaimes e balancins é confeccionado
em geral de madeira, devendo a sua estrutura ser de perfis de aço ou alumínio.
Atualmente, em Fortaleza, empregam-se equipamentos modernos para execução
de fachada, como os andaimes de plataforma suspensa, movimentadas por torres do tipo
cremalheira.
53
2.3.2.2 Considerações sobre Serviços Preliminares
Neste item apresentam-se os cuidados com o armazenamento de materiais a serem
utilizados na execução do RCF e condições para o inicio da programação da produção.
Com relação à estocagem de materiais, as placas cerâmicas devem ser
armazenadas de modo a ficarem livres de umidade e partículas finas (pó). Devem-se formar
pilhas com 2m de altura, no máximo, com objetivo de impedir a ocorrência de avarias.
As argamassas adesivas (colante) e as de rejuntamento também devem ser
protegidas da umidade. Os sacos devem ficar afastados da parede e colocados sobre estrado
de madeira, com pilhas não superiores a 15 unidades, com o objetivo de evitar a hidratação
precoce do cimento.
Deve ser observado o prazo de validade de todos os materiais empregados no
RCF.
A programação das fases de execução do RCF deve ser planejada antes do inicio
de qualquer atividade e de comum acordo entre as equipes de trabalho. Este planejamento
determina quais são as frentes de atividade e os prazos a serem respeitados entre as atividades
a executar.
A NBR 13.755 (ABNT, 1996a) cita duas opções para o assentamento das placas
cerâmicas: no sentido geral da fachada, de cima para baixo e de baixo para cima, a cada
pavimento ou do térreo para a cobertura. A seqüência mais empregada para a execução dos
RCF é a iniciada pelo ponto mais alto do edifício.
Para iniciar a execução do RCF, deve ser verificado:
se as instalações embutidas nas alvenarias da fachada estão concluídas;
se os contramarcos estão instalados (quando existirem);
se os passantes de exaustão e coifas foram instalados;
se as estruturas estão concluídas;
se as alvenarias foram concluídas e fixadas;
se os contrapisos e revestimentos verticais internos foram concluídos
(recomendável);
se a definição dos materiais constituintes do RCF;
se os materiais, equipamentos e ferramentas disponíveis; e
se a montagem dos balancins foi executada.
54
As normas brasileiras indicam prazos que devem ser observados na execução
dos RCF, conforme consta no Quadro 10.
CAMADAS INTERVALO ENTRE
CAMADAS
NORMA
Base Chapisco 14 dias do término da alvenaria de
vedação
NBR 7200
28 dias da conclusão da estrutura de
concreto ou alvenaria estrutural
Chapisco – Emboço 03 dias NBR 7200
Emboço – Assentamento 14 dias NBR 13.755
21 dias NBR 7200
Assentamento - Rejuntamento 03 dias NBR 13.755
Rejuntamento – Limpeza 01 dia NBR 13.755
Quadro 10 - Prazos a serem observados, segundo as normas brasileiras
Fonte: Elaboração pessoal
Quando a argamassa de emboço for aplicada em mais de uma demão, deve-se
respeitar o prazo de 24 h entre as aplicações.
2.3.2.3 Preparação da Base
A técnica de preparação da base tradicionalmente empregada para receber o
emboço de RCF consiste basicamente da fixação da alvenaria, da limpeza, que envolve a
remoção de sujidades e irregularidades, como tamm preenchimento de furos e do
chapiscamento.
A norma NBR 13.755 (ABNT, 1996a) recomenda que a superfície deve estar
limpa e livre de poeiras, restos de argamassa e de madeira de formas, pontas de aço,
eflorescências e outros resíduos que possam afetar a aderência. A NBR 7.200 (ABNT, 1998)
recomenda que esta limpeza seja executada com aplicação de jato de água sob pressão e
escovação. Quando necessário, empregar espátula, escova de cerdas de aço, jateamento de
areia e até soluções de fosfato tri-sódico ou hipoclorito de sódio, de acordo com a situação, e
em seguida enxaguar com água em abundância.
Deve-se tomar especial cuidado em se remover completamente a película de
desmoldante, caso este tenha sido utilizado, com escova de aço e água.
55
No que concerne à remoção das irregularidades, devem ser eliminadas
irregularidades que sobressaiam mais de 10 mm, tais como rebarbas de concretagem e
excesso de argamassa das juntas de assentamento da alvenaria. As irregularidades metálicas
(pregos, fios e barras de tirantes de forma) devem ser removidas. Quando não for possível sua
remoção, executar o corte o mais profundo possível e aplicar uma tinta anticorrosiva na
superfície do material metálico.
Todos os furos provenientes de rasgos, depressões localizadas, falhas de
concretagem (que não comprometem a função estrutural) devem ser preenchidos com
argamassa; também o preenchimento da fixação externa da alvenaria à estrutura, vigas e lajes,
deve ser executado com argamassa cimentícia especificada em projeto. O preenchimento da
abertura deverá ser completo, em vazios ou rebarbas.
A porosidade e a sucção da base interferem diretamente na capacidade de
aderência. Para estrutura de concreto com baixa porosidade, recomenda-se que seja realizada
uma escareação para obtenção de uma macroancoragem mecânica antes da aplicação do
chapisco. Para bases porosas, o umedecimento da base pode ser usado para reduzir a sucção e
facilitar a aderência mecânica.
Após a limpeza e avaliação da porosidade da base, deve-se realizar o
chapiscamento, que consiste de uma argamassa de cimento e areia produzida no canteiro de
obras ou industrializada, podendo ou não conter aditivos. Os aditivos que melhorem a
aderência podem ser empregados no chapisco, desde que compatíveis com o cimento
empregado e com os materiais da base.
A norma NBR 7.200 (ABNT, 1998) indica um tempo entre a execução do
chapisco e a realização do emboço de 03 dias, considerando ainda que para climas quentes e
secos, com temperatura acima de 30º C, este prazo pode ser reduzido para 02 dias. Para estas
temperaturas e condições de umidade, no entanto, o chapisco deve ser protegido da ação
direta do sol e do vento mediante processos que mantenham a umidade da superfície, no
mínimo, por 12 horas, após a aplicação.
2.3.2.4 Execução do Emboço
Antes da execução do emboço, deve ser realizada a locação das descidas dos
arames. Eles devem ser transferidos dos eixos principais, definidos no projeto estrutural, e
transferidos para a cobertura e platibandas do edifício. Os arames devem estar posicionados a
56
uma distância de 10 cm da platibanda, perfeitamente alinhados e distanciados de 1,5 m a 1,8
m entre eles (vide Figura 8).
Figura 8 - Descida dos arames
Fonte ABCP (2002)
Após a descida dos arames, deve-se realizar a atividade de mapeamento que
envolve a medição das distâncias entre cada arame e a superfície da fachada, avaliando pontos
predefinidos: vigas, alvenaria e pilares, ao meio do pavimento. Anota-se em uma planilha
especifica para avaliar a espessura real do revestimento.
Para determinar o plano das taliscas, deve-se analisar a planilha, adotando a
espessura de emboço especificada na NBR 13.749 (ABNT, 1996b) de 20 e 30 mm. A
NBR 13.755 (ABNT, 1996a) recomenda mais de uma camada, sempre que a espessura
exceder a 25 mm, como também inserir uma tela metálica eletro-soldada no emboço e
ancorada na base. A NBR 7200 (ABNT, 1998) cita ainda que, para a execução de uma nova
camada, a anterior deve ser umedecida.
57
A função desta tela é inibir a retração da argamassa e suportar o peso próprio de
todas as camadas a partir do chapisco. As telas deverão ser fixadas quando da execução da
argamassa de emboço, por meio de amarração de pinos, com utilização de equipamentos de
pressão a cada 1 m, sobre a base.
A argamassa de emboço pode ser mista, produzida na obra ou industrializada. Na
preparação da argamassa, é habitual o uso da dosagem em volume, feita com base no saco de
cimento e os recipientes (padiolas) para a cal e areia com volume correspondente ao saco de
cimento. O uso de aditivos plastificantes e incorporadores de ar são admitidos, desde que não
interfiram na resistência de aderência e na capacidade de deformação da argamassa, devendo
seguir as recomendações do fabricante.
A NBR 7.200 (ABNT, 1998) recomenda os seguintes passos para a execução do
emboço de fachada:
taliscamento;
preenchimento das mestras (faixas)
preenchimento de áreas entre as mestras
remoção das taliscas e preenchimentos dos vazios;
espera do ponto de consistência da argamassa para sarrafear;
preenchimento dos vazios restantes com novo lançamento;
repetição do sarrafeamento e preenchimento até atingir planicidade requerida; e
desempenamento grosso, com desempenadeira de madeira.
Com relação ao acabamento final do emboço a NBR 13.755 (1996a) recomenda
acabamento sarrafeado, entretanto, Sabbatini e Barros (l990) sugerem adoção de superfície
desempenada m razão de obter uma estrutura mais compactada, em virtude deste
procedimento proporcionar o aperto dos grãos da argamassa, acarretando melhor aderência e
menor consumo da argamassa de fixação.
A aderência do emboço acabado deve ser avaliada por ensaios de percussão,
realizados mediante impactos leves, não contundentes, com martelo de madeira ou qualquer
outro instrumento rígido. A avaliação dever ser realizada em 1 m
2
para cada 100 m
2
de
emboço. Caso apresentem som cavo, esta inspeção deverá ser feita integralmente em todo o
revestimento argamassado (ABNT, 1996b).
58
O corte das juntas de movimentação pode ser realizado antes ou logo após a
operação de desempenamento, devendo se prolongar por toda a espessura do emboço. A
execução pode ser realizada por meio de frisadores, régua de madeira ou de alumínio.
2.3.2.5 Assentamento das Placas Cerâmicas
A superfície do emboço para receber a argamassa de fixação deve estar limpa,
isenta de materiais estranhos, não friáveis e sem regiões que apresentem som cavo, o qual
indica perda de aderência. O desvio de planeza da superfície sobre a qual serão assentados os
revestimentos não seja maior do que 3 mm em relação a uma régua retilínea com 2 m de
comprimento (ABNT, 1996a).
As placas cerâmicas devem ser assentadas a seco sobre a argamassa de fixação
aplicada sobre a superfície do emboço. Não é necessário umedecer a superfície do emboço,
porém, em condições adversas, é recomendado molhar a superfície do emboço, pois altas
temperaturas e insolação direta podem promover rápida evaporação da água contida na
argamassa de fixação, prejudicando a sua aderência.
No alinhamento das juntas de assentamento, não deve ocorrer afastamento maior
do que 1 mm entre as bordas de placas cerâmicas teoricamente alinhadas e a borda de uma
régua com 2m de comprimento, faceada com as placas cerâmicas das extremidades da régua
(ABNT, 1996a).
A técnica para a aplicação de placas cerâmicas com o melhor resultado é a técnica
da dupla colagem. Este método consiste em espalhar-se uma camada de argamassa no tardoz
das placas cerâmicas com o objetivo de preencher todas as reentrâncias e formar uma fina
camada, e outra camada sobre o emboço. A NBR 13.755 (1996a) recomenda este método para
as placas cerâmicas que possuam reentrâncias maiores do que 1 mm presentes no seu tardoz.
Este método é obrigatório para as placas cerâmicas extrudadas e dotadas de garras no tardoz.
Após a execução da argamassa, a placa cerâmica deve ser aplicada sobre os
cordões da argamassa ligeiramente fora da posição definitiva, em seguida pressioná-la,
arrastando-a perpendicularmente aos cordões, até a sua posição final, e cada placa deve ser
pressionada firmemente ou percutida contra a argamassa aplicada sobre o emboço, para obter
maior área de colagem.
59
Fiorito (1994) elucida ser importante golpear sobre a placa cerâmica na posição
definitiva, pois a argamassa adesiva, sendo um material tixotrópico, diminui sua viscosidade
quando percutida ou vibrada.
As placas recém-assentadas devem ser protegidas da ocorrência de chuvas.
Para a avaliação da resistência de aderência, a norma NBR 13.755 (ABNT, 1996a)
estabelece que, quando a fiscalização julgar, necessário devem ser realizadas seis
determinações da resistência de aderência, após a cura de 28 dias da argamassa colante
utilizada no assentamento, e, pelo menos, quatro valores devem ser iguais ou maiores que
0,30 MPa.
2.3.2.6 Execução do Rejuntamento
A NBR 13.755 (1996a) recomenda que o rejuntamento das placas cerâmicas deve
ser iniciado no mínimo após três dias do seu assentamento.
Antes de iniciar o rejuntamento, devem ser verificadas as condições das juntas, as
quais devem estar limpas e isentas de resíduos que prejudiquem a sua aderência às placas
cerâmicas. As juntas entre as placas cerâmicas devem ser umedecidas, com o auxílio de
broxa, para assegurar boa hidratação e boa aderência.
A aplicação da argamassa de rejuntamento é realizada com desempenadeira de
borracha. A argamassa deve ser aplicada por meio de movimentos contínuos de vaivém,
diagonalmente às juntas, até que estas fiquem completamente preenchidas. Logo após,
remover o excedente da argamassa de rejuntamento sobre as placas com o auxilio da própria
desempenadeira ou com um pano úmido ou esponja umedecida em água, antes de iniciar o
seu endurecimento.
Após a aplicação da argamassa de rejuntamento, deve-se executar o frisamento
das juntas, com o objetivo de obter uma superfície lisa e ligeiramente côncava. Emprega-se
uma haste plástica com ponta arredondada e lisa e com dimensão proporcional à largura da
junta. Logo após, executar uma limpeza inicial das placas cerâmicas, sendo que a argamassa
de rejuntamento deve ter perdido a sua plasticidade inicial.
60
2.3.2.7 Tratamento das Juntas de Movimentação
A execução das juntas de movimentação é fundamental para a eficiência do RCF,
que devem ser projetadas adequadamente.
A execução do tratamento da junta compreende as seguintes operações:
limpeza da junta;
colocação do material de enchimento;
colocação das fitas de proteção de bordas;
aplicação do selante;
frisamento do selante; e
retirada das fitas de proteção das bordas.
Para preencher a junta, os materiais mais utilizados são os perfis de polietileno
expandido na forma de tarugo, sendo de seção circular, com diâmetro 20 a 30 % superior à
largura da junta, para não se movimentar durante a aplicação ou frisamento do selante.
O selante deve aderir apenas às laterais das bordas das juntas. A aderência do
selante ao fundo das juntas impõe tensões adicionais que podem levar à ruptura.
O acabamento da junta de movimentação é realizado mediante o frisamento do
selante, obtendo uma superfície lisa e ligeiramente côncava. Esta operação pode ser executada
com uma espátula ou frisador. Atualmente é muito empregada a extremidade do próprio
cartucho do selante para a realização desta atividade, dependendo da largura da junta.
2.3.2.8 Limpeza
A realização da limpeza antes do momento adequado pode prejudicar a argamassa
de rejuntamento e retirando parte desta argamassa. Uma limpeza tardia, porém, pode trazer
prejuízos, não só para o rejuntamento, como também para a placa cerâmica, em virtude da
necessidade de aplicar esforços mecânicos e abrasivos para a retirada do excesso de
argamassa.
A limpeza do RCF deverá ser realizada apenas com bastante água, porém, quando
não puder ser limpo somente com água, deverão ser consultados os fabricantes de materiais de
rejuntamento e das placas cerâmicas sobre quais materiais de limpeza e métodos de execução
61
mais se adaptam às condições da sujidade. Estes materiais não podem ter efeitos deletérios no
RCF.
As placas não esmaltadas podem reter uma película de cimento não solúvel em
água e requerem a remoção com agentes ácidos. Neste caso, devem ser seguidas precisamente
as orientações do fabricante, sendo aconselhável realizar uma limpeza final com água.
2.4 CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL
2.4.1 Qualidade
A evolução do conceito da qualidade ao longo do tempo tem ampliado o seu
domínio, a complexidade e a subjetividade do seu significado.
De acordo com Juran (1992, p.11), a qualidade tem dois significados principais:
consiste nas características do produto que vão ao encontro das necessidades dos clientes,
proporcionando satisfação em relação ao produto; e consiste na ausência de falhas. Em termos
gerais, para envolver os dois significados, é “adequação ao uso”.
Campos (1992) conclui que um produto ou serviço de qualidade é aquele que
atende perfeitamente, de forma confiável, acessível, segura e no tempo certo, às necessidades
do cliente.
Qualidade é um tema que recebe bastante atenção em todo o Mundo. A crescente
competição fez aumentar as expectativas dos clientes em relação à qualidade. Para serem
competitivas e conservarem um bom desempenho econômico, as organizações necessitam
melhorar a qualidade de seus produtos.
É fundamental ressaltar que não se pode fazer menção a qualidade como sinônimo
de perfeição e sim como algo mudável e cuja satisfação se pretende alcançar.
Muitas pessoas atrelam qualidade a altos custos. A prática mostra que a qualidade
reduz custos, uma vez que proporciona a diminuição de gastos com retrabalho,
reprogramação, refugos etc. Feigenbaum (apud MEIRA, 1996) assegura que qualidade e
custos são companheiros e não adversários, acrescentando que a forma mais adequada de
fabricar produtos e oferecer serviços de maneira rápida e barata é tornando-os melhores.
Paladini (1990, p.65) apresenta a evolução conceitual de qualidade da seguinte
forma: a inspeção evoluiu para o controle estatístico de qualidade; depois para o controle de
62
qualidade econômico; logo após, para o controle total de qualidade; e, por fim, para a garantia
de qualidade, que continua sendo uma fase e deve ser transposta.
No contexto do trabalho, o fator qualidade se torna condição sinequanon para a
garantia do excelente desempenho dos RCF’s satisfazendo desta forma o cliente final.
2.4.2 Controle da Qualidade Total (TQC)
O controle da qualidade total (TQC), abreviatura de Total Quality Control, é um
sistema gerencial criado no Japão a partir de idéias americanas introduzidas após a Segunda
Guerra Mundial.
O TQC é baseado em elementos de várias fontes: emprega o método cartesiano,
aproveita muito o trabalho de Taylor, utiliza o controle estatístico do processo, cujos
fundamentos foram lançados por Shewhart, adota os conceitos sobre o comportamento
humano lançados por Maslow e aproveita todo o conhecimento ocidental sobre qualidade,
principalmente o trabalho de Juran. O TQC é um modelo administrativo montado pelo Grupo
de Pesquisa do Controle de Qualidade da JUSE (Union of Japanese Scientits and Engineers)
(CAMPOS, 1992)
Segundo Feigenbaun (1994), o controle da qualidade total define-se como um
sistema efetivo para esforços concernentes ao desenvolvimento, manutenção e melhoria da
qualidade aos grupos da organização, de forma a habilitar áreas da empresa, como marketing,
Engenharia, produção e serviço, a desenvolverem suas atividades a um nível mais econômico
e que possibilitem satisfação integral do cliente.
TQC é o controle exercido por todas as pessoas para a satisfação das necessidades
de todas as pessoas (CAMPOS, 1992). O TQC é exercido, contudo, por todas as pessoas de
uma organização, com intuito único, que é a satisfação da necessidade do cliente.
Campos (1992) ressalta que o TQC é dirigido pelos seguintes princípios básicos:
produzir e fornecer produtos e/ou serviços que atendam às necessidades do
cliente;
garantir a sobrevivência da empresa através do lucro contínuo adquirido pelo
domínio da qualidade;
identificar o problema mais crítico e solucioná-lo pela mais alta prioridade;
falar, racionar e decidir com dados e com base em fatos;
63
gerenciar a empresa ao longo do processo e não por resultados;
reduzir metodicamente as dispersões através do isolamento de suas causas
fundamentais;
não permitir a venda de produtos defeituosos;
procurar, prevenir a origem de problemas cada vez mais a montante;
nunca permitir que o mesmo problema se repita pela mesma causa; e
respeitar os empregados como seres humanos independentes.
De acordo com Paladini (1995), as características mais relevantes para definir o
controle da qualidade total são:
o conceito parte da qualidade de produtos e serviços para o controle da
qualidade total;
não se exclui nada nem ninguém, mas, ao contrário, amplia-se a empresa,
envolvendo toda a organização. Isto atinge os fornecedores e clientes;
aspectos básicos da qualidade no processo são enfatizados, como ocorre com
produtividade e desenvolvimento tecnológico;
também aqui é utilizada a abordagem sistêmica da qualidade;
priorizam-se as estratégias gerenciais voltadas para a qualidade; e
o conceito abrange técnica especifica, como Engenharia, controle estatístico de
processos, projeto de produto e inovação tecnológica, num contexto mais
abrangente, que considera a organização como um todo e mais suas relações
externas. Nestas relações, confere-se essencial importância à analise e
acompanhamento do mercado (com finalidade primeira de atender,
plenamente, às necessidades do consumidor)
Vale salientar que, para incorporar a qualidade e o controle da qualidade total,
apresentados anteriormente, dentro da empresa, esta deve realizar um plano de ação, o qual
vai abordar aspectos desejáveis da qualidade e de seus controles, passando no segundo
momento a implantar e controlar certo nível de qualidade. No terceiro momento, a empresa,
após ter a importância da qualidade enraizada na sua coorporação, poderá partir para um ciclo
de mudanças, aumentando o nível da qualidade para melhor satisfazer seus clientes finais. À
luz das diretrizes aqui apresentadas, o controle de qualidade dos RCF’s se torna elemento
essencial na construção de edifícios como um todo, em face dos inúmeros descontroles
observados nas patologias encontradas.
64
2.4.3 Controle de Processo
2.4.3.1 Conceito de Controle
Na perspectiva de Campos (1992), controlar uma organização humana (empresas,
escolas, hospitais etc.) significa detectar quais foram os fins, efeitos ou resultados não
alcançados, analisar estes maus resultados, buscando suas causas, e atuar sobre estas causas
de tal modo a melhorar os resultados.
De acordo com Helene e Terzian (1992), controle é o conjunto de atividades
técnicas e planejadas, mediante as quais se podem obter uma meta e assegurar um nível
predeterminado da qualidade. Controla-se uma qualidade.
Já Feigenbaum (1994, p12) define controle como “o processo de delegação de
responsabilidade e autoridade à atividade gerencial, porém mantendo meios para garantir
resultados satisfatórios”. Salienta que existem quatro etapas no controle:
estabelecimento de padrões (determinar os padrões exigidos para custo,
desempenho, segurança e confiabilidade);
avaliação da conformidade (confrontação da conformidade do produto
fabricado com esses padrões);
agir quando necessário (correção dos problemas e de suas causas); e
planejar melhorias (aperfeiçoar padrões de custo, desempenho, segurança e
confiabilidade).
Campos (1992) estabelece como base para o controle a análise do processo,
padronização e estabelecer itens de controles, como se vê na Figura 9.
65
Figura 9 - Bases do controle segundo Miyuauchi
Fonte: Campos (1992)
2.4.3.2 Conceito de Processo
Processo é uma série de atividades logicamente inter-relacionadas, necessárias à
produção de resultados especificados, caracterizada por:
entradas mensuráveis;
valor adicionado;
saídas mensuráveis; e
atividades repetitivas, definidas e previsíveis (IBM apud OLIVEIRA, 1998).
Paladini (1990, p.128) comenta que processo é “qualquer conjunto de condições,
circunstâncias, causas ou elementos que atuando em conjunto, geram determinado resultado”.
Esta definição de processo pode ser mais bem visualizada na Figura 10.
Figura 10 - Conceito de processo
Fonte: Paladini (1990)
Controle
da
Qualidade
Análise de processo
Padronização
Itens de Controle
Para eliminar as
causas fundamentais
dos problemas
Para identificar as
causas fundamentais
dos problemas
Para prender as
causas fundamentais
numa jaula
Para vigiar as
causas fundamentais
e confirmar que
estão presas na jaula
{}
Para manter sob controle
Entradas
(Causas)
Saídas
(Efeitos)
Operação
66
O conhecimento de um processo envolve a obtenção de informações sobre ele,
quer dizer, a obtenção de uma visão histórica de seu desempenho; e uma definição de suas
tendências, ou melhor, é necessário fazer uma previsão do processo quando se desenvolve o
controle sobre suas ações (PALADINI, 1990).
O processo pode limitar-se a um departamento da organização, ou transpor seus
limites departamentais, entretanto, toda atividade deve se repetir ao longo do tempo, e todas
as atividades realizadas devem ser associadas a um processo.
Campos (1992) menciona que processo é um conjunto de causas (matérias-primas,
máquinas, medidas, meio ambiente, mão-de-obra e método) que provoca um ou mais efeitos.
Uma empresa é um processo e dentro dela existem vários. O diagrama de Ishikawa na Figura
11 ilustra esta definição.
Figura 11 - Diagrama de Ishikawa
Fonte: Tubino (1997)
2.4.3.3 Conceito de Controle de Processo
Entende Campos (1992) que o controle de processo consta de três ações
fundamentais:
estabelecimento da diretriz de controle (planejamento da qualidade), que consta
de uma meta (nível de controle, ou seja, a faixa de valores desejada para o item
de controle) e o método (procedimentos);
manutenção do nível de controle (manutenção de padrões); e
alteração da diretriz de controle, que consta em alterar a meta e/ou o método.
Itens de verificação
Processo
Custo
Qualidade
Entrega
Serviços
Saída
Itens de Controle
Causas Efeitos
Máquina
Matéria-prima Método Meio ambiente
Mão de obra Medida
67
Paladini (1995) relata que o controle de processos envolve técnicas que avaliam as
alterações do processo produtivo, de modo a determinar a natureza e freqüência com que
ocorrem, sendo que a apreciação destas alterações é realizada por mensuração no controle de
variáveis.
O controle de processos é uma prática que se inicia com o presidente da empresa,
pois o processo maior, a empresa, é de sua responsabilidade. “Uma empresa não pode ser
controlada por resultados, mas durante o processo (O resultado final é tardio para se tomar
ações corretivas)” (CAMPOS, 1992).
Juran (1992) estabelece que o controle do processo consiste em várias atividades,
ocorrentes consoante uma seqüência lógica, chamada de alça de feedback, ou seja, precisa-se
analisar o desempenho real do processo, compará-lo com as metas préestabelecidas e adequar
os resultados, apontando as metas.
As definições de controle do processo fornecidas por Campos (1992), Paladini
(1995) e Juran (1992) convergem para um mesmo sentido. Então, pode-se formular a seguinte
definição de controle do processo, para o presente trabalho, como sendo:
O controle do processo consiste basicamente nas atividades de: definir padrões e
seus indicadores; em segundo verificar a conformidade destes padrões por meio
de indicadores de desempenhos pré-fixados e por último deve-se verificar as
possibilidade de melhorias nos padrões estabelecidos anteriormente.
Na compreensão Deming (1990) e entendimento de Campos (1992), o ciclo
PDCA (Cciclo de Shewhart ou ciclo de Deming) foi introduzido no Japão após a segunda
guerra, idealizado por Shewhart; e divulgado por Deming, que efetivamente o aplicou. O ciclo
de Deming tem por princípio tornar mais claros e ágeis os processos envolvidos na execução
da gestão, como, por exemplo, na gestão da qualidade, dividindo-a em quatro principais
passos.
O PDCA é aplicado principalmente nas normas de sistemas de administração e
deve ser utilizado (pelo menos na teoria) em qualquer empresa, de modo a garantir o sucesso
nos negócios, independentemente da área ou departamento (vendas, compras, engenharia
etc...). O ciclo começa pelo planejamento; em seguida, a ação (conjunto de ações planejadas)
é executada, checa-se o que foi feito, se estava de acordo com o planejado, constante e
repetidamente (ciclicamente) e toma-se uma ação para eliminar ou ao menos mitigar defeitos
no produto ou na execução.
68
Os passos são mostrados na Figura 12 e descritos a seguir:
PLAN - (planejamento) estabelecer missão, visão, objetivos (metas),
procedimentos e processos (metodologias) necessários para se atingir os
resultados.
DO - (execução) realizar, executar as atividades.
CHECK - (verificação) monitorar e avaliar os resultados, periodicamente,
avaliar processos e resultados, confrontando-os com o planejado, objetivos,
especificações e estado desejado, consolidando as informações, eventualmente
confeccionando relatórios.
ACTION - agir de acordo com o avaliado, e, consoante com os relatórios,
eventualmente determinar e confeccionar novos planos de ação, de forma a
melhorar a qualidade, eficiência e eficácia, aprimorando a execução e
corrigindo eventuais falhas.
Figura 9 - Ciclo PDCA
Fonte: Deming (1990)
Ensina Campos (1998) que a utilização do ciclo do PDCA é a primeira parte a
ser aplicada, sendo caracterizada por melhoria do processo. A grande tendência, quando não
seguidas as etapas subseqüentes ao ciclo, é o efeito conhecido como "dente de serra" o sobe-
e-desce no ciclo de melhorias. Para manter-se a melhoria conseguida no PDCA, deve-se
empregar um novo ciclo chamado padronização, objetivando manter os resultados SDCA
“(Standard, Do, Check, Action)”. A diferença do ciclo do PDCA para o ciclo do SDCA está
na troca das iniciais, sendo P (Plan) planejamento por S (Standard), padrão no qual a meta-
69
padrão representa o resultado que se quer atingir, e o procedimento operacional-padrão é o
planejamento, conforme Figura 13 (CAMPOS, 1998).
Devem ser previstos os itens de controle para a realização do controle de
processo, os quais, no caso da produção de edifícios, podem ser grandes, o que leva a
considerar a prioridade de alguns deles em relação ao total, de modo que se possa garantir a
conformidade desejada.
As construtoras precisam buscar a padronização e documentação dos seus
mecanismos de controle. Caso contrário, não haverá evolução na produção de edifícios se as
organizações não souberem onde estão errando e onde precisam melhorar (BARROS, 1996).
Figura 13 - Funcionamento Conjugado dos Ciclos PDCA e SDCA
Fonte: Campos (1998)
Tomando-se por base o ciclo PDCA, que é uma ferramenta para o controle dos
processos, conforme se mostrou anteriormente, apresentar-se-á uma proposta de procedimento
operacional-padrão (POP) para a execução do revestimento cerâmico de fachada, com base na
fundamentação teórica descrita todo ao longo deste capítulo. Esta proposta está ilustrada na
Figura 14 e detalhada no Quadro 11, ambos mostrados a seguir.
Observa-se, entretanto, no Quadro 11, que as informações circunvizinhas à
verificação da inspeção - como parâmetros a serem seguidos; registro das não-conformidades
e conformidades - devem seguir as particularidades de cada etapa da execução do RCF,
portanto, não serão detalhados no quadro citado.
70
Figura 14 - Fluxograma do procedimento operacional-padrão (POP) baseado na fundamentação teórica
Fonte: Elaboração pessoal
Registrar
Conformidade
N
ão
Registrar Não-
Conformidade
Inspeção
Liberada?
3.2. Execução do
Emboço
Si
m
Registrar
Conformidade
N
ão
Registrar Não-
Conformidade
Inspeção
Liberada?
3.3. Assentamento das
placas cerâmicas
Si
m
Parâmetros
Parâmetros
Atividade Decisão Arquivo Fluxo Consulta
LEGENDA
3.6. Lim
p
eza
N
ão
Inspeção
Liberada?
Si
m
Registrar
Conformidade
4. Entrega do Serviço
Parâmetros
Registrar
Conformidade
Registrar
Conformidade
Registrar
Conformidade
3.0. Execu
ç
ão do RCF
Si
m
2. Condições para o
início dos serviços
3.1. Pre
p
aro da Base
Registrar Não-
Conformidade
N
ão
Inspeção
Liberada?
Parâmetros
Parâmetros
1. Documentos de
referência
Parâmetros
Registrar
Conformidade
N
ão
Registrar Não-
Conformidade
Inspeção
Liberada?
3.4. Execução do
Rejuntamento
Si
m
3.5. Tratamento das
juntas de movimentação
N
ão
Inspeção
Liberada?
Si
m
Registrar Não-
Conformidade
Registrar Não-
Conformidade
71
POP DA EXECUÇÃO DO REVESTIMENTO CERÃMICO DE FACHADA BASEADO NA FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
1. Documentos de
referência
- Projeto de Revestimento de Fachada
- Projeto de Arquitetura
- NBR – 13755 - Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com utilização
de argamassa colante – procedimento
- NBR – 13749 – Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – especificação.
- NBR – 7200 – Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas -
procedimento
- NR18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
2. Condições para
início das
atividades
- Todo o material necessário deve estar disponibilizado, a área deve estar limpa e desobstruída de
materiais que impeçam o trabalho;
- as instalações elétricas e hidráulicas que interferem na fachada devem está concluídas e testadas
- contramarcos assentados
3. Ferramentas 1. Colher de pedreiro, broxa, desempenadeira de madeira e de aço; desempenadeira de neoprene,
prumo de face e trena, equipamento de fixação à pólvora de baixa velocidade, furadeira para o preparo
da argamassa.
2. Régua de alumínio, masseira, gerica, enxada e pá, escova de aço, e mangueira de nível,
argamassadeira ou betoneira, caixote plástico.
4. Equipamentos 1. EPI: botina de couro, capacete, óculos, uniforme, luva de borracha, e cinto de segurança;
2. Específicos: suporte para masseira, andaime e guincho quando necessário.
5. Método
Executivo
5.1. Preparo da
base
- Promover a limpeza da alvenaria e estrutura, de modo que sejam removidos quaisquer materiais ou
substâncias que possam prejudicar a aderência;
- remover as pontas de ferro das peças e rebarbas entre as juntas de alvenaria;
- remoção da película de desmoldante e promover pequenas incisões simultâneas sobre a superfície do
concreto (apicoamento);
-fixar a tela usando pinos de aço galvanizado por meio de tiro na estrutura e pregos galvanizados na
alvenaria (caso necessário);
- não deve ser aplicada a argamassa de chapisco sob condições de forte insolação;
- chapiscar a alvenaria e estrutura com argamassa apropriada para cada trecho;
- descer os prumos a cada 1,5 m aproximadamente; e
- executar mapeamento da fachada.
5.2. Execução do
emboço
- Remover quaisquer poeiras ou substâncias que possam prejudicar a aderência;
- aplicar tela de reforço (caso necessário);
- chapar a camada de argamassa de modo firme, alisando com a colher de pedreiro apenas o necessário
para desfazer as conchas;
- caso a espessura do emboço seja maior que 4 cm, chapar a massa em camadas máxima de 2,0cm. Se
for necessária outra camada (espessura total > 4 cm) empregar uma tela intermediária;
- executar os rasgos da junta de movimentação com o emboço fresco; e
- os rasgos no emboço das juntas de movimentação devem ser realizados até a base (alvenaria).
5.3. Assentamento
das placas
cerâmicas
- Remover poeiras e partículas soltas através de escova de piaçava;
- preparar a argamassa através de misturadores mecânicos, utilizando a quantidade de água segundo as
informações do fabricante;
- aplicar a argamassa no emboço com o lado liso da desempenadeira dentada (dimensões de 8mm x
8mm x 8mm). Em seguida filetar a argamassa mantendo a regularidade dos cordões. Aplicar a
argamassa colante no verso da placa cerâmica (dupla camada para cerâmica telada) ; e
- limpar as juntas de assentamento das placas cerâmicas.
5.4. Execução do
rejuntamento
- Verificar se as juntas de assentamento estão limpas;
- Molhar o revestimento com água limpa antes de rejuntar;
- Comprimir a argamassa de rejuntamento para dentro das juntas com o aplicador de borracha a
aproximadamente 45
o
com a superfície; e
- Para o acabamento, as juntas deverão ser frisadas com uma mangueira ou com um ferro redondo.
5.5. Tratamento das
juntas de
movimentação
- As juntas devem estar sem resíduos, partículas soltas e sinais de umidade;
- introduzir o limitador de profundidade no rasgo;
- antes da aplicação do mástique as bordas das peças cerâmicas devem ser protegidas com fita crepe; e
- aplicar o mástique e executar a regularização da junta com uma espátula.
6. Entrega da
etapa
Quadro 11 - Descrição do Procedimento operacional-padrão (POP) baseado na Figura 14
Fonte: Elaboração pessoal
72
2.5 CONCLUSÃO SOBRE A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica apresentada no presente capítulo tratou, inicialmente, de
uma abordagem sobre a indústria da construção civil, adentrando posteriormente os controles
necessários para os insumos e camadas dos RCF’s e dos seus procedimentos executivos.
Passou-se posteriormente para uma abordagem sobre a qualidade total, tratando de aspectos
como o controle do processo, abordando o método proposto pelo ciclo PDCA e pelo ciclo
SDCA.
Mostrou-se que a indústria da construção civil, subsetor de edificações, é
caracterizada pela ausência de padronização de processo de produção, salientando que, a
partir dos anos 1990, verifica-se uma preocupação crescente no tocante a uma melhor
organização, padronização e otimização dos processos de produção. Foi observado, no
entanto, que, no subsetor de edificações, graves problemas ocorrem em diversos processos da
produção, um deles, para o qual o presente trabalho se direciona, é o revestimento cerâmico
de fachada, o qual apresenta inúmeras patologias, decorrentes, principalmente, da não-
existência de um acompanhamento técnico de sua execução.
No segundo momento da fundamentação teórica, abordou-se o revestimento
cerâmico de fachada, adentrando as particularidades de suas camadas, bem como
apresentando as diversas normas, conceitos, parâmetros e dados técnicos necessários para a
verificação da sua execução. Apesar de se terem apresentado, no entanto, os controles
necessários dos insumos e camadas dos RCF’s, é indispensável a consulta das normas
referidas neste trabalho, para que as empresas possam elaborar seus procedimentos com base
em dados normativos, como tamanho do lote a ser especificado, freqüência e ensaios a serem
realizados, dentre outras informações. Vale ressaltar que nada adiantará se não houver o
controle do processo dos insumos e camadas, uma vez que este é determinante na garantia do
nível de qualidade pretendido. Tal qualidade e, principalmente, seu controle foram abordados
na fundamentação teórica, com o intuito de atentar e mostrar que melhorias no processo
produtivo devem ser elaboradas tendo como base dados de referência quanto ao nível de
qualidade. Neste sentido, a inspeção, com o intuito de garantir que as diversas etapas do
processo sejam avaliadas de acordo com parâmetros preestabelecidos, torna-se essencial para
que o RCF atinja níveis de qualidade almejados pelo cliente final.
Para o controle do processo dos RCF’s, foram elaboradas propostas do
fluxograma de atividades de execução do RCF e do procedimento operacional-padrão (POP)
73
para o RCF, ambos com base no estado da arte desenvolvido ao longo de toda a
fundamentação teórica.
Foram observadas, no decorrer da pesquisa bibliográfica sobre a produção do
RCF’s, a carência de publicações técnicas com relação aos assuntos abordados e a
desatualização das normas brasileiras, as quais foram editadas na década de 1990. Estas
normas necessitam ser revisadas, haja vista que elas devem ser reavaliadas a cada período de
5 anos. Constata-se na cidade de Fortaleza a execução de RCF com emprego de placa
cerâmica com áreas superiores a 400 cm
2
e absorção inferior a 0,5 %, que é o caso dos
porcelanatos, sendo que a norma vigente NBR 13.755:96 não contempla a execução de RCF
com este tipo de placa cerâmica. Atualmente este sistema é empregado, baseando-se na
experiência de empresas, projetistas e de consultores.
No momento, em Fortaleza está sendo desenvolvido um trabalho por um grupo
multi-institucional de engenheiros, que discutem a norma NBR 13.755, os quais estão
sugerindo alterações que contemplem o desenvolvimento tecnológico do meio. Há pesquisas
que apontam para a necessidade de mudança da normalização vigente. Estas recomendações
foram encaminhadas à Comunidade de Construção/ABCP, para, em conjunto com outros
centros de tecnológicos, encaminharem proposta à Associação Brasileira de Normas Técnicas
– ABNT para a revisão da norma.
Após o conhecimento adquirido com as informações analisadas na fundamentação
teórica, realizaram-se estudos de caso para se investigar como está sendo realizada a execução
dos revestimentos cerâmicos de fachada em edifícios na cidade de Fortaleza e como ocorrem
seus controles. Na parte subseqüente do trabalho, serão exibidos os procedimentos
metodológicos, bem como os estudos de caso realizados, com as respectivas análises.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este capítulo descreve as características da presente pesquisa relativamente a sua
classificação e natureza, as técnicas utilizadas para a coleta de dados e as variáveis do estudo.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
Os critérios básicos para a classificação de uma pesquisa, segundo Vergara (l997),
atingem dois segmentos: quanto aos meios - pesquisa de campo, pesquisa de laboratório,
telematizada, documental, bibliográfica, experimental, participante, pesquisa-ação e estudo de
caso; e quanto aos fins – exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada e
intervencionista.
O primeiro passo definido nos procedimentos metodológicos do presente trabalho
foi a estratégia de pesquisa. O quadro 12 mostra as situações mais relevantes para diferentes
estratégias de pesquisa.
ESTRATÉGIA
FORMA DA QUESTÃO
DE PESQUISA
EXIGE CONTROLE
SOBRE EVENTOS
COMPORTAMENTAIS
FOCALIZA
ACONTECIMENTOS
CONTEMPORÂNEOS
EXPERIMENTO
como, por quê sim sim
LEVANTAMENTO quem. o que, onde,
quantos, quanto
não sim
ANÁLISE DE
ARQUIVOS
quem. o que, onde,
quantos, quanto
não sim / não
PESQUISA
HISTÓRICA
como, por q não não
ESTUDO DE CASO
como, por quê não sim
Quadro 12 – Situações relevantes para diferentes estratégias de pesquisa
Fonte: Cosmos Corporation (apud YIN, 2003)
O Quadro 12 mostra as diferentes estratégias relacionadas com algumas questões-
chaves que auxiliam na determinação da estratégia. Tais questões são: Qual a forma de
questão de pesquisa?; A pesquisa exige controle sobre eventos comportamentais? e; A
pesquisa focaliza acontecimentos contemporâneos?
Tomando-se por base estes questionamentos, pode-se identificar o tipo de
estratégia de pesquisa mais adequada para este relatório. A primeira pergunta pode ser
respondida observando-se a forma (utilizou-se “como”) com que foi formulada a questão de
75
pesquisa (ver item 1.2.). O estudo aqui desenvolvido examina acontecimentos
contemporâneos, mas não se podem manipular comportamentos relevantes. Logo, a estratégia
de pesquisa que mais se adequou à presente investigação foi o estudo de caso, que será
relacionado ao processo de execução dos RCF’s.
Depois de determinada a estratégia de pesquisa mais direcionada para o trabalho
em foco, achou-se relevante definir o que é uma pesquisa de estudo de caso que, consoante
Yin (2003), pode ser compreendido em duas partes, como mostrado a seguir:
a. Um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno
contemporâneo dentro de seu contexto de vida real, especialmente quando os
limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.
b. A investigação de estudo de caso enfrenta uma situação tecnicamente única
em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e,
como resultado, baseia-se em várias fontes de evidências, e como outro
resultado, beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas
para conduzir a coleta e a análise de dados.
Com base na definição de estudo de caso que se apresentou, os meios de
investigação apropriados para a presente pesquisa são: bibliográfico, pesquisa de campo e
estudo de casos. A justificativa para a escolha destes meios de investigação partiu da
observação da segunda parte da definição de estudo de caso e da natureza do trabalho e são
explicitados a seguir.
A pesquisa bibliográfica ou fontes secundárias, segundo Lakatos e Marconi
(1991), abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema do estudo. Então,
como mostra o quadro b, no primeiro momento, deve-se desenvolver uma teoria ou uma
revisão bibliográfica a partir da questão de pesquisa.
Conforme Lakatos e Marconi (1991), “pesquisa de campo é aquela utilizada com
o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimento acerca de um problema, para qual se
procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir
novos fenômenos ou as relações entre eles”. Conforme o quadro b, o terceiro passo a ser
desenvolvido é a exploração do estudo de caso por meio da pesquisa de campo. Para Triviños
(1995), o estudo de caso tem a possibilidade de investigar o mesmo objeto de estudo em duas
ou mais organizações, sem necessidade de perseguir objetivos de natureza comparativa. Na
compreensão de Yin (2003), quando se realizam estudos de caso em duas ou mais
organizações, tem-se a necessidade de se efetuar um cruzamento de informações com a
76
finalidade de obter informações mais confiáveis para a conclusão do trabalho final (ver
desenho esquemático no Quadro 13).
Quadro 13 – Método de estudo de caso
Fonte: Cosmos Corporation (apud YIN, 2003)
Com base na primeira parte da definição de estudo de caso do atual trabalho ao
dizer que: “Um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno
contemporâneo dentro de seu contexto de vida real...” (YIN, 2003), pode-se dizer que o
presente trabalho se enquadra quanto aos fins como uma pesquisa exploratória e descritiva.
De acordo com Mattar (1996), a pesquisa exploratória é útil quando se precisa conhecer de
maneira mais profunda o assunto por meio da elaboração de questões de pesquisa e do
desenvolvimento ou criação de hipóteses explicativas para fatos e fenômenos a serem
estudados. Ensina Gil (1994, p45) que “as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial
a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento
de relações entre variáveis”. Esse autor ainda acrescenta que uma das características mais
significativas deste tipo de pesquisa está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de
dados.
A presente pesquisa foi aplicada em duas empresas, de pequeno e médio porte,
conforme a classificação do IGBE, do subsetor de edificações
5
, mas pode-se perguntar por
5
Para maiores detalhes verificar item 3.2. deste trabalho.
77
que o autor optou por pela realização de um estudo de multicasos e não um de caso único?
Yin (2003) explica em seu livro os tipos de projetos para estudos de caso conforme o Quadro
14, que mostra uma matriz 2x2. Na primeira linha, encaixar-se-íam as pesquisas que possuem
uma visão holística e na segunda linha as pesquisas que podem ser abordadas em subdivisões
de unidade da organização. O presente estudo encaixa-se na segunda linha, pois trata de
analisar o processo de execução do RCF dentro de organizações. Optou-se pelo estudo
multicasos, pois, pensa Yin (2003), o fundamento lógico para projetos de caso único, em
geral, não pode ser satisfeito por casos múltiplos e as evidências resultantes de casos
múltiplos são consideradas mais convincentes, e o estudo global é visto, por conseguinte,
como algo mais robusto. O ponto desfavorável para se realizar estudos de casos múltiplos diz
respeito à necessidade de mais tempo para a realização da pesquisa e maiores recursos para
realizá-los.
Quadro 14 – Tipos de projetos para estudos de caso
Fonte: Cosmos Corporation (apud YIN, 2003)
Quanto à abordagem, o contraste entre evidências quantitativas e qualitativas não
diferencia as várias estratégias de pesquisa (YIN, 2003). O estudo de caso, em que está
inserido este trabalho, baseia-se em qualquer mescla de provas quantitativas e qualitativas.
78
Pode-se dizer, no entanto, que o trabalho se direciona para uma pesquisa qualitativa, em razão
da forma de tratamento dos dados que respondem às questões muito particulares de
mensuração quantitativa difícil, como, por exemplo: como é executado o revestimento
cerâmico de fachada da empresa? São questionamentos tipicamente qualitativos.
Sob a ótica de Melo (2001), o método qualitativo não emprega um instrumento
estatístico como base do processo de análise de um problema, porém pode descrever, analisar
e explicar a complexidade deste problema.
Triviños (1987) destaca as pesquisas quanto à abordagem qualitativa, com as
seguintes características:
têm o ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como
instrumento-chave;
o pesquisador, neste tipo de pesquisa, encontra-se preocupado com o processo
e não simplesmente com os resultados e o produto final;
a pesquisa qualitativa é descritiva;
os dados são analisados indutivamente; e
o significado é a preocupação essencial na abordagem qualitativa.
Logo, pode-se concluir que a metodologia de pesquisa a ser adotada no presente
trabalho possui as seguintes características:
Quanto aos fins - exploratória e descritiva; e
Quanto aos meios - pesquisa de campo; bibliográfica e estudo multicaso.
Com relação à estrutura da pesquisa, que se baseou no Quadro 15, pode-se criar o
quadro d, mostrado a seguir.
Número da
atividade
Descrição da atividade Capítulo do trabalho
onde a atividade foi
desenvolvida
1 Revisão bibliográfica para dar suporte à questão de pesquisa Capítulo 02
2 Selecionar os estudos de casos Capítulo 03, item 3.2.
3 Realizar os protocolos de coleta de dados Capítulo 03, item 3.2. e
3.3.
4 Realizar os estudos de casos Capítulo 04
5 Escrever relatórios de cada estudo de caso Capítulo 04
6 Realiza-se um cruzamento de informações entre os estudos de
caso
Capítulo 04
7 Mostra a contribuição para a teoria a partir das observações
realizadas nos estudos de caso
Capítulo 05
Quadro 15 – Estrutura metodológica da pesquisa
Fonte: Elaboração pessoal
79
3.2 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS
Para Lakatos e Marconi (1991), as técnicas correspondem à parte prática de coleta
de dados consideradas um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência, e a
habilidade para usar esses preceitos ou normas na obtenção dos propósitos. Os citados autores
mencionam como técnicas de coleta de dados a documentação indireta, documentação direta e
observação direta intensiva. A documentação indireta é obtida mediante pesquisa documental
(ou de fontes primárias) e pesquisas bibliográficas (ou de fontes secundárias). A
documentação direta pode ser obtida pó meio de pesquisa de campo ou de laboratório. A
observação direta intensiva é realizada por intermédio de duas técnicas: observação e
entrevista (LAKATOS; MARCONI, 1991).
Na revisão bibliográfica, utilizou-se a documentação indireta na forma de
pesquisa bibliográfica.
Empregou-se, no primeiro momento, a técnica da entrevista, que é o encontro
entre duas pessoas, entrevistador e o entrevistado, a fim de obter informações a respeito de
determinado assunto. Procurou-se realizar a entrevista com dois funcionários de cada
empresa. O primeiro a ser entrevistado, de cada uma, foi o responsável pela empresa e/ou
obra, isto é, para se obter uma visão administrativa a um nível estratégico. E o segundo a ser
entrevistado, de cada empresa, foi o profissional que estava realizando a atividade de
execução do RCF, isto é, a obtenção de uma visão no plano operacional. Desta forma, podem-
se detectar algumas pequenas distorções nas informações, mas realizaram-se os devidos
ajustes de informações, fazendo com que estas convergissem. Tais ajustes tiveram por base a
realização de uma triangulação entre as informações obtidas no contexto estratégico, as
informações obtidas no plano operacional e as informações obtidas via observações diretas
das atividades de execução dos RCF.
O instrumento para a coleta de informações durante as entrevistas seguiu um
roteiro, sendo este elaborado com perguntas cujas respostas clarificam todos os objetivos da
pesquisa. O questionário utilizado neste estudo contém perguntas abertas, fechadas e com
espaço para comentários, com o intuito de se ter mais flexibilidade para obter as informações
com maior grau de detalhe (ver Apêndice 01 para as entrevistas realizadas com os
funcionários no contexto estratégico e o Apêndice 02 para as entrevistas realizadas com os
funcionários no plano operacional). Desta forma, pela elaboração do questionário, o
pesquisador realizou a descrição mais apropriada e aproximada do tema em foco, bem como a
análise e exposição dos resultados.
80
Em seguida, utilizou-se a forma de observação, que significa, conforme Gil
(1994), que o pesquisador deve ser muito mais um espectador do que um agente,
permanecendo alheio à comunidade e observando de maneira espontânea os fatos que aí
ocorrem. Estas observações (ver apêndice 03) foram realizadas nos canteiros de obras das
construtoras pesquisadas, no momento da verificação do controle do processo de execução do
RCF. O roteiro de observação descrito no apêndice 03 teve como base o procedimento
operacional-padrão (ver Quadro 11 e Figura 14) e o fluxograma de atividades de execução de
revestimento cerâmico de fachada (ver Figura 7) obtido pela compilação de informações da
revisão bibliográfica realizada no capítulo 2 da presente dissertação.
A investigação que se apresenta neste trabalho dissertativo foi realizada em duas
empresas construtoras, do subsetor de edificações, da cidade de Fortaleza. Trata-se de um
estudo multicaso, onde a escolha das empresas pesquisadas foi do tipo intencional, hava vista
a particularidade do estudo e a grande diversidade de empresas neste setor de atividade na
Capital do Ceará.
A intenção inicial foi analisar três empresas que representassem todo o espectro
de construtoras do subsetor de edificações da Fortaleza. Para isso procurou-se identificar três
potenciais empresas para a realização da pesquisa, enquadrando-as segundo o seu porte, de
acordo com o Quadro 16.
Porte da Empresa Número de Empregados
1 – Pequeno porte Até 100 empregados
2 – Médio porte 101 a 500 empregados
3- Grande porte Acima de 501 empregados
Quadro 16 - Classificação do Porte da Empresa segundo o IBGE
Fonte: IBGE (apud MELO, 2001)
Para se caracterizar as empresas quanto ao seu porte, fez-se necessário conhecer o
número de empregados nas empresas construtoras de Fortaleza. Por isso foram coletadas junto
ao Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil do Ceará informações sobre
cada empresa construtora cadastrada junto a esse organismo. Realizou-se, então, um filtro das
empresas construtoras, no subsetor de edificações, atuantes no mercado de Fortaleza, onde se
pode elaborar o Quadro 17, que resume tais informações.
81
Empresas construtoras, do subsetor de edificações, atuantes no
Município de Fortaleza.
Número de Empresas
Empresas registradas no SINDICATO 219
Empresas de pequeno porte em atividade 122
Empresas de médio porte em atividade 29
Empresas de grande porte em atividade Nenhuma
Quadro 17 - Classificação das empresas construtoras no subsetor de edificações atuantes no Município de
Fortaleza registradas no SINDICATO
Fonte: Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil da região metropolitana de Fortaleza (2006)
Dada a inexistência de empresas de grande porte, em atividade no subsetor de
edificações, limitadas à cidade de Fortaleza, optou-se pela realização da pesquisa em
empresas de pequeno e médio porte, as quais serão denominadas doravante de empresa A
(médio Porte) e empresa B (pequeno porte) e nos seus respectivos canteiros de obra.
A pesquisa constituiu-se de duas partes realizada em cada empresa.
Na primeira parte, atenta-se para os aspectos internos e para a investigação
das variáveis (organização empresaria, mão-de-obra, materiais e sistema de controle de
processo no RCF) no ambiente do escritório da empresa.
Na segunda, investigam-se os aspectos internos e as variáveis em um canteiro
de obras da empresa. Os questionamentos (ver apêndice 02 e 03) para a coleta das
informações foram baseados nos indicadores de cada variável.
No capítulo seguinte (capítulo 4), são apresentados os resultados da pesquisa
realizada nas duas empresas em que foram realizados os estudos de caso.
3.3 IDENTIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS E INDICADORES
A mensuração das variáveis ocorre por intermédio dos indicadores, entendidos
pela maioria dos estudiosos no assunto como fatores que possibilitam a mensuração ou
indicação da variável no fenômeno.
Lakatos e Marconi (1991) assinalam que uma variável pode ser considerada uma
classificação ou medida; uma quantidade que varia; um conceito operacional, que contém ou
apresenta valores; aspecto, propriedade ou fator discernível em um objeto de estudo e passível
de mensuração.
82
A identificação das variáveis contempladas no roteiro de observações e no
formulário de entrevistas (ver apêndices de 01 a 03) ocorreu de forma a alcançar todos os
objetivos propostos neste trabalho. Para se conhecer o processo de execução de RCF, visando
a identificar as atividades de controle de processo, estabeleceram-se variáveis e indicadores
que constam no Quadro 18.
VARIÁVEIS DEFINIÇÕES INDICADORES (itens do roteiro de entrevista
relacionados com os indicadores)
Apêndice 1-A1 Apêndice 2-A2
ORGANIZAÇÃO
EMPRESARIAL
Características de
sistema da gestão
organizacional e
da segurança e
saúde no trabalho
1. Gerenciamento dos serviços
2. Elabora projeto especifico para o RCF
3. Critérios de escolha de materiais e controle
4. Treinamento segundo procedimentos
5. Diretrizes de controle
6. Condições de segurança e saúde no trabalho;
6.1 Implementação do PCMAT
6.2 Condições de uso dos equipamentos de proteção
individual
6.3 Existência de proteções coletivas
(1.5 a 1.7)A1
(1.13)A1
(1.10 e 1.11)A1
(1.18 e 1.19)A1
(1.8 e 1.9)A1
(1.15; 1.21)A1
(1.20)A1
(1.16)A1
(1.17)A1
MATERIAIS
Existência de um
programa de
controle e
recebimento de
materiais
1. Tipos de materiais utilizados
2. Procedimentos para controle dos materiais
recebidos dos fornecedores;
3. Forma de armazenamento empregada para os
materiais
4. Forma de registro dos resultados das inspeções e
ensaios
5. Equipamento e ferramentas
6. Utilização desses registros
(1.14)A1
(2)A1
(2)A1
(2)A1
(2)A1
(2)A1
(1)A2
(1)A2
(1)A2
(1)A2
(1)A2
(1)A2
MÃO–
DE-
OBRA
Características da
mão-de-obra para
a produção do
RCF
1. Qualificação da mão-de-obra
2. Sexo
3. Origem
4. Grau de escolaridade
(3)A1
(3.2)A1
(3.8)A1
(3.4)A1
(2)A2
(2.6)A2
(2.5)A2
(2.1)A2
PROCESSO DE EXECUÇÃO
Descrição das
atividades de
execução do
revestimento
cerâmico de
fachada
1. Existência de procedimento operacional-padrão
2. Documentos que comprovem a execução das
seguintes
operações
2.1. Preparação da base
2.2. Locação dos arames
2.3. Taliscamento
2.4. Aplicação da tela de reforço
2.5. Aplicação da argamassa de emboço
2.6. Acabamento do emboço
2.7. Fixação da cerâmica
2.8. Execução de juntas de movimentação
2.9. Aplicação da argamassa de rejuntamento
2.10. Limpeza
(6 e 7)A1
(6 e 7)A1
(6 e 7)A1
(6 e 7)A1
(6 e 7)A1
(6 e 7)A1
(6 e 7)A1
(6 e 7)A1
(6 e 7)A1
(6 e 7)A1
(6 e 7)A1
(6 e 7)A1
(5 e 6)A2
(5 e 6)A2
(5 e 6)A2
(5 e 6)A2
(5 e 6)A2
(5 e 6)A2
(5 e 6)A2
(5 e 6)A2
(5 e 6)A2
(5 e 6)A2
(5 e 6)A2
(5 e 6)A2
SISTEMA DE
CONTROLE
DE
PROCESSO
Existência de um
sistema de
controle do
processo de
execução do RCF
1. Existência de procedimentos
2. Documentos que comprovem a existência de
controle nas
seguintes operações
2.1. Preparação da base
2.2. Locação dos arames
2.3. Taliscamento
2.4. Aplicação da tela de reforço
2.5. Aplicação da argamassa de emboço
2.6. Acabamento do emboço
2.7. Fixação da cerâmica
2.8. Execução de juntas de movimentação
2.9. Aplicação da argamassa de rejuntamento
2.10. Limpeza
(4 e 5)A1
(4 e 5)A1
(4 e 5)A1
(4 e 5)A1
(4 e 5)A1
(4 e 5)A1
(4 e 5)A1
(4 e 5)A1
(4 e 5)A1
(4 e 5)A1
(4 e 5)A1
(4 e 5)A1
(3 e 4)A2
(3 e 4)A2
(3 e 4)A2
(3 e 4)A2
(3 e 4)A2
(3 e 4)A2
(3 e 4)A2
(3 e 4)A2
(3 e 4)A2
(3 e 4)A2
(3 e 4)A2
(3 e 4)A2
Quadro 18 – Variáveis e indicadores do sistema de revestimento cerâmico de fachada
Fonte: Elaboração pessoal
83
3.4 PROCESSO DE ANÁLISE DE DADOS
A análise dos dados de uma pesquisa, principalmente em estudo de caso, é uma
das mais complicadas em toda a metodologia. Para Yin (2003), analisar as evidências de um
estudo de caso é uma atividade particularmente difícil, pois as estratégias e as técnicas não se
apresentam muito bem definidas.
No Quadro 19 são mostradas as estratégias gerais para analisar os dados e as
estratégias analíticas específicas, para pesquisas de estudo de caso. No caso das estratégias
gerais para analisar os dados, deve-se definir qual seguir. Já nas estratégias analíticas
específicas, pode-se utilizar mais de um para poder dar suporte à estratégia geral escolhida.
1. Estratégias Gerais para Analisar os Dados 2. Estratégias Analíticas Específicas
1.1. Proposições teóricas
1.2. Explanações concorrentes
1.3. Estruturas descritivas
2.1. Adequação ao padrão
2.2. Explanação
2.3. Análise de séries temporais
2.4. Modelos lógicos e
2.5. Sínteses de casos cruzados
Quadro 19 – Estratégias Gerais e analíticas específicas para analisar os dados.
Fonte: Adaptado a partir de Yin (2003)
No caso particular do presente trabalho, que trata de analisar como se realizam os
controles dos processos empregados na execução de revestimentos cerâmicos em fachadas de
edifícios no Município de Fortaleza, foram escolhidas as seguintes estratégias para analisar os
dados.
A estratégia geral foi a proposição teórica, isto é, a partir da revisão
bibliográfica e pela compilação de informações e convergência destas chegou-se a algumas
análises, como pode ser observado, por exemplo, no Quadro 11 e na Figura 7. Já na
estratégia analítica específica, foram aplicadas a adequação ao padrão e a síntese de casos
cruzados. O Quadro 11 e a Figura 7 mostram determinado padrão encontrado na literatura.
Servirá de base para se analisar os estudos de caso, tentando-se, portanto, utilizar a estratégia
de adequação ao padrão. Como o estudo realizado foi de multicasos e, mais especificamente,
de dois casos, utilizou-se também uma estratégia analítica de cruzamento de casos, com o
intuito de enriquecer as análises qualitativas e, por conseqüência, a conclusão deste relatório
de pesquisa.
O capítulo seguinte trata da apresentação e da análise dos resultados, tomando-se
por base toda a metodologia descrita no presente capítulo.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Este capítulo ocupa-se em relatar e analisar as informações coletadas nas
empresas construtoras, tomando-se por base a fundamentação teórica aludida neste trabalho.
4.1 RESULTADOS OBTIDOS NA EMPRESA A
No primeiro momento, é exposta a pesquisa realizada dentro do escritório da
empresa e em segundo lugar são apresentados os resultados obtidos no canteiro de obras.
4.1.1 No Escritório da Empresa “A”
No escritório da empresa “A”, o entrevistado foi o diretor técnico, com vistas a
obter informações a respeito dos aspectos internos e das variáveis levantadas na presente
pesquisa. A empresa caracteriza-se como de médio porte por possuir, no momento da
pesquisa, 110 empregados, sem contar os profissionais terceirizados, os quais são na ordem de
30, totalizando cerca de 140 empregados trabalhando para a empresa construtora. Trata-se de
uma organização com dois sócios e dois diretores responsáveis pelo gerenciamento das obras.
Possui cerca de 50.000 m
2
de área construída, atuando em Fortaleza há 05 anos e
nacionalmente, possuindo empreendimentos em diversos estados da Federação.
A tecnologia construtiva a ser empregada nas obras é definida pela construtora
na fase de elaboração de projetos, quando são reunidos os projetistas de arquitetura, estruturas
e instalações (todos terceirizados). Por possuir certificação pela ISO 9001:2000 e pelo PBQP-
H (nível A), a empresa é dotada de sistema de gerenciamento de serviços a partir de
cadernos de serviços controlados – IT (Instrução de Trabalho). Conseqüentemente, cada
serviço possui seu método de execução, relatando as atividades necessárias antes, durante e
depois da execução do serviço, prezando por treinamento para a execução do serviço e para
a admissão e para o check-list periódico.
Elabora projeto específico para o revestimento cerâmico das fachadas,
contendo memória de especificações dos materiais; definições geométricas; posicionamento e
85
detalhes; definições de controle de execução; definição de controle tecnológico; definição de
rotina de manutenção; e inspeção e definição de treinamentos específicos.
Quanto aos critérios de escolha de materiais e controle, a empresa realiza uma
seleção embasada em uma visão sistêmica, que engloba aspectos como qualidade dos
produtos, marca, prazo de entrega e custo.
O PCMAT, da obra pesquisada, foi elaborado por engenheiro de segurança e,
segundo o diretor técnico, ele está sendo totalmente implementado conforme as
recomendações do profissional habilitado.
No que se refere à mão-de-obra empregada, terceiriza as atividades de
revestimento de gesso, impermeabilização e instalações. No caso particular do RCF, a
empresa não terceiriza este tipo de atividades, uma vez que o considera essencial. Os
funcionários são na sua totalidade do sexo masculino numa faixa etária de 30 a 40 anos. A
empresa não faz grandes restrições quanto ao nível de escolaridade, chegando a ter
empregados analfabetos dentro da obra. A jornada de trabalho é de 44 horas/semana e as
horas extras são ocasionais. Vale ressaltar que grande parte dos empregados provêm de
cidades-dormitório nos arredores de Fortaleza, como Maracanaú e Caucaia. Salienta-se
também que um número significativo de operários utiliza a bicicleta como meio de transporte.
4.1.2 No Canteiro de Obra da Empresa “A”
Na pesquisa realizada no canteiro de obras, observaram-se os aspectos das
variáveis de materiais e de controle do processo de execução do RCF, como também se
checou a veracidade das informações coletadas no escritório da empresa, descritas a seguir.
Os projetos específicos para o revestimento cerâmico das fachadas, elaborados
pela empresa, não contemplam o memorial executivo que informa - o posicionamento de
balancins, produção e todos os fluxos logísticos necessários. Também não se constataram,
embora afirmado pela empresa, as definições de controle de execução, controle tecnológico e
rotina de inspeção, durante a fase de elaboração do projeto de RCF.
Tendo em vista saber se a mão-de-obra que estava executando os serviços havia
sido treinada para desempenhar as atividades inerentes a esta fase da obra, foi
questionado a alguns funcionários sobre os processos e se eles haviam recebido o
treinamento. Constatou-se, em todos os funcionários questionados (cinco funcionários), que o
86
treinamento sobre o processo executivo dos RCF’s adotado pela construtora tinha sido
realizado.
Cabe aqui uma reflexão de um fato que ocorreu durante uma das visitas à obra da
empresa. Observou-se que os funcionários responderam a todos os questionamentos
realizados de acordo com o POP da empresa, o que atesta o conhecimento quanto aos
procedimentos adotados. Notou-se, porém, que a tela que estava sendo colocada não estava
fixa com pinos, isto é, os operários estavam lançando a segunda camada de argamassa sobre a
tela sem esta estar fixada à estrutura (ver Figura 15). O fato é que, apesar de estar constando
no POP e os operários saberem “na ponta da língua” os procedimentos, eles estavam
realizando uma atividade não conforme com o previsto. Em vista do observado, formulou-se a
seguinte questão: Diante do aqui exposto, e sabendo que a empresa é certificada ISO 9001,
em que a mesma investiu em trabalhos de consultoria e treinamento para seus funcionários,
onde poderá estar a deficiência para que atividades, como as aqui apresentadas, não mais
ocorram? Pode-se dizer que a empresa planejou adequadamente suas atividades, treinou seus
funcionários, mas não forneceu condições para a correta realização do trabalho. Por exemplo:
a empresa abasteceu de argamassa o posto de trabalho, forneceu os equipamentos necessários,
forneceu a tela, mas o pino de fixação não estava disponível no almoxarifado, o que retrata
uma falha da gestão da produção no canteiro de obra. Logicamente a atitude realizada pelo
operário, em negligenciar a colocação do pino, deveria ser observada pela fiscalização, a qual
não atentou para tal acontecido, fato que mostra a falta de inspeção dos procedimentos
operacionais da empresa por parte da administração. Tal atitude deveria ser punitiva, com o
intuito de ser a mesma educativa para os demais funcionários da obra, para que atitude como
esta não venha a ocorrer.
Figura 15 - Seqüência de fotos mostrando a colocação da tela sem fixação
87
Quanto às condições de segurança e saúde no trabalho, o canteiro de obra da
empresa estava, durante as visitas realizadas, com aspecto de limpeza e organização geral da
obra. Os ambientes coletivos de refeitório e banheiros estavam em bom estado de limpeza e
higiene. A empresa possui uma CIPA instalada, a qual é bem atuante, possuindo, a empresa,
um técnico de segurança do trabalho em tempo integral na obra. Com relação ao uso de
equipamento de proteção individual, os operários que trabalham na execução dos RCF’s
utilizam cinto de segurança, óculos de proteção com lente de cristal, luvas de pedreiro e
protetor auricular. Os equipamentos de proteção coletiva são empregados nas balanças,
seguindo o guarda-corpo recomendado em norma. Nas manutenções das máquinas e dos
equipamentos de proteção coletiva, são executadas limpezas diárias e são lubrificados e
limpos os cabos, semanalmente.
Dando continuidade à apresentação das informações obtidas na pesquisa realizada
na empresa A, os aspectos inerentes às variáveis de materiais e de controle do processo de
execução do RCF são expostos na Figura 16.
88
Transporte Vertical Ascendente
Limpeza da base e eliminação de irregularidades
Fixação da alvenaria de fachadas
Execução do chapisco
Colocação dos arames
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Transporte Vertical Descendente
Execução do mapeamento da fachada
Fixação da tela com pinos
Execução do emboço com tela
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Transporte Vertical Ascendente
Inspeção Visual do emboço s/registro
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Transporte Vertical Descendente
Assentamento das placas cerâmicas
Corte das juntas de movimentação
Limpeza das juntas de assentamento
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Transporte Vertical Ascendente
Inspeção Visual do assentamento s/registro
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Transporte Vertical Descendente
Execução do rejuntamento
Limpeza do rejuntamento
Tratamento da junta de movimentação
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Limpeza das placas cerâmicas
Repetem-se as atividades em
n
pavimentos
Legenda
Atividade (Operação) Inspeção
Transporte Esperas
Estocagem
CADEIRA SUSP.
1 CICLO
2 CICLO
Fluxograma de atividade de execução de revestimento cerâmico de fachada
3 CICLO
Posteriormente com cadeira suspensa é realizada a lavagem das
placas cerâmicas
Figura 16 - Fluxograma das atividades de execução do RCF da empresa A
Fonte: Elaboração pessoal
Para se analisar o fluxograma de atividades executadas pela empresa “A” (ver
Figura 16), tomou-se por base o fluxograma de atividades de execução de RCF’s
desenvolvidas na fundamentação teórica deste trabalho (ver Figura 7).
Primeiramente, observou-se que a quantidade de ciclos (entende-se por ciclo um
fluxo ascendente e um fluxo descendente) realizados pela empresa “A” para a execução do
89
RCF é em número de três, sendo que a quantidade de ciclos propostos na fundamentação
teórica do presente trabalho é de quatro.
No primeiro ciclo, realizado pela empresa “A”, observou-se que as atividades
desempenhadas equivalem às atividades propostas na fundamentação teórica deste
experimento dos dois primeiros ciclos (ver Figuras 7 e 16). Em primeiro lugar, pode-se
imaginar que a empresa economizou, pois conseguiu realizar atividades que teoricamente
deveriam ser executadas em dois ciclos, reduzindo para apenas um ciclo. Observou-se, porém,
não pelo lado da produtividade, mas pelo lado da qualidade final da atividade, considerando
os aspectos técnicos, que esta mudança, de dois ciclos para um ciclo, pode acarretar impactos
negativos. Por tal razão, menciona-se que:
a aplicação da argamassa do emboço sobre o chapisco deverá ser realizada
sem este último (chapisco) possuir impurezas e finos que possam vir a
prejudicar a aderência da argamassa com o chapisco (CEOTTO et al, 2005).
Observou-se que a empresa “A” executa as atividades de limpeza da base e a
execução do chapisco no fluxo ascendente, ocorrendo a deposição de material
proveniente da limpeza do pavimento superior no chapisco, já executado, do
pavimento inferior, o que acarreta a formação de uma camada de finos que
impede a boa aderência da argamassa de emboço, a qual será aplicada no
fluxo subseqüente; e
a inexistência de inspeção das atividades realizadas no primeiro ciclo impede,
desta forma, a possibilidade de assegurar a correta execução da fase de RCF.
Os pormenores dos itens a serem inspecionados e controlados em cada
atividade serão enfatizados na parte deste trabalho que trata das
recomendações técnicas (ver item 5.2.1.).
No segundo ciclo, realizado pela empresa “A”, observou-se que as atividades
desempenhadas diferem da ordem das atividades especificadas na fundamentação teórica (ver
Figuras 7 e 16). Constataram-se pelo fluxograma da empresa “A” os seguintes fatos:
no fluxo ascendente do segundo ciclo, não se realizam atividades, uma vez que
poderia estar sendo executados inspeções e controles da etapa já realizada (no
caso, o emboço). Os itens a serem inspecionados e controlados estão descritos
no item 5.2.1;
90
no fluxo ascendente do segundo ciclo, não se realizam atividades. Isso poderá
acarretar no início de uma atividade sobrepondo o tempo de espera que deverá
existir entre uma atividade e outra, por exemplo: o emboço deverá permanecer
21 dias (NBR 7.200) sem receber o revestimento cerâmico para que possa
curar e atingir sua propriedades físicas necessárias para que se realize o
assentamento da cerâmica;
a execução das juntas de movimentação está sendo realizada após o
assentamento do revestimento cerâmico com o auxílio da maquita. Tal
procedimento dá origem aos seguintes problemas - (1) no momento em que se
está realizando o corte com a maquita, a poeira, proveniente do corte, fica em
suspensão e se deposita no emboço do pavimento inferior onde será assentada a
cerâmica. Esta camada de material fino provoca uma capa isolante, impedindo
a aderência da argamassa de assentamento da cerâmica com o emboço; (2)
possibilidade de ocorrência de fissuras de retração em virtude da existência de
grandes áreas de aplicação de argamassas de revestimento, principalmente nas
regiões de caixa de escadas situadas na fachada oeste e com pouca presença de
aberturas (janelas); (3) na região que sofre o corte do emboço pelo disco da
maquita, existe um acúmulo de tensões, propiciando maior chance no
surgimento futuro de fissuras no emboço. Tais problemas poderão originar
diversos tipos de patologias; e
a inexistência de inspeção das atividades realizadas no segundo ciclo impede,
desta forma, a possibilidade de assegurar a correta execução da fase do RCF.
Os pormenores dos itens a serem inspecionados e controlados em cada
atividade serão enfatizados na parte que trata das recomendações técnicas (ver
item 5.2.1.).
No terceiro ciclo, realizado pela empresa “A”, observou-se que as atividades
desempenhadas assemelham-se às atividades especificadas na fundamentação teórica (ver
Figura 7). As atividades realizadas pela empresa “A” no seu terceiro ciclo, no entanto,
merecem os seguintes comentários:
as atividades realizadas no terceiro ciclo, como execução e limpeza do
rejuntamento e o tratamento das juntas de movimentação, embora
aparentemente sejam atividades sem muita importância, deve-se atentar para a
sua correta execução, pois uma má execução destas atividades poderá acarretar
91
uma porta de entrada para o acúmulo de umidade entre o revestimento
cerâmico e o emboço, podendo vir a provocar, no futuro, patologias
indesejáveis;
como em todos os ciclos da empresa “A”, no terceiro ciclo não foi observado a
existência de um controle de inspeção das atividades realizadas, fato que
impossibilita a garantia da qualidade do RCF’s. Os pormenores dos itens a
serem inspecionados e controlados em cada atividade serão enfatizados na
parte deste trabalho que trata das recomendações técnicas (ver item 5.2.1).
Observou-se na empresa “A” a existência de procedimento para a execução do
RCF (ver Quadro 20), o qual teve como base a experiência da construtora na execução deste
tipo de revestimento e o fluxograma de atividades da empresa “A” mostrado na Figura 16. No
entanto, observou-se a inexistência de documentos que comprovem a existência de
controle nas operações de execução de revestimento cerâmico de fachadas.
Um ponto que deve ser criticado é justamente o fato de a empresa “A” não
realizar controle documental das diversas operações de execução de revestimento cerâmico de
fachadas, uma vez que, sem a existência de informações que identifiquem o controle, no ciclo
PDCA
6
, não se é possível replanejar os procedimentos executivos dos RCF’s para que tenham
melhorias e, assim, eliminar as causas fundamentais dos problemas que ocasionam as
patologias nos RCF’s.
6
Para detalhes acerca do ciclo PDCA, verificar item 2.4.3.
92
Quadro 20 - Procedimento operacional-padrão da empresa “A”
Fonte: Elaboração pessoal
POP DE REVESTIMENTO CERÃMICO DE FACHADA DA EMPRESA “A”
1. Verificação do
início das
atividades
1. Projeto arquitetônico de detalhamento da fachada contendo todas as juntas estruturais e de
movimentação necessárias, assim como traço da massa;
2. tubulações elétricas e hidráulicas executadas na alvenaria de fachada, se houver;
3. contramarcos chumbados e com folga adequada p/ o assentamento do revestimento;
4. possíveis rebarbas no concreto retiradas e pontas de ferro cortadas;
5. equipamentos, ferramentas e andaimes ou balancins ( colocar compensado ou tábuas apoiadas na
parede e no piso do andaime para evitar que a argamassa caia e possa ser reaproveitada).
2. Método
Executivo
1. Mapear a fachada colocando arames de prumo amarrados a cilindros de concreto instalados na posição
adequada e quantidades suficientes;
2. reforçar a fachada com tela de poliéster fixada com argamassa colante ACIII, antes da aplicação do
chapisco, nos locais indicados no projeto;
3. promover a remoção completa de poeiras e partículas soltas com vassoura de piaçava na alvenaria e
escova de aço, seguida de água sob pressão na região de estrutura de concreto, para que possa ser
aplicado o chapisco com traço 1:3, na alvenaria, e na estrutura, chapisco colante industrializado;
4. após o chapisco, fixar as telas plásticas pôr amarração nos pinos, com utilização de equipamentos de
pressão, a cada 1m, sobre a base, sendo interrompida nos alinhamentos das juntas de movimentação;
5. após 2 a 3 dias da aplicação do chapisco e após o término da colocação das telas, aplicar camada de
regularização (emboço traço 5:1+ Vedacit), com espessura recomendada entre 20 e 25 mm, recobrindo a
tela completamente, apertando a massa sobre a tela, tendo o cuidado para não formar vazios;
6. avaliar espessura da argamassa ao longo da fachada. Espessuras maiores que 25 mm, executar em
camadas de 20 mm, no mesmo traço, chapando a primeira camada, alisando com colher de pedreiro
apenas o necessário para desfazer as conchas. Após o tempo necessário para a argamassa “puxar”,
chapar a segunda camada, executando o acabamento final. Se for necessária outra camada (>40 mm) esta
deverá ser feita no dia seguinte, devendo ser armada com tela plástica;
7. os cantos deverão ter quinas vivas;
8. fazer requadração dos vãos das janelas com abertura de 1cm para os lados e caimento na parte
superior e inferior de 1cm.
9. limpar contramarcoss;
10. aplicar a cerâmica após um tempo de maturação de no mínimo 21 dias;
11. aplicar a argamassa no emboço com o lado liso da desempenadeira 8mm x 8mm x 8mm dentada; em
seguida, filetar a argamassa, mantendo a regularidade dos cordões. Instantes antes do assentamento,
aplicar a argamassa colante no verso da placa cerâmica.
12. após o mínimo de 3 dias da aplicação da cerâmica, aplicar a argamassa de rejuntamento pressionando
a massa para baixo, sem deixar espaços vazios, retirando o excesso sempre na diagonal para melhor
aproveitamento;
13. após o mínimo de 7 dias da execução do rejuntamento, aplicar as juntas de movimentação com
dimensões 10 mm rasgo no emboço;
14. Aplicar juntas de dessolidarização em todas as quinas e na transição de materiais, conforme projeto,
com dimensões de 6 mm. O preenchimento deve ser feito com fita crepe e mastique;
15. Aplicar juntas de liberdade no revestimento cerâmico, com dimensões de 6 mm. O preenchimento
deverá ser feito com o apoio flexível (8mm de diâmetro) e mastique, com os mesmos cuidados da junta
de movimentação.
3. Providências da
obra
1. Programar andaimes ou balancins
4. Materiais 1. Argamassa com areia média peneirada traço 5:1 por 10ml de vedalite, assoalho para andaime, tela de
poliéster malha 1mm x 1mm ou 2mm x 2mm, tela plástica GA350/M25 com resistência a alcalinidade,
arame galvanizado, chapisco colante industrializado traço 1:3 com adição de micro-sílica, chapisco
convencional, escova de aço e água sob pressão, arg. de rejuntamento industrializada, cerâmica, água
limpa, fita crepe, pasta elastomérica, mastique, apoio flexível.
5. Ferramentas 1. Colher de pedreiro, broxa, desempenadeira de madeira e de aço; desempenadeira de neoprene prumo
de face e trena, equipamento de fixação a pólvora de baixa velocidade, furadeira para o preparo da
argamassa.
2. Régua de alumínio, masseira, gerica, enxada e pá, escova de aço, e mangueira de nível,
argamassadeira ou betoneira, caixote plástico.
6. Equipamentos 1. EPI: botina de couro, capacete, óculos, uniforme, luva de borracha e cinto de segurança;
2. Específicos: suporte para masseira, andaime e guincho quando necessário.
7. Registro 1. A IT gerará o check list para reboco externo
8. Anexos Check List para o reboco externo
Obs.: O check list deste fase deverá ser realizado por balança e estas deverão estar numeradas no projeto ou croqui das balanças
na fachada.
93
4.2 RESULTADOS OBTIDOS NA EMPRESA “B”
Nesta secção, apresentam-se os resultados da empresa “B”. No primeiro
momento, é exposta a pesquisa realizada dentro do escritório da empresa e em segundo lugar
são mostrados os resultados da pesquisa obtidos no canteiro de obras.
4.2.1 No Escritório da Empresa “B”
Realizou-se a entrevista com o diretor técnico da empresa, que também é
responsável pela supervisão das obras, com o objetivo de obter informações a respeito dos
aspectos internos e das variáveis levantadas na presente pesquisa. A empresa “B” caracteriza-
se como uma empresa de pequeno porte por possuir, no momento da pesquisa, 42
empregados, sendo 37 na obra e cinco pessoas no escritório central. Trata-se de uma empresa
com dois sócios, sendo um diretor financeiro e outro diretor técnico, este último, responsável
pelo gerenciamento das obras na cidade de Fortaleza. A empresa atua no mercado de
Fortaleza há mais de 20 anos, tendo construído um total de onze edifícios, os oito primeiros
com quantidade de pavimentos variando entre 07 e 11 e os três últimos contendo vinte
pavimentos. A empresa atua localmente, possuindo empreendimentos apenas na cidade de
Fortaleza.
A tecnologia construtiva a ser empregada nas obras é definida, ora na fase de
elaboração de projetos, ora após a fase de elaboração de projetos. Primeiramente, se define o
tipo de apartamento, se este será dois por andar ou um por andar. A empresa adota dois tipos
de reuniões com os seguintes intuitos: reunir os projetistas com o objetivo de
compatibilização de projetos e outro para definir as características técnicas do
empreendimento. A empresa estava se cadastrando no PBQP-H, mas uma decisão da alta
gerência abortou a operação. A empresa adota no seu sistema de gerenciamento de serviço a
ferramenta da linha de balanço, na qual define quais as atividades que vão compor cada
pacote de serviço, a mão-de-obra necessária, dentre outras informações. O gerenciamento da
obra como um todo é realizado dia a dia. Existem alguns trabalhos de melhorias com a
utilização do diagrama de seqüência. Quanto ao emprego do controle de processo, a
empresa vislumbra inúmeras vantagens. Em ordem de prioridade, são elas: aumento da
produtividade, previsibilidade maior do processo, melhoria final da qualidade do produto ou
serviço, redução dos custos e valorização da marca da empresa. Segundo o diretor técnico, o
diretor financeiro, sócio majoritário, não verifica muita vantagem no controle do processo,
94
pois este não possui uma visão técnica do negócio, isto é, exige que etapas que possam
transparecer um aspecto de obra próximo ao término (por exemplo: revestimento de fachada)
sejam feitas antes de etapas preliminares (como, por exemplo, impermeabilização). Em razão
deste fator, o emprego do controle do processo torna-se desestimulante para a equipe técnica.
A própria empresa elabora o projeto específico para o revestimento cerâmico
das fachadas o qual é realizado pelo gerente da obra. Este projeto contém as seguintes
informações: definições geométricas; posicionamento e detalhes e definições de controle de
execução. Em alguns casos, é realizado o memorial de especificações dos materiais.
Quanto aos critérios de escolha de materiais e controle, a empresa analisa
primeiramente o padrão de qualidade dos produtos e, em segundo plano, analisa o quesito
custo.
No que se refere à mão-de-obra empregada, a empresa terceiriza as atividades
de revestimento de gesso, instalações prediais (elétricos e hidráulicos) e protensão. No caso
particular do RCF, a empresa não terceiriza este tipo de atividade, uma vez que o considera
essencial. Os funcionários são, na sua maioria, do sexo masculino, na faixa etária de 30 a 40
anos. Existem funcionárias que realizam atividades, como a limpeza de refeitórios, banheiros,
sala técnica e alojamento, como também o rejuntamento cerâmico dos ambientes internos. A
empresa não faz grandes restrições quanto ao nível de escolaridade, chegando a ter
empregados analfabetos dentro da obra. A jornada de trabalho é de 44 horas/semana e as
horas extras ocorrem raramente. Valem ressaltar que a grande parte dos empregados é
proveniente de cidades-dormitório nos arredores de Fortaleza, como Maracanaú e Caucaia.
Salienta-se também que um número significativo de operários utiliza a bicicleta como meio de
transporte.
Não se constatou a existência de procedimentos para rejeição dos materiais
recebidos dos fornecedores, como também não foi observado qualquer tipo de registro dos
resultados das inspeções e ensaios realizados.
Quanto à forma de armazenamento empregada para os materiais constituintes
do RCF, foi observado que seguem as recomendações da norma técnica.
4.2.2 No Canteiro de Obras da Empresa “B”
Na pesquisa realizada no canteiro de obra, foram vistos os aspectos das variáveis
de materiais e de controle do processo de execução do RCF, como também se verificou a
veracidade das informações coletadas no escritório da empresa, descritas a seguir.
95
O projeto de RCF não possui memorial executivo, informando posicionamento de
balancins, produção e todos os fluxos logísticos necessários, bem como não existe definição
de controle tecnológico a serem realizados.
Quanto às condições de segurança e saúde no trabalho, o canteiro de obra da
empresa estava, durante as visitas realizadas, com aspecto de limpeza e organização geral da
obra. Os ambientes coletivos de refeitório, banheiros, sala técnica e alojamento são limpos
diariamente por uma funcionária. A empresa não possui CIPA, pois não ultrapassou o número
mínimo para sua formação. Foi contratado um consultor na área de higiene e segurança do
trabalho para ministrar treinamentos periódicos com os funcionários. Com relação ao uso de
equipamento de proteção individual, para os operários que trabalham na execução dos
RCF’s, são fornecidos cinto de segurança, óculos de proteção com lente de cristal, luvas de
pedreiro e protetor auricular. O gerente expressa, no entanto, que os operários apresentam
grandes resistências quanto ao uso. Com relação aos equipamentos de proteção coletiva,
segundo o gerente da obra, seguem fielmente a NR 18.
O PCMAT da obra foi elaborado por profissional habilitado e terceirizado, mas
este não está sendo implantado na sua totalidade. Segundo o gerente de obras, porém, está
sendo implantado aos poucos, isto é, a cada obra, existem mais itens que são atendidos do
PCMAT. Este é elaborado para cada obra, isto é, o PCMAT realizado em uma obra não pode
ser utilizado em outra. Diante deste fato, a cada nova obra da empresa, ela consegue implantar
um novo item exigido no PCMAT da obra em questão. Por exemplo, se em uma determinada
obra, 60% do PCMAT daquela obra foi implantado, na próxima obra o índice de implantação
será maior.
Dando continuidade à apresentação das informações obtidas na pesquisa realizada
na empresa B, os aspectos das variáveis de materiais e de controle do processo de execução
do RCF são expostos a seguir.
96
Transporte Vertical Ascendente
Limpeza da base e eliminação de irregularidades
Fixação da alvenaria de fachadas
Fixação da tela com pinos
Execução do chapisco
Colocação dos arames
Repetem-se as atividades em n pavimentos
Transporte Vertical Descendente
Execução do mapeamento da fachada
Execução do emboço com tela
Corte das juntas de movimentação
Repetem-se as atividades em n pavimentos
Transporte Vertical Ascendente
Inspeção Visual do Emboço
Repetem-se as atividades em n pavimentos
Transporte Vertical Descendente
Colocação dos bastões de poliuretano
Assentamento das placas cerâmicas
Limpeza das juntas de assentamento
Repetem-se as atividades em n pavimentos
Transporte Vertical Ascendente
Inspeção visual das placas cerâmcas
Repetem-se as atividades em n pavimentos
Transporte Vertical Descendente
Execução do rejuntamento
Limpeza do rejuntamento
Tratamento da junta de movimentação
Repetem-se as atividades em n pavimentos
Limpeza das placas cerâmicas
Repetem-se as atividades em n pavimentos
Legenda
Atividade (Operação) Inspeção
Transporte Esperas
Estocagem
Cadeira Susp.
1 CICLO
2 CICLO
Fluxograma de atividade de execução de revestimento cerâmico de fachada
3 CICLO
Posteriormente com a cadeira suspensa é realizada a lavagem das placas
cerâmicas
Figura 17 - Fluxograma das atividades de execução do RCF da Empresa B
Fonte: Elaboração pessoal
Para se analisar o fluxograma de atividades executadas pela empresa “B” (ver
Figura 17), tomou-se por base o fluxograma de atividades de execução de RCF’s
desenvolvidas na fundamentação teórica deste trabalho (ver Figura 7).
Primeiramente, observou-se que a quantidade de ciclos (entende-se por ciclo um
fluxo ascendente e um fluxo descendente) realizados pela empresa “B” para a execução do
97
RCF é em número de três, sendo que a quantidade de ciclos propostos na fundamentação
teórica do presente trabalho é de quatro.
No primeiro ciclo, realizado pela empresa “B”, observou-se que as atividades
desempenhadas equivalem às atividades propostas, na fundamentação teórica do presente
trabalho, dos dois primeiros ciclos (ver Figuras 7 e 17). No primeiro momento, pode-se
imaginar que a empresa economizou, pois conseguiu realizar atividades que teoricamente
deveriam ser executadas em dois ciclos, reduzindo para apenas um ciclo, mas observou-se,
não pelo lado da produtividade, mas pelo lado da qualidade final da atividade, considerando
os aspectos técnicos, que esta mudança, de dois ciclos para um ciclo, pode acarretar impactos
negativos. Por isso menciona-se que:
a aplicação da argamassa do emboço sobre o chapisco deverá ser realizada sem
este último (chapisco) possuir impurezas e finos que possam vir a prejudicar a
aderência da argamassa com o chapisco (CEOTTO et al, 2005). Observa-se
que, em virtude da empresa “B” executar as atividades de limpeza da base e de
execução do chapisco no fluxo ascendente, existe a deposição de material
proveniente da limpeza do pavimento superior no chapisco, já executado, do
pavimento inferior, o que acarreta a aparição de uma camada de finos que
impede a boa aderência da argamassa de emboço que será assentada no fluxo
subseqüente;
outro item a ser observado é o corte das juntas de movimentação, logo após a
execução do emboço, o que confere melhor qualidade das juntas e melhor
desempenho da argamassa de emboço aplicada; e
a inexistência de inspeção das atividades realizadas no primeiro ciclo impede,
desta forma, a possibilidade de assegurar a correta execução da etapa de RCF.
Os pormenores dos itens a serem inspecionados e controlados em cada
atividade serão enfatizados na parte deste trabalho que trata das recomendações
técnicas (ver item 5.2.1.).
No segundo ciclo, realizado pela empresa “B”, observou-se que as atividades
desempenhadas diferem da ordem das atividades especificadas na fundamentação teórica (ver
Figura 7 e 17). Constataram-se pelo fluxograma da empresa “B” os seguintes fatos:
no fluxo ascendente do segundo ciclo, não se realizam atividades, uma vez
que poderia estar sendo executados inspeções e controles da etapa já realizada
98
(no caso, o emboço). Os itens a serem inspecionados e controlados estão
descritos no item 5.2.1. do presente trabalho;
no fluxo ascendente do segundo ciclo, não se realizam atividades, o que
poderá acarretar que uma atividade se sobreponha ao tempo de espera que
deverá existir entre uma etapa e outra. Por exemplo: o emboço deverá
permanecer 21 dias (NBR 7.200) sem receber o revestimento cerâmico para
que possa curar e atingir suas propriedades físicas necessárias para que se
realize o assentamento da cerâmica; e
a inexistência de inspeção das atividades realizadas no segundo ciclo impede,
desta forma, a possibilidade de assegurar a correta execução da atividade de
RCF. Os pormenores dos itens a serem inspecionados e controlados em cada
atividade serão enfatizados na parte deste trabalho que trata das
recomendações técnicas (ver item 5.2.1).
No terceiro ciclo, realizado pela empresa “B”, observou-se que as atividades
desempenhadas assemelham-se às atividades especificadas na fundamentação teórica (ver
Figura 7), no entanto, as atividades realizadas pela empresa “B” no seu terceiro ciclo
merecem os seguintes comentários:
as atividades realizadas no terceiro ciclo, como execução e limpeza do
rejuntamento e o tratamento das juntas de movimentação, embora
aparentemente sejam atividades sem muita importância, deve-se atentar para
a sua correta execução, pois uma má execução destas atividades poderá
acarretar uma porta de entrada para o acúmulo de umidade entre o
revestimento cerâmico e o emboço, podendo vir a provocar, no futuro,
patologias indesejáveis;
como em todos os ciclos da empresa “B”, no terceiro ciclo não foi observada
a existência de um controle de inspeção das atividades realizadas, fato que
impossibilita a garantia da qualidade do RCF’s. Os pormenores dos itens a
serem inspecionados e controlados em cada atividade serão enfatizados na
parte deste trabalho que trata das recomendações técnicas (ver item 5.2.1.).
Observou-se na empresa “B” a inexistência de procedimento para a execução do
RCF, entretanto formularam-se os procedimentos de acordo com o observado durante as
visitas realizadas à obra (ver Quadro 21). Observou-se, porém, a inexistência de documentos
99
que comprovem a existência de controle nas operações de execução de revestimento
cerâmico de fachadas.
POP DE REVESTIMENTO CERÃMICO DE FACHADA DA EMPRESA “B”
1. Documentos de referência - Projeto de revestimento de fachada
- Projeto de arquitetura
- NR18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
2. Condições para início das
atividades
- Todo o material necessário deve está disponibilizado, a área deve estar limpa e desobstruída
de materiais que impeçam o trabalho;
- as instalações elétricas e hidráulicas que interferem na fachada devem está concluídas e
testadas
- contramarco assentados
3. Ferramentas 1. Colher de pedreiro, broxa, desempenadeira de madeira e de aço; desempenadeira de
neoprene prumo de face e trena, equipamento de fixação à pólvora de baixa velocidade,
furadeira para o preparo da argamassa.
2. régua de alumínio, masseira, gerica, enxada e pá, escova de aço, e mangueira de nível,
argamassadeira ou betoneira, caixote plástico.
4. Equipamentos 1. EPI: botina de couro, capacete, óculos, uniforme, luva de borracha, e cinto de segurança;
2. Específicos: suporte para masseira, andaime e guincho quando necessário.
5. Método Executivo
5.1. Preparo da base - Reforço com tela de polyester malha 2 mm x 2 mm, deverá ser fixada com argamassa
colante AC III, antes da aplicação do chapisco nas janelas conforme projeto;
- promover a remoção completa de poeiras e partículas soltas através de vassoura de piaçava
na alvenaria e escova de aço seguido de água sob pressão na região da estrutura de concreto;
- Remover as pontas de ferro das peças e rebarbas entre as juntas de alvenaria;
- chapiscar a alvenaria e estrutura com argamassa apropriada para cada trecho;
- não deve ser aplicada a argamassa de chapisco sob condições de forte insolação;
- fixar tela plástica GA350/M25 utilizando equipamento à pólvora de baixa velocidade e pinos
de aço;
- descer os prumos a cada 1,5 m aproximadamente; e
- executar mapeamento da fachada.
5.2. Execução do emboço - Remover quaisquer poeiras ou substâncias que possam prejudicar a aderência;
- chapar a camada de argamassa de modo firme, alisando com a colher de pedreiro apenas o
necessário para desfazer as conchas;
- caso a espessura do emboço seja maior que 4 cm, chapar a massa em camadas máxima de
2,0cm. Se for necessária outra camada (espessura total > 4 cm) empregar uma tela
intermediária;
- sob condições de forte insolação, não executar a argamassa de emboço;
- executar os rasgos da junta de movimentação com o emboço fresco; e
- Os rasgos no emboço das juntas de movimentação devem ser realizados até a base
(alvenaria).
5.3. Assentamento das placas
cerâmicas
- Remover poeiras e partículas soltas com de escova de piaçava;
- preparar a argamassa com de misturador mecânico, utilizando a quantidade de água;
recomendada pelo fabricante na embalagem do produto;
- aplicar a argamassa no emboço com o lado liso da desempenadeira dentada (dimensões de
8mm x 8mm x 8mm). Em seguida, filetar a argamassa, mantendo a regularidade dos cordões.
Aplicar a argamassa colante no verso da placa cerâmica (dupla camada para cerâmica telada) ;
e
- limpar as juntas de assentamento das placas cerâmicas.
5.4. Execução do rejuntamento - Verificar se as juntas de assentamento estão limpas;
- molhar o revestimento com água limpa, antes de rejuntar;
- comprimir a argamassa de rejuntamento para dentro das juntas com o aplicador de borracha
a aproximadamente 45
o
com a superfície; e
- para o acabamento, as juntas deverão ser frisadas com uma mangueira ou com um ferro
redondo.
5.5. Tratamento das juntas de
movimentação
- As juntas devem estar sem resíduos, partículas soltas e sinais de umidade;
- introduzir o limitador de profundidade no rasgo;
- antes da aplicação do selante, as bordas das peças cerâmicas devem ser protegidas com fita
crepe; e
- aplicar selante e executar a regularização da junta com uma espátula.
6. Entrega da Etapa
Quadro 21 - Procedimento operacional-padrão da empresa “B”
Fonte: Elaboração pessoal
100
Não se constatou a existência de procedimentos para rejeição dos materiais
recebidos dos fornecedores, como também não foi observado qualquer tipo de registro dos
resultados das inspeções e ensaios realizados.
Quanto à forma de armazenamento empregada para os materiais constituintes
do RCF, foi observado que estes seguem as recomendações da norma técnica.
Um ponto que deve ser criticado é justamente o fato de a empresa “B” não realizar
controle documental das diversas operações de execução de revestimento cerâmico de
fachadas, uma vez que, sem a existência de informações que identifiquem o controle, no ciclo
PDCA
7
, não é possível replanejar os procedimentos executivos dos RCF’s para que os tenham
melhorias e, assim, eliminar as causas fundamentais dos problemas que ocasionam as
patologias nos RCF’s.
4.2.3 Quadro Comparativo das observações dos Estudos de Caso das Empresas “A”e
“B”
Após apresentados os relatórios dos estudos de caso das empresas “A” e “B” nos
itens anteriores, a metodologia de estudo de caso
8
recomenda que se realize um quadro
comparativo entre as empresas estudadas para que se possa desenvolver um cruzamento de
informações e, desta forma, obter indicações das possíveis contribuições, tanto para a
bibliografia em questão quanto para o ambiente empresarial.
Para realizar o quadro comparativo (Quadro 22) entre as duas empresas,foram
usadas as variáveis, definidas anteriormente, para poder realizar breve descrição do que foi
observado em cada empresa. As avaliações das variáveis basearam-se nas informações
obtidas nos questionamentos e observações, diretos e indiretos, dos diversos indicadores
relacionados com cada variável, mostrados no item 3.3. do presente trabalho.
7
Para detalhes acerca do ciclo PDCA, verificar item 2.4.3.
101
VARIÁVEIS
DEFINIÇÕES
EMPRESA “A”
EMPRESA “B”
ORGANIZAÇÃO
EMPRESARIAL
Características de
sistema da gestão
organizacional e da
segurança e saúde
no trabalho.
Os gerenciamentos dos serviços são dotados
a partir de cadernos de serviços controlados
– IT (Instruções de Trabalho) contidos no
sistema de qualidade da empresa, a qual é
certificada pela ISO 9001:2000 e pelo
PBPQ-H. Quanto aos projetos específicos
para os RCF’s, não contemplam o memorial
executivo e nem define o controle de
execução, controle tecnológico e rotina de
inspeção durante a fase de elaboração do
projeto de RCF.
As condições de saúde e higiene da obra
foram consideradas boas. A empresa possui
PCMAT e fornece treinamento,
equipamentos individuais e coletivos de
segurança do trabalho.
O gerenciamento dos serviços a empresa adota
algumas ferramentas como linha de balanço,
diagrama de seqüência e pacotização de
serviços. A empresa estava se cadastrando no
PBPQ-H, mas uma decisão da alta gerência
abortou a operação. Quanto aos projetos
específicos para os RCF’s, o gerente da obra
mesmo elabora. Observou-se, no entanto que o
projeto não contempla o memorial executivo
informando posicionamento de balancins, nem
os fluxos de materiais, nem tão pouco os
controles que devem existir durante a execução.
As condições de saúde e higiene da obra foram
consideradas boas. A empresa possui PCMAT,
mas não o realiza em sua plenitude. A empresa
disponibiliza equipamentos individuais e
coletivos de segurança do trabalho.
MATERIAIS Existência de um
programa de
controle e
recebimento de
materiais
A escolha dos materiais empregados na obra
é embasada em uma visão sistêmica que
engloba aspectos como: qualidade dos
produtos, marca, prazo de entrega e custo.
Não foi observada a existência de
procedimentos para rejeição dos materiais
recebidos dos fornecedores nem de registro
das inspeções e ensaios realizados. Quanto a
forma de armazenagem empregada para os
materiais a mesma segue as normas técnicas.
A escolha dos materiais empregados na obra se
dá primeiramente para análise do padrão de
qualidade e em segundo plano analisam-se o
quesito custos. Não foi observada a existência de
procedimentos para rejeição dos materiais
recebidos dos fornecedores e nem de registro das
inspeções e ensaios realizados. Quanto a forma
de armazenagem empregada para os materiais a
mesma segue as normas técnicas.
MÃO–DE-OBRA Características da
mão-de-obra para a
produção do RCF
Os empregados são em sua totalidade do
sexo masculino, possuindo faixa etária de 35
anos e a empresa não faz grandes restrições
quanto ao grau de escolaridade chegando a
ter funcionários analfabetos.
Os empregados são em sua maioria do sexo
masculino, possuindo faixa etária de 40 anos e a
empresa não faz grandes restrições quanto ao
grau de escolaridade chegando a ter funcionários
analfabetos.
PROCESSO DE
EXECUÇÃO
Descrição das
atividades de
execução do
revestimento
cerâmico de
fachada
Foi verificada a existência de procedimento
operacional para a execução dos RCF’s. O
fluxo de atividade de execução do RCF’s é
diferente do elaborado com as informações
das referências bibliográficas. A empresa
realiza a execução em três etapas em vez de
quatro etapas como determinado na revisão
bibliográfica. Isso acarreta em algumas
deficiências como: Aparição de camadas de
finos sobre o chapisco; o corte com a
maquita do emboço provoca uma camada de
finos sobre o emboço impedindo a total
aderência da argamassa colante, dentre
outros pontos. Verificou-se, também, a
inexistência de documento que
comprovassem a execução das diversas
operações de execução do RCF’s.
Foi verificada a inexistência de procedimento
operacional para a execução dos RCF’s. O fluxo
de atividade de execução do RCF’s é diferente
do elaborado com as informações das referências
bibliográficas. A empresa realiza a execução em
três etapas em vez de quatro etapas como
determinado na revisão bibliográfica. Isso
acarreta em algumas deficiências como:
Aparição de camadas de finos sobre o chapisco;
o corte com a maquita do emboço provoca uma
camada de finos sobre o emboço impedindo a
total aderência da argamassa colante, dentre
outros pontos. Verificou-se também, a
inexistência de documento que comprovasse a
execução das diversas operações de execução do
RCF’s.
SISTEMA DE
CONTROLE DE
PROCESSO
Existência de um
sistema de controle
do processo de
execução do RCF
Foi verificado se existe de procedimento
operacional para a execução dos RCF’s; o
entanto, verificou-se a inexistência de
documento que comprovassem o controle da
execução das diversas operações de
execução do RCF’s.
Foi verificada a inexistência de procedimento
operacional para a execução dos RCF’s. Como
também, foi verificada a inexistência de
documento que comprovassem o controle da
execução das diversas operações de execução do
RCF’s.
Quadro 22 – Quadro comparativo dos estudos de caso das empresas “A” e “B”
Fonte: Elaboração pessoal
8
Verificar capítulo 03 para maiores informações.
102
4.3 CONCLUSÃO E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS
Tomando-se por base o quadro comparativo dos estudos de caso (quadro 22) e os
relatórios das empresas “A” e “B”, pode-se tirar algumas conclusões, de acordo com cada
variável predefinida no capítulo 03 deste trabalho.
Em relação às variáveis organização empresarial e mão-de-obra, pode-se dizer
que grande parte dos indicadores destas variáveis foi observada positivamente, mas em alguns
deles foi constatada sua inexistência ou ineficiência. Faz-se necessária a realização de
melhorias em alguns dos indicadores observados, como: maior nível de elaboração em projeto
específico para o revestimento cerâmico de fachada; melhor inspeção e controle na gestão do
canteiro de obra para se evitar falta de materiais; criar uma rotina de inspeção dos POP’s, e
seguir os itens de segurança.
Quanto às variáveis de materiais e sistema de controle de processo, ao se analisar
as informações obtidas das duas empresas construtoras (empresa A e B) quanto à execução
dos RCF’s, podem ser verificadas inúmeras falhas, as quais são, em sua maioria, responsáveis
pelas muitas patologias apresentadas em obras que utilizam revestimentos cerâmicos de
fachadas. Constataram-se falhas em duas vertentes: a primeira delas é quanto aos aspectos
técnicos de execução, em que a ordem e o sentido do fluxo de execução de determinada
atividade poderá acarretar incompatibilidade técnica em relação à atividade subseqüente
9
. A
segunda vertente evidencia a gestão da produção quanto ao controle e qualidade final do
RCF’s. Não foi observada a existência de inspeção e de controle das diversas atividades
executadas para a realização do RCF. Sabendo da importância do controle para proferir a
qualidade desejada no produto final, a execução de RCF sem a existência de controle na
execução de revestimento cerâmicos fica a desejar. Com todas essas considerações, observa-
se que existe um vácuo entre as informações coletadas no escritório e as que recolhidas na
obra, evidenciando uma falha no fluxo de informação e, conseqüentemente, na gestão
integrada da construtora.
9
Por exemplo: a etapa de limpeza da base e execução do chapisco no fluxo ascendente acarreta em uma camada
de finos que se deposita na camada de chapisco, já executada, o que poderá propiciar má aderência do sistema
seguinte, no caso, o emboço.
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
5.1 CONCLUSÃO
Para se concluir o presente trabalho, deve-se realizar uma análise para saber se o
objetivo principal e os objetivos específicos iniciais propostos foram atendidos. Em seguida,
mostra-se que os objetivos inicialmente propostos foram atendidos, como também se
demonstram as contribuições teóricas e práticas do trabalho em foco.
Para atingir os objetivos acima descritos, foram trabalhados caminhos que
conduzissem a um aprofundamento dos conhecimentos, abordando aspectos compreendidos
desde a evolução da indústria da construção civil, passando pelos aspectos técnicos do sistema
de revestimento cerâmico de fachada e por conceitos de qualidade, controle e processo,
findando em realizar dois estudos que retratassem a realizada da execução dos RCF’s em
edifícios na cidade de Fortaleza.
Toda a reflexão amealhada ao longo deste trabalho originou diversas
contribuições para o campo teórico e para a seara técnica. No teórico, ressaltaram-se
definições, ponderações e compilação de informações para o caso específico aqui tratado. Já
na área técnica, pode-se observar uma série de contribuições baseadas na reflexão da
fundamentação teórica, como o fluxograma de atividade de execução de revestimento
cerâmico de fachada e o procedimento operacional-padrão da Execução do RCF e as
recomendações técnicas. Uma das contribuições mais relevantes deste trabalho foi mostrar
como é realizada a execução dos RCF em Fortaleza, mostrando a inexistência de controle na
execução desta etapa de obra. Constatou-se nas empresas pesquisada, um interesse de se
realizar o controle das etapas construtivas do RCF, tendo em vista que algumas inspeções
eram realizadas no decorrer das atividades, no entanto, não se registravam os resultados
obtidos, dificultando desta maneira a rastreabilidade e a compilação de informões para
melhorias futuras. Desta forma, foi verificada a necessidade de se realizar um controle mais
apurado, que pudesse ser efetivado gradualmente nas diversas fases de execução do RCF (ver
detalhes nas recomendações técnicas). No decorrer do presente trabalho, mostraram-se
métodos para realização de tais controles (ciclos PDCA e SDCA), tendo sempre em mente a
melhoria contínua da qualidade final do produto. Portanto, deve-se realizar um controle para
se eliminar as causas que dão origem às diversas patologias dos revestimentos cerâmicos de
fachada.
104
Devem ser levados em consideração pelas empresas construtoras de edifícios os
inúmeros aspectos negativos oriundos das patologias nos revestimentos cerâmicos de
fachadas. Podem-se mencionar alguns destes aspectos mais relevantes: o risco de acidente
provocado pela queda do revestimento; o alto custo de retrabalho neste tipo de atividade; a
imagem negativa da empresa em ter edifícios com queda de RCF e maior desvalorização do
imóvel. Estes aspectos são importantíssimos e devem ser levados em conta pela alta gerência
mediante o uso de maior rigor no controle da execução das atividades do RCF minimizando
desta forma problemas futuros.
Vale ressaltar que nada adianta a realização de um controle mais apurado se os
responsáveis pelas obras não atentarem para tal necessidade, passando a exigir projetos de
fachada mais detalhados, materiais mais bem selecionados e mão-de-obra mais qualificada.
Outro fator importante é a conscientização dos proprietários da empresa, pois estruturas
organizacionais só podem passar por grandes mudanças quando a alta direção está envolvida.
Segundo Meseguer (1991), o número de falhas na construção está relacionado em
proporção inversa com o grau de controle exercido nas distintas fases do processo construtivo.
Essa concepção é muito empregada nos setores industriais mais avançados, sendo que, na
construção de edifícios, verifica-se que ainda é muito incipiente.
No que se refere à produção de RCF, acredita-se que os procedimentos de
controle de qualidade devam ser aplicados nas diversas fases, desde o recebimento do
material, passando pelo processo produtivo e entrega do RCF e finalizando nas manutenções
periódicas que devem ser realizadas no RCF. Este último, a manutenção dos RCF’s, não foi
abordada no presente trabalho.
Dentre os principais problemas diagnosticados, ao longo deste trabalho, pode-se
mencionar a falta de interesse ou a desinformação acerca de uma filosofia de melhoria
contínua para ser colocada em prática no processo construtivo. Observou-se que as empresas
não realizam o controle de suas atividades de execução e, por conseqüência, não possuem
informações para realizarem replanejamentos. A melhoria contínua diz respeito a
procedimentos de planejamento, execução, controle e ações corretivas ou replanejamentos,
10
para que se possam aperfeiçoar todos os aspectos de execução dos RCF’s. O diagnóstico do
presente trabalho está limitado às pequenas e médias empresas da cidade de Fortaleza,
conforme a intenção inicial desta pesquisa.
10
Para maiores informações, verificar o item 2.4 deste trabalho, que trata de Controle da Qualidade Total e
apresenta ferramentas como o diagrama causa – efeito de Isikawa e o método PDCA.
105
5.2 RECOMENDAÇÕES
Esta parte do trabalho trata das recomendações técnicas e das recomendações para
novos trabalhos. Nas recomendações técnicas, são apresentadas sugestões de cunho técnico,
de acordo com o leque de informações retidas nas entrelinhas deste ensaio bem como
informações técnicas, provenientes de toda a experiência profissional do autor, relevantes para
o controle do processo do RCF. Nas recomendações para novos trabalhos, são mostrados
alguns caminhos a serem seguidos, para que se possa dar continuidade a esta tarefa, ou na
realização de outras que se encontrem em áreas correlatas a esta, aqui tratada.
5.2.1 Recomendações Técnicas
O controle da produção de argamassas relaciona atividades muito distintas do
controle de execução e aceitação do RCF, portanto, devem ser tratados de maneira
independente, devendo existir uma metodologia de controle especifica para cada um. A
metodologia que enfoca o controle da produção de argamassa não foi abordada neste texto,
pois se entende que deva estar inserida num programa mais amplo de controle, envolvendo as
argamassas de todo o complexo da edificação.
Tomando-se por base o fato de que a produção da argamassa está devidamente
controlada, compreende-se que o controle do processo de execução dos RCF’s deva
compreender os seguintes aspectos:
a) acompanhamento e avaliação da execução do RCF’s;
b) aceitação dos RCF’s executados; e
c) implantação e a alimentação contínua de um banco de dados referentes às
características do RCF’s conseguidas em obra, visando a contribuir para projetos futuros.
Para o desenvolvimento do Controle do Processo de Execução do RCF, em
cada obra, deverá existir um técnico em edificações ou estagiário em Engenharia, responsável
pelo acompanhamento da execução dos RCF’s. Para isto, este técnico deverá seguir as
recomendações deste item, devendo estar sob a supervisão e coordenação do engenheiro
residente.
106
A seguir são descritas as etapas que se julga necessárias de realização:
A. Condições iniciais
a) Projeto de Revestimento Cerâmico de Fachada
Verificação: o responsável pelo acompanhamento da execução da atividade
deverá ter acesso ao projeto detalhado do revestimento cerâmico de fachada para que ele siga
os parâmetros nele descrito. Deverá também ter acesso às normas NBR 13.755; NBR 13.749 e
NBR 7.200, para verificar suas recomendações técnicas, caso não esteja detalhado no projeto.
Critério de Aceitação: o projeto do revestimento cerâmico de fachada deverá
estar pronto antes do início dos trabalhos.
b) Montagem dos balancins
Verificação: inspeção visual, periódica, verificando se atende às normas de
segurança do trabalho conforme as NR 6 e NR 18.
Critério de aceitação: amostragem de 100 %.
c) Materiais, equipamentos e ferramentas.
Verificação: verificar a disponibilidade de materiais, equipamentos e ferramentas
no canteiro de obras.
Critério de aceitação: amostragem de 100 %.
d) Verificação dos serviços preliminares.
Verificação: verificar se as instalações elétricas e hidrossanitárias que interferem
com a fachada estão concluídas e testadas e verificar se todos os contramarcos da edificação
estão assentados.
Critério de aceitação: amostragem de 100 %.
B. Preparação da base
a) Remoção da sujeira da fachada
Verificação: verificar a execução da limpeza e lavagem da alvenaria e da
estrutura de concreto: remoção de pregos, madeira, película de desmoldante, excesso de
argamassa e concreto e quaisquer materiais ou substâncias que possam prejudicar a aderência.
Critério de aceitação: amostragem de 100 %.
107
b) Verificação da área de aderência
Verificação: verificar se a superfície na região do concreto apresenta aspecto
áspero, após apicoamento, e se as demais superfícies que compõem a camada de base para a
aderência do chapisco estão prontas para recebê-lo.
Critério de aceitação: amostragem de 100 %.
c) Fixação da alvenaria
Verificação: verificar o total preenchimento da fixação da alvenaria externa.
Critério de aceitação: amostragem de 100 %.
d) Mapeamento da fachada
Verificação: verificar se todos os pontos foram mapeados corretamente, um ponto
sobre viga e outro a meia altura da alvenaria; registrados em planilha especifica.
Critério de aceitação: amostragem de 100 %.
e) Chapisco
Verificação: (1) deve-se inspecionar visual e diariamente o chapisco durante a
sua execução, verificando a espessura, rugosidade e homogeneidade da aplicação; no caso
de chapisco aplicado com desempenadeiras dentadas, deve-se verificar a formação dos
cordões. É muito importante a inspeção diária desta etapa, pois, além de a execução ser
rápida, a condenação de grandes áreas executadas é de correção difícil; e (2) deve-se
realizar testes quanto à dureza da superfície
e quanto à aderência do chapisco. No primeiro
teste de dureza da superfície, deve-se executar riscos cruzados com a ponta de uma
espátula na superfície do chapisco, observando-se o grau de dificuldade de se fazerem estes
riscos. Quanto mais difícil for fazer estes riscos, maiores a dureza e a resistência do
chapisco. Quanto ao segundo teste de aderência do chapisco, deve-se forçar o
desplacamento do chapisco com a raspagem da espátula na interface da base com o
chapisco. Se o chapisco se soltar com facilidade, a aderência com a base está
comprometida. Vale salientar que estes testes devem ser realizados com idade mínima do
chapisco de 7 dias.
Critério de aceitação: (1) amostragem de 100%; e (2) 1m
2
a cada 100 m
2
de
acordo com a norma NBR 13.749.
108
f) Locação dos arames
Verificação: verificar, com o auxílio de uma trena metálica, a correta
transferência dos eixos principais, alinhamento dos arames de prumo de fachada,
posicionamento e afastamento dos arames.
Critério de aceitação: amostragem 100 % e tolerância de + 3 mm.
g) Taliscamento
Verificação: verificar se as distâncias das taliscas em relação aos arames de
fachada estão de acordo com o definido após a análise do mapeamento, com tolerância de
espessura de ± 1 mm.
Critério de aceitação: amostragem de 100 %.
C. Execução do emboço
a) Fixação da tela de reforço
Verificação: inspecionar visualmente o correto posicionamento e fixação da tela
de reforço conforme definido em projeto.
Critério de aceitação: amostragem de 100 %.
b) Aplicação da argamassa de emboço
Verificação: verificar o desvio de planeza por meio de uma régua de alumínio de
2 m de comprimento com nível de bolha acoplado e o posicionamento das juntas de
movimentação.
Critério de aceitação: o desvio não deve ser maior do que 3 mm.
c) Acabamento da argamassa de emboço
Verificação: (1) verificar o aspecto superficial quanto à textura uniforme, sem
imperfeições, manchamento e pulverulência; e (2) verificar a existência de fissuras.
Critério de aceitação: (1) amostragem 100 %; e (2) admissível 03 fissuras/m
2
,
avaliando 1 m
2
a cada 100 m
2
de emboço.
d) Argamassa de emboço endurecido
Verificação: (1) verificar a existência de som cavo por meio de impactos leves
empregando martelo de madeira ou qualquer outro instrumento rígido; e (2) deverá ser
realizado ensaio de aderência da argamassa ao chapisco/base.
109
Critério de aceitação: (1) não devendo apresentar som cavo, avaliando 1 m
2
a
cada 100 m
2
de emboço. Caso apresente, o revestimento deverá ser integralmente percutido; e
(2) o revestimento deve ser aceito se de cada grupo de 06 seis ensaios realizados (01 lote),
pelo menos 04 valores forem iguais ou superiores a 0,30 MPa. Recomenda-se, de acordo com
a norma NBR 13.749, a execução de 01 lote de ensaios a cada 100 m
2
de emboço.
D. Fixação das placas cerâmicas
a) Assentamento das placas cerâmicas
Verificação: (1) verificar o assentamento no estado fresco com a retirada aleatória
de uma placa cerâmica a cada 10 m
2
; (2) avaliar a presença de som cavo por meio de
percussão com instrumento não contundente; e (3) no alinhamento das juntas de assentamento
não deve ocorrer afastamento maior do que 1 mm entre as bordas de placas cerâmicas
teoricamente alinhadas e a borda de uma régua com 2m de comprimento, faceada com as
placas cerâmicas das extremidades da régua.
Critério de aceitação: (1) avaliando 100% do preenchimento do tardoz e o
esmagamento total dos cordões de argamassas; (2) amostragem de 100 %; e (3) amostragem
de 100 %.
E. Rejuntamento
a) Execução do Rejuntamento
Verificação: (1) verificar a limpeza das juntas de assentamento; e (2) verificar a
uniformidade e homogeneidade da argamassa de rejuntamento aplicado.
Critério de aceitação: (1) amostragem de 100 %; e (2) amostragem de 100 %.
F. Juntas de movimentação
a) Tratamento das juntas de movimentação
Verificação: verificar as dimensões das juntas, conforme definido em projeto e a
sua limpeza; deverão estar secas e limpas de qualquer material que prejudique a aderência do
mástique.
Critério de aceitação: amostragem de 100 %.
110
G. Limpeza
a) Limpeza final
Verificação: verificar visualmente a limpeza da fachada, que deverá ser feita após
28 dias da aplicação do rejuntamento, devendo ser realizada com sabão neutro e não poderá
ser usada água sob pressão.
Critério de aceitação: amostragem de 100 %.
Para as diferentes etapas de execução, devem existir planilhas de registro de dados
por meio das quais a inspeção é extremamente facilitada, assim como a identificação de
possíveis causas de falhas. Os dados lançados nas planilhas de controle do processo de
execução do RCF deverão gerar um banco de dados contendo as mais diversas informações,
dentre elas a prática adotada pela construtora, auxiliando, desta forma, as estratégias para a
melhoria contínua do processo, seja na elaboração do projeto, da seleção de materiais ou na
execução do RCF.
As recomendações técnicas, aqui apresentadas, devem ser seguidas como passo
inicial por aquelas empresas que tencionam melhorar seus processos construtivos de RCF’s,
diminuindo, desta forma, as incidências futuras de patologias em revestimentos cerâmicos de
fachadas, atrelando maior qualidade percebida de seus produtos aos clientes finais.
5.2.2 Sugestões para Novos Trabalhos
O presente trabalho cumpriu com seu objetivo inicial, mas sabe-se que muito tem
a ser feito no que diz respeito aos conhecimentos abordados no decorrer deste estudo. Pode-se
dizer então que o autor nunca termina sua obra; sempre acha que poderia melhorar, mas a
publica de qualquer forma, pois, senão, não existirá obra e, também, não poderá receber
críticas para poder melhorar em trabalhos futuros.
Com esta linha de raciocínio, o presente trabalho se coloca no final, pois se
entende que muito existe para ser feito na área de estudo que o abordou. Ainda há coisa
obscura, pois são problemas ainda indecifráveis e outros nem sequer existem. Procurou-se,
porém, realizar uma lista, não extensiva, mas objetiva, que fornecesse rumos para futuras
pesquisas a serem realizadas no tocante às áreas de estudo aqui abordadas.
111
9 Realizar estudo estatístico e técnico-investigativo quanto às patologias
apresentadas nos revestimentos cerâmicos de fachada, com o intuito de se conhecer as origens
de suas causas, tentando solucioná-las por meio de reformulações dos processos produtivos
e/ou mudanças nas recomendações técnicas de seus componentes;
9 realizar estudos das influências causadas pelas mudanças tecnológicas nas
características das edificações (edifícios cada vez mais altos e esbeltos) nos revestimentos
cerâmicos de fachada;
9 realizar estudos das condições de trabalho, às quais estão sujeitos os operários
que trabalham na execução do RCF's, pois este tipo de trabalho possui características
particulares nem sempre levadas em consideração, como, por exemplo: trabalho em altura;
alto nível de insolação; problemas de visão quanto à intensidade de luz refletida,
principalmente por cerâmicas claras; dentre outras inúmeras condições a que estão sujeitos,
merece um estudo mais aprofundado;
9 realizar um estudo de acompanhamento da metodologia de implantação do
controle de processo do RCF's em algumas construtoras, servindo, desta forma, de base para o
monitoramento dos sistemas de RCF a médio e longo prazo. Logicamente, tais estudos devem
ser acompanhados por instituições de pesquisa que garantam esse monitoramento em um
longo espaço de tempo;
9 realizar um estudo que trate de analisar a importância dos conhecimentos
tácitos dos profissionais que trabalham em fachadas para a melhoria do controle de qualidade
dos RCF’s; e
9 realizar estudos na área de manutenção predial, considerando que parte das
patologias apresentadas são ocasionadas pela inexistência de manutenção.
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2000. Artigo técnico:
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São Paulo: Pini, 1995.
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de obras. São Paulo: Pini, 1996.
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qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
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Atlas, 1997.
VERGARA, Silvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa de administração. São
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YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman,
2005.
119
APÊNDICE A – Roteiro da entrevista a nível estratégico
Informações Cadastrais da Empresa (Razão Social; Endereço; Nome do
entrevistado).
Cargo do entrevistado e Obra.
1. Identificação da Empresa
1.1 Quantos anos de experiência no subsetor de edificações?
1.2 Qual a área de atuação da empresa?
( ) local (Fortaleza) ( ) nacional
( ) regional ( ) internacional
1.3 Área construída pela empresa
( ) menos de 20.000 m
2
( ) acima de 50.000 m
2
( ) entre 20000 e 50000 m
2
( ) não sabe
1.4 Qual o número de empregados na empresa?
1.5 A empresa define a tecnologia construtiva a ser utilizada:
( ) na fase anterior a elaboração dos projetos
( ) na fase de elaboração dos projetos
( ) após a fase de elaboração dos projetos
1.6 A empresa reúne os projetistas para compatibilização dos projetos?
1.7 A empresa possui sistema de gerenciamento de serviços? Qual a metodologia empregada?
1.8. A empresa vê vantagens no emprego do controle de processo
1.9. Caso afirmativo a pergunta, quais as principais vantagens?
Numere em escala de prioridade
( ) Melhoria da qualidade do produto ou serviço
( ) Redução dos custos
( ) Aumento da produtividade
120
( ) Previsibilidade maior do processo
( ) Valorização do bom nome da empresa
( ) Diminuição de problemas futuros, após o término da obra.
( ) Outros.
1.10. A empresa utiliza o controle tecnológico como forma de prevenção para minimizar
problemas de execução e melhoria de qualidade?
1.11. Na sua opinião controle tecnológico é custo ou investimento?
1.12 Como a empresa executa o revestimento das fachadas das suas obras?
Obedecendo ao projeto específico
Sim Não
Obedecendo a planejamento previamente estabelecido
Realizando controle rigoroso de recebimento e utilização dos materiais e sua
aplicação
Realizando algum controle de recebimento e utilização dos materiais e sua
aplicação?
Utilizando a experiência da empresa
1.13 Se a empresa elabora projeto específico para o revestimento cerâmico das fachadas,
assinale os itens que constam no projeto.
Sempre As
vezes
Nunca Não
sei
Memorial de especificação dos materiais
Definições geométricas, posicionamento e detalhes.
Memorial executivo (balancim, produção, logística)
Definições de controle de execução
Definições de controle tecnológico
Definição de rotina de manutenção e inspeção
Definição de treinamentos específicos
1.14. A empresa define os materiais a serem utilizados?
( ) na fase de elaboração dos projetos
( ) na fase anterior a elaboração dos projetos
( ) após a fase de elaboração dos projetos
1.15. Se a empresa não elabora projeto específico para o revestimento cerâmico das fachadas,
que critérios utilizam para o controle e recebimento dos materiais?
121
Tem parceria com os fornecedores A minha equipe é bastante
experiente
Busca informações em quem faz
controle
Peço certificados de garantia dos
materiais
Realizo alguns ensaios
Quais?
Não tenho maior preocupação
Outros procedimentos:
1.15 Existe CIPA na Obra? Se sim, como a mesma funciona?
1.16 A empresa fornece aos empregados os equipamentos de proteção individual?
1.17 A empresa fornece a proteção e manutenção de máquinas e equipamentos de uso
coletivo?
1.18 Existe treinamento inicial para o operário realizar a tarefa com segurança?
1.19 Os operários são preparados ou treinados para realizar as atividades com segurança?
1.20 Foi elaborado o PCMAT para esta obra? Esta sendo implementado?
1.21 Como são as condições gerais de limpeza da obra?
2. Materiais e Fornecedores
2.1. A empresa realiza algum tipo de seleção dos fornecedores e materiais a serem
aplicados nas obras? Explique.
2.2 Quais os critérios utilizados pela empresa para selecionar fornecedores?
2.3. Escolha das Argamassas de Chapisco e Emboço
2.3.1 Escolhidos os materiais a serem utilizados, no chapisco e emboço, realiza
algum tipo de ensaios experimentais para verificação dos resultados, antes do início
dos serviços? Quais?
122
2.4. Escolha da Argamassa Colante
2.4.1. Escolhido o tipo de argamassa colante para o assentamento das cerâmicas,
realiza algum tipo de ensaios experimentais para verificação dos resultados, antes do
início dos serviços? Quais?
2.5. Escolha da Argamassa para Rejuntamento
2.5.1 Escolhido o tipo de argamassa de rejuntamento realiza algum tipo de ensaios
experimentais para verificação dos resultados, antes do início dos serviços? Quais?
2.6. Escolha do Mástique
2.6.1 Escolhido o tipo de mástique realiza algum tipo de ensaios experimentais para
verificação dos resultados, antes do início dos serviços?
2.7. Recebimento de Materiais
2.7.1 Quais os critérios para controle de recebimento dos materiais utilizados nas
obras?
2.8. Armazenamento de Materiais
2.8.1 Quais os critérios para controle de armazenamento dos materiais utilizados nas
obras?
3. Mão-de-obra
3.1 A empresa utiliza apenas mão-de-obra própria? Caso não, quais são os serviços
geralmente terceirizados?
3.2 Qual o sexo dos funcionários?
( ) Homem ( ) Mulher
3.3 Qual a faixa etária da mão-de-obra?
( ) 20 a 30 ( ) 31 a 40 ( ) 41 a 50
3.4 Qual o grau de escolaridade?
( )1º grau ( ) 2º grau incompleto ( ) 3º grau
3.5 Qual a jornada de trabalho?
123
3.6 Qual a freqüência de ocorrência de horas-extras?
3.7. Qual a forma de pagamento da mão-de-obra?
( ) semanal ( ) quinzenal ( ) mensal
3.8. Qual a origem da mão-de-obra?
4. Controle do Processo do Revestimento Argamassado
4.1 A empresa adota algum critério para controle de produção do processo de revestimento
argamassado nas obras? Quais?
5. Controle do Processo do Revestimento Cerâmico
5.1 A empresa adota algum critério para controle de produção nas obras? Quais?
6. O processo do fluxo de materiais para a execução do revestimento argamassado
Descreva o fluxo de materiais necessários para a execução do revestimento argamassado.
Ex: Recebimento; transporte; armazenagem; transporte; betoneira ou argamassadeira;
transporte; armazenamento e assentamento. (levando-se em conta os diversos materiais que
porventura façam parte da composição do revestimento argamassado)
7. O processo do fluxo de materiais para a execução do revestimento cerâmico
Descreva o fluxo de materiais necessários para a execução do revestimento cerâmico.
Ex: Recebimento; transporte; armazenagem; transporte; betoneira ou argamassadeira;
transporte; armazenamento e assentamento. (levando-se em conta os diversos materiais que
façam parte da composição do revestimento cerâmico).
124
APÊNDICE B – Roteiro de entrevista a nível operacional
1. Materiais e Fornecedores
1.1. A empresa define os materiais a serem utilizados?
( ) na fase de elaboração dos projetos
( ) na fase anterior a elaboração dos projetos
( ) após a fase de elaboração dos projetos
1.2. A empresa realiza algum tipo de seleção dos fornecedores e materiais a serem
aplicados nas obras? Explique.
1.3 Quais os critérios utilizados pela empresa para selecionar fornecedores?
1.4. Escolha das Argamassas de Chapisco e Emboço
1.4.1 Escolhidos os materiais a serem utilizados, no chapisco e emboço, realiza
algum tipo de ensaios experimentais para verificação dos resultados, antes do início
dos serviços? Quais?
1.5. Escolha da Argamassa Colante
1.5.1. Escolhido o tipo de argamassa colante para o assentamento das cerâmicas,
realiza algum tipo de ensaios experimentais para verificação dos resultados, antes do
início dos serviços? Quais?
1.6. Escolha da Argamassa para Rejuntamento
1.6.1 Escolhido o tipo de argamassa de rejuntamento realiza algum tipo de ensaios
experimentais para verificação dos resultados, antes do início dos serviços? Quais?
1.7. Escolha do Mástique
1.7.1 Escolhido o tipo de mástique realiza algum tipo de ensaios experimentais para
verificação dos resultados, antes do início dos serviços?
1.8. Recebimento de Materiais
125
1.8.1 Quais os critérios para controle de recebimento dos materiais utilizados nas obras?
1.9. Armazenamento de Materiais
1.9.1 Quais os critérios para controle de armazenamento dos materiais utilizados nas
obras?
2. Mão-de-obra
2.1. Qual o grau de escolaridade?
( )1º grau ( ) 2º grau incompleto ( ) 3º grau
2.2. Qual a jornada de trabalho?
2.3. Qual a freqüência de ocorrência de horas-extras?
2.4. Qual a forma de pagamento da mão-de-obra?
( ) semanal ( ) quinzenal ( ) mensal
2.5. Qual a origem da mão-de-obra?
2.6 Qual o sexo dos funcionários?
( ) Homem ( ) Mulher
3. Controle do Processo do Revestimento Argamassado
3.1 Você tem conhecimento que a empresa adota algum critério para controle de produção do
processo de revestimento argamassado nas obras? Quais?
4. Controle do Processo do Revestimento Cerâmico
4.1 Você tem conhecimento que a empresa adota algum critério para controle de produção nas
obras? Quais?
5. O processo do fluxo de materiais para a execução do revestimento argamassado
Descreva o fluxo de materiais necessários para a execução do revestimento argamassado.
126
Ex: Recebimento; transporte; armazenagem; transporte; betoneira ou argamassadeira;
transporte; armazenamento e assentamento. (levando-se em conta os diversos materiais que
porventura façam parte da composição do revestimento argamassado)
6. O processo do fluxo de materiais para a execução do revestimento cerâmico
Descreva o fluxo de materiais necessários para a execução do revestimento cerâmico.
Ex: Recebimento; transporte; armazenagem; transporte; betoneira ou argamassadeira;
transporte; armazenamento e assentamento. (levando-se em conta os diversos materiais que
façam parte da composição do revestimento cerâmico).
127
APÊNDICE C – Roteiro da Observação do Processo de Execução do RCF
Obs.: Este roteiro teve como base o Procedimento operacional-padrão (da Figura 14 e do
Quadro 11) obtido pela compilação de informações da revisão bibliográfica realizada no
capítulo 02 do presente trabalho.
1. Seqüência das Atividades Observadas
1.1 Verificar a existência dos documentos de referência para a execução do RCF
- Projeto de Revestimento de Fachada
- Projeto de Arquitetura
- NBR – 13755 - Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas
e com utilização de argamassa colante – Procedimento
- NBR – 13749 – Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas –
Especificação.
- NBR – 7200 – Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas
inorgânicas - Procedimento
- NR18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
1.2 Verificar se as informações dos documentos de referências foram repassadas para os
executores do revestimento cerâmico de fachada
1.3 Verificar a existência de condições para o início do serviço.
- Todo o material necessário deve está disponibilizado, a área deve estar limpa e
desobstruída de materiais que impeçam o trabalho.
- As instalações elétricas e hidráulicas que interferem na fachada devem está
concluídas e testadas.
- Contramarco assentados.
1.4 Verificar o método executivo do Revestimento Cerâmico de Fachada
1.4.1 Verificar como está sendo executado o preparo da base
1.4.2 Verificar como está sendo executado o emboço
1.4.3 Verificar como está sendo realizado o assentamento das placas cerâmicas
1.4.4 Verificar como está sendo executado o rejuntamento
1.4.5 Verificar como está sendo realizado o tratamento das juntas
1.4.6 Verificar como é realizada a entrega dos serviços da equipe executora para a
equipe de controle/fiscalização da obra
1.4.7 Verificar quais são as ferramentas coletivas e individuais que são utilizadas
para a execução do revestimento cerâmico de fachada
1.4.8 Verificar quais são os equipamentos que são utilizados para a execução do
revestimento cerâmico de fachada
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