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Universidade Federal da Paraíba
Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia de Produção
Mestrado em Engenharia de Produção
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO EM UM MATADOURO
BOVINO: UM ESTUDO DE CASO
Fabiana Ponte Pedrosa
JOÃO PESSOA – PB
Junho/2006
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FABIANA PONTE PEDROSA
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO EM UM MATADOURO
BOVINO: UM ESTUDO DE CASO
JOÃO PESSOA – PB
Junho/2006
Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação em
Engenharia de Produção da Universidade Federal da Paraíba
UFPB, como um dos requisitos de obtenção do grau de Mestre em
Engenharia de Produção.
ORIENTADOR: Prof. Ph.D Francisco Soares Másculo
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AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO EM UM MATADOURO
BOVINO: UM ESTUDO DE CASO
Dissertação apresentada em 30/06/2006 e aprovada pela Banca Examinadora,
constituída pelos professores:
____________________________________
Prof. PhD. Francisco Soares Másculo
Orientador - UFPB
____________________________________
Prof.
Dr. Luis Bueno da Silva
Examinador - UFPB
_____________________________________
Prof. Dr. Antônio Fernando Oliveira de Andrade Pereira
Examinador Externo - UFPE
4
Ao meu pai, pelo apoio incondicional e
minha mãe por me iluminar hoje e
sempre. Amo vocês!
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me conceder sabedoria, perseverança e força para lutar por meus
objetivos.
Ao meu pai, Carlos Pedrosa, antes de tudo um grande amigo, exemplo de
inteligência, paciência, amor e humildade. Obrigada por me ensinar a ser uma pessoa
melhor.
A minha mãe, que embora esteja em outra dimensão, me ilumina e protege.
Aos meus irmãos, Tati e Carlão, que sempre torceram pelo sucesso deste
trabalho.
Ao professor Francisco Másculo (Chicão), pelas orientações, sempre seguras e
oportunas de seus conhecimentos, facilitando clarear minhas idéias e ponderações, de
forma amiga e dedicada. Um exemplo de pessoa e profissional.
Ao professor Bueno pelas orientações e rica colaboração no decorrer deste
estudo.
Ao professor João Agnaldo pela grande ajuda, principalmente na parte
estatística.
Ao professor Antônio Fernando, pelo enriquecimento desta pesquisa.
A todos os professores do departamento, pela amizade e ensinamentos, seja na
graduação, especialização ou mestrado.
A empresa CODESAIMA que me proporcionou a realização deste trabalho, em
especial, aos engenheiros Antônio Wilson, Antônio Uchoa e Glêdison.
Ao gerente operacional da CODESAIMA, Dr. Ronaldo, pela colaboração e
paciência dedicadas à realização deste trabalho.
Aos funcionários do MAFIR, pela paciência e colaboração. Sem vocês não seria
possível a realização deste estudo.
A Rosangela pelo apoio e ajuda.
A todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a concretização
deste trabalho.
6
“Pensamos em demasia e sentimos
bem pouco, mais do que quinas,
precisamos da humanidade; mais do
que inteligência, precisamos de afeto e
doçura. Sem essas virtudes a vida
será de violência e tudo será perdido ’’.
Charlin Chaplin
7
SUMÁRIO
RESUMO .......................................................................................................................
7
ABSTRACT ....................................................................................................................
8
LISTA DE ABREVIAÇÕES ............................................................................................
11
LISTA DE TABELAS, FIGURAS E GRÁFICOS............................................................. 12
CAPÍTULO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL DA PESQUISA.................................
14
1.1 Definição do Tema e Problema de Pesquisa...........................................................
14
1.2 Justificativa da Pesquisa......................................................................................... 16
1.3 Objetivos...................................................................................................................
19
1.3.1 Objetivo Geral........................................................................................................
19
1.3.2 Objetivos Específicos ...........................................................................................
19
1.4 Limitações ................................................................................................................
19
1.5 Estrutura ..................................................................................................................
20
CAPÍTULO 2 – REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................
21
2.1 Caracterização da produção bovina no Brasil .........................................................
21
2.1.1 Composição do rebanho bovino brasileiro e roraimense ..................................... 21
2.2 Aspectos Gerais sobre a Ergonomia....................................................................... 23
2.3 Aspectos Organizacionais na Ergonomia.................................................................
26
2.4 Metodologia Ergonômica – Análise Ergonômica do Trabalho..................................
28
2.4.1 Análise da Demanda............................................................................................. 29
2.4.2 Análise da Tarefa...................................................................................................
31
2.4.3 Análise da Atividade..............................................................................................
35
2.5 Ambiente de Trabalho .............................................................................................
38
2.5.1 Avaliação das condições de iluminação................................................................
39
2.5.2 Avaliação do ruído.................................................................................................
43
2.5.3 Condições de temperatura ...................................................................................
45
2.6 Diagrama das áreas dolorosas ................................................................................
47
2.7 Riscos de Acidentes ................................................................................................
48
2.7.1 Riscos Mecânicos .................................................................................................
48
2.7.2 Riscos Físicos .......................................................................................................
48
2.7.3 Riscos Químicos ...................................................................................................
49
8
2.7.4 Riscos Biológicos ..................................................................................................
50
2.7.5 Riscos Ergonômicos .............................................................................................
50
2.7.6 Riscos Sociais ......................................................................................................
51
CAPÍTULO 3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................
52
3.1 Método de Procedimento .........................................................................................
52
3.2 Tipo de pesquisa .....................................................................................................
52
3.3 Variáveis...................................................................................................................
54
3.4 Ambiente da Pesquisa..............................................................................................
53
3.5 Técnicas e Instrumentos de Coleta de Dados .........................................................
55
3.5.1 Técnicas de Medição ...........................................................................................
55
3.6 Metodologia de Análise Ergonômica do Trabalho ...................................................
57
3.6.1 Análise da Demanda ............................................................................................ 57
3.6.2 Análise da Tarefa ..................................................................................................
57
3.6.3 Análise da Atividade .............................................................................................
59
CAPÍTULO 4 - DESCRIÇÃO DO CASO........................................................................
60
4.1 Descrição do Caso ..................................................................................................
60
4.1.1 A Empresa .......................................................................................................... 60
4.2 Descrição do Processo Produtivo ...........................................................................
64
CAPÍTULO 5 - APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ..
75
5.1 Metodologia..............................................................................................................
75
5.2 Correlações .............................................................................................................
96
5.3 Aplicação de Teste não-paramétricos 100
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO...................................................
103
6.1 Conclusão ................................................................................................................
103
6.2 Recomendação .......................................................................................................
106
REFERÊNCIAS .............................................................................................................
107
APÊNDICE (S) ..............................................................................................................
108
9
LISTA DE TABELAS, FIGURAS e GRÁFICOS
TABELA 1 Efetivo de rebanhos no Brasil e principais Estados da Federação
21
TABELA 2 – Efetivo de rebanhos na região Norte e Estados .............................
22
TABELA 3 – Bois abatidos anualmente em Roraima ......................................... 22
TABELA 4 –
Níveis de iluminação recomendados para algumas tarefas ...........
41
TABELA 5 – Riscos físicos e conseqüências .....................................................
49
TABELA 6 – Riscos químicos e conseqüências ................................................
49
TABELA 7 – Riscos biológicos e conseqüências ...............................................
50
TABELA 8 – Setores e atividades no MAFIR ......................................................
61
TABELA 9 – Percentual de acidentes por setor ..................................................
86
TABELA 10 – Características físicas do MAFIR .................................................
89
TABELA 11 – Temperaturas de bulbo úmido, globo e IBUTG.............................
90
TABELA 12 – Níveis de iluminância ....................................................................
91
TABELA 13 – Níveis de ruído .............................................................................
92
TABELA 14 – Riscos de acidentes .....................................................................
93
TABELA 15 – Distribuição de freqüência conjunta entre V6xV16 94
TABELA 16 -Distribuição de freqüência conjunta entre V11xV16 95
TABELA 17 -Distribuição de freqüência conjunta entre V12xV13 95
TABELA 18 -Distribuição de freqüência conjunta entre V15xV16 95
FIGURA 1 – Animais na rampa de acesso .........................................................
65
FIGURA 2 – Animais durante o banho ................................................................
65
FIGURA 3 – Animal sendo suspenso ..................................................................
65
FIGURA 4 – Sangria ...........................................................................................
65
FIGURA 5 – Primeiro transpasse.........................................................................
67
FIGURA 6 – Gola................................................................................................
67
FIGURA 7 – Retirada do couro............................................................................
67
FIGURA 8 – Sala de cabeça ...............................................................................
68
FIGURA 9 – Evisceração....................................................................................
69
FIGURA 10 – Mesa de Inspeção Federal ...........................................................
69
10
FIGURA 11 – Serra de cima ..............................................................................
69
FIGURA 12 – Identificação das carcaças............................................................
70
FIGURA 13 – Sala de Mocotó .............................................................................
70
FIGURA 14 – Bucharia Limpa .............................................................................
71
FIGURA 15 – Bucharia Suja ...............................................................................
71
FIGURA 16 – Trituração ......................................................................................
72
FIGURA 17 – Graxaria ........................................................................................
73
FIGURA 18 – Sala de Miúdos..............................................................................
74
FIGURA 19 – Tendal ...........................................................................................
74
GRÁFICO 1 – Percentual de funcionários classificados por sexo ......................
77
GRÁFICO 2 – Percentual de funcionários em relação a idade ..........................
77
GRÁFICO 3 – Percentual de funcionários em relação ao estado civil ................
78
GRÁFICO 4 – Percentual de funcionários em relação ao tempo no MAFIR ......
78
GRÁFICO 5 – Percentual de funcionários em relação ao tempo na função .......
79
GRÁFICO 6 – Percentual de funcionários em relação ao setor .........................
79
GRÁFICO 7 – Existência de descanso durante a jornada ..................................
80
GRÁFICO 8 – Movimentos Repetitivos ...............................................................
81
GRÁFICO 9 – Revezamento de função durante a jornada .................................
81
GRÁFICO 10 – Dificuldade de relacionamento ...................................................
82
GRÁFICO 11 –
Excesso de pressão ...................................................................
82
GRÁFICO 12 – Posição durante o trabalho ........................................................
83
GRÁFICO 13 – Estado físico ao final do expediente ..........................................
83
GRÁFICO 14 – Disponibilidade de EPI ...............................................................
84
GRÁFICO 15 – Percentagem de utilização de EPI .............................................
84
GRÁFICO 16 – Ocorrência de acidentes do trabalho .........................................
85
GRÁFICO 17 – Tipo de acidente ........................................................................
85
GRÁFICO 18 – Tipo de acidente ........................................................................
87
GRÁFICO 19 – Tipo de acidente ........................................................................
87
GRÁFICO 20 – Freqüência de dor ......................................................................
95
GRÁFICO 21 – Diagrama de dor ........................................................................
95
11
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
AET – Análise Ergonômica do Trabalho
ASME – Sociedade Americana de Engenharia Mecânica
ASTEC – Assessoria Técnica
CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho
CIPA – Comissão Interna de Prevenção a Acidentes
CODESAIMA – Companhia de Desenvolvimento de Roraima
dB – Decibéis
EPI – Equipamento de Proteção Individual
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBUTG – Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo
kHz – Kilohertz
MAFIR – Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima
NR – Norma Regulamentadora
PCMSO – Programa de Controle Medico e Saúde Ocupacional
SIE – Sistema de Inspeção Estadual 53
SIF – Sistema de Inspeção Federal 61
62
63
63
64
64
12
RESUMO
PEDROSA, Fabiana Ponte. Avaliação das Condições de Trabalho em um Matadouro
Bovino: Um estudo de Caso. João Pessoa, 2006. 109 f. Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção , Universidade Federal da
Paraíba - UFPB.
Este trabalho visa identificar as condições atuais de trabalho no Matadouro Industrial de
Roraima - MAFIR, mais precisamente, na sala de abate e nas salas de beneficiamento
da carne (sala de miúdos, sala de mocotó, sala de cabeça, bucharia, trituração, graxaria
e tendal) e verificar se estas condições estão causando danos á saúde de seus
colaboradores. Para tanto, este estudo teve como metodologia a utilização da Análise
Ergonômica do Trabalho, a qual analisa de um modo aprofundado e bastante
abrangente, os fatores que interferem no desenvolvimento da tarefa. Entre estes,
podemos destacar a análise física do ambiente, onde temperatura, nível de pressão
sonora e iluminação , foram avaliados quantitativamente, sendo comparados com os
valores indicados pela legislação vigente e apropriada. Verificamos que a maioria dos
parâmetros medidos o estavam adequados. Além destes, foram realizadas
entrevistas com quase a totalidade dos empregados, que geraram informações valiosas
para a identificação mais efetiva das pessoas que fizeram parte do estudo e
constatamos que a grande maioria dos funcionários havia sofrido algum acidente do
trabalho (52,3%) e sentem dores ao final da jornada. Com a análise do trabalho, foi
possível responder o problema de pesquisa e gerar algumas sugestões de mudança na
organização e no ambiente físico. Dentre as sugestões, foi proposto a implantação da
CIPA, a realização de técnicas de relaxamento, adequação das condições ambientais,
no que se refere a iluminação e temperatura, utilização de EPI’s, principalmente
mascaras, luvas e protetores auriculares e estabelecer o mesmo adicional de
insalubridade.
PALAVRAS-CHAVES: 1. Condições de Trabalho; 2. Análise Ergonômica; 3. Abate
Bovino.
13
ABSTRACT
PEDROSA, Fabiana Ponte. Evaluation of the Conditions of Work in a Bovine Slaughter
house: A study of Case. João Pessoa, 2006, 109 f. Dissertação presented to the
Program of Pos-Graduation in Engineering of Production, Federal University of Paraíba -
UFPB.
This work aims to identify the current conditions of work in the Industrial Slaughter house
of Roraima - MAFIR, more necessarily, in the room of abates and in the rooms of
improvement of the meat (room of small, room of mocotó, room of head, bucharia,
trituração, graxaria and tendal) and to verify if these conditions are causing damages to
the health of its collaborators. For in such a way, this study had as methodology the use
of the Ergonomic Analysis of the Work, which analyzes in a deepened and sufficiently
including way, the factors that intervene with the development of the task. Among these,
we can detach the physical analysis of the environment, like temperature, sound
pressure level and illumination, had been evaluated quantitatively, being compared with
the values indicated for the current law and appropriate. We verify that the majority of
the measured parameters was not adjusted. Beyond these, had been carried through
interviews with almost totality of employees, that had generated valuable information for
the identification more effective of the people who had been part of the study and
evidence that the great majority of the employees already had suffered some
employment-related accident (52,3%) and feels pains in the end of the day. With the
analysis of the work, were possible to answer the research problem and to generate
some suggestions of change in the organization and the environment physicist.
Amongst the suggestions, it was considered the implantation of the CIPA, the
accomplishment of relaxation techniques, adequacy of the ambient conditions, as for
illumination and temperature, use of EPI's, mainly you mask, auricular gloves and
protectors e to establish the same additional of insalubridade.
KEYS-WORDS: 1, Conditions of Work; 2, Ergonomic analysis; 3. It abates Bovine.
14
CAPÍTULO 1- CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL DA PESQUISA
1.1 Definição do Tema e Problema de Pesquisa
No contexto da realidade atual, a busca da qualidade deixou de ser preocupação
apenas das grandes empresas industriais e passou a constituir-se em prioridade para
toda organização desejosa de seu desenvolvimento. Neste sentido, a qualidade de
trabalho é um fator primordial para aqueles que almejam satisfazer os seus
trabalhadores.
Para Régis Filho (1998) pouca ou nenhuma atenção é dada à qualidade de vida
no trabalho, sendo que, normalmente, os postos de trabalho são, na verdade, postos de
tortura, o que não é um privilégio da era moderna, mas sim uma cultura que
acompanha todas as fases da introdução do sistema capitalista.
Vieira (1997) afirma que a cultura do trabalho de uma empresa deve ser
focalizada na importância do homem, cuidando de sua saúde, qualidade de vida, e
capacitação. Trabalhadores valorizados e satisfeitos produzem melhor e colaboram
prazerosamente com o crescimento da empresa.
A mesma autora enfatiza que quando uma empresa oferece condições dignas de
trabalho para o trabalhador, este não tentará produzir o suficiente pela pressão ou
medo de perder o emprego, mais vai fazer melhor, o por medo, mas para preservar
aquilo que valoriza.
O estudo da adaptação confortável e produtiva entre o trabalhador e as
condições do seu trabalho é feito através de um conjunto de disciplinas chamada
ergonomia.
A ergonomia difere de outras áreas do conhecimento pelo seu caráter
interdisciplinar e pela sua natureza aplicada, ou seja, a adaptação do posto de trabalho
e ambiente às características e necessidades do trabalhador (Dul et al., 1995, p.14).
Segundo Grandjean (1998), a ergonomia é a ciência que estuda a interação
entre o homem e o seu universo de trabalho, este constituído de máquinas,
15
equipamentos, mobiliários, ambiente físico e organizacional, visando sempre à
segurança, à eficiência e à melhoria da qualidade de vida do trabalhador.
Tratando-se de ergonomia, Guérin et al. (2001) expõe que a meta principal é
minimizar os custos humanos, proporcionar conforto e garantir a saúde e segurança do
trabalhador e/ou das pessoas em geral. Deste modo, as tarefas tornam-se menos
penosas e os sistemas de produção mais adaptados ao homem, proporcionando ao
mesmo tempo maior produtividade e qualidade, seja qual for o ramo da atividade
humana.
A prática da ergonomia poderá criar ambientes e trabalhadores saudáveis e,
conseqüentemente, produtos e serviços com qualidade. As organizações, ao
proporcionar mais conforto ao trabalhador, estão contribuindo não para o bem-estar
humano e aumento da eficiência, mas, sobretudo para a qualidade de vida como um
todo, resultando fluidez do trabalho e aumento na qualidade dos serviços prestados. As
empresas que querem manter o seu bem - estar econômico têm de desenvolver e
preservar o seu maior patrimônio - o trabalhador. Ao buscarem maior produtividade e
melhor qualidade dos seus produtos e serviços não devem privilegiar todos e
processos em detrimento do fator humano.
O tema dessa dissertação consiste na análise das condições de trabalho em um
matadouro, utilizando a abordagem ergonômica do trabalho. Com essa análise, será
possível o fornecimento de informações acerca dos aspectos ambientais (ruído,
temperatura, iluminação e umidade), os aspectos técnicos (máquinas, layout e
mobiliário), os aspectos organizacionais (divisão de trabalho, trabalho em turnos, ritmo
de trabalho) e, ainda as relações pessoais (dificuldade de relacionamentos, excesso de
pressão das chefias), as quais o trabalhador está inserido.
O abate bovino, alvo deste trabalho, caracteriza-se como uma das mais típicas
tarefas de repetitividade, além de exigir grande esforço físico nos membros superiores.
Neste estudo serão analisados os seguintes fatores: análise da demanda envolvendo
dados da empresa, estrutura e funcionamento do processo de produção, população
envolvida e situação do trabalho; análise da tarefa compreendendo sistemas homens-
máquinas e sistemas homens-tarefas, elaboração e aplicação de entrevista; análise da
16
atividade, com avaliação das posturas corporais, com auxílio de fotografias e filmagens
in loco.
Diante deste contexto, o presente estudo consiste em apresentar o
seguinte problema de pesquisa: As condições atuais de trabalho no Matadouro e
Frigorífico Industrial de Roraima - MAFIR, no setor de abate e salas de
beneficiamento estão causando danos à saúde dos trabalhadores e
especialmente estão de acordo com as normas vigentes?
Como resposta ao problema de pesquisa será possível propor mudanças na
situação estudada, visando a uma transformação para melhor, nas condições de
trabalho. Espera-se que, com a adoção das recomendações citadas, possam-se
alcançar resultados satisfatórios, tanto para ao empregador, mas principalmente para
os empregados, principais objetos deste estudo.
1.2 Justificativa da Pesquisa
Atualmente, percebe-se que as duas maiores prioridades das organizações são
os altos índices de produtividade e os níveis de qualidade. Dessa forma, o trabalhador
ocupa um lugar privilegiado, se tornando um dos principais elementos para o alcance
destas prioridades. Neste contexto, torna-se de suma importância, que o individuo
realize seu trabalho com segurança, auto-satisfação e bem estar. Para tanto, os
estudos de ergonomia são de elevada importância, sendo considerados aspectos como
o ser humano, as condições físicas e organizacionais de trabalho.
A Ergonomia melhora as condições de trabalho aumentando a eficiência,
reduzindo o desconforto físico e os custos humanos, aumentando com isso a produção.
Estes conflitos aparecem na forma de custo humano para os trabalhadores na forma de
fadiga, doenças profissionais, lesões temporárias ou permanentes, mutilações, mortes,
incidentes, erros excessivos, paradas não controladas, lentidão e outros problemas de
desempenho. Tais ocorrências geram acréscimo nos custo da produção, desperdício de
matérias-primas, baixa qualidade dos produtos executados (MORAES, 2000).
O interesse pelo estudo no posto de trabalho escolhido tem sua razão de ser em
função de o autor trabalhar na empresa pesquisada. Por outro lado, a vivência do autor
em relação às várias etapas do processo produtivo, fruto de experiências anteriores, fez
17
com que este pudesse adquirir uma visão macro sobre o funcionamento deste setor
produtivo.
Na empresa estudada, o número de acidentes de trabalho é alto, embora não
exista, ao momento, casos fatais; a incidência de mutilações, cortes, problemas de
coluna, dentre outros são fatos comuns e corriqueiros. A empresa conta com um quadro
de 150 funcionários distribuídos nos vários setores, sendo que no setor de abate atuam
86 empregados. O MAFIR (Matadouro e Frigorífico industrial de Roraima) é o maior
matadouro do Estado de Roraima, tanto em número de funcionários, como em número
de bois abatidos ao dia; estes dados são de relevância significativa.
Para Regis Filho (1998), as condições e a organização do trabalho são fatores
preponderantes no estado de saúde integral do trabalhador. O trabalho fazendo parte
da vida do ser humano não pode ser causa de seu sofrimento físico, psíquico e
emocional. O mesmo autor enfatiza que tarefas que resultam em esforços adicionais,
em virtude da organização do trabalho, deixam marcas indeléveis no trabalhador.
Segundo Fialho e Godoi (1997), enquanto as condições de trabalho têm por alvo
principalmente o corpo dos trabalhadores, a organização do trabalho, por outro lado,
atua em nível do funcionamento psíquico.
Podemos caracterizar como condições de trabalho, os meios pelos quais os
trabalhadores desenvolvem suas atividades, o importando quais sejam elas, porém
são elas que irão determinar o sucesso ou insucesso da produtividade, bem como o
bem estar do trabalhador.
Nas últimas décadas, tem-se observado de forma progressiva a substituição da
prestação de serviços braçais, por equipamentos, através da instalação de sistemas
automatizados e informatizados. Para isso, o trabalhador está sendo submetido a uma
adaptação súbita frente às solicitações de novas condições e organizações de trabalho
que, muitas vezes, implica na manutenção de posturas estafantes, levando o indivíduo
permanecer a maior parte do tempo sentado ou em pé.
Com as modificações realizadas subitamente no ambiente de trabalho, as
atividades tornam-se cada vez mais específicas, exigindo grande esforço físico e mental
do trabalhador, que se deve a não disponibilidade de tempo para adaptação do
18
organismo a este desenvolvimento, tornando-se justificável o número cada vez mais
crescente de doenças ocupacionais.
Podemos citar alguns requisitos que podem indicar a necessidade de elaboração
de um estudo ergonômico:
a) Trabalho que exija um grande esforço físico;
b) Trabalho que exija posturas rígidas ou fixas (só sentado, ou só em pé);
c) Introdução de novas tecnologias ou mudanças no processo de produção;
d) Alto índice de rotatividade da mão de obra ;
e) Freqüência e gravidade de acidentes de trabalho (CAT);
f) Presença maciça de pessoas em idade avançada;
g) Queixas de dores musculares (PCMSO, Controle de atendimento médico da
empresa, etc.);
h) Pagamento de prêmios de produtividade (Contra cheques);
i) Conflitos freqüentes com os empregados;
j) Trabalho exigindo movimentos repetitivos;
l) Trabalhos em turnos;
m) Trabalhos exigindo grande precisão e qualidade;
n) Alta taxa de absenteísmo;
No processo de abate bovino pelo menos cinco requisitos destes são
encontrados. A exemplos dos itens a, b, f, g e j.
Segundo Cruz (2001), as atuais transformações no mundo do trabalho e os
impactos da reestruturação produtiva parecem ter aumentado as proporções das
implicações sobre a saúde dos trabalhadores, ampliando e tornando mais complexa a
avaliação dos sintomas de dor, desconforto físico e psicológico.
No caso dos trabalhadores de linha de produção, são diversos os fatores de
risco, desde a postura em que realizam suas atividades, até as rotações de tronco. A
realização destas atividades, por tempo prolongado, poderá trazer algum tipo de
distúrbio em alguma região do corpo.
Nesse sentido, o estudo se justifica pela abordagem metodológica com que se
pretende fornecer subsídios para compreender o método de análise ergonômica do
trabalho, contribuindo para o melhoramento das condições de trabalho e verificação de
19
possível ocorrência de danos à saúde dos trabalhadores do matadouro bovino em
estudo.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
Verificar se as condições atuais de trabalho no Matadouro e Frigorífico Industrial
de Roraima - MAFIR, no setor de abate e salas de beneficiamento estão causando
danos à saúde dos trabalhadores e especialmente estão de acordo com as normas
vigentes.
1.3.2 Objetivos específicos
Analisar o processo produtivo;
Mostrar a aplicação da Análise Ergonômica do Trabalho numa empresa do setor
de abate bovino;
Utilizar a Correlação de Pearson entre as variáveis mais significativas;
Analisar os fatores ambientais: ruído, temperatura e iluminação dos postos de
trabalho;
Apresentar os riscos ocupacionais que os funcionários estão expostos;
Apresentar sugestões de melhoria nas condições e organização do trabalho a
partir de uma perspectiva ergonômica.
1.4 Limitações do trabalho
Este estudo foi desenvolvido no setor de bovino, no Matadouro Industrial de
Roraima - MAFIR, localizado em Boa Vista - RR. A população envolvida se resume aos
trabalhadores do abate e das salas de processamento (sala de miúdos, sala de mocotó,
sala de cabeça, bucharia, trituração, graxaria e tendal).
O trabalho limitou-se a efetuar um estudo nas condições de trabalho nestes
setores, avaliando as condições ambientais, aplicação de entrevistas e tratamento das
variáveis obtidas nesta.
20
1.5 Estrutura do Trabalho
Esta dissertação é composta por seis capítulos, sendo que no primeiro capítulo é
apresentado o tema e o problema de pesquisa, seguido dos objetivos gerais e
específicos e limitação da pesquisa.
No capítulo dois, está contemplado o referencial teórico baseado na bibliografia
pesquisada, onde se buscou o suporte teórico e metodológico para fundamentar o
trabalho e embasar a discussão.
O capítulo três trata dos procedimentos metodológicos utilizados. Ressalta o
método de procedimento, o tipo de pesquisa, variáveis, ambiente de pesquisa
procedimentos para coleta de dados e análise de dados e resultados da pesquisa.
O quarto capítulo descreve a empresa na qual foi realizada a pesquisa,
fornecendo informações acerca dos setores e atividades desenvolvidas, bem como o
número de funcionários em cada setor. Em seguida é exposto, de uma forma
detalhada, todo o processo produtivo do abate, desde a recepção do animal até a
expedição do produto final.
O capítulo cinco descreve a metodologia e apresenta os resultados obtidos na
pesquisa, bem como as correlações entre as variáveis mais significativas.
No capitulo seis apresenta-se a conclusão do trabalho, as recomendações de
futuros estudos e as referências bibliográficas utilizadas no presente estudo, como
também os apêndices.
21
CAPÍTULO 2- REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Caracterização da produção bovina no Brasil
2.1.1 Composição do rebanho bovino brasileiro e roraimense
Nos últimos 40 anos tem se alterado a distribuição do rebanho bovino no
território nacional, com a concentração no eixo centro-sul deslocando-se
progressivamente para o eixo centro-norte do país. E esta reconfiguração deve-se
principalmente ao menor preço das terras nas novas fronteiras de produção
agropecuária (IBGE, 2005).
Atualmente o rebanho bovino brasileiro está estimado em 204,512 milhões de
cabeças, sendo 20% com finalidade de produção leiteira e 80% para corte. A população
de zebuínos e seus cruzamentos representam cerca de 80% do efetivo nacional (IBGE,
2005; Josakhian, 1999).
Na tabela abaixo é informado o número de cabeças bovinas, no Brasil e nos
cinco principais estados em quantidade de cabeças bovinas.
Tabela 1 - Efetivo de rebanhos no Brasil e principais Estados da Federação
Efetivo dos rebanhos (Cabeças)
Brasil 204.512.737
Mato Grosso 25.918.998
Mato Grosso do Sul
24.715.372
Minas Gerais 21.622.779
Goiás 20.419.803
Pará 17.430.496
Fonte: IBGE Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Brasil 2005.
Pela tabela podemos observar a participação do estado do Pará, na quinta
posição no ranking brasileiro em número de cabeças de boi, demonstrando a crescente
participação da região norte.
22
Na tabela a seguir, apresentamos os números nos Estados da região Norte do
Brasil:
Tabela 2 - Efetivo de rebanhos na região Norte e Estados
Efetivo dos rebanhos (Cabeças)
Norte 39.787.138
Pará 17.430.496
Rondônia 10.671.440
Acre 2.062.690
Amazonas 1.156.723
Roraima 459.000
Amapá 82.243
Fonte: IBGE Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Brasil 2005.
De acordo com o IBGE Roraima tem 459.000 cabeças de bois, mas pelo
número de doses de vacinas vendidas para febre aftosa no ano de 2005, Roraima
conta com número de 700 mil cabeças de bois.
Por informações fornecidas pela Secretaria de Agricultura de Roraima a taxa de
desfrute do rebanho é na faixa de 16 a 20%, levando em consideração o número de
700 mil cabeças de boi e uma taxa de desfrute de 18%, teríamos um número de 126
mil cabeças abatidas por ano em Roraima. O IBGE não disponibiliza o número de bois
abatidos em Roraima.
São 4 os Matadouros registrados em Roraima, que são os fiscalizados. A
Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado forneceu dados acerca do número de
bois abatidos no estado. A tabela abaixo informa os matadouros e o número de bois
abatidos / ano:
Tabela 3 - Bois abatidos anualmente em Roraima
Matadouros Cabeças abatidas/ano
MAFIR 43.200
Cantá 7.800
Pacaraíma 4.560
Baliza 3.600
Total 59.160
Fonte: Secretaria de Agricultura e Pecuária, Coordenação de Agropecuária, Brasil 2005
.
23
A tabela 3 nos fornece a informação que no Estado de Roraima, anualmente são
abatidos 59.160 cabeças de bois, mas de acordo com os dados anteriormente vistos,
seriam abatidos anualmente, uma média de 126.000 cabeças bovinas no Estado. Isso
demonstra que grande parte dos abates no Estado ainda ocorre de forma ilegal.
O MAFIR (Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima) tem a certificação SIF
(Sistema de Inspeção Federal)
onde contempla com autorização para comercializar
carnes para o mercado externo e todo o território nacional. O restante dos matadouros
do Estado apresentam SIE (Sistema de Inspeção Estadual)
que permite a
comercialização de carnes apenas dentro dos limites do Estado. Este dado comprova a
importância do Matadouro em estudo e acentua a necessidade da presente pesquisa.
A Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado de Roraima não tem dados
acerca do número de matadouros clandestinos, sabe-se que o número é elevado.
2.2 Aspectos Gerais sobre a Ergonomia
A existência do ser humano tem sido marcada pelo grande e contínuo desafio
pela sobrevivência, principalmente após a Revolução Industrial do século XVIII. Neste
período, o homem era considerado como mero instrumento, utilizado sem o menor
cuidado, e o importante era o que produzia, o importando como, e de que forma.
Anos mais tarde, com a introdução do pensamento contemporâneo o homem começou
a agir contra este tipo de insensibilidade, na tentativa de modificá-lo visando oferecer ao
trabalhador cuidados quanto ao seu bem-estar físico e mental.
Somente em 1857, foi introduzido o termo Ergonomia pelo cientista polonês
Wojciech Jastrzebowski. Esta definição foi criada juntando dois termos gregos, ergon =
trabalho e nomos = leis naturais. Daí, então, começou a modificar o ponto de vista a
respeito do trabalhador.
Posteriormente, a Ergonomia foi evoluindo e ampliando seus horizontes, sempre
buscando aprimorar as relações homem trabalho ambiente, conquistando cada vez
mais espaço e, atualmente, encontra-se difundida em diversas áreas priorizando a
saúde e segurança do trabalhador.
Iida (1990) define a Ergonomia como o estudo da adaptação do trabalho ao
homem. Neste contexto, o trabalho tem uma acepção bastante ampla, abrangendo não
24
apenas máquinas e equipamentos utilizados, mas também toda a situação que envolve
o homem e seu trabalho, ambiente físico, aspectos organizacionais, programação e
controle para produzir os resultados desejados.
Para Másculo (2003) a Ergonomia visa melhorar o trabalho humano. Ela estuda
as diversas capacidades que o homem utiliza para realizar suas atividades e, a partir
daí, faz a adaptação das maquinas, das ferramentas, do ambiente e da organização do
trabalho, ás características humanas.
Segundo Nascimento & Moraes (2000), a Ergonomia é uma ciência que,
independente da sua linha de atuação, estratégia e/ou métodos de estudos aplicados,
objetiva solucionar problemas da relação entre homem, máquina, equipamento,
ferramentas, programação de trabalho, instruções e informações, resolvendo conflitos
entre o homem e a tecnologia aplicada ao seu trabalho. Os autores descrevem três
formas de intervenção ergonômica, a fim de proporcionar conforto e bem-estar ao
indivíduo em seu trabalho, no lar e no lazer:
Ergonomia de concepção: a intervenção é feita na fase do projeto, interferindo
amplamente no posto de trabalho, instrumentos, máquina ou no sistema de
produção, na organização do trabalho ou mesmo na formação de pessoal;
Ergonomia de correção: a intervenção é feita no posto de trabalho instalado,
na atividade realizada ou no trabalhador. Atua de maneira restrita, modificando
elementos parciais do posto de trabalho e em seu usuário;
Ergonomia de conscientização: a intervenção é feita por meio de treinamento e
reciclagem periódicos dos trabalhadores, enfocando meios seguros de trabalho,
reconhecimento de fatores de risco e possíveis soluções a serem tomadas pelos
próprios trabalhadores.
Marcelin et al. (1982) ressaltam que os conhecimentos utilizados pela Ergonomia
não são próprios dela, mas "tomados de empréstimo" de outras disciplinas, mas a
organização e a utilização desses conhecimentos em uma dada situação, ou seja, a
metodologia empregada, ela sim, é própria da Ergonomia".
Abrahão (1993) ressalta que devido ao seu caráter interdisciplinar, a Ergonomia
exige uma confrontação de conhecimentos, relativos ao funcionamento do homem, no
que diz respeito ao aspecto psíquico e às funções fisiológicas. A interação desses dois
25
fatores delimita as capacidades e as compatibilidades do homem com relação a um
posto de trabalho.
De acordo com Wisner (1987) os contornos da prática deste corpo de
conhecimentos variam, mas quatro aspectos são constantes:
I. a utilização de dados científicos sobre o homem;
II. a origem multidisciplinar destes dados;
III. a aplicação sobre o dispositivo técnico e, de modo complementar, sobre a
organização do trabalho e a formação;
IV. a perspectiva do uso destes dispositivos cnicos pela população normal de
trabalhadores, por suas capacidades e limites, sem implicar a ênfase numa rigorosa
seleção que escolhe os "homens certos".
Podemos expor, então, que estudo da Ergonomia é a aplicação de princípios
científicos, extraídos das diferentes áreas contribuintes como, a Psicologia, a Fisiologia,
a Biomecânica, a Antropometria, dentre outras, com a finalidade de desenvolvimento de
estudos, objetivando a viabilidade de projetos de ambiente que proporcionem maior
segurança, na tentativa de melhorar cada vez mais a qualidade de vida e satisfação na
realização do trabalho.
A Ergonomia apresenta-se sobre diversos tipos, dentre eles encontra-se a
Ergonomia de campo que, constitui na pesquisa realizada a partir de uma situação real,
ou seja, é o estudo do homem no trabalho e em quais condições ele o realiza.
2.3 Aspectos Organizacionais na Ergonomia
Além das definições encontradas na literatura específica sobre a Ergonomia,
constata-se a grande relevância dada aos aspectos organizacionais, porém mesmo o
ambiente estando em plenas condições ergonômicas no que se refere ao mobiliário,
nada adiantará se não houver uma organização eficaz. Essa eficácia refere-se à
descoberta e reorganização de alguns aspectos imprescindíveis como, a melhor
26
maneira de executar um serviço, a utilização dos recursos mais apropriados, instruções
e treinamentos sobre o uso correto e a manutenção dos equipamentos necessários.
Segundo Vidal (2002) o conteúdo concreto a organização do trabalho envolve ao
menos seis aspectos independentes, quais sejam:
a) a repartição das tarefas no tempo (estrutura temporal, horários, cadencias de
produção) e no espaço (arranjo físico);
b) os sistemas de comunicação, cooperação e interligação entre atividades, ações e
operações;
c) as formas de estabelecimento de rotinas e procedimentos de produção;
d) a formulação e negociação de exigências e padrões de desempenho produtivo,
incluídos, os sistemas de supervisão e controle;
e) os mecanismos de recrutamento e seleção de pessoas para o trabalho;
f) os métodos de formação, capacitação e treinamento para o trabalho.
Existindo uma organização do trabalho na empresa, Marras et al (2000)
prega que é importante que se faça corretas definições e atribuições de tarefas, seleção
e treinamento, estabelecimento de planos salariais e de carreira e, principalmente, um
relacionamento franco e saudável entre os trabalhadores e a administração da
empresa.
É necessária a aplicação de conhecimentos de Ergonomia na organização do
trabalho, de modo que a monotonia, fadiga e erros sejam reduzidos, criando ambientes
mais cooperativos e motivadores.
Para manter o funcionamento do sistema organizacional de uma empresa,
segundo Vieira (2000), existe a necessidade de uma perfeita coordenação de diversos
fatores que se inter-relacionam dentro do sistema, de modo a produzir, determinado
nível de satisfação motivacional, que associado à estrutura, faz com que o objetivo
organizacional seja cumprido. Para que se chegue a este resultado deve haver
cooperação e conscientização de ambas as partes, tanto hierárquica como dos
trabalhadores, pois o trabalho não deve ser entendido apenas como um meio de ganhar
dinheiro, mas de expressar criatividades. O autor ressalta que quando o trabalhador é
submetido a um sistema organizacional muito rígido, onde ele não possa expressar
suas opiniões mediante o que se encontra em excesso, isto se torna motivo de
27
frustração para o trabalhador, frustração esta que decorre de um obstáculo interno ou
externo, que se interpõe sobre o desejo e a realização.
Iida (1990) considera primordial a análise das principais fontes de insatisfação
dos trabalhadores para atuar sobre os mesmos, fontes estas que na opinião do autor,
dependem, naturalmente do tipo de trabalho. As fontes podem ser agrupadas nas
seguintes categorias:
Ambiente físico: abrange o posto de trabalho e as condições físicas como
iluminação, temperatura, ruídos e vibrações. Se estes elementos não estiverem
dentro das faixas de tolerância humana, constituem-se em fontes de “stress” e de
insatisfação no trabalho.
Ambiente Psicossocial: abrange aspectos como sentimento de segurança e
estima, oportunidades de progresso funcional, percepção da imagem da
empresa, aspectos intrínsecos do trabalho, relacionamento social com os
colegas e os benefícios que o trabalhador recebe da empresa.
Remuneração: embora de uma maneira ou de outra, todos trabalhem para
ganhar dinheiro, este não é o melhor nem a maior motivação para o trabalho.
Jornada de Trabalho: essa questão geralmente é regulamentada por leis
trabalhistas em cada país, mas, além da jornada normais de trabalho muitas
empresas recorrem ao trabalho em horas extras.
Do ponto de vista ergonômico, as jornadas superiores a oito ou nove horas
diárias de trabalho são improdutivas. As pessoas que são obrigadas a trabalhar
jornadas superiores costumam reduzir seu ritmo durante a jornada normal, para
acumular reservas de energia para suportar as horas-extras.
Além disso, há uma correlação direta do volume de horas-extras com problemas
como doenças e absenteísmos.
Organização: deve abranger a busca de novas formas de organização do
trabalho, em que não seja necessário exercer controles rígidos sobre cada
atividade, mas margem para que cada um possa exercitar suas habilidades,
com sentimento de auto-realização.
28
Portanto, pode-se observar que a Ergonomia não está voltada apenas para a
adaptação do trabalho ao homem, mas também para a organização como um todo,
evidenciando a preocupação com a saúde e segurança do trabalhador.
2.4 Metodologia Ergonômica – Análise Ergonômica do Trabalho
Segundo Wisner (1994), a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é familiar aos
autores de língua francesa desde o livro de Ombredane & Faverge publicada em 1955,
que mostra o interesse de estudar a atividade real de trabalho dos operadores, não raro
muito diferente da atividade prescrita pela organização. O inventário das diferenças
entre atividades reais e atividades prescritas é extremamente útil para descobrir o que é
difícil, ou a impossível de realizar no trabalho prescrito ou o que foi mal
compreendido. Este inventário exige, em todo caso, formas diversas de melhoramento
do trabalho. O mesmo autor afirma que o objetivo principal da AET é conhecer como os
trabalhadores formulam de forma estável ou variável os problemas de seu trabalho
(situação e ação) e, de maneira mais restrita, como eles os resolvem.
De acordo com Laville (1977) análise ergonômica apresenta uma possibilidade
de compreensão mais abrangente da situação de trabalho através do estudo de todos
os componentes envolvidos numa situação de desempenho produtivo, relacionando-os
da mesma forma que se processam no cotidiano da empresa. Sendo assim, a análise
ergonômica do trabalho tem por objetivo a análise das exigências e condições reais da
tarefa e análise das funções efetivamente utilizadas pelos trabalhadores para realizar
sua tarefa.
Montmollin (1982, p.119-21) ressalta que a análise ergonômica do trabalho (AET)
permite não somente categorizar as atividades dos trabalhadores como também
estabelecer a narração destas atividades permitindo, conseqüentemente, modificar o
trabalho ao modificar a tarefa. Para este autor, o fato da análise ser realizada no próprio
local de trabalho, em oposição às análises de laboratório, permite a apreensão dos
fatores que caracterizam uma situação de trabalho real, envolvendo aspectos como
organização do trabalho e relações sociais.
Wisner (1994) afirma que a metodologia de análise ergonômica de trabalho varia
de um autor para outro e, sobretudo em função das circunstâncias da intervenção. No
29
entanto, de quinze anos para cá, vimos podendo apresentar uma metodologia coerente,
cuja eficiência se afirmou ao longo de centenas de estudos mais ou menos
aprofundados nas mais diversas áreas. Esta metodologia comporta cinco etapas de
importância e de dificuldade diferentes:
Análise da demanda e proposta de contrato;
Análise do ambiente técnico, econômico e social;
Análise das atividades e da situação de trabalho e restituição dos resultados;
Recomendações ergonômicas;
Validação da intervenção e eficiência das recomendações.
Vários são os estudos que empregam a Análise Ergonômica do Trabalho AET
como forma de avaliar as condições de trabalho em determinado ambiente. As
principais pesquisas estão concentradas na Universidade Federal Santa Catarina
(UFSC). A seguir serão descritos alguns estudos.
Juvêncio utilizou uma Metodologia de Análise Ergonômica - AET para analisar a
relação entre fatores presentes nas condições de trabalho e a qualidade de vida
relacionada à saúde do trabalhador urbano do setor informal (fabricante de pranchas de
surfe “shaper”) da cidade de Florianópolis. Com este estudo foi possível estudar o
trabalho informal como o conjunto de formas organizadas de produção doméstica.
Teve-se, também, a intenção de focalizar o ambiente de trabalho e fatores
concernentes à saúde do ser humano-trabalhador nele inserido.
A dissertação de Amado realizou um estudo que focou o trabalho dos
professores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental e o reflexo deste trabalho na saúde
física e mental destes profissionais.Novamente a Analise Ergonômica do Trabalho foi
utilizada.
Através da Análise Ergonômica do Trabalho (AET), Veiros avaliou as condições
de trabalho do nutricionista em Unidade de Alimentação e Nutrição, identificando sua
atuação como promotor de saúde. Este estudo foi desenvolvido em uma Unidade de
Alimentação e Nutrição (UAN) de Santa Catarina, sediada em um pólo industrial do
Estado.
30
Silva analisou o posto de trabalho do armador de ferro, com os conhecimentos
da ergonomia, visando melhorar as condições de trabalho no processo construtivo da
construção civil. Com aplicação da ergonomia na construção civil foi possível verificar :
os vários fatores que causam danos a saúde dos operários. Os fatores que interferem
no melhor desenvolvimento da atividade produtiva dos trabalhadores, elevando sua
produção, sem prejuízo a sua capacidade de trabalho.
Esta pesquisa mostrou as vantagens da aplicação dos conhecimentos em
ergonomia como importante ferramenta na análise do posto de trabalho.
Na dissertação intitulada ‘’Evolução das condições ergonômicas no posto de
trabalho do motorista de ônibus urbano’’ Nascimento contribuiu para um melhor
entendimento dos problemas ergonômicos no posto de trabalho do motorista de ônibus
urbano. Para tanto foi feita uma análise ergonômica no posto de trabalho dos motoristas
de ônibus urbano identificando a situação ergonômica atual.
Santos investigou as condições de trabalho dos caixas de uma rede de
supermercados de Umuarama – Pr, embasado na metodologia ergonômica (AET),
tendo como fator a ser analisado: fatores físicos, ambientais e posturais, que possam
estar influenciando a realização das atividades.
2.4.1 Análise da demanda
Santos et al. (1995) consideram que a demanda é o ponto de partida de toda a
análise ergonômica do trabalho. Essa análise permite compreender a natureza e a
dimensão dos problemas apresentados, assim como abordá-los em uma intervenção.
São três os grupos de demanda da intervenção ergonômica:
As demandas formuladas com objetivo de buscar recomendações ergonômicas
para implantação de um novo sistema de produção;
As demandas formuladas com objetivo de resolver disfunções do sistema
implantado (relativas ao comportamento do homem, da máquina ou da
organização) e;
As demandas formuladas com o objetivo de identificar novas condicionantes de
produção, introduzidas pela implantação de uma nova tecnologia.
31
Segundo Guerin et al. (1996) a demanda pela intervenção ergonômica pode
advir de diferentes grupos:
Da Direção Geral: desejo de elaborar uma intervenção no sentido de integrar os
dados relativos ao trabalho em cada decisão de investimento mais expressivo,
ou vontade de iniciar uma política de concepção que rompa com as práticas
habituais da empresa.
Dos serviços técnicos: nos casos em que o nível de produção o atenda ao
previsto, ou a qualidade seja considerada insuficiente.
Dos serviços de pessoal: taxas de absenteísmo elevadas, dificuldades para
enfrentar problemas causados pelo envelhecimento da população trabalhadora e
necessidade de evolução do plano de cargos e salários tornando necessário um
melhor conhecimento das competências dos trabalhadores.
Dos trabalhadores e de seus representantes: implantação de uma nova
tecnologia na empresa supondo o exercício de novas competências e uma
negociação a respeito da elevação dos níveis de qualificação. Pode advir ainda
do temor de que a evolução da organização prejudique a saúde dos
trabalhadores.
Estes autores enfatizam que a demanda representa um aspecto essencial da
intervenção ergonômica. A partir da definição do problema, o ergonomista fará uma
proposta de intervenção. Esta proposta após ser colocada em discussão com todos os
interessados se transformará em contrato de intervenção ergonômica.
Wisner (1987) considera esta fase muito importante, pois é nela que se analisa a
representatividade do autor da demanda, a origem da mesma (real, a demanda formal),
os problemas (aparentes e fundamentais), as perspectivas de ação, os meios
disponíveis. Um erro na análise da demanda pode levar a um resultado medíocre, nulo
ou mesmo negativo.
32
Em relação à delimitação da demanda, Santos et al. (1995) expõem que a
demanda pode ter um campo amplo ou extremamente restrito. Quando muito restrita o
analista é levado a reformular a demanda, de modo a garantir o sucesso da
intervenção. A delimitação da demanda deverá ser feita em função dos fatores: tempo
que o analista leva para fazer o estudo em que deverá mostrar os limites do que ele
poderá fazer nesse tempo que lhe é preestabelecido e relação entre o objetivo da
demanda e o campo proposto. Para se dar uma resposta ergonômica à demanda,
deve-se sempre, no início do estudo, questionar a compatibilidade entre os problemas
apresentados e o campo proposto.
A etapa da análise da demanda deve delimitar o campo de estudo, priorizando,
articulando e evidenciando novos problemas, bem como identificar os pontos de vista
dos atores envolvidos, devendo ser levantados, no mínimo uma descrição da empresa
e das pessoas com que foram feitos os primeiros contatos; problemas e resultados
positivos apresentados pela empresa, neste primeiro contato; se existem propostas ou
indicação de locais para o estudo, e as conclusões do grupo sobre esta etapa.
A análise da demanda consiste, portanto em definir o problema a ser analisado,
delimitar o objeto de estudo e esclarecer as finalidades do estudo.
2.4.2 Análise da Tarefa
A análise da tarefa consiste basicamente na análise das condições de trabalho
da empresa. Nesta fase é definida a situação de trabalho a ser analisada, ou seja, é
delimitado o sistema homem/máquina a ser abordado e é realizada uma descrição mais
precisa possível dos diversos componentes deste sistema. Por último é realizada uma
avaliação ergonômica das exigências do trabalho que contribui para a confirmação ou a
recusa das hipóteses formuladas ou até mesmo para a formulação de novas
hipóteses (Santos, 1995, p.40-76).
Os mesmos autores consideram o sistema homem/tarefa não como máquinas
e suas manifestações (condições cnicas de trabalho), mas também como as
condições organizacionais e ambientais de trabalho. Do ponto de vista ergonômico,
eles conceituam um sistema como um conjunto de componentes : homem, tecnologia,
33
organização e meio ambiente de trabalho, dinamicamente relacionados em uma rede
de comunicações (em decorrência da interação dos diversos componentes), formando
uma atividade (que é o comportamento ou processamento do sistema), para atingir um
objetivo (finalidade do sistema), agindo sobre sinais, energia e matérias-primas, para
fornecer informação, energia ou produto.
Montmollin (1995, p.234) define tarefa como o objetivo (de produção, de
qualidade.) que o operador tem a atingir; os procedimentos (métodos de trabalho,
normas, definidos por suas restrições de tempo, de cadência ou de prazos); os meios
colocados à disposição do operador (materiais, máquinas, ferramentas, documentos,...);
as características do ambiente físico (ruído, calor, trabalho noturno,...) e, também, as
condições sociais do trabalho (categorias salariais, tipos de controle e sanções, ...).
Segundo Santos e Fialho (1995) tarefa é o que o trabalhador deve realizar e as
condições ambientais, técnicas e organizacionais desta realização.
Noulin (1992) apresenta os elementos para uma descrição da tarefa.
Objetivos: performances exigidas, resultados designados, normas de produção
que determinam uma certa obrigação de resultados que o operador reconhece
como contra partida de sua remuneração.
Procedimentos: maneiras com as quais o operador deve atingir os objetivos.
Meios técnicos: máquinas, ferramentas, meios de proteção, meios de informação
e de comunicação.
Meios humanos: organização coletiva de trabalho, repartição das tarefas,
relações hierárquicas.
Meio ambiente físico: Ambientes sonoros, térmicos, luminosos, vibratórios,
tóxicos, concepção antropométrica do posto de trabalho.
Condições temporais: duração, horários e ritmo de trabalho; cadências; pausas,
flutuações da produção no tempo.
Condições sociais: formação e/ou experiência profissional exigidas, qualificação
reconhecida, possibilidade de promoção, plano de carreira.
34
Ferreira et al. (1993) afirmam que após esclarecido o objeto de estudo, pela
análise da demanda, e antes de se iniciar análise da atividade propriamente dita, é
necessário que o ergonomista conheça uma série de fatores para melhor compreender
o contexto em que está inserido seu trabalho. Estes incluem:
Fatores econômicos, pois as soluções a serem propostas ao final de uma
intervenção dependem da viabilidade da ação a ser tomada.
Fatores técnicos, para conhecimento da tecnologia empregada, pois eles
condicionam, embora não determinem, várias das mudanças a serem
propostas.
Fatores organizacionais, que consistem no conhecimento do sistema de
hierarquia da empresa; os métodos de controle utilizados, a divisão entre
os diversos setores e suas relações, os métodos de trabalho preconizados
pelos analistas e gerência de produção e toda política de recursos
humanos da empresa, o recrutamento e seleção, os treinamentos, a
política de ascensão na carreira, etc.
Santos et al. (1995, p. 84-105) descrevem os seguintes dados a serem
levantados na descrição da tarefa:
1. Dados referentes ao homem - característica da população (idade, sexo,
remuneração, absenteísmo, turnover, forma de admissão), formação e qualificação
profissional, número de operadores em cada posto (horários, turnos), regras de divisão
de tarefas, ou seja, quem faz o que?
2. Dados referentes à máquina - Estrutura, dimensões, características (croqui, foto,
fluxograma de produção), órgãos de comando, sinalização, princípios de funcionamento
(mecânico, elétrico e hidráulico), problemas aparentes, aspectos críticos da máquina.
3. Dados referentes às condições organizacionais de trabalho - dados referentes à
organização geral da empresa (organograma, relações hierárquicas e funcionais,
estrutura de cargos e salários), dados referentes à organização do trabalho (repartição
de funções, métodos e procedimentos de trabalho).
35
4. Dados referentes ao meio ambiente físico de trabalho - o espaço físico e os locais
(dados antropométricos e biomecânicos), ambiente térmico (temperatura úmida e seca,
umidade relativa do ar), ambiente sonoro (pressão sonora, freqüência de emissão do
ruído, tempo de exposição ao ruído),o ambiente luminoso (nível de iluminamento,
luminância, ofuscamento), ambiente vibratório (freqüência das vibrações), ambiente
toxicológico (concentração de partículas e gases tóxicos).
5. Dados referentes às fontes de informação - Exigências sensoriais (percepção visual e
auditiva do operador), exigências sensoriais e motoras (dispositivos de sinais e
comandos e as características do operador como dados antropométricos, posturas,
gestos), exigências mentais (atividades perceptivas e intelectuais).
Na fase de análise da tarefa, inclui ainda a coleta sistemática de informações
sobre a situação de trabalho em questão, recorrendo-se a levantamentos junto aos
trabalhadores e diversos serviços da empresa que estejam relacionados ao problema.
Estes levantamentos são feitos através de entrevistas e/ou questionários e permitem
identificar os aspectos técnicos da situação de trabalho e as dificuldades existentes.
Permitem ainda a identificação da população que ocupa o posto ou postos de trabalho
em análise (idade, nível educacional, tempo médio de permanência no trabalho ou na
empresa, etc) e queixas em geral relatadas pelo grupo de trabalhadores.
2.4.3 Análise da Atividade
Segundo Abrahão (1993), "a atividade de trabalho significa o trabalho real
efetivamente realizado pelo indivíduo, a forma pela qual ele consegue desempenhar
suas tarefas. É resultado das definições impostas pela empresa em relação à sua tarefa
e das características pessoais, experiência e treinamento do trabalhador. Sendo assim,
a abordagem ergonômica é centrada sobre o estudo da atividade real de trabalho, a
globalidade das situações e como os operadores avaliam as condições e execução das
suas atividades e as conseqüências dela resultantes".
Para Guérin (1985) a atividade correspondente à maneira pela qual o homem
dispõe de seu corpo (seu sistema nervoso, órgãos sensoriais etc.), sua personalidade
36
(seu caráter, sua história) e suas competências (formação, aprendizagem, experiência)
para realizar um trabalho. Também apresenta os aspectos físicos, sensoriais, mentais e
relacionais à atividade do trabalho:
Componentes físicos: atividade muscular estática e dinâmica, forças exercidas.
Componentes sensoriais: correspondem à utilização dos órgãos visuais,
auditivos, tácteis, olfativos, que recolhem as diversas informações e as
transmitem ao sistema nervoso central.
Componentes mentais: correspondem às atividades ou processos (estes, não
diretamente observáveis) de tomada e processamento de informações e que
envolvem a identificação, análise e interpretação dos dados ambientais, das
tarefas, de problemas na situação de trabalho e dos resultados da própria ação,
pelo operador.
Componentes relacionais: essenciais para a realização do trabalho, embora a
organização formal do trabalho tenda a prescrever as tarefas como
independentes entre si, minimizando ou desconhecendo a utilidade das relações
sociais de trabalho.
Os métodos de análise das atividades, seguindo a definição de Santos et al.
(1995, p.150), se dividem da seguinte maneira:
a) todo de análise do trabalho em termos de atividades gestuais: Este método é
aplicado quando é identificada a atividade motora na execução da tarefa e quando as
atividades sensoriais, perceptivas e cognitivas podem ser negligenciadas (tarefas tipo
repetitivas, cíclicas, parciais). O método de análise levanta os seguintes aspectos
fundamentais da atividade gestual do trabalho:
Os gestos: uma vez identificados os gestos e, na seqüência a medição da
duração dos mesmos, pode-se chegar a uma visão global do processo de
trabalho, aumentando a produtividade ou mesmo simplificando as seqüências
dos movimentos, acelerando-os.
37
O conteúdo do trabalho: identificado através de enquete direta junto aos
trabalhadores, supervisores e gerentes ou através da observação sistemática da
atividade do indivíduo no trabalho.
O tempo de trabalho: engloba as operações elementares, desenvolvidas por um
indivíduo que trabalha e podem ser colocadas numa ordem cronológica em
relação ao tempo de duração ou até mesmo a distâncias percorridas.
Os processos de trabalho: pode-se levantar as categorias não produtivas
(transporte, deslocamentos, estocagens temporárias), avaliar sua importância
(duração, distâncias percorridas) e processar meios de eliminá-las. Os principais
métodos são a cronometragem, os tempos elementares e as observações
instantâneas (neste caso é sempre o mesmo sujeito que é interrogado).
b) Método de análise do trabalho em termos de informação: Santos et al. (1995, p. 156-
173) entendem ser necessário observar o funcionamento das funções esteroceptivas e
das funções de memorização durante a realização do trabalho. O método constitui-se
de algumas técnicas que permitem identificar atividades ligadas à percepção visual
(percepção dos sinais) como também a informações auditivas e táteis utilizadas durante
o trabalho.
c) Método de análise do trabalho em termos de regulação: neste método o trabalhador
confronta os resultados de sua ação com os objetivos preestabelecidos, para ajustar
suas novas ações. Este esquema de realimentação é conhecido como regulação.
d) Método de análise do trabalho em termos dos processos cognitivos: três aspectos
têm sido enfocados neste método:
A planificação pessoal do trabalho, que pode ser analisada a partir da avaliação
da tarefa, definição da tarefa e definição de procedimentos.
A representação mental da atividade de trabalho (imagens operativas).
Os raciocínios heurísticos do homem no trabalho: quando o trabalhador tem
necessidade de tomar decisões para resolução de problemas, ele efetua
escolhas dirigidas por regras algorítmicas (decisões lógicas, prescritas) ou por
regras heurísticas (quando o raciocínio humano pressupõe uma decisão).
38
De modo geral, a análise ergonômica da atividade, busca apreender a atividade
em situação real de trabalho considerando os seguintes aspectos (LIMA, 1992):
I) a variabilidade da situação (em suas dimensões materiais, organizacionais e
humanas);
II) a descrição detalhada do modo operatório dos trabalhadores;
III) a organização dinâmica da atividade explicitando processos de decisão,
conhecimentos informais, estratégias e regulamentos internos .
Assim, a análise da atividade juntamente com a análise da demanda e da tarefa
permitem identificar os problemas presentes na situação de trabalho e,
conseqüentemente, os efeitos destes sobre a saúde e bem estar do trabalhador.
2.5 Ambiente de Trabalho
Para Fischer e Paraguay (1989), o “ambiente de trabalho é um conjunto de
fatores interdependentes, que atua direta e indiretamente na qualidade de vida das
pessoas e nos resultados do próprio trabalho’’. Esta visão global das influências do
trabalho facilita a compreensão das dificuldades e desconforto, da insatisfação, dos
baixos desempenhos, das doenças camufladas e/ou na ocorrência de acidentes e
incidentes do trabalho”.
São fatores ou componentes do ambiente de trabalho: espaço, ambiências
(luminosa, sonora, térmica, tóxica etc.), equipamentos, organização do trabalho/tempos;
aspectos de segurança e relações profissionais.
Segundo a norma regulamentadora brasileira, NR 9, aprovadas pela portaria N
o
3.214, de 8 de junho de 1978, referente a riscos ambientais: são considerados riscos
ambientais os agentes agressivos físicos, químicos e biológicos que possam trazer ou
ocasionar danos à saúde do trabalhador, nos ambientes de trabalho, em função de sua
natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição ao agente.
39
Segundo Iida (1990) "para cada uma das variáveis ambientais certas
características que são mais prejudiciais ao trabalho. Cabe ao projetista conhecer essas
limitações e, na medida do possível, tomar as providências necessárias para manter os
trabalhadores fora dessas faixas de risco. Entretanto, quando isso não for possível,
devem ser avaliados os possíveis danos ao desempenho e à saúde dos trabalhadores,
para que seja adotada aquela alternativa menos prejudicial, tomando-se todas as
medidas preventivas cabíveis em cada caso".
É importante ressaltar a importância das boas condições do ambiente de
trabalho não somente como indispensável para a luta contra as doenças profissionais e
para respeitar as normas de conforto, como também levando em conta um fator
importantíssimo, que o homem passa 33% (considerando 8 horas/ dia) de seu tempo
por dia de trabalho. Logo, melhores condições de trabalho significam melhores
condições de vida.
Os riscos ambientais mais comuns nas empresas são o de iluminação,
temperatura, e sonoro. Apresentamos a seguir, avaliações dessas condições:
2.5.1 Avaliação das condições de iluminação
Existe, no processo organizacional, um crescente interesse e preocupação pelos
problemas de iluminação, pois o seu equacionamento racional diminui a fadiga ocular,
permite melhor acuidade, percepção mais rápida, produção maior e melhor, reduzindo
sensivelmente o número de acidentes.
A influência de uma boa iluminação é de suma importância para o bom
desempenho da tarefa. A iluminação deverá ser distribuída uniformemente, geral e
difusa, a fim de evitar o ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes
excessivos. É importante considerar que uma iluminação inadequada prejudica a visão,
determina esforço mental, reduz o rendimento e predispõe aos acidentes.
De acordo com a ABNT NB 57 a quantidade de luz necessária para qualquer
espaço em particular depende, primeiramente, da atividade a ser desenvolvida. Os
níveis de iluminação recomendados dependem das características das tarefas visuais e
40
das exigências de execução, sendo mais elevados para aquelas tarefas que envolvem
muitos detalhes, precisão e baixos contrastes. Utilizam-se valores mais baixos para
tarefas intermitentes. No caso da medição da quantidade de iluminação é importante
que se considere a quantidade de luz no ponto e no plano onde a tarefa for executada,
seja horizontal, vertical ou em qualquer outro ângulo (PEREIRA, 1994). A iluminância
deve ser medida no campo de trabalho e, quando este não for definido, entende-se o
nível como referente a um plano horizontal a 0,75 m do piso.
Segundo Iida (1990) existem basicamente três tipos de sistemas de iluminação :
Iluminação geral: Se obtêm pela colocação regular de luminárias em toda a área,
garantindo-se, assim, um nível uniforme de iluminamento sobre o plano
horizontal
Iluminação localizada: concentra maior intensidade de iluminamento sobre a
tarefa, em quanto o ambiente geral recebe menos luz.
Iluminação combinada: A iluminação geral é complementada com focos de luz
localizadas sobre a tarefa, com intensidade de 3 a 10 vezes superior ao do
ambiente geral.
A distribuição e localização das luminárias no ambiente de trabalho deve ser
homogênea e uniforme de acordo com o arranjo físico do local. As luminárias devem
ser localizadas de forma a não criar sombras nem contrastes no que se quer iluminar.
A quantidade de luminárias para atingir o nível de iluminamento necessário a
execução de tarefas, deve ser determinado através de um projeto que leve em
consideração a acuidade visual dos trabalhadores, conforme sua idade, as tarefas
desenvolvidas, dimensões do objeto a ser visualizado, tempo de exposição do objeto ao
olho, direito do prédio, altura do plano de trabalho, reflexão do entorno, o contraste,
o layout do local, tipo de lâmpadas, etc.
Através da Tabela 4 podem dar-se valores sicos de iluminação interna em um
ambiente de trabalho, dependendo do tipo de tarefa, a qual pode ser utilizada numa
verificação preliminar durante a realização das medições do nível de iluminação. Para
uma verificação mais precisa, os valores determinados na NB 57 devem ser seguidos:
41
Tabela 4 - Níveis de iluminação recomendados para algumas tarefas
Tipo Lux Exemplos de aplicação
20-50
Iluminação mínima de corredores e almoxarifados,
zonas de estacionamento.
Iluminação geral para locais de
pouco uso
100-150 Escadas, corredores, banheiros, zonas de
circulação, depósitos e almoxarifados.
200-300 Iluminação mínima de serviços, fábricas com
maquinaria pesada. Iluminação geral de escritórios,
hospitais e restaurantes.
400-600 Trabalhos manuais médios. Oficinas em geral.
Montagem de automóveis. Industria de confecções.
Leitura ocasional e arquivo. Sala de primeiro
socorros.
Iluminação geral em locais de
trabalho
1000*-1500* Trabalhos manuais precisos. Montagem de
pequenas pecas, instrumentos de precisão e
componentes eletrônicos. Trabalhos com revisão e
desenhos detalhados.
Iluminação e localização
1500-2000 Trabalhos minuciosos e muito detalhados.
Manipulação de pecas pequenas e complicadas.
Trabalhos de relojoaria.
(*)Pode ser combinado com a iluminação local
FONTE: Itiro Iida, página 255
O nível de iluminamento interfere diretamente no mecanismo fisiológico da visão e
também na musculatura que comanda os movimentos dos olhos (IIDA,1990). Outros
efeitos do nível de iluminamento são:
1. Ofuscamento:
Segundo Pereira (1994) ofuscamento é quando o processo de adaptação não
transcorre normalmente devido a uma variação muito grande da iluminação e/ou a uma
velocidade muito grande. Experimenta-se uma perturbação, desconforto ou até perda
na visibilidade. O ofuscamento pode ocorrer devido a dois efeitos distintos:
Contraste: caso a proporção entre as luminâncias de objetos do campo visual
seja maior do que 10:1;
Saturação: o olho é saturado com luz em excesso: esta saturação ocorre
normalmente quando a luminância média da cena excede 25.000 cd/m
2
.
2. Fadiga visual
42
É provocada principalmente pelo esgotamento dos pequenos músculos ligados
ao globo ocular, responsáveis pela movimentação, fixação e focalização dos olhos.
Raramente referem-se à dificuldade de percepção. Provoca tensão e desconforto. Os
olhos ficam avermelhados, começam a lacrimejar, e a freqüência de piscar vai
aumentar. Muitas vezes a imagem perde a nitidez ou se duplica. Em grau mais
avançado, a fadiga visual provoca dores de cabeça, náuseas, depressão e irritabilidade
emocional.
As possíveis causas de fadiga visual são: Fixação de detalhes, iluminação
inadequada, pouco contraste, pouca definição, objetos em movimento e má postura.
Segundo Sell (apud Vieira) "em um posto de trabalho, uma iluminação
inadequada (decorrente de ofuscamento e/ou sombreamento e/ou iluminação
insuficiente) faz com que o trabalhador force sua visão, além de exigir uma postura
inadequada para melhor visualização. Os efeitos dessa condição o fadiga visual e
dores de cabeça, coluna e pescoço. A conseqüência de tal estado é a diminuição da
capacidade visual ao longo do tempo, elevado número de erros na execução das
tarefas, diminuição do ritmo de trabalho e menor percepção de detalhes".
Iida (1993:259) enfatiza que a iluminação dos locais de trabalho deve ser
planejada com cuidado desde as etapas iniciais do projeto, onde seja possível o
aproveitamento da luz natural e o uso suplementar adequado da luz artificial sempre
que for necessário, destacando ainda que "um bom sistema de iluminação, com o uso
adequado de cores e a criação dos contrastes, pode produzir um ambiente de fábrica
ou escritório agradável, onde as pessoas trabalham confortavelmente, com pouca
fadiga, monotonia e acidentes, e reproduzem com maior eficiência".
Portanto, ao adotar medidas corretas de iluminação em seus postos de trabalho,
além de respeitar os limites de acuidade visual de seus colaboradores, a organização
também estará contribuindo para o seu próprio desempenho, quando identificar a
iluminação adequada a determinados ambientes de trabalho, no sentido de viabilizar a
produtividade.
43
2.5.2 Avaliação do ruído
O local de trabalho que apresentar ruídos acima do limite tolerado pelo ouvido
humano poderá ser um elemento de extremo desconforto e até proporcionar problemas
de concentração nos indivíduos que se submetem a uma longa jornada de trabalho
nessas condições. O ruído acima do esperado é incluído como um dos fatores mais
agravantes de agressão nos locais de trabalho.
Para Gerges (1992), som é ruído não são sinônimos. Um ruído é apenas um tipo
de som, mas um som não é necessariamente um ruído. O conceito de ruído é
associado a som desagradável e indesejável. Som é definido como variação da pressão
atmosférica dentro dos limites de amplitude e banda de freqüências aos quais o ouvido
humano responde.
O conceito de ruído é associado a som desagradável e indesejável, ou seja,
corresponde apenas a um tipo de som. Dul e Weerdmeester (1995:86) advertem que
"um ruído que ultrapassa a média de 80 dB (A) em oito horas de exposição, pode
provocar surdez. Se o ruído tiver uma intensidade constante de 80 dB (A), o tempo de
exposição máximo permitido é de oito horas".
O limiar da audição, isto é, a pressão acústica mínima que o ouvido humano
pode detectar é 20x 10
-6
N/m
2
na freqüência de 1 kHz. Na banda de freqüência auditiva,
vai de 20 Hz a 20.000Hz, o ouvido não é igualmente sensível.
Continua afirmando o autor que tem sido compilado por pesquisadores durante
os últimos 30 anos dados a respeito dos efeitos do ruído nos sistemas extra-auditivos
no corpo humano. E são conhecidos sérios efeitos tais como: "aceleração da pulsação,
aumento da pressão sangüínea e estreitamento dos vasos sangüíneos. Um longo
tempo de exposição a ruído alto pode causar sobrecarga do coração causando
secreções anormais de hormônios e tensões musculares. O efeito destas alterações
aparece em forma de mudanças de comportamento, tais como: nervosismo, fadiga
mental, frustração, prejuízo no desempenho no trabalho, provocando também altas
taxas de ausência no trabalho. Existem queixas de dificuldades mentais e emocionais
44
que aparecem como irritabilidade, fadiga e mal-ajustamento em situações diferentes e
conflitos sociais entre operários expostos ao ruído".
Segundo Verdussen (1978) o ruído afeta-nos física e psicologicamente,
causando lesões irreversíveis, ou tornando o homem verdadeiramente neurótico.
O mesmo autor define o ruído como sendo um som ou complexo de sons que
nos dão uma sensação de desconforto. Sendo que o som é a sensação, agradável ou
não, percebida por nosso sistema auditivo e conseqüente da vibração molecular de um
meio elástico condutor, originado por um processo de ativação, a que chamamos de
fonte sonora. O deslocamento vibratório das moléculas ocorre sob a forma de ondas
senoidais, sendo estas caracterizadas por sua freqüência (f), definida em Hertz (Hz),
onde 1 Hz corresponde a um ciclo por segundo, e por sua amplitude.
É importante ressaltar ademais, com relação a intensidade, que o ouvido
humano percebe sons, cuja pressão sonora esteja entre 0 e 140 dB, sendo o limiar da
sensação dolorosa na ordem de 120 dB, e que, ao nível de 140 dB, grande risco
de ruptura de tímpano. Entretanto, muito abaixo destes limites o ruído se pode tornar
incômodo ou nocivo.
Segundo a Norma Regulamentadora Brasileira - NR 15, anexo n
o
. 1 entende-se
por Ruído Contínuo ou intermitente, para os fins de aplicação de Limites de Tolerância,
o ruído que não seja ruído de impacto.
Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos
que não estejam adequadamente protegidos.
As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído,
contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão
risco grave e iminente.
Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de
tolerância apresentados na norma regulamentadora brasileira, NR 15, Anexo N
o
1
45
aprovadas pela portaria N
o
3.214, de 8 de junho de 1978, referente a limites de
tolerância para ruído contínuo ou intermitente.
Considerando os prejuízos que o ruído causa às pessoas expostas ao(s)
mesmo(s) faz-se necessário tomar medidas no sentido de reduzir, o máximo possível, a
intensidade da pressão sonora (ruído) nos ambientes de trabalho, sendo a maneira
mais freqüente de solucionar este problema, através do fornecimento de protetores
auriculares adequados para os trabalhadores.
Estudos contínuos deverão ser realizados no sentido de eliminar o ruído na fonte
geradora e, só quando não for possível a eliminação do mesmo na fonte, é que se deve
fazer uso de protetores auriculares.
2.5.3 Condições de temperatura
O conforto térmico do local de trabalho depende, principalmente, dos fatores
relacionados à temperatura ambiente, à umidade do ar e à mobilidade do ar. Dul e
Weerdmeester (1995:99) consideram que "o clima de trabalho deve satisfazer diversas
condições, para ser considerado confortável. Quatro fatores contribuem para isso:
temperatura do ar, temperatura radiante, velocidade do ar e umidade relativa. Para que
o clima seja considerado agradável, depende-se também do tipo de atividade física e
do vestuário". Dependendo do tipo de atividade desempenhada pelos indivíduos, faz-se
necessário o ajuste de temperatura para o ambiente e o uso de roupas adequadas, "a
temperatura e a umidade ambiental influem diretamente no desempenho do trabalho
humano. Estudos realizados em laboratórios e na indústria comprovam essas
influências, tanto sobre a produtividade como sobre os riscos de acidentes" (IIDA,
1993:232).
Os locais de trabalho devem fornecer condições climáticas favoráveis ao
desempenho do trabalhador; contudo, incontáveis organizações utilizam postos de
trabalho que oferecem condições térmicas sub-humanas.
46
Segundo Giampaoli apud Saad (1990) "uma série de atividades profissionais
submete os trabalhadores a ambientes de trabalho que apresentam condições térmicas
bastante diferentes daquelas que o organismo humano está habitualmente submetido.
Estes profissionais ficam expostos ao calor ou frio intensos que podem comprometer
seriamente a sua saúde. No entanto, um minucioso estudo do problema permite, não
criar critérios adequados à quantificação dos riscos envolvidos, mas também definir
condições de trabalho compatíveis com a natureza humana".
O autor Saad (1981), afirma que é sabido que "o homem que trabalha em
ambientes de altas temperaturas sofre de fadiga, seu rendimento diminui, ocorrem erros
de percepção e raciocínio e aparecem rias perturbações psicológicas que podem
conduzir a esgotamentos e prostrações".
Couto (1978) ressalta que as doenças que podem ser desencadeadas pela
exposição a altas temperaturas de indivíduos sadios são: "a hipertermia ou intermação,
desfalecimentos, desidratação, doenças de pele, distúrbios psico-neuróticos e
cataratas. Se o mesmo é submetido a baixas temperaturas ela tem influência nas
habilidades motoras. Se as mãos estão expostas ao frio, são também frias, com
prejuízo do tato e da movimentação das articulações e o tiritar acomete muito a
movimentação delicada dos sculos. Isto ocorre quando a temperatura das mãos cai
abaixo de 15
o
C. O indivíduo geralmente interrompe o trabalho freqüentemente para
reaquecer suas mãos, tornando assim o trabalho mais lento e aumentando os erros e
acidentes".
A legislação brasileira, através da portaria número 3.214 de 8 de junho de 1978,
do Ministério do Trabalho, estabelece que:
A exposição ao calor deve ser avaliada através do "Índice de Bulbo Úmido -
Termômetro de Globo” (IBUTG) definido pelas equações que seguem;
Ambientes internos ou extremos sem carga solar: IBUTG 0,7 tbn + 0,3 tg;
Ambientes externos com carga solar: IBUTG 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg,
47
Onde:
Tbn - temperatura de bulbo úmido natural
tb - temperatura de globo
tbs - temperatura de bulbo seco.
Os aparelhos que devem ser utilizados para a medição são: termômetro de bulbo
úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum.
Os Limites de Tolerância são para exposição ao calor, em regime de trabalho
intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço. Em
função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente é definido na Norma
Regulamentadora brasileira, NR 15 - Anexo 3 - Quadro N
o
1, aprovadas pela portaria
N
o
3.214 de 8 de junho de 1978, referente a temperatura-limite para diferentes regimes
de trabalho e repouso.
Os limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho
intermitente com período de descanso em outro local (local de descanso), são dados na
NR 15 - Anexo 3 - Quadro N
o
2.
2.6 Diagrama das áreas dolorosas
Proposto por Corlett e Manenica o diagrama das áreas dolorosas avalia os
lugares do corpo humano onde os trabalhadores sentem dores. Munido desse
diagrama, o analista do trabalho entrevista os funcionários ao final de um período
normal de expediente, pedindo para eles apontarem as regiões onde sentem dores. A
seguir, pede-se para que eles avaliem subjetivamente o grau de desconforto que
sentem em cada um dos segmentos indicados no diagrama. O corpo humano é dividido
em 24 fragmentos, facilitando a localização das áreas. O índice de desconforto é
classificado em 8 níveis que varia do nível zero para ‘’sem desconforto’’ até o nível sete
‘’extremamente desconfortável’’, marcadas linearmente da esquerda para a direita.
48
O objetivo final, após o preenchimento do diagrama, é a identificação das
maquinas, equipamentos e locais de trabalho que apresentam maior gravidade (acima
do 3º nível) e que mereçam atenção imediata.
2.7 Riscos de Acidentes
A classificação dos riscos apresentada abaixo é a utilizada por Rodrigues (1999),
em sua apostila do Curso de Engenharia de Produção - UFPB.
2.7.1 Riscos Mecânicos
São os riscos gerados pelos agentes que demandam contato físico direto com a
vitima, para manifestar a sua nocividade. Os riscos mecânicos se caracterizam por
atuarem em pontos específicos do ambiente, provocando lesões agudas e imediatas.
Exemplos: materiais cortantes, aquecidos, materiais pontiagudos, materiais em
movimento ou queda, projeções de partículas, buracos e irregularidades no piso,
incêndios, explosões e correntes elétricas.
2.7.2 Riscos Físicos
São os riscos gerados pelos agentes que têm capacidade de modificar as
características físicas do ambiente.
Os riscos físicos se caracterizam por: exigirem um meio de transmissão (em
geral o ar) para propagarem sua nocividade. Na tabela 05 são apresentados exemplos
de riscos físicos.
Tabela 05 - Riscos físicos e conseqüências
Riscos Físicos Conseqüências
Ruído Cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição,
aumento da pressão arterial, problemas do aparelho digestivo.
Vibrações Cansaço, irritação, dores nos membros, dores na coluna,
artrite, lesões ósseas e outras
Calor Taquicardia, aumento da pulsação, cansaço, irritação, choque
térmico, fadiga térmica, hipertensão etc.
Radiações Ionizantes Alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais e
doenças ocupacionais.
Radiações não-ionizantes Queimaduras, lesões nos olhos, na pele e em outros órgãos e
49
Fonte: Trabalho de conclusão de estágio, Giandro Hass, 2002.
2.7.3 Riscos Químicos
São os riscos gerados por agentes que modificam a composição química do
meio ambiente. As principais vias de penetração destas substancias no organismo
humano são o aparelho respiratório, a pele e o aparelho digestivo.Os principais riscos
químicos estão expostos na tabela 06 abaixo:
Tabela 06: Riscos químicos e conseqüências
Riscos Químicos Conseqüências
Poeiras minerais Silicose (quartzo), asbestose (amianto) e pneumoconiose dos mineiros
de carvão.
Poeiras vegetais Bissone (algodão), bagaçose (cana-de-açúcar).
Poeiras alcalinas Doença pulmonar obstrutiva crônica e enfisema pulmonar
Poeiras incômodas Podem interagir com outros agentes nocivos no ambiente de trabalho,
potencializando sua nocividade.
Fumos metálicos Doença pulmonar obstrutiva crônica, febre de fumos metálicos e
intoxicação especifica, de acordo com o metal.
Nevoas, gases e vapores Irritantes: irritação das vias aéreas superiores
Asfixiantes: dores de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma e
morte.
Anestésicos: a maioria dos solventes orgânicos.Ação depressiva sobre
o sistema nervoso, danos aos diversos órgãos e ao sistema formador
de sangue e outros.
Solventes, óleos, produtos
químicos líquidos em geral
Podem causar, de imediato, vermelhidão ou desconforto e, em uso
prolongado, irritações seguidas de perda de tecido e lesões similares à
queimaduras.
Fonte: Trabalho de conclusão de estágio, Giandro Hass, 2002.
problemas pulmonares.
Iluminação Lesões oculares
Umidade Doença do aparelho respiratório, quedas, doenças da pele e
doenças circulatórias.
Frio Fenômenos vasculares periféricos, doenças do aparelho
respiratório e queimaduras pelo frio
Pressões anormais Hiperbarismo – intoxicação pelos gases
Hopobarismo – ‘’mal das montanhas’’
50
2.7.4 Riscos Biológicos
São os riscos gerados pela presença de organismos vivos, causadores ou
transmissores de doenças no ambiente de trabalho.
Tal tipo de risco pode ser decorrente de deficiências na higienização do ambiente de
trabalho.A tabela abaixo apresenta os principais riscos biológicos e suas
conseqüências:
Tabela 07: Riscos biológicos e conseqüências
Riscos Biológicos Conseqüências
Vírus, bactérias e protozoários Doenças infecto-contagiosas.
Fungos e bacilos Infecções variadas externas (na pele, como
micoses e dermatites) e internas(doenças
pulmonares).
Parasitas Infecções cutâneas ou sistêmicas.
Fonte: Trabalho de conclusão de estágio, Giandro Hass, 2002.
2.7.5 Riscos Ergonômicos
São os riscos introduzidos no processo de trabalho por agentes (máquinas,
métodos, etc) inadequados ás limitações dos seus usuários. Exemplos: postura
viciosa de trabalho, provocada pelo uso de equipamentos projetados sem levar em
consideração os dados antropométricos da população usuária, dimensionamento e
arranjo inadequado das estações de trabalho.
2.7.6 Riscos Sociais
São os riscos introduzidos pela forma de organização do trabalho adotada pela
empresa, que podem provocar comportamentos sociais (dentro e ou fora do
ambiente de trabalho) incompatíveis com a preservação da saúde. Exemplos:
empregos de turnos, intensificação do ritmo de trabalho.
51
CAPÍTULO 3- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 Método de Procedimento
Com vistas a atingir as finalidades propostas no presente estudo, procurou-se
conhecer inicialmente todo o processo produtivo da empresa analisada, sendo o estudo
de caso o método mais recomendável objetivando detalhes acerca de um determinado
estudo especifico.
3.2 Tipo de Pesquisa
Para a efetivação da análise das condições de trabalho, foi realizado um
Estudo de Caso, baseado na Análise Ergonômica do Trabalho (AET), no setor de abate
e salas de beneficiamento do MAFIR (Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima).
O trabalho será desenvolvido baseado em uma pesquisa de caráter exploratório,
do tipo bibliográfico e estudo de caso, objetivando analisar as condições de trabalho em
um matadouro bovino.
3.3 Variáveis
Uma variável pode ser considerada como uma classificação ou medida, uma
quantidade que varia, um conceito operacional, que contem ou apresenta valores
(quantidades, qualidades, características, magnitudes, traços, etc). O conceito
operacional pode ser um objeto, processo, agente, fenômeno, problema etc
(LAKATOS&MARCONI, 1991).
Quando se define as variáveis, tem-se que dizer como elas variam em
quantidade e qualidade ou que se desconhece. A variável estudada será o processo de
abate bovino e de beneficiamento do boi, englobando a mão-de-obra, equipamentos e
condições ambientais. As variáveis serão analisadas com base nas NR’s(Normas
Regulamentadoras), que estabelecem os parâmetros, que serão medidos com a
utilização de equipamentos.Será aplicado um questionário com os funcionários, sendo
realizadas observações sistemáticas.
52
3.4 Ambiente da Pesquisa
Esta pesquisa foi realizada no MAFIR (Matadouro e Frigorífico Industrial de
Roraima), empresa administrada pela CODESAIMA (Companhia de Desenvolvimento
de Roraima).O MAFIR conta com um total de 158 funcionários distribuídos nos diversos
setores da empresa.
Para a pesquisa temos uma população de 86 funcionários, totalizando 100% dos
trabalhadores dos setores de currais, abate, sala de mocotó, sala de cabeça, bucharia,
trituração, graxaria, miúdos, tendal e couro. Participaram da entrevista 84
trabalhadores, o que nos permite concluir que foram colhidos dados de uma amostra
representativa, de cerca de 97% da população.
3.5 Técnicas e Instrumentos de Coleta de Dados
A técnica de coleta de dados foi realizada utilizando os seguintes instrumentos:
Entrevistas com o pessoal envolvido com o trabalho da empresa
estudada, tais como: currais, setor de abate, sala de mocotó, sala de
cabeça, sala de bucharia, sala de trituração, sala de graxaria, sala de
miúdo, tendal e couro;
Conversas informais com o diretor operacional da Codesaima e gerente
do MAFIR;
Observações abertas e sistemáticas das atividades de trabalho;
Medições feitas com decibelimetro, luximetro e termômetros de bulbo
úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum;
Registro das atividades de trabalho em fotos e filmagens, como
instrumento de consulta para confirmação dos dados coletados nas
observações abertas e sistemáticas;
Avaliação dos dados coletados e elaboração do diagnóstico da situação
de trabalho;
Utilização da técnica de correlação de Pearson, a fim de realizar a relação
entre as variáveis. As variáveis nominais foram categorizadas.
53
Aplicação de testes não paramétricos para analise das inter-relações
entre as variáveis.
A coleta de dados foi realizada entre o período de Novembro de 2005 a Abril de
2006.
3.5.1 Técnicas de Medição
Para as medições dos níveis de calor nos setores do MAFIR foram utilizados:
Termômetro Globo, composto de:
1. Um globo constituído por uma esfera oca de cobre de aproximadamente 1mm de
espessura e com 152,4 mm de diâmetro, pintada externamente de preto fosco e
com abertura, na direção radial, através de duto cilíndrico de aproximadamente
25 mm de comprimento e 18 mm de diâmetro, para a inserção e fixação do
termômetro;
2. Um termômetro de coluna de mercúrio , com escala de -10
o
C a + 150
o
C e com
precisão de leitura de 0,1
o
C;
Termômetro de bulbo úmido natural, composto de:
1. Um termômetro de coluna de mercúrio , com escala de -10
o
C a + 50
o
C e com
precisão de leitura de 0,1
o
C;
2. Um pavio em forma tubular de cor branca de algodão com alto poder de absorção
de água, com comprimento de 180 ml.
O termômetro é automático, modelo TGB-200 da marca Instrutherm.
O equipamento foi posicionado no local da medição, de forma que os bulbos dos
termômetros ficaram alinhados segundo um plano horizontal.
A altura da montagem do equipamento foi disposta de modo a coincidir com a
região mais atingida do corpo do trabalhador, na maioria dos casos, no tórax.
As leituras foram iniciadas após 25 minutos de estabilização do conjunto e
repetida a cada minuto. Foram feitas 3 medições, com oscilações não superior a 0,1
o
C.
Para a medição dos níveis de ruído e iluminação nos setores em questão foi
utilizado o equipamento multifuncional THDL- 400, da marca Instrutherm.
54
3.6 Metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho
3.6.1 Análise da Demanda
A necessidade deste trabalho surgiu da Direção Geral da empresa, que solicitou
o apoio da mestranda, no sentido de conhecer , com maior profundidade, o perfil do
quadro de funcionários, principalmente diante dos problemas causados pelo
envelhecimento da população. Este perfil ainda não havia sido diagnosticado, em que
pese o MAFIR tenha começado a operar desde 1981. O estudo deveria abordar
questões relativas à Segurança do Trabalho, conforto ambiental e satisfação.
Para o desenvolvimento do trabalho foi necessário a realização de reuniões com
a diretoria da Companhia e do MAFIR, com o intuito de esclarecer os objetivos a serem
atingidos e delimitação do estudo em questão.O trabalho, inicialmente, abrangeria
todos os setores da empresa, mas pelo tempo disponível, optou-se pelas principais
áreas do MAFIR, a sala de abate e as salas de beneficiamento da carne. Essa decisão
não tira a importância dos outros setores, como o de manutenção, casa de máquinas,
caldeiras. Pesquisas nessas áreas serão alvos de futuros estudos.
Foi solicitada autorização prévia com a supervisão para aplicação das
entrevistas. A participação no estudo foi de caráter voluntário, porém houve a
contribuição de quase a totalidade da população envolvida na pesquisa.
3.6.2 Análise da Tarefa
Nesta etapa foi utilizada a adaptação do método proposto por Santos et al.
Foram descritos os seguintes dados:
1. Dados referentes ao homem - perfil da população (idade, sexo, estado civil, tempo na
empresa, tempo na função), número de operadores em cada posto (horários, turnos),
regras de divisão de tarefas, ou seja, quem faz o que?
2. Dados referentes às condições organizacionais de trabalho - dados referentes à
organização geral da empresa (organograma, relações hierárquicas e funcionais),
dados referentes à organização do trabalho (repartição de funções, métodos e
procedimentos de trabalho).
55
3. Dados referentes ao meio ambiente físico de trabalho - o espaço físico, ambiente
térmico (temperatura úmida e seca, umidade relativa do ar), ambiente sonoro (nível de
ruído), o ambiente luminoso (nível de iluminamento).
4. Dados referentes aos riscos e danos á saúde - tipos de riscos aos quais o
trabalhador está exposto, local de dor e grau de desconforto.
Na fase de análise da tarefa, foram coletadas informações sobre a situação de
trabalho em questão, quando trabalhadores foram convidados, a participar de
conversas informais, com o objetivo de orientar a pesquisadora. Os levantamentos
forem realizados através de entrevistas utilizando dois questionários:
1. O primeiro questionário utilizado foi baseado em Rocha (2003), sem a utilização da
escala hedônica e com os aperfeiçoamentos necessários para o desenvolvimento da
pesquisa em questão (vide Apêndice A) ;
2. O segundo foi adaptado do ‘’Diagrama das Áreas Dolorosas’’ proposto por Corlett e
Manenica (1980), conforme pode ser visto no Apêndice B.
Com a análise da tarefa foi possível obter dados acerca dos aspectos ambientais
(ruído, temperatura e iluminação), os aspectos técnicos (equipamentos, layout e
mobiliário) e os aspectos organizacionais (divisão do trabalho), e, ainda as relações
pessoais (dificuldade de relacionamentos, excesso de pressão das chefias), as quais o
trabalhador esta inserido. Com essas informações, foi possível responder ao problema
de pesquisa e detectar se as atuais condições de trabalho podem vir a gerar danos á
saúde dos trabalhadores.
3.6.3 Análise da Atividade
Tendo em vista que a análise da tarefa visa descrever o trabalho real,
efetivamente realizado pelo trabalhador, foi utilizada a metodologia proposta por Santos
et al., por ser essa, que melhor se adapta aos objetivos em questão.
Como foi dito anteriormente, os setores delimitados para a realização do estudo são
os currais, setor de abate, sala de mocotó, sala de cabeça, sala de bucharia, sala de
56
trituração, sala de graxaria, sala de miúdo, tendal e couro. O que de imediato chamou
atenção nestes setores, foram as visíveis condições adversas de trabalho (temperatura
nitidamente elevada, falta de EPI’s, posturas inadequadas, ritmo intenso de trabalho,
alto nível de ruído, falta de comunicação durante as atividades), antes mesmo da
realização da pesquisa.
A metodologia de análise da tarefa utilizada por Santos et al. segue o Método de
análise do trabalho em termos de atividades gestuais. Este método é aplicado quando é
identificada a atividade motora na execução da tarefa. O método de análise levantou os
seguintes aspectos fundamentais da atividade gestual do trabalho:
O conteúdo do trabalho: foi identificado através da observação sistemática da
atividade do indivíduo no trabalho.
No capitulo 5, referente a apresentação, discussão e análise dos resultados,
serão apresentados a análise da tarefa e atividade de forma conjunta.
57
CAPÍTULO 4- DESCRIÇÃO DO CASO
4.1 Descrição do Caso
A primeira parte deste capitulo apresenta inicialmente um resumo sobre a
empresa na qual foi desenvolvida esta pesquisa, descrevendo o seu histórico. Em
seguida é apresentada a descrição do processo produtivo.
4.1.1 A Empresa
A Companhia de Desenvolvimento de Roraima CODESAIMA, constituída pela
Lei 6.693, de 03 de Outubro de 1979, é uma sociedade de economia mista, dotada
de personalidade Jurídica Privada e vinculada ao Governo do Estado de Roraima.
A empresa tem por objetivo promover o desenvolvimento rural e urbano do
Estado de Roraima, competindo-lhe praticar atos de industria e comercio, serviços e
operações que forem necessárias à consecução de seus objetivos sociais, através das
atividades sociais e econômicas, que serão representados pelos estabelecimentos
filiados à CODESAIMA.
O Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima MAFIR, que atua no mercado
desde 1981, é um dos estabelecimentos administrados pela CODESAIMA. O MAFIR,
unidade produtiva da CODESAIMA é um Matadouro Frigorífico destinado ao abate de
bovinos, produzindo carne de açougue e processando resíduos de animais destinados
à alimentação animal e outros sub - produtos que servem de matéria-prima para
indústrias, produzindo, ainda, compostagem para uso na Horticultura.
O organograma da empresa é apresentado no Apêndice D.
O MAFIR opera no turno matutino e parte do vespertino, sendo que o abate
ocorre nas segundas, quartas e sextas-feiras, no horário das 06:00 ás 15:00 e nas
terças e quintas-feiras das 07:30 às 13:30.Nos dias em que não acontece abate, o
MAFIR trabalha com rodízio de funcionários.
58
O Matadouro funciona em um prédio amplo, de dois andares, onde é realizado
desde o abate animal até a limpeza e corte, seguindo, as peças abatidas, para as
câmaras frigoríficas, de onde seguem para distribuição. O MAFIR conta com um quadro
de 150 funcionários distribuídos nos vários setores. Na tabela abaixo é descrita as
diversas tarefas e funções inerentes a cada setor, bem como, o número de
funcionários:
Tabela 08 –Setores e atividades no MAFIR
SETOR ATIVIDADES QUE DESEMPENHAM OS TRABALHADORES
A
(Currais)
Executa o trabalho de retirada de animais dos currais conforme a ordem
de chegada;
Auxilia em serviços de limpeza externa em geral;
Executa o trabalho de manuseio dos animais nos chuveiros de aspersão
para rampa do brete.
Número de funcionários: 3
B
(Sala de Abate)
Atordoamento dos animais bovinos;
Guincha o animal;
Abertura da jugular e sangria;
Esfola da sangria;
Esfola da pata dianteira;
Serra de chifres e peito;
Esfola da primeira pata;
Esfola do Vazio e peito bovino;
Esfola do couro da cabeça;
Esfola da segunda pata;
Deslocamento da língua e cabeça bovina;
Esfola da cauda e oclusão do reto;
Esfola da área lombar;
Toalete da carcaça;
Retirada de carne da cabeça;
Serviço de pré – evisceração;
Serviço de evisceração das vísceras brancas e vermelhas;
Serra da carcaça alta;
Serra da carcaça baixa;
Retirada do couro;
Retirada do calculo biliar;
Toalete final das carcaças;
Separação e envio das vísceras pelos chutes;
Toalete da carcaça alta
Toalete da carcaça baixa;
Pesagem de carcaças bovinas
Lavagem final das carcaças;
Controle do painel da nórea;
Limpeza geral.
Número de funcionários: 32
59
C
(Sala de
Mocotó)
Retirada do casco, escaldagem, pelagem e toalete final das patas.
Número de funcionários: 6
D
(Sala de
Cabeça)
Abertura da cabeça.
Retirada da língua.
Produção de carne industrial.
Número de funcionários: 6
E (Bucharia I)
Lavagem
execução do processo de produção, abertura e lavagens das
vísceras brancas (bucha e tripa)
Número de funcionários: 10
(Bucharia II)
Classificação
Toalete final e classificação dos buchos e coalhos.
Número de funcionários: 4
F
(Trituração)
Trituração de produtos de descarte do abate.
Número de funcionários: 1
G
(Graxaria)
Processamento de Farinha de carne e osso e selo bovino.
Número de funcionários: 4
H
(Setor Miúdo)
Separação e corte das vísceras vermelhas.
Limpeza e embalagem da carne morta.
Limpeza e embalagem de cabeça.
Corte da cauda.
Controle e a armazenamento das vísceras brancas (tripa e bucha) e
mocotó.
Número de funcionários: 9
I
(Tendal)
Corte das carcaças em quartos.
Identificação dos quartos.
Armazenamento dos quartos.
Inspeção
Transporte dos quartos para caminhões.
Identificação, acondicionamento, armazenamento e expedição das
vísceras vermelhas.
Número de funcionários: 10
J
(Couros)
Retirada da pele e carne do couro bovino
Número de funcionários: 1
L
(Casa das
Caldeiras)
Operação e limpeza das caldeiras de vapor.
Número de funcionários: 4
M
(Oficina
Serviços ligados à construção civil.
Manutenção mecânica e hidráulica.
Solda industrial.
Serralharia.
60
Mecânica)
Apoio e manutenção geral.
Tornearia.
Número de funcionários: 8
N
(Casa de
Máquinas)
Operação de máquinas de refrigeração e monitoramento da temperatura
das câmaras de resfriamento e túneis de congelamento.
Operadores de geradores de energia.
Número de funcionários: 7
O
(Almoxarifado)
Elaboração de requisições e solicitações de produtos de serviços.
Elaboração de documentos, recebimentos de materiais, controle de
entrada de produtos e serviços de protocolo.
Número de funcionários: 3
P
(Transporte)
Transporte do produto, executa rotas diárias.
Número de funcionários: 5
Q
(Lavanderia)
Lavagem e secagem dos uniformes e equipamentos de segurança.
Número de funcionários: 3
R
(Serviços
Gerais)
Serviços de capa e auxilia nos serviços de limpeza geral.
Limpeza dos banheiros.
Manutenção da Horta.
Número de funcionários: 5
S
(Cozinha e
refeitório)
Elaboração das refeições diárias.
Número de funcionários: 4
T
(Inspeção
Federal)
Recebimento periódico de animais para abate.
Inspeção de carcaças e vísceras.
Separação das peças condenadas.
Número de funcionários: 10
U
(Lagoa de
Decantação)
Limpeza e manutenção das caixas das linhas de sangue e fezes.
Número de funcionários: 2
V
(Setor elétrico)
Executa serviços e manutenção elétrica
Conserto e montagem de maquinas e equipamentos elétricos de baixa e
alta tensão.
Número de funcionários: 3
FONTE: Dados obtidos no DEREH (Departamento de Recursos Humanos), 2005
4.2 Descrição do Processo Produtivo
O processo produtivo descreve as operações realizadas dentro do matadouro
para o completo processamento matéria-prima carne, desde a recepção do animal até a
expedição do produto final.
61
O Fluxograma do Processo, utilizando a simbologia da ASME (Sociedade
Americana de Engenharia Mecânica) é apresentado no Apêndice C.
Transporte dos animais vivos:
O processo produtivo da carne bovina inicia-se com o transporte das boiadas. O
estresse dos animais inicia-se na saída da fazenda e continua durante o deslocamento,
onde o animal pode sofrer contusões na pele e na carne.
O serviço de inspeção sanitária registra lote por lote, a natureza do transporte,
procedência, distância percorrida e eventuais fraturas.
Recepção
Após a chegada ao matadouro, os bovinos são conduzidos até o curral, onde
passam por uma inspeção ante-mortem, que tem o intuito de diagnosticar enfermidades
e outros problemas, permitindo-se o afastamento de animais previamente
comprometidos.
Os animais provenientes dos currais de chegada e considerados aptos para a
matança são conduzidos aos currais de matança, onde permanecem por cerca de 24
horas em jejum e dieta hídrica, com vistas à recuperação do estresse sofrido no
transporte e, principalmente, ao esvaziamento do trato gastrointestinal, o que minimiza
a ocorrência de rupturas do mesmo durante a etapa de evisceração, com conseqüente
contaminação da carcaça e perda de sua qualidade.
Box de insensibilização
Antes de ingressarem na sala de abate, os animais são submetidos a um banho
aspersão, com água hiperclorada a 3 atm de pressão para retirada de eventuais
materiais presentes no couro do animal, reduzindo a carga contaminante superficial. Os
animais continuam na rampa de acesso, são novamente banhados, imediatamente
antes de terem acesso ao Box de insensibilização. Este banho promove a
62
vasoconstrição periférica e vasodilatação interna, além de acalmar os animais,
facilitando e tornando mais eficiente a etapa de sangria.
Figura 01 – Animais na rampa de acesso Figura 02 – Animais durante o banho
Fonte: pesquisa direta Fonte: pesquisa direta
Ao serem admitidos no Box, os animais são abatidos por pistola pneumática
acionada na região do osso frontal. Ao serem atordoados, abre-se, concomitantemente,
o fundo e a lateral do Box e os animais caem inconscientes na praia de vômito, onde
são imediatamente suspensos pela pata traseira esquerda.
4.2.1 Sala de abate
A sala de abate é o local onde ocorre o abate do boi, desde a sua chegada a
seu processamento em carcaça.
Sangria
Após suspensos os animais, estes são dirigidos imediatamente, através de um
trilho, para sangria, a sangria é efetuada pela abertura da barbela e secção dos
grandes vasos do pescoço. O sangue é conduzido pela canaleta de sangria a os
tanques depositários. O tempo de sangria varia entre três e cinco minutos.
63
Figura 03- Animal sendo suspenso Figura 04- Sangria
Fonte: pesquisa direta Fonte: pesquisa direta
Esfola
Após a sangria, os animais, ainda suspensos pela pata traseira esquerda, iniciam
o processo de esfola, que consiste na retirada do couro, dos chifres, das patas
dianteiras e traseiras e a preparação para a retirada da cabeça.
Inicia-se com a retirada dos chifres e patas dianteiras, que ocorrem no chão. Em
cima de uma plataforma inicia-se o descolamento do couro da pata direita e retirada do
mocotó direito. Este processo é denominado primeiro transpasse. Após seu término, os
animais seguem para o segundo transpasse, onde é colocada a carretilha na perna
direita e encaixada na nora, liberando a perna esquerda para retirada do mocotó e
descolamento do couro. Em seguida é colocada a carretilha na perna esquerda e os
animais seguem suspensos. Simultaneamente, a esse processo no chão, são
efetuadas as operações de retirada do couro da testa e é feita a gola (descolamento do
couro do pescoço). Segue-se a oclusão do reto, para evitar contaminação, e a esfola da
cauda.
64
Figura 5 – Primeiro transpasse Figura 6 – Gola
Fonte: pesquisa direta Fonte: pesquisa direta
Com o uso de um equipamento chamado rolo, é realizada a retirada total do
couro, seguido da serragem do esterno, feita com a chamada serra de peito e a
primeira identificação dos animais.
Figura 07 – Retirada do couro
Fonte: pesquisa direta
Após a retirada do couro, este segue através do chute, que é um tubo metálico
que conduz o couro para a sala de couro, onde será limpo e entregue ao dono.
Em seguida é feita a retirada da cabeça, que será inspecionada e levada para
sala de cabeça através de uma nora para o transporte de cabeças. Neste momento é
65
feita a primeira inspeção nos animais verificando as glândulas e retirando partes
machucadas dos mesmos. Na sala de cabeças, estas são descarnadas e ocorrem as
retiradas da língua, glândulas de secreção interna e cérebro.
Figura 08 – Sala de cabeça
Fonte: pesquisa direta
Evisceração
Após a separação da cabeça, os animais são conduzidos, ainda suspensos, à
mesa de evisceração, onde através da abertura das cavidades pélvica, abdominal e
torácica são retirados o esôfago, os estômagos e os intestinos. Em seguida, faz-se a
retirada do fígado e posteriormente dos pulmões e coração. Estes são imediatamente
inspecionados e depois enviados para a sala de miúdos e bucharia, onde são lavados,
classificados e prontos para comercialização.
66
Figura 09- Evisceração Figura 10- Mesa de Inspeção Federal
Fonte: pesquisa direta Fonte: pesquisa direta
Preparo de meias-carcaças
Logo em seguida a evisceração, as carcaças o conduzidas para serem
serradas ao longo da coluna vertebral por serradores postados em plataformas
próprias. Existem duas plataformas, a primeira com a serra de cima, onde são divididos
os traseiros e depois a serra de baixo onde dividem-se os dianteiros. Assim a carcaça
se divide em duas meias-carcaças. As serras devem ser higienizadas com
esterilizadores próprios.
Figura 11- Serra de cima
Fonte: pesquisa direta
67
Após a divisão, estas seguem para a limpeza final, onde os rins, a traquéia e
demais carnes industriais são retiradas.
Logo em seguida as carcaças são lavadas para remoção do sangue, esquírolas
ósseas, etc., identificadas , carimbadas, e pesadas.
Figura 12 – Identificação das carcaças
Fonte: pesquisa direta
Em seguida são levadas para as câmaras de resfriamento
4.2.2. Sala de mocotó
A sala de mocotó funciona no andar rreo do prédio, os demais setores também
se localizam no térreo do MAFIR.
O processo desenvolvido nesse setor consiste na retirada do casco, pelagem,
escaldagem dos mocotós do boi. Após a escaldagem é realizada uma limpeza da peça,
sendo então enviado o mocotó para sala de miúdos.
Figura 13 – Sala de Mocotó
Fonte: pesquisa direta
68
4.2.3. Sala de cabeça
Todas as cabeças dos bovinos vão para a sala de cabeças. Elas são
inspecionadas, prensadas, e procede a retirada da carne, posteriormente passam pelo
chute (cano de inox) para a sala de trituração.
4.2.4. Sala de bucharia
A sala de bucharia é o local onde ocorre a abertura, retirada de excrementos,
lavagem dos estômagos (bucho e livro).
Após isso, os buchos o levados para centrifugas especiais, onde é feita a
raspagem mecânica e lavagem em água quente. Depois são cozidos em um processo
de branqueamento, passados por um toalete final (retirada da pele manualmente).
Na sala de bucharia, também ocorre o processamento das tripas, que são
lavadas e viradas uma a uma em água corrente.
Após isso, elas passam por um cozimento. Todas as vísceras (bucho e tripa) são
passadas pela janela para a sala de miúdos, onde posteriormente, são encaminhadas
para armazenamento nas câmaras.
Figura 14- Bucharia Limpa Figura 15- Bucharia Suja
Fonte: pesquisa direta Fonte: pesquisa direta
4.2.5. Sala de trituração
A pele, ossos, demais resíduos do animal e os condenados chegam pelo chute
(cano de inox) e caem diretamente no chão. O funcionário recolhe esses produtos, leva
69
até a máquina que realiza a trituração e esta mistura é transportada para o setor de
graxaria pelo chute.
Uma modificação deverá ser realizada no setor de trituração, havendo
necessidade de se ter um recipiente, que receba os materiais vindo do chute, que
estes caem diretamente no chão, obrigando o funcionário, a recolher todos os produtos
individualmente. Esta mudança pouparia o esforço do servidor encarregado desta
atividade.
Figura 16 - Trituração
Fonte: pesquisa direta
4.2.6. Sala de graxaria
O material triturado, chega pelo chute até os digestores da sala de graxaria. A
massa é cozida, e por uma válvula, o sebo é retirado e escorrido para um tanque, no
qual, mais uma vez, é cozido e armazenado em reservatórios. O restante do material
dos digestores vai para um helicoidal sem fim, é prensado, armazenado em um silo e
ensacado. O material final é a farinha de carne e osso e o sebo.
Na graxaria o cheiro proveniente do material em processo é bastante intenso,
percebe-se que os funcionários se habituaram com este odor, pois nenhum utiliza
70
máscara. A empresa fornece tal equipamento, mas os trabalhadores são resistentes ao
uso.
Figura 17 - Graxaria
Fonte: pesquisa direta
4.2.7. Sala de miúdos
As vísceras vermelhas (fígado, coração, pulmão), chegam nessa sala pelo chute.
Nesse local é realizada a separação (se necessário), retirada de membranas, lavagem
e acondicionamento nas câmaras frigoríficas.
As carnes industriais (carne morta e carne de cabeça) também chegam pelo
chute; elas são limpas e embaladas.
Nessa sala também é realizado o corte da cauda do animal.
Figura 18 – Sala de Miúdos
Fonte: Pesquisa direta
71
4.2.8. Tendal
Os bois abatidos chegam nesse setor em carcaças, então, é realizado, com
facões o corte e a carcaça vira quarto. Após o corte, os quartos são armazenados em
câmaras frigoríficas.
O animal resfriado é transportado manualmente para os caminhões.
Figura 19 - Tendal
Fonte: Pesquisa direta
72
CAPÍTULO 5- APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1 Metodologia
Visando alcançar os objetivos propostos neste trabalho, realizou-se a Análise
Ergonômica do Trabalho (AET) na atividade de abate bovino no MAFIR. O modelo
metodológico que norteia a pesquisa é o Modelo de Análise Ergonômica do Trabalho
(AET), que consiste em três etapas, já descritas no Capítulo 2:
- Análise da demanda;
- Análise da tarefa;
- Análise da atividade.
Este modelo metodológico possibilitou evidenciar as condições de execução do
trabalho do local estudado e suas conseqüências para a saúde dos indivíduos.
5.1.2 Análise da demanda
A demanda pela intervenção ergonômica ocorreu por sugestão da Direção Geral
da empresa estudada. Alguns requisitos foram citados como indicativos de necessidade
de aplicação de um estudo ergonômico na atividade de abate bovino, são eles:
Trabalho que exija um grande esforço físico;
Trabalho que exija posturas rígidas ou fixas (só sentado, ou só em pé);
Presença maciça de pessoas em idade avançada;
Queixas de dores musculares;
Trabalho exigindo movimentos repetitivos;
A intervenção ergonômica foi realizada apenas no setor de abate bovino e nas
salas de beneficiamento de carne (setores de currais, abate, sala de mocotó, sala de
cabeça, bucharia, trituração, graxaria, miúdos, tendal e couro), conforme descrito na
parte metodológica.
73
Os trabalhadores permanecem a maior parte do tempo em e em contato
permanente com possíveis animais portadores de doenças infecto-contagiosas, como
carbunculose, brucelose e tuberculose. De acordo com o anexo 14 da NR-15, o
trabalho permanente com esses animais acarreta um direito de recebimento do
adicional de insalubridade de grau máximo para os trabalhadores deste setor. O
adicional assegura o recebimento de 40% do salário mínimo da região.
Por todos esses fatores a empresa e a mestranda mostraram interesse em
conhecer as condições reais de trabalho nestes setores, verificando a necessidade de
melhoria da qualidade de trabalho.
5.1.3 Análise da Tarefa / Atividade
Conforme levantamento efetuado a partir da aplicação dos questionários, serão
apresentados os resultados obtidos nas entrevistas. Dos 86 funcionários dos setores
em questão, 84 foram entrevistados. Os questionários foram validados com outros
funcionários não participantes do estudo, antes de sua aplicação. O questionário na
íntegra é apresentado no Apêndice A desta pesquisa.
Após a apresentação dos resultados obtidos nos questionários, serão expostos
os resultados das correlações efetuadas entre as variáveis mais significativas.
Os riscos os quais os trabalhadores estão expostos em seus ambientes de
trabalho, também serão abordados e apresentados.
5.1.3.1 Dados referentes ao homem
O perfil da população dos setores do estudo está representado nas figuras
abaixo relacionado.
74
Sexo
77%
23%
Masculino
Feminino
Gráfico 01 - Percentual de funcionários classificados por sexo
Pelo observado no gráfico 01, a maior parte da população dos setores de abate,
currais, mocotó, cabeça, bucharia, trituração, graxaria, miúdos, tendal e couro é
composto por homens, ou seja, 65 funcionários. Em algumas atividades desenvolvidas
no matadouro é necessária grande força física, portanto este seria um dos fatores
encontrados para a grande concentração de funcionários do sexo masculino.
O gráfico 02 apresenta o percentual por idade dos trabalhadores do MAFIR.
Idade
0%
18%
38%
29%
14%
1%
Até 20 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
De 51 a 60 anos
Acima de 60 anos
Gráfico 02 - Percentual de funcionários em relação a idade
Tendo em vista as informações acima, a maior parte dos funcionários está entre
31 a 50 anos, quase 67% dos colaboradores
.
Isso mostra que a massa trabalhadora é
composta por pessoas em idade avançada. A média de idade no MAFIR é de 40 anos,
o trabalhador mais velho tem 71 anos e o mais novo 21.
No gráfico 03 tem-se a apresentação do percentual no que se refere ao estado
civil dos funcionários.
75
Estado Civil
43%
51%
4%
2%
Solteiro
Casado
Viúvo
Divorciado
Gráfico 03 - Percentual de funcionários em relação ao estado civil
Em relação ao estado civil, no MAFIR, metade dos funcionários são casados e o
restante apresenta outra opção civil.
Um dado importante é a antiguidade na empresa. No gráfico abaixo é
apresentado o percentual quanto ao tempo de MAFIR.
Tempo no MAFIR
7%
24%
42%
27%
0%
De 0 a 1 ano
De 2 a 5 anos
De 6 a 10 anos
De 11 a 20 anos
Acima de 21 anos
Gráfico 04 - Percentual de funcionários em relação ao tempo no MAFIR
No gráfico 04 percebe-se que grande parte dos colaboradores do MAFIR tem de
6 a 10 anos de casa. A média de antiguidade na empresa é de 7,75, ou seja, quase 8
anos de trabalho desenvolvido no MAFIR.
Foi levantado também o tempo de serviço desempenhado na função atual, ou
seja, quanto tempo ele exerce na atividade atual. Este dado está apresentado no
gráfico 05 a seguir:
76
Tempo na função
21%
39%
32%
8%
0%
De 0 a 1 ano
De 2 a 5 anos
De 6 a 10 anos
De 11 a 20 anos
Acima de 21 anos
Gráfico 05 - Percentual de funcionários em relação ao tempo na função
Quase 40% dos funcionários entrevistados atuam na função de 2 a 5 anos. Este
é um dado relevante, porque isso representa que a maioria dos colaboradores esta
habituado com a execução de sua atividade. Temos também representado na figura
que 32%, ou seja, 27 trabalham em sua função de 6 a 10 anos, uma informação
positiva.
No capitulo 4, durante a descrição do caso, foi apresentada a tabela 8 ,
descrevendo os setores e atividades no MAFIR, nesta tabela foi apresentado o número
de funcionários por setores na empresa e suas respectivas atividades. Durante a
aplicação da entrevista (vide Apêndice A) foi perguntado aos colaboradores, os setores
que eles trabalham e a figura com os resultados esta representada abaixo:
Setores no MAFIR
27%
13%
12%
10%
10%
8%
5%
7%
4%
2%
1%
1%
Abate
Bucharia
Miúdos
Inspeção Sanitária
Tendal
Mocotó
Cabeça
Graxaria
Curral
Trituração
Operacional
Couro
Gráfico 06 - Percentual de funcionários em relação ao setor
77
A partir dos dados obtidos no gráfico anterior (gráfico 06), podemos afirmar que
os valores divergem dos fornecidos pelo setor de Recursos Humanos (DEREH), ou
seja, os funcionários estão lotados em funções especificas, mas no dia-dia eles atuam
de acordo com a necessidade da empresa. Por um lado essa situação é positiva, na
medida em que enriquece a sua tarefa, torna-se o trabalho menos repetitivo e fatigante.
Mas, o que chamou atenção da pesquisadora foi o fato de que alguns setores no abate
são classificados como insalubres de grau médio e outros de grau máximo. Pelos dados
colhidos, os setores de sala de cabeça e sala de miúdos são classificadas como
insalubridade média, mas, se existe essa rotação de função deveria ser padronizado o
adicional para máximo.
As próximas figuras descritas irão apresentar dados acerca da organização
relações na empresa e atividades desenvolvidas.
O gráfico 07 representa a existência de pausas durante a jornada de trabalho.
Descanso
94%
6%
o
Sim
Gráfico 07– Existência de descanso durante a jornada
Pode-se concluir que a maioria dos funcionários executa suas atividades sem
nenhuma pausa ou descanso. Isso é prejudicial para o trabalhador; qualquer atividade
desempenhada, principalmente aquelas que despenda muito esforço físico, deve ser
seguida de pausas, para garantir a preservação da saúde e bem estar do trabalhador.
78
O gráfico 08 demonstra a opinião dos trabalhadores no que se refere aos
movimentos repetitivos, se durante a atividade eles executam funções com recorrência
de movimentos.
Movimentos Repetitivos
79%
21%
Sim
Não
Gráfico 08 – Movimentos Repetitivos
No total 66 funcionários atribuíram que sua operação apresentava procedimentos
repetitivos, enquanto 18 funcionários que não.
No que se refere ao revezamento de funções durante a jornada de trabalho, a
maioria dos funcionários (92%) não utiliza essa prática, conforme apresentação do
gráfico 09.
Revezamento
8%
92%
Sim
o
Gráfico 09 – Revezamento de função durante a jornada
Foi indagado se o funcionário apresentava algum problema de relacionamento
dentro do MAFIR, e acerca deste dado temos o gráfico 10 abaixo:
79
Dificuldade de relacionamento
13%
87%
Sim
o
Gráfico 10 – Dificuldade de relacionamento
Grande parte da amostra (87%) não tem dificuldade de relacionamento no
MAFIR, podemos levantar que na empresa, a partir das visitas realizadas, o clima entre
os colaboradores é de harmonia e amizade. Prova disso, é que apenas 8% dos
funcionários entrevistados acreditam que existe um excesso de pressão por parte da
chefia, conforme representado no gráfico 11:
Excesso de pressão
8%
92%
Sim
o
Gráfico 11 – Excesso de pressão
Algumas atividades podem se desenvolvidas em pé, enquanto outras somente
sentada, no que se refere a posição. No MAFIR a grande maioria dos colaboradores
permanece em pé durante toda sua jornada, conforme quadro abaixo (gráfico 12). Essa
forma posicional representa que durante o final do expediente, grande parte dos
funcionários se sentirão muito cansados, este dado pode ser visualizado no gráfico 13.
80
Posição
80%
11%
7%
1%
1%
Em
Caminhando
Carregando peso
Sentado
Correndo
Gráfico 12 – Posição durante o trabalho
Final do expediente
49%
36%
15%
Muito cansado
Cansado
Pouco cansado
Gráfico 13 – Estado físico ao final do expediente
A partir de cálculos, com o auxilio do EXCEL, podemos analisar alguns dados e
obter algumas informações:
Dos 67 funcionários que trabalham em pé, 33 no final do expediente se
sentem muito cansados, 24 cansados e apenas 10 pouco cansados;
Dos 9 trabalhadores que realizam suas atividades caminhando, 5 se
sentem muito cansados.
No gráfico 08 foi demonstrado que 66 colaboradores desenvolve atividades
repetitivas, destes 59 se sentem muito cansados ou cansados, enquanto somente 7
pouco cansados. Os 18 trabalhadores que não trabalham executando movimentos
repetitivos, 8 se sentem pouco cansados.
81
Conforme a NR-6, referente a equipamentos de proteção individual (EPI)
empresa é obrigada a fornecer, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito
estado de conservação e funcionamento.Com base nesta questão, foi levantado um
quesito com o objetivo de verificar, se a empresa fornecia EPI’s para todos os seus
funcionários (de acordo com a necessidade de cada setor). E, como resultado,
conforme gráfico 14, a maioria dos colaboradores (81%) tinha disponível para uso
botas, capacetes, luvas, batas, aventais...etc.
Fornecimento de EPI
81%
19%
Sim
o
Gráfico 14– Disponibilidade de EPI
Para aqueles funcionários que tinham disponíveis EPI’s, foi questionado no que
se refere à sua utilização, e de acordo com a representação do gráfico 15, 66% dos
trabalhadores utilizam, enquanto 25% não usam e 14% empregam o uso de EPI às
vezes.
Utilização
61%
25%
14%
Sim
Não
As vezes
Gráfico 15 – Percentagem de utilização de EPI
82
Um dado importante a ser levantado é o de acidentes de trabalho, nos gráficos
16 e 17 são apresentados a ocorrência de acidentes do trabalho e o tipo de acidente. O
MAFIR não conta com um PCMAT (Programa de Controle Médico e Saúde
Ocupacional), portanto não existem dados acerca da ocorrência de acidentes. Pelo
gráfico 16 observamos que 55%, ou 46 colaboradores nunca sofreram nenhum
acidente, enquanto 38 foram acometidos desse mal. Dentre os 38 colaboradores que
sofreram acidentes, é interessante ressaltar, que 14 deles não estavam utilizando EPI’s.
Dos acidentes se destaca, de forma absoluta, com 75% da freqüência os cortes,
proveniente do contato com materiais pontiagudos, como faca.
Ocorrência de acidentes
55%
45%
Não
Sim
Gráfico 16 –Ocorrência de acidentes do trabalho
Tipos de acidentes
75%
8%
5%
3%
3%
3%
3%
corte
queda
queda boi
queimadura
escorregou
queda carretilha
queda cabeça
Gráfico 17 – Tipo de acidente
83
Cortes ocorrem com tanta freqüência, que muitos nem consideram este
acontecimento como acidente, a empresa deve fornecer luvas de malha de aço para
aqueles que operam com facas ou materiais cortantes.
Os setores que apresentam acidentes e a respectiva porcentagem estão
descritos na tabela 09 a seguir:
Tabela 09: Percentual de acidentes por setor
Setor Quantidade de
Funcionários e
Porcentagem
Percentual de funcionários que sofreram
acidente de trabalho
Bucharia 11(13%) 45,5%
Curral 3(4%) 33,3%
Abate 27(32%) 51,9%
Tendal 8(9%) 12,5%
Trituração 2(3%) 50,0%
Graxaria 6(7%) 50,0%
Miúdos 10(11%) 50,0%
Inspeção Federal 8(9%) 25,0%
Operacional 1(2%) 100,0%
Mocotó 7(8%) 57,1%
Couro 1(2%) 100,0%
Total: 84
Média 52,30%
Fonte: pesquisa direta, 2006.
Percebe-se que muitos funcionários não utilizam luvas e protetores auriculares,
ainda existe muita desconfiança e resistência quanto ao uso. O não uso de luvas,
principalmente por aqueles que manuseiam facas, pode resultar em cortes. Um dado
que deve ser observado foi o alto índice de acidentes, 52,3% dos trabalhadores dos
setores em estudo já sofreram algum tipo de acidente.
A grande porcentagem de acidentes dentre os funcionários (52,3%) dos setores
estudados, conforme apresentação da tabela 09 evidencia o descuido quanto aos
meios de prevenção e controle dos riscos. A empresa deve tomar medidas, como
treinamentos, cursos e implantar a CIPA (Comissão Interna de Prevenção a Acidentes).
84
A implantação da CIPA tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças
decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com
a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A NR 5, referente a CIPA
descreve a constituição, a organização, atribuições, funcionamento, treinamento,
processo eleitoral, dimensionamento desta.
O gráfico 18 identifica os principais riscos aos quais os trabalhadores estão
expostos e o gráfico 19 aponta a gravidade destes.
Riscos no trabalho
30%
28%
10%
10%
6%
5%
5%
4%
1%
1%
Doenças
biológicas
Corte
Queimadura
Queda do boi
Escorregar
Problemas de
coluna
Choque
Ruido
Excesso de
peso
Todos
Gráfico 18 – Tipo de acidente
Gravidade dos Ricos
56%
30%
14%
Grave
Muito grave
Pouco Grave
Gráfico 19 – Tipo de acidente
85
Grande parte dos funcionários aponta as doenças biológicas e o corte como os
principais riscos do desenvolvimento de suas atividades, e caracterizam esse risco
como grave.
5.1.3.2 Dados referentes às condições organizacionais de trabalho
Nesta etapa foram levantados dados referentes à organização geral da empresa.
A apresentação do Organograma da CODESAIMA visa explicitar a atual forma de
organização da empresa. Vide Apêndice D – Organograma da Organização.
Os funcionários do abate recebem um adicional de insalubridade de grau
máximo, o mesmo adicional é percebido pelos funcionários dos setores: mocotó,
bucharia, trituração, graxaria e tendal. Os únicos setores onde esse adicional é médio
são a sala de cabeça e miúdos. O questionamento se refere durante a rotatividade das
funções, por exemplo, um funcionário lotado na sala de cabeça substitui um outro
trabalhador no abate, esta pessoa estaria exposta aos riscos do abate, mas o seu
adicional é inferior. A empresa deveria estabelecer o mesmo recebimento, para todos
aqueles do abate e demais salas.
A jornada de trabalho no MAFIR é iniciada ás 06:00 e seu término ocorre
normalmente às 15:00. O abate acontece somente nas segundas, quartas e sextas-
feiras. Nas terças e quintas-feiras o expediente é das 07:30 às 12:30 e apenas uma
parte dos funcionários trabalham, com base num sistema de um rodízio, feito pela
administração do MAFIR.
5.1.3.2 Dados referentes ao meio ambiente físico de trabalho
Para um melhor embasamento da pesquisa na tabela 10 estão caracterizados o
ambiente de trabalho de cada setor da referida empresa:
Tabela 10 – Características físicas do MAFIR
SETOR CARACTERIZAÇÃO FÍSICA
Setor A
-
Ambiente com 3.720,00 m
2
-
Infra-estrutura em concreto armado
-
Piso em concreto de alta resistência
86
(Curral)
-
Fechamento em estrutura metálica tubular com porteiras
- Chuveiro e passarela em chapa de aço antiderrapante
Setor B, C,
D, E e H
(Sala de
abate,
Mocotó,
Cabeça,
Bucharia e
Miúdos)
-
Ambiente com 1.251,80 m
2
-
Infra-estrutura em concreto armado
-
Telhados em madeira de lei e telha de fibrocimento
-
Fechamento em alvenaria de tijolo revestido com reboco
-
Piso industrial de alta resistência
- Paredes com azulejo
- Esquadrias internas e externas em ferro
Setor I
(Câmaras
Frigoríficas)
-
Ambiente com 1.295,0 m
2
-
Paredes compostas com isolantes térmicos
-
Portas frigoríficas
-
Piso industrial de alta resistência
- Sistemas de trilhos aéreos
- Evaporadores de temperatura
Setor G e F
(Graxaria e
Trituração)
-
Ambiente com 640,00 m
2
-
Infra-estrutura em concreto armado
-
Telhados em madeira de lei e telha de fibrocimento
-
Fechamento em alvenaria de tijolo revestido com reboco
- Piso industrial de alta resistência
Setor J
(Casa das
Caldeiras)
-
Ambiente com 210,00 m
2
-
Infra-estrutura em concreto armado
-
Telhados em madeira de lei e telha de fibrocimento
- Fechamento em alvenaria de tijolo revestido com reboco
- Piso industrial de alta resistência
- Equipamentos: caldeira
Setor M
(Casa de
Máquinas)
-
Ambiente com 840,00 m
2
-
Infra-estrutura em concreto armado
-
Telhados em madeira de lei e telha de fibrocimento
- Fechamento em alvenaria de tijolo revestido com reboco
- Piso industrial de alta resistência
- Equipamentos: instalações de frio
Vestiários
- Ambiente com 161,00 m
2
-
Infra-estrutura em concreto armado
-
Telhados em madeira de lei e telha de fibrocimento
- Fechamento em alvenaria de tijolo revestido com reboco
Setor P
(Lavanderia)
-
Ambiente com 339,00 m
2
-
Infra-estrutura em concreto armado
-
Telhados em madeira de lei e telha de fibrocimento
- Fechamento em alvenaria de tijolo revestido com reboco
- Piso industrial de alta resistência
Setor R
(Cozinha e
-
Infra-estrutura em concreto armado
-
Telhados em madeira de lei e telha de fibrocimento
- Fechamento em alvenaria de tijolo revestido com reboco
87
Refeitório) - Piso industrial de alta resistência
Setor U
(Elétrico)
- Não apresenta um local especifico
Fonte: Arquivo ASTEC (Assessoria Técnica - CODESAIMA), 2005.
5.1.3.2.a Temperatura
A tabela 11 apresenta um resumo dos valores obtidos através das medições da
temperatura, realizadas no mês de Dezembro de 2005. Estes resultados permitem
observar a variação da temperatura nos diversos setores do MAFIR.
As atividades desempenhadas nos setores de abate e demais salas são
consideradas como moderadas. E no ambiente de trabalho não existe carga solar.
Os trabalhadores estavam expostos as seguintes temperaturas:
Tabela 11 - Temperaturas de bulbo úmido, globo e IBUTG
Setor Temperatura Bulbo
Úmido
Temperatura de Globo IBUTG
Abate* 27,3
o
C. 30,6
o
C. 28,3
o
C.
Mocotó
28,2
o
C. 30,8
o
C. 29
o
C.
Cabeça 26,4
o
C. 29,7
o
C. 27,4
o
C.
Bucharia 27,4
o
C. 34,7
o
C. 29,6
o
C.
Trituração 28,9
o
C. 30,2
o
C. 29,3
o
C.
Graxaria 28,4
o
C. 29,0
o
C. 28,6
o
C.
Miúdos 23,2
o
C. 26,5
o
C. 24,2
o
C.
Tendal 21
o
C. 25,3
o
C. 22,3
o
C.
FONTE: Pesquisa direta, 2005
Constatamos que o índice obtido se encontra além da faixa estabelecida para o
regime de trabalho, para o tipo de atividade exercida, no Quadro 1 da NR-15, anexo 3.
De acordo com esse quadro a temperatura xima seria de até 26,7
o
C, com esse
dado, podemos caracterizar a insalubridade nas atividades e operações realizadas nos
setores de abate, mocotó, sala de cabeça, bucharia, tituraçao e graxaria.
88
Como forma de prevenção, a empresa deverá distribuir ventiladores no local, de
forma que ventile os setores que se encontram com a temperatura acima da permitida e
alcance a ideal.
* Os funcionários da Inspeção Federal trabalham na área de abate, portanto estão
expostos a essa temperatura.
5.1.3.2.b Nível de Iluminação
Para a medição foi utilizado o equipamento multifuncional Modelo THDL-400,
da Marca Intrutherm, foi realizado o todo de leitura direta para uma área retangular
com duas ou mais linhas contínuas de luminárias.
Foi verificado a medição dos pontos segundo a posição das luminárias no
galpão. Tiramos a média das leituras para os pontos R, T, Q e P e aplicamos na fórmula
seguinte tirando a Iluminância média:
)1(
)1()1(
Im
+
+
+
+
+
=
NM
PMTNQMNR
(Equação 01)
Aplicando a formula, obtivemos os seguintes níveis de iluminância, apresentado
na tabela 12.
Tabela 12: Níveis de iluminância
Setor Nível de Iluminancia
Abate 350 lux
Mocotó 290 lux
Cabeça 550 lux
Bucharia 300 lux
Trituração 210 lux
Graxaria 360 lux
Miúdos 130 lux
Tendal 250 lux
FONTE: Pesquisa direta, 2005
Segundo a NB 57/1991, para indústria de abate de animais, requer níveis de
luminância em serviço de 500 lux, estando, portanto os setores em análise (exceto a
sala de cabeça) abaixo do recomendado.
89
A medida necessária para tornar o ambiente iluminado e dentro do recomendado
será a de realizar a troca das lâmpadas queimadas e instalar outras.
5.1.3.2.c Nível de Ruído
Os níveis de ruído encontrados estão apresentados na tabela (13) abaixo:
Tabela 13: Níveis de ruído
Setor Nível de Ruído dB(A) Exposição diária a qual os
trabalhadores estão
submetidos
Máxima exposição diária
permissível de acordo
com a NR-15(anexo1)
Abate 96 dB (atordoamento)
99,4 dB (atordoamento)
89 dB (serras)
87 dB (Ins. Federal)
8 horas 1 hora
Mocotó 104 dB
100 dB
8 horas 35 minutos
Cabeça 82 dB
72 dB
8 horas -
Bucharia 86,5 dB
84 dB
8 horas 6 horas
Trituração 104 dB
99 dB
8 horas 35 minutos
Graxaria 86,5 dB
87,4 dB
8 horas 5 horas
Miúdos 78,5 dB
80 db
8 horas
-
Tendal 85 db
83,4 db
8 horas 8 horas
FONTE: pesquisa direta, 2005.
De acordo com os valores descritos na tabela acima, verificamos que nos
setores de abate, sala de mocotó, bucharia, trituração e graxaria o nível de ruído está
acima do permitido, sendo que o restante dos setores estão dentro da norma. Faz-se
necessário, nos setores onde o nível de ruído esta acima do limite, que os funcionários
utilizem protetores auriculares, como forma de controle, na medida em que estes
90
dispositivos atenuam o ruído. A utilização destes dispositivos irá garantir a preservação
da saúde destes funcionários.
5.1.3.3 Tipos de Riscos
Foi elaborada uma tabela com os tipos de riscos aos quais o trabalhador de cada
setor está exposto.
Tabela 14- Riscos de acidentes
SETOR RISCO
Abate Riscos Mecânicos: manuseio com materiais perfuro-cortantes
Riscos Físicos: iluminação, temperatura e ruído
Riscos Biológicos: bactérias
Mocotó Riscos Mecânicos: manuseio com materiais perfuro-cortantes
Riscos Físicos: iluminação, temperatura e ruído
Riscos Biológicos: bactérias
Riscos Ergonômicos: LER
Cabeça Riscos Mecânicos: manuseio com materiais perfuro-cortantes
Riscos Físicos: temperatura
Riscos Biológicos: bactérias
Bucharia Riscos Mecânicos: manuseio com materiais perfuro-cortantes e aquecidos
Riscos Físicos: iluminação e temperatura
Riscos Biológicos: bactérias
Riscos Ergonômicos: LER
Trituração Riscos Mecânicos: manuseio com materiais perfuro-cortantes
Riscos Físicos: iluminação, temperatura e ruído
Riscos Biológicos: bactérias
Riscos Ergonômicos: LER
Graxaria Riscos Mecânicos: manuseio com materiais aquecidos
Riscos Físicos: iluminação, temperatura e ruído
Riscos Biológicos: bactérias
Riscos Químicos: poeiras
Riscos Ergonômicos: posturas
Miúdos Riscos Mecânicos: manuseio com materiais perfuro-cortantes
Riscos Físicos: iluminação
Riscos Biológicos: bactérias
91
Riscos Ergonômicos: LER
Tendal Riscos Mecânicos: manuseio com materiais perfuro-cortantes
Riscos Físicos: iluminação
Riscos Biológicos: bactérias
Riscos Ergonômicos: LER
FONTE: pesquisa direta, 2006.
Todos esses riscos apresentados anteriormente devem ser expostos aos
funcionários, através de palestras, cartazes, mapa de riscos.A empresa estudada não
tem CIPA (Comissão Interna de Prevenção a Acidentes), porém a mestranda deu
inicio a implantação desta Comissão, dada sua importância na preservação da saúde e
prevenção de acidentes.
5.1.3.4 Diagrama de Dor
O ‘’Diagrama de Áreas Dolorosas’’ proposto por Corlett e Manenica(1980) foi
aplicado ao final do expediente de trabalho aos 84 funcionários do MAFIR. O gráfico 20
exibe o percentual de funcionários que sente algum tipo de dor quando finaliza sua
jornada de trabalho.
Gráfico 20 – Freqüência de dor
Frequência de dor
4
80
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Não sente dor Sente dor
Pelo observado no gráfico anterior quase a totalidade dos funcionários sente
alguma dor no final do expediente.
92
O gráfico 21 apresenta os locais do corpo, no qual os trabalhadores sentem
incomodo e dor.
Gráfico 21 – Diagrama de dor
Diagrama de Dor
22
24
29
20
7
3
8
16
5
10
3
7
4
0
5
10
15
20
25
30
35
do
r
so superior(5)
dorso m
é
dio(7)
dorso in
f
erior
(8
)
per
na
(22
,2
3)
b
ra
ço(4
,5
)
mã
o
(16,
17
)
ante bro(12,13)
pe
sco
ço
(0)
p
é(2
6,
27)
ombro(2,3)
qua
dr
il(9)
co
xa
(18,
19
)
Não
Percebe-se que grande parte dos funcionários sentem dor no dorso inferior,
ilustrado no ‘’corpo’’ com o número 8, seguido do dorso médio (7) e dorso superior (5).
Alguns colaboradores se queixaram também de dores nas pernas e pescoços. Apenas
4 trabalhadores não sentiam dor ao final do expediente.
A média do grau de desconforto foi na ordem de 4,0, ou seja, uma dor forte. A
partir dos dados citados anteriormente, 95,2% dos funcionários sentem dores no corpo
após a jornada de trabalho, uma sugestão seria a implantação de técnicas de
relaxamento e alongamento na empresa no início e término das atividades. A prática
desta atividade tem como benefícios:
Prevenir fadiga muscular;
Diminuir o índice de acidentes do trabalho;
93
Corrigir vícios posturais;
Aumentar a disposição do funcionário no início e no retorno do trabalho;
Prevenir as doenças por trauma cumulativo;
Prevenir lesões no ambiente de trabalho;
Melhorar a flexibilidade e mobilidade articular.
5.2 Correlações
A partir dos resultados obtidos com a aplicação dos questionários, foi possível
executar a análise de dados descritiva, utilizando a Correlação de Pearson, entre as
variáveis mais significativas.
Esta análise verificou o inter-relacionamento entre as seguintes variáveis:
A primeira análise realizada teve o intuito de verificar se existia alguma
correspondência entre o tempo de serviço e a ocorrência de acidentes, porém
pode-se observar que não existe qualquer relação entre estas duas variáveis, o
valor encontrado aproximava-se de zero (0,03275), portanto não é relevante.
Este resultado pode ser atribuído pelo fato de haver muita disparidade entre os
dados obtidos. Houve casos de funcionários com treze anos de atividade e
nenhum acidente sofrido, outro com apenas um mês, com histórico de
acidente.
Foi verificada a possível relação entre as pausas no expediente de trabalho e
como o funcionário se sentia no final do serviço (pouco cansado, cansado e
muito cansado), ou seja, um funcionário que descansava durante o expediente,
se sentia menos cansado? O resultado obtido na correlação aponta para uma
relação franca, de 0,046. Esperava-se uma correlação forte, onde um funcionário
que realizasse pausas durante o expediente se sentisse pouco cansado ao final
do serviço, porém não foi o que ocorreu.
A terceira correlação estudada foi referente à posição que o trabalhador
permanecia a maior parte do tempo e de como ele se sentia. Essa relação é
positiva, porém fraca (0,030388). Houve casos, em que o funcionário permanecia
sentado a maior parte do tempo, porém no final do expediente se sentia muito
cansado; confirmando, desta forma, o resultado obtido.
94
Foi verificada uma pequena e inversa correlação entre a utilização de
equipamento de proteção individual e a ocorrência de acidentes. Este dado
demonstra, que existe a relação inversa (-0,1707) entre estas duas variáveis, ou
seja, os funcionários que utilizam EPI sofrem menos acidentes. A correlação é
baixa, tendendo a zero. A empresa estudada não apresenta uma atitude
prevencionista no tocante a orientação sobre a utilização de EPI, portanto o
simples fornecimento não irá evitar a ocorrência de acidentes.
A quinta correlação aponta uma relação baixa e inversa (-0,15721) entre os tipos
de acidentes sofridos entre os funcionários e os riscos identificados pelos
mesmos. Na concepção dos funcionários, os riscos considerados mais perigosos
não apresentam relação com aqueles causadores de acidentes.
Constatou-se que não existe uma relação significativa entre a ocorrência de
acidentes nos locais, onde a temperatura e ruído estão acima do permitido, de
acordo com na norma vigente. Os valores encontrados se aproximam de zero
respectivamente, 0,020557 e 0,081801, portanto a relação é fraca. Os resultados
encontrados apontam que embora o local de trabalho seja insalubre, pode haver
ou não acidentes.
A inter-relação entre o desenvolvimento de movimentos repetitivos e como o
funcionário se sente ao término do expediente é 0,198934, portanto, embora
fraca, existe uma correlação entre tais variáveis.
A última correlação executada foi referente à idade com a ocorrência de
acidentes. O valor encontrado aproxima-se de zero,
0,020146, portanto não
existe relação entre tais variáveis. A ocorrência de acidentes o está
relacionada à idade do trabalhador.
A aplicação da correlação foi de extrema importância nesta pesquisa, na medida,
em que foi possível verificar o inter-relacionamento entre tais variáveis.
95
5.3 Testes Estatísticos não – paramétricos
Investigou-se a influência do tempo de função, chamada variável 6 (V6), por
ocorrência de acidente de trabalho, variável 16 (V16). O teste Qui - Quadrado
apresentou estatística de teste 1,332 com Valor - P = 0,514. Portanto é provável que a
associação entre tempo de função e ocorrência de acidentes não estejam associados
de forma significativa. A tabela abaixo apresenta a Distribuição de freqüência conjunta
das variáveis V6 versus V16.
Tabela 15- Distribuição de Freqüência Conjunta da variável tempo de serviço versus ocorrência de
acidentes.
Ocorrência de acidente
Tempo de função
Não Sim
TOTAL
n % n % n %
Até 1 ano 8 9,5 10 11,9 18 21,4
Mais de 1 ano até 2 6 7,1 3 3,6 9 10,7
Acima de 2 anos 32 38,1 25 29,8 57 67,9
TOTAL 46 54,8 38 45,2 84 100,0
A associação entre as variáveis 11(V11), se existe movimentos repetitivos dos
membros superiores e a variável 16(V16) se ocorreu algum acidente de trabalho,
apresentou segundo o teste Qui - Quadrado, estatística de teste 10,770 com Valor-P =
0,001. Portanto fica comprovado a significância entre estas duas variáveis. Para melhor
perceber esta relação, foi calculada a medida de associação Kappa, sendo esta igual a
0,277 com Valor-P = 0,001. É muito provável que movimentos repetidos dos membros
superiores e a ocorrência de acidentes estejam associados de forma significativa a
Odds Ratio (Razão de chances) para estas duas variáveis é igual a 9,60 com intervalo
de 95% de confiança com limites entre 2,04 e 45,13. Portanto, a chance de ocorrer um
acidente quando o indivíduo faz movimentos repetitivos dos membros superiores é
aproximadamente 10 vezes maior do que quando o indivíduo não necessita de efetuar
os movimentos repetitivos dos membros superiores. A Tabela 16 apresenta os valores
das freqüências para o cruzamento destas duas variáveis.
96
Tabela 16 -Distribuição de freqüência conjunta da variável de existência de movimentos
repetitivos versos variável de ocorrência de acidente
Ocorrência de acidente
Existência de
Movimentos Repetitivos
Não Sim
TOTAL
n % n % n %
Não 16 19 2 2,4 18 21,4
Sim 30 35,7 36 42,9 66 78,6
TOTAL 46 54,8 38 45,2 84 100,0
O cruzamento da variável 12(V12) que apresenta durante a posição permanecida
pelo funcionário na maior parte do tempo, com a variável 13 (V13) como o colaborador
se sente no final do expediente é apresentado na Tabela 17:
Tabela 17 -Distribuição de freqüência conjunta da variável de posição versos variável como se sente no
final do expediente
Final do Expediente
TOTAL
Posição durante o dia
Cansado Muito Cansado Pouco Cansado
n % n % n % n %
Caminhando 2 2,4 5 6 2 2,4 9 10,7
Carregando peso 3 3,6 3 3,6 0 0 6 7,1
Correndo 1 1,2 0 0 0 0 1 1,2
Em pé 24 28,6 33 39,3 10 11,9 67 79,8
Sentado 0 0 0 0 1 1,2 1 1,2
TOTAL 30 35,7 41 48,8 13 15,5 84 100,0
A Tabela anterior mostra que a posição de trabalho em pé é a que provoca maior
cansaço no indivíduo. O teste Qui - Quadrado é não significativo com estatística de
teste 9,318 e Valor-P igual a 0,313.
A tabela a seguir apresenta a distribuição de freqüência da variável 15 (V15) se o
funcionário utiliza equipamentos de proteção versus variável 16(V16) de ocorrência de
acidente de trabalho.
Tabela 18 -Distribuição de freqüência conjunta da variável de movimentos repetitivos versos
variável de ocorrência de acidentes
Ocorrência de acidente
Existência de
Movimentos Repetitivos
Não Sim
TOTAL
n % n % n %
Não 9 14,5 9 14,5 18 29
Sim 21 33,9 23 37,1 44 71
TOTAL 30 48,4 32 51,6 62 100,0
97
O teste não paramétrico Qui - Quadrado aplicado aos dados da Tabela 18
apresenta estatística de teste 4,301 com Valor- P = 0,231 sendo, portanto não
significativo. Não foram consideradas as respostas às vezes. Quando esta categoria foi
considerada, o resultado do teste Qui - Quadrado também foi significativo, porém o
percentual de celas com freqüência esperada menor que 5 ultrapassou os 20%
invalidando a conclusão do teste Qui - Quadrado.
As variáveis 1 (V1) referente a idade e 16(V16) ocorrência de acidente de
trabalho foram analisadas com o teste o paramétrico de Mann - Whitney,
considerando V16 a variável explicativa (grupo) e idade a variável resposta. A
estatística U de Mann - Whitney foi igual a 841 com Valor - P = 0,767 sendo portanto
não significativa. Portanto não evidência estatística de que a idade seja um fator
importante não ocorrência de acidentes, segundo o teste não paramétrico de Mann -
Whitney.
98
CAPÍTULO 6- CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO
6.1 Conclusão
O problema de pesquisa do presente estudo pode ser sintetizado da seguinte
forma: As condições atuais de trabalho no MAFIR, no setor de abate e salas de
beneficiamento estão causando danos à saúde dos trabalhadores e especialmente
estão de acordo com as normas vigentes?
Neste sentido, buscou-se primeiro realizar o embasamento teórico da pesquisa,
conhecer o processo produtivo do abate e beneficiamento da carne, aplicar
questionários, fazer observações e diagnósticos acerca da situação, sendo norteado e
orientado pela Análise Ergonômica do Trabalho. Podemos concluir com base nos
dados visto anteriormente, que o setor de abate e salas de beneficiamento estão
causando danos à saúde e não estão de acordo com as normas que atuam referentes a
Segurança do Trabalho. As possíveis causas desta situação estão descritas abaixo:
Abate
O setor de abate é o local de maior concentração de funcionários e pelos
resultados obtidos percebe-se que no quesito condição ambiental, o setor não oferece
as condições necessárias para o bem estar e qualidade de trabalho a seus
funcionários. Conforme pode ser observado anteriormente a temperatura ideal está na
faixa de 26,7C, a encontrada no setor é de 28,3
o
C, ou seja, a temperatura encontra-se
acima do desejado. O nível máximo de ruído recomendado seria o de 85 dB, em alguns
locais do setor, como na sala de atordoamento, o aparelho não realizou a leitura, pelo
fato de ultrapassar os 110 dB, portanto o ruído supera o permitido. O nível de
iluminação apresentado anteriormente também se encontra abaixo da faixa ideal, o
nível medido foi de 350 lux, o ideal está em 500 lux.
Para sintetizar os resultados obtidos, utilizaremos uma tabela para finalizar a
situação das salas de beneficiamento e evidenciar a resposta do problema de pesquisa:
99
Mocotó
A sala de Mocotó evidencia um ruído muito superior ao permitido, conforme pode
ser observado anteriormente, na faixa de 104 dB. A iluminação do local está em 290
lux, abaixo da ideal e a temperatura esta acima do aceito pela norma, em torno de 29
o
C, sendo que a desejada é de 26,5
o
C.
Cabeça
A sala de cabeça se situa muito próximo da sala de abate, porém sua condição
ambiental é mais favorável, a começar pelo índice de iluminâcia, este está dentro do
valor desejado, em 550 lux, o ruído está em 82 dB, o valor limite para esta jornada de
trabalho é de 85 dB, logo ele está na faixa aceitável, mas a temperatura está um pouco
acima da ideal, em 27,4
o
C, conforme apresentação anterior.
Bucharia
A bucharia no quesito ruído está dentro do permitido, mas o índice IBUTG está
acima do permitido (29,6
o
C), e a iluminação está abaixo da ideal, na faixa de 300 lux.
Trituração
O setor de trituração pode ser considerado um local crítico, na medida em que o
ruído, o índice de iluminância e a temperatura o estão dentro dos valores regulados
para garantir conforto e segurança. A própria condição de higiene é precária, na medida
em que todos os produtos chegam pelo chute e caem diretamente no chão.
Graxaria
O intenso odor é a característica deste setor, onde os funcionários não utilizam
mascaras. A respeito da condição ambiental todos os parâmetros apresentados estão
fora do desejado, conforme pode ser visto. O nível de está acima, em 87,4 dB, o índice
de iluminância em 360 lux, abaixo do ideal e a temperatura acima da desejada, em 28,6
o
C.
100
Miúdos e Tendal
Estes setores em relação a temperatura e ruídos estão adequados, porém no
quesito iluminação podemos concluir que é precária. A sala de miúdos apresentou o
menor índice de iluminância em toda área pesquisada, em 130 lux e o tendal em 250
lux.
O objetivo geral foi alcançado, na medida em que para obtê-lo foi necessário
cumprir os objetivos específicos, estes respondidos:
O processo produtivo foi analisado conforme apresentação do item 4.2;
A Aplicação da Análise Ergonômica do Trabalho na empresa do setor de abate
bovino foi descrito;
Foi realizada a correlação entre as variáveis mais significativas.
A análise dos fatores ambientais: ruído, temperatura e iluminação estão expostas
nos itens 5.1.3.2.a, 5.1.3.2.b e 5.1.3.2.c;
A apresentação dos riscos ocupacionais em que os funcionários estão expostos
é ressaltado conforme tabela 14 ;
As sugestões de melhoria nas condições e organização do trabalho a partir de
uma perspectiva ergonômica são evidenciadas ao longo do trabalho, de acordo
com a necessidade.
Por todos os dados expostos anteriormente, podemos concluir que as condições
atuais de trabalho no MAFIR estão causando danos à saúde e grande parte dos setores
não se encontram dentro das normas vigentes. Esses danos podem não ficar
evidenciados no presente momento, mas esta dando sinais que, daqui alguns anos
estes funcionários poderão ficar debilitados e incapazes de desempenhar suas funções.
Frisa-se a importância de promover palestras e treinamentos com os
funcionários para que estes se conscientizem a respeito do uso de protetores, luvas e
equipamentos de segurança. Enfim, visando a conservação da saúde do trabalhador. O
profissional encarregado desta missão deve frisar que a importância não esta ligada ao
cumprimento da lei, mas sim, na saúde do trabalhador.
101
Faz-se necessário, que os dirigentes da CODESAIMA, se sensibilizem com a
situação exposta e realizem as mudanças e solicitações aqui descritas neste estudo.
6.2 Recomendações
De acordo com o observado neste trabalho, a aplicação do estudo foi voltada
apenas para o abate e setores de beneficiamento da carne. Dessa forma, faz-se
necessário a realização do mesmo estudo, mas voltado para os outros setores de
grande importância na empresa, como setor de manutenção, caldeira, cozinha e
lavanderia.
Este estudo pode ser aplicado também em outros matadouros, de forma a
realizar uma comparação entre os dados.
A partir dos dados encontrados na presente pesquisa, poderão ser aplicados
métodos estatísticos avançados, a fim de mostrar a influência de algumas variáveis.
102
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108
APÊNDICE A – Questionário(Baseado em Rocha)
Dados Demográficos
1.Idade:
2.Sexo:
3.Estado Civil:
4.Tempo de MAFIR:
5.Setor que trabalha:
Análise Ergonômica e Organizacional do Trabalho
6.Trabalha há quanto tempo nesta função?
anos
7. Existe pausa para descanso?
Sim/Não
8.Existe revezamento de tarefas durante a jornada de trabalho?
Sim/Não
9.Existe dificuldade nos relacionamentos interpessoais?
Sim/Não
10.Existe excesso de pressão das chefias?
Sim/Não
11.Existe movimentos repetitivos dos membros superiores?
Sim/Não
12.Que posição você permanece ao longo do dia:sentado, em pé , caminhando,
outra
13. Como você se sente no final do expediente?
Pouco cansado, cansado, muito cansado
Segurança
14. Você dispõe de Equipamento de Proteção Individual?
Sim, Não
15. Você utiliza estes equipamentos de proteção?
Sim, As vezes, Não
16. Já ocorreu algum acidente de trabalho?
Sim, Não
17.Qual?
18.Que riscos você identifica no seu trabalho?
choque ; queda; cortes; doenças biológicas; queimaduras
19. Como você considera esses ricos?
pouco graves ; graves; muito graves
109
APÊNDICE B – Questionário de ‘’Áreas Dolorosas’’
110
APÊNDICE C – Fluxograma do Processo Produtivo(Simbologia da ASME)
PROCESSO DESCRIÇÃO
Símbolos
1. Transporte das boiadas para o MAFIR
2. Chegando ao MAFIR os animais são conduzidos
até o curral
3. Inspeção Federal registra lotes
4. Animais permanecem no curral por 24 horas
5. Animais recebem banho de aspersão
6. Animais recebem outro banho para vasodilatação
7. Animais se dirigem ao Box de insensibilização
8. Animal abatido com a pistola pneumática
9. Animal cai na praia de vomito
10. Boi suspenso pela pata traseira esquerda
11. Sangria
12. Esfola
13. Retirada do couro com o rolo
14. Serragem do esterno
15. Primeira identificação
16. Retirada da cabeça
17. Evisceração
18. Serragem da coluna (serra de cima / baixo)
19. Limpeza final
20. Identificação das carcaças
21. Carimbo nas carcaças
22. Pesadas
23. Transportadas para o tendal
111
APÊNDICE D – Organograma da CODESAIMA
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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