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uma exclusão já considerada fora de controle por muitos autores.
Assim, atualmente, em qualquer parte do planeta, presenciamos cenas
deprimentes, como uma grande maioria da população excluída, marginalizada,
“massa sobrante”,
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reflexo dessa pós-modernidade
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que prega, entre outras coisas,
o niilismo, a redução de tudo em fragmentos, o provisório, o aqui e agora, a
incerteza, o fugaz, o efêmero. A mesma tende a possuir uma expressão
legitimadora cuja chegada gerou, ao mesmo tempo, uma consciência global e uma
erosão da consciência nacional, transformando em normal as anormalidades
existentes na nossa sociedade. Para Gentili e Alencar, “A exclusão se normaliza e,
quando isso acontece, acaba se naturalizando. Deixa de ser um problema para ser
apenas um dado que, em sua trivialidade, faz com que nos acostumemos com sua
presença”.
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Além disso, na grande maioria dos casos, acaba tornando-se invisível à
sociedade. Também Frigotto aborda essa questão, afirmando que: “O dado mais
perverso, neste plano, é o processo de naturalização da exclusão, das diferentes
formas de violência, inclusive o puro e simples extermínio de grupos e
populações”.
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Em 1998, Buarque chama a atenção para um dado alarmante que continua
hodierno em nosso país, confirmando o fato citado acima:
Como um dos resultados dessa modernização, em cada mil
brasileiros que nascem vivos, cerca de noventa morrem antes de
cinco anos de idade, por fome ou doenças endêmicas. Dos
sobreviventes, quase cento e vinte são excluídos desde a
infância, sobreviverão marginalizados nas ruas, jamais entrarão
em uma escola, não serão beneficiados nem úteis socialmente.
Das setecentas e noventa que restam, quinhentas não concluirão
as quatro primeiras séries de estudo. Cento e cinqüenta não
concluirão as quatro séries seguintes do primeiro grau. Apenas
cento e quarenta conseguirão passar para o segundo grau. Cem
anos depois de um contínuo e intenso processo de crescimento
econômico, cada mil brasileiros que nascem, apenas noventa
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ASSMANN, Hugo. Crítica à lógica da exclusão: ensaios sobre economia e teologia, p. 5.
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Este termo apareceu na década de 30 para designar certo desenvolvimento nas artes, sendo atribuído a
Arnald Toynbee o uso primeiro do mesmo em sua obra de vários volumes Estudo de história. Porém, é
apresentada ao mundo em 1979 pelo filósofo francês Jean-François Lyotard, atendendo a uma
solicitação do governo de Quebec (Canadá) para elaborar um relatório sobre o conhecimento nas
sociedades mais desenvolvidas, isto é, a influência das informações tecnológicas sobre o saber e
como o mesmo é trabalhado na sociedade capitalista. Seu cenário é imprescindivelmente
cibernético e informacional, defende a idéia de que sem a ciência e a tecnologia não há como ser
bem sucedido e, conseqüentemente, acumular riqueza.
9
GENTILI, Pablo & ALENCAR, Chico. Educar na Esperança em Tempos de Desencanto, p. 30.
10
FRIGOTTO, Gaudêncio. Os delírios da razão: crise do capital e metamorfose conceitual no campo
educacional In: GENTILI, Pablo (org.). Pedagogia da Exclusão: o neoliberalismo e a crise da escola, p. 84.
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