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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMACOLOGIA CLÍNICA
ESTUDO DO EFEITO ANALGÉSICO DO TOPIRAMATO EM MODELOS DE DOR
AGUDA E NEUROPATIA DIABÉTICA.
LUCIANO DA SILVA LOPES
FORTALEZA – 2007
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L854e Lopes, Luciano da Silva
Estudo do efeito analgésico do topiramato em modelos de
dor aguda e neuropatia diabética/ Luciano da Silva Lopes;
orientadora: Francisca Cléa Florenço de Sousa . - 2007.
114 f. : il.
Dissertação – Universidade Federal do Ceará. Faculdade
de Medicina, Fortaleza, 2007.
1. Analgésicos. 2. Anticonvulsivos. 3. Dor. 5. Medição da
Dor. I. Sousa, Francisca Cléa Florenço de (Orient.). II. Título.
CDD 615.783
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMACOLOGIA CLÍNICA
ESTUDO DO EFEITO ANALGÉSICO DO TOPIRAMATO EM MODELOS DE DOR
AGUDA E NEUROPATIA DIABÉTICA
LUCIANO DA SILVA LOPES
Dissertação submetida à Coordenação do Programa de
Pós-Graduação em Farmacologia, do Departamento de
Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Farmacologia Clínica.
Orientadora: Profa. Dra. Francisca Cléa Florenço de Sousa.
Co-orientadora: Profa. Dra. Fernanda Regina de Castro Almeida
FORTALEZA
2007
LUCIANO DA SILVA LOPES
ESTUDO DO EFEITO ANALGÉSICO DO TOPIRAMATO EM MODELOS DE DOR
AGUDA E NEUROPATIA DIABÉTICA
Dissertação aprovada em ____________________ de 2007.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Dra. Francisca Cléa Florenço de Sousa.
(Orientadora)
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Profa. Dra. Maria Elizabete Amaral de Moraes
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Prof. Dra. Silvânia Maria Mendes Vasconcelos
Universidade Federal do Ceará
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“Dedico este trabalho a meus pais, grandes
incentivadores de minhas conquistas”
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AGRADECIMENTOS
Dirijo meus especiais agradecimentos àqueles que tornaram possível à
realização deste trabalho:
À minha orientadora Profa. Dra. Francisca Cléa Florenço de Sousa, pela
ajuda na decisão sobre a linha de pesquisa a ser seguida em meu estudo e pela
prestatividade que sempre demonstrou.
A Profa. Dra. Fernanda Regina de Castro Almeida pelo grande apoio e por
ter aceitado me co-orientar. A você muito obrigado!
Aos colegas do Núcleo de Pesquisa em Plantas Medicinais da UFPI:
Serginho, Talvani, Luciane, Caio, Manoel e Fred sem os quais não poderia ter
realizado meus trabalhos experimentais.
Aos colegas de Mestrado e agora amigos, pelo companheirismo e pelos
momentos de alegria que passamos juntos.
Aos funcionários da UNIFAC, pela alegria e cumplicidade do convívio.
À minha esposa, Fabíola, pelo constante incentivo e compreensão no
decorrer deste Mestrado.
A Deus, pela realização deste momento.
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ESTUDO DO EFEITO ANALGÉSICO DO TOPIRAMATO EM MODELOS DE DOR
AGUDA E NEUROPATIA DIABÉTICA.
Luciano da Silva Lopes. Orientadora: Francisca
Cléa Florenço de Sousa. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em
Farmacologia. Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Universidade Federal do Cea,
2007.
No presente estudo, o Topiramato (TP) foi avaliado em modelos de dor aguda e de dor
neuropática diabética. Camundongos Swiss machos foram utilizados nos testes de nocicepção
aguda (formalina, placa quente e capsaicina) e ratos Wistar machos no teste de dor neuropática
(filamentos de von Frey). No teste da formalina (2 %; 20
µ
L/i.pl.), foi quantificado o tempo que
o animal lambia a pata que recebeu o estímulo durante 0-10 min (fase 01) e 20-40 min (fase 02).
Os resultados mostraram uma redução na segunda fase (***p<0,001) nas três doses utilizadas do
TP, enquanto que apenas a maior dose mostrou efeito na primeira fase do teste (***p<0,001). O
efeito do TP (80 mg/Kg) foi revertido pela naloxona 2 mg/Kg na segunda fase do teste da
formalina , mas não pela glibenclamida 3mg/Kg, ciproeptadina 5 mg/Kg e ondansetrona 0,5
mg/Kg quando comparado com o controle em ambas as fases. No teste da placa quente (52
°
) foi
verificada a reação do camundongo ao estímulo rmico onde o animal responde tentando pular
ou lamber uma de suas patas traseiras. Os animais foram submetidos a placa aos 00, 30, 60, 120
e 240 min após os tratamentos e comparou-se os grupos que receberam TP nas diferentes doses (
20, 40 e 80 mg/Kg) e o grupo controle. Nesse modelo, TP demonstrou atividade aos 90 e
120min (**p<0,01; ***p<0,001) apenas na maior dose utilizada (80 mg
/
Kg). Em outro
protocolo, os animais receberam capsaicina (20
µ
L, 2
µ
g/ i.pl), sendo quantificado o tempo
durante 5 min que estes lamberam ou morderam a pata estimulada, com comparação posterior
entre os grupos Não se verificou efeito significativo de TP em todas as doses utilizadas quando
comparado com o controle. Para avaliação da ação antinociceptiva em dor neuropática, os
animais foram inicialmente induzidos a diabetes com estreptozotocina 40 mg
/
Kg i.p e após
trinta dias foram submetidos ao teste com filamentos de von. Não se verificou efeito
significativo do TP nas doses utilizadas quando comparado com o controle. O TP o alterou a
freqüência de locomoção dos animais no teste do campo aberto e no teste do Rota rod e não
aumentou o número de quedas nem diminuiu o tempo de permanência na barra giratória,
sugerindo que o TP não exerce sua atividade antinociceptiva por ação depressora ou relaxante
muscular. Em conclusão, a partir desses resultados podemos sugerir que o TP apresenta efeito
antinociceptivo frente a diferentes estímulos de dor aguda, mas não na dor neuropática diabética.
O efeito analgésico nos testes de dor aguda, provavelmente envolve sistema opióide, porém não
os canais de potássio sensíveis ao ATP e sistema serotoninérgico.
Palavras chave: Analgésicos. Anticonvulsivos. Dor. Medição da dor.
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STUDY OF THE ANALGESIC EFFECT OF THE TOPIRAMATE IN ACUTE PAIN AND
DIABETIC NEUROPATIC ANIMAL MODELS. Luciano da Silva Lopes. Supervisor:
Francisca Cléa Florenço de Sousa. Masther degree´s thesis. Program of Post graduation in
Pharmacology Clinical. Department of Physiology and Pharmacology, Federal University of
Ceará, 2007.
In the present study, Topiramate (TP) was evaluated in acute pain and diabetic neuropathic
animal models. Male Swiss mice were used in the tests of acute nocicepcion (formalin, hot plat
and capsaicin) e male Wistar rats in the neuropathic pain test (filaments of von Frey). In the
formalin test (2%, 20 µL/i.pl), it was measured the time spent by the animal licking the left hind
paw which received the stimulation during 0-10 min (phase 01) and 20-40 min (phase 02).The
results showed a reduction of the second phase (*** p<0.001) in the three doses used of TP
while only the biggest dose showed effect in the first stage of test (*** p< 0.001). The TP effect
(80 mg/Kg) was reverted by naloxone 2 mg/kg in the second phase of the test of the formalin,
but not for glibenclamide 3 mg/kg, cyproeptadine 5 mg/kg and ondansetron 0.5 mg/kg when
compared to control in both phases. In the hot plate test (52º) was analysed the reaction of the
mouse to the thermal stimulation where the animal respond tryning to jump or to lick one of its
brack legs. The animals had been submitted the plate to 00, 30, 60 and 120 min after the
treatments and compared the groups that had received TP in the different doses (20,40 e 80
mg/kg). The results showed, TP demonstrated activity to 90 and 120 min (**p < 0.01; *** p <
0.001) only in the biggest dose used (80mg/kg). In another protocol, the animals received
capsaicin (20 µL/2µg/i.pl), but the results ere not significant. For evaluations of the
antinociceceptive action in neuropathic pain, the animals had been initially induced diabetes
with streptozotocine 40 mg/Kg i.p. and after thirty days had been submitted to the test with
filaments of von Frey. No significant effect of TP was observed in all doses used when
compared with the controls. TP did not modify the frequency of locomotion of the animals in
the open field and presented no effect in the Rota rod test suggesting that the TP does not exert
its analgesic effect by depressive actions or relaxant muscular activity. In conclusion, the results
may suggest that TP presents antinociceptive effect front the different stimulations of acute pain,
but not in diabetic neuropathic pain. The analgesic effect in acute pain, probably involves
system opioid, and seems do not involve potassium canals or serotoninergic system.
Keys Word: Analgesic. Anticonvulsants. Pain. Mensuration of pain.
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Estrutura molecular do Topiramato 44
Figura 02: Teste da Capsaicina 57
Figura 03: Teste da Formalina 58
Figura 04: Teste as Placa Quente 60
Figura 05. Indução da Diabetes e Teste de von Frey 61
Figura 06. Teste do Campo Aberto e Rota Rod 63
Figura 07: Efeito analgésico do Topiramato no teste da capsaicina em camundongos 67
Figura 08: Efeito analgésico do TP no teste da formalina em camundongos 70
Figura 09:Efeito analgésico do TP no teste da formalina associado com Naloxona
em camundongos 72
Figura 10: Efeito analgésico do TP no teste da formalina associado com Glibenclamida
em camundongos 74
Tabela 11: Efeito analgésico do TP no teste da formalina associado com Ondansetrona
em camundongos
76
Figura 12: Efeito analgésico do TP no teste da formalina associado com Ciproeptadina
em camundongos 78
Figura 13: Efeito analgésico do TP no teste da placa quente em camundongos 81
Figura 14: Efeito antinociceptivo do TP no teste dos filamentos de von Frey em ratos 84
Figura 15: Efeito do TP na freqüência de locomoção em camundongos 87
Figura 16: Efeito do TP no número de quedas da barra giratória em camundongos 89
Figura 17: Efeito do TP no número no tempo de permanência em segundos na barra
giratória (Rot Rod) em camundongos 90
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Efeito do TP no Teste da nocicepção induzida por Capsaicina em camundongos 66
Tabela 02: Efeito do TP no teste da formalina em camundongo
69
Tabela 03: Efeito do TP no teste da formalina em camundongos –
Associação TP X Naloxona 71
Tabela 04: Efeito do TP no teste da formalina em camundongos –
Associação TP x Glibenclamida. 73
Tabela 05: Efeito do TP no teste da formalina em camundongos –
Associação TP x Ondansetrona
75
Tabela 06: Efeito do TP no teste da formalina em camundongos –
Associação TP x Ciproeptadina
77
Tabela 07: Efeito do TP no teste da Placa quente em camundongos.
80
Tabela 08: Efeito do TP no teste dos Filamentos de von Frey em camundongos.
83
Tabela 09: Efeito do TP na freqüência de locomoção no teste do campo aberto em
camundongos
86
Tabela 10: Efeito do topiramato no número de quedas e tempo de permanência (s) na barra
giratória (Rot rod) em camundongos
88
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3.4.Equipamentos 55
4.0 MÉTODOS
56
4.1. Atividade Antinociceptiva 57
4.1.1.Teste da capsaicina 57
4.1.2 Teste de formalina 58
4.1.3 Placa quente 59
4.1.4 Teste dos filamentos de von Frey 60
4.1.5 Avaliação da atividade motora espontânea 62
4.1.6 Analise estatística 63
5.0 RESULTADOS
64
5.1. Efeito do TP na nocicepção induzida por capsaicina em camundongos 65
5.2. Efeito do TP na nocicepção induzida por formalina em camundongos 68
5.3. Efeito do TP no teste da placa quente em camundongos 79
5.4 Efeito analgésico do TP no teste dos filamentos de von Frey em ratos 82
5.5. Efeito do TP na freqüência de locomoção no teste do campo aberto
em camundongos 85
5.6. Efeito do TP no número de quedas e tempo de permanência (s) na barra
giratória (Rot rod) em camundongos 85
6.0 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
91
7.0 CONCLUSÕES.
104
8.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
106
9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
108
INTRODUÇÃO
21
1.0 INTRODUÇÃO
1.1. Generalidades sobre a dor.
A dor é parte integrante da vida, presente ao longo de todo o ciclo de
desenvolvimento, desde o nascimento até a morte. Aparece associada a várias
doenças, processos inflamatórios, traumatismo tecidual e procedimentos cirúrgicos.
Embora, na maioria dos casos, seja uma sensação desagradável e estressante, a
dor é essencial para a sobrevivência humana, pois exerce uma função protetora e
de alerta para o organismo. Segundo a Associação Internacional para o Estudo da
Dor, ela pode ser definida como uma experiência sensorial e emocional
desagradável associada com uma lesão tecidual ou descrita em termos dessa lesão.
Normalmente é resultado de um dano nos tecidos e desaparece quando essa injúria
se resolve (TENG, 2003; OKUSE, 2006).
A sensação dolorosa é um processo neurológico extremamente complexo em
que rias células nervosas estão envolvidas na sua transmissão sob influência de
várias outras células que produzem substâncias neurotransmissoras e
neuromoduladoras excitatórias ou inibitórias (VALE, 2000).
Os neurotransmissores excitatórios normalmente produzem uma
despolarização na membrana pós-sináptica, o que se conhece como potencial pós
sináptico excitatório (PPSE), enquanto que os neurotransmissores inibitórios estão
associados com uma hiperpolarização gerando um potencial pós-sináptico inibitório
(PPSI) ou ainda podem atuar na estrutura pré-sinaptica impedindo a liberação de
neurotransmissores excitatórios (VALE, 2000).
Para muitos a dor é o primeiro sintoma que leva uma pessoa a buscar
cuidados dicos. De uma forma geral, ela é responsável por cerca de 10 a 50%
das consultas médicas em clínicas gerais. Nos Estados Unidos, acredita-se que
22
mais de um terço da população sofra de dor crônica, sendo que 66 milhões de
americanos apresentam incapacidade funcional parcial ou total devido a algum tipo
de síndrome dolorosa (DRUMMOND, 2005).
Vários são os mecanismos envolvidos na fisiopatologia da dor e o
entendimento desses mecanismos é de grande importância, pois permitirá uma
decisão racional com relação ao plano da terapêutica para o paciente (JONES,
2001).
Os estudos modernos de dor, tanto do ponto de vista clinico ou da pesquisa
básica, assim como no sentido neurofisiológico ou terapêutico, apresentam três
marcos históricos fundamentais. Primeiro quando Bonica, em seu tratado, passou a
considerar a dor como uma afecção e não como um sintoma. Para este autor, a dor
se constitui em um dos capítulos mais fascinantes e interessantes da história da
Medicina (BONICA, 1991). Em segundo lugar quando foi descoberta a teoria do
portão por Melzack e Wall em 1965 que por sua vez foi complementada pelos
trabalhos de Reynolds em 1969 e que levaram a posterior identificação dos opióides
endógenos. A terceira e última grande contribuição foi a de que o sistema nervoso
central apresenta alterações funcionais e tróficas quando submetido a estímulos
nociceptivos. Isto originou o conceito de neuroplasticidade neuronal na dor, o que
por sua vez levaria ao conceito de que um foco doloroso em uma condição aguda,
quando cronificado, poderia torna-se um foco nociceptivo irreversível. Estas
contribuições levaram ao desenvolvimento de toda uma linha de pesquisa nessa
área, em uma escala crescente de complexidade de conhecimento chegando a uma
estreita relação entre os estudos básicos e clínicos, além do estabelecimento de
uma terapêutica mais racional para o tratamento de ndromes dolorosas
(DRUMMOND, 2000). Estes pontos foram importantes na evolução do estudo da
dor, considerando o grande número de pacientes que sofrem com este fenômeno e
da necessidade constante de atualização dos profissionais de saúde em relação ao
tema (BONICA, 1987).
23
Do ponto de vista farmacológico, rias drogas são utilizadas como
analgésicas. Devido ao complexo mecanismo fisiopatológico do processo doloroso,
diferentes grupos de drogas podem ser utilizados para o alívio deste desconforto.
Dentre os vários grupos farmacológicos, citamos, por exemplo, os analgésicos e
antiinflamatórios não esteroidais (AINE), os anestésicos locais (AL), os analgésicos
opióides, os antidepressivos, os anticonvulsivantes e até mesmo drogas
adrenérgicas como a clonidina. Há de se considerar o enorme avanço nessa área da
farmacologia, que se deu principalmente devido ao melhor conhecimento da
farmacocinética e farmacodinâmica das drogas analgésicas, também pela
introdução de novas drogas no arsenal terapêutico no alívio da dor, o que termina
por estimular várias pesquisas com drogas outrora utilizadas para outras finalidades,
mesmo que do ponto de vista farmacodinâmico já apresentassem propriedades
analgésicas potenciais (VALE, 2000).
1.2. Fisiopatologia da dor.
A dor pode surgir normalmente por dois mecanismos: em primeiro lugar pela
estimulação direta de nociceptores, que são terminações das fibras C. Isto pode
acontecer devido a um dano tecidual e esta dor é classificada como nociceptiva
sendo esse mecanismo encontrado em condições mais agudas. O segundo
mecanismo estaria relacionado a uma lesão nos neurônios do sistema nervoso
central ou periférico. É a chamada dor neuropática que normalmente está associada
a uma inibição dos sistemas inibitórios ou a uma hiperexcitabilidade das fibras de
condução do impulso doloroso. Tais condições podem ser causadas por um número
muito grande de estímulos ou etiologias e isso inclui lesões neurais, amputações,
traumatismos, inflamações crônicas ou distúrbios metabólicos (SHANNON et al,
2005).
Lembramos ainda que a dor visceral é provocada por lesões nas vísceras
como, por exemplo, no estômago, intestino e vias urinárias. Essas lesões incluem
distensão ou compressão por um tumor, isquemias e lesões inflamatórias. No
24
entanto, nem sempre é proporcional ao estimulo que a provocou (SHANNON et al,
2005).
1.3. A dor aguda.
A dor aguda está fortemente relacionada a um dano nos tecidos e a resposta
inflamatória a esta lesão. Portanto, os testes para essa condição devem
preferencialmente verificar estes dois parâmetros. Alguns conceitos são importantes
para a compreensão dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos nessa situação.
São eles: hiperalgesia, alodinia e nocicepção.
Hiperalgesia é conceituada como sendo o aumento da resposta a um
estímulo que normalmente já seja doloroso. É uma hipersensibilidade dos
nociceptores. Pode ser primária e secundária, sendo o primeiro tipo associado
diretamente à área de tecido que sofreu a lesão e o segundo as áreas adjacentes a
esse dano, sendo normalmente mediada por ões medulares e pode ainda ser
responsável pela sensibilidade de estruturas mais distantes como vísceras ou outras
estruturas somáticas (RICE, 1998).
A presença de uma inflamação pode levar a uma hiperalgesia crônica que
leva a ativação de nociceptores mesmo na presença de estímulos que em outras
condições seriam inofensivos podendo ocorrer mesmo depois de algum tempo de
cessado o estímulo doloroso (RICE, 1998).
Alodinia seria a manifestação de uma resposta dolorosa mediante um
estímulo que normalmente não provocaria dor (RICE, 1998). Uma condição na qual
podemos observar a alodinia é na dor neuropática. Um estado de natureza
complexa que se caracteriza por uma lesão neuronal no sistema nervoso central ou
periférico (
ZIMMERMANN, 2001).
25
A nocicepc
ão compreende a detecção dos estímulos nóxicos e a
conseqüente transmissão das informações codificadas aos centros nervosos
superiores. Sendo assim podemos considerar a dor como sendo um processo
perceptivo que se origina nesses centros. O conceito de nocicepção é utilizado para
definir a resposta normal a estímulos lesivos ou potencialmente lesivos ao
organismo. Essa resposta por sua vez é composta por quatro componentes bastante
complexos que são a transdução, transmissão, modulação e percepção do estímulo
doloroso (DRUMMOND, 2000).
A transdução está associada ao mecanismo de formação de um potencial de
ação no nociceptor. É a tradução da energia incidente em potenciais receptores.
Isso ocorre em todos os tecidos que apresentam terminações sensitivas para
estímulos dolorosos, ou seja, que apresentam nociceptores. Estas terminações
estão em vários tecidos como, por exemplo, na pele, nos músculos, na polpa dental,
nas articulações e vísceras. Estes nociceptores são terminações nervosas livres
que podem se despolarizar mediante estímulos químicos, térmicos ou mecânicos o
que normalmente ocorre após uma lesão tecidual. Os nociceptores estão associados
ao primeiro neurônio, dentro da organização hierárquica do sistema de condução da
dor. São capazes de transformar estímulos em corrente despolarizante (VALE,
2000).
Existem três tipos de fibras sensoriais que podem transmitir sensações
dolorosas. São as fibras C e A-delta com pouca mielina e fibras A-beta com maior
quantidade de mielina. Os primeiros ativados por estímulos mecânicos e térmicos e
os últimos ativados por estímulos mecânicos, térmicos e químicos (polimodais).
Existem na verdade 4 tipos de receptores aferentes primários: receptor mecânico A
delta, receptor termomecânico A delta, receptor polimodal C e receptores para
temperaturas extremas. A lesão tecidual provoca liberação de íons potássio e
hidrogênio assim como o aumento de substâncias de natureza plasmática como a
bradicinina que por sua vez vão ativar os nociceptores e desencadear a síntese de
prostaglandinas que levam ao aumento da sensibilidade dos nociceptores sendo
26
responsáveis assim pelo fenômeno da hiperalgesia dos tecidos inflamados (BAKER,
2005).
O impulso doloroso que foi captado pela terminação nervosa é transmitido
pelos seus respectivos axônios periféricos, constituído de fibras A e C. Estes
neurônios apresentam corpo celular localizado no gânglio da raiz dorsal e são
chamados neurônios de primeira ordem, onde a partir da medula ascendem para
estruturas supramedulares através da conexão com outros neurônios chamados
neurônios de segunda e terceira ordem. Sendo que estas células de primeira ordem
realizam sinapse no corpo dorsal da medula. Dentro desse trajeto, vários
neurotransmissores estão envolvidos nessas conexões. São encontrados alguns
neurotransmissores excitatórios de ação rápida como L-glutamato, o N-metil-D-
aspartato (NMDA) e adenosina trifosfato (ATP) e os de ação lenta, como as
taquicininas (Neurocinina A) e outros neuropeptídios (o peptídeo relacionado ao
gene da calcitonina CGRP-, a colecistoquinina CCK- e galanina GAL).
Ressaltamos ainda que nos últimos anos, vários estudos de biologia molecular tem
sido realizados para se esclarecer os mecanismos envolvidos nas vias de
sinalização da dor. A identificação de novos canais expressos nos neurônios
sensitivos e o uso de animais knock-out em modelos de dor tem contribuído para um
maior conhecimento das vias moleculares envolvidas na transmissão dos estímulos
dolorosos e das várias substâncias envolvidas (OKUSE, 2006).
Entre essas substâncias, temos como as mais importantes os aminoácidos
excitatórios (glutamato e aspartato), que por sua vez são modulados por alguns
peptídeos. Existem também aminoácidos inibitórios, como o GABA e a glicina.
O glutamato vai interagir com três tipos de receptores: NMDA, AMPA, Kainato
também chamados de ionotrópicos, e os metabotrópicos (m GLUs R). Os
receptores ionotrópicos medeiam a ação sináptica rápida e ativam canais iônicos de
Na
+
, K
+
e Ca
2+
. Os receptores metabotrópicos são ligados à proteína G e localizam-
se tanto na membrana pré como na pós-sináptica e estão envolvidos com a
27
modulação da liberação do glutamato. Os receptores AMPA/Kainato podem também
estar envolvidos com distúrbios da homeostasia do cálcio e por isso envolvidos em
processos de excitotoxicidade quando ativados excessivamente (POULSEN et al,
2004).
A liberação deste neurotransmissor é dependente da ão do Ca
+2
. Este íon
por sua vez, ativa a produção de NO e COX-2, enzima que em colaboração com os
receptores NMDA pré-sinapticos, facilitam a entrada de cálcio na célula formando
assim um círculo vicioso, isto é, mecanismos de retrocontrole positivo. O glutamato é
considerado o neurotransmissor mais abundante do sistema nervoso central. Uma
estimativa bruta seria que mais de 50% das sinapses centrais seriam
glutaminérgicas. Alem disso, existe numa proporção de duas a três vezes em
relação à acetilcolina e noradrenalina (ARAÚJO, 2006). Importante mencionar que o
glutamato está envolvido na transmissão dos impulsos dolorosos tanto nas fibras
sensitivas primárias como na transmissão desses impulsos nas sinapses do sistema
nervoso central, como por exemplo, no corno posterior da medula (OKUSE, 2006).
1.4 As vias de condução da dor.
O corpo humano apresenta um complexo mecanismo de resposta a um
estímulo doloroso. A percepção de dor desenvolve-se essencialmente como um
sistema de alerta ou de advertência para o organismo informando a presença de
estímulos nocivos do ambiente. Esta sensação funciona então como um indicativo
de dano tecidual e também como um sinal para a busca de readaptação ou
recuperação orgânica.
De uma forma mais simples, podemos descrever as vias de condução do
estímulo doloroso como um sistema composto por três neurônios. A percepção de
dor começa com um impulso que ativa um receptor e é transmitido pelo sistema
nervoso periférico. A parte periférica consiste de uma fibra nervosa com dendritos
28
espalhados por várias estruturas, como por exemplo, na pele, vísceras e vasos
sangüíneos. O corpo desse neurônio encontra-se no gânglio da raiz dorsal dos
nervos medulares fazendo em seguida uma sinapse com um neurônio no corno
posterior da medula espinhal. Esse neurônio primário leva então o impulso doloroso
para estruturas superiores onde se conecta a um outro neurônio na região do tálamo
que por sua vez leva a informação ao rtex, onde provoca a ativação de reações
emocionais, autonômicas, neuro-humorais e comportamentais (JONES, 2001). Os
neurônios sensoriais são classificados de acordo com seu tamanho e grau de
mielinização. Estes dois fatores influenciam diretamente na velocidade em que um
impulso nervoso é transmitido para o sistema nervoso central. Esses neurônios
sensoriais são chamados de nociceptores. O termo nocicepção refere-se à resposta
do corpo para a percepção da dor. A ativação dessas células provoca alterações na
membrana neuronal de forma que esta fica mais permeável aos íons Na
+
, os
principais elementos envolvidos na geração de um impulso ou potencial de ão.
Após serem formados, estes impulsos nervosos ascendem para o sistema nervoso
central através da medula espinhal por um sistema chamado de sistema sensorial
ou nociceptivo ascendente (JONES, 2001).
1.4.1 Sistema nociceptivo ascendente
Os axônios das células de projeção ou neurônios de segunda ordem
apresentam seus corpos celulares na medula, especificamente no corno posterior.
Estes axônios o ascender para o sistema nervoso central através de tratos, vias
ou feixes que totalizam um número de seis. São eles: o espinotalâmico (TST); o
espinorreticular (TSR); o espinomesencefálico (TSM); o sistema pós sináptico da
coluna dorsal (SPCD); trato espinocervical (TSC) e sistema ascendente
multissináptico próprio espinhal (SAMP). Os dois primeiros feixes estão no
quadrante anterolateral; o terceiro neste mesmo quadrante e no funículo dorso
lateral; o quarto e o quinto estão localizados na coluna dorsal e o sexto se encontra
em várias partes da medula (DRUMMOND, 2000; RAJ, 1996).
29
a) Trato espinotalâmico (TST)
É a via nociceptiva mais importante. Os neurônios desse trato fazem
decussação à curta distância e projetam-se para o tálamo, lateralmente para o
núcleo lateral stero-ventral e na porção mediana para o complexo intralaminar,
incluindo o núcleo lateral central. Apresenta duas subdivisões, sendo a projeção
lateral chamada de sistema neoespinotalâmico e a projeção mediana, juntamente
com o TSR e o TSM, são chamados de palioespinotalâmico.
a-1) Via Paleo-espinotalâmica:
E formado pelo STR, TSM e a parte medial do TTS. Também denominada
espino-reticulodiencefálica. Está muito relacionada aos componentes afetivos da dor
principalmente devido a conexões com estruturas como a formação reticular (FR).
Além disso, essa via se conecta também com outras áreas do cérebro: hipotálamo
medial, substância cinzenta que margeia o aqueduto de Sylvius (periaquedutal) e ao
terceiro ventrículo do diencéfalo. Essas áreas comandam o comportamento de
defesa e de fuga pela ação no sistema límbico. Tem corpos celulares em áreas
profundas da substância cinzenta da medula e suas fibras, algumas longas e outras
curtas, se projetam para a formação reticular, substância negra periaquedutal,
hipotálamo, núcleos talâmicos intralaminares e mediais (RAJ, 1996).
A via paleo-espinotalâmica é responsável pela condução da dor lenta, pouco
definida e de localização difusa, devido a presença de neurônios mais curtos e com
maior número de sinapses e também devido a falta de somatotopia (RAJ, 1996).
30
a-2) Via Neo-espinotalâmica:
É formada por uma cadeia de três neurônios. O primeiro neurônio (aferente)
tem suas terminações na periferia e aloja-se em gânglios situados próximos ao SNC
e conduz a informação desde a periferia. Tem forma de T no próprio nglio, onde
um ramo se dirige à superfície e outro às vísceras; o outro ramo estabelece contato
com o segundo neurônio (aferente secundário) que, por sua vez, faz sinapse com o
terceiro neurônio (aferente terciário), localizado no tálamo. O tálamo recebe a
maioria de informações sensoriais proveniente das várias regiões do corpo e
mantém uma estreita ligação com o hipotálamo, assim como com os núcleos do
sistema límbico e áreas sensitivas do córtex (BAKER, 2005).
O segmento neoespinotalâmico possui neurônios localizados nas lâminas I e
V de Rexel. Apresenta fibras longas e mielinizadas que vão até o núcleo
ventroposterolateral talâmico e de para o córtex somatossensorial primário (RAJ,
1996).
Por ser direta, rápida, fidedigna e específica para cada unidade sensorial,
esta via permite boa discriminação do local e da intensidade da dor (somatotopia) e
é responsável pela dor aguda, transmitindo principalmente dores em pontadas e
dores devido a estímulos térmicos. Estas numerosas vias aferentes e eferentes
realizam várias projeções dentro do sistema nervoso central e também conectam
várias áreas do hipotálamo, substância cinzenta periaquedutal, lócus cerúleo, núcleo
magno da Rafe e núcleo do trato solitário. O interessante é que estas áreas do
cérebro não são limitadas apenas à percepção das sensações dolorosas. Elas
também participam do controle do sistema hormonal, sistema nervoso autônomo e
sistema cardiovascular, o que justificaria a complexa resposta fisiológica durante
uma sensação de dor (JONES, 2001).
31
b) Outros tratos envolvidos na ascensão de impulsos dolorosos:
Trato espinorreticular (TSR) é a via mais direta entre a medula e a formação
reticular. Esta via desempenha importante papel nos mecanismos da dor, tanto em
seus aspectos afetivo-emocionais como também nos mecanismos envolvidos na
ativação dos reflexos correspondentes, somáticos ou autonômicos. O Trato
espinomesencefálico (TSM) possui neurônios que se localizam na mesma região
em que estão os neurônios do TST. Dirige-se para o colículo superior e ao núcleo
intercolicular. Algumas terminações também se dirigem para a substância cinzenta
periaquedutal e formação reticular adjacente. Acredita-se que esse feixe apresente
ação inibitória sobre a atividade nociceptiva. Estas duas vias fazem parte do sistema
medial de condução de estímulos dolorosos. Este sistema é polissináptico,
composto por fibras finas e não apresentam organização somatotópica (RAJ, 1996).
O Sistema pós-sináptico da coluna dorsal (SPCD) possui fibras que se
projetam para os núcleos da coluna dorsal, principalmente o núcleo grácil, cujas
células neuronais projetam-se para o núcleo talâmico lateral posteroventral (VPL),
do lado oposto. A transmissão da dor por esse sistema é questionável, podendo este
transmiti-la apenas de forma eventual e alternativa, pois lesões da coluna dorsal não
alteram o limiar da dor. Postula-se que esse sistema apresente também um
importante papel modulador. O Trato espinocervical (TSC) possui fibras que se
dirigem para o funículo dorsolateral do mesmo lado e núcleo cervical de onde se
projetam até o tálamo contralateral. Normalmente esse sistema pouco participa do
processo de condução do impulso doloroso em seres humanos. Esses tratos fazem
parte do sistema lateral de condução da dor. Esse sistema possui fibras que são
longas, de condução rápida e que apresentam discreta organização somatotópica.
Existem evidências que esse sistema transmite informações rápidas que permitem a
descriminação sobre o local da injúria tecidual (RAJ, 1996).
O Sistema ascendente multissináptico proprioespinhal (SAMP) é hoje um
sistema em que se acredita ter importante papel no processo de condução dolorosa
32
nos casos de injúrias viscerais e na dor crônica. Isso tem sido mostrado em ratos,
sendo que posteriormente esse sistema foi envolvido com a dor crônica
(DRUMONND, 2005).
Além destes, citamos ainda como importante o sistema trigeminal e os
sistemas por onde transitam informações provenientes das vísceras até a entrada no
sistema nervoso central. O sistema trigeminal é também chamado de trato
trigeminoespinotalâmico. Esse conjunto de fibras é muito importante na transmissão
de informações nociceptivas originadas da face e da boca, inclusive da polpa
dentária. Tal estrutura é responsável por um grande número de neuralgias do crânio
e da face. As inervações dos órgãos viscerais se derivam de várias fibras aferentes
primárias via sistema nervoso simpático e normalmente penetram na medula pelos
níveis de T2-T3 e L2-L3. Correspondem a cerca de 10% das fibras que percorrem a
raiz dorsal. Lembramos apenas que nas regiões viscerais é mais complexo o
conceito de nociceptores, pois existe uma diferença entre os estímulos que
normalmente são a distensão, a isquemia e a inflamação do órgão (BAKER, 2005).
Muito importante ainda é o sistema de controle descendente da dor. Esse
sistema é composto por 4 estruturas centrais que são o sistema diencefálico e
cortical, sistema mesencefálico com parte da substância cinzenta, núcleo magno da
rafe e núcleo adjacente e por último alguns neurônios do corno dorsal da medula. Os
neurônios desse sistema são serotoninérgicos e terminam entre os neurônios das
lâminas I, II e IV de Rexed e deste modo inibem a transmissão do impulso
nociceptivo destas fibras (RAJ, 1996).
1.5. Mediadores da dor.
Os nociceptores são na verdade ativados por várias substâncias químicas
como íons hidrogênio, serotonina, bradicinina, histamina, ATP e adenosina. São
sensibilizados por prostaglandinas, leucotrienos, substância P, óxido nítrico,
33
peptídeo relacionado com o gene da calcitonina, fator de crescimento neural e
citocinas. As substâncias álgicas podem provocar aumento da permeabilidade
capilar, elevada vasoconstricção ou vasodilatação e são chamadas genericamente
de mediadores da dor e inflamação (NISHIMURA et al, 2004).
Estas substâncias álgicas estão localizadas em várias partes do corpo
humano e são responsáveis por sensibilização periférica. Em vel central, vários
estudos evidenciam que o glutamato provavelmente seja a substância mais
importante na sensibilização central atuando principalmente nos receptores NMDA e
AMPA-kainato (NISHIMURA et al, 2004).
Além dessa substância temos ainda, exercendo um importante papel no
processo no processo de ativação e sensibilização de nociceptores periféricos, a
bradicinina e as derivadas do ácido araquidônico ou eicosanóides.
A bradicinina é um autacóide que tem sua origem a partir de precursores
inativos teciduais que são ativados mediante uma lesão tecidual. Esse mediador é
produzido em uma cascata metabólica que começa com a ativação do fator XII do
complemento à exposição de uma superfície negativa como o colágeno. Esta
ativação resulta da transformação da precalicreína em calicreína que por sua vez
facilita a transformação do cininogênio plasmático em bradicinina que é um potente
ativador de nociceptores. Pode também ser produzida por células do sistema
imunológico, principalmente os mastócitos. A bradicinina é uma das mais potentes
substâncias álgicas que se conhece, sendo que sua atividade se principalmente
para ativação direta dos nociceptores (RICE, 1998). Consiste de uma estrutura de
nove aminoácidos e é um mediador inicial do processo inflamatório e da indução da
dor (OKUSE, 2006).
Trabalhos recentes demonstram que este mediador também apresenta a
capacidade de provocar hiperalgesia atuando em mecanismos distintos daqueles
34
supracitados. Provavelmente essa ão se por sinergismos entre a bradicinina e
outros mediadores como a substância P, IL - 1 e TNF-, além do fator de
crescimento neural (NGF), das prostaglandinas e outros eicosanóides. A bradicinina
apresenta dois tipos de receptores: B
1
e B
2
. Ambos são ligados à proteína Gq e Gi e
ativam a fosfolipase A
2
e fosfolipase C. A ativação desta última leva a ativação de
proteína quinase C com suas isoformas que estão envolvidas na ativação de canais
de sódio e de receptores da capsaicina. A ativação de fosfolipase A
2
está envolvida
com a liberação de ácido araquidônico da membrana celular que por sua vez produz
prostanóides como a prostaglandina E
2
a partir da ação da cicloxigenase ou COX
(OKUSE, 2006).
O primeiro tipo de receptor (B
1
) tem sua expressão fortemente ativada durante
o processo inflamatório, sendo esta supra-regulação influenciada principalmente
pelas citocinas. O segundo tipo, o receptor B
2,
é o mais clássico e se encontra
presente em vários tecidos normais. Ao receptor B
1
liga-se tanto a bradicinina como
seu metabólito des-Arg-bradicinina proveniente da ação da cininase I. Produtos da
ação da cininase II (enzima conversora de angiotensina) sobre a bradicinina não
apresentam ação sobre esses receptores (RICE, 1998; OKUSE, 2006).
As prostaglandinas são substâncias que fazem parte do grupo dos
Eicosanóides. Este grupo é derivado do ácido araquidônico com uma estrutura
apresentando vinte átomos de carbono. Desempenham várias funções fisiológicas
no organismo humano. Dentre elas podemos citar a gastro-proteção, a manutenção
da função renal e em parte o controle da homeostase cardiovascular. Dentro deste
grupo, as prostaglandinas são substâncias importantes envolvidas no mecanismo de
formação e manutenção da dor (OKUSE, 2006).
Tais mediadores são formados a partir do ácido araquidônico liberado dos
fosfolipídios da membrana, que é metabolizado por diversas enzimas como a
lipoxigenase que leva à formação dos leucotrienos e pela cicloxigenase (COX) que
35
promove a formação das prostaglandinas. Hoje sabemos que existem duas
isoformas da COX. Uma é constitutiva (COX-1) que existe no endotélio com
importantes funções antiagregante sistêmica, assim como reguladora da perfusão
renal e também na mucosa gástrica onde desempenha um papel protetor (OKUSE,
2006).
A outra isoforma tem sua produção induzida durante o processo inflamatório
nos tecidos lesados. A COX 2 é indutível por diversos agentes, principalmente as
citocinas pró- inflamatórias como o TNFα e IL-Iβ no local da inflamação. A COX
medeia a conversão de ácido araquidônico em precursores de prostaglandinas como
a PG-G
2
e PG-H
2
que por sua vez se transformam em várias outras prostaglandinas
biologicamente ativas (PG-D
2
, PG-E
2
e PG-I
2
). Estes mediadores atuam em
receptores ligados à proteína G que ativam proteína a quinase A e a proteína
quinase E, que por sua vez medeiam a concentração intracelular de cálcio (OKUSE,
2006).
A serotonina ou 5-HT é uma substância que apresenta atividade complexa,
pois atua em 14 receptores distintos que estão distribuídos em vários tecidos do
corpo. De todos esses receptores apenas o 5-HT
3
não ativa a proteína G, pois está
ligado a ativação de canais de sódio aumentando o influxo deste íon para dentro da
célula. Antagonistas do receptor 5-HT
3
como a ondansetrona apresentam efeito
antinociceptivo atuando a nível central e periférico (OKUSE, 2006).
1.6. A neuromodulação central da dor.
Após a sensibilização e ativação de nociceptores periféricos, os estímulos
dolorosos são transmitidos ao sistema nervoso central. A maior parte dos neurônios
que transmitem a dor entra pela parte posterior da medula espinhal pela raiz dorsal.
É importante lembrar que 20 a 30% são fibras ventrais. Os impulsos na medula
seguem para estruturas superiores como o tálamo, formação reticular, sistema
36
límbico e córtex, mediante uma complexa interação de neurotransmissores
excitatórios e inibitórios, assim como de alguns neuromoduladores (RICE, 1998).
Das substâncias envolvidas na neurotransmissão central é importante
considerar a substância P e principalmente o glutamato. Os mecanismos espinhais
de hiperalgesia secundária estão predominantemente mediados através dos
receptores NMDA do glutamato, provavelmente facilitado por neurocininas ou
eicosanóides e provavelmente por outras moléculas (RICE, 1998).
De acordo com os dados experimentais existentes, acredita-se que no corno
posterior da medula, os principais neurotransmissores liberados pelos aferentes
nociceptivos primários, sejam o glutamato e a substância-P. O glutamato atua sobre
diversos tipos de receptores. A estimulação dos receptores metabotrópicos (mGlu)
acoplados a proteínas-G conduz à ativação da fosfolipase-C, com a conseqüente
liberação de diacilglicerol que ativa cinases (capazes de alterar a transcrição de
genes ou as propriedades de proteínas de membrana) e de inositol trifosfato (IP3) o
qual induz a liberação de cálcio do sarcoplasma para o citosol. O glutamato atua
ainda nos receptores AMPA que abrem canais de Na
+
, o que provoca
despolarização da membrana (potencial pós-sináptico), e nos receptores NMDA que
abrem canais de cálcio. Contudo, parece existir um mecanismo duplo de oclusão,
que quando a membrana está no potencial de repouso, o canal de Ca
++
está
obstruído pelo íon Mg
++
(VALE, 2000).
A despolarização parcial da membrana obtida pela estimulação dos
receptores AMPA ou pela substância-P, liberta o íon Mg
++
do seu local de fixação no
canal de cálcio, permitindo a estimulação dos receptores NMDA. Segundo alguns
autores, para que o glutamato abra estes canais de cálcio é ainda necessário à
ligação da glicina num outro local do receptor (VALE, 2002).
37
Por neuromodulação entende-se como o processo pelo qual a transmissão é
facilitada ou inibida. Estes mecanismos envolvem vários momentos do processo e
a participação de muitos circuitos nervosos e diversas substâncias químicas
endógenas. Essa modulação pode ocorrer, por exemplo, a nível medular pelo
bloqueio de receptores ou da liberação das substâncias neurotransmissoras
impedindo assim a transmissão nociceptiva. As principais substâncias envolvidas
nesse sistema o: a noradrenalina, a dopamina e a serotonina. Podem ainda ter
um papel importante a adenosina, a acetilcolina, a neurotensina, a somatostatina,
dentre outras. Os aminoácidos inibitórios incluem o GABA e a glicina, localizados
em estruturas pré e pós sinápticas. Com uma excitação prolongada, esses
neurônios inibitórios são destruídos acarretando a perda do controle inibitório
segmentar (TENG, 2003).
Na medula, temos ainda um outro mecanismo envolvido na modulação da
transmissão da dor: É a teoria de controle do portão, descoberta por Melzack e Wall
em 1965. De acordo com essa teoria, as fibras grossas ativariam a substância
gelatinosa e as fibras finas a inibem. Esses neurônios quando ativados impediriam
ou pelo menos dificultariam a transmissão do impulso doloroso, mediante atuação
pré-sinaptica. Centros nervosos superiores também participariam dessa inibição. A
modulação que ocorre a nível medular é chamada de modulação segmentar. Existe
ainda a modulação supra-segmentar. Esse tipo de modulação é mediada por
regiões do diencéfalo, substância cinzenta periaquedutal e periventricular, núcleo
magno da rafe, o núcleo adjacente, complexo lócus cerúleos/ subcerúleus e corno
posterior da medula. Essa modulação reduz a liberação pré-sinaptica de
neurotransmissores nas terminações das fibras aferentes e diminui a ativação de
fibras excitatórias e a ativação de fibras neuronais inibitórias (DRUMMOD, 2005).
Em termos de substâncias químicas, temos como exemplo daquelas
moduladoras os neurotransmissores clássicos, os opióides endógenos e as
substâncias não opióides. No primeiro grupo temos a acetilcolina, catecolaminas e
serotonina. Possivelmente esses neurotransmissores participam da ativação de
38
fibras inibitórias descendentes. Os opióides envolvem as encefalinas, dinorfinas e
beta-endorfinas/corticotropinas. Estas substâncias atuam em receptores próprios
que o os receptores opióides mu, kappa e sigma. A ativação desses receptores
provoca hiperpolarização celular e interrompe a transmissão do impulso doloroso.
Dentre as substâncias não-opióides temos a substância P e a CCK ou
colecistoquinina, além da somatostatina e calcitonina. Essas moléculas podem
atuar principalmente devido à liberação de peptídeos opióides ou ainda devido à
inibição da degradação dos mesmos, aumentando assim a disponibilidade para os
receptores (DRUMMOND, 2005).
1.7. A dor neuropática.
Um outro tipo muito importante de dor é a neuropática. Esta ndrome
dolorosa pode ser descrita como uma re-instalação elétrica do sistema nervoso, o
que pode ocorrer em estruturas centrais ou periféricas, freqüentemente resultado de
dano tecidual severo e/ou repetitivo. Além disso, os neurônios danificados podem
gerar descargas espontâneas e repetitivas resultando em novos potenciais de ação
que podem também ser responsáveis pela sensação dolorosa (JONES, 2001).
Segundo a IASP (Associação Internacional para o Estudo da Dor) a dor
neuropática é definida como a dor decorrente de uma lesão ou disfunção do sistema
nervoso central ou periférico. Este conceito abrange várias síndromes álgicas de
diversas etiologias que podem não apresentar os mesmos mecanismos
fisiopatológicos e, conseqüentemente, nem as mesmas manifestações clínicas
(DRUMMOND, 2005).
A dor Neuropática pode ser devido a uma lesão primária no sistema
nervoso periférico ou central, podendo existir algumas diferenças como
conseqüência desta localização. Por exemplo, existem diferenças entre neuralgias
de nervos periféricos como a neuralgia trigeminal e dor neuropática central, como a
39
síndrome talâmica. Porém, do ponto de vista fisiopatológico, há pouca distinção, pois
os mecanismos envolvidos são semelhantes. Na dor neuropática a alodinia é
provavelmente relacionada a uma alteração funcional dos neurônios aferentes nos
cornos dorsais da medula espinhal que normalmente estão envolvidos com o
processo de nocicepção (RICE, 1998).
Essa condição dolorosa, não desaparece com a cura da lesão e está
relacionada a processos patológicos crônicos, não tendo mais a função biológica de
alerta. Em geral, a dor crônica não envolve respostas neurovegetativas associadas e
é mal delimitada no tempo e no espaço, tendo a depressão e a ansiedade como
respostas emocionais freqüentemente associadas ao quadro. Existem várias
condições que podem levar ao desenvolvimento da dor neuropática
(ZIMMERMANN, 2001):
Dano mecânico ao nervo - por exemplo, síndrome do túnel carpal.
Hérnia em disco vertebral.
Doença metabólica, por exemplo, polineuropatia diabética.
Doença viral - por exemplo, herpes zóster, vírus da imunodeficiência
humana – HIV.
Neurotoxidade farmacológica - por exemplo, provocada por quimioterapia
antineoplásica ou por antituberculosos.
Doença inflamatória e/ou por mecanismos imunológicos, por exemplo, na
esclerose múltipla;
A injúria ou a disfunção de nervos periféricos, devido a causas diversas
(diabetes, herpes zóster, traumatismo, etc), determina uma série de modificações
moleculares, bioquímicas e estruturais no próprio axônio, no neurônio primário
correspondente e no sistema nervoso central (SNC) que podem originar vários
fenômenos como dor espontânea ou intermitente, alodinia, hiperalgesia e disestesia.
Vários estados dolorosos são classificados como dor neuropática. Temos por
exemplo a neuralgia do trigêmio, complexo regional da síndrome dolorosa e
40
radiculopatias. Na verdade, existe um grupo bem heterogêneo de patologias que se
caracterizam por apresentarem uma lesão neuronal e que se enquadrariam nesse
conceito (PAPPAGALLO, 2003).
Vários mecanismos estão envolvidos, e os mesmos são divididos em
periféricos e centrais. Dentro dos mecanismos periféricos temos a sensibilização de
nociceptores que ocorre devido à lesão tecidual, uma inflamação ou devido à
ativação de vias simpáticas. Nestas condições temos a sensibilização de fibras
pouco mielinizadas A e fibras C por várias substâncias como íons H
+
, citocinas,
noradrenalina, bradicinina, histamina, íons K
+
, prostaglandinas, leucotrienos, fator de
crescimento do nervo e substância P. Dentro essa “sopa sensibilizante”, destacamos
a participação das citocinas, principalmente do fator de necrose tumoral (TNF- ) e
IL1 e IL6. Todas elas atuam diminuindo o limiar de ativação do nociceptor e
conseqüentemente facilitando a ativação dessas fibras, além da adição de novas
terminações sensitivas que são os nociceptores silenciosos ou adormecidos
(DRUMMOND, 2005; PAPPAGALLO, 2003).
Além desse mecanismo periférico, temos ainda a formação de descargas
ectópicas formada pela ativação elétrica dos neuromas e por alterações na
membrana celular que ocorre na parte proximal do neurônio. Este mecanismo ocorre
quando temos uma lesão nervosa periférica que seccione o axônio neuronal. Podem
ser observadas ainda modificações na atividade dos canais iônicos de sódio na
membrana celular (ZIMMERMMAN, 2001).
São hoje conhecidos 9 canais de íons sódios (Na
+
) no sistema nervoso
central e periférico, sendo divididos em canais resistentes e sensíveis à
tetrodotoxina (TTXs) uma potente toxina obtida do baiacu, peixe da família dos
Tetrodôntidas. Os primeiros, os TTX resistentes, são encontrados principalmente
nas fibras C e os outros, os TTX sensíveis, são encontrados nas fibras A. Os canais
de Na
+
apresentam-se formados por subunidades α semelhantes as subunidades
dos canais de Ca
++
e apresentam seis segmentos transmembranas. Estas estruturas
estão envolvidas nos mecanismos de excitabilidade da membrana neuronal gerando
41
o processo de despolarização através do influxo de íons Na
+
. (ZIMMERMMAN,
2001; OKUSE, 2006).
Foi observado que após uma injúria neuronal, uma reorganização
qualitativa e quantitativa dos canais levando a formação de disparos espontâneos ou
de freqüência elevada nas células do gânglio da raiz dorsal, principalmente naquelas
de pequeno e médio calibre. Essa modificação se daria possivelmente devido a um
aumento do número de canais de sódio, a uma diminuição do período refratário e a
um desvio da hiperpolarização no potencial de repouso desses neurônios. O
bloqueio desses canais constitui a base terapêutica para a utilização de algumas
drogas como anestésicos locais e anticonvulsivantes. Os canais resistentes a TTX,
por exemplo, podem ser bloqueados por baixas concentrações de anestésicos locais
como a lidocaína (ZIMMERMMAN, 2001). Lembramos ainda que tem importância os
canais de cálcio e potássio nesse mecanismo, tendo em vista a participação desses
canais no processo de liberação de neurotransmissores excitatórios.
Ainda como mecanismos periféricos, podemos mencionar as alterações no
sistema nervoso simpático. Normalmente as fibras simpáticas exercem pouca
influência sobre as fibras sensitivas periféricas, no entanto, após uma lesão, estas
fibras ficam muito sensíveis aos terminais simpáticos e estes se constituem em
importante fonte complementar de prostaglandinas e outras substâncias pró-
inflamatórias e pró-nociceptivas. Esse tipo de mecanismo justifica a utilização de
drogas como a reserpina no tratamento de algumas condições dolorosas devido a
seu efeito depletivo de noradrenalina (BAKER, 2005).
Com relação aos mecanismos centrais, temos complexos mecanismos
envolvidos na dor neuropática. Em nível experimental, vários trabalhos têm
demonstrado que após uma lesão neuronal, ocorrem algumas modificações
existentes em estruturas medulares e supramedulares. Dentre essas modificações,
a sensibilização central é uma das mais importantes. Como foi dito anteriormente,
durante a ocorrência de alterações periféricas, existe a formação de descargas
ectópicas nas fibras sensitivas. Essas descargas são direcionadas para os
42
neurônios no sistema nervoso central e nessas células provocam profundas
modificações no SNC, condição essencial para a gênese da dor neuropática. Essas
modificações levariam então à sensibilização central que é uma facilitação da
transmissão neuronal como conseqüência da estimulação continuada das fibras C.
Essa facilitação se devido a um aumento da atividade espontânea celular,
diminuição do limiar dos neurônios medulares, prolongamento de pós-descargas
prolongadas a estimulação repetida e a expansão dos campos de recepção
periférica dos neurônios. Dessa forma há a formação da alodinia (BAKER, 2005).
1.8. Os anticonvulsivantes e seus efeitos analgésicos.
Os anticonvulsivantes (AC) ou drogas antiepilépticas (DAE) devido as suas
várias ações farmacológicas, especificamente seu bloqueio sobre vários canais
iônicos, apresentam potencial analgésico importante principalmente nas dores
neuropáticas e possivelmente em condições agudas. A semelhança entre os
processos fisiopatológicos da dor neuropática e da epilepsia justifica a indicação e
pesquisa dessas substâncias como analgésicos. Dado a capacidade das drogas
antiepilépticas de diminuírem a excitabilidade da membrana celular tanto em fibras
periféricas como centrais, os anticonvulsivantes são potencialmente úteis para o
tratamento de grande variedade de condições de dor neuropática; fenômenos como
o Wind up que ocorre no corno dorsal da medula e o fenômeno de Kindling nos
neurônios hipocampais na epilepsia, apresentam semelhança, pois em ambos
parece haver uma ativação de receptores NMDA (THIENEL, 2004).
Assim como a dor neuropática, a epilepsia apresenta como característica
fisiopatológica a hiperexcitabilidade neuronal. É conhecido que os anticonvulsivantes
apresentam a capacidade de bloquear canais de sódio na membrana neuronal,
assim como alterar a condutância do cálcio, potencializar a ação depressora do
GABA ou ainda modificar a ação dos neurotransmissores excitatórios como o
glutamato. Tudo isso levando a uma diminuição da atividade excitatória dos
43
neurônios, o que justificaria a utilização dessas substâncias em tais condições
dolorosas neuropáticas (JACKSON II, 2006).
Dentre os anticonvulsivantes existentes o Topiramato (TP) chama a atenção
devido ao seu mecanismo de ão. É um novo antiepiléptico que apresenta muitos
mecanismos estabilizadores de membrana que pode ser válido para o tratamento de
condições dolorosas, principalmente a dor neuropática (THIENEL, 2004).
Os anticonvulsivantes, ao contrário de outros grupos de drogas que atuam no
sistema nervoso central, não possuem um único mecanismo de ação. Na verdade
existem vários mecanismos envolvidos em suas ações farmacológicas. Citamos por
exemplo, a carbamazepina que bloqueia canais de Na
+
e de cálcio tipo L; a fenitoína
que bloqueia apenas canais de dio; o ácido valpróico que aumenta a ação do
GABA nas suas sinapses além de canais de cálcio tipo T; o fenobarbital que
aumenta a atividade do GABA facilitando o influxo de íons cloretos e o TP que
bloqueia canais de Na
+
, facilita a ão do GABA e bloqueia canal de cálcio tipo L
(PERUCCA, 2005).
1.8.0 O Topiramato.
Topiramato (TP) é um novo agente neuroterápico aprovado em mais de 75
países para o tratamento coadjuvante de crises convulsivas parciais refratárias a
outros tratamentos ou generalizadas tipo tônico-clônicas em pacientes adultos ou
pediátricos acima de 2 anos. Também é aprovado como profilático para crises de
migraine. Foi aprovado para adultos e crianças acima de dois anos nos Estados
Unidos. Atualmente tem sido utilizado em vários protocolos para o tratamento de
44
desordens psiquiátricas como transtornos bipolares e estresse pós-traumático.
(ARNONE, 2005).
Quimicamente o TP é um monossacarídeo sulfatado mono-substituído.
Apresenta-se como um branco cristalino solúvel em solução alcalina contendo
hidróxido ou fosfato de sódio com pH entre 9 e 10. Também é solúvel em acetona,
clorofórmio, dimetilssufóxido e etanol. Dissolve-se ainda em uma solução de 2-
hidroxipropil--ciclodestrina a 25% (SHANNON, 2005). Quimicamente é o 2,3:4,5-Di-
O-isopropilidene--D-frutopiranose sulfato com fórmula molecular C
12
H
2
N0
8
S. É um
derivado da D-frutose apresentando estrutura diferente de todos os outros
antiepilépticos. Normalmente é utilizado na dose de 200 a 400 mg por dia, podendo
eventualmente ser utilizado até 1200mg por dia (GLAUSER, 1999; SHANK et al,
1994).
Fig 01- Estrutura molecular do Topiramato.
O preciso mecanismo de ação do TP não é conhecido. No entanto, vários
estudos eletrofisiológicos e bioquímicos demonstram que essa substância apresenta
diversas ações que contribuem para a sua eficácia como anticonvulsivante. In vitro,
o TP evidencia vários mecanismos que modificam a atividade neuronal, incluindo o
bloqueio de canais de Na
+
e de Ca
++
voltagens dependentes, aumento da atividade
do GABA, inibição dos receptores AMPA do glutamato e inibição da anidrase
carbônica (ARNONE, 2005).
45
O TP é efetivo em convulsões induzidas por eletrochoque em ratos e
camundongos, no entanto é ineficaz em convulsões clônicas induzidas por
pentilenotretrazol, picrotoxina e bicuculina (WHITE, 2005; SHANK et al, 1994).
Com relação ao bloqueio de canais de sódio, estudos em neurônios de
hipocampo de ratos demonstram que o TP apresenta ação inibidora sobre canais de
sódio voltagem dependente, mecanismo este que é compartilhado com outras DAE,
como por exemplo, a fenitoína, carbamazepina e lamotrigina. Essa ação seria
responsável pela redução da duração e freqüência dos ataques convulsivos. Essa
ação também foi observada em neurônios corticais e apresentou-se efeito dose
dependente (WHITE, 2005).
No entanto o bloqueio dos canais de sódio não é suficiente para manifestar
efeito analgésico em alguns testes, como por exemplo, com o teste da formalina, no
qual a droga apresenta efeito antinociceptivo, apenas com doses maiores que as
doses anticonvulsivantes (SHANNON, 2005).
Adicionalmente, o TP apresenta efeito modulador sobre o receptor do
glutamato, um neurotransmissor excitatório do sistema nervoso central. Essa ação
se dá por bloqueio do receptor AMPA-KA, ou seja, por antagonismo em receptor não
MNDA (PETROFF et al, 2001).
Comparando com as outras DAE, esse efeito é exclusivo dessa substância e
contribui para a diminuição da atividade excitatória neuronal. Dessa forma o TP
interfere com o influxo de cálcio neuronal, tendo em vista que os receptores AMPA-
KA aumentam o influxo celular destes íons divalentes. Essa ação antagonista
46
poderia inclusive ser responsável pelo efeito neuroprotetor atribuído a essa
substância (POUSEN et al, 2004; PERUCCA, 2005).
Outro componente importante do mecanismo de ação do TP é sua
capacidade moduladora do GABA; essa propriedade foi demonstrada em cultura de
neurônios corticais e se devido a diminuição da freqüência de abertura do canal
de cloreto deste neurotransmissor. O efeito do TP nesses canais foi semelhante aos
bezodiazepínicos no receptor GABA –A, no entanto, não foi antagonizado pelo
flumazenil demonstrando assim que o sítio de ligação ao receptor é diferente
daquele no qual se liga os benzodiazepínicos. Alguns trabalhos mostram que os
níveis de concentração do GABA no cérebro estão aumentados após administração
do TP (WHITE, 2005).
O TP demonstrou atividade inibidora sobre canais de cálcio tipo N e L
voltagem dependente em neurônios piramidais com a técnica de patch clamp
também demonstrando ser dose dependente. Além das ações descritas o TP
também apresenta ação inibidora sobre a anidrase carbônica, especificamente a
isoforma C II e C IV. Comparando com a acetazolamida o TP é cerca de 10 a 100
vezes menos potente como inibidor dessa enzima. Esta propriedade inibidora se
pela presença do grupo sulfato também presente na acetazolamida. Esta ação
contribui para manutenção de uma membrana neuronal hiperpolarizada devido ao
aumento da concentração intracelular de HCO3
-
. É ainda atribuída ao TP a
capacidade de ativação de canais de potássio (THIENEL, 2004 et al; DODGSON,
2000).
Do ponto de vista farmacocinético o TP apresenta uma absorção por via oral
quase completa podendo ser inclusive administrado com alimentos. Apresenta
biodisponibilidade de 81%. Nesta condição uma diminuição da velocidade de
47
absorção, porém, não uma diminuição da quantidade absorvida como dose única
diária de 100 a 1200 mg. Não há, portanto, diferença significativa entre a área sob a
curva de concentração plasmática em função do tempo quando o TP é utilizado
antes ou depois de um farto café da manhã. Após administração por via oral, essa
droga apresenta um pico de concentração plasmático depois de duas horas.
Apresenta discreto metabolismo e é eliminado quase que completamente pelo rim. A
insuficiência renal compromete sua eliminação (GLAUSER, 1999).
Apresenta baixa ligação com proteínas plasmáticas, em torno de 9 a 17% e
um volume de distribuição de 6 a 8 L/Kg de peso. É importante frisar que esta baixa
ligação à proteínas plasmáticas diminui a possibilidade de interação do TP com
outras drogas que apresentem elevada ligação à albumina. Apresenta meia vida de
19 a 23 horas em pacientes saudáveis. Possui metabolismo hepático formando
metabólitos a partir de reações de glicuronidação, hidroxilação e hidrólise. É
metabolizado principalmente pelo citocromo P450, isoenzima CYP2C19 sendo
eliminado principalmente pelo rim (80 % da dose). Cerca de 50 a 80% de uma dose
oral é eliminado sem sofrer metabolização. O uso em conjunto com drogas indutoras
do metabolismo hepático pode dobrar a quantidade de TP metabolizada, levando a
um aumento de 40 a 50 % na sua depuração. Em crianças, assim como em adultos
a sua concentração plasmática aumenta linearmente proporcional a dose, no
entanto a sua depuração é maior em crianças do que em adultos,
conseqüentemente a concentração plasmática alcança níveis mais baixos em
pacientes pediátricos que, no entanto, se igualam aos de um adulto durante a
adolescência. Dessa forma, pacientes pediátricos precisam de maiores doses do TP
para alcançar a mesma concentração plasmática do adulto (GARNETT, 2000).
Em pacientes com déficit da função renal, foi mostrada uma diminuição da
eliminação da droga, devendo por isso ser utilizado a metade da dose nesses
pacientes. A hemodiálise diminui a meia vida do produto e durante este
procedimento pacientes em uso dessa DAE, deve receber um suplemento de dose
48
para que não haja um comprometimento na eficácia dessa substância. Em pacientes
com função hepática comprometida, o aumento na concentração plasmática do TP
não é considerado clinicamente importante. Por isso, não deve ter suas doses
ajustadas em tal situação (GARNETT, 2000).
Clinicamente o TP é bem tolerado. Normalmente seus efeitos adversos mais
importantes são: a sonolência, a fadiga, perda de peso e devido a sua ação inibidora
sobre a anidrase carbônica, pode precipitar a formação de cálculos renais. Está
associado também com perda de memória e alguns pacientes reclamam da
modificação do sabor de algumas bebidas como, por exemplo, as bebidas
carbonadas. Além desses efeitos podem ainda ser citados: parestesias, nistagmo,
náusea, diplopia, tremores, dificuldades de fala e tonturas (GLAUSER, 1999; WALIA
et al, 2004).
Os eventos adversos são mais comuns nos primeiros três meses de terapia,
que é o período correspondente à titulação da dose. Em adultos a incidência de
efeitos adversos no sistema nervoso central é maior com doses de 1000mg/dia. Em
crianças foram relatadas alterações comportamentais com sinais de agressividade.
Tal reação é inclusive responsável pela interrupção do tratamento em alguns
pacientes. Também foi relatada a ocorrência de depressão em cerca de 15% de
pacientes adultos e 13% em pacientes pediátricos e psicose em 3% dos casos
(REITH, 2003).
Muitos desses efeitos desapareceram com a continuidade da terapêutica. A
redução do peso é mais acentuada com maiores doses e tende a se estabilizar após
12 a 18 meses de tratamento. No caso de intolerância por parte do paciente, a dose
do TP pode ser reduzida em 100 a 200 mg por dia em intervalos semanais. Raros
49
efeitos graves também foram relatados com o TP, como por exemplo: acidose
metabólica, miopatia aguda, crises de glaucoma e hipertermia (ARNONE, 2005).
O TP pode interagir com algumas drogas, dentre elas podemos citar os
próprios anticonvulsivantes como a fenitoína e a carbamazepina que são indutores
metabólicos. Essa interação leva a uma diminuição de mais 40% na concentração
plasmática do TP quando comparamos àquela verificada com a administração do TP
como monoterapia. O TP diminui a concentração sérica de digoxina em até 13% e
os níveis ricos do componente estrogênico dos anticoncepcionais em até 30%,
quando utilizado em doses de 400mg por dia sugerindo a necessidade de uso de
elevadas doses de estrogênio em pacientes na idade fértil e possibilidade de
gravidez em mulheres que estejam utilizando o TP (GARNETT, 2000).
Considerando todas essas propriedades farmacológicas do TP principalmente
no que se referem as suas vantagens sobre os outros anticonvulsivantes com
relação ao seu perfil de segurança, torna-se interessante a investigação de seus
efeitos antinociceptivos, pois isso poderia contribuir para um melhor uso do TP como
analgésico. Além do mais, tal investigação poderia contribuir de forma bastante
significativa para o entendimento dos mecanismos moleculares de ação dessa
droga.
50
OBJETIVOS
51
2.0 Objetivos:
2.1 Gerais:
Avaliar os efeitos analgésicos do Topiramato (TP) ao nível do sistema
nervoso central e periférico, através de testes de dor aguda e de dor crônica, assim como
a interação entre o TP e outras substâncias que possam interferir em seu efeito
analgésico.
2.2 Específicos:
1. Estudar os efeitos antinociceptivos do TP nos seguintes modelos de
dor aguda e crônica:
Teste da capsaicina
Teste da formalina
Teste da placa quente
Teste de von Frey
2. Estudar a interação entre TP, naloxona, ciproeptadina, ondansetrona e
glibenclamida para avaliação dos possíveis mecanismos envolvidos no
efeito antinociceptivo.
3. Avaliar o efeito do TP sobre o teste do campo aberto e Rota rod para
observar a existência de efeito depressor central e/ou relaxante
muscular que possa interferir na resposta nos teste de dor.
52
MATERIAIS
53
3.0 MATERIAIS
3.1. O TOPIRAMATO
O topiramato-TP (Mazi - lote YM 0060805) foi dissolvido em um veículo
constituído de água deionizada contendo 1M de NaOH (2,5% vol: vol) sendo a
solução final protegida contra a luz.
3.2- Animais.
Para os testes de dor aguda foram utilizados camundongos Swiss machos
com peso variando entre 25 e 35 g provenientes do biotério do Núcleo de Pesquisa
com Plantas Medicinais da Universidade Federal do Piauí. Os animais utilizados no
teste de dor neuropática foram ratos albinos que pesavam entre 200 e 250 g e foram
provenientes do mesmo local.
Durante os experimentos os animais foram mantidos em gaiolas com no
máximo 10 animais, em condições ambientais semelhantes, com ciclo de alternância
claro/escuro de 12 horas, recebendo água ad libitum. Foi utilizado o menor número
possível de animais, suficientes apenas para a realização dos testes. Os estímulos
dolorosos foram os menores possíveis, tendo em vista o sofrimento desnecessário
dos animais utilizados nos experimentos.
54
3.3 – Drogas e reagentes.
Substâncias Origem
Capsaicina Sigma, USA
Ciproeptadina Sigma, USA
Cloridrato de naloxona Sigma, Brasil
Formaldeido Dinâmica, Brasil
Glibenclamida MAZE, Brasil
Hidróxido de sódio ISOFAR, Brasil
Ondansetrona (Nausedronf
®
) Cristália, Brasil
Sulfato de morfina (Dimorf
®
) Cristália, Brasil
55
3.4. Equipamentos
Equipamento Origem
Balança para pesar animais Filizola, Brasil
Balança analítica (mod. AR2140) Toledo,Brasil
Campo aberto NPPM- PI
Placa quente (mod. 7280) Ugo Basile, Itália
Rota-rod Insigth, Brasil
Seringas plásticas e agulhas B-D, Brasil
Vidrarias Pirex, U.S.A
Câmaras de observação - formalina NPPM- PI
56
MÉTODOS
57
4.0 MÉTODOS
4.1. Atividade Antinociceptiva
4.1.1.Teste da capsaicina.
Camundongos Swiss machos, com peso de 25-30g, divididos em 5 grupos de
7 animais foram tratados por via oral com o TP (20; 40 e 80mg/kg) , morfina (5mg/kg
i.p) e veiculo (solução 1M de NaOH- 2,5% vol:vol v.o) Após uma hora da
administração oral do TP, foi administrado a capsaicina nos animais (1g/pata) e
a
nocicepção foi avaliada através da quantificação do tempo que o animal
permaneceu lambendo a pata que recebeu a solução de capsaicina por um período
de 5 minutos. A morfina foi administrada 30 minutos por via i.p antes da
administração da capsaicina e utilizada como controle positivo.
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Fig 02.
58
4.1.2 Teste de formalina.
Foram utilizados camundongos Swiss machos, 25-35g, divididos em 5 grupos
de 10 animais. Os grupos foram tratados com o TP nas doses de 20; 40 e 80 mg Kg
v.o e veiculo (solução 1M de NaOH- 2,5% vol:vol v.o) administrados 1 hora antes do
inicio da administração da solução de formalina. Morfina foi utilizada por via i.p na
dose de 5 mg/Kg como controle positivo, 30 minutos antes da realização
experimento. A nocicepção foi avaliada através da quantificação do tempo que o
animal permaneceu lambendo a pata que recebeu formalina 2 % , 20 µL
administrados na região intraplantar, de 0-10 minutos (primeira fase) e de 20-40
minutos (segunda fase).
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Câmara de observação
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$ %'
Fig 03.
59
Para avaliação da associação do TP com a naloxona (2mg/kg por via
subcutânea, s.c.), utilizamos 6 grupos de camundongos Swiss machos, 25-30g com
6 animais cada. Um grupo recebeu TP (80 mg/Kg v.o) uma hora antes do
experimento e um outro grupo recebeu TP (80 mg/Kg v.o) e naloxona (2mg/kg s.c)
45 minutos antes do experimento. Os demais receberam morfina (5mg/kg i.p),
naloxona (2mg/kg s.c) e veiculo (solução 1M de NaOH- 2,5% vol:vol v.o).
Para a avaliação da associação de TP com glibenclamida 3mg/Kg, foi
acrescentado um grupo dessa associação (TP 80mg/kg e glibenclamida 3mg/kg)
sendo o TP administrado por via oral, uma hora antes do experimento e a
glibenclamida administrada por via intraperitoneal 45 minutos antes da
administração da formalina. Foram utilizados 6 animais por grupo. O efeito
antinociceptivo foi avaliado como descrito anteriormente.
Avaliou-se também o efeito do TP (80 mg/Kg v.o) quando associado com a
ciproeptadina 5mg/Kg administrada por via intraperitoneal, 45 minutos antes da
administração da formalina. Procedimento semelhante foi utilizado para realização
da verificação do efeito da associação TP (80 mg/Kg p.o) com ondansetrona (0,5
mg/Kg). Foram utilizados 6 animais por grupo.
4.1.3 Placa quente.
O teste foi utilizado para avaliar a eficácia do TP contra a nocicepção térmica
e de ação central. Foram utilizados camundongos Swiss machos, com peso de 25-
35 g, divididos em 5 grupos de 10 animais, sendo os mesmos pré-selecionados pela
passagem individual na placa quente mantida a 52 ± 0,5. Aqueles animais que
mostraram tempo de reação (lamber as patas traseiras ou saltar) superior a 30
segundos foram descartados. O tempo de reação foi registrado antes e 30; 60; 90 e
120 minutos após a administração de TP (20; 40 e 80mg/kg v.o), morfina (5mg/kg
i.p) e veiculo (solução 1M de NaOH- 2,5% vol:vol v.o). A nocicepção foi avaliada
60
através da quantificação do tempo que o animal permaneceu na placa sem saltar ou
lamber as patas traseiras.
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Fig 04.
4.1.4 Teste dos filamentos de von Frey.
Na avaliação do efeito do TP neste protocolo, foram utilizados ratos machos
diabéticos divididos em 3 grupos de 4 animais, onde foram usadas as doses: 40 e 80
mg/Kg v.o de TP e o veículo (solução 1M de NaOH- 2,5% vol:vol v.o). As soluções
foram administradas por via oral uma hora antes da realização do experimento.
Induziu-se o diabetes experimental com estreptozotocina na dose de 40 mg/kg por
via intravenosa. Para isto, os animais foram colocados em jejum por um período de
12 horas. Após 48 h a administração da estreptozotocina, foi realizada a dosagem
de glicose nos animais para verificar a indução da diabetes e confirmado isso, os
animais foram acompanhados durante um mês para a instalação da lesão
neuropática (DA DELFINO, 2002; PUSHPARAJ, 2007). No fim dos 30 dias, foi
61
dosada a glicemia dos animais para verificar o nível da glicose. Após esse período,
foi avaliada a sensibilidade tátil com os filamentos de von Frey (0,07-2 g)
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Fig. 05
62
4.1.5- Avaliação da atividade motora espontânea.
Teste do campo aberto.
A atividade exploratória dos animais foi verificada através de um campo
aberto, quadrangular (30X30X15 cm), sendo sua base dividida em 9 quadrantes de
diâmetros iguais. Foram utilizados camundongos Swiss machos, de 25-35 g,
divididos em 3 grupos de 7 animais tratados com TP (80mg/kg v.o), veiculo (solução
1M de NaOH- 2,5% vol:vol v.o) uma hora e diazepan (2,0 mg.kg, i.p) 30 minutos
antes dos animais serem levados individualmente ao campo aberto e observados
por um período de 5 minutos. Foram observados os seguintes parâmetros: número
de quadrantes atravessados, número de Rearing e Grooming. Os animais foram
inicialmente colocados na área do campo aberto por um período de 5 minutos.
Imediatamente depois foram levados ao Rota Rod e foram avaliados por 1 minuto
(Melo, 2005). Por Rearing entende-se o ato do camundongo levantar-se sobre as
patas traseiras e por Grooming os movimentos de alto limpeza.
Teste do Rota Rod
O Rota Rod constitui-se de um instrumento que apresenta uma barra giratória
com velocidade controlada onde os animais o colocados e avaliados quanto ao
tempo de permanência nessa barra. Este procedimento avalia o grau de
relaxamento muscular do animal. Para execução deste protocolo os camundongos
foram pré-selecionados sem administração de nenhuma droga, sendo considerados
aptos ao teste àqueles animais que permaneceram na barra giratória (velocidade de
12 rpm) por 60 segundos. Foram utilizados camundongos Swiss machos, 25-35g,
divididos em 3 grupos de 7 animais cada.
63
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Fig 06
Vinte e quatro horas após a seleção, os animais foram tratados com veiculo
(controle) e com o TP na dose de 80 mg/Kg v.o, e transcorridos uma hora deste
tratamento, os animais foram colocados nas barras giratórias e o tempo de
permanência foi registrado sendo contado de forma cumulativa, limitando-se as
observações ao tempo máximo de 1,0 minuto por animal ou três reconduções à
barra.
4.1.6 – Analise estatística.
Os dados foram analisados pelo programa gráfico Prisma 3.0 e os resultados
foram expressos como média +/- E.P.M dos valores. Para comparação múltipla dos
dados paramétricos foi utilizada a análise de variância (one way - ANOVA), e a
significância entre os grupos foi estabelecida pelo teste de Tukey. Em todas as
análises estatísticas, considerou-se o nível crítico para rejeição da hipótese de
nulidade menor que 0,05 (p< 0,005).
64
RESULTADOS
65
5.0 RESULTADOS
5.1. Efeito do TP na nocicepção induzida por capsaicina em camundongos.
O TP nas doses de 20; 40 e 80 mg/Kg por via oral não reduziu de forma
significativa (p<0,05) o tempo gasto pelos animais lambendo a pata, após a
administração de capsaicina 2,0 µg (13,93 ± 1,62 s.; 13,90 ± 1,83 s.; 15,91 ± 2,32 s
respectivamente) na pata do animal em relação ao grupo controle (18,98 ± 2,08 s),
como mostrado na tabela 01 e figura 07.
A morfina (5 mg/kg), um analgésico opióide, demonstrou-se efetiva (p<0,001)
e provocou uma diminuição do tempo de lambida da pata do animal após a
administração de capsaicina (7,51 ± 2,27 s) quando comparado com o controle
(18,98 ± 2,08 s) (Tabela 01 e Figura 07).
66
TABELA 01- Efeito do TP no teste da nocicepção induzida por capsaicina em camundongos.
Grupo Dose mg
/
//
/Kg , via Tempo de lambedura(s) % inibição
Veículo
----, v.o 18,98 ±
±±
± 2,08 ------
5 i.p Morfina 5, i.p 7,51
±
±±
± 2,28
***
60,43%
TP 20, v.o 13,93
±
±±
± 1,62 ------
40, v.o 13,91
±
±±
± 1,84 -------
80, v.o 15,91
±
±±
± 2,39 ------
Os valores representam a média ±
±±
± E.P.M., do tempo gasto em segundos (s) pelos animais
lambendo a pata por um período de 5 min após a injeção intraplantar de capsaicina (2,0
µ
µµ
µg/
//
/pata). O veículo e Topiramato (TP) foram administrados 1 h antes da administração da
capsaicina, enquanto a morfina 30 minutos antes. Foram utilizados 7 animais por grupo sendo
considerado p<0,05 como nível de significância. (ANOVA- Tukey) .
67
FIGURA 07 – Efeito analgésico do TP no teste da capsaicina em camundongos.
O Topiramato
(TP) (20; 40 e 80 mg/Kg v.o) e o veiculo foram administrados 60 minutos e morfina (5 mg/ kg i.p)
30 minutos antes da injeção subplantar de capsaicina (2 µg, 20 µL i.pl.). A nocicepção foi avaliada
através da quantificação do tempo que o animal permaneceu lambendo a pata que recebeu a
capsaicina. A morfina foi usada como droga padrão. Os valores o representados como média ±
EPM do tempo gasto pelos animais lambendo a pata. Foram utilizados 7 animais por grupo. Não
houve significância estatística entre os grupos que receberam TP e o veículo (p < 0,05. ANOVA-
Tukey).
0
10
20
30
Veículo (NaOH 1M /2,5%)
TP (20 mg/Kg)
TP (40 mg/Kg)
TP (80 mg/Kg)
Morfina(5 mg/Kg)
***
Tempo de lambedura da pata (s)
68
5.2. Efeito do TP na nocicepção induzida por formalina em camundongos.
O TP (80 mg/Kg) promoveu redução significativa (p<0,001) do tempo em que
o animal permaneceu lambendo a pata nas duas fases do teste quando comparado
com o controle (1ª fase- TP 80: 9,27 ± 3,28 s e controle: 30,72 ± 4,10 s; fase- TP
80: 23,87 ± 5,69 s e controle 45.41 ± 6,26 s respectivamente). Correspondendo a
uma diminuição de 69,82% na primeira fase e de 47% na segunda fase. Nas doses
de 20 e 40 mg/Kg, o TP foi efetivo (p<0,001) apenas na segunda fase, quando
comparado com o controle (17,31 ± 2,58 s; 23,82 ± 4,34 e 45,41 ± 6,26
respectivamente) levando a uma diminuição de 61,88 e 47,54% respectivamente
como mostrado na Tabela 02 e Figura 08.
A morfina (5mg/Kg), demonstrou ser efetiva (p<0,001) nas duas fases (1ª
fase = 10,57 ± 2,15 s; fase= 9,42 ± 3,29 s) quando comparada com o controle (1°
fase = 30,72 ± 4,10 s; 2° fase= 45,41 ± 6,26 s) (Tabela 02 e Figura 08)
A naloxona (2 mg/Kg), significativamente (p<0,001) inibiu o efeito
antinociceptivo da morfina, assim como a antinocicepção induzida pelo TP (80
mg/Kg) na segunda fase (20-40 min), onde podemos observar uma reversão do
efeito antinociceptivo do TP ( 24,51 ± 8,42 s. para 66,29 ± 7,66 s.) como mostrado
na tabela 03 e figura 09.
A glibenclamida (3 mg/Kg) o reverteu significativamente o efeito do TP (80
mg/Kg) no teste da formalina. Essa inibição também não ocorreu quando da
associação de TP (80 mg/Kg) e ondansetrona (0,5 mg/Kg) e ciproeptadina (5 mg/Kg)
e como mostrado nas tabelas 04, 05 e 06 e figuras 10, 11 e 12
69
Tabela 02 – Efeito do TP no teste da formalina em camundongos.
Grupo Dose mg/
//
/Kg - via Tempo de lambedura(s) % de inibição
1
a
fase 2
a
fase 1
a
fase 2
a
fase
Controle (veículo) _____ 30,72 ±
±±
± 4,10 45,41 ±
±±
± 6,26 ------- -------
Morfina 5 i.p 10,57 ±
±±
± 2,15
a
9,42 ±
±±
± 3,29
a
65,59 79,25
TP 20, v.o 22,68 ±
±±
± 3,75 17,31 ±
±±
± 2,58
a,b
26.17 61,88
40, v.o 22,36 ±
±±
± 2,48
23,82 ±
±±
± 4,34
a,b
27,21 47,54
80, v.o 9,27 ±
±±
± 3,28
a, b
23,87 ±
±±
± 5,69
a,b
69,82 47,43
Os valores representam a média ±
±±
± E.P.M., do tempo gasto em segundos (s) pelos animais lambendo a
pata por um período de 0-5 minutos (1ª fase) e 20-40 minutos (2ª fase) após a injeção intraplantar de
formalina 2%, 20 µ
µµ
µL/
//
/pata. O veículo e Topiramato (TP)
foram administrados 1 hora antes da
administração da formalina e morfina 30 minutos antes. Foram utilizados 10 animais por grupo sendo
considerado p<0,05 como nível de significância.
a
p<0,001 vs controle,
b
p>0,05 vs morfina (ANOVA-
Teste de Tukey).
70
FIGURA 08 Efeito analgésico do TP no teste da formalina em camundongos.
O Topiramato
(TP) (20; 40 e 80 mg/Kg v.o) e o veiculo foram administrados 60 minutos e morfina (5 mg/ kg i.p)
30 minutos antes da injeção subplantar de formalina 2% (20 µL i.pl.). A nocicepção foi avaliada
através da quantificação do tempo que o animal permaneceu lambendo a pata que recebeu
formalina 2 % nas fases de 0-10(1ª fase) e 20-40(2ª fase). A morfina foi usada como droga padrão.
Os valores o representados como média ± EPM e foram utilizados 10 animais por grupo sendo
considerado p<0,05 como nível de significância. Houve significância estatística na primeira fase
(80mg/Kg) e na segunda fase (20; 40 e 80mg/Kg) de observação do experimento quando
comparado com o controle ***p < 0,001 vs veículo;
a
p>0,05 vs morfina
(ANOVA- Tukey).
0-10 20-40
0
10
20
30
40
50
60
Veículo (NaOH 1M / 2,5%)
TP (40 mg/Kg)
TP (80 mg/Kg)
Morfina (5 mg/Kg)
TP (20 mg/Kg)
***
***
**
*
***
***
***
a
a
a
a
Tempo de lambedura da pata (s)
71
Tabela 03 – Efeito do TP no teste da formalina em camundongos.
Grupo Dose mg/
//
/Kg - via Tempo de lambedura(s) % de inibição
1ª fase fase 1ª fase 2ª fase
Controle (veículo) -----, v.o 40,06 ±
±±
± 8,55 56,32 ±
±±
± 6,77
------- -------
Morfina 5 i.p 7,34 ±
±±
± 0,94
a
8,74±
±±
± 2,66
a
81,68 84,48
TP 80, v.o 14,34 ±
±±
± 4,36
a
24,51 ±
±±
± 8,42
a
64,21 56,48
TP + Naloxona 80/2, v.o/s.c 17,32 ±
±±
± 4,88 66,29±
±±
± 7,27
b
56,77 -------
Morfina + Naloxona 5/2, i.p/s.c 38,80 ±
±±
± 6,46
1
41,01 ±
±±
± 7,66
2
-------- -------
Naloxona 2, s.c 50,40 ±
±±
± 6,90 51,81±
±±
± 4,88 -------- --------
Os valores representam a média ±
±±
± E.P.M., do tempo gasto (s) pelos animais lambendo a pata por
um período de 0-5 minutos (1ª fase) e 20-40 minutos (2ª fase) após a injeção intraplantar de
formalina 2% 20 µ
µµ
µL/
//
/pata. O veículo e Topiramato (TP) foram administrados 1 hora antes da
administração da formalina. A morfina e a Naloxona foram administrada por via subcutânea e i.p,
30 e 45 minutos antes respectivamente. Foram utilizados 6 animais por grupo sendo considerado
p<0,05 como nível de significância.
a
p<0,001 vs controle,
b
p>0,05 vs controle,
1
p<0.001 vs morfina e
2
p<0,05 vs morfina. (ANOVA- Teste de Tukey)
72
0-10 20-40
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Veículo (NaOH 1M/2,5%)
TP (80 mg/Kg)
Morfina (5mg/Kg)+ NLX 2mg/Kg
Morfina (5mg/kg)
TP (80 mg/Kg) + NLX 2mg/Kg
***
***
1
2
NLX 2mg/Kg
***
***
***
Tempo de lambedura da pata (s).
FIGURA 09 Efeito analgésico do TP no teste da formalina em camundongos.
O veículo e
Topiramato (TP) foram administrados 1 hora antes da administração da formalina. A morfina 30
minutos e a Naloxona (NLX) foi administrada por via subcutânea 45 minutos antes. Foram utilizados
6 animais por grupo sendo considerado p<0,05 como nível de significância. Os valores representam a
média
±
E.P.M., do tempo gasto (S) pelos animais lambendo a pata por um período de 0-5 minutos (1ª
fase) e 20-40 minutos (2ª fase) após a injeção intraplantar de formalina 2% , 20
µ
L
/
pata.
1
p<0,001 vs
morfina e
2
p<0,05 vs morfina e ***p < 0,001 vs veículo ( ANOVA- Tukey).
73
Tabela 04 – Efeito do TP no teste da formalina em camundongos.
Grupo Dose mg/
//
/Kg , via Tempo de lambedura(s) % de inibição
1ª fase 2ª fase 1ª fase
2ª fase
Controle (veículo) _____ 40,07 ±
±±
± 8,56 56,32 ±
±±
± 6,77 ------- -------
Morfina 5 i.p 9,03 ±
±±
± 1,89
a
7,53 ±
±±
± 2,56
a
77,46 86,62
TP 80, v.o 13,11 ±
±±
± 4,86
a
19,36 ±
±±
± 5,37
a
67,28 65,62
TP+GLB 80/3, v.o/s.c 17,00 ±
±±
± 4,40
b,1
22,45 ±
±±
± 6,95
a,1
57, 22 60,13
GLB 3, s.c 31,01 ±
±±
± 3,39
c
51,04 ±
±±
± 5,65
c
------- -------
Os valores representam a média ±
±±
± E.P.M., do tempo gasto (s) pelos animais lambendo a pata por
um período de 0-5 minutos (1ª fase) e 20-40 minutos (2ª fase) após a injeção intraplantar de
formalina 2% 20 µ
µµ
µL/
//
/pata. O veículo e topiramato (TP) foram administrados 1 hora antes da
administração da formalina. A morfina e a glibenclamida (GLB) foram administradas por via i.p e
s.c 30 minutos antes respectivamente. Foram utilizados 6 animais por grupo sendo considerado
p<0,05 como nível de significância.
a
p<0,001 vs controle,
b
p<0,01 vs controle,
c
p>0,05 vs controle,
1
p>0,05 vs TP (ANOVA- Teste de Tukey)
74
FIGURA 10
Efeito analgésico do TP no teste da formalina em camundongos.
O veículo e
topiramato (TP) foram administrados 1 hora antes da administração da formalina. A morfina 30
minutos e a glibenclamida (GLB) foram administradas por via intraperitoneal 30 minutos antes.
Foram utilizados 6 animais por grupo sendo considerado p<0,05 como nível de significância. Os
valores representam a média
±
E.P.M., do tempo gasto (s) pelos animais lambendo a pata por um
período de 0-5 minutos (1ª fase) e 20-40 minutos (2ª fase) após a injeção intraplantar de formalina
2% 20
µ
L
/
pata.
***
p<0,001;
**
p<0,01 vs veículo e
1
p>0,05 vs TP (ANOVA- Tukey).
0-10 20-40
0
20
40
60
80
Veículo (NaOH 1M / 2,5%)
TP (80 mg/Kg)
Morfina (5 mg/Kg)
TP (80 mg/Kg) + GLB (3 mg/Kg)
***
***
**
***
***
***
GLB (3 mg/Kg)
1
1
Tempo de lambedura da pata (s)
75
Tabela 05 – Efeito do TP no teste da formalina em camundongos.
Grupo Dose mg/
//
/Kg – via Tempo de lambedura(s) % de inibição
1
a
fase
2
a
fase
1
a
fase
2
a
fase
Controle (veículo) ------- 41,24 ±
±±
± 8,35 51,20 ±
±±
± 5,49 ------- ------
Morfina 5, i.p 7,56 ±
±±
± 0,90
a
7,31 ±
±±
± 2,42
a
81,66 85,72
TP 80, v.o 10,77 ±
±±
± 5,28
b
23,32 ±
±±
± 4,36
b
73,88 54,45
TP/ONDST 80/0,5. v.o/i.p 18,94 ±
±±
± 2,72
b,1
25,16 ±
±±
± 5,03
b,1
54,07 50,85
ONDST 0,5. i.p 45,43 ±
±±
± 3,27
2
49,975 ±
±±
± 4,85
2
------- -------
Os valores representam a média ±
±±
± E.P.M., do tempo gasto (s) pelos animais lambendo a pata por
um período de 0-5 minutos (1
a
fase) e 20-40 minutos (2
a
fase) após a injeção intraplantar de
formalina 2% 20 µ
µµ
µL/
//
/pata. O veículo e TP foram administrados 1 hora antes da administração da
formalina. A morfina e a ondansetron (ONDST) foram administradas por via intraperitoneal 30
minutos antes. Foram utilizados 6 animais por grupo sendo considerado p<0,05 como nível de
significância.
a
p<0,001 vs controle,
b
p<0,01 vs controle
1
p>0,05 vs TP e
2
p>0,05 vs controle
(ANOVA- Teste de Tukey)
76
0-10 20-40
0
10
20
30
40
50
60
Veículo (NaOH 1M/ 2,5%)
TP (80mg/kg)
TP + ONDST(0,5mg/kg)
Morfina (5mg/kg)
**
**
***
**
**
***
Ondanst (0,5 mg/kg)
Tempo de lambedura da pata (s)
2
2
1
1
FIGURA 11
Efeito analgésico do TP no teste da formalina em camundongos.
Os valores
representam a média
±
E.P.M., do tempo gasto (s) pelos animais lambendo a pata por um período de
0-5 minutos (1
a
fase) e 20-40 minutos (2
a
fase) após a injeção intraplantar de formalina 2%, 20
µ
L
/
pata. O veículo e Topiramato (TP) foram administrados 1 hora antes da administração da
formalina. A morfina e a ondansetron (ONDST) foi administrada por via intraperitoneal 30 minutos
antes. Foram utilizados 6 animais por grupo sendo considerado p<0,05 o vel de significância.
***
p<0,001 vs controle,
**
p<0,01 vs controle;
1
p>0,05 vs TP e
2
p>0,05 vs controle (ANOVA-
Tukey)
77
Tabela 06 – Efeito do TP no teste da formalina em camundongos.
Grupo Dose mg/
//
/Kg, via Tempo de lambedura(s) % de inibição
1
a
fase 2
a
fase 1
a
fase 2
a
fase
Controle (veículo) ----, p.o 40,34 ±
±±
± 6,67 48,99 ±
±±
± 5,19 -------- ---------
Morfina 5, i.p 7,39 ±
±±
± 0,94
a
8,748 ±
±±
± 2,66
a
81,68 82,15
TP 80, p.o 12,70 ±
±±
± 4,86
a
20,34 ±
±±
± 4,85
a
68,51 58,48
TP/CP 80/0,5,p.o;i.p 21,61 ±
±±
± 2,18
b,1
20,37 ±
±±
± 4,32
a,1
46,43 58,42
CP 0,5- i.p 38,34 ±
±±
± 2,72
2
55,57 ±
±±
± 6,79
2
------- -------
Os valores representam a média ±
±±
± E.P.M., do tempo gasto (s) pelos animais lambendo a pata por
um período de 0-5 minutos (1
a
fase) e 20-40 minutos (2
a
fase) após a injeção intraplantar de
formalina 2% 20 µ
µµ
µL/
//
/pata. O veículo e topiramato (TP) foram administrados 1 hora antes da
administração da formalina. A morfina e a ciproeptadina (CP) foi administrada por via
intraperitoneal 30 minutos antes. Foram utilizados 6 animais por grupo sendo considerado p<0,05
como nível de significância.
a
p<0,001 vs controle,
b
p<0,01 vs controle
1
p>0,05 vs TP e
2
p>0,05 vs
controle (ANOVA- Teste de Tukey).
78
0-10 20-40
0
10
20
30
40
50
60
70
Veículo(NaOH 1M/2,5%)
TP (80 mg/kg)
TP (80 mg/kg) + CP(5 mg/kg)
Morfina (5mg/kg)
***
**
***
***
***
***
CP (5mg/kg)
1
2
2
1
tempo de lambedura da pata (s)
FIGURA 12
Efeito analgésico do TP no teste da formalina em camundongos.
O veículo e
Topiramato (TP) 80 mg/Kg foram administrados 1 hora antes da administração da formalina. A
morfina 5 mg/Kg, 30 minutos e a ciproeptadina (CP) 5 mg/Kg foi administrada por via
intraperitoneal 30 minutos antes. Foram utilizados 6 animais por grupo sendo considerado p<0,05
como vel de significância. Os valores representam a média
±
E.P.M., do tempo gasto (s) pelos
animais lambendo a pata por um período de 0-5 minutos (1
a
fase) e 20-40 minutos (2
a
fase) após a
injeção intraplantar de formalina 2% , 20
µ
L
/
pata.
***
p <0.001 e
**
p<0,01 vs veículo,
1
p>0,05 vs TP
e
2
p>0,05 vs veículo (ANOVA- Tukey).
79
5.3. Efeito do TP no teste da placa quente em camundongos.
O TP foi efetivo (p<0,05) apenas na dose de 80 mg
/
Kg, por via oral, quando
comparado com o controle nos intervalos de 90 (16,80
±
2,44 s;
7,15
±
1,02 s.
respectivamente) e 120 minutos (19,05
±
2,64 s;
5,79
±
0,98 s. respectivamente)
como mostrado na Tabela 07 e Figura 13.
A morfina, um analgésico opióide, mostrou-se efetiva em todos os tempos
registrados (t= 00 min: 11,76
±
1,08 s.; t= 30 min: 19,84
±
2,31 s.; t= 60 min: 19,66
±
1,97 s.; t= 90 min: 17,45
±
2,31 s; e t=120 min: 15,18
±
1,67 s) quando comparada
com o controle (t= 00 min.:12,11
±
1,19 s.; t= 30 min: 12,55
±
1,93 s.; t= 60 min:
9,23
±
1,72 s.; t= 90 min: 7,15
±
1,02 s.;e t= 120 min: 5,79
±
0,98 s) como mostrado
na Tabela 07 e figura 13.
80
Tabela 07 – Efeito do TP no teste da Placa quente em camundongos.
Grupo Dose mg/
//
/Kg - via Tempo de reação (s)
T=0 t=30 t=60 t=90 t=120
Controle (veículo) ----, p.o 12,11 ±
±±
± 1,197 12,55 ±
±±
± 1,93 9,230 ±
±±
± 1,72 7,15 ±
±±
± 1,02 5,79 ±
±±
±
0,96
Morfina 5, i.p 11,760 ±
±±
± 1,08 19,84 ±
±±
± 2,31 19,66 ±
±±
± 1,98
a
17,45±
±±
± 2,32
b
15,18 ±
±±
± 1,67
c
TP 80, v.o 10,11 ±
±±
± 1,36 12,96 ±
±±
± 1,88 15,55 ±
±±
± 1,90 14,84 ±
±±
± 2,33
c
15,93 ±
±±
± 2,95
c
TP 40,v.o 12,51±
±±
± 0,59 13,900 ±
±±
± 1,67 14,24 ±
±±
± 1,00 11,79 ±
±±
± 1,20 13,12 ±
±±
± 2,52
TP 20, v.o 10,47 ±
±±
± 0,61 11,14 ±
±±
± 0,92 11,08 ±
±±
± 0,90 8,58 ±
±±
± 0,66 10,43 ±
±±
± 0,97
Os valores representam a média ±
±±
± E.P.M., do tempo de reação (s) á placa quente (52 ±
±±
± 0,5), que
consiste em os animais saltarem ou lamberem as patas traseiras, registrado antes (t=0) e 30, 60, 90 e
120 minutos após os tratamentos. Foram utilizados 10 animais por grupo sendo considerado p<0,05
como nível de significância.
a
p< 0,001 vs controle,
b
p< 0,01 vs controle e
c
p< 0,05 vs controle
(ANOVA- Teste de Tukey).
81
FIGURA 13
Efeito analgésico do TP no teste da placa quente em camundongos
.
Os
valores representam a média
±
E.P.M., do tempo de reação (s) á placa quente (52
±
0,5
0
C),
que consiste em os animais saltarem ou lamberem as patas traseiras, registrado antes (t=0) e
30, 60, 90 e 120 minutos após os tratamentos. Foram utilizados 10 animais por grupo sendo
considerado p<0,05 como nível de significância.
***
p< 0,001 vs controle,
**
p< 0,01 vs
controle e
*
p< 0,05 vs controle (ANOVA- Tukey).
0 30 60 90 120
5
10
15
20
25
TP (80 mg/Kg)
TP (40 mg/Kg)
Morfina (5 mg/Kg)
Veiculo (NaOH 1M / 2,5%)
TP (20 mg/Kg)
***
*
***
*
*
**
Tempo de reão (s)
82
5.4 Efeito analgésico do TP no teste dos filamentos de von Frey em ratos.
O TP (40 e 80 mg
/
Kg) por via oral não foi efetivo considerando p< 0,05, em
diminuir a dor neuropática no modelo dos filamentos de von Frey quando comparado
com controle (Tabela 08 e figura 14).
83
Tabela 08 – Efeito do TP no teste dos Filamentos de von Frei em camundongos.
Grupo Dose mg/
//
/Kg, via Limiar de sensibilidade nos tempos de observação (min)
T=0 T=60 T=120
Controle (veículo) ----, v.o 0,34 ±
±±
± 0,06 0,44 ±
±±
± 0,10 0,50 ±
±±
± 0,05
TP 80, v.o 0,28 ±
±±
± 0,06 0,33 ±
±±
± 0,10 0,24 ±
±±
± 0,11
TP 40 ,v.o 0,28 ±
±±
± 0,06 0,40 ±
±±
± 0,00 0,44 ±
±±
± 0,10
O topiramato (TP 40 e 80 mg/Kg v.o) e veiculo foram administrados 60 min antes do experimento.
Na avaliação do efeito do topiramato na dor neuropática, induziu-se o diabetes experimental com
estreptozotocina (40 mg/kg i.v.) em ratos machos Wistar e após 1 s a sensibilidade tátil foi
avaliada utilizando-se os filamentos de von Frey (0,07-2g). Os valores são representados como média
± EPM e foram utilizados 4 ratos por grupo. As medidas foram realizadas no tempo 0, 60 e 120
minutos após a administração do Topiramato. Não houve significância estatística no experimento.
(p<0,05. ANOVA- Tukey). T=0, tempo: zero; T=60, tempo: 60 minutos e T=120, tempo: 120
minutos.
84
Figura 14. Efeito antinociceptivo do TP no teste dos filamentos de von Frey em ratos
. O
Topiramato (TP) (40 e 80 mg/Kg v.o) e veiculo foram administrados 60 minutos antes do
experimento. Na avaliação do efeito do Topiramato (TP) na dor neuropática, induziu-se o
diabetes experimental com estreptozotocina (40 mg/kg i.v.) em ratos machos Wistar e após 1 mês
a sensibilidade tátil foi avaliada com os filamentos de von Frey (0,07-2 g). Os valores o
representados como média ± EPM e foram utilizados 4 ratos por grupo. As medidas foram
realizadas no tempo 0, 60 e 120 minutos após a administração do TP. Não houve significância
estatística no experimento.
(p<0,05. ANOVA- Tukey).
0 60 120
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
TP (80 mg/Kg)
TP (40 mg/Kg)
Veículo (NaOH 1M / 2,5%)
Limiar de sensibilidade (g)
85
5.5. Efeito do TP na freqüência de locomoção no teste do campo aberto em
camundongos.
O TP na dose de (80 mg
/
Kg) por via oral, não diminuiu significativamente a
freqüência de locomoção dos animais no teste do campo aberto por um período de 5
minutos. Diazepan (2mg
/
Kg, i.p.) reduziu, de maneira significativa (p<0,001), a
freqüência de locomoção os animais para 15,71 ± 5,20 quando comparado ao
controle 81,50
±
3,69 (Tabela 09 e figura 15).
5.6. Efeito do TP no número de quedas e tempo de permanência (s) na barra
giratória (Rota Rod) em camundongos.
O TP na dose de (80 mg
/
Kg) por via oral, não aumentou significativamente a
freqüência de quedas dos animais no teste do
Rota rod
por um período de 1 minuto.
Diazepan (2mg
/
Kg, i.p.) aumentou de maneira significativa (p<0,001), a freqüência
de quedas dos animais para 2,28 ± 0,36 seg
quando comparado ao controle 0,28 ±
0,18 (Tabela 10 e figura 11). Com relação ao tempo de permanência, o TP (80
mg
/
Kg) por via oral não diminuiu o tempo de permanência na barra giratória quando
comparado com o controle (p>0,05). O Diazepan (2mg
/
Kg, i.p.) diminuiu esse tempo
para 33,87 ± 9,49 s. quando comparado com o controle (p<0,05).(Tabela 11,figura
16).
86
Tabela 09 Efeito do TP na freqüência de locomoção no teste do campo aberto em
camundongos.
Grupo Dose (mg/
//
/Kg – via) Freqüência de locomo
ção em 5 minutos
Controle (veículo) ---, p.o 81,50 ±
±±
± 3,69
TP 80, v.o 78,71 ± 16,00
Diazepam 2, v.o 15,71 ± 5,20***
Os dados representam a média ± E.P.M da freência de locomoção que consiste no ato do animal
penetrar com as 4 patas em uma das divisões do campo aberto durante um período de 5 min.,
registrado 60 minutos após a administração do topiramato (TP) e 30 minutos após a
administração do diazepam. Foram utilizados 7 animais por grupo. *** p< 0,001 vs controle
(ANOVA e teste de Tukey)
87
0
25
50
75
100
TP 80mg/kg
Veiculo (NaOH 1N; 2,5%)
Diazepan 2mg/Kg
***
Frequência de locomoção
em 5 minutos.
Figura 15. Efeito do TP na freqüência de locomoção em camundongos.
Os dados
representam a média ± E.P.M da freqüência de locomoção que consiste no ato do animal
penetrar com as 4 patas em uma das divisões do campo aberto durante um período de 5 min,
registrado 60 minutos após a administração do Topiramato (TP) e 30 minutos após a
administração do diazepam. Foram utilizados 7 animais por grupo. *** p< 0,001 vs controle
(ANOVA- Tukey).
88
TABELA 10 – Efeito do TP no número de quedas e tempo de permanência (s) na barra giratória
(Rot Rod) em camundongos.
Grupo Dose (mg/
//
/Kg, via) n°
°°
° de quedas tempo na barra (s)
Controle (veículo) ---, v.o 1,57 ± 0,2 58,15 ± 1,22
TP 80, v.o 1,27
a
± 0,18 57,64 ± 1,39
a
Diazepam 2, v.o 3,29 ± 0,29
**
33,87 ± 9,49*
Os dados representam a media da freqüência de quedas e do tempo cumulativo ± E.P.M de
permanência em uma barra giratória com velocidade de 12 rotações por minuto, registrado 60
minutos após a administração do Topiramato (TP) por via oral e 30 minutos após a administração
do diazepam por via intraperitoneal. Foram utilizados 7 animais por grupo. ** p< 0,01, *p<0,05 vs
controle, e
a
p >0,05 vs controle. (ANOVA - Tukey
).
89
0
1
2
3
4
TP (80mg/Kg)
Veiculo (NaOH 1M/2,5%)
Diazepan (2mg/Kg)
a
***
mero de quedas
Figura 16 Efeito do TP no número de quedas da barra giratória (Rot rod) em camundongos.
Os
dados representam a media da freqüência de quedas de uma barra giratória com velocidade de 12 rotações
por minuto, registrado 60 minutos após a administração do Topiramato (TP) por via oral e 30 minutos
após a administração do diazepam por via intraperitoneal. Foram utilizados 7 animais por grupo. ** p<
0,01 vs controle e
a
p >0,05 vs controle. (ANOVA - Tukey
).
90
0
25
50
75
Veiculo (NaHO 1M/2,5%)
TP (80mg/Kg)
Diazepan (2mg/Kg)
*
a
tempo de permanência
na barra giratória (s)
Figura 17 Efeito do TP no número no tempo de permanência em segundos na barra giratória
(Rot Rod) em camundongos.
Os dados representam a média ± E.P.M do tempo cumulativo de
permanência em uma barra giratória com velocidade de 12 rotações por minuto, registrado 60 minutos
após a administração do Topiramato (TP) por via oral e 30 minutos após a administração do diazepam
por via intraperitoneal. Foram utilizados 7 animais por grupo. * p < 0,05 vs controle,
a
p > 0,05 vs
controle (ANOVA - Tukey).
91
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
92
6.0 Discussão
Alguns agentes anticonvulsivantes são conhecidos como analgésicos. No
entanto existe uma série de efeitos adversos que limitam o uso destas substâncias
para este fim. Por exemplo, a fenitoína e a carbamazepina apresentam a
necessidade da constante monitorização dos seus veis sangüíneos devido à
elevada incidência de suas reações adversas além da complexa farmacocinética da
fenitoína. a lamotrigina apresenta uma maior incidência de desenvolvimento da
síndrome de Stevens-Johnson. Isso justifica a necessidade do estudo de novos
anticonvulsivantes em condições dolorosas (JACKSON, 2006).
Topiramato (TP) é usado como monoterapia ou junto a outros
anticonvulsivantes para o tratamento de ataques epilépticos parciais, para ataques
associados com síndrome de Lennox-Gastaut e para ataques primários tônicos
clônicos generalizados. Devido ao seu mecanismo de ação como anticonvulsivante.
Essa droga apresenta um potencial efeito analgésico. Evidências
in vitro
, sugerem
que TP afeta a atividade dos neurônios e produz seus efeitos por vários
mecanismos, incluindo modificação do Na
+
e/ou Ca²+ dependente de voltagem,
aumento da atividade GABA, e inibição do receptor AMPA/kainato (KA) do glutamato
(KUDIN, 2004).
Vários modelos experimentais podem ser utilizados para avaliar o efeito
analgésico de uma substância. No presente trabalho, foi analisado o efeito
analgésico do TP em três modelos de dor aguda em camundongos: teste da
formalina (TJOLSEN
et al
.,1992), teste da capsaicina (LAPA
et al
, 2003) e teste da
placa quente (Pietrovscki
et al.,
2006). Para avaliar o efeito do TP em condições
dolorosas crônicas foi utilizado utilizamos o teste dos filamentos de von Frey
(ARAÚJO
et al
, 2006).
93
O teste da formalina caracteriza-se por apresentar um padrão de resposta
cuja quantificação permite a avaliação do comportamento nociceptivo. O método
original foi descrito por Dubuisson e Dennis, 1977. Nesse modelo os resultados
eram avaliados através do tempo despendido pelo animal em comportamentos
assumidamente relacionados a dor, numa escala de quatro pontos. O teste da
formalina em camundongos foi descrito posteriormente por Hunskaar e Hole em
1987 (LAPA
et al
, 2003).
Hoje, no entanto, o método é utilizado de forma modificada onde se verificar
apenas um parâmetro: o tempo em seg. em que o animal passa lambendo ou
mordendo a pata na qual foi injetada a formalina, este valor serve como índice de
nocicepção. A substância numa concentração de 2%, é injetada num volume
constante de 20 microlitros em uma das patas posteriores, na região subplantar. Os
resultados são avaliados em duas diferentes fases, sendo a primeira logo após a
aplicação do produto e com duração de 10 minutos. Esta é seguida de um intervalo
de 10 minutos e precedida de uma nova fase de observação com duração de 20
minutos. (LAPA
et al
, 2003).
O teste da formalina é considerado um modelo de dor persistente, produzida
pela injeção intraplantar dessa substancia que causa estimulação de nociceptores,
podendo ser considerado um modelo bifásico de comportamento indicativo de dor. A
primeira fase se pela estimulação de nociceptores, no qual normalmente drogas
de ação central apresentam efeito. um intenso e imediato aumento da atividade
das fibras aferentes primárias tipo C (Shannon
et al
, 2005).
É um teste considerado de dor aguda e tônica. Alguns trabalhos mostram que
na primeira fase ocorre a participação da substância P e bradicinina, que pode ser
suprimida por drogas de ação central como a morfina. Na segunda fase tem-se a
participação de substâncias como histamina, serotonina, bradicinina, aminoácidos
excitatórios e prostaglandinas. Esta fase é sensível à ação dos antiinflamatórios
como indometacina. As duas fases refletem provavelmente tipos diferentes de dor
94
originadas pela ativação de nociceptores periféricos e sensibilização central como
conseqüência de eventos que envolvem a transmissão nociceptiva (Blackburn-
MUNRO e
t al
2002).
A segunda fase do teste da formalina seria responsável pelo desenvolvimento
de uma resposta inflamatória causada por vários mediadores liberados e por um
estado de hiperexcitabilidade medular. Neste momento as drogas antiinflamatórias
funcionam (ARAÚJO
et al
, 2006).
Os resultados do presente trabalho mostraram que no modelo da formalina foi
observado que o TP apresentou efeito significativo na primeira fase do teste apenas
na dose de 80mg (* p< 0,05), e na segunda fase com as três doses utilizadas (TPM
20; 40 e 80 mg/kg *** p< 0,001). Nessa última fase não foi observada diferença
estatística entre as doses de TP utilizadas e o controle positivo da morfina, um
analgésico opióide que diminuiu a sensação dolorosa nas duas fases do teste.
Na primeira fase, sabe-se que a ação nociceptiva é provocada pela ativação
de fibras C e fibras A
. Foi demonstrado previamente que nestas fibras ocorre a
participação de canais de Na
+
que seriam ativados e assim drogas que atuam como
bloqueadores de canais de Na
+
podem por exemplo, apresentar efeito nesta fase
(BLACKBURN-MUNRO
et al
2002).
Considerando que o TP tem atividade bloqueadora destes canais, o efeito
analgésico observado nesta fase poderia ser justificado. A dinâmica dos canais de
sódio está relacionada com o aumento da sensibilidade dos aferentes primários
ativados após uma injuria tecidual. Existem evidências de que substâncias que
apresentam atividade bloqueadora de canais de sódio apresentam efeitos
antinociceptivos após injeção de formalina em ratos (BLACKBURN-MUNRO
et al
2002). Dessa forma, de acordo com os resultados observados na dose citada acima
95
(80 mg/kg), não se pode descartar o possível papel dos canais de sódio no efeito
analgésico do topiramato.
A segunda fase do teste da formalina se caracteriza por desencadear uma
reação mais complexa que envolve o desenvolvimento de uma resposta inflamatória
e a sensibilização central de fibras da dor, havendo a participação de várias
substâncias. Há de se considerar que nesta segunda fase há um aumento dos níveis
medulares de diferentes mediadores, como por exemplo, as prostaglandinas,
glutamato, óxido nítrico, taquicininas, entre outros peptídios e que tais substâncias
seriam responsáveis pela sensibilização da medula espinhal
(
PIETROVSKI
et al
2006
)
.
A literatura mostra que a administração de um antagonista de receptores
NMDA diminui a resposta ao estímulo pela formalina na segunda fase do teste,
dessa forma demonstrando que o glutamato quando ligado a esse receptor, contribui
para a manutenção da nocicepção nesse modelo de dor aguda (BLACKBURN-
MUNRO
et al
2002). O efeito observado do TP nesta fase não poderia ser explicado
pela sua capacidade de antagonizar os efeitos do glutamato a nível central em
receptores NMDA, pois é relatado que o TP é um antagonista desse
neurotransmissor, porém, atuando em receptores AMPA-kainato. Isso então poderia
se dar pela ação antagonista sobre outro mediador ou outro subtipo de canal,
diferente do existente no receptor NMDA.
.
Alguns trabalhos demonstram também, que não existe uma correlação direta
entre o mecanismo de ação das drogas anticonvulsivantes e seu efeito analgésico.
Assim, possivelmente podem existir outros mecanismos envolvidos em seu efeito
analgésico (SHANNON
et al
, 2005). Partindo dos pressupostos acima foi objetivo do
presente trabalho estudar a associação do TP com antagonistas como naloxona,
glibenclamida, ciproeptadina e ondansetrona buscando investigar outros possíveis
mecanismos que poderiam estar envolvidos no efeito analgésico do topiramato
96
observado nas duas fases do teste da formalina. Para isso foi utilizada a dose de TP
que apresentou efeito analgésico em ambas as fases.
No primeiro experimento, o TP foi associado com naloxona, 2 mg
/
Kg. Esta
qual reverteu o efeito antinociceptivo do TP na segunda fase obtendo-se valores
iguais ao veiculo. Este efeito não foi observado na primeira fase, sugerindo a
possível participação ou envolvimento do sistema opióide na modulação da dor pelo
TP na segunda fase do teste da formalina.
Para comprovar a ação da naloxona 2 mg
/
Kg no teste utilizado, esta
substância foi associada com a morfina e verificou-se que houve uma inibição do
efeito analgésico opióide (1ª fase: p< 0,001 e 2ª fase: p< 0,05). Observou-se ainda
que a naloxona 2 mg
/
Kg sozinha não apresentou efeito antinociceptivo no
experimento.
Dando seqüência, foi investigada ainda a possível participação dos canais de
K
+
ATP dependentes (K
ATP
) na atividade antinociceptiva do topiramato no teste da
formalina, utilizando glibenclamida 3 mg
/
Kg, um antagonista desses canais. Sabe-se
que estas estruturas estão diretamente envolvidas em parte do efeito antinociceptivo
da morfina. Os resultados mostraram que a glibenclamida não foi capaz de reverter
o efeito analgésico do topiramato nas duas fases do teste. Isso leva hipótese de que
tal efeito provavelmente não se relaciona com a ativação dos canais de K
+
, desde de
que os mesmos foram bloqueados pela glibenclamida (K
ATP
) devendo, portanto,
existir assim outros mecanismos envolvidos. Semelhantemente aos experimentos
anteriores, a morfina foi utilizada como controle positivo e inibiu significativamente
(1ª e fase: p < 0,001) a nocicepção induzida por formalina nas duas fases do
teste.
È importante relatar que alguns estudos de outros autores mostram que o TP
não apresenta efeito no teste da formalina em ratos. Vale, entretanto, ressaltar que
97
em tais estudos, a dose utilizada foi menor, variando entre 3 e 30 mg/kg (SHANNON
et al
, 2005).
Baseando-se nestas informações, no presente trabalho também foi avaliado a
participação do sistema serotoninérgico no efeito antinociceptivo do TP no teste da
formalina. Para isso foi utilizado um antagonista de receptores 5-HT
3,
a
ondansetrona, na dose de 0,5 mg/kg. Além dessa ferramenta, utilizou-se também a
ciproeptadina, 5 mg
/
Kg que é antagonista 5-HT
2
além de bloquear receptor H
1
da
histamina.
As vias serotoninérgicas estão envolvidas na condução de estímulos
nociceptivos no sistema nervoso central e estudos mostram que o sistema
serotoninérgico bulbo-espinhal pode suprimir a condução da dor em nível medular.
As vias descendentes serotoninérgicas também modulam a transmissão de
potenciais dolorosos por atuarem diretamente em neurônios ascendentes ou em
interneurônios. Existem vários receptores para a serotonina e estudos mostram que
os receptores 5-HT
1A,
5-HT
2
e 5-HT
3
modulam a transmissão de impulsos
nociceptivos (PIETROVSKI
et al
, 2006).
Os resultados evidenciaram que não houve reversão do efeito antinociceptivo
do TP quando associado com a ondansetrona ou ciproeptadina nas doses utilizadas.
Isso sugere a não participação desses sistemas no efeito antinociceptivo do TP no
teste da formalina. A morfina, um analgésico opióide, foi utilizada como controle
positivo e, como esperado, reduziu significativamente (1ª fase e fase p < 0,001) a
nocicepção induzida por formalina nas duas fases do teste.
O efeito analgésico também pode ser avaliado através do teste da dor
neurogênica provocada pela administração de capsaicina, utilizada por via
intraplantar, 1,0 microgramas por pata. Registra-se, então, durante 5 mim, o período
que o animal passa lambendo ou mordendo a pata injetada, medida esta, indicativa
98
de dor, sendo a capsaicina administrada uma hora após a administração da
substância a ser testada. (LAPA et al, 2003). Esse teste avalia o possível efeito
analgésico de drogas na dor neurogênica causada pela capsaicina. É considerado
um modelo de dor direta, produzida pela injeção intraplantar dessa substância, que
causa estimulação de nociceptores (ARAÚJO, 2006).
A capsaicina age através da ligação com receptores vanilóides (VR 1), um
receptor similar ao canal de K
+
voltagem dependente encontrado nos neurônios
sensoriais. Este receptor, conhecido por ser o receptor da capsaicina, está envolvido
principalmente com o influxo de cátions, particularmente Ca
++
e Na
+
, através de
canal acoplado ao VR 1. A capsaicina age especificamente nas fibras C não
mielinizadas e nas fibras A
pouco mielinizadas e delgadas. Tais receptores também
podem ser ativados por temperaturas acima de 43
°
C (OKUSE, 2006).
Diferentemente da morfina, os resultados mostraram que o TP não exerceu
efeito sobre a resposta nociceptiva da capsaicina. Nas três doses utilizadas a
substância apresentou efeito semelhante ao veículo o que sugere que pelo menos
nas doses utilizadas, o TP não apresenta efeito antinociceptivo no teste da
capsaicina.
Existem resultados que mostram que a capsaicina e a formalina apresentam
sua ação nociceptiva devido à liberação do aminoácido excitatório glutamato e da
substancia P, ambos liberados nos neurônios sensoriais da medula espinhal. Em
ambos há uma inibição da liberação pela administração previa da capsazepina.
(AMARAL, 2004). Essa inibição ocorre apenas na primeira fase do teste da
formalina, indicando que existem mecanismos semelhantes na transmissão dos
impulsos nociceptivos entre o teste da capsaicina e formalina (1ª fase).
A ação do glutamato nesse mecanismo se dá principalmente no receptor
NMDA que não é antagonizado pelo TP, pois essa droga antiepiléptica não atua
99
nesse tipo de receptor (WHITE, 2005). De acordo com os resultados obtidos neste
trabalho, pode-se supor que o efeito antinociceptivo do TP na fase do teste da
formalina poderia se dar por mecanismos que não envolvem o receptor vanilóide.
Quando o animal é colocado sobre uma superfície aquecida a 52 graus,
ocorre uma resposta característica, onde o animal troca rapidamente o apoio dos
pés, levantando ou lambendo uma das patas. A latência para o aparecimento desta
resposta, cronometrada em segundos, pode ser considerado, como indicativo da
intensidade da resposta nociceptva a um estímulo térmico. A resposta da placa
quente decorre de uma resposta operante de integração central. Após a obtenção
dos valores basais a resposta é novamente avaliada depois de decorridos 60, 120 e
180 mim da administração das drogas (LAPA
et al
, 2003). Neste teste da placa
quente pode-se ter duas respostas que pode ser a lambedura das patas posteriores
ou um pulo da superfície aquecida (PIETROVSKI
et al
2006). Vale salientar que
neste teste, foi utilizado, porém, a temperatura de 52
±
0,5 para se evitar resultados
falsos negativos.
O TP dentre as doses estudadas demonstrou efeito significativo na maior
dose de 80 mg/kg
(* p<0,05),
sugerindo que essa substância apresenta condições de
suprimir a nocicepção supra espinhal
.
Foi sugerido que na resposta a um estimulo
térmico, existe uma participação de um grande numero de fibras delgadas e médio
calibre (tipo C e tipo II A
) quando a temperatura está em torno de 45
0
e de fibras I
A
quando a temperatura é maior que 52
0
(PIETROVSKI
et al
2006). Desta forma, o
TP poderia estar atuando deprimindo a resposta neste último tipo de fibra, porém
estudos adicionais seriam necessários para confirmar essa hipótese, pois apenas o
teste da placa quente não seria suficiente para isso.
Os mecanismos de ação do TP são relevantes para o seu potencial
analgésico na dor neuropática. Dados da literatura mostraram que essa substância
100
apresentou efeito analgésico em modelos de injúria neuronal, assim como
demonstrou ser benéfico em um estudo piloto duplo-cego em humanos (THIENEL
et
al
, 2004). Outros estudos também mostraram que o TP foi eficaz no tratamento de
neuragia intercostal e neuragia do trigêmeo, sendo porem ineficaz em estudos de
dor central (TENG, 2003).
Estes achados, no entanto, são conflitantes quando se observam outros
protocolos experimentais em animais. Alguns trabalhos mostram que o topiramato
não apresenta efeito significativo quando utilizado em modelos de lesão neuronal
por constrição do ciático, utilizando-se o teste de von Frey, o havendo diferenças
significativas entre o TP e o veículo (BISCHOFS
et al
, 2004). Outros trabalhos
clínicos também mostram resultados semelhantes (JACKSON, 2006).
Por outro lado, estudo duplo cego, controlado por placebo, mostrou redução
significativa nos escores de avaliação de dor com uso de TP, podendo por isso ser
útil nesse tipo de condição dolorosa. No entanto, o que se observa na verdade é
uma discordância entre vários achados de experimentos clínicos em seres
humanos, o que também ocorre com outras drogas anticonvulsivantes. Recente
estudo duplo-cego, controlado por placebo, demonstrou resultados inconsistentes ou
não mostrou diferenças entre a fenitoína e o placebo em casos de neuropatia
diabética (SPRUCE,
et al
2003).
Em concordância, foram avaliados pacientes com dor neuropática induzida
por diabetes, em três estudos duplo-cegos e observado que não houve diferenças
entre o TP nas doses de 200 e 400 mg por dia, e o placebo na redução dos escores
de dor (THIENEL, 2004). Isso pode se dar possivelmente pela incapacidade de ação
do TP sobre os receptores do glutamato. O TP, como citado anteriormente, não atua
como antagonista de receptores NMDA, mas apenas de receptores AMPA/Kainato
(BISCHOFS
et al
2004). Possivelmente o glutamato agindo nos receptores NMDA,
101
seria o neurotransmissor mais importante no processo de condução e manutenção
de estímulos dolorosos na dor neuropática (ZIMMERMANN, 2001).
Isso demonstra a necessidade de estudos sistemáticos bem delineados para
uma melhor avaliação dos efeitos clínicos do topiramato para nocicepção. Como
comentado previamente, alguns trabalhos mostram que não uma correlação
direta entre o efeito analgésico do TP e seus efeitos anticonvulsivantes, podendo
existir outros mecanismos envolvidos (SHANNON
et al
, 2005).
Os filamentos de von Frey são utilizados para determinar o limiar mecânico de
50% para a retirada da pata posterior após um estímulo. Uma seqüência de
filamentos é aplicada na pata posterior direita do animal, até que o filamento se
dobre a metade. O levantar da pata do animal indica um sinal positivo de
sensibilidade e um novo filamento é em seguida testado (ARAÚJO, 2006). O último
filamento no qual o animal respondeu é considerado como limite. Cada filamento é
testado 3 vezes na pata do animal. O teste avalia a sensibilidade da área da pata no
qual é inervada pelo ciático (BISCHOFS
et al,
2004).
Sabe-se que o
Diabetes melitus
é outra condição que está associada a uma
elevada incidência de dor neuropática. Entre 43 e 53% de todos os pacientes
diabéticos o desenvolvimento de sintomas dolorosos nos membros inferiores. É
evidente hoje que existe uma relação direta entre o controle dos níveis glicêmicos
sangüíneos e o desenvolvimento dos sintomas dolorosos, sendo estes sintomas
mais evidentes com maiores níveis glicêmicos. Isso poderia se dar devido a uma
glicação dos canais de dio da membrana plasmática, o que levaria a um aumento
do fluxo de correntes iônicas levando assim a formação de focos ectópicos
(SPRUCE
et al
, 2002).
102
De acordo com os resultados deste estudo foi observado que nas doses
utilizadas o TP não apresentou efeitos significativos nos animais com neuropatia
diabética utilizando-se o modelo dos filamentos de von Frei. Nas duas doses
utilizadas (40 e 80 mg/Kg), observou-se que o efeito do TP foi semelhante ao
veiculo, o que sugere ineficácia neste tipo de protocolo de dor neuropática. Vale
Lembrar que embora a indução da neuropatia seja distinta nas varias condições
clínicas, as alterações fisiopatológicas a nível celular são semelhantes.
Dessa forma os resultados obtidos neste trabalho estão de acordo com os
experimentos realizados anteriormente, que não observaram efeito do TP em
condições de dor neuropática induzida por outros modelos, como por exemplo, o
modelo que utiliza constrição neuronal (BISCHOFS
et al,
2004).
Teoricamente poderia se pensar no efeito contrário, visto que o TP apresenta
um mecanismo de ação complexo que se relaciona diretamente com a fisiopatologia
desse tipo de condição dolorosa. A capacidade inibitória sobre canais de sódio e
cálcio, assim como sua propriedade de aumentar a atividade do GABA poderia levar
ao surgimento do efeito analgésico. No entanto, o fato do TP não atuar nos
receptores NMDA poderia ser a explicação para a ausência desse efeito analgésico
em neuropatia diabética, tendo em vista a importância desse receptor na
fisiopatologia do processo (SPRUCE
et al,
2002).
As drogas com atividade antinociceptiva podem apresentar uma atividade
depressora central com uma tendência de diminuir a atividade locomotora dos
animais e isso pode interferir diretamente na resposta no teste da formalina e outros
testes que verificam a atividade antinociceptiva. Para avaliar a possível interferência
nessa ação, os animais foram submetidos ao teste do campo aberto e
rota rod
(LAPA
et al
, 2003). O teste do
Rota-Rod
é uma metodologia utilizada na triagem de
drogas com possível atividade mio-relaxante e consiste em avaliar a coordenação
motora do animal, através do tempo de permanência deste em uma barra giratória.
Este teste normalmente é realizado depois que o animal é submetido ao teste do
103
campo aberto. De acordo com os resultados, verificou-se que o TP não apresenta
ação relaxante muscular, o que prova que os efeitos antinociceptivos observados,
não são devido a essa ão. Isso pode ainda ser demonstrado a partir dos
resultados observados no teste do campo aberto, onde se observou que o houve
diferenças estatísticas entre o grupo do TP e o veículo, demonstrando não
interferência na atividade motora.
104
CONCLUSÕES
105
No presente trabalho utilizando-se o Topiramato (TP), podemos observar que
outros mecanismos desconhecidos podem estar envolvidos no efeito analgésico de
substâncias anticonvulsivantes. Observamos que o (TP) apresentar efeito
antinociceptivo mesmo em condições de dor aguda. Em nossos experimentos
podemos verificar que nas doses utilizadas o TP pode ativar receptores opióides e
que este efeito é revertido pela naloxona, mas não parece envolver ativação de
canal de potássio dependente de ATP. Isso poderia justificar em parte os resultados
observados e justificaria a necessidade da continuidade destes estudos com o fim
de esclarecer melhor o real mecanismo envolvido destes efeitos. Além do mais a
não reversão do efeito pela ondansetrona e ciproeptadina demonstra que sistemas
como o serotoninérgico não participam do efeito analgésico do TP.
106
CONSIDERAÇÕES FINAIS
107
A partir dos resultados obtidos neste estudo nos testes realizados com o Topiramato
(TP), pode-se concluir que:
TP 20; 40 e 80 mg
/
Kg não apresenta efeito antinociceptivo no teste da
capsaicina.
TP 80 mg
/
Kg apresenta efeito antinociceptivo nas duas fases do teste da
formalina.
TP 20 e 40 mg
/
Kg, apresenta efeito antinociceptivo apenas na segunda fase
do teste da formalina.
A naloxona inibe o efeito do TP na segunda fase do teste da formalina, o que
sugere uma participação do sistema opióide nesse efeito.
Não há participação de canais K
+
ATP dependente, visto que não houve
inibição do efeito do topiramato pela glibenclamida 2 mg
/
Kg.
A ondansetrona e a ciproeptadina não interferem no efeito do TP (80 mg
/
Kg)
no teste da formalina sugerindo que não participação do sistema
serotoninérgico.
No teste da placa quente, o TP 80 mg
/
Kg apresenta efeito antinociceptivo
apenas nos tempos de 90 e 120 minutos.
O TP 40 e 80 mg
/
Kg não apresentou efeito antinociceptivo no teste dos
filamentos de Von Frey em animais com neuropatia diabética.
108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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