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Lilton Rodolfo Castellan Martinez
Avaliação da aterosclerose subclínica
coronária, carotídea e rigidez aórtica
em portadores de
hipercolesterolemia familiar.
Tese apresentada à Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo para obtenção do
título de Doutor em Ciências
Área de Concentração: Cardiologia
Orientador: Prof. Dr. Raul Dias dos Santos Filho
São Paulo
2008
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Preparada pela Biblioteca da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
reprodução autorizada pelo autor
Martinez, Lilton Rodolfo Castellan
Avaliação da aterosclerose subclínica coronária, carotídea e rigidez aórtica em
portadores de hipercolesterolemia familiar / Lilton Rodolfo Castellan Martinez. --
São Paulo, 2008.
Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Departamento de Cardio-Pneumologia.
Área de concentração: Cardiologia.
Orientador: Raul Dias dos Santos Filho.
Descritores: 1.Aterosclerose 2.Dislipidemias 3.Hiperlipoproteinemia tipo II
4.Tomografia 5.Doenças das artérias carótidas/ultra-sonografia
6.Artérias/fisiopatologia
USP/FM/SBD-057/2008
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“No coração do homem é que reside o princípio e o
fim de tudo.”
(Leon Tolstoi)
“A fé e a razão são como as duas asas com as quais
o espírito humano se eleva à contemplação da
verdade. Deus colocou no coração do homem o
desejo de conhecer a verdade e, definitivamente, de
conhecê-lo para que, conhecendo-o e amando-o,
possa alcançar também a plena verdade sobre si
mesmo.”
(Papa João Paulo II)
Dedicatória
_____________________________________________
À minha esposa,
Lúcia Pimentel de Sampaio Góes Martinez,
pelo amor e carinho em todos estes anos,
e paciência em todas as horas de execução desta Tese.
Aos meus filhos, Ana Lúcia e Pedro Vicente,
pelo carinho e compreensão nos momentos em que estive ausente.
Ao meu pai, Pedro Durval Martinez,
a quem muito devo em razão de seu esforço na minha formação moral e
educacional.
À memória de minha mãe, Therezinha Castellan Martinez,
pelo exemplo de pessoa humana, sempre pronta para escutar, confortar e aconselhar
a todos que dela precisavam.
Ao meu orientador,
Prof. Dr. Raul Dias dos Santos Filho,
munido de arrojada visão científica, abriu as portas para que desenvolvesse e
aprimorasse meu conhecimento na metodologia científica,
e por sua motivação, capacidade pessoal, médica, científica,
e pelo mestre que é, minha eterna gratidão.
Aos pacientes,
que colaboraram para este estudo, sem os quais não teríamos alcançado nosso
objetivo.
Aos indivíduos voluntários desta pesquisa,
que se prestaram como grupo controle, pelas horas despendidas e pela boa vontade
em colaborar com o aprimoramento e o desenvolvimento do conhecimento médico.
AGRADECIMENTOS
____________________________________________________________________
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Raul Cavalcante Maranhão, pesquisador ímpar, minha gratidão pela
sua enorme capacidade médica e científica.
Ao Prof. Dr. Charles Mady, por sua fundamental participação nos passos iniciais
desta Tese.
Ao Prof. Dr. Carlos Eduardo Rochitte, pesquisador sempre presente em todas as
fases desta Tese, pronto para ajudar e colaborar em todos os momentos necessários.
Ao Prof. Dr. Luiz Aparecido Bortolotto, pela grande ajuda na elaboração dos
exames, na interpretação e elaboração dos resultados estatísticos, e na participação
nos trabalhos publicados.
Ao Dr. Márcio H. Miname, colega com quem divido as alegrias e dúvidas, sempre
presente nas horas mais difíceis.
À Dra. Ana Paula C. Marte, com quem eu muito aprendi em todas as discussões,
pelo auxílio sempre prestativo.
À Prof. Dra. Tânia Leme da Rocha Martinez, que me recebeu de braços abertos
em seu setor, e também pelo carinho e estímulo constante.
À estaticista Creuza Maria Roveri Dalbó, pelo trabalho desenvolvido, na análise
dos dados e pela presteza em solucionar as dúvidas sempre que necessário.
Ao Dr. Andrei Spósito, pela colaboração na análise dos dados da Tese, pela palavra
amiga sempre presente.
Ao Dr. Wilson Salgado Filho, Dra. Carolina J de Siqueira Chrisman, Ana
Carolina Moron Gagliardi e demais colegas da Unidade Clínica de Lípides do
InCor - HC.FMUSP, pelo carinho, convívio e pronto auxílio quando necessário.
À secretária Sueli Stifoni, pelo auxílio e cordialidade na convivência.
Ao Dr. Jose Rodrigues Parga Filho e Dr. Luiz Francisco R de Ávila, pela
orientação na área da tomografia.
Às secretarias da Pós-graduação, Neusa Rodrigues Dini, Juliana Lattari Sobrinho
e Eva Malheiros Guiss de Oliveira, pela sua ajuda inestimável.
Aos Dr. Leonardo Sara da Silva, Dr. Afonso Akio Shiozaki, Dr. Mateus
Marques Diniz e à Cláudia Midori Yamao, pelo auxílio durante a realização das
tomografias.
À Maria da Conceição de Moura Latrilha e Sheila Vasconcelos Valentim
Loyolla, pela colaboração em todos os momentos necessários.
Aos Dr. Ricardo Ladeira e Dr. João Pimenta pelo apoio nesta Tese.
À Prof. Dra. Maria Lúcia Pimentel de Sampaio Góes, minha sogra, professora
Titular de Literatura Infantil da Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia
Letras e Ciências Humanas, Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, pelo
incentivo à iniciação em pesquisa e apoio pessoal.
Sumário
____________________________________________________________________
Sumário
LISTA DE TABELAS. iii
LISTA DE FIGURAS. iv
LISTA DE ABREVIATURAS v
RESUMO vii
SUMMARY ix
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR 3
1.2. CALCIFICAÇÃO CORONÁRIA E ATEROSCLEROSE. 9
1.3. ATEROSCLEROSE CAROTÍDEA. 16
1.4. RIGIDEZ ARTERIAL. 24
2. JUSTIFICATIVA. 28
3. OBJETIVOS. 30
3.1. OBJETIVO PRIMÁRIO. 31
3.2. OBJETIVO SECUNDÁRIO. 31
4. CASUÍSTICA E MÉTODOS. 32
4.1. CASUÍSTICA. 33
4.2. HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR. 33
4.3. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E LABORATORIAIS. 34
4.3.1. DIABETES MÉLITUS. 35
4.3.2. HISTÓRICO FAMILIAR DE DAC. 35
4.3.3. TABAGISMO. 35
4.3.4. SÍNDROME METABÓLICA. 36
4.3.5. XANTOMAS, XANTELASMAS E HALO CORNEANO. 36
4.3.6. ANÁLISE LABORATORIAL. 37
4.3.7. AVALIAÇÃO DO RISCO DE DAC. 38
4.4. AVALIAÇÃO E ANÁLISE DA CAC. 39
4.5. AVALIAÇÃO E ANÁLISE DA IMT CAROTÍDEA. 40
4.6. DETERMINAÇÃO DE RIGIDEZ AÓRTICA MEDIDA
PELA VOP. 41
4.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA. 42
4.8. ASPECTOS ÉTICOS. 43
5. RESULTADOS. 45
5.1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS. 46
5.2. CARACTERÍSTICAS LABORATORIAIS. 48
5.3. ATEROSCLEROSE SUBCLÍNICA. 50
5.3.1. IMT – CAROTÍDEA. 51
5.3.2. VOP – RIGIDEZ ARTERIAL. 51
5.3.3. CAC – CALCIFICAÇÃO DA ARTÉRIA CORONÁRIA. 52
5.4. DETERMINANTES DA IMT NOS PORTADORES DE HF. 52
5.5. DETERMINANTES DA VOP NOS PORTADORES DE HF. 55
5.6. DETERMINANTES DA PRESENÇA DA CAC NOS
PORTADORES DE HF, COMO VARIÁVEL CATEGÓRICA. 56
5.7. DETERMINANTES DA CAC NOS PORTADORES DE HF,
COMO VARIÁVEL CONTÍNUA. 59
6. DISCUSSÃO. 61
6.1. DESCRIÇÃO DA POPULAÇÃO. CARACTERÍSTICAS
CLÍNICAS. 62
6.2. CARACTERÍSTICAS LABORATORIAIS. 63
6.3. ATEROSCLEROSE SUBCLÍNICA E RIGIDEZ
AÓRTICA, COMPARAÇÃO DOS HF COM OS CTRL. 64
6.4. DETERMINANTES DA IMT, VOP E CAC NOS HF. 66
6.5. ATEROSCLEROSE SUBCLÍNICA E MARCADORES
INFLAMATÓRIOS. 72
6.6. AUSÊNCIA DE CORRELAÇÃO DOS MARCADORES
DE ATEROSCLEROSE SUBCLÍNICA NA HF 73
7. LIMITAÇÕES. 76
8. CONCLUSÕES. 78
9. BIBLIOGRAFIA. 80
LISTAS
__________________________________________________________
LISTA DE TABELAS.
TABELA 1: Critérios do US MEDPED Program para diagnóstico de HF 34
TABELA 2: Critérios diagnósticos da Síndrome Metabólica segundo
a modificação do ATP III 36
TABELA 3: Fatores de risco para aterosclerose em portadores de HF, segundo
Civiera. 39
TABELA 4: Características clínicas dos grupos HF e CTRL. 47
TABELA 5: Características laboratoriais dos grupos HF e CTRL. 49
TABELA 6: Avaliação da aterosclerose subclínica, CAC, VOP, IMT
nos HF e CTRL. 51
TABELA 7: Modelo de análise da IMT nos HF. 54
TABELA 8: Modelo de análise da VOP nos HF. 55
TABELA 9: Diferença de parâmetros clínicos laboratoriais dos HF
com e sem CAC. 57
TABELA 10: Modelo de análise da CAC de forma contínua pelo
LOG (CAC+1) nos HF. 60
iii
LISTA DE FIGURAS.
FIGURA 1: Imagem de CAC em artéria descendente anterior. 11
FIGURA 2: Laudo de CAC utilizado no Serviço de Tomografia e Ressonância
Cardiovascular do InCor - HCFMUSP. 15
FIGURA 3: Análise ultrassonográfica da artéria carótida: TÉCNICA
MANUAL 18
FIGURA 4: Representação gráfica da artéria carótida comum: método
computadorizado 20
FIGURA 5: Análise da espessura íntima média carotídea 20
FIGURA 6: Distribuição da CAC nos HF 50
FIGURA 7: Curva ROC para determinantes da presença de CAC
nos portadores de HF. 59
iv
LISTA DE ABREVIATURAS.
ACC Artéria carótida comum
ACI Artéria carótida interna
AHA American Heart Association
Apo A-I Apolipoproteína A-I
Apo B Apolipoproteína B
ARIC Atherosclerotic Risk in Communities
CAC Calcificação da artéria coronária
cf Carótida-femural
CHS Cardiovascular Health Study
CT Colesterol total
CTRL Grupo controle
CYS Produto CT vs Idade
DAC Doença arterial coronária
DCV Doença cardiovascular
DM Diabetes Mellitus
E.R.F. Escore de risco de Framingham
EBT Tomografia de emissão de elétrons
FDB Defeito da apolipoproteína B 100
FH3 Hipercolesterolemia Familiar 3
HCFMUSP Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo
HDL-c HDL cholesterol
v
HF Hipercolesterolemia Familiar
HFC Hiperlipidemia Familiar Combinada
HU Unidades Hounsfield
IDF International Diabetes Federation
IMC Índice de massa corpórea
IMT Espessura íntima média carotídea
InCor Instituto do Coração
LDL-c LDL-colesterol
LDLR Receptor da LDL
log (CAC+1) Fórmula: Logaritmo (Calcificação da artéria coronária +1)
Lp(a) Lipoproteína(a)
LYS LDL years score (LDL-c x Idade)
MED PED Make Early Diagnosis Prevent Early Death
PAD Pressão arterial diastólica
PAS Pressão arterial sistólica
PCR-as Proteína C reativa de alta sensibilidade
PP Pressão de pulso
RA Rigidez arterial
TCMD Tomografia computadorizada de múltiplos detectors
TG Triglicérides
VOP Velocidade da onda de pulso
vi
RESUMO
_____________________________________________
vii
Martinez LRC. Avaliação da aterosclerose subclínica coronária, carotídea e
rigidez aórtica em portadores de hipercolesterolemia familiar. São Paulo,
2008. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina, Universidade de São
Paulo.
A Hipercolesterolemia Familiar (HF) é uma doença caracterizada por
aterosclerose precoce. Contudo, o curso clínico da doença coronária na HF
é variável. A detecção da aterosclerose subclínica, pela espessura íntima
média (IMT) carotídea, calcificação da artéria coronariana (CAC) e da rigidez
arterial pela velocidade de onda de pulso (VOP) em portadores de HF pode
ser útil na estratificação do risco cardiovascular. O objetivo primário deste
estudo foi avaliar se existe correlação da CAC, IMT e VOP em portadores de
HF. Como objetivos secundários, comparar estes marcadores de
aterosclerose subclínica nos HF em relação a controles pareados por idade
e sexo (CTRL) e avaliar quais são os principais fatores que influenciam a
VOP carotídeo-femoral a IMT carotídea e a CAC, em pacientes com HF.
Material e Métodos: Analisamos 89 HF (39±14 anos, 38% homens, LDL-c
médio de 279 mg/dL) e 31 controles pareados para sexo e idade (CTRL)
(LDL-c médio de 102mg/dL). Determinamos o IMT pela ultra-sonografia de
alta definição tipo "echotracking" (Wall-Track System2), a VOP pelo método
Complior®, CAC pela tomografia de múltiplos detectores, perfil lipídico e
variáveis bioquímicas como Lp(a), PCR as, apoA1 e apoB. Foram calculados
respectivamente o risco de DAC em 10 anos e a carga de exposição ao
colesterol pelos escore de Framingham (ERF) e pelo índice LDL-c x idade
(LYS). Resultados: Os HF apresentaram maior ERF (%) (7 ± 3 vs. 3 ± 3,
p=0,002), maior prevalência de CAC (34% vs. 12%, p=0,024), maior IMT
(μm) (653 ± 160 vs 593 ±111, p=0,027), maior VOP (m/s) (9,2 ±1,5 vs. 8,5 ±
0,9, p=0.007) e glóbulos brancos mais elevados (x10
9
células/L) (7,2 ± 2,0 vs
6,4 ± 1,5, p=0,046) do que CTRL. Não foram observadas diferenças de PCR
as respectivamente 1,7 (0,2-3,4 mg/L) e 1,3 (0,2-8,0 mg/L), p=n.s. para HF e
CTRL. Na análise multivariada os determinantes da IMT foram: pressão
arterial sistólica. (r
2
=0,36, p=0,045), ERF (r
2
=0,26, p=0,0001) e Apo B
(r
2
=0,32, p=0,02). A idade foi o único determinante da VOP (r
2
=0,37,
p=0,0001). Os determinantes independentes da CAC como variável contínua
foram: sexo masculino (r2=0,36, p=0,0027) e LYS (r2=0,29, p=0,0001). Os
determinantes da presença ou ausência de CAC foram: estimativa de risco
de DAC em 10 anos do ERF (P=0,0027) e o produto LDL-c X Idade
(p=0,0228). Conclusão: Não foram encontradas correlações entre CAC,
como variável continua ou categórica, IMT, VOP, na população com HF.
Pacientes com HF têm maior prevalência de aterosclerose subclínica que os
CTRL.
Descritores:
1.Aterosclerose 2.Dislipidemias 3.Hiperlipoproteinemia tipo II
4.Tomografia 5.Doenças das artérias carótidas/ultra-sonografia
6.Artérias/fisiopatologia.
viii
SUMMARY
ix
Martinez LRC. Evaluation of subclinical coronary and carotid atherosclerosis
and aortic stiffness in subjects with familial hipercholesterolemia. (thesis).
São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”;2008.
Familial hypercholesterolemia (FH) is associated with early onset of coronary
heart disease (CHD). Detection of subclinical atherosclerosis (SCA) could be
useful for risk stratification in FH subjects. The relationship among carotid,
aortic and coronary SCA was not yet explored in FH. We studied the
correlation among common carotid intima-media thickness (IMT), coronary
artery calcification (CAC) and arterial stiffness (carotid-femoral pulse wave
velocity-PWV) and their determinants in FH subjects. Methods: 89 FH
subjects (39±14 Years, 38% male, median LDL-c = 279 mg/dL) and in 31
normal matched controls (NL) (median LDL-c 102mg/dL) were studied. IMT
was determined by the Wall-Track System2, aortic stiffness (PWV) with the
Complier® method, CAC prevalence and severity were measured by multi-
detector computed tomography. Clinical and laboratory variables (lipids,
apolipoprotein AI and B, Lp(a), glucose, hsCRP and WBC) were determined.
The 10-year CHD risk was calculated by Framingham scores (FRS) and the
age-cholesterol burden by the LDL-cholesterol year score (LYS=LDL-c x
age). Results: FH subjects had a greater FRS (%) (7 ± 3 vs. 3 ± 3, p=0.002),
higher prevalence of CAC (34% vs. 12%, p=0.024), greater IMT values (μm)
(653 ± 160 vs 593 ±111, p=0.027), higher PWV (m/s) (9.2 ±1.5 vs. 8.5 ± 0.9,
p=0.007) and white blood cels (x109 cels/L) (7.2 ± 2.0 vs 6.4 ± 1.5, p=0.046)
than NL. No difference were found in median hsCRP levels (mg/L)
respectively 1.7 (0.2-3.4) and 1.3 (0.2-8.0) p=n.s. for FH and NL. By
multivariate analyses the following variables were independent determinants
of: 1)IMT: systolic blood pressure (r2=0.36, p=0.045), FRS (r2=0.26,
p=0.0001) and apolipoprotein B (r2=0.32, p=0.02). 2)PWV: age (r2=0.37,
p=0.0001). 3)CAC as a continuous variable: male gender (r2=0.36,
p=0.0027) and LYS (r2=0.29, p=0.0001). 4)Presence of CAC as a
dichotomous variable: FRS (P=0.0027) and LYS (p=0.0228). Conclusions:
No correlations was found among CAC either as a continuous or a
dichotomous category, IMT, PWV, in FH subjects and clinical parameters
poorly explained their variability, however subclinical atherosclerosis is more
prevalent in FH than NL.
x
1
1.INTRODUÇÃO.
2
1. INTRODUÇÃO.
O processo aterosclerótico se mantém clinicamente “silencioso” por anos e a
primeira manifestação clínica costuma ser, freqüentemente, um evento
cardiovascular maior, como um infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou
morte súbita (SMITH et al, 2004).
Vários fatores de risco contribuem com a progressão da aterosclerose, dentre
eles a idade, o tabagismo, a diabetes mellitus, a hipertensão arterial sistêmica e as
dislipidemias (WILSON et al, 1998; SMITH et al, 2004). Os níveis plasmáticos de
LDL-colesterol (LDL-c) são diretamente relacionados com a incidência de eventos
coronários e morte cardiovascular (MARTIN et al, 1986).
As dislipidemias são classificadas quanto à sua etiologia em dislipidemias
primárias e secundárias (SPÓSITO et al, 2007). Aproximadamente 50% da variação
interindividual dos níveis plasmáticos de LDL-c são atribuídos a variações genéticas
(RADER et al, 2003). Nas dislipidemias primárias, observa-se com maior incidência
as de causas monogênicas (RADER et al, 2003). Grande parte dos pacientes com
níveis altos de LDL-c têm a forma monogênica de hipercolesterolemia, que está
associada a depósitos de colesterol nos tecidos, produzindo xantomas e aterosclerose
coronária precoce (RADER et al, 2003).
As doenças monogênicas causadoras das hipercolesterolemias graves dividem-
se em autossômicas dominantes e recessivas (RADER et al, 2003). Dentre as
dominantes, temos como principais a hipercolesterolemia familiar (HF), o defeito
familiar da apolipoproteína B100 (FDB) e, mais recentemente descrita a
3
hipercolesterolemia familiar três (FH3) pelo defeito do gene da PCSK9 (RADER et
al, 2003).
Infelizmente, a HF, atualmente ainda é pouco diagnosticada, sendo que seus
critérios diagnósticos são pouco difundidos. Devido à alta incidência de doença
arterial coronária (DAC) precoce, a HF deve ser diagnosticada e tratada
adeqüadamente (CIVIERA F, 2004).
Este estudo tem como objetivo avaliar aspectos da aterosclerose subclínica em
portadores da HF. Para isso descrevemos melhor os aspectos clínicos desta doença.
1.1. HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR.
A HF é uma doença monogênica, autossômica dominante, de herança
mendeliana e é a forma mais grave e comum de hipercolesterolemia monogênica,
sendo esta a primeira doença genética do metabolismo lipídico a ser caracterizada,
tanto clinicamente, quanto em relação às suas alterações genéticas (GOLDSTEIN et
al, 2001).
Com a incidência de cerca de 1 a cada 500 pessoas (MARKS et al, 2003;
GOLDSTEIN et al, 1995), na forma heterozigótica, a doença é caracterizada por
defeitos no número e na função dos receptores da LDL no fígado, conseqüentemente
levando ao acúmulo de LDL na circulação e ao desenvolvimento precoce de
aterosclerose (MARKS et al, 2003).
O diagnóstico clínico da HF é feito com a presença de níveis de colesterol
maiores que o percentil 95 da população e história familiar de dislipidemia e
coronariopatia precoce (WILLIAMS et al, 1993). Além disso, o diagnóstico pode ser
4
feito pela detecção da mutação do receptor da LDL (LDLR) por técnicas de biologia
molecular. Porém, na etiologia da HF já foram descritas mais de 900 mutações do
gene que codifica o LDLR, gene, com 18 ‘exons’ e extensão de 45 kilobases,
encontrados no braço curto do cromossomo 19 localizado a 19p13.1-p13.3
(AUSTIN, 2004). O defeito do receptor da LDL reduz o catabolismo das LDL em
aproximadamente 50% e, como resultado, têm-se níveis de LDL-c elevados duas
vezes o normal em média (HOPKINS, 2003).
Indivíduos com defeito de dois alelos do LDLR (HF homozigótica) são mais
afetados do que aqueles com defeito somente em um alelo (HF heterozigótica)
(RADER et al, 2003). A forma homozigótica tem incidência de 1 a cada 1.000.000
de habitantes, sendo que os portadores apresentam concentrações de LDL-c cinco a
seis vezes maiores do que o normal. As concentrações de LDL-c são elevadas no
homozigoto, independentemente do estilo de vida, dieta e medicamentos. Os
portadores de HF homozigótica desenvolvem xantomas planares cutâneos e
aterosclerose coronária na adolescência. Esta se origina na raiz da aorta causando
estenose supravalvar aórtica, estendendo-se para as coronárias pelos óstios
(SPRECHER et al, 1984; SANTOS et al, 2007).
Outra classificação possível seria de acordo com o grau de atividade do LDLR,
mensurada nos fibroblastos. Se esta for menor do que 2% classifica-se a doença
como receptor negativo, como ocorre nos HF homozigóticos, os quais geralmente
desenvolvem DAC antes dos 30 anos (RADER et al, 2003).
A HF heterozigótica apresenta concentrações de LDL-c, geralmente, entre 190 a
400 mg/dl, ou seja, duas a três vezes maiores que o normal. As concentrações de
triglicérides são normais, contudo alguns indivíduos podem apresentar valores
5
elevados, devido a fatores ambientais, como álcool, sobrepeso e diabetes mellitus,
existindo evidências de aumento na produção de triglicérides na HF, devido à
interação com outros genes (isto é genótipo E2/E2) (HOPKINS et al, 1991).
Xantomas tendinosos, apesar de patognomônicos da HF, não são fáceis de
identificar e dos portadores de HF com critério diagnóstico genético, cerca de 30%
apresentam espessamento do tendão de Aquiles, detectado por ultrassonografia
(DESCAMPS et al, 2001).
Os HF heterozigóticos, de acordo com a atividade dos receptores de LDL,
mensurada nos fibroblastos, classificam-se como receptor defeituoso devido à
variação da atividade destes receptores de 2-25% (JANSEN et al, 2002).
De 3-5% dos pacientes portadores de HF apresentam como causa da
hipercolesterolemia, a mutação no gene para apolipoproteína B100 (Apo B). A
apolipoproteína B100 é ligante para o receptor da LDL (MYANT, 1993) É
fenotipicamente indistinguível da HF, descrita como defeito familiar da Apo B,
ocorrendo com freqüência de um em mil pacientes na Europa Central (RADER et al,
2003).
Atualmente, existem três critérios de diagnóstico clínico da HF. O US MED
PED (Make Early Diagnosis Prevent Early Death) Program que utilizou critérios
levando em consideração a probabilidade de uma mutação do receptor de LDL. A
probabilidade pode variar para a população geral, ou para parentes de primeiro,
segundo ou terceiro grau, de portadores de HF já diagnosticada. Foram usados
diferentes pontos de corte e, para cada categoria, foram divididos em quatro grupos
classificados por idade (WILLIAMS et al, 1993). A sensibilidade e especificidade,
utilizando-se níveis de colesterol para o diagnóstico da HF, variam conforme a
6
população envolvida, porém os autores estimaram a especificidade de 98% para os
diferentes pontos de corte de colesterol, ou seja, 2% de pacientes sem HF, sendo
diagnosticados como portadores desta doença (WILLIAMS et al, 1993).
O grupo americano do MED PED estimou que, ao se diagnosticar parentes de
primeiro grau de pacientes com HF, temos sensibilidade de 88%, ou seja, 12% de HF
perdidos ou não diagnosticados. O método foi testado em duzentos e sete parentes de
pacientes com HF com diagnostico molecular e foram encontradas especificidade de
98% e sensibilidade de 87% nos pontos de corte (WILLIAMS et al, 1993).
Um segundo critério diagnóstico da HF, ‘UK Simon Broome Register Criteria’,
leva em consideração sinais clínicos como xantomas, histórico familiar de DAC
precoce e ou familiares com níveis de LDL-c elevados, levando em conta níveis de
LDL-c, os quais podem diferir em crianças e adultos. A presença de xantomas é uma
peça chave para o diagnóstico, sendo que estes encontram-se geralmente localizados
nas pregas do cotovelo ou no tendão de Aquiles. Porém, não são comuns até que se
alcance a quarta década de vida (MARKS et al, 2003).
Um terceiro critério diagnóstico da HF, desenvolvido pela ‘Dutch Lipid Clinic
Network’, assemelha-se aos critérios do Simon Broome, diferindo ao acrescentar um
escore diagnóstico numérico: maior de oito pontos como diagnóstico definitivo, de
seis a oito, diagnóstico provável, de três a cinco pontos como possível e menor de
três afasta-se o diagnóstico (MARKS et al, 2003). Neste escore considera-se:
Um ponto para: DAC precoce familiar, parentes de primeiro grau com
níveis de LDL-c acima do percentil 95, doença periférica precoce do
paciente.
7
Dois pontos para a presença de xantoma em parente de primeiro grau e
DAC precoce no paciente.
Quatro pontos para a presença de halo corneano.
Seis pontos para a presença de xantoma.
Segundo os níveis de LDL-c de >330, 250 a 329, 200 a 249, 155 a 199
mg/dl respectivamente com oito, cinco, três e um pontos.
O grupo do critério Dutch, encontrou mutação do receptor da LDL em 83% dos
pacientes com mais de oito pontos, COHEN et al, em 2006, avaliando 2400
pacientes, reportaram 52,3% de identificação de mutação do receptor da LDL.
MARKS et al, 2003, ao estudar a determinação genética em pacientes com HF,
utilizando screening com técnica de ‘Single Strand conformation Polymorphism’
com posterior seqüenciamento de DNA e análises de RNA, encontraram somente
66% dos pacientes apresentando mutação, com sensibilidade de 75 a 85%, indicando
que não foi detectada a mutação, por alguma questão técnica, em 15% a 25% destes.
No Reino Unido, somente 5% dos casos de HF têm sua confirmação genética
(MARKS et al, 2003), o que demonstra o grau de dificuldade do método de detecção
genética, como descrito nas mais variadas nações.
O diagnóstico genético definitivo da HF pode ser feito, mas seu custo ainda é
muito elevado sendo reportado de R$1.500 a R$3.000 reais. Além disso, é
importante lembrar a presença de mais de 900 mutações, sendo porém, que a maioria
dos casos de HF ocorre devido a uma única mutação, portanto, ocorre a possibilidade
de não encontrarmos o defeito genético (AUSTIN, 2004).
A nosso ver o critério do US MED PED PROGRAM (WILLIAMS et al, 1993),
é de extrema praticidade e simplicidade sendo o ideal para diagnóstico da HF em
8
nosso meio pois apresenta uma alta especificidade, além das dificuldades referentes à
realização do diagnóstico genético, da confirmação de uma mutação e do custo do
exame, aspectos discutidos acima.
Uma das características da HF é o risco cumulativo de doença coronariana fatal
e não fatal, na proporção de 50% em homens de 50 anos, e de 30% em mulheres de
60 anos (GOLDESTEIN et al, 1995; WILLIAMS et al, 1993). Se não tratados
adequadamente 85% dos homens e 50% das mulheres com menos de 65 anos
portadores de HF, irão sofrer um evento coronário (CIVIERA, 2004).
Dessa forma, os pacientes com HF devem ser tratados de forma mais precoce e
agressiva com hipolipemiantes, visando evitar o aparecimento das manifestações
clínicas da aterosclerose (SMILDE et al, 2001). Entretanto, existem muitas
evidências indicativas que o curso clínico da doença coronária na HF é variável,
lembrando o fato de alguns pacientes desenvolverem manifestações clínicas mais
precocemente do que outros. A expressão clínica da aterosclerose na HF é variável
mesmo em indivíduos com a mesma mutação genética do LDLR. Esta variabilidade
pode ser devida a fatores ambientais ou a outros fatores genéticos ou metabólicos
(PITSAVOS et al, 2005).
Outros fatores, que não apenas níveis elevados de LDL-c, devem participar da
fisiopatologia da aterosclerose nos portadores de HF. Estudos mostram, que além do
LDL-c alto, HDL-colesterol (HDL-c) baixo, triglicérides elevados, Lipoproteína(a)
[Lp(a)] aumentada, hipertensão arterial, tabagismo e resistência insulínica, têm seu
papel no acelerar o desenvolvimento da aterosclerose na HF (CIVIERA, 2004;
HOPKINS et al, 2001). Num estudo, realizado com a população japonesa, com 641
HF heterozigóticos foram considerados fatores independentes para DAC o sexo
9
masculino, a idade maior que 50 anos, o tabagismo, a hipertensão arterial, diabetes
mellitus, as concentrações de triglicérides >150 mg/dL e de HDL-c <40 mg/dL
(BUJO et al, 2004).
Níveis elevados de Lp(a) têm sido descritos e, possivelmente, associados a
maior risco de aterosclerose em portadores de HF (CIVIERA, 2004). Uma
possibilidade para a elevação dos níveis plasmáticos da Lp(a) em portadores de HF é
a sua homologia com a LDL. Entretanto, esses resultados não foram confirmados
sendo que o papel da Lp(a) na aterogênese ainda não foi totalmente esclarecido
(JANSEN et al, 2004).
Devido ao fato do HDL-c ser um fator de cardioproteção, níveis diminuídos de
HDL-c são fatores de risco para a aterosclerose. Esse fato parece ser, também, válido
para portadores de HF.
Na Unidade Clínica de Lípides do InCor, MACEDO et al, 2006, estudaram 110
pacientes com diagnóstico de HF (média de 49 ±16 anos) e com DAC manifesta. Os
autores concluíram que o sexo masculino, o HDL-c baixo, a idade avançada e a
presença de DAC precoce em irmãos, foram os principais marcadores de DAC nesta
população com HF.
1.2. CALCIFICAÇÃO CORONÁRIA E ATEROSCLEROSE.
Uma forte correlação entre a calcificação da artéria coronária (CAC),
identificada pela fluoroscopia ou por exame anatomopatológico e a DAC, é
conhecida desde 1961 (LIEBER et al, 1961). Pesquisas recentes sugerem que o
cálcio já está presente na placa aterosclerótica nos seus primeiros estágios quando a
10
lesão é constituída predominantemente de estrias de gordura (STARY, 1990).
Entretanto, nesse estágio o cálcio não pode ser identificado por meio dos métodos
não invasivos atuais. À medida que a lesão progride com a adição de colesterol, de
células inflamatórias e do tecido fibrótico, o cálcio se acumula sob a forma de placas,
na base da íntima e torna-se identificável pela tomografia computadorizada (Figura
1).
SIMONS et al, 1992, analisaram cortes histológicos seqüenciais, das porções
iniciais até as caudais, de 525 artérias coronárias. Embora não houvesse cálcio em
todas as lesões, encontrou-se correlação importante entre a quantidade de cálcio e a
quantidade de aterosclerose existente em cada artéria coronária. As lesões sem
calcificação, em sua quase totalidade, não apresentavam obstrução significativa do
lúmen coronário. Isso demonstra que a identificação do cálcio e sua quantificação
permitem, de certa forma, dimensionar o grau de doença arterial coronária existente.
Estudo semelhante de RUMBERGER et al, 1995, correlacionando a quantificação do
cálcio coronariano pela tomografia ultra-rápida de corações em necropsia e a
quantificação histopatológica ratificaram esses dados.
11
Figura 1: Imagem de CAC em artéria descendente anterior.
Legenda:CAC = calcificação da artéria coronária, DA = artéria descendente anterior.
Estudos angiográficos e com ultra-som intracoronário também mostraram que a
CAC se correlaciona com a carga de placa aterosclerótica (BAUMGART et al, 1997;
SCHMERMUND et al, 1998) esta, por sua vez, se correlaciona com o risco de
eventos coronários, além do mais, a CAC não se localiza exclusivamente em
estenoses coronarianas importantes, fato este descrito no Consenso de CAC de 2007
da American Heart Association (AHA) (GREENLAND et al, 2007).
Atualmente, a CAC pode ser detectada não somente pela tomografia de emissão
de elétrons (EBT) (RAGGI, 2001), mas também pela moderna tomografia
12
computadorizada com múltiplos detectores (TCMD) (GREENLAND et al, 2007;
SCHROEDER et al, 2001). Estudos recentes têm relatado a TCMD em relação ao
EBT, com maior qualidade de imagem ou menos ruído (interferência), além da
precisão em definição de placas de cálcio, devido ao fato da TCMD permitir a
aquisição simultânea de dezesseis ou sessenta e quatro cortes, 400ms de rotação do
scanner e até 100ms de resolução temporal (GREENLAND et al, 2007;
SCHROEDER et al,2001). Estudos, comparando estas modalidades, demonstraram
coeficiente de correlação para EBT e TCMD elevado (0,93 a 0,98) (BUDOFF et al,
2006), com variabilidade de 17 a 32%. Revisão do comitê científico da AHA de
2006 (GREENLAND et al, 2007), refere que estas altas correlações das
metodologias, não podem ser aplicadas para populações muito jovens e
assintomáticas, devido aos pequenos valores de CAC encontrados, quando presentes
as calcificações (BUDOFF et al, 2006).
Estes aperfeiçoamentos têm a vantagem da considerável rapidez de cobertura do
volume cardíaco, quando comparado com a EBT; o aumento da velocidade do
aparelho de tomografia, permite uma simples pausa respiratória durante o exame,
com espessura de cortes mais finos, aumentando assim a resolução espacial da
imagem e de contraste, o quê é indispensável para exames de alta resolução
(GREENLAND et al, 2007).
Neste estudo optamos por utilizar a TCMD, devido a suas qualidades técnicas e
pelo fato da mesma ser a única técnica disponível em nosso meio.
A presença e a gravidade da CAC são quantificadas pelo escore desenvolvido
por Agatston et al, ou pelo escore de volume ou pela massa de cálcio coronário
(BUDOFF et al, 2006). Destes o escore de Agatston é o mais utilizado na literatura
13
(BUDOFF et al, 2006). Estudos epidemiológicos mostram que CAC apresenta
distribuição assimétrica, não seguindo a distribuição Gaussiana, sendo que a mesma
pode variar de zero até algumas centenas de unidades Agatston (REILLY et al,
2004). Devido a essa característica a CAC pode ser avaliada como variável
categórica em um escala binária (presença vs ausência) ou pela transformação do
escore de Agatston incluindo-se o logaritmo dos escores de cálcio pela fórmula ‘log
(CAC+1)’ como variável contínua (REILLY et al, 2004).
RUMBERGER et al, 1995, classificaram a gravidade da CAC utilizando valores
absolutos do escore de Agatson e sua correlação com a carga de placa aterosclerótica
avaliada em estudos anatomopatológicos. São consideradas altas cargas de placa de
ateroma valores > 400 unidades Agatston. Por outro lado, como a CAC varia em sua
presença e intensidade com a idade e o sexo do indivíduo uma outra maneira de
classificar a sua gravidade é pelo uso da distribuição percentual para a população.
São consideradas altas cargas de placa de ateroma e associam-se a risco relativo
elevado de eventos coronários valores acima do percentil 75 para idade e sexo
(GREENLAND et al, 2007) (Figura 2).
Atualmente não há mais dúvidas de que a CAC é marcadora do risco de eventos
coronários (GREENLAND et al, 2007). ARAD et al, 2000, seguiram por 3,6 anos
1.173 pacientes assintomáticos, média de idade de 53 ±11 anos, submetidos a
avaliação da CAC pela EBT. Este estudo demonstrou ser a CAC forte preditora
independente de eventos cardíacos futuros, observou que pacientes com escores mais
elevados de CAC têm 20 vezes mais chance de evento (O.R. 22,3, IC 95% de 5,1 –
97,4).
14
RAGGI et al, 2001, em seguimento de 632 pacientes assintomáticos por período
de 32 ± 7 meses, relataram ocorrência de 19 eventos de DAC e 8 mortes, sendo que
destes eventos 70% ocorreram em pacientes com CAC no último quartil (> 400
agatston). A ausência de CAC estava associada a uma taxa de eventos de 0,11% por
ano quando comparada com 4,8% por ano com um escore > 400. Mais uma vez com
a taxa de eventos para pacientes no último quartil 22 vezes maior que a do primeiro
quartil.
A avaliação da CAC, pode modificar o risco em dez anos, estimado pelo escore
de risco de Framingham (GRUNDY, 2001). GREENLAND et al, 2004, avaliaram
1.461 indivíduos com fatores de risco para DAC, por período de até 8,5 anos,
observando que a CAC foi preditora de eventos em indivíduos com risco
intermediário (>10% a 20%) com p<0,001, porém não foi significativa naqueles com
menos de 10% de risco. GREENLAND et al, 2004, compararam o poder preditivo de
escores de CAC > 300, com a ausência da mesma observaram quatro vezes mais
eventos de DAC, bem como uma taxa anual de eventos de 2,8, ou 28 % de risco em
10 anos. Isto significa que em pacientes com risco intermediário de DAC, calculado
pelo escore de risco de Framingham que não apresentam CAC, o risco real deveria
ser diminuído em 2 vezes, e naqueles com CAC presente aumentado de 2 vezes.
O projeto ‘Prospective Army Coronary Calcium’ (PACC), avaliou 2.000
participantes com seguimento de 3,0 ± 1,4 anos e média de idade de 43 anos,
observaram 22% de CAC em homens e 7,9% de CAC em mulheres. A presença da
CAC associou-se a um aumento de 11,8 vezes no risco de DAC. Observaram que,
DAC precoce na família, foi também preditiva de eventos (TAYLOR et al,2005)
contudo a CAC foi superior em seu poder preditivo.
15
Figura 2: Laudo de CAC utilizado no Serviço de Tomografia e Ressonância
Cardiovascular do InCor - HCFMUSP.
Legenda: RCA = Right coronary artery (coronária direita), LAD = Left coronary
artery (coronária esquerda). Observado escore de Agatston e Volume e percentil da
CAC para idade e sexo feminino.
16
SANTOS et al, 2006, em estudo com 17.563 indivíduos, idade média de 52
anos, avaliaram a CAC em diferentes populações, encontrando maior prevalência e
gravidade da CAC respectivamente nas populações dos EUA, Brasil e Portugal
sendo que houve correlação da prevalência da CAC com as taxas de óbito por causa
cardiovascular.
Foi demonstrado previamente que a CAC apresenta maior prevalência e
gravidade em portadores de HF (DESCAMPS et al, 2003) este fato também foi
encontrado em nossa população de mulheres brasileiras com HF (SANTOS et al,
2004). A CAC foi cerca de 3 vezes mais freqüente na HF sendo que CAC grave
ocorreu cerca de 2,5 vezes mais do que no grupo controle.
1.3. ATEROSCLEROSE CAROTÍDEA.
A medida do espessamento da camada íntima média (IMT) carotídea é um
marcador de carga de aterosclerose e pode ser estudada na fase subclínica das
doenças. Além disso, demonstra grande sensibilidade em detecção precoce de
aterosclerose, mesmo quando comparada à angiografia coronária. A IMT carotídea é
recomendada pela AHA para avaliação do risco cardiovascular (SMITH et al, 2000) e
também pela recente diretriz Brasileira de prevenção de aterosclerose (SPÓSITO et
al, 2007). Seu valor preditivo de DAC está bem estabelecido em vários estudos
prospectivos. Foi demonstrado que a IMT carotídea é uma preditora independente da
doença coronária (BOTS et al, 2002).
A técnica ideal de imagens para uso como ‘screening’ ou avaliação da
progressão da aterosclerose, deve ser realizada por exame não invasivo, um
17
procedimento quantitativo, com alta correlação com eventos clínicos, boa
reprodutibilidade ‘inter’ aparelho e observador. A IMT demonstra boa
reprodutibilidade inter-observador e intra-observador, tornando o método capaz de
avaliar o progresso ou a piora da doença.
Os primeiros trabalhos que utilizaram o ultra-som modo-bidimensional com a
medida da IMT da parede arterial, foram realizadas com cortes anátomo patológicos
de aorta e utilizados para quantificar a aterosclerose em 1986 (PIGNOLI et al, 1986).
Estes estudos mostraram alta relação do ultra-som com a microscopia, pela facilidade
de localização e estudo. Logo, a análise da IMT carotídea tornou-se a escolhida como
medida indicativa da aterosclerose, associada à doença cardiovascular e arterial
coronariana (BOTS et al, 1997; CHAMBLESS et al, 1997; KASTELEIN et al,
2003).
Desde então, técnicas de imagem não invasivas como a IMT carotídea, têm sido
utilizadas para identificar e monitorizar aterosclerose carotídea subclínica.
O consenso de Mannheim (TOUBOUL et al, 2007), recomenda as seguintes
definições para a caracterização ultrassonográfica de IMT e placa: a IMT é um
padrão de dupla linha, visualizada por ultrassonografia, em imagem longitudinal. É
formada por duas linhas paralelas, que consistem do limite anatômico da interface
íntima-média e da média–adventícia. Placa é definida como uma estrutura focal que
invade o lúmen arterial em pelo menos 0,5 mm ou 50 % dos valores da IMT ao
redor, ou demonstram um espessamento da IMT >1,5 mm.
A determinação da IMT pode ser realizada primordialmente por dois métodos:
A) Análise MANUAL
18
Análise manual da IMT é realizada com a ultrassonografia, na qual é
avaliada a carótida extracraniana esquerda e direita, em seus segmentos anterior e
posterior da artéria carótida comum (ACC), artéria carótida interna (ACI) e da região
da bifurcação ou bulbo. Com a gravação da imagem digital, a análise das interfaces
da IMT é realizada, preferencialmente, após o término do exame, de forma manual
ou semi-automatizada, com medidas segundo os critérios das médias dos resultados
obtidos, ou a média dos valores máximos de cada localização, sendo utilizados nos
12 segmentos citados acima (HOWARD et al, 1993) (Figura 3).
Figura 3: Análise ultrassonográfica da artéria carótida: TÉCNICA MANUAL.
Legenda: ACC = Artéria carótida comum, B = Bifurcação ou bulbo, ACE e ACI =
Artéria carótida externa e interna respectivamente. (WILLEKES 1999)
19
B) Análise computadorizada ou AUTOMÁTICA.
Na análise pela detecção computadorizada automática, a medida é restrita
ao seguimento posterior e a 2 cm da bifurcação na ACC, longitudinalmente, o qual
oferece a melhor geometria e condição técnica para medida mais acurada e com
maior reprodutibilidade. Avalia-se inicialmente a carótida, por ultrassonografia,
juntamente com eletrocardiograma sincronizado em telediástole para evitar efeitos de
confusão pela deformação na pulsação.
Posteriormente, a imagem é analisada por aparelho computadorizado automático
em gráfico de ondas de pulso, gerando em média sete medidas. O procedimento é
repetido e armazenado, com alta precisão, reprodutibilidade e somente 3% de
diferença relativa entre as medidas (GRAF et al, 1999; SIMON et al, 2002) (Figura 4
e5).
Uma das vantagens do método automatizado é não só sua realização ser mais
facilitada, como consome menos tempo na análise, sendo menos dependente do
observador. Não foi observada variação significativa entre os métodos manual e
computadorizado, com coeficiente de correlação r = 0,86 e p = 0,0001 (WILLEKES
et al, 1999).
20
Figura 4: Representação gráfica da artéria carótida comum: método
computadorizado. (WILLEKES et al, 1999).
ACC
I
M
Legenda: ACC = Artéria carótida comum, IA = Interface anterior,
IP = Interface posterior, I = Camada íntima, M = Camada Média.
Figura 5: Análise da espessura íntima média carotídea.
Com eletrocardiograma trigado, da representação gráfica, observada na figura 4.
Legenda: ACC = Artéria carótida comum, I = Camada íntima, M = Camada Média.
IMT mm
%
e
s
p
e
s
s
a
m
e
n
t
o
IA
I
P
M
ACC
I
21
Uma questão ainda não definida é sobre se existe uma diferença significativa da
IMT entre a carótida esquerda e direita, alguns autores não demonstram esta
diferença embora outros como FOERCH et al, 2003 demonstram a superioridade da
IMT esquerda.
Um primeiro argumento para utilizar somente a ACC é a maior
reprodutibilidade da medida nesta localização, visto que os outros segmentos e,
principalmente, os mais distais, apresentam maior perda de medida por não
permitirem adequada visualização (BOTS et al, 2002). Vários estudos avaliando a
visualização dos segmentos carotídeos demonstraram uma média de 86% de
reprodutibilidade, do método manual (TANGE et al, 2000; del SOL et al, 2002),
enquanto no método automatizado é de 98 %. (WILLEKES et al, 1999)
Um terceiro argumento seria que a ACC demonstrou ser tão boa marcadora de
eventos cardiovasculares, quanto a avaliação da média das IMT máximas de 12
segmentos: da ACC, da ACI e bifurcação, nas carótidas esquerda e direita.
(O’LEARY et al, 2002)
Um quarto argumento, bem definido, é que a aterosclerose tende a desenvolver-
se de maneira assimétrica, portanto a análise da IMT pela média dos doze segmentos
carotídeos, somada a dificuldade técnica de visualização de alguns destes segmentos,
principalmente da artéria carótida interna, pode superestimar a IMT e a magnitude da
associação (BOTS et al, 2002).
Em nosso estudo optamos por utilizar a análise automática da IMT, pela
confiabilidade, boa correlação com método manual mais difundido e devido à
mínima interferência do observador na realização do método.
22
A IMT carotídea é uma variável contínua, e o recente guideline europeu para
hipertensão de 2007, refere uma IMT de 900 μm ou presença de placa carotídea
como preditores de eventos cardiovasculares (MANCIA et al, 2007).
O incremento da IMT carotídea ocorre em uma taxa de 10 a 30 μm por ano, os
aparelhos convencionais de ultrassonografia com uma definição de 20 a 30 μm,
como os aparelhos de análise manual, acabam perdendo sensibilidade para aparelhos
de resolução de 300 μm, ou seja, de análise computadorizada ou automática, como
por um sistema ultrassonográfico pulsátil tipo ‘echotracking’ denominado Wall-
Track System2. Conseqüentemente, estudos com seguimento de um período curto,
têm sua análise prejudicada devido à pequena evolução da IMT carotídea, fato que
realça ainda mais a importância da sensibilidade do aparelho.
Vários estudos epidemiológicos prospectivos comprovaram que aumentos da
IMT carotídea estão associados com risco aumentado de infarto do miocárdio em
adultos sem história de doença cardiovascular. Os dois maiores estudos
populacionais, realizados nos Estados Unidos, que avaliaram o papel preditor da IMT
foram o Atherosclerotic Risk in Communities (ARIC) (CHAMBLESS et al, 1997) e
Cardiovascular Health Study (CHS) (O’LEARY et al 1999).
O estudo ARIC foi realizado entre 1987 e 1989 com 15.248 participantes de 45 a
64 anos, com seguimento de 4 a 7 anos e um aumento médio anual da IMT de 19 μm
(OR 1,36 em homens e OR 1,69 em mulheres). Avaliou-se a CCA, a ACI e a
bifurcação, demonstrando que comparando uma IMT >1000μm vs <1000μm,
apresentava um risco relativo de DAC em mulheres de 5,07 e homens de 1,85.
Quanto ao risco de tromboembolismo ao comparar uma IMT >1000 μm vs < 600
23
μm, obtiveram um risco relativo em mulheres de 8,5 e de 3,6 em homens
(CHAMBLESS et al, 1997).
O estudo CHS em 1988 com 4.476 participantes 65 anos sem doença clínica
cardiovascular, estudaram a associação da IMT com DAC e tromboembolismo, com
seguimento de 7 anos e um aumento médio anual da IMT de 20 μm (OR 1,46).
Avaliou-se a ACC e ACI, nos segmentos proximal e distal e mostrou um aumento de
5% do risco cardiovascular em 7 anos para o primeiro quintil de IMT carotídea e 25
% de risco para o ultimo quintil, e risco relativo de 3,87 (O’LEARY et al 1999).
O estudo ROTHERDAM com 7.985 participantes 55 anos, com seguimento
médio de 2,7 anos, e aumento médio anual da IMT de 60 μm (OR 1,44), avaliou só a
ACC em pacientes com eventos coronarianos ou embólicos e em 1.496 controles,
pelo elevado valor preditivo de doença coronariana (BOTS et al, 1997), e observou-
se que a cada aumento de 16 μm um OR de 1,14 de tromboembolismo cerebral e
1,43 de DAC.
Porém, observam-se artigos (O’LEARY et al, 2002; LORENZ et al, 2007),
citando a necessidade de padronização da IMT, visto que após quinze anos dos
primeiros trabalhos, somente em 2001 notou-se as primeiras tentativas para a
realização de um consenso, demonstrando a importância de padronização da
localização e qual método medir a IMT, visto que, alguns realizam a medida da IMT
na ACC, na ACI e na bifurcação com leituras manuais ou semi-manuais e, outros,
somente da ACC e pelo método computadorizado.
Em revisão sistemática e meta análise, LORENZ et al, 2007, concluem ser a
IMT uma potente marcadora de eventos vasculares futuros, porém relatam a elevada
heterogenidade dos protocolos utilizados. O consenso de Mannheim, referindo-se a
24
existência de várias abordagens técnicas para medida da IMT, sugere como forma de
padronização que a medida da IMT seja realizada na ACC direita, em sua parede
posterior (TOUBOUL et al, 2006).
Foi demonstrado previamente que a IMT encontra-se aumentada na HF em
comparação a indivíduos normolipidêmicos (JUNYENT et al, 2006), sendo que a
mesma guarda correlação com a gravidade da dislipidemia e com a idade do
indivíduo.
1.4. RIGIDEZ ARTERIAL.
As propriedades elásticas das grandes artérias são importante determinantes da
fisiologia da circulação (LONDON et al, 2002). Estas propriedades podem ser
acessadas, não invasivamente, por técnicas de ultra-sonografia realizadas com a
análise da velocidade da onda de pulso (VOP). A medida da VOP tem sido
considerada um índice de distensibilidade e rigidez arterial (RA).
A RA dos grandes vasos tem sido considerada preditora de mortalidade geral e
cardiovascular em indivíduos com doença renal em estágio terminal (Blacher et al,
2002). A relevância clínica apresentada, deve-se à sua fundamental utilidade na
hemodinâmica. A RA é medida em grandes artérias, com importância fisiológica,
como aorta, braquial e femural. A maioria, dos métodos de medida, é baseada no
princípio da VOP. Parâmetro este determinado por: módulo elástico da parede
arterial, geometria arterial (raio e espessura) e densidade do sangue (ρ). Não há um
método padrão ouro para avaliação local ou regional da medida de rigidez arterial “in
vivo”.
25
Descrita inicialmente no final do século XIX, por MOENS e KORTEWEG
(PANNIER et al, 2002) relacionaram a rigidez arterial com a velocidade de condução
do pulso, porém em 1992, BRAUMAN e HILL (1922) modificaram a fórmula de
avaliação inicial e, desde então, a mesma tem sido aceita como medida não invasiva
da distensibilidade. Descrita como ‘VOP =
d/1
’ (Sendo d = distensibilidade).
A RA determina progressivo aumento da pós carga e da demanda de oxigênio.
A hipertensão aumenta a rigidez e a VOP, por aumentar o estresse sobre a parede
arterial, acelerando o processo aterosclerótico. A artéria fica mais rígida pelo
aumento de distensão, portanto a VOP tem correlação positiva com o aumento da
pressão sistólica (PANNIER et al, 2002).
Praticamente, quanto maior a distensão, maior a rigidez arterial, mais rápida é a
passagem do fluxo do sangue, que medida pela VOP, demonstra valores absolutos
maiores.
Duas técnicas são descritas para a medida da RA pela VOP, a primeira costuma
ser mais usada medindo a VOP entre as artérias carótida e femural (cf) (que por sua
vez inclui todo o comprimento da aorta) também chamada de VOP aórtico. Um
segundo método, entre a artéria braquial e a artéria do tornozelo; sua validação é
discutível em portadores de doença periférica (O’ROURKE et al, 2007). O índice de
massa corpórea (IMC) pode influenciar a determinação da VOP cf, em razão da
distância entre a carótida e a femural ser medida sobre a superfície corpórea.
Portanto, em pacientes com um maior IMC pode-se superestimar a VOP cf (van
POPELE et al, 2001).
26
Em nosso estudo optamos por utilizar a VOP carótida-femural ao invés da
braquial-tornozelo, pois além de mais utilizada na literatura, a VOP cf , é
reconhecida como VOP aórtico.
Estudos têm mostrado a rigidez arterial aumentada em indivíduos com doença
cardiovascular (DCV) se comparados com aqueles sem DCV (KINGWELL et al,
2002). A associação entre RA e DCV deve ser explicada por um aumento na pressão
de pulso e RA ou por sua associação com a aterosclerose (SAFAR et al, 2003).
Estudos avaliando a RA pela VOP demonstram ser a VOP um importante
preditor de eventos cardiovasculares em várias doenças como: nos pacientes com
doença renal em estágio terminal (BLACHER et al, 2002), com hipertensão arterial
(LONDON et al, 2002), com diabetes (LONDON et al, 2002) e com DAC
(KINGWELL et al, 2002).
Estudos examinando a associação da RA com a aterosclerose subclínica
carotídea, reportaram resultados conflitantes. Alguns encontraram relação e outros
não a observaram.
O estudo ROTTERDAM (van POPELE et al, 2001), avaliou a RA pela VOPcf, o
coeficiente de distensibilidade da carótida comum, e como índice de aterosclerose
subclínica a IMT carotídea em 3.000 indivíduos idosos (60 a 101 anos). Pacientes
com doença arterial periférica, apresentaram maior VOP e associação positiva com
IMT, porém menor coeficiente de distensibilidade associou-se com maior IMT
(p=0,001).
Estudos epidemiológicos têm demonstrado relação entre mortalidade por DCV
com hipertensão arterial, com pressão arterial diastólica (PAD) (artérias pequenas) e
com pressão arterial sistólica (PAS) (grandes artérias), além de recentemente, com
27
pressão de pulso (PP) definida como PAD subtraída da PAS. Dos fatores
hemodinâmicos que influenciam a PP, citamos o aumento da rigidez arterial,
mensurado pela VOP cf (LONDON et al, 2002; WILLIAMS et al, 2006).
Foi demonstrado previamente na literatura que a VOP encontra-se aumentada na
HF em comparação aos controles normolipidêmicos (CHENG et al, 2007), porém em
estudo com pequena casuística e sendo utilizada a VOP braquial-tornozelo.
28
2. JUSTIFICATIVA.
29
2. JUSTIFICATIVA.
Apesar de a CAC, bem como a IMT carotídea e a VOP terem sido avaliadas
isoladamente em portadores de HF (SANTOS et al, 2004; JUNYENT et al, 2006;
CHENG et al, 2007), até o momento, não foram avaliadas as correlações entre estes
marcadores de aterosclerose subclínica de forma concomitante.
Desta forma, sua relação e seus determinantes ainda não são totalmente
conhecidos. A presença ou ausência de correlação destes marcadores pode ter
implicação fisiopatológica, prognóstica e econômica.
30
3. OBJETIVOS
31
3.1. OBJETIVO PRIMÁRIO.
O objetivo deste trabalho consiste em avaliar se existe correlação entre os
marcadores de aterosclerose subclínica carotídea, coronária e a rigidez aórtica, em
portadores de HF.
Estes parâmetros serão analisados respectivamente, pela IMT carotídea por meio
da ultra-sonografia, pelo escore de cálcio coronário obtido pela TCMD e a rigidez
aórtica por meio da velocidade de onda de pulso carotídea – femoral (VOP).
3.2. OBJETIVOS SECUNDÁRIOS.
Comparar os achados da CAC, IMT carotídea e VOP em pacientes portadores
de HF com indivíduos controle, normolipidêmicos.
Avaliar a relação entre parâmetros clínicos e laboratoriais, com a aterosclerose
subclínica carotídea, coronária e rigidez aórtica nos indivíduos portadores de HF.
32
4. CASUÍSTICA E MÉTODOS.
33
4.1. CASUÍSTICA.
Foram incluídos no estudo 120 indivíduos, sendo 89 pacientes consecutivos com
diagnóstico de HF (38,2 % homens, idade média 39 ± 14 anos), pacientes atendidos
no ambulatório da Unidade Clínica de Lípides do Instituto do Coração (InCor) do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(HCFMUSP) de janeiro 2004 a outubro 2006. Incluímos também um grupo controle
(CTRL) com 31 indivíduos normolipidêmicos pareados por idade e sexo (51,6%
homens, idade média 40 ± 12 anos).
Os pacientes com HF, não haviam apresentado manifestação clínica de
aterosclerose e apresentavam teste ergométrico ou prova isquêmica negativa.
Foram excluídos do estudo pacientes com doença cérebro-vascular e periférica
estabelecida, doenças da tireóide, insuficiência cardíaca congestiva em grau
avançado, classe funcional grau III e IV (New York Heart Association), gravidez,
mulheres em idade fértil sem uso de anticoncepcional, neoplasia torácica, doenças
renais (creatinina > 1,5 mg / dL), distúrbios do cálcio e uso de hipolipemiantes nas
últimas seis semanas.
4.2. HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR.
O diagnóstico da HF foi realizado segundo os critérios diagnósticos do U.S.
MED PED (WILLIAMS et al, 1993) (tabela 1).
34
Tabela 1: Critérios do US MEDPED Program para diagnóstico de HF.
Idade
(anos)
Degraus de relação com parente HF População
geral
“100%”
probabilidade
Primeiro Segundo Terceiro
<20 220(155) 230(165) 240(170) 270(200) 240
20-29 240(170) 250(180) 260(185) 290(220) 260
30-39 270(190) 280(200) 290(210) 340(240) 280
40 290(205) 300(215) 310(225) 360(260) 300
Legenda:: pontos de corte de CT e LDL-C (em parênteses) em mg/dL
(WILLIAMS et al, 1993).
4.3. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E LABORATORIAIS.
Avaliamos os seguintes parâmetros demográficos:
ETNIA (“Raça”): Os dados referentes à raça dos participantes do estudo foram
coletados, conforme referido pelos próprios pacientes. Foram analisados
separadamente como branco, negra e parda, depois agrupados em indivíduos brancos
e não brancos.
PARÂMETROS CLÍNICOS: peso corpóreo medido em kg e sem sapatos,
estatura medida com estadiômetro (precisão de 0,5 cm) em cm. O índice de massa
corpórea (IMC), definido como relação peso corpóreo, dividida por estatura ao
quadrado. Foram medidas, com uso de fita métrica inelástica, a circunferência
abdominal na altura do ponto médio da distância entre a crista ilíaca ântero-superior
e o rebordo inferior do arco costal (referida como cintura), e a circunferência do
quadril, na crista ilíaca ântero-superior (referida como quadril), com o indivíduo em
posição ereta e o abdômen relaxado. A relação cintura / quadril foi calculada com a
divisão dos índices acima citados.
35
A PAS e a PAD braquial foram medidas com um esfigmomanômetro de
mercúrio, após 15 minutos de descanso, na posição sentada, consideradas fases I e V
de sons de Korotkoff como PAS e PAD em mmHg respectivamente, e usada média
de duas medidas com até cinco minutos de intervalo. A Pressão de Pulso (PP) foi
calculada pela fórmula: (PAS – PAD).
4.3.1. DIABETES MELLITUS (DM).
Foram considerados diabéticos aqueles que faziam uso prévio de
hipoglicemiante oral e ou insulina, ou com duas dosagens de glicemia de jejum 126
mg/dL (Consenso Brasileiro sobre Diabetes – 2000). Em nossa casuística, apenas um
caso é portador de DM, controlado com uso de hipoglicemiante oral.
4.3.2. HISTÓRICO FAMILIAR PARA DAC.
Considerou-se como positiva a presença de histórico familiar precoce de DAC
(parentes em primeiro grau para homens <55 anos e para mulheres <65 anos). Foram
consideradas DAC familiar precoce em irmãos e pais. Considerados ainda DAC
precoce em outros familiares (avôs e tios).
4.3.3. TABAGISMO.
Foram considerados fumantes aqueles que fizeram uso regular de tabaco no
último mês (fumaram pelo menos 1 cigarro), considerados como ex-fumantes
aqueles que já fumaram e pararam há mais de um mês.
36
4.3.4. SÍNDROME METABÓLICA.
O diagnóstico de Síndrome Metabólica foi baseado nas recomendações do ATP
III modificado (GRUNDY et al, 2004), no qual dentre cinco critérios estabelecidos, é
necessária a presença de três dos critérios citados na tabela 2.
Tabela 2: Critérios diagnósticos da Síndrome Metabólica segundo a
modificaçãodo ATP III.
Fatores de Risco Valores utilizados
Glicemia de jejum 100 mg/dL
Triglicérides 150 mg/dL
HDL-c
< 40 mg/dL Homens
< 50 mg/dL Mulheres
Cintura Abdominal
> 102 cm Homens
> 88 cm Mulheres
Legenda: HDL-c = lipoproteína de alta densidade (GRUNDY et al, 2004).
4.3.5. XANTOMAS, XANTELASMAS E HALO CORNEANO.
Avaliamos a presença de depósitos de colesterol. Sob a forma de xantelasmas,
quando notados na região palpebral, halo corneano como presença de pigmentação
ao redor da córnea (em indivíduos com menos de < 45 anos) e espessamento do
tendão de Aquiles ou xantomatose em região de pregas de cotovelos.
37
4.3.6. ANÁLISE LABORATORIAL.
Todos os pacientes HF e controles foram submetidos à exames laboratoriais,
após jejum de doze horas. Foi realizado um período de ‘wash out’ de seis semanas
nos pacientes com HF que previamente faziam uso de estatinas.
Foram avaliados os seguintes parâmetros: colesterol total (CT) determinado pelo
método cinético automatizado (Roche, Mannhein, Germany). O HDL-c e as
triglicérides (TG) foram determinados por método enzimático (Roche, Mannhein,
Germany). O LDL-c foi calculado utilizando-se a Fórmula de Friedewald: LDL=
CT-HDL-TG/5 para pacientes com TG < 400mg/dl (não tivemos nenhum paciente
com TG > 400mg/dL).
A glicemia foi determinada usando o método enzimático colorimétrico
automatizado (Roche, Mannhein, Germany). A Lp(a), Apo B e apolipoproteína A-I
(APO A-I) foram medidas pela turbidimetria (Dade Behring, Newark, Delaware) e a
proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-as) realizada pela nefelometria (Dade
Behring, Newark, Delaware). A contagem de leucócitos foi determinada de forma
automatizada utilizando o aparelho Sysmex (XT2000i). Foram calculadas as razões
colesterol total dividida por HDL-c (Razão CT/HDL-c) e razão triglicérides dividida
por HDL-c (Razão TG / HDL-c).
Todas as dosagens foram realizadas no Laboratório Central do HCFMUSP.
Calculamos ainda ‘LDL years score’ (LYS) uma estimativa da exposição durante a
vida à hipercolesterolemia, multiplicando-se o valor do LDL-c (mg/dL) pela idade.
38
4.3.7. AVALIAÇÃO DO RISCO DE DAC.
O risco de DAC foi calculado por dois critérios:
O risco de DAC total (infarto do miocárdio, morte e angina do peito) em
dez anos pelo escore de risco de Framingham (E.R.F.) (WILSON et al, 1998).
O escore de Civiera (CIVIERA, 2004), escore específico para portadores de
HF, no qual são considerados fatores de risco para portadores de HF, conforme os
dados da tabela 3. A presença ou não destes fatores, serve para estratificar a HF
heterozigótica em três categorias de risco:
Baixo risco: ausência destes fatores de risco.
Moderado: com um fator de risco.
Alto risco: dois fatores de risco.
Foram considerados na análise estatística pacientes com alto risco segundo este
critério de Civiera.
39
Tabela 3: Fatores de risco para aterosclerose em portadores de HF, segundo Civiera.
1 Idade: Homens: 30 anos
Mulheres: 45 anos ou pós menopausa
2 Tabagismo:
3 História familiar precoce de DAC (parente de primeiro grau: homem <55 anos
ou mulher <65 anos)
4 LDL-c: > 330 mg/dL
5 HDL-c: < 40 mg/dL
6 Hipertensão arterial (> 140/90 mmHg)
7 Diabetes mellitus
8 Lp(a): > 60 mg/dL
Legenda: DAC = Doença arterial coronária, LDL-c = LDL-colesterol, HDL-c =
HDL-colesterol, Lp(a) = Lipoproteína(a), (CIVIERA, 2004).
4.4. AVALIAÇÃO E ANÁLISE DA CAC.
As imagens para a avaliação do Escore de Cálcio, foram adquiridas com TCMD
de 16 – 64 cortes (Aquilion 16-64, Toshiba Medical Corporation, Otawara- Japão )
com os seguintes parâmetros: colimação de 0,5 X 6,4. Adquiridos cortes axiais do
tórax, cobrindo toda a área cardíaca, com espessura de 3 mm. Foi utilizada seqüência
sincronizada prospectivamente (‘gate’ ou ‘trigger’ prospectivo) ao
eletrocardiograma, obtendo-se imagens diastólicas (60 a 80% do ciclo cardíaco,
dependendo da frequência cardíaca) durante pausa respiratória em inspiração de
aproximadamente 10 a 15 segundos. Os parâmetros utilizados nessa aquisição foram:
40
KV =135, mA=150, campo de visão (FOV = ‘field of view’) de 320 mm e resolução
temporal de 200 ms por imagem.
As imagens foram analisadas em estação de trabalho da VITREA 2 (Vital
Images, Minnetonka, EUA) A análise dos dados foi realizada seguindo um protocolo
cujo limiar de densidade para a definição do cálcio foi de 130 unidades Hounsfield
(HU) e determinadas através de Software semi-automático no qual a quantificação de
CAC foi avaliada pelo escore de Agatston e o escore Volumétrico. As imagens foram
analisadas por dois médicos, tecnicamente treinados e experientes para a aquisição e
avaliação da CAC.
A gravidade das calcificações foi quantificada de acordo com os critérios usados
pelo Serviço de Tomografia e Ressonância Magnética Cardiovascular do InCor-
HCFMUSP, e baseados em dados da literatura (CARR et al, 2000; RUMBERGER et
al, 1999).
A aterosclerose subclínica foi considerada grave se os pacientes apresentassem
valores do escore de Agatston percentil 75 para idade e sexo (GREENLAND et al,
2007).
4.5. AVALIAÇÃO E ANÁLISE DA IMT CAROTÍDEA.
Os exames de ultra-som da carótida, foram realizados pelo método automático,
ou computadorizado, com aparelhos Philips SD 800, equipados com um transdutor
de 7,5 MHz. As propriedades funcionais e anatômicas da carótida direita foram
avaliadas por um sistema ultrassonográfico pulsátil, tipo "echotracking" denominado
Wall-Track System2 (PIE MEDICAL, Maastricht, Holanda) (WILLEKES et al,
41
1999), desenvolvido para medir os movimentos das paredes de grandes artérias
superficiais a partir da localização pelo modo B da ecografia vascular convencional.
Foi analisada a porção distal da artéria carótida comum (ACC) direita a 2 cm da
bifurcação da carótida, medida a IMT carotídea em µm, o coeficiente de
distensibilidade arterial carotídeo em porcentagem batimento a batimento, o diâmetro
da carótida. Foram realizadas duas avaliações consecutivas, e em cada uma
observados de cinco a oito batimentos, e calculada então a média dos valores das
IMT. As imagens foram realizadas e analisadas pelo mesmo médico, tecnicamente
treinado e experiente para a aquisição da IMT Carotídea.
4.6. DETERMINAÇÃO DA RIGIDEZ AÓRTICA MEDIDA PELA
VOP.
A medida da VOP foi realizada a partir da base da onda de pressão obtida por
mecanotransmissores simultâneos, captores externos ou ‘cuffs’ (TY 306, Fukuda,
Tóquio, Japão), colocados sobre dois pontos conhecidos da árvore arterial, e
calculada como a distância entre os dois pontos de medida, dividida pelo tempo
percorrido entre estes dois pontos.
A medida automática foi realizada pelo aparelho Complior
®
(Colson, Garges
les Gonesses, França), já validado e utilizado em diversos estudos (ASMAR et al,
1995). A VOP foi avaliada no trajeto carótideo-femoral. Cada onda pulsátil aparece
em tempo real na tela do computador, e o aparelho determina, pela tangente à fase
ascendente inicial da onda de pressão, o início da onda nos dois locais, e, deduz em
função da distância medida, a velocidade de onda de pulso. Para obter o valor da
42
velocidade de onda de pulso, foram selecionadas dez curvas para análise e calculada
a média. As imagens foram realizadas e analisadas por um médico, tecnicamente
treinado e experiente para a aquisição da VOP.
4.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA.
Inicialmente todas as variáveis foram analisadas descritivamente. Para as
variáveis quantitativas, esta análise foi feita por meio da observação dos valores
mínimos e máximos, e do cálculo de médias, dos desvios-padrão e medianas. Para as
variáveis qualitativas calcularam-se as freqüências absolutas e relativas.
Para se testar a hipótese de igualdade de médias de dois grupos foi utilizada o
‘teste t de Student’; quando a suposição de normalidade foi rejeitada, pelo teste de
Kolmogorov-Smirnov (ROSNER, 1986), utilizou-se o teste não-paramétrico de
Mann-Whitney (ROSNER, 1986).
Para se avaliar a correlação entre duas variáveis foi utilizado o Coeficiente de
Correlação de Pearson; quando a suposição de normalidade foi rejeitada utilizou-se
o coeficiente de correlação de Spearman (ROSNER, 1986).
Para se testar a homogeneidade entre proporções foi utilizada o teste Qui-
quadrado ou o teste exato de Fisher (ROSNER, 1986).
Para o estudo multivariado dos dados foram utilizados os modelos de regressão
linear e o modelo de regressão logística (HOSMER, 1989). O nível de significância
utilizado para os testes foi de 5%. Posteriormente, foram determinadas as curvas
ROC (receiver operator curve) para avaliar se as variáveis encontradas com
significância estatística na análise multivariada logística, são boas preditoras da
43
presença de CAC. Neste estudo foram considerados bons preditores, valores acima
de 0,75, para especificidade e sensibilidade.
Os determinantes da detecção da calcificação foram avaliados por duas
estratégias:
CAC como variável contínua, após a transformação do escore de cálcio
pelo critério de Agatston com a seguinte fórmula: Log (CAC+1), para
tentar diminuir a dispersão dos dados da calcificação, sendo realizada a
sua regressão linear.
CAC como variável dicotomizada na presença ou não da calcificação
(escore de cálcio > 0) e sendo realizada a sua regressão logística.
Como critério de alto risco, a calcificação quando presente foi ainda analisada
segundo percentil 75 para sexo e idade, em grupo menor ou igual a percentil 75 e
grupo maior ou igual a percentil 75 pelo critério de Agatston.
4.8. ASPECTOS ÉTICOS.
Tanto os indivíduos do grupo controle como os pacientes com HF, foram
informados de maneira clara sobre os objetivos e a importância da pesquisa
desenvolvida neste trabalho. Todos assinaram o “Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido”, conforme determina a resolução número 196, de 13 de outubro de
1996, do Conselho Nacional de Saúde.
A Comissão Científica e de Ética do Instituto do Coração aprovou o Protocolo
de Pesquisa SDC – 2403/04/023, na sessão número 444/04/02 de 19/02/2004.
Também a Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa – CAPPesq da
44
Diretoria Clínica do Hospital das Clínicas e da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, em sessão de 24/05/2004, aprovou o protocolo de
pesquisa sob o número 191/04.
Aprovado no Conselho Nacional de Saúde (CNS) e Conselho Nacional de Ética
em Pesquisa – CONEP.
A dose de irradiação da tomografia é de 1 a 2,3 msv (REILLY et al, 2004;
RAGGI et al. 2001), sendo que a dose máxima anual aceita é de 50 msv por ano.
45
5. RESULTADOS.
46
5. RESULTADOS.
5.1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS.
Analisamos ao todo 120 indivíduos, sendo 89 pacientes com HF (74,1%) e 31
CTRL (25,9%). As características clínicas dos pacientes com HF e CTRL
encontram-se na tabela 4; não houve diferença significativa em relação ao sexo,
idade, etnia, IMC, tabagismo e hipertensão arterial.
Por outro lado, os pacientes com HF apresentavam menor relação cintura –
quadril e maior porcentagem de risco de DAC em 10 anos pelo E.R.F. Como
esperado os pacientes com HF apresentavam mais estigmas cutâneos de depósitos de
colesterol, maior prevalência de DAC precoce familiar, sendo que os mais afetados
pela DAC foram os pais. Havia uma maior prevalência de uso de estatinas nos HF do
que nos CTRL respectivamente 31,4% vs. 0% (p<0,001).
47
Tabela 4: Características clínicas dos grupos HF e CTRL.
P
HF n=89 CTRL n=31
Idade (anos) 39 ± 14 40 ± 12 0,85
Sexo Masculino 34(38,2%) 16(51,6%) 0,19
Raça/etnia Branca 68(76,4%) 24(80%) -
Negra 11(12,4%) 3(10%) -
Parda 10(11,2%) 3(10%) 1,00
Peso (kg) 71 ± 16 70±14 0,75
Altura (m) 1,66 ± 0,1 1,68±0,1 0,24
I.M.C. (kg/m
2
) 25,9 ± 4,9 24,7 ± 3,5 0,14
Cintura abdominal (cm) 88 ± 12 87 ± 12 0,80
Quadril (cm) 95 ± 10 91 ± 12 0,10
0,024
Razão Cintura/Quadril 0,92 ± 0,10 0,95 ± 0,1
Tabagismo SIM 13 (14,6%) 3 (10,3%) -
NÃO 63 (70,8 %) 25 (86,2%) -
EX 13(14,6%) 1 (3,5%) 0,22
H.A.S. 12 (13,5%) 1 (3,2%) 0,18
P.A.S. (mmHg) 121 ± 14 118 ± 9 0,14
P.A.D. (mmHg) 77 ± 9 76 ± 6 0,54
Pressão de Pulso 44 ± 10 42 ± 6 0,12
0,037
Frequência Cardíaca (bpm) 74 ± 8 70 ± 7
0,002
E.R.F. (% em 10 anos) 7 ± 6 3 ± 3
Síndrome metabólica 12 (13,6%) 1 (3,3%) 0,18
0,001
Xantomas e Halo corneano 35(42,2%) 0 (0%)
0,001
Só Xantomas 26 (31,3%) 0 (0%)
0,001
D.A.C. Precoce - família 80 (89,9%) 0 (0%)
-
Irmãos 25 (28%) 0 (0%)
-
Pais 46 (51,7%) 1 (3,2%)
0,001
Outros Parentes 9 (10,1%) 2 (6,5%)
I.M.C. = índice de massa corpórea, H.A.S = hipertensão arterial sistólica, P.A.S. e
P.A.D. = pressão arterial sistólica e diastólica, E.R.F. = % risco de DAC em 10 anos
pelo Escore de risco de Framingham, D.A.C. = Doença Arterial Coronariana.
Resultados em média ± desvio padrão, ou número (porcentagem).
48
5.2. CARACTERÍSTICAS LABORATORIAIS.
A tabela 5 mostra as características laboratoriais dos pacientes com HF e
CTRL. Os HF apresentam concentrações médias de CT, de LDL-c, da Apo B, do
colesterol não HDL, do produto LDL-c x Idade, da razão LDL-c / HDL-c e da razão
TG / HDL-c., significativamente maiores do que os CTRL (p<0,001). Foi encontrada
também elevação das concentrações de TG (p<0,001) e Lp(a) (p<0,001) nos HF. As
concentrações médias de HDL-c e de glicemia não diferiram entre os grupos. Apesar
do HDL-c não diferir, nos CTRL observam-se maiores níveis de Apo A-I (p=0,008).
Em relação aos marcadores de inflamação, não houve diferença da PCR-as,
contudo a contagem de leucócitos foi maior nos HF (p=0,046). O escore de risco de
Civiera elevado (alto risco) foi encontrado em 78,7% dos HF. Apenas um paciente
HF (1,1%) tinha risco de DAC > 20 % segundo o E.R.F.
49
Tabela 5: Características laboratoriais dos grupos HF e CTRL.
HF (n=89) CTRL (n=31) P
< 0,001
CT (mg/dL) 359 ± 97 174 ± 27
0,08 HDL-c (mg/dL) 50 ± 13 55 ± 12
< 0,001
LDL-c (mg/dL) 279 ± 97 102 ± 26
< 0,001
TG (mg/dL) 133 ± 58 83 ± 36
< 0,001
Não HDL-c (mg/dL) 309 ± 99 119 ± 29
0,14 Glicemia (mg/dL) 94 ± 29 88 ± 11
< 0,001
Lp(a) (mg/dL) 39 (1-282) 11 (1-127)
0,008
Apolipoproteina A-I (g/L) 1,33 ± 0,30 1,48 ± 0,2
< 0,001
Apolipoproteina B (g/L) 1,61 ± 0,50 0,77 ± 0,20
< 0,001
Razão LDL-c / HDL-c 6,0 ± 2.8 2,0 ± 0,8
< 0,001
Razão TG / HDL-c 2.9 ± 1.7 1.6 ± 1,0
< 0,001
Razão Apo B / Apo A-I 1,28 ± 0,50 0,54 ± 0,20
0,39 PCR-as (mg/L) 1,7(0,2-34) 1,3(0,2-8)
Leucócitos (mm
3
0,046
) 7.198 ± 2.083 6.452 ± 1.546
0,001
Produto LDL-c x Idade 10.736 ± 4.809 4.089 ± 1.673
Legenda: CT = Colesterol, HDL-c = HDL colesterol, LDL-c = LDL colesterol,
Lp(a) = lipoproteína(a), PCR-as = proteína C reativa altamente sensível. Resultados
em média ± desvio padrão, ou mediana (mínimo – máximo).
50
5.3. ATEROSCLEROSE SUBCLÍNICA.
Na tabela 6 encontram-se os resultados da análise da aterosclerose subclínica.
Os pacientes com HF apresentam valores da IMT carotídea (p=0,027), da VOP
(p=0,007) e da CAC (p=0,026) significativamente maiores do que os CTRL.
Na figura 6, podemos observar a distribuição da gravidade da CAC nos
portadores de HF de acordo com a classificação de RUMBERGER et al (1999):
ausente em 59 pacientes, de 1 a 10 unidades agatston em 8 pacientes, de 11 a 100
unidades agatston em 12 pacientes, de 101 a 400 unidades agatston em 6 pacientes e
maior ou igual a 400 unidades agatston em 4 pacientes.
Figura 6: Distribuição da gravidade da CAC nos HF: de acordo com a classificação
de RUMBERGER et al (1999) .
Calcificação coronária
66,3
9,1
13,4
6,7
4,5
0
10
20
30
40
50
60
70
0 1 a 10 11 a 100 101 a 400 >400
categorias de CAC
% da população de HF
0
1 a 10
11 a 100
101 a 400
>400
Legenda: CAC= calcificação da artéria coronária
51
Tabela 6: Avaliação da aterosclerose subclínica, CAC, VOP, IMT nos HF e CTRL.
HF CTRL
(n=31)
P
(n=89)
0,024
Presença de Calcificação, n (%) 30 (34%) 3 (12%)
0,026
Escore de cálcio coronário (unidades
Agatston)
46 ± 140 4,5 ± 13
0,019
Escore volumétrico 46 ± 123 4 ± 12
0,026
Log (CAC+1) 0,57 ± 0,9 0,18 ± 0,52
0,041
CAC Percentil 75, n (%) 10 (23%) 1 (4%)
0,007
VOP (m/s) 9,17 ± 1,51 8,48 ± 0,99
0,027
IMT (μm) 653 ± 160 593 ± 111
Diâmetro da carótida(μm) 6.596 ± 772 6.623 ± 796 0,87
% distensibilidade carotídea(%) 7,1 ± 3,1 7,1 ± 3,0 0,78
Legenda: Log = logarítimo, CAC = calcificação da artéria coronária,
VOP = velocidade de onda de pulso carotídea – femural, IMT = espessura íntima
média carotídea, n(%) = número (porcentagem), dp = desvio padrão. Resultados em
média ± desvio padrão, ou mediana (mínimo – máximo).
5.3.1. IMT CAROTÍDEA.
A IMT carotídea encontra-se significativamente maior nos HF (p=0,027). Por
outro lado, os valores do diâmetro carotídeo e seu percentual de distensibilidade, não
diferiram em relação aos CTRL.
5.3.2. VOP – RIGIDEZ ARTERIAL.
52
A distensibilidade aórtica analisada pela VOP carotídea – femural, encontra-
se aumentada nos pacientes com HF em relação aos CTRL (p=0,007).
5.3.3. CAC – CALCIFICAÇÃO DA ARTÉRIA CORONÁRIA.
Houve maior prevalência de calcificação nos HF, sendo cerca de três vezes mais
prevalente do que nos CTRL (p=0,024).
Os pacientes com HF apresentavam respectivamente maior escore de Agatston
0(0-798) vs 0(0-54), p=0,024), escore de volume 0(0-646) vs 0(0-46), p=0,019) e log
(CAC+1) (0-2,9 vs 0-1,74, p=0,026). Avaliando-se a gravidade da calcificação,
encontramos maior prevalência de indivíduos com CAC percentil 75 para idade e
sexo (p=0,041).
A seguir encontram-se descritos os modelos estatísticos que avaliaram as
correlações entre os diversos parâmetros clínicos e laboratoriais e a aterosclerose
subclínica, representados pela IMT, VOP e CAC, nos pacientes com HF.
5.4. DETERMINANTES DA IMT NOS PORTADORES DE HF.
Na tabela 7, podemos ver a correlação da IMT carotídea na análise univariada,
com os seguintes parâmetros: idade, PAS e PAD, pressão de pulso, estimativa de
risco de DAC em 10 anos do E.R.F., produto do LDL-c x Idade, TG, relação TG /
HDL-c, glicemia, PCR-as e apolipoproteina B. Encontramos correlação da IMT com
o escore de risco de Civiera (alto risco). Além disso, ainda na análise univariada
encontramos correlação da IMT com VOP e CAC.
53
Após a análise multivariada encontramos, excluindo-se os fatores de confusão,
correlação significativa e independente da IMT, com risco de DAC em 10 anos pelo
E.R.F. (r
2
=0,36 e p=0,0001), com a Apo B (r
2
=0,032 e p=0,02) e com a PAS (r
2
=0,26
e p=0,0045).
Com estas três variáveis é possível explicar 33 % da variabilidade da IMT nesta
população com HF (r
2
=0,33 e p=0,001)
Embora na análise multivariada encontramos correlação com o diâmetro
carotídeo, optamos por excluir do modelo de análise o diâmetro já que o mesmo
engloba a IMT.
54
Tabela 7: Modelo de análise da IMT nos HF:
regressão linear, r e p significativos na análise univariada e r
2
e p
na análise multivariada.
2
IMT HF r r p – multivariada
p- univariada
Idade (anos) 0,33 0,002 - -
0,0448
P.A.S. (mmHg) 0,39 0,0003 0,36
-
P.A.D. (mmHg) 0,28 0,009 -
-
P.P. (mmHg) 0,31 0,005 -
0,0001
E.R.F. (% em 10 anos) 0,40 0,0001 0,26
-
Nº. fatores da S.M. 0,23 0,03 -
Escore de Civiera (alto risco) 0,29 0,006 - -
Produto LDL-c x Idade 0,32 0,003 - -
TG (mg/dL) 0,23 0,03 - -
Razão TG / HDL-c 0,24 0,03 - -
Glicemia (mg/dL) 0,26 0,02 - -
PCR-as (mg/L) 0,28 0,01 - -
0,02
Apolipoproteina B (g/L) 0,22 0,05 0,32
Log (CAC+1) 0,26 0,02 - -
Diâmetro carotídeo (μm) 0,55 0,0001 - -
P.A.S. e P.A.D. = pressão arterial sistólica e diastólica, P.P. = pressão de pulso,
E.R.F. = % risco de eventos DAC em 10 anos pelo Escore de risco de Framingham,
S.M. = síndrome metabólica, D.A.C. = Doença Arterial Coronariana. PCR-as =
proteína C reativa altamente sensível. Log(CAC+1) = transformação logarítimica da
calcificação da artéria coronária (Agatston).
55
5.5. DETERMINANTES DA VOP NOS PORTADORES DE HF.
Na tabela 8 temos a avaliação da VOP carotídea – femural sendo significantes
na análise univariada, os seguintes parâmetros: idade, PAS e PAD, estimativa de
risco de DAC em 10 anos pelo E.R.F., escore de risco de Civiera (alto risco), produto
LDL-c x Idade, TG, Glicemia, Lp(a) e Apo A-I. Ainda na análise univariada
observamos correlação da VOP, com IMT, diâmetro carotídeo e Log (CAC+1). Após
a análise multivariada encontramos, excluindo-se os fatores de confusão, correlação
significativa e independente da VOP apenas com idade (r
2
= 0,37 e p = 0,0001).
Portanto a idade explica 37 % da variabilidade da VOP .
Tabela 8: Modelo de análise da VOP nos HF:
regressão linear, r e p significativos na análise univariada e r
2
e p
na análise multivariada.
r p
2
r p – multivariada
0,37 0,0001
Idade (anos) 0,62 0,0001
-
P.A.S. (mmHg) 0,26 0,02 -
-
P.A.D. (mmHg) 0,27 0,01 -
-
E.R.F. (% em 10 anos) 0,44 0,0001 -
-
Escore de Civiera (alto risco) 0,39 0,0002 -
-
Produto LDL-c x Idade. 0,52 0,0001 -
-
TG (mg/dL) 0,24 0,03 -
-
Glicemia (mg/dL) 0,26 0,01 -
-
Lp(a) (mg/dL) 0,26 0,02 -
-
Apolipoproteina A-I (g/L) 0,23 0,04 -
IMT (μm) 0,35 0,0008 -
-
-
Log (CAC+1) 0,32 0,003 -
Legenda: P.A.S. e P.A.D. = pressão arterial sistólica e diastólica, E.R.F. = % risco de
eventos DAC em 10 anos pelo Escore de risco de Framingham, Lp(a) = lipoproteína
a, Log (CAC+1)= transformação logarítimica da calcificação da artéria coronária
(Agatston).
56
No modelo de análise da CAC, realizamos regressão logística na presença ou
ausência de calcificação e análise de regressão linear da Log(CAC+1) para
intensidade da CAC.
5.6. DETERMINANTES DA PRESENÇA DA CAC NOS
PORTADORES DE HF, COMO VARIÁVEL CATEGÓRICA.
Na tabela 9, temos a avaliação da presença de CAC, sendo significantes na
análise univariada, os seguintes parâmetros: idade, sexo masculino, presença de
síndrome metabólica, presença de estigmas cutâneos de depósito de colesterol
(xantoma e halo corneano), estimativa de risco de DAC em 10 anos pelo E.R.F. ,
escore de Civiera (alto risco), LDL-c, TG, razão TG / HDL-c, Lp(a), produto LDL-c
x Idade. Ainda na análise univariada, observamos correlação da presença de
calcificação com a VOP, o diâmetro carotídeo e o percentual de distensibilidade
carotídea, porem não com a IMT.
Além disso, os valores da IMT nos HF com e sem CAC, foram respectivamente
700 ± 168 e 631 ± 153 μm, com p = NS.
Após a análise multivariada encontramos, excluindo-se os fatores de confusão,
correlação significativa e independente da presença de CAC com estimativa de risco
de DAC em 10 anos do E.R.F. (P=0,0027) e com o produto LDL-c x Idade
(p=0,0228).
57
Tabela 9 : Diferença de parâmetros clínicos laboratoriais dos HF com e sem CAC:
p significativos na análise univariada em regressão logística.
CAC ausente
n=69
P
CAC presente
n=30
Idade (anos) 35 ± 12 47 ± 14 < 0,001
Sexo Masculino (n=34), n(%) 19(33,3%) 15(50%) < 0,001
Síndrome Metabólica, n(%) 4(7,1%) 7(23,3%) 0,04
Xantoma e halo corneano,
n(%)
18 (34%) 16(57%) 0,04
E.R.F. (% em 10 anos) 4,4 ± 3,8 10,8 ± 6,2 < 0,001
Escore de Civiera (alto risco) 2 ± 1 3 ± 1 < 0,001
LDL-c (mg/dL) 264 ± 84 308 ± 117 0,0443
Triglicérides (mg/dL) 124 ± 55 150 ± 62 0,0203
Razão TG / HDL-c 2,7 ± 1,8 3,2 ± 1,6 0,0243
Lp(a) (mg/dL) 50 ± 50 84 ± 63 0,0036
LYS (LDL-c x Idade) 9.027 ± 4.017 13.840 ± 4790 < 0,001
VOP (m/s) 8,8 ± 1,2 9,8 ± 1,9 0,0137
Diâmetro carotídeo (μm) 6.421 ± 803 6.943 ± 595 0,0012
Distensão carotídea (%) 7,7 ± 3,1 6,2 ± 3,0 0,0128
E.R.F. = % risco de eventos DAC em 10 anos pelo Escore de risco de
Framingham, Lp(a) = lipoproteína(a), VOP = velocidade da onda de pulso
carotídea-femural. Variáveis: média ± desvio padrão.
58
Em relação ao produto LDL-c x Idade, valores maiores ou iguais a 10.797
fornecem uma sensibilidade de 76,7% e uma especificidade de 76,4% (se referirmos
a um LDL-c médio de 280 mg/dl, sendo que 10.797 corresponde a uma idade média
de 38,5 anos). Para o produto LDL-c x idade de 10.797 obtivemos um odds ratio de
9,86 (IC 95%: 3,48; 27,89), portanto pacientes com HF e LYS >10.797, têm cerca de
10 vezes mais chance de apresentar calcificação coronária.
Em relação ao risco de DAC em 10 anos mensurado pelo E.R.F., valores
maiores ou iguais a 5,5 fornecem uma sensibilidade de 73,3% e uma especificidade
de 69,1%. Para um risco de DAC de 5,5% em 10 anos obtivemos um ‘odds ratio’ de
6,15 (IC95%: 2,28 - 16,56), portanto pacientes com E.R.F.>5,5 % tem cerca de seis
vezes mais chance de apresentar calcificação coronária.
Posteriormente, foram determinadas as curvas ROC, mostram que tanto o
ERF como o LYS, são bons preditores da presença de CAC na população com HF.
Foram observadas as áreas de 0,80 para LYS e área de 0,82 para estimativa de risco
em 10 anos pelo E.R.F., visualizadas na figura 7.
59
Figura 7: Curva ROC para determinantes da presença de CAC nos portadores de
HF; significativos na análise de regressão logística.
Curva ROC
1 - Especificidade
1,00,75,50,250,00
Sensibilidade
1,00
,75
,50
,25
0,00
Legenda
Linha de referência
E
L
RF
DLxIdade
Legenda: ROC = receiver operator curve, E.R.F. = % risco de eventos DAC em 10
anos pelo Escore de risco de Framingham, áreas de 0,805 para LYS e área de 0,818
para estimativa de risco em 10 anos pelo E.R.F.
5.7. DETERMINANTES DA CAC NOS PORTADORES DE HF,
COMO VARIÁVEL CONTÍNUA.
A tabela 10 mostra os determinantes da CAC como variável contínua.
Observamos como significantes na análise univariada, os seguintes parâmetros:
idade, sexo masculino, estimativa de risco de DAC em 10 anos pelo E.R.F., escore
de Civiera (alto risco), produto LDL-c x Idade, CT, LDL-c, razão LDL-c / HDL-c,
LDL-c X Idade
(LYS)
E.R.F.
Linha de
referência
60
TG, razão TG / HDL-c, Não HDL-c, Lp(a). Ainda na análise univariada observamos
correlação da Log (CAC + 1) com a IMT, o diâmetro carotídeo e a VOP.
Após a análise multivariada encontramos, excluindo-se os fatores de confusão,
correlação independente do Log (CAC+1) com o sexo masculino (r
2
= 0,29 e
p=0,0001) e o produto LDL-c X Idade (r
2
= 0,36 e p=0,0027). Com estas duas
variáveis é possível explicar 31,9 % da variabilidade da CAC como análise contínua
nesta população com HF (r
2
= 0,31).
Tabela 10 : Modelo de análise da CAC de forma contínua pelo LOG (CAC+1)
nos HF: regressão linear, r e p significativos na univariada e r
2
e p na multivariada.
r p
2
r p - multivariada
Idade (anos) 0,43 0,0001 - -
0,36 0,0027
Sexo masculino (%) - 0,0802
- -
E.R.F. (% em 10 anos) 0,54 0,0001
- -
Escore de Civiera (alto risco) 0,48 0,0001
0,29 0,0001
Produto LDL-c x Idade 0,51 0,0001
Colesterol total (mg/dL) 0,25 0,02 - -
LDL-c (mg/dL) 0,25 0,02 - -
Razão LDL-c / HDL-c 0,22 0,04 - -
Triglicérides (TG)(mg/dL) 0,27 0,01 - -
Razão TG / HDL-c 0,25 0,02 - -
Não HDL-c (mg/dL) 0,25 0,02 - -
Lp(a) (mg/dL) 0,28 0,008 - -
IMT (μm) 0,26 0,02 - -
Diâmetro carotídeo (μm) 0,33 0,002 - -
VOP (m/s) 0,29 0,007 - -
Legenda: Log (CAC+1)= transformação logarítimica da calcificação da artéria
coronária (Agatston). E.R.F. = % risco de eventos DAC em 10 anos pelo Escore de
risco de Framingham, Lp(a) = lipoproteína(a), IMT = espessura íntima média
carotídea, VOP = velocidade da onda de pulso carotídea-femural.
61
6. DISCUSSÃO.
_____________________________________________
62
6. DISCUSSÃO.
6.1. DESCRIÇÃO DA POPULAÇÃO. CARACTERÍSTICAS
CLÍNICAS.
Segundo nosso conhecimento, este estudo foi o primeiro que avaliou de forma
concomitante a aterosclerose subclínica carotídea, coronária e a rigidez aórtica em
portadores de hipercolesterolemia familiar.
A escolha de uma população com HF é justificada pela alta taxa de aterosclerose
precoce em portadores desta doença, como exemplificado em nossa população, onde
nove em cada dez pacientes avaliados apresentam parentes de primeiro grau com
doença coronária precoce.
Este estudo avaliou pacientes portadores de HF, como modelo de estudo, com
uma faixa etária jovem e com baixa prevalência de outros fatores de risco para DAC,
que não o colesterol alto, como tabagismo e hipertensão arterial.
É importante enfatizar que a nossa amostra tinha cerca de 90 pacientes com HF,
os quais foram obtidos em clínica especializada e analisados no período de três anos.
Deve-se lembrar que esta doença é rara e afeta cerca de 1 em 500 pessoas, fato que
mostra a dificuldade em recrutar pacientes para este tipo de estudo.
O objetivo principal deste estudo foi a análise da aterosclerose subclínica nos
HF e o grupo controle foi utilizado apenas para ilustrar a gravidade da aterosclerose
subclínica, fato claramente comprovado em nossa amostra. Este estudo não teve
63
como objetivo, portanto estudar os determinantes da aterosclerose subclínica em
pacientes normais, sendo que para isto certamente seria necessário maior número de
pacientes.
6.2. CARACTERÍSTICAS LABORATORIAIS.
Embora a hipercolesterolemia familiar, classicamente seja caracterizada por
elevação de níveis de colesterol total e de LDL-c, como no caso de nosso estudo de
três vezes o valor dos controles, também foram encontradas outras anormalidades do
perfil lipídico. Os portadores de HF apresentam concentrações mais elevadas de TG
e Lp(a), tendência a concentrações menores de HDL-c e valores significativamente
menores de Apo A-I, quando comparados com os CTRL. Previamente na literatura,
foi descrito que apesar da HF ser uma doença com predomínio de LDL-c elevado,
muitos pacientes podem apresentar concentrações de TG mais elevadas por aumento
da produção de VLDL-c (JANSEN et al, 2002; HACHEM et al, 2006), sendo em
alguns casos, necessário ser feito o diagnóstico diferencial com a Hiperlipidemia
Familiar Combinada (HFC) (GARG et al, 2007). Contudo, na HFC encontramos
diferentes perfis lipídicos em membros da família, e alta prevalência de
características clínicas e laboratoriais de resistência insulínica, fatos não encontrados
em nossa casuística.
Encontramos tendência de concentrações menores de HDL-c e valores
significativamente menores de Apo A-I nos portadores de HF, quando comparados
64
aos CTRL, fato já encontrado em estudos prévios na literatura (JANSEN et al, 2002;
van AALST-COHEN et al, 2005). Isto seria explicado por maior atividade da CETP
(proteína de transferência do éster de colesterol) e também por maior enriquecimento
das partículas de HDL em triglicérides e apolipoproteina E (van AALST-COHEN et
al, 2005). Estes fatos levariam a maior remoção plasmática das partículas de HDL,
nos portadores de HF, quando comparados a indivíduos normolipidêmicos. Há
evidências do tamanho menor das partículas de HDL na HF (HOGUEA et al, 2007),
partículas menores de HDL associam-se também a maior remoção do plasma destas
lipoproteínas.
Em estudos prévios, relatou-se aumento das concentrações plasmáticas de Lp(a)
em portadores de HF, fato também encontrado em nosso trabalho. Alguns destes
estudos correlacionaram concentrações elevadas de Lp(a) com aterosclerose precoce
na HF (JANSEN et al, 2002 e 2004).
É importante enfatizar que, isoladamente, nenhum destes parâmetros foi
determinante da aterosclerose subclínica na nossa população, como discutiremos a
seguir.
6.3. ATEROSCLEROSE SUBCLÍNICA E RIGIDEZ AÓRTICA,
COMPARAÇÃO DOS HF COM OS CTRL
.
65
Demonstramos que os pacientes com HF apresentam maior presença e
intensidade de marcadores de aterosclerose subclínica, como a CAC, a IMT e maior
rigidez aórtica (VOP), em relação aos controles normais. Esses achados têm sido
descritos de forma isolada na literatura (WEIGMAN et al,2004; SANTOS et al,
2004; JUNYENT et al, 2006; CHENG et al, 2007). Em nosso estudo, pela primeira
vez na literatura, houve a avaliação destes parâmetros de forma concomitante. Este
fato mostra que a aterosclerose subclínica ocorre precocemente e afeta vários
territórios vasculares de forma mais grave nessa população.
Outros autores (TONSTAD et al, 1998; TAIRA et al, 2002; WEIGMAN et al,
2004) previamente descreveram o aumento da IMT em portadores de HF, quando
comparados a indivíduos normais e demonstraram maior IMT mensurado na ACC
nos portadores de HF do que nos controles. Além de maior idade e concentrações
elevadas de LDL-c, observaram histórico de DAC precoce na família como
determinante de IMT. Em nosso estudo, também, demonstramos maiores valores de
IMT na HF, além da maior VOP e CAC.
Previamente já foi demonstrada maior prevalência e gravidade de CAC em
portadores de HF (SANTOS et al,2004; BRORHOLT-PETERSEN et al, 2002).
DESCAMPS et al, 2003, avaliaram 235 pacientes, sendo 95 portadores de HF,
observaram maior prevalência de CAC, independente da idade e do sexo. Na unidade
clínica de Lípides do InCor, previamente, usando a EBT, SANTOS et al, 2004,
avaliaram 27 mulheres portadoras de HF (10 a 74 anos) e demonstraram a CAC com
prevalência de 51,8%, correspondendo a risco relativo de 3,07 (95%IC, 1,63 – 5,77),
66
quando comparado a 74 mulheres normais. No nosso estudo reportamos 89 pacientes
jovens e com menor prevalência de CAC, de 33%.
Em relação à prevalência de CAC, foi observada em cerca de um terço da nossa
amostra (30 pacientes). Mesmo se avaliarmos pelo critério de gravidade da CAC,
encontraremos maior percentual de pacientes no percentil 75 para idade e sexo sendo
21 pacientes ou 70% daqueles HF com calcificação (p=0,024).
KOBAYASHI et al, 2004, avaliaram 135 pacientes não portadores de HF;
observaram correlação da VOP com a IMT. Em população com HF, CHENG et al,
2007, avaliaram 35 portadores de HF e 17 controles normais, encontraram, além da
associação, elevação destes marcadores de aterosclerose subclínica nos portadores de
HF.
6.4. DETERMINANTES DA IMT, VOP E CAC NOS HF.
O estudo da IMT nos pacientes com HF apresentou como principais
determinantes, após a análise multivariada a PAS, E.R.F. e Apo B. Isto sugere que
além da avaliação do colesterol e idade estes dados têm papel importante na
estratificação de risco.
Em nossa população, os portadores de HF apresentaram valores de risco de
DAC em dez anos pelo E.R.F. significativamente maiores que os dos CTRL, contudo
apenas um paciente HF tinha risco acima de 20% em 10 anos. Embora o E.R.F. não
tenha sido proposto como indicador para a população com HF, fato visto pelo baixo
67
risco médio calculado por esse escore e por apenas um paciente ter sido considerado
como de alto risco, ele mostrou-se como determinante independente da presença da
aterosclerose neste estudo. Neste modelo, o risco de DAC em 10 anos pelo E.R.F.
explica 26 % da espessura da carótida. É importante salientar que embora o escore de
Civiera, tenha sido proposto como alternativa para E.R.F., na população com HF,
este não se mostrou como indicativo de aterosclerose subclínica em nossa população.
Em nosso estudo, o E.R.F indicando um risco de DAC de cerca de 6 % em dez
anos, mostrou sensibilidade de 73% e especificidade de 69%, para a presença da
CAC. Embora este valor não seja considerado de alto risco, conforme as diretrizes de
aterosclerose é importante enfatizarmos ser população de faixa etária baixa, onde
sabemos que o Framingham não é bom marcador de longo prazo. Contudo um E.R.F.
maior que 6 % pode indicar a presença da aterosclerose subclínica, por si só um
marcador independente de risco cardiovascular (GREENLAND et al, 2005; ARAD
et al, 2005).
Em nosso estudo não observamos influência da etnia, em relação à IMT e à
CAC, possivelmente pelo fato da nossa população ser pequena para esta análise.
Diferentemente do estudo MESA, onde foram avaliados 6.814 participantes, não
portadores de HF, os autores observaram maior IMT em mulheres negras e menor
associação com CAC nestas. Naquele estudo foi observada maior IMT em
participantes com CAC em relação aos sem CAC independente da etnia (p<0,001).
Maior prevalência de CAC nos brancos (18,5%) do que nos hispânicos (6,1%), com
p<0,001. Observaram, também, aumento da IMT e da CAC com a idade, mas não
diferindo segundo a etnia (MANOLIO et al, 2007). É importante salientar que no
MESA, esta correlação da IMT e CAC, foi de fraca intensidade. (r=0,25, p=0,01).
68
Em nosso estudo, não observamos diferença quanto à etnia. Embora a idade tenha
sido marcadora na análise univariada, isto não ocorreu após ajuste para outros
fatores, o que decorre do fato de a idade fazer parte do E.R.F.
JUNYENT et al, 2006, avaliaram 196 portadores de HF assintomáticos, maiores
de 25 anos, sendo que 56% não faziam uso de estatina ou ainda 44% estavam
submedicados, sendo então realizado ‘washout’ de quatro semanas de uso desses
medicamentos. Observou-se correlação positiva com a razão CT/HDL maior que
cinco e concentrações elevadas de LDL-c e correlação negativa de baixas
concentrações de HDL-c, como bons preditores da IMT. Em nosso estudo,
acreditamos que estas variáveis não apresentaram significância, devido ao fato de
estarem englobadas ao E.R.F. , da mesma maneira que a idade.
KASTELEIN el al, 2003, reportaram dados obtidos pelo Centro Médico
Acadêmico de Amsterdan, avaliaram 322 Portadores de HF e 111 controles, no qual
indivíduos controle atingem IMT de 800 μm ao redor dos 75 anos de idade. Porém,
nos portadores de HF atinge-se o IMT de 800 μm por volta dos 42 anos de idade,
diferença significativa com p<0,001. Em trabalho do mesmo grupo, GROOT et al,
2004, referiram-se à necessidade de padronização da medida da IMT, reafirmando o
ponto de corte de 800 μm para definir estratégias preventivas medicamentosas.
Embora este autor, considere na HF uma IMT acima de 800, como valor de
gravidade, é importante salientar que o Guideline para HF de Civiera et al, 2004
considere uma IMT acima de 1000 μm.
Na nossa casuística, encontramos uma IMT média de 653 μm, maior
significativamente que os CTRL e, sendo que 14 pacientes (16%) apresentavam IMT
> 800 μm.
69
WEIGMAN et al, 2004, avaliaram 201 crianças de 8 a 18 anos portadoras de HF
e 80 controles parentes não afetados pela HF. Reportaram maior IMT na HF
comparada aos controles e maiores nos meninos com HF (P=0,002). Até os doze
anos tanto nos HF como nos controles observaram aumento médio da IMT de 5
μm/ano, a partir de doze anos encontraram um aumento de progressão da IMT maior
nos HF em relação aos controles. TONSTAD et al, 1998, avaliaram 79 portadores de
HF e 79 controles, de 26 a 46 anos, similarmente a Weigman observaram maior IMT
em portadores de HF comparados aos controles, encontraram na análise multivariada
como determinantes o sexo masculino, concentração de LDL-c e produto CT vs
idade (CYS).
Atualmente, discute-se qual o melhor local para se avaliar a IMT carotídea,
como preditora de eventos cardiovasculares, Em nosso estudo, mesma maneira do
que o recomendado pelo do consenso de Mannheim em 2007 optamos por avaliar a
IMT da ACC direita. Alguns autores sugerem que a carótida deva ser medida em
vários locais e seja realizado um escore global médio para se avaliar a progressão ou
regressão da aterosclerose (CROUSE et al, 2007; KASTELEIN et al, 2007) por outro
lado, acredita-se que para a avaliação de risco de eventos cardiovasculares, a IMT
possa ser medida na ACC (SIMON et al, 2002; BOTS et al, 2002).
Na população portadora de HF, WITTEKOEK et al, 1999, avaliaram 248
pacientes sendo 106 com DAC e 142 sem DAC. Descrevem uma dificuldade técnica
de avaliação da ACI em 10 a 15% dos exames. Os HF com DAC apresentaram maior
IMT mensurada na ACC e na bifurcação da carótida (p=0,01), mas não encontraram
diferença significativa quando mensurada na ACI (p=ns). Avaliaram, também, a IMT
70
femural, além do carotídea. Os autores, deste estudo, concluem que a análise da IMT,
para avaliação de risco cardiovascular, pode ser realizada apenas na ACC.
Quanto à VOP, em nosso estudo, o único marcador independente foi a idade,
esta explica 37% da variabilidade da VOP nos HF. Em nossa população mostramos
que a rigidez arterial dos grandes vasos encontra-se aumentada, independentemente
dos níveis de LDL-c.
O único estudo por nós conhecido, que avaliou de forma concomitante a IMT
e a VOP em portadores de HF, foi o de CHENG et al (2007), os autores avaliaram
apenas 35 portadores de HF e 17 controles (37 ± 18 anos vs. 33 ± 15 anos
respectivamente) e encontraram maior VOP e IMT nos HF com PCR-as maior que 1
mg/L. Como preditores independentes a VOP e a IMT se correlacionaram com CYS
e PCR-as. Este estudo não encontrou no grupo controle correlação entre VOP e PCR-
as. Diferentemente de nosso trabalho, encontraram a PCR-as maior que 1,0 mg/L
como sendo preditora de maior IMT e VOP. Convém relatar que este estudo, além da
pequena casuística, foi realizado com a VOP braquial-tornozelo.
Estudos prévios, em população sem HF, demonstraram a importância da CAC
como marcadora da aterosclerose subclínica e como preditora independente de
eventos cardiovasculares (GREENLAND et al, 2004; TAYLOR et al, 2005, ARAD
et al, 2005). Em nosso estudo os principais determinantes da presença da CAC foram
a estimativa de risco de DAC em 10 anos pelo E.R.F. e o produto LDL-c x Idade. Ao
analisarmos a CAC como variável contínua, encontramos o sexo masculino e o
produto LDL-c x Idade. Contudo, com estas duas variáveis é possível explicar
apenas 31,9 % da variabilidade da CAC como variável contínua nesta população com
HF.
71
BRORHOLT-PETERSON et al, 2002, avaliaram 62 pacientes portadores de
HF e DAC precoce divididos segundo a mutação do LDLR em portadores de
mutação que leva a não expressão ou diminuição da expressão daquele receptor. Ao
estudarem a CAC e a IMT, encontraram correlação da idade com a CAC, porém sem
diferença entre os dois grupos de mutação. A IMT foi influenciada pela Lp(a), idade,
triglicérides, sexo masculino e tabagismo. Apesar deste trabalho ser o único de
conhecimento do grupo, que utilizou a CAC e a IMT em portadores de HF, a CAC
foi detectada com metodologia inadequada, em tomógrafo de um detector e
parâmetros técnicos como protocolo de densidade > 90 HU, atualmente considerados
inadequados para análise da calcificação coronária, pela baixa resolução e
possibilidade de artefatos.
É importante enfatizar que, apesar de termos encontrado a presença de alguns
parâmetros clínicos e laboratoriais associados com os marcadores de aterosclerose
subclínica, nenhum destes explicou mais que 40 % da mesma, ou seja, os parâmetros
clínicos e laboratoriais podem ser úteis, contudo a maior parte da carga da
aterosclerose não pode ser explicada por estas variáveis. Este fato, já foi descrito com
a CAC e a IMT em não portadores de HF (MANOLIO et al, 2007; KRONMAL et al,
2007), sendo que não é possível predizer de forma acurada, a presença da
aterosclerose subclínica baseado nestes parâmetros usuais. Isto sugere ser necessária
a utilização de exames de imagem para se ter uma idéia real da carga de aterosclerose
que estes indivíduos carregam. É importante salientar que, tanto a IMT como a CAC,
em população sem HF, são marcadores independentes de risco cardiovascular para
aterosclerose (TOUBOUL et al, 2007; GREENLAND et al, 2004).
72
Contudo até o momento, não existem estudos prospectivos do papel preditor da
aterosclerose subclínica para eventos cardiovasculares em portadores de HF.
6.5.ATEROSCLEROSE SUBCLÍNICA E MARCADORES
INFLAMATÓRIOS.
Não encontramos, em relação a marcadores inflamatórios, diferença
significativa da concentração da PCR-as entre os HF em relação aos CTRL.
Contudo, a contagem dos glóbulos brancos que, segundo alguns estudos é um
marcador de inflamação independente do risco de eventos cardiovasculares (LIBBY
et al, 2007), encontrava-se significativamente aumentada em relação aos CTRL.
Entretanto, os marcadores inflamatórios não se correlacionaram de forma
independente com a presença da aterosclerose subclínica.
Diferentemente, CHENG et al, 2007, avaliaram 35 portadores de HF e 17
controles (37 ± 18 anos vs 33 ± 15 anos respectivamente), encontraram maior VOP
tornozelo-braquial e IMT nos HF que apresentavam concentrações de PCR-as > 1
mg/L, diferindo do nosso trabalho.
Os resultados do estudo MESA, realizado em pacientes não portadores de HF,
demonstram fraca correlação da PCR-as e aterosclerose subclínica carotídea, como
também coronária (MANOLIO et al, 2007).
A ausência de correlação ou a baixa correlação entre os marcadores da
aterosclerose subclínica e os marcadores inflamatórios, sugere que estes marcadores
possam ser complementares na avaliação do risco de eventos cardiovasculares.
73
PARK et al, 2002, avaliaram 1.461 indivíduos sendo 967 não diabéticos, seguidos
por 6 anos e demonstraram que a PCR-as e a CAC se complementaram na predição
de risco da DAC. O maior risco de eventos ocorreu nos indivíduos que apresentavam
maiores escores de cálcio e maiores valores da PCR-as.
Contudo, mais estudos prospectivos, tanto na população com HF como na
população geral são necessários.
6.6. AUSÊNCIA DE CORRELAÇÃO DOS MARCADORES DE
ATEROSCLEROSE SUBCLÍNICA E RIGIDEZ DA AORTA NA
HF.
Nossos dados mostram a não correlação da IMT, VOP e da CAC, nos portadores
de HF após análise multivariada. Isto sugere que a aterosclerose ou se desenvolva de
forma diferente nos diversos leitos arteriais ou que os métodos utilizados apresentam
sensibilidades diferentes para detecção da doença. Do ponto de vista da estratificação
de risco, a avaliação destes marcadores pode ser complementar, já que há evidências
do papel prognóstico independente desses marcadores.
KULLO et al, 2006, avaliaram 401 pacientes sem DAC, com média de 59 anos;
encontraram correlação da VOP com Log (CAC+1) (r=0,41, p<0,0001) e com
pressão de pulso (r=0,47, p<0,0001), independente de outros fatores de risco, em
população sem HF e, em uso de estatina, citando, ainda, terem os tabagistas maior
prevalência de CAC. Em nosso estudo, a correlação da CAC e VOP não foi
observada, nos portadores de HF.
74
DAVIS et al, 1999, no estudo Muscatine, avaliaram 318 participantes jovens
não portadores de HF, com média de 33 anos, tendo encontrado correlação de maior
IMT em pacientes com maior CAC. Em nosso estudo, apesar da IMT ser maior na
população com CAC, esta superioridade não foi estatisticamente significativa.
Em portadores de HF, como proposto por CIVIERA et al, 2004, em seu
guideline, os autores recomendam a avaliação da aterosclerose subclínica na
estratificação de risco para eventos nos portadores de HF. Neste documento, coloca-
se como marcador de risco IMT maior que 1000 μm. Apesar dos autores citarem a
detecção da CAC como possível ferramenta na estratificção do risco os mesmos não
recomendam um valor de escore de cálcio a partir do qual o paciente portador de HF
poderia ser considerado como de alto risco. Certamente isso decorre da falta de
estudos prospectivos do papel da detecção da CAC na predição de eventos nessa
população. Da mesma forma, este documento não cita a possibilidade de utilização
da VOP como marcadora de risco na HF. Estudos prospectivos demonstram que este
método pode ser preditor de eventos em população sem HF (LONDON et al, 2002;
van POPELE et al, 2001) contudo da mesma forma que com a CAC estudos
prospectivos são necessários.
Acreditamos que o grande valor de nosso estudo foi correlacionar pela
primeira vez na literatura os marcadores de aterosclerose subclínica, rigidez da aorta
e inflamação nessa população. Contudo estudos prospectivos são necessários, para
se avaliar a evolução desses marcadores no tempo para saber se existe correlação da
progressão dos mesmos. Além disso, é necessário saber se o tratamento
hipolipemiante teria influência benéfica sobre esses marcadores. Finalmente são
75
necessários estudos para avaliar o papel dos marcadores da aterosclerose subclínica e
de inflamação na predição do risco de eventos cardiovasculares em portadores de
HF. Esse fato tem importância pois indivíduos de maior risco detectados
precocemente poderiam se beneficiar de terapias mais agressivas para redução do
LDL com associação de 3 ou 4 medicamentos hipolipemiantes ou LDL-aférese.
76
7. LIMITAÇÕES.
77
7. LIMITAÇÕES.
Não foram avaliadas informações decorrentes dos fatores no estilo de vida,
como hábito alimentar e atividade física. Portanto, como resultado a interação destes
fatores não pode ser analisada. Por outro lado, as escalas de risco utilizadas no
Escore de risco de Framingham (WILSON et al,1998), Procam (ASSMAN et al,
2002) e escore Europeu (CONROY et al, 2003), além do escore de Civiera, não
utilizam estas variáveis pela subjetividade das mesmas.
Nosso estudo incluiu pacientes, que procuravam um ambulatório de lípides,
assintomáticos para doença cardiovascular, provavelmente excluindo elevados
índices de CAC, IMT e VOP, que seriam mais freqüentes em indivíduos com DAC
estabelecida, ou até por óbito devido a DAC.
Cerca de 30% dos portadores de HF fazia uso prévio de estatina fato que poderia
alterar o LYS. Contudo não houve diferença significativa no numero de pacientes HF
com sem CAC em relação ao uso de estatinas.
Finalmente este estudo não avaliou a relação entre os marcadores de forma
longitudinal fato que daria informações úteis sobre o comportamento da
aterosclerose subclínica e rigidez aórtica no tempo.
78
8. CONCLUSÕES
79
8. CONCLUSÕES.
Os resultados do presente estudo mostram, que os pacientes portadores de HF
apresentam IMT, VOP, CAC e contagem de células brancas significativamente
maiores que os controles.
Em portadores de hipercolesterolemia familiar, não foi observada correlação
entre os marcadores de aterosclerose subclínica carotídea, coronária e da rigidez
aórtica avaliados pela IMT, CAC e VOP respectivamente.
Em portadores de HF, encontramos, independente de outros fatores de confusão,
as seguintes correlações significativas:
1) da IMT com a estimativa de risco de DAC em dez anos, avaliada pelo escore
de risco de Framingham, com a apolipoproteína B, e com pressão arterial sistólica.
2) da VOP com a idade.
3)da CAC, avaliada pela presença ou ausência, com a estimativa de risco de DAC
em dez anos avaliada pelo escore de risco de Framingham e com o produto LDL-c x
Idade.
4) da CAC como variável contínua com o sexo masculino e, também, com o
produto LDL-c x Idade.
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