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PERFIL DO CONSUMIDOR DE HORTALIÇAS FRESCAS E
PROCESSADAS NO MUNICÍPIO DE
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
KENEA DE SOUZA COELHO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY
RIBEIRO - UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ
OUTUBRO – 2007
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PERFIL DO CONSUMIDOR DE HORTALIÇAS FRESCAS E
PROCESSADAS NO MUNICÍPIO DE
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
KENEA DE SOUZA COELHO
Tese apresentada ao Centro de
Ciências e Tecnologias Agropecuárias da
Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro, como parte das exigências
para obtenção do título de Mestre em
Produção Vegetal
Orientadora: Profª. Rosana Rodrigues
CAMPOS DO GOYTACAZES – RJ
OUTUBRO - 2007
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PERFIL DO CONSUMIDOR DE HORTALIÇAS FRESCAS E
PROCESSADAS NO MUNICÍPIO DE
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
KENEA DE SOUZA COELHO
Tese apresentada ao Centro de
Ciências e Tecnologias Agropecuárias da
Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro, como parte das exigências
para obtenção do título de Mestre em
Produção Vegetal
Aprovada em 31 de outubro de 2007
Comissão Examinadora:
Prof. José Tarcísio Lima Thiéubaut (Doutor, Produção Animal) - UENF
Prof. Paulo Marcelo Souza (Doutor, Economia Aplicada) - UENF
Profª Maria Luíza Araújo (Doutor, Fitotecnia) - PESAGRO - RIO
Profª
Rosana Rodrigues (Doutora, Produção Vegetal/ Melhoramento de Plantas) -
UENF
Orientadora
ii
À minha amada família, meus pais Isaías e Mathildes, meus irmãos Aline e
Hingo, à minha avó Hilda (in memorian); e ao meu noivo Antônio Carlos Júnior,
por todo amor e carinho dedicados, pelos momentos em que estive ausente, por
todo o incentivo e amparo nos momentos difíceis e por estarem do meu lado
incondicionalmente.
Dedico.
“Se não houver frutos,
Valeu a beleza das flores
Se não houver flores,
Valeu a sombra das folhas
Se não houver folhas,
Valeu a intenção da semente”
(Henfil)
iii
AGRADECIMENTO
A Deus, pela minha vida e oportunidade de crescimento pessoal e
profissional e por Sua constante presença.
À minha família, meu pai Isaías e minha mãe Mathildes, meus irmãos
Hingo e Aline, e todos os meus familiares.
À Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, pela
oportunidade concedida para realização deste curso.
À Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio
de Janeiro (FAPERJ), pela bolsa concedida.
À professora Rosana Rodrigues, pela orientação e confiança.
Ao professor José Tarcísio Lima Thiéubaut, pela colaboração, apoio e
conselhos fornecidos para execução do trabalho.
Ao professor Paulo Marcelo Souza, pelo auxílio e sugestões.
À professora Yolanda Lobo, pelas sugestões fornecidas.
Ao professor Júlio Vianna Barbosa, pela amizade, confiança e por ter me
conduzido para este caminho.
Ao Instituto Osvaldo Cruz (IOC), pela grande oportunidade de crescimento
profissional.
Aos demais professores do curso, pela oportunidade de aprendizado,
incentivo e confiança.
Aos amigos Viviane Araújo Dalbon e Antônio Carlos Braga, por todo o
incentivo para o meu ingresso no Mestrado.
iv
Aos amigos Eucimar (Mazinha), Celço, Weverton (Nenen), pela amizade,
alegria e por representarem uma família para mim.
À amiga Claudia Pombo Sudré, pelo companheirismo e amizade.
Aos amigos e amigas do Laboratório, Marlon, ntia, Monique, Leandro,
Sarah, Rebeca, Gildeide e Marilene.
Aos amigos da UENF, Elba, Mirella, Renata, lvia, Deisy, Leandro
Hespanhol, Sérgio Alessandro, Marcos, Tatiane, Luciene, Cézar, Alessandra
Olmo e Neuma.
A todos, mesmo que não estejam citados, mas que, direta ou
indiretamente, estiveram presentes durante este trabalho.
v
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................ vii
ABSTRACT.......................................................................................................... ix
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................1
2. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................3
2.1. Breve histórico da olericultura e consumo das hortaliças no Brasil........3
2.2. Importância das hortaliças na alimentação ............................................6
2.3. Importância econômica..........................................................................7
2.4. Formas de consumo de hortaliças .........................................................9
2.5. Mudanças nos hábitos de consumo.....................................................14
2.6. Perfil do consumidor de hortaliças .......................................................16
3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................20
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................25
4.1. Análise de gênero ................................................................................25
4.2. Faixa etária ..........................................................................................28
4.3. Renda familiar......................................................................................31
4.4. Escolaridade ........................................................................................35
4.5. Itens adquiridos e consumidos.............................................................37
4.6. Freqüência de compra .........................................................................48
4.7. Número de moradores na residência e composição familiar ...............50
4.8. Motivação para a compra.....................................................................54
vi
4.9. Consumo de produtos processados.....................................................56
4.10. Tipos de produtos processados .........................................................59
5. RESUMO E CONCLUSÕES...........................................................................62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................65
vii
RESUMO
COELHO, Kenea de Souza; M.Sc.; Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro; outubro, 2007; Perfil do consumidor de hortaliças frescas e
processadas no Município de Campos dos Goytacazes-RJ. Orientadora: Rosana
Rodrigues; Conselheiros: José Tarcísio Lima Thiébaut e Paulo de Marcelo Souza.
Este trabalho teve como objetivo analisar o perfil do consumidor de hortaliças
frescas e processadas em Campos dos Goytacazes-RJ, por meio de aplicação de
questionários e, dessa forma, caracterizar padrões de consumo de produtos
olerícolas nesta cidade. A pesquisa foi realizada em três estabelecimentos
voltados especificamente para a comercialização de produtos hortigranjeiros,
localizados em bairros distintos, de dezembro de 2006 a abril de 2007. Em cada
estabelecimento, foram realizadas entrevistas individuais com 60 clientes,
totalizando 180 entrevistas. Foram consideradas como público-alvo as pessoas
que efetivamente compravam as hortaliças frescas ou processadas. O
instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário, contendo doze questões
fechadas, a saber: nero; faixa etária; renda familiar; escolaridade; itens
adquiridos; itens que costuma consumir; freqüência de compra; número de
moradores na residência; composição familiar; motivo especial de compra;
consumo de produtos processados; quais produtos processados costuma
consumir. Os dados foram analisados por freqüência simples em porcentagem ,
tornando possível estudar a influência de alguns fatores socioeconômicos sobre o
consumo alimentar e decisões de futuras compras. Na análise de gênero, foi
viii
observado que a maioria dos consumidores que freqüentam os estabelecimentos
para realização de compras de hortaliças no momento da entrevista é do sexo
feminino, o que correspondeu a 82,22% do total dos consumidores entrevistados.
Este resultado também foi verificado quando se consideraram os
estabelecimentos isoladamente. Verificou-se que a maioria dos indivíduos
presentes nos estabelecimentos para realizações de compras pertencia à faixa
etária situada entre 29-38 anos (28,33%). No que se refere à renda dos
consumidores estudados, 49,44% dos entrevistados possuíam renda familiar
acima de três salários mínimos. Quanto à escolaridade dos consumidores,
constatou-se que 41,67% deles possuíam nível superior. O tomate foi a hortaliça
mais comprada nos estabelecimentos na época da pesquisa: 72,22% dos
entrevistados declararam estar comprando essa hortaliça. A batata e a cebola
vieram logo em seguida, com 64,44% e 62,22% da preferência dos consumidores
respectivamente. Foi possível verificar que 83,89% desses consumidores
adquirem esses produtos semanalmente. Para esta variável, a resposta dos
consumidores foi a mesma: nos três estabelecimentos, os entrevistados
declararam comprar hortaliças semanalmente. O número de indivíduos que
compõem a estrutura familiar dos consumidores entrevistados apresentou o
índice de 41,67% para famílias compostas de mais de três indivíduos, e 40% para
famílias compostas de até três indivíduos. Foi verificada também a composição
familiar dos consumidores, e 57,78% das famílias dos entrevistados o
compostas apenas por adultos, enquanto que 40% possuem crianças na sua
estrutura familiar. Numa análise conjunta dos dados do quesito relativo às razões
pelas quais os consumidores estavam adquirindo um determinado produto, 63,3%
dos entrevistados alegaram que a qualidade do produto foi o fator de maior
relevância para aquisição de alimentos olerícolas. Entretanto, os motivos que
levaram os consumidores a adquirirem as hortaliças foram distintos nos três locais
pesquisados. Resultados referentes ao consumo de produtos processados
indicam que este tipo de consumo ainda é pouco expressivo para os
consumidores entrevistados. A maioria dos consumidores declarou que não
consome estes produtos. Quando se constatou a compra de hortaliças
processadas, o produto mais consumido foi a couve (12,78%), seguido da
cenoura, com 3,89%.
ix
ABSTRACT
COELHO, Kenea de Souza; M. Sc.; Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro; October, 2007. Consumer profile of fresh and processed
vegetables in Campos dos Goytacazes county, RJ, Brazil. Advisor: Rosana
Rodrigues; Committee members: José Tarcísio de Lima Thiebáut and Paulo
Marcelo de Souza.
The aim of this work was to analyze the consumer profile of fresh and processed
vegetables in Campos dos Goytacazes County, RJ, Brazil, using a query
application and based on results characterize consumption pattern of vegetables
in this local. The research was done in three markets that only commercialize
horticultural products, placed in different neighborhood, from December 2006 to
April 2007. Sixty consumers were queried in each market resulting in 180
interviews. The interview was performed with people that were buying fresh or
processed vegetables at the moment of the survey. A questionnaire with 12 items
was used to interview the target public. The questions were concerned about
gender; age; familiar income; education level; bought items; which items usually
buy; purchase frequency; number of persons that lives in the house; familiar
composition; purchase reason; consuming processed vegetables and what kind of
processed vegetables they usually buy. The data were analyzed using frequency
considering percentage and it was possible to analyze some socioeconomic
aspects about vegetables consumption and future purchase decisions. The
women were the majority of the consumers when all the three markets were
analyzed at the same time, corresponding to 82.22% of total interviewed. The
x
same result was observed when it was considered each market separately. The
majority of consumers aged around 29-38 years old (28.33%). Considering the
incoming, 49.44% declared that they have more than three mining salaries;
41.67% of people interviewed have college education. The tomato was the most
important vegetable considering the purchase, since 72.22% were buying this
product at the moment of the interview. Potato and onion were the second and
third most important items with preference of 64.44% and 62.22% of the
consumers, respectively. The vegetables were bought weekly by 83.39% of the
consumers. Most of the families were formed by three people for 41.67% of the
consumers. Families with less than three persons corresponded to 40% of the
people interviewed. Adults were the majority members of the families (57.78%)
while 40% had children in their families. Product quality was the reason for
choosing and buying vegetables for 63.30% of interviewed families. Nevertheless,
consumers from each market sampled pointed out different reasons for buying
vegetables. Consumers declared that very rarely bought processed vegetables.
When consumers bought processed vegetables kale was the number one in
preference (12.78%), followed by carrots, with 3.89%.
1
1. INTRODUÇÃO
A horticultura possui um ramo denominado olericultura, que engloba a
exploração de um grande número de espécies de plantas popularmente
conhecidas como hortaliças (Incaper, 2007). O agronegócio de hortaliças
contribui expressivamente na geração de empregos, devido à necessidade de
mão-de-obra desde a semeadura até a comercialização (Vilela, 2000).
A produção de hortaliças pode ser feita em uma pequena escala em nível
caseiro, comunitário ou, em uma escala maior, em propriedades rurais (Filgueira,
2000). Alguns dados registram que cada hectare plantado com hortaliças
proporciona em média até seis empregos diretos e uma mesma proporção de
empregos indiretos (Vilela, 2000).
As hortaliças são de grande valor para a saúde humana, porque
contribuem com diversas vitaminas e sais minerais essenciais para o bom
funcionamento do organismo, auxiliando na prevenção de várias doenças. Estão
presentes na alimentação humana desde as civilizações antigas. Povos antigos
trocavam experiências no âmbito alimentar, fazendo com que esses vegetais
fossem levados de seus centros de origem para outros povos das mais diversas
localidades (Couto, 1997; Nass et al., 2001).
Hortaliças são normalmente comercializadas em feiras livres, quitandas,
mercadinho, “sacolões”, supermercados, e uma pequena parcela é vendida
diretamente do produtor. No entanto, o mercado atacadista tem sido o principal
ponto de venda desses produtos. O mercado de hortaliças, ao longo dos últimos
2
anos, vem-se segmentando para se adequar ao perfil do consumidor, que, além
dos tradicionais produtos in natura, busca produtos diferenciados. As indústrias e
os produtores estão atentos à nova tendência relacionada a esses produtos os,
que visam à praticidade de seu preparo (Vilela e Henz, 2000).
Dentre as hortaliças que são consumidas in natura, estão incluídas a
alface, o tomate, o pepino, o agrião, o pimentão e muitas outras. para o
processamento, as mais utilizadas são couve, brócolis, couve-flor, abóbora,
cenoura, alface e beterraba (Moretti, 1999). De acordo com Vilela e Macedo
(2000), um dos desafios da produção de hortaliças é melhorar a rentabilidade do
produtor rural no processo de comercialização de seus produtos.
O consumidor, nos tempos atuais, tornou-se o principal alvo da cadeia do
agronegócio. Este consumidor tem priorizado a qualidade e a comodidade ao
adquirir algum produto, e a satisfação de suas expectativas está diretamente
relacionada a decisões de futuras compras (Vilela e Macedo, 2000). Para atender
esse mercado o exigente, que está em busca de produtos diferenciados com
qualidade, tornam-se cada vez mais necessárias pesquisas de melhoramento
genético de plantas, que irão adequar esses vegetais às necessidades do
consumidor e, por conseqüência, maximizar os lucros do produtor (Junqueira e
Luengo, 2000; Lourenzine e Silva, 2004).
Acompanhar as mudanças de mercado e de comportamento da população
é essencial para os produtores se manterem nesse mercado tão competitivo
(Silva et al., 2004). De acordo com Monteiro (2000), a investigação direta de
consumo alimentar, por meio da aplicação de questionários, é importante para se
caracterizarem os padrões da dieta de uma população. Dessa forma, o objetivo
do presente estudo foi caracterizar padrões de consumo de produtos olerícolas,
em Campos dos Goytacazes-RJ, por meio de aplicação de questionários a fim de
se traçar o perfil do consumidor verificando suas principais características e,
assim, detectar a preferência do consumidor da região no que se refere a
alimentos olerícolas, relacionando os principais aspectos que contribuem para
aquisição desses produtos, com informações diretas do seu público-alvo, o
consumidor.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Breve histórico da olericultura e consumo das hortaliças no Brasil
A agricultura começou a sua história por volta de quatro a cinco mil anos
antes da Era Cristã, quando teve início na China, Egito, Assíria, Índia, Grécia e
Roma. Assim, o homem foi moldando as espécies de acordo com o uso para
suprir as suas necessidades (Nagai, 1990).
No Brasil, os primeiros registros de utilização de hortaliças para
alimentação humana dão-se em 1500 com uma carta de Pero Vaz de Caminha
ao rei de Portugal, menciondo que os índios se alimentavam de inhame, mas
controvérsias na história e alguns autores afirmam ter sido a mandioca (Nagai,
1990; Melo, 2000; Nass et al., 2001).
Na colonização do país, civilizações vindas de várias regiões do mundo,
como portugueses, africanos e rios grupos étnicos da Europa e Ásia, e os
índios, contribuíram por meio de sua cultura, nos séculos XVI, XVII, XVIII com o
aumento da diversidade de espécies olerícolas, formando a alimentação dos
brasileiros (Nagai,1990; Makishima, 1997; Vilela e Macedo, 2000).
Os povos, principalmente os da América Central e do Sul, domesticaram
algumas espécies, como abóbora, pimenta e outras. Entre outras hortaliças de
origem americana estão também abobrinha, chuchu, pimentão e tomate. A
abóbora, por exemplo, é associada à humanidade pelo menos dez mil anos,
pois as civilizações antigas da América, como os incas, astecas e maias, já
4
faziam uso desta espécie em sua alimentação. Outros relatos mencionam que no
Brasil a cenoura é cultivada desde 1557 e a beterraba desde 1587 (Nagai, 1990).
Com a introdução dessas espécies, verificou-se uma grande perda de hábito de
consumo das hortaliças nativas. Apesar do seu grande valor nutricional, há pouca
informação disponível à população da importância desses vegetais na
alimentação humana, o que acarreta baixo consumo diário desses vegetais
(Melo, 2000). No entanto, a produção de hortaliças começou a se desenvolver
como um grupo de culturas de grande representação econômica e social, a partir
de 1920, com a imigração japonesa (Nass et al., 2001).
A pesquisa formal em olericultura foi iniciada no Brasil no final dos anos 30,
com a criação do Campo Experimental de Horticultura, instalado na cidade de
Domingos Petrolini, no município de Rio Grande-RS, pela Secretaria de Estado
dos Negócios da Agricultura. Inicialmente, a pesquisa era voltada para produção
de cebola, que já era considerável na época, além da batata, alho, tomate, ervilha
e aspargo (Couto, 1997).
A olericultura começou a evoluir no país na década de 40, durante a
Segunda guerra mundial, apesar do cultivo ainda limitado a um pequeno número
de espécies. As áreas de plantio denominadas “cinturões verdes” estavam
localizadas ao redor das cidades dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro,
regiões estas de grande importância econômica, nas quais foram criados os
primeiros mercados atacadistas. Posteriormente, o cultivo de hortaliças evoluiu
de pequena horta para uma produção em escala comercial (Couto, 1997;
Incaper, 2007).
No Brasil, na década de 60, o consumo de hortaliças no meio urbano era
limitado à couve, alface, repolho, chuchu, pepino, tomate, batatinha, alho, cebola
e abóbora. Na dieta no meio rural, incluía-se ainda a batata-doce, que também
era destinada à alimentação animal (Steindorf, 1997).
Nos anos sessenta, houve mudanças significativas para o avanço e a
modernização da olericultura no país, como a produção de mudas de tomate em
recipientes e a introdução de plantio e produção de mudas de morango livre de
vírus. A partir dos anos setenta, ocorreu um avanço na produção de tomate, com
a introdução de variedades só para a indústria. Outros registros importantes
nesta época foram os dos primeiros híbridos nas culturas de brássicas e na
cultura da berinjela, e uma nova variedade de cenoura mais tolerante ao calor.
5
No mesmo ano também ocorreu a introdução da semeadura direta da alface,
proporcionando a produção em grande escala. Neste mesmo período, iniciou-se
a comercialização de hortaliças pelos supermercados, varejões e sacolões. Nos
anos oitenta, a olericultura sofreu uma grande mudança com a introdução de um
substrato comercial em grande escala e a produção de mudas em estufas
(Minami, 1999).
Nos últimos anos, m ocorrido várias transformações na sociedade, que
levaram a mudanças no hábito alimentar e, a partir dessas modificações, houve a
necessidade do produtor se adequar às tendências desse novo mercado
consumidor, formulando estratégias para escoar seus alimentos, deixando de se
preocupar apenas com a produção e dando maior atenção para aceitação do seu
produto no mercado (Saabor, 1999). Com essas mudanças, o consumidor deixou
de ser um agente passivo diante do processo de produção
e passou a exigir muito mais do que a simples produção em massa dos
alimentos, buscando produtos diferenciados e preocupando-se com a saúde e o
meio ambiente. Para manter-se na atividade, o produtor atualmente necessita ser
ágil, competente e inovador, buscando atender as necessidades do consumidor,
que passou a ditar as regras do consumo, determinando o que deve ser
produzido (Junqueira, 1999). O consumo de hortaliças no Brasil está em torno
de 40 Kg/per capita/ano, muito inferior ao dos países desenvolvidos. Um dos
principais fatores que influenciam este baixo consumo são os hábitos
socioculturais da população (Vilela e Henz, 2000). Com a intenção de aumentar
o consumo de hortaliças, dando maior impulso às vendas, alguns países têm
desenvolvido programas de incentivo ao consumo. Entre os mais conhecidos
está o Five a day-fruits and vegetables for better health (Cinco frutas e vegetais
diários para melhorar a saúde) nos Estados Unidos, que incentiva a população a
consumir cinco porções diárias de frutas e hortaliças. O programa conta com a
participação do setor varejista, no sentido de incentivar o consumidor final, e
oferece também treinamento específico para o setor de refeições coletivas. No
Brasil, faltam iniciativas havendo necessidade de programas semelhantes para
estimular o consumo e tornar o mercado de hortaliças mais dinâmico, gerando
empregos e ajudando a manter o homem no campo (Lourenzani e Silva, 2004).
6
2.2. Importância das hortaliças na alimentação
As hortaliças são alimentos de grande importância para saúde e
desempenham um papel fundamental na prevenção de doenças. Para o bom
desenvolvimento do organismo é necessária a utilização de nutrientes
energéticos, que podem ser inviabilizados se não houver a ingestão satisfatória
de vitaminas e minerais, os quais podem ser adquiridos pelo consumo de
hortaliças. Os minerais são importantes para regulação do metabolismo de
diversas enzimas e facilitam a transferência de compostos essenciais através das
membranas (Ferreira e Gomes, 1996).
As hortaliças possuem pouca gordura e proteína, mas o ricas em
carboidratos e fibras e fornecem níveis significativos de nutrientes à dieta. Os
vegetais como as hortaliças e frutas possuem uma importância expressiva na
nutrição humana, porque são as principais fontes de vitaminas (A, B
6
, C, E),
minerais, e fibras (Kader, 2001). Os nutrientes fornecidos pelas hortaliças auxiliam
na prevenção de algumas doenças, como obesidade, diabetes, problemas
cardiovasculares, hipertensão, osteoporose e câncer. No Brasil, o
desenvolvimento de cultivares mais ricas destes compostos tem sido um dos
principais focos dos programas de melhoramento genético de hortaliças que
visam aumentar os teores e diversificar os tipos de carotenóides presentes na
dieta (Carvalho et al., 2006).
A maioria das hortaliças é rica em bioflavonóides, que auxiliam no combate
aos radicais livres e inibem os hormônios causadores do câncer. As hortaliças
com coloração amarela alaranjado ou verde escura, como, por exemplo, couve,
abóbora, espinafre, tomate e outras, são ricas em betacaroteno, evita a
deficiência da vitamina A e previne mutações celulares, o câncer e doenças
coronárias. A couve flor, pimentão, repolho, couve de Bruxelas, espinafre e
brócolos são ricos em vitamina C, que combate bronquite, catarata, infertilidade
masculina, câncer, e aumenta a imunidade do organismo contra as infecções
(Junqueira e Peetz, 2001; Kader, 2001; Kader et al., 2001).
As hortaliças que apresentam os maiores níveis de vitamina A, são, a
cenoura (1.100 mcg de retinol), o brócolis 350 mcg e o pimentão verde com (200
mcg), e os maiores níveis de vitamina C cido ascórbico) são encontrados
também no pimentão verde (126 mg) e no brócolis (82,7 mg). Os minerais
7
essenciais para manutenção do organismo podem ser encontrados em níveis
elevados no brócolis, que é rico em Ca, P, Fe; na berinjela, rica em Mg; no
repolho, que possui níveis elevados de Ca, P, Mg; na batata, rica em P e Mg e na
cebola, cenoura e vagem, ricas em Ca e P. Outras hortaliças, como o pimentão e
a berinjela apresentam minerais como Ca, P e Fe, mas em níveis menos
significativos (Franco, 1999).
2.3. Importância econômica
A participação do mercado de hortaliças tem sido expressiva em todo o
mundo, ocupando uma área em torno de 89 milhões de hectares, com uma
produção total de 1,4 bilhões de toneladas, tendo destaque a cultura da batata
(Solanum tuberosum), que possui uma produção de aproximadamente 308
milhões de toneladas (FAO, 2005).
A agricultura tem sido historicamente uma alavanca que impulsiona e
direciona a sociedade, a política e a economia do Brasil, sendo um elemento de
grande importância no agronegócio (Vilela e Macedo, 2000).
A grande diversidade climática, chuvas regulares, energia solar abundante
e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta fazem do Brasil um lugar
adequado para o agronegócio. O país possui 388 milhões de hectares de terras
agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram
explorados. Com isso, o setor está se tornando cada vez mais moderno, eficiente,
competitivo e promissor, sendo uma das principais fontes de crescimento da
economia brasileira, o qual é responsável por um em cada três reais gerados no
país. O agronegócio é responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42%
das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros (MAPA, 2007).
A olericultura brasileira é caracterizada por ser uma atividade expressiva
que proporciona uma elevada produção, com rendimentos consideráveis. Uma
outra característica a ser considerada na atividade é dispor de uma pequena área
para exploração das culturas e fazer o uso de tecnologias modernas (Incaper,
2007). A particularidade mais marcante da exploração olerícola que a diferencia
de outros setores do agronegócio é o fato das hortaliças constituírem um grupo de
plantas com mais de uma centena de espécies. A maior parte da produção, em
torno de 60%, está concentrada em propriedades de exploração familiar com
8
menos de 10 ha (Melo, 2006). Por área, as hortaliças geram receita líquida mais
elevada quando comparadas a qualquer outra cultura temporária, entre U$ 2 mil a
U$ 25 mil por hectare, enquanto culturas tradicionais registram menos de U$ 500
por hectare (Vilela e Henz, 2000).
A área nacional ocupada para cultivo de hortaliças, no ano de 2005, foi de
773,190 mil/ha, gerando uma produção estimada em 17,4 mil/t e produtividade de
22,5 t/ha. A cultura do tomate destacou-se com a produção de 3.303 mil/t,
seguida pela cultura da batata e da melancia, com produções de
aproximadamente 2.95 mil t e 1.850 mil t, respectivamente (FAO, 2005). A maior
parte da produção, em torno de 60% das olerícolas, é escoada pelas CEASAS
(Centrais Estaduais de Abastecimento Sociedade Anônima), que atuam como
intermediárias na comercialização desses produtos (Vilela, 2000).
Um dos maiores desafios enfrentados por redes distribuidoras de hortaliças
nos dias atuais, é sintonizar a demanda e a oferta de produtos de maneira
eficiente. Assim as grandes redes de venda de hortaliças têm substituído os
sistemas tradicionais de abastecimento (CEASAS), trazendo a garantia de que o
distribuidor terá sempre o produto que necessitar, sendo estes de maior qualidade
(Lourenzani e Silva, 2004).
De acordo com Melo (2006), três quartos do volume de produção
concentram-se nas Regiões Sudeste e Sul, enquanto o Nordeste e o Centro-
Oeste respondem pelos 25% restantes. Na Região Norte, a produção de
hortaliças é rudimentar e os mercados consumidores são abastecidos por
produtos procedentes, principalmente, do Nordeste e Sudeste. Estima-se que 8 a
10 milhões de pessoas dependam do agronegócio de hortaliças.
A atividade olerícola exige um grande investimento financeiro e pode se
tornar uma área de risco para o produtor, se não houver um controle eficiente de
pragas e doenças na produção, escolha criteriosa da cultura ou cultivar de acordo
com a sua adaptação às condições climáticas da região, e maior controle de custo
e produção diante das oscilações de preços no mercado (Incaper, 2007). O setor
agrícola do país enfrenta alguns problemas de perdas no campo e na fase pós-
colheita. Os principais fatores que incrementam esses desperdícios o a
produção desordenada e a escassez de uso de tecnologia no cultivo, somados às
questões de manuseio, armazenamento e conservação inadequada (Honório,
1993).
9
O mercado brasileiro busca substituir produtos importados por nacionais de
qualidade, capazes de competir pelo mercado interno. Para tal, o setor de
olerícolas vem se adaptando a tecnologias mais modernas de produtos, colheita,
embalagens e pós-colheita (Vilela 2000).
Um dos maiores problemas enfrentados pelos pequenos e médios
produtores rurais é a comercialização dos produtos. Segundo Souza et al. (1998),
o produtor deve estar informado sobre os vários níveis de comercialização,
relacionados às condições de mercado, preços, tendências, qualidade,
classificação e padronização de seu produto. Desta forma, pode-se minimizar o
risco de ter os seus produtos com preços abaixo do esperado no mercado ou até
mesmo ter a perda total da produção.
Uma alternativa interessante para diminuir perdas é a utilização da técnica
de mini-processamento de hortaliças, que visa ao aproveitamento total dos
vegetais, até mesmo os que não atingiram o padrão ideal para comercialização.
Além de agregar valores aos produtos, uma outra vantagem dessa técnica é a
venda direta dos mesmos, sem intermediários, permitindo o benefício de preços
constantes no mercado ao longo do ano (Rabello, 1999). A utilização de técnicas
mais modernas torna o país mais competitivo junto ao mercado internacional
(Souza, et al. 1998).
2.4. Formas de consumo de hortaliças
As hortaliças são classificadas de acordo com suas partes comerciáveis
em três grupos distintos, sendo eles: hortaliças fruto, das quais utilizam-se os
frutos ou partes deles, como o tomate, melancia e o quiabo; hortaliças herbáceas,
cujas partes comestíveis localizam-se acima do solo, sendo tenras e suculentas,
como as folhas (alface, repolho, taioba), talos e hastes (aspargo, aipo), flores e
inflorescências (couve-flor, brócoles); hortaliças tuberosas, que englobam as
raízes (cenoura, beterraba, batata-doce, rabanete), os tubérculos (batata, cará),
os rizomas (inhame) e os bulbos (alho e cebola), (Filgueira, 2000).
Os consumidores têm por hábito adquirir os produtos de acordo com sua
aparência, cor, tamanho, aroma e até mesmo pela embalagem. Mudanças nos
hábitos alimentares estão sendo ocasionadas por fatores como a participação
10
cada vez mais significativa da mulher no mercado de trabalho, o que leva à
necessidade de praticidade e rapidez no preparo dos alimentos (Ribeiro, 1996).
Em geral, o principal objetivo do melhoramento genético de plantas era
alterar o tamanho, a resistência e a produtividade dos alimentos, sem se
preocupar com o gosto e com a qualidade nutricional destes, como é o caso do
tomate longa-vida e os morangos que possuem genes que lhes conferem mais
tempo de prateleira, mas são insípidos e duros. Com a possibilidade de melhorias
no mercado, comerciantes e consumidores passaram a cobrar mais qualidade e
os produtores buscaram aperfeiçoamento, alterando o tamanho, a cor e o sabor
dos produtos (Souza, 2005). Com isto, a pesquisa pública e privada atual busca
não somente produtividade, mas também qualidade e diferenciação do produto,
atendendo desta forma o mercado consumidor, que está cada vez mais seletivo e
exigente (Vilela e Macedo, 2000). Em conseqüência deste fato, o setor de
hortaliças está se ajustando às necessidades do consumidor, oferecendo
produtos processados, higienizados e congelados, que necessitam de pouco
tempo de preparo (Ribeiro, 1996).
Nos últimos anos, a economia vem sendo direcionada pelo consumidor
final, que abre oportunidades para a diferenciação de produtos para atender
vários segmentos do mercado. Essa diferenciação, por um lado, significa agregar
valor ao produto e praticar preços diferenciados para atender a essas novas
necessidades, que, por outro lado, gera mais serviços e maior especialização do
processo produtivo (Junqueira, 1999). Para atender o mercado consumidor têm-
se intensificado os estudos voltados para melhoria genética, visando obter novas
variedades de frutas e hortaliças, como, por exemplo, a procura pela
miniaturização dos alimentos para evitar perdas, como é o caso da melancia.
Algumas novidades já podem ser encontradas no comércio, como o tomate-
cereja, mini-cenoura (baby carrot), couve-de-Bruxelas, pimentões coloridos,
alface vermelha e americana, pepinos sem amargor e mais digestivos, brócolis
de cabeça, flores comestíveis. Os “mini-legumes”, embora vendidos com grande
diferencial de preço em relação aos produtos de tamanho normal, são bem
aceitos principalmente por possuírem aspecto diferenciado (Souza, 2005).
O mercado de olerícolas está abrindo espaço para essa nova tendência,
cultivando produtos não convencionais com variações de cores, como a berinjela
branca, o quiabo roxo, a abobrinha amarela e as pimentas coloridas; e com
11
variações de tamanho, como o agrião (cressonete), cebola (achalottes), alface
(Lolo red), entre outras. Foram introduzidas no Brasil algumas hortaliças exóticas,
como exemplo, o mache (alface de folhas pequenas e arredondadas), as
endívias (chicórea amargo-adocicadas), o radicchio (chicórea, vermelho-
arroxeada), a escarola frise (escarola crespa e clara no centro da cabeça) e a
alface red fire (alface de folhas crespas e vermelhas). Tais hortaliças estão se
destacando no mercado interno, ocorrendo registros de aumento das
importações e da produção a fim de acompanhar a demanda do mercado
(Junqueira e Luengo, 2000).
É possível diferenciar os alimentos reformulando sua apresentação no
comércio e, dessa maneira, agregar valor nesses produtos; entre eles, podem ser
encontrados os vegetais congelados, os minimamente processados, o uso de
embalagens, capazes de manter a qualidade a higiene e integridade do fruto, e
conseqüentemente aumentar exploração de nichos de mercado consumidor de
produtos não-convencionais. (Lourenzani e Silva, 2004).
Buscando conquistar o cliente do comércio olerícola ainda muito
tradicional, alguns varejistas, como sacolões e supermercados brasileiros, estão
oferecendo novos produtos e variedades de hortaliças com a inovação de
embalagens e de formas de apresentação e comercialização do produto.
Algumas lojas mais sofisticadas chegam a oferecer em média 300 itens de frutas
e hortaliças, como melão de nomes desconhecidos, aproximadamente dezessete
variedades de alface, seis de pimentões de diversas cores, seis de cenoura e
vegetais exóticos, três vezes mais do que se encontrava na década de 90. Essa
revolução se deve às melhorias e variações genéticas das plantas e ao avanço
da tecnologia agrícola dos últimos dez anos. Para este setor, a venda de
produtos hortigranjeiros representa alto potencial estratégico de negócios,
correspondendo de 10% a 13% do faturamento das grandes lojas (Junqueira,
1999; Souza, 2005).
Para Luengo e Calbo (2006), o processo de classificação de alimentos
hortícolas pode ser empregado para otimizar a organização do comércio de
hortaliças e frutas, de modo potencializa o seu desenvolvimento. A classificação
aliada a embalagens adequadas, valoriza o produto, melhorando a sua
apresentação, padronizando suas principais características, como tamanho, cor e
forma, e contribuindo para aumentar a atratividade do produto. Com a
12
padronização, economia de tempo de negociação e manuseio do produto até
o consumidor final, reduzindo perdas pós-colheita. Além disto, possibilita um
melhor conhecimento sobre a aceitação e preferência dos consumidores.
No Brasil, desenvolve-se a produtividade de hortaliças visando ao mercado
imediato, sem a preocupação com os excedentes de safra, que poderiam ser
industrializados para atender a entre-safra. A conservação se torna indispensável
para a distribuição dos alimentos (Oetterer, 1991).
Torna-se cada vez mais difícil o abastecimento nos grandes centros
consumidores de alimentos in natura por causa da rápida deteriorização desses
produtos, havendo a necessidade de reestruturação do canal de distribuição para
permitir uma comercialização eficiente, o que está, muitas vezes, fora do alcance
dos produtores (Lourenzani e Silva, 2004). Em países desenvolvidos, o problema
tem sido resolvido pela substituição parcial dos alimentos ao natural por
alimentos industrializados ou semi-processados sem conservantes químicos,
principalmente os perecíveis como frutas e hortaliças, podendo-se assim formar
estoques desses produtos (Oetterer, 1991).
O surgimento de produtos processados no Brasil ocorreu no final dos anos
80, e verificou-se um aumento gradual ao longo dos últimos anos, como reflexo
de demanda das empresas de alimentação rápida (“fast food”), hotéis,
restaurantes e também de um maior interesse doméstico. Esses alimentos são
considerados de conveniência por permitirem um menor tempo de preparo,
melhor padronização de qualidade e redução das perdas. Na capital de o
Paulo, foi registrado um aumento de 200% na venda desses produtos, ocorrendo,
também, registro de aumento no mercado internacional (Moretti, 1999; Ferreira,
2000).
Segundo Bittencourt et al. (2000), o emprego de tecnologias para os
minimamente-processados possibilita às indústrias de alimentos suprirem a
demanda de produtos durante todo o ano. De acordo com Ferreira (2000), o
mercado dos processados está em expansão, pois estudos realizados no Brasil
no ano 2000 demonstram que cada vez mais empresas buscam um lugar neste
promissor negócio, que gira em torno de R$ 100 milhões por ano.
Chitarra (1998) menciona alguns exemplos de produtos processados:
alface (limpa, sem miolo, inteira); batata (descascada e fatiada); beterraba
(descascada e ralada, cortada, fatiada); brócolis (floretes individuais, com ou sem
13
talo); cebola (fatiadas em anéis, picadas); cenoura (descascada, fatiada em
palitos, pedaços em rodelas ou raladas); couve-flor (floretes individuais, com ou
sem talo); espinafre (limpo e aparado); saladas (mistura de variedade de
hortaliças).
Em suas considerações, Villar (2003) menciona a possibilidade de agregar
valor de até 200% em produtos processados. Esses alimentos são mais rentáveis
que os alimentos orgânicos, e os produtos higienizados, minimamente
processados, descascados e embalados a vácuo possuem valores no mercado
até 150% superiores aos dos produtos tradicionais.
Para se obter hortaliças minimamente processadas de alta qualidade e que
atendam à exigência do mercado, é necessário cumprir etapas de seleção como:
a classificação da olerícola desejada, a pré-lavagem, o processamento, a
higienização, o enxágüe, a centrifugação, a embalagem e o armazenamento;
assim o produto estará pronto para ser comercializado (Moretti, 1999).
Algumas hortaliças cultivadas no Brasil são de grande importância para o
processamento, como, por exemplo, couve, alface, brócolis, rúcula, cenoura,
beterraba, repolho, batata doce, entre outras. Pesquisas na área dos
minimamente processados estão sendo desenvolvidas por meio de uma
parceria entre a Embrapa Hortaliças e outras instituições públicas e privadas,
com o intuito de otimizar as técnicas e ajustar pendências no setor (Moretti, 1999;
Souza et al.,1998).
Alguns dos mercados que têm se destacado em todo mundo são os de
supergelados e enlatados. Segundo Junqueira (1998), somente no Brasil, nos
últimos anos, esses mercados chegaram a crescer 253% e os de processados
também obtiveram um grande crescimento do consumo seus produtos,
principalmente, pela facilidade de preparo e aproveitamento de 100% dos
mesmos. uma grande procura por embalagens cada vez menores, devido a
um maior número de indivíduos que moram sozinhos e também, a um menor
número de membros nas famílias. também a procura por produtos enlatados
e em conservas, consagrados no setor, que estão em constante crescimento,
destacando-se o tomate, ervilha, cebola e cenoura (Vilela et al., 2000).
14
2.5. Mudanças nos hábitos de consumo
De acordo com Menezes et al. (2002), o padrão de consumo de alimentos
no Brasil está em constante mudança, devido à desigualdade na distribuição de
renda e alterações de preços dos produtos, influenciados também por
transformações ocasionadas pela urbanização, mudanças demográficas,
composição familiar, comportamental, grau de instrução e sexo do chefe de
família. Para Regmi et al. (2004), as relações entre produção e consumo não se
baseiam apenas em fatores econômicos. Outros aspectos influenciam nesta
relação, como fatores sociais, culturais e nutricionais, refletindo as necessidades
e exigências dos consumidores e as adaptações e resistências dos mesmos
diante de novos hábitos. Estes fatores são de extrema importância para
avaliação de consumo alimentar. A maioria dos trabalhos no Brasil prioriza a
produção ou o abastecimento, e poucos discutem o consumo alimentar, sendo
escassos os dados disponíveis sobre o tema. Portanto, é indispensável a
realização de pesquisas envolvendo questionários, a partir da observação direta
dos vários agentes sociais, tendo o consumidor como objeto central da cadeia
agro-alimentar. O emprego de uma análise multidisciplinar torna-se necessário
para a interpretação dos hábitos alimentares, e assim obter uma melhor
compreensão dos fatores implicados e, em seguida, definir estratégias e
mecanismos de ação (Oliveira e Thébaud-Mody, 1997).
Uma das principais fontes de dados sobre o consumo alimentar no Brasil
são as pesquisas desenvolvidas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística). Destas, uma das mais amplas realizadas foi o ENDEF (Estudo
Nacional de Despesa Familiar) de 1974/1975, que, além do levantamento das
despesas com alimentação, incluiu um inquérito abrangente sobre aspectos
antropométricos e nutricional, que serviu como base para inúmeros estudos
sobre o consumo alimentar no Brasil (Shlindwein, 2006).
O consumidor mudou e passou a necessitar de um local seguro, com mais
conforto e flexibilidade de horário, um local onde possa encontrar todos os
produtos desejados, frescos e de qualidade. A preocupação com a saúde e o
meio ambiente, a busca de qualidade, preços, comodidade, segurança, conforto
e praticidade o muito importantes (Souza, 2005). Tais mudanças
desencadeiam novas estratégias em todo o setor hortigranjeiro, que requer o
15
empenho de fornecedores em relação à agilidade no atendimento dos pedidos,
ofertas, qualidade dos produtos e preços competitivos, e evitar, se possível, a
falta de produtos nas prateleiras, para cativar a clientela (Oetterer, 1991).
No que se refere à oferta, é necessário analisar estratégias da produção e
distribuição e aceitação dos produtos pelos consumidores. O crescimento do
consumo e a valorização da imagem dos produtos hortícolas trazem à tona um
promissor desenvolvimento da atividade olerícola no Brasil. Os desafios impostos
pelas demandas das modernas distribuições varejistas levam à necessidade de o
mercado se adequar a profundas mudanças nos sistemas de produção e
comercialização de frutas e hortaliças. À medida que essas mudanças
acontecem, constituem-se, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade e
enorme ameaça à sobrevivência da horticultura empresarial brasileira, pois ao
mesmo tempo em que se abrem várias possibilidades de mercado, o produtor e
varejistas precisam estar atentos e atualizados às novas demandas de produtos
impostas pelos consumidores, para serem competitivos e permanecerem no
mercado (Junqueira, 1999).
Com a necessidade de se obter produtos de melhor qualidade, muitos têm
procurado produzir as hortaliças em estufas, cada vez mais sofisticadas, a ponto
de se ter automatização de alguns componentes dela e alguns fatores ambientais
controlados. No Brasil, apesar da enorme desigualdade social, há uma parcela da
população com níveis de renda e consumo equivalentes aos de países do
Primeiro Mundo. Paralelamente ao mercado que procura por menores preços,
esses consumidores buscam produtos mais sofisticados e diferenciados,
incentivando assim alternativas comerciais mais ousadas, como butiques de
verduras, “feiras limpas” e casas especializadas em comércio de hortaliças
frescas, especialmente as importadas (Junqueira, 1999).
Nesta nova reestruturação do sistema agro-alimentar, o consumidor deixou
de ser passivo no processo de consumo, e assumiu uma posição importante e
decisiva sobre os produtos e a qualidade daquilo que pretende adquirir (Minami,
1999). Algumas mudanças podem ser observadas nas formas de apresentação e
preparo dos alimentos, com uma crescente procura por produtos pré-
processados, higienizados, preparados, congelados, implicando menor tempo de
dedicação e preparo no âmbito domiciliar; na busca por embalagens menores,
mais adequadas às tendências de diminuição no tamanho das famílias e
16
aumento do número de lares, valorizando as embalagens descartáveis e
recicláveis; na busca por qualidade e durabilidade dos alimentos, para diminuir
perdas e a periodicidade de compras, e mais informações nas etiquetas dos
produtos. Os locais de compra podem influenciar nas decisões de consumo, a
imagem do local e do produto a ser comprado é associada à qualidade, tornando-
se fator de suma importância para as decisões de compra, que na maioria das
vezes são tomadas diretamente no ponto de venda. (Saabor e Rojo, 2001;
Souza, 2005).
Em decorrência do surgimento de uma nova economia na sociedade
responsável por novos hábitos, torna-se cada vez mais importante o
conhecimento do comportamento do consumidor (Souza, 2005). Para tal,
questionamentos do tipo: Quem participa da cadeia final desses produtos? Quem
é esse consumidor? O que ele deseja e quais são suas principais características?
Fornecem dados fundamentais tanto para conhecer e dimensionar a importância
desse segmento de consumo quanto para orientar a produção e melhorar a sua
comercialização.
O estudo é cada vez mais complexo, o qual exige investigar correlações
entre os vários membros que compõem a cadeia alimentar; produtores agrícolas,
industriais, comerciantes e consumidores (Oliveira e Thébaud-Mony, 1997).
2.6. Perfil do consumidor de hortaliças
Para atingir um lugar no mercado, que se torna cada vez mais competitivo,
o produtor precisa obter maiores informações sobre o que o consumidor final
quer, e qual a percepção de qualidade desse consumidor sobre seu produto.
Entender quem ele é, como sua escolha é afetada pelo meio ambiente,
economia, política e meios de comunicação, contribui intensamente para
direcionar a produção para um lugar de destaque no consumo. Sem esse
entendimento fica difícil permanecer no mercado (Souza, 2005).
Alguns fatores sociais e nutricionais transformaram o perfil do consumidor
de hortaliças nos últimos anos. Alguns dos fatores que contribuíram para isso
foram o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho e o maior
interesse por dietas mais saudáveis, que colaboraram para alterar os padrões de
consumo da população. Com o surgimento do MERCOSUL e a globalização da
17
economia, a produção de hortaliças tornou-se uma atividade mais empresarial e
mais segmentada. O mercado ficou mais exigente, criando forças com o auxílio
da Lei de Defesa do Consumidor. A exigência da sociedade está além da busca
por produtos com qualidade e em grande quantidade. É necessário também que
os produtores estejam preocupados em produzir sem colocar em risco a sua
própria saúde e a do consumidor, bem como em não provocar danos ao
ambiente (Minami, 1999).
Para Sato et al. (2006), determinados aspectos sociais, como idade,
composição familiar, influenciam o comportamento do consumidor, e aspectos
econômicos, como ocupação, renda familiar, bairro em que reside, influenciam o
estilo de vida, determinando padrões de consumo. Essas informações podem ser
adquiridas por meio de pesquisa com vistas a caracterizar e identificar o
consumidor, por meio de questionários sobre gênero, faixa etária, renda familiar,
escolaridade, lista de itens adquiridos, freqüência de compra, número de
membros na família, motivo de compra, consumo de produtos processados
(Castelo Branco et al., 2006). A partir do momento em que se obtêm essas
informações, pode-se direcionar a estratégia a ser tomada por produtores
agrícolas e empresas do ramo de alimentos a fim de otimizar a qualidade de seus
produtos aumentando com isto as vendas (Andreuccetti et al., 2005).
Segundo Saabor e Rojo (2001), para atender as exigências do mercado, é
necessário traçar o perfil do consumidor e, assim, tornar o setor de olericultura
mais competitivo. O Brasil é representado por mais de 170 milhões de habitantes,
o que faz com que o país possua um dos maiores mercados consumidores do
mundo. Cerca de 80% da produção brasileira de alimentos é consumida
internamente e apenas 20% o exportados para mais de 209 países (MAPA,
2007).
Andreuccetti et al. (2005), ao traçar o perfil de compradores de tomate de
mesa da região de Campinas, a partir de inquéritos destacando suas
preferências, costumes e exigências, puderam observar que a mulher é que
realiza as compras para casa, dando preferência ao tomate in natura. Contudo
onde foi observado que 95,6% dos entrevistados estão insatisfeitos com a
qualidade deste produto. Os autores consideram a opinião do consumidor como
um instrumento de grande valor para auxiliar em possíveis soluções e estratégias
18
que contribuam para diminuir danos nos frutos e assim obter maior qualidade dos
mesmos.
Estudos realizados na cidade de Santo Antônio do Descoberto-Go
demonstraram que 92% das famílias consumiam hortaliças semanalmente, mas a
quantidade adquirida era suficiente para apenas alguns dias da semana, e que
35% dessas famílias possuíam renda extremamente baixa, tornando impossível a
compra desses alimentos. No mercado municipal, os alimentos mais consumidos
eram alface, tomate e batata. na pesquisa realizada na região da periferia da
cidade, o consumo era apenas de alface e cebola. Até 40% da renda destinada à
obtenção de hortaliças é comprometida na aquisição da alface, ficando esta em
primeiro lugar no ranking das folhosas mais consumidas no país. Hortaliças como
feijão-vagem, espinafre, agrião, brócolis, mostarda, abobrinha, chuchu, pepino,
quiabo e jiló não o freqüentemente consumidas (Castelo Branco et al., 2006).
Conseqüentemente, a saúde da população fica comprometida devido à escassez
desses alimentos em sua dieta (Villela e Henz, 2000).
Matsuura et al. (2004), estudando a preferência de 400 consumidores
quanto aos atributos de qualidade, como aparência, cor, textura, aroma, sabor e
vida útil de frutos frescos de banana, concluíram que ausência de pintas pretas
na casca, cor da polpa amarela claro, textura firme, aroma e sabor de intensidade
média, mediamente doce e vida útil de 7 a 10 dias estão mais próximos das
expectativas dos consumidores.
Bertasso (2000) realizou estudos sobre consumo alimentar das famílias,
em onze regiões metropolitanas brasileiras, com base na estatística da Pesquisa
de Orçamentos Familiares -POF-1995/1996 do IBGE, com o objetivo de avaliar a
interação sócio-econômica sobre o consumo alimentar. Na avaliação, foram
diferenciados dois grupos de alimentos, classificados como “tradicionais”, que
necessitam de maior elaboração e tempo de preparo, e os “modernos”, de rápido
preparo. Alguns resultados revelam a tendência de pessoas pertencentes a
famílias, cujas mulheres trabalham fora, pelo consumo de alimentos mais
modernos e com facilidade de preparo, como enlatados, conservas e alimentos
processados. O consumo de alimentos fora do domicílio nessas famílias também
é comum. E nas famílias compostas por pessoas com idade acima de 50 anos, o
padrão “tradicional” de consumo é priorizado.
19
Estudo realizado por Maluf (2000) sobre os traços gerais do perfil do
consumo de alimentos no Brasil, com base nas POF (Pesquisa de Orçamentos
Familiares), de 1987 a 1996, registrou resultados referentes à alimentação fora
do domicílio, com uma participação de, em média, 25,3% dos gastos totais das
famílias com alimentação em 1996. Esses resultados podem oscilar conforme a
renda, com uma participação de 12,4% no caso das famílias com renda mensal
de até dois salários mínimos, e 36,2% para as famílias com renda acima de 30
salários mínimos. Lara e Carvalho (2003), ao avaliarem o perfil de 80
consumidores em mercados de plantas, na cidade de Curitiba-PR, por meio de
questionários, constaram que 63% dos consumidores costumam comprar flores
eventualmente, 74% das compras são realizadas para presentear e 64% dos
consumidores têm preferência em realizar as compras em estabelecimentos
próximos à sua residência.
20
3. MATERIAL E MÉTODOS
A cidade de Campos dos Goytacazes está localizada na região Norte do
estado do Rio de Janeiro, aproximadamente a 279 km da capital estadual, com
uma área de 4.037 km
2
, sendo o maior município do estado, com uma população
de 406.989 habitantes; destes, cerca de 364 mil correspondem à população
urbana (IBGE, 2004).
A pesquisa foi realizada em três estabelecimentos voltados especificamente
para a comercialização de produtos hortigranjeiros, localizados em bairros, na
cidade de Campos dos Goytacazes, RJ, em duas épocas distintas, para a
disponibilidade de diferentes produtos em função da época da colheita.
O estabelecimento-1(E1) situa-se no Centro da cidade de Campos, bem
como o estabelecimento-3 (E3). Entretanto, o blico de cada um destes
estabelecimentos é contrastante: O E1 recebe um público com poder aquisitivo
mais alto, e o E3 é um consumidor de bairros da periferia da cidade, com poder
aquisitivo menor. O estabelecimento-2 (E2) localiza-se no bairro Parque
Califórnia, onde se encontram a Universidade Estadual do Norte Fluminense -
Darcy Ribeiro, alguns condomínios de classe média alta e comunidades de
preestabelecidos poder aquisitivo muito baixo em suas prox
imidades (Figura 1).
Em cada estabelecimento, foram realizadas entrevistas individuais com 60
clientes, em horários preestabelecidos, de manhã e à tarde. Serão considerados
como público-alvo as pessoas que se encontrarem nas bancas de hortaliças,
frescas ou processadas, efetivamente comprando esses produtos.
21
Figura 1 Mapa da região da cidade de Campos dos Goytacazes-RJ, com os
estabelecimentos 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3) ), onde foi conduzida a pesquisa no
período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos Goytacazes, UENF,
2007.
O instrumento de pesquisa utilizado foi o questionário, contendo doze
questões fechadas referentes aos seguintes tópicos: gênero; faixa etária; renda
familiar; escolaridade; itens adquiridos; itens que costuma consumir; freqüência
de compra; número de moradores na residência; composição familiar; motivação
para a compra; consumo de produtos processados; e quais produtos processados
costuma consumir.
O item referente ao gênero do consumidor foi incluído no questionário para
verificar a hipótese de que o mais as mulheres que se encarregam da compra
de hortaliças, conforme verificado por Matsuura et al. (2004).
No item faixa etária, foram apresentados aos entrevistados os seguintes
intervalos de idade: 18-28; 29-38; 39-48; 49-58; 59-68 e 69-78. Optou-se por
incluir neste item faixas de idade que possibilitem uma resposta rápida por parte
dos consumidores, que, em alguns casos, não se mostram muito à vontade em
responder esse tipo de pergunta. A faixa etária é uma importante integrante do
questionário, pois possibilita saber se existe uma correlação entre idade e o tipo
de alimentação, como sugerido no trabalho de Bertasso, (2000), sobre consumo
alimentar.
E1
E3 E2
22
Em relação ao item renda familiar dos consumidores, como descrito
acima, optou-se por utilizar também faixas de salários; com um salário mínimo;
três salários mínimos e mais de três salários mínimos. Oliveira e Thébaud-Mody
(1997), em estudos sobre consumo alimentar, mencionam que a renda familiar é
um componente importante que poderá determinar o tipo de consumo alimentar
da população.
O item escolaridade é de suma importância para realização do inquérito.
Laurenzine e Silva (2004), em estudos sobre a competitividade de diferentes
canais de distribuição, afirmam que o nível educacional da população pode
influenciar no gasto com alimentação. Este item irá ajudar a dimensionar o
universo existente entre aspecto socioeconômico da sociedade e sua dieta.
Na lista de itens adquiridos no momento da compra, é importante saber
quais alimentos os consumidores estavam adquirindo no momento da entrevista,
para dimensionar suas preferências em relação às hortaliças. Este item foi
representado por uma listagem de hortaliças: abóbora; alface; alho; batata;
brássicas; cebola; cenoura; chuchu; pepino; pimentão; quiabo; tomate; vagem;
outros (hortaliças que não foram incluídas na lista para que o ficasse muito
extensa). Tendo em vista as inúmeras espécies de hortaliças componentes da
dieta brasileira, optou-se por separar as que eram consideradas as principais
integrantes da dieta da população da região, como no estudo realizado por
Castelo Branco et al. (2006).
Também é importante coletar informações sobre a lista de itens que a família
costuma consumir além dos que estavam sendo adquiridos no momento da
entrevista (os mencionados acima). Somente com a lista de itens adquiridos,
não será possível avaliar quais as hortaliças preferidas pelo consumidor, pois
alguns consumidores optam por levar as hortaliças de sua preferência, mas com
preços mais acessíveis no momento da compra, e assim algumas informações
valiosas para o trabalho podem ser perdidas.
O item freqüência de compra foi incluído para que fosse possível verificar
com que constância esses produtos são adquiridos pelos consumidores, se diária,
semanal ou mensal. Para isto, fundamentou-se no estudo realizado por Vilela et
al. (2006) sobre perfil de consumidores de produtos processados.
O item referente ao número de moradores na residência composto pelas
opções: moram com mais uma pessoa, moram com até três pessoas ou moram
23
com mais de três pessoas, e composição familiar (se a família é composta
somente por adultos ou se possui crianças) também serão pesquisados, pois de
acordo com Souza (2005), a composição familiar e número de membros na
família podem interferir nos hábitos de consumo.
O item motivo especial para a compra: preço, aspecto do produto e valor
nutricional, foi acrescentado no questionário, pois é fundamental ter a percepção
dos principais motivos que levam o consumidor a comprar hortaliças. As razões
podem variar de acordo com fatores socioeconômicos, tornando-se um importante
elemento para traçar o perfil do consumidor, visto que este fator irá influenciar nas
decisões de compra, como observado no estudo de Saabor (1999) sobre
comercialização de hortaliças.
O item sobre o consumo de produtos processados também está presente no
inquérito, pois, com a busca crescente do consumidor por produtos diferenciados,
torna-se importante verificar sua aceitação no mercado consumidor de Campos
dos Goytacazes, e entre esses quais os de sua preferência, conforme estudos
realizados por Sato et al. (2006).
As análises dos resultados foram realizadas por meio de estatística
descritiva, utilizando-se os recursos do software SAEG-Sistemas para Análises
Estatísticas (2007), cujo objetivo básico é o de sintetizar uma série de valores da
mesma natureza, permitindo dessa forma que se tenha uma visão global das
variações dos valores, de modo organizar e descrever os dados por meio de
tabela ou gráficos, utilizando-se o nível de significância de 5% e desvio de 5%, em
torno da proporção da amostra.
Os dados foram analisados segundo o método de amostragem simples ao
acaso, e as questões dicotômicas foram analisadas pelo método de amostragem
simples em proporção ou porcentagem, considerando o nível de significância de
5% de probabilidade. Sempre que possível, a amostra foi dimensionada
admitindo, além do nível de significância dimensionado, um desvio de 5% na
proporção média para mais e para menos.
A preocupação com o dimensionamento amostral foi de extrapolar o
resultado obtido na amostra para uma população infinita de consumidores por
estabelecimento ou no conjunto de estabelecimentos. Também os intervalos de
confiança a 95% de probabilidade foram utilizados para comparar a proporção de
24
consumidores dos vários produtos analisados em cada estabelecimento e no
conjunto de todos os estabelecimentos.
Notação:
=
p
proporção do produto na amostra do estabelecimento.
n
a
p =
, em que:
=
a
número de compradores do produto, e
=
n
tamanho da amostra = 60, em cada um dos estabelecimentos.
(
)
1
2
2
2
=
n
n
xi
s
xi
, em que:
=
xi
0, quando não compra o produto e
=
xi
1, quando compra o produto, para
=
i
1, 2, ..., 60 ou 180.
( )
11
2
2
2
=
=
nn
ana
n
n
a
a
s
n
s
tpP
n
s
tp
+
2
05,0
2
05,0
=
P
proporção de compra do produto na população infinita por estabelecimento ou
no conjunto dos três estabelecimentos. O nível de significância utilizado é de
5
=
α
% de probabilidade.
25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em quase todos os casos, as amostras utilizadas para estimar a proporção
dos consumidores de cada produto por estabelecimento ou no conjunto dos três
estabelecimentos foram representativas de uma população infinita dos
consumidores. O resultado permite então a extrapolação do comportamento dos
consumidores na região. Na maioria dos dimensionamentos, as amostras eram
representativas.
A análise conjunta dos três estabelecimentos foi apresentada após a
verificação da igualdade de comportamento dos consumidores, posteriormente à
análise de intervalo de confiança.
4.1. Análise de gênero
A proporção de indivíduos de cada sexo, nos estabelecimentos onde foram
conduzidas as pesquisas no momento da compra, pode ser observada na Figura
2. Foi observado que a maioria dos consumidores era do sexo feminino, 82,22%
do total dos entrevistados, e que o restante 17,78% era do sexo masculino. Esses
resultados também foram verificados quando se consideraram os
estabelecimentos isoladamente. No E1, 90% dos entrevistados eram do sexo
feminino, enquanto que no E2 e E3 esses valores atingiram 75% e 81,7%
respectivamente (Figura 3).
26
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Masculino Feminino
Sexo
% de consumidores
Figura 2 - Freqüência dos consumidores, de ambos os sexos, de hortaliças
frescas e processadas nos estabelecimentos 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade de
Campos dos Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007.
Campos dos Goytacazes, UENF, 2007.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
E1 E2 E3
Estabelecimentos
% de consumidores
% de consumidores do
sexo masculino
% de consumidores do
sexo feminino
Figura 3 - Freqüência dos consumidores, de ambos os sexos, de hortaliças
frescas e processadas por estabelecimento, sendo estes 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3),
na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a
abril de 2007. Campos dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
Com esses resultados, foi possível verificar que a mulher ainda é a
responsável pelas compras de alimentos hortícolas na família. Resultados
27
semelhantes também foram observados por Andreuccetti et al. (2005), em seus
estudos sobre perfil do consumidor de tomate, nos quais 71,1% dos entrevistados
eram do sexo feminino. Sato et al. (2006), em suas análises sobre perfil do
consumidor de produtos minimamente processados, observaram que 74% dos
consumidores entrevistados eram mulheres. Em outras pesquisas sobre o perfil
do consumidor, como a realizada por Matsuura et al. (2004), para detectar a
preferência dos consumidores de banana, estes autores verificaram que 58% dos
entrevistados eram do sexo feminino. Nos estudos realizados por Lara e Carvalho
(2003), foi observado que as mulheres são as principais consumidoras de plantas
ornamentais e flores em Curitiba-PR. A pesquisa feita por Saabor e Rojo (2002c),
para traçar o perfil dos consumidores de frutas e hortaliças na grande São Paulo e
interior do Estado, reforça esses dados ao observar, que 79% dos entrevistados
eram do sexo feminino. Esta última pesquisa ainda revelou que as mulheres são
mais exigentes no ato da compra do que os homens. Na pesquisa realizada por
Hilário (2006), em parceria com a LatinPanel (Empresa de Pesquisa de Consumo
da América Latina), na qual foi traçado o perfil do consumidor brasileiro,
identificou-se que 36% das donas-de-casa trabalham fora e que 85% das
decisões de compra são realizadas por mulheres.
As características da população brasileira estão interligadas ao aumento da
participação feminina no mercado de trabalho, e com isso uma maior
tendência das mulheres casaram-se mais tarde e formarem famílias menores, e,
apesar das mulheres executarem sua jornada de trabalho fora do lar, 70% das
decisões de compras são realizados por elas (Salgueiro, 2005).
Um fato importante que confirma esses dados são os índices apresentados
pelo (IBGE 2004), de que a população feminina corresponde a 80 milhões de
indivíduos e a população masculina a 75 milhões. O Brasil chegou ao século XXI
com 11,2 milhões, de um total de 44,7 milhões, de mulheres chefiando famílias,
conforme os dados do Censo demográfico de 2000. Na década de 1990, cresceu
o percentual de responsáveis pela renda familiar do sexo feminino, que passou de
18,1% em 1991 para 24,9% em 2000 (IBGE, 2000).
Apesar da participação da mulher no mercado de trabalho estar cada vez
mais significativa, ela continua a administrar e executar algumas tarefas
domésticas de grande importância (Sousa, 2005).
28
Bonomo et al. (2003) estudaram o consumo alimentar da população adulta
da Cidade de Bambuí-MG e concluíram que a dieta da mulher é diferente da dieta
do homem. As mulheres têm uma alimentação mais rica em fibras (que podem
ser encontradas em alimentos como as hortaliças) em comparação com a
alimentação masculina. Neumann et al. (2006), ao estudarem o consumo de
alimentos de risco e proteção para doenças cardiovasculares entre funcionários
públicos observaram que as mulheres consomem mais hortaliças do que os
homens. Pesquisas sobre o comportamento do consumidor mostraram que 85%
das decisões de compra são das mulheres. Com isto, podem os autores ressaltar
a importância de se pesquisar do que as mulheres gostam, pois elas são mais
detalhistas e buscam nos produtos benefícios diferentes que os homens (Chiusoli
et al., 2007). Belik (1994), em seu estudo sobre agroindústria e reestruturação
industrial no Brasil, menciona que, com a observação de quem é esse
consumidor, o setor de alimentos poderá ganhar espaço com estratégias que
levam em conta a identificação e diferenciação de mercados específicos. Peters
(1998) aconselha que todo segmento comercial dirija suas estratégias para as
mulheres, por ser esse segmento de mercado uma excelente oportunidade
comercial. Cipolla et al. (1999), em estudos sobre mercado brasileiro de alimentos
líquidos, reportam projeções para 2010, de que a participação da mulher no
mercado de trabalho será ainda mais intensa, levando ao aumento de consumo
de produtos de fácil preparo. Os resultados obtidos no presente estudo estão em
conformidade com vários relatos disponíveis na literatura, que apontam para um
maior poder de decisão das mulheres na hora de adquirir produtos alimentícios
em geral. Isso indica que os gestores públicos e privados que desejem
incrementar o consumo de alimentos devem pensar em estratégias de
propaganda que alcancem as características exigidas pelas mulheres, pois estas
são as maiores responsáveis pelas decisões de compra.
4.2. Faixa etária
Com a análise de conjunto total dos dados, foi possível verificar que a
maioria dos indivíduos presentes nos estabelecimentos para realizações de
compras pertencia à faixa etária situada entre 29-38 anos (28,33%); a faixa etária
entre 49-58 anos apresentou um índice de 21,11%; consumidores na faixa etária
29
entre 39-48 anos representaram 17,79%. Indivíduos com idades entre 18-29 anos
representaram 16% dos consumidores entrevistados. A faixa entre 59-68 anos,
apresentou 12,78%, e a menor porcentagem obtida pertence à faixa etária entre
69-78 anos com 3,89% dos entrevistados (Figura 4). Entretanto, quando se
considerou o resultado das entrevistas por estabelecimento, observou-se que em
E1 houve a prevalência de consumidores na faixa de 49 a 58 anos (20% do total),
enquanto que em E2 prevaleceu a presença de consumidores na faixa etária
entre 29 e 38 anos (41,66%) e em E3 a maioria dos consumidores estava na faixa
etária entre 49 e 58 anos (31,66%) (Figura 5).
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
18 - 29 29 - 38 39 - 48 49 - 58 59 - 68 69 - 78
Faixa etária
% de consumidores
Figura 4 - Faixa etária dos consumidores, nos estabelecimentos 1, 2 e 3 (E1, E2 e
E3), na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006
à abril de 2007. Campos dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
Os resultados do presente estudo são semelhantes aos encontrados por
Hilário (2006), cuja pesquisa mostrou que os maiores índices de compra de
produtos em geral, nos supermercados, são de mulheres, com idade entre 30 e
49 anos. Sousa, (2005), em estudos com a LatinPanel, instituto de pesquisa do
Grupo Ibope, em parceria com a revista SuperHiper, desenvolveu a pesquisa
inédita "Mulheres". Os resultados partem de duas bases de dados: o Painel
Nacional de Consumidores, que se baseia em 25 mil entrevistas por mês e avalia
64 categorias de produtos (alimentos, higiene pessoal, limpeza do lar e bebidas
não-alcoólicas); e uma pesquisa sobre hábitos e comportamento, realizada em
novembro e dezembro de 2004. Os resultados da pesquisa deste autor
mostraram a pesquisa que a maior concentração de consumidoras está nas
30
mulheres com 50 anos ou mais (34% do total), que são responsáveis por 33% do
consumo. Mulheres entre 30 e 39 anos (24%) representaram 25% dos
consumidores; e de 40 a 49 anos, 23%. Outra faixa que passa a demonstrar uma
grande força de consumo (17%) é a de mulheres com até 29 anos (19% do total).
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
49-58 29-38 49-58
Faixa etária dos consumidores
% dos consumidores
Estabelecimento 1
Estabelecimento 2
Estabelecimento 3
Figura 5 - Número de entrevistados nas diferentes faixas etárias, analisado por
estabelecimento, sendo estes 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade de Campos dos
Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos
Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
Segundo Bertasso (2000), em famílias compostas por pessoas com idade
acima de 50 anos, são priorizados alimentos classificados como “tradicionais”,
assim como alimentos cujo preparo é mais elaborado e necessita de mais tempo.
a faixa etária entre 31- 50 anos enquadra-se no padrão de alimentos
“modernos”, que são de rápido preparo. Todas essas faixas etárias contribuem
com uma grande parcela para alimentação em domicílio (o consumidor tem o
poder de decisão sobre a escolha do seu alimento). Porém, consumidores na
faixa etária entre 21-30 anos têm grande participação na alimentação fora do
domicílio. Neste caso, o consumidor não tem o poder de decisão na escolha no
momento da compra dos alimentos.
31
Em estudos realizados por Sato et al. (2006), estes autores concluíram que
um maior número de indivíduos, na faixa etária entre 36-55, foi representado por
62%. Pessoas com mais de 55 anos representaram 5% das entrevistas. Matsuura
et al. (2004), em sua pesquisa sobre a preferência do consumidor de banana,
registraram que o maior índice de entrevistados encontrava-se na faixa etária
entre 26-40 anos.
Pesquisa do Ministério da Integração Nacional realizada por Saabor e Rojo
(2002c), publicada na revista Fruti-Fatos, revelou o perfil do consumidor de
hortigranjeiros. Entre os consumidores entrevistados, 62% possuíam idade inferior
a 40 anos, 26% tinham entre 41 e 50 anos e 12% de 50 a 60 anos. O estudo,
conduzido em São Paulo, mostrou que o gasto médio das famílias paulistas era
de cerca de R$ 86,70 por mês para compras de frutas e hortaliças. Entretanto, o
gasto para a compra dos mesmos alimentos entre os consumidores com mais
idade era de R$ 95,00 ao mês, o que sugere que este fato se deva à busca por
uma alimentação mais saudável. Guimarães (2006) menciona em sua pesquisa
sobre envelhecimento populacional e oportunidades de negócios que o processo
de envelhecimento da população tem sido visível. O número de pessoas com
mais idade aumentará nas próximas décadas, tornando-se necessário dar mais
atenção a esse mercado consumidor, que representa um grande potencial para
surgimento de novas oportunidades de negócios, de modo a suprir as
necessidades ainda não satisfeitas dessa população, principalmente por
possuírem renda estável decorrente de aposentadorias e pensões e por sua
preocupação cada vez maior com a saúde.
4.3. Renda familiar
No que se refere à renda dos consumidores estudados, 49,44% dos
entrevistados possuíam renda familiar acima de três salários mínimos; 31,11%,
renda de até três salários, 18,33%, até um salário; e 1,11% não possuía renda
(Figura 6). Este público, que declarou não possuir renda, é provavelmente
assistido por algum dos programas governamentais para distribuição de renda.
32
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Até 1 salário De 1 a 3
salários
Acima de 3
salários
Sem Renda
Faixa salarial
% de consumidores
Figura 6 - Renda familiar dos consumidores de hortaliças frescas e processadas
nos estabelecimentos 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade de Campos dos
Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos
Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
Na época da pesquisa, o salário mínimo era de R$ 380,00, e cerca de 50%
dos entrevistados declararam ter renda igual ou superior a R$ 1.140,00. Neste
aspecto, o questionário pode ter limitado o alcance deste item ao incluir como
categoria máxima o índice de três salários mínimos. Isso pode ser estimado
também pelo fato de que tanto em E1 quanto em E2 (que teoricamente
representariam as classes A e B) mais de 50% dos entrevistados declararam
possuir renda superior a três salários mínimos, sendo que em E1 a porcentagem
foi de 51,67% enquanto que em E2 foi ainda maior (66,67%). Por outro lado,
quando considerado isoladamente, E3 mostrou que 45% de seus consumidores
tinham renda em torno de um salário nimo (Figura 7). Em outras pesquisas e
levantamentos futuros, esse aspecto deve ser considerado, com a margem para
faixa salarial ampliada.
33
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Acima de 3 salários Acima de 3 salários Até 1 salário
Faixa salarial dos consumidores
% de consumidores
Estabelecimento 1
Estabelecimento 2
Estabelecimento 3
Figura 7 - Prevalência de renda familiar dos consumidores de hortaliças frescas e
processadas, analisada por estabelecimentos, sendo estes 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3),
na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a
abril de 2007. Campos dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
Matsuura et al. (2004), em sua pesquisa sobre o perfil do consumidor de
banana, registraram que 66,3% dos entrevistados possuíam renda familiar de até
R$ 750,00. Em contrapartida, ao se verificar o perfil de consumidores de
hortaliças em Santo Antônio do Descoberto-GO, Castelo Branco et al. (2006)
observaram índices de renda ainda mais baixos. Das 73 famílias entrevistadas no
Mercado Municipal, 35% estavam abaixo da linha de pobreza (0,5 salário mínimo
per capita) e 18,4% abaixo da linha de indigência (0,25 salário mínimo per capita).
Em entrevistas realizadas na região periférica da cidade, 86% das famílias dos
entrevistados se encontravam abaixo da linha de pobreza e, destas, 54% estavam
abaixo da linha de indigência. E entre as hortaliças, a alface e a cebola eram as
mais consumidas.
Por outro lado, Vilela (2006), ao analisar o perfil de consumidores
orgânicos de Brasília-DF, observou que a maior parte dos consumidores (88%)
apresentava renda mensal superior a 13 salários nimos, e a maioria dos
consumidores possuía renda mensal familiar em torno de 30 salários mínimos.
Esses dados contrastam com os do presente estudo, porém, podem ser
explicados devido aos produtos orgânicos apresentarem um valor mais alto no
34
mercado em relação às hortaliças convencionais, tendo assim a maior parte de
seus compradores de classes econômicas mais elevadas. Castro et al. (2005), ao
pesquisarem o consumo alimentar e o ambiente sócio-econômico de pré-
escolares, observaram que 77,3% das famílias apresentavam renda total inferior a
três salários mínimos e 60% destas tinham renda inferior a meio salário mínimo
per capita.
Baseada na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 1996, Bertasso
(2000) estima que, em famílias da Região Sudeste brasileira, de composição
média, a renda mensal é de aproximadamente R$ 1.506 e 16% de sua renda é
empregada para aquisição de alimentos. Estima-se que a despesa média mensal
familiar com produtos alimentícios é de aproximadamente 20,75% maior
comparando com outros gastos, como, por exemplo, com habitação e transporte.
Na Região Sudeste, o gasto com esse mesmo grupo é de 18,89% (IBGE, 2004).
Levantamentos realizados pelo IBGE (2003), em relação à aquisição
domiciliar per capita” anual por classes de rendimento monetário e não-
monetário, mostraram que famílias com renda de até R$ 400,00 adquirem cerca
de 15,7 Kg de hortaliças por ano; famílias com rendimento entre R$ 400,00 e R$
600,00 adquirem em torno de 22,4 Kg desses alimentos; famílias com renda entre
R$ 600 e R$ 1.000,00 adquirem 26 Kg; famílias com renda entre R$ 1.000,00 e
R$ 1.600,00 adquirem até 36,2 Kg e as famílias com rendimentos acima de R$
3.000,00 consomem até 42, 2 Kg por ano. O Estado do Rio de Janeiro, em 2003,
apresentou um consumo “per capita” anual de 38,8 Kg, enquanto que em Santa
Catarina este consumo foi de 46,4 Kg. Roraima foi o estado que apresentou o
menor índice de consumo, que foi de 10,7Kg “per capita” (IBGE, 2003). De acordo
com Andreuccetti et al. (2005), quanto maior a renda do consumidor,
conseqüentemente, maior será a quantidade de produtos adquirida e mais
elevado o padrão de qualidade.
A renda familiar é de grande importância para avaliação do perfil
consumidor, porque as decisões de compra das famílias se dão em função da
renda familiar e não da individual (Saabor, 1999). Em suas considerações,
Oliveira e Thébaud-Mody (1997) mencionam que a renda familiar, juntamente
com outros componentes reunidos, faz parte de uma perspectiva que irá
determinar o tipo de consumo alimentar da população. Schlindwein (2006) afirma
que, conforme aumenta a renda das pessoas, melhora o acesso a uma maior
35
variedade de produtos, ocasionando alterações nos padrões de consumo.
Portanto, os gastos com alimentos das famílias brasileiras têm sido afetados
pelas alterações na renda e em sua distribuição, pelas oscilações de preços dos
alimentos, assim como por outras alterações estruturais ocorridas na sociedade
brasileira, principalmente quando associadas à urbanização, ao estilo de vida e as
mudanças da composição das famílias e ainda ao nível educacional e sexo do
chefe da família.
4.4. Escolaridade
Considerando-se o tipo de estabelecimento pesquisado, observou-se que
em E1 e E2 mais da metade dos entrevistados (51,67% e 63,33%
respectivamente) concluiu ou está cursando o ensino superior enquanto que,
no E3, 51,67% concluíram apenas o ensino fundamental (Figura 9).
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Nível Fundamental Nível Médio Nível Superior o Estudou
Escolaridade dos consumidores
% de consumidores
Figura 8 – Escolaridade dos consumidores de hortaliças frescas e processadas
nos estabelecimentos 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade de Campos dos
Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos
Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
36
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Nível superior Nível superior Nível fundamental
Escolaridade dos consumidores
% de consumidores
Estabelecimento 1
Estabelecimento 2
Estabelecimento 3
Figura 9 - Prevalência de escolaridade dos consumidores de hortaliças frescas e
processadas por estabelecimento, sendo estes 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade
de Campos dos Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de
2007. Campos dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
Matsuura et al. (2004) puderam verificar em seus estudos que o grau de
escolaridade predominante foi o nível médio com 51%; 30,4% dos entrevistados
tinham nível fundamental e 13,6%, nível superior. No estudo realizado por Saabor
(2002c), o grau de escolaridade apresentou percentuais semelhantes: para o
primeiro grau completo (31%), o primeiro grau incompleto (30%) e o segundo grau
completo (29%). Para os analfabetos, o percentual foi de 1%, enquanto o nível
superior representava cerca de 9%.
O resultado do presente estudo, em relação à escolaridade de nível
superior, difere dos verificados por Saabor (2002c) e Matsuura et al. (2004), talvez
por Campos dos Goytacazes possuir muitas universidades, e um dos
estabelecimentos pesquisados estar situado próximo a uma delas. Além disso, a
área de abrangência da pesquisa realizada por Saabor (2002c) foi maior, o que
amplia a diversidade da população. A cidade de Campos dos Goytacazes
representa um pólo universitário, tendo 10 faculdades e universidades instaladas
no município, o que proporciona à população mais oportunidades de atingir níveis
de escolaridade mais elevados, tanto para moradores da cidade quanto para
moradores de cidades vizinhas. Sato et al. (2006), ao analisarem o perfil dos
37
consumidores de minimamente processados, verificaram que 67% dos
consumidores possuem nível de instrução superior e 33% nível fundamental e
médio. Estes dados estão de acordo com os obtidos no presente trabalho. De
acordo com dados do Censo do IBGE (2000), mais de 2,4 milhões de pessoas
estavam matriculadas em instituições de ensino superior em 1999, o que
representa um crescimento de 11,8% em relação ao ano anterior, quando foram
registrados 2,1 milhões. Segundo Souza (2005), mais educação significa maior
acesso à informação, melhores oportunidades no mercado de trabalho, renda
mais alta e maior poder de compra. Laurenzini e Silva (2004) afirmam que, entre
outros fatores, o nível educacional pode influenciar os gastos com alimentação da
sociedade.
Castro et al. (2005), em estudos sobre caracterização de consumo
alimentar, ambiente socioeconômico e estado nutricional de pré-escolares de
creches municipais, observaram que 55,3% das mães e 57,4% dos pais possuíam
nível de escolaridade acima de quatro anos do ensino formal, o que poderia estar
contribuindo para o melhor estado nutricional dessas crianças. Resultados
semelhantes foram encontrados por Farias Jr. e Osório (2005) em seus estudos
sobre padrão alimentar de crianças menores de cinco anos. Estes autores
afirmam haver uma associação direta e significativa entre o nível socioeconômico
das mães e composição alimentar dessas famílias. Cipolla et al. (1999), em suas
pesquisas relacionadas ao mercado brasileiro de alimentos líquidos nos anos 90,
e perspectivas, mencionam que uma tendência de, no ano 2010 que o nível
educacional e o profissional da população aumentarem, formando uma sociedade
mais culta e preparada, com maior probabilidade de uma maior procura por
alimentos mais elaborados e nutritivos.
4.5. Itens adquiridos e consumidos
Em relação aos itens adquiridos no momento da compra, nos
estabelecimentos onde foram realizados os inquéritos para pesquisa do perfil do
consumidor, o tomate foi a hortaliça mais comprada na época da pesquisa:
72,22% dos entrevistados declararam estar comprando essa hortaliça no
momento da entrevista. A batata e a cebola vieram logo em seguida, com 64,44%
e 62,22% da preferência dos consumidores, respectivamente (Figura 10). Estes
38
resultados refletem a realidade em termos de importância econômica dessas três
espécies, que estão presentes em todos os levantamentos como as mais
importantes tanto para área plantada como para consumo. A produção de tomate
ficou em torno de 3,3 milhões de toneladas, seguida da batata, que alcançou uma
produção de aproximadamente 2,9 milhões de toneladas, e da cebola, com a
produção estimada em torno de 1,0 milhões de toneladas. A produção do tomate
tipo industrial foi de aproximadamente 1.263,1 milhões de toneladas, e a área
plantada foi de 15,970 milhões de hectares. O tomate tipo de mesa teve produção
de 2.040 milhões de toneladas, e a área plantada foi de 42,415 milhões de
hectares, gerando um total de 259.985 mil empregos (FAO, 2005).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Abóbo
ra
Alface
Al
ho
Batata
Brás
s
ic
as
Cebol
a
C
en
ou
ra
C
huc
hu
Pepino
Pi
m
en
t
ão
Quiabo
T
o
m
at
e
Vagem
O
ut
r
os
Hortaliças adquiridas
% de consumidores
Figura 10 - Hortaliças frescas e processadas adquiridas pelos consumidores no
momento da entrevista, nos estabelecimentos 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade de
Campos dos Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007.
Campos dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
Quanto mais um determinado produto é produzido, mais beneficiará o
consumidor, pois quanto maior a oferta, maior também será a tendência dos
preços destes produtos ficarem mais baixos (Figueiredo et al., 2003).
A opção do item “outros” é representada por hortaliças como salsa,
cebolinha, beterraba, inhame, rúcula, batata-doce, jiló, maxixe, e 36,67% dos
entrevistados afirmaram adquirir esses alimentos, demonstrando que as
39
possibilidades de compra são muitas e que este item da pesquisa pode ser
explicado em futuros levantamentos.
Além dos itens que os consumidores estavam comprando no momento da
entrevista, registraram-se também quais outros itens a família costuma consumir,
mas que não estavam sendo adquiridos. Novamente o tomate foi a hortaliça mais
citada, com 93,33%, seguida da alface (90,56%), da cebola (90%), da batata
(88,89%), da cenoura (87,78%), do alho (86,11%) e da abóbora (82,22%). Outras
hortaliças, como chuchu, pimentão, brássicas em geral, feijão-de-vagem e pepino,
foram citados com mais de 70% de preferência de compra (Figura 11).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Ab
ó
b
or
a
A
lfa
c
e
A
lho
Batata
Br
á
s
sic
a
s
Cebo
l
a
C
e
noura
Chuchu
Pepino
P
im
e
n
t
ã
o
Q
u
iab
o
T
om
a
t
e
Vagem
Outros
Hortaliças freqüentemente consumidas
% de consumidores
Figura 11 - Hortaliças frescas e processadas freqüentemente consumidas pelos
consumidores, nos estabelecimentos 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade de
Campos dos Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007.
Campos dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
Na análise por Intervalo de Confiança, no E1 (Figura 12), foi possível
observar que as proporções dos consumidores para a maioria dos produtos estão
superpostas (Tabela 1). Portanto, verificou-se que as proporções de consumo das
hortaliças são estatisticamente iguais no estabelecimento 1.
40
Figura 12 - Intervalo de confiança de hortaliças mais consumidas pelos
consumidores do estabelecimento 1, na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ,
no período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos Goytacazes-RJ,
UENF, 2007.
No estabelecimento 2, na análise por Intervalo de Confiança, foi possível
observar que uma grande proporção de consumidores que consomem as
hortaliças mencionadas está superpostas, não diferindo assim do estabelecimento
1 (Figura 13, Tabela 2). No estabelecimento 3, foram observados resultados
equivalentes aos dos estabelecimentos 1 e 2 (Figura 14, Tabela 3). O
comportamento dos consumidores nos três estabelecimentos foi muito
semelhante, e isso permite realizar uma análise conjunta dos três
estabelecimentos (Figura 15, Tabela 4).
Hortaliças Consumidas/Estabelecimento 1
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
abóbora
alface
alho
batata
brássicas
cebola
cenoura
chuchu
pepino
pimentão
quiabo
tomate
vagem
outras
41
Tabela 1 - Média, Limite Inferior (LI), Limite Superior (LS), das hortaliças
comumente consumidas pelos consumidores do estabelecimento 1, nos anos de
2006/7, em Campos dos Goytacazes, RJ
Hortaliças Média LI LS
Abóbora 0,7833 0,6755 0,8911
Alface 0,8000 0,6954 0,9046
Alho 0,8166 0,7154 0,9178
Batata 0,8000 0,6954 0,9046
Brássicas 0,7666 0,6560 0,8772
Cebola 0,8166 0,7154 0,9178
Cenoura 0,8000 0,6954 0,9046
Chuchu 0,7000 0,5801 0,8199
Pepino 0,6833 0,5616 0,8050
Pimentão 0,6833 0,5616 0,8050
Quiabo 0,6000 0,4719 0,7281
Tomate 0,8666 0,7777 0,9555
Vagem 0,8000 0,6954 0,9046
Outros 0,8333 0,7358 0,9308
42
Estabelecimento 2
-0,05
0,15
0,35
0,55
0,75
0,95
1,15
ABO ALF ALH BAT BRA CEB CEN CHU PEP PIM QUI TOM VAG OUT
Figura 13. Intervalo de confiança de hortaliças mais consumidas pelos
consumidores do estabelecimento 2, na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ,
no período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos Goytacazes-RJ,
UENF, 2007.
Figura 14. Intervalo de confiança de hortaliças mais consumidas pelos
consumidores do estabelecimento 3, na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ,
no período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos Goytacazes-RJ,
UENF, 2007.
Hortaliças Consumidas/Estabelecimento 3
0,00
0,15
0,30
0,45
0,60
0,75
0,90
1,05
abóbora
alface
alho
batata
brássicas
cebola
cenoura
chuchu
pepino
pimentão
quiabo
tomate
vagem
outros
43
Tabela 2 - Média, Limite Inferior (LI), Limite Superior (LS), das hortaliças
comumente consumidas pelos consumidores do estabelecimento 2, nos anos de
2006/7, em Campos dos Goytacazes, RJ
Hortaliças Média LI LS
Abóbora 0,8500 0,7566 0,9434
Alface 0,9500 0,8930 1,0070
Alho 0,8333 0,7358 0,9308
Batata 0,9166 0,8443 0,9889
Brássicas 0,7666 0,6560 0,8772
Cebola 0,9500 0,8930 1,0070
Cenoura 0,9500 0,8930 1,0070
Chuchu 0,8333 0,7358 0,9308
Pepino 0,7833 0,6755 0,8911
Pimentão 0,7166 0,5987 0,8345
Quiabo 0,6333 0,5072 0,7594
Tomate 0,9833 0,9498 1,0168
Vagem 0,7166 0,5987 0,8345
Outros 0,8000 0,6954 0,9046
44
Tabela 3 - Média, Limite Inferior (LI), Limite Superior (LS), das hortaliças
comumente consumidas pelos consumidores do estabelecimento 3, nos anos de
2006/7, em Campos dos Goytacazes, RJ
Hortaliças Média LI LS
Abóbora 0,8333 0,7358 0,9308
Alface 0,9666 0,9197 1,0135
Alho 0,9333 0,8681 0,9985
Batata 0,9500 0,8930 1,0070
Brássicas 0,6666 0,5433 0,7899
Cebola 0,9333 0,8681 0,9985
Cenoura 0,8833 0,7993 0,9673
Chuchu 0,7666 0,6560 0,8772
Pepino 0,6833 0,5616 0,8050
Pimentão 0,8500 0,7566 0,9434
Quiabo 0,6833 0,5616 0,8050
Tomate 0,9500 0,8930 1,0070
Vagem 0,6333 0,5072 0,7594
Outros 0,6166 0,4894 0,7438
45
Figura 15. Intervalo de confiança das hortaliças mais consumidas pelos
consumidores dos estabelecimentos E1, E2 e E3, na cidade de Campos dos
Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos
Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
Estabelecimentos 1,2 e 3
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
ABO ALF ALH BAT BRA CEB CEN CHU PEP PIM QUI TOM VAG OUT
46
Tabela 4 - Média, Limite Inferior (LI), Limite Superior (LS), das hortaliças
comumente consumidas pelos consumidores dos estabelecimentos 1, 2 e 3, nos
anos 2006/7, em Campos dos Goytacazes, RJ
Hortaliças Média LI LS
Abóbora 0,8222 0,7662 0,8782
Alface 0,9055 0,8627 0,9483
Alho 0,8611 0,8105 0,9117
Batata 0,8888 0,8428 0,9348
Brássicas 0,7333 0,6686 0,7980
Cebola 0,9000 0,8561 0,9439
Cenoura 0,8777 0,8298 0,9256
Chuchu 0,7666 0,7047 0,8285
Pepino 0,7166 0,6506 0,7826
Pimentão 0,7500 0,6866 0,8134
Quiabo 0,6388 0,5685 0,7091
Tomate 0,9333 0,8968 0,9698
Vagem 0,7166 0,6506 0,7826
Outros 0,7500 0,6866 0,8134
Castelo Branco et al. (2006), verificaram, em seus estudos sobre o perfil do
consumidor na cidade de Santo Antônio do Descoberto (GO), que as hortaliças
mais comumente consumidas eram alface, tomate, batata, cenoura, coentro e
cebola. O padrão de consumo da população amostrada nesta localidade não
difere do padrão de consumo do país, já que a alface é a folhosa mais consumida
no Brasil, e o tomate e a batata são hortaliças de reconhecida importância
econômica. Olerícolas, como brócolis, feijão-vagem, espinafre, agrião, mostarda,
abobrinha, pepino, chuchu, quiabo e jiló, foram adquiridas por menos de seis
47
famílias no período do levantamento, pois o clima era desfavorável para
determinadas culturas e, por isso, a disponibilidade no mercado era restrita,
elevando, os preços dos produtos e diminuindo sua procura. O consumo de
hortaliças no Brasil é em média de 29 kg “per capita” e no Estado do Rio de
Janeiro são consumidos aproximadamente 37,9 Kg de hortaliças “per capita"
(IBGE, 2003). Entre as olerícolas mais consumidas no Estado, foi possível
observar que a batata foi a hortaliça mais consumida, com um consumo de 8,5 Kg
seguida do tomate, com 5,4 Kg; da cebola, 3,7Kg; da cenoura, 3,1 Kg; e do
chuchu, com 2 Kg. A alface aparece como a segunda folhosa mais consumida,
com proporção de 0,101 Kg, ficando abaixo apenas do agrião, que apresentou um
consumo de 0,113 Kg. Estes dados corroboram os resultados do presente estudo,
diferindo apenas em relação ao chuchu, que foi uma das cinco hortaliças mais
consumidas segundo à pesquisa do IBGE, e nestas pesquisa foi substituído pela
alface. Os maiores índices de consumo “per capita” dessas hortaliças no país são
de aproximadamente 4,5 Kg de alface, (no Estado de Rondônia). A batata e a
cebola são mais consumidas no Estado de Santa Catarina com 13,612 Kg e 4,956
Kg respectivamente, e o tomate é mais consumido em Pernambuco com consumo
de 6,773 Kg em média.
Apesar dos inúmeros trabalhos mostrando a importância nutricional das
hortaliças e dos reflexos disso na busca por uma alimentação mais saudável, do
crescimento da produção e do consumo de hortaliças, alguns segmentos
registram um baixo consumo desses alimentos. Mazzili (1975), em seus estudos
sobre o consumo de hortaliças no interior de São Paulo, reporta que as hortaliças
foram utilizadas por poucas famílias e sempre em quantidades pequenas. Entre
as hortaliças mais consumidas, estavam tomate, chuchu, abóbora, pepino, couve-
flor, repolho, espinafre e alface, entretanto, sempre em quantidades
inexpressivas.
Neumann et al. (2006) concluíram que houve uma estagnação ou até
mesmo uma redução de consumo de hortaliças e frutas nas áreas metropolitanas
brasileiras entre funcionários públicos.
48
4.6. Freqüência de compra
Sobre a freqüência de compra entre os consumidores de hortaliças frescas
e processadas, foi possível verificar que 83,89% destes consumidores adquirem
esses produtos semanalmente, 10% o fazem diariamente e 6,11% mensalmente.
(Figura 16). Para esta variável, a resposta dos consumidores foi a mesma: nos
três estabelecimentos, os entrevistados declararam comprar hortaliças
semanalmente (Figura 17).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Diariamente Semanalmente Mensalmente
Frequência de compra
% de consumidores
Figura 16 - Freqüência de compras de hortaliças frescas e processadas nos
estabelecimentos 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade de Campos dos Goytacazes-
RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos Goytacazes-
RJ, UENF, 2007.
49
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
E1 E2 E3
Frequência de compra
% de consumidores
Compra semanal
Figura 17 - Freqüência de compra de hortaliças frescas e processadas por
estabelecimento 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade de Campos dos Goytacazes-
RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos Goytacazes-
RJ, UENF, 2007.
Esses resultados estão em conformidade com os apresentados por Castelo
Branco et al. (2006) e Vilela et al. (2006). Na pesquisa realizada por Castelo
Branco et al. (2006), a freqüência de compra no mercado municipal era de pelo
menos uma vez por semana (92% das famílias adquiriam hortaliças pelo menos
uma vez por semana) e 8% das famílias compravam duas vezes ao mês; e, no
bairro de Queiroz, 34% dos consumidores adquiriam esse produtos
semanalmente, 30% das famílias adquiriam hortaliças esporadicamente ou nunca
adquiriam e o restante as adquiria mais de uma vez por semana. De acordo com
Vilela et al. (2006), 79% dos consumidores adquirem hortaliças orgânicas
semanalmente, enquanto 13% dos entrevistados adquirem esses alimentos duas
vezes por semana.
Sato et al. (2007), ao se referirem à freqüência de compra de hortaliças
minimamente processadas, citam que, dos 64,3% consumidores entrevistados
que compram produtos processados, 38,1% o fazem duas vezes ou mais por
semana e 26,2% compram apenas uma vez por mês.
Saabor e Rojo (2001), em seus estudos sobre o perfil do consumidor de
frutas e hortaliças da cidade de São Paulo, puderam observar que 59% dos
50
consumidores entrevistados compram uma vez por semana e 35% compram no
mínimo duas vezes por semana, estes autores afirmam que o paulistano possui o
hábito de consumir hortaliças e frutas todos os dias.
Em estudos sobre características dos consumidores de hortaliças junto ao
setor supermercadista do Estado de São Paulo, Saabor (1999) registrou a
incidência com que os consumidores freqüentam o supermercado, indicando que
26% o fazem diariamente, 52% pelo menos uma vez por semana, 12%
quinzenalmente, 8% mensalmente e 2% raramente.
As hortaliças, depois de sua colheita, mantêm ativos todos os seus
processos biológicos vitais. Devido a este fato e ao alto teor de água em sua
composição química, esses vegetais são altamente perecíveis. Para aumentar o
tempo de conservação e reduzir as perdas pós-colheita, é importante conhecer e
utilizar as práticas adequadas de manuseio durante as fases de colheita,
armazenamento, comercialização e consumo. No Brasil, estima-se que entre a
colheita e a mesa do consumidor ocorrem perdas de até 40% das frutas e
hortaliças produzidas (EMBRAPA, 2007). Devido à alta perecibilidade das
hortaliças, a aquisição desses alimentos frescos para armazenamento torna-se
pouco atrativa para os consumidores. As perdas de sabor e nutrientes e o
apodrecimento dos produtos fazem com que os consumidores comprem as
hortaliças em períodos semanais.
4.7. Número de moradores na residência e Composição familiar
O número de indivíduos que compõem a estrutura familiar dos
consumidores entrevistados apresentou o índice de 41,67%, para famílias
compostas de mais de três indivíduos; 40% dos entrevistados apresentam família
composta de até três indivíduos; 16,11% das famílias são compostas apenas por
mais de um indivíduo e 2,22% dos entrevistados moram sozinhos (Figura 18).
Quando comparados os três estabelecimentos separadamente, foi possível
observar que, no E1, 45% das famílias são compostas por até três indivíduos, e
no E2 e E3, 41,67% e 48,34%, respectivamente, das famílias são compostas por
mais de três indivíduos (Figura 19).
51
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Mais 1 pessoa Até 3 pessoas Mais de 3
pessoas
Mora sozinho
Nº de pessoas na residência
% de consumidores
Número de pessoas na residência
Figura 18 - Número de moradores na residência, nos estabelecimentos 1, 2 e 3
(E1, E2 e E3), na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ, no período de
dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Até 3 pessoas Mais de 3
pessoas
Mais de 3
pessoas
Número de moradores na residência
% de consumidores
Estabelecimento 1
Estabelecimento 2
Estabelecimento 3
Figura 19 - Número de moradores na residência dos consumidores de hortaliças
frescas e processadas, por estabelecimento: 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade de
Campos dos Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007.
Campos dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
52
Foi verificada também a composição familiar dos consumidores, e 57,78%
das famílias dos entrevistados são compostas apenas por adultos e 40%
possuem crianças na sua estrutura familiar. Os outros 2,22% correspondem aos
consumidores que moram sozinhos (Figura 20). Quando analisados os três
estabelecimentos individualmente, o número de famílias compostas somente por
adultos foi superior (Figura 21).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Criança Adulto Mora sozinho
Composição familiar
% de consumidores
Figura 20 - Composição familiar dos consumidores de hortaliças frescas e
processadas, nos estabelecimentos: 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade de Campos
dos Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos
dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
Consumidores entrevistados em dois locais por Castelo Branco et al.
(2006) também declararam que suas famílias eram compostas por mais de três
indivíduos, da mesma forma que ocorreu no presente trabalho. Em Santo Antônio
do Descoberto (GO), entrevistas feitas no Mercado Municipal mostraram que as
famílias 82% dos entrevistado eram compostas por até cinco membros. no
bairro Queiroz, na mesma cidade, as famílias eram ainda mais numerosas: 48%
disseram que suas famílias eram formadas por até cinco membros e 21% das
famílias tinham entre sete e 11 membros.
53
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
E1 E2 E3
Composição familiar
% de consumidores
Adultos
Figura 21. Composição familiar dos consumidores de hortaliças frescas e
processadas, por estabelecimento: 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade de Campos
dos Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos
dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
Apesar dos resultados observados nesses estudos, dados do último Censo
Demográfico do IBGE (2000) demonstram a ocorrência de uma diminuição no
tamanho médio das famílias. No ano de 1989, o número médio de pessoas por
família era de 3,9. Entre o ano de 1995 e 1999, esse número passou de 3,6 para
3,4. Foram registrados os índices de 3,7 no Nordeste do país, 3,4 no Centro-
Oeste, e 3,3 no Sul e Sudeste.
A diminuição no mero de crianças na família brasileira foi também
detectada por Lukianocenko (2006), que afirmou ter havido uma redução
expressiva num período de 12 anos. Enquanto em 1993 os domicílios com
crianças respondiam por 57% do total, em 2005, esse percentual caiu para 49%.
Outros estudos sobre a família brasileira indicam que a maior
representatividade no consumo fica por conta dos casais com crianças pequenas
de até cinco anos. Essas famílias respondem por 21% da população e são
responsáveis por 23% do consumo. No caso dos casais com filhos adolescentes,
com idades entre 13 e 18 anos, a representatividade na população é de 8%, mas
no consumo é 10%. Os casais com filhos adultos de 18 a 29 anos o 8% da
população e respondem por 9% do consumo. Os monoparentais respondem por
18% da população e 17% do consumo (Lukianocenko, 2006).
54
A composição familiar interfere diretamente nos hábitos de consumo,
principalmente em relação ao tipo e à forma dos produtos consumidos. O rentável
nicho de consumidores, ou seja, as famílias com filhos ainda dependentes, além
de diminuir, torna-se alvo de uma competição cada vez mais intensa entre os
mais diversos tipos de varejo (Souza, 2005).
4.8. Motivação para a Compra
Numa análise conjunta dos dados do quesito relativo às razões pelas quais
os consumidores estavam adquirindo um determinado produto, 63,3% dos
entrevistados alegaram que a qualidade do produto foi o fator de maior relevância
para aquisição de alimentos olerícolas, seguido do preço (60%) e do valor
nutricional (45,55%) (Figura 22). Estes resultados são semelhantes aos
verificados por Saabor (2002a), que estudou os consumidores dos Estados de
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e observou que o conceito de
qualidade dos consumidores está associado à oportunidade de escolher o produto
nas bancas, pois 83% das pessoas que preferem comprar produtos a granel
fazem-no pela qualidade dos produtos. A qualidade das hortaliças, principalmente
frescor, bem como a arrumação e a higiene do local, tem se tornado um dos
aspectos mais importantes na decisão de compra, por parte dos consumidores
(Junqueira, 1999).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Pro Aspecto do produt o Valor nutricional
Motivação para a compra
% de consumidores
Figura 22 - Motivos que levam os consumidores a comprarem hortaliças frescas e
processadas, nos estabelecimentos 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade de Campos
dos Goytacazes-RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos
dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
55
O mesmo resultado foi observado por Carvalho (1998), quando se analisou
o fator que influencia a decisão de compra do consumidor de frutas, e constatou-
se que a qualidade das frutas foi o quesito mais considerado na fase de pré-
compra. Ao identificar o perfil do consumidor de frutas frescas da cidade de
Lavras-MG, Gonçalves (1998) também observou que a qualidade das frutas,
juntamente com o menor preço constituíram os critérios mais relevantes para
aquisição do produto no momento da compra.
Entretanto, os motivos que levaram os consumidores a adquirirem, as
hortaliças foram distintos nos três locais pesquisados. No E1, 71,67% dos
consumidores priorizaram o valor nutricional das hortaliças, no momento da
compra, como o principal atributo para adquirirem esses alimentos. No E2,
86,67% dos consumidores foram mais sensíveis para a qualidade das hortaliças.
Neste caso, a aparência do produto influenciou na decisão de compra do
consumidor. No E3, 75% dos consumidores mencionaram que o preço é o fator
limitante para aquisição dos alimentos. Estes consumidores adquirem o produto
de acordo com a sua oferta, optando sempre pelas hortaliças da estação cujo
preço é mais baixo (Figura 23).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Valor
nutricional
Aspecto do
produto
Preço
Motivação para a compra
% de consumidores
Estabelecimento 1
Estabelecimento 2
Estabelecimento 3
Figura 23 - Motivos que levam os consumidores a comprarem hortaliças, por
estabelecimento: 1, 2 e 3 (E1, E2 e E3), na cidade de Campos dos Goytacazes-
RJ, no período de dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos Goytacazes-
RJ, UENF, 2007.
56
Os atributos mais valorizados nas hortaliças pela dona-de-casa envolvem
maior frescor, forma de exposição, preço, higiene e a sua concepção de
qualidade, que consiste em produtos sem folhas estragadas, manchas ou lesões,
com boa consistência, coloração e tamanhos adequados. Para Saabor (2002c), a
preocupação com a saúde faz desses os principais motivos de consumo desses
alimentos, que as hortaliças possuem alguns elementos essenciais, como
vitaminas e minerais, para a manutenção do organismo. Em sua pesquisa,
realizada entre os consumidores da cidade de o Paulo o valor nutricional, a
qualidade e o sabor foram apontados como fundamentais para a decisão de
compra, que também é fortemente influenciada por itens como preço, higiene,
aparência e frescor. Em menor grau de influência, aparecem fatores como
facilidade de preparo, variedade, praticidade, cultivo orgânico, consistência e
tamanho.
O consumidor brasileiro vem se tornando mais exigente e isto pode ser
atribuído a vários fatores. Entre eles, um maior respaldo pelo Código de Defesa
do Consumidor (instrumento legal de defesa) que permite ao consumidor
reivindicar os seus direitos; a estabilização de preços, que favorece o acesso a
produtos antes não consumidos em função da restrição de renda; a abertura de
mercado, que permitiu ao consumidor ter acesso a uma grande diversidade de
produtos e comparar a qualidade deles; e a melhoria no nível de informação e
educação, pois o acesso às informações torna o consumidor mais exigente
(Souza, 2005).
4.9. Consumo de produtos processados
Resultados da pesquisa referente ao consumo de produtos processados
indicam que este ainda é pouco expressivo para os consumidores entrevistados.
A maioria, composta por 82,22% dos consumidores, declarou que não consome
estes produtos e 17,78% dos entrevistados afirmaram consumir produtos
processados regularmente (Figura 24).
57
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Sim Não
Consumo de hortaliças processadas
% de consumidores
Figura 24 - Consumo de hortaliças processadas, nos estabelecimentos 1, 2 e 3
(E1, E2 e E3), na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ, no período de
dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
Foi possível observar que, nos três estabelecimentos estudados, em torno
de 80% dos consumidores afirmaram não consumir hortaliças minimamente
processadas. Verificou-se uma resistência dos consumidores para aquisição
desses produtos, principalmente pelos preços elevados, quando comparados com
os das hortaliças não processadas, e pelo descrédito em relação à higiene desses
alimentos.
Apenas 12% dão preferência aos produtos embalados. O brasileiro possui
o hábito de escolher o produto, e este procedimento está associado com a
qualidade dos alimentos na opinião dos consumidores. Entre os consumidores
que preferem comprar produtos embalados, 71,8% associam esta escolha à
higiene e 19,2% à praticidade. Em relação aos alimentos pré-processados, a
escolha do consumidor é motivada em sua maioria pela praticidade (66,3%),
depois pela qualidade (9,2%) e pelo hábito (5,8%) (Saabor e Rojo, 2002b).
Resultados semelhantes foram obtidos para o consumo de produtos pré-
processados entre as famílias da cidade de São Paulo. Verificou-se que apenas
em 12% dos domicílios são consumidos alimentos pré-processados,
representando em média 2,9% dos produtos hortigranjeiros consumidos nos lares.
A entrevista realizada com os supermercadistas revelou que, para eles os
principais fatores que impedem o crescimento da participação dos alimentos pré-
processados no mercado consumidor são: o preço elevado do produto em relação
58
aos produtos não-processados, a pouca variedade disponível no mercado e a
reduzida quantidade disponível para comercialização, que causam interrupções
no fluxo de fornecimento. Esses entraves no setor devem ser contornados com
maior desenvolvimento tecnológico no pré-processamento, que irá ocasionar o
aumento da produção e conseqüentemente levará à diminuição do custo do
produto. Este estudo cita que em média somente 30% dos supermercados
vendem produtos pré-processados. As entrevistas nos setores de vendas dos
produtos, no caso os supermercados, apontam um crescimento de 66% nas
vendas; em 32% dos estabelecimentos, as vendas encontram-se estáveis,em e
2%, registram diminuição nas vendas (Saabor e Rojo, 2002a).
Entretanto, resultados diferentes foram observados por Sato et al. (2007)
quando pesquisaram o perfil do consumidor de produtos minimamente
processados no Estado de São Paulo. A maioria dos 42 entrevistados (64,3%)
declarou que costuma comprar esses produtos, enquanto os demais não
consomem. Neste caso, constatou-se que ainda existe resistência para adquirir
esses produtos devido ao preço elevado, quando comparado com os dos
produtos não-processados, e ao descrédito em relação à higiene do produto.
Aos poucos, esses produtos estão sendo absorvidos pelo mercado e
incorporados na dieta do consumidor, devido principalmente à escassez de tempo
no preparo da alimentação, que pode ser facilitado com a praticidade que estes
produtos podem oferecer. Estima-se que o setor de processamento de hortaliças,
no ano de 2003, arrecadou R$ 1.375 milhões, valor este que se comparado aos
dados de 2002, quando foram arrecadados R$ 92 mil, mostra que o consumo de
produtos processados aumentou consideravelmente e está em pleno crescimento
(IPEA, 2004).
Entre os atributos de qualidade dos produtos processados, estão a
praticidade no preparo; a alta qualidade sanitária; a manutenção das
características sensoriais e nutricionais do vegetal fresco; o aproveitamento total
do alimento, evitando o desperdício; a aquisição apenas da parte comestível do
vegetal; a possibilidade de compra em menores quantidades; e obtenção de
maiores informações sobre a procedência do produto, devido às informações
contidas nas embalagens e escolha de marcas. A praticidade dos produtos
minimamente processados implica a redução de tempo, uma vez que a etapa de
59
higienização realizada na cozinha é feita previamente pelo produtor (Sanches,
2007).
De acordo com dados do IBGE (1997), cerca de trinta anos, as
mulheres participavam com 23% da população economicamente ativa; em 1998
este índice já atingia 40%. Neste período, os gastos com alimentação fora de
casa cresceram de 7,5% para 11,9%. Com isto, o tempo necessário ao preparo
de refeições em casa foi reduzido à metade, sendo estimado em 15 minutos. Para
Godoy (2003) é importante que todo o sistema produtivo esteja atento para este
novo perfil do agronegócio, identificando novas oportunidades no setor.
O Estado de São Paulo possui o maior índice de pessoas que preferem
comprar produtos pré-processados (32%), em seguida vêm os Estados do Ceará
(30%), de Goiás e Distrito Federal (29%), Rio de Janeiro (13%) e Minas Gerais
(12%) (Saabor, 2002a).
De acordo com Saabor e Rojo (2002c), os consumidores de produtos
hortícolas de São Paulo preferem comprar hortaliças e frutas vendidas a granel
produtos embalados, devido a uma facilidade na percepção de qualidade do
produto, ou seja selecionar os melhores frutos, considerando que a qualidade é
avaliada em termos de cor, formato, firmeza e integridade do produto. Entretanto,
os produtos embalados têm como atributos positivos a higiene e a conveniência.
4.10. Tipos de produtos processados
Quando se constatou a compra de hortaliças processadas, o produto mais
consumido foi a couve (12,78%), seguido da cenoura (3,89%). Outros produtos,
dentre eles mix de saladas e mix de legumes para preparar sopas, constituíram
3,33% da preferência dos consumidores; as brássicas, 2,78%; e a batata, 1,11%
(Figura 25).
60
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
Batata Couve Cenoura Brássicas Outros
Hortaliças processadas mais consumidas
% de consumo
Figura 25 - Hortaliças processadas mais consumidas nos estabelecimentos 1, 2 e
3 (E1, E2 e E3), na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ, no período de
dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
Registraram-se quais hortaliças processadas mais consumidas, nos três
estabelecimentos e foi verificado que no E1 os consumidores adquirem mais
cenoura processada e no E2 e E3, a couve processada é o produto mais
consumido, com índices de 15% e 16,67% respectivamente (Figura 26).
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
18%
Cenoura Couve Couve
Hortaliças processadas mais consumidas
% de consumo
Estabelecimento 1
Estabelecimento 2
Estabelecimento 3
Figura 26 - Hortaliças processadas mais consumidas, por estabelecimento: 1, 2 e
3 (E1, E2 e E3), na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ, no período de
dezembro de 2006 a abril de 2007. Campos dos Goytacazes-RJ, UENF, 2007.
61
Sanches (2002) realizou uma pesquisa visando conhecer a aceitabilidade
das hortaliças minimamente processadas, por meio de análise sensorial,
adotando a escala hedônica. A autora utilizou para o seu experimento a cenoura e
a vagem processadas, tendo como base para amostra 210 escolares
matriculados em escolas públicas. Foi observado que 58,10% dos alunos
gostaram muito de hortaliças minimamente processadas e apenas 10,47%
declararam não gostar dos vegetais consumidos. Sato et al. (2007), em estudos
sobre o perfil do consumidor de produtos minimamente processados da cidade na
São Paulo, verificaram em seus resultados que as hortaliças minimamente
processadas mais citadas pelos consumidores foram as folhosas: alface (lisa,
americana e romana), rúcula, agrião, escarola, acelga, couve, brócolis, couve-flor,
repolho e espinafre. Em seguida, destacam-se cenoura, vagem, ervilha,
beterraba, baby carrots, abobrinha, abóbora e mix de hortaliças. O preço elevado
dos produtos é o principal motivo que desestimula a compra dos processados, e
outros motivos, como descrédito em relação à higiene do produto.
No presente estudo, observou-se que, na cidade de Campos dos
Goytacazes, poucos estabelecimentos possuem hortaliças processadas, sendo
necessário o aumento da oferta desses alimentos nos estabelecimentos, além da
diminuição dos preços desses produtos e, principalmente, de campanhas de
marketing para fornecer mais informações sobre a higiene e praticidade dos
alimentos processados e com isso aumentar a sua procura.
62
5. RESUMO E CONCLUSÕES
Acompanhar as mudanças de mercado e de comportamento da população
é essencial para os produtores de hortaliças se manterem nesse mercado o
competitivo. O presente estudo teve como objetivo traçar o perfil do consumidor
de hortaliças frescas e processadas do município de Campos dos Goytacazes-RJ,
verificando suas principais características para assim detectar a preferência do
consumidor da região no que se refere a alimentos olerícolas, relacionando os
principais aspectos que contribuem para aquisição desses produtos.
Para realização da pesquisa, foi utilizado um questionário, contendo doze
questões fechadas referentes aos seguintes tópicos: gênero; faixa etária; renda
familiar; escolaridade; itens adquiridos; itens que costuma consumir; freqüência
de compra; número de moradores na residência; composição familiar; motivação
para a compra; consumo de produtos processados; e quais produtos processados
costuma consumir.
Em cada estabelecimento, foram realizadas entrevistas individuais com 60
clientes, totalizando 180 entrevistas, em horários preestabelecidos, de manhã e à
tarde. Foram consideradas como público-alvo as pessoas que se encontravam
nas bancas de hortaliças frescas ou processadas, efetivamente comprando os
produtos.
Os dados foram analisados segundo o método de amostragem simples ao
acaso utilizando-se os recursos do software SAEG-Sistemas para Análise
Estatística Gerencial (2007), com o objetivo de estabelecer o perfil do consumidor
63
e analisar a influência de alguns fatores socioeconômicos sobre o consumo
alimentar e decisões de futuras compras; as questões dicotômicas foram
analisadas pelo método de amostragem simples em proporção ou porcentagem,
considerando o nível de significância de 5% de probabilidade. Sempre que
possível, a amostra foi dimensionada admitindo-se além do nível de significância
dimensionado, um desvio de 5% na proporção média para mais e para menos.
Com base na análise dos dados pode-se concluir que:
- As mulheres entre 29-38 anos são as principais responsáveis pelas
compras de hortaliças e, portanto, estratégias de marketing voltadas para esse
público podem contribuir parar o aumento do consumo desses podutos.
- Os consumidores de Campos dos Goytacazes abastecem-se de uma
ampla gama de hortaliças frescas, mas têm preferência por tomate, batata, alface
e cenoura. Independente da classe social, a proporção de consumo destes
alimentos foi semelhante nos três estabelecimentos. Com base nisso, pesquisas
voltadas para o melhoramento dessas espécies visando ao desenvolvimento de
cultivares mais adaptadas às condições climáticas do Norte Fluminense devem
ser realizadas. Associando-se atributos de qualidade tanto para o consumo “in
natura” quanto para a forma processada, essas novas cultivares poderão
potencializar a melhoria do setor olerícola da região, que possui um grande
mercado interno, garantindo competitividade e sustentabilidade e fortalecendo
aspectos socioeconômicos, além de reduzir os custos para o consumidor final, de
modo a estimular a população a adquirir esses alimentos.
- O consumo de hortaliças processadas pela população de Campos dos
Goytacazes está associado a aspectos socioeconômicos. Acompanhar essas
interações é de fundamental importância para atender o mercado conforme suas
necessidades, pois a interação entre esses aspectos auxilia na determinação do
consumo alimentar da população. Somente a quantidade da aquisição desses
alimentos e as razões pelas quais os consumidores são motivados para adquiri-
los irão variar.
A aquisição dos produtos processados foi realizada por consumidores com
maior nível de renda. Entretanto, ainda uma resistência em relação ao
processamento de hortaliças devido ao descrédito sobre a higiene do produto e,
principalmente, ao seu preço elevado, necessitando-se de campanhas que
64
possibilitem um melhor esclarecimento ao consumidor sobre a técnica de
processamento, além do desenvolvimento de técnicas de produção que viabilizem
a redução dos custos do produto para torná-los os mesmos mais acessíveis ao
consumidor. Observou-se que a oferta de hortaliças processadas em Campos dos
Goytacazes é ainda muito pequena; este fato pode estar também contribuindo
para limitar o interesse e o conhecimento do consumidor em relação a esses
produtos.
65
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