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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE
SEMENTES DE MILHO DE CLASSES DE TAMANHO
MISTURADAS PARA FINS DE SEMEADURA FLUIDIZADA
Adriana de Barros Rodrigues
Engenheiro Agrônomo
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL
Outubro – 2007
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE
SEMENTES DE MILHO DE CLASSES DE TAMANHO
MISTURADAS PARA FINS DE SEMEADURA FLUIDIZADA
Adriana de Barros Rodrigues
Orientador: Prof. Dr. Nelson Moreira de Carvalho
Co-orientadora: Édila Vilela de Rezende Von Pinho
Dissertação apresentada à Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias Unesp,
Câmpus de Jaboticabal, como parte das
exigências para a obtenção do tulo de Mestre
em Agronomia (Produção e Tecnologia de
Sementes).
JABOTICABAL – SÃO PAULO
OUTUBRO/2007
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ii
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
Adriana de Barros Rodrigues
, filha de Jair Luiz Rodrigues e Lenira de Barros
Rodrigues, nasceu em 11 de novembro de 1980, em Pouso Alegre Minas Gerais. Em
julho de 1999, iniciou o curso de Agronomia na Universidade Federal de Lavras (UFLA),
em Lavras MG, concluindo-o em julho de 2004 e obtendo o título de Engenheiro
Agrônomo. Foi bolsista de iniciação científica da Fundação de Amparo à Pesquisa de
Minas Gerais (FAPEMIG) no período de agosto de 2002 a agosto de 2004. Nesta data
iniciou o Curso de Pós-Graduação em Agronomia, na Área de Concentração em
Produção e Tecnologia de Sementes em nível de Mestrado, na Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista FCAV/UNESP, Câmpus de
Jaboticabal SP. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) durante o período de setembro de 2004 a maio de 2005. Em junho
de 2005, ingressou como Extensionista Agropecuário II na Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais-EMATER-MG, onde trabalha atualmente.
iii
“TUDO O QUE VALE A PENA POSSUIR VALE A PENA
ESPERAR E AGUARDAR O TEMPO DE DEUS”
Santa Terezinha
iv
A DEUS,
Que se faz presente em cada momento da minha vida e me concede
tudo aquilo que necessito.
OFEREÇO
Aos meus pais Jair e Lenira verdadeiros
exemplos de luta e vitória na vida, e me
ensinam que a vida me concede exatamente o
que nela coloco e ao meu irmão, que é minha
alegria e incentivo para a vida.
DEDICO
v
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela alegria de viver!!!!!!
À Universidade Estadual Paulista Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias (FCAV/UNESP), Câmpus de Jaboticabal SP. Ao Departamento de
Produção Vegetal (Área de Concentração em Produção e Tecnologia de Sementes),
possibilitando a realização do curso de Mestrado.
Ao CNPq pelo apoio financeiro com a bolsa de estudos, em primeiro momento.
Aos meus pais Jair Luiz Rodrigues e Lenira de Barros Rodrigues e ao meu
irmão, o querido, por estarem sempre presentes.
Aos meus queridos tios e tias, primos e primas e demais membros da família,
pela alegria da convivência, fundamental para o sucesso e realização pessoal.
Ao professor Dr. Nelson Moreira de Carvalho, que me ensinou que a vida é de
fato um gesto de alegria de Deus e que para vivê-la com dignidade é necessário a cada
momento gestos de alegria dos homens: pela orientação, amizade, disposição e
oportunidade.
A professora Édila Vilela de Rezende Von Pinho, exemplo de pessoa e
profissional, por todo incentivo, oportunidade e amizade.
Aos professores Rubens Sader, Domingos Fornasieri Filho, pela amizade e
contribuições durante o curso.
A professora Dra. Terezinha de Jesus Deléo Rodrigues, que me mostrou que
somos mais que máquinas e que a maioria dos problemas da vida podem ser
solucionados por simples ações de boa vontade.
Aos membros da banca examinadora, Ana Dionísia da Luz Coelho Novembre e
Gisele Herbst Vazques, pelas sugestões e contribuições prestadas.
Ao meu gerente regional da Emater-MG, João Lúcio Garcia de Menezes, pela
compreensão e apoio.
Aos colegas de Emater, Sérgio Brás Regina, Pérola Regina, Marilda S.Grilo,
Daniel Oliveira, Raquel , pelo incentivo e apoio.
Aos amigos (as) de curso: César M. Silveira (o Martorelli), Theuni Gonzáles,
Cristian (Baleia – mor”), Disnei (Waldisney), Magnólia (Meg Marvadeza), Auricléia
vi
(Cléia), Nilce (Japa), Daniela (Gaúcha), Breno (Breninho), agradeço pelo apoio,
amizade e por todos os momentos vividos.
Aos amigos que se fazem sempre presente na minha vida, Mauro, Flávia,
Juliano, Fabys, Paulo e Calk, pelo incentivo e força, ao longo desta caminhada.
A grande amiga Luana da Silva Botelho (Kérida coração), o ser humano mais
fantástico que conheci para a qual quero dedicar grande parte da minha vida.
Ao querido Robledo Aparecido Caputo da Costa, que tem sido tão presente,
participando da construção de um novo caminho na minha vida, ofereço o meu carinho
e o meu afeto.
Aos funcionários do Departamento de Produção Vegetal: Lázaro (Gabi), Marisa,
Dona Nice, Sr. Luiz, Rubens (Faro Fino), Geraldo e Mauro pela paciência, atenção e
presteza na realização dos trabalhos e principalmente pela amizade construída.
Às funcionárias da Pós-Graduação, que nos encaminham e facilitam todos os
processos burocráticos desta universidade, pela paciência e compreensão.
Em fim, a todos que possibilitaram a execução deste trabalho de pesquisa e que
participaram desta etapa, meus sinceros agradecimentos.
MUITO OBRIGADA!!!
vii
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS.....................................................................................................VIII
RESUMO………………...……………………………………………………………………....X
ABSTRACT.....................................................................................................................XI
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................... 3
2.1 Tamanho de semente e qualidade de sementes ..................................................................... 3
3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................7
3.1 Testes realizados.................................................................................................................. 10
3.1.1 Peso de 1000 sementes ................................................................................................ 10
3.1.2 Teor de água das sementes ........................................................................................... 10
3.1.3 Germinação .................................................................................................................. 11
3.1.4 Emergência em solo: primeira contagem…………………………………………....11
3.1.5 Emergência em solo: contagem final………………………………………………….12
3.1.6 Velocidade de emergência…...............………………………………………………..12
3.1.7 Envelhecimento acelerado…………………………………………………………….13
3.1.8 Sanidade……………………………………………………………………………….13
3.1.9 Análise estatística……………………………………………………………………..14
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... ...14
4.1 Qualidade fisiológica das sementes..................................................................................... 14
4.2 Qualidade sanitária das diferentes cultivares de milho e suas classes de tamanho de
sementes..................................................................................................................................... 23
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 24
6.CONCLUSÕES...........................................................................................................................26
7. REFERÊNCIAS.................. ...................................................................................................... 27
viii
LISTA DE TABELAS
Páginas
Tabela 01. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências do híbrido Soma
encontradas em embalagens comerciais.
8
Tabela 02. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências do híbrido Exceler
encontradas em embalagens comerciais.
8
Tabela 03. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências da cultivar
AL Bandeirante encontradas em embalagens comerciais
9
Tabela 04. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências da cultivar BR 206
encontradas em embalagens comerciais.
9
Tabela 05. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências do híbrido AG 1051
encontradas em embalagens comerciais.
9
Tabela 06. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências da cultivar BR 201
encontradas em embalagens comerciais.
9
Tabela 07. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências do híbrido AG 7575
encontradas em embalagens comerciais.
10
Tabela 08. Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira
contagem, emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e
envelhecimento acelerado (E.A.) de sementes do híbrido Soma.
15
Tabela 09. Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira
contagem, emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e
envelhecimento acelerado (E.A.) de sementes do híbrido Exceler.
17
Tabela 10 Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira
contagem, emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e
envelhecimento acelerado (E.A.) de sementes da cultivar AL Bandeirante.
18
ix
Tabela 11 Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira
contagem, emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e
envelhecimento acelerado (E.A.) de sementes da cultivar BR 206.
19
Tabela 12 Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira
contagem, emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e
envelhecimento acelerado (E.A.) de sementes do híbrido AG 1051.
20
Tabela 13 Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira
contagem, emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e
envelhecimento acelerado (E.A.) de sementes da cultivar BR 201.
21
Tabela 14 Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira
contagem, emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e
envelhecimento acelerado (E.A.) de sementes do híbrido AG 7575.
22
x
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MILHO DE
CLASSES DE TAMANHO MISTURADAS PARA FINS DE SEMEADURA FLUIDIZADA
RESUMO O presente trabalho teve por objetivo avaliar se sementes de milho
classificadas em diversos tamanhos e comercializadas pelas empresas, podem
apresentar desempenho germinativo diferente, comparando-se as sementes misturadas
com cada uma das classes de tamanho que constituem a mistura. As sementes foram
coletadas junto a produtores rurais do Município de Careaçu-MG, e em pontos de
revenda. Foram utilizadas sete cultivares de milho de diferentes empresas, sendo elas
Soma, Exceler, AL-Bandeirante, BR 206, AG 1051, BR 201 e AG 7575. As amostras
coletadas de cada material foram homogeneizadas e após a homogeneização, tomou-
se, de cada material uma amostra de sementes de 500 gramas, que foi denominada
original no presente trabalho e que continha, misturadas, diferentes classes de
tamanho. O restante do material foi classificado em peneiras de crivo circular. Das
diferentes classificações de peneira encontradas para cada classe de tamanho com
quantidade suficiente de sementes e para as sementes denominadas original foram
realizados os seguintes testes: peso de 1000 sementes, teor de água, germinação,
envelhecimento acelerado, sanidade, emergência em solo: primeira contagem,
contagem final e índice de velocidade de emergência. O delineamento estatístico
utilizado foi o delineamento inteiramente casualizado (DIC), com 4 repetições de 50
sementes, para cada classe de tamanho, em cada teste realizado. As médias foram
comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade Os resultados permitiram
concluir que a mistura de sementes de tamanhos próximos não deve resultar em
alterações significativas no desempenho germinativo dessas sementes, quando em
comparação com cada classe isoladamente, confirmando assim que a mistura de
classes de tamanho é prática que pode ser adotada para semeadura fluidizada.
Palavras-Chave: Zea mays L., tamanho de semente, semeadura fluidizada
xi
THE MIXING OF CORN SEEDS OF DIFFERENT SIZE CLASSES VIEWING THE
FLUIDIZED SOWING
SUMMARY - The objective of this research was to investigate whether the mixing of
different size classes of corn seeds would represent any chance of germinative
performance variation in comparison to that shown by the seeds when isolated in each
one of the size classes. This evaluation was deemed necessary due to the growing
tendency of the corn seed industry to mix seeds of different sizes viewing the possibility
of fluidized sowing in replacement of the traditional sowing technique.
Part of the seeds used in this experiment were collected at farms located in the
municipality of Careaçu, state of Minas Gerais, Brazil, just before the sowing moment;
the other part was collected from seed selling stores at the same city. Seeds from 7
corn cultivars were used : ‘Soma’, ‘Exceler’, ‘AL-Bandeirantes’, ‘BR 206’, ‘AG 1051’, ‘BR
201’, and ‘AG 7575’. The samples from each cultivar were homogenized and then a
sample of 500 grams from each cultivar was taken this sample representing the cultivar
in which seeds of different sizes were mixed in different proportions. This mixed sample
was designated the original sample. The remaining part of each cultivar was then
passed through specific round hole sieves and the amount of each size class in the
whole sample was weighed. Each one of those size classes as well as the seeds of the
original sample were submitted to the following evaluations : 1000 seeds weight, seed
water content, germination, accelerated aging, seed sanitary test, performance in the
soil ( first count, final count and speed of emergence ). The results indicated that the
mixing of seeds of different size classes for the fluidized sowing does not lead to any
significant deviation in seed germinative performance.
Key words : Zea mays L., seed size, fluidized sowing
1
1. INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) pertence à família Poaceae e é uma das plantas
cultivadas com grande importância para o Brasil, sendo produzido em diversas regiões
do país. A estimativa nacional de área colhida para safra 2006/2007 é de 12.539.856
hectares e uma produção de 40.828.939 toneladas, segundo a CONAB, (AGRIANUAL,
2007).
Na cultura do milho, vários são os fatores determinantes de produtividade,
podendo-se destacar a qualidade das sementes e fatores inerentes ao plantio. Segundo
KIKUT et al. (2003), a qualidade das sementes influencia a velocidade de
estabelecimento da cultura e a uniformidade do estande, afetando assim a produção. O
planejamento do plantio é fator decisivo no sucesso da cultura, e um dos aspectos mais
relevantes no plantio do milho é a regulagem da densidade de plantio que irá
determinar o estande final, pois de nada valerá o esforço do agricultor no que diz
respeito ao uso de sementes de qualidade, preparo adequado do solo, manutenção da
fertilidade do solo, controle eficiente de pragas, doenças e plantas invasoras, se a
quantidade de sementes distribuídas para o estande final não for a adequada para a
cultura.
No Brasil, o estande recomendado para a cultura do milho varia de 40.000 a
70.000 plantas por hectare (MANTOVANI, 2002), dependendo da cultivar, finalidade de
produção, época de semeadura, altitude, tecnologia de produção, disponibilidade de
nutriente e de água. Para uniformizar e facilitar a semeadura, as sementes de milho são
classificadas durante o beneficiamento quanto à forma e ao tamanho. Quanto à forma,
são classificadas em redondas e chatas e, quanto ao tamanho, em diferentes peneiras,
que são disponibilizadas para o produtor de acordo com os padrões estabelecidos por
cada empresa produtora de sementes. Essa classificação das sementes permite a
venda de um produto homogêneo, que facilita a regulagem das semeadoras e
proporciona distribuição mais uniforme no sulco de semeadura (PINHO et al., 1995). A
correta distribuição longitudinal das sementes é uma das características que mais
contribui para a obtenção de estande adequado de plantas e de boa produtividade das
2
culturas. Na semeadura realizada com semeadoras-adubadoras, diversos fatores
interferem no estabelecimento do estande, destacando-se entre eles a uniformidade
das sementes e o mecanismo dosador (KURACHI et al., 1989). Com relação aos
mecanismos dosadores, os mais comuns e de menor custo são os munidos com disco
perfurado (ROCHA et al., 1992).
De acordo com MANTOVANI (2002), a classificação das sementes de milho
pode comprometer o desempenho das semeadoras principalmente das que utilizam o
sistema de distribuição de sementes do tipo de disco perfurado, uma vez que o formato
das sementes é bem variável, podendo dificultar o preenchimento das células e a
escolha dos discos.
Essa classificação das sementes por forma e tamanho, o obstante resultados
conflitantes sobre a influência que essas características teriam sobre o desempenho
germinativo das sementes, vem sendo feita desde os primórdios da mecanização da
operação da semeadura, pela qual as sementes, ao saírem de dentro do depósito da
semeadora, o fazem por passarem pelos orifícios de um disco caindo, em seguida, no
fundo do sulco. Como as perfurações de um disco têm que ser do mesmo tamanho, as
sementes, para passarem por eles de forma regulada, têm que ser o mais uniforme
possível em termos de tamanho.
Avanços recentes da Engenharia Mecânica permitiram o uso de processos
fluidizados para o transporte das sementes do depósito da semeadora até o fundo do
sulco, tornando obsoleto o disco perfurado e, deste modo, desnecessária a
classificação das sementes por tamanho ou forma. Algumas empresas produtoras de
sementes de milho estão deixando de fazer a classificação das sementes de milho
por forma ou tamanho, comercializando sacas nas quais encontram-se sementes
misturadas de tamanhos diferentes.
Admitindo a hipótese de que este procedimento poderia resultar em redução no
desempenho germinativo das sementes no campo, decidiu-se conduzir este
experimento a fim de se verificar se as sementes misturadas teriam desempenho
equivalente ao de cada uma das classes de tamanho que constituem a mistura.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Tamanho de semente e qualidade fisiológica
Na cultura do milho, a formação dos grãos se dá de forma que os óvulos da base
da espiga são fertilizados primeiro que os do topo, resultando em sementes maiores na
base do que aquelas desenvolvidas no topo da espiga (ALDRICH & LONG citados por
SHIEH & McDONALD, 1982). Da mesma maneira BATISTELLA et al. (2002),
verificaram que independente do genótipo, na região da base formam-se sementes
mais pesadas, seguidas pelas da porção central e da porção apical, resultando, de tal
forma, em sementes de diferentes pesos. a espessura da semente está relacionada
com a pressão exercida por uma cariopse contra as outras próximas a ela durante o
enchimento dos grãos, levando à formação de sementes achatadas no terço médio da
espiga, em razão da formação das sementes arredondadas na base e ápice, locais
onde a pressão entre cariopses é menor (WOLF et al., citados por SHIEH &
McDONALD, 1982). Sendo assim, em uma mesma espiga de milho ocorre a formação
de sementes de diferentes tamanhos e formas. Assim, o processo de separação de
sementes por meio do beneficiamento, com o auxílio de peneiras de diferentes
tamanhos e formatos, se torna uma importante etapa do processo de produção de
sementes, pois permite a comercialização de um produto homogêneo, favorecendo a
regulagem das semeadoras e, por conseqüência, levando uma distribuição mais
uniforme das sementes e a obtenção do estande adequado para a cultura.
AGUILERA et al. (2000), verificaram que é extremamente desejável, nas
sementes de milho, a uniformidade de forma e tamanho, para facilitar a semeadura e o
próprio tratamento químico das sementes e ao avaliarem os efeitos da forma e do
tratamento químico na qualidade fisiológica de sementes do híbrido Pioneer 32-R21,
verificaram que as sementes achatadas apresentaram maior qualidade fisiológica do
que as sementes esféricas e que o tratamento químico das sementes permitiu uma
maior porcentagem da germinação. BATISTELLA et al. (2000) puderam, no entanto,
constatar que as sementes esféricas formadas na base da espiga são de qualidade
4
equivalente à das achatadas. As sementes esféricas de má qualidade seriam aquelas
que se formam no ápice da espiga.
Uma das causas determinantes da redução do rendimento de produção por área
de várias espécies cultivadas é o insucesso no estabelecimento do estande, obtendo-se
com freqüência populações inferiores às recomendadas (MARCOS FILHO, 2005).
Ainda de acordo com este autor, uma das alternativas para o estabelecimento do
estande e a obtenção da população de plantas desejada para a cultura é a
consideração do poder germinativo para cálculo da quantidade de sementes a ser
distribuída em determinada área, de forma que possíveis falhas na lavoura possam ser
atenuadas ou corrigidas, por meio de uma correção na distribuição de sementes, com
base na capacidade de germinação do lote de sementes. No entanto, a distribuição de
um excesso de sementes para compensar a germinação mais baixa, pode o ser bem
sucedida, dependendo do vigor das sementes. Esse fato foi verificado por ABDALLA &
ROBERTS (1969), ao trabalharem com ervilha e constatarem que a produção foi
afetada significativamente em lotes com poder germinativo inferior a 50%, mesmo com
a tentativa da correção do estande. Neste caso, o grau de deterioração prejudicou
acentuadamente o desenvolvimento inicial das plantas, que não mais se recuperaram
com o decorrer do ciclo.
ANDREOLI et al. (2002), avaliando o desempenho de plantas de milho
originadas de lotes de sementes com poder germinativo inferior a 90% verificaram que,
mesmo quando foram efetuados acréscimos da densidade de semeadura, os efeitos de
menor percentagem de emergência de plântulas não foi anulado, demonstrando assim
o quão importante é a qualidade da semente no estabelecimento da cultura. Esses
dados confirmam os de TEKRONY & EGLI (1991), que disseram que o vigor das
sementes pode influenciar indiretamente a produção da lavoura, ao afetar a velocidade,
a porcentagem de emergência das plântulas e o estande final ou, diretamente através
da sua influência no crescimento da planta. HAMPTON (2002), por sua vez, considera
inegável que o vigor das sementes exerce profunda influência na produção econômica
de várias espécies, mediante seus efeitos sobre o estabelecimento do estande, o
5
desenvolvimento das plantas e a produção final. Essa afirmação está associada
diretamente à influência do vigor sobre a emergência rápida e uniforme de plântulas.
Alguns trabalhos têm sido realizados com o objetivo de avaliar a qualidade das
sementes de diferentes tamanhos, já que a semente é um dos insumos cuja qualidade
é um dos fatores primordiais para o estabelecimento da cultura. De acordo com
POPINIGIS (1977), a qualidade das sementes é um somatório de todos os atributos,
físicos, fisiológicos e sanitários que afetam a capacidade da semente em originar
plantas de alta produtividade. O tamanho é um atributo físico que tem sido estudado por
diversos autores, visando avaliar a sua influência sobre a qualidade das sementes,
tendo os resultados se mostrado bastante controvertidos.
Segundo CARVALHO & NAKAGAWA (2000), as sementes de maior tamanho ou
aquelas que apresentam maior densidade, são aquelas que possuem embriões bem
formados e com maiores quantidades de reservas, sendo assim potencialmente as mais
vigorosas.
SCOTTI & KRZYZANOWSKI (1977), avaliando três classes de tamanho de
quatro cultivares de milho, relatam que as sementes de maior tamanho apresentam
maiores índices de germinação e vigor em testes de laboratório, sem, no entanto,
apresentar tais diferenças em campo.
PINHO et al. (1995), avaliando a germinação de sementes de milho classificadas
em 5 peneiras ao longo de 12 meses de armazenamento verificaram que, no início do
armazenamento, não houve diferença entre os tamanhos com relação à germinação.
No entanto, a partir do quarto mês de armazenamento, sementes de menor tamanho
apresentaram valores de germinação mais baixos, quando comparadas às sementes
maiores. Neste mesmo trabalho, os autores, avaliando parâmetros em campo, não
observaram nenhuma diferença significativa nos dados de altura de planta, altura de
espiga, rendimento de grãos e produção por planta, entre os diferentes tamanhos
avaliados.
SHIEH & MCDONALD (1982), estudando a influência do tamanho sobre a
qualidade de dois híbridos de milho (MO-17 e B-73), verificaram que não foi significativa
em campo. Porém, a forma da semente afetou os resultados, tendo as sementes curtas
6
concluído o processo de embebição mais rapidamente, proporcionando germinação
mais rápida do que as longas. Verificaram também que as sementes arredondadas
apresentaram maior percentual de plântulas na primeira contagem de germinação e
ainda maior percentagem de plântulas normais nos testes de frio e de envelhecimento
acelerado em relação às sementes chatas.
MORENO-MARTINEZ et al (1998) verificaram que sementes chatas do híbrido B-
15 mantiveram maior viabilidade durante o armazenamento quando comparadas às
sementes redondas. COSTA & CARVALHO (1983) verificaram que o tamanho de
sementes de milho não exerceu influência sobre o seu comportamento germinativo
após o envelhecimento artificial. SCOTTI & SILVEIRA (1977), trabalhando com três
classes de tamanho de cinco cultivares de milho, não encontraram efeitos significativos
do tamanho das sementes sobre a germinação, o número de espigas e a produção.
Observaram, porém, que plantas provenientes de sementes grandes apresentavam-se
mais desenvolvidas aos 20 dias, igualando-se, no entanto, aos dois meses, às
provenientes das outras classes de sementes.
SILVA & MARCOS FILHO (1982) não encontraram diferenças no desempenho
no campo e na produção de grãos, quando avaliaram duas cultivares de milho com
pesos e tamanhos diferentes. WOOD et al. (1977) mostraram a evidência do efeito do
tamanho e da forma das sementes de milho, sobre a produção, e na maioria dos casos,
com vantagens das sementes de forma achatada sobre as redondas e das grandes, em
relação às pequenas.
A influência do tamanho de sementes de milho sobre o desempenho produtivo
das plantas resultantes foi verificada por MARTINELLI & CARVALHO (1999) estar
relacionada com a prolificidade do genótipo: em genótipos mais prolíficos a influência
do tamanho da semente é menor do que nos menos prolíficos.
ANDRADE et al (1997), avaliando o desempenho de sementes de milho de um
híbrido duplo BR 201 e da variedade BR 451, com relação ao tamanho, durante três
anos consecutivos, não encontraram diferenças nas avaliações das plantas em campo,
sobretudo na produção e concluíram que a utilização de sementes menores acarretou
uma economia na semeadura de até 44% em comparação com as sementes maiores.
7
MARTINELLI-SENEME et al (2000), avaliando a influência da forma e do
tamanho na qualidade de sementes de milho da cultivar AL-34, concluíram que as
achatadas são mais vigorosas quando comparadas às redondas, não tendo, contudo
encontrado influência do tamanho na qualidade das sementes achatadas.
3. MATERIAL E MÉTODOS
As sementes de milho utilizadas foram obtidas junto a produtores rurais do
Município de Careaçu-MG e em pontos de revenda. Na ocasião, as sementes
encontravam-se nas embalagens, as quais haviam sido adquiridas das próprias
empresas produtoras de sementes, devidamente fechadas e sob condições adequadas
de armazenamento. Nesta mesma ocasião foram registradas as informações
constantes nas embalagens referentes à germinação, pureza, classificação de peneira
e ao tratamento químico. Foram coletadas amostras com cerca de três quilos de cada
material avaliado.
As amostras foram acondicionadas em sacos de papel e analisadas ao
Laboratório de Análises de Sementes da UNESP, câmpus de Jaboticabal-SP. As
análises de germinação e vigor foram realizadas neste mesmo laboratório e a análise
sanitária das sementes foi realizada no Laboratório de Patologia do Departamento de
Fitossanidade da Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG.
Foram utilizadas sete cultivares de milho de diferentes empresas, sendo elas
Soma, Exceler, AL-Bandeirante, BR 206, AG 1051, BR 201 e AG 7575.
As amostras coletadas de cada material foram passadas em homogeneizador do
tipo divisor cônico em que as sementes colocadas na moega cônica caem por
gravidade sobre o cone invertido e são uniformemente distribuídas para os canais e
através das bicas são conduzidas para os recipientes. Após a homogeneização por
meio de divisões sucessivas dos materiais, foi separada de cada material uma amostra
de 500 gramas, a qual passou a ser denominada lote original, no presente trabalho. O
restante do material foi classificado em peneiras de crivo circular.
8
Foram utilizadas sempre três peneiras de crivo superior e três de crivo inferior ao
correspondente na embalagem de cada material, e para aquelas cuja classificação não
havia sido especificada na embalagem, utilizaram-se três peneiras de crivo superior e
três inferior ao que foi informado pelo revendedor na ocasião da coleta.
Para se fazer a classificação por peneiras, foi padronizado um número de vezes
para a agitação manual das peneiras, para que cada material estivesse sob as mesmas
condições de tratamento e assim a proporção encontrada em cada material fosse
correspondente ao que de fato encontrava-se na amostra.
Desta forma, de cada material coletado, foi feita uma classificação por peneiras,
resultando em diferentes peneiras para cada material, variando essa classificação de
um material para outro, em função da precisão da classificação de cada empresa. A
classificação encontrada em cada material, bem como a porcentagem das diversas
peneiras resultantes após a classificação, estão apresentadas nas Tabelas 1, 2, 3, 4, 5,
6 e 7. A partir dessa classificação, para cada uma das peneiras resultantes com
quantidade suficiente de sementes e para as sementes denominadas como lote original,
foi realizado o peso de 1000 sementes e os demais testes (teor de água, germinação,
vigor e sanidade), os quais estão descritos a seguir.
TABELA 1. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências do híbrido Soma encontradas
em embalagens comerciais.
TABELA 2. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências do híbrido Exceler encontradas
em embalagens comerciais.
Peneira Retida na peneira
(%)
24 32
23 54
22 14
Peneira Retida na peneira
(%)
22 9
21 43
20 45
19 3
9
TABELA 3. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências da cultivar AL Bandeirante
encontradas em embalagens comerciais.
Peneira Retida na peneira
(%)
24 11
23 53
22 32
21 3
20 1
TABELA 4. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências da cultivar BR 206 encontradas
em embalagens comerciais.
Peneira Retida na peneira
(%)
22 21
21 41
20 25
19 11
18 2
TABELA 5. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências do híbrido AG 1051 encontradas
em embalagens comerciais.
Peneira Retida na peneira
(%)
22 13
21 61
20 26
TABELA 6. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências da cultivar BR 201 encontradas
em embalagens comerciais.
Peneira Retida na peneira
(%)
24 7
23 37
22 53
21 3
10
TABELA 7. Classes de tamanho de sementes e respectivas freqüências do híbrido AG 7575 encontradas
em embalagens comerciais.
Peneira Retida na peneira
(%)
21 8
20 64
19 28
3.1. Testes realizados
3.1.1. Peso de 1000 sementes
O peso de 1000 sementes foi determinado de acordo com as Regras para
Análise de Sementes (BRASIL, 1992), utilizando-se 8 subamostras de 100 sementes
provenientes da classificação de peneira realizada previamente e também para as
sementes denominadas como lote original. Após a pesagem das 8 subamostras, foi
calculada a variância, o desvio padrão e o coeficiente de variação dos valores obtidos
nas pesagens. Após esses cálculos, o peso médio das 8 subamostras de 100 sementes
foi multiplicado por 10, resultando os valores para a realização da análise estatística.
3.1.2. Teor de água das sementes
As amostras de sementes foram submetidas à determinação do teor de água,
empregando-se duas subamostras de 25 gramas para cada classe de sementes e
utilizando-se o método da estufa a 105+3ºC, durante 24 horas, de acordo com as
Regras de Análise de Sementes (BRASIL, 1992). As sementes foram pesadas em
balança de 0,01g e os dados finais foram expressos em porcentagem.
11
3.1.3. Germinação
Foram utilizadas quatro repetições de 50 sementes para cada classe de
tamanho. As sementes foram distribuídas em rolos de papel, embebidos com água na
proporção de 2,5 vezes o seu peso seco. O teste foi conduzido a 25ºC, em germinador,
onde os rolos foram colocados na posição vertical. As avaliações foram realizadas no 7º
dia após a instalação do teste, considerando o número de plântulas normais para a
determinação da porcentagem de germinação conforme procedimento estabelecido nas
Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992).
3.1.4. Emergência em solo: primeira contagem
O teste foi conduzido com quatro repetições de 50 sementes para cada classe de
tamanho. Foram utilizadas caixas plásticas com dimensões de 30 x 20 x 10 cm, nas
quais o solo foi colocado previamente para que assim as sementes fossem distribuídas
sobre sua superfície. Para que essa distribuição fosse feita de maneira uniforme,
utilizou-se um contador de sementes do tipo placa perfurada. Após as sementes terem
sido distribuídas, foram cobertas com uma camada de solo de cerca de 3 cm de
espessura, e em seguida foi adicionada água em quantidade suficiente para que se
atingisse um umedecimento de 70% da capacidade de retenção de água pelo solo
empregado.
As caixas foram colocadas em ambiente com temperatura de aproximadamente
25ºC. A primeira contagem das plântulas foi feita no quarto dia após a instalação do
teste. Como padrão para contagem, foi considerada como emergida a plântula que
apresentasse no mínimo, 1 cm das folhas primárias acima da superfície do solo. O
resultado foi expresso em porcentagem.
12
3.1.5. Emergência em solo: contagem final
Foi realizado fazendo-se uso do teste de primeira contagem de emergência de
plântula em solo, determinando-se a porcentagem de plântulas normais obtidas no
dia após a semeadura.
3.1.6. Índice de velocidade de emergência (IVE)
Concomitantemente com os testes de emergência em solo, em que foi realizada
a primeira contagem e a emergência final, foram realizadas contagens diárias do
número de plântulas a partir do primeiro dia em que apareceram plântulas que
satisfaziam aos critérios de emergidas. Com o intuito de evitar alterações na definição
de plântulas emergidas, foi pré-estabelecido o tamanho mínimo da plântula cujas folhas
primárias atingissem 1 cm acima da superfície do solo. As avaliações foram feitas até o
momento em que houve estabilização do estande, o que ocorreu no dia após a
semeadura, momento considerado como a última contagem no teste de germinação de
acordo com as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992). Ao final do teste, foi
calculado o IVE empregando-se a fórmula proposta por MAGUIRE (1962):
IVE = E
1
/N
1
+ E
2
/N
2
+ ... + E
n
/N
n ,
onde:
IVE = índice de velocidade de emergência;
E
1
, E
2
, ...., E
n
= número de plântulas normais computadas na primeira, na
segunda e na última avaliação, respectivamente;
N
1
, N
2
, ....,N
n
= número de dias da semeadura à primeira, à segunda e à última
avaliação respectivamente.
13
3.1.7. Envelhecimento acelerado
Segundo POPINIGIS (1977), o teste de envelhecimento acelerado é bastante
eficiente na comparação do vigor entre lotes de sementes, na avaliação do
comportamento das sementes em condições de campo e ainda na determinação da
capacidade potencial de armazenamento de lotes de sementes. Neste trabalho, o teste
foi conduzido segundo as recomendações apresentadas no Manual de Testes de Vigor
da International Seed Testing Association (ISTA) (HAMPTON & TEKRONY, 1995). As
sementes foram distribuídas em camada única e uniforme sobre tela de alumínio fixada
em caixas plásticas do tipo gerbox com dimensões de 11x 11 x 3,5 cm, contendo 40 ml
de água destilada sem que as sementes tivessem qualquer contato direto com a
superfície da água. As caixas foram mantidas a 45ºC por 72 horas (HAMPTON &
TEKRONY, 1995, DUTRA & VIEIRA, 2004, FESSEL et al., 2003, BITTENCOURT &
VIEIRA, 2006) em câmara de envelhecimento acelerado. Após o período de
envelhecimento ao qual as sementes foram submetidas, foi instalado o teste de
germinação cuja metodologia foi descrita para o teste de germinação (BRASIL, 1992).
Também foi determinado o teor de água das sementes após o envelhecimento, o qual
situou-se em torno de 25%. Como os dados não foram submetidos a análise estatística,
para a interpretação dos mesmos, foram considerados os critérios que indicam a
uniformidade das condições do teste, ou seja, variações máximas de 1 a 2 pontos
percentuais de teor de água entre as amostras de sementes antes do envelhecimento
acelerado (AOSA, 2002) e de 3 a 4 pontos percentuais como o limite tolerado após o
envelhecimento acelerado (MARCOS FILHO, 1999).
3.1.8. Sanidade
A qualidade sanitária das sementes foi analisada utilizando-se o método do papel
de filtro com congelamento (LIMONARD, 1966). O teste consistiu em dispor as
sementes em placas de Petri sobre três folhas de papel de filtro, previamente
umedecidas com água destilada até a saturação. Em seguida, as placas foram
14
acondicionadas em câmara de incubação, com temperatura de 20
±
C e luz alternada
(12h de luz branca fluorescente/12h de escuro), por 24 horas. A seguir, foram retiradas
e colocadas em congelador por 24 horas, sendo depois retornadas à câmara de
incubação durante 10 dias, quando, então, efetuou-se a observação das estruturas
fúngicas com auxílio de microscópio estereoscópico e ótico e identificou-se a população
fúngica. A identificação foi feita pela comparação com as características descritas em
literatura específica, tais como BARNETT & HUNTER (1998), MATHUR & KONGSDAL
(2003) e ELLIS (1971, 1976).
3.1.9. Análise estatística
O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), com 4
repetições de 50 sementes, para cada classe de tamanho, em cada teste realizado. Os
dados obtidos foram transformados em arcsen x/100 e submetidos à análise de
variância. As dias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade, usando o programa SANEST (ZONTA et al., 1985).
Os dados correspondentes à qualidade sanitária e ao teor de água não foram
submetidos à análise estatística.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Qualidade fisiológica das sementes
O teor de água inicial das sementes está apresentado nas Tabelas 8, 9, 10, 11,
12, 13 e 14 e são valores que mostram que as diferenças no peso de 1000 sementes
são devidas ao tamanho da semente e não ao conteúdo de água que elas apresentem
e também que as taxas de envelhecimento artificial dos diferentes tamanhos não foram
influenciadas por diferenças no conteúdo inicial de água.
15
TABELA 8. Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira contagem,
emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e envelhecimento acelerado
(E.A.) de sementes do híbrido Soma.
Peneira
T.A.
(%)
Peso
1000
(gramas)
Germinação
(%)
Primeira
Contagem
(%)
Emergência
Final
(%)
IVE E. A.
(%)
Original 12 280 b 98 a 96 a 98 a 14 a 89 a
21 12 300 a 98 a 99 a 99 a 14 a 91 a
20 11 270 c 97 a 96 a 96 a 14 a 89 a
DMS 0,32 10,27 9,54 10,67 0,54 7,03
CV (%) 0,79 6,31 5,98 6,60 1,22 5,00
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.
De acordo com os dados apresentados na Tabela 8, verifica-se que houve
diferença significativa com relação ao peso de 1000 sementes do híbrido Soma, de
forma que as sementes classificadas na peneira 21 apresentaram peso superior ao das
do lote original que, por sua vez, foi superior ao da peneira 20. Essa diferença de peso
com relação aos diversos tamanhos justifica que essas sementes sejam avaliadas
quanto à qualidade fisiológica já que, segundo POPINIGIS (1977), o tamanho da
semente, em muitas espécies, é indicativo de sua qualidade fisiológica e que, dentro de
um mesmo lote, as sementes pequenas apresentam menor germinação e vigor que as
de tamanho médio e grande. As sementes maiores normalmente possuem embriões
bem formados e com maiores quantidades de reservas, sendo potencialmente as mais
vigorosas (CARVALHO & NAKAGAWA 2000). Esses autores ressaltam, contudo, que,
em determinadas situações, estas podem não ser as mais vigorosas.
Observando-se os dados apresentados na Tabela 8, verifica-se que essa
diferença com relação ao tamanho e ao peso não influenciou a qualidade fisiológica,
discordando dos resultados obtidos por SCOTTI & KRZYZANOWSKI (1977) que, ao
avaliarem três classes de tamanho de sementes em quatro cultivares de milho,
concluíram que as sementes grandes apresentaram maiores taxas de germinação e
16
vigor em testes de laboratório, enquanto que COSTA & CARVALHO (1983) verificaram
que o tamanho de sementes de milho não influenciou no desenvolvimento das plântulas
delas resultantes após terem sido submetidas ao envelhecimento acelerado.
Os dados apresentados na Tabela 8 mostram ainda que. o lote de sementes
Soma apresentou-se com valores ótimos de germinação, satisfazendo ao padrão
estabelecido pela lei de que, os lotes para serem comercializados, devem apresentar
germinação superior a 85 %, e mostram ainda que não houve diferenças significativas
na germinação para os diferentes tamanhos de sementes. Sendo assim, os dados
obtidos permitem dizer que este é um material de excelente germinação e vigor e que,
para este híbrido, o tamanho da semente não resulta nenhuma desvantagem ou
vantagem em termos de qualidade fisiológica.
Em outras palavras, o Soma parece ser um híbrido em que a manutenção das
sementes das classes 20 e 21 no mesmo lote, tendo em vista a semeadura fluidizada,
não traria qualquer alteração significativa no desempenho germinativo das sementes no
campo.
No entanto a utilização de sementes de menor tamanho poderia resultar em
economia para o produtor em termos de aquisição de sementes, quando as mesmas
são comercializadas em embalagem de vinte quilogramas, o que reforça o trabalho
realizado por ANDRADE et al (1997), que concluiu que o uso de sementes menores
pode acarretar uma economia de até 44% na quantidade de sementes no plantio.
17
TABELA 9. Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira contagem,
emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e envelhecimento acelerado
(E.A.) de sementes do híbrido Exceler.
Peneira T.A.
Peso
1000
(gramas)
Germinação
(%)
Primeira
Contagem
(%)
Emergência
Final
(%)
IVE E.A.
(%)
Original 12 380 b 93 a 72 a 87 a 11 a 25 a
24 12 390 a 91 a 64 a 88 a 12 a 29 a
23 12 380 b 88 a 72 a 88 a 11 a 23 a
DMS 0,25 6,53 9,23 12,69 1,62 5,25
CV (%) 0,51 4,57 8,29 9,25 4,15 8,72
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.
Os resultados apresentados na Tabela 9, referentes ao híbrido Exceler, mostram
que, no teste de peso de 1000 sementes, as da peneira 24 apresentaram maiores
valores que as da peneira 23, diferindo entre si estatisticamente. No entanto, os valores
encontrados para as sementes da peneira 23 não diferiram estatisticamente dos valores
do lote denominado original. A não diferença de peso entre essas duas classificações
era de se esperar, que o lote original é representado por 54 % de sementes da
peneira 23. Não foram verificadas diferenças significativas entre os diferentes tamanhos
para os demais parâmetros avaliados, discordando dos resultados encontrados por
CARVALHO et al (1993), que verificaram superioridade da germinação das sementes
de milho retidas na peneira 24 em relação às demais.
Os dados obtidos na primeira contagem mostram que as sementes maiores
(peneira 24) apresentaram valor inferior aos encontrados nos demais tamanhos, não
diferindo, no entanto, estatisticamente, fato este que pode ter sido ocasionado por uma
embebição mais lenta das sementes, o que também foi relatado por SHIEH &
McDONALD (1982), com sementes de milho, em que as sementes curtas concluíram o
processo de embebição mais rapidamente, proporcionando germinação mais rápida do
que as longas. No entanto, essa diferença não foi estatisticamente significativa e não foi
18
persistente ao longo do tempo, que, na ocasião da emergência final, os valores se
igualaram para todos os tamanhos. com relação aos dados obtidos no teste de
envelhecimento acelerado, observa-se que as sementes maiores (peneira 24)
apresentaram valores mais elevados, sem no entanto, diferir de forma significativa, o
que também foi observado em trabalho de COSTA & CARVALHO (1983), com
sementes de milho, cultivar HMD 7974. No presente trabalho, também foi observado um
declínio acentuado da germinação das sementes quando estas foram submetidas ao
envelhecimento acelerado.
TABELA 10.
Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira contagem,
emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e envelhecimento acelerado
(E.A.) de sementes da cultivar AL Bandeirante.
Peneira T.A.
Peso
1000
(gramas)
Germinação
(%)
Primeira
Contagem
(%)
Emergência
Final
(%)
IVE E.A.
(%)
Original 12 330 b 75 a 56 a 75 a 10 a 23 a
23 11 340 a 76 a 64 a 74 a 10 a 13 b
22 11 330 b 71 a 62 a 72 a 9 a 28 a
DMS 0,50 10,64 6,37 7,42 1,44 7,11
CV(%) 1,13 9,08 6,34 6,35 3,99 13,27
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.
Para a cultivar AL Bandeirante, os dados obtidos por meio do teste de peso de
1000 sementes mostram que as sementes da peneira 23 apresentaram valores
estatisticamente superiores aos demais. as sementes da peneira 22 não diferiram
das sementes do lote original, embora as classificadas como peneira 23 representem
53 % das sementes do lote original, enquanto que as classificadas como peneira 22
representam 32 % do lote original. Com relação aos dados de germinação, não se
observam diferenças para todas as classificações de tamanho avaliadas, coincidindo
com os resultados obtidos na primeira contagem, na emergência final e no índice de
velocidade de emergência. Com relação aos dados obtidos no teste de envelhecimento
19
acelerado, observa-se que as sementes do tratamento denominado original não
diferiram das sementes classificadas na peneira 22, apresentando ambas as classes de
sementes valores superiores e diferentes estatisticamente aos encontrados para as
sementes classificadas na peneira 23, sendo esta a peneira com sementes de maior
tamanho.
TABELA 11.
Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira contagem,
emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e envelhecimento acelerado
(E.A.) de sementes da cultivar BR 206.
Peneira T.A.
Peso
1000
(gramas)
Germinação
(%)
Primeira
Contagem
(%)
Emergência
Final
(%)
IVE E.A.
(%)
Original 12 319 a 79 a 72 a 80 a 11 a 25 a
22 12 330 a 76 a 77 a 81 a 11 a 9 b
21 12 318 ab 84 a 69 a 76 a 11 a 26 a
20 12 300 b 81 a 69 a 78 a 11 a 19 a
DMS 1,00 6,80 10,88 7,62 1,47 6,66
CV (%) 2,13 5,10 8,96 5,80 3,59 12,22
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.
Para a cultivar BR 206, verifica-se que, com relação ao peso de 1000 sementes,
houve diferenças entre os tamanhos de sementes de forma que, as classificadas como
peneira 22 foram as que apresentaram maior peso, não diferindo das do lote original e
das classificadas na peneira 21, que por sua vez não diferiu das da peneira 20 as quais
diferiram das demais classificações de tamanho. Os valores de germinação não
diferiram entre as diferentes classes de tamanho, o que também não foi verificado por
meio dos testes de primeira contagem, emergência final e índice de velocidade de
emergência. os dados de envelhecimento acelerado permitiram diferenciar as
sementes de diferentes tamanhos quanto ao vigor, de forma que as sementes
classificadas como peneira 22 apresentaram menor desempenho, diferindo das demais.
20
TABELA 12.
Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira contagem,
emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e envelhecimento acelerado
(E.A.) de sementes do híbrido AG 1051.
Peneira T.A.
Peso
1000
(gramas)
Germinação
(%)
Primeira
Contagem
(%)
Emergência
Final
(%)
IVE E.A.
(%)
Original 12 330 a 83 a 49 b 81 a 10 a 24 a
21 11 330 a 83 a 71 a 84 a 11 a 27 a
20 11 320 b 81 a 56 b 85 a 11 a 22 a
DMS 0,37 7,71 6,93 8,90 1,45 5,94
CV (%) 0,83 5,98 6,97 6,89 3,85 10,21
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.
Observando-se os dados apresentados na Tabela 12 referentes ao híbrido AG
1051, verifica-se que houve diferenças estatisticamente significativas com relação ao
peso de 1000 sementes. O peso das sementes da peneira 21 e do lote original não
diferiram entre si e superaram estatisticamente o valor da peneira 20. A não diferença
em termos de peso entre sementes do lote original e as da peneira 21, era de se
esperar que o lote denominado original é composto por 61 % de sementes
classificadas como peneira 21. No entanto, a diferença de peso das sementes da
peneira 21 com as demais, não mostrou relação com a qualidade fisiológica do ponto
de vista da germinação, já que não houve diferenças significativas para esse parâmetro.
os resultados da primeira contagem mostraram uma vantagem das sementes de
maior tamanho, pois apresentaram maiores valores. Porém, essa vantagem não foi
persistente ao longo do tempo que, na ocasião da avaliação final da emergência, os
valores não diferiram entre si, o que também ocorreu para os dados de índice de
velocidade de emergência e envelhecimento acelerado.
21
TABELA 13.
Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira contagem,
emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e envelhecimento acelerado
(E.A.) de sementes da cultivar BR 201.
Peneira T.A.
Peso
1000
(gramas)
Germinação
(%)
Primeira
Contagem
(%)
Emergência
Final
(%)
IVE E.A.
(%)
Original 11 310 b 85 a 69 a 81 a 11 a 42 a
23 12 330 a 81 a 69 a 81 a 10 a 39 a
22 12 300 c 79 a 72 a 78 a 11 a 37 a
DMS 0,36 11,37 9,34 6,91 0,97 7,47
CV (%) 0,84 8,90 8,32 5,52 2,59 9,77
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.
Com relação à cultivar BR 201, os dados apresentados na Tabela 13 mostram
que houve diferença com relação ao peso de 1000 sementes para todas as classes de
tamanho avaliadas, indicando uma tendência da redução do peso de sementes com a
redução do tamanho. No entanto, essa diferença com relação ao peso e tamanho não
possui relação com a qualidade fisiológica que, para todos os parâmetros avaliados,
não houve diferenças significativas. Esses resultados diferem dos obtidos SILVA &
MARCOS FILHO (1979) que, avaliando a qualidade fisiológica de sementes de milho,
cultivar AG-152, de dois tamanhos, verificaram que, nos testes de germinação e vigor,
as sementes maiores apresentaram vantagens relativas às sementes menores. Neste
mesmo trabalho, as sementes da cultivar AG-152, classificadas como pesadas também
apresentaram vantagens sobre as consideradas como leves, quando se avaliou a
germinação, o que também foi constatado para a cultivar Piranão.
22
TABELA 14.
Teor de água (T.A.), peso de 1000 sementes (Peso 1000), germinação, primeira contagem,
emergência final, índice de velocidade de emergência (IVE) e envelhecimento acelerado
(E.A.) de sementes do híbrido AG 7575.
Peneira T.A.
Peso
1000
(gramas)
Germinação
(%)
Primeira
Contagem
(%)
Emergência
Final
(%)
IVE E.A.
(%)
Original 11 280 b 91 a 84 b 88 b 12 a 0
20 12 290 a 91 a 92 a 95 a 12 a 0
19 12 270 c 89 a 84 b 87 b 12 a 0
DMS 0,20 6,90 6,11 6,26 0,77
CV 0,49 4,.85 4,52 4,41 1,91
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.
Os resultados obtidos para o híbrido AG 7575, apresentados na Tabela 14,
referente ao peso de 1000 sementes, apresentam diferenças quanto as classes de
tamanho avaliadas. Diferenças entre os tamanhos de sementes interferiram na
qualidade fisiológica das sementes, quando esta foi avaliada por meio do teste de
primeira contagem e do teste de emergência final, em que as sementes maiores,
classificadas na peneira 20, apresentaram melhor desempenho de vigor que as
sementes menores classificadas na peneira 19. No entanto, para os testes de
germinação e índice de velocidade de emergência, essas diferenças não foram
detectadas, o que permite dizer que diferentes testes de vigor podem resultar em
conclusões distintas sobre um mesmo material avaliado. Após o envelhecimento
acelerado, houve morte de 100 % das sementes, mostrando que os valores de
temperatura, umidade relativa e tempo de exposição para a condução do teste de
envelhecimento podem ter sido excessivos para a capacidade de resistência das
sementes deste híbrido ao processo de envelhecimento. Segundo a AOSA (2002), o
uso de 43 ºC/72 h é o recomendado já que 45 ºC pode provocar efeitos bastante
drásticos às sementes, como o que foi verificado nesse híbrido. Em comparação com
os outros materiais, a sensibilidade das sementes deste brido ao estresse do
23
envelhecimento, é sem dúvida, muito alta. Essa sensibilidade ao estresse poderia talvez
explicar o porquê deste ter sido o único material que mostrou diferenças significativas
de desempenho influenciado pelo tamanho das sementes nos testes da primeira
contagem e da emergência final.
4.2. Qualidade sanitária das diferentes cultivares de milho e suas classes de
tamanho de sementes
A qualidade sanitária foi realizada, com o intuito de averiguar se existia a
presença de patógenos nas sementes e se esta poderia influenciar a qualidade
fisiológica, diminuindo assim o potencial germinativo dos materiais avaliados. LUCCA
FILHO (1984), citado por CARVALHO et al (1993), afirma que, dentre os fungos
frequentemente encontrados em sementes de milho, os mais importantes em termos de
qualidade para semeadura são Fusarium moniliforme, Diplodia maydis, Penicillium sp e
Aspergillus spp, uma vez que podem contribuir para a redução do poder germinativo.
Segundo MENEZES (1988), o uso de sementes contaminadas com Fusarium poderá
comprometer a germinação, a emergência e a produção, além de promover a
disseminação do fungo em campo. No entanto esclarece que nem todas as espécies de
Fusarium encontradas nas sementes são patogênicas, como o Fusarium moniliforme,
que pode estar presente na semente sem comprometer a germinação.
Por meio da análise sanitária, verificou-se, no entanto que, a incidência de
fungos foi baixa ou inexistente. Para os materiais, Soma, Exceler, AG 1051 e AG 7575,
a incidência de fungos foi nula, podendo-se dizer também que os resultados
encontrados nos testes de germinação e vigor expressam o potencial fisiológico desses
materiais, sem nenhuma interferência de patógenos. Esses resultados permitem dizer
também que, o tratamento químico realizado pelas empresas foi bastante eficiente no
controle de fungos. O tratamento de sementes com fungicidas e inseticidas pode
assegurar a qualidade das sementes durante o período de armazenamento, porque a
qualidade sanitária influencia diretamente o processo de deterioração durante o
armazenamento (MACHADO, 2000). Os chamados fungos de armazenamento,
24
Aspergillus sp e Penicillium sp podem causar grandes prejuízos à qualidade da
semente armazenada POPINIGIS (1977).
O fungo Aspergillus spp foi encontrado em percentuais bastante baixos, variando
entre 1 e 2 %, nos materiais AL Bandeirante, BRS 206 e BR 201. Já o fungo Penicillium
sp foi detectado no material AL Bandeirante. Fusarium verticilioides foi encontrado
nos materiais AL Bandeirante, BRS 206 e BR 201. CERO & SILVA (2003),
verificaram que este patógeno quando encontrado associado a sementes de milho,
promove prejuízos qualitativos progressivos à medida que se aproximam do embrião.
Verifica-se, desta forma, que o material com maior incidência de fungos neste
trabalho foi o Al Bandeirante em todas as suas classificações de tamanho, o que nos
ajuda a explicar o resultado encontrado no teste de envelhecimento acelerado em que
as sementes classificadas na peneira 23 apresentaram desempenho inferior aos
demais, o que pode ser devido à elevada temperatura e à umidade relativa que podem
ter favorecido o desenvolvimento de fungos, prejudicando assim o desempenho
germinativo das sementes.
É oportuno ressaltar que nenhum dos fungicidas utilizados no tratamento das
sementes de milho apresentou fitotoxicidade à germinação. Não houve uma relação
direta entre a incidência de fungos nas diferentes amostras e os diferentes tamanhos
das sementes.
Pode-se dizer que de forma geral, no presente trabalho, a baixa incidência de
fungos não afetou a qualidade fisiológica das sementes.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados obtidos neste trabalho parecem indicar que, no geral, o procedimento
de não se separarem classes de sementes de tamanhos próximos (as classes de
tamanho detectadas nos diversos genótipos diferiram entre si sempre de 1/64 de
polegada, ou seja, menos de 0,4 mm), que vem sendo crescentemente adotado por
empresas produtoras de sementes de milho, é um procedimento que não deve levar a
reduções na qualidade fisiológica das sementes que põem à venda para os agricultores.
25
A suposição de que essa mistura de diferentes classes de tamanho pudesse resultar
em quedas no desempenho germinativo das sementes esbaseada em resultados de
vários trabalhos de pesquisa que mostram diferenças significativas de desempenho
entre sementes de diferentes tamanhos. Em muitos desses casos, contudo, o que se
constata é que diferenças significativas de desempenho germinativo só são verificadas
quando as classes de tamanho em comparação diferem de várias unidades entre si. É o
caso, por exemplo, dos trabalhos apresentados por SILVA E MARCOS FILHO (1979),
CARVALHO et al. (1993), MARTINELLI-SENEME et al. (2000). Por outro lado,
trabalhos existem que mostram que, nem mesmo sementes de tamanhos muito
diferentes apresentam diferenças significativas de desempenho germinativo, como
seriam os casos dos de ANDRADE et al. (1998), ANDRADE et al. (1997), SILVA &
MARCOS FILHO (1979). Neste trabalho, os autores, na realidade, relatam a
observação bastante interessante de que o efeito do tamanho da semente parece
depender do teste com que as sementes são analisadas.
No presente trabalho, porém, um dos híbridos apresentou um resultado que
deveria receber maior atenção em futuros projetos de pesquisa a respeito do tamanho
de sementes. É o resultado do híbrido AG 7575. Conforme se pela Tabela 14, esse
foi o único material que, em dois dos testes de avaliação do desempenho germinativo
realizados, mostrou uma superioridade significativa das sementes da peneira 20, cujas
sementes, submetidas ao envelhecimento artificial, tiveram a germinação reduzida para
zero. As características genéticas desse híbrido, portanto, parecem fazer dele um
material com baixíssima resistência a fatores adversos que ocorram durante o processo
de germinação. Ainda que observações específicas sobre essa ocorrência não tenham
sido feitas no presente trabalho, é de se acreditar que esses resultados possam se
constituir em indicação de que bridos e/ou variedades cujas sementes sejam muito
sensíveis a fatores adversos durante a germinação, possam também ser aqueles
materiais para os quais a não separação das sementes por classes de tamanhos possa
vir a significar uma queda significativa no desempenho germinativo das sementes no
campo.
26
6. CONCLUSÕES
A mistura de sementes de tamanhos próximos não deve resultar em alteração
significativa de desempenho germinativo dessas sementes em comparação com aquele
observado quando as classes são separadas, confirmando assim que a mistura de
classes de tamanho é prática que pode ser adotada para semeadura fluidizada.
Para materiais genéticos cujas sementes são muito sensíveis a fatores adversos
durante a germinação, é provável que a mistura das sementes de diferentes tamanhos
leve a uma redução no desempenho germinativo dessas sementes no campo.
27
7. REFERÊNCIAS
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