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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
ESTUDO “in vitro” E “in vivo” DA ADMINISTRAÇÃO
SUBARACNÓIDE DE OPIÓIDES HIPERBÁRICOS EM
CAVALOS
TESE DE DOUTORADO
Alexandre da Silva Polydoro
Santa Maria, RS, Brasil
2006
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ESTUDO “in vitro” E “in vivo” DA ADMINISTRAÇÃO
SUBARACNÓIDE DE OPIÓIDES HIPERBÁRICOS EM
CAVALOS
por
Alexandre da Silva Polydoro
Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Pós-
Graduação em Medicina Veterinária, Área de Concentração em Cirurgia
Veterinária, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como
requisito parcial para obtenção do grau de
Doutor em Medicina Veterinária.
Orientador: Prof. Alceu Gaspar Raiser
Santa Maria, RS, Brasil
2006
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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Rurais
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Tese de
Doutorado
ESTUDO “in vitro” E “in vivo” DA ADMINISTRAÇÃO
SUBARACNÓIDE DE OPIÓIDES HIPERBÁRICOS EM
CAVALOS
elaborada por
Alexandre da Silva Polydoro
COMISSÃO EXAMINADORA
Alceu Gaspar Raiser, Dr.
(Presidente/Orientador)
Cláudio Corrêa Natalini, PhD
Ney Luis Pippi, PhD
Miriam Seligman Menezes, Dra.
Alexandre Mazzanti, Dr.
Santa Maria, 31 de outubro de 2006.
RESUMO
Tese de Doutorado
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
ESTUDO “in vitro” E “in vivo” DA ADMINISTRAÇÃO
SUBARACNÓIDE DE OPIÓIDES HIPERBÁRICOS EM
CAVALOS
AUTOR: ALEXANDRE DA SILVA POLYDORO
ORIENTADOR: ALCEU GASPAR RAISER
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 31 de outubro de 2006.
Este trabalho apresenta a investigação da utilização de soluções hiperbáricas de
opióides e glicose a 10% em um modelo experimental “in vitro” do espaço
subaracnóide, bem como o estudo “in vivo” da administração de opióides
hiperbáricos e glicose a 10% pela via subaracnóide em cavalos. A primeira fase “in
vitro”, constou da utilização de um modelo confeccionado em PVC (policloreto de
vinila) transparente, preenchido com líquido cérebro espinhal eqüino, onde foram
injetados os agentes opióides hiperbáricos e glicose a 10% marcados com azul de
metileno, com o objetivo de avaliar o comportamento físico de distribuição das
substâncias no modelo. Na segunda fase “in vivo”, os opióides hiperbáricos (morfina,
buprenorfina e metadona) e glicose a 10% (grupo controle) foram administrados pela
via subaracnóide em seis cavalos adultos por meio de um cateter. Avaliaram-se
efeitos cardiorrespiratórios, comportamentais e limiar doloroso por estimulação
elétrica dos dermátomos perineal, sacral, lombar e torácico. Os resultados
mostraram que o modelo proposto serviu como base para a escolha dos agentes
utilizados pela via subaracnóide. Houve produção de analgesia segmentar
considerada intensa com a morfina hiperbárica e a metadona hiperbárica, e
analgesia moderada com a buprenorfina hiperbárica, com mínimos efeitos sobre as
funções cardiorrespiratórias, sem ocorrência de ataxia ou excitação do SNC.
Palavras-chave: opióide hiperbárico, subaracnóide, morfina, buprenorfina,
metadona.
ABSTRACT
Tese de Doutorado
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
“IN VITRO” AND “IN VIVO” STUDY OF
SUBARACHNOID ADMINISTRATION OF
HYPERBARIC OPIOIDS IN HORSES
AUTOR: ALEXANDRE DA SILVA POLYDORO
ORIENTADOR: ALCEU GASPAR RAISER
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 31 de outubro de 2006.
This study reports the investigation of hyperbaric opioids and 10% glucose studied in
a experimental “in vitro” model of a subarachnoid space and the “in vivo”
subarachnoid administration of hyperbaric opioids and 10% glucose in horses. The
first “in vitro” phase was done with a translucid poly vinil chloride (PVC) model filled
with horse cerebral spinal fluid and injected with hyperbaric opioids and 10% glucose
tinted with methylene blue. The objective was to evaluate the physic behavior of the
substances within the model. In the second “in vivo” phase, the hyperbaric opioids
(morphine, methadone and buprenorphine) were subarachnoidally administered in
six adult horses through a subarachnoid catheter. Cardiopulmonary effects, behavior
and pain threshold to noxious electrical stimulation on the perineal, lumbar, sacral
and thoracic dermatomes was evaluated. Theresults demonstrated that the model
was able to indicate the more appropriate opioids to be used subarachnoidally, and
that segmental analgesia was considered intense with hyperbaric morphine and
hyperbaric methadone, and moderate with hyperbaric buprenorphine, with minimal
effects on cardiorespiratory function, without ataxia or CNS excitation.
Key-words: hyperbaric opioids, subarachnoid, morphine, buprenorphine, methadone.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Duas unidades do modelo experimental subaracnóide de PVC
transparente fixados em bancada .......................................................................... 28
FIGURA 2 - Aspecto lateral do dermátomo perineal, sacral, lombar e torácico ..... 33
FIGURA 3 - Aspecto caudal do dermátomo perineal, sacral e lombar conforme
descrito por SKARDA & MUIR (1993) e SCHELLING & KLEIN (1985).................. 34
FIGURA 4 - Média e desvio padrão da freqüência cardíaca de cavalos
submetidos à administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina
hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica .............................. 37
FIGURA 5 - Média e desvio padrão da freqüência respiratória de cavalos
submetidos à administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina
hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica .............................. 38
FIGURA 6 - Média e desvio padrão da pressão arterial sistólica de cavalos
submetidos à administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina
hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica .............................. 38
FIGURA 7 - Média e desvio padrão da pressão arterial diastólica de cavalos
submetidos à administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina
hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica .............................. 39
FIGURA 8 - Média e desvio padrão da pressão arterial média de cavalos
submetidos à administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina
hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica .............................. 42
FIGURA 9 - Média e desvio padrão do limiar de dor à estimulação elétrica
aplicado no dermátomo perineal após a administração subaracnóide de glicose
a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica
em cavalos ............................................................................................................. 40
FIGURA 10 - Média e desvio padrão do limiar de dor à estimulação elétrica
aplicado no dermátomo sacral após a administração subaracnóide de glicose a
6
10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica em
cavalos ................................................................................................................... 43
FIGURA 11 - Média e desvio padrão do limiar de dor à estimulação elétrica
aplicado no dermátomo lombar após a administração subaracnóide de glicose
a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica
em cavalos ............................................................................................................. 44
FIGURA 12 - Média e desvio padrão do limiar de dor à estimulação elétrica
aplicado no dermátomo torácico após a administração subaracnóide de glicose
a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica
em cavalos ............................................................................................................. 45
FIGURA 13 - Média e desvio padrão do pH de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica,
buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica.................................................. 46
FIGURA 14 - Média e desvio padrão da PaCO
2
de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica,
buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica.................................................. 46
FIGURA 15 - Média e desvio padrão da PaO
2
de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica,
buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica.................................................. 47
FIGURA 16 - Média e desvio padrão do HCO
3
-
de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica,
buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica.................................................. 47
FIGURA 17 - Média e desvio padrão da SatO
2
% de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica,
buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica.................................................. 48
FIGURA 18 - Média e desvio padrão do Na
+
de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica,
buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica.................................................. 48
FIGURA 19 - Média e desvio padrão do K
+
de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica,
buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica.................................................. 49
FIGURA 20 - Média e desvio padrão do iCa de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica,
buprenorfina hiperbárica e metadona hiperbárica.................................................. 50
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Registro do avanço (em centímetros) dos fármacos testados no
modelo experimental do espaço subaracnóide de cavalos ....................................... 51
TABELA 2 - Médias e desvios padrões da pressão arterial sistólica (PAS), pressão
arterial diastólica (PAD) e pressão arterial média (PAM) antes (tempo 0) e após
(10 a 180 minutos) da administração subaracnóide de morfina hiperbárica
(Morfina10), buprenorfina hiperbárica (Buprenorfina10), metadona hiperbárica
(Metadona10) e glicose a 10% em cavalos (n=6) ..................................................... 52
TABELA 3 - Médias e desvios padrões da freqüência cardíaca
(batimentos/minuto), freqüência respiratória (movimentos/minuto) e distância da
cabeça ao solo (cm) antes (tempo 0) e após (10 a 180 minutos) da administração
subaracnóide de morfina hiperbárica (Morfina10), buprenorfina hiperbárica
(Buprenorfina10), metadona hiperbárica (Metadona10) e glicose a 10% em
cavalos (n=6)............................................................................................................. 53
TABELA 4 - Médias e desvios padrões da estimulação elétrica (volts) no
Dermátomo Perineal, antes (tempo 0), e após (10 a 180 minutos) da
administração subaracnóide de morfina hiperbárica (Morfina10), buprenorfina
hiperbárica (Buprenorfina10), metadona hiperbárica (Metadona10) e glicose a
10% em cavalos (n=6)............................................................................................... 54
TABELA 5 - Médias e desvios padrões da estimulação elétrica (volts) no
Dermátomo Sacral, antes (tempo 0), e após (10 a 180 minutos) da administração
subaracnóide de morfina hiperbárica (Morfina10), buprenorfina hiperbárica
(Buprenorfina10), metadona hiperbárica (Metadona10) e glicose a 10% em
cavalos (n=6)............................................................................................................. 55
TABELA 6 - Médias e desvios padrões da estimulação elétrica (volts) no
Dermátomo Lombar, antes (tempo 0), e após (10 a 180 minutos) da administração
subaracnóide de morfina hiperbárica (Morfina10), buprenorfina hiperbárica
8
(Buprenorfina10), metadona hiperbárica (Metadona10) e glicose a 10% em
cavalos (n=6)............................................................................................................. 56
TABELA 7 - Médias e desvios padrões da estimulação elétrica (volts) no
Dermátomo Torácico, antes (tempo 0), e após (10 a 180 minutos) da
administração subaracnóide de morfina hiperbárica (Morfina10), buprenorfina
hiperbárica (Buprenorfina10), metadona hiperbárica (Metadona10) e glicose a
10% em cavalos (n=6)............................................................................................... 57
TABELA 8 - Médias e desvios padrões do pH arterial( pH), pressão arterial de O
2
(PaO
2
) e pressão arterial de CO
2
(PaCO
2
), antes (tempo 0), aos 90 minutos a aos
180 minutos após a administração subaracnóide de morfina hiperbárica
(Morfina10), buprenorfina hiperbárica (Buprenorfina10), metadona hiperbárica
(Metadona10) e glicose a 10% em cavalos (n=6) ..................................................... 58
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................. 12
2.1. A dor e sua percepção.................................................................................. 12
2.2. O processamento nociceptivo na medula espinhal ................................... 13
2.3. Receptores de adenosina............................................................................. 14
2.4. Receptores adrenérgicos ............................................................................. 14
2.5. Receptores GABA ......................................................................................... 15
2.6. Receptores opióides ..................................................................................... 15
2.7.O processamento supra-espinhal da informação nociceptiva................... 15
2.8. A modulação descendente da nocicepção ................................................. 16
2.9. Fármacos opióides em cavalos ................................................................... 17
2.10. Fármacos opióides espinhais .................................................................... 18
2.11. Modelos de dor em cavalos........................................................................ 20
2.12. Modelos experimentais “in vitro” .............................................................. 23
2.13. Substâncias hiperbáricas para analgesia espinhal.................................. 24
3. MATERIAL E MÉTODO..................................................................................... 25
3.1. Fase “in vitro”................................................................................................ 25
3.2. Fase “in vivo” ................................................................................................ 27
3.2.1. Desenho experimental ............................................................................... 27
3.2.2. Cateterização subaracnóide...................................................................... 28
3.2.3. Administração subaracnóide dos opióides hiperbáricos e glicose a
10% ........................................................................................................................ 29
3.2.4. Modelo de estímulo de dor e avaliação analgésica................................. 30
3.2.5. Parâmetros cardiorrespiratórios, hemogasométricos e distância da
cabeça em relação ao solo.................................................................................. 31
3.2.6. Análise estatística ...................................................................................... 32
4. RESULTADOS................................................................................................... 34
4.1. Fase “in vitro”................................................................................................ 34
4.2. Fase “in vivo” ................................................................................................ 35
5. DISCUSSÃO...................................................................................................... 56
5.1. Fase “in vitro”................................................................................................ 56
5.2. Fase “in vivo” ................................................................................................ 57
6. CONCLUSÕES .................................................................................................. 64
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 65
1. Introdução
O reconhecimento e o tratamento para o alívio da dor em pacientes
veterinários é um conceito público e uma técnica de responsabilidade do Médico
Veterinário. A dor pós-operatória, bem como o estresse como resposta ao trauma
sofrido, pode ser prevenida, em alguns casos, com a utilização de anestesia e
analgesia regional, reduzindo a morbidade pós-operatória (BONICA, 1992). Prover
analgesia efetiva em cavalos com injúria ortopédica ou em tecidos moles permanece
um desafio, devido à eficácia dos agentes disponíveis para uso ser limitada, ou
então haver risco de efeitos adversos associados ao uso de determinadas
substâncias (CLARK & CLARK, 1999). Por exemplo, antiinflamatórios não
esteróides, são efetivos para o tratamento de dor moderada a severa em eqüinos,
porém o uso por tempo prolongado está associado com efeitos deletérios potenciais
no trato gastrointestinal e danos renais (BEITZ, 1992). Da mesma forma,
administração IM ou IV de fármacos opióides, tem sido associado a íleo paralítico e
alterações comportamentais em eqüinos (OHARA et al., 1988).
A grande variedade de fraturas intra-articulares encontradas com freqüência
em cavalos jovens e, por outro lado, as doenças degenerativas das articulações que
atingem os eqüinos de todas as idades, são os problemas mais freqüentes e
comuns que ocorrem nos animais de competição, com considerável prejuízo
econômico, sendo situação de rotina em que possam ser utilizadas técnicas de
analgesia subaracnóide como opção terapêutica.
Diversas técnicas utilizando derivados opióides isobáricos pela via
subaracnóide estão descritas para uso clínico em cavalos, porém a utilização de
fármacos opióides hiperbáricos ainda não foi proposta, e devido às características
físicas das substâncias hiperbáricas sugerirem efeito analgésico segmentar potente,
e efeitos cardiovasculares e respiratórios adversos limitados, propõem-se o presente
estudo, uma vez que além de ser de extrema importância para uso na espécie
eqüina, poderá ser base para estudos em diversas espécies animais.
O uso de modelos experimentais vem num crescente em pesquisas na
grande área da Cirurgia, uma vez que podem em algumas situações abreviarem o
tempo de investigação com unidades experimentais, permitindo uma prévia dos
efeitos esperados. Em nosso estudo, desenvolvemos um modelo experimental de
um espaço subaracnóide de um cavalo adulto, oferecendo a possibilidade de visão
11
do comportamento físico dos agentes a serem escolhidos para uso nos animais
experimentais.
Devido a grande importância no contexto zootécnico e social, o cavalo ocupa
uma posição de destaque em nosso estado, e a investigação científica de técnicas
destinadas ao controle da dor, é sem dúvida fator crucial para o avanço da área.
Sendo assim, a fase in vitro, no modelo que mimetizou o espaço
subaracnóide de um cavalo adulto, teve por objetivo a avaliação do comportamento
físico de diferentes opióides hiperbáricos, servindo como base para a escolha das
substâncias para posterior uso in vivo, que objetivou avaliar os efeitos da
administração de opióides hiperbáricos pela via subaracnóide sobre as funções
cardiorrespiratória, sobre o limiar de dor à estimulação elétrica e sobre o
comportamento dos cavalos utilizados na pesquisa.
2. Revisão Bibliográfica
2.1. A Dor e sua Percepção
Dor é definida pela Associação Internacional para o estudo da Dor como
sendo “uma desagradável experiência emocional e sensorial associada a um dano
tecidual”. A parte emocional e psicológica desta definição apresenta grande
dificuldade de avaliação nos animais, uma vez que eles não são capazes de
expressarem verbalmente sua sensação. Sherrington em 1906 observou que no
homem, usualmente a dor era usualmente acompanhada por injúria tecidual,
propondo que a produção de dano tecidual deveria ser o denominador comum para
os diversos e variados estímulos que evocam dor. Sherrington criou o termo
“nocicepção” para definir produção de estímulo nocivo através de injúria, sendo os
receptores aferentes que detectam e sinalizam o estímulo nocivo, classificados
como nocirreceptores. Este pesquisador também sugeriu que a função dos sistemas
em responder aos estímulos nocivos é um mecanismo natural de defasa orgânica, e
como são ativados anteriormente a ocorrência do dano tecidual, servem como
sistemas de defesa, evitando muitas vezes a injúria (JONES, 1992).
Recentes avanços em pesquisas envolvendo dor têm caracterizado a
anatomia, fisiologia, bioquímica e farmacologia dos sistemas que envolvem a dor,
entretanto ainda não são completamente explicados (BEITZ, 1992; BONICA, 1992).
Vários mecanismos estão envolvidos na transmissão e na inibição da dor
(LEWIS et al., 1980). A percepção da dor inicia-se através da ativação de
nocirreceptores periféricos, distribuídos na superfície corpórea, divididos em três
subtipos: mecanorreceptores de alto limiar, que respondem à pressão; receptores
mecano-térmicos de baixo limiar, que respondem à pressão e ao calor, e receptores
polimodais, que respondem à pressão, ao calor e a agentes químicos.
As vias de condução da dor podem ser descritas como um modelo de três
neurônios, com o neurônio de primeira ordem originando-se na periferia e
projetando-se para a medula espinhal (BEITZ, 1992). CLARK & CLARK (1999),
relatam que o neurônio de segunda ordem ascende na medula espinhal e os de
terceria ordem projetam-se no córtex cerebral e outras estruturas supra-espinhais. A
dor pode ser classificada de acordo com sua localização anatômica ou significância
fisiológica. A dor nociceptiva ou fisiológica é aquela produzida por estímulo nocivo
(nociecipetivo) de receptores especializados (nociceptores) inervados por fibras de
13
limiar alto como as fibras A-delta e fibras C, e alerta estruturas supra-espinhais para
o risco de lesão tecidual potencial. A dor patológica ou clínica é causada por
ativação contínua dos nociceptores por lesão tecidual já estabelecida ou lesão de
regiões do sistema nervoso. Ambas as dores periférica e neuropática podem
produzir alterações no sistema nervoso resultando em processos patológicos
chamados alodinia (produção de dor por estímulo não doloroso) e hiperalgesia
(resposta exagerada a um estímulo doloroso). A dor pode também ser classificada
como periférica visceral ou somática. A dor visceral é de difícil localização enquanto
a dor somática tem localização precisa. A dor somática pode ser ainda definida
como dor superficial (pele) e dor profunda (articulações, músculo e periósteo). O
conceito de dor supercial ou profunda não deve ser confundido com intensidade de
dor já que somente se refere a localização anatômica da origem do estímulo
doloroso. Independentemente da origem do estímulo doloroso, as fibras A-delta e
fibras C estarão envolvidas na transmissão do estímulo elétrico, dependente da
intensidade deste estímulo. A dor pode ainda ser do tipo neuropática que resulta de
trauma, inflamação ou sensibilização de nervos periféricos ou da medula espinhal. A
dor neuropática é descrita como uma dor intensa e que tem resposta pobre ao
tratamento.
As vias de condução do estímulo nociceptivo, incluem ainda uma rede de
terminações nervosas e conexões com outros neurônios e vias descendentes
inibitórias com seus neurônios próprios partindo do mesencéfalo que modulam a
transmissão aferente do estímulo doloroso (AIMONE, 1992).
O processo inicial para o reconhecimento do estímulo nociceptivo envolve a
transdução de estímulos mecânicos, térmicos e químicos em impulsos elétricos por
terminações nervosas especializadas chamadas nociceptores. Os nociceptores são
receptores nas terminações nervosas livres dos neurônios primários aferentes e têm
a função de reconhecer lesões teciduais potenciais. Os sinais captados pelos
nociceptores são transmitidos por fibras de diâmetro reduzido e mielinizadas
chamadas fibras A-delta que por suas características conduzem os impulsos
elétricos de forma rápida, sendo responsáveis pela resposta do tipo dor aguda, ou
dor primária. Fibras ainda menores, não mielinizadas chamadas fibras C são muito
mais lentas na velocidade de transmissão e são responsáveis pelas chamadas dor
secundária ou dor “lenta”, mas não podem ser confundida com dor crônica que
envolve outros mecanismos. As fibras C são na realidade fibras complementares
14
para a resposta das fibras A-delta. Ambos os tipos de fibra são encontradas na pele,
peritônio, pleura, periósteo, osso subcondral, cápsulas articulares, vasos
sangüíneos, músculos, tendões, fáscia e vísceras. Os corpos celulares dos dois
tipos de fibras estão localizados no gânglio da raiz dorsal , e enviam axônios para
sinapses com os neurônios do corno dorsal da substância cinzenta da medula
espinhal. É no corno dorsal que a integração e modulação do estímulo nociceptivo
ocorre. Aferentes primários formam conexões diretas ou indiretas com uma das três
populações de neurônios no corno dorsal, os interneurônios que podem ser
excitatórios ou inibitórios, neurônios proprioespinhais envolvidos no reflexo
segmentar, e neurônios de projeção que se estendem para centros supraespinhais
como o mesencéfalo ou o cortéx. Estes neurônios de projeção são divididos em
diversos tratos ascendentes, incluindo o trato espinotalâmico lateral, o trato
espinomesencefálico, e o trato espinocervical. Estes neurônios fazem sinapse com
neurônios de terceira ordem localizados em regiões da medula oblonga, ponte,
mesencéfalo, tálamo, e hipotálamo, e córtex cerebral onde a dor é percebida.
Estímulos dolorosos aferentes são submetidos a uma série de mecanismos
inibitórios pelas vias modulatórias descendentes. A inibição ocorre dentro das
estruturas corticais e talâmicas, do mesencéfalo, da medula rostral, do tronco
cerebral, e do corno dorsal da medula espinhal (OHARA et al., 1988).
2.2. O Processamento Nociceptivo na Medula Espinhal
O estímulo doloroso é transmitido à medula espinhal através de fibras Aδ e C
(KITCHELL, 1987). Estas estruturas de primeira ordem fazem sinapse com
neurônios secundários na medula espinhal, liberando neurotransmissores e ativando
neurônios chamados de segunda ordem no corno dorsal da medula. Neurônios
específicos nociceptivos transmitem exclusivamente estímulo doloroso, e neurônios
classificados como de “amplo alcance” transmitem sinais não dolorosos. Neurônios
de segunda ordem ascendem da medula espinhal em múltiplos tratos que
transmitem o estímulo ao cérebro. O trato espinotalâmico quantitativamente mais
importante ascende na medula espinhal na substância branca ventral contra lateral
ao sítio da estimulação (CLARK & CLARK, 1999). A ativação destes neurônios
resulta em resposta de reflexo espinhal, ao passo que há ativação do trato
ascendente, o qual transmite informação nociceptiva para níveis supraespinhais,
completando a via nociceptiva (CLARK & CLARK, 1999; AIMONE, 1992).
15
Tem sido localizada substância P em fibras aferentes de pequeno diâmetro
que terminam na área da substância gelatinosa (HOKFELT et al., 1975;
TUCHSCHERER & SEYLBOLD, 1985). GO & YAKSH (1987) e HYLDEN & WILCOX
(1981) demonstraram que a substância P é liberada da medula espinhal tanto “in
vitro” quanto “in vivo”. HAMON et al. (1988) relatam também que outros
neuropeptídeos são liberados dos neurônios primários aferentes após uma
estimulação nociceptiva, que segundo CAMERON et al. (1988), a existência de
múltiplos neurotransmissores no interior de uma única fibra, reforça a complexidade
da neuro transmissão nociceptiva. Em adição aos neuropeptídeos, aminoácidos
excitatórios como o glutamato e aspartato, também participam na transmissão
nociceptiva (AANONSEN & WILCOX, 1988). SCHNEIDER & PERL (1985),
demonstraram num estudo in vitro que aminoácidos excitatórios participam na
mediação da transmissão nociceptiva rápida, enquanto que se acredita que
neuropeptídeos mediam a transmissão nociceptiva lenta. Ambos os aminoácidos
excitatórios e a substância P são liberados no corno dorsal da medula após um
estímulo nocivo (SKILLING et al., 1988 e McCARSON & GOLDSTEIN, 1990). Esta
citação é reforçada pelos achados de MURRAY et al. (1991), que produziram efeito
analgésico e comportamental em um modelo de dor em ratos após a administração
intratecal de antagonistas de aminoácidos excitatórios e substância P. A infusão de
substância P no interior da medula espinhal incita a liberação de aminoácidos
excitatórios, aumentando a transmissão sináptica (KANGRGA et al., 1990; SMULLIN
et al., 1990).
Diferentes sistemas de receptores têm sido localizados no corno dorsal da
medula espinhal, e muitos destes sistemas de receptores podem ter a função
específica de modular a transmissão nociceptiva. A modulação pode ocorrer tanto
por inibição da liberação de neurotransmissores das fibras primárias aferentes como
por inibição da ativação de neurônios de segunda ordem no corno dorsal (NATALINI
& ROBINSON, 2000).
2.3. Receptores de Adenosina
Tem sido proposto que os receptores de adenosina estejam envolvidos na
modulação da transmissão nociceptiva. Tem-se evidenciado envolvimento do
componente de adenosina no efeito anti-nociceptivo da morfina. Injeção intratecal de
16
adenosina está associada à produção de anti-nocicepção moderada e à debilidade
motora (SAWYNOK et al., 1986; SOSNOWSKI et al., 1989).
2.4. Receptores Adrenérgicos
O sistema adrenérgico está envolvido na modulação da transmissão
nociceptiva devido à alta concentração de sítios de ligação para alfa-adrenérgicos
encontrados na substância gelatinosa. Sítios de ligação para substâncias α-2
adrenérgicas estão concentrados no corno dorsal da medula espinhal. Uma injeção
intratecal de norepinefrina inibe o comportamento nociceptivo produzido pela
substância P administrada igualmente pela via intratecal, indicando que a modulação
pós-sináptica contribui para a ação antinociceptiva dos fármacos α-adrenérgicos A
administração de agonistas α-2 adrenérgicos deprime a atividade dos neurônios do
corno dorsal. Agonistas noradrenérgicos ativam a liberação de substância P in vivo e
in vitro. Esta inibição é revertida através de antagohistas α-2 adrenérgicos como a
fentolamina e yoimbina (PERT et al., 1975; GO & YAKSH, 1987).
2.5. Receptores GABA (ácido γ-aminobutírico)
A administração intratecal de agonistas GABA produz efeito antinociceptivo. A
administração espinhal de um agonista GABA-B, porém não GABA-A, tem mostrado
modular o processo nociceptivo. Em contraste aos opióides e agonistas α-2, GABA
não tem mostrado inibir a liberação de substância P. Sendo assim, é sugerido que a
propriedade antinociceptiva do ácido γ-aminobutírico, seja modular a descarga
neuronal de segunda ordem do corno dorsal (GOODCHILD & SERRAO, 1987).
2.6. Receptores Opióides
Receptores opióides como µ, δ e к são encontrados no corno dorsal da
medula espinhal, em neurônios de segunda ordem, pré e pós-sináptico. Opióides
espinhais modulam a transmissão nociceptiva. Neuropeptídeos inibitórios como a
dinorfina A, a metaencefalina e as encefalinas, são liberadas após estimulação
nociceptiva. A liberação destas moléculas fornece substrato para se chegar a
conclusão de que tenham efeito analgésico endógeno semelhante à morfina. A
inibição da liberação de neurotransmissores pré-sinápticos pelos neurônios
aferentes de pequeno diâmetro no interior do corno dorsal da medula, tem sido
proposta como mecanismo de ação para agentes antinociceptivos espinhais. Ambos
17
opióides agonistas-µ e agonistas-δ inibem a liberação de substância P in vivo e
outros neurotransmissores in vitro, sugerindo que opióides inibam múltiplos
neurotransmissores primários envolvidos na transmissão da dor, sendo que há
evidências de ação pré e pós-sináptica de opióides espinhais. Opióides agonistas
inibem a descarga de neurônios de segunda ordem do corno dorsal da medula. A
administração intratecal de um opióide agonista inibe o comportamento nociceptivo
produzido pela administração intratecal de substância P, fornecendo evidências para
que o mecanismo de ação seja pós-sináptico, sendo que tem se proposto que a
morfina tenha efeito pré e pós-sináptico após administração sistêmica
(ZIEGLGANSBERGER & BAYERL, 1976; ATWEH & KUHAR, 1977; GO & YAKSH,
1987).
2.7. O Processamento Supra-espinhal da Informação Nociceptiva
A informação nociceptiva é transmitida às estruturas supra-espinhais através
do trato ascendente. Embora os neurotransmissores localizados no trato ascendente
não sejam completamente conhecidos, a ativação de áreas supra-espinhais muito
provavelmente seja mediada por aminoácidos excitatórios (JENSEN & YAKSH,
1992). HARMANN et al. (1988), acrescentam que a inervação colateral no trato
descendente é responsável pela ativação simultânea de várias regiões cerebrais
quando o estímulo nociceptivo ascendente for produzido.
A ativação de sítios supra-espinhais é necessária para a percepção da dor.
Estes sítios que processam a informação nociceptiva recebem descargas aferentes
e remetem para a via eferente. Muitos estudos têm mostrado que múltiplas áreas no
cérebro contribuem para o sistema de inibição descendente. A morfina e os agentes
derivados da morfina devem ativar os sistemas de inibição descendente de forma
similar às encefalinas endógenas (YAKSH & RUDY, 1978).
2.8. A Modulação Descendente da Nocicepção
Em 1858, Bernard demonstrou que a transmissão da informação aferente
poderia ser modulada pelos sistemas supra-espinhais (AIMONE, 1988). Em gatos
descerebrados, o reflexo de flexão aumenta significativamente após a trans-secção
da medula espinhal, que faria a função de remover a influência inibitória do tônus
pelo iterneurônio (SHERRINGTON, 1915; FULTON, 1926). HUTCHINSON et al.
(1990), demonstraram que o sistema de inibição descendente está envolvido na
18
antinocicepção e analgesia, uma vez que o reflexo espinhal nociceptivo e a
apresentação comportamental por um estímulo nocivo, foram inibidos em ratos,
gatos e macacos, e houve produção de analgesia no homem quando se administrou
opióides na mesma estrutura cerebral.
Várias estruturas supra-espinhais do sistema nervoso central estão
envolvidas na modulação descendente da nocicepção, como o diencéfalo, o
mesencéfalo, a ponte e a medula (AIMONE, 1992; JONES, 1992). A ascensão do
estímulo nociceptivo através da medula espinhal é necessária para a ativação
endógena dos sistemas de inibição descendente, todavia, não se sabe se diferentes
estímulos nociceptivos são capazes de ativar diferentes regiões supra-espinhais que
regulariam diferenciadamente a modulação do estímulo (AIMONE, 1992). Este
mesmo autor relata que diferentes regiões do cérebro podem agir
independentemente através da emissão de estímulo diretamente à medula espinhal,
ou então para outro núcleo nervoso. Em um estudo onde se utilizaram antagonistas
para receptores específicos pela via intratecal, AIMONE (1992), demonstrou que
componentes noradrenérgicos e serotoninérgicos estão envolvidos na inibição da
nocicepção em vários sítios de regiões supra-espinhais. HEADLEY et al. (1978) e
RANDIC & YU (1978) relataram que há envolvimento da norepinefrina e serotonina
na modulação da transmissão da nocicepção e na inibição da excitação do corno
dorsal neuronal.
Diversos peptídeos e neurotransmissores também foram localizados no
periaqueduto cinza, incluindo encefalinas, dinorfina, neurotensina, substância P e
outras (ELDE, et al., 1976; REICHLING, et al., 1988). O primeiro relato de que o
periaqueduto cinza seria a primeira estrutura cerebral envolvida na analgesia
promovida pela morfina foi proposto por TSOU & JANG (1964), que investigaram os
possíveis sítios de ação da morfina quando administrada através de microinjeção
intracerebral. BENNETT & MAYER (1979) e JONES & GEBHART (1988) também
demonstraram através da administração de morfina no periaqueduto cinza, que esta
foi capaz de inibir o corno dorsal. Já FIELDS & BASBAUM (1978) relataram a
presença de receptores opióides µ, δ e κ nesta região do SNC, sendo novamente
comprovada a expressão destes receptores por JENSEN & YAKSH (1986), quando
utilizaram agonistas seletivos no periaqueduto cinza.
O sistema de modulação descendente da dor é um complexo mecanismo de
inibição do estímulo nociceptivo ascendente, entretanto, as estruturas supra-
19
espinhais não são capazes de reconhecer o potencial de agressão deste estímulo. O
tratamento da dor aguda e crônica ainda é um dos maiores desafios que clínicos e
pesquisadores são confrontados, e uma vez que os opióides são os fármacos
analgésicos mais potentes e com maior duração de efeito que se conhece, e com
base no fato de que receptores opióides são componentes do sistema de inibição
nociceptiva descendente, a investigação extensiva desta classe farmacológica é de
importância incontestável.
2.9. Fármacos Opióides em Cavalos
Fármacos opióides com diferentes classificações em relação ao sítio de ação
estão indicados para uso clínico em cavalos. Em síntese, a classificação poderia ser
realizada em opióides agonistas-µ puros, a exemplo da morfina; em opióides
agonistas/antagonistas, que tem a propriedade de produzirem efeito agonista em um
determinado tipo de receptor opióide e de antagonizar por completo outro tipo de
receptor, a exemplo da buprenorfina; e de opióides agonistas-µ e antagonistas do
NMDA (CHIZH et al., 2000).
Reporta-se que a administração sistêmica de opióides em cavalos tem o
potencial de produzir excitação do SNC em contraste à sedação no homem e no
cão. Tanto a excitação do SNC como excitação simpática tem sido citada com
diferentes opióides derivados da morfina. Doses que produzem analgesia cutânea
no cavalo aumentam a freqüência cardíaca e respiratória, produzem midríase e
hipertermia, além de aumentarem a atividade locomotora. Opióides agonistas-µ
como a morfina e fentanil aumentam a atividade dopaminérgica da substância nigra,
do centro de atividade locomotora no SNC, que pode ser reduzida com um
antagonista de receptor dopaminérgico como a acepromazina (COMBIE et al., 1979;
KARMELING et al., 1985). TOBIN (1981) relata que os receptores opióides no SNC
são responsáveis pelo aumento da atividade locomotora no cavalo. Quando um
antagonista do receptor opióide como o naloxone é administrado pela via
intravenosa no cavalo, não há aumento na atividade locomotora após um opióide
agonista µ como a morfina e fentanil.
Analgésicos opióides não são comumente utilizados em cavalos pela via
sistêmica para alívio da dor devido à excitação do SNC. Butorfanol, um opióide
agonista-к e antagonista-µ, têm o potencial de produzir marcado aumento da
atividade locomotora quando administrado pela via intravenosa em cavalos (NOLAN
20
et al., 1994). Em outro estudo, KAMERLING et al. (1988) demonstraram que o
opióide к-seletivo U50488H produziu analgesia de curta duração sem excitação em
cavalos.
Analgesia profunda é obtida quando se utiliza uma associação de um opióide
a um sedativo como a xilazina ou acepromazina pela via sistêmica em cavalos. Os
sedativos diminuem as chances de ocorrência de excitação do SNC (HUBBELL &
MUIR, 1994). Várias associações de opióides e sedativos têm sido sugeridas para
uso no cavalo, variando em potência de efeito analgésico em relação ao opióide
utilizado e grau de sedação (KLEIN & BAETJER, 1974; CLARKE & PATON, 1988;
CLARK et al., 2005; CORLETTO et al., 2005).
2.10. Fármacos Opióides Espinhais
A anestesia e a analgesia espinhal têm sido descritas em humanos e animais
desde que foi relatado seu uso em 1901 (KLIDE, 1992). GÓMEZ DE SEGURA et. al.
(1998) relatam que estas técnicas têm sido reportadas para promover analgesia
efetiva para injúrias ortopédicas ou em tecidos moles em muitas espécies, e os
efeitos da administração espinhal de agonistas alfa-2, agentes dissociativos e
anestésicos locais, isolados ou em associações, vêm sendo avaliados em cavalos
(SKARDA & MUIR, 1996; NATALINI & ROBINSON, 2000; OLBRICH & MOSING,
2003; De ROSSI et al., 2004). A administração espinhal de opióides e agonistas alfa-
2, comparada com o uso IM ou IV, apresentam vantagens como efeito prolongado e
redução na incidência ou na severidade da sedação (SKARDA & MUIR, 1996).
VALVERDE et al. (1990), utilizaram morfina pela via epidural para o
tratamento de dor somática intensa em um membro posterior de uma égua, sendo
este o primeiro relato do uso epidural para fins clínicos na espécie eqüina. Os
autores relataram que o processo doloroso era refratário a analgésicos sistêmicos, e
que foi controlado com sucesso com a utilização de morfina epidural.
Mais tarde, em 1994, um estudo controlado comprovou que a utilização de
0,05 a 0,1mg/kg de morfina epidural produziu analgesia segmentar em cavalos,
caracterizada por sedação sem ataxia, sendo que a dose mais elevada produziu
rápido início de ação, longa duração e difusão cranial, atingindo mais dermátomos
craniais do que doses mais baixas. Os ramos nervosos dorsais do plexo lombo-
sacro foram preferentemente mais afetados do que os ramos ventrais pelas duas
doses de morfina estudadas (ROBINSON, 1994).
21
Analgesia espinhal pode ser obtida com diferentes fármacos (VALVERDE et
al., 1990; SKARDA, 1996; GOMEZ DE SEGURA et al., 1998). Quando comparado
com outros fármacos, os opióides apresentam a vantagem sobre agentes
anestésicos locais e agonistas alfa-2 devido a não ocorrência de bloqueio simpático
e envolvimento motor (SINATRA et al., 1992; STOELTING, 1999).
Em pacientes humanos, depressão respiratória é citada após a administração
epidural de agentes opióides (COUSINS & MATHER, 1984, SINATRA et al., 1992;
STOELTING, 1999). Outras complicações em pessoas são náuseas, vômito, prurido,
retenção urinária, sonolência, excitação do SNC e retenção hídrica (SINATRA et al.,
1992). A administração epidural de 0,05mg/kg ou 0,1mg/kd de morfina produz
sedação e analgesia intensa prolongada em cavalos, sendo que não são reportadas
alterações fisiológicas marcadas nas funções cardiovasculares, respiratória e
gastrintestinal. Depressão respiratória tardia, que comumente é observada no
paciente humano, também não tem sido citada após a administração espinhal de
opióides em pequenos e grandes animais (PABLO, 1993; PADDLEFORD, 1999).
Associação para uso epidural de morfina com detomidina, um agonista alfa-2,
foi utilizada para o tratamento de sinovite induzida por anfoterecina-B em um modelo
de dor articular tarso-crural em cavalos. Os autores concluíram que houve um
significatrivo decréscimo nos escores de dor avaliados após o tratamento com
morfina e detomidina epidural, sugerindo que a combinação produz profunda
analgesia em cavalos (SYSEL et al., 1996). Em outro estudo experimental
controlado, morfina epidural decresceu a concentração alveolar mínima (CAM) do
halotano em pôneis quando um estímulo nocivo foi aplicado aos membros pélvicos,
porém, não reduziu a CAM quando o estímulo foi aplicado nos membros torácicos.
No mesmo estudo, butorfanol epidural não produziu trocas na CAM (DOHERTY, et
al., 1997).
2.11. Modelos de Dor em Cavalos
Primeiramente, para a avaliação de fármacos analgésicos e técnicas de
analgesia em animais, é necessária a seleção de um modelo de dor sensível,
específico e objetivo. No cavalo especificamente, a avaliação de analgésicos e
percepção da dor tem sido uma dificuldade, devido à natureza e o porte desta
espécie.
22
Vários modelos de dor têm sido sugeridos para avaliar dor somática e visceral
em cavalos (PIPPI & LUMB, 1979; SZABUNIEWICS & SZABUNIEWICS, 1975).
MATHEWS (1992) sugeriu um critério que deveria ser considerado anteriormente à
avaliação de dor quando se utiliza um modelo. O estímulo e a resposta devem ser
avaliados na sua magnitude; a resposta deve ser rápida e repetida; o modelo deve
ser eticamente aceito e o estímulo álgico produzido deve ser o mínimo necessário
para produzir resposta repetida; a resposta ao estímulo deve ser relacionada à
espécie, por exemplo, um modelo que requeira vocalização, deve ser muito intenso
para utilização no cavalo. Este autor, também sugeriu que os modelos de dor podem
ser divididos em invasivos, requerendo implantação cirúrgica de algum dispositivo ou
trauma permanente em tecidos corpóreos do animal, ou não invasivos, que não
requerem procedimento cirúrgico ou alteração permanente do animal.
O balão para cólica, é um modelo de dor visceral que é reportado, e foi
utilizado experimentalmente por muito tempo. Este modelo utiliza uma fístula cecal
na qual um balão é inserido e inflado. Quando a pressão do ceco aumenta, o cavalo
mostra sinais de desconforto e dor. Neste modelo, o observador registra o escore de
dor em uma escala subjetiva de avaliação, o que passa a ser uma desvantagem
deste modelo (LOWE, 1969; LOWE, 1978). LOWE et al. (1980), descrevem outro
modelo experimental de cólica, a impactação da flexura pélvica. Neste, há a criação
de uma fístula na flexura pélvica e a impactação era induzida pela obstrução parcial
através da adaptação de um balão de borracha de 1 litro, fixado no local da fístula.
Este método foi utilizado em investigações em que se avaliaram os efeitos
analgésicos da xilazina, fentanil, meperidina, oximorfona, pentazocina, flunixin
meglumine, dipirona e detomidina (LOWE, 1969; PIPPI et al., 1979; LOWE et al.,
1980; LOWE & HILFIGER, 1986).
Modelos de dor somática superficial em cavalos têm sido descritos. Um
modelo de calor por luz radiante sobre uma área a ser testada na superfície lateral
do membro anterior, quando o tempo de resposta for mensurado com a utilização de
um acelerômetro (PIPPI et al., 1979). Esta técnica requer que o cavalo não se
movimente, e não deve ser utilizado para avaliar analgésicos que possam produzir
aumento da atividade motora (KAMERLING, et al. 1989). Os mesmos autores
relatam outra variante com o modelo utilizando calor, que pode haver movimentos
de contratura muscular da pele devido à desidratação da região, ocasionando
contração da musculatura subcutânea. Outra variação da utilização do modelo com
23
a utilização de calor foi relatada em eqüinos por KAMERLING et al. (1985). Estes
autores desenvolveram uma unidade manual utilizando uma lâmpada de projeção
incandescente de 500 watts. O raio de luz foi focado através de uma lente
condensadora, formando uma imagem de luz intensa de 2,5cm
2
, aproximadamente a
24,5cm da lente. O foco de luz foi aplicado na região da articulação
metacarpofalangeana, sendo o reflexo de retirada do membro o padrão para a
interrupção da aplicação do calor.
Um método muito simples para a avaliação de dor superficial é o estímulo
cutâneo com uma agulha (KERR et al., 1972). A maior dificuldade com este método
é a limitação do estímulo repetido, podendo causar um traumatismo produzindo uma
resposta condicionada, associado à dificuldade de quantificação do estímulo
(MATHEWS, 1992).
BARANGE et al. (1988), descreveram um modelo de laminite reversível como
sendo um método não invasivo, utilizando uma bota compressiva ajustável para
avaliação dos efeitos analgésicos de fármacos antiinflamatórios não esteróides.
A utilização de técnicas com corrente elétrica tem sido descritas em três
modelos experimentais. Um, é a estimulação elétrica da membrana mucosa oral,
para determinar a concentração alveolar mínima de enfluorano, halotano e
isofluorano, propondo-se uma exposição de 60 segundos com uma configuração de
50V, 5Hz e 10ms, e na presença de movimento intencional, considera-se resposta
positiva, sendo ajustada a concentração do agente anestésico (STEFFEY et al.,
1977). JOCHLE & HAMM (1986) citam outro modelo, colocando eletrodos na coroa
do casco, conectados a um estimulador elétrico com aferição constante da corrente
elétrica, quando mensura-se a corrente elétrica mínima capaz de produzir reação de
levantamento do membro que possui os eletrodos conectados. O terceiro modelo
descrito com a utilização de estimulação elétrica é a estimulação dos dermátomos
cutâneos. ROBINSON (1994) utilizou este modelo para avaliação dos efeitos
analgésicos da morfina epidural 0,05mg/kg e 0,1mg/kg em cavalos, sendo o
estímulo elétrico aplicado em dois eletrodos distanciados em 10 cm, iniciando-se
com estímulo de 10 volts e aumentando em incrementos de 10 volts até ser
visualizada resposta, aplicando-se um estímulo máximo de 80 volts. NATALINI &
ROBINSON (2000) utilizaram um modelo de estimulação elétrica dos dermátomos,
perineais, sacrais, lombares e torácicos para a investigação dos efeitos anagésicos
24
de diversos opióides pela via epidural, mostrando ser este um método consistente
como modelo de dor em cavalos.
Modelos avaliando a intensidade da dor somática têm sido utilizados em
cavalos. A implantação cirúrgica de um eletrodo monopolar na dentina de cavalos foi
proposta por BRUNSON et al. (1987), quando um estímulo único com duração de
2ms repetido em intervalos de 20 segundos foi utilizado para produzir reflexo de
retirada da cabeça, quando se considerou resposta positiva ao estímulo de baixa
corrente a repetição de três movimentos de retirada da cabeça. Esta técnica foi
utilizada para a avaliação dos efeitos analgésicos de 1,1mg/kg de cloridrato de
xilazina pela via intravenosa.
Laminite também tem sido citada como modelo de dor somática profunda em
cavalos, sendo produzida através da injeção intra-articular de ácido hialurônico ou
anfoterecina-B. A efetividade na redução da laminite foi avaliada respectivamente
através da análise da eficácia e dos escores de dor (SYSEL, 1996).
2.12. Modelos Experimentais “in vitro”
Poucos são os relatos da utilização de modelos in vitro para investigações
científicas envolvendo o uso de fármacos anestésicos e/ou analgésicos pela via
espinhal.
A distribuição da substância analgésica no interior do espaço subaracnóide é
um dos fatores determinantes para o sucesso da anestesia ou analgesia espinhal,
sendo que modelos in vitro podem ser utilizados para a investigação dos fatores que
afetam a distribuição do anestésico no líquido cérebro-espinhal, podendo servir de
base para a utilização posterior uso clínico (ROBINSON et al., 1994). Estes autores,
desenvolveram um modelo espinhal plástico simulando o espaço subaracnóide, a
medula espinhal e a cauda eqüina da espécie humana, sendo este modelo
preenchido por Ringer com lactato de sódio com gravidade específica de 1005 g/mL,
onde no qual foram realizadas sucessivas injeções de anestésico local com
baricidade fixada em 1037 e coradas com azul de ftalocianina, sendo utilizado um
modelo de processamento digital de imagem da difusão das injeções no modelo.
McELLISTREM et al. (1993), relataram a utilização de um modelo in vitro para
a determinação da permeabilidade da dura-máter de seres humanos à opióides e
anestésicos locais, através da confecção de um aparato constituído de duas
câmaras de vidro separadas por uma porção de dura-máter de 3cm
2
e preenchidas
25
com líquido cérebro-espinhal artificial com a mesma osmolalidade do líquido
cérebro-espinhal. A permeabilidade foi testada a partir da administração do agente
analgésico na câmara “A” e em tempos pré-determinados, os autores coletaram
amostra na câmara “B”, realizando a cromatografia e a determinação da difusão das
substâncias através da dura-máter.
Modelos in vitro também têm sido utilizados para a investigação dos efeitos
anatômicos produzidos diretamente sobre a dura-máter humana após cateterização
acidental do espaço subaracnóide. ANGLE et al. (2004), montaram um modelo
subaracnóide em uma base fixa submetido à pressão artificial semelhante à pressão
do espaço subaracnóide, e após cateterização com diferentes tipos de agulhas
epidurais, descreveram as alterações anatômicas da dura-máter e as possíveis
complicações da cateterização acidental do espaço subaracnóide.
Em Medicina Veterinária, não há relatos da utilização de modelos espinhais
e/ou subaracnóide em cavalos servindo como base para determinação de
características físicas de substâncias analgésicas administradas pela via epidural ou
subaracnóide.
2.13. Substâncias hiperbáricas para analgesia espinhal
Soluções de opióides hiperbáricos não são comumente utilizados para
analgesia espinhal. Uma extensa pesquisa no indexador Pubmed não informou
nenhum relato do uso de opióide hiperbárico na espécie humana ou em alguma
espécie animal. Na espécie humana, a utilização de fármacos anestésicos locais ou
associações destes com opióides vem sendo utilizada para fins clínicos, com
características clínicas que muitas vezes tornam a técnica vantajosa sobre àquelas
em que se utilizam anestésicos locais isobáricos.
KUUSNIEMI et al. (2000), compararam os efeitos da utilização de bupivacaína
isobárica versus bupivacaína hiperbárica (com adição de dextrose a 9%) para a
produção de anestesia espinhal unilateral no membro inferior de seres humanos
submetidos à procedimento ortopédico, chegando a conclusão que tanto a
bupivacaína isobárica quanto a hiperbárica foram alternativas satisfatórias para
promover anestesia, sendo que no grupo hiperbárico, a anestesia unilateral teve
maior sucesso.
Em um outro estudo, RICHARDSON et al. (1998), estudaram os efeitos da
associação de morfina com bupivacaína isobárica versus bupivacaína hiperbárica
26
pela via intratecal, em trinta mulheres submetidas à cesariana, chegando à
conclusão que a diferença na baricidade dos agentes espinhais produz diferença na
distribuição dos analgésicos no espaço subaracnóide, uma vez que as respostas
clínicas da associação de bupivacaína hiperbárica com morfina foram superiores à
associação isobárica. Os mesmos autores sugerem neste trabalho que mais estudos
envolvendo anestésicos hiperbáricos sejam realizados em pacientes não
parturientes, uma vez que a gravidez pode de alguma forma, ter influenciado na
distribuição dos agentes no espaço intratecal.
3. MATERIAL E MÉTODO
A fase experimental desta pesquisa foi realizada no Laboratório de Pesquisa
em Eqüinos da “Louisiana State University, School of Veterinary Medicine,
Department of Veterinary Clinical Sciences, Veterinary Anesthesiology and Pain
Management”, da Universidade da Louisiana – EUA, sendo aprovada para execução
pelo comitê de ética desta instituição.
A pesquisa foi realizada em duas fases distintas, “in vitro” e “in vivo”,
conforme metodologia descrita a seguir.
3.1. Fase “in vitro
A primeira etapa do estudo “in vitro” constou da determinação da densidade
de amostras não diluídas de morfina, buprenorfina, metadona, hidromorfona e
fentanil; e da densidade de soluções de glicose a 5% e 10%. Posteriormente,
realizou-se a diluição de tais opióides com solução de cloreto de sódio a 0,9% para a
obtenção de soluções isotônicas e glicose a 5% e 10% para as soluções
hipertônicas. Para a diluição, utilizou-se 5mg de morfina a 2,5%; 0,5mg de
buprenorfina a 0,03%; 5mg de metadona a 1%, 5mg de hidromorfona a 0,25% e
0,5mg de fentanil a 0,005% acrescido de cloreto de sódio a 0,9%, glicose a 5% ou
glicose a 10% até se alcançar o volume total de 5mL. Tais diluições foram coradas
com a adição de 0,1mL de azul de metileno a 100%, e então, determinou-se a
densidade das soluções isotônicas e hiperbáricas por refratometria, em sala com
temperatura controlada em 22°C. As diluições hiperbáricas realizadas com glicose a
5% e 10% que apresentaram densidade maior ou igual a 1030 foram escolhidas
para o teste in vitro. A escolha dos agentes opióides utilizados baseou-se nos
diferentes mecanismos de ação dos grupos de opióides com propriedades agonista-
µ puro; agonista/antagonista e agonista-µ/antagonista do NMDA.
Para a observação da difusão dos diferentes opióides hiperbáricos
selecionados para a segunda etapa da fase “in vitro”, confeccionou-se um modelo
experimental do espaço subaracnóide de um cavalo adulto, utilizando-se uma coluna
de PVC (policloreto de vinila) transparente
a
, medindo 165cm de comprimento X
2,5cm de diâmetro, montada 115cm na posição horizontal e 50cm na posição
vertical em ângulo de 130°, com capacidade de albergar 600mL de líquido cérebro-
a
Clear rigid PVC tube, Harvel Plastics, Inc., Easton, PA, USA.
28
espinhal (LCE), graduado com uma escala em centímetros estendendo-se 150cm a
partir do ponto onde foi adaptado um cateter subaracnóide 19G, colocado a 10cm da
extremidade horizontal do modelo, por onde foram infundidas as soluções testadas.
Como modelo de medula, um segmento de silicone com 1,2cm de diâmetro foi
adaptado no interior da coluna de PVC mimetizando a medula espinhal, realizando-
se após o fechamento vedado da extremidade horizontal do modelo (Figura 1).
Figura 1 – Duas unidades do modelo experimental
subaracnóide de PVC transparente fixados em
bancada.
Uma vez fixado em uma bancada, o modelo foi preenchido com LCE coletado
de cavalos sacrificados para fins de pesquisa no setor de Patologia da Universidade
do Estado da Louisiana. Foram realizadas sucessivas coletas de LCE, sendo o
mesmo armazenado em refrigeração a 4°C em bolsas plásticas com capacidade de
500mL destinadas para armazenamento de plasma, sendo aquecido em banho-
maria a 37°C previamente ao preenchimento da coluna de PVC, e mantido a esta
temperatura durante o experimento com a utilização de uma manta com água
circulante aquecida. Previamente ao preenchimento do modelo com o LCE
aquecido, foi realizada a determinação da densidade do mesmo, objetivando a
confirmação da utilização de fluídos com mesma densidade.
As soluções isobáricas e hiperbáricas dos opióides, coradas com azul de
metileno e estabilizadas a 22°C, foram injetadas no modelo através de infusão
contínua com a utilização de uma bomba à seringa
b
, a uma taxa de 0,5mL/minuto,
b
Medfusion 2010i, Medex Inc., Cheshire, CT, USA.
29
num volume total de 5mL, através do cateter avançado até 10cm cranial ao ponto de
introdução no modelo, simulando a cateterização subaracnóide realizada in vivo.
Durante a infusão das soluções testadas, observou-se o comportamento das
mesmas em relação à característica de difusão no LCE, e imediatamente após o
término da infusão e a cada minuto, registrou-se a distância alcançada pelas
soluções. Após cada teste realizado com a infusão das soluções, o modelo foi
drenado e preenchido com novo LCE.
3.2. Fase “in vivo
3.2.1. Desenho experimental
Foram utilizados seis cavalos adultos, com idade estimada entre oito e doze
anos, quatro machos e duas fêmeas, sem raça definida, com peso médio de 466
+
69kg, provenientes da fazenda da Universidade do estado da Louisiana/EUA.
Previamente ao experimento, tais animais foram submetidos a exame clínico
detalhado, quando se coletou amostras de sangue, do qual se realizou avaliação
hematológica e bioquímica para a obtenção de unidades experimentais uniformes e
confirmação da higidez. Tais cavalos foram mantidos em estábulos individuais
durante o período da pesquisa, com oferecimento de água ad libitum e nutrição
balanceada. Os cavalos foram randomizados para designação da repetição dos
tratamentos a serem investigados, sendo que todos os animais receberam os
diferentes opióides hiperbáricos estudados e glicose a 10% (controle).
Os agentes foram administrados pela via subaracnóide em intervalos de cinco
dias, sendo que o registro dos dados avaliados foi realizado por um avaliador que
não tinha conhecimento prévio da substância em teste, configurando um estudo
“cego”.
A mensuração dos parâmetros monitorados foi realizada imediatamente antes
da injeção subaracnóide (momento basal), aos 10, 20, 30, 40, 50, 60, 90, 120, 150 e
180 minutos após a injeção subaracnóide do opióide hiperbárico em teste e da
glicose a 10%, com exceção das variáveis hemogasométricas arteriais, que foram
avaliadas no momento basal, aos 90 e 180 minutos.
30
3.2.2. Cateterização subaracnóide
A cateterização subaracnóide foi realizada 48 horas antes da experimentação,
em tronco de contenção apropriado, estando os cavalos em jejum sólido de 12 horas
e hídrico de 4 horas, quando foram sedados com cloridrato de xilazina
c
na dose de
1mg/kg IV, realizando-se a cateterização subaracnóide segundo NATALINI &
ROBINSON (1999), descrito a seguir. Os cateteres subaracnóideos foram mantidos
por patentes por 6 dias para a realização dos 3 agentes hiperbáricos testados.
A determinação da região anatômica a ser preparada para a cateterização
subaracnóide foi determinada através da palpação da borda caudal da tuberosidade
coxal, da borda cranial e da depressão e depressão na linha média entre a sexta
vértebra lombar e a segunda vértebra sacral. Com o cavalo sedado em estação,
realizou-se a tricotomia da região lombo-sacra, sendo esta higienizada com escova
cirúrgica contendo iodo povidona para posterior anti-sepsia com dupla repetição de
álcool iodado. Seqüencialmente, procedeu-se bloqueio local da pele, tecido
subcutâneo, musculatura da região lombo-sacra, ligamento supra espinhoso e
ligamento inter-espinhoso por meio da infiltração de 10mL de lidocaína (20mg/mL)
com epinefrina (0,005mg/mL). Passados 10 minutos, realizou-se nova anti-sepsia
para a cateterização subaracnóide.
Para a realização da técnica foi utilizado um “kit” para cateterização espinhal
d
do qual se utilizou campo cirúrgico fenestrado, máscara facial, luva cirúrgica, cateter
de poliuretano e adaptador para a extremidade do cateter. Após cobrir a pele da
região a ser manipulada, introduziu-se uma agulha epidural de Tuohy
e
(17G,
17,78cm, com parede fina e mandril) perpendicularmente ao longo do plano médio
do espaço intervertebral, até que o espaço subaracnóide fosse alcançado. Para a
confirmação do acesso ao espaço subaracnóide com a agulha espinhal, o mandril foi
removido e uma amostra de LCE foi aspirada com uma seringa estéril, quando se
determinou a densidade do LCE por refratometria
f
. Depois de apropriado
posicionamento da agulha, o bisel desta foi direcionado cranialmente, quando então
se introduziu o cateter de poliuretano flexível
g
(19G, 99,4cm), avançando com o
mesmo 20cm cranialmente no espaço subaracnóide. A agulha epidural foi removida,
c
Xylazine, Fort Dodge Laboratpries Inc., Fort Dodge, Iowa, USA.
d
BD Procedure Tray PN-121-A, Becton-Dickinson Infusion Therapy Systems Inc., Sandy, Utah, USA.
e
Agulha de Tuohy reutilizável de parede fina, Becton-Dickinson Rutherford, NJ, USA.
f
Refratômetro, Jorgensen Laboratories Inc., Loveland, CO, USA.
g
Theracath epidural catheter, Arrow International Inc., Reading, PA, USA.
31
e após a adaptação do conector na extremidade do cateter, o mesmo foi fixado na
pele através de uma sutura e protegido com compressas de gaze cobertas por um
campo adesivo antimicrobiano
h
. O cateter foi “lavado” com uma solução salina (NaCl
0,9%) heparinizada com 10UI/mL de heparina, e mantido patente durante todo o
período do experimento, sendo utilizada a mesma solução para realizar a “lavagem”
dos cateteres.
3.2.3. Administração subaracnóide dos opióides hiperbáricos e glicose a 10%
Para o grupo controle, utilizou-se uma injeção de subaracnóide de 5mL de
glicose a 10%
i
sem opióide.
Os opióides utilizados na fase in vivo, foram Morfina
j
(5mg), Buprenorfina
k
(0,5mg) e Metadona
l
(5mg), acrescidos de glicose a 10% até perfazer um volume
total de 5mL.
Determinou-se a densidade do líquido cérebro-espinhal e, as soluções com
gravidade específica superior ao do líquido cérebro-espinhal foram consideradas
hiperbáricas em relação a este.
A dose utilizada pela via subaracnóide dos opióides foi aproximadamente 1/10
da dose recomendada pela via intravenosa em cavalos, sendo que a escolha pelos
opióides estudados baseou-se nos resultados do estudo in vitro e nas propriedades
farmacológicas de cada agente, em síntese, a morfina por ser o agente opióide
analgésico padrão em diversas técnicas, a metadona devido à similaridade da sua
solubilidade lipídica em relação à morfina; e a buprenorfina pelo longo tempo de
ação.
Anteriormente à administração dos opióides a serem testados, preparou-se
um equipamento de emergência destinado para uma eventual necessidade de
intubação orotraqueal e ventilação artificial, ficando este montado e pronto para uso.
Com os cavalos em estação na baia de contenção do Laboratório de Pesquisa,
realizou-se a administração da glicose a 10% e dos opióides hiperbáricos através da
injeção lenta do volume padrão de 5mL ao longo de aproximadamente 5 minutos,
através da adaptação da seringa ao conector do cateter subaracnóide. Durante a
h
Ioban 2, 3M Health Care, St. Paul, MN, USA.
i
Dextrose 10%, The Butler Company, Dublin, OH, USA.
j
Infumorph®, Elkin-Sinn, Cherry Hill, NJ, USA.
k
Buprenex 0,3mg/mL, Reckitt and Coleman Pharmaceuticals Ltd., Richmond, VA, USA.
l
Methadone Hydrochloride 10mg/mL, Alpharma Inc., Lincolnton, NC, USA.
32
injeção subaracnóide, um avaliador observou se houve ocorrência de alterações
comportamentais dos cavalos. Ao término da injeção, deu-se início a contagem do
tempo para mensuração dos momentos de avaliação.
3.2.4. Modelo de estímulo de dor e avaliação analgésica
Como modelo de dor, foi utilizada estimulação elétrica com produção de dor
somática através de Estimulador Elétrico específico
m
.
Dois clipes de eletrodos foram manualmente colocados, distanciados em 5cm
entre si, nos dermátomos da região perineal, sacral, lombar e torácica do lado
esquerdo dos cavalos, e a série de estimulação de 10 a 80volts, 50Hz e 10ms
duração foi aplicada para a avaliação da analgesia. A voltagem foi aumentada em
incrementos de 10volts, e considerou-se resposta positiva intencional ao estímulo o
primeiro movimento voluntário de manifestação de reação ao estímulo elétrico, como
movimentação da cauda, membros, tronco e voltar a cabeça para o ponto de
estimulação. A última voltagem que não produziu reação foi registrada, e
considerada como limiar máximo de estímulo aquele momento do opióide em teste.
Aos níveis de voltagem acima de 40volts se considerou completa analgesia,
comparado a uma incisão de pele.
Os dermátomos cutâneos das áreas inervadas pelos nervos torácico, lombar,
sacral e coccígeo foram mapeados conforme descrito por SKARDA & MUIR (1983) e
SCHELLING & KLEIN (1985). O dermátomo torácico, inervado pelo ramo espinhal
torácico, foi numerado a partir da contagem caudo-cranial a partir da 18
ª vértebra
torácica (T18) até a 8
ª vértebra torácica (T8). O dermátomo lombar, inervado pelo
ramo ventral do primeiro par nervoso espinhal lombar (L1) foi designado como
número 7. A região inervada pelo ramo ventral do nervo espinhal da segunda
vértebra lombar (L2) foi designado como número 6. A região inervada pelos nervos
espinhais 1 ao 6 (ramo dorsal da L1-L6) foi numerado como 9. A área inervada pelo
nervo lombar 3 (ramo ventral da L3) foi designada como número 5.O dermátomo
sacral, inervado pelos nervos sacrais espinhais 1 a 5 (ramos dorsais da S1 a S5) foi
numerado como 3. A região na área sacral, inervada pelos nervos espinhais da L6 e
1
ª e 2ª sacrais (ramo ventral da L6-S2) foi designada como número 4. O dermátomo
perineal inervado pelo nervo coccígeo caudal (Co) foi numerado como dermátomo 1.
m
Grass S88 stimulator,Astro-Med Inc., West Warwick, RI, USA.
33
O dermátomo 2 foi padronizado como sendo a área inervada pelos ramos ventrais
da L2 e L3, e o ramo dorsal da L1-L6. Para a interpretação dos resultados, os
dermátomos torácicos foram considerados sendo T8-T18; dermátomos lombares, 5,
6, 7 e 9; dermátomos sacrais, 3 e 4; e dermátomos perineais, 1, 2 e 8. As figuras 2 e
3, representam respectivamente, o aspecto lateral e caudal do mapeamento dos
dermátomos utilizados neste estudo, conforme descrito anteriormente.
Figura 2 – Aspecto lateral do dermátomo perineal (1, 2, 4 e 8), sacral
(3), lombar (5, 6, 7 e 9) e torácico (T8 a T18).
3.2.5. Parâmetros Cardiorrespiratórios, Hemogasométricos e Distância da
Cabeça em relação ao solo
A mensuração da freqüência cardíaca, freqüência respiratória, pressão
arterial sistólica, pressão arterial diastólica e pressão arterial média, foram realizadas
através de um monitor multiparamétrico
n
, com a colocação de um manguito na base
da cauda dos cavalos para a monitoração da freqüência cardíaca e da pressão
n
Datascope Passport 2, Datascope, Montvale, NJ, USA.
34
arterial. Para a mensuração da freqüência respiratória, fixou-se um sensor do
monitor na pele da região torácica dos animais.
Para a determinação da altura da cabeça em relação ao solo, fixou-se uma
fita métrica com escala em centímetros junto a uma haste colocada próximo a
cabeça do cavalo, tomando-se como referência a distância do mento até o solo.
A realização de hemogasometria arterial foi realizada através da utilização de
equipamento portátil
o
para este fim, pelo qual se determinou as variáveis arteriais
pH, pCO
2
, pO
2
, HCO
3
, SatO2, Na
+
, K
-
, iCa
+
com a utilização de um kit descartável
individual para cada exame hemogasométrico
p
.
Figura 3 – Aspecto caudal do dermátomo perineal (1, 2 e 8),
sacral (3 e 4) e lombar (9) conforme descrito por SKARDA &
MUIR (1993) e SCHELLING & KLEIN (1985).
3.2.6. Análise estatística
A determinação do número de unidades experimentais foi conduzida a partir
da consideração de uma diferença mínima de 20 Volts entre grupos e a menor
diferença considerada significativa, a um valor de α = 0,05 e poder de 80% (n = 6).
o
IRMA Blood Analusis System, Diametrics Medical Inc., Roseville, CA, USA.
p
IRMA TRUPOINT Blood Analysis System, Edison, NJ, USA.
35
Os dados paramétricos foram sumarizados e plotados em gráficos de média e
desvio padrão. As variáveis mensuradas foram avaliadas por efeito de tempo e
tratamento (opióide hiperbárico versus GLICOSE a 10%) através de Análise de
Variância (ANOVA). Para a determinação de diferença significativa entre as médias
do mesmo grupo, utilizou-se o teste de Bonferroni, utilizando-se P<0,05. Todas as
análises foram realizadas a partir de um software estatístico
q
.
q
Prism 4 Grapf, GraphPad Software, San Diego, CA, USA.
4. RESULTADOS
4.1. Fase “in vitro
A determinação da densidade do líquido cérebro-espinhal eqüino foi de 1006,
sendo que soluções com gravidade específica superior a este valor foram
consideradas hiperbáricas em relação do LCE. A determinação da gravidade
específica de cada agente estudado foi de 1043 para glicose a 10%, 1042 para
morfina + glicose 10%, 1038 para metadona + glicose 10% e 1034 para buprenorfina
+ glicose a 10%.
O modelo proposto neste estudo, preenchido com líquido cérebro-espinhal de
cavalos, foi efetivo na avaliação do comportamento físico das substâncias estudadas
conforme metodologia proposta, permitindo auxílio na escolha dos agentes a serem
utilizados na fase “in vivo”.
O comportamento dos fármacos opióides hiperbáricos marcados com azul de
metileno durante a administração por infusão contínua por bomba à seringa no
modelo, mostrou que a morfina a 10%, a buprenorfina a 10% e a metadona a 10%
exerceram efeito de descida no líquido cérebro-espinhal no ponto de injeção,
fazendo contato direto com o segmento de silicone interno do modelo que mimetizou
a medula, fazendo uma espécie de depósito no assoalho do modelo, quando houve
o avanço cranial do agente opióide hiperbárico.
O registro do avanço em centímetros da glicose a 5% e 10%, dos agentes
opióides isobáricos e dos opióides hiperbáricos a 5% e 10% no modelo, foi realizado
até os 15 minutos após o término da injeção por infusão por bomba à injeção, tempo
este em que houve progressão das substâncias, sendo um avanço máximo de 33cm
para a glicose a 5%, 15cm para a glicose a 10%, 42cm para a morfina isobárica,
21cm para a morfina a 5%, 13cm para a morfina a 10%, 48cm para a buprenorfina
isobárica, 30cm para a buprenorfina a 5%, 18cm para a buprenorfina a 10%, 30cm
para a metadona isobárica, 23cm para a metadona a 5% e 17cm para a metadona a
10%. A tabela 1 mostra os resultados do avanço dos agentes testados no modelo “in
vitro” ao término da administração subaracnóide e de minuto a minuto até 15
minutos após a administração.
37
4.2. Fase “in vivo
Os resultados não mostraram diferença significativa nas variáveis
cardiovasculares e respiratórias em ambos os grupos de opióides hiperbáricos
estudados. As freqüências cardíaca e respiratória, pressões arteriais (sistólica,
diastólica e média) mantiveram-se dentro de limites de referência para e espécie em
questão, conforme mostram consecutivamente as Figuras numeradas de 4 a 8. Os
dados paramétricos em relação a pressão arterial (sistólica, média e diastólica) estão
listados na Tabela 2, e as freqüências cardíaca e respiratória estão registradas na
Tabela 3.
Freqüência Cardíaca
0
25
50
75
100
125
150
175
200
30
35
40
45
50
55
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
Batimentos/minuto
Figura 4 – Média e desvio padrão da freqüência cardíaca de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e
metadona hiperbárica.
38
Freqüência Respiratória
0 25 50 75 100 125 150 175 200
10
15
20
25
30
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
Movimentos respiratórios/minuto
Figura 5 – Média e desvio padrão da freqüência respiratória de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e
metadona hiperbárica.
Pressão Arterial Sistólica
0
25
50
75
100
125
150
175
200
50
100
150
200
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
mm Hg
Figura 6 – Média e desvio padrão da pressão arterial sistólica de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e
metadona hiperbárica.
39
Pressão Arterial Diastólica
0
25
50
75
100
125
150
175
200
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
mm Hg
Figura 7 – Média e desvio padrão da pressão arterial diastólica de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e
metadona hiperbárica.
40
Pressão Arterial Média
0 25 50 75 100 125 150 175 200
60
70
80
90
100
110
120
130
140
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
mm Hg
Figura 8 – Média e desvio padrão da pressão arterial média de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e
metadona hiperbárica.
No que tange aos efeitos sobre o SNC, ataxia, sedação ou excitação do
sistema nervoso central não foram observadas durante a experimentação.
A avaliação da altura da cabeça em relação ao solo mostrou que a pequena
variação entre os valores obtidos não foi estatisticamente importante. A Tabela 3,
relaciona as mensurações da altura da cabeça em relação ao solo antes e após a
administração subaracnóide das substâncias hiperbáricas testadas.
Desconforto transitório mostrado por movimentação voluntária da pele e olhar
dirigido para a região da administração subaracnóide foi observado especificamente
em um eqüino, desaparecendo voluntariamente ao término da injeção. Ao término
do experimento, nenhum dos animais utilizados manifestou sinais de complicação
relativa à cateterização durante o período do estudo e/ou administração
subaracnóide do agente hiperbárico.
O limiar doloroso à estimulação elétrica nociceptiva foi aumentado
significativamente pela buprenorfina, morfina e metadona em todos os momentos de
avaliação. A analgesia foi considerada profunda após 10 minutos nos dermátomos
41
perineal, sacral, lombar e torácico, permanecendo por aproximadamente 120
minutos com a morfina e a metadona hiperbáricas.
Aos 10 minutos, o limiar doloroso para o estímulo nocivo elétrico no
dermátomo perineal, aumentou de 10V para 29 ± 11V; 43 ± 10V; e 35 ± 10V para
morfina, metadona e buprenorfina, respectivamente. Na região lombar (dermátomo
lombar), o limiar aumentou de 10V para 28 ± 8V; 40 ± 6V; e 25 ± 5V para morfina,
metadona e buprenorfina, respectivamente. Na região torácica (dermátomo
torácico), o limiar aumentou de 10V para 39 ± 12V; 35 ± 9; e 33 ± 7V para morfina,
metadona e buprenorfina, respectivamente.
Observou-se aumento do limiar ao estímulo elétrico nociceptivo dos 10
minutos a aproximadamente 180 minutos em todos os dermátomos para todos os
opióides, sendo mais pronunciado aos 90 minutos para a metadona hiperbárica e
aos 120 minutos para a morfina hiperbárica. Com buprenorfina, o limiar foi
aumentado de 10 V para aproximadamente 30 V por aproximadamente 40 minutos.
O aumento máximo de limiar ocorreu no dermátomo perineal, aos 50 minutos
(47 ± 10V); 10 minutos (43 ± 10V); e 40 minutos (31 ± 7V) com morfina, metadona e
buprenorfina, respectivamente. A figura 9 demonstra as variações dos limiares de
estímulo elétrico nos momentos estudados.
42
0 25 50 75 100 125 150 175 200
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
Dermátomo Perineal
MetadonaD10
BuprenorfinaD10
MorfinaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
Estimulação elétrica (V)
Figura 9 – Média e desvio padrão do limiar de dor à estimulação elétrica aplicado no dermátomo
perineal após a administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina
hiperbárica e metadona hiperbárica em cavalos. * Dentro do momento, valores diferem
significativamente (P<0,05) em relação ao grupo controle de glicose a 10%.
No dermátomo sacral, o aumento máximo no limiar elétrico foi observado aos
40 minutos (47 ± 13V), 90 minutos (47 ± 4V); e 30 minutos (31 ± 5V) com morfina,
metadona e buprenorfina, respectivamente, como podem ser observados na figura
10.
43
0 25 50 75 100 125 150 175 200
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
Dermátomo Sacral
MetadonaD10
BuprenorfinaD10
MorfinaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
Estimulação elétrica (V)
Figura 10 – Média e desvio padrão do limiar de dor à estimulação elétrica aplicado no dermátomo
sacral após a administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina
hiperbárica e metadona hiperbárica em cavalos. * Dentro do momento, valores diferem
significativamente (P<0,05) em relação ao grupo controle de glicose a 10%.
No dermátomo lombar, o pico do limiar ocorreu aos 50 minutos (40 ± 11V), 10
minutos (40 ± 6V); e aos 20 minutos (32 ± 7V); com morfina, metadona e
buprenorfina, respectivamente (Figura 11).
No dermátomo torácico, o pico obtido foi aos 40 minutos (52 ± 5V); 90
minutos (43 ± 14V); e aos 10 minutos (33 ± 8V); com morfina, metadona e
buprenorfina, respectivamente, como representado na figura 12.
44
0 25 50 75 100 125 150 175 200
0
10
20
30
40
50
60
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
Dermátomo Lombar
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
Estimulação elétrica (V)
Figura 11 – Média e desvio padrão do limiar de dor à estimulação elétrica aplicado no dermátomo
lombar após a administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina
hiperbárica e metadona hiperbárica em cavalos. * Dentro do momento, valores diferem
significativamente (P<0,05) em relação ao grupo controle de glicose a 10%.
Mais constantemente, os cavalos olharam para o lado onde o estímulo
elétrico foi aplicado quando o limiar elétrico foi menor do que 40V realizaram
movimento da cauda, membros, tronco e cabeça ou pescoço, quando o estímulo foi
menor do que 30V; e coicearam quando o estímulo foi menor do que 20V. O grupo
controle tratado com glicose a 10% subaracnóide, não mostrou nenhuma alteração
no limiar de estimulação elétrica, sendo que todos os cavalos responderam ao
estímulo de 10V com coice e movimentos bruscos.
45
0 25 50 75 100 125 150 175 200
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
Dermátomo Torácico
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose10%
Tempo (min)
Estimulação elétrica (V)
Figura 12 – Média e desvio padrão do limiar de dor à estimulação elétrica aplicado no dermátomo
torácico após a administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina
hiperbárica e metadona hiperbárica em cavalos. * Dentro do momento, valores diferem
significativamente (P<0,05) em relação ao grupo controle de glicose a 10%.
As tabelas numeradas de 4 a 7, listam os valores da voltagem de estimulação
elétrica nos dermátomos perineal, sacral, lombar e torácico, consecutivamente.
Em relação aos parâmetros hemogasométricos, realizados no momento
basal, aos 90 minutos e aos 180 minutos após a administração subaracnóide da
glicose a 10%, da morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona
hiperbárica, não houve alterações significativas, mantendo-se os valores dentro dos
parâmetros considerados fisiológicos para a espécie. As figuras de números 13 a 20,
representam consecutivamente as variáveis pH, PaCO
2
, PaO
2
, HCO
3
-
, SatO
2
%, Na
+
,
K
+
, iCa, e a Tabela 8, sumariza as variáveis hemogasométricas de PaO
2
, PaCO
2
e
pH.
46
pH
0
25
50
75
100
125
150
175
200
7.30
7.35
7.40
7.45
7.50
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
Figura 13 – Média e desvio padrão do pH de cavalos submetidos à administração
subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona
hiperbárica.
P
a
CO
2
0
25
50
75
100
125
150
175
200
30
35
40
45
50
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
mm Hg
Figura 14 – Média e desvio padrão da PaCO
2
de cavalos submetidos à administração
subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona
hiperbárica.
47
P
a
O
2
0
25
50
75
100
125
150
175
200
80
85
90
95
100
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
mm Hg
Figura 15 – Média e desvio padrão da PaO
2
de cavalos submetidos à administração
subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona
hiperbárica.
HCO
3
-
0
25
50
75
100
125
150
175
200
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose10%
Tempo (min)
mm Hg
Figura 16 – Média e desvio padrão da concentração plasmática de HCO
3
-
de cavalos submetidos
à administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e
metadona hiperbárica.
48
Saturação da Oxihemoglobina
0
25
50
75
100
125
150
175
200
90
95
100
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glisoce 10%
Tempo (min)
% de saturação
Figura 17 – Média e desvio padrão da SatO
2
% de cavalos submetidos à administração
subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e metadona
hiperbárica.
Na
+
0
25
50
75
100
125
150
175
200
130
135
140
145
150
155
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
mEq/L
Figura 18 – Média e desvio padrão da concentração plasmática de Na
+
de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e
metadona hiperbárica.
49
K
+
0 25 50 75 100 125 150 175 200
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
mEq/L
Figura 19– Média e desvio padrão da concentração plasmática de K
+
de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e
metadona hiperbárica.
iCa
0
25
50
75
100
125
150
175
200
1.0
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
1.7
1.8
1.9
MorfinaD10
BuprenorfinaD10
MetadonaD10
Glicose 10%
Tempo (min)
mmol/L
Figura 20 – Média e desvio padrão da concentração plasmática de iCa de cavalos submetidos à
administração subaracnóide de glicose a 10%, morfina hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e
metadona hiperbárica.
50
51
Tabela 1 – Registro do avanço (em centímetros) dos fármacos testados no modelo experimental do espaço subaracnóide de
cavalos.
Avanço (em centímetros) dos Fármacos testados no modelo
Tempo
(minutos)
Glicose
5%
Glicose
10%
Morfina
Iso
Morfina
5%
Morfina
10%
Buprenorfina
Iso
Buprenorfina
5%
Buprenorfina
10%
Metadona
Iso
Metadona
5%
Metadona
10%
0 20 13 27 15 11 42 25 15 24 17 15
1 22 13 30 16 12 44 25 16 29 18 15
2 26 14 35 16 12 48 27 17 30 20 16
3 28 14 38 17 13 48 28 17 30 22 17
4 31 15 40 17 13 48 28 17 30 23 17
5 31 15 42 19 13 48 29 17 30 23 17
6 33 15 42 20 13 48 29 18 30 23 17
7 33 15 42 20 13 48 30 18 30 23 17
8 33 15 42 20 13 48 30 18 30 23 17
9 33 15 42 21 13 48 30 18 30 23 17
10 33 15 42 21 13 48 30 18 30 23 17
11 33 15 42 21 13 48 30 18 30 23 17
12 33 15 42 21 13 48 30 18 30 23 17
13 33 15 42 21 13 48 30 18 30 23 17
14 33 15 42 21 13 48 30 18 30 23 17
15 33 15 42 21 13 48 30 18 30 23 17
Tempo (minutos): “0”: ao término da administração subaracnóide; “1 a 15”: minuto a minuto após a administração subaracnóide.
52
Tabela 2 – Médias e desvios padrões da pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e pressão arterial média
(PAM) antes (tempo 0) e após (10 a 180 minutos) da administração subaracnóide de morfina hiperbárica (Morfina10), buprenorfina
hiperbárica (Buprenorfina10), metadona hiperbárica (Metadona10) e glicose a 10% em cavalos (n=6).
Morfina10 Buprenorfina10 Metadona10 Glicose 10%
Tempo
(minutos)
PAS PAD PAM PAS PAD PAM PAS PAD PAM PAS PAD PAM
0
145±22 75±25 107±18 147±19 79±12 106±13 153±24 82±19 110±18 134±12 90±15 112±18
10
136±10 73±21 100±17 138±16 79±19 101±17 137±17 73±12 97±16 129±12 66±13 101±17
20
138±20 80±19 107±18 136±16 67±20 96±18 143±14 77±22 104±23 130±11 75±22 102±22
30
131±20 66±14 88±19 133±16 69±16 95±15 134±15 67±16 90±17 126±15 63±18 89±19
40
131±12 69±16 98±13 132±14 69±20 95±17 136±14 70±24 97±17 127±13 71±24 96±18
50
132±9 57±20 87±16 133±6 62±12 89±5 131±5 57±15 83±11 135±4 55±16 85±11
60
137±12 81±32 105±24 135±15 67±16 95±15 131±17 79±33 98±29 130±13 82±33 106±26
90
138±11 72±18 103±16 129±14 63±16 89±13 135±13 67±19 96±17 131±14 69±20 94±16
120
128±14 65±14 90±12 131±13 64±14 96±16 123±9 58±11 89±13 133±16 56±14 92±16
150
130±10 73±10 94±4 125±22 70±22 99±26 131±23 75±22 102±26 121±19 66±21 92±18
180
129±16 71±2 94±9 126±20 62±18 91±17 121±18 61±16 87±15 130±23 56±16 91±17
53
Tabela 3 – Médias e desvios padrões da freqüência cardíaca (batimentos/minuto), freqüência respiratória (movimentos/minuto) e
distância da cabeça ao solo (cm) antes (tempo 0) e após (10 a 180 minutos) da administração subaracnóide de morfina hiperbárica
(Morfina10), buprenorfina hiperbárica (Buprenorfina10), metadona hiperbárica (Metadona10) e glicose a 10% em cavalos (n=6).
Morfina10 Buprenorfina10 Metadona10 Glicose 10%
Tempo
(minutos)
FC FR Cabeça
Solo
FC FR Cabeça
Solo
FC FR Cabeça
Solo
FC FR Cabeça
Solo
0
41±2 22±2 116±5 41±6 23±6 120±5 45±5 21±3 112±4 40±3 22±3 112±2
10
40±4 21±2 112±7 40±5 18±3 118±7 43±5 20±2 117±3 39±6 19±3 112±1
20
39±4 22±1 116±4 40±3 20±4 120±5 39±4 19±2 118±2 37±4 20±4 117±3
30
39±3 ±21±2 112±4 40±2 19±1 119±8 42±4 21±3 119±5 39±4 20±3 116±7
40
39±3 20±2 112±4 39±2 21±3 120±6 42±6 19±2 117±3 40±6 21±3 114±5
50
38±2 20±3 116±5 39±4 19±1 120±6 42±8 18±3 117±4 39±8 20±3 115±5
60
39±4 19±3 112±4 40±2 21±3 117±8 40±5 19±2 118±4 39±4 19±3 115±5
90
38±3 19±2 114±5 39±4 17±2 118±7 40±5 20±2 117±5 38±5 19±2 113±5
120
40±7 18±2 111±2 39±2 20±2 117±7 39±5 18±3 116±5 38±5 19±2 113±4
150
43±4 20±3 112±2 39±4 20±2 115±8 41±8 20±2 112±4 39±8 21±2 112±4
180
41±2 20±4 113±5 40±4 19±2 117±8 41±6 18±2 116±4 39±6 19±5 115±5
54
Tabela 4 – Médias e desvios padrões da estimulação elétrica (volts) no Dermátomo Perineal, antes (tempo 0), e após (10 a 180
minutos) da administração subaracnóide de morfina hiperbárica (Morfina10), buprenorfina hiperbárica (Buprenorfina10), metadona
hiperbárica (Metadona10) e glicose a 10% em cavalos (n=6).
Tempo
(minutos)
Morfina10 Buprenorfina10 Metadona10 Glicose 10%
0 10,00±0,00 10,00±0,00 10,00±0,00 10,00±0,00
10
29,17±11,14 35,83±10,21 43,33±10,80 10,00±0,00
20 32,50±10,84 31,67±9,31 39,17±8,01 10,00±0,00
30 37,50±7,58 30,83±4,92 35,83±8,01 10,00±0,00
40 46,67±10,33 31,67±7,53 37,50±4,18 10,00±0,00
50 47,50±9,87 25,83±4,92 36,67±6,05 10,00±0,00
60 42,50±9,87 22,50±2,74 37,50±2,74 10,00±0,00
90 45,00±4,47 21,67±4,08 40,83±8,01 10,00±0,00
120 38,33±5,16 18,33±2,58 35,00±8,37 10,00±0,00
150 29,17±12,42 13,33±4,08 30,00±11,40 10,00±0,00
180 24,17±9,17 13,33±4,08 27,50±10,37 10,00±0,00
55
Tabela 5 – Médias e desvios padrões da estimulação elétrica (volts) no Dermátomo Sacral, antes (tempo 0), e após (10 a 180
minutos) da administração subaracnóide de morfina hiperbárica (Morfina10), buprenorfina hiperbárica (Buprenorfina10), metadona
hiperbárica (Metadona10) e glicose a 10% em cavalos (n=6).
Tempo
(minutos)
Morfina10 Buprenorfina10 Metadona10 Glicose 10%
0 10,00±0,00 10,00±0,00 10,00±0,00 10,00±0,00
10
36,67±12,51 25,83±7,36 35,00±4,47 10,00±0,00
20 40,00±10,95 30,00±6,32 35,00±4,47 10,00±0,00
30 40,00±10,95 30,83±4,92 31,67±9,30 10,00±0,00
40 47,50±12,94 28,33±2,58 33,33±5,16 10,00±0,00
50 40,00±11,83 22,50±2,74 41,67±11,69 10,00±0,00
60 41,67±11,25 22,50±2,74 40,83±9,70 10,00±0,00
90 42,50±7,58 22,50±2,74 46,67±4,08 10,00±0,00
120 40,83±8,61 15,00±3,16 27,50±10,84 10,00±0,00
150 31,67±9,31 15,00±5,48 25,00±8,37 10,00±0,00
180 32,50±9,87 12,50±6,12 23,33±9,83 10,00±0,00
56
Tabela 6 – Médias e desvios padrões da estimulação elétrica (volts) no Dermátomo Lombar, antes (tempo 0), e após (10 a 180
minutos) da administração subaracnóide de morfina hiperbárica (Morfina10), buprenorfina hiperbárica (Buprenorfina10), metadona
hiperbárica (Metadona10) e glicose a 10% em cavalos (n=6).
Tempo
(minutos)
Morfina10 Buprenorfina10 Metadona10 Glicose 10%
0 10,00±0,00 10,00±0,00 10,00±0,00 10,00±0,00
10
28,33±8,76 25,83±5,85 40,00±6,32 10,00±0,00
20 32,50±13,32 31,67±7,53 33,33±6,83 10,00±0,00
30 38,33±12,91 23,33±2,58 35,00±5,48 10,00±0,00
40 38,33±8,76 25,00±4,47 33,33±6,83 10,00±0,00
50 40,83±11,14 24,17±3,76 40,00±8,94 10,00±0,00
60 40,83±11,14 25,00±5,48 35,83±3,76 10,00±0,00
90 35,00±7,75 19,17±3,76 40,00±12,65 10,00±0,00
120 38,33±6,83 14,17±6,65 29,17±10,21 10,00±0,00
150 32,50±14,05 15,83±4,92 32,50±10,37 10,00±0,00
180 25,00±13,78 13,33±6,05 24,17±12,42 10,00±0,00
57
Tabela 7 – Médias e desvios padrões da estimulação elétrica (volts) no Dermátomo Torácico, antes (tempo 0), e após (10 a 180
minutos) da administração subaracnóide de morfina hiperbárica (Morfina10), buprenorfina hiperbárica (Buprenorfina10), metadona
hiperbárica (Metadona10) e glicose a 10% em cavalos (n=6).
Tempo
(minutos)
Morfina10 Buprenorfina10 Metadona10 Glicose 10%
0 10,00±0,00 10,00±0,00 10,00±0,00 10,00±0,00
10
39,17±12,01 33,33±7,53 35,83±9,17 10,00±0,00
20 38,33±10,80 32,50±5,24 37,50±8,80 10,00±0,00
30 45,00±4,47 32,50±2,74 32,50±8,80 10,00±0,00
40 51,67±5,16 29,17±5,84 40,00±7,75 10,00±0,00
50 50,83±6,65 27,50±2,74 48,33±13,29 10,00±0,00
60 47,50±13,69 28,33±6,83 47,50±11,73 10,00±0,00
90 50,00±11,40 21,67±6,05 43,33±14,38 10,00±0,00
120 45,00±4,47 18,33±4,08 26,67±19,15 10,00±0,00
150 42,50±8,22 15,83±5,84 26,67±18,35 10,00±0,00
180 41,67±4,08 13,33±4,08 20,83±11,58 10,00±0,00
58
Tabela 8 – Médias e desvios padrões do pH arterial( pH), pressão arterial de O
2
(PaO
2
) e pressão arterial de CO
2
(PaCO
2
), antes
(tempo 0), aos 90 minutos a aos 180 minutos após a administração subaracnóide de morfina hiperbárica (Morfina10), buprenorfina
hiperbárica (Buprenorfina10), metadona hiperbárica (Metadona10) e glicose a 10% em cavalos (n=6).
Tratamentos Tempo (minutos) 0 90 180
pH 7,44±0,01 7,40±0,02 7,39±0,01
Morfina10
PaCO
2
37±1 38±5 39±0,5
PaO
2
77±33 91±2 93±3
pH 7,39±0,01 7,41±0,01 7,40±0,01
Buprenorfina10 PaCO
2
41±4 41±3 40±2
PaO
2
90±2 92±3 91±3
pH 7,39±0,01 7,40±0,02 7,40±0,01
Metadona10 PaCO
2
41±3 43±5 40±6
PaO
2
90±3 93±2 91±4
pH 7,39±0,03 7,40±0,02 7,39±0,01
Glicose 10% PaCO
2
42±4 43±3 41±0,9
PaO
2
91±3 93±2 95±4
5. DISCUSSÃO
5.1. Fase “in vitro”
O modelo proposto e adotado neste estudo contribuiu para a escolha dos
agentes utilizados nas unidades experimentais, uma vez que a visualização do
comportamento físico das substâncias testadas norteou a escolha dos opióides na
fase “in vivo” através de extrapolação do mesmo efeito no líquido cérebro-espinhal
dos cavalos. ROBINSON et al. (1994), num estudo em que utilizaram um modelo “in
vitro” para avaliação da distribuição de agentes anestésicos espinhais, comentam
que modelos experimentais podem ser utilizados para investigar fatores de
distribuição do agente no interior do espaço subaracnóide. Segundo eles, uma vez
que a distribuição da substância injetada no espaço subaracnóide é um fator
determinante para o sucesso da técnica, podendo-se estimar o comportamento
físico de distribuição previamente ao uso clínico, minimiza-se o risco de efeitos
adversos ou indesejáveis, aumentando o sucesso da técnica proposta.
Em toda revisão bibliográfica realizada, não se encontrou relato de modelos
envolvendo anestesia/analgesia espinhal em medicina veterinária, e os relatos de
modelos para avaliação de técnicas de anestesia ou instrumentação de acesso
espinhal, concentravam-se em modelos mimetizando o espaço subaracnóide
humano, utilizando fluídos preparados laboratorialmente como substitutos do líquido
cérebro-espinhal. Neste estudo, utilizou-se líquido cérebro-espinhal de cavalos para
preenchimento do modelo, o que anula o possível efeito de interferência de soluções
fluídas que se assemelham ao líquor.
ANGLE et al. (2004), em um estudo em que utilizaram um modelo para
avaliação de possíveis danos anatômicos a partir da cateterização subaracnóide,
comentam da importância do controle de fatores externos que possam influenciar
nos resultados, como temperatura ambiente e temperatura da solução que preenche
o modelo. No presente estudo, mantivemos todas as seqüências de infusão no
modelo em temperatura constante, tanto do líquido cérebro-espinhal quanto da
temperatura ambiente, conforme previsto na metodologia, o que permite dizer que
tais fatores não interferiram na forma e na distância de distribuição das substâncias
testadas.
60
5.2. Fase “in vivo”
A administração subaracnóide de morfina, buprenorfina e metadona
hiperbáricas foi efetiva na produção de analgesia de curta duração da região
perineal à torácica sem comprometimento motor ou excitação do SNC, mostrando
variação significativa em todos os momentos de avaliação da estimulação elétrica
nos dermátomos investigados. Aos 10 minutos, o limiar para a percepção do
estímulo elétrico aumentou de 10V para 29 ± 11V para a morfina, 43V ± 10V para
metadona e 35V ± 10V para buprenorfina. O aumento do limiar para o estímulo
nocivo apresentou diferença significativa para os três opióides aos 10 minutos da
injeção subaracnóide, porém não para a solução de glicose a 10%. A curta duração
do efeito analgésico obtido neste estudo pode limitar sua utilização em injeção única,
porém quando da implantação de um cateter subaracn, analgesia profunda e
prolongada pode ser produzida com múltiplas injeções.
SKARDA & MUIR (1992) e SKARDA & MUIR (2003), descreveram o uso de
agentes anestésicos locais pela via subaracnóide em cavalos. Os mesmos autores
relatam diversas complicações e efeitos adversos com a utilização destas técnicas,
incluindo significativo aumento da freqüência cardíaca e temperatura subcutânea,
decréscimo da freqüência respiratória e da temperatura retal, e completa perda de
controle motor dos membros pélvicos. Efeitos depressores respiratórios como
apnéia, síndrome do estresse respiratório do adulto, hipoxemia e hipercarbia, foram
citados por GOETZ et al. (1994) na espécie humana após a administração epidural
de opióides agonistas. Em eqüinos, tais efeitos não são consistentes após
administração epidural, não havendo explicações comparativas entre a espécie
humana e a eqüina. Os parâmetros respiratórios investigados na presente pesquisa
mantiveram-se dentro de limites fisiológicos para a espécie, não apresentando
diferença estatisticamente significativa entre os momentos de avaliação paramétrica,
sem a produção de depressão respiratória atribuída às administrações
subaracnóides dos opióides hiperbáricos, fato este que pode ser comprovado pela
análise hemogasométrica.
STOELTING (1999) reporta que opióides agonistas mu como o fentanil e seus
análogos podem produzir bradicardia significativa e ocasionalmente hipotensão
quando utilizados pela via intravenosa em pacientes humanos. Já a morfina e
meperidina, são conhecidas por liberarem histamina quando utilizadas pela via
intravenosa, conduzindo à hipotensão (SINATRA et al., 1992; STOELTING, 1999).
61
Em cavalos, a administração intravenosa de opióides como a morfina, meperidina,
metadona e oximorfona, e opióides agonistas parciais como a pentazocina, resulta
em um aumento da freqüência cardíaca, débito cardíaco e pressão arterial
dependente do agente utilizado. COUSINS & MATHER (1984), relatam que a
administração epidural de opióides em pacientes da espécie humana, produz
mínimos efeitos adversos cardiovasculares, já em cavalos, os efeitos podem ser
diferenciados, pois se baseando em resultados obtidos por SYSEL et al. (1996), que
utilizaram a associação de morfina (0,2mg/kg) e detomidina (0,03mg/kg) pela via
epidural, pode-se notar que a técnica produziu significante decréscimo na freqüência
cardíaca, embora tenha sido difícil concluir qual dos fármacos foi responsável pela
produção de bradicardia. No presente estudo, mostrou-se que a morfina hiperbárica,
metadona hiperbárica e a buprenorfina hiperbárica, não produziram depressão da
função cardiovascular. As diferenças observadas nas pressões arteriais nesta
pesquisa, não foram estatisticamente significativas em relação aos valores basais de
referência, estando dentro de limites aceitáveis como fisiológicos para a espécie
eqüina, e baseia-se a explicação deste fato à farmacologia e à farmacocinética dos
opióides hiperbáricos utilizados, que devido à alta baricidade, deva manter-se
restrito a receptores da medula espinhal, evitando a absorção sistêmica.
Estudos prévios em cavalos têm se limitado a administração de opióides pela
via epidural (NATALINI & ROBINSON, 2000; OLBRICH & MOSING, 2003).
KAMERLING et al. (1988), relatam a ocorrência de excitação do SNC após
administração intravenosa de opióides em cavalos. Quando utilizados pela via
intravenosa, narcóticos como a morfina, fentanil, pentazocina, metadona e
hidromorfona são potentes estimulantes locomotores por excitarem o SNC em
cavalos. Os mecanismos responsáveis pela excitação do SNC ainda não são
totalmente esclarecidos, embora pareçam estar relacionados à ativação de vias
dopaninérgicas bem como de outros neurotransmissores como a acetilcolina,
norepinefrina, e o ácido gama-aminobutírico. Resultados de estudos realizados em
cavalos por TOBIN & MILLER (1979) e COMBIE et al. (1981), indicaram que a
inibição das catecolaminas e a inibição de antagonismo de opióides pelo naloxone
podem bloquear a excitação do SNC. A ausência de excitação do SNC dos cavalos
no presente estudo pode ser explicada pelo efeito segmentar da solução hiperbárica
sem a migração da substância para regiões supra-espinhais do SNC somado à lenta
transferência do opióide do sítio de injeção ao líquido cérebro-espinhal,
62
considerando que há uma rápida ocupação dos receptores opióides cerebrais após
uma administração intravenosa de opióide ou uma administração subaracnóide de
opióide isobárico.
O volume tipicamente recomendado para uma injeção epidural em cavalo
varia de 10 a 15mL, independentemente do fármaco ou associações de fármacos
utilizadas (SKARDA & MUIR, 1983). HENDRICKSON et al. (1998), comentam que
grandes volumes de fluídos injetados no interior do espaço epidural, podem induzir
ataxia dos membros posteriores devido à compressão das terminações nervosas.
No estudo aqui realizado, especialmente em um animal, observamos desconforto
durante a injeção subaracnóide, embora tenha sido administrado como volume total
5mL. Acredita-se que o desconforto experimentado, possa ter sido fruto do resultado
da natureza hiperbárica da solução em relação ao líquido cérebro-espinhal. HARE &
NGAN (1998), definem que a baricidade de um agente para a administração
subaracnóide é a densidade deste agente em relação ao líquido cérebro-espinhal a
uma temperatura específica. Sendo assim, uma solução que é mais densa que o
líquido cérebro-espinhal pode produzir desconforto quando em contato com a
medula espinhal devido a sua baricidade. Uma solução “pesada” pode alcançar a
medula espinhal rapidamente, e mecanicamente produzir desconforto.
NATALINI & ROBINSON (1999), num estudo onde investigaram a os efeitos
da cateterização subaracnóide lombo-sacra em cavalos, relataram a técnica de
acesso e cateterização a qual foi seguida no presente estudo. Estes autores,
concluíram que a referida técnica foi eficaz e de realização plenamente viável em
condições clínicas, fato este confirmado nesta pesquisa, onde obtivemos m sucesso
de 100% nas cateterizações.
Na espécie humana, há relato de que a administração epidural de água
destilada estéril cause efeito neurotóxico na medula espinhal (STOELTING, 1999).
Em extensa revisão de literatura, não se encontrou citação de que a glicose a 10%
apresente efeito neurotóxico. Decorrido um tempo posterior há 48 horas após a
administração subaracnóide das substâncias hiperbáricas testadas, não foram
observados sinais de ataxia ou comprometimento motor. Após o término deste
estudo, por se tratar de uma pesquisa “não terminal”, não se examinou as medulas
espinhais dos cavalos envolvidos na experimentação, uma vez que todos os animais
retornaram ao rebanho de pesquisa.
63
COUSINS & MATHER (1984), comentam de outro aspecto importante em
relação à segurança da administração subaracnóide de opióides e sua
compatibilidade com o líquido cérebro-espinhal e o tecido neural. Soluções de
opióides destinadas para uso subaracnóide como morfina, metadona e buprenorfina
em solução salina a 0,9%, tem pH na faixa de 4,52 a 6,85, e quando em combinação
com o líquido cérebro espinhal, baixaram o pH deste em 0,3.
No presente estudo, utilizou-se opióides contendo conservantes em sua
formulação, não havendo sinais de neurotoxicidade aguda, e embora COUSINS &
MATHER (1984), relatem que as soluções livres de conservantes sejam as mais
indicadas, estudos em animais têm mostrado que injeções repetidas, através de
cateter epidural, de opióides contendo conservante na sua constituição não
apresentam risco potencial de causar alterações histológicas na medula espinhal.
Relaxamento da musculatura cervical com abaixamento da cabeça tem sido
descrito como evidência de sedação em cavalos após receberem morfina (0,05 e
0,1mg/kg) pela via epidural (NATALINI & ROBINSON, 2000; ROBINSON &
NATALINI, 2002). Sinais de sedação não foram observados no atual estudo, sendo
que este fato pode ser explicado pela baricidade da solução utilizada em relação ao
líquido cérebro espinhal, resultando em migração mínima ou nula do opióide
hiperbárico ao cérebro. COUSINS & MATHER (1984), relatam, que soluções
isobáricas de metadona e buprenorfina pela via subaracnóide na espécie humana,
provavelmente não produzam sedação devido a estes agentes serem mais
lipossolúveis que a morfina, havendo absorção por tecido adiposo antes que
alcancem o SNC, porém, quando uma solução isobárica de morfina é administrada,
há sedação como resultado da migração cranial do fármaco. O fato de não haver
diferença significativa nos valores registrados em relação a altura da cabeça em
relação ao solo nos cavalos deste estudo, reforçam a ausência de sedação com as
técnicas analgésicas experimentadas.
Estudos pioneiros utilizando estimulação elétrica como nocicepção, têm
mostrado que ausência de resposta a estímulos com valores maiores ou iguais a 40
Volts corresponde a analgesia profunda, podendo-se comparar tal estímulo a uma
incisão de pele (NATALINI & ROBINSON, 2000). A taxa de estimulação de 10V/s
utilizada no presente estudo, foi considerada apropriada devido aos cavalos terem
tempo o suficiente para se recuperarem da estimulação seriada. Um tempo de
estimulação total de 1 a 3 minutos foi necessário para cada série de estimulação,
64
porém uma estimulação em tempo menor ou igual a 60 segundos foi aplicada em
cada dermátomo.
Em um estudo na espécie humana, LUI et al. (1998), descrevem que a
baricidade da solução influencia diretamente na expansão do fármaco e na altura do
bloqueio, sendo que a gravidade propicia a descida da solução hiperbárica,
enquanto que soluções hipobáricas ascendem em relação ao ponto de injeção. Já
soluções isobáricas, não sofrem interferência da gravidade. Opióides lipossolúveis
se acoplam a receptores na medula espinhal, enquanto que soluções hidrossolúveis
como a morfina permanecem diluídas no líquido cérebro-espinhal, retardando o
início da ação (SKARDA & MUIR, 1983), fato este não observado no estudo aqui
relatado, sendo que a hipótese sugerida, seja de que a alta densidade dos opióides
que se utilizou, produziu um rápido início de ação dos fármacos lipossolúveis
(metadona e buprenorfina) e do fármaco hidrossolúvel (morfina), não permitindo
altas taxas de diluição no líquido cérebro-espinhal. Num estudo realizado em ovinos,
PAYNE et al. (1996), descreveram que opióides lipofílicos isobáricos como a
metadona, exercem seu efeito predominantemente no tecido próximo ao sítio de
administração, diferentemente de agentes hidrofílicos isobáricos como a morfina,
devido ao efeito de diluição no líquido cérebro-espinhal. Outro fato de importância a
ser citado, seria que substâncias hiperbáricas ligam-se rapidamente a receptores na
medula como resultado da rápida descida do agente devido a sua baricidade, e
como os cavalos permaneceram em estação após a administração dos opióides
hiperbáricos sobre a medula espinhal, um fluxo descendente proporcionou o rápido
contato dos fármacos utilizados com a medula espinhal. Devido a este fato, o
imediato contato da morfina hiperbárica com os receptores da medula espinhal após
a injeção subaracnóide, proporcionou um rápido início de efeito, menor do que o
tempo de início de ação da administração epidural citado num estudo realizado por
NATALINI & ROBINSON (2000). A migração tanto cranial como caudal da metadona
hiperbárica, buprenorfina hiperbárica e morfina hiperbárica pode ser inferida pelo
aumento do limiar doloroso ao estímulo elétrico observado cranialmente e
caudalmente ao sítio de injeção. Entretanto, o fato de que 5 minutos após a
administração subaracnóide dos agentes opióides hiperbáricos, termos observado
intenso efeito analgésico em todos os dermátomos, permite sugerir que opióides
hiperbáricos não sofrem apenas influência da gravidade devida sua baricidade, uma
vez que atuaram em receptores craniais e caudais ao local de injeção.
65
A buprenorfina hiperbárica mostrou efeito analgésico moderado, e isto pode
ser explicado pelas suas características farmacológicas. COWAN (2003) classifica a
buprenorfina como um opióide agonista parcial, com alta afinidade por receptores µ-
opióides, apresentando dissociação lenta. A classificação inferida como analgesia
moderada pode ser explicada pelo limiar de estimulação elétrica ter sido menor do
que 40 V em todos os dermátomos.
Já, a morfina e a metadona hiperbáricas, produziram significativo aumento do
limiar doloroso à estimulação nociceptiva elétrica aos 5 minutos após a injeção
subaracnóide. O rápido início de ação destes agentes quando comparado com a
administração epidural caudal de morfina isobárica, pode ser atribuído às suas
características farmacocinéticas de hidrossolubilidade e lipossolubilidade
(STOELTING, 1999). Em um estudo JACOBSON et al. (1990), compararam a
administração intratecal de morfina e metadona em seres humanos submetidos à
prótese de joelho ou quadril, e ambas as substâncias produziram excelente efeito
analgésico, porém a morfina mostrou efeito mais prolongado que a metadona.
NATALINI & ROBINSON (2000), utilizando morfina isobárica pela via epidural caudal
em cavalos, obtiveram um tempo de efeito de 8 a 19 horas, sendo que obtiveram
analgesia mais pronunciada nos dermátomos próximos ao sítio de administração, e
analgesia menos intensa nos dermátomos lombares e torácicos. Tais autores
sugerem que o efeito de diluição do agente opióide no líquido cérebro-espinhal seja
um dos efeitos que resulte em um número reduzido de moléculas de morfina
disponíveis para ligação com os receptores na região lombar e torácica da medula
espinhal. COUSINS & MATHER (1984), acrescentam que a duração do efeito após
a administração subaracnóide do opióide é influenciada pelo número de moléculas
retidas no líquido cérebro-espinhal e no tecido espinhal, bem como a dissociação
cinética do fármaco. No presente estudo, a morfina produziu efeito mais prolongado
do que a metadona e a buprenorfina sobre os dermátomos da região torácica. A
morfina apresenta maior valor de dissociação cinética que a metadona e a
buprenorfina, o que pode explicar o maior tempo de ação, entretanto, um fato que
não se conseguiu justificar é o porquê que o mesmo efeito não tenha sido notado
nos dermátomos das regiões perineal, sacral e lombar. Um fato de importância, é
que se desconhece se a solução de glicose a 10% utilizada para o preparo das
soluções hiperbáricas, possa alterar o valor da cinética da dissociação da morfina,
66
metadona e buprenorfina, uma vez que poderia afetar a intensidade e o tempo de
efeito analgésico.
6. CONCLUSÕES
O modelo experimental in vitro desenvolvido é eficiente para a avaliação do
comportamento físico de substâncias no líquido cérebro-espinhal de cavalos;
A técnica de cateterização subaracnóide utilizada permitiu 100% de sucesso,
sendo plenamente aplicável em casos clínicos futuros, não limitando sob hipótese
alguma a utilização da via subaracnóide em cavalos;
A injeção subaracnóide de 0,01mg/kg de morfina ou metadona hiperbáricas
produz intensa analgesia por um período de 120 minutos nos dermátomos das
regiões perineal, sacral, lombar e torácica, sem induzir efeitos de depressão
cardiorrespiratória, ataxia ou excitação do SNC em cavalos;
A administração subaracnóide de 0,001mg/kg de buprenorfina hiperbárica não
produz depressão cardiorrespiratória, ataxia ou excitação do SNC, e confere
analgesia moderada nos dermátomos das regiões perineal, sacral, lombar e
torácica.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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