Download PDF
ads:
Alexandra Lilaváti Pereira Okada
Cartografia Investigativa
INTERFACES
Epistemológicas
Comunicacionais
para
mapear
CONHECIMENTO
em
Projetos
de PESQUISA
Tese apresentada à Banca Examinadora da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
como exigência parcial para obtenção do título de
DOUTOR em Educação: Currículo, na área de
Formação de Educadores - Novas Tecnologias em
Educação, sob orientação do Prof. Dr. Fernando
José de Almeida.
Pontifícia Universidade Católica
São Paulo
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 2
COMISSÃO JULGADORA
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
ads:
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 3
Épreciso dar-se conta dos desequilíbrios
orgânicos, físicos, psíquicos e ambientais
que ameaçam a sobrevivência da unidade individual,
social e do ecossistema definindo a necessidade geral.
É preciso dar-se conta da capacidade intelectiva,
essencialmente, do ser humano, de saber resolver
definitivamente esse impasse, mas ainda não o faz,
para que todos os vivos possam desfrutar o bem-viver.”
É preciso acordar da realidade automática e particular,
em rede no emaranhado inconsciente social universal.
Acordar-se para as novas realidades pela vida oferecidas
para o sucessivo bem-estar no tempestivo bem-ser.
Cumpre a cada um construir, no contínuo acontecer
que não poderá abrir espaço a nenhum mal-estar.
Mas pelo lado do bem: o bem-ter; na ampla consciência
de integrar a reflexão, o entendimento e a compreensão.
E relevar o triunfo sensato da totalidade humana
para pô-lo na prática: o bem-fazer”. (Saburo Okada, 2000)
O futuro depende de nós!” (Jandira Pereira, 2006)
A vocês, meus Pais, dedico este sentimento
de alegria, pelo apoio, incentivo e amizade...
E a todos que buscam o significado da vida.
De cada traçado, mapas de conhecimento,
formas invisíveis, espaços incompletos
movimentos de esperança e de vontade.
E assim, sonhar e tentar realizar o sonho
para a construção de uma melhor realidade.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 4
Atodos os Pesquisadores e professores que participaram do curso
Uso de software na Pesquisa Qualitativa, nos anos de 2004 e 2005.
Pelos mapas, discussões e sobretudo pelas lembranças inesquecíveis
demuitas reflexões e emoções compartilhadas;
A vocês, em especial, o meu agradecimento
pelo espaço concedido, pela co-construção.
Do emocional e racional entrelaçados,
à leitura e reescrita como ação e reflexão.
Da prática e referencial teórico mapeado
no curso “Uso de Software na Pesquisa
Qualitativa”.
Os momentos presenciais e virtuais vivenciados
aqui analisados, sobretudo na memória ficarão!
inicia-se para mim, o estudo da Cartografia
Eis então, a existência desta investigação!
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 5
Àminha família que teve uma presença inesquecível nesta investigação, não apenas pelas discussões
e reflexões ao longo destes anos, mas pela participação nos cursos de cartografia, pelos debates e
mapeamento do texto final trazendo novas perspectivas.
Ao Saburo, pela interlocução extremamente rica na minha trajetória pessoal e profissional, pela
sua Teoria dos Quatro Momentos – trilha condutora da nossa família.
À Jandira, por todos os momentos inesquecíveis e pela presença eterna na minha vida.
Aos meus irmãos Aurélio, Áttila, Alberto e Arlei, pelo apoio constante e interação.
Ao Tony Sherborne, pelo amor, apoio e incentivo nestes anos, pelos projetos em conjunto, por
enriquecer a minha trajetória de pesquisadora e de aprendiz.
A todos os professores e profissionais do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo da
PUC-SP que contribuíram muito para a minha formação como docente e pesquisadora.
Ao meu orientador Fernando José de Almeida, pelos momentos significativos de discussão,
reflexão, construções e desconstruções. Pelo apoio e confiança. Pelas ricas oportunidades de
projetos ao seu lado. Por abrir novos horizontes a serem mapeados.
À Maria Elizabeth Almeida, pelos caminhos abertos na construção colaborativa de
conhecimentos. O seu olhar contextualizado e sintonia entre teoria e prática na formação de
educadores enriqueceram muito a minha prática docente e concepção de mediação pedagógica.
À Maria Cândida de Moraes. O seu pensamento ecossistêmico propiciou muitas circunstâncias
para emergências importantes nesta pesquisa. Sua teoria trouxe referenciais essenciais para este
estudo.
À Ivani Fazenda. Sua atitude interdisciplinar e diálogos extremamente enriquecedores guiaram-
me à reflexão sobre a essência do trabalho de pesquisa e investigação.
Ao José Armando Valente que propiciou momentos ricos de debates sobre uso da tecnologia na
interação aprendiz-professor, e trouxe uma concepção valiosa o “estar junto” via rede.
Ao Alípio Casalli e Mario Sérgio Cortella que propiciaram discussões relevantes abrindo minha
visão sobre cultura, conhecimento e ética com base em P. Freire e E. Dussel.
Ao Marcos Masetto e Antonio Chizzotti que apontaram caminhos preciosos sobre epistemologia e
metodologia de pesquisa.
À Mere Abramowicz e Ana Maria Saul que me conduziram a vários questionamentos e reflexões
significativas sobre Educação: Currículo - referência básica para o início deste trabalho.
À Isabel Cappelletti que compartilhou reflexões e questionamentos valiosos sobre análise e
avaliação de projetos em pesquisa acadêmica.
Ao meu co-orientador Simon Buckingham Shum, por seu olhar cartográfico, por seu apoio constante
com indicações de obras preciosas e pelos projetos ao seu lado na Open University Knowledge
Media Institute.
Aos Professores dessa banca, pelo olhar atencioso, pela leitura cuidadosa e opinião crítica.
Aos Profs. Pedro Demo, Nílson Machado, Jorge de Albuquerque Vieira, Romain Zeilliger e Alberto
Cañas que contribuíram com preciosa interlocução e também foram inspiração para este trabalho.
À Edméa Oliveira dos Santos, da UFBA, pesquisadora do Currículo e o Ciberespaço, pela alegria de
muitas reflexões em conjunto, pela co-construção de muitas ações pedagógicas, pelos interesses e
ideais comuns, pela amizade presencial e virtual.
À PUC-SP Cogeae Online – equipe de suporte administrativo e técnico, em especial, Valdemir Santos.
À CAPES, pela bolsa de estudos que financiou parte do meu curso de doutorado.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 6
OKADA, Alexandra Lilaváti Pereira. CARTOGRAFIA INVESTIGATIVA - Interfaces epistemológicas
comunicacionais para mapear conhecimento em projetos de pesquisa. Tese de Doutorado. São Paulo: Programa
de Pós-graduação em Educação: Currículo. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Abril, 2006.
RESUMO
Um dos grandes desafios atuais no contexto da pesquisa e aprendizagem é encontrar
caminhos para enfrentar a avalanche de informações. Novas técnicas são necessárias para
organizar melhor todo o processo de investigação visando a construção de conhecimentos.
Quando informações relevantes e significativas são mapeadas, pesquisadores conseguem
explorar teorias e práticas com mais rigor e qualidade. Estudantes também podem imergir
com mais profundidade na aprendizagem.
A questão-chave desta tese é Como o mapeamento pode contribuir com o processo
de construção de conhecimentos facilitando projetos de investigação?”. A intenção deste
trabalho é oferecer aos pesquisadores, professores e aprendizes estratégias para aprimorarem
suas investigações.
Para responder este problema, delimitei esta investigação no curso Uso software de
cartografia na pesquisa qualitativa da PUC-SP Cogeae Online nos anos de 2003 a 2006. A
metodologia de pesquisa é etnopesquisa-formação. Ou seja, o planejamento, discussões e
reflexões foram realizados em conjunto com os alunos-pesquisadores e todo material deste
curso foi produzido durante esta investigação.
Neste trabalho, defino o que é Cartografia Investigativa partindo da história da
cartografia e dos conceitos de mapa e investigação. Em seguida, discuto os princípios
epistemológicos para guiar a construção de mapas investigativos com referência nas teorias:
sistêmica, hermenêutica e dialética. Então, analiso a prática, discutindo as contribuições do
mapeamento em várias etapas da pesquisa: problematização, organização de referências,
conceituação, união entre teoria e prática, sistematização, argumentação e auto-organização.
Sobre as considerações finais, destaco como a cartografia investigativa ajuda os
pesquisadores estarem melhor focados e envolvidos com as suas investigações e, ao mesmo
tempo, expandindo novos horizontes criativos.
PALAVRAS-CHAVE: Mapas Investigativos, Construção de Conhecimento,
Metodologia de Pesquisa e Aprendizagem.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 7
OKADA, Alexandra Lilaváti Pereira. INVESTIGATIVE CARTOGRAPHY - Epistemological and
comunicational interfaces to map knowledge in projects of research Tese de Doutorado. São Paulo: Programa de
Pós-graduação em Educação: Currículo. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Abril, 2006.
ABSTRACT
One of today’s great challenges in the context of’ research and learning is to find ways
to deal with the overload of data,. New techniques are needed to organize better the whole
process of investigation to construct knowledge. When relevant and significant information is
mapped, researchers are able to explore theories and practices thoroughly. Students can also
immerse deeply in their learning.
The key question of this thesis is How can mapping contribute to the process of
building knowledge facilitating projects of investigation?”. The intention of this work is to
offer to researchers, teachers and students strategies to improve their investigations.
To answer this problem, I based my investigations on the course "Cartography
software in the qualitative research" at PUC-Cogeae Online, from 2003 to 2006. The
methodology of this research is ethno research formation. That is to say, planning, discussions
and reflections were developed with the research students and the course material was
produced during this investigation.
In this work, I define what is “Investigative Cartography” starting with the history of
cartography and the concepts of maps and investigation. After that, I discuss epistemological
principles to guide the creation of investigative maps, with reference to systemic, hermeneutic
and dialectic theories. Then, I analyse the practice, discussing the contributions of mapping in
various stages of research: problematization, organization of references, conceptualization,
uniting theory and practice, systematization, argumentation and self-organization.
About the final considerations, I emphasize how investigative cartography helps
researchers be more focussed and engaged in their investigation, and at the same time expand
their creative horizons.
KEYWORDS: Investigative Maps, Building of Knowledge, Methodology of Reaserch
and Learning.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 8
Cartografia
Investigativa
Interfaces Epistemológicas
Comunicacionais
para Mapear Conhecimento
em Projetos de Pesquisa
Alexandra L.P. Okada
1. Apresentação da Pesquisa
Introdução....................................11
Origem do problema....................13
Objeto de estudo .........................16
Delimitação da Pesquisa.............17
Objetivos e hipóteses.................18
Relevância da investigação ........21
Metodologia utilizada
..................
28
3. Conceito, origem e técnica
História da Cartografia ............... 58
O que são mapas?.................... 68
O que são Mapas Cognitivos..... 77
Técnicas de Mapeamentos......... 85
Estética dos mapas .................... 108
Softwares para mapeamento..... 121
O que é investigação?................ 137
O que é mapas investigativos?
..
141
6. Considerações Finais
Mapeamento Investigativo.............276
Limitações deste Estudo................284
Novos Horizontes...........................287
Glossário.........................................291
Bibliografia......................................303
5. Mapas p/investigação
Problematização .........................199
Corpus de investigação .............210
Estudo Conceitual....................... 223
Teoria e Prática...........................231
Análise e Síntese ........................245
Argumentação.............................257
Auto-organização........................ 264
2. Universo de estudo
O ambiente de Pesquisa....... 36
Sujeitos.................................. 38
O processo ............................ 40
Produções.............................. 47
4. Princípios Epistemológicos
Teoria Sistêmica - Construindo Mapas ................................ 151
Teoria Hermenêutica - Interpretanto Mapas ........................ 174
Teoria Dialética - Desconstruindo e Reconstruindo Mapas....... 185
Para quê?
Onde?
O quê ?
Por quê?
Quem
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 9
SUMÁRIO
Capítulo 1 Apresentação da Pesquisa
1.1 Introdução ................................................................................................................. 11
1.2 Origem do problema.................................................................................................... 13
1.3 Objeto de estudo......................................................................................................... 16
1.4 Delimitação da Pesquisa ............................................................................................... 17
1.5 Objetivos e hipóteses .................................................................................................. 18
1.6 Relevância da investigação ........................................................................................... 21
1.6.1 Dos acréscimos científicos da pesquisa .................................................................. 22
1.6.2 Da importância social do estudo ........................................................................... 23
1.6.3 Da relevância pessoal da investigação ................................................................... 27
1.7 Metodologia utilizada ................................................................................................... 28
1.7.1 Etnopesquisaformação....................................................................................... 31
1.7.2 Procedimentos e etapas....................................................................................... 33
Capítulo 2 Universo de Estudo
2.1 O ambiente de Pesquisa ............................................................................................... 36
2.2 Sujeitos ..................................................................................................................... 38
2.3 O processo ................................................................................................................. 40
2.3.1 O planejamento do curso..................................................................................... 40
2.3.2 Atividades realizadas .......................................................................................... 42
2.3.3 O ambiente virtual de aprendizagem desenhado com mapas..................................... 43
2.3.4 A Midiateca........................................................................................................ 46
2.4 Produções .................................................................................................................. 47
2.4.1 O livro digital e-MapBook.................................................................................... 47
2.4.2 Exemplos de Produção de Mapas e feedback........................................................... 49
2.4.3 Exemplos de artigos (MapPaper) produzidos para emapbook................................... 50
Capítulo 3 Conceito, Origem e Técnica
3.1 História da Cartografia ................................................................................................. 58
3.2 O que são mapas?..................................................................................................... 68
3.2.1 Exemplo de mapeamentos de estruturas orgânicas do cérebro ................................. 71
3.2.2 Exemplos de Mapeamentos do conteúdo abstrato da mente...................................... 73
3.3 O que são Mapas Cognitivos.......................................................................................... 77
3.3.1 A arte de mapear e visualizar informações ............................................................. 78
3.3.2 A arte de mapear e o pensamento crítico complexo ................................................. 81
3.4 Técnicas para construção de Mapas Cognitivos ................................................................ 85
3.4.1 Mapa da mente (Mind Map) ................................................................................. 86
3.4.2 Mapas conceituais (Concept Maps)........................................................................ 93
3.4.3 Mapas web (Web Maps)......................................................................................101
3.4.4 Mapas Argumentativos (Argumentative Map) ........................................................102
3.4.5 Exemplos de mapas cognitivos ............................................................................107
3.5 Estética dos mapas cognitivos ......................................................................................108
3.5.1 Representação de elementos...............................................................................108
3.5.2 Design de mapas cognitivos ................................................................................112
3.5.3 Critérios para avaliação de mapas cognitivos.........................................................118
3.6 Softwares para mapeamento........................................................................................121
3.6.1 CMAP Tools (IHMC)............................................................................................122
3.6.2 Nestor Web Cartographer ...................................................................................125
3.6.3 Compendium ....................................................................................................134
3.7 O que é investigação ..................................................................................................137
3.8 A investigação no contexto atual ..................................................................................140
3.9 A Cartografia e o Mapa Investigativo ............................................................................141
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 10
Capítulo 4 Princípios Epistemológicos para Cartorgafia Investigativa
4.1 Introdução ................................................................................................................149
4.2 Teoria Sistêmica construindo mapas...........................................................................151
4.2.1 Sistemas e Ecossistemas Cognitivos.....................................................................151
4.2.2 Origem da Teoria Sistêmica ................................................................................152
4.2.3 Mapas Investigativos Sistêmicos..........................................................................154
4.2.4 Postulados que caracterizam o Mapa como Sistêmico..............................................159
4.2.5 Parâmetros básicos fundamentais para Mapas Sistêmicos........................................160
4.2.6 Parâmetros Evolutivos para Mapas Sistêmicos .......................................................161
4.2.7 As Etapas do Évolon e a investigação como processo sistêmico ................................167
4.2.8 Mapeamento Investigativo Ecossistêmico ..............................................................170
4.2.9 Princípios Ecossistêmicos e o Mapeamento Investigativo .........................................171
4.3 Teoria Hermenêutica - interpretando Mapas ...................................................................174
4.3.1 O mapeamento investigativo e sentido do conhecer, ser e viver .............................176
4.3.2 O processo de mapear e o inacabamento .............................................................178
4.3.3 Mapas Investigativos e o ponto de vista viajante....................................................179
4.3.4 A tríade: preconfiguração configuração – reconfiguração .....................................181
4.3.5 O ciclo da compreensão à explicação e da explicação à compreensão ........................183
4.4 Teoria Dialética – desconstruindo e reconstruindo mapas .................................................185
4.4.1 Diálogo: confronto, questionamento, dedução e indução ........................................186
4.4.2 Estruturação contínua: tese-antítese-síntese .........................................................187
4.4.3 O conflito como oportunidade de aprimoramento....................................................188
4.4.4 A totalidade e as relações dinâmicas ....................................................................188
4.4.5 A relação teoria e prática e a práxis .....................................................................191
4.4.6 A Exterioridade rompendo fronteiras ....................................................................193
4.4.7 O processo intricado de conflito, interconexão e mudança ......................................195
Capítulo 5 Mapas Investigativos aplicados à Pesquisa Acadêmica
5.1 Mapeando o foco de investigação..................................................................................199
5.1.1 Projeto de Doutorado Relações entre saberes e trabalho na formação docente...........................200
5.1.2 Problematização................................................................................................204
5.2 Organizando o corpus de investigação ..........................................................................210
5.2.1 Projeto de Mestrado Uma experiência metalingüística em pesquisa educacional ..........................211
5.2.2 Organização do “corpus” da pesquisa ...................................................................214
5.3 Aprofundando Conceitos Teóricos..................................................................................223
5.3.1 Projeto de Doutorado Parceria: conceitos e interpretações ................................................224
5.3.2 Estudo conceitual ..............................................................................................227
5.4 Articulando referenciais teóricos e empíricos ..................................................................231
5.4.1 Orientação Pesquisa qualitativa em matemática num curso de mestrado ....................................232
5.4.2 Entrelaçando teoria e prática..............................................................................240
5.5 Análise e Síntese - Da leitura crítica à escrita reflexiva.....................................................245
5.5.1 Estudo Inter-relação, Inter-intencionalidade e interdisciplinaridade ............................................246
5.5.2 Da leitura crítica à escrita reflexiva ......................................................................252
5.6 Sistematizando conhecimentos através da argumentação.................................................257
5.6.1 Aprimorando o texto Contribuições de softwares na criação de um trabalho científico ....................258
5.6.2 Mapeamento argumentativo ...............................................................................261
5.7 Auto-Organizando o Processo.......................................................................................264
5.7.1 Projeto de Doutorado A pesquisa e mapas conceituais:contribuições para a formação de professores ...265
5.7.2 Auto-organização ..............................................................................................272
Capítulo 6 Considerações finais
6.1 O mapeamento investigativo .......................................................................................276
6.2 Limitações deste Estudo . ............................................................................................284
6.3 Novos Horizontes . .....................................................................................................287
Glossário....................................................................................................................................291
Bibliografia .................................................................................................................................303
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 11
PRESENTAÇÃO DA PESQUISA
1.1 - INTRODUÇÃO
Cartografia Investigativa é o tema desta tese cujo objetivo é pesquisar como os
mapas podem facilitar elaboração de redes de informação e a construção do conhecimento em
projetos de investigação. Para isso, a intenção é buscar caminhos para entrelaçar, partilhar,
construir informação, conhecimento e saberes. Assim, parte-se da metáfora de mapas como
interfaces comunicacionais epistemológicas”.
Interfaces. De “inter + “face”, entre faces. É um dispositivo físico ou lógico para permitir o
acoplamento, facilitar ou simplificar as interações entre dois ou mais elementos.
Interface é espaço de encontro, meio de conexão, zona entre o meio e a mensagem Johnson
(2001:35). Neste sentido, interface funciona como um tradutor de sensibilidade entre
faces, mediando duas ou mais partes, tornando uma sensível às outras. Lévy (1993:176)
ressalta que a cada nova interface transforma a eficácia e a significação das interfaces precedentes. É
sempre questão de conexões, de reinterpretações, de traduções num mundo coagulado, misturado,
cosmopolita, opaco, onde nenhuma mensagem pode propagar-se magicamente nas trajetórias lisas da
inércia, mas deve, pelo contrário, passar pelas torções, transmutações e reescritas das interfaces”.
Epistemológicas. Epistemologia vem do grego: “epistéme” + logos”. Epistéme significa
conhecimemto. Logos quer dizer estudo, teoria. Daí, epistemologia é o estudo do conhecimento.
De como o ser humano conhece. De como investigar se o conhecimento é possível e
comunicável. O estudo do conhecimento sempre foi relevante. Mas, Sócrates, Aristóteles e
Platão é que lhe atribuíram a importância e o valor que hoje tem. Assim, deram origem ao
estudo do conhecimento, questões como: “O que é o conhecimento? Como posso conhecer? Existe a
verdade? Posso representá-la? Posso comunicá-la?”
Epistêmico, para a ciência, significa o estudo das raízes e caminhos do conhecimento que
conduz ao entendimento. É o estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das ciências
para determinar fundamentos lógicos, o valor e o alcance do seu objetivo.
Comunicacionais. Comunicação do latim communicatio”, verbo communicare”, significa
tornar comum, partilhar, socializar. Os homens são seres sociais, comunicacionais, seres
de linguagem inseridos num contexto onde a área da comunicação atinge patamares
cada vez mais abrangentes e complexos decorrentes da tecnologia digital. A explosão
acelerada dos meios para registrar, armazenar, reconstruir, tornar comum, criar,
alterar, e socializar informações marca o contexto das macroeconomias atuais. Dentro
deste panorama a comunicação se destaca como processo fundamental na construção de
conhecimentos. Santaella (2001:23) destaca que “uma tal ampliação do sentido de comunicação
não é mera sofisticação inconseqüente. Ela se tornou hoje imperativa, pois, já nos fenômenos de massa e,
muito mais hoje, no fenômeno explosivo das redes planetárias, a dinâmica da comunicação se faz
entender à luz dos modelos do funcionamento dos sistemas vivos em nível microscópico, e mesmo à luz
das leis que a psicanálise extrai dos mecanismos do inconsciente, do que dos processos conscientes de
comunicação humana em nível social.”
.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 12
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 13
1. 2 - ORIGEM DOPROBLEMA
Indagações e inquietações sempre surgiram como objetos de estudo na minha trajetória
de aluna, professora e pesquisadora. Essa constância nunca chegou a caracterizar conflitos ou
desestímulos. Ao contrário, significou o desencadear de novas paixões e desafios. Confesso
que esse processo se intensificou durante a conclusão do meu trabalho de mestrado. Isso me
deu fôlego e energia para traçar novas rotas, delinear outros caminhos e implementar uma
série de práticas com mapas. O resultado desse esforço situou-me num novo cenário
A Cartografia Investigativa , tema desta tese de doutorado.
A cartografia é um assunto de grande relevância não somente na Geografia, mas
também, em diversas áreas do conhecimento. Os mapas podem ser aplicados como estratégia
para organizar melhor as informações e também como um recurso para tomadas de decisão.
O progressivo crescimento do volume de dados impõe aprimorar os mecanismos de busca e
seleção. Neste contexto, torna-se necessário separar o relevante do acessório, estabelecendo
relações, interpretando e sistematizando o mapeado para a eficácia do processo investigativo.
A evolução tecnológica tem provocado a produção de novas informações de forma
extremamente veloz. Urge acompanhar essas céleres mudanças descobrindo novas técnicas de
manter redes de informação atualizadas. Além disso, é importante criar novos métodos que
orientem os usuários na associação de significados construídos com informações recentes
para reconstruir conhecimentos.
Neste contexto, desde a minha graduação no ITA - curso superior de tecnologia da
computação - algumas questões chamaram minha atenção. Dentre elas: Como trabalhar com
sistemas com diversas variáveis e facilitar o processo de tomada de decisão? Assim, meu
trabalho de graduação centrou em “Processos Markovianos de Decisão”.
Atuando como tecnóloga da computação em diversos setores: empresas, escolas e
consultorias; administrando redes e desenvolvendo sistemas e projetos, deparei-me com novas
perguntas. Como organizar informações e desenvolver sistemas para planejamento
estratégico? Ingressei-me no curso de especialização em Marketing. Partindo das práticas de
planejamento de mercado e com o desenvolvimento de redes de informação, minha pesquisa
de pós-graduação focou no Planejamento Estratégico da Agência Estado agência de
notícia e informação do grupo O Estado de S.Paulo”. Ao elaborar esta investigação,
confrontei-me com a necessidade de técnicas e métodos para organizar melhor uma grande
base de dados facilitadora de análises qualitativas e críticas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 14
Interessada na Internet e atuando dez anos na área de Educação, novas dúvidas
emergiram. Como ambientes de aprendizagem podem ser utilizados para construir
coletivamente o conhecimento como redes de significados? Assim, no mestrado na PUC-SP
investiguei A construção coletiva do conhecimento como rede de significados em ambientes
virtuais de aprendizagem”. Neste processo, ao organizar o universo de estudos através de
diversos mapas, percebi o quanto a cartografia poderia ser útil para trabalhar com uma grande
base de dados quantitativos e qualitativos.
Nestes últimos anos, atuando também como pesquisadora em projetos na PUC-SP
PROINFO e OEA, todos estes traços de multiplicidades vividas na área educacional,
empresarial e tecnológica se entrelaçaram, proporcionando-me a realização de novas
experiências. Após o contato com Romain Zeiligier, pesquisador do Centre National de la
Recherche Scientifique em Lyon e criador do software Nestor Web Cartographer, comecei a
trabalhar com mapas em diversos contextos. Assim, trajetórias inusitadas em alguns cursos
que ministrei, trouxeram-me novas problematizações.
Ano Local Curso Público
2000
2001
Universidade
Mackenzie
Elaboração de Atividades
pedagógicas com Mapas Virtuais.
Alunos do curso de pós-
graduação.
2001
2002
Colégio Dante
Alighieri
Elaboração de projetos de
investigação com mapas
Professores do Ensino
Fundamental e médio.
2001 PUC-SP CED Oficina Nestor na disciplina
“Epistemologia e Informática”
Mestrandos e doutorandos
do curso de pós-graduação.
2001 Centro Virtual
Interamericano OEA
Construção de textos e criação de
mapas.
Professores e pesquisadores
2002 Universidade
Nacional do Estado
da Bahia UNEB
Criação de Ambientes de
aprendizagem com mapas de
orientação.
Professores, funcionários e
diretores da Faculdade de
pedagogia.
2003 ABED IX Congresso
Internacional de
Educação a distância
Mapas virtuais em Ambientes
Colaborativos de Aprendizagem:
um caminho para construção de uma
rede de informações
Professores, Pesquisadores
e Profissionais ligados c/
EAD
2004 Sheffield
University
(UK- London)
WebMaps in Collaborative Learning
Environments: a way to build a
relevant information network
Professores e pesquisadores
2004 Universidad
Metropolitana
(Chile Santiago)
Cartografía Cognitiva: Un camino
para la construcción de redes
interdisciplinarias
Professores e pesquisadores
2004
2005
PUC-SP
COGEAE Online
Uso de software na Pesquisa
Qualitativa
Professores e pesquisadores
2006 Compart Construindo textos acadêmicos a
partir de mapas
Professores e pesquisadores
Tabela 1 Cursos ministrados sobre software de cartografia e mapeamento de informação
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 15
A gênese do projeto aqui proposto é um esboço traçado e tecido pela vivência prática
com mapas e pelo estudo acadêmico durante a minha trajetória:
Em relação à prática, observei algumas concepções de mapas desenvolvidas pelos
meus alunos pesquisadores durante estes cursos.
“Mapa: representação de um conhecimento em sua totalidade ou ao menos almejado por um projeto,
representação de um espaço físico ou de uma idéia, considerando-se suas abrangências." Carlos. 2002
"Representação gráfica, bem convincente, pois pode ir além da aparência e indicar as interligações
possíveis com tudo que o circunscreve." Ildacy 2002
"Um esquema de símbolos que estão dispostos em algum lugar (não necessariamente no papel)
instrumentos ricos para simularmos e compormos realidades." Edméa 2002
"Transmissão de informações sobre um contexto, forma clara, descomplicada ." Rosane
"Reunião e organização de informações para atingir o objetivo projetado." Angela2001
"Proximidade com o objeto representado." Ricardo 2002
"Delimitação de um determinado elemento, de forma objetiva e minuciosa." Vera Elena. 2001
"Possibilidade de alcançar o objetivo de maneira rápida e eficaz! " Mônica 2001
"...de usá-lo da melhor forma possível." Vera Lucia 2002
"...de se aprender com ele." Martha 2002
"Precisamos saber o porquê da construção de um mapa. A partir daí, os percursos, as relações e inter-
relações ficam mesmo por conta de cada um." Ildacy 2002
"Ser objetivo e fácil para achar o que se quer." Josevânia 2002
E, também percebi algumas de suas dificuldades como:
Elaboração de mapas, seleção e organização de informações relevantes.
Articulação dos diversos elementos na sua multiplicidade, diversidade e
complexidade.
Interpretação cartográfica, avaliação e feedback dos próprios mapas construídos.
Assim, novas perguntas foram delineadas. Como desenvolver uma metodologia para
elaborar mapas? Como o mapa pode ser melhor interpretado? Como avaliar se o mapa
construído atende o objetivo desejado?
Em relação à teoria ao longo da minha trajetória, alguns autores fizeram-me vislumbrar
uma nova problemática: a necessidade de aprofundar no tema que designo de cartografia
investigativa.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 16
Após ter investigado referenciais teóricos sobre cartografia: a Cartografia Simbólica de
Santos (2000), Cartografia dos Múltiplos Singulares de Deleuze e Guattari (2000),
Representações Cartográficas de Lévy (1993) e Mapa do Saber de Machado (2001), mais
questões emergiram.
Teoria Autor Novos questionamentos
Representações
Cartográficas
Piérre Lévy
(1997:40)
Como elaborar mapas como esquemas que abstraiam e
integrem o sentido, que possibilitem a compreensão e
apreensão de esquemas de acordo com as relações?
Mapa do Saber Nílson Machado
(2001)
Como não se perder em uma vasta rede de significados,
que se entrecruzam em fios, relações, redes? Como tecer
significados e mapeá-los?
Cartografia
simbólica
Boaventura Santos
(2000:199)
Como construir novas representações?
Como os mapas podem representar concepções
autônomas das existentes, desconstrução de
postulados, construção de um pensamento próprio?
Cartografia dos
múltiplos
singulares
Deleuze e Guattari
(2000:22)
Como elaborar um mapa que não reproduza um plano
fechado sobre si mesmo, que contribua para a conexão
dos campos, desbloqueio e abertura máxima visando
consistência?
Tabela 2- Questões teóricas sobre cartografia que inspiraram este estudo
Partindo deste entrelaçamento da prática e teoria que marcam principalmente estes seis
últimos anos da minha trajetória profissional de professora e pesquisadora, deparo-me com a
necessidade de investigar com mais profundidade a Cartografia e a aplicação de mapas na
pesquisa acadêmica. Isso significa adentrar e mapear cada vez mais e melhor o próprio
processo de investigação.
1.3 - OBJETO DE ESTUDO
A problemática aqui delineada decorre destas questões embrionárias. Ela é o marco zero
desta pesquisa. O que se pretende pesquisar é a cartografia investigativa como uma
possibilidade de enriquecer o processo de construção de conhecimentos. Isto significa
aprofundar no estudo de linguagem cartográfica, signos, feixe de relações mensagens,
significação, informação, interfaces considerando novos paradigmas.
Desse modo, o principal foco de investigação é pesquisar como os mapas podem ser
utilizados para facilitar o processo de construção de conhecimentos; visando-se, assim, trazer
contribuições significativas para projetos de investigação.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 17
De fato, a cartografia vem sendo aplicada para representar o conhecimento sobre o
mundo e além do mundo. Através do mapeamento da informação emergem-se novos
caminhos para a explicação e compreensão do universo. Os mapas permitem selecionar,
classificar, agrupar elementos significativos e articular diversas relações essenciais para
aprendizagem, construção do saber e tomadas de decisão.
Nesse sentido, é importante assinalar que a Cartografia Investigativa pode trazer
contribuições significativas para a Educação do Ensino Fundamental até o Superior. No
entanto, para focar melhor este estudo, optamos por delimitar o campo de pesquisa na área de
pós-graduação tendo como referencial os cursos de extensão ministrados desde 2004 na PUC-
SP Cogeae Online Uso de Software na Pesquisa Qualitativa.
Considerando os referenciais teóricos e as práticas realizadas nos cursos citados,
deparamo-nos com diversas perguntas:
Como os mapas podem contribuir para os projetos de investigação acadêmica?
Como mapear o objeto de estudo, e delimitar melhor o foco de pesquisa?
Como os mapas podem ser utilizados para entrelaçar teorias e práticas?
Como os mapas podem ser aplicados para definir categorias num universo de estudo?
Como estas categorias podem ser entrelaçadas e expressadas através de um mapa?
Como o mapa pode apontar vazios para fazer penetrar novos esboços cartográficos?
Como os feixes de relações podem ser interpretados e contribuir para construção de
novos conhecimentos?
1.4 - DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
Neste contexto, selecionamos para este estudo a Cartografia Investigativa aplicada na
pós-graduação. Delimitamos o universo de estudo no grupo de pesquisadores mestrandos e
doutorandos de algumas universidades nacionais e do exterior de áreas diversas - usuários de
software de mapeamento.
Escolhemos os pesquisadores de cursos de pós-graduação em função:
da oportunidade de contribuir direta e indiretamente com a produção do
conhecimento científico nesse segmento;
das experiências prévias com a minha pesquisa de mestrado sobre a
construção coletiva do conhecimento também com grupos de
mestrandos e doutorandos;
dos cursos que ministrei cujos participantes eram professores e
pesquisadores do Ensino Superior: graduação e pós-graduação.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 18
O uso de mapas foi imprescindível no meu processo de investigação
desde a elaboração da minha dissertação no mestrado como desta tese de
doutorado. O mapeamento de informações trouxe contribuições na pesquisa teórica,
na seleção de categorias teórico-empíricas e na elaboração do texto final.
1.5 - OBJETIVOS E HIPÓTESES
Milhares de dados surgem a cada segundo tanto em publicações reais (livros, revistas,
jornais, trabalhos, pesquisas) como em virtuais (Internet e Intranets). Estes
dados compreendem não textos, mas também imagens, sons, enfim qualquer símbolo
quantitativo ou qualitativo. Muitas vezes, damo-nos conta de que somos a cada momento
bombardeados por uma grande quantidade de informações. Selecionar o que é relevante é o
grande desafio! Articular, contextualizar e mapear tais informações é um caminho para o
conhecimento. Usufruir e construir o conhecimento de modo ético-crítico, individual e social
é um caminho para asabedoria.
Neste sentido, acredito que os mapas podem potencializar a construção do
conhecimento em projetos de investigação, não como uma fonte de comunicação, mas
como um guia que traz orientações, uma interface para apreender feixes de relações, para
fazer emergir dinâmicas não lineares, para explicitar conhecimentos tácitos e possibilitar
novas interpretações e novos ângulos para compreensão, previsão e decisão.
No entanto, torna-se essencial um estudo mais aprofundado sobre princípios que possam
subsidiar o mapeamento investigativo visando trazer contribuições efetivas na construção de
conhecimentos.
Sobre construção do conhecimento, várias concepções epistemológicas abordam esse
processo: pirâmide informacional, redes de significados, integração de múltiplas dimensões.
(Okada, 2002).
Na pirâmide informacional”, segundo Paez (1992), Jéquier e Dedijer (1987),
conhecimento é associado com “ter” noção, informação, saber. Para representar esses
diferentes estágios, os autores destacam a imagem de uma pirâmide.
Na base, estariam os dados, símbolos qualitativos ou quantitativos em fontes reais ou
virtuais. Poderíamos imaginar sons, imagens, textos, arquivos, livros, grandes bibliotecas
nacionais e mundiais na Internet ou em grandes espaços físicos. Tudo isto são dados.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 19
Os dados se transformam em informações quando os indivíduos lhes atribuem
valores, interesses ou finalidades.
Quando isso ocorre, as informações passam a lhes existir por apresentarem significados,
utilidades, ou uma representação mental. Informações seriam dados (imagens, textos ou sons)
que foram selecionados, analisados e processados por alguém. Estas, se tornam
conhecimentos quando são articuladas com outros elementos, organizadas segundo critérios e
utilizadas, experimentadas, vivenciadas por alguém. E por fim, no topo da pirâmide,
transformar-se-iam em saber após rias idas e vindas entre reflexão e ação e entre
teoria e prática.
O conhecimento como redes de significados” é uma outra concepção epistemológica
onde as teorias e práticas, experiências e vivências se entrelaçam em um fluxo constante de
transformações como uma rede dinâmica tecida por diversos elementos.
A imagem de rede, tanto do conhecimento em rede como redes de conhecimentos,
pressupõe flexibilidade, plasticidade, interatividade, adaptabilidade, cooperação,
parceria, apoio mútuo e auto-organização. Representa que todo conhecimento está em
processo de construção e reconstrução, é um conjunto de elementos conectados entre si,
e pode também chegar a representar uma nova aliança da humanidade na utilização do
conhecimento para a sua própria reconstrução. (Moraes, 1997:96)
Neste fluxo, o conhecimento em rede está sendo sempre tecido, enredado, criado e
recriado por um indivíduo ou por um conjunto nas suas múltiplas relações com outros. Neste
processo a busca da essência, do significado, daquilo que faz e traz sentido é fundamental.
“Conhecimento: a imagem da rede. Esta nos parece ser a chave para a
emergência, na escola ou na pesquisa, de um trabalho verdadeiramente interdisciplinar:
a idéia de que conhecer é cada vez mais conhecer o significado, de que o significado de
A constrói-se por meio das múltiplas relações que podem ser estabelecidas entre A e
B,C,D,E,X,T,G,K,W etc, estejam ou não as fontes de relações no âmbito da disciplina que
se estuda.”. (Machado, 2000:131)
Em relação ao conhecimento como “integração de múltiplas dimensões” (Okada
2005:46), teríamos o entrelaçamento das teorias de Freire, Lévy , Maturana e Varela. Neste
sentido, a concepção do conhecimento ultrapassa a compreensão da realidade dos fenômenos,
ou da interpretação de objetos e sujeitos.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 20
O conhecimento não é algo pronto, acabado, externo e independente dos sujeitos.
Ao contrário, o inacabamento e a inconclusão caracterizam o homem como ser em busca, em
construção. Nesse sentido, a integração da abordagem biológica, social e tecnológica torna-se
importante. A visão de Maturana e Varela revelam o conhecimento como fenômeno biológico
onde conhecer, ser e viver são dimensões inseparáveis. A voz de Freire anuncia o
conhecimento como leitura e reescrita consciente do mundo construído pelos próprios
sujeitos. O pensamento de Lévy tece o conhecimento como redes complexas onde interagem
atores humanos, biológicos e técnicos. (Okada, 2005:78).
Considerando a integração das múltiplas dimensões do ser humano, percebemos que os
mapas podem contribuir com o processo de construção do conhecimento.
“O mapa não reproduz um inconsciente fechado sobre ele mesmo, ele o constrói.
Ele contribui para a conexão dos campos, para o desbloqueio, para uma abertura
máxima sobre um plano de consistência. O mapa é aberto, é conectável, em todas as suas
dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações constantemente.
Ele pode ser rasgado, revertido, adaptar-se a montagens de qualquer natureza, ser
preparado por um indivíduo, por um grupo, por uma formação social. Um mapa tem
múltiplas entradas”. (Deleuze e Guattari, 2000:22)
Partindo de referenciais teóricos traçados no mestrado, prossigo neste momento
delineando alguns objetivos para pesquisa de doutorado:
Definir o conceito de Cartografia Investigativa.
Discutir alguns princípios para subsidiar o uso da cartografia na investigação.
Buscar cnicas (procedimentos e software) para elaborar mapas investigativos na
pesquisa acadêmica.
Apresentar possibilidades de utilização dos mapas para facilitar a construção de
conhecimento.
Avaliar as contribuições dos mapas para construção de conhecimentos.
Rever durante o próprio processo os objetivos iniciais e se necessário propor novos.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 21
1.6 - RELEVÂNCIA DA INVESTIGAÇÃO
"Mapear" tem sido assunto de extrema relevância no mundo atual marcado
pela sociedade do conhecimento. Assim, a chave deste problema de pesquisa é descobrir
novas metáforas visuais para expressar o tácito, o abstrato e o complexo numa linguagem
mais simples e significativa.
As representações cartográficas estão sendo cada vez mais utilizadas por possibilitar a
construção de esquemas através de novas representações. A construção de esquemas na mente
que abstraem e integram o sentido de um assunto qualquer, sempre será um desafio. Através
de mapas é possível construir e expressar esses esquemas com mais facilidade. A visualização
dos elementos relevantes e a organização de suas conexões permitem apreender o significado
do assunto mapeado. A estruturação de informações e suas relações espaciais contribuem para
melhor compreender e reter os constéudos mapeados
“As representações do tipo cartográfico ganham hoje cada vez mais importância, justamente
por resolver este problema de construção de esquemas (...) A memória humana é estruturada de
tal forma que s compreendemos e retemos bem melhor tudo aquilo que esteja organizado de
acordo com as relações espaciais”. Lévy (1993:40)
Os mapas produzidos durante e após os cursos cartográficos que ministrei revelaram
que os pesquisadores acadêmicos são capazes de superar as dificuldades iniciais inerentes à
novidade apresentada e logo passam a incorporar os mapas como interface ou alavanca
facilitadora de suas investigações na produção do conhecimento científico.
Para legitimação deste projeto como uma pesquisa significativa de doutoramento,
destacoos seguintes pontos:
A relevância científica entendida como novos avanços do conhecimento.
A relevância social compreendida na possibilidade de vislumbrar novas
metodologias para apoiar os sujeitos como cartógrafos-autores do conhecimento.
A relevância pessoal como enriquecimento próprio decorrente da possibilidade
de aprofundar na minha problemática atual.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 22
1.6.1 - DOS ACRÉSCIMOS CIENTÍFICOS DA PESQUISA
Ao iniciar o esboço deste projeto com bibliografia sobre o assunto: cartografia aplicada
à investigação acadêmica, deparei-me com a ausência de referenciais teóricos.
Neste estudo, encontrei uma diversidade de materiais técnicos sobre software de
cartografiae estudos de casos principalmente na área educacional e empresarial.
Neste momento fiquei intrigada: existem muitos referenciais bibliográficos sobre
aplicação de mapas, porém não encontrei pesquisas que aprofundassem no assunto da
cartografiaaplicada a projetos de investigação acadêmica.
Observei que existem muitas técnicas de mapeamento e uso crescente de mapas.
Entretanto, quais as teorias que podem legitimar a construção de mapas nos estudos
acadêmicos?
Partindo da necessidade de buscar princípios epistemológicos e estudo prático sobre o
uso de mapas na investigação pretende-se considerar os paradigmas emergentes sinalizados
pela ciência pós-moderna.Tais concepções, além de transcenderem as teorias instrucionista, a
visão linear, a fragmentação do conhecimento; possibilitam novos caminhos para construção
de processos interativos, dinâmicos em níveis mais complexos.
Neste sentido, a teoria sistêmica e ecossistêmica permite conceber o mapeamento de
saberes como um processo que envolve autonomia, auto-organização, cooperação,
relações pluri-cognitivas e pluri-afetivas, interdependência e conscientização ético-crítica.
A teoria hermenêutica facilita o campo da interpretação, compreensão e sistematização
dos mapas numa perspectiva múltipla, polissêmica e intersubjetiva. É importante que o
mapeamento de um objeto estranho distante e incomensurável se transforme num objeto
familiar tanto para o cartógrafo quanto para o navegante.
A teoria dialética favorece as contínuas desconstruções e reconstruções individuais e
coletivas durante o mapeamento. O pensamento dialético faz emergir diferentes pontos de
vista. O confronto entre essas múltiplas perspectivas similares e opostas favorece a
identificação das incoerências, incongruências e incertezas. O desafio para superá-las permite
o avanço da pesquisa em novos patamares.
Os referenciais da Semiótica orientam a discussão da estética e design de mapas. No
plano visual, os signos facilitam a construção de modelos mentais independentemente do tipo
de representação (verbal ou não). Quanto mais a linguagem consubstanciada em signos se
aproximar das imagens mentais do ser pensante, mais fácil será apreender o que é traduzido e
representado pelos signos.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 23
1.6.2 - DA IMPORTÂNCIA SOCIAL DO ESTUDO
O contexto sociocultural atual a globalização, a sociedade do conhecimento e a
exclusão indica-nos a importância dos sujeitos serem os próprios autores do seu processo
de construção do conhecimento. O sujeito deve ocupar espaço próprio, construir e ser capaz
de transformar sua própria história de modo crítico e consciente. (Dussel,2000; Freire, 1987;
Santos,2000). É com a construção da própria história, através da capacidade de ser, de fazer, de
comunicar, de se inserir, de interferir na realidade, de construir e reconstruir conhecimentos,
agir e refletir que os sujeitos podem transformá-la para um contexto melhor, tanto para si
quanto para o coletivo.
Para isto, é necessário buscar novos referenciais. Segundo Santos (2000), a cartografia
simbólica tem um duplo mérito. De um lado, resolver alguns problemas da sociologia até
agora sem resolução, desenvolvendo uma concepção sociológica autônoma da que tem sido
elaborada. De outro, questionar radicalmente alguns postulados contribuindo para a
elaboração de um pensamento próprio pós-moderno.
A ciência pós-moderna faz emergir um novo paradigma Paradigma Emergente. As
ciências sociais emergem com a fenomenologia incorporando em suas teorias, conceitos que
as ciências naturais tinham reservado para si como auto-organização, reprodução, adaptação,
etc. O mesmo ocorre com as ciências naturais, cujas teorias sistêmicas também revelam
conceitos de autonomia, liberdade, historicidade, organização e auto-organização. Novos
olhares são atribuídos para o sujeito e o objeto cuja visão não mais os têm como distantes e
separados. Em vez da separação entre sujeito-objeto e humano-não-humano, o paradigma
emergente começa a valorizar a integração entre sujeito-sujeito, humano-natureza,
observador-observado. (Morin, 1997; Santos, 2000; Moraes, 2004)
No paradigma emergente, o conhecimento passa a ser intersubjetivo e compreensivo,
pautado no inacabamento, na espontaneidade, na auto-organização, na imprevisibilidade, na
incerteza, na desordem e na situação de desequilíbrios. Os novos paradigmas epistemológicos
emergentes enfatizam que a teoria não pode mais ser vista como um fenômeno isolado ou
totalmente específico, separado do real. Nesse sentido, indicam a necessidade de se considerar
no processo da comunicação e construção do conhecimento: as interações,
intersubjetividades, as intertextualidades, as interdependências, as interconexões, as inter-
relações, as interculturalidades.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 24
Segundo o Relatório Internacional de Desenvolvimento Humano (Human Development
Report, 2004) é possível observar o rápido crescimento das tecnologias de informação e
comunicação nessa última década em diversos países. No entanto, podemos notar também
grandes problemas relacionados com a miséria, pobreza e educação.
Visando a construção do conhecimento, torna-se fundamental buscar novas estratégias
para o uso das TIC e metodologias, principalmente, para a pesquisa-investigação a fim de
melhor aproveitamento da rede de informação.
Observamos que mesmo com todo o desenvolvimento surpreendente da pesquisa
científica, problemas básicos e extremamente relevantes como miséria humana e a destruição
do meio ambiente continuam a perturbar todas as nações.
Figura 1 – Mapa da Internet 1991 Figura 2 – Mapa da Internet 1997 Fonte: Network
Connectivity by Landweber
Figura 3 – Mapa Mundi indicando países de alta prioridade para desenvolvimento humano
Fonte: Human Development Report 2004.http://hdr.undp.org/docs/statistics/indices/stat_feature_1.pdf
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 25
Considerando que toda pesquisa ético-científica tem intenção de trazer um bem para
humanidade, melhorar a qualidade de vida; pergunto: por que apesar de tantos avanços grande
porcentagem da população humana vive em condições precárias de sobrevivência?
Claro que se trata de um assunto complexo que para uma boa discussão mereceria
analisar diversos fatores. Inclusive, não poderíamos esquecer que junto da pesquisa científica
existe o poder político-econômico; e, um alimenta o outro, reciprocamente. Para confirmar
isso, basta observarmos na tabela abaixo: onde se concentram os pesquisadores, as inovações
e os ganhos com as descobertas científicas?
Usuários de
Internet
Patentes Ganhos com
Royalties e licença
Gastos com Pesquisa
e Desenvolvimento
Pesquisadores
Internet users
(per 1.000
people)
Patents
granted to residents
(per million people)
Receipts of royalties
and licence fees
(US$ per person)
Research and
development (R&D)
Expenditures
(% of GDP)
Pesquisadores
in R&D (per
million people)
2003 2002 2003 1997-2002 1990–2003
13 Finland 534 35 96.5 3.5 7431
11 Japan 483 852 96.3 3.1 5085
10 United States 556 302 167.2 2.7 4526
1 Norway 346 0 42.9 1.7 4442
3 Australia 567 85 20.1 1.5 3446
20 Germany 473 274 51.7 2.5 3222
16 France 366 183 66.3 2.3 3134
12 Netherlands 522 186 116.8 1.9 2826
15 United Kingdom .. 88 173.0 1.9 2691
19 New Zealand 526 70 30.0 1.2 2593
17 Austria 462 196 19.2 2.2 2346
8 Ireland 317 110 52.4 1.1 2315
27 Portugal .. 3 3.5 0.9 1745
22 Hong KongChina 472 3 .. 0.6 1568
24 Greece 150 30 1.7 0.6 1357
18 Italy 337 22 9.1 1.1 1156
34 Argentina .. .. 0.9 0.4 715
37 Chile 272 .. 2.9 0.5 419
63 Brazil .. 4 0.6 1.0 324
53 Mexico 120 1 0.8 0.4 259
120 SouthAfrica .. 0 1.1 0.7 192
127 India 17 0 (.) 0.8 120
113 Bolivia .. .. 0.2 0.3 118
88 Paraguay 20 .. 35.1 0.1 83
171 Central African Rep. 1 .. .. .. 47
144 Uganda 5 0 0.2 0.8 25
Tabela 3. Lista de países, recursos tecnol ógicos e produção científica (seleção e grifo nosso)
Fonte: Human Development Report 2005http://hdr.undp.org/reports/global/2005/
Investimentos e ações eficazes na área de formação são essenciais, não apenas visando
pesquisadores profissionais, mas também, profissionais pesquisadores. Essa necessidade é
ainda mais prioritária em países de baixo poder socioeconômico, onde se concentram a maior
parte da população humana carente. Os recursos básicos de sobrevivência não compreendem
apenas alimento e abrigo, mas também conhecimento ético-crítico para os indivíduos
desenvolverem suas habilidades visando maior qualidade de vida. Como a educação e
pesquisa poderiam contribuir para formar cidadãos ético-críticos competentes?
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 26
Nossa era é marcada pela tecnologia. Nota-se que ela, cada vez mais, se faz presente no
cotidiano das pessoas. No entanto, apesar das vantagens trazidas nas diversas áreas, inclusive
na pesquisa, ela por si só não garante qualidade, nem criticidade.
Por um lado, as TIC facilitam muito o acesso, seleção, edição, associação, socialização
de informações, agiliza o tempo e a eficácia no processamento de dados, intensifica e
dinaminiza a comunicação. Embora um indivíduo não precisa ter um computador e internet
para ter uma visão mais crítica ou ser mais criativo, sem dúvida ele pode desenvolver muito
mais seu potencial com os benefícios da tecnologia. Seria possível, atualmente, pesquisar sem
nenhum aparato tecnológico? A resposta parece óbvia. Isso levaria muito mais tempo; e, no
final, correr-se-ia o risco da pesquisa estar obsoleta.
Por outro lado, no entanto, as TIC favorecem o número de cópias, reproduções, plágios.
Pesquisas de baixa qualidade estão crescendo também cada vez mais. Não só entre os alunos,
mas também entre pesquisadores acadêmicos. O analfabetismo é grande. O analfabetismo
tecnológico também. Mesmo para leitores e usuários da web, a capacidade para “ler o mundo”
com olhos críticos ainda é um grande desafio. O fato de ter tecnologia acessível não assegura
o desenvolvimento de competências e nem visão ético-crítica. Como desenvolver criticidade e
como a tecnologia poderia ser usada para potencializar habilidades?
Os recursos multimídia são bem mais acessíveis para trabalhar com informação
decorrente da linguagem gráfica, escrita ou oral. Software permite edição de imagens
reconstrução de textos, sonorização, composição gráfica possibilitando uma riqueza muito
maior para desconstruir, reorganizar, reassociar e reconstruir as informações. Essa
flexibilidade é muito útil na pesquisa. As fontes além de serem mais ricas e diversas,
propiciam reconstrução mais atrativa também em múltiplas perspectivas (com uso de texto,
imagem, foto, video, som, gráficos e mapas). algumas décadas, apenas as instituições
editoriais eram capazes de produzir livros: editar, ilustrar, imprimir e distribuir. Hoje,
qualquer usuário de computador com software pode fazer uma produção e divulgar
gratuitamente na Internet.
Apesar de toda flexibilidade e da fartura de recursos tecnológicos, selecionar, organizar
e reconstruir conteúdos relevantes e significativos ainda é o grande obstáculo a ser vencido.
Atualmente, o pesquisador é constantemente desafiado à organizar dados digitais (email,
artigos, livros, notícias, divulgação de eventos, anais de congressos, etc). Mesmo com
ferramentas de busca, encontrar assuntos, estabelecer relações não é tarefa simples
especialmente quando o fluxo de informação é muito grande. Como lidar com avalanche de
dados? Como selecionar e organizar informações?
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 27
1.6.3 - DA RELEVÂNCIA PESSOAL DA INVESTIGAÇÃO
As áreas de tecnologia e educação têm sido uma grande fonte de inspiração na minha
caminhada. O processo de investigação acadêmica é para mim deslumbrante e desafiador.
Este estudo, certamente, enriquece muito a minha trajetória pessoal e profissional.
Refletindo sobre o passado, observo que desde a minha infância fui atraída pelas
representações gráficas. O meu estilo de aprendizagem quando criança era mais visual.
Gostava muito mais de ler uma figura do que um texto. Além disso, tinha mais facilidade em
representar meu conhecimento desenhando do que escrevendo. A projeção mental de imagens
auxilia-me na comunicação: falar e ouvir, ler e escrever. As representações visuais facilitam a
organização do meu pensamento e a compreensão do significado das coisas.
Durante o ensino fundamental e médio, confesso que sentia aversão quando me
deparava com situações que exigiam memorização de dados isolados e sem contexto, por
exemplo, datas, fatos e fórmulas. A minha preferência eram os problemas que envolviam
raciocínio e interpretação. Recordo-me que no ano que me preparei para ingressar na
universidade, eu desenhei uma linha do tempo que ocupava as 4 paredes do meu quarto. Todo
dia, após as aulas eu registrava algo na parede. Antes de dormir, adorava ver o desenho
aumentando e observar as relações entre as coisas.
Na época de mestrado, fiz vários mapas para representar a estrutura da minha tese;
alguns desenhados diretamente no papel. Sem dúvida, o uso de software cartográfico facilita
muito a pesquisa de referencial teórico na web com a análise de dados online. Quando
terminei minha dissertação, senti a necessidade de investigar mais sobre o meu modo de
pesquisar através dos mapas.
Nestes últimos cinco anos, ministrei vários cursos, oficinas, workshops sobre uso de
software cartográfico na pesquisa. Isso possibilitou aprofundar mais o meu conhecimento
prático. Foi muito proveitoso discutir teoria e implementar aplicações com outros
pesquisadores. A construção coletiva de conhecimentos propiciou circunstâncias
significativas de aprendizagem para todos. Com isso, consegui reunir uma base de dados que
acredito ser relevante para este estudo.
O meu interesse atual é o uso da Cartografia na área de investigação para construção de
conhecimentos. Acredito que a busca por princípios e metodologias para a boa elaboração de
mapas, oportunizará economia de tempo e ganhos de qualidade para quem trabalha com
pesquisa.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 28
1.7 - METODOLOGIA UTILIZADA
Neste sentido, para ampliar e aprofundar meu olhar de pesquisadora, a intenção deste
trabalho é utilizar a própria metodologia a ser investigada como metodologia que i conduzir
esta investigação. Isto significa que a metodologia será construída paulatinamente durante o
caminhar. Desvelar como a cartografia pode ser utilizada num projeto de investigação
acadêmica possibilitará mapear os próximos passos, como um processo contínuo de reflexão
ação reflexão”, “interação intervenção retroação, desconstrução reconstrução
co-construção.
Certamente questionome, como uma metodologia a ser ainda investigada pode
conduzir um trabalho de pesquisa acadêmico? Como critérios, ainda a serem validados,
poderiam ser utilizados para conduzir um trabalho científico?
As inquietações que me conduziram a esta pesquisa foram também responsáveis em
grande parte pela escolha do modo de pesquisar; a essência, pois, não está apenas no conteúdo
a ser investigado, mas na metodologia de investigação.
Muito provavelmente, os mapas poderão nos auxiliar a explorar e a desvelar territórios
desconhecidos, visualizar diversas trajetórias, inclusive traçar novas possibilidades ainda não
mapeadas facilitando o entrelaçamento de significados e assim a escolha dos próximos passos.
Mas, como?
Algumas formulações epistemológicas contemporâneas - decorrentes da problemática
das ciências humanas no contexto atual - poderão indicar caminhos para fundamentar a
premissa deque a metodologia será construída na ação.
Angustiar-se no método e na teoria é a condição essencial para mergulharmos nos
fenômenos humanos no qual a teoria é vivenciada com a alma. (Macedo, 2000:1)
A capacidade de questionar e sobretudo de se questionar é a razão mais profunda da
ciência no passo que acrescenta-lhe dimensões, olhares, preocupações, e novas angústias que
antes ainda não existiam. (Demo, 2000:9)
Dar a possibilidade ao pesquisador e aos envolvidos na pesquisa de investigar o
fenômeno humano de melhor observar a si e ao coletivo; inclusive, com ganhos de
percepção em relação ao próprio “modo de ver” em suas várias dimensões , é viabilizar a
tarefa crítica do conhecimento que parte da própria subjetividade na qual a crítica interroga o
próprio ser no mundo.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 29
Nossas vivências pessoais e coletivas valores, crenças, preconceitos, intenções,
contextos estão entrelaçadas como nosso conhecimento, possibilitando dar sentido e
significado às nossas ações, sem os quais nossas investigações acadêmicas constituiriam um
emaranhado sem fio e nem pavio. Tacitamente nossas trajetórias de vida, conscientes ou não,
estão contidas nos pressupostos não-ditos do discurso científico. (Santos, 2000)
Neste processo de investigação é necessário, situar-se numa relação significante com o
objeto de estudo, fazer parte dele é a entrada hipercomplexa no mundo das implicações, onde,
em toda construção humana há uma política de sentido”. (Macedo, 2000:45)
No entanto, como se situar numa relação significante com o objeto de estudo? O que é
uma relação significante?
Na discussão da problemática das ciências humanas, a teoria social crítica ressalta em
particular, questões políticas e problemas de poder e justiça nos quais direcionam e formatam
o próprio processo de como o conhecimento é compreendido, selecionado, transmitido e
recriado. O sistema social cultural gera conhecimento, formata valores e constrói identidades.
(Berry, 1998; Giroux, 1997; Kincheloe, 1995; McLaren, 1997)
Sabemos que a experiência humana jamais poderá ser totalmente desvelada nem pelo
pesquisador e nem pelo envolvidos (Kincheloe, 1995; McLaren, 1997). No entanto, o rigor e a
validade serão decorrentes da conscientização dos próprios limites e possibilidades num
processo interpretativo ontológico (pertencente ao ser) e epistemológico (pertencente ao
conhecimento). O despertar da consciência crítica em sio que investigamos e o modo de
investigar ― levará à legitimação da própria pesquisa.
Nossa capacidade de investigar determinado fenômeno está diretamente relacionada
com o sistema sociocultural que integramos e com as nossas limitações pessoais. s,
pesquisadores e os envolvidos com a pesquisa, somos previamente influenciados com as
visões e os valores adquiridos em sociedade que, por sua vez, acabam conduzindo a seleção,
análise, interpretação e a conclusão sobre os resultados.
Somos orientados por nossa vivência pessoal e coletiva e vivemos nosso caminho numa
experiência descrita por nós, consciente ou não. (Madison, 1988; Gallagher, 1992)
Por um lado, elegemos molduras interpretativas que são historicamente situadas e estão
em constante mudança, sempre envolvidas sob as lentes da construção social cultural e
ideológica (Kincheloe, Steinberg, Hinchey 1999). Porém, a reflexão pode ultrapassar essas
molduras e levar-nos ao mundo da consciência crítica e do sentido de nossas investigações.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 30
O olhar crítico e hermenêutico que situa o intérprete, o texto e o autor historicamente
facilita o entendimento das estruturas ocultas que inscrevem nos significados e valores
sociais. Trata-se de um desafio complexo que envolve a interação entre todos os sujeitos, a
pesquisa, tema e o contexto (Cary, 1996; Gallagher, 1992; Keller, 1995; Denzin, 1992;
Kogler, 1996).
Por outro lado, também ao nos defrontarmos com o dilema de nossas pesquisas, somos
envolvidos pelo desejo de criar, inovar, ir além, numa atitude interdisciplinar ousada da busca.
(Fazenda, 2003:18). Portanto, como transgredir os limites sem antes refletirmos sobre a
essência humana ? (o que somos e onde queremos chegar?)
Ao construir nossos passos durante a caminhada, percebemos como nosso olhar vai se
modificando, ampliando ou aprofundando. Isto significa que devemos constantemente rever a
trajetória percorrida, identificar as angústias e reconstruir os passos iniciais. Mapear o novo
resgatando o velho que foi mapeado possibilita aproximar daquilo que faz e nos traz
sentido. Assim, vamos construindo e reconstruindo até a satisfação.
Nestas diretrizes iniciais metodológicas, a etnopesquisa–formação traz subsídios que
aproximam muito com toda reflexão acima, principalmente, para apreender a multiplicidade
cultural multirreferencial complexa pela pesquisa minuciosa e pela escuta sensível.
A etnopesquisa–formação é um método com origens no processo de pesquisa-ação, porém
com algumas diferenças.
A pesquisa-ação se originou com o antropólogo americano J. Collier em 1923, que a
caracterizou como uma investigação decorrente de uma ação transformadora especializada.
Porém, nesta perspectiva como sugere Lapassade (1983), a essência da investigação consistia
antes de tudo, a obra de um “expert” especialista que vem de fora e se propõe a fazer evoluir
uma situação a partir de sua própria ação.
Apesar desse método investigativo ter entrado em declínio nos EUA nos anos 50 (com o
empirismo das grandes enquetes por questionários), foi resgatado nos anos 60 (com as
brechas dos procedimentos heurísticos e explicativos) .e nos anos 80 renasce com nova
abordagem; centrada no pesquisador e nos atores sociais implicados, que também intervinham
enquanto pesquisadores co-partícipes.
.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 31
1.7.1 - ETNOPESQUISAFORMAÇÃO
A etnopesquisa–formação, método que no momento parece-me ser o mais conveniente,
é focado no conhecimento “prático” valorizado no seio da comunidade envolvida na pesquisa
e na transformação (Macedo, 2000). Esse método adota o princípio antropológico segundo o
qual os membros de um grupo social conhecem melhor sua realidade que especialistas que
vêm de fora da convivência grupal da comunidade ou da instituição. No entanto, a
comunidade não se fecha numa base ingênua e equivocada, mas se abre à dialogicidade
interna e externa quando necessário.
A etnopesquisa–formação traz elementos muito próximos da pesquisa-ação enfatizada
por Barbier(1997) ao descrever as diferenças entre pesquisa-ação e pesquisa clássica em
relação a cinco fases:
1. A formulação do problema.
2. A negociação de acesso ao campo .
3. A coleta de dados.
4. Sua avaliação e sua análise.
5. A apresentação dos resultados.
Com relação à formulação do problema, o pesquisador não tem que formular, a priori,
hipóteses e preocupações teóricas, pois o problema nasce num contexto coletivo, no qual o
pesquisador o constata. Seu papel consiste em criar circunstâncias para uma tomada de
consciência numa ação coletiva.
Para a validação, os dados sempre são discutidos com a coletividade. Tudo com o fim
de aprimorar a percepção da realidade com vistas a permitir uma melhor avaliação.
O pesquisador provoca discussões e análises na sua comunidade de pesquisa para
propiciar a percepção de influências externas e buscar a confiabilidade dos dados. Este
procedimento permite então, a redefinição do problema. Assim, detectados os problemas, as
suas interpretações conclusivas serão confrontadas com as opiniões dos envolvidos, no
decorrer do processo.
Os instrumentos de pesquisa são mais interativos e implicativos como, por exemplo,
discussões, desempenho de papéis, e conversas aprofundadas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 32
A análise e a interpretação da pesquisa são produtos das discussões em grupo. Isso
exige linguagem acessível e feedback a comunicação dos resultados da investigação aos
membros envolvidos objetivando a análise de suas reações.
Sobre os resultados da pesquisa, eles não são divulgados apenas ao seu final, mas
previamente negociados no processo com toda coletividade. O rigor repousa nas coerências
lógicas, empíricas e política das interpretações propostas nos diferentes momentos da ação à
participação da comunidade, facilitando uma análise mais precisa e mais autêntica da
realidade social. A diversidade de interpretação de vários ângulos sem perder as estruturas da
essência, onde não há uma única verdade, possibilita que os textos validem a si mesmos.
(Richardson,1997)
O entrelaçamento dos processos na pesquisa: historicidade, visão, descoberta e
representação, faz com que o pesquisador reflita sobre as pré-condições de seu próprio
entendimento. Desse modo, ele é engajado ao engajar os outros. Múltiplas vozes podem fazer
com que cada um consiga falar de si mesmo. O ponto de vista deixa de ser estático. Muda-se
o ponto, altera-se a vista.
Neste sentido, os mapas, como uma linguagem gráfica, podem contribuir para explicitar
as articulações e os entrelaçamentos das multiplicidades. Múltiplas vozes, voz múltipla ou
polifonia acabam por enriquecer o processo à medida em que as reflexividades coletivas
terminam por equalizar os problemas de interpretações e perspectivas.
A reflexividade, processo de refletir sobre o self do pesquisador, como instrumento
dentro da pesquisa em si, conduz a melhor escolha do problema. No entanto, ao se tornar
coletiva, possibilita o engajamento de todos, no processo de pesquisa. Múltiplas identidades
que representam o self fluido possibilitam trazer o nosso self e o reconfigurar nosso campo.
Para isto, é necessária linguagem acessível a todos. A socialização do feedback contínuo
é fundamental para a comunicação, análise e interpretação.
Neste sentido, as representações pós-modernas buscam e experimentam meios para
expandir o leque de compreensão, voz e variações das histórias de existência humana. Os
textos, imagens e vozes podem romper com o binarismo entre ciência e literatura, para enfim
retratar a contradição e a verdade da experiência humana (tácitas ou explícitas, conscientes ou
não).
Na formulação da problemática de uma etnopesquisa–formação, o processo se no
interior de uma problemática social, envolvendo uma necessidade social que preocupa um
grupo num dado contexto. O pesquisador insere–se à coletividade para a construção da
problemática da pesquisa e do estudo. Ao pensarem coletivamente a problemática da
pesquisa, os sujeitos vão buscar fontes válidas dos dados e desenvolvem discussão coletiva.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 33
A coleta de dados ocorre através das discussões em grupo, jogos de papéis, reflexões
em profundidade com questões abertas numa perspectiva semiológica. É o aval comunitário
vindo dos participantes - observadores e atuantes - que autoriza a pesquisa e confere a
autenticidade científica necessária para aquela realidade a ser conhecida e transformada.
A reflexão freqüente dos dados tem por função redefinir a problemática inicial e ajudar
a encontrar novas soluções. O autor descreve a etnopesquisa–formação como uma
“hermenêutica coletivizada”. Nesse processo é o coletivo social empenhado em conhecer
em profundidade que vai fazer emergir os resultados, e os pontos onde a intervenção se dará,
que tornará para si o processo decisório que a pesquisa indica.” (Macedo, 2000:266)
A grande diferença deste método em relação à pesquisa-ação é que se busca
desenvolver uma prática onde o pesquisador propõe de forma colaborativa uma proposta de
pesquisa e intervenção, só que, sob o crivo concorrente das decisões comunitárias.
1.7.2 - PROCEDIMENTOS E ETAPAS
Os primeiros passos realizados nessa investigação consistiram em pesquisa bibliográfica
sobre temas relativos à Cartografia, técnicas e softwares. Em seguida, priorizações temáticas e
mapeamento da bibliografia encontrada para elaborar o plano inicial de um curso de formação
sobre o uso de mapas em projetos de investigação.
Em 2003 foi organizado o curso Uso de Software na Pesquisa Qualitativa USPQ
na PUC-SP COGEAE – com coordenação de Fernando J. de Almeida e Alexandra Okada e
professores Edmea Oliveira dos Santos, Alexandra Okada e Saburo Okada. Os cursos foram
ministrados para duas turmas em 2004 e mais duas em 2005. Em 2006, reunimos alguns
pesquisadores destas quatro turmas para um mini-curso sobre a escrita de textos acadêmicos
através de mapas.
Durante o curso, os pesquisadores discutiram seus projetos individuais e levantaram
problemáticas de interesse comum em relação à metodologia, processo de análise,
entrelaçamento de categorias teóricas e práticas. Além disso, definiram temas de interesse
sobre o processo de mapeamento da investigação. O estudo coletivo entre os pesquisadores de
diversas áreas do conhecimento permitiu o compartilhamento de perspectivas diversas sobre o
uso da cartografia na pesquisa.
O conteúdo do curso foi montado no decorrer da sua trajetória. Cada módulo do curso
foi organizado a partir das problemáticas e questões metodológicas dos participantes. O
caminho escolhido para refletir sobre o processo foi o “diário de bordo”. Cada pesquisador
tinha um blog para registrar as suas dificuldades, avanços e conquistas descrevendo sobre
suas trajetórias de aprendizagem.Estes registros reflexivos eram compartilhado com todos
para o feedback coletivo – docentes e colegas do curso.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
INTRODUÇÃO 34
O design do ambiente virtual foi construído ao longo dos módulos através de mapas que
indicavam diversas trajetórias nas quais os pesquisadores poderiam caminhar no curso.
Muitos textos e mapas elaborados sobre Cartografia foram desenvolvidos no decorrer do
curso. O conteúdo foi disponibilizado conforme as necessidades que foram surgindo e
também aprimorados após estudo e discussão.
Apontam-se abaixo alguns momentos relevantes nessa análise:
A teoria e a prática integrada foram construídas a partir de um movimento em
espiral, onde a teoria inicialmente construída inspirava a prática, e a prática
refletida inspirava nova teoria aprimorada e assim sucessivamente.
A contextualização emergente individual e coletiva foi se constituindo através
das interações e reflexões.
A realidade objetiva coletiva foi emergindo através das discussões
metodológicas e da identificação de dúvidas e pontos em comum. O contexto
coletivo foi se delineando à medida que se identificavam os problemas
metodológicos semelhantes. Após a leitura dos textos, naturalmente surgiam
perguntas sobre a cartografia e grupos com interesses comuns eram
montados para aprofundar o estudo sobre as dúvidas.
A realidade objetiva individual foi emergindo através do mapeamento e com
ela nova reflexão sobre os projetos de pesquisa. Quanto mais claro os
mapas iniciais da pesquisa, mais fácil era a tarefa de identificar o contexto; e
assim, prosseguir com novos mapeamentos.
A intersubjetividade compartilhada e a realidade subjetiva dos sujeitos forami
emergindo de modo interativo. À medida que os participantes registravam
comentários pessoais sobre seu processo de mapeamento, novas reflexões sobre
a ação de mapear surgiam. Os colegas inclusive comentavam o blog dos demais.
A subjetividade foi emergindo e se entrelaçando.
O mapeamento durante o processo foi possibilitando novos olhares e permitindo
novos mapeamentos numa dimensão cada vez mais ampla (realidade objetiva e
subjetiva entrelaçadas). A investigação, reflexão e avaliação fizeram-se
presentes nesse projeto, principalmente pelo fato da metodologia em construção
ter possibilitado o aprimoramento do próprio processo.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 35
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 36
NIVERSO DE ESTUDO
2.1 - O AMBIENTE DE PESQUISA
O campo de estudo selecionado para esta pesquisa compreende o curso online de
extensão O uso de software na pesquisa qualitativa (USPQ) oferecido na PUC-SP
COGEAE Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento, e Extensão da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Este curso semestral foi aberto no fim de
2003. Nos anos de 2004 e 2005 foram organizadas 4 turmas. E em 2006, reunimos os
participantes interessados em aprofundar as questões cartográficas com a oficina Escrita de
textos acadêmicos a partir de Mapas
Pesquisadores 2004
turma1
2004
turma2
2005
turma3
2005
turma4
total 2006
turma5
Inscritos 15 13 9 18 55 12
Participantes do curso 14 7 6 15 42 12
Participantes do livro digital 9 6 5 10 30
Tabela 4 – Quadro geral de alunos das turmas de 2003 a 2006
O universo analisado é composto de 45 pesquisadores participantes e 3 professores.
Os objetivos deste curso são:
1. Discutir conceitos relevantes sobre mapas e pesquisa qualitativa.
2. Conhecer alguns exemplos de mapas utilizados em projetos acadêmicos e refletir
sobre benefícios, dificuldades, obstáculos e novas aplicações.
3. Conhecer e aplicar recursos de software de cartografia na construção de mapas.
4. Elaborar mapas para facilitar esboço do projeto, articulação da teoria e prática,
análise e sistematização da pesquisa qualitativa.
Fig.4 - Curso Uso de Software na Pesquisa Qualitativa
U
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 37
Durante o curso utilizamos o Software Nestor Web Cartographer, Cmap tools e
Compendium.
O software Nestor foi desenvolvido na França e apresentado pelo próprio autor Romain
Zeiliger quando esteve na PUC-SP, em Outubro de 2000. Neste mesmo ano, Alberto Canas do
IHMC Institute of Human Machine Cognition apresentou também o Cmap tools na PUC-SP.
No ano de 2005, iniciei o estudo do software Compendium desenvolvido na Open University
Inglaterra sob coordenação de Simon Buckingham Shum do Knowledge Media Institute.
Todos os três programas podem ser adquiridos na Internet com utilização gratuita.
O conteúdo de material analisado em cada curso refere-se a fóruns, chats, e textos
escritos. Para representar o corpus de investigação analisado em cada turma apresentamos o
mapa abaixo.
Durante o curso, os participantes criaram mapas de sua trajetória pessoal e profissional e
descreveram um breve perfil. Depois, cada um mapeou seu projeto de pesquisa. Discutimos
textos, organizamos grupos de discussão. Cada grupo trouxe questões e reflexões sobre o uso
da cartografia e a pesquisa qualitativa.
Figura 5 – Mapa dos recursos utilizados no curso Uso de Software na Pesquisa Qualitativa
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 38
2.2 OS SUJEITOS
Nesta pesquisa, optamos por manter os nomes dos pesquisadores com autorização deles
com objetivo de respeitar as autorias das reflexões e dos trabalhos realizados. A maioria dos
participantes tem inclusive seus trabalhos publicados na Internet, no livro digital realizado
durante esses dois anos.
Participantes Áreas
4 Doutores Economia, Arquitetura, Matemática, Psicologia
8 Doutorandos Educação, Economia, Ciências Sociais, Tecnologia, Antropologia
5 Especialistas Medicina, Psicologia, Administração, Marketing , Direito
11 Mestres Educação, Administração, Marketing, Matemática, Jornalismo, Ciências Sociais, Biologia
7 Mestrandos Educação, História, Ciências Sociais, Ensino de Saúde
7 Professores Biologia, História, Inglês e Informática
Tabela 5 – Perfil dos participantes
Turma
Participante Perfil
Jul 2004
Beltrina Purificação da Corte Pereira Jornalista Dra. profissional na área de Gerontologia
Jul 2004
Daucy Monteiro de Souza Professora acadêmica em Educação e Matemática
Jul 2004
Fátima Fernandes Professora de Pesquisa de Marketing
Jul 2004
Fernando Lobo Lemes Mestrando em História
Jul 2004
Miua Tanaka Professora e doutoranda em Eng. e Ciênciada Computação
Jul 2004
Mônica Mandaji Mestre em Jornalismo interessada em doutorado
Jul 2004
Paulo da Silva Melo Cursando MBA em Contabilidade
Jul 2004
Sandra Lestinge Doutoranda em Educação Ambiental
Jul 2004
Silvia Elsa Lizarralde de Pittamiglo Mestranda Ensino em Ciências da Saúde
Jul 2004
Silvio Yoshiro Mizuguchi Miyazaki Prof. Dr. do Departamento de Economia
Jul 2004
Terezinha Richartz Doutoranda em Ciências Sociais na PUC/SP
Jul 2004 Vania D´Angela Dohme Profa. de Ciências Econômicas interessada em doutorado.
Jul 2004
Vera Lúcia Viveiros Médica psiquiatra mestranda em Ciências Sociais
Dez 2004
Bia Rocha Doutoranda Educação: Currículo
Dez2004
Carlos Antônio São Paulo Médico
Dez 2004
Francisco de Assis Breda Mestre em Gestão Empresarialinteressado em doutorado
Dez 2004
Gilda Inês Pereira Piorino Mestranda em Educação: Currículo
Dez 2004
Mauricio Matteis Alario Medico Mestre em Gastroenterologia
Dez 2004
Neli Maria Mengalli Mestranda em Educação: Currículo
Dez 2004
Solange Maria do N.Nogueira Professora interessada em doutorado em Educação
Jul 2005
Alberto Steimber P. Okada Gerente Bancário interessado em mestrado
Jul 2005
Antonio Carlos Ribeiro da Silva, (Portugal) Doutorando em Educação em Portugal
Jul 2005
Bárbara Lutaif Bianchini Prof. Dr. em Psicologia da Educação
Jul 2005
Eurivaldina Dantas dos Santos Professora interessada em mestrado
Jul 2005 Fernando Luiz Monteiro de Souza Professor em Ciências Sociais interessado em doutorado
Jul 2005
Maria Celina Novaes Marinho Professora na área de Língua Portuguesa e Lingüística
Jul 2005
Régis Nunes Medeiros Professor de Física e Matemática interessado em doutorado
Jan 2006
Adriana de Oliveira Supervisora de Ensino mestranda em Educação
Jan 2006
Angelita Alessandra Pedro Almeida Professora de Ciências - Biologia Marinha
Jan 2006
Audrey Affonso Profissional da área de Sistemas de Informação digital
Jan 2006
Aurélio Steimber P. Okada Advogado interessado em mestrado
Jan 2006
Claudio Fernando André Doutorando em Educação
Jan 2006
Emilia Gambirasio Silva Diretora de Escola Educação
Jan 2006
Eva Lenita Scheliga Doutoranda em Antropologia
Jan 2006
Felipe Augusto de Mesquita Comelli Mestre em Ciências interessado em doutorado
Jan 2006
Helena Andrade Mendonça Psicopedagoga Coordenadora de Informática
Jan 2006
Leila Zardo Puga Profa. Dra. da pós-graduação - Matemática
Jan 2006
Mário Vasconcellos Sobrinho (UK) Professor e Doutorando em desenvolvimento Internacional
Jan 2006
Mary Grace Martins Pedagoga interessada em fazer pós-graduação em Educação
Jan 2006
Paola de Oliveira Ramos Cariani Araújo Professora de Informática
Jan 2006
Victor Marcelo Rojas Santan Professor Acadêmico Administração
Jan 006 Eliana Patero Ozores Professora universitária Administração e Marketing
Tabela 6 – Lista de participantes que fizeram o curso
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 39
As histórias de vida descrevendo o passado profissional, pessoal e trajetória de
pesquisa, possibilitaram identificar a diversidade dos participantes.
Exemplo:
Olá, embora morando em Sampa, foi impossível estar presente e consegui
efetuar minha matrícula no dia 31. Quanto à minha formação, atrás, fiz
jornalismo em Santos, especialização e mestrado em Bogotá (Colômbia) em
planejamento urbano e desenvolvimento regional, e doutorado na ECA/USP,
trabalhando a cidade como construto. Participei durante 10 anos de um grupo
de pesquisa de sobre as novas tecnologias comunicacionais como
organizadoras do social. Vim para a PUC-SP atrás de um pós.doc com o
objetivo de analisar o impacto das tecnologias no corpo urbano/humano. Este
não saiu, pois o tive bolsa, mas acabei me apaixonando pelo tema que o
grupo da PUC, o Nepe, estudava: o fenômeno do envelhecimento. Resultado: hoje sou docente no pós
em Gerontologia e dou aula sobre metodologias de pesquisa. Além disso sou uma das editoras da
revista Kairós e mentora do Portal do Envelhecimento, atualmente em reconstrução. Sinceramente não
sei dizer como cheguei aqui. Me inscrevi no semestre passado mas o curso não se realizou e aqui estou
de novo. Sabem, agora, ao descrever esta minha trajetória, percebo que os "acasos" não se dão por
acaso. Desde 2001 estamos querendo criar um Instituto Virtual de Pesquisa sobre Gerontologia no
país. Acredito que este curso possibilitará redesenhar um projeto piloto. Fora essa dimensão da minha
vida, a outra é preenchida com três crianças, uma com 10 e duas de 4. Com elas viajamos muito para a
praia, que eu adoro e consigo me realimentar pisando na areia, mergulhando no mar e ouvir aquele
som das ondas.
Como podem ver meu tempo é bem preenchido. Normalmente estarei me conectando depois que elas
dormem, depois das 23 horas, talvez perca muitos papos, mas poderemos trocar e-mails e
"conversarmos". O curso vem a ser para mim uma inspiração e uma ferramenta que me permitirá
materializar um projeto importante para a história de nossa longevidade, a não ser que morramos
antes! Abraços virtuais a todos, Bel
Fig.7 –Apresentação de um participante com Mapa e Perfil
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 40
2.3 - O PROCESSO
2.3.1 - O PLANEJAMENTO DO CURSO
Durante 2003, começamos a organizar o planejamento do curso (Alexandra Lilaváti P.
Okada e Fernando Almeida). Em 2004 iniciamos as primeiras turmas. Grande parte do
material desse curso foi elaborada com textos sobre Cartografia apresentados nesta tese. Os
professores Edméa O. dos Santos e Saburo Okada contribuíram com sugestões e auxiliaram
na mediação pedagógica. Fernando Almeida acompanhou o processo. Além disso, o design
do curso organizado através de mapas foi desenvolvido pelas técnicas aqui discutidas. A
implementação e administração técnica do ambiente ficaram sob responsabilidade do
webdesigner Valdemir G. Santos. O ambiente foi construído no transcurso do processo
decorrente das interações e construções coletivas entre equipe pedagógica e os alunos.
No primeiro mês do curso, os alunos instalaram software CMAP e Nestor. Através de
fórum e chat, discutimos o conceito de pesquisa-investigação e as possíveis aplicações da
cartografia na pesquisa. As primeiras atividades compreenderam a elaboração individual de
um mapa sobre a história de vida e do projeto de pesquisa. Então, começamos o debate e a
aplicação de técnicas de mapeamento:
- Mapa da Mente para representar o problema de pesquisa.
- Mapa Conceitual para esclarecer os conceitos teóricos chave da pesquisa.
- Mapa Web para mapear as referências bibliográficas.
No segundo mês, os alunos escolheram alguns temas sobre o processo de mapeamento
na investigação para se aprofundar mais em grupos. As equipes foram organizadas de acordo
com os temas de interesse. Vários mapas coletivos e individuais foram construídos, cada
grupo teve uma área de debate para interação, compartilhada com toda turma para refletir
sobre a teoria. Além disso, cada participante teve um blog para discutir sobre o seu processo
de aprendizagem durante o curso.
No terceiro mês, foi montado uma mesa redonda com textos de especialistas na área de
pesquisa qualitativa (Maria Cândida Moraes PUC e Roberto Sidnei Macedo UFBA) e
também com os responsáveis pelos softwares Nestor Web Cartographer (Romain Zeiliger) e
Cmap Tools (Alberto Cañas). Os alunos mapearam e discutiram os textos em grupos
reconstruindo um texto reflexivo. Uma síntese do estudo de texto com mapa foi enviada para
os autores. Por sua vez, eles enviaram-nos um feedback escrito que foi compartilhado com
todos no ambiente.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 41
No quarto mês, cada aluno elaborou um mappaper com os mapas produzidos no curso
sobre o tema pessoal da sua pesquisa acadêmica. O feedback de cada produção foi realizado
por todos os professores. Após esse retorno, alguns alunos reconstruíram seus textos e a
versão final foi publicada num livro eletrônico – http:///www.projeto.org.br/emapbook.
Neste curso discutimos alguns conceitos relevantes sobre a pesquisa qualitativa e o
mapeamento da informação em rede. Destacamos a importância de mapear informações
como um caminho para lidar com grandes fluxos de dados e articular o que é relevante e
significativo.
Neste sentido, apresentamos alguns exemplos sobre a utilização de mapas em pesquisas
acadêmicas e após a discussão e reflexão, utilizamos o software Nestor Web Cartographer,
desenvolvido na Universidade de Lyon na França cujo download é gratuito, para pesquisa de
referenciais teóricos na web. O software CMAP tools foi utilizado para aprofundar conceitos
teóricos. A maioria dos chats foi sistematizada com Mapas Argumentativos feitos no software
Compendium.
A intenção dos organizadores deste curso foi analisar como a cartografia pode ser
utilizada nas pesquisas qualitativas para mapear informações como rede de significados
visando facilitar a análise e possibilitar a construção de novos conhecimentos.
A proposta oferecida do curso foi conhecer alguns softwares e utilizá-los para mapear
informações na pesquisa acadêmica de pós-graduação permitindo a implementação de novas
metodologias em projetos de investigação.
Para isto, como objetivos específicos consistiram em:
Discutir conceitos relevantes sobre mapas e a pesquisa qualitativa.
Conhecer e aplicar alguns recursos do software Nestor e Cmap.
Elaborar mapas em projetos acadêmicos e refletir sobre benefícios,
dificuldades, obstáculos e novas aplicações.
O curso foi ministrado a distância com duração de quatro a cinco meses incluindo dois
encontros presenciais. As atividades envolveram problematizações, desafios, construções e
análises de mapas e textos, discussões e debates sobre pesquisa qualitativa e reflexão sobre
conteúdo e sobre o processo de aprendizagem.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 42
2.3.2 - ATIVIDADES REALIZADAS
ETAPAS OBJETIVOS PRODUTOS
27/03 (PUC)
(presencial)
Apresentação do curso, dos participantes e seus
projetos e do Ambiente Virtual de Aprendizagem;
Exploração inicial do Cmap, Nestor.
Apresentação dos
participantes com Mapa
Registro do Perfil
Módulo I - Mapeando informação (três aulas)
29/03 a
02/04
Exploração do software Cmap, Nestor Web
Cartographer: download, instalação, recursos e
apresentação dos projetos de pesquisa;
Apresentação dos Projetos
de Pesquisa
no Fórum
05/04 a
16/04
(Páscoa)
Cartografia Cognitiva: Concept Maps, Mind Maps e
Web Maps
Documentação como método de registro:
documentação temática, bibliográfica e geral
No Cmap Mapa do Projeto
de Pesquisa
No Nestor Mapa de
referências teóricas
19/04 a
23/04
Categorização: conceitos e noções subsunçoras Coletivo
Mapa conceitual
Módulo II- Pesquisa qualitativa (três aulas)
26/04 a
30/04
Discussões teóricas e metodológicas. Métodos de
coleta, obtenção e registro de dados e observações
Fórum sobre textos de
especialistas
Texto de apresentação da
pesquisa a partir dos
mapas
03/05 a
07/05
Análise textual, temática, interpretativa Reconstrução dos Mapas
Texto Reflexivo
10/05 a
14/05
Organização dos registros e observações por meio de
mapas e mapeamento de categorias e análises
Reconstrução dos Mapas
Módulo III - Aprimoramento e reflexão dos mapas elaborados na pesquisa qualitativa (duas aulas)
17/05 a
21/05
Desenvolvimento de mapas aplicados na pesquisa
qualitativa
Análise dos Mapas
22/05 (PUC)
(presencial)
Apresentação e Análise dos Mapas Elaborados,
discussão sobre descobertas, novos desafios e
dificuldades enfrentadas.
Apresentação de mapas e
contextos
24/05 a
28/06
Aprimoramento dos mapas elaborados
Avaliação e feedback do curso
Publicação do material no
e-mapbook e CNRS
Tabela 7 Atividades realizadas no curso Uso de Software na Pesquisa Qualitativa
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 43
2.3.3 - OAMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM DESENHADO COM MAPAS
Módulo I - Mapeando informação (três aulas)
Olá, caro pesquisador-navegador!
O módulo 1 é composto de um encontro presencial e três semanas on-line.
Os objetivos desse módulo são:
1.- instalar e explorar recursos básicos
do software.
2.- refletir sobre cartografia cognitiva (tipo de mapas) e categorização (conceitos e noções subsunçoras)
3.- elaborar mapas do participante, sua pesquisa, referências e diário reflexivo.
4.- discutir sobre pesquisa, etapa que está vivenciando, conceitos a aprofundar.
Cada um tem seu ritmo, e alguns imprevistos podem surgir.
Para prosseguir no módulo 2 é essencial:
1. Ter realizado as leituras dos 4 textos.
2. Ter enviado em [Produções]:
- Mapa do Projeto - Cmap (indiv.)
- Mapa de Referências - Nestor (indiv.)
- Memorial Reflexivo - [Blog] (indiv)
O prazo final: 06/05 (quinta-feira)
Veja a tabela de presença
Para quem não conseguiu participar do trabalho em grupo, poderá interagir no Módulo2 .
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 44
Módulo II- Pesquisa qualitativa (três aulas)
Olá, caro investigador-cartógrafo! No módulo2 temos 3 semanas on-line. Os objetivos desse módulo são:
1.- discutir sobre alguns tópicos teóricos e metodológicos, e uso de software na pesquisa com especialistas.
2.- refletir sobre esses tópicos relacionando com a cartografia cognitiva
3.- analisar e reconstruir os mapas produzidos no módulo1 c/texto reflexivo
4.- avaliar a produção em duplas, discutir critérios de avaliação para no módulo3 aprimorar o "mappaper" .
Para continuar no módulo III é necessário:
1. presença na Mesa-Redonda.
2. ter enviado em [Produções]:
- mapa de grupo com texto-síntese
- mapa indiv. da pesquisa reconstruído
- memorial reflexivo - [Blog] (indiv)
O prazo final: 20/05 (quinta-feira)
Entrega no prazo é importante para o encontro
presencial no sábado 22/05
onde haverá Workshop Nestor/Cmap - recursos
avançados.
Este encontro abre o módulo3 no qual todas as
produções realizadas serão aprimoradas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 45
Módulo III - Aprimoramento e reflexão dos mapas elaborados na pesquisa qualitativa (duas aulas)
O objetivo do módulo III é aprimorar sistematizando o que já foi produzido.
Para isso, você terá duas semanas para rever sua trajetória... leituras realizadas, discussões e reflexões, mapas
produzidos feedack dos formadores... e organizar um MapPAPER.
O MapPAPER é um texto com mapas que poderá ser desenvolvido individualmente ou em grupo, sobre um
tema que seja bem significativo.
Este artigo deverá ser algo útil para você, uma parte do seu projeto de pesquisa, ou da sua atividade
profissional.
Duas datas são importantes para entrega deste trabalho:
04/6 entrega para professores comentarem
14/6 entrega da versão final para conclusão do curso.
Para quem não esteve no presencial veja Midiateca.
Não esqueça de fazer auto-avaliação no Blog- Memorial Reflexivo.
Fig.8 –Telas do Design do Curso USPQ baseado em Mapas
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 46
Fig.9 – Tela da Midiateca elaborada no decorrer do curso USPQ
o Comentários dos especialistas da mesa redonda
1 - Maria Cândida Moraes - MesaRedonda1MC.doc - 174Kb -Versão: DOC
4 - Romain Zeiliger - MesaRedonda4RZ.doc - 141Kb - Versão: DOC
o Manuais e Roteiros
29/05 - Compartilhando Mapas no CMAP - PowerPoint
21/05 - CMAP - Tutorial desenvolvido pelo professor Ítalo Modesto UFRGS
11/05 - Construindo Ambientes Virtuais de Aprendizagem:
do leitor/navegante ao autor da Web.
- Versão Completa PDF 4307Kb | ZIP 3190Kb
- Em Partes:
ConhecendooNestor-tutorial-part-1 PDF1234Kb | ZIP 949Kb
ConhecendooNestor-tutorial-part-2 PDF1473Kb | ZIP 999Kb
ConhecendooNestor-tutorial-part-3 PDF1748Kb | ZIP 1259Kb
04/05 - Nestor reunião de Mapas
- Versão PPT [NestorUniaoMapa.ppt] 159Kb
- Versão ZIP [NestorUniaoMapa.zip] 118Kb
04/05 - Nestor Estética dos Mapas
- Versão PPT [NestorEstetica.ppt] 359Kb
- Versão ZIP [NestorEstetica.ppt] 306Kb
01/04 - Como começar a navegação e mapeamento no Nestor?
- Versão PPS [nestor.pps] 459Kb
- Versão ZIP [nestor.zip] 345Kb
o Referências
22/05 - Apresentação do Segundo Encontro Presencial.
22maio04.ppt- 653k (PowerPoint)
05/04 - Ementa do Curso ementa.doc - 53kb
o Textos
03/05 - Implementing a Constructivist Approach to Web Navigation support. - Romain Zeiliger
Navigationsupport.doc - 298Kb - Versão: DOC | HTML
03/05 - Herramientas Para Construir y Compartir Modelos de Conocimiento Basados en Mapas
Conceptuales - Alberto Cañas
rigorhermeneutico.doc - 40Kb - Versão: DOC | HTML
03/05 - Análise e interpretação dos "dados" em etnopesquisa crítica.
uma itinerância do rigor hermenêutico em pesquisa - Roberto Sidnei Macedo
rigorhermeneutico.doc - 40Kb - Versão: DOC | HTML
03/05 - Teoria e Prática em Holomovimento - Maria Cândida Moraes
teoriaepratica.doc - 35Kb - Versão: DOC | HTML
05/04 - Navegar sem Mapa-Alexandra Okada e Fernando Almeida
navegarsemmapa.doc - 220Kb - Versão: DOC | HTML
19/04 - O diálogo entre a teoria e a empiria:
mapeando as noções subsunçoras com o uso de software- Edmea Santos
texto3.doc - 110kb - Versão: DOC | HTML
20/04 - Trabalhando Texto no software NESTOR WEB CARTOGRAPHER -Alexandra Okada
nestor2.doc -100Kb - Versão: DOC | HTML
02/04 - Cartografia Cognitiva - Concept Maps, Mind Maps e Web Maps Alexandra Okada
texto2.php - 100Kb - Versão: HTML
29/03 - Uso de software na pesquisa qualitativa: ponto de partida. – Alexandra Okada
texto1.php - 14Kb - Versão: HTML
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 47
2.4-PRODUÇÕES
2.4.1 EMAPBOOK
Os textos desenvolvidos estão publicados num livro digital com www.projeto.org.br;emapbook
Angelita
Alessandra Pedro Almeida
Aplicação do CMAP na sala de aula de Ensino Fundamental
(Janeiro 2006)
Antonio Carlos Ribeiro da Silva
Organização Curricular por Competência no Ensino Superior
(Julho 2005)
Beltrina
Purificação da Corte Pereira
Portal do envelhecimento
(Julho 2004)
Carlos Antônio São Paulo
Adesão
ao Tratamento da Hipertensão Arterial(Dezembro 2004)
Claudio Fernando André
A Pesquisa Bibliográfica Colaborativa Apoiada por Mapas Conceituais:contribuições para a
fo
rmação de professores da Educação de Jovens e Adultos(Janeiro 2006)
Daucy Monteiro de Souza
Mapas Conceituais como melhoria de pesquisas
(Julho 2004)
Eliana
Patero Ozores
Criatividade na
Educomunicação(Janeiro 2006)
Eurivaldina Dantas dos Santos
As Contribuições da in
teratividade e da Mediação pedagógica para uma aprendizagem
significativa em
Ambiente Virtual de Aprendizagem(Julho 2005)
Felipe Augusto de Mesquita
Comelli
Reflexões sobre um curso de “
Uso de Software na Pesquisa Qualitativa” e o necessário olhar
para
o livro didático de ciências naturais: uma escolha voltada para os mapas
conceituai
s(Jan 2006)
Francisco de Assis Breda
Desenvolviment
o Econômico e Responsabilidade Social, é possível ? (Dezembro 2004)
Fernando Lobo Lemes
Vila Boa de Goiás e a câmara municipal: unidade, permanência e continuidade.
(Julho 2004)
Fernando Luiz Mo
nteiro de Souza
Racismo na Internet
(Julho 2005)
Gilda Inês Pereira Piorino
Trilha de Letras na Trilha da Inclusão
(Dezembro 2004)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 48
Leila Zardo Puga e Barbara Lutaif Bianchini
Pesquisa Qualitativa em Matemática Usando Software De Mapeamento: Primeiras Reflexões
Num Curso De Mestrado
(Janeiro 2006)
Maria Celina Novaes Marinho
Em busca do saber itinerante
(Julho 2005)
Mário Vasconcellos Sobrinho
Parceria: conceitos e interpretações
(Janeiro 2006)
Mary Grace Martins
Acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação pelos alunos com necessidades
educacionais especiais atendidos no ensin
o regular da rede municipal de ensino de São Bernardo
do Campo
(Jan 2006)
Mônica Mandaji
Internet na Prática Educativa Social
(Julho 2004)
Miua Tanaka
Tipos de Interação na Aprendizagem Mediada
(Julho 2004)
Neli Maria Mengalli
Conceitualização de Comunidade de Prática (CoP)
(Dezembro 2004)
Paola Paola de Oliveira Ramos Cariani
Araújo
Rede de Computadores
(Janeiro 2006)
Régis Nunes Medeiros
Como os Licenciados em Matemática podem intervir nas Comunidades Esco
lares, visando a
Qualidade de Formação de seus alunos?
(JULHO 2005)
Saburo Okada
Trilha Web.Map em Pesquisa Qualitativa
(Dezembro 2004)
Silvia Elsa Lizarralde de Pittamiglo
Uma experiência metalingüística em pesquisa educacional: conhecendo novas tecnologias com
novas tecnologias
(Julho 2004)
Silvio Yoshiro Mizuguchi Miyazaki
Economia Política das Disputas Comerciais do Brasil na Organização Mundial do
Comércio
(Julho 2004)
Solange Maria do N.Nogueira
Relações entre Saberes e Trabalho na Formação Docente
(Dezembro 2004)
Terezinha Richartz
Conceituando Gênero e Patriarcado
(Julho 2004)
Vania D´Angela Dohme
O Protagonismo Juvenil e os Grandes Educa
dores(Julho 2004)
Fig.11 – Livro Digital e-mapbook Fonte: www.projeto.org.br/emapbook
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 49
2.4.2 - EXEMPLOS DE MEDIAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO DE MAPAS
Senti afalta da
pergunta “O
quê?” Esta
questão permite
esclarecer o que
você está
realmente
pesquisando.
No “Para quê?”
você poderia
explicitar para
que vai
investigar isso...
Bel, seu mapa
está bem
detalhado com
texto...
No entanto seria
interessante que
cada conceito
ocupasse uma
caixa diferente...
Isso facilitaria a
identificação
dos conceitos-
chave do seu
trabalho
Cada caixa de
texto poderia
virar um mapa
com sub-itens.
O vc que acha?
Parabéns, Bel!
Seu mapa
conceitual ficou
mais claro
agora, isso
facilita tanto
você como o
leitor
identificarem os
conceitos e as
relações entre
eles.
Fig.12 – Mapas do Projeto de Pesquisa - Portal do Envelhecimento
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 50
2.4.3 - EXEMPLOS DE UM ARTIGO (MAP-PAPER)PUBLICADO NO E-MAPBOOK
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃOPAULO PUC-SP
MAPPAPER PORTAL DO ENVELHECIMENTO
BELTRINA CÔRTE (BELTRINA@UOL.COM.BR)
INTRODUÇÃO
O projeto Portal do Envelhecimento teve origem no interesse de alunos do Programa de Estudos Pós-
Graduados em Gerontologia e de professores, da PUC-SP, que perceberam a necessidade da integração em torno
do processo do envelhecimento e da longevidade, sendo esta um desafio filosófico, social, político, científico e
público. Surgiu, então, a necessidade de se desenvolver o sistema de informações integradas sobre o
envelhecimento humano, dando origem ao site www.gerontobrasil.net (no ar até novembro de 2003 sob este
domínio).
Segundo Cyrineu Terra e Gordon (2002), um portal é, na realidade, um:
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 51
Como todo projeto, o
A missão do Portal é, portanto,
O Portal surge como uma oportunidade de oferecer à comunidade mecanismos qualificados de acesso,
produção, organização, sistematização, recuperação e disseminação da produção técnico-científica, cultural,
artística, acadêmica e pública sobre o envelhecimento. Portanto, definimos como seus propósitos os seguintes:
Nesse sentido, o Portal pretende assim promover uma rede de comunicação que facilite o
desenvolvimento de projetos com esse tema, tendo como principais princípios os seguintes:
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 52
Justificativa
A questão do idoso está deixando de ser atendida somente dentro da própria família para se evidenciar
como problema social a ser enfrentado pelos poderes públicos, na medida em que, de acordo com estatísticas da
ONU e do IBGE, a população idosa está crescendo a uma taxa oito vezes maior que a jovem, o que exige
planejar e orientar políticas públicas que dêem conta de um futuro com qualidade a seus longevos.
A realidade brasileira, envolvida em contínuas e progressivas crises econômico-sociais, com o aumento
da população idosa, com as características que lhes são freqüentes problemas crônicos de saúde, dificuldades
de locomoção mais acentuadas, níveis de rendimento financeiro muito baixos, tempo ocioso sem objetivo
definido dentro da comunidade para os muitos anos de vida que ainda terão pela frente a questão do idoso se
torna da maior importância para a sociedade como um todo, de modo especial para os poderes públicos que a
representam.
Portanto, a interação entre aspectos existenciais, biológicos, econômicos e socioculturais apontam, não
para a necessidade de conferir maior visibilidade ao fenômeno da longevidade, como para a urgência da
construção de novas políticas sociais nas diferentes áreas da existência humana: saúde, educação, lazer,
previdência, habitação e organização do espaço urbano. Pois a construção sociocultural e política da velhice
caminham junto à ruptura dos modelos hegemônicos de pensamento, caracteristicamente segmentários.
Assim, como o envelhecer” tornou-se uma questão atual, objeto de debates e pesquisa, a universidade
não pode estar alheia a essa discussão. A PUC está atenta à importância e à urgência de estudos e pesquisa na
área do envelhecimento, reforçando seu compromisso social. Comprometida com a sociedade, procura ampliar
uma constante prestação de serviços com o Portal do Envelhecimento, o qual contribui para a formação de uma
rede de solidariedade a partir de seu sistema de informações integradas. Torna-se, assim, fonte para
pesquisadores, mas também gerador de pesquisas e análises das produções e serviços existentes na cidade. Trata-
se da criação de um espaço de comunicação possível, no qual o Portal auxilia na formação de uma rede de
solidariedade entre familiares, gerações, profissionais, órgãos públicos, empresários, pesquisadores e
formuladores de políticas públicas e de opinião. Acreditamos que essa rede é fundamental para o entendimento e
a garantia de qualidade de vida do idoso na comunidade.
O que é reafirmado por Berquó (1996), quando diz que “o cenário que aguarda os que entrarão em
idades avançadas no próximo século deverá contar com políticas sociais que em condições aos idosos para
desfrutar de uma vida com dignidade. Mas acima de tudo este cenário deverá estar marcado por um horizonte de
solidariedade: entre familiares, entre gerações, entre amigos e entreas pessoas”.
1
Como o fazer da academia consiste em repensar e realinhar seu significado frente à ciência e à
sociedade, a partir da interdisciplinaridade, cabe a ela diligenciar para que se inicie um planejamento a curto, a
médio e em longo prazo, visando o estabelecimento de uma política de prestação de serviço diferenciado para a
população idosa. Daí a importância da implementação do Portal, o qual representa um processo moderno que
permite pensar estratégias para o envelhecimento social e melhoria da qualidade de vida desse setor,
principalmente em ambientes urbanos. E ao não levar em conta o olhar de uma só perspectiva científica, o Portal
tem a responsabilidade de promover uma interlocução rica e fecunda que possibilita o alargamento das fronteiras
do saber de cada um e à discussão dos problemas de forma aberta.
Portanto, trata-se de um projeto que extrapola a academia e a sua própria pesquisa ao permitir a
articulação mútua de todos os itens: democratização de conhecimentos, otimização dos recursos existentes, apoio
à pesquisa, incorporação do saber dos próprios usuários, desenvolvimento da parceria entre as instituições,
sociedade civil, especialistas na área, incentivo ao efeito multiplicador de experiências positivas, conhecimentos
de dados necessários para elaboração de políticas e programas e acesso às fontes de recursos financeiros para
desenvolvimento de projeto na área.
O Portal do Envelhecimento terá uma dimensão de banco de dados de caráter público, propiciando ao
usuário seu uso autônomo, no qual deverá conter: armazenamento de diversas bases de dados bibliográficos
contendo informações referenciais de publicações sobre o envelhecimento, documentação organizada da
produção técnica do Portal nos seus vários momentos; e informações produzidas por instituições de pesquisas,
órgãos de representação governamental e da sociedade, instituições públicas e privadas e outras que ao longo dos
trabalhos possam ser consideradas importantes, seja através de cadastros, catálogos, etc.
Terá tamm uma dimensão que atuará como facilitador da comunicação, da difusão de informações e
construção de saberes sobre o envelhecimento/longevidade. Utilizando-se da Internet como principal ferramenta
de trabalho, o Portal terá ainda outra dimensão: a de promover o contato entre velhos, familiares, profissionais,
formuladores de políticas públicas, instituições asilares e acadêmicas e organizações da sociedade civil.
1
Elza Berquó, em “Algumas considerações demográficas sobre o envelhecimento da população no Brasil”, trabalho
preparado para o Seminário Internacional sobre Envelhecimento Populacional: uma agenda para o fim do século, apresentado
na Comissão Nacional de População e Desenvolvimento. Brasília, 1-3 de julho de 1996.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 53
Objetivos
Gerais
Transferir, sob a forma de conhecimento, informações e resultados sistematizados de pesquisa
sobre o envelhecimento, serviços, políticas, práticas, conceitos, ideais, valores e comportamentos
para diferentes grupos da cidade de São Paulo e do poder público, de forma a estimular mudanças.
Contribuir para a construção de saberes sobre o envelhecimento e a longevidade humana, que
permitam uma renovação das práticas sociais, visando estimular a inclusão social, a melhoria da
qualidade de vida e o exercício da cidadania da população idosa.
Específicos
Levantamento e identificação dos serviços existentes a partir de pesquisas de campo instituições
asilares, tipologias e características das mesmas, histórico das ações públicas, equipamento urbano,
etc., com uma avaliação sobre eles -, otimizando a plena utilização dos mesmos e levantamento de
instituições confiáveis.
Fornecer informações que subsidiem ações de tomadas de decisões por parte dos idosos e dos
profissionais que atuam na área, além de subsidiar legisladores e administração pública na
formulação de estratégias e políticas sociais, estabelecendo prioridades a partir das identificações
das políticas mais significativas vivenciadas pelos idosos.
Detalhamento/Gerenciamento
A implementação do Portal exige a sistematização de informações, produção de conhecimento advinda
da comunicação constante entre os usuários e a equipe de trabalho, em diferentes níveis de participação dos
mentores, desde a mais simples consulta até a sugestão de projetos e produção de materiais educativos. Sua
interface simples de navegação, com telas simples e de rápido acesso, faz com que o sistema de informação on-
line seja um instrumento acessível com total interação. Para cumprir sua missão, várias serão as estratégias
adotadas: a) ser um sistema dinâmico, interativo e que represente a responsabilidade social de seus mentores; b)
proporcionar acesso contextualizado e com alto valor agregado à produção do país; c) veicular eventos,
atividades, produtos e serviços existentes, que envolvam o processo do envelhecimento; e d) ser mais uma
ferramenta de trabalho para toda a comunidade.
A concretização de tais metas consistirá na melhor forma de análise de gerenciamento do Portal, assim
como a participação de usuários transformados em produtores de conteúdos, ao monitoramento sistemático do
ambiente, além de contínuas e ininterruptas adequações gicas, técnicas, operacionais e administrativas. Isto
requer, entre outras coisas, estruturas de equipes flexíveis e multidisciplinares. Outra forma de análise é o
próprio design e estrutura de navegação, os quais visam respeitar a horizontalidade e a verticalidade das
informações; proporcionar novidades constantes na página principal; possibilitar a recuperação de dados por
diferentes mecanismos; e garantir a transparência da navegação pelas páginas, que carregam consigo todas as
opções iniciais. Vale ressaltar que a metodologia e os resultados do processo de avaliação propiciarão
documentos, relatórios, memoriais, descrições e papers compartilhados internamente pelos pesquisadores do
Portal e seus parceiros para, posteriormente, tornarem-se documentos de caráter público, acessados pela rede.
O método do Portal: campos de conhecimento e linhas de ação. A estrutura da metodologia do Portal do
Envelhecimento se baseia no sistema de informações integradas sobre o envelhecimento, o qual é composto por
três momentos que acompanham o desenvolvimento do mesmo:
Rastreamento
Entende-se por rastreamento a pesquisa sistemática de informações sobre o
envelhecimento. Consiste no trabalho do pesquisador que vai a campo desenterrar
informações, reunir, registrar, trazer à luz tudo o que tiver a ver com o envelhecimento.
Nesta etapa são produzidos levantamentos, inventários, cadastros, catálogos, etc.
Estudo
Exploratório
O propósito desta etapa da metodologia é ampliar o grau de conhecimento sobre o
envelhecimento e o envelhecer urbano propriamente dito a partir dos resultados do
rastreamento. Nesta etapa se a operação criativa do trabalho científico, quando as
informações são apresentadas e submetidas a uma discussão rigorosa, seqüenciada e
sistemática.
Estudo analítico Este momento caracteriza-se como o aprofundamento da temática pesquisada, a partir da
sistematização das informações e das discussões através de múltiplos olhares entre os
membros da equipe. Nesta etapa é que se criam condições para fluir um produto intelectual
que tenta explicar a relevância do assunto para o público em geral e problematizar a
temática da longevidade para estabelecer prioridades no aprofundamento do estudo do
processo do envelhecimento. Esta etapa tem a ver com a difusão, a distribuição de
resultados e o estímulo ao debate.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 54
A inform(a)ção surge, assim, como eixos norteadores das atividades do Portal. Por este motivo as
atividades compreendem as seguintes áreas:
DOCUMENTAÇÃO Acervo especializado sobre o tema envelhecimento: pesquisas, obras literárias, teses, filmes, vídeos,
documentários, artigos de jornais e revistas produzidas no país e fora dele. Desenvolvimento de
metodologias de trabalho para coleta, tratamento, recuperação e disseminação de informações.
GERAÇÃO
DE
INFORMAÇÕES
Cadastro de serviços e instituições de atendimento aos idosos para o mapeamento guia, cadastro de
profissionais especialistas em geriatria e gerontologia, cadastro de serviços de trabalho de idosos voluntários
na comunidade, envolvendo os mesmos, e cadastro de serviços, movimentos que ensejem ao idoso a
participação comunitária.
AÇÃO
Haverá elaboração de programas de avaliação e de controle de qualidade dos serviços existentes. Ações
destinadas à criação ou reestruturação das instituições asilares, que incluam a melhoria da gestão
administrativa, de cuidadores, gerontólogos e pesquisa. Elaboração de planos de estudo que permitam a
troca de experiências e conhecimentos em gerontologia e formação dos membros que constituem as
instituições asilares.
DIFUSÃO
Distribuição dos resultados e estímulo ao debate em maior escala, nacional e internacional, através da edição
de um cadastro de recursos comunitários e públicos da cidade de São Paulo em um primeiro momento. Para
atingir tais objetivos, desde o início serão utilizados os seguintes instrumentos: disseminação de informações,
colocando o acervo aberto para consulta, retroalimentação e fácil acesso; eventos e seminários; e
divulgação/difusão em órgãos da mídia impressa, eletrônica e radiofônica.
É através da integração destas áreas que o Portal pretende construir sua identidade de facilitador do
processo de tomada de decisão. Ao não se pretender ser apenas mera fonte de consultas, mas promover a
interação entre os vários setores da sociedade, a malha de alimentação deve ser constituída em parte pelos
usuários/mentores.
Público alvo: usuários/mentores
Usuários/mentores de
interesse estratégico
Universidades, institutos de pesquisa, professores, pesquisadores, estudiosos, profissionais que
trabalham diretamente com idosos e formadores de opinião.
Usuários/mentores em
potencial
População em geral
Usuários/mentores
prioritários
Pessoas idosas e seus familiares, instituições, entidades e movimentos de/para pessoas idosas.
Poder Público: responsável pela elaboração e tomada de decisões de políticas sociais e
elaboração de programas relativos ao atendimento da Terceira Idade.
Referências bibliográficas
BEAUVOIR, S. (1990). A velhice. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.
BERQUÓ, Elza. “Algumas considerações demográficas sobre o envelhecimento da população no Brasil”,
trabalho preparado para o Seminário Internacional sobre Envelhecimento Populacional: uma agenda para o fim
do século, apresentado na Comissão Nacional de População e Desenvolvimento. Brasília, 1-3 de julho de 1996.
CAÑAS, A. J., FORD, K. M. et alli.(2000). Herramientas para construir y compartir modelos de conocimiento
basados en mapas conceptuales. Disponível em http://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/módulos/texto5.php,
capturado em 04/05/2004.
CASTELLS, M. (1999). A sociedade em rede. São Paulo, Paz e Terra
D`AMBROSIO, U. (2003). “A interdisciplinaridade: novas possibilidades da ciência”. In: Revista Kairós-
Gerontologia. São Paulo, Educ.
DAMÁSIO, A. R. (1996). O erro de Descartes. Emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo, Cia das Letras.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico de 2000. Disponível em
http://www.ibge.gov.br, capturado em 16/08/2002.
LÉVY, P. (1993). As tecnologias da Inteligência. Rio de Janeiro, Editora 34.
MEDEIROS, M. F. e TURK, E. (2003) (Orgs.) Educação à distância: cartografias pulsantes em movimento.
Porto Alegre, EDIPUCRS.
MORIN, E.; CIURANA, E.R. e MOTTA, R. D. (2003). Educar na era planetária. O pensamento complexo
como método de aprendizagem pelo erro e incerteza humana. São Paulo, Unesco/Cortez.
MORIN, E. (1997). “Complexidade e ética da solidariedade”. In: Castro, G., Carvalho, E. A. e Almeida, M. C.
(orgs.). Ensaio da complexidade. Porto Alegre, Sulina/EDUFRN.
OKADA, A. (2004). Cartografia cognitiva: novos desafios e possibilidades. Disponível em
http://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/módulos/texto2.php, e capturado no dia 02/04/2004.
OKADA, A. e ALMEIDA, F. (2004). Navegar sem mapa? Disponível em
http://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/módulos/texto2.php, capturado no dia 02/04/2004.
SANTOS, Boaventura de S. (1995). Um discurso sobre as ciências. Portugal, Afrontamento.
SERRES, M. (s/d). Atlas.Instituto Piaget, Lisboa.
TERRA, J. C. C. e GORDON, C. (2002). Portais corporativos: a revolução na gestão do conhecimento. São
Paulo, Negócio Editora.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 55
O diálogo entre a teoria e a empiria:
mapeando as noções subsunçoras com o uso de software
Edméa Oliveira dos Santos
Doutoranda da UFBA [email protected]m.br
Pesquisar antes de tudo é inquietar-se, é questionar a realidade procurando respostas sempre
temporárias, pois no contato com as mesmas, novas inquietações engendram-se levando-nos a busca incessante
de novas respostas e explicações. Nesse processo, o pesquisador busca a princípio parcerias intelectuais e
teóricas colocando a teoria num lugar de destaque. Contudo, o objeto se desvela na interface entre o
referencial teórico e o campo de pesquisa.
Nas tradições mais clássicas de pesquisa é comum apoiar-se no referencial teórico para compreender o
campo de pesquisa, como se o mesmo tivesse a importância de legitimar ou não o mesmo referencial teórico
adotado. Para a pesquisa que propomos essa tradição não contempla nossa necessidade e muito menos nos
ajudará na compreensão e desnudamento do nosso objeto de pesquisa. O campo de pesquisa é aqui entendido
como espaço fundante e seminal, dele emergirão as falas autorizadas dos sujeitos, que juntamente com o
referencial teórico engendrarão a autoria do professor pesquisador na construção do processo-produto da
pesquisa acadêmica.
A autoria do pesquisador se constitui no diálogo sistematizado no formato dissertativo, produto de final
aberto, entre a teoria e a prática da empiria. A realidade da pesquisa bem como seu processo e resultado é um
retrato da subjetividade do pesquisador e a interpretação objetiva do diálogo do mesmo com a teoria e a empiria.
Para Macedo:
À medida que a leitura interpretativa dos “dados” se às vezes por várias oportunidades aparecem
significados e acontecimentos, recorrências, índices representativos de fatos observados, contradições profundas,
relações estruturadas, ambigüidades marcantes.(MACEDO, 2000, p.204)
Nesse complexo jogo surgem, estabelecem e se atualizam as noções subsunçoras. As noções
subsunçoras são as categorias analíticas frutos da análise e interpretação dialógica entre empiria e teoria num
processo de aprendizagem significativa. Para Ausubel (apud MOREIRA, 1982) a aprendizagem significativa é
um processo dinâmico onde uma nova informação ancora-se em conceitos relevantes preexistentes na estrutura
cognitiva estrutura hierárquica de conceitos que são abstrações da experiência dos indivíduos do sujeito
aprendente que se atualiza sempre que um novo conceito é significado.
Numa realidade de pesquisa acadêmica as noções subsunçoras são sempre atualizadas quando o
pesquisador acessa uma nova informação seja pelo contato teórico e/ou empírico. O estabelecimento consciente
e criativo das noções subsunçoras exige do pesquisador a mobilização de competências teórico-analíticas e
hermenêuticas, implicando operações cognitivas como:
Distinção do fenômeno em elementos significativos;
Exame minucioso destes elementos;
Codificação dos elementos examinados;
Reagrupamento dos elementos por noções subsunçoras;
Sistematização textual do conjunto;
Produção de uma metaanálise ou uma nova interpretação do fenômeno estudado;
Estabelecimento de relações e/ou conexões entre as noções subsunçoras e seus elementos; (MACEDO,
2000, p.204).
As noções subsunçoras sofrem um processo dinâmico e evolutivo ao longo do desenvolvimento da
pesquisa acadêmica. Tudo começa a partir do estabelecimento do anteprojeto de pesquisa, este na maioria das
vezes é fruto de experiências anteriores agregadas a constantes inquietações teórico-práticas, evoluindo sempre
que o pesquisador interage com novas informações, advindas tanto da revisão da literatura quanto das relações e
implicações estabelecidas com os sujeitos e os dispositivos da pesquisa de campo.
Ao nos defrontarmos com a realidade, temos que compreender que esta não cabe num conceito, é
preciso construir um certo distanciamento teórico, a fim de edificarmos, durante as observações, uma
disponibilidade face dos acontecimentos em curso. Ao concluir a coleta de informações, as inspirações teóricas
são retomadas fazendo-as trabalhar criticamente no âmbito das interpretações saídas do estudo concreto. Neste
encontro, tencionado pelos saberes já sistematizados e “dados” vivos da realidade, nasce um conhecimento que
se quer sempre enriquecido pelo ato reflexivo de questionar, de manter-se curioso. (MACEDO, 2000, p.206-
207).
É preciso então, utilizar estratégias e instrumentos que possam não acompanhar a dinâmica e
evolução dos conceitos subsunçores e da própria aprendizagem significativa do pesquisador, bem como,
desenvolver meios e dispositivos que potencializem o processo de aquisição e atualização dos mesmos. Nesse
sentido a prática da cartografia cognitiva pode se constituir numa importante interface.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
UNIVERSO DE ESTUDO 56
Potencializando a cartografia cognitiva com o uso de software
Os conceitos subsunçores são amplamente potencializados quando o pesquisador procura de forma
estratégica a interface entre os saberes tácitos e os explícitos, ou seja: procurar externalizar os conceitos das suas
redes neurais para sua expressão fora da mente. Este processo pode se dar na produção de um texto, uma obra de
arte ou científica, enfim em várias linguagens e formas de expressão. Contudo, os estudos da cartografia
cognitiva vêm demonstrando que quanto mais conseguirmos expressar com formas que se aproximam das nossas
estruturas cognitivas, mais visível torna-se o processo de construção do conhecimento e neste sentido, mais e
melhores formas de resignificar a aprendizagem e as noções subsunçoras.
O pensamento humano é construído por redes e associações. Produzimos novos saberes em rede
hipertextual, não pensamos linearmente. Um novo saber se conecta com um saber construído podendo ser
atualizado e até mesmo refutado. Tudo depende da nossa produção de sentidos, de como significamos. Neste
sentido, o uso de mapas conceituais se constitui como um dispositivo fecundo para novas aprendizagens. A
expressão da rede de pensamento cartografia cognitiva pode ser externalizada/internalizada/ externalizada
num movimento dinâmico como um “retrato
hipertextual” da mente a partir dos mapas
conceituais.
Os mapas conceituais são
diagramas que indicam relações, conexões
ou associações entre os conceitos. A
organização dos mapas conceituais
dependerá única e exclusivamente do
pensamento do pesquisador, de como ele
vem estruturando suas idéias a partir da sua
interação com seu objeto de estudo seja no
campo teórico, seja no campo empírico ou
na sua interface. Para confeccionar uma
mapa conceitual que expresse a cartografia
cognitiva do pesquisar é necessário o uso de
interfaces sejam elas atônicas (lápis e papel)
ou digitais (softwares).
O uso de software potencializa a
construção dos mapas conceituais por conta
da flexibilidade e plasticidade próprias das
tecnologias digitais. Com apenas alguns
cliques na tela do computador e a seleção de
alguns comandos de formatação e
arquivamento dos dados. rios o os
softwares disponíveis no ciberespaço.
Vejamos um exemplo de mapa construído
com o software cmap:
Mapa do meu projeto de tese baseado
em minhas noções subsunçoras em 26/03/2004.
O exercício de mapear permite que o pesquisador possa visualizar sua cartografia cognitiva facilitando
a construção do conhecimento em todo o processo da pesquisa.
Bibliografia
COLLA, Ana Maria Lopes;MEDEIROS, Marilú Fontoura;ANDRADE, Adja Ferreira. Mapas conceituais: um
procedimento metacognitivo de inclusão conceitual e o desafio hipermidiático.In: MEDEIROS, Marilú Fontoura;
FARIA, Elaine Turk (orgs). Educação a distância: cartografias pulsantes em movimento.Porto
Alegre:EDIPUCRS,2003.ps. 151-173.
MACEDO, Roberto Sidney. A Etnopesquisa crítica e multirreferencial nas ciências humanas e na educação.
Salvador:EDUFBA, 2000.
MOREIRA, Marco A; MASINI, Elcie F. Salzano. A aprendizagem significativa. A teoria de David Ausubel. São
Paulo:Moraes, 1982.
MORIN, Edgar - Epistemologia da Complexidade. In: Dora Fried Schinitman. Porto Alegre, Arte Médicas,
1996, pp.274-286.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 57
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 58
ONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA
3.1 ORIGEM DA CARTOGRAFIA
A cartografia é considerada um dos mais antigos sistemas de comunicação. Surgiu antes
mesmo do sistema numérico e da linguagem escrita. na antiguidade, o homem registrava
através de mapas os locais das suas caçadas, moradia e os caminhos por onde passou. Tais
registros eram um modo simplificado de representar a realidade e assim, guardar e
compartilhar informações essenciais para sua sobrevivência.
Alguns historiadores afirmam que as formas gráficas de comunicação surgiram no
Paleolítico trazendo algumas vantagens em relação à fala considerada seqüencial, temporal, e
efêmera. Diferente de som e gestos, considerados como uma linguagem do “aqui e agora”, os
mapas serviam como instrumentos de registro e de transmissão de informação. Além disso,
por serem mais perene, consistiam também em instrumentos de interpretação e planejamento.
Diferente dos outros animais, o homem através de suas representações era capaz de
visualizar o próprio pensamento sobre suas relações com espaço. Ao dar-se conta das
características registradas do ambiente podia prever perigos e novas oportunidades. O
desenvolvimento dessa conscientização espacial foi um fator importante para a ação humana
mais reflexiva do que instintiva.
A capacidade de transmitir e receber informação através de mensagens sobre as
relações com espaço entre fenômenos e eventos já existia de forma desenvolvida em
outros animais antes do Homo sapiens. Entretanto, esse sistema de mensagem era
geneticamente predeterminado e imodificável por reflexao mental ou interação de
grupos. (...) Não é surpreendente que espacialização foi provavelmente a primeira e
mais primitiva forma de conscientização. (Lewis, 1987:50)
Desse modo, o homem com sua capacidade de representar o pensamento e interpretar
suas representações foi desenvolvendo também sua habilidade de estabelecer novas
estratégias de sobrevivência, registrá-las e socializá-las com grupo.
Diferente da preocupação moderna científica, que procura por ordem e regularidade, a
preocupação do homo sapiens focava nas irregularidades do mundo, mais nas incertezas que
nas certezas. Consciente que tinha constituído uma forma de representação perceptual como
uma tela mental, mantinha o contínuo estado de alerta por antecipação ou previsão. Entretanto,
a sobrevivência e o sucesso não dependiam apenas da conscientização e ação dos indivíduos.
Eles também dependiam da cooperação entre indivíduos dentro da comunidade e da habilidade
de comunicação entre indivíduos e grupos, para armazenar, transmitir e decodificar informação.
(Lewis, 1987:51)
C
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 59
A conscientização espacial e o sistema de comunicação através da linguagem falada,
gestual e gráfica foram dois fatores importantes para o desenvolvimento social e intelectual.
Através da capacidade de mapeamento, o Homo sapiens desenvolveu quatro
habilidades importantes:
1. postegar uma resposta instintiva
em favor de uma pausa para
exploração.
2. armazenar informação adquirida,
3. abstrair e generalizar
4. executar ações necessárias
decorrentes das informações
processadas.
Fig.13 - Representação gráfica cravada num osso de Mamute no
período Paleolítico
Os símbolos primitivos criados para indicar pessoas, animais, locais e caminhos
constituíram elementos básicos elementares para constituição da linguagem gráfica. Esses
símbolos possibilitaram não externalização mais fácil de informações como também a
internalização dessas representações.
Uma vez que os hominídios tinham desenvolvidos nomes e outros símbolos para locais,
indivíduos e ações, os mapas cognitivos serviram como uma base para produção e
compreensão desses símbolos (...) Nesse sentido, mapas cognitivos foi um fator importante na
evolução intelectual dos hominídios. Os mapas cognitivos possibilitaram uma estrutura
necessária para formar complexos sistemas de signos (...) permitiram a transmissão de
informação simbólica não apenas de indivíduo para indivíduo, mas de geração para geração.
(Peters, 1979: 95)
Os primeiros mapas primitivos surgiram esculpidos ou pintados em rochas, orientados por
acidentes naturais como rios, lagos e montanhas, entre outros. Alguns registros históricos
indicam que os mapas evoluíram independentemente em varias regiões do mundo. Por
exemplo, no México, os pré-colombianos representavam estradas através de marcas de
pegadas. Os Incas utilizavam pedra e barro para construir mapas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 60
Na Antiga Polinésia, os mapas de navegação eram
construídos com hastes de coqueiros e conchas de praia. Eles
indicavam o movimento das ondas e apresentavam o arquipélago.
Fig 14 - MAPA POLINÉSIO
Fig 15 - MAPA DE BEDOLINA
No Norte da Itália, no Vale do Rio foi encontrado o mapa
de Bedolina contendo detalhes topográficos cerca de 2.400
A.C. - Idade do Bronze.
No século 6 a.C surgiram as primeiras evidências
de
mapas chineses. O mapa mostrado na figura apresenta a Muralha
da China em sua parte superior.
Fig 16 - MAPA CHINÊS
GA-SUR
A capacidade humana de
traduzir graficamente a sua
percepção do mundo é reconhecida como uma grande habilidade
e a precursora de outras formas de comunicação visual. A busca
de registros cartográficos do passado permitiu identificar marcos
cronológicos. Informação sobre caracter
ísticas geográficas
possibilitou elucidar diferenças culturais, e fornecer dados
valiosos obre evolução através de representações gráficas.
Fig 17 - GA-SUR
Fig 18 -CATAL HYÜK
Existem muitas dúvidas sobre o mapa mais antigo do
mundo. Dois artefatos cartográficos são considerados bem
antigos. O GA-SUR 2,500 a.C., mapa babilônico feito em um
tablete de argila é considerado um dos mapas mais antigos do
mundo encontrado. Porém, e
m 1963, James Mellaart descobriu o
mapa Catal Hyük em Anatolia durante a escavação na Turquia.
Com menos detalhes e em maior escala, o mapa é uma parede
datando de 6.297 a.C. (determinado por testes de carbono 1
4).
Mellaart registra que o mapa descreve a planta de uma cidade
(provavelmente a própria Catal Hyük), com formato do tipo
"colméia" representando 80 edificações.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 61
Mesmo assim, acredita-se que o mapa de Catal Hyük ainda não seja o começo da
história da Cartografia. Investigações sobre os primórdios da Cartografia continuam sendo
realizadas e novas descobertas poderão surgir. Novos mapas poderão ser encontrados, pois os
materiais usados para registrar espaços geográficos naquele período eram elementos mais
duráveis (pedra, barro, metal, louça, ossos de animais, etc.) do que as representações
cartográficas mais usuais confeccionadas em materiais mais frágeis como papel e madeira.
Em relação às técnicas de mapeamento, a base dos estudos cartográficos tem sua origem
nos trabalhos de Eratosthenes (250 a.C) com o cálculo da circunferência da Terra e Ptolomeu
(150 d.C). Através de vários estudos geográficos e matemáticos, Ptolomeu elaborou teorias
para projetos de construção de mapas, dividiu o sistema em latitude e longitude e desenvolveu
uma série de mapas do mundo.
As primeiras representações da Terra eram bem simples e com diferentes referências
sobre a disposição dos continentes conforme a época, cultura e sistema de valores. Os
primeiros desenhos na antiguidade desenvolvidos pelos gregos indicavam a Europa no topo.
na Idade Média, conforme a descrição bíblica, mapas apresentavam a Ásia no topo e
Jerusalém no centro. Como a queda do Império Romano, muitos conhecimentos foram
destruídos ou totalmente ignorados, incluindo a área da cartografia. Nesse momento
desaparece o sistema de medição de coordenadas. Os mapas que eram desenvolvidos através
da geografia matemática passam a ter como referência o conhecimento bíblico.
Fig 19 - Mapa mundi de Hecataeus
(500 a.C)
Fig 20 - Mapa clássico em T e O
(by Guntherus Ziner,
Augsburg, 1472)
Fig 20a - Mapa mundi de
Hereford séc XIII
Layout em T com Jerusalem no
centro.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 62
As idéias de Ptolomeu influenciaram a ciência islâmica e foram adotadas na Europa
durante o período da Renascença. A cartografia européia modificou-se, então, das
representações simbólicas para as representações científicas.
Fig21 - Cosmografia de Ptolomeu II a.C.
(edição de 1482)
Fig22 - Universalis Cosmographia Secundum Ptholomei e
Americi Vespucci (mapa mundo) 1507
Como podemos observar, a abordagem de Ptolomeu continuou presente até hoje.
2500 a.C. - Babilônia.
Golfo Pérsico
Hecataeus.
450 a.C. Mapa
Mundi Mar Vermelho
Herodotus.
Mapa Mundi
Ptolomeo
Mapa Mundi
Mohammad-ebne-Musa
Al-Kharazmi.
1030 d.C.
Mapa Mundi
Abu-Reyhan
Biruni.
1320 d.C. -
Mapa Mundi
Petrus Vesconte.
1457 d.C. - Golfo
Pérsico Mapa
Mundi of
Genoese.
1492 d.C. -
Mapa Mundi
Henricus Martellus
1506 d.C. -
Mapa Mundi
Contarini
1507 d.C. –
Mapa Mundi
1528 d.C. -
Mapa Mundi
Peter Apian.
1690 d.C. -
Golfo Pérsico, Jean
Domenique Casini.
1832 d.C. -
Golfo Pérsico
Johann
Jamssontes.
1850 d.C. – Atlas
geográfico.
Mapa Mundi
atual
Fig.23 - Evolução de mapas do mundo
Fonte:http://camel2.conncoll.edu/academics/departments/relstudies/290/theory/worldmaps/
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 63
Sobre a era Medieval, é interessante observar que os mapas não apenas representavam o
espaço, mas também a natureza das coisas como podemos ver nos mapas de Isidore de
Seville. Esse escritor nasceu em Cartagena cerca de 560 d.C. e ficou bem conhecido com suas
diversas obras, dentre muitas delas, Differentiae uma exposição das diferenças entre as
palavras e as coisas, Natura Rerum sobre a natureza das coisas, Etymologies uma
enciclopédia do conhecimento. (The medieval bestiary, 2005).
Cubo dos elementos e Mapa Annus-Mundus-Homo.
No mapa abstrato do cubo ele apresenta 4 elementos da
criação: fogo, ar, água e terra com suas qualidades
representadas por formas geométricas e descritas através
de texto. Natura Rerum Isidore de Seville. Edson,
Evelyn (1997:43) London The British Library.
Mapa sobre consangüinidade representando graus
de parentesco. Fonte: Etymologyes, 67
No século XII podemos ver também mapa das áreas do conhecimento filosófico dividido em teoria, prática,
lógica e mecânica. Arnstein Bible Map Fonte: Museu Britânico
Fig.24 - Mapas Medievais
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 64
Antes da Renascença os mapas territoriais eram representações cartográficas primárias
da cultura, ao invés de representações geográficas precisas das relações espaciais. Os
fluxogramas marítimos embora relativamente acurados, eram gráficos de experiências ao
invés de serem decorrentes de técnicas formais de investigação. (Livingstone, 1992)
No entanto, com base nos mapas de Ptolomeu, os exploradores europeus descobriram
novas terras. Os mapas foram essenciais, pois ajudaram a navegação e a exploração de novos
territórios.
Fig 25. Tycho Brahe em seu observatório Uraniborg, na ilha de Hveen.
(1598) (The Royal Ontario Museum, © ROM)
Além das cartas
geográficas, surgiram os
primeiros mapas astronômicos,
Nessa mesma época, posições
de planetas e estrelas foram
mapeadas por Tycho Braye.
Seus estudos resultaram
num dos trabalhos mais
completos, com cálculos de
grande precisão para os
instrumentos da época. As suas
contribuições trouxeram novos
avanços para a astronomia.
Nessa época surgiram as
“bases de conhecimento” como
o Royal Society em Londres,
Academia Francesa de Ciência
em Paris, Academia de Artes
em Firenze e várias outras.
Segundo Burke (2003) foi na época das grandes navegações que a geografia do
conhecimento começou a emergir. Esse termo foi utilizado para identificar locais que
serviram como fontes de saber. Inicialmente essas sedes eram mosteiros, universidades e
hospital que se juntaram então, com laboratórios, galerias de arte, livrarias, bibliotecas e
anfiteatro de anatomia. Com as navegações, os portos foram considerados como pontos
estratégicos nos quais o conhecimento era compartilhado. Os portos passaram a comercializar
cartas, livros, mapas e globos. Com o crescimento das cidades, surgiram os primeiros
serviços de informação que organizavam guias como páginas amarelas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 65
Além disso, apareceram também os livros de conveniência que mapeavam dados
importantes como endereços, empregos disponíveis, palestras públicas, eventos, etc. Com o
grande volume de informações para a época, o passo que surgiu em seguida foi o
processamento do conhecimento.
Isso significava sistematizar o conhecimento, e para isso era necessário compilar,
checar, editar, traduzir, comentar, criticar, metodizar, sintetizar as informações. Processado na
cidade, o conhecimento era distribuído ou reexportado de forma impressa.
Uma metáfora que surgiu em 1300 e se destacou também no século XVI para visualizar
o sistema de conhecimento foi a árvore com suas raízes, galhos e folhas. A árvore do
conhecimento (Arbor scientiae) escrita por volta de 1300 foi reeditada várias vezes nessa
época. Surgiu também árvore da gica (Arbor porphyrii), árvore da gramática, árvore das
batalhas, árvore do patrimônio e árvore da justiça (Arbor judiciaria). Burke (2003)
Fig 26 - ARBOR SCIENTIAE
Fig 27 - ARBOR PORPHYRII
Desde 1450, o currículo das universidades européias era organizado através de duas
grandes áreas o trivium’ que lidava com a linguagem (gramática, gica e retórica) e o
quadrivium que lidava com os números (aritmética, geometria, astronomia e música). Além
disso, também era abordado na prática três filosofias: ética, metafísica e filosofia natural.
Entre o Renascimento e Iluminismo, muitas mudanças da organização do conhecimento
e do currículo acadêmico ocorreram. Uma classificação, mais flexível e fluida de todas as
artes e ciências, foi apresentada por Christofle de Savigny na forma de um mapa oval.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 66
Surgiram novas enciclopédias e livros. Dentre eles, Novum Organon de Francis Bacon
no qual três faculdades da mente: memória (história), razão (filosofia) e imaginação(poesia)
foram destacadas como a base de sua estrutura.
No séc XVII, um outro termo mais abstrato começou a entrar em uso para designar a
organização do conhecimento. Essa nova representação, associada aos antigos filósofos
estóicos, era “sistema”. Sistema era um termo aplicado tanto a disciplinas específicas quanto
ao conhecimento como um todo, como no caso de “sistemas de sistemas” formulado por
Bartholomaeus Keckermann e Johann Heinrich Alsted (Burker, 2003; Livingstone, 1995;
Withers, 1998).
“Trezentos e cinqüenta anos antes de Foucault, em 1612, Alsted usou a metáfora da
“arqueologia” para nomear a análise dos princípios subjacentes ao sistema de disciplinas. Para
examinar como a classificação do conhecimento acadêmico entrava na prática cotidiana das
universidades européias pode ser útil analisar sucessivamente três subsistemas, uma espécie de
tripé intelectual composto de currículos, bibliotecas e enciclopédias.” Burker (2003:83)
Fig 28 Geographie Christofle de Savigny 1587 Fig 29 Musique - Christofle de Savigny Paris 1587
Após a Renascença e iluminismo, técnicas melhores de mapeamento foram
desenvolvidas principalmente devido ao aprimoramento das investigações, avanços na
matemática e o desenvolvimento de instrumentos mais precisos. Durante os dois séculos
seguintes, os cartógrafos adquiriram respeitabilidade intelectual como homens da ciência
(Livingstone, 1992). Os criadores de mapas formalizaram a cartografia através de
experimentos, técnicas de mapeamento e visualização de diversos tipos de dados.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 67
No séc XVIII e XIX as convenções cartográficas foram formalizadas (escala,
orientação, layout, texto e outros símbolos utilizados).
Na cartografia moderna surgiram novos métodos de mapeamento abrangendo
cartogramas, mapas conceituais e topológicos para desenvolver ainda mais absoluta precisão
espacial e relações entre diversos elementos.
Fig 30: Internet Industry map. Quatro empresas
com o maior controle da Indústria da Internet.
http://www.orgnet.com/netindustry.html
Fig 30a: 3D hyperbolic graph of Internet topology
Feito no Walrus visualisation tool developed by
Y. Hyun at the (CAIDA). http://www.caida.org/
Na cartografia pós-moderna, final do século XX, o desenvolvimento tecnológico e
cultural provocou três grandes revoluções na cartografia:
Os mapas digitalizados se espalharam e sistemas mais precisos foram desenvolvidos (GIS
Geographic Information System e CAD Computer-aided Design) capazes de armazenar,
processar, manipular e transformar dados e atributos espaciais.
Novos métodos de visualização geográfica foram criados. Os mapas cartesianos estáticos
tornaram-se interativos dinâmicos, animados e tridimensionais.
Houve também mudanças na abordagem como os mapas são conceituados. Harley (1989)
enfatiza que os mapas não são meramente artefatos científicos, mas produzem propósitos
econômicos, sociais e políticos. Cartógrafos e instituições agora consideram que a
cartografia apresenta aspectos objetivos e científicos, valores e poder.
O desenvolvimento da cartografia possibilitou:
Abrir novos caminhos para compreender o mundo real.
Estruturar meios efetivos para fenômenos que não tinham referência geográfica.
Substituir representações estáticas para múltiplas representações interativas e dinâmicas.
Desenvolver mais a autoria do mapeamento. Qualquer pessoa pode acessar dados e produzir
seus próprios mapas, quebrando o distanciamento entre cartógrafo e usuário.
Desenvolver visões mais reflexivas, críticas e conscientes dos propósitos e processos de
mapeamento.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 68
3.2 - OQUE SÃO MAPAS?
Sobre a origem da palavra mapa, Harley and Woodward (1987) ao apresentarem a
história da cartografia destacam que muitas civilizações antigas não determinaram uma
palavra exclusiva para denominar aquilo que agora chamamos de mapa. Para o inglês,
português, polonês e espanhol, mapa tem origem do Latin mappa”, significando tecido. Para
outros idiomas, mapa tem outras etimologias, por exemplo, carte em francês, carta em
italiano, karta em russo têm origem do Latin “carta”, significando tipo de documento formal.
para o grego, chartes ou papyrus derivam do árabe naqshah cujo significado é figura.
Para o chinês, tu significa desenho ou diagrama. Os autores definem mapa como
representações gráficas que facilitam a compreensão espacial das coisas, conceitos,
condições, processos ou eventos no mundo humano.” (Harley and Woodward,1987:ii)
Por séculos os mapas cartográficos têm sido utilizados para representar o
conhecimento de territórios, regiões ou áreas. Eles trazem um significado de como o mundo
pode ser explicado e entendido. Atualmente, mapas são utilizados não apenas para representar
relações geográficas, mas conexões entre diversos elementos de qualquer área do
conhecimento. Considerados como poderosas ferramentas gráficas, classificam, representam
e comunicam as relações servindo como ponto de referência para tomadas de decisão.
Segundo Harley and Woodward (1987) mapas como mediadores do mundo interno e
físico externo são interfaces fundamentais ajudando o homem a fazer sentido do seu universo
em diferentes escalas. Como uma das mais antigas forma humana de comunicação, o
mapeamento tem sido um impulso para a conscientização, pois a experiência de mapear
implica mapeamento cognitivo do espaço, e sem dúvida existe muito antes do artefato físico
que chamamos agora de mapas.
Os mapas além de serem muito antigos têm sido amplamente utilizados ao redor do
mundo, impregnados na vida, pensamento e imaginação da maioria das civilizações
conhecidas através da arqueologia e registros históricos.
Michael Polanyi (1959:68) define os mapas como uma forma especulativa para
armazenar conhecimento numa forma condensada e fácil de ser manuseada. Mapas oferecem
oportunidade maravilhosa para reorganizar nosso conhecimento a partir de vários pontos de
vista.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 69
Robinson (1982) destaca que os mapas como uma combinação’’ da redução da
realidade e a construção de um espaço analógico são habilidades do pensamento abstrato de
altíssima ordem, por possibilitar a descoberta de estruturas que permaneceriam desconhecidas
se não fossem mapeadas”.
Como Harley (1989) e outros afirmam que os mapas não são artefatos neutros. Para
MacEachrem (1995) mapeamento é um processo de criação, de construção do conhecimento.
Revelam decisões que podem ser tomadas sobre o que eles incluem ou excluem, como o mapa
aparece e o que o mapa quer comunicar.
Para Gershon (1998) a visualização das informações foca a informação, que é
freqüentemente abstrata. Em muitos casos a informação não é automaticamente mapeada para
o mundo físico. Isto significa que muitas informações não têm uma representação física óbvia
e natural. A chave deste problema de pesquisa é descobrir novas metáforas visuais para esta
representação.
Segundo Harpold (1999) os mapas nunca são meramente descritivos, eles são
dispositivos heurísticos que localizam informações particulares. Os mapas são embutidos de
valores e julgamentos dos indivíduos que o constroem. São o reflexo da cultura que eles
vivem. Assim, os mapas estão situados dentro de um contexto histórico e refletem o contexto
sociocultural.
Deleuze e Guattari (2000) comentam que mapas abrem novos caminhos, possibilitam
descobrir novos atalhos e estabelecer novas conexões. Os mapas não têm um único ponto de
chegada ou de partida, e deve ser flexível e estar em contínua atualização. Eles esclarecem
que um mapa deve estar inteiramente voltado para uma experimentação ancorada no real.
“O mapa não reproduz um inconsciente fechado sobre ele mesmo, ele o constrói.
Ele contribui para a conexão dos campos, para o desbloqueio, para uma abertura
máxima sobre um plano de consistência. O mapa é aberto, é conectável, em todas
as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações
constantemente. Ele pode ser rasgado, revertido, adaptar-se a montagens de
qualquer natureza, ser preparado por um indivíduo, por um grupo, uma formação
social. Um.mapa tem múltiplas entradas.(Deleuze e Guattari, 2000:22)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 70
Dodge e Kitchin (2001) revelam que os mapas são imprescindíveis para compreensão.
Mapas bem desenhados são efetivas fontes de comunicação porque eles exploram
as habilidades da mente para ver relações em suas estruturas físicas,
permitem compreensão das complexidades do ambiente, reduz o tempo de
procura e revela relações espaciais que de outra forma não seriam notadas.
(Dodge e Kitchin, 2001:65)
Mapa é uma fonte de comunicação que traz aspectos relevantes. Mapa não é o território,
mas sim um conjunto de certos aspectos do território. Mapa é um guia que traz orientações,
um instrumento para atingir algum objetivo e também facilitar escolhas e ações. O mapa
carrega uma intencionalidade e não é um artefato neutro. É fundamental que o cartógrafo
tenha claramente a finalidade e o público alvo do mapa, e também uma visão do contexto a
ser mapeado e do contexto no qual o mapa será utilizado.
Santos (2000) destaca que
os mapas são talvez o objeto cujo desenho está mais estritamente vinculado ao uso
que se lhes quer destinar. Por isso, as regras de escala, da projeção e da
simbolização são modos de estruturar no espaço desenhado, uma resposta
adequada à nossa subjetividade, à intenção prática com que dialogamos com o
mapa. Assim, os mapas são um campo estruturado de intencionalidades, uma
língua franca que permite a conversa sempre inacabada entre a representação do
que somos e a orientação que buscamos. A incompletude estruturada dos mapas é
a condição da criatividade com que nos movimentamos entre os seus pontos fixos.
De nada valeria desenhar mapas se não houvesse viajantes para os percorrer.
(Santos, 2000:75)
Os mapas podem representar o espaço geográfico do mundo exterior, como também,
territórios do mundo interior. Os mapas podem apresentar numa versão reduzida não apenas
as coisas que vemos, mas também as coisas que não vemos. Como disse Publilius Syrus (85-
43 d.C) The eyes are not responsible when the mind does the seeing (apud. Chen 2003:67)
Os olhos não são responsáveis quando a mente elabora a visão. A mente pode ir além do que
os olhos vêem. Múltiplas visões surgem na mente, mesmo quando os olhos estão fechados.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 71
Essas visões podem referir-se tanto ao passado (memórias, lembranças, recordações),
presente (pressentimentos, intuições, percepções) ou futuro (expectativas, projeções). Essas
visões podem ser estáticas ou em movimento – ação, como uma projeção de um filme numa
tela mental. Trata-se de um filme sem começo, meio e nem fim que pode ir acessando cenas
sem uma determinada ordem. Além de imagens, a mente pode conter sons internos, por
exemplo, melodias, música ou vozes. As vozes interiores podem ser falas soltas ou um
monólogo um diálogo interno. Tanto sons quanto imagens mentais podem referir-se ou
fazer emergir emoções. O cérebro e a mente contêm um universo de elementos dinâmicos e
múltiplas conexões.
Os mapas podem ser aplicados para compreender essa complexidade. Inclusive podem
representar tanto o conteúdo abstrato da mente, como também de algumas estruturas
orgânicas do rebro.
3.2.1 - EXEMPLO DE MAPEAMENTOS DE ESTRUTURAS ORGÂNICAS DO CÉREBRO
Um dos exemplos de mapeamento que indica a complexidade do cérebro é o estudo de
mapas computacionais do córtex visual para compreender comportamento do mecanismo
neuronal e o processamento de informação do sistema visual.
Miikkulainen, Bednar, Choe e Sirosh (2005) publicaram recentemente um estudo para
investigar estrutura, desenvolvimento e função do córtex visual de vertebrados visando
esclarecer como sistema visual é organizado. Para isso, eles empregam técnicas de
mapeamento computacional para registrar diversas imagens internas produzidas pelo cérebro.
Num dos exemplos, os autores indicam que menos de 10
9
bits de informação genética
podem determinar o arranjo de 10
14
conexões sinápticas. No desenho abaixo, eles
apresentam mapa de redes de neurônios através de abstração computacional.
Basic LISSOM mapa de córtex visual primário. Mapa de orientação visual em macacos
Fig. 31 Mapas do Córtex Visual - Fonte: http://nn.cs.utexas.edu/computationalmaps/figures
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 72
Os autores indicam que os neurônios podem ser
mapeados em diferentes níveis de abstração
dependendo da escala do fenômeno estudado.
Nas figuras
(a) uma imagem microscópica de célula piramidal
1.4 mm × 0.7 mm,
(b) modelo comportamental de neurônio,
(c) conexões de neurônios na rede
(d) modelo simples indicando ativação do neurônio
(e) modelo em nível mais alto indicando rede
neuronal.
Fig. 32. Computational abstractions of neurons and networks
Miikkulainen, Bednar, Choe e Sirosh (2005) explicam que os mapas computacionais
do córtex visual são criados através de técnica de imagem ótica que permite medir o
comportamento de largo número de neurônios. Nesse experimento, através de cirurgia,
conecta-se uma câmera na superfície do córtex visual. Alguns padrões visuais (figuras) são
colocados em frente dos olhos, a câmera interna capta as variações de luz, e o software
representa a imagem conforme os sinais apreendidos pela câmera como um mapa que
representa a imagem mental interna
Vários mapas que foram produzidos representando como cérebro processa diferentes
estímulos visuais e compõem imagens internas, permitindo os autores fazer novas
descobertas.
Os autores destacam que através dos mapas computacionais o novo entendimento do
desenvolvimento e função cortical difere drasticamente do conceito antigo. O córtex visual
de um adulto adapta continuamente as estruturas recorrentes num equilíbrio dinâmico capaz
de rápidas mudanças em resposta das alterações do ambiente visual. Para isso, eles reúnem
diversas pesquisas realizadas nos últimos 30 anos e também apresentam seus estudos recentes
desenvolvidos com uso de software de cartografia.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 73
3.2.2 - EXEMPLOS DE MAPEAMENTOS DO CONTEÚDO ABSTRATO DA MENTE
Principalmente nessas últimas décadas novos termos têm surgido para expressar os
diversos tipos de mapas que representam os elementos contidos na mente. Mapas podem ser
utilizados para representar conceitos, informações, idéias, diálogo, raciocínio, referindo-se
tanto ao presente, passado ou futuro.
ORIGEM
TIPOS DEFINIÇÃO
Alguns Software e
Referências
1948
Mapa cognitivo
cognitive map
Representação mental das relações espaciais e ambientais de
um lugar compreendendo também o processo cognitivo de obter,
armazenar recuperar e decodificar informações sobre posições e
seus atributos. Kitchin (2002:1)
Edward Tolman
1972
Mapa conceitual
concept map
Representação de Conceitos e suas relações através de ligações
hierárquicas descritas por palavras que determinam sentenças ou
proposições válidas estabelecendo assim um significado dentro
de certo domínio de conhecimento Novak (1998:2002)
Cmap Tools
Joseph D. Novak
Alberto Canãs
1974
Mapa da mente
mindmap
Representação de idéias que emergem através de palavras-
chave e suas associações envolvendo texto, imagem, cores e
conexões espaciais com objetivo de visualizar, classificar e gerar
idéias, ou estudo, resolução de problemas e tomada de decisão.
Buzan (2000:76)
Mindmanager
Tony Buzan
1998
Mapa do
pensamento
thinkmap
Representação de Interfaces dinâmicas que demonstram as
conexões entre diversos objetos em movimento oferecendo
diferentes caminhos de escolha de navegação (Freedman e
Tinkler, 1998:3)
ThinkMap
Michael Freedman
Marc TinkLer
1980s
Mapa
argumentativo
argumentative
map
Representação de Argumentação dialética através de um
conjunto de questões ou problemas, possíveis soluções,
respostas, prós e contras, anotações e referências e conclusões
e decisões. (Carr, 2003:79)
Compendium
Simon Buckingham
1990s
Mapas de diálogos
dialog map
Representação de diálogo, discussão, debate entre diversas
pessoas na qual a conversa é orientada e configurada através da
visualização do próprio mapa (Conklin, 2006:xi, 2006:xiii)
QuestMap
Compendium
Jeff Conklin
2000
Mapas de
argumentos
argument map
Representação de raciocínio composto por uma constelação de
pressupostos, razões e objeções que vão constituindo
argumentos visando esclarecer um determinado assunto
(Gelder:98 apud. Buckingham Shum, Kirschner e Chad, 2003)
Reason!Able
Tim van Gelder
1990s
Mapa de imagens
imagemap
Representação de Imagens diversas associadas através de
hiperlinks localizados em determinadas regiões da própria figura.
Em html, um imagemap refere-se a uma lista de coordenadas
numa área de uma imagem que especificam o local de um
hiperlink (Graham, 1998)
Image Mapping
Tools
1990s
Mapa web
netmap
webmap
cybermap
Representações digitalizadas hipertextuais que representam
redes de informações e documentos da internet (Chen,
Geroimenko 2003:76; Kitchin Dodge 2001:91)
Nestor Web
Cartographer
Romain Zeiliger
Tabela 8 Tipos de Mapas sobre o conteúdo abstrato da mente
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 74
Na psicologia, o termo mapa cognitivo surgiu com Tolman (1948) num estudo
comportamental com ratos quando descobriu que eles conseguem lembrar o caminho
internalizando o layout de uma espécie de labirinto. Lynch (1960) realizou um estudo
semelhante com indivíduos e suas percepções espaciais e ambientais de cidades. Nessa
pesquisa observou que as pessoas podem criar mapas cognitivos estabelecendo padrões de
símbolos e podem organizá-los dentro de um arranjo espacial inteligível.
Estudos de arranjos espaciais têm sido realizados não apenas com informação
geográfica, mas qualquer tipo de assunto ou área do conhecimento. Palavras e conceitos
podem ser facilmente associados, selecionados, classificados, interpretados e resgatados
quando representados através de relações semânticas e um determinado padrão espacial.
A natureza cognitiva da mente humana tem sido associada a modelos de redes. O
processo associativo da mente é muito diferente da estrutura linear usada geralmente para
organizar informações. A não linearidade está presente também na recuperação da informação
na memória humana. Esse processo de resgate de recordações pode ocorrer também através
de uma rede de associações semânticas (Glenn & Chignell, 1992).
Segundo muitas correntes das ciências cognitivas contemporâneas, a construção e a
simulação de modelos mentais constituem um dos principais processos cognitivos subjacente
ao raciocínio, à aprendizagem, à compreensão e à comunicação. O raciocínio sobre
determinado assunto ou situação equivale, primeiro, a recordar, articular, ou reconstruir
modelos mentais. Segundo, ele estaria associado a checar, testar ou simular esses modelos
visando verificar coerência. Terceiro, prosseguiria a seleção do melhor modelo. Nesse
sentido, compreender uma teoria em estudo ou observação realizada seria associar o melhor
modelo mental que lhe correspondesse. Comunicá-las seria compartilhar o modelo de modo
que o interlocutor pudesse simulá-lo também. (Lévy, 1998:19)
Partindo da importância de representar rede de associações, após década de 70, do
século XX, várias terminologias surgiram para especificar diferentes tipos de mapas. O
objetivo desses mapas é representar o espaço abstrato da mente humana: seus diversos
componentes conceitos, idéias, pensamento, argumentação, diálogo, imagens visuais
e suas múltiplas conexões.
Com rápido desenvolvimento das ciências cognitivas, principalmente, da computação
gráfica e a área de visualização de informação, novas pesquisas têm surgido destacando a
importância do uso de mapas. Chen (2003) abordando o mapeamento de fronteiras científicas
sublinha a importância dos mapas para visualização do conhecimento.
O mapeamento é essencial para lidar com montanhas de informações teóricas ou
empíricas e delas extrair importantes inter-relações de interesse.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 75
Não encontramos na literatura um conceito mais amplo de mapa que envolvesse todos
os tipos descritos na tabela anterior. Nesse sentido, temos adotado o termo “mapa cognitivo”
(ou Knowledge Maps - Okada, Buckingham Sherborne, 2005) como mapa que representa o
mundo abstrato interior da mente humana. Trata-se de um termo diferente do conceituado
inicialmente por Tolman (1945), Moore and Golledge (1976) ou por Kitchin e Blades (2002)
que consideram mapa cognitivo como “imagem mental de espaço geográfico”.
A abordagem utilizada nesse trabalho sobre mapas cognitivos, aproxima-se mais de
Jonassen, Beissner e Yacci (1996) e Lévy (1998).
Para Jonassen, Beissner e Yacci (1996:61) mapas cognitivos são representações
gráficas das estruturas do conhecimento. Num mapa cognitivo, as estruturas do conhecimento
podem ser representadas de acordo com a proximidade semântica de conceitos e idéias. As
associações podem ser estabelecidas de acordo com os significados construídos, similaridades
e analogias em escalas multidimensionais.
Para Lévy (1998:93) os mapas cognitivos referem-se também ao espaço e às relações
sociais, porém, são modelos mentais mais abstratos e mais complexos que as imagens. Os
mapas cognitivos correspondem mais a modelos mentais ou a complexos de conceitos /
preceitos do que a imagens. Os modelos mentais representados através de mapas cognitivos
são interfaces fundamentais para representar o que quer que seja, isso envolve
reeinterpretação como suporte de signos para traduzir as imagens mentais. Essas são duas
características importantes que diferem modelos cognitivos dos humanos.
Baseado em estudos sobre mapas cognitivos de mamíferos superiores de Gould e
White(1974), Kohler(1973) e Menzel (1978), Lévy exemplifica que os chimpanzés gostam de
pintar, porém, jamais utilizarão pincéis e tintas para representar ou exteriorizar imagens. Os
macacos talvez podem conter imagens mentais o vivas quanto os humanos, porém, não são
capazes de manipulá-las o suficiente para traduzi-las em signos exteriorizados. A falta de
inteligência técnica dos macacos e sua fraca aptidão para criar e manipular representações
visuais apontam para a mesma incapacidade fundamental: não chegam a combinar novas
imagens mentais a partir de elementos de origem perceptual extraídos de sua memória de
longo prazo.” Lévy (1998:94)
Os modelos mentais o reflexos da realidade exterior reestruturados em esquemas
cognitivos. “Ao contrário das representações lingüísticas fonéticas, os modelos mentais são
análogos estruturais do mundo (do mundo tal como o representa, justamente, o indivíduo em
questão;) (...) são da ordem do organograma ou do diagrama, mesmo não se apresentando
como imagem precisam de um esquema.” (Lévy,1998:102)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 76
Os modelos mentais são conjunto de imagens mentais organizadas hierarquicamente.
No entanto, a imagem mental nem sempre corresponde ao real, numerosos objetos abstratos
pura e simplesmente não têm imagem física(...). Podemos todavia lhes associar uma imagem
convencional não necessariamente realista, mas com o apelo de elementos culturais”. Lévy
(1998:104). Muitos conceitos abstratos como sentimentos, valores, estados, processos, etc
podem ser representados mentalmente através de imagens convencionadas culturalmente, por
exemplo, a balança para representar a justiça, caveira para perigo, boca sorridente para
alegria, etc. Com isso, Lévy destaca que a imagem mental não é desenhada no papel como
uma simples réplica da percepção. A imagem mental possibilita tanto apreender
sinteticamente um material complexo como também representar a objetos ausentes,
desempenhando assim uma função semiótica. A imagem não é nem ilustração, nem suporte
do pensamento, mas é ela própria pensamento, e por isso, compreende um saber, intenções
(Sartre, 1940 apud. Lévy, 1998:105).
Os modelos mentais podem ser representados através dos mapas cognitivos. Nesse
sentido, Lévy destaca que o mapa cognitivo é um modelo analógico construído através de
signos de um território da mente. Os mapas não são imagens realistas, mas sim, interfaces
importantes por traduzir e comunicar visualmente modelos mentais preexistentes. Além disso,
os mapas servem como base para novas reconstruções e representações, sendo também
essenciais no processo de raciocínios mentais. Os mapas fornecem novos signos
continuamente à atividade mental. (Lévy, 1998:110).
O raciocínio mental pode ser ativado pela representação dos modelos mentais através de
mapas cognitivos. Segundo Johnson-Laird (apud Lévy 1998: 112) essa ativação ocorre a
partir do mapeamento de premissas formuladas de modo proposicional e dos conhecimentos
gerais prévios. Então, os modelos mentais são construídos partindo da interpretação desses
dados disponíveis. Através da exploração dos modelos mentais, conclusões podem ser
elaboradas, contra-exemplos podem ser identificados, novas questões podem emergir dando
início a novos ciclos. O raciocínio contribui com o processo de compreensão quando
proposições podem ser encadeadas com coerência. Apreender o raciocínio equivale, então, a
ter compreendido a “história”. Nesse sentido, o ator destaca que o raciocínio lógico pode
recorrer a uma compreensão desse tipo, não por ser lógico, mas por conter elementos que
estão em relação dialética e esboçam a ligação das proposições como um texto ou narrativa.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 77
3.3 – OQUE SÃO MAPAS COGNITIVOS?
Partindo das diversas referências de autores citados nesse trabalho, reelaboramos o
conceito de “mapa cognitivo.
Mapa cognitivo é uma representação gráfica multilinear, compacta e dinâmica do
pensamento não linear, abstrato e sempre em fluxo que permite exteriorizar elementos e suas
relações do mundo mental facilitando sua compreensão através da desconstrução-reconstrução
em níveis mais elevados de diversidade, coerência, consistência e clareza.
Mapa cognitivo é uma representação do pensamento. O conceito de Cognitivo
Cognição do latim cognitio está relacionado com as funções mentais tais como habilidade
de pensar, raciocinar, lembrar, conhecer, interpretar, entender, compreender, julgar, etc...
Desse modo, mapa cognitivo pode representar graficamente a diversidade que pode estar
contida no nosso pensamento tanto em relação aos elementos quanto em suas relações: um
raciocínio, uma lembrança, um conhecimento, uma interpretação, um entendimento, uma
compreensão, um julgamento de valores, etc...
Mapa cognitivo como uma representação gráfica torna-se uma interface mediadora
que procura estabelecer coerência entre o mundo abstrato interno e o mundo físico concreto
externo – objetividade interiorizada e da subjetividade exteriorizada. O texto escrito, também.
No entanto, a representação textual é linear e seqüencial – um início, meio e fim. No mapa, a
representação gráfica do pensamento é multi-linear e assim torna-se possível visualizar os
elementos e suas diversas relações sem uma seqüência predeterminada. A multi-linearidade
permite tanto flexibilidade na representação como na leitura A edição fácil dos elementos e
das suas diversas relações permite simular as possíveis associações e combinações visando
maior consistência.
Mapa cognitivo é compacto, ou seja, é uma representação reduzida do pensamento que
facilita compreensão, clareza e ao mesmo tempo foco por conter apenas os elementos
relevantes e significativos e suas relações. Sabemos que o pensamento o pode apreender a
realidade de uma vez. A realidade é apreendida conforme os sentidos do corpo humano e
também conforme o mundo interno do sujeito. O pensamento também é impossível de ser
expresso de uma só vez – seja através da linguagem gráfica, oral ou corporal. Nesse sentido, o
mapa cognitivo é uma versão compacta de um estado do pensamento num determinado
momento.
O mapa cognitivo é dinâmico, e oferece facilidade e flexibilidade na sua construção e
desconstrução. Torna-se uma interface mais plástica e criativa para reorganizar o pensamento
num processo contínuo . O pensamento pode ser visualizado, reorganizado e reconstruído
várias vezes. Desse modo, um conjunto de mapas cognitivos facilita a visualização não apenas
de um estado do pensamento como de um processo. Isso permite acompanhar, rever e
reorganizar melhor não apenas um estado, mas um histórico de estágios. Os diversos
esclarecimentos e orientações focalizados no decorrer do processo contribuem para o alcance
em níveis mais elevados de profundidade ou amplitude no pensamento.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 78
3.3.1- A ARTE DE MAPEAR E VISUALIZAR DEINFORMAÇÕES
Segundo Chen (2003) os mapas têm sido úteis na visualização da informação, como
interfaces importantes para lidar com o crescimento rápido das bases do conhecimento em
grande escala. Descobertas científicas envolvem freqüentemente o mapeamento do
pensamento visual, da descoberta da estrutura do DNA à Grande Parede das Galáxias.
Fig. 33. Great Wall Mapa de uma grande
concentração de galáxias, situadas a uma
distância de 20 milhões de anos-luz de nós, que
se extende cerca de 750 milhões de anos-luz em
comprimento.
Mapeamento que se iniciou em 1985 e deverá
ser completado em 2006. Chen(2003)
http://zyx.org/Fig489.gif
Fig. 34- Mapa do DNA - Em 1953, o americano Watson e o
britânico Crick mapeiam a estrutura de dupla hélice do DNA.
Em 1980, EUA desenvolvem técnica baseada no uso de enzimas
de restrição para fragmentar o DNA. Em 1982, o primeiro
animal (camundongo) transgênico é obtido nos EUA Em 1996,
nasce a ovelha Dolly, primeiro mamífero clonado (Escócia)
Fonte: UOL (2003) BIOLOGIA
http://www.cybered.net/library/Teaching_Resources/Biology/Genetic_
Engineering/Image_Gallery/GeneticEng-DNAstructure.jpg
A construção da representação espacial facilita a construção do conhecimento. Nossa
compreensão decorre da associação da nossa cognição que decorre da associação de nossa
percepção. Associando imagens do mundo objetivo e subjetivo podemos -lo e entendê-lo
melhor. Quando mapeamos essas imagens e nossas associações podemos compreender
nossas estruturas cognitivas, o que desconhecemos e como conhecemos. A visualização
desses mapas permite guiar, dirigir, focar problema e ao mesmo tempo explorar novos
caminhos através de múltiplas perspectivas para solucioná-lo.
Esse processo de mapear o pensamento, visualizar o mapa, refletir sobre a
representação gerando um novo pensamento é recursivo à medida que o mapa vai
configurando o pensamento e o pensamento configura o mapa. A visualização do
mapeamento desse processo torna-se uma fonte rica para gerar também recursivamente
novas visões: visão interna (insight), visão de futuro (foresight), visão de passado (hindsight)
e supervisão – de esquecimentos e erros (oversight).
Chen (2003) destaca que o pensamento visual é ativado e opera sobre estruturas, não
apenas buscando ver o que tem dentro, mas também manipulando os componentes partes
da estrutura na relação um com outro. Atrás da superfície visível, o conhecimento está
implícito em todas as ações da percepção.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 79
O mapeamento do pensamento visual que parte do abstrato para o concreto é uma
poderosa estratégia. Na abstração, o pensador pode prontamente reestruturar e sempre
transformar o conceito. Além disso, pode representar o resultado da abstração através da
forma gráfica concreta - mapa. Nesse sentido, o mapa contribui para dar visibilidade ao
pensamento abstrato, mesmo que este pensamento tenha nascido do concreto – abs-trahere do
latim quer dizer tirar de...”. No caso, a abstração é aquilo que é extraído do concreto vivido.
Sendo assim, o mapa é o retorno a uma dimensão do concreto.
A autora enfatiza também que o observador quando consegue visualizar graficamente
percebe relações com mais facilidade. Operações complexas do pensamento requerem sempre
imaginação e abstração, procura de padrões e familiarização. Isso não significa que a
imagem visual mental é melhor do que a concreta, ou vice-versa. Pelo contrário, a imagem
abstrata e a concreta se complementam .O pensador que tem visão flexível move entre as duas
formas de visualizar do concreto e da representação gráfica.
O objetivo da Visualização de Informação é revelar descobertas das conexões de
informação complexa e abstrata, através da representação gráfica. Nesse processo, as
habilidades cognitivas humanas são ativadas, como por exemplo, percepção mais ampla,
pensamento crítico, mais consciente e questionador. Os observadores podem encontrar com
mais facilidade fragmentos de informações específicos e também meios para reconhecer
padrões e relações em vários níveis. Além disso, eles podem determinar critérios de
priorização e desenvolver visão de futuro, de ver o que está adiante do domínio atual.
Num passo seguinte, podem também integrar de modo focalizado o corpo diverso de
conhecimentos.
Em setembro 1854, mais de 500
pessoas morreram de cólera em
Londres num intervalo de 10 dias.
Este mapa complexo mostra a
distribuição da doença. Esta
representação gráfica conduziu a
autoridades para fechar a bomba de
água da rua. Uma ação que parou a
epidemia.
Fig.35 Mapa que parou a
epidemia de cólera
http://www.llnl.gov/str/Septembe
r02/gifs/Hallbox.jpg
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 80
Fig.36 – Mapa da marcha do exército de Napoleão
http://www.medienkunstnetz.de/assets/img/data/2996/bild.jpg
Este mapa foi desenhado em 1869, por
Charles Joseph Minard(1781-1870),um
engenheiro francês, para mostrar a
marcha do exército de Napoleão durante a
tentativa para conquistar a Rússia em
1812. Dos 422 mil franceses que partiram
apenas 2% retornaram. A genialidade do
mapa está em conseguir, em um pequeno
espaço apresentar diferentes variáveis: o
tamanho do exército francês em marron, a
sua retirada em preto, sua localização em
uma superfície bidimensional, as direções
do movimento do exército e a
temperatura em várias datas.
O mapeamento tem sido aplicado para estudos da estudos da mente, cognição,
conhecimento e da inteligência coletiva conforme a tabela abaixo.
Psicologia Social -Teoria de Campo, Kurt Lewin (1952) Pesquisa ativa (Action Research) Kurt Lewin (1952)
Gestalt- Psiquê - Estudos da Mente e Cérebro Inconsciente baseado na Teoria de Lacan (1977)
Categorias espaciais situadas na estrutura social
inspirado em Bourdieu - La distinction (1984)
Categorias para mapear inteligência coletiva de
comunidades, instituições e empresas. Lévy(2003)
Tabela 9 -Mapas na área de Psicologia Social, Teoria de Campo e Inteligência Coletiva
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 81
3.3.2 – A ARTE DE MAPEAR E O PENSAMENTO CRÍTICO COMPLEXO
O pensamento crítico começou a ser destacado principalmente na década de 70 e 80
como um antídoto para combater o instrucionismo - aprendizagem insuficiente e reprodutiva
(Paul, 1992). O instrucionismo, ou seja, aprendizagem reprodutiva, resultante dos atos de
memorizar e regurgitar o que o professor ou livro texto diz, deixa nos estudantes fragmentos
de informação que não podem ser conectados ou integrados.” Jonassen (2000:23).
Paulo Freire (1987) é um dos primeiros autores a criticar o instrucionismo opondo-se à
educação bancária ato de depositar conteúdos no qual o professor é o depositante e os
educandos são os depositários. Este processo resulta na postura dos homens no mundo
mistificando a realidade. Para combater essa visão, o autor ressalta a importância da Educação
Problematizadora como um processo onde educando e educador tornam-se sujeitos do
conhecimento dialogando sobre os desafios, problemas inter-relacionados, num plano de
totalidade possibilitando assim, uma compreensão mais ampla, desmistificada e
desalienante.
Freire (1967) classifica a consciência em três níveis:
Consciência semi-transitiva seria uma representação mental próxima da realidade.
Esta consciência seria uma forma simplista de interpretação do mundo exterior. As
articulações são meros jogos de palavras. As explicações são cotidianas ou divinas. As
estruturações já estão prontas ou adquiridas externamente. Esta consciência, chamada também
de mágica, não consegue distinguir a própria palavra da palavra do outro. A verdade não é “a
sua”, mas a que vem de fora, do mundo, do dominador. Por não ter elementos cognitivos não
consegue inserir-se na realidade como sujeito histórico, nem também se distanciar para
criticá-la ou objetivá-la.
Consciência ingênuo-transitiva é uma interpretação da realidade, compreensão do
mundo em esferas mais amplas que as de sobrevivência. Neste nível de conscientização surge
já a consciência popular, dos movimentos de massa. É possível identificar a realidade objetiva
e também a subjetiva, porém não reconhece ainda a palavra do dominador. por contar com
circunstâncias mais favoráveis, visão mais crítica, e acesso às informações, consegue
construir elementos para a consciência ético-crítica.
Consciência transitivo-crítica caracteriza-se como consciência dos fenômenos sociais,
pelo rigor e profundidade. Ao contrário das anteriores, o sujeito se coloca como um ser de
relações capaz de identificar a palavra do outro, a sua própria e a do dominante. Torna-se
capaz também de distinguir as ambigüidades, as dicotomias, as singularidades. Esta
conscientização crítica permite o sujeito inserir-se no mundo e modificá-lo articulando o
conhecimento interior com o exterior e o conhecimento pessoal com o global.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 82
Paul (1992: 10) destaca alguns elementos importantes para o desenvolvimento do
pensamento crítico que envolve a habilidade deformular, analisar e avaliar:
Problemas ou questões.
Objetivos e metas do pensamento.
Procedimentos, métodos, paradigmas.
Referências, pontos de vista, crenças.
Princípios ou teorias utilizadas.
Conceitos e idéias envolvidas.
Dados, evidências, razões.
Interpretações, inferências, raciocínio.
Implicações conseqüências.
Ennis (1989:4) destaca algumas habilidades importantes relacionadas ao pensamento
crítico que envolvem capacidade de identificar, interpretar e julgar:
Significado de uma sentença.
Ambigüidade na linha de raciocínio.
Contradição entre sentenças.
Confiabilidade, clareza e ausência ou falta de dados.
Coerência na aplicação de princípios, definição de conceitos.
Fundamentação de reflexões, argumentos, conclusões.
Relevância de referências e observações tanto pessoais como vindas de especialistas.
Para o autor, todas essas habilidades podem ocorrer em três dimensões:
Lógica: refere-se ao julgamento das relações entre significado das palavras e
sentenças.
Crítica: conhecimento dos critérios de julgamentos cobertos pela dimensão lógica.
Pragmática: refere-se à avaliação do processo incluindo contexto, propósitos e
decisões.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 83
Para Litecky (1992:83) destaca algumas características do pensamentocrítico complexo:
Não algorítmico: o processo não pode ser completamente especificado
antecipadamente.
Não completamente visível: o conteúdo não está totalmente explícito.
Diverso: diversos campos do conhecimento são confrontados.
Subjetivo: julgamentos, valores e interpretações pessoais estão contidos no processo.
Rigoroso: aplicação de múltiplos critérios, às vezes, contraditórios (uns com os outros)
são considerados.
Auto-organizativo: o próprio pensamento é capaz de se reorganizar, ordenar a si
próprio, encontrando estrutura numa aparente desordem.
Significativo: o que é importante, precioso, tem valor é priorizado.
Árduo: o trabalho metal envolve contínuos estágios de elaboração e julgamentos
necessários.
Jonassen (2000:25) integra essas categorias num mapa representando um modelo para
o pensamento complexo. O autor indica três estágios do pensamento: pensamento de
conteúdo, pensamento crítico, pensamento criativo.
Fig. 37 Mapa do
Pensamento Complexo
Tomada de decisão
Identificar possibilidades
Gerar alternativas
Refletir sobre relações
Avaliar as escolhas
Resolução do Problema
Problematizar
Pesquisar
Reformular questões
Buscas diferentes alternativas
Escolher possíveis soluções
Implementar solução escolhida
Planejamento
Formular as metas
Delinear objetivos
Visualizar possíveis resultados
Análise
Reconhecer padrões
Estabelecer categorias
Classificar
Identificar as hipóteses
Identificar os assunções
Estabelecer as relações
Avaliação
Verificar o processo
Rever as informações
Determinar critérios
Priorizar
Identificar incoerências
Síntese
Pensar analogicamente
Sumarizar
Reveras hipóteses
Planejar
Conexão
Comparar e contrastar
Pensar com fundamentos
Fazer deduções,induções
e abduções
Identificar as
relações causais
Imaginação
Fazer previsões
Buscar fluidez
Especular o passado
Visualizar o futuro
Considerar as intuições
Elaboração
Investir tempo
Fazer modificações
Ampliar, aprofundar
Atualizar o processo
Concretizar
Processo do
pensamento complexo
Conhecimento construído
Conhecimento criado
Conhecimento reorganizado
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 84
Jonassen, Beissner e Yacci (1993) destacam que mapas de redes semânticas são
essenciais como representações espaciais de conceitos e suas inter-relações. Os mapas
permitem desenvolver diversas habilidades para construção do conhecimento. (Okebukola,
1992)
Aplicações Benefícios Desafios
Reorganizar o
conhecimento.
Refletir sobre a própria
aprendizagem
visualizando as
mudanças que ocorrem
no próprio conhecimento.
Pensamento crítico reflexivo
complexo, visualizar,
desvelar e restringir
caminhos.
Esclarecer as relações entre
conceitos.
Pensar nas conexões
entre conceitos, avaliar as
ligações, revisar e rever
as relaçoes lógicas.
Reconceitualizar
ressignificar os conceitos, o
que, como, por que, para que,
em diferentes caminhos.
Localizar e resgatar
informações necessárias
associando-as em outras
redes semânticas.
Identificar o que já se
sabe e o que falta saber,
planejar como organizar
conceitos significativos
mostrando auto-reflexão,
e raciocínio
metacognitivo.
Delinear problemas, redefinir,
tentar novas soluções,
identificar importantes
conceitos, descrever relações
semânticas.
Relacionar novos conceitos
com idéias já existentes.
Integrar conteúdos
diferentes de
conhecimento.
Atualizar a rede observando
mudanças no contexto,
relações e estruturas.
Desenvolver aprendizagem
espacial através da
representação gráfica de
conceitos.
Resolver problemas,
escolhendo pontos mais
relevantes, criar idéias,
aprimorar domínio de um
assunto.
Avaliar e priorizar,
classificar, sistematizar
conceitos idéias informações.
Tabela 10 -Mapas, Aplicações, Benefícios e Desafios
Os autores também destacam algumas limitações do uso de mapas conceituais:
Dificuldade de representar grande conjunto de relações.
Dificuldade de representar redes multidimensionais num espaço bidimensional.
Usuários de sistemas de visualização do conhecimento têm questões interesses.
diferentes do autor do mapa e as interpretações podem ser bem diferentes. Além
disso, os diferentes níveis de cognição dos intérpretes também influenciam na
compreensão.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 85
3.4 - TÉCNICAS DE MAPEAMENTO
Desde a década de 60 surgiram algumas técnicas de mapeamento de informação como
Mapas Conceituais, Mapas da Mente e Mapas Web. Tais técnicas facilitam a conexão de
diversos elementos e a compreensão do assunto abordado. Em outras palavras, quanto mais
conexões forem estabelecidas entre um novo tópico com outros que são familiares, mais fácil
será apreender seu significado.
3.4.1 - MAPA DAMENTE é uma estratégia desenvolvida pelo psicólogo Tony Buzan no
início dos anos 70, com o livro Use your head. Esta técnica possibilita registrar pensamento
de uma maneira mais criativa, flexível, não-linear como nossa mente. É o uso da mente
recheada de abstrações e idéias em favor de uma maior concatenação entre os passos de
qualquer processo.
Os mapas da mente foram inspirados nas estruturas cerebrais. O autor destaca que cada
célula do cérebro (neurônio) contém um vasto complexo eletroquímico, um poderoso
processamento de micro-dados e um sistema ultra-rápido de transmissão. O formato dessa
célula menor do que a cabeça de um alfinete, seria como um super octopus polvo gigante,
cheio de milhares de tentáculos. Baseado nos estudos de Pyotr Kouzmich Anokhin da
Universidade de Moscou, ele enfatiza que os seres humanos ainda não todo potencial cerebral
que é quase ilimitado.
“Nós podemos mostrar que cada 10 bilhões de neurônios no cérebro humano tem a possibilidade
de conexões na ordem de `um´ seguido por `vinte oito zeros´ após ele. Se um simples neurônio
tivesse seu potencial máximo, seria muito difícil imaginar o que todo cérebro seria capaz de fazer.
O que isso significa é que o número total de possíveis conexões e permutações no cérebro, se fosse
descrito seria o `u seguido por `10,5 milhões de kilometros de zeros´ (Anokhin, 1973 apud.
Buzan, 2000:33)
Fig 38 - Células nervosas Em:"Super Interessante", nº 23, 2000
http://www.cienciaviva.pt/healthXXI/dmaria/img/neuronios.jpg
Fig 38a - Mind Map Tony Buzan
http://www.shared-visions.com/reviews/mmapx1-l.jpg
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 86
O design dos mapas da mente é baseado nas conexões da rede neuronal, representando
infinitos caminhos que vão se nutrindo através das diversas associações e crescendo. O mapa
mental representa o pensamento radiante, que vai se iluminando através da visualização das
representações gráficas. Tais representações permitiram não esclarecer e intensificar o
pensamento, como também expressar os caminhos trilhados pelas idéias.
Fig 39: Mapa Mental
Os Mapas da Mente podem rastrear todo o processo de pensamento de forma não
seqüencial. Através de um mapa mental, diversas informações, mbolos, mensagens podem
ser conectados para facilitar a organização de um determinado assunto e a produção de novas
idéias. A estrutura de múltiplas conexões facilita o registro de diversos elementos que surgem
na mente de forma inusitada e muitas vezes caótica. Assim, as dificuldades de organização de
muitas informações e alguns bloqueios da escrita linear são superados.
A visualização dos mapas mentais, facilita a emergência e articulação de novas idéias,
possibilita também memorização, reorganização, reconfiguração fácil e rápida.
A representação gráfica facilita o registro de dados, anotações múltiplas, informações não
seqüenciais. Permite também, unificar, separar e integrar informações para analisá-las e
sintetizá-las, através de um conjunto de imagens, palavras, cores, setas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 87
Um dos principais objetivos do mapa da mente é estimular a criação de idéias, o
pensamento livre, insights e inovações.
porPaola de Oliveira Ramos - 16 Outubro 2005, 19:14
Olá Edméa, Pelo que entendi o mais liberal é o mapa da mente. Agora....existem possibilidades de
errar ao fazer um mapa da mente que é " só liberar as idéias"? Como terei que ensinar os alunos,
tenho que saber comoorientá-los. O que é errado e certo neste tipo de mapa (s) ?
por Edméa Oliveira dos Santos- 19 Outubro 2005, 22:24
Olá Paola! O que importe é a "liberação do pensamento" através das idéias principais, dos
conceitos". Você pode combinar conceitos, palavras, imagens. O importante é "botar para fora"e
fazer relações entre os sentidos e significados. A técnica do mapa conceitual é mais estruturada.
Requer relações mais hierárquicas, legendas coloridas por categorias. []sMéa
A diversidade na representação gráfica de símbolos ativa a criatividade. Por exemplo, a
maioria dos rascunhos de da Vinci são elaborados de modo não linear contendo diversos
desenhos, relações, projeções e associações. Vários trabalhos gráficos de muitos cientistas,
pintores, artistas, músicos e filósofos expressam o processo criativo do pensamento.
Fig40 - Leonardo da Vinci Anatomical drawings
http://www.gfmer.ch/International_activities_En/Images
/Leonardo/Neck.jpg
Fig 41 - A drawing of the phonograph from Thomas
Edison’s Canadian patent no. 9282
http://www.collectionscanada.ca/obj/m2/f1/nlc00428
0-v6.jpg
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 88
Fig 42 Sketch by Picasso of La Boutique Fantastique
http://www.powell-pressburger.org/Images/People/Massine/Picasso-LeonidinBoutique.jpg
Fig 43 The writings of Charles Darwin on the web
On the origin of species by means of natural selection. London, John Murray, 1859
http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin2/diagram.jpg
Fig 44 Original manuscript of a paper Einstein published in 1925
http://www.forwardbiased.com/photos/uncategorized/captpdj10608201724netherlands_einstein_m.jpg
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 89
O processo criativo que ocorre através dos mapas mentais é diferente do texto linear.
Buzan (2000: 48) indica algumas desvantagens na escrita tradicional linear:
Palavras-chave ficam escondidas no texto.
As idéias relevantes são difíceis de serem lembradas.
Tempo maior despendido para anotar e reler.
Maior dificuldade para visualização e criação das associações bloqueando a
criatividade.
O autor (2000:81) também destaca as principais vantagens do uso de mapas mentais:
Tempo reduzido de anotação com o registro apenas do que é relevante.
Tempo reduzido para ler e rever apenas as palavras relevantes.
Maior concentração no foco abordado.
Visualização gráfica gerando maior criatividade.
Maior facilidade de estabelecer múltiplas associações e relembrá-las.
Maior fluidez de pensamento com a ativação de idéias que geram novas idéias.
Visão do todo e das partes possibilitando maior compreensão.
Desenvolvimento de várias habilidades além da criatividade, como por exemplo,
percepção, abertura, desbloqueio.
Associações entre idéias, às vezes não são facilmente demonstradas, mas estimulam a
criatividade. A organização dos mapas mentais reflete como a mente processa o pensamento à
medida que as idéias vão surgindo. Inicialmente poucas palavras vão surgindo, mas a medida
que elas vão sendo registradas e articuladas, estimulam o surgimento de outras.
Como construir um Mapa da Mente? O assunto principal é registrado no centro do papel
através de uma palavra ou imagem clara e significativa. A partir de então, várias perguntas
podem ser feitas para que novas idéias sejam registradas: O que? Como? Por quê? Para quê?
Onde? Quando? Quem?
À medida que as palavras-chave vão surgindo, novas relações emergem. Os assuntos
articulados possibilitam cada vez mais novas associações. As idéias soltas podem ser
representadas com palavra ou imagem. Diversos símbolos podem ser utilizados como:
desenhos, ícones, e indicadores. Além disso, cores diferentes facilitam o agrupamento de
áreas distintas e destaque das relações mais relevantes.
Embora a técnica de mapeamento é bem flexível, o design do mapa da mente deve
seguir algumas indicações para propiciar uma tempestade de idéias.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 90
Buzan (2000:78) faz algumas recomendações para facilitar a construção de mapas:
1. Usar ênfase
a. Identificaruma imagem central ou palavra-chave destacando cores.
b. Utilizar variedade de símbolos, figuras, foto, números e palavras buscando
destaque e procurando expressar a idéia de modo mais significativo.
c. Desenhar diferentes espessuras nas linhas de associações buscando o mesmo
efeito da rede neuronal. Incluir diferentes tamanhos de figura, texto para ressaltar
as prioridades - tamanhos maiores para o mais importante localizado no centro e
tamanhos cada vez menores para as extremidades.
d. Organizar o espaço procurando agrupar os diferentes conjuntos de idéias e
utilizando o espaço do mapa da melhor forma possível.
2. Usar associação
a. Usar setas para fazer as conexões procurando organizar as ramificações de
acordo com a relevância.
b. Escolhercores e linhas diferentes para distinguir os grupos de associações.
c. Descrever as associações quando necessário com códigos, símbolos ou textos.
3. Ser claro
a. Procurar usar palavra-chave ao invés de sentenças.
b. Desenhar as linhas do tamanho das palavras buscando organizar melhor o mapa.
c. Associar o maior número possível de ramificações com a imagem central e
destacar as conexões do centro com linhas mais grossas.
4. Desenvolver um estilo pessoal
a. Estabelecer hierarquia, observar também escala e profundidade do seu mapa.
b. Usar símbolo, ícones, ordem numérica quando necessário.
c. Organizaro conjunto de elementos mapeados buscando um layout criativo.
O processo criativo pode se tornar mais difícil quando os mapas não seguem esses
quatro critérios acima – ênfase, associação, clareza e estilo pessoal. Como Buzan (2000:101)
destaca, é muito comum principiantes desenharem mapas da mente buscando um layout de
redes ou teias. No entanto essas estruturas são confusas caóticas e resultam em confusão e
bloqueios. O pensamento não acaba fluindo.
fig 45 - Mapas que não são mapas da mente
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 91
Buzan (2000:47) comenta que mapas da mente podem ter um layout mais complexo.
A complexidade surge quando múltiplas ramificações são feitas resultando em mapeamentos
mais específicos cheios de detalhes. O que determina a complexidade de um mapa da mente
não é o número de idéias básicas, mas a quantidade e qualidade de relações. O mapa torna-se
mais rico quando possui muitas associações agrupadas em diferentes veis das mais
genéricas às mais específicas. Tais mapas são denominados policategóricos mapas que são
mais descritivos, analíticos e com maior profundidade na exploração de um determinado
assunto. Para desenvolver os Mapas da Mente Policategóricos é necessário criar vários
mapeamentos reconstruindo continuamente até atingir uma diversidade e profundidade na
exploração e representação do assunto.
Fig 46 -Mapa da Mente sobre avaliação de tese para banca de doutorado realizado por Leila Zardo Purga
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 92
Buzan (2000:117) destaca alguns princípios para criar os Mapas da Mente Policategóricos:
1. Questões Básicas: explorar diversas questões sobre o seu tema principal: o que,
como, onde, quando, quem, por quê, para quê, para quem, com quem, qual,...
2. Divisões: identificar grupos e subgrupos, temas e subtemas, níveis e subníveis para
organizar melhor a estrutura do mapa.
3. Propriedades: registrar as características das coisas, idéias, palavras-chave.
4. Histórico: organizar seqüências cronológicas de eventos.
5. Estrutura: observar a forma das coisas e das associações procurando representar o
máximo de significado com imagem ou texto.
6. Função: anotar o que as coisas fazem, funcionamento, metodologia,
procedimentos.
7. Processo: representar também a trajetória sobre como as coisas procedem.
8. Avaliação: perceber as prioridades, benefícios, contribuições, problemas e
obstáculos
9. Classificação: agrupar as relações entre as coisas e padrões em comum.
10. Definição: descrever o significado das coisas.
11. Personalidades: observar os sujeitos no seu mapa e refletir sobre o papel deles e as
característicaspessoais de cada um.
Os benefícios de desenvolvermapas da mente policategóricos são diversos:
1. Desenvolver habilidade de classificação, categorização, decisão, clareza e
priorização.
2. Integrar uma grande quantidade de dados complexos possibilitando decisões,
conclusões ou estudos mais profundos e coerentes.
3. Visualizar com maior compreensão e entendimento grandes conteúdos de
informação.
4. Estimular cada vez mais a reflexão e o diálogo interno potencializando mais as
habilidades analítica, criativa e conversacional.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 93
3.4.2 - MAPAS CONCEITUAIS é uma técnica para estabelecer relações entre conceitos e
sistematizar conhecimento significativo. Foi desenvolvida pelo Prof. Joseph D. Novak na
Universidade de Cornell na década de 60. Seu trabalho foi fundamentado a partir da teoria de
David Ausubel que destacou a importância aprendizagem significativa decorrente da
assimilação de novos conceitos e proposição através de estruturas cognitivas já existentes.
Para Novak (1998: 22) conceito é “uma regularidade percebida num evento ou objeto,
ou registro de eventos ou objetos designados por um label (etiqueta mbolo). Princípios
são as relações entre conceitos. Os princípios nos contam como os eventos ou objetos
trabalham ou como eles são estruturados”.
O autor também enfatiza que apesar de nosso sistema cerebral ser bem complexo e com
grande poder associativo, pouco desse potencial é utilizado e além disso, nosso sistema
perceptual também é limitado. Um dos grandes desafios no ensino-aprendizagem é
possibilitar que os sujeitos possam ativar suas potencialidades, desenvolver habilidades como
a capacidade de articular conceitos, desenvolver princípios e também apreender significados.
O cérebro contém cerca de 300 trilhões de células e cada célula, cuja função é
armazenar e processar informação, possui milhares de dendritos e axônios que permitem
transmitir rapidamente a informação. “Essa rede complexa neuronal permite integrar diversos
órgãos do corpo humano, e também, nosso pensamento, sentimento e ação. O desafio da
educação é ajudar-nos para obtermos mais construtivamente essa integração numa ampla
variedade de contextos (Novak, 1998:24)
A aprendizagem significativa requer conhecimentos prévios e envolve a resolução de
novos problemas com criatividade. Isso apenas é possível quando o aprendiz tem domínios de
conhecimento bem organizados. Quanto mais nós aprendemos e organizamos nosso
conhecimento num determinado domínio, mais fácil é adquirir e usar o novo conhecimento
naquele domínio (Novak, 1998:24). Com isso, o autor sublinha que quando um indivíduo
conhece pouco ou têm seus conhecimentos mal organizados, a aprendizagem significativa é
mais difícil, o tempo envolvido no processo é muito maior.
Novak também esclarece que os seres humanos não são apenas notáveis na aquisição,
armazenamento e uso do conhecimento, eles também se manifestam complexas emoções e
sentimentos. Sentimentos, ou o que os psicólogos chamam de afeições, são sempre algo
concomitante de qualquer experiência de aprendizagem e podem tanto potencializá-la como
reduzi-la. (Novak, 1998:24)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 94
Nesse sentido, Novak sublinha as idéias de Paulo Freire colocando-se também contra o
instrucionismo e aprendizagem bancária. Para ambos, a aprendizagem deve ser construída
pelo sujeito mediado pelo mundo a partir dos significados construídos. O processo de
alfabetização como leitura crítica do mundo- proposto por Freire, parte de palavras
geradoras provenientes do mundo pessoal e significativo do aprendiz. Conforme Novak, a
aprendizagem significativa também parte de conceitos construídos, denominados
subsunçores por Ausubel (1968 apud Novak 1998:58).
O conceito subsunçor (subsumer) refere-se aos conhecimentos prévios construídos e
assimilados nas estruturas cognitivas do aprendiz, servindo como base dinâmica para articular
conhecimentos novos através de relações com os existentes. À medida que o aprendiz vai
ampliando sua base de conhecimentos, expande também suas noções subsunçoras
favorecendo novas situações de aprendizagem. Segundo (Novak, 1998:61) as informações
que são aprendidas de modo significativo associadas com os subsunçores nas estruturas
cognitividas do aprendiz, podem ser resgatadas na memória depois de meses após sua
aquisição”
23-04-2004 Beltrina
Venho acompanhando algumas leituras e, esta última, especialmente, me deixou incomodada justamente pelas
"noções subsunçoras", que me parece que foi o conceito escolhido pelo grupo para ser aprofundado, ou estou
enganada? Primeiro porque precisei procurar no dicionário o que vinha a ser esta palavra e, segundo,
particularmente a acho "feia" (e não está minha abstração, mas minha sensorialidade), difícil de ser
pronunciada e quando uma palavra tem que ser explicada para dizer o que vem a ser ao leitor, fico com certas
dúvidas. Concordo com Edméa que no processo de pesquisa deve haver uma relação dialógica, e dela surgem as
categorias com as quais o pesquisador vai trabalhar e assim acrescentar conhecimentos, senão ficamos na
reprodução, como grande parte de muitos de nossos colegas. Sinceramente não sei que termo utilizar, ou se
necessidade de um conceito para explicar a relação dialógica não só com os autores chamados para a pesquisa
inicialmente, como aqueles que serão convidados depois da pesquisa de campo que vai apresentar e exigir outras
categorias. Se assim for, prefiro trabalhar outros conceitos: conexões efêmeras, conexões pontuais, associações
pulsantes em movimento, etc. Para mim facilita muito. Mas estas são apenas "minhas noções subsunçoras" desta
aprendizagem. Ainda não posso dizer significativa...
27-04-2004 Mea
Para apimentar um pouco... O conceito de noções subsunçoras emerge da perspectiva da teoria da aprendizagem
significativa e apropriada pela etnometodologia. Fazendo uma analogia as metodologias clássicas de pesquisa
equivalem a noção de categorias. Entretanto, a etnometodologia usa a expressão "subsunçoras" para agregar um
"mais comunicacional"- significado- a noção de categoria.
Uma categoria pode emergir de uma leitura ou apropriação teórica ou empírica. A noção subsunçora é a
categoria analítica e sistemática da APREENSÃO do pesquisador. Aquilo que o mesmo SIGNIFICOU
cognitivamente e existencialmente seja na pesquisa teórica e ou empírica. As noções subsunçoras emergem no
estabelecimento de relações e ou conexões com seu repertório conceitual e o universo da pesquisa.
Muitas vezes - maioria das vezes - o pesquisador um monte de textos. Adota as categorias dos teóricos e vai a
campo apenas confirmar ou refutar as mesmas categorias.(AS NOÇÕES SUBSUNÇORAS SÃO MAIS QUE
ISSO! SÃO SIGNIFICAÇÕES) Isso é um processo mecânico de produzir conhecimento.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 95
28-04-2004 DAL
É Méa vc coloca a pimenta mas primeiramente vamos ao chocolate...Precisamos assimilar.... mas selecionando a
informação ou melhor, discriminando. Isto exige criatividade (competências e habilidades) ligada ao pensar...,
certo o raciocínio?A aprendizagem mecânica nesse caso, não necessita necesariamente de associação a conceitos
da estrutura cognitiva. É o caso do manuseio dos softwares...vc segue os passos da informática...sua
armazenagem é arbitrária. a fundamentação teórica do uso do software...o produto...o conteúdo dos mapas
realizados...necessitam de princípios teóricos...Estou indo...dando significado ao que precisamos discutir?
29-04-2004 Mea
Numa recente conversa com meu orientador o professor Roberto Sidney Macêdo ele me disse o seguinte: "os
conceitos subsunçores são agregadores e macro-atratores que organizam cognitivamente uma compreensão mais
relacional e portanto ampliada e significativamente mais rica, eles acolhem de forma a abrigar conceitos menos
inclusivos. São, portanto, construtores de patterns,ou seja compreensões que totalizam relacionalmente
informações diversas de uma situação a se conhecer. ", (MACEDO, 2004) Vamos debater e matutar?
Os mapas conceituais estão embasados também na teoria construtivista. O sujeito
constrói seu conhecimento e significado a partir relações entre novos elementos com aqueles
que lhe são conhecidos. Tais relações facilitam a sistematização de conceitos novos em
conteúdo significativo para o aprendiz.
Nesse sentido, o autor também destaca que novos conceitos quando são apreendidos
através da aprendizagem significativa ou de segmentos reestruturados existentes na estrutura
cognitiva, também produzem diferenciação progressiva”. Quando a estrutura cognitiva vai se
ampliando, o aprendiz desenvolve mais sua habilidade de aprender novas coisas. (Novak,
1998:63)
Os mapas conceituais são representações gráficas semelhantes a diagramas que indicam
relações entre conceitos (palavras) através de setas descritivas. Seu conteúdo parte de uma
estrutura que vai desde os conceitos mais abrangentes até os mais específicos. Pode
contemplar as diversas áreas do conhecimento. São utilizados para auxiliar a ordenação
hierarquizada.
Fig 47 Células do cérebro e sinapse
http://www.sciencemuseum.org.uk/exhibitions/
brain/images/1-1-1-3-1-7-1-0-0-0-0.jpg
Fig 47a The Theory Underlying Concept Maps
Macro and Micro Concept Maps -Joseph D. Novak
http://www.med.uni-marburg.de
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 96
Fig48: Mapas Conceituais
Como elaborar mapas conceituais? O assunto principal é registrado no início do papel,
dentro de um retângulo através de um conceito claro e significativo. Logo em seguida e
abaixo, os conceitos que tem relação direta com o tema inicial são anotados em retângulos
inferiores e setas descritivas são estabelecidas entre os elementos. Os conceitos mais
específicos, são estabelecidos sempre abaixo e a estrutura vai se ramificando como uma
árvore. Os conceitos subjacentes podem ser definidos nas laterais em paralelo. Novas setas
podem surgir, e algumas imagens podem acompanhar as palavras. As cores ficam a critério do
cartógrafo.
Nos mapas conceituais alguns aspectos são importantes:
Escolher o tema a ser abordado e definir o objetivo principal a ser perseguido.
Registrar os conceitos iniciais e definir uma seqüência hierarquizada.
Identificar as conexões entre os elementos através de linhas.
Descrever cada ligação com palavras compondo uma proposição (unidade composta
por dois conceitos e a descrição de sua relação).
Pesquisar o significado das palavras-chave para selecioná-las de modo mais claro e
preciso conforme o assunto abordado.
Permitir sessões de feedback, de modo que através de outras opiniões seja possível
rever seus conceitos, e avaliar o instrumento utilizado, de modo a enfatizar sempre
os pontos mais relevantes do assunto.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 97
Aprendizagem implica em modificações na estrutura cognitiva e não apenas em
acréscimos. Segundo esta teoria, os seguintes aspectos são relevantes para a aprendizagem
significativa:
Conceitos registrados nos diversos níveis devem representar o contexto abordado.
A organização hierárquica facilita a apreensão dos conceitos. Novas idéias e conceitos devem
ser "potencialmente significativos" para o aluno. Ao estabelecer conexões entre os novos
conceitos e os existentes, as estruturas cognitivas poderão apreender com mais facilidade e
relembrar o significado com mais clareza.
17-04-2005 Drica Oi pessoal, eu gostei do texto (introdutório) sobre Cartografia Cognitiva. Fica claro
que os mapeamentos são estratégias de construção de conhecimento (e pq não de realidade).
Fiquei com algumas duvidas quanto ao rigor na produção dos mapas. Por exemplo, para a construção dos Mapas
Conceituais achei um pouco "aleatória" a escolha das relações de umaseqüência hierarquizada...Isso implica que
no final das contas o Mapa (dado como exemplo) não me ajudou muito a memorizar ou mesmo visualizar a
informação, ou seja, nesse caso, entre um texto linear com bullets e o mapa, fico com o texto...
Existe alguma metodologia, critério para definirmos se uma informação é de primeira ordem, segunda, terceira?
Existe algum princípio (s) estruturador (es) para as relações conceituais?
18-04-2005 Edmea 1- Drica, a hierarquia entre os conceitos do mapa conceitual não pode se interpretada
como linearidade. Pense a hierarquia entre os conceitos como RELAÇÕES E INTER-RELAÇÕES. Tais relações
são exclusivas da mente do sujeito cognoscente, ou seja, do sujeito que constrói o conhecimento. Esta construção
deve ser significativa, ou seja, deve agregar valor e ressignificar os conceitos existentes em sua estrutura
cognitiva. Neste sentido, procure analisar o que você sabe (CONHECIMENTO REAL) com o que você não
sabe e pode aprender (CONHECIMENTO POTENCIAL). A cartografia cognitiva atua na ZDP (ZONA DE
DESENVOLVIMENTO POTENCIAL), ou seja, na distância entre o real e o potencial, entre aquilo que sabemos
e podemos saber. Vamos nessa pessoal? Quem pega outro nó de rede?
20-04-2005 Alexandra Drica, seu comentário e questionamentos trazem um aspecto importante...
Inicialmente quando começamos mapear um assunto, podemos encontrar dificuldades em identificar conceitos-
chave estabelecer as conexões... No entanto, a medida que vamos prosseguindo, e adquirindo mais informações
... o processo fica mais fácil... as relações podem ser estabelecidas com maior facilidade, principalmente quando
partimos de nossos conhecimentos prévios (como Méa denominou -seu conhecimento real sobre o assunto)
Isso facilita identificar o que deve ser mais aprofundado... e apreendido... novos conhecimentos (potencial)... O
RIGOR está nas relações que trazem significado para você... Algumas estratégias permitem deixar o mapa mais
claro... como alguns cuidados nas descrições e relações... (Iremos aprofundar no decorrer)
Um mesmo assunto pode ser mapeado de formas diferentes pois está diretamente relacionado com a forma de
pensar e ver do sujeito cartógrafo.... Entre o texto linear e um mapa? Fico com os dois, pois ambos trazem
formas complementares de representação do conhecimento... O que vc e demais componentes do grupo, acham?
Como os mapas podem ser aplicados num projeto de pesquisa?
22-04-2005 Saburo Oi Drica. Grande pergunta a sua! Méa referiu à zona de desenvolvimento potencial.
Também conhecida por zdp = zona de desenvolvimento proximal (Vygotsky), zona esta que abarca tudo aquilo o
sujeito aprendente não faz sozinho, mas consegue fazer imitando outro; e por que não dizer por mediação? Se
considerarmos o mapa e o sujeito autor, a influência é recíproca. Logo, o mapa formata o pensamento do mesmo
modo que o texto o faz (Vygotsky). O pensamento por sua vez, organiza a linguagem (Piaget). Holomovimento?
(Bohn,D.). Nesse vai-e-vem da teoria/prática você mesma, Drica, constrói ou descobre a sua técnica e
metodologia para saber do grau de validade do novo conhecimento para que esta acople no que já tem
conhecimento relativo ampliando a totalidade de seu conhecimento nesse sentido. Tudo que vem facilitar o
encontro com o desejado deve ser aproveitado. O que você acha disso? Saburo.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 98
Mary Grace Martins - 12 10 2005, 11:33 Oi Pessoal, dediquei ontem e hoje para a leitura do texto e o achei
muito bom, principalmente porque a minha primeira dúvida era a diferença entre mapas conceituais e mapas
mentais. Sempre ouvi mais o termo "mapas da mente" em outras áreas mais corporativas e o termo "mapas
conceituais" na área educacional.
Para criar "mapas da mente" eu utilizei um software chamado "Mind Map" e para "mapas conceituais" eu
conheci pouco tempo atrás, o CMAP Tools em um curso que fiz pela UFRGS. Pelo software e leitura dos
textos creio que um aspecto fundamental que diferencia mapas conceituais de mapas mentais: a relação entre
os conceitos, que no MC é explicita.
O Mind Map, por exemplo, nem permite que criemos "frases de ligação", no CMAP Tools, isso é possível,
aliás, o próprio software praticamente nos "obriga" a fazer isso o tempo todo, pois suas setas são formatadas
para criar frases de ligação.
No texto também diz que "mapas conceituais são representações gráficas semelhantes a diagramas que indicam
relações entre conceitos (palavras) através de setas descritivas", por isso, creio que essas relações são também o
que contribuem para diferenciar um MC de um diagrama.
No entanto, tenho algumas questões: a hierarquia é essencial para a construção de mapas conceituais? outros
aspectos que podemos destacar como característica exclusiva de um mapa conceitual ou de um mapa mental?[]s
Mary Grace
Mário Vasconcellos Sobrinh - 12 10 2005, 21:13 Oi Mary e demais! É a primeira vez que estou trabalhando
com os softwares de mapeamento. Antes disso, em meu trabalho eu já estava construindo alguns mapas manuais
para fazer relações entre conceitos e sistematizar os dados de minha pesquisa. Minha grande preocupação na
construção de mapas sempre foi a de o permitir a construção de um conhecimento hierárquico, linear e/ou de
causa-efeito. Nesse aspecto o entendimento oferecido pelo texto de que o Mapa da Mente é criativo, flexível,
o-linear, permite acreditar que a partir da técnica de mapeamento possamos ter mais abstrações e novas idéias.
Acho que para a construção do Mapa conceitual podemos partir do desenho hierárquico, no entanto, se assim o
continuarmos, cairemos na armadilha da hierarquia conceitual. Conceitos se cruzam. Conceitos são uma
construção da mente, portanto o criações humanas, o abstrações. Os softwares devem ser somente os
instrumentos utilizados para expressarmos graficamente nossas idéias. Eu vejo como condição fundamental para
a construção do mapa conceitual a definição do objeto de pesquisa e da realidade a ser investigada. A partir daí
sim, eu acredito que possamos construir um mapa com alguma hierarquia conceitual. No entanto, se aplica
para aquele objeto e realidade. Assim eu tenho pensado. Vocês concordam? Abraços Mário.
Mary Grace Martins - 13 10 2005, 11:33 Oi rio e todos, Concordo com vc que "conceitos se cruzam" e por
isso acho que a hierarquia não é o mais importante em um mapa conceitual, exceto se isso for a minha
prioridade. Eu tenho um texto para indicar que aborda também essas questões, com relação ao mapa
conceitual: http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf
Destaco um trecho, sobre essa questão:
"Mapas conceituais podem seguir um modelo hierárquico no qual conceitos mais inclusivos estão no topo da
hierarquia (parte superior do mapa) e conceitos específicos, pouco abrangentes, estão na base (parte inferior).
Mas esse é apenas um modelo, mapas conceituais não precisam necessariamente ter este tipo de hierarquia. Por
outro lado, sempre deve ficar claro no mapa quais os conceitos contextualmente mais importantes e quais os
secundários ou específicos. Setas podem ser utilizadas para dar um sentido de direção a determinadas relações
conceituais, mas não obrigatoriamente."[]sMary Grace
Edméa Oliveira dos Santos 16 10 2005, 12:01 Olá Mary, Mário, Paola e Angelita! Belo grupo. Parabéns pelas
questões e discussões colaborativas. É isso mesmo! A dúvida de um pode potencializar a dúvida do outros, que
também pode trazer a sua experiência e juntos novas aprendizagens se instituem. Maravilha!
Mary, a sua questão é ótima. Penso que o Mário traz uma reflexão importante. Não confundamos
HIERARQUIA com HIPERTEXTO. A nossa mente é hipertextual. Cuidado para não "matarmos" o nosso
potencial criativo. Nós pensamos e articulamos os conceitos por redes de associação. Toda vez que um conceito
novo é construído ele integra e transforma os conceitos já assimilados em nossa estrutura cognitiva.
Toda vez que lemos um texto novo (texto, vídeo, som, imagem) nosso pensamento nos remete a outras
experiências de leitura. Dessa forma aprendemos de forma significativa. O produção dos sentidos acontece com
uma grande rede semântica, um hipertexto imaginal.
As técnicas de cartografia, servem para sistematizar esse nosso hipertexto mental. Na vida prática precisamos
fazer sínteses. Seja para escrever um texto, preparar uma aula, organizar dados de pesquisa,planejar o cotidiano.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA... 99
Os mapas da mente servem para fazer emergir os conceitos, fatos que passam pela nossa mente acerca de um
objeto de estudo. A idéia é visualizar num meio externo, memória auxiliar (mapa), o que sabemos de forma bem
livre e até desorganizada. O mapa da mente serve para fazermos "tempestade de idéias". Botar para fora!
Muito gente constuma dizer: "eu sei. não sei colocar no papel". Os alunos falam muito isso. Então,
podemos lançarmos mão dos mapas da mente para desbloquear o pensamento.
os mapas conceituais, servem para organizarmos as idéias, ou conceitos, fazer articulações e relações entre
estes. Assim, fica mais fácil produzir sínteses (outros textos) a partir dos conceitos relacionados. A
HIERARQUIA é uma palavra que nos remete a linearidade. Contudo, entendamos hierarquia apenas no sentido
de "fazer relações". A citação trazida pela Mary do texto do Moreira é bem eloqüente.
O que acham disso tudo? []s Méa
Uma das grandes dificuldades na construção de mapas conceituais é descrever as
relações. Alguns verbos facilitam a composição de frases de ligação num mapa conceitual.
Por exemplo, verbos subjetivos permitem esclarecer opiniões de autores num estudo teórico,
verbos objetivos permitem descrever relações entre idéias, objetos, conceitos.
VERBOS SUBJETIVOS
VERBOS OBJETIVOS
Aceita
Acha
Acredita
Admite
Adota
Afirma
Alega
Alicerça
Analisa
Aplica
Apresenta
Argumenta
Assegura
Assinala
Atribui
Baseia
Certifica
Cita
Combate
Comenta
Compara
Completa
Compreende
Concebe
Conceitua
Concorda
Conclui
Confronta
Considera
Contesta
Contraria
Convence
Contextualiza
Crê
Declara
Deduz
Definir
Demonstra
Depara
Desenvolve
Designa
Destaca
Discorda
Discute
Diz
Duvida
Enfatiza
Enfrenta
Ensina
Entende
Envolve
Esclarece
Estabelece
Estuda
Examina
Exemplifica
Exerce
Exige
Experimenta
Explica
Expõe
Expressa
Exprime
Fala
Fundamenta
Garante
Idealiza
Identifica
Ilustra
Imagina
Impõe
Importa
Impressiona
Indaga
Incentiva
Interessa
Interroga
Investiga
Justifica
Lembra
Manifesta
Menciona
Mostra
Nega
Nota
Obriga
Observa
Opina
Organiza
Pensa
Percebe
Pergunta
Permite
Pesquisa
Possibilita
Prefere
Preocupa
Prepara
Pressupõe
Pretende
Prevê
Prioriza
Procura
Quer
Reclama
Reconhece
Recorda
Recorre
Reforça
Refuta
Rejeita
Replica
Reporta
Resolve
Revê
Sabe
Salienta
Seleciona
Sente
Supera
Supõe
Tenta
Valida
Verifica
Zela
Acelera
Acontece
Acrescenta
Afasta
Afeta
Age
Aparece
Aproxima
Atinge
Aumenta
Caracteriza
Cessa
Coloca
Começa
Condiz
Conduz
Consiste
Constitui
Contrapõem
Depende
Depreende
Desenvolve
Desestabiliza
Determina
Diminui
Emerge
Encaixa
Encontra
Esgota
Está
Estende
Evidencia
Existe
Falta
Faz
Fica
Finaliza
Fixa
Flexibiliza
Focaliza
Forma
Generaliza
Impede
Implica
Inclui
Inexiste
Leva
Mantém
Muda
Necessita
Obtém
Ocorre
Orienta
Origina
Para
Parece
Parte
Passa
Permanece
Pertence
Pesa
Pode
Põem
Possui
Precisa
Predomina
Prevalece
Propicia
Prospera
Prova
Provê
Rebate
Recebe
Reduz
Refere
Relaciona
Relata
Repete
Reside
Supera
Visa
Tabela 11 Verbos para frases de ligação em Mapas Conceituais (Saburo Okada, 2004)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...100
Baseado em Jonassem(2000) alguns verbos podem ser agrupados em tipos de relações:
FUNCIONAIS COMPARATIVAS DESCRITIVAS PROCESSUAIS
Tem a função de É oposto a Tem característica de Tem objetivo de
Causa, Implica, É similar, É próximo Tem a propriedade de Tem resultado de
É conseqüência de É o mesmo que, É igual a Tem tipo de Tem como processo
Soluciona É independente que Tem atributos de Tem como método
Aumenta INCLUSIVAS Tem tipo de Tem com entrada ou saída
Diminui É parte de Tem como classificação Depende ou independe de
Destrói ou elimina É composto por Tem desvantagem de Tem como subprocesso
Influencia, Age, Afeta É um exemplo de Tem vantagem de Tem como etapas
Requer Contem ou está contido Têm componentes Organiza
Converte Inclui ou está incluído É conjunto de Impede, bloqueia,
Emprega TEMPORAIS É Constituído Por Absorve, consome,
Gera, cria, provoca Tem como passos Define Envolve, desenvolve
Modifica Procede ou segue Descreve Regula, controla
Modela Tem como estágio, fase Compreende
Tabela 12 -Verbos para frases de ligação em Mapas Conceituais ( Jonassen, 2000 e Fisher, 1988)
1988
Fig 49 - Mapa Conceitual para orietacao de mestrandos
Leila, ficou muito muito bom seu mapa! Vc percebeu que quando navegamos conseguimos ler as
sentenças que desvelam uma narrativa sobre o assunto? Ao usar os verbos no presente, as sentenças ficam mais
claras, objetivas e fáceis de serem lidas. Isso favorece a compreensão dos conceitos. Já as descrições com verbos
no infinitivo dificultam a leitura. Outra coisa positiva no seu mapa e' um design bem organizado. O leitor pode
facilmente navegar de cima p/ baixo, da esquerda para direita, (como está acostumado com leitura de textos).
sendo que pode escolher as trilhas que sente mais atraído. Se quiser destacar elementos com cores e tamanhos de
letras diferentes, isso também favorece a atenção do leitor forma de uma ordem, pré-estabelecida. Por isso, a
leitura do mapa e' mais flexível... Quando li seu mapa achei muito bom, pois a ordem procede com muita lógica
a seqüência dos verbos esta bem clara (para mim)... Mas, vc e' a expert no assunto e seria legal vc fazer essa
reflexão também...... e' sempre bom ter a percepção de como o nosso leitor vai interpretar nosso mapa.
(são pequenos detalhes que vale a pena verificar) Vc esta pronta para o Nestor!!!
por Alexandra Lilavati P. Okada - Friday, 4 November 2005, 10:29
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...101
3.4.3-MAPAS WEB são mapas que representam o percurso de navegação, fluxos de
interações no ciberespaço. Os mapas fornecem um contexto visual, e assim é possível
sabermos "onde estamos" e de "onde surgimos".
Vários pesquisadores interessados na Cartografia do Ciberespaço surgiram com
crescimento rápido e intenso da Internet. Novos softwares foram desenvolvidos para facilitar
o mapeamento de páginas web. Desde o surgimento da web, mapas foram utilizados para
organizar a estrutura, visualizar conexões e projetar expansão da rede. Segundo os
cibergeógrafos Dodge and Kitchin(2001) webmaps são os projetos mais incríveis para mapear
o território informacional. Atualmente, pesquisadores de várias disciplinas como computação,
design gráfico, ciências da informação, comunicação e semiótica, realidade virtual, educação
a distância tem voltado grande interesse no ciberespaço buscando novos caminhos para:
Aprimorar navegação, comunicação, busca, seleção e representação da informação.
Desenvolver cada vez mais multimídia na web para facilitar a comunicação e
compreensão.
Organizar informação decorrente de vastos territórios e diferentes mídias.
Os mapas web são flexíveis, dinâmicos e interativos. Eles possibilitam a atualização
automática e instantânea facilitando o acompanhamento das mudanças constantes no
ciberespaço. Devido a complexidade dos dados da web e da estrutura da rede que está se
ampliando drasticamente, softwares estão possibilitando mapeamento com design mais
aberto, em múltiplos níveis, dimensões, escalas e outras variáveis.
Os mapas web simulam, de alguma forma, nossas estruturas mentais e caminho de
pesquisa na web. A visualização e flexibilidade de construção desse caminho permitem que o
aprendiz recomponha e aperfeiçoe, a cada passo, o seu processo de busca e construção do
conhecimento. O mapa web pode ser personalizado através de sínteses “aperfeiçoadoras” dos
objetos construídos pelas operações mentais. Novos significados podem ser agregados e
novas articulações podem ser feitas.
Os benefícios dos mapas web são diversos. Eles são úteis para:
Organizar dados, sites, favoritos.
Mapear as páginas web mais relevantes.
Representar trajetória de pesquisa.
Selecionar de modo mais semântico a base de dados.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...102
Planejar estudos, facilitar produção de projetos.
Propiciar navegação mais rápida e objetiva.
Estabelecer conexões entre elementos diversos.
Identificar facilmente conceitos chaves e às relações entre eles.
Permitir visualização gráfica mais significativa facilitando produção do
conhecimento.
Tornar mais claro os conceitos reorganizando-os em uma ordem sistemática.
As aplicações são várias também:
Representação gráfica da navegação.
Bibliografia visual iconográfica.
Mapa de um ambiente de aprendizagem.
Hipertexto imagético com múltiplos signos.
Orientação do processo cognitivo.
Guia de informações relevantes.
Como elaborar mapa web? Para construir um mapa web é necessário utilizar alguns
softwares específicos (cartógrafos) ou editores html. os mapas web podem ser elaborados
tanto on-line, acessando a Internet ou não. Se você estiver on-line, os mapas podem ser
construídos automaticamente durante a navegação. Se estiver on-line é necessário ter o
conjunto de links para registrar os endereços (URLs) mais importantes.
Neste processo, quatro estágios são importantes:
1- Navegar e selecionar o que é relevante no mapa.
2- Configurar o mapa de navegação de modo mais significativo.
3- Organizar áreas conceituais.
4- Socializar os mapas possibilitando a troca de informações com outros navegantes.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...103
Tabela 13 - Exemplos de mapas web - Autores que discutem a Cartografia
"O pássaro de Minerva tem seus gritos e seus
cantos; os princípios em filosofia são gritos, em
torno dos quais os conceitos desenvolvem
verdadeiros cantos..."
Deleuze & Guattari, 1995.
“O pensamento deve lançar-se acima dos “
fatos”
para interrogar-se, não apenas sobre suas
causas mecânicas, mas também sobre o que os
faz serem o que são, sobre os agenciamentos de
enunciação de que eles são os enunciados,
sobre os mundos de vida e de significação do
magma dos quais eles surgem. Remontar até às
fontes, tal é o sentido do problema do
transcendental” Lévy,2002.
"Nossa vidas consistem de um conjunto de
comportamentos e movimentos num ambiente
espacial. Cada dia nós fazemos centenas de
complexas escolhas e decisões espaciais. Numa
vasta maioria de casos confiamos em
referências externas ta
is como mapas para fazer
escolhas que dependem previamente da
compreensão espacial do mundo que vivemos.
Nós precisamos de representações espaciais do
ambiente em nossas mentes ... precisamos de
nossos mapas cognitivos..." Rob Kitchin, 2001.
"Encontrar informação relevante na Internet
pode ser uma tarefa difícil que poderia ser
facilitada se material estivesse organizado e se
pudesse ser acessado de modo eficiente.
Navegadores baseados no conceito de interface
cartográfica em páginas www são caminhos para
encontrar informações necessárias, respostas e
perguntas baseados no domínio cognitivo.
Interfaces baseadas em mapas conceituais
propiciam melhores performances para todos os
aprendizes." Alberto Cañas, 2001.
“O Nestor Web Cartographer foi construído
baseado no princípio que o caminho individual
no espaço informacional reflete e representa o
contexto, e isto permite que o espaço seja
personalizado conforme os interesses do
indivíduo ou de um grupo.” No software Nestor,
o ciberespaço pode ser não só personalizado
conforme os interesses e contexto do leitor,
como também ele por recriar um novo espaço
decorrente deste processo." Romain Zeiliger,
2000.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...104
Fig.50 Mapa de trabalhos realizados dos participantes do curso
Fantástico por Leila Zardo Puga - 24 11 2005, 18:36
Ale. Fiquei surpresa ao ver o mapa no nestor, resumindo tudo o que fizemos a agora no curso.
Quando penso que as aplicões ou formas de se usar o Nestor estão acabando você, Ale, surpreende
novamente.
Minha avaliação (vou colocá-la, também, naquele local apropriado) até agora é, simplesmente, dez.
Aprendi (e vou aprender ainda) muito neste curso, com todos. Superou (transbordou) minhas expectativas
iniciais.
Conheci aqui pessoas fantásticas (todas em geral), especiais sem dúvida e que interferiram diretamente em
minha aprendizagem nesse curso. Posso identificar a parcela que cabe a cada um dos colegas, o que não é
o caso de explicitar agora.
Com o Cmap e Nestor novos horizontes se revelaram para as atividades que realizo, profissional ou o
(contagiei o meu marido mostrando os mapas que fiz e, também, minha filha (psicóloga), dizendo que vai
usar para fazer registros de diário). Aliás, vejo aqui mais uma outra aplicação: usar os mapas ou a
cartografia cognitiva para registros de opiniões na web (categorizando) em runs, chats, portfólios ... Vou
pensar nisso depois ...
Por enquanto, quero agradecer a todos.
Agora, ontem e hoje, estou lendo os três textos. Grande Saburo, adorei as trilhas ...
Mas isso é uma outra hisria para registrar em outro local.
Leila.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...105
3.4.4 - MAPAS ARGUMENTATIVOS é uma técnica que surgiu no início da década de 70
baseado no sistema IBIS ( Issue Based Information System ) criado para resolver problemas e
desafios através de três elementos básicos: perguntas, idéias, posicionamentos e argumentos.
O sistema IBIS parte do princípio que para cada premissa pode se estabelecer
posicionamentos e argumentos.
Fig.51 - Mapa IBIS Estrutura Ibis proposta por
Horst Rittel em 1970. BuckinghamShum, Carr
e Kirschner (2003)
Fig.51 a -Exemplo da estrutura IBIS
Partindo-se de premissas ou perguntas genéricas, novas premissas ou perguntas mais
específicas o estabelecidas. Posicionamentos são definidos gerando argumentos que os
suportam ou rejeitam. Surgem novas premissas ou questões, e o processo continua
recursivamente visando atingir uma conclusão.
Um mapa argumentativo usa esses mesmos elementos: questões, posicionamentos e
argumentos pró ou contra para mapear a solução de um problema. Vários pontos de vista
podem ser articulados com coerência tanto individualmente como coletivamente. Esses mapas
são bem úteis para compreensão de assuntos complexos e também para tomadas de decisão.
Como organizar um mapa argumentativo? Inicia-se primeiro com um tema ou assunto a
ser discutido. Questiona-se o tema estabelecendo perguntas. Para cada pergunta, são
estabelecidos posicionamentos que deve ser refletidos e questionados. O que suporta essa
idéia? O que pode ser opor, indo contra a essa idéia? Existe alguma informação adicional que
pode servir como embasamento? (fato, exemplo, teoria). Com esses elementos, novas
questões podem ir surgindo e assim, também novas respostas e fundamentos a favor ou
contra. Quando a informação mapeada é suficiente para estabelecer uma conclusão ou tomar
uma decisão, encerra-se o processocom a síntese do que foi concluído.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...106
A aplicação dos mapas argumentativos é diversa:
Mapear discussões, organizando as idéias de modo argumentativo visando foco e consenso.
Mapear documentos acadêmicos, buscando a estrutura argumentativa das idéias do autor.
Mapear perspectivas de autores diferentes, visando confrontar diferentes posicionamentos.
Mapear a estrutura argumentativado próprio texto, pesquisa, artigo acadêmico, visando buscar
maior rigor e fundamentação das idéias.
O mapa argumentativo é bem útil para sistematizar a idéias de discussões virtuais e
presenciais, síncronas e assíncronas.
Em algumas turmas, utilizamos os mapas argumentativos para mapear todos os chats.
Desse modo, os alunos podiam consultar a discussão visualizando as informações e suas
diversas relações. Com o mapa foi possível identificar todas as perguntas, as idéias, os
argumentos e contra-argumentos, referências teóricas, etc. No final de 10 sessões de chat,
foram elaborados mapas para cada aluno representando a sua participação global em todos os
debates realizados no curso. Ou seja, o aluno pode perceber todas as perguntas, opiniões e
referências trazidas por ele durante todo o curso. Com isso, ele pode identificar as idéias de
sua autoria e o seu caminho de aprendizagem.
Fig 52 - Mapa Argumentativo de um Chats
Fig 52a Mapa da participação do aluno em todos os chats realizados
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...107
Mapa da Mente
criado no software
FreeMind
Mapa conceitual
criado no software
CMap Tools
Mapa Web
criado no software
Nestor Web Cartographer
Mapa de Argumentos
criado no software
Reason!Able
Mapa Argumentativo
criado no software
Compendium
Mapa Argumentativo
sobre Discussão
criado no software
Compendium
Tabela 14 - Exemplos de Mapas feitos em diferentes softwares cartográficos
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...108
3.5- ESTÉTICA DOS MAPAS
3.5.1REPRESENTAÇÃO ELEMENTOS
Para que os mapas tenham uma estética bem elaborada é importante considerar alguns
aspectos:
1. TÉCNICA –Cada tipo de mapeamento tem suas características particulares. Exemplo:
Técnica Componentes Objetivo Software
Mapa da Mente Palavras-chave,
símbolos, questões,
quando, o que, por
quê, como....
Promover
Brainstorming” ,
criatividade,
inspiração
Mind Manager
FreeMind
Mapa Conceitual Conceitos globais e
específicos, relações
entre eles
Compreender relação
de conceitos novos e
os já adquiridos
visando aprendizagem
significativa
CMap Tools
Inspiration
Mapa Web Ícones, imagens,
keywords,
hyperlinks,
visualizar a
navegação e
compreender a
topologia hipertextual
na web
Nestor Web
Cartographer
Mapa
Argumentativo
Perguntas, posições,
prós e contras
Representar
problemas, sugere
soluções e avalia os
prós e contras
Compendium
Tabela 15. Quadro Comparativo de Tipos de Mapas
2. CONTEÚDO – Sobre o conteúdo é importante observar:
a. Os elementos selecionados no mapa são relevantes?
b. As informações são suficientes?
c. O mapa permite atingir o objetivo proposto?
d. O design do mapa está claro?
e. As relações entre os objetos estão bem definidas e descritas?
f. O conteúdo está bem organizado através de mapas e submapas?
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...109
3. SIGNOS
Outro aspecto importante no mapeamento é a escolha de elemento gráficos. Alguns
softwares oferecem conjuntos diversos de ícones, cores e formas gráficas. A maioria permite
também a importação de novos símbolos inclusive criados pelos usuário.
A discussão de alguns princípios da Semiótica contribui para elaborar o design de
mapas mais organizados, claros e de fácil interpretação. Segundo Chandler (1994, 2002)
nós somos certamente Homo Significants – criadores de significados”. Nós seres humanos
somos dirigidos pelo desejo de apreender significados, dar sentido às coisas, através da
criação e interpretação de signos. De acordo com Pierce (1931 -58, 2302) pensamos através
de signos. Os signos tomam a forma de imagens, sons, odores, ações ou objetos. No entanto,
o signo existe apenas quando o interpretamos. (ibid. 2172).
Na Linguística, Sassure descreve que signo é algo que representa uma coisa, ou seja,
toda forma que representa um conceito. O signo é uma associação entre um significante (a
forma) e de um determinado significado (o conceito veiculado por essa forma). (Chandler, 1994)
O signo não é uma ligação entre uma coisa e um nome, mas entre um conceito e um
som padrão. O som padrão não é realmente um som; mas algo físico. Um som padrão é a
impressão psicológica do ouvinte do som, como dado a ele pela
evidência de seus sentidos. Este som padrão pode ser chamado de
elemento ' material ' somente se for a representação de nossas
impressões sensoriais. O som padrão pode assim ser distinto do
outro elemento associado com ele em um sinal lingüístico. Este
outro elemento é geralmente de um tipo mais abstrato: o
conceito.” (Saussure, 1983: 63).
O signo tem um papel importante de estabelecer uma relação clara entre um conceito
(algo mais abstrato) e o material que se refere(algo físico).
Outro aspecto importante que deve ser considerado é a relação entre os signos.
Para Saussure o ´valor` de um signo depende de suas relações com outros signos dentro do
sistema - um signo não tem nenhum valor ' absoluto' independente do seu contexto
(Saussure 1983, 80). O autor também exemplifica fazendo uma analogia com o jogo de
xadrez, onde o valor de cada peça depende de sua posição no tabuleiro. O valor de cada signo
depende da sua posição no contexto.
Fig. 53 -signo
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...110
O autor esclarece que significação - o que é significado - depende claramente do
relacionamento entre as duas partes do signo (significante e significado), o valor do signo é
determinado pelos relacionamentos entre o signo e os outros signos dentro do sistema como
um todo. (Saussure 1983, 112-113)
O signo estabelece uma associação entre o conceito e a forma, e também várias relações
com outros signos e sistemas de signos num determinado tempo e espaço.
Para Pierce (1931:58 apud. Chandler, 1994), o signo é algo que representa alguma coisa
para alguém, ou seja, uma relação triádica entre:
signo (representamen): a forma do signo, não necessariamente material.
um interpretante: a interpretação do signo na mente do interpretador
um objeto: aquilo que o signo se refere.
Os signos são importantes como meio de compreender, representar e compartilhar
sentidos dos objetos. A escolha de signos é essencial para mapear e compreender as relações
pelas quais os sentidos se constituem. Através dos signos a percepção se abre para dar
significado às coisas, inclusive ao pensamento e às interpretações do pensamento. O pensar
do pensar poder ser facilitado quando os mapas através de signos e suas relações explicitam o
pensamento tornando o abstrato em concreto. O que permite por sua vez abstraí-lo novamente
num outro nível de reflexão. Neste processo de mapeamento, os signos são ressignificados e
reconfigurados possibilitando representações cada vez mais significativas.
Santaella (1995:22) também destaca que o sentido de um objeto não está exclusivamente
nele, mas nas relações dele com seu contexto incluindo os sujeitos. A relação signo - objeto -
interpretante, permite compreender que o sentido não está pronto e completo nas coisas, no
mundo. Realmente, a interpretação é uma ação subjetiva e depende dos sujeitos que o
interpretam. Os sentidos são construídos através dos signos contidos no mundo, nas
convenções culturais e sociais. Porém, esse processo envolve também as concepções prévias
do universo pessoal dos sujeitos que interferem no modo como os signos são interpretados.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...111
Pierce (1978 apud. Lévy 1998:33) classificou os signos apresentando três categorias:
Signos simbólicos: são signos que representam objetos a partir de uma
convenção arbitrária. Eles estabelecem uma relação puramente
convencional com seu objeto. Ex. balança representando justiça, a
caveira representando perigo, sinais de trânsito, bandeiras, números
letras etc.
Signos icônicos: são signos que apresentam alguma semelhança com o
objeto representado. Eles estabelecem uma relação de isomorfismo, ou
seja, uma identidade de proporção ou estrutura. Ex. o crucifixo para
cristãos representando Jesus, retratos, gestos e desenhos de
personagens, etc
Signos indiciais: são signos que se referem ao objeto indiretamente,
pela influência causada por esse objeto. Eles estabelecem uma relação
de contigüidade ou causalidade com seu objeto Ex. a fumaça como
indicador do fogo, a pegada como indicador do passo, efeitos da
natureza, sintomas médicos
Tabela 16 - Tipos de signos
A maioria dos softwares de mapeamento disponibilizam ícones visando representações
cada vez mais próximas dos seus objetos. Outros não oferecem nenhuma biblioteca de
imagens deixando o usuário livre para decidir sobre a melhor representação.
Além dessas categorias, Pierce destacou três tipos de interpretantes:
Imediato: equivale ao signo interpretado no ato.
Dinâmico: interpretação efetiva.
Final: reunião da interpretação e o contexto do interpretante.
Partindo destas três definições, o autor discute sentido, significado e significação.
Sentido: corresponde ao interpretante imediato. Equivale ao efeito que o signo
pensado produziu imediatamente no receptor (percepção)
Significado: corresponde ao interpretante dinâmico. Equivale ao efeito produzido
realmente no receptor com a interpretação do signo, após a percepção imediata.
Significação: corresponde ao interpretante final. Equivale ao resultado interpretativo
do receptor após a interpretação do signo.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...112
Nessa mesma temática, Hjelmslev (1961: 49 apud. Chandler, 1994) apresenta distinção
entre substância e forma, expressão e conteúdo partindo da definição de significantes e
significados.
Substância Forma
Significantes:
plano da
expressão
Substância da expressão
material física ou virtual
mídia (ex fotos, vozes,
palavras impressas)
Forma da expressão :
linguagem, forma
sintática, técnica e estilo
Significados:
plano de
conteúdo
Substância do conteúdo:
`conteúdo humano´, conceito,
tipo, assunto, tema
Forma do conteúdo:
'estrutura semântica' '
estrutura temática'
incluindo narrativa
Tabela 17 - Distinção entre substância e forma, expressão e conteúdo
Segundo vy (1998:32), transmitimos intenções, pensamento, imagens subjetivas
sempre através da tradução em signos. No entanto, dentre todos os signos disponíveis,
existem os mundos virtuais e as modificações que neles podem ser realizadas. Os mundos
virtuais seriam imensos índices ou ícones gigantes girando em todos os sentidos”. (Lévy,
1998:33) Os signos icônicos e os indiciais estimulam a imaginação e criatividade permitindo
explorar e modificar os mundos virtuais.
Conforme Lévy (1998:34) destaca:
“ Quanto à linguagem, sistema tão aperfeiçoado de signos, não se reduz à condição de vetor
da comunicação, servindo também ao pensar. O uso de signos mais apropriado ao homem e,
queremos crer, o mais elevado, consiste precisamente em divisar possíveis, em imaginar realidades
virtuais. Tomados pelo pânico, os indivíduos são puros vetores de emoção, e cada qual age
exatamente como os outros. Mas, quando abstrai de sua experiência imediata, o indivíduo imagina
modelos mentais de diferentes ações possíveis, que projeta outros mundos na tela de sua
imaginação, deixa de ser um simples condutor (no sentido dado a esta palavra em eletricidade)
erigindo-se em centro de indeterminação, em fonte de virtualidades: ele pensou. Em nossa
perspectiva a memória é uma reserva de signos: signos gravados e recombinados pela língua, mas
também ícones mentais, criados e manipulados por essa grande fábrica de imagens.”
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...113
3..5.2-DESIGN DE MAPAS
Design– Para representar o design do mapa, é possível escolher algumas formas visuais
diferentes que permitem representar o mapa com mais significado. Às vezes é interessante
mapear livremente sem pensar na forma, outras vezes planejar o design antes de mapear pode
ser mais interessante para obter melhor resultado.
1. FORMATO REDE (Fig.54): inspirado na rede de neurônios, representa diversos centros nos
quais partem diversas conexões que se relacionam umas com as outras.
2. FORMATO TEIA (Fig.55): inspirado numa teia de aranha, representa articulação de diversos
elementos como se partissem do centro para as extremidades, porém permitindo conexões
diversas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...114
3. FORMATO SOL (Fig.56): inspirado no desenho do sol, representa um centro com conteúdo
chave que se ramifica como raios solares indicando diversas relações.
4. FORMATO ÁRVORE (Fig.57) inspirado numa árvore, esse design permite representar o
mapa como se fosse um conjunto de galhos que vão se ramificando de cima para baixo ou de
baixo para cima.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...115
5. FORMATO FLUXOGRAMA(Fig.58): inspirado em fluxos, organiza a informação de modo
linear ou circular.
6. FORMATO SISTÊMICO(Fig.59): inspirado em sistemas, esse design permite representar
um conjunto de elementos dispostos em um conjunto sistemas e subsistemas,nas quais um
contém o outro
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...116
7. FORMATO MANDALA (Fig.60): inspirado em mandalas, esse design permite organizar o
mapa como figuras geométricas diversas (circulares e geométricas).
8. FORMATO IMAGÉTICO(Fig.61): inspirado em imagens, esse mapeamento é realizado em
cima de uma figura de modo ser mais significativo na representação como um todo.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...117
9. FORMATO MULTIDIMENSIONAL (Fig.62): inspirado em figuras 3-D podendo também ter
como fundo do mapa fotos ou figuras. Este design permite representar não apenas relações
bidimensionais como também indicar as tridimensionais.
Fig 54 a 62 Fonte: http://classes.aces.uiuc.edu/ACES100/Mind/c-m2.html
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...118
3.5.3 -CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DE MAPAS
Quais os critérios para avaliarmos mapas no sentido de aprimorá-los e atingir objetivo
desejado? Quais as principais características de um bom mapa? Os mapas devem:
1. Oferecer abertura para explorar o novo, oportunidade para navegar no desconhecido e
reencontrar o percursotrilhado
Beltrina Atlas Posted: 18-05-2004 01:04 AM
Michel Serres dizia que sem uma planta, como visitar a cidade? Os mapas, feitos por nós,
sozinhos ou em grupo, vão ser os guias deste "conhecimento". Se nos perdermos por causa deles,
este sim será um bom critério, mas se nos acharmos, poderemos reencontrar o caminho. Mas
como vivemos em permanente mudança (ciências, métodos, aprendizagens, trabalho, laços
sociais...) como nos deslocarmos perdidos nos nossos lugares????
2. Facilitar a reflexão no decorrer de todo processo partindo dos conhecimentos prévios
DAL RE: Atlas Posted: 18-05-2004 09:35 AM
O mapear, tem como critério para avaliação, inicialmente o da "reflexão". Verificação se o
"observador/avaliador" compreende o mapa realizado. Seria esse um primeiro critério a
utilizarmos?
Precisamos de critérios para avaliação dos mapas realizados em pesquisa qualitativas. Partimos
da seleção do software? Este seria o primeiro critério? Outra questão que considero inicial: o
primeiro mapa deve ser elaborado conforme as funções subsunçoras dos mapeadores?
Ao término de qualquer mapeamento devemos ter como critério a reflexão ou como
Gadoti(1987) aponta "o pensar já é um auto avaliar" e, assim, o que escolhemos para nossos
mapas já recebeu o seu primeiro critério avaliativo?
3. Possibilitar identificação do processo do pensamento, do estilo e percurso cognitivo, das
associações e significados construídos
Silvia RE: Atlas / Critérios Posted: 18-05-2004 11:29 AM
Através dos WebMaps podemos avaliar estilos de navegação, caminhos percorridos para o
cumprimento de uma atividade proposta, estilos cognitivos, etc., etc.
Nos mapas conceituais pode se avaliar o nível de compreesão de um determinado conteúdo, as
associações significativas que foram construídas, etc.
4. Orientar um caminho que se constrói no caminhar
DAL RE: Atlas Posted: 19-05-2004 11:50 AM
É, Silvia, estou construindo no Nestor um mapa sobre Como avaliar construção de Mapas
Conceituais. Paralelo, leio textos e, produzo no Fórum minhas indagações e reflexões...Traço um
itinerário para melhoria de minhas funções subsunçoras...como não fazemos isto fica meio
complicado...o tempo esgota e aí...
O texto que estou me inspirando agora é o de Márcia HT de F. Lima profa. assistente do
Departamento de Doc da UFF/RJ: Reflexões em torno de uma ação pedagógica para a
competência profissional:mapas conceituais e avaliação qualitativa em ciências da informação.
Parece que neste texto encontramos dicas para acrescentarmos aos estudos realizados até aqui.
Bjos. Dal
5. Ter uma estética clara e conteúdo coerente, relevante e significativo, associações bem
definidas permitindo a construção do conhecimento e compreensão do processo
Fernando Avaliando Mapas Posted: 19-05-2004 05:57 PM
A avaliação pode ocorrer a partir de alguns ou vários enfoques. Poderíamos fazer uma avaliação
estética de um mapa. Por outro lado, podemos avaliar a coerência de um mapa: teria uma
correspondência real com o tema que representa ou mapeia?
Um mapa deve conduzir pelas trilhas de um território supostamente desconhecido pelo leitor,
mas explorado antecipadamente pelo cartógrafo. Se estiver confuso ou levar a objetivos
diferentes dos que propõe, pode não ter utilidade alguma. Isso nos indica um outro aspecto do
mapa que pode ou deve ser avaliado: clareza e/ou objetividade.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...119
O conteúdo é outro fator relevante. Informações objetivas, claras, coerentes, esteticamente
apresentáveis, devem primar por conteúdos cuja densidade ou leveza atendam às necessidades de
cada usuário específico.
O acesso às informações de seu conteúdo pode ser simplificado para que sua utilização seja
eficaz, enriquecendo e favorecendo o processo de interação cartográfica (se é que isso existe). Se
o caminho é linear ou não-linear, compete ao cartógrafo evidenciar as melhores indicações para
que a trajetória seja mais confortável, rápida e eficiente. De acordo com as reflexões que tenho
realizado, a cartografia cognitiva colabora no processo de conhecimento exatamente por atuar
também por meio de mecanismos de não-linearidade, nos apontando exatamente para uma lógica
pouco usual na prática da pesquisa qualitativa.
Sendo esta uma estrutura inerente à própria conformação mental do ser humano, não deixa de ser
uma descoberta valiosa para o pesquisador. No meu caso, aprendi uma nova técnica para lidar
com informações: busco estruturas e as deposito juntas num mesmo plano. Isto facilita o
entendimento e a compreensão do objeto analisado. O que me dizem a respeito?
6. Mediar os diferentes percursos de desorientação - orientação, desconstrução - construção e
conhecido- desconhecido rumo à construção do novo.
Beltrina RE: Atlas Posted: 20-05-2004 01:08 AM
Como "avaliar" as trilhas de cada um? Posso, como membro da academia, que tem regras as
quais ao entrar as assumo (não há jogo sem regras), analisar os caminhos percorridos que alguém
trilhou para chegar a um lugar pré-determinado (Problema de pesquisa). Exemplo: Se não
conheço uma cidade e preciso chegar ao seu marco zero, preciso investigar quais os caminhos
desejo percorrer para chegar até e nesse processo faço do guia meu "condutor". Poderia
"trafegar" por outros caminhos, talvez mais longos, tortuosos, congestionados etc., para chegar
ao mesmo lugar. Mas se a meta era chegar ao marco zero e isso foi feito, como "avaliar" esse
"trajeto"? Em função de quê? Eu, pessoalmente, igual a Walter Benjamin, prefiro me perder em
uma "cidade", talvez a frase dele nos inspire nesta nova etapa: "Não saber se orientar numa
cidade não significa muito. Perder-se nela, porém, como a gente se perde numa floresta, é coisa
que se deve aprender a fazer".
7. Seguir princípios de acordo com a técnica de mapeamento escolhida
Silvia RE: RE: Atlas Posted: 23-05-2004 06:16 PM
Dal, Acho que o texto de Marcia Lima da UFF me interessa, está disponível on-line ?
Tentando fazer uma síntese, poderíamos considerar alguns critérios básicos para avaliação de
Mapas Conceituais:
-quantidade / qualidade de conceitos
-quantidade / qualidade de links (enlaces, relações semânticas)
-estilo linear (seqüencial) / não-linear (modular)
Com referência aos WebMaps os critérios seriam similares:
-quantidade / qualidade de nós (sites, páginas, documentos)
- quantidade / qualidade de conceitos utilizados na estratégia da pesquisa (palavras chave e
operadores booleanos)
-estilo de navegação linear / não-linear
Quanto aos Mapas Mentais, como o modelo é mais rígido com estrutura pré-estabelecida (QUE,
COMO, PARA QUE, etc.) os critérios estariam mais relacionados à análise de conteúdo das
respostas a essas "perguntinhas" que, em princípio, parecem muito simples, mas
no caso de um projeto de pesquisa a falta de clareza e coerência nessas respostas pode significar
tempo perdido e até o fracasso da pesquisa por erros de delimitação do objeto que levam à
imprecisão dos objetivos, dificuldades na definição de opções metodológicas influenciando
assim a análise e interpretação dos dados coletados e, conseqüentemente, as conclusões ou
resultados obtidos.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...120
8. Considerar os limites e dentro do possível estar ciente das deficiências, sempre existem
aspectos citos não revelados nos mapas que não podem ser avaliados, para isso, outros
recursos devem ser considerados.
Tere RE: Atlas Posted: 20-05-2004 04:38 PM
Avaliar sempre foi uma tarefa difícil para quem trabalha na área pedagógica. Usamos como
critério normas pré-estabelecidas que são do conhecimento de todos. Isto é fundamental. Porém,
com isso, esquecemos do processo que cada um vai construindo: o mais lento, o mais rápido. Isto
ficou bem claro, no nosso curso, muitos no silêncio, estavam trabalhando. Mas como avaliar este
silêncio? Acabamos voltando aos critérios pré-estabelecidos. È necessário um mínimo de
atividades realizadas, para que se possa saber da produção individual. A aprendizagem é
significativa. Acho que é necessário avaliar o uso dos softwares, afinal o grande objetivo deste
curso foi aprender a manusear estas ferramentas. É claro que ainda temos dificuldades, mas
navegar com mapas é nossa meta.
9. Ser atrativos e úteis
DAL RE: Atlas Posted: 20-05-2004 05:47 PM
Voltando a Fernando, penso que um ponto fundamental dos critérios para avaliação de mapas
seria a ESTÉTICA. Tudo o que alegra aos olhos, motiva a conhecer melhor, concordam?
A utilidade para mim também ´´e importante. Percebe-se que o mapeamento é útil? Mas,
precisamos clarear a utilidade dos mapas, certo? são úteis para o quê? Para quem? Como
reconhecer se um mapa é útil?
10. Trazer sentido, oferecer uma representação a contento do cartografo e dos navegadores
decorrente do bom uso tecnológico, metodológico e epistemológico
Tere RE: Atlas Posted: 21-05-2004 04:37 PM
Dal os mapas são úteis quando ajudam o aluno a organizar suas idéias. O significado e o sentido
que o aluno dá ao seu mapa é importante. Mas ele tem que ser inteligível aos outros. Agora, sinto
que na construção dos mapas, as vezes quero colocar alguma coisa, mas não consigo. É falta de
domínio completo dos softwares. Quem sabe no encontro presencial estas dúvidas serão
resolvidas.
11. Ser bem dimensionado, quando tiver vários elementos é necessário subdividir em
múltiplos níveis, para isso as relações devem ser bem claras entre elementos e submapas.
DAL RE: Atlas Posted: 22-05-2004 12:25 PM
É isto mesmo...temos que fazer escolhas e dominar bem a ferramenta. Vou reformular o mapa do
meu projeto...utilizar critérios conhecidos da Metodologia científica que não utilizei....Fiquei
preocupada em que ele crescesse muito e aí...deixei-os de lado. Melhorei somente um pouquinho,
o primeiro..amanhã conte as novidades e dê dicas aprendidas no Presencial, certo?
12. Facilitar a análise e síntese, planejamento e sistematização com base num contexto e
vistas ao horizonte a ser alcançado
pmelo RE: Atlas Posted: 26-05-2004 10:57 PM
Avaliar é uma prática saudável, pois, existe uma tendência de melhora em tudo que avaliamos,
pois, a crítica construtiva é colaborativa quando ouvimos o outro.
O mapa permite a síntese do planejamento, ou seja, tal qual, no uso da engenharia (PERT CPM),
onde se busca o caminho crítico, ou seja, existe a possibilidade de avaliar as diversas variáveis
que vão influenciar o resultado e abstrair o plano do nosso coração, passar pela nossa mente e
poder explicitar de forma clara, objetiva e precisa, porém, deve-se ter em mente que a verdade de
ontem nem sempre é válida para hoje, então, devemos avaliar sob o ponto de vista da
contextualidade.
13. Ser a semente e o fruto num processo de investigação
200.212.174.2 DAL CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DE MAPAS
Posted: 27-05-2004 02:43 PM
O mapa demonstra o holomovimento realizado pelo mapeador, certo? Está claro no mapa o
movimento realizado em sua construção? Ou seja: 1) Possui título?2) O que objetiva o mapa?
apresenta sistematização do tema?3) Fundamentação teórica consistente? 4) Contribui para quem
o Lê? 5) É fruto de um projeto de investigação?
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...121
3.6 - SOFTWARE PARA MAPEAMENTO
Estamos diante de um oceano de informações que se modificam a cada segundo. Isso
requer uma reflexão constante para atualização necessária sem nos perdermos nesse dilúvio
caótico de dados. Muitas vezes, ondas nos levam sem sabermos para onde estamos indo.
Neste contexto, softwares para mapeamento trazem grandes contribuições não como um
meio de orientação, mas também, como um processo de construção de sentidos e significados.
A quantidade inassimilável, atualização constante e diversidade de dados mostram que
dominar um assunto não é mais deter todas as informações, mas sim, saber onde e como
encontrá-las, organizá-las, articulá-las e apreender seu significado. Neste sentido, a idéia de
mapear a informação, traçar rotas, selecionar e articular o que é relevante seja talvez o modo
de saber trilhar na maré imensa de informações.
Existem vários softwares que permitem construir mapas. Alguns são gratuitos e podem
ser instalados facilmente.
Software Sites para download
Nestor Web
Cartographer
http://www.gate.cnrs.fr/~zeiliger/nestor/nestor.htm
Inspiration. http://www.inspiration.com
Cmap tools http://www.uwf.com
Axon Idea Processor 5.0 http://web.singnet.com.sg/~axon2000/article.htm
Decision Explorer http://www.scotnet.co.uk/banxia/demain.html
SemNet Research Group http://apple.sdsu.edu/logan/SemNet.html
MindMan http://mindman.com
CoCo Systems http://www.coc.co.uk
Activity Map http://www.timesystem.com
TextVision / TekstNet http://130.89.41.31/textvisi.htm
SMART Ideas http://www.smarttech.com/smartideas.htm
EGLE ftp://ftp.std.com/ftp/vendors/emagic/mindmap/mindmap.zip
COMPENDIUM http://www.compendiuminstitute.org/download/download.htm
Tabela 18: Softwares para download
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...122
3.6.1 - CMAP TOOLS
O Cmap Tools foi desenvolvido pelo IHMC- University of West Florida, sob a
supervisão do Dr. Alberto J. Cañas. É um software que permite construir, navegar,
compartilhar mapas conceituais de forma individual ou colaborativa. Além disso, seu
download é gratuito e utiliza tecnologia Java, podendo ser executado em várias plataformas.
Fig 63. Tela do software CMAP
Ao clicar na tela, surgem retângulos que podem conter conceitos. Para isso, basta digitar
um termo ou sentença dentro do retângulo. Essas caixas conceituais podem ser interligadas
por linhas. Estas conexões podem ser explicitadas com uma descrição da relação. Nos mapas
podem ser inseridos links para texto, figuras, vídeos, sons, vídeos e URLs, e também apontar
para outros mapas que possuam alguma relação entre os conceitos.
O software está dividido em duas áreas principais. O “CMap Tools” é utilizado para
criar os mapas conceituais. É o local onde o usuário desenvolverá todo o seu trabalho de
elaboração e poderá salvar seu mapa no seu micro. O “CMap Server” é utilizado para salvar
os mapas na web. Os mapas podem ser salvos no formato html e JavaScript e armazenados
em servidores locais ou distribuídos.
No CMap a organização dos mapas é agrupada por projetos que poderão conter vários
mapas. Esses projetos estão contidos em pastas e podem conter sub-pastas. Nas pastas,
podem existir vários arquivos de mapas e de recursos (arquivos de figuras, sons, textos,
planilhas e vídeos).
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...123
Os recursos para tornar o mapa mais atraente são também diversos. No Cmap é possível
alterar cores, tamanho, tipos de objetos, letras e linhas. Outra forma de deixar o mapa mais
atrativo é inserir figuras, imagens e fundos coloridos. Além disso, é possível criar mapas
dentro de mapas estabelecendo conexões entre diversos arquivos do cmap.
Fig. 64 Alterando recursos de linha no CMAP
Quando o usuário salva o mapa na web, permite que o mapeamento possa ser construído
por outros usuários também. Eles podem abrir esses arquivos, alterar e registrar comentários
sobre o que foi feito. Nos mapas construídos, é possível adicionar fóruns de discussão,
permitindo que opiniões sobre o assunto possam ser registradas.
Outra aplicação interessante é a elaboração de um banco de mapas de um aluno ou
grupo, no qual é possível observar as fases de crescimento pelas quais vão avançando. Ao
salvar as diversas versões dos mapas, do ponto inicial ao final, percebemos o processo de
mapeamento. Como os mapas foram sendo construídos no decorrer da trajetória.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...124
O Cmap tools possui recursos para construir mapas coletivamente através de uma área
de acesso comum entre usuários. Essa área compartilhada pode ser num servidor particular
como do servidor público do próprio IHMC.
Fig. 65 Mapa coletivo compartilhado na web
O Cmap permite também incluir imagens, figuras, gráficos, planilhas arquivos de
documento e vídeo
Fig. 66 Mapa servidor público do próprio IHMC
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...125
3.6.2 - NESTOR WEB CARTOGRAPHER
O Nestor Web Cartograher é um software desenvolvido no Centro de Pesquisa Nacional
Científica em Lyon-França por Romain Zeiliger. Sua instalação pode ser feita através do
download gratuito. Com o Nestor é possível elaborar mapas conceituais, mapas da mente,
mapas web.
O Nestor permite registrar o caminho de navegação na Internet através de mapas
(pontos e setas que indicam respectivamente endereços de sites e a seqüência de navegação).
Este software, além de possibilitar a organização de endereços de sites significativos (apagar,
mover, relacionar, agrupar), possui uma série de recursos para trabalhar com o conteúdo das
páginas web (selecionar informações, destacá-las, reagrupá-las num novo texto, localizar
palavras-chave, construir novos sites). Mais do que um cartógrafo da Internet é também um
software para o aprendizado colaborativo.
A organização da leitura de dados da Internet pode ser realizada através dos mapas de
navegação, classificação, ampliação e compactação de áreas do mapa, destaques nas páginas
web, palavras-chave, inclusão de outros tipos de documentos no mapa e guia de orientação de
navegação (‘tour’). A organização da reescrita pode ser efetuada com editor de página web,
bloco de anotações, área de transferência (‘bag’), histórico de palavras-chave, agenda.
Segundo Esnault e Zeiliger (2000),
O processo de aprendizado é um caminho complexo que possibilita aprendizes se envolverem de
um estágio inicial do conhecimento para um outro estágio mais rico”. Neste processo, a aquisição
de informações, qualificação, classificação, armazenamento, combinação são apenas alguns passos
entre muitos outros. Vários autores têm apresentado que o processo de aprendizado é intensamente
enriquecido através do trabalho construtivo (aprendendo fazendo) e do trabalho colaborativo
(aprendendo fazendo com os outros). O processo de aprendizado então, transforma-se numa
complexa rede de trabalho entre aprendizes e professores, informações, ações e conhecimento para
produzir um novo conhecimento.”
Como é destacado por Harper (2000),
A interpretação da informação não acontece apenas durante a leitura: é uma atividade que ocorre
dentro de um processo. O conhecimento das coisas provém de um contexto de leitura. A leitura
dos documentos da Web requer que os usuários desenvolvam um sistema específico de
interpretação através dos quais possam construir o contexto durante a leitura.”
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...126
A sua interface é bem simples e facilmente é possível reorganizar informações de modo
a transformar o mapa de navegação (webmap) num mapa mais significativo. O NESTOR foi
projetado para promover uma aproximação construtivista à navegação da Web. À medida que
o usuário navega na web se transforma em cartógrafo, ou seja, de leitor se torna um autor -
produtor de conhecimentos.
O software NESTOR é gratuito e sua instalação pode ser feita através do download no
site:http://www.gate.cnrs.fr/~zeiliger/nestor/nestor.htm
Após a instalação, ao executar o software, surgem algumas opções de trabalho
[groupware] para interação num grupo específico ou [no groupware] opção mais utilizada
pelos usuários da web. Em seguida, aparecem três janelas do software: à esquerda o
cartógrafo, à direita o browser, e abaixo anotações.
Fig.67 – Nestor Web Cartographer: mapeador, navegador e editor
Quando iniciamos uma navegação no browser, automaticamente aparecerá um webmap
registrando todos os Urls (endereços das páginas web) que são acessados. O webmap
representa nossa experiência de navegação através dos nós e das ligações que trilhamos. Ao
acessar uma página interessante, é possível sublinhar os parágrafos mais importantes, destacá-
los com sombras coloridas como um pincel de marca-texto e também incluir anotações.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...127
I- Da navegação experiencial à navegação conceitual
Uma das grandes vantagens do software é possibilidade de editar o webmap, as
anotações e também novas páginas html. Desse modo, podemos reorganizar a disposição
automática de modo a transformar o mapa de navegação num mapa mais significativo. Para
facilitar a organização do webmap, alguns recursos podem ser utilizados:
a lixeira para exclusão/deleção do que não é relevante (lixo),
o “bag” para guardar informações selecionadas das páginas web,
Desse modo, a experiência inicial de navegação é transformada em uma estrutura
conceitual visando dar significado às informações navegadas. Ao organizarmos nossa
navegação, nosso mapa inicial que parecia caótico contendo todo o percurso navegado
experiencial é transformado num mapa mais conceitual. No estágio final, podemos usufruir do
mapa conceitual onde quase nenhum sinal de nossa experiência de navegação permaneça. O
processo de mapeamento facilita a compreensão de nossas estruturas mentais.
Por um lado, pautamos-nos fortemente no contexto e na experiência para lembrar e
resgatar o processo e os dados. Assim, durante a pesquisa na Web podemos recorrer à nossa
experiência de navegação para encontrar alguma informação visitada. Esta é uma das
utilidades dos mapas inicialmente construídos.
Por outro lado, as estruturas conceituais permitem compreender mais os mapas que
compartilhamos porque facilitam nossa visualização, articulação e conexões entre dados. A
seleção do que é relevante e o acesso muito mais rápido facilitam a reconstrução das
informações segundo nossa interpretação.
O mesmo mapa pode ser organizado em diversos estilos mais experienciais (mapa A)
ou conceituais (mapa B). As mesmas ligações podem sugerir diversos tipos estruturas
heterárquicas ou hierárquicas. O status das ligações pode deslocar a Relação-Experiencial
para Relação-Conceitual.
II- Do navegante ao autor
Uma outra grande vantagem do NESTOR é possibilidade de publicar o webmap, as
anotações e também as páginas html editadas. Os usuários navegam muito mais rápido com os
webmaps, pois tem acesso a todos links já visitados, selecionados e organizados.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...128
Além de visualizar e acessar a informação como mais facilidade e agilidade, podem
criar novas páginas web, com anotações, imagens e inclusive com os mapas. Além dos mapas
facilitarem a investigação na Internet, incentivam o leitor a se transformar em um AUTOR na
Web.
Os mapas de NESTOR são os espaços pessoais da informação onde podemos construir
também páginas na Web. Os mapas que são arquivos do tipo MAP podem ser convertidos em
arquivos HTML e então, publicados na Internet.
O NESTOR foi projetado para promover uma aproximação construtivista à navegação
da Web. À medida que o usuário navega na web se transforma em cartógrafo, ou seja, de
leitor se torna um autor - produtor de conhecimentos. Neste processo, quatro estágios são
importantes:
1- navegar e selecionar o que é relevante no mapa.
2- configurar o mapa de navegação de modo mais significativo.
3- organizar áreas conceituais.
4- socializar os mapas possibilitando a troca de informações com outros navegantes.
Utilizando o software NESTOR
I - Iniciando a navegação
Clique na caixa de endereço na parte superior da janela do browser e digite um endereço
dentro dela, iniciando com http://www...., e tecle enter. Ou então, clique no menu ferramenta
“Tools” e selecione um dos sites de busca sugeridos Yahoo, AltaVista ou outros.
A janela de browser do NESTOR é muito similar ao do Internet Explorer. As opções
são idênticas. É possível ir “para trás” e "para frente", parar, atualizar, etc. Além disso é
possível utilizar o mapa para navegar nos endereços visitados. Para isto, basta clicar nos
ícones que representam os endereços visitados.
Inicialmente, os ícones são círculos azuis, sendo que a cor vermelha é utilizada para
representar no mapa o local atual que aparece no browser. É possível mover cada objeto
individualmente ou um conjunto, arrastando-o com o mouse para o local desejado no
mapa.Para deletar o que não é importante, basta arrastar para a lixeira, ou então, clicar com o
botão direito do mouse sobre o link indesejado e deletar.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...129
Fig.68 Nestor Web Cartographer: Navegando e construindo um webmap
II -Reorganizando a navegação
Para alterar atributos de objetos, no mapa do NESTOR, dê duplo-clique ou com o botão
direito do mouse no objeto que deseja alterar, clique em propriedades - "properties":
Aparecerá, então, a caixa de diálogo das propriedades e você poderá configurar o objeto
alterando: título, ícone e até mesmo o URL (endereço).
Para reorganizar melhor o mapa, diversos objetos podem ser utilizados:
Document: permite criar um documento pessoal, uma página HTML .
Keyword: permite criar palavras-chave, facilitando a localização de termos
essenciais no documento atual.
Mapa: permite criar submapas dentro de mapas, compactar e descompactar parte
do mapa. É muito útil quando o mapa é muito grande.
URL: permite inserir um novo URL no mapa, um endereço da Web que você não
está relacionado com o site incial de navegação.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...130
Memo: permite criar uma anotação sobre a gina web escolhida. Cada Url no
mapa pode ter uma anotação.
Concept ou shape: permite criar áreas conceituais para agrupar Urls
selecionados. E também permite inserir imagens no mapa.
O processo de aprendizado é um caminho complexo que possibilita aprendizes se
envolverem de um estágio inicial de exploração de informações para um outro estágio mais
"rico" reconstrução de conhecimentos. Durante esse processo, a aquisição de dados,
qualificação, classificação, armazenamento, combinação são apenas alguns passos entre
muitos outros. Esse processo de aprendizado é intensamente enriquecido através do trabalho
construtivo (aprender fazendo) e do trabalho colaborativo (aprender fazendo com os outros).
(Eklund, Sawers e Zeiliger,1999).
A interpretação da informação não acontece apenas durante a leitura: é uma atividade
que ocorre dentro de um processo interativo, onde a dialogicidade é fundamental. O
conhecimento das coisas provém de um contexto de leitura e da discussão desse contexto. A
leitura dos documentos da Web requer que os usuários desenvolvam um sistema específico de
interpretação através dos quais possam construir o contexto durante a discussão. Isto
possibilita a construção de uma complexa rede de trabalho entre aprendizes e professores,
informações, ações e conhecimento para reconstruir novos significados.
Os mapas podem ser construídos coletivamente, trocados e publicados na Web. Além
disso, através de seus recursos síncronos (Chat) e assíncronos (agenda de mensagens) é
possível maior interação no próprio ambiente; como também elaborar projetos coletivos
utilizando alguns instrumentos para grupos de trabalho.
Na Internet existem milhares de dados que vão se transformando, ampliando a cada
segundo. Durante a leitura é fundamental que o leitor construa seu próprio contexto
2
articulando as informações que aparecem na web (durante uma navegação intencional ou não)
para apreender o significado. Do grande universo de dados na Internet, enfatizamos que o
ínfimo conjunto que aparece na tela do leitor não é informação. Muito do que o leitor na
tela durante a navegação da Internet passa totalmente desapercebido.
2
Contexto refere-se a todos os elementos que situam o indivíduo em um lugar no tempo e no espaço. O contexto
é uma circunstância que possibilita o leitor identificar uma informação naquele dado momento.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...131
Somente quando o leitor “enxerga” o dado, ou seja, vê, percebe e atribui algum valor,
interesse ou finalidade, torna-se uma informação.
A navegação é um processo de tomada de decisão. Cada “clique” num “link” da tela é
uma escolha feita pelo usuário. E este movimento é realizado dentro de um contexto que pode
ser estabelecido inicialmente por um desafio, uma necessidade ou uma curiosidade.
Entretanto, devido a própria característica do espaço virtual, estrutura hipertextual que
possibilita multilinearidades, o contexto pode ser transformado durante a própria navegação.
Fig.69 Nestor Web Cartographer: busca e pesquisa
O fato de registrar o caminho (das partes para o todo = mapa) possibilita o leitor refletir
posteriormente sobre a sua trajetória (do todo para as partes). Estas duas dimensões são
fundamentais para compreender, fazer as articulações, buscar a coesão, a inter-relação.
Assim, o conjunto de informações articuladas permite que novos significados sejam
apreendidos possibilitando a ampliação da rede de conhecimentos deste leitor.
Segundo o autor do software, Romain Zeiliger (2000),
“O Nestor Web Cartographer foi construído baseado no princípio que o caminho
individual no espaço informacional reflete e representa o contexto, e isto permite
que o espaço seja personalizado conforme os interesses do indivíduo ou de um
grupo.”
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...132
No software Nestor, o ciberespaço pode ser não só personalizado conforme os interesses
e contexto do leitor, como também ele por recriar um novo espaço decorrente deste processo.
Com o software Nestor, podemos observar num primeiro momento, o que foi
considerado como “informação” através dos destaques realizados nas páginas web, os
endereços relevantes que se mantiveram no mapa, os dados que foram selecionados para área
de transferência (“bag”) e as palavras-chave criadas.
Fig.70 Nestor Web Cartographer: comentando e analisabdo sites
Todos estes elementos, organizados segundo os critérios do usuário, podem ser
articulados com outros recursos deste software. No mapa, por exemplo, a representação dos
elementos e conexões (a ordem do caminho navegado) pode ser alterada.
Novos links podem ser criados, os endereços, os documentos e outros arquivos do
mapa podem ser agrupados, compactados, ampliados em novos mapas possibilitando a
construção de múltiplos níveis de encadeamento das informações. Além disso, em cada ponto
do mapa podem ser registradas anotações sobre o conteúdo do tópico abordado e sobre as
relações com outros pontos do mapa.
No segundo momento, podemos ver na representação gráfica do mapa, e nas anotações
quais foram as articulações criadas pelo leitor com as informações que encontrou durante a
navegação e com suas experiências ou seus conhecimentos prévios.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...133
Todas as articulações e informações podem ser sintetizadas num documento criado pelo
leitor, inclusive o próprio mapa de navegação pode ser inserido neste arquivo e também,
publicado na Internet.
No terceiro momento, é possível identificar neste documento o que foi sintetizado pelo
leitor-escritor, quais foram as interpretações, reflexões elaboradas neste processo, o que
realmente ficou dessas interconexões.
Todo o processo pode ser enriquecido com a troca de informações nos três momentos.
No Nestor é possível enviar endereços, mapas, textos, arquivos, mensagens, e-mails, etc. Esta
troca pode ser realizada tanto no modo assíncrono (por exemplo, através co correio
eletrônico) como no modo síncrono (por exemplo durante o ‘chat’ )
A aprendizagem colaborativa enriquece a construção do conhecimento, pois amplia o
olhar, a visão, a percepção, a reflexão, a indagação de cada indivíduo.
Assim, é possível trabalhar com o Nestor numa construção coletiva de um projeto
coletivo, ou então, com uma rede coletiva de projetos individuais e, ou grupais.
Fig.71 -Tela do Software Nestor Workgroup
Mapas de navegação no curso (a esquerda) Participantes do curso Moodle - Oficina 2006 na web (a direita)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...134
3.6.3 - COMPENDIUM
Inicialmente este software foi criado no laboratório de pesquisa da Verizon nos
Estados Unidos em 1993. Depois, passou a ser desenvolvido no Knowledge Media Intitute
na Open University, Inglaterra sob a coordenação de Simon Buckingham Shum. O
Compendium é um conceito semântico de software para mapa hipertextual, criado para
gerenciar a informação, gestar conhecimento, simular modelos de resolução de problemas,
organizar discussões argumentativas através de mapa. (Kirschner, Shum Buckingham e Carr,
2003).
O Compendium pode ser usado tanto individual como em grupo para facilita o
processo de desenvolvimento de novas idéias, delimitação de objetivos, novos
questionamentos, associação de conceitos lógicos e construção de cenários colaborativos.
No Compendium diversas mídias podem ser mapeadas: vídeo, texto, páginas da web,
figuras, tabelas, gráficos, som. Para isso, basta arrastar as referências para dentro do mapa.
Inclusive durante a exportação ou importação dos mapas todos os documentos mapeados são
incluídos, permitindo transferência simples e rápida.
Uma das características inovadoras do software é a habilidade de categorizar a
informação. Para isso, o software oferece um conjunto de tipos diferentes de "nós" para
representar pergunta, idéia, argumentos, contra-argumentos, referências, notas e comentários,
decisões e lista. Esta classificação de elementos no mapa permite organizar melhor o
conteúdo permitindo uma leitura mais fácil e compreensão mais simples do assunto
explorado. Esse processo facilita também a discussão argumentativa.
Além de ícones, uma outra forma de categorizar dados é através de um conjunto de
Tags que pode ser definido conforme a intenção do usuário. As tags são palavras-chave para
marcar a classificação dos elementos contidos em diversos mapas. Através das tags novos
mapas podem ser automaticamente construídos facilitando os processos de busca,
agrupamento, combinação, comparação e integração.
Diferente de outros tipos de mapas, os elementos no Compendium são frases (e não
palavras). As frases são, então, representadas tanto através de ícones como também por
diversas tags e inclusive com área para registro de observações. Desse modo, os usuários são
provocados para criar idéias novas e pensar através de perguntas e suposições, argumentos e
contra argumentos, similaridades e contradições, acordos e discordâncias, evidências e
fundamentações. Todos esses elementos conduzem tanto para análise mais consistente como
síntese mais coerentepossibilitando conclusões com maior fundamentação. Por dois motivos.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...135
Primeiro, porque é possível visualizar a estrutura argumentativa tanto global e como
específica permitindo então, focar melhor o mapeamento. Segundo, porque é possível
explorar diversas combinações e associações entre os elementos facilitando reflexão das
diversas estruturas a partir de vários ângulos. Essas múltiplas perspectivas possibilitam uma
construção mais fecunda e criativa do mapeamento.
O Compendium foi construído com base no modelo IBIS Issue-Based Information
System Sistema de Informação baseado em tópicos. IBIS é uma gramática retórica
estruturada com base em três elementos básicos: perguntas, idéias e argumentos. Um mapa
argumentativo com base IBIS usa estes elementos para representar problemas, sugerir
soluções e julgá-las através de prós e dos contras. Os diferentes pontos de vista podem ser
representados e conectados claramente visando também maior coerência. Mapas no
Compendium são muito úteis para compreender áreas complexas do conhecimento e em
processos de tomada de decisão.
O mapeamento no Compendium focaliza inferências através de raciocínios e
reivindicações baseados em evidências e posicionamentos. Com isso, os mapas
argumentativos possibilitam a exploração com mais profundidade, diversidade e flexibilidade
de diversos componentes: questões, respostas, referências, crenças, valores, opiniões,
argumentos, contra-argumentos, decisões e conclusões.
A construção do mapa é mais flexível, não porque os recursos técnicos são fáceis,
mas também porque oferece vários recursos para edição. Um desses recursos é a transclusão,
no qual elementos são copiados em diversos mapas, no entanto, quando é necessário fazer
uma alteração, basta editar o elemento num dos mapas, que automaticamente a mudança
aparece em todos os mapas.
O Compendium é bem utilizado para organizar debates online como por exemplo
estudos da Nasa, discussões colaborativas em diversas Instituições e ONGs como ILOAIDS.
(Sevin, Conklin, Buckingham Shum, 2003) Além disso, Compendium pode ser também
aplicado para estudo de referências de documentos como, por exemplo, debate argumentativo
sobre Guerra do Iraque.(Okada e Buckingham Shum, 2003)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...136
Exemplos de mapas feitos no Compendium
Fig. 72 - Mapa do Debate da Guerra do Iraque contendo submapas dos textos de especialistas contra a guerra
Fig. 73 - Sistema de busca para seleção no Compendium 30 argumentos foram encontrados sobre armas de
destruição de massa de especialistas a favor da guerranum conjunto de 300 pressupostos.
Fig. 74 - Confronto de posicionamentos de especialistas a favor da Guerra – Cada ícone do mapa permite
identificar como foi categorizado, as referências e comentários pessoais
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...137
3.7 - OQUE É INVESTIGAÇÃO?
Investigação do latim investigare tem origem na palavra vestigium e se refere ao
processo de responder uma pergunta ou resolver um problema através da coleta de vestígios
ou pistas. No entanto, para compreendermos o significado de investigação e de cartografia
investigativa, é necessário considerarmos alguns aspectos importantes do passado e do
contexto atual.
O ato de investigar existe desde o início da humanidade. O ser humano desde a sua
origem investiga visando manter sua existência e aprimorar sua qualidade de vida. Esse é um
dos aspectos que o difere dos outros animais. A transição entre o hominídeo (Homo helmei) e
o homem (Homo sapiens) surge segundo Oppenheimer (2003:98) no processo de
transformar pedras em instrumentos visando trazer benefícios maiores. Essa capacidade de
investigar questionar e buscar soluções de modo consciente e intencional para lidar com
questões da sobrevivência é considerado um marco histórico do surgimento do ser humano.
A investigação identificar problema, observar, coletar vestígios, questionar, pensar,
comunicar e encontrar as melhores soluções sempre foi e é essencial para o ser humano
sobreviver e também melhorar a sua qualidade de vida.
Com o passar do tempo e principalmente com o desenvolvimento da linguagem, o
processo de investigação foi se desenvolvendo cada vez mais. A linguagem tem um papel
essencial para o ser humano, nas suas ações, no seu processo de formação e desenvolvimento
de suas habilidades incluindo sua capacidade de investigação. A linguagem, seja oral,
gestual, ou gráfica, é o meio no qual o humano expressa seu ser, sentir, pensar, agir, viver.
A concepção de si e do mundo são constituídas através da linguagem.
A linguagem oral possibilitou a construção do pensamento e a transmissão de
conhecimentos (troca de experiência, discussão, explicações). No entanto, muito do saber
construído era destruído com morte do sábio. Na idade Antiga, com a invenção da escrita, as
informações podiam ser registradas e se manter no tempo. O conhecimento existente podia ser
resgatado servindo como base para fundamentar futuras investigações, e com isso produzir
mais conhecimentos.
Além disso, com a queda das civilizações míticas, o conhecimento como construção
humana e não mais divina passou a ser valorizado. Principalmente, com os filósofos, o
processo de investigação começou a ser definido e aprofundado.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...138
crates destacou a importância de investigar através do questionamento ao criar o
método da maiêutica – procedimento que se inicia com questões e por questões se conduz. O
ponto de partida e desenvolvimento das investigações eram as perguntas que geravam
respostas e por sua vez novas perguntas até atingir a essência dos conceitos.
Para Platão, a investigação ocorria através da dialética como instrumento para alcançar a
verdade, no qual os interlocutores defendiam seus pensamentos buscando livrar-se das
crenças. As idéias eram refinadas através dos argumentos e do abandono das opiniões
contraditórias. A essência-verdade estava contida no sujeito (subjetivismo) e poderia ser
encontrada numa lógica dedutiva (partindo do todo verdade absoluta para fundamentar as
partes). Investigar era buscar o conhecimento racional dedutivo e demonstrativo, capaz de
comprovar a verdade necessária e universal de seus enunciados e resultados sem deixar
sombra de dúvidas. O objeto seria as representações intelectuais lógicas e as experiências
científicas seriam realizadas apenas para verificar e confirmar as demonstrações teóricas, e
não para produzir conhecimento do objeto. Platão deu origem ao racionalismo, subjetivismo e
dialética. Seus futuros seguidores: S. Agostinho, Descartes e Kant.
em Aristóteles a investigação se dava através da observação do objeto (objetivismo),
da articulação das suas propriedades, características e funcionamento. As experiências não
tinham simplesmente o papel de verificar e comprovar os conceitos, mas sim de produzi-los.
E para isso, a sensação, percepção, imaginação, memória, linguagem, raciocínio e intuição
seriam importantes como meio de buscar o conhecimento de forma contínua, sem a ruptura
entre o conhecimento sensível e o intelectual. O mundo físico não poderia ser isolado do
mundo das idéias. Investigar era buscar as causas através da percepção sensorial, e para isto,
era preciso experimentar seguindo o método indutivo (juntar as partes para compor o todo) ou
abdutivo (questionar, formular hipóteses, reunir indícios e evidências para elaborar
conclusões). Deu origem ao empirismo, ao objetivismo e à lógica. Seus futuros seguidores
foram: S. Tomás de Aquino e Francis Bacon.
Com os seguidores de Aristóteles e Platão, o racionalismo e empirismo prevaleceram
por muitos anos da história constituindo-se em duas grandes vertentes para teoria do
conhecimento e também, conseqüentemente, referenciais para o processo investigação. O
modelo racional-subjetivista, considerava que investigação ocorre partindo do sujeito e de seu
processo cognitivo decorrente da razão. O modelo empirista-objetivista concebia a
investigação como um processo decorrente da comprovação dos fatos mediante cuidadosa
observação.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...139
Em ambas as concepções, a noção de sujeito e de objeto tem base a-histórica, estática e
sincrônica. Significa que o sujeito cognoscente é concebido fora dos limites espaço-temporais
e a ele somente é permitido investigar o mundo, objetivamente, através de uma racionalidade
conceitual e abstrata (racionalismo) ou através de experiência de fatos concretos (empirismo).
Principalmente, do século XV ao século XIX os paradigmas dominantes permaneceram
como verdades absolutas. No entanto, no século XIX começaram ceder seu lugar aos
paradigmas emergentes.
No paradigma dominante, o conhecimento era definido como objetivo e explicativo
baseado na eternidade, no determinismo, no mecanicismo, na reversibilidade, na certeza, na
ordem e na estabilidade. Na Idade Moderna, baseado nos princípios de Descartes o mundo é
visto como um sistema mecânico onde os fenômenos ocorrem independentemente do sujeito
pensante e investigar o objeto de estudo seria possível através do pensamento (razão)
lógico e com validade universal
No paradigma emergente, outros aspectos passam a ser considerados, conhecimento
intersubjetivo e compreensivo, pautado no inacabamento, na espontaneidade, na auto-
organização, incerteza, desordem e imprevisibilidade.
Com essa passagem dos paradigmas dominantes para os emergentes, as metodologias
de investigação passaram a conceber novas relações entre sujeito e objeto. Novos olhares são
atribuídos para o sujeito e o objeto cuja visão não mais os têm como distantes e separados.
Em vez da separação entre sujeito-objeto e humano-não-humano, o paradigma emergente
começa a valorizar a integração entre sujeito-sujeito, humano-natureza, observador-
observado.
Desse modo, o processo de investigação passa a considerar as relações entre sujeito e
objeto, sujeito e sujeito - decorrentes das interações entre ambos e de ambos com seu
contexto - histórico-social, temporal-espacial. Isso implica em considerar o investigador como
sujeito que interage , constrói e dialoga com o objeto.
Muitas mudanças marcam o mundo atual. Vários termos têm sido utilizados para
caracterizar esse momento de transformações, por exemplo, período pós-moderno, pós-
colonial, pós-industrial, era da globalização, sociedade do conhecimento. Nesse cenário
dinâmico e complexo, alguns fatores trazem grande repercussão na área de pesquisa. Como o
investigador deve se preparar para enfrentar o contexto sócio-histórico atual? Como a
cartografia poderá ajudar nesse sentido?
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...140
3.8- A INVESTIGAÇÃO NO CONTEXTO ATUAL
Alguns autores destacam mudanças que marcam o período pós-moderno (Drucker,
1993; Kuhn, 1962; Naisbitt, e Aburdene, 1990; Toffler,1990; Best e Kellner,1991;
Touraine,1994). Baseados em algumas características do período pós-moderno sinalizadas por
estes autores, destacamos algumas implicações e necessidades na área da pesquisa.
Mudanças Implicações e necessidades
Grande aceleração de avanços científicos. Acompanhamento das mudanças e atualização
constante.
O rápido desenvolvimento tecnológico. Domínio da tecnologia, visão crítica do seu uso.
Avalanche de informações e o excesso de
dados diversos e dissociados, fragmentação
de saberes, campos disciplinares isolados.
Seleção e conexão de informações relevantes,
produção de sentido e significado, restabelecimento da
unidade do conhecimento articulado com a prática
Realidade cheia de incertezas e desordens.
Acontecimentos imprevisíveis, diversidade,
circunstâncias complexas...
Habilidades para lidar com desafios, resolver
dificuldades imprevistos e tomar decisões.
Mudanças de paradigmas epistemológicos
paradigma dominante para paradigma
emergente.
Novos modos de conceber e construir conhecimento,
problematização e apreensão da realidade partindo de
múltiplas dimensões do ser humano, cognitivas e
afetivas.
Abertura do conhecimento científico,
relativização das certezas, articulação de
áreas diferentes do conhecimento.
Visão crítica, conhecimento científico articulado com
saber prático, valorização de experiências
intersubjetivas.
Sistema de produção enxuta: produtos e
serviços personalizados e redução de estoque,
diversidade de consumo e de canais de
comunicação, rapidez na circulação de
informações.
Trabalho com pesquisa, aprendizagem colaborativa,
gestão do conhecimento, pensamento estratégico e
desenvolvimento de competências técnicas.
Multiculturalismo, novos sujeitos sociais
movimentos e organizações, multiplicidade
de identidades culturais e linguagens.
Abertura a diversidade, autonomia, pensar global e
agir local. Formação do potencial cognitivo, afetivo e
social. Sujeitos ativos, autores, construtores e
transformadores de sua história pessoal e coletiva.
Busca da integralidade do ser, da
compreensão da unidade sujeito-objeto, ser-
mundo.
Rompimento da visão fragmentada entre sujeito e
objeto, ser e mundo. Desenvolvimento de olhar mais
amplo, compreensível, perceptível às unidades e
interdependências.
Relativismo cultural visibilidade à diferença,
às culturas locais, às subjetividades e
singularidades de cada grupo social e seus
sujeitos.
Compreensão da diversidade e de diferentes valores e
práticas específicos de cada cultura que variam no
espaço e no tempo.
Hibridismo cultural elementos culturais de
origens diferentes (tempo e espaco)
encontram-se e misturam-se, multiplicação
de espacialidades e temporalidades.
Conscientização crítica dos valores e objetivos
políticos, morais, ideológico. Identificacao da relações
de poder disputas e de seus conflitos. Visão dialética
dos sistemas globais e de suas negociações com as
diferenças x igualdades, diversidades x
homogenização, ambivalências x domínio dos
discursos coloniais.
Tabela 19 Período pós-moderno - Mudanças , Implicações para Pesquisa
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...141
3.9 – A CARTOGRAFIA E O MAPA INVESTIGATIVO
Partindo do conceito de mapa e de investigação, definimos a Cartografia Investigativa
como a arte, ciência e técnica de elaborar e aplicar os mapas de investigação.
Mapas de investigação são interfaces de construção, comunicação e aplicação do
conhecimento de modo dinâmico, representando elementos relevantes e significativos para o
contexto no qual ele é criado.
Mapa de investigação é um guia com orientações importantes para a construção de uma
investigação. O seu objetivo é conduzir a pesquisa e também facilitar escolhas e ações.
“A busca aleatória pode nos conduzir por caminhos surpreendentes e muitas vezes úteis. Contudo,
tente mapear sua navegação, pois o acaso pode ser melhor aproveitado quando se atua por meio de
atividades mais sistematizadas”. Fernando14-04-2004
A construção do mapa relativo é que poderá conduzir o pesquisador aos esclarecimentos das
dúvidas através de pesquisas recursivas e suplementares. Assim num parágrafo de um texto
pesquisado podem ocorrer algumas dúvidas não de sentido da expressão como conceituais. Não
se deve abandoná-las, mas, pelo contrário, deve-se fazer uma pesquisa suplementar através da
palavra-chave ou expressão-chave correspondente. Saburo” 10-06-2005.
O mapa de investigação carrega a intencionalidade da pesquisa e permite ao mesmo
tempo abrir caminhos, descobrir atalhos, estabelecer conexões teóricas e práticas, sob
múltiplas perspectivas.
“Pesquisa em Medicina. Pesquisa na minha área e profissão é uma atividade cuja finalidade é a
busca e a descoberta de novos conhecimentos no campo científico. Mapa, aliás como todo mapa,
serve para nos mostrar os "caminhos" do objetivo pretendido”. Maurício 16-08-2004
A visualização do mapeamento investigativo permite ao pesquisador identificar
elementos que se não fossem mapeados seriam difíceis de serem descobertos.
“Durante uma pesquisa, necessariamente, temos que percorrer diversos caminhos em busca de
dados sobre o assunto que está sendo investigado. À medida que você avança na sua investigação,
novos dados vão se agregando aos anteriores e, se você não os organiza, não consegue conectá-los
e transformá-los em informações úteis à sua investigação. Você pode perder uma chance preciosa
de resposta num emaranhado de dados sem significado aparente. Uma maneira interessante de
organizar esses dados e informações é a prática do mapeamento. O mapa permite uma visualização
mais rápida das informações. Fica mais fácil identificá-las, conectá-las e compreendê-las.”
Gilda 15-08-2004
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...142
Pelo uso que tenho feito, até então, dos mapas que estamos estudando, percebo que o mapa
permite a criação de um modelo de conhecimento que leve ao aprofundamento teórico, porque ele
facilita as relações e conexões existentes entre os conceitos. De forma linear quando fazemos no
papel, essas associações passam desapercebidas. Graças ao uso dos mapas podemos ver mais
claramente estas conexões Tere 13-05-2004
Essa visão mais ampla, permite entrelaçar a estrutura da pesquisa tecendo de modo mais
coerente o contexto, foco de pesquisa, corpus de investigação e análise de dados. Todas essas
conexões facilitam a organização e sistematização do processo. Isso conduz a uma
compreensão maior do processo de pesquisa, da realidade investigada e das relações entre
pesquisador e sua pesquisa.
“Segundo Berger em A construção social da realidade (2002, p 35), ..."a análise sociológica da
realidade...do conhecimento que dirige a conduta na vida diária...devemos começar pelo
esclarecimento dessa realidade". Portanto, o mapeamento vai proporcionar esclarecimento a nossa
realidade do momento, do nosso objetivo no curso. Assim iluminará nossas aquisições vividas
neste momento importante... Não sei se os colegas pensaram neste sentido.” DAL 01-04-2004
Muitas técnicas de mapeamento auxiliam o investigador em determinados momentos da
pesquisa. Atualmente essas técnicas aplicadas com uso de software facilitam a edição, co-
construção, reorganização com mais flexibilidade e contínua atualização.
“Nos mapas a associação entre idéias permite estabelecer conexões múltiplas entre informações de
natureza diversa (perguntas, conceitos, imagens, dentre outros). A flexibilidade da representação
gráfica e, neste sentido, muito bem-vinda, uma vez que permite ordenar estes dados de forma a
explicitar as diversas relações que imaginamos existir entre os dados, num primeiro momento, bem
como evidenciar tantas outras que percebemos apenas com a visualização do mapa. Dadas estas
características, para meus interesses de trabalho e pesquisa os mapas mentais se apresentam como
uma excelente ferramenta de exploração de dados”. Eva 22-10-2005.
O pensamento visual através dos mapas permite explorar mais as habilidades da mente
para ver as relações diversas estabelecidas, compreender as partes e o todo, identificar as
incoerências, ver vazios, incompletudes.
“Concordo com você Tere, Vygotsky(1988) evidencia "A linguagem é vista como capaz de alterar
o processo formador das funções psicológicas básicas como a percepção, a memória e a atenção,
devido seu caráter orientador, planificador e mediatizador". Podemos também aprender explorando
os mapas e/ou construindo...A relação entre sujeito e seu objeto de conhecimento se torna bastante
clara nos mapas, é isso?” Dal 06-05-2004
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...143
“No pouco uso que fiz dos mapas senti que oferecem a oportunidade de, ao organizar as idéias e
conceitos, conseguir criar categorias (noções subsunçoras?) que podem se tornar o esqueleto da
escrita. O que mais me fascinou foi que o mapa me obrigou repensar cada conexão entre conceitos
e idéias o que flexibilizou e ampliou a minha teoria final - que seria a base da escrita do projeto. É
um esquema em movimento que não permite dar um passo sem reflexão!” Cristina 12-05-2004
Essas relações espaciais permitem gerar novas questões, definir novos desafios em
busca de um patamar mais elevado no processo de construção de uma pesquisa.
Pesquisa realmente é uma itinerância complexa. Parte de uma ou várias inquietações que se
transformam e são temporariamente contempladas a partir do momento que desvelamos o
fenômeno da investigação. Conhecendo o objeto de estudo, formamos e produzimos sentidos. Tudo
isso acontece na nossa interface com os dados do campo, com leituras de várias fontes: textos
científicos, outras pesquisas, falas dos sujeitos, dados da internet. Tudo isso se faz com que
tenhamos necessidade organizar nossa autoria que geralmente se expressa no relatório final
(produto aberto). Como então poderemos organizar essas informações? Nesse processo como é que
priorizamos cognitivamente umas informações e não outras?” Méa 22-08-2004
Partindo de todo o cenário de pesquisa mapeado, é possível estabelecer não
conclusões, identificar e fundamentar resultados com mais facilidade, mas é possível também
estabelecer ações interventivas mais coerentes.
“Os mapas, ao fazerem o registro desse passeio, possibilitam a consciência do processo que pode
ser facilitador tanto para a aprendizagem do conteúdo quanto para a compreensão do caminho em
que se desenvolveu o raciocínio. Na época em que trabalhava com educação adoraria ter esses
mapas disponíveis pois acredito que me auxiliariam na compreensão das dificuldades de
aprendizagem dos alunos e indicariam caminhos de intervenção”. Cristina 12-05-2004
Além disso, é possível refazer a viagem várias vezes. O movimento de mapear permite
representar as relevâncias e suas relações, e também, os diversos caminhos para retornar ao
ponto de partida que gerou o próprio mapa.
“Precisamos estar atento na atualização do mapa, porquanto os referenciais fixos estão mudando
numa velocidade incrível hoje em dia. O mapa funciona como método mais fácil para uma rápida
lembrança, para uma fiel recordação, para uma introspecção biográfica e histórica e por fim para
facilitar uma boa reflexão de um procedimento necessário presente”. Saburo. 02-09-2004
Esse movimento de ir e voltar é essencial para compreender o processo de investigação
por dois motivos. O primeiro é permitir um eixo condutor de tal modo a não se perder na
investigação tendo como referência o foco de pesquisa.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...144
O segundo é fazer as adaptações necessárias, rever o foco do problema, mudar se
necessário tendo o registro histórico do processo.
“Pesquisa corresponde à parte do entendimento sobre a existência, creio que ela é uma resposta,
inicialmente, intelectual aos desafios propostos pelo mundo. Buscar o entendimento e a
possibilidade de intervenção da realidade, via a experimentação, são elementos registrados
extensamente nas culturas humanas como forma de realizar a própria humanização em diferentes
contextos no planeta. Penso que mapear é como o registro da pegada na lama, que me permite
reconhecer o que passou, vislumbrar a minha dúvida e elaborar a possibilidade do que estaria por
vir e agir colocando-me em um estado mais ampliado de percepção da realidade !” Fmonteiro 19-
04-2005
Os mapas investigativos como mediadores do mundo interno do pesquisador e do
contexto externo a ser investigado permite desvelar as relações entre sujeito pesquisador e
objeto pesquisado. Isso é interessante como forma de identificar os significados construídos e
visualizar o modo de construí-los
“E muito interessante poder perceber as diversas trilhas que a pesquisa pode percorrer e, sem
dúvida nenhuma, através do mapa podemos visualizar isso bem melhor. Eu não esperava encontrar
esse mapa sobre Pesquisa aqui e achei muito interessante, minha sensação ao vê-lo foi, digamos, de
euforia, pois me senti mais segura já que, agora, através do mapa, posso garantir que não deixei
passar em branco nenhuma das idéias dos meus colegas de curso sobre o assunto”.
Angelita. 18 10 2005
A Cartografia Investigativa é essencial para enfrentarmos esse cenário. O mapeamento
investigativo pode trazer diversas contribuições para a pesquisa no contexto atual:
1. Responder às indagações do tempo atual, considerando a realidade histórico-social
dinâmica, complexa em transformação.
“Na opinião de alguns historiadores, a segunda metade do século XX nos teria revelado uma
"aceleração da história". Nas palavras de Ciro Flamarion, "O passado se torna história (...) a um
ritmo alucinante: a história corre atrás de nós, está em nossos calcanhares." Na
"Supermodernidade" um excesso de acontecimentos simultâneos e interdependentes
considerados relevantes, o que dificulta a apreensão de um volume cada vez maior de informações
processadas a cada minuto. Isso poderia nos conduzir a um certo desnorteamento, o que nos
introduz numa busca de sentido para um presente cada vez mais obscuro e complexo. Eis aí (talvez)
o papel da pesquisa e do pesquisador: iluminar esta realidade vivida. Neste contexto, o
mapeamento, a possibilidade de antecipar caminhos e trilhas produz em mim uma expectativa
reconfortante: a de dominar uma técnica a mais capaz de me oferecer um pouco mais de respostas
às minhas indagações sobre o meu tempo.” Fernando 30-03-2004
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...145
2. Compreender e explicar o contexto relacional do investigador e universo a ser investigado.
“A DAL está certa. Lançar luzes, clarear, esclarecer, podem ser sinônimos de iluminar. Sem
dúvida, o ato ou efeito de mapear pode nos dizer (e nos diz) muito daquilo que ainda não
conhecemos e, talvez, a mesmo, daquilo que pensamos conhecer. Contudo, qual será o
objetivo: compreender (esclarecer/iluminar) melhor nossos objetos de estudo ou explicá-los?
Seremos capazes de dar uma explicação em relação ao nosso objeto, enquanto sujeitos envolvidos
no processo da pesquisa, ou lançaremos alguns fachos de luz para a compreensão do tema que
abordamos ou sobre o território desconhecido no qual navegamos? Neste sentido, iluminar, de
qualquer forma, precede ou antecede (para aqueles que pretendem fazê-lo) o ato da explicação.
Quanto a mim, espero apenas aprender um pouco mais mapeando com vocês e seguir iluminando
ainda mais a nossa história (e a minha história). Na verdade, sinto-me como um explorador dos
mares desconhecidos dos séculos 15 e 16, maravilhado com uma nova descoberta: a possibilidade
de me orientar e me guiar por mapas.” Fernando 30-03-2004
3. Apreensão de significados decorrente das interações e inter-relações.
Na perspectiva em que me situo, entendo pesquisa como uma atividade prática das ciências
sociais, que visa à compreensão da realidade humana vivida social e institucionalmente. Em suas
diversas manifestações, como na Fenomenologia, na Etnometodologia, no Interacionismo
Simbólico, na Etnopesquisa Crítica, o significado é o conceito central da investigação. Por este
ângulo de visão, mapas conceituais podem ser importantíssimos para evidenciar significados
atribuídos a conceitos e às relações entre conceitos, no contexto de um corpo de conhecimentos.
Também podem servir para distinguir discursos ou falas de diferentes atores sociais a partir de
entrevistas sobre determinadas questões de pesquisa, etc., sinalizando as relações entre eles e
evidenciando significados atribuídos a conceitos, fatos, etc. Por outro lado, mapear os referenciais
da pesquisa mediante o software NESTOR, que já experimentei, é utilizar uma ferramenta poderosa
para ajudar na documentação, como método de registro, tanto da bibliografia, como da temática e
das fontes onde obter tais informações, selecionando-se o que é pertinente”. Sol 15-08-2004
4. Reconstrução do conhecimento a partir das emergências.
Pois é...Na pesquisa qualitativa o método se constrói na ão dialógica e dialética entre os dados
emergentes no campo da pesquisa (falas dos sujeitos, expressões corporais, rituais e políticas de
sentido) e as teorias sistematizadas sobre o objeto de estudo e o ato de pesquisar (teóricos que
elegemos como nossos parceiros intelectuais). Neste complexo jogo de sentidos, onde nossa autoria
vai emergindo é necessário criarmos estratégias cognitivas para fazer acontecer nossa produção,
nossa AUTORIA (que se materializa via os relatórios, sejam estes artigos, dissertações, teses,
projetos didáticos, etc, etc...). As técnicas da cartografia cognitiva podem ajudar bastante!”
Mea 15-04-2005
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...146
5. Multiplicidade científica, múltiplas vozes, polifonia.
Observe-se que o sujeito pode ser objeto de si mesmo quando houver interação intrapsíquica entre
as suas múltiplas personalidades subjetivas, isto é, um distanciamento de si para olhar o seu
interior e dialogar consigo mesmo e com as múltiplas vozes interiorizadas. O mundo interior além
das informações genéticas constituindo também o inconsciente coletivo com todo o seu acervo de
conhecimento adquirido é representativo. E vai além da realidade externa em matéria de abrigar
coisas. A representação na mente não ocupa lugar e se ocupar é mais minúsculo do que o menor
chip que possa ser produzido. Tudo que está e que pode existir no exterior pode ser representado e
mapeado no interior e além disso, o imaginário abstrato que existe no pensamento.
Saburo. 27-09-2004
O binômio emissor-receptor se transforma, principalmente, com a cibercultura onde receptores são
emissores e emissores também receptores... relações múltiplas de indivíduo para indivíduo, para
grupos... para consigo mesmo, grupos para grupos, e daí por diante... Interatividade nos provoca e
nos conduz para novo tipo de comunicação e construção de conhecimentos... Essa relação também
nos leva a reflexão de outros binômios aluno-professor... onde um aprende com outro e vice versa...
O mesmo com cartógrafo e navegador, leitor e escritor... etc. O mapeamento dessas relações de
troca um com outro, permite desenvolver múltiplos olhares na vivencia dos diferentes papéis...”
Ale 27-10-2005
6. Gestação de novos espaços, novas experiências e novas formas de pensamento.
“O projeto precisa e deve ser bem cuidadoso e gestado pelo pesquisador. O Mapa pode ajudar na
organização e na conexão/FLEXIBILIDADE entre as etapas da pesquisa. Daí mesmo se você
estiver escrevendo o relatório final da pesquisa e se sentir necessidade do retorno ao campo é um
possibilidade” MEA 06-05-2004
7. Conexões entre teoria e prática, sujeito e objeto, prática do cotidiano e o discurso científico.
“Quando penso em teoria e prática remete imediatamente, ao dual pensar e agir. Ou seja pesquisar
seria teorizar, respaldar seu pensamento dialogicamente, numainterlocução com teóricos, cientistas
que tenham experimentado em uma ação. Para mim a prática é ação, a pesquisa-ação. O que
fazemos ao interagir com os softaware Nestor e Cmap estamos pensando, pois refletimos (teoria
base para agir acomodados no nosso interior) e agimos (prática) ao retratarmos nosso pensar em
mapas conceituais, da mente, webmap..... o holomovimento, para mim é dar sentido a cada ação a
partir da teoria que conhecemos, que temos internalizadas...” Euri 25-05-2005
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONCEITO,ORIGEM E TÉCNICA...147
8. Mapeamento da pesquisa como um processo sucessivo crítico-reflexivo, envolvendo
momentos de crise, ruptura e reflexão dialética entre teoria e práxis.
Quando crise no pensamento bom é compor um mapa conceitual e outro mental.
Embora nublado num primeiro momento; a reflexão, a compreensão e o entendimento emergem
das profundezas do inconsciente para a consciência reconstruindo os mapas para organizar o
pensamento caótico. Bom lembrar que o mapa formata o pensamento e vice-versa. Quando ficam
prontos os mapas, estes representam a forma organizada de apresentar idéias, antes confusas.A
nossa totalidade é mais do que a soma de nossas partes. O que sei? O que preciso aprender?
Quanto? Como construirei? Com quem? É preciso responder estas questões não para Euri, mas
para todos. Mapear as suas respostas é organizar as idéias para uma visão de futuro: imediato,
mediato e constante para o topo do objetivo e missão de cada um. Tais questões se traduzidas para
indagações filosóficas seriam: Quem eu sou? O que sou? Por que eu sou? Para quem tenho de ser?
e para quê? Um mapa que representasse as suas respostas seria muito interessante! O que acham
disso?” Saburo. 02-05-2005
9. Pesquisa como um caminho de compreensão da realidade e de seus múltiplos sentidos e
significados, a fim de contribuir no seu processo de transformação.
“Na perspectiva em que me situo, entendo pesquisa como uma atividade prática das ciências
sociais, que visa à compreensão da realidade humana vivida social e institucionalmente. Em suas
diversas manifestações, como na Fenomenologia, na Etnometodologia, no Interacionismo
Simbólico, na Etnopesquisa Crítica, o significado é o conceito central da investigação. Por este
ângulo de visão, mapas conceituais podem ser importantíssimos para evidenciar significados
atribuídos a conceitos e às relações entre conceitos, no contexto de um corpo de conhecimentos.
Também podem servir para distinguir discursos ou falas de diferentes atores sociais a partir de
entrevistas sobre determinadas questões de pesquisa, etc., sinalizando as relações entre eles e
evidenciando significados atribuídos a conceitos, fatos, etc.” Sol 15-08-2004
10. Investigação-formação mutuamente implicadas (Carvalho, 1996).
“O pesquisador pode e deve atuar no contexto da sua prática pedagógica. Podemos aproveitar nossa
prática pedagógica como campo de pesquisa científica, estando ou não matriculados em programas
de pós-graduação. Aprendi com Paulo Freire que: "Ensinar exige pesquisa: não ensino sem
pesquisa e pesquisa sem ensino. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque
busco, porque indaguei, porque indago e me indago. (...). Pesquiso para conhecer o que ainda não
conheço e comunicar ou anunciar a novidade". O pesquisador organiza essa noções mapeando e
sistematizando reflexões através de seu texto ou relatório de pesquisa que pode se configurar numa
dissertação ou tese. Esta, sempre vista como Macêdo diz "PRODUTO DE FINAL ABERTO". Que,
de preferência,deve ser partilhado com a comunidade pesquisada; que, dependendo do método da
pesquisa também é pesquisadora na ação de sua formação. Edmea 25-09-2004
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...148
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...149
RINCÍPIOS EPISTEMOLÓGICOS
4.1 INTRODUÇÃO
Consideramos importante trazer algumas categorias conceituais da teoria sistêmica,
hermenêutica e dialética para fundamentar os princípios epistemológicos da Cartografia
Investigativa. A elaboração de fundamentos teóricos é essencial para subsidiar o processo de
mapeamento investigativo visando orientar principalmente as etapas abaixo:
Elaboração e organização do mapa considerando os elementos relevantes e
significativos e as relações entre eles,
Leitura do mapa, interpretação de significados para novos mapeamentos,
Desconstrução e reconstrução do mapa visando atingir o objetivo proposto e
sistematização do processo procurando desenvolver autoria – olhar próprio.
Além disso, esses princípios ajudam a responder às perguntas iniciais dessa pesquisa:
Então, partindo de cada etapa e das perguntas iniciais dessa investigação, discutiremos
alguns pressupostos dessas teorias para fundamentar os princípios da Cartografia
Investigativa..
Etapas do Mapeamento Perguntas iniciais Teorias e contribuições
Elaboração e organização
do mapa considerando os
elementos relevantes e
significativos e as relações
entre eles
Como elaborar mapas como esquemas
que abstraiam e integrem o sentido, que
possibilitem a compreensão e apreensão
de esquemas de acordo com as relações?
A teoria sistêmica trata de
questões ontológicas e possibilita
o estudo da essência das coisas, a
natureza da relação entre as partes
e o todo. A ecossistêmica aborda
relações complexas entre os
elementos e o ambiente.
Navegação, leitura do mapa,
interpretação de significados
para novos mapeamentos
Como não se perder em uma vasta rede
de significados, que se entrecruzam em
fios, relações, redes? Como tecer
significados e map-los?
Hermenêutica é considerada como
a arte de interpretar mensagens.
Trata-se de uma atividade de
discernimento visando o
esclarecimento, compreender a
essência das coisas, apreender seu
significado.
Desconstrução e
reconstrução do mapa
visando atingir objetivo
proposto e sistematização
do processo procurando
desenvolver autoria – olhar
próprio
Como construir novas representações?
Como os mapas podem representar
concepções autônomas das já existentes,
desconstrução de postulados, construção
de um pensamento próprio?
Como elaborar um mapa que não
reproduza um plano fechado sobre si
mesmo, que contribua para a conexão dos
campos, desbloqueio e abertura máxima
visando consistência?
Dialética é inicialmente
considerada como a arte do
diálogo e da contradição, no qual
diversas perspectivas, incluindo
as oposições, poderiam ser
confrontadas. A intenção da
dialética seja como arte do
diálogo ou como um modo de ver
e atuar no mundo é de
esclarecê-lo e transformá-lo
Tabela 20 Perguntas iniciais e referenciais teóricos
P
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...150
A Teoria Sistêmica permite conceber a pesquisa e o mapeamento investigativo como
um processo orgânico, no qual vários elementos estão envolvidos e relacionados entre si, no
entanto, não de forma caótica como uma rede, mas de modo coerente e consistente. Então,
discutimos 10 características apresentadas por Bunge(1979) que descrevem o que é um
sistema ambiente, permanência, autonomia, estrutura, funcionalidade, composição, conectividade, integralidade,
organização e complexidade. Essas propriedades são úteis para construir e inter-relacionar mapas
com a pesquisa. Em seguida, trazemos a abordagem de évolon de Mende(1981) ruptura, fase
latente, expansão, transição, maturação e clímax . Estas 7 etapas que relatam a evolução possibilitam
perceber o mapeamento investigativo como um processo que deve ser sempre aprimorado,
assim como a investigação. Nessa direção, apresentamos os pressupostos do pensamento
ecossistêmico de Moraes(2004) incerteza, causalidade circular, interdisciplinaridade, intersubjetividade,
interatividade, autonomia, complexidade, emergência, criatividade, mudança e auto-organização. Esta abordagem é
um convite para refletir sobre as relações dinâmicas do processo sistêmico aberto interagindo
constantemente com o meio. Com isso, discutimos as relações entre elementos do mapa e
entre o mapa e a investigação.
A Teoria Hermenêutica permite compreender alguns desafios na construção de
significados durante o processo de interpretação; tanto do mundo, para mapeá-lo, como do
próprio mapa, para potencializar a pesquisa. Sobre a Teoria Hermenêutica, trazemos alguns
princípios de Ricoeur(1974,1981,1991) sentido de conhecer, ser e viver, inacabamento, ponto de vista
viajante, tríade “prefiguração, configuração e reconfiguração”, ciclo da compreensão à explicação e vice-versa. Com
isso, é possível ver que mapas ajudam não na construção de significados, mas na
compreensão do próprio significado da cartografia na pesquisa.
A Teoria Dialética possibilita romper com os limites, buscar a transformação,
desconstrução para reconstrução num nível mais crítico. Por fim, baseados em diversos
autores, trazemos algumas categorias dialéticas questionando como os mapas podem
contribuir na desconstrução e reconstrução da investigação. Para isso, refletimos sobre: diálogo
crítico questionador, estruturação contínua (tese, antítese e síntese), o papel do conflito, totalidade, relações dinâmicas,
teoria e prática, práxis, exterioridade, processo intricado aberto.
Todos esses princípios discutidos aqui, orientarão a análise dos “mapas investigativos
aplicados à pesquisa acadêmica” no capítulo seguinte.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...151
4.2TEORIA SISTÊMICA CONSTRUINDOMAPAS
Mapear é estabelecer série de relações lineares e não lineares entre diversos elementos
significativos e relevantes. No entanto, uma das grandes dificuldades, não é simplesmente
selecionar o que é importante, mas saber como conectar elementos de modo a construir um
todo coerente, claro e compreensível.
Além disso, outro desafio é também navegar nos mapas construídos e descobrir novas
relações. Para isso, ter a visão do todo e das partes não é tão simples, porque muitas vezes
nos perdemos nas trilhas mapeadas e até em nossos próprios pensamentos.
Outro obstáculo a ser enfrentado para o cartógrafo-investigador é compreender o
processo de mapear e a relação dos mapas com o processo de investigação. Para isso,
considerando todos os aspectos acima mencionados, a teoria sistêmica e o pensamento
ecossistêmico trazem grandes subsídios à cartografia cognitiva. Para enfrentar essas questões
percebemos que essas teorias contribuem não para maior esclarecimento e compreensão,
mas também aprimoramento da cartografia cognitiva.
4.2.1 -SISTEMAS EECOSSISTEMAS COGNITIVOS
A teoria sistêmica possibilita aprofundar alguns conceitos importantes para mapeamento
de informações, pois trata de questões ontológicas e possibilita o estudo da essência das
coisas, a natureza da relação entre as partes e o todo. Além disso, a teoria sistêmica facilita a
análise e a sistematização de conceitos, eventos, processos e fenômenos de modo
multifacetado e aberto às situações inesperadas e imprevisíveis. (Bunge, 1979; Uyemov,
1975; Prigogine, 1984; Vieira, 1993)
O pensamento ecossistêmico permite ampliar macroconceitos também essenciais para
mapeamento de informações. Por abordar relações complexas entre os elementos e o
ambiente, enfatizam a importância do reconhecimento da autonomia a partir dos conceitos de
sistemas abertos e dos processos de auto-eco-organização.
Como elaborar mapas como esquemas que
abstraiam e integrem o sentido, que
possibilitem a compreensão e apreensão de
esquemas de acordo com as relações?
Piérre Lévy (1997:40)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...152
Além disso, permite estudo das relações complexas entre indivíduo/ sociedade/ espécie
e, a integração do observador na sua observação e na concepção de sua própria obra. (Morin,
1994; Moraes, 2004)
4.2.2 - ORIGEM DA TEORIA SISTÊMICA
Diversos pesquisadores de áreas diferentes participaram da construção da teoria
sistêmica há mais de 75 anos. Na década de 30, biólogos e ecologistas começaram investigar
o conceito de organização. Bertalanffy apresenta teoria sistêmica orgânica e Jakob von
Uexkull teoria da percepção e visão integrada. Mais tarde, na década de 70, químicos e físicos
também prosseguem os estudos, Onsager, com a termodinâmica dos sistemas abertos e
Prigogine, com sistemas afastados do equilíbrio. Nesse período, a teoria sistêmica passa a ser
melhor definida através de Uyemov, 1975 com a teoria de sistemas e evolução e Mário
Bunge, em 1979 com a teoria geral de sistemas e ontologia. Na década de 80, novas
contribuições surgem com a teoria de sistemas dinâmicos, complexidade e caos determinista
de Prigogine, 1984 e Thom, 1985.
No início, a teoria sistêmica atravessou uma série de críticas, por ser considerada como
teoria das estruturas, modelos simples de input e output, controle e feedback. Esses modelos
chamados de caixa preta foram usados em muitos campos, desde a termodinâmica,
engenharia, biologia, psicologia e ciência social. Tal abordagem ignorava a dinâmica
estrutural interna do sistema, ou seja, desconsiderava as relações entre os seus componentes.
A análise sistêmica envolvia apenas as ações e interações entre sistemas e subsistemas. Tal
conceito era considerado incompleto, pois não esclarecia a complexidade das relações e nem
dos elementos entre si. Interações eram consideradas como o conjunto de ações e retroações
sem levar em conta o caráter constitutivo complexo destas relações (Morin, 1996). Para
compreender os sistemas, o estudo das relações todo-partes e das partes entre si era
insuficiente. Além disso, era necessário também articular o conceito de organização e ir além
de estrutura, heteronomias, determinismo; e, abranger o processo, autonomia e liberdade.
(Berg, 1997)
Essas características inicialmente criticadas da teoria sistêmica análise e relações
causais, controle e feedback são decorrentes da forte influência da ciência tradicional
moderna (séc XVII a XIX). Podemos observar isso no quadro abaixo elaborado com base nas
comparações de transição de paradigmas das ciências segundo Vasconcelos(2003).
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...153
CIÊNCIA TRADICIONAL MODERNA CIÊNCIA PÓSMODERNA
NOVA VISÃO
SIMPLICIDADE Palavras-chave COMPLEXIDADE Palavras-chave SISTÊMICA
O mundo pode ser
decomposto em
partes simples para
entender o todo.
Simplificação,
análise, método,
atomismo, redução
fragmentação
disjunção, relações
causais lineares
Para compreender o
mundo é necessário
contextualizá-lo,
mapear as interações e
inter-relações, sob
múltiplos ângulos
Diversidade, redes
Não linearidade
Não-reducionismo
Inter-relações
contradição, paradoxos
recursividade
Observa-se as inter-
relações, interações
recursivas, sistemas de
sistemas, mudanças,
dinamismo
ESTABILIDADE Palavras-chave INSTABILIDADE Palavras-chave
O mundo está
pronto, é estável
e os fenômenos
podem ser
controlados.
Relações funcionais
Ordenação, previsão
Controle, certeza
mecanicismo
reversibilidade
Verificação empírica
O mundo está em
mudanças contínuas,
é imprevisível e os
fenômenos são
incontroláveis.
Desordem,
emergências
indeterminação, conflito
Imprevisibilidade, caos
Entropia, incerteza,
Irreversibilidade
Auto-organização
Trabalha-se com o
processo considerando
as mudanças e as auto-
organizações e
emergências
OBJETIVIDADE Palavras-chave INTERSUBJETIVIDADE Palavras-chave
O mundo pode ser
conhecido de modo
objetivo, tal como é
na realidade.
Conhecer é captar a
verdade do
universo.
Realismo, verdade
sistema observado
Neutralidade,
impessoalidade
Realidade independe
Do observador
A realidade depende do
observador,
conhecimento é uma
construção social com
múltiplas versões da
realidade - multiverso
Inclusão do observador
autoreferência
Significação, consenso
Dialogicidade
co-construção
contextualização
Atua-se reconhecendo
as múltiplas
perspectivas e
co-construção de
soluções
Tabela 21 Ciência Tradicional Moderna x Ciência Pósmoderna
Analisando esse quadro é importante refletir sobre as novas características da Ciência
Moderna, porém considerando as características da Ciência Tradicional, questionando-a e
redimensionando-a. Muitas características da Ciência Moderna ainda estão presentes e
permitem compreender a Ciência Pós-moderna.
Desde a antiguidade até os dias de hoje, a análise metodológica científica consiste no
procedimento acadêmico mais comum para produzir conhecimentos. No entanto, na pós-
modernidade, análise deve ser reconsiderada com visão mais crítica e dialética. Trata-se
atividade desconstrutiva, porém é necessário considerar a transitoriedade, ambivalências,
ambigüidades, intensidade, caráter não linear, dialético, irreversível dos fenômenos. Nas
dúvidas o conhecimento renova-se, nas certezas aquieta-se. (Demo, 2000).
Nesse sentido, trazemos alguns princípios da teoria sistêmica procurando relacionar
com a cartografia investigativa.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...154
4.2.3 – MAPAS INVESTIGATIVOS SISTÊMICOS
Segundo Bunge (1979), o sistemicismo surgiu como uma abordagem intermediária
entre o holismo e o atomismo.
O holismo, holon inteiro, completo, privilegia o todo. Para compreender as partes,
antes é necessário ver o todo, identificar a ação do todo em relação às partes, observar as
novas propriedades que emergem no todo que os seus componentes não têm (todo é maior, ou
menor que a soma das partes), compreender as influências do ambiente (as ações de agentes
que transcendem às ações entre os componentes).
Fazendo oposição ao holismo, o atomismo enfatiza que o todo está, de certa forma,
contido em suas partes, de modo que o estudo de uma parte (átomo) seria suficiente para
compreender o todo.
A teoria sistêmica investiga não o todo e as partes para compreensão do sistema,
como também, a relação entre eles e deles com o meio. As partes se reúnem para formar um
todo de modo que este possa justificar as partes, no entanto, esse todo e suas partes estão
sempre interagindo com o meio, e se reorganizando, se readaptando. Isso implica em
transformação, equilíbrios e desequilíbrios sistêmicos.
No caso dos mapas, é possível perceber que a visualização do todo, das partes e das
conexões entre os elementos oferece mais abertura à interpretação em diversos ângulos
diferentes do texto. As multi-linearidades oferecidas no mapa permitem ao leitor escolher
qual o caminho trilhar na leitura. A síntese expressada através de imagem possibilita ver o
todo sem ter antes que apreender em detalhes todas as partes.
Essa visualização sistêmica de elementos num mapa favorece o exercício de intercalar
com uma lente grande angular o todo (zoom out) com uma lente teleobjetiva as partes (zoom
in). Essa flexibilidade de “zoom” de se aproximar de um determinado elemento e suas
relações e, ao mesmo tempo, de se afastar dele para observar o todo favorece novas
emergências e convergências: estabelecer novas relações e apreender novos significados.
No caso do nosso universo de estudo, um exemplo pode ser observado na descrição e
mapeamento de história de vida. Às vezes, os mapas da trajetória dos pesquisadores contêm
elementos que não foram descritos no texto. Outras vezes, o texto contém novos elementos
não expressos no mapa.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...155
Esses elementos que podem surgir exclusivamente no mapa ou no texto podem ser
decorrentes de reflexões que surgem no transcurso do processo. O mapa pode ser elaborado
depois do texto permitindo que novos elementos e relações sejam estabelecidos. Quando o
processo é inverso, a visualização do mapa pode fazer emergir novos elementos no texto.
Meu nome é Laura, graduei-me em Administração na PUC/SP em 1974 e, imediatamente, ingressei no
mestrado em Administração de Empresas na EAESP/FGV. Conclui os créditos e passei no exame final (exigência
da época), mas abandonei a dissertação pela metade em 1977 quando uma reviravolta familiar fez com que
precisasse trabalhar em tempo integral. Desde 1974 atuo consultora, inicialmente na empresa de um ex-
professor e desde 1990 com minha própria empresa, nas áreas de marketing e planejamento estratégico e,
mais recentemente, também em gestão de talentos e gestão de conhecimento. Sou professora das unidades de
Graduação e Pós Graduação (lato sensu) da ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marketing - desde 1978,
onde ocupei vários cargos de chefia e direção entre 1983 e 2003.
Faço mestrado em Administração na PUC/SP, a área da dissertação é gestão do conhecimento, e escolhi este
curso para utilizar o aprendizado na pesquisa que apoiará a dissertação. Tenho a satisfação de repartir minha
casa e minha vida com um maravilhoso companheiro (humano) e doze maravilhosos companheiros felinos,
estes últimos resgatados da rua e de outras situações de abandono. Essa recolocação de gatos e cachorros é
uma atividade paralela que exerço, portanto, se alguém quiser melhorar muito sua qualidade de vida, é só falar
que providenciarei um amigo fiel para toda a sua vida. A falta de uma foto minha, envio a foto de um de meus
gatinhos - dessas eu tenho uma vasta coleção.
Fig 75 -Mapa da trajetória da pesquisadora
No caso acima, é possível perceber que o mapa da trajetória da pesquisadora traz
informações completamente diferentes do texto descritivo. O ‘conteúdo do mapa (partes)
apresenta informações muito ricas da pesquisadora que com o texto seria impossível de
detectar. A ‘forma’ representada no mapa expressa bem a dicotomia vivenciada pela
pesquisadora nos 3 momentos.
Essa forma paralela de representar as dicotomias surge não no mapa de perfil, mas
nos outros mapeamentos como uma característica da própria cartógrafa.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...156
O conceito de sistema tem contribuído para esclarecer processos de emergência,
complexidade, semiose, evolução sígnica. (Vieira, 1999)
Sistema, do grego systema, significa conjunto, grupo. Um sistema é composto por um
conjunto de elementos com propriedades específicas que estão inter-relacionados, partilham e
também fazem emergir propriedades comuns e compõe um todo complexo, aberto à troca
entre si e o ambiente que o contém; às mudanças, internalizações e externalizações que
provocam sua evolução. (Uyemov,1975; Bunge,1979)
A composição de um sistema não é uma simples coleção das partes dos elementos do
sistema, mas o conjunto de elementos conectáveis (átomo) inter-relacionados. Isso ocorre
porque as partes dos elementos não se qualificam como membros independentes diretamente
conectáveis.(Bunge, 1979).
Por exemplo, uma palavra não é um conjunto de traços e rabiscos, mas de letras de
modo ordenado cujos traços as identificam e por sua vez acoplados numa seqüência coerente
compõe um significado. As partes da palavra”, no caso as suas letras, não se qualificam
como membros independentes diretamente conectáveis com o todo trazendo o mesmo sentido.
E se alterarmos a ordem dessas letras, o significado muda ou desaparece, por exemplo, larva,
lapa, pala, varal, vaprala, pavalar, ...
A palavra, assim como um mapa não é uma reunião de informações quaisquer. Tais
informações precisam estar agrupadas, interligadas de modo coerente compondo uma
representação de um todo. Uma das grandes dificuldades do mapeamento é buscar o todo
coerente. Durante o processo de mapeamento, o cartógrafo pode com facilidade sair do foco
que se propôs ou do alvo desejado. Isso pode facilitar a descoberta de novos caminhos e
outros alvos mais interessantes, ou também, pode conduzir à dispersão – nenhum alvo à vista,
e assim, dificultar o alcance de alguma saída como um labirinto. Em outras palavras, nesse
caso o cartógrafo ou faz novas descobertas, ou se perde no próprio mapa sem avistar porto
seguro.
Um dos aspectos importantes para a coerência do mapa é a conexão.
Para Bunge (1979) conexão em sistemas significa relação. Ou seja, uma ligação que o
significa uma simples junção, mas uma relação que define a estrutura do sistema. Nesse
sentido, ele destaca que no sistema quando duas coisas estão conectadas (ou relacionadas), um
dos elementos age sobre o outro permitindo eliminar ou abrir algumas possibilidades e assim
propiciar novas propriedades que podem ser compartilhadas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...157
Por exemplo, num texto a conexão é importante, é necessário que as palavras se
conectem compondo sentenças e estas os parágrafos do texto. Essas conexões precisam
partilhar não propriedades sintáticas, mas também semânticas. Numa frase, o sujeito da
oração, para se conectar com o objeto necessita de um verbo e não uma palavra
qualquer...Além disso, esse conjunto de sujeito verbo e objeto precisa ter um sentido.
Nos mapas, as informações precisam estar relacionadas através de conectores que
também devem constituir uma estrutura coerente, um todo significativo. Quando as
informações estão bem mapeadas, cada conector possibilita compreender melhor as relações
entre conceitos e também inspiram novas possibilidades de conexão.
Outro aspecto importante para compreender a transitoriedade dos sistemas é o tempo.
Sistemas abertos mudam no tempo. A composição de um sistema num dado tempo é o
conjunto de suas partes interligadas nesse tempo, que agem e sofrem ação definindo uma
estrutura nesse mesmo momento. As transformações podem ser decorrentes da interação
entre os seus componentes, ou da interação entre sistemas, troca de informação, matéria ou
energia. Um sistema é sempre aberto em determinado nível para outro ou mais sistemas.
Mudanças em um deles podem repercutir em outro sistema, provocando talvez sua
transformação e evolução. (Uyemov, 1975).
A descrição do sistema num determinado tempo estabelece um “estado”. A noção de
estado é diretamente associada com a apresentação do sistema nesse instante de tempo. Esta
descrição é facilitada através das “variáveis de estado”, pois seus valores contribuem para
identificar e caracterizar os estados do sistema. A coleção de todos os possíveis estados de
um sistema determina um “espaço concebível de estados”. Uma cadeia de estados contida
nesse espaço representada por uma trajetória é chamada de “processo”. Sistemas podem ter
diferentes histórias, ou seja, diferentes trajetórias. Esses conceitos apresentados por Bunge
(1977, 1979) permitem fazer um estudo mais aprofundado da história desse sistema e assim
identificar sua evolução.
A visão sistêmica permite observar melhor não apenas o mapa, mas o processo de
mapeamento. Isso envolve o olhar mais amplo que vai do ponto inicial com o primeiro mapa
até ponto final do mapa atual. Observar todos os mapas permite acompanhar a evolução e ao
mesmo tempo traçar novos rumos, compondo uma história.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...158
MindMap 1 – Pesquisador questionando a
diferença entre Mapa conceitual e Mapa da Mente
MindMap 2 – Outros Pesquisadores complementando o mesmo mapa
MindMap 3 – Mais Pesquisadores trazendo novas contribuições
Fig. 76 - Histórico de Mapeamentos
A teoria dos sistemas dinâmicos constitui o estudo de processos não lineares geradores
de complexidade e organização que possibilita o sistema mudar e se transformar com o
tempo. Esse estudo implica em compreender o relacionamento entre os elementos que
interagem entre si e com o meio. A reorganização ou reestruturação também provoca
mudança no sistema. Tais mudanças podem modificar algumas das ligações entre os
componentes, mesmo que não alterem tanto as suas propriedades intrínsecas. Tais
reorganizações podem provocar aumento da ordem ou desordem. Normalmente isso ocorre
quando elementos ou sistemas heterogêneos se interagem. (Bunge, 1979)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...159
O histórico do mapeamento traz a oportunidade de identificar os eventos que
provocaram equilíbrios ou desequilíbrios. A percepção desse conjunto de eventos facilita a
reorganização do mapa num estado de evolução superior.
4.2.3 – POSTULADOS QUE CARACTERIZAM O MAPA COMO SISTÊMICO
Segundo Bunge (1979) o mundo pode ser compreendido através de sistemas. Para isso,
desenvolveu oito postulados que podem ser relacionados com os mapas:
1. Cada coisa concreta é um sistema ou componente de um sistema . Cada conceito
pode ser um componente de um mapa ou se tornar um novo mapa.
2. Cada sistema, com exceção do universo, é um subsistema de algum outro
sistema. Cada mapa pode ser considerado como um submapa de outro mapa.
3. O universo é um sistema tal que outra coisa é um componente dele. Ao mapear é
importante ter a visão de que o mapa está sempre contido num macrocontexto
maior – universo.
4. Existem gêneros diferentes de sistemas, por exemplo, físico, químico, biológico,
social e técnico. É importante considerar também que os mapas podem ser
classificados em gêneros conforme o contexto.
5. Quanto mais complexo for um sistema, maior será o número de estágios no
processo de sua montagem. O mapa também se torna mais complexo quanto
mais elaborado for seu processo de mapeamento.
6. Quanto mais complexo for um sistema, mais numerosos serão os modos de
quebra. O mapa também se torna mais complexo quanto mais numerosos forem
seus modos de quebra e de conter submapas...
7. Cada sistema concreto foi montado a partir de, ou com a ajuda de coisas do
mesmo gênero de ordem, ou inferior. Cada mapa é construído a partir de
conceitos que já foram identificados cujo significado ou parte dele já foi
apreendida ao se estabelecer as conexões.
8. Cada sistema pode emergir de outros e ser componente de uma ontologia
naturalista, sistêmica, emergente, dinâmica e pluralista. Os mapas podem
emergir de outros e se tornarem elemento sistêmico, emergente, dinâmico e
pluralista.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...160
Para Morin (1999), o conceito de sistema não gira em torno apenas de conjunto de
relações entre elementos constituintes formando um todo. É necessário ir além do conceito
reducionista e simplificador que ignora a dinâmica que acontece no nível da organização. É
preciso considerar que os sistemas são constituídos não de partes, mas de interações, de ações
entre unidades complexas. O conjunto dessas interações e inter-relações é que vai constituir a
organização do sistema. Desse modo, sistema é uma unidade global e organizada de inter-
relações entre elementos, subsistemas e ambiente. E toda unidade global organizada é uma
unidade complexa.
A visão sistêmica de Morin nos alerta que no mapeamento, é preciso considerar não
apenas os conceitos, mas as interações e ações entre eles e inclusive observar a organização
que vai emergindo dessas interações e inter-relações. Para Atlan (1992), a organização em
sistemas abertos ocorre na direção do aumento de informação produzida na interação com o
meio, inclusive com diversos ruídos internos e externos. A auto-organização implica em
diminuição de entropia. As interações entre a ordem e o acaso permitem a evolução do
sistema em vel de complexidade cada vez maior à medida que o sistema vai se adaptando e
ao mesmo tempo se modificando e modificando o ambiente.
A visão sistêmica de Atlan enfatiza a importância das interações com o meio para
enriquecimento dos mapas. Inclusive circunstâncias desestabilizadoras e conflitantes podem
ser consideradas como aspectos facilitadores para reorganizações num nível mais elevado e
assim aprimoramento do mapeamento.
Para aprofundar o estudo de sistemas, Bunge (1997) apresenta os parâmetros básicos ou
fundamentais e os evolutivos. Esses parâmetros permitem compreender mais as relações
dinâmicas internas e externas inerentes aos sistemas e também enriquecer mais as reflexões
sobre o processo de mapeamento.
4.2.4 - PARÂMETROS BÁSICOS FUNDAMENTAIS PARA MAPAS SISTÊMICOS
Permanência. Os sistemas tendem a permanecer no tempo. Eles surgem no universo
para prosseguir no tempo. Para isso, são necessárias algumas condições de permanência
decorrentes da interação com o ambiente. Isso implica em flexibilidade para estar se
readaptando, modificando e, assim, se aprimorando com decorrer do tempo. Ou seja, os
mapas para serem significativos no processo de investigação devem ser reconstruídos e
atualizados ao longo do processo. O dinamismo das alterações de elementos acaba
interferindo em outros elementos e no todo que o contém. Isso implica um acompanhamento
dos diferentes estados do processo.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...161
Ambiente. O ambiente é um outro sistema que contém o sistema. É no ambiente que o
sistema pode realizar suas trocas, e encontrar o que é necessário para permanecer no tempo.
As trocas conduzem o sistema a internalizar informação. Aquilo que é internalizado pode
conduzir a autonomia. No mapeamento, é importante considerar além do todo e das partes, o
contexto que esse mapa está inserido, inclusive o pesquisador cartógrafo e seu objeto de
estudo. Isso implica em ver as relações do mapa com o ambiente que o envolve. As
interações, trocas, emergências e compartilhamento de informações favorecem o
enriquecimento e a ampliação do mapa.
Autonomia. O acúmulo de informações no decorrer do tempo contribui de certa forma
para a permanência do sistema no ambiente. Todo sistema autônomo relaciona-se com o
meio. A função memória conecta o sistema presente com seus estados passados e conduz para
outros futuros. Sistemas de baixa complexidade possuem memória simples, os de alta
complexidade possuem memória mais complexa. Isso significa que quanto mais informações
significativas e relevantes estiverem contidas no mapa, maior será a possibilidade desse mapa
ampliar-se continuamente.
4.2.5 - PARÂMETROS EVOLUTIVOS PARA MAPAS SISTÊMICOS
Composição é um parâmetro relacionado com os componentes do sistema. Para
descrever a composição do sistema é necessário identificar a quantidade (número de
elementos), qualidade (natureza dos elementos), diversidade (tipos diferentes de elementos),
informação (diferença que faz diferença), entropia (grau de homogeneidade entre os
elementos). Quanto maior o número, a qualidade, a diversidade de elementos, informação
estocada e menor entropia, mais complexo será o sistema. Observar a composição dos
elementos do mapa favorece a classificação, o agrupamento e identificação das conexões.
Desse modo, o mapeamento pode ocorrer de modo mais organizado. Quanto melhor a
organização do mapa, mais fácil será a sua descrição, propiciando elaboração de textos.
Conectividade é a capacidade do sistema de estabelecer conexões. Quanto maior o
número de conexões, mais complexo será o sistema e maior será sua capacidade de
comunicação. A informação flui. É compartilhada e se torna comum - comunicação, graças à
conectividade. Nos mapas a boa conectividade favorece a leitura e compreensão dos mapas
feita tanto pelo autor como também por seus leitores. Denbigh (1975) define três tipos de
conexões: as ativas que transportam algum tipo de informação, as opostas que bloqueiam o
transporte de informação e as indiferentes, cujo transporte ou bloqueio não traz diferença. Isso
permite identificar que algumas conexões nos mapas podem facilitar compreensão, outras
podem dificultá-la, ou então, serem indiferentes.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...162
Estrutura é o número de conexões estabelecidas em relação aos seus componentes num
sistema em determinado instante de tempo. Refletindo sobre esse aspecto no mapa é possível
observar que os mapas podem conter muitos elementos e poucas conexões, nesse caso
apresenta uma estrutura menor. Um mapa pode conter poucos elementos e muitas conexões.
Aí a sua estrutura é maior.
Integralidade é a capacidade do sistema de se adaptar às novas situações, ser flexível,
reorganizar-se, aumentar ou diminuir suas conexões no tempo e sobreviver no ambiente.
Inclusive, manifestar-se através de outros subsistemas. No mapeamento a integralidade é
decorrente da facilidade dos mapas serem atualizados e reorganizados durante a investigação.
A integralidade no mapa permite manter sua coerência e flexibilidade favorecendo sua
permanência.
Funcionalidade: capacidade de produzir propriedades emergentes que podem ser
compartilhadas com seus elementos ou subsistemas. Tais propriedades permitem o sistema
desenvolver coerência. Quando o mapa apresenta funcionalidade é capaz de oferecer maiores
contribuições para o processo de investigação. As novas emergências favorecem a construção
de conhecimentos.
Organização é uma forma elaborada de complexidade. É a relação entre a integralidade,
funcionalidade e conectividade visando a permanência do sistema no tempo. Um sistema será
organizado quando for composto de subsistemas conectados por relações efetivas com graus
variados de importância tanto nos subsistemas como nas conexões compondo uma totalidade
de propriedades compartilhadas. Isso significa que quando o mapa apresenta agrupamentos,
conexões e definições de níveis de mapeamentos através de composição de submapas com
maior clareza e objetividade, maior será a sua organização.
Complexidade é uma das definições mais difíceis, pois existe desde a composição
básica do sistema a a sua organização. É um parâmetro flexível que, cada vez mais presente,
atende às diversas condições de sobrevivência (imprevisíveis, incertas e inesperadas). A
complexidade pode conduzir um sistema para entropia, como também em vel maior de
organização. Lidar com a complexidade no mapeamento é um grande desafio ao passo que
pode trazer enriquecimentos e também conflitos. Bunge (1963) classifica complexidade de
dois tipos: ontológica complexidade que existe nas coisas; e a semiótica que existe na
representação das coisas. Essa classificação traz a importância de considerar durante o
mapeamento não o mapa em si, mas o que ele pode representar. Isso significa que é
importante observar não conteúdo e a forma, mas também as possíveis interpretações que
podem ser apreendidas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...163
Segundo Prigogine(1980) toda evolução implica em crescimento da complexidade.
Existem flutuações de complexidade ao longo do tempo. A tendência é a complexidade
crescer para se consolidar e gerar vida. Quando focos de complexidade crescem, a
capacidade comunicativa fica mais complexa e, assim, a informação pode se propagar. Partes
da realidade se moldam à medida que mapeiam formas de complexidade. A qualidade de
interpretação, conhecimento e compreensão possibilita qualidade de ação e intervenção. Para
isso, sensibilidade, memória e elaboração são necessárias. A sensibilidade permite percepção
do ambiente, a memória permite armazenar informação e a elaboração permite reconstruí-la
para gerar conhecimento. A interpretação pode ser facilitada com mapeamento da informação.
Para permanecer no tempo, abre-se mão da própria identidade para modificar-se, dando
continuidade a própria existência no espaço e no tempo. Os sistemas são cadeias em processo.
De um lado, a idéia de ciclo, freqüência está associada à idéia de ordem. Por outro lado,
somado a isso, as perturbações, fusão entre o previsível e o imprevisível, geram
complexidade.
Segundo Vieira (1999) a atividade científica se apóia no estudo de séries temporais
seqüência de medidas ordenadas pelo tempo de alguma característica do sistema
investigado. Para o autor, fundamentado em Bunge (1977), estudar um sistema significa
compreender pares ordenados de relações entre variedade básica (V) a coleção de
propriedades dessas variedades (P), os elementos que constituem o sistema (e) e suas
propriedades (p) num determinado espaço-tempo.
Fazendo uma analogia ao pensamento de Vieira, num processo de investigação, o
mapeamento sistêmico de um fenômeno organizaria conjuntos por espaço-tempo de :
elementos relacionados com o problema de pesquisa (e)
descrições de características e propriedades desses elementos (p)
variedade desses elementos no tempo (V)
propriedades das variedades (P)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...164
Fig 77 -Visão sistêmica das relações entre sistemas abertos
Desse modo, de acordo com a visão sistêmica, a realidade é composta de vários
sistemas abertos em algum nível. Quando interagem com o meio ou se afastam do equilíbrio
produzem eventos. Interessante observar que essa investigação de S=<V,P> transcende
estudos estatísticos. Os eventos não são tratados como independentes e nem lineares. Os
eventos estão interrelacionados. Analisar o sistema é observar as diversas relações entre os
eventos. A função memória do sistema estudado se constitui ao estabelecer os diversos
estados do sistema. Isso significa mapear as diversas relações entre os pares ordenados no
tempo e também, as relações entre esses mapas (Bunge, 1977).
As cadeias de eventos são chamadas de processos. Elas se propagam no tempo-espaço e
agem sobre outros sistemas. O fenômeno se constitui quando os processos são percebidos e
codificados em alguma estrutura cognitiva. Desse modo, o trabalho científico consiste em
expressar a temporalidade do processo através dos mapeamentos de signos. Isso possibilita
visualizar e iconizar a história e memória do sistema.
A visão sistêmica é composta por três sistemas relacionados:
- O sistema em si mesmo, como um objeto dinâmico.
- O processo gerado pelo sistema, ou seja, cadeia de eventos decorrente das mudanças
de estados.
- A representação cognitiva do processo feita por um determinado observador.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...165
No processo de mapeamento, esses três aspectos acima citados podem ser contemplados
principalmente quando o cartógrafo:
registra o histórico de mapas no decorrer da investigação;
observa as mudanças realizadas e as conexões entre elas;
identifica a cadeia de eventos que provocaram tais transformações;
permite que sejam feitas novas releituras por si próprio e outros interlocutores.
Na visão sistêmica, as representações cognitivas são sempre provisórias. Elas coexistem
com a busca de evidências e do senso de ambigüidade. Nesse contexto as representações são
consideradas como válidas quando existe coerência entre o sistema mental e o sistema mundo.
Nesse contexto, a complexidade pode estar presente tanto no sistema mental, como no sistema
mundo. E, a complexidade pode estar presente nesses dois sistemas.
A complexidade envolvida nessa trama se desdobra e se entrelaça em múltiplas relações
e conexões dentro e entre sistemas, processos e representações. Tal trama compreende
também alguns binômios como ordem-desordem, acaso-determinação, interação-retroação.
Desse modo, é importante considerar os aspectos contraditórios, dinâmicos, imprevisíveis e
incertos. Muitas vezes, são os ruídos e as instabilidades que provocam organização e auto-
organização do sistema implicando num vel de complexidade mais elevado. Por exemplo,
durante o mapeamento é comum entrar em crise quando existem muitos dados, ou então
pouquíssima informação. Ambas as situações conflitantes provocam o pesquisador a refletir e
registrar suas dúvidas temporárias e certezas provisórias. Ao observar esses elementos,
surgem novos ganchos, âncoras para buscar novas informações ou eliminar o que está em
excesso. A crise vencida propicia mapeamento em níveis mais elevados.. A organização
permite a abertura e fechamento do sistema, ordenação linear e não-linear, ligações aleatórias
e predeterminadas, registro da trajetória e resgate do percurso.
Segundo Vieira (2004) para que o sistema possa permanecer no tempo, é necessário ter
um teor desorganizacional entrópico para poder se flexibilizar de acordo com as novas
condições do ambiente. Essa desorganização entrópica é o potencial para o sistema se
reorganizar. Um exemplo é o sol que produz alta entropia enquanto a terra se auto-organiza
produzindo vida.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...166
Essa relação pode ser notada na interação entre o mapeamento e a investigação. É muito
comum o pesquisador encontrar um grande teor desorganizacional no início da sua
investigação que favorece potencialmente a organização de seu projeto de pesquisa através do
mapeamento. Ao elaborar o mapa, o pesquisador visualiza melhor seu ponto de partida,
começa a delinear seu foco de pesquisa e observa com outro olhar mais crítico e apurado seu
universo de estudo. Então, novamente outros elementos que ele não tinha percebido
inicialmente aparecem, é possível identificar novo teor desorganizacional e a necessidade de
reorganizar o mapa novamente.
Segundo Vieira (2004), o sistema de signos reorganizados admite sintaxe (estrutura) e
semântica (organização) estabelecendo uma gramaticalidade. A idéia de gramaticalidade
implica na ocorrência de mensagens heterogêneas dentro de uma estrutura interna
legaliforme, ou seja, regida por leis, que pode ser organizada para atribuir diversos
significados. A heterogeneidade permite o cultivo da gramática, a homogeneidade o cultivo
da entropia. A estrutura é o resultado da conectividade, da relação de elementos ou sistemas
com outros. Á medida que o sistema ganha conexões vai aumentando sua estrutura. A
estrutura remete à sintaxe forma. Para olhar a forma é necessário ver a estrutura dos
subsistemas e elementos, as relações das partes e das partes com o todo.
A sintaxe como estrutura e semântica como organização são aspectos importantes que
favorecem observação do mapa não para facilitar sua construção como também a sua
interpretação. As interpretações sejam feitas pelo pesquisador como por seus interlocutores
implicam em mudanças tanto da sintaxe novas conexões aparecem, outras são eliminadas,
quanto da semântica nova organização vai se estabelecendo compondo uma visão global
diferente.
Fig 78 - MindMap3: Mapa da mente sobre CMAP Fig 79 ConceptMap4: Mapa conceitual sobre o CMAP
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...167
Fig. 80 - Mapa conceitual sobre “Mapa da Mente e Mapa conceitual”
As figuras acima apresentam o mapa da mente(MindMap3) e um mapa conceitual
(ConceptMap4) sobre as diferenças entre Mapa da Mente e Mapa Conceitual. Embora os
elementos em ambos os mapas sejam os mesmos, as estruturas conexões e a semântica
organização são diferentes.
Segundo Bunge (1979) a diversidade das conexões remete a diferentes enlaces. A
diferença na resistência do enlace chama-se coesão. Coesão é a força que as conexões
possuem, está relacionada com a sintaxe. Num sistema quanto maior o enlace entre os
elementos maior é a coesão. A organização das partes com o todo permite observar a
coerência, e assim estabelecer sentido, a semântica. A coerência transporta significados das
partes para o todo permite que subsistemas comecem a fazer sentido.
Nos mapas acima é possível observar elementos que têm várias conexões. Quanto maior
o número de conexões o conceito estabelecer maior é a sua coesão no mapa. Quando estas
conexões trazem significado claro para o leitor são consideradas coerentes. Quanto mais
clareza e sentido o conceito estabelecer através de suas conexões, maior é a sua coerência no
mapa.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...168
Para Bunge (1979) perturbações ou tensões provocam ampliação ou redução do sistema.
Nesse contexto, sistemas podem transmutar em subsistemas menores para manter a
conectividade. Quanto mais coeso for cada subsistema, mais difícil será a transmutação e
menos coeso será o sistema total. Por isso, nos mapas é importante estabelecer apenas as
conexões que são significativas para facilitar a leitura e também construção de novos
submapas quando necessário.
Para o autor, as crises evolutivas fazem emergir nova ordem a partir de ruídos
possibilitando reestruturação e evolução do sistema. O sistema cognitivo aumenta sua
sensibilidade, memória e elaboração à medida que seus subsistemas vão evoluindo também.
Isso implica em maior complexidade e crescimento também da capacidade comunicativa e de
interpretação.
4.2.6– ASETAPAS DO ÉVOLON E A INVESTIGAÇÃO COMO PROCESSO SISTÊMICO
Segundo Mende (1981) a evolução de sistemas através da transição da desorganização
para organização é descrita através do évolon. Évolon é um processo constituído de 7 etapas:
Ruptura – período no qual as crises se estabelecem, instabilidade, flutuação gigante,
desordem, desacoplamento. As condições limítrofes filtram e estabilizam o
ruído de realizações ao acaso de soluções bem determinadas (Mende, 198:4).
No processo de mapeamento é o momento de desorganização extrema
decorrente do excesso ou ausência de informação. Nessa fase, os ruídos externos
(contexto de pesquisa) ou internos (visão cognitiva do pesquisador) são
percebidos e o conflito é identificado.
Fase latente período de parada e avaliação de possíveis encaminhamentos, tempo para
reflexão, levantamento de recursos, desenvolvimento de autonomia. “No começo
dessa fase são criadas as condições básicas para um rápido uso do potencial
identificado de recursos. Os indicadores externos estão mudando normalmente
(Mende 1981,4). É o momento onde é necessário tempo para reorganizar o que
foi mapeado e identificar novos caminhos para descobertas.
Expansão período de escolha e implementação da solução, crescimento, ato de
criação. “Essa fase é geralmente caracterizada por crescimento hiperbólico com
expoente constante. Os antigos mutantes são substituídos por um processo de
uniformização por um lado e, por outro lado, nós observamos uma diversidade
crescente nas novas espécies em crescimento ... Todos os processos são
orientados pelo fluxo e produção”. (Mende, 1981:5). É o momento ideal para
crescimento e aprofundamento da rede de informação mapeada e visão mais
ampla da pesquisa.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...169
Transição melhor formulação de hipóteses, revisão das restrições, processualidade
abdutiva, aprimoramento do canal de comunicação. Período para adaptação do
crescimento, tempo de resposta, de reação, reorganização. “O acoplamento
entre o meio e o sistema atinge cada vez mais os subsistemas mais internos. Os
elementos de crescimento que anteriormente cresciam separados estão agora
ligados juntos em um único sistema (o stress da densidade cria acoplamento e
integração)”. (Mende, 1981:5). No processo de mapeamento é o momento de
crescimento mais uniforme e de reconfiguração do todo a partir do que foi
expandido, submapas e elementos que surgiram.
Maturação – período de refinamento, mecanismos de ajustes e de sincronização.
Maior estabilidade, melhor conectividade, sofisticação do sistema. Serão
estabelecidos refinação dos mecanismos existentes, a sincronização e a
coordenação de sistemas (...) Em um estágio posterior começa o
desacoplamento de subprocessos e os processos desacoplados servem como
módulos para novas combinações em etapa evolucionária seguinte.” (Mende
1981,5). É o momento mais propício para desenvolver maior coerência dos
subsistemas e do sistema como um todo. Para isso, é necessário identificar o que
deve ser reorganizado e aprimorado. Isso pode conduzir a novas combinações,
conexões ou desacoplamentos dos elementos existentes e novo layout do
todo.
Clímax otimização, novas combinações, nova identidade com crise vencida.
Sub-sistemas relaxam e ganham autonomia, diminuindo sua conectividade.
Diferenças internas aparecem. Não existe estabilidade plena. Estabilidade
permanece se o ambiente continua estável também. “Nesta fase final o novo
estado quase foi atingido. A evolução do clímax é sobreposta por flutuações.
Esse estágio pode durar muito tempo se o ambiente for constante, se os
feedbacks do sistema do ambiente forem pequenos e os distúrbios auto-
induzidos pelo envelhecimento e pela evolução de subsistemas não forem de
importância.” (Mende, 1981:5) É o momento no qual os mapas permanecem
mais tempo inalterados. É o período mais propício para navegação do que foi
mapeado, e reflexão do processo.
Instabilidade diferenças, heterogeneidade, flutuações levam a novas instabilidades.
Crises do ambiente conduzem ao desequilíbrio, rompimentos internos.
Desafios provocam novas rupturas e assim novos évolons. “Mudanças muito
pequenas ou desafios auto-induzidos do ambiente ou de subsistemas serão
suficientes para que o sistema se torne instável. E, esse houver uma força
propulsora para amplificação das instabilidades uma nova fase de crescimento
ou fase de ruptura começará.” (Mende, 1981:5). Nesse momento, pequenas
alterações tanto internas ou novas percepções do universo de estudo podem
provocar novas rupturas e o évolon pode começar novamente.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...170
4.2.7 – MAPEAMENTO INVESTIGATIVO ECOSSISTÊMICO
Segundo Moraes (2004) o pensamento ecossistêmico implica num modo de pensar
capaz de integrar relações complexas e de reconhecer a autonomia a partir de sistemas abertos
e dos processos de auto-eco-organização.
No paradigma ecossistêmico é fundamental buscar novos caminhos para transcender o
princípio determinista e mecanicista em direção a um princípio dialógico relacional aberto às
relações antagônicas, instáveis e imprevisíveis. Isso nos conduz ao encontro de novas
possibilidades de associar diferentes conceitos e questionamentos: simples, globais, opostos,
complementares, similares ou antagônicos. E, também, abre-nos para novas formas de
perceber a existência de relações sistêmicas, relações de interdependência entre os elementos
constituintes e a emergência de propriedades comuns compartilhadas.
Neste sentido, tal pensamento enfatiza ainda mais a importância de considerar as crises,
instabilidades e imprevisibilidades não como obstáculos durante o mapeamento, mas como
possibilidades de enriquecimento e aprimoramento da investigação. Quando o pesquisador
questiona e procura esclarecer as situações de conflitos (ao invés de simplesmente ignorá-las)
pode encontrar aspectos relevantes e mais significativos para sua investigação.
Essa nova abordagem epistemológica possibilita uma visão relacional, interligada e
aberta rumo a um movimento intersistêmico auto-organizador. O que possibilita uma ação-
reflexão dialógica e transformadora na qual é possível perceber as relações de si consigo, com
os outros e com o ambiente. Isso implica num processo tripolar de formação:
auto-formação: formação consigo mesmo,
heteroformação: formação em relação com os outros,
ecoformação: formação em relação com ambiente.
Esse processo tridimensional abre-nos para diferentes níveis de percepção da realidade
(de si, do outro e do mundo) e novas possibilidades de ação de modo mais autônomo e consciente.
Desse modo, o ser vivo pode modificar as suas relações, desenvolver suas estruturas internas,
criar novas interfaces, aprimorar sua rede de interações. (Galvani, 2002, Pineau, 2003)
O pensamento, a visão e a ação-reflexão ecossistêmicos permitem uma nova forma de
mapear o conhecimento novo e existente, compreender essas inter-relações e reorganizar
seu modo de aprender. Com isso, o sujeito pode inovar metodologias e estratégias em busca
de novos desafios que trazem sentido e consistência.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...171
Durante o mapeamento, para essa inovação e aprimoramento, é fundamental que
ocorram novas leituras e interpretações do que foi mapeado e inclusive discussões dos
futuros caminhos a serem trilhados. Esse processo reflexivo e dialógico decorrente das
releituras e diálogos entre pesquisador cartógrafo e seus interlocutores é importante para
refinamento do mapeamento. A partir dessas novas releituras, depuração e novas trilhas
poderão emergir mais facilmente no mapa.
4.2.8– PRINCÍPIOS ECOSSISTÊMICOS E O MAPEAMENTO INVESTIGATIVO
Partindo dos princípios ecossistêmicos estabelecidos por Moraes (2004), estabelecemos
algumas ações importantes para o mapeamento investigativo. (Tabela 22)
Princípios Ecossistêmicos Ações importantes para o
mapeamento investigativo
Intersubjetividade: relação entre sujeitos.
“O conhecimento é concebido como parte indissociável de uma
relação de interligação existente em todos os fenômenos da natureza
(...) decorre da interpenetração sistêmica que ocorre entre sujeito
observador e objeto observador no processo de observação.
(Moraes, 2004:79)
Mapear aspectos subjetivos
envolvidos no processo, como as
diferentes impressões, sentimentos,
opiniões pessoais relacionados com
a pesquisa.
Interatividade: ações mútuas, recíprocas, que modificam
comportamentos ou a natureza dos elementos.
Elementos necessitam estar acoplados estruturalmente, o que
garante o encontro estrutural necessário para que as interações
aconteçam. São condições para que exista qualquer organização.
Assim, a existência da organização implica a existência de interações
e vice-versa, pois é a partir das interações que emerge um sistema ou
uma unidade complexa” (ibid. 85)
Observar no mapa as relações entre
os elementos, as suas propriedades
e funções. Comparar as
características e comportamentos
observando as mudanças.
Identificar as associações que são
mais significativas e que aprimoram
o sistema
Complexidade: grande diversidade de informações, interações,
interferências e emaranhado de ações nos vários níveis.
“A complexidade funciona aqui como um princípio articulador do
pensamento. Este, por sua vez, requer um todo que consiga
detectar as relações, as ligações e articulações. Para Schnitiman, a
complexidade, vista como “um princípio organizador do
conhecimento, implica uma maneira de pensar que associe a
descrição do observador, que outorgue tanta força à articulação e à
integração como à distinção e à oposição (ibid. 91)
Organizar a diversidade existente
no mapa, procurando contemplar as
diferenças, particularidades,
especificidades.
Emergência: nova qualidade ou propriedade que surge das
relações entre elementos de um sistema.
De cada processo de auto-organização, algo novo pode emergir e
apresentar propriedades e características diferentes do padrão
anterior, a partir das quais novas formas de individualidade e
coletividade surgem apresentando novas qualidades ou propriedades
que nascem das associações e das combinações entre os elementos
participantes da rede. (ibid. 86)
Procurar perceber os fatores que
provocam as mudanças
significativas e as novas
propriedades ou características que
surgem nesse processo .
Auto-organização: capacidade que todo sistema vivo possui de
se autotransformar continuamente e se autoproduzir.
“Todos sistemas vivos possuem dentro de si a capacidade
fundamental de auto-organizar-se, de reconstruir-se e de transcender,
o que é fundamental para que possamos melhor compreender o
fenômeno da vida. Conhecer e aprender implica processos auto-
organizadores como vimos anteriormente. Ambos requerem
interpretação, criação e auto-organização por parte do aprendiz”.
(ibid. 886)
Buscar o diálogo interno,
interiorização, auto-conhecimento,
auto-reflexão, auto-aprendizagem,
realizando diversos mapeamentos.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...172
Autonomia: capacidade se ser independente em suas ações
alimentadas pela dependência (energética, material e
informacional) em relação ao meio.
nossa autonomia material, intelectual, moral e espiritual depende
de nossos relacionamentos com o mundo exterior, depende dos fluxos
nutridores advindos da cultura e do contexto, depende do saber
histórico, das informações que navegam pelo mundo e influenciam as
nossas ações e reflexões. E quanto maior o conhecimento que se tem
da cultura e do contexto onde se vive, maior possibilidade de
autonomia relativa, em termos pessoais e institucionais” (ibid 108)
Perceber os avanços, conquistas
dificuldades e limitações tanto
próprias em relação ao ato de
mapear quanto ao conteúdo
mapeado.
Mudança: processo no qual algo se transforma no tempo e no
espaço e torna-se diferente do que era anteriormente.
“A mudança está presente em nossa realidade, em nossa
corporeidade, que ela é parte intrínseca da natureza da matéria.
Está presente tanto nas circunstâncias que nos envolvem como
também em nossas estruturas biológicas. Isto pelo fato da mudança
fazer parte da própria dinâmica organizadora da vida. É o elemento
estruturador da natureza da matéria e organizadora da dinâmica da
vida no que se refere a todos os níveis da matéria.” . (ibid. 93)
Registrar um histórico de
mapeamentos realizados durante
momentos importantes da pesquisa
como forma de resgatar o processo,
rever os diferentes caminhos e
identificar as mudanças.
Incerteza: ação que num contexto ecologizado, pode sofrer
conseqüências imprevisíveis, inesperadas, existindo nela a
consciência do risco.
O importante é ter a consciência da incerteza da vida, da realidade,
do conhecimento e aprender a lidar, o melhor possível, com todas
elas. Para nós educadores, isto certamente nos lança um grande
desafio. Como fazer com que os sujeitos aprendam a dialogar melhor
com a incerteza no processo de construção do conhecimento? Como
fazer com que os aprendizes percebam que todo destino humano
implica incerteza e que a vida nada mais é do que uma grande
aventura?(ibid. 91)
Questionar o processo, buscar
interlocutores, identificar os
conflitos, as crises e momentos de
angústias. Refletir diante do
inesperado, do imprevisível
procurando rever a trajetória
mapeada.
Causalidade circular, relações causais recursivas ou retroativas
decorrentes das interações entre sujeito e objeto.
A retroação ou retro-alimentação do sistema equivale à noção de
feedback (...)
A recursividade vai além da retroação e se constitui em um processo
mais complexo, segundo Morin. Ela se refere aos processos em que os
efeitos e produtos são necessários ao próprio processo que o gera.(..)
Através do anel retroativo/recursivo, é que são produzidas as reações
e contra-reações que anulam a causalidade externa que protege e
mantém a causalidade interna.(ibid. 89)
Procurar continuamente estabelecer
relações e analisar as existentes.
Identificar os diversos tipos de
relações: causais, recursivas,
retroativas, etc.. Observar também
durante o mapeamento as variáveis
que geram contínuas mudanças que
acabam sinalizando a necessidade
de novos mapas.
Inter, multi e transdisciplinaridade, indicam aquilo que está ao
mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes
disciplinas e além de qualquer disciplina.
“Não significa fusão de conteúdo ou de metodologias, mas implica
em interface de conhecimentos parciais específicos que tem, por
objetivo, um conhecer global (Fazenda, 1992). Interdisciplinaridade
não é algo que se aprende, é algo que se vive, avisa Ivani Fazenda,
implicando mais em uma atitude do espírito que pressupõe
curiosidade, abertura e intuição para a descoberta das relações
existentes entre as coisas. É a forma de restabelecermos a unidade
perdida do saber, ensina essa autora.” (ibid. 99)
Considerar as múltiplas
perspectivas, procurar integrar no
mapa as áreas do conhecimento,
campos de saberes, teoria e ação, e
o olhar pessoal, como o autor da
pesquisa, através das próprias
reflexões.
Criatividade gestação de algo novo em um contexto
inteiramente novo.
“Graças a esta criatividade evolutiva, novos padrões de organização
surgem dependendo dos acidentes, conflitos e necessidades. Estes
estão arraigados em processos particulares, sejam eles, corporais,
psicológicos, culturais e mesmo ambientais” (ibid. 95)
Estar aberto ao processo dinâmico e
atento as possíveis inovações.
Observar no mapa, os significados
construídos, idéias que emergiram
nas relações que não tinham sido
ainda consideradas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...173
É importante considerar que os aspectos acima possibilitam viabilizar o pensamento
ecossistêmico e com isso, identificar as múltiplas relações consigo mesmo, com os outros,
com a cultura e o contexto que fazem parte da realidade. Isso favorece muito a seleção e o
mapeamento do que é relevante e significativo. Além disso, é possível perceber fluxos
dinâmicos auto-organizadores cada vez mais complexos de trocas, análises e sínteses.
Isso permite reconhecer que para conhecer é necessário interagir, refletir, reorganizar e
reconstruir a própria realidade interna e externa que muda constantemente a partir da relação
com o meio. Isso significa enfrentar as circunstâncias mais diversas, desde as pré-
determinadas às imprevisíveis, das planejadas às caóticas...
Muitas vezes, para que haja auto-organização, é necessário enfrentar a perturbação,
ruídos, caos, problemas. Isso significa lidar com caos e ordem, desorganização e
reorganização. É na situação de desafio que o estímulo surge e impulsiona a querer atuar,
inovar, remapear e reconstruir. É nas relações de troca e diálogo, que as transformações
acontecem e fazem emergir reflexões recursivas sobre os pensamentos, sentimentos e ações.
Tudo isso realimenta o processo garantindo o fluxo vital de troca de energia, matéria e
informação.
Quando se organiza o aprendizado por mapas fica mais fácil acompanhar o processo
identificar “o que foi” ou “o que precisa ser” consolidado. Além disso, fica muito mais
simples reorganizar o todo a partir de pequenas mudanças. Isso facilita o desenvolvimento da
coerência.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...174
4.2- TEORIA HERMENÊUTICA -INTERPRETANTO REDES MAPEADAS
Mapa é um guia. Através do mapa pode-se registrar e visualizar caminhos visando obter
orientação melhor durante uma viagem. Os mapas investigativos auxiliam a construção de
uma rede de elementos significativos e relevantes facilitando o processo de pesquisa.
Porém, mapa o é viagem. Deve-se ir além da construção de mapas. É fundamental
usufruir o mapeamento realizado, navegando nos caminhos indicados e realmente viajar.
Numa investigação, após o mapeamento é fundamental sistematizar o processo através da
narrativa. Através dos mapas investigativos, identificam-se e delineiam-se elementos
importantes para uma boa pesquisa. No entanto, é necessário descrever o percurso através do
discurso.
Os trios ler–mapear–escrever e reflexão–mapeamento–ação podem enriquecer o
processo investigativo. Esses trios implicam em movimentos contínuos recursivos nos quais
as leituras alimentam os mapas, estes enriquecem a escrita e esta exige novas leituras. Do
mesmo modo que as reflexões podem ser mapeadas, os mapas favorecem tomadas de
decisões, cujas ões implicam em novas reflexões.
Para que esse fluxo recursivo possa ocorrer, um dos grandes desafios é o processo de
interpretação. O ato de interpretar é fundamental para ler-mapear-escrever. Isso inclui também
o refletir-mapear-agir. A interpretação é o caminho para apreender o significado ou atingir a
essência dos elementos a serem mapeados. Alguns obstáculos podem ocorrer tanto na
interpretação de textos, como na interpretação de mapas. Desse modo, consideramos
importante discutir alguns princípios hermenêuticos no intuito de minimizar esses obstáculos.
Como não se perder em uma vasta rede de
significados, que se entrecruzam em fios,
relações, redes? Como tecer significados e
mapeá-los? Nílson Machado(2001)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...175
A teoria hermenêutica possibilita aprofundar alguns conceitos importantes para o
processo de interpretação utilizado tanto para construir de mapas, como também, para navegar
nos mapas construídos.
Hermenêutica é considerada como a arte de interpretar mensagens. Trata-se de uma
atividade de discernimento visando o esclarecimento. Isso implica em compreender a essência
das coisas, apreender seu significado. O interpretar compreende também em reconhecer a
relatividade da mensagem univocal do emissor construída numa base polissêmica de palavras.
A linguagem é ambígua. As palavras podem ter vários significados e, portanto, várias
interpretações.
Muitos teóricos hemenêuticos discutem o assunto trazendo diversas concepções.
Gallagher(1992) discute sobre a importância da hermenêutica na Educação agrupando os
autores e classificando as diferentes abordagens na teoria hermenêutica. Além disso, a autora
destaca alguns princípios importantes no ato de aprender e investigar.
Hermenêutica
Conservativa
Schleiermacher e Dilthey.
Nessa abordagem de caráter metodológico, a intenção da
hermenêutica é reproduzir o significado da intenção do autor
seguindo princípios e métodos sistemáticos e científicos.
Hermenêutica
Filosófica
Gadamer eRicoeur
Nessa abordagem de caráter existencial, defende-se o princípio de
que nenhum método pode garantir uma interpretação objetiva e
absoluta de um texto. O leitor já tem pré-conceitos decorrentes da
sua existência histórica que interferem no processo. Interpretar
envolve questionamento e criatividade e não apenas reprodução. Os
leitores devem ser ativos, construir significados e também vivenciar
uma experiência estética.
Hermenêutica
Radical
Nietzche e Heidegger
e desconstrutivistas
pós-estruturalistas como
Derrida e Foucault.
Nessa abordagem crítica, rejeita-se também a concepção da leitura
como aplicação pura de método. A leitura exige uma brincadeira
com as palavras do texto, ao invés de um uso para encontrar a
verdade. Ela implica em desconstruir o texto e a princípio ir contra
ele. O objetivo da desconstrução do texto não está apenas em
apreender o significado; mas também, reconstruí-lo de forma
diferente. O “desabitamento” e “ desapego” permitem ir em busca da
unidade, significado e autoria, operados dentro como fora do texto.
Hermenêutica
Crítica
Habermas Karl-Otto Apel
inspirados em Marx, Freud
e teóricos da Escola de
Frankfourt.
Nessa abordagem intersubjetiva, existe a combinação de
características radicais e tradicionais da hermenêutica. Por um lado,
radical no sentido social e político visando a emancipação e
criticidade da exploração do poder econômico. Desse modo, a
hermenêutica é empregada na conscientização crítica. Por outro
lado, conservadora, pois adota uma postura que visa consenso de
situações livres de ideologias através de métodos rígidos.
Tabela 23 - Diferentes abordagens na teoria hermenêutica
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...176
Refletindo sobre a Cartografia Investigativa e a importância de mapear significados
selecionamos alguns princípios da hermenêutica filosófica.
Para isso, trazemos alguns pressupostos de Ricoeur, pois sua abordagem explora a busca
do sentido e significado das coisas. Segundo Thompson (1981,49) A filosofia de Ricoeur é
existencial na medida em que tem por objeto a existência humana; e é fenomenológica e
hermenêutica em razão do método que ele emprega para decifrar os signos que expressam
nosso afã em existir e nosso desejo de ser”.
4.2.1- O MAPEAMENTO INVESTIGATIVO E SENTIDO DOCONHECER, SER E VIVER
Paul Ricoeur(1974,1981) estende a noção de interpretação fazendo uma analogia à
existência humana. A interpretação é essencial para desvelar o ser. A vida é como um texto,
pois ambos expressam um sentido que pode ser apreendido por meio da interpretação. A
leitura de um “texto” é um desafio, assim como a leitura da vida e do mundo.
O desejo de ser e o signo estabelecem uma mesma relação entre libido e símbolo. Isto
significa duas coisas: de um lado a compreensão do mundo dos signos é compreender a si
próprio, o universo simbólico é um contexto de auto-explicação; de fato não existiria nenhum
problema de significado se os signos não fossem o meio. Por outro lado, na direção oposta, a
relação entre o desejo de ser e o simbolismo significa um caminho curto da intuição de que o ser
pelo ser é fechado. A apropriação do meu desejo de existir é impossível pelo caminho curto da
consciência, apenas pelo longo caminho da interpretação dos signos é aberto. Esta é a minha
hipótese na filosofia. Eu chamo isto de reflexão concreta, ou seja, o conhecimento (cogito) é
mediado pelo universo completo de signos(Ricoeur, 1974:264)
A interpretação como construção de significados está associada à busca do sentido do
conhecer, ser e viver e das suas relações. Essas relações significam articular o pensar, o agir e
o compreender. Para construir significados, é importante apreender o sentido não do
conhecimento; mas também, das relações entre conhecimento, mundo e nossa vida. Neste
sentido Ricoeur(1981:44) destaca que a polissemia das palavras exige em contrapartida o
seletivo papel do contexto para determinar o corrente valor que as palavras assumem numa
determinada mensagem, falada por um determinado interlocutor para um ouvinte localizado numa
situação particular.”
Isso significa que no contexto da leitura é necessário mapear as relações entre o texto a
ser lido, o contexto do autor e do leitor. No contexto da investigação, é essencial mapear as
relações o mundo do pesquisador, campo teórico já construído e o universo de estudo.
Contudo, o uso puro e simples das interfaces Nestor e Cmap não garante o rigor hermenêutico. Por
isso neste curso não descolamos desse debate da discussão sobre pesquisa qualitativa e o uso da
cartografia". Este curso é um exemplo de campo fecundo. Aqui temos o mais fecundo debate e
partilha de sentidos pois todos os envolvidos são pesquisadores implicados com suas questões
existenciais e de pesquisa. Por sermos pesquisadores com formações e experiências variadas
fazemos a transposição rapidamente. Mea 28-09-2004
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...177
Nesse sentido, observamos que aprender as técnicas de mapeamento com uso de
software deve considerar não apenas exploração criativa dos recursos tecnológicos, aplicação
de metodologias; mas principalmente discussão sobre o próprio ato de mapear articulado com
contexto dos investigadores e seus campos teóricos e práticos.
A leitura e a reflexão sobre o texto de Macedo " Uma Itinerância do Rigor Hermenêutico em
Pesquisa" constituiu-se num exercício de compreensão extremamente valioso da etapa de análise
na etnopesquisa crítica, não somente em relação aos passos a serem seguidos e aos cuidados a
serem tomados no processo de construção do "corpus" da pesquisa, mas também por frisar que a
competência do etnopesquisador crítico dos meios educacionais se estabelece ao ultrapassar o
saber-fazer meramente técnico e/ou utilitarista em ciências da educação.
Nesse sentido, também se aproxima da temática deste curso sobre a utilização de softwares
cartográficos como mais uma alternativa para a orientação do nosso pensamento durante a
investigação, no sentido de uma melhor compreensão de temas, significados e sentidos atribuídos
aos discursos, fatos e circunstâncias, imprimindo dessa forma maior clareza e rigor às nossas trilhas
e caminhos enquanto pesquisadores e, em assim sendo, ultrapassando a noção de "ferramentas" ou
recursos materiais e utilitários atribuídos às tecnologias da comunicação e informação.
Primeiro, porque os mapas conceituais muito nos servirão para a seleção dos dados e informações
coletados, oriundos das mais diversas fontes, momento em que a análise se fará presente.
Em seguida, porque, através de mapas mentais, fica mais fácil confrontar os "dados" com as
questões norteadoras e as intuições decorrentes do contato direto com o objeto pesquisado
(devidamente registradas), para que sejam mais destacados os mais relevantes.
Também me parece de grande valia a elaboração de mapas no momento da "redução
fenomenológica": na separação das partes da descrição consideradas essenciais daquelas outras
vistas como menos significativas, mantendo, ao mesmo tempo, a visibilidade dos aspectos
(representados por tópicos) que distinguem os objetos da consciência (acontecimentos, pessoas,
emoções, etc) constitutivos da experiência.
Sendo a interpretação em etnopesquisa uma atividade extremamente exigente e, à medida que a
leitura interpretativa dos dados acontece, surge o momento de reagrupar as informações em noções
subsunçoras, as denominadas categorias analíticas. Os mapas aqui são extremamente valiosos.
Creio que o cruzamento da pesquisa com a cartografia nos remeterá a uma maior consistência e
coerência na construção da pesquisa, porque a cartografia cognitiva ajuda o pesquisador em seu
processo de "filtragem" das partes mais significativas da experiência, ou seja, no que se refere aos
significados cognitivos, afetivos e conotativos, para efeito de reduzir a experiência à sua expressão
mais radical e seminal. Sol 19-09-2004
Nesse exemplo acima, a leitora compartilha suas reflexões sobre o texto de Macedo
trazendo não somente sua interpretação do conteúdo:
passos a serem seguidos e cuidados a serem tomados no processo de construção do "corpus" da
pesquisa (…) competência do etnopesquisador crítico dos meios educacionais se estabelece ao
ultrapassar o saber-fazer meramente técnico e/ou utilitarista em ciências da educação.
Mas também, a relação do texto com seu próprio contexto, pois acha a autora que
“constituiu-se num exercício de compreensão extremamente valioso da etapa de análise na
etnopesquisa crítica,”
Com isso, ela destaca também a importância da reflexão para obter maior criticidade e
conscientização no uso da tecnologia articulando também teoria com a prática.
Nesse sentido, também se aproxima da temática deste curso sobre a utilização de softwares
cartográficos como mais uma alternativa para a orientação do nosso pensamento durante a
investigação, no sentido de uma melhor compreensão de temas, significados e sentidos atribuídos
aos discursos, fatos e circunstâncias, imprimindo dessa forma maior clareza e rigor às nossas
trilhas e caminhos enquanto pesquisadores e, em assim sendo, ultrapassando a noção de
"ferramentas" ou recursos materiais e utilitários atribuídos às tecnologias da comunicação e
informação.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...178
Desse modo, a leitora estabelece relação entre os diversos significados construídos por
ela, como afirma abaixo:
Creio que o cruzamento da pesquisa com a cartografia nos remete a uma maior consistência e
coerência na construção da pesquisa, porque a cartografia cognitiva ajuda o pesquisador em seu
processo de "filtragem" das partes mais significativas da experiência, ou seja, no que se refere aos
significados cognitivos, afetivos e conotativos, para efeito de reduzir a experiência à sua expressão
mais radical e seminal.
Para Ricoeur(1997:283), a leitura é uma experiência viva determinada não pelo o que o
texto prescreve, mas pelo o que ele revela por meio da interpretação.
“A função da literatura mais corrosiva pode ser contribuir para fazer aparecer um leitor de novo
tipo, um leitor ele próprio desconfiado, porque a leitura cessa de ser uma viagem confiante, feita
em companhia de um narrador digno de confiança, e torna-se um combate com o autor implicado,
um combate que o reconduz a si mesmo”
Compreender o sentido de mapeamento foi fundamental para usar a técnica de
mapeamento para desvelar os diversos sentidos de cada pesquisador em suas pesquisas.
Através das reflexões sobre o processo e a construção de significados no coletivo, o
investigador pode não apenas compartilhar sentidos, senso, consenso; como também,
reconstruir significados.
O texto de Macedo nos faz refletir durante todo o processo de construção do
conhecimento/pesquisa compreender o fenômeno, sem fragmentá-lo, exige um esforço enorme do
pesquisar em agrupar as informações evitando assim interpretações inconclusivas Marialda 17-
05-2004
4.2.2- O PROCESSO DE MAPEAR E O INACABAMENTO
Ricoeur (1997) destaca o desafio de decifrar os signos que expressam nosso existir e
nosso desejo de ser. Ele estabelece uma complementaridade entre interpretação e busca de
sentido da existência, entre conhecimento e a vida. As interrogações conduzem para um
processo de busca que vai se abrindo, ou seja, a partir de respostas surgem novas perguntas.
Para Ricoeur, a leitura vai além do que o texto prescreve, pois envolve também o que é
revelado por meio da interpretação. Desse modo, ele destaca texto como um encontro
inacabado do mundo do autor e do leitor.
A construção de significados tanto na leitura de um texto como no processo de
investigação pode ser inesgotável, pois existem sempre novos aspectos a serem desvelados. O
leitor-investigador se empenha não apenas em apreender o que foi compreendido, mas
também o que ficou obscuro, implícito ou tácito. Termos desconhecidos remetem a novas
buscas e o processo torna-se recursivo. A alternância entre o sentido apreendido e ausência de
sentido o conduz a novas descobertas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...179
Ricoeur (1997:287) destaca que o texto literário é inacabado por dois motivos. Primeiro,
porque toda obra apresenta brechas, “lugares de indeterminação” que o leitor deve preencher.
O leitor pratica uma ação figurante, pois ele se figura na configuração dos acontecimentos
relatados pelo texto. “O texto é como uma partitura musical, suscetível de execuções
diferentes”. Segundo, pois o mundo que ele propõe se define como uma seqüência de frases,
que precisam ser transformadas num todo, cada frase aponta para além de si mesma, indica
algo a fazer, abre uma perspectiva.
No processo de investigação também pode ser considerado como inacabamento. Um
processo contínuo que parece não ter fim. O pesquisador está sempre voltado à busca de
novos referenciais teóricos e aprofundamento da análise visando estabelecer relação entre
teoria e prática. Esse processo incompleto faz emergir preocupações com o tempo.
O investigador passa a questionar o tempo de investigação necessário para que sua
problemática seja resolvida a contento.
Dando continuidade à nossa reflexão sobre o rigor hermêutico consideramos muito importante o
"dar o tempo" de acordo com a problemática-necessidade existente no campo da pesquisa.
Verificamos especificidades únicas ligadas ao contexto campo de pesquisa-objeto da pesquisa.
Que dados serão superficiais? Como estão se colocando os "fatos", com quais funções
subsunçoras estão os envolvidos na investigação? Passada a peneira temos dados suficientes para
a solução de nosso problema? Uma análise necessita de conteúdo consistente para que o produto
seja de qualidade. Como poderemos nos valer da fenomenologia para avaliarmos o conteúdo
existente a ponto de não voltarmos ao campo?” 05-05-2004 DAL
O objeto se desvela no campo de pesquisa e este é movimento. A pesquisa qualitativa permite que
visitemos o campo de pesquisa várias vezes se for necessário. O objeto em educação é vivo! A
pesquisa é obra aberta. Contudo, o pesquisador precisa ensaiar sua síntese e por isso precisa
delimitar seu tema, relacionar teoria e empiria e escrever sua síntese. Nada impede o revisitar o
campo até porque as etapas na pesquisa qualitativa etnográfica não são lineares, primeiro
isso...depois aquilo...A PESQUISA É ESPAÇO DE FLUXO! 05-05-2004 Mea
Sim, mas... o tempo necessário ao término da pesquisa dependerá também do número de
revisitações necessárias às interpretações...às apreensões das informações para sua
conclusão(considerações)? DAL 06-05-2004
Nesse sentido, Iser (1987: 224-228) também destaca a leitura como uma experiência
inesgotável. A interação do leitor com o texto concretiza-se num movimento dinâmico
oscilando entre identificação de rupturas e reconstrução de sentidos. As rupturas constituídas
pelas partes ausentes ou elementos indeterminados induzem o leitor à imaginação. Essas
rupturas encontradas no texto tornam-se desafios para o leitor conduzindo-o a estabelecer
conexões, reorganizar os significantes e elaborar novas representações. Segundo Iser (1996),
esse processo se concretizaria através de conscientização direcionada não apenas para decifrar
os sentidos, mas para apreender o potencial de sentido contido na obra.
O lugar vazio permite então que o leitor participe da realização dos acontecimentos do texto.
Participar não significa, em vista dessa estrutura, que o leitor incorpore as posições manifestadas do
texto, mas sim que aja sobre elas. Tais operações são controladas na medida em que restringem a
atividade do leitor à coordenação, à perspectivação e à interpretação dos pontos de vista. À medida
que o lugar vazio permite essas operações, evidencia-se a ligação fundamental de estrutura e
sujeito, a saber. (ISER, 1996: 157).
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...180
Nessa perspectiva, no contexto de uma pesquisa, observamos que o mapeamento
facilita a identificação de vazios que podem se tornar significativos e enriquecer o processo. O
mapeamento de pistas, indícios, vestígios e conhecimentos fragmentários facilita a
identificação de relações que permitem integrar um cenário conduzindo a novos mapeamentos
e, por conseguinte, novos cenários.
Acho que a construção de mapas ajuda muito a organizar o nosso pensamento, tanto na
elaboração do projeto de pesquisa, quanto nas etapas seguintes do seu desenvolvimento. Creio que
o esforço para sintetizar conceitos nos torna mais precisos, facilitando tanto o registro como a
organização dos dados, para posterior análise, e, ainda, a interlocução com outros pesquisadores.
A cartografia ajuda a refletir sobre relações, conexões, vazios, incoerências”. 18-08-2004 Sol
4.2.3- MAPAS INVESTIGATIVOS E O PONTO DE VISTA VIAJANTE
Iser também destaca o conceito de “ponto de vista viajante”, segundo o qual o todo
do texto nunca pode ser percebido de uma vez; e, estando nós mesmos situados no interior do
texto, viajamos com ele à medida que nossa leitura vai avançando (Ricoeur, 1997, p. 288).
O investigador também vai ampliando seu olhar ao mesmo tempo em que se constrói sua
investigação. À medida que ele amplia seu olhar, sente necessidade de investigar cada vez
mais. Com mais informação e conhecimento, ele torna-se mais crítico e consciente. Com esta
visão mais desenvolvida, ele consegue com mais facilidade identificar os fragmentos, vazios
e incoerências de sua própria pesquisa.
Iser (1999) indica que este “ponto de vista em movimento” permite o leitor desvelar
continuamente novos horizontes conforme ele vai caminhando na leitura. Ao mesmo tempo
ele pode reconfigurar o que foi lido, à medida que novos significados são apreendidos.
Esse movimento indica que “o fluxo da leitura não se realiza em direção unilateral e
irreversível; ao contrário, o que está sendo retido e presentificado possui um efeito
retroativo, o presente modificando o passado.”
Nesta direção, o mapeamento conduz a um diálogo entre o futuro (os próximos
passos) e o passado (caminhos trilhados). Através dos mapas, o pesquisador pode
acompanhar sua trajetória ressignificando o passado e se orientar para definir quais serão as
próximas etapas na pesquisa com um olhar mais acurado. Cada passo novo no mapa permite
ampliar o que foi construído e esta base ampliada serve apoio para estabelece horizontes
mais desafiadores.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...181
4.2.4 – A TRÍADE: PRÉ-CONFIGURAÇÃO CONFIGURAÇÃO RECONFIGURAÇÃO
No processo de construção de significados podemos trazer três operações destacadas
por Ricoeur (1997): pre-figuração, configuração e reconfiguração. Através dessa noção de
mundo a configurar, mundo configurado e mundo reconfigurado podemos observar um
movimento recursivo de significação, ressignificação e transformação.
Fig. 81 Ciclo pre-figuração, configuração e reconfiguração
Ricoeur, estabelece uma relação entre a ação de narrar uma história e o caráter
temporal da experiência humana. Neste contexto ele define mimese como uma mediação
entre tempo e narrativa articulada em três estágios interligados: pre-figuração, configuração e
refiguração. A configuração é caracterizada como mediadora do mundo . “O desafio é, pois, o
processo concreto pelo qual a configuração textual faz a mediação entre a prefiguração do
campo prático e sua refiguração pela recepção da obra.” (Ricoeur, 1997:85)
A passagem da configuração para a refiguração pressupõe o confronto do mundo do texto com o
mundo do leitor. Essa intersecção entre os dois mundos é uma intersecção entre o mundo
configurado pelo texto e o mundo “no interior do qual a experiência efetiva se desenrola e desdobra
sua temporalidade específica”, ou seja: o mundo do leitor. Logo, a configuração se torna
refiguração na ação efetiva, conseqüência da leitura. A significância da obra de ficção procede
dessa intersecção. O fenômeno da leitura é o mediador necessário da refiguração. O dinamismo
interno da configuração narrativa não é suficiente por si só. A passagem da configuração à
refiguração exige o encontro entre o mundo fictício do texto e o mundo real do leitor. A leitura
desempenha o papel estratégico na operação de refiguração. O leitor é o mediador último entre
configuração e refiguração. (Schramm, 2002:13)
Na cartografia investigativa, esse movimento é muito importante, pois permite o
pesquisador ampliar seu olhar e compreender com mais profundidade o sentido do
mapeamento para investigação.
“Lendo o texto de Macedo e os comentários dos colegas, preferencialmente, as perguntas de Ale,
tento aqui apresentar algumas idéias.Na etnopesquisa experimentamos o efeito Moebius, o
indivíduo descreve a sociedade em que vive, ao mesmo tempo em que o constrói. É muito mais uma
postura do que uma técnica. Essa postura pressupõe, ela própria, uma concepção da realidade tal
como se apresenta o interacionismo simbólico. A construção do mapa e a utilização conjunta de
uma ferramenta como o Nestor facilita ao pesquisador envolver todo o intelecto, transformando a
psique numa arena de luta entre as partes da realidade dividida em pólos opostos, para conseguir
uma forma de olhar a parte pensando no todo, e com isso, criar as ligações que vão organizando
um conhecimento. Nessa condição, faz surgir entre a prática e a teoria, as noções subsunçoras,
num processo incrível de aprendizagem. O mapa para mim parece uma ressonância magnética do
pensamento organizando uma experiência que por sua vez organiza o próprio pensamento,
trazendo assim a imagem alquímica do uroboros.” 26-09-2004 Carlos
Mundo
Configurado
Mundo a
configurar
Mundo
Reconfigurado
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...182
Observamos nesse relato que o processo de interpretação do texto de Macedo (Rigor
Hermenêutico) e de Moraes (Holomovimento), articulado com discussão e questionamento
permitiu o pesquisador configurar sua visão dando significado a etnopesquisa como um efeito
Moebius ou imagem alquímica do uroboros.
Ele próprio menciona o pesquisador construindo a pequisa ao tempo que a pesquisa o
reconstrói. Partindo dessa perspectiva, ele estabelece a mesma analogia com o mapeamento.
O mapa permite reorganizar seu pensamento e o pensamento por sua vez reorganizado
organiza melhor o mapa e assim o processo continua recursivo e espiralado.
Fig 82. Moebius
Fig 83 Uroboros
Nesse movimento, múltiplos sentidos são despertados e outros adormecidos. Na
investigação, pode surgir tanto “ilusão” de um processo completamente coerente ou
“angústia” de insuficiência de dados ou de um vasto território de conhecimentos a ser ainda
explorado. Quanto mais o investigador está envolvido com sua pesquisa, mapeando seu
processo, mais necessidade sente de pesquisar e mapear. Essa recursividade provoca o leitor
investigador a questionar seus limites incluindo o tempo.
Dal, temos um cronograma , um tempo, prazos ....estes precisam ser administrados sem dúvida!
Por isso o projeto precisa ser bem cuidadoso e gestado pelo pesquisador. O que tinha colocado foi
só a questão da FLEXIBILIDADE/conexão entre as etapas da pesquisa. Daí mesmo se você estiver
escrevendo o relatório final da pesquisa e se sentir necessidade do retorno ao campo é uma
possibilidade 06-05-2004” MEA 11-05-2004
Oi Mari, o texto do Macedo coloca de forma excelente que a análise de dados se faz durante toda
a pesquisa, enfatizando a relação constante entre objetivo/subjetivo. Ao mesmo tempo, ao trazer
conceitos como "saturação dos dados" e "redução" oferece uma linha metodológica para a fase em
que nos encontramos. Realmente, embora com o tempo escasso que tenho este curso está trazendo
muita luz para a minha pesquisa. O quê vc achou?” Verasa 11-05-2004
Pesquisa realmente é uma itinerância complexa. Parte de uma ou várias inquietações que se
transformam e são temporariamente contempladas a partir do momento que desvelamos o
fenômeno da investigação. Conhecendo o objeto de estudo, formamos e produzimos sentidos. Tudo
isso acontece na nossa interface com os dados do campo, com leituras a várias fontes: textos
científicos, outras pesquisas, falas dos sujeitos, dados da internet. Tudo isso se faz com que
tenhamos necessidade de organizar nossa autoria que geralmente se expressa no relatório final
(produto de final aberto) 22-08-2004” MEA 12-05-2004
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...183
4.2.5- DA COMPREENSÃO À EXPLICAÇÃO E DA EXPLICAÇÃO À COMPREENSÃO
Ricoeur apresenta dois movimentos importantes compondo o arco hermenêutico: da
compreensão para a explicação e da explicação para a compreensão.
O processo que vai compreensão para a explicação envolve a formulação de hipóteses.
O leitor busca o sentido para as partes do texto através de analogias e propondo relações entre
elas. As interpretações possíveis seguem vários caminhos para que a formulação de hipóteses
tenha profundidade e amplo alcance. A validação ocorre através da argumentação baseado em
procedimentos. No entanto, distingue-se da verificação que se baseia em provas lógicas.
Como esclarece Amdal(2001:2) a suposição subjetiva é objetivamente validada.
A compreensão corresponde a um processo de composição de hipótese, baseado na analogia,
ou metáfora. A formulação da hipótese não deve somente propôr sentidos para termos e
leituras para textos, mas também deve atribuir importância às partes e invocar procedimentos
classificatórios hierárquicos.
Como alerta Schramm(2002:13),este modelo pode conduzir à “auto-confirmação”
quando hipóteses não-validáveis são propostas. No enanto, Ricoeur escapa desse dilema, pois
incorpora a noção de Karl Popper de “refutabilidade” em seus métodos de validação.
Refutabilidade, para Popper, é aquilo que garante a cientificidade de uma teoria, ou seja,
qualquer teoria que se pretenda científica tem que ser passível de refutação” . Neste
processo, busca-se a coerência interna de uma interpretação e a plausibilidade relativa de
interpretações concorrentes.
O movimento que vai da explicação à compreensão é um processo subjetivo no qual o
leitor considera o mundo que fica atrás do texto e o seu mundo como intérprete para sua pré-
compreensão. Quando leitor consegue identificar não o sentido objetivo do texto, mas
também, as intenções subjetivas e a visão do autor, tornam-se possíveis múltiplas
interpretações.
Amdal(2001:2) destaca que neste processo, Ricoeur distingue duas estâncias
relacionadas com a função referencial do texto: uma aproximação subjetiva e uma
estruturalista alternativa. A abordagem subjetiva constrói continuamente o mundo que
estende atrás do texto mas confia no ponto de vista do intérprete para sua pre-compreensão.
Embora o mundo-visto construído possa gradualmente aproximar do autor quanto mais texto
é interpretado, a subjetividade do intérprete não pode inteiramente ser superada. No
contraste, Ricoeur a aproximação do estruturalismo suspender a referência ao mundo atrás
do texto e focalizá-lo nas interconexões das partes dentro do texto.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...184
Schramm(2002:13) complementa que estas duas estâncias trazem à tona uma
interpretação profunda e uma superficial. A profunda é o que fala o texto, o tema, a referência
não-ostensiva do texto. Na segunda existe o apego ao texto, a interconexões entre as partes
internas do texto visando apreender apenas o que o autor quis dizer. No entanto, a
compreensão requer uma afinidade entre o leitor e o mundo aberto pelo texto, ao invés deuma
interpretação e fixa. A imposição na interpretação canaliza o pensamento numa certa direção.
O sentido é suspendido quando o foco é no aspecto formal dos gêneros refletidos no texto.
Essencial na hermenêutica de Ricoeur é a distinção entre diálogo (falar/ouvir) e discurso
(texto escrito). Segundo ele, o discurso é destacado das circunstâncias originais que o produziram,
as intenções do autor estão distantes, o destinatário é geral e referências ostensivas estão
ausentes. Uma idéia-chave na sua perspectiva é que uma vez que o sentido objetivo é liberto das
intenções subjetivas do autor, múltiplas interpretações aceitáveis se tornam possíveis. Assim, o
sentido é construído não apenas de acordo com a visão de mundo do autor, mas também de acordo
com a sua significância na visão de mundo do leitor. Num movimento surpreendente, Ricoeur
estende sua teoria da interpretação para a ação, argumentando que esta revela e evidencia as
mesmas características estabelecidas pelo discurso separado do diálogo. Schramm(2002:13)
O arco hermenêutico é fundamental no mapeamento. No percurso que vai
da compreensão para a explicação”, o pesquisador explora cada componente estabelecendo
associações sob diversas perspectivas. Com isso, consegue propor hipóteses, trazer
argumentos e contra-argumentos visando coerência. Na trajetória que vai, da explicação
para a compreensão”, o pesquisador consegue imergir numa interpretação mais profunda,
estabelecendo relações entre o que foi mapeado e o seu próprio contexto. Como podemos ver
num exemplo abixo:
Detalhamento metodológico da pesquisa pós-formal; ao mesmo tempo em que me possibilitou
entender as angústias que sinto frente a minha competência teórico metodológica, também, ao
validá-la, proporcionou-me o alento do encontro de um "corpus de conhecimento" confortável.
Embora, estranhe a denominação "noções subsunçoras", o texto veio de encontro a necessidades
conhecidas. A possibilidade de acolher a junção da polaridade: estranho/ conhecido, torna a prática
em teoria, e deu significado interno a experiência deste texto. Verasa 16-05-2004
A leitura do texto transcende para abertura que está além dele, na direção de um
mundo.
Interdisciplinaridade e multirreferencialidade são necessárias, estudadas e discutidas, se bem que
ainda estamos tentando entender suas distinções, contribuições, 'estratégias e táticas' (lembrei disso
agora, desculpem se forcei). Gostei muito da contribuição do Silvio: nosso grupo faz questão de
sempre deixar claro qual é a nossa opção teórica, pois que é tb política (P. Demo que diz que toda
ação educativa é política?). Mesmo que interdisciplinar, mas construímos nossa
abordagem/referencial a partir do pressuposto de que vivemos numa época de profundas
desigualdades sociais; e, além disso, a saída para a problemática ambiental se da no respeito à
diversidade, pois ela garante diferentes olhares/pensares na busca de soluções para a construção de
sociedades mais justas e igualitárias. Se houvesse um caminho linear poderia ser diferente, a
ditador... Mas não há (ainda bem, né?). Por isso se fala tanto em redes, mapeamentos, tessituras...
os valores humanos poderão ser destacados... Esse é o grande desafio, compreender os nexos
entre tudo, o nosso sentimento de pertença contribuindo para um movimento de inclusão,
participação de todos num mundo novo... Sustentável para as mais diversas formas de vida. San 17-
05-2004
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...185
4.3TEORIA DIALÉTICA -DESCONTRUINDO E RECONSTRUINDO MAPAS
Mapa é um esboço sempre em reconstrução. Através do mapa podemos construir e
desconstruir caminhos procurando explorar novos territórios. Os mapas investigativos nos
auxiliam na busca de novas representações procurando trazer um lado inovador no processo
de pesquisa.
Mapa não é um artefato fixo, predefinido e acabado. É importante questionarmos,
romper com os limites, buscar a abertura e visão crítica. Devemos ir além de um mapeamento
que reconstrói o existente. É importante usar os mapas para ver os vazios, as incoerências,
as incompletudes para ali mapear novas alternativas.
Numa investigação, é importante mapear as diversas perspectivas e suas diversas
fundamentações. Além disso, refletir sobre as relações viáveis e as não viáveis. Através dos
mapas investigativos podemos explorar mais o desconhecido. Buscando articular o novo com
os significados construídos. O desconhecido para ser conhecido e o construído para
inaugurar novos constructos. (Almeida, 2006)
Para mapear num processo de desconstrução e reconstrução é necessário um
pensamento crítico, dialógico e dialético. Através de diálogos internos e externos, novas
concepções e construção de um pensamento próprio podem ser constituídas explorando as
diversas dualidades conhecido_-_desconhecido, aceito_-_não_aceito, pronto_-_inacabado,
razões_-_objeções, linea_-_não_linear, interpretável_-_não_interpretável, sistêmico_-
_asistêmico, ...
Desse modo, consideramos a dialética fundamental para romper com os limites no
sentido de buscar novos planos de consistência. Para isso, torna-se necessário discutir alguns
princípios dialéticos visando potencializar o mapeamento de novas possibilidades.
Como construir novas representações?
Como os mapas podem representar concepções
autônomas das já existentes, desconstrução de
postulados, construção de um pensamento próprio?
Boaventura Santos (2000:199)
Como elaborar um mapa que não reproduza um plano
fechado sobre si mesmo, que contribua para a conexão
dos campos, desbloqueio e abertura máxima visando
consistência?
Deleuze e Guattari (2000:22)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...186
4.3.1 – DIÁLOGO:CONFRONTO,QUESTIONAMENTO,DEDUÇÃO E INDUÇÃO
Dialética na etimologia vem do grego dialectike e significa diálogo. O prefixo dia
refere-se à reciprocidade, troca, dialegein”, troca de palavras. Na Antiguidade, as suas
primeiras abordagens aparecem com os filósofos gregos, porém não se sabe ao certo quem
seria o seu fundador. Dialética é inicialmente considerada como a arte do diálogo, onde
diversas perspectivas incluindo as oposições poderiam ser confrontadas.
A intenção dessa discussão seria atingir a essência das coisas, a verdade, o
conhecimento do mundo mesmo que sempre dinâmico e mutável. Esse diálogo seja
interno do sujeito consigo próprio, ou então, coletivo entre indivíduos e sociedade poderia
ocorrer através de:
Confronto dinâmico de pólos opostos - tese e antítese, rumo à realidade dinâmica
sempre em transformação e em fluxo como afirmava Heráclito (544-484 a.C.).
Questionamentos, eliminando as contradições em busca da essência dos conceitos
conforme Sócrates (469-399 a.C.).
Dedução racional das idéias na direção da verdade como dizia Platão(427-347 a.C).
Indução lógica das observações em busca do conhecimento segundo Aristóteles
(384-322 a.C).
A dialética, mesmo com suas diferentes abordagens que foram surgindo ao longo do
tempo, manteve alguns aspectos em comum, como por exemplo, a intencionalidade de
compreensão do que permanece sob a dinâmica do movimento e das transformações. A
intenção da dialética seja como arte do diálogo ou como um modo de ver e atuar num
mundo contraditório e em mudanças é de esclarecê-lo, para dele se apropriar e transformá-
lo. Para isso, seus princípios sempre estiveram conectados com seus diferentes cenários
históricos agindo, transformando-o, e transformando-se ao longo dos séculos. A cada cenário,
a dialética apresenta relações complexas com diversos aspectos, políticos, sociais, culturais e
econômicos.
Entretanto, nesse estudo visando não perder o foco, discutiremos a dialética apenas
sob o aspecto de um olhar cognitivo e de sua leitura de mundo enquanto uma essência sob o
manto do movimento e mudança. Nossa intenção é apenas trazer alguns princípios
importantes e suas relações com a cartografia investigativa.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...187
Desse modo, apresentaremos algumas concepções e princípios refletindo sobre suas
relações com o mapeamento investigativo.
4.3.2 – ESTRUTURAÇÃO CONTÍNUA: TESE-ANTÍTESE-SÍNTESE
Hegel (1770-1831) retoma a concepção de Heráclito, porém, sua abordagem não
estava apenas focada na afirmação-negação, mas também no consenso gerado a partir da
estruturação contínua da discussão através da tríade tese-antítese-síntese, no qual a síntese
seria união dos opostos e a continuidade do processo dialético.
Estes três elementos estão muito presentes na arte de argumentação e também em
algumas técnicas de mapeamento apresentadas anteriormente. A tese-antítese-síntese tem
relação análoga com premissas_-_argumentos_-_contra-argumentos (Software Compendium);
pressupostos-prós-contras (Software QuestionMap); crença-razão-objeção (Software
Reason!Able). Nessas técnicas de mapeamento, essa relação triádica permite visualizar os
avanços no processo de construção do consenso através da argumentação. À medida que o
mapa vai crescendo, é possível observar os elementos, suas as relações e fundamentações.
A dialética hegeliana concebe o conflito como um fator de progresso. Aspectos da
realidade, seja indivíduo, sociedade ou Estado, representam a “tese”. Por não coincidirem
com a razão absoluta, são imperfeitos. Assim, fazem emergir a antítese que representam
aspectos da racionalidade. Desse confronto surge a síntese que absorve o que de durável
havia entre ambas. A síntese uma vez elaborada torna-se uma tese e reinicia o processo
teoricamentead infinitum.
Existem alguns momentos da pesquisa que as etapas se misturam... Coexistem... Leituras e
aprofundamento teórico levam a novas questões, surgem novos olhares para analisar o campo que
remetem à necessidade de continuar relendo teorias mapeadas e cartografar novos conceitos...
Trata-se de um processo contínuo de sínteses e análises.
Como os mapas podem ser usados para aprofundar o assunto, integrar essas diferentes
abordagens e dualidades teoria-prática, sujeito-objeto, leitura-escrita, questões-respostas,
buscando aprofundamento contínuo? “ 12-04-2004 Ale
Assim, o conflito não seria considerado como ilógico ou paradoxal, mas sim como um
gerador do pensamento. O pensar dialético é dinâmico e procede por contradições a serem
superadas, da tese (afirmação) à antítese (negação) e então, à síntese (conciliação provisória).
Entre a positividade da tese e a contundência da antítese, seria necessário elaborar a síntese
visando superar o conflito. O método dialético de Hegel (1995) não é considerado como um
método dedutivo, empírico, conceitual ou intuitivo onde o erro se opõe à verdade e vice-
versa. No método dialético o erro aparece como um movimento evolutivo de verdade: a
verdade conserva e supera o erro. (Ferrater Mora 1971:812 apud. Salomon 2000:189).
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...188
4.3.3 – O CONFLITO COMO OPORTUNIDADE DE APRIMORAMENTO
Apesar de erro causar instabilidades, na dialética, ele é concebido como uma mola
propulsora no sentido de alavancar a explanação para uma exploração mais profunda. No
entanto, um dos grandes desafios é localizar esses propulsores, pois aparentemente podem
estar implícitos. (Merrifield,1993). O questionamento da estabilidade torna-se necessário, pois
contém tacitamente um potencial de mudança que pode e deve ser explorado. Segundo
Ollman (1990, 34), a mudança é sempre uma parte do que as coisas são, então, o problema para a
pesquisa pode ser como, quando, onde e porque mudam ou parecem às vezes não mudar “.
O conceito de conflito na investigação equivale a diversos termos, por exemplo,
equívocos, ausências, incompletudes, contradições, incoerências, limitações, estabilidades
aparentes e assim por diante. No processo de pesquisa, o “erro” é normalmente evitado,
muitas vezes difícil de ser localizado, e por ser conflitante ou angustiante pode passar
desapercebido. Principalmente quando um trabalho de pesquisa está quase concluído e na
maior parte escrita, considerar uma revisão no sentido de buscar um erro como um
elemento de aprimorar o trabalho é algo quase que descartado. Diferente da escrita, o mapa
cuja estrutura é mais flexível, é muito mais fácil visualizar, identificar e trabalhar com o
erro. Os mapas investigativos por facilitarem a representação de relações significativas
permitem a visualização e com isso, identificação das incoerências não de determinada
parte da pesquisa mas da parte com seu todo.
Silvio, podemos pensar no modelo construtivista ...construção de conhecimento...
assimilação/acomodação, conflito/internalização/ reflexão majorante... que envolve a
elaboração e re-elaboração da aprendizagem... a transcendência resultado da dança do
pensamento (holomovimento). Podemos organizar um sumário para o nosso trabalho e,
reformulá-lo durante o trajeto de construção dos textos - analisamos e sintetizamos a todo o
tempo... é dinamismo puro... assim a estruturação de um texto: introdução, no. de parágrafos...
reflexão crítica... a produção do autor é uma construção móvel e nessa compreensão... um
modelo construtivista onde os mapas se apresentam para mim como excelentes recursos -
material de enorme plasticidade para construção/reconstrução não do texto, mas de toda a
aprendizagem. Ficou compreensível da mesma forma para você?” DAL 12-05-2004
4.3.3 – A TOTALIDADE E AS RELAÇÕES DINÂMICAS
Tanto para Hegel(1977) quanto para Marx(1973) as contradições devem ser vistas
relacionalmente dentro de uma totalidade. Não é possível compreender as partes e suas
relações sem pensar num inteiro que contenha essas peças relacionadas. A interioridade e a
exterioridade, a subjetividade e objetividade passam a coexistir na totalidade da
complementaridade entre elas. As partes podem ser compreendidas nas suas relações com
outras peças inseridas nesse todo.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...189
A totalidade que não deve ser confundida com totalização (Lefebvre, 1968: 111)
representa o modo atual que o todo se apresenta suas peças e as relações de cada uma delas.
Os fenômenos sociais e naturais são aspectos de uma totalidade que se constitui
através de relações internas recíprocas (Bhaskar, 2001:17). Cada ser humano inserido numa
totalidade pode atribuir vários sentidos às coisas que aparecem em seu mundo como afirma
Dussel (1974). Totalidades são como sistemas de elementos inter-relacionados que
apresentam diversos tipos de conexões, combinações, causalidades, contradições,
intradependências (Lawson, 2000: 49). Cada parte é vista como se incorporasse suas relações
com outras partes incluindo o todo. Com isso, é possível compreender as diferenças inter-
relacionando as partes. A totalidade representa o todo, suas partes e suas relações dinâmicas
(Ollman, 1990: 37-38)
Durante o processo de investigação é difícil ter visão das totalidades parciais da
pesquisa. A percepção da totalidade normalmente é obtida no término com a escrita. A
herança cartesiana exerce uma grande influência na metodologia de investigação. Pesquisa-se
através do método analítico decompondo diversos conhecimentos para compreendê-los e no
intuito de compor um todo mais coerente focado no problema de estudo. O pesquisador não
tem o hábito de representar as unidades temporárias de sua pesquisa, porque muitas vezes
deixa para integrá-la no final. É nessa perspectiva – que o mapeamento investigativo ao longo
do percurso nos auxilia a construir, apresentar e visualizar imagens globais temporárias do
conhecimento construído. A visualização das totalidades obtidas através do mapeamento
permite direcionar melhor o foco da investigação, evita dispersão sem eliminar o caos
criativo decorrente da flexibilidade natural dos desvios imprevisíveis.
Os mapas são excelentes recursos para organização dos inúmeros dados integrantes de uma
pesquisa qualitativa. O modelo construtivista do conhecimento exige a ação individual e grupal
(ação e pensamento). Ao mapearmos cada etapa de construção dos nossos conhecimentos,
verificamos, avaliamos nosso crescimento e podemos corrigir, intervir, sem que etapas sejam
queimadas... Retornarei... Que bom não passar conjuntivite pelo computador... Vou descansar
um pouco. Desculpem.” 11-05-2004 DAL
A fim de perceber a mudança da totalidade através das contradições, a dialética
enfatiza o processo, o movimento e principalmente as relações dinâmicas - conexões,
combinações, causalidades, contradições, intradependências. Segundo Engels (1880:2) a
natureza se move não numa eterna monotonia de ciclos continuamente repetitivos, mas num
processo histórico vivo, de relações dinâmicas. Tal dinamicidade é comprovada pelas ciências
naturais modernas através de caminhos dialéticos e não pelas veredas metafísicas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...190
A dialética focaliza as coisas e suas imagens conceituais substancialmente em suas
conexões, em sua concatenação, em sua dinâmica, em seu processo de nascimento e
caducidade”.
Na dialética, através das relações conexões, concatenações, interações –manifestam-
se as oposições ou similaridades. Nas relações lineares, seqüenciais a estrutura é
unidirecional, mais rígida. Nas relações não lineares, a estrutura é mais flexível, as relações
podem nascer e morrer com muito mais facilidade sem destruir o todo. Isso pode ser
percebido na relação mapa-texto. No mapa, as conexões por serem multilineares entre os
elementos podem surgir e desaparecer sem eliminar o todo. O todo num mapa pode
continuamente se alterar de modo diferente de um texto. No texto, principalmente, devido a
sua linearidade e rigor, se as relações desaparecerem, a fragmentação torna-se mais evidente.
Coloca-se em risco o todo seu sentido e significado. Essa flexibilidade de mapear as
relações de modo não linear permite articular melhor as diversas possibilidades, apreender
mais significados num processo contínuo.
Pesquisa é a busca por conhecimentos que tragam respostas para um problema que nasceu de
uma inquietação do pesquisador. O mapeamento, ao organizar os dados coletados, facilita a
percepção de relações, coerência, fundamentação”. 28-03-2004 Miua
A dialética racional é destacada por Hegel com foco na totalidade ”objetiva“ do
Estado, incluindo Kant e Fitche com foco nos processos mentais “subjetivos”. As coisas são
reais porque são pensáveis e podem ser compreendidas através da dialética imposta pela
razão à Natureza e ao ser humano. Marx (1818-1883) e Engels destacam a dialética
empírica sob enfoque materialista. A possibilidade de entendimento ocorre a partir das ações
da vida real constadas empiricamente. A diferença fundamental entre Hegel e Marx é que para o
primeiro, o movimento dialético da história é um devir que tem sua razão de ser no auto-
conhecimento do Espírito, ao passo que para o segundo, o movimento dialético da história possui
uma base materialista, em que se destacam as necessidades reais dos homens, desde a qual a
consciência se desdobra. (Mance, 1993:3)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...191
4.3.4 – A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA
A dialética empírico-materialista preserva o método analítico, porém as unidades
contraditórias podem ser descritas e comprovadas na prática e não exclusivamente através do
pensamento racional. Não se trata de uma forma de pensar para se alcançar a verdade, mas
sim, de um processo dinâmico vivo dos seres humanos e das suas relações entre eles, a
sociedade e o mundo. Não é a consciência dialética que determina a vida, mas sim, o
contrário.
Nesse sentido, Marx e Engels(1984:22) alertam que "não se parte daquilo que os
homens dizem, imaginam ou se representam, e também não se parte dos homens narrados, pensados,
imaginados, representados, para daí se chegar aos homens em carne e osso; parte-se dos homens
realmente ativos, e com base no seu processo real de vida representa-se também o desenvolvimento
dos reflexos e ecos ideológicos deste processo de vida.... "
A relação teoria e prática está contida na essência da investigação e do mapeamento
investigativo. A ação-reflexão do mapeamento baseada e contextualizada na relação teoria-
prática permite ir além do conceito da palavra, e caminhar num espaço aberto para construção
de sentido e significado. Isso possibilita não construção mais rica do processo, como um
aproveitamento diferenciado da técnica e da tecnologia baseada no seu uso crítico e criativo
ao invés de mecânico ou automatizado.
Achei o texto interessante e que nos leva a reflexão deste movimento entre a teoria e a prática.
Na posição tão linear que adotamos como perceber se estamos na prática ou teorizando algo?
Seria isso possível? Qual o lugar em que nos encontramos neste momento? Estamos neste curso
na teoria ou na prática? O que seria prática do curso? Usar o computador? Antonio 21-05-
2005
Oi, eu!!! Quando penso em teoria e prática remete imediatamente, ao dual pensar e agir. Ou
seja, pesquisar seria teorizar, respaldar seu pensamento dialogicamente, numa interlocução com
teóricos, cientistas que tenham experimentado em uma ação. Para mim a pratica é ação, a
pesquisa-ação. O que fazemos ao interagir com os software Nestor e Cmap? Estamos agindo,
pois refletimos (teoria base para agir acomodados no nosso interior) e agimos (prática) ao
retratarmos nosso pensar em mapas conceituais, da mente, webmap..... o holomovimento, para
mim é dar sentido a cada ação a partir da teoria que conhecemos, temos
internalizada...Teorizei???” 25-05-2005 Euri
Oi pessoal. Oi Euri. A coisa aqui está enriquecendo com mais esta posição colocada por você.
No diálogo entre teoria e prática há o dual para converterem não dual (integrados como partes
da mesma unidade maior, isto é o HÓLON, crescente, aberto ao infinito). O grupo da teoria
como pensar, ser, estar leva ao diálogo com o grupo da prática, respectivamente, com o agir,
fazer, ter. (pensar/agir, ser/fazer, estar/ter, etc). Acredito que a posição tão linear que se adota
como perceber se se está na prática ou teorizando algo, indagada por A.Carlos é a posição
culturalista etnocêntrica. Contudo, se houver uma forma de se distanciar disso e levar em conta
o relativismo cultural enxergando a teoria e prática como se fosse o "outro" e vice-versa,
poderíamos sair dessa posição linear que se adota por força do hábito, costume, uso e vivência.
Por isso separei em duas teorias/práticas. Uma que sai, volta e cresce no mesmo assunto e sai
de novo, volta e melhora no interior do sujeito do conhecimento, etc. etnocêntrico, egocêntrico e
estritamente individual. E, a outra teoria/prática vista do outro lado da subjetividade (de fora
para dentro, que é mais difícil por precisar de sólidos conhecimentos). Essa relação
sujeito/objeto e objeto/sujeito (intersubjetividade e interobjetividade) do modo simultâneo é a
base do crescimento seguro onde conhecimento novo se incorpora no prévio numa unidade
holística que tende a recuperar o útil que deteriora.” Saburo
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...192
Pessoal, o velho Marx nos ensinou que não somos abelhas. Por isso não podemos separar a
teoria da prática. A prática é a teoria em ação e esta por sua vez a prática refletida na e sobre a
ação. Quando pesquisamos, refletimos sobre o que fazemos produzindo teoria. O processo é
intelectual sempre. Somos sujeitos inteligentes. Neste sentido o uso do computador não pode ser
concebido apenas como "prática" e esta jamais pode ser vista como um processo mecânico e
automatizado. No nosso caso usamos o computador (softwares de cartografia) para
potencializar nosso pensamento, nossa pesquisa. Quando mapeamos podemos tanto expressar o
conhecimento real - aquilo que sabemos - quando podemos transitar entre o que sabemos e o
que estamos aprendendo -ZDP.
O uso dos mapas é para construir conhecimento e não apenas para normatizar a informação.
Além dos softwares usamos também o AVA com suas interfaces de comunicação que permitem -
em potência - que nós compartilhemos sentidos e que juntas encontremos novos caminhos para
nossas produções individuais e coletivas. Contudo, sabemos que muitas práticas e processos
realmente ignoram o potencial pedagógico da informática reduzindo os processos de construção
do conhecimento a automação burocrática na educação bancária. Vamos cuidar disso em nosso
curso? Como não subutilizar a informática? Abraços provocativos” Méa 05-06-2005
Nesse sentido. Marx (1980) destaca o trabalho como uma ação que permite integrar o
homem e a Natureza, num movimento no qual ele a modifica e a si próprio também uma ação
e reflexão que permitem mudanças não só externas (meio) mas internas (do sujeito).
O ser humano faz parte da natureza, mas com o trabalho, ele vai além – torna-se um
agente transformador de si e da natureza.
Antes de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o
homem, por sua própria ação, média, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. Ele
mesmo se defronta com a matéria como uma força natural. Ele põe em movimento as forças
naturais pertencentes a sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar-se da
matéria natural numa forma útil para a própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento, sobre
a Natureza externa ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza. Ele
desenvolve as potências nela adormecidas e sujeita ao jogo de suas forças o seu próprio domínio
MARX (1980: 142)
Consideramos importante enfatizar que a postura dialética quando integra a ação
reflexão potencializa muito mais as mudanças, repercutindo não na forma de pensar, mas
na forma de agir. Nesse sentido a práxis é fundamental para o confronto e integração da
dialética ontológica (das contradições do ser) e dialética lógica (das contradições do pensar).
A práxis permite o sujeito expressar sua subjetividade. Ao exteriorizá-la, concretiza,
concretiza-a como realidade objetiva podendo perceber e identificar as contradições na
prática. Ao refletir sobre sua ação, volta para si na teoria.
Através da práxis ão consciente transformadora, o sujeito passa a identificar a
realidade contraditória. O sujeito ao refletir sobre as oposições passa a compreender melhor
suas ações, seu ser e suas determinações históricas. A ação-reflexão crítica na investigação
possibilita um processo mais consciente e também dinâmico no sentido de estar
continuamente se aprimorando e com isso, se transformando.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...193
No mapeamento, tal relação também é fundamental. Vejamos:
A passagem da teoria para prática e da prática para teoria é um campo que deixa muitas
indagações e "espaços a serem preenchidos". Explico: Na minha pesquisa de dissertação
analisei professores que são formados em cursos de licenciatura em matemática e que deveriam
ter a "teoria para dar aula" e professores de matemática que são engenheiros, que não possuem
a "teoria para dar aula", ou seja, formação pedagógica. A distinção entre saber esta teoria
pedagógica e aplicá-la na prática se mistura, pois é difícil separar a prática de anos como
aluno, observando antigos mestres, com práticas boas ou más.
O texto nos traz uma questão que gostaria de discutir, o fato de pensar sobre uma realidade,
sobre um objeto de nossa ação. A integração entre ser e fazer muitas vezes é feita
instantaneamente, discutir estas questões faz que tenhamos mais base conceitual para discutir
estas questões. O fazer instantâneo me parece pouco "científico", pois necessitaria de um rigor
que me parece não ocorrer quando a ação é instantânea. O texto traz que ao refletir sobre a
prática, algo entra em ressonância com a teoria, com o conhecimento que possui. Parece-me
que a necessidade de possuir uma boa base conceitual é indispensável para se conseguir o que
Freire chama de Práxis.” 25-05-2005 Régis
Caro Regis e Sab, observo os exemplos ricos que vcs estão trazendo da prática e articulando
com a teoria, não? Será que não estamos realizando esse holomovimento aqui nesse fórum?
Observo que essa dança da teoria e prática integrada tem relação direta com a Práxis - Freire
(Bem lembrado por Regis) decorrente do movimento reflexão-ação-reflexão... Concordam?
Abraços” 30-05-2005 Ale
4.3.5 – A EXTERIORIDADE ROMPENDO FRONTEIRAS
No entanto, para transformação visando libertação tanto Lévinas (1961) como Dussel
(1974) desenvolvem uma crítica dialética se opondo à práxis na totalidade dominadora. Em
contraposição ambos destacam a importância de considerar a exterioridade. Lévinas aborda a
ruptura da totalidade em que a subjetividade do outro e sua alteridade, acabam sendo
reduzidas afirmando-se que o outro, enquanto outro permanece exterior à totalidade
ontológica. Dussel, por sua vez, também rejeita a totalidade ontológica -“logos” e propõe a
exterioridade metafísica – “aná-logos”.
O movimento dialético, tanto de compreensão do mundo quanto de ação
transformadora, por analogia, deve considerar uma necessária abertura ética ao outro, à
exterioridade. Não se deve reduzir o pensamento critico da ação do outro a um conceito. Para
isso, é necessário partir do princípio de exterioridade e conceber o outro radicalmente distinto,
além dos limites fechados e da clausura do mundo, podendo ser analogicamente outra pessoa,
povo ou cultura. A compreensão crítica dialética que inclui a exterioridade torna-se necessária
para chegar às diversas totalidades emergentes eabertas da construção de Dussel (1974.)
Refletindo sobre o princípio da exterioridade é importante destacar o respeito à
alteridade, ou seja, conceber o outro na sua subjetividade, como distinto, dentro do seu
contexto que pode muito bem ser outro totalmente diferente.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...194
O outro pode estar fora do sistema, fora da totalidade considerada. Nesse sentido,
devemo-nos abrir às possibilidades de diferentes totalidades que nem sempre podem implicar
em relações ou conexões. Ao mesmo tempo, temos que considerar o desafio de identificar
essas diferentes totalidades e inclusive fazer escolhas. Para minimizar os obstáculos é
importante identificar as contradições concretas e as mediações específicas que constituem o
“tecido” de cada totalidade.
No mapeamento investigativo, as aberturas sempre permitem explorar novos
territórios. Além disso no diálogo, interlocução crítica, na troca de múltiplas perspectivas e
principalmente, no questionamento e escuta do outro ―, alteridade permite alcançar
exterioridades e fazer emergir novos espaços significativos.
No seu movimento recursivo, teoria/prática se entrelaçam na "tela" mental representada pelo
nosso cérebro. Uma retorna sobre a outra numa espécie de dança recursiva do pensamento,
expressando uma continuidade indefinida.
O movimento de vinculação entre teoria/prática traduz uma indistinção entre sujeito e objeto,
entre o movimento interior e o exterior, entre pergunta e resposta... ( MORAES, 2000).
Podemos então inferir que o holomovimento da teoria/prática tem relação:
- Com o movimento do discurso ou das falas entre os sujeitos, mediados pelas tecnologias da
informação e da comunicação, no que diz respeito à indistinção entre sujeito e objeto?
- Com a ação de mapear que, uma vez concretizada através do mapa que representa idéias,
produz outras novas idéias no sujeito que constrói o mapa?
- Com o diálogo entre atores sociais que relatam suas histórias de vida ou suas experiências
profissionais, produzindo nos seus interlocutores aquela espécie de dança recursiva que remete
quem lê ou quem escuta a descobrir em si mesmos lembranças perdidas na memória e no tempo?
E se esses relatos acontecerem em rede, para imaginar a continuidade indefinida, onde não
se sabe onde uma começa e a outra termina?” Sol 18-09-2004
Politzer (1978) também enfatiza a importância da dialética como caminho que
integra teoria__prática, planos das idéias__ação intervenção, ideal__real,
materialidade__espiritualidade, revolução__transformação. Para o autor, a dialética
significa um processo essencial para mudanças.
“Uma dialética puramente teórica, que só faz transformar, no plano das idéias, a matéria cósmica
em espírito, não nenhuma solução; ela é apenas o ponto de partida para a solução. o basta
libertar o homem da crença na matéria.
A idéia idealista deve se encarnar em uma dialética que, ultrapassando o plano teórico, se
transforme em uma dialética real, cujas etapas devem se tornar históricas no sentido pleno da
palavra. Pois vivemos exatamente em meio a uma civilização construída sobre a materialidade do
homem e cujas instituições todas têm por fim manter o homem na materialidade.
A solução do problema da liberdade é, portanto inseparável da destruição real, isto é, histórica,
desses instrumentos de materialização: a dialética não pode, portanto, avançar em direção à
espiritualidade do homem, a não ser sobre as ruínas desses instrumentos. Ora, essa destruição
pode ser operada pelo próprio homem.
A dialética de que falo é bem concreta, pois que, em um momento dado, o homem concreto deve
intervir para fazê-la avançar: resumindo, a dialética da liberdade implica etapas que são
revoluções. (Politzer, 1978 apud. Svensson, 2000)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...195
4.3.6 – O PROCESSO INTRICADO DE CONFLITO,INTERCONEXÃO E MUDANÇA
No contexto pós-moderno, a dialética foca-se ainda mais como uma concepção do que
é o mundo e também um método de como organizá-lo (Ollman, 1990, 1993). O desafio é
tentar compreender o processo intrincado de conflito, interconexão e mudança. Desse modo,
também buscar a geração, interpenetração e colisão de idéias e reflexões que articulam teoria
e prática, sujeito e objeto e os guiam para sua transcendência, ou seja, para um modo mais
adequado de pensar e viver.
O processo dialético não deve ser superexcessivo que o torne preservativo ou
dominante. Além disso, não deveria ser caracterizado como simples oposição de idéias
antagônicas, conexão, separação ou justaposição. Muito menos uma configuração invariável
ou tipicamente uma tríade na forma de tese-antítese-síntese. É importante, considerar a
dialética nas suas múltiplas dimensões: ontológica, epistemológica, relacional e prática. Trata-
se de um pensar sobre o próprio pensar. (Bhaskar,1993).
O raciocínio dialético ao invés de começar com algo dado e aceito, inicia justamente
com o que não é dado e nem aceito. Tudo pode ser questionado e suas diversas faces podem
ser desveladas. O nada é considerado como algo estático, concluído e absoluto. O todo é
movimento, temporário e em transformação. Para compreender e atuar no todo
desconstruímos através do exame crítico negando aquilo aceito. Desse modo, procuramos
romper com o absoluto, eterno, imutável e definitivo. Demo (2000:14) No entanto, como
identificar o não dado, as ausências ou o não aceito se o desconhecemos?
Bhaskar(1993:3) destaca a dialética como um processo que na prática permite caminhar
para a liberdade, para ruptura das fronteiras rumo ao novo. Para isso, ele discute quatro
momentos importantes no processo crítico dialético:
No primeiro momento, os conceitos são estruturados indicando diferenciação, mudança,
alteridade, emergência, abertura etc... Além disso, classificados nas categorias dialéticas -
argumentos e temas expressando também finitude, contradição, desenvolvimento, limite,
fragmentação, conflito, caos, colapso (citando também espaço, tempo e processo de
mudança).
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...196
O uroboro é uma serpente enrolada em um círculo, mordendo a própria cauda. Como tal, ela
“se mata, se casa e engravida a si própria. É um homem e uma mulher, procriando e
concebendo, devorando e gerando, ativo e passivo, acima e embaixo, ao mesmo tempo”
(Neumann,1954)” 28-09-2004 Carlossp
Oi Méa, Carlos, Solange. Nunca tinha ouvido falar de uroboro. Quando Carlos trouxe essa
palavra, achei no Google uma poesia que falava da 'luta dos opostos". Não fazia idéia de ser
isso uma cobra. E que cobra, hein, Méa? A gente precisava ter uma cobra dessas no nosso
quintal, que sempre desse à luz uma cobrinha antes do suicídio ignorado. Rsrsrssrsrs. Saudações
uroborianas metaeufóricas aliás, metofóricas, digo, metafóricas 29-09-2004 Sab uro
Num segundo momento dialético mais profundo, tudo é questionado. Os conceitos
indiferenciados são confrontados através de perguntas buscando a diferenciação
Que viagem! RADICAL essa imagem do alquímica do uroboros. Muito interessante. Mas como
esse ser que (é tudo ao mesmo tempo) se relaciona com o mundo (outros seres, objetos cnicos,
meio ambiente/social e cultural). Mundo este que para o pesquisador é o grande desafio? Fale
mais Carlos! precisando entender essa metófora melhor. Achei demais (alquímica do
uroboros)[]s” Méa 29-09-2004
Carlossp RE: BLOG - instrumento hermeneutico? Posted: 05-11-2004 12:44 AM
Pessoal vou apenas deixar registrado aqui a minha satisfação com essa discussão e desejar que
vocês continuem até descobrirmos que estamos mordendo nossa própria cauda.
Abraços a todos
No terceiro momento do desenvolvimento, o foco é mais integrador, de reflexividade,
concreto, subjetivo e objetivo, autônomo, empírico-epistemológico dual, consistente e
coerente e racional como uma unidade integral teoria e pratica (No entanto, incluímos
aqui também a exterioridade– o outro, as outras totalidades; e assim, diversas unidades )
Em etnopesquisa o pesquisador NÃO "COLETA DADOS". Ele interage com os etnométodos
(métodos do fazer da comunidade investigativa) tornando-se membro do grupo. Assim os
"dados" são acessados de forma interativa. Nesse processo uma relação direta com o
referencial teórico utilizado pelo pesquisador. A autoria da pesquisa surge na interatividade
campo e referencial teórico acumulado. Assim a aprendizagem significativa de um processo de
imersão no universo da linguagem do grupo, mais repertório conceitual acumulado pelo
pesquisador vai fazer emergir as chamadas noções subsunçoras. Daí o pesquisador organiza
essa noções e produzir seu texto ou relatório de pesquisa que pode se configurar numa
dissertação ou tese. Esta sempre vista como Macêdo diz "'PRODUTO DE FINAL ABERTO".
Que de preferência deve ser partilhado com a comunidade pesquisada que dependendo do
método da pesquisa também é pesquisadora na ação de sua formação.MEA 25-09-2004
Oi pessoal. Cordiais saudações. A coisa aqui pegou fogo! Gosto do diálogo e observar
argumentos contrários e contraditórios. E são bons! Noto problemas semânticos e semióticos.
Diz Macedo que uma das primeiras tarefas na análise dos dados de uma etnopesquisa é o exame
atento e extremamente detalhado das informações COLETADAS no campo de pesquisa”
Mea 25-09-2004
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
PRINCÍPIOS . ...197
No quarto momento requer uma visão global crítica realística e radicalmente aberta.
Assim devemos retornar a prática. Isso significa um engajamento ativo e reflexivo dentro
do mundo no qual procuramos realizar a unidade teoria e prática na prática.
(Bhaskar,1993:9)
Quando mapeamos podemos tanto expressar o conhecimento real - aquilo que sabemos -
quando podemos transitar entre o que sabemos e o que estamos aprendendo - ZDP. O uso dos
mapas é para construir conhecimento e não apenas para normatizar a informação.
Além dos softwares usamos também o AVA com suas interfaces de comunicação que permitem-
em potência - que nós compatilhemos sentidos e que juntas encontremos novos caminhos para
nossas produções individuais e coletivas.
Contudo, sabemos que muitas práticas e processos realmente ignoram o potencial pedagógico
da informática reduzindo os processos de construção do conhecimento a automação burocrática
na educação bancário. Vamos cuidar disso em nosso curso?Mea 05-06-2005
Com dialética, podemos desenvolver maior criticidade no processo de mapeamento. Ao
mapear é importante refletir sobre as partes, o todo, as relações e as não-relações. Nesse
sentido, torna-se importante romper com as limitações sistêmicas considerando também o
assistêmico. Isso significa discutir sobre as dualidades, o contraditório, o dado e o não dado. E
assim, identificar as coerências e incoerências, as certezas e incertezas para desconstruir e
reconstruir mapas com olhar mais crítico.
Nesse processo dialético de mapeamento, ou na cartografia investigativa dialética, exige-se
constantemente o reexame da teoria e a crítica da prática. Os princípios abordados e discutidos
apenas são apenas guias para nos orientarmos. Na dialética, não existem critérios
metodológicos de relevâncias (nem científico, social, teórico, nem prático) para determinar a
validade maior ou menor de um ponto de vista sobre outro. O pesquisador –cartógrafo
pensador e agente da sua práxis é que deverá manter uma crítica e uma autocrítica constante,
uma dúvida levada à suspeita, e a humildade para encontrar e reconhecer cotidianamente as
limitações. Isso significa rever o passado, à luz do que está acontecendo no presente, questionar
o presente em nome do futuro, o que está sendo em nome do que “ainda não é.
O processo de pesquisa deve ser rigoroso. Entretanto, não e apenas "lógica e razão". Nos
esclarece Morin:
"O método não precede a experiência, o método emerge durante a experiência e se apresenta ao
final, talvez para uma nova viagem".
Neste sentido, o método também aprende.
Angelita, a pesquisa não e um privilégio apenas da academia e dos programas de pós-
graduação. Voce ilustrou bem na sua mensagem que o pesquisador pode e deve atuar no
contexto da sua pratica pedagógica. Podemos aproveitar nossa pratica pedagógica como campo
de pesquisa cientifica, estando ou o matriculados em programas de pós-graduação. Aprendi
com Paulo Freire que:
"Ensinar exige pesquisa: não ha ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres
se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino
porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. (...). Pesquiso para conhecer o que
ainda não conheçoe comunicar ou anunciar a novidade". Mea 16 October 2005
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...198
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...199
5- MAPAS INVESTIGATIVOSAPLICADOS À PESQUISA ACADÊMICA
5. 1 - MAPEANDO O FOCO DE INVESTIGAÇÃO
As angústias provocam, por certo, uma sensação incômoda principalmente se não temos
um problema bem definido de pesquisa. Então, sentimo-nos perdidos quando temos que
enfrentar a sobrecarga de informações, muitas questões sem respostas ou várias afirmações
sem perguntas. E, também dispersos quando nos deparamos com a ausência de dados.
Esclarecer o foco da investigação torna-se difícil tanto com a insuficiência de material
significativo quanto com o excesso de conteúdos fragmentados.
Nesse contexto, a Cartografia Investigativa pode contribuir com o processo de
problematização. Mapear o ponto zero da pesquisa possibilita-nos a seleção do que é
relevante numa grande base de dados. Os mapas também favorecem a criação de uma
tempestade de idéias quando não temos informação. Além disso, permite-nos estabelecer
associações do nosso contexto particular com as teorias construídas. A elaboração,
visualização e reflexão contínua desses mapas propiciam-nos perceber o que deve ser mais
explorado. A percepção das novas possibilidades e também das dificuldades facilitam o
processo contínuo de novas perguntas rumo à delimitação do problema.
Nessa fase de “ruptura”, o conflito a princípio desestabiliza, mas também traz desafios
em direção às novas descobertas. Esse período de “incertezas” traz conseqüências
imprevisíveis e inesperadas, no entanto, estar ciente delas é um primeiro passo identificado
para ser mapeado. Nesse mister, torna-se importante decifrar os signos que expressam o
sentido da “existência” da investigação. A partir das reflexões sobre a intencionalidade da
pesquisa e do pesquisador, novos significados começam a emergir. Para relacionar esses
significados, é necessário o diálogo profundo de “questionamentos” e de “confrontos”.
Encontrar o foco da investigação é difícil para a maioria dos pesquisadores. No início, o
problema de pesquisa é definido através de uma questão ampla. Quando o tema não é
delimitado, organizar o corpus de investigação é uma tarefa árdua, dispendiosa, sem muito
aproveitamento. Nesse mister, o mapeamento investigativo pode ser útil para priorizar o
conteúdo, explorar diversas possibilidades e demarcar o foco de modo mais significativo.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...200
5.1 – PROJETO DE DOUTORADO - Relações entre Saberes e Trabalho na Formação Docente
5.1.1 APRESENTAÇÃO 10-08-2004 SOLANGE
Meu nome é Solange Maria do Nascimento Nogueira, sou de Salvador, graduada em Letras pela UFBA e mestre
em Educação pela PUC/RJ. Inicialmente trabalhei, respectivamente,como professora de Língua Portuguesa e
Literatura Brasileira nos sistemas estaduais de ensino da Bahia e do Rio de Janeiro, onde residi durante 13
anos. Ao retornar, fui admitida na UNEB, por concurso.
Na UNEB, comecei a trabalhar em 1990. Entre 1993 e 1999, envolvi-me com atividades de docência e com uma
experiência de trabalho na Administração da faculdade, dedicando-me depois à criação e desenvolvimento do
Núcleo de Educação e Tecnologias Inteligentes – NETI. Lecionei as disciplinas Didática Geral e Metodologia do
Trabalho Científico em turmas da Graduação.
De 2000 para cá venho lecionando o Campo de Conhecimento Didática e Tecnologias em Educação no Curso de
Pedagogia e Metodologia da Pesquisa no Curso de Especialização em Educação e Novas Tecnologias da
Comunicação e Informação.
Sobrou-me pouco tempo para pesquisar.
A única pesquisa que realizei durante esse tempo na UNEB, restringiu-se à fase exploratória de uma pesquisa
etnográfica, intitulada Tecnologias da Informação nas Escolas Municipais de Salvador, com financiamento co
CNPq, entre 1999 e 2001, mas que pôde ser iniciada em 2000, por conta do atraso na instalação dos
laboratórios nas escolas. Solicitamos prorrogação da pesquisa, mas não obtivemos sucesso junto ao CNPQ, o
que resultou na sua interrupção.
A experiência anterior, no Rio, diz respeito a pesquisas qualitativas.
Minha dissertação de mestrado constituiu-se de uma pesquisa participante, na perspectiva gramisciana, junto à
comunidade da favela da Rocinha, no Rio. O mestrado na PUC/RJ também me possibilitou a participação em
duas outras pesquisas, como auxiliar e entrevistadora, respectivamente.
FORUM O que é "pesquisa" para você? Por quê mapear?... Sol 15-08-2004
Na perspectiva em que me situo, entendo pesquisa como uma atividade prática das ciências sociais, que visa à
compreensão da realidade humana vivida social e institucionalmente. Em suas diversas manifestações, como na
Fenomenologia, na Etnometodologia, no Interacionismo Simbólico, na Etnopesquisa Crítica, o significado é o
conceito central da investigação.
Por este ângulo de visão, mapas conceituais podem ser importantíssimos para evidenciar significados atribuídos
a conceitos e às relações entre conceitos, no contexto de um corpo de conhecimentos.
Também podem servir para distinguir discursos ou falas de diferentes atores sociais a partir de entrevistas
sobre determinadas questões de pesquisa, etc., sinalizando as relações entre eles e evidenciando significados
atribuídos a conceitos, fatos, etc.
Por outro lado, mapear os referenciais da pesquisa mediante o software NESTOR, que já experimentei, é utilizar
uma ferramenta poderosa para ajudar na documentação, como método de registro, tanto da bibliografia, como
da temática e das fontes onde obter tais informações, selecionando-se o que é pertinente.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...201
5.1.2 MAPA INICIAL DE PROJETO DE DOUTORADO
PORTIFOLIO COMENTÁRIOS SOL 12-09-2004
Ale, Lendo a sua síntese sobre as sugestões de temas, bem como os comentários que fez aos meus dois
primeiros mapas mentais, vejo que os mapas conceituais que consegui fazer ainda apresentam muita
dispersão.
Acho que de fato ainda não descobri o foco, a questão fundamental do meu projeto, e também ainda não
consegui colocar conceitos e indicar os seus significados, (distinguindo os significados dados a eles por autores
e por mim mesma). Acho que no momento que conseguir fazer estas coisas, talvez fique mais fácil colocar as
noções subsunçoras. A sensação que tenho é ainda de muita dispersão no meio de tantos conceitos.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...202
5.1.3 MAPA DE REFERÊNCIAS TEÓRICAS DO PROJETO DE DOUTORADO
Trecho do MAPPAPER Texto produzido para livro digital
Antes de concluir, uma dimensão política que é preciso considerar, através do reconhecimento de que os
professores de profissão possuem um saber oriundo de sua experiência que é preciso incorporar em seu
processo formativo, tanto inicial como continuado:
O saber dos professores é sempre ligado a uma experiência de trabalho com outros (alunos, colegas, pais, etc),
um saber ancorado numa tarefa complexa (ensinar), situado num espaço de trabalho (sala de aula, escola),
enraizado numa instituição e numa sociedade;
O saber dos professores traz em si as marcas do seu trabalho, não é somente um meio no trabalho, mas é
produzido e modelado no e pelo trabalho;
Até agora, a formação para o magistério vem sendo dominada sobretudo pelos conhecimentos disciplinares,
produzidos pelos pesquisadores das ciências humanas, sociais e biológicas, por um lado, ou pelos
pesquisadores dos campos de Currículo, Pedagogia e Didática, por outro.
Até agora, portanto, a formação para o magistério vem sendo dominada sobretudo pelos conhecimentos
disciplinares produzidos por outros. Os professores são assim aplicadores de segunda mão dos conhecimentos
que não são “seus”, no sentido de que não foram produzidos pela reflexão sobre o movimento dialético entre o
seu conhecer e o seu fazer.
“Finalmente, chegamos ao último fio condutor decorrente dos anteriores: a necessidade de repensar, agora, a
formação para o magistério, levando em conta os saberes dos professores e as realidades específicas de seu
trabalho cotidiano. Essa é a idéia de base das reformas que vêm sendo realizadas na formação dos professores
em muitos países nos últimos dez anos. Ela expressa a vontade de encontrar, nos cursos de formação de
professores, uma nova articulação e um novo equilíbrio entre os conhecimentos produzidos pelas universidades
a respeito do ensino e os saberes desenvolvidos pelos professores em suas práticas cotidianas.” ( Tardif, 2002:
22-23)
Considerando fatores de ordem prática como a dinâmica dos cursos de formação de professores, a
disponibilidade de tempo dos atores sociais neles envolvidos, bem como dos professores de profissão imersos
nas situações de trabalho efetivo, é que aposto no imbricamento da Didática – como currículo em atos – com as
Tecnologias da Comunicação e Informação, nesse trabalho de formação, para que se potencializem, no interior
da universidade, os discursos sobre o saber, o saber-ser e o saber-fazer dos professores de profissão,
realizando-se com eles, numa forma dialogal, compartilhada e interativa, a pesquisa-ação, na perspectiva da
etnopesquisa crítica/formação (Macedo, 2002).
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...203
5.1.4 MAPA DE REFERÊNCIAS CONCEITUAIS DO PROJETO DE DOUTORADO
DIÁRIO REFLEXIVO - 10 Novembro, 18:42
Em termos de expectativas, todas relacionadas com o projeto de doutorado que pretendo realizar, o curso não
foi dez. Foi mil. Arrumei minha cabeça, posso dizer que saí da DISPERSÃO. Consegui fazer o ante-projeto,
situar-me melhor, levantar conceitos e chegar ao foco do estudo. Quanto ao uso dos mapas, nada me trouxe
tanta satisfação como o seu aprendizado. Uma paixão.
Considero a sua utilização como uma excelente ferramenta para o pensamento, tornando-o quase visível. Além
disso, quantas possibilidades de uso!!! Tanto na sala de aula com os alunos, como na pesquisa, em todos os
seus momentos. O curso como um todo me ofereceu possibilidades de aprendizagem, em todos os sentidos,
como jamais encontrei antes. o estou exagerando. Foi bom o contato, as relações com os professores e os
colegas, a solicitude do suporte nos momentos que precisei. Questões, provocações, orientações, estímulo,
respostas certas nos momentos certos, enfim, amei!
A minha participação no grupo 3, com Carlos e Saburo, também me trouxe muita satisfação, pela presença,
pelo humor, pelo companheirismo, pelos elogios aos meus mapas, pelos conhecimentos que possuem e que me
despertaram uma enorme curiosidade. Enfim, apesar das nossas formações e profissões o distintas, ou seja,
das nossa diferentes maneiras de ser e de viver, achei que o trabalho final, a produção, pode bem ilustrar o
que é unidade na diversidade. Houve diálogo através dos nossos mapas e das nossas mensagens, e,
principalmente, das nossas conversas no chat e das nossas reflexões no fórum.
Quanto às dificuldades, tive muitas. Eu não tenho muita intimidade com o computador, passei a ter mais agora.
Aprendi muita coisa que não sabia antes, principalmente a interagir com a máquina e com os outros em chats,
etc. Tenho dificuldade com o Messenger e coisas afins, pois costumo esquecer das senhas, enfim, uma
confusão para retornar. Nesse caso, o meu caminhar ainda se dissolve no caminho, parodiando o Antônio
Machado. Só hoje descobri como manter o Nestor aberto no momento em que estou no chat. Era por isso que
todos viam os mapas e eu demorava um tempão para visitá-los e retornar para a conversa.
Do curso, entretanto, afora algumas poucas participações no mapa coletivo e em alguns mapas no portifólio, a
impressão que tive foi a de que somente Carlos, Saburo e eu éramos alunos. Do curso, foi o único aspecto que
encontrei para fazer uma crítica. A interatividade, em termos de turma, foi quase nenhuma.
Parabéns pela organização, pelo ambiente amistoso e esteticamente agradável, pela performance das
professoras, pelos recursos didáticos, pelo ambiente. Foi muito bom o retorno dado pela Maria Cândida ao
nosso trabalho. O curso ofereceu esta oportunidade rara. Quanto ao ambiente, o único defeito foi o
podermos modificar os registros no portifólio. Mas nada que atrapalhasse o andamento do curso e o processo
de aprendizagem. Meu abraço para todos. Vou sentir saudades. Solange
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...204
5.1.5 PROBLEMATIZAÇÃO ANÁLISE DO PROCESSO
Mapear o ponto inicial da investigação partindo da história de vida do pesquisador e
de suas referencias iniciais propiciam a busca da questão-chave da pesquisa. No exemplo
acima, podemos observar a importância do mapeamento reflexivo da história de vida. A
pesquisadora quando resgata sua trajetória profissional, apresenta uma longa experiência na
área de Educação no Sistema de Ensino Público Estadual, incluindo Ensino Superior. Porém,
ela comenta que: _ Sobrou-me pouco tempo para pesquisar.”
No fórum de discussão, a definição de pesquisa que ela traz é atividade acadêmica
prática das Ciências Sociais visando compreensão significativa da realidade. Em suas diversas
manifestações, como na Fenomenologia, na Etnometodologia, no Interacionismo Simbólico, na Etnopesquisa
Crítica, o significado é o conceito central da investigação.”
Florentino, Jorge, W. Silva e Y Silva (2002) após entrevistar diversos docentes
apresentam algumas concepções de pesquisa e dentre elas, destacam duas abordagens. A
primeira, “pesquisa” é uma atividade realizada e legitimada por profissionais capacitados. Ou
seja, apenas sujeitos com domínio metodológico ou titulados seriam “capazes” de realizar a
investigação científica . Na segunda concepção, pesquisa é uma atitude do professor que
investiga sua própria prática pedagógica, partindo do seus saberes visando aperfeiçoá-los
continuamente. Quando o professor pesquisa sua prática, não se percebe tão objetivamente o produto desta
pesquisa, mas ele existe e está impresso nos sujeitos que vivenciam essa prática pesquisada e que dela saem
diferentes, transformados, enriquecidos
As primeiras perguntas da pesquisadora são amplas e genéricas De que saberes e fazeres
precisam os professores? Como a didática relacionada com as TIC pode contribuir para a formação docente?
A pesquisadora também compartilha, após os primeiros mapas iniciais da pesquisa,
“a sensação é ainda de muita dispersão no meio de tantos conceitos ”
Após mapear mais referências e refletir sobre a pesquisa e o sentido de pesquisar, a
questão focal emergiu com mais clareza: Até agora, portanto, a formação para o magistério vem
sendo dominada sobretudo pelos conhecimentos disciplinares produzidos por outros. Os professores são assim
aplicadores de segunda mão dos conhecimentos que não o “seus”, no sentido de que não foram produzidos
pela reflexão sobre o movimento dialético entre o seu conhecer e o seu fazer. Finalmente, chegamos ao último
fio condutor decorrente dos anteriores: a necessidade de repensar, agora, a formação para o magistério,
levando em conta os saberes dos professores e as realidades específicas de seu trabalho cotidiano.”
O foco tornou-se mais específico e contextualizado Que saberes são mobilizados pelos
professores em seu cotidiano? Esses saberes estão incluídos dentre os que os cursos de formação inicial e
continuada costumam oferecer?
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...205
5.1.6 - PROBLEMATIZAÇÃO
Problematização é um ponto chave na pesquisa. Salomon (2000) destaca que a origem
epistemológica de objeto de estudo e problema de pesquisa são similares. As palavras
“objeto” do latim, ob (diante de) + jactum (lançado) e “problema” do grego diante
delançartêm quase o mesmo significado “lançar se diante de...”
Na problematização, segundo Demo (2000), é fundamental focar, delimitar o objeto de
estudo. E, para isso, é necessário identificar o tema ou assunto escolhido, área específica
abordada, objeto delimitado de estudo, problema de forma interrogativa referente a pesquisa.
Salomon (2000) baseado em Larroyo (1975) traz oito tipos de perguntas que podem
contribuir na definição de um problema:
1. Perguntas genéricas: pretendem focalizar o gênero do conceito, abordam respostas
mais amplas globais.
2. Perguntas específicas: são perguntas mais pontuadas, com contexto mais
delimitado, são questões mais focalizadas.
3. Perguntas de conceituação: abordam conceitos, significados, definições.
4. Perguntas de relação: causal perguntas que buscam compreender origens, fatores
de causa-efeito.
5. Perguntas qualitativas: que pedem respostas qualitativas perguntas que exigem
análise do processo, mais reflexivas.
6. Perguntas quantitativas: que pedem respostas quantitativas perguntas relacionadas
com dados quantitativos traçando um paralelo de delimitação.
7. Perguntas comparativas: que se referem às relações de comparação, questões para
análise comparativa.
8. Perguntas que focalizam a variação concomitante perguntas que estabelecem
relações concomitantes, por exemplo, à medida que, conforme, paralelamente.
Sobre o processo de problematização, Salomon apresenta dez passos:
1. Formular o problema espontaneamente.
2. Tentar em seguida um confronto e uma relação.
3. Transformar a formulação obtida em perguntas.
4. Tentar para cada pergunta uma resposta.
5. Fazer de cada resposta uma proposição bem definida.
6. Selecionar e definir categorias e construtos.
7. Estabelecer as referências empíricas do problema.
8. Estabelecer nova relação: entre as respostas ou hipóteses e a teoria.
9. Relacionar respostas ou hipóteses com técnicas e operações da pesquisa.
10. Planejar a pesquisa em função do problema formulado.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...206
Salomon (2000:43) apresenta também um quadro de interrogativos similar às perguntas
abordadas por Buzan (1993) sobre Mapas da mente:
O quê? Perguntas que se referem a conceituação e definição, levam ao
conhecimento descritivo
Como? Perguntas que se referem ao modo, a maneira, a qualidade, levam ao
conhecimento interpretativo
Por quê? Perguntas que se referem à causalidade, à razão, ao motivo, levam ao
conhecimento interpretativo
Quando? Perguntas que se referem ao tempo, levam ao conhecimento histórico e ao
conhecimento preditivo
Qual? Perguntas que se referem à classificação levam também ao conhecimento
descritivo
Quanto? Perguntas que se referem à quantidade, ao grau, à intensidade, à comparação,
e à classificação, levam ao conhecimento descritivo e indiretamente ao
interpretativo e explicativo
Onde? Perguntas que se referem a espaço, a lugar, levam ao conhecimento
descritivo
Quem? Perguntas que se referem ao sujeito, ao autor, ao agente.... levam ao
conhecimento descritivo e indiretamente explicativo
Vários outros autores destacam tipos de questões que ajudam a explorar mais o processo
de questionamento.
Conklin (2006) estabelece seis tipos de questões:
1. Perguntas deontológicas: questões para identificar o que deve ser feito.
2. Perguntas instrumentais: questões para discutir como fazer, métodos e técnicas
3. Perguntas críticas: questões que abordam quais os critérios, pré-requisitos e
objetivos
4. Perguntas conceituais: questões que refletem sobre o que é e qual o significado das
coisas
5. Perguntas factuais: questões que visam descobrir a verdade, a essência das coisas
6. Perguntas de background: questões que tratam do contexto, problema, porque
fazer isso.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...207
Benjamin Bloom (apud. Chaffee, 2006) sugere seis grupos de questões
1. Questões de fato: determinam a informação básica de uma situação: quem,
o que, quando, como, onde e quando.
2. Questões de interpretação: selecionam e organizam fatos e idéias descobrindo
relacionamentos entre eles. Relacionamentos do tipo:
a. Cronológicos articulam coisas numa seqüência de tempo.
b. Processuais articulam aspectos de crescimento, desenvolvimento ou mudança.
c. Comparação ou contraste articulam coisas em termos de similaridade ou
diferenças.
d. Casual articulam eventos que fazem emergir outros eventos.
3. Questões de Análise: separam um processo ou situação em componentes, buscando
entender as partes do todo, e entender o todo com as partes e seu exterior.
Essas questões classificam vários elementos, estruturas de componentes, articulam
várias possibilidades, e clarificam as razões apresentadas.
4. Questões de Síntese: combinam idéias que formam um todo novo - uma conclusão
nova, faz inferências sobre eventos, cria soluções , desenha planos de ação.
5. Questões de Avaliação: fazem julgamentos para tomar decisões, determinam o valor
relativo, verdade ou credibilidade das coisas. O processo de avaliação envolve
identificação de critérios e padrões que nós estamos usando, ou então, determinação
da extensão das coisas em comum para encontrar esses padrões.
6. Questões de Aplicação: ajudam a tomar ciência do conhecimento ou conceito que
ganhamos numa situação e aplicação com as outras situações.
Segundo abordagem de Benjamin Bloom (apud. Chaffee, 2006) é importante questionar
as crenças e pressupostos. Para isso, consideramos importantes trazer questões sobre
referências:
Autoridades e Referências: Quais os autores e referências nessa área? Quais as
credenciais ou background dos autores? Alguma informação imprecisa, inacurada ou
confusa? Quais as opiniões contrárias? Quais os críticos que desacreditam?
Auto-reflexão: Qual sua opinião pessoal sobre o assunto? Quais são as razões e
evidências, base do pensamento no qual fundamentam sua opinião?
Evidências factuais: Quais são as fontes e argumentos ou fundamentos das evidências?
Como as evidências podem ser diferentemente interpretadas? Como as evidências
suportam a conclusão?
Experiências pessoais: Quais são as circunstâncias e contexto que ocorrem debaixo
das experiências? As percepções são distorcidas? Erros? Conflitos? Outras
explicações? Ou similaridades? Qual as relações entre as próprias experiências e o
contexto investigado?
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...208
Conklin (2006) discutindo o mapeamento argumentativo em diálogos, apresenta que no
pensamento tradicional, o processo de resolução de uma questão é linear caminhando do
problema para solução e atravessando várias etapas durante a investigação. O autor também
destaca que muitas vezes a abordagem metodológica é do tipo top down”, ou seja, resolução
de cima para baixo, do geral para o específico.
Fig. 84 Gráfico do processo linear de problematização Fonte: Conklin (2006:9)
No entanto, o design de uma investigação deveria ser um processo que percorre
inúmeras vezes da solução ao problema e do problema à solução no decorrer de todas as
etapas. Ou seja, a reflexão do foco da pesquisa deve ocorrer não apenas no início mas no
decorrer de todo processo. O foco de uma investigação vai se transformando à medida que o
pesquisador coleta mais dados, análise, conclui e implementa. “ O entendimento de um problema
continua até o fim do processo. Mesmo depois do fim da investigação, os sujeitos pesquisadores
devem retornar à compreensão do problema. Nossa experiência na observação de indivíduos e grupos
trabalhando com o design e planejamento de problemas é que realmente a compreensão do problema
continua para sempre. Mesmo depois da implementação, do design ou planejamento, a compreensão
do problema como uma questão real vai mudando e crescendo.”(Conklin,2006:11)
Fig. 85 Gráfico do processo não-linear de problematizaçãoFonte: Conklin (2006:10)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...209
Como podemos observar no gráfico anterior, quanto mais se avança na busca de
soluções explorando domínios de conhecimentos, mais fácil é o processo de focar o problema
encontrando perguntas mais significativas e profundas tanto no campo pessoal, como no
científico. Esse movimento contínuo de refletir sobre a solução mas com a intenção de
esclarecer melhor o problema, torna o processo menos angustiante e ao mesmo tempo mais
propício às novas descobertas.
No entanto, discordamos da representação de Conklin(2006) sobre as etapas de
processo de investigação. Elas não são lineares e muito menos fases distintas no tempo. Esses
quatro momentos se entrelaçam de modo concomitante o tempo todo na pesquisa.
Blaxter, Hugghes e Tight (2002: 10) descrevem a pesquisa como um processo espiral e
cíclico com seis etapas simultâneas. Uma colabora com a outra e todas com o processo:
1. Escolha de um Problema ou Tema
2. Escolha da Metodologia
3. Leitura para pesquisa
4. Coleta de dados
5. Análise de dados
6. Escrita
Neste estudo focado na prática da Cartografia Investigativa, sete etapas emergiram
revelando algumas contribuições do uso de mapas na investigação:
Fig. 86– Mapa das etapas de investigação (categorias que emergiram nesta tese)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...210
5. 2 - ORGANIZANDO O CORPUSDE INVESTIGAÇÃO
A realidade é dinâmica, está sempre em transformação. O mundo apresenta múltiplas
coexistências, fenômenos não lineares e irreversíveis. Mesmo os contextos específicos são
complexos e contém uma grande diversidade de elementos. Concomitantemente a isso, o
conhecimento científico e a tecnologia, crescem aceleradamente.
Neste mister, a Cartografia Investigativa pode auxiliar o pesquisador na seleção,
organização e atualização do corpus de pesquisa. O mapeamento permite não registrar
elementos relevantes, como também a trajetória percorrida. Esses registros, permitem o
pesquisador retornar ao passado, localizar e consultar as fontes com mais facilidade sempre
que necessário.
Na fase “latente”, período de parada para reflexão, os mapas são úteis para reorganizar o
que foi reunido e identificar os próximos passos. Neste período é importante considerar as
“inter-relações” “interatividade”, “interdisciplinaridade”, “intersubjetividade”. Esse olhar
mais profundo sobre as múltiplas interações entre os diversos elementos facilita identificar o
que deve ser mais explorado ou eliminado. Com isso, torna-se mais fácil reconhecer que as
limitações e o “inacabamento” são molas propulsoras para o aprimoramento da investigação.
E “conflito” pode ser um catalisador de avanços na construção de conhecimentos.
A organização do corpus” de uma pesquisa é um processo dinâmico de interpretação e
análise visando reunir apenas as referências relevantes e dados significativos do campo de
estudos. Nesse mister, o mapeamento investigativo pode ser útil não apenas para ampliar este
“corpus”, mas também, para manter a sua atualização constante.
Mapear constantemente o corpus de investigação permite estar sempre revendo o que
deve ser incorporado e o que deve ser deletado. A delimitação das referências teóricas e
empíricas é essencial para uma exploração mais profunda do assunto. No entanto, para isso, é
necessário ter critérios básicos para seleção. Nesse sentido, o mapeamento constante da
fundamentação teórica e dosconhecimentos prévios do pesquisador (“subsunçores”) facilita o
próprio processo de mapear, à medida que estas categorias organizadoras vão se tornando
mais claras.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...211
5.2 – PROJETO DE MESTRADO - Uma Experiência Metalingüística em Pesquisa Educacional
5.2.1 APRESENTAÇÃO 10-04-2004 SILVIA
Estou fazendo o Mestrado "Ensino em Ciências da Saúde", modalidade Profissional, no CEDESS - Centro de
Desenvolvimento do Ensino Superior em Saúde, da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (Escola
Paulista de Medicina) onde também trabalho, como funcionária técnico-administrativa na área de novas
tecnologias na educação. Minha formação é em Letras, porém a vida me levou para as áreas da Educação e da
Saúde, é uma história que já passa dos 20 anos, portanto, não cabe relatá-la neste momento.
O título do meu projeto de pesquisa é "A inter-relação docente/hipertexto: uma avaliação a partir do livro-texto
digital "Aprendendo a Estudar", um CD-Rom, em fase de registro de direitos autorais, produzido no CEDESS
(sou uma das autoras) como forma de aproximação a esta tecnologia e visando construir uma visão crítica da
mesma.
Um dos objetivos específicos é avaliar o processo de leitura/estudo do usuário e identificar os estilos de
navegação. Na semana passada estava iniciando a coleta de dados baseada na seguinte metodologia: gravação
da interface de 30 sujeitos durante 40 minutos de leitura exploratória e gravação de áudio das impressões,
sensações ou comentários sobre a receptividade que este tipo de intervenção provoca utilizando o software
CamStudio.
Posteriormente, eu iria construir os mapas MANUALMENTE !!! Ufa ! Ainda bem que fiquei sabendo do Nestor
numa lista de discussão.
Evidentemente, conversei com meu orientador e mudarei minha metodologia. Para isto, conto com
a colaboração de todos os colegas e, principalmente, das professoras.
Continuarei meus comentários no Forum. Desculpem se estiver me comportando de forma muito ansiosa, mas
o prazo do mestrado está correndo e preciso iniciar minha coleta de dados o antes possível.
5.2.2 MAPA INICIAL DE PROJETO DE MESTRADO
PORTIFÓLIO COMENTÁRIOS
23-04-2004 Como coloquei na minha apresentação em “Participantes” e numa mensagem no Fórum em
“Projeto de Investigação”, meu momento atual é reelaborar a metodologia com base no Software Nestor.
Quando começou este curso tinha iniciado a coleta de dados com a metodologia anterior, portanto, preciso
urgentemente definir uma configuração do Nestor (quais recursos devo usar: keywords, conceitos, registrar
comentários dos usuários enquanto navegam, etc.) além do registro do mapa de navegação, para que a coleta
dos dados facilite a análise dos mesmos posteriormente. Meu orientador está cobrando uma definição da
nova metodologia.
Talvez não seja ainda o momento para essa discussão, porém gostaria saber quando esta temática vai entrar
na agenda do curso para poder me programar.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...212
FÓRUM
26-04-2004
Acredito que a quantidade de atividades que precisamos coordenar ao mesmo tempo, é um entrave no
aprofundamento teórico, (também sou mãe, estudante, profissional, esposa... ) entrave porque como o volume
de informações disponíveis hoje é muito grande, é necessário muito cuidado na escolha do que é relevante.
Quando é preciso interromper seguidamente a leitura, por motivos também importantes, a pesquisa não
avança. Também concordo que apesar do volume de informações disponíveis, o que nos ajuda na seleção, é
nosso “olhar clínico”, ou seja, nossos desejos, e aspirações em relação ao que desejamos, de fato, aprender.
25-04-2004
O NESTOR é a ferramenta que precisava para minha coleta de dados, os artigos da Ale e da Edmea, tem sido
muito esclarecedores e gostosos de ler. adaptei minha metodologia anterior ao Nestor e pretendo iniciar a
coleta de dados logo, logo.
27-05 Estou super motivada com a elaboração deste último trabalho ... por outro lado ... não consigo começar
a escrever e o tempo é curto !!!
Estou pensando num trabalho individual sobre meu projeto de pesquisa, ou seja, o uso da cartografia cognitiva
nas apresentações que fiz usando os três tipos de mapas e o uso do Nestor como instrumento para coleta de
dados (i.e. mapas de navegação num hipertexto). Assim que tiver uma estrutura mínima mando para a lista.
5.2.3 MAPA DE REFERÊNCIAS CONCEITUAIS DO PROJETO DE MESTRADO
29-04-2004
As noções subsunçoras como "construtores de patterns", na minha interpretação, seriam os "princípios
organizadores" dos "padrões" de um sistema que, conforme o pensamento sistêmico, constituem o aspecto
qualitativo (onde acontecem as relações e portanto os significados -> informação -> conhecimento) a partir da
"estrutura" que seria o aspecto quantitativo (dados).
11-05-2004
Um dos instrumentos que usarei na pesquisa é o NESTOR para, a partir dos mapas construídos pelos sujeitos
numa leitura exploratória de um livro-texto digital, avaliar estilos de navegação(além de questionário e grupo
focal). O NESTOR fez o maior sucesso, por ser novidade para a platéia e pelo potencial de uso em diversos
momentos do desenvolvimento de um projeto de pesquisa.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...213
5.2.4 MAPA DE REFERÊNCIAS TEÓRICAS DO PROJETO DE MESTRADO
11-05 Trecho do MAPPAPER Texto produzido para llivro digital
Para fundamentar teoricamente minha metodologia inclui no Referencial Teórico um capítulo sobre Cartografia
Cognitiva (em construção ;-), por enquanto está na minha cabecinha). Como nas disciplinas do Mestrado
tínhamos usado e abusado dos mapas conceituais e os autores privilegiados pelos docentes foram Ausubel e
Vygostky, a platéia estava bastante sensibilizada para receber os conceitos o que, sem dúvida, facilitou
muito minha apresentação. Para apresentar os caminhos percorridos na elaboração da Introdução e Referencial
Teórico construí no CMaps, um Mapa Conceitual a partir dos tópicos do Sumário, que além de oferecer uma
vista "panorâmica" dos conteúdos abordados, me ajudou durante o processo de elaboração a identificar lacunas
e excesso. Esta experiência de conhecer tecnologia com tecnologia favorece a descoberta e construção do
conhecimento, permitindo múltiplos modos de aprendizagem, o progresso por múltiplos caminhos, o
pensamento crítico e conseqüente tomada de decisão. Os softwares auxiliares nesse processo, como o NESTOR
e o Cmaps, potencializam a capacidade cognitiva, representativa e comunicacional do aprendiz, promovendo
uma visão holística, não-linear do objeto a ser estudado e das relações com o contexto. Tanto na abordagem
quantitativa como na qualitativa o uso de software facilita todas as etapas do projeto de pesquisa.
Na revisão bibliográfica o mapeamento da informação torna-se essencial para facilitar a seleção de material
relevante através de processos de construção e desconstrução de caminhos.
"... Desinformar faz parte da informação, assim como a sombra faz parte da luz. Trata-se do mesmo fenômeno,
apenas com sinais inversos ..." (DEMO, 2000, p. 39). Neste sentido, concordamos com OKADA (2004) que
mapear não é apenas um meio de orientação nesse enorme universo de informação disponível atualmente, mas
também um processo de construção de sentidos e significados. Assim o software NESTOR torna-se uma
ferramenta da maior importância para nos auxiliar nessa caminhada onde não caminhos, pois estes se
fazem ao andar como coloca o poeta espanhol Antonio Machado: "... Caminante, son tus huellas el camino y
nada más; caminante, no hay camino, se hace camino al andar..."
Outra etapa que se beneficia dos mapas é a de planejamento que inclui delimitão do objeto de estudo,
definição de objetivos e metodologia. Tanto o Mapa Mental como o Mapa Conceitual são excelentes ferramentas
para organizar, compatibilizar e articular lógica e logisticamente as diversas variáveis que emergem durante
esse processo. O Cmaps facilita e potencializa esta atividade. E finalmente, na Análise dos Dados, se a opção
for por uma metodologia voltada à análise documental, de conteúdo ou de discurso, alguns dos recursos do
NESTOR, como a identificação automática de palavras-chave (keyword) nos registros mapeados, favorecem a
execução das operações mentais .
03-06 AUTO-AVALIAÇÃO POSSIBILIDADES
O curso me permitiu uma sistematização maior e aprofundamento teórico em pesquisa qualitativa e Cartografia
Cognitiva, suas interfaces e desdobramentos, além da aprendizagem dos softwares NESTOR e CMaps.
DESAFIOS. Avançar nesta temática num próximo curso ou participando de alguma Lista de Discussão criada
com essa finalidade, ou talvez ... as duas opções !!!.
DIFICULDADES. Equipamento compatível com as configurações exigidas pelo software CMaps. No início do
curso, dispersão e fragmentação da comunicação devido aos muitos canais abertos. Pessoalmente, prefiro uma
Lista de Discussão com registro em Fórum (página Web), pois permite as duas modalidades de participação,
síncrona (ou quase síncrona) e assíncrona conforme a disponibilidade de cada participante, tornando a
comunicação dinâmica.
CONCLUINDO... Excelentes os textos disponibilizados na Midiateca e as atividades propostas que me
permitiram crescer "lato e stricto sensu".
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...214
5.2.5 ORGANIZAÇÃO DO “CORPUS” DA PESQUISA - ANÁLISE DO PROCESSO
Mapear constantemente o corpus de investigação permite estar sempre revendo o que
deve ser incorporado e o que deve ser deletado. No exemplo acima, observamos o conflito da
pesquisadora em lidar com a grande quantidade de dados. Na semana passada estava iniciando a
coleta de dados baseada na seguinte metodologia: gravação da interface de 30 sujeitos durante 40 minutos de
leitura exploratória e gravação de áudio das impressões, sensações ou comentários sobre a receptividade que
este tipo de intervenção provoca utilizando o software CamStudio. Posteriormente, eu iria construir os mapas
MANUALMENTE !!! Ufa ! Ainda bem que fiquei sabendo do Nestor numa lista de discussão.”
Para a pesquisadora a fase latente é um período de interrupções da pesquisa e o processo
fica estagnado. Esse momento de parada dificulta o retorno trazendo a impressão de que a
pesquisa não avança”. O distanciamento pode trazer duas conseqüências: maior dificuldade para
resgatar o processo decorrente de um desligamento total do assunto; como também, maior
facilidade para continuar o processo após um descanso mental. Retornar ao mesmo ponto
parado é mais fácil quando o conteúdo explorado está previamente mapeado. O mapa como
um guia atualizado indicando apenas as relevâncias permite retomar o passado sempre que
necessário, mesmo após um longo período de pausa.
Para organizar o corpus de pesquisa, domínio técnico facilita a organização, porém,
somente isso não basta. Como a própria pesquisadora diz o que nos ajuda na seleção, é nosso
"olhar clínico", ou seja, nossos desejos, e aspirações em relação ao que desejamos, de fato, aprender.”
Uma das outras dificuldades ressaltadas pela pesquisadora é coordenar muitas coisas,
priorizar, dar sentido e buscar significados. Estas ações são importantes não na
investigação, mas na vida pessoal. Diversidade e multiplicidade de assuntos e ações estão
contidas tanto na pesquisa como no cotidiano do pesquisador. O desafio é encontrar
estratégias para atingir a organização e o aprimoramento da trajetória em níveis mais
elevados. Nesse sentido, a pesquisadora destaca que: As noções subsunçoras como "construtores de
patterns", na minha interpretação, seriam os "princípios organizadores" dos "padrões" de um sistema”.
Quando identificamos os princípios norteadores para auto-organização do processo,
percebemos que o conflito se transforma em oportunidade para construção do conhecimento
mais dinâmica, ou seja, realizada e atualizada no processo. Nesse sentido, a pesquisadora
destaca que "Desinformar faz parte da informação, assim como a sombra faz parte da luz. Trata-se do mesmo
fenômeno, apenas com sinais inversos ..." (DEMO, 2000, p. 39) Neste sentido, concordamos com OKADA
(2004) que mapear não é apenas um meio de orientação nesse enorme universo de informação disponível
atualmente, mas também um processo de construção de sentidos e significados. Assim o software NESTOR
torna-se uma ferramenta da maior importância para nos auxiliar nessa caminhada onde não há caminhos, pois
estes se fazem ao andar como coloca o poeta espanhol Antonio Machado: "... Caminante, son tus huellas el
camino y nada más; caminante, no hay camino, se hace camino al andar..."
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...215
5.2.6 - ORGANIZAÇÃO DO “CORPUS” DA PESQUISA
A organização do corpus” da pesquisa exige do pesquisador análise e interpretação
para seleção do que realmente é importante. Essa imersão significa um processo reflexivo
contínuo de elaboração de perguntas, levantamento de dados, definição de categorias, estudo,
pesquisa teórica, revisões e conclusões temporárias. Esse movimento é uma espiral, na qual
em cada nível atingido é possível avançar um patamar superior na busca de maior qualidade.
Esses mergulhos no conteúdo significam ler e reler, destacar elementos relevantes
acrescentando anotações, formas ou representação gráfica, identificar elementos comuns,
organizar identificações, rótulos e finalmente partir para articular melhor a interpretação dos
dados.
Segundo Bauer e Gaskell (2002) algumas ações que facilitam a organização do corpus
de investigação:
Codificação: denominar palavras-chave (categorias) para identificar unidades similares no
texto.
Intensidade: indicar a presença de determinada categoria no texto através de números ou
cores.
Memorando: registrar comentários no processo de análise, com data e títulos que possam
localizar e identificar facilmente o conteúdo.
Comparação: confrontar entre textos de diferentes origens para identificar elementos
similares ou divergentes no texto, por exemplo, tipos, qualidades, semelhanças e
distinções.
Ligação: ligar texto-texto, código-texto, memo-texto, memo-código, código-código.
Diagramação: representar as relações entre códigos (categorias) e textos através de
interface gráfica. Essas relações podem ser indicadas com palavras-chave, ligação ou
memorandos.
Recuperação: selecionar unidades do texto referentes à categoria desejada.
A interpretação de textos possibilita simplificar unidades de um texto e reconstituir o
todo partindo do contexto do leitor procurando também apreender o ponto de vista do autor.
A análise de conteúdo, ao invés de explorar todos os detalhes de cada parágrafo com
anotações longas, deve reduzir a complexidade com descrição simples e curta de suas
características. A busca da simplicidade e objetividade permite posteriormente a classificação
de forma sistemática de tais elementos e a contagem de unidades de texto. Isso permite uma
indexação semântica partindo dos critérios estabelecidos pelo próprio pesquisador.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...216
Normalmente, na análise de conteúdo, existem duas dimensões principais: a sintática e
semântica:
Os procedimentos sintáticos procuram identificar como algo é dito ou escrito”. Para
isso, o destaque da sintaxe, características gramaticais e estilísticas, meios de expressão e
vocabulário empregado.
Os procedimentos semânticos visam compreender o que é dito em um texto?”. Isso
significa apreender sentidos denotativos e conotativos em um texto, ou seja, compreender
significado tácito e explícito do conteúdo do texto.
Nesse contexto, mapas do conhecimento são recursos que podem ser utilizados para
classificar as unidades de um texto, orientar-se na construção de redes de unidades de análise
para representar o conhecimento. (Bauer, 2002).
Algumas técnicas podem contribuir para construção de uma rede de subtemas, de
palavras-chave para cada unidade do texto e anotações pessoais. Esse mapeamento de índices
possibilita a codificação, comparação e ligação desses textos de diferentes origens de modo
mais simples e com mais rigor. Gaskell (2002)
O software Nestor é de grande utilidade para etiquetação, codificação e indexação de
textos, facilitando assim, segmentação, ligação, ordenação, estruturação para fins de análise.
Alguns recursos disponíveis nesse software permitem elaborar e explorar mais o corpus
da pesquisa propiciando a análise mais aprofundada.
Antes de elaborar o corpus da investigação, o problema de pesquisa deve ser revisto.
Partindo das questões que deram origem ao problema, podemos selecionar palavras-
chave. E, então, partindo desses elementos é possível montar o corpus teórico.
Por exemplo, supondo que o tema investigado seja a Cartografia cognitiva. Nesse
sentido, a pergunta a ser investigada é: “Como a Cartografia Cognitiva pode trazer
contribuições para Pesquisa Qualitativa?”.
No início da investigação sempre nos deparamos com o “ponto zero” que significa a
ausência de informações relevantes sobre o assunto. É nesse momento que o mapa da mente
ajuda a explicitar mais o problema facilitando a coleta de dados.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...217
Fig. 87 Mapa da Mente sobre Cartografia Cognitiva
O mapa da mente possibilita visualizar série de relações entre informações que fazem
emergir mais idéias. O ponto zero que significa dificuldade em começar a pesquisa pode ser
enfrentado quando conseguimos identificar trilhas a seguir.
Além da quantidade de informações que são incluídas no mapa e reorganizadas, surge
também a possibilidade de selecionar o que é relevante e mais significativo. Isso possibilita a
visualização do que virá realmente dos próximos passos, ou seja, localizar o que deve ser
aprofundado.
Ao elaborar o mapa da Mente, surge a necessidade também de desenvolver um mapa
conceitual para aprofundar mais os conceitos importantes referentes à pesquisa.
Cada conceito deve ser aprofundado. Quando percebemos que o mapa contém muitas
definições, é essencial selecionar as mais significativas e necessárias à pesquisa.
Observando o anterior mapa da mente, vemos que um dos conceitos importantes é
“análise qualitativa”. Esse é o assunto fundamental para compreender o que é análise, como
ela é feita; e assim, descobrir como os mapas podem ajudar nesse processo.
Nesse sentido, ao construir o mapa conceitual estaremos organizando o corpus de modo
mais aprofundado. Para isso, é importante recorrer a todas as fontes possíveis: livros, revistas,
teses e dissertações, artigos, Internet.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...218
Fig. 88 Mapa Conceitual sobre Cartografia Cognitiva
Então, a partir dos dois mapas: mapa da mente e mapa conceitual é importante buscar
referências na Internet e construir um webmap. Para isso, podemos utilizar o software Nestor
Web Cartographer.
Para elaborar um mapa do corpus de pesquisa no Nestor inicialmente precisamos
registrar palavras-chave (CATEGORIAS) clicando em Keyword: , digitar uma a
uma, com letras minúsculas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...219
Para registrar outras informações que são pertinentes e podem conduzir mais à pesquisa
podemos utilizar Memo , que possibilita adicionar informações na área do mapa, por
exemplo, nomes de autores especialistas, títulos de livros, etc.
Muitas vezes, encontramos nas bibliografias de livros e jornais especializados da área,
endereços de sites. Podemos registrá-los no mapa clicando em URL: .
Ao acessar uma página web, automaticamente o Nestor indica a quantidade de palavras
existentes naquela tela. Isso é uma referência interessante, pois podemos perceber que os
textos podem servir para diversos conceitos ao mesmo tempo.
Caso seja necessário escrever uma lista grande de outras referências que podem ser
investigadas no mapa, é interessante abrir um novo documento e digitar ou copiar as
informações. Para isso, clique em Document: .
Para representar áreas para classificar com conceitos e outros identificadores utilize a
opção Concept ou shape: , assim você pode registrar mais elementos significativos
dos textos...
Para continuar o estudo do texto é interessante identificar blocos importantes para
registrar anotações. Para isso, é possível destacar os blocos e em anotações no Nestor
Clicar em [Annotation] [Text -Highlight], digitar seu comentário.
Cada unidade selecionada, automaticamente aparece na anotação o link do bloco (1) (3)
e assim por diante.
Todos os mapas, e referências possibilitam reunir um corpus de investigação de forma
mais organizada e estratégica. O mapeamento da informação possibilita definir trilhas mais
produtivas para pesquisa. Isso significa não apenas coletar maior quantidade de informações
relacionadas ao tema, mas também buscar maior qualidade.
Desse modo, partindo de uma base inicial consolidada de informações é possível
construir perguntas bem mais elaboradas. Esse processo conduz-nos a um sucessivo
movimento de lapidar cada vez mais nosso problema de investigação, até o fluir de um grande
insight: a descoberta de um problema importante cuja solução pode ser inovadora e trazer
contribuições realmente significativas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...220
O corpus de investigação permite também elaborar questionários ou roteiros de
entrevista de modo mais organizado e fundamentado. Partindo do mapeamento das
informações é possível visualizar o que realmente precisa ser questionado, o que está
incompleto, quais são as incertezas sobre o assunto.
Se for possível organizar a entrevista por meio digital, os mapas podem ser utilizados
também para mapear as respostas dos entrevistados.
Para isso, o próximo passo é definir categorias de análise baseadas no corpus teórico ou
questões de investigação. Desse modo, através dessas categorias (palavras-chave) é possível:
1. identificar rapidamente quem mencionou ou citou tais categorias
2. selecionar respostas que a princípio podem ser significativas
3. saber quantas vezes essas categorias aparecem em cada entrevista
4. selecionar falas” dos sujeitos que podem ser utilizadas para fundamentar
interpretação.
O endereço da página web (por exemplo, um fórum) que contenha as respostas das
entrevistas, pode ser registrado no Nestor. Desse modo é possível mapear o conteúdo desse
questionário:
1. Selecionando dados importantes
2. Destacando sentenças/ frases
3. Copiando para “bag” trechos de diferentes documentos
4. Quantificando categorias
5. Registrando comentários e notas interpretativas
6. Reorganizando um novo mapa para facilitar a interpretação de dados
Ao analisar o conteúdo das entrevistas é interessante também rever o corpus teórico.
Novas categorias do universo empírico (ou seja, da prática dos sujeitos expressa na
entrevista) podem emergir. Isso significa que muitas vezes é necessário recorrer à teoria.
Buscar novos autores que explicitam mais tais categorias-conceituais. Para isso, é
possível fazer no Nestor um mapa só sobre referências bibliográficas por autores/categoria.
Todos esses processos recursivos de análise interpretação e mapeamento nos conduzem
a uma tessitura mais apurada de toda pesquisa e organização melhor da conclusão.
Os mapas facilitam muito o processo para ilustrar o caminho cognitivo construído ao
longo da investigação e também facilita a construção do texto.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...221
Uma vez que seu corpus está selecionado e organizado, chegou o momento de iniciar
uma análise e interpretação mais aprofundada. Bauer (2002:203) destaca alguns critérios
importantes para buscar rigor nesse processo:
1. Coerência: refere-se a consistência de um referencial de codificação. As categorias
devem ser simples e também selecionadas partindo do contexto investigado.
A interpretação deve fluir com significados ao invés de estar enraizada na
meticulosidade e especificidade.
2. Transparência: refere-se a clareza na organização do referencial. A codificação é
essencial para interpretação mais rigorosa e objetiva.
3. Fidedignidade: refere-se a concordância entre intérpretes, dois ou mais intérpretes
diferentes ou o mesmo intérprete depois de certo tempo.
4. Validação: refere-se a até que ponto a codificação representa coerentemente o texto
e o seu contexto. Um dos grandes desafios é observar a interferência de intenções ou
compreensões particulares e subjetivas que fogem do conteúdo indicado pelo autor
do texto analisado.
Para isso, Bauer (2002) indica alguns passos para análise de conteúdo:
defina a teoria e as circunstâncias sugerem a seleção de textos específicos;
faça uma amostra caso existirem muitos textos para analisá-los;
construa referencial de codificação que se ajuste tanto às considerações teóricas
(textos de especialistas no assunto, conceitos, teorias) quanto as empíricas
(entrevistas, observações, diários de bordo);
faça um teste piloto, converse com outros interlocutores sobre a suacodificação;
teste a fidedignidade dos códigos e sensibilize os codificadores para as
ambigüidades;
codifique todos os materiais do corpus e reorganize procurando estabelecer
relações quantitativas e qualitativas;
construa se achar necessário um arquivo de dados para análise estatística;
faça, uma síntese no final sistematizando a sua análise e interpretação, incluindo: o
racional para o referencial de codificação, distribuições de freqüências de todos os
códigos, fidedignidade do processo de codificação.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...222
Macedo (2003) destaca em sua discussão sobre etnopesquisa crítica algumas etapas
necessárias para análise e interpretação de dados:
1. Corpus de pesquisa organização de todo material de pesquisa com exame atento e
detalhado das informações coletadas
2. Saturação dos dados” indicativo da suficiência das informações para início das
análises através do questionamento sobre relevância dos seus “dados”, seguindo suas
questões norteadoras. Este momento não é estanque, deve-se retornar várias vezes ao
campo à procura de maior densidade e detalhamento.
5. Redução de dados seleção do que é essencial separando daquilo que não é
significativo no momento. Essa distinção deve ser feita sem fragmentar e sem perder as
relações com os aspectos que constituem a experiência ou seja os acontecimentos, as
pessoas , as emoções, etc.
6. Unidades dos significados” seleção de asserções significativas que apontam para a
consciência que o pesquisador tem do fenômeno. Nesse momento, deve ser considerado
a pluralidade, densidade, detalhamento e contextualização
7. Noções subsunçoras” identificação das categorias analíticas que sistematicamente
representam os sub-conjuntos das informações, significados recorrências, índices,
contradições, relações, ambigüidades.
8 Tecido argumentativo organização das interpretações tecendo o que é pertinente e
fecundo em termos da construção do conhecimento. Articula-se o que foi selecionado no
corpus: significados, acontecimentos, recorrências, fatos, contradições, relações e
ambigüidades. As relações e/ou conexões são estabelecidas baseadas nas noções
subsunçoras do próprio pesquisador.
9. Considerações conclusivas esforço de organização e síntese, para estabelecer
totalizações relacionais com contextos e realidades históricas conectadas com a
problemática analisada. Esse é o momento de tematização das reflexões que respondem à
problemática da pesquisa
10 Critérios de valor-relevância” critérios finais que embasam a construção das
conclusões e sistematização de todo o processo. Para isso, é importante interlocução com
uma comunidade crítica legítima colaborativa e/ou apoiadora visando a desconstrução da
estrutura do rigor fiscalista, trazendo para este cuidado a noção de rigor social mediado
por uma epistemologia do contexto implicado.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...223
5. 3 - APROFUNDANDO CONCEITOS TEÓRICOS
A natureza é uma fonte rica de diversidade. Como dizia Lavoisier, na natureza nada
se cria, nada se perde, tudo se transforma. Como afirmava Aristóteles, todo ser é uno.
Dentro da diversidade, as profundas diferenças podem estar escondidas atrás de aparentes
similaridades. Conceitos polivalentes, superpostos, contraditórios merecem reflexão mais
profunda. A percepção das multiplicidades numa pesquisa propicia a descoberta de novos
caminhos. Buscar o significado dos elementos e as suas relações favorece uma compreensão
maior do assunto.
O aprofundamento de conceitos construídos e daqueles a serem investigados é um
grande desafio. Primeiro, porque os conceitos podem ser vistos sob várias perspectivas em
diversas áreas. Segundo, porque a comunicação é ambígua, os discursos escrito ou oral têm
diversas interpretações. Por mais claro e objetivo que seja uma definição, não é possível
garantir como ela será interpretada. A interpretação é um processo decorrente de cada sujeito
que a reconstrói de acordo com seus conhecimentos prévios, seu contexto e seus interesses; e,
não da realidade externa, de objetos que espelham e reproduzem mecanicamente a
informação.
Na fase de “expansão”, a ampliação da pesquisa implica um estudo mais minucioso do
corpus mapeado. A “autonomia” nesse momento é importante para perceber os avanços,
conquistas e dificuldades. Autonomia não é o que pode separar-se, isolar-se incomunicar-se,
mas o que carece de complemento e atualização para manter-se em horizonte próprio,
autonomia é sua negociação e não sua conclusão” (Demo, 2002:22).
O “ponto de vista do viajante” possibilita reconhecer que a essência de um conceito
não é constituída e percebida de uma só vez. Ter visão da “totalidade” permite compreender o
conceito nas suas relações com o todo. Isso favorece a identificação das ausências, rupturas
que nos conduzem a imaginação, reflexão e a reconstrução de sentidos.
Neste sentido, os mapas investigativos ajudam-nos a visualizar melhor não as
múltiplas faces do conceito, como também tecê-lo dentro de outros contextos e com base em
diversos referenciais. A ação contínua de refletir-mapear-refletir permite identificar tanto as
coerências como as incongruências no estudo conceitual. Isso fica mais evidente no escrever-
mapear-escrever. Pois, a escrita dos conceitos implica numa reflexão mais profunda para
explicitar o conceito do ponto de vista do pesquisador. Esse olhar mais sensível decorrente
desses movimentos recursivos facilita a identificação do que deve ser mais explorado ou
eliminado visando realmente um aprofundamento.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...224
5.3 – PROJETO DE DOUTORADO - Parceria: conceitos e interpretações
5.3.1 APRESENTAÇÃO 10-09-2005 MARIO
Eu sou economista, mestre em Planejamento do Desenvolvimento (UFPA/NAEA) e doutorando em
Desenvolvimento Internacional da University of Wales Swansea (Reino Unido). Eu tenho vinculação
profissional com a Universidade Federal do Pará e com a Universidade da Amania, onde sou professor.
Minha tese objetiva entender como tem se estabelecido as relações entre as organizações locais
(associações, cooperativas, sindicatos, etc) e os agentes do estado (secretarias, órgãos de extensão, etc)
para o desenvolvimento rural em áreas de conflito (político, de propriedade, etc). O meu campo de
análise é a Amazônia Brasileira, mais especificamente o Estado do Pará, de onde eu sou natural. O
arcabouço teórico é centrado na teoria da parceria, contudo os conceitos de capital social, network,
poder e desenvolvimento rural também o considerados. A questão teórica central da tese é: até que
ponto a parceria age em favor de equilíbrio de poder para o desenvolvimento rural? Eu já terminei minha
pesquisa de campo e estou na fase de análise de dados e redação dos capítulos da tese.
A minha esposa (Ana Maria) também está fazendo doutorado em desenvolvimento internacional e ela
tem o mesmo background que eu, com a diferea que ela é socióloga. Ela está em pesquisa de campo,
visitando algumas comunidades rurais bastante distantes do estado do Pará. s temos duas lindas
criaas, uma menina de oito anos (Mayana) e um menino (Mayro) de seis anos, ambos muito ativos e
sapecas. Quando eu tenho dinheiro, o meu hobby é viajar. Adoro sol, praia, caranguejo, camarão e uma
cerveja gelada. Como um bom gourmet adoro experimentar comidas diferentes, mas o troco o ‘pato no
tucupi’, a ‘maniçoba’, o ‘aç e o cupuu (vocês conhecem os pratos e frutas paraenses?) por nada.
Ah!, gosto de fazer caminhadas para manter a forma.
Olá a todos! Comecei a construir esse mapa conceitual na segunda-feira e despendi por volta de duas a três
horas a cada dia. O mapa tomou várias formas e provavelmente terá outras até que eu me convença que
envolvi todos os elementos que julgo ou julgava necessário. Isso pelos seguinte motivo: eu já havia construído
o capítulo da minha pesquisa de que trata da revisão conceitual e de como o conceito principal (parceria) está
sendo analisado na literatura. Como o meu trabalho é interdisciplinar, a revisão da literatura passou pela
sociologia, ciência política, administração, economia, é claro, desenvolvimento, com ênfase no desenvolvimento
rural. Daí a diversidade de significados que o conceito assume. Procurei, então, destacar na definição dois
approaches e no significado aquele que é assumido no desenvolvimento rural.
Interessante foi que parti do texto para o mapa. Durante a construção do mapa verifiquei que alguns conceitos
que eu julgava e ainda julgo importantes (tais como capital social e network social) não foram contemplados
nos eixos de ligação com o conceito principal, seja porque eles nao emergiram como importantes nesse
momento, seja porque eles entrelaçariam nas linhas do mapa (o que faria perder sua clareza). Interessante
ainda foi o surgimento de novos conceitos não contemplados pelo meu texto ('empoderamento', 'boa
governança') e que se fizeram necessários no mapa. Eu passei a sentir que o meu texto tem lacunas que eu
preciso preencher.
Ao mostrar uma das minhas versões para minha esposa ela me perguntou qual era o caminho por mim
assumido no meu trabalho. Foi, então, que eu procurei delineá-lo de forma diferenciada. Minha grande
descoberta foi que a questão que eu estou investigando envolve alguns elementos ('poder' e 'objetivo de longo
termo' - desenvolvimento) que não são do approach que eu escolhi para trabalhar.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...225
Eu penso que isso significa uma pequena contribuição ao conceito, ou seja, a necessidade de agregar novos
elementos (ainda não sei..., estou na dúvida... não quero ser presuncoso).
Eu estava construindo um outro texto e parei para fazer o mapa antes de prossegui-lo. Os mesmos sentimentos
surgiram, elementos contemplados que não emergem no mapa e elementos do mapa ainda não contemplados
no texto. Como o Cláudio muito bem colocou na experiência dele de construção do texto, a interação escrita-
mapeamento é de mútua influência.
Desculpem a falta de comentários nos outros trabalhos, mas às vezes me faltam elementos para analisar certos
mapas. Acredito que o mesmo acontece com as pessoas que o de outras áreas e lêem os meus mapas. Isso
significa que para a leitura e crítica de um mapa necessidade de conhecimentos subsunçores sobre o
assunto, caso contrário todos os mapas (e textos) serão perfeitos e pouca contribuição para a construção de
conhecimento significativo será dada. Por enquanto é só. Um [] Mário
5.3.2 MAPA CONCEITUAL TEÓRICOS - PROJETO DE DOUTORADO
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...226
5.3.2 MAPA CONCEITUAL EMPÍRICO - PROJETO DE DOUTORADO
Mario Diz: 1/01/06 às 19:31
Prezados colegas do curso. Foi um grande prazer ter participado com voces nesse curso, realmente, muito
gratificante. Aprendi muito e espero continuar aprendendo com o novo módulo que será realizado. A relação
professor-aprendiz / aluno-professor pareceu-me claro neste curso. Eu me sinto motivado para continuar e
escrever um artigo para o livro que a coordenação do curso está organizando, a despeito das mil atividades que
eu estou envolvido. O desafio de refletir sobre o uso do CMAP como ferramenta de suporte à pesquisa
qualitativa é uma das minhas prioridades. A exploração do Nestor também é uma prioridade, embora para um
segundo momento, uma vez que escolhi o CMAP para suportar a análise de dados de minha pesquisa. Coloco
abaixo a minha avaliação e contribuição ao curso.
CMAP. Super interessante ferramenta de suporte à pesquisa, seja para preparação do projeto, seja para análise
de dados. É um mapa que aguça o potencial criativo de quem o está usando. Eu o incorporei à metodologia de
minha pesquisa, em especial ao meu processo de análise de dados. Este instrumento também ajuda na
construção de texto (durante o curso viu-se um bom exemplo disso). Como qualquer outra ferramenta de
suporte à pesquisa este tem seus prós e contra. Como exemplo favorável ele ajuda na organização dos dados,
na visualização da relação entre fatos, objetos, dados, etc. No entanto, deve-se ter cuidado no seu uso. Ele
pode facilmente sugerir relações hierárquicas entre fatos/objetos/dados/fenômeno ou ainda sugerir relações de
causa/efeito. A sugestão de redução dos fatos/fenômenos e relações em um número nimo de palavras (seja
nas caixinhas ou nas ligações) pode induzir a simplificação dos mesmos. Outras críticas podem ser
incorporadas, no entanto não invalidam o seu uso. Eu gostaria de escrever um paper mostrando minha
experiência no uso dessa ferramenta e, se possivel, incorporar no livro que está sendo organizado pelo curso.
Nestor: Interessante ferramenta para quem prioriza a pesquisa na Internet. Pessoalmente, eu tenho minhas
críticas nesse tipo de pesquisa, uma vez que muito material disponível na Internet não passa de informações
sem respaldo teórico, analítico e empírico. O material com maior rigor científico se encontra nos banco de
dados e nas revistas científicas. No entanto, usando as informacoes da Internet como ‘dados de pesquisa’, o
Nestor se mostra de grande significância. Trata-se, também, de um software que pode induzir à perigosa
apropriação do conhecimento gerado por outrem por aquele que está pesquisando e usando o recurso do
‘cortar e colar’. Mas assim como o CMAP, trata-se de uma ferramenta com pontos positivos e negativos.
Somente recentemente eu comecei a usá-lo com mais propriedade e penso que este pode contribuir na análise
de entrevistas, princpalmente, quando estas estão digitadas. No entanto, eu ainda preciso de mais tempo para
explorá-lo melhor.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...227
5.3.5 ESTUDO CONCEITUAL - ANÁLISE DO PROCESSO
O pesquisador destaca um campo de pesquisa complexo com grande diversidade,
cujos conceitos polivalentes merecem reflexão mais detalhada. O meu campo de análise é a
Amania Brasileira, mais especificamente o Estado do Pará, de onde eu sou natural. O arcabouço
teórico é centrado na teoria da parceria, contudo os conceitos de capital social, network, poder e
desenvolvimento rural também são considerados. A questão teórica central da tese é: até que ponto a
parceria age em favor de equilíbrio de poder para o desenvolvimento rural?
Este estudo conceitual mais profundo envolve contínuas desconstruções dos
conhecimentos existentes visando reconstruções com mais sentido e significado no
contexto explorado. Isso fica mais evidente com o processo de mapear para desconstruir o
texto já pronto e reconstruí-lo verificando a consistência nas relações.
“Eu ja terminei minha pesquisa de campo e estou na fase de análise de dados e redação dos
capítulos da tese. ... Comecei a construir esse mapa conceitual na segunda-feira e despendi por volta
de duas a três horas a cada dia.
“Isso significa que para a leitura e crítica de um mapa necessidade de conhecimentos subsunçores
sobre o assunto, caso contrário todos os mapas (e textos) serão perfeitos e pouca contribuição para a
construção de conhecimento significativo será dada.”
Nesse mister, outro desafio a ser enfrentado é sensação de inacabamento e
incompletudes.
“O mapa tomou várias formas e provavelmente terá outras até que eu me convença que envolvi todos
os elementos que julgo ou julgava necessário ...“Eu havia construído o capítulo da minha pesquisa de que
trata da revisão conceitual e de como o conceito principal (parceria) está sendo analisado na literatura.”
Ao enfrentar o desafio através de diversos mapeamentos, num processo contínuo de
leitura e interpretação, mapeamento e escrita, o pesquisador conseguiu fazer duas descobertas:
Interessante, foi que parti do texto para o mapa. Durante a construção do mapa verifiquei que alguns
conceitos que eu julgava e ainda julgo importantes (tais como capital social e network social) não
foram contemplados nos eixos de ligação com o conceito principal, seja porque eles nao emergiram
como importantes nesse momento, seja porque eles entrelaçariam nas linhas do mapa (o que faria
perder sua clareza)”.
“Interessante ainda foi o surgimento de novos conceitos não contemplados pelo meu texto
('empoderamento', 'boa governança') e que se fizeram necessários no mapa. Eu passei a sentir que o
meu texto tem lacunas que eu preciso preencher”.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...228
Ao enfrentar o desconhecido e deparar-se com a ambigüidade, surge um momento
importante de auto-reflexão e de diálogo (se possível) com alguém. Trata-se de um momento
de revisar as noções subsunçoras. “Ao mostrar uma das minhas versões para minha esposa ela me
perguntou qual era o caminho por mim assumido no meu trabalho. Foi, então, que eu procurei delin-lo de
forma diferenciada.”
E também, trata-se de um momento de escolha, de decisão e revisão do processo.
“Minha grande descoberta foi que a questão que eu estou investigando envolve alguns elementos ('poder' e
'objetivo de longo termo' - desenvolvimento) que não são do approach que eu escolhi para trabalhar. Eu penso
que isso significa uma pequena contribuição ao conceito, ou seja, a necessidade de agregar novos elementos
(ainda não sei..., estou na dúvida... não quero ser presunçoso).”
“Eu estava construindo um outro texto e parei para fazer o mapa antes de prossegui-lo. Os mesmos sentimentos
surgiram, elementos contemplados que não emergem no mapa e elementos do mapa ainda não contemplados no
texto. Como o Cláudio muito bem colocou na experiência dele de construção do texto, a interação escrita-
mapeamento é de mútua influência.”
Com isso, emerge uma visão mais crítica do processo e do conceito analisado.
“Eu o incorporei à metodologia de minha pesquisa, em especial ao meu processo de análise de dados. Este
instrumento também ajuda na construção de texto (durante o curso viu-se um bom exemplo disso).”
Isso fica mais evidente com os comentários críticos.
“Como qualquer outra ferramenta de suporte à pesquisa este tem seus prós e contra. Como exemplo favorável
CMAP ajuda na organização dos dados, na visualização da relação entre fatos, objetos, dados, etc. No entanto,
deve-se ter cuidado no seu uso. Ele pode facilmente sugerir relações hierárquicas entre
fatos/objetos/dados/fenômeno ou ainda sugerir relações de causa/efeito. A sugestão de redução dos
fatos/fenômenos e relações em um número mínimo de palavras (seja nas caixinhas ou nas ligações) pode induzir
a simplificação dos mesmos. Outras críticas podem ser incorporadas, no entanto não invalidam o seu uso. Eu
gostaria de escrever um paper mostrando minha experiência no uso dessa ferramenta e, se possível, incorporar
no livro que está sendo organizado pelo curso.”
“Nestor: Interessante ferramenta para quem prioriza a pesquisa na Internet. Pessoalmente, eu tenho
minhas críticas nesse tipo de pesquisa, uma vez que muito material disponível na Internet não passa de
informações sem respaldo teórico, analítico e empírico. O material com maior rigor científico se encontra nos
bancos de dados e nas revistas científicas. No entanto, usando as informações da Internet como ‘dados de
pesquisa’, o Nestor se mostra de grande significância. Trata-se, também, de um software que pode induzir a
perigosa aproprição do conhecimento gerado por outrem por aquele que está pesquisando e usando o recurso
do ‘cortar e colar’. Mas assim como o CMAP, trata-se de uma ferramenta com pontos positivos e negativos.
Somente recentemente eu comecei a usá-lo com mais propriedade e penso que este pode contribuir na análise de
entrevistas, princpalmente quando estas estão digitadas. No entanto, eu ainda preciso de mais tempo para
explorá-lo melhor.”
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...229
5.3.6 - ESTUDO CONCEITUAL
Demo (2000:13) alerta que definir é delimitar, colocar limites, especificar com intuito
de tornar um conceito mais claro e compreensível. No entanto, a definição pode resultar num
aprisionamento, redução ou empobrecimento do conceito, correndo o risco de não contemplar
a sua complexidade, seja amplitude, multiplicidade ou profundidade.
Nesse sentido, o autor enfatiza a importância de reconhecer os próprios limites,
incongruências sempre com questionamentos.
Para Macedo (2004) a explicitação seja de um conceito ou de um fenômeno demanda
recursos metodológicos diversificados até mesmo perspectivas teóricas diferentes ou
contraditórias para entender a realidade. Nesse percurso, é natural que o pesquisador busque
múltiplas referências, diferentes perspectivas teóricas, diversos instrumentais analíticos. Além
disso, é natural uma abordagem multirreferencial entrelaçando as falas de vários sujeitos
atores e de teóricos autores. Nesse contexto, os mapas contribuem para enredar conceitos
teóricos e significados que emergiram na prática, pois permitem visualizar melhor as
possíveis relações.
Demo (2000:14) comenta que esse mergulho teórico é profundo e também árduo.
Trata-se de um dilema entre a simplificação para compreender melhor e complicação para
contemplar a riqueza do conceito. O estudo teórico envolve contínuas desconstruções dos
conhecimentos existentes visando reconstruções com mais sentido e significado no
contexto explorado.
Visando contemplar a riqueza e complexidade, Macedo (2004) destaca que a técnica da
triangulação é um dispositivo na qual o pesquisador visa a sua própria construção “a partir” e
“para” diversos meios, diferentes abordagens e fontes. A triangulação é um recurso
sistemático que oferece consistência às conclusões da pesquisa por contemplar a pluralidade
de referências e perspectivas representativas.
Nesse sentido, a triangulação facilita as relações entre interpretação, cognição e
contextualização. Alves (2001, 2003:1 ) comenta que a triângulação permite o uso conjunto
de métodos quantitativos e qualitativos dentro de uma perspectiva de complementaridade.
Pontos de referência múltiplos no estudo de um objeto pode contribuir para o sucesso do
pesquisador em sua tentativa de observação, compreeensão e explicação.
Macedo (2004) destaca também que é interessante estar ciente da necessidade da
presença da voz do ator social implicado. Que essa voz não venha da boca da teoria, mas de
um sujeito legitimador de conceitos com as suas próprias interpretações fundamentadas na
realidade concreta da qual faz parte.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...230
O confronto dos conceitos de autores especialistas com a própria visão tanto do
pesquisador como dos sujeitos envolvidos decorrentes de suas vivências é fundamental.
Macedo (2000) recomenda incluir na análise essas múltiplas vozes representadas tanto por
texto como também fotos , recortes de documentos, jornais, cartas, impressos, mapas, gráficos
, cartazes, pinturas, desenhos, fitas de vídeo etc. Além disso, o autor indica que essas
mensagens ao invés de estarem nos anexos que figurem no corpo do texto analítico reflexivo.
Trata-se de uma fonte mais densa de interpretação visando contemplar vivência dos sujeitos
nas diversas perspectivas possíveis.
Demo (2000:33) baseado em Freire (1987) e Torres (1998) também destaca o espaço da
pesquisa como um espaço dos sujeitos atores. Nesse espaço, duas circunstâncias externas
moldam os sujeitos: sociedade e natureza. O ambiente sociocultural na qual os indivíduos
nascem sem escolha, indicam um espaço objetivo. No entanto, existe outro espaço que
apresenta as condições subjetivas que permitem os sujeitos se desenharem como
“oportunidade”. Trata-se de um espaço de emancipação do humano que não apenas interpreta
o existente, mas questiona, critica, contrapõe, desconstrói, entrelaça, ressignifica e
reconstrói.
Com isso, podemos destacar que autoria voz legítima do investigador e dos sujeitos
envolvidos é decorrente desse espaço não como um campo estático e superveniente, mas
como dinâmico e criativo que se transforma com ão desses atores.
Nesse sentido , Macedo (2002) complementa a teoria não deve ser vista como uma
limitação estagnada. Ela deve entrar nesse espaço das análises como inspiração aberta e
inacabada a retomadas. Neste encontro e confronto de várias vertentes e múltiplas
perspectivas tencionadas pelos saberes sistematizados, “dados” vivos da realidade e as
incertezas e incompletudes identificadas, nasce uma oportunidade de reconstrução de
conhecimento decorrente do ato reflexivo e questionador dos atores autores.
Com essa intenção, os mapas investigativos podem facilitar o processo fazendo emergir
o diálogo entre teoria e a prática num fluxo sempre em transformação. A visualização desse
diálogo permite vivificar e vitalizar a reconstrução de conhecimento dos autores. Uma
reconstrução única, autêntica que transparece a autoria, pois é permeada de sentidos e de
significados que revelam o mundo objetivo entrelaçado com o subjetivo.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...231
5. 4 – ARTICULANDO REFERENCIAIS TEÓRICOS E EMPÍRICOS
A diversidade da natureza contém dualidades, ambivalências e ambigüidades. Lados
opostos ou complementares quando entrelaçados podem propiciar uma visão mais ampla e
crítica. Para aprofundar uma face de um objeto de estudo é essencial também analisar a sua
contraface.
O entrelaçamento da teoria e prática enriquece as diversas etapas de uma investigação,
pois cria oportunidades mais fecundas para reflexão-ação-reflexão. Neste movimento
contínuo recursivo, o pesquisador traz teoria para orientar sua prática e reflete sobre sua ação
para contribuir com a reconstrução teórica.
Neste sentido, a Cartografia Investigativa pode contribuir para mapear essas inter-
relações articulando referenciais teóricos e empíricos. O mapeamento facilita o estudo
conceitual e a análise da prática sob o viés da teoria. Nessa fase de transição, a visualização
dessas relações contribui para revisão do que já foi construído e aprimoramento da
investigação com novos questionamentos. Este é o momento ideal para rever as associações
estabelecidas que devem ser excluídas e aquelas não existentes que devem ser incluídas.
Através da visão teórico-empírica o pesquisador consegue perceber a diversidade do seu
objeto de estudos. Com isso, ele pode contemplar as diferenças, particularidades e
especificidades. E assim, ao enfrentar a complexidade da sua investigação desenvolve mais
criticidade, rigor e qualidade.
O olhar sensível e atento permite identificar as causalidades circulares. Algumas
variáveis na pesquisa geram movimentos dinâmicos de perguntas e respostas abrindo cada vez
mais novas trilhas para investigação reconfigurando o que foi construído. Estes momentos
podem ser significativos ao indicarem a necessidade de maior exploração e novos
mapeamentos. Com os mapas o pesquisador pode preconfigurar, configurar e reconfigurar sua
investigação conforme os significados construídos. Através da práxis, ação e reflexão
consciente e crítica visando transformação, o pesquisador consegue transcender cada vez mais
desvelando trilhas mais preciosas para sua investigação.
Os mapas investigativos como interfaces mediadoras das inter-relações teoria e prática,
podem abrir novas possibilidades de descobertas, insight, inovações; num movimento
criativo, crítico e significativo de reconstrução de conhecimentos.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...232
5.4 ORIENTAÇÃO - Pesquisa Qualitativa em Matemática Usando Software De
Mapeamento: Primeiras Reflexões num Curso de Mestrado
5.4.1 APRESENTAÇÃO- PERFIL LEILA 13-09-2005
Um olá para todos. Meu nome é Leila Zardo Puga. Fiz o mestrado em matetica (alise) e doutorado
também em matemática (lógica). Sou professora da PUC, no departamento de Matemática.
Ministro aulas na graduão no Curso de Ciências da Computação, nas disciplinas de Cálculo 1e2 e
também lculo 3e4. Na s-graduação, ministro o Curso Tópicos de lculo, para alunos do Mestrado e
oriento alunos em Educação Algébrica.
Neste curso tenho um interesse especial pois quero aprender como usar o software nas minhas pesquisas
próprias e, ainda, poder orientar o uso desse software com os meus alunos da s.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...233
Re: Ponto de Partida - discutindo sobre trajetória de pesquisa
por Leila Zardo Puga - Thursday, 6 October 2005, 17:32
Faço parte do grupo de pesquisa G5, sobre Educação Algébrica, do Programa de Pós-Graduação em Educação
Matemática que, atualmente, desenvolve 3 Projetos de pesquisa: "Qual a Álgebra a ser ensinada em cursos de
formação de professores", ou outro "O que se entende por Álgebra e o terceiro "Base e Dimensão de um Espaço
Vetorial". Nesses três projetos, os alunos realizam estudos diagnósticos, documentais, estudos de casos,
bibliográficos etc.
Num primeiro contato com um tema, a ser desenvolvido pelo aluno, solicito que ele "pesquise" sobre o assunto
em Bibliotecas, outras Instituições e também na Internet, por exemplo. No que se refere a Internet, o retorno
que constato é que alunos que dizem "não encontrei nada" ou aqueles que dizem "encontrei muita coisa".
Em tais situações, o trabalho em orientação exige uma atenção especial. Como proceder em tais casos? O uso
de um software pode servir como uma ferramenta auxiliar nessa tarefa inicial da pesquisa?
Em minha área, a matemática, costumo com freqüência usar softwares (algébricos e gráficos) tanto em sala de
aula como em pesquisa própria. Pode-se dizer que os resultados obtidos tem sido realmente gratificantes do
ponto de vista ensino-aprendizagem. Assim, ao saber da existência do Nestor e do Cmap, fiquei interessada em
conhecê-los de perto. Julgo que poderao auxiliar meus alunos em orientação e, sobretudo, a minha própria
pesquisa no G5.
Falando simplesmente, entendo que pesquisar e realizar uma atividade que se desenvolve em várias etapas.
Uma delas, por exemplo, é tomar ciência sobre o que existe a respeito de um tema, pelo menos em boa
parte. Nesse sentido, penso que os dois softwares poderão em muito colaborar na pesquisa.
Confeccionei um mapa e agora o que devo fazer com ele?
por Leila Zardo Puga - Thursday, 13 October 2005, 13:52
Gostei muito, nesta semana 2 do Curso, dos dois textos disponibilizados para a leitura.
A leitura do texto sobre Cartografia (primórdios) e, principalmente, do texto sobre Técnicas de Mapeamento
(cartog.cognitiva) me impulsionou a querer fazer mapas.
Fui então elaborar um mapa mental sobre um tema de pesquisa para sugerir a uma aluna da pós em Educação
Matemática. Iniciei pela leitura do texto e também por outras indicadas nos links do próprio texto da semana 2.
“Mas isso é uma outra história que fica para uma próxima vez”.
Uma vez concluída essa tarefa (não o mapa) percebi que queria fazer mais, ou melhor, que queria mapear, se
possível, todas as minhas atividades. Notei que na semana anterior queria fazer os mapas, os solicitados
pelo Curso e ainda sobre outros textos. E me questionei: Por quê? Será que isso aconteceu somente comigo ou
mais alguém vivenciou o mesmo?
Em todo caso, como agora queria praticar mais com o software CMAP, iniciei fazendo os mapas conceituais
sobre os próprios textos de leitura dessa semana 2.
Surpreenderam-me os resultados que obtive na elaboração desses mapas. Vou destacar somente dois deles:
(1) Identifiquei semelhanças e diferenças, sobretudo entre os mapas mentais e conceituais. Aliás, pelo que
li até ontem no Moodle, a Mary Grace iniciou um rum sobre esse mesmo aspecto. O Mapa Web me pareceu,
inicialmente (preciso ler mais a respeito), possuir características bem distintas dos outros dois.
(2) Fiquei refletindo: Confeccionei um mapa e agora o que faço com ele? Certamente o próximo passo se
usá-lo com alguma finalidade prática. Desse uso poderei verificar se aqueles conceitos ou palavras-chave,
constantes no mapa que elaborei, encontram-se prontamente disponíveis em minha inteligência quando forem
solicitados. Em conseqüência, constatei que um mapa pode também indicar implicitamente aquilo que não se
conhece ou não se tem ciência. Isso nos uma chave que é buscar mais informações e elementos para poder
então completar a estrutura do mapa. Realizar esse processo, de criação e prática do mapa, desenvolvendo a
habilidade de “vai-e-volta”, favorece o aprendizado e possibilita usar os conhecimentos que possuímos. Afinal,
não é exatamente isso que queremos: usar os conhecimentos? Pois bem, resta ainda mais uma questão: Como
praticar o mapa que elaborei? Não seria interessante apresentar e explicar o mapa para outras pessoas e ver o
que elas dizem? Penso que aqui está uma outra estratégia importante para a compreensão de um conteúdo.
Neste contexto, gostaria de saber qual é a opinião de vocês, colocando as seguintes perguntas no fórum:
(1) Alguém mais vivenciou o “querer-fazer” mapas? Se sim, fez algum outro?
(2) Confeccionei um mapa e agora o que devo fazer com ele?
(3) A criação e prática do mapa favorecem o aprendizado? Cite uma experiência.
Muito bem, aguardo respostas.Leila.
por Edméa Oliveira dos Santos - Sunday, 16 October 2005, 12:25
Olá Leila!Que linda a sua reflexão. Você fez o que o Donald Schöo chama de prática reflexiva. Você fez reflexão
na e sobre a ação. Parabéns! Seu relato ilustra exatamente o processo de construção sócio-interacionista. A
linguagem potencializa o pensamento, o pensamento potencializa a linguagem. A técnica da cartografia é um
elemento mediador desse processo. Compartilhe conosco o seu mapa aqui no fórum.
por Helena Andrade Mendonça - Monday, 17 October 2005, 14:38
Oi Leila! Também fiquei com vontade de fazer mapas. Ainda não fiz outros por falta de tempo e acho que meu
primeiro não ficou bom, já que coloquei muita coisa em cada objeto - deveria ter colocado só palavras e feito as
ligações necessárias - coloquei frases e ele ficou um pouco grande.
Sobre a sua pergunta - o que fazer com os mapas? - também não saberia falar sobre uma utilidade prática.
Acho que a experiência de se confeccionar, organiza as idéias e talvez facilite a expressão delas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...234
por Mario Vasconcellos Sobrinho - Wednesday, 19 October 2005, 17:48
Muito interessante as reflexões que vocês fazem. Quando eu me inscrevi no curso eu tinha muito claro em
minha mente o porquê de fazer os mapas: organizar minhas idéias de forma clara de modo que eu pudesse
entender a relação entre os conceitos, os conceitos e os dados empíricos e a relação entre os dados empíricos
entre si (Eu também tinha em mente a organização da escrita). Eu vejo que esses pontos são uma forma de
aprendizagem. O que eu entendo por aprendizagem? Bem, no sentido da pesquisa eu vejo aprendizagem como
a desconstrução e construção de um determinado conhecimento. Esse é um dos motivos porque eu estou
utilizando a metodologia de construção de mapas.
Eu tenho pensado aqui com os meus botões nas minhas aulas para os alunos de graduação e a dificuldade que
a maioria deles tem em 'abstrair' e buscar uma lógica de raciocínio que fuja do 'senso comum'. Eu penso que o
nosso processo educativo ainda é muito centrado no professor 'ensinando' e o aluno 'aprendendo'. Isso acaba
limitando a criatividade de nossas crianças ainda nas primeiras séries do primeiro grau. O filho de um amigo
meu que foi alfabetizado no Reino Unido está tendo muitas dificuldades nas escolas do Brasil, isso porque ele
sempre pergunta os porquês de cada coisa. Aqui, a interrogação é muito importante. Isso também incentiva a
criatividades. Eu penso que a utilização da técnica de mapeamento com crianças pode ajudá-las a soltar a
imaginação. E está o exemplo que a Helena colocou. Eu também estou passando pelo processo de 'querer-
fazer' mapas e já fiz alguns ligados ao meu trabalho. Eu ainda estou na fase de fazer os mapas daquilo que
estava organizado em minha cabeça ou na minha escrita. Quando eu fizer os mapas com as idéias que estão
mais desorganizadas eu vou poder dar outros testemunhos de vantagens e desvantagens.
Re: Confeccionei um mapa e agora o que devo fazer com ele?
por Leila Zardo Puga - Thursday, 20 October 2005, 08:30
O Mário. Tenho lido suas msg e julgo importantes as suas colocações. Em especial as descritas nos
últimos parágrafos, quando você fala sobre "querer-fazer mapas daquilo que já estava organizado em
minha cabeça ou na escrita". Sabe Mário, somente agora identifiquei uma outra função que cumprem os
mapas conceituais. Daí então surgiu a colocação que fiz neste fórum.
É a seguinte: Os mapas conceituais devem ser explicados por quem faz o mapa. Isso por que ao expli-
lo, isto é, quando uma pessoa explica para uma outra o que está alí escrito no papel, ela externaliza os
seus significados. Vejo que aqui está uma das importantes funções de um mapa conceitual. A
externalizão de significados que, certamente, pode ser obtida de outras maneiras.
Mas, vo o acha que os mapas conceituais são particularmente adequados para essa finalidade? Leila.
por Alexandra Lilavati P. Okada - Tuesday, 18 October 2005, 10:13
Olá Leila, Olá Helena... Concordo com a Méa... belas reflexões! É muito importante explicitar as dificuldades e
obstáculos, como também, as conquistas e exercitar o questionamento. É fundamental praticar o mapeamento
e a análise dos nossos mapas e dos colegas... Além disso refletir sobre esse processo... Isso nos conduzirá a
um olhar e experiência diferenciados.
Bem, todas as questões aqui merecem discussão... E principalmente dentre elas: "O que fazer com o MAPA" ?
Essa questão nos conduz a outras...
Por que mapear? O que faço com meus mapas após contruí-los? Qual a utilidade deles? Quais as vantagens?
Mapear é interessante apenas durante o processo... para explorar um assunto, organizar idéias e informações?
Ou após a confecção posso aproveitá-lo para outras situações? Pessoal, Vamos ao debate!
por Leila Zardo Puga - Thursday, 20 October 2005, 09:04
Olá Alê e Mea. Para algumas dessas perguntas minhas respostas são as seguintes:
Devo mapear pq os mapas, sobretudo os mapas conceituais, procuram promover uma aprendizagem
significativa, conseqüentemente, vai de encontro (um choque) com aquelas técnicas voltadas para uma
aprendizagem mecânica.
Sobre a utilidade ou vantagens dos mapas, penso que ao fazer uso dos mesmos estou atribuindo novos
significados aos conceitos de ensino, aprendizagem e de avaliação.
A pergunta: O que faço com meus mapas após contruí-los? Vejo que uma das possibilidades é compartilharmos
o mapa que elaboramos com os nossos colegas e também ler ou examinar os mapas que eles fizeram. É
interessante também questionarmos, que conceitos que não estão explícitos, sobre a omissão desses
conceitos ou de outros que julgamos importantes.
O mapa conceitual é um instrumento adequado e oportuno para compartilhar e trocar significados em qualquer
momento pois, segundo entendo, o conhecimento é construído em sucessivas etapas interativas em
espiral.Será que alguém mais pensa dessa mesma forma ou algum colega tem outro enfoque ou, ainda,
respostas similares/diferentes das colocadas?
Fico no aguardo de mais manifestações! Leila.
por Saburo Okada - Wednesday, 19 October 2005, 17:35
Olá Leila. Concordo com Méa. Excelente provocação as suas três indagações. Tive essa sensação de "querer -
fazer mapas" também na ocasião que li e reli os textos que você referiu. Principalmente, Mind map, para fazer
ligações com expressões-chave, não com conceitos-chave. Tipo associação de idéias psicanalíticas (Freud e
Jung). Você fez um mapa e agora o que fazer com ele? É o mesmo que disse Eric Berne: "What do you say
after you say hello?" Interagir para uma visão de futuro? Reconstruí-lo à medida que novos conhecimentos vão
fluindo modificando-o, progressivamente? A criatividade e a prática estão no descobrir um mapa? inová-lo e
reinventá-lo? Não contente com isso, pode-se inventar o seu paradoxo? Será que do conceitual passa para as
indagações tipo "o que é, para quê, como, para quem, por quê, em quê, onde, quando, etc."? Tais respostas
podem compor o respectivo mapa mental? Saburo.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...235
por Mario Vasconcellos Sobrinho - Friday, 21 October 2005, 14:59
Oi Leila é demais! Eu vejo que tanto os mapas da mente como os mapas conceituais só podem ser explicados
por quem os fez. Isso por que ao explicá-lo, como você diz, o autor explicita os seus significados e o porquê das
relações efetuadas. Certamente o mapa conceitual é mais apropriado para a externalização de significados, mas
dependendo do contexto, eu vejo que os mapas da mente também os são.
Tentando responder as perguntas por você levantadas:
Por quê mapear? Para construir uma lógica de relações e significados entre conceitos (mapa conceitual), fatos,
idéias, problemas (mapa da mente), pessoas (networks).
Qual a utilidade do mapeamento? O mapeamento é uma metodologia de análise de dados, de apreensão de
conhecimentos, de explicitação de uma lógica de raciocínio, de apresentação de uma lógica de relações, etc.
que me permite atualizá-lo em processo. Eu vejo o mapeamento como um instrumento metodológico de análise
de relações.
O que faço com o meu mapa? Uso-o para desconstruir e contruir conhecimento, ilustrar a lógica de racíocinio,
apresentar dados, informações, etc.
Para concluir, levanto uma outra questão: É possível ler e entender um mapa construído por outro sem que
esse outro me explique (por escrito ou oralmente) a lógica de raciocínio?[]'s Mário
por Leila Zardo Puga - Wednesday, 26 October 2005, 13:16
Oi Mário.Tudo bem? Concordo com você sobre o construir e descontruir o mapa. Tenho feito isso com os meus.
Ao reler vejo que há outras ligações que não pensei e então apago-as e coloco novos conectores. Também vejo
esse repensar como um raciocínio lógico. Aliás é isso mesmo, de pensamento (proposição) em pensamento
(outra proposição) podemos inferir uma conclusão. Acontece que essa conclusão nem sempre é por meio da
lógica clássica (o nosso discurso é inconsistente) e daí a necessidade de reformular o mapa.
Estive pensando também, tal como você colocou, sobre ler e entender um mapa elaborado por uma outra
pessoa. Penso que a leitura pode ser feita tranqüilamente, tal como temos feito com os mapas que aparecem
nos textos que estamos vendo no curso. Agora o problema é que cada pessoa interpreta o que de formas
diferenciadas. Mas isso é uma maravilha, pois a riqueza do pensamento humano é inesgotável. Se cada pessoa
e interpreta de uma forma então, somando tudo vamos ter uma ampla compreensão do assunto.
O que tenho feito é dado o mapa que elaborei para outras pessoas lerem e peço para que elas me digam o que
sentiram (se entendem, se é confuso, se colocariam algo mais, se fizeram algum semelhante etc). Nesse
sentido, o mapa é auto-explicativo.
Você não pensa assim? Leila.
por Saburo Okada - Saturday, 22 October 2005, 23:56
Olá Leila! Plenamente de acordo com o que você disse sobre a relevância de compartilhar mapas com os nossos
colegas, além de sua leitura, exame e apreciação. Indagar é preciso quando estamos perdidos diante de um
mapa em apreciação. Os matemáticos, os racionalistas inteligentes e os analistas criadores de programas, em
sua maioria, costumam dizer que é preciso se perder para se achar, principalmente, nas trilhas de uma
pesquisa. Para sairmos desse impasse bom é fazer como diz: questionar, compartilhar e trocar significados.
Saburo
por Felipe A. M. Comelli - Wednesday, 26 October 2005, 17:27
Desculpem a intromissão, mas, como diriam meus alunos, esse fórum está “bombando”!!! Logo, preciso
aproveitar! Estou impressionado como vocês produzem por aqui. Um parabéns especial para a Leila. ...gostaria
de ter uma professora como você, tão dedicada, interessada, repleta de reflexões e idéias. Puxa, que inveja!
Espero um dia chegar lá. Meu exercício de reflexão vai parecer um tanto antipático, de discordância, por isso,
me perdoem.
... a necessidade de discordar de alguns pontos advém de um problema de fundo psicanalítico” (rsrsr):
constantemente preciso enxergar as contradições e equívocos nas propostas e idéias do meu chefe! (Alguém
passa por isso? Claro!) Depois das escusas iniciais, vamos lá.
Sobre a fala da Leila. Inicialmente também concordo com a idéia, mas não acredito que os mapas promovam
aprendizagem significativa, necessariamente. A construção de mapas conceituais pode ser, tão somente, um
procedimento mecânico-organizativo, de aprendizagem receptiva e memorística, onde qualquer um conecta
conceitos e informações já preestabelecidas.
Os processos anteriores à estruturação dos conceitos - e suas inter-relações - em mapas, parecem ser
subjacentes à sua construção. São esses processos que devem ser significativos, de outro modo a construção
dos mapas será meramente um esforço mecânico. Se eu não mapeio o que realmente domino ou conheço, o
que estou fazendo é uma atividade automática. Se mapeio o que é sabido por mim, os processos significativos
de aprendizagem já ocorreram. Certo? (Ok, ok, que idéias mais simplistas...)
Seria a confecção de um mapa significativa por que é uma atividade prazerosa e, também, porque o que faz
importância a uma ferramenta utilitária (Que aluno não sente prazer em sentar à frente de um pc em um
laboratório de informática, mas quantos deles aprenderam com significância algo?)? Por isso é significativa?!?
Nesse caso, o foco é o recurso, o instrumento, o procedimento, o programa de confecção de mapas!?
Quem pode afirmar que, mesmo um mindMap, é tão livre assim, que representa a não linearidade de
pensamento? Existe sempre uma hierarquização, mesmo que sutil! Além disso, quer coisa mais linear do que a
representação dimensional que fazemos?
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...236
É indiscutível que se deve valorizar o meio (o software). É indiscutível que a estratégia para elaborar o mapa
pode ser enriquecedora. Mas penso que a questão envolve a discussão de habilidades distintas: a) a
construção-reorganização-reformulação-aceitação de conceitos, que tem berço na mente (e sua constante
interação com o meio), e pode ser “verbalizada” de n maneiras; b) a transposição (verbalização) das
concepções para símbolos–figuras-ícones relativamente universais e a utilização de outros símbolos para sua
conexão, atividade que despende outros recursos cognitivos e motores.
Mas minha objeção não é pela valorização do recurso, mas por sua supervalorização!
Temos, naturalmente, uma predisposição a ficar entusiasmados com novas tecnologias, com novos
instrumentos de acesso à informação e sua administração. Entretanto, verificamos que a construção de mapas
vem há muito ocorrendo. Por que, então, temos essa sensação de terra nova”? Quanto das tecnologias que
surgiram a partir da adoção dos computadores na educação escolar trouxe melhora marcante na aprendizagem
(não no ensino!)? [Não quero me inebriar assim tão fácil com esse programa tão legal! (– Lembro do tempo
que aprendi a usar ferramentas e testes estatísticos para análise e comparação de dados. Como ficava
maravilhado com os resultados e o quanto foi difícil enxergar a “verdade” além dos números)].
Voltando a questão da significância, na teoria da assimilação cognitiva, de Ausubel, a gente que, para ser
significativa, a aprendizagem deve contar, essencialmente, com a própria significância do que se discute (o
“caldo”, a informação, o objeto, etc.), de como o sujeito que a discute tem idéias formuladas a respeito e o
quanto às valoriza e tem motivação para (re)aprendê-las/(re)construí-las. Enfim, tenho a impressão que a
“massa crítica” para a representação do conhecimento se fez anteriormente. O representar, o mapear ainda
permite novos ajustes, novas discussões, mas grande parte da “matéria se “condensou”. Mas, de todo
modo, adoro pensar que: “O mapa conceitual é um instrumento adequado e oportuno para compartilhar e
trocar significados em qualquer momento pois, segundo entendo, o conhecimento é construído em sucessivas
etapas interativas em espiral.” Vou postar aqui meu mapa para verem que coisinha “quadrada” que consegui
fazer. Um abraço.
por Saburo Okada - Thursday, 27 October 2005, 01:00
Olá Felipe! O seu exercício de reflexão é muito simpático. Comentou Leila, para o Mário, sobre "repensar" como
um raciocínio lógico. Diria, em analogia, que o pedreiro, de tijolo em tijolo, conclui a obra. Esta conclusão é real
e concreta. A outra, se não se tratar de conhecimento lógico abstrato pode ser construção de conhecimento
pela dialética. Válido até prova em contrário. Assim, constrói-se, desconstrói-se e reconstrói-se um mapa.
A linguagem do mapa formata o pensamento e este configura aquela reconstruindo-o. Daí, dizer-se
significativa a aprendizagem quando um novo conceito, idéia, proposição ou uma inovação, descoberta ou
invenção venha adquirir significado para o aprendiz. A aquisição desse novo conhecimento ocorre por meio da
sua associação eficaz na estrutura cognitiva relativa preexistente no sujeito aprendente. A nova informação
deve ter significado. Assim, esta somada àquela preexistente forma-se uma nova unidade estrutural aberta que
se lhe atribui "status" de "significativa".
A importância significativa de fazer um mapa está em saber o que ele representa, o porquê, para quê, para
quem, o como e onde inseri-lo para facilitar a caminhada para se atingir a realidade do seu ponto de chegada.
No caso presente, será a realidade do texto significativo final que ora você se propõe construí-la. Vamos aos
seus mapas. Os dois estão excelentes. O primeiro mostra boa distribuição de cores; e, figura e fundo coerente.
Faz bem aos olhos. Na expressão: "Quem vai ajudar ..." continuação ilegível. Refazer. Acho que você sabe, sim,
o que está fazendo aqui no curso. Caso contrário, saberá logo. Neste seu segundo mapa, você deu "show" de
objetividade!. Parabéns pelas suas produções! Saburo.
por Leila Zardo Puga - Sunday, 20 November 2005, 11:57
Oi Ale.Oi Saburo.O Nestor é fanstico. Estou gostando muito ... encontrei praticamente o que estava
buscando neste nosso Curso. O Nestor tem-se revelado uma ferramenta eficiente para selecionar as
informações ou artigos na web, para organizar e sistematizar nossas atividades (artigos, publicações,
oficinas, aulas etc) e, ainda, para esquematizar um projeto de pesquisa. Há mais um que quero fazer,
exatamente sobre a seleção de trechos de leitura (usando o bag, mas não encontrei tempo para fazer
isso, ainda...) em dissertações.
Am disso, pode-se dizer que o Nestor apresenta ou possibilita um hipertexto visual.
Sobre essas aplicões do Nestor destaco as seguintes:
1. Uma oficina com os meus alunos, como já disse anterioremente. Elaborei um mapa para
encaminhar essa aula-oficina sobre o tema Mapas Conceituais (meios de estudo, pesquisa e
avaliação).
2. Organizei as minhas publicações em Congressos-Simpósios etc, somente do s três últimos anos, em
Educação Matemática. No endereço seguinte de meu site, pode-se ver o mapa no Nestor:
http://www.pucsp.br/~leilapuga/7_todos_os_artigos.htm )
3. Confeccionei um "esqueleto" , usando o Nestor, sobre o Sofware Aplusix que será tema de
dissertação (mestrado) de rios alunos em 2006, em Educação Matetica. Aqui pretendo usar o
Nestor como mapeamento para as ferramentas específicas do menu do Aplusix.
Quando terminarem as provas (e suas correções) na PUC-SP, pretendo escrever um artigo relatando
esses itens acima. Leila.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...237
5.4.2 WORKSHOP PARA ALUNOS DE MESTRADO
Numa das aulas do curso realizou-se uma oficina-workshop com cerca de 4 horas de duração com 26 alunos
participantes e 2 professoras pesquisadoras, sistematizada através de um roteiro de estudo na seguinte folha
distribuída aos alunos:
PUCSP PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE MATEMÁTICA
Tópicos de Cálculo
MÓDULO17: Mapa Mental e Mapa Conceitual Leila Zardo Puga
Nossa aula hoje será um Workshop. O objetivo é elaborarmos dois mapas através do software Cmap.
Para tanto, iniciamos destacando alguns pontos principais do texto que vocês receberam na aula anterior
intitulado "Cartografia Cognitiva: Técnicas de Mapeamento", de Alexandra Okada, que aborda três tipos de
mapas: o mental, o conceitual e o webmap.
No dia de hoje, vamos tratar somente dos dois primeiros, deixando o webmap para um próximo encontro.
Na verdade, note que o mapa abaixo é exatamente um webmap e, assim, você pode ver pelo menos uma
aplicação do mesmo. Então, com relação à tabela, pede-se:
Destaque os pontos que você julga importante, ou que lhe chamaram a atenção, na leitura do Texto
Mapa Mental Mapa Conceitual
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...238
Na Figura 2 temos um mapa mental elaborado individualmente e à mão por um só aluno sobre "Eu e a Matemática".
Na Figura 3 apresentamos um mapa conceitual confeccionado por três alunos em conjunto Figura 4 vemos um mapa
conceitual elaborado individualmente por um aluno sobre "Meu curso Tópicos de Cálculo", ambos com o auxílio do
Cmap.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...239
No que se segue, constam alguns desses depoimentos de alunos (alguns são docentes também):
O que mais gostei, são os benefícios dos mapas web, que são diversos. Eles são úteis para organizar dados, sites, favoritos,
mapear as páginas web mais relevantes, representar trajetórias de pesquisa, selecionar de modo mais semântico base de
dados, planejar estudos, facilitar produção de projetos, propiciar navegação mais rápida e objetiva, estabelecer conexões
entre elementos diversos, identificar facilmente conceitos chaves e às relações entre eles, permitir visualização gráfica mais
significativa facilitando produção do conhecimento, tornar mais claro os conceitos reorganizando-os em uma ordem
sistemática.
Hoje um grande desafio é organizar mapear ) informações, seja no campo da mente humana, conceitos ou web. Os
mapas surgiram para fazer conexões entre um tópico e outro que são familiares, e assim tornar mais fácil a aprendizagem.
Penso que os mapas web o importantes, pois , atualmente muitos alunos buscam informações na internet, sem analisá-
las ou buscam informações em fontes que o são de confiança.É preciso, como cita o texto, aprimorar a navegação, a
comunicação, a busca, a seleção e a representação da informação. Organizar informação decorrente de vastos territórios e
diferentes mídias.
O curioso desse texto é que desde os anos 60 existem mapas ( da mente, conceituais ou mapas web ) e nós o
conhecemos agora ( antes tarde do que nunca ). Achei muito interessantee gostaria de citar algumas palavras
fundamentais para um mapa: palavras-chave, conexões,associações, símbolos, desenhos ícones, figuras, sistematizar,
conhecimento gráficos, diagramas, bavegação, fluxos,ciberespaço, visual, estrutura, etc.. Essas palavras abrem a nossa
mente, nos colocando num local onde não espaço nem tempo, pois tudo fica tão perto que o tempo é relevante. Gostei
muito de saber o que são mapas conceituais, da mente e webmaps e agora estou querendo aprender a fazer e, quem sabe
até ensinar a fazer, obrigado porfª Leila, nós precisamos ter essa visão de 360°
Técnicas de mapeamento de informação, pelo que está exposto, podem facilitar a compreensão do assunto abordado, e isto
interessa a nós, que podem ajudar nossos alunos no processo ensino-aprendizagem. Só não sei se EU vou me conseguir
aplicar essas técnicas, por ter um pensamento estritamente linear e não flexível. Quando colocarmos em prática, na aula de
hoje, é que vou saber...
Os mapas mentais me parecem uma ferramenta que auxilia nas estratégias mentais de organização de idéias. Ao mesmo
tempo podem ser úteis no sentido visual dando uma visão panorâmica do que ocorre com determinado estudo. A meu ver
eles substituem com grande vantagem ou são grandes aliados na releitura que fazemos de certos assuntos. Ou seja, se
antes de fazermos uma releitura, fizermos um mapa, saímos da linearidade, o que pode nos favorecer cognitivamente.
Leila Zardo Puga Diz: 25/11/05 às 8:50
Uma auto-avaliação sobre minha participação neste Curso, no que se refere ao Módulo 1 sobre as Técnicas de
Mapeamento, a Cartografia Cognitiva, a elaboração dos três tipos de Mapas (mental, conceitual e web) e, ainda, na
manipulação dos dois Softwares CMap e Nestor, pode ser classificada como extremamente benéfica sob dois
enfoques, a saber, primeiro para a própria formação individual e segundo pelo aprimoramento profissional.
As descobertas, as conquistas e os avanços são inúmeros figurando os seguintes, por exemplo: Com o Cmap e
Nestor novos horizontes se revelaram para as atividades que realizo, profissional ou não. Em meu lar contagiei meus
familiares. De início meu marido, relatando e mostrando os mapas que confeccionei e, depois, minha filha que é
formada em psicologia, dizendo que vai utilizar a cartografia cognitiva em registros de diário. Aliás, vejo aqui mais
uma outra aplicação desses dois softwares, qual seja, a de se empregar mapas para registrar e organizar as
informações ou dados obtidos na web, categorizando as opiniões em fóruns, chats, portifólios etc.. Sobre essa
possibilidade ou, melhor dizendo, instrumento metodológico pretendo escrever um artigo com o título inicial e
provisório “A cartografia cognitiva como um meio de avaliação em ambientes virtuais de aprendizagem (AVA)”.
Além disso, no que se refere às estratégias, sobretudo, direcionadas ao ensino-aprendizagem constatei várias. Entre
elas destaco que os dois softwares são ferramentas eficientes para sistematizar as informações, as publicações ou
artigos na web, para organizar e selecionar nossas atividades docentes em oficinas, aulas etc e, ainda, para esboçar
projetos de pesquisa. Em tais situações, descobri a possibilidade de realizar um workshop com os meus alunos da
pós. Para tanto, confeccionei um mapa para encaminhar essa aula-oficina sobre o tema Mapas Conceituais,
tratando-os como estratégias de ensino, de aprendizagem, de estudo, de pesquisa e também de avaliação. Aliás,
esse tema será tratado com mais detalhes no mappaper a ser redigido como trabalho final para este Curso.
Hoje identifico a possibilidade de se elaborar um hipertexto visual. Nesse sentido, como disponho de um site na
web, decidi organizar minhas publicações em Congressos e Simpósios, somente nos três últimos anos, em Educação
Matemática, fazendo uso do software Nestor. No seguinte endereço pode-se ver esse mapa
http://www.pucsp.br/~leilapuga/7_todos_os_artigos.htm . Falando, ainda, em pesquisas elaborei no Nestor, um
mapa mental sobre o Software Aplusix que será tema de dissertação de vários alunos em 2006, em Ed. Matemática.
Sobre as dificuldades encontradas, eu identifiquei algumas como, por exemplo, a manipulação das ferramentas
específicas do software, que em tais casos bastou somente uma dedicação mais constante para familiarização com
as mesmas. Há, ainda, mais uma tarefa que quero fazer proximamente, que é sobre a seleção de trechos de leitura
usando o bag, em dissertações ou textos.
Se minhas expectativas iniciais eram, simplesmente, conhecer de perto o Nestor e o Cmap com a possibilidade de
auxiliar meus alunos em orientação e, sobretudo, a minha própria pesquisa no grupo G5, em Educação Algébrica no
Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática, posso dizer que em muito elas foram superadas, como se
pode constatar pelos relatos acima. A cada dia que passa neste nosso Curso fico surpresa ao ver outros tipos de
mapas serem confeccionados no Nestor. Destaco o mapa resumindo tudo o que fizemos até agora no Módulo 1
elaborado pela professora Alexandra e, ainda, o mapa super bem idealizado e “descontraído” confeccionado pelo
colega de curso Felipe. Aprendi e estou aprendendo muito neste curso, com todos. Conheci, neste ambiente,
pessoas fantásticas e especiais. Uma menção especial ao Grande Saburo. Sem dúvida, interferiram diretamente em
minha aprendizagem e, por enquanto, agradeço a todos em geral pelas oportunidades aqui vivenciadas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...240
5.4.5 ENTRELAÇANDO TEORIA E PRÁTICA - ANÁLISE DO PROCESSO
A intenção inicial clara de unir teoria e ptica possibilita trilhar caminhos
diferentes desde do ponto de partida da investigação. Quando as informações adquiridas
na aprendizagem são colocadas em ação; e esta ão, por sua vez, é refletida provocando
uma nova reação, o movimento teoria e ptica desdobra-se potencializando o processo.
Podemos observar nesse exemplo a intenção clara da pesquisadora de unir
mapeamento na prática docente no início do curso. Neste curso tenho um interesse especial
pois quero aprender como usar o software nas minhas pesquisas próprias e, ainda, poder orientar o uso
desse software com os meus alunos da s.
Junto com a intenção, a pesquisadora descreve problemas e questionamentos
decorrentes da reflexão do seu contexto.
Constato que alunos que dizem "não encontrei nada" ou aqueles que dizem "encontrei muita
coisa". Em tais situações, o trabalho em orientação exige uma atenção especial. Como proceder em tais casos?
O uso de um software pode servir como uma ferramenta auxiliar nessa tarefa inicial da pesquisa?”
Ela tamm apresenta ações decorrentes de reflexões teóricas A leitura do texto sobre
Cartografia (primórdios) e, principalmente, do texto sobre Técnicas de Mapeamento (cartog.cognitiva) me
impulsionou a querer fazer mapas permitindo integrar pesquisa com trabalho, aprendizagem
com ensino.Fui então elaborar um mapa mental sobre um tema de pesquisa para sugerir a uma aluna da
pós em Educação Matemática. Uma vez concluída essa tarefa (não o mapa) percebi que queria fazer mais, ou
melhor, que queria mapear, se possível, todas as minhas atividades. Por quê? Será que isso aconteceu somente
comigo ou mais alguém vivenciou o mesmo?
O movimento recursivo entre teoria e ptica abre mais percepção para
convergências e divergências e novos questionamentos. Identifiquei semelhanças e diferenças,
sobretudo entre os mapas mentais e conceituais. Fiquei refletindo: Confeccionei um mapa e agora o que faço
com ele?
“Como praticar o mapa que elaborei? Não seria interessante apresentar e explicar o mapa para
outras pessoas e ver o que elas dizem? Penso que aqui está uma outra estratégia importante para a
compreensão de um conteúdo. A criação e prática do mapa favorecem o aprendizado?”
Quando esse processo é compartilhado, acaba interferindo na percepção , ação e
reflexão dos demais sujeitos envolvidos no processo, gerando um movimento recursivo de
perguntas e respostas e reconfigurando todo o processo.
“Você fez reflexão na e sobre a ão. Parabéns! Seu relato ilustra exatamente o processo de
construção sócio-interacionista. A linguagem potencializa o pensamento, o pensamento potencializa a
linguagem”
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...241
“Acho que a experiência de se confeccionar mapa, organiza as idéias e talvez facilite a expressão
delas.”
“os alunos de graduação e a dificuldade que a maioria deles tem em 'abstrair' e buscar uma lógica de
raciocínio que fuja do 'senso comum' ... técnica de mapeamento com crianças pode ajudá-las a soltar a
imaginação”
“ao explicá-lo, isto é, quando uma pessoa explica para uma outra o que está ali escrito no papel,
ela externaliza os seus significados”
“É interessante também questionarmos, que conceitos que não estão explícitos, sobre a omissão
desses conceitos ou de outros que julgamos importantes.”
“O que faço com o meu mapa? Uso-o para desconstruir e construir conhecimento, ilustrar a lógica de
raciocínio, apresentar dados, informações, etc.”
“É possível ler e entender um mapa construído por outro sem que esse outro me explique (por escrito
ou oralmente) a lógica de raciocínio?”
“Penso que a leitura pode ser feita tranqüilamente, tal como temos feito com os mapas que aparecem
nos textos que estamos vendo no curso. Agora o problema é que cada pessoa interpreta o que de
formas diferenciadas. Mas isso é uma maravilha, pois a riqueza do pensamento humano é inesgotável.
Se cada pessoa e interpreta de uma forma então, somando tudo vamos ter uma ampla compreensão
do assunto.”
Esse movimento de integração teoria e prática, conduz não aos questionamentos e
reflexões Indagar é preciso quando estamos perdidos diante de um mapa em apreciação. Os matemáticos, os
racionalistas inteligentes e os analistas criadores de programas, em sua maioria, costumam dizer que é preciso
se perder para se achar, principalmente, nas trilhas de uma pesquisa. Para sairmos desse impasse bom é fazer
como diz: questionar, compartilhar e trocar significados”;
Mas, também ao confronto de idéias antagônicas “não acredito que os mapas promovam
aprendizagem significativa, necessariamente. A construção de mapas conceituais pode ser, tão somente, um
procedimento mecânico-organizativo, de aprendizagem receptiva e memorística” ...
“Os processos anteriores à estruturação dos conceitos - e suas inter-relações - em mapas, parecem ser
subjacentes à sua construção. São esses processos que devem ser significativos, de outro modo a construção dos
mapas será meramente um esforço mecânico”
Nesse processo dinâmico, a investigação pode alcançar não momentos de
transição, mas também de expansão. “Já encontrei praticamente o que estava buscando neste nosso
Curso. Sobre essas aplicações do Nestor destaco a seguinte Uma oficina com os meus alunos, Organizei as
minhas publicações em Congressos, Confeccionei um "esqueleto" , usando o Nestor”
Por sua vez, as reflexões teórico-pticas coletivas compartilhadas possibilitam
ões coletivas que entrelaçam conhecimentos tácitos e explícitos, os pré-existentes e
desconhecidos, verbais e o verbais, intenções e intuições, mente e corpo, cognição,
corporalidade e emoção.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...242
por Felipe A. M. Comelli - Wednesday, 23 November 2005, 11:16
Leila, Caramba... O que tem produzido é "Colírio Moura Brasil": deixa todos nós com os olhos cheios!
Mestre Saburo sugeriu que eu desse uma olhada em seu mapa, para redefinir a estrutura do meu
webmap. Venho, sempre que possível, olhando o que faz - admirado com a qualidade da sua prodão.
É inspiradora! Um grande abraço, Felipe
De fato tenho me apaixonado dia-a-dia pelo
trabalho com mapas conceituais. Aman
mesmo, nas minhas primeiras aulas do ano, já
estarei trabalhando com essa ferramenta com a
garotada (nos anos anteriores, sempre discutimos
os mapas do livro didático que adotamos, mas
hoje percebo como "não sabia nada a esse
respeito"!).
Pela necessidade de preparar a oficina no
cogio, acabei me aprofundando mais a respeito
do mapeamento cognitivo e consegui ter uma
visão melhor sobre os preceitos por trás dos MC
e sua diferença em relação à tipologia dos mapas.
E os degraus iniciais dessa trajetória, com toda
certeza, foram postos por vocês no curso que
brilhantemente ministraram!
Quanto ao trabalho que desenvolvemos na
oficina, acho que os resultados preliminares são
interessantes, já que geraram algumas dúvidas e
reflexões sobre o possível uso desse recurso de
aprendizagem. Também, foi possível observar
como o conceito de Mapa da Mente está muito
mais difundido que o de Mapa Conceitual. Ainda
assim, percebemos como os mapas da mente são
tratados com "liberdade" excessiva; ao que
parece, qualquer mapa acaba sendo tratado como
mapa da mente!
De todo modo, no primeiro dia, trabalhamos com
professores de 5ª série até EM e, no segundo dia,
com professoras de a 4ª série (que se
mostraram, particularmente, muito motivadas).
Por conta disso tudo, tenho repensado meus
rumos para o doutorado... Embora já estivesse
com um levantamento bibliogfico
relativamente consistente sobre ensino de
Ciências para deficientes visuais, é tamanho meu
interesse atual sobre MC que penso que seria
fenomenal desenvolver um trabalho no ensino de
Ciências. Estou muito estimulado.
Um grande abraço, Felipe 01/02/2006
por Saburo Okada - Wednesday, 23 November 2005, 18:12
Olá Felipe! Merece um "cachê" da Moura Brasil. Como disse Antoine de Saint-Exupéry: "O essencial é
invisível para os olhos. se bem com o coração!" Sua produção é de legítima criatividade. Pois mostra
um lado esquecido nos meios acadêmicos: o bom humor! A seriedade faz bem mas acompanhado do seu lado
humorístico é mais do que o colírio Moura Brasil! Parabéns Felipe por trazer a expressão de emoção e
sentimento para o nosso curso. Agora temos um mapa conceitual que sente e nos faz sorrir, graças a
genialidade criativa de Felipe! Saburo.
por Leila Zardo Puga - Thursday, 24 November 2005, 17:44
Olá Felipe. Você nem imagina, estou rindo sozinha.
O seu mapa é fantástico, prá de fantástico ... como gostaria de ter esse seu astral!!!
Você, certamente, ultrapassou minhas opines e prá lá de minhas expectativas. o encontro nem
sequer as palavras, mas quero registrar aqui o quanto vibrei ao visualizar esse seu mapa, valeu pelo
simples fato de ter feito (para mim). E, olhe, muito bom, bom mesmo. Quer trocar? O seu pelo meu?
Justifico, o seu possui um "sabor de vida", me entende? Muitas vezes assumimos compromissos e
tarefas no dia-a-dia que não espaços ou momentos para vivenciar esse "sabor da vida". Gostei do seu
mapa pois me alertou para esse aspecto. Aprendi com você e isso é que é aprender colaborativamente.
Grande Saburo diz para você ver meu mapa e d eu é que vejo o seu. Aprendí com o seu mapa mais do
que com o meu próprio. O seu mapa expressa emoção o meu o! Prometo que vou tentar fazer um igual
ao seu, será que consigo? Um grande abraço, Leila
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...243
5.4.6 - ENTRELAÇANDO TEORIA E PRÁTICA
Para Moraes (2000) a relação teoria e prática por ser representada metaforicamente
pelo anel deMoebius descoberto pelo matemático Möbius (1790 -1868). O anel de
Moebius apresenta como características uma superfície bidimensional como uma folha de
papel que tem dois lados porém unidas compondo num espaço tridimensional um objeto de
um único lado, ou seja, o lado interno do anel é também o lado externo e vice-versa.
Anel de Moebius
Escher
Destacado por Freitas (1985) “O chamado anel de Moebius tem,
de fato, um número par como grau de coesão (dependendo o grau
de coesão, s, de p, o número de linhas fechadas que podem existir
na superfície mas não a dividem em partes), está ligado apenas
por uma aresta: a secção mediana não resulta na divisão em duas
partes separadas; um ponto que se afaste continuamente da
aresta volta ao ponto de partida
Ao trazer essa metáfora, Moraes (2000) esclarece a relação entre a teoria e prática
como um anel de integração onde a teoria se transforma em prática e a prática em teoria. Essa
unidade entrelaçada significa uma teoria que se desdobra na prática e uma prática “grávida” de
teoria, que, por sua vez, enriquece e ilumina novamente a prática, que, em seu contínuo movimento,
volta a ressignificar a teoria, uma complementando a outra, dialogando com a outra.
Moraes (2000) descreve essa união em espiral como um holomovimento Bohm (1992)
que expressa a dança recursiva do pensamento em direção ao infinito. Um pensamento em
fluxo que transita entre perguntas que conduzem respostas e respostas que geram novas
perguntas. Por sua vez, pensamento que se desdobra em ações e ações em novas reflexões
cada vez mais consistentes. Através desse anel ativo e reflexivo, o sujeito integra sua pesquisa
com seu trabalho, seu conhecimento com sua existência, num movimento mais coeso e
coerente.
Nesse sentido, a autora destaca o holomovimento teórico prático essencial para
construção mais criativa do conhecimento, na qual o sujeito tece o seu pensar, fazer e ser.
Trata-se de um fluxo que envolve também razão e emoção, desejos e afetos, informação,
matéria e energia. Essa dinâmica relacional sistêmica consente o sujeito integrar-se no seu
contexto pessoal e também integrar seu universo interno com mundo exterior num novo
estágio evolutivo. Esse novo patamar existencial permite o sujeito reconstruir e se renovar “a
partir de e também “em direção para” novos processos de interiorização, diferenciação,
integração e [...] transcendência.
A dança do holomovimento no mapeamento investigativo possibilita o pesquisador
visualizar o movimento relacional dinâmico das dualidades ou das múltiplas dimensões
similares e opostas, complementares e antagônicas, síncronas e assíncronas, convergentes e
divergentes.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...244
A visualização gráfica facilita o pesquisador refletir sobre o universo de estudos que se
prefigura através do mapa, o mapa configura o pensamento e o pensamento configurado
transforma o universo de estudos.
Essa reflexão dinâmica autoriza o pesquisador desenvolver mais sua percepção para
identificar as relações escondidas, implícitas confusas ou latentes. Desse modo, ele consegue
estabelecer associações mais esclarecedoras e compreensíveis que auxiliam a auto-
organização do seu pensamento. Por sua vez, a percepção mais sensível e consciente favorece
o entrelaçamento de conhecimentos tácitos e explícitos, pré-existentes e desconhecidos,
verbais e não verbais, intenções e intuições, mente e corpo.
No processo de investigação, consideramos esse anel sistêmico e também dialético de
teoria e prática fundamental; não apenas para integrar das etapas num movimento contínuo de
análises e sínteses, mas também para construir conhecimentos mais significativos que une
pesquisa com a vida. Através dessa abordagem é possível compreender que a pesquisa é um
movimento sem início e começo que revela uma indistinção entre sujeito e objeto. Uma
relação onde o sujeito se transforma em objeto de seu próprio estudo, e assim, esse objeto de
estudo alimenta o desenvolvimento do próprio sujeito. Esse desenvolvimento permite o
sujeito conscientizar-se das suas potencialidades, possibilidades e multidimensionalidade
como um pesquisador que aprende, conhece, ama, se transforma e vive .
No pensamento ecossistêmico, Moraes (2004) ressalta que a causalidade circular é
essencial para compreender o processo auto-organizativo em sistemas abertos e dinâmicos.
Haselager e Gonzalez (2002:8) esclarecem que causalidade circular implica em variáveis de
ordem superior, no plano macroscópico, que interferem no comportamento dos componentes
de ordem inferior, no plano microscópico. Esta interferência resulta em efeitos retroativos, e
recursivos dos resultados. Para exemplificar os autores citam a causalidade circular na
estrutura de um casal com crianças. O nascimento de um filho altera a identidade dos pais,
que por sua vez, afetam a identidade da criança que, uma vez mais, afetará a identidade dos
pais, e assim por diante. No plano macroscópico, padrões de interação emergem, a partir do
comportamento interativo dos pais e da criança, os quais influenciarão o comportamento de
cada uma deles individualmente”.
No mapeamento investigativo, é interessante identificar essas variáveis que
constantemente estarão transformando o mapa. Às vezes, causando conflitos ou confusões;
outras vezes, provocando rupturas rumo às invenções ou reinvenções.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...245
5. 5 – ANÁLISE E SÍNTESE
Na pesquisa, uma das preocupações polêmicas refere-se à sua dimensão. A primeira é
ampliá-la, ou seja, alargar a sua base horizontal com diversas leituras, pesquisas e
elaborações. A segunda é aprofundá-la, ou seja, explorar a base vertical com reflexões mais
específicas, exploração mais detalhada do assunto.
Pesquisar significa caminharmos nessas duas dimensões amplitude e profundidade sem
nos perdemos nesse percurso. Para isso, torna-se necessário desconstruir conhecimento
existente de diversas fontes reconstruindo com significado dentro do contexto investigado.
Nessa tônica, mapas podem contribuir para o processo de análise. O mapeamento
investigativo pode facilitar a desconstrução da leitura para interpretação e ressignificação do
conteúdo. Além disso, mapas podem contribuir para o processo de síntese. O mapeamento
também pode orientar a reconstrução da escrita de modo a integrar os múltiplos significados à
luz da interpretação dos sujeitos envolvidos. Isso envolve desde a etapa da macropesquisa
visão geral do processo ― até a da micropesquisa, ou seja, exame minucioso.
Esse mapeamento pode contribuir para um aprofundamento maior na investigação
considerando amplitude explorada do tema investigado.
No período de “maturação” é possível desenvolver maior coerência dos elementos
mapeados, conceitos e macroconceitos.
O processo de maturação gera circunstâncias favoráveis para verificar com mais atenção
as relações estabelecidas. Com isso, é possível caminhar da “explicação à compreensão” com
a formulação de hipóteses, analogias e argumentos. O sentido das partes do texto pode ser
apreendido através da observação das inter-relações, A “ação-reflexão” dos mapas possibilita
caminhar num espaço aberto para construção de significado através da visão crítica e criativa,
ao invés de mecânica ou automatizada. Isso permite um panorama mais amplo, mas também
profundo da pesquisa realizada.
Os mapas investigativos podem contribuir com a pesquisa na reconstrução de textos de
mais ricos contextualizados decorrente de reconstruções diferenciadas Os movimentos de
desconstruir-mapear-reconstruir, ler-mapear-escrever, permitem alcançar novas etapas na
pesquisa principalmente relacionadas à sistematização de conhecimentos.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...246
5.5 PESQUISA - Interrelação, Inter-Intencionalidade e Interdisciplinaridade na Formação
do Professor: contribuições à prática pedagógica
5.5.1 APRESENTAÇÃO - PERFIL DAUCY(DAL) 09-04-2004 e 02-02-2006
Sou professora universitária no Rio de Janeiro. Atuo com educão à distância como tutora de disciplinas
de graduão. Possuo vínculo também na pós-graduão - Especialização em Educação Matetica.
Mestre em Educão com especialização em Psicopedagogia pela PUC/RJ e CEPERJ. Atuo assim, em
dificuldades de aprendizagem em Consultório particular.
Apaixonei-me pelo Nestor após o curso Uso de Softwares em pesquisa qualitativa. De lá para procuro
aperfeiçoar o trabalho de mapeamento em cartografia cognitiva.
Sucesso neste workshop é o que desejo a todos os participantes
Mapa feito em Abril de 2004
5.5.2 Resumo de Tese
"Inter-intencionalidades compartilhadas no processo inclusivo da sala de aula do Ensino Superior:
uma investigação interdisciplinar" - Yvone Mello D´Alessio Foroni
A atual conjuntura vem propiciando o acesso ao ensino superior, de grupos sociais e culturais minoritários,
historicamente ausentes nesse contexto. Ao mesmo tempo, constata-se na Universidade que os recebe, uma
organização ideológico-temporal intencionalmente voltada para a homogeneização cultural. Esse estudo
tenta demonstrar que “incidentes críticos” que surgem no cotidiano da sala de aula, exigem do professor-
pesquisador uma postura interdisciplinar que o obriga a se interrogar quanto à intencionalidade de sua
prática educativa. A pesquisadora busca a construção interdisciplinar do conceito de intencionalidade a fim
de contribuir, de forma crítica, para uma ação adequada à complexidade encontrada numa turma de alunos
de Pedagogia da PUC/SP formada por alunos indígenas, alunos surdos e alunos “regulares”. Apoiando-se
em estudos de Ivani Fazenda, dedica-se à análise dos significados que ela-pesquisadora e o grupo
pesquisado dão às ações, propondo um estatuto científico capaz de envolver a obtenção de dados descritivos
colhidos no registro do seu contato direto com o ambiente natural, caminhando da leitura do eu para a
leitura do nós, preocupando-se em retratar a perspectiva dos participantes e enfatizando mais o processo que
o produto. O ser pesquisador e o estar numa pesquisa permitem que se façam, simultaneamente,
ordenações ontológicas, ampliações epistemológicas e axiológicas (visando intervenções na prática). O
estudo percorre o caminho da introdução do novo, permitindo diálogo e convivência com o velho, a
compreensão de entrelugares, conjugando saber e sentir numa prática intersticial, num contexto “inter”.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...247
5.5.3 REFLEXÕES COLETIVAS SOBRE INTERPRETAÇÃO DE UM RESUMO DETESE
WIKI ReflexõesColetivas
A questão da "intencionalidade" e da "inter-intencionalidade" é bastante interessante para que a
InterdisciplinaridadeFlua no cotidiano escolar e, o resumo da tese de Yvone veio contribuir para a
discussão dos chamados "incidentes críticos" que nós, professores universirios, vivemos em nosso dia-
a-dia. Seja em sala de aula, seja em reuniões pedagógicas... e recaem sempre na inter-relão pessoal.
Assim, vou buscar neste hipertexto, uma compreensão de como alcançar uma inter-
intencionalidade numa equipe de trabalho. Como? Daucy (Dal)
Iniciei hoje a leitura do Resumo de Tese de Yvone M. D. Foroni, para fazer a primeira atividade. Mas
... está difícil... entendi a a metade do texto, o final é grego! Certamente, essa leitura o é atraente
para mim e pq será? Um aspecto que identifiquei es nas palavras empregadas, principalmente, nas
duas últimas frases. Algm concorda ou poderia explicar melhor? Leila.
Compartilhar o problema. Aí me parece fluir a "intencionalidade" e a "inter-
intencionalidade" dos indivíduos. O eu e o nós. Como quebrar a resistência de um grupo de
forma a torná-lo operativo nos chamados "incidentes críticos"? Ah! " Isto se houver
enquadramento". Tenho que buscar a leitura da tese da Yvone. Dal
Quando se entra de corpo e alma no texto não há empecilhos que possam atrapalhar o seu
entendimento. Pois por querer mesmo, pelas forças da vontade, do desejo, da intenção e do sonho, fuça-
se, procura-se, pesquisa-se, vêem-se significados no dicionário, pergunta-se para um, para outro, até
encontrar resposta satisfaria. Até se aprende o grego para traduzir o intraduvel no momento incerto!
Persevera-se, enfim. Saburo
Agora, a problemática que o “resumo insinua, no meu entendimento, é sem sombra de
dúvida importante e merece um debate ou estudo detalhado. Aliás, constantemente vivencio
situações análogas, isto é, em minhas aulas já tive presente alunos deficientes visuais, mudos,
em cadeiras de rodas, de tribos africanas, do Iraque, ingenas, e cada um com suas
necessidades especiais, exigindo, portanto, uma atuação docente diferenciada tanto com
relação ao conteúdo da matéria, como também pessoal na convivência humana. Leila.
Em contato com esse “resumo, lendo-o, sempre me ocorria a pergunta: O que a frase diz? (leitura
minuciosa), d inferi que a leitura estava difícil. Senti assim necessidade de buscar mais elementos e
encontrei um outro texto da mesma autora relacionado ao assunto. Es disponível em
http://www.sieduca.com.br/?secao=2005/artigos2005-2. Sugiro para todos a leitura. Leila.
Leila e Saburo, boas reflexões e contribuões! Nesse site acima, achei um texto (do Joe Garcia) que
na minha opinião pode nos ajudar mais ainda... Selecionei alguns parágrafos que podem esclarecer o
conceito de EntreLugares citado pela Yvone, o que vcs acham? ALE
O Leila, Alexandra.
Adorei a sua perseverança, Leila. É por aí! Quando se quer a coisa anda. Há tantos termos novos e
tantas inveões nesse sentido que urge montar um dicionário de neologismos para padronizá-los.
Principalmente, para construir subsunções adequadas aos leitores. Por exemplo: é on-line ou online? É
Interdisciplinaridade ou interdisciplinariedade? É meta-análise ou metanálise? Qual o significado dessas
palavras? Por que falar de "entrelugares, interstícios" em vez de "brecha", "fenda"? Saburo
O que é InterDisciplinaridade? Leila.
Oh! Leila, você busca mesmo! Que bom! Sim, aqui inicia-se a minha questão: como atuar de forma
interdisciplinar? " Não será que cabe aqui o conceito de" inter-intencionalidade"?
Coloco um texto da Yvone Mello D'Alessio publicado na revista pedagica n. 12: A
perspectiva intercultural na formação de professores Yvone Mello D'Alessio. DAL
Quando vocês colocam tantas palavras que exigem reflexão, logo veio a mente outras como:
TransDisciplinaridade? , projetos, temas transversais,... Para ajudar, tem algumas informões em
http://www.inclusao.com.br/projeto_textos_48.htm
Parece-me que para lidar com qualquer que seja o conceito a ser adquirido é necessário ter
estratégias (Saburo), perseverança (Leila) e organização (Ale) que possam nos ajudar a atingir os
objetivos e compreendê-lo. Será que conseguimos lidar com tamanha complexidade de situões? Será
que as pessoas eso percebendo a necessidade urgente de se articular conceitos (teoria) à ação
(prática)? ---- Claudio André---- 05/02/2006
Concordo com você Claudio André. Se que existe uma intenção real, primeiro do
indivíduo articular sua ação teórico-prática e segundo em compartilhar? É psicológico ou
social? Como iniciar um debate sobre esta questão? Dal
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...248
5.5.4 MAPEAMENTO DA LEITURA DE UM RESUMO DE TESE
1-Qual o assunto discutido?
A interrelação, a inter-intencionalidade e a interdisciplinaridade na formação do professor de forma a
contribuir para a melhoria da prática escolar no ensino superior.
2-Qual a principal questão citada no texto
(ou objetivo do autor?)
3- Qual o contexto abordado?
Demonstrar que “incidentes críticos” que surgem no
cotidiano da sala de aula, exigem do professor-
pesquisador uma postura interdisciplinar que o
obriga a se interrogar quanto à intencionalidade de
sua prática educativa.
A atual conjuntura vem propiciando o acesso ao
ensino superior, de grupos sociais e culturais
minoritários, historicamente ausentes nesse contexto
4-Qual a relevância do tema? 5- Quais as palavras-chave-relacionadas com
assunto?
O estudo percorre o caminho da introdução do novo,
permitindo diálogo e convivência com o velho, a
compreensão de entrelugares, conjugando saber e
sentir numa prática intersticial, num contexto
“inter”.
INTER-INTENCIONALIDADE
INTER-RELAÇÃO SOCIAL
INTERDISCIPLINARIDADE COTIDIANO
ESCOLAR
Referências citadas no texto e conceitos relacionados
Autor(es) Conceito(s) associado(s)?
Yvone Mello D’Alessio Foroni Interdisciplinaridade e Intencionalidade
Ivani Fazenda Pesquisa interdisciplinar
Outras referências pesquisadas
Outros Autor(es) Conceito(s) associado(s)?
Sérgio da Costa Borba Multirreferencialidade
Newton Duarte Teoria do Cotidiano Escolar
Heloisa Lücke Pedagogia Interdisciplinar
Daniel Gil-Pérez Análise crítica da formação do professor
Considerando a questão-problema do autor, qual a principal idéia defendida pelo autor? Quais os argumentos a
favor e quais os contra-argumentos que fundamentam essa idéia?
Questão-problema / objetivo
Demonstrar que “incidentes críticos” que surgem no cotidiano da sala de aula, exigem do professor-
pesquisador uma postura interdisciplinar que o obriga a se interrogar quanto à intencionalidade de sua prática
educativa.
Qual o principal pressuposto ? Algum exemplo?
A intencionalidade do professor pode ser
compartilhada no cotidiano escolar de forma a
buscar resolução de “acidentes críticos”.
Autor cita a turma de alunos de pedagogia composta
de indígenas, alunos surdos e alunos ditos
“regulares”.
Principal argumento? Principal contra-argumento?
Exigência de postura interdisciplinar do professor-
pesquisador que o obriga a se interrogar quanto à
intencionalidade de sua prática educativa.
A atual conjuntura da Universidade que recebe
grupos sociais e culturais minoritários, historicamente
ausentes no contexto voltada para a homogeneização
cultural
As suas questões? Comentários Críticos?
Como autorizarmo-nos a expor nossa
intencionalidade no dia-a-dia escolar numa prática
interdisciplinar?
O texto oportuniza reflexão atual.
A construção do conceito de interdisciplinaridade em
algumas instituições ainda apresenta dificuldades.
O conceito de inter- intencionalidade deve ser
introduzido nas instituições que ainda não o
construíram. O resumo do texto me leva ao ato de
autorizarmo-nos no cotidiano escolar.
Como os seres humanos se comportam de maneira
complexa um olhar para o eu” se faz importante para
que possamos unir os olhares e preencher o vazio (
interstício) que ora acompanha a prática pedagógica
do ensino superior.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...249
5.5.5 MAPEAMENTO PARAESCRITA DE UM TEXTO A PARTIR DA LEITURA REALIZADA
FORMAÇÃO DO PROFESSOR
Referências (Autores) Conceitos-chave
Contexto particular (exemplo)?
Equipe pedagógica
(professores) que formam uma
equipe em um curso
uni
versitário.
Relevância?
A necessidade em realizar
intervenções práticas no
cotidiano escolar através da
construção interdisciplinar
da proposta pedagógica.
O quê? (sua questão)
Como autorizarmo-nos a expor
nossa intencionalidade no dia-a-dia
escolar numa prática
interdisciplinar?
Objetivo?
Refletir sobre a construção do
conceito de inter-intencionalidade
na prática interdisciplinar do
planejamento pedagógico no
Ensino Superior.
Palavras
-
chave
INTER-RELAÇÃO SOCIAL
INTERDISCIPLINARIDADE
STUART HALL. A
identidade cultural na
pós-modernidade. 2001.
(47-76)
LÜCK, Heloísa.
Pedagogia
interdisciplinar.
Fundamentos teóricos-
metodológicos. 2000
Yvone Mello D’Alessio
Foroni
INTER-RELAÇÃO SOCIAL
Concepções de identidade
cultural e suas conseqüências
potenciais em função da
nossa pertinência (pertença) a
culturas étnicas e outras.
IINTERDISCIPLINARIDADE
Formação de pessoas capazes de
se defrontarem com os problemas
de seu ambiente. (31)
Construção da visão
interdisciplinar no contexto
escolar( 32-34)
Aspecto humano na construção
interdisciplinar ( 77-89)
Inter-intencionalidade
Pressuposto?
Para que os professores consigam uma
prática interdisciplinar eficiente
faz-se necessário autorizar-se a construção de
uma inter
-
intencionalidade.
Argumento
A construção de uma
inter- intencionalidade
vai contribuir na
melhoria da prática
interdisciplinar dos
professores de ensino
superior.
Contra-argumento
A conjugação do
saber e do sentir
ainda não faz parte
do contexto de
formação do
professor.
GIL-PÉREZ, Daniel.
Formação do professores
de Ciências.2003.
(14-61)
FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
Necessidade formativa
adequada do professor de
ciências e suas insuficiências.
INTER-INTENCIONALIDADE
BORBA, Sérgio da
Costa.
Multirreferencialidade
na formação do
Professor Pesquisador-
da conformidade à
complexidade (1997)
COMPLEXIDADE COLTURAL
Encerra muitos elementos ou partes, o que é observável. (32)
Todo comportamento é complexo e todo campo de investigação é
complexo pois temos o pensamento como organizador de realidade. (33)
A sala de aula é um lugar institucional: uma instituição. O lugar de
entrada dentro da cultura, instituinte e instituído.(34)
Pensamento simplificante versus pensamento complexo.
A complexidade de um tecido (complexus = o que é tecido junto) de
constituintes heterogêneos inseparavelmente associados (39)
Como ocorre o autorizar-se (80-97)
Contexto global atual?
A atual conjuntura social
propicia a verificação de
identidades culturais
diferenciadas, com fronteiras
pouco definidas
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...250
5.5.6 - TEXTO PRODUZIDO A PARTIR DO MAPEAMENTO
INTER-RELAÇÃO, INTER-INTENCIONALIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE
NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR: contribuições à prática pedagógica.
Daucy Monteiro de Souza
daucysouza@yaho.com.br
RESUMO: Estudo apresenta reflexão sobre a construção do conceito de inter-intencionalidade na relação de
docentes que atuam numa pedagogia interdisciplinar e intercultural e que necessitam compartilhar a solução de
problemas no cotidiano escolar do ensino superior. A conjugação do saber e do sentir precisa fazer parte do
contexto de formação do professor.
Palavras-chave: FORMAÇÃO DO PROFESSOR INTER-RELAÇÃO SOCIAL
INTERDISCIPLINARIDADE - INTER-INTENCIONALIDADE
Introdução
A atual conjuntura social propicia a verificação de identidades culturais diferenciadas, com fronteiras
pouco definidas. Verifica-se uma prática intersticial na escola. Os professores sentem dificuldades em autorizar
sua intencionalidade na atuação interdisciplinar da prática pedagógica.
Assim, os professores que formam uma equipe interdisciplinar em um curso universitário, não
conseguem deixar fluir a inter-intencionalidade necessária.
Como autorizarmo-nos a expor nossa intencionalidade no dia-a-dia escolar numa prática interdisciplinar?
Justificativa
A necessidade em realizar intervenções práticas no cotidiano escolar através da construção
interdisciplinar da proposta pedagógica, faz com que se reflita sobre a construção do conceito de inter-
intencionalidade na prática interdisciplinar do planejamento pedagógico no Ensino Superior.
Desenvolvimento
Os professores buscam uma atuação interdisciplinar eficiente em sua prática pedagógica. Para que seja
efetivada de maneira eficiente esta prática, faz-se necessário que os professores se autorizem a construção de
uma inter-intencionalidade.
A construção de uma inter-interncionalidade na equipe pedagógica vai contribuir na melhoria das ações
no cotidiano das escolas visto que a equipe alcançará um alto nível de comunicação em suas inter-relações.
A conjugação do saber e do sentir ainda não faz parte do contexto de formação do professor. Isto
influencia no processo de construção da inter-intencionalidade. Segundo Gil-Pérez (2003, 14-61), [...]
verificamos assim uma necessidade formativa adequada do professor.
Todo o processo de mudança, quando investigado em conjunto, é gradativo. Ainda mais que as transformações
culturais verificadas na sociedade foram significativas levando aos indivíduos a fragmentarem suas identidades
de tal forma a enfrentarem uma verdadeira crise de identidade.
Segundo Stuart Hall (2001),
[...] três concepções muito diferentes de identidade, a saber, as concepções de identidade do:
a)sujeito do Iluminismo, b) sujeito sociológico e c) sujeito pós-moderno. O sujeito do
iluminismo[...] um indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades de razão,
de consciência e de ação[...]. A noção de sujeito sociológico refletia a crescente complexidade
do mundo moderno e a consciência de que este núcleo interior do sujeito não era autônomo e
auto-suficiente, mas era formado na relação com “outras pessoas importantes para ele”[...].O
homem pós-moderno[...] conceptualizado como não tendo identidade fixa, essencial ou
permanente.[...],[...]formada e transformada continuamente[...],[...] pelas quais somos
representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam. (13)
É necessária uma modificação nas dificuldades que os professores encontram em seu cotidiano escolar,
em virtude das influências de uma sociedade complexa como a atual.
Assim é que Lück (1994) aponta [...] o desafio que é apresentado à educação, a fim de que contribua
para a formação de pessoas capazes de se defrontarem com os problemas do seu ambiente cultural [...] (31).
Imagina-se que o agir de maneira dinâmica e dialética, possibilita ao professor em sua formação
desenvolver capacidades de se defrontarem com os problemas de seu ambiente de maneira interdisciplinar.
O apoio trazido pelo mapeamento do texto de Yvone Mello D’Alessio Foroni, “Inter-intencionalidades
compartilhadas no processo inclusivo da sala de aula do ensino Superior: uma investigação interdisciplinar”,
realizado durante o workshop, Escrevendo textos acadêmicos com uso de mapeamento, acendeu a necessidade
de avançar o estudo sobre o tema., ainda que esteja presente em nosso contexto a idéia da resistência em
mudanças.
A partir de então, se pensa que os professores não se autorizam a apresentar sua intencionalidade.
Principalmente em função de uma prática pedagógica compartilhada e interdisciplinar.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...251
A partir de então, pensa-se que os professores não se autorizam a apresentar sua intencionalidade.
Principalmente, em função de uma prática pedagógica compartilhada e interdisciplinar.
Borba, apresenta em sua obra (1997)
3
,
Ardoino considera o lado criador do autoriza-se, isto é: “o poder de fazer alguma coisa por
alguém, ou permitir a alguém de fazer alguma coisa...[...] A ‘autoridade’ é uma noção
psicológica, implicando sempre, um vivido temporal das representações, enquanto que o
‘poder’ constitui-se seja da física energética, seja da física social (energia social), é uma noção
sociológica [...] (92)
O social encerra a complexidade tanto das identidades tanto da diversidade cultural. Borba (1997) aponta
para o comportamento complexo da investigação do cotidiano escolar de sala de aula como um lugar
institucional e onde convivem tanto o instituinte como o instituído cujo objeto é a cultura organizadora da
realidade. O pensamento dos envolvidos no processo é do simplificante, versus pensamento complexo.
Borba (1970) diz que “A complexidade de um tecido (complexus = o que é tecido junto) de constituintes
heterogêneos inseparavelmente associados” (39).
Assim, uma compreensão de como ocorre este “autorizar-se” fica referendada como um estado psicológico de
entrega ao outro que possua objetivos idênticos.
Fleuri (2000), aponta
[...] os diferentes grupos e indivíduos articulam-se sob a forma de redes e parcerias, onde a
complementaridade se constrói a partir do respeito às diferenças. Este é o campo das relações
interculturais. (67)
[...] A formação e a requalificação dos educadores são talvez o problema decisivo, do qual
depende o sucesso ou o fracasso da proposta intercultural. O que está em jogo na formação dos
educadores é a superação da perspectiva monocultural e etnocêntrica que configura os modos
tradicionais e consolidados de educar, a mentalidade pessoal, os modos de se relacionar com os
outros, de atuar nas situações concretas.(78)
Assim, nessa perspectiva trabalha-se com o conceito de interculturalismo que compreende a inter-
relação entre diferentes culturas no ambiente escolar. E diz respeito à intencionalidade” verificada nos sujeitos
que se relacionam na prática pedagógica e está configurada como “pedagogia do encontro”. Envolve uma
experiência “profunda” e “complexa” onde as trocas de narração leva aos envolvidos efeitos cognitivos.
Conclusão
A conjugação do saber e do sentir precisa fazer parte do contexto de formação do professor para o
alcance da inter-intencionalidade no dia-a-dia do cotidiano escolar. O autorizar-se, afirma-se na construção de
relações onde a reciprocidade significativa flua de modo a interagir em seus respectivos contextos.
A confrontação, que é de natureza humana, através das diferentes intervenções ganha significação e
assim, são elaborados novos conhecimentos.
Bibliografia
BORBA, Sérgio da Costa. Multirreferencialidade : na formação do professor-pesquisador- da
conformidade à complexidade. @Copyright by Sérgio da Costa Borba,. 1ª. Edição. Propriedade do autor.
1997,( 29-42)
CRUZ, Carlos Henrique Carrilho. (2002) Competências e habilidades da proposta à prática. São Paulo:
Loyola. (26p- 42-55)
DUARTE, Newton. Educação escolar: teoria do cotidiano e a escola de Vigotski. Campinas, SP: Autores
Associados, 2001.
FLEURI, Reinaldo Matias. Multiculturalismo e interculturalismo nos processos educacionais. IN Ensinar e
aprender: sujeitos, saberes e pesquisa. Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino (ENDIPE). Rio de
Janeiro:DP&A, 2000 (¨67-82)
GIL-PÉREZ, Daniel.Formação de professores de ciências: tendências e inovações. Análise crítica da
formação dos professores de ciências e proposta de re-estruturação com base na cooperação. São Paulo: Cortez.,
2003, (38-61) ( 66-79)
HALL, Stuart (2001) A identidade cultural na pós-modernidade - Concepções de identidade cultural. Rio
de Janeiro: DP&A., 2001.
LÜCK, Heloisa.(1994) Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teóricos-metodológicos. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1994
3
BORBA, Sérgio da Costa. Multirreferencialidade na formação do “professor-pesquisador”- da
conformidade à complexidade, (1997, p92) , apresenta o estudo do professor Jacques Ardoino, cientista social,
dos conceitos de “autorização” e de multirreferencialidade” do qual escolheu-se a citação acima pois
considera-se pertinente.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...252
5.5.7 DA LEITURA CRÍTICA À ESCRITA REFLEXIVA - ANÁLISE DO PROCESSO
As boas leituras provocam novas questões, reflexões e muitas inspirações. Ótimos
textos despertam novos significados. Essa rede, tecida com as nossas idéias inovadoras e
informações relevantes de outros autores, permitem construir um texto de qualidade.
“Iniciei hoje a leitura do Resumo de Tese de Yvone M. D.Foroni, para fazer a primeira atividade.
Mas ... está difícil ... entendí até a metade do texto, o final é grego! Certamente, essa leitura não é
atraente para mim e pq se? Um aspecto que identifiquei está nas palavras empregadas,
principalmente, nas duas últimas frases. Alguém concorda ou poderia explicar melhor? Leila.
No entanto, assim como escrever, ler bem é um desafio. Uma atividade que se torna
mais fácil quando nos traz prazer. Normalmente, quando a leitura nos atrai, mergulhamos no
conteúdo e viajamos nas idéias do autor estabelecendo um diálogo com ele. As palavras
conduzem-nos para uma sensação de estarmos vivenciando a história como se pudéssemos
entrar no texto.
“Quando se entra de corpo e alma no texto não há empecilhos que possam atrapalhar o seu
entendimento. Pois por querer mesmo, pelas foas da vontade, do desejo, da intenção e do sonho,
fuça-se, procura-se, pesquisa-se, vêem-se significados no dicionário, pergunta-se para um, para
outro, até encontrar resposta satisfaria. Até se aprende o grego para traduzir o intraduzível no
momento incerto! Persevera-se, enfim. Saburo
Porém, muitas vezes defrontamos textos que não nos envolvem. Pelo contrário,
provocam-nos aversão. O desafio torna-se muito maior quando a leitura indesejada é, por
algum motivo, necessária. Então, temos de encontrar algum jeito para enfrentar o texto e
compreendê-lo.
A impressão que temos é de entrar num terreno árido, enfrentar obstáculos de
interpretação a procura de algum sentido. Tal leitura pode provocar sono, cansaço, estresse;
principalmente, quando se tratam de assuntos complexos, conteúdos difíceis e conceitos
desconhecidos. Quando temos a sensação de que tudo é obscuro, a grande dificuldade é
identificar o conteúdo desconhecido e também o que nos parece familiar. Conseqüentemente,
não sabemos por onde começar a viagem rumo à compreensão do texto.
Em contato com esse resumo, lendo-o, sempre me ocorria a pergunta: O que a frase diz?
(leitura minuciosa), daí inferi que a leitura estava difícil. Senti assim necessidade de buscar mais
elementos e encontrei um outro texto da mesma autora relacionado ao assunto. Está disponível em
http://www.sieduca.com.br/?secao=2005/artigos2005-2. Sugiro para todos a leitura. Leila.
O mapeamento da leitura pode ajudar muito para um melhor aproveitamento tanto de
textos que nos envolvem, quanto daqueles não atrativos. Ao mapearmos um texto,
desconstruímos o conteúdo e reorganizamos uma nova estrutura conforme a nossa
interpretação. Quando essa estrutura nos traz sentido, podemos, então, identificar as certezas
provisórias e suas dúvidas temporárias.
Como assim? Ao visualizarmos nossos mapas e reconstruí-los, algumas certezas podem
se tornar dúvidas; e, dúvidas iniciais, certezas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...253
Esse processo de mapear: indagar, refletir, registrar, revisitando o texto tanto quanto for
necessário, permite aprofundar mais no conteúdo conforme nossas noções subsunçoras
(conhecimentos prévios).
“Há tantos termos novos e tantas invenções nesse sentido que urge montar um dicionário de
neologismos para padronizá-los. Principalmente, para construir subsunções adequadas aos
leitores. Saburo
Ao mapear para desconstruir um texto com objetivo de reter mais significados, podemos
remapear os significados com o propósito de escrever com mais facilidade um texto mais rico
e atraente tanto para nós quanto para nossos leitores.
“Parece-me que para lidar com qualquer que seja o conceito a ser adquirido é necessário mapear,
ter estratégias (Saburo), perseverança (Leila) e organização (Ale) que possam nos ajudar a atingir
os objetivos e compreendê-lo. Será que conseguimos lidar com tamanha complexidade de
situações? Será que as pessoas estão percebendo a necessidade urgente de se articular conceitos
(teoria) à ão (prática)? Cláudio André05/02/206
5.5.8 DA LEITURA CRÍTICA À ESCRITA REFLEXIVA
Nesse sentido, os mapas servem como interfaces no processo de leitura crítica à escrita
reflexiva. Tendo como referência Adler e Van Doren (1972) podemos classificar 4 tipos de
leituras:
Minuciosa básica: corresponde ao nível inicial de "leitura elementar" ou detalhada. A
intenção é com a linguagem em si. O objetivo é decodificar a escrita, ou seja, identificar cada
palavra para apreender o significado da mensagem. A pergunta do leitor é "O que a frase
diz?”.
Averiguativa ― inspecional: refere-se à “pré-leitura" ou leitura global. A intenção é
averiguar o conteúdo como um todo. O objetivo é identificar os principais aspectos que
possibilitam entender o assunto de um modo geral. A pergunta do leitor é "Este livro ou texto
é sobre o quê?".
Pesquisa comparativa: compreende uma "leitura investigativa" de muitos livros sobre
certo tema. A intenção é confrontar diversos pontos de vista do mesmo tema considerando
diversos autores. O objetivo é conhecer com maior profundidade um determinado assunto
tendo várias referências. A questão do leitor é “O que já foi escrito sobre esse tema?".
Analítica integral: significa uma “leitura completa” ou “leitura ativa”. A intenção é ter
visão das partes e do todo, selecionando o que é relevante fazendo associações com outros
autores e o contexto pessoal. O objetivo é compreender o assunto, questionando e
reconstruindo de modo mais significativo. A pergunta do leitor é: “O que significa esse
assunto?”.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...254
A “leitura crítica” envolve os quatro tipos acima descritos. Ler criticamente um
determinado assunto implica numa observação minuciosa e ao mesmo tempo visão ampla,
comparação com outros pontos de vista e ressignificação através de novas associações e
reescrita reflexiva.
Ensina Paulo Freire que a leitura se refere ao processo de explorar, de maneira crítica e
criativa, todo o conjunto de conhecimentos que está disponível hoje na sociedade. Essa leitura
permite ao indivíduo tomar consciência do mundo e das relações que permeiam o convívio
social, capacitando-o a também escrever o mundo, ou seja, fazer opções, interferir no meio em
que vive, transformar. (Okada, Vallin, Maricato, Franzin, 2000)
Para mapear a leitura sugerimos alguns mapas que facilitam a organização de uma nova
estrutura do texto. Esse mapeamento depende da interpretação de cada um; e, portanto, é
importante ao registrar um elemento no mapa, refletir sobre o motivo da escolha, o porquê da
seleção de determinada sentença do texto e não outra.
Para representar esse processo teríamos as seguintes etapas indicadas na tabela abaixo:
Tabela 24 – Etapas para mapeamento da Leitura Crítica à Escrita Reflexiva
1. Construção de um mapa averiguativo para
obter visão geral do assunto através de leitura
minuciosa.
2. Construção de mapa de pesquisa para obter
visão comparativa do assunto através da
investigação de novas referências (textos e autores)
.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...255
3. Construção de mapa de argumentos para obter visão analítica do assunto através de
questionamentos da fundamentação do texto.
4. Construção de mapa global do texto para uma visão mais detalhada do assunto
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...256
5. Reconstrução do mapa global do texto para articular os novos significados decorrentes de insights
inspirados pelo texto lido.
6. Configuração do texto através de uma narrativa contendo os elementos mapeados.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...257
5. 6 - SISTEMATIZANDO CONHECIMENTOS ATRAVÉS DA ARGUMENTAÇÃO
No início da investigação, o pesquisador procura buscar quantidade de conceitos,
questões e reflexões, No entanto, durante o mapeamento investigativo, é necessário buscar
também maior qualidade de idéias, pensamentos e argumentos. Para isso, o desafio é
aprofundar cada vez mais nas produções sistematizadas com comentários mais críticos e
argumentativos. Isso significa propor questões provocativas, circunstâncias mais
contextualizadas e feedback autêntico visando aprimoramento da construção do
conhecimento. Trata-se de processo continuo de análises que geram nteses que por sua vez
são analisadas visando novas sínteses mais elaboradas. Nesse movimento recursivo
conseguimos flagrar os detalhes importantes que muitas vezes passam desapercebidos.
Nos flagrantes das diferenças, das ambigüidades ou das incoerências é possível
identificar algumas interfaces aproximativas. No olhar cuidadoso das divergências emergem
trilhas para descobertas de novas similaridades.
Ou, o contrário: na busca detalhada das regularidades descobre-se as irregularidades.
Na visão minuciosa é possível observar aquilo que é singular na repetição e o que se mantêm
nas mudanças. Além disso, é possível identificar as subjetividades na objetividade e
objetividade nas subjetividades.
O mapeamento argumentativo mais detalhado do que foi sistematizado permite
identificar estas questões essenciais para maior consistência do todo.
No processo investigativo, a coerência é um dos critérios básicos rumo ao clímax na
pesquisa. Além da argumentação, a criatividade também é importante. Quando os mapas
são desenvolvidos de modo crítico e argumentativo, propiciam circunstâncias mais favoráveis
para a atuação hermenêutica que vai da “compreensão para explicação”.
Isso equivale a considerar o mundo que fica atrás do texto e do mapa; e também, o
próprio mundo do pesquisador-interlocutor e de seus intérpretes. Esta visão mais aberta
estimula o pesquisador a caminhar num processo de busca rumo a novas interpretações. O
questionamento dialético da totalidade da pesquisa num determinado momento permite
explorar mais elementos externos que podem enriquecer a pesquisa. Além disso, o diálogo
propiciando a interlocução crítica e a troca de múltiplas perspectivas estimulando o
questionamento argumentativo contribui para a emergência de novos espaços significativos.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...258
5.6 EXEMPLO - CONTRIBUIÇÕES DE SOFTWARES NA CRIAÇÃO DE UM TRABALHO CIENTÍFICO
5.6.1 APRESENTAÇÃO - CARLOS l 1-08-2004
O sol já havia nascido no horizonte daquelas plagas chamada Riachão do Jacuípe no interior da Bahia, sertão de
chão maltratado pelo sol, e, apesar dessa aridez, eu nascia naquele 13 de janeiro do ano 49. A minha vida
seguiu cheia de aventuras. Concluí medicina pela UFBa em 1975 e na inquietude que sempre me caracterizou,
passei por diversas atividades diferentes.
Depois da Residência médica em Cirurgia Geral, fui morar no interior e fazer também clinica médica.
A “envelhecência” chegou e com ela aumentou a inquietude que veio encontrar sentido na Psicologia Junguiana.
Criei o Instituto Junguiano da Bahia e descobri meu interesse por pesquisa, ainda que na segunda metade da
vida.
Debrucei-me sobre o Deus Hermes e admirava a possibilidade de estar em vários mundos ao mesmo tempo.
Aquele Deus traz para a humanidade um certo número de princípios que regem a natureza íntima do mundo
imanente. Mobilizado então por ele, desde cedo me interessei pela informática e hoje não posso sair sem o meu
Palmtop, levando comigo um pequeno aparelho que substitui pilhas e mais pilhas de papéis para serem lidos.
Esse mundo regido pelo arquétipo de Hermes Trismegisto traz para minha vida a intimidade virtual, com tantas
pessoas reais e inteligentes, pelo que vi até aqui, permitindo-me assim ampliar os meus horizontes do
conhecimento humano. Minha vida prossegue e já sinto através dos meus quatro filhos e dos dois netos (8 e 4
anos) o mito da eternização e com ele, o sentido da minha vida.
Este é o meu quarto curso on-line e, verdadeiramente, superou minhas expectativas. O frio e a falta de
presença humana encontradas normalmente nesses cursos foram substituídas pela presença das deusas
Afrodite e Héstia, ou seja, o cheiro das flores e o calor da lareira.
Aprendi a pensar na pesquisa através da visão tetradimensional do mapa. A instrumentalização do Nestor foi
muito bem ensinada. Minhas visitas ao fórum contribuíram para um grande aprendizado, fora da minha área de
médico psiquiatra, enriquecendo muito o meu saber sobre pesquisa qualitativa.
Tive uma boa participação no curso, estive praticamente em todos os chats, porém, senti muito não ir ao
presencial. Tornou-se uma obsessão abrir diariamente a gina do Cogeae procurando ler as novidades e tudo
que os colegas andaram fazendo.
Espero em um próximo módulo, aprender a usar ferramentas como um mapa do tipo Cmap usando links para
abrir textos ou figuras e saber fazer em HTML.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...259
5.6.2 ARTIGO ACADÊMICO
CONTRIBUIÇÕES DE SOFTWARES NA CRIAÇÃO DE UM TRABALHO CIENTÍFICO
CARLOS ANTÔNIO SÃO PAULO Instituto Junguiano da Bahia
Resumo: A construção de um trabalho científico exige do pesquisador uma capacidade inovadora e um trabalho intenso para
reunir inúmeros aspectos já conhecidos e encontrados à sua disposição. Softwares desenvolvidos para a construção de mapas
conceituais e, uma melhor organização de todo material pesquisado vem oferecendo aos cientistas uma importantíssima
contribuição. O presente trabalho tem por objetivo mostrar a elaboração de um projeto de pesquisa a partir da utilização
desses instrumentos.
De acordo com Gêneses 1:1 que diz: "No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava sem forma e vazia;
as trevas cobriam o abismo e um vento impetuoso soprava sobre as águas". Assim começou a obra da criação. Deus
disse: "Que exista a luz! “E a luz comou a existir”. Traçando agora um paralelo da citação acima com a criação de
uma idéia, que fará nascer um trabalho científico, precisamos pensar no caos, aquilo que antecede a supracitada idéia.
O que é o caos? A priori tudo existia e, apenas Deus começa a dar forma. Segundo Jung, existe um inconsciente
coletivo que orienta a elaboração das idéias, até então sem forma, mas existindo potencialmente em todos os
humanos e que passam a ganhar forma a partir da experiência pessoal, que é quando a luz começa a existir. Para se
fazer a luz, nesse caso, precisamos adquirir experiências, que no mundo científico implica em estudar e pesquisar. A
luz é o emergir da consciência. (lat. Conscire: conhecer, ter cognição de). "A consciência não pode ser definida:
podemos estar inteiramente cientes do que é a consciência, mas não conseguimos transmitir a outrem, sem confusão,
uma definição daquilo que nós mesmos apreendemos com clareza. A razão é simples: A consciência está na base de
todo conhecimento". (Dagobert, 1960, p.64)
O estudar depende de hábitos saudáveis e acima de tudo, métodos e sistematizações para um melhor
aproveitamento do tempo e eficiência. Faz-se necessário à compreensão de um texto, dentro de uma visualização,
fazermos um gancho com o que possuímos de conhecimento; permitindo assim uma amplificação e um indexador
para esta enorme biblioteca nesse estágio de experiência.
Surgiu com a informática a possibilidade do mapeamento argumentativo, ou seja, conseguimos através de
softwares como Cmap Tools, Nestor e outros, ultrapassarmos a barreira das idéias pré-concebidas e fechadas,
impedindo a utilização de um universo de conhecimento tão vasto como o atual. Talvez, nenhuma ferramenta até o
momento foi tão útil a pesquisa qualitativa como essa possibilidade de mapear, possibilitando uma visão do todo e um
auxilio ao processo de usar os conceitos como peças que se conectam umas às outras até exercerem uma função,
como ocorreria se juntássemos as peças de um relógio até que ele fizesse o tic-tac.
Ao estudarmos um material novo, faremos reflexões e certamente teremos uma integração às idéias já existentes.
Esse elo de encadeamento será tão maior, quanto mais experiência possuirmos. Ademais, um mesmo texto é
assimilado de forma diferente entre as pessoas. Para cada reflexão escrita ou falada por alguém, teremos as nossas
maneira de perceber e certamente obteremos resultados divergentes, dependendo de cada estágio de experiência em
que nos encontramos. Para uma mesma pessoa, ainda haverá variações na maneira de aprender o que se lê, a
depender das diversas variáveis que a interferem como: a atenção, o ambiente, a luminosidade, o interesse pelo tema,
a maneira de ler, o hábito saudável de anotar as palavras-chave, fichar o livro para uma futura revisão, a maneira de
lidar com as distrações e etc. Chama-se palavra-chave, aquela que vo escolhe para fornecer uma pista para a sua
mente recordar de toda uma passagem . Fichar o livro é tomar notas com as suas próprias idéias do que leu. Conforme
refere Lévy:Tal é o trabalho da leitura: a partir de uma linearidade ou de uma platitude inicial, esse ato de rasgar, de
amarrotar, de torcer, de recosturar o texto para abrir um meio vivo no qual possa se desdobrar o sentido. O espaço do
sentido não preexiste à leitura. É ao percorrê-lo, ao cartografá-lo que o fabricamos, que o atualizamos.” (Lévy, 1996,
apud Mattar, 2005).
Voltemos então a idéia do caos. Para que o Deus que existe em cada um de s atue, o que precisamos fazer?
Relaxar e deixar fluir tudo o que queira vir para a luz, sem ordem e sem leis. Este é o momento de viver o caos, numa
técnica de criação chamada mapeamento argumentativo, e deixar a natureza fluir. Um projeto de pesquisa implica na
elaboração de um mapa, que precisa ser bem avaliado e aprovado, permitindo seguir através de uma trilha a
investigação que queremos fazer. Mapear atende a necessidade analógica do funcionamento mental que precisa ser
livre do aprisionamento dos paradigmas. Um projeto deve responder ao que iremos pesquisar, definindo bem o
problema, levantando as hipóteses, a base teórica e seus conceitos. Agora é o momento de conciliarmos a criação e os
dogmas. Ao organizar as idéias, procuraremos uma coerência e assim formaremos uma unidade estrutural. No caos
existia todo um processo subjetivo e agora precisamos organizá-lo de forma objetiva para tornar-se comunicável.
Buscando-se um estilo próprio que revela a nossa maneira de ser, precisamos levantar uma hipótese e argumen-la,
dando um tom coerente ao que expomos. Nesse momento já fomos ajudados pelos mapas conceituais e todos os
recursos que nos permitiram dar uma ordem ao caos.
A maneira de se estabelecer a comunicação depende do estilo que deve ser leve, revelando um modo atraente
que estimula o interesse para continuar a leitura. O pensamento coerente, de forma dirigida, poderá ser entendido pelo
outro, enquanto que os símbolos pessoais podem dar uma falsa idéia, pois são algo específico do autor, e podem
emergir sem que este se conta e não seja compreendido, apesar do seu pensamento estar correto. Precisamos
fazer o leitor ficar interessado e sentir que dominamos o que escrevemos. A criação de um trabalho científico é,
portanto muito complexa em termos de autoria, uma vez que tudo existe a priori, mas certamente a reflexão que
cada um faz, trará os seus conteúdos pessoais que terão expressões diferentes, embora explique uma mesma situação
ou ainda faça-se perceber outras maneiras de analisar o fato. Afinal, nós não temos acesso direto à realidade e sim a
uma representação dela, que por sua vez, depende de nossa capacidade de apreensão dos conhecimentos e percepção
dos nossos sentidos. Assim, os nossos pensamentos emergem das profundezas da alma e tomam a forma de
conhecimentos adquiridos por nossa experiência de vida. Transformamos, pois os ritos de nossos instintos, nos mitos
que fazem nossa alma se expressar.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...260
5.6.3 MAPEAMENTO ARGUMENTATIVO DO ARTIGO ACADÊMICO
Debate da webConferencia 20-02-2006
“Estou curiosa como é feito esse mapeamento. Seguindo as seqüências, percebo que toda vez que têm uma
idéia é feita uma lâmpada ( ), interrogação ( ) para as perguntas e, para as referências e metáforas é
feito um outro tipo símbolo ( ). Como isso funciona? O software que faz ou vc que está fazendo? Eliana
“Sim Eliana, o Compendium oferece vários ícones para representar idéias tanto de uma discussão como de um
texto escrito. No entanto, quem seleciona as sentenças e atribui os ícones não é o software, mas sim o usuário.
A edição do mapa do Compendium é muito parecida com o Cmap Tools.” Alexandra
“Eu não vi o texto original do Carlos e também fica difícil ler o mapa direitinho porque não sei todos os
símbolos, mas eu estou intuindo aqui algumas posições. A teoria do caos está por trás. É muito interessante
que ele colocou que a consciência está na base de todo o conhecimento. Ele coloca isso ligado a visão do Jung.
Depois ele compara isso com o caos. A teoria do caos é usada na criatividade, ela hoje está na moda e se
trabalha com essa visão que do caos é que nasce tudo. Eu entendo aqui que o mais ( ) é experiência ou
conhecimento anterior dele que afirma ou suporta a idéia. O menos ( ) é uma oposição, um contra-argumento.
Temos argumento a favor e contra.
Tenho dúvidas na visão mítica que ele coloca aqui. Eu sou psicóloga, trabalho com a visão junguiana, mas não
trabalho com a visão mítica do Jung. Ele fez um paralelo difícil que vc precisa ter conhecimento para
compreender algumas coisas, quando por exemplo quando ele fala que nós “transformamos os ritos de nossos
instintos nos mitos que fazem nossa alma se expressar”. Isso é típico do Jung, mas não tem muito a ver com a
teoria do caos e com a criação do trabalho científico que é muito complexa.” Eliana
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...261
Tela da Webconferência - Discussão sobre texto com um mapeamento argumentativo do conteúdo
5.6.4 MAPEAMENTO ARGUMENTATIVO - ANÁLISE DO PROCESSO
O Mapeamento Argumentativo feito no software Compendium permite mapear as
sentenças de um texto classificando através de ícones em: perguntas, respostas, argumentos,
prós, contras, conclusões. Através de mapas podemos não desconstruir as idéias, como
ressignificá-las acrescentando uma dimensão semântica através desses ícones. Inclusive criar
outros desenhos e categorias também.
Argumentar é uma ação investigativa, dialógica e multi-representacional (Andriessen,
Baker, Suthers, 2003). Argumentar é questionar, confrontar, desconstruir, agregar novas
perspectivas. Demo (2002: 31). A desconstrução e reconstrução argumentativa visando
inovação são a base para desenvolvimento da própria autoria. Lemos autores para nos
tornarmos autores” Demo (2000:170).
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...262
Nesse sentido, ao mapearmos a estrutura argumentativa conseguimos explorar mais as
relações entre as idéias que compõem o conteúdo. Podemos construir, reorganizar e avaliar a
estrutura lógica de associações da pesquisa visualizando os seus múltiplos componentes:
questões-problema, idéias ou insights, argumentos, contra-argumentos, citações e referências
teóricas, dados e anotações de campo, comentários e conclusões. Essa exploração é
importante na busca de maior coerência, consistência, clareza e originalidade.
Eu venho me apaixonando cada vez mais por essa técnica da cartografia e observando que alunos que
estão emperrados na construção de monografias de conclusão de um curso de s de repente quando
eles têm acesso aos mapas, os conceitos ficam até mais fáceis de eles apresentarem para a gente.
Podemos discutir o que eles estão querendo. E também compreender o que eles querem explicar.
Eles começam com a construção de um mapa para depois irem para o texto invertendo um pouco o que
estamos fazendo aqui, agora . Carlos
O software Compendium oferece vários recursos flexíveis para incluir, excluir,
associar e desassociar sem destruir a estrutura. Desse modo, podemos realizar diversas
combinações e possibilidades facilitando a escolha da melhor estrutura argumentativa não
de partes do texto como de capítulos e da obra como um todo. Reorganizar a argumentação no
decorrer de toda obra favorece maior rigor e também uma evolução mais harmoniosa das
idéias.
Mapas no Compendium de obras diversas e de fontes diferentes podem ser facilmente
associados entre si. Além disso, com o mapa podemos evitar de nos perdermos nas
explorações de outros autores e de esquecer de construir a nossa própria definição.
A construção e visualização da argumentação permitem focar mais o assunto e ao mesmo
tempo identificar novas possibilidades. Suthers (2003). Textos que oferecem um foco e
também múltiplas perspectivas são mais significativos e atrativos para o leitor.
“O ato de criar precisa encontrar o caos e organizá-lo.
Fazer uma argumentação, organização e conexão dessas idéias que ficam dificultadas é um processo
que pode ter o apoio hoje da tecnologia. Temos um mapa para seguir um caminho.
Os pensamentos surgem e para serem criativos devem estar soltos não aprisionados na estrutura pré-
concebida e a necessidade do pensamento analógico, pensamento livre.” Carlos
“Carlos, muito interessante a sua colocação sobre manter os pensamentos soltos e a criatividade e
também tentar usar os mapas para reorganizar isso.
É uma relação entre a criatividade e ao mesmo tempo estruturação de tal forma que a estruturação não
traga limites para a criatividade.
Outra coisa que gostaria de destacar foi a fala da Eliana, quando ela disse que nós podemos trazer
significados para o texto quando trazemos as nossas anotações pessoais, comentários de outros sujeitos
como frases de alunos e dos teóricos. Essa tessitura entre teoria e pratica deixa o texto com mais
riqueza” Ale
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...263
Observamos que textos bem escritos principalmente quando a estrutura é clara e
coerente, apresentam um conteúdo que pode ser facilmente identificado e mapeado pelo
leitor. Isso facilita muito sua compreensão. A leitura pode ser facilmente interpretada,
provavelmente com sentido similar ao do escritor. Além disso, quando o leitor compreende o
texto, pode ir além do assunto apresentado na leitura. O texto pode trazer novas inspirações,
construção de novos significados inspirando-o para novas reconstruções críticas
argumentativas.
Nesse sentido os mapas argumentativos podem contribuir tanto na construção da
sistematização da pesquisa como na avaliação do processo final.
Visualizar a estrutura argumentativa não linear de um texto permite identificar as
fragilidades do texto tanto relacionadas com o conteúdo como com a estética.
Sobre as fragilidades do conteúdo, com os mapas podemos identificar:
As questões que não foram respondidas.
Hipóteses que não foram trabalhadas.
Os pressupostos que não foram fundamentados.
As idéias que ficaram soltas sem relações.
As argumentações sem embasamento, ou seja, sem pró-argumentos e nem
contra-argumentos.
As reflexões autênticas do pesquisador que compõem sua autoria
Sobre as fragilidades da estética:
Repetições demasiadas.
Argumentações insistentes e cansativas.
Reflexões prolixas, intermináveis.
Amarrações confusas e estrutura sem fluidez .
E também as qualidades do texto:
A diversidade de questões, pressupostos, fontes de referências, argumentos
e contra-argumentos.
Profundidade da exploração do tema.
Idéias relevantes e originais que são do autor.
Conclusões bem fundamentadas.
“Com o mapa é possível ver elementos que antes não tínhamos percepção
Observamos as questões, as conexões entre as idéias
No seu texto vc trabalha com a metáfora, traz referências e faz comentários decorrentes da sua
perspectiva. É muito bom ver as suas fundamentações, os argumentos que você trabalha mais.
A Eliana trouxe questões para você com referência na experiência dela, também psicóloga e trabalha
com Jung. Ela comentou que teve dificuldades em entender a teoria do Caos relacionada com Jung,
principalmente sobre a parte mítica”. Ale
“Entendi quando você comentou sobre as perguntas no meu texto. Na verdade estava colocando uma
forma do leitor acompanhar o processo que quando você começa a criar vem a ansiedade. Hoje apoiado
nos instrumentos de Cartografia podemos ter uma ajuda nesse processo criativo. Vou rever as questões
e em paralelo olhar os argumentos como estão representados no mapa que oferece uma visão sistêmica
que antes eu não tinha.” Carlos
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...264
5. 7 - AUTO-ORGANIZANDO O PROCESSO
A pesquisa com o tempo apresenta uma multiplicidade de elementos que vai
aumentando. À medida que a investigação vai se ampliando e se aprofundando é fundamental
classificar conjuntos de elementos em diferentes subconjuntos. A classificação ou
categorização permite estabelecer agrupamentos e ordenamentos. Essa organização é
essencial para navegar em grandes bases de dados.
Organizar a pesquisa visandoà auto-organização do processo é essencial.
Nesse aspecto, os mapas investigativos podem ser interfaces úteis principalmente
quando a base pesquisada é grande. Tornam-se, então, necessárias estratégias que viabilizem
uma organização flexível, dinâmica, fácil de ser descontruída e reconstruída.
Essa flexibilidade possibilita manter não a base atualizada, mas também explorar
diversas combinações, inclusões e exclusões sem destruir o todo. Isso permite manter um todo
que se atualiza a cada momento, se recompõe com as mudanças e instabilidades.
Identificar novas instabilidades (Mende, 1981) são oportunidades para reiniciar todo o
processo do évolon retomando a fase de ruptura. Quando o processo é auto-organizativo a
pesquisa flui com mais leveza e criatividade aproveitando todas as suas fases com os seus
momentos positivos e negativos. Isso favorece a autoconstrução, a auto-reflexão e a auto-
aprendizagem.
O mapa entra como uma interface importante para auto-reorganização. Na pesquisa o
texto permite reorganizar o mapa que reorganiza o texto, o pensamento se configura com o
mapa que por sua vez reconfigura um novo pensamento. No processo intricado dialético, a
unidade mapeada teoria e prática se realiza na própria prática.
Interessante observar que em muitas pesquisas, os pesquisadores não apenas utilizaram a
Cartografia Investigativa como metodologia de pesquisa, mas como uma interface
epistemológica comunicacional compartilhada com os seus sujeitos investigados, coletando
dados tão significativos quanto os próprios por eles produzidos para essa pesquisa. O mapa
investigativo torna-se uma interface contagiante e criativa no meio acadêmico, profissional e
pessoal.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...265
5.7 PROJETO DE DOUTORADO A Pesquisa Bibliográfica Colaborativa Apoiada por Mapas
Conceituais:contribuições para a formação de professores da Educação de Jovens e Adultos
5.7.1 APRESENTAÇÃO - CLAUDIO 10-08-2005
Sou matemático e especialista em alise de sistemas, mestre em educão e atualmente faço doutorado
na Faculdade de Educação da USP. Ganho uns trocados como consultor em EaD e professor na área de
tecnologia
A pesquisa que estou realizando tem o seguinte titulo (ainda provisório): "A pesquisa colaborativa em educação
apoiada pela organização informacional em rede".
Faço doutorado na Faculdade de Educação da USP, na linha de pesquisa de Tecnologia da Informação e
Educação a Distância. Estou na fase de coleta de dados em três espaços: no grupo de pesquisa que participo,
em uma disciplina da graduação e no NEA - Núcleo de Educação de Jovens e Adultos da FEUSP do qual faço
parte.
Pesquisar é buscar dados e informações contextualizadas a partir de um problema/questão a ser resolvido, de
tal maneira que se possa organizá-los, tratá-los e fazer as articulações necessárias a partir da própria lente.
Creio que mapear contribui para atribuir significado à medida que nos apropriamos da informação.
5.7.2 MAPA INICIAL DE PROJETO DE DOUTORADO
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...266
5.7.2 MAPA DE REFERÊNCIAS TEÓRICAS - PROJETO DE DOUTORADO
5.7.3 MAPA DO UNIVERSO DE ESTUDOS - PROJETO DE DOUTORADO
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...267
5.7.4 MAPA DO CORPUS DE PESQUISA -PROJETO DE DOUTORADO
Claudio Fernando André - Saturday, 5 November 2005, 11:36
Ale, Confesso que fiz umas 8 vezes esse mapa nos últimos dois dias. Isto porque enxergava várias
possibilidades de ligação a cada vez que refazia, ou seja, tanto os principais conceitos podiam ser conectados a
vários pensadores como o processo inverso também se aplicava. Era uma verdadeira auto-estrada de mão
dupla. Senti-me o perfeito surfista virtual em ondas que iam e vinham. Talvez isso tenha acontecido porque
tive que acrescentar mais conceitos e mais pensadores para representar de maneira mais completa o que
estava pensando.
Por fim optei por agrupar o maior número possível de conceitos e só depois inserir os pensadores. Que eles me
perdoem se esqueci de alguém em algum lugar...rsrsrs Foi um belo exercício que há tempos eu precisava fazer
para organizar um pouco mais o pensamento em relação aos principais conceitos que tenho estudado.
5.7.5 MAPA DO PROJETO DE PESQUISA RECONSTRUÍDO - PROJETO DE DOUTORADO
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...268
5.7.6 TEXTO DO PROJETO DE PESQUISA RECONSTRUÍDO COM O MAPA
Considerações
iniciais
O uso das potencialidades oferecidas pelas tecnologias de informação e de comunicação, continua
tímido em qualquer esfera do planejamento das políticas educacionais brasileiras. Inúmeros relatórios
divulgados pelo INEP atestam que apesar dos esforços que vêm sendo empreendidos nos últimos anos
para a melhoria do sistema de informações educacionais, persistem ainda limitações organizacionais,
metodológicas, recursos materiais, humanos e tecnológicos que se acumularam na última década,
principalmente se levarmos em conta o volume de informações (nem sempre qualificadas) que a
internet proporciona.
A qualidade da informação e o conteúdo disponível das pesquisas brasileiras por exemplo, nem
sempre estão disponíveis digitalmente, dificultando e afetando estudos que muitas vezes são
realizados com dados defasados, estimativas incertas e suposições irrealistas.
A revolução representada pelo volume de informações da internet tem suscitado diferentes desafios
aos pesquisadores. As atuais orientações das ações educativas em direção aos interesses e
necessidades dos alunos e professores têm alterado os paradigmas de ensino-aprendizagem,
rompendo modelos de investigação tradicionais. O aprofundamento e reflexão destas questões para
valorizar o compartilhamento de saberes com o uso combinado de meios de comunicação, a interação
de base tecnológica e a dimensão humana da cooperação, se faz urgente.
Novos paradigmas, inegavelmente estão possibilitando a reavaliação dos modos de pensar e praticar a
pesquisa em educação. O papel do pesquisador, do professor, do aluno, das propostas de ensino e do
conceito de pesquisa são repensados à medida que o progresso tecnológico com o uso computadores
e redes eletrônicas invadem os espaços tradicionais da escola. A tecnologia da informação e
comunicação tem papel importante no sentido de possibilitar a transversalidade das áreas curriculares
e autonomia intelectual do pesquisador, professor ou aluno, que é autor do conhecimento e que por
isso imprime valor ao que se constrói individual e coletivamente, nas salas de aula ou fora dela.
Investir em propostas contemporâneas que permitam a utilização de ambientes virtuais de pesquisa
colaborativa é um desafio que favorece novas relações com o conhecimento para a compreensão de
contextos educacionais.
Origem do
Problema
Quando um pesquisador precisa coletar e agrupar informações de teses, dissertações artigos de
maneira personalizada, é necessário consultar diversas bases de dados virtuais e muitas vezes iniciar
do “ponto zero” o trabalho de catalogação, fichamento, resumos, resenhas, glossário, áreas de
concentração, níveis de ensino e componentes curriculares.
No ano de 2003, iniciei a busca e coleta de dados dos conteúdos de teses, dissertações e artigos
científicos em portais e bibliotecas on-line e para minha surpresa, não encontrei um espaço virtual que
concentrasse todas as obras produzidas pelas faculdades de educação reconhecidas no Brasil que
permitisse organizar as informações virtualmente gerando automaticamente: cruzamentos de dados,
tabelas e gráficos a partir de filtros personalizados que possibilitassem análises críticas diferenciadas.
A questão
inicial da
pesquisa
Ao mesmo tempo que me defrontei com a pouca qualidade da informação disponível virtualmente
sobre a produção de teses, dissertações e artigos científicos, percebi nas diversas leituras realizadas
durante esses três últimos anos, que o paradigma das redes, colaboração, cooperação, dialogicidade e
interação aparecem com certa freqüência nos debates, congressos e eventos acadêmicos. Isso
despertou o interesse e, ao mesmo tempo, a preocupação com a seguinte questão: como contribuir
para as discussões desses paradigmas emergentes levando-se em consideração a organização
informacional dialógica em rede?
Questão atual
da pesquisa
O processo de formulação do nosso problema é resultado de preocupações específicas de
contextualização sobre as possibilidades de uso de dispositivos (do latim dispositus, “conjunto de
meios planejadamente dispostos com vista a um determinado fim”. Dicionário Aurélio, 2004)
tecnológicos como apoio aos pesquisadores, abrindo espaço para que a discussão dos resultados a
serem obtidos possam enriquecer concretamente o “saber e o fazer científico” no campo da pesquisa
educacional.
Os conceitos da dialogicidade, interação, contextualização e significado da investigação a que nos
referimos nos remetem a pesquisa apoiado pela organização informacional em rede como um
paradigma emergente. A partir dessa perspectiva, formulamos o nosso problema baseados em uma
interrogação central: em que medida os dispositivos tecnológicos de organização informacional podem
contribuir com pesquisadores em educação, considerando-se os paradigmas da relação dialógica como
eixo norteador para a qualificação da investigação científica.
Esse questionamento principal levou-me a debruçar sobre as idéias de Paulo Freire, Álvaro Vieira
Pinto, Maturana e Varela, Pierre Lévy, Jerome Bruner, Edgar Morin, Gilles Deleuze, Félix Guattari,
Donald Schön, Jurgen Habermas e Philippe Perrenoud entre outros para que eu pudesse ampliar as
reflexões sobre os conceitos mencionados tendo como referência as possibilidades de interação e
aprendizagem significativa a partir do uso os ambientes virtuais colaborativos.
Caminho
percorrido
Para que o objeto de estudo pudesse ter uma diretriz bem definida, organizei a pesquisa de forma
articulada, em torno de três pontos principais:
revisão histórica da pesquisa científica em educação e seu caráter contextualizado com a
necessidade da organização e tratamento da informação;
nexos entre a visão epistemológica da rede e a pesquisa educacional em face dos
dispositivos tecnológicos levando-se em consideração os conceitos de dialogicidade,
interação, colaboração e cooperação;
concepção, análise e desenvolvimento de dispositivos tecnológicos como recurso de apoio à
pesquisa educacional que permitam articulações diversas a partir das interações em rede.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...269
Leituras As leituras sobre o processo de pesquisa e organização da informação em rede, são realizadas a partir
de diversos trabalhos e obras principalmente em língua portuguesa, e para ter um maior
entendimento, organizei os textos com os seguintes agrupamentos de assuntos:
Metodologia da Pesquisa Científica - referências que propiciam reflexões fundamentais
sobre os princípios metodológicos e oferecem recomendações práticas para a concepção e
organização da pesquisa científica.
Educação, Sociedade, Filosofia e Tecnologia: textos que fundamentam a compreensão
sobre o contexto sociocultural, político, econômico e tecnológico no qual a prática da
pesquisa científica está inserida.
Ambientes e Comunidades Virtuais: análises sobre ferramentas disponíveis e
experiências de utilização em situações de ensino-aprendizagem
Dicionários e glossários: para me guiar no emaranhado e dinâmico vocabulário de
conceitos ligados aos paradigmas de pesquisas tradicionais e emergentes
Documentos, legislação e relatórios estatísticos: reúnem documentos oficiais de
natureza governamental, institucional e acadêmica
Habilidades e competências: textos que indicam as principais habilidades e competências
na Sociedade da Informação
Ciência da informação: textos que informam sobre os principais conceitos contemporâneos
do uso da informação
Sistemas de Informação e Engenharia de Software: obras que permitem a análise e
entendimento dos diversas aplicações tecnológicas contemporâneas
Teses, dissertações e periódicos: catalogação das principais obras (teses, dissertações e
artigos) científicas de instituições de ensino superior brasileira do período de 1997 a 2004.
Referencial Teórico: livros dos principais pensadores que discutem conceitos como
pesquisa científica, educação para a informação, cooperação, colaboração, interação, diálogo
e aprendizagem.
O agrupamento contextualizado da obras permite realizar reflexões sobre como os ambientes virtuais
de pesquisa colaborativa podem contribuir para a organização da informação com suas infinitas
articulações entre diferentes linguagens incluídas nas hipermídias. A medida que amplio a investigação
sobre o uso potencial da tecnologia na qualificação da pesquisa científica, busco propostas que
contribuam com os pesquisadores em educação, respeitando as características específicas de seus
projetos pessoais, ao mesmo tempo que são agregados recursos da internet.
Objetivo
específico
Em termos específicos, tenho analisado articulações teóricas e tecnológicas que o desenvolvimento de
um sistema de gerenciamento de informações requer, para permitir, através de prática educativa, a
articulação para a construção coletiva de conhecimentos apoiado por ambiente virtual colaborativo.
Esse sistema (em construção), passou a servir de base para elaboração da pesquisa e recebeu o nome
(temporário) de Portal Pesquisador em Rede. Está em fase de testes (protótipo de navegação) no
endereço: http://www.pesquisadoremrede.com.br
Atividades Embora o Portal Pesquisador em Rede esteja em fase de testes, tenho cumprido em espiral, as
seguintes etapas:
1) Design Educacional:
caracterização do público-alvo
definição dos objetivos educacionais
definição de papéis dos alunos, professores e pesquisadores
organização dos conteúdos e áreas de conhecimento
levantamento das necessidades de organização da informação
definição das estratégias de organização da informação
planejamento das atividades auto-instrutivas
planejamento das atividades colaborativas
planejamento das atividades de avaliação;
2) Engenharia de Desenvolvimento do Sistema:
análise, projeto, codificação, teste e manutenção do sistema
definição do banco de dados e seleção da linguagem de programação
estudo das ferramentas síncronas e assíncronas
modelagem do banco de dados
concepção e desenvolvimento do ambiente gráfico do Portal
3) Avaliação Ergonômica do Portal:
adequação de mídias ao contexto de pesquisas científicas
checagem periódica dos links referente aos conteúdos disponibilizados
aperfeiçoamento do projeto visual para facilitar a navegação e identificação das seções
do Portal
verificação das condições de navegabilidade, interatividade e velocidade do Portal
4) Validação
detecção de dificuldades de navegação pelos internautas no Portal
avaliação dos recursos e informações necessárias a boa utilização do Portal.
5) Avaliação Pedagógica
verificação do alcance dos objetivos educacionais,
revisão dos conteúdos disponibilizados no Portal
garantia de interdisciplinaridade e transversalidade dos diferentes conhecimentos que
circulam no Portal
verificação das atividades de auto-instrução e de colaboração para encaminhamentos
pedagógicos apropriados durante o processo de pesquisa.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...270
Coleta de
dados
Essas etapas situam-se no âmbito das atividades de ensino, pesquisa e extensão a partir das
observações e interações realizadas no Grupo Alpha de Pesquisa e no NEA (http://www.nea.fe.usp.br)
- Núcleo de Estudos de Educação de Jovens e Adultos e Formação Permanente de Professores, Ensino
Presencial e Educação a Distância da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (NEA)
desde 2003.
O NEA trabalha com alunos-estagiários dos cursos de graduação em Pedagogia e licenciatura nas
áreas de Humanas, Exatas e Biológicas
4
. É um espaço de formação teórica e estágio curricular
supervisionado em Educação de Jovens e Adultos e Educação a Distância.
Por se tratar de um centro gerador de pesquisa sobre EaD e EJA relacionado à formação de
professores e abrigar alunos da pós-graduação (mestrado e doutorado) e da graduação, concentra as
condições ideais para desenvolvimento dessa investigação. Os 20 estagiários do NEA participam como
sujeitos dessa pesquisa.
Os alunos da disciplina de “Educação a Distância” e “Educação Jovens e Adultos” da graduação da
Faculdade de Educação da USP também participam nesse semestre como sujeitos. São 12 e 15
alunos dessas disciplinas, respectivamente.
E por último, os 4 pesquisadores do Grupo Alpha de Pesquisa, da Faculdade de Educação da USP
também participam da pesquisa nesse semestre.
A vivência cotidiana nesses espaços, permite-me fazer dessa pesquisa um estudo qualitativo,
descritivo e exploratório, onde participo e observo atentamente os movimentos dos sujeitos,
considerando as variantes: aluno, professor, tempo, espaço, desafios, habilidades, projeto pedagógico
e tecnologia digital na direção de processos de pesquisas em educação.
As interações com esses sujeitos mobiliza-me a assumir um papel ativo nas respectivas investigações
de cada um, incentivando a reflexão sobre os desafios enfrentados na organização da informação para
a pesquisa educacional. Isso acontece dentro de um processo de avanços e retomadas, levando-me a
questionar permanentemente os diversos papéis, habilidades e desafios da investigação educacional.
Expectativa
em relação
ao Portal
A expectativa agora é que o Portal Pesquisador em Rede possa contribuir com pesquisadores no
sentido de:
permitir aos pesquisadores a elaboração de prodões coletivas;
permitir aos pesquisadores visões panorâmicas sobre autoria e obras referenciadas nas
publicações em educação;
agilizar a organização de literatura disponível com novos agrupamentos por áreas;
auxiliar os pesquisadores na identificação das principais linhas teóricas e/ou abordagens de
pesquisa;
identificar a relação de pertença à correntes de pensamento;
contribuir com conteúdos que permitam aos pesquisadores estabelecer leituras relacionadas
com o contexto histórico;
verificar os principais locais de publicação;
identificar as principais instituições publicadoras;
analisar quais níveis de ensino tem sido mais pesquisados;
avaliar os principais componentes curriculares estudados;
permitir que pesquisadores realizem estudos semelhantes ao que se compreende como
“estado do conhecimento” em diversos contextos.
criar glossários temáticos
gerar interações através de fóruns de discussão e chat
Para que essa expectativa seja alcançada, cataloguei e categorizei cerca de 2000 obras entre teses,
dissertações e artigos do período de 1997 a 2004. Atualmente estou analisando e produzindo
juntamente com outros pesquisadores, três “Estado do Conhecimento” sobre:
a) Educação a Distância (EaD)
b) Educação de Jovens e Adultos (EJA)
c) EaD vérsus EJA
O objetivo é verificar o nível de flexibilidade do sistema no tratamento da informação e relatórios para
verificar as potencialidades da organização informacional em rede apoiada por dispositivos
tecnológicos.
Essa fase é fundamental pois vários pesquisadores estão trabalhando coletivamente no mesmo espaço
virtual realizando pesquisas colaborativas e individuais na área da educação, por isso optamos por
desenvolver um Portal que pudesse reunir informações contextualizadas através da comunicação
mediatizada pela tecnologia computacional para transmitir, armazenar, apresentar e contribuir para a
articulação de informações.
4
Alunos provenientes das seguintes unidades da USP: Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, que abrange os
cursos Letras: (Português, Francês, Inglês, Alemão, Latim, Orientais, Italiano, Espanhol, Grego, Sânscrito, Lingüística;)
Ciências Sociais, Filosofia, História e Geografia; Instituto de Geociências; Instituto de Matemática; Instituto de Física; Instituto
de Química; Instituto de Psicologia; Instituto de Biociências; Escola de Educação Física; Escola de Enfermagem e Escola de
Comunicação e Artes.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...271
FÓRUM Claudio Fernando Andre - Friday, 28 October 2005
Ale, relato o percurso realizado.
Inicialmente capturei todos os textos e mensagens que estavam disponiveis no ambiente, porque precisava me
situar no curso já que fiquei vários dias sem acessá-lo.
Depois das principais leituras realizadas, sabia o que era necessário fazer mas tinha o fato de nunca ter
trabalhado com o CMap e então, busquei informações na internet para conhecer os diversos recursos do
software porque eu tinha uma breve idéia do que iria fazer, mas não sabia até que ponto eu poderia ir com o
CMap. Nesse momento eu voltei ao ambiente e li alguns comentários e dicas de vocês tutores e dos colegas.
Verifiquei que poderia explorar recursos como curvas, cores, fontes e formas.
Isso era importante para mim porque queria deixar bem claro as principais idéias a serem representadas no
mapa. Lembrei então do que havia lido nos textos sobre noções subsuncoras: "são conhecimentos prévios e
construídos durante o processo, frutos da interpretação dialógica entre campo de pesquisa e teoria", ou seja,
ao mesmo tempo que imaginava os principais elementos que fariam parte do mapa ia lembrando os diversos
momentos que vivenciei nesses anos de pesquisa. Foi uma conversa comigo mesmo.
Depois, aproveitei para dar uma olhada no forma como você produziu o texto "Ponto de Partida" porque achei
bem interessante a estrutura que você propôs e não queria comecar totalmente do "zero", ou seja, partir de
uma estrutura que julguei interessante facilitou o meu processo inicial de criação. "tudo comeca a partir de um
anteprojeto de pesquisa, este na maioria das vezes é fruto de experiências anteriores agregadas a constantes
inquietações teórico-prática, evoluindo sempre que o pesquisador interage com novas informações..."
Com todos esses elementos estava pronto para comecar a construção do mapa conceitual. A primeira coisa foi
colocar os principais tópicos sem me preocupar muito com conexões entre as idéias. Coloquei foco naquilo que
para mim era significativo e não poderia ficar de fora de jeito nenhum e assim poderia compor os demais
elementos com ideias periféricas.
Cheguei a fazer metade do mapa quando comecei a escrever. Foi outro momento importante porque de certa
forma já sabia o que iria dizer, pois olhava o mapa e escrevia algo relacionado com o tópico que havia anotado.
O interessante é que à medida que escrevia, surgiam conexões que não havia pensado inicialmente e de certa
forma, o texto ajudou a construir o mapa assim como o mapa ajudou a construir o texto. Foi um movimento
interessante que ocorreu entre mapa-escrita-mapa. "A realidade da pesquisa bem como seu processo e
resultado é um retrato da subjetividade do pesquisador e a intrepretação objetiva do diálogo do mesmo com a
teoria e a prática".
Finalizei o mapa colocando as cores e fazendo as últimas conexões para ter a visão do todo e assim escrever as
partes da maneira mais integrada e objetiva.
A experiência de escrever o texto a partir do mapa serviu para mostrar a importância da organização do
pensamento a partir do registro e articulação das informações. O mapa serviu como uma bússola que indicava
caminhos a serem percorridos sem necessariamente engessar outros percursos que julgasse necessário.
A aprendizagem foi tão significativa que aproveitei para preparar uma reunião que tive na manhã de hoje, a
partir da organização de mapas conceituais. Mas essa história eu conto outra hora, ok?
Voce também acredita que os mapas conceituais possam servir de base para os diversos contextos do nosso
cotidiano? Em situações profissionais, acadêmicas e até mesmo pessoais? Um abraço
Comentários finais
Tinha uma boa expectativa do curso, mas sem dúvida que a forma como foi conduzido, as discussões dos
participantes, a organização dos conteúdos e a seqüência das atividades sempre respeitando os ritmos
individuais me permitem dizer que foi uma das melhores propostas que participei nos últimos tempos.
Infelizmente não pude me dedicar como gostaria, pois surgiram rias dificuldades principalmente nas últimas
04 semanas do curso, mas mesmo assim consegui “correr atrás” para fazer algumas das atividades. Gostaria
de agradecer o apoio em todos os momentos e o incentivo da Alê, Saburo e Méa que não deixaram a peteca
cair em nenhum momento. Aprendi muito com todos. Saburo, suas palavras são gicas pois tem o poder de
tocar na alma. Alê, puxa vida, quanta competência!!! Se que um dia terei a sua organização? Méa, obrigado
pelo carinho.
Com os participantes do curso, aprendi que quando elaboramos os trabalhos, buscamos um arquivo,
escolhemos um documento, na realidade dialogamos com os dispositivos tecnologógicos (CMap e Nestor).
Compreendi que os dispositivos utilizados o guardam apenas desejos, aspirações e sonhos; guardam nossas
preocupações e nos ajudam a reconstruir conhecimentos na medida em que trazem a tona nossos valores. Para
construir mapas foi necessário desmontar, demolir, desestruturar as construções para poder reconstruí-las. O
curso foi um belo exercício de desconstrução e construção.
A influência do curso é tão grande que passei a usar os conceitos de mapas em várias situações do meu
cotidiano. Virou um “vício”. Em minha pesquisa de doutorado por exemplo, reorganizei completamente a
estrutura do texto que produzi até agora a partir do exercício de mapear-escrever-mapear. Em meu trabalho,
passei a fazer anotações nas reuniões a partir de mapas. Nossa!!! Quanto aprendizado em tão pouco tempo.
Enfim, fico feliz por ter conhecido pessoas tão especiais e fica registrado aqui meu agradecimento pela
oportunidade. Um super abraço a todos. Claudio And
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...272
5.7.7 AUTO-ORGANIZAÇÃO - ALISE DO PROCESSO
Todo mapa apresenta uma multiplicidade de elementos que vai aumentando com o
tempo. À medida que o mapa vai se ampliando é fundamental classificar conjuntos ou níveis
de elementos de modo que sejam possíveis agrupamentos e ordenamentos. A organização de
mapas com muitos elementos em múltiplos submapas favorece a visualização de múltiplas
dimensões da pesquisa das mais amplas às mais específicas. Quando o pesquisador
consegue mapear estes diferentes níveis do seu corpus de investigação com clareza, sentido e
significado partindo das suas noções subsunçoras ele cria circunstâncias mais propícias
para avançar na pesquisa.
“Lembrei então do que havia lido nos textos sobre noções subsunçoras: "são conhecimentos prévios e
construídos durante o processo, frutos da interpretação dialógica entre campo de pesquisa e teoria",
ou seja, ao mesmo tempo que imaginava os principais elementos que fariam parte do mapa ia
lembrando os diversos momentos que vivenciei nesses anos de pesquisa. Foi uma conversa comigo
mesmo.”
Estes avanços na pesquisa não significam apenas diálogos internos mais reflexivos,
mas também uma estruturação mais fácil do corpus de pesquisa – das informações prévias às
novas. Esta auto-organização (estruturação que propícia recursivamente outras) e auto-
reflexão favorecem o processo de criação conforme observamos abaixo:
Depois, aproveitei para dar uma olhada na forma como você produziu o texto "Ponto de Partida"
porque achei bem interessante a estrutura que você propôs e não queria começar totalmente do "zero",
ou seja, partir de uma estrutura que julguei interessante facilitou o meu processo inicial de criação.
"tudo começa a partir de um anteprojeto de pesquisa, este na maioria das vezes é fruto de experiências
anteriores agregadas a constantes inquietações teórico-prática, evoluindo sempre que o pesquisador
interage com novas informações...
Quando o pesquisador, após o mapeamento, interpreta os seus próprios mapas,
reconstruindo os caminhos trilhados e explicitando através da narrativa, surgem novas
possibilidades ainda não mapeadas. Como o pesquisador destaca abaixo, os textos ajudam a
construir o mapa, e os mapas favorecem a reescrita mais aprimorada.
“O interessante é que à medida que escrevia, surgiam conexões que não havia pensado inicialmente e de
certa forma, o texto ajudou a construir o mapa assim como o mapa ajudou a construir o texto. Foi um
movimento interessante que ocorreu entre mapa-escrita-mapa. "A realidade da pesquisa bem como seu
processo e resultado é um retrato da subjetividade do pesquisador e a interpretação objetiva do diálogo
do mesmo com a teoria e a prática".
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...273
O questionamento atento das reflexões, conclusões e até mesmo das próprias questões
propicia maior sensibilidade e sensatez na busca de fundamentos mais consistentes.
Desenvolver o olhar mais perceptível é importante. A visão mais acurada identifica que o
mais logicamente irrelevante pode ser o mais precisamente significativo.
O mapeamento reconstrutivo conduz a novas reorganizações do que normalmente
está construído. Muitas vezes, as novas produções são na verdade apenas novas reordenações
de conceitos já existentes. No entanto, quando o pesquisador navega em seu próprio mapa,
novas interpretações e mapeamentos podem surgir. Quando o sentido de cada conceito é
realmente apreendido, uma rede de conexões pode emergir de modo mais fácil. Essas
articulações mais significativas permitem novas interpretações no processo de reconstrução de
conhecimentos. Desse modo, a ação interpretativa hermenêutica pode conduzir a inovação, a
reinvenção e a criação de procedimentos e fenômenos que antes não existiam. Portanto, a
cartografia deve favorecer a liberdade de expressão, o pensamento crítico, a discussão
argumentativa, multiplicidade de interpretações e reconstruções coletivas.
A experiência de escrever o texto a partir do mapa serviu para mostrar a importância da organização do
pensamento a partir do registro e articulação das informações. O mapa serviu como uma bússola que
indicava caminhos a serem percorridos sem necessariamente engessar outros percursos que julgasse
necessário.
A aprendizagem foi tão significativa que aproveitei para preparar uma reunião que tive na manhã de
hoje, a partir da organização de mapas conceituais. Mas essa história eu conto outra hora, ok?
Você também acredita que os mapas conceituais possam servir de base para os diversos contextos do
nosso cotidiano? Em situações profissionais, acadêmicas e até mesmo pessoais?
O mapa como uma bússola na construção do conhecimento permite tanto orientação
nas trilhas percorridas quanto abertura para explorar o novo. A habilidade de se orientar
em territórios mapeados e de se auto-organizar diante do desconhecido, favorece
construções mais consistente e criativas.
Muito provavelmente, estas produções mais elaboradas e inspiradoras propiciarão
novas ações que provocarão novos momentos de desordem e por sua vez, ordem. Em cada
nível de reorganização atingido emergem associações cada vez mais significativas que fazem
deste processo extremamente enriquecedor.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
MAPAS PARA INVESTIGAÇÃO . ...274
Esta transformação, decorrente do próprio processo de investigação (reflexão/ ação/
re-co-construção), permite revisitar o processo de... e buscar uma compreensão cada vez
maior, mais crítica, consciente e significativa.
Crítica, porque este processo é permeado por interações, discussões, reflexões
individuais e coletivas e interlocuções.
Consciente, devido à oportunidade de não discutir o objeto da pesquisa como
também o processo – a metodologia.
Significativa, pois parte daquilo que é precioso, valioso, importante, seja das nossas
angústias ou dos nossos interesses e encantamentos, da nossa possibilidade de
construir olhares diferenciados e transformadores individuais (eu e minha pesquisa)
e coletivos (nós e nossos interesses em comum).
Exige-se um refinamento de nossa sensibilidade, de nossa capacidade de ler para além
das palavras, ler o que foi dito e também o que não foi dito. Descobrir o essencial no meio do
excesso, bem como mapear os silêncios. Nunca poderemos dizer com certeza quais são todas
as condições necessárias para mapear a pesquisa, mas podemos tomar alguns cuidados a partir
de nossa experiência. As sugestões de cada um, bem como os relatos de experiência têm
enriquecido o processo.
A influência do curso é tão grande que passei a usar os conceitos de mapas em várias situações do meu
cotidiano. Virou um “vício”. Em minha pesquisa de doutorado por exemplo, reorganizei completamente
a estrutura do texto que produzi até agora a partir do exercício de mapear-escrever-mapear. Em meu
trabalho, passei a fazer anotações nas reuniões a partir de mapas. Nossa!!! Quanto aprendizado em tão
pouco tempo.Enfim, fico feliz por ter conhecido pessoas tão especiais e fica registrado aqui meu
agradecimento pela oportunidade
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...275
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...276
6 - ALGUMASCONSIDERAÇÕES
6.1OMAPEAMENTO INVESTIGATIVO
No início deste trabalho, através da história da cartografia apresentamos a importância
dos mapas destacando os benefícios do mapeamento. Então, trouxemos exemplos de usos de
mapas para representar o espaço do mundo exterior e territórios do universo interior.
Discutimos também abordagens conceituais sobre mapas aplicados para representar os
modelos mentais. Trouxemos reflexões dos pesquisadores. Com isso, definimos o conceito de
mapas cognitivos, expressão utilizada no curso “uso de software na pesquisa qualitativa”.
No entanto, durante o estudo da cartografia com foco na investigação, foi observado que
este conceito (mapa cognitivo) não era suficiente para abordar a aplicação de mapas na
pesquisa. Então, iniciamos as reflexões sobre o que é investigação e quais são os desafios no
contexto pós-moderno. Com isso, identificamos o tema chave deste trabalho Cartografia
Investigativa e a importância de focar em mapas investigativos, mapear para investigar.
Para fundamentar este estudo e responder as quatro questões embrionárias desta
pesquisa, escolhemos as seguintes teorias: sistêmica, ecossistêmica, hermenêutica e dialética.
Foram utilizados os princípios destas abordagens teóricas relacionados com as reflexões dos
pesquisadores sobre o uso da cartografia na pesquisa qualitativa durante os cursos de 2004 a
2006.
Estes princípios que emergiram ao longo desses anos possibilitaram aprimorar nossa
mediação pedagógica na orientação sobre elaboração de mapas. Com isso, os materiais
produzidos também foram reconstruídos no decorrer da trajetória. Estes princípios
epistemológicos foram também essenciais para fazer a análise desta investigação e a
elaboração desta conclusão.
A questão-chave desta pesquisa
como os mapas investigativos podem ser utilizados para facilitar o
processo de construção de conhecimentos visando assim, trazer contribuições
significativas para projetos de pesquisa?
emergiu da teoria e prática partindo da premissa que mapeamento traz contribuições. Mas a
indagação seguinte era saber: _Como?
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...277
Na primeira análise dos dados, observamos que realmente os mapas podem, sim, ser
utilizados para facilitar diversos momentos da pesquisa.
No entanto, durante a reflexão das análises realizadas para finalizar a conclusão,
percebemos e destacamos que o simples uso das técnicas de mapeamento não garante o
alcance do aprimoramento da investigação.
Nas sete etapas da investigação analisadas, observamos que os mapas trouxeram
contribuições; entretanto, não significaram em garantias de aprimoramento. Como podemos
ver na síntese destas análises realizadas abaixo.
(1). Ruptura é um momento de crise e de incertezas no sistema. Este período traz
características similares à problematização. Muitos pesquisadores destacaram que delimitar a
questão de pesquisa é muito difícil. Trata-se de uma fase de desorganização decorrente do
excesso ou ausência de informação.
Neste desafio, mapear o ponto zero de pesquisa através de um mapa da mente permitiu,
simultaneamente, gerar um brainstorming tempestades de idéias e priorizar as
informações. No entanto, este mapeamento não foi suficiente para definir o foco de
investigação. Pelo contrário, este mapa sinalizou a falta de delimitação.
A questão-chave foi apenas encontrada quando diversos mapas realizados foram
confrontados. A visualização dessas relações mapeadas permitiu a seleção e integração apenas
das categorias-chave relevantes. Essas categorias, por sua vez, possibilitaram uma melhor
especificação do foco do problema. As relações feitas entre o mapa pessoal de vida com o
mapa do projeto de pesquisa facilitaram as articulações entre a pesquisa acadêmica e a prática
profissional. Tais associações foram essenciais para se observar que a questão estava bem
delimitada e trazia sentido e significado para a pesquisadora.
(2). Fase latente é o momento de parada e levantamento de recursos. Esta fase é
semelhante à organização do corpus da pesquisa. Pesquisadores comentaram sobre a
dificuldade de organizar informações quando a base de dados é muito grande.
Mapear as referências teóricas e empíricas pode facilitar o processo. O mapa Web
permite selecionar diversos documentos (da internet e os pessoais), agrupá-los e classificá-los
em categorias. Essa organização facilita muito a localização e navegação no corpus de
investigação. No entanto, observamos que utilizar mapas para a organização das referências,
por si só, não garante seleção efetiva do prioritário. Na análise, os mapas apontaram que a
seleção de informações em grandes bases de dados foi extremamente difícil.
As seleções significativas apenas foram estabelecidas quando as categorias subsunçoras
dos pesquisadoresforam identificadas sobre suas pesquisas.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...278
(3). Expansão é um momento de crescimento, escolhas e criação. Este momento é
similar ao estudo conceitual. Pesquisadores mencionaram que aprofundar os conceitos é um
momento importante para o avanço da pesquisa. O grande desafio é contemplar múltiplas
referências e buscar também profundidade nas reflexões.
O mapa conceitual pode propiciar tanto o aprofundamento do conteúdo como
contemplar a sua diversidade. O mapa conceitual pode, ainda, facilitar a representação de
múltiplas relações entre definições de distintos autores. Estas representações permitem
visualizar pontos de vista diferentes.No entanto, este mapeamento, por si só, não foi suficiente
para pesquisador obter a consistência no estudo desejada. Comentou-se que as palavras-chave
para descrever os conceitos e as suas relações podem resultar numa redução dos significados.
A grande vantagem identificada no mapeamento conceitual foi a sinalização das
categorias relevantes que não tinham sido ainda contempladas no processo de investigação.
O aprofundamento conceitual apenas foi alcançado após inúmeros movimentos entre mapear
e escrever. Fato esse comentado pelos pesquisadores. Os mapas podem revelar informações
importantes que não emergem no processo da escrita. E, por sua vez, a escrita contribui para
descrever significados não explicitados pelos mapas.
(4). Transição é um momento de aprimoramento e de reorganização. Esta fase traz
características similares ao momento de entrelaçar teoria e prática. Muitos pesquisadores
relataram que fazer a integração dos referenciais teóricos e empíricos é algo complexo. Vários
elementos devem ser considerados – os objetivos e subjetivos, os explícitos e tácitos, etc.
Os mapas também podem ser úteis no entrelaçamento dessas categorias que emergem
do estudo conceitual e do estudo de campo. No entanto, foi observado que as relações
significativas não emergiram, automaticamente, através dos mapas. Pelo contrário, os mapas
realizados, ao invés de facilitar as relações, trouxeram mais questionamentos. Isso foi
confirmado com uma das pesquisadoras cuja intenção era unir a teoria de mapas na sua
prática docente. Pesquisadores revelaram que a técnica de mapear é interessante.
No início, a sensação é querer mapear tudo. Muitos mapas foram produzidos em
diversas situações. No entanto, esta ação conduziu a seguinte reflexão: fiz o mapa e agora, o
que faço com ele? Quando esta questão foi compartilhada, provocou inúmeras reflexões que
geraram novas ações num movimento recursivo. Os mapas continuavam a ser desenvolvidos
em diversos contextos e passaram a agregar valores reflexivos. A integração da teoria e
prática foi possível através do movimento contínuo de ações e reflexões. Somente após
esse histórico de mapeamentos pôde a pesquisadora integrar a teoria na prática, organizando
inclusive um workshop com seus alunos. Também a prática com a teoria que culminou em um
texto sobre o assunto.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...279
(5). Maturação é um momento de ajustes, sincronização e sofisticação. Esta fase pode
ser associada com o período de análise mais profunda decorrente da leitura crítica e escrita
reflexiva. Momento no qual os conhecimentos são deconstruídos através da leitura analítica
integral e reconstruído através da escrita reflexiva crítica. Pesquisadores ressaltaram que este
momento é muito árduo. Na maturação exige-se muita concentração, foco e persistência.
Nesse momento, o mapeamento pode ser uma interface útil tanto para desconstruir a
leitura, como para orientar a escrita. Em ambos os processos o mapa pode possibilitar a
exploração de novas perspectivas e ao mesmo tempo oferecer um eixo focal condutor. No
entanto, os pesquisadores comentaram que este mapeamento não foi simples e também não
garantiu o refinamento desejado. Segundo eles, os mapas, ao invés de facilitar a fase de
análise e síntese, acabavam por apontar conceitos desconhecidos e dificuldades para
interpretação.
O refinamento desejado foi apenas alcançado, após inúmeras discussões coletivas do
texto e dos mapas construídos. Os mapas de todos os colegas foram confrontados, as
múltiplas perspectivas foram comparadas e analisadas. Então, após esta visão global de
múltiplas perspectivas do grupo, os pesquisadores conseguiram produziros seus próprios.
(6). Clímax é um momento de novas combinações e otimização. Esta fase traz
características semelhantes ao término da escrita quando é necessário fazer um estudo mais
profundo do que foi sistematizado e construído. Os pesquisadores também comentaram que
avaliar o próprio trabalho em busca de otimização, é também um grande desafio. Disseram
que é muito difícil identificar os pontos que devem ser aprimorados no trabalho com o próprio
olhar crítico.
Nesse contexto, o mapa argumentativo pode facilitar essa visão crítica ao representar a
estrutura argumentativa do próprio texto. No entanto, observamos que o uso de mapa
argumentativo não é suficiente para otimização.
A visualização da estrutura argumentativa apenas sinalizou os pontos que não estavam
coerentes. Faltava fundamentação. Os contra-argumentos não foram bem explorados. E
haviam questões não respondidas. O próprio pesquisador destacou que o mapa foi muito útil
oferecendo uma visão sistêmica que ele ainda não tinha do seu texto. No entanto, para
otimizar realmente o trabalho escrito é necessário uma imersão profunda no conhecimento
construído através de análises e síntese; e de desconstruções e reconstruções.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...280
(7). Nova Instabilidade é o momento quando novos desequilíbrios são identificados e
permitem reiniciar o évolon evolução sistêmica. Este processo é fundamental para auto-
organização. Os pesquisadores comentaram que identificar e superar os momentos de
angústias, crises e desafios foram essenciais para atingir patamares mais avançados na
pesquisa. Enfrentar a crise foi o primeiro passo para se auto-organizarem.
Reiteramos que o mapeamento durante o processo pôde auxiliar muito o pesquisador.
No entanto, o histórico de mapeamentos não basta para efetivar a auto-organização. Ter
domínio das técnicas para construção de mapas também não são suficientes.
O pesquisador conseguiu realizar as suas auto-organizações após momentos de
contínuos de mapeamentos e sistematizações. Isto, através de pensamentos globais e
específicos, após emergir das análises dos mapas e imergir nas reflexões de investigação.
Retomando a pergunta:
como os mapas investigativos podem ser utilizados para facilitar o
processo de construção de conhecimentos visando assim, trazer contribuições
significativas para projetos de pesquisa?
Com este estudo, observamos a importância de princípios epistemológicos para guiar o
uso de mapas investigativos na pesquisa qualitativa. Os mapas investigativos são interfaces
comunicacionais que podem ser utilizadas para facilitar e potencializar a pesquisa.
Principalmente, por suas características relacionadas à visualização de informações e a
representações de modelos mentais.
Entretanto, para trazer contribuições significativas para investigação é necessário que o
mapeamento siga sempre fundamentado em referenciais epistemológicos. Tudo para que
ocorra a boa interface entre as descobertas sinalizadas pelos mapas e o conhecimento a ser
construído. Daí, o termo “interfaces epistemológicas comunicacionais”.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...281
Em todas as fases da pesquisa aqui analisadas, para que os mapas possam realmente
trazer contribuições significativas, tornam-se primordiais os Pensamentos:
Sistêmico e Ecossitêmico para:
o visualizar as partes e o todo; o global e o particular;
o estabelecer relações internas e externas;
o representar o histórico do processo para observar a evolução no tempo;
o identificar as categorias dinâmicas a serem exploradas;
o perceber as relações diversas: circulares causais, recursivas e retroativas;
o observar as variáveis ou cadeias de eventos que provocam transformações;
o identificar momentos de incertezas, crises e instabilidades;
o perceber os parâmetros e etapas evolutivas no processo;
o integrar e sistematizar, considerando o essencial e o significativo;
o auto-organizar com autonomia criatividade favorecendo novas emergências.
Hermenêutico para:
o buscar o sentido existencial das coisas;
o identificar os lugares de indeterminação e prosseguir no movimento contínuo
de buscas para reconstrução de sentidos;
o pré-configurar, configurar e reconfigurar visando experimentar a significação,
a ressignificação e a transformação;
o Percorrer caminhos situados entre a compreensão e a explicação propondo
sentidos para as partes e para as relações entre elas.
o buscar diferentes interpretações possíveis entre os vários caminhos, perguntas
e hipóteses que se fazem apresentar. Tudo com profundidade e alcance;
o Considerar o mundo do intérprete, os contextos relevantes não explorados, e
identificar as objetividades e, principalmente, as subjetividades.
Dialético para:
o dialogar buscando questionar, confrontar, induzir, deduzir e abduzir;
o estruturar inúmeras teses, antíteses e sínteses ao longo do processo;
o conceber o conflito como oportunidade para aprimoramento;
o refletir sobre as totalidades e as relações dinâmicas;
o estabelecer relações entre teoria e prática;
o romper fronteiras e considerar as exterioridades;
o integrar teoria e prática com ação e reflexão, totalizar, exteriorizar e
complexificar;
o enfrentar a complexidade através do processo intricado de conflitos,
interconexões e mudanças.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...282
Nesta investigação sobre a Cartografia Investigativa, constatamos a importância de
princípios epistemológicos para guiar a construção de mapas.
ETAPAS DO
MAPEAMENTO
REFERENCIAIS TEÓRICOS CONTRIBUIÇÕES PARA
CONSTRUÇÃO DE MAPAS
Elaboração e
organização do mapa
considerando os
elementos relevantes
e significativos; e as
relações entre eles.
SISTÊMICOS E ECOSSISTÊMICOS
Postulados que caracterizam
Sistemas;
Parâmetros básicos e evolutivos;
O Évolon e a evolução sistêmica;
Princípios Ecossistêmicos.
Conceber mapa como um sistema
e o mapeamento investigativo
como um processo ecossistêmico
que envolve relações pluri-
cognitivas e pluri-afetivas,
consciência ético crítica e
cooperação.
Navegação, leitura do
mapa, interpretação
de significados para
novos mapeamentos.
HERMENÊUTICOS
O sentido do conhecer, ser e viver;
O inacabamento e ponto de vista
viajante;
A tríade pré-configuração,
configuração e reconfiguração;
Os ciclos da: explicação à
compreensão, e da compreensão à
explicação.
Aprofundar o processo da
interpretação, compreensão e
sistematização dos mapas numa
perspectiva múltipla, polissêmica
e intersubjetiva.
Desconstrução e
reconstrução do mapa
visando atingir o
objetivo proposto e a
sistematização do
processo; procurando
desenvolver autoria e
olhar próprio.
DIALÉTICOS
Diálogo: confronto, questionamento,
dedução e indução;
Estruturação contínua: tese-antítese-
síntese;
O conflito como oportunidade;
A totalidade e as relações dinâmicas;
A relação teoria e prática, e a práxis;
A Exterioridade rompendo fronteiras;
O processo intricado: conflito,
interconexão e mudança.
Buscar novas fronteiras ciente das
incertezas, dos conflitos, das
necessidades de confrontos com
novos ângulos similares e
opostos; para ver os vazios, as
incongruências, e os erros, e
assim trazer novas alternativas.
Tabela 25 – Síntese dos Princípios Epistemológicos para Cartografia Investigativa
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...283
Estes princípios permitiram a análise de etapas importantes da investigação, inclusive
observar a contribuição da Cartografia Investigativa na pesquisa.
Tabela 26 Análise de mapas investigativos aplicados à investigação
Etapas
Évolon
Etapas da
pesquisa
Ações importantes baseadas nos princípios
teóricos para construção de mapas
Contribuições do Mapas
Investigativos
Ruptura Problematização identificar os conflitos, as crises e angústias;
• desvelar o sentido de conhecer, ser e viver;
• mapear as relações do mundo do
pesquisador com teorias já construídas;
• desvelar o sentido da pesquisa e seu
significado para o pesquisador;
• confrontar, questionar, e deduzir – induzir.
“Arrumei minha cabeça, posso dizer
que saí da DISPERSÃO. Consegui
fazer o anteprojeto, situar-me
melhor, levantar conceitos e chegar
ao foco do estudo”
Fase latente Organização de
Referências
• integrar as múltiplas perspectivas, aspectos
objetivos e subjetivos; e
• considerar o inacabamento como busca;
• identificar partes ausentes ou
indeterminadas;
• estruturar o corpus de investigação
analisando e sintetizando o processo.
“Na revisão bibliográfica o
mapeamento da informação torna-
se essencial para facilitar a seleção
de material relevante através de
processos de construção e
desconstrução de caminhos.”
Fase de
expansão
Conceituação
• perceber os avanços, conquistas,
dificuldades e limitações;
• ampliar o olhar do ponto de vista do viajante
à medida que se constrói a investigação;
• perceber a totalidade do que foi mapeado;
• construindo e atualizando as visões globais
da pesquisa confrontando as partes e o todo.
“Durante a construção do mapa
verifiquei que alguns conceitos que
eu julgava e ainda julgo
importantes não foram
contemplados nos eixos de ligação
com o conceito principal, o mapa
aguça o potencial criativo de quem
o esta’ usando”
Refletir na
transição
União da teoria e
prática
• organizar a diversidade existente,
• procurando contemplar as diferenças,
• particularidades, e especificidades;
• identificar relações: causais, recursivas, e
retroativas;
• prefigurar – configurar – reconfigurar;
• entrelaçar teoria e prática.
“Em meu lar contagiei meus
familiares.” ... “As estratégias,
sobretudo, direcionadas ao ensino-
aprendizagem constatei várias:
organizar e selecionar nossas
atividades docentes em oficinas,
aulas etc. e, ainda, para esboçar
projetos de pesquisa... etc.”.
Maturação Análise da Leitura
à Escrita
• Criar circunstâncias favoráveis para as
emergências;
• Explicar para compreender;
• formular hipóteses, através de analogias;
• propor sentido para as partes do texto;
• interpretar, vários caminhos para que a
formulação de hipóteses tenha profundidade
e amplo alcance;
• caminhar através da práxis para construção
de sentido e significado.
Em contato com esse “resumo,
lendo-o, sempre me ocorria a
pergunta: “O que a frase diz?
Parece-me que para lidar com
qualquer que seja o conceito a
ser adquirido é necessário
mapear - ter estratégias,
perseverança e organização que
possam nos ajudar a atingir os
objetivos e compreendê-lo.
Clímax Sistematização e
argumentação
• Fazer uso da Criatividade;
• Compreender para explicar;
• considerar o mundo que fica atrás do texto
e do mapa e o seu mundo como intérprete;
• identificar o sentido e objetivo do texto e as
intenções subjetivas e a visão do autor;
• considerar horizontes exteriores ao mapa.
“Hoje apoiado nos instrumentos de
Cartografia podemos ter uma
ajuda nesse processo criativo. Vou
rever as questões e em paralelo
olhar os argumentos como estão
representados no mapa que
oferece uma visão sistêmica que
antes não tinha.”
Nova
instabilidade
Auto-organização
do processo
• Perceber as mudanças;
• Auto-organizar pensamento, conhecimento,
e aprendizagem... ;
• Considerar o processo intricado;
• Articular a ‘teoria e prática’ na prática;
• Rever todo o processo: questionamentos,
estruturação, confrontos e integrações.
“Confesso que fiz umas 8 vezes
esse mapa nos últimos dois dias.
Isto porque enxergava várias
possibilidades de ligação a cada vez
que refazia, ou seja, tanto os
principais conceitos podiam ser
conectados a vários pensadores,
como o processo inverso também
se aplicava. Era uma verdadeira
auto-estrada de mão dupla. Senti-
me o perfeito surfista virtual em
ondas que iam e vinham.”
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...284
6.2LIMITAÇÕES DESTE ESTUDO
Os resultados observados nesses 3 anos de teoria discutida e prática realizada com
pesquisadores acadêmicos é muito positivo. Entretanto, esta investigação tem limitações a
serem consideradas.
O referencial teórico da Cartografia Investigativa abordado pode ser ampliado. Neste
estudo, selecionamos os pressupostos relacionados com as questões apontadas pelos
pesquisadores durante estes 3 anos de pesquisa. Certamente, novos contextos e circunstâncias
apontarão a necessidade de mapear novos referenciais.
Esses princípios epistemológicos também podem ser aprofundados. Neste trabalho,
apresentamos sínteses conceituais como suporte para as reflexões do mapeamento
investigativo. O foco aqui proposto centrou-se na prática fundamentada pela teoria, e não
especificamente no aprofundamento teórico. A intenção nos trabalhos futuros é aprofundar
mais as etapas separadamente com a produção de artigos científicos, e então, será possível
discutir cada princípio com estudo conceitual mais profundo.
Sobre a aplicação da Cartografia Investigativa, como foi mencionado no início do
trabalho, oferece um grande potencial para construção de conhecimentos não apenas na
pesquisa acadêmica, mas também para o ensino e aprendizagem. Os exemplos aqui trazidos
concentram-se no Ensino Superior na Pós-graduação. Eles retratam projetos de mestrado,
doutorado, prática docente de orientadores, estudos, argumentação e escrita de artigos
científicos e projetos de pesquisa. No entanto, os mapas investigativos podem ser aplicados
também em outros contextos, incluindo pesquisa e aprendizagem no Ensino Básico,
Fundamental e Médio – como foi mencionado no início deste trabalho, porém não analisados.
Na continuidade desta pesquisa pretendemos também aprofundar o estudo dos mapas
investigativos na aprendizagem com a produção de um livro internacional organizado
coletivamente, cujo projeto se iniciou em 2005 (“Knowledge Cartography enhancing
learning through Conceptual Maps organizado por Okada, Buckingham Shum e Sherborne
http://www.kmi.open.ac.uk/projects/kc-book/)
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...285
Aspectos críticos da Cartografia Investigativa destacados pelos pesquisadores
1. O uso puro do software, desconsiderando os princípios aqui levantados, pode
resultar num mapeamento mecânico, limitado e sem nenhuma contribuição para a pesquisa.
Conforme destacado pelo pesquisador: “Não acredito que os mapas promovam aprendizagem
significativa, necessariamente. A construção de mapas conceituais pode ser, tão somente, um
procedimento mecânico-organizativo, de aprendizagem receptiva e memorística, onde
qualquer um conecta conceitos e informações já preestabelecidas (Felipe, 2005)
A discussão crítica do uso da cartografia limites e possibilidades deve estar
fundamentada nos princípios e nos conceitos aqui abordados. Para usufruir o potencial da
Cartografia Investigativa é essencial considerar os mapas investigativos como interfaces
epistemológicas comunicacionais. Nesse sentido, o pesquisador deve considerar algumas
tríades que facilitam seu processo de pesquisa: refletir-mapear-agir, o ler-mapear-escrever,
analisar–mapear–sintetizar. Estes ciclos recursivos, também facilitam uma outra tríade:
abstrair-mapear-concretizar. O mapeamento também como interface entre conhecimentos
prévios e novos torna-se uma ação importante na aprendizagem significativa. Com isso, os
mapas são inseridos como interfaces importantes no processo de estruturação dos
conceitos, ao invés de serem vistos “subjacentes à sua construção”. Mapear o que
realmente não domino ou conheço não “será meramente um esforço mecânico.
2. O perigo de reduzir conceitos em palavras e perder o significado. Bem lembrado pelo
pesquisador: A sugestão de redução dos fatos/fenômenos e relações em um número mínimo
de palavras (seja nas caixinhas ou nas ligações) pode induzir a simplificação dos mesmos.
Outras críticas podem ser incorporadas, no entanto, não invalidam o seu uso. Eu gostaria de
escrever um paper mostrando minha experiência no uso dessa ferramenta e, se possível,
incorporar no livro que está sendo organizado pelo curso.” (Mário, 2005)
Os mapas, pela própria definição, são versões bem reduzidas do contexto explorado. A
redução é necessária como uma conseqüência natural da seleção daquilo que é significativo e
prioritário. No entanto, é essencial que a representação faça sentido para o cartógrafo, e para
isso, as relações são fundamentais. O pensamento dialético, a visão (eco)sistêmica, e a
percepção hermenêutica são essenciais para reduzir sem simplificar, mapear sem perder
sentido.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...286
3. A tecnologia pode ajudar no sentido de oferecer recursos para seleções, descrição das
conexões, agrupamentos, etc. No entanto, não se pode fazer um uso automático destes
recursos. O pesquisador alerta: Como qualquer outra ferramenta de suporte a pesquisa,
(software cartográfico) tem seus pros e contra. Como exemplo favorável ele ajuda na
organização dos dados, na visualização da relação entre fatos, objetos, dados, etc. No
entanto, deve-se ter cuidado no seu uso. Ele pode facilmente sugerir relações hierárquicas
entre fatos/objetos/dados/fenômenos ou ainda sugerir relações de causa/efeito”.
Realmente as relações devem ser revistas e passar pelo crivo crítico do pesquisador.
Como foi discutido, analisado e comentado pelos pesquisadores, o pensamento configura o
mapa e este reconfigura o pensamento. Se o mapeamento se prender exclusivamente nos
recursos oferecidos pelo software com certeza acabará limitando o pensamento.
4. O mapeamento com o pensamento crítico é essencial para pesquisas de referenciais na
Internet. Como adverte o pesquisador: Nestor: Interessante ferramenta para quem prioriza
a pesquisa na Internet. Pessoalmente eu tenho minhas criticas nesse tipo de pesquisa, uma
vez que muito material disponível na internet não passa de informações sem respaldo teórico,
analítico e empírico. O material com maior rigor científico se encontra nos banco de dados e
nas revistas científicas. (...) “Trata-se, também, de um software que pode induzir a perigosa
apropriação do conhecimento gerado por outrem por aquele que está pesquisando e usando
o recurso do ‘cortar e colar”.
A visão crítica para seleção de referências é crucial para pesquisa. Concordamos com o
pesquisador que a probabilidade de encontrar textos mais interessantes em fontes acadêmicas
principalmente ( intranets ) é maior do que em servidores públicos da Internet onde
qualquer um pode publicar textos. No entanto, para encontrar bons textos não
necessariamente devemos buscá-los em bancos de dados científicos. Na web, existem muitos
artigos disponíveis em bibliotecas nacionais e internacionais, sites de conferências,
universidades, etc. O pensamento crítico é fundamental para selecionar os materiais
disponíveis que são importantes e legitimá-los no contexto de investigação com
fundamentação consistente.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...287
6.3-NOVOS HORIZONTES
Este trabalho de investigação não tem um encerramento, uma conclusão final. É apenas um
ponto de partida para encontrar caminhos que apontem para melhor utilização da habilidade
humana em mapear novos horizontes em prol não especificamente da humanidade, mas de um
compromisso com o processo de “humanização”.
Neste sentido, enfatizamos novamente que a Educação tem um papel prioritário não
para abrir novas trilhas como também, possibilitar sujeitos historicamente capazes de
decidir, optar e caminhar por conta própria, não especificamente em trajetórias
individuais, mas também, coletivas. Sujeitos (indivíduos e grupos) que encontrem não
estes caminhos, mas deixem emergir novas formas de caminhar.
É preciso romper a fronteiras e possibilitar aberturas para que novas alternativas
apareçam dos próprios sujeitos do conhecimento. A democratização não está na tecnologia
em si, mas naatitude humana ao mapear para que, para quem, como e porquê.
Portanto, é imprescindível buscar e propiciar um olhar consciente e crítico sobre a rede em
seus aspectos positivos (construção) e negativos (controle hegemônico), possibilitando
desconstruções e novas reconstruções não lineares, em sua tessitura político-participativa.
” (Okada, 2002)
Neste contexto, gostaria de destacar alguns projetos com a Cartografia Investigativa na qual
neste último ano de pesquisa na Inglaterra tive oportunidade de ter contato:
Memetic - (Meeting
Memory Technology
Informing
Collaboration)
Mapeamento de
Discussões para
registro histórico
(memória) e
colaboração
Responsável: Open
Univesity - KMi
Simon Buckingham
Shum
Com a Internet, os encontros
virtuais e diálogos entre
pesquisadores localizados em
diversas partes do mundo têm
aumentado. Vários recursos
(gratuitos) podem facilitar as
discussões e potencializar a
construção de conhecimentos.
Neste projeto é utilizado o
Flashmeeting (webconferência) e o
Compêndium (para mapear
argumentos durante as reuniões).
As reuniões são gravadas, e o
mapa além de sistematizar o
debate permite localizar as
falas,categorizar informação e
reorganizar o conhecimento .
Projeto
Responsável
Mapeamento de estudos do
Planeta Marte. Discussão entre
cientistas da Nasa localizados em
diversos locais dos EUA e
Inglaterra. Geólogos, astrônomos,
físicos e biólogos e tecnólogos
discutem e mapeiam diversos
aspectos: elaboração de categorias
de estudo, análise de evidências
baseado em interpretação de
imagens, hipóteses,
argumentação, e possíveis
conclusões. Baseado nos mapas é
preparado, artigo e relatório sobre
o estudo.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...288
Debate Argumentativo
Sobre a Guerra do
Iraque
OU – Kmi e Global
Argument Community
Simon Buckingham
Shum e Alexandra
Okada
Mapeamento de diversos
documentos sobre a Guerra do
Iraque – fontes diversas, textos de
jornalistas, sociólogos, políticos,
filósofos, historiadores e
professores acadêmicos.
Visão Multidisciplinar da guerra,
através dos mapas. Confronto de
diversas posições a favor e contra
a guerra. Várias categorias foram
organizadas para mapear este
debate como, por exemplo, Armas
de destruição de Massa,
Terrorismo, Segurança, Violência,
Poder, Desarmamento, Ocupação,
Reconstrução, ONU, Prevenção,
Legitimidade, Liberdade,...
HIV/AIDS Education in
the World of Work
ILOAIDS
Interactive Learning
Event, South Africa,
Oct. 2005
Open Univesity – Kmi
and ILOAids
Simon Buckingham
Shum
Mapeamento de Conhecimentos
construídos nas discussões e
apresentações sobre estratégias na
prevenção e educação sobre
HIV/AIDS.
Neste evento várias questões,
argumentos e referências foram
discutidos e mapeados
coletivamente. Os mapas neste
encontro tiveram objetivo não só
de sistematizar o debate como de
orientar e focar a discussão.
Evento – Aprendizagem Interativa
África do Sul – 2005
Mapeamento do
currículo para
Aprendizagem
Contemporânea de
Ciências
Tony Sherborne
Sheffield Hallan
University
The centre for Science
Education
Organização do conteúdo curricular
de ciências através de mapas
investigativos, trazendo tópicos
atuais da ciência contemporânea e
questões iniciais para abrir debate
mais significativo entre alunos,
professores e pesquisadores.
Os mapas permitem integrar
diversas áreas que podem servir
como referências para responder
os problemas escolhidos na aula.
Os mapas permitem visualizar a
integração de diferentes áreas e
servirem de apoio para
organização das aulas. Os
professores podem alterar esses
mapas de acordo com os seus
contextos particulares, ritmo da
aula, interesses dos alunos. E,
além disso, ter uma visão global
dos temas trabalhados na sala de
aula.
Os alunos podem também partir
desses mapas para estudos mais
específicos, como ponto de partida
para pesquisar mais referências
sobre o assunto. Para buscar
notícias e curiosidades. Para fazer
comentários pessoais e
compartilhar com o professor e os
colegas.
Os mapas permitem integrar
diversas mídias, textos, gráficos,
vídeos, fotos, apresentações em
power point, flash, etc.
Tabela 27 Novos horizontes para Cartografia Investigativa
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...289
Sobre o curso Uso de Software na Pesquisa Qualitativa, observamos que muitos
pesquisadores não apenas utilizaram o mapeamento em suas pesquisas, como também
aplicaram as técnicas de mapeamento com os sujeitos envolvidos em seus estudos.
Mesmo após o término de suas dissertações e teses, alguns pesquisadores continuam
envolvidos com a cartografia produzindo novos materiais e realizando novos mapeamentos
em diversas áreas e com públicos diversificados. Alguns professores continuam a investigar
este tema, produzindo artigos sobre o assunto e organizando cursos para os seus alunos e
também para a formação de professores.
A intenção é reunir estes estudos dos pesquisadores numa publicação (“Uso de software
na Pesquisa Acadêmica - organizado por Okada A., Okada S., Santos,E e Almeida, F.),
apresentando as diversas possibilidades da Cartografia Investigativa. Pretendemos incluir as
técnicas e softwares; os processos e os resultados obtidos; os desafios e as dificuldades em
diferentes contextos.
Os mapas não têm um começo e nem uma conclusão.
Mapas estão sempre em processo de construção.
Reconstruindo ou desconstruindo suas referências”.
Referências pessoais ou científicas,
teóricas ou empíricas,
individuais ou coletivas,
argumentativas ou contra-argumentativas.
Mapas e sub-mapas em múltiplas dimensões recursivas.
Os mapas como interfaces,
que relacionam diferentes elementos,
construindo e representando conhecimento
facilitando a comunicação
Têm também as suas próprias contrafaces.
Contêm ocultos intenções, movimentos
que envolvem muitas perspectivas, sem revelar
o como, e o porquê, o para quem, o para quê.
É imprescindível sim, mapear novos horizontes.
Ser o próprio autor, o cartógrafo investigador!
Mas, com uma visão ampla, diversificada,
profunda, flexível, significativa e social.
hermenêutica, dialética e sistêmica.
É preciso detectar o cenário,
definir o espectro e a escala,
determinar o ângulo, o foco e a distância...
Há muito que ser feito!
A autora
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...290
ALGUNS TERMOS UTILIZADOS NESTE TRABALHO
Autonomia. Do grego autonomia é um termo que vem adquirindo outra concepção,
principalmente agora com o pensamento pós-moderno. A definição tradicional,
encontrada no dicionário, apresenta como faculdade de governar a si mesmo através
da independência em seus diversos aspectos (moral, intelectual, financeiro)’. Muitos
autores (Maturana e Varela, Morin, Freire, Demo e outros) revelam que autonomia não
está relacionada com a capacidade de separar-se, estar só, isolar-se e ser
independente, mas o contrário. É estar ciente de que o meio (sujeitos e objetos) é
necessário para se completar, se atualizar e assim buscar horizontes próprios. Isto
implica na capacidade para dialogar, negociar, entrar em consenso. Desta forma,
autonomia implica uma relação de interdependência.
Clareza. Qualidade do que é inteligível, do que se percebe bem. Alguns sinônimos seriam
limpidez, transparência, bom timbre. Segundo Williams (1990:17) na pesquisa
acadêmica, clareza significa ser conciso. Qualidade de quem consegue expor as idéias
em poucas palavras. Alguns sinônimos: breve, lacônico, resumido, sucinto, preciso. A
clareza é fundamental nos mapas, no sentido de representar o que é relevante
sucintamente, procurando estruturas mais simples, mas significativas. Alguns verbetes
que se referem à clareza na comunicação falar pouco, mas dizer muito ou
representar muito com poucas palavras.
Coerência. significa estado ou qualidade da ligação. Refere-se à harmonia, conexão ou
nexo entre os fatos, ou as idéias. Mancini (2005:25) indica que coerência na
perspectiva cognitiva refere-se ao conjunto de relações que facilitam a representação
do modelo mental de modo consistente. No processo de mapeamento a coerência é
essencial. Um mapa coerente para pesquisador é aquele que representa seu modelo
mental de tal modo que possa ser interpretado. Na contra-face, mapas incoerentes são
mapas difíceis de serem lidos, cujas relações não apresentam nexo. São
inconsistentes, não fazem sentido para o pesquisador, difíceis de serem interpretadas.
Coesão. Força pela qual as partículas ou moléculas dos corpos se ligam mutuamente.
Refere-se à associação ou ligação. Na pesquisa acadêmica Mancini (2005:25) destaca
que coesão é uma das propriedades das relações conceituais, através das quais os
significados dos conceitos o apreendidos. Desse modo, quanto mais coesa for uma
conceituação, mais fácil será compreender seu significado. Na elaboração de mapas, a
coesão é importante no sentido de facilitar a identificação dos conceitos através da
coesão das suas relações.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...291
Complexidade. Propriedade que se refere ao complexo e, que não implica em
complicações... Segundo Gladweel, o complexo pode vir do simples e o simples do
complexo. Andrei Kolmorov, pesquisador matemático apresentou a complexidade
como aquilo que não é trivial, porém ao mesmo tempo simples... A complexidade – KC
mediria a possibilidade mais curta para representar o objeto... Quanto mais curta
descrição, mais complexa... Morin apresenta complexidade do latim complexú como “o
que é tecido junto”. E assim, define como a união entre a unidade e a multiplicidade.
Desta forma, esclarece que complexidade quando elementos diferentes são
inseparáveis constitutivos do todo como um tecido interdependente, interativo, inter-
retroativo (as partes e o todo, o todo e as partes, as partes entre si).
Conhecimento-Emancipação. (ou conhecimento emancipatório).Termo apresentado por
Boaventura de Sousa Santos para fazer referência ao conhecimento pós-moderno.
Segundo o autor (2000:29) uma das fraquezas da teoria crítica moderna foi não ter
reconhecido que a razão que critica, o pode ser a mesma que pensa, constrói e legitima
aquilo que é criticável. Não conhecimento em geral, tal qual o ignorância em geral.
Todo ato de conhecimento é uma trajetória de um ponto A que chamamos ignorância para um
ponto B que chamamos conhecimento. Com isto, o autor destaca duas concepções:
o conhecimento-regulação (a predominante na ciência moderna) no qual o ponto de
ignorância é o caos e o ponto de saber é a ordem e, o conhecimento emancipação
cujo ponto de ignorância é o colonialismo e o ponto de saber é a solidariedade.
O autor também esclarece que o colonialismo é a concepção do outro como objeto e
conseqüentemente o não-reconhecimento do outro como sujeito. Neste sentido, define
que solidariedade é realmente o contrário, ou seja, reconhecer o outro realmente como
sujeito.
Conhecimento Explícito. Termo originado no trabalho de Polanyi (1966) utilizado como
referência ao conhecimento que pode ser expresso em linguagem formal e sistemática
e assim, transmitido sem dificuldades.
Conhecimento Tácito. Também com origens nos estudos de Polanyi (1966), é um termo
que significa o conhecimento pessoal, específico ao contexto e assim, difícil de ser
formulado e comunicado.
Cooperação. Do latim cooperatione significa operar, colaborar, trabalhar em benefício
comum, em conjunto, equipe. Resultado de ações sinérgicas, operações efetuadas em
comum ou em correspondência que proporcionam resultados maiores do que a soma
entre as partes, pois propõe formatos novos.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...292
Design. Concepção de um modelo, de um planejamento, desenho de uma produção,
programação visual. É um termo que tem sua origem no inglês ( de + sign ) dar
sentido, dar significado. Um signo se constitui como um signo pelo fato de ser
compreendido e entendido como tal (segundo Peirce (1995:74) é qualquer coisa que
conduz alguma coisa a referir-se a um objeto ao qual ela mesma se refere”). É um
elemento significante por conter uma representação, ser possível de interpretação.
Desta forma design seria um processo onde protótipos, modelos são desenvolvidos
com intuito de atingir a sua essência visando eliminar as suas inconsistências em
relação à sua interpretação.
Dialética. Do latim dialecticu do grego dialektikós é um termo abordado por diversos autores
(Platão, Aristóteles, Hegel, Marx e outros) e tem vários significados. Dentre eles, é
muito utilizado para referir a “arte do diálogo” ou “da discussão”, ou por força de
argumentação, ou no emprego de sutilezas. É um processo racional que procede pela
união incessante de contrários tese e antítese visando à busca do real, do
verdadeiro. Um diálogo, no qual os interlocutores defendem seus pensamentos
buscando livrar-se das crenças. As idéias são refinadas através dos argumentos e do
abandono das opiniões contraditórias. Assim, encontrar-se-ia a essência. Demo
(2002:71) define como um processo sempre à procura de nome próprio, porque ao
procurá-lo, pode fugir dele. Uma vez definido, constitui-se paradigma fixo, algo tipicamente
não dialético. Todo texto dialético tem por desafio interpretar a realidade contraditória sem ser
contraditório. A dialética, mais que outras metodologias, exige discurso acurado, sistemático,
formal, mas sabe que não passa de estratagema, cerco seletivo, estereotipada, aproximativo.
Dinâmica Não-linear. Termo apresentado nos estudos de Demo (2002) refere-se a uma
postura epistemológica capaz de interpretar a realidade e compreender a sua
complexidade, de buscar o que está na contraface, não com argumentos conclusivos,
pois negam em si mesmos o que pretendiam argumentar, quando declaram que já o é mais
o caso argumentar”; mas sim, com o reconhecimento das incertezas na sua captação,
em sentido ambíguo e ambivalente decorrentes do confronto, do questionamento e da
reflexão, que apontam para novas alternativas. Desta forma, o autor ressalta que
A complexidade não linear pulsa relação própria entre o todo e as partes, feita ao mesmo
tempo de relativa autonomia e profunda dependência. (...) Nenhum todo complexo é soma. É
sobretudo trama, rizoma, teia. (...) A não linearidade implica equilíbrio em desequilíbrio, já que a
segurança de algo fechado coincide com sua morte. Para continuar existindo, é mister mudar,
não apenas mudar linearmente, de modo tranqüilo, previsível, controlável, mas criativo,
surpreendente, arriscado. No todo complexo convivem estruturas e dinâmicas desencontradas,
como é, por exemplo, o processo de amadurecimento e envelhecimento, de funcionamento e
fadiga, de vigência e passagem.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...293
Educação bancária. Concepção apresentada por Freire (1987) para descrever o processo
de ensino baseado na dicotomia inexistente homem-mundo, no qual educandos são
sujeitos passivos, “depósitos” de conteúdos, seres simplesmente no mundo, alienados,
capazes apenas de guardar informações e arquivá-las. os educadores são sujeitos
“depositantes”, alienadores, os detentores da autoridade e do saber.
Ética. Do latim ethica, derivado do grego éthiké é um termo muito associado à conduta
humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, relativamente a
sociedade ou ao todo (mundo, universo). Este conceito é muito bem apresentado por
Dussel (2000) que concebe a ética na problemática da modernidade dentro do
sistema-mundo e da globalização, aprofundando seu significado ao analisar,
desconstruir e reconstruir os conteúdos históricos das eticidades, afastando da
tradicional interpretação meramente helenocêntrica ou eurocêntrica, buscando assim,
panoramas mais amplos de mundialidade. Neste sentido o autor define ética como um
princípio universal vinculado à afirmação da vida. A vida humana (em seu nível físico-
biológico, histórico-cultural, ético-estético, místico-espiritual num âmbito comunitário) é
o conteúdo da ética. Assim, o autor destaca este princípio como meio fundamental
para produzir, reproduzir e desenvolver a vida humana concreta de cada sujeito ético
em comunidade. A partir do ser-vivente do sujeito humano pode-se fundamentar a exigência
do dever-ser da própria vida, (...) eis aqui a necessidade da ética! Se a humanidade perdesse
esta consciência e parece que es perdendo, como se pode verificar diante da
insensibilidade, diante do assassinato do Outro, da miséria da maioria de seus membros
poderia precipitar-se num suicídio coletivo. O viver transforma-se assim de um critério de
verdade prática numa exigência ética: no dever-viver.”
Estética. Do grego aisthetikós é um conceito associado ao que se pode perceber ou sentir
distinguindo o que é belo. Desta forma, este termo é definido como um estudo das
condições e dos efeitos da criação artística quanto a sua conceitualização, diversidade
de emoções e sentimentos suscitados no ser humano. A estética é um caminho
desencadeador de um fenômeno de contágio. Neste sentido, Oliveira (1997:158)
exemplifica com estética visual uma transmissão que se processa intersomaticamente,
exige a investigação do que na organização discursiva pictórica faz com que a ordem visual de
um sujeito convoque as demais ordens sensoriais para que, pela ação conjunta delas, o sujeito
a experiencie sensivelmente”. Sobre o contágio, Landowiski (1997:274) define como um
processo que se através da estética. Onde uma determinada configuração
virtualmente atuante é apresentada ao sujeito e passa a fazer parte de seu campo
sensitivo. Neste primeiro momento, é o observado que sua forma ao observador,
oferecendo-lhe sua própria configuração. A partir daí, que o sujeito descobrirá se
consegue projetar-se, deslizar-se envolver-se, ou seja, se é capaz de deixar-se
contagiar.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...294
Hemenêutica. Do latim hermeneia, do grego hermeios, termo de origem relacionada com o
deus mensageiro Hermes, significa arte de interpretar, compreender, explicar, traduzir
o sentido das palavras (não isoladas, mas entrelaçadas no seu todo, nas
circunstâncias em que foram utilizadas). É uma propriedade especificamente do ser
humano que o possibilita entender o significado das mensagens, a sua essência. A
hermenêutica é considerada também como ciência que tem o objetivo de buscar o
sentido dos signos, compreendê-los e explicá-los no contexto no qual foi criado e pode
ser utilizado. Neste sentido, muitos filósofos (Wolf, Ast, Dilthey, Heidegger)
desenvolveram diversos estudos nos quais destacam alguns elementos importantes
para explicitar melhor este conceito. Por exemplo, compreender e explicar o dito ou o
escrito sob o ponto de vista do autor, entender e saber expressar o cenário sócio
cultural e histórico envolvido na mensagem, interpretação compartilhada entrelaçada
com o contexto, expressão das realidades internas tecidas com as externas....
Holística. Do grego holikós refere-se ao estudo do Universo como unidades em totalidades
organizadas. A holística parte do conceito de holon (do radical grego holos significa
unidade, todo e, do sufixo grego on, parte de). Um holon é portanto, tudo aquilo que é
uma unidade em si mesmo e, ao mesmo tempo, parte de um todo maior. A teoria dos
holons propõe o conceito de que tudo está estruturado numa hierarquia, sendo cada
elemento dessa hierarquia um holon.
Instrucionismo. Termo muito utilizado na educação formal como um método de ensino no
qual conhecimento é sinônimo de instrução, algo que pode ser adquirido, transmitido e
armazenado. O conteúdo é apresentado em série, seqüencialmente e pode ser
codificado e introduzido nos computadores, nas pessoas, sejam indivíduos ou grandes
grupos. Neste sentido, ensinar tem alguns sinônimos muito utilizados como treinar,
adestrar. Demo (2002:52) destaca que o instrucionismo trata a aprendizagem como
fenômeno linear: de cima para baixo, de fora para dentro, em contexto autoritário da obediência
weberiana. Daí, surge o conceito completamente equivocado de transmissão de conhecimento
e mesmo de aquisição de conhecimento. (...) O instrucionismo não é estratégia de
aprendizagem porque apaga o sujeito. Sendo tática linear, atrapalha sobremaneira a dinâmica
não linear ambivalente da aprendizagem .
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...295
Interatividade. É um conceito que vem de interação (da Física ação mútua entre duas
partículas ou dois corpos”) e é utilizado por várias áreas das ciências humanas, exatas
e biológicas. Segundo Silva (2000:105) este termo bastante utilizado na informática,
‘interação’ ganhou conotação de ‘interatividade’ (embora muitas vezes aplicado de
forma inconsistente). Desta forma, o autor destaca interatividade como comunicação
na perspectiva da complexidade, da dinâmica espiralada, do imprevisível, do
indefinidamente aberto, da multiplicidade de predisposições e da criação comum aos
participantes.”(2000:104). Fundamentado em três pilares: participação-intervenção,
bidirecionalidade-hibridação e permutabilidade-potencialidade, o autor enfatiza que
para existir interatividade os emissores e receptores devem participar e intervir no
processo através da criação e reconstrução das mensagens (co-autoria), com opção
para selecionar, combinar, permutar estas informações e produzir outras narrativas
possíveis na sua potencialidade (uso da tecnologia). Demo(2002,57) adverte e
sublinha que a marca interativa o está na máquina como tal, mas no usuário que pode comunicar-
se melhor com o auxílio dela. (...) A tecnologias disponibilizaram novas oportunidades de relação
conversacional, mas isto não as torna propriamente conversacionais. Nenhum software conversa
propriamente com seu usuário, como se existisse entre ambos ambiente hermenêutico interpretativo.
Intersubjetivo. Termo muito utilizado na concepção sócio-interacionista para designar a
relação entre sujeitos. Intersubjetivo seria a interação que ocorre entre os indivíduos.
Esta concepção é abordada por muitos autores (Vygotsky, Kaptelinin e Nardi)
Intrasubjetivo. Termo utilizado para expressar a relação do sujeito com ele próprio,
representando as próprias interações que ocorrem internas (dentro do indivíduo). É um
termo abordado na teoria da atividade muito associado ao processo de internalização,
ou seja, a capacidade do sujeito de após praticar uma ação, interiorizá-la, e assim,
imaginá-la, levantar hipóteses, pensar, refletir.
Mediação É um termo utilizado na área de Educação para expressar o papel do professor
no processo de ensino-aprendizagem no contexto atual. Este conceito tem origem em
dois vocábulos: ‘mediação’ (do latim mediatione) ato ou efeito de mediar uma ação,
tem a conotação de intervenção, intercessão, intermédio visando buscar um acordo; e
‘pedagogia’ (do grego paidagogía) conduzir para o caminho do aprendizado. Masetto
(2000) apresenta este significado como atitude, comportamento do professor que se
coloca como facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem. Os
pesquisadores deste universo de investigação selecionando pensamentos de Freire,
Piaget, Vygotsky, Maturana e Varela destacam mediação pedagógica como uma
postura essencial, um momento histórico socialmente determinado no qual todos os
sujeitos são mediadores uns dos outros (mediados pelo próprio mundo)” que se
através da dialogicidade, co-construção onde todos contribuem para o
desenvolvimento individual e coletivo (suas autopoiésis)” na sua “inteireza ( onde o ser
humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico)”
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...296
Método Abdutivo. Processo na qual parte-se das partes, dos fragmentos, indícios,
evidências, hipóteses para se extrair uma inferência na investigação da solução de um
problema. O ponto de origem é um contexto específico e a conclusão sistematiza
através de inferências também específicas daquele contexto.
Método Dedutivo. São procedimentos que partem da dedução. A dedução parte de uma
premissa já conhecida (por intuição ou raciocínio) e se apresenta como um princípio
para todas as partes subordinadas que serão demonstradas a partir dela. São
procedimentos que vão do geral ao particular, do universal ao individual.
Método Indutivo. A indução realiza um caminho oposto, partimos dos casos particulares
para construir uma premissa geral. São procedimentos que vão do particular ao geral,
do individual ao coletivo.
Paradigma. Do latim paradigma, do grego parádeigma significa modelo, padrão. Alguns
autores esclarecem melhor o conceito. Conforme Moraes (1997:31) baseado em
Kuhn(1962) significa constelação de crença, valores, e técnicas partilhada pelos membros
de uma comunidade científica. Para Morin(1996) certo número de relações lógicas, bem
precisas, entre conceitos, noções básicas que governam todo discurso”. Segundo o autor
trata-se de , tipo de relação muito forte, que pode ser conjunção ou disjunção, que possui
uma natureza lógica entre um conjunto de conceitos-mestres, no qual esse tipo de relação
dominadora determinaria o curso de todas as teorias“. Moraes (1997:31) destaca a
importância deste conceito “com base em um enfoque relacional, em que conceitos e teorias
soberanos convivem com teorias rivais, (...) que além de crescer em extensão, também se
modifica, transforma-se mediante rupturas que ocorrem na passagem de uma teoria à outra”.
Tessitura Reconstrutiva Política. Conceito apresentado por Demo(2002) para expressar o
caráter não linear da aprendizagem no qual cada indivíduo é considerado como igual (
ser humano ) e ao mesmo tempo diferente (ser humano com personalidade e essência
própria, singular). Desta forma, o autor enfatiza como um processo que leva em conta
a extrema diversidade em sentido geral e particular com duas características.
Reconstrutiva está na inovação própria quando, de uma base dada, é possível ir muito
além dela, agregando visão pessoal e assim, contribuição para o todo. Entretanto, não
se trata de repor, reorganizar, rearrumar, mas romper as fronteiras, desbordar os
limites do dado”, arrumar de outra forma, mais criativa e surpreendente. Política
porque concebe e prepara o sujeito para Ser ― capaz de história própria, de se fazer
oportunidade, de receber e perceber as influências; e, sobretudo de superá-las. E
assim, ser capaz de pensar, argumentar, fundamentar com mão própria.
Visualização de Informações. É um campo da Ciência da Computação e Ciências
Cognitivas que estuda as representações interativas visuais. Esta área de estudos visa
buscar novas estratégias para pesquisa. Para isso, investigam-se técnicas de extração
de informação, métodos para representações gráficas e interação humano-
computador.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...297
ALGUNS TERMOS UTILIZADOS EM MAPEAMENTO
Articulação. Ligação que permite sustentação e flexibilidade. Na Ciências Biológicas
significa junta entre dois ossos ou cartilagens, no esqueleto de um vertebrado, que não
permite movimento quando os ossos são unidos diretamente. Porém, permite leve
movimento quando são unidos por uma substância intermediária, e movimento mais ou
menos livre quando as superfícies articulares são cobertas de uma cartilagem lisa e
circundadas por uma cápsula fibrosa revestida de uma membrana sinovial. Refere-se
também a ligação entre peças móveis de aparelho ou máquina. vários tipos de
articulação, cada um permitindo certa espécie de movimento a essas peças; junta. Na
Lingüística refere-se à pronúncia das palavras. Na Fonoaudiologia significa produção
dos sons pelo aparelho fonador. No direito, refere-se à exposição de fatos ou
alegações, dividida em parágrafos numerados.
Associação. Refere-se à interação que leva a uma união. Pode indicar uma organização de
elementos, sujeitos ou instituições com interesses comuns. Ou então, propriedade
dos elementos que permitem uma identificação ou comparação mútua. Pode
significar também a ligação entre idéias de tal modo que umas sugerem as outras. Ou
de palavras nas quais os vocábulos se conectam uns aos outros. Bunge(2003, 27)
define como combinação, encadeamento, justaposição ou agregação de elementos
que podem ser similares ou opostos. Na cartografia este termo é utilizado tanto como
sinônimo de ligação entre dois elementos ou como uma organização de componentes
mapeados
Conexão. Ligação de uma coisa com outra, união de peças, partes, elementos,
componentes, mecanismos, dispositivos ou condutores. A conexão pode gerar uma
dependência, um nexo ou uma analogia entre coisas diversas. Neste trabalho usamos
conexão como sinônimo de ligação. Para Bunge (1979) a conexão num sistema refere-
se à “relação” entre os elementos.
Entrelaçar. Enlaçar reciprocamente, trançar, interligar-se. É um termo muito utilizado em
redes que indicam uma trama de ligações. Na cartografia usamos este termo tanto
para expressar uma trama de ligações ou relações, como um processo contínuo e
dinâmico no qual as relações entre dois elementos conduzem a outras diversas outras
num processo recursivo - um contínuo inter-laçamento.
Hierarquia. Ordem, graduação, classificação. Trata-se de um conceito abordado em
diversas áreas. Na computação indica relação entre duas classes que estabelece
herança. Uma estrutura hierárquica entre objetos, uns herdam as propriedades dos
outros. Na biologia, refere-se a classificações de grupos e subgrupos com
características semelhantes ou categorias num processo evolutivo. Em estruturas
orgânicas sempre uma relação entre as partes que estabelecem uma hierarquia na
qual sistemas contêm subsistemas compondo o organismo.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...298
Na comunicação e semiótica, principalmente, com o trabalho de Chomsky e
Jackendoff, palavras ou sentenças podem ser sempre quebradas em partes menores.
A hierarquia é baseada numa estrutura lógica. No mapeamento, tanto Buzan como
Novak recomendam a organização hierárquica para facilitar estruturação e leitura do
mapa.
Para isso eles sugerem que as ligações sejam organizadas seguindo critérios. Por
exemplo, no mapa da mente a hierarquia segue o grau de importância. Na priorização
das idéias, inicia-se com os temas-chave do centro para a extremidade. No mapa
Conceitual a hierarquia parte do global para o específico - do topo para baixo.
Integração. Ato ou processo de incorporar. Refere-se a um todo constituído por partes
complementares. Esta composição pode ser realizada com a combinação ou
associação dos elementos. É uma unidade harmônica composta tanto por partes
complementares ou antagônicas. Indica uma união equilibrada de elementos, grupos
ou sistemas.
Junção. Ato ou efeito de ligar. Lugar ou ponto em que duas ou mais ligações se encontram,
reúnem-se e pode referir-se a um núcleo ou um elemento no mapa.
Ligação. Ato ou efeito de juntar, unir, conectar. Trata-se de um laço, um vínculo entre
elementos, objetos ou pessoas. Pode também se referir à reunião. Ou, então, ação
ou efeito de estabelecer a comunicação. Neste caso significa o caminho de
comunicação ou canal entre dois componentes ou dispositivos. Um sinônimo é o "link"
usado para ligações entre páginas web. No mapa a ligação corresponde às junções
entre os componentes através de linhas e podem corresponder a links também.
Relação. Conexão entre dois objetos, fenômenos ou quantidades, tal que a modificação de
um deles importa na modificação do outro. Refere-se à ligação que gera proximidade
entre coisas ou pessoas. Pode indicar analogia, certo grau de semelhança, também
dependência, nexo. Pode indicar mútua referência de termos ou conceitos. Uma
ligação de correspondência ou intercâmbio de informações.
Tecer. É reunir os fios entrecruzando, formando uma teia, uma trama ou rede. Trata-se de
um processo de composição de diversas ligações que vão se entrelaçando. Neste
caso as conexões se cruzam, enredam-se ou se entrecortam. Tecer é um termo mais
usado em composição de redes ("tecer uma rede") no mapeamento (evitamos usar
"tecer um mapa"). Isso porque o mapa difere da rede. A rede pode ter um layout
completamente tramado. O mapa como destaca Buzan é diferente da rede, pois deve
indicar, preferencialmente, caminhos múltiplos; no entanto, visivelmente, claros.
União. Ato ou efeito de ajuntamento, reunião. Pode referir-se à justaposição, junção,
combinação, aliança, liga. Outros sinônimos são: laço, vínculo, reunião, associação.
Pode também indicar uma intensa ligação entre objetos ou sujeitos compondo um
todo. Neste sentido, refere-se a acoplamento, conjunto, integração.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...299
LISTA DE FIGURAS
Fig. 01 - Mapa da Internet 1991
Fig. 02 - Mapa da Internet 1997
Fig. 03 - Mapa Mundi indicando países de alta prioridade para desenvolvimento humano
Fig. 04 - Curso Uso de Software na Pesquisa Qualitativa
Fig. 05 - Mapa dos recursos utilizados no curso Uso de Software na Pesquisa Qualitativa
Fig. 06 - Gráfico sobre o perfil dos participantes
Fig. 07 - Apresentação de um participante com Mapa e Perfil
Fig. 08 - Telas do Design do Curso USPQ baseado em Mapas
Fig. 09 - Tela da Midiateca elaborada no decorrer do curso USPQ
Fig. 10 - Interação entre os alunos do curso USPQ
Fig. 11 - Livro Digital e-mapbook
Fig. 12 - Mapas do Projeto de Pesquisa - Portal do Envelhecimento
Fig. 13 - Representação gráfica cravada num osso de Mamute no período Paleolítico
Fig. 14 - Mapa Polinésio
Fig. 15 - Mapa De Bedolina 2.400 A.C
Fig. 16 - Mapa Chinês 6 a.C
Fig. 17 - Mapa GA-SUR 2,500 A.C
Fig. 18 - Mapa CATAL HYÜK 6.297 A.C
Fig. 19 - Mapa mundi de Hecataeus com Europa no Topo (500 a.C)
Fig. 20 - Mapa clássico em T e O com Asia no Topo (by Guntherus Ziner, Augsburg, 1472)
Fig. 20a - Layout em T com Jerusalém no centro. Mapa mundi de Hereford séc XIII
Fig. 21 - Cosmografia de Ptolomeu II a.C. (edição de 1482)
Fig. 22 - Universalis Cosmographia Secundum Ptholomei e AmericiVespucci (mapa mundo) 1507
Fig.23 - Evolução de mapas do mundo
Fig.24 - Mapas Medievais
Fig 25 - Tycho Brahe em seu observatório Uraniborg, na ilha de Hveen. (1598)
Fig 26 - Arbor Scientiae
Fig 27 - Arbor Porphyrii
Fig 28 - Geographie Christofle de Savigny 1587
Fig 29 - Musique - Christofle de Savigny Paris 1587
Fig 30 - Internet Industry map. Quatro empresas com o maior controle da Indústria da Internet.
Fig. 31 - Mapas do Córtex Visual
Fig 30a - 3D hyperbolic graphs of Internet topology
Fig. 32 - Computational abstractions of neurons and networks
Fig. 33 - Great Wall Mapa de uma grande concentração de galáxias
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...300
Fig. 34 - Mapa da Estrutura do DNA
Fig.35 - Mapa da marcha do exército de Napoleão
Fig.36 - Mapa que parou a epidemia de colera
Fig. 37 - Mapa do Pensamento Complexo
Fig. 38 - Células nervosas Em:"Super Interessante", 23, 2000
Fig. 38a - Mind Map Tony Buzan
Fig. 39 - Mapa Mental
Fig. 40 - Leonardo da Vinci Anatomical drawings
Fig. 41 - A drawing of the phonograph from Thomas Edison’s Canadian patent no. 9282
Fig. 42 - Sketch by Picasso of La Boutique Fantastique
Fig. 43 - The writings of Charles Darwin on the web
Fig. 44 - Original manuscript of a paper Einstein published in 1925
Fig. 45 - Mapas que não são mapas da mente
Fig. 46 - Mapa da Mente sobre avaliação de tese para banca de doutorado realizado por Leila Purga
Fig. 47 - Células do cérebro e sinapse
Fig. 47a - The Theory Underlying Concept Maps
Fig. 48 - Mapas Conceituais
Fig. 49 - Mapa Conceitual para orietacao de mestrandos
Fig. 50 - Mapa de trabalhos realizados dos participantes do curso
Fig. 51 - Mapa IBIS
Fig. 51a- Exemplo da estrutura IBIS
Fig. 52 - Mapa Argumentativo de um Chats
Fig. 52a - Mapa da participação do aluno em todos os chats realizados
Fig. 53 - Signo
Fig. 54-62 Design de mapas
Fig. 63 - Tela do software CMAP
Fig. 64 - Alterando recursos de linha no CMAP
Fig. 65 - Mapa coletivo compartilhado na web
Fig. 66 - Mapa servidor público do próprio IHMC
Fig. 67 - Nestor Web Cartographer: mapeador, navegador e editor
Fig. 68 - Nestor Web Cartographer: Navegando e construindo um webmap
Fig. 69 - Nestor Web Cartographer: busca e pesquisa
Fig. 69 - Nestor Web Cartographer: comentando e analisabdo sites
Fig. 70 - Nestor Web Cartographer: comentando e analisabdo sites
Fig. 71 - Tela do Software Nestor – Workgroup
Fig. 72 - Mapa do Debate da Guerra do Iraque
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...301
Fig. 73 - Sistema de busca para seleção no Compendium.
Fig. 74 - Contronto de posicionamentos de especialistas a favor da Guerra
Fig. 75 - Mapa da trajetória da pesquisadora
Fig. 76 - Histórico de Mapeamentos
Fig. 77 - Visão sistêmica das relações entre sistemas abertos
Fig. 78 - MindMap3: Mapa da mente sobre CMAP
Fig. 79 - ConceptMap4: Mapa conceitual sobre o CMAP
Fig. 80 - Mapa conceitual sobre “Mapa da Mente e Mapa conceitual”
Fig. 81 - Ciclo pre-figuração, configuração e reconfiguração
Fig. 82 - Moebius
Fig. 83 - Uroboros
Fig. 84 - Gráfico do processo linear de problematização Fonte: Conklin (2006:9)
Fig. 85 - Gráfico do processo não-linear de problematização Fonte: Conklin (2006:10)
Fig. 86 - Mapa das etapas de investigação (categorias que emergiram nesta tese)
Fig. 87 - Mapa da Mente sobre Cartografia Cognitiva
Fig. 88 - Mapa Conceitual sobre Cartografia Cognitiva
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...302
LISTA DE TABELAS
Tabela01 - Cursos ministrados sobre software de cartografia e mapeamento de informação
Tabela02 - Questões teóricas sobre cartografia que inspiraram este estudo
Tabela03 - Lista de países, recursos tecnológicos e produção científica
Tabela04 - Quadro geral de alunos das turmas de 2003 a 2006
Tabela05 - Perfil dos participantes
Tabela06 - Lista de participantes que fizeram o curso
Tabela07 - Atividades realizadas no curso Uso de Software na Pesquisa Qualitativa
Tabela08 - Tipos de Mapas sobre o conteúdo abstrato da mente
Tabela09 - Mapas na área de Psicologia Social, Teoria de Campo e Inteligência Coletiva
Tabela 10 - Mapas, Aplicações, Benefícios e Desafios
Tabela 11 - Verbos para frases de ligação em Mapas Conceituais (Saburo Okada, 2004)
Tabela 12 - Verbos para frases de ligação em Mapas Conceituais ( Jonassen, 2000 e Fisher, 1988)
Tabela 13 - Exemplos de WebMaps sobre autores que discutem a Cartografia
Tabela 14 - Exemplos de Mapas feitos em diferentes software cartografico
Tabela 15 - Quadro Comparativo de Tipos de Mapas
Tabela 16 - Tipos de signos
Tabela 17 - Distinção entre substância e forma, expressão e conteúdo
Tabela 18 - Softwares para download
Tabela 19 - Período pós-moderno- Mudanças , Implicações para Pesquisa
Tabela 20 - Perguntas iniciais e referenciais teoricos
Tabela 21 - Ciência Tradicional Moderna x Ciência Pósmoderna
Tabela 22 - Princípios Ecossistêmicos e o Mapeamento Investigativo
Tabela 23 - Diferentes abordagens na teoria hermenêutica
Tabela 24 - Etapas para mapeamento da Leitura Crítica à Escrita Reflexiva
Tabela 25 - Síntese dos Princípios Epistemológicos para Cartografia Investigativa
Tabela 26 - Análise de mapas investigativos aplicados à investigação
Tabela 27 - Novos horizontes para Cartografia Investigativa
LISTA DE PORTIFÓLIO
Portifolio 01 Relações entre saberes e trabalho na formação docente de Solange Maria do N.Nogueira
Portifolio 02 Uma experiência metalingüística em pesquisa educacional de Silvia Elsa Lizarralde de Pittamiglo
Portifolio 03 Parceria: conceitos e interpretações de Mário Vasconcellos Sobrinho
Portifolio 04 Pesquisa qualitativa em matemática num curso de mestrado de Leila Zardo Puga
Portifolio 05 Inter-relação, Inter-intencionalidade e interdisciplinaridade de Daucy Monteiro de Souza
Portifolio 06 Contribuições de softwares na criação de um trabalho científico de Carlos Antônio São Paulo
Portifolio 07 A pesquisa e mapas conceituais:contribuições para a formação de professores de Claudio Fernando André
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...303
IBLIOGRAFIA.
ADLER, Mortimer e VAN DOREN, Charles. How to read a book: The classic guide to intelligent
reading. New York: Touschstone, 1972.
ADRIESSEN, Jerry; SUTHERS, Dan and Baker, MICHAEL. Arguing to Learn: Cronfronting Cognitions in
Computer-Supported Collaborative Learning Environments London: Kluwer Academic.
Publishers, 2003.
ALMEIDA, F.J. Uso de software Pesquisa Qualitativa
http://cursosonline.cogeae.pucsp.br/index2.php?wcurso=SOFT, acessado em Janeiro de 2006.
AMDAL, Geir. Explanation and Understanding: The Hermeneutic Arc Paul Ricoeur’s Theory of
Interpretation. PhD Thesis. University of Oslo: Department of Philosophy. May 2001.
http://heim.ifi.uio.no/~geira/thesis/thesis.pdf acesso em Março de 2006.
ANDREY, M.A. et al. Para compreender a ciência: Uma perspectiva histórica. 6. ed. São Paulo:
EDUC, 1996.
ARDOINO, J. Abordagem multirreferencial (plural) das situações educativas e formativas. In
BARBOSA, J. Org. Multirreferencialidade nas ciências e na educação São Carlos: EdUFSCar,
1998. p. 24-41.
ATLAN, H. Entre o cristal e a fumaça: Ensaio sobre a organização do ser vivo. Rio de Janeiro: J.
Zahar (ed.), 1992.
AUTHIER, M. Princípios teóricos das árvores de conhecimentos. São Paulo: DDIC, 2000.
AUSUBEL, D. Educational psychology: A cognitive view. New York: Holt, Rinehart, and Winston.
1968.
BARBIER, R. A pesquisa-ação. Trad. Lucie Didio. Brasília: Plano Editora, 1997.
BARBOSA, J. G. (org). Reflexões em torno da abordagem multirreferencial. São Carlos: EdUFSCar,
1998.
BAUER, M. E GASKELL, G. Pesquisa Qualitativa com texto: imagem e som: um manual prático. Rio
de Janeiro: Vozes, 2002.
BHASKAR, Roy. Dialetic the pulse of freedom. London: Verso, 1993.
BERG, Rene:L'origine du futur. Editions du Rocher, Monaco, 1997.
BERRY, K. Nurturing the imagination of resistance: young adults as creators of knowledge. In
KINCHELOE, J.AND STEINBERG, S. (Eds.), Unauthorized Methods: Strategies for Critical
Teaching(pp. 43-55). New York, London: Routledge, 1998.
BERTALANFLY, L. General System Theory Foundations, development and application. New York:
George Bazillier, 1969.
B
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...304
BEST, Steven e Kellner, Douglas . Postmodern theory – Critical interrogations. Londres: MacMillan,
1991.
BIANCHETTI, Lucídio e MACHADO, Ana Maria Netto (Org.) A Bússola do Escrever: desafios e
estratégias na orientação de teses e dissertações. Florianópolis: UFSC; São Paulo: Cortez, 2002.
BILLIG, M. Arguing and thinking a rethorical approach to social psychology. Cambridge: Cambridge
University Press, 1987.
BLACKWELL, Alan Thinking with diagrams. London: Kluwer Academic Press, 2001.
BLAXTER, Loraine; HUGHES C. and TIGHT M. How to research. Philadelphia Open University, 2001
BRETON, A. O Manifesto do Surrealismo. 1936. In CLANCIER, G. E. Surrealismo: Revolta e
Conquista <http://www.secrel.com.br/jpoesia/ge01.html > acessado Novembro, 2004.
BRANDÃO, Z. A crise dos paradigmas e a Educação. São Paulo: Ed. Cortez, 1999.
BRUNSWICK, ME. Reading, Writing, and Researching for History: A Guide for College Students.
Bowdoin College, 2000.
BUCKINGHAM SHUM;Simon, KIRSCHNER, Paul and CARR, Chad (Orgs). Visualizing Argumentation:
Software Tools for Collaborative and Educational Sense-making. London Springer-Verlag, 2003.
BUNGE, M. Treatise in Basic Philosophy Vol. 4. Dordrecht: D. Reidel Publ. Co, 1979.
____Treatise in Basic Philosophy – Vol. 3. Dordrecht: D. Reidel Publ. Co, 1977.
____La Investigacion Cientifica. Barcelona: Editorial Ariel, 1976.
____ Emergencia y convergencia Novedad cualitativa y unidad del conocimiento Barcelona: Gedisa
2003.
BURCH, H., ANDCHESWICK, B. Mapping the Internet. Computer, April 1999. 97-98, 102.
<http://dlib.computer.org/co/books/co1999/pdf/r4097.pdf >, acessado em Nov. 2004.
BURKE, P. Uma historia social do Conhecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.
BUZAN, T. The Mind Map book. London: BBC worldwide, 1993.
_____. Use Your Head. .London: BBC Books, 1995.
CAÑAS, A. J.; DERBENTSEVA, N E SAFAYENI, F. Concept Maps: A Theoretical Note on Concepts and
the Need for Cyclic Concept Maps <http://cmap.ihmc.us/Publications/ResearchPapers/Cyclic
Concept Maps.pdf > acessado em Janeiro de 2006.
CAÑAS, A J.;CARNOT M. J.; DUNN, B.; GRAHAM, P. E MULDOON, J.Concept Maps vs. Web Pages for
Information Searching and Browsing, 2001
<http://www.ihmc.us/users/acanas/Publications/CMapsVSWebPagesExp1/CMapsVSWebPagesEx
p1.htm>, acessado em Nov. 2004.
CAÑAS, A. J., LEAKE, D. B., WILSON, D. C. Managing, Mapping and Manipulating Conceptual
Knowledge, AAAI Workshop Technical Report WS-99-10: Exploring the Synergies of Knowledge
Management & Case-Based Reasoning, AAAI Press, Menlo Calif, July, 1999.
<http://www.ihmc.us/users/acanas/Publications/AAAI99CmapsCBR/AAAI99CmapsCBR.html>
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...305
<http://www.ihmc.us/users/acanas/Publications/AAAI99CmapsCBR/AAAI99CmapsCBR.pdf>
acessadoem Nov. 2004
CAPRA, F. A Teia da Vida. São Paulo: Cultrix/Amaná, 1997.
CAPRA, F. et alii. Belonging to the universe. London: Penguin Books, 1992.
CARY, N. Disciplinarity and Dissent in Cultural Studies , New York: Routledge, 1996.
CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
CHEN, Chaomei, Mapping scientific frontiers : the quest for knowledge visualization London :
Springer, 2003.
CHANDLER,D. Semiotics for Beginners http://www.aber.ac.uk/media/Documents/S4B/semiotic.html
1994 acesso Janeiro 2006.
CHEN, Chaomei and GEROIMENKO, Vladimir. Visualizing the semantic web: xml based internet and
information visualization. London: Springer, 2003.
CONKLIN, Jeff . Dialogue mapping: building shared understanding of wicked problems.
Wiley:Chichester, 2005.
COSTA, R. A Cultura Digital. São Paulo: PubliFolha, 2002.
DELEUZE G. e GUATTARI F. Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. R. de Janeiro: Ed.34., 2000.
DELANDA, Manuel. A thousand years of nonlinear history. New York: Zone 1997.
DEMO, P. Pesquisa – princípio científico e educativo. SP:Cortez, 1992.
_____. Educação & Conhecimento: Relação necessária insuficiente e controversa. Petrópolis RJ:
Vozes, 2000.
_____. Complexidade e Aprendizagem: dinamica nao linear do conhecimento Sao Paulo:Atlas, 2000.
_____. Metodologia do Conhecimento Cientifico, Editora Sao Paulo:Atlas, 2002.
DENBIGH, K. A non-conserved Function for Organized Systems. In. Entropy and Information in
Science and Philosophy, KUBAT, L.;ZEMAN, J. (Ed.) Praga: Elsevier Sci. Publ. Co, 83-91, 1975.
DERRIDA, J. A Estrutura, o Signo e o Jogo no Discurso das Ciências Humanas.
In Derrida, J. A Escritura e a Diferença. São Paulo: Perspectiva, 1971.
_____. A Escritura P Literal. In Gramatologia. Trad.:Miriam Schnaiderman e Renato Janini
Ribeiro. São Paulo: Perspectiva. Ed. da Universidade de São Paulo, 1973.
DERTOUZOS, M. O que será: como o novo mundo da informação transformará nossas vidas. São
Paulo: Companhia das Letras, 1998.
DENZIN, N. Symbolic Interactionism and Cultural Studies, California ,Sage Newbury Park, 1992.
DEWEY, J. Como pensamos. São Paulo: Nacional, 1979.
DODGE, M e KITCHIN, R. Mapping cyberspace. London: Routledge, 2001.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...306
_____.Atlas of Cyberspace< http://www.cybergeography.org>, 2002. Acessado em
Novembro de 2005.
DRUCKER, P.F. Post-Capitalism Society. New York: Harper Collins. Traduzido para o Português como
Sociedade Pós-Capitalista. São Paulo: Pioneira, 1993.
DUSSEL, E. Ética da Libertação: na idade da globalização e da exclusão. Petrópolis: Vozes, 2000.
_____. Enrique DUSSEL, todo para una filosofía de la liberación - Superación Analéctica de la
Dialéctica Hegeliana. Ediciones Sigueme, Salamanca, 1974.
EKLUND J,SAWERSJ e ZEILIGER R. NESTOR Navigator: A tool for the collaborative
construction of knowledge through constructive navigation.
http://ausweb.scu.edu.au/aw99/papers/eklund2/
In R. Debreceny e A. Ellis (eds.) proceedings of Ausweb99, The Fifth Australian World
Wide Web Conference. Southern Cross University Press, Lismore., 1999. p. 396-408.
ENGELS, Friederich http://www.marxists.org/portugues/marx/1880/sociutopsocicien/parte02.htm Do
Socialismo Utópico ao Socialismo Cientifico, 1880.
ENNIS,ROBERTH. Critical Thinking and Subject Specificity: Clarification and Needed Research,”
Educational Researcher 18 no. 3. 1989.
ESNAULT, L. e ZEILIGER, R. Navigating the Web : From Information to Knowledge,
< http://www.gate.cnrs.fr/~zeiliger/irmawrk.htm > a workshop held at the IRMA 2000
International Conference, May 21-24, Anchorage, USA, 2000.
ESNAULT,L., ZEILIGER, R., Web Learning with NESTOR : The Building of a New Pedagogical
Process, in Web-based Learning:Opportumities and Challenges, pp 79-102, A. K. Aggarwal ED.,
the IDEA Group Publishing, Hershey, USA. 2000.
FAZENDA, IInterdisciplinaridade: qual o Sentido? (questões Fundamentais da Educação) São Paulo:
Paulus, 2003.
_____. I.ET ALII. Dicionário em construção: Interdisciplinaridade. São Paulo: Cortez, 2001.
_____. (org)A virtude da força nas práticas interdisciplinares, Campinas, Papirus, 1999.
_____. Interdisciplinaridade - História, Teoria e Pesquisa. Campinas, Papirus, 1994.
_____.Interdisciplinaridade: definição, projeto, pesquisa. FAZENDA, Ivani (org.). Práticas
interdisciplinares na escola. São Paulo: Cortez, 1993.
_____. Interdisciplinaridade - um projeto em parceria. São Paulo, Loyola, 1991.
_____. (org) Metodologia da pesquisa educacional. São Paulo, Cortez, 1989.
FREIRE, A. M. (org.) A pedagogia da libertação em Paulo Freire, São Paulo: Editora UNESP, 2001.
_____. Pedagogia do oprimido. 20a. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
_____. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
GADAMER, H. Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Petrópolis: Vozes, 1997.
GALLAGHER, S. Hermeneutics and Education. Albany: State University of New York Press, 1992.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...307
GERSON, N. Information Visualization. Interactions, 1998.
GILLETT, Grant. Representation Meaning and Thought. Oxford Claredon Press, 1992.
GIROUX, H. A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem.
Porto Alegre: Artes Médicas,1997.
______Schooling and the politics of ethics: Beyond liberal and conservative discourses. Journal of
Education, 169(2), 9-33, 1987.
GIROUX, H. A., AND MCLAREN, P. Teacher education and the politics of engagement: The case for
democratic schooling.Harvard Educational Review, 56(3), 213-238, 1986.
GLENN, B. T. & CHIGNELL, M. H. Hypermedia: Design for browsing. In H. R. Hartson & D. Hix
(Eds.), Advances in Human-Computer Interaction, Vol. 3. Norwood, 1992.
GOULD, P., & WHITE, R. Mental maps (2nd ed.). Boston ; London: Allen & Unwin. 1986.
GRAHAM, Ian. ImageMapping Tools <http://www.utoronto.ca/webdocs/HTMLdocs/NewHTML/serv-
ismap.html>, acessado em Jan. 2005.
HARLEY, J. B. Desconstructing the Map. Cartographica, 1989.
HARLEY, J.B. and WOODWARD, D. The history of cartography. Vol.1, Cartography in prehistoric,
ancient and medieval Europe and the Mediterranean. Chicago, IL; London : Chicago University
Press, 1987.
HARPER, R.Information that Counts: Sociology, Ethnography and Work at the International Monetary
Fund, Workshop on Personalised and Social Navigation in Information Space, Hook, Munro,
Benyon eds., http://www.sics.se/humle/projects/persona/web/wprkshop/ ,1998.
HARPOLD, T. Darkcontinents: Critique of Internet metageographies. Postmodern Culture [Online], 9
(2). <http://www.lcc.gatech.edu/~harpold/papers/dark_continents/index.html>, 1999. Acessado em
Novembro de 2005.
HEGEL, G. W.F. Enciclopédia das Ciências Filosóficas. Tradução de Paulo Meneses. São Paulo:
edições Loyola, 1995, Vol. III.
HOWARD, ROY. Three faces of hermeneutics an introduction to current theories of understanding.
London: University of California PRESS, 1982.
HUMANDEVELOPMENT REPORT, 2004 http://hdr.undp.org/docs/statistics/indices/stat_feature_1.pdf
Acessado em Dezembro de 2005.
INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE SYSTEM SCIENCES. Ludwig von Bertalanffy (1901-1972)
http://www.isss.org/lumLVB.htm Acessado em Novembro de 2005.
ISER, Wolfgang. El proceso de lectura: enfoque fenomenológico. In: MAYORAL, José A. (Org.) Estética
de la recepción. Madrid: Ed. ARCO/LIBROS, 1987. p.215-243.
_____. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. São Paulo: Editora 34, 1996.
_____. Ainteração do texto com o leitor. In: LIMA, Luis Costa (Org.) A literatura e o leitor: textos de
estética da recepção. São Paulo: Paz e Terra, 1979. p.83-132.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...308
_____. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução de Jonhannes Kretschmer. São Paulo:
Ed. 34, 1999.
LÉVINAS, Emmanuel. Au dela du visage. In NIJHOFF, Martinus,Totalité et Infini, 1961. pp. 232 -261.
JÉQUIER, N., DEDIJER, S. Intelligence for economic development: an inquiry into the role of knowledge
industry. Oxford: Berg, 1987.
JOHNSON, S. Cultura da Interface. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
JONASSEN, David H., BEISSNER, K. and YACCI M. Structural knowledge : techniques for representing,
conveying, and acquiring structural knowledge. Hillsdale, NJ; Hove : Lawrence Erlbaum, 1993.
JONASSEN, David. Computers as mindtools for schools: engaging critical thinking Upper Saddle
River, N.J : Merrill, 2000.
KINCHELOE, J., STEINBERG, S. AND HINCHEY, P. The postformal reader: Cognition and education.
New York: Falmer, 1999.
KINCHELOE, J. L..Meet me behind the curtain: The struggle for a critical postmodern action research.
In McLaren, P. L.e Giarelli, J. M. (Eds.), Critical theory and education research (pp. 71-90).
Albany, NY: State University of New York Press, 1995.
_____.KINCHELOE, J.L. A formação do professor como compromisso político: mapeando o pós-
moderno. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
KITCHIN, R. and BLADES, Mark The cognition of geographic space London: L.B.Tauris, 2002.
KOGLER, H. The Power of dialogue: Critical Hermeneutics after Gadamer and Foucault, MIT Press,
Cambridge, 1996.
______. Mentality of Apes. London: Methuen, 1927.
KUHN, T. The Structure of Scientific Revolutions. Chicago : University of Chicago Press. Traduzido
para o Português como A Estrutura das Revoluções Científicas. Editora Perspectiva, São Paulo,1962.
LANDOWISKI, E. Semiótrica, estesis, estética. São Paulo: Educ, 1999.
LAPASSADE, G. La méthode ethnographique (observation participante et ethnographie de l'école)
<http://www.ai.univ-paris8.fr/corpus/lapassade/ethngrso.htm> ,1993. Acessado em Nov. 2004.
LAPASSADE, G. La phénoménologie sociale et l'ethnométhodologie
<http://www.ai.univ-paris8.fr/corpus/lapassade/lapheno1.htm>,1993. Acessado em Nov. 2004
LEFÈBVRE, H. Lógica formal e lógica dialética. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975.
_____. Dialectical materialism. London: Jonathan Cape, 1968.
LEPPER,Georgia. Categories in Text and Talk: introduing Qualitative Methods. London: Sage
Publications, 2000.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência O futuro do pensamento na era da informática. 4
a
. ed. Rio
de Janeiro: Editora 34, 1997.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência – O futuro do pensamento na era da informática. 1
a
. ed. Rio
de Janeiro: Editora 34, 1993.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...309
_____.Plissê Fractal , 1994 Chimères n22 Paris in O reencantamento do Concreto - Cadernos de
Subjetividade Trad. Soraya Oliveira, São Paulo: Hucitec, 2003.
_____. A ideografia dinâmica rumo a uma imaginação artificial. São Paulo: Ed. Loyolas, 1998.
LEWIS, G. Malcolm. The Origins of Cartography. In HARLEY, J.B. and WOODWARD, DAVID (eds) The
History of Cartograph- Cartography in Prehistoric, Ancient, and Medieval Europe and the
Mediterranean. London : Chicago University Press, 1987.
LIBÂNEO, Jo Carlos. As teorias pedagógicas modernas resiginificadas pelo debate contemporâneo na
educaçãohttp://dewey.uab.es/pmarques/dioe/Artigo%20teorias%20contemporaneas.doc acessado
em Janeiro, 2006.
LITECKY, L GREAT. Teaching, grreat learning? Classroom climate, innovative methods amd critical
thining. In BARNES, C.A. (ed) Critical thinking: educational imperative. San Francisco: Jossey-
Bass, 1992.
LIVINGSTONE, D. The Geographical Tradition. London: Blackwell, 1992.
_____. The spaces of Knowledge, Society and Space 13., 1995.
LYNCH, K. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1960.
MACEACHREN, A.M. How maps work: Representation, visualization and design. New York:
Guildford Press, 1995.
MADISON, G. The Hermeneutics of Postmodernity: Figures and Themes. Bloomington: Indiana
University Press, 1988.
MANCINI, Clara. Cinematic Hypertext Investigating a new paradigm. London: IOS press, 2005
MARX, K. O capital. São Paulo, Abril Cultural, 1980.
________. A ideologia alemã. São Paulo, Grijalbo, 1977.
MARX, Karl & Friedrich Engels. A Ideologia Alemã: Teses sobre Feuerbach. São Paulo: Moraes,
1984.
MATURANA, H. R. e VARELA, F. J.De máquinas e seres vivos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
_____. A árvore do conhecimento. Campinas SP: Editorial Psy, 1995.
_____. Autopoiesis and Cognition: the Realization of Living. Reidel, Dordrecht, 1987.
MACEDO, R.S. A Etnopesquisa crítica e multireferencial nas ciências humanas e na educação.
Salvador: EDUFBA, 2000.
MACHADO, N. J. Educação: Projetos e Valores. São Paulo: Escrituras, 2000.
_____. Epistemologia e didática: as concepções de conhecimento e inteligência e a prática docente.
3
a
. ed. São Paulo: Cortez, 1999.
_____. A Universidade e a organização do conhecimento: a rede, o tácito, a dádiva. Revista Estudos
Avançados IEAUSP. São Paulo: , v.15, n.42, p.333 - 352, 2001.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...310
MANCE, EUCLIDES A. Práxis de Libertação e Subjetividade
http://www.milenio.com.br/ifil/Biblioteca/MANCE.TXT acessado em Janeiro de 2006.
MERLEAU-PONTY, M.Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MENDE, W. Structure-Building Phenomena in Systems with Power-Product Forces. In: Chaos and
Order in nature, HAKEN, H. (Ed.). Berlim: Springer-Verlag, 196-206, 1981.
MENZEL, E. W. Cognitive mapping in chimpanzees. In Hulse, S. H., Fowler, H. & Honig, W. K. (eds.)
Cognitive Processes in Animal Behavior. Hillsdale, NJ: Erlbaum: 375-422, 1978.
MCLAREN, P. Revolutionary multiculturalism: Pedagogies of dissent for the new millennium. Boulder,
CO: Westview Press,1997.
MCLAREN, P. Critical pedagogy and predatory culture: Oppositional politics in a postmodern era.
London and New York: Routledge, 1995.
MIIKKULAINEN, R.; BEDNAR, J.; CHOE,Y.; AND SIROSH,J. Computational Maps in the Visual Cortex.
New York: Springer, 2005.
MERREFIELD, ANDREW. The struggle over place: redeveloping American Can in Southeast
Baltimore’Trans. lnst. Br. Geogr, N.S. 18: 102-21, 1993.
______. Place and space: a Lefebvrian reconciliation. http://www.rgs.org/trans/93184/93184006.pdf
MORAES, M. C. Pensamento Eco-Sistêmico - Educação, aprendizagem e cidadania no século XXI.
Petrópolis: Vozes, 2004.
______.Tecendo a rede, mas com que paradigma?. In. M.C. Moraes (org.). Fundamentos e práticas
em educação a distância. Campinas: UNICAMP/NIED, 2001.
_____. SentiPensar sob o olhar autopoiético - Estratégias para reencantar a educação. In mimeo,
2001.
_____. Teoria e Prática em Holomovimento, 2000.
<http://www.projeto.org.br/praxis/teoriapratica.zip> Acessado em Nov. 2004.
_____. O Paradigma Educacional Emergente. Campinas: Papirus, 1997.
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília, DF:
UNESCO, 2000.
______. A cabeça bem feita: repensar e reforma, reformar o pensamento. RJ, Bertrand Brasil, 2000.
______. O método I: A natureza da natureza. Portugal: Publicações Europa – América, 1997.
______. O método II: O conhecimento do conhecimento. Portugal: Publicações Europa América,
1997.
______.Ciência com consciência, Mem-Martins: Publicações Europa-América 1994.
______. Da necessidade de um pensamento complexo. In: Para navegar no século XXI. Org. Juremir
Machado. Porto Alegre: Sulina/Edipucrs, 1999.
_____. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 1990.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...311
MOORE, G., ANDGOLLEDGE, R., (Eds) Environmental Knowing: Theories, Research and Methods.
Dowden, Hutchinson and Ross, Inc. 1976.
NAISBITT, J. e ABURDENE, P. Megatrends 2000 . New York: Avon Books, 1990.
NASCIMENTO Jr, Antônio Fernandes FRAGMENTOS DO PENSAMENTO DIALÉTICONA HISTÓRIA
DA CONSTRUÇÃO DAS CIÊNCIASDA NATUREZA
http://www.fc.unesp.br/pos/revista/pdf/revista6vol2/art4rev6vol2.pdf#search='Lef%C3%A8bvre%
20%20dial%C3%A9tica'. acessado em Janeiro de 2006
NESTORWEBCARTOGRAPHER <http://www.gate.cnrs.fr/~zeiliger/nestor/nestor.htm> Acessado em
Nov. 2004.
NOVAK, Joseph . Clarify with concept maps: A tool for students and teachers alike. The Science
Teacher, 58(7), 1991 pg 45-49.
_____. Learning Creating and using Knowledge: concepts maps as facilitative tools in schools and
corporations London Lawrence Erlbaum associates Mahwah, 1998.
______. Concept mapping: A usefull tool for science education. Journal of Research in Science
Teaching, 27(10), 1990. pg. 937-949.
OLIVEIRA, A.C. A dança das ordens sensoriais. In OLIVEIRA, A.C. Semiótica, Estesis, Estética. São
Paulo: Educ., 1999.
OLLMAN, B. Alienation - Marx's conception of man in capitalist society. Cambridge: University
Cambridge Press, 1976.
______. Putting dialectics to work: the process of abstraction in Marx, Rethinking Marxism , 1990.
______. Dialectical investigations. London: Routledge, 1993.
OKADA, Alexandra. The collective building of knowledge in collaborative learning environments.
In:Roberts Tim S. Computer-supported Collaborative Learning in Higher Education London: Idea
Group, 2005.
______. New Tools for Mapping Information and Learning: Building Knowledge through Multimedia
Web Maps. In: The Twelfth International Conference on Learning, 2005, Granada Espanha.
Proceedings of Learning Conference 2005, 2005.
______. Creating knowledge maps in Virtual Learning Environments. In: AKT - Doctoral
Colloquium, 2005, Milton Keynes England. Proceedings of the First AKT DC, 2005. p. 111-118.
______. Mapas virtuais: ambientes colaborativos de aprendizagem. In: Lynn Alves, Cristiane Nova.
(Org.). Educação e tecnologia: trilhando caminhos. Salvador, 2003, v. , p. 158-165.
______. WebMap- the collective building of information network through virtual maps in
collaborative learning environments. In: IV Conferencia Internacional sobre Educacion,
Formacion y Nuevas Tecnologias, 2003, Miami. Virtual Educa, 2003.
______.A construção coletiva do conhecimento como redes de significados em ambientes virtuais de
aprendizagem. Dissertação de mestrado PUC-SP, 2002.
______. WEB MAPS - Um guia para a construção do conhecimento em Ambientes de Aprendizagem.
In: 9 Congresso Internacional de Educação a Distância, 2002, São Paulo. ABED, 2002.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...312
OKADA, A. e ALMEIDA, Fernando (2004). Navegar sem mapa? In: Lucia Leao. (Org.). Derivas:
cartografias do ciberespaço. São Paulo, 2004, v. , p. 109-116.
OKADA, A. e BUCKINGHAM SHUM, Simon. Modelling the Iraq Debate: Mapping Argumentation in a
Document Corpus in proceedings of the Compendium International Conference.11-11-2005
www.CompendiumInstitute.org/community/2005. Acesso em Janeiro, 2006.
OKADA, A., ZEILIGER, Romain., The Building of Knowledge through Virtual Maps in Collaborative
Learning Environments, in proceedings of the ED-MEDIA 2003 conference, AACE, Hawaii,
USA, 2003.
OKADA, A. ; OKADA, Saburo e Santos, Edmea . Mapping Information network in Virtual Learning
Environments. In: CRC PhD Mini Conference, 2005, Milton Keynes. Proceedings of CRC, 2005
______. Mapeando Informação, Trilhando e Construindo Redes de Significados: Notas sobre uma
Experiência de Pesquisa e docência em Educação Online. Revista da FAEEBA Educação e
Contemporaneidade, v. 23, 2005.
OKADA, A.e Santos, Edmea . Trilha WEB-Map - Mapeando Informação e Construindo
Conhecimentos. In: 12º Congresso Internacional ABED de Educação A Distância, 2005,
Florianópolis. Anais da ABED 2005, 2005.
______. O diálogo entre a teoria e a empiria: mapeando noções subsunçoras, com o uso de software,
uma experiência de pesquisa e docência em ead online. In: XI Congresso Internacional de
Educação a Distância, 2004, Salvador. ABED, 2004.
______.A Cartografia Cognitiva e Pesquisa em Educação On-line. In: III Simpósio Falando de EAD:
Abrangências e Possibilidade, 2004, São Paulo. TEED, 2004
______. Biblioteca virtual iconográfica com Software Nestor Web Cartographer. In: V Encontro
Nacional de Pesquisa em Ciencia da Informação, 2003, Belo Horizonte. ENANCIB, 2003.
______. Cartografia Cognitiva: mapeando conhecimento e organizando rede de informação na
Internet. In: II Knowledge management meeting, 2003, São Paulo. KMBRASIL, 2003.
OKADA, Saburo. Megaconsciência, 2004. In mimeo.
_____. Teoria da Aprendizagem: as consciências dos seus quatro momentos, 2005. In mimeo
OPPENHEIMER, Stephen. Out of eden the peopling of the world. London: Robinson, 2003.
PAEZ Urdaneta I. Gestión de la inteligência: aprendizaje tecnológico y modernización del trabajo
informacional. Caracas : Universidad Simon Bolívar, 1992.
PAUL, R.W. Critical Thinking: what, why and how. In C.A. Barnes (ed) Critical thinking: educational
imperative. San Francisco: Jossey-Bass. 1992.
PEIRCE, C. S. Semiótica. São Paulo: Editora Perpectiva, 1995.
PETERS, ROGER Communication Cognitive Mapping and Strategy in Wolves and Hominids in Wolf
and Man: Evolution in Parallel, HALL, Roberta and SHARP, Henry (eds )(New York and London:
Academic Press, 1979.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...313
PIAGET,J. Fazer e Compreender. São Paulo: Edições Melhoramentos e Editora da Universidade de São
Paulo, 1978.
PIAGET,J. A Tomada de Consciência. São Paulo: Edições Melhoramentos e Editora da Universidade
de São Paulo, 1977.
PINEAU, G. Femporalités em formation, vers de nouveaux synshroniseurs, Paris: Anthoropos, 2000.
_____. O sentido do sentido in Nicolescu Bassarab et al. Educação e Transdisciplinaridade. Brasília,
Unesco, 2000
POLANYI, M. The study of man. London: Routledge and Kegan Paul, 1959.
POLITZER, G. - A Filosofia e os Mitos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
PRIGOGINE, I. Exploring Complexity. New York: W. H. Freeman and Co., 1998.
_____. Prigogine, I..“Time, Chaos and the Two Cultures”, in Polanyi,J. Science and Society, ed.
M.Moskovits (House of Anansi Press, Ltd., 1995.
_____. From being to becoming. San Francisco: W. H. Freeman and Co.,1980.
RAEL, Patrick(2000). Como ler uma fonte primária.
http://www.geocities.com/Athens/Column/8413/fonte.htmlAcesso em Agosto de 2005.
RANDOM, M. O pensamento transdisciplinar e o real. São Paulo: Ed. Triom, 2000
REVISTA ELETRÔNICA ESTUDOS HEGELIANOS http://www.hegelbrasil.org/rev03g.htm Revista Semestral
do Sociedade Hegel Brasileira – SHB Ano 2º - N.º 03 Dezembro de 2005
RICOEUR, Paul, Tempo e Narrativa. Vol. III. Campinas: Papirus, 1997.
_____. What is a text? InMARIO J. VALDÉS. A Ricoeur Reader. Toronto: University of Toronto
Press, 1991.
_____. 'Life in quest of narrative,' in David Wood (ed.). On RICOEUR, Paul. Narrative and
Interpretation. London: Routledge, 1991a.
_____. O processo metafórico da cognição, imaginação e sentimento. In SACKS,S. (org). Da
metáfora. São Paulo: Educ., 1992.
_____. Interpretação e Ideologias. Rio de Janeiro, Francisco, 1988.
_____. Time and Narrative (Vol. 3). Trans. Kathleen Blamey and David Pessauer. London and
Chicago: University of Chicago Press, 1985.
_____. Hermeneutics and The Human Sciences. Cambridge: Cambridge University Press 1981.
_____. Conflict of Interpretations. Evanston: Northwestern University Press, 1974.
RICHARDSON, B. Unlikely Stories: Causality, Ideology, and Interpretation in Modern Narrative.
Newark: U of Delaware Press; London: Associated University Presses, 1997.
ROBINSON Arthur. Early thematic mapping in the history of cartography. Chicago: University of
Chicago press, 1982.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...314
ROLNIK, S. A sombra das cidades. São Paulo: Escuta, 1992.
SALOMON, Delcio. A maravilhosa Incerteza: ensaio de metodologia dialética sobre a prblematização
no processo do Pensar, pesquisar e criar. São Paulo, Martins Fontes, 2000.
SANTAELLA, L. Comunicação e pesquisa: projetos para mestrado e doutorado. São Paulo: Hacker
Editores, 2001.
_____. A Teoria geral dos signos: semiose e autogeração. São Paulo: Atica, 1995.
SANTOS, B. S. A crítica da razão indolente: contra o desperdiço da experiência. São Paulo: Cortez.,
2000.
SAUSSURE, Ferdinand de. Course in General Linguistics (trans. Roy Harris). London: Duckworth,
1983.
SCHRAMM, Luanda. Interpretação e Leitura:A hermenêutica fenomenológica de Paul Ricoeur como
fundamentação para os estudos de recepção 2002
http://www.intercom.org.br/papers/2002/np01/NP1SCHRAMM.pdf acesso em Janeiro 2006.
SEVERINO, A. J.. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 1997.
_____. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1994.
SILVA, Tomaz T. Teoria educacional crítica em tempos pós-modernos. Porto Alegre, Artes dicas,
1993.
STENHOUSE, L. What is a Curriculum. In Rudduck J and Hopkins D. Research As A Basis For
Teaching : Readings from the works of Lawrence Stenhouse Oxford Heinemann, 1980.
______. What counts as research? In Rudduck J and Hopkins D. Readings from the Work of
Lawrence Stenhouse London Heineman, 1981.
SVENSSON, Frank Liberalismo e Teoria da Arquitetura
http://www.unb.br/fau/pos_graduacao/cadernos_eletronicos/liberalismo/liberalismo.htm acessado
em Janeiro de 2006.
SWAAIJ, Louise van; KLARE, Jean. Atlas da experiência humana: cartografia do mundo interior. São
Paulo: PubliFolha, 2004.
THOMPSON, John B. (ed.). Hermeneutics and the Human Sciences. New York: Cambridge University
Press, 1981
TOFFLER, A. Power Shift: knowledge, wealth and violence at the edge of the 21st century. New York:
Bantam Books. Traduzido para o Português como Powershift: as mudanças do poder, Editora
Record, 1990.
TOURAINE, Alain. Crítica da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1994.
TOLMAN, E. C. Cognitive maps in rats and men. Psychological Review 55
http://psychclassics.yorku.ca/Tolman/Maps/maps.htm1948 acessado em Dezembro de 2005.
TURNER, C.H. Maps of the mind: charts and concepts of the mind and its labyrinths. New York:
Macmillan Publishing Company, 1982.
CARTOGRAFIAINVESTIGATIVA
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...315
UYEMOV, A. I.Problem of Direction of Time and the laws of System’s development. Em Entropy and
Information in Science and Philosophy, Kubat, L.; Zeman, J. (ed), 93-102. Praga: Elsevier Sc.
Publ. Co., 1975.
USO DE SOFTWARE NA PESQUISA QUALITATIVA http://cogeae.dialdata.com.br/ acessado em Dezembro
de 2005.
VANGELDER, T. J., BISSETT, M., & CUMMING, G. Cultivating Expertise in Informal Reasoning.
Canadian Journal of Experimental Psychology, 2004.
VANGELDER, T. J. Enhancing and Augmenting Human Reasoning. in Evolution, Rationality and
Cognition: A Cognitive Science for the Twenty-First Century. A. Zilhão. New York: Routledge,
2005.
_____. Argument Mapping with Reason!Able. The American Philosophical Association Newsletter on
Philosophy and Computers,
http://www.austhink.org/Papers/arg_mapping_with_reasonable.pdf, 2002 acessado em
Dezembro de 2005.
VASCONCELLOS, Maria José. Pensamento Sistêmico: o novo paradigma da ciência 2 ed. Campinas:
Papirus, 2003.
VONUEXKULL, Jakob. The Theory of Meaning. Semiotica 42-1 , 1982.
VIEIRA. J.A. EHIROCO, F. Complexidade em Sistemas Econômico-Administrativos In. Revista
Acadêmica Multimática, PUCSP, 2004.
VIEIRA. J.A. Organização e Sistemas. Informática na Educação: Teoria&Prática, Programa de Pós-
graduação em Informática da Educação, V.3, No.1 setembro 2000,p11. Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre.,2000.
_____.Integralidade, Organização e Gramática. Em Santaella, L. e Vieira, J.A. Orgs. Caos e Ordem
na Filosofia e Ciências. Revista Face, Edição Especial No. 2 São Paulo: Programa de Estudos
Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da PUCSP, 1999.
_____.Semiótica, Sistemas e Sinais. Tese de Doutoramento. São Paulo: PUCSP, 1994.
WITHERS, C. Towards a history of geography in the public sphere. History of Science 36, 1998.
WOLF, M. Teorias da Comunicação. Lisboa:Presença, 1987.
WOMACK, J.P.,JONES, D.T. eROOS, D. The Machine that Change the Word. New York: MacMillan
Publishing Cia. Traduzido para o Português como A Máquina que Mudou o Mundo, Editora
Campus, 1992.
WURMAN, R. Ansiedade de informação: Como transformar informação em compreensão. São Paulo:
Cultura Editores Associados, 1991.
ZEILIGER, R., ESNAULT, L.,PONTI, M. Constructing Knowledge as a System of Relations, in
proceedings of the IRMA International Conference, San Diego, May 15-18, 2005, USA.
ZINSSER, William. On writing well New York: Collins, 2001.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo