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IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE
DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
_____________________________________________________________________________________________
COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA
DE EQUIPAMENTOS DE TELECOMUNICAÇÕES
Nota Técnica Setorial
do Complexo Eletrônico
O conteúdo deste documento é de
exclusiva responsabilidade da equipe
técnica do Consórcio. Não representa a
opinião do Governo Federal.
Campinas, 1993
Documento elaborado pelo consultor José Eduardo Pessini (Pesquisador do IESP/FUNDAP).
A Comissão de Coordenação - formada por Luciano G. Coutinho (IE/UNICAMP), João Carlos Ferraz (IEI/UFRJ), Abílio dos Santos
(FDC) e Pedro da Motta Veiga (FUNCEX) - considera que o conteúdo deste documento está coerente com o Estudo da Competitividade da Indústria
Brasileira (ECIB), incorpora contribuições obtidas nos workshops e servirá como subsídio para as Notas Técnicas Finais de síntese do Estudo.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
CONSÓRCIO
Comissão de Coordenação
INSTITUTO DE ECONOMIA/UNICAMP
INSTITUTO DE ECONOMIA INDUSTRIAL/UFRJ
FUNDAÇÃO DOM CABRAL
FUNDAÇÃO CENTRO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO EXTERIOR
Instituições Associadas
SCIENCE POLICY RESEARCH UNIT - SPRU/SUSSEX UNIVERSITY
INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL - IEDI
NÚCLEO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA - NACIT/UFBA
DEPARTAMENTO DE POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA - IG/UNICAMP
INSTITUTO EQUATORIAL DE CULTURA CONTEMPORÂNEA
Instituições Subcontratadas
INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA - IBOPE
ERNST & YOUNG, SOTEC
COOPERS & LYBRANDS BIEDERMANN, BORDASCH
Instituição Gestora
FUNDAÇÃO ECONOMIA DE CAMPINAS - FECAMP
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
EQUIPE DE COORDENAÇÃO TÉCNICA
Coordenação Geral: Luciano G. Coutinho (UNICAMP-IE)
João Carlos Ferraz (UFRJ-IEI)
Coordenação Internacional: José Eduardo Cassiolato (SPRU)
Coordenação Executiva: Ana Lucia Gonçalves da Silva (UNICAMP-IE)
Maria Carolina Capistrano (UFRJ-IEI)
Coord. Análise dos Fatores Sistêmicos: Mario Luiz Possas (UNICAMP-IE)
Apoio Coord. Anál. Fatores Sistêmicos: Mariano F. Laplane (UNICAMP-IE)
João E. M. P. Furtado (UNESP; UNICAMP-IE)
Coordenação Análise da Indústria: Lia Haguenauer (UFRJ-IEI)
David Kupfer (UFRJ-IEI)
Apoio Coord. Análise da Indústria: Anibal Wanderley (UFRJ-IEI)
Coordenação de Eventos: Gianna Sagázio (FDC)
Contratado por:
Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT
COMISSÃO DE SUPERVISÃO
O Estudo foi supervisionado por uma Comissão formada por:
João Camilo Penna - Presidente Júlio Fusaro Mourão (BNDES)
Lourival Carmo Monaco (FINEP) - Vice-Presidente Lauro Fiúza Júnior (CIC)
Afonso Carlos Corrêa Fleury (USP) Mauro Marcondes Rodrigues (BNDES)
Aílton Barcelos Fernandes (MICT) Nelson Back (UFSC)
Aldo Sani (RIOCELL) Oskar Klingl (MCT)
Antonio dos Santos Maciel Neto (MICT) Paulo Bastos Tigre (UFRJ)
Eduardo Gondin de Vasconcellos (USP) Paulo Diedrichsen Villares (VILLARES)
Frederico Reis de Araújo (MCT) Paulo de Tarso Paixão (DIEESE)
Guilherme Emrich (BIOBRAS) Renato Kasinsky (COFAP)
José Paulo Silveira (MCT) Wilson Suzigan (UNICAMP)
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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SUMÁRIO
RESUMO EXECUTIVO............................................................................................................1
APRESENTAÇÃO...................................................................................................................15
1. MERCADO MUNDIAL - PADRÕES DE CONCORRÊNCIA E ESTRATÉGIAS
DAS EMPRESAS................................................................................................................16
1.1. Produtos e Segmentos de Mercado na Indústria de TC ..................................................17
1.2. Estruturas de Produção e Demanda................................................................................18
1.3. Padrões de Concorrência ...............................................................................................22
1.4. Determinantes da Competitividade.................................................................................30
2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA ......................................................34
2.1. Caracterização do Setor.................................................................................................36
2.2. A Questão Tecnológica: Infra-estrutura e Microeletrônica .............................................41
2.3. A Política Setorial entre os Anos 70 e 90.......................................................................47
2.4. O Ajuste das Empresas e as Tendências Recentes...........................................................52
2.5. Considerações sobre as Relações Capital-Trabalho.........................................................56
2.6. O Mercado Prospectivo.................................................................................................58
3. PROPOSTAS DE POLÍTICAS.............................................................................................62
4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE.........................................................................74
5. CONCLUSÕES....................................................................................................................76
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................79
RELAÇÃO DE TABELAS E QUADROS................................................................................81
ANEXO I..................................................................................................................................83
ANEXO II: PESQUISA DE CAMPO - ESTATÍSTICAS BÁSICAS PARA O SETOR............85
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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RESUMO EXECUTIVO
1. TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS DA COMPETITIVIDADE
1.1. Estrutura e Evolução Recente da Indústria
O mercado mundial de equipamentos para telecomunicações (TC) está estimado em pouco
mais de US$ 100 bilhões em 1992. A taxa de crescimento anual durante a última década
(1982/92) foi de 8,1%. Esta taxa, superior à média de crescimento industrial global, é relativa a
todos os equipamentos de TC. Há vários segmentos, entre os quais equipamentos para telefonia
celular, comunicações por satélites, redes privadas, comunicações óticas e transmissão de dados,
cujas taxas de crescimento anual situam-se na faixa de 20%, representando portanto os segmentos
mais dinâmicos do setor.
A variedade de produtos da indústria é extensa e vem sendo ampliada e revolucionada em
função dos avanços tecnológicos nas áreas de microeletrônica, ótica, satélites, codificação de
pulsos e software. Pode-se segmentar a indústria segundo dois grupos de produtos, que
conformam mercados onde as empresas fornecedoras adotam distintas formas de concorrência.
O primeiro grupo é constituído pelos Equipamentos de Rede (ER): conjunto de produtos e
equipamentos cujo mercado comprador são os operadores de rede, sejam eles destinados às
funções de comutação, transmissão ou mesmo terminais. Este segmento representa, em termos
mundiais, entre 65 e 85% do mercado total da indústria.
O segundo grupo é constituído pelos Equipamentos para o Consumidor (EC): são
produtos e equipamentos destinados ao mercado final, mais concorrencial, representado pelos
indivíduos, residências e pelas empresas de qualquer natureza e porte. Este mercado, que há
pouco mais de uma década era responsável por não mais de 15% da demanda total, chega
atualmente em alguns países a atingir os 35% complementares à demanda de equipamentos de
rede acima mencionada.
Os principais fabricantes de equipamentos para rede (ER), produtores de centrais digitais
de grande porte, não chegam a dez. Os equipamentos terminais são produzidos tanto por estas
mesmas multinacionais quanto por inúmeras pequenas e médias empresas em todo o mundo. Os
equipamentos de transmissão mais sofisticados tecnologicamente também são produzidos pelos
grandes fabricantes multiprodutos e ainda por pequenas empresas altamente especializadas dos
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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países desenvolvidos. Os produtos mais simples para transmissão são fabricados em vários países,
por empresas do setor elétrico de porte variado.
Aproximadamente 74% da produção mundial de equipamentos para TC origina-se de
grandes empresas provenientes dos seguintes países: Estados Unidos, Japão, França, Alemanha,
Canadá, Suécia e Inglaterra.
A internacionalização da produção de equipamentos para TC é um fenômeno já antigo,
anterior à segunda guerra. A necessidade de trabalhar de maneira muito próxima ao operador dos
serviços, per se, é responsável pela instalação de unidades fabris nos países demandantes.
Acrescente-se a isto o fato de alguns grandes produtores possuírem mercados internos
relativamente reduzidos, como é o caso dos produtores europeus, e a tendência dos países
compradores a exigirem conteúdo crescente de fabricação local nos equipamentos destinados à
rede. Entretanto, nos anos recentes, outros motivos passaram a influir no processo de
globalização, entre eles, a necessidade de conquistar participações significativas do mercado
mundial para diluir custos crescentes de pesquisa e desenvolvimento e de transferir a produção de
equipamentos terminais e alguns componentes para países com níveis salariais e/ou custos de
produção mais baixos, como é o caso dos países asiáticos.
A observação dos dados referentes à globalização dos grandes grupos mundiais da
indústria de TC permite apontar os seguintes fenômenos:
- o primeiro, é o grande número de estabelecimentos e associações de várias naturezas que
cada grupo conseguiu reunir fora de seus respectivos países de origem, considerando inclusive que
estas associações vêm crescendo rapidamente nos últimos anos. A Ericsson, por exemplo, tem 85
destas unidades fora da Suécia;
- o segundo é que, não obstante esses expressivos movimentos de internacionalização, o
percentual de faturamento de cada grande grupo ainda é fortemente concentrado em suas
respectivas zonas de comércio. A Motorola e a Ericsson são os grupos mais internacionalizados e,
mesmo assim, concentram 55% e 64% de seus faturamentos totais nos mercados da América do
Norte e da Europa, respectivamente;
- por último que, em particular no segmento de equipamentos de rede, não há empresa de
sucesso que não seja líder absoluta em seu mercado nacional. O poder de compra dos governos
locais permanece como o mais poderoso instrumento de política industrial, sendo amplamente
utilizado nos países das empresas líderes.
Resumindo, pode-se afirmar: a competição é acirrada e global, mas a força de cada grupo
e a distribuição de fatias do mercado mundial ainda é fortemente regionalizada pelos grandes
blocos (Tabela 1).
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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TABELA 1
PRESENÇA INTERNACIONAL E ESTIMATIVAS DE FATURAMENTO
POR GRANDES ZONAS DE COMÉRCIO
Nº ESTABEL. E RESTO
EMPRESA ASSOC. FORA AM.NORTE EUROPA JAPÃO MUNDO
DO PAÍS
AT&T 9 91% 6/7% - 2/3%
Alcatel 71 6% 82% - 12%
Siemens 53 11% 76% - 13%
Northern 64 94% 2/3%e - 2/3%e
NEC 26 9% 7%e 74% 10%
Ericsson 85 10% 64% - 27%
Motorola 48 55%e 20%e 0/5% 20/25%
Fujitsu 24 8%e 8%e 76% 8%e
Hitachi 23 8% 6% 77% 9%
(e) estimativa.
Fonte:IDATE.relatórios anuais dos grupos. In: Pouillot,D.e Dartois,O.- "La Globalisation dans les
Télécommunications"- outubro/91, Comissão das Comunidades Européias - Programa Fast, Fop 282.
1.2. Padrões de Concorrência
O segmento de mercado de ER exige, desde a fase de projeto até o desenvolvimento do
produto, uma relação de cooperação entre a encomendante/operadora de serviços e o fabricante.
O padrão de concorrência deste segmento é portanto muito específico: o preço
freqüentemente é um fator secundário, enquanto capacitação tecnológica, possibilidade de
oferecer novos serviços e facilidades de gerenciamento da rede e compatibilidade dos
equipamentos com a estrutura já instalada são mais importantes. Também são requisitos
competitivos necessários para as empresas participantes deste mercado grande capacidade
financeira e volume de produção.
No segmento de mercado de equipamentos destinados ao consumidor (EC), o padrão de
concorrência é distinto e se aproxima do padrão prevalecente na indústria eletrônica de consumo.
O preço, referenciado ao desempenho e qualidade do produto, é o elemento central da competição
neste mercado.
A demanda no mercado de EC é atomizada e apresenta crescente dinamismo. Os efeitos da
digitalização da rede, a convergência com a informática, a automação de escritórios, enfim, a
penetração da eletrônica em todas as esferas do cotidiano abrem novas oportunidades para o
desenvolvimento de produtos, criando mercados para estes equipamentos que se expandem a
taxas crescentes. As estratégias de marketing, a diversificação e a diferenciação de produtos
permitem multiplicar o número de modelos e segmentar o mercado de acordo com tipo de usuário
(segundo nível de renda, características das empresas, etc.).
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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No mercado de EC, a tecnologia exigida é mais simples e freqüentemente é incorporada ao
produto através dos componentes eletrônicos, ao contrário de alguns equipamentos de rede, como
as modernas centrais digitais, intensivas em software e que podem demandar grandes esforços em
pesquisa básica para a solução de problemas de interfaceamento. Do ponto de vista da tecnologia
de produção, automação e flexibilidade na linha de montagem são os principais determinantes da
competitividade na fabricação dos equipamentos terminais.
O Quadro 1 sintetiza as principais características dos dois segmentos da indústria de
equipamentos de telecomunicações.
QUADRO 1
CARACTERÍSTICA DA INDÚSTRIA POR SEGMENTO DE MERCADO
Características Equipamento Rede Equipamento Consumidor
(ER) (EC)
Principais .centrais de comutação .Pabx, Pax, Pbx e KS
produtos: .multiplexadores digitais .telefones digitais e
celulares
.rádios transceptores .terminais videotexto
.modems (grd. capacidade) .fac-símile
.concentradores tráfico .pager
.central comut. pacotes
Demanda: .concentrada/monopsônica .atomizada
Estrutura .concentrada nacional e mundialmente .menos concentrada
da oferta: .internacionalizada via implantação .sujeita ao comércio
nos países internacional
Característica .rígida pré-especificada .linha de montagem
da produção: .alto volume .diferenciação de produto
.sob encomenda .produção seriada
Tecnologia e .P&D básica, de processo .P&D de produto
P&D: .software intensivo (centrais) .crescente incorporação de
.compatibilidade com infra- componentes semicondutores
estrutura instalada .diversificação de funções
Tendências: .digitalização completa da rede (RDSI) .integração c/ outros
.aumento investimento P&D produtos/terminais
.tecnologia fechada .idem (volume menor)
não disponível .tecnologia aberta
licenciamento disponível
Fonte: Elaboração própria.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Condicionada por uma política ativa para o setor desde os anos 70, a indústria brasileira de
equipamentos para telecomunicações conta atualmente com um parque diversificado, onde estão
presentes diversas empresas líderes internacionais (algumas, como Ericsson, Siemens e Standard
Electric, desde a primeira metade do século). Apenas os investimentos da Telebrás alcançaram
mais de US$ 3 bilhões em 1992. No ranking mundial, o Brasil possui a 12ª maior planta de
serviços telefônicos em número absoluto de terminais. Por outro lado, a penetração destes
serviços ainda é muito reduzida no país:
- apresenta um índice situado entre 6 e 7 terminais por 100 habitantes; este nível de
penetração é não apenas muito inferior à média dos países desenvolvidos (entre 40 e 50/100), mas
também inferior a vários países latino-americanos;
- apenas 23% dos domicílios urbanos e menos de 2% dos domicílios rurais são atendidos
pela rede telefônica brasileira;
- a taxa de crescimento da rede, que havia atingido níveis máximos a 20% a.a. na década
de 70, reduziu-se para 6% a.a. na década de 80.
Condiderando-se estes dados, aliados ao crescimento populacional, às dimensões
continentais do país e sobretudo, à perspectiva de maior integração do Brasil com a economia
mundial, é possível deduzir que a demanda já existente e projetada, exige níveis de crescimento da
ordem de 15 a 20% a.a..
2.1. Diagnóstico da Competitividade da Indústria Brasileira
Os indicadores de desempenho apontam para uma baixa competitividade da indústria
brasileira de telecomunicações. Em termos de rentabilidade, 24 das 50 maiores empresas do setor
apresentaram prejuízo em seus balanços, no ano de 1991, repetindo o desempenho negativo do
ano anterior.
Do ponto de vista do comércio internacional, o saldo na balança comercial do setor
sempre foi negativo e, a partir de 1990, as importações vêm crescendo aceleradamente, gerando,
em 1992, um déficit de US$ 213 milhões. O nível de exportações jamais ultrapassou a faixa de 3 a
5% do valor da produção do setor. As empresas que obtiveram melhor desempenho foram, via de
regra, as de origem estrangeira, destinando suas exportações, basicamente, para a América Latina.
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Uma comparação de preços médios unitários de equipamentos fabricados no Brasil e os
respectivos preços internacionais, efetuada pelo Geicom em 1983, demonstrou que o Brasil
obtinha preços competitivos apenas nos aparelhos telefônicos, públicos e particulares. Todos os
demais equipamentos apresentavam no Brasil preços superiores aos do mercado internacional, em
porcentagens variáveis de 10% a 160%. O custo para a Telebrás por terminal integrado declinou
até meados da década passada mas, a partir de 1985 mostra-se ascendente. Em seu planejamento
para os próximos dez anos, a Telebrás adota a hipótese de redução do custo por terminal de US$
4.000, verificado em 1990, para US$ 2.700.
O avanço da capacitação nacional, em uma perspectiva histórica, correspondeu a um
processo iniciado com o aprendizado na operação e manutenção dos equipamentos de rede e
evoluiu em diferentes direções até a capacitação hoje existente nas áreas de desenvolvimento e
integração de sistemas, software, projeto de sistemas digitais, produção de fibras óticas e de quase
todos os equipamentos demandados pela expansão da rede.
Os exemplos mais relevantes de capacitação interna em produtos tecnologicamente
avançados foram obtidos a partir de desenvolvimentos do CPqD em parceria com as empresas,
como é o caso dos concentradores e centrais de pequeno e médio portes, a partir da família
Trópico. Resultados como estes distinguem a capacitação brasileira dos demais parceiros latino-
americanos, porém demonstram também que a capacidade de evolução e de penetração do
produto em outros mercados depende essencialmente das empresas.
No que diz respeito às estratégias empresariais, a combinação do ambiente de abertura
com o quadro econômico recessivo desencadeou um processo de ajustamento que atingiu a quase
totalidade das empresas do setor. Entre os principais movimentos observados na indústria de
telequipamentos destacam-se quatro que têm repercussões diretas e indiretas sobre a estrutura
industrial e sua competitividade:
- cortes de pessoal e redução de níveis hierárquicos, visando maior eficiência produtiva e
gerencial. Este ajuste foi em alguns casos combinado com operações de terceirização de etapas ou
estágios completos de produção;
- maior preocupação com qualidade e produtividade, seja pela adoção de técnicas ou
métodos de gerenciamento mais modernos, seja pela introdução de programas de qualidade total e
esforços de qualificação nos procedimentos de certificação de entidades internacionais, como a
ISO 9000;
- entrada de novos competidores externos que se verificou tanto pela aquisição de plantas
industriais já existentes (caso da Alcatel) e pela instalação de escritórios no país (como AT&T),
quanto pela participação em concorrências, diretamente ou em associação com empresas já
instaladas no mercado brasileiro;
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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- multiplicação de variadas formas de parcerias, por parte de empresas nacionais, via de
regra com empresas estrangeiras, visando o acesso a linhas de produtos tecnologicamente mais
avançados ou não disponíveis no país e, sobretudo, a obtenção de produtos complementares
capazes de compor sistemas completos de soluções demandadas pelo mercado. Algumas destas
parcerias envolvem várias empresas nacionais com um mesmo participante estrangeiro, como é o
caso da Northern Telecom, que tem acordo com a Promom em sistemas de comutação digital e
comunicação de dados e outro acordo com a Moddata, nesta última área. O mesmo ocorre com a
AT&T, que tem acordos com a SID em telefonia celular e com a CPM em comunicação de dados.
Muitos destes acordos podem ser classificados como "joint-business", cuja efetivação depende do
sucesso específico em concorrências ou em outras encomendas.
2.2. Oportunidades e Obstáculos
O setor de serviços de telecomunicações - mercado primordial da indústria - é rentável
mas exige um esforço de investimento considerável para atender não apenas os objetivos da
universalização dos serviços básicos de telefonia, através da expansão da rede instalada, mas
também a crescente demanda por serviços mais sofisticados e segmentados, além da expansão nos
canais de integração do país com as redes telemáticas internacionais.
A crise no padrão de financiamento que atingiu praticamente todos os setores de
investimentos públicos a partir dos anos 80 tem condições de ser superada no setor de TC,
tomando como base um modelo de auto-sustentação, como aliás já vem sendo perseguido no
período recente. Este modelo prevê a sustentação dos investimentos do setor a partir de três
fontes de recursos: receitas próprias, auto-financiamento (promitentes usuários) e captação de
recursos no mercado financeiro (pelas empresas do sistema). Além destes recursos, a Telebrás
prevê também diferentes formas de participação da iniciativa privada, através de parcerias em
investimentos.
Os investimentos totais previstos para o próximo período de 10 anos (1991/2000) são
estimados em 47 bilhões de dólares para os chamados serviços telefônicos básicos. Quando
incluídos os investimentos em novos serviços - como comunicação de dados e telefonia celular,
entre outros -, a estimativa total atinge a cifra de 55 bilhões de dólares para o mesmo período.
Este modelo exige um grau de liberdade para o setor investir até o limite de suas receitas e
uma política tarifária capaz de efetivamente remunerar os serviços, tal como também já vem sendo
praticado pelo governo federal.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Na indústria de equipamentos para telecomunicações, o esforço na montagem de uma rede
nacional capaz de integrar o território de dimensões continentais e de interligar o país ao restante
do mundo permitiu não apenas a expansão das atividades das grandes empresas internacionais
instaladas no Brasil, como abriu espaço para o surgimento de empresas nacionais de pequeno e
médio portes. A indústria de equipamentos brasileira, atualmente com capacidade ociosa em
vários segmentos, é capaz de atender em tipos de produtos e sistemas mais de 90% das
necessidades do Sistema Telebrás.
A competitividade em termos de preços não foi até recentemente uma preocupação
explícita do setor. De um lado, as dimensões do mercado interno, em grande expansão nos anos
70, mostrava-se suficiente para garantir a sustentação desta indústria; por outro, o ambiente de
proteção vigente durante a maior parte do período, não estimulava as empresas à busca de
competitividade internacional.
A mudança de orientação da política brasileira, a partir de 1990, colocou a indústria frente
ao duplo desafio de enfrentar um processo de elevação da concorrência em uma conjuntura de
estagnação do desenvolvimento. Este desafio vem sendo superado pela maioria das empresas,
porém o ajuste da estrutura industrial é ainda um processo em andamento.
As principais empresas existentes atualmente no mercado são resultantes de diferentes
formas de joint-ventures entre capitais privados nacionais e as multinacionais. As demais empresas
do setor estão em plena busca de parcerias e alianças internacionais, configurando uma tendência
de convergência em direção à estrutura setorial mista, como aliás vem ocorrendo em outros
segmentos do complexo eletrônico. O aspecto mais positivo destas parcerias é o aproveitamento
das estruturas das empresas nacionais, seu acesso e conhecimento de características específicas do
mercado interno, que podem alavancar estas operações na direção de um upgrading de produtos e
maior desenvolvimento industrial. Por outro lado há, em outros casos, o risco destas empresas
tornarem-se meras representantes das empresas estrangeiras, sem qualquer desenvolvimento
próprio e sem agregar valor interno no resultado das operações.
Além do mercado de centrais de comutação de pequeno, médio e grande portes, as
principais oportunidades para o desenvolvimento da capacitação tecnológica nas empresas de
equipamentos de telecomunicações localizam-se sobretudo nas novas áreas cujos serviços têm seu
crescimento planejado para os próximos anos, entre as quais pode-se citar:
- sistemas de telefonia celular e de radiocomunicação;
- transmissão por cabos de fibras óticas;
- equipamentos e sistemas para transmissão de dados;
- equipamentos para telefonia rural.
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As principais oportunidades, do ponto de vista de mercado, que se colocam para a
indústria de telequipamentos no Brasil encontram-se na expansão das exportações para o
Mercosul e na necessidade de retomada do crescimento e modernização da infraestrutura de TC
no país.
Por outro lado, a indústria está diante de dois desafios essenciais para assegurar sua
própria sobrevivência: a busca de eficiência e produtividade para competir interna e externamente
em preço e qualidade; e a necessidade de incrementar sua capacitação tecnológica em direção à
integração de sistemas e ao lançamento de novos produtos baseados na eletrônica digital e
software.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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3. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS
Quanto à organização da política industrial, uma ação relevante é a redução do excessivo
número de órgãos e instituições afetos às questões da indústria de telequipamentos. É necessária a
ordenação hierárquica de atribuições e a garantia de atuação compatibilizada entre os diferentes
órgãos. As diretrizes gerais da política industrial não devem ser passíveis de inversão mediante
questões regionais.
Perseguindo o objetivo de capacitação tecnológica, além de critérios gerais para o uso de
poder de compra do Estado, a Telebrás deve atender aos seguintes princípios:
a) especificar produtos de maneira a garantir a segurança, a operacionalidade da rede e o
completo interfaceamento entre diferentes tecnologias;
b) buscar como meta para o mercado interno os preços de referência internacionais por
famílias de produtos e sistemas;
c) simplificar procedimentos para a transferência de tecnologia.
A ênfase nos índices de nacionalização por produto, perseguida na política anterior, deve
ser substituída pela combinação de dois objetivos para as empresas: domínio do processo
produtivo básico e obtenção de saldos positivos no comércio externo.
Tendo presente estas considerações gerais, o Quadro a seguir alinha recomendações de
ações voltadas para o incremento da competitividade da indústria de equipamentos de
telecomunicações no país.
Cabe ainda lembrar, para que o setor de telecomunicações e a indústria como um todo
possam alcançar os objetivos de produtividade para competir interna e externamente em preço e
qualidade, incrementar sua capacitação tecnológica em direção à integração de sistemas e ao
lançamento de novos produtos, é necessário que o país ofereça, principalmente, condições de
estabilidade institucional e de crescimento econômico.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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3.1. Proposições de Políticas para Equipamentos de Telecomunicações - Quadro Sinótico
AGENTE/ATOR
OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA
EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD
1. Reestruturação Setorial
Objetivo: Utilizar o poder de compra do Estado para
expandir o mercado interno, aumentar o
conteúdo tecnológico e reduzir o preço
dos equipamentos
Ações: - uso do poder de compra do Estado para
privilegiar, pela ordem: tecnologia de-
senvolvida no país; valor agregado lo-
cal; aplicação em P&D no país X
- concorrência com base em critérios de
técnica (priorização acima e requi-
sitos de qualidade, interfaceamento e
compatibilidade sistêmica) e preço (re-
ferência ao padrão internacional, ajus-
tado às condições e escalas nacionais) X X X
- isenção de IPI para produtos que aten-
dam ao processo produtivo básico como
incentivo fiscal à produção local X
- incentivo à participação de pequenas
e médias empresas mediante condições
favoráveis nas concorrências X X X
- planejamento das aquisições de curto,
médio e longo prazo de forma consis-
tente X X
Objetivo: Fortalecer a infra-estrutura de ensino e
pesquisa
Ações: - concessão de financiamento pela FINEP
e CNPq para a contratação de projetos
e serviços tecnológicos a centros de
pesquisa (Universidades, CTI, CPqD) X X X X
- destinar ao CPqD no mínimo 3% da re-
ceita líquida das operadoras do Sis-
tema Telebrás X X
2. Modernização Produtiva
Objetivo: Fortalecer a capacitação tecnológica da
indústria
Ação: - manter incentivos fiscais para apli-
cação em P&D no país X X X
Objetivo: Melhorar a qualidade dos produtos; (e a
adequação ao padrão da rede brasileira
de TC)
Ação: - dinamizar os sistemas de certificação
da qualidade, normalização e qualifi-
cação de fornecedores (articulação com
o PBqP) X X X X X
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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AGENTE/ATOR
OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA
EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD
Objetivo: Promover a requalificação da força de
trabalho e a modernização das relações
capital/trabalho
Ações: - estimular a participação da força de
trabalho nas decisões relativas aos
métodos de produção, inclusive reco-
nhecimento da organização sindical da
fábrica X X X
- apoio a programas de capacitação e re-
qualificação avançada de recursos huma-
nos (CNPq e FINEP) X X X X X
3. Fatores Sistêmicos
Objetivo: Fortalecer a capacidade institucional de
definição de políticas
Ações: - hierarquização dos órgãos envolvidos
em política industrial e tecnológica X X
- subordinação de incentivos regionais
aos objetivos nacionais com revisão da
política de incentivos X X
- autonomia para o Sistema Telebrás no
investimento de recursos gerados pelas
operadoras X X
- regulamentação e aparelhamento do Esta-
do para medidas de proteção ao anti-
dumping X X
Objetivo: Ampliar a participação da indústria no
mercado externo
Ações: - estabelecimento de linhas de financia-
mento a exportações com carência, prazo
e juros adequados ao mercado interna-
cional. Regulamentação do seguro de
crédito externo X
- articulação com o setor privado para
negociações no âmbito do Mercosul (nor-
mas técnicas e regras de origem) X X X
Legendas: EXEC - Executivo
LEG - Legislativo
EMP - Empresas e Entidades Empresariais
TRAB - Trabalhadores e Sindicatos
ASSOC - Associações Civis
ACAD - Academia
Nota: Em caso de coluna em branco, leia-se "sem recomendação".
13
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE
Quanto aos indicadores, o pressuposto básico é de que a competitividade é um fenômeno
multideterminado e dinâmico, portanto variável no tempo de acordo com diferentes
determinantes.
A obtenção de dados confiáveis e metodologicamente compatíveis não é trivial e não deve
depender exclusivamente de informações diretas das empresas. Assim, um dos requisitos
recomendáveis é a disponibilidade de séries históricas de dados setoriais, tais como:
- volume e composição das exportações;
- volume e composição das importações;
- produção física e em valor;
- perfil dos empregos gerados;
- investimentos, internos e externos; e
- contratos de transferência de tecnologia (natureza, objetivo e pagamento de royalties).
O indicador mais sintético da competitividade é o obtido a partir de comparações de
preços. Este é o indicador que, em economias de mercado, sintetiza e resulta do conjunto de
atributos que uma empresa pode reunir. Para ajustar este indicador às linhas diversificadas de
produção e aos mercados segmentados, basta definir uma tipologia de desempenho/qualidade e
utilizar a relação preço/desempenho para cada família de produtos.
Indicadores mais analíticos são listados a seguir, classificados em três grupos:
a) indicadores de eficiência: referem-se às variáveis que expressam atributos intrínsecos à
empresa, independentes do processo concorrencial. Estes atributos são os usualmente
classificados como de produtividade e de qualidade. A forma mais adequada de medi-los é através
de relações técnicas bem definidas (em cada caso) e precisas.
As relações técnicas mais importantes são diretamente ligadas ao processo produtivo:
- tempos de produção (contados a partir do momento em que a empresa recebe o pedido
ou em que a matéria-prima entra na linha de produção);
- grau de automação;
- índices de defeitos ou tempo de retrabalho; e
- testes de qualidade/durabilidade por produto.
14
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
b) indicadores de desempenho: refletem não apenas o comportamento da empresa, mas o
resultado do processo concorrencial a que estão submetidas.
Os indicadores mais relevantes são:
- faturamento;
- valor agregado;
- market-share;
- percentual de exportação;
- lucratividade operacional.
c) indicadores de capacitação: referem-se às variáveis vinculadas ao caráter dinâmico da
competitividade. Devem permitir uma visão prospectiva, refletindo o potencial competitivo da
empresa.
Destacam-se os seguintes atributos:
- domínio das tecnologias de produto;
- domínio das tecnologias de processo;
- capacitação em P&D e software;
- qualificação do management; e
- capacidade de inovação.
A maioria destes atributos tem natureza intangível e portanto sua operacionalização em
variáveis deve ser qualitativa. De qualquer forma, é possível utilizar indicadores como:
- volume de investimento em P&D;
- nível de qualificação dos funcionários;
- origem da tecnologia utilizada; e
- número de funcionários alocados em P&D.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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APRESENTAÇÃO
O objetivo deste relatório é estabelecer recomendações de política destinadas a
incrementar a competitividade da indústria brasileira de equipamentos para telecomunicações.
O primeiro capítulo apresenta uma análise do contexto internacional, identificando dois
segmentos bastante diferenciados neste mercado e analisando as características e os padrões de
concorrência vigentes em cada segmento.
O segundo capítulo analisa inicialmente a evolução da indústria brasileira a partir da
década de 70 em compasso com a evolução da política setorial. Em seguida, é feito um balanço
das tendências pós-90 e uma avaliação prospectiva do mercado brasileiro.
O terceiro capítulo apresenta as recomendações de política setorial e outras proposições
destinadas ao quadro maior geral da política industrial.
Finalmente, o quarto capítulo discute critérios para a elaboração de indicadores de
competitividade.
Para a realização deste estudo foram visitadas as seguintes empresas e instituições:
Telebrás, CPqD, Geatic, DIEESE/SP, Ericsson, Equitel, Itausa/Itautec e Abinee. A bibliografia
apresentada ao final do documento mostra as principais fontes de informação utilizadas, às quais
acrescenta-se a pesquisa de campo do Estudo da Competitividade.
16
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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1. MERCADO MUNDIAL - PADRÕES DE CONCORRÊNCIA E ESTRATÉGIAS DAS
EMPRESAS
O mercado mundial de equipamentos para telecomunicações (TC) está estimado em pouco
mais de US$ 100 bilhões em 1992. A taxa de crescimento anual durante a última década
(1982/92) foi de 8,1% aa. Esta taxa, superior à média de crescimento industrial global, é
agregada, para todos os equipamentos de TC. Há vários segmentos entre os quais pode-se
destacar os equipamentos para telefonia celular, comunicações por satélites, redes privadas,
comunicações ópticas e transmissão de dados, cujas taxas de crescimento situam-se na faixa de
20% a.a., representando portanto os segmentos mais dinâmicos do crescimento setorial.
A distribuição mundial deste mercado é muito heterogênea, conforme se pode observar na
Tabela 1.1.
TABELA 1.1
MERCADO MUNDIAL - DISTRIBUIÇÃO E TAXAS DE CRESCIMENTO
(em US$ bilhões)
REGIÃO 1982 1987 1992 TAXA ANUAL ESTRUTURA
% 1992
A. Norte 19,9 29,1 41,9 7,8 40,7
Europa 12,5 17,2 23,7 6,7 23,0
Ásia 11,8 19,1 31,7 10,1 30,8
A. Latina 1,4 2,0 2,9 7,7 2,8
Oceania 0,9 1,2 1,5 6,6 1,5
África 0,4 0,7 1,0 8,2 0,9
TOTAL 46,9 69,3 102,7 8,1% 100%
Fonte: Arthur D. Little.
A América do Norte, Ásia e Europa respondem respectivamente por 40,7%, 30,8% e 23%
do total mundial. A América Latina, África e Oceania representam, em conjunto, apenas 5,5% do
mercado global1.
Deve-se observar contudo que os grandes mercados dos países desenvolvidos já possuem
suas redes básicas instaladas e, portanto, investem relativamente menos em expansão e mais em
reposição de equipamentos, cuja vida útil é superior a 20 anos.
Os mercados dos países em desenvolvimento, por outro lado, são, via de regra, carentes
tanto em expansão da rede quanto em universalização ou massificação no atendimento dos
serviços básicos. O crescimento potencial destes mercados é assim significativo para o futuro
desta indústria, ainda que dependa da capacidade de investimento das operadoras e da elevação do
nível de renda de amplas camadas da população.
1 Esses dados, assim como a maioria das estatísticas internacionais, não abrangem os países do Leste, até então
considerados "mercados fechados" mesmo para as empresas transnacionais.
17
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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A seguir serão analisadas as estruturas de produção, de comércio e de mercado a nível
mundial na indústria de equipamentos para TC. Na verdade, existem dois mercados distintos, com
produtos específicos e tipos de consumidores também diferenciados. As características dos
produtos e da demanda conduzem a diferentes padrões de concorrência em cada mercado.
1.1. Produtos e Segmentos de Mercado na Indústria de TC
A variedade de produtos da indústria é extensa e vem sendo ampliada e revolucionada em
função dos avanços tecnológicos nas áreas de microeletrônica, óptica, satélites, codificação de
pulsos e software.
É bastante conhecida a segmentação do mercado segundo a função desempenhada pelo
equipamento na rede de telecomunicações. As categorias funcionais básicas são: Comutação,
Transmissão e Terminais.
Outra forma de segmentação é definida pelo tipo de comprador do equipamento e aqui
importa fundamentalmente distinguir o comprador-operador de serviços e o comprador-
consumidor ou usuário final. Como, via de regra, a operação de rede é de responsabilidade do
Estado (com exceção dos EUA, Canadá e Inglaterra, basicamente) e também como, em qualquer
caso, a rede em si atende um serviço de utilidade pública, tornou-se comum a utilização das
seguintes expressões:
- Comutação pública- centrais local, regional e trânsito.
- Comutação privada - PBX, PAX, PABX, KS.
- Transmissão - transceptores VHF/UHF, multiplexadores, modens, etc.
- Terminais - telefones individuais, públicos, celulares, fax, etc.
Os equipamentos terminais destinam-se ao consumidor final, com exceção dos telefones
públicos, que são adquiridos e homologados pelos operadores de rede.
Existem, então, dois grupos de produtos que conformam mercados onde as empresas
fornecedoras adotam distintas formas de concorrência.
O primeiro grupo é constituído pelos Equipamentos de Rede (ER): conjunto de produtos e
equipamentos cujo mercado comprador são os operadores de rede, sejam eles destinados às
funções de comutação, transmissão ou mesmo terminais. Este segmento representa, em termos
mundiais, entre 65 e 85% do mercado total da indústria.
18
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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O segundo grupo é constituído pelos Equipamentos para o Consumidor (EC): produtos e
equipamentos destinados ao mercado final, mais atomizado, representado pelos indivíduos,
residências e empresas de qualquer natureza e porte. Este mercado, que há pouco mais de uma
década era responsável por não mais de 15% da demanda total, chega atualmente em alguns
países a atingir os 35% complementares à demanda de equipamentos de rede acima mencionada.
O crescimento relativo deste último segmento é explicado pela quantidade de novas
aplicações e serviços oferecidos pelas operadoras e, de outro lado, pelas também crescentes
necessidades de comunicação e de transmissão de dados nas grandes empresas, no sistema
financeiro e nas atividades de serviços em geral.
1.2. Estruturas de Produção e Demanda
Aproximadamente 74% da produção mundial de equipamentos para TC origina-se de
grandes empresas provenientes dos seguintes países desenvolvidos: Estados Unidos, Japão,
França, Alemanha, Canadá, Suécia e Inglaterra.
Os principais fabricantes de equipamentos para rede (ER), produtores de centrais digitais
de grande porte, não chegam a dez.
Os equipamentos terminais são produzidos tanto por estas mesmas multinacionais quanto
por inúmeras pequenas e médias empresas em todo o mundo. Os equipamentos de transmissão
mais sofisticados tecnologicamente também são produzidos pelos grandes fabricantes
multiprodutos e ainda por pequenas empresas altamente especializadas dos sete grandes países. Os
produtos mais simples para transmissão são fabricados em vários países por empresas do setor
elétrico de porte variado.
A Tabela 1.2 a seguir demonstra as receitas totais obtidas pelos grupos e a receita
exclusiva da fabricação de equipamentos para TC dos 10 maiores produtores mundiais (1987).
19
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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TABELA 1.2
RECEITAS DOS MAIORES FABRICANTES DE EQUIPAMENTO PARA TC
(1987)
(em US$ bilhões)
EMPRESA PAÍS ORIGEM RECEITA RECEITA %
TOTAL EQ. TC
AT&T EUA 33,8 13,9 41
Alcatel França 10,4 8,2 79
Siemens Alemanha 21,2 5,1 24
Northern Canadá 4,8 4,8 100
NEC Japão 12,8 4,1 32
Ericsson Suécia 3,7 3,3 90
Motorola EUA 5,9 3,1 52
GPT Inglaterra 12,1 2,3 19
GTE
*
EUA 16,9 2,2 13
Fujitsu Japão 10,0 1,6 16
*
A GTE recentemente abandonou a fabricação de equipamentos, concentrando suas atividades como operadora de
serviços.
Fonte: OECD, ICCP Report e AT&T, annual report 1989; op.cit.in: USITC - United States International Trade
Commission - "Global Competitiveness of US advanced-technology manufacturing industries" October,1991.
Como se pode observar, apenas a Northern Telecom, a Alcatel, a Ericsson e a Motorola
possuem atuação predominante ou exclusiva na fabricação de equipamentos para TC. Nec e
Fujitsu são conglomerados muito diversificados característicos do Japão e a Siemens alemã
também é muito diversificada na área eletro-eletrônica. A GPT é o resultado da fusão da GEC e
Plessey inglesas e recentemente foi ainda associada ao grupo Siemens. Finalmente, as norte-
americanas AT&T e GTE são integradas diretamente com a própria operação de serviços, o que
lhes confere uma substancial vantagem competitiva.
Acrescente-se a este respeito que o mercado de serviços para TC norte-americano é de
longe o maior mercado mundial e, ainda que propalado, o desmembramento da AT&T restringiu-
se ao mercado de serviços locais e regionais, deixando os rentáveis e dinâmicos serviços de longa
distância e de transmissão de dados, além dos laboratórios Bell, com o próprio grupo AT&T.
Além destes dez principais grupos, todos internacionalizados, podem ser incluídas ainda a
holandesa Philips, com forte atuação em eletrônica de consumo mas também significativa
presença no mercado de telecomunicações, a Italtel italiana e a Samsung coreana, que têm
apresentado grande crescimento nos últimos anos. A IBM deixou o segmento de mercado de
comutação privada, com a venda de sua participação majoritária na Rolm para a Siemens.
A internacionalização da produção de equipamentos para TC é um fenômeno já antigo,
anterior à segunda guerra. A necessidade de trabalhar de maneira muito próxima ao operador dos
serviços, per se, é responsável pela instalação de unidades produtivas nos países demandantes.
Acrescente-se a isto o fato de alguns grandes produtores possuírem mercados internos
relativamente reduzidos, como é o caso dos produtores europeus, e a tendência dos países
compradores a exigirem conteúdo crescente de fabricação local nos equipamentos destinados à
20
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
rede. Entretanto, nos anos recentes, outros motivos passaram a influir no processo de
globalização, entre eles, a necessidade de conquistar participações significativas do mercado
mundial para diluir custos crescentes de pesquisa e desenvolvimento e a transferência da produção
de equipamentos terminais e alguns componentes para países com níveis salariais e/ou custos de
produção mais baixos, como é o caso dos países asiáticos.
A principal forma de penetração internacional adotada pelas grandes empresas tem sido a
abertura de filiais industriais, sobretudo nos países cujos mercados são expressivos. Corroborando
esta constatação, a Tabela 1.3 apresenta alguns investimentos efetuados pelas principais empresas
mundiais em mercados emergentes dos países em desenvolvimento.
TABELA 1.3
INVESTIMENTOS DAS EMNS NOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO
ITT 1983 China produção centrais "System 12"
1983 Índia PRODUÇÃO aparelhos de assinantes
1985 Turquia produção centrais "System 12"
Alcatel 1983 Índia produção de centrais E - 10
1983 China produção de centrais E - 10
1986 Índia 2ª fábrica de centrais
AT&T 1984 Taiwan produção de centrais ESS - 4
Siemens 1986 Índia produção de centrais EWSD
Ericsson 1987 Argélia produção de centrais AXE
Fonte: "Moody's Internat." e. op.cit. Maculan, AM (92).
A Tabela 1.4, apresentada a seguir, mostra um quadro resumo da presença internacional
dos principais grupos, bem como estimativas de faturamento destas empresas segundo as grandes
zonas de comércio.
TABELA 1.4
PRESENÇA INTERNACIONAL E ESTIMATIVAS DE FATURAMENTO
POR GRANDES ZONAS DE COMÉRCIO
Nº ESTABEL. E RESTO
EMPRESA ASSOC. FORA AM.NORTE EUROPA JAPÃO MUNDO
DO PAÍS
AT&T 9 91% 6/7% - 2/3%
Alcatel 71 6% 82% - 12%
Siemens 53 11% 76% - 13%
Northern 64 94% 2/3%e - 2/3%e
NEC 26 9% 7%e 74% 10%
Ericsson 85 10% 64% - 27%
Motorola 48 55%e 20%e 0/5% 20/25%
Fujitsu 24 8%e 8%e 76% 8%e
Hitachi 23 8% 6% 77% 9%
(e) estimativa.
Fonte:IDATE.relatórios anuais dos grupos. In: Pouillot,D.e Dartois,O.- "La Globalisation dans les
Télécommunications"- outubro/91, Comissão das Comunidades Européias - Programa Fast, Fop 282.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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A tabela acima demonstra dois fenômenos característicos nesta indústria. O primeiro é o
grande número de estabelecimentos e associações de várias naturezas que cada grupo conseguiu
reunir fora de seus respectivos países de origem, considerando inclusive que estas associações
vêm crescendo rapidamente nos últimos anos.
A segunda observação é que, não obstante esses expressivos movimentos de
internacionalização, o percentual de faturamento de cada grande grupo ainda é fortemente
concentrado em suas respectivas zonas de comércio. A Motorola e a Ericsson são mais
internacionalizadas e, mesmo assim, concentram 55% e 64% do faturamento nos mercados da
América do Norte e Europa respectivamente.
Resumindo, pode-se afirmar: a competição é acirrada e global, mas a força de cada grupo
e a distribuição de fatias do mercado mundial ainda é fortemente regionalizada pelos grandes
blocos.
Em particular, no segmento de mercado de ER, todas essas empresas dominam seus
respectivos mercados nacionais conforme se verifica na Tabela 1.5 abaixo, que se refere
especificamente ao mercado de comutação pública. Não há estratégia vencedora de nenhuma
empresa que não seja líder absoluta em seu mercado nacional e forte na zona de comércio
respectiva.
TABELA 1.5
COMUTAÇÃO PÚBLICA - PARTICIPAÇÃO DE FABRICANTES
EM SEUS MERCADOS NACIONAIS
(1987)
PAÍS EMPRESAS PARTICIPAÇÃO %
Suécia Ericsson e Televerket 100
Japão Nec,Fujitsu,Hitachi e Oki 100
França Alcatel CIT 86
R. Unido GPT(Gec e Plessey) 82
Holanda APT-Philips 77
Bélgica Alcatel NV. 70
Itália Italtel,Stet e Tellettra 65
EUA AT&T 55
Alemanha Siemens 43
Fonte: Siemens, R.F.A.
O comércio mundial de telequipamentos apresenta o seguinte quadro global: O Japão é o
maior exportador, apresentando saldo positivo tanto com relação aos EUA como em relação à
Europa e ao resto do mundo.
A Europa, em conjunto, é importadora do Japão mas exporta significativamente para os
EUA e para o resto do mundo, resultando também em saldo líquido positivo no comércio destes
equipamentos.
22
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
Os Estados Unidos ainda são exportadores importantes, porém tornaram-se o maior
importador mundial nos anos 80 e apresentam déficit crescente na balança deste comércio (Tabela 1.6).
TABELA 1.6
PRINCIPAIS PAÍSES EXPORTADORES - EXPORTAÇÕES E SALDO
(em US$ milhões correntes)
EXPORTAÇÕES % SALDO
PAÍSES ---------------- ----------------
79 84 84 79 84
Japão 475 1730 26,0 448 1638
Suécia 393 838 12,6 369 755
EUA 448 777 11,7 129 -1040
Al. Oc. 493 662 9,9 405 532
Canadá 178 643 9,7 71 435
Coréia S. 21 514 7,7 -20 311
França 126 428 6,4 72 347
Taiwan 32 374 3,7 -15 286
Holanda 269 206 3,1 164 84
Belg./Lux. 129 199 3,0 73 117
Itália 54 141 2,1 11 -26
R. Unido 83 137 2,1 32 -38
2701 6654 100
Fonte: U.S. Depart. of Commerce (86) cit. Moreira, M. (89)
O destaque dos anos recentes é a emergência da Coréia do Sul (Sansumg e Goldstar) e de
Taiwan entre os principais países exportadores, respondendo respectivamente por 7,7% e 3,7% do
total de exportações mundiais.
A relação entre exportações e produção nacional nos sete principais países produtores
cresceu de 19% para 25% no período 1984/892. Estes mesmos 7 países são grandes
consumidores, com um volume de importações em 1988 equivalente a 18% de seu próprio
consumo aparente e mais de 60% do total de importações mundial.
1.3. Padrões de Concorrência
O segmento de mercado de ER exige, desde a fase de projeto até o desenvolvimento do
produto, uma relação de cooperação entre a encomendante/operadora de serviços e o fabricante.
O caráter monopsônico, ou no mínimo concentrado regionalmente, constitui-se na mais
importante característica da demanda e, evidentemente, é o maior condicionante das estratégias
concorrenciais.
2 Calculados a partir dos dados de "Elsevier profile of the worldwide telecommunications industry" in; USITC -
"Global competitiveness of U.S. advanced-technology manufacturing industries: Communications technology and
equipment" outubro/1991.
23
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
Trata-se de equipamentos produzidos sob encomenda, com grande quantidade de pré-
especificações e um ciclo de produção relativamente longo (entre 1 e 2 anos). As modernas
centrais digitais são intensivas em software e modulares, mas devem ser compatíveis com a
estrutura já instalada, como as eletromecânicas. Esta compatibilidade, ainda que tecnicamente
possível na maior parte dos casos, não é trivial nem isenta de custos. O interfaceamento entre
diferentes tecnologias de centrais pode significar não apenas um processo de adaptação demorado
como também implicar custos que inviabilizem economicamente a operação.
Deste modo, as condições concorrenciais neste segmento de mercado serão sempre
determinadas a partir da relação entre a operadora de serviços e a indústria. O padrão de
concorrência deste segmento - principalmente nas centrais de comutação, mas também válido para
grande parte dos equipamentos de transmissão - é portanto muito específico: o preço,
freqüentemente, é um fator secundário, enquanto capacitação tecnológica, possibilidade de
oferecer novos serviços, facilidades de gerenciamento da rede e compatibilidade com a estrutura já
instalada são mais importantes. Também são requisitos necessários para as empresas participantes
deste mercado grande capacidade financeira e volume de produção.
O segmento de mercado complementar é representado pelos equipamentos destinados ao
consumidor (EC). Os efeitos da digitalização da rede, a convergência com a informática, a
automação de escritórios, enfim, a penetração da eletrônica em todas as esferas do cotidiano
impulsionam novos mercados para estes equipamentos.
A demanda é sem dúvida mais pulverizada. Os aparelhos telefônicos, PABX, Key-Sistems,
telefones celulares, fac-simile, pager, ou mesmo os equipamentos para redes privadas, são mais
facilmente comercializados no mercado internacional que os equipamentos de rede.
As estratégias de marketing, a diversificação e a diferenciação de produtos permitem
multiplicar o número de modelos e segmentar o mercado de acordo com tipo de usuário, nível de
renda, etc. As inovações tecnológicas permitem ainda freqüentemente incorporar novas funções e
aumentar a capacidade dos aparelhos a um custo relativamente menor ou decrescente no tempo.
O preço, referenciado à capacidade e qualidade do produto, é elemento central da
competição neste mercado. A tecnologia exigida é mais simples e freqüentemente é incorporada
no produto através dos componentes eletrônicos.
Do ponto de vista da tecnologia de produção, automação e flexibilidade na linha de
montagem são as características desejáveis.
Fixação de marca e volume de produção são requisitos também importantes, embora
produtores iniciantes possam adotar uma estratégia de volume com arranjos de O&M.
24
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
Os produtos deste segmento do mercado exigem produção seriada e, não obstante as
estratégias de diferenciação de produto e fixação de marca, o custo de produção também adquire
relevância na competição de mercado.
Enfim, o padrão de concorrência vigente neste segmento do mercado é muito distinto
daquele dos equipamentos de rede, e se aproxima do modelo característico da indústria eletrônica
de consumo.
O impacto da microeletrônica atinge a indústria de telequipamentos tanto em seu processo
produtivo (projeto, estrutura de custos, montagem), como na própria perspectiva de mercado -
novas funções, novos produtos, convergência com informática, ampliação do mercado. Estes
impactos exigem ajustes em todas as variáveis e decisões estratégicas de qualquer empresa: nível
de investimentos, recursos para P&D, linha de produtos, integração vertical x horizontalização x
especialização, marketing, relações com fornecedores, assistência técnica, etc.
Não resta dúvida quanto à importância da pesquisa e desenvolvimento como elemento
básico da concorrência e mesmo da sobrevivência no mercado. O quadro a seguir mostra que em
todos os países desenvolvidos existem fortes programas de P&D em telecomunicações.
E
STUDO DA
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QUADRO 1.1
ORGANIZAÇÕES E PROGRAMAS DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM COMUNICAÇÕES
PAIS
ÁREA
Organizações e Programas de Pesquisa e
Desenvolvimento de Comunicações.
Tamanho
Apoio para Pesquisa e Desenvolvimento
de fabricantes de equipamentos
CANADA Bell Northern Research, propriedade de
Bell Canada (30%) e Northern (70%).
9 laboratórios, 6000 funcionários,
643,1 milhões de dólares (1987).
funciona como a unidade mais
importante para a Northen Telecon.
FRANÇA National Center for Telecommunications
Studies (CNET), Subsidiaria da France
Telecon..
3414 funcionários em 1987.
colaboração em R&D e "compra" de
protótipos feitos de acordo com as
especificações da DGT.
JAPÃO NTT Laboratories - O governo possui a
maioria das ações.
6000 funcionários e 8000 patentes.
intercambio de equipes de pesquisa com
fornecedores.
Basic Technological Research Promotion
Center (BTRPC) criada pelo governo em
1985, com as vendas das ações da NTT.
-
Conduz pesquisas e auxilia projetos de
R&D entre empresas coligadas privadas.
Key Technology Center (Parte da
BTRPC).
60 funcionários, Orçamento de 215
milhões de dólares em 1990.
Fornece 70% de investimento de capital
para coligações entre empresas de R&D.
Só o investimento principal deve ser
reembolsado se o projeto falhar.
Telecon Research Parks, fundada pelo
governo em 1986.
-
Estabelecimentos de pesquisa regional
para projetos de colaboração entre
empresas privadas; os pequenos incluem
equipamentos e espaços; geralmente são
disponíveis salas, tais como com isola-
mento por ondas de radio, computador
de grande porte e bibliotecas.
CORÉIA DO
SUL
Eletronics and Telecommunications
Reasearch Institute (ETRI) uma
associação do Korea Institute of
Eletronics Technology (KIET) e o Korea
Electro-Technology and Telecommu-
nications Reasearch Institute (KETRI).
1200 funcionários, orçamento de 90
milhões de dólares em 1989.
O braço mais importante em Pesquisa do
Korea Telecommunications. Colaboração
com fabricantes coreanos das áreas de
comunicações e computadores.
E
STUDO DA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
SUÉCIA Ellemtel - coligação da Teli, subsidiária
da Swedish Telecom, e a Ericsson.
-
Desenvolvimento de Produtos da
Ellentel são fabricados pela Teli para o
mercado sueco, e pela Ericsson para o
mercado internacional.
R&D na Swedish Telecom. 3,5% de vendas em 1989 (1/4 para
pesquisa e 3/4 para desenvolvi-
mento)
-
ESTADOS
UNIDOS
Bell Labs, financiados pela AT&T. Orçamento de 2,4 bilhões de dólares
em 1990.
-
Bellcore, criada e financiada pela RHCs. Orçamento de 1,1 bilhões de dólares
em 1990.
Apoio a obtenção de tecnologia em geral
e ao acesso a especificações tecno-
lógicas.
REINO UNIDO Martlesham Heath Labs of Brittish
Telecom.
3000 pesquisadores, 228 milhões de
libras esterlinas para R&D em 1990.
Metade do Orçamento para pesquisa e
para contratos de pesquisa em colabo-
ração com indústrias e universidades.
LINK - Programa financiado pelo
Departamento de Indústria e Comércio
22 projetos e 89 milhões de libras
esterlinas em 1988-89
Pesquisa em colaboração com indústria e
ciência.
ALEMANHA
OCIDENTAL
FTZ Telecommunications, o centro de
engenharia da DBP.
mais de 2500 engenheiros.
Auxilio a testes de campo em
equipamentos novos e aquisição de
equipamento.
COMUNIDADE
EUROPÉIA
European Strategic Program for
Research and Development in
Information Technology (ESPRIT).
Iniciada em 1984, e o maior dos
Framework Programs da Comunidade
Européia.
1,5 bilhões ECU, 200 projetos 450
empresas participantes (incluindo
EUA) e 3000 pesquisadores.
Colaboração entre R&D.
Research and Development in Advanced
Communication Technology for Europe
(RACE).
1,1 bilhões ECV, entre 1987 e 1991.
48 projetos iniciados em 1988, 40
projetos em 1989.
Pesquisa e desenvolvimento com a
finalidade de criar equipamento forte e
Serviços de modo a tornar a Europa forte
no mercado mundial de comunicações.
FONTE: dados compilados pela U.S. International Trade Commission.
27
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
O nível de investimentos em P&D por parte das empresas é elevado e crescente, conforme
demonstra a Tabela 1.7, que apresenta estes investimentos como percentual das vendas, nos anos
de 1970, 80 e 85.
TABELA 1.7
INVESTIMENTOS EM P&D DAS EMNS DE EQUIPAMENTOS
(% das vendas)
EMPRESA 1975 1980 1985
NEC 3,7 5,1 7,5
AT&T/W.El. 5,4 5,8 8,0
ITT 4,2 7,4 9,2
Ericsson ... 6,1 8,3
Siemens 8,4 9,6 9,8
Nothern Tel. 4,8 6,8 10,0
Philips 7,3 7,5 ...
Plessey 10,6 14,5 22,0
Fonte: "moody's Industrial Manual" cit. Maculan,A.M.(92)
Na tecnologia de produto, a crescente utilização de componentes microeletrônicos
promove mudanças qualitativas. São utilizados tanto os componentes padronizados como os
dedicados (custom ou semi-custom). Estes últimos são empregados na realização de funções
específicas associadas ao objetivo final do produto. O valor destes componentes na estrutura de
custo do equipamento tende a pesar fortemente e, portanto, a empresa deve capacitar-se a
produzir estes componentes (os mais importantes) ou, no mínimo, capacitar-se a projetá-los de
acordo com seus objetivos.
Na tecnologia da produção, a difusão da microeletrônica permite a simplificação da etapa
de montagem dos equipamentos e impõe uma maior complexidade nas etapas de projeto e
desenvolvimento do produto. As empresas devem, assim, introduzir equipamentos de automação
flexível na linha de montagem e, por outro lado, investir na capacitação em sistemas e software
(essencial nas centrais de comutação).
Quanto ao mercado, caso a empresa esteja capacitada nos aspectos tecnológicos acima,
terá aumentado seus investimentos em P&D e deverá buscar um maior faturamento para amortizar
estes custos. A estratégia deve ser a diversificação dos produtos e constante diferenciação, para
elevar sua fatia de participação no mercado, buscando ainda atingir os segmentos mais dinâmicos
em termos de crescimento. A automação flexível mencionada anteriormente favorece esta
estratégia.
Nesta linha ainda, as empresas maiores oferecem não apenas um produto mas um sistema
completo de solução integrada para atingir os clientes e obter maiores receitas.
28
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
É evidente que há alternativas a esta estratégia, as empresas podem especializar-se em um
produto ou "nicho" de mercado onde seja capaz de amortizar seus investimentos em P&D com
base em grande volume de vendas ou, eventualmente, com um produto "novo", sem concorrência,
e uma margem de lucro mais elevada.
As opções mais viáveis como estratégia de crescimento para as empresas de TC são
aquelas que englobam o mercado do complexo eletrônico como espaço de expansão das
atividades da empresa, além da crescente internacionalização. Esta vertente encontra inúmeros
exemplos a nível mundial, apontando para os movimentos de aquisição (take over), fusões, joint-
ventures e acordos de cooperação tecnológica ou comercial, entre empresas da indústria de
telequipamentos e empresas de outras áreas do complexo.
Ainda neste contexto, verificaram-se movimentos de entradas cruzadas, como por exemplo
a diversificação da AT&T para a produção de microcomputadores e, inversamente, a
diversificação da IBM para a produção de PABX e outros produtos de comutação privada. A
recente reversão já mencionada desta diversificação da IBM é interpretada pelos analistas
internacionais antes como uma estratégia defensiva diante das dificuldades enfrentadas pela
empresa, do que um abandono do mercado de telequipamentos. Esta interpretação é ainda
reforçada pelo próprio dinamismo do mercado de transmissão da dados, onde as empresas de
ambas os setores industriais competem acirradamente.
Finalmente, é frequente também o movimento de integração vertical para trás, que pode
ser através da capacitação ou compra de empresas da área de microeletrônica e semicondutores.
Este movimento equivale à incorporação do pólo irradiador do progresso técnico e portanto é a
estratégia de maior risco e também de maior importância para a indústria. O Quadro 1.2 mostra a
frequência do movimento de formação de joint-ventures, aquisições e investimentos, efetuados
pelas principais empresas nos últimos anos.
29
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
QUADRO 1.2
COMBINAÇÕES MAIS IMPORTANTES ENTRE EMPRESAS
DE EQUIPAMENTOS PARA COMUNICAÇÃO
JOINT-VENTURES
ANO COMPANHIA (SEDE) PRODUTO
1983 AT&T (EUA) equipamento para rede de
Philips (Holanda) transmissão
1984 AT&T (EUA) equipamento para
transmissão
Goldstar (Coréia) por fibra ótica
1986 Corning (Eua) equipamento para
transmissão
Siemens (Alemanha) por fibra ótica
1989 General Eletrics (Eua) equipamento para
transmissão
Ericsson (Suécia) celular
1989 IBM (EUA) distribuição de PBX
Siemens (Alemanha)
1990 AT&T NSI (HOLANDA) equipamentos para redes de
Italtel (Itália) transmissão
AQUISIÇÕES
ANO COMPRADOR VENDEDOR PRODUTO
1985 Plessey (Reino Unido) Stromberg-Carlson (EUA) equipamentos para
transmissões rurais
1986 Siemens (Alemanha) GTE (EUA) operações na rede
européia
1988 AT&T (EUA) GTE (EUA) operações na rede norte
americana
1988 British Telecom Mitel (Canada) equipamentos para PBX
(Reino Unido)
1989 GEC (Reino Unido) Plessey (Reino Unido) equipamento e operações
em redes de comunicação
1989 Siemens (Alemanha) IBM ROLM (EUA) equipamentos de PBX
1990 Northern Telecom (Canada) STC (Reino Unido) equipamentos para
transmissão e redes
INVESTIMENTOS
ANO COMPRADOR VENDEDOR % PRODUTO
1987 ITT* (EUA) Alcatel NV (Holanda) 37 equipamento para terminais
e redes de Comunicação
1989 Siemens (Alemanha) Gec-Plessey (Reino Unido) 40 equipamento para terminais
e redes de Comunicação
1990 AT&T (EUA) Italtel (Itália) 20 equipamento para terminais
e redes de Comunicação
1990 Italtel (Itália) AT&T NSI (Holanda) 19.5 equipamento para terminais
e redes de Comunicação
1990 Alcatel NV (Holanda) Telettra (Itália) 78 equipamento para terminais
e redes de Comunicação
1990 Fujitsu Ltd (Japão) Fulcrum Communications 75 equipamento para terminais
(Reino Unido) e redes de Comunicação
* em 1990 ITT reduziu sua participação na Alcatel p/ 30%
Fonte: Dados compilados pela US International Trade Commission, USITC (91).
30
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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O poder de compra dos governos permanece como o mais poderoso instrumento de
política industrial, sendo amplamente utilizado com as seguintes características:
- privilégio ou exclusividade para os produtores nacionais ou instalados no país;
- determinação e limitação do número de fornecedores, promovendo fusões em
determinados casos e segmentação regional dos fornecedores em outros;
- apoio e direcionamento das inovações tecnológicas através de capacitação técnica
própria (centros de pesquisa das operadoras), infra-estrutura de P&D e risco compartilhado, além
de financiamento ou garantia de encomendas durante determinado período.
QUADRO 1.3
SEGMENTOS DE MERCADO, PADRÕES DE CONCORRÊNCIA
E CARACTERÍSTICAS ESTRATÉGICAS
Características Equipamento Rede Equipamento Consumidor
(ER) (EC)
Principais .centrais de comutação .Pabx, Pax, Pbx e KS
produtos: .multiplexadores digitais .telefones digitais e
celulares
.rádios transceptores .terminais videotexto
.modems (grd. capacidade) .fac-símile
.concentradores tráfico .pager
.central comut. pacotes
Demanda: .concentrada/monopsônica .atomizada
Estrutura .concentrada nacional e mundialmente .menos concentrada
da oferta: .internacionalizada via implantação .sujeita ao comércio
nos países internacional
Característica .rígida pré-especificada .linha de montagem
da produção: .alto volume .diferenciação de produto
.sob encomenda .produção seriada
Tecnologia e .P&D básica, de processo .P&D de produto
P&D: .software intensivo (centrais) .crescente incorporação de
.compatibilidade com infra- componentes semicondutores
estrutura instalada .diversificação de funções
Tendências: .digitalização completa da rede (RDSI) .integração c/ outros
.aumento investimento P&D produtos/terminais
.tecnologia fechada .idem (volume menor)
não disponível .tecnologia aberta
licenciamento disponível
Fonte: Elaboração própria.
1.4. Determinantes da Competitividade
Esta seção está baseada num relatório apresentado em 1991 pela Comissão de Comércio
Internacional dos Estados Unidos, para o Comitê do Senado, como contribuição para o estudo da
competitividade da indústria norte-americana nos setores de tecnologia avançada3.
3 United States International Trade Comission - USITC pub.2439; "Global Competitiveness of U.S. Advanced-
technology manufacturing industries: Communications Technology and Equipment", October 1991.
31
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Este relatório, do qual extraímos apenas uma síntese dos determinantes da competitividade
na indústria de telequipamentos, apresenta uma extensa análise desta indústria de nos principais
países produtores, identificando o comportamento dos diferentes fatores selecionados em cada
grande bloco do comércio mundial (América do Norte, Europa e Ásia).
O fio condutor do trabalho é a análise dos motivos pelos quais a indústria norte-americana
de telequipamentos, não obstante seu grande potencial tecnológico, encontra-se atualmente em
posição de dificuldade na concorrência internacional e ainda, porque os Estados Unidos
apresentam um déficit crescente no comércio destes equipamentos.
Para atingir este objetivo, o conceito de competitividade foi trabalhado a nível de nação e
da competitividade internacional, relegando para segundo plano os aspectos estritamente setoriais.
A metodologia adotada envolve tanto a mensuração da competitividade revelada, através
de dados da performance relativa nas exportações norte-americanas, quanto a análise de fatores
determinantes da competitividade, internos e externos às empresas.
Apresenta-se a seguir o quadro da estrutura analítica utilizada.
QUADRO 1.4
ESTRUTURA ANALÍTICA DA COMPETITIVIDADE
Competitividade
global na indústria
de equipamentos
para comunicações
Mesuração de
Competitividade
Determinantes da
Competitividade
Mercados
Produtores
Mercados não
Produtores
Mercados
Produtores
Mercados não
Produtores
Externos Internos Externos
Políticas Expertise Financ. as
de compra técnica exportações
Regulamen- Despesas Políticas
tação em P&D export.
Níveis Marketing Níveis
salariais internac. salariais
Taxas de Técnicas Taxas de
câmbio manufat. câmbio
32
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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A síntese dos resultados obtidos (Quadros 1.5 e 1.6) envolve também uma divisão entre
fatores de competitividade importantes para a competição nos mercados dos principais países
produtores e para mercados emergentes de países não produtores.
QUADRO 1.5
DETERMINANTES DA PERFORMANCE RELATIVA DE EXPORTAÇÕES
PARA A AMOSTRA DE MERCADOS NÃO PRODUTORES
DETERMINANTES TIPO DE EQUIPAMENTO (1) MESURAÇÃO DOS
(A) (B) (C) TOTAL DETERMINANTES
EXTERNOS P/
NÍVEIS
SALARIAIS
3 4 4 4
TAXA REAL DE
SALÁRIOS
A EMPRESA TAXAS DE
CÂMBIO
2 5 5 5
TAXA DE CÂMBIO EM
RELAÇÃO AO DOLAR
NÍVEL DE
EXPERTISE TÉC.
5 2 2 2 TAXA DE P&D
INTERNOS P/
A EMPRESA
DESPESAS
EM P&D
4 1 1 1
TAXA DE GASTOS
REAIS EM P&D
TÉCNICAS DE
MANUFATURA
1 3 3 3
TAXA DE FORMAÇÃO DO
CAPITAL FIXO BRUTO
(A) TERMINAIS (B) TERMINAIS (C) COMUTAÇÃO
(1) O ranking segue o padrão a seguir: 1 = maior influência 5 = menor influência
Fonte: U.S. International Trade Commision.
QUADRO 1.6
DETERMINANTES DA PERFORMANCE RELATIVA
PARA MERCADOS DE PAÍSES PRODUTORES
DETERMINANTES TIPO DE EQUIPAMENTO (1) MESURAÇÃO DOS
(A) (B) (C) TOTAL DETERMINANTES
POLÍTICAS
DE COMPRA
4 1 1 1 (2)
EXTERNOS P/
A EMPRESA
NÍVEIS
SALARIAIS
3 5 5 5
TAXA REAL DE
SALÁRIOS
TAXAS DE
CÂMBIO
2 6 6 6
TAXA DE CÂMBIO EM
RELAÇÃO AO DOLAR
NÍVEL DE
EXPERTISE TÉC.
6 3 3 3 TAXA DE P&D
INTERNOS P/
A EMPRESA
DESPESAS
EM P&D
5 2 2 2
TAXA DE GASTOS
REAIS EM P&D
TÉCNICAS DE
MANUFATURA
1 4 4 4
TAXA DE FORMAÇÃO DO
CAPITAL FIXO BRUTO
(A) TERMINAIS (B) TRANSMISSÃO (C) COMUTAÇÃO
(1) O ranking segue o padrão a seguir: 1 = maior influência 6 = menor influência
(2) (MEP1 COMM. IMPORTS [M] / TOTAL MEP1 MS) / (TOTAL MEP COMM. MS / TOTAL MEP MS)
Fonte: U.S. International Trade Commision.
A interpretação destes resultados, obtidos através da quantificação dos indicadores
mencionados, exige algumas observações.
1. A variação - 1 a 6 - do grau de influência dos fatores é classificatória e os últimos graus
- 5 e 6 - representam fatores de pouca relevância.
33
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
2. Os resultados apresentados para os segmentos de transmissão e comutação, de um lado,
e para o segmento de equipamentos terminais de outro, confirmam a diferença entre os padrões de
concorrência para os mercados de operadores de rede e de consumo.
3. Como o direcionamento da política de compras é essencialmente no sentido de proteger
os produtores internos, este fator não foi relacionado para a análise quantitativa dos países
considerados não produtores.
4. No segmento de equipamentos de rede, a política de compras, as despesas em P&D e o
nível de capacitação tecnológica são os fatores essenciais.
Para melhor qualificar este resultado é preciso acrescentar que o objeto da expertise
requisitada é cada vez mais capacitação em desenvolvimento de software. No resultado da política
de compras devem ser considerados os diferentes aspectos da relação entre o fabricante e o
usuário (operadora de serviços de telecomunicações), desde o conhecimento das características
operacionais da rede pelo lado do fabricante até a adoção de normas técnicas diferenciadas entre
as empresas operadores de diferentes países.
5. No segmento de equipamentos terminais, essenciais são as técnicas de manufatura, a
taxa de câmbio (relativa) e os níveis salariais. Neste segmento, para uma melhor qualificação do
resultado, é preciso considerar adicionamente a disponibilidade de componentes a preços
competitivos.
6. Em ambos os casos, o suporte às atividades de P&D e a existência de mecanismos de
financiamento para as exportações complementam os principais requisitos da competitividade.
34
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
A estrutura da indústria de telequipamentos no Brasil, nos moldes em que a encontramos
hoje, tem sua origem na década de 70.
Antes deste período é relevante apenas mencionar a existência das principais filiais de
empresas estrangeiras, Ericsson, Siemens, Standard Eletric e Philips, cujas atividades no país
remontam à primeira metade do século. O processo de internalização de atividades propriamente
industriais por parte destas empresas evoluiu em compasso com a evolução da economia
brasileira, em particular com os períodos de restrição às importações.
O surgimento de empresas nacionais na indústria de TC e a própria reorganização produtiva
daquelas empresas estão diretamente relacionados ao quadro de reordenamento político-institucional
que foi estabelecido pera o setor ao longo de mais de 10 anos, a partir de 1962.
Para resumir muito brevemente este ordenamento, devemos considerar os seguintes fatos:
- aprovação do Código Brasileiro de Telecomunicações, através de lei no Congresso
Nacional em 1962;
- criação da empresa estatal Embratel, com a responsabilidade de organizar os serviços de
longa distância e internacionais, em 1965;
- a reforma administrativa de 1967 que promoveu a criação do Ministério das
Telecomunicações através do desmembramento do antigo Ministério da Viação e Obras Públicas;
- criação da Telebrás, empresa de capital misto controlada pela União, como holding das
operadoras de serviços de telecomunicações regionais a partir de 1972.
Além desta estrutura central, é relevante considerar duas instituições complementares que
vieram a adquirir papel importante na política setorial ao longo dos anos 70 e 80. Em 1975 surge
o Geicom - Grupo Executivo da Indústria de Componentes para Comunicações, atualmente
Geatic, como órgão de assessoria e articulação vinculado ao Minicom.
Em 1976 é criado o Centro de pesquisas e Desenvolvimento - CPqD, em Campinas,
vinculado a uma das diretorias da Telebrás.
No quadro 2.1 consta uma visão gráfica desta estrutura institucional, bem como uma
síntese de suas funções e instrumentos.
Como se pode observar, a atuação desta estrutura - desde o Ministério, através de
portarias, até as concessionárias regionais envolvidas com a operação da planta de serviços e as
35
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
respectivas receitas, passando pelas diretrizes, normas, sistema de homologação e planejamento de
investimentos, centralizados pela Telebrás - permite um grau de articulação decisivo sobre o
desenvolvimento industrial do setor.
A evolução da estrutura industrial durante todo o período entre os anos 70 até o início dos
anos 90 foi fortemente determinada, de um lado, pela política setorial e, de outro, pela evolução
tecnológica que caracterizou o panorama internacional do setor no mesmo período.
Do ponto de vista tecnológico, a transformação foi caracterizada pela transição da
tecnologia eletromecânica para a eletrônica digital. As mudanças que daí decorrem vão desde o
perfil dos produtos, dos processos de fabricação, até a estrutura da indústria mundial e do
mercado que se caracterizava como um oligopólio concentrado e estável em transição para um
oligopólio competitivo menos estável.
Ademais, a convergência de base técnica com outras indústrias do complexo eletrônico foi
também acompanhada pelo surgimento de novas aplicações e, portanto, de novos mercados para a
indústria.
36
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
QUADRO 2.1
ESTRUTURA INSTITUCIONAL E RESPECTIVAS FUNÇÕES
MINICOM
EMBRATEL GEATIC
TELEBRÁS CPqD UNIVERSIDADES
CONCESSIONÁRIAS INDÚSTRIA
29 EMPRESAS - POLO
INSTITUIÇÕES PRINCIPAIS FUNÇÕES INSTRUMENTOS
MINICOM Formulação da política Diretrizes e Portarias.
setorial.
GEATIC Assessoria e articulação Estudos/proposições;
com Indústria. Articulação com Indústria
e CACEX.
TELEBRÁS Planejamento e controle Diretrizes e normas
do sistema. internas;
Sistema de homologação de
equipamentos;
Centralização do poder
de compra.
CPqD Capacitação tecnológica; 1% a 1,5% receita
desenvolvimento de projetos. operacional da TELEBRÁS;
Articulação com Indústria
e Universidades.
CONCESSIONÁRIAS Execução dos serviços, Receitas operacionais,
ESTADUAIS (29) compras e planos de expansão. repasse de recursos
E EMBRATEL orçamentários e captação
de recursos no mercado.
INDÚSTRIA Desenvolvimento de ---
protótipos e fabricação.
UNIVERSIDADES Pesquisa básica e formação ---
de recursos humanos.
Fonte: Elaboração própria.
2.1. Caracterização do Setor
A caracterização do setor pode ser vista a partir da demanda do mercado de
telecomunicações. O Brasil possui a 12ª maior planta de serviços telefônicos no mundo em
número absoluto de terminais. Por outro lado, a penetração destes serviços ainda é muito reduzida
no país.
37
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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- apresentamos um índice situado entre 6 e 7 terminais por 100 habitantes. Este nível de
penetração é não apenas muito inferior à média dos países desenvolvidos (entre 40 e 50/100), mas
também inferior a vários países latino-americanos e de outros países como a Coréia, por exemplo.
- apenas 23% dos domicílios urbanos e menos de 2% dos domicílios rurais são atendidos
pela rede telefônica brasileira.
- a taxa de crescimento da rede, que havia atingido níveis máximos de 20% a.a. na década
de 70, reduziu-se para 6% a.a. na década de 80.
Condiderando-se estes dados, aliados ao crescimento populacional, às dimensões
continentais do país e, sobretudo, à perspectiva de maior integração do Brasil com a economia
mundial, é possível deduzir que a demanda já existente e projetada exige níveis de crescimento da
ordem de 15 a 20% a.a..
A evolução dos investimentos técnicos do Sistema Telebrás pode ser vista na tabela 2.1.
TABELA 2.1
INVESTIMENTOS E FINANCIAMENTO NO SBT
FINANCIAMENTO - PARTIC. RELAT. (%)
ANO INVEST. --------------------------------------------------
(US$ milhões) REC. PP EMPR. E AUTO. REC. TOTAL
FINANC. FINANC. FISCAIS
1974 796 13 47 23 17 100
1975 1220 4 60 21 15 100
1976 1648 9 61 19 11 100
1977 1566 17 50 20 13 100
1978 1454 24 30 26 20 100
1979 1358 20 42 25 13 100
1980 932 9 42 32 17 100
1981 1330 29 23 24 24 100
1982 1523 36 22 23 19 100
1983 992 55 12 21 12 100
1984 964 69 5 21 5 100
1985 918 67 2 24 7 100
1986 1245 49 14 24 13 100
1987 1448 45 2 46 7 100
1988 1977 55 23 18 4 100
1989 2559 24 42 33 1 100
1990 2121 69 6 25 0 100
1991 2311 52 22 26 0 100
1992 3063 64 23 13 0 100
Fonte: TELEBRÁS
Uma visão das linhas de produtos e capacidade física de produção instalada em 1989, bem
como do número de fabricantes por família de produto, registrados pelo Geicom, pode ser
observada no Quadro 2.2 a seguir.
38
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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QUADRO 2.2
INDÚSTRIA BRASILEIRA DE TELECOMUNICAÇÕES:
LINHAS DE PRODUTOS, CAPACIDADE INSTALADA E PRODUÇÃO EFETIVA
Nº DE CAPACIDADE PRODUÇÃO ANUAL
EQUIPAMENTOS FABRIC. INSTALADA -----------------------------------------------------
ANUAL 1977 1980 1983 1986 1989
Centrais públicas de 5 390.560 Terminais 795.400 505.100 470.099 376.819 353.960
comutação eletromecânicas
Centrais públicas de 8 1.341.432 Terminais - - 110.600 385.964 1.004.632
comutação CPA
Centrais privadas de 6 93.200 Terminais 127.600 197.800 93.418 113.019 45.080
comutação eletromecânicas
Centrais privadas de 9 483.514 Terminais - - 35.838 106.842 362.386
comutação CPA
Centrais de comutação 7 35.000 Portas - - - - 2.450
pacotes lógicas
Multiplex FDM 8 145.640 Canais 49.980 26.400 39.526 37.382 137.524
ponta
Multiplex PCM 4 342.300 Canais 30.500 29.300 54.134 44.652 157.864
ponta
Multiplex telegráfico 1 44.160 Canais 3.024 4.3?2 15.640 21.528 35.398
ponta
Multiplex de dados 6 4.078 Sistemas - - - 2.846
Rádios em SHF 3 2.200 Transcept. 388 353 445 266 1.995
(alta capacidade)
Rádios em UHF multicanais 5 3.240 Transcept. 622 590 1.082 2.839 2.492
(6 a 120 canais)
Rádios em VHF/UHF 4 9.600 Transcept. 884 2.373 2.140 8.230 8.640
monacanais duplex
Rádios em HF/VHF/UHF sim- 23 80.006 17.000 21.290 18.357 36.161 50.056
plex (fixos/móveis/port.)
Key-Sistems 8 314.500 Aparelhos 112.000 157.400 110.023 174.147 215.634
Telefones públicos e 4 125.800 Aparelhos 9.990 14.620 24.789 55.411 60.000
semi-públicos
Telefones de assinantes 8 2.243.200 Aparelhos 866.570 1.388.940 921.085 1.101.136 902.805
Máquinas telex 7 27.710 Máquinas 5.200 11.720 7.000 6.712 13.996
Máquinas fac-símile 3 4.750 Máquinas - - 120 358 8.000
Modems para transmissão 15 135.922 Modens 5.820 40.898 87.722
de dados
Fios e cabos telefônico 17 32.800 Toneladas 14.000 10.000 9.000 15.500 13.650
Cabos óticos 7 30.000 Km fibra - - - 8.000 30.000
Carrier de assinantes 2 23.200 Carrier 5.500 22.976 9.290 7.700 2.200
(mono e multicanal)
Amplificadores de voz/ 5 105.500 Unidades 9.370 43.050 2.450 10.351 8.110
extensores de enlace
Fonte: GEATIC
39
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
O Quadro 2.3 apresenta as 50 maiores empresas industriais do setor classificadas segundo
as receitas obtidas no balanço de 1992 (referente ao exercício de 1991).
A observação mais relevante no comportamento das empresas no ano de 1991 está na
constatação de que um total de 24 sobre 50 empresas apresentaram prejuízo em seus balanços.
Este comportamento não é isolado; em 1990 o setor já havia apresentado desempenho
semelhante.
Este comportamento setorial deu origem aos mais variados "ajustes" promovidos pelas
empresas em 91 e 92, como será visto mais adiante (seção 2.3).
Apenas 12 empresas dependem do mercado de TC em percentagens abaixo de 50%. Entre as
restantes, 34 têm entre 80 e 100% de suas receitas provenientes do setor e outras 4, entre 50 e 80%.
40
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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QUADRO 2.3
PRINCIPAIS EMPRESAS DA INDÚSTRIA DE TELEQUIPAMENTOS
NO BRASIL - POR RECEITAS NO SETOR
(1991)
*
(em US$ mil)
EMPRESA PRODUÇÃO RECEITA % TELE RECEITA LUCRO/PREJUÍZO
PRINCIPAL TOTAL TELECOM LÍQUIDO (91)
Ericsson comut. pública 192.023 100 192.023 31.836
Equitel comut. pública 180.850 100 180.850 22.525
NEC comut. pública 150.745 100 150.745 3.192
Elebra Multitel transmissão 114.384 100 114.384 9.752
Sesa Rio comut. pública 59.890 100 59.890 -7.324
Pirelli fios/cabos 281.404 16 45.024 -25.911
Promom Eletrônica com. dados 40.923 100 40.923 -404
Matec com. privada 40.182 100 40.182 1.169
Telemulti transmissão 34.876 100 34.876 2.531
Splice transmissão 32.315 100 32.315 3.771
Ficap fios/cabos 80.576 40 32.230 -927
Sharp eq. fax 613.881 5 30.690 -53.550
Moddata com. dados 30.969 94 29.110 -5.692
SAT com. privada 24.236 100 24.236 -33.951
Itautec eq. fax 193.141 10 19.314 2.721
Sid Telecom com. dados 17.982 100 17.982 596
Daruma tel. público 17.677 100 17.677 1.875
Condulli fios/cabos 20.235 80 16.188 636
Marsicano fios/cabos 24.079 60 14.447 32
Digitel com. dados 13.063 100 13.063 -1.345
ASR Telecom radiocomunicação 12.160 100 12.160 702
ABC Xtal componentes 16.248 74 12.032 -1.711
Autel Telecom com. dados 11.283 100 11.283 965
Standard Telecom. comut. pública 11.035 100 11.035 818
Milmar eq. fax 40.174 27 10.847 -1.814
Furukawa fios/cabos 54.035 20 10.807 -6.668
Sid Microeletrônica componentes 33.630 30 10.089 -10.857
STC Telecom comut. pública 9.869 100 9.869 -71
Ericsson Amaz. ap. telefônicos 9.040 100 9.040 988
Edisa instrumentação 86.935 10 8.694 -41.979
Nife eq. energia 18.748 45 8.436 -1.653
Inbrac fios/cabos 25.078 30 7.523 96
Ichturs com. dados 6.888 100 6.888 652
Elma componentes 7.635 90 6.872 -132
IBCT componentes 6.728 100 6.728 102
Control radiocomunicação 6.636 100 6.636 -4.787
Itaucom componentes 30.578 20 6.115 -3.793
Batik comut. privada 5.813 100 5.813 887
ABC Dados com. dados 11.297 51 5.761 920
Elebra Dados com. dados 5.539 100 5.539 -3.410
Bargoa componentes 5.790 95 5.500 5
Cook componentes 5.385 100 5.385 235
Intelbrás comut. pública 5.018 100 5.018 -1.407
Rhede com. dados 4.780 100 4.780 -124
Embracom com. dados 4.771 95 4.532 1.797
Seicom radiocomunicação 3.762 100 3.762 148
Parks com. dados 5.369 63 3.382 -1.410
Indelsul componentes 3.254 90 2.928 -257
Icotron componentes 28.947 10 2.894 -6.909
Autelcom componentes 2.867 100 2.867 713
*
dados do balanço das empresas em 1992, referentes ao exercício de 1991
Fonte: Anuário Telecom 92/93 - RNT
Do ponto de vista do comércio internacional, o setor de telecomunicações sempre
apresentou fraco desempenho. Conforme se pode extrair da Tabela 2.2, o saldo na balança
comercial do setor sempre foi negativo e, a partir de 1990, as importações vêm crescendo
aceleradamente, gerando, em 1992, um déficit de US$ 213 milhões.
41
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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O nível de exportações jamais ultrapassou a faixa de 3 a 5% em média, do valor da
produção no setor. De qualquer forma, as empresas que obtiveram desempenho mais relevante
foram, via de regra, as empresas de origem estrangeira, que chegaram a atingir um volume de
exportação de até 15% das respectivas produções. O destino destas operações foi totalmente
concentrado na América Latina.
TABELA 2.2
BALANÇA COMERCIAL DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES
(em US$ milhões)
BALANÇA COMERCIAL
Importações
------------------------ Total Exportações Saldo
Empresas Empresas (negativo)
operadoras industriais
1975 102,5 249 351,5 - 351,5
1976 104 161 265 10,5 254,5
1977 63,8 117,0 180,8 30,77 150,5
1978 35 68,8 103 24,7 78,3
1979 43 68,5 111,5 33,4 78,1
1980 30,3 78,1 108,4 36,9 71,5
1981 19 88,9 107,9 38,7 69,2
1982 20 79,7 99,7 21,6 78,1
1983 19,7 48,2 67,9 17,2 50,7
1984 27,8 57,5 85,3 22,7 62,6
1985 15,5 79,2 94,7 25,1 69,6
1986 16,0 101,8 117,8 51,3 66,5
1989 - - 110,0 46,4 63,6
1990 - - 185,2 71,9 113,3
1991 - - 159,1 39,6 119,5
1992 - - 248,3 35,0 213,3
Fontes: Geicom (até 1986) e Abinee/Cetic (89/92)
2.2. A Questão Tecnológica: Infra-estrutura e Microeletrônica
As exigências tecnológicas da indústria de equipamentos para telecomunicações são
elevadas. Caracteriza-se como um setor de tecnologia de ponta não apenas pela utilização de
modernos equipamentos, componentes, software e outros conhecimentos avançados mas,
sobretudo, porque o dinamismo da indústria está diretamente relacionado a sua capacidade de
transformar a evolução de conhecimentos básicos em novos produtos e de viabilizar a oferta de
novos e mais avançados serviços.
Esta viabilização requer, na maioria das vezes, modificações substantivas na própria
capacidade das redes físicas de transmissão e de comutação, bem como na capacidade de
gerenciamento mais complexo destes serviços.
42
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Para exemplificar o argumento, lembramos a necessidade de importantes investimentos na
rede, para viabilizar serviços adequados de transmissão de dados em uma rede originalmente
concebida para transmissão de voz, cuja velocidade de suporte é muitas vezes inferior.
Por outro lado, não há em âmbito mundial uma estabilidade tecnológica para qualquer
produto de telecomunicações. Também para exemplificar, tanto as fibras óticas quanto as centrais
digitais ou os sistemas de telefonia celular estão passando por contínuas e frequentes
transformações. Este fenômeno, característico das industrias de ponta, ressalta a corrida
tecnológica existente no setor e, embora seja amplamente reconhecido, raramente é visualizado
em todas as suas repercussões.
Não é possível pensar de maneira estática a capacitação tecnológica da industria ou do
setor. Uma atividade organizada de prospecção tecnológica é necessária até para acompanhar os
lançamentos de novos produtos e ainda mais para analisar a performance e a relação
custo/benefício de diferentes alternativas de equipamentos ou de padrões para a rede.
Por todas estas caracteristicas, é muito difícil uma empresa atuar e manter-se neste
mercado sem importantes investimentos em P&D.
As estatísticas internacionais da indústria apontam investimentos das principais empresas
da ordem de 8% a 10% dos respectivos faturamentos Além disto, os países desenvolvidos contam
com os mais importantes centros de competência científico-tecnológica especializados no setor,
entre os quais podemos mencionar: o Bell Labs e o Bell Core nos Estados Unidos, o Bell
Northern Research no Canadá, o CNET na França, o FZT/DBT na Alemanha, O Ellentel na
Suécia, o NTT Labs no Japão e o Martlesham Labs na Inglaterra. Uma breve caracterização
destes centros está apresentada no Quadro 1.1 do capítulo anterior.
No Brasil, o mercado foi historicamente dominado pelas subsidiárias das grandes empresas
européias, americanas e japonesas. O setor produtor de equipamentos é privado como em
praticamente todo o mundo. O Estado jamais efetivou a possibilidade, colocada em uma portaria
de meados dos anos 70, de participar, em parceria com grupo privado nacional, na fabricação de
centrais digitais, à época não disponíveis no país.
A dinâmica do desenvolvimento industrial é entretanto fortemente influenciada pelo
Estado, que detém o controle acionário de quase todas as operadoras de telefonia e responde por
cerca de 80% da demanda do setor, além de sua capacidade regulatória sobre os padrões e normas
técnicas capazes de harmonizar os diferentes equipamentos na rede.
A influência da política setorial nos últimos 20 anos, i.é. a partir da centralização e
ordenamento institucional do sistema brasileiro de telecomunicações na esfera do governo federal,
43
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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será analisada no ítem 2.2 a seguir. Entretanto, queremos ressaltar que atualmente a estrutura
industrial do setor apresenta-se mais completa, com a participação de empresas e grupos
brasileiros de médio e grande portes, bem como com espaços no mercado para empresas pequenas
porém dinâmicas tecnologicamente. A própria estrutura de capital das empresas pioneiras no
mercado brasileiro foi substancialmente alterada em vários momentos, pelo entrelaçamento de
interesses entre capitais nacionais e estrangeiros.
Para caracterizar o comportamento tecnológico desta estrutura setorial, apresentamos
abaixo alguns elementos extraídos das entrevistas e do questionário da pesquisa de campo, com a
ressalva de que o número de empresas que responderam ao questionário foi de aproximadamente
30% da amostra selecionada.
As principais empresas do setor possuem diretorias e departamentos específicos de
tecnologia e de engenharia, atuando tanto em aspectos da produção quanto no desenvolvimento
de software ou de adaptações de produto. Estas mesmas empresas possuem ligações ou acordos
com as líderes a nível mundial e portanto têm acesso à tecnologia internacional.
Em uma grande empresa típica, cerca de 15% dos funcionários estão alocados às areas de
P&D e de engenharia. Destes, 36% possuem formação de nível superior. Há programas de
treinamento sistemático que atingem periodicamente até 100% das categorias técnicas, de
gerência e de trabalhadores qualificados em praticamente todas as funções da empresa.
Por outro lado, a capacitação em engenharia básica e tecnologia de produto para novos
lançamentos é ainda um ponto de clara debilidade da estrutura industrial brasileira. As
necessidades de tecnologia para novos produtos ou gerações de equipamentos mais modernos são
supridas via de regra pelas matrizes estrangeiras ou por outros detentores de tecnologia a nível
internacional através de acordos e parcerias muito frequentes nos últimos anos
O volume de investimentos em P&D, estimado na média em 3% sobre o faturamento,
situa-se bastante abaixo do padrão internacional e inclusive demonstrou tendência à redução no
período pós 90, com a mudança de orientação da política empreendida naquele ano.
A entidade tecnológica líder no Brasil é sem duvida o CPqD, um centro de natureza
pública, mantido pela Telebrás com recursos provenientes de aproximadamente 1,5% das receitas
dos serviços telefônicos.
Do ponto de vista estritamente tecnológico o CPqD é o único centro de geração de
tecnologia própria especializado no setor.
Em termos científicos e de formação de recursos humanos o Brasil conta com pelo menos
15 boas universidades e escolas de engenharia cujos cursos de graduação e pós graduação
44
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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atendem à demanda do setor. Entre estas podemos citar: a Politécnica da USP, a Engenharia da
Unicamp, o ITA em S.José dos Campos, o Mackenzie em São Paulo, a INATEL em Minas
Gerais, o IME, a Gama Filho, a Escola Nacional de Engenharia e a PUC no Rio de Janeiro, a
UFPR, a UFSC e a URGS na região sul.
Várias destas escolas e universidades possuem departamentos e laboratórios especializados
na área de tecnologias para TC. A necessidade de recursos para atualização de equipamentos de
laboratório e dedicação exclusiva dos docentes não se distingue da problemática de toda a
universidade brasileira. Entretanto, algumas destas escolas e laboratórios possuem contratos
plurianuais de desenvolvimento de projetos com o CPqD, o que as permite não apenas receber
parte dos recursos necessários à pesquisa como sobretudo efetuar uma imprescindível
aproximação entre a academia, a formação de recursos humanos e as necessidades do setor. Tais
contratos de denvolvimento de projetos devem ser estimulados e ampliados para a maior
aproximação também com as empresas industriais, para o que sugerimos uma linha de atuação
específica das agências de financiamento - CNpQ e Finep -, no sentido de financiarem a utilização
de serviços e projetos executados pelas Universidades/Laboratórios por demanda das empresas.
No que diz respeito à microeletrônica, a indústria de telequipamentos utiliza
crescentemente variados tipos de componentes eletrônicos em praticamente todas as linhas de
produção.
A tendência à digitalização completa da rede de telecomunicações, já delineada desde os
anos 70, é o fenômeno que explica em grande medida a importância dos compenentes eletrônicos
para esta indústria.
Estudos efetuados a nível internacional4, durante os anos 80, já apontavam uma mudança
significativa da estrutura de custos desta indústria, onde o custo de desenvolvimento de
componentes representava um parcela crescente do valor do produto final. A substituição dos
antigos componentes eletromecânicos pelos componentes eletrônicos, cuja miniaturização e
expansão de capacidade avançaram espetacularmente, é a expressão mais evidente da própria
evolução tecnológica do setor.
São utilizados pela indústria de telequipamentos tanto os componentes padronizados, para
a realização de funções lógicas simples e produzidos em grande escala, quanto os componentes
dedicados (custom-made ou semi-custom) que são projetados para a realização de funções
específicas, associadas a características do produto final.
4 OCDE (1993)
45
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Todas as grandes empresas da indústria, a nível internacional, são importantes produtores
de componentes e possuem capacitação própria em projeto de semicondutores. AT&T, Alcatel,
Siemens, Northern Telecom e NEC, por exemplo, não apenas possuem, diretamente ou através de
subsidiárias, produção própria de componentes para suas respectivas linhas de produção e de
tecnologia, como também realizaram durante os anos 80 vários movimentos de aquisições ou
joint-ventures com empresas especializadas da indústria de semicondutores5.
A importância estratégica desta "integração vertical" para a indústria de equipamentos
para TC decorre não apenas do fato de que esta capacitação em projeto de componentes define a
própria autonomia e liderança tecnológica destas empresas como também, em sentido mais amplo,
significa a incorporação pela indústria de TC do dinamismo deste pólo irradiador do progresso
técnico, como tem sido a indústria de microeletrônica na última década.
No Brasil, o fato da indústria de equipamentos para TC ter sido historicamente liderada
por subsidiárias das grandes empresas a nível mundial tem evidentes reflexos sobre a questão dos
componentes.
De um lado, este fato significa que estas subsidiárias aqui instaladas têm acesso, via
importação direta ou via transferência interna de tecnologia, aos componentes essencias ou
característicos da própria linha de produtos da matriz. Assim, pode-se perceber que estas
empresas líderes da indústria prescindem, em certa medida, da existência de uma indústria local
pelo menos para os componentes mais importantes.
Por outro lado, pelos mesmos motivos, este fato pode representar uma dificuldade para a
viabilização, do ponto de vista de mercado, da indústria de componentes no Brasil.
Estas constatações entretanto não esgotam as possibilidades e desafios que se colocam
tanto para a competividade da indústria de TC quanto para a viabilização da indústria de
componentes.
Para a competitividade da indústria de telequipamentos há evidentemente a necessidade de
importar determinados componentes cuja complexidade e escala de produção desaconselham sua
produção no país. Entretanto há também a necessidade não apenas de uma estrutura de
fornecedores internos como sobretudo de uma capacitação própria em projeto, desenvolvimento e
testes de componentes, sem as quais a regressão no estágio de desenvolvimento setorial é a
perspectiva mais provável.
Assim, a estrutura tarifária de importação de componentes deve ser compatível com a
atual redução tarifária dos bens finais e a viabilização da produção de determinados componentes
5 Pessini (1986)
46
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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deve ser objeto de outros incentivos mais poderosos e eficazes, em uma perspectiva de
planejamento e negociação na cadeia produtiva.
Do ponto de vista da viabilização de uma indústria de componentes, tão ou mais
importantes que a indústria de telequipamentos, como mercado de demanda por componentes, são
a indústria de eletrônicos de consumo e a própria indústria de informática.
Na verdade, é da articulação dos interesses destes quatro setores industriais que podem ser
viabilizadas iniciativas de ampliação da competividade, aproveitando as sinergias e potenciais
economias de escala propiciadas pela base técnica comum. Este é também um dos motivos pelos
quais propugnamos por uma política integrada para o complexo eletrônico e incluímos entre as
proposições de política um papel essencial de articulação destes interesses que pode e deve ser
desempenhado pelas câmaras setoriais.
É importante considerar que o setor de TC acumulou nos últimos anos uma capacitação
não desprezível na área, não apenas através das empresas quanto também no CPpD, que vem
desenvolvendo pesquisas e formando e especializando recursos humanos em diferentes
tecnologias de componentes.
O próprio desenvolvimento de produtos adaptados à rede brasileira de TC impulsionou
esta capacitação e exigiu que as empresas buscassem variadas formas de cooperação tecnológica
com o CPqD e também com o CTI.
Corroborando esta análise, podemos citar, a título de exemplo, o comportamento de uma
empresa brasileira produtora de componentes eletrônicos cuja parcela de faturamento derivado da
indústria de equipamentos para TC cresceu de apenas 1% em 1989 para aproximadamente 15%
em 1992. Os produtos responsáveis por este crescimento são: circuitos eletrônicos para centrais
CPA digitais, chipsets para aparelhos telefônicos (tone-ringer, digitador multifrequencial e speed-
circuit) e memórias.
Uma linha de desenvolvimento de componentes com grande potencial e importância para o
país no setor de telecomunicações é o segmento de componentes opto-eletrônicos, cuja utilização
na área de transmissão por fibras óticas deve ser muito exigida nos próximos anos.
Partindo-se da constatação de que o país deve ter como infra-estrutura a capacitação
mínima na área de microeletrônica, um centro de projeto, difusão, encapsulamento e testes de
componentes, a recomendação mais abrangente de política para o setor deve ser o reforço à
atuação do CTI e do CPqD, envolvendo formas de parceria e mesmo de co-gestão destes centros
entre o poder público e as empresas usuárias desta capacitação. É evidente que tal proposta
47
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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envolve uma participação financeira das empresas, em caráter consorciado, no próprio orçamento
destas instituições.
No que diz respeito ao software, o crescimento de sua importância no valor dos produtos
é tão relevante a ponto de estarem surgindo propostas de separar o preço dos equipamentos em
custo de "hardware" e custo do fornecimento e atualização do "software".
Por ser uma atividade essencialmente "brain intensive" e pouco exigente em termos de
capital, o desenvolvimento de software pode ser muito incentivado no Brasil desde que o país não
se limite a importar conjuntos de equipamentos com software embutido e proprietário.
Na realidade o Brasil apresenta uma importante vantagem competitiva na medida em que o
custo de mão-de-obra especializada, medida em homens/hora de engenharia, é de
aproximadamente 1/3 do mesmo custo nos países mais avançados.
2.3. A Política Setorial entre os Anos 70 e 90
A política setorial destes 20 anos deve ser dividida em três fases bastante marcadas.
A primeira fase vai do início dos anos 70 até 1978 e compreende antes de tudo a grande
prioridade que foi concedida ao setor nos planos de investimentos do governo federal. O poder de
compra ampliado e submetido às diretrizes centralizadas do Minicom/Telebrás foi o principal
instrumento de indução dos investimentos privados resultando tanto na instalação de novas
plantas como na modernização das existentes. Todas as empresas estrangeiras já anteriormente
instaladas no país, e também a NEC japonesa, realizaram importantes investimentos durante este
período.
A política industrial pode ser observada através de portarias do Minicom, entre as quais: a
de número 591/agosto 73, como uma das primeiras de interesse industrial, e as de número 102/75,
332/75 e finalmente a 661/75, que foi o documento mais completo na tentativa de articular
política industrial e tecnológica através do poder de compra.
A portaria 591 orientava as concessionárias do sistema com as seguintes recomendações:
- que as concessionárias de serviços utilizassem em seus sistemas equipamentos de mais de
um fabricante, preferencialmente dois, para evitar tanto o monopólio como a excessiva
pulverização do mercado;
- que as compras de diferentes fabricantes fossem agrupadas por tipo de equipamento e
por área geográfica, para obter facilidades de operação e manutenção da rede;
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- concedia à Telebrás o poder de assinar "cartas de intenção" com os fabricantes e
determinava que a holding efetuasse planos quinquenais de expansão, auxiliando os fornecedores
no planejamento de sua produção.
A portaria 102, de 1975, estabeleceu diretrizes para atividades de pesquisa e
desenvolvimento, objetivando articular projetos prioritários aos objetivos do II PND e II PBDCT.
Em termos genéricos, previa a criação de um centro de pesquisas do setor para atuar em pesquisa
aplicada e para fomentar a pesquisa básica nas Universidades, deixando as atividades de
desenvolvimento industrial à cargo da indústria privada.
A portaria 332, também de 1975, definiu instruções para a fabricação de aparelhos
telefônicos e seus principais componentes. Entre outras recomendações, ficou definido que a
Telebrás tomaria as providências necessárias para que fosse iniciado, por grupo brasileiro, o
desenvolvimento de telefone com tecnologia avançada para ser adotado como padrão nas compras
do sistema Telebrás. Esta diretriz resultou na fabricação do telefone de teclas pela Gradiente, em
sua planta de Manaus.
Finalmente, através da portaria 661, ainda de 1975, o Minicom estabeleceu os seguintes
objetivos para a política industrial:
- assegurar o suprimento de materiais e equipamentos necessários à expansão dos serviços,
observada a gradativa nacionalização;
- assegurar a modernização e eficiência dos serviços mediante a utilização e produção no
país dos tipos mais recentes de equipamentos;
- estimular o desenvolvimento da indústria de equipamentos e componentes, sob controle
de capitais brasileiros;
- estabelecer mecanismos próprios, capazes de propiciar a absorção e o desenvolvimento
de tecnologia para o setor; e ainda,
- dar base sólida às empresas brasileiras através do desenvolvimento, no país, de modelos a
serem por elas produzidos.
Além destes objetivos gerais, estabeleceu recomendações diretas para a introdução na rede
brasileira de centrais de comutação CPAs, de tecnologia espacial e temporal.
As centrais de tecnologia tipo espacial, intermediária, seriam adquiridas mediante
concorrência internacional e com o compromisso de transferência de tecnologia para uma empresa
de controle brasileiro. As centrais CPA digitais deveriam ser desenvolvidas aqui no país através do
centro de pesquisas a ser criado.
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O conteúdo fortemente nacionalista deste documento foi, na prática, colocado em cheque
pelo impasse gerado na concorrência internacional para aquisição das centrais tipo espaciais. As
empresas participantes não concordaram com a transferência de tecnologia para uma empresa
brasileira e com as demais condições contidas na portaria. Este impasse foi superado quase 3 anos
mais tarde, em 1978, quando o Minicom, a título de complementar as diretrizes da 661, publicou
nova portaria, a 662, em que não apenas modificava a questão da introdução dos CPAs na rede
brasileira como também requalificava o nacionalismo da política de forma conciliatória com os
interesses das empresas estrangeiras.
A portaria 622/78 marca o início da segunda fase da política e deu origem ao movimento
de formação de associações entre as empresas estrangeiras aqui existentes e sócios nacionais
originários de atividades não-industriais ou de fora do setor. O que caracteriza esta segunda fase,
que vai de 1978 a 1984, é exatamente o fato de que a indústria foi modificada pela formação de
joint-ventures envolvendo todas as empresas estrangeiras aqui existentes.
Do ponto de vista dos investimentos, o setor não contou nesta fase com a mesma
prioridade obtida no período anterior. Além disto, os investimentos foram também afetados pela
crise que se seguiu aos dois choques de preços de petróleo. Neste contexto, a política industrial
do Minicom concentrou esforços no suprimento de equipamentos para o sistema Telebrás com
fabricação local e índices de nacionalização crescentes, recomendações também contidas na
portaria 622.
O sucesso na consecução deste objetivo pode ser comprovado na Tabela 2.3, que
apresenta os índices de nacionalização atingidos, em 1982 e 83, para os principais tipos de
equipamentos.
TABELA 2.3
ÍNDICE DE NACIONALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS
DE TELECOMUNICAÇÕES FABRICADOS NO BRASIL
Equipamento 1982 1983
Centrais de Comut. Eletromec. Crosspoint 98 98
Centrais de Comut. Eletrônica Crosspoint 92 93
Centrais de Comut. tipo CPA 66 84
Multiplex Telefônico FDM 90 92,5
Multiplex Telefônico 90 96
Rádio Microondas TDM 96,5 96,5
Rádio Microondas Analógico 85 85
Rádio Microondas Digital 73 76
Rádio UHF 89 91,5
Rádio VHF 98,2 98,2
Teleimpressor Eletrônico 70 84,4
Aparelho Telefônico 97,7 97,7
(*) Em 1981, a Ericsson importou uma central completamente montada.
A partir de junho de 1984, o índice deverá atingir 87%.
Fonte: CDI/GEICOM
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Em que pese distorções nestes índices, pode-se observar que o grau de nacionalização
para a quase totalidade dos equipamentos atingia já àquela época valores superiores a 90% até
98%. Mesmo os equipamentos eletrônicos mais avançados, centrais CPAs e transmissor
microondas digital, apresentavam índices de nacionalização entre 65 e 85%.
Por outro lado, a preocupação com a competitividade internacional não foi elemento
relevante na política setorial do período.
Uma comparação de preços médios unitários de equipamentos fabricados no Brasil e os
respectivos preços internacionais, efetuada pelo Geicom em 1983 (Tabela 2.4), demonstrou que o
Brasil obtinha preços competitivos apenas nos aparelhos telefônicos, públicos e particulares.
Todos os demais equipamentos apresentavam, no Brasil, preços superiores ao mercado
internacional em porcentagens variáveis de 10% a 160%.
TABELA 2.4
COMPARAÇÃO INTERNACIONAL DE PREÇOS MÉDIOS UNITÁRIOS
DE TELEQUIPAMENTOS SELECIONADOS
(1983)
(em US$)
EQUIPAMENTOS BRASIL INTERNACIONAL
Centrais eletromecânicas (linha equiv.) 360 330
Centrais eletrônicas (terminal) 420 300
Multiplex FDM (term. ponta) 820 400
Multiplex PCM (term. ponta) 380 360
Rádio microondas analógico 40.000 22.000
Rádio microondas digital 60.000 22.000
Rádio UHF (transceptor) 7.500 5.000
Rádio VHF (transceptor) 1.800 1.200
Teleimpressor eletrônico 5.050 3.000
Aparelho telefônico 30 50
Telefone público 400 600
Fonte: Geicom (84) cit. Pessini, JE. (86)
Para finalizar o comentário deste período da política setorial resta citar a portari a nº 215
de novembro de 1981, onde o Minicom, após efetivadas as joint-ventures da Ericsson, NEC e
Equitel, determinou uma distribuição do mercado das áreas metropolitanas de São Paulo, Rio de
Janeiro e Curitiba, respectivamente, para as três empresas. Entre outras recomendações, a 215
também determinou que os modelos de centrais-CPA (Trópico) em desenvolvimento no CPqD
deveriam, quando estivessem disponíveis, ser consideradas preferenciais, com reserva equivalente
de 50% das aquisições de centrais CPA pelo Sistema Telebrás.
Em resumo, a evolução do setor industrial entre 1978 e 1984 acompanhou os dois
objetivos perseguidos pela política. A internalização crescente de praticamente todas as etapas dos
processos produtivos e a associação entre as empresas estrangeiras e grupos nacionais.
51
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
Neste período ainda foram obtidos e repassados para a indústria nacional os primeiros
resultados do CPqD sob a forma de produtos complementares à rede pública de TC.
Visto sob o conceito de empresa nacional adotado pelo Minicom (51% das ações com
direito a voto), a participação de empresas nacionais no mercado de telequipamentos chegou a
100%. Este é entretanto, o ponto polêmico que caracterizou a passagem para a próxima fase da
política (Tabela 2.5).
TABELA 2.5
ÍNDICES DE CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA E PARTICIPAÇÃO
DAS EMPRESAS NACIONAIS NA INDÚSTRIA DE TELEQUIPAMENTOS
(CR4, CR10)
*
PARTICIPAÇÃO EMPRESAS NACIONAIS
-----------------------------------
4 Maiores 10 Maiores
ANO CR4 CR10 -----------------------------------
Critério
**
Critério
-----------------------------------
SEI MINICOM SEI MINICOM
1974
***
90% nd 0% 0% 0% 0%
1978 49% nd 0% 0% nd nd
1980 65% 97% 0% 77% 4% 56%
1983 61% 93% 16% 100% 20% 100%
1984 59% 86% 15% 100% 26% 100%
1985 51% 69% 10% 100% 29% 100%
1986 50% 69% 19% 100% 37% 100%
* Participação das 4 (CR4) e 10 (CR10) maiores empresas no total das vendas da indústria. Não foram levados em consi-
deração, no cálculo dos índices de concentração, os dados relativos ao mercado de cabos e fios telefônicos, na medida em
que as empresas que nele atuam possuem uma base técnica e comercial distinta das outras empresas do setor.
**
Critério SEI: 100% do capital votante e 70% do capital total.
Critério MINICOM: 51% do capital votante.
***
Estimativa dos fabricantes citada em Newfarmer (1977).
Fonte: Dados do GEICOM para o período 1980-86; de Braga e Mascolo (1982) para o ano de 1978; e de
Newfarmer (1977) para o ano de 1974.
A terceira fase da política, entre 1984 e 1990, caracterizou-se pela aprovação da Lei de
Informática pelo Congresso Nacional, cuja abrangência, como não poderia deixar de ser, atinge o
conjunto crescente de produtos derivados da microeletrônica e portanto influencia todos os
segmentos do complexo eletrônico, inclusive a área de telecomunicações.
A questão do controle tecnológico nacional e a capacidade de absorção da transferência
tecnológica, bem como o conceito de empresa nacional utilizado pela Secretaria Especial de
Informática (SEI) foram objeto de constantes atritos entre as duas esferas de elaboração de
política. Não se trata aqui de aprofundar as divergências e diferentes visões de parte a parte mas,
simplesmente, apontar que a política industrial para o setor não teve uma diretriz hegemônica. O
Minicom passou boa parte deste período rediscutindo interna e externamente junto a associações
empresariais, sem resultados práticos, uma revisão de suas diretrizes de política industrial.
52
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
A SEI, encarregada de analisar os projetos de fabricação de equipamentos de comutação
privada tipo PABX, KS etc, abriu espaço para acordos de licenciamento de novas tecnologias
estrangeiras neste segmento; porém, não contava com um instrumento tão poderoso como é o
poder de compra do setor de telecomunicações.
Do ponto de vista dos investimentos no setor, este período se inicia ainda sob a retração
anterior; porém, a partir de 1985 e até 1989 verifica-se uma recuperação crescente dos
investimentos do Sistema Telebrás, conforme apontado na Tabela 2.1, atingindo em 1989 o
volume de US$ 2,56 bilhões.
O resultado deste período sobre a industrialização de equipamentos pode ser analisado
pela ocorrência de dois fortes movimentos. Do lado das empresas que haviam sido objeto de
formação de joint-ventures no período anterior, houve um novo processo de alterações na
estrutura de capital, resultando na nacionalização ou desmembramento com nacionalização de
praticamente todas as principais empresas, entre elas: Equitel, Multitel, Matec/Ercisson, NEC,
ABC Teleinformática, Sul América Teleinformática e a SESA sob controle do Grupo Reserva.
O segundo movimento observado no período foi a tentativa de atuação, por parte de
algumas empresas, com "estratégias de complexo eletrônico", tentando aproveitar as economias
de escopo propiciadas pela base técnica comum. A montagem de holdings com empresas do
mesmo grupo atuando nos mercados de informática, de bens eletrônicos de consumo, de
componentes e de telecomunicações foi a estratégia adotada por empresas como Elebra, Multitel,
o Grupo ABC, o Grupo SID e o Grupo Itaú, entre os mais significativos.
É importante também acrescentar, entre os fatos relevantes desta terceira fase, a entrada
em produção e operação das primeiras centrais de comutação CPAs de pequeno e médio porte,
desenvolvidas pelo CPqD e com a participação da PHT/Promom e da Elebra Telecom, a partir de
1985.
2.4. O Ajuste das Empresas e as Tendências Recentes
A política industrial e de comércio exterior formulada pelo governo brasileiro a partir de
1990 conduz a uma mudança radical de enfoque para o desenvolvimento da indústria brasileira.
A busca de um maior grau de abertura da economia, seja através da redução de tarifas nas
importações, seja através da eliminação de barreiras não-tarifárias provoca um deslocamento de
eixo da política industrial em direção à competitividade industrial.
53
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
No que diz respeito à política setorial do Minicom, esta mudança de enfoque gerou
algumas ações pontuais como, por exemplo, o lançamento de concorrências para aquisição de
sistemas de telefonia celular com a participação direta de concorrentes estrangeiros e importação
de equipamentos.
Estas ações entretanto não chegaram a configurar uma incorporação orgânica do novo
enfoque em uma estrutura de política industrial como nos moldes da política anteriormente
analisada. Algumas das antigas portarias foram revogadas, enquanto outras encontram-se
formalmente em vigor, sem que se tenha clareza de sua aplicabilidade no novo contexto.
A análise deste período indica uma descontinuidade na política traçada no início do
governo Collor, dada não só pelos fatos políticos, mas também devido ao debate nacional em
torno da questão. O próprio destino da Telebrás como empresa pública tem tomado grande parte
das preocupações do setor.
Deixaremos esta importante questão de lado por ora, uma vez que está sendo tratada em
outro trabalho deste projeto. Há, de qualquer forma, notícias muito recentes da elaboração de uma
nova política industrial em discussão no sistema Telebrás.
Todo o aparato institucional do setor permanece formalmente intacto e o único organismo
que passou por uma reformulação planejada de objetivos e programas foi o CPqD, cuja direção
detectou a necessidade de reconcentrar esforços em linhas básicas de pesquisa e dedicar maior
atenção à prestação de serviços técnicos e tecnológicos, sobretudo para as operadoras de rede,
mas também para o setor industrial privado.
As mudanças na orientação da política nestes três últimos anos provocaram variados
movimentos na estrutura industrial do setor. O processo da abertura da economia brasileira, da
maneira como foi conduzido, deixou um vazio na política setorial anteriormente descrita e abriu
espaço para iniciativas nem sempre coordenadas.
A combinação do ambiente de abertura com o quadro econômico recessivo foi
particularmente determinante para o processo de ajustamento que atingiu a quase totalidade das
empresas do setor. Entre os principais movimentos observados na indústria de telequipamentos,
quatro têm repercussões diretas e indiretas sobre a estrutura industrial e sua competitividade:
- 0 ajuste propriamente dito, realizado através de cortes de pessoal e redução de níveis
hierárquicos, em busca de maior eficiência produtiva e gerencial. Este ajuste foi em alguns casos
combinado com operações de downsizing ou de "terceirização" de etapas ou de estágios
completos de produção.
54
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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- A entrada de novos competidores externos, que se verificou tanto pela instalação de
escritórios no país, quanto pela participação em concorrências diretamente ou em conjunto com
empresas já instaladas no mercado brasileiro.
- A preocupação explícita com qualidade e produtividade, seja pela adoção de técnicas ou
métodos de gerenciamento mais modernos, seja pela introdução de programas de qualidade total e
esforços de qualificação nos procedimentos de certificação de entidades internacionais como a
ISO- 9000.
- A multiplicação de variadas formas de parcerias, via de regra com empresas estrangeiras,
visando o acesso a linhas de produtos tecnologicamente mais avançados ou não disponíveis no
país e sobretudo visando a obtenção de produtos complementares capazes de compor sistemas
completos de soluções demandadas pelo mercado.
O primeiro destes movimentos, classificado como o ajuste em sentido estrito, atingiu
praticamente a totalidade das empresas do setor, desde as empresas vinculadas aos grandes
oligopólios mundiais como as pequenas e médias empresas criadas nos últimos 20 anos. A
redução no número de funcionários deu-se tanto ao nível de fábrica como dos escalões de
gerência média e de direção, resultando em diferentes percentuais de corte, não raro da ordem de
50%.
A terceirização de etapas do processo produtivo pode ser observada não apenas pelo
crescimento das importações de partes e componentes a nível setorial mas sobretudo pela
desverticalização radical da produção em alguns casos. O exemplo mais emblemático desta
tendência é o da Matec, produtora de uma variada linha de equipamentos para comutação privada.
A Matec desativou sua unidade industrial em Barueri, terceirizando a totalidade de seu processo
produtivo e relocalizando suas demais atividades na planta industrial da Ericsson, controlada pela
mesma holding, em S. José dos Campos.
A entrada de novos competidores externos, segundo movimento, ocorreu de forma
variada. A entrada da Alcatel, por exemplo, envolveu a aquisição de plantas industriais já
existentes e pertencentes a diferentes empresas: a Elebra/Multitel Sistemas, a Standard Eletrônica
e a ABC-teleinformática. A nova empresa formada se caracteriza como uma joint-venture em que a
Alcatel divide o controle, em condições não-majoritárias, com os grupos nacionais Reserva e Catauá.
Outros exemplos de novos entrantes, em condições bastante distintas, podem ser
observados pela instalação de escritórios comerciais e de representação dos gigantes mundiais
AT&T e Northern Telecom. Ainda que ambos declarem intenções de efetivarem investimentos e
planos mais ambiciosos para o mercado brasileiro, por hora a posição destes novos competidores
deve ser classificada como de observação da evolução do mercado, além do evidente interesse
55
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
mais imediato representado pela participação em consórcios para as concorrências de telefonia
celular e de comunicação de dados.
A Motorola, outro grande grupo mundial, já estava instalada no Brasil, mas tem
demonstrado interesse em ampliar esta participação através de uma estratégia mais complexa, que
envolve tanto a participação em consórcios e concorrências como a associação com a Northern
canadense para somar as expertises em radiocomunicação e em comutação digital,
respectivamente. Finalmente, ainda a respeito de novos entrantes estrangeiros, há um número
crescente de empresas pequenas e médias que se valem de associações com empresas brasileiras
para testar o mercado ou simplesmente para representá-las no país.
A preocupação com os aspectos da qualidade e da produtividade, muito enfatizados pelo
governo brasileiro, inclusive através do PBQP e das câmaras setoriais, foi efetivamente introjetado
pelas empresas e pelas associações de classe do setor. Na maioria dos casos, o ajuste acima
comentado e a própria necessidade de concorrer com competidores estrangeiros no mercado
interno, confirmando o diagnóstico explícito do governo no período 1990/92, foram os impulsos
necessários e suficientes para que as empresas adotassem técnicas de gerenciamento tais como o
Kan-ban para a redução de estoques ou programas de automação e de treinamento em qualidade
total. Todas as grandes empresas do setor de telequipamentos iniciaram o processo de
qualificação para a obtenção do certificado ISO-9000, tendo algumas já concluído o processo,
como é o caso da Ericsson, por exemplo.
Por outro lado, entretanto, é preciso destacar dois pontos importantes a respeito destes
objetivos. O primeiro diz respeito especificamente à qualidade dos produtos da indústria, que
sempre foi controlada pelas próprias empresas do sistema Telebrás de maneira muito rígida. Na
verdade, o que está ocorrendo em alguns casos, ao contrário do que supõe o discurso do governo,
é que a abertura não controlada às importações permitiu a entrada de produtos estrangeiros muito
inferiores em qualidade, como exemplifica o segmento de mercado de aparelhos telefônicos para o
consumidor. O segundo ponto, também enfatizado em entrevistas com dirigentes das empresas, é
que a obtenção de índices satisfatórios de produtividade também depende das escalas de
produção, que não estão sendo favorecidas nem pela retração dos investimentos públicos, nem
pela proliferação de competidores.
Finalmente, o quarto movimento amplamente verificado na estrutura setorial tem sido a
multiplicação das parcerias entre empresas nacionais e estrangeiras, bastante comentadas e
inclusive festejadas na imprensa especializada. Diversas empresas, como Promom, SID (grupo
Machline), Equitel, Splice, Moddata, ABC-Algar, CPM, e Digitel, entre outras, realizaram várias
parcerias específicas por tipo de produto e dedicadas a diferentes segmentos do mercado, como
por exemplo comunicação de dados, transmissão por satélites, comutação digital e telefonia
56
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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celular. Algumas destas parcerias envolvem várias empresas nacionais com um mesmo
participante estrangeiro, como é o caso da Northern Telecom, que tem acordo com a Promom em
sistemas de comutação digital e de comunicação de dados e outro acordo com a Moddata, na área
de comunicação de dados. O mesmo ocorre com a AT&T, que tem acordos com a SID em
telefonia celular e com a CPM em comunicação de dados.
Muitos destes acordos, no entanto, não têm qualquer estabilidade e podem ser
classificados como joint-business, cuja efetivação depende do sucesso específico em
concorrências ou em outras encomendas.
Uma das conclusões e aspectos positivos deste fenômeno está na tendência das empresas
aqui instaladas tornarem-se "integradoras" e fornecedoras de sistemas completos para as soluções
demandadas pelo mercado. O aproveitamento das respectivas estruturas, o acesso e o
conhecimento de características específicas do mercado interno constituem vantagens que podem
alavancar estas operações na direção de um upgrading e maior desenvolvimento próprio. Por
outro lado, há, em outros casos, o risco destas empresas tornarem-se meras representantes das
empresas estrangeiras, sem qualquer desenvolvimento próprio e inclusive sem agregar valor
interno no resultado das operações.
2.5. Considerações sobre as Relações Capital-Trabalho
A automação das linhas de produção na indústria de telequipamentos é um fenômeno já
observado desde o início dos anos 80. Na verdade, a passagem da indústria da tecnologia
eletromecânica para a eletrônica, que veio ocorrendo progressivamente desde a 2
a
metade dos
anos 70, foi a transformação mais radical nos processos de produção da indústria de TC.
Os impactos diretos que esta transição tecnológica impôs no regime das relações capital-
trabalho foram significativos tanto do ponto de vista da perda relativa de postos de trabalho
quanto das necessidades de retreinamento e em alguns casos na mudança radical das habilidades e
do perfil da força de trabalho envolvida.
Embora não haja estudos específicos nem dados sistematizados sobre a magnitude destes
impactos, é bastante provável que a violência destas transformações tenha sido muito suavizada
por três fatores: o primeiro é o fato de que esta transformação em cada empresa e em toda a
estrutura do setor foi sendo distribuída ao longo de mais de 10 anos; o segundo fator está
associado ao fato de que, mesmo com a instabilidade e mau desempenho econômico dos anos 80,
as encomendas da indústria de TC conseguiram crescer a uma taxa média de 6% ao ano na
década, permitindo assim alguma criação de postos de trabalho; o terceiro fator diz respeito ao
57
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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comportamento das empresas que, cientes da necessidade de contar com mão de obra treinada e
motivada, introduziram àquela época programas de treinamento e de requalificação voltados para
as necessidades mais imediatas.
As inovações organizacionais e de processo de trabalho introduzidas no período mais
recente, tais como a introdução de técnicas Kan-ban e de qualidade total, têm uma natureza
completamente distinta do ponto de vista das relações de trabalho. Este tipo de inovação, ao
contrário da automação rígida característica do período anterior, não é essencialmente poupadora
líquida de mão-de-obra e até em sentido inverso, exige uma elevação substancial da participação
ativa dos trabalhadores diretamente envolvidos na produção.
A redução de postos de trabalho é muito menor em termos absolutos e atinge
proporcionalmente mais os escalões de gerência. A redução de níveis hierárquicos também atinge
mais os níveis intermediários, sobretudo da área administrativa, e seu impacto é antes de redução
do leque salarial do que propriamente de eliminação de trabalho.
Os impactos negativos sobre o volume de recursos humanos empregados no setor no
período recente são menos derivados de condicionamentos estritamente tecnológicos e mais
relacionados a três outras questões decorrentes da mudança de orientação na política a partir de
90. Estas questões são a própria abertura da economia, a tendência à terceirização de funções ou
estágios da produção e a retração dos investimentos públicos e de mercado no biênio 90/91.
A abertura da economia, não obstante sua importância do ponto de vista da integração do
país ao exterior, teve na área de TC um impacto imediato de elevação das importações setoriais
do patamar de US$ 110 milhões em 89 para aproximadamente US$ 250 milhões em 92. As
exportações do setor não foram ampliadas, pelo contrário, até se reduziram no mesmo período,
elevando o déficit no comércio setorial para a cifra de US$ 213 milhões em 92. Este fato resulta,
na prática, em uma "exportação" de postos de trabalho.
A retração dos investimentos públicos da área de TC no biênio 1990/91 tampouco
contribuiu para a manutenção do volume de emprego, embora a recuperação já ocorrida em 92 e a
expectativa de novos investimentos devam reverter esta tendência.
Finalmente, a terceirização é um fenômeno mais complexo que tanto pode significar a
obtenção de maior produtividade no foco central da empresa, quanto pode representar uma
desverticalização com diferentes implicações sobre os estágios de produção. Descartando a
hipótese mais pessimista de desverticalização combinada com importações, o fenômeno tem como
consequência sobre as relações de trabalho uma tendência à redução dos salários médios (nas
atividades terceirizadas) e/ou à redução do grau de proteção e de outros benefícios concedidos
pelas grandes empresas aos seus funcionários.
58
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
Estas tendências negativas da terceirização, já apontadas pelo movimento sindical sob a
denominação mais geral de "precarização das condições de trabalho", devem ser combatidas no
quadro da política industrial, para preservar a utilização do processo de terceirização como
instrumento efetivo de aumento da produtividade.
Como propostas de políticas voltadas para os aspectos das relações capital-trabalho e a
busca de maior produtividade no setor, apresentamos duas recomendações:
Reforçar a capacidade das empresas, sobretudo das pequenas e médias, a promoverem
programas abrangentes de requalificação da força de trabalho. Este objetivo deve ser perseguido
mediante ações de parceria entre o poder público estadual ou local e a associação entre empresas
da região para a montagem de programas conjuntos voltados para as necesidades específicas das
empresas e trabalhadores, utilizando, por exemplo, a infra-estrutura das escolas técnicas e seu
reaparelhamento.
A segunda recomendação, tendo em vista o próprio caráter da automação flexível e das
modernas técnicas de produtividade, diz respeito à maior participação da força de produção na
transformação dos processos de trabalho. Este objetivo não pode ser atingido através de
regulamentação trabalhista pois significaria introduzir uma indesejável rigidez no próprio processo
de modernização.
A recomendação portanto é endereçada às próprias empresas cuja "cultura" na área
trabalhista deve ser modernizada para permitir maior grau de participação dos trabalhadores nas
decisões relativas aos métodos de produção e pelo reconhecimento de que esta participação
depende da própria organização da força de trabalho ao nível da fábrica.
2.6. O Mercado Prospectivo
A Telebrás no final de 1991, através de sua Diretoria de Planejamento e Engenharia,
apresentou uma estimativa de investimentos e de receitas associados à obtenção de uma planta de
25 milhões de terminais no ano 2000.
59
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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TABELA 2.6
ESTIMATIVA DE INVESTIMENTOS E RECEITAS ASSOCIADOS
A UMA PLANTA DE 25 MILHÕES DE TERMINAIS NO ANO 2000
em mil unidades valores em US$ milhões
--------------------- --------------------------------
ANO TERM TERM INVEST INVEST REX
ACUMUL TOTAL PRIVAD.
1991 600 9.789 2.100 468 5.300
1992 957 10.589 3.122 1.277 5.700
1993 1.450 11.701 3.855 1.770 6.300
1994 1.610 13.156 4.682 2.304 7.000
1995 1.730 14.843 5.072 2.348 7.900
1996 1.940 16.604 5.035 1.769 8.900
1997 2.170 18.694 5.300 1.976 10.000
1998 2.200 20.980 6.376 2.152 11.300
1999 2.200 23.377 6.375 2.188 12.600
2000 2.200 25.185 5.017 2.168 13.800
TOTAL 17.057 25.185 46 934 18 420 88.800
Fonte: DPE-TB, outubro 1991.
Esta meta pode ser considerada conservadora, pois com a atual planta de
aproximadamente 11 milhões de terminais, o crescimento aí projetado é de 10% a.a. apenas.
Os investimentos totais no próximo período de 10 anos (1991/2000) são estimados em
US$ 47 bilhões para os chamados serviços telefônicos básicos, isto é, não incluídos outros
investimentos de rede, como por exemplo em comunicação de dados e de telefonia celular, entre
outros menores. Quando incluídos os investimentos destes novos serviços, a estimativa total
atinge a cifra de US$ 55 bilhões para o mesmo período.
É relevante esclarecer que para a obtenção destes números a Telebrás trabalhou com a
hipótese de redução do custo por terminal integrado do nível de US$ 4.000 por terminal
verificado em 1990, para um custo médio de US$ 2.700 por terminal adicional. Esta hipótese
pode ser confrontada na Tabela 2.7, que apresenta a evolução real destes custos para a Telebrás,
ao longo da década de 80.
TABELA 2.7
EVOLUÇÃO DO CUSTO DO TERMINAL INTEGRADO
(1981/90)
ANO VALOR (US$)
1981 3.150
1982 3.473
1983 3.474
1984 2.622
1985 2.331
1986 2.715
1987 3.255
1988 3.514
1989 3.745
1990 4.191
Fonte: SH-90
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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A Telebrás prevê também que parte destes recursos para investimentos no sistema será
obtida através da participação, de diferentes formas, do capital privado.
Finalmente, o que não está previsto no documento da Telebrás é o volume do mercado de
equipamentos para o segmento privado. Numa estimativa ainda conservadora, com base no fato
de que este segmento representa atualmente 20% do mercado total, contra 80% do mercado
público, e acrescentando outros US$ 14 bilhões, chega-se a um mercado para a indústria de
telequipamentos estimado em quase US$ 70 bilhões nos próximos 10 anos.
O potencial significado da formação do Mercosul para o setor de telequipamentos é
bastante relevante. Do ponto de vista da competitividade externa, os países do Mercosul e a
América Latina de maneira geral constituem a principal área de mercado de exportação para
empresas já instaladas no Brasil, conforme visto na seção 2.1.
Os apectos mais relevantes para o setor, no âmbito da integração dos mercados do sul,
correspondem à adoção ou reconhecimento de normas técnicas e ao estabelecimento de regras de
origem para os respectivos produtos a serem comercializados sem qualquer barreira ou taxação.
a) Normas Técnicas:
Do ponto de vista brasileiro, há um forte sentimento de que o país detém uma estrutura
industrial bastante adequada às normas técnicas do setor e culturalmente adaptada a rígidas
especificações de qualidade e características de rede.
Neste sentido, a recomendação apropriada seria a de que, nas negociações no âmbito do
acordo, viessem a ser as normas brasileiras consideradas como base ou, alternativamente, que
fosse adotado um mecanismo de mútuo reconhecimento entre os países.
b) Regras de Origem:
A necessidade de regras de origem, para a efetiva implementação do comércio livre entre
estes países, corresponde à ameaça de um eventual desvio de comércio, com origem em países
terceiros. O Brasil, em tese, pode ser um dos países mais prejudicados por desvios de comércio
pelo simples fato de ser o país cuja internalização da produção de telequipamentos está mais
avançada. Entre as diferentes formas de estabelecimento de regras de origem, consideramos que a
negociação de critérios semelhantes aos que estão sendo adotados no Brasil para a definição dos
"processos produtivos básicos", seria recomendável e facilitaria os procedimentos.
A transformação deste mercado potencial representado pelo Mercosul e demais países
latino americanos, em efetivo incremento de exportações depende do esforço das empresas, mas
61
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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também do equacionamento de uma linha de financiamento adequada em suas características -
prazo, carência, taxa de juros e seguro de crédito - à exportação de bens de capital.
Esta linha de ação deve beneficiar não apenas os equipamentos produzidos com tecnologia
desenvolvida no país - família Trópico entre outros, mas quaisquer equipamentos e serviços
adotados na rede brasileira cuja magnitude é significativamente maior do que qualquer outra
daqueles países.
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3. PROPOSTAS DE POLÍTICAS
A recomendação de objetivos e ações para a política industrial voltada para a indústria de
equipamentos para TC têm como base os seguintes pontos abordados neste estudo:
- A indústria de equipamentos para TC em todo o mundo apresenta um excepcional
processo de inovação tecnológica, traduzido na constante incorporação de avanços de software,
microeletrônica, ótica e outras, nos produtos e equipamentos.
- Existe uma tendência à globalização dos grandes fornecedores mundiais e pressões pela
abertura dos mercados, usualmente bem protegidos por barreiras não-tarifárias. No entanto, o
mercado doméstico cativo ainda representa um importante fator de sucesso nas estratégias
empresariais dos principais fornecedores mundiais. Todos os grandes grupos industriais de TC
têm a maior fatia de faturamento obtido em suas respectivas zonas de comércio original.
- O crescimento acentuado dos custos em P&D, exigido pelo avanço tecnológico, tem sido
diluído não apenas pela proliferação de acordos e parcerias entre empresas, como também pela
presença de diferentes formas de "externalidades" nas relações entre os setores público e privado
na área de TC (Centros de Pesquisas, programas prioritários de desenvolvimento, financiamento e
incentivos à P&D, encomendas privilegiadas, entre outras).
- No Brasil, a indústria de equipamentos para TC, empreendeu um grande avanço nos
últimos 20 anos, realizando a transição das tecnologias eletromecânicas para as tecnologias
digitais, além de responder aos desafios colocadas pela política tanto em termos de índices de
nacionalização dos equipamentos quanto em variedade, qualidade e disponibilidade de produtos
para a rede.
- A progressiva internalização da fabricação de telequipamentos, até meados dos anos 80,
esteve diretamente condicionada à politica de investimentos planejados pelo Sistema Brasileiro de
Telecomunicações (SBT) em termos de volumes e metas previamente anunciados, e pelas
diretrizes de aquisição indutoras à fabricação nacional.
- Este processo, entretanto, não foi isento de dificuldades e demonstrou deficiências em
pelo menos dois aspectos: competitividade de preços e a dependência renovada de fontes externas
de tecnologia. A estrutura da indústria é complexa, apresentando diferentes combinações entre
capitais nacionais e estrangeiros e ainda com a existência de empresas pequenas, médias e grandes
em praticamente todos os segmentos de mercado. Não há "lacunas" a preencher em termos de
segmentos expressivos de mercado, exceto em produtos de última geração até o momento pouco
ou não utilizados na rede de serviços.
63
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
- Não é possível desvincular, em nenhum momento, a evolução da indústria de
equipamentos e a evolução da rede de serviços. A demanda de equipamentos para o SBT,
representando entre 75% e 80% do mercado total do setor, é absolutamente determinante sobre o
desenvolvimento industrial.
- Os ajustes recentemente ocorridos na estrutura industrial (1990/93), descritos no capítulo
2 através de quatro tendências de movimentos, apontam uma elevação de grau de competitividade
cuja consolidação dependerá não apenas de uma política industrial equilibrada como também da
viabilização da retomada do crescimento nos investimentos do setor.
Tendo em vista estas constatações é de fundamental importância que a política de compras
do SBT, anteriormente centrada na internalização da produção, seja agora direcionada para
objetivos de médio e longo prazos relacionados a efeitos de aprendizagem na estrutura industrial,
e à seletividade no esforço de desenvolvimento.
Neste sentido, antes de apresentarmos as recomendações de política industrial para
equipamentos, elencamos abaixo as metas e desafios do SBT, bem como as principais linhas de
ação para viabilizá-las:
. Metas/Desafios:
- Expandir a rede básica de telefonia: meta - atingir a densidade de 20 terminais/ 100 hab.
no prazo de 15 anos, o que equivale a contratar e instalar aproximadamente 1,5 milhão de
terminais/ano, entre terminais fixos e móveis.
- Elevar a qualidade e capacidade de suporte da rede: metas - elevar o grau de
digitalização da rede dos atuais 51% para 90% dos troncos e dos atuais 20% para 80% dos
terminais. Ampliar significativamente a transmissão por via ótica.
- Ampliar e diversificar a oferta e o suporte aos novos serviços de transmissão de dados,
telefonia celular, etc.
- Ampliar a interligação com redes internacionais - EUA, Europa e América Latina, com
destaque para países do Mercosul.
. Linhas de Ação:
A - Viabilização Financeira de grande expansão:
- reestruturação tarifária com redução de defasagens e de subsídios cruzados (já em
andamento);
64
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
- manutenção do "autofinanciamento" (promitentes usuários) a médio prazo;
- captação de recursos de financiamento para projetos com rentabilidade prospectiva
assegurada;
- elevação de investimentos públicos (repasses orçamentários) para projetos de caráter
sócio-econômico (telefonia rural e ampliação de telefones públicos);
- reestruturação acionária com ampliação da captação de recursos via mercado acionário
e/ou participação dos Estados no capital das operadoras regionais;
- parcerias com setor privado para investimentos adicionais, sobretudo nos serviços que
não têm caráter universal (telefonia celular, transmissão de dados).
Esta última linha de ação implica revisão constitucional com manutenção do monopólio
regionalizado/federalizado apenas em telefonia básica (universalizante) e abertura de concessões
com regulamentação independente para operadoras privadas em serviços segmentalizados.
B - Viabilização industrial e de suprimento de equipamentos:
- planejamento com ampliação e estabilidade de execução das compras;
- redução do custo do terminal integrado via planejamento das compras (aumento de
escala) e via aumento de produtividade (das operadoras e dos fornecedores);
- ampliação da capacitação tecnológica interna com forte concentração em software e na
capacidade de prospecção sobre diferentes alternativas de produto/equipamento no mercado
mundial (análise de viabilidade e custo/benefício);
- adoção e adaptação de sistemas de qualificação de fornecedores e de verificação de
conformidade de produtos, indutores de qualidade para os fornecedores (este papel já é
tracionalmente desempenhado pelas holdings setoriais no Brasil porém exige constantes
adaptações para acompanhar o dinamismo tecnológico do setor);
- promoção de maior aproximação das empresas, tanto as operadoras regionais quanto as
empresas industriais, com a infra-estrutura científico-tecnológica do setor representada pelo CPqD
e pelos laboratórios das principais universidades já mencionadas;
- articulação das necessidades de componentes (microeletrônica) para o setor de TC, com
as necessidades de componentes dos setores industriais conexos, do complexo eletrônico. Esta
articulação é um dos mais eficazes instrumentos para garantir o suprimento de alguns
componentes, aproveitando a base técnica comum.
C - Linhas de atuação estratégicas para o CPqD
65
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
As linhas de atuação consideradas estratégicas para a trajetória tecnológica da área de
telecomunicações estão classificadas nas categorias: tecnologias de base e tecnologia de sistemas.
Entre as tecnologias básicas selecionadas pelo CPqD para atuação conjunta com as
universidades e outras instituições de pesquisa, destacam-se: Microeletrônica, Software, Fotônica
(desenvolvimento da capacidade dos sistemas óticos) e o processamento simultâneo de sinais de
voz e de imagem.
O desenvolvimento de tecnologia de sistemas, por outro lado, enfatiza a atuação do
CPqD junto às empresas operadoras. Nesta categoria, as prioridades de atuação são:
- redes inteligentes e especificação dos serviços respectivos;
- gerência integrada de redes;
- desenvolvimento do Trópico: incorporação permanente de novas facilidades e
identificação de novas funções na comutação. Atualmente, estão previstas a incorporação do anel
ótico (CDD) e a capacidade de multiplexação ATM. Novos estágios evolutivos devem prosseguir
em direção à incorporação de tecnologia para comutação de Faixa Larga (FL);
- Comunicações de Faixa Larga (FL), envolvendo técnica de transferência ATM,
sistemas de transmissão SDH e meios óticos de acesso e transmissão;
- Comunicações móveis e pessoais, privilegiando a introdução funcional de acesso celular
no Trópico RA;
- Terminais multisserviço e terminais públicos avançados.
As linhas de ação acima sugeridas constituem, grosso modo, o conjunto de condicionantes
para a política industrial no setor de telecomunicações.
O reconhecimento e a viabilização da necessidade de expansão e modernização do Sistema
Brasileiro de Telecomunicações é simultaneamente o elemento que exige e pode dar maior eficácia
à modernização industrial.
A política setorial para a indústria de telecomunicações tem sido objeto de intensas e
polêmicas discussões nos últimos meses, a partir da publicação da portaria n.647 de 27/05/93 pelo
Minicom.
Na realidade tal portaria contém uma minuta de política de aquisições que pretende
ordenar o poder de compra para o conjunto de operadoras do sistema brasileiro de
telecomunicações.
66
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
Em termos de conteúdo, a minuta expressa inicialmente sete objetivos básicos que
correspondem, ao nível de intenções, a objetivos explícitos ou implícitos que poderiam constar da
agenda de qualquer país.
Do ponto de vista da execução são expressas, em resumo, apenas duas diretrizes:
a) determina que as aquisições sejam efetuadas mediante licitação entre produtos de
fabricação nacional. Não é especificado o que se entende por produto nacional e portanto
comporta implicitamente diferentes índices ou graus de conteúdo nacional;
b) admite a participação de produtos estrangeiros em oito diferentes circunstâncias, a
saber: impossibilidade ou insuficiência de produção nacional, ou quando níveis de preço,
qualidade, desempenho, padronização, forma de pagamento, prazo de entrega ou suporte de
serviços forem considerados insatisfatórios ou incompatíveis com o mercado internacional.
Além destas diretrizes, a minuta faz referência ao sistema de qualificação de fornecedores
e produtos da Telebrás e relaciona ítens de habilitação mínimos para os proponentes de origem
nacional ou estrangeira.
Não resta dúvida de que a portaria pretende, tanto quanto possível, estimular a produção
interna de equipamentos para a rede. Não há dúvida tampouco de que estão previstas todas as
situações relevantes para que sejam efetuadas importações.
A maior indefinição está localizada no que se entende por produto nacional. A inexistência
ou mesmo a dificuldade desta definição para o conjunto dos produtos pode, em tese, dar margem
aos mais absurdos exemplos que se possa imaginar. Digno de nota é o fato de que esta dúvida não
foi praticamente abordada no debate entre os principais interessados do setor industrial.
O debate que se instalou já provocou, entre outras, reuniões na Abinee, no Congresso, e
na câmara de comércio Brasil-EUA. As posições oficiais nem sempre são conhecidas; porém, a
divulgação de inúmeras entrevistas, através dos orgãos da grande imprensa diária ou da imprensa
especializada no setor, permite identificar dois pólos da discussão muito marcados entre os
agentes envolvidos com o mercado de equipamentos para TC e especialmente entre os
diretamente envolvidos com o segmento de mercado da comutação pública.
Sem pretender aqui reproduzir e comentar os argumentos exibidos tanto pelos críticos
quanto pelos defensores da portaria, cabe registrar que não obstante a concentração do debate no
segmento da comutação pública, há poucas referências à situação deste mercado tanto no Brasil
como nos demais países.
67
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
O principal argumento dos críticos da portaria diz respeito ao possível retorno à "reserva
de mercado" para os produtores já instalados no Brasil, apontando como ameaças para o país a
falta de concorrência e o atraso no desenvolvimento.
Os defensores da portaria argumentam que o mercado não comporta mais produtores e
que a liberalização indiscriminada levaria à inviabilização de todas as empresas do setor no Brasil.
Julgamos que este é o caso em que os dois lados têm parte de razão e, na verdade, nenhum
deles permite encontrar um caminho de solução.
Não interessa ao país a manutenção da situação anterior, sobretudo pelos preços elevados;
nem é tampouco conveniente a pulverização excessiva das compras de comutação.
O equacionamento do problema passa pela análise da situação deste segmento de
mercado, comutação pública, e pelo papel que a própria Telebrás deve ter neste processo.
Como visto no primeiro capítulo, o mercado de comutação em todo o mundo é um
mercado de concorrência totalmente imperfeita. Tanto a demanda das operadoras tem um caráter
oligopsônico, quanto a oferta é oligopólica e reduzida a um número de participantes não superior
a dez. A tendência inclusive é de redução destes participantes pelo crescimento das operações de
fusão ou acordos de diversas naturezas.
Nos Estados Unidos, a confrontação entre oferta e demanda chega a ser inviabilizada pela
existência de integração entre a principal operadora de longa distância e o principal fornecedor de
equipamentos, no mesmo grupo.
Outra abordagem para esta mesma constatação foi recentemente realizada pelo
levantamento do número de fornecedores, em praticamente todos os países desenvolvidos,
produtores ou não destes equipamentos.
Este levantamento vem comprovar, apenas com mais dados, o que já se sabia deste
mercado. Na amostra significativa de países pesquisados, conclui-se que a média de fornecedores
para centrais de comutação situa-se entre 3 e 4 fabricantes. O estudo demonstra ainda que, entre
estes participantes em cada país, há uma forte concentração de market-share entre os dois maiores
e, em alguns casos, apenas no maior.
No Brasil, a evolução histórica já está abordada no capítulo anterior, mas a situação atual
é a seguinte:
Há um total de 8 fabricantes de CPA-T já instalados, sendo 3 fabricantes de centrais de
grande porte (Ericsson, Nec e Equitel), 3 fabricantes de centrais Trópico R e RA de médio porte
68
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
(Promon, Sid/STC e Alcatel), considerando em conjunto as duas plantas adquiridas pelo grupo
Alcatel, e 2 fabricantes de centrais de pequeno porte (Zetax e Batik).
Além destes, no período recente foram incorporadas ou situam-se como pretendentes ao
mercado brasileiro: a própria Alcatel com sua tecnologia de centrais de grande porte, a Promon
com tecnologia Northern, a Sid com tecnologia AT&T e a Splice com tecnologia Tdx da coreana
Goldstar. Consideremos ainda a Monytel como pretendente ao mercado de centrais de pequeno
porte e obteremos o seguinte resultado: 10 fornecedores com 11 diferentes tecnologias para
centrais de pequeno, médio e grande portes.
Praticamente todas as tecnologias relevantes de comutação existentes no mundo disputam
o mercado brasileiro atualmente. Esta situação não poderá se sustentar a médio prazo. As "livres
forças de mercado" não poderão resolver esta situação sobretudo porque tal conceito simplesmente
não existe neste mercado.
A solução deste problema passa evidentemente pela análise do ponto de vista da Telebrás
e mais amplamente pela estratégia para o país. Existe de fato um trade-off entre competitividade e
concorrência, se o grau de concorrência for avaliado exclusivamente pelo número de fornecedores.
De todo modo, é preciso considerar que entre aquelas 11 tecnologias está a Trópico, para
a qual o país já investiu algumas centenas de milhares de dólares e que deverá continuar
investindo, uma vez que esta necessidade é característica da própria evolução tecnológica;
Enfim, independentemente da aprovação da portaria, sugerimos que a Telebrás constitua
um grupo de trabalho multidisciplinar para o equacionamento adequado do segmento de mercado da
comutação.
O papel que atribuímos à Telebrás é na verdade ainda mais amplo e corresponde àquele
que vem sendo denominado como "pace leader"6, na moderna literatura de dinâmica industrial.
A Telebrás não poderá se furtar a fazer algumas opções, mesmo a priori, como também
não poderá deixar de exercer um papel mais ativo no controle de preços deste mercado, dominado
pelo progresso tecnológico.
A seguir, relacionamos os objetivos gerais e específicos da política industrial, classificados,
de acordo com a metodologia do projeto, em objetivos de reestruturação setorial, de
modernização produtiva e fatores sistêmicos.
6 Gregersen, B. - "The Public Sector as a Pacer in National System of Innovation" in National System of
Innovation Towards a Theory of Innovation and Interactive Learning. Pinter Publishers, London, 1992.
69
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
. Reestruturação Setorial:
- utilizar o poder de compra para expandir o mercado interno, aumentar o conteúdo
tecnológico e reduzir o preço dos equipamentos;
- fortalecer a infra-estrutura de ensino e pesquisa..
. Modernização Produtiva:
- fortalecer a capacitação tecnológica da indústria;
- melhorar a qualidade dos produtos.
- promover a requalificação da força de trabalho e a modernização das relações
capital/trabalho;
. Fatores Sistêmicos:
- fortalecer a capacidade institucional de definição de política;
- ampliar a participação da indústria no mercado externo.
Para alcançar estes objetivos identificamos dezessete (17) ações que consideramos
importantes para o desenvolvimento do setor e que estão apresentadas no quadro-síntese das
próximas páginas. Antes de explicitá-las entretanto convém esclarecermos alguns aspectos de
nossa concepção de política industrial.
a) O caráter supra-setorial da concepção de política industrial é parte basilar da própria
metodologia adotada no "Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira".
Não se pode, de um lado, reduzir uma política industrial aos aspectos exclusivamente
setoriais e, de outro, é inconcebível uma diretriz setorial incompatível ou independente em relação
às diretrizes mais gerais.
Assim, entre as dezessete ações propostas a seguir podemos identificar algumas de
abrangência supra-setorial;
. manutenção de incentivos fiscais às atividades de P&D nas empresas;
. organização e hierarquização dos órgãos envolvidos na execução da política industrial;
. revisão e adequação da política de incentivos regionais;
. isenção de IPI para produtos que atendam ao processo produtivo básico;
70
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
. financiamento para utilização de laboratórios das universidades e centros de pesquisa por
parte das empresas;
. promoção de modernização das relações capital/trabalho;
. linhas de financiamento e seguro de crédito para as exportações;
. uso do poder de compra para a promoção de competitividade.
Por outro lado, as ações que podem e devem ser decididas no âmbito setorial são:
. planejamento dos investimentos de rede;
. especificação de encomendas com requisitos técnicos de rede e padrões de interfaceamento;
. dinamização dos sistemas de certificação de qualidade e qualificação de fornecedores;
. participação nas negociações referentes ao Mercosul para o estabelecimento de regras de
origem e reconhecimento ou harmonização de normas técnicas.
b) O planejamento e a execução de uma política industrial envolve via de regra, selecionar
e privilegiar determinados aspectos do desenvolvimento sócio-econômico em detrimento de
outros. Este caráter seletivo não se aplica somente no nível setorial (seleção de setores), mas
sobretudo de maneira particular em cada segmento de mercado ou ainda mais especificamente nas
decisões de natureza tecnológica.
Entre as ações que têm um caráter seletivo destacamos:
. isenção do IPI para produtos que atendam ao P.P.B.;
. o financiamento e o apoio às atividades de pesquisa desenvolvidas nas universidades e
centros de pesquisa, e sobretudo,
. a definição de política de compras.
Sobre este último aspecto penso ter deixado claro ao longo deste texto minha posição
absolutamente favorável ao espírito da portaria 647 (controvérsia ainda não decidida oficialmente)
isto é, à preferência pelos equipamentos de fabricação local em relação às importações, sob
determinadas condições.
O que talvez possa ser enfatizado é minha opinião de que esta preferência (seletividade)
pode ser exercida de forma diferente sem a necessidade imperiosa de uma portaria.
Minha proposta foi clara no sentido de se montar uma equipe multidisciplinar de alto nível
para avalair sob todos os aspectos as diferentes tecnologias que pretendem disputar o mercado
brasileiro. Este trabalho visa embasar uma tomada de decisão (seleção das tecnologias a serem
71
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
potencialmente adquiridas em concorrência) que pode tornar desnecessária a portaria, pelo menos
no caso do mercado de centrais públicas de computação.
Outra forma, mais simples porém menos rica, de resolver a questão é simplesmente
conceder uma margem de preferência (%) para os preços dos equipamentos produzidos no país,
no julgamento das concorrências (solução tipo "Buy American Act").
c) Finalmente, ainda sobre a concepção da política industrial cabe ressaltar além da
seletividade, a necessidade de hierarquização entre diferentes aspectos do desenvolvimento. A
grande maioria das decisões da política econômica envolve trade-offs entre diferentes objetivos do
desenvolvimento social, econômico e tecnológico, mesmo quando estes aspectos possam ser
parcialmente complementares.
Para exemplificarmos o argumento de maneira simples basta considerarmos que no âmbito
da política industrial tanto o desenvolvimento de tecnologia própria como os canais de importação
e absorção de tecnologia gerada no exterior, são elementos importantes que devem ser
estimulados e preservados. Entretanto, embora potencialmente complementares, estas diferentes
formas de capacitação tecnológica são também fortemente concorrentes entre si e mutuamente
excludentes em vários casos. Não cabem portanto nem uma atitude da exclusão a priori de
qualquer opção, nem uma pretensa neutralidade. O caráter da política industrial exige uma
hierarquização dos objetivos que está implícita no conjunto de ações propostas a seguir.
72
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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AGENTE/ATOR
OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA
EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD
1. Reestruturação Setorial
Objetivo: Utilizar o poder de compra do Estado para
expandir o mercado interno, aumentar o
conteúdo tecnológico e reduzir o preço
dos equipamentos
Ações: - uso do poder de compra do Estado para
privilegiar, pela ordem: tecnologia de-
senvolvida no país; valor agregado lo-
cal; aplicação em P&D no país X
- concorrência com base em critérios de
técnica (priorização acima e requi-
sitos de qualidade, interfaceamento e
compatibilidade sistêmica) e preço (re-
ferência ao padrão internacional, ajus-
tado às condições e escalas nacionais) X X X
- isenção de IPI para produtos que aten-
dam ao processo produtivo básico como
incentivo fiscal à produção local X
- incentivo à participação de pequenas
e médias empresas mediante condições
favoráveis nas concorrências X X X
- planejamento das aquisições de curto,
médio e longo prazo de forma consis-
tente X X
Objetivo: Fortalecer a infra-estrutura de ensino e
pesquisa
Ações: - concessão de financiamento pela FINEP
e CNPq para a contratação de projetos
e serviços tecnológicos a centros de
pesquisa (Universidades, CTI, CPqD) X X X X
- destinar ao CPqD no mínimo 3% da re-
ceita líquida das operadoras do Sis-
tema Telebrás X X
2. Modernização Produtiva
Objetivo: Fortalecer a capacitação tecnológica da
indústria
Ação: - manter incentivos fiscais para apli-
cação em P&D no país X X X
Objetivo: Melhorar a qualidade dos produtos; (e a
adequação ao padrão da rede brasileira
de TC)
Ação: - dinamizar os sistemas de certificação
da qualidade, normalização e qualifi-
cação de fornecedores (articulação com
o PBqP) X X X X X
73
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
AGENTE/ATOR
OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA
EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD
Objetivo: Promover a requalificação da força de
trabalho e a modernização das relações
capital/trabalho
Ações: - estimular a participação da força de
trabalho nas decisões relativas aos
métodos de produção, inclusive reco-
nhecimento da organização sindical da
fábrica X X X
- apoio a programas de capacitação e re-
qualificação avançada de recursos huma-
nos (CNPq e FINEP) X X X X X
3. Fatores Sistêmicos
Objetivo: Fortalecer a capacidade institucional de
definição de políticas
Ações: - hierarquização dos órgãos envolvidos
em política industrial e tecnológica X X
- subordinação de incentivos regionais
aos objetivos nacionais com revisão da
política de incentivos X X
- autonomia para o Sistema Telebrás no
investimento de recursos gerados pelas
operadoras X X
- regulamentação e aparelhamento do Esta-
do para medidas de proteção ao anti-
dumping X X
Objetivo: Ampliar a participação da indústria no
mercado externo
Ações: - estabelecimento de linhas de financia-
mento a exportações com carência, prazo
e juros adequados ao mercado interna-
cional. Regulamentação do seguro de
crédito externo X
- articulação com o setor privado para
negociações no âmbito do Mercosul (nor-
mas técnicas e regras de origem) X X X
Legendas: EXEC - Executivo
LEG - Legislativo
EMP - Empresas e Entidades Empresariais
TRAB - Trabalhadores e Sindicatos
ASSOC - Associações Civis
ACAD - Academia
Nota: Em caso de coluna em branco, leia-se "sem recomendação".
74
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE
O objetivo deste capítulo é apresentar um conjunto de indicadores que possa servir de base
para a monitoração da competitividade na indústria de telequipamentos.
O pressuposto básico é de que a competitividade é um atributo multideterminado e
dinâmico, portanto variável no tempo de acordo com diferentes determinantes.
A obtenção de dados confiáveis e metodologicamente compatíveis não é trivial e não deve
depender exclusivamente de informações diretas das empresas. Assim, um dos requisitos
recomendáveis é a disponibilidade de séries históricas de dados setoriais, tais como:
- volume e composição das exportações;
- volume e composição das importações;
- produção física e em valor;
- perfil dos empregos gerados;
- investimentos, internos e externos; e
- contratos de transferência de tecnologia (natureza, objetivo e pagamento de royalties).
Entretanto, se o objetivo for simplesmente "medir" a competitividade, com o menor
número de variáveis possível, os indicadores são os preços relativos. Este é o indicador que, em
economias de mercado, sintetiza e resulta do conjunto de atributos que uma empresa pode reunir.
Para ajustar este indicador às linhas diversificadas de produção e aos mercados
segmentados, basta definir uma tipologia de desempenho/qualidade e utilizar a relação
preço/desempenho para cada família de produtos.
Por outro lado, se o objetivo é de caráter analítico e pretendemos os indicadores com
maior poder explicativo, então pode-e classificar os indicadores em três grupos:
a) indicadores de eficiência - referem-se às variáveis que expressam atributos intrínsecos
da empresa, independentes do processo concorrencial. Estes atributos são os usualmente
classificados como de produtividade e de qualidade. A forma mais adequada de medi-los é através
de relações técnicas bem definidas (em cada caso) e precisas.
As relações técnicas mais importantes são diretamente ligadas ao processo produtivo:
- tempos de produção, que podem ser desde que a empresa recebe o pedido ou desde que
a matéria prima entra na linha de produção;
75
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
- grau de automação;
- índices de defeitos ou tempo de retrabalho; e
- testes de qualidade/durabilidade por produto.
b) indicadores de desempenho - refletem não apenas o comportamento da empresa em
si, mas o resultado do processo concorrencial a que estão submetidas.
Os indicadores mais relevantes são:
- faturamento;
- valor agregado
- market-share;
- percentual de exportação;
- lucratividade operacional.
c) indicadores de capacitação - referem-se às variáveis vinculadas ao caráter dinâmico da
competitividade. Devem permitir uma visão prospectiva, refletindo o potencial competitivo da
empresa. Destacam-se os seguintes atributos:
- domínio das tecnologias de produto;
- domínio das tecnologias de processo;
- capacitação em P&D e software;
- qualificação do management; e
- capacidade de inovação.
A maioria destes atributos tem natureza intangível e portanto sua operacionalização em
variáveis deve ser qualitativa. De qualquer forma, é possível utilizar alguns indicadores, tais como:
- volume de investimento em P&D;
- nível de qualificação dos funcionários;
- origem da tecnologia utilizada; e
- número de funcionários alocados em P&D.
76
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
5. CONCLUSÕES
A evolução da indústria internacional de telequipamentos nos últimos 30 anos confirma a
consideração deste setor como um dos principais espaços de difusão de novas tecnologias. A
revolução introduzida pela eletrônica digital apresenta repercussões tanto ao nível da base técnica
e dos processos de produção, como sobretudo pelo lado da crescente ampliação das aplicações e
renovação dos produtos desta indústria.
A caracterização de um novo paradigma de evolução industrial, a partir basicamente da
microeletrônica, mas também de outras tecnologias, como as fibras óticas e a tecnologia de
satélites, é um processo ainda em evolução, que exige volumosos recursos em pesquisa e
desenvolvimento, mas que encontra contrapartidas no dinamismo dos mercados mundiais.
Como se pode observar nos principais países do cenário mundial, cada vez mais os
recursos necessários para estes investimentos são resultantes de diversas combinações entre
investimentos privados das grandes corporações e recursos públicos, sob as mais variadas formas
de externalidades, que vão desde o direcionamento da demanda por equipamentos até programas
de incentivo às atividades de P&D nas empresas e a manutenção de centros de pesquisa
especializados.
No Brasil, o surgimento da industria de equipamentos para TC é o resultado do esforço de
montagem de uma rede nacional capaz de integrar o território de dimensões continentais e de
interligar o país ao restante do mundo. Este esforço, paralelo à evolução do paradigma
microeletrônico, permitiu não apenas a expansão das atividades das grandes empresas
internacionais anteriormente instaladas, como abriu espaço para o surgimento de empresas
nacionais de pequeno e médio portes.
O avanço da capacitação nacional, em uma perspectiva histórica, corresponde a um
processo iniciado com o aprendizado na operação e manutenção dos equipamentos de rede e
evoluiu em diferentes direções até a capacitação hoje existente nas áreas de desenvolvimento e
integração de sistemas, software, projeto de sistemas digitais, produção de fibras óticas e de quase
todos os equipamentos demandados pela expansão da rede.
A indústria de equipamentos instalada no país, atualmente com capacidade ociosa em
vários segmentos, é capaz de atender em tipos de produtos e sistemas mais de 90% das
necessidades do Sistema Telebrás.
A competitividade em termos de preços não foi até recentemente uma preocupação
explícita do setor. De um lado, as dimensões do mercado interno, em grande expansão nos anos
77
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
70, demonstrava-se suficiente para garantir a sustentação desta indústria; por outro, o ambiente de
proteção vigente durante a maior parte do período não estimulava as empresas à busca de
competitividade internacional.
A capacidade de resposta da indústria aos desafios colocados pela orientação da política
foram demonstrados no período anterior, pela obtenção de índices de nacionalização superiores a
80 ou 90% para a totalidade dos equipamentos produzidos. Entretanto, a fraqueza observada na
indústria, já no período anterior, diz respeito à dificuldade em inovar e de avançar
tecnologicamente, em um setor onde os progressos mundiais não param e portanto reproduzem-se
defasagens rapidamente.
Os exemplos mais relevantes de capacitação interna em produtos tecnologicamente
avançados foram obtidos a partir de desenvolvimentos do CPqD em parceria com as empresas,
como é o caso dos concentradores e centrais de pequeno e médio portes, a partir da família
Trópico. Resultados como estes podem distinguir a capacitação brasileira de todos os demais
parceiros latino-americanos, porém demonstram também que a capacidade de evolução e de
penetração do produto em outros mercados depende essencialmente das empresas.
A mudança de orientação da política brasileira a partir de 1990 colocou a industria frente
ao duplo desafio de enfrentar um processo de elevação da concorrência em uma conjuntura de
estagnação do desenvolvimento. Este desafio vem sendo superado pela maioria das empresas,
porém o ajuste da estrutura industrial é ainda um processo em andamento.
As principais empresas existentes no mercado são atualmente resultantes de diferentes
formas de joint-ventures entre capitais privados nacionais e as multinacionais. As demais empresas
do setor estão em plena busca de parcerias e alianças internacionais, configurando uma tendência
de convergência em direção à estrutura setorial mista, como aliás vem ocorrendo em outros
segmentos do complexo eletrônico.
As principais oportunidades, do ponto de vista de mercado, que se colocam para a
industria de telequipamentos no Brasil encontram-se na expansão das exportações para o
Mercosul e na necessidade de retomada do crescimento e modernização da infraestrutura de TC
no país.
Por outro lado, a industria está diante de dois desafios essenciais para assegurar sua
própria sobrevivência:
- a busca de eficiência e produtividade para competir interna e externamente em preço e
qualidade e
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- a necessidade de incrementar sua capacitação tecnológica em direção à integração de
sistemas e ao lançamento de novos produtos baseados na eletrônica digital e software.
Para que a indústria possa alcançar estes objetivos é importante que o país ofereça também
dois grandes requisitos:
- um ambiente de crescimento econômico com estabilidade institucional; e
- um conjunto harmônico de externalidades no âmbito da politica industrial e dos fatores
sistêmicos.
79
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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BIBLIOGRAFIA
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81
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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RELAÇÃO DE TABELAS E QUADROS
TABELA 1.1
MERCADO MUNDIAL - DISTRIBUIÇÃO E TAXAS DE CRESCIMENTO..............16
TABELA 1.2
RECEITAS DOS MAIORES FABRICANTES DE EQUIPAMENTO
PARA TC (1987) ..........................................................................................................19
TABELA 1.3
INVESTIMENTOS DAS EMNS NOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO..............20
TABELA 1.4
PRESENÇA INTERNACIONAL E ESTIMATIVAS DE FATURAMENTO POR
GRANDES ZONAS DE COMÉRCIO...........................................................................20
TABELA 1.5
COMUTAÇÃO PÚBLICA - PARTICIPAÇÃO DE FABRICANTES EM SEUS
MERCADOS NACIONAIS (1987)...............................................................................21
TABELA 1.6
PRINCIPAIS PAÍSES EXPORTADORES - EXPORTAÇÕES E SALDO....................22
TABELA 1.7
INVESTIMENTOS EM P&D DAS EMNS DE EQUIPAMENTOS..............................27
TABELA 2.1
INVESTIMENTOS E FINANCIAMENTO NO SBT....................................................37
TABELA 2.2
BALANÇA COMERCIAL DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES.........................41
TABELA 2.3
ÍNDICE DE NACIONALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS DE
TELECOMUNICAÇÕES FABRICADOS NO BRASIL ...............................................49
TABELA 2.4
COMPARAÇÃO INTERNACIONAL DE PREÇOS MÉDIOS UNITÁRIOS DE
TELEQUIPAMENTOS SELECIONADOS (1983) .......................................................50
TABELA 2.5
ÍNDICES DE CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA E PARTICIPAÇÃO
DAS EMPRESAS NACIONAIS NA INDÚSTRIA DE TELEQUIPAMENTOS
(CR4, CR10).................................................................................................................51
TABELA 2.6
ESTIMATIVA DE INVESTIMENTOS E RECEITAS ASSOCIADOS A UMA
PLANTA DE 25 MILHÕES DE TERMINAIS NO ANO 2000.....................................59
TABELA 2.7
EVOLUÇÃO DO CUSTO DO TERMINAL INTEGRADO (1981/90)..........................59
TABELA I
SISTEMA TELEBRÁS - PRINCIPAIS DADOS ..........................................................83
TABELA II
SBT - EVOLUÇÃO DO TRÁFEGO LOCAL, INTERURBANO E
INTERNACIONAL E DA RECEITA OPERACIONAL ...............................................84
TABELA III
INDICADORES DO SISTEMA TELEBRÁS (1987/92)...............................................84
82
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QUADRO 1.1
ORGANIZAÇÕES E PROGRAMAS DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
EM COMUNICAÇÕES ................................................................................................25
QUADRO 1.2
COMBINAÇÕES MAIS IMPORTANTES ENTRE EMPRESAS DE
EQUIPAMENTOS PARA COMUNICAÇÃO...............................................................29
QUADRO 1.3
SEGMENTOS DE MERCADO, PADRÕES DE CONCORRÊNCIA E
CARACTERÍSTICAS ESTRATÉGICAS .....................................................................30
QUADRO 1.4
ESTRUTURA ANALÍTICA DA COMPETITIVIDADE...............................................31
QUADRO 1.5
DETERMINANTES DA PERFORMANCE RELATIVA DE EXPORTAÇÕES
PARA A AMOSTRA DE MERCADOS NÃO PRODUTORES ....................................32
QUADRO 1.6
DETERMINANTES DA PERFORMANCE RELATIVA PARA MERCADOS
DE PAÍSES PRODUTORES ........................................................................................32
QUADRO 2.1
ESTRUTURA INSTITUCIONAL E RESPECTIVAS FUNÇÕES ................................35
QUADRO 2.2
INDÚSTRIA BRASILEIRA DE TELECOMUNICAÇÕES: LINHAS DE
PRODUTOS, CAPACIDADE INSTALADA E PRODUÇÃO EFETIVA......................38
QUADRO 2.3
PRINCIPAIS EMPRESAS DA INDÚSTRIA DE TELEQUIPAMENTOS NO
BRASIL - POR RECEITAS NO SETOR (1991)*.........................................................40
83
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ANEXO I
TABELA I
SISTEMA TELEBRÁS - PRINCIPAIS DADOS
INDICADOR TERM. GANHO DE TELEF. EMPREGADOS EMPR/
INSTAL. TERMIN. PUBL. 1000T
UNIDADE (10
6
) (10
3
) (10
3
) (10
3
) (EMP)
1972 1,4 - 10,3 - -
1973 1,6 184 13,5 57,0 35,0
1974 1,9 312 13,7 65,9 34,0
1975 2,2 294 18,3 70,0 31,0
1976 2,9 708 24,0 79,7 27,0
1977 3,7 724 28,9 81,5 22,0
1978 4,2 589 36,4 86,8 21,0
1979 4,7 453 42,7 88,7 19,0
1980 5,1 405 49,8 90,6 18,0
1981 5,4 292 56,0 91,9 17,0
1982 5,8 393 63,9 93,6 16,0
1983 6,2 422 71,2 94,7 15,0
1984 6,7 474 87,3 96,5 14,0
1985 7,0 294 98,5 97,7 14,0
1986 7,3 346 141,3 97,1 13,0
1987 7,7 407 172,3 98,8 13,0
1988 8,2 514 200,4 98,0 11,9
1989 8,8 611 220,7 98,3 11,1
1990 9,3 459 227,0 93,1 10,0
1991 9,8 450 236,4 89,1 9,1
1992 10,6 800 259,6 89,4 8,4
(-) Dado inexistente
Fonte: TELEBRÁS
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TABELA II
SBT - EVOLUÇÃO DO TRÁFEGO LOCAL, INTERURBANO E INTERNACIONAL
E DA RECEITA OPERACIONAL
TRÁFEGO RECEITA TAXA
--------------------------------- BRUTA REM.
INDICADOR LOCAL INTER INTER OPERAC. INV.
URBANO NACIONAL
(PULSOS) (CHAMADAS) (CHAMADAS) (US$) (TRI)
UNIDADE (10
9
) (10
6
) (10
6
) (10
9
) (%)
1972 2,8 124 0,5 - -
1973 3,1 147 0,8 0,5 -
1974 4,1 177 1,0 0,6 4,5
1975 4,5 248 1,3 0,8 8,8
1976 5,6 285 1,8 1,0 8,2
1977 7,7 351 2,4 1,3 11,0
1978 10,5 400 3,2 1,8 7,1
1979 12,7 482 4,5 2,1 6,5
1980 15,3 584 5,6 2,0 8,9
1981 17,9 659 6,3 2,5 8,9
1982 20,1 781 6,9 2,8 7,7
1983 22,6 868 7,5 2,1 6,7
1984 24,9 991 8,2 2,1 6,7
1985 28,1 1.206 10,4 2,4 5,3
1986 30,7 1.507 13,1 2,5 4,0
1987 32,8 1.676 15,8 3,1 3,4
1988 35,1 1.851 19,9 4,1 5,6
1989 39,1 2.209 27,7 5,2 1,0
1990 42,0 2.499 35,5 5,5 9,7
1991 46,6 2.949 37,4 4,2 -3,4
1992 49,9 3.135 41,9 5,4 N.D.
(-) Dado inexistente
Fonte: TELEBRÁS
TABELA III
INDICADORES DO SISTEMA TELEBRÁS
(1987/92)
1987 1988 1989 1990 1991 1992 OBJETIVO
TELEBRAS
A. INDICADORES DE QUALIDADE
Taxa de recl.p/ 100 contas 0,5 0,6
Taxa de solic. cons. p/ 100/ac. 3,4 4,0
Taxa atend. reparação 91,1 95,0
Taxa solic. cons. rep. 30 dias 16,8 15,0
Taxa de atend. solic. serv. 83,4 95,0
Taxa de obt. tom de discar 88,4 87,2 84,0 88,3 90,6 94,1 98,0
Taxa de atend. serv. esp. 74,7 76,2 80,8 83,9 83,7 91,4 90,0
Taxa de cham. DDD termin. 43,1 41,8 38,6 41,0 43,1 47,5 58,0
Desempenho serv. telefônico (a) 13,9 13,4 20,2 31,2 39,8 69,0
B. INDICADORES GERAIS
Rel. empr./1000 terminais (b) 11,1 10,0 9,1 8,4
PEX não atendidos no prazo
Taxa de congestionamento DDD 24,8 26,7 31,1 25,1 21,5 14,2 6,0
Densidade telefônica 7,1
(a) Após 91 somente STB
(b) Em dezembro do ano
85
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ANEXO II:
PESQUISA DE CAMPO - ESTATÍSTICAS BÁSICAS PARA O SETOR
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PESQUISA DE CAMPO
ESTATÍSTICAS BÁSICAS
Setor Equipamentos de Telecomunicações
Amostra original: 23
Questionários recebidos: 7
1. Caracterização
1.1 Variáveis Básicas: valores totais em 1992
(US$ mil)
Faturamento 498.541
Investimento 17.074
Exportações 24.672
Emprego direto na produção (nº empregados) 1.668
2. Desempenho
2.1 Desempenho Econômico: evolução dos valores médios
(US$ mil)
1987-89 1992 Variação (%)
(1) (2) (2)/(1)
Faturamento 47.753 71.220 49,14
Margem de lucro (%) 49,18 41,00 -16,63
Endividamento (%) 70,62 63,76 -9,71
Investimento n.d 2.439 n.d
Exportações 5.566 3.525 -36,67
Exportações/Faturamento (%) 11,66 4,95 -57,55
Importações insumos-componentes 12.342 15.191 23,08
Importações insumos/Faturamento (%) 22,15 21,33 -3,70
Importações de bens de capital 434 719 65,67
Importações de bens de capital/Faturamento 0,87 0,86 -1,15
Utilização da capacidade (%) 79,61 81,69 2,61
Emprego direto na produção (nº de empregados) 391 238 -39,13
2.2 Principal Motivação do Investimento em Capital Fixo
(% de empresas)
1990-92 1993-95
Modernização 85,7 100,0
Ampliação 14,3 0
Ambos 0 0
Número de respondentes 7 7
87
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2.3 Desempenho Produtivo: evolução dos valores médios
Variável Unidade 1987-89 1992
Níveis hierárquicos 6,52 4,58
Prazo médio de produção dias 84,65 37,29
Prazo médio de entrega dias 412,52 31,01
Taxa de retrabalho % 17,38 5,24
Taxa de defeitos % 19,78 9,34
Taxa de rejeito de insumos % 6,05 4,66
Taxa de devolução de produtos % 1,22 0,54
Taxa de rotação de estoques dias 232,32 108,41
Paradas imprevistas dias 37,36 28,78
2.4 Atributos do Produto em 1992 em Relação a 1987-89
(% de empresas)
menor igual maior não respondeu
Nível de preços 57,1 0 42,9 0
Nível de custos de produção 57,1 0 42,9 0
Nível médio dos salários 0 14,3 85,7 0
Grau de aceitação da marca 14,3 57,1 28,6 0
Prazos de entrega 57,1 14,3 28,6 0
Tempo de desenvolvimento de novos
"modelos"/ especificações
42,9 14,3 42,9 0
Eficiência na assistência técnica 28,6 28,6 42,9 0
Conteúdo/ sofisticação tecnológica 42,9 0 57,1 0
Conformidade às especificações técnicas 28,6 28,6 42,9 0
Durabilidade 14,3 57,1 28,6 0
Atendimento a especificações de clientes 28,6 28,6 42,9 0
3. Capacitação
3.1 Grau de Formalização do Planejamento da Empresa
(% de empresas)
Não existe nenhuma estratégia formal ou informal 0
Existe estratégia desenvolvida, disseminada informalmente 42,9
Existe estratégia desenvolvida, disseminada periodicamente 14,3
Existe estratégia desenvolvida, disseminada periodicamente com o
envolvimento dos diversos setores da empresa
42,9
Número de respondentes 7
88
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3.2 Fontes de Informação Utilizadas na Definição de Estratégias
(% de empresas)
Mídia em geral 33,3
Participação em atividades promovidas por associações de classe 83,3
Revistas especializadas 66,7
Feiras e congressos no país 100,0
Feiras e congressos no exterior 83,3
Visitas a outras empresas no país 50,0
Visitas a outras empresas no exterior 83,3
Universidades/ centros de pesquisa 33,3
Consultoria especializada 66,7
Banco de dados 0
Pesquisas proprias 66,7
Número de respondentes 6
3.3 Tecnologias/ Serviços Tecnológicos Adquiridos em 1991/1992
(nº de empresas)
Total no Brasil no exterior
Tecnologia de terceiros 2 1 2
Projeto básico 3 2 1
Projeto detalhado 2 0 2
Estudos de viabilidade 1 1 0
Testes e ensaios 1 1 0
Metrologia e normalização 1 1 0
Certificação de conformidade 3 3 0
Consultoria em Marketing 3 3 0
Consultoria gerencial 1 1 0
Consultoria em qualidade 3 2 1
Número de respondentes 5 5 3
3.4 Esforço Competitivo: Dispêndio nas variáveis/Faturamento
(%)
1987-89 1992
P & D 2,74 2,28
Engineering 4,88 3,79
Vendas 11,85 6,24
Assistência técnica 7,47 5,06
Treinamento de pessoal 0,34 0,29
3.5 Treinamento Sistemático
(nº de empresas)
Empresas que não realizam qualquer treinamento 1
Empresas que treinam 100% dos empregados na atividade:
Gerência 1
Profissionais técnicos 0
Trabalhadores qualificados 0
Operadores/ empregados 0
Número de respondentes 6
89
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3.6 Estrutura do Pessoal Ocupado em 1992
Distribuição
por atividade
Pessoal de nível
superior/total na
atividade
(%) (%)
P & D 5,69 50,43
Engenharia 5,38 41,76
Produção 57,38 7,48
Vendas 9,73 14,97
Assistência técnica 2,44 22,47
Manutenção 3,06 23,86
Administração 16,32 35,61
3.7 Idade de Produtos e Equipamentos
(nº de empresas)
até 5 anos 6 a 10 anos mais de 10
anos
total de
respondentes
Produto principal 0 1 6 7
Equipamento mais importante 3 2 2 7
3.8 Geração de Produtos e Equipamentos
(nº de empresas)
última penúltima anteriores não sabe total de
respondentes
Produto principal 5 2 0 0 7
Equipamento mais importante 4 2 0 0 6
3.9 Intensidade de Uso de Novas Tecnologias e Técnicas Organizacionais
(nº de empresas)
1987-89 1992
baixa média alta baixa média alta
Dispositivos microeletrônicos 2 4 0 1 4 1
Círculo de controle da qualidade 4 2 1 4 0 3
Controle estatístico de processo 6 1 0 4 1 2
Métodos de tempos e movimentos 3 3 1 3 1 3
Células de produção 5 1 1 4 0 3
Just in time interno 5 2 0 3 2 2
Just in time externo 7 0 0 5 2 0
Paticipação em just in time de clientes 6 0 1 5 1 1
Obs.: Para o uso de dispositivos microeletrônicos são consideradas empresas de baixa intensidade de uso
aquelas que os utilizam em até 10% das operações, média intensidade entre 11 e 50% e alta intensidade
acima de 50%. Para o uso de técnicas organizacionais são consideradas empresas de baixa intensidade
aquelas que envolvem até 10% do empregados ou das atividades, média intensidade entre 11 e 50% e alta
intensidade acima de 50%.
90
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3.10 Situação em Relação à ISO-9000
(nº de empresas)
Não conhece 0
Conhece e não pretende implantar 0
Realiza estudos visando a implantação 1
Recém iniciou a implantação 2
Está em fase adiantada de implantação 1
Já completou a implantação mas ainda não obteve certificado 2
Já obteve certificado 1
3.11 Controle de Qualidade na Produção
(nº de empresas)
1987-89 1992
Não realiza 0 0
Somente em produtos acabados 3 1
Em algumas etapas 1 1
Em etapas essenciais 1 1
Em todas as etapas 2 4
Número de respondentes 7 7
4. Estratégias
4.1Direção da Estratégia de Produto
(nº de empresas)
Direcionar exclusivamente para o mercado interno 1
Direcionar exclusivamente para o mercado externo 0
Direcionar para o mercado interno e externo 6
Número de respondentes 7
4.2 Estratégia de Produto
(nº de empresas)
mercado interno mercado externo
Baixo preço 3 0
Forte identificação com a marca 0 0
Pequeno prazo de entrega 1 0
Curto tempo de desenvolvimento de produtos 1 0
Elevada eficiência da assistência técnica 0 0
Elevado conteúdo/ sofisticação tecnológica 3 0
Elevada conformidade a especificações técnicas 2 0
Elevada durabilidade 2 0
Atendimento a especificações dos clientes 1 0
Não há estratégia definida 0 0
Número de respondentes 7 0
91
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4.3 Estratégia de Mercado Externo - Destino
(nº de empresas)
Mercosul 0
Outros países da América Latina 0
EUA e Canadá 0
CEE 0
Países do leste europeu 0
Japão 0
Não há estratégia definida 0
4.4 Motivação da Estratégia Atual
nº de empresas % de empresas
Retração do mercado interno 5 83,3
Avanço da abertura comercial no setor de produção da empresa 1 16,7
Avanço da abertura comercial nos setores compradores da empresa 0 0
Crescente dificuldade de acesso a mercados internacionais 0 0
Globalização dos mercados 1 16,7
Formação do Mercosul 1 16,7
Novas regulamentações públicas 2 33,3
Surgimento de novos produtos no mercado interno 2 33,3
Surgimento de novos produtores no mercado interno 1 16,7
Exigência dos consumidores 3 50,0
Elevação das tarifas de insumos básicos 0 0
Diretrizes dos programas governamentais 0 0
Número de respondentes 6 100,0
4.5 Estratégia de Compra de Insumos
(nº de empresas)
Menores preços 6
Menores prazos de entrega 1
Maior eficiência da assistência técnica 0
Maior conteúdo tecnológico 1
Maior conformidade às especificações técnicas 5
Maior durabilidade 1
Maior atendimento de especificações
particulares
0
Não há estratégia definida 0
Número de respondentes 7
4.6 Relações com Fornecedores
(nº de empresas)
Desenvolver programas conjuntos de P & D 1
Estabelecer cooperação para desenvolvimento de produtos e processos 4
Promover troca sistemática de informações sobre qualidade e desempenho dos produtos 4
Manter relacionamento comercial de LP com fornecedores fixos 4
Realizar compras de fornecedores certificados pela empresa 5
Realizar compras de fornecedores cadastrados pela empresa 3
Realizar compras de fornecedores que oferecem condições mais vantajosas a cada momento 1
Número de respondentes 7
92
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4.7 Estratégia de Financiamento dos Investimentos em Capital Fixo
(nº de empresas)
Recursos próprios gerados pela linha de produto 7
Recursos próprios gerados pelas outras áreas do grupo empresarial 0
Recorrer a crédito público 2
Recorrer a crédito privado interno 2
Recorrer a crédito externo 1
Recorrer a formas de associação 0
Captar recursos nos mercados internos de valores 1
Captar recursos nos mercados externos de valores 0
Não há estratégia definida 0
Número de respondentes 7
4.8 Estratégia de Gestão de Recursos Humanos
(nº de empresas)
Oferecer garantias de estabilidade 0
Adotar política de estabilidade sem garantias formais 5
Não adotar políticas de estabilização 1
Promover a rotatividade 1
Não há estratégia definida 0
Número de respondentes 7
4.9 Definição de Postos de Trabalho
(nº de empresas)
Definir postos de trabalho de forma estreita e rígida 1
Definir postos de trabalho de forma estreita mas incentivar os trabalhadores a
executarem tarefas fora da definição dada
0
Definir postos de trabalho de modo amplo visando alcançar polivalência 5
Não definir rigidamente os postos de trabalho de modo que a gama de tarefas varie
consideravelmente
1
Não há estratégia definida 0
Número de respondentes 7
4.10 Estratégia de Produção
(nº de empresas)
Reduzir custo de estoques 4
Reduzir consumo/ aumentar rendimento das matérias-primas 2
Reduzir consumo/ aumentar rendimento energético 0
Reduzir necessidades de mão-de-obra 5
Promover desgargalamentos produtivos 3
Reduzir emissão de poluentes 0
Não há estratégia definida 0
Número de respondentes 7
25
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
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