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Rio de Janeiro, 1
o
. de setembro de 1870.
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Querido Juca. Estimo que esta te vá achar gozando de saúde, enquanto eu estou
quase boa de meus olhos. Recebi a tua carta data de 28 de setembro, e muito
satisfeita fiquei por teres ganho tanta simpatia dos baianos (...). Ainda não me
mandaste dizer se recebestes os 20 mil réis que lhe mandei pelo correio; mandaste-
me pedir notícias de Marcelina, está boa e Angélica está no Andaraí com
Mariquinhas, pois tem passado muito mal, ainda cá não veio depois que partistes;
nada mais tinha a participar-te. Aceite lembranças de nossos filhos e também de
Juventina, e de mim o coração cheio de saudades, não te posso ser mais extensa,
porque o pequeno está empregado como sabes, não tenho outra pessoa que escreva.
Tua obrigada e amiga
Henriqueta.
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Maria Thereza Ferreira, conhecida por Mariquinhas da Europa, depôs em 27 de
novembro de 1870, poucos dias após a prisão de Juca Rosa e da apreensão dos “objetos
de feitiçaria”, na casa do mesmo. A seguinte carta lhe foi apresentada pelo delegado:
Corte, 21 de setembro de 1870.
Ilustríssimo Senhor Juca Rosa.
Estimei que ao receber esta, lhe vá encontrar no gozo de perfeita saúde, e
melhoramento de sua enfermidade, e quanto à nossa é assim como Deus quer, que
eu sofra dos negócios meus. Participo-lhe que eu recebi a sua primeira, com data de
25 de agosto, e logo lhe respondi incontinentemente, e a segunda, escrita de (novo)
de setembro, a 16 do corrente, que é esta que lhe respondo, e me entristece muito
em saber que o senhor ficara doente e também falto de recursos para suas despesas.
Henriqueta mostrou-me uma carta, e a respeito do que pede, eu não tenho que
possa mandar, pois que a ocasião é imprópria por motivos muito fortes, que tenho a
fazer, que o senhor não ignora; e nem precisava mandar lembrar porque negócios
seus eu nunca me esquecerei dos deveres que prometo, só fico bastante sentida em
não poder ser, como tenho sido sempre; mas fiada em Deus eu serei ajudada para
outra viagem lhe poderei ser constante; o sentimento que tenho é que o senhor não
lê as cartas, senão lhe mandaria dizer o que tenho passado, e se o senhor mandasse-
me dizer o que devo fazer, ou por outra me ordenasse, eu lhe seria grata, mais do
que tenho merecido; pedi ao senhor Quincas para me escrever, e eu então peço que
me responda assim que receber essas linhas que lhe transporto de coração. No mais
peço que mande dizer o que devo fazer a respeito do nosso negócio pois a preta
ainda não apareceu, nem há notícias; participo-lhe que Angélica está há um mês
quase comigo, e está doente da espinha dorsal, e sentiu-se bastante em saber dos
seus infortúnios. Senhor Juca eu fiada... Espero que responda-me assim que receber
estas linhas para alívio do meu espírito, e governo do meu coração. (Aceite)
lembranças de Angélica, de Bernarda e de Maria, e de quem lhe é firme, e será até
a existência como sua veneradora, obrigada.
Maria Thereza Ferreira.
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AN, Processo-crime, Corte de Apelação, Réu José Sebastião da Rosa, maço 196, caixa 11139, número
1081, galeria C, ano 1871, fl. 22.
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AN, Processo-crime, Corte de Apelação, Réu José Sebastião da Rosa, maço 196, caixa 11139, número
1081, galeria C, ano 1871, fls. 20-21.
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AN, Processo-crime, Corte de Apelação, Réu José Sebastião da Rosa, maço 196, caixa 11139, número
1081, galeria C, ano 1871, fl. 20.