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iniciativas masculinas e tenham sido sempre dirigidas por homens, as sociedades carnavalescas
chegaram a ter algumas mulheres nas listas de eleições. Nunca presidentes, nem tesoureiras, as
mulheres ocuparam cargos destinados à organização dos bailes e desfiles.
Na eleição da sociedade Esmeralda, em 1879, as mulheres perfaziam a comissão de
honra, responsáveis pela organização dos bailes daquela agremiação e sob o título de
“excelentíssimas senhoras”: Agueda Francelina Salgado, Alzira Margarida Masson, Florinda
Chaves de Castro, Clemência Fróes, Georgina Nelson, Leopoldina Chaves
370
.
Em 1880 e 1881, já não havia mais essa categorização e elas passaram a integrar as
comissões internas e externas dos festejos, ao lado de figuras masculinas. Algumas delas
participavam da comissão dos festejos externos – Clara Telles Ribeiro, Maria da Gloria Job,
Maria Emilia Belli, Palmira de Araújo – e outras da comissão dos festejos internos – Cecília
Fialho, Joanna da Câmara Vasques, Clemência Fróes, Amélia Gama
371
. Em 1881 a comissão de
festejos internos da sociedade Esmeralda era formada por D. Julia Koeler, D. Maria Carlota
Coelho da Cunha, D. Georgiana Bello, D. Leopoldina Chaves, D. Malvina Mostardeiro, D. Júlia
Lara; e a comissão de festejos externos por Maria do Carmo Job, D. Alzira Masson, D. Amélia
Joaquina Ladeira, Amélia da Costa e Silva, Simplicia Fróes, D. Maria Bernadina Ferreira
372
.
Já os Venezianos, em 1882, ainda mantinham essa classificação, colocando as mulheres
na comissão de honra como “Exmas. Sras. D.D”
Amélia dos Reys, Alzira Bueno, Alice Vieira,
Affonsina dos Reys, Adelaide Koseritz, Amélia Gaertner, Elvira Bueno, Francisca d’Araújo
Vieira, Idalina Schreiner, Julieta Dutra, Maria José Fernandes Pereira, Regina Torres
373
.
Os bailes públicos
374
, igualmente, contavam com participações femininas em suas
direções, colaborando na organização dos mesmos e, segundo jornais da época, abrilhantando-
os. O programa do Teatro de Variedades
375
, para o carnaval do ano de 1882, ressaltava que:
370
Mercantil, 03 de março de 1879, p.3.
371
Mercantil, 16 de fevereiro de 1880, p.2.
372
Mercantil, 07 de março de 1881, p.1.
373
Jornal do Commercio, 12 de março de 1882, p.1.
374
Ocorriam durante o carnaval diversos bailes, chamados públicos, para os quais pagavam uma quantia para entrar.
Os bailes ocorriam no Teatro de Variedades, no Teatro São Pedro, no Rink Cosmopolita. Algumas vezes, eles
contavam com a presença das grandes sociedades, que após seus desfiles apresentavam-se neles: “Em atenção aos
dedicados convites que lhe foram feitos, comparecerá á noite a sociedade [Esmeralda] aos bailes mascarados no
teatro S. Pedro e no de Variedades”. Mercantil, 07 de fevereiro de 1880, p.3.
375
Situado na Rua Voluntários da Pátria, foi inaugurado em 14 de dezembro de 1879, era uma espécie de politeama,
destinado a companhias líricas, companhias dramáticas, companhias de cavalinhos, e, na falta delas, até a pistas de
patinação e salas de baile. Em 1890, mudou de nome para Teatro América e teria sobrevivido até 1894. Cf.
FRANCO, Sérgio. Op. Cit., p.397.