181
com a reprodução de ofício encaminhado à Prefeitura pelo próprio coronel
261
. Foi di-
vulgada, ainda, por meio da reprodução de uma breve carta, remetida por Menezes à e-
ditoria do jornal, a 14 de novembro, comunicando o ato assinado por Bento de Le-
mos
262
. Nas pesquisas realizadas em textos históricos e em outras notícias de jornais,
nenhuma referência substantiva foi obtida a respeito das atividades do Coronel Mene-
zes, seja como "delegado honorário", seja como seringalista ou como comerciante urba-
no, atividade, esta última, à qual dedicou a maior parte de sua vida
263
.
O 2º Tenente de Artilharia Eugênio Augusto Terral
264
chegara à Vila Seabra a 11
de junho de 1916 (Brasil. IBGE, 1957a: 82), para assumir o cargo de Capitão Coman-
dante da "Companhia Regional de Segurança" do Departamento de Tarauacá, criada
provisoriamente por resolução do Prefeito Cunha Vasconcellos, do dia 12 de junho
265
.
261
"Administração do Exm. Sr. Dr. José Thomaz da Cunha Vasconcellos. Officios recebidos". Jornal Of-
ficial. Semanário da Prefeitura, Ano I, Nº 33, 26/11/1916, p. 1. Assim versava o referido ofício: "Em 18
de novembro - De João Frota Menezes, datado de 14 do corrente, communicando que naquella data foi
nomeado Delegado honorario do Serviço de Proteção aos Índios junto aos indios domicilliados no rio
Murú e seus affluentes, por acto do Sr. Dr. Bento Martins Pereira de Lemos - Agradeça-se".
262
"Serviço de Proteção aos Índios". Jornal Official. Semanário da Prefeitura, Ano I, Nº 33, 26/11/1916,
p. 3.
263
Castello Branco (1961: 218) relaciona Antonio Frota de Menezes, pai do delegado, dentre os nordesti-
nos que, depois de 1890, "penetraram no Tarauacá Federal, e mais se destacaram no assentamento de
sua futura civilização". Escrevendo em 1909, o promotor de justiça Antonio José de Araújo cita Antonio
Menezes como dono dos seringais Victoria, Colombo e Muruzinho, situados em diferentes trechos do rio
Murú, e sócio da firma comercial Mello, Frota & Cia, do Pará, homem de "alma grande e generosa cujos
serviços ao departamento e à República só têm equivalência nas dedicações aos amigos" (Araújo, 2003:
151; 156). Assim como referido anteriormente, Araújo relacionaria Antonio Frota de Menezes, junto com
o Capitão Pantaleão Marinho Telles (nomeado "delegado auxiliar de índios" pelo ajudante Máximo Li-
nhares, em 1912) e o Tenente-Coronel Antonio Carlos Viriato de Sabóia como os mais destacados serin-
galistas do rio Murú em final da década de 1900 (ibid: 152). Quase uma década depois, contudo, nenhum
dos três constava como proprietário de seringais nesse rio (Jornal Official. Semanário da Prefeitura, Ano
II, Nº 66, 15/7/1917, p. 4).
264
"Comandante Terral". Jornal Official. Semanário da Prefeitura, Ano I, Nº 10, 18/6/1916, p. 3. Con-
forme informa essa matéria, Eugênio Augusto Terral, membro do 1º Regimento de Artilharia do Exército,
ingressara na carreira militar na Escola Preparatória de Tática do Realengo, no Rio de Janeiro, em 1901,
concluíra os cursos de infantaria e cavalaria em 1909 e de artilharia em 1913, e fora reconhecido pelo Mi-
nistro da Guerra, General Dantas Barretto, por seu comportamento exemplar, à frente de uma "seção de
bateria", durante a Revolta da Chibata, ocorrida nos quadros da Marinha, em 1910, que reivindicavam
aumento dos soldos, redução da jornada de trabalho e o fim do regime de castigos corporais.
265
Pesquisas no Sistema de Informações do Congresso Nacional (Sicom) indicaram que uma "Companhia
Regional" fora criada no Departamento de Tarauacá pelo Decreto 9.998A, de 14 de janeiro de 1913, ato
que também constituíra outras duas companhias, as do Alto Purus e do Alto Juruá, já criadas à época. O
Decreto 11.312, de 11 de novembro de 1914, por sua vez, estabelecera a criação de uma brigada de infan-
taria e uma de cavalaria de guardas nacionais em Tarauacá. O regulamento das Companhias Regionais do
Território do Acre, elaborado pelo Ministério da Justiça e Negócios Interiores, foi aprovado pelo Decreto
12.077, de 25/5/1916, assinado pelo presidente Hermes da Fonseca. O regulamento determinava a criação
de uma companhia de infantaria em cada departamento do Território do Acre, comandada por um capitão,
tendo sob sua chefia dois outros "oficiais", cinco "inferiores" e 76 "praças". Novo regulamento para as
"forças regionais" do Território, promulgado pelo Decreto 12.357, de 10 de janeiro de 1917, reduziu o e-
fetivo da Companhia de Tarauacá a 58 militares, apesar de, no corpo do texto, discriminar um total de 59:
dois "oficiais", cinco "inferiores" e 52 "praças" (5 cabos de esquadra e 47 soldados).