Negando a plástica do corpo, a história traz, assegura Lima (2002),
exemplos de mecanismos artificiais de criação das formas ao longo dos anos, sejam
eles próteses adaptadas ao corpo ou a própria distribuição da quantidade de
material têxtil e aviamentos, nas várias partes da vestimenta, que contribuíram para
alterar a silhueta, aumentando, diminuindo, ajustando, alargando ou enfatizando
determinadas regiões corpóreas, conforme a intenção da época, Quando anquinhas,
espartilhos e outros tornaram-
se
obsoletos, acrescenta a autora, passou-se a dar
mais importância à prática de exercícios, às dietas e às intervenções cirúrgicas
como meios de transformação do corpo.
Caldas (2004, p. 82) constata que “hoje é preciso obter-se um corpo
cujas formas oscilam ao sabor da moda e vesti-lo em consonância”. Goldenberg &
Ramos (2002) referem-se à crescente glorificação do corpo, que como as roupas,
surge como símbolo que consagra e diferencia os indivíduos dos demais: esculpir
a forma física passa ter a mesma significação que o ato de vestir-se. Nesse caso, a
moda utiliza
-
se da plástica do corpo para vesti
-
lo como uma segunda pele.
Independente de como se processa o diálogo do corpo com a moda
– se o corpo é conformado, afirmado, exponenciado ou por outro lado, negado,
ocultado, reconfigurado ou reinventado pela plástica da moda – é fato que essa
intervenção se materializa, inicialmente, por intermédio da modelagem, que vai dar
forma à matéria
-
prima, transformando
-
a em produto.
São infinitas as possibilidades formais, mas a conformação da
vestimenta está atrelada à natureza dos materiais utilizados e às soluções
estruturais que permitem, definindo o modo como se a
rticulam ao redor do corpo. Os
têxteis apresentam propriedades distintas de elasticidade, rigidez, durabilidade,
entre outras, que limitam seu emprego para determinados usos.
Conforme Bogéa, Oliveros & Rebello (2005, p. 76), “tecidos,
estruturalmente, são membranas, elementos que por sua maleabilidade mudam de
forma de acordo com o carregamento”.
Os autores aproximam a arquitetura da moda quando comparam a
malha de cabos estruturais, à urdidura, malha de fios que estrutura o tecido, ambas,
quando na construção, conectadas à barras rígidas para garantir a estabilidade do
conjunto.
(Figura 18).