conceitos gramaticais e funções comunicativas
Johnson (1982) propõe critérios básicos para uma metodologia de base
comunicativa. As técnicas de ensino e prática em sala de aula têm de passar por
algumas provas para serem admitidas como comunicativas: ser
praticáveis/exequíveis, ter um hiato de informação a ser preenchido, ser relevante
enquanto tarefa, transferir informação de um meio para outro, ser do tipo quebra-
cabeça.
Carroll (1980) propõe linhas básicas pelas quais se balizar na construção de
procedimentos de avaliação comunicativa: descrição dos participantes, tarefas
necessárias, grau de habilidade desejada etc. Almeida Filho (1986) mostra
teorizações e críticas duras contra o movimento comunicativo funcional no vol. 08
da revista Trabalhos em Lingüística Aplicada da Unicamp. Para uma introdução
não-técnica sobre os significados de ser comunicativo, ver Almeida Filho (1987) 'O
Que quer dizer ser comunicativo na sala de aula de língua estrangeira' na revista
Perspectiva, n? 08, Editora da UFSC, Florianópolis.
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3. COMO É NÃO SER COMUNICATIVO?
Não ser comunicativo é construir o ensino em torno das formas da linguagem,
principalmente as formas gramaticais. O professor pode ser bem intencionado,
sincero, otimista e ainda assim não proporcionar condições comunicativas de
aprendizagem.
Mas o professor não-comunicativo pode ser muito comunicativo, facilitado r
de relações sociais na vida fora da sala de aula.
O professor não-comunicativo não está fadado ao fracasso. Mesmo quando
funcionamos profissionalmente numa abordagem gramaticalista, com ênfase na
manipulação de formas, é possível que haja 'subversão' consciente ou inconsciente
da abordagem. Por exemplo, o professor enfatiza a forma mais de vez em quando
permite a criação de diálogos novos originados pelos alunos para apresentação
ensaiada num outro momento. Os alunos motivados adequadamente se aproveitam
desses momentos para adquirir proficiência maior e duradoura na língua-alvo.
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4. É POSSÍVEL SER COMUNICATIVO SÓ QUERENDO SÊ-LO?
O clima intelectual que envolve o ensino de LE hoje tem apelo comunicativo.
As editoras de livros didáticos promovem cursos comunicativos. O interesse
metodológico pela renovação permanente sugere a exploração dos pressupostos
comunicativos na prática. Muitos autores de artigos em revistas internacionais lidos
no Brasil vêm vantagens nos traços distintivos da abordagem comunicativa. Por
essas razões, entre outras, os professores desejam ser comunicativos.
Uma pesquisa de pequenas proporções levada a efeito por Abreu (1986) no
município de Taubaté (SP) revelou que os professores de LE consideravam em sua
maioria ser comunicativos. Tendo observado suas aulas, a pesquisadora constatou
que em grande parte a expectativa ou o valor declarado do professor de ser
comunicativo não procedia. Essa evidência nos faz crer que o professor nem sempre
operou mudanças profundas em suas convicções sobre o que é língua, o que é
aprender e o que é ensinar para ser mesmo comunicativo. Quando muito o professor
nessas condições de verbalizar o valor formal de ser comunicativo pode
'funcionalizar' ou vestir uma parte do seu material com traje comunicativo.
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5. O QUE É PRECISO SABER PARA SER VERDADEIRAMENTE
COMUNICATIVO?
(...)Almeida Filho (1987) 'Fundamentação e crítica da abordagem comunicativa de
ensino das línguas'. Finalmente, na área de avaliação é recomendável a leitura de
Carroll (1980) Testing communicative performance.
Em 2º lugar, o professor deve conhecer as bases teóricas que possibilitam o
estudo continuado de novas maneiras de ensinar comunicativamente. Nesse
particular são úteis as leituras de Hymes (1980) On Communicative competence, van
Ek (1979) The Threshold levelfor modern language learning in schools, Johnson
(1982) Communicative syllabus design and methodology, e Almeida Filho (1985) 'A
Fusão da gramática com a coerência comunicativa'.
Em 3º lugar, para solidificar e entrelaçar o conhecimento sobre aspectos da
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