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Brasileiro com alma africana: Antonio Olinto
Após aquele dia, marcaram um encontro na praia, no
domingo. A praia de Copacana, naquela época, explica Olinto, era
o local onde se namorava. Os dois estavam separados, ambos só
haviam casado no civil e procuraram Dom Hélder Câmara
*
. Olinto,
*
Um dos mais respeitados religiosos brasileiros, Dom Hélder Pessoa Câmara (*
Fortaleza, CE, 7/02/1909 † Olinda, PE, 27/08/1999), “aos quatorze entrou no
Seminário da Prainha de São José, em Fortaleza, onde fez os cursos preparatórios, e
depois cursou filosofia e teologia. Durante os estudos sempre demonstrou desenvoltura
nos debates filosóficos e teológicos. No dia 15 de agosto de 1931, o seminarista
Hélder, foi ordenado sacerdote, por especial autorização da Santa Sé, em virtude de
ainda não ter completado a idade mínima exigida para ordenação, que era a de 24
anos. Sua primeira missa foi celebrada no dia seguinte a sua ordenação aos 22 anos de
idade. Em seguida foi nomeado diretor do Departamento de Educação do Estado do
Ceará, cargo que exerceu por cinco anos. Depois foi transferido para o Rio de
Janeiro, onde morou e trabalhou por 28 anos. Colaborou com revistas católicas,
organizou o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional, exerceu funções na
Secretaria de Educação do Rio de Janeiro e no Conselho Nacional de Educação,
fundou a Cruzada São Sebastião, para atender favelados e o Banco da Providência,
destinado a ajudar famílias pobres. A 20 de abril de 1952, foi eleito Bispo Auxiliar do
Rio de Janeiro. No período em que permaneceu lá, exerceu o cargo de Secretário
Geral da CNBB, implantou os ideais da Organização, promovendo interação entre
os bispos do Brasil, participou de congressos para atualização e adaptação da Igreja
Católica aos tempos modernos, sobretudo integrando a Igreja na luta em defesa da
justiça e cidadania. Aos 55 anos, Dom Hélder Câmara, foi nomeado Arcebispo de
Olinda e Recife. Assumiu a Arquidiocese, em 12 de março de 1964, permanecendo
neste cargo durante vinte anos. Na época em que tomou posse como Arcebispo em
Pernambuco, o Brasil encontrava-se em pleno domínio da ditadura militar. Momento
político este, que o tornou um líder contra o autoritarismo e os abusos aos direitos
humanos, praticado pelos militares. Desempenhou inúmeras funções, principalmente
em Organizações não Governamentais, movimentos estudantis e operários, ligas
comunitárias contra a fome e a miséria. Dom Hélder escreveu diversos livros que
foram traduzidos em vários idiomas, entre os quais, japonês, inglês, alemão, francês,
espanhol, italiano, norueguês, sueco, dinamarquês, holandês, finlandês. Recebeu
cerca de seiscentas condecorações, entre placas, diplomas, medalhas, certificados,
troféus e comendas. Foi orador de massas no Brasil e no exterior, onde expressou,
com densidade e força, seus ideais, posicionamentos, questionamentos religiosos,
políticos e sociais. Foi distinguido com 32 títulos de Doutor Honoris Causa, vinte e
quatro prêmios dos mais diversos órgãos internacionais. Diversas cidades brasileiras
concederam-lhe cerca de 30 títulos de cidadão honorário”. Disponível em: <http:/
/www.fundaj.gov.br>. Acesso em: 13 jun. 2007.