Que todas as manhãs guarda-me flores.
Hoje, está triste. Nem me deu bom dia!
Deixou cair as rosas pela estrada.
- Que é do teu canto, doce cotovia?
(Reparem ela como vai zangada!)
Desce em seguida a meiga Valentina,
Dez anos tem. Parece um Querubim...
Uma açucena pálida e franzina,
Um encantado e pálido jasmim!
E a Inocência? Vem chorando tanto!
Que te fizeram, minha sensitiva?
Quem foi que os olhos te inundou de pranto,
Quem te causou essa amargura viva?
Já sei: a mestra quis ralhar contigo,
E foi bem feito, colibri travesso!
Fiquei alegre com o teu castigo;
Por que não me dás beijos quando os peço?
Ouço chamar pelo meu nome... É Santa,
Um diabrete muito engraçadinho...
- Soube a lição? - Não me responde, canta...
- Graça inocente, voa para o ninho!
Puxando a trança de Lucília, passa
Celeste, a loura; correm como doidas...
Por que é que tarda a pequenina Garça,
A mais mimosa e mais gentil de todas!
Ei-la! É um anjo a divagar na terra,
Um beija-flor que prendem na gaiola...
Quanta candura o seu sorriso encerra,
Quanta inocência d’esse olhar se evola!
Como eu a amo e que tristeza infinda,
Sinto nos dias em que não a vejo...
Ah! como adoro essa mãozinha linda,
Tão pequenina que parece um beijo!
E eu digo ao ver das criancinhas mansas
O bando alegre e luminoso e forte:
Vós sois no mundo claras esperanças,
Rosas da vida, embalsamando a morte!
O vosso olhar é como um livro aberto
Onde soletro as minhas alegrias...
Oásis santo num cruel deserto,
Negro e sem fim, de fundas agonias.
Em breve as férias chegarão, e eu triste
Quantas semanas vou passar distante