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U N E M E T – Brasil
Setembro – Novembro 2006 www.unemet.al.org.br
AGRONEGÓCIO: Setor Crucial
para a Expansão dos Serviços
de Meteorologia no País
Sobre o Conceito de Atividade
Sustentável: Uma Definição de Índices
para a Agricultura de Subsistência no
Estado do Ceará - Brasil
O Homem Enciclopédia:
Da Climatologia a
Geomorfologia
Climática
Exploração da
Atmosfera: Da Pipa
a Radiossonda
UFPEL: Única
Faculdade de
Meteorologia no Brasil
Miragem de um
Sindicato para
Meteorolo
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Ano II – Número 8 – Setembro – Novembro 2006
Diretoria Executiva
Presidente
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ)
Secretário Geral
Daniel Carlos Menezes (COPPE/UFRJ)
Diretor Administrativo e Financeiro
Carlos Henrique D’Almeida Rocha (COPPE/UFRJ)
Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento
José Francisco de Oliveira Júnior (COPPE/UFRJ)
Diretor de Comunicação e Marketing
Alailson Venceslau Santiago (IICA/OEA)
Diretora de Educação e Treinamento
Maria Céli Santos de Lima (UFAL)
Diretor de Cooperação Nacional
e Internacional
José de Lima Filho (UFAL)
Conselho Diretor
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ)
Alailson Venceslau Santiago (IICA/OEA)
José de Lima Filho (UFAL)
Rodrigo Santos Costa (COPPE/UFRJ)
Maria Céli Santos de Lima (UFAL)
Conselho Fiscal
José Luiz Cabral da Silva Junior (UFV)
Gustavo Bastos Lyra (COHIDRO)
Sylvia Elaine Marques de Farias (INPE)
Conselho Editorial
Alailson Venceslau Santiago (IICA/OEA)
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ)
Rodrigo Santos Costa (COPPE/UFRJ)
Daniel Carlos de Menezes (COPPE/UFRJ)
Revista Cirrus
é uma publicação da União
Nacional dos Estudiosos em Meteorologia -
UNEMET, distribuída gratuitamente aos usuários
cadastrados no site.
Imagem de Capa:
Elaborada por Carlos Henrique Rocha.
A revista não se responsabiliza por opiniões
emitidas pelos entrevistados e por artigos
assinados.
Reprodução permitida desde que citada a fonte.
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Editorial
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Fazendo a Diferença e Colhendo Bons
Frutos!
Radar
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Programe-se
Ponto de Vista
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Agenda
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Programe-se
Capa
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Agronegócio: Setor Crucial para a
Expansão dos Serviços de Meteorologia
no País
Memória
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O Homem Enciclopédia: Da Climatologia a
Geomorfologia Climática
Curiosidades
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Exploração da Atmosfera: Da Pipa a
Radiossonda
Nossas Escolas
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Reflexões
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Miragem de um Sindicato para
Meteorologista?
Redação
Cartas para o editor, sugestões de temas, opiniões
ou dúvidas sobre o conteúdo editorial de CIRRUS.
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Anuncie em CIRRUS e fale com o mundo.
UNEMET – Brasil
Rua Dona Alzira Aguiar, 280 - Pajuçara
57030-270 – Maceió – Alagoas - Brasil
Fone: (82) 3377-0268
www.unemet.al.org.br
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orreio
MARAVILHOSA!
Estimado Conselho Editorial da Cirrus, gostaria
de dizer que fiquei maravilhada com a foto da
Capa e com todo conteúdo da Revista,
especialmente com a matéria da sessão Nossas
Escolas.
Profa. Leila M. V. de Carvalho
DCA/IAG/USP, São Paulo, SP
PARABÉNS PELA PUBLICAÇÃO
Parabéns pela publicação da Revista Cirrus.
Inserimos uma chamada para o site da revista
na página da Sociedade Brasileira de
Agrometeorologia – SBAGRO
(www.sbagro.org.br).
Fábio Ricardo Marin
Secretário Geral SBAGRO.
CATALOGAÇÃO NA BASE MINERVA
Prezados editores, teremos o maior prazer em
catalogar a Revista Cirrus na Base Minerva
(www.minerva.ufrj.br) da UFRJ incluindo um
apontador para a URL da revista e, dessa
forma, vocês terão outro veículo de
disseminação de seu conteúdo.
Paula Maria A. Cotta Mello
Coordenadora do SiBI, Rio de Janeiro, RJ.
TRABALHANDO PARA O BEM DA
METEOROLOGIA
Quero parabenizá-los pelo ótimo trabalho e por
sempre estarem trabalhando ativamente para o
bem e para o desenvolvimento da Meteorologia
em nosso país. Quero dizer que divulgarei a
Cirrus aos meus alunos e estou a disposição
para contribuir para que o sucesso tenha
continuidade.
Prof. Manoel da Rocha T. Filho
Inst. Ciências. Atmosféricas/UFAL, Maceió, AL.
ACERTADO TRABALHO!
Prezados, gostaria de felicitá-los por tão
acertado trabalho e excelente publicação desta
última edição da Cirrus. Felicidades a todo o
grupo que trabalha intensamente por uma das
Ciências mais importantes.
Rosa Maria Araújo C.
Coordenadora de Atenção aos Usuários/SNET,
San Salvador, El Salvador.
MUITO RELEVANTE!
Estimado Conselho Editorial, gostaria de dizer
que ficou muito boa a 7ª edição da revista
Cirrus. O foco que foi dado é muito relevante
nos dias atuais.
Dionis Blanck
PET/UFPel, Pelotas, RS.
ENVIO DE MATERIAL
Estimados, gostaria de submeter a Cirrus
material sobre o Curso de Meteorologia na
Universidade Federal do Pará (UFPA),
principalmente seu histórico, sua realidade e
perspectivas futuras.
Prof. João Batista M. Ribeiro
UFPA, Belém, PA.
NOTA
Todas as mensagens enviadas foram
prontamente respondidas. Agradecemos à
todos que colaboram com sugestões e
críticas para a melhoria da CIRRUS.
OS EDITORES
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anos a UNEMET completou em novembro passado com muito sucesso. Durante todo este
período de nossa existência estamos desenvolvendo atividades e ações com o objetivo de
cumprirmos a nossa maravilhosa missão que é disseminar e ampliar as melhores
informações e assuntos sobre a ciência meteorológica a todos aqueles que por ela se
interessam. Uma de nossas ações mais efetivas está na questão educacional, tanto que estamos
fazendo parte do Grupo de Trabalho da CALMet/OMM, fórum este criado para discutir a questão
educacional e de treinamento nas áreas de Meteorologia e Hidrologia no mundo, e que em julho
de 2007 estará se reunindo na China para discutir experiências, idéias e programas nestas áreas.
Além disso, a UNEMET tem alcançado seus objetivos usando vários meios de comunicação
para a difusão de informações meteorológicas: Seu portal, que em 2007 virá com nova
roupagem; o INFORMATIVO UNEMET, que retornará no ano que vem totalmente reformulado e
mais dinâmico; e a Revista Cirrus, que desde a sua primeira edição vem alcançando enorme
sucesso ao levar conteúdo e diferenciado a todos os estudiosos em Meteorologia. O reflexo deste
sucesso nós percebemos através de nossos leitores que sempre nos mandam ótimas sugestões.
Isto nos deixa bastante contentes e nos fazem cada vez mais aprimorarmos nossas ações e
planos para mostrar a todos esta ciência fascinante chamada de Meteorologia.
Estamos sempre nos esforçando para cada vez mais trazer matérias interessantes e
ouvindo nossos leitores. Foi uma destas sugestões enviadas por nossos leitores que nos inspirou
para elaborar a matéria principal de capa da Cirrus: A Meteorologia e o Agronegócio.
Assim, a nossa oitava edição fala de um tema riquíssimo e muito importante: a
Agricultura, fatores, impactos e sucessos que vem alcançando esta área ao longo dos últimos
anos principalmente devido ao “boom” do Agronegócio, tanto que se tornou o principal setor da
economia brasileira em exportações. Isso se deve a diversos fatores, e onde um dos principais é a
condição climática existente em nosso país. Assim, a matéria de capa apresenta a importância e
os produtos da Meteorologia para este setor que cresce a cada dia e que representará em breve
um dos principais campos de atuação para os meteorologistas.
Foi com este pensamento que a matéria busca mostrar que a Agrometeorologia no atual
momento é tão importante quanto a previsão do tempo que as pessoas diariamente ouvem falar
nos diversos meios de comunicação. Portanto, o setor de agronegócio deve ser visto como mais
um campo de trabalho, e para isso os profissionais deverão avaliar os desafios, as oportunidades
do mercado de trabalho, enfim, as perspectivas que esse tipo de atividade trará de benefício aos
meteorologistas neste século.
Além disso, a 8ª edição da Cirrus possui muito mais assuntos interessantes, como por
exemplo, a reflexão sobre a criação ou não de um sindicato para tentar barrar a ilegalidade em
nossa profissão e o real cumprimento da Lei de Regulamentação Profissional. Há uma excelente
matéria sobre a origem das radiossondas. Memorizamos a vida e obra do geógrafo e
climatologista Gilberto Ozório de Andrade, além do ponto de vista acerca do conceito de atividade
sustentável na definição de índices para a agricultura de subsistência elaborado pelos
especialistas José Brabo e José Nilton de Campos.
Esta última edição da Cirrus de 2006 é especial não só pelo momento mas porque foi
elaborada com enorme presteza e qualidade para todos vocês!
Agradecemos todos os excelentes momentos compartilhados neste ano que ora se
encerra, e desejamos aos estudiosos em Meteorologia um Feliz Natal e que o Novo Ano
Vindouro vem acompanhado de bons frutos repletos de muito sucesso.
Saudações Meteorológicas,
Ednaldo Oliveira dos Santos
Presidente do Conselho Editorial.
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INPE E INMET UNEM-SE PARA
FORTALECER A METEOROLOGIA
NACIONAL
Os diretores do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE), Gilberto Câmara, e
do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET),
Antonio Divino Moura, assinaram em
23/11/2006 um protocolo de intenções que
deverá representar um marco na história de
cooperação entre as duas instituições. O INPE é
vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia
(MCT) e o INMET, ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA). A cerimônia
de assinatura do documento começou às 9
horas, no Ministério da Agricultura, e contou
com a presença dos ministros das duas pastas:
Luís Carlos Guedes Pinto, da Agricultura, e
Sérgio Rezende, da Ciência e Tecnologia.
O protocolo deverá aprofundar e
fortalecer as atividades de monitoramento e
previsão de tempo e clima do país e América do
Sul, desenvolvidas pelo INMET e INPE, que
conta nesta área com a atuação do Centro de
Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
(CPTEC). Com o estreitamento das relações
entre os dois órgãos principais de meteorologia
do país, um grupo de trabalho, com
representantes destas instituições, passará a
funcionar de forma permanente e coordenada
no planejamento, solicitação de recursos e na
formulação de políticas para a área.
A medida deverá evitar a sobreposição
de pedidos de recursos para objetivos
operacionais, de pesquisa e desenvolvimento
semelhantes. O INPE e o INMET já vêm
atuando em parceria tanto em atividades
operacionais, na elaboração da previsão
climática sazonal, como na busca por recursos
através de projetos do governo federal: no
Projeto Piloto de Investimentos (PPI), com a
temática “Desenvolvimento da Meteorologia
Nacional” e no Projeto de Tecnologia da
Informação (PROTIM), para obtenção de
recursos dos Fundos Setoriais, com apoio da
FINEP.
O protocolo prevê ainda que todos os
produtos de previsão de tempo e clima
fornecidos à mídia passarão a ter o crédito das
duas instituições. A parceria deverá se estender
às áreas de treinamento e difusão do
conhecimento, aplicações das previsões de
tempo e clima, modelagem atmosférica,
oceânica e ambiental, instrumentação
meteorológica e utilização de imagens de
satélites meteorológicos e ambientais.
Fonte: INPE.
2008 – O ANO INTERNACIONAL DO
PLANETA TERRA
Idealizado durante o Congresso
Geológico Internacional do Rio de Janeiro, em
2000, e consagrado quatro anos depois pelos
Conselhos da União Internacional de Ciências
Geológicas (IUGS) e Congresso Internacional
de Geologia (IGC), reunidos em Florença, o Ano
Internacional do Planeta Terra (AIPT) foi
finalmente declarado pela Assembléia Geral da
ONU, em sua sessão de 22 de dezembro do ano
passado, passando a ser uma iniciativa da
IUGS e UNESCO, integrada por Instituições,
Sociedades, Associações e até mesmo
empresas do mundo inteiro interessadas em
dele participar. Essa proclamação implica em
que 191 nações adotaram os objetivos
propostos para o AIPT e estão dispostas a
contribuírem para sua implementação.
Na verdade, 2008 será o Ano Central
das comemorações trienais que começarão
efetivamente em janeiro de 2007 e terminarão
em dezembro de 2009.
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O objetivo maior desse triênio é
demonstrar aos governantes, políticos e
sociedade a grande contribuição já oferecida e
o enorme potencial das geociências para um
mundo mais seguro, saudável e sustentado, e
encorajar a maior disseminação e efetiva
aplicação desse potencial pelos tomadores de
decisão, educadores, outros profissionais e o
público em geral.
O AIPT irá operar com Programas
Científicos e ao mesmo tempo com a
divulgação das geociências e de seus
profissionais através de nove grandes temas
especialmente selecionados para atingirem o
objetivo acima:
1) o uso sustentado da água subterrânea;
2) a minimização dos riscos e maximazação
das prevenções contra os desastres naturais;
3) a construção de um ambiente mais seguro
para a saúde (geomedicina);
4) as questões climáticas;
5) energia e recursos naturais para um
desenvolvimento sustentado;
6) as megacidades;
7) da crosta ao núcleo da Terra;
8) os oceanos; e
9) os solos.
O próximo passo, em cada país, é a
formação de Grupos e Comissões para
planejarem e executarem atividades e projetos
dentro de cada um desses temas,
disseminando os seus resultados efetivos na
sociedade e entre os políticos, de forma
organizada e congruente. Para tanto, está foi
organizada uma Mesa Redonda durante o 33º
Congresso Brasileiro de Geologia, realizado em
setembro deste ano em Aracaju, onde o
assunto foi debatido mais diretamente com a
comunidade geocientífica presente, onde foram
coletadas idéias e formulados planos de
execução para os dois Focos estabelecidos para
o AIPT. Deve-se ressaltar que várias
instituições nacionais já aderiram formalmente
às comemorações do AIPT.
O Ano Internacional do Planeta Terra é
uma conquista importante para trazer uma
diferença real não somente em relação a uma
maior conscientização e valorização da Terra
como a fonte definitiva para as nossas
necessidades diárias e para os alicerces da
sociedade e da economia globais, mas também
para o cuidado com os crescentes desastres
naturais e o conhecimento que deles devemos
ter para que sejam minimizados no futuro.
Maiores informações no portal
www.yearofplanetearth.org
ou com o Dr. Carlos
Oití Berbert, MCT, através do email:
.
Fonte: Dr. Carlos O. Berbert, MCT.
NASA VÊ DIA E NOITE EM PLANETA FORA DO
SISTEMA SOLAR
O telescópio espacial Spitzer da Nasa
fez as primeiras medições da temperatura
diurna e noturna de um planeta localizado fora
do Sistema Solar. O observatório, que registra
luz na faixa infravermelha, revela que o
planeta, um gigante gasoso semelhante a
Júpiter, mas que gira muito perto de sua
estrela e é extremamente quente numa das
faces, e com toda probabilidade é
extremamente frio na outra.
"Este planeta tem um ponto quente
gigante no hemisfério voltado para a estrela",
disse Joe Harrington, da Universidade da
Flórida Central, Orlando. "A diferença de
temperatura entre dia e noite revela como a
energia flui na atmosfera do planeta.
Essencialmente, estamos estudando
Meteorologia num planeta exótico".
O achado representa a primeira vez em
que algum tipo de variação de temperatura é
observada na superfície de um planeta extra-
solar, como são chamados os mundos que
orbitam outras estrelas, que não o Sol.
Medições anteriores de planetas extra-solares
só revelavam características gerais, como
massa e diâmetro.
Os pesquisadores usaram o Spitzer
para determinar a variação de temperatura em
um planeta chamado Upsilon Andromedae b.
Trata-se de um mundo semelhante a Júpiter,
mas que gira muito perto da estrela,
completando uma órbita a cada 4,6 dias. Os
cientistas acreditam que este planeta esteja
gravitacionalmente travado, o que significa que
a mesma face do mundo está sempre voltada
para a estrela, como a Lua sempre mostra a
mesma face para a Terra.
Entretanto, como Upsilon Andromedae
b é composto de gás, a atmosfera pode circular
muito mais rapidamente que o interior da
esfera. Segundo os astrônomos, a diferença de
temperatura entre as duas faces do planeta é
enorme - da ordem de 1.400º C - o que indica
que a atmosfera de Upsilon Andromedae b
absorve e irradia calor rápido demais para que
o gás que circula ao redor do mundo distribua a
energia de forma eficiente.
Fonte: Estadão Online.
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eteorologia em Foco
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IV Semana de Meteorologia da UFAL
O Instituto de Ciências Atmosféricas – ICAT e o Centro Acadêmico de Meteorologia – CAMET da
UFAL realizaram, em comemoração ao dia do meteorologista, a IV SEMANA DE METEOROLOGIA,
ocorrida no período de 08 a 10 de Agosto de 2006. O Evento contou com a presença da comunidade
meteorológica alagoana que participaram de palestras, visitas técnicas e mini-cursos. Todos os temas
abordados foram relacionados com a importância da Meteorologia para a sociedade.
Público presente nas atividades da IV Semana de Meteorologia da UFAL.
Ressaltam-se as palestras dos professores Luiz Carlos Molion denominada “Os desafios da
Meteorologia no século XX”, pelo Roberto Lyra que norteou o tema “Aspectos Climáticos e Ambientais
da Substituição da Floresta Tropical por Culturas Agrícolas” e a palestra chamada de “Efeitos do Tempo
e Clima na Saúde Humana” por José Clênio Ferreira de Oliveira. Houve visitas técnicas a estação
Meteorológica do INMET e ao Sistema de Radar Meteorológico de Alagoas, ambos localizados no
Campus da UFAL. Além disso, foram ofertados dois mini-cursos: um sobre Fundamentos de Sinótica e o
outro acerca da Utilização do Software SPRING, do INPE.
Palestras dos professores Luiz Molion e Roberto Lyra durante a IV SEMANA DE METEOROLOGIA da UFAL.
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Workshop Agroclimatologia e Desempenho de Lavouras
O Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, em conjunto com a Secretaria da Agricultura
Familiar – SAF realizou na cidade de Brasília, nos dias 12 e 13 de Setembro de 2006, o Workshop
Agroclimatologia e desempenho de Lavouras, que visava abordar a gestão dos riscos através da
sistematização de informações, estudos científicos sobre os efeitos dos eventos agroclimáticos no
desempenho das lavouras, a produção de séries de dados consistentes e o monitoramento
agroclimático e de safras. Trata-se de uma área de interesse para diversos setores da economia, em
especial para o ramo de seguros agrícolas.
O presente Workshop teve como objetivo principal promover o intercâmbio de informações
sobre metodologias de monitoramento agroclimático e previsão de safra, focalizando as estimativas dos
efeitos de eventos agroclimáticos sobre o desempenho das lavouras. Ainda, discutir eventuais
necessidades e possibilidades de avanço na compatibilidade das metodologias utilizadas pelas principais
instituições do País, que desenvolvem trabalho especializado nessas áreas, visando facilitar a interação,
a complementariedade e a matricialidade da atuação dessas entidades e a constituição e
disponibilização de base de dados relevantes para a gestão de riscos em seguros.
I Workshop de Meteorologia Operacional e de Tempestades
Severas do Rio de Janeiro - I Rio Operacional
Este evento foi realizado no período de 25 a 29 de setembro nas dependências do
departamento de Meteorologia da UFRJ e foi fruto de uma parceria entre o Núcleo Regional do RJ da
SBMET e o Departamento de Meteorologia da UFRJ e visou proporcionar uma ampla discussão sobre os
temas que envolvem a Meteorologia Operacional e a emissão de avisos de tempo severo no Estado do
Rio de Janeiro. O Workshop contou com a presença de especialistas da área de tempestades severas e
Meteorologia operacional do país e de centros especializados dos Estados Unidos e Europa.
Na programação do workshop tiveram as palestras com o Dr. Peter Caplan (Pesquisador do
NCEP) e Dr. Charles A. Doswell III (Pesquisador do CIMMS), além de Simone Andrade (Coordenadora
do Comitê Coordenador da RINDAT por parte de FURNAS).
Nas apresentações temáticas, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho
realizado pelos diversos órgãos de Meteorologia operacional do Estado do Rio de Janeiro e estreitar as
relações destes com os geradores de dados e informações utilizados por estes órgãos em suas
atividades. Além disso, foram estabelecidos grupos de trabalho cujo objetivo foi transformar as
discussões apresentadas durante as palestras e apresentações temáticas em ações de curto, médio e
longo prazo, visando uma melhoria na elaboração das previsões meteorológicas no Rio de Janeiro.
Foram oferecidos, ainda, três mini-cursos durante o evento: Introdução ao GIS e as suas
aplicações na Meteorologia; O uso de produtos de Ensemble na previsão do tempo operacional; e
Dinâmica, termodinâmica e previsibilidade de tempestades severas.
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VI EPGMET – Encontro Nacional dos Estudantes de Pós-Graduação
do INPE
A sexta edição do EPGMET, o encontro dos alunos da pós-graduação em Meteorologia do INPE,
ocorreu entre os dias 27 e 29 de setembro de 2006 na sede do INPE em São José dos Campos, Estado
de São Paulo.
O encontro, que teve como principal objetivo promover a integração entre o corpo discente do
INPE e das instituições de ensino em Meteorologia permitiu que os alunos tivessem a oportunidade de
apresentar suas pesquisas, bem como suas áreas de atuação.
O evento também contou com palestras e mini-cursos sobre temas relevantes para a
comunidade meteorológica.
A solenidade de abertura contou com a presença da diretora do CPTEC/INPE, D.Sc. Maria
Assunção Faus da Silva Dias, do Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Meteorologia do INPE,
DSc. Prakki Satyamurty, e da representante dos alunos de Pós-Graduação do INPE, M.Sc. Sâmia Regina
Garcia.
Cerimônia de abertura do VI EPGMET.
O evento contou ainda com palestras de professores e pesquisadores, como DSc Pedro Leite da
Silva Dias (IAG-USP), DSc José Marengo (CPTEC-INPE), entre outros.
Além disso, foram oferecidos dois mini-cursos. Os Pós-Graduandos avaliaram como
extremamente positivo a interação proporcionada através das atividades realizadas.
10
XIV CBMET - Congresso Brasileiro de Meteorologia
A Sociedade Brasileira de Meteorologia, com o apoio de diversas entidades públicas e privadas,
organizou no período de 27 de novembro a 1 de dezembro de 2006 o XIV CBMET - XIV Congresso
Brasileiro de Meteorologia, na cidade de Florianópolis (SC). O evento, ocorrido nas instalações do
Centro de Convenções da Universidade Federal de Santa Catarina, contou com mais de 1.500 inscritos,
em todas as categorias. Com o tema “a Meteorologia a serviço da sociedade”, um dos pontos fortes
deste congresso foi o de mostrar como a interdisciplinaridade vem ganhando espaço no
desenvolvimento de aplicações e produtos específicos para diversos setores. As plenárias e sessões,
tanto de trabalhos em forma oral quanto pôster também enfocaram essa nova realidade.
Cerimônia de abertura do XIV Congresso Brasileiro de Meteorologia e entrega dos prêmios Adalberto Serra e
Sampaio Ferraz.
Também aconteceu na cerimônia de abertura XIV Congresso Brasileiro de Meteorologia, a
entrega dos Prêmios Adalberto Serra e Sampaio Ferraz a profissionais e pesquisadores indicados por
seus associados. O prêmio foi concedido a D.Sc. Maria Assunção Faus da Silva Dias (CPTEC/INPE) e
Romisio Geraldo Bouhid André (LENEP), enquanto que os premiados com o Prêmio Sampaio Ferraz
foram Luiz Carlos Austin (INMET/RJ) e os pesquisadores e técnicos do CIRAM/EPAGRI que estavam de
plantão na ocorrência do fenômeno Catarina. O evento também serviu como palco da Assembléia da
Sociedade Brasileira de Meteorologia, que teve dentre os seus pontos de pauta as eleições da Diretoria
Executiva e Conselho Deliberativo desta sociedade. Na ocasião, foi reeleita como presidente a Dra Maria
Gertrudes Alvarez Justi, que terá oportunidade de continuar seu trabalho à frente da SBMET por mais
dois anos.
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Treinamento em Meteorologia por Satélite – CPTEC/INPE
No último mês de novembro entre os dias 13 e 17, CPTEC/INPE ofereceu curso virtual à
distância para países de língua portuguesa. Através do Laboratório Virtual, centros de excelência
ligados à Organização Meteorológica Mundial (OMM), situados em vários continentes, organizam o
treinamento para diversos países de mesma língua. O último curso oferecido através do Laboratório da
OMM ocorreu durante o mês de outubro, para países de língua inglesa e outro para países de língua
espanhola. Este foi o primeiro treinamento à distância para países de língua portuguesa organizado pelo
CPTEC/INPE, através da Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais (DSA), e que contou com o apoio
do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e do Instituto de Meteorologia (IM), de Portugal. Cursos
presenciais, com o apoio da OMM, já foram organizados pelo CPTEC, no Centro Espacial de Cachoeira
Paulista (SP), do INPE.
Foram ministradas as seguintes aulas: Aula A - Programa Espacial da OMM, Satélites e suas
Capacidades e Laboratório Virtual da OMM, proferida pelo Prof. Dr. Alexandre Correia - CPTEC/INPE e
Dr. Rodrigo Augusto Ferreira de Souza - CPTEC/INPE, Aula B - Bandas Espectrais e suas Aplicações,
Professor: Dr. Juan Ceballos - CPTEC/INPE e Dr. Nuno Moreira - IM (Portugal), Aula C - Transformação
de Dados Digitais em Produtos, pelo Prof. Dr. Leonardo F. Peres - CPTEC/INPE e a Aula D - Detecção e
Monitoramento de Convecção Severa, Prof. Dr. Luiz Augusto Toledo Machado - CPTEC/INPE. Apesar de
alguns problemas ocorridos durante o Curso, devemos elogiar a iniciativa do CPTEC/INPE neste tipo de
treinamento à distância, algo ainda muito novo na área da Meteorologia brasileira, e tão divulgada pelo
CALMET nos países Africanos, Asiáticos, Europeus e nas Américas Central e do Norte e a UNEMET no
Brasil, nossos Parabéns a equipe responsável. Logo após as aulas os participantes foram entrevistados
por questionário e receberam certificação pelo Laboratório Virtual da WMO.
ONU inaugurou Programa de Ensino Virtual de Meteorologia
A Organização Mundial da Meteorologia (OMM), um órgão da ONU, inaugurou uma atividade
de formação virtual, dedicada ao ensino à distância de noções de meteorologia espacial, como a
interpretação de imagens infravermelhas ou de alta definição feitas por satélites. Esta iniciativa
permitirá que cerca de 150 pessoas do mundo todo possa se beneficiar em tempo real, através da
Internet, de um grande leque de técnicas avançadas de educação presencial concebidas pelo
organismo, afirmou a OMM em comunicado.
Os alunos que fizerem parte do novo projeto terão acesso virtual a um programa de duas
semanas de duração que contempla atividades regionais realizadas nos "centros de excelência" de
Melbourne, na Austrália, e de Nanjing, na China, com o apoio de outros seis centros da entidade. A
atividade se inscreve no projeto laboratório virtual criado oficialmente em 2001 pelo Grupo de
Coordenação sobre Satélites Meteorológicos, uma iniciativa implementada em conjunto com a OMM
para melhorar o uso de dados e produtos recolhidos por satélite por parte dos membros da
organização.
Se você quiser divulgar algum evento
relacionado com a área de Meteorologia, e/ou
áreas afins, é só enviar um e-mail para
Colaboraram nesta Sessão:
Fabiano Prestelo de Oliveira,
CAMET/UFAL.
Núcleo Regional do RJ da
SBMET
.
Alailson Santiago, Carlos
Henrique Rocha e Rodrigo
Costa (UNEMET).
12
onto de Vista
José M. Brabo Alves & José Nilton B. Campos
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agricultura de sequeiro no Nordeste do Brasil (NEB) é uma atividade com forte dependência da
variabilidade interanual da precipitação pluviométrica. Suas produtividade e produção, em
particular do milho e feijão, estão relacionadas diretamente com a variação climática tropical,
característica de eventos de El Niño, La Niña e dipolos de TSM no Atlântico Tropical. Vale
mencionar que, os impactos sociais e econômicos, causados por suas variabilidades afetam um grande
contingente populacional no Estado.
1. Introdução
O conceito de quão sustentável no
tempo é uma atividade, advêm da economia e
teve sua expansão para as áreas das
geociências e ciências correlatas com a
preocupação da sociedade face às questões
ambientais emergentes (BISWAS, 1996)
1
. Foi a
partir da metade do século XX quando a
sociedade mundial deixou de se preocupar com
fins lucrativos.
Alguns fatos históricos foram
marcantes para que a sociedade percebesse
essa preocupação. O primeiro deles foi à crise
econômica de 1929 (BISWAS, 1996)
1
, e
culminou com o lançamento das bombas
atômicas da segunda guerra mundial (BISWAS
et al., 1993)
2
.
Estas evidenciaram que a humanidade
havia adquirido condições econômicas e
conhecimento científico e tecnológico que
poderiam por fim a dar existência do planeta
(BISWAS, 1996)
1
. Por último, a ida do homem
à lua que acelerou um processo de informação
1
BISWAS, A. K. Water Resources Environmental Planning
Management and Development. 1996.
2
BISWAS, A. K, JELALI, M.; STOUT, G. (eds). Water for
Sustainable Development in the Twenty-first Century.
Oxford University Press, Delhi, India. 1993.
(mídia) que alertou a sociedade a respeito
dessas questões de dimensões finitas do
planeta, em particular no sentido de que a
terra e seus ecossistemas não deveriam ser
usados como depósitos.
O conceito de sustentabilidade é
complexo e envolve uma série de critérios
técnicos e prioridades que na prática nem
sempre são fáceis de mensurar e relacioná-los
(SVEDIN, 1988; BISWAS, 1996; PEZZEY,
1992; 1993; DA SILVA et al. 1994)
13
. PEZZEY
3
menciona que a idéia de que uma determinada
variável tenha características sustentáveis com
o tempo depende de três funções: eficiência,
que sobreviva e conseqüentemente seja
sustentável.
3
SVEDIN, U. The concept of sustainability. In Perspectives
of Sustainable Development. Stockholm Studies in
Natural Resources Management, No. 1, Stockholm, 1988.
PEZZEY, J. Sustainable Development Concepts. An
Economic Analysis. World Bank Environment Paper
Number 2, World Bank, Washington, DC, 71pp. 1992.
PEZZI, L. P.; CAVALCANTI, I. F. A The relative importance
of ENSO and tropical Atlantic sea surface temperature
anomalies for seasonal precipitation over South America:
a numerical study. Climate Dynamics, Berlin, v.7, p.205-
212. 2001.
DA SILVA, A M.; YOUNG, A C. e LEVITUS, S. Algorithms
and Procedures, vol.1, Atlas of Surface Marine Data.
Maryland, National Oceanic and Atmospheric
Administration, 83 pp. 1994.
P
P
A
13
Essas funções devem ter um valor
mínimo para que possam ser ou estarem acima
do limite mínimo adotado de um conceito de
bem estar social. O ASCE (1992)
4
fez uma
excelente abordagem sobre desenvolvimento
sustentável e meio ambiente para sistemas de
recursos hídricos.
O diagnóstico de que uma variável
(atividade) tem característica de
sustentabilidade pode ser definido
isoladamente ou atribuindo-se pesos a uma
combinação de fatores característicos da
variável em estudo.
Entre esses fatores tem-se
confiabilidade - isto é, apresentar valores
adotados em um determinado intervalo de
tempo que sejam compatíveis com o bem, por
exemplo, sócio-econômico e ambiental.
Resiliência - índice de troca dado entre o
número de casos acima do valor adotado como
limite desse bem estar seguido de um valor
abaixo do mesmo ao longo de um intervalo de
tempo, sobre o número de ocorrências desse
valor abaixo do limite adotado, e a própria
vulnerabilidade da variável, que pode ser
definida como a razão entre o número de
ocorrências em um determinado intervalo de
tempo abaixo do valor limite adotado e o
número total possível de ocorrências. A
vulnerabilidade tem uma componente de
intensidade e uma de duração.
Essas medidas têm sido estudadas
para variáveis, econômicas, ambientais,
ecológicas e sociais (DA CUNHA; BROOKS,
1992; DA SILVA et al., 1994; GLEICK et al.
1995)
35
.
O objetivo desse estudo foi analisar
preliminarmente a sustentabilidade, e seus
fatores definidores, da produção e rendimento
de milho e feijão no estado do Ceará.
2. Materiais e Métodos
As variáveis utilizadas nesse estudo
foram séries de totais anuais de produção e
rendimento de milho e feijão para o estado do
Ceará (1952-2001) obtido no Instituto de
Planejamento do estado do Ceará (IPLANCE).
Dados mensais de Temperatura da Superfície
do Mar (TSM) observadas nos oceanos Pacífico
e Atlântico Tropicais são oriundos de uma
4
Task Commite on Sustainability Criteria, Water
Resoureces Planning and Management Division, ASCE and
Working Group, UNESCO/IHP IV Project M-4.3
Sustainability Criteria for Water Resources Systems.
253p. 1998.
5
BROOKS, H. Sustainability and Techology. Science and
Sustainability, Chapter 1, IIASA, Laxemburg, Austria.
1992.
Da CUNHA, L. V. Sustainable Development of Water
Resources Proceedings. International Symposium on
Integrated Approaches to Water Pollution Problems.
Lisbon. 1989.
GLEICK, P. H; LOH, P.; GOMEZ, S.; MORRISON, J.
California Water 2020: A Sustainable Vision. Pacific
Institute for Studies in Development, Environment, and
Security, Oakland, CA. 113p. 1995.
versão do Comprehensive Atmospheric-Ocean
Data Set (COADS).
Esse arquivo contém dados de médias
mensais em pontos de grade de 1
o
x1
o
de
latitude-longitude para um período de 1945 a
2000
6
. Os totais anuais das variáveis, produção
e rendimento do milho e feijão, são totais
observados no período de janeiro a dezembro.
Para TSMs foram usadas as suas anomalias
para o período de fevereiro a maio, período de
maior impacto dessas anomalias na
precipitação do setor norte do Nordeste e
estado do Ceará (MOURA e SHUKLA, 1982;
NOBRE e SHUKLA, 1996)
7
.
Primeiramente foi calculada uma média
de longo tempo (MLT) dessas variáveis para
seus respectivos períodos de tempo, seguidos
pelos cálculos de seus desvios padrões e um
desvio normalizado por esses respectivos
desvios padrões. A formulação a seguir
exemplifica esses cálculos.
=
=
=
ni
i
iv
v
n
MLT
1
1
(1)
onde v é a variável a ser considerada e n é o
número em anos da referida série de dados.
=
v
v
i
obs
iv
DP
MLTv
DN
,
,
(2)
onde DN é desvio normalizado da variável v,
DP é o desvio padrão da respectiva variável e i
o ano particular na série de dados em questão.
Foi calculado o coeficiente de variação de cada
variável hidrometeorológica definido de acordo
com fórmula abaixo.
v
v
v
MLT
DP
CV =
(3)
Os valores do DN
v,i
das variáveis foram
usados para definir os índices de confiabilidade,
resiliência e vulnerabilidade cujas
características associam-se as suas
sustentabilidades ao longo do tempo. Como os
critérios de definição das medidas de
resiliência, vulnerabilidade e confiabilidade são
subjetivos (PEZZEY, 1996)
3
, e esses dependem
do conhecimento e avaliação prévios dos seus
impactos em relação ao bem estar sócio-
econômico da sociedade afetada, nesse estudo
optou-se por um limite para separar condições
satisfatórias e insatisfatórias das variáveis em
estudo implicitamente ligadas a este bem estar.
Esse limite é enunciado a seguir.
6
Maiores detalhes desse arquivo de dados são
encontrados em DA SILVA et al. (1994).
7
MOURA, A.D.; SHUKLA, J. On the dynamics of droughts
in northeast Brazil: Observations, theory and numerical
experiments with a general circulation model. Journal
Atmospheric Science, Boston, v.38, n.7, p.2653-2675.
1981.
NOBRE, P.; SHUKLA, J. Variations of sea surface
temperature, wind stress and rainfall over the tropical
Atlantic and South America. Journal of Climate, Boston,
v.10, n.4, p.2464-2479. 1996.
14
Para todas as variáveis analisadas
definiram-se duas condições de acordo com o
valor dos seus desvios normalizados (DNs),
como segue:
Condição Satisfatória: Definida quando o
valor do desvio normalizado (DN) foi
maior ou igual a –0,5 DP.
Condição Insatisfatória: Definida quando
o valor do desvio normalizado (DN) for
menor que -0,5 DP.
Esses limiares de acordo com análises de
planejamento e políticas públicas têm mostrado
que nos anos ou períodos em que ocorrem
acima (abaixo) do limiar estabelecido a
condição de bem estar sócio econômico de
várias regiões do estado do Ceará aumenta
(diminui) significativamente (MAGALHÃES,
1991)
8
.
Em função dessas condições satisfatórias
e insatisfatórias foram definidos os índices de
avaliação de confiabilidade, resiliência,
vulnerabilidade e sustentabilidade. A
formulação de cada um desses fatores é
apresentada a seguir.
=
=
=
ni
i
ivv
NES
n
CONF
1
,
1
(4)
onde: CONF
v
é a confiabilidade da variável v em
análise, NES
v,i
é o número de eventos com
condição satisfatória e n é o número de anos
envolvido no cálculo.
=
=
=
ni
i
iv
iv
v
NEI
NES
RES
1
,
,
1
(5)
onde RES
v
é a resiliência da variável v em
análise, NES1
v,i
é o número de eventos com
condição satisfatória seguidos de um com
condição insatisfatória, NEI
v,i
é o número de
eventos com condição insatisfatória e n é o
número de anos envolvido no cálculo. Como a
vulnerabilidade é uma variável que está
associada à duração e intensidade, dois índices
foram calculados para se obter a
vulnerabilidade média.
Índice relativo à intensidade da
vulnerabilidade – Foi calculado em função da
diferença quantitativa do observado da variável
em questão. Isto é, o quanto em magnitude em
DN faltou para atingir o limite satisfatório
estabelecido (>-0,5DN). Em outras palavras,
acha-se essa diferença e seu valor é
multiplicado por –1 (para se obter sempre
índices positivos), sendo posteriormente
multiplicado pelo DP da variável. Para se
calcular um valor adimensional, após o cálculo
desses v
ext(i),
para um determinado n(anos),
divide-se o mesmo pelo maior valor em módulo
do valor negativo de DN
v(i)
(valor crítico)
observado
.
8
MAGALHÃES, A. R.; NETO, E. B. Impactos sociais e
econômicos de variações climáticas e respostas
governamentais no Brasil. Imprensa Oficial do Ceará -
IOCE. Fortaleza-Ce. Dezembro, 1991.
() ()
()()
[]
()
()
vcríticoalor
iext
ni
i
vinviext
v
v
vDPD
n
v ==
=
=
1
1
*1*5,0
1
(6)
Índice relativo à duração da
vulnerabilidade - Foi calculado pelo número de
eventos insatisfatórios sobre o número de
eventos da série.
=
=
=
ni
i
iv
iv
v
NE
NEI
v
1
,
,
2
, (7)
Logo a vulnerabilidade da variável é
dada por:
() ()
2
21 vv
v
vv
VUL
+
=
(8)
onde VUL
v
é a vulnerabilidade da variável em
questão e os outros parâmetros têm as
mesmas definições já citadas anteriormente.
Segundo os critérios estabelecidos e de
acordo com algumas avaliações e
considerações sobre a sustentabilidade na
literatura especializada (PEZZEY, 1992)
3
, um
sistema tem características sustentáveis
quando ocorre um incremento da confiabilidade
e da resiliência e um decaimento da
vulnerabilidade para um determinado delta de
tempo em análise. Em função dessas
características foi criada a seguinte fórmula
para o cálculo da sustentabilidade.
)1(**
vvvv
VULRESCONFSUS
=
(9)
Menciona-se que todos os índices
calculados, em função de suas definições, para
todas variáveis são adimensionais. Essa
característica pode ser observada nas fórmulas
4, 5, 8 e 9. Quanto maior em magnitude, esses
índices indicam que as variáveis são mais
confiáveis, resilientes, vulneráveis e
sustentáveis.
Por essa definição uma atividade
(variável) será mais sustentável se for mais
confiável e resiliente e menos vulnerável. Se a
vulnerabilidade for menor que a unidade,
atribuiu-se, segundo metodologia de cálculo,
uma característica de não sustentabilidade da
variável.
Foi investigada também a relação linear,
dada em função do valor do coeficiente de
correlação entre as anomalias dos índices de
confiabilidade, resiliência, vulnerabilidade e da
própria sustentabilidade para cada variável
agro-hidrometeorológica e a anomalia TSM nos
oceanos Pacífico e Atlântico Tropicais. Essas
análises foram feitas para médias móveis
corridas de sete anos. A escolha de sete anos
deve-se ao fato de ser um período crítico de
recorrência de eventos El Niño, La Niña e
Dipolo positivo e negativo de TSM no Atlântico
Tropical (PHILANDER, 1991; ENFIELD &
MAYER, 1997)
9
. Em geral, anos chuvosos no
9
PHILANDER, S. G. El Niño, La Niña, and Southern
Oscillation. Academic Press, Londres, 289pp. 1990.
15
semi-árido nordestino estão relacionados com
anomalias de TSM positivas (negativas) nos
setores sul (norte) abaixo (acima) do equador
da bacia do Oceano.
Atlântico Tropical. Simultaneamente, a
essa configuração de TSM ocorre uma
intensificação dos ventos alísios de nordeste
associados com anomalias positivas de pressão
ao nível do mar (PNM), e um enfraquecimento
dos ventos alísios sudeste associados à
anomalias negativas de PNM no setor sul da
bacia.
A Zona de Convergência Intertropical
(ZCIT), principal sistema atmosférico causador
de chuva no período de fevereiro a maio no
setor norte do NEB migra para posições ao sul
do equador permanecendo durante toda a
quadra chuvosa sobre ou nas proximidades
dessa região. Esta fase é referida como fase
quente ou dipolo negativo de TSM (MOURA &
SHUKLA, 1981; NOBRE & SHUKLA, 1996)
6
.
Características contrárias das acima
mencionadas definem o chamado dipolo
positivo de TSM no Atlântico Tropical. Situações
de El Niño (La Niña) no Pacífico Tropical
associam-se na maior dos casos a eventos de
Dipolo Positivo (Negativo) de TSM no Atlântico
Tropical (PEZZI & CAVALCANTI, 2001)
3
.
Essas condições têm impacto direto na
oferta e demanda de água nos reservatórios
hídricos do Estado do Ceará e na produção e
produtividade de grãos com reflexos diretos
nas condições de vida sócio-econômicas das
populações ao longo do Estado (LEMOS et al.,
2004)
10
.
3. Resultados e Discussões
Ressalta-se, que os resultados aqui
apresentados não são comparados com os dos
artigos citados na abordagem bibliográfica do
artigo, devido o fato de que nos mesmos não
há resultados específicos relacionados à
questão agrícola. No escopo do estudo esses
foram usados apenas para contextualizar e
embasar o artigo ao tema proposto.
A Tabela 1 mostra uma estatística obtida
da análise das séries das variáveis estudadas
p
ara PM (produção de milho), RM (rendimento de
milho), PF (produção de feijão), RF (rendimento
de feijão). Produção de grãos (T), e rendimento de
grãos em (kg/ha)
.
Pode-se observar que o CV para ambas a
culturas, tanto no rendimento com na produção
é maior que dois. O milho apresentou tanto na
produção como para o rendimento desvios
padrões com valores da ordem de duas vezes
os valores observados para a cultura de feijão.
10
LEMOS, M. C. T.; FINAN, T. J.; FOX, R. W.; NELSON, D.
R.; TUCKER, J. The use of seasonal climate forecasting in
policy making: Lessons from Northeast Brazil. Climate
Change, v.55, p.479-507. 2004.
Tabela 1 – Valores de CV, MLT e desvio padrão
(DP).
CV MLT DP
PM 1,84 249.273 135.782,20
RM 2,45 604,500 246,13
RF 2,51 354,640 141,17
PF 2,04 124.806,30 61.023,69
A Figura 1 mostra a variação interanual
do índice de desvios normalizados – DN, totais
anuais do rendimento de Milho (DNRM),
produção de milho (DNPM) e rendimento de
feijão (DNRF) e produção de feijão (DNPF) para
todas as variáveis analisadas.
Nota-se grande variabilidade interanual
em todas as variáveis. Nessas figuras pode-se
observar que a variabilidade climática se faz
presente em todas as variáveis. Por exemplo, o
período mais seco entre 1979-1982 apresenta
valores de DN abaixo de zero nos dados de
produção e rendimento do feijão e milho.
Outra característica interessante
mostrada nessa figura é que tanto a produção
como o rendimento das culturas de milho e
feijão não apresenta oscilações interanuais
mais recorrentes, passando de desvios
positivos a negativos e de negativos a
positivos. Esses apresentaram um predomínio
de valores positivos até a década de 1970.
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
1952
1955
1958
1961
1964
1967
1970
1973
1976
1979
1982
1985
1988
1991
1994
1997
2000
(Desvio Padrão)
DNRM
DNPM
DNRF
DNPF
Figura 1 – Valores de DN, DNRM, DNPM e DNRF e
DNPF.
Anos de El Niño estiveram associados
com desvios negativos de produção e
rendimento de grãos (1955-1958, 1979-1983 e
1997-1998, por exemplo). Porém em alguns
anos de excesso de chuvas, em geral
associados a anos de La Niña (1984-1986 e
1989) foi observada uma predominância de
desvios negativos de produção e rendimento de
milho e feijão.
É interessante notar também na figura 1
uma tendência crescente na produção e
rendimento de milho e feijão entre os períodos
de 1950-1970 e 1985-2000, e uma tendência
decrescente nessas variáveis entre 1970-1985.
A Figura 2 mostra os índices anuais de
confiabilidade, resiliência, vulnerabilidade e
sustentabilidade para as variáveis em estudo
para todo o período das séries analisadas.
16
Nota-se que o índice de sustentabilidade variou
em torno de 0,2 (rendimento do milho) a 0,40
para produção de feijão.
Figura 2 - Índices de confiabilidade, resiliência,
vulnerabilidade e sustentabilidade. a) totais anuais
de produção (PM) e rendimento de milho (RM) e
b) totais anuais de produção (PF) e rendimento de
feijão (RF).
Os maiores índices de sustentabilidade
foram encontrados para a produção de feijão
(0,40) e o menor para produção de milho
(0,20). Para todas as variáveis os maiores
índices foram observados para a variável
confiabilidade, seguidos da variável resiliência,
valores em torno a acima de 0,6. Para a
vulnerabilidade esses valores foram da ordem
de 0,2 e 0,1.
A variável produção de feijão foi a única
que apresentou ao longo da sua série de
observação um índice de resiliência (em torno
de 0,7) maior do que o da variável
confiabilidade (próximo a 0,6). Essa
característica também é consistente com a
variabilidade climática observada no setor norte
do Nordeste.
Como a cultura do milho necessita de
um período longo de dias (em geral maior que
90 dias dependendo da espécie cultivada) para
ter uma boa colheita safra, é climaticamente
óbvio a necessidade de uma maior regularidade
das chuvas, que nem sempre acontece, daí a
sua produção, em média ter um índice menor
de sustentabilidade.
Quanto aos fatores que definem a
vulnerabilidade pode-se observar para todas as
variáveis da Figura 2, que o índice devido à
intensidade da vulnerabilidade foi maior em
magnitude do que o relativo a seu fator de
duração.
No caso da cultura de feijão
características inversas a da cultura do milho
foi observada. Com o feijão é uma cultura de
ciclo fisiológico mais curto (em média 60 dias),
a mesma tende a ser mais viável a ser
cultivada em áreas de grande variabilidade
temporal e espacial das chuvas, como é o caso
do estado do Ceará, por isso se justifica um
índice de sustentabilidade de produção dessa
cultura maior em magnitude.
Ressalta-se, que, pelo menos para toda
a série de estudo dessas variáveis, nem
sempre a sustentabilidade da produção
associa-se a maiores índices de
sustentabilidade do rendimento da cultura, pois
outros fatores externos à variabilidade
climática, como insumos agrícolas e tecnologia,
concorrem para essa questão.
Essa característica está explícita na
Figura 3, pois a relação é inversa para o milho
e feijão. Maior (menor) índice de
sustentabilidade de produção está relacionado
com menor (maior) índice de sustentabilidade
para o rendimento de ambas as culturas.
A Figura 3 mostra uma variabilidade
decadal, média móvel corrida de 10 anos, dos
índices de confiabilidade, resiliência,
vulnerabilidade e sustentabilidade.
Apesar de a sustentabilidade ser um
uma variável que deve ser medida para certo
delta de tempo, essas figuras podem inferir
uma informação para períodos corridos de 10
em 10 anos. Para a produção e rendimento de
feijão e milho, o mais interessante observado,
foi um aumento do índice de sustentabilidade
entre as décadas de 30 a 50, e uma queda
desse índice de sustentabilidade a partir da
década de 1970.
Essa característica é consistente com
as figuras de desvios normalizados (Figura 1)
que mostram predomínio de desvios positivos
de produção e rendimento das culturas de
milho e feijão até os anos 50 e um decréscimo
a partir dessa data.
Essa variabilidade dos índices de
sustentabilidade foi seguida por um decréscimo
dos índices de vulnerabilidade dessas culturas,
e um acréscimo dos índices de confiabilidade e
resiliência nas décadas de 30 e 50 e condições
contrárias após os anos 70.
Uma análise das características
temporais dessas séries (figuras não
mostradas) evidenciou uma clara tendência de
acréscimo e decréscimo dessas variáveis nos
períodos mencionados acima. Nessas figuras de
produção e rendimento das culturas agrícolas
pode-se observar também uma clara
dependência da variabilidade climática.
Por exemplo, entre 1957-1958 anos de
intensos El Niños (PHILANDER, 1991)
8
houve
uma queda abrupta no índice de
sustentabilidade, característica não observada
nas outras variáveis (precipitação – figura não
mostrada).
17
a) Média Móvel de 10 anos - Feijão - Produção
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
2,2
1952
1955
1958
1961
1964
1967
1970
1973
1976
1979
1982
1985
1988
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CONF.
RESIL.
VUL.
SUST.
b) Média Móvel de 10 Anos - Feijão - Rendimento
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
2,2
2,4
1952
1955
1958
1961
1964
1967
1970
1973
1976
1979
1982
1985
1988
1991
CONF.
RESIL.
VUL.
SUST.
Nota-se por essas fi
g
c) Média Móvel de 10 anos - Milho - Produção
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
2,2
1952
1955
1958
1961
1964
1967
1970
1973
1976
1979
1982
1985
1988
1991
CONF.
RESIL.
VUL.
SUST.
d) Média Móvel 10 anos - Milho - Redimento
0
0,2
0,4
0,6
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1
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1,4
1,6
1,8
2
2,2
1952
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1964
1967
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1973
1976
1979
1982
1985
1988
1991
CONF.
RESIL.
VUL.
SUST.
Figura 3 - Índices decadais (média móvel de 10
anos) de confiabilidade, resiliência, vulnerabilidade
e sustentabilidade. a) total anual médio da
produção de feijão, b) total anual do rendimento
de feijão, c) total anual da produção de milho e g)
total anual do rendimento de milho.
As quedas acentuadas na variável
precipitação do índice de sustentabilidade
(período aproximadamente de 1961-1964)
devem-se a formulação de definição para o
cálculo da mesma, particularmente a variável
resiliência que teve valor igual à zero nesse
período.
Como também essas variáveis têm
características diferentes ao longo do tempo,
nessas figuras de médias móveis de 10 anos,
não é aparente a relação inversa entre os
índices de sustentabilidade das variáveis
produção e rendimento das culturas do milho e
feijão, que foi observado quando esses índices
foram calculados para toda a série de dados
dessas variáveis.
A Tabela 2 mostra os índices de
confiabilidade, resiliência e sustentabilidade
para períodos decadais. Nota-se que se levando
em consideração o conceito de
sustentabilidade
3
, o qual denota que o seu
valor deve ser crescente com o tempo, que
esse conceito não é evidente nas variáveis
analisadas, pois esses oscilam valores maiores
e menores em magnitude ao longo das
décadas.
Tabela 2 – Índices de confiabilidade (C), resiliência
(R), vulnerabilidade (V) e sustentabilidade (S)
para períodos decadais para os totais anuais de
rendimento e produção do milho e feijão.
Décadas C R V S
0,8
(0,5)
1,0
(0,2)
0,10
(0,32)
0,72
(0,06) 1952/
1961
0,9
(0,5)
1,0
(0,4)
0,08
(0,32)
0,82
(0,13)
0,9
(0,9)
1,0
(1,0)
0,05
(0,06)
0,86
(0,84) 1962/
1971
0,9
(0,9)
1,0
(1,0)
0,06
(0,07)
0,84
(0,85)
0,5
(0,7)
0,6
(0,3)
0,25
(0,20)
0,22
(0,16) 1972/
1981
0,6
(0,6)
0,75
(0,75)
0,29
(0,25)
0,31
(0,33)
0,4
(0,5)
0,5
(0,6)
0,30
(0,33)
0,14
(0,20) 1982/
1991
0,3
(0,6)
0,28
(1,0)
0,47
(0,26)
0,04
(0,44)
0,6
(0,7)
0,5
(0,33)
0,20
(0,20)
0,24
(0,18) 1992/
2001
0,6
(0,7)
0,5
(1,0)
0,27
(0,19)
0,21
(0,56)
Os valores entre parêntese mostrados
acima são para a produção de ambas as
variáveis. A segunda linha para cada década se
refere à cultura de feijão.
Está claro nessas tabelas, que o índice
de sustentabilidade decadal varia com a
variabilidade climática da região. Para
rendimento e produção de milho e feijão os
valores em magnitude do índice de
sustentabilidade ao longo das décadas são
decrescentes em magnitude.
Essa característica indica também uma
diminuição ao longo de cada período de 10
anos dos fatores de confiabilidade e resiliência
dessas variáveis.
A influência da variabilidade climática
foi analisada pela correlação entre as anomalias
de médias móveis de sete anos do índice de
sustentabilidade dessas variáveis e as
anomalias de TSM nos oceanos Pacífico e
Atlântico Tropicais (período de 1960-95 -
Figura não mostrada).
18
Essa influência foi mais evidente na
bacia do Atlântico Tropical em todas as
variáveis, indicando que anomalias positivas
(negativas) de TSM nos setores norte (sul),
embora explicando menos de 15% da
variabilidade desse índice de sustentabilidade
dessas variáveis, estão associadas a índices de
sustentabilidade positivos (negativos).
Essas características térmicas no
Atlântico Tropical associam-se com o dipolo
positivo (negativo) de TSM, e suas
variabilidades interanuais estão diretamente
relacionadas com as condições climáticas da
região semi-árida do Nordeste (NOBRE &
SHUKLA, 1996)
7
.
No Pacífico foi observada uma maior
heterogeneidade na configuração das
correlações nessa média móvel de sete anos,
nem sempre consistente com o padrão de
aquecimento (El Niña) resfriamento (La Niña),
associado anomalias positivas (negativas) da
variável produção e rendimento de grãos no
Estado do Ceará (PHILANDER, 1991)
11
.
Por exemplo, foram observadas
correlações positivas, indicando que anomalias
positivas de TSM no Pacífico Tropical podem
estar associadas a totais anuais de produção e
produtividade de grãos acima da média no
estado do Ceará.
Essa característica parece
implicitamente ligada à distribuição intra-
estadual da chuva, que têm influência na
agricultura, porém não é controlada
diretamente pela variabilidade da TSM. Isto é,
quando a escala espacial é menor do que, por
exemplo, a da região semi-árida (nível
regional), as variações de TSM já não
apresentam um controle tão significativo na
distribuição de chuva dessas áreas e na
produção e rendimento de grãos.
Era de se esperar um predomínio de
correlações negativas no Pacífico Tropical,
negativas (positivas) nos setores norte (sul) do
Atlântico Tropical entre anomalias de TSM e a
produção e rendimento de milho e feijão,
característica não observada. Em outras
palavras, a variabilidade de fenômenos
atmosféricos de meso e micro escalas, que
atuam e causam a variabilidade de chuva no
estado, parecem mais importantes nessa
situação.
11
ALVES, J. M. B; CAMPOS, J. N. B.; SOUZA, E. B.;
REPELLI, C. A. Impactos da Variabilidade Climática
Tropical na Agricultura de Subsistência do Estado do
Ceará. I Prêmio INMET sobre os Benefícios da
Meteorologia no Brasil. 2006. Em fase de Publicação.
ALVES, J. M. B; CAMPOS, J. N. B.; SOUZA, E. B.;
REPELLI, C. A. Produção agrícola de subsistência no
Estado do Ceará com ênfase aos anos de ocorrência de El
Niño e La Niña. Revista Brasileira de Agrometeorologia,
v.6, n.2, p.249-256. 1998.
4. Conclusões e Recomendações
Entre as principais conclusões do
estudo podem-se citar. A sustentabilidade de
todas as variáveis é função direta dos termos
de confiabilidade, resiliência e vulnerabilidade.
Os maiores índices de sustentabilidade,
calculado para todo o período de observações
das variáveis analisadas, foram encontrados
para produção de feijão e precipitação (0,40 e
0,35, respectivamente).
Os menores foram encontrados para a
produção de milho (em torno de 0,20).
Entretanto, esses índices não indicam que
essas variáveis são sustentáveis com o passar
do tempo, de acordo com a metodologia
utilizada. Ficou claro um decréscimo dos índices
de sustentabilidade decadal predominando em
todas as variáveis, mais evidentes nas
variáveis agrícolas.
A relação de variáveis climáticas como
a TSM na sustentabilidade dessas variáveis,
média móvel de sete anos, essa foi mais
aparente na Bacia do Atlântico Tropical em
todas as variáveis. Indicando que, em média,
anomalias positivas (negativas) de TSM,
embora explicando menos de 10% da
variabilidade desse índice de sustentabilidade
dessas variáveis, estão associadas à
sustentabilidade acima (abaixo) da média.
Como recomendações a estudos
futuros sugerem-se o teste de novos limiares
que definam as condições satisfatórias e
insatisfatórias, para que se possam comparar
os resultados aqui obtidos. Além disso, deve-se
identificar que valores de índices de
sustentabilidade e suas variáveis estão
associados a melhores condições de vida, por
exemplo, do grande contingente populacional
do interior do Estado que vive, em geral, da
agricultura de subsistência; e que é o mais
afetado por essas variações da sustentabilidade
das variáveis estudadas.
José M. Brabo Alves
Meteorologista. Mestrado em
Engenharia Civil (Recursos Hídricos)
pela UFC; e está cursando o
doutorado em Engenharia Civil na
UFC. Tem experiência em pesquisas
e estudos na área de Geociências,
com ênfase em Meteorologia e
áreas correlatas. Exerce o cargo de
Técnico em Desenvolvimento de
Sistemas na FUNCEME.
José Nilton B. Campos
Engenheiro Civil. Tem Mestrado pela
UFC e Doutorado pela Universidade
of Colorado. Tem experiência em
Recursos Hídricos. Atualmente é
presidente do Conselho Científico da
FUNCEME e professor titular-
aposentado da UFC.
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onfira aqui a lista dos principais eventos, no Brasil e no mundo, programados
para próximo ano.
SEMINÁRIO SOBRE A CIÊNCIA INTERDISCIPLINAR DE
MUDANÇAS CLIMÁTICAS: Elementos Básicos
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http://agenda.ictp.it/smr.php?1877
O Seminário será realizado na Faculdade de Faculdade de Ciência Exata e
Naturais da Universidade Buenos Aires (UBA), em Buenos Aires,
Argentina. Ele está sendo organizado e promovido pela NOAA e pela
Faculdade de Ciência Exata e Naturais da UBA.
Estudos iniciais de aquecimento global tratavam principalmente com a
atmosfera, mas hoje é reconhecido que o sistema climático depende de
interações entre a atmosfera da Terra, oceanos, superfície da terra,
camadas de gelo e biosfera. O aquecimento global apresentará diferentes
desafios para as sociedades em várias partes do mundo. Quais as
políticas que deverão ser adotadas para lidar com o aquecimento global?
Que confiança se tem nos resultados científicos que descrevem vários
cenários correspondentes as mais prováveis variações das condições
futuras? Discutir estas questões exige uma compreensão dos métodos
científicos usados para prever as mudanças climáticas. De importância
central é a integração do que, atualmente, são ramos separados das
ciências da Terra: Meteorologia, oceanografia, geologia, biologia, etc.
Este estimulante desenvolvimento, conhecido como Ciência do Sistema
da Terra, facilita o estudo de uma variedade de fenômenos inexplorados
que levanta novos assuntos.
O planejamento para enfrentar a ameaça do aquecimento global exige
previsões detalhadas das mudanças do clima em diferentes partes do
mundo. Para tratar estes assuntos, uma série de seminários sobre
Mudança do Clima será apresentada sobre: Ciclos Biogeoquímicos, o
Ciclo Hidrológico, o papel dos oceanos, da superfície terrestre, e da
criosfera no sistema climático, etc. Este é o primeiro seminário da série e
enfocará "Elementos Básicos da Mudança Climática". Além disso,
existirão apresentações sobre "O Impacto Regional da Mudança do
Clima" com a participação de cientistas e alunos.
Mais informações podem ser obtidas com P. Malchose pelo e-mail
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CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE CONDIÇÕES DE VIDA
SEGURAS E SUSTENTÁVEIS
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http://www.wmo.ch/Madrid07/
A Conferência Internacional está sendo organizada pela Organização
Meteorológica Mundial (OMM) e apoiada pelo Ministério de Meio Ambiente
da Espanha.
Esta Conferência será uma importante ocasião para que os
representantes dos vários setores da sociedade sensíveis às questões
relacionadas com o tempo, o clima e a água para que expliquem em que
medidas estão sendo afetadas pelos impactos ambientais, como as
informações meteorológicas, climáticas e hidrológicas poderão ajudá-los
a tomar decisões e a reduzir os riscos e como melhorar o processo de
adoção de decisões através de serviços novos e aperfeiçoados.
Além disso, será uma oportunidade para que se estabeleça um diálogo
entre os fornecedores de serviços (que mostrarão o uso de seus produtos
e serviços e sobre as melhorias que deverão fazer para que esses
produtos e serviços sejam mais úteis para a sociedade e a economia) e
os usuários e os responsáveis em adotar decisões (que compreenderão
melhor quais são as capacidades, responsabilidades e limitações atuais
dos diversos fornecedores de serviços). Assim, o que a OMM pretende,
reunindo todos estes atores, é conseguir que a informação
meteorológica, climática e hidrológica seja mais útil na hora de obter
benefícios sociais e econômicos, levando em conta o crescente valor e as
repercussões deste tipo de informação.
Mais informações podem ser obtidas com a organização do evento
através do e-mail: [email protected].
13º SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO – XIII
SBSR
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http://www.das.inpe.br/sbsr2007
O SBSR acontecerá no Centro de Convenções de Florianópolis, SC, no
período de 21 a 26 de abril de 2007.
Este evento pretende reunir as comunidades acadêmica e científica de
sensoriamento remoto e geoprocessamento, além de profissionais que
atuem em áreas afins. O evento oferece oportunidades para divulgação
dos trabalhos técnico-científicos que utilizam dados de sensoriamento
remoto, troca de experiências entre diferentes profissionais, ampliação
do conhecimento da aplicação das tecnologias de sensoriamento remoto
e geoprocessamento e para o fomento de cooperação inter-institucional.
A promoção é do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da
Sociedade de Especialistas Latino-Americanos em Sensoriamento Remoto
(SELPER).
Agricultura, Educação e recursos humanos, Hidrologia e recursos
hídricos, Monitoramento de desastres e queimadas, Oceanografia,
Pesquisa e aplicações com radar, Planejamento urbano e regional e Meio
Ambiente são alguns dos temas a serem debatidos durante o mesmo.
Mais informações podem ser obtidas no site ou com a Secretaria do XIII
SBSR, e-mail: [email protected]
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VII Conferência Internacional de Educação a Distância com Apoio
Computacional em Meteorologia e Hidrologia (VII CALMet)
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http://calmet.comet.ucar.edu/index.htm
A CALMet 2007 acontecerá no período de 2 a 7 de julho em Beijing,
China, sendo organizada pelo Centro de Administração e Treinamento
Meteorológico Chinês (CMATC). O tema da CALMet centrará em como
usar novas ferramentas e estratégias inovadoras para criar atividades
efetivas em aprendizagem em Meteorologia e em Hidrologia.
Trabalhos e apresentações deverão ser enviados nas seguintes áreas:
• Programas de Administração em Educação e Treinando de Meteorologia
(E&T);
• Recentes Experiências em Projetos de E&T em Meteorologia;
• Tecnologias Atuais e Emergentes para E&T em Meteorologia;
• Aprendizagem e Educação em Meteorologia.
As submissões devem ser enviadas até 31 de janeiro de 2007.
Mais informações podem ser obtidas no site
(http://calmet.comet.ucar.edu/call_for_papers.htm) ou através dos
coordenadores da CALMet 2007: Patrick Parrish
([email protected]); Vesa Nietosvaara (vesa.nietosvaara@fmi.fi);
ou ainda com o organizador local em Beijing: Fan Hong
17ª CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE GERENCIAMENTO DE
DESASTRES - WCDM
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http://www.wcdm.org
A Conferência Mundial em Gerenciamento de Desastres (WCDM) será
realizada no Centro de Convenções Metropolitano de Toronto, Canadá no
período de 08 a 11 de julho de 2007. O Tema da conferência deste ano é
“Você está sentido o calor?”.
A WCDM é o principal evento anual que trata de questões sobre todos os
aspectos do gerenciamento de desastres/emergências. O programa da
Conferência inclui conferencistas de várias partes do mundo e oferece
oportunidades excelentes para treinamento e estabelecimento de
contatos com especialistas e profissionais em
Planejamento/Gerenciamento de Emergências, Continuidade de
Negócios, Comunicações de Emergência, Resposta de Emergência,
Pesquisa de Gerenciamento de Desastres, Gerenciamento de Riscos,
Segurança, Meio Ambiente, Planejamento de Comunidades, e as
organizações que trabalham e servem estas profissões.
Os participantes da WCDM são predominantemente profissionais de todos
as esferas do governo, do setor privado, acadêmicos e pesquisadores.
Mais informações podem ser obtidas com o coordenador da Conferência,
Alysone Will pelo e-mail: [email protected].
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA
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http://www.sbagro.org.br
O XV Congresso Brasileiro de Agrometeorologia ocorrerá em julho de
2007 na cidade de Aracajú, Sergipe.
Este Evento é organizado pela Sociedade Brasileira de Agrometeorologia
(SBAGRO).
A Comissão Organizadora está elaborando a programação do evento, e
outras informações, que em breve estará disponível para todos os
interessados.
Mais informações podem ser obtidas no site acima da SBAGRO.
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XXXVI CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA
AGRÍCOLA – CONBEA 2007
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http://www.acquacon.com.br/conbea2007/
A decisão de escolha da cidade de Bonito, MS, para sediar o XXXVI
Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola – CONBEA 2007 foi
providencial para prestar uma homenagem à região Centro-Oeste, pela
importância que esta vem tendo para a agricultura brasileira. Ao mesmo
tempo em que existe o desafio da produção de energia e alimentos, há
aquele vinculado à promoção da sustentabilidade de sistemas ecológicos
frágeis, que representam, de maneira interdependente, a importância
dos biomas para o país e o mundo. Este evento é uma promoção da
Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola (SBEA).
O CONBEA 2007 foi planejado para oferecer uma oportunidade para a
Engenharia Agrícola, em suas sete áreas, de discutir com as lideranças
locais as demandas de pesquisa e inovação.
O tema central escolhido foi “Inovação Tecnológica: Reorganização e
Sustentabilidade dos Espaços Produtivos”. Este tema é um desafio para a
agricultura brasileira, e visa estabelecer a responsabilidade de produzir e,
ao mesmo tempo, manter e melhorar as condições ambientais das áreas
exploradas. Neste sentido, serão escolhidos palestrantes que discutirão
os diversos aspectos do nosso potencial; da nossa organização com o
agronegócio; da viabilidade econômica de produção de commodities e,
acima de tudo, com sustentabilidade.
O prazo final para envio de trabalhos vai até 11 de fevereiro de
2007.
Mais informações podem ser obtidas com a Secretaria do Evento: pelo e-
SEGUNDA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE MODELAGEM
DO SISTEMA TEERESTRE
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http://www.mpimet.mpg.de/fileadmin/static/icesm/
A Segunda Conferência Internacional sobre Modelagem do Sistema da
Terra está sendo organizada pelo Instituto Max Planck de Meteorologia.
Ela ocorrerá no Edifício Central da Universidade de Hamburgo, Alemanha.
O Objetivo dela é discutir temas sobre modelagem global e regional para
o passado, presente e futuro, como também observações e
reconstruções do Sistema Terrestre.
Os temas principais a serem debatidos no evento são:
1. Variabilidade e Mudança Climática:
a) Modos de Variabilidade sob Mudança Climática Antropogênica,
b) Previsibilidade Climática Sazonal a Decadal,
c) Modelos Mecanicistas e Reduzidos aplicados as Dinâmicas e
Previsibilidades Climáticas, e
d) Características e Impactos de Eventos Extremos.
2. Retro-alimentações no Sistema da Terra:
a) Sensibilidade Climática,
b) Ciclos Biogeoquímicos,
c) Climas Passados, e
d) Modelagem Integrada.
O prazo final para envio de resumos é 15 de abril de 2007.
Mais informações podem ser obtidas com Dr. Annette Kirk, Coordenador
da Conferência, pelo e-mail: [email protected] ou com a Secretaria
do Evento: [email protected].
Nota: Se você quiser divulgar algum evento relacionado com a área de Meteorologia, ou áreas
correlatas, é só enviar um e-mail para:
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os últimos anos, poucos países tiveram um crescimento tão expressivo no comércio
internacional do Agronegócio quanto o Brasil. Em dez anos, o país dobrou o faturamento
com as vendas externas de produtos agropecuários e teve um crescimento superior a
100% no saldo comercial. Esses resultados levaram a Conferência das Nações Unidas para
o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) a prever que o país será o maior produtor mundial de
alimentos na próxima década.
Nesta edição, os leitores encontrarão
alguns dos tópicos mais relevantes do
Agronegócio brasileiro e mundial, como por
exemplo: questões do crédito e financiamento,
seguro agrícola e rural, dados sobre a
agricultura familiar, a questão do meio
ambiente, além de temas de comércio
internacional, como o desempenho da balança
comercial brasileira. Alguns textos foram
extraídos de documentos produzidos por
pessoas e instituições de indubitável
reconhecimento na área.
Esperamos que os temas, informações
e dados publicados nesta matéria sejam de
grande utilidade no estimulo a debates,
programas, projetos e demais ações
estruturantes.
Ninguém discorda que das atividades
econômicas, a agricultura é sem dúvida aquela
com maior dependência das condições do
tempo e do clima. As condições atmosféricas
afetam todas as etapas das atividades
agrícolas, desde o preparo do solo para
semeadura até a colheita, o transporte, e o
preparo e o armazenamento dos produtos.
As conseqüências de situações
meteorológicas adversas levam
constantemente a graves impactos sociais, e a
enormes prejuízos econômicos, muitas vezes
difíceis de serem quantificados.
Mesmo em países com tecnologia
avançada e com organização social suficiente
para diminuir esses impactos, os rigores
meteorológicos muitas vezes causam enormes
prejuízos econômicos. Como as condições
adversas do tempo são freqüentes e muitas
vezes imprevisíveis a médio e longo prazo, a
agricultura constitui-se em atividade de grande
risco. Exemplos são as ocorrências de secas
prolongadas, os “veranicos” (períodos secos
dentro de uma estação úmida), as geadas, e os
períodos de chuva excessiva muitas vezes
acompanhadas de granizo.
Diante disso, o papel da Meteorologia é
imprescindível para o sucesso do Agronegócio
brasileiro. Os sistemas de monitoramento de
tempo e clima, principalmente os
agrometeorológicos, fornecem inúmeros
subsídios para o setor tomar a melhor decisão.
C
C
N
24
Os produtos gerados por esses
sistemas de monitoramento possibilitam ao
governo, por exemplo, fazer planejamento e
agir preventivamente e corretivamente a fim de
diminuir a vulnerabilidade do Brasil provocada
por acidentes naturais, ocupação desordenada
do território, exploração e uso indevido dos
recursos naturais que causam impactos
negativos sobre os ecossistemas e àquelas
decorrentes de mudanças climáticas, naturais
ou antrópicas, como os eventos extremos.
UMA OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTOS
Moderno, eficiente e competitivo, o
Agronegócio brasileiro é uma atividade
próspera, segura e rentável. Com um clima
diversificado, chuvas regulares, energia solar
abundante e quase 13% de toda a água doce
disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões
de hectares de terras agricultáveis férteis e de
alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda
não foram explorados.
Esses fatores fazem do país um lugar
de vocação natural para a agropecuária e todos
os negócios relacionados à suas cadeias
produtivas. O Agronegócio é hoje a principal
locomotiva da economia brasileira e responde
por um em cada três reais gerados no país.
O Brasil é um dos líderes mundiais na
produção e exportação de vários produtos
agropecuários. É o primeiro produtor e
exportador de café, açúcar, álcool e sucos de
frutas. Além disso, lidera o ranking das vendas
externas de soja, carne bovina, carne de
frango, tabaco, couro e calçados de couro.
As projeções indicam que o país
também será, em pouco tempo, o principal
pólo mundial de produção de algodão e
biocombustíveis, feitos a partir de cana-de-
açúcar e óleos vegetais. Milho, arroz, frutas
frescas, cacau, castanhas, nozes, além de
suínos e pescados, são destaques no
Agronegócio brasileiro, que emprega
atualmente 17,7 milhões de trabalhadores
somente no campo.
O bom desempenho das exportações
do setor e a oferta crescente de empregos na
cadeia produtiva não podem ser atribuídos
apenas à vocação agropecuária brasileira. O
desenvolvimento científico-tecnológico e a
modernização da atividade rural, obtidos por
intermédio de pesquisas e da expansão da
indústria de máquinas e implementos,
contribuíram igualmente para transformar o
país numa das mais respeitáveis plataformas
mundiais do Agronegócio. A adoção de
programas de sanidade animal e vegetal,
garantindo a produção de alimentos saudáveis,
também ajudou o país a alcançar essa
condição.
É evidente, entretanto, que o clima
privilegiado, o solo fértil, a disponibilidade de
água e a inigualável biodiversidade, além da
mão-de-obra qualificada, dão ao Brasil uma
condição singular para o desenvolvimento da
agropecuária e de todas as demais atividades
relacionadas ao Agronegócio. O país é um dos
poucos do mundo onde é possível plantar e
criar animais em áreas temperadas e tropicais.
Favorecida pela natureza, a agricultura
brasileira pode obter até duas safras anuais de
grãos, enquanto a pecuária se estende dos
campos do Sul ao Pantanal de Mato Grosso - a
maior planície inundável do planeta.
Para fortalecer essas vantagens
competitivas, tornando o Agronegócio um
investimento ainda mais atrativo, o Governo
tem modernizado a Política Agrícola. A espinha
dorsal desse processo é o seguro rural.
Indispensável à garantia de renda do produtor,
ele também é essencial à geração de empregos
no campo, ao avanço tecnológico e à efetiva
incorporação do setor ao mercado de capitais.
O Plano Agrícola e Pecuário 2006/2007
traz cinco alterações na área de seguro rural,
autorizadas pelo Decreto nº 5.782, de 23 de
maio de 2006. São elas:
1. Novas Modalidades: Além do seguro rural
agrícola, foram criadas outras três
modalidades, que poderão receber subvenção
do governo na safra 2006/07: seguro rural
pecuário, florestal e aqüícola.
2. Ampliação do Escopo do Programa:
pelas regras vigentes em 2005, apenas oito
culturas estavam habilitadas a receber a
subvenção do Governo Federal – algodão, arroz
irrigado, feijão, maçã, milho, soja, uva de mesa
e uva para vinho. Agora, serão beneficiadas
todas as culturas que contam com seguro rural
aprovado pela Superintendência de Seguros
Privados (SUSEP).
3. Ampliação dos Percentuais de
Subvenção: os valores máximos de subvenção
ao prêmio, que eram R$ 7 mil para culturas
periódicas e R$ 12 mil para culturas perenes,
foram unificados em R$ 32 mil, representando
variações da ordem de 457% e 267%,
respectivamente. O produtor rural poderá
receber subvenção para mais de uma cultura
dentro do mesmo grupo, desde que o
somatório do benefício não ultrapasse R$ 32
mil naquele grupo. O limite de subvenção para
as novas modalidades também é R$ 32 mil.
25
4. Novos Tetos: Com a mudança nos limites
de subvenção, o valor máximo que o produtor
poderá receber de subvenção em 2006 também
foi elevado, de R$ 26 mil para R$ 192 mil.
Além disso, o produtor poderá receber
subvenção do MAPA e de outros governos
estaduais e municipais para a mesma lavoura.
5. Mais Incentivo: o governo ampliou em
15% o limite do crédito de custeio para os
produtores que contratarem seguro rural para
o empreendimento financiado.
O preço do produto é definido pela
Sociedade Seguradora e aprovado pela SUSEP,
com base em estudos atuariais.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) não tem ingerência na
fixação do valor do prêmio, cabendo a ele tão
somente definir as modalidades de seguro rural
e as culturas subvencionáveis, assim como os
percentuais e limites individuais para cada
beneficiário do Programa de Subvenção.
Outros modernos instrumentos de
Política Agrícola, como o Fundo de
Investimento do Agronegócio (FIA), o
Certificado de Depósito Agropecuário e o
Warrant Agropecuário, têm sido desenvolvidos
e aperfeiçoados pelo MAPA. Com isso, o
governo busca atrair parte do patrimônio de
mais de US$ 165 bilhões dos fundos de
investimentos ao financiamento das atividades
agropecuárias para impulsionar ainda mais o
setor por meio do crédito rural.
O CRÉDITO RURAL
O crédito rural é o suprimento de
recursos financeiros para aplicação nas
finalidades e condições estabelecidas no Manual
do Crédito Rural (MCR) e tem como objetivos:
Estimular os investimentos rurais,
inclusive armazenamento,
beneficiamento e industrialização de
produtos agropecuários, quando
efetuado pelo produtor na sua
propriedade rural, por suas
cooperativas ou por pessoas física ou
jurídica equiparada aos produtores;
Favorecer o oportuno e adequado
custeio da produção e a
comercialização de produtos
agropecuários;
Fortalecer o setor rural,
notadamente no que se refere a
pequenos e médios produtores;
Incentivar a introdução de métodos
racionais no sistema de produção,
visando ao aumento da
produtividade, à melhoria do padrão
de vida das populações rurais e à
adequada defesa do solo.
O crédito rural pode ter as seguintes
finalidades:
1. Crédito de custeio - Quando se
destina a cobrir despesas normais
dos ciclos produtivos;
2. Crédito de investimento - Quando
se destina a aplicação em bens ou
serviços cujo desfrute se estende por
vários períodos de produção;
3. Crédito de comercialização -
Quando se destina a cobrir despesas
próprias da fase posterior a colheita
ou a converter em espécie os títulos
oriundos de sua venda ou entrega
pelos produtores ou suas
cooperativas.
O PROAGRO
Criado pela Lei n° 5.969, de 11 de
dezembro de 1973, o Programa de Garantia da
Atividade Agropecuária – PROAGRO - é um
instrumento de política agrícola instituído para
que o produtor rural tenha garantido um valor
complementar para pagamento do seu custeio
agrícola, em casos de ocorrência de fenômenos
naturais, pragas e doenças que atinjam bens,
rebanhos e plantações.
Além disso, o programa garante a
indenização de recursos próprios utilizados pelo
produtor em custeio rural, quando ocorrer
perdas por essas razões.
26
O PROAGRO é custeado por recursos
provenientes de um prêmio pago em cada
contrato de custeio assinado pelos produtores
rurais; por outros recursos especiais alocados
ao programa; e pelas receitas obtidas com a
aplicação desses recursos. Do prêmio pago
pelos produtores (adicional do PROAGRO), 10%
são destinados aos agentes financeiros como
forma de remuneração.
Tem como única instância
administrativa a Comissão Especial de Recursos
(CER), ligada ao MAPA, órgão colegiado
composto por representantes dos agricultores,
agentes financeiros, operadores do PROAGRO e
Governo, que decide sobre recursos relativos à
apuração de prejuízos e indenizações no âmbito
do PROAGRO.
A utilização do pacote tecnológico
oferecido pelo Zoneamento Agrícola de Risco
Climático do MAPA nos empreendimentos
enquadrados no PROAGRO, conforme
determinação do Conselho Monetário Nacional -
CMN (Resolução nº 2.422/1997 do Bacen),
permitiu a redução das perdas na agricultura e,
conseqüentemente, das indenizações do
programa por efeitos climáticos, a inibição de
fraudes, além da diminuição de aportes de
recursos do Tesouro Nacional.
O ZONEAMENTO AGRÍCOLA
O zoneamento agrícola de risco
climático divulgado pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é
um instrumento de política agrícola e gestão de
riscos na agricultura, que está sob a
responsabilidade da Coordenação-Geral de
Zoneamento Agropecuário, subordinada a
Secretaria de Política Agrícola do MAPA.
Iniciado na safra de 1996, esse
zoneamento vem sendo gradativamente
ampliado e utilizado em larga escala no país,
consolidando-se como ferramenta técnico-
científica de auxílio à gestão de riscos
climáticos na agricultura.
Diferentemente de outros
zoneamentos existentes, que foram elaborados
com base nos conceitos de potencialidade e
aptidão, para o zoneamento agrícola de risco
climático, além das variáveis analisadas (solo,
clima e planta), aplicam-se funções
matemáticas e estatísticas (freqüencistas e
probabilísticas) com o objetivo de quantificar o
risco de perda das lavouras devido à ocorrência
de eventos climáticos adversos, principalmente
a seca.
Com isso, identifica-se para cada
município, a melhor época de plantio das
culturas nos diferentes tipos de solo e ciclos
dos cultivares. Além disso, é de fácil
entendimento e adoção pelos produtores rurais,
extensionistas, agentes financeiros,
seguradoras e demais usuários.
Essa ferramenta técnico-científica,
resultante do trabalho de equipe técnica
multidisciplinar de especialistas, utiliza
metodologia desenvolvida pelas diversas
instituições federais e estaduais de pesquisa
agrícola, como a EMBRAPA, o IAPAR, a Epagri,
o IAC, Fundações e Universidades, visando
indicar datas ou períodos otimizados de plantio
por município, correlacionados ao ciclo da
cultura e ao tipo de solo, de modo a minimizar
a chance de que adversidades climáticas
coincidam com a fase mais sensível das
culturas.
Esse trabalho é revisado anualmente e
divulgado pelo MAPA em portarias publicadas
no Diário Oficial da União a cada ano-safra e
por estado da federação, servindo de
orientação para o crédito de custeio agrícola
oficial, bem como o enquadramento no seguro
rural privado e público (PROAGRO).
Por ser um pacote tecnológico de
gestão de riscos climáticos, as portarias que
divulgam zoneamento agrícola de risco
climático também indicam anualmente as
cultivares adaptadas às diversas regiões e que
possuem disponibilidade de sementes
certificadas, de acordo com informações
encaminhadas pelos produtores de sementes
(obtentores ou mantenedores) à Coordenação-
Geral de Zoneamento Agropecuário.
Para indicação no zoneamento, é
necessário que as cultivares estejam
devidamente registradas no Registro Nacional
de Cultivares - RNC do MAPA.
As informações do zoneamento
agrícola de risco climático são divulgadas na
forma de portarias publicadas no Diário Oficial
da União (D.O.U.) e também por meio
eletrônico, através do portal do Ministério
(http://www.agricultura.gov.br), na área de
"Serviços".
Na safra 2005/2006, o zoneamento
agrícola foi ampliado, abrangendo novas
culturas, como banana, café, caju, cevada,
mandioca, mamona e uva.
27
O MONITORAMENTO AGROCLIMÁTICO
Sendo de compreensão até mesmo
mediana, de que nenhum projeto ou programa
pode alcançar seus objetivos sem
acompanhamento e monitoramento de sua
operacionalização, componentes
imprescindíveis a um adequado gerenciamento
administrativo, iniciou-se no exercício de 1996
o monitoramento das operações securitárias do
PROAGRO no âmbito do Zoneamento Agrícola.
Os serviços em execução,
compreendendo a realização de estudos
científicos de amostragem e específicos de
programas computacionais, estão permitindo o
tratamento de milhares de informações
relacionadas às operações realizadas pelos
agentes financeiros do PROAGRO, bem como
de dados relativos às ocorrências climáticas.
Como conseqüência, tais serviços
também deixaram de ser restritos somente ao
MAPA para se tornar um programa do Governo
Federal, já que, com base em decisão pelo
Conselho Monetário Nacional (CMN), seguindo
idêntica posição tomada quanto ao
Zoneamento Agrícola, o Banco Central do Brasil
(BCN), expediu, a partir de novembro de 1996,
Cartas-Circulares dispondo às instituições
financeiras sobre o fornecimento ao MAPA de
dados relacionados com o zoneamento agrícola
e ao monitoramento do PROAGRO referente às
operações de custeio de trigo, a partir da safra
de inverno de 1996.
Com a execução dos serviços de
monitoramento, alguns de seus objetivos
operacionais já estão sendo alcançados, quais
sejam:
a) Elaboração de sistema
computacional para a coleta de
informações relativas às operações
securitárias do PROAGRO junto a
seus Agentes;
b) Estimação das probabilidades de
sinistros agrícolas;
c) Distribuição de probabilidades de
perdas de safra;
d) Organização de um Banco de
Dados Climáticos Regionais,
discriminados por municípios,
abrangendo:
Precipitação pluviométrica;
Evapotranspiração;
Ventos fortes e vendavais;
Geadas;
Chuvas fortes na colheita;
Granizo;
Tromba d'água;
Incidência de seca.
e) Organização de um Banco de
Dados referente a pedidos de
cobertura securitária de riscos
agrícolas no Brasil, com
abrangência particular no
PROAGRO;
f) Implantação de um sistema
computacional para cálculo das
probabilidades de sinistros
agrícolas e das probabilidades de
perdas na safra;
g) Concepção e implantação de um
sistema computacional que
permita identificar os municípios
cujas perdas de safra sejam
significativamente superiores às
previstas estatisticamente.
Trata-se, sem a menor sombra de
dúvida, de um trabalho importantíssimo, onde
seu desenvolvimento e execução possibilitarão
a definitiva implantação de uma metodologia
atuarial adequada, sobre a qual já foi
mencionada e cuja ausência limita o
desenvolvimento da Securidade Agrícola no
Brasil.
O método está sendo implementado
através da elaboração e do uso de modelos
matemático-estatísticos não triviais, devendo
se transformar no primeiro passo para uma
revisão profunda dos preceitos atuariais
vigentes, a fim de torná-los adequados à
realidade do setor agrícola.
Como resultados imediatos, já podem
ser apontados:
Redução das solicitações de cobertura
por eventos climáticos sinistrantes;
Inibição e a conseqüente diminuição
das solicitações fraudulentas, uma vez
que o acompanhamento sistemático
das ocorrências climáticas e o
monitoramento das operações
securitárias, em todas as suas fases,
coíbem a realização de pagamentos
indevidos;
28
Disponibilização de informações
gerenciais necessárias a uma melhor
gestão do PROAGRO;
Disponibilização de informações
sistematizadas que possibilitam
avaliação permanente dos resultados
do Zoneamento Agrícola e seu
constante aperfeiçoamento;
Diminuição dos aportes de recursos
financeiros do Tesouro Nacional da
ordem de R$ 150.000.000,00/ano
decorrentes da melhor correlação entre
os recursos arrecadados e despendidos
pelo Programa.
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
O conhecimento e tecnologia são
instrumentos imprescindíveis ao crescimento
sustentável do Agronegócio do Brasil. A
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA) tem papel fundamental no
desenvolvimento de pesquisas e na produção
de novas técnicas agrícolas e pecuárias, além
de contribuir com a agroindústria.
Reconhecida como uma das grandes
responsáveis pelo aumento da produção
brasileira de grãos, a EMBRAPA lidera o
Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária
(SNPA). Essa rede engloba, além das unidades
de pesquisa e desenvolvimento da empresa,
centros de pesquisa agropecuária estaduais,
algumas universidades brasileiras e outras
instituições privadas.
Também fazem parte do sistema, os
Laboratórios Virtuais no Exterior (LABEX) da
EMBRAPA, implantados atualmente nos Estados
Unidos e na Europa (França).
Estudos de simulação feitos pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA) demonstraram que os investimentos em
pesquisa e desenvolvimento podem elevar a
produção de grãos no Brasil a 295 milhões de
toneladas com a utilização da tecnologia já
disponível, hoje usada apenas por uma parte
dos produtores brasileiros.
De acordo com especialistas da área, a
EMBRAPA desenvolve 52% dos projetos em
agricultura no Brasil. Governos estaduais
contribuem com 20% e Universidades com
21%. As variedades de sementes
desenvolvidas pela EMBRAPA representaram
77% das variedades de arroz oferecidas no
Brasil entre 1976 e 1999; 30% do feijão; e
37% da soja. Entre os materiais desenvolvidos
pela empresa até 2004 são contabilizadas 91
variedades de arroz, 36 de feijão, 68 de milho,
87 de trigo, 37 de algodão e 210 variedades de
soja.
O imenso potencial do Agronegócio
brasileiro, aliado à capacidade instalada de
suas instituições e à reconhecida criatividade
de seus pesquisadores, abrem enormes
possibilidades de investimentos externos e
privados em pesquisa e desenvolvimento no
país. Cosméticos, nutracêuticos, uso da
biotecnologia para desenvolvimento de raças e
variedades resistentes a parasitas, doenças,
pragas, estresse hídrico e secas prolongadas,
juntamente com informática agropecuária e
agricultura de precisão, são algumas das áreas
que apresentam as melhores oportunidades de
investimento por intermédio de parceria
público-privado para a geração de
conhecimento técnico-científico.
A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA
FAMILIAR
Os pequenos produtores
desempenham um papel fundamental na
produção de alimentos, preservação do meio
ambiente e até mesmo do desenvolvimento
econômico, já que é responsável por mais de
30% do PIB Agrícola Brasileiro. É muito
importante fortalecer a agricultura familiar,
primeiramente no âmbito interno, já que
apenas uma pequena parte dos agricultores
familiares, está organizada o suficiente para
exportar.
A agricultura familiar está se
fortalecendo cada dia mais rápido, a produção
está ganhando mais qualidade, tentando-se
assim obter certificação dos produtos que é o
que está preocupando os pequenos e médios
produtores, pois com a certificação de seus
produtos eles poderão aumentar sua
comercialização.
29
Crédito para Agricultura Familiar
Para o próximo ano, o governo vai
destinar R$ 9 bilhões, R$ 2 bilhões a mais do
valor aplicado na safra anterior. O crédito
facilitado aos trabalhadores rurais permite o
aumento e a melhoria da qualidade da
produção, gera emprego e renda e possibilita a
permanência da família do produtor no campo.
Atualmente, os recursos do Plano Safra,
atingem 95,5% dos municípios brasileiros.
Os recursos serão utilizados na compra
de máquinas, insumos, sementes,
equipamentos, no preparo da terra, assistência
técnica entre outros, de propriedades de
agricultores familiares e assentados da reforma
agrária.
Conforme o Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), a ampliação
do investimento nesta safra vai permitir que
400 mil novos contratos sejam firmados pelo
Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (PRONAF). Na safra 2004-
2005, com recursos disponíveis de R$ 7 bilhões
foram firmados R$ 1,6 milhão de contratos, a
maioria nas regiões Nordeste e Sul do país.
O Nordeste é a região do país que teve
o maior crescimento de valores investidos:
180% entre 2002 e 2004. A região é a segunda
em número de contratos em 2004 - 580.476 -
e em recursos aplicados - R$ 1 bilhão, atrás
apenas do Sul. Em Pernambuco, onde o Plano
Safra 2005-2006 foi lançado, foram destinados
R$ 74,7 milhões para 44.419 famílias, no ano
passado. Desse total de famílias, 27 mil
acessaram o crédito rural pela primeira vez.
Seguro da Agricultura Familiar
O Seguro da Agricultura Familiar
(SEAF) foi lançado em setembro de 2004. O
Programa foi criado para dar maior segurança
ao agricultor familiar na hora de plantar. O
Seguro é exclusivo para o custeio agrícola. A
adesão é obrigatória para as chamadas culturas
zoneadas (algodão, arroz, feijão, milho, soja,
trigo, sorgo e maçã) e para banana, caju,
mandioca, mamona e uva. Significa uma
cobertura de 95% de todo o crédito de custeio
que costuma ser concedido ao amparo do
PRONAF.
Pela primeira vez passam a ser
cobertas as culturas consorciadas, ou
combinadas, como, por exemplo, feijão e
milho, milho e soja. As culturas não-zoneadas
(batata, tomate, cebola, girassol, mamão,
laranja) não se enquadram no novo seguro,
mas os produtores terão a opção de aderir ao
modelo anterior, conhecido como Programa de
Garantia da atividade Agropecuária
(PROAGRO).
O seguro garante 100% do valor
financiado e 65% (limitados a R$ 1,8 mil) da
receita líquida estimada do empreendimento,
que é a receita bruta menos o total de crédito
concedido pelo PRONAF. Se a perda for igual ou
inferior a 30% da receita bruta estimada não
haverá cobertura.
O seguro cobrirá perdas causadas por
seca, granizo, geada, tromba d’água, vendaval,
chuvas fora de época, além de pragas e
doenças que não têm método difundido de
controle. O seguro não contemplará incêndio de
lavoura, enchentes, erosão, falta de práticas
adequadas no controle de doenças e
deficiências de adubação.
O MDA atingiu em novembro a quantia
de R$ 870 milhões pagos pelo Seguro da
Agricultura Familiar. Com os recursos estão
sendo contempladas cerca de 220 mil famílias,
que tiveram prejuízo com a grave seca que
atingiu a região Sul do Brasil no início deste
ano, especialmente o Rio Grande do Sul. O
valor pago pelo MDA até o momento já é, por
exemplo, superior aos orçamentos de
investimento de 2005 dos Ministérios da
Educação e da Ciência e Tecnologia, de R$ 700
milhões e R$ 655 milhões, respectivamente.
Representa, ainda, mais de oito vezes as
aplicações da pasta da Agricultura, de R$ 104
milhões.
Seguro de Preços
O seguro contra flutuações de preços
(HEDGE) cobrirá os custos de produção e não
será necessário o pagamento de prêmios pelos
produtores. Um preço de referência será fixado
na contratação dos financiamentos de custeio
do Programa Nacional da Agricultura Familiar
(Pronaf).
Se no vencimento dos contratos a
cotação de mercado estiver abaixo da
referência, o governo paga a diferença. Se
estiver acima, o produtor embolsa o lucro. O
preço de referência ficará sempre acima dos
preços mínimos fixados pelo governo. A Conab
fará a atualização semanal do preço.
A nova política busca substituir a
utilização de instrumentos emergenciais como
a concessão de rebates e bônus de adimplência
para pagamento de dívidas rurais. Segundo o
MDA, o apoio do governo em função da recente
crise provocada por oscilações de preços custou
pelo menos R$ 1 bilhão aos cofres públicos.
Os produtores familiares já contam
com o seguro PROAGRO, mais para garantir
uma renda mínima e isentar o pagamento de
financiamentos em caso de perda por
problemas climáticos.
A nova política pode ser estendida aos
médios e grandes produtores. Hoje, eles têm
que pagar um prêmio para contratar um seguro
contra problemas climáticos.
30
Meio Ambiente
O crescimento acelerado da produção
agropecuária traz consigo um agravamento dos
problemas ambientais, tornando obrigatória a
inclusão dessa questão nas análises setoriais
do Agronegócio. Preocupam sob a ótica
ambiental a utilização elevada de recursos
naturais, a geração de resíduos e dejetos que
poluem o ar, a água e o solo e, finalmente a
expansão da fronteira agrícola e seus reflexos
sobre o desmatamento são aspectos
importantes a serem considerados do ponto de
vista produtivo. Apesar da legislação ambiental
brasileira ser abrangente, não se verifica, na
prática, o cumprimento de diversas
regulamentações.
Nas últimas décadas, as mudanças
ocorridas na Amazônia – e que trouxeram
muitas transformações – indicam que uma das
prioridades é ter uma visão clara de áreas de
Cerrado que podem ser cultivadas e o
tratamento a ser dado à floresta em si.
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente
(MMA), a taxa estimada de desmatamento no
biênio 2003–2004 é de 26.130 km2, fruto, em
grande parte, da ação ilegal de madeireiros. A
implantação e o desenvolvimento de culturas
agroflorestais – e outros projetos de
desenvolvimento sustentável – fazem-se
necessários para se fornecer alternativas
economicamente viáveis e de sustentabilidade
ambiental.
Neste sentido, o problema parece estar
concentrado em duas frentes: por um lado, há
uma clara ineficiência no processo de
fiscalização e estabelecimento do
“enforcement” e, por outro, há um
desconhecimento generalizado, por parte dos
produtores, da existência de tais legislações e
normas. Em geral, o investimento em práticas
sustentáveis ainda é visto como um custo
desnecessário.
Entretanto, em alguns anos, isto
poderá representar vantagens competitivas no
comércio ou, de forma mais radical, a própria
exclusão do produtor da atividade.
Deve-se, pois, consolidar a avaliação
de impactos ambientais em qualquer atividade
potencialmente poluidora. Tal avaliação não
deve ser vista como mais uma barreira às
atividades produtivas, mas como instrumento
para identificar os problemas ambientais de
determinada atividade, servindo como subsídio
para a elaboração de políticas que ajam no
sentido de minimizar os impactos negativos ao
meio ambiente. A identificação de saídas
eficientes depende de investimento em ciência
e tecnologia que, em seguida, levarão a
resoluções e normas legais que poderão ser
cobradas pelos agentes fiscalizadores.
Outra área importante é a produção de
energia renovável que mitigue a poluição e
contribua com as metas do Protocolo de
Quioto. Em conformidade com o Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL), a agricultura
brasileira poderá contribuir tanto para o
aumento da matriz energética limpa do País –
por meio dos biocombustíveis (etanol e
biodiesel), dos mecanismos dos biodigestores e
das técnicas do plantio direto – quanto para
seqüestrar gases de efeito estufa (GEE) da
atmosfera, com projetos de reflorestamento e
atividades agroflorestais. O Brasil dispõe de
áreas de Cerrado que podem ser incorporadas
à produção de bioenergia, como pastagens
degradadas.
O sistema de plantio direto é
considerado uma tecnologia que pode trazer
acentuados benefícios à conservação do meio
ambiente. Em 2002, a EMBRAPA estimou que
no Brasil, havia 14,33 milhões de hectares no
sistema de Plantio Direto. Atualmente, deve
haver cerca de 25 milhões de hectares sob esse
sistema.
Indicadores Econômicos
As exportações brasileiras do
Agronegócio alcançaram novo recorde, nos
últimos 12 meses (12/2005 a 11/2006), US$
48,9 bilhões, 14% acima do valor negociado de
dezembro de 2004 a novembro de 2005, que
ficou em US$ 42,9 bilhões. Mesmo com o
aumento de 29% nas importações, que
totalizaram US$ 6,490 bilhões, o superávit
comercial acumulado no período superou US$
42,4 bilhões. Os setores que mais contribuíram
para esse incremento foram o complexo
sucroalcooleiro, produtos florestais, carnes,
cereais, farinhas, couros, café, sucos de frutas
e fumo e seus produtos.
31
Os dados divulgados no inicio do mês
(07/12) pela Secretaria de Relações
Internacionais do Agronegócio do MAPA,
compõem a balança comercial do agronegócio,
cujas exportações, em novembro último,
ultrapassaram em 17,9% o resultado do
mesmo período do ano passado ao registrarem
US$ 4,390 bilhões. Com o crescimento de
44,5% nas importações - que atingiram US$
654 milhões em novembro - o superávit do
mês foi de US$ 3,736 bilhões.
Também em novembro, os setores que
mais influíram no resultado das vendas
externas foram o complexo sucroalcooleiro,
com aumento de 74,6%, café (45,9%) e carnes
(43%). O valor das vendas de carne bovina in
natura cresceu 95,9% em novembro, graças a
um aumento de 71,5% na quantidade
exportada e outros 14% nos preços praticados.
As vendas de frango in natura e de carne suína
também apresentaram, respectivamente,
incrementos de 11% e 32% em valor.
O Mapa divulgou ainda os percentuais
de crescimento das exportações do
agronegócio por blocos econômicos e regiões
geográficas. O Oriente Médio registrou o maior
incremento (98%), seguido pela Europa
Oriental (49%), África (26%) e Mercosul
(23%).
ALGUMAS PROJEÇÕES
Segundo o relatório da Assessoria de
Gestão Estratégica (AGE/MAPA), as projeções
para os próximos 10 anos apontam que o
Agronegócio brasileiro tem potencial para
crescer ainda mais. A tendência será para
produtos de médio e alto valor agregado,
devido aos custos de transporte (por exemplo,
o Centro-Oeste). Veja abaixo alguns destaques
apontados no relatório.
Soja
O FAPRI (Food and Agricultural Policy
Research Institute) projeta para o Brasil uma
produção de 95 milhões de toneladas em 2014-
2015, devido à expansão de área e conversão
de pastagens, aliadas ao aumento de
produtividade e melhores alternativas de
transporte. Isto significará 35% da produção
mundial.
O Brasil deverá aumentar a sua
produção de oleaginosas numa taxa de 3% ao
ano, enquanto os EUA deverão lograr alcançar
somente 1% ao ano. Dois terços do aumento
provêm da expansão da área agricultável do
País. Segundo a OCDE (Organisation for
Economic Co-Operation And Development), o
grau de expansão da área agrícola brasileira
será fundamental para se determinar o preço
futuro da soja nos mercados internacionais.
Nos Estados Unidos a tendência é de redução
da área com soja e aumento da produtividade.
As estimativas realizadas pela AGE
indicam uma produção brasileira de 83,9
milhões de toneladas de soja em 2014-2015.
Não seria ainda nesse ano que a produção do
Brasil ultrapassaria a produção dos Estados
Unidos, estimada pela OCDE em 87,6 milhões
de toneladas em 2014-2015.
O consumo de soja em grão deverá
atingir 51,0 milhões de toneladas naquele ano,
representando 60,8 % da produção. As
exportações de soja projetadas pela AGE para
2014-2015 são de 31,7 milhões de toneladas,
54,6 % superiores às exportações de 2004-
2005.
Algodão
O FAPRI projeta uma expansão da área
agrícola ocupada por algodão para 1,7 milhão
de hectares em 2014-15, o Brasil deverá
aumentar a sua produção de algodão para 2,1
milhões de toneladas para o mesmo período,
resultando em um aumento significativo nas
exportações, que passarão para 1,1 milhão de
tonelada.
Apesar do aumento de suas
exportações, a participação brasileira no
mercado mundial de algodão continuará ainda
pequena, sobretudo pela débil participação do
Brasil no mercado chinês, que deverá, em
2005-06, representar 42% da compra mundial
desse produto.
As projeções realizadas pela AGE para
o algodão brasileiro, indicam a passagem da
produção de 1,5 milhões de toneladas de
algodão em 2005-2006 para 2,4 milhões de
toneladas em 2014-2015. A taxa de
crescimento da produção utilizada nessa
projeção é de 6,53% anual. Esta taxa está
próxima do crescimento da produção de
algodão observada nos principais países
produtores nos últimos anos.
O consumo projetado até 2014-2015
segue uma taxa anual de 3,9%, pouco acima
do consumo mundial de algodão observado nos
últimos 7 anos. Deste modo, o consumo
projetado para o Brasil em 2014-2015 é de
1,26 milhão de toneladas de algodão. Por
último projeta-se um volume de exportações
próximo a 1 milhão de toneladas em 2014-
2015.
32
Cana-de-açúcar
Mais uma vez, o Brasil se destacará na
produção mundial de cana-de-açúcar. O
crescimento da safra de cana 2006/2007
deverá ser de 10,3%, em relação à safra
passada, em função do aumento de 5,5% da
área plantada e de 4,1% da produtividade
média. De acordo com levantamento realizado
pela Companhia Nacional de Abastecimento
(CONAB), a produção nacional de cana-de-
açúcar deverá ultrapassar 475 milhões de
toneladas. Do total, cerca de 90% serão
destinados à produção do setor sucroalcooleiro,
totalizando 426 milhões de toneladas de cana
destinadas à produção de açúcar e álcool.
De acordo com estudos realizados pelo
FAPRI, as exportações brasileiras deverão
passar dos 18,1 milhões de toneladas para
21,9 milhões em 2014-2015 (+ 21%), detendo
56% do comércio internacional. A OCDE afirma
que, até 2013, as exportações brasileiras de
açúcar deverão aumentar em 34,4%.
As projeções do etanol, referentes a
produção, consumo e exportação refletem
grande dinamismo desse produto devido
especialmente ao crescimento do consumo
interno e as exportações de etanol. A produção
de etanol projetada para 2015 é de 36,8
bilhões de litros, mais que o dobro da produção
de 2005. O consumo interno para 2015 está
projetado em 28,4 bilhões de litros e as
exportações em 8,5 bilhões (Tabela 10 e Fig.
24).
A Secretaria de Produção e
Agroenergia do MAPA projeta para 2010,
vendas de automóveis Flex de 1,0 milhão de
veículos, quase o dobro a mais que os
automóveis a gasolina, cujas vendas projetadas
são de 467 mil unidades. Essa expansão do
setor automobilístico e o uso crescente dos
carros flex é atualmente o principal fator
responsável pelo crescimento da produção de
etanol no Brasil.
Outras projeções indicam que,
mantendo-se a mistura de anidro na gasolina
na proporção de 25%, e as vendas de veículos
flexíveis, deverá ocorrer, em 2013, um
consumo doméstico de álcool de 24,95 bilhões
de litros, dos quais 7,4 bilhões de litros como
anidro combustível e 16,35 bilhões de litros
como hidratado combustível.
Café
O déficit hídrico registrado nas regiões
do sul de Minas Gerais, Alta Mogiana e Cerrado
comprometeu a florada dos cafezais neste
segundo semestre. Além dos efeitos naturais
da bienalidade - que tradicionalmente implicam
numa variação de 20% a 30% - as estimativas
para próxima safra 2007/2008 também
deverão ser reduzidas em virtude da seca
prolongada. A demanda interna deverá se
manter aquecida e o consumo poderá atingir
16,9 milhões de sacas.
A bienalidade do Brasil, principal
produtor do grão, também deverá pressionar
positivamente as cotações internacionais ao
longo de 2007. De acordo com a OIC, a
demanda e oferta internacionais continuarão
equilibradas. O movimento de redução dos
estoques internacionais deverá ser mantido no
ano que vem.
As informações do MAPA para o
período de 1999-2000 a 2005-2006 mostram o
grau de oscilação da produção de café. Neste
sentido, as projeções realizadas pela AGE se
restringiram às exportações. As estimativas
disponíveis para 2006 mostram que o país
deverá exportar 26 milhões de sacas de 60kg.
Para 2015, a projeção obtida é de 29 milhões
de sacas. Esse valor foi obtido projetando uma
taxa anual de crescimento do consumo mundial
de 2% ao ano, no período de 2005 a 2014.
Carnes
As projeções de carnes para o Brasil
mostram que esse setor deve apresentar
intenso dinamismo nos próximos anos. Entre as
carnes, as que se projetam com maiores taxas
de crescimento da produção no período 1997-
1998 a 2014-2015 são a carne bovina, que
deve crescer anualmente a 4,4 % ao ano, e a
de frango, cujo crescimento projetado para
esse período é de 4,5% ao ano. Por último a
produção de carne suína tem um crescimento
projetado de 2,6% ao ano, o que também
representa um valor relativamente elevado,
pois consegue atender ao consumo doméstico e
às exportações.
As projeções do consumo mostram que
a preferência dos consumidores brasileiros é
pela carne bovina, cujo crescimento projetado
é de 3,5% ao ano no período 1997-1998 a
2014-2015. Isso significa um consumo interno
de 9,9 milhões de toneladas daqui a 10 anos. A
carne de frango assume o segundo lugar no
aumento do consumo com uma taxa anual
projetada até 2014-2015 de 2,8%. Num nível
mais baixo de crescimento situa-se a projeção
do consumo de carne suína, de 1,7% ao ano
para os próximos anos.
PRINCIPAIS ENTRAVES
Embora as projeções apresentadas
para o Brasil, para os próximos anos sejam
favoráveis, permanecem alguns entraves. Para
os Especialistas do CEPEA/ESALQ, o mercado
externo tem sido a forma de sustentar esse
crescimento vigoroso (acima do que seria
absorvido pela economia interna).
33
Se os preços lá fora e/ou o dólar estão
compatíveis, boa parte do crescimento da
produção é escoada via exportação, evitando-
se uma queda acentuada dos preços. Ou seja,
na falta de uma política de estoques
reguladores, a exportação torna-se o único
mecanismo de sustentação de preços
compatíveis com um crescimento acelerado do
Agronegócio. Para isso, todavia são necessários
preços internacionais estáveis (em dólares) e
que o dólar não diminua muito com a entrada
de divisas decorrente das próprias exportações.
Nesta atual crise, o volume crescente
de exportação do agronegócio, ele mesmo,
contribuiu para a queda do dólar. Como
resultado perdeu-se a rede de proteção que o
mercado externo estava oferecendo. Percebe-
se, pois, que o agronegócio não pode prescindir
do crescimento mais rápido da economia como
um todo, que gerasse um volume expressivo
de importações e, conseqüentemente,
sustentasse um câmbio mais favorável à
exportação.
Tarifas e Protecionismo
Um dos potenciais entraves à evolução
do Agronegócio é o protecionismo atual dos
países ricos em relação a sua agricultura.
Segundo a OCDE, no período de 2000 a 2002,
a média anual de subsídios aos produtores
rurais nos países ricos ficou em 235 bilhões de
dólares americanos.
A União Européia é a campeã destas
distorções, com 40% do total, seguida dos
EUA, com 21% e do Japão, com 20%. Além dos
subsídios aos produtores locais, principalmente
a União Européia concede subsídios às
exportações de produtos agrícolas, dominando
mercados em que não seria competitiva e
aviltando os preços internacionais, com
notórios prejuízos aos demais exportadores.
Para os Especialistas do CEPEA/ESALQ,
as tarifas e as cotas-tarifárias continuam sendo
os maiores empecilhos ao acesso aos mercados
dos países desenvolvidos e em
desenvolvimento. As negociações caminham
lentas na OMC.
Discussões intermináveis sobre o
método a ser utilizado nos cortes das tarifas
consolidadas, sobre os sistemas de
administração das cotas-tarifárias as
incontáveis exceções, listas de produtos
sensíveis, acabam perpetuando o
protecionismo desses instrumentos no
mercado.
Como sugestão para o conjunto de
produtos mais sujeitos às tarifas e cotas, é
importante trabalhar nos acordos regionais e
bilaterais, uma vez que estes instrumentos
podem ser gerenciados neste âmbito.
Os subsídios – sejam os de apoio
doméstico à produção e comercialização, sejam
subsídios às exportações – conferem
competitividade artificial aos produtores e
exportadores dos países, principalmente os
desenvolvidos, seus maiores adeptos.Os
avanços nas negociações de subsídios são
possíveis apenas nas discussões na OMC. Uma
vez que têm efeitos indiscriminados sobre
todos os exportadores, os países ricos não
negociam tais temas nos acordos bilaterais e
regionais.
Uma questão que pode e deve ser mais
bem analisada no âmbito deste tema, é a
questão ambiental. Os subsídios dos países
ricos são normalmente condenados pelo
empobrecimento que acusam aos países
exportadores pobres e em desenvolvimento.
Além disso, os subsídios acabam estimulando a
produção não-sustentável em países onde os
recursos naturais já estão esgotados
quantitativamente, ou degradados
qualitativamente. Isto adiciona um fator a mais
ao debate sobre os instrumentos de
sustentação de preços e de pagamentos
distorcivos do comércio aos produtores e
exportadores dos países ricos.
Medidas Sanitárias e Técnicas
As exigências sanitárias e técnicas
também têm o seu fórum de negociação na
OMC e nos acordos regionais (Mercosul, ALCA).
Elas requerem, necessariamente, uma maior
participação do setor privado – produtores,
processadores e distribuidores – apoiando as
negociações, mas também se ajustando
conforme as negociações vão evoluindo.
A questão da segurança dos alimentos
e da necessidade de adotar medidas que
garantam a saúde do consumidor, dos
rebanhos e das plantações têm sido o foco de
debates nos países desenvolvidos, envolvendo
regulamentações e processos de normalização.
Embora os avanços recentes do
comércio brasileiro de carnes e frutas possam
contradizer esta crítica, em termos de
desempenho do Brasil na área sanitária, há
muitos gargalos. O serviço de defesa sanitária
foi eficiente na elaboração e implementação
paulatina da regionalização da febre aftosa e da
obtenção do status de livre da doença em
algumas regiões.
Contudo, a manutenção desse status
tem sido comprometida não só pelas restrições
graves de orçamento, mas também pela falta
de um trabalho de educação e conscientização
de todos os elos da cadeia, quanto à
responsabilidade individual de cada um na
manutenção desses avanços.
Logística e Tributos
Esses são os principais pontos que
emperram o crescimento do Agronegócio
brasileiro na opinião do presidente da
Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG),
da Associação Brasileira de Óleos Vegetais
(ABIOVE) e diretor da Bunge, Carlo Lovatelli.
34
"Temos consciência de que exigir um
tributo único e uma solução imediata para os
problemas logísticos do País é uma utopia, mas
alguém tem de começar", admite Lovatelli.
Ainda de acordo com o executivo, não
é possível manter competitividade quando uma
carga sai do campo com 20 toneladas e chega
no porto com uma a menos. "A logística
brasileira é muito precária. Em algumas
regiões, não temos estradas, mas sim buracos
rodeados de asfalto. Apesar da lei que define
as parcerias público-privadas (PPPs) já ter sido
aprovada, até agora, os projetos não saíram do
âmbito estadual. O governo tem que acelerar
as PPPs no âmbito federal para minimizar essa
questão", explica.
Para os Especialistas do CEPEA/ESALQ,
em um país de dimensões continentais como o
Brasil, economias com a logística podem vir a
representar o diferencial de sustentabilidade,
como por exemplo, para o agronegócio da soja.
Particularmente, tais economias podem vir a se
tornar mais significativas para as áreas de
produção (no cerrado, principalmente) que se
encontram distantes dos principais portos
(particularmente, dos não necessariamente tão
eficientes terminais localizados em Santos e
Paranaguá), com articulações rodoviárias
normalmente em condições bastante precárias
(implicando fretes mais caros que os
eventualmente praticados em ferrovias e/ou
hidrovias).
Some-se ainda a estrutura de
armazenagem incipiente e/ou mal localizada,
principalmente em termos da capacidade
disponível para armazenamento dentro das
propriedades agrícolas, o que tem obrigado
produtores a escoar suas safras imediatamente
após a colheita, o que acaba por gerar longas
filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar
não necessariamente ao melhor preço de venda
da soja e muito comumente a valores de pico
para o frete rodoviário.
O presidente da ABAG afirma que
outro ponto fundamental para o crescimento
brasileiro é a revisão da atual política tributária,
que ele mesmo chama de "mastodôntica".
"Temos que acabar com o Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
interestadual e criar um imposto único.
O pagamento de tributos na ocasião da
compra do produto em um estado como o Mato
Grosso e na ocasião da venda, próximos aos
portos de outros estados é totalmente inviável
e tira a competitividade das agroindústrias
nacionais. Isso porque, a restituição do crédito
que a empresa deveria receber, muitas vezes,
demora dois anos para chegar. Quando esse
crédito é repassado, vem sem correção, o que
causa um deságio.
Diretamente relacionada a esses
entraves, está a burocracia. De acordo com
Lovatelli, a demora na aprovação de projetos
reduz o ânimo dos investidores. "Enquanto uma
documentação para a construção de um
terminal graneleiro demorou mais de cinco
anos no Brasil, na Argentina o mesmo projeto
foi implementado e inaugurado em 15 meses.
Isso faz com que os investidores prefiram
investir em países onde os processos são
facilitados", finaliza.
Vale lembrar ainda que,
gradativamente, uma nova estrutura – física e
operacional – de armazenamento vai se
instalando no País, oferecendo maiores
possibilidades de ganhos ao produtor, que pode
evitar a venda imediatamente após a época de
safra e operar em função da efetiva realidade
do mercado internacional.
Em síntese, o Agronegócio brasileiro
está em franco crescimento e, atrelado a
competitividade intrínseca do setor, possibilita
por sua vez uma oportunidade impar para a
modernização e expansão dos serviços de
meteorologia no país.
Alailson V. Santiago
Meteorologista, Doutor em
Agrometeorologia pela
ESALQ/USP e Consultor do
IICA/OEA. Atualmente
Coordena o Sistema de
Monitoramento
Agroclimático do Garantia
Safra SAF/MDA.
Para Saber Mais:
PEREIRA, A. R. Agrometeorologia:
fundamentos e aplicações práticas. Guaíba:
Agropecuária, 2002. 478p.
Revista de Política Agrícola - RPA, Secretaria
de Política Agrícola do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
MAPA: http://www.agricultura.gov.br
MDA: http://www.mda.gov.br/saf
OCDE: http://www.oecd.org
FAPRI: http://www.fapri.org
CAN: http://www.cna.org.br
IICA: http://www.iica.org.br
ABAG: http://www.abag.com.br
FAO: http://www.fao.org.br
CEPEA: http://www.cepea.esalq.usp.br
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Lançado Portal da SBBIOMET
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www.sbbiomet.com.br
O lançamento do Portal da SOCIEDADE BRASILEIRA DE BIOMETEOROLOGIA
(SBBIOMET) e do biometNEWS são as primeiras ações propostas pela diretoria atual no
sentido de promover maior divulgação e integração entre os associados e a comunidade
científica e técnica que atuam na grande área da biometeorologia nacional.
A SBBIOMET foi fundada em 04/09/95, durante o I Congresso Brasileiro de
Biometeorologia, em Jaboticabal, SP, com o objetivo de organizar e promover a colaboração
interdisciplinar entre físicos, biólogos, meteorologistas, agrônomos, veterinários, zootecnistas,
engenheiros, médicos e outros profissionais, através de simpósios, congressos e reuniões
científicas, incrementando o intercâmbio de informações biometeorológicas e apoiando o
estabelecimento de grupos de pesquisa e facilitando a cooperação entre os mesmos. Conta,
desde sua fundação, com o apoio da Sociedade Brasileira de Meteorologia - SBMET e da
International Society of Biometeorology - ISB.
O conteúdo do Portal está bem completo, compreendendo informações sobre a
SBBIOMET, noticias, pesquisas, publicações, artigos, evento, links entre outras, funcionando
como um importante veículo de comunicação e difusão das tecnologias produzidas no âmbito
da biometeorologia brasileira.
Em breve, o Portal disponibilizará informações sobre o V Congresso Brasileiro de
Biometeorologia que acontecerá em abril de 2008 na cidade de Piracicaba, São Paulo.
Todos aqueles que queiram receber a revista BiometNews publicada pela SBBIOMET
devem se cadastrarem usando o portal acima.
O atual presidente da SBBIOMET é o Prof. Dr. Iran José Oliveira da Silva (NUPEA –
ESALQ/USP), eleito para o biênio 2006/2008.
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http://www.agrolink.com.br
Páginas com diversas informações relacionadas à Agricultura. Contém em seu
conteúdo dados sobre cotações de preços, biotecnologia, máquinas agrícolas, artigos,
eventos, feiras, etc.
Dentre estes há informações acerca das condições meteorológicas em diversas
cidades brasileiras e ligadas à questão agrícola.
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http://www.iagro.ms.gov.br/index.php?inside=1&tp=3&comp=&show=565
O Centro Estadual de Monitoramento do Tempo, Clima e Recursos Hídricos de Mato
Grosso do Sul (CEMTEC-MS), vinculado a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal
(IAGRO), completou dois anos de existência em 14 de novembro deste ano. Ele tem como
objetivo implantar um sistema de monitoramento do tempo, clima e recursos hídricos,
possibilitando o desenvolvimento do estudo, pesquisas, caracterização, previsão e
transferência de informações de fenômenos meteorológicos, para subsidiar o planejamento e
desenvolvimento das atividades econômicas, defesa civil, lazer e ambiente, em Mato grosso
do Sul. Nesse período o Centro emitiu mais de sessenta mil informações do tipo previsão do
tempo e clima, avisos meteorológicos e alertas de eventos críticos. Recebeu mais de 1.500
alunos e acadêmicos para visitas; realizou palestras e apresentações; forneceu ajuda à Defesa
Civil estadual e municipal e ao Corpo de Bombeiros.
Atualmente conta com cinco Plataformas de Coleta Dados (PCDs) operando em Mato
Grosso do Sul: Campo Grande, Corumbá, Coxim, Jardim e Naviraí. O CEMTEC-MS é parte do
Programa de Monitoramento do Tempo, Clima e Recursos Hídricos (PMTCRH), vinculado ao
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), que tem como objetivo implantar e apoiar centros
estaduais de monitoramento do Tempo e Clima.
Para a viabilização e funcionamento do CEMTEC, além do convênio entre o Governo do
Estado com o MCT, por intermédio do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos
(CPTEC/INPE), parcerias foram firmadas com as universidades do Estado (UEMS, UFMS, UCDB
e UNIDERP), instituições de pesquisas (Embrapa), IBAMA, Prefeituras e também com os
Sindicatos Rurais, por meio da FAMASUL.
Também recebe apoio do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), órgão do
Ministério da Agricultura e Pecuário (MAPA), que está atendendo nas questões de
aperfeiçoamento e esclarecimentos.
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www.jovemcientista.org.br
Os professores das redes pública e privada de todo o país, além das escolas técnicas
já podem adquirir um dos 2.500 kits educativos que o XXII Prêmio Jovem Cientista vai
distribuir gratuitamente às instituições do ensino médio de todo o país.
Para recebê-lo, basta enviar uma mensagem para o correio eletrônico
[email protected], com os seguintes dados: nome e CPF do professor, além do
nome e endereço completo da escola, onde o material será entregue.
O kit é composto por livro-texto – que traz todo o conteúdo sobre o tema “Gestão
Sustentável da biodiversidade: desafio do milênio” – roteiro de trabalho e fichas com
atividades sugeridas. A idéia é que este material ajude na elaboração de uma monografia que
concorrerá ao prêmio.
Segundo o CNPq, a proposta é que o material ajude na elaboração de monografias
que concorram ao prêmio. O Prêmio Jovem Cientista é uma iniciativa conjunta do CNPq,
Gerdau, Eletrobrás/Procel e da Fundação Roberto Marinho. O prêmio está dividido em cinco
categorias: Graduado; Estudante do Ensino Superior; Estudante do Ensino Médio; Orientador
e Mérito Institucional.
O conteúdo também estará no site www.jovemcientista.org.br para que, independente
do kit, todos possam participar do concurso.
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http://www.labjor.unicamp.br/
O Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade de
Campinas (Unicamp) desenvolveu um sistema capaz de detectar automaticamente matérias
de ciência e tecnologia na mídia impressa, possibilitando uma avaliação da cobertura
jornalística em termos quantitativos e qualitativos. O mecanismo, batizado de Sapo (Science
Authomatic Press Observer), foi apresentado na durante o seminário “Estratégias para a
divulgação científica na sociedade do conhecimento”, realizado em outubro em São Paulo, SP.
Considerando apenas o texto da versão impressa, o Sapo extrai as matérias que
contêm termos de uma lista de palavras-chave cuidadosamente selecionadas a partir de sua
tipicidade no discurso científico. “Essas palavras-chave são agrupadas em cinco filtros:
disciplinas, instituições, prática da ciência e palavras técnicas de humanas ou exatas. Esse
último filtro, por exemplo, inclui palavras do tipo ‘nanotecnologia’ ou ‘aftosa’, por exemplo”,
disse Castelfranchi.
O sistema aplica uma pontuação às matérias selecionadas e define o que é texto
científico, o que não é e o que precisa ser inspecionado por um observador humano. Segundo
os responsáveis pela ferramenta, o índice de precisão na detecção de matérias científicas é
maior que 95%. Ao aplicar o sistema aos diários brasileiros, os pesquisadores obtiveram um
dado surpreendente: a maior parte das reportagens com temas científicos e tecnológicos não
está nos cadernos de ciência dos jornais, mas dispersa em outras editorias. É como se a
ciência fosse um grande tema transversal.
“A difusão tradicional da ciência é importantíssima. O resultado obtido pelo Sapo
mostra que a ciência, fisiologicamente, está sendo apropriada pela sociedade. Ela já é
cultura”, disse o pesquisador. Comparando uma série histórica, com o Sapo os pesquisadores
poderão detectar o ritmo em que a ciência penetra a sociedade.
Mais informações: labjor@unicamp.br.
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http://www.recyt.org/
Com o avanço das tecnologias, cresceu também a demanda por sistemas de
informações dinâmicos e com características próprias. A Reunião Especializada em Ciência e
Tecnologia RECYT do Mercosul tem neste Portal o instrumento para divulgar informações. A
construção de um site foi determinada na 26ª RECYT, realizada em abril de 2002, em Buenos
Aires, Argentina. O desenvolvimento e implantação do Portal RECYT como o Sistema de
Informação em C & T do Mercosul ficou sob a responsabilidade do Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT, órgão vinculado ao Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT) do Brasil. Uma primeira versão foi lançada em 2003 e em 2005 está sendo
apresentada a segunda versão, buscando, cada vez mais a atualidade de informações acerca
do panorama de C & T no Bloco.
Este Portal viabiliza a descoberta de caminhos e “links” de navegação dinâmica,
possibilitando o intercâmbio e compartilhamento de informações. Também atende as
recomendações para a acessibilidade do conteúdo da Web, elaboradas pela World Wide Web
Consorcium (W3C - Consórcio da Rede Mundial). Apresenta enlaces com bancos de dados de
especialistas, de entidades, de notícias, eventos assim como oferece ferramenta de busca na
Web e a integração com o banco de dados de especialistas como a Plataforma Lattes do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
A solução desenvolvida pelo IBICT obedece ao padrão RECYT, onde cada país se
responsabiliza pela atualização de suas informações, designando um webmaster para fazer
parte de um fórum de webmaster dos países membros
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“Perguntem, perguntem sempre... Descubram
tudo”.
Gilberto Osório de Oliveira Andrade (1912-1986)
o oitavo número da série “Os Primórdios da Meteorologia no Brasil”, iremos
falar de um dos mais importantes homens da Climatologia e da Geomorfologia
Climática brasileira do século XX. Estamos falando de Gilberto Osório de
Andrade, o homem que soube cingir, como poucos, a multidisciplinaridade,
ultrapassando os limites da sua principal especialização, estudos jurídicos.
Gilberto Osório de Oliveira de Andrade
nasceu na cidade do Recife (PE) em 23 de julho
de 1912. Sendo o segundo filho de Leopoldo
Bessoni de Oliveira Andrade e de Constança
Osório de Oliveira Andrade.
Ambos viúvos
1
conheceram-se por volta de
1907 e trouxeram para o novo lar os filhos dos
casamentos anteriores. Bessoni, advogado
nascido na Paraíba, alto funcionário do Tesouro
Estadual, vinha com Eurico, de 20 anos;
Constança agregava à família o pequeno
Alcides.
Leopoldo Bessoni e Constança instalaram-
se na Rua Gervásio Pires, nº 30, no Bairro da
Boa Vista, num sobrado de porta-e-janela,
entre as Ruas da Intendência (hoje, Avenida
Manoel Borba) e da Conceição. A casa ainda
existe e, fora muitas vezes reformada e
alterada, atualmente abriga uma ótica. Ganhou
o nº 132, depois da urbanização da área.
1
A Sra. Constança antes foi casada com um médico
famoso na Cidade, Alberto Mendonça, formado pela
Faculdade de Montpellier, França.
Foto: ALEPE
2
Juntos tiveram cinco filhos, Pedro e
Frederico (que morreram atropelados por um
trem), Maria de Lourdes (que aos 15 anos
morreu de tifo), Gilberto e Célia.
2
Assembléia Legislativa de Pernambuco. Disponível em
http://www.alepe.pe.gov.br/perfil/parlamentares/Gilberto
Osorio_fotos.html, acessado em 05/Out./2006.
M
M
N
Leopoldo
Bessoni, pai de
Gilberto Osório,
advogado e alto
funcionário
público, em
fotografia do
final do século
XIX.
39
Quando Lourdes morreu de tifo, o pai de
Gilberto, Leopoldo Bessoni, fechou-se na
solidão e no silêncio, ficou com um
temperamento depressivo e tristonho até a sua
morte em 1937. A viúva, Constança, a
Manhoquinha, como Gilberto a chamava, teve
uma vida muito mais longínqua, morrendo com
quase 90 anos.
Gilberto e a irmã, Célia, rodeiam a mãe, dona
Constança, a "Manhoquinha". Foto: ALEPE.
Quando Gilberto tinha nove anos de
idade, a família mudou-se para Olinda. Mas a
vida do garoto continuou a girar em torno do
bairro Boa Vista. Fazia, então, o curso primário
no Colégio Santa Margarida, escola tradicional
de formação de moças, de propriedade das
irmãs Maria Emília e Adriana Pereira de Souza,
e de Domitila Amorim. O primário era misto e
nas séries que cursou Gilberto Osório “chamou
a atenção por escrever bem” (RIVAS, 2001)
1
.
Na época, o bairro Boa Vista era reduto
da classe média, onde se fixaram os judeus
vindos chegados no início do século. Bairro
onde também se concentrava “a massa de
funcionários públicos, de empregados dos
Correios e Telégrafos, de comerciários, de
profissionais liberais, de auxiliares de uns
poucos estabelecimentos bancários que
1
RIVAS, L., 2001. Gilberto Ozório: Um Homem do
Renascimento. Perfil Parlamentar Século XX, ALEPE,
Recife.
operavam na Cidade” (CAVALCANTI apud
MOTA, 1991)
2
.
De 1924 a 29, Gilberto fez o curso
secundário (em regime de “preparatório”) no
Ginásio do Recife, depois chamado de Colégio
Padre Félix. Bom aluno, sempre, mas sem
nenhuma tentativa de ser melhor do que os
outros. Demonstrava profundo interesse pela
Geografia e pela História, e por línguas
estrangeiras. Lia muito, principalmente os
clássicos franceses, no original, conforme relata
Lêda Rivas.
Em 1930 Gilberto ingressou na
Faculdade de Direito do Recife, uma das três
opções de ensino superior que existiam em
Pernambuco (as outras eram Medicina e
Engenharia), e, dois anos depois, começava a
ensinar nos colégios de Recife. Considerada um
centro de irradiação do pensamento nordestino,
a Faculdade, já centenária, atraía jovens de
toda a Região. Era a escolha que melhor se
adequava aos interesses intelectuais de
Gilberto.
O historiador, professor, escritor e
jornalista Nilo Pereira crê que uma das mais
brilhantes fases desta tradicional Escola foram
os anos 30, justamente aquela que pega em
cheio o legado da I Guerra Mundial e o que se
chamava, então, a inquietação do após-guerra.
Era uma época conturbada da vida
política brasileira, haja a vista que a Revolução
de 30 estava emergindo como um divisor de
águas na História do país. Sentia-se, ainda, no
ar, o cheiro de pólvora, mas reformas eram
anunciadas, uma nova Constituição estava a
caminho, onde o Brasil exultava de esperança.
Essa atmosfera atingiu em cheio a
Faculdade de Direito do Recife, que formou, em
1933, os Bacharéis da Constituinte, da qual
Gilberto fez parte posteriormente, ao lado de
59 acadêmicos. A festa de colação de grau
mereceu destaque de primeira página em
quatro edições do Diário de Pernambuco, que
considerava a turma de formandos “uma das
afirmações mais vigorosas da nova
mentalidade que, há três anos, vinha
imprimindo uma nova fisionomia à vida
universitária de Pernambuco”.
Assim, Gilberto Osório formou-se como
bacharel em Direito em 1933. A turma de
bacharéis era composta de 14 representantes
da Paraíba, nove do Rio Grande do Norte, 10
de Alagoas (a única mulher, entre os
formandos, Iolanda Mendonça, era desse
Estado), dois do Maranhão, um do Ceará, um
do Mato Grosso, um do Pará, um da Bahia. O
Estado de Pernambuco comparecia com a
maior representação, 21 formandos, incluindo
Gilberto.
2
MOTA, M. Bê-a-Bá de Pernambuco ou Apontamentos
para uma Biografia do Estado. Recife, Editora
Massangana, 1991. p. 407.
O sobrado da Rua
Gervásio Pires,
onde Gilberto
nasceu, passou
por várias
reformas, ao
longo do século
XX e hoje é ponto
comercial. Foto:
ALEPE.
40
Após sua formatura, Gilberto Osório
tinha passado da teoria à prática, atuando, ao
lado do seu ex-professor Abgar Soriano em
pequenas causas cíveis. Redigia bem, era
eloqüente e convincente, mas não via na
advocacia a sua verdadeira vocação. Seguira a
carreira, em parte, por influência familiar, e
mais por falta de opção compatível com seus
interesses. Tinha orgulho do pai e do avô, o
desembargador Joaquim José de Oliveira
Andrade, que fora presidente da Província de
Pernambuco entre 1888 e 1889.
Além de exercer a advocacia, Gilberto
passou a lecionar nos colégios da Cidade, a
maioria concentrada no bairro da Boa Vista.
Tinha aulas diárias, da manhã à noite, e seguia
a pé, de colégio em colégio, utilizando o bonde
para as distâncias maiores e, depois, a
bicicleta, seu meio mais permanente de
transporte até o final dos anos 40. A disciplina
(chamava-se “cadeira”, na época) lecionada
por ele era Geografia.
Foi assim, que Gilberto descobriu que o
maior dos seus talentos era o magistério e
tinha um indisfarçável orgulho do Ginásio do
Recife, no qual lecionaria até 1950.
Gilberto Osório era homem de
múltiplos saberes, não lecionava, apenas,
Geografia, mas História Geral e do Brasil,
Sociologia, Português e Francês, em diferentes
períodos. Estudantes de todas essas fases são
unânimes em louvar a seriedade e a erudição
do mestre, seu senso de justiça e seu
equilíbrio. Da mesma forma que os alunos do
curso ginasial dos anos 30 e 40, os estudantes
universitários que vieram, posteriormente, a
conhecer o Gilberto, da década de 40 à de 70,
guardam dele, com uma ou outra exceção, a
mesma impressão.
Gilberto Osório casou-se com Cremilda
Carvalho de Souza Lemos, no dia 10 de julho
de 1940, ele com 28 anos, ela com 24.
Cremilda era o que se chamava, na época, de
uma “moça prendada”, que gostava dos
afazeres domésticos e era talentosa pianista,
formada pelo Conservatório Pernambucano de
Música.
Era a única filha do advogado José
Joaquim de Souza Lemos e da professora Maria
Regina Carvalho de Souza Lemos, que teve
também outros três filhos: Hevandro, Hélio e
Homero.
Quando se casaram, Cremilda e
Gilberto foram viver com a mãe dele, no bairro
da Boa Vista, passando, depois, para a
residência dos pais dela. Tiveram ao todo sete
filhos: Maria Carolina, Maria Luiza, Maria
Cristina, Maria da Natividade, Gilberto, Maria
da Conceição e Maria de Fátima.
Gilberto Osório era um pai ausente.
Suas atividades simultâneas obrigavam-no a
estar sempre fora de casa, de onde saía antes
das sete horas da manhã, só retornando de
madrugada. Por isso, os filhos consideravam
um privilégio poder atrair a atenção do pai nos
domingos e nas férias escolares. Quando lhes
era permitido, participavam, discretamente,
dos jantares que os pais ofereciam aos amigos.
Nas férias, a família ia para Itamaracá,
onde seu sogro, Dr. José Joaquim Lemos, tinha
uma casa. O lugar era, na época, uma ilha de
pescadores, sem luz elétrica e sem estrada
asfaltada.
Estudioso dos relevos terrestres,
Gilberto Osório dedicou a ilha de Itamaracá
vários livros, inclusive a tese com que
concorreu a concurso para catedrático de
Geografia Geral, no Colégio Estadual de
Pernambuco, em 1956: Itamaracá –
Contribuição para o estudo geomorfológico da
costa pernambucana.
O casamento durou até 1956, quando
se separaram (o divórcio saiu em 1973).
Cremilda morreu no ano de 1991.
Em seguida, Gilberto uniu-se a
geógrafa Rachel Caldas Lins (20 anos mais
jovem do que ele), sua ex-aluna e futura
colaboradora de estudos e publicações. Não
tiveram filhos e viveram juntos exatos 30 anos,
até a morte dele, em 1986.
Gilberto, na
foto oficial da
formatura em
Direito, em
1933. Foto:
ALEPE.
Gilberto e a
primogênita
Carolina, em
temporada de
férias em
Itamaracá, em
1943. Foto:
ALEPE.
41
Gilberto Osório, em noite de autógrafo, ao lado de
Rachel Caldas Lins, a companheira e colaboradora
intelectual dos últimos 30 anos de sua vida. Foto:
ALEPE.
Gilberto Osório começou suas
atividades de professor universitário, em 1940,
na Faculdade de Comércio, que mais tarde
seria absorvida pela Universidade do Recife
como Faculdade de Ciências Econômicas.
Foi a partir dessa época que Gilberto
intensificou suas pesquisas nas áreas de
Direito, da História e da Geografia, realizando
expedições investigativas, como por exemplo,
na Amazônia.
Em 1939, havia preparado um estudo
para concorrer a uma vaga para a cadeira de
Geografia do Ginásio Pernambucano, chamado
de “Um Complexo Antropogeográfico –
Lineamentos para uma Geografia Total da
Amazônia”, resultado de pesquisa realizada em
menos de dois meses por ele. Este estudo
transformou-se em seu primeiro livro publicado
em 1940, pela Tipografia do Diário da Manhã.
Naquela época, ser professor de
ginásio – principalmente de um com a tradição
do Pernambucano – era como ascender ao
magistério superior, tão rigoroso era o ensino
médio e tão eficientes eram os mestres. Porém,
foi somente em 1954 que Gilberto ingressou no
Ginásio – agora denominado Colégio Estadual
de Pernambuco, como professor interino de
Geografia Geral, passando, dois anos depois, a
catedrático efetivo da mesma disciplina, após
concurso no qual foi candidato único.
Ingressou em 1941, na Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras Paula Frassinetti
(atual FAFIRE), e, em 1943, na Universidade
Católica de Pernambuco (UNICAP). Porém,
como todos os bacharéis da época, alimentava
um sonho: o de integrar o ilustre corpo docente
da Faculdade de Direito do Recife.
Em 1942, foi o único candidato a
concorrer a uma vaga de livre docente da
cadeira de Direito Internacional Público,
apresentando a tese “A Continentalização da
Doutrina de Monroe. Naquele mesmo ano,
publicou o estudo na Tipografia do Diário da
Manhã. Porém, teve de esperar um pouco mais
para complementar o concurso, que constava,
ainda, de uma “argüição” (prova oral) e de
uma prova de títulos.
Assim, o concurso para livre docência
da cadeira de Direito Internacional Público
somente foi finalizado no dia 27 de setembro
de 1944. Na banca examinadora estavam os
professores Sérgio Loreto Filho, Luiz Sebastião
G. Alcoforado, José Joaquim de Almeida, Luiz
de Souza Delgado e Murilo Humberto B.
Guimarães. Gilberto foi aprovado com louvor e
homenageado por colegas, alunos e amigos,
com almoço no Grande Hotel.
Outubro de 1944: Gilberto Osório é homenageado
com almoço no Grande Hotel, pela sua aprovação
no concurso para livre docente da Faculdade de
Direito. Foto: ALEPE.
Gilberto Osório na Faculdade de Direito
restringe-se à livre docência da cadeira de
Direito Internacional Público, e exerceu a
interinidade da disciplina Direito Internacional e
regeu turma desdobrada de Teoria Geral do
Estado. Tentou três concursos para catedrático,
sem sucesso.
Desiludido, deixa a Faculdade, pouco
tempo depois, migrando para as recém-criadas
Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras
(embrião da atual UNICAP) e da Universidade
do Recife. Lecionou na UNICAP diversas
disciplinas, principalmente Geografia Física e
Geografia do Brasil. Na ocasião já fazia parte
do corpo docente da FAFIRE.
Dividia-se entre o magistério
secundário e o superior, além do jornalismo. E
doa, de muito bom grado e sem
arrependimento posterior, todos os seus livros
de Direito ao amigo Luís da Câmara Cascudo.
Gilberto Osório para os amigos íntimos
era conhecido como Giba. Para a irreverente
turma de 1945 de Geografia e História, da
Faculdade de Filosofia Manuel da Nóbrega era,
simplesmente GOA (MATOS, 1997)
1
. A junção
das iniciais era associada a então colônia
portuguesa do oeste da Índia, sobre a qual
Gilberto Osório, um apaixonado pelos feitos
lusitanos, costumava discorrer em sala de aula.
1
MATOS, P. A Face na Chuva. Recife, Editora
Universitária da UFPE, 1997.
42
“GEÓGRAFO, MAIS QUE GEÓGRAFO”
A definição dada por Gilberto Freyre
sobre o amigo Gilberto Osório traduz,
exemplarmente, o perfil intelectual do homem
que soube cingir, como poucos, a
multidisciplinaridade, ultrapassando os limites
da sua principal especialização.
Gilberto Osório foi antropólogo e
historiador, humanista e ecólogo, geógrafo e
climatologista, escritor e artista. Tudo isso sem
marginalizar os estudos jurídicos, a produção
jornalística, as preocupações filosóficas, as
investigações técnicas, a prática do magistério.
Como pôde abarcar essa diversidade de
conhecimentos? E como pôde exercitá-la,
simultaneamente?
É impressionante observar que, sem
abdicar das salas de aula e da redação dos
jornais, Osório permitiu-se, a partir da década
de 1950, estender sua presença em outros
espaços. Liderou excursões científicas
estudantis, rastreando rios brasileiros,
principalmente os do Nordeste, notadamente
os do açúcar e da carnaúba. Chefiou grupos de
trabalho, embrenhados no Interior, em
pesquisas fitogeográficas.
Percorreu todo o Litoral nordestino, foi
íntimo das pragas sertanejas, soube tudo do
brejo, da caatinga, dos planaltos, das
chapadas, dos canaviais. Conheceu as pedras
como a vegetação. E empolgou auditórios com
as suas descobertas.
Fez estudos pioneiros sobre as
prolongadas fases de pediplanação que
arrasaram, ao longo do Cenozóico, no Nordeste
brasileiro, estruturas rochosas pré-cambrianas,
que foram chamadas, na época, de
revolucionárias da Geomorfologia Climática,
que foram apresentadas de maneira impecável,
invulgar.
Na Climatologia Dinâmica, ele
descobriu a profunda relação dialética
estabelecida entre o Nordeste brasileiro e o
sudoeste africano, materializada na dinâmica
de uma massa de ar que sai do anticiclone
dominante sobre o deserto do Kalaari (na
Namíbia) e se projeta sobre o semi-árido
nordestino, determinando as condições de
secura atmosférica (JATOBÁ, 2000)
1
.
Na década 1961-70, Gilberto ampliou
seus interesses científicos ligados a
Climatologia e a Geomorfologia Climática,
tendo participado de estudos e de debates com
o geógrafo Aziz Ab’Saber, que o acompanhou
em trabalhos na Ilha de Itamaracá, e com o
sedimentologista João José Bigarella, da
Universidade Federal do Paraná.
Tentou elaborar uma classificação das
superfícies de erosão, no relevo brasileiro,
fazendo estudos comparativos aos de Lester
King, realizados no continente africano.
Estudavam-se, então, problemas ligados à
variação do nível do mar nas duas margens do
Atlântico, na Comissão de União Geográfica
Internacional, em grupo de trabalho dirigido
pelo geomorfologista francês Francis Ruellan.
Já nos trabalhos de campo ligados à
Fitogeografia, profundamente integrada com a
Geomorfologia e com a Climatologia, contou
com grande apoio do botânico Dárdano de
Andrade Lima.
Suas preocupações nas áreas
biológicas também não foram esquecidas,
tendo sido marcadas pela publicação de livros
considerados de Geografia Médica ou de
História da Medicina, como o Rosa, Mourão e
Pimenta, e estudos sobre meio ambiente,
ligados ao período anterior à guerra dos
Mascates, no século XVII. Certamente, a
diversidade e a amplitude de sua área de
interesses levaram Gilberto Freyre a classificá-
lo como “mais que geógrafo”.
Sempre inovador e revelador, Gilberto
Osório impôs uma visão “integral, integrativa
da missão do conhecimento geográfico; uma
geografia analítica”. Surgia assim, uma Nova
Geografia. Com o grupo formado por Gilberto,
Hilton Sette, Manuel Correia de Andrade e
Mário Lacerda de Melo, o Estado de
Pernambuco transformou-se naquela época no
terceiro centro de estudos geográficos do
Brasil, vindo depois de São Paulo e do Rio de
Janeiro.
O trabalho investigativo de Gilberto
Osório, não apenas na área da Geografia, mas
em todos os campos que dominou, ramificou-se
em conferências, comunicações em congressos
e seminários, debates promovidos pelos mais
diferentes centros de todo o País. Foi assunto
de livros, resenhas, ensaios e artigos
publicados em revistas especializadas e em
obras coletivas.
Sua fama de cientista notável motivou
convites para a participação em grupos de
trabalho e em bancas examinadoras de
concursos em várias universidades brasileiras.
Ao mesmo tempo, Gilberto tomava
parte em comissões técnicas de origens
diversas.
1
JATOBÁ, L.. Prêmio Gilberto Osório. Artigo publicado no
Jornal do Commercio, em 26/12/2000.
Amigos e
compadres, os
dois Gilbertos –
Osório e Freyre
– fazem pose
artística, na
casa de João
Cardoso Ayres,
em Boa
Viagem. Foto:
ALEPE.
43
Foi consultor regional do IBGE;
presidiu, em três gestões, a Associação dos
Geógrafos Brasileiros (AGB) – Seção
Pernambuco; foi membro e relator do grupo de
trabalho instituído pela Comissão Nacional da
União Geográfica Internacional (UGI) para
formular um anteprojeto de regulamentação da
profissão de geógrafo; integrou a Comissão de
Especialistas criada na Diretoria do Ensino
Superior do Ministério da Educação (MEC), para
estudar e propor ao Conselho Federal de
Educação (CFE) o currículo mínimo a ser fixado
para a Licenciatura de Geografia; coordenou o
Departamento de Levantamentos Básicos do
Grupo de Estudos do Açúcar da Fundação
Açucareira do Nordeste entre outros.
Na Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), suas atividades não
ficaram restritas às aulas e às pesquisas. Foi
coordenador do Departamento de Geografia,
diretor do Instituto de Ciências da Terra,
membro do Conselho Universitário, autor e
relator do primeiro anteprojeto de reformulação
do Regimento da Faculdade de Filosofia de
Pernambuco. Fez parte, ainda, da Comissão de
Estudos sobre a Reforma Universitária, e da
Comissão de Planejamento da Cidade
Universitária. Participou das comissões que
promoveram a implantação da Universidade
Federal do Maranhão (juntamente com Rachel
Caldas Lins), e a reestruturação das
Universidades Federais da Bahia e de
Pernambuco. No início dos anos 60, atuou
como assessor da Diretoria do Ensino Superior
do MEC.
Gilberto Osório também emprestou os
seus conhecimentos técnicos à SUDENE, de
cujo Departamento de Recursos Humanos foi
diretor e onde, também, exerceu as funções de
assistente técnico da Superintendência para
assuntos educacionais. Representando a
autarquia, realizou viagem aos Estados Unidos,
em 1970, para estágio junto a vários sistemas
educacionais norte-americanos, e obteve
diploma de especialização em Educational
Planning pelo Health, Education and Welfare
Office of Education.
Na parte final de sua atuação científica,
já com problemas de saúde, deu grande apoio
à implantação do curso de mestrado em
Geografia, na UFPE.
Entre livros, folhetos, discursos,
conferências, ensaios e comunicações
publicadas em revistas científicas, Gilberto
Osório deixou 111 títulos. Desses, dois livros –
Os Rios do Açúcar do Nordeste Oriental (O Rio
Ceará-Mirim) e Os Rios do Açúcar do Nordeste
Oriental (O Rio Paraíba do Norte) – foram
escritos em colaboração com Manuel Correia de
Andrade.
Sua parceria mais freqüente foi com
Rachel Caldas Lins, com quem escreveu quatro
livros – O Rio Mossoró (Os rios da carnaúba),
João Pais do Cabo: o patriarca, seus filhos,
seus engenhos; Pirapama – um estudo
geográfico e histórico e São Gonçalo Garcia:
um culto frustrado, este último publicado
postumamente – e vários ensaios para
periódicos especializados.
Um de seus mais importantes
trabalhos na área geográfica foi Furos, Paranás
e Igarapés, apresentado no XVIII Congresso
Internacional de Geografia, realizado no Rio de
Janeiro em 1956.
Em vida, Gilberto fora alvo de muitas
homenagens, tendo recebido, várias distinções
e medalhas no Brasil e no exterior.
Gilberto Osório veio a falecer na tarde
chuvosa de 31 de julho de 1986, ouvindo o
romântico Wagner, seu compositor preferido.
Gilberto era um homem de posições
definidas e ardoroso na defesa dos seus
princípios políticos e científicos; mas era
profundamente equilibrado no julgamento dos
que dele divergiam, sempre procurando ser
justo nos seus julgamentos e posições.
Em relação à relevância de sua obra,
Gilberto Osório não alcançou a repercussão que
merecia.
Por isso estamos aqui fazendo esta
justa homenagem a este celebre homem que
nos deu importantes contribuições científicas,
principalmente nas áreas de climatologia e
estudos do clima sobre a geomorfologia
brasileira.
Sugestão de Leitura:
AGB - Seção Campina Grande-PB, 2006.
“Geógrafo, Mais que Geógrafo”. Disponível em
http://br.geocities.com/agbcg/go.htm, acessado
em 20/Out./2006.
ALEPE, 2006. Gilberto Osório. Disponível em
http://www.alepe.pe.gov.br/perfil/parlamentares/
GilbertoOsorio/sumario.html, acessado em
25/Out.,2006.
CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA DE
PERNAMBUCO, 2006. Os Conselheiros: Gilberto
Osório de Oliveira Andrade. Disponível em
http://www.cec.pe.gov.br/gilbertoandrade.html,
acessado em 05/Out./2006.
JATOBÁ, L., 2000. Prêmio Gilberto Osório.
Artigo publicado no Jornal do Commercio, em
26/12/2000.
RIVAS, L., 2001. Gilberto Osório: Um
Homem do Renascimento. Perfil Parlamentar
Século XX, Recife, ALEPE. 64 p.
44
uriosidades
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Fonte: Extraído de Juan M. S. Belenguer, Espanha, 2004.
radiossondas atualmente são bastantes conhecidas e usadas na
Meteorologia Operacional e para estudos e pesquisas em Meteorologia,
porém poucos sabem a origem destes instrumentos. Assim, nesta matéria
mostraremos a origem destes instrumentos e o seu desenvolvimento e aplicação para a
ciência meteorológica.
Os primeiros estudos da alta atmosfera
que sem tem noticia datam do século XVIII,
momento na qual se começa a medir com
instrumentos os parâmetros da mesma. Assim,
surge a necessidade de sistematizar e compilar
estes dados para sua aplicação em diferentes
ramos da ciência, que no princípio foram a
medicina, a agricultura e o setor náutico.
Mesmo estas observações se limitando à
coleta dos parâmetros básicos da atmosfera:
pressão, temperatura, umidade relativa, etc., será
a base para a organização dos serviços
meteorológicos no mundo, como instituições
encarregadas da edição e estudo destes dados
obtidos em estações distribuídas pelo território e
encarregadas de elaborar o prognóstico do tempo.
Mas foi somente no final do século XIX e
começo do XX, que surgiram em todo o mundo as
chamadas Estações Aerológicas, e se iniciaram
e generalizaram-se as medições dos parâmetros
atmosféricos em diferentes alturas com ajuda de
instrumentos que eram elevados por meio de
pipas (papagaios) e balões. Sua finalidade
principal era o estudo das camadas baixas e
médias da atmosfera para traçar em diversas
alturas as cartas sinóticas, necessárias para
prever o tempo nestas regiões, que seriam usadas
pelos pilotos de balões livres, dirigíveis e dos
primitivos aviões. As sondagens eram feitas,
dependendo do grau de estudo desejado, com
auxílio de pipas ou balões.
Na época, os tipos de balões usados para
as sondagens na atmosfera eram:
Balões pilotos: Era o método mais
simples de estudo aerológico e se usava
quando se queria medir a velocidade e
direção do vento em diferentes alturas. Seu
nome vem do hábito de lançar um balão
pequeno na atmosfera antes do lançamento
de um balão tripulado para estimar a
direção do vento.
Balões sondas: Balão livre não tripulado
que transportava um aparelho
(meteorógrafo) que registra continuamente
as variações da pressão, temperatura e
umidade relativa conforme se subia;
observações a partir da terra permitiam
calcular a velocidade e direção do vento em
diferentes altitudes.
C
C
A
s
45
Ao chegar a uma determinada altura a
diminuição da pressão fazia explodir o balão e
o meteorógrafo caía, tendo que ser localizado
posteriormente para obter os registros.
Empregavam-se para as sondagens dois
balões unidos, de maneira que ao estourar
um deles, o outro serviria, ao permanecer
inflado, de pára-quedas do meteorógrafo.
Este método de sondagem tem-se mantido
até hoje em dia, claro que com os
conseqüentes aperfeiçoamentos tecnológicos
(radiossondas).
Balão - Pipa e Balões livres: Estes
métodos eram empregados nos Serviços de
Aeroestação Militar com o objetivo de
realizar observações dos campos de
batalha, em alguns dos vôos de
treinamento eram levados meteorógrafos
com a finalidade de realizar observações.
Como alternativa ou complemento a estas
observações com balões se empregavam
pipas.
Segundo o Senhor Rotch, Diretor do
Observatório Meteorológico de Blue Hill (EUA) no
inicio do século XX, "As vantagens que as pipas
possuíam sobre os balões sondas para estudo das
camadas baixas e médias do ar eram:
1. Economia de gastos de instalação e
experimentação.
2. Confiança na altura na qual obtinham as
observações.
3. Perfeita ventilação dos meteorógrafos
empregados.
Porém, o único inconveniente que tinha o
sistema, era o de exigir que houvesse vento, caso
contrário se fazia necessário o complemento
usando balões pipas cativos, para dias de
calmaria” (Rojas, 1919)
1
.
O primeiro país a reconhecer o potencial
das pipas na investigação da atmosfera foi os
Estados Unidos, concretamente no Observatório
de Blue Hill (Massachusetts).
No final do século XIX, coincidindo com o
aparecimento das pipas do tipo celular, o diretor
do Observatório de Blue Hill, A. Lawrence
Rotch, fixou as bases e a sistemática para
observação com ajuda de pipas. No dia 4 de
agosto de 1894 conseguiu elevar a 430 m um
termógrafo, onde a partir daí realizou um continuo
estudo para aperfeiçoar tanto os instrumentos
registradores como os tipos de pipas,
conseguindo, em 1900, erguer um meteorógrafo a
considerável altura de 7.000 m.
Rapidamente o uso de pipas em
observações meteorológicas se propagou por
outros países como a França (no Observatório de
Trappes), Alemanha (no Observatório Marítimo de
Hamburgo e no Observatório de Lindenberg) e em
outros observatórios nacionais.
1
Rojas (1919) citado por Belenguer, J.M.S., 2004.
No início do século (1912), os
instrumentos que mediam temperatura, umidade
e pressão eram acoplados em pipas para realizar
observações meteorológicas. Os dados coletados
eram registrado em um aparelho chamado
Meteorógrafo.
Imagens de Pipa e meteorógrafo usados no inicio do
século XX. Fonte: Palomares, 2004.
Em 1 de agosto de 1919, no Observatório
de Lindenberg, ergueram-se um conjunto de oito
pipas meteorológicas tipo
“Schirmkastendrachen
2
. Depois de 18 horas de
subida e 15 km de corda de piano, como fio,
alcançou os 9.740 m de altitude, recorde que
permanece imbatível até hoje.
Devido à necessidade de chegar a alturas
maiores, ao perigo de se produzirem descargas
elétricas através dos fios, ao aparecimento dos
primeiros aviões e à melhoria dos Balões Sondas,
as pipas entraram em desuso. Desta maneira,
deixaram de ser utilizadas na década de 1930.
Porém, devido ao seu interesse histórico,
é contada a seguir como eram feitas as
explorações atmosféricas usando pipas em
diferentes estações aerológicas do mundo, como
descritas em livros e publicações da época.
No Brasil, os estudos aerológicos com
sondagens ocorreram na década de 20, quando
Sampaio Ferraz, administrando a Diretoria de
Meteorologia, criou um posto de sondagem, em
Alegrete/RS, onde se iniciaram as primeiras
observações aerológicas por meio de pipas
(papagaios) celulares. A partir dos anos 50, as
atividades continuaram com balões piloto em
estações aerológicas e balões sonda realizadas
nos dias e horários estabelecidos pela OMM.
EXPLORAÇÕES ATMOSFÉRICAS USANDO
PIPAS
A exploração da atmosfera com ajuda de
pipas era usada quando se queria levar um
aparelho registrador ou meteorógrafo a grandes
alturas.
Para conseguir isto se empregava um
conjunto de pipas, onde uma delas, denominada
piloto ou principal, era ligada ao aparelho de
medida e o resto delas, denominadas auxiliares ou
secundarias, eram as encarregadas de aliviar o
peso do cabo de sustentação, que se enrolava e
desenrolava com auxílio de um torno. Junto à pipa
principal se colocava outra denominada pipa de
segurança cuja finalidade era a de (será explicado
mais adiante).
2
Pipas de guarda-chuva. Era chamado assim, pois usava um
sistema de varetas esticadas, similar a de um guarda-chuva.
46
Esquema de Sondagem usando um conjunto de
pipas. Fonte: Belenguer, 2004.
A pipa de segurança mostrada no
esquema acima se unia como as outras pipas
secundárias à linha principal, porém neste caso a
carga de execução do cabo da pipa de segurança
era muito inferior. Assim, a missão incumbida a
esta pipa era dupla: primeiro, proporcionar
reforço à ação da pipa piloto para que o cabo se
eleve formando grande ângulo com a horizontal; e
segundo, no caso de perigo por aumentar muito a
intensidade do vento repentinamente, que se
rompa seu cabo de retenção, cessando o reforço
que esta pipa proporcionava e evitando a ruptura
da linha geral em qualquer ponto fraco, por
diminuir todas as trações na parte que
correspondia ao esforço desta pipa, dando desta
forma tempo para recolher o material.
O número de pipas que se usavam em
conjunto dependia da altura a alcançar, porém o
normal é que para alturas de dois ou três
quilômetros, se empregassem somente duas
pipas, a piloto e a de segurança.
Todo isto era função da velocidade do
vento e das superfícies sustentadoras da pipa
principal, da piloto e das secundárias.
Em relação ao método de lançamento,
primeiramente se lançava a pipa principal até 200
metros, quando se tinha vento forte ou moderado,
e a até 400 m quando soprava vento fraco.
Quando a pipa principal já não sobe mais,
providenciava o engate das secundárias uma por
uma até três ou quatro destas.
A máxima altura alcançada dependeria da
velocidade do vento nas alturas. Se após
colocadas três ou quatro pipas secundárias a pipa
principal já não subisse más, se procedia o
enrolamento deste no tambor por meio do motor
elétrico.
Um dos cuidados especiais que se tinham
durante os lançamentos era procurar que não se
produzisse a ruptura da pipa principal. O controle
disto era feito com a ajuda de um dinamômetro
que era colocado no torno e controlava a tensão
que estava suportando o mesmo. A experiência
havia demonstrado que a ruptura se produzia, na
maioria de casos, quando a pipa atravessava
repentinamente uma camada de ar com outra de
diferente velocidade. Por tanto, durante a subida
era fundamental seguir a marcha das variações de
velocidade das camadas de ar.
Nos observatórios, se realizavam tabelas,
como a representada na figura seguinte, que em
função do tamanho e forma da pipa (número da
representação gráfica), relacionava a velocidade
do vento (eixo Y) com a tração (eixo X) que
estava experimentando o cabo de sustentação.
Portanto, lendo a leitura do dinamômetro se tinha
a velocidade da camada de ar que estava
atravessando, e se fosse observado um rápido
aumento da mesma se afrouxava o freio do
tambor do torno para soltar o cabo, e se
ocorresse o contrário, a velocidade diminuísse
muito, se parava a saída do cabo, certamente a
experiência dos controladores era fundamental.
Tabela que mostra a velocidade do vento (eixo Y)
com a tração (eixo X) que estava experimentando o
cabo de sustentação. Fonte: Belenguer, 2004.
Determinação da altura alcançada por uma
pipa
Os dados de pressão registrados no
meteorógrafo em sua subida deviam estar
relacionados com as alturas sobre o nível do mar
que correspondiam; portanto, era preciso
conhecer a quê altura geométrica se havia
produzido a medida.
Existiam vários métodos para a
determinação desta, porém os que geralmente se
empregavam eram três, conforme se segue:
# Fórmula de nivelamento barométrico: é
uma fórmula que proporciona a diferença de
altura entre dois pontos conhecidos entre eles as
pressões e temperaturas no mesmo instante. Para
a aplicação deste método, é necessário que
durante a subida se tenha em terra de um
meteorógrafo similar ao subi junto à pipa, para
conhecer os valores de pressão e temperatura em
cada instante no solo. Assim, uma vez completada
a sondagem, se comparam com os valores obtidos
no aparelho instalado na pipa que correspondem a
um mesmo momento com o da terra, e por
aplicação da fórmula, com uma aproximação
suficiente, se conhece a altura em que se
encontrava a pipa.
47
# Fórmula de Saconney: As experiências com
pipas, realizadas pelo capitão do exército francês
J. Th. Saconney (1874 -1935), demonstrou, que a
forma que adquiria o cabo de uma pipa em sua
subida, sob a ação do vento, se assemelha ao
arco de um círculo que cumpre certas condições.
# Determinação da altura por triangulação:
Quando a pipa estiver visível da terra e se deseja
obter sua altura, com grande exatidão sobre o
terreno, se pode empregar o método de
triangulação.
Meteorógrafos
Os meteorógrafos, que subiam com as
pipas, eram um dos instrumentos de registro
simultâneo de pressão, temperatura e unidade do
ar, onde estes dados se gravavam sobre um
tambor giratório que possuía um rolo de fita de
papel.
Meteorógrafo de Marvin. Fonte: Belenguer, 2004.
Segundo Francisco Rojas em trabalho
publicado em 1919 descreve este aparelho como
"Os meteorógrafos usados nos diversos países
são muito semelhantes... Todos constam de um
aparelho de relojoaria que transmiti movimento
de rotação ao cilindro que possui a folha de
representação gráfica, na qual trazem suas
diversas curvas através de alguns estiletes
conectados por meio de alavancas amplificadoras
aos instrumentos térmico, barométrico e
higrométrico, registrando assim, de modo
automático e à altura alcançada pelo aparelho
elevado por uma ou várias pipas, a temperatura,
a pressão e a umidade do ar ambiente que na
referida altura existem, como também as
variações que estes elementos experimentam
durante o tempo em que o meteorógrafo
permanece no ar.
Os aparelhos dispostos especialmente
para a exploração por meio de pipas ou de balões
cativos, levam, além dos instrumentos indicados
acima, um pequeno anemômetro com um
contador de giros, para conhecer mediante sua
leitura, a velocidade média do vento enquanto
permaneça no ar”.
Os meteorógrafos eram fabricados de
material ligeiramente leve e eram instalados em
uma base de vime que amortecia o choque em
caso de queda.
As pipas foram relegadas ao
esquecimento e os avanços da tecnologia
ajudaram à ciência, em nossos dias, que sejam
empregadas radiossondas, aviões e satélites
artificiais na investigação da atmosfera.
Em certos estudos de micrometeorologia
específicos estão voltando a empregar pipas para
subir instrumentos meteorológicos. Os tipos de
pipas utilizadas são as parafoils
3
, devido a seu
grande poder sustentador e elevador de cargas
úteis, unido a sua facilidade de transporte, as
torna ideal para este tipo de uso. É engraçado e
fascinante pensar que apesar dos anos novamente
este brinquedo se aloca ao serviço da ciência.
Registros de um Meteorógrafo durante uma
subida em Blue Hill, EUA, 1898. Fonte:
Belenguer,
2004.
RADIOSSONDAGENS NA ATMOSFERA
Como foi mencionado anteriormente, com
a necessidade de chegar a alturas maiores e ao
aparecimento dos primeiros aviões e à melhoria
dos Balões Sondas, as pipas entraram em desuso.
Na verdade as pipas foram aperfeiçoadas
e melhoradas ao longo das primeiras décadas do
século XX.
3
Tipo de pipa que não necessita de nenhuma vareta, pois
sua forma e rigidez de vôo se consegue por meio de algumas
bolsas internas que se enchem com o vento, obtendo-se uma
forma de aba com grande estabilidade e grande força de
sustentação.
48
Sendo assim, no início dos anos 30 são
inventadas as radiossondas que permitiram
construir cartas sinópticas em níveis mais altos da
atmosfera.
As Radiossondas quando foram criadas se
tornaram dispositivos mais avançados
comparativamente às técnicas de investigação
aplicadas à Meteorologia da época, como por
exemplo, as pipas (Guadalupe, 2001)
4
.
Estes dispositivos na época eram
constituídos por dois balões de “borracha
sintética” (artificial). O balão maior era capaz de
suportar uma tensão que potencialmente o
permitia chegar a uma altura de ~20 km, e levava
suspenso um clássico pára-quedas para assegurar
uma descida suave dos instrumentos
recuperáveis.
Abaixo deste balão se colocava outro
menor, de cor vermelha, que levava em seu
interior um lastro consistente de
aproximadamente 300 g de areia, com a
finalidade de regular a velocidade de subida do
conjunto nos níveis baixos da troposfera. Os dois
balões eram preenchidos com hélio. Finalmente
era suspenso o equipamento de radiossonda ou
radiometeorógrafo propriamente dito.
A aproximadamente 3 km instalava-se o
balão secundário, e a radiossonda subia só com o
esferóide principal. A velocidade ascendente devia
estar controlada, a fim de ser sincronizada com a
inércia ou retardo intrínseco à resposta dos
instrumentos segundo as mudanças no valor das
variáveis meteorológicas com a altura; esta
situação afetava particularmente o higrômetro.
A sensibilidade dos instrumentos
meteorológicos tinha limitações, e se toleravam
algumas margens de erros. O tipo de barômetro
aneróide empregado levava somente duas
cápsulas de Vidi, e foi qualificado como “aceitável”
para a época; os termômetros, consistentes de
uma resistência elétrica com elementos de
cerâmica, tinham um erro de ±0,5°C; por último,
os higrômetros davam uma margem de até 5% de
erro em suas leituras.
A esquerda o suporte do higrômetro e o termômetro.
A direita o “baro-switch” com as cápsulas de Vidi.
Fonte: Guadalupe, 2001.
4
Guadalupe, L.E.R., 2001. Antecedentes Históricos de la
Aerología en Cuba (II). Boletín de SOMETCUBA, V. 7, N. 02.
O transmissor de rádio operava na faixa
de ondas ultracurtas, na freqüência de 72 MHz, e
tinha uma potência de 0,5 W. Os fabricantes
tinham eleito uma fonte energética consistente
com uma bateria “de 3 V no filamento e 90 V na
placa” (Larragoiti, 1945)
5
. O equipamento emitia
dois sinais de freqüência fixa, chamadas
“referências”, que serviam de ponto de
comparação com os sinais correspondentes às
três variáveis. Atualmente está reservada uma
freqüência de rádio de 403 MHz para as
radiossondas.
Equipamentos receptores de uma radiossonda na
década de 1940. Acima, o receptor de rádio de onda
ultracurta; no centro, o frequencímetro eletrônico; e
embaixo a impressora. Fonte: Guadalupe, 2001.
Na década de 1940 começaram a ser
realizadas as sondagens verticais de temperatura,
umidade e vento, com balões atmosféricos de
forma rotineira em diferentes partes do mundo.
Surgiram as primeiras descrições tridimensionais
dos campos de temperatura, vento e umidade.
À esquerda lançamento de balão radiossonda, e à
direita Teodolito aerológico usado para rastrear os
balões radiossonda na década de 1940. Fonte:
Oliveira, 2004.
5
Larragoiti, L., 1945. El Método de Radiosondas. En:
Radiosonda, Imprenta de la Marina de Guerra de la Republica
de Cuba, La Habana, p. 25.
49
Somente em 1964 foi que entrou em
operação de forma rotineira no Brasil o sistema de
sondagem através de radiossondas, usando
dispositivos ao que vimos acima.
As Atuais Radiossondas
As radiossondas são definidas como um
dispositivo para o uso em balões meteorológicos
que mede vários parâmetros atmosféricos e os
transmite a um aparelho receptor fixo.
O dispositivo é conectado a um balão
aerostático (de borracha ou látex) enchido com
hélio ou hidrogênio, que eleva o dispositivo ao
longo da atmosfera. O balão vai até a
aproximadamente 30 km devido à falta de
pressão do ar externo a essa altitude.
Hoje existe também a chamada
rawinsonde que é um dispositivo mais simples
cuja intenção é medir só a velocidade do vento.
Estas medidas se tomam realizando um
seguimento da posição da rawinsonde, onde não
necessita-se de uma conexão de rádio.
Coloquialmente, rawinsondes são normalmente
chamadas de radiossondas
.
As radiossondas modernas se comunicam
por rádio com um computador que armazenam
todas as variáveis em tempo real. As primeiras
rawinsondes foram observadas do solo usando um
teodolito, e davam apenas uma estimativa do
vento segundo a posição.
As radiossondas modernas podem
empregar vários mecanismos para determinar a
velocidade e direção do vento, como Loran
sistema de navegação terrestre de longo alcance
que usa rádio), radio direction finder – RDF
(aparelho usado par obter a direção para uma
fonte de radio) e GPS (sistema de posicionamento
global).
As variáveis mais importantes medidas
por uma radiossonda moderna são:
Pressão,
Altitude,
Posição geográfica (Latitude/Longitude),
Temperatura,
Umidade relativa,
Aceleração do vento e direção,
Algumas também oferecem a concentração de
ozônio.
Estes dados são transmitidos aos diversos
órgãos ou institutos de Meteorologia e são
processados para a elaboração de diversos
produtos, como diagramas Stüve
(termodinâmicos), que são úteis para a
interpretação de fenômenos como a inversão
térmica, e é bastante importante para modelagem
numérica.
Tais informações são codificadas e
transmitidas, via GTS, para os centros de previsão
do tempo, em horários padrões, conforme
estabelecido pela OMM. No entanto, devido ao alto
custo das radiossondagens, estas são realizadas
apenas duas vezes ao dia nos horários de 00 e 12
GMT.
Em nível Mundial há atualmente mais de
800 locais de lançamento de radiossonda. A
maioria dos países compartilha dados com o resto
do mundo por acordos internacionais.
Recentemente foram criadas as chamadas
dropsondes que são uma variação da radiossonda,
e estão sendo usados principalmente em furacões
nos EUA. Em vez de serem levados no alto por um
balão, os dropsondes, presos a um pára-quedas
pequeno, são soltos no furacão através de
aeronave de reconhecimento. Estes instrumentos
estão ajudando a previsores a darem grandes
passos na compreensão e previsão do
comportamento do furacão.
Dropsonde usada pela Nasa. Fonte:
http://hurricanes.noaa.gov/prepare/rawind.htm
Portanto, se as radiossondas atuais são
importantíssimas para as diversas atividades em
Meteorologia, não devemos esquecer que tudo
iniciou com experimentos usando pipas, onde com
isso permitiram que, a partir daí, os
meteorologistas analisassem a atmosfera em três
dimensões e melhorasse bastante, a compreensão
de processos atmosféricos.
Para saber mais:
BELENGUER, J.M.S., 2004. Introducción
Histórica: Sondeos de la Atmósfera con
Globos y Cometas a Principios del Siglo XX.
DEA, Madrid, España.
FERREIRA, S.H.S., CAMARGO JÚNIOR, H.,
2003. Tecnologia Espacial na Previsão do
Tempo. São José dos Campos, DSR/INPE, Apostila
do Curso de Uso Escolar do Sensoriamento
Remoto no Estudo do Meio Ambiente, Capítulo 5.
OLIVEIRA, A. P. de, 2004. Introdução às
Ciências Atmosféricas. DCA/IAG/USP, p. 9-10.
PALOMARES, M., 2004. Poniendo la
Meteorología en Orden: Vilhelm Bjerknes antes de
la Escuela de Bergen. Conferencia en Salón de
Acto del INM, Madrid, España.
ROJAS, F. DE P., 1919. Aplicación de las
Cometas a la Meteorología. Madrid, Imprenta
del Memorial de Ingenieros.
ROTCH, A. L., 1897. Exploration of the air
by means of kites. Anales del Observatorio
Astronómico del Colegio de Harvard, vol. XLII
parte I, Cambridge University Press.
50
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Fonte: http://www.ufpel.edu.br/prg/curso_meteorologia.php
curso de Meteorologia de Pelotas, Rio Grande do Sul, teve início na UFPEL em 1979,
como parte do Instituto de Física e Matemática. Em 1984, com a criação do
Departamento de Meteorologia, houve a estruturação para em 1988 ser fundada a
Faculdade de Meteorologia. Desde então, se tornou a única faculdade de Meteorologia
existente em nosso país.
SÍNTESE HISTÓRICA
A Universidade Federal de Pelotas -
UFPel - foi criada pelo Decreto Lei no. 750, de
08 de agosto de 1969, e teve seu Estatuto
aprovado pelo Decreto Lei no. 65.881, de 16
dezembro de 1969.
Participaram do núcleo formador da
UFPel, as seguintes unidades: Faculdade de
Agronomia Eliseu Maciel, Faculdade de Ciências
Domésticas e Faculdade de Veterinária
(Universidade Federal Rural do Rio Grande do
Sul) e Faculdade de Direito, Faculdade de
Odontologia e Instituto de Sociologia e Política
(Universidade Federal do Rio Grande do Sul em
Pelotas).
No mesmo ano, em 16 de dezembro, a
UFPel ficou integrada, além daquelas do núcleo
formador, pelas seguintes unidades
acadêmicas: Instituto de Biologia, Instituto de
Ciências Humanas, Instituto de Química e
Geociências, Instituto de Física e Matemática e
Instituto de Artes.
Foram agregadas à Universidade as
seguintes instituições: Escola de Belas Artes
“Dona Carmen Trápaga Simões”, Faculdade de
Medicina da Instituição Pró-Ensino Superior do
Sul do Estado e Conservatório de Música de
Pelotas. Integraram a Universidade, como
órgãos suplementares, a Estação Experimental
de Piratini; o Centro de Treinamento e
Informação do Sul; a Imprensa Universitária; a
Biblioteca Central; o Museu e a Casa para
Estudante e, como órgãos complementares, o
Colégio Agrícola Visconde da Graça e o Colégio
de Economia Doméstica Rural.
No decorrer do tempo, algumas
modificações significativas ocorreram quanto à
estrutura acadêmica, como a criação de cursos,
criação, incorporação, transformação e
extinção de Unidades, bem como
transformação de cursos em Unidades.
O Instituto de Física e Matemática,
criado em 1969, contava em sua estrutura com
três departamentos, inicialmente. Em 1976 foi
criado o Núcleo de Processamento de Dados,
como órgão suplementar da UFPel, sediado e
vinculado ao Instituto, com desvinculação em
1983. Em 1979 foi criado o curso de
Meteorologia e desvinculado da unidade em
1983.
Atualmente são vinte e uma Unidades
Acadêmicas que desenvolvem atividades de
extensão universitária, pesquisa científica e
ensino (médio, superior e de pós-graduação),
reunidas em cinco áreas fundamentais, a
saber: I - Ciências Agrárias, II - Ciências
Biológicas, III - Ciências Exatas e Tecnologia,
IV - Ciências Humanas e V - Letras e Artes.
Dentro deste escopo, em 1979 foi
criado e iniciadas as atividades do curso de
Meteorologia de graduação, nível de
bacharelado, que na ocasião esteve vinculado e
sediado no Instituto de Física e Matemática.
N
N
O
51
No ano de 1984 criou-se o
departamento de Meteorologia. Neste mesmo
ano o Curso foi reconhecido pela portaria 64 do
Ministério de Educação e Cultura (MEC) de
15/02/1984 e publicado no D.O.U. de
16/02/1984.
Em 1988 após ocorrer uma
reestruturação universitária foi fundada a
Faculdade de Meteorologia. Situa-se no
Campus do Capão do Leão, ocupando uma área
de 877m
2
e no Campus CAVG onde está
localizado o Centro de Pesquisas
Meteorológicas, ocupando uma área de 1.074
m
2
.
Vista Aérea do Campus da UFPel.
ESTRUTURA ADMINSTRATIVA E
ACADÊMICA
A Faculdade de Meteorologia, além do
curso de graduação, conta atualmente também
com um Curso de Pós-Graduação em
Meteorologia em nível de mestrado.
A estrutura atual da Faculdade
compreende o Departamento de Meteorologia,
Núcleo de Meteorologia Aplicada (NMA) e o
Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas
(CPPMet), sendo que, administrativamente, a
Faculdade é constituída pelo Conselho
Departamental, Colegiado do Curso de
Graduação em Meteorologia e Colegiado do
Curso de Pós-Graduação em Meteorologia.
Núcleo de Meteorologia Aplicada
(NMA) - O NMA tem como objetivo apoiar
as atividades acadêmicas, bem como as de
ensino, pesquisa e extensão.
Centro de Pesquisas e Previsões
Meteorológicas (CPPMet) – É o antigo
Centro de Pesquisas Meteorológicas -
CPMet, a qual é responsável pela
divulgação de informações do tempo para
Pelotas e região.
A divulgação diária da previsão do
tempo é feita pela Internet através do portal do
CPPMet. A rádio da Universidade e o jornal
Diário Popular também disponibilizam a
previsão do Centro. O plantão funciona
diariamente, inclusive sábados, domingos e
feriados. Devido a isso é dada a previsão para
o dia seguinte e a tendência para o outro dia.
O CPPMet é um órgão suplementar da
faculdade, dotado de equipamentos e pessoal
técnico de modo a dar suporte ao
desenvolvimento dos projetos de pesquisa dos
professores do Departamento de Meteorologia,
ao ensino da pós-graduação e à prestação de
serviços na área de meteorologia, como
previsão do tempo. Esta infra-estrutura está
também à disposição dos alunos de graduação
possibilitando a realização do estágio curricular,
aulas práticas, trabalhos de iniciação científica,
bem como outras atividades complementares
ao ensino.
Foto aérea do Centro de Pesquisas e Previsões
Meteorológicas. Fonte: CPPMet.
Atualmente, o CPPMet conta com 4
meteorologista fazendo previsões
meteorológicas e dois professores do Curso que
fazem previsões climatológicas para todo o
Estado do Rio Grande do Sul. Esses
prognósticos climáticos são divulgados para o
setor produtivo e a sociedade em geral
.
Prédio do Centro de Pesquisas e Previsões
Meteorológicas. Foto: Prof. Gilberto B. Diniz.
A Faculdade de Meteorologia conta
regularmente com programas de bolsas
destinadas aos estudantes de graduação, como
as de iniciação científica (CNPq, CAPES e
FAPERGS), monitoria, cujo destaque são as do
Programa Especial de Treinamento da
SESU/MEC (grupo PET da Meteorologia),
constituído por 12 bolsistas, cujas atividades
desenvolvidas visam aperfeiçoamento do
estudante em atividades de ensino, pesquisa e
extensão.
52
ATIVIDADES ACADÊMICAS E DE PESQUISA
O Departamento de Meteorologia,
através de seus professores, é o executor das
atividades de ensino, pesquisa e extensão. É
ele quem ministra as disciplinas da área
profissional do Curso de Graduação em
Meteorologia e as disciplinas do curso de pós-
graduação.
Os projetos de pesquisa desenvolvidos pelos
professores do departamento são o suporte do
curso de pós-graduação e se organizam nas
áreas de:
Meteorologia de Mesoescala,
Micrometeorologia, e
Climatologia.
A outra característica muito positiva da
Meteorologia em Pelotas é existência de um
Programa Especial de Treinamento (PET), por
sinal o único no país. O PET é um grupo de
estudos para a melhoria da graduação, criado
em 1979 e ativo em universidades de todo o
país.
A Faculdade de Meteorologia está no
programa desde novembro de 1991, sendo os
principais focos do grupo a formação
acadêmica ampla, a interdisciplinaridade, a
atuação coletiva, a interação contínua entre
participantes e corpos docente e discente e o
planejamento e execução de um programa
diversificado de atividades voltadas à
Faculdade, como organização de eventos,
realização de cursos básicos de informática e
monitorias. Ao fazer parte do grupo, o aluno
tem ingresso garantido em projetos de
pesquisa, ensino ou extensão, supervisionado
por um pesquisador, despertando o interesse
científico.
CURSO DE GRADUAÇÃO
O Curso de graduação em Meteorologia
é constituído por disciplinas do ciclo básico e do
ciclo profissionalizante. No ciclo básico são
ministradas disciplinas de Matemática, Física,
Estatística, Elementos de Astronomia e
Geodésia, Computação e Ecologia. Enquanto no
ciclo profissionalizante são ministradas as
disciplinas de Meteorologia Básica,
Instrumentos Meteorológicos, Meteorologia
Física, Meteorologia Dinâmica, Meteorologia
Sinótica, Micrometeorologia, Meteorologia
Aplicada e Climatologia.
O Curso é dividido em 8 semestres. O
aluno deverá integralizar 3.030 horas em
disciplinas obrigatórias e no mínimo 105 horas
em disciplinas eletivas. Após o 5º semestre,
deverá ser realizado um estágio (90 horas) em
locais de atuação da Meteorologia. O turno do
curso é diurno e o tempo máximo de
permanência é de 16 semestres.
O ingresso é feito via Processo Seletivo
(vestibular), sendo oferecidas 40 vagas
distribuídas em 20 vagas no 1º semestre e 20
vagas no 2º semestre. No ano passado a
concorrência por vaga foi muito boa, sendo
3,95 para 1º semestre e de 9,20 para o
inverno.
Atualmente tem 152 alunos cursando o
Curso de graduação.
PÓS-GRADUAÇÃO
O Programa de Pós-graduação em
Meteorologia da UFPEL foi criado em 1995,
sendo credenciado pela Universidade Federal
de Pelotas em 1997. O curso em nível de
mestrado acadêmico com as atuais linhas de
pesquisa foi credenciado pela CAPES no ano
2000, iniciando suas atividades em 2001.
O Programa tem como objetivo a
formação de recursos humanos qualificados em
nível de Mestrado, para o ensino e pesquisa.
Tem o propósito de proporcionar a sua clientela
um aprofundamento nos conhecimentos de
Meteorologia e na utilização de técnicas de
análise de dados.
Este Curso, único na região Sul do
País, destina-se a profissionais da Meteorologia
e áreas afins. A proposta do programa justifica-
se devido à necessidade de formação de
recursos humanos na área de Meteorologia na
região sul do País.
Os períodos acadêmicos são
semestrais, iniciando-se em março de cada
ano. O aluno deverá integralizar, no mínimo,
27 unidades de crédito e terá 24 meses para
defender sua dissertação. Atualmente as linhas
de pesquisa são Climatologia, Meteorologia de
Meso e Microescala.
Em 2004 o Programa obteve o conceito
3 na última avaliação da CAPES.
Desde seu início, já foram defendidas
33 dissertações no Curso de Mestrado em
Meteorologia. A seguir pode verificar a
evolução temporal da defesas destas
dissertações no Curso.
53
Corpo Docente
Atualmente, o Departamento de
Meteorologia é composto por 15 professores,
conforme se segue:
NOME TITULAÇÃO ÁREA DE
CONHECIMENTO
Claudia
Rejane J.
de Campos
Doutorado Micrometeorologia
e Mesoescala,
Poluição
Atmosférica
Gilberto B.
Diniz
Doutorado Climatologia e
Meteorologia Física
Humberto
Conrado
Mestrado Climatologia,
Meteorologia
Física,
Meteorologia
Sinótica
João Carlos
Torres
Vianna
Doutorado Modelagem,
Climatologia,
Instrumentação
Meteorológica
Jose H. de
Oliveira
Filho
Mestrado Hidrometeorologia
Maria
Helena de
Carvalho
Mestrado Meteorologia Geral
Paulo
Roberto P.
Foster
Doutorado Física da
Atmosfera, Radar
Meteorológico e
Instrumentação
Meteorológica
Roseli
Gueths
Gomes
Doutorado Meteorologia de
Mesoescala e
Meteorologia
Sinótica
Simone V.
de Assis
Doutorado Agrometeorologia e
Climatologia
Marcelo
Sandim
Dourado
Doutorado Interação Oceano-
atmosfera, e
Modelagem
Regional Camada
Limite Atmosférica
e Oceânica
Vilson Dias
de Ávila
Mestrado Meteorologia
Dinâmica,
Meteorologia Física
e Instrumentação
Meteorológica
Yoshihiro
Yamasaki
Doutorado Modelagem
Atmosférica,
Meteorologia de
Mesoescala,
Meteorologia
Física,
Meteorologia por
Satélite
Jonas da
Costa
Carvalho
Doutorado Micrometeorologia
e Poluição
Atmosférica
Julio
Renato Q.
Marques
Doutorado Climatologia e
Variabilidade
Climática
Wanderlei
P. Antunes
Mestrado Meteorologia
Devido a tudo que foi apresentado
acima, mostra a importância e o sucesso
alcançado pelo Curso e pelos profissionais
formados em Meteorologia na UFPEL.
Mais informações:
Faculdade de Meteorologia
Universidade Federal de Pelotas
Campus Universitário
Caixa Postal 354
CEP 96010-900 Pelotas, RS
Fone: ((0XX-53) 275-7328
Fax: ((0XX-53) 275-7330
Prof. José Honorato de Oliveira Filho
Diretor da Faculdade
Prof. Vilson Dias de Ávila
Chefe do Departamento
e-mail: [email protected]u.br
Prof. Humberto Conrado
Coordenador de Graduação
e-mail: hconrado@ufpel.edu.br
ou
Prof. Marcelo Sandim Dourado
Coordenador de Pós-Graduação
ou
Prof. José Honorato de Oliveira Filho
Diretor do Núcleo de Meteorologia Aplicada
Prof. Gilberto Barbosa Diniz
Diretor do CPPMet
e-mail: gilberto@ufpel.edu.br
Sites:
http://meteorologia.ufpel.edu.br/faculdade.
htm
http://meteorologia.ufpel.edu.br/graduacao
.htm
http://meteorologia.ufpel.edu.br/pos-
graduacao.htm
http://meteorologia.ufpel.edu.br/cppmet.ht
m
http://meteorologia.ufpel.edu.br/nma.htm
http://meteorologia.ufpel.edu.br/da/
Agradecemos a Colaboração Especial:
Meteorologista Angéliça Durigon,
Mestrando do Programa de Pós-Graduação
do Departamento de Ciências
Atmosféricas do IAG/USP.
Prof. Dr. Gilberto Barbosa Diniz, professor
do Departamento de Meteorologia e
Diretor do CPPMet da UFPEL.
54
eflexões
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sociedade meteorológica brasileira vem ao longo dos anos acompanhando o
descumprimento de sua Lei de Regulamentação Profissional por diversas
instituições técnicas, acadêmicas e científicas que elaboraram diversos editais
ignorando a Lei que rege a Regulamentação do profissional formado em
Meteorologia. Com isso, os direitos dos meteorologistas estão sendo negados e
impedidos de se inscreverem em concursos que são atribuições legitimas de sua
formação.
Todos esses concursos públicos e
privados em diversas instituições brasileiras
para disciplinas em diversas áreas da
Meteorologia e afins estão a grande maioria
infringindo os princípios básicos da Lei que
ressalta que para exercer a função de
Meteorologista em entidade pública ou
privada fica obrigado ao uso da carteira
profissional de Meteorologista e que é
prerrogativa do Meteorologista o exercício
do magistério das disciplinas constantes
dos currículos dos cursos de Meteorologia
em escolas oficiais ou reconhecidas.
O que é mais gravíssimo e vem
ocorrendo com certa freqüência são as
situações em que os editais sabotam
integralmente a Lei de Regulamentação e a
constituição brasileira quando chegam ao
absurdo de impedir que profissionais formados
em Meteorologia se inscrevam em concursos
onde são para disciplinas constantes nos
currículos dos cursos de Meteorologia,
conforme estabelecidas em Lei.
O que tem acontecido é que diversos
profissionais formados em Meteorologia e até
mesmo as instituições que deveriam zelar,
resguardar, lutar e fiscalizar pelo exercício
profissional não o fazem.
O Conselho Federal de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia (CONFEA), além de
seus Conselhos Regionais, acabam se omitindo
ou se curvando diante das ilegalidades
existentes, explicando-se por si mesmo, uma
perfeita apologia à legalidade e atuando como
desagregador da profissão, mesmo tendo como
atribuições legais regulamentar, fiscalizar e
conseqüentemente defender os profissionais
registrados na área de Meteorologia.
A Sociedade Brasileira de Meteorologia
(SBMET), possui em seu estatuto artigo que
menciona que um de seus objetivos é
promover e resguardar os direitos profissionais
dos meteorologistas, além de ter representação
em diversas comissões técnicas, cientificas e
profissionais. Mas não está cumprindo suas
atribuições relativas a defesa profissional
quando não toma as devidas providências
legais.
Observa-se que a SBMET tem realizado
incursões ainda muito aquém de suas funções,
tanto que em as vezes apenas informar aos
respectivos órgãos ou instituições que não
cumprem a Legislação.
As informações repassadas são de que
a SBMET não possui condições jurídicas para tal
atuação. Assim, sugerimos que a SBMET crie
urgentemente um departamento ou assessoria
jurídica em sua estrutura para ter uma ação
eficiente e se torne profissional, similarmente a
outras sociedades congêneres, caso contrário
ficará cada vez mais difícil defender os
profissionais e associados de Meteorologia.
R
R
A
55
A UNEMET, comprometida com a
Meteorologia, durante todo este tempo
cobrando intensamente destes órgãos que
cumpram suas funções. Em algumas ocasiões
teve a iniciativa de tomar as devidas
providências diretamente ou juridicamente
junto as instituições responsáveis pelos editais
de tais concursos, conseguindo ter sucesso em
certas momentos, como por exemplo no caso
do CEPEL.
Com todos esses acontecimentos,
observam-se que diversos profissionais estão
cada vez mais se afastando e ficando
descrentes com estes órgãos e com a luta
profissional.
Recentemente, alguns destes
profissionais vêm discutindo a possibilidade de
criação de um sindicato nacional para
meteorologistas, que teria a finalidade de
preencher essa lacuna na defesa dos direitos
profissionais dos meteorologistas.
Antes de pensarmos em qualquer ação
relativa a criação de um sindicato, alguns
conceitos, observações e definições são
necessários.
A lei brasileira não dá uma definição de
sindicato. Pode-se dizer que sindicato é uma
espécie do gênero associação. Alguns autores
mencionam que se podem conceituar sindicato
de modo sintético ou analítico.
Sinteticamente, é uma associação livre
de empregados ou de empregadores ou de
trabalhadores autônomos para defesa dos
interesses profissionais respectivos.
Enunciando, apenas, a situação profissional dos
indivíduos e o fim de defesa de seus interesses.
Analiticamente: "sindicato é o
agrupamento estável de várias pessoas de uma
profissão, que convencionam colocar, por meio
de uma organização interna, suas atividades e
parte de seus recursos em comum, para
assegurar a defesa e a representação da
respectiva profissão, com vistas a melhorar
suas condições de vida e trabalho".
É comum a utilização da expressão
sindicalizar-se como sinônimo de associar-se. A
sindicalização decorre da existência do
sindicato da categoria.
Assim, sindicalizar-se corresponde ao
ato de inscrever-se, manifestação formal,
opção para o exercício de uma profissão. É o
que ocorre com médicos, jornalistas,
engenheiros etc., antes do ingresso no mundo
do trabalho.
A associação ou filiação, garantida
constitucionalmente, nasce da vontade da
empresa (categoria econômica) ou trabalhador
(categoria profissional), em participar do
sindicato. Associar-se a sindicato corresponde
ao exercício voluntário desse direito (art. 8º,
inciso V, da Constituição Federal).
A sindicalização é requisito legal que
vai qualificar o trabalhador como sendo desta
ou daquela profissão. Esta decorre de
pressupostos constitucionais e legais relativos à
organização sindical.
A Constituição Federal de 1988, art. 8
o
,
III, manteve a organização sindical por
categoria, ao declarar que "ao sindicato cabe a
defesa dos interesses coletivos ou individuais
da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas”.
Dito isso, percebemos que na há outra
opção, ou a comunidade meteorológica cobra
dos órgãos competentes que fiscalizem e
cumpram suas atribuições legais para o
cumprimento da Lei de Regulamentação da
Meteorologia, ou uma alternativa seria criar
outro órgão que possa ter esta função e seja
ativo em tal finalidade? Ë um desafio que
precisa ser enfrentado por todos os
meteorologistas brasileiros. Caso contrário
continuaremos a ver nossa Lei sendo
descumprida e outros profissionais atuando em
nossas atribuições.
A nossa missão não é a tomar partido
nestas questões, mas a de preparar o caminho
e contribuir para a discussão deste tema,
anunciando e convidando a comunidade
meteorológica para discutir e refletir acerca de
se seria necessário e importante a criação de
um sindicato para os meteorologistas e de que
maneira seria essa organização.
Sabemos que o novo e a inovação
sempre choca as pessoas. Mas acreditamos e
esperamos que quando se discutem e se
expõem motivos concretos para este tipo de
mudança se faz para que não haja distorções e
nem se paralise este tipo de discussão por falta
de informação sobre o tema e com isso se
possa chegar a um denominador comum para
responder a este tipo de questionamento em
nossa sociedade e se vale a pena se criar este
tipo de instrumento fiscalizador.
Assim, desejamos que esta matéria
possa ser um elemento concreto de reflexão
para que toda a comunidade meteorológica
possa acordar e despertar de sua sonolência e
desta forma discutir o seu futuro profissional
sem ficar numa espera passiva, acomodada, de
quem não se move sequer um dedo para
conseguir o que quer, pois quem espera faz a
hora!
Isso significa erradicar e esquecer os
vícios e as más ações conservadoras, que o
tempo vai moldando em nossa vida. Assim,
temos que libertarmos dessas amarras e ao
mesmo tempo fazer um exame de consciência,
percebendo que fomos causa desta letargia e
somos verdadeiros instrumentos e participes
diretos dessa mudança para alcançarmos e
realizarmos ações reais em prol da ciência
meteorológica.
Os Editores
56
16 hasta 23 de octub
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de 2006
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