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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
CORÉIA DO SUL: ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL
E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
(1960 - 1990)
Espartaco Madureira Coelho
Orientador: Prof. Achyles Barcelos da Costa
Monografia apresentada como requisito à obtenção
do título de Bacharel em Ciências Econômicas
Porto Alegre, novembro de 1994
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Ao meu filho IVAN.
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AGRADECIMENTOS
À equipe da Biblioteca da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS
pela colaboração, pelo esforço e paciência demonstrados.
À professora Otília Beatriz Kroeff Carrion e aos professores Octávio
Augusto Camargo Conceição e Carlos Henrique Horn pelos ensinamentos, pela
competência e pela paixão transmitida pela ciência econômica.
E um agradecimento especial ao professor orientador Achyles Barcelos da
Costa pela dedicação, cooperação e espírito crítico que tanto aprimoraram este trabalho.
"A força é a parteira de toda sociedade antiga, grávida de uma sociedade nova."
Karl Marx
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
1 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA ........................................................................................ 14
1.1 - A Situação Após a Segunda Guerra Mundial ............................................................. 14
1.2 - O Processo de Industrialização Tardia ........................................................................ 16
1.3 - Substituição de Importações e Ênfase nas Exportações .............................................. 17
2 - ESTRATÉGIAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO ............................................................ 21
2.1 - O Estado e os Planos Qüinqüenais de Desenvolvimento ............................................ 21
2.2 - As Fontes de Financiamento do Investimento ............................................................ 28
2.3 - As Políticas de Alocação de Subsídios ....................................................................... 30
2.4 - O Controle Sobre Importações e Exportações ............................................................ 32
3 - A ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL ........................................................................... 34
3.1 - As Zonas de Processamento de Exportações .............................................................. 34
3.2 - "Chaebols" - Os Conglomerados Econômicos ............................................................ 35
3.3 - A Parceria Entre o Estado e a Iniciativa Privada ........................................................ 40
3.4 - A Força de Trabalho e o Sistema Educacional ........................................................... 42
4 - O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO ............................................................ 47
4.1 - Políticas de Transferência de Tecnologia ................................................................... 47
4.2 - Os Institutos de Pesquisa e Desenvolvimento ............................................................. 53
4.3 - As Cidades de C&T .................................................................................................... 55
4.4 - A Indústria de Semi-Condutores ................................................................................. 57
4.5 - A Indústria Robótica ................................................................................................... 61
CONCLUSÃO .................................................................................................................... 65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 74
RELAÇÃO DE TABELAS
TABELA 1 PIB E PIB PER CAPITA DA CORÉIA DO SUL -- 1958/90 ..................... 19
TABELA 2 EXPORTAÇÕES DA CORÉIA DO SUL -- 1960/91 ................................ 23
TABELA 3 PAUTA DE EXPORTAÇÕES DA CORÉIA DO SUL POR
CATEGORIA DE PRODUTOS -- 1962/86 ................................................ 24
TABELA 4 ATIVIDADES DOS CINCO MAIORES CONGLOMERADOS
DA CORÉIA DO SUL -- 1981 .................................................................... 36
TABELA 5 VALOR DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES POR
COMPANHIA DA CORÉIA DO SUL -- 1981 ........................................... 37
TABELA 6 HORAS DE TRABALHO POR SEMANA NAS INDÚSTRIAS
SUL-COREANAS -- 1987/92 ......................................................................
43
TABELA 7 INDICADORES EDUCACIONAIS COMPARADOS: CORÉIA
DO SUL, BRASIL E JAPÃO -- 1990 ..........................................................
45
TABELA 8 QUANTIDADE DE CIENTISTAS E ENGENHEIROS DE C&T
EM ALGUNS PAÍSES -- 1970/88 ...............................................................
49
TABELA 9 GASTOS COM PESQUISA E DESENVOLVIMENTO NA
CORÉIA DO SUL -- 1965/85 .................................................................... 50
TABELA 10 EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS DE APROVAÇÃO DE
IMPORTAÇÃO DE TECNOLOGIA NA CORÉIA DO SUL
-- 1978/88 .................................................................................................... 52
TABELA 11 AS MAIORES EMPRESAS DE SEMI-CONDUTORES NO
MUNDO -- 1983/93 .................................................................................... 58
TABELA 12 OS MAIORES FABRICANTES DE SEMI-CONDUTORES
DO HEMISFÉRIO SUL -- 1988 .................................................................. 59
TABELA 13 PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DOS MAIORES
FABRICANTES DE SEMI-CONDUTORES SUL-COREANOS
-- Janeiro/1989 ............................................................................................. 61
TABELA 14 QUANTIDADE DE ROBÔS POR ORIGEM E TIPO NA
CORÉIA DO SUL -- 1977/87 ..................................................................... 62
TABELA 15 QUANTIDADE DE ROBÔS POR TIPO DE INDÚSTRIA NA
CORÉIA DO SUL -- 1977/87 ..................................................................... 63
RELAÇÃO DE MAPAS
MAPA 1 ÁSIA ............................................................................................................ 72
MAPA 2 ÁSIA ORIENTAL ....................................................................................... 73
10
INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende mostrar como o processo de industrialização na Coréia do
Sul conseguiu transformar um país, que no início dos anos sessenta era essencialmente
agrícola, em uma economia que nos últimos anos vem apresentando persistentes e altas
taxas de crescimento econômico e que é conhecida mundialmente pelas suas elevadas
exportações de produtos eletrônicos, têxteis, químicos, navios e, recentemente, automóveis
completos.
Em função desse país apresentar uma pauta de exportação de produtos
industrializados de alto valor agregado, será enfatizado o papel desempenhado pela
organização industrial sul-coreana e pelo seu processo de capacitação tecnológica.
Os rápidos e expressivos resultados do "milagre econômico" da Coréia do Sul (país
onde a média de crescimento anual do seu PIB, entre 1958 e 1990, foi de aproximadamente
8,5% e onde as exportações, no mesmo período, cresceram a taxas anuais de mais de 40%),
juntamente com desempenhos econômicos semelhantes de Formosa (Taiwan), Cingapura e
Hong Kong, fizeram com que fosse popularizada a expressão "Tigres Asiáticos", termo em
que é enfatizada a agressividade em busca de novos mercados destes "NICs - Newly
Industrializing Countries".
A Coréia do Sul, além de apresentar uma excelente performance industrial, também
conseguiu protagonizar situações extremamente peculiares na economia mundial, tais
11
como, apresentar uma distribuição de renda menos concentrada que a maioria dos outros
países em desenvolvimento, obter uma melhoria em vários indicadores sociais, acabar com
o analfabetismo, quitar a sua dívida externa em 1988 (quando também foi sede dos Jogos
Olímpicos), produzir mais navios que os estaleiros japoneses em 1992, e ser, atualmente, o
maior produtor mundial de memórias RAM de microcomputadores.
Uma constatação do atual desempenho da economia sul-coreana é a de que os cinco
maiores conglomerados coreanos (Samsung, Daewoo, Ssangyong, Sunkyong e Hyundai)
obtiveram em 1993 um faturamento conjunto em torno de US$ 121,8 bilhões. Conforme
dados da revista Fortune, em 1991, 1992 e 1993, das 500 maiores corporações industriais
do mundo, doze eram sul-coreanas, sendo que dos 27 tipos de indústrias catalogados, temos
uma empresa sul-coreana - a Hyundai Heavy Industries - ocupando a primeira colocação no
ramo de equipamentos de transporte, com US$ 6,7 bilhões em vendas no ano de 1993.
Outros motivos relevantes em um estudo sobre a Coréia do Sul referem-se à
importância de um estudo sobre as políticas econômicas e industriais adotadas na Coréia do
Sul, como forma de embasar um debate sobre possíveis caminhos para o desenvolvimento
da economia brasileira.
Este trabalho analisa as características do processo de rápido desenvolvimento
econômico da Coréia do Sul, bem como avalia as estratégias de industrialização, onde
estudam-se os seguintes elementos: os planos qüinqüenais de desenvolvimento; as políticas
industriais adotadas; os conglomerados econômicos (formas de organização industrial
conhecidas como "chaebol"); as políticas de transferência e de capacitação tecnológica;
além do levantamento de dados sobre o sistema educacional e algumas características do
mercado de trabalho.
12
O presente trabalho está subdividido em quatro capítulos. No primeiro, são
apresentados os antecedentes históricos e as principais características do processo de
industrialização tardia sul-coreana, que inicialmente adotou o modelo de substituição de
importações, mas logo passou a dar maior ênfase na produção de manufaturados voltados
para as exportações.
No segundo capítulo, é abordada a políticas industrial implementada pelo Estado
sul-coreano, onde destacam-se os planos qüinqüenais, as políticas de proteção à indústria
nascente, os instrumentos de incentivos fiscais e de crédito subsidiado, bem como do
controle estatal sobre o nível das importações e exportações.
No terceiro capítulo, é discutida a importância do modelo de organização industrial
patrocinado pelo Estado sul-coreano, onde o elevado nível de concentração econômica,
característico dos "chaebol", é um dos pressupostos básicos do processo de industrialização
da Coréia do Sul. Além disso, são apontados alguns aspectos relevantes do atual sistema
educacional e do mercado de trabalho, considerados fatores essenciais para o
desenvolvimento de um parque industrial competitivo a nível mundial.
No quarto capítulo, são analisadas as características do constante processo de
aprendizado, de capacitação e de desenvolvimento tecnológicos desse país. São avaliadas
quais as políticas de transferência de tecnologia adotadas, a importância dada ao
desenvolvimento endógeno de tecnologias e mostra-se também o caso do desenvolvimento
de dois setores de avançada tecnologia e de destaque internacional: a indústria de semi-
condutores e a da robótica.
Na Conclusão, resumem-se as principais características das políticas industriais e do
processo de industrialização adotado na Coréia do Sul e chama-se a atenção para os
13
aspectos relativos à especificidade da intervenção estatal, da organização industrial e do
desenvolvimento tecnológico sul-coreano.
14
1 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA
1.1 - A Situação Após a Segunda Guerra Mundial
A península da Coréia possui uma história de mais de dois mil anos de disputas e
invasões territoriais, principalmente por parte da China e do Japão. Os períodos de
dominação estrangeira sempre foram muito predatórios e estão marcados na consciência do
povo coreano, tanto pela frequência e duração dos períodos de ocupação estrangeira, como
por fatos históricos incomuns (como o seqüestro de ceramistas coreanos para o
desenvolvimento da cerâmica japonesa no século VII). Em 1993, inclusive, quando o
primeiro-ministro japonês Morihiro Hosokawa esteve em visita à Coréia do Sul, foram
realizados pedidos de desculpas oficiais e voluntariamente oferecido o pagamento de
compensações pelos crimes cometidos pelo Exército Imperial Japonês durante a Segunda
Guerra Mundial.
Entre o final da guerra Russo-Japonesa (1905) e o fim da Segunda Guerra Mundial
(1945), a região tornou-se uma colônia, ou "província" do império japonês. Ao final da
Segunda Grande Guerra, os japoneses foram expulsos da Coréia, e a região foi dividida em
duas partes: o norte, que ficou sob intervenção soviética e, que mais tarde iria transformar-
se na Coréia do Norte, e o sul, sob influência dos norte-americanos, como a área que iria
dar origem à Coréia do Sul.
Em agosto de 1948, foi proclamada a República da Coréia, com capital em Seul, e
em setembro do mesmo ano foi formada a República Democrática Popular da Coréia, com
15
sede em Pyongyang. Em junho de 1950, como resultado da "guerra-fria" entre EUA e
URSS, a Coréia do Norte, apoiada pela URSS e pela República Popular da China, invadiu a
Coréia do Sul, dando início à Guerra da Coréia, conflito que durou até julho de 1953 e que
teve como principais consequências, a criação de uma zona desmilitarizada e a manutenção
da fronteira entre as duas Coréias no paralelo 38.
Com a divisão da Coréia em dois países, rompeu-se a complementaridade
econômica entre as duas regiões, sendo que o norte, influenciado pelo planejamento
econômico soviético e rico em recursos hídricos e minerais, buscou o crescimento
industrial; e o sul, ocupado militarmente pelos EUA, pobre em recursos minerais e
energéticos, e com uma pequena área geográfica densamente povoada (atualmente, a
densidade demográfica média ultrapassa 400 hab./Km
2
, uma das maiores do mundo),
voltou-se para uma agricultura de subsistência baseada no cultivo do arroz.
Assim, o governo sul-coreano, pressionado pelos graves problemas sociais de uma
população numerosa e pobre, e pela tensão existente no meio rural, realizou reformas que
hoje são reconhecidas como as responsáveis pela criação das pré-condições para a
industrialização da Coréia do Sul, quais sejam: a reforma agrária, que foi comandada por
influência dos EUA e realizou-se de 1949 a 1958; e a reforma educacional, que constituiu-
se de um programa de alfabetização de massas, que resgatava princípios de valorização da
instrução e do conhecimento oriundos da tradição confucionista, e que obteve resultados
concretos e positivos na futura qualificação da mão-de-obra coreana. Para ilustrar a
importância dada ao ensino e à educação em geral, tanto por parte do governo, como por
parte da própria população, atualmente existe um feriado nacional denominado Dia do
Alfabeto.
16
1.2 - O Processo de Industrialização Tardia
Entre 1948 e 1961, o país foi governado de forma autoritária pelo líder nacionalista
Singman Rhee, que apoiado pelos EUA, foi eleito o primeiro presidente da República da
Coréia.
Neste período, mais precisamente entre 1953 e 1961, apesar da economia coreana
ainda ser essencialmente agrícola, ocorreu o que passou a ser considerada a fase de
reestruturação econômica do país, mediante a intensificação da industrialização. Este
processo foi caracterizado pela elevada intervenção do Estado nas decisões econômicas e
pelos significativos investimentos estrangeiros, principalmente dos EUA, que ainda
estavam envolvidos na chamada "guerra-fria" e preocupados com a influência dos regimes
socialistas no Sudeste Asiático.
Em função de sua importância geopolítica, da desestruturação da burguesia nacional
e da pressão exercida pelos sentimentos nacionalistas, coube ao governo sul-coreano
desempenhar o principal papel no processo de reconstrução da base industrial. Esta base foi
direcionada, naquele momento, para o atendimento das demandas do mercado interno
quando, então, foi feita a opção pelo caminho da industrialização através da substituição de
importações.
Apesar de, inicialmente, adotarem um modelo de industrialização por substituição
de importações, mais tarde mudaram esta estratégia por outra, que enfatizou a promoção da
exportação de manufaturas e a atração de investimentos estrangeiros para projetos
produtivos direcionados ao mercado externo.
17
1.3 - Substituição de Importações e Ênfase nas Exportações
Com o grande poder do Estado e a conseqüente definição centralizada de políticas
econômicas, verificou-se um processo de industrialização com forte presença estatal,
baseado nos setores de bens intermediários e de consumo não-duráveis.
Em função de pressões dos EUA, interessados em estabelecer uma nação capitalista
com predomínio do setor privado e com menor intervenção do Estado, a partir de 1954,
foram privatizados umas poucas empresas e bancos estatais, sem deixar de existir, no
entanto, um elevado controle do Estado sobre essas empresas.
Esta característica centralizadora e também autoritária do governo coreano,
provocou uma excessiva centralização do poder econômico, que favoreceu o surgimento de
escândalos de corrupção, que provocaram uma série de protestos contra o regime ditatorial.
Em abril de 1960 Rhee renuncia e, após um ano de instabilidade política, em maio de 1961
deu-se um golpe militar assumindo o poder o general Park Chung-Hee, que permaneceria
governando até 1979, quando é assassinado e substituído por outro militar, o general Chun
Du Huan. Em 1988, após eleições diretas, e por divisão dos partidos de oposição, outro
militar assume o poder, Roh Tae-Woo.
Durante o período dos regimes militares, que se prolongou por vinte e seis anos, foi
quando se materializou uma nova política de industrialização, baseada também na
centralização do poder por parte do Estado, mas com ênfase na concentração econômica
(dando origem aos conglomerados industriais, ou "chaebol", como também são
denominados), e na produção voltada para o mercado exportador.
18
A substituição de importações, por si só, foi incapaz de impor maior dinamismo
industrial a uma economia com pequeno mercado interno e com uma grande escassez de
recursos naturais. Daí a perda de importância daquela estratégia como base para o
crescimento. Os esforços foram então direcionados para o estabelecimento de uma infra-
estrutura produtiva e de indústrias exportadoras. Para isso foram adotadas algumas
medidas, tais como, a obtenção de volumosos empréstimos dos EUA; a estatização do
sistema financeiro (a fim de garantir créditos em quantidade e condições adequadas ao
fomento dos setores exportadores considerados relevantes); e a execução de seis planos
quinquenais de desenvolvimento econômico, elaborados através de intenso planejamento
governamental. Estes planos de desenvolvimento ainda continuam a ser elaborados e são
considerados os propulsores do extraordinário desempenho econômico da Coréia do Sul.
O sucesso desta estratégia pode ser constatado pelo expressivo crescimento da
economia sul-coreana nas últimas três décadas. Conforme dados constantes na Tabela 1,
entre 1958 e 1990, o PIB cresceu 79,34 vezes, passando de aproximadamente US$ 3
bilhões para um valor em torno de US$ 244 bilhões.
19
TABELA 1 - PIB E PIB PER CAPITA DA CORÉIA DO SUL -- 1958/90
ANOS
PIB
(Bilhões de US$)
PIB per capita
(US$)
1958 3.076 132
1963 3.633 135
1967 4.362 146
1969 7.108 228
1973 12.380 376
1975 19.089 551
1976 25.369 707
1977 34.615 962
1978 47.583 1.298
1980 58.246 1.534
1981 64.570 1.671
1982 68.183 1.714
1983 76.833 1.921
1984 81.814 2.012
1985 86.792 2.104
1986 98.307 2.342
1987 121.315 2.842
1988 171.311 4.079
1989 212.970 5.023
1990 244.043 5.626
Fonte dos dados brutos: UNITED NATIONS. Handbook of International Trade and Deve-
lopment Statistics, Nova Iorque, vários anos.
20
Neste mesmo período, o PIB apresentou uma taxa média anual de crescimento de
aproximadamente 8,5% e a renda per capita cresceu 42,62 vezes, passando de US$ 132 para
US$ 5.626.
1
Outros indicadores do desenvolvimento econômico, social e tecnológico da Coréia
do Sul serão mostrados nos capítulos seguintes. Cabe, no entanto, ressaltar uma
característica fundamental do processo de industrialização sul-coreano, qual seja, o pido
aprendizado tecnológico apresentado pelas suas indústrias, fato este que possibilitou a sua
inserção no comércio internacional em setores considerados "nobres", tais como a indústria
de semi-condutores, navios e carros completos.
____________
1
Além dos dados sobre o PIB e o PIB per capita, apresentados acima, sabemos que em
1991 o PIB era de US$ 283,5 bilhões e a renda per capita de US$ 6.117 (Fortune Interna
tional, v.126, n.7, p. 23, out. 1992).
21
2 - ESTRATÉGIAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO
2.1 - O Estado e os Planos Qüinqüenais de Desenvolvimento
O esforço de planejamento econômico do Estado sul-coreano, associado ao sistema
político autoritário e centralizador do longo período de regimes militares (de 1961 a 1987),
são reconhecidos como as bases para a formulação e o cumprimento dos planos
qüinqüenais de desenvolvimento econômico, que por sua vez, foram os responsáveis pela
transformação de uma economia subdesenvolvida em uma nação que vem apresentando
uma das mais altas taxas de crescimento entre as economias mundiais, conforme demonstra
a Tabela 1 no capítulo anterior.
No início dos anos 60, a estratégia adotada pelo governo, de industrialização voltada
para as exportações de produtos intensivos em mão-de-obra, foi obtida através de um
sistema de subsídios, incentivos fiscais e créditos direcionados a algumas empresas, o que
gerou uma situação de elevada concentração industrial, sendo característico da organização
industrial sul-coreana a existência de grandes conglomerados empresariais, denominados
"chaebol".
O Primeiro Plano Qüinqüenal de Desenvolvimento Econômico, de 1962 a 1966,
priorizou o estabelecimento de indústrias têxteis, de vestuário e de calçados - todas
intensivas em mão-de-obra - além da construção de estradas, ferrovias e de usinas geradoras
de eletricidade.
22
Neste período as exportações apresentaram um taxa média de crescimento de
43,91% ao ano, sendo que passaram de US$ 54,80 milhões em 1962 para US$ 250,3
milhões em 1966.
Em 1962, foi criado o "Economic Planning Board", uma espécie de super-
ministério, que funcionou até a década de 80, que tinha como objetivos planejar e coordenar
as medidas de intervenção econômica por parte do governo. Algumas das medidas adotadas
na época foram: a desvalorização da moeda nacional em aproximadamente 100%; a
elevação das taxas de juros, a liberalização do crédito, a criação de subsídios para as
exportações e a isenção de tarifas para a importação de bens intermediários utilizados na
produção destinada à exportação (mecanismo conhecido como "draw-back").
O Segundo Plano Qüinqüenal de Desenvolvimento Econômico, de 1967 a 1971,
consolidou o estabelecimento da indústria leve, fundada durante o Primeiro Plano, que
acrescido de indústrias de madeira compensada, comprovou o acerto da utilização da farta
disponibilidade e do baixo custo da mão-de-obra, como a grande vantagem comparativa do
país. Neste período verificou-se uma queda nas taxas de desemprego e um aumento nos
salários reais. O valor das exportações passou de US$ 320,2 milhões em 1967 para US$
1.067,6 milhões em 1971, o que significou uma taxa média de crescimento anual de
33,77%.
23
TABELA 2 - EXPORTAÇÕES DA CORÉIA DO SUL -- 1960/91
ANOS
VALOR DAS
EXPORTAÇÕES
(Milhões US$)
1960 32,80
1961 40,90
1962 54,80
1963 86,80
1964 119,10
1965 175,10
1966 250,30
1967 320,20
1968 455,40
1969 622,50
1970 835,20
1971 1.067,60
1972 1.624,10
1973 3.225,00
1974 4.460,40
1975 5.081,00
1976 7.715,10
1977 10.046,50
1978 12.710,60
1979 15.055,50
1980 17.504,90
1981 21.253,80
1982 21.853,30
1983 24.445,10
1984 29.244,90
1985 30.283,10
1986 34.714,50
1987 47.280,90
1988 60.696,40
1989 62.377,20
1990 65.015,70
1991 71.898,00
Fonte: UNITED NATIONS. International Trade Statistics Yearbook, Nova Iorque, 1993.
24
No início da década de 70, verificavam-se mudanças estruturais significativas,
tanto em relação à importância do setor industrial como pólo de dinamismo da economia,
bem como na composição da pauta de exportações, que passou a apresentar uma maior
predominância dos produtos manufaturados, conforme demonstrado na Tabela 3.
TABELA 3 - PAUTA DE EXPORTAÇÕES DA CORÉIA DO SUL POR
CATEGORIA DE PRODUTOS -- 1962/86
PRODUTOS
ANOS
Primários
Industriais
Leves
Industriais
Pesados
TOTAL
(%)
1962 73,0 27,0 - 100
1966 37,6 50,6 11,9 100
1971 14,0 63,9 22,1 100
1976 10,2 61,4 28,4 100
1981 9,1 47,6 43,3 100
1986 8,3 41,7 50,0 100
1987 3,9 41,1 55,0 100
1988 3,4 38,6 58,0 100
1989 3,1 38,6 58,3 100
1990 2,8 37,0 60,2 100
1991 2,7 35,2 62,1 100
1992 2.3 31,4 66,3 100
Fonte dos dados brutos: Dados até 1986 extraídos de Estudos BNDES - Coréia do Sul: A
Importância de uma Política Industrial, jun. 1988. Dados de
1987
a 1992 extraídos de UNITED NATIONS - International Trade
Statistics Yearbook, Nova Iorque, 1993.
25
O Terceiro Plano Qüinqüenal de Desenvolvimento Econômico, de 1972 a 1976, foi
caracterizado pelo direcionamento dado à estruturação de uma indústria pesada e pela
tentativa de buscar um maior equilíbrio entre o desenvolvimento do setor industrial e a
agricultura, tendo sido criado um complexo programa de ajuda técnica e financeira para o
setor rural.
Neste Terceiro Plano, o valor das exportações cresceu de US$ 1,6 bilhões em 1972
para US$ 7,7 bilhões em 1976, o que representa uma taxa anual média de crescimento de
50,95%. Fato relevante é o de que entre os anos de 1972 e 1973, houve um salto de 98,57%
no valor das exportações.
Porém, mesmo com o excelente resultado obtido no comércio exterior, este também
foi o período de conscientização dos limites do modelo de industrialização através de
indústrias leves e intensivas em mão-de-obra, passando a ser incentivado o crescimento
auto-sustentado, baseado no desenvolvimento da indústria pesada. A intervenção
governamental se dá no sentido de atingir os objetivos definidos pela política industrial, que
passam a ser os de fortalecimento da petroquímica, da siderurgia, de máquinas e
equipamentos, da construção naval, do automobilismo e da indústria de defesa.
Em 1973, o governo sul-coreano implantou o Plano de Desenvolvimento da
Indústria Química e Pesada, ano em que também foi criado o Fundo Nacional de
Investimentos, ambos concebidos de forma a propiciar crédito a baixas taxas de juros e
reforçar incentivos para o desenvolvimento destes setores. Conseqüentemente, entre 1975 e
1979, 75% do investimento industrial realizado na Coréia do Sul foi direcionado para as
indústrias química e pesada.
26
Durante o Quarto Plano Qüinqüenal de Desenvolvimento Econômico, de 1977 a
1981, o crescimento das indústrias química e pesada, que são intensivas em capital e em
energia, associado à escassez de recursos naturais, provocou elevados gastos com a
importação de petróleo, assim como de bens de capital, principalmente oriundos do Japão.
Outra característica importante foi que o governo estabeleceu incentivos para o treinamento
de mão-de-obra e para os gastos com pesquisa e desenvolvimento nas empresas privadas,
tentando, desta forma, redirecionar o processo de industrialização para áreas com alto grau
de qualificação tecnológica, que, por sua vez, exigem mão-de-obra treinada e especializada.
Neste período, a taxa de crescimento das exportações situou-se em 22,57% ao ano
(passando de US$ 10 bilhões em 1977 para US$ 21,2 bilhões em 1981). Sendo que esta
queda no padrão do desempenho exportador teve como principais causas: a segunda crise
do petróleo; as más colheitas do período; e a concorrência de outros NICs (Newly
Industrialized Countries), que tornavam-se mais competitivos por possuírem mão-de-obra
mais barata que a sul-coreana.
Com o objetivo de manter a competitividade internacional, a partir da década de 80
são feitos investimentos maciços na indústria eletrônica, pois a vantagem comparativa passa
a ser a existência de indústrias com elevado desenvolvimento tecnológico, ao invés de
indústrias intensivas em trabalho e energia.
No Quinto Plano Qüinqüenal de Desenvolvimento Econômico, de 1982 a 1986, a
prioridade foi direcionada para o estabelecimento de indústrias de bens de capital, de
produtos eletrônicos e de estaleiros.
27
Durante este plano, a taxa média de crescimento das exportações esteve situada em
10,5% ao ano. E, em função dos aumentos reais dos salários (acima da média dos outros
países da Ásia Oriental), bem como das pressões da concorrência internacional, o governo
passou a adotar nova estratégia, que ao mesmo tempo em que dava ênfase ao
desenvolvimento tecnológico, alterava-se o discurso oficial onde enfatizava-se uma maior
estabilização e liberalização da economia, com a possibilidade de maior autonomia do setor
privado.
No Sexto Plano Qüinqüenal de Desenvolvimento Econômico, de 1987 a 1991, a
indústria de informação é definida como sendo estratégica e incentivos são direcionados
para a produção de eletrônicos com alto grau de sofisticação tecnológica. Isso ocorre
especialmente nas áreas de computação, de telecomunicações e de componentes
microeletrônicos (atualmente a Coréia do Sul produz mais de 50% das memórias RAM
utilizadas nos microcomputadores e responde por aproximadamente 40% da produção
mundial de navios).
Neste mesmo período, houve um processo de melhorias sociais, quando o governo,
pressionado pela população (os trabalhadores tinham uma jornada de trabalho média de 54
horas semanais e 8 dias de férias por ano), promoveu um programa social onde destacam-
se: a criação em 1987 do salário mínimo; a implantação em 1988 de um plano de
aposentadoria para os trabalhadores que venham a se aposentar a partir de 2.008; e a
concessão a partir de 1989 de seguro-saúde subsidiado pelo Estado.
Durante o Sexto Plano, o orçamento do governo sul-coreano manteve os percentuais
históricos (isto é, desde a década de 70), de alocação de 40% para a rubrica "Gastos com
Defesa e Administração Geral" e de 20% para a "Educação". Entretanto, transferiu 2% dos
28
gastos com "Desenvolvimento Econômico", que estavam situados em torno de 18,5%, para
a rubrica "Desenvolvimento Social", que ultrapassaram os 10,5%.
2.2 - As Fontes de Financiamento do Investimento
Um dos instrumentos de ação para a implantação dos Planos Qüinqüenais e para o
êxito das políticas industriais subjacentes, foi aquele utilizado pelo Estado na intermediação
financeira, de forma a direcionar investimentos subsidiados para os setores considerados
estratégicos.
Do final da Guerra da Coréia até o início dos anos 60, os EUA realizaram
volumosos empréstimos a fundo perdido, recursos estes que o governo sul-coreano investiu
na sua infra-estrutura e na criação do seu parque de indústrias de exportação.
Em 1961, todos os bancos comerciais foram estatizados, e até o início dos anos 80,
quando alguns bancos passaram para o setor privado, todos os empréstimos bancários eram
criteriosamente analisados e sua alocação extremamente controlada pelo Estado.
Neste aspecto, a Coréia do Sul é destaque em relação a outros países em
desenvolvimento, pois este sistema estatal de créditos direcionados e subsidiados, que
muitas vezes apresentou taxas de juros reais negativas, também mantinha um rígido
controle em relação aos empréstimos externos. Esses créditos necessitavam de prévia
autorização do governo e também tinham a sua utilização monitorada, de forma que quase
todos os recursos financeiros foram captados no exterior através do governo e foram
direcionados para a modernização tecnológica das empresas sul-coreanas e para a produção
industrial em larga escala.
29
A fase de total estatização do sistema financeiro sul-coreano, permitiu que
montantes elevados e com pequeno risco financeiro fossem colocados à disposição do setor
privado, recursos estes que foram captados principalmente através de empréstimos de
governo-a-governo, com taxas de juros reais muito baixas ou mesmo negativas.
Também, diferentemente de outras economias em desenvolvimento, para ser
beneficiado com empréstimos subsidiados, o setor privado da Coréia do Sul deveria
comprometer-se em atingir níveis de produção e metas de exportação préviamente
acordados com o governo. Além diso, foi estabelecida uma legislação especial relativa à
fuga de capitais, que estipulava uma pena mínima de 10 anos de prisão e máxima de pena
de morte, em casos de transferências ilegais de capitais.
Desta forma, através de fluxos de capitais subsidiados e de uma legislação dura, foi
impulsionado o desenvolvimento de sua indústria nascente, bem como a formação de
conglomerados industriais vinculados ao Estado, sempre com o objetivo de estabelecer uma
indústria com padrões internacionais de produtividade e de sofisticação tecnológica.
Entre 1981-83, foi realizada uma reforma financeira, sendo que cinco bancos
comerciais foram privatizados. No entanto, em função da constante preocupação do
governo em manter baixo o custo do capital e de subordinar a atuação do mercado
financeiro à política industrial, ainda existe uma forte presença governamental nestes
bancos, que se manifesta através da nomeação dos seus principais dirigentes; da definição
dos tipos de serviços oferecidos; do âmbito de atuação; da gestão de pessoal; e pelo fato que
nenhum grupo privado pode deter mais do que 8% de ações de uma instituição bancária..
30
Ainda como destaque do uso de instrumentos financeiros na implementação de
políticas industriais, temos o papel desempenhado pelos dois maiores bancos de
desenvolvimento da Coréia do Sul (ambos estatais): o Korea Development Bank (KDB) e o
Korea Export-Import Bank (Eximbank).
O KDB, está voltado para o financiamento de longo prazo de projetos de
implantação e de expansão industriais, contemplados nos objetivos dos Planos
Qüinqüenais. O financiamento provém de empréstimos externos, da emissão de títulos no
mercado de capitais, de depósitos a prazo, de poupança e de capital próprio.
O Eximbank, enfatizando a estratégia de industrialização orientada para as
exportações, está voltado para o financiamento das exportações/importações. O
financiamento ocorre mediante empréstimos para fornecedores locais e clientes estrangeiros
através de recursos do governo e de empréstimos externos. O Eximbank também presta
serviços de avalista em operações de comércio exterior.
2.3 - As Políticas de Alocação de Subsídios
Uma das principais características da política industrial sul-coreana é a de apresentar
um perfil de extrema flexibilidade e de seletividade no que se refere a alocação de subsídios
e na utilização de instrumentos comerciais de proteção de segmentos escolhidos como
prioritários.
Em relação aos subsídios, o Estado sempre conseguiu adotar políticas "temporárias"
de incentivo fiscal sendo que estes sempre estavam atrelados a metas de produção e de
exportação. É importante ressaltar o fato de que tais medidas nunca foram perpetuadas e os
31
setores beneficiados ficavam comprometidos com sua capacitação tecnológica e inserção
internacional.
Até 1974, as empresas classificadas como indústrias-chaves (construção naval,
siderurgia, refino de petróleo, fibras sintéticas, fertilizantes, química, geração de energia,
papel e celulose, automóveis, máquinas e eletrônicos), foram beneficiadas com medidas de
isenção de imposto de renda, créditos fiscais para investimentos em bens de capital e
depreciação acelerada para máquinas e equipamentos destinados à produção.
Em 1975, foi aprovada nova legislação que alterou os instrumentos de política
tributária, sendo que as indústrias pertencentes aos setores estratégicos (construção naval,
siderurgia, refino de petróleo, fertilizantes, geração de energia, petroquímica, máquinas,
eletrônicos, material bélico e aeronáutica), passaram a utilizar o sistema de "draw-back",
com o crédito correspondente aos impostos de importação sendo realizado após a efetivação
das exportações. Além desse instrumento, fazia-se uso excludente entre a isenção de
impostos nos três primeiros anos e redução de 50% nos dois anos subseqüentes, de crédito
fiscal de até 10% para investimentos em equipamentos mecânicos e depreciação de 100%
para máquinas de produção.
A partir de 1982, um novo grupo de indústrias (construção naval, siderurgia,
craqueamento de nafta, máquinas, eletrônicos e aeronáutica), passou a ser beneficiado com
incentivos para os investimentos em ciência e tecnologia, isenção de impostos ou créditos
fiscais e depreciação preferencial.
Atualmente, existem subsídios governamentais para as despesas com
desenvolvimento tecnológico, treinamento de mão-de-obra e para o pagamento de salários
de engenheiros estrangeiros.
32
2.4 - O Controle Sobre Importações e Exportações
A administração das importações é uma das peças fundamentais dos processos de
industrialização voltados para as exportações, dado que devem ser implantadas políticas
seletivas de restrição de importação para bens voltados para o uso doméstico e de liberação
de importações para uso de exportadores (via instrumento tributário do "draw-back").
Neste sentido, a Coréia do Sul vem direcionando a sua pauta de importações no
sentido de redução da importação de cereais e de bens de consumo, e de uma forte elevação
das importações de bens de capital, de matérias-primas e de petróleo bruto.
A política de proteção às indústrias sul-coreanas foi implementada através da
adoção de uma legislação tributária (cujas alíquotas são alteradas de acordo com mudanças
conjunturais), da utilização de licenças discricionárias de importação (adotando critérios de
similaridade nacional e/ou de relevância do produto para uma empresa exportadora), bem
como de controle das importações originárias do Japão, país com o qual possui um elevado
déficit comercial.
Em relação às exportações, o governo definiu com clareza quais setores e projetos
deveriam ser impulsionados, através dos seus Planos Qüinqüenais. Proporcionou estímulos
à formação das "General Trading Companies", que permitiram a exportação da produção
das pequenas e médias indústrias (e que deram origem aos "chaebol" coreanos).
Estabeleceu políticas de crédito subsidiado (apresentadas no item 2.2), um sistema de
subsídios e de incentivos fiscais (já visto no item 2.3), bem como medidas de suporte
administrativo e organizacional.
33
Nessa direção, podemos citar a criação do KDB, do Eximbank e da Korean Trade
Promotion Corporation (Kotra), todos organismos estatais voltados para a promoção das
exportações, sendo a Kotra responsável pela formação de pessoal especializado em
comércio exterior, pela assistência em serviços de pesquisa, pela organização e pela
participação em feiras internacionais bem como na manutenção de escritórios de
representação em mais de 80 países, inclusive no Brasil.
No próximo capítulo, é feito um histórico e uma análise da organização industrial da
Coréia do Sul, onde destacam-se as características dos "chaebol" e da parceria entre o
Estado e a iniciativa privada como fundamentos para o crescimento industrial sul-coreano.
34
3 - A ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL
3.1 - As Zonas de Processamento de Exportações
Uma das características mais importantes do processo de industrialização orientada
para as exportações da Coréia do Sul é o estabelecimento de zonas de processamento de
exportações (ZPEs), que serviram como fator de atração de capitais e de tecnologias
estrangeiros.
O estabelecimento e o funcionamento de inúmeras ZPEs foi uma etapa inicial
importante dentro do processo de rápida industrialização, pois nestes locais, o governo
proporcionava o acesso ao terreno e a facilidades como estradas, portos, aeroportos, água,
eletricidade, bancos, correios, e todos os demais itens de infra-estrutura necessários à
implantação e operação de uma planta industrial.
Em 1980, existiam aproximadamente 1.400 empresas operando em ZPEs, sendo que
estas empregavam em torno de 300.000 trabalhadores e eram responsáveis por quase 20%
do total das manufaturas exportadas.
As atividades produtivas realizadas nas ZPEs, conhecidas como sendo de
"montagem não qualificada", em pouco tempo tornaram-se subordinadas aos componentes
e aos bens de capital produzidos pela "fabricação qualificada" da indústria metal-mecânica
sul-coreana, graças ao rápido "aprendizado tecnológico" e aos processos de "aprendizado
reverso" instaurados.
35
3.2 - "Chaebol" - Os Conglomerados Econômicos
Inicialmente, a maioria das empresas sul-coreanas voltou-se para a produção em
larga escala de artigos padronizados (têxteis, calçados, eletrônica de consumo e
componentes de computador), utilizando-se de trabalhadores baratos e produtivos, dentro
de instalações fabris que empregavam a mais avançada tecnologia japonesa.
Este fatores, associado às políticas governamentais protecionistas e de crédito
direcionado e subsidiado, deram origem às General Trading Companies, ou seja, aos
conglomerados industriais privados, que também são conhecidos como os ultra-
diversificados "chaebol". Esta elevada diversificação produtiva pode ser vista na Tabela 4.
As General Trading Companies (GTC) são versões modificadas dos "Sogo Shosha"
japoneses, que por sua vez, também são companhias de comércio integradas nas atividades
industrial e financeira. Cinco grandes grupos coreanos foram criados em 1975 (Samsung
Co. Ltd., Daewoo Industrial Co., Ssangyong Corporation, Kukje Corporation e Hanil
Synthetic Fiber Company), recebendo facilidades governamentais para o estabelecimento
de subsidiárias em outros países ou de corporações locais que deveriam funcionar como
pontas de lança para a conquista de novos mercados.
Em contrapartida, estes grupos deveriam atingir metas definidas pelo governo, como
a de atingirem individualmente um valor mínimo de exportações fixado em US$ 100
milhões no ano de 1976 e de US$ 500 milhões para 1981. Estas companhias também
deveriam proporcionar um suporte financeiro, técnico e gerencial para indústrias menores,
no sentido de atuarem como agentes exportadores dos produtos destas empresas.
36
TABELA 4 - ATIVIDADES DOS CINCO MAIORES CONGLOMERADOS DA
CORÉIA DO SUL -- 1981
NOME DO
CONGLOMERADO
PRINCIPAIS
ATIVIDADES
Samsung Eletrônica e Comunicações
Construção e Engenharia
Química
Construção Naval
Têxteis e Vestuários
Serviços e Finanças
Comércio Geral e Varejista
Papel e Celulose
Produtos Alimentícios
Hotéis
Autopeças
Hyundai Eletrônica e Comunicações
Automóveis
Construção e Engenharia
Química
Construção Naval
Siderurgia
Serviços e Finanças
Comércio Geral
Daewoo Eletrônica e Comunicações
Construção Naval
Construção e Engenharia
Têxteis e Vestuários
Automóveis
Maquinaria
Comércio Geral
Serviços e Finanças
Lucky-Goldstar Eletrônica e Comunicações
Construção e Engenharia
Química
Petróleo e Energia
Comércio Geral e Varejista
Serviços e Finanças
Transmissão de TV
Indústria Gráfica
Sunkyong Química
Têxteis e Vestuário
Construção e Engenharia
Comércio Geral
Fibras Sintéticas
Fonte: SUZIGAN, W. et alli. Reestruturação industrial e competitividade internacional.
São Paulo: SEADE, 1989.
A boa performance dos hiper-diversificados conglomerados sul-coreanos permitiu
que durante o ano de 1981, os valores das exportações fossem bem maiores (conforme
podemos ver na Tabela 5), sendo que o faturamento médio dos dez maiores grupos superou
a faixa dos US$ 900 milhões, o que representava 43,6% das exportações totais da Coréia do
Sul.
37
TABELA 5 - VALOR DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES POR
COMPANHIA DA CORÉIA DO SUL -- 1981
NOME DA COMPANHIA
(General Trading Company)
VALOR DAS
IMPORTAÇÕES
(Milhões de US$)
VALOR DAS
EXPORTAÇÕES
(Milhões de US$)
Daewoo 211 1.904
Hyundai 207 1.722
Samsung 204 1.607
Kukjo 104 846
Hyosung 91 786
Ssangyong 193 758
Bando Trading 69 622
Sunkyung 787 585
Kumho 51 185
Korea Trading 29 84
TOTAIS
1.947 9.099
% Em Relação ao Resto da
Economia
7,4% 43,6%
Fonte dos dados brutos: UNCTAD/GATT - The export performance of the Republic of
Korea, 1961-1982, Genebra, 1984.
38
Em 1987, os quatro maiores grupos (Hyundai, Daewoo, Samsung e Lucky-Goldstar)
apresentaram faturamentos individuais em torno de US$ 20 bilhões e, em conjunto,
obtiveram um desempenho correspondente a 50% das exportações.
Durante os anos 70, a siderurgia e a construção naval passaram a ser os grandes
pólos de exportação de produtos e de tecnologia. E nos anos 80, o "upgrading" das
indústrias eletrônica, química e automobilística foi o responsável pelas inovações
apresentadas na fabricação e na aceitação pelos mercados externos de "chips" de memória,
de automóveis inteiros, de video-cassetes de circuito único e de produtos derivados da
química fina.
Os "chaebol" também são considerados um importante elemento estrutural de
organização industrial sul-coreana, pelo fato de serem conglomerados econômicos que
interligavam indústrias com uma grande diversificação produtiva, viabilizaram enormes
ganhos de escala, além de terem direcionado elevados recursos para a área de P&D.
A participação direta do Estado na economia, excluído o sistema bancário, limitou-
se à siderurgia (a empresa estatal Pohang Steel é a única integradora de ferro e aço) e à
construção civil além-mar, sendo que posteriormente, as atividades desta última foram
repassadas para os "chaebol", que através de incentivos e do protecionismo governamental,
assumiram todos os empreendimentos industriais e comerciais na Coréia do Sul.
Característica comum a todos os grandes grupos é o fato de serem controlados por
empresários que possuem estreitos vínculos políticos com o governo e por apresentarem
uma estrutura funcional extremamente hierarquizada e baseada em uma rígida disciplina do
trabalho.
39
A elevada concentração da propriedade industrial em um número reduzido de
grandes grupos, apesar da enorme diversificação de áreas produtivas, tanto em setores
relacionados tecnológica e comercialmente, como em ramos distintos, constituiu-se em um
elemento favorável para a realização do rápido crescimento industrial orientado para as
exportações, particularmente através:
1) de ganhos de produtividade decorrentes de uma maior internalização de
externalidades entre atividades distintas;
2) da elevada interação técnica adquirida entre processos produtivos não
contínuos e que envolvam habilidades diversificadas (podemos citar desde o exemplo
clássico da Hyundai, onde a aprendizagem na pintura de automóveis foi desenvolvida pelo
deslocamento de uma equipe com experiência em anticorrosão de navios, até a transferência
da capacidade de gerência de sistemas complexos da indústria pesada para a construção
naval);
3) do baixo custo dos investimentos iniciais em ramos distintos, decorrente
da capacidade dos grandes grupos em desenvolver e transferir habilidades em estudos de
viabilidade econômica, na formação de grupos de trabalho, na negociação com
fornecedores externos de equipamentos e de tecnologia e no treinamento de mão-de-obra;
4) da eliminação da duplicação de esforços entre empresas e da redução dos
tempos ociosos com alterações de processos produtivos não especializados; e
5) dos ganhos de escopo asssociados à redução dos riscos e da garantia de
fornecimento e de vendas entre as empresas.
40
Uma característica dos "chaebol", distinta das empresas dos outros "tigres asiáticos",
é de, desde cedo, buscarem o desenvolvimento de modelos próprios e a comercialização no
mercado internacional com suas próprias marcas. Sob este aspecto, aproximam-se das
empresa japonesas, sendo uma constante na literatura a respeito, o caso da Sony, que no
início de sua trajetória, recusou uma encomenda para fabricar rádios transistorizados para a
já famosa RCA norte-americana.
Outra característica das empresas sul-coreanas, diretamente relacionada às
estratégias de incentivo governamental, é de possuírem uma intensa rivalidade interna e
uma enorme disposição de crescerem e de correrem riscos. Neste sentido, temos que a
Hyundai e a Daewoo realizaram enormes investimentos na construção de grandes estaleiros,
sem possuírem uma única encomenda; um outro exemplo nesta direção refere-se às
empresas Sachan, SKC, Lucky-Goldstar e Kolon que possuem 25% do mercado mundial de
video-cassetes e recentemente investiram na duplicação de suas fábricas.
3.3 - A Parceria Entre o Estado e a Iniciativa Privada
O Estado sul-coreano tem desempenhado um importante papel no processo de
desenvolvimento econômico e de capacitação tecnológica da indústria, basicamente através
de empréstimos, subsídios e proteção do mercado interno concedidos à iniciativa privada,
mas também através dos mecanismos de desvalorização cambial e de pesados
investimentos em infra-estrutura, educação e na intermediação de recursos externos e nos
licenciamentos de tecnologia.
Durante todos os Planos Qüinqüenais de Desenvolvimento, o Estado foi o
responsável pela definição dos setores-chave da economia, pelo estabelecimento de uma
41
infra-estrutura básica, bem como pela concessão de empréstimos, subsídios e licenças de
importação. É de se notar que a característica de flexibilidade e de seletividade apresentadas
pelo planejamento estatal foi original em relação a outros países em desenvolvimento, e
alcançou resultados positivos ao exercer uma política de premiação da boa performance e
de penalização dos maus desempenhos ("picking winners and punishing losers").
Esta política baseou-se nos contratos firmados com as empresas, onde a concessão
de empréstimos e subsídios estava atrelada ao atingimento de metas tais como: aumento de
produtividade; ampliação da capacidade produtiva; elevação de quotas de exportação;
diversificação da produção; redução de preços locais; melhoria da qualidade e/ou de
modernização tecnológica por parte dos grandes grupos. Se o Estado considerasse que um
determinado "chaebol" não estava obtendo um desempenho industrial ou comercial
condizente com o esperado, este perdia o apoio do governo e, principalmente, face ao
controle estatal do crédito, caía em rápida decadência. Exemplos mais conhecidos são os
dos conglomerados Kukje e Korea Shipbuilding & Enterprises cujos ativos foram divididos
entre os demais "chaebol".
O Estado sul-coreano apresentou um padrão de intervenção na economia que
propiciou um rápido aprendizado tecnológico da estrutura industrial, tanto pelo
estabelecimento de um sistema dinâmico de prêmios e castigos, associado a patamares de
ocupação de mercado e de desenvolvimento tecnológico, bem como pelos elevados gastos
estatais e privados em P&D.
Outro fator preponderante no rápido aprendizado tecnológico das empresas sul-
coreanas foi a intensa participação do governo nas negociações de "joint-ventures" com
capitais estrangeiros, bem como na regulamentação e controle de todos os contratos de
42
transferência de tecnologia, onde sempre houve uma grande pressão governamental pelo
ingresso massivo de novas tecnologias.
O relacionamento Estado-capital estava calcado na estratégia do crescimento a
qualquer custo. Se houvesse crescimento industrial, através da ocupação de mercados e do
investimento tecnológico, a empresa poderia contar com todo o apoio do governo, caso
contrário, poderia contar os dias para a sua exclusão do mercado.
3.4 - A Força de Trabalho e o Sistema Educacional
O desenvolvimento de uma indústria exportadora de produtos de alta tecnologia não
poderia estar baseado em indústrias intensivas em trabalho, mas primordialmente em
setores produtivos intensivos em capital e em novas tecnologias produtivas e
organizacionais. Assim, tornou-se necessária uma correspondente elevação dos níveis de
educação e do treinamento técnico da mão-de-obra sul-coreana, com o intuito de qualificá-
la e torna-lá altamente produtiva, capaz de gerar produtos competitivos a nível
internacional.
Neste sentido, a reforma educacional iniciada na década de 60 cumpriu um papel
fundamental no sentido de elevar o vel de escolaridade e de qualificar uma mão-de-obra
reconhecidamente disciplinada, de baixo custo e com um elevado número de horas de
trabalho. Em 1992, o trabalhador sul-coreano possuia uma jornada média de
aproximadamente 49 horas semanais (sendo extensiva até 60 horas por semana, desde que
estabelecido em contrato de trabalho, e mediante o pagamento de horas-extras). Também
existem férias remuneradas de 1 dia de folga por mês e mais 8 dias de férias por ano.
43
TABELA 6 - HORAS DE TRABALHO POR SEMANA NAS INDÚSTRIAS
SUL-COREANAS -- 1987/92
ANOS
HORAS DE TRABALHO
POR SEMANA
1987 54,0
1988 52,6
1989 52,6
1990 50,7
1991 49,3
1992 48,7
Fonte: UNITED NATIONS / STATISTICAL DIVISION - Monthly Bulletin of Statistics,
v.48, n. 5, mai. 1994.
O desenvolvimento de ramos industriais, tais como, da indústria pesada, química e
eletrônica, que dependem de um grande número de outras indústrias em função de seus
inter-relacionamentos e de seus efeitos de interligação ("linkage effects"), criou uma
demanda por uma mão-de-obra altamente especializada nos diversos ramos industriais
instalados.
Esta necessidade de trabalhadores qualificados foi satisfeita através do
desenvolvimento de um sistema educacional que encorajava a especialização nas diversas
áreas da engenharia, mediante a criação de escolas técnicas e de universidades, mantidas
tanto pelo governo como por empresas privadas.
44
A Tabela 7, abaixo, fornece alguns dados relativos ao sistema educacional da Coréia
do Sul (considerado na classificação do F.M.I. como um país em desenvolvimento de altas
rendas), comparados com a situação do Brasil (exemplo de país em desenvolvimento com
baixas rendas) e do Japão (país desenvolvido).
Como podemos observar, os indicadores educacionais situam a Coréia do Sul em
patamares superiores mesmo em relação a alguns países desenvolvidos, tal é a sua
determinação em priorizar uma educação de elevada qualidade. Acrescente-se, ainda, que
atualmente a rede de ensino da Coréia do Sul pode atender 9,6 milhões de estudantes, isto é,
em torno de 20% da sua população.
Um dos traços culturais sul-coreanos mais importantes, que é constantemente
reforçado pelo processo de concorrência e de crescimento industrial, é o da dedicação à
educação, e tanto o governo como a população mantêm a educação como uma das suas
principais prioridades. Atualmente o país apresenta um alto índice de alfabetização e
praticamente toda a população estuda até o nível secundário. Em relação ao ensino superior,
distingue-se dos demais países em desenvolvimento pela ênfase dada à qualidade dos
cursos técnicos e de engenharia, além de existirem fundos especiais para a realização de
cursos de graduação, pós-graduação e doutorado no exterior, principalmente nos EUA.
TABELA 7 - INDICADORES EDUCACIONAIS COMPARADOS - CORÉIA DO
SUL, BRASIL E JAPÃO -- 1990
45
ITENS
CORÉIA
DO SUL
BRASIL
JAPÃO
População Total (milhões) 43.582 150.368 123.457
Densidade Populacional (hab/km
2
) 440 18 327
PNB per capita (US$) 4.400 2.550 23.730
Índice de Analfabetismo (%) 3,7 18,9 0
Duração Educ. Compulsória (anos) 6 8 9
Duração Educação 1o. Grau (anos) 6 8 6
Duração Educação 2o. Grau (anos) 6 3 6
Qtde. Alunos/Professor 1o. Grau 36 24 22
Qtde. Alunos/Professor 2o. Grau 28 11 18
Qtde. Alunos 3o Grau/100.000 hab 3.781 1.031 2.117
Percentual Estudantes Área Humana 57 68 67
Percentual Estudantes Área Ciências 38 22 26
Percentual Estudantes Área Médica 05 10 07
Percentual Gasto Públi. em Educação
23,2 17,7 16,8
Fonte dos dados brutos: UNESCO. World Education Report - 1991, Paris, 1991.
O processo de rápida absorção de tecnologia e a elevação da produtividade desta
economia são creditados em grande parte ao aumento generalizado do nível educacional da
população. Cabe ressaltar, no entanto, que o desenvolvimento da habilidade e da
qualificação técnica da força de trabalho sul-coreana só pôde se transformar em uma
componente de inovação tecnológica através do que se costuma denominar de "learning-by-
doing".
46
Um melhor treinamento e uma maior qualificação do trabalhador passam por um
aprendizado operacional adquirido em práticas concretas de produção, que na sua forma
mais moderna, possui características inéditas de cooperação e de gestão da produção, bem
como da constante internalização de novos conhecimentos tecnológicos e de técnicas de
trabalho.
Destacam-se entre as novas técnicas, a utilização da microeletrônica na
instrumentação e no controle de processos, o uso de instrumental estatístico para a
monitoração e controle da qualidade, além da aplicação dos métodos de organização da
produção que venham a aumentar a flexibilidade e a produtividade industrial.
Exemplos da elevada produtividade do trabalho, da qualidade e da disciplina da
mão-de-obra sul-coreana manifestam-se nas freqüentes entregas antecipadas da produção,
onde o caso mais comum é o da construção de petroleiros que, pela média mundial, possui
um prazo de 30 meses para a sua construção, mas que os estaleiros da Hyundai, Samsung e
Daewoo concluem em 18 meses.
No próximo capítulo é feito uma avaliação de como o desenvolvimento tecnológico
foi importante para o crescimento industrial sul-coreano, sendo analisadas as políticas de
transferência de tecnologia e os incentivos à criação de institutos de C&T, bem como a
evolução de dois setores industriais de alta tecnologia: a indústria de semi-condutores e a de
robótica.
47
4 - O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
4.1 - Políticas de Transferência de Tecnologia
Desde 1962, a Coréia do Sul tem apresentado constantes melhoras nos seus
indicadores de desenvolvimento econômico, desempenho este que está baseado na adoção
de políticas governamentais que privilegiaram a industrialização, a capacitação tecnológica
local e a exportação de produtos manufaturados intensivos em tecnologia.
A década de 60 foi o período de formação dos alicerces para o desenvolvimento da
Ciência e Tecnologia, quando foram criados o Instituto Coreano de C&T e o Ministério de
C&T, além de ser o período onde se consolidaram as melhorias do padrão educacional
(resultado do grande programa de alfabetização realizado no final dos anos 50), da
formação de capital para a implantação das indústrias leves (intensivas em mão-de-obra), e
das indústrias intensivas em tecnologia. Nesta década, os investimentos anuais em
tecnologia representavam, aproximadamente, 0,3% do PIB, sendo prioritários o treinamento
e a formação da mão-de-obra.
Porém, esta época ainda estava marcada por um desenvolvimento tecnológico
essencialmente dependente da imitação, da compra de "fábricas prontas" ("turn-key
plants"), e da absorção de tecnologias embutidas nos produtos gerados por bens de capitais
importados, principalmente do Japão.
48
Nos anos 70, com a maturação dos investimentos em infra-estrutura, da
consolidação das indústrias de base e da expansão da base tecnológica, houve uma alteração
do processo de industrialização baseado na substituição de importações por uma
industrialização voltada para as exportações de bens de consumo manufaturados e para
setores intensivos em capital e tecnologia, como as indústrias química e metal-mecânica.
Nesta década, os gastos anuais em C&T variaram de 0,4% a 0,7% do PIB, tendo sido
importantes as políticas de desenvolvimento da mão-de-obra, que agora, voltadas para o
desenvolvimento dos trabalhadores mais qualificados e dos engenheiros.
Na década de 80, temos a consolidação das políticas de P&D, com desenvolvimento
quantitativo e qualitativo de uma variada gama de tecnologias, onde as metas de
estabilização do crescimento da economia e fortalecimento da competitividade
internacional manifestaram-se nas elevadas exportações de semi-condutores, navios e
carros completos. Neste período, houve incentivo governamental para a aplicação e criação
de novas tecnologias por parte da iniciativa privada, sendo que foram realizados gastos
correspondentes de 0,6 a 2% do PIB em C&T.
Com a acelerada perda de vantagens produtivas baseada no baixo custo da sua mão-
de-obra (também em função de disputas trabalhistas), das condições adversas dos contratos
de licenciamento de tecnologias e das crescentes barreiras comerciais, as empresas sul-
coreanas têm buscado a inserção em mercados cujos produtos sejam tecnologicamente mais
sofisticados e que possuam valores agregados mais elevados. Neste sentido, tem-se
observado um crescimento no número de pesquisadores e um incremento acelerado dos
gastos com C&T, tanto por parte do governo, quanto da iniciativa privada.
A Tabela 8 permite que se faça uma comparação da evolução do quantitativo de
pesquisadores entre alguns países, sendo que a Coréia do Sul é a nação que apresenta
49
maiores crescimentos percentuais nos períodos considerados e possui valores absolutos
semelhantes aos dos paises desenvolvidos.
TABELA 8 - QUANTIDADE DE CIENTISTAS E ENGENHEIROS DE C&T EM
ALGUNS PAÍSES -- 1970/88
CIENTISTAS E
ENGENHEIROS DE C&T
(por milhão de habitantes)
PAÍSES
1970
1980
Taxa de
Crescimento
1970-80
(%)
1988
Taxa de
Crescimento
1980-88
(%)
Coréia do Sul 176 484 175,0 1.325 173,8
Alemanha 1.492 2.019 35,3 2.724 34,9
Argentina 271 336 23,9 352 4,76
Espanha 173 366 111,6 536 46,4
EUA 2.679 2.892 7,9 3.317 14,7
Itália 513 833 62,4 1.233 48,0
Japão 2.864 3.777 31,9 5.029 33,1
Fonte dos dados brutos: UNITED NATIONS. World Education Report 1991. Nova Iorque,
1993.
A Tabela 9 mostra o crescimento dos investimentos em C&T e a troca de posições
entre governo e iniciativa privada, em relação aos percentuais de recursos investidos nestas
atividades.
50
Uma característica dos investimentos realizados com P&D é de que estes recursos
têm crescido anualmente em volume e em relação ao PIB, sendo que durante as décadas de
60 e 70, era o Estado quem desembolsava a maioria dos recursos alocados para estas
atividades (chegando a representar 90% dos gastos totais em 1965). A partir da década de
80 uma inversão desta situação, quando a iniciativa privada passa a ocupar esta função
(participando com 81% dos gastos totais em 1985).
TABELA 9 - GASTOS COM PESQUISA E DESENVOLVIMENTO NA CORÉIA
DO SUL -- 1965/85
ANOS
GASTOS
(Bilhões de Wons)
% DO
PIB
SETOR PÚBLICO /
SETOR PRIVADO
1965 2,1 0,26 90 / 10
1970 10,5 0,38 71 / 29
1975 42,7 0,42 67 / 33
1980 211,7 0,57 52 / 48
1983 621,7 1,06 27 / 73
1985 1.155,2 1,59 19 / 81
Fonte: Estudos BNDES. Coréia do Sul: A Importância de uma Política Industrial, jun.
1988.
Característica importante do desenvolvimento tecnológico sul-coreano foi a
seletividade e elevada interferência governamental em relação aos processos de aquisição
de tecnologias do exterior, sempre orientados conforme as metas de industrialização
estabelecidas nos Planos de Desenvolvimento.
51
Além do governo sul-coreano participar ativamente das negociações com os
fornecedores externos, outros fatores também concorreram para o êxito desta estratégia: a
existência de uma legislação sobre licenciamentos de tecnologia que proibia as cláusulas
contratuais restritivas ao uso de tecnologia ou com restrições às exportações; o
estabelecimento de limites para o envio de "royalties" (que não poderiam exceder a 3% do
valor das vendas); a prioridade aos projetos voltados para a exportação; o estabelecimento
de prazos máximos para a vigência de contratos (duração máxima era de 3 anos); e a
exigência de comprovações de repasse de conteúdos significativos dos processos
industriais.
Esta legislação levou o governo a monitorar os ingressos de tecnologia, de tal forma,
que até mesmo as atividades de "aprendizado reverso" eram controladas pelo Estado.
Entretanto, houve uma evolução neste processo, conforme podemos observar na Tabela 10,
onde a partir do final dos anos 70, há uma maior liberalização e simplificação dos processos
de aprovação de licenciamentos de tecnologia.
52
TABELA 10 - EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS DE APROVAÇÃO DE
IMPORTAÇÃO DE TECNOLOGIA NA CORÉIA DO SUL -- 1978/88
ESTÁGIO
TIPO DE
APROVAÇÃO
INDÚSTRIAS
ENVOLVIDAS
Estágio 1 - 1978 Aprovação automática para: Maquinarias
- menos de US$ 30 mil de remessa de lucros Construção Naval
- menos de 3% de taxa de royalties Elétricas
- menos de 3 anos de duração do contrato Eletrônicas
- menos de US$100 mil de retorno de
capital
Têxteis e Químicas
Estágio 2 - 1979 Aprovação automática para: Exceto Energia
Nuclear
- menos de US$ 500 mil de remessa lucros
- menos de 10% de taxa de royalties
- menos de 10 anos de duração do contrato
Estágio 3 - 1980 Aprovação automática para: Todas as Indústrias
- menos de 10% de taxa de royalties
- menos de 10 anos de duração do contrato
Estágio 4- 1982 A autoridade sobre a aprovação foi
totalmente transferida para o ministro do
respectivo Ministério envolvido
Todas as Indústrias
Estágio 5 - 1984 Os procedimentos de aprovação foram
substituídos por procedimentos de
notificação.
Todas as Indústrias
Estágio 6 - 1986 Permitida a introdução de marcas
registradas
Todas as Indústrias
Estágio 7 - 1988 Exceto para aqueles projetos com mais de 3
anos de duração, US$ 100 mil de retorno de
capital e 2% de taxa de royalties.
Todas as Indústrias
Fonte: UNCTAD. Technology Transfer in a Changing International Environment: Policy
Challenges and Options For Cooperation. Nova Iorque, 1992.
53
4.2 - Os Institutos de Pesquisa e Desenvolvimento
Outro fator de destaque da regulação do governo sobre os investimentos de P&D foi
a criação no final dos anos 60 de institutos de pesquisa estatais. Estes institutos sempre
estiveram voltados para o desenvolvimento tecnológico em áreas relacionadas com a
produção dos "chaebol", sendo que esta estreita colaboração advinha do fato de que
significativas parcelas de recursos provinham dos conglomerados privados.
Todos os produtos desenvolvidos nos centros de pesquisa eram resultado da
tentativa de promover a capacidade técnica das indústrias sul-coreanas, sendo que aqueles
produtos desenvolvidos com tecnologia própria recebiam incentivos governamentais
adicionais durante a sua etapa de produção para o mercado mas, para tanto, deveriam
obedecer alguns critérios, tais como: a tecnologia e a patente deveriam ser sul-coreanos;
deveria haver uma utilização nima de 60% de componentes de origem local; não
poderiam ser utilizados componentes estrangeiros nas funções críticas; e a qualidade destes
produtos deveria ser atestada por órgão independente.
Em 1993, as duas instituições de financiamento de P&D mais importantes da Coréia
do Sul eram a Korea Technology Development Corporation (KTDC) e a Korea Technology
Finance Corporation (KTFC).
A KTDC é uma empresas privada cujo principal critério para o financiamento de um
projeto é o da lucratividade, e cujas prioridades estão nas áreas de máquinas e
equipamentos, eletroeletrônicos, química fina e engenharia genética. Já, a KTFC é uma
empresa pública, subordinada ao Banco de Desenvolvimento da Coréia, que realiza estudos
de viabilidade técnica, investimentos e empréstimos para as atividades ligadas à C&T.
54
Conforme estipulado pelo 6º. Plano Qüinqüenal de Desenvolvimento, os gastos com
P&D para 1991 ficaram situados em torno de 3% do PIB, e as áreas de destaque foram
aquelas relacionadas com a:
a) microeletrônica,
b) telecomunicações,
c) tecnologias de informação,
d) informática,
e) robótica,
f) química fina,
g) novos materiais,
h) engenharia genética,
i) ciências médicas,
j) tecnologias de controle ambiental,
l) tecnologias de energia e recursos naturais, e
m) tecnologias industriais.
Os diversos institutos de pesquisa e desenvolvimento criados pelas empresas sul-
coreanas (atualmente a Hyundai possui mais de 30 centros de P&D), não se localizam
apenas na Coréia do Sul, mas também em alguns países desenvolvidos onde se originam as
tecnologias mais modernas, como o s EUA, Japão, Alemanha e França, aonde
apresentaram resultados significativos nas áreas de engenharia genética, automação da
produção e novos materiais. Esta estratégia de promoção da cooperação técnica
internacional visa a suprir algumas das reconhecidas lacunas tecnológicas e de
investimentos, e está inserida nos limites da pesquisa da ciência e da tecnologia, que cada
vez mais requer investimentos de larga escala, deve ser sistemática e possuir uma estrutura
55
complexa e interdisciplinar. Associado a este item, o governo sul-coreano utiliza os
mesmos incentivos que estão à disposição das empresas nacionais para atrair institutos de
pesquisa e desenvolvimento de países desenvolvidos.
Com o objetivo de facilitar a promoção e a difusão de novas tecnologias,
principalmente entre as pequenas e médias indústrias, o governo sul-coreano criou o Small
and Medium Industry Promotion Corporation que tem por objetivo prestar assistência
técnica e viabilizar consultorias técnicas estrangeiras.
Como forma de tornar disponíveis informações sobre patentes domésticas e
estrangeiras, bem como publicações técnicas, foi criado o Korea Institute for Economics
and Technology, que é o centro nacional de referência sobre informações técnicas e
industriais. Este instituto possui a mais completa base de dados informatizada nacional,
onde as pesquisas e as recuperações de informações são feitas de forma "on-line" (com
retorno imediato dos dados localizados no computador), além de possuir interligação com
redes de comunicação de dados internacionais.
4.3 - As Cidades de C&T
Ainda na área de C&T, é destaque a programação do governo sul-coreano em criar
mais duas "cidades de P&D", onde a exemplo da Daeduk Science Town (localizada a 80
Km ao sul de Seul), existiriam centros de pesquisa básica onde a mais atualizada literatura
científica e tecnológica estaria disponível para os pesquisadores, juntamente com empresas
de base tecnológica e alguns poucos fornecedores essenciais.
56
Estas cidades de incubação tecnológica têm como modelo os parques tecnológicos
dos EUA (como o Vale do Silício na Califórnia, o Complexo da Rota 128 em Boston e o
Parque de Pesquisa Triângulo na Carolina do Norte), que reúnem institutos de pesquisa
governamentais, universidades e empresas privadas com o objetivo de desenvolverem
produtos de alta tecnologia para os mercados mundiais.
O parque de C&T denominado Daeduk Science Town ocupa uma área de 57 Km
2
,
onde estão instalados 13 institutos de pesquisa governamentais, 3 institutos de pesquisa
privados, 3 universidades e 3 escolas profissionais. As empresas que pretendem usufruir das
vantagens da proximidade com estas instituições dedicadas à P&D e da cooperação em
projetos de pesquisa a custos relativamente baixos, devem adquirir uma área mínima de
4.300 m2, investir um determinado percentual das vendas em P&D e empregar um
percentual específico da mão-de-obra com cientistas e engenheiros.
Com o objetivo de obter maiores resultados com a exportação de produtos e serviços
criados pelas companhias instaladas, este centro tecnológico busca criar um ambiente
propício ao desenvolvimento de tipos específicos de tecnologia, também sendo responsável
pela transferência de tecnologia para as pequenas empresas atraídas para o local.
Outra característica deste centro tecnológico é o esforço em estimular a transferência
de tecnologia externa através do retorno de cientistas e engenheiros sul-coreanos que
obtiveram a sua formação no exterior (principalmente nos EUA), e que não retornaram à
Coréia do Sul.
Com estas cidades de C&T a Coréia do Sul pretende terminar com a era da cópia de
tecnologias e desenvolver técnicas e tecnologias próprias que permitam a geração de
produtos inteiramente novos para os mercados internacionais.
57
4.4 - A Indústria de Semi-Condutores
A indústria de semi-condutores está intimamente relacionada com a revolução da
microeletrônica e da computação (sendo considerado um setor cuja tecnologia faz parte dos
novos paradigmas tecnológicos, juntamente com a biotecnologia, os novos materiais e a
robótica). Essa indústria apresenta como principal característica uma elevada concentração
industrial, com o predomínio de empresas norte-americanas e japonesas (Intel, Motorola,
NEC, Toshiba, etc), além de apresentar uma dinâmica própria, onde as maiores empresas
têm se revesado na ocupação dos primeiros lugares em termos de produção mundial.
Conforme podemos verificar na Tabela 11, este também é um setor onde as
empresas sul-coreanas têm apresentado um desempenho significativo, considerando que
esta é uma "tecnologia de ponta" e sabendo que a Coréia do Sul é responsável, hoje em dia,
por mais da 50% da produção mundial de DRAM (Dynamic Random Access Memory), um
componente essencial da eletrônica digital. O destaque da área fica por conta da Samsung,
que têm investido maciçamente neste setor e teve um faturamento de US$ 1 bilhão em
1989. Conforme dados da Integrated Circuits Engineering Corporation, ocupou o décimo
lugar na lista das 10 maiores empresas em 1993. Vindo a ocupar o lugar da Phillips, único
representante europeu que constava desta relação.
58
TABELA 11 - AS MAIORES EMPRESAS DE SEMI-CONDUTORES NO MUNDO -- 1983/93
(Vendas em Milhões de US$)
1983
1988
1993
(previsão)
Ranking
Companhia
País
Vendas
Companhia
País
Vendas
Companhia
País
Vendas
1º.
Texas Instr. EUA 2.350 NEC Japão 4.650 Toshiba Japão 7.400
2º.
Motorola EUA 1.255 Toshiba Japão 4.545 NEC Japão 7.300
3º.
NEC Japão 1.985 Hitachi Japão 3.610 Hitachi Japão 5.700
4º.
Hitachi Japão 1.690 Motorola EUA 2.900 Texas Instr. EUA 4.100
5º.
Toshiba Japão 1.460 Texas Instr. EUA 2.750 Motorola EUA 3.900
6º.
National EUA 1.270 Intel EUA 2.330 Mitsubishi Japão 3.700
7º.
Intel EUA 1.170 Matsushita Japão 2.080 Fujitsu Japão 3.600
8º.
Phillips Holanda 1.150 Fujitsu Japão 2.075 Intel EUA 3.400
9º.
AMD EUA 930 Phillips Holanda 2.010 Matsushita Japão 3.300
10º.
Fujitsu Japão 815 Mitsubishi Japão 1.940 Samsung Coréia Sul 3.200
Fonte: UNIDO. Industry and Development Global Report. Viena, out. 1989.
59
As maiores companhias produtoras de semi-condutores, do hemisfério sul, são todas
sul-coreanas, sendo que em 1992 a Goldstar investiu US$ 2,2 bilhões na construção de uma
nova fábrica e a Hyundai anunciou investimentos de US$ 1,5 bilhões neste setor para o
período 1990-1995. E esta última empresa apresenta percentuais cada vez maiores de
recursos investidos em C&T (em 1988 investia 25% do valor das vendas em
desenvolvimento de tecnologia própria).
A produção destas três empresas está detalhada na Tabela 12, onde podemos
observar que o rápido progresso e o sucesso de vendas está baseado em componentes
básicos da cadeia da microeletrônica, não participando com tanto destaque na área de
microprocessadores e de circuitos integrados de aplicações específicas, considerados o
"estado-da-arte" do setor.
TABELA 12 - OS MAIORES FABRICANTES DE SEMI-CONDUTORES DO
HEMISFÉRIO SUL -- 1988
COMPANHIA
PAÍS
VENDAS
(Milhões de US$)
PRODUTOS
Samsung Coréia do Sul 955 Semi-condutores discretos,
CMOS, EEPROMs, SRAMs,
DRAMS e MPUs
Hyundai Coréia do Sul 200 SRAMs,
DRAMs e
EPROMs
Goldstar Coréia do Sul 190 Semi-condutores discretos,
CIs Lineares, TTLs,
Z80 MPUs, CMOS,
ROMs, SRAMs e DRAMs
Fonte: UNIDO. Industry and Development Global Report. Viena, out. 1989.
60
Cabe ressaltar, no entanto, que a Coréia do Sul ocupa um lugar intermediário, entre
os EUA, Japão e alguns países do Oeste Europeu (que dominam a fabricação dos
"waffers"de silício), e todos os outros países, que na maioria dos casos, estão limitados a
realizar etapas de testes, montagem e encapsulamento dos semi-condutores.
Em virtude das recentes e crescentes dificuldades impostas pelos fabricantes norte-
americanos e japoneses aos processos de licenciamento e de transferência de tecnologia
neste setor, as empresas sul-coreanas têm investido na ampliação de seu corpo de
pesquisadores de C&T, bem como na formação de consórcios (patrocinados pelo governo),
para que a cooperação e a união de esforços entre as empresas possam reduzir os elevados
custos de pesquisa, permitindo elevar o seu nível de competitividade. Estes projetos
possuem uma orientação comercial de curto prazo e envolvem a maioria dos fabricantes de
manufaturas eletrônicas do país. Tais projetos receberam investimentos governamentais de
US$ 226 milhões, no período de 1986 a 1990, contando com a participação dos principais
"chaebol", como Daewoo, Goldstar, Hyundai, Korea Electronics Company e Samsung, bem
como do Instituto de Pesquisa em Tecnologia Eletrônica.
A produção de semi-condutores sul-coreanos está voltada tanto para o
abastecimento do mercado interno quanto para a exportação. A tabela 13, mostra como
estava estruturada a produção e a exportação de semi-condutores em Janeiro/1989 na
Coréia do Sul.
61
TABELA 13 - PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DOS MAIORES FABRICANTES DE
SEMI-CONDUTORES SUL-COREANOS -- JANEIRO/1989
COMPANHIA
PRODUÇÃO
PERCENTUAL
EXPORTADO
DESTINO DAS
EXPORTAÇÕES
Samsung 7 milhões de
DRAMs
40% EUA
400 mil SRAMs 60% Europa (30%)
Sudeste Asiático (20%)
Argentina, Brasil e Japão
(10%)
Goldstar 450 mil SRAMs 80% EUA
Hyundai 6 milhões DRAMs 100%
EUA (90%)
Europa (10%)
2,7 milhões SRAMs 100% Ásia (47%)
EUA (29%)
Europa (24%)
Fonte: UNIDO. Industry and Development Global Report. Viena, out. 1989.
4.5 - A Indústria Robótica
Em 1976 a Coréia do Sul iniciou o emprego de robôs nos seus processos industriais,
tanto através da compra direta, como pela fabricação própria mediante a transferência de
tecnologia. O Japão é o seu principal fornecedor, sendo também o único país de onde
provém um fluxo de tecnologia nesta área. Este fato, associado à capacidade de rápido
aprendizado tecnológico das empresas sul-coreanas, permitiu que em 1987 houvesse a
instalação de 155 robôs fabricados na própria Coréia do Sul.
A Tabela 14, abaixo, nos fornece um panorama sobre o número de robôs instalados,
além de uma visualização do perfil da origem e dos tipos de robôs. É de se destacar que os
62
88 robôs sul-coreanos foram desenvolvidos através de capacitação tecnológica própria, não
com robôs de sequência fixa (que não são incluídos, juntamente com os de operação
manual, na classificação de robôs industriais pela ISO - International Standard
Organization), mas também das classes mais avançadas, como os de tipo "play-back",
"numeric-control" e, inclusive, robôs inteligentes.
TABELA 14 - QUANTIDADE DE ROBÔS POR PAÍS DE ORIGEM E TIPO NA
CORÉIA DO SUL -- 1977/87
PAÍS DE
ORIGEM
TIPO DE
ROBÔ
Japão
EUA
Coréia
do Sul
Outros
TOTAL
Op. Manual 6 - - 4 10
Seq. Fixa 202 140 24 3 369
Seq. Variável. 23 - - 3 26
Play-Back 259 - 53 - 312
Num. Control 52 10 9 20 91
Inteligente 22 - 2 - 24
Total 564 150 88 30 832
Fonte: Brandão, Marco A. L. & SELEGHIN, Paulo. Robótica na Coréia do Sul. Revista de
Economia Política, v. 12, n. 1, jan./mar. 1992.
Como podemos constatar na Tabela 15, os robôs industriais têm sido utilizados em
larga escala basicamente nas indústrias automobilística e eletroeletrônica.
63
TABELA 15 - QUANTIDADE DE ROBÔS INSTALADOS POR TIPO DE
INDÚSTRIA NA CORÉIA DO SUL -- 1977/87
ANOS
QUANTIDADE DE ROBÔS INSTALADOS
POR TIPO DE INDÚSTRIA
Automo-
bilística
Eletro-
Eletrônica
Instrum.
Precisão
Todas as
Outras
Total
Acumulado
1977 - - 19 - 19
1978 - - - - 19
1979 2 - - - 21
1980 - 13 - - 34
1981 - - 1 1 36
1982 4 106 13 57 216
1983 3 16 - 1 236
1984 29 51 8 5 329
1985 65 220 62 6 682
1986 146 38 16 55 937
1987 239 14 4 53 1.247
TOTAL
488
458
123
178
1.247
Fonte dos dados brutos: Brandão, Marco A. L. & SELEGHIN, Paulo. Robótica na Coréia
do
Sul. Revista de Economia Política, v.12, n. 1, jan./mar. 1992.
64
Em 1988 94% da produção de robôs estava restrita a sete países (Japão, EUA,
Inglaterra, Alemanha, França, Itália e Suécia), portanto, é destaque a produção de robôs sul-
coreana, que no ano de 1987 representou quase 13% das sua base instalada.
Conforme dados do Ministério da Indústria e Comércio da Coréia do Sul em 1990
estavam sendo utilizados 3.500 robôs pelas diversas indústrias sul-coreanas.
Assim, vimos que o desenvolvimento tecnológico da Coréia do Sul é resultado de
políticas industriais de longo prazo, sendo que apresenta um elevado nível de diversificação
e uma crescente endogeneidade tecnológica, constituindo-se em um dos fundamentos do
crescimento industrial sul-coreano.
65
CONCLUSÃO
Nos últimos anos, tanto nos meios de comunicação de massa, quanto no meio
acadêmico, têm surgido referências ao ajustamento e conseqüente desenvolvimento
econômico de alguns países latino-americanos (como México, Argentina e Chile), dos
"Tigres Asiáticos" (Coréia do Sul, Cingapura, Taiwan e Hong-Kong), e mais recentemente
dos "Novos Tigre Asiáticos" (Indonésia, Malásia e Tailândia).
Associado a estas referências, assiste-se a tentativas de obter possíveis "lições" para
o Brasil, no sentido de que a cópia ou a adaptação de pontos da experiência sul-coreana
poderiam direcionar o Brasil para um novo caminho de desenvolvimento, rumo à
"modernidade" e à "competitividade industrial".
Em alguns meios acadêmicos e políticos freqüentemente se credita o desempenho
econômico destas nações a fatores tais como: a redução do Estado, a privatização de
empresas, a liberalização comercial e a aplicação de regras ortodoxas na gestão da
economia.
Porém, ao analisarmos o processo de industrialização da Coréia do Sul, podemos
verificar que o seu "milagre econômico" foi estruturado principalmente a partir de uma
complexa estratégia de desenvolvimento industrial e de uma intensa intervenção estatal.
A estratégia de desenvolvimento industrial foi implementada através dos Planos
Qüinqüenais, elaborados e postos em ação pelo Estado sul-coreano, além deste também ser
66
o agente responsável pela definição de setores-chaves, de proteção à indústria nascente, de
subsídio à aprendizagem tecnológica e de incentivo à inserção internacional através da
prioridade às exportações.
Apesar de alguns autores defenderem a posição de que o desempenho da economia
sul-coreana poderia ter sido superior se a intervenção estatal fosse em menor escala, ou
mesmo, se não tivesse existido, o presente trabalho deixa evidente as ligações entre o
crescimento econômico e as políticas de desenvolvimento industrial implementadas e
monitoradas pelo Estado.
Com o objetivo de organizar os argumentos que sustentam a análise do modelo de
desenvolvimento econômico sul-coreano, é oportuno enumerar as principais características
do processo de organização industrial e de desenvolvimento tecnológico desse país:
Em primeiro lugar, a experiência sul-coreana demonstra a viabilidade de políticas
industriais e de modelos de industrialização que contemplam a proteção às indústrias
nascentes, desde que limitadas a algumas indústrias e por um determinado período de
tempo (conforme demonstrado nos Planos Qüinqüenais). A ausência de temporalidade leva
ao risco destas permanecerem indefinidamente protegidas e incapazes de enfrentar a
concorrência internacional.
Em segundo lugar, o Estado sul-coreano adotou políticas seletivas e temporárias de
promoção industrial, onde os incentivos fiscais, de crédito subsidiado e de licenças de
importações sempre estavam atrelados ao cumprimento de metas de exportação e de
internacionalização de padrões de produtividade e de qualidade da produção.
67
Em terceiro lugar, a Coréia do Sul que iniciou o seu processo de industrialização a
partir do tradicional modelo de substituição de importações, passou a atrair o capital e
tecnologias estrangeiros através da implantação de ZPEs e, depois, deu ênfase à exportação
de manufaturas a partir de seus conglomerados econômicos Adotou ainda uma política
seletiva em relação às importações, com o intuito de proporcionar o acesso a insumos
internacionais baratos àquelas indústrias exportadoras consideradas "vitais" em
determinado período.
Em quarto lugar, a definição e a implantação de políticas industriais eficazes na
Coréia do Sul está intimamente relacionada à existência de uma burocracia estatal
altamente competente, motivada, não corrupta e com conhecimentos de economia industrial
e de processos de transferência de tecnologia. Este corpo técnico foi capaz de monitorar os
resultados obtidos a partir das políticas temporárias de promoção setorial e de realizar os
ajustes provocados por mudanças nos cenários internacionais e locais.
Em quinto lugar, o Estado sul-coreano fomentou uma inovação organizacional que,
baseada nos "Keiretsu" (grupos industriais) e nos "Sogo Shosha"(companhias trading) do
Japão, deu origem aos "Chaebol", as conhecidas e ultra-diversificadas corporações
industriais e comerciais sul-coreanas, de forma a superar as deficiências de capital e de
viabilizar um rápido aprendizado tecnológico (pela aquisição de vantagens comparativas
dinâmicas). Os principais "chaebol", Daewoo, Hyundai e Samsung, produzem uma gama
variada de produtos, onde destacam-se na produção de navios, automóveis, computadores,
satélites de comunicações, circuitos integrados, "turn-key plants" para outros países
asiáticos, além de também investirem em projetos petroquímicos, em hidrelétricas, na
robótica e em novos materiais.
68
Em sexto lugar, a Coréia do Sul pôde realizar uma política de investimentos e de
subsídios, além de evitar grandes flutuações cambiais, através do controle sobre os fluxos
de capitais estrangeiros (a grande maioria dos empréstimos externos eram de governo a
governo), e da estatização dos bancos comerciais e de desenvolvimento, em escala superior
e por um maior período de tempo do que outros países da região;
Em sétimo lugar, o governo sul-coreano promoveu uma excepcional melhoria nos
padrões educacionais e de treinamento profissional da população, de forma a obter
vantagens comparativas na produção de bens de alto valor agregado (de alta tecnologia),
intensivos em tecnologia e mão-de-obra qualificada;
Em oitavo lugar, os incisivos incentivos à capacitação tecnológica, constantes nos
últimos Planos Qüinqüenais, conduziram à uma reestruturação industrial com "upgrading"
na eletrônica e na automobilística. Esses incentivos garantiram a inserção das indústrias sul-
coreanas em mercados internacionais, baseadas em um dinamismo tecnológico e de
mercado próprios e não, simplesmente, na existência de matérias-primas (no caso, raras) ou
na mão-de-obra de baixa qualificação e barata;
Em nono lugar, soube aproveitar as barreiras comerciais impostas ao Japão pelos
EUA, durante toda a década de 80, quando obteve investimentos e grandes repasses de
tecnologia japoneses com o objetivo de estabelecer um comércio triangular entre estes
países;
Em décimo lugar, um fator que deve ter facilitado a lucratividade e competitividade
das empresas sul-coreanas foi a promoção pelo Estado sul-coreano de um rígido controle da
mão-de-obra, disciplinando duramente o trabalho, proibindo greves e exigindo longas
jornadas de trabalho;
69
Tanto as políticas industriais adotadas, quanto as medidas complementares (de
incentivos fiscais e de subsídios ao crédito) existentes na Coréia do Sul, podem ser
compreendidas se analisadas as suas componentes internas, quais sejam:
a) políticas - governos militares autoritários, implantados após uma guerra civil que
envolveu as grandes nações da época (EUA e URSS), que exerceram um rígido controle,
tanto do Capital (pela definição e monitoração de recursos), quanto do Trabalho (baixos
salários e legislação trabalhista incipiente), e existência de movimentos pró-unificação das
duas Coréias;
b) sociais - mercado interno reduzido (apesar da existência de alta densidade
demográfica), total homogeneidade racial e elevados padrões educacionais;
c) culturais - tradição confucionista de valorização da educação e do trabalho e da
supremacia da harmonia sobre a discussão;
d) dinâmica industrial interna - atrativa para os investimentos externos de longo
prazo, principlamente japoneses e norte-americanos; e com características modernas de
administração da produção (tipo Just-in-Time, Kanban, CCQ, etc), absorvidas basicamente
através dos investimentos japoneses;
e) situação geo-política - no caso, destacam-se a divisão da Coréia em dois países e
a ocupação militar norte-americana, consequências da Guerra da Coréia; a permanente
tensão com a Coréia do Norte (crise nuclear), e as políticas de empréstimos a fundo perdido
resultantes do período de "Guerra Fria".
70
Desta forma, podemos afirmar que o atual processo de abertura e de liberalização
econômico na Coréia do Sul está sustentado por um elevado nível de desenvolvimento
econômico e social, pela existência de grandes grupos industriais modernos, ocupando
significativas fatias de mercados internacionais considerados "nobres", e pela existência de
um Estado competente e promotor ativo do desenvolvimento em P&D.
O desempenho exportador de uma nação não é um referencial para medirmos o seu
crescimento econômico, visto que o dinamismo exportador de algumas economias latino-
americanas está fundado em seguidas desvalorizações cambiais, em uma produção
industrial "maquiadora", em uma exacerbada exploração da mão-de-obra e/ou na
dilapidação de seus recursos naturais. Estas nações, diferentemente da Coréia do Sul, não
possuem nenhuma preocupação com a criação de uma base industrial auto-sustentada, isto
é, com o estabelecimento de uma dinâmica inter-industrial e de uma base tecnológica
própria.
Finalmente, também podemos concluir que não existem "lições" diretas a serem
tomadas com as experiências de "ajustamento" ou de "modernização" de outras economias,
sem que seja feito uma análise prévia das ideologias e dos interesses subjacentes às análises
sobre políticas de desenvolvimento econômico e sem que sejam definidas as peculiaridades
e as especificidades de cada economia
A partir do estudo da organização industrial e do desenvolvimento tecnológico sul-
coreano nas últimas três décadas pode-se afirmar que:
Os "chaebol" (grandes conglomerados privados industriais) são uma forma de
organização peculiar à Coréia do Sul, sendo que tornaram-se competitivos
internacionalmente graças à atuação interventora do Estado, que através da coordenação de
71
ativas políticas industriais e do controle sobre todas as formas de crédito, permitiu que estas
empresas obtivessem enormes economias de escala e proporcionassem a expansão das
exportações, a diversificação da produção industrial e a absorção de tecnologias
estrangeiras.
O processo de capacitação tecnológica foi extremamente pido e bem-sucedido,
sendo que este foi sustentado pelas políticas industriais e de transferência de tecnologia
implantadas pelo Estado sul-coreano e por um estratégia de investimentos em C&T e de
desenvolvimento de recursos humanos que produziram os elevados veis de adaptação de
tecnologias estrangeiras e de desenvolvimento endógeno de tecnologia.
72
MAPA 1 - ÁSIA
73
MAPA 2 - ÁSIA ORIENTAL
74
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